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SEMINÁRIO TEOLÓGICO

CURSO DE EXTENSÃO BÁSICO


MÓDULO XXI - VERSÃO 1.0

HERMENÊUTICA
INTRODUÇÃO:

Antes de estudarmos Hermenêutica, é necessário que definamos,


primeiro o que ela é, assim sendo eis a definição:

A Hermenêutica é a arte ou ciência de interpretar textos,


usada especialmente para leis e textos sagrados, traçando
bases seguras e fundamentais para a interpretação dos
tais.

Em se tratando da aplicação da Hermenêutica à Palavra de Deus,


adquire regras mais específicas encimadas na própria Palavra de
Deus.

Objetivos:

Fornecer ao intérprete regras básicas e subsídios gerais a


fim de capacitá-lo a captar o verdadeiro sentido do texto
Bíblico.

Necessidades:

É comum ouvirmos as seguintes afirmativas:

1a – A Bíblia é um livro fechado e de linguagem totalmente


figurada.

2a – Cada um interpreta a Bíblia a sua maneira.

Tanto a primeira, como a segunda afirmativa estão incorretas, e


por isso tem surgido tanto o ceticismo quando a Sua verdade, como
uma confusão estupenda de interpretações falsas e incorretas. Não
é atoa que tirando algumas seitas orientais, a maioria esmagadora
das outras, surgiram a partir de interpretações falsas e equivocadas
da Bíblia. Portanto há necessidade de bem interpretá-la.

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A Verdade:

A Bíblia só tem uma interpretação: Aquela que


provém do Espírito Santo e está expressa de
maneira predominantemente literal, enquanto é
possível expressar as verdades espirituais
desta forma, e minoritariamente figurada
quando não é possível.

É de fato um grave erro achar que a Bíblia quer dizer alguma


coisa que não esta expressa no texto literal, amparado pelo seu
contexto.

Posição Espiritual Correta Para Bem Interpretar A


Bíblia:

Pode ser descrito como posição espiritual, a maneira com que é


encarado o estudo da Bíblia e algumas características espirituais
necessárias para fazê-lo. São estas:
1o – Ter profundo respeito pela Bíblia.

2o – Crer que a Bíblia é a Palavra de Deus, e não apenas a


contém.

3o – Ter um espírito dócil, não ser teimoso com o Espírito Santo.

4o – Ser amante da verdade, e crer que a Bíblia é a verdade.

5o – Ser paciente no estudo, crendo que o Espírito Santo quer


ensiná-lo, e por isso tem um tempo certo para fazê-lo.

6o – Ser perseverante no estudo, sabendo que o Espírito Santo


quer te revelar profundidades maiores com relação a Bíblia.

7o – Saber que nada é descartável na Bíblia, tudo que está ali


tem uma função própria, nada também pode ser acrescentado.

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O ESTUDO DA BÍBLIA:

É de vital importância, que todo o crente estude a Palavra de


Deus. A sociedade eclesiástica, a qual nós pertencemos, têm em
parte desestimulado, o povo (os ditos “leigos”), do estudo da
Palavra de Deus, de uma forma mais profunda. É muito propalado
que os seminários, só devem ser freqüentados por pessoas que
têm um “chamado”. Porém as palavras de Deus quanto a isto são:
A – “Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor:...” –
Os 6:3.
B – “Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra, e luz para os
meus caminhos.” – Sl 119:105.
C - “Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as
Escrituras nem o Poder de Deus.” – Mt 22:29.
D – “...e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus.” – Ef
6:17.

Há uma verdade inquestionável: Quem não conhece bem a


Palavra de Deus é mais vulnerável ao erro, e tem dificuldade de
rechaçar o diabo! Portanto o conhecimento profundo da Palavra,
leva o crente a uma comunhão “especial” com Deus, visto que Deus
se revela integralmente pela Sua Palavra, então conhecer mais
profundamente a Palavra é de fato, conhecer mais profundamente a
Deus.

OBSERVAÇÕES GERAIS SOBRE A LINGUAGEM DA


BÍBLIA:

Apesar da Bíblia ter sido escrita num período de


aproximadamente 1600 anos, por 40 escritores diferentes, com
culturas e costumes diferentes, em diversos países e em períodos
de tempo diferentes, observa-se que a linguagem bíblica é na sua
grande maioria direta e simples, e isto não é uma constatação
humana somente, mas a própria Escritura fala de si mesma:
“sabendo, primeiramente, isto, que nenhuma profecia da Escritura
provém de particular elucidação;” – 2 Pe 1:20. “Toda Escritura é
inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para educação na justiça, afim de que o homem de Deus
seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” – 2 Tm

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3:16-17. Portanto, é fundamental entender que geralmente o que


está escrito na Bíblia, é de interpretação direta e simples.
O que no entanto acontece com freqüência, é a má ou errônea
interpretação do sentido das palavras, pois temos as seguintes
dificuldades: a incapacidade da língua para qual foi traduzida de
expressar a total gama de significados da língua original; o sentido
usual das palavras nas regiões e épocas em que foram escritos; os
costumes diferenciados dos povos, regiões e épocas. Uma outra
grande dificuldade, no que tange a correta interpretação do texto,
reside no seu objetivo, por vezes ocorrem dúvidas, que só serão
esclarecidas, analisando o objetivo que tinha em mente o escritor e
o Inspirador, com relação ao texto.
Assim, definimos que a Hermenêutica só deverá ser usada com o
fim de esclarecer dúvidas textuais, que se mostrarem obscuras ou
incompletas; nunca para tentar tornar simbólico o que é texto
corrido ou vice e versa.

REGRAS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA:

Segue abaixo a seqüência natural de regras e a suas aplicações:

REGRA FUNDAMENTAL:

A ESCRITURA EXPLICA A ESCRITURA OU SEJA, A


BÍBLIA EXPLICA A BÍBLIA.

A maneira correta de examinar a Palavra e bem compreendê-la é


comparando coisas espirituais com espirituais (1 Co 2:13). A Bíblia
não admite interpretação particular, isto é, toda e qualquer
explicação sobre uma parte da Palavra, tem que estar coerente com
todo o contexto Dela, e por Ela ser ratificada. Não se pode usar
textos externos, alegando mesma autoridade, ou superior, que Ela,
para completá-la, subtraí-la ou explicá-la. Nem mesmo uma
revelação externa, pode completá-la, subtraí-la ou explicá-la.
Lembremo-nos da exortação de Paulo: “Mas, ainda que nós, ou
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mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do


que temos pregado seja anátema.” – Gl 1:8; e devemos ter ainda a
seguinte advertência em mente: “... Se alguém lhes fizer qualquer
acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e
se alguém tirar qualquer cousa das palavras do livro desta profecia,
Deus tirará a sua parte da árvore da vida,...” – Ap 22:18-19.
Só para exemplificar, a tremenda validade desta Regra
Fundamental, vejamos os incríveis erros doutrinários advindos pelo
não uso acidental ou proposital desta regra:
A – “Transubstanciação do pão no corpo e do vinho no sangue de
Jesus” – Doutrina Católica, por vezes amparadas por
algumas denominações evangélicas.
B – “Papado, autoridade máxima na Igreja, dada a Pedro e seu
sucessores espirituais.” – Doutrina Católica.
C – “Purgatório” – Doutrina Católica.
D – Islamismo, nasceu com Maomé que teve visões de anjos e
arcanjos, recebendo do anjo “Gabriel” o texto principal do
islamismo, que não aceita Jesus como o Filho de Deus, nem
como Cristo. O Alcorão contém parte do Novo e do Velho
testamento interpretado por Maomé.
E – Kardecismo, utilizam para basear a sua doutrina o
“Evangelho Segundo Allan Kardec”, que é o Evangelho de
João, interpretado por Allan Kardec.
F – Mormonismo, usam a Bíblia para aliciar novos membros ditos
“cristãos”, e assim que os aliciam passam para o livro dos
Mórmos, que julgam ter mais autoridade que a Bíblia.
G – Adventismo, usam a Bíblia, porém caem no erro de
considerar as doutrinas e escritos da Sra Hellen G. White. O
adventismo nasceu com um fazendeiro batista, de nome
Guilherme Miller, que interpretou errado Dn 8:13-14, e a
partir daí começou a pregar a volta de Jesus a partir de uma
data, como essa data e outras não se cumpriram, ficou
envergonhado e voltou a comunhão de sua Igreja,
arrependido, porém alguns de seus seguidores, entre eles a
Sra Hellen G. White, trataram de dar nova forma as doutrinas.
H – Russelismo, ou “Testemunhas de Jeová”, dizem usar a Bíblia,
mas a deturpam e modificam, fundada por Charles Taze
Russel, que foi presbiteriano, e conheceu Guilherme Miller,
considerando-o como um grande mestre, tornou-se
adventista e depois desligou-se do adventismo para fundar
as “Testemunhas de Jeová”.

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I – Eddyismo, ou Ciência Cristã, que é uma mistura de filosofia,


ocultismo e cristianismo, nasceu com a Sra Eddy, que
pertenceu a Igreja Congregacional.
J – Meninos de Deus, uma falácia cristã que mistura evangelho e
licenciosidade, envergonham o Evangelho de Jesus. Seu
fundador foi David Brandt Berg, um evangelista itinerante da
Aliança Cristã e Missionária nos Estados Unidos, dizendo ter
uma revelação diferente de “Deus”, começou o trabalho na
Califórnia.
K – A Igreja da Unificação, ver. Moon, fundada por Sun Myung
Moon, nascido num lar presbiteriano, também recebeu e uma
revelação “Especial”, de que Jesus falhou em sua missão por
não ter deixado descendência, e ele, Moon, foi escolhido
para “consertar a falha”.
L – O Novo pentecostalismo – algumas “denominações” Neo-
Pentecostais, que dão mais crédito as “profecias” do que a
Bíblia, ou se apegam somente aos Evangelhos como regra
de fé, ou só aos escritos de Paulo, e ao pé-da-letra, ou que
se apegam a certos rituais, normas e fatos, encontrados na
Palavra e os adotam literalmente, sem discernimento do
contexto, ou que se acham únicos donos da “verdade de
Deus, ou revelação correta da Palavra”.

Pelos exemplos acima, vemos que a falsa interpretação e ou a


má interpretação, muitas vezes são calcadas no desconhecimento
ou falta de uso desta regra fundamental. Assim nos cabe
relembrarmos esta regra básica toda a vez que quisemos interpretar
fielmente as escrituras, usando sim recursos externos como
auxiliares de entendimento, mas jamais com autoridade superior a
da Bíblia. Sempre que houver contradições aparentes ou não, entre
os livros e a Bíblia, fique com a Bíblia, ela é de fato a Palavra de
Deus.

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Vamos tomar dois exemplos bíblicos para bem explicar esta


regra:
1o – Mt 16:18 “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta
pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela”. Muitos, inclusive os romanistas, ao lerem
esta passagem, entendem e afirmam que Pedro é a pedra, e
portanto o cabeça da igreja e o ponto de apoio da mesma. Deste
entendimento adveio o papado.
Uma análise do contexto suscitaria dúvida a esta interpretação,
porém, não poderia rebatê-la por completo, vejamos então outros
textos da Bíblia que poderiam bem exemplificar esta passagem:
‰ Sl 118:22 – “A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio

a ser a principal pedra angular”. Ver também: Mc 21:42 e Lc


20:17.
‰ Is 28:16 – “Portanto assim diz o Senhor Deus: Eis que eu

assentei em Sião uma pedra, pedra já provada, pedra


preciosa, angular, solidamente assentada; aquele que crer não
foge.”.
‰ Dn 2:34 – “...estavas olhando, uma pedra foi cortada sem

auxílio de mãos,...Mas a pedra, que feriu a estátua, se tornou


em grande montanha que encheu toda a terra.”.
‰ At 4:11 – “Este Jesus é pedra rejeitada por vós construtores, a

qual se tornou a pedra angular.”. Quem está afirmando isto é


Pedro junto ao Sinédrio.
‰ 1 Co 10:4 – “...bebiam de uma pedra espiritual que os seguia.

E a pedra era Cristo.”


‰ Ef 2:20 – “...ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular”.

Percebemos, que a pedra a que Jesus se referia era a verdade


que declarou Pedro, afirmando que Jesus era O Filho do Deus
Vivo. Nota-se que, nem uma fonte lingüística afirmando que
Pedro significa pedra, é suficiente para afirmar que ele era a
pedra, sobre a qual a Igreja seria edificada.
2o – Ap 13:1 “Vi emergir do mar uma besta,...”. Qual seria o
sentido de mar, no texto acima? Fica difícil entender o sentido
deste texto sem a compreensão exata do sentido de “mar”; vejamos
então o que a Bíblia nos fala sobre “mar”:
‰ Sl 98:7 – “Ruja o mar e a sua plenitude, o mundo e os que nele

habitam.”.
‰ Is 57:20 – “Mas os perversos são como o mar agitado, que não

se pode aquietar, cujas águas lançam se si lama e lodo.”.


Vemos então que “mar”, significa povos em confusão.

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1a REGRA:
É PRECISO O QUANTO SEJA POSSÍVEL, TOMAR AS
PALAVRAS NO SEU SENTIDO USUAL E COMUM.

Sabemos que, os escritores bíblicos escreveram para


serem entendidos, portanto, o quanto foi possível, tomaram
o sentido usual e comum das palavras. Então,
naturalmente surge esta regra, a qual alerta para a
pesquisa deste sentido, afim de esclarecermos bem o
texto. O não uso desta regra, abre o precedente afim de
dar à Escritura o sentido que o intérprete quer e não o
sentido que ela tem.
O sentido usual e comum, nem sempre é o “ao pé da
letra”, visto que expressões idiomáticas ou o conjunto de
palavras de uma frase, assumem, não esporadicamente
significados diversos das suas interpretações literais.
Como exemplo podemos citar:

9 “Burro de carga”: pode significar o animal talhado para


o trabalho ou a ênfase de que alguém trabalha muito.

9 “Livro da lei”: pode significar um livro cujo conteúdo


seja só legislativo ou as Escrituras, de uma forma geral.

9 “A carne do pecado”: pode significar um pedaço de


carne, que vai gerar, ou gerou, o pecado da gula, ou
outro qualquer, ou simplesmente a natureza do
homem, que ainda está sob a força do pecado.

9 “Velho homem”: pode significar um homem acima do


sessenta anos, ou a natureza do homem, quando este
estava sob o pecado, ou ainda, a natureza pecadora do
homem, remanescente no homem salvo.

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Os escritores bíblicos, não escreveram objetivando atingir


um só grupo de pessoas, por isso a linguagem bíblica não
é monocromática, científica ou clássica, mais sim viva e
cheia de figuras de linguagem, símiles, parábolas ou
expressões simbólicas, quando não de expressões
peculiares do idioma hebreu, que são chamados
hebraísmos. Precisamos ter tudo isso em mente, quando
usamos esta regra.

Vejamos então os exemplos abaixo:

‰ “Porque toda carne havia corrompido o seu caminho


sobre a terra” (Gn 6:12). Tomando aqui as palavras
carne e caminho no sentido literal, o texto perde o
significado por completo. Porém tomando em seu
sentido comum, usando-se como figuras, isto é, carne
em sentido de pessoa, e caminho com o sentido de
costumes, modos de proceder ou religião, já não
só tem significado, mas um significado terminante,
dizendo-nos que toda pessoa havia corrompido seus
costumes; a mesma verdade nos declara Paulo, sem
figura, dizendo: “Não há quem faça o bem” (Rom.
3:12).

‰ “Qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder


uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura
diligentemente até encontrá-la?” Neste versículo,
tomado ao pé da letra, embora nos apresente uma
pergunta interessante, estamos longe de compreender
a verdade que encerra. Porém, sabendo que contém
uma parábola, cujas partes principais e figuradas
requerem interpretação e designam realidades
correspondentes às figuras, não vemos aqui já uma
pergunta interessante, mais sim uma mulher (Cristo),
que procura diligentemente a dracma (homem
perdido), representando a obra salvadora de Jesus, a

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mesma verdade Ele expressa, sem ilustração: “Porque


o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido”
(Luc. 19:10).

‰ Zacarias profetizou a respeito de Jesus “e nos


suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi”.
Dificilmente extrairemos daqui alguma coisa clara, se
tomarmos a palavra casa em sentido literal. Porém,
sabendo que, como símbolo e figura, casa
ordinariamente significa família ou descendência, já
não estamos as escuras: aí se nos diz que Deus
levantou uma poderosa salvação entre os
descendentes de Davi, como também disse Pedro:
“Deus, porém ... o exaltou (a Cristo) a Príncipe e
Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento
e a remissão dos pecados” (Atos 5:31).

‰ “Se alguém vem a mim, e não aborrece a seu pai e


mãe ... não pode ser meu discípulo”; ora isso dito por
Jesus, e tomado ao pé da letra, constitui uma
contradição ao preceito de amar até aos inimigos.
Porém, lembrando-nos do hebraísmo, pelo qual se
expressam às vezes as comparações e preferências
entre duas pessoas ou coisas, com palavras tão
enérgicas como amar e aborrecer, já não só
desaparece a contradição, mas compreendemos o
verdadeiro sentido do texto, sentido que sem
hebraísmo Jesus mesmo expressa, dizendo: “Quem
ama seu pai e sua mãe mais do que a mim, não é
digno de mim” (Mt 10:37).

Estes exemplos, nos mostram a necessidade de nos


familiarizarmos com as figuras e modos próprios e
peculiaridades da linguagem bíblica. Esta familiaridade se
adquire com o estudo da própria Escritura.

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FIGURAS DE RETÓRICA (LINGUAGEM) E


HEBRAÍSMOS.
Para que bem entendamos e apliquemos a 1a Regra,
torna-se necessário que compreendamos o sentido das
palavras usadas, e muitas vezes, captemos o sentido não
usual da palavra que está implícito em uma figura de
retórica. No estudo que estamos empreendendo,
analisaremos as seguintes figuras de retórica:

♦ Metáfora.

Esta figura tem por base alguma semelhança entre


dois objetos ou fatos, caracterizando-se um com o que
é próprio do outro.
Exemplos: Ao dizer Jesus: “Eu sou a videira
verdadeira”, Jesus se caracteriza com o que é próprio
e essencial da videira; e ao dizer aos discípulos: “vós
sois as varas”, caracterizando-os como o que é próprio
das varas. Para a boa interpretação desta figura,
perguntamos, pois: que caracteriza a videira? Ou,
para que serve principalmente? Na resposta a tais
perguntas está a explicação da figura. Para que serve
uma videira? Para transmitir seiva e vida às varas,
afim de produzirem uvas. Pois isto é o que, em sentido
espiritual, caracteriza a Cristo: qual uma videira ou
tronco verdadeiro, comunica vida e força aos crentes,
para que, como varas produzam os frutos do
Cristianismo. Procede-se do mesmo modo na
interpretação de outras figuras do mesmo tipo, como
por exemplo: “Eu sou a porta, eu sou o caminho, eu
sou o pão vivo; vós sois a luz, o sal; edifício de Deus;
ide, dizei àquela raposa; são os olhos a lâmpada do
corpo; Judá é leãozinho; tu és minha rocha e minha
fortaleza; sol e escudo é o Senhor; a casa de Jacó
será fogo, e a casa de José chama e a casa de Esaú

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restolho”, etc. (Jo 15:1; 10:9; 14:6; 6:51; Mt 5:13-14; 1


Co 3:9; Lc 13:32; Mt 6:22; Gn 49:9; Sl 71:3; 84:11; Ob
18)

♦ Símile.

A figura de retórica denominada símile procede da


palavra latina “similis” que significa semelhante ou
parecido a outro. A bíblia contém numerosos e
belíssimos símiles, que, quais janelas dum edifício,
deixam penetrar a luz e permitem que os que estão em
seu interior possam olhar para fora e contemplar o
maravilhoso mundo de Deus. A metáfora consiste em
denominar uma cousa empregando o nome de outra ,
na esperança de que o leitor ou o ouvinte reconhecerá
a semelhança entre o sentido real e o figurado da
comparação. O Senhor Jesus empregou com respeito
a Herodes o qualificativo de aquela raposa, o que
constitui uma metáfora. Se houvesse dito que
Herodes era como uma raposa, teria empregado a
figura retórica denominada símile, mas neste caso,
teria faltado força à sua declaração. A palavra raposa
ajustava-se tão bem ao astuto rei, que o Senhor não
necessitou dizer que Herodes era como uma raposa.
No símile se emprega para a comparação a palavra
como ou outra similar, enquanto na metáfora se
prescinde dela.
Exemplos:
“Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é
grande a sua misericórdia para com os que o temem.”
(Símile).
“Como o pai se compadece de seus filhos, assim o
Senhor se compadece dos que o temem.” (Símile).
“Pois ele conhece a nossa estrutura, e sabe que
somos pó.” (Metáfora).

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“Quanto ao homem, os seus dias são como a relva;


como a flor do campo, assim ele floresce; pois,
soprando nela o vento, desaparece; e não conhecerá
daí em diante o seu lugar.” (Símile) – (Sl 103:11-16).
Outra série de símiles se encontra em Isaías, capítulo
55. Nos versículos 8-11 temos símiles de rara beleza,
como por exemplo: “Como os céus são mais altos do
que a terra, assim são os meus cominhos mais altos do
que os vossos caminhos; e os meus pensamentos mais
altos do que os vossos pensamentos.”. “Porque, assim
como descem a chuva e a neve dos céus, e para lá não
tornam, sem que primeiro reguem a terra e a fecundem
e a façam brotar, para dar semente ao semeador e pão
ao que come, assim será a palavra que sair da minha
boca; não voltará para mim vazia, mas fará o que me
apraz.”
Outros dois símiles eficazes relativos ao poder da
Palavra de Deus se encontram em Jeremias 23:29 que
diz assim: “Não é a minha palavra fogo, diz o Senhor, e
martelo que esmiuça a penha?”. Compare a poderosa
metáfora de Hb 4:12.
Nada é mais inconstante que as ondas marinhas
impulsionadas pelo vento. A elas compara o apóstolo
Tiago (1:6) o crente variável e vacilante, que oscila
entre a fé e a dúvida. “Peça com fé, em nada
duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do
mar, impelida e agitada pelo vento.”. A tradução deste
versículo para o inglês, feita por Moffatt, e vertida
livremente para o português, diz assim: “Somente peça
com fé, sem duvidar jamais, porque o homem que
duvida é como onda do mar, que gira em redemoinho e
flutua, impulsionada pelo vento.”.
Os símiles da Bíblia são quais gravações formosas
de grande valor artístico, que acompanham as
verdades, que sem este auxílio seriam captadas
fracamente e esquecidas com facilidade.

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♦ Sinédoque.
♦ Metonímia.
♦ Prosopopéia.
♦ Ironia.
♦ Hipérbole.
♦ Alegoria.
♦ Fábula.
♦ Enigma.
♦ Tipo.
♦ Símbolo.
♦ Parábola.
♦ Interrogação.
♦ Apóstrofe.
♦ Antítese.
♦ Clímax ou Gradação.
♦ Provérbio.
♦ Acróstico.
♦ Paradoxo.

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