Profissional
Material Teórico
Fundamentos de Ética e de Moral na Sociedade
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Natalia Conti
Fundamentos de Ética
e de Moral na Sociedade
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Discutir a importância do Conceito de Ética e de Moral ao longo da história da sociedade,
e seus impactos na sociedade atual;
• Estudar os conceitos de Racionalidade, Liberdade, Civilização e Valores no contexto do
mundo atual e sua interface com o exercício profissional;
• Subsidiar o aluno de conhecimentos fundamentais sobre ética e moral na sociedade atual.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Fundamentos de Ética e de Moral na Sociedade
O ser humano vive em sociedade, convive com outros seres humanos e, portanto,
cabe-lhe pensar e responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os ou-
tros?” Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida.
Figura 1
Fonte: wikiart.org
O ser humano vive em sociedade. O que isso pode gerar de impacto nas relações sociais,
Explor
como um todo?
Ao lidar, diariamente, com situações nas quais é preciso tomar decisões frente
ao que moralmente se considera bom, justo ou moralmente correto. Porém, tais
decisões implicam no julgamento moral frente ao que a sociedade entende como
correto. Neste contexto, surgem os verbetes moral e ética. Afinal, a que se referem
estas definições?
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Figura 2 – O Pensador
Fonte: Wikimedia Commons
Obra de Auguste Rodin (1904), nos posiciona com relação às escolhas que o
ser humano pode fazer durante sua vida, que são inerentes a sua existência.
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UNIDADE Fundamentos de Ética e de Moral na Sociedade
agir conforme estes valores de sua comunidade, estará tendo atitudes e comporta-
mentos éticos.
Podemos dizer que pertence ao campo da moral a reflexão que tem por norma
perguntas fundamentais como:
• Como posso agir da melhor maneira para ser justo?
• Quais são os valores que devo escolher para guiar minha vida adequadamente?
• Existe uma hierarquia de valores que deve ser seguida?
• Quais são as atitudes que devo praticar como pessoa e como cidadão?
Como pode ser visto, a moral está muito relacionada com a consciência do indiví-
duo, quando este se pergunta o tempo todo sobre que atitude tomar diante de uma situ-
ação ou quando reflete se determinada ação ocorreu de acordo com o que se aprendeu
como certo ou apropriado. Chamamos a essa reflexão de “Consciência Moral”.
Já, sobre a ética pode-se defini-la como sendo um estudo sistematizado das di-
versas morais, no sentido de explicitar os seus princípios, ou seja, as suas concepções
sobre o ser humano e a existência humana que sustentam uma determinada moral
(COTRIM, 2012).
Desse modo que apresentamos, é possível dizer que a ética é uma disciplina
teórica sobre uma prática humana, que é o comportamento moral. Porém, as re-
flexões éticas não ficam restritas apenas à busca de conhecimento teórico sobre
os valores humanos, cuja origem e desenvolvimento levantam questões de caráter
sociológico, antropológico, filosófico, religioso etc. A ética tem, principalmente,
preocupações práticas quando se orienta pelo desejo de unir o saber ao fazer.
A ética busca aplicar o conhecimento sobre o ser para construir aquilo que
deve ser. Para isso, é indispensável boa parcela de conhecimento teórico. A palavra
“transparência” pode ajudar a compreender o que é ser ético ou ter um comporta-
mento ético, pois está relacionada ao que “é” de fato, ou seja, ao que é verdadeiro.
Em outras palavras, ser verdadeiro consigo é ser ético, pois se agirmos assim com
nós mesmos, agiremos também com os outros. (COTRIM, 2012).
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Racionalidade, Liberdade, Civilização
e Valores no Contexto do Mundo Atual
Racionalidade
A racionalidade é uma característica que, historicamente, diferenciou os seres
humanos dentro do seu habitat. Aristóteles, na filosofia clássica, caracterizou os
seres humanos como seres racionais, ou seja, que falam e agem de acordo com o
que pensam.
O filosofo concebeu a dimensão anímica ou psíquica (psique = alma) dos ho-
mens como um composto de duas partes: a racional, por expressar-se pela ativida-
de filosófica e matemática e outra, privada de razão, por conta de seus elementos
vegetativos e apetitivos. Essa análise realizada por Aristóteles permitiu uma hierar-
quização dos seres vivos.
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Desta forma, pode-se concluir que as escolhas e o meio irão definir o caráter
de um ser humano, sendo assim, seus vícios e atitudes são manifestações de suas
escolhas ao longo da vida, norteadas pelo convívio em sociedade, repleta de valo-
res acumulados pela educação, religião, cultura etc., definidos como valores morais
(COTRIM, 2012).
Por outro lado, viver no mundo significa não apenas ter uma atitude ética pe-
rante ele como também ter consciência de seu agir sobre o outro, em um processo
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contínuo de relações de convivência entre indivíduos e grupos sociais, na luta pela
sobrevivência. Quando o homem toma consciência de que vale a pena a convivência
humana, ou seja, quando assume a incumbência de integrar-se à sociedade, adota
um compromisso ético e moral deliberado consigo mesmo e com seus semelhantes.
Pense no impasse que vivemos com relação às leis sociais, cotas, e leis de proteção de
determinados grupos sociais. São instrumentos indiretos, que garantem uma rein-
serção social, porém geram muita polêmica.
Civilização e Valores
A primeira lei fundamental imposta para a civilização não vem sendo respeitada
ainda até os dias de hoje: É proibido matar!
Freud inicia o seu ensaio com uma discussão sobre o que seria a felicidade para
os homens, argumentando que para o homem, essa busca constante pelo estado
de felicidade plena é o que faz a vida ter sentido. Isso vai se dar de duas maneiras,
resumindo, ou melhor, generalizando bem o pensamento do psicanalista: essa bus-
ca de felicidade vai se efetivar em se evitando o desprazer, o qual causa sofrimento,
e a busca constante de prazer, o que proporcionaria a felicidade. O direcionamento
que o homem dá a suas ações para cada um desses sentidos estaria diretamente
relacionado com o controle dos seus instintos (GALLO, 2015).
Esta insatisfação constante, apontada por Freud, que se sente por não se alcan-
çar nunca a felicidade plena e duradoura, é uma reflexão sobre a Ética civilizatória
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Estes diagnósticos de Freud apontam para uma reconstrução das ideias clássicas
de Aristóteles, quando este coloca a questão sobre “o que o homem deseja, de mais
importante, realizar na vida?” Não há dúvida de que todos os seres humanos vivem
em busca da felicidade. Todos querem ser felizes, mesmo que a felicidade seja vista,
por cada qual, de forma diferente.
Para algumas pessoas, ser feliz é ter saúde, já para outros, a felicidade está atre-
lada à riqueza ou ao encontro de uma pessoa amada. Desta forma, esse estado é
percebido e percorrido por cada um de uma maneira distinta. Por este viés, pode-
-se concluir que toda ação humana tem em vista a conquista da felicidade perma-
nente (GALLO, 2015).
Uma das tarefas mais difíceis da civilização é humanizar esse animal racional
chamado homem. Complementando o que já se falou anteriormente sobre Aris-
tóteles, os argumentos de Freud, na obra citada, nos dão margem para encontrar
elementos para caracterizar o processo civilizatório construído pelos seres huma-
nos. Essa elevação do homem em relação à condição animal pode também ser
caracterizada pelo que vamos chamar de cultura.
Os humanos são seres intrínsecos à cultura. O acesso aos bens culturais pro-
duzidos em toda a história é o que define a condição humana. O homem é um
animal cujo maior desejo é tornar-se humano. Desde o nascimento até a morte,
somos atravessados pelos critérios que sustentam a civilização: o bem e a justiça
(GALLO, 2015).
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Figura 5 – Atentado terrorista às Torres Gêmeas do WTC em Nova York, no ano de 2001.
Marco da mudança na relação entre diversos países, com enrijecimento de políticas de imigração
Fonte: Wikimedia Commons
Por fim, fica a questão: como vamos relacionar ética (instância individual) e ci-
vilização (instância coletiva)? A ética, pensada no campo da lei, leva-nos à mesma
conclusão de Freud. Ao obter a posse dos meios de poder e coerção, uma minoria
impõe seus valores à grande maioria. O poder é concebido como essa imposição
de uma minoria à grande maioria. Mas a conclusão de Freud nos permite pensar o
poder também como resistência por parte da maioria. Nesse caso, o Estado apa-
rece como o grande gerenciador desse conflito, por meio de seu sistema de leis e
práticas de coerção como, por exemplo, a prisão.
Pensar sobre a ética nos possibilita olhar para várias direções e uma delas é o exer-
cício estético no sentido de que podemos criar condições para instaurar uma ética da
beleza, ou seja, fazer da vida uma obra de arte, esculpida como quem dá forma a uma
pedra bruta ou dá cores a uma tela. A pedra e a tela seriam as imposições, obstáculos
ou restrições impostos pela civilização e das quais não conseguiremos nos livrar, pois
fazem parte da vida, do dia a dia, mas podemos ter a liberdade de escolha de que
cores ou formato queremos dar a nossa vida, construindo assim uma trajetória menos
complicada para aquilo que estaremos sempre buscando: a felicidade.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Ética e Cidadania – Unidade 2: Política e Cidadania
GALLO, S. (Org). Ética e Cidadania. Editora Papirus, 2015. (e-book)
Verdades e Mentiras: Ética e Democracia no Brasil – Capítulo “Ética e Relatividade”
CORTELLA, M. S. (et al). Verdades e Mentiras: Ética e Democracia no Brasil. Editora
Papirus – 7 mares. 2017. (e-book)
Vídeos
Ética do Cotidiano. Mário Sérgio Cortella e Clóvis Barros Filho
Se antes a ética era um campo de conhecimento de estudiosos e especialistas, como
filósofos, médicos e advogados, atualmente esta palavra entrou no vocabulário do
nosso cotidiano e invadiu os noticiários. Será que as coisas que nos levam à indignação
como a corrupção e a violência são mais frequentes nos dias atuais? Ou: elas sempre
existiram e nós é que ficamos mais exigentes em relação a boas regras de conduta para
uma convivência em sociedade?
O significado de ética sempre foi o mesmo ao longo da história? Ela é um conceito
universal? Afinal, o que é ética? Estas questões são discutidas pelos filósofos Clovis de
Barros Filho e Mario Sergio Cortella neste episódio do Café Filosófico.
https://youtu.be/9_YnlPXKlLU
Leitura
Ética, cidadania e constituição: o direito à dignidade e à condição humana
BITTAR, E. C. B. Ética, cidadania e constituição: o direito à dignidade e à condição
humana. Revista Brasileira de Direito Constitucional – RBDC n. 8 – jul./dez. 2006.
http://bit.ly/2Kry5X0
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Referências
COTRIM, G.; RODRIGUES, J. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2012.
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