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Ética

Dois ao bilhão

“Entender, compreender e discutir ética é fundamental para viver em


sociedade” (ANDRADE, 2017, p.10). O tema ética vem sendo cada
vez mais discutido mundo afora, sendo muito presente em nosso
cotidiano. A ética é uma palavra da moda, no entanto, nem sempre
foi assim. Com o passar dos anos, o tema tem ganhado mais
consistência e hoje é o mais importante a ser tratado e debatido em
um curso. A ética é um tema transversal e todos os cursos devem ter
seus estudos, podendo ser definida como “a maneira como tentamos
viver segundo um padrão de comportamento ‘certo’ ou ‘errado’ –
tanto em como pensamos e nos comportamos em relaão aos outros
quanto em como gostaríamos que eles pensassem e se
comportassem em relação a nós” (GHILLYER, 2015 p.04).

Antes da ética, a moral era a palavra da moda. A moral parte do


princípio que o indivíduo tem a sua consciência, sendo definida como
“um conjunto de princípios pessoais segundo os quais você pretende
viver sua vida” (GHILLYER, 2015, p.04). E ainda, podemos dizer que
a “moral são as regras que orientam os indivíduos no convívio diário
na sociedade, norteando suas ações e seus julgamentos sobre o que
é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau, ou seja, Moral é o
comportamento” (ANDRADE, 2017, p.11).

Mas, como discutimos, a sociedade não conseguiu segurar esse tipo


de situação, sendo instalado um caos generalizado. Se cada um de
nós ao tomar decisões, as toma de acordo com nossas próprias
vontades e comodidades, desrespeitando o todo, a sociedade passa
a precisar se defender de outra forma, indo além da moral.

A erosão do paradigma da moralidade consiste em sua queda na


sociedade. A confiança era a base e a partir do momento que não
ocorria confiança, a desconfiança se instalava. Essa desconfiança é
o primeiro sintoma de que a moral estava desmoronando.

A desconfiança é uma consequência da fragilidade moral da nossa


consciência. Nós como seres humanos precisamos confiar e a
desconfiança é muito ruim. A fragilidade moral não consegue garantir
essa confiança e o protocolo passa a ser o da desconfiança.

A ética é a inteligência de todos, buscando soluções adequadas para


a convivência entre todos. A ética não possui mais unidade
constitutiva a consciência de todos, pois ela é uma produção coletiva.
Desta feita, a unidade constitutiva da ética são as relações entre as
pessoas. Havendo duas pessoas já teremos ética, buscando uma
identificação dos princípios a serem respeitados com o intuito de
proteger a convivência, dando a ela a maior harmonia possível.

Quer um exemplo de como a ética toma proporções muito maiores?

Desde o final do ano de 2019 o mundo é assolado por uma nova


doença, a COVID-19 e após longos meses de discussão acerca do
vírus, podemos afirmar que ele precisa ser combativo globalmente.
Caso não o seja, sugirão variantes que comprometerão o sucesso
dos outros lugares. Sendo assim, existe uma convivência e todos
devem atuar em conjunto. A ética é a busca pela convivência mais
harmoniosa entre duas ou todas as pessoas no mundo. Podemos
afirmar ainda que a ética é a inteligência humana atuando em prol da
proteção de um bem maior, a convivência de todos.

O vaso e o porco

“Somos parte da sociedade mais ampla chamada humanidade,


interagimos com outras pessoas que habitam na mesma região
geográfica que nós” (MATTAR, 2014, p.78). Por termos contato com
outras pessoas, nos relacionamos e cada um de nós possui os seus
objetivos, que muitas vezes podem ser conflitantes. Surge então a
ideia de que a “preservação da convivência pacifica e produtiva entre
pessoas ou entre sociedades depende de que as pessoas ajam de
forma a respeitar os direitos do outro e as normas do convívio social
que regem aquele ambiente” (MATTAR, 2014, p.80).

A ética ganhou maior destaque e relevância nos últimos 30 anos,


principalmente porque o ser humano não soube lidar com a liberdade
e precisava de regras. A ética corresponde à inteligência de todos
buscando a harmonia na convivência, sendo, portanto, “uma
condição não só para o convívio saudável entre pessoas, mas para a
própria sobrevivência da sociedade” (ARRUDA et al, 2001 apud
MATTAR, 2014, p.04).

A partir o momento que passamos a conviver com outras pessoas a


ética passa a fazer parte, sendo necessária para o convívio entre as
pessoas. A ética existe porque nós não estamos sozinhos e
dividimos o mundo com outros.

A ética visa distribuir um pouco de comodidade, prazer e satisfação


em quotas equivalentes para todos aqueles que estão em interação
em um determinado espaço. A ética é importante porque não
estamos sozinhos no mundo.

Código de conduta: a ponta do iceberg

“A palavra ética possui sua origem no grego ethos, que quer dizer


costume, maneira habitual de agir ou índole. Seu significado é muito
próximo ao de moral, palavra que vem do latim nos e moris, que
significa normas que representam o comportamento esperado”
(MATTAR, 2014, p.85).

A ética não é uma verdade pronta e sim um conjunto de


pensamentos, reflexões, princípios, decisões de quem convive para
quem convive, ou seja, são as próprias pessoas envolvidas no
processo que devem refletir sobre o bom jeito de agir para uma boa
interação. É preciso ir além do que queremos respeitar. E para isso, é
importante saber o que o outro acha. A partir dessa resposta,
podemos ter algum limite para a nossa ação.

Cada espaço de convivência possui os seus valores, aquilo que é


importante paa aquelas pessoas. E na hora de serem definidos os
limites de cada um, esses valores deverão ser levados em
consideração. Serão estabelecidos princípios de conduta, que
definem os limites da ação, com o objetivo de proteger os valores
daquela convivência. Dependendo do valor, o princípio muda. Para
os estudantes, o silêncio. Para os militares, a disciplina. Para o
ancião, o repouso. Para o músico, poder fazer barulho. Dessa forma,
nós só podemos definir aquilo que autorizamos ou não se tivermos
muito claro em nossa cabeça aquilo que é valoroso para nós
mesmos, o que estou fazendo ali.

Uma empresa do Vale do Silício possui um princípio curioso: “to have


fun”, isto é, se divertir. Pressupõem-se então que os colaboradores
que ali estão precisam se divertir, não sendo uma possibilidade, mas
sim um princípio de conduta. Ou seja, aquele que não estiver se
divertindo, não pode ocupar espaço naquele lugar.

 O valor é o estudo. O princípio de conduta é o silêncio.

 O valor é a música. O princípio de conduta é o barulho.

 O valor é a arte militar. O princípio de conduta é a disciplina.

 O valor é a boa velhice. O princípio de conduta é o repouso e o


divertimento.
É importante destacar que o princípio de conduta precisa ser
administrado, pois não podemos fazer apenas o que ele pressupõe.
Sendo assim, além do valor e do princípio, temos a norma, que é a
implementação prática do princípio. A norma define como, quando e
em que condições aquele princípio de conduta deve ser respeitado,
sempre visando o valor daquela convivência.
Por exemplo, se em uma empresa você se depara com as regras do
que pode e do que não pode ser feito, temos o Código de Condutas
e Normas. Mas é preciso saber a quais valores essas normas estão
ligadas e também quais princípios essas normas estão viabilizando.
A ética tem uma preocupação de obter a melhor convivência com o
outro, portanto tudo aquilo que for norma ética, deve-se explicar a
partir da busca desta melhor convivência.

Atividade extra

Nome da atividade: Ética e moral

Link para assistir a atividade: https://www.youtube.com/watch?


v=4bMzOHlg0yw

Referência Bibliográfica

ANDRADE, I. R. S. Ética geral e profissional. Salvador: UFBA,


Faculdade de Ciências Contábeis, 2017.

GHILLYER, A. W. Ética nos negócios. 4. ed. Porto Alegre: AMGH,


2015.

MATTAR, J. Filosofia e ética. São Paulo: Pearson Education do


Brasil, 2014.
Ética e moral: dois pilares
da ação humana ante os
dilemas da vida
Cuidado, aquele é mau caráter!

As virtudes e o caráter de uma pessoa não podem se manifestar


apenas no plano teórico, pois o que, de fato, confere dignidade à
nossa vida são os bons hábitos que demonstram as escolhas e
posturas éticas e morais do indivíduo. Como se costuma dizer
popularmente, “é fazendo que se aprende a fazer”, ou seja, de tanto
agirmos de determinada maneira, assim nos tornamos.

Em Ética a Nicômaco, Aristóteles fala sobre as diversas perspectivas


dos pensadores a respeito da origem da virtude. Segundo ele, alguns
“afirmam que é por natureza que as pessoas se tornam boas, outros
que é por hábito, e outros que é por instrução”. (DUHIGG, p. 326).
Aristóteles defendia a soberania dos hábitos, alegando que os
“comportamentos automáticos” (não pensados) são a evidência da
nossa verdadeira natureza.

Aristóteles também advogava em defesa da necessidade de cultivo


de bons hábitos (disciplina), afirmava que “assim como um terreno
precisa ser preparado de antemão, se deve nutrir a semente,
também a mente do aluno tem que ser preparada em seus hábitos, a
fim de gostar e desgostar das coisas certas”. (DUHIGG, p. 326)

Estudos mostram que é fato que os hábitos podem ser alterados e


que precisam da repetição como aliada para que permaneçam
vigentes. Não há certezas e permanência sem repetidas e
consistentes escolhas, uma vez que sabemos como fazer isso.

“Centenas de hábitos influenciam nossos dias — eles orientam o


modo como nos vestimos de manhã, como falamos com nossos
filhos e adormecemos à noite; eles afetam o que comemos no
almoço, como realizamos negócios e se vamos fazer exercícios ou
tomar uma cerveja depois do trabalho. Cada um deles tem uma deixa
diferente e oferece uma recompensa única. Alguns são simples e
outros são complexos, apoiando-se em gatilhos emocionais e
oferecendo prêmios neuroquímicos sutis. Porém todo hábito, por
maior que seja sua complexidade, é maleável. Os alcoólatras mais
viciados podem ficar sóbrios. As empresas mais disfuncionais podem
se transformar. Um menino que largou o ensino médio pode se tornar
um gerente bem-sucedido.” (DUHIGG, p. 326)

O mundo não é um bolo de chocolate…

Os filósofos vincularam a justiça como virtude, que se manifesta


como a noção de “Dar a cada um o que é seu. Justiça consiste em
tratar igualmente aos iguais e desigualmente aos desiguais, na
medida em que são desiguais. A justiça busca uma harmonia entre
as pessoas, uma distribuição, um equilíbrio. Exige considerar
fundamentalmente as igualdades e as diferenças entre as pessoas,
tais como idade, capacidade, esforço etc.” (ANDRADE, p. 24)

Aristóteles ressalta um ponto muito importante a respeito das virtudes


que é a questão entre a ausência e o excesso, a partir dos hábitos do
indivíduo. Para ele, “nosso caráter é formado a partir da repetição e
do aperfeiçoamento dos atos que já fizemos antes (para melhor ou
para pior) e que, com esse hábito, adquirimos as virtudes morais ou
os vícios e nos tornamos virtuosos ou viciosos pelo exercício, assim
como os homens tornam-se justos ou injustos praticando a justiça ou
a injustiça.

São as disposições viciosas ou virtuosas que constituem um caráter.


Somos todos responsáveis por nossos atos, assim como também
pelos nossos vícios. Somente aqueles indivíduos que têm suas
atividades conforme a virtude se tornará virtuoso e, assim, atingem
sua finalidade humana, sendo que o fim humano consiste, portanto,
na busca da sabedoria”. (SAMANTA OBADIA, 2016 in ANDRADE,
p. 25)

Pela frente a espingarda, por trás a flecha e seus arcos

 
Se a prática das virtudes e o cultivo de bons hábitos estão vinculados
ao senso moral de justiça, desenvolvido a partir de boas escolhas,
percebemos que a diferença entre uma vida virtuosa ou viciosa
(segundo Aristóteles) se define nos momentos de dilemas morais.

Na filosofia, um dilema moral é aquela situação em que uma pessoa


é moralmente obrigada a seguir um curso de ação ou outro, mas não
pode seguir ambos. Nesse contexto, realizar uma ação em
detrimento de outra implica numa escolha moral. Vários autores
discutiram os dilemas morais, como o filósofo E.J. Lemmon, Earl
Conee e a filósofa Ruth Barcan Marcus.

A filósofa Philippa Foot, por exemplo, elaborou um dos mais


conhecidos casos hipotéticos no meio acadêmico: “Edward é
condutor de um bonde cujos freios falharam. No trilho adiante dele,
estão cinco pessoas. As margens são tão íngremes que elas não
serão capazes de sair do trilho a tempo. O trilho tem um desvio à
direita e Edward pode virar o bonde para este lado. Infelizmente, há
uma pessoa neste trilho. Edward pode virar o bonde matando esta
pessoa, ou ele pode abster-se de virar o bonde, matando os cinco.”
(THOMSON, 1976, p. 206)

Percebe-se que no caso exposto, a difícil escolha está pautada na


escolha do que seria o “mal menor”. Em geral, os dilemas em filosofia
podem ser experimentos de pensamento, desenvolvidos para
observarmos nossas intuições e questioná-las. Em outros casos,
servem para refletirmos sobre as explicações teóricas dos valores
morais. Mas na História e na realidade humana, muitos são os
dilemas com os quais já nos deparamos e iremos nos deparar,
exigindo de nós soluções adequadas às estruturas morais sob as
quais vivemos.

Atividade extra

Nome da atividade: Conflitos de deveres e dilemas morais: uma


problematização a partir da teoria moral de I. KANT (Lauren de
Lacerda Nunes)

Link para assistir a atividade: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/9085

Referência Bibliográfica

ANDRADE, I. R. S. Ética geral e profissional. Salvador: UFBA,


Faculdade de Ciências Contábeis, 2017.

 
DUHIGG, C. O Poder do Hábito: Por que fazemos o que fazemos
na vida e nos negócios. Tradução de Rafael Mantovani. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2012.

GHILLYER, A. W. Ética nos negócios. 4. ed. Porto Alegre: AMGH,


2015.

MATTAR, J. Filosofia e ética. São Paulo: Pearson Education do


Brasil, 2014.

THOMSON, J. J. Killing, letting die and the trolley problem. The


Monist, v. 59, n. 2, p. 204-217, apr. 1976. Disponível em:
<https://doi.org/10.5840/monist197659224.

As situações limite e a
ética da responsabilidade
Causou? Então assume!
A ética é um esforço coletivo em prol da busca pela melhor
convivência possível e graças a ela, conseguimos definir um orbital
de condutas aceitáveis para todos aqueles que participam de um
universo de convivência. Sendo assim, tudo que for pensado do
ponto de vista ético deve respeitar as condições materiais concretas
que estão sendo vividas e enfrentadas. 
Aristóteles define a situação-limite, onde teremos que tomar decisões
importantes. “Ao buscar a definição de limite no dicionário de filosofia,
Aristóteles estabelece que o limite fixa o término de uma coisa fora do
qual não tem existência, mas é também começo de outra coisa
diferente; o limite é, portanto, ponto de finitude e de partida”
(NASCIMENTO; ERDMANN, 2009, s.p.).
A ética é sempre uma produção da vida para a vida. Isto é, sempre
pensamos a melhor maneira de conviver onde estamos convivendo.
Dessa forma, podemos entender que Aristóteles entende que
sempre viveremos alguma tempestade e que situações excepcionais
não podem comprometer a atuação ética. Se você for esperar uma
vida pacífica para poder pensar em ética, você não pensará em ética
nunca.
Desde o ano de 2020 o mundo vive uma pandemia causada pelo
Novo Coronavírus. A COVID-19 modificou a forma de viver e ver o
mundo, fazendo com que a maior parte das pessoas entenda que
após a vacina, tudo voltará a ser como antes, com tranquilidade e
paz na vida.
No entanto, isso não irá ocorrer. As crises e instabilidades são parte
importante e constante em nossas vidas, tanto que podemos
entender que a ética corresponde a arte da convivência na
instabilidade. Sempre haverá um pretexto para que alguém se
aproveite da instabilidade e tente triunfar os seus próprios interesses.
É importante então destacar que todos passamos por situações de
urgência e importância máxima. No entanto, nesses momentos a
ética não pode ser deixada de lado.
Como seres humanos, normalmente, assumimos a culpa de algo
quando fomos os causadores de determinada situação. Como em
uma relação de causa e efeito, nós somos responsáveis por aquilo
que causamos.
É importante destacar que mesmo sem fazer nada e sem perceber,
sempre estamos causando algo. Em muitos casos, nós agimos. Ao
agir, o mundo poderá nos responsabilizar em função das nossas
iniciativas. E nós somos responsáveis por tudo aquilo que fazemos.
“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”
(Antoine de Saint-Exupéry, em ‘O Pequeno Príncipe’). 
 
O suicida e a gota d´água
Segundo Andrade (2017, p.18) “A ética tem se tornado um assunto
muito discutido no nosso dia-a-dia, pois temos enfrentado grandes
desafios neste século. Se associarmos ética ao caráter do indivíduo,
afirmando que a ética é formada pelo convício e que a convivência
com a família, com o compartilhamento de valores morais, balizará a
conduta humana, no campo pessoal, social e profissional”.
A expressão ética advém do grego “ethike”, que em seu sentido
próprio signica costume, hábito, índole” (ANDRADE, 2017, p.16). A
ética da responsabilidade é entendida como uma ética do que vem
depois, ou seja, é uma ética da consequência e portanto é irrelevante
aquilo que você queria ou não que acontecesse.
“A ética da responsabilidade, em Arendt, não se baseia em normas,
sejam de ação, sejam de restrição. Essa ética, então, não é
normativa, pois não expõe as regras a serem seguidas, ou os
imperativos a serem observados dedutivamente. Também não é
uma ética prescritiva, pois não aponta o que deve ser feito ou evitado”
(SCHIO, 2010, p.166).
Dessa forma, podemos dizer que a ética deve permanecer no nosso
horizonte como um indicativo de limite às práticas com resultados
perigosos ou duvidosos para a humanidade, versando sobre a
responsabilidade pelo mundo. “A ética, diferente da moral,
acompanha a política, pois é mais abrangente que os hábitos e
comportamentos instituídos por costume e vigentes na sociedade”
(SCHIO, 2010, p.165).
Muitas vezes nós damos causa a determinados acontecimentos que
só acontecem por conta de uma realidade que nós não podemos
controlar. Ou até mesmo pelo acontecimento de outras causas que
participam daquele efeito. 
A ética da responsabilidade nos apresenta dois pontos importantes:
- Ela simplifica a complexidade do mundo;
- Apresenta a responsabilidade que precisamos assumir.
Dessa forma, podemos perceber que a ética “ é a obrigação que
cada um tem pelo mundo, entendido como sendo o espaço que
abrange o domínio público” (SCHIO, 2010, p. 165). É possível
perceber que o tema é complexo e que preciamos assumir nossas
responsabilidades, pois em caso contrário, o mundo será muito pior. 
 
Responsável por toda a eternidade
A resposabilidade está diretamente atrelada a dar causa a alguma
coisa, ou seja, a fazer acontecer, ou seja, aquilo que não aconteceria
se você estivesse agido naquele momento. E aqui podemos chegar a
uma conclusão importante: não há causalidade sem
responsabilidade. As coisas não acontecem apenas por um único
motivo e não são mera causalidade.
“O homem, por ter se tornado aquele que mais modifica o entorno,
precisa responsabilizar-se pelo que fez e faz, preocupando-se com o
futuro” (SCHIO, 2010, p.167).
A responsabilidade não tem a ver com o que você quer que
aconteça, mas tem relação sim com a consequência e com a
causalidade. “Esta responsabilidade é individual, pois cabe a cada
um refletir sobre os próprios atos e intenções; ela será coletiva
enquanto preocupação política, por englobar as questões que são
relevantes para todo o grupo humano (existente ou vindouro)”
(SCHIO, 2010, p.167).
Nossas ações e atitudes possuem consequências e os efeitos não
tem fim. Toda ação humana tem efeitos para a eternidade. “As
atitudes tomadas fariam com que todos se sentissem responsáveis
pelo realizado, mesmo que alguma opinião individual não fosse
englobada no processo decisório e, consequentemente, na ação”
(SCHIO, 2010, p.167).
E é por isso que a ética da responsabilidade precisa ser entendida e
debatida. ”A verdadeira ética ocorre quando o exercício da faculdade
de julgar ocorre, e ao homem é permitido recobrar a sua dignidade de
humanizar o mundo” (SCHIO, 2010, p.167). Nós precisamos definir
limites por nossa conta ou nos responsabilizaremos por tudo o que
fizemos e seus efeitos até nossa morte. 
 

Atividade extra

Nome da atividade: Situação-limite


Link para assistir a atividade: https://www.youtube.com/watch?
v=5ERWbnkvqxA

Referência Bibliográfica

ANDRADE, I. R. S. Ética geral e profissional. Salvador: UFBA,


Faculdade de Ciências Contábeis, 2017.

GHILLYER, A. W. Ética nos negócios. 4. ed. Porto Alegre: AMGH,


2015.

MATTAR, J. Filosofia e ética. São Paulo: Pearson Education do


Brasil, 2014.
NASCIMENTO, K. C.; ERDMANN, A. L.  Reflexões sobre a
filosofia do limite e suas implicações para o cuidar em
enfermagem. Disponível
em: https://aquichan.unisabana.edu.co/index.php/aquichan/article/vie
w/1481/1680#:~:text=Ao%20buscar%20a%20defini
%C3%A7%C3%A3o%20de,e%20de%20partida%20(5). Acesso em:
09 mai. 2021.

SCHIO, S. M. A ÉTICA DA RESPONSABILIDADE EM ARENDT E


JONAS. Dissertatio [32] 157 – 174 verão 2010.
A moral em crise e a
revalorização da ética
Cada um por si

A definição e estruturação social da ética demonstra uma tentativa de


garantir a boa convivência do grupo, de acordo com premissas como
vistas a seguir:

Por outro lado, a moral se manifesta através do comportamento,


como um conjunto de regras que orientam os indivíduos no convívio
com a sociedade, norteando suas ações e seus julgamentos de
maneira ambivalente (certo ou errado, bom ou mau).
A partir de uma visão global, se a moral funcionasse melhor, a ética
seria menos importante. Porém, como acreditavam os filósofos
antigos, a vida moral contrapõe o querer e a realidade. Enquanto a
ética se dava ao observar a relação e harmonia entre o caráter do
sujeito e os valores da sociedade.

Criatura sem vergonha essa!

 
A crise da moral se manifesta como o fim da vergonha de errar.
Antigamente, a ética cristã filosófica, definida pela relação com Deus
e não com os outros homens, trouxe a ideia de que devemos nos
guiar por Deus, de acordo com sua vontade, já que nós somos fracos
e tentados ao pecado. Após a revelação da Lei Divina temos a
obrigação de obedecer e a ética se torna um ato de dever.

Nesse contexto, em que se usa o medo para alcançar as


necessidades sociais, não se restringe à época e nem ao âmbito da
religião como ferramenta de convencimento, outros campos sociais
(Direito, política, mídia, etc), em todas as épocas históricas se
prestam ao controle do comportamento social através de figuras de
medo.

Segundo Bauman (2008, p. 8), medo é o nome que damos a nossa


incerteza: nossa ignorância da ameaça e do que deve ser feito.
Vivemos numa era onde o medo é sentimento conhecido de toda
criatura viva.

E, por isso mesmo, a revalorização da ética se torna um preceito


urgente de e sempre contemporâneo.

Morango e o 38

 
Em diversas narrativas a moral universal é utilizada como justificativa
e fundamento para todos, partindo-se da premissa de que estamos
todos submetidos aos mesmos preceitos morais, independentemente
de contextos ou realidades diferentes.

Já as questões éticas rotineiras estariam associadas à ideia de


pluralidade ética. Segundo Bauman, o pluralismo ético implica em
uma ética da incerteza, demonstrada na impossibilidade de uma ética
universal, em que o outro passa a representar uma ameaça, dada a
incomunicabilidade de valores morais comuns.

O professor Barros Filho defende a ética como a inteligência


compartilhada a serviço do aperfeiçoamento da convivência humana.
No exemplo: "Quando se mora com alguém, você deixa de fazer
algumas coisas para não interferir na felicidade do outro. Havendo
convivência, não dá para fazer o que se quer e ter prazer o tempo
todo. Isso se aplica tanto a um casal compartilhando um apartamento
quanto à sociedade compartilhando o planeta Terra", define.

Diante da crise dos valores universais, "a ética é a vitória da


convivência sobre a canalhice", destaca o professor Clóvis. Uma
sociedade que permita que o canalha vença é uma sociedade
doente.

Por fim, outra interpretação, demasiadamente importante, é feita por


Nietzsch ao tratar da concepção de niilismo, nos permitindo
interpretar o pluralismo ético de maneira diferente de Bauman e sua
moral da incerteza; temos no niilismo nietzschiano o fim da moral de
rebanho, pois o homem é visto como senhor de si mesmo, assim os
valores morais não são determinados por estatutos religiosos ou
partidários, mas sim pela própria consciência moral.

Atividade extra

Nome da atividade: Modernidade e Crise Moral (Marcelo Perine)

Link para assistir a atividade: https://sindpolmg.org.br/a-crise-moral/

Referência Bibliográfica

ANDRADE, I. R. S. Ética geral e profissional. Salvador: UFBA,


Faculdade de Ciências Contábeis, 2017.

 
BAUMAN, Zygmunt. Medo Líquido. Tradução, Carlos Alberto
Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; Ed. 2008.

GHILLYER, A. W. Ética nos negócios. 4. ed. Porto Alegre: AMGH,


2015.

MATTAR, J. Filosofia e ética. São Paulo: Pearson Education do


Brasil, 2014.

Autonomia moral:
nascemos com ela ou a
desenvolvemos?
Omamoeiro, o cachorro e o pensador

Agora que você já sabe que a “Ética são os conhecimentos obtidos


da investigação do comportamento humano em relação às regras
morais, explicadas de forma racional, fundamentada, científica e
teórica, ou seja, ética é uma reflexão sobre a moral” (ANDRADE,
2017, p.16), vamos aprofundar na continuação do tema. Essa parte
do nosso estudo será pautada no seguinte questionamento: a
autonomia moral já nasceu conosco ou desenvolvemos ela ao longo
da vida?

De forma introdutória, é essencial que você entenda o que é


autonomia moral. Para Piaget (1994 apud , SOARES, 2003, p.38) “a
moral consiste num sistema de regras. A essência da moralidade
aparece no respeito do indivíduo pelas regras. O conceito de moral é
bem mais abrangente do que o saber quais são as regras justas e
obedecê-las, ou como se deve agir em determinada situação: ele
abrange a reflexão sobre o porquê da existência das regras e na
motivação do indivíduo para seguir determinadas regras e outras
não”.

A autonomia moral parte dos entendimentos e estudos de Piaget,


que nos diz que “a autonomia moral é atingida quando o indivíduo
internaliza e reconhece a importância destas regras para a vida em
grupo. O estágio da autonomia é atingido quando o sujeito consegue
coordenar outros pontos de vista que não o seu e cooperar com seus
iguais” (SOARES, 2003, p.04).

Para responder a essa pergunta precisamos entender que viver é


lutar para continuar vivendo. Nós, seres humanos, temos a alma
intelectiva, que compreende a sensitiva e a vegetativa. Sendo assim,
o ser humano pensa na hora de lutar pela vida.
A alma é aquilo com o que nós nascemos e sempre esteve em
nossas mãos para ser e continuar sendo, viver e continuar vivendo.

O recém-nascido, o ovo e o tijolo

A automia moral já nasceu conosco ou é desenvolvida ao longo da


vida?

Nesse momento, já sabemos que cada um de nós nascemos com


alma, que aqui tem o significado de princípio da vida, aquilo que todo
vivente tem para continuar vivendo.

A nossa consciência nasce esvaziada e nosso pensamento precisa


de matéria-prima, ou seja, você precisa de conhecimento e palavras.
A matéria-prima do pensamento são as palavras.

Se o ser humano é pensante, ele irá precisar de palavras para


pensar. Quanto maior o seu quantitativo de palavras, mais fácil será
transmitir alguma coisa.

Em grego, a palavra logos significa palavra e é também linguagem e


também possui o significado de pensamento. Dessa forma, podemos
perceber que é por meio da linguagem que o pensamento pode se
operar e pode ser comunicado.
Aprendemos a pensar na mesma medida em que aprendemos as
palavras.

A autonomia da nossa moral depende da nossa inteligência para


tomar decisões, de que tipos de hábitos queremos consolidar na
nossa vida e para definir que tipo de caráter queremos ter na hora de
viver.

Aqui cabe relembrar que caráter corresponde a soma de todas as


nossas virtudes e morais.

Podemos afirmar que existe autonomia moral daquilo que eu quero


para mim e essa autonomia moral depende do uso da inteligência.
Uso esse que por sua vez, requer uma busca incanssável pela
melhoria.

Sendo assim, podemos afirmar que a autonomia moral já nasce


conosco e também pode ser desenvolvida. A nossa alma intelectiva
que já nasce conosco nos guia e também precisamos aprender no
mundo, esculpindo nosso caráter para conseguirmos ser aquilo que
queremos ser.

Interesseiros não são felizes

 
“A ética surgiu quando o homem se descobriu como um ser racional
e despertou para a necessidade de assumir responsabilidades para
viver em sociedade, como uma questão de sobrevivência”
(ANDRADE, 2017, p.10).

As discussões sobre a ética são antigas e foram levantadas por


filósofos gregos como Aristóteles, Platão e Sócrates. Os inventores
da ética estavam convencidos de que a virtude era o único caminho
para a felicidade.

“A Ética está relacionada com a virtude e também com luta do


homem para superar seus principais vícios. Isto porque a ética possui
como centro de atenção o HOMEM, que é moldado de virtudes e
vícios, capaz de ter atitudes que objetivam suprir suas necessidades
individuais e coletivas” (ANDRADE, 2017, p.22).

A virtude corresponde a toda forma de excelência, assim como


alguém que dá o melhor de si em suas atividades. Sendo assim,
aquele que dá o melhor de si é virtuoso e pode ser feliz, pois
felicidade segundo os gregos, correspondia a plena realização da
própria natureza.

“A palavra “virtude” é um a palavra originada do latim “vis”, que


significa força, energia. Lopes de Sá (1988:65), afirmava que ‘virtude,
é condição basilar, ou seja, não se pode conceber o ético sem o
virtuoso como princípio, nem deixar de apreciar tal capacidade em
relação a terceiros’” (ANDRADE, 2017, p.23).
A virtude pode ser entendida ainda como uma qualidade moral, isto
é, uma característica positiva do indivíduo, sendo disposto a praticar o
bem. É claro que você pode não buscar a excelência. No entanto,
aqueles que se acostumam com o máximo, querem sempre o
máximo. Sendo assim, podemos dizer que a excelência é condição
para uma vida feliz.

A virtude pode ser separada em duas, conforme definição de


Aristóteles:

- As virtudes intelectuais.

- As virtudes éticas (ou morais).

A virtude intelectual “é aquela que ‘nasce e progride graças aos


resultados da aprendizagem e da educação’” (ANDRADE, 2017,
p.23). As virtudes éticas são aquelas relacionadas ao que não é
imediatamente racional, ou seja, aquilo que por hábito você faz de
forma excelente. Seriam aquelas “que ‘não é gerada em nós por
natureza, é o resultado do hábito que nos torna capazes de praticar
atos justos’” (ANDRADE, 2017, p.23).

Conforme visão de Aristóteles, as virtudes são conquistadas pela


repetição dos atos, gerando costume. Esses atos para que se tornem
virtudes não devem desviar-se nem por falta e nem por excesso, isto
é, devem ser na medida, longe dos extremos. Dessa forma,
podemos dizer que não existem virtudes inatas.
 

 
Atividade extra

Nome da atividade: Autonomia para Piaget

Link para assistir a atividade: https://www.youtube.com/watch?


v=qxzoPzR5wVI

Referência Bibliográfica

ANDRADE, I. R. S. Ética geral e profissional. Salvador: UFBA,


Faculdade de Ciências Contábeis, 2017.

 
SOARES, An. M. I. CONSIDERAÇÕES SOBRE A AUTONOMIA
MORAL E INTELECTUAL EM PORTADORES DE ALTAS
HABILIDADES E AS FERRAMENTAS PARA PENSAR: UMA
REFLEXÃO CRÍTICA. [Dissertação de Mestrado]. UFPA: Curitiba,
2003.

A importância da ética
profissional
Comboio sujo de sangue

A estipulação da responsabilidade está diretamente relacionada à


produção de causa e efeito que ela possui.

Segundo a perspectiva kantiana, a ética da responsabilidade é a


moral de grupo, muito diferente da individual, pois aquela se refere às
decisões tomadas pelo governante para o bem-estar geral, embora
muitas das vezes possam parecer erradas aos olhos da moral
individual.

Na ética da responsabilidade, o que valida um ato é o resultado, e


não a intenção. Ou seja, podemos afirmar que a ética da
responsabilidade corresponde às decisões tomadas por aqueles que,
investidos no poder, tudo fazem para manter a harmonia social.
De modo geral, considera-se que as razões que regulam o
comportamento dos indivíduos é a repressão externa. As
responsabilidades só são cumpridas enquanto estiver passível de
responsabilização pelos outros.

Consequências são causas eternamente

O emprego do termo “consequências”, ao lado de suas classificações


como boas ou ruins, precisa ser considerado atentamente. Não se
fará um julgamento adequado partindo meramente de tais
qualificadores, como se, por si só, fossem suficientes para nos
possibilitarem conclusões inequívocas. Nesse sentido, nem toda
ação que produz boas consequências é já, por isso, um mandamento
moral, assim como nem toda ação com consequências ruins, em
toda e qualquer circunstância, é moralmente proibida.

Para Hans Jonas, “o conceito de ação necessita ser redimensionado


e uma compreensão adequada implica na consideração de sua
relação com a técnica. A técnica, nesse sentido, não é apenas o
conjunto dos objetos produzidos e aperfeiçoados constantemente
pelo homem ao longo dos séculos. A técnica é a própria forma de
relação estabelecida pelo homem com o mundo e, portanto, consigo
mesmo; ou dito de outro modo, a técnica parece ter se tornado a
própria medida do homem.” (DOS SANTOS, p. 423)

O autor também expõe que “o elemento decisivo e não considerado


pelas chamadas éticas tradicionais é exatamente o caráter
cumulativo e irreversível das ações. Mais do que as consequências
diretas e previstas, são as consequências das consequências
(indiretas e imprevistas) que parecem assumir um peso na balança
da moral jonasiana.” (DOS SANTOS, p. 424)

Assim, as capacidades de prever, de julgar e de atribuir valor há


muito se enfraqueceram, segundo Jonas, ou, ao menos,
permanecem secundárias em nossa época, em comparação com o
poder de fazer.

A morte do Salvador

O homem não deve ser representado pelo próprio homem


simplesmente como um objeto, isto é, como algo de que se possa
dispor a bel-prazer. O homem deve respeitar no outro aquilo que está
presente nele mesmo, a saber, sua dignidade humana, isto é, sua
condição de existir tendo consciência que não é uma simples coisa e
que, além disso, abriga dentro de si um valor.

Kant explica que a expressão "servir-se da liberdade para limitar de


um modo necessário a liberdade mesma" demonstra que o homem
não pode fazer um uso "arbitrário" de sua liberdade. Um uso
puramente arbitrário acarretaria a própria perda desse uso, uma vez
que atentaria contra a própria ideia de liberdade que lhe é revelada
por intermédio de sua razão.
É somente através da observância da lei moral, enquanto produto da
atividade espontânea da razão, que o homem pode prestar um culto
à humanidade presente em sua própria pessoa e na pessoa dos
demais homens, razão pela qual Kant afirma que "a moralidade
representa a coincidência do livre arbítrio com os fins da humanidade
e do ser humano em geral, isto é, com as condições necessárias dos
fins universais da humanidade e do homem".

Atividade extra

Nome da atividade: A ética da responsabilidade | Oswaldo Giacoia Jr.

Link para assistir a atividade: https://www.youtube.com/watch?


v=nJm2nofC0Us

Referência Bibliográfica

ANDRADE, I. R. S. Ética geral e profissional. Salvador: UFBA,


Faculdade de Ciências Contábeis, 2017.

GHILLYER, A. W. Ética nos negócios. 4. ed. Porto Alegre: AMGH,


2015.

MATTAR, J. Filosofia e ética. São Paulo: Pearson Education do


Brasil, 2014.
MATTAR, J. Filosofia e ética. São Paulo: Pearson Education do
Brasil, 2014.

DOS SANTOS, Robinson. Responsabilidade e


consequencialismo na ética de Hans Jonas. Revista de Filosofia
Aurora, [S.l.], v. 24, n. 35, p. 417-433, maio 2012. ISSN 1980-5934.
Disponível em:
<https://periodicos.pucpr.br/index.php/aurora/article/view/448/376>.
Acesso em: 23 jun. 2021.
doi:http://dx.doi.org/10.7213/revistadefilosofiaaurora.7512.

Ética profissional e ética


da responsabilidade
Ocanalha da batata doce

Em todo lugar que há convivência, há ética. A ética corresponde à


busca inteligente das pessoas para alcançar a convivência mais
harmoniosa e mais justa possível. “O campo da ética estuda como
tentamos viver nossas vidas de acordo com um padrão que define o
que é “certo” ou “errado” – tanto em como pensamos e nos
comportamos em relação aos outros quanto em em como
gostaríamos que eles pensassem e se comportassem em relação a
nós” (GUILLYER, 2014, p.04).
É interessante destacar que as pessoas envolvidas precisam dispor
de suas inteligências em prol de uma convivência harmoniosa.

Sabemos que nem sempre é assim que funciona. Caso exista


alguém que não se disponha a aceitar, essa convivência harmoniosa
pode estar ameaçada. Em casos em que alguém da equipe não
respeite o protocolo, toda a equipe pode estar comprometida. A
convivência é muito importante, pois é ela que faz com que um grupo
vá mais longe. Dessa forma, podemos afirmar que refletir sobre os
limites da ação de cada um para proteger a convivência é
absolutamente essencial.

“Ética é o conjunto de princípios e valores morais que conduzem o


comportamento humano na sociedade. As organizações seguem os
padrões éticos sociais, aplicando-as em suas regras internas para o
bom andamento dos processos de trabalho, alcance de metas e
objetivos” (ANDRADE, 2017 p.31).

Uma organização é composta por um grupo de pessoas em busca


de um bem comum (SOBRAL; PECI, 2012). Em grupos como esses,
devemos entender que essas pessoas possuem suas tarefas,
funções e precisam pensar na melhor forma de interagir com os
outros, buscando uma preservação da harmonia de todos.

Dentro da realidade empresarial, muitas vezes para que consiga de


destacar, uma pessoa utiliza de estratégias que prejudicam o todo
em prol de si mesmo. Com essa atitude, ela prejudica todo o time,
colocando tudo a perder.
 

O laboratório, o médico e o paciente

O que são os valores?

Ao ser contratado por uma determinada organização, você pode se


deparar com eles e é importante saber o seu significado. “Valores
são crenças básicas a respeito do que é importante e que constituem
guias que orientam as práticas em uma organização”
(CHIAVENATO, 2007, p. 425).

Representam os princípios éticos de uma empresa, como um


conjunto de princípios e crenças (CHIAVENATO, 2007). Os valores
de uma organização podem ser encontrados, também, inseridos na
missão da empresa, que será explicada à frente (OLIVEIRA;
CASSIMIRO, 2004).

A definição dos valores traz à tona os princípios que regem a


organização. Sendo assim, a ideia é que a empresa consiga listar
valores que orientem seus funcionários e demais stakeholders a
respeito de suas principais características. Os valores são capazes
de apresentar as principais crenças e atitudes de uma organização,
trazendo personalidade para a mesma. 

Importante nesse ponto destacar que o valor é um assunto da ética e


a ética não é um valor. A ética é um campo do conhecimento que
discute como devemos agir quando nos relacionamos com as
pessoas. Já os valores são um assunto da ética.

Os valores advém do que as pessoas consideram em um


determinado contexto. Sendo assim, dentro de uma empresa por
exemplo, é necessário conversar com os colaboradores para saber o
que eles pensam e quais são os valores importantes para elas. A
partir disso, devemos chegar em valores comuns para todos.

Nós, seres humanos, somos os pensadores e criadores dos valores,


mapeando os mais relevantes para nós. Somos ainda os que
elaboram as regras e os que devem respeitar as regras.

A ética existe em todo espaço de relações que pretende, por meio da


inteligência, assegurar mais harmonia na relação entre as pessoas
que estão em determinado local.

Alfredo não é bolinho

Durante toda a nossa vida pessoal e laboral estaremos diante de


decisões éticas a serem tomadas. Por isso, é importante entender o
meio onde estamos e aquilo que é esperado da nossa conduta.

“A ética tem se tornado um assunto muito discutido no nosso dia-a-


dia, pois temos enfrentado grandes desafios neste século. Se
associarmos ética ao caráter do indivíduo, afirmando que a ética é
formada pelo convívio e que a convivência com a família, com o
compartilhamento de valores morais, balizará a conduta humana, no
campo pessoal, social e profissional” (ANDRADE, 2017, p.18).

É essencial entender que nossas atitudes podem impactar toda a


sociedade ou toda uma equipe dentro da empresa. E ainda é preciso
destacar que precisamos entender que para refletirmos sobre uma
convivência justa, temos que esquecer das hierarquias. É necessario
abrir mão de quem manda e de quem obedece. Quem tem o poder e
quem a ele se submete. Ao falarmos sobre convivência, as
hierarquias desaparecem e uma certa igualdade entre as pessoas
que interagem sobressai.

“A ética, enquanto conjunto de valores e princípios, não deve deixar


de ter sua importância ressaltada diante de qualquer contexto (setor
público, privado ou terceiro setor, sociedade ou indivíduo, meio
ambiente, etc.)” (ANDRADE, 2017, p.47). Dessa forma, é importante
destacar que é nossa obrigação buscar uma convivência justa e
digna para todos, dessa forma, os propósitos da organização
conseguirão ser alcançados com louvor.

 
 
Atividade extra

Nome da atividade: Valores éticos nas organizações

Link para assistir a atividade: https://www.youtube.com/watch?


v=VOlIkzFvVw8

Referência Bibliográfica

ANDRADE, I. R. S. Ética geral e profissional. Salvador: UFBA,


Faculdade de Ciências Contábeis, 2017.

CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 7


ed., Rio de Janeiro- Elsevier, 2007
 
GHILLYER, A. W. Ética nos negócios: Série A. 4 ed. Porto Alegre:
Grupo A, 2014.

OLIVEIRA, S. G. ; CASSIMIRO, W. T. Planejamento estratégico:


aplicação do método em uma micro empresa. In: Anais do VII
SEMEAD - Seminários em Administração. São Paulo, FEA/USP,
2004. 

SOBRAL, F.; PECI, A. Administração teoria e prática no contexto


brasileiro. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.

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