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Lição 1

A ORIGEM DO HOMEM

Quem de nós não se viu deitado de costas, olhando a vastidão das


trevas e se perguntando: “De onde veio tudo isso? De onde eu vim?” O
que é verdade para os indivíduos é verdade para a raça humana. Parece que
todas as pessoas estão interessadas na origem do mundo e em suas próprias
origens. Tanto assim que cada grupo étnico tem um relato ou uma história
sobre seus primórdios. O que estamos procurando encontrar nesta lição é a
resposta bíblica para a origem do homem. Acreditamos que a existência de
contos e tradições das diversas etnias aponta, como arquétipo missiológico,
para a origem sobrenatural do homem. Pode haver certo grau de verdade
nesses contos, mas a Bíblia sozinha tem a única resposta completa e confiável.
Nos contos, a verdade se mistura com a fantasia: porém, o rastro de verdade
que está neles serve para apontar a verdade do relato bíblico.
A origem do homem é o tipo de estudo que pode afastar as trevas do
entendimento humano. Quando se examinam as evidências que mostram
o homem como parte especial da criação, e se identificam as coisas que
demonstram sua singularidade na ordem criada, o estudante pode logica-
mente concluir que o homem não se originou por acaso. Além disso, a
constituição do homem e as implicações morais dessa unidade dão susten-
tação adicional à origem sobrenatural do homem pelas mãos do Criador. É
claro que nem todos acreditarão nisso, pois os incrédulos sempre existiram
e sempre existirão. Mas a fé pela Palavra de Deus habilitará você, prezado
Aluno, a falar com segurança sobre a origem do homem. Ao estudarmos
a Palavra de Deus, deixe-a falar com você e através de você.

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Esboço da Lição

1. Pressupostos básicos
2. A criação do homem
3. Existe evolução teísta?
4. A singularidade do homem
5. Monogenismo, a unidade do homem
6. A antiguidade do homem

Objetivos da Lição

Ao concluir o estudo desta Lição, você deverá ser capaz de:


1. Declarar as conclusões que orientam este estudo;
2. Resumir o ensino bíblico de que o homem é o objeto
especial do projeto criativo de Deus;
3. Identificar as singularidades do homem e explicar por que a
unidade do homem é mais vital na teologia bíblica do que
a antiguidade do homem;
4. Apreciar mais cada pessoa por causa do que você aprendeu
sobre a singularidade e a unidade do homem.

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16 TEXTO 1
PRESSUPOSTOS BÁSICOS
Vamos pensar apologeticamente? É importante compreender
que todo sistema de pensamento começa com certos pressupostos que
As doutrinas do Homem e do Pecado

requerem comprovação. Eles servem como guias que orientam o pensa-


mento e conduzem a determinadas conclusões. Se, por exemplo, uma
pessoa presume que Deus não existe (o que é uma suposição impro-
vável), ela concluirá que o homem se originou por outros meios que não
o sobrenatural. Se alguém assume que tudo é Deus (o que também é
improvável), para este indivíduo o homem é uma parte da divindade e,
em certo grau, não é distinto dela. Podemos encontrar muitos paralelos
em outros sistemas de pensamento, sejam eles religiosos ou seculares.
Um animista, por exemplo, presume que toda matéria é habitada por
algum tipo de princípio vivo, seja uma alma ou uma ilusão. O marxismo
pressupõe que os fatores econômicos determinam o fluxo de toda a
história. Nada disso, entretanto, pode ser provado.
Observe que os escritores bíblicos não tentam estabelecer um sistema
de provas lógicas para a existência de Deus. A Bíblia simplesmente começa
com a existência do Criador e passa a transmitir a mensagem recebida do
Senhor. O que isso significa? Que ao pregarmos e ensinarmos temos que
assumir corajosamente que cremos em Deus pela fé.
Ainda sobre a criação e a existência de Deus, outra conclusão bíblica
importante é que Ele revelou a Si mesmo no mundo que criou. A prova
disto encontra-se no Salmo 19.1-4, em Atos 14.15-17 e em Romanos
1.19-20. Estas passagens ensinam que Deus revelou a Si mesmo no
mundo de maneira tal que é possível que todas as pessoas possam saber
algo sobre Ele. Infelizmente, alguns teólogos que se identificam como
cristãos negam o que chamamos de revelação geral. O famoso Karl
Barth, um teólogo suíço do século XX, tão querido dos autoproclamados
intelectuais da fé, está entre aqueles que negam a revelação geral, mas sua
postura é antibíblica! O firmamento é revelação geral de Deus, e “não há
linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz” (Salmo 19.3-4). Paulo
indica que o poder eterno de Deus e a natureza divina foram claramente
vistos através das coisas que Deus fez (Romanos 1.20).
Além da revelação geral, Deus se dá a conhecer pela Palavra escrita,
a Bíblia; e pela Palavra viva, Jesus Cristo. Eu creio piamente que o Senhor
e Criador de todas as coisas está falando por meio de ambos hoje, agora
mesmo. Posto que Cristo retornou ao Pai, o principal método de revelação
de Deus é a Sua Palavra escrita, o Antigo e o Novo Testamentos. Ao mesmo 17
tempo, o Espírito Santo revela Cristo a nós hoje, em nossa mente e em
nosso espírito, e o faz nunca à parte das diretrizes da Palavra escrita. Logo,
é errado afirmar que Deus pode revelar uma nova verdade além do que já
pode ser encontrado na Bíblia. Quem afirma ter recebido tais revelações e

Lição 1 - A Origem do Homem


tenta elevá-las à altura da Palavra de Deus peca. A Bíblia Sagrada permanece
sozinha como revelação autorizada de Deus e Seu Filho Jesus.
Nem todos aqueles que se dizem cristãos concordarão com a
suposição de que Deus é revelado por Seu Espírito em Seu Filho. Alguns
grupos unitários dizem-se cristãos, mas negam a Trindade. Eu acredito
que a Bíblia demonstra clara e evidentemente a Santíssima Trindade,
e por sua relevância doutrinária, este ensino é parte de minhas pressu-
posições teológicas elementares. No Antigo Testamento a Trindade é
implícita, e no Novo é explicita.
Encerrarei esta seção apresentando dois pressupostos extrabíblicos.
O primeiro tem a ver com a hipótese de a evolução ser tomada como uma
explicação para a origem do homem. Iniciemos relembrando que o evolu-
cionismo propõe que o homem se desenvolveu a partir de um organismo
unicelular simples, através de mudanças graduais que aumentaram em
complexidade, e sempre por mero acaso. A suposição em questão sugere
que alguém pode crer no evolucionismo e, ainda assim, ser cristão. Prezado
Aluno, eu acho impossível que um cristão possa ser evolucionista. Para
mim, quem se compromete com o evolucionismo já deu as costas a Deus.
A outra conclusão está relacionada à ciência: a ciência não pode
apresentar absolutamente conclusão alguma, porque todas as suas
decisões estão sujeitas a mudanças. Um verdadeiro cientista está disposto
a admitir que pode estar interpretando mal os dados e que suas visões
filosóficas afetam sua interpretação das evidências. O professor Edward
Teller, físico de renome mundial, comentou há alguns anos sobre o
incrível progresso que a ciência fez desde o fim da Segunda Guerra
Mundial. Ele disse que praticamente tudo em que antes acreditávamos
foi provado como falso ou incorreto por descobertas posteriores. Ele,
então, concluiu dizendo: “Na verdade, há apenas uma afirmação que
eu ousaria fazer agora positivamente: não há absolutamente nada mais
rápido do que a luz; talvez.” Portanto, em seu pensamento, mesmo essa
conclusão não é permanente, e isso tem uma implicação importante a
respeito da ciência: se ela é incapaz de afirmações absolutas, logo não
se pode aceitar como verdadeiro ou permanente qualquer coisa dita por
um cientista sobre a Bíblia.
18 EXERCÍCIOS
1.01 Diante de tudo o que estudamos até aqui, qual lhe parece ser a
mais importante afirmação feita por nós cristãos?
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As doutrinas do Homem e do Pecado

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1.02 Leia Gênesis 1.1,2 e João 1.1-3. Que afirmações os escritores


bíblicos estão fazendo:
a) Em Gênesis?
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__________________________________________________
b) Em João?
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1.03 Quanto à nossa obrigação de apresentar Deus aos homens, quais


as implicações decorrentes de considerar como existente e incon-
tornável a revelação geral de Deus?
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1.04 O que 2 Timóteo 3.14-17 e 2 Pedro 1.16-21 nos dizem sobre a


maneira de Deus Se revelar?
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1.05 De acordo com Gênesis 1.26, Isaías 6. 8, Mateus 28.19 e João 14.
16-17, o que podemos dizer sobre o Pai, o Filho e o Santo Espírito?
___________________________________________________
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1.06 O que aprendemos sobre ser cristão e declarar-se evolucionista? 19

___________________________________________________
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Lição 1 - A Origem do Homem


1.07 O que se pode afirmar sobre a capacidade da ciência em elaborar
conclusões?
___a) Que a ciência não tem condições de afirmar catego-
ricamente nada, pois o conhecimento humano não é
profundo a este ponto.
___b) Que os cientistas estudam o suficiente para ter certeza
plena sobre as afirmações que fazem.
___c) Que a Bíblia pode ser desacreditada pelos cientistas, pois
eles são exatos em suas conclusões.
___d) Todas as alternativas anteriores estão erradas.

TEXTO 2
A CRIAÇÃO DO HOMEM (Gênesis 1-2; Isaías 45.12-18)
A Bíblia ensina que o homem é a criação direta de Deus. Os
capítulos 1 e 2 de Gênesis e Isaías 45.12-18 são apenas duas das muitas
passagens onde lemos a esse respeito. O ensinamento de que o homem
é a criação direta de Deus é o fundamento necessário para que o ser
humano seja responsabilizado pelas escolhas que fizer.

Era a vontade de Deus

Ao ler Gênesis 1 e 2, você já deve ter notado que Deus quis criar o
homem. Por exemplo, Gênesis 1.26 diz: “Então disse Deus: Façamos o
homem”. O versículo 27 diz: “Criou Deus, pois, o homem”; ou “Deus
viu tudo o que tinha feito” (1.31); e ainda “Deus formou o homem ... e
soprou em suas narinas” (2.7); “Eu farei uma ajudadora idônea para ele”
(2.18); “Então o Senhor Deus fez uma mulher da costela que ele tinha
tirado do homem” (2.22). Um estudo desses capítulos indica que toda a
Criação fluiu da vontade de Deus. Observe que a declaração recorrente
no capítulo 1, “E Deus disse” acontece oito vezes (vv. 3, 6, 9, 11, 14,
20, 24 e 26), o que expressa a vontade divina em realizar todas as obras
20 feitas na criação. Em 2.18 encontramos uma declaração semelhante (“E o
Senhor Deus disse”), que segue da mesma maneira que nos oito exemplos
anteriores. É Deus quem está falando e expressando Sua vontade de criar!

Toda a criação foi ordenada


As doutrinas do Homem e do Pecado

Trata-se de uma constante nos estágios da criação, em Gênesis. A


cada etapa, Deus dá uma ordem, estabelece um propósito. Coisa alguma
é deixada ao acaso, à própria sorte. Isso fica bastante claro no desenvol-
vimento progressivo que ocorre à medida que a vida surge. Os estágios
foram a vegetação, em seguida os peixes e as aves, na sequência os animais
terrestres e, finalmente, o homem. Isso pode ser chamado de escala ascen-
dente da vida, mas em hipótese alguma é coisa que se possa confundir
com o evolucionismo. Nunca! E por quê? Porque Gênesis 1 demonstra o
controle absoluto de Deus sobre a ordem da criação, e este pleno controle
divino é repudiado por teorias antibíblicas como a hipótese da evolução.

Existem problemas

Alguns pretensos estudiosos dizem que a hipótese evolucionista


representa um sério problema à interpretação literal de Gênesis 1 e 2,
mas deixemos isso para mais tarde. Por agora, nos detenhamos sobre a
questão do quando se deu a criação, e se há relatos contraditórios nos
primeiros dois capítulos da Bíblia.
O livro de Gênesis dá a entender que a criação do universo e do
homem ocorreu bastante recentemente. As cronologias bíblicas mais
aceitadas indicam que nosso pai Adão viveu cerca de quatro mil anos
antes de Cristo. De onde vem esta data?
Havia no século XVII um arcebispo irlandês chamado Ussher. Ele
concluiu que a genealogia apresentada em Gênesis 5 era completa, não
lhe faltando os nomes de quaisquer pessoas. Foi assim que ele concluiu
que Adão foi criado cerca de quatro milênios antes de Cristo, 4004
anos mais precisamente. Não se assuste com o que vou dizer: mas esta
conclusão não é tão precisa quanto parece ser. Sabemos, por fontes
extrabíblicas, que as genealogias costumam omitir os nomes das pessoas
menos importantes, não relevantes historicamente. Mas a inclusão de
alguns nomes não parece ser suficiente para explicar os motivos que
fazem tantos cientistas, incluindo vários deles cristãos, concluírem uma
idade de milhões de anos para o universo. E agora?
As estimativas para um mundo de milhões de anos têm forte apoio. 21
O universo, o nosso planeta, sugerem ser bastante velhos. Há extensos
depósitos de sedimentos em todo o mundo e eles se acumularam camada
sobre camada, uma de cada vez, ao longo de muitos anos. As erupções
vulcânicas e seus fluxos de lava indicam um planeta muito antigo. Em

Lição 1 - A Origem do Homem


algumas partes do globo terrestre esses fluxos de lava se fragmentaram
em porções cultiváveis de solo. Essa constituição geológica requer longos
períodos. Os vários tipos de rochas e formações rochosas sugerem muita
idade, e foram necessários vários anos para que o vento e a água desgas-
tassem o solo e as rochas que produziram os grandes desfiladeiros.
O universo estrelado dá a mesma distinta impressão. Não raramente,
fala-se sobre estrelas que estão a bilhões de anos-luz de distância. Observe
que um ano-luz indica a distância que a luz viaja durante 365 dias, e sua
velocidade presumida é de 186.000 milhas por segundo (aproximadamente
300 km/s). Estas indicações, e outras como elas, sugerem um planeta com
bem mais que seis mil anos.

Teorias sobre a origem do mundo e do homem


Nem todos os cientistas acreditam em um universo de bilhões de anos.
Há muitos astrofísicos e outros estudiosos que sugerem que a idade da Terra,
e do próprio universo não seja maior que algumas centenas de milhares de
anos – o que não é pouca coisa, convenhamos. E estas considerações não
podem ser levianamente ignoradas. A quantidade de determinados gases
no ar, ou os depósitos minerais no fundo do oceano, ou a fina camada de
poeira na superfície da lua são indícios que devem ser considerados. Alguns
dos estudos do grande cientista Albert Einstein dizem que a luz não pode
necessariamente viajar em linha reta, pois o seu trajeto é encurvado, dobrado,
por forças de massa e gravidade. Sendo assim, as estrelas podem não estar
tão longe quanto se supõe. Há uma nova teoria chamada Geometria de
Riemann (ou geometria Riemanniana) que indica com certo grau de certeza
que a estrela mais distante pode estar a dezessete anos-luz de distância.
A Teoria dos dias como eras. Com tantas sugestões e especulações,
não é de se estranhar que várias tentativas foram empreendidas para
buscar uma conciliação entre a Bíblia e as informações extrabíblicas, e até
com as afirmações antibíblicas! Numa delas, o relato bíblico da criação
passou a ser entendido como sendo composto não por dias literais, mas
por eras que corresponderiam a milhares ou até milhões de anos. Há
quem se satisfaça bastante com este arranjo não-literal, pois lhes dá
margem para dizer crer na Bíblia e no que mais desejarem acreditar. É
22 fato que a palavra hebraica para dia (yom, ‫ )םֹוי‬pode significar mais do
que um período de vinte e quatro horas. Por exemplo, em Gênesis 2.4-7
está escrito: “Estas são as origens dos céus e da terra, quando foram
criados; no dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus”. Aqui, a
palavra dia (yom, ‫)םֹוי‬, ou a sua inflecção (‫ )םֹוי ּ ְב‬foi usada para referir-se
As doutrinas do Homem e do Pecado

a todo o período da criação, e não somente a um dos dias das origens.


Logo, há dificuldades muito sérias à hipótese dos dias como eras.
Os dias como eras não é o sentido mais óbvio pretendido pelo
escritor do Gênesis, que, aliás, é Moisés. Um dos princípios hermenêu-
ticos mais elementares é que um texto deve ser entendido em seu signi-
ficado simples e literal, exceto quando há fortes razões para fazer-se o
contrário. E em todo o livro de Gênesis não existem motivos quaisquer
para que o entendamos figurativamente. A palavra dia, portanto, quer
no hebraico ou em qualquer outro idioma, é usada na redação de Moisés
esmagadoramente como um período literal de vinte e quatro horas. E
mais: especialmente por sua conexão com o mandamento do sábado, é
muito difícil interpretar o sétimo dia da criação (Gênesis 2.2-3) como
uma idade (aproveite para ler, também, Êxodo 20.8-11).
A Teoria da Lacuna. Outra tentativa de interpretação do relato
bíblico das origens consiste em assumir um intervalo de tempo quase
ilimitado entre os dois primeiros versículos de Gênesis 1. Isso, claro,
daria ao cientista todo o tempo de que necessitaria para explicar a idade
aparente da terra. Segundo essa teoria, no versículo 2 deste capítulo Deus
iniciou um processo de recriação. Houve quem tentasse confirmar essa
hipótese associando Isaías 45.18 e Gênesis 1.2. O profeta Isaías diz que
Deus formou a terra e a estabeleceu e que “não a criou vazia, mas a formou
para que fosse habitada”. A tradicionalíssima versão inglesa do rei Tiago,
a King James, diz que Deus não criou a terra em vão para ficar inabitada
(“he created it not in vain, he formed it to be inhabited”), o que contrasta
com Gênesis 1.2 que diz que a terra era sem forma e vazia. Diante disso,
quem acredita na Teoria da Lacuna cita Gênesis 1.28, no qual Deus ordena
que Adão e Eva fossem fecundos, para dizer que havia uma terra outrora
habitada, mas que ficou inabitada e precisava ser novamente povoada.

Diante de tantas sugestões, o que pensar?


Fica muito claro que Gênesis 1 ensina que a criação da Terra foi um
processo em etapas. Contudo, me parece uma fraqueza básica o enten-
dimento de que Isaías 45.18 que acabamos de ver. É igualmente errada a
interpretação de Gênesis 1.28 como sendo uma ordem ao repovoamento 23
de um planeta que já fora cheio.
Erram, também, aqueles que afirmam que o texto de Gênesis 1.2
indica que a terra se tornou sem forma, em lugar do óbvio era sem forma,

Lição 1 - A Origem do Homem


como se ela houvesse experimentado uma catástrofe. Aliás, essa suposta
hecatombe costuma ser associada à queda de Satanás do céu à terra, o
que teria deteriorado a criação original de Deus, levando-a a um estado
sem forma. O texto em hebraico afirma categoricamente que a terra era
(hāyâ, ‫ )ה ָי ָה‬e não que ela tornou-se sem forma.
Diante destas tantas dificuldades e tantas suposições hermenêuticas e
pretensamente científicas, a mais correta decisão é não permitir que cientistas
e suas disciplinas julguem o relato bíblico. Eles erraram tantas vezes sobre
tantas coisas, por que aceitar que estariam corretos quanto às origens? Igual-
mente os hermeneutas liberais devem ser totalmente rechaçados, pois suas
conclusões são contrárias às Escrituras e não as tomam por literais.
Cremos, portanto, que Deus criou o mundo em um período literal
de seis dias, e ao sétimo dia Ele “descansou de toda a sua obra, que
fizera” (Gênesis 2.2). Quanto ao debate sobre os indícios de um universo
e de um planeta de milhares, milhões ou até bilhões de anos, tudo não
passa de tentativas humanas de entender as evidências com as quais não
pode lidar totalmente. O ponto mais importante deste debate, especial-
mente para o contexto das disciplinas sobre o homem é que ele foi criado
sobrenaturalmente por Deus, literalmente como conta o livro de Gênesis.

Existe contradição entre os primeiro e segundo capítulos de Gênesis?


É claro que não! Mas por que alguém diria isso? Quem lê a Bíblia
sem critério entenderá que em Gênesis 1 existe uma criação, e em Gênesis
2 outra gênesis – o que não faz o menor sentido.
Está claríssimo que o capítulo 2 oferece mais detalhes sobre aquilo
que foi contado no capítulo 1 de Gênesis. Além disso, o foco do primeiro
capítulo é a ordem da Criação, enquanto o capítulo 2 se debruça sobre
o objetivo da Criação e o próprio homem e relata mais detalhadamente
o surgimento do ente mais importante da criação, o ser humano.
Finalmente, quero acrescentar que a Bíblia não conta a história da
criação para satisfazer as preocupações filosóficas sobre as origens; o seu
objetivo é outro. A criação deve ser entendida como parte do processo de
salvação do homem. A revelação de Deus a nós é redentora e o relato da
24 criação nos permite entender que o vasto amor do Senhor deseja salvar
tanto o homem quanto o próprio mundo criado.

Uma pergunta que merece resposta: quando o homem foi criado?


As doutrinas do Homem e do Pecado

Como explicado anteriormente, a cronologia bíblica elaborada


a partir das genealogias pode sugerir uma data levemente imprecisa
para o aparecimento de Adão, e isso acontece por algumas razões. A
primeira delas, como já explicado, é que não era incomum que indiví-
duos sem relevância histórica fossem excluídos de algumas listagens
genealógicas, e isso, num tempo em que os homens viviam por vários
séculos, pode suprimir alguns milhares de anos do cálculo feito por
Ussher. Outro fator que precisa ser considerado, é que no hebraico
bíblico não havia uma palavra específica para avô, ou bisavô, como há
em outros idiomas. Não raro, nos deparamos com a palavra pai (āḇ,
‫ )בָא‬sendo empregada como ancestral, ou avô, ou bisavô. Sendo assim,
alguns cronologistas bíblicos dão como razoável que o nosso pai Adão
haja sido criado por Deus entre seis e dez mil anos atrás, sem prejuízos
à interpretação literal das Escrituras.

EXERCÍCIOS
1.08 Sobre a relação entre a vontade de Deus e a criação do homem,
o que o primeiro capítulo de Gênesis nos ensina?
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_________________________________________________
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1.09 Coloque na sequência a atividade criativa ordenada de Deus,


conforme a ordem em que Deus criou cada forma de vida.
Coluna “A” Coluna “B”
___a) Animais terrestres. 1. Primeiro.
___b) Vegetação. 2. Segundo.
___c) Homem. 3. terceiro.
___d) Peixes e aves. 4. Quarto.
1.10 Liste três indícios de que a terra seja muito velha. 25

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Lição 1 - A Origem do Homem


1.11 Liste quatro indícios de que a terra seja relativamente jovem.
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1.12 Conforme o explicado aqui, apesar das aparentes contradições


entre as condições geológicas e astronômicas, a interpretação
literal da Bíblia pode situar com segurança o relato da criação e
a origem do homem como havendo ocorridos quando?
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1.13 Por que não consideramos que os dois primeiros capítulos de


Gênesis sejam contraditórios entre si?
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TEXTO 3
EXISTE EVOLUÇÃO TEÍSTA?
Embora estejamos tratando sobre a origem do homem, eu não
me detive na abordagem do evolucionismo por entender que para
o escopo das doutrinas bíblicas do homem e do pecado não é uma
discussão relevante. Mas preciso acrescentar que não aceito o evolu-
cionismo porque ele é contrário ao relato da criação, ele não cabe
26 nas Escrituras. E ainda mais: não há espaço para ele na ciência
séria, pois as evidências em seu favor são inconsistentes para dizer
o mínimo.
O evolucionismo contradiz, além da Bíblia, a própria ciência, pois
As doutrinas do Homem e do Pecado

nega uma de suas leis basilares que é a da entropia. Em linguagem


simples, a lei da entropia demonstra que a matéria e energia estão em
contínuo processo de degradação até que atinjam um estado final de
inatividade uniforme. O evolucionismo, por seu turno, implica numa
ordem cada vez maior e mais complexa, enquanto a entropia ensina que
tudo se encaminha para a desordem.
Ao indicar que não havia homem até o momento em que Deus
soprou vida no modelo de barro, a Bíblia nega que houvesse qualquer
outra forma de vida anterior a essa que poderia desenvolver-se, ou evoluir,
até tornar-se em homem.

A MENTIRA DA EVOLUÇÃO TEÍSTA um belo boneco. A vida só lhe foi dada pelo
Por Gunar Berg bafejo do Criador. Não houve, portanto, uma
criatura pré-humana desenvolvida em está-
Se você for ao texto bíblico procurando por gios, circulando pelo mundo até receber o so-
detalhes sobre como Deus criou o homem, tal- pro de Deus. A heresia da evolução teísta de-
vez se frustre, pois a Bíblia não o dá. O relato manda que se creia num ser pré-humano que
é este: “E formou o Senhor Deus o homem do se movia e se reproduzia sem alma. A Bíblia
pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego mostra que o barro não vivia em sentido al-
da vida; e o homem foi feito alma vivente.” (Gê- gum até que Deus soprou nele.
nesis 2.7). Não é, mesmo, uma explicação deta- Voltemo-nos, ainda, ao termo hebraico bārā’
lhada, mas, claro, está longe de ser uma des-
(‫)א ָר ּ ָב‬, criar. O seu sentido é o de uma coisa
culpa para a adoção do evolucionismo teísta.
criada como algo único. No primeiro capítulo de
Devemos perceber que o evolucionismo, den-
Gênesis ela ocorre nos versículos 1, 21 e 27. Leia
tre várias outras razões, é incompatível com
com atenção esses versos e conclua o óbvio:
a Palavra de Deus por creditar tudo ao acaso,
Deus criou algo único a cada vez, algo acabado
quando a Bíblia seguramente assevera a elação
e perfeito. No primeiro versículo Ele trouxe o
causal entre a criação e a vontade do Criador.
universo à existência, e nenhum mundo exis-
Além disso, embora não nos seja dito por quan-
tia antes disso. A seguir, Ele criou animais e a
to tempo o Senhor modelou aquela massa de
vegetação. E novamente o Senhor criou, desta
barro, se Ele iniciou pelos braços ou pelo tron-
vez o homem, uma criatura única de todas as
co, nos é mostrado com clareza solar que não
criações anteriores. Isso basta para estabele-
houve estágios, etapas, fases. A criação do ho-
cer que não existe conexão qualquer entre o
mem foi uma vez, Deus formou e soprou.
ser humano e os animais, ainda que fosse uma
Atentemos, ainda, para o fato de que o barro relação divinamente ordenada, como o evolu-
só tornou-se homem quando recebeu de Deus cionismo teísta quer fazer parecer.
o sopro de vida. Antes, era barro, um modelo,
EXERCÍCIOS 27

1.14 Assinale as alternativas verdadeiras quanto ao evolucionismo.


___a) Para os evolucionistas teístas mudanças em espécies
anteriores ao homem culminaram no surgimento do ser

Lição 1 - A Origem do Homem


humano.
___b) A palavra hebraica para criar, usada em Gênesis 1,
obrigatoriamente significa uma criação única, acabada
e perfeita.
___c) A lei da entropia apoia a teoria da evolução.
___d) O evolucionismo é sustentado por provas muito robustas.

1.15 Como a declaração “E formou o Senhor Deus o homem do pó


da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem
foi feito alma vivente.” (Gênesis 2.7) contradiz a evolução teísta?
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TEXTO 4
A SINGULARIDADE DO HOMEM
Pelos mais diversos aspectos o homem é o único de uma espécie única.
Embora se possam apontar algumas características que pareçam comuns
entre os homens e os animais, a Bíblia ensina que o ser humano é singular.

Criação única

Quanto nada mais havia a ser criado Deus disse “Façamos” (Gênesis
1.16), somente quanto ao homem é que foi assim. Todas as outras coisas
surgiram pelo poder da palavra saída da boca do Senhor, mas o homem,
Ele o formou! Logo, o relacionamento de Deus com a criação do homem
foi diferente do seu envolvimento com todo o resto. Contemple, medite em
como foi especial e singular a criação da mulher contada em Gênesis 2.21-23.
Deus ter dito “Façamos o homem”, o franco relacionamento de
Deus com a criação do ser humano, e a criação da mulher.
28 Natureza única

A natureza do homem é igualmente única, e esta singularidade


mostra-se em várias passagens bíblicas. Em Gênesis 1.27 lemos que “Criou
Deus, pois, o homem à sua imagem”, algo a ser estudado mais detidamente
As doutrinas do Homem e do Pecado

na Lição 3. Gênesis 1.28.30 demonstra que o homem tem condições de


entender a linguagem. O texto de Gênesis 2.19 depõe que o homem foi
criado com capacidade de falar uma língua. Apenas por isso já concluímos
convictamente que o homem é superior e distinto dos animais.
O homem foi dotado desde o princípio de sensibilidade moral;
isto é, ele tem uma natureza que pode distinguir obediência de desobe-
diência. O Criador deu-lhe uma ordem que denuncia essa característica
(Gênesis 2.16-17). Animal algum poderia ser recebido como adjutor para
o homem (Gênesis 2.20), por isso Deus criou-lhe a mulher, especialmente
adequada para ele. Gênesis 2.19-20 mostra que ele era excepcionalmente
inteligente ao dar nomes aos animais, o que também prova sua distinção
quanto aos bichos.
Estas referências provam que o homem é um ser cuja natureza é
diferente de tudo no mundo animal. O fato de o Senhor lhe ter soprado
o fôlego de vida é o testemunho cabal de que a natureza humana é algo
que veio de fora para dentro do homem.
Antes de prosseguir, uma lição importante! O relato da criação
do homem não faz recair atenção alguma sobre o aspecto físico do ser
humano, e não é sem motivo. Deus não dá atenção a isso, a detalhes
como cor dos olhos, do cabelo ou da pele, tampouco se importa com
o formato do rosto e outros aspectos estéticos sempre importantes aos
homens, ao ponto de os dividir etnicamente. O Criador “não vê como
vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o
Senhor olha para o coração” (1Samuel 16.7). Que o Senhor nos ajude a
enxergar o próximo do modo como Ele os vê.

Posição única

Quando o salmista se comparou com a glória e a vastidão dos


céus, ele se maravilhou com o fato de que Deus, apesar da pequenez
humana, se preocupasse com o homem (Salmo 8.3-4). Ao fazê-lo, ele
identificou a posição única que o homem tem diante de Deus e no
mundo: “Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de
honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das
tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés” (Salmo 8.5-6). Logo, todas 29
as outras criaturas terrestres foram submetidas ao homem. Temos neste
salmo uma bela descrição poética da posição singular do homem, o que
se irmana ao que é ensinado em Gênesis 1 e 2 a respeito do ser humano.

Lição 1 - A Origem do Homem


Primeira prova da posição única do homem. A primeira indicação da
posição única do homem diante de Deus e no mundo foi a ordem dada
diretamente a Adão e Eva: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e
sujeitai-a” (Gênesis 1.28). Esse mandamento concedeu ao primeiro casal (e a
todos nós) o privilégio especial de cooperar com a criação povoando a terra
com criaturas como eles, criadas à imagem de Deus. Tal honraria serve para
nos fazer lembrar que ao trazermos filhos ao mundo, damos à luz seres que
nunca morrerão, mas que permanecerão para sempre – ou no céu, ou no
inferno. Que responsabilidade terrível e ao mesmo tempo incrível! Portanto,
não nos descuidemos do modo como atentamos a esta divina prerrogativa.
Segunda prova da posição única do homem. Além da incumbência de
subjugar a terra e suas criaturas, Deus responsabilizou o primeiro casal de
cuidar do jardim do Éden (Gênesis 2.15). Esta é a segunda indicação da
posição única do homem diante de Deus no mundo. Isso me faz pensar
e concluir que o trabalho nunca foi uma consequência do pecado, como
alguém pode querer ensinar. Como estamos vendo, o homem tinha
atribuições e afazeres antes de cair. O pecado, certamente, impôs dificul-
dades não havidas antes da queda ao cumprimento destas obrigações.
Terceira prova da posição única do homem. O Senhor proveu para o
ser humano tudo o que lhe fosse necessário para viver e se sustentar. O
corpo humano seria mantido em suas carências pelo restante da criação:
“E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que
está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê
semente, ser-vos-á para mantimento.” (Gênesis 1.29; leia também 2.16-17).
Quarta prova da posição única do homem. O Éden foi criado especial-
mente para o homem (Gênesis 2.8). Por mais belo que fosse o mundo, e
ele era lindíssimo e não estragado pelo pecado, Deus não soltou o homem
em qualquer lugar, mas deu-lhe um jardim apenas para si.
Quinta prova da posição única do homem. O Criador dotou nossos
primeiros pais, Adão e Eva, com capacidades relacionais, incluindo o
imaculado matrimônio (Gênesis 2.24). É certo que animais reprodu-
zem-se, mas não foi dito a eles que deixassem seus pais e se unissem
às suas fêmeas. Apenas o homem tem esse relacionamento especial. O
30 Senhor Jesus confirma que este relacionamento tem condição vitalícia
e irrevogável (Mateus 19.3-8). Porque um dos motivos para a sua criação
estava em que não havia para o homem uma adjutora legítima ou digna como
ele em qualquer espécie animal.
As doutrinas do Homem e do Pecado

EXERCÍCIOS
1.16 Que três coisas nos capítulos 1 e 2 de Gênesis indicam a singu-
laridade na criação do homem?
_________________________________________________
________________________________________________
_________________________________________________

1.17 Por que a criação da mulher é uma prova da singularidade dos


seres humanos?
_________________________________________________
________________________________________________
_________________________________________________

1.18 O sopro de Deus sobre o homem é melhor descrito como inspi-


ração de
___a) inteligência.
___b) obediência.
___c) vida.
___d) sensibilidade.

Relacione os conceitos (Coluna A) com as sentenças (Coluna B).

Coluna “A”
___1.19 Seja fecundo, multiplique-se e encha a terra.
___1.20 Domine sobre todos os seres vivos e sobre a terra.
___1.21 Todas as ervas e toda a vegetação lhe foram dadas por
mantimento.
___1.22 Deus colocou o homem num jardim que Ele mesmo havia 31
plantado.
___1.23 O homem deve apegar-se à sua esposa.

Lição 1 - A Origem do Homem


Coluna “B”
a) Uma tarefa especial
b) Um privilégio especial
c) Um relacionamento especial
d) Uma provisão especial
e) Um lugar especial

1.24 Assinale as sentenças que provam que o homem tem um lugar


singular na criação.
___a) Deus ordenou ao primeiro homem e mulher que frutifi-
cassem, se multiplicassem e enchessem a terra.
___b) Deus ordenou que os seres humanos subjugassem a terra,
exercessem domínio sobre todas as suas criaturas, e se
responsabilizassem pelo Éden.
___c) Deus provê o alimento especial para sustentar as neces-
sidades corporais do homem.
___d) Deus colocou o primeiro homem e a primeira mulher no
Éden.
___e) Deus determinou que o homem e a mulher se relacio-
nassem pelo casamento.

TEXTO 5
MONOGENISMO, A UNIDADE DO HOMEM
O monogenismo é o ensino de que toda a raça humana descende
de um único casal de seres humanos, obviamente, Adão e Eva. Esta
doutrina é oposta ao poligenismo, que é a hipótese de diferentes raças
de seres humanos que se originaram em diferentes partes do mundo
e independentes umas das outras. Tradicionalmente, os evolucionistas
32 são monogenistas, apesar de alguns estudos seus defenderem também o
poligenismo. A Bíblia, você já sabe, ensina claramente o monogenismo. A
fidelíssima tradução Almeida Corrigida Fiel diz: “E de um só sangue fez toda
a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra” (Atos 17.26).
A Nova Versão Internacional afirma na mesma passagem: “De um só fez ele
As doutrinas do Homem e do Pecado

todos os povos, para que povoassem toda a terra”. Ora, cada pessoa é meu
parente de sangue. Isso não deveria afetar a forma como considero cada ser
humano, mesmo os de outros povos, línguas, tribos e nações?
O monogenismo, homogeneidade racial, tem importantes impli-
cações espirituais. O fato de que todas as pessoas nascem com uma
natureza moral e religiosa e podem, portanto, responder ao anúncio do
Evangelho é uma indicação inegável desta unidade. Que todos nascem
em pecado e precisam igualmente de um Salvador é outra prova dela.
Todas as pessoas têm o direito de ouvir que Cristo morreu tanto por
elas, quanto pelos indivíduos ao seu redor e aqueles que estão distantes
o bastante para nunca serem conhecidos.

A IGUALDADE RACIAL É IMPOSSÍVEL para mim com olhar franzido de raiva nascen-
Por Gunar Berg te e incredulidade. Eu não me esqueço disso, e
não me esquecerei. Pode ser que naquele mo-
O Hino da Proclamação da República, cuja mento, por coincidência poética, o sol tenha
letra foi composta pelo militar pernambucano sido ocultado por alguma nuvem teimosa; só
José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros sei que em minha lembrança a sala escureceu
e Albuquerque, diz em verso inspirador: “Nós rápido. Nas semanas seguintes, os amiguinhos
nem cremos que escravos outrora / Tenha ha- negros, especialmente as meninas, tornaram-
-se agressivos e sem motivos. Tínhamos oito
vido em tão nobre País / Hoje o rubro lampejo
anos, e não fosse aquela professora branca
da aurora / Acha irmãos, não tiranos hostis”.
nos incitando, ainda demoraríamos a aprender
Quando criança, aos oito anos de idade, ainda
a mentira chamada igualdade racial, permane-
tive a alegria de ser alfabetizado em tempos
cendo na doce e inata verdade da homogenei-
que o civilismo e o patriotismo podiam ser co-
dade racial. Éramos iguais, até aquele dia.
municados aos alunos, embora não mais em
larga intensidade. Notei isso quando em aula De uma para outra hora, a sala tornou-se
que me deveria ser ensinado o Hino da Repú- arisca, as garotas começaram a circular com
blica, a professora optou por passar o tempo uma revista chamada Raça, ilustrada apenas
incitando os alunos pretos contra os brancos. por personalidades negras. Aliás, outra coisa
que se passou a fazer foi abandonar a expres-
Ela indagava como era possível cantar que são preto e substituí-la por negro. Eu podia ser
há irmãos no Brasil, quando brancos odeiam chamado de branco, mas meus amigos de pele
tanto os negros. Eu tinha oito anos e me assus- escura foram promovidos de pretos para ne-
tei quando notei meus colegas pretinhos, com gros. Insano sinal de um tempo agora chegado,
os quais eu acabara de chegar suado e abraça- em que as tensões fabricadas nos ambientes
do, vindo do recreio, depois de trinta minutos acadêmicos de esquerda finalmente eclodiram
de correria e gritaria, piques e pegas, olharem para implodir o Brasil e as nações ocidentais.
EXERCÍCIOS 33

1.25 A ideia de que diferentes povos, línguas e nações se originaram


em diferentes partes do mundo e independentemente umas das
outras é

Lição 1 - A Origem do Homem


___a) monogenismo, não poligenismo.
___b) poligenismo, não monogenismo.
___c) poligenismo, também conhecido por monogenismo.
___d) coincidente com o conceito de homogeneidade racial.

1.26 O que é monogenismo em seu sentido literal ou físico?


_________________________________________________
_________________________________________________
________________________________________________
___________________________________________________

A igualdade racial deixou de ser discurso conseguiu defender e atuar na libertação de


para tornar-se histeria. Hoje, mulheres bran- quinhentos escravos? Filho de pai branco não
cas são linchadas na internet por fazerem pode servir. André Rebouças, então! Um en-
tranças apertadas. É apropriação cultural, genheiro negro no Brasil Império, certamente
dizem os guardiões raciais. Sem reagir ou re- seria emblemático. Ou quem sabe o mestiço e
fletir, os bons cidadãos (que não têm cor, mas genial Machado de Assis seria um golpe certei-
têm discernimento) aceitaram calados o que a ro na discriminação por cor. Mas não, nenhum
barulhenta minoria impunha a todo o país. A deles serve. Melhor, mesmo, alguém negro o
data de 13 de maio, que deveria ser um marco bastante para estar num quilombo, mesmo que
de liberdade em nossa nação, quando Isabel, apenas para aproveitar-se de outros negros.
a Princesa Redentora do Império do Brasil, as-
O herói empurrado pelas esquerdas goela
sinou a Lei Áurea (ao custo da coroa de seu pai
abaixo de todos os brasileiros era, ele mesmo,
e da casa de Orléans e Bragança), já não tinha
um comerciante de escravos, um delator de
valor para o movimento negro. Era preciso um
fujões, um assassino de negros forros, um es-
herói negro, um escolhido por negros, e não
tuprador de mulatas perdidas. Mas era negro,
uma princesa branca de raízes europeias –
e isso importava mais que sua história – aliás,
maior discriminação desconheço. “Viva Zumbi
cuidadosamente manipulada para fazê-lo ser
dos Palmares”, alguém gritou. E desatentos,
um mártir das senzalas.
insanos e zangadiços, outros tantos responde-
ram “Vivas!”. O quilombola alagoano do século E por que demos este passeio na história de
XVII fora catapultado ao posto de arauto da nosso país? Para demonstrar como é antibíbli-
liberdade, profeta da igualdade. Um Tiraden- ca e falaciosa a mentira chamada igualdade
tes negro, um messias cativo. Por que não o racial. Politicamente ela não se sustenta, pois
mulato Antônio Francisco de Lisboa, o Aleijadi- não há tentativa de igualdade, mas de dispa-
nho? Sangue branco por demais, certamente. ridade e revanchismo. Ninguém de bom senso
E que tal Luís Gama, que sem ser advogado, nega a escravidão, horrenda e cruel, contra a
34 1.27 Assinale as alternativas corretas.
___a) O fato de que todas as pessoas nascem com uma natureza
moral e religiosa, e o fato de nascerem todas em pecado,
têm implicações importantes para a proclamação do
As doutrinas do Homem e do Pecado

Evangelho.
___b) As diferenças físicas e culturais nos indivíduos não são
suficientes para refutar o monogenismo.
___c) Não existem raças entre os homens. Não há raça negra,
há negros apenas. Não existe a raça indígena, mas índios
apenas. Não existe a raça branca, mas apenas homens de
pele branca. A pluralidade racial é um conceito esquer-
dista para dividir a humanidade em retalhos mais fáceis
de serem domados.
___d) O monogenismo é contrário ao relato bíblico da criação
do homem.

qual, aliás, o apóstolo Paulo levantou-se ao de tempo com tensões raciais? No milenar país
escrever a Filemom pedindo a libertação de oriental, todos são chineses, e fim. A mãe Rússia
Onésimo. Mas o povo ordeiro e pacífico do Bra- está interessada por demais em reaver sua glória
sil tem sido provocado ao limite para deixar de para discutir tensões étnicas. Todos são russos e
lado o perdão e acomodação de dores que o pronto! Mas o tecido social do ocidente se esgar-
faz o tipo mais querido universalmente, para ça aos olhos do mundo por estas questões fun-
estar agressivo e vingativo. Até os golpistas damentadas no ar, no éter, na quimera.
republicanos queriam estimular a paz: “Hoje o
A solução bíblica, que foi abandonada em
rubro lampejo da aurora / Acha irmãos, não ti-
nosso país, não tem a ver com igualdade entre
ranos hostis”. Mas, que! Melhor mesmo é fazer
raças, mas com homogeneidade racial. A Bíblia
a balança pender para o outro lado, e dar aos
expõe claramente que todos viemos de um só
negros a chance de oprimir os brancos! (Es-
pai, Adão, e uma só mãe, Eva. E embora milê-
tou exagerando? Veja o site https://ahbranco-
nios de gerações nos separem, eis-nos unidos
daumtempo.tumblr.com/ Se você estiver dis-
no Criador de todos os homens, e no primeiro
posto a ser morto pela mídia, tente fazer um
casal da terra. Isso nos faz iguais. Não é um
destes com o título “dá um tempo, índio”, ou
discurso de igualdade, mas a igualdade de
“dá um tempo, negro”, “dá um tempo, latino”.
nascimento, pois viemos todos de um só casal
Acho que você me entendeu.) Mas, aonde que-
ancestral. E depois deste casal, outra vezes
ro chegar? Muito simples! A solução política de
nos irmanamos proximamente em Noé e sua
igualdade racial é um engodo para dividir os
esposa, os pais de Sem, Cam e Jafé, e avós de
povos, deixá-los enfraquecidos e quebradiços.
todos nós. Isso nos iguala, nos une, nos irma-
Povos indígenas? A mesma coisa! Quilombolas
na. Todo o resto é manipulação política para
em pleno século XXI? Idem. Coletivos sociais? A
dividir e conquistar.
mesmíssima coisa. Pergunte-se se a China per-
TEXTO 6 35
A ANTIGUIDADE DO HOMEM
Embora existam diferentes ideias sobre a idade da raça humana, esta
data não é teologicamente crucial. Mas ainda que não seja biblicamente

Lição 1 - A Origem do Homem


impossível estimá-la, não é tarefa da Teologia tentar calculá-la. Contudo,
se nos entregarmos a esse impulso justo e justificável, lembremo-nos de que
aqueles que escreveram as genealogias não tinham a mesma percepção de
tempo que nós. Eles frequentemente falavam em números aproximados, e,
nalguns casos, determinados membros da linhagem eram omitidos, como
nas genealogias de Jesus (Mateus 1.1-17 e Lucas 3.23-38).
Mas se queremos pensar sobre isso, comecemos por uma pergunta
importante: por que não há uma cronologia bíblica antediluviana com datas
precisas? Gênesis 5 conta a respeito de dez homens que viveram antes do
dilúvio, começando com Adão e terminando em Noé, e indica o tempo
total da duração das vidas deles, mas sem ocupar-se de um calendário.
Leia este capítulo com bastante atenção e observe que mais relevantes
que datas ou as idades foram as menções das mortes de oito destes dez
homens – Enoque não morreu, pois o Senhor o tomou; e a morte de Noé
é contata ao fim da história do dilúvio. Ora, as repetições da expressão “e
morreu” indicam que o principal objetivo desta passagem é demonstrar o
cumprimento da condenação de morte registrada em Gênesis 2.17.
Satanás, na forma de uma serpente, disse a Eva que ela não morreria
(Gênesis 3.4), e ela acreditou na mentira. A queda do homem não causou
a morte física imediata dos transgressores, mas, sim, a eventual morte
física para eles e seus descendentes. Gênesis 5 serve para mostrar o
cumprimento do que fora estabelecido pelo Senhor. Prezado Aluno, creia
que Deus é fiel para cumprir promessas e sentenças.

EXERCÍCIOS
1.28 Quanto à antiguidade do homem, assinale cada alternativa correta.
___a) Os escritores dos tempos bíblicos geralmente tinham o
mesmo conceito de cronologia que temos.
___b) Ninguém jamais usou uma genealogia em Gênesis como
um instrumento para medir a idade da humanidade.
___c) A utilidade primeira de uma genealogia bíblica não era
calcular a antiguidade do homem.
36 1.29 O cálculo da idade da raça humana é
___a) parte crucial da teologia.
___b) uma curiosidade bíblica.
___c) uma questão teologicamente relevante.
As doutrinas do Homem e do Pecado

___d) não pertencente à teologia e não é uma finalidade sua.

1.30 Por que a genealogia de Gênesis 5 repete várias vezes a expressão


“e morreu”?
_________________________________________________
________________________________________________
_________________________________________________

REVISÃO DA LIÇÃO
Assinale com um “x” a alternativa correta.

1.31 Uma característica geral dos sistemas de pensamento é que


___ a) suas hipóteses iniciais requerem comprovação.
___ b) os seus pressupostos iniciais determinam e balizam os
desdobramentos destes sistemas.
___ c) as hipóteses iniciais não têm muita importância.
___ d) as hipóteses iniciais são apenas um protocolo acadêmico.

1.32 Em Gênesis 1, vemos que o comando criativo de Deus


___ a) fez as coisas acontecerem do modo como Ele queria.
___ b) precedeu o surgimento das coisas criadas.
___ c) raramente é encontrado no texto.
___ d) não existe.

1.33 A ordenação da atividade criativa de Deus aconteceu


___ a) dos entes mais simples para os mais complexos.
___ b) dos entes mais complexos para os mais simples.
___ c) de forma alternada entre os entes mais complexos e os
mais simples.
___ d) de forma espontânea e sem método.
1.34 A questão sobre a idade aparente do planeta Terra e a data da 37
criação dá-se porque
___a) há fatores que indicam uma idade muito recente,
enquanto outros depõem a favor de uma muito anterior,

Lição 1 - A Origem do Homem


embora isso não signifique contradições ou imprecisões
na palavra de Deus.
___b) há contradições no relato bíblico da criação.
___c) o que está contado nos primeiros capítulos do Gênesis
não pode ser entendido literalmente, como muitas
pessoas desejam fazer.
___d) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

Marque “C” para certo e “E” para errado.


___ 1.35 O foco do relato da Criação em Gênesis capítulo 1 está na
meta, e o foco no capítulo 2 está na ordem.
___ 1.36 O relato bíblico de como o homem se tornou um ser vivo por meio
da inspiração de Deus contradiz até mesmo a evolução teísta.
___ 1.37 O envolvimento direto de Deus na criação do homem é uma
indicação da singularidade da criação do homem.
___ 1.38 As singularidades do homem dizem respeito apenas à sua
posição perante Deus no mundo.

Responda.

1.39 Defina monogenismo.


_________________________________________________
_________________________________________________

1.40 Qual a importância da idade da raça humana para a tarefa da


teologia?
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