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Lição 10:

A AUTORIDADE DA ESCRITURA REAFIRMADA


Texto básico: João 10.34-38

Introdução: A Escritura sempre sofreu ataques por parte daqueles que não creem
nela, muitos dos quais se especializaram em elaborar críticas ferozes contra ela. Anualmente
são escritos muitos livros que atacam a infalibilidade da Bíblia e sua reivindicação de ser a
palavra de Deus. Diante desses ataques, o que é preciso que tenhamos sempre em mente para
nos mantermos firmes na confissão de nossa fé. Nesta lição iremos estudar três assuntos:
Inerrância Bíblica, Inspiração Bíblica e Autoridade Bíblica.

I. A declaração de Chicago sobre a inerrância bíblia (revista, p.35)


Em 1978, mais de 300 teólogos (como James I. Packer, Francis A. Schaeffer e RC
Sproul) se reuniram em Chicago1 para redigir uma declaração em defesa da inerrância bíblica.
O resultado foi uma declaração que afirma a veracidade e a confiabilidade da Escritura.

1. Inerrância das Escrituras:


A. A Escritura é inerrante (revista, p.35)
A declaração de Chicago sobre a Inerrância da Bíblia começa com uma breve
afirmação que liga a Escritura ao caráter de Deus. A Escritura Sagrada é o testemunho de
Deus sobre si mesmo. Sendo a Palavra de Deus, A Escritura tem autoridade divina e o que dá
autoridade à Escritura é o fato de ser a Palavra de Deus.

- O que entendemos por “inerrância”.


É necessário que se diga que a “inerrância’ não é uma teoria da Bíblia ou uma filosofia
moderna inventada pelos fundamentalistas ou conservadores. Cremos que ao asseverarmos
com vigor a inerrância total das Escrituras estamos apenas dizendo o que a Escritura
reivindica para si mesma. Ensinamos a inerrância bíblica porque esta é uma doutrina bíblica.

Definição de “Inerrância” de acordo com Paul Feinberg diz:


“A inerrância é o ponto de vista que, quando todos os fatos forem conhecidos,
demonstrarão que a Bíblia, nos seus autógrafos originais e corretamente interpretada,
é inteiramente verdadeira, e nunca falsa, em tudo quando afirma, quer no tocante à
doutrina e à ética, quer no tocante às ciências sociais, físicas e biológicas.” Inerrância
significa aquilo que não tem erros, infalível.

- Algumas implicações da doutrina da inerrância bíblica.


a) A inerrância só se estende aos autógrafos originais, não às transcrições e traduções.
Isso significa que nenhuma versão, texto ou tradução pode alegar para si, baseado em
critérios subjetivos, a autoridade final, em detrimento de outros.
b) A inerrância não significa a santificação e infalibilidade dos escritores sagrados ou
aqueles que tiveram as suas palavras registradas na Bíblia. O registro é inerrante e não o
homem, o registro é infalível.
c) A Bíblia não tem como propósito o ensino de biologia, botânica, astronomia’ etc. Ela
nos fala de forma poética e faz uso de linguagem comum.
d) Tudo que foi registrado corresponde perfeitamente àquilo que Deus quis que fosse
escrito e preservado.
e) A inerrância corre a favor da história.

1
A declaração de Chicago sobre a inerrância da Bíblia foram dezenove declaração de afirmação e negação.
f) A inerrância se aplica à Bíblia, não às teologias supostamente bíblicas. A bíblia deve
ser interpretada a luz de si mesma.
g) As Escrituras conduzem o pecador eleito infalivelmente à oferta redentora de Deus.
h) A Bíblia expõe com clareza e fidelidade aquilo que de Deus podemos conhecer, o Ser
de Deus revelado, sua vontade e propósito, sendo um guia seguro, suficiente e infalível
para a vida da igreja em todos os tempos e circunstâncias.

2. Inspiração das Escrituras:


C. A Escritura foi inspirada por Deus (revista, p.36)

- Definição de Inspiração
Podemos definir a “inspiração” como sendo a influência sobrenatural do Espírito de
Deus sobre os homens separados por ele mesmo, a fim de registrarem de forma inerrante e
suficiente toda a vontade de Deus, constituindo esse registro na única fonte e norma de todo o
conhecimento cristão. Desse modo cremos que a inspiração pode ser dividida em quatro
partes: plenária, dinâmica, verbal e sobrenatural.

Plenária: Porque toda a Escritura é plenamente inspirada.


Dinâmica: Porque Deus não anulou a personalidade dos escritores.
Verbal: Porque Deus se revelou através da palavra e todas as palavras dos
autógrafos originais são Palavra de Deus.
Sobrenatural: Por ter sido originada em Deus e produzir efeitos sobrenaturais,
mediante a ação do Espírito Santo, em todos aqueles que creem em Cristo.

O que entendemos por inspiração


A palavra “inspiração” não ocorre no Novo Testamento. Mas o termo “inspira”, ela só
aparece uma única vez no A.T. em Jó 35.10. E o termo “inspirada” no N.T. 2Timóteo 3.16. A
expressão inspirada por Deus provém de um único termo grego qeo,pneustoj (theopneustos).
A palavra não significa “inspirado” mas “expirado” ou seja, ao invés de “soprado para
dentro”, “soprado para fora”. Este termo é formado pelo substantivo qeo,j (theos) lit. “Deus” e
o substantivo pneumatoj (pneumatos) lit. “sopro” - “sopro de Deus”.
Lembremo-nos de que o “sopro de Deus” nas Escrituras está ligado à Pessoa do
Espírito Santo, que manifesta o seu poder: 1. Na criação; 2. Na preservação e governo; 3. Na
revelação aos profetas e por meio deles; 4. Na regeneração; 5. Na concessão dos dons; 6. No
governo da igreja: (a) decisões e (b) vocação de seus servos; 7. Na iluminação; 8. Na
santificação; 9. Na operação de milagres; 10. Na ressurreição e, 11. No julgamento.

- O papel dos Escritores Sagrados nos Seus respectivos registros


1. Papel Passivo: Eles foram inteiramente passivos no sentido de que não interferiram
na ação de Deus em se revelar e, também, no fato de que não expressaram a sua
natureza pecaminosa. Os escritores foram apenas instrumentos humanos por meio dos
quais Deus decretou registrar a sua mensagem.
2. Papel Ativos: Deus não anulou a personalidade dos escritores; caso contrário, na
Bíblia haveria apenas um único e inconfundível estilo, o estilo do Espírito Santo.

3. A autoridade das Escrituras


B. A Escritura é revestida de autoridade e suficiente (revista, p.35)
Somente a Escritura, por ter autoridade que procede diretamente de Deus, é nossa
regra de fé e conduta. Ele tem autoridade. Ela manda. A Bíblia é a Palavra de Deus e tem
autoridade para nos dizer o que fazer e como fazer. Só ela tem autoridade para orientar nosso
relacionamento com Deus.

- A necessidade das Escrituras


1. Necessidade Primária: a necessidade primária para o registro foi o pecado do
homem. Através da história Deus separou e preparou homens para que registrassem
de forma exata e “infalível” os seus desígnios, sendo a Palavra de Deus escrita.
2. Necessidade Consequente: como consequência lógica do argumento anterior,
podemos observar que a Bíblia foi escrita para registrar, de forma cabal e
“inerrante”, a vontade de Deus.

Então, é necessário que entendamos, também que a Bíblia não foi registrada apenas
para o nosso deleite espiritual, mas para que cumpramos os seus preceitos, dados pelo próprio
Deus. A Confissão de Westminster (1647) - que normalmente constitui, juntamente com os
Catecismos Maior e Breve, um dos símbolos de Fé das igrejas presbiterianas, existem alguns
pressupostos fundamentais.
a) As Escrituras são “inspiradas por Deus” (CW, I.2,8) - Ele é o autor (CW, I.4),
b) Deus concedeu as Escrituras “para serem a regra de fé e prática” (CW, I.1-2),
c) Elas são “indispensáveis” para a vida cristã (CW, I.1), devendo ser lidas e estudadas
“no temor de Deus” (CW, I.8).

A base da autoridade da Escritura:


- Autoridade Interna: A autoridade das Escrituras Sagrada, razão pela qual dever ser
crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas
depende somente de Deus, que é o seu autor (CW, I.4). A “autoridade da Bíblia” é
derivada do fato de ser ela a Palavra de Deus, portanto, o seu testemunho é interno e
evidente, mesmo que assim os homens não creiam - testemunho humano é falível. Ela
não depende do nosso testemunho para ter autoridade; ela é o que é.
- Autoridade Hermenêutica: A Bíblia apresenta a melhor interpretação a respeito dos
seus ensinamentos. Quando nos aproximamos da Bíblia, partimos do pressuposto de
que ela é o registro fiel e inerrante da revelação de Deus. É através das Escrituras que
aprendemos que o melhor intérprete da Palavra é o Espírito falando na Escrituras
(CW, I.10).
- Autoridade Norteadora: A Teologia Reformada é uma reflexão interpretativa e
sistematizada da Palavra de Deus em submissão ao Espírito, buscando sempre uma
compreensão exata do que Deus revelou e inspirou pelo Espírito e que, agora, nos
ilumina pelo mesmo Espírito.
- Autoridade para nos Conduzir a Deus: Entendemos que sem as Escrituras não
podemos ter um conhecimento correto e salvador de Jesus Cristo.
- Autoridade para Julgar a Nossa Teologia: O valor da teologia estará sempre
subordinado à sua fidelidade bíblica. Não julgamos a Bíblia, antes, é ela que deve
julgar a veracidade do nosso sistema.
- Autoridade Completa: A Escritura é a revelação completa de Deus. Tudo o que Deus
quer que saibamos a respeito da nossa salvação está registrado de forma explícita
(CW, I.7). O demais pode ser compreendido através de uma interpretação lógica, que se
harmonize com o conjunto dos ensinamentos bíblicos (CW, I.6).
- Autoridade Escrita Final: “À Escritura nada se acrescenta em tempo algum, nem
por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens...” (CW, I.6).
Entendemos que nos 66 livros canônicos encontra-se a Revelação Escrita de Deus,
registrada de forma inerrante.

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