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MARÇO/
2021
CONSELHO EDITORIAL
Alfonso Palazón (Universidad Rey Juan Carlos, Espanha)
Annie Comolli (École Pratique des Hautes Études, França)
António Fidalgo (Universidade da Beira Interior, Portugal)
António Weinrichter (Universidad Carlos III, Espanha)
Beatriz Furtado (Universidade Federal do Ceará – UFC, Brasil)
Bernadette Lyra (Universidade Anhembi-Morumbi – UAM – São Paulo, Brasil)
Bertrand Lira (Universidade Federal da Paraíba – UFP, Brasil)
Cássio dos Santos Tomaim (Universidade Federal de Santa Maria, Brasil)
Catherine Benamou (Universidade da California-Irvine, EUA)
Claudine de France (Centre National de la Recherche Scientifique – CNRS, França)
Denise Tavares (Universidade Federal Fluminense – UFF), Brasil
Eduardo Tulio Baggio (Universidade Estadual do Paraná, Brasil)
Esther I. Hamburger (Universidade de São Paulo – USP, Brasil)
Francisco Elinaldo Teixeira (Universidade Estadual da Campinas – UNICAMP),
Brasil
Francisco Merino (Universidade da Beira Interior, Portugal)
Frederico Lopes (Universidade da Beira Interior, Portugal)
Ignacio Del Valle Dávila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana –
Unila), Brasil
Javier Campo (Universidad Nacional del Centro – UNICEN ; Consejo Nacional de
Investigaciones Científicas y Técnicas – CONICET, Argentina)
José da Silva Ribeiro (Universidade Federal de Goiás, Brasil)
José Francisco Serafim (Universidade Federal da Bahia, Brasil)
José Filipe Costa (IADE-Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing, Portugal)
João Luiz Vieira (Universidade Federal Fluminense, Brasil)
Julio Montero Díaz (Universidad Complutense de Madrid, Espanha)
Karla Holanda (Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil)
Luís Nogueira (Universidade da Beira Interior, Portugal)
Luiz Antonio Coelho (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil)
Margarita Ledo Andión (Universidad de Santiago de Compostela, Espanha)
María Luisa Ortega Gálvez (Universidad Autónoma de Madrid, España)
Mateus Araújo Silva (Escola de Comunicações e Artes – ECA, Universidade de São
Paulo – USP, Brasil)
Mauro Rovai (Universidade Federal de São Paulo, Brasil)
Michel Marie (Université de la Sorbonne Nouvelle – Paris III , França)
Natália Ramos (Universidade Aberta de Lisboa, Portugal)
Pablo Piedras (Universidad de Buenos Aires – UBA, Consejo Nacional de Investiga-
ciones Científicas y Técnicas – CONICET, Universidad Nacional de las Artes – UNA,
Argentina)
Paula Mota Santos (Universidade Fernando Pessoa, Portugal)
Paulo Miguel Martins (Instituto Politécnico de Leiria / ESAD-Escola Superior de
Artes e Design, Portugal)
Paulo Cunha (Universidade da Beira Interior, Portugal)
Paulo Menezes (Universidade de São Paulo, Brasil)
Paulo Serra (Universidade da Beira Interior, Portugal)
Philippe Lourdou (Université Paris X – Nanterre, França)
Robert Stam (New York University, EUA)
Rosana de Lima Soares (Universidade de São Paulo, Brasil)
Ruben Caixeta de Queiroz (Universidade Federal da Minas Gerais – UFMF, Brasil)
Samuel José Holanda de Paiva (Universidade Federal de São Carlos, Brasil)
Tito Cardoso e Cunha (Universidade da Beira Interior, Portugal)
EDITORIAL
Editorial | Editor’s note | Éditorial 1
Sociedade, liberdade e resistência
Marcius Freire & Manuela Penafria 2
DOSSIER TEMÁTICO
Dossier temático | Thematic dossier | Dossier Thématique 4
Identidade, resistência e simbolismo no filme Onde sonham as for-
migas verdes (1984), de Werner Herzog
Thais Conconi Silva & Elias David Morales Martinez 5
i
LEITURAS
Lecturas | Readings | Comptes Rendus 125
A propósito de Paris is burning: um baile cinematográfico
Lucas Bragança 126
ENTREVISTA
Entrevista | Interview | Entretien 141
Pandemônio ou contexto pandêmico?
Primeira conversa com Silvio Tendler
Fabiola Notari 142
DISSERTAÇÕES E TESES
Disertaciones y Tesis | Theses | Thèses 154
Documentário de ética dialógica: a explicitação do encontro entre
documentaristas e atores sociais
Thífani Postali 155
ii
DISSERTAÇÕES E TESES
Disertaciones y Tesis | Theses | Thèses
DOI : ???
Dissertação de Mestrado.
Resumo:
Ano: 2020.
* E-mail: huli.balasz7@gmail.com
06 52 92 106 132
#2
SUMÁRIO
ROQUETTE-PINTO A REVISTA DO VÍDEO ESTUDANTIL
05
06
• PRODUÇÃO DE VÍDEO ESTUDANTIL, PARA QUEM?
Josias Pereira
SEÇÃO QUADRO & GIZ
07 • A DIFICULDADE DE UM DIRETOR MANTER A DECUPAGEM COM ATORES MIRINS
Mateus Brum de Armas
A Roquette-Pinto é uma revista eletrônica do curso de Pós-Graduação de Educação 17 • CINEMA E EDUCAÇÃO: A SÉTIMA ARTE E O FAZER PEDAGÓGICO
EXPEDIENTE Matemática e do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Pelotas - José Antonio Klaes Roig
UFPel. 15 • RIO GRANDE E SEUS CONTORNOS MATEMÁTICOS – 280 ANOS DE HISTÓRIA
Nádia Regina Barcelos Martins; Vanda Leci Bueno Gautério; Priscila Moço; Francine Lemos Pedroso
A publicação tem periodicidade quadrimestral, digital, que tem como objetivo a 18 • A PRODUÇÃO DE VÍDEO ESTUDANTIL NA EDUCAÇÃO INFANTIL - NOTAS TEÓRICOPRÁTICAS SOBRE UMA EXPERIÊNCIA DESAFIADORA
publicação de artigos e relatos de experiências desenvolvidos por professores de Larissa de Oliveira Pedra
ensino fundamental e médio e por pesquisadores, com foco na produção de vídeo feita 26 • DE REPENTE, TRINTA!
por alunos e professores. Eliane Candido
36 • PRODUÇÃO DE VÍDEO ESTUDANTIL NA EJA: DESAFIO, COMPROMISSO E RECOMPENSA
Não há custos para autores em relação à submissão e análise dos artigos e relatos. Karine Ferreira Sanchez
47 • RUA DE MÃO DUPLA E A POTENCIALIDADE SOCIAL A PARTIR DO DISPOSITIVO DO FILME
Os direitos de copyright pertencem aos autores que tenham seus trabalhos aceitos e Pâmela de Bortoli
publicados na Revista, conservando seus direitos de publicação sem restrições. 52 SEÇÃO SALA DOS PROFESSORES
53 • 24 HORAS CONECTAD@
Esta revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, segundo o princípio de que Yanne Alves Roberto; Juliana De Ávila Ulguim; Caroline Silveira.
disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior 58 • CINEMA EM SALA DE AULA – UM OLHAR COM OUTRO FOCO, SOB OUTRA ÓTICA
democratização mundial do conhecimento. Mariangela Scheffer Cardoso
61 • O CORAÇÃO DELATOR
Todos os artigos e relatos são publicados sob licença Creative Commons. Atribuição Andréa Rodrigues; Diego Comerlato
63 • CURVADOS – UMA IDEIA PUXA OUTRA E NASCE UM FILME
Não-Comercial 4.0 Internacional. Claudio Garcia
66 • E AGORA, PROFESSORA?
Lídia Santos Arruda
Prof. Dr. Josias Pereira – UFPel 69 • CINE FEST 2
Profª Dra. Rozane da Silveira Alves – UFPel Maria Raquel Pohlmann da Silveira
EDITORES Profª Eliane Candido 81 • CINEMA COMO FORMAÇÃO CONTINUADA: O OLHAR DE UMA DOCENTE
Profª Maria Jeane Candido Noeli Kunde Miritz
Rogério Peres - Rubra Cognitiva 84 • CURTA-METRAGEM “PESADELO”
Luciana Pereira Maruri
86 • CONSTRUÇÃO DO VÍDEO DE FICÇÃO PARA O FESTIVAL DE VÍDEO ESCOLAR
Dra. Cristina Vermelho Sérgio Flores
COMISSÃO Dr. Eduardo Portanova Barros 89 • PROJETO DIVERSIFICANDO SABERES
Dra. Lourdes Helena Rodrigues dos Santos Jerusa da Fonseca Gautério
CIENTÍFICA Me. Daniela Pedra Mattos 92 SEÇÃO RECREIO
Me. Marcus Tavares 93 • A PROVA
Alexsandro Walter Oliveira
94 • O OUVIR: ANÁLISE DOS CURTAS ESTUDANTIS DO FESTIVAL DE CINEMA SÃO LEO EM CINE DE 2016
Huli de Paula Balász
Mateus Brum de Armas, José Antonio Klaes Roig, Nádia Regina Barcelos Martins, 100 • MINHA EXPERIÊNCIA NO I FESTIVAL DE VÍDEO DO CAPÃO DO LEÃO
COLABORARAM Vanda Leci Bueno Gautério, Proscila Moço, Francine Lemos Pedroso, Larissa de Nikoly Barboza Garcia
Oliveira Pedra, Eliane Candido, Karine Ferreira Sanche, Pâmela de Bortoli, Yanne 102 • A VISÃO DE UMA ADOLESCENTE NA PRODUÇÃO DE VÍDEO ESTUDANTIL
NESTA EDIÇÃO Alves Roberto, Juliana de Ávila Ulguim, Caroline Silveira, Mariangela Scheffer Nathalia Vieira; Nicole Westhauser da Silva
Cardoso, Andréa Rodrigues, Diego Comerlato, Claudio Garcia, Lídia Santos Arruda, 104 • A EXPERIÊNCIA DE SANDIELI
Maria Raquel Pohlmann da Silveira, Noeli Kunde Miritz, Luciana Pereira Maruri, Aluna da escola EMEF Germano Hübner
Sérgio Flores, Jerusa da Fonseca Gautério, Alexsandro Walter Oliveira, Huli de Paula 106 SEÇÃO DEVER DE CASA
Balász, Nikoly Barboza Garcia, Nathalia Vieira, Nicole Westhauser da Silva, Sandieli, 107 • 10 PASSOS PARA SE PRODUZIR UM VÍDEO ESTUDANTIL
Patrícia Custódio, Kelly Demo Christ, Gregório Galvão Albuquerque, Tânia Cristina Patrícia Custódio
Medeiros Cardoso e Marilete Boy Oliveira 115 • 18 MOTIVOS PARA USAR O CINEMA NA SALA DE AULA
Kelly Demo Christ
122 • CINECLUBE: O ESTRANHAMENTO DO OLHAR NA FORMAÇÃO DO ALUNO
Gregório Galvão Albuquerque
126 • “CINEMA: EXPERIMENTAR, CONHECER, REALIZAR”- AÇÕES DE CINECLUBISMO
Tânia Cristina Medeiros Cardoso; Marilete Boy Oliveira.
_ 132 ESPECIAL INTERNACIONAL
REALIZAÇÃO RUBRA TODOS SOMOS MALALA
C O G N I T I V A Sonia San Segundo Sáez, Mª Jesús Álvarez Rodríguez e Ibán Díez Álvarez
REVISTA ROQUETTE-PINTO REVISTA ROQUETTE-PINTO
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CURTAS ESTUDANTIS DO te no cotidiano dos estudantes. Por exemplo, educacional de forma também ativa, isto é,
SÃO LEO EM CINE DE 2016 quais já foram vítimas desta violência escolar. problemáticas pessoais e sociais. Essa forma
Enquanto atrizes sociais dos próprios vídeos de trabalho possibilita ao aluno, maior envolvi-
Huli de Paula Balász que produzem, elas se emocionam e essa mento, pois agora não está somente ouvindo
Acadêmica do curso de Cinema e Audiovisual da UFPel
forma de se relacionar com o trabalho, ou seja, sobre o tema, ele é necessariamente impelido
deixando-se afetar pelas causas com as quais a discutir, sentir, pensar e agir sobre a questão.
causa impacto e este choque, ou afeto, é uma deve-se analisar os processos internos, tanto
Este trabalho se propõe a analisar a o tema da acessibilidade, como é o caso de Eu
das qualidades necessárias para o aprendiza- os psicológicos como os biológicos e contexto
produção de vídeos estudantis do ano de 2016 não sou diferente, eu faço a diferença (2016) e
do. social em que cada indivíduo está inserido,
dos estudantes das escolas de nível médio e Rampas de acessibilidade (2016). No primeiro,
Cada tipo de relato acaba, de certa ma- bem como as respostas cognitivas a suas
fundamental de São Leopoldo, município do além de tratar sobre a questão da acessibili-
neira, expondo parte do cotidiano e experiência interações com o mundo onde vive. É essa
estado do Rio Grande do Sul. Foram vistos 61 dade, os estudantes trazem essa possibilidade
do estudante que ali se coloca. Cada vídeo traz experiência que norteará o desenvolvimento e
vídeos para a elaboração desta pesquisa. no próprio vídeo, inserindo audiodescrição e
um pouco de suas experiências, sentimentos a direção de seus projetos, sendo eles fantásti-
Ao analisar o conteúdo abordado nos intérprete de libras no canto direito da tela, o
e saberes, o que reitera o que defende alguns cos, críticos ou catárticos.
vídeos das escolas, nos deparamos com impor- que ratifica o fato de que a preocupação na
autores da educação como Paulo Freire de Como muitos alunos acabam se utili-
tantes questões sociais para o desenvolvimen- escola é colocada em prática inclusive quanto
que “nenhuma criança vem vazia”. zando da ferramenta de produção de vídeos
to cognitivo e sociocultural do indivíduo. Há a deficiências que não necessariamente as
Ao observar os vídeos, percebemos para se expressarem, os filmes acabam tendo
produções sobre diversos temas, no tocante à que o vídeo traz como tema.
que existe algum tipo de orientação de profes- um viés artístico, pessoal ou crítico, dessa ma-
questão do bullying, discussão racial, de gêne-
sores. Todavia, estes não protagonizam o pro- neira, as professoras e professores que orien-
ro e sexualidade, feminismo, empoderamento
cesso nem o monopolizam com voz autoritária. tam os alunos têm a oportunidade de conhecer
feminino, aceitação do corpo, bulimia e assun-
É possível notar que são os próprios alunos um pouco melhor os estudantes, e da mesma
tos relacionados à violência contra mulher. A
que definem para onde vão suas histórias. forma, cada estudante tem a possibilidade de
questão do amor também é bastante recor-
É de suma importância que os estudantes ouvir o colega e saber um pouco mais da histó-
rente e muitos desses vídeos se passam no
Inserção de intérprete de libras no Fragmento do vídeo tragam estes assuntos para serem debatidos ria daqueles com quem convivem diariamente.
próprio ambiente escolar. Dois vídeos abordam Eu não sou diferente, eu faço a diferença (2016)
REVISTA ROQUETTE-PINTO REVISTA ROQUETTE-PINTO
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Isso aumenta a interação dentro da turma ilustrações, filmes de foto still com dublagens
Dentro da playlist de 2016, nos deparamos com uma orientação direcionada. Nos momentos o gênero de ficção com o documentário. Há
Maquiagem no filme O Colar e a Boneca (2016)
diversas técnicas cinematográficas aplicadas em que se utilizam de planos mais abertos, alguns vídeos que possuem inclusive vinhetas
aos vídeos. Há trabalhos que utilizam Motion percebemos alguns casos em que não é pos- de animação no início do filme.
Graphics e até mesmo efeitos especiais mais sível detectar facilmente a fala da personagem. Determinados filmes dão atenção
trabalhosos de se fazer, como ocorre em Os Como sugestão a este problema poder-se-ia, especial a específicas áreas do cinema. Por
heróis de Funny City, onde o efeito de fazer para as próximas turmas, pensar em uma pos- exemplo, quando isso ocorre com o som há
desaparecer o colega é aplicado devidamente, sibilidade de dublar as cenas em que o áudio utilização de folleys durante o vídeo. Como
assemelhando-se ao que observamos em não tenha ficado muito bom. Ou até mesmo citamos acima, às vezes esse foco se dá nas
alguns trabalhos do mercado profissional. planejar a exploração de enquadramentos mais técnicas de finalização. Alguns focam no rotei- Cenário do filme A viagem espacial (2016)
pode servir para dar apoio e complementar o mesmo! Os cortes estão bem feitos, há um
outro, pois não são suficientes por si só e nem planejamento de decupagem e em uma
outro. O desenvolvimento educacional e cultu- linha clássica narrativa. Preciso confessar que
ral de um indivíduo não depende e nem pode com o vídeo Quando eu Crescer (2016) me
ou outro possa melhor auxiliar um indivíduo Por fim de reflexão, cabe a nós, “adul-
ou grupo de pessoas, mas, ainda assim não tos”, “acadêmicos” e “sabidos” também nos
será algo previsível ou cartesiano. Pois o colocarmos nessas provas, afinal, vivemos em
conhecimento se constrói a todo instante e de uma sociedade em que “natural” é que apenas
diversas formas, estando o indivíduo refletindo as crianças possam ser livres para explorar
Jogo de luz, sombra e cenário no filme Os gêmeos do Tambor
consigo mesmo ou interagindo com o mundo, os ambientes, mexer nas coisas, nas ideias
pois interação com o mundo e reflexão interna nos conceitos, quebrar e desbravar o mundo.
são processos que andam juntos e não se rela- Quando foi que a gente deixou de ser criança
cionam de forma freneticamente binária, como e parou de se permitir poder fazer tudo isso?
costumam colocar alguns estudos. Interação A gente pode até tentar “considerar a ideia
social gera e é gerada a partir de uma constru- da criança”, e dar importância ao que ela está
Nos traz certa alegria ver que há porâneo de educação, e agora, isto está em
escolas hoje trabalhando com as crianças voga. Mas estamos realmente capacitados a
e adolescentes a cultura e educação desta ouvir a criança quando nem ao menos conse-
forma lúdica. Fica muito perceptível como este guimos considerar e ouvir as ideias daqueles
trabalho de inserção de vídeos nas escolas que não mais assim os consideramos? Uma
tem potência para ampliar a visão de mundo mudança pessoal também urge, caso contrário
dos estudantes, assim como abrir um leque continuaremos lutando arduamente para
revistaroquettepinto@gmail.com
Revista-Roquette-Pinto-de-Vídeo-Estudantil
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
Reitora
Angelita Pereira de Lima
Vice-Reitor Diretora do Cegraf UFG
Jesiel Freitas Carvalho Maria Lucia Kons
CONSELHO EDITORIAL
Capa e diagramação:
Julyana Aleixo
APOIO
Inclui referências.
ISBN (E-book): 978-85-495-0415-9
CDU: 7:394
Eixo 1..........................................................................43
continuação sumário>>
Eixo 2........................................................................132
Resumo
O objetivo deste artigo é investigar de que forma a re-
lação intermidiática entre cinema e performance no docu-
mentário Espaço além - Marina Abramović e o Brasil (Marco
del Fiol, 2016) revela a dimensão subjetiva da personagem.
Neste breve recorte faremos isso analisando especialmente a
mise-en-scène de Abramović em determinadas cenas do filme,
estabelecendo possíveis associações ao seu histórico de peças
performáticas.
Não é novidade que o sujeito está em constante busca
de uma esfera mais profunda do ser e isso pode ser veri-
ficado desde escritos da Antiguidade até manifestações em
obras contemporâneas. O documentário Espaço além - Mari-
na Abramović e o Brasil (Marco del Fiol, 2016) se volta a tais
questões, ao passo que atualiza essa dimensão para o universo
cinematográfico. O filme aborda a trajetória da artista sérvia
Marina Abramović em busca de cura pessoal e inspiração
artística pelo Brasil ao longo de quatro anos, de 2012 a 2016.
3 A artista iniciou sua pesquisa de “objetos de poder” no final dos anos 1980 no
estado do Pará.
de forma absoluta.
Em Espaço além a personagem expõe que o intuito de sua
peregrinação consiste também em conseguir curar a dor de
uma separação amorosa. Neste momento ela levanta outras
indagações, como por exemplo: “Como posso ajudar as pes-
soas a ampliar a consciência através da arte?”. Analisamos de
forma mais detalhada, então, de que forma a relação intermi-
diática entre cinema e performance revela essa motivação da
performer no filme.
6 O trecho da dissertação de Laura Evans está disponível no link: https://
notartomatic.wordpress.com/tag/richard-schechner/
de ver com os próprios olhos (The act of seeing with one’s own
eyes, Stan Brakhage, 1971), no qual são mostradas cenas em
planos detalhes de corpos sendo abertos em um necrotério,
mencionado por Nichols (2012) como um exemplo de do-
cumentário performático.
Dentre outros exemplos, destacamos ainda a cena que se
passa na Chapada Diamantina, junto aos índios Cariri Xocó,
na qual a artista se submete ao banho de origem indígena
Temazcal, conhecido também como rito da sauna sagrada ou
tenda do suor, que segundo o dirigente do espaço, como
uma cerimônia de cura, tem por objetivo equilibrar corpo,
mente, emoção e espírito, através do suor provocado pelo
vapor do interior de uma tenda quente e escura.
Dentre diversos exemplos de performances de Abramović
que nos remetem a essas qualidades de resistência e cons-
ciência, por exemplo, podemos citar a peça Rhythm 5, em
que a artista se deita no interior de uma estrela em chamas
Referências
ABRAMOVIĆ, Marina; KAPLAN, James. Pelas paredes. Memórias
de Marina Abramović. Rio de Janeiro, José Olympio, 2017.
ALICE, Tania. “Diluição das fronteiras entre linguagens artísticas:
a performance como a (r)evolução dos afetos”. Catálogo do Palco
Giratório, v. 2, p. 32-43, 2014. Disponível em <https://goo.gl/wV-
CqZZ> Acesso em 15 de janeiro de 2021.
CYPRIANO, Fabio. “Reinvenção da performance dá força
à obra de Abramović”. Folha de São Paulo. 2 de julho de 2008.
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/
fq0207200813.htm>. Acesso em 29/01/2011.
EVANS, Laura. “What to do when theory does not work for you:
native performance art and performance theory revised”, 2010.
Disponível em: https://notartomatic.wordpress.com/tag/richard-
-schechner/. Acesso em: fevereiro de 2021
IDEA - USACH
2
CATALOGACIÓN EN LA FUENTE LICENCIA
3
Elaboração e Execução de Projeto de Ensino em Tecnologia para Professores da
Educação Básica Brasileira
Huli de Paula Balász (1) - Rozane da Silveira Alves (2)
1. Introdução
O Programa de Extensão Rede Colabora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) foi
criado com o intuito de formar Professores da Rede Pública da educação básica de Pelotas
para o uso de tecnologias no ensino. Foram selecionadas dez escolas, a partir de indicação de
seus professores que mantêm vínculo com a UFPel: alunos de pós-graduação, participantes
de projetos de pesquisa e/ou extensão e tutores da educação a distância.
A partir de entrevista realizada com os diretores das escolas participantes, constatou-
se que as referidas escolas haviam recebido do governo equipamentos tecnológicos que ainda
não estavam sendo utilizados pois muitos professores, apesar de conhecerem seu
funcionamento, ainda não sabiam usá-los de forma pedagógica em suas aulas. Estas
declarações confirmam resultados da pesquisa de Porto (2009) com professores e gestores
das escolas da rede pública do município de Pelotas, Brasil sobre dificuldades no uso das
TIC, sendo que um dos fatores mais citados por eles foi o despreparo do professor para lidar
e trabalhar com as TIC.
43
Também Lopes et al. (2010), por meio da Fundação Victor Civita, investigou o uso
das TIC nas escolas brasileiras. A amostra foi formada por 80 Escolas municipais e estaduais
dos níveis fundamental e médio, localizadas em doze capitais brasileiras. Os resultados
mostraram que entre as escolas investigadas, 73% têm Laboratório de Informática, no entanto
dentre estas, 18% não utilizam os laboratórios no trabalho com os alunos.
Com o propósito de que esses equipamentos comecem a ser utilizados pelos
professores, a fim de elevarem o padrão de suas práticas no ensino com o uso das tecnologias
de informação e comunicação (TIC), foi estabelecido que o Programa ofereceria, além de
outros aportes, um Curso para Elaboração de Vídeos. O curso teve como objetivo
familiarizar os professores com a criação e edição de vídeos e incentivar o seu uso com fins
pedagógicos.
2. O meio de Aprendizado
Apesar do conhecido fato de que as tecnologias estão se desenvolvendo hoje de forma muito
rápida, isso não repercute diretamente na realidade de grande parte dos professores da
educação básica devido à falta de domínio dessas ferramentas. Sabendo disso, a equipe do
Projeto começou a trabalhar a fim de encontrar um método eficiente para o auxílio dos
professores com o uso das TIC através do Curso de edição de Vídeos.
A partir do relato dos diretores das escolas envolvidas, notou-se que havia grande
disparidade entre os horários disponíveis de cada professor e também entre seus níveis de
conhecimento na área da tecnologia. Desta maneira, chegou-se à conclusão de que o Curso
de Edição de Vídeos seria ministrado a distância pela plataforma de Aprendizado Moodle.
Esta modalidade tornaria o curso mais prático e eficaz, já que seria possível a cada professor
realizar suas tarefas no local e horário mais adequado. Esta forma de aprendizado contribuiria
também para que cada professor pudesse aprender em seu ritmo e, além disso, sanar dúvidas
pertinentes a cada aula através de e-mail ou o fórum que foi criado dentro do ambiente de
estudos.
Foram selecionados alunos bolsistas da área da comunicação, especificamente do
curso de Cinema e Audiovisual, para que juntos começassem a trabalhar na elaboração do
curso, e para atender os professores no Fórum quando o curso estivesse sendo executado.
44
3. A preparação do ambiente de aprendizagem
Para o desenvolvimento do curso, foram pensadas a forma e as demandas, para isso diversas
reuniões foram realizadas para discutir a metodologia a ser utilizada. Concluiu-se que seria
interessante estruturar o curso utilizando principalmente tutoriais em vídeo com aulas
expositivas que seriam postados em um canal do Youtube. Neste canal, foram criadas
playlists para auxiliar a organização dos vídeos, com os respectivos assuntos das aulas.
Os assuntos a serem abordados no curso foram divididos entre os bolsistas e a cada
reunião os vídeos eram apresentados para se discutir a metodologia usada, expressados por
meio visual e por meio da fala de cada um. Seria necessário trabalhar com uma linguagem
que não fosse muito formal e enfadonha, desta maneira tentaria se manter certa ludicidade e
descontração nos vídeos (Alves, 2013). Neste sentido, a linguagem, apesar de técnica, deveria
ser também acessível, para que assim fosse assegurado o aproveitamento máximo do curso
por parte do grupo de professores. No entanto, mesmo com esses cuidados alguns vídeos
tiverem de ser regravados pois, ao serem analisados, notou-se que poderiam ser melhorados
e mais acessíveis.
Durante as discussões, tornou-se aparente a necessidade de considerar que haveria
diferentes tipos de demandas. Foi pressuposto que cada professor traria uma bagagem
diferente de conhecimento da área, e que teriam suas necessidades especificas de aprendizado
(Azanha, 2004). Portanto, concluiu-se que seria preciso criar um curso que, apesar de
estruturado, fosse também aberto às diferentes demandas que fossem surgir.
Em relação aos equipamentos que seriam apresentados aos professores para serem
utilizados na execução das tarefas do curso, como poderiam variar de acordo com a condição
de cada professor, foi sugerido desde o uso de câmeras profissionais, como as DSLR’s
(Digital Single Lens Reflex) a câmeras compactas “de mão” e celulares com a tecnologia de
filmar e fotografar embutida; considerando que essa tecnologia vem se tornando comum nos
aparelhos atuais.
Quanto aos softwares utilizados para edições, optou-se pelos que tivessem licença
livre, pois o fato de serem gratuitos para baixar em qualquer computador pessoal garantiria
maior acessibilidade dos professores ao curso.
45
4. O curso
A organização do curso na plataforma Moodle, considerou as etapas da criação de um vídeo,
assim o curso foi dividido em três módulos, considerando a seguinte lógica de produção do
material: Primeiramente há de se captar um material (vídeos, fotos, depoimentos), e ter um
conhecimento básico em edição de fotos, no caso de se optar pela inserção desta mídia no
vídeo. A seguir, é feita a edição do vídeo; finalizando com a edição do áudio do vídeo. Com
isso, os módulos ficariam sendo: Modulo I: Edição de Fotos com o GIMP; Módulo II: Edição
de vídeos com o Windows Movie Maker; Módulo III: Edição de som com o Audacity.
O módulo I é composto por 6 aulas básicas de edição de imagens; Já o segundo
módulo, foi constituído por 6 aulas de edição de vídeo, e o módulo III, por 4 aulas,
totalizando, assim, 16 aulas a serem cumpridas em uma das duas opções: 2 meses, no caso
de se optar por realizar duas aulas por semana, ou 4 meses na opção de se fazer uma aula por
semana. Cada uma das 16 aulas apresenta conteúdos e tarefas, para que o professor ao
executar a tarefa solicitada aplique os conteúdos aprendidos naquela aula. Adicionou-se
também em cada aula alguns tutoriais, geralmente sobre utilidades em informática, para dar
apoio ao processo ou uma informação que completasse alguma lacuna nas aulas em vídeo.
Ao final do curso, o professor deve elaborar um Projeto final, que propõe a criação
de um vídeo didático com um tema relacionado com a sua escola, preferencialmente sobre
sua prática de ensino com uso das TIC. Isto torna possível ao professor validar as práticas e
conhecimentos adquiridos no curso, além de obter um produto que, bem-acabado, pode servir
de incentivo aos alunos, colegas e a eles mesmos, motivando-os futuramente, a continuar o
trabalho com as TIC.
Os vídeos criados pelos professores no Projeto final, serão armazenados em um
repositório de vídeos, que servirá para consulta dos professores inscritos nas próximas turmas
do curso. Estes vídeos também serão importantes na formação dos alunos dos cursos de
Licenciatura da UFPel, que terão a oportunidade de investigar os trabalhos realizados em
escolas da educação básica, pois segundo esclarece Coelho (2013, p.2), um Repositório
digital “tem a função de interagir como um membro catalisador funcional, num contexto em
constante mudança no sistema de ensino superior, nomeadamente através do
desenvolvimento, criação e interação com as tecnologias de informação e comunicação”.
46
Para que cada professor pudesse manifestar suas particulares dúvidas ou sugestões
foi criado um fórum na página do curso do Moodle para que ali fossem postados os devidos
comentários. Também foi disponibilizado um endereço de e-mail para que dúvidas
específicas de exercícios pudessem também ser respondidas diretamente.
Os softwares usados Movie Maker, Gimp e Audacity detêm muitas ferramentas de
edição, desde as mais básicas até as que se assemelham aos programas profissionais.2 No
entanto, para um curso de duração estimada em apenas 2 meses, e destinado aos professores
que estivessem iniciando suas práticas na área de vídeo para familiarização com as TIC,
optou-se em trabalhar com o conteúdo básico de cada software e apresentar somente essas
funções nos tutoriais criados.
Apesar de se tratar de um conteúdo introdutório, considerando as ferramentas que
esses programas apresentam, nos vídeos tutoriais os professores eram incentivados a buscar
além do que estivesse sendo apresentado, indicando as demais opções de uso das ferramentas
do programa.
Conclusões
Por conta de alguns atrasos no processo, a primeira turma de inscritos ainda não chegou
ao final do curso. Esta turma iniciada no segundo semestre letivo de 2015 teve um número
pequeno de inscritos, cerca de 12 professores. Conversando com os diretores das escolas
envolvidas constatamos que embora aja interesse em participar no curso, os professores
se sentem um pouco intimidados por cursarem totalmente a distância sem a presença de
um professor junto a eles.
Porém, após o início desta primeira turma, professores de outras escolas que não
são participantes do projeto manifestaram interesse em participar do curso. Pensou-se
então em oferecer novas turmas iniciando nos próximos meses, abertas a professores
interessados, desde que estejam vinculados a escolas de educação básica da rede pública.
Tal prática tende a amadurecer o curso e tornar possível o crescimento do número de
professores que estarão se beneficiando com a formação.
2
Para edição profissional, um comparativo aproximado entre os programas seriam: para o Movie Maker, os
programas de edição Adobe Premiere, Final Cut ou Sony Vegas; Para o Gimp, o programa da Adobe Photoshop;
e para o Audacity os programas de Mixagem da Adobe Audition, Cubase ou Pro Tools.
47
Faz-se relevante ressaltar a importância pedagógica do desenvolvimento de
competências para a produção de vídeos educativos com autonomia e a experiência de
uso dos softwares pois essas podem ajudar tanto aluno quanto professor desenvolver sua
criatividade e processos de aprendizagem. A inserção das TIC nas escolas, não representa
um descarte de velhas práticas, mas, sim, a inclusão de recursos tecnológicos para
adequar o ensino às necessidades e interesses dos estudantes.
Quanto aos alunos bolsistas que participam do projeto Rede Colabora constatou-
se a importância da aproximação com as escolas para suas formações. Os conhecimentos
teóricos adquiridos ao longo do curso são ampliados quando são utilizados considerando
às solicitações e exigências da realidade das escolas.
Referências
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das escolas públicas: refletindo sobre os fatores que influenciam seu uso. Anais do II
Congresso Internacional TIC e Educação, Lisboa, Portugal, 2012, p. 2600-2610.
Disponível em: http://ticeduca.ie.ul.pt/atas
Alves, R. S.; Porto, T. M. E.; Pereira, J. Motivando a formação docente para o uso das TIC
no Curso de Pedagogia da UFPEL. Anais do Colloque International en Éducation –
2013, Montreal, Canadá. Site do evento: http://colloque.crifpe.ca
Azanha, José Mário Pires. Uma reflexão sobre a formação do professor da escola básica.
Educação e Pesquisa, v. 30, n. 2, p. 369-378, 2004.
Coelho, Carla. Um repositório digital para a Universidade do Porto – Relatório Preliminar.
Disponível em http://sigarra.up.pt/up/pt/web_gessi_docs.download_file?p_name
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capitais brasileiras. In: Estudos & Pesquisas Educacionais, vol.1, Fundação Victor
Civita, 2010, p. 275-336. Disponível em: Acesso em: 01/03/2015
Porto, Tania Maria Esperon. Inserções de Tecnologias e Meios de Comunicação em Escolas
Públicas do Ensino Fundamental: uma realidade em estudo. Revista do Programa de
Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina, jul/dez, 2009,
v. 10, n. 2, p. 34-59.
48
Vibrações para além dos cinco sentidos: A escuta
intersensorial no filme Espaço Além - Marina Abramović e o Brasil
JORNADA INTERDISCIPLINAR DE SOM E MÚSICA NO AUDIOVISUAL, RIO DE JANEIRO, 4ª EDIÇÃO, P.229-249, 2019.
resumo
HULI DE PAULA BALÁSZ Com o intuito de analisar de que forma se presencia a música no
ppgis-ufscar documentário brasileiro Espaço Além - Marina Abramović e o Brasil
(The Space in Between - Marina Abramović and Brazil, Marco del Fiol,
2016), este trabalho tem por objetivo investigar as possíveis relações
palavras-chave
entre a composição da trilha sonora original com escalas ou tons
the space in between - marina abramovic e o brasil
conhecidos como “sagrados”, ou, por exemplo, com as frequências de
música fílmica
Solfeggio (de 285 Hz, 396 Hz, 528 Hz etc), verificando, portanto, se elas
percepção.
foram pensadas para existirem na composição dessas sonoridades.
IV JORNADA INTERDISCIPLINAR DE SOM E MÚSICA NO AUDIOVISUAL
Estabelecendo um foco, portanto, no que concerne De acordo com Ismail Xavier, o termo diegese foi
à música no filme, o objetivo específico desta análise cunhado pelo crítico e teórico literário Gérard Genet-
consistem em investigar se existem relações entre a te para definir tudo o que faz parte do universo de
composição da trilha sonora original com escalas ou uma obra, aquilo que pertence à realidade de deter-
tons conhecidos como "sagrados", por exemplo, as minada narrativa. Então ao nos referirmos à música
popularmente conhecidas frequências de Solfeggio diegética no filme estamos a observar a música que
(de 285 Hz, 396, 417, 528 etc). Cabe observar que não já faz parte da cena, ou seja, aquela que já estava
estamos nos referindo aqui às “frequências de sol- presente no momento de sua gravação. E, de forma
feggio” das práticas e estudos musicais, aqui o termo contrária, quando nos referimos à música extra-die-
se refere a uma esfera diferente desta e será melhor gética estamos considerando a música que é inserida
exposta adiante. Considerando que a dissertação, no filme em seu processo de edição, ou seja, em sua
de onde este artigo é recortado, já apresenta uma pós-produção e é sobre esta música que este trabalho
proposta de estudar o lugar do “intermeio” de uma se deterá.
obra, ou o in-betweenness (PETHO, 2011), uma vez
que o filme situa-se entre o cinema e a performan-
ce, neste artigo verificaremos se de alguma forma
a música fílmica também se manifesta de maneira
intersticial, ainda que em sua apreensão cognitiva,
percebida não exatamente a partir de um sentido es-
pecífico, como a audição, mas entre, ou ainda além,
dos cinco sentidos.
IV JORNADA INTERDISCIPLINAR DE SOM E MÚSICA NO AUDIOVISUAL
Partindo dessa diferenciação, primeiramente como Portanto, para tal ponto de investigação há uma
metodologia foi feito um mapeamento e classificação hipótese de que a dupla de compositores O Grivo
da música fílmica a partir de sua diegese obtendo-se: tenha se baseado diretamente nas referidas frequên-
músicas dos rituais sagrados (diegéticas); músicas de cias de Solfeggio para a composição das trilhas e tam-
frequências meditativas (extra-diegéticas) e músicas bém por esta razão a música fílmica seja apreendida
pré-existentes à obra (diegéticas e extra-diegéticas). de uma forma pré-estésica, (CAZNOK, 2016, p. 133)
Tendo em vista as três classificações da música no fil- conceito que abordaremos adiante. As frequências
me, este artigo visa debruçar-se sobre uma delas - as de solfeggio que nos referimos aqui são notas musi-
que chamo aqui de músicas de frequências medita- cais de determinadas alturas e popularmente a elas
tivas - desconsiderando para este momento, portan- são agregadas a capacidade de influenciar quem a
to, as músicas diegéticas, que por necessitar de uma escuta através da sintonização das vibrações emi-
extensa explanação, acabaria nos rendendo, desta tidas pelo som com as vibrações emitidas pelo ser.
forma, um outro artigo sobre o tema; e as pré-exis- Este tipo de música é buscado geralmente para fins
tentes ao filme, por ocorrerem de forma esporádica, relacionados à melhorias na saúde e alterações de
em apenas dois momentos como quando um senhor estados emocionais. Logo, esta hipótese é levantada
toca em uma mesa de bar: Eu sei que vou te amar pelo fato do filme se tratar de uma busca de Abra-
(Antônio Carlos Jobim e Vinícius De Moraes, 1959) e mović por autocura e autoconhecimento. A princípio,
em outra vez quando Marina canta com sua equipe supõe-se, então, que a música fílmica traga consigo
de gravação a música Rum and Coca Cola (Lionel Be- tais aspectos principalmente por sua sonoridade ser
lasco, Lord Invader e Andrews Sisters, 1945) durante semelhante a das frequências de solfeggio.
a preparação de um jantar, que por sua vez passa
de diegética para extra-diegética ao ser inserida na
trilha sonora sobreposta à cantoria dos personagens.
IV JORNADA INTERDISCIPLINAR DE SOM E MÚSICA NO AUDIOVISUAL
Em seu livro, a autora levanta teorias que relacionam som e cor através
principalmente de três autores ao longo da história: Mersenne, Castel
e Newton. “É interessante notar que, do ponto de vista científico, é
somente a partir do século XVII que se oficializam as pesquisas que têm
como alvo a relação entre os sons e as cores.” A autora coloca que não
havia uma plena concordância entre nenhuma das relações. Vale adicio-
nar, ainda, que é apenas a partir do século XX que se começam analisar
a consciência e as apreensões pelos sentidos do sujeito em uma perspec-
tiva mais ampla, indivisa, como “ser total” (CAZNOK, p. 230) a partir do
método da fenomenologia em Edmund Husserl (1859-1938), que poste-
riormente influenciou o filósofo Maurice Merleau-Ponty (1908-1961). Em
um momento Caznok cita uma composição de Couperin na qual relaciona
sentimentos a cores.
os paralelos entre som e cor em sua tese proponho GRÁFICO QUE RELACIONA FREQUÊNCIAS DO PENSAMENTO ÀS EMOÇÕES
aqui uma aplicação das análises que relacionam som (HAWKINS, 2000 P. 52)
e sensações, principalmente no que concerne às suas
frequências vibratórias. Começo portanto apresen-
tando uma proposta de relação entre as frequências
de estados de consciência e emoções.
The critical response point in the scale of consciou- Ao decorrer dos anos vão surgindo estudos que
sness calibrates at about 200, the level associated tentam propor ou melhor investigar essas relações.
with courage. All attitudes, thoughts, feelings and Atualmente no Brasil podemos mencionar o músico
associations bellow that level of calibration make a e pesquisador em arte contemporânea Krishna Pas-
person go weak. Attitudes, thoughts, Feelings, enti- sos, que dentre outros pontos, questiona uma for-
ties or historical figures which calibrate higher make ma de evidenciar o “conteúdo invisível da matéria
subjects go strong. (ibdem, p.54)1
e o imperceptível por meio da arte”. (PASSOS, 2017,
p. 586). Considerando a percepção de forma similar
O autor explica que os níveis abaixo de 200 Hz re- a Caznok, Krishna Passos propõe que as vibrações
ferem-se ao ímpeto de sobrevivência. No livro, Ha- possam ser estudadas para além dos cinco sentidos.
wkings afirma ter se permitido usar a espaço para “Qual a potencialidade no uso de forças inicialmen-
estender o gráfico incluindo os comportamentos te não percebidas pelos humanos para a criação ar-
humanos então, por essa razão, através do quadro tística explorando além das possibilidades plásticas,
também é possível associar os estados de consciência, com experiências sensoriais resultante de vibrações
frequências e emoções a crenças, comportamento hu- que ativem mais do que os cinco sentidos?” (idem,
mano e processos. p. 586). Deslocando a escuta a um lugar de expansão
de conceitos e possibilidades o autor discorre a res-
peito de como se poderia entendê-la a partir de uma
abordagem que julgamos se aproximar de Caznok
1 O ponto crítico de resposta na escala da consciência é cali- pela fenomenologia.
brado em cerca de 200, o nível associado à coragem. Todas as
atitudes, pensamentos, sentimentos e associações abaixo desse
nível de calibração fazem a pessoa ficar fraca. Atitudes, pensa-
mentos, sentimentos, entidades ou figuras históricas que se cali-
bram acima deste valor as tornam mais fortes. (Tradução minha)
IV JORNADA INTERDISCIPLINAR DE SOM E MÚSICA NO AUDIOVISUAL
[...] a escuta seria um estado em que o sujeito, in- desconhecidas e tratadas hoje como um místico ceti-
tencionalmente ou não, acessa subjetividades e suti- cismo, trazendo à discussão as referidas frequências
lezas muitas vezes inexplicáveis, impossíveis de serem de solfeggio.
averiguadas, acessando sensibilidades outras, muitas
vezes e de difícil racionalização. A escuta mencionada Diferentemente da escala temperada com sete notas,
expande-se até experiências de escuta do silêncio, na usada atualmente, a escala de Solfeggio é compos-
qual temos John Cage como principal precursor, tra- ta de seis notas e era usada por povos antigos como
zendo profundas contribuições teóricas, filosóficas e os celtas, indianos e culturas orientais nos mantras
artísticas para o conceito e abrindo horizontes para e músicas de devoção. Por volta do ano 1000 dC. a
novas concepções, novas práticas e,formas de escuta. escala era usada em cantos gregorianos quando co-
Para sujeitos assim o som comporta poderes que, em- meçou a ser substituída pela escala temperada até
bora associados a conhecimentos exatos como a física que entrasse em total desuso no ocidente. As seis
de ondas ou à psico acústica, acima de tudo, estaria notas da antiga escala de Solfeggio eram definidas
intimamente ligados às vibrações e forças invisíveis, pelas frequências 396 Hz, 417 Hz, 528 Hz, 639 Hz, 741
à energias sutis que influenciariam não só a matéria Hz, 852 Hz, e, cada uma dessas notas seriam corres-
e sua estrutura molecular mas, promovendo estados, pondentes às frequências naturais do universo, e, te-
capazes de harmonizar (ou desarmonizar) a nossa riam o poder de harmonizar o ouvinte e o executor
realidade interior e exterior. (PASSOS, 2017, p. 587) a partir das vibrações sonoras. Sobre esta influência,
as pessoas teriam o padrão de suas frequências físi-
Krishna explica que tanto o meio acadêmico e cien- cas realinhados, realinhando consequentemente seus
tífico, quanto o senso comum precisam de novos corpos sutis que promoveriam com isso a cura e o
paradigmas para compreender essas relações ainda equilíbrio. (idem, p. 590)
IV JORNADA INTERDISCIPLINAR DE SOM E MÚSICA NO AUDIOVISUAL
Segundo Passos, a pesquisadora Martha Leiros rela- Fazendo uma breve pesquisa, por exemplo, sobre
ciona brevemente as seis frequências na escala de cada frequência na plataforma do Youtube atual-
Solfeggio a seus respectivos benefícios. mente, chegamos a resultados que trazem no título
motivos semelhantes:
UT - 396 Hz: transforma a dor em alegria, liberando
culpa e medo; DO 396 Hz: Liberação de stress, culpa e tensão; Libe-
RE - 417 Hz: desfaz situações e facilita mudanças; ração de bloqueios e medos;
MI - 528 Hz: promove transformação, produz mila- RE 417 Hz: Limpa negatividade e bloqueios; facilita
gres, repara o DNA; mudanças; desfaz situações;
FA - 639 Hz: promove relacionamentos e a conexão MI 528 Hz: milagres e transformações a nível celular;
com as pessoas; DNA;
SOL - 741 Hz: promove soluções, limpeza da mente; FA 639 Hz: Promove energia de amor, conexão e re-
abre o terceiro olho; lacionamentos; Harmonia
LA - 852 Hz: promove o retorno à ordem. (LEIROS, SOL 741 Hz: Remove toxinas, promove a intuição e
2014, p. 91, apud PASSOS, p. 591. ) expansão de consciência;
LA 852 HZ : Despertar Intuição; Limpeza de preocu-
pações; Retorno à ordem espiritual;
IV JORNADA INTERDISCIPLINAR DE SOM E MÚSICA NO AUDIOVISUAL
No entanto para esta análise, gostaríamos de colo- Nesta visão, trata-se, portanto, de uma potencialida-
car que não estamos nos encerrando a estes concei- de perceptiva. Os cinco sentidos são apenas órgãos
tos propriamente dito. Embora se estabeleça algum que apreendem o objeto com determinado enfoque.
cotejo entre o que propomos e o que é tido como Sabemos o que cada um deles principalmente se res-
sinestesia ou multissensorialidade, o que trazemos ponsabiliza em captar.
aqui talvez se relacione mais com o que Caznok sin-
tetiza ao final de sua explanação. Para ela, no fim das Se se admite uma unidade primordial do sentir e uma
contas o processo de apreensão da música passaria indiferenciação também primordial do sensível, o ter-
pelos conceitos de “pré-estesia”, ou como posto pela mo sinestesia perde sua função restritiva de qualificar
autora, um “estado de latência”, “virtualidade” ou apenas alguns seres humanos dotados dessa capaci-
“pressentido”. dade: para a fenomenologia, todos somos potencial e
ontologicamente sinestésicos (CAZNOK, p. 132).
Quando o vidro visível evoca a sonoridade cristalina,
há, antes da divisão entre visível e audível e de sua
articulação em um sistema, o fundo indiferenciado
no qual ambos ainda não se distinguem um do ou-
tro. Mesmo quando já estão distintos, podem voltar
novamente à camada originária do pré-sensível e
pressentir o fundo. Assim a percepção é naturalmen-
te sinestésica porque ela é primeiramente pré-estési-
ca: o sensível não se refere ainda aos sentidos especí-
ficos (CAZNOK, p 133).
IV JORNADA INTERDISCIPLINAR DE SOM E MÚSICA NO AUDIOVISUAL
Na degustação, por exemplo, podemos considerar Uma vez que nos estenderíamos muito na explana-
que todos os sentidos estão envolvidos uma vez que ção de como cada órgão em específico apreende a
há uma apreensão visual antes de se ingerir o ali- música, nos voltamos de forma geral ao ser sensível.
mento, uma apreensão sonora ao se escutar o som O ser como um todo ouve a música e sente a música
de sua deglutição, uma apreensão tátil do contato do de forma somática. “Pensa-se o corpo inteiro como
alimento com toda a boca e de forma mais percep- engajado no funcionamento de cada um dos sentidos
tível e há as apreensões do olfato e paladar. A partir - o surdo pode ter perdido o uso de seus órgãos, mas
de todas essas entradas sensoriais é possível sentir seu corpo continua investido da dimensão sonora,
prazer ou ojeriza ao que se come, por exemplo. Este ele não deixa de escutar o mundo, não é totalmente
sentir pode ser resultado da apreensão dos cinco sen- surdo. ” (CAZNOK, p. 129).
tidos e de acordo com a fenomenologia já estava ali
antes da percepção fragmentada por cada um dos
órgãos sensoriais. Então trata-se de um sentido que
está para além do que chamamos de cinco sentidos,
é pré-estésico a eles.
Marcos Moreira contou que na fase de pós-produ- Perguntado sobre instrumentos utilizados Marcos
ção, o processo teve acompanhamento de Fiol em afirmou não poder contar com sua memória para
Belo Horizonte uma vez que o diretor não queria elencar exatamente os aparatos utilizados. Mas ao
que houvesse muitas escalas agudas. “Fiol muito pa- se lembrar de alguns deles acabou citando os instru-
ciente” (Idem). Curiosamente conta também que no mentos virtuais, a reutilização de material de banco
início Marina não estava gostando da montagem do de dados, - muita experimentação ao testar misturas
filme e Fiol teve que ir a Nova York para juntos reto- de material novo com material do próprio banco do
marem o trabalho. Segundo o artista, o arranjo de grupo como flautas, gongos e sinos - e a glass harmo-
O Grivo para o filme mudou muito do início para o nica - um tipo de taça de cristal que roda com motor
fim do processo. silencioso, assemelhando-se aos sons produzidos pe-
los bowls tibetanos com baqueta de feltro.2
Marcos enfatizou que além da composição da trilha A fim de obter uma aproximação mais cartesiana em
sonora do filme eles trabalharam também em toda relação ao paralelo que se pretende estabelecer, após
a paisagem sonora da obra, incluindo as ambiências a percepção de que as sonoridades da música extra-
que se incorporam e lidam com a música do filme. diegética no filme eram semelhantes às sonoridades
As criações de trilha sonora eram mixadas junto a das frequências de solfeggio, resolvi buscar detectar
alguns sons de ambiência. E exemplifica uma cena a frequência desses sons no filme. Para analisar es-
emblemática para este trabalho, na qual o som da sas frequências, ainda que neste princípio de forma
fogueira se incorpora às notas musicais como uma caseira, me utilizei da seguinte metodologia. Após
única sonoridade transpondo, assim, as barreiras na baixar um aplicativo de medição de frequência Audio
análise da diegese. Frequency Counter para cada cena em que apare-
ciam tais sonoridades realizei o seguinte processo:
Aproximei o celular - com o aplicativo em funciona-
mento - da caixa de som do computador na execu-
ção de cenas em que não havia voz sobre a música.
Ainda assim não era possível medir uma frequência
única pois a trilha é composta por uma sobreposi-
ção de diferentes tons. Então encontrei o seguinte
método para me aproximar das frequências que se
destacavam das sobreposições: com minha própria
voz eu tentava me afinar ao máximo com um tom
mais perceptível da música e então apertava stop no
filme e continuava reproduzindo a frequência como
em uma aula de afinação de voz em coral onde a
IV JORNADA INTERDISCIPLINAR DE SOM E MÚSICA NO AUDIOVISUAL
maestrina toca a nota de um piano para continuar- Em um filme que primordialmente gira em torno da
mos a cantá-la a partir de nossa percepção audível. natureza, tanto a natureza humana quanto a natu-
Desta forma o aplicativo reconhecia apenas minha reza que bem conhecemos, relacionada ao ambiente
voz e me devolvia o valor daquela nota específica natural, o compositor da trilha sonora poderia acabar
na unidade Hertz. Ainda que, entre outros fatores, seduzido a imprimir em seus arranjos a técnica de se
as diferenças de timbres entre minha voz e as notas “imitar a natureza”.
sonoras da música fílmica façam com que haja nesta
medição uma certa margem de erro, esta foi uma A natureza tem sua linguagem própria, cuja ação
forma encontrada de “descolar” uma nota da trilha sobre nós é irresistível. Tal linguagem não se imita.
sonora para melhor compreendê-la já que a maioria Evocar um galinheiro com os meios da música, para
dos aplicativos gratuitos pesquisados não conseguia dar aos ouvintes uma impressão de natureza, é uma
fazer a distinção de cada nota isolada em um trecho tarefa tão impossível quanto fútil. Cada arte é capaz
musical. Por ser limitada, com esta metodologia não de evocar a natureza. Mas não é imitando-a exterior-
foi possível obter com precisão a frequência do som mente que o conseguirá. Tem de transpor as impres-
utilizado, porém é muito provável que a partir dela sões da natureza em sua realidade íntima mais secre-
ainda seja possível se chegar a uma aproximação ra- ta. (Kandinsky, 1996, p.58 apud Caznok, 2015, p.111)
zoável ao valor das frequências existentes na com-
posição com a finalidade de se pensar sua possível
relação com as frequências de solfeggio.
IV JORNADA INTERDISCIPLINAR DE SOM E MÚSICA NO AUDIOVISUAL
Na cena em que é mostrada uma foto de Abramović nota destacada e o aplicativo retornou a faixa entre
com o dedo em uma chama de vela sobre a qual a ar- 475Hz e 525Hz devido a algumas oscilações em minha
tista expõe as diferenças entre dor física e dor emocio- voz, se aproximando dos solfeggios de 417 Hz e 528
nal6, também há uma sobreposição de notas que fica Hz . Já na cena em que Marina comunga do chá de
em torno de 400 Hz havendo uma nota que se destaca Ayahuasca pela segunda vez, ouvimos um conjunto de
em 260 Hz aproximando-se do solfeggio de 256 Hz - notas sobrepostas e o que parece aludir a intermiten-
que mesmo não aparecendo nas principais frequências tes badaladas de sino. A sobreposição nos retorna um
de solfeggio mencionadas pelos autores deste traba- valor de frequência muito alto comparado aos valores
lho é apontada, de acordo com determinadas crenças, medidos em cenas anteriores. A medição em conjunto
como a frequência do primeiro chakra do ser - chakra mensurou uma faixa de vibração entre 700 e 800 Hz
raiz ou Muladhara que é dito se relacionar com os nos remetendo diretamente aos solfeggios de 741 Hz
instintos básicos do ser como o de sobrevivência, dor e e 852 Hz. Lembrando que, como mencionado acima,
prazer físico . Em outro momento do filme, enquanto
7
esses solfeggios são conhecidos respectivamente por
vemos uma fumaça em um fundo escuro8, ouvimos remover toxinas; promover intuição e expansão de
novamente uma sobreposição de frequências seme- consciência e despertar intuição; limpar preocupações;
lhante às de solfeggio, agora um pouco mais "limpa", e promover retorno à ordem espiritual. Tais aspectos
com poucas sobreposições. Aqui, a análise do conjunto dialogam com os processos que determinadas cren-
ficou em aproximadamente 450 Hz. Vocalmente e com ças e grupos religiosos atribuem aos rituais de comu-
certa dificuldade devido ao tom mais agudo, isolei a nhão de ayahuasca. Aferidas separadamente foram
obtidas as seguintes frequências: 230 Hz, 290 Hz, 536
6 Tempo no filme: 12min44s. Hz, 668Hz. Dentro desta metodologia as frequências
7 Escuta desta frequência disponível em: https://www.you- mais altas não foram possíveis de serem reproduzidas
tube.com/watch?v=UccNx79K0A8
devido à limitação de minha extensão vocal.
8 Tempo no filme:49min35s
IV JORNADA INTERDISCIPLINAR DE SOM E MÚSICA NO AUDIOVISUAL
das escutadas neste filme de Fiol. Considerando isso, Ainda, se houvesse espaço aqui para levantamentos e
ainda é interessante de se enfatizar que o caráter análises quanto à música diegética do filme, poderia-
intersticial presente no filme e em minha dissertação se supor também que as sonoridades que se presen-
também ocorre sob esta perspectiva na música, mas ciam nos rituais sagrados possuem estreita relação
aqui confirmando nossa suposição no início deste tra- com os sistemas de crenças de grupos populares e
balho, a música seria percebida não por meio de um por este motivo estas também poderiam ser analisa-
sentido específico, mas por um sentido que se locali- das sob o viés de uma percepção que transcende a
za entre, ou para além, dos cinco sentidos. fragmentação dos nossos cinco sentidos e para isso
poderíamos nos apoiar nos trabalhos de vozterapia
de Sonya Prazeres. Porém, é evidente que este assun-
to nos exigiria um outro recorte.
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Dissertação de Mestrado em Música. Escola Superior de Música e Artes do nível em: <www.vozterapia.com.br>. Acesso em 09/10/2018>.
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Curitiba PR – 26 a 28/05/2016
RESUMO
Este trabalho relata a experiência das autoras com a primeira turma do curso de
criação/edição de vídeos a distância ministrado através do Programa de Extensão Rede Colabora da
Universidade Federal de Pelotas (RS). O curso foi oferecido a docentes de Educação Básica da rede
pública do sul do Rio Grande do Sul e divulgado pela Secretaria Municipal de Educação e
Coordenadoria Estadual de EducaçãoRS e ocorreu nos meses de novembro e dezembro de 2015.
Dos 57 professores inscritos inicialmente, somente oito concluíram o curso. Embora o índice de
evasão tenha sido elevado, os concluintes indicaram na avaliação final que a formação online é uma
boa alternativa para os docentes que não têm disponibilidade de tempo para frequentar cursos
presenciais.
PALAVRASCHAVE:
curso de vídeos; educação a distância; educação básica.
INTRODUÇÃO
O Programa de Extensão Rede Colabora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) foi
criado com o objetivo de auxiliar na formação de professores da rede pública da educação básica da
região sul do Rio Grande do Sul para o uso de tecnologias no ensino. Inicialmente foram
selecionadas dez escolas, em que um ou mais de seus professores tivessem vínculo com a UFPel:
_______________________________
¹ Trabalho apresentado na DT 06 Interface Comunicacionais, da Intercom Júnior –, evento componente do XVII Congresso de
Ciências da Comunicação na Região Sul realizado de 26 a 28 de maio de 2016.
² Graduanda do curso de Cinema e Audiovisual/UFPel, huli.balasz7@gmail.com
³ Graduanda do curso de Cinema e Animação/UFPel, larissa_mussolini@hotmail.com
4
Doutora em Educação do Departamento de Educação Matemática /UFPel, rsalvex@gmail.com
1
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Curitiba PR – 26 a 28/05/2016
2
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XVII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Curitiba PR – 26 a 28/05/2016
desenvolver sua tarefa, teve de pesquisar uma solução e obtendoa, então, veio a compartilhála.
Esse tipo de ocorrência enriqueceu o curso pois, assim, os alunos passaram também a interagir entre
eles. Isso consequentemente aumentou a autonomia do aluno no curso e na realização de suas
tarefas e pesquisas, pois como indica Moran, Masseto e Behrens (2014),
ver o professor como parceiro idôneo de aprendizagem é mais fácil, porque esse
padrão está mais próximo do tradicional, mas ver seus colegas como colaboradores
para seu crescimento significa uma mudança importante e fundamental de
mentalidade no processo de aprendizagem. Essas intereações
(alunoprofessoraluno) conferem um pleno sentido à corresponsabilidade no
processo de aprendizagem ( pág. 150).
Moran (2012) também enfatiza a importância dos alunos participarem dos fóruns na
modalidade de Educação a distância, ao afirmar que:
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Após o término do curso, refletindo sobre o processo de trabalho com alunos a distância,
perccebemos que, além de ter orientado como eliminar o erro, poderíamos ter orientado o aluno a
buscar respostas na internet, (sendo por meio de um comentário em sua tarefa indicandolhe os
passos para a obtenção da pesquisa ou até mesmo com uma nova vídeoaula exibindo as formas de
Google
pesquisas no , por exemplo, o que seria de grande utilidade também para os demais alunos
do curso). Assim, teríamos incentivado a autonomia do aluno, disponibilizando materiais para
leitura individual e realização de atividades programadas "combinando o papel de orientador com o
de mediador e o de contextualizador". (MORAN, 2012 p. 139)
Este incentivo é entendido por Chikering e Ehrmann (1999) como “encorajar a
aprendizagem colaborativa”.
Para Moran, Masetto e Behrens (2014), encorajar a aprendizagem colaborativa é um dos
princípios pelo qual as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) podem contribuir para o
avanço de procedimentos:
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O aluno virtual
Palloff e Pratt em seu livro , indica o
feedback contínuo como uma forma de
desenvolver a mediação e a orientação e também incentivar a autodescoberta e a autonomia do
aluno (PALLOFF apud MORAN, MASETTO e BEHRENS, 2014, p.145)
O curso de criação/edição de vídeos a distância foi executado por meio da plataforma de
Moodle
aprendizagem recebeu um montante de 57 inscrições, porém apenas oito alunos concluíram
o curso, portanto com uma taxa de evasão de 89%.
Para a fundamentação da problemática de evasão no curso de edição de vídeo a distância
abordaremos os conceitos de evasão e persistência. O termo evasão referese ao abandono
definitivo do aluno em algum e qualquer momento do curso, sem o cumprimento de todos os
requisitos estabelecidos, não iniciando ou concluindo o curso (ALMEIDA, 2008).
Um termo relacionado com a evasão é a persistência, que remete ao período indefinido de
, havendo concluído ou não.
permanência e continuidade no curso (ALMEIDA et al., 2013).
Portanto, existem dois tipos de alunos evadidos: os alunos evadidos não persistentes (aqueles que
fizeram a inscrição e nao iniciaram o curso); e alunos evadidos persistentes (iniciaram o curso e o
abandonaram em algum momento).
Por outro lado, ao levar em conta a denominação de aluno evadido persistente (daqueles que
iniciaram o curso), podemos considerar apenas 40% como taxa de evasão, uma vez que cerca de 20
alunos deram início a pelo menos uma aula do curso.
A evasão em cursos a distância é uma ocorrência frequente e tida como um dos maiores
obstáculos da Educação a Distância (EAD), conforme afirmado em diferentes artigos e estudos
(E.M. Dos Santos et al. 2008). As causas em sua maioria são semelhantes, entre as principais estão
a falta de tempo do aluno para estudar e participar do curso, o acúmulo de atividades no trabalho e
dificuldades de se adaptar à metodologia conforme aponta o censo EAD da Abed (Associação
Brasileira de Educação a Distância).
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O curso iniciou com 57 inscritos. Logo nas primeiras aulas, percebeuse que apenas 24
destes haviam realizado as tarefas. Já na metade do curso, esse número foi diminuindo até que se
chegou em uma média de 20 alunos presentes nas aulas. O curso terminou com uma média de 12
alunos ativos, alternandose entre eles. Portanto, como o curso exigia realização mínima de 70%
das tarefas para certificação, tendo sido esse o caráter avaliatório do mesmo, apenas 8 alunos
conseguiram aprovação com direito a certificado de conclusão do curso.
Segundo indicação dos alunos em avaliação realizada após o término do curso, a evasão
ocorreu devido à epoca do ano. De acordo com a maioria dos que não concluíram o curso, os
últimos meses do ano são um dos mais difíceis para conciliar as demandas extras às das escolas em
que lecionam.
Questionados sobre as dificuldades para acompanhar o curso, algumas das respostas foram:
O motivo pelo qual me fez desistir do curso foi falta de tempo para a
conclusão do mesmo devido o período de final do ano (professor 2).
Embora não citado, consideramos que um dos possíveis motivos pela evasão devese ao
fato de que os professores ainda não possuem o hábito de utilizar o meio digital em suas pesquisas e
ensino. Portanto, participar de um curso que ocorreu integralmente a distancia foi um desafio de
muitos alunos.
Por outro lado, os alunos que concluiram o curso indicaram na avaliação final que a
formação
online é uma boa alternativa para os docentes que não têm disponibilidade de tempo para
frequentar cursos que demandam tempo com deslocamento e aulas presenciais. Eles citaram como
pontos positivos do curso os vídeostutoriais apresentados:
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Infelizmente não conseguimos realizar nesta primeira turma um contato mais próximo
através de visitas nas escolas ou
web conferências, o que poderia auxiliar na permanência do aluno
no curso, já que ainda existe necessidade de certa “presencialidade” no ensino.
De acordo com Moran, Masetto e Behrens (2014), estão entre as mudanças perceptíveis na
educação a ditância, maior “presencialidade” digital audiovisual seja ao vivo, como em teleaula, ou
em gravação em webaula. Os modelos de educação a distância mais aprovados pelos estudantes são
aqueles que mostram mais a figura do professor, criam vínculos com a sua imagem e a sua palavra.
(p. 64).
No entanto,
“é fundamental que o aluno não só domine as ferramentas tecnológicas, mas
que se disponha a fazer uso delas e a tolerar alguns aspectos inerentes à EaD, tal como a típica
limitação dos processos de interação professoraluno e alunoaluno (PALLOFF & PRATT, 2004
apud ALMEIDA ET AL., 2013)
Como mencionado, muitos dos inscritos nem chegaram a dar início ao curso. Em um dos
casos, a diretora da escola havia feito a inscrição de um grupo de professores mas não chegou a
comentar com eles a respeito. Neste caso, por exemplo, fica nítida a falha na comunicação entre os
educadores da referida escola.
emails
Durante o curso foram enviados aos diferentes grupos de alunos inscritos no curso:
os que não haviam comparecido em nenhuma aula ou sequer comunicado, alunos que fizeram
apenas as primeiras aulas sem justificar o abandono e alunos regulares no curso. Para os primeiros
eram enviadas mensagens perguntando sobre o aluno e sua inscrição, para os segundos,
perguntando sobre as ausências, enfatizando a disponibilidade em ajudálos e lembrandoos das
próximas aulas e porcentagem necessária para certificação, e para os alunos regulares eram
enviadas mensagens motivandoas a continuar e lembretes de próximas tarefas e projeto final.
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No final do curso, quando foi percebido que muitos dos alunos não conseguiriam o
certificado de conclusão por ter faltado a pouquíssimas aulas que ultrapassavam o limite de 30 % de
ausência no curso, foi estipulado um prazo extra para que entregassem parte das tarefas não
realizadas.
De acordo com Palloff e Pratt (2002),
para suavizar os métodos excessivamente
“conteudistas” e tornar o foco verdadeiramente no aluno, ou seja, mais na aprendizagem e na
facilitação à aquisição do conhecimento do que no ensino, o professor deve possuir algumas
online
características para lidar com o aluno : flexibilidade; disposição para aprender com os alunos
e com os outros; disposição para ceder o controle aos alunos tanto na elaboração do curso quanto no
processo de aprendizagem; disposição para colaborar (trabalhar em conjunto) e disposição para
afastarse do papel tradicional de professor.
Além de conferir flexibilidade ao curso, tal prazo extra considerou e respeitou diferentes
ritmos de alunos que acabaram se complicando devido às conturbações de fim de ano letivo.
Também foi levado em conta o comprometimento que tais alunos tiveram no decorrer do curso,
principalmente do início ao meio deste, tendo feito a maior parte das tarefas e apresentado suas
dúvidas e comentários quanto às atividades. Tal possibilidade ajudou alguns dos participantes a
recuperarem as pouquíssimas aulas não realizadas que os impediriam de concluir o curso. Vale a
pena ressaltar a importância que alguns autores dão a tal flexibilidade no que diz respeito às
avaliações na educação a distância.
Um deles é Moran (2012):
Atuei muitos anos em cursos de comunicação, o que me trouxe muitas contribuições para a
avaliação. Constatei que negociando com os alunos os ajudava mais do que trazendo uma
única proposta acabada e pronta para todos. A atitude dos alunos muda quando, dentro de
alguns parâmetros delineados pelo professor, podem surgir atividades, formas de realização
e de apresentação. Se o importante é que o aluno aprenda, quanto mais eu me aproximar dele
para ajudálo a aprender, melhor. Como a avaliação faz parte da aprendizagem, a avaliação
também pode ser combinada, negociada, personalizada . E os cursos semipresenciais se
prestam muito bem a essa flexibilidade. No ambiente virtual, o professor pode atuar com
orientador de pesquisa, de projetos, como consultor, ritando duvidas, dando sugestões. Por
(p. 120)
isso, pode personalizar e tornar mais flexível o processo de avaliação.
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ALGUNS RESULTADOS
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Nova turma deste curso está prevista. Esperase um número de inscrição ainda maior que o
do ano passado e, agora, como as novas estratégias, um número de permanência maior no curso por
conta da época do ano em que o mesmo será oferecido. Desta vez, os depoimentos e vídeos feitos
pelos alunos da primeira turma podem ser usados também como material de divulgação. Além
disso, os alunos que concluiram o curso e que afirmaram ter tido uma experiência positiva poderão
divulgar para seus colegas de trabalho e incentiválos a participar.
Tendo em vista os estudos e observações que ocorreram na experiência com a primeira
turma, algumas mudanças estão sendo pensadas para a continuidade do curso. Algumas delas
seriam pequenos ajustes referente às tarefas sugeridas aos alunos. Por exemplo, em uma tarefa em
que era pedido para que o aluno selecionasse uma foto para alterar seu fundo a partir de uma outra,
ficava a cargo dele escolher as duas fotos a serem trabalhadas e submeter para avaliação as três
fotos: originais e a editada por ele. Tal abertura gerava certa complicação na tarefa pois alguns
alunos acabavam selecionando arquivos pouco adequados ao exercicio, tais como de qualidade
baixa ou com dimensões muito diferentes um do outro, o que comprometia o resultado final da
tarefa ou até mesmo sua perfeita conclusão.
Para a segunda turma do curso, em atividades como essa foi acordado que será
disponibilizado o material (foto) a partir do qual o aluno realizará o trabalho. Isso padronizará os
exercícios deixandoos mais práticos para o aluno na hora de executar a tarefa, uma vez que, estará
concentrado estritamente na técnica de edição e consequentemente tornará a correção dos exercícios
mais hábil. Apesar de se tratar de um detalhe na confecção das tarefas do curso, essa é uma
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alteração importante considerando que muitas das tarefas acabaram sobrecaindo em problemáticas
parecidas, como exemplo: alteração da cor de uma foto, dimensão, formato ou alteração de um
arquivo de música ou vídeo de um projeto.
Também está sendo analisada a possibilidade de aprimorar o curso com a implantação de
,
um horário reservado para o programa de vídeoconferência Skype
via ,
, por exemplo visando
possibilitar a comunicação em tempo real entre alunoprofessora/tutora e alunoaluno para
esclarecimento de dúvidas. Esperase que tal contato pode vir a aproximar o aluno à prática,
assegurando o devido início dos inscritos e por conseguinte, sua permanência no curso.
CONCLUSÃO
A experiência de conduzir um curso a distâcia para professores das escolas básicas da rede
pública de Pelotas e região foi altamente enriquecedora para a equipe do Programa de Extensão
Rede Colabora. Era recompensador observar a capacidade de assimilação e criação dos alunos a
partir de uma pequena demonstração de possibilidades técnicas dos softwares trabalhados. Tendo
sido este o primeiro curso a distância a ser ministrado pelas orientadoras, nos sentimos gratas em
poder presenciar os resultados “concretos” de tal esforço em conceber e executar o curso. Os vídeos
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finais que foram apresentados pelos alunos professores, mesmo que ainda oito deles, ajudamnos a
perceber os frutos, ainda iniciais, de um trabalho de criação e execução de um curso, teoricamente,
virtual. Além disso, ter a possibilidade de pesquisar e escrever sobre o assunto após sua realização
complementa tal experiência com dados já analisados por educadores e pesquisadores da área. Tais
dados nos fazem constatar muito daquilo vivenciado na prática e nos ensina a pensar em diferentes
estratégas para o futuro e diferentes formas de se pensar o compartilhamento do saber nos dias de
hoje.
Fica nítido a partir de pesquisas feitas até o presente momento que a EAD vem a cada ano
ocupando um novo patamar na educação brasileira. O que antes era rejeitado e visto até com certo
preconceito, hoje já é tido como promissor e prelúdio de novos tempos.
Quanto a evasão, compreendemos que nos dias atuais, tratase de um fenômeno
relativamente comum e que ainda vai levar alguns anos para ir tendo sus taxas decrescidas.
Entretanto, apesar de todas as dificuldades referentes principalmente à evasão dos alunos do
curso, é gratificante poder aprender e contribuir com a difusão do conhecimento comunicacional e
tecnologógico para os professores da rede pública e participar da história de uma conquista que vem
sendo a educação em nosso país.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Onília Cristina de Souza de. EVASÃO EM CURSOS A DISTÂNCIA: ANÁLISE DOS
MOTIVOS DE DESISTÊNCIA.Maio/2008. Disponível em
http://www.abed.org.br/congresso2008/tc/552008112738pm.pdf
, acessos 15 abr. 2016.
MORAN, José manoel. A educação que desejamos: Novos desafios e como chegar lá
. 5ª ed.
Campinas Sp; Papirus. 2012. 174 p.
PALLOFF, R. M. e PRATT, K. (2004) O aluno virtual: Um guia para trabalhar com estudantes
online. Tradução Vinícius Figueira. Porto Alegre: Artmed. [Disponível parcialmente
em:https://books.google.com.br/books?id=GiL3LNwrkQoC&printsec=frontcover&dq=o%20aluno%20v
irtual%20de%20palloff%20e%20pratt%202004&hl=ptBR&sa=X&ved=0ahUKEwiIjry6uJzMAhVIgJA
KHdfbA0QQ6AEIHDAA#v=onepage&q&f=false . Acesso em 20 de abril de 2016. ].
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A REMIDIAÇÃO DA PERFORMANCE NO CINEMA
The Space in Between - Marina Abramović e o Brazil
Partindo da consideração de que o filme Espaço Além - Marina Abramović e o Brasil (The
Space in between - Marina Abramović and Brazil, Marco del Fiol, 2016) explora a
intermidialidade entre performance e cinema, este artigo analisará o documentário tendo
como objetivo verificar a possível remediação das performances da artista Marina
Abramović no meio cinematográfico. Para essa verificação vamos nos respaldar no conceito
de remidiação (remediation) de David Bolter e Richard Grusin além de nos voltar para as
questões da performance em Tania Alice e Richard Schechner e para o documentário
performático em Bill Nichols.
Para fins metodológicos, lançaremos mão da obra A Análise do Filme de Jacques Aumont e
Michel Marie (2004) à guisa de se ampliar a teoria incorporando-a à análise das obras de
performances da artista com base na teoria da intermidialidade. Também serão consultados
os processos e resultados de pesquisas obtidos do projeto Cinemídia, grupo de estudo sobre
História e Teoria das Mídias Audiovisuais da UFSCar. Isso nos ajudará a identificar e refletir
sobre as interações entre os eixos cinema e performance na obra. De acordo com David Bolter
e Richard Grusin (1999) a remediação é uma forma de se utilizar uma mídia antecessora para
a criação ou suporte de uma obra, chamando atenção, desta forma, ao meio em que a mídia
se dá. Portanto, a partir deste conceito, nos questionamos se o filme poderia ser considerado
uma remediação das performances de Abramović. No filme Espaço Além a mídia
cinematográfica remedia a mídia da performance, sem que esta última seja apagada. Pelo
contrário, a performance ganha evidência, suporta e é atualizada pelo outro meio. Como
hipótese a esta questão, pensamos que além de se tratar de um caso de remidiação, o filme
ainda pode nos remeter a um dos modos de documentários organizado por Bill Nichols
(2012): o documentário performático que, segundo o autor, teve início na década de 1980 e
dá ênfase aos aspectos subjetivos de um discurso classicamente objetivo tentando
“representar uma subjetividade social que une o geral ao particular, o individual ao coletivo
e o político ao pessoal”. (idem, p.171). No intuito de lançarmos luz a estas questões e
possibilidades, este artigo abordará em seu primeiro tópico a questão do cinema,
especialmente no que se refere ao filme e às noções de documentário performático e no
segundo, acerca das questões da artista Abramović e a conceituação de performance.
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Programa de Pós-graduação em Imagem e Som - Universidade Federal de São Carlos. Email:
huli.balasz7@gmail.com
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31/03/2023 13:15 Anais Digitais - 23º Encontro SOCINE
Resumo Tendo em vista o vasto campo de definições de performance, partimos das conceituações de Tania Alice e Richard
Expandido Schechner, pressupondo como performance o périplo de Abramovic no filme de documentário Espaço Além - Marina
Abramovic e o Brasil (Marco del Fiol, 2016).
Recentemente a teoria da intermidialidade ganha força e evidência dentro dos estudos fílmicos. Segundo Dick Higgins
(2012) “a palavra ‘intermídia’ aparece nos escritos de Samuel Taylor Coleridge em 1812, exatamente em seu sentido
contemporâneo - para definir obras que estão conceitualmente entre mídias que já são conhecidas” (idem, p. 46). Visto
que é notório neste documentário o deslocamento da performance para o âmbito cinematográfico, ou o cinema se
apropriando da performance, partiremos considerando que no filme de Fiol, Abramovic explora a intermídia entre cinema
e performance analogamente ao que Dick Higgins faz ao afirmar em seu texto que, por exemplo, “na música Philip
Corner e John Cage exploram a intermídia entre música e filosofia” (idem, p. 46).
Para Higgins, intermídia se trata de um conceito “muito perturbador para uma mentalidade compartimentalizada” (idem,
p.45) e este raciocínio dialoga com os apontamentos de Irina Rajewsky, uma vez que a autora adota a ideia de um
cruzamento de fronteiras midiáticas inferindo que a intermidialidade "refere-se às relações entre mídias, às interações e
interferências de cunho midiático […] ou seja, qualquer fenômeno que - conforme o prefixo inter indica - ocorra num
espaço entre uma mídia e outra(s). (RAJEWSKY, 2012, p. 52). Para Rajewsky não há uma mídia “pura” ou “individual”
que seja delimitada por fronteiras. Seu trabalho vai no sentido de diluir esses limites problematizando os espaços
intersticiais.
A tentativa de classificar o longa-metragem a partir de alguns aspectos da teoria de Rajewsky nos remete diretamente
ao conceito de remidiação em Jay Bolter e Richard Grusin (1999) que parece se aplicar com facilidade a este caso. De
acordo com os autores a remidiação é uma forma de se utilizar uma mídia antecessora para a criação ou suporte de
uma obra, chamando atenção, desta maneira, ao meio em que a mídia se dá. Para eles trata-se de uma prática
difundida de diferentes formas na qual a mídia digital tenta remidiar seus predecessores, ocorrendo, então, um
deslocamento artístico entre meios.
Podemos citar ainda Walter Moser por sua destreza em nos aproximar melhor do conceito. Para o autor, na remidiação
uma das mídias em questão veicula a outra. Moser tenta captar um “amplo conjunto de operações possíveis” no que se
refere a remidiar, sendo elas: “reproduzir, re-(a)presentar, reutilizar, reciclar, revisitar, transferir, transcodificar, transpor
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etc”, (MOSER, 2006, p. 56) convindo também aqui o termo atualizar. Nesta linha de raciocínio poderia-se dizer que por
meio da remidiação o filme Espaço Além desloca e atualiza as performances de Abramovic para o meio cinematográfico.
Consequentemente ainda, ao considerar o longa uma remidiação das performances de Abramovic, nos vem à tona a
teoria do documentário, que se analisada sob o ponto de vista de Bill Nichols, nos faz pensar se o filme em questão não
poderia ser entendido também como um documentário performático. Segundo o autor, este modo de documentário teve
início nos anos 1980 e enfatiza os aspectos subjetivos de um discurso classicamente objetivo, visto que “sublinha a
complexidade de nosso conhecimento do mundo ao enfatizar suas dimensões subjetivas e afetivas”. (NICHOLS, p.169).
Para Nichols, neste modo há uma mistura livre de técnicas de expressão cinematográfica com técnicas de oratória que
juntas objetivam tratar de questões intangíveis à ciência e à razão.
Essa mistura, característica de tal tipo de documentário, se faz presente no filme de Fiol ao se evidenciar a
representação da percepção e descrição das vivências de Abramovic que ao serem expostas como pontos centrais no
longa nos impelem a expandir a compreensão deste espaço da obra.
ALICE, Tania. Diluição das fronteiras entre linguagens artísticas: a performance como a (r)evolução dos afetos. 2014.
BOLTER, Jay David; Richard, GRUSIN. “Immediacy, hypermediacy, and remediation”. In Remediation: understanding
new media. Cambridge, Massachusetts, London, England: The MIT Press, 1999.
NAGIB, L.; JERSLEV, A. (eds). Impure Cinema: intermedial and intercultural approaches to film. London, New York: I.B.
Tauris & Co, 2014.
NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário.Trad. Mônica Saddy Martins.- 5ª ed.- Campinas, SP. Papirus, 2012.
Bibliografia
PETHO, Ágnes (Ed.). The cinema of sensations: Cambridge Scholars Publishing, 2015.
_______Cinema and intermediality: the passion for the in-between. UK: Cambridge Scholars Publishing, 2011.
SCHECHNER, Richard. O que é performance? New York & London: Routledge, 2006.
RAJEWSKY, Irina. A fronteira em discussão. IN DINIZ, T.F.N.: IEIRA, A.S.(orgs.) Intermidialidade e estudos interartes:
desafios da arte contemporânea. Belo Horizonte: FALE/UFMG.
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