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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO
Coordenação Pedagógica – IBRA
DISCIPLINA
ÉTICA E
RESPONSABILIDADE
SOCIAL
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................. 03
INTRODUÇÃO
As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras,
afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos
educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou
aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e
provado pelos pesquisadores.
O módulo tem como objetivo geral levar o profissional a perceber que a ética
permeia toda a vida do sujeito, quer seja no ambiente pessoal quanto profissional.
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Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final
da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar
dúvidas e aprofundar os conhecimentos.
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Inferências iniciais...
A Ética é a ciência da verdade; não existe uma ética da mentira, nem a meia
ética e ambas, ética e verdade são a essência da consciência humana. Ninguém
lhes pode ser indiferente.
1. É essencial que ela seja justa – que haja oportunidade para todos;
2. É essencial que ela seja livre – que a vontade educada torne a liberdade
responsável;
3. É vital que ela seja solidária – que haja compromisso com o bem pessoal e o
bem comum.
Liderança integrada – não basta que haja líderes, eles devem estar
integrados por verdades comuns;
1 O QUE É ÉTICA?
Portanto, em princípio, a Filosofia moral ou Ética não tem motivos para ter
uma incidência imediata na vida cotidiana, pois seu objetivo último é esclarecer
reflexivamente o campo da moral. No entanto, esse esclarecimento, certamente
pode servir de modo indireto como orientação moral para os que pretendam agir
racionalmente no conjunto da sua vida.
1.1 Origens
A ética também não deve ser confundida com a lei, embora com certa
frequência a lei tenha como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a
lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a
cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas;
por outro lado, a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas no escopo da
ética.
A Ética tem por objetivo facilitar a realização das pessoas. Que o ser
humano chegue a realizar-se a si mesmo como tal, isto é, como pessoa. (...) A Ética
se ocupa e pretende a perfeição do ser humano.
A Moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma
forma de garantir o seu bem-viver. A Moral independe das fronteiras geográficas e
garante uma identidade entre pessoas que sequer se conhecem, mas utilizam este
mesmo referencial moral comum.
acate uma determinada lei. Este é um exemplo de que a Moral e o Direito, apesar de
referirem-se a uma mesma sociedade, podem ter perspectivas discordantes.
1.2 Definições
Ético (ethos): disciplina filosófica que estuda o valor das condutas humanas,
seus motivos e finalidades. Reflexão sobre os valores e justificativas morais, aquilo
que se considera o bem.
concreta, ou o nosso nicho ecológico local, regional ou nossa casa maior, o planeta
Terra”.
Dalai Lama (2000), de maneira simples nos diz que ético “é aquele que não
prejudica a experiência ou a expectativa de felicidade de outras pessoas”.
Robert Henry Srour (2000) ensina que a moral vem a ser um conjunto de
valores e de regras de comportamento, um código de conduta que coletividades
adotam, quer sejam uma nação, uma categoria social, uma comunidade religiosa ou
uma organização. Enquanto a ética diz respeito à disciplina teórica, ao estudo
sistemático, a moral correspondente às representações imaginárias que dizem aos
agentes sociais o que se espera deles, quais comportamentos são bem-vindos e
quais não. Em resumo, as pautas de ação ensinam o “o bem fazer” ou o “fazer
virtuoso”, a melhor maneira de agir coletivamente; qualificam o bem e o mal, o
permitido e o proibido, o certo e o errado, a virtude e o vício.
Para José Renato Nalini (1999) a ética é uma ciência, pois tem objeto
próprio, leis próprias e método próprio. O objeto da ética é a moral. A moral é dos
aspectos do comportamento humano. A expressão deriva da palavra romana mores,
com o sentido de costumes, conjunto de normas adquiridas pelo hábito reiterado de
sua prática.
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O fenômeno da felicidade
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Aristóteles dizia que os saberes teóricos versam sobre “o que não pode ser
de outra maneira”, ou seja, o que é assim porque assim o encontramos no mundo,
não porque assim o dispôs a nossa vontade: o sol aquece, os animais respiram a
água se evapora, as plantas crescem... tudo isso é assim e não podemos mudá-lo a
nosso bel-prazer. Podemos tentar impedir que uma coisa concreta seja aquecida
pelo sol, utilizando para tanto quaisquer meios que tenhamos a nosso alcance, mas
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Escola de pensamento fundada em Atenas, por Aristipo de Cirene. Foi a partir do nome desta cidade que os
cirenaicos receberam sua denominação. É considerada pela tradição uma das chamadas escolas socráticas,
juntamente com os cínicos e os megáricos. Tais escolas recebem esta denominação por se configurar, cada uma
delas, como uma determinada interpretação dos ensinamentos de Sócrates, especialmente no que concerne à
correlação entre conhecimento e virtude.
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que o sol aqueça ou não aqueça não depende de nossa vontade: pertence ao tipo
de coisas que “não podem ser de outra maneira”.
Por sua vez, os saberes práticos (do grego práxis: atividade, tarefa,
negócio), que também são normativos, são aqueles que procuram orientar-nos
sobre o que devemos fazer para conduzir nossa vida de uma maneira boa e justa,
como devemos agir, qual decisão é a mais correta em cada caso concreto para que
a própria vida seja boa em seu conjunto. Tratam do que deve existir, do que deveria
ser (embora ainda não seja), do que seria bom que acontecesse (segundo alguma
concepção do bem humano). Tentam nos mostrar como agir bem, como nos
conduzir adequadamente no conjunto de nossa vida (CORTINA; MARTÍNEZ, 2009).
Para Epicuro3 a felicidade consiste na busca do prazer, que ele definia como
um estado de tranquilidade e de libertação da superstição e do medo (ataraxia),
assim como a ausência de sofrimento (aponia). Para ele, a felicidade não é a busca
desenfreada de bens e prazeres corporais, mas o prazer obtido pelo conhecimento,
amizade e uma vida simples. Por exemplo, ele argumentava que ao comermos,
obtemos prazer não pelo excesso ou pelo luxo culinário (que leva a um prazer
fortuito, seguido pela insatisfação), mas pela moderação, que torna o prazer um
estado de espírito constante, mesmo se nos alimentarmos simplesmente de pão e
água.
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Um filósofo grego do período helenístico. Seu pensamento foi muito difundido e numerosos centros epicuristas
se desenvolveram na Jônia, no Egito e, a partir do século I, em Roma, onde Lucrécio foi seu maior divulgador.
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Mas, além disso, ela nos proporciona critérios racionais para averiguar que
tipo de comportamentos, quais virtudes, em suma, que tipo de caráter moral é o
adequado para essa finalidade.
Inteligência (nous)
Ciência (episteme)
Sabedoria (Sofia)
Prudência (frónesis)
Discrição (gnome)
Perspicácia (euboulía)
3-Próprias do autodomínio:
Pudor (aidos)
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Justiça (dikaiosine)
Amabilidade (filia)
Veracidade (aletheía)
Magnificência (megaloprepéia)
Para Scheler4, existe uma ciência pura dos valores, uma axiologia pura, que
se sustenta em três princípios:
3. Nossa preferência por um valor e não por outro verifica-se porque nossa
intuição emocional capta os valores já hierarquizados. A vontade de realizar
um valor moral superior em vez de um inferior constitui o bem moral, e seu
contrário é o mal. Não existem, portanto, valores especificamente morais.
Esse modelo ético foi seguido e ampliado por pensadores como Nicolai
Hartmann, Hans Reiner, Dietrich Von Hildebrand e José Ortega y Gasset, que
chamou a intuição emocional de “estimativa” e incluiu os valores morais na
hierarquia objetiva, diferentemente de Scheler, como mostra o quadro abaixo.
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Max Scheller (1874-1928) foi um filósofo fenomenologista, preocupado especialmente com a filosofia dos
valores.
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COHEN, C, FERRAZ, F.C. Direitos humanos ou ética das relações. In: Segre M,
Cohen C, organizadores. Bioética. São Paulo (SP): EDUSP; 1995. p. 37-50.
CORTINA, Adela; MARTÍNEZ, Emilio. Ética. Tradução: Silvana Cobucci Leite. 2 ed.
São Paulo: Loyola, 2009.
LAMA, Dalai. Uma ética para o novo milênio. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. São Paulo: RT, 1999.