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Dentro da Doutrina Espírita creio que a maioria de nós já ouviu, e mais de uma vez, que a
verdadeira felicidade não é desse mundo. Que é "impossível" ser totalmente feliz estando num planeta
de provas e expiações, com tantos irmãos em sofrimento.
Não vou questionar essa afirmação. Mas gostaria de trazer um outro ponto para refletirmos. Se
não é possível ser totalmente feliz, será que não vale lutar pela felicidade que seja possível? Será que
não é o caso de darmos cada vez mais valor àquilo que podemos ter? Há algumas semanas falamos
aqui sobre sonhos e pedidos possíveis de serem alcançados. Será que o mesmo não vale para a
felicidade?
Estamos falando aqui do esforço para ver o copo meio cheio e não meio vazio. De valorizar o
que temos ao invés de nos lamentar pelo que não temos.
E não estou dizendo que isso seja uma coisa fácil, mesmo porque cada um sabe das suas dores,
das dificuldades que encontra pelo caminho.
A questão é que ficar se lamentando, entristecido, mal humorado, vai resolver alguma coisa?
Vai tornar o caminho mais fácil?
Aí eu digo assim: "Ah! Eu também sou filha de Deus! Eu tenho o direito de ficar chateada, de
me sentir magoada. Tenho o direito de chorar, de colocar para fora, de desabafar." E não estou errada!
Mas por quanto tempo vou fazer isso? Por dias? Semanas? Meses? Vou passar a vida inteira me
lamentando porque minha infância foi difícil?
Se eu quiser, posso fazer isso, sim. Afinal, Deus me deu o livre arbítrio. Eu decido como viver a
minha vida. Mas viver desse jeito vai resolver alguma coisa?
E é nessa hora que a gente pensa: falar é fácil, difícil é fazer. Sim. Concordo. Mas esse processo
tem que ser um exercício constante. Não apenas diário, mas a cada momento do nosso dia.
A vida já é tão dura, não é mesmo? Quando não são situações na nossa vida, são com amigos,
familiares. Como não se comover com tragédias, desastres, com a miséria dos nossos semelhantes. Ao
nos condoermos com essas situações mostramos que somos humanos, que temos empatia. Isso é
bom! O ruim é nos deixarmos envolver por essas situações e ao invés de levarmos um pouco de leveza
e alegria aos nossos irmãos, compartilharmos vibrações negativas que não ajudam em nada.
Quem está sofrendo precisa de apoio, de suporte, de paz, de beleza. E como vamos oferecer
isso se não cultivarmos coisas boas e belas nas nossas vidas todos os dias?
Sabe aquele dito popular de que muito ajuda quem pouco atrapalha? É meio que por aí.
Um exemplo: nós vamos com um grupo da Casa Espírita visitar um hospital. As pessoas lá estão
doentes. O que vamos fazer quando estivermos com elas? Falar sobre doenças? Lamentar a situação
das pessoas? Fazer cara de enterro? Ou vamos tentar levar um sorriso, uma palavra amiga, alegre?
Gente, bem sei o quanto é difícil mudar velhos hábitos. Infelizmente somos influenciados,
desde crianças, a ver beleza na tristeza, no sofrimento. Um exemplo disso são os contos de fada, onde
a felicidade só vem depois de um livro inteiro de dor e tortura. Os filmes bonitos são aqueles que nos
fazem chorar. Para quem vem de formação católica, os santos são sempre retratados com semblante
sofrido. Fazemos isso até com o próprio Cristo, quando damos mais importância para a tortura que ele
sofreu e a crucificação do que para toda a vida de amor que ele teve, e continua tendo no Plano Maior.
Precisamos parar de achar a grama do vizinho mais verde e valorizar o nosso jardim, mesmo
que seja só um vasinho de violeta que trouxemos da mesa da festa mês passado. Pode parecer pouco,
mas é o nosso vaso, e devemos nos esforçar para cuidar o melhor possível para que continue
florescendo. E quando conseguirmos cuidar desse, poderemos ter outro, e outro. E assim é com tudo
na vida.
E não vamos esquecer de um detalhe bem importante. Se é para termos rugas, que sejam de
tanto rir, e não por chorar.