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A inspiração, a inerrabilidade e a infalibilidade

das escrituras.
“A Bíblia é inspirada, porem infalível; ou seja, sem erros. A razão é simples: a bíblia é a palavra
de Deus, e Deus não pode errar; portanto a Bíblia não pode estar errada. Para negar a
infalibilidade da Bíblia deve-se afirmar que Deus pode cometer erros ou que a Bíblia não é a
Palavra de Deus”. (Norman L. Geisler)

Uma das razões que algumas pessoas rejeitam o cristianismo é que eles acreditam que a Bíblia é
cheia de contradições e, portanto, não confiável. Claro que, se isso fosse verdade, seria difícil
convencer alguém de sua origem divina. Além disso, por que alguém iria querer confiar em uma
Bíblia que contém erros ou contradições? Certamente iria lançar dúvidas sobre se ela realmente veio
de um perfeito e onisciente Deus. Na verdade, alguns irão argumentar que, se a Bíblia contém
mesmo erros, ela deve ter se originado com os homens, não com Deus. Assim, se as escrituras que
alegam serem divinamente inspirada, contêm erros, não podem realmente nos guiar na moral e na fé.

A maioria dos céticos está convencida de que a Bíblia é de origem humana e não divina. Na verdade,
eles geralmente veem a Bíblia como uma compilação de histórias e princípios, que podem ajudar a
melhorar o ser humano, assim como muitos outros livros. Assim, quando um cristão cita a Bíblia,
como sua fonte de autoridade divina, não tem nenhum efeito real sobre eles, pois eles não confiam
nas escrituras em primeiro lugar! Cristãos são, portanto, colocados na incômoda posição de tentar
convencê-los da autoridade das Escrituras. Embora haja cristãos que tomam a posição de que a
Bíblia se defende sozinha e nenhum argumento pode provar a sua origem divina, o simples fato da
afirmação Bíblica não constitui prova de que ela é realmente divina. Portanto cristãos devem estar
preparados para lidar com isso, pois se não formos capazes de conciliar dificuldades bíblicas e divina
inspiração, nunca iremos convencê-los de sua necessidade de Cristo, o foco da revelação divina!

A inspiração das Escrituras


"Toda a Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para repreender, para corrigir,
para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado
para toda boa obra." (2 Tm.3:16-17).

A maioria dos cristãos acredita que um Deus de amor se revelou através da revelação geral e
especial. A revelação geral se refere a Deus revelando-se através de Sua criação (natureza), história
e na consciência de todos os homens. A revelação especial refere-se a Deus revelando a si mesmo e
seu plano de redenção através da comunicação oral e escrita, através de Jesus Cristo e através do seu
registro na Bíblia Sagrada. Isto é, algo sobre a natureza de Deus pode ser conhecido tanto pelo
testemunho da criação quanto pela própria Bíblia, a fonte de inspiração divina. A Bíblia é
essencialmente a auto-revelação de um Deus amoroso, seu propósito e de seu plano para
humanidade. É nada menos do que uma palavra sobrenatural de um ser sobrenatural, o Criador do
universo. Ao compartilhar a Bíblia com os outros, é obrigação do cristão sempre estar atento para
expô-la com a maior fidelidade e precisão possível; como originalmente nos foi apresentada - a
inerrante Palavra de Deus. É uma revelação divina, a base da verdade absoluta e pode ser confiável
acima de todos os outros livros chamados sagrados, que reivindicam origem divina, mas não passam
no teste de inspiração divina. Por exemplo, o Livro de Mórmon (Jesus Cristo Santo dos últimos
dias), o Princípio Divino (a Igreja da Unificação), a Tradução do Novo Mundo das Escrituras
Sagradas (Testemunhas de Jeová), Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras (Ciência Cristã),
todos concordam com a Bíblia, mas não são repositórios da verdade divina.

Às vezes, há confusão em relação a termos como revelação, inspiração e infalibilidade bíblica. No


entanto, a maioria cristã aceita os seguintes termos e suas definições:

1) Revelação: O termo significa "tirar o véu" e mostrar algo que estava encoberto. Neste sentido,
"revelação" é o conteúdo registrado pela inspiração. A relação entre os dois termos pode ser definida
assim: a inspiração é o automóvel e a revelação é o passageiro. Quando dizemos que "Deus se
revelou" estamos dizendo que Ele tirou o véu que O encobria diante dos homens e Se deu a conhecer
à humanidade. O propósito da Bíblia é trazer a auto-revelação de Deus aos homens. Ele não revelou
o futuro ao homem, nem fatos e questões pessoais. O propósito da Bíblia é falar de Deus. Ele
revelou-Se a Si mesmo. Já sabemos que Jesus é o clímax da revelação de Deus: "Ninguém jamais
viu a Deus. O Deus unigênito, que está no seio do Pai, esse o deu a conhecer" (Jo.1.18). Jesus é a
maior revelação de Deus e a finalidade da revelação é tornar Deus conhecido dos homens.

"Revelação e inspiração estão estreitamente ligadas, mas distinguem-se em aspectos da verdade


bíblica. Nas Escrituras, a inspiração e a revelação, se combinam para assegurar que a Bíblia é a
Palavra de Deus, revelando com exatidão fatos sobre o Senhor. A revelação foi o ato da divina
comunicação aos escritores da Escritura. Inspiração foi a obra de Deus em guiar e dirigir os
escritores da Bíblia para que eles escrevessem a verdade absoluta, mesmo quando ela estivesse
além do seu entendimento. A inspiração foi limitada à Bíblia em si, e é mais adequado dizer que as
Escrituras foram inspiradas do que dizer que os escritores foram inspirados" (Lewis Chafer).

2) Inspiração: O termo vem do latim inspiro, que significa "soprar para dentro". "Inspiração"
significa que Deus soprou para dentro do autor bíblico a Sua verdade. O conteúdo das Escrituras não
é uma especulação ou uma descoberta humana após uma longa e cansativa pesquisa filosófica. Mas
seja qual for o método que o autor usou, ou o que Deus usou com o autor, isto é inspiração. Foi Deus
quem colocou na mente e no coração do escritor bíblico a capacidade de apreender e de registrar Sua
Palavra. Assim dizemos que a Bíblia nasceu no coração e na mente de Deus. E Ele soprou suas ideias
para o homem. Isto é inspiração.

Na realidade, o que é inspirado não é o escritor humano, mas sim o texto bíblico; "Toda Escritura é
divinamente inspirada". (2 Tm.3:16) O termo "inspirada" (theopneustos), expressa mais do que
qualquer outra coisa, que o "produto final" de todo o processo - a Escritura, é o que possui a
qualidade de ser Palavra de Deus e, portanto, autoridade divina. Os escritores humanos foram
"conduzidos" (pheromenoi) pelo Espírito Santo para registrarem o texto "soprado por Deus", o qual
possui a autoridade de Palavra de Deus e cuja prerrogativa é ser obedecido (2 Pe.1.21, cf. 1.19).

3) Iluminação: A iluminação pode ser definida como uma intervenção divina que concede aos
cristãos a capacidade intelectual de compreenderem a verdade já revelada especialmente com
referência à ouvir ou ler a Sagrada Escritura. Esta palavra significa "fazer a luz brilhar". Não somos
inspirados simplesmente porque não recebemos a revelação, mas somos iluminados para conhecê-la:
"sendo iluminados os olhos do vosso coração, para que saibais qual seja a esperança da vossa
vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos" (Ef.1.18). É impossível
entendermos a situação de pecado sem intervenção do Espírito Santo, que produz luz em nossa
consciência. A Iluminação acontece porque o homem natural não pode discerni-la. “Ora, o homem
natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não
pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. (1 Co.2.14).
4) Inerrancia: A visão de que a Bíblia em sua versão original é livre de erro em tudo o que ensina,
em suas próprias palavras, estendendo-se a todas as suas partes.

5) Infalibilidade: Doutrina que ensina ser a Bíblia infalível em tudo o que diz. Muitas vezes é usado
este termo em concordância com a inerrancia, já que toda palavra que se cumpre, além de ser
infalível é também livre de erros.

Acerca da infalibilidade Carl F. Henry disse: “Há apenas uma única coisa realmente inevitável: é
necessário que as Escrituras se cumpram. O que isto significa? Simplesmente que a Bíblia é
infalível”.

A própria Bíblia dá testemunho de sua infalibilidade nas seguintes passagens e em várias outras:

No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número dos anos, de que
falara o SENHOR ao profeta Jeremias, em que haviam de cumprir-se as desolações de
Jerusalém, era de setenta anos. Dn.9.2

Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que
diz; Mt.1.22

Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. Mc.13.31

Quando o profeta falar em nome do SENHOR, e essa palavra não se cumprir, nem suceder
assim; esta é palavra que o SENHOR não falou; com soberba a falou aquele profeta; não
tenhas temor dele. Dt.18.22

Entendendo porque as dificuldades Bíblicas.


Entendemos que a Bíblia é um livro inspirado, sem erros e infalível, porque então, existem tantas
contradições? Primeiro precisamos entender que não são contradições, depois entendendo como a
Bíblia chegou até nós podemos ter uma ideia do porquê! As Escrituras que temos hoje vieram como
um resultado direto da transmissão do texto, ou seja, temos cópias de manuscritos do Antigo e Novo
Testamento, que foram descobertos desde a perda dos originais. E já que são cópias de textos
anteriores, não seria razoável supor erro de transmissão durante todo esse longo período? A resposta
é simples, sim, há erros dos escribas, no entanto, eles não configuram contradições; eles são apenas
aparentes discrepâncias que podem ser explicadas. Além disso, quando se fala de inspiração divina e
inerrancia das escrituras, está se referindo aos textos originais, não as cópias.

Quando Deus originalmente inspirou aqueles que escreveram a Sagrada Escritura, Ele a protegia de
qualquer tipo de corrupção humana, porém permitia-lhes expressar seus pensamentos em palavras
humanas e emoção. No entanto, o tempo todo Deus estava supervisionando a mensagem, que se
tornou a Palavra de Deus, inerrante, infalível e autoritária. Por outro lado, as cópias não foram
divinamente inspiradas nem foram protegidas da corrupção ou da transmissão de erros. No entanto,
Deus providencialmente tem permitido através do tempo a descoberta de muitos manuscritos, que
representam fielmente as escrituras originais.
Tendo sido reconhecido o erro humano no processo de transmissão, vamos agora examinar
brevemente algumas das fontes das supostas discrepâncias da Bíblia. Vários estudiosos têm apontado
às causas do erro. Eis algumas das razões para as chamadas discrepâncias da Bíblia:

Assumir que o que não foi explicado seja inexplicável.


“Nenhuma pessoa instruída alegaria ser capaz de explicar completamente todas as dificuldades
bíblicas”. (Norman Geisler). Se não foi explicado quer dizer que nunca o será? A cada dia que passa
mais e mais fatos vem à tona com descobertas cientificas, arqueológicas e antropológicas e vários
mistérios da bíblia tem sido elucidados através destas descobertas. E errado achar que só porque
“ainda” não foi explicado nunca o será.

Confundir as nossas falíveis interpretações com a infalível revelação de Deus.


A Bíblia não pode estar errada, mas nós podemos estar errados quanto a alguma coisa dela. O
significado da Bíblia nunca muda, mas a nossa compreensão pode mudar. Os seres humanos são
falhos e enquanto existirem seres humanos imperfeitos, haverá erros de sua interpretação.

Falhar na compreensão do contexto da passagem.


Talvez o erro mais comum dos críticos seja o de tirar um texto de seu próprio contexto. A Bíblia diz:
"Não há Deus" (SI.14:1). É claro, que o contexto é: "Diz o insensato no seu coração: 'Não há Deus'".
O contexto em que o salmista lança esta afirmação não deve ser ignorado.
O erro de não observar que o significado é determinado pelo contexto é, talvez, o principal pecado
daqueles que encontram erros na Bíblia.

Deixar de interpretar passagens difíceis à luz das que são claras.


Algumas passagens das Escrituras são de difícil compreensão. Às vezes a dificuldade é por serem
obscuras. Outras vezes a dificuldade está em que uma passagem parece estar ensinando algo
contrário ao que outra parte da Escritura ensina com clareza. Por exemplo, Tiago parece estar
dizendo que a salvação é pelas obras (Tg.2:14-26), ao passo que Paulo ensinou com toda a clareza
que é pela graça (Rm.4:5). Neste caso, Tiago não deve ser interpretado de maneira a contradizer
Paulo. O apóstolo Paulo está falando da justificação perante Deus (o que é pela fé somente), ao passo
que Tiago está se referindo à justificação perante os homens (que não têm como ver a nossa fé, mas
somente as nossas obras).

Esquecer-se de que a Bíblia é um livro humano, com características humanas.


Exceto pequenas seções, tal como os Dez Mandamentos, que foram escritos "pelo dedo de Deus", a
Bíblia não foi verbalmente ditada. Seus escritores não foram secretários do Espírito Santo. Eles
foram autores humanos, que empregaram estilos literários próprios e seu jeito de ver as coisas. Esses
autores humanos às vezes tomaram informações de fontes humanas para o que escreveram. De fato,
cada livro da Bíblia é uma composição feita por um escritor humano; foram cerca de quarenta
autores.

Assumir que diferentes narrações sejam falsas.


Pelo simples fato de divergirem entre si duas ou mais narrações do mesmo acontecimento, isso não
significa que elas sejam mutuamente exclusivas. Por exemplo, Mateus diz que havia um anjo junto
ao túmulo de Jesus depois da ressurreição, ao passo que João nos informa de que havia dois. Não há,
porém, nenhuma contradição. De fato, há uma infalível regra matemática que facilmente explica este
problema: onde quer que haja dois, sempre há um - e nisso não existe erro! Mateus não diz que havia
apenas um anjo. É necessário acrescentar a palavra "apenas" no registro dele para fazê-lo entrar em
contradição com o de João. Mas, se o crítico vem até a Bíblia para mostrar os erros dela, então o erro
não está na Bíblia, mas sim no crítico.
Na verdade, as chamadas discrepâncias Bíblicas têm sido adequadamente tratadas e não devem ser
verdadeira barreira à crença. Começamos com a afirmação de que, se a Bíblia é cheia de
contradições como os céticos argumentam, então seria lançado sérias dúvidas sobre sua origem
divina e, como consequência, a sua autoridade e confiabilidade. Afirmo que é seguro dizer que este
argumento não tem qualquer fundamento real. A maioria dos estudiosos bíblicos evangélicos
admitem que muitas discrepâncias foram resolvidas, enquanto outras não. No entanto, no decorrer do
tempo, com o trabalho contínuo na crítica textual com material manuscrito existente e talvez com
novas descobertas de manuscritos e dados arqueológicos, eles também vão ser resolvidos.

Referencias:

Teologia Sistemática - Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho.

Teologia Sistemática Pentecostal - CPAD.

Manual Popular de Duvidas - Norman Geisler.

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