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PREÂMBULO

Vigie seus pensamentos, porque eles se tornarão palavras;


Vigie suas palavras, porque elas se tornarão atos;
Vigie seus atos, porque eles se tornarão seus hábitos;
Vigie seus hábitos, porque eles se tornarão seu caráter;
Vigie seu caráter, porque ele será o seu destino.

INTRODUÇÃO A FILOSOFIA DA ÉTICA

Ciência da Moral, é como muitas vezes é definida a Ética. No caminho do


desenvolvimento e do autoproceder e do autogoverno é salutar que o profissional se atenha
com especial carinho ao estudo da Ética.

O saber refletir sobre seus próprios valores e sobre aquilo que realmente impulsiona
suas ações é de essencial interesse para o psicanalista que se pretenda um ser consciente de
suas atitudes. Não menos relevante é procurar prever e aferir os efeitos das atitudes no seu
íntimo e para com o próximo (seu paciente).

Que não te acostumes a fazer a menor coisa sem refletir – ensinou Pitágoras – porque
falar ou fazer coisas sem razão e sem reflexão é típico de um miserável.

A irreflexão, a inconsciência de seus valores, a subserviência aos instintos e paixões,


a inconseqüência de seus atos é típico de um homem vulgar e desprezível e jamais de um
bom profissional, mormente de um psicanalista.

Se por autogoverno devemos entender a estabilidade mental e emocional, a


moderação, a prudência, o comedimento, o autocontrole, é mister ao psicanalista seguir a
velha lição “conhece-te a ti mesmo”, refletindo nas forças internas e externas que
influenciam nas suas decisões e em cada ato de sua vida e conduta profissional para quando
for preciso estar apto para responder a questão: quem está me governando?

Assim, o estudo da ética passa a ser um exercício instigante, surpreendente a ao


mesmo tempo essencial para aquele que sabe que são os próprios homens que escolhem
livremente seus bens e seus males.

O que por coerência com o espírito filosófico, progressista e evolucionista, e


propugnando pelo aperfeiçoamento moral e intelectual do profissional, a literatura
filosófica é vasta e não adota uma doutrina única quanto a Moral, mas procura inculcar no
profissional a necessidade de conhecer o núcleo da ação moral, propondo que este se utilize
da sua consciência racional, do exercício de seu livre-arbítrio e do conhecimento dos
fundamentos universais e particulares da ética, conjugando-os à sua intuição do bom rumo
ao majestoso caminho da ética profissional e, enfim, logrando uma moral indestrutível.
Conhecer a si mesmo e a conseqüência de seus próprios atos, assim todo homem pode
dominar sua natureza se a sabedoria recebida o tornou firme: as mesmas, antigas e válidas
lições mais um vez lembradas.
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Entendendo por livre-arbítrio a capacidade do homem de escolher uma atitude entre
várias alternativas, tendo a consciência de que, apesar da vida ser efêmera, o que pensamos
e o que fazemos influenciam a imortalidade de seu caráter, do seu moral e da sua ética.

“Que o jovem não espere para filosofar, nem o velho de filosofar se


canse.
Ninguém, com efeito, é ainda imaturo ou já está demasiado maduro
para cuidar da saúde da alma.
Quem diz não ter ainda chegado sua hora de filosofar ou já ter ela
passado, fala como quem diz não ter ainda chegado ou já ter passado
a hora de ser feliz”.
Epicuro, Cara a Menequeu

Antes do surgimento da filosofia na antiga Grécia, a ética era um assunto tratado pelas
Religiões.

Como Asseveram Hellern, Notaker e Gaarder, as religiões com freqüência não fazem
distinções entre o plano ético e o plano religioso. Ser ético é assegurar uma vida melhor
após a morte. Os costumes da tribo, as regras ou os princípios morais da casa eram tão
religiosos quanto os sacrifícios e as orações. O comportamento e as ações humanas eram
regulados pelas ordens divinas.

Entre os dez mandamentos que Moisés deu aos hebreus, havia os que tratavam de
religião – “Não terás outros deuses diante de mim”- e os relativos à ética – “Não matarás”.

Contudo, como d’Alambert escreveu nos Elementos da Filosofia: “Aquilo que


pertence única e essencialmente à razão e que, por isso, é uniforme junto a todos os povos,
são os deveres aos quais somos obrigados para com nossos semelhantes. A moral é uma
conseqüência necessária da fundação da sociedade, já que tem por objetivo aquilo que
temos como dever para com outros homens”.

Sócrates, que reduziu toda filosofia à ética, dizia que a suprema sabedoria consistia
em distinguir entre o bem e o mal. Se a minha autoridade tem para ti algum valor – dizia ele
– pratica a moral para poderes ser feliz, e não te importes que fulano ou cicrano te aches
estúpido. Deixa que os outros te ofendam e te injuriem; desde que possuas a virtude em
nada será lesado por isso. Se queres ser feliz, se queres ser um homem de bem e digno de
confiança, não te importes que os outros desprezem.

Do contingente e do temporal o homem volta-se para o transcendente e para o eterno;


a filosofia torna-se uma reparação para a morte, como julga Platão, e a sabedoria é
desapego da ação, como opina Aristóteles.

Em seu sentido clássico, a Ética é o estudo dos juízos de apreciação que se referem à
conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do Bem e do Mal. Em outras
palavras é o estudo do julgamento, da escolha que somos obrigados a fazer a cada segundo
em nossa vida.

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O termo ética significa costume e por isso é também definido como a doutrina dos
costumes. Em simples palavras, trata-se do estudo para saber se uma ação nossa ou uma
qualidade é ou não ética. Por exemplo, são qualidades éticas a sabedoria, a prudência, a
justiça, etc. É uma avaliação de nosso comportamento.

O vocábulo identifica-se ainda com o moral, e a ética chegou a significar


propriamente a ciência que se ocupa das coisas morais, a filosofia moral.

A ética encara a virtude como a prática do bem e como a promotora da felicidade dos
seres humanos, avaliando o comportamento humano. A ética ilumina a consciência
humana, sustenta e dirige as ações do homem, norteando a conduta individual e social. É
um produto histórico-cultural e, como tal, define o que é virtude, o que é bem ou mal, certo
ou errado, permitido ou proibido, para cada cultura e sociedade.

Dessa maneira, a ética é universal enquanto estabelece um código de condutas morais


válidas para todos os membros de uma determinada sociedade e, ao mesmo tempo, tal
código é relativo ao contexto sócio-político-econômico e cultural onde vivem os sujeitos
éticos e onde realizam suas ações morais.

Ethos, ou ética em grego, designa o modo de ser, o temperamento ou a disposição


interior, de natureza emocional ou moral, ou, em outras palavras, é quilo que é
característico e predominante nas atitudes e sentimentos dos indivíduos, de um povo, grupo
ou comunidade, e que marca suas realizações ou manifestações culturais.

Ética significa, portanto, tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente para que
seja possível uma existência saudável: materialmente sustentável, psicologicamente
integrada e espiritualmente fecunda.

“Quando a escolha vai desaparecendo e a preferência passa a tomar o


seu lugar você vai se tornar mais inteligente, mais alerta, mais
consciente.
Uma lucidez, uma graça nasce em seu ser”.
Rajneesh

Quanto tomamos uma decisão, isto é, quando praticamos uma ação, pode-se julgá-la
como certa ou errada.

Muito bem. Isto implica que há um padrão de certo e errado que pode ser aplicado
em outras situações, mas este padrão não é o vigente no mundo inteiro, significando que
hão haveria um padrão ético universal, válido em todos os lugares e em todos os tempos.
Pelo contrário, a observação mostra que há muitos sistemas éticos diferentes, embora a
maioria se declara como a “única verdade”.

Comer carne humana numa tribo indígena pode não ser moralmente aceito numa
cidade européia. Explorar seres humanos miseráveis por causa de lucros pode não ser
moralmente aceito naquela tribo indígena. Algumas sociedades aceitam a poligamia, outras
não. O que é ético aqui pode não ser lá.
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Mas se há diversos padrões éticos, podemos falar em certo e errado? Uma ação
poderia então ser julgada sábia ou tola, prudente ou imprudente, proveitosa ou não
proveitosa?

Estas questões têm instigado filósofos, antropólogos, psicólogos e tantos outros


pensadores ao longo da história: A ética é absoluta ou relativa?

Talvez a resposta esteja no meio termo entre a ética absoluta e a relativa.

“Quanto mais igrejas e fés eu examinava, mais cônscio me tornava do fato de que
todas pensam que só elas estão certas e todos os demais estão errados”, confessou Michael
Shemer.

O grande problema com todos os sistemas de moralidades absolutas é que eles se


põem como árbitros finais da verdade, isto é, como os únicos donos da verdade, criando
dois tipos de pessoas: boas e más, certas e erradas, crentes e hereges, adeptos e inimigos.

Embora também falhando, Kant tentou buscar a ética absoluta afirmando que se você
quer julgar a correção ou incorreção de uma ação: “Aja somente de acordo com a máxima
pela qual você pode ao mesmo tempo desejar que a ação se torne uma lei universal”.

Assim, o existencialismo, o utilitarismo, hedonismo e outras correntes filosóficas


também buscaram definir ética, mas quase caíram no absurdo de justificar como certa
qualquer que fosse uma atitude humana.

Buscando uma saída, os atuais pensadores falam em ética provisional, que em resumo
significa aceitar que uma ação é moral ou imoral se a evidência a favor dela e sua
justificação for impressionante. Estes princípios éticos são verdadeiros para a maioria das
pessoas, na maioria das circunstâncias e na maior parte do tempo.

Evidência ou axioma, como assunto bastante explorado pelo pensamento humano, é


uma verdade obtida não através da razão, mas através da intuição. Aqui, mais uma vez a
velha e conhecida intuição salvando os mestres pensadores.

“Tenho feito um esforço contínuo para não ridicularizar, não


lamentar, não desprezar as ações humanas, mas para entendê-las”.
Spinoza

Poucas correntes filosóficas são perenes e o estoicismo é uma dessas filosofias


imperecível há mais de 2.000 anos. Quando dizemos que alguém é “estóico”, estamos
querendo dizer que é alguém com firmeza moral, de caráter incorruptível e de força de
espírito perante as dificuldades da vida.

A filosofia estóica preocupou-se com a interioridade da pessoa humana, com o valor


de suas atitudes e a capacidade de decidir sobre as nossas ações. Essas filosofias
procuravam o autogoverno (autarquia). As paixões seriam a razão das dificuldades que
temos para agir livremente, desviando a alma do rumo de uma vida feliz.
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Os estóicos não são filósofos metafísicos, mas pragmatistas, moralistas, inteiramente
absorvidos na prática da ética.

No pensamento dos estóicos, o fim supremo, o único bem do homem, não é o prazer,
a felicidade, mas a virtude; assim a virtude não é concebida como necessária condição para
alcançar a felicidade, e sim como sendo ela própria um bem imediato.

Com o desenvolvimento do estoicismo, todavia, a virtude acaba por se tornar meio


para a felicidade, da tranqüilidade, da serenidade, que nasce da virtude negativa da apatia,
da indiferença universal. A felicidade do homem virtuoso é a libertação de toda
perturbação, a tranqüilidade da alma, a independência interior, o autogoverno.

Ora, como o bem absoluto e único é a virtude, assim o mal único e absoluto é o vício.
E não tanto pelo dano que pode acarretar ao vicioso, quanto pela sua irracionalidade e
desordem intrínseca, ainda que se acabe por repudiá-lo como perturbador da indiferença, da
serenidade, da autarquia do sábio.

Tudo aquilo que não é virtude nem vício, não é nem bem nem mal, mas apenas
indiferença, pode tornar-se bem se for unido com a virtude, mal se for ligado ao vício; há o
vício quando à indiferença se ajunta a paixão, isto é, uma emoção uma tendência irracional,
como geralmente acontece.

A paixão, na filosofia estóica, é sempre e substancialmente má, pois é movimento


irracional, doentio e vício da alma – quer se trate de ódio, quer se trate de piedade. De tal
forma, a única atitude do sábio estóico deve ser o aniquilamento da paixão, até atingir a
apatia. O ideal ético estóico não é domínio racional da paixão, mas a sua destruição total
para dar lugar unicamente aa razão. Este o maravilhoso ideal de homem sem paixão, que
anda como um deus entre os homens.

O Que é vontade?

Da noite que me cobre,


Negra como poço de pólo a pólo,
E agradeço a quaisquer deuses que haja
Pela minha alma inconquistável.

Na garra cruel da circunstância


Eu não recuei nem gritei.
Sob os golpes do acaso
Minha cabeça sangra, mas não se curva.

Além deste lugar de fúria e lágrimas


Aproxima-se somente o horror da sombra,
E contudo a ameaça dos anos
Acha-me e achar-me-á sem temor

Não importa quão estreito é o portal,


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Quão carregado de castigo esteja o pergaminho,
Sou o mestre de meu destino:
Sou o capitão de minha alma.

A vontade é o traço marcante do caráter, encontrado somente em pessoas de alma


refinada e benevolente, mas antes de tudo intensa. Quem tem vontade está sempre disposto
a praticar o bem.

O exercício da virtude é um soberano remédio contra as paixões e podemos definir


virtude como sendo a vontade de fazer o bem.

Para uma idéia mais clara do que é vontade, vamos tomar como axiomática a divisão
da natureza humana em corpo e alma, e veremos que é por sua origem que a vontade se
distingue das paixões

A firme decisão de praticar o bem é o maior bem que está à disposição de todos nós.

A intenção, a boa vontade é a essência da moral. A moralidade não consiste naquilo


que se faz, mas com que intenção se faz àquilo que se faz.

Somos nós, com a nossa vontade e racionalidade, que damos as leis a nós mesmos.

Entendido o que é a vontade, fica fácil o entendimento de que a virtude é a força, o


grau de energia desta vontade.

Porque, como o homem se imaginou na sua alma, assim ele é.

Conta-se uma antiga lenda em que os guerreiros gregos retornando à sua pátria, após
terem vencido uma guerra contra seus inimigos, foram consultar um sábio que lhes
asseverou: a verdadeira guerra somente agora começa, a guerra contra teus inimigos
internos.

Se nos mostra claro o surgimento da contenda entre a paixão versus vontade da alma,
signo do eterno dilema do homem: o entrelaçamento da sutil porção divina com a matéria.
Para Nietzsche, “é o baixo ventre que impede o homem de considerar-se um deus”.

Quer o filósofo – disse Sêneca – quer o candidato a filósofo, estão colados ao seu
corpo, mas a melhor parte de si mesmo está liberta e dirige as suas meditações para as
alturas.

Xenócrates descreve que “nosso problema é libertar-nos da sujeição da vida dos


sentidos, e vencer os elementos titânicos de nossa natureza terrena por meio da natureza
divina. Os estóicos da Grécia, dos quais já falamos, aludiram a uma das primeiras doutrinas
ensinadas nos mistérios gregos no sentido de que a alma humana, chamada de psychê, que
significa esfriar ou congelar, era assim chamada porque, por erro, por tender a tornar-se
servil a atrações de base, a parte inferior da “alma” humana submergia nas profundezas da
matéria e, assim, perdia seu fogo intrínseco e espiritual. Tornava-se “congelada” e sua
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perambulação pelos domínios frios da matéria levava-a para longe do fogo central e da
centelha divina que é o âmago da essência do homem.

Todavia, à medida que conseguimos alcançar e ultrapassar esse véu psicológico


intermediário da consciência, tornamo-nos mais nobre e maiores, e ascendemos novamente
ao “calor”da Chama interior, que é a nossa verdadeira lareira, conforme o pensamento do
Cel.Olcott.

Com efeito, considerando até mesmo que piedade, compaixão e misericórdia seriam
espécies de paixões, o estóico deve extirpá-las de si. Afirmavam que: A misericórdia é
aparte dos defeitos e vícios da alma: misericordioso é o homem estulto e leviano. O sábio
não o comove em favor de quem que seja; não condena ninguém por uma culpa cometida.
Não é próprio do homem forte deixar-se vencer pelas imprecações e afastar-se da justa
severidade.

É incrível a força que a alma pode dar ao corpo.


Von Humboldt

O vício nada mais é que uma paixão que venceu uma batalha contra a vontade da
alma. Neste caso a paixão vitoriosa se estabelece como dominadora e o homem passa a agir
como seu escravo, buscando servir e satisfazer essa obsessão, agindo pelos ditames de sua
natureza animalesca. Aqui o homem deixa de ser livre e satisfazer essa obsessão, agindo
pelos ditames de sua natureza animalesca. Aqui o homem deixa de ser livre e, mesmo
contrariando sua alma triste e fraca, torna-se mero boneco de engonço, mero cativo
cumprindo os comandos da paixão, surgindo os costumes nefastos, submetendo-se aos
fortes apetites do seu animalismo, caminhando trôpego para uma existência desgraçada.

Para libertar os homens, Lucrécio compreendeu que não se tratava de obter, nos
momentos de fria reflexão, sua adesão a alguma verdade de ordem intelectual, mas que era
preciso tornar essas verdades, como poderia dizer Pascal, compreensíveis ao coração
(P.Boyancé). O que implica dizer que é necessário incitar também a natureza intuitiva do
homem para persuadi-lo de seus sentimentos e obter sua libertação de uma paixão.

A razão deve ser o nosso último juiz e a nossa guia em cada coisa.
Loche

Um mestre estava sentado no alto de uma montanha meditando, quando um aprendiz


lhe perguntou sobre sua essência. Serenamente o mestre respondeu que sua essência era
dualista e que a sua parte inferior e sua parte superior eram, no seu íntimo, como dois
cachorros que lhe acompanhavam e constantemente brigavam. Intrigado o aprendiz
perguntou: “Mestre, e quem ganha a disputa?” O mestre olhou carinhosamente para o
discípulo e disse: “Aquele que eu mais alimentar”.

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O combate que se trava no interior do homem consiste na contestação entre a parte
inferior ou sensitiva e sua parte superior ou racional: paixão versus vontade racional, os
dois cães do mestre da montanha.

Em resumo, são os embates morais travados entre animalidade e a alma. É a oposição


entre os apetites naturais e sua vontade e, nessa guerra entre dois impulsos contrários, como
em qualquer outra guerra, vence o que for mais forte, mais competente, mais hábil.

A moralidade é tão importante quanto a inteligência na formação


global do caráter.

A razão não é outra coisa que uma parte do espírito divino


mergulhado no corpo humano.
Sêneca

O que sou eu, portanto?


Uma coisa que pensa.
Descartes.

O homem ignorante e não esclarecido não está livre para lutar a luta da virtude.

Fica claro que para o bom combate moral contra as baixas paixões que aviltam e
tornam desgraçado o homem, há a necessidade de conjugar duas armas: vontade e o
conhecimento da verdade – a razão, sem a qual o homem não consegue julgar livremente
uma paixão ou os seus desvios.

Sócrates já havia dito que o vício é ignorância e virtude é conhecimento.

O conhecimento claro do bem e do mal, a capacidade intelectual para discernir o que


é bom do que é ruim uma necessidade para iniciar o combate às nossas paixões.

Sócrates ensinou que:


A ciência e a Virtude se confundem em uma única resultante: a
Sabedoria.
Para fazer o bem, basta vê-lo claramente; não fazem os que não vêem.

Talhados os conceitos anteriores, podemos passar para este importante diálogo sobre a
virtude.

Nas iniciações dos antigos mistérios era perguntado ao candidato: - O que entendei
por virtude?

E depois de salutar silêncio uma voz lhe dizia: - É uma disposição da alma que nos
induz a praticar o bem.

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Virtude significa força (virtus), é o poder do espírito. Como vimos anteriormente, é a
maravilhosa energia que dá à vontade da alma o poder necessário para vencer uma paixão.
Desde os primórdios do pensamento humano, virtude foi entendida como hábito, como a
maneira de ser de uma coisa. Virtude, disse o filósofo, é aquilo que faz com que uma pessoa
seja o que ela é.
Santo Agostinho definiu a virtude como uma boa qualidade da mente mediante a qual
vivemos retamente, qualidade de que ninguém pode abusar e que se produz, às vezes, em
nós sem nossa intervenção.

Para são Tomás, a virtude e uma boa qualidade da alma, uma disposição sólida e
firme da parte racional do homem – a boa vontade. Para ele há três virtudes teologais:
A Fé, a Esperança e a Caridade, que nos conduzem a uma felicidade sobrenatural,
suplantando a natureza humana, encaminhando-nos para Deus. Estas virtudes teologais
estão infusas em nós por Deus. Estas virtudes teologais estão infusas em nós por Deus e só
são dadas a conhecer por meio da revelação divina.

Para Kant, a virtude é a fortaleza moral no cumprimento do dever.

Seguindo esses pensamentos fica claro que a virtude é a firme vontade de combater
as paixões, é a expressão do esforçado desejo da alma para agir de acordo com os
ensinamentos da razão. O exercício da virtude tem uma incontestável finalidade de
alcançarmos a perfeição.

Se o caminho que leva à virtude lhe parece ser muito difícil, ele, porém, pode ser
encontrado. Todos as coisas sublimes são tão difíceis quanto raras.

Se praticares a honestidade da mente, a sinceridade do espírito e o


desapego, conhecerás o teu Ser, conhecerás a Mim, conhecerás ao
Senhor.

Para praticar o bem é preciso antes ser sensível ao bem.

A falta de ética é um obstáculo intransponível para quem quer atingir verdades que
somente são visíveis através do olho intuitivo. A imoralidade é uma venda negra que
encobre a visão do homem impuro, que entorpece a mente e o leva à loucura.

Sem ética não intuição, sem intuição não há revelação, sem revelação não há
conhecimento da pura verdade.

Nesse caminho há um lema a ser seguido por aquele que procura por sabedoria: Antes
de tudo honestidade consigo mesmo e para com os outros!

Se há uma condição em comum entre todas as grandes doutrinas sapenciais e as


milenares religiões é a insistente pregação da sensibilidade e a prática do bem por parte do
homem.
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Esta é uma das condições sine qua non para o desenvolvimento de uma ampla visão
por parte do Iniciado, um vaticínio terrível.

A verdadeira essência da grandeza dos homens não está escrita nos


livros e não pode ser encontrada nas escolas.
Ela está escrita na consciência interior de quem quer que procure
intensamente pela perfeição em suas realizações criativas e que
somente os que buscam conseguem compreendê-la.
Walter Russel.

Acima do homem está o dever a cumprir; acima do dever só há,


então, DEUS.
Montegazza.

Se desejais tornar-se um verdadeiro homem, deveis primeiro morrer


para o vício, para os erros, para os preconceitos vulgares e nascer de
novo para a Virtude, para a Honra e para a Sabedoria.

A moral do homem virtuoso é outra: está na intenção e na finalidade


das ações, mais nos fatos que nas palavras, na conduta exemplar e não
na oratória pegajosa.

É verdadeiramente grandioso ver reunidas num mesmo indivíduo a


debilidade de um homem e a fortaleza de um deus.
Sêneca.

Quanto mais praticamos o livre-arbítrio, mais ativamos a memória de


nossa verdadeira identidade, do plano divino e do nosso propósito de
estarmos neste planeta.
Robert Happé.

Cala-te ou diz alguma coisa que valha mais que o silêncio.


Pitágoras.

Lembre-se dos três R’s: respeito por você mesmo; respeito ao


próximo, e responsabilidade pelos seus atos.
H. J. Brown Jr.

Se tiverdes acesso à fama, Comporta-te como se estivesse a receber um


hóspede.
Se estiverdes no governo de um povo, Comporta-te como se estivesse
pronto a oferecer um grande sacrifício.
Confúcio.

Se alguém disser:
- Que me importa os outros!
Esse não tem moral, caráter e não é Ético.
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Uma palavra nos liberta de todo o peso, de toda a dor da vida: Amor.
Sófocles.

A honra é a bússola dos homens de bem.


Pe. Antônio Vieira.

É no falar e no agir que a pessoa humana se revela por aquilo que é.


Quando a gente sacode a peneira, ficam nela só os refugos; assim os
defeitos de um homem aparecem no seu falar.
Como o forno prova os vasos do oleiro, assim o homem é provado em
sua conversa.
O fruto revela como foi cultivada a árvore; assim, a palavra mostra o
coração do homem.
Não elogies a ninguém, antes de ouvi-lo a falar; pois é no falar que o
homem se revela.
Bíblia, Eclesiástico 27,4-7.

Se não for possível cuidar-se, será difícil tratar-se. E quem não sabe
cuidar de si, como cuidar de outrem?

A humildade faz o homem ser diferente.

O que podemos ser é uma versão melhor de nós mesmos.


Brahma Kumaris.

Faça aos outros o que eles fariam a você.


Mas faça primeiro o seja definitivo.
Maquiavel

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APOSTILA DE ÉTICA DO PSICANALÍSTA

INTRODUÇÃO

Segundo o Novo dicionário da língua portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda


Ferreira Ética é:

Ética. (Feminino substantivo do adjetivo ético). S.F. Estudo dos juízos de


apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de
vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo
absoluto.

Da Contribuição dos filósofos para com a Ética. Platão e Aristóteles, além de


serem dois filósofos de expressão, dois modos de ser ou duas filosofias de vida
diferentes, enquanto a filosofia de Aristóteles é o realismo, a filosofia de Platão é o
idealismo.

Platão prega a realidade empírica, para a terra. Aponta o livro da Ética, que
apresenta os princípios orientadores para a prática humana rumo a felicidade. É o
homem do realismo, dos projetos viáveis, do caminho bem definido da prática
concreta.

Aristóteles aponta para cima, para o ideal, para o céu. Segura pelas mãos o livro
Timeu onde expõe a primazia das idéias sobre a realidade sensível. É o homem
do mundo ideal, da essência perfeita de cada ser, da utopia, dos grandes sonhos,
da abertura infinita do ser humano.

Segundo Aristóteles, A esperança é o sonho do homem acordado.

O Ser humano vive em busca da felicidade, essa busca faz parte das energias
fundamentais que movem o espírito humano.

A idéia de felicidade exerce um poder balsâmico sobre o homem. Machado de


Assis, por exemplo, em seu livro A mão e a luva, fala de um personagem: “Ao
voltar para casa, uma criança que brincava na rua, em camisa, com os pés na
água barrenta da sarjeta, fê-lo para alguns instantes, invejoso daquela boa fortuna
da infância, que ri com os pés no charco”.

Se fizermos uma reflexão de nossos momentos de felicidades, e olharmos nos


bares, nas festas caseiras de aniversário, nos churrasco, ali está boa parte das
coisas que nos proporcionam alegrias e manifestação imediata de felicidade.

O escritor português Eça de Queirós criou um personagem, Topsius, no livro A


relíquia, afirmar que Sócrates é a semente, Platão é a flor e Aristóteles é o fruto da
sabedoria ocidental.
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Na Idade Média, Aristóteles era o oráculo dos filósofos e dos teólogos
escolásticos. São Tomás de Aquino mencionava Aristóteles, sua grande
referência, pela antonomásia de “o Filósofo”. Dante
Alighieri o denominou, na Divina Comédia, de “mestre daqueles que sabem”.

Durante muitos séculos, quase nada se soube da vida de Aristóteles. Filho de um


médico chamado Nicômaco, que trabalhava para o rei Amintas II da Macedônia,
Aristóteles viria a ser, mais tarde, preceptor do neto do rei, o príncipe Alexandre, o
mesmo que se tornaria o grande conquistador do Oriente.

Aristóteles nasceu em 384 ªC., em Estagira, uma colônia grega da Trácia, região
dominada pelos macedônios, no sudeste da Europa. Por isso ele também é
conhecido como o estagirita. Perdeu o pai aos 17 anos e foi levado para Atenas,
onde prosseguiu com os estudos. Optou pela Academia de Platão e ali ficou por
vinte anos, tendo chegado a ser professor. Nesse período estudou também os
filósofos pré-socráticos, como Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito e Pitágoras,
entre outros. O conhecimento das obras desses pensadores foi-lhe muito útil na
elaboração de seu sistema filosófico. Quanto aos ensinamentos de Sócrates – que
não deixou registros escritos – Aristóteles os conheceu principalmente por meio de
Platão. Este atribuiu a Sócrates as seguintes palavras, que teriam sido proferidas
no final do seu julgamento, em que era acusado de desrespeitar a religião e incitar
os jovens à rebeldia:

“Se imaginais que, matando homens, evitareis que


alguém vos repreenda a má vida, estais enganados;
essa não é uma forma de libertação, nem é inteiramente
eficaz, nem honrosa; esta outra, sim, é mais honrosa e
mais fácil: em vez de tampar a boca dos outros,
preparar-se para ser o melhor possível”.

Platão, Apologia de Sócrates.

Aristóteles falava da identidade da relação entre corpo e alma e do equilíbrio para


o encontro com a felicidade, uma condição que não se encontra no que é
transitório, mas no essencial. Dava exemplos e citava questões do cotidiano,
como bom mestre, e como bom mestre investia no conhecimento, confiante de
que podemos errar muito mais por ignorância do que por maldade.

As virtudes como a Verdade, a Justiça, a Beleza, o Bem, o Amor. Aí está o


conceito do amor platônico: o Verdadeiro amor, puro e perfeito, só existe no mundo
das idéias; o que amamos aqui na Terra é tão-somente uma cópia imperfeita de
algo perfeitamente bom que está além deste mundo sensível. Mas esse amor é
fundamental para estarmos próximos de nossa essência. Um amor puro, que não
exige nada em troca. Um amor livre, que não se prende, que não se deixa
escravizar e que também não escraviza. Um amor consciente que sabe da
grandeza e da limitação do outro.

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Aristóteles em seu livro Ética a Nicômaco, livro 8, assim se expressou:

As pessoas que querem bem aos seus amigos por causa


deles são amigos no sentido mais amplo, pois querem
bem por causa da própria natureza dos amigos, e não
por acidente; logo, sua amizade durará enquanto estas
pessoas forem boas, e ser bom é uma coisa duradoura.

Segundo Aristóteles, o que diferencia o homem de todos os outros seres no


mundo é a capacidade de buscar incessantemente, com base na virtude, na
excelência, fazer melhor a vida dos outros. Este é, em poucas palavras, o conceito
essencial de toda a obra de Aristóteles sobre a ética. A ética não apenas como um
código de conduta social, mas como um código de conduta social que visa o bem.

Sem a morte, sem o destino certo, de nada adiante um navio deixar o porto. A
ética é a navegação e é ao mesmo tempo o destino certo dos navegantes. É o
ponto de partida, o caminho e a chegada. Se todas as ações humanas têm como
objetivo final a felicidade, a ética tem muito a dizer sobre todas elas.

A obra Ética a Nicômaco, tratado mais completo de Aristóteles sobre o assunto,


que sobreviveu aos séculos e chegou aos nossos dias. O texto do filósofo grego
foi dedicado ao seu filho Nicômaco, que levava o mesmo nome de seu avô. Os
dez livros que o compõem são como a realização de um desejo paterno, de fazer
com que o filho persiga em solo seguro o destino humano da felicidade. E esse
destino, oferecido e construído, passa pelo conhecimento da política, da
sociedade, das relações intrincadas no universo interior e exterior do próprio ser
humano.

A ética é o grande caminho para o encontro com a felicidade. E ninguém é feliz se


não faz feliz o outro.

É possível errar de várias maneiras [...], ao passo que só


é possível acerta de uma maneira (também por esta
razão é fácil errar e difícil acertar – fácil errar o alvo, e
difícil acertar nele); também é por isso que o excesso e a
falta são características da deficiência moral, e o
meio-termo é uma característica da excelência moral.

Aristóteles, Ética a Nicômaco, livro 2.

Etimologia da Ética: Ética vem do grego “ethos” que significa modo se ser ou
caráter.

Necessário ressaltar que há duas palavras gregas, parecidas, explicando o


sentido etimológico da palavra em português ética: Ethos e Éthos.

14
Ethos sem acento, significa costume. Refere-se a usos e costumes de um grupo
social. Nos grupos primitivos, os costumes são decisivos para a conduta dos
indivíduos. Nesses grupos, a moral e o direito são os próprios costumes. A Ética
do grupo é também a ética dos indivíduos. O modo de ser do grupo é o modo de
ser de cada indivíduo.

Éthos com acento, significa domicílio, moradia. É a morada habitual de alguém, o


país onde alguém habita. Passou a designar a maneira de ser habitual, o caráter,
a disposição da alma. Caráter é marca, sigilo, timbre ou disposição interna da
vontade que a inclina a agir habitualmente de determinada maneira. Hábito, para
o bem ou para o mal, virtuoso ou vicioso, é quase segunda natureza, fonte de
atos.
Hábitos é efeito de atos, pois a repetição de atos causa o hábito mas, uma vez
adquirido, o hábito toma-se causa de atos.

Assim, etimologicamente, ética, seja de ethos ou se de éthos, significam


costumes ou morada habitual. As duas levam à conduta humana

Ethos do vocábulo grego que significa “morada”, assim tem o significado de


“morada do ser”.

Muito se tem feito confusão entre as palavras Ética e Moral, veja que a origem
etimológica das palavras é bem diversa, a Ética vem do grego como já explicamos
acima, já a palavras Moral tem sua origem no latim e vem de “Mores”, que
significa costumes. Portanto apenas se admite uma correlação entre elas,
vejamos:

Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento individual e social


do homem, impostas pelo uso e costumes. Estas normas em geral são adquiridas
pela educação, pela tradição cultural de um povo, pelo meio em que vivemos e
pelo hábito.

Segundo o filósofo grego Sócrates, Moral é o mais alto estudo do procedimento


humano, do conhecimento do bem e do mal.

Foi com o filósofo grego Sócrates que surgiu a Ética 399 anos antes de Cristo, o
qual a considerava como moral, diferença entre o bem e o mal.

CONCEITOS DE ÉTICA

Segundo definição de Vasquez, Ética é o conjunto sistemático de conhecimentos


racionais e objetivos a respeito do comportamento moral dos homens. Ética é a
teoria ou a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, ou seja, é
a ciência de uma forma específica do comportamento humano. Ou ainda

15
Ciência que determina a retidão dos atos humanos, tendo em vista um “ideal” que
dá o sentido global da vida humana.

Herbert de Souza (Betinho) Ética é:

“Ética é um conjunto de princípios e valores que guiam e orientam as relações


humanas. Esses princípios devem ter características universais, precisam ser
válidos para todas as pessoas e para sempre”. Ou

“Ética é um conjunto de valores, de princípios universais, que regem as relações


das pessoas”.

Já a Nair de Souza Motta – Ética e Vida Profissional – Editora Âmbito Cultural


Edições Ltda – 1984.

“Conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos


outros homens na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar
social”.

“Conjunto de normas de conduta que deverão ser postas em prática no exercício


de qualquer profissão”.

“Ética é um conjunto de princípios que dirigem a consciência para o bem e


concentra sua atenção na vontade humana”.

Segundo Betinho Ética é muito mais ampla, geral, universal do que a moral, já que
tem a ver com princípios mais abrangentes, enquanto a moral se refere mais a
determinados campos da conduta humana.

Quando a ética desce de sua generalidade, de sua universalidade, fala-se de uma


moral (por exemplo, uma moral sexual, uma moral comercial). Por isso, podemos
dizer que a ética dura mais tempo, e que a moral e os costumes prendem-se mais
a determinados períodos. Mas uma nasce da outra. É como se a ética fosse algo
maior e a moral fosse algo mais limitado, restrito, circunscrito”.

O que legitima a Ética, é a sua racionalidade. E, mais do que isso, a força e a


transparência de determinados princípios que parecem evidentes em si mesmos.
Por exemplo, não matar. “Não matar” é um princípio que deve ser universal, deve
fazer parte do senso comum. Se fosse permitido matar, o canibalismo, a guerra, o
genocídio também estaria autorizados e o caos se estabeleceria.
Então a sociedade ficaria inviável, porque não há possibilidade de convivência
sem o respeito a certos princípios.

A ética é uma espécie de cimento na construção da sociedade: se existe um


sentimento ético profundo, a sociedade se mantém bem-estruturada, organizada;
e, quando esse sentimento ético se rompe, ela começa a entrar numa crise
autodestrutiva.
16
O primeiro código de ética de que se tem notícia é os dez mandamentos cristão.
Regras como;
1. “não matarás”; 2. “não adulterarás”; 3. “não desejarás a mulher do próximo”; 4.
“não darás falso testemunho contra teu próximo”; 5. “honra teu pai e tua mãe”; ...

Para Khalil Gibran

“Todo saber é vão, exceto quando há trabalho.


E todo trabalho é vazio, exceto quando há amor.
E quando trabalhamos com amor, vós vos unis a
vós próprios, e uns aos outros, e a Deus.
E que é Trabalhar com amor?
É por em todas as coisas que fazeis um sopro da
vossa alma”.

Temos que ter consciência que o objetivo da Ética Profissional é o relacionamento


do profissional com sua clientela e vice-versa, tendo em vista, principalmente a
dignidade do homem e o bem-estar do contexto sócio-cultural em que atua a sua
profissão.

Deontologia vem do grego deon – o que deve ser feito, o dever em si;
Logia – conhecimento metódico, fundado em
argumentos ou provas – é o conjunto dos deveres exigidos do homem, quando no
exercício de determinada profissão.

Exemplos: A deontologia psicanalista, isto é, a moral regulando o desempenho da


atividade profissional do psicanalista.

O termo deontologia surgiu com o filósofo inglês Jeremy Bentham, em fins do


século XVIII, para designar o conjunto de deveres que se impõem “em uma
situação social determinada”.

Atualmente esta palavra é mais empregada para designar os deveres de uma


atividade profissional.

A Deontologia é um ramo da Ética Profissional que adquiriu um caráter


específico, limitando-se atualmente ao comportamento do homem como
profissional.

Os termos Moral, Ética e Deontologia são empregados indistintamente quando se


trata de profissão.

A maioria dos profissionais, prefere a expressão “Código de Ética”. Sendo a Ética


o estudo dos fundamentos da Moral, o termo Ética por sua essência, é o mais
adequado para o uso regular.
17
Ética tem relevante Importância na vida profissional, porque o profissional, além
da responsabilidade individual - e perante a classe profissional – que caracteriza o
ser humano, tem a responsabilidade maior, que é a social, cuja dimensão aumenta
em face de sua atividade profissional que envolve pessoas que dela se
beneficiam, havendo, outrossim, maior repercussão para o bem-estar.
Conforme afirma Francisco de Paula Ferreira. “O Homem no exercício de uma
profissão está ligado à ordem social e ao bem comum”.

No dizer de Nair de Souza Motta. A Ética á ainda indispensável, porque na ação


humana “o fazer” e o “agir” são indissociáveis. “O fazer diz respeito à
competência, á eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem a
sua profissão”. “O agir se refere à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes
que deve assumir no desempenho de sua profissão”.

A preocupação com os valores do comportamento humano, com as finalidades e


os motivos de suas ações constitui, muito sumariamente, o campo da Ética.
Portanto, nela está implícito o conceito da melhor conduta. E por melhor conduta
podemos entender duas coisas distintas que, no entanto, se comunicam. Ou bem
se define a ética como ideal, como finalidade a ser alcançada, ou a entendemos
como adequação entre a natureza humana e a necessidade da sobrevivência.

No primeiro caso, que é o ideal, queremos construir e preservar o bem e as


virtudes, a inteligência e os prazeres, nas medidas mais apropriadas possíveis. A
razão aqui conduz a análise e percebe que a própria qualidade daqueles valores
justifica a sua adoção. Pois, convenhamos, seria absolutamente fútil e inútil
preocuparmo-nos com seus contrários – o mal e os vícios, a estupidez e os
sofrimentos.

Pelo segundo conceito, que evidencia os motivos mais pragmáticos da conduta,


devemos nos apegar ao que conserva a vida e, se possível, rechaça a dor. Aqui, é
o sentimento pessoal e a autoconservação que, naturalmente, nos induzem ao
utilitarismo da conduta.

Importância da Ética em qualquer profissão.

A Deontologia é um ramo da Ética Profissional que adquiriu um caráter específico,


limitando-se atualmente ao comportamento do homem como profissional.

“O homem no exercício de uma profissão está ligado à ordem social e ao bem


comum”.

Ser ético, em síntese, a ser responsável, respeitar a dignidade humana, manter


sigilo absoluto do que lhe confiado, praticar o bem, a verdade e a justiça,
reconhecer o valor da solidariedade, são no mínimo os valores que se pode exigir
para a formação ética de um profissional, face ao contexto sócio-cultural na
sociedade em que vivemos.

18
Outros valores ético existem, com muito evidência, de acordo com a concepção de
vida que cada pessoa experimentou e experimenta, tendo em vista o valor central
em que foi educado em sua comunidade, família e escola.

Necessário e que tenhamos consciência que a ética é considerada a ciência dos


deveres, posto que todo dever se fundamenta e se origina em um valor e o bem,
assim, o valor é a base da ética.

Em sua atividade profissional, a ética é fundamental posto que sua importância


aumenta, porque o profissional, além da responsabilidade individual, que
caracteriza todo ser humano, tem a responsabilidade social, cuja abrangência
aumenta em face de sua atividade profissional que envolve pessoas que com ela
se interage, havendo assim, maior repercussão para o bem-estar social.

O homem no exercício de qualquer profissão está sempre ligado à ordem social a


finalidade de alcançar o bem comum.

No dizer de Nair de Souza Motta, em sua já citada obra, diz que:

A Ética é ainda indispensável ao profissional, porque na ação humana “o fazer” e


“o agir” são indissociáveis. O fazer diz respeito à competência, à eficiência que
todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão.

“O agir" se refere à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve


assumir no desempenho de sua profissão.

A Ética baseia-se em uma filosofia de valores compatíveis com a natureza e o fim


de todo ser humano, por isso, “o agir” da pessoa humana está condicionado a
duas premissas consideradas básicas pela Ética. “O que é” o homem e “para que
vive”.

Com efeito, o homem deverá fazer uso de suas capacidades e aptidão técnica
para o desempenho de um trabalho humano com um bom conteúdo ético,
verificando assim, a importância da ética no exercício da profissão.

Para que um profissional ético tenha um bom desempenho profissional deve ter
ainda competência e habilidade.

A formação ética se impõe aos profissionais por razões fundamentais, só os


conhecimentos técnicos e científicos não bastam a um profissional, uma vez que
os seus conhecimentos terão que estar sempre a serviço de um ideal, posto que
todo saber humano supõe elementos essenciais conhecimento e valor.

O profissional sem a formação ética poderá agir apenas com o tecnicismo,


impondo a sociedade o risco de ser transformada em tecnocrata e não humanista.

19
Em uma entrevista qualquer, especialmente em anamnese e no processo de
análise, são importantes os aspectos técnicos, como: perguntas bem feitas, tempo
de duração, mínimo de anotações, local apropriado, observação adequada
(algumas pessoas falam muito; outras pouco falam), assim o profissional deve
usar da técnica, habilidade profissional e de ética, para proporcional ao analisando
menos tensão emocional, relaxamento e confiança. Assim, se se agir apenas com
o tecnicismo seria frio e suas intervenções deixariam o analisando cada vez mais
tenso e fechado, isto é falando cada vez menos.

E quando se age com ética, agimos sempre com responsabilidade,


respeitabilidade, honestidade, atitude de justiça, humanidade, verdade, discrição,
transmitindo confiança e segurança.

Embora a Ética tenha variado com os diversos tipos de cultura, porque não pode
ser dissociada do momento histórico-social em que o homem vive, o mínimo que
se pode exigir de um profissional é que ele tenha um posicionamento
ético-humanístico.

Quadra registrar que, a formação ética do profissional, não se deve ligar apenas
aos valores que lhes são transmitidos mediante os conhecimentos da profissão; a
sua formação (moral) ética pessoal muito o influenciará, embora ele não tenha o
direito de transmitir ou impor valores éticos (morais) a sua clientela.

Não se pode deixar de considerar que, independentemente da profissão, toda


pessoa com maturidade suficiente, possui um posicionamento ético em face da
vida de seu comportamento moral em sociedade em que vive.

Comissão de Ética.

Ética é um conceito que vem sendo pensando desde a Antigüidade e, pela sua
própria natureza, continua em aberto. A Comissão de Ética tem como objetivo
abrir um espaço para reflexão: Ética e Psicanálise em relação ao psicanalista e
analisando e ao supervisor do aluno. Enfim, um olhar atento a todas as questões
pertinentes ao universo da Psicanálise e à singularidade do ser humano.

SEGREDO PROFISSIONAL

Segundo, Francisco de Paula Ferreira – O segredo profissional, citado por Nair de


Souza Motta.

Segredo é o conhecimento de alguma coisa ou de um fato que não deve ser


revelado ou divulgado.

Etimologicamente, a palavra “segredo” deriva do latim “secervere”, que significa


separar, logo esta palavra se aplica à disposição que deverá existir entre alguma
coisa do conhecimento de todos, isto é, pública ou de alguma coisa estritamente
pessoal, particular, ou seja, do domínio exclusivo de alguém.
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Segundo Mc Guinn, são três os tipos de segredo, a saber:

Segredo natural. É o conhecimento de qualquer fato relativo à vida de uma pessoa


e que, se divulgado, acarretar-lhe-ia maledicência, injúria ou mesmo um
aborrecimento injusto. Este tipo de segredo é anterior a qualquer relacionamento
profissional, porque faz parte intrínseca do ser humano.
É dever da justiça guardar os segredos naturais.
Ex: Um defeito físico que a pessoa deseje manter em segredo.

Segredo prometido: É o conhecimento de qualquer fato oculto da vida de uma


pessoa de que outra passa a tomar conhecimento, prometendo, após observá-lo
ou ouvi-lo, continuar mantendo o segredo.
É dever de lealdade guarda os segredos prometidos, em se tratando
principalmente da gravidade do que se viu ou ouviu. Se, porém, o segredo
prometido envolve matéria de segredo natural, o dever de lealdade passa a ser
um dever de justiça.
Ex: Uma conversa íntima que se ouve, uma atitude secreta que se surpreende,
etc.

Segredo confiado: É o conhecimento de um fato ou de uma condição ocultos da


vida de uma pessoa e dos quais só se toma conhecimento, mediante a promessa
implícita ou explícita de que não haverá divulgação. A comunicação se dá num
plano contratual.
Ex: O segredo profissional, porque todo profissional tem obrigação de guardar
segredo sobre tudo o que venha a saber em razão de sua atividade profissional.
Quando as pessoas procuram os profissionais, utilizem os seus serviços, estará
implícito ou explícito o aspecto contratual, as garantias de descrição sobre o que
lhes diz respeito, isto é, precisam confiar nos profissionais, com a certeza de que
são éticos.

Segundo Machado de Assis: “os homens valem por diferentes modos e o mais
seguro de todos é valer pela opinião dos outros homens”.

Segredo profissional. Entende-se por segredo profissional aquele a que todo


profissional se obriga ao assumir as prerrogativas de uma profissão.

O Segredo profissional engloba todos os três tipos de segredos citados acima,


especialmente o segredo confiado, posto que aumenta o seu dimensionamento,
porque não só razões de ordem particular, mas, em muitos casos, o bem-estar de
uma comunidade, a ordem pública etc.

Fundamentos

São principais fundamentos do segredo profissional:

21
1. A maneira como foi conhecido pelo profissional: observação legitima
investigação científica, ato de confiança do cliente;

2. A natureza do assunto sigiloso que poderá ser estritamente pessoal, ou


envolver outras pessoas, ou outros objetivos, até de caráter social;

3. O respeito pela dignidade da pessoa humana que tem direito natural à sua
reputação, ainda que ela seja aparente;

4. O respeito a uma obrigação nascida da lei, de uma promessa formal ou de


um compromisso tácito ou expresso, assumido pelo profissional;

5. A necessidade de orientação e de ajuda que as pessoas precisam buscar


nos profissionais e, por sua vez, a segurança e a confiança que eles devem
inspirar nos seus clientes: melhor será a intervenção profissional na vida, às
vezes, íntima dos clientes, em clima de confiança e lealdade.

Limites. A inviolabilidade do segredo profissional não é absoluta, porque um


segredo pode envolver razões de ordem social muito graves, pois ele é
considerado também como tendo uma função social, uma vez que nenhuma
pessoa humana vive só, mas engajada em contexto sócio-cultural que, às vezes, é
afetado pelos segredos pessoais.

Todo profissional terá que estar bem capacitado para discernir, pois várias
implicações acompanham a inviolabilidade do segredo profissional que nem
sempre poderá ser absoluta.

Exemplos de casos que permitem a revelação do segredo profissional:

1. O bem de uma terceira pessoa envolvida pelo segredo. Nos casos, por
exemplo, de defeito físico irremediável que possa tornar nulo um
casamento; nos casos de toxicomania, nos casos de sevícias ou castigos
corporais impostos a menores; para os médicos, a notificação compulsória
de doenças infecto-contagiosas é obrigatória, anulando qualquer tipo de
segredo. (Código de Ética Médica, art. 38, alínea “a” e Código Penal
Brasileiro, art. 269).

2. O bem do próprio cliente, dono do segredo. Serve, como exemplo, o caso


de um detento de uma Penitenciaria que planejou sua fuga, com a ajuda de
um guarda que o auxiliaria mediante recompensa em dinheiro. Tomando
conhecimento do segredo, pela confiança que o cliente depositava no
profissional, neste caso um Assistente Social, este levou o fato, ressalvadas
as condições estabelecidas para revelação de um segredo, ao
conhecimento do Diretor do Presídio, impedindo assim que o seu cliente,
enfrentando uma fuga difícil e perigosa, viesse a sofrer graves
conseqüências. A guarda foi reforçada e o detento em tela mais observado
ou mesmo vigiado.
22
3. O bem-estar geral, ou seja, a garantia da comunidade – são os casos de
clientes que se dedicam ao comércio de tóxicos, dos foragidos da justiça a
que apresentam alta periculosidade, dos que cometem crimes e não se
apresentam, deixando que outra pessoa inocente seja processada em seu
lugar. Qualquer profissional, nestes casos, poderá revelar o segredo
profissional, tendo em vista, que fique bem claro, salvaguardar os
interesses do bem-comum e nunca exclusivamente para punir os seus
clientes por atos delituosos.

4. O bem do próprio profissional detentor do segredo. Servirá, como exemplo,


o caso de um advogado que, ameaçado de chantagem por parte de um
cliente, se dispõe a deixar seu emprego, pois o cliente é “persona grata” do
Diretor do Departamento Jurídico em que o citado causídico trabalha.
Entretanto, nenhum problema de consciência ou legal este profissional
teria, se viesse a revelar o segredo do cliente desonesto. Ao que tudo
indica, o medo o estaria levando a uma atitude injusta para com ele próprio.

A revelação do segredo profissional, mesmo quando justa, exige uma série


de condições que precisam ser observadas pelos profissionais, tais como:

1. A revelação do que for estritamente necessário para a solução do


problema acobertada pelo segredo;

2. A divulgação será feita ao menor número de pessoas ou entidades


possíveis, apenas aquelas que poderão, de fato, colaborar para a
solução do problema;

3. A revelação só será admissível depois que o profissional, detentor do


segredo, tiver esgotado todos os recursos e esforços, para que o
próprio cliente se disponha a revelar o seu segredo;

4. Que o dano que esteja afetando uma terceira pessoa, a comunidade


ou o próprio profissional seja um dano grave, injusto e iminente.
Nenhum profissional tem o direito de revelar um segredo por um
dano que só ocorrerá remotamente.

Não obstante a regras pré-estabelecidas, o profissional precisa possuir bastante


discernimento neste particular, pois a dimensão de um segredo é sempre
proporcional aos prejuízos que injustamente poderá causar ao bem público ou o
bem individual. Isto nos mostra que a obrigação de manter ou revelar um segredo
profissional depende de vários fatores, logo a força não é sempre a mesma nos
casos de revelação de um segredo profissional.
O profissional deve estar bem seguro do assunto e das implicações que envolvem
o segredo profissional, para evitar o aparecimento de “conflitos” para ele próprio,
para os clientes ou para outras pessoas interessadas, conforme os casos a serem
resolvidos.
23
Segredo da confissão. Este segredo, do tipo confiado, é o único que não pode ser
revelado, porque se reveste de implicações religiosas.

Segundo a Igreja Católica, a Confissão é um sacramento que permite a


reconciliação do homem com Deus, mediante a promessa de Cristo aos apóstolos:
“Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra, será ligado no céu; e tudo
o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu”. Mateus (Cap. 18
– versículo 18). (Apóstolo João, Capítulo 20, versículos 22 e 23).

Considerando-se este posicionamento, o sacerdote não é apenas um profissional,


mas um homem investido de um poder de caráter religioso, o que leva à
inviolabilidade absoluta do segredo da Confissão.

Segredo participado. Segredo participado é aquele que precisa ser revelado, para
permitir a ação de um grupo de profissionais, para melhor solução de um
problema, seja ele individual, grupal ou comunitário.

O trabalho em equipe é hoje uma realidade, principalmente em determinadas


profissões, em que um só profissional não bastaria para a solução dos problemas
sociais.

O Código de Ética Médica, em seu art. 34, parágrafo único, esclarece: “Deve o
médico empenhar-se no sentido de estender aos seus auxiliares a mesma
obrigação de guardar o segredo colhido no exercício de sua profissão”.
Nestes casos, o segredo participado ficará sujeito às mesmas exigências do
segredo profissional ordinário quanto à sua divulgação.

O Código de Ética e Bioética em Enfermagem em seu artigo 29, assim se


manifesta:

Art. 29. Manter segredo sobre fato sigiloso de que tenha conhecimentos em razão
de sua atividade profissional, exceto nos casos previstos em Lei.

O Código de Ética do Psicanalista, assim se manifesta:

IV. Sigilo Profissional

Art. 6º - O Psicanalista está obrigado a guardar sigilo profissional, nos


seguintes termos:

1- O Sigilo profissional terá caráter absoluto dentro das atividades


profissionais;

24
2- É vedado ao Psicanalista divulgar, em particular ou em público,
quaisquer informes que tenham origem nas palavras do pacientes, mesmo que
estes tenham dito que os mesmos não eram segredáveis;

3- O Psicanalista não pode informar a outro profissional, mesmo que


seja Psicanalista, sobre qualquer referência a respeito de paciente e de seu
estado de saúde, sem que haja autorização por escrito do mesmo;

4- O Psicanalista não pode fazer menção do nome de seus pacientes,


mesmo quando apresentando casos clínicos, ainda que os pacientes autorizem;

5- O Psicanalista poderá apresentar um caso clínico em alguma


atividade acadêmica (palestra, aula, conferência, congresso etc.) desde que
apresente sob pseudônimo, sem nenhuma referência a seus pacientes.

6- É vedado ao Psicanalista apresentar, mesmo sob pseudônimo, um


caso clínico de pessoa presente à palestra ou conferência, ressalvando o fato de o
paciente o ter autorizado, por escrito;

7- O Psicanalista não pode identificar o paciente ou ex-paciente, como


tal, diante de terceiros;

8- O psicanalista está proibido de comentar sobre pacientes, mesmo


com pessoas de sua intimidade, com esposa, filhos, etc.;

9- O Psicanalista não pode comentar casos de pacientes com outros


pacientes mesmo com intenção de encorajá-los, pois isto tanto foge da técnica
quando amedronta o paciente;

10- O Psicanalista, se fizer uso de anotações das sessões, estará


obrigado ao sigilo e manter sob sua responsabilidade a guarda, mantendo ainda
cuidado absoluto garantindo que ninguém delas tome conhecimento, sendo de
bom alvitre que anote sob certas condições ou adote pseudônimos para os
pacientes na ficha, pastas ou em arquivo de computador;

11- O Psicanalista tem o dever de comunicar a sua respectiva


Associação toda e qualquer informação sobre colegas de sua Sociedade que
esteja infringindo quaisquer princípios éticos ou se conduzindo aleivosamente;

12- Em caso de solicitação policial ou judicial na qual a autoridade peça


informações sobre alguma fala ou fato conhecido de qualquer paciente, vivo ou
morto, o Psicanalista só poderá informar, após a consulta a sua Associação e ao
paciente, se vivo, e mesmo assim se tal informação trouxer benefício para o
paciente ou a sua família. Se morto deverá antes ser consultado a família e obter
autorização por escrito da mesma.

25
13- Mesmo em caso de pressão da autoridade para que seja revelado
algum conteúdo que não venha a beneficiar ao paciente ou sua família, o
Psicanalista terá que silenciar em nome da ética.

VII. Psicanálise e Justiça

Art. 17 - Diante das autoridades judiciais e policiais, o Psicanalista se


portará do seguinte modo:

1- Além dos casos já enquadrados nos capítulos do sigilo (nº 12 do art.


6º), nunca se apresente para testemunhar contra paciente, atuais ou
antigos;

2- Nunca forneça as anotações que tenha sobre o paciente, mesmo


sendo para sua ajuda;

3- Em caso de colaborar com a Justiça e/ou Polícia para beneficiar ao


Paciente, de acordo com o já estabelecido neste Código de Ética,
que o faça verbalmente;

4- Nunca se pronuncie sobre crimes e fatos sociais graves como


cidadão comum. Sendo necessário, a eles se refira na ótica
psicanalítica;

5- Nunca exerça julgamento de pessoas, fatos ou fenômenos


especialmente em público ou pela imprensa.

O segredo profissional participado poderá ser revelado aos órgãos executivos da


entidade em que esteja engajado o profissional: a um serviço médico, por
exemplo, a um serviço de segurança social. Também entre as obras assistenciais
da comunidade interessadas e capazes de colaborar na solução do problema, a
divulgação é permitida, pois a troca de informação, às vezes, é de real importância
para a solução de um problema social.

O segredo participado, porém, apresenta exigências quanto à sua revelação:

1. Garantias de discrição por parte das entidades detentoras do segredo;

2. Necessidade absoluta de outros profissionais tomarem ciência do segredo;

3. Repressão aos abusos;

4. Consentimento, pelo menos presumível, do cliente ou do interessado;

5. Respeito às normas que limitam a revelação de um segredo, quando há


necessidade de torná-lo participado, seja o segredo profissional ou não;

26
6. Não divulgação do segredo ou informações a ele referentes aos poderes
policial, civil ou religioso, a não ser nos casos graves que permitem a
libertação de um segredo.

O segredo participado é hoje uma “exigência” em qualquer área da atuação


profissional, mas exigência que supõe ponderação, discernimento e respeito
pelo “direito do outro” de não querer que sejam expostos, mesmo perante um
reduzido número de pessoas, os seus problemas ou a sua própria vida.

LEGISLAÇÃO VIGENTE

No Brasil, todo profissional é obrigado pela lei a guardar segredo sobre todas
as confidências recebidas e os fatos de que tenha conhecimento ou haja
observado no exercício de sua atividade profissional.

Código Penal Brasileiro.

Divulgação de segredo:

Art. 153. Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular
ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja
divulgação possa produzir dano a outrem:

Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

§ 1º. Somente se procede mediante representação.

§ 2º. Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação pena será
incondicionada.

Violação do segredo profissional:

Art. 154. Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência
em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação
possa produzir dano a outrem:

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

§ único. Somente se procede mediante representação.

O presente artigo prevê pena de detenção e de multa para todo


profissional que, sem justa causa, revelar segredo de que tenha ciência
em razão de função, ministério, ofício ou profissão e cuja revelação
possa produzir dano a outrem.

27
Art. 330. Desobedecer a ordem legal de funcionário público:

Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, e multa.

A recusa ao depoimento na qualidade de testemunha judicial,


administrativa ou policial deve acontecer diante da autoridade, uma vez
que a ordem judicial tem de ser cumprida pelo profissional - aqui o
psicanalista – sob pena de responder por crime de desobediência.

O Código de Processo Penal, por sua vez, estabelece:

Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função,


ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se,
desobrigado pela parte interessada, quiserem dar seu testemunho.

O Código Civil, no mesmo sentido, dispõe que:

Art. 229. Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato:

I – a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guarda segredo;

II – a que não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, parente
em grau sucessível, ou amigo íntimo;

III - que o exponha, ou às pessoas referidas no inciso antecedente, a perigo de


vida, de demanda, ou de dano patrimonial imediato.

Código de Processo Civil, assim dispõe em seus arts. 406 e 412.

Art. 406. A testemunha não é obrigada a depor de fatos:

I – que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge e aos seus
parentes consangüíneos ou afins, em linha reta, ou na colateral em segundo
grau;

II – a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.

Art. 412. A testemunha é intimada a comparecer à audiência, constando do


mandado dia, hora e local, bem como os nomes das partes e a natureza da
causa. Se a testemunha deixar de comparecer, sem motivo justificado, será
conduzida, respondendo pelas despesas do adiamento.

28
§ 1º. A parte pode comprometer-se a levar à audiência a testemunha,
independentemente de intimação; presumindo-se caso não compareça, que
desistiu de ouvi-la.

§ 2º. Quando figurar no rol de testemunhas funcionário público ou militar, o juiz


o requisitará ao chefe de repartição ou ao comando do corpo em que servir.

§ 3º. A intimação poderá ser feita pelo correio, sob registro ou com entrega em
mão própria, quando a testemunha tiver residência certa.

Nessa situação, a solicitação ou autorização do analisando, paciente ou


cliente, não libera o profissional para revelar informações sigilosas, pois
a regra é imposta pelo próprio Código de Ética e tal dever não pode
ser-lhe isentado pelo analisando, paciente ou cliente.

Assim, sempre que um profissional é intimado a prestar depoimento em


relação a fatos ligados à sua atividade profissional, deve comparecer à
autoridade competente, declarando estar ligado a obrigações de segredo
profissional.

Não é lícito, porém a nenhum profissional revelar um segredo, com o objetivo


exclusivo de punir. Nos casos de infração à lei, o aconselhável é que o
profissional faça com que o seu cliente se conscientize do seu erro e faça ele
mesmo a revelação.

A importância do segredo profissional se impõe desde a Antiguidade; pois


Hipócrates, o notável médico grego, 460 anos antes de Cristo, já reconhecia o
seu valor, daí o seu juramento que ainda hoje é praticado pelos profissionais
da Medicina.

“Penetrando no interior dos lares, meus olhos serão cegos e minha língua se
calará aos segredos que me forem revelados, o que terei como preceito de
honra...”.

A garantia e o valor de uma profissão estão mesmo é na consciência firme e


autêntica dos profissionais.

O Segredo profissional, porém, já é algo intrínseco a qualquer profissão, como


tivermos oportunidade de enfocar neste livro, sendo dispensável acrescentá-lo
a um juramento de natureza profissional.

SIGILO PROFISSIONAL

“Não dizer o homem o segredo que sabe é guardar segredo às coisas,


mas não dizer que sabe é guardar segredo do segredo”.

Trecho de um dos famosos discursos do Padre Antônio Vieira, no século XVII.


29
O sigilo é inerente à profissão de PSICANALISTA. Está umbilicalmente ligado à
confiabilidade. Não há prazo capaz de isentar o psicanalista quanto ao dever
do sigilo, nem mesmo após a morte do analisando o libera da responsabilidade
do sigilo. E somente nos casos previsto no Código de Ética acima exposto,
justifica a violação das informações sigilosas.

O Psicanalista, quando recebe um segredo, quer seja segredo natural,


prometido ou confiado (através do discurso do paciente ou não), só o recebe
porque o paciente analisando tem a certeza de que tal fato jamais será
revelado a ninguém.

Qual a diferença entre segredo e sigilo, a resposta é dada pelo professor


Robison Baroni, citado por Laurady Figueiredo, em sua obra Ética Profissional.

O sigilo existe para proteger o segredo. É, pois, mais importante que o próprio
segredo e, dessa forma, protege todas as informações obtidas pelo
psicanalista no exercício da profissão.

Exemplo: Imaginemos um envelope cujo conteúdo engloba todas as


informações que o psicanalista detém em razão da atividade profissional
(anamnese, cartas, consultas, ligações telefônicas, documentos, anotações
etc.), todos esses dados representam segredo; nesse envelope existe um
lacre, e este representa o sigilo.

O sigilo é dever do psicanalista. Trata-se de um princípio de ordem pública,


porém não absoluto, pois como vimos acima, o próprio Código de Ética, em
seus artigos já citados e a legislação ordinária vigente, elenca as situações em
que poderão ser quebradas, sem qualquer infração ética, civil ou penal.

Que dentre outras poderemos citar: Grave ameaça ao direito à vida, à honra ou
nas situações em que o psicanalista se veja afrontado ou ameaçado pelo
paciente analisando e, nos limites da defesa, tenha de revelar segredo.

O sigilo não apenas é um dever de ordem ética, pois a legislações penal e civil,
como vimos, regulamentam a questão da proteção das informações recebidas
no procedimento analítico entre o psicanalista e o paciente analisando.

OS DEZ MANDAMENTOS DA ÉTICA SEGUNDO GABRIEL CHALITA.

1. FAZER O BEM;

A busca de toda atividade humana é o bem.

2. AGIR COM MODERAÇÃO;

A moderação é o modelo de toda conduta ética.


30
3. SABER ESCOLHER;
As escolhas revelam o nosso caráter.

4. PRATICAR AS VIRTUDES;

As várias faces da excelência moral.

5. VIVER A JUSTIÇA;

A justiça é a excelência mais completa.

6. VALER-SE DA RAZÃO;

A precisão do intelecto.

7. VALER-SE DO CORAÇÃO;

As fontes do mal.

8. SER AMIGO;

Os amigos nos ligam ao mundo.

9. CULTIVAR O AMOR;

Os detalhes da convivência.

10. SER FELIZ;

Os prazeres da ética.

31
Caro colega Psicanalista.

A associação tem como objetivo regular e fiscalizar o exercício e o


desenvolvimento da profissão de forma compatível com as condutas sociais aceita
em uma sociedade justa e equilibrada, a fim de conquista a credibilidade do
exercício profissional do psicanalista.

Entende a associação que o cuidado com a profissão passa pela formação


acadêmica do futuro psicanalista, o qual deve ter uma maior aproximação com a
associação e desta um bom acompanhamento da sua formação.

Assim, os colegas e os futuros colegas encontrarão esclarecimentos básicos a


respeito da legislação que rege o exercício profissão, bem como, normatização
éticas e técnicas que dizem respeito ao exercício da profissão.

Aqui encontrarão os colegas e futuros colegas informações administrativas que


facilitarão o exercício profissional.

Cabem aos colegas e futuros colegas, zelar pela profissão, denunciando a


associação as irregularidades observadas no exercício profissional.

Cabe exclusivamente ao profissional devidamente registrado participar do


processo eleitoral.

As solicitações de orientações a respeito da psicanálise e de seu exercício


profissional, deverão ser procuradas pessoalmente na sede da APC.

A nossa profissão é livre, posto que não tem lei que a discipline e cabe aos
psicanalistas e a associação a sua fiscalização.

CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL

32
I. Denominação

Art. 1º - Sob a denominação de Código de Ética Profissional dos


Psicanalistas da Associação de Psicanálise Clínica do Espírito Santo - APC – ES,
é aprovado pela Assembléia Geral da Associação de Psicanálise Clínica do
Espírito Santo - APC – ES, o instrumento que disciplina todos os aspectos da vida
profissional e condutas dos Psicanalistas membros da mesma, a ela filiados.

Parágrafo Único – O presente Código de Ética Profissional, será,


doravante, neste Código, denominado apenas por Código de Ética.

II. Objetivos

Art. 2º - A Ética Psicanalítica postulada no presente Código de Ética é


fundamentada nos princípios da filosofia universal, nos seus capítulos específicos.

Art. 3º - Os objetivos éticos da Psicanálise serão sempre “tornar o


inconsciente consciente ” e “ buscar a verdade, tão-somente a verdade e nada
mais que a verdade”.

Art. 4º - A Ética Psicanalítica não copia outras éticas, pelo fato de a


Psicanálise ter uma visão do homem diferenciada de todas as outras ciências, ter
objetivos diferentes e empregar meios ou metodologias igualmente diversas das
demais ciências no que concerne à abordagem humana.

III. Atribuições

Art. 5º - São princípios éticos que os Psicanalistas estão obrigados a


cumprir e fazer cumprir:

1- Obediência irrestrita à filosofia e pensamento psicanalítico aceitos e


reconhecidos pela Associação de Psicanálise Clínica do Espírito Santo - APC –
ES.

2- Cumprir e fazer cumprir todas as normas emanadas da Associação,


tanto oriundas do Conselho Associação de Psicanálise Clínica do Espírito Santo -
APC – ES e de sua Comissão de Ética;

3- Seguir as diretrizes estabelecidas pela Diretoria desta Sociedade ao


abrigo do previsto nos Estatutos da Associação de Psicanálise Clínica do Espírito
Santo - APC – ES, bem como Normas aprovadas pelas respectivas Assembléias;

33
4- Contribuir e participar de atividades de interesse da classe
psicanalítica;

5- Desempenhar, com dedicação, dignidade, seriedade e interesse a


sua profissão;

6- Orientar-se-á, no exercício de sua profissão, pela Declaração


Universal dos Direitos Humanos, aprovados pela Assembléia Geral da ONU em
10.12.1948 e pela Constituição da República federativa do Brasil em seu artigo 5º,
II e XIII;

7- Utilizar em sua profissão, tão somente os princípios psicanalíticos


aceitos e reconhecidos pela Associação de Psicanálise Clínica do Espírito Santo -
APC – ES;

8- Respeitar todas as raças, todos os credos e filosofias de vida, sem


restrição;

9- Desempenhar sua profissão sem que venha inculcar quaisquer tipos


de idéias ou ideologias sem seus pacientes, mesmo que tais idéias pareçam as
melhores deste mundo;

10- Buscar constantemente o desenvolvimento psicanalítico,


participando de cursos de mestrado, pós-graduação, especialização, de
congressos e afins realizados;

11- Buscar a ampliação do horizonte cultural através de leituras e


estudos de ciências afins ou que com a Psicanálise se relacione e interage;

12- Ter comportamento absolutamente amoral diante dos problemas


apresentados pelos pacientes.

IV. Sigilo Profissional

Art. 6º - O Psicanalista está obrigado a guardar sigilo profissional, nos


seguintes termos:

1- O Sigilo profissional terá caráter absoluto dentro das atividades


profissionais;

2- É vedado ao Psicanalista divulgar, em particular ou em público,


quaisquer informes que tenham origem nas palavras do pacientes, mesmo que
estes tenham dito que os mesmos não eram segredáveis;

34
3- O Psicanalista não pode informar a outro profissional, mesmo que
seja Psicanalista, sobre qualquer referência a respeito de paciente e de seu
estado de saúde, sem que haja autorização por escrito do mesmo;

4- O Psicanalista não pode fazer menção do nome de seus pacientes,


mesmo quando apresentando casos clínicos, ainda que os pacientes autorizem;

5- O Psicanalista poderá apresentar um caso clínico em alguma


atividade acadêmica (palestra, aula, conferência, congresso etc.) desde que
apresente sob pseudônimo, sem nenhuma referência a seus pacientes

6- É vedado ao Psicanalista apresentar, mesmo sob pseudônimo, um


caso clínico de pessoa presente à palestra ou conferência, ressalvando o fato de o
paciente o ter autorizado, por escrito;

7- O Psicanalista não pode identificar o paciente ou ex-paciente, como


tal, diante de terceiros;

8- O psicanalista está proibido de comentar sobre pacientes, mesmo


com pessoas de sua intimidade, com esposa, filhos, etc.;

9- O Psicanalista não pode comentar casos de pacientes com outros


pacientes mesmo com intenção de encorajá-los, pois isto tanto foge da técnica
quando amedronta o paciente;

10- O Psicanalista, se fizer uso de anotações das sessões, estará


obrigado ao sigilo e manter sob sua responsabilidade a guarda, mantendo ainda
cuidado absoluto garantindo que ninguém delas tome conhecimento, sendo de
bom alvitre que anote sob certas condições ou adote pseudônimos para os
pacientes na ficha, pastas ou em arquivo de computador;

11- O Psicanalista tem o dever de comunicar a sua respectiva


Associação toda e qualquer informação sobre colegas de sua Sociedade que
esteja infringindo quaisquer princípios éticos ou se conduzindo aleivosamente;

12- Em caso de solicitação policial ou judicial na qual a autoridade peça


informações sobre alguma fala ou fato conhecido de qualquer paciente, vivo ou
morto, o Psicanalista só poderá informar, após a consulta a sua Associação e ao
paciente, se vivo, e mesmo assim se tal informação trouxer benefício para o
paciente ou a sua família. Se morto deverá antes ser consultado a família e obter
autorização por escrito da mesma.

13- Mesmo em caso de pressão da autoridade para que seja revelado


algum conteúdo que não venha a beneficiar ao paciente ou sua família, o
Psicanalista terá que silenciar em nome da ética.

35
V. Atribuição Ética Institucional

Art. 7º - São atribuições do Conselho Psicanalítico da Associação de


Psicanálise Clínica do Espírito Santo - APC – ES, sobre os Psicanalistas a ela
filiados, o seguinte:

1 - A Associação citada no “caput” deste artigo está obrigada a


instaurar sindicância sobre qualquer denúncia feita contra Psicanalista membro,
tanto por colegas ou terceiros, sendo tais sindicâncias constituídas de no mínimo
três Psicanalistas no gozo de suas prerrogativas;

2- As sindicâncias assim instaladas para apuração de denúncias contra


Psicanalistas o serão por ato escrito do Presidente da respectiva Associação;

3- O Prazo dado à Comissão de Sindicância para averiguações será de


30 (trinta) dias, prorrogáveis igualmente por escrito, desde que solicitado pelo
relator, por mais trinta (30) dias;

4- A Comissão de Sindicância terá um relator nomeado pelo


Presidente da Associação, dentre os componentes da Comissão em questão;

5- A Comissão de Sindicância terá que reunir todas as informações


possíveis, ouvir testemunhas etc., e, sobretudo, tomar o depoimento do
Psicanalista denunciado;

6- A Comissão, depois de tomadas todas as providências como


sindicância, fará um relatório detalhado de todas as informações e constatações,
opinando sobre a culpabilidade ou isenção da mesma;

7- A Comissão de Sindicância, encerrando os trabalhos de


levantamento de dados e depoimentos, terá 15 (quinze) dias para entregar, em
forma de processo, os autos ao Presidente da respectiva Associação;

8- De posse dos autos de sindicância, o Presidente da Associação


convocará uma reunião da Comissão de Ética do mesmo, que apreciará o relatório
da Comissão de Sindicância e tomará as seguintes medidas:

a) Em caso de improcedência das acusações feitas, aconselhará ao


Presidente da Associação quanto ao arquivamento da mesma;

b) Em caso de procedência das acusações, não sendo as tais graves o


bastante que demandem punição suspensiva, a Comissão poderá
emitir um ofício ao Psicanalista com caráter de orientação e de
censura reservada;

36
c) Em caso de procedência das acusações, sendo as tais graves o
bastante que demandem punição suspensiva, a Comissão fará um
relatório sugerindo as medidas cabíveis e solicitará ao Presidente da
Associação a convocação de uma reunião plenária para apreciar o
mesmo e sobre o assunto deliberar;

d) A Associação de Psicanalistas, por decisão plenária tomada por


maioria simples de votos, poderá tomar as seguintes deliberações;

1- Emitir advertência ao Psicanalista;

2- Suspender o Psicanalista do exercício profissional por um


período de até 02 (dois) anos;

3- Estabelecer processo de reabilitação ao profissional que for


suspenso do exercício da Psicanálise por período igual ou
superior a um ano.

e) A Associação de Psicanalistas, por decisão plenária por maioria


absoluta de votos presentes, poderá excluir o Psicanalista do seu
quadro de Psicanalistas credenciados, impedindo-o de clinicar
definitivamente sob seus auspícios;

f) A convocação de que trata a letra “c” do nº 8 do art. 7º deste Código


de Ética, será feita pelo Presidente da Associação com o prazo de
30 (trinta) dias, mediante convocações por escrito a todos os
membros;

g) Na reunião plenária da Associação será dado amplo direito de


defesa ao Psicanalista objeto da acusação;

h) A decisão da Associação, nos casos de punição de suspensão


temporária ou definitiva, será tomada após duas reuniões em que
todos os trâmites sejam respeitados;

i) Caberá ao (s) acusado (s), recurso junto ao Conselho Superior


Psicanalítico, que será constituído do Presidente da APC - ES e
mais quatro Psicanalistas indicados anualmente e que não farão
parte da comissão interdisciplinar, que poderá confirmar ou reformar
as decisões tomadas pela Comissão interdisciplinar;

j) O Conselho Superior Psicanalítico respeitará, igualmente, o


estabelecido na letra “h” do nº 8 do art. 7º deste Código de Ética;

k) Em caso de suspensão definitiva, com cassação do Registro


profissional de Psicanalista, o Conselho Superior, ou a Associação
Psicanalista, no caso de ter havido recurso, após a decisão, fará
37
publicar em jornal de circulação regional (Estado da Associação em
que for membro o Psicanalista objeto da punição);

l) Em todos os demais casos de punição, será obedecido o critério de


confidencialidade.

VI. Direitos Profissionais

Art. 8º - São direitos do Psicanalista:

1- Recusar pacientes com patologia estrutural;

2- Recusar paciente não analisável;

3- Recusar paciente com patologia neurológica que inviabilize o


tratamento psicanalítico;

4- Recusar conduzir qualquer processo de Psicanálise, mesmo os não


enquadrados nos itens anteriores ou que firam leis ou normas desta
Sociedade, mas que estão em desacordo com a sua consciência;

5- Recusar paciente que lhe esteja vinculado por laços de amizade ou


parentesco;

6- À luz do contrato analítico, cobrar e receber remuneração justa pelos


seus serviços, sempre dentro da ética profissional;

7- Não fornecer, quando for o caso, o seu endereço e o seu telefone


particular.

VII. Direitos do Paciente

Art. 9º - São Direitos do paciente:

2- Direito de desconfiar do Psicanalista;

3- Direito de escolher livremente o seu Psicanalista;


4- Direito de em qualquer tempo, de modo unilateral, encerrar o
tratamento;

5- Direito de encerrar livremente, a resistência;

38
6- Direito de exigir o cumprimento do contrato analítico, no que lhe diz
respeito, na íntegra;

7- Direito de não aceitar mudanças de horários, ao capricho do


psicanalista;

8- Direito de falar ou de ficar calado no tempo que lhe pertence;

9- Direito de recibo pelos honorários honrados.

VIII. Responsabilidade do Psicanalista:

Art. 10 São responsabilidades básicas do Psicanalista:

1- Encontrar-se devidamente registrado em Sociedade Psicanalista, no


caso, na Associação de Psicanálise Clínica do Espírito Santo - APC
– ES;

2- Estar em dia com a anuidade correspondente, cobrada pela


Associação de Psicanálise Clínica do Espírito Santo - APC – ES a
quem está afiliado;

3- Encontrar-se devidamente registrado na municipalidade, na


Secretária Estadual de Saúde, com os respectivos alvarás e demais
impostos devidos honrados;

4- Desempenhar os seus serviços psicanalíticos em consultório


devidamente instalado, com ambiente de qualidade e divã adequado;

5- Apresentar-se em indumentária de fino trato, com postura e alinho


próprios de um profissional de nível;

6- Empregar terminologia técnica ou em vernáculo clássico, nunca se


expressando em palavras de baixo calão em ambiente privado ou
público;

7- Ter vida moral e familiar ilibada perante a Sociedade;

8- Se professar alguma religião ou seguir determinada ideologia, que o


faça de modo educado, pacífico e polido, sem fanatismo, a fim de
não se tornar “pivô” de contrariedades públicas;

9- Se exercer outra profissão, aproveite-se dela para dignificar a


Psicanálise, abrindo portas para o seu crescimento da Psicanálise,
dos colegas, além do seu próprio;
39
10- Ser defensor público dos princípios e da teoria da Psicanálise;

11- Abster-se de falar mal de colegas de profissão, principalmente com


fins de angariar pacientes para si.

IX. Impedimentos

Art. 11 - É vedado ao Psicanalista:

1- Obter vantagem física, religiosa, política, amorosa, financeira e


emocional, do paciente, no decorrer do tratamento psicanalítico que
ministre;

2- Invadir o pudor moral da pessoa por ele atendida;

3- Se utilizar de títulos que não possua;

4- Se utilizar de técnicas alheias e estranhas à Psicanálise, por


qualquer motivos, mesmo os mais louváveis;

5- Insistir com o paciente quanto a inerrância de sua interpretação;

6- Transferir suas obrigações profissionais por quaisquer motivos, a


outro profissional, mesmo Psicanalista;

7- Fazer qualquer tipo de julgamento de atitudes, palavras


comportamentos, etc.;

8- Aconselhar, sob qualquer pretexto;

9- Induzir;

10- Encorajar;

11- Desaconselhar, etc.

X. Relações Inter-Multi-Profissionais

Art. 12 - O Psicanalista sempre se portará favoravelmente quanto aos


colegas de profissão, mesmo de outras sociedades.

Parágrafo único – No caso do Psicanalista não poder falar bem de um


colega, cale-se tão somente.
40
Art. 13 - O Psicanalista nunca desacreditará ao médico, valorizando
sempre o seu trabalho, não tendo, contudo, que aceitar os seus
diagnósticos equivocados, quando for o caso.

Art. 14 - O Psicanalista, sempre que necessário ou se lhe oferecer


oportunidade esclarecerá que sua profissão não é o mesmo que
Psicologia ou Medicina, contudo não as desvalorize perante a
Psicanálise.

Art. 15 - O Psicanalista não polemizará, em nenhuma hipótese, com


clérigos e afins.

Art. 16 - Quando o paciente apresentar patologia diversa da que trata a


Psicanálise, o Psicanalista encaminhará, após esclarecimentos, o
paciente, preferencialmente, a um profissional já da confiança do
paciente ou que ele já o conheça.

XI. Psicanálise e Justiça

Art. 17 - Diante das autoridades judiciais e policiais, o Psicanalista se


portará do seguinte modo:

6- Além dos casos já enquadrados nos capítulos do sigilo (nº 12 do art.


6º), nunca se apresente para testemunhar contra paciente, atuais ou
antigos;

7- Nunca forneça as anotações que tenha sobre o paciente, mesmo


sendo para sua ajuda;

8- Em caso de colaborar com a Justiça e/ou Polícia para beneficiar ao


Paciente, de acordo com o já estabelecido neste Código de Ética,
que o faça verbalmente;

9- Nunca se pronuncie sobre crimes e fatos sociais graves como


cidadão comum. Sendo necessário, a eles se refira na ótica
psicanalítica;

10-Nunca exerça julgamento de pessoas, fatos ou fenômenos


especialmente em público ou pela imprensa.
XII. O Psicanalista e Outros Movimentos

Art. 18 - O Psicanalista diante de terapias alternativas e/ou movimento


holístico, portar-se-á do seguinte modo:

41
1- Não polemize com ninguém contra ou a favor de qualquer uma
delas;

2- Respeite a todas, como manifestação das capacidades humanas;

3- Não as desacredite nem as aconselhe, nem pública nem de modo


privado;

4- Não se envolva, nem as pratique, em hipótese alguma que possa


parecer associação da Psicanálise às tais;

5- Não encaminhe, em nenhuma hipótese, pacientes para as tais;

6- Evite utilizá-las para seu próprio tratamento, caso isto tenha


possibilidade de tornar-se público.

XIII. Honorários

Art. 19 - O Psicanalista diante da questão “intercâmbio de tempo e


dinheiro”, conhecida como Honorários, portar-se-á do seguinte modo:

1- O Psicanalista deve obedecer no mínimo o valor estabelecido pela


tabela de honorários fixados pela Associação de Psicanálise Clínica
do Espírito Santo - APC – ES;

2- O Psicanalista deve cobrar o máximo por sessão que seja


compatível com a condição sócio-econômica do paciente, sem, no
entanto, exorbitar do bom senso;

3- O Psicanalista não pode, em nenhuma hipótese, tratar qualquer


paciente gratuitamente;

4- O Psicanalista não pode perdoar dívidas do paciente;

5- O Psicanalista não pode usar o constrangimento do cheque


pré-datado por sessões ainda não realizadas;

6- O Psicanalista, preferindo o paciente, poderá cobrar por sessão,


podendo neste caso ser cobrado antes do início da sessão;

7- O Psicanalista deve cobrar as sessões por períodos mensais,


previamente estabelecidos no contrato analítico;

8- O Psicanalista não pode demonstrar preocupação com a questão


dos honorários, além da estabelecida no contrato analítico;

42
9- Cabe ao Psicanalista propor o preço por sessão e/ou aceitar a
contraproposta vinda do paciente, desde que nunca inferior a da
tabela fixada pela Associação de Psicanálise Clínica do Espírito
Santo - APC – ES;

Parágrafo Único – A Associação de Psicanálise Clínica do Espírito


Santo - APC – ES poderá autorizar preços especiais diferenciados de
sua tabela, desde que seja por período contratual mínimo de seis meses
e previamente submetido à sua apreciação.

XIV. Disposições Transitórias

Art. 20 - A Associação de Psicanálise Clínica do Espírito Santo - APC –


ES, o Conselho Superior da Associação de Psicanálise Clínica do
Espírito Santo - APC – ES, poderá baixar normas complementares a
este Código de Ética, sempre o fazendo através de Resoluções ou
Pareceres.

Art. 21 - O Presente Código de Ética poderá ser alterado, no todo ou


em parte, pela Assembléia Geral Extraordinária da Associação de
Psicanálise Clínica do Espírito Santo - APC – ES, por convocação
estatutária específica.

Art. 22 - Os casos omissos serão objeto de Resolução do Conselho


Superior da Associação de Psicanálise Clínica do Espírito Santo - APC
– ES.

EXERCÍCIOS SUGERIDOS

1. Em que consiste o Código de Ética?

2. Que restrições sofre o Psicanalista em face do Código de Ética?


43
3. Quais os direitos do Psicanalista contido do Código de Ética?

4. E Quais suas obrigações contido do Código de Ética?

5. O código de Ética prevê direitos e obrigações para o analisando?

6. Se sim, Quais?

7. O Psicanalista é obrigado a depor em Juízo?

8. O Psicanalista é obrigado a depor na polícia?

9. Em quais situações é obrigatório o depoimento?

10. Em caso de convocação pode permanecer calado?

11. O Psicanalista pode depor como testemunha de seu paciente (analisando)?

12. Em que casos poderá o Psicanalista quebrar o sigilo profissional, em juízo?

13. Deverá o psicanalista guardar sigilo profissional sobre cartas e fax enviados pelo
analisando?

14. Quais o cuidados que o psicanalista deve tomar com sua anotações de leitura do
paciente?

15. Como deverá proceder o psicanalista que deseja utilizar-se de confidências feitas
pelo paciente (analisando), em palestras ou seminário?

16. Mesmo com autorização no analisando, se este estiver no local, deve o psicanalista
mencionar seu nome?

17. De que modo pode o psicanalista anunciar seus serviços profissionais sem infringir
preceitos éticos?

18. O que se entende por moderação?

19. O anúncio pode ser feito por meio de outdoor?

20. De que forma deve o psicanalista participar de programa de televisão ou de rádio,


de entrevista ou de reportagem?

21. Que espécies de manifestações são expressamente vedadas ao psicanalista que


participa de programa de rádio e televisão?

22. Quem pode se inscrever nos quadros da APC?


44
23. Quais os pré-requisitos necessários?

24. Como se comprova que o interessado não exerce atividade incompatível com o
exercício da psicanálise?

25. Como se comprova a idoneidade moral do interessado?

26. As formalidades exigidas para inscrição na APC se encerram com a apresentação


dos documentos exigidos?

27. O psicanalista é obrigado a se inscrever na APC?

28. O psicanalista formado na ABCP pode se inscrever em qualquer associação de


Estado da Federação Brasileira?

29. Em quais órgãos o psicanalista está obrigado a se inscrever?

30. Como se comprova o efetivo exercício da atividade de psicanalista?

31. Como deverá proceder o psicanalista que mudar de domicílio profissional para
outro Estado da Federação?

32. Que norma regulamenta os pedidos de transferência ou baixa de inscrição de


psicanalista na Associação?

33. Em que casos se procede ao cancelamento da inscrição do psicanalista na


Associação?

34. O Pedido de cancelamento de inscrição deve ser fundamentado?

35. O Psicanalista pode ser excluído da Associação?

36. Se positivo, o que é necessário?

37. Quais os dados que devem constar do cadastro de filiação na Associação?

38. O Psicanalista esta obrigado a fazer Análise Didática?

39. Quem está credenciado a fazer as análises didáticas?

40. Quantas análise didáticas mínimas são necessárias?

41. Qual o significado do vocábulo “infração”, no código de ética do psicanalista?

42. Quais as espécies de infrações estão previstas no código de ética?

45
43. Dê exemplos de infrações disciplinares previstas no código de ética?

44. Por que deve constituir-se em infração disciplinar a não obediência as


determinações contidas no código de ética?

45. Por que deixar de pagar contribuições (anuidades) a associação é infração ao


Estatuto?

46. Quais as sanções aplicáveis aos associados na APC, condenados em processo


disciplinar?

47. O psicanalista para ser punido, advertido, suspensão ou expulsa da Associação deve
responder a processo disciplinar?

48. Se condenado pode recorrer a quem?

49. As sanções disciplinares são comunicadas ao associado?

50. O que é censura?

51. Em que casos é aplicável a pena de censura?

52. O que é suspensão?

53. Em que caso é aplicável a suspensão?

54. O que é Exclusão?

55. Em que casos é aplicável a pena de exclusão?

56. Como é decidida a pena de exclusão?

57. O que é pena de multa, no âmbito do processo disciplinar perante a Associação?

58. Pode a pena de multa ser aplicada isoladamente?

59. Qual o valor da pena de multa?

60. Quais as circunstâncias consideradas agravantes, para abertura do processo


disciplinar?
ESTUDO DE CASOS

Um psicanalista em conversar com o seu colega relatou a fala de sua analisando,


“in verbis” como acontecido, dando ainda a qualificação da analisanda. O seu
objetivo foi à discussão do caso de sua analisanda.

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Com base no Código de Ética do Psicanalista, estude o caso abaixo e dê parecer
sobre a conduta do seu futuro “Colega”.

Primeiro Caso.

Fala da Analisanda:

“Vi disfunções nos homens que conheci, em todos os grupos de idade. Uma
tristeza. Eles não querem falar ou querem que eu finja que está tudo bem.
Geralmente não se interessam em aprender o que podem fazer a respeito da
disfunção ou da ejaculação precoce, por exemplo”.
Depoimento de uma analisanda de nome: Albina Gustavo Barbosa, idade 45 anos,
Moradora da Praia do Canto.

Segundo Caso

“Desrespeito. Qualquer homem que pensa ser mais esperto do que você e que
tem a necessidade de mostrar isso. Homens que gostam de bancar o inteligente
para fazerem suas mulheres se sentirem inferiores. Você deveria sempre estar
com alguém que te faz se sentir bem em relação ao que você é, nunca com
aqueles que te fazem sentir agradecida por estarem saindo com você”.
“Arrogância, indelicadeza, tratar a mulher como um objeto sexual. Achar que ele
pode conseguir o que quiser de mim”.

Fala de Augusta Queiroz Dutra, 35 anos de idade, personalidade forte, bem


definida, loira, alta, linda!!!

Terceiro Caso

Uma Analisanda, em processo de analise, teve a seguinte fala:

“Não sei bem como me sinto hoje... Acho que estou muito ansiosa... Acho que as
alucinações estão desaparecendo...Agora, a vizinha parou de me chamar de
frustrada quando encontro com ela no corredor... As pessoas com quem cruzo na
rua pararam de fazer sinais com a mão direita para eu me masturbar... Não sei por
onde começar a falar, se conto as coisas que me perturbam ou se conto em ordem
cronológica...”,, diz Jane.

- Após sua fala, o analista, faz o seguinte comentário:


Conte de forma que você achar melhor, respondo sorrindo.

-A Analisando retruca:
Porque está rindo de mim? , pergunta Jane, com uma expressão de raiva
estampada na voz e no rosto.
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- O analista responde:
Não estou rindo de você. Estou só olhando para você, atento ao que você está me
contando. Eu sorri para demonstrar cordialidade com relação a você e às coisas
que você tem para me dizer.

- Jane fica observando o analista por algum tempo, antes de retomar sua fala.
E continua...

As coisas estão melhor no trabalho. Minha chefe está me tratando melhor. Fiz
série de coisas hoje: levantei os serviços que terão de ser feitos nos próximos
dias; preparei uma agenda; eles são muito sacanas... paguei as contas da semana
que vem... pequeno silêncio. Estou preocupada com o Flávio. Os vizinhos estão
dizendo que ele está saindo com outra pessoa. É linda...

-O analista pergunta:
Conte-me o que ouviu.

-Ela responde.
Caciferrou ficar com o velho.

- O Analista pergunta:
Não entendi bem. Repita, por favor.

-Ela responde.
C A C I F E R R O U F I C A R C O M O V E L H O.

Com base em tudo que você viu até agora, isto é, no estudo do Código de Ética
do psicanalista, qual o procedimento que você adotaria para com esta analisanda?

Primeiro, caso você diagnosticasse algum sintoma abaixo:


-Paranóica?
-Psicótica?
-Esquizofrênica?

Após ter chegado a algum diagnóstico acima, o que você faria?

-Dava continuidade ao processo analítico normalmente?


-Recomendaria a analisanda ou sua família levá-la a um Neurologista? ou
Psiquiatra?
-Caso recomendasse a outro profissional acima, qual providência adotaria
posteriormente?
-Você entende como ético continuar a análise com acompanhamento do Psiquiatra
ou Neurologista?
-Você entende como ético continuar a análise sem o acompanhamento do
Psiquiatra ou Neurologista?
-Recusaria a paciente?
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-Se recusaria, fale com que fundamento?
-Se recusasse continuar a analise, como comunicaria a analisanda sua decisão?
-A analisanda acima demonstrou ter doença estrutural?

Finalmente, você adotava que critério?


Explique de forma cristalina com fundamento no Código de Ética.

Quarto Caso

Um analisando quando fornecia notícias relativas à sua história de vida e à sua


anamnese, limitou-se ao indispensável, aparentando distanciamento emocional,
bloqueado, taciturno, demonstrava sofrimento, olhar fixo, tal qual penetrasse em
um vazio e indiferença quanto ao vários conteúdos que lhe foi abordado.
Expressou-se com muita dificuldade, jamais de forma espontânea, sempre por
meio de perguntas explícitas; respondia fragmentariamente, com poucos detalhes,
por vezes monossilábico, chegando mesmo a fechar-se em um mutismo
insondável.

-Com base no histórico acima, você acha que o analisando mostrou-se deprimido?
-Caso entenda ter-se demonstrado, qual deverá ser sua conduta frente ao Código
de Ética?

Quinto Caso

-No processo de análise, você ouve a seguinte confissão:

-Natália admitiu ter matado o próprio filho na manhã do dia 19 de setembro de


2005, com a seguinte riqueza de detalhe?
Sufoquei meu filho, Rui, com travesseiro do meu marido; depois usei as mãos,
estrangulando-o até que parasse de respirar. Em seguida escrevi um bilhete no
qual afirmava “não ser mais digna de continuar vivendo” e coloquei ao lado do
meu filho morto.
Depois me arrependi de ter escrito o bilhete e o rasguei.
Narrou ainda, que tentou suicídio após o término de uma relação afetiva que durou
cerca de dois anos e meio, fato este que a levou a ser hospitalizada e curada com
terapia farmacológica à base de carbolitium.

-Questionada a cerca da motivação que a levou a matar o próprio filho, respondeu:

-Disse que ficou fortemente sugestionada com um furto ocorrido em sua casa em
março de 2004, no qual, entre outras coisas, foi subtraído um macacão do menino,
o que fez com que ela passasse a temer pela integridade do filho a tal ponto que
o levou para a casa da avó por um período.

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-Referiu sentir muita angústia e insegurança vivendo na casa em que o homicídio
do filho ocorreu, sensações incrementadas pelas superstições de ocultismo, para
que esta afastasse o malefício que rondava seu filho.

-Questionada a cerca da idealização do crime, respondeu:

-Disse que o pensamento lhe ocorrera três ou quatro dias antes dos
acontecimentos; disse que não se sentia segura com o auxílio que a mãe, já muito
idosa, dava a Rui, o que, somado ás suas dificuldades em conseguir um trabalho
estável, ás suas repentinas mudanças de humor, ao sofrimento interior e á
vontade de evitar que o filho viesse a padecer por toas essas razões ou ser
assassinado ou roubado pelo autor do furto do macacão, a levou ao gesto final.

Frente ao Código de Ética, qual procedimento você tomaria:

-Denunciaria a analisando?
-Levava o caso á sua associação?
-Conversava com outros colegas para ouvir suas opiniões?
-Comunicaria o caso a autoridade policial?
-Procurava um advogado para se aconselhar e ver qual atitude deveria ser
adotada?
-Levava o caso a família da analisanda?
-Encerrava o procedimento analítico?

Caso adote algum procedimento acima, justifique e fundamente o seu


procedimento.

Se nenhum deles, qual deverá ser então o seu procedimento Ético?

A sua decisão deverá ser bem fundamentada com base no Código de Ética.

Sexto Caso

Tenho um paciente em procedimento de análise há dois anos, o seu horário


durante esse tempo sempre foi das 19:00 ás 20:00h.
Ele é um analisando humilde, por isto cobro apenas R$ 30,00 por consulta.
Ocorre que hoje me aparece um potencial candidato à análise, um empresário
famoso, que estar disposto a fazer análise comigo, pode pagar algo em torno de
R$ 200,00 por consulta, porém só ficará se eu poder reservar-lhe o horário das
19:00 ás 20:00h.

-Frente ao Código de Ética, o que faria?

-De imediato confirma o horário e ganha o analisando?


-Pede um tempo até conversar com o outro analisando?
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-Caso o primeiro analisando não esteja disposto a ceder seu horário, encerra sua
análise?
-Deve ser Ético? Como assim?
-Frente ao Código de Ética, qual o direito do analisando?
-Esqueço a Ética e olho o meu lado (econômico)?
-Caso tenha demonstrado, perante o código de ética são analisáveis?
-Você poderá Recuá-los?
-Qual deverá ser seu procedimento Ético?
-Da sua conduta antiética, pode criar algum transtorno ao seu paciente? Qual?

Sétimo Caso

Um psicanalista em processo de análise recebeu do detento de uma Penitenciaria


o seguinte relato:
Estou planejando minha sua fuga e de demais colegas, com a ajuda de um guarda
que me auxiliará mediante recompensa em dinheiro. Está tudo combinado será na
semana que vem.
Tomando conhecimento do segredo, pela confiança que o cliente depositava no
profissional, neste caso um psicanalista, este levou o fato, ressalvadas as
condições estabelecidas para revelação de um segredo, ao conhecimento do
Diretor do Presídio, impedindo assim que o seu cliente, enfrentando uma fuga
difícil e perigosa, viesse a sofrer graves conseqüências. A guarda foi reforçada e o
detento em tela mais observado e vigiado.

-Na sua opinião o colega agiu corretamente?


-Seu procedimento foi Ético?
-Você agiria da mesma forma?
-Com esta atitude o coleta pode ser denunciado ao Conselho de ética?
-Poderá ser processado pelo conselho de ética?
-Poderá ser processado criminalmente?
-SE omitisse o segredo e houvesse fuga, depois de preso o paciente confessasse
a polícia que seu analista era sabedor da fuga, ele poderia ser processado
criminalmente?
-Quais foram às ressalvas das condições restabelecidas para revelação de um
segredo ao qual ele se referiu?
-Dê seu parecer sobre o caso e como voe agiria frente à questão.

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