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Hermenêutica

Hermenêutica – 1. Ciência e arte de interpretar o sentido das palavras, das leis, dos
textos etc. 2. Interpretação dos textos sagrados e dos que têm valor histórico. É
considerada ciência porque ela tem normas, ou regras, e essas podem ser classificadas
num sistema ordenado. É considerada como arte porque a comunicação é flexível,
portanto uma aplicação mecânica e rígida das regras às vezes distorcerá o verdadeiro
sentido de uma comunicação.

Para muitos, a Bíblia é um enigma capaz de várias interpretações diferentes. Alguns


ainda se entregaram ao desespero sobre sua própria habilidade de entendê-la. Para
outros a Bíblia tem um nariz de cera que pode ser modelada em conformidade com os
interesses do leitor. Freqüentemente a conclusão parece ser: “Você pode citar a Bíblia
para provar qualquer coisa”.

- Há uma saída para essa confusão?


- Há alguma solução para leitores sérios que querem encontrar princípios para
guiá-los através de pontos de vista conflitantes que eles ouvem de todos os
lados?

De acordo com a própria Bíblia, enfatizamos a origem divina e a autoridade das Escrituras.

Com a graça de Deus veremos neste curso algumas regras de interpretação que servirão
como verificadoras e equilíbrio para a excessiva tendência das pessoas em interpretar a
Bíblia de acordo com os próprios preconceitos.

2 Pe 1:19-21 2 Tim 3:14-17

2 Tm 2:15
• “Procura...” spoudazo esforçar-se, trabalhar, estudar, zelar.
• “... manejar bem” significa cortar com exatidão.
“orthotomeo” 3718 (orthos, correto, direito, certo; temno, cortar)
Uma pedra, ou a pedra angular, era cortada como padrão e fundação para um
edifício. Portanto, a interpretação da Bíblia é a fundação para toda doutrina bíblica.
Temos, portanto, que cortar as pedras da fundação corretamente de forma que tudo
que construirmos permaneça inabalável.
• aprovado “dokimos” (origem etimológica: receber) provar e aprovar.

2 Pedro 3:16-18 “... os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as


demais Escrituras, para a própria destruição deles.”
v. 18 “antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo...”

Se o diabo não puder mantê-lo longe ou fora da verdade, então ele trabalhará com afinco
para lhe jogar para o outro extremo (vala do extremismo), tornando-lhe um fanático.
As pessoas podem, em determinado momento, ser usadas pelo Espírito Santo e logo em
seguida ser usadas pelo diabo ou ceder a ele.

Não temos a obrigação de acreditar em qualquer coisa que não tenha fundamento na
Palavra.
Temos que estudar a Palavra no estilo bereiano (Atos 17.11).
Por outro lado, nós temos que ter um coração tratável e humilde para mais conhecimento.

Não há substituto para a Bíblia.

Introdução

I. Porque precisamos desse curso?

a) Para reconhecer erros (Atos 17:11; Ef. 4:14,15).


b) Para reduzir a quantidade de falsas doutrinas
c) Para trazer equilíbrio à nossa mensagem (2 Pedro 1:1-11; Pv. 4:20-22; Josué
1:8)
- Temos que ter uma mensagem equilibrada e abrangente – falamos a respeito de
fé, mas temos também que falar dos testes e provações.
- Não devemos super enfatizar nenhuma doutrina em nossa vida - a Bíblia nos dá
o padrão.
- Se Deus levá-lo a enfatizar alguma verdade para ministrá-la é uma coisa, mas
enfatizá-la em sua vida fará com que você viva em extremismo e fanatismo (2 Tm
1:7 - Fl. 4:5).
- Não há qualquer doutrina bíblica que seja a chave para a vida cristã.
- Por exemplo: não é saudável por ênfase em um método de cura divina.
Precisamos de toda a verdade. Devemos buscar e anunciar todo o desígnio de
Deus (Atos 20:27).
- Não é só louvor e adoração.
- Não é só oração.
- Não é só fé.
- Não é só cura.

II. Quatro perigos que devemos evitar:


a) Evite estudar a Bíblia como um livro qualquer (Jr. 2:8)
b) Evite deixar de estudar a Bíblia (2 Pedro 3:16)
- O que realmente produz resultados na Bíblia, não é simplesmente conhecer os
fatos dela, mas a pessoa de Jesus.
- O Salmo 49:10 é usado como desculpa por pessoas despreparadas. Lembre-se
de 2 Pe 3:16
c) Evite aplicar incorretamente a Palavra (Lc. 4:9-12)
- O diabo não citou a Bíblia incorretamente, mas ele a aplicou erradamente.
- Nesse texto de Lucas, satanás cita a Bíblia para o Verbo Vivo.
- Uma meia verdade é mais enganadora que uma completa mentira.
- Deus não promete nos proteger incondicionalmente. Não há promessa que nos
proteja da tolice.
- Malaquias 3:9 O dízimo foi instituído 500 anos antes da lei. As pessoas citam Gl
3:13 para parar de dizimar.

d) Evite representar mal a Palavra (2 Cor. 4:2)

III- A Validade das Escrituras

Revelação especial: quando Deus fala diretamente às pessoas, como


aconteceu com Adão, Eva, Caim, a serpente, Noé, Moisés e muitos outros.
Revelação geral: quando Deus nos fala através da nossa consciência e através
da natureza, obra de Suas mãos.

a. Definição de Infalibilidade e Inspiração

Infalibilidade: O fato que a Bíblia é infalível (não só na fé e moralidade);


escrita sem erro. A Bíblia é a verdade.

Inspiração: “Soprada por Deus”; verdadeiramente registrada; o processo


pelo qual a verdade ou a revelação de Deus é registrada.
A obra do Espírito Santo em indivíduos escolhidos, pelos quais a pessoa é
movida a falar ou escrever em seu próprio idioma as palavras de Deus sem
errar nos fatos, doutrina ou julgamento.
A maioria dos estudiosos conservadores acredita que Deus usava os
profetas e os controlava, mas não lhes violava o estilo ou personalidade.

b. Três Pontos de Vista sobre a Inspiração das Escrituras: Liberal/Neo-


ortodoxa/Ortodoxa.
Liberal: A Bíblia é inspirada como qualquer outra obra de grandes escritores
como Shakespeare, Monteiro Lobato etc. – romance.
Neo-ortodoxo: A Bíblia é só um outro livro até que você o lê; à medida que
você o lê, certas passagens lhe tocam e aquela porção se torna a Palavra
de Deus para você.
Ortodoxo: A Bíblia é a Palavra de Deus literal.

A diferença entre a Bíblia e o produto do dom de profecia:


§ Na Bíblia, Deus estava pessoalmente envolvido (homens santos, falaram
da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo). Isto garante que toda
Palavra é inspirada
§ Deus não dá a garantia de total inspiração às profecias entregues através
dos dons de profecia, porque são dados por meio de vasos terrenos
falíveis.
§ O dom de profecia não é predizer o futuro. É composto por palavras que
confortam, edificam e exortam. Uma simples profecia não revela nada,
ao contrário da palavra de conhecimento e da palavra de sabedoria).
§ Revelação (tecnicamente) significa adquirir conhecimento que nunca
ninguém soube antes, de Deus.
§ A Inspiração é o processo pelo qual a verdade( a Bíblia) foi registrada.
§ Iluminação significa a comunicação de alguma coisa que já foi revelada
a alguém.
§ O dom da profecia opera através de vasos imperfeitos.
- Fatores: obediência, fé, maturidade espiritual, enchimento com o
Espírito Santo, ofício ministerial.
§ O dom de profecia nunca nos dará uma nova direção ou alguma coisa
que Deus nunca falou a você através de Sua Palavra ou da testemunha
interior.
§ Deus não garante a veracidade de toda palavra profética através da
manifestação do dom de profecia, mas Ele garante toda a Palavra da
Escritura.

AS ESCRITURAS INTERPRETAM AS PRÓPRIAS ESCRITURAS

Para uma boa abordagem bíblica eu preciso de três etapas:

1ª etapa, “A Observação” consiste na pergunta: “Que diz o texto?”

2ª etapa, “A Interpretação”, indaga: “Que quer dizer?”.

3ª etapa, “A Aplicação”, questiona: “Como se aplica a mim?”.

Talvez a Interpretação seja das 3 etapas , a mais difícil e a que mais tempo
consome, quando o estudo bíblico não é realizado a fundo nesta etapa, pode incorrer
em erros graves e em resultados distorcidos.

1. O primeiro e mais importante princípio ou regra de interpretação da Bíblia:

A Bíblia interpreta a própria Bíblia. A Bíblia, até certo ponto, interpreta a si mesma.
Estude verdades espirituais à luz de verdades espirituais.

Texto sem contexto, é pretexto!

Os cinco maiores contextos que devem ser considerados inicialmente:

1- O Contexto Imediato ou Passagem Bíblica

- É sempre importante ler os versos precedentes e posteriores.


- Identifique o seu significado naquela época e naquele lugar.
- Descubra qual é o significado original antes de fazer aplicações.
- Ef. 5:2 Esse pensamento começa em 4:1 é termina em 6:9
- 1 Cor. 15:29 à Se os mortos não ressuscitam
15:1-4, 11, 12 à Alguns estavam pregando que não havia ressurreição.
15:19 Se não há ressurreição ... mais infelizes
29 Porque um batismo de ressurreição se eles não criam na
ressurreição.

- Qualquer crente, com a ajuda do E.S. e algumas regras de hermenêutica, pode


interpretar corretamente as Escrituras.

2- O Contexto do Livro
3- Outros Livros do Mesmo Autor
4- Todo o Testamento que Contenha o Livro
5- Toda a Bíblia

Revelação progressiva

No livro de Hebreus contemplamos a realidade da Bíblia como uma revelação


progressiva. “A lei tem a sombra dos bens futuros ...” Hb 10.1a Uma sombra traz a
aparência e a forma de uma pessoa mas não é a pessoa em essência. O Velho
Testamento nos apresenta a aparência do Novo Testamento daquilo que é para ser
apresentado no nosso tempo.
A vinda de Jesus inaugurou e estabeleceu um novo tempo, uma nova aliança e um
Novo Testamento para os filhos de Deus. Quando se entende esta realidade o Velho
Testamento e o Novo Testamento nos revelam o propósito de Deus de forma coerente e
rica para o nosso beneficio.

O que o autor queria dizer?

Quando estamos tentando interpretar um texto bíblico a melhor pergunta não é o


que o texto significa para mim, mas sim o que Deus estava querendo dizer através do
autor. Para melhor entendimento dessa realidade é fundamental entender bases
históricas, culturais e lingüísticas.

Contexto Histórico-cultural

Os dicionários definem “cultura” como o “conjunto dos moldes de comportamento,


crenças, instituições e valores espirituais e materiais característicos de uma
sociedade.”

Portanto, a cultura envolve o que as pessoas pensam e crêem, dizem, fazem e


produzem. Estamos falando de suas crenças, formas de comunicação, costumes e
hábitos, e de elementos materiais como ferramentas, habitações, armas, etc.. A cultura
de um indivíduo abrange vários níveis de relacionamentos e influências, suas relações
com outras pessoas e grupos, a função que exerce na família e na classe social e a nação
ou governo a que está sujeito.
A religião, a política, as operações militares, as leis, a agricultura, a arquitetura, o
comércio, a economia e a geografia da região onde o indivíduo vive e por onde viaja, o
que ele e outros escreveram e leram, o que ele veste e a língua que fala; tudo isso
influencia seu modo de vida e, no caso de ser um autor bíblico, o que ele escreve.
Quando abrimos as Escrituras, é como se estivéssemos entrando num país
estranho.Hoje, como ontem, como em vários países, é preciso conhecer os costumes
locais. Por exemplo: Na Inglaterra, dirige-se ao lado esquerdo da rua. Se você se
esquecer disso, certamente vai ter problemas!
Percebemos que existem muitos costumes diferentes em grande parte da Bíblia.

Como a Variedade de Costumes Culturais Influi na Interpretação de Certas


Passagens?

Os quatros aspectos culturais: pensamentos (crenças), fala, ação e produtos,


normalmente se sobrepõem.
O que alguém pensa afeta seus atos, o que faz está ligado àquilo em que acredita, e assim
por diante.
Outra visualização dos aspectos culturais agrupa-os em algumas categorias, as quais,
apresentaremos exemplos de passagens bíblicas cujas interpretações depende desse
conhecimento cultural:

Política (nacional, internacional e civil)

Por que o rei Belsazar concedeu a Daniel a terceira colocação no governo babilônico, e
não a segunda (Dn 5:7-16)?
Porque, como nos conta a história secular, Belsazar era na realidade o segundo no
comando. Nabonido, seu pai, ausentara-se do país por um período longo.
Por que Jonas não queria ir para Nínive?
Fontes seculares nos contam que os ninivitas cometiam atrocidades com seus inimigos.
Eles decapitavam os líderes dos povos conquistados e empilhavam as cabeças.
Às vezes, colocavam numa jaula um chefe capturado e tratavam-no como animal. Por
vezes, esticavam as pernas e os braços do prisioneiro e esfolavam-no ainda vivo. Não é
de admirar que Jonas não quisesse pregar uma mensagem de arrependimento aos
ninivitas.
Ele achava que mereciam ser julgados por suas atrocidades.
Por que Boaz foi até a porta da cidade falar como os anciãos sobre o terreno de Noemi
(Rt 4.1) ?.
A porta da cidade era o lugar oficial para a realização de negócios e para o julgamento de
casos (Dt 21:18-21, Js 20:4, Jó 29:7).

Religião

Porque Moisés deu um mandamento tão estranho quanto este: “... não cozerás o cabrito
no leite de sua própria mãe.” (Ex 23:19; 34:26; Dt 14:21) ?
Existem referências a essa prática em escritos descobertos na antiga cidade de Ugarite,
próxima à atual Ras Shamra, no Líbano.
De acordo com essa descoberta arqueológica, tal hábito era parte de um ritual cananeu.
Evidentemente, então, Deus não queria que os israelitas participassem de nenhuma
prática religiosa dos cananeus.
Outro motivo poderia ser o fato de Deus não querer que os israelitas misturassem uma
substância que sustenta a vida (o leite) com um processo associado à morte (cozimento).
Como escreveu Filo, filósofo judeu do século I, é “totalmente inconcebível que a
substância que alimentou o animal seja utilizada para amadurecê-lo ou temperá-lo depois
de morto.”
Qual a razão de Deus ter lançado as dez pragas sobre o Egito?
Quer dizer, porque Ele enviou justamente aquelas pragas em vez de outras?
Parece que a resposta está no fato de que eram considerados polêmicas ou atos de
contestação da validade dos deuses egípcios.
Por exemplo: Eles acreditavam que o rio Nilo era protegido por vários deuses e
deusas. Mas, quando Deus o transformou em sangue, ficou evidente a incapacidade
desses guardiães de cumprirem o papel que o povo lhes atribuía.
Porque o gado haveria de morrer (na 5ª praga) se a deusa Egípcia Hátor, que tinha cabeça
de vaca, era “protetora desses animais”, e porque o gado morreria na presença do deus
– touro egípcio Ápis, que simbolizava a fertilidade?
O objetivo dessa praga foi mostrar que Hátor e Ápis eram deuses falsos. Veja, a chuva
de pedras que destruiu as plantações (7ª praga), mostrou que várias deusas e deuses
foram incapazes de controlar as tempestades no céu e evitar a catástrofe no campo. Entre
esses estavam Nut, a deusa do céu, Osíris, o deus da boa safra, e Seti , o deus das
tempestades.
Na 10ª praga , Ísis, que era uma das principais divindades e que acreditava ser a protetora
das crianças, não pode evitar a morte dos primogênitos de todas as famílias egípcias. O
conhecimento desses fatos ajuda-nos muito a entender as pragas.
Porque Elias propôs que o monte Camelo fosse o local de sua disputa com os 450 profetas
de Baal?
Os seguidores de Baal acreditavam que este deus habitasse, no Monte Carmelo, portanto,
Elias deixou que eles “jogassem em casa “.
Se Baal não conseguisse fazer cair um raio sobre um sacrifício em seu próprio território,
sua fraqueza se tornaria evidente.
Outro ponto interessante é que os cananeus viam a Baal como o deus de chuva, dos raios,
do fogo e das tempestades.
Como até pouco antes desse episódio dramático houvera uma seca de três anos e meio,
estava claro que Baal não era capaz de fazer chover .
Sua incapacidade também foi demonstrada pelo fato de não conseguir fazer cair fogo do
céu sobre o sacrifício.

Economia

Em Jó 22:6, por que Elifaz acusou Jó de exigir penhores de seus irmãos sem motivo?
Na época do Antigo Testamento, essa atitude era considerada um crime desprezível. Se
uma pessoa devesse dinheiro à outra e não pudesse pagar, a devedora dava sua capa à
credora como penhor ou garantia do pagamento futuro. Contudo, ao cair da noite, a
credora devia devolver-lhe a capa, pois provavelmente ela apascentaria ovelhas no campo
ao relento e precisaria ter com que se cobrir.
Tomar um penhor de alguém sem motivo era pecado. Jó não era culpado dessa atitude,
como explicou depois (Jó 31:19-22).
Porque o parente mais chegado de Elimeleque deu sua sandália a Boaz (Rt.4:8)?
Segundo as Tábuas Nuzi, (tabletes de escritos com assuntos bíblicos e informações da
época encontradas no Iraque em escavações que se estenderam desde 1925 até 1931),
esse ato simbolizava a cessão de direitos de uma pessoa sobre a terra que pisava. Agia-
se assim quando era concluída a venda de um terreno.

Leis

Em II Rs 2:9, quando Eliseu disse a Elias: “... Peço-te que me toque por herança porção
dobrada do teu espírito,” será que ele estava pedindo duas vezes mais poder espiritual do
que Elias tinha?
Não, estava expressando o desejo de ser seu herdeiro, seu sucessor.
De acordo com Dt 21:17, o primogênito de uma família tinha o direito de receber
em dobro sua parte da herança deixada pelo pai.

Agricultura

Por que em Salmos 1:4 o salmista compara os ímpios à palha?


Para mostrar que o ímpio não tem segurança. Quando os fazendeiros joeiram o trigo, o
vento leva a palha que é mais leve. Nenhum fazendeiro procura guardar e usar a palha,
pois não é útil. Os ímpios, como ela, não têm segurança nem utilidade.
Porque Amós chamou as mulheres de Betel de “Vacas de” Basã, em Am 4:1?
As vacas de Basã (área fértil a nordeste do mar da Galiléia) eram conhecidas por serem
gordas. As mulheres de Betel, à semelhança daquelas vacas, eram ricas e preguiçosas e
pouco faziam além de comer e beber.
Qual o motivo do Senhor ter perguntado para Jó , em Jó 39:1 : “Sabes tu o tempo em que
as cabras montanhesas têm os filhos...?”
As referidas cabras escondem-se nas montanhas quando vão parir. Num período de 30
anos, viram essas cabras parirem nas montanhas da Judéia somente 4 vezes.
Obviamente, Deus estava acentuando a ignorância de Jó no tocante ao que acontece na
natureza.
Por que Jesus condenou a figueira que não tinha frutos, se nem era época de figos? (Mc
11:12-14)
Em Israel, as figueiras costumam produzir, pequenos botões em março e grandes folhas
verdes em abril. Esses pequenos botões eram “frutos” comestíveis. Jesus “amaldiçoou” a
figueira na época da Páscoa, ou seja abril. Como a planta não apresentava botões, não
daria frutos naquele ano. Mas o “tempo de figos” vai do final de maio até fins de junho,
que é quando amadureciam.
A maldição que Jesus lançou sobre a figueira representava a falta de vitalidade espiritual
de Israel (como a falta de botões), a despeito de sua aparente religiosidade (como as
folhas verdes).

Arquitetura

Como Raabe podia Ter uma casa em cima de uma muralha (Js 2:15)?
Jericó tinha as muralhas duplas, e o intervalo entre elas era cheio de terra, de forma que
se podiam construir casas ali e ainda estarem quase ao nível do topo.

Vestimentas

Qual o significado de “Tomará Alguém Fogo No Seio?” (Pv 6:27)


A palavra “seio” pode significar uma dobra na roupa que funcione como um bolso para
carregar coisas.

Vida Doméstica

Qual é o significado de Oséias 7:8: “Efraim... é um pão que não foi virado”?
Às vezes, um pão assa mais de um lado que do outro senão for virado.
Parece que Oséias empregou essa ilustração para dizer que Efraim carecia de equilíbrio,
dando mais atenção a determinadas coisas e deixando de atentar para outras.
Por que o Senhor falou da erva que é lançada no fogo (Mt 6:30) ?
Os fornos de barro, onde se assavam pães finos parecidos com panquecas, eram
aquecidos pela queima do capim.

Geografia

Porque a carta para a Igreja de Laodicéia, em Apocalipse 3:16, dizia que os membros
daquela Igreja eram “mornos”, nem quentes nem frios? Essa afirmação reflete o fato de
que aquela congregação local era como a água da cidade, em termos espirituais.
A água percorria em dutos os quase 10 km de Hierápolis a Laodicéia.
Ela saía quente das termas de Hierápolis, obviamente, mas quando chegava a Laodicéia
já estava morna.
Por que Jesus falou de um homem que “desceu” de Jerusalém para Jericó, se esta cidade
fica a nordeste daquela (Lc 10:30)?
Jericó está situada a mais de 600 m. abaixo do nível de Jerusalém, estando a uma
distância de cerca de 22 Km.
É “óbvio que o percurso de Jerusalém para Jericó era uma descida”.

Organização Militar

Porque Paulo afirmou, em II Co 2:14, que Deus “em Cristo sempre nos conduz em
triunfo...”?
No império Romano, quando um general retornava vitorioso de uma batalha, ele,
marchava à frente de seus soldados pelas ruas de sua cidade natal, com os prisioneiros
atrás.
De forma semelhante, Deus está nos conduzindo num cortejo espiritual glorioso, pelo fato
de estarmos “em Cristo”.

Estrutura Social

Porque em tempos bíblicos as pessoas às vezes jogavam pó sobre a cabeça


(Jó 2:12; Lm 2:10; Ez 27:30)?
Elas demonstravam assim o enorme pesar que sentiam; era como se estivessem numa
sepultura, debaixo da terra.
Porque Jesus mandou os discípulos não cumprimentarem ninguém no caminho (Lc10: 4)?
Ele não estava incentivando uma atitude anti-social; antes, desejava que não se
atrasassem no cumprimento da missão.
As saudações consumiam muito tempo, cada um se curvava várias vezes, repetia o
cumprimento e então comentava os acontecimentos do dia.
Em suma, está claro que o desconhecimento de tais costumes pode levar a um
entendimento errado do significado dos textos.
O estudante da Bíblia depara com muitos outros costumes ao lê-la.
Assim sendo, é sábio manter-se atento a costumes raros que sejam mencionados e
descobrir o significado das passagens para os que viviam na época.
Até que ponto os textos bíblicos são limitados pelos fatores culturais?
Um dos problemas mais importantes que os intérpretes da Bíblia enfrentam é o das
passagens restritas àquela época pelos aspectos culturais.
Será que tudo que lemos nas escrituras vale para nós hoje?
Até que ponto a importância da Bíblia é limitada pelo aspecto cultural?
Se determinadas passagens têm essa limitação, então como saberemos quais se aplicam
à nossa cultura e quais não se aplicam?
Por exemplo: não há mais escravos nem mestres, como se aplica Ef 6:5. Essa concepção
não leva em conta que, apesar de hoje não existir mais escravidão que havia nos tempos
bíblicos, é possível aplicar a relação: EMPREGADOR = EMPREGADO, princípio que está
subentendido no mandamento.
A questão da aplicabilidade cultural é importante por causa das duas funções do
intérprete: descobrir o significado do texto para os primeiro leitores , dentro daquele
contexto cultural, e verificar seu significado, para nós hoje em nosso contexto.
Deve ser óbvio que nem todos os costumes bíblicos têm aplicação hoje em dia, senão,
quando você comprasse uma casa, o antigo dono deveria tirar uma das sandálias e dá-la
a você, o comprador, como aconteceu em Rt 4:8.

Contexto da Linguagem

Além dos abismos do tempo, espaço e cultural, existe ainda enorme lacuna entre
nossa forma de falar e de escrever e a dos povos bíblicos. Os idiomas em que a Bíblia foi
escrita: hebraico, aramaico e grego, tem singularidades estranhas à nossa língua.
Por exemplo, no hebraico e no aramaico dos manuscritos originais do Antigo
Testamento só havia consoantes.
As vogais estavam subentendidas e, portanto, não eram escritas (embora os
massoretas, mestres das tradições como eram chamados, tenham acrescentado as
vogais séculos mais tarde, por volta de 900 d.C.).
Além disso, tanto o hebraico quanto o aramaico são lidos da direita para esquerda,
e não como lemos, da esquerda para a direita.
Também não havia separação entre as palavras, as palavras nessas três línguas
bíblicas emendavam-se umas às outras. Observar com cuidado o contexto e ter alguns
materiais de auxilio são importantes.

Orientações para determinar o contexto da linguagem:

-Para uma mesma palavra pode haver mais de uma no original


-Pode haver vários significados da palavra no original
-Embora haja vários significados de uma palavra no original é o contexto imediato
que determina qual o significado que será utilizado.
-Não deixar que expressões idiomáticas sejam traduzidas de forma literal.
A Bíblia Contem Três Estilos Diferentes de Literatura:

a. Prosa – a forma mais comum da linguagem escrita ou falada, que inclui a história
e ensino.
b. Poesia – usa a linguagem figurativa ou simbolismo
c. Apocalíptico – profética- também faz uso do simbolismo

Dentro desses estilos percebemos algumas figuras de linguagem:


narrativas e didáticas

Metáfora: Esta figura tem por base alguma semelhança entre dois objetos ou fatos,
caracterizando-se um com o que é próprio do outro. Ex: Jo 15.1; 10.9 ; Mt 5.13

Símile: é a comparação entre objetos ou fatos usando as palavras “como” ou “assim


como”. Ex: Sl 103.11-16; Is 55:8-11.

Sinédoque: Faz-se uso desta figura quando se toma a parte pelo todo ou o todo pela
parte, o plural pelo singular, o gênero pela espécie, ou vice-versa Ex Sl 16.9; 1 Cor 11.26;
At 24.5

Metonímia: Emprega-se esta figura quando se emprega a causa pelo efeito, ou sinal ou
símbolo pela realidade que indica o símbolo Ex: Lc 16.29 Jo 13.8.

Prosopopéia: Usa-se esta figura quando se personificam as coisas inanimadas,


atribuindo-se-lhes os feitos e ações das pessoas Ex 1 Cor 15. 55; 1 Pe 4.8; Is 55.12

Ironia: Faz-se uso desta figura quando se expressa o contrario do que se quer dizer,
porém sempre de tal modo que se faz ressaltar o sentido verdadeiro. Ex Jó 12.2; 1 Rs
18.27 2 Cor 11.5

Hipérbole: É a figura pela qual se representa uma coisa como muito maior ou menor do
que em realidade é, para apresenta - lá viva a imaginação. Ex Dt 1.28; Nm 13.33; Jo 21.25

Parábola: A palavra parábola vem do grego, paraballo, que significa “ lançar ou colocar
ao lado de”. Assim, parábola é algo que se coloca ao lado de outra coisa para efeito de
comparação. A parábola típica utiliza-se de um evento comum da vida natural para
acentuar ou esclarecer uma importante verdade espiritual.

• 3 cuidados importantes na interpretação das parábolas

- Deve-se se buscar seu objetivo; em outras palavras, qual é a verdade ou quais verdades
que ilustra... encontrado isso, tem-se a explicação da parábola e note-se que as vezes
consta o objetivo na sua introdução ou no seu termino. Outras vezes se descobre seu
objetivo tendo presente o motivo com que foi empregada

- Devemos ter em conta os traços principais das parábolas, muitas vezes deixando de
lado, em alguns casos, o que lhes serve de adorno ou para completar a narrativa. Na
passagem de Lc 18:1-7 o juiz está como figura de Deus, todavia o juiz da parábola é
iníquo. Mas essa realidade precisa ser deixada de lado e entende-la a partir do seu
objetivo. Exata parábola mostra que até um juiz iníquo atende ao pedido de alguém quanto
mais o nosso Deus justo.

- Não se esqueça de que as parábolas como as demais figuras, servem para ilustrar as
doutrinas e não para produzi-las.

Tipos: A palavra grega tupos da qual se deriva a palavra tipo, tem uma variedade de
denotações no Novo Testamento. As idéias básicas expressas por tupos e seus sinônimos
são os conceitos de parecença, semelhança e similaridade. A seguinte definição de tipo
desenvolveu-se de um estudo indutivo do uso bíblico deste conceito: tipo é uma relação
representativa preordenada que certas pessoas, eventos e instituições têm com pessoas,
eventos e instituições correspondentes, que ocorrem numa época posterior na história da
salvação.

Ex: Moises levantando a serpente do mesmo modo que Jesus seria levantado Jo 3:14.

• 3 características para se caracterizar tipificações:

1 - Deve haver algum ponto notável de semelhança ou analogia

2- Deve haver evidência de que a coisa tipificada representa o tipo que Deus indicou.

3- Deve prefigurar alguma coisa futura

“Vocês são uma benção! Um povo chamado para uma profundidade sem limites na
Palavra de Deus! Creio que com esses princípios de Hermenêutica e com a ajuda do
Espírito Santo, o melhor interprete das Escrituras, vocês irão mais fundo na verdade e
serão um reflexo da glória de Deus nesta terra! Amo vocês em Cristo Jesus!”

Um abraço,

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