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TEOLOGIA

SISTEMÁTICA 1

A PESSOA DE DEUS
TEOLOGIA SISTEMÁTICA

I – DEFINIÇÃO
“Teologia Sistemática é qualquer estudo que responda à pergunta: ‘O que a
Bíblia como um todo nos ensina hoje?’ acerca de qualquer tópico. Na verdade, o
adjetivo sistemática na teologia sistemática deve ser compreendido como algo
semelhante a ‘cuidadosamente organizada por tópicos’, entendendo-se que os
tópicos estudados se ajustam uns aos outros de um modo coerente e incluirão
todos os principais temas doutrinários da Bíblia. ...a palavra doutrina será
entendida como ...o que a Bíblia como um todo nos ensina hoje acerca de algum
tópico específico”.

II – POR QUE ESTUDAR TEOLOGIA SISTEMÁTICA?

A. RAZÃO BÁSICA
“A razão básica para estudar Teologia Sistemática, então, é que ela nos capacita
a ensinar a nós mesmos e a outros o que a Bíblia toda diz, cumprindo dessa
forma a segunda parte da Grande Comissão (‘ensinando-os a guardar todas as
coisas que vos tenho ordenado’)”.

B. BENEFÍCIO PARA NOSSA VIDA


“Primeiro, estudar teologia nos ajuda a vencer nossas idéias erradas. Segundo,
estudar teologia sistemática ajuda a nos tornamos capazes de tomar decisões
melhores mais tarde em novas questões de doutrina que possam surgir. Terceiro,
estudar teologia sistemática irá ajudar-nos a crescer como cristãos”.

III – COMO ESTUDAR TEOLOGIA SISTEMÁTICA?

A. COM ORAÇÃO
“Não importa quão inteligente seja o aluno, se ele não continuar a orar a Deus
pedindo uma mente que o compreenda e um coração crente e humilde, e se não
mantiver um andar pessoal com o Senhor, então os ensinos das Escrituras serão
interpretados de maneira errada e desacreditada, erros doutrinários surgirão
como conseqüência e a mente e o coração serão transformados não para melhor,
mas para pior. Os estudantes de teologia sistemática devem decidir logo no
início guardar sua vida de qualquer desobediência a Deus ou de qualquer pecado
conhecido que possa romper seu relacionamento com ele. Devem resolver manter
sua vida devocional com grande regularidade. Devem orar continuamente, pedindo
sabedoria e entendimento das Escrituras”.
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 13

B. COM HUMILDADE
“Aqueles que estudam teologia sistemática vão aprender muitas coisas acerca
dos ensinos das Escrituras que talvez sejam ignoradas ou não muito conhecidas
por outros cristãos de suas igrejas ou por seus parentes mais velhos no Senhor.
Em todas essas situações é muito fácil assumir uma atitude de orgulho...A
teologia sistemática estudada de forma correta não conduzirá ao conhecimento
que ‘ensoberbece’ (1 Co 8:1), mas, sim, à humildade e ao amor pelos outros”.

C. COM A RAZÃO
“Verificamos no Novo Testamento que Jesus e os escritores neotestamentários
com freqüência citam um versículo das Escrituras e depois extraem deles
conclusões lógicas. Não é errado, portanto, usar entendimento humano, lógica
humana e razão humana para extrair conclusões das declarações da Bíblia”.

D. COM A AJUDA DE OUTROS


“Precisamos ser gratos a Deus por ter colocado mestres na Igreja. Devemos
permitir aos que têm o dom de ensino que nos ajudem a entender as Escrituras”

E. ANALISANDO TODAS AS PASSAGENS BÍBLICAS RELEVANTES


“O processo seria mais ou menos o seguinte: (1) Encontrar todos os versículos
relevantes. (2) Ler os versículos relevantes, fazer anotações e tentar resumir
os seus pontos principais. (3) Finalmente, os ensinos dos vários versículos
devem ser sintetizados em um ou mais pontos que a Bíblia afirma sobre aquele
assunto. Por outro lado, nesse ponto é útil também ler as seções relacionadas,
se houver alguma, nos diversos livros de teologia sistemática”.

F. COM REGOZIJO E LOUVOR


“O estudo da teologia não é meramente um exercício teórico do intelecto. É um
estudo do Deus vivo e das maravilhas de todas as suas obras na criação e na
redenção. Não podemos estudar esse assunto de maneira fria! Ao estudar os
ensinos da Palavra de Deus, não devemos nos surpreender se muitas vezes nosso
coração prorromper espontaneamente em expressões de louvor...”

Fonte: GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 1-16

INTRODUÇÃO
Deus existe? Quem ele é? De onde ele veio? Quando ele surgiu? Quem o criou? O que Ele fazia
antes de criar o mundo?

Estas e outras perguntas são o princípio da Teologia Natural. Teologia é o conhecimento a respeito de Deus,
e este conhecimento surge a partir da tentativa humana de responder a estas e a outras questões importantes
da existência. Dependendo da forma como essas perguntas têm sido respondidas ao longo da história, têm
surgido as religiões. Diversas origens têm sido propostas para a palavra Religião.
Religião.
Cícero → Relegere: Revisar novamente, reconsiderar
Religio: consideração, observação devota,
Especialmente do que pertence ao culto e
Serviço devidos a Deus.
Religens: Devoto, consciente
Reliiosus: no bom sentido, religioso; no
Mal, escrupuloso, supersticioso.

Agostinho → Religare: religar (o homem a Deus)

A Teologia Natural se opõe à teologia supernatural, ou supra-natural, pois não considera a


revelação especial de Deus. A Teologia Natural parte apenas da observação da natureza e daquilo que se
pode conhecer através dos sentidos para, a partir do raciocínio humano, deduzir o que se pode saber a
respeito de Deus.
Embora a Teologia Cristã não refute a Teologia Natural, já que a Bíblia afirma que "Os céus
proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos" (Salmos 19:1), e "Porque os
atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder como também a sua própria divindade, claramente se
reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas." (Romanos
1:20), a Teologia Cristã não repousa apenas sobre o conhecimento que provém da natureza, ou da
capacidade que a mente humana tem de analisar, comparar, avaliar e emitir julgamentos para conhecer a
Deus.
A Teologia Cristã está fundada sobre a Revelação que Deus fez de si mesmo ao homem. Entende
que o conhecimento obtido através da Teologia Natural é importante, mas insuficiente para a salvação do
homem. Crê que Deus se revelou ao homem, através de homens aos quais escolheu se revelar, através da
Palavra Escrita, inspirada por Ele, e principalmente pelo Seu Próprio Filho, Jesus Cristo, enviado para a
salvação do mundo.
Revelação. Do latim 'Revelare'. Expressa a idéia de desvendar alguma coisa
oculta para que possa ser vista e conhecida como é. Biblicamente, trata do ato
divino, sobrenatural, através do qual Deus revela aos homens, oralmente ou por
escrito, verdades que não chegariam a conhecer através da natureza ou da razão.

A Teologia Natural pode nos fazer conhecer algo sobre Deus. Mas o conhecimento que realmente
importa é o conhecer a Deus. Certamente, Isaías já conhecia muito sobre Deus, pois era profeta, mas apenas
no capítulo 6 do seu livro ele declara: "No ano da morte do Rei Uzias, eu vi o Senhor..." (Isaías 6:1). Jó era
um homem elogiado por Deus, por sua integridade, retidão, temor a Deus e separação do mal (Jó 2:3), mas
ao final de toda a sua experiência de sofrimento, e somente depois de contemplar o Senhor 'através de um
redemoinho', é que ele pôde afirmar: "Eu te conhecia só de ouvir falar, mas agora os meus olhos te vêem." (Jó
42:5).
O objetivo deste curso é que você possa, principalmente, conhecer A Deus. Certamente, ele trará
também conhecimento sobre Deus, pois este é o objeto de estudo da Teologia. Mas minha palavra de
advertência nesta introdução é que você jamais perca de mente o objetivo do estudo da Teologia: Conhecer
o Verdadeiro Deus e a Vida Eterna!
"Também sabemos que o Filho de Deus é vindo, e nos tem dado o entendimento para
reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o
verdadeiro Deus e a vida eterna." (1 João 5:20)

SEÇÃO I - A PESSOA DE DEUS

UNIDADE 1 - DEUS
I.1.1 - A EXISTÊNCIA DE DEUS

A. ARGUMENTOS NATURALISTAS:

1. COSMOLÓGICO - O Universo exige uma causa adequada para a sua


existência. A única causa suficiente é Deus (Sl 19:1)

DEUS EXISTE
Com relação à unidade da essência divina, deve-se, em primeiro
Lugar, crer que Deus existe, verdade esta evidente à razão humana.

1 — Vemos, com efeito, que todas as coisas que se movem são movidas
por outras: as inferiores pelas superiores, como os elementos o são pelos
corpos celestes; vemos que as coisas inferiores agem impulsionadas pelas
superiores. E impossível que nesta comunicação de movimentos, o processo
prolongue-se até o infinito, porque toda coisa que é movida por outra é
como um instrumento do primeiro motor da série. Ora, se não houver um
primeiro motor, todas as coisas movidas nada mais são que instrumentos.
Por conseguinte, se houver um processo que leve ao infinito a série das
coisas que movem sucessivamente umas às outras, nele não pode existir um
primeiro motor. Conseqüentemente, todas as coisas, as que movem e as
movidas, seriam instrumentos.

2— È ridículo, porém, até para os menos instruídos, imaginar


instrumentos que não sejam movidos por um agente principal. Seria como
pensar em construir arcas ou leitos só com serras e machados, mas sem o
carpinteiro que os fizesse. Por isso, é necessário que exista um primeiro
motor, supremo na sucessão dos movimentos das coisas que se movem umas às
outras. A este primeiro motor, chamamos Deus.

S. Tomás de Aquino (1224-1274), Compêndio de Teologia., 2ª Ed. EDIPUCRS, 1996

2. TELEOLÓGICO - O Universo demonstra a existência de uma finalidade,


de um planejamento em sua execução e de um propósito na sua realização
(Rm 1:18-20).

2. Cremos que Deus se revelou a si mesmo na natureza, porque "os céus


proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos"
(Sl 19.1). "Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno
poder como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde
o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram
criadas" (Rm 1:20). Assim não há desculpa para um ateu. Porém, temos na
natureza uma revelação parcial de Deus insuficiente para a salvação.

Nisto Cremos, Documento Confessional Luterano, Artigo I, Deus e sua revelação

3. ANTROPOLÓGICO - A existência do homem como um ser moral e


intelectual pressupõe um criador moral e inteligente (At 17:29).

"Sabemos que existimos. Não podemos duvidar racionalmente deste fato, pois o
conhecimento é imediato e traz consigo seu próprio certificado da certeza.
Partindo disto, o passo seguinte é inescapável. O fato de que não demos
origem a nós mesmos quase que é forçado sobre nós. Sabemos que não produzimos
nossa própria alma. Isto traz consigo, imediatamente, a verdade correlata de
que devemos Ter sido originados por alguém fora de nós mesmos, que deve
possuir poder suficiente para Ter produzido nossa alma, que é o efeito
observado. Ou fomos originados por um agente pessoal ou por um agente que
não era pessoal. Não há outra alternativa. Neste ponto apelamos para a verdade
axiomática da razão, que a causa deve ser adequada para produzir o efeito
observado."
Hamilton
"O homem possui natureza intelectual e moral, pelo que o seu criador deve
Ter sido um Ser, intelectual e moral, Juiz e Legislador. O homem tem natureza
emotiva; somente um Ser dotado de bondade, poder, amor, sabedoria e santidade
poderia satisfazer essa natureza, o que indica a existência de um Deus
pessoal."
Evans

4. ONTOLÓGICO - O homem tem intrínseca dentro de si a idéia da


existência de um ser perfeito. Esse ser perfeito necessita obrigatoriamente
existir, ou não seria perfeito. Essa crença universal na existência de um
Deus, ou Ser Superior, atesta a Sua existência.

"O homem em toda parte acredita na existência de um Ser Supremo ou Seres a


quem é moralmente responsável e a quem necessita oferecer propiciação. Tal
crença pode ser crua e mesmo grotescamente representada e manifestada, mas
a realidade do fato não é mais invalidada por tal crueza do que a existência
de um pai é invalidada pelas cruas tentativas de uma criança para desenhar
o retrato do seu pai."
Evans

B. ARGUMENTOS BÍBLICOS

1. A Bíblia toda jamais discute a existência de Deus, mas apresenta, desde


sua primeira frase a existência de Deus como a razão, ou princípio, de tudo
o que existe.

"No princípio Criou Deus os céus e a terra." Gênesis 1:1

2. A Bíblia apresenta Deus como um Ser que procurou se revelar ao homem,


e o fez de maneira progressiva.

"Havendo Deus, outrora falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais pelos
profetas, nestes últimas dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as
coisas, pelo qual também fez o universo." Hebreus 1:1,2

3. A Bíblia se constitui na revelação escrita de Deus, outorgada ao homem


para que este pudesse conhecê-lo, amá-lo e guardar os seus mandamentos.

I. Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência


de tal modo manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus,
que os homens ficariam inescusáveis, contudo não são suficientes
para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário
para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos
e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua
vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade,
para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a
corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente
servido fazê-la escrever toda. Isto torna indispensável a Escritura
Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua
vontade ao seu povo.

Referências: Sl 19:1-4, Rm 1:32 e 2:1, e 1:19-20, e


2:14-15; 1Cor 1:21 e 2:13-14; Hb 1:1-2; Lc 1:3-4;Rm 15:4; Mt 4:7,10;
Is 8:20; 1Tim 3:15; 2Pe 1:19.
Confissão de Fé de
Westminster, Capítulo I, Artigo I.

"Portanto, se bem que o fulgor que se projeta aos olhos de todos, no céu e na terra, retire totalmente toda
base para a ingratidão dos homens - e ainda que Deus, para envolver o gênero humano na mesma culpa,
mostre a todos, esboçada nas criaturas, sua Divina Majestade - é necessário, contudo, além disso,
acrescentar outro recurso melhor, que nos dirija retamente ao próprio Criador do universo. Por isso, não
foi em vão que Deus acrescentou a luz de Sua Palavra para fazer-se conhecido para a salvação do homem.
E considerou dignos deste privilégio a todos aqueles aos quais quis trazer, para perto de Si, mais
aproximada e intimamente"

"Sola Scriptura", João Calvino, As Institutas da Religião Cristã, Livro I, Capítulo 6

"Grande proporção de nosso conhecimento depende do testemunho dado por outros.


Ora, a bíblia é uma testemunha competente. Se o testemunho de viajantes é
competente para satisfazer-nos quanto aos hábitos, costumes e maneiras dos povos
dos países que visitaram e que nós nunca vimos, por que é que a Bíblia, uma vez
que se trata de história autêntica, não é suficiente para satisfazer-nos com
sua evidência referente à existência de Deus?
Evans

4. JESUS CRISTO - A mais completa revelação de Deus, a prova mais definida


e concreta de sua existência que a humanidade possui, é a vida entre nós
de Jesus Cristo. Sua vida extraordinária, seus milagres, sua morte e
ressurreição constituem-se no mais poderoso testemunho a respeito da
existência de Deus que a humanidade pode conhecer.

3. "Cremos que Deus nos deu a completa revelação de si mesmo em seu Filho, nosso
Senhor Jesus Cristo. "Ninguém jamais viu a Deus: o Deus unigênito, que está no
seio do Pai, "é quem o revelou" (Jo 1:18). Particularmente Deus se revelou em
Jesus como o Deus Salvador, "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna." (Jo 3:16).
Nisto Cremos, Documento Confessional Luterano, Artigo I, Deus e sua revelação

I.1.2 - DEFINIÇÕES DE DEUS

A. DEFINIÇÃO FILOSÓFICA DE PLATÃO

Deus é o começo, o meio e o fim de todas as coisas. Ele é a mente ou razão


suprema; a causa eficiente de todas as coisas; eterno, imutável, onisciente,
onipotente; tudo permeia e tudo controla; é justo, santo, sábio e bom; o
absolutamente perfeito, o começo de toda a verdade, a fonte de toda a lei
e justiça, a origem de toda a ordem e beleza e, especialmente, a causa de
todo o bem.

B. DEFINIÇÃO CRISTÃ DO BREVE CATECISMO

Deus é um espírito infinito, eterno e imutável em Seu Ser, sabedoria, poder,


santidade, justiça, bondade e verdade.

C. DEFINIÇÃO COMBINADA

Deus é um espírito infinito e perfeito em quem todas as coisas tem sua


origem, sustentação e fim (Jo 4:24, Ne 9:6, Ap 1:8, Is 48:12, Ap 1:17)

D. DEFINIÇÕES BÍBLICAS

As expressões "Deus é espírito" (Jo 4:24) e "Deus é luz" (Jo 1:5) são
expressões da natureza essencial de Deus, enquanto que a expressão "Deus é
amor" (1 Jo 4:7) é expressão de Sua personalidade (1 Tm 6:16).

E. SUA DEFINIÇÃO

I.1.3 - OS ATRIBUTOS DE DEUS

A. ATRIBUTOS NATURAIS, INCOMUNICÁVEIS OU


CONSTITUCIONAIS
1. SIMPLICIDADE - Deus é incomplexo, não composto, indivisível (Jo.
4:24)

Em prosseguimento ao raciocínio anterior, chega-se também à evidência da razão


por que o primeiro motor deve ser simples.

1 — Em toda composição convém que haja dois elementos que se relacionem como
a potência para o ato. Ora, no primeiro motor, se ele é absolutamente imóvel,
é impossível haver potência unida a ato, porque, desde que esteja em potência,
é móvel. Logo, é impossível que o primeiro motor seja composto de potência e
ato.

2 — Ademais, deve haver algo anterior ao ser composto, porque as causas que
atuaram na composição lhe são anteriores. Por conseguinte, é impossível que
aquilo que antecede a todos os seres seja composto.

3 — Considerando, agora, a ordem dos seres compostos, vemos que os seres mais
simples são anteriores, porque os elementos são anteriores aos corpos mistos.
Mais ainda: entre esses elementos, o primeiro é o fogo, que é simplicíssimo.
Anterior, porém, a todos os elementos é o corpo celeste, constituído que está
em maior simplicidade, porque é livre de contrariedade. Segue-se, então, que
o primeiro dos seres é absolutamente simples.2
2 a) O primeiro argumento fundamenta-se na doutrina de Ato e Potência, e conserva toda a sua validez metafísica.
O segundo argumento também a conserva considerada sob o aspecto metafísico, O terceiro argumento,
fundamentado na Física da época de S. Tomás, que seguia ainda a visão do universo de Empédocles e de Aristóteles,
bem que bom quanto à forma, à ilação, evidentemente está desatualizado, quanto ao conteúdo.

Compêndio de Teologia, São Tomás de Aquino, pg. 39, EDIPUCRS, 2a Ed, 1996

2. UNIDADE - Deus é um (Dt 6:4)

"A aplicação deste termo a Deus tem o objetivo de ensinar que existe um e
apenas um Deus. A doutrina da Unidade de Deus está envolvida em Sua auto-
existência e na eternidade de Seu Ser. É evidente que há necessidade de um
único ser auto-existente no universo, pois a auto-suficiência e a soberania
são aliadas da auto-existência. Em outras palavras, um ser auto-existente há
de ser auto-suficiente, capaz de fazer tudo aquilo que queira fazer. Um ser
auto-existente elimina para sempre a necessidade de outro ser igual; e não só
isso, mas torna impossível a existência de outro ser igual. Não pode haver dois
seres auto-existentes pela própria razão irretorquível de que a auto-existência
implica na possessão de toda a perfeição. Se, portanto, pudessem existir dois
seres auto-existentes, cada um deles possuiria todas as perfeições e assim
seriam essencialmente um e o mesmo ser. Preencheriam uma única esfera - algo
impossível se fossem dois e não um. A existência de mais de um Deus não cabe
dentro dos limites do possível. O atributo da auto-existência estabelece essa
posição e o atributo da eternidade a confirma. Pois, se um Deus existe desde a
eternidade, não houve lugar para outro. A eternidade de Deus é uma prova
conclusiva de Sua unidade."
Pendleton

3. INFINITUDE - Deus não tem término ou fim (1 Rs 8:27, At 17:24)

"Assim, pois, empenhava-me por descobrir as outras verdades, como havia


descoberto que o incorruptível é melhor que o corruptível, e por isso confessava
que tu, qualquer que fosse tua natureza, devias ser incorruptível. Porque
ninguém pôde nem poderá jamais conceber algo melhor do que tu, que és o sumo
bem por excelência. Por isso, sendo certíssimo e absolutamente verdadeiro que
o incorruptível deve ser preferido ao corruptível, o que eu já fazia, meu
pensamento já poderia conceber algo melhor do que o meu Deus, se não fosse
incorruptível.
...
Mas por que tantas palavras para demonstrar que a substância de Deus não é
corruptível, já que, se o fosse, não seria Deus?"
Santo Agostinho, As Confissões, Ed. Ediouro, Pg. 122

4. ETERNIDADE - Deus não está sujeito à sucessão do tempo (Gn 21:33, Sl


90:2)

"Então repousarei e estarei firme em ti, em tua verdade, na minha forma; não
serei mais atormentado pelas perguntas das pessoas que, por uma enfermidade,
que é pena de seu pecado, querem beber mais do que podem, e dizem: "Que fazia
Deus antes de criar o céu e a terra?" - ou "Como lhe veio a idéia de criar
algo, se antes nunca criara coisa alguma?" - Concede-lhes, Senhor, que reflitam
no que dizem, que compreendam que não se pode falar em nunca onde não há tempo.
Quando se diz que alguém nunca fez nada, que se quer dizer senão que esse tal
nada fez em tempo algum? Que eles, portanto, vejam que não pode existir tempo
na ausência da criação, e deixem de semelhante futilidade.
"Que também atentem para o que têm diante de si, que compreendam que Tu, antes
de todos os tempos, és o Criador Eterno de todos os tempos, e que nenhum tempo
te é coeterno, nem criatura alguma, embora algumas estejam acima dos tempos."
Santo Agostinho, As Confissões, Ed. Ediouro, Pg. 236

5. IMUTABILIDADE - Deus é imutável em natureza ou prática (Tg 1:17)

"Mudam as criaturas e tudo o que é da terra; Deus, porém, não muda. Ele é e há
de ser eternamente o mesmo, pois é infinitamente perfeito, e a perfeição infinita
impede e elimina toda alteração. Não pode haver mudança que não implique
imperfeição" Pendleton

6. ONIPRESENÇA - Deus está presente em todo lugar (Sl 139:7-12)

"Um filósofo pagão perguntou certa vez a um Cristão: 'Onde está Deus?' O
cristão replicou: 'Primeiro desejo perguntar-lhe: Onde não está ele'"?
Arrowsmith

"Certo homem se dirigiu a um daruvês para propor-lhe três perguntas: 'Primeiro,


por que dizem que Deus é onipresente? Não o vejo em lugar algum: mostra-me onde
Ele está. Segundo, por que um homem é punido por seus crimes, visto que o que
ele faz procede de Deus? O homem não tem vontade livre, pois nada pode fazer
contrário à vontade de Deus; e, se tivesse o poder, faria tudo para seu próprio
bem. Terceiro, como pode Deus castigar Satanás no fogo do inferno, visto que
ele é formado desse elemento? E que impressão pode o fogo fazer em si mesmo?'
O daruvês tomou um grande torrão de terra e com ele bateu na cabeça do
interrogador. Este foi fazer queixa ao cádi, dizendo-lhe: 'Fiz três perguntas
a um daruvês, e em resposta ele me bateu com um torrão tão grande que minha
cabeça está doendo.' O cádi, tendo mandado chamar o daruvês, perguntou-lhe: 'Por
que jogou na cabeça dele um torrão em lugar de responder às suas perguntas?' O
daruvês retrucou: 'O torrão foi a resposta às perguntas dele. Ele diz que está
sentindo dor de cabeça; pois que me mostre a dor, e eu tornarei Deus visível
para ele. E por que ele se queixa perante o juiz? Tudo quanto fiz foi ato de
Deus. Não o feri sem a vontade de Deus, pois que poder possuo eu? E, visto que
ele é composto do pó da terra, como pode sofrer alguma dor por causa desse
elemento?' O interrogador viu-se confundido, e o cádi ficou muito satisfeito
com a resposta do daruvês"
J. H. Vincent

7. SOBERANIA - Deus é o governante supremo do Universo (Ef 1:3-6, 16-23)

"Que é, portanto, ó meu Deus? Que és, repito, senão o Senhor Deus? E que Senhor
pode haver fora do Senhor, ou que Deus além do nosso Deus? Sumo, ótimo,
poderosíssimo, onipotentíssimo, misericordiosíssimo e justíssimo; secretíssimo
e presentíssimo, formosíssimo e fortíssimo, estável e incompreensível;
imutável, mudando todas as coisas; nunca novo e nunca velho; renovador de
todas as coisas; conduzindo à velhice aos soberbos sem que eles o saibam;
sempre agindo e sempre em repouso; sempre granjeando e nunca necessitado;
sempre sustentando, enchendo e protegendo; sempre criando, nutrindo e
aperfeiçoando; sempre buscando, ainda que nada te falte.
"Amas e não sentes paixão; tens zelos, e estás seguro; te arrependes, e não
sentes dor; te iras, e continuas tranquilo; mudas de obra, mas não de resolução;
recebes o que encontras, e nunca perdeste nada; não és avaro, e exiges lucro.
A ti oferecemos tudo, para que sejas nosso devedor; porém, quem há que tenha
algo que não seja teu, pois pagas dívidas que a ninguém deves, e perdoas
dívidas sem que nada percas com isso?
"E que é o que até aqui dissemos, meu Deus, minha vida, minha doçura santa,
ou que é o que pode dizer alguém quando fala de ti? Mas ai dos que nada dizem
de ti, porque não passam de mudos charlatães."
Santo Agostinho, As Confissões, Ed. Ediouro, Pg. 236

8. ONISCIÊNCIA - Deus conhece todas as coisas, reais e possíveis (Mt


11:21)

"...aquele atributo mediante o qual Deus conhece a si mesmo e todas as outras


coisas em um só e simplicíssimo ato eterno." Calvino

"E Deus é revelado na Bíblia não apenas como Aquele que conhece de antemão e
prevê as ações dos livres agentes (At 2.23), mas também como Aquele que sabe o
que fariam esses livres agentes em circunstâncias diferentes, ainda que nunca
o tenham feito (I Sm 23.12)" Harris, Vol. I

"O homem que se põe à beira de um rio vê apenas aquela parte do rio que passa;
mas quem está no ar, em lugar mais alto, vê todo o seu curso, onde começa e
como é o seu leito. Semelhantemente, Deus, de uma só vez, vê o início, o decurso
e o fim das ações; o que quer que pensemos, falemos ou façamos, Ele o vê em sua
inteireza." Manton

9. ONIPOTÊNCIA - Deus possui todo o poder (Ap 19:6)

"A palavra 'onipotência' deriva de dois termos latinos, 'omnis' e 'potentia', que
juntas significam 'todo poder'. Esse atributo significa que Seu poder é ilimitado,
que Ele tem o poder de fazer qualquer cousa que queira. A onipotência de Deus é
aquele atributo pelo qual Ele pode fazer suceder qualquer cousa que deseje. A
declaração de Deus da Sua intenção é a garantia de que ela se realizará.
"A onipotência de Deus não significa o exercício de seu poder para fazer aquilo
que é incoerente com a natureza das cousas, como, por exemplo, fazer que um
acontecimento já passado não tenha acontecido, ou traçar entre dois pontos uma
linha mais curta do que uma reta. Para Deus é impossível mentir, pecar, morrer,
fazer com que o errado esteja certo, ou fazer com que o ódio votado contra Ele
seja abençoado. Fazer tais cousas não implicaria poder, mas antes, impotência.
Deus possui todo o poder que é concernente com a perfeição infinita - todo o
poder para fazer o que é digno dEle."
E. H. Bancroft, Teologia Elementar Doutrinária e Conservadora, Imprensa Batista Regular do Brasil, pg.
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B. ATRIBUTOS RELATIVOS, COMUNICÁVEIS OU PESSOAIS

1. AMOR (Ef 2:4,5; 1 Jo 4:10)

"O amor de Deus é mais abundante do que a atmosfera. O ar se eleva em camada


sobre a terra até a altura de cerca de cinquenta quilômetros, enquanto que o
amor de Deus atinge o próprio céu e preenche o universo." Champion
"Todo o amor de todos os corações femininos, comparado com o amor do coração
de Deus, é como a tocha do vaga-lume perto do sol ao meio-dia" Meyer

2. VERDADE (Jo 14:6, Nm 23:19, Jo 17:17)

"É a consonância daquilo que é asseverado com o que pensa a Pessoa que fez a
asseveração. Neste sentido a verdade é um atributo exclusivamente divino, pois
com frequência os homens erram nos testemunhos que prestam, simplesmente por
estarem equivocados a respeito dos fatos, ou então por pura incapacidade
fracassam em promessas que fizeram com honestas intenções. Mas a onisciência
de Deus impede que Ele chegue a cometer qualquer equívoco, e a Sua onipotência
e imutabilidade asseguram o cumprimento de Suas intenções (Dt 32:4, Sl 119:142,
Jo 8:26; Rm 3:4; Tt 1:2; Nm 23:19; Hb 6:18; Ap 3:7; Jo 17:3; I Jo 5:20; Jr
10:10; Jo 3:33; I Ts 1:9; Ap 6:10; Sl 31:5; Jr 5:3; Is 25:1). Ao exercê-la
para com a criatura, a verdade de Deus é conhecida como sua veracidade e
fidelidade."
Teologia Sistemática, Banco de Dados Teológico, Internet
(http://www.terravista.pt/Bilene/2810/base/)

3. LIBERDADE (Is 40:13,14)

"II. Deus tem em si mesmo, e de si mesmo, toda a vida, glória, bondade e bem-
aventurança. Ele é todo suficiente em si e para si, pois não precisa das
criaturas que trouxe à existência, não deriva delas glória alguma, mas somente
manifesta a sua glória nelas, por elas, para elas e sobre elas..."
Confissão de fé de Westminster, Capítulo II, Artigo II

4. SANTIDADE (1 Jo 1:5, Lv 11:44)

"É a perfeição de Deus, em virtude da qual Ele eternamente quer manter e mantém
a Sua excelência moral, aborrece o pecado, e exige pureza moral em suas
criaturas. Ser Santo vem do hebraico qadash que significa cortar ou separar.
Neste sentido também o Novo Testamento utiliza as palavras gregas hagiazo e
hagios.
" A santidade de Deus possui dois diferentes aspectos, podendo ser positiva
ou negativa (Hb 1:9, Am 5:15, Rm 12:9).
a) Santidade Positiva: Expressa excelência moral de Deus na qual Ele é
absolutamente perfeito, puro e íntegro em Sua natureza e Seu caráter (1
Jo 1:5; Is 57:15; 1 Pe 1:15,16; Hc 1:13). A santidade positiva é amor ao
bem.
b) Santidade Negativa: Significa que Deus é inteiramente separado de tudo
quanto é mal e de tudo quanto o aborrece (Lv 11:43-45; Dt 23:14; Jó 34:10;
Pv 15:9,26; Is 59:1,2; Lc 20:26; Hc 1:13; Pv 6:16-19; Dt 25:16; Sl 5:4-
6). A santidade negativa é ódio ao mal.
"Além de possuir dois aspectos a santidade de Deus possui também duas maneiras
diferentes de manifestar-se:
c) Retidão: Também chamada justiça absoluta, é a retidão de natureza divina,
e virtude da qual Ele é infinitamente Reto em Si mesmo (santidade
legislativa). Sl 145:17; Jr 12:1; Jo 17:25; Sl 116:5 Ed 9:15.
d) Justiça: Também chamada justiça relativa, é a execução da retidão ou a
expressão da justiça absoluta (santidade judicial). Strong a chama de
santidade transitiva. A retidão é a fonte da Santidade de Deus, a justiça
é a demonstração de Sua Santidade.
Teologia Sistemática, Banco de Dados Teológico, Internet
(http://www.terravista.pt/Bilene/2810/base/)

5. FIDELIDADE (Dt 7:9, Sl 89:2; Lm 3:22,23)

"Ele é fiel na sua natureza e nas suas ações. A palavra hebraica amen,
"verdadeiramente", é derivada de uma das mais notáveis descrições do caráter
de Deus, que reflete a sua certeza e fidedignidade: "Ó, SENHOR, tu és o meu
Deus, exaltar-te-ei a ti e louvarei o teu nome, porque tens feito maravilhas
e tens executado os teus conselhos antigos, fiéis e verdadeiros ('emunah 'omen
- literal "fidelidade de confiabilidade"); (Isaías 25:1). O Senhor comprova a
sua fidelidade ao cumprir as suas promessas: "Saberás, pois, que o SENHOR, teu
Deus, é Deus , o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil
gerações aos que o amam e cumprem os seus mandamentos" (Deuteronômios 7:9).
Josué, já no fim de sua vida, declarou ao povo de Israel que o SENHOR nunca
lhe faltara, nem sequer numa única promessa (Josué 23:14). O salmista
confessou: "... a tua fidelidade, tu a confirmarás nos céus..." (Salmos 89:2).
"As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as
suas misericórdias não têm fim; renovam-se a cada manhã. Grande é a tua
fidelidade" (Lamentações 3:22,23).
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. CPAD: Rio de Janeiro, 1996, 1ª Ed. pg 134 e 135

6. BONDADE (Sl 100:5, Sl 145:8,9 Lm 3:25, Tg 1:17)

"É uma concepção genérica incluindo diversas variedades que se distinguem de


acordo com os seus objetivos. Bondade é perfeição absoluta e felicidade
perfeita em Si mesmo (Mc 10:18, Lc 18:18,19; Sl 33:5; Sl 119:68; Sl 107:8; Na
1:7). A bondade implica na disposição de transmitir felicidade.

a) Benevolência: É a bondade de Deus para com suas criaturas em geral. É a


perfeição de Deus que O leva a tratar benévola e generosamente todas as
Suas criaturas (Sl 145:9, 15,16; Sl 36:6; 104:21; Mt 5:45; 6:26; Lc 6:35;
At 14:17). Thiessen define benevolência como a afeição que Deus sente e
manifesta para com Suas criaturas sensíveis e racionais. Ela resulta do
fato de que a criatura é obra Sua; Ele não pode odiar qualquer coisa que
tenha feito (Jó 14:15) mas apenas àquilo que foi acrescentado à Sua obra,
que é o pecado (Ec 7:29).
b) Beneficência: Enquanto que a benevolência é a bondade de Deus considerada
em sua intenção ou disposição, a beneficência é a bondade em ação, quando
seus atributos são conferidos.
c) Complacência: É a aprovação às boas ações ou disposições. É aquilo em Deus
que aprova todas as Suas próprias perfeições como também aquilo que se
conforma com Ele (Sl 35:27; Sl 51:6; Is 42:1; Mt 3:17; Hb 13:16).
d) Longanimidade ou Paciência: O hebraico emprega a palavra erek'aph que
significa grande de rosto e daí também lento para a ira. O grego emprega
makrothymia que significa ira longe. Portanto longanimidade é o aspecto
da bondade de Deus em virtude do qual Ele tolera os pecadores, a despeito
de sua prolongada desobediência. A longanimidade revela-se no adiamento do
merecido julgamento (Ex 34:6; Sl 86:15; Rm 2:4; Rm 9:22; 1 Pe 3:20; 2 Pe
3:15).
e) Misericórdia: Também expressa pelos sinônimos compaixão, compassividade,
piedade, benignidade, clemência e generosidade. No hebraico usa-se as
palavras chesed e racham e no grego eleos. É a bondade de Deus demonstrada
para com os que se acham na miséria ou na desgraça, independentemente dos
seus méritos. (Dt 5:10, Sl 57:10, Sl 86:5, 1 Cr 16:34, 2 Cr 7:6; Sl 116:5;
Sl 136; Ed 3:11; Sl 145:9; Ez 18:23,32; Ex 33:11; Lc 6:35; Sl 143:12; Jó
6:14).
f) Graça: É a bondade de Deus exercida em prol da pessoa indigna. Portanto,
graça é o ato divino de conceder ao pecador toda a bondade de Deus a qual
ele não merece receber (Ex 33:19). Na misericórdia Deus suspende o
sofrimento merecido, na graça Deus concede bênçãos não merecidas. Todo
pecador merece ir para o inferno; assim Deus exerce Sua misericórdia
livrando o pecador da condenação. Nenhum pecador merece ir para o paraíso;
assim Deus exerce a Sua graça doando ao pecador o privilégio de ir
gratuitamente para o paraíso.
Teologia Sistemática, Banco de Dados Teológico, Internet (http://www.terravista.pt/Bilene/2810/base/)

C. OUTROS ATRIBUTOS

1. VIDA (Jo 5:26)

"Vida é um termo que não pode ser plenamente definido. A ciência define-a como
correspondência entre órgão e ambiente. Aplicadas, porém, a Deus, há de
significar muito mais do que isso, visto que Deus não tem ambiente. A vida de
Deus é Sua atividade de pensamento, sentimento e vontade. È o movimento total
e íntimo de Seu Ser que O capacita a formar propósitos sábios, santos e
amorosos, e a executá-los." Mullins

2. ESPIRITUALIDADE

"A verdade da espiritualidade de Deus é revelada em nosso ser espiritual. Deus


não é apenas o nosso Criador, mas é o Pai de nossos espíritos. Somos sua geração
(Jo 4:24; At 17:28,29). Todas as características essenciais de nossos espíritos
podem ser atribuídas a Ele em grau infinito, pois Ele é um ser racional que
distingue, com infinita precisão, entre o que é verdadeiro e o que é falso; é
um ser moral que distingue entre o certo e o errado, e é um livre agente cuja
ação é auto-determinada por Sua própria vontade." A. A. Hodge

3. PERSONALIDADE

"Essa é a verdade contrária ao panteísmo, que ensina que Deus é tudo e tudo é
Deus; que Deus é o universo e o universo é Deus; que Ele não tem existência
separada e distinta. O conceito do panteísmo é que o conjunto das coisas
individuais é Deus. Nessa mesma base, podia se dizer que o conteúdo da
consciência de um homem, em um dado momento, é o próprio homem; ou que as ondas
do oceano são o próprio oceano. O panteísmo nega a distinção entre a matéria e
a mente, entre o Infinito e o finito. Segundo essa teoria há apenas uma
substância, apenas um Ser real; por isso a doutrina é chamada de monismo, ou
seja, "tudo é uma coisa só". Torna, portanto, o mundo material não apenas co-
substancial com Deus mas também co-eterno com Ele. Isso, naturalmente, elimina
o conceito da criação, a não ser como um processo eterno e necessário. Nega
que o Ser Infinito e Absoluto tenha, em si mesmo, inteligência, consciência ou
vontade. O Infinito vem a existir no finito. A vida toda - consciência,
inteligência e conhecimento - é a vida - conhecimento, inteligência e
conhecimento - da matéria. O panteísmo, portanto, nega a personalidade de Deus,
pois tanto a personalidade como a consciência implicam uma distinção entre o
"eu" e o "não-eu"; e essa distinção, segundo o panteísmo, é uma limitação
incoerente com a natureza do Deus infinito, o qual, por conseguinte, não é uma
pessoa que possa dizer 'Eu' e que possa ser chamada de 'Tu'".
Teologia Elementar, E. H. Bancroft, D. D., Imprensa Batista Regular, 1979

"Pode-se definir personalidade como existência dotada de autoconsciência e do


poder de autodeterminação. Não se deve confundir personalidade com
corporalidade ou existência em corpo material, mas antes, corretamente
definida, a personalidade abrange as propriedades e qualidade coletivas que
caracterizam a existência pessoal e a distinguem da existência impessoal e da
vida animal; pois encaramos os animais irracionais como possuidores de natureza
e não de personalidade. A personalidade, portanto, representa a soma total das
características necessárias para descrever o que é uma pessoa.
"No tocante a estas características pessoais, há de haver não só consciência
- pois o irracional a possui - mas também autoconsciência; e deve haver não
só determinação - pois o irracional também a possui - mas também
autodeterminação, ou seja, o poder, pelo qual o homem, por ato de sua vontade
livre, determina suas ações.
"São três os elementos constitutivos da personalidade: intelecto, ou poder de
pensar; sensibilidade, ou poder de sentir; e volição, ou poder de vontade.
Associados a esses, temos a consciência e a liberdade de escolha. Se pudermos
provar que a Deus são atribuídas operações de intelecto, sensibilidade e
volição, então podemos afirmar sua personalidade."
Teologia Elementar, E. H. Bancroft, D. D., Imprensa Batista Regular, 1979

4. TRI-UNIDADE

"Esta palavra deriva de dois vocábulos latinos: 'tres' e 'unitas', isto é,


'três' e 'unidade', que afirma a doutrina de três em um, ou seja, a Trindade.
"A trindade de Deus é bem estabelecida no credo atanasiano, que afirma:
'Adoramos um só Deus em trindade e uma trindade em unidade, não confundindo as
pessoas nem dividindo a substância'.
Teologia Elementar, E. H. Bancroft, D. D., Imprensa Batista Regular, 1979
"A trindade, portanto, são três Pessoas eternamente inter-constituídas, inter-
relacionadas, inter-existentes e, por consegunte, inseparáveis dentro de Um
único Ser e de uma única Substância ou Essência" Champion

5. AUTO-EXISTÊNCIA

" Isso, naturalmente, significa que as causas de Sua Existência estão nEle
mesmo. Nele a vida é inerente. Diferentemente da vida das criaturas, Sua vida
não vem de fontes externas. Se no universo não existissem criaturas, essa não-
existência em coisa alguma afetaria a existência de Deus. Não afetou sua
existência antes que Ele realizasse a obra da criação. Ele tinha 'vida em si
mesmo' quando não havia vida em parte alguma fora dEle. Na ausência total de
vida fora de Sua Pessoa, todas as possibilidades de vida se concentravam nEle.
Nunca nos devemos esquecer de que, em Deus, as criaturas 'vivem, movem-se e
existem', desse modo dependendo dEle para viver, movimentar-se e existir; Sua
auto-existência, porém, torna-o absolutamente independente. Visto que a causa
da existência das criaturas não está nelas, necessariamente tais criaturas
dependem do Criador, podendo-se atribuir a razão de sua existência à vontade
divina. A razão da existência de Deus encontra-se exclusivamente nEle, e Sua
auto-existência é atributo inalienável de Sua natureza. Quando Ele interpõe
Seu juramento, em confirmação à Sua Palavra, Ele jura por si mesmo, dizendo:
'Vivo Eu', permitindo que Seu juramento repouse sobre a base imutável de sua
auto-existência. No escopo sem limites do pensamento humano e angélico, nunca
poderá ser encontrado um mistério mais profundo que o da auto-existência de
Deus. É mistério que desafia a compreensão finita. Somente Deus sabe como é
que Ele existe, por que Ele sempre tem existido, e por que existirá para sempre"
Pendleton

I.1.4 - OS NOMES DE DEUS

1. EL - Presente em todos os idiomas semíticos, possivelmente derivado de Poder,


Preeminência.
a) Sentido Geral: Deus no sentido mais lato, verdadeiro ou falso, ou mesmo
uma imagem tomada como Deus.
b) Sentido Específico: Deus verdadeiro, Deus de Israel.
c) Termos Descritivos Compostos:
- Deus da Glória (Sl 29:3)
- Deus do conhecimento (1 Sm 2:3)
- Deus da Salvação (Is 12:2)
- Deus da Vingança (Sl 94:1)
- Deus Grande e Terrível (Ne 1:5; 4:14; 9:32; Dt 9:4)
d) Forma Plural Elohim - Plural Majestoso - Significa que a Plenitude da
deidade acha-se dentro do único Deus verdadeiro, com todos os seus
atributos, virtudes e poderes. É encontrada 2.500 vezes no Antigo
Testamento, referindo-se 2.300 vezes ao Deus de Israel. Podia significar
também ídolos (Ex 34:17), juízes (Ex 22:8), anjos (Sl 8:5), deuses de outras
nações (Is 36:18; Jr 5:7).
e) Forma singular 'Eloah' - Significado original - Capacidade de Deus em
proteger ou destruir. Usada em paralelo com rocha ou refúgio (Dt 32:15; Sl
18:31; Is 44:8), Escudo de proteção para os que se refugiam nele (Pv 30:5),
Terror para os pecadores (Sl 50:22, Sl 114:7, Sl 139:19).

f) El Shaddai (Todo Poderoso, Onipotente) - Shaddai - Alguém que tem a


capacidade de abençoar ou castigar, conforme a situação. Devastar ou
Destruir (Sl 68:14, Is 13:6), Abençoar, Frutificar e Multiplicar (Gn 48:3,4;
49:24)
g) El Elyon - Deus Altíssimo
h) El Olam - Perpétuo

2. YAHWEH - Provavelmente derivado do verbo "tornar-se, acontecer, estar presente'.


Ocorre 6.828 vezes em 5.790 versículos do Antigo Testamento. Significa 'Eu sou o
que Sou', ou 'Eu sou Aquele que É'. Enfatiza a existência de Deus em si mesmo.
a) Nomes Compostos - Complete o quadro abaixo:

NOME DE DEUS TEXTO QUALIDADES SINTOMAS NEGATIVOS


YAHWEH (EU SOU) Ex 3:14 Esperança, Certeza
Absoluto, Perfeito
JIREH (Proverá) Provisão, Ele provê Medo de sofrer perdas
Inveja, Cobiça
NISSI (Nossa Bandeira) Ex 17:15 Transgressão dos Princípios
de Deus
Ex 15:26 Cura Medo de morte e doenças

SHALOM (Nossa Paz) Estabilidade em meio ao


tumulto (Paz)
Sl 23:1 Indecisão

TSIKDENU Jr 23:6
(Nossa Justiça)
1 Sm 1:3 Domínio, Vitória, Conquista

Ez 48:35 Solidão, Insegurança


Distância de Deus
ELYON (Altíssimo) Vida Dupla. Medo da
(Rei dos Reis) Situação Mundial.
Salvação, Purificação Dúvidas sobre salvação e
Ele é o que Santifica santificação

UNIDADE 2 - A TRINDADE

I.2.1 - DEFINIÇÃO

Deus é um só em seu ser e substância, dotado de três distinções pessoais, que nos
são reveladas como Pai, Filho e Espírito Santo.

"A Trindade, portanto, são três Pessoas eternamente inter-constituídas, inter-


relacionadas, inter-existentes e, por conseguinte, inseparáveis dentro de Um único
Ser e de Uma única Substância ou Essência"
Champion

I.2.2 - ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

Essa é a verdade contrária aos seguintes erros:


• Sabelianismo - Trindade modal, que mantém que há apenas três aspectos ou
manifestações de uma só pessoa.

Sabelius - Considerado o pai do modalismo, suas doutrinas foram condenadas


em Roma no ano 215. Foi um dos mais notórios hereges.
Modalismo - Heresia do segundo século. Ensinava que as pessoas da Trindade
eram, na realidade, três modalidades, ou aspectos , de a divindade apresentar-se
ao ser humano.

• Swedenborgianismo- Sustenta que 'O pai, o Filho e o Espírito Santo são três
elementos essenciais de um Deus', que compõe um, tal como corpo, alma e
espírito compõe o homem.
Swedenborg, Emanuel (1688-1772) - É tido como um dos maiores pensadores
e teólogos suecos. Através de suas visões, pretendeu apresentar uma nova
revelação da doutrina cristã, caracterizada pela negação da Santíssima Trindade.
Seus discípulos continuam em atividade até os dias de hoje.
Swedenborgianismo - Doutrina elaborada por Emanuel Swedenborg, cujos
pontos principais são: 1) O Universo e a humanidade não foram criados, mas
emanados de Deus; 2) A Trindade é impessoal; 3) A expiação é apenas teórica;
4) No estado intermediário, o ser humano terá uma Segunda oportunidade para
redimir-se das faltas e pecados cometidos na vida terrena.

• Triteísmo - Sustenta que há três Deuses, e não distinções pessoais no Deus


uno. As pessoas na Divindade, que são consideradas como três, como se
fossem três seres endeusados, não compõe uma trindade, mas apenas um trio.

"Adoramos um só Deus em trindade e uma trindade em unidade, não confundindo as


pessoas nem dividindo as substâncias"
Credo Atanasiano

I.2.3 - EVIDÊNCIAS BÍBLICAS

1) TEXTOS CORRELATOS

PAI FILHO ESPÍRITO


SANTO
Chamado de Deus Fp 1:2 Jo 1:1,14; Cl 2:9 At 5:3-4
Criador Is 64:8; Is 44:24 Jo 1:3; Cl 1:15-17 Jó 33:4; Jó 26:13
Ressurreto 1 Ts 1:10 Jo 2:19; Jo 10:17 Rm 8:11
Habita em nós 2 Co 6:16 Cl 1:27 Jo 14:17
Onipresente 1 Re 8:27 Mt 28:20 Sl 139:7-10
Onipotente 1 Jo 3:20 Jo 16:30 1 Co 2:10-11
Santifica 1 Ts 5:23 Hb 2:11 1 Pe 1:2
Dá vida Gn 2:7 Jo 1:3; Jo 5:21 2 Co 3:6,8
Tem Comunhão 1 Jo 1:3 1 Co 1:9 2 Co 13:14
Eterno Sl 90:2 Mq 5:1-2 Rm 8:11
Tem Vontade Lc 22:42 Lc 22:42 1 Co 12:11
Fala Mt 3:17 Lc 5:20; Lc 7:48 At 8:29; At 11:12;
At 13:2
Ama Jo 3:16 Ef 5:25 Rm 15:30
Sonda os corações Jr 17:10 Ap 2:23 1 Co 2:10
Nós lhe Jo 17:9 Jo 17:6 ...
pertencemos
Salvador 1 Tm 1:1; 1 Tm 2:3; 2 Tm 1:10; Tt 1:4; Tt . . .
1 Tm 4:10 3:6
Nós o servimos Mt 4:10 Cl 3:24 ...
Devemos crer nEle Jo 14:1 Jo 14:1 ...
Dá alegria ... Jo 15:11 Rm 14:7
Julga Jo 8:50 Jo 5:21,30 ...

"O Pai incriado, o Filho incriado: o Espírito Santo incriado.


"O Pai incomensurável, o Filho incomensurável: O Espírito Santo incomensurável.
"O Pai eterno, o Filho eterno: O Espírito Santo eterno.
"E, mesmo assim, não são três eternos, mas um só eterno.
'O Credo Atanasiano no Século XX', R. O. P. Taylor

2) ANTIGO TESTAMENTO
Deus se revela como o Único Deus. Isto encontra sua expressão máxima
no Sh'ema judaico: "Ouve, Ó Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único
SENHOR (Dt 6:4)".
No entanto, existem indícios claros que apontam a existência da trindade:
• Gn 1:26: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança" - Com quem falava Deus, e quem além dEle possuía
imagem semelhante à sua?
• Anjo do Senhor - anjo distinguido de outros anjos no A. T. Ele recebe
adoração e fala com a mesma autoridade de Deus. Aqueles que o
contemplam dizem Ter visto Deus face a face. No entanto, jamais
alguém viu a Deus. O anjo do Senhor seria a manifestação do Senhor
Jesus antes da encarnação.
• Messias - Termos proféticos - Is 48:16; Is 61:1; Is 63:7-10; Zc 12:10;

3) NOVO TESTAMENTO
É no Novo Testamento que a doutrina da Trindade é diretamente
estabelecida, embora a palavra 'Trindade', em si, não conste das Escrituras. A
partir das afirmações inequívocas a respeito da divindade de Jesus (Jo1:1-14,
Jo 17:5; Fp 2:10-11; Jo 8:59; Jo 10:30; Cl 1:17; Cl 2:9), e da promessa do
Espírito Santo ('allos parakletos', isto é, outro consolador, outro de mesma
natureza), temos o 'problema' da trindade. Deus continua a ser o único Deus,
não existem três deuses, mas percebemos claramente que há três
manifestações, ou pessoas, distintas, de Deus, com vontades independentes
(Lc 22.42; 1 Co 12.11; Jo 6:38). No Batismo de Jesus, vemos a manifestação
de cada pessoa da trindade independentemente. Na fórmula batismal e nas
saudações, vemos o posicionamento da Igreja Primitiva a esse respeito (Mt
28:19; 2 Co 13:14).
a) O Pai reconhecido como Deus - Jo 6:27; 1 Pe 1:2.
b) Jesus reconhecido como Deus:
• Expressamente chamado Deus - Jo 1:1. Jo 1:18; Jo 20:28; Tt 2:13
• Distinções de Deus no VT são dadas a Jesus - Mt 3:3; Jo 12:41
• Possui os atributos de Deus - Jo 14:6; Jo 5:26; Jo 3:16; Lc 1:35
• Obras de Deus são atribuídas a Jesus - Jo 1:3; Cl 1:17; Hb 1:10
• Recebe adoração devida somente a Deus - Jo 5:23; At 7:59; Hb 1:6
• É igual ao Pai - Jo 5:18; Fp 2:6
• Mencionado em igualdade com o Pai - Mt 28:19; I Co 1:23; Ap
20:6
c) Espírito Santo reconhecido como Deus:
• Tratado como Deus - At 5:3,4; I Co 3:16
• Tem os mesmos atributos de Deus - Rm 15:30; Jo 16:13; Hb 9:14
• Obras de Deus atribuídas ao E. S. - Gn 1:2; Jo 16:8; Rm 8:11
• Nome ligado ao nome do Pai e do Filho - Mt 28:19; II Co 3:3
d) Todos são reconhecidos como Pessoas
e) São pessoas distintas entre si
• Cristo distingue-se do Pai - Jo 5:32,37
• Pai e Filho são distinguidos um do outro - Jo 1:14; Jo 3:16
• Pai e Filho distinguem-se entre si - Jo 10:36; Gl 4:4
• Pai e Filho distinguem-se do E. S. - Jo 14:16,17;
• O E. S. procede do Pai - Jo 15:26
• O E. S. é enviado pelo Pai e pelo Filho - Gl 4:6; Jo 14:26
• O E. S. distingue-se do Pai e do Filho - Gl 4:6; Mt 3:16,17
f) As distinções pessoais são eternas

I.2.4 - ASPECTOS HISTÓRICOS

a) Antecedentes: Nos primeiros quatro séculos da Era Cristã, o assunto


teológico dominante na Igreja era o conceito cristológico de logos. Logos,
no entanto, parecia ser entendido como um poder ou atributo eterno de
Deus, que, de alguma maneira, inexplicável, habita em Cristo.

Logos Asarkos - Locução grega, significa 'Palavra sem a Carne'. Expressão


usada pelos pais da igreja para designar a Cristo antes de sua encarnação.

b) Irineu contra os Gnósticos - Bispo de Lião, na Gália, Irineu era discípulo


de Policarpo, que, por sua vez, era discípulo de João. Sua grande obra,
Contra Heresias, destinava-se a combater os erros dos gnósticos e
docetistas, que ou classificavam Cristo como eão (intermediário espiritual
entre a Mente Divina e a Terra) ou negavam a plena humanidade de Cristo,
negando sua encarnação, e afirmando que Ele apenas parecia ser homem.
Irineu afirmou a plena divindade e plena humanidade de Cristo, em duas
frases cruciais: 'Filius dei filius hominis factus' (O Filho de Deus tornou-
se filho do homem), e 'Jesus Christus vere homo, vere deus' (Jesus Cristo,
verdadeiro homem e verdadeiro Deus). Tem sido dito que Irineu
subentendeu um "trinitarianismo econômico" (relacionado apenas à
economia [plano] da salvação).

Gnosticismo - Escola teológica que floresceu nos primórdios do Cristianismo.


Contrariando as pregações dos apóstolos, seus adeptos diziam-se os únicos a
possuírem um conhecimento perfeito de Deus. Seu arcabouço doutrinário
considerava a matéria irremediavelmente má. Por isso, diziam que a humanidade
de Cristo era apenas aparente.
Docetismo - Advogava que a humanidade de Cristo era apenas aparente. Jesus
parecia humano, mas não era humano. Começou a ser desarticulado com os
credos dos apóstolos e Niceno.

c) Tertuliano contra Praxeas - Bispo 'pentecostal' de Cartago (160-230),


chamado de ´pai da doutrina eclesiástica da Trindade' por Warfield,
Tertuliano insurge-se contra as heresias do monarquianismo e
patripassianismo, apregoadas por Praxeas. O monarquianismo afirmava a
existência de um único monarca, que é Deus, negando a plena divindade
do Filho e do Espírito. Para preservar as doutrinas da salvação, os
monarquianos chegaram à conclusão de que o Pai, como Deidade, foi
crucificado pelos pecados do mundo, heresia conhecida como
patripassianismo. Tertuliano foi o primeiro erudito a empregar o termo
'trindade', e torna explícito o conceito de 'Trindade Econômica' de Irineu,
com uma definição mais explícita. Enfatiza a unidade de Deus, ou seja,
que existe uma só substância divina, um só poder divino - sem separação,
divisão, dispersão ou diversidade - havendo, entretanto, uma distribuição
entre as funções, uma distinção entre as Pessoas.

Interpretação Econômica da Trindade - Doutrina elaborada por


Hipólito e Tertuliano segundo a qual a atuação das Pessoas da Trindade
leva em conta, principalmente, a função que cada uma delas exerce no
contexto da história da salvação.

d) Orígenes e a Escola Alexandrina - Primeiro a explicar a eternalidade do


logos pessoal, principal teólogo grego (185-254), Orígenes começou a
formular a doutrina da trindade de forma mais elaborada, ainda que sua
expressão final só viesse a surgir no Concílio de Nicéia (Século IV). Opôs-
se aos monarquianos (unitarianos), propondo a doutrina da geração eterna
do Filho (filiação), em função da vontade do Pai, donde implicava também
a subordinação do Filho. Oriunda não apenas dos termos 'Pai' e 'Filho', mas
principalmente do termo 'Unigênito', consistentemente atribuído ao Filho
(Jo 1:14, 18; Jo 3:16,18; 1 Jo 4:9). Segundo Orígenes, o Pai gera
eternamente o Filho e, portanto, nunca está sem Ele. O Filho é Deus, porém
ele subsiste como uma Pessoa distinta do Pai. O conceito da geração eterna
oferecido por Orígenes preparou a Igreja para entender que a Trindade
subsiste em três pessoas, em vez de constituir de três partes. Ao
relacionamento entre o Pai e o Filho, Orígenes atribuiu o termo
homoousios to patri: 'de uma só substância (ou essência) com o Pai'. O
entendimento da personalidade ainda era impreciso. Orígenes teve
problemas para explicar o conceito de subordinação apresentado na
linguagem do Novo Testamento, e às vezes apresentava o Filho como
deidade de Segunda categoria, distinto do Pai quanto à Pessoa, mas inferior
quanto à existência.

Homoousios (Do grego 'homo', mesmo, 'ousia', substância) - Este termo


começou a ganhar importância a partir do Concílio de Nicéia, realizado em 325.
Em meio aos debates cristológicos, serviu para mostrar que o Filho tem a mesma
substância do Pai, o mesmo acontecendo com o Espírito Santo em relação às
duas primeiras Pessoas da Santíssima Trindade.

e) Monarquianismo Dinâmico: Procurava preservar o conceito da unicidade


de Deus. Negava qualquer noção de Trindade eternamente pessoal.
Baseavam sua cristologia exclusivamente nos evangelhos sinóticos,
repudiando a cristologia joanina por que suspeitavam haver concepções
helenistas no prólogo do seu evangelho. Argumentavam que Cristo não era
Deus desde toda a eternidade, tendo se tornado Deus a partir de um dado
momento, sujeito a controvérsias, mas geralmente entendido como o
batismo de Jesus. Cristo, assim, era considerado filho adotivo de Deus, e
teria sido exaltado progressivamente à condição de deidade. Defendiam
um relacionamento apenas moral entre o Pai e o Filho. O principal
defensor antigo foi Paulo de Samosata, bispo de Antioquia no século III.

Paulo de Samósata - Bispo de Antioquia, ensinava que, embora Deus


tenha agido através de Cristo, o Senhor Jesus não fazia parte da
trindade. Por causa de suas heresias, foi excomungado por um sínodo
em 268.

f) Monarquianismo Modalístico: influenciado principalmente pelo


gnosticismo e pelo neoplatonismo. Concebiam o universo como uma
unidade, todo organizado, manifestado numa hierarquia de modos,
considerados vários níveis de manifestações de realidade que emanavam
de Deus. Assim, para eles, a realidade diminuía à medida que uma
emanação se afastava de Deus, sendo a matéria a categoria mais baixa da
existência no universo. Conceito panteísta da realidade. Como
consequência dessa visão, Cristo seria uma emanação de primeira ordem
da parte do Pai, sendo inferior a este no tocante à natureza da sua existência
ou essência. O principal defensor desta teoria foi Sabélio (daí também ser
conhecida como Sabelianismo). Atribuiu a Jesus o termo teológico
homoiousios, 'semelhante essência', afirmando assim que a natureza de
Jesus era semelhante à do Pai, e não idêntica, tal qual a semelhança dos
raios do Sol e do próprio Sol. Sabélio foi condenado como herege em 268,
no Concílio de Antioquia.

Panteísmo - Teoria filosófica, segundo a qual Deus é tudo e tudo é


Deus. Segundo o panteísmo, a natureza é o próprio Deus. Neste sistema,
não se faz distinção entre o Criador e a criatura.
Homoioúsios - Expressão utilizada por Ário com o objetivo de mostrar
que o Senhor Jesus Cristo tinha apenas uma natureza - a divina. E que
esta era antagônica à natureza humana. Tendo em vista tal controvérsia,
foi convocado o Concílio de Nicéia. Neste, a figura de maior destaque
foi Atanásio, que, com autoridade, demonstrou que o Senhor Jesus é,
de fato, verdadeiro homem e verdadeiro Deus.

g) Arianismo - Ário foi ordenado presbítero em Alexandria, pouco depois


de 311. Suas idéias atraíram a atenção de Alexandre, novo arcebispo de
Alexandria, e foi excomungado em 321 por causa de suas opiniões
heréticas a respeito da Pessoa, da natureza e da obra de Jesus Cristo.
Esforçou-se por ser restaurado à Igreja, principalmente a fim de procurar
tornar sua teologia a teologia oficial da igreja. Por conta de sua
controvérsia, Constantino, o Imperador, convocou o primeiro concílio
ecumênico, o Concílio de Nicéia, em 325. Ário ressaltava que Deus Pai é
o único monarca, único eterno, 'ingênito', ao passo que tudo o mais,
inclusive Cristo, é 'gerado'. Entendia incorretamente que a idéia de ser
'gerado' transmite o conceito de Ter sido criado. Entendia o logos, Cristo,
como uma substância, a primeira substância criada por Deus, empregada
por Ele para criar todas as demais coisas. Concebia a encarnação como a
união da substância criada (logos) com um corpo humano. Assim, o logos
ocupava o lugar da alma humana dentro do corpo humano de Jesus de
Nazaré.

Concílio de Nicéia - Primeiro Concílio ecumênico da história. Convocado pelo


imperador Constantino, em 325, teve como objetivo solucionar os problemas que
dividiam a Cristandade, causados pelo arianismo. Buscando reafirmar a unidade
da Igreja, os participantes do Concílio redigiram uma Confissão Teológica,
confirmando a ortodoxia doutrinária do Cristianismo.

h) Ortodoxia Trinitariana: O Concílio de Nicéia reuniu 300 bispos da Igreja


Oriental e Ocidental, a fim de definir com precisão teológica a doutrina da
trindade. Dele participaram Alexandre e Ário, e como resultado geral do
concílio, a escola alexandrina acabou triunfando sobre os arianos e Ário
voltou a ser condenado e excomungado. Na fórmula confessionária da
doutrina da Trindade em Nicéia, Jesus Cristo é o "Filho Unigênito de
Deus; gerado de seu Pai antes da fundação do mundo, Deus de Luz, Luz
de Luz; Verdadeiro Deus de Verdadeiro Deus; gerado, não feito;
consubstancial com o Pai". Posteriormente, em 381, no Concílio de
Constantinopla, convocado pelo Imperador Teodócio, a Igreja reafirmou a
ortodoxia de Nicéia, e fez menção específica ao Espírito Santo como
"Senhor e Doador da vida, procedente do Pai e do Filho; o qual, com o Pai
e o Filho juntamente é adorado e glorificado; o qual falou pelos profetas".
As propriedades pessoais (operações interiores de cada Pessoa dentro da
Trindade) atribuídas a cada um dos membros da Trindade são assim
entendidas: o Pai é ingênito; o Filho é gerado; e o Espírito Santo procede
dEles. Essas propriedades não visam explicar a Trindade, mas fazer a
distinção entre as fórmulas ortodoxas trinitarianas e as fórmulas heréticas
modalísticas. A distinção entre as Pessoas não se refere à sua essência ou
susbtância, mas ao relacionamento. Conforme Calvino: "São portanto,
três, não na posição, mas no grau; não na substância, mas na forma; não
no poder, mas na manifestação."
i) O Pentecostalismo da Unicidade: Controvérsia surgida no Acampamento
de Reavivamento Mundial em Arroyo Seco, perto de Los Angeles, em
1913, baseada na argumentação de R. E. McAlister de que os apóstolos
não batizavam em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, mas apenas
no nome de Jesus, e em uma visão de John G. Schaeppe, segundo a qual o
nome de Jesus precisava ser glorificado. A partir disto, Frank J. Ewart
começou a ensinar que aqueles que tinham sido batizados segundo a
fórmula trinitariana precisavam ser rebatizados, apenas no nome de Jesus.
A partir disto, veio a aceitação de uma só Pessoa na Deidade, agindo em
modos ou cargos diferentes. Esta doutrina foi refutada pelo Concílio Geral
das Assembléias de Deus, em St Louis, em 1916, e um quarto dos
ministros desta Igreja se retirou em função disto. Tipicamente, o
Pentecostalismo da Unicidade declara: "Não cremos em três
personalidades separadas na Deidade, mas cremos em três cargos
preenchidos por uma só pessoa.". Tem o conceito de Deus como um só
Monarca Transcendente, cuja unidade numérica é rompida por três
manifestações contínuas feitas à humanidade como Pai, Filho e Espírito
Santo. Acreditam que a idéia de personalidade exige corporalidade, e por
isso acusam os trinitarianos de triteístas. Acreditam que Jesus é
essencialmente a plenitude da Deidade indiferenciada. Que Jesus é a
Personalidade única de Deus, cuja "essência é revelada como Pai no Filho,
e como Espírito através do Filho". A diferença em relação ao Sabelianismo
é que concebem a 'trimanifestação' de Deus como simultânea e não como
sucessiva. Para eles, a personalidade de Deus é reservada exclusivamente
para a presença imanente e encarnada de Jesus. Por isso, argumentam que
a Deidade está em Jesus, mas que Jesus não está na Deidade. Pensam que
o termo 'Pai' se refere à divindade de Jesus, e que o termo 'Filho' se refere
à sua humanidade.

"III. Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância,


poder e eternidade - Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. O
Pai não é de ninguém - não é nem gerado, nem procedente; o Filho é
eternamente gerado do Pai; O Espírito Santo é eternamente procedente do Pai
e do Filho."
Confissão de Fé de Westminster, Capítulo II, Artigo III.

"Mas eis que se mostra a mim em enigma a Trindade que és, meu Deus, porque
Tu, Pai, no princípio de nossa sabedoria, que é tua sabedoria, nascida de
ti, igual e coeterna, a ti, isto é, em Filho, criaste o Céu e a Terra. Já
falei longamente do céu do céu, da terra invisível e caótica, e do abismo
das trevas; falei da natureza espiritual errante e fluida, e que permaneceria
tal se não se tivesse voltado para Aquele de quem vem toda a vida, a fim de
que, por sua luz, ela se tornasse viva e bela, e existisse o céu deste céu,
que foi criado mais tarde entre a água e a água. Na palavra Deus eu já
entendia o Pai, que criou essas coisas, e na palavra princípio eu entendia
o Filho, em quem ele as criou, e, como eu acreditava na Trindade de meu Deus,
eu procurava em tuas santas palavras. E vi em tuas Escrituras que teu Espírito
era levado sobre as águas. Eis tua trindade, meu Deus, Pai, Filho e Espírito
Santo, Criador de toda criatura!"
Santo Agostinho, As Confissões, Ed. Ediouro, Pg. 265 e 266
"Quem quer que queira salvar-se, antes de tudo deve professar a Fé Católica,
pois se alguém não a conservar íntegra e inviolável, sem dúvida, perecerá
para sempre.
"A fé católica é esta: que veneremos um Deus na trindade, e a Trindade na
Unidade, sem confundir as pessoas, nem dividir-lhes a substância.
"Uma é a pessoa do Pai, outra a do Filho, outra, a do Espírito Santo. Mas o
Pai, o Filho e o Espírito Santo têm uma só divindade, uma mesma glória e
coeterna majestade.
"Qual é o Pai, tal é o Filho, e tal é o Espírito Santo; incriado o Pai,
incriado o Filho e incriado o Espírito Santo; imenso o Pai, imenso o Filho
e imenso o Espírito Santo; eterno o Pai, eterno o Filho e eterno o Espírito
Santo. Contudo, não são três eternos, mas um só eterno; como também não são
três incriados, nem três imensos, mas um só incriado e um só imenso.
"Igualmente, onipotente o Pai, onipotente o Filho, onipotente o Espírito
Santo. Contudo, não são três onipotentes, mas um só onipotente.
"Assim também, Senhor é o Pai, Senhor é o Filho, e Senhor é o Espírito Santo.
Entretanto, não são três Senhores, mas um só Senhor. Porque assim como somos
obrigados pela verdade cristã a confessar que cada uma das Pessoas é
singularmente Deus e Senhor, também somos proibidos, pela religião católica,
de afirmar que há três deuses ou três senhores.
"O Pai por nenhuma coisa foi feito, nem criado, nem gerado. O Filho vem só
do Pai, não como criado, nem feito, mas sendo gerado. O Espírito Santo vem
só do Pai e do Filho, não como feito, nem como criado, nem como gerado, mas
procedendo.
"Por conseguinte, há um só Pai, não três Pais. Há um só Filho, não três
Filhos. Há um só Espírito Santo, não três Espíritos Santos. E nesta trindade
nada há, antes ou depois, nada maior ou menor. Mas todas as três Pessoas
são coeternas e coiguais, de sorte que, como já se disse acima, em tudo deve
ser venerada a Unidade na Trindade e a Trindade na Unidade.
"Mas é necessário, para a eterna salvação, que se creia fielmente também na
Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo: pertence à reta fé acreditarmos e
confessarmos que Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é Deus e Homem.
"É Deus, gerado da substância do Pai, antes dos séculos; e Homem, nascido da
substância da mãe, no tempo.
"Perfeito Deus, Perfeito Homem - subsistente de alma racional e carne humana.
"Igual ao Pai, segundo a divindade; menor que o Pai, segundo a humanidade.
"Embora Ele seja Deus e Homem, contudo não são dois, mas um só Cristo. Um
só, com efeito, não pela conversão da divindade na carne, mas pela assunção
da humanidade em Deus.
"Absolutamente um só, não pela confusão da substância, mas pela unidade da
Pessoa. Pois assim como há um só homem de alma racional e de carne, também
um só é Cristo: Deus e Homem.
"O qual padeceu pela nossa salvação, desceu aos infernos, ao terceiro dia
ressurgiu dos mortos. Subiu aos céus, está assentado à direita de Deus Pai
todo-poderoso, donde virá julgar os vivos e os mortos.
"Á sua vinda todos os homens devem ressurgir com os seus corpos e deverão
dar contas das suas ações. Os que agiram bem irão para a vida eterna; os que
agiram mal, para o fogo eterno.
"Esta é a fé católica, na qual se alguém não crer fiel e firmemente não
poderá ser salvo."

Símbolo Atanasiano

UNIDADE 3 - DEUS, O PAI

I.3.1. OS RELACIONAMENTOS DO PAI

A. PAI DE TODA A CRIAÇÃO (At 17:29)

"Temos ainda a considerar a idéia de Deus como PAI. Em exprimir a relação de Deus
para com o Universo, esta é a idéia mais fiel. PAI é o nome de Deus que Cristo nos
revelou. A relação de um pai verdadeiro para com o bom filho é a que melhor ilustra
a relação de Deus para com o universo. Dar vida a outro ser, ou ser pai é a melhor
analogia que se pode encontrar da relação de Deus para com o Universo. O universo
é criação de Deus, que lhe deu existência e que o reconhece como tal. Por isso
mesmo o universo tem direito à proteção de Deus, que é o seu Criador. Não há pai
tão fiel no cumprimento dos seus deveres para com os seus filhos como Deus o é
para com a sua criação. Quem cria alguma coisa, cria e se impõe, simultaneamente,
certa obrigação. Ora, Deus não só reconhece a sua obrigação, mas também é fiel no
cumprimento dos seus deveres. O Salmista compreendeu muito bem a atitude de Deus
para com o universo quando disse: "Assim como um pai se compadece de seus filhos,
assim o Senhor se compadece daqueles que o temem" (Salmos 103:13).
A B LANGSTON, A B. Esboço de Teologia Sistemática. JUERP, 1980. 6ª Edição. Pg. 99

B. PAI DA NAÇÃO DE ISRAEL (Ex. 4:22)

"O Pai: Israel - por meio de um relacionamento especial, Deus era o Pai da nação;
igreja - somos relacionados individualmente a Deus como Pai."
Lewis Sperry Chafer, Systematic Theology, IV, pg 47-53

C. PAI DO SENHOR JESUS CRISTO (Mt 3:17)

"Na unidade da divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade
- Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. O Pai não é de ninguém - não
é nem gerado, nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo
é eternamente procedente do Pai e do Filho.
Confissão de Fé de Westminster, Capítulo II, Artigo III.

D. PAI DOS CRENTES EM CRISTO (Gl 3:26)

"O Antigo Testamento introduz o conceito figurativo de Deus como Pai; o Novo
Testamento demonstra como esse relacionamento pode ser plenamente experimentado.
Jesus fala frequentemente a respeito de Deus, utilizando termos que caracterizam
intimidade. Nenhuma oração no Antigo Testamento dirige-se a Deus como "Pai". Jesus,
porém, ao ensinar seus discípulos a orar, esperava deles que adotasssem a postura
de filhos, e dissessem: "Pai Nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu
nome" (Mt 6.9).
"Embora Jesus falasse do Deus de Abraão, Isaque e Jacó, ... seu título preferido
para Deus era "Pai", que no Novo Testamento é o grego pater (daí derivam as palavras
"patriarca" e "paterno"). Surge uma exceção em Marcos 14.36, onde o termo aramaico
'abba, que Jesus usou para dirigir-se a Deus, foi conservado.
"Paulo designou Deus como 'abba em duas ocasiões: (Gl 4:6 e Rm 8:15,16). Isto é:
na Igreja Primitiva, os cristãos judaicos estariam invocando Deus, dizendo: 'Abba,
"Ó Pai", e os cristãos gentios estariam exclamando: Ho Pater, "Ó Pai!". Ao mesmo
tempo, o Espírito Santo estaria tornando real para eles que Deus é, de fato, o Pai
de todos. A qualidade incomparável do termo acha-se no fato de que Jesus lhe
atribuiu uma ternura incomum. Além do mais, caracterizava muito bem o seu próprio
relacionamento com Deus, e também o tipo de relacionamento que Ele queria, em
última análise, que os seus discípulos tivessem com o Pai."
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. CPAD: Rio de Janeiro, 1996, 1ª Ed. pg 150

I.3.2. OBRAS ESPECÍFICAS DO PAI

A. AUTOR DO DECRETO (Sl 2:7-9)

"O Decreto de Deus é o Seu eterno propósito, segundo o conselho de Sua própria
vontade, pelo qual, para sua própria glória, Ele preordenou tudo que acontece."
Um Resumo da Doutrina Bíblica, Charles C. Ryrie, A Bíblia Anotada, pg. 1627

B. AUTOR DA ELEIÇÃO (Ef 1:3-6)

"Eleição. (Do latim electionem). Ato de eleger, escolha. Diploma divino com que é
agraciado todo o que recebe a Cristo Jesus como seu Único e Suficiente Salvador
(Jo 3:16). A eleição subentende que a pessoa, mediante o sacrifício de Cristo, já
atendeu a todos os requisitos exigidos pela justiça de Deus quanto ao perdão de
seus pecados. Ora, quanto à eleição, é necessário dizer que ela é precedida pela
predestinação. Noutras palavras: toda a humanidade, sem quaisquer exceções, foi
predestinada à vida eterna. Mas a eleição está reservada àqueles que acreditam na
eficácia do sangue de Jesus."
Dicionário Teológico, Claudionor Corrêa de Andrade, 1ª Edição, CPAD, Rio de Janeiro, 1998

C. COMISSIONADOR E ENVIADOR DO FILHO (Jo 3:16)

"I. Aprouve a Deus em seu eterno propósito, escolher e ordenar o Senhor Jesus, seu
Filho Unigênito, para ser o Mediador entre Deus e o homem, o Profeta, Sacerdote e
Rei, o Cabeça e Salvador de sua Igreja, o Herdeiro de todas as coisas e Juiz do
Mundo. E deu-lhe, desde toda a eternidade um povo para ser sua semente e para, no
tempo devido, ser por ele remido, chamado, justificado, santificado e glorificado."
Confissão de Fé de Westminster, Capítulo VIII, Artigo I.

D. DISCIPLINADOR DE SEUS FILHOS (Hb 12:9)

"Deus, em seu caráter de Pai, instrui, corrige e açoita a todo o filho para o bem
estar deste. Nisto Deus é motivado pelo Seu grande amor para conosco...Deus espera,
com essa disciplina, fazer-nos viver uma vida de justiça e santidade."
Fundamentos para fé e obediência, volume III, Edições Worship, Americana , SP

UNIDADE 4 - DEUS, O FILHO

I.4.1 - SUA PREEXISTÊNCIA

A. PROVADA PELO ANTIGO TESTAMENTO (Mq 5:2, Is 9:6)

"Salmo 2. 'Por que se agitam as nações e tramam os povos vãos projetos? Por que se
levantam os reis da terra e conspiram os príncipes contra o Senhor e seu Ungido?
Vou publicar o decreto do Senhor: Disse-me o Senhor: "Tu és meu filho, eu hoje te
gerei. Pede-me, dar-te-ei por herança todas as nações; Tu possuirás os confins do
mundo.'
"O ungido (Messias) fala de sua relação com o Senhor (Jahvé). Ele diz de sua
filhação. Trata-se de filhação por geração. Não de filhação adotiva. O Ungido é
filho de Jahvé de uma maneira singular, por isso é lhe concedida a soberania sobre
todas as nações da Terra. Compare-se agora o Salmo 2 com o Salmo 110: 'Disse o
Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita até que ponha os teus inimigos
por escabelo de teus pés. No dia do teu nascimento já possuis a realeza no esplendor
da santidade. Semelhante ao orvalho, eu te gerei antes da aurora. O Senhor jurou
e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de
Melquisedeque.' O Ungido aqui agora aparece como Senhor de Davi. Não é apenas seu
filho. Note-se que o título de Senhor para os judeus é exclusivo de Deus (Adonai).
O ungido também Senhor participa do poder de Jahvé, sentando-se à sua direita.
Junto com Jahvé ele dirige o mundo e a ele Jahvé submete todos os que se revoltam
contra o seu domínio. Note-se que nenhum rei de Israel era saudado desta maneira,
especialmente nenhum deles entendeu o sacerdócio ("sacerdote para sempre"). Havia
uma separação ritual estrita entre as funções litúrgicas do culto e as funções
profanas do poder real. Davi, ou o autor do Salmo, trata-o de Senhor, logo, alguém
no qual reconhece uma clara superioridade. E esse alguém superior ao rei, é gerado
antes da aurora... Trata-se da geração divina antes do tempo. Nessa linguagem
figurada, sabe-se, está expressa a geração eterna do Filho de Deus, o Messias. Ao
Messias Senhor, Filho de Deus, é conferida a dignidade sacerdotal."
Notas de Cristologia, Pe. Aldo Sérgio Lorenzoni, Universidade Católica de Pelotas, 1980.

B. PROVADA PELO NOVO TESTAMENTO (Jo 1:1,14; Jo 8:58)

"A preexistência de Cristo é parte integrante do mito da encarnação. Podem-se


encontrar referências à preexistência de Cristo (ou do Logos ou do Filho de Deus)
nas Epístolas de Paulo e no Evangelho de João. Sua intenção deve ser entendida em
sentido soteriológico. Elas dizem que Jesus é o Filho eterno de Deus porque a
salvação que ele trouxe à humanidade tem sua origem em Deus. Se Aquele que viveu,
sofreu e morreu por nossa salvação não é eternamente da parte de Deus, não há
salvação real e certa. Jesus e Javé têm que compartilhar o mesmo fundamento eterno
se a salvação que Jesus realizou para nós deve ser considerada igualmente válida
para Deus. Deus enviou o Filho ao mundo em forma humana. A estrutura mitológica
pode ser transparente na superfície, porém seu sentido essencial é básico para o
evangelho. O raciocínio implícito é de ordem soteriológica. Jesus é reconhecido
como o Salvador da humanidade. Ora, só o Deus eterno pode conceder salvação. Por
conseguinte, a identidade última de Jesus tem que derivar-se da vida eterna de
Deus."
Dogmática Cristã, Volume I, Carl E. Braaten & Robert W. Jenson, Editora Sinodal, 1987, pg. 528*
* Obs.: Esta obra, de orientação teológica liberal, não representa o pensamento teológico deste Seminário.
Esta citação aqui introduzida visa ressaltar a argumentação utilizada, em favor da preexistência e da
divindade de Cristo, e não a base teológica utilizada ("mito da encarnação, estrutura mitológica, sentido
soteriológico).

C. PROVADA POR OBRAS (Cl 1:16; Jo 1:3)

"Ele está acima de toda a criação; Ele é o Criador. Ele lapida o belo cristal de
neve. Ele suspende o glorioso arco-íris. Ele dá a púrpura do amor-perfeito. Ele
moldou o penhasco da montanha. Ele colocou as marés azuis dos oceanos. Ele
proporciona luz e fôlego a todas as criaturas. Nossa história ancestral remonta a
uma glória resplandecente, a Pessoa do Cristo Criador."
Douglas

D. PROVADA POR APARIÇÕES (Ex 3:2,4)

"Así, encontramos por todo el Antiguo Testamento que se hace constante mención de
una persona, distinta de Jehová, como persona, a la que sin embargo se le adscriben
los títulos, atributos y las obras de Jehová, el Señor, Jehová, Elohim. Reivindica
autoridad divina, ejerce prerrogativas divinas, y recibe homenaje divino. Si fuera
una cuestión aislada, si en uno o dos casos el mensajero hablara en nombre del que
le había enviado, podríamos suponer que la persona así designada era un ángel o
servidor ordinario de Dios. Pero cuando esta descripción se repite por toda la
Bíblia; cuando encontramos que estos términos se aplican no primero a un ángel, y
luego a otro, de manera indiscriminada, sino a un ángel en particular; que la
persona así designada es también llamada el Hijo de Dios, el Dios Fuerte; que la
obra que se le atribuye a él es en otras partes atribuida al mismo Dios; y que en
el Nuevo Testamento se declara que este Jehová manifestado, es el Hijo de Dios, el
Logos, que fue manifestado en carne, resulta cierto que por él Ángel de Jehová en
los primeros libros de la Escritura tenemos que entender una persona divina,
distinta del Padre."
Teología Sistemática, Volumen Primero, Charles Hodge, D. D., Editora CLIE, Barcelona, 1991, pg. 335

E. PROVADA PELOS SEUS NOMES

1) LOGOS

"João 1.1 apresenta Cristo mediante o termo grego logos, que significa
'palavra', 'demonstração', 'mensagem', 'declaração' ou 'o ato da fala'. Mas
Oscar Cullman aponta a importância de se reconhecer que, em João 1, logos tem
um significado específico: é descrito como uma hypostasis (Hb 1.3), uma
existência distinta e pessoal de um ser real e específico. João 1.1 demonstra
que 'o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" são duas expressões
simultaneamente verídicas. Isso significa jamais Ter havido um período em que
o Logos não existisse juntamente com o Pai."
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. CPAD: Rio de Janeiro, 1996, 1ª Ed. pg. 308

2) FILHO DE DEUS

Filho de Deus - Esse nome é dado a Jesus Cristo quarenta vezes nas Escrituras. Além disso,
há referências frequentes a "Seu Filho" e "Meu Filho" (Jo 5:18). Jesus não reivindicou esse
título para Si mesmo, mas aceitou-o quando usavam para indicá-lO, ou quando foi assim
chamado por outros.

"Nos Evangelhos encontramos também atribuído a Ele o título de Filho de Deus.


Em que sentido deve entender-se esta expressão?
"I) Num sentido largo, que significaria pessoa amada de Deus, íntimo, a qual se
pudesse considerar como Filho de Deus?
"II) No sentido estrito e próprio que manifesta a relação singular de paternidade
de Deus para com Jesus?
"A expressão "Filho de Deus" no Antigo Testamento pode assumir estes dois
significados acima descritos (I e II). Os Salmos 2 e 110 nos falam do Messias
e "da sua geração, antes da aurora": Tu és o meu filho, eu te gerei hoje".
Estas expressões parecem excluir claramente o sentido amplo proposto em I.
Trata-se de geração e, portanto, não de adoção."
Notas de Cristologia, Pe. Aldo Sérgio Lorenzoni, Universidade Católica de Pelotas, 1980.

I.4.2 - SUA ENCARNAÇÃO

A) SIGNIFICADO - Estar em Carne

"O propósito do auto-esvaziamento e da encarnação era redentor. A Divindade, no


sentido distintivo, podia encarnar-se em forma humana porque a personalidade humana
contém os elementos essenciais a toda a personalidade que são: autoconsciência,
inteligência, sentimento, natureza moral e vontade. A personalidade é o ponto em
que a criação ascendente retorna a Deus. O homem ostenta a imagem divina. O auto-
esvaziamento de Cristo, na encarnação, foi a suspensão voluntária do pleno
exercício dos atributos divinos, ainda que, potencialmente, todos os recursos
divinos estivessem presentes. É nos impossível entender completamente o processo
pelo qual teve lugar esse auto-esvaziamento. O Dr. Mullins apresenta certas
analogias que talvez sejam de utilidade:
"Considere-se o caso de um matemático, um gênio, imaginando-o no início e depois
no fim do seu curso. Como menino, ele conhece apenas os elementos da matemática.
Anos depois, já domina toda a ciência matemática. Imaginemo-lo então a ensinar um
principiante. Novamente ele esvazia sua mente das riquezas do conhecimento
adquirido e se torna um principiante. Não obstante, apesar de estar fora de sua
consciência, o conhecimento adquirido continua à sua disposição. Considere-se,
outrossim, o caso de um pai cujo filhinho foi ferido em um desastre e está em
perigo de perder a vida. O pai elimina completamente da consciência o conhecimento
da grande organização de supermercados de que é proprietário. Consagra-se agora,
dia e noite, à tarefa de providenciar para que seu filho seja salvo da morte.
Dinheiro, tempo e conforto - tudo é posto de lado por amor ao filho. Essas analogias
também são imperfeitas, contudo são sugestivas. Na primeira temos o alheamento por
parte do professor por amor ao aluno, e na Segunda, a concentração da afeição por
parte do pai por causa do interesse pelo filho. Assim também foi que Cristo livre
e voluntariamente desistiu do exercício independente de Seus atributos, por amor
àqueles a quem amava e no interesse destes."
E. H. Bancroft, Teologia Elementar Doutrinária e Conservadora, Imprensa Batista Regular do Brasil, pg. 116
B) SEU MEIO - O Nascimento Virginal

"Provavelmente, nenhuma doutrina cristã é submetida a tão extenso escrutínio quanto


a do nascimento virginal, e isto por duas razões principais. Primeiro, esta doutrina
depende, para sua própria existência, da realidade do sobrenatural. Muitos
estudiosos, nestes últimos dois séculos, têm desenvolvido um preconceito contra o
sobrenatural; e esse preconceito tem influenciado seu modo de analisar o nascimento
de Jesus. A Segunda razão para a crítica do nascimento virginal é que a história
do desenvolvimento de sua doutrina nos leva para muito além dos simples dados que
a Bíblia fornece. A própria expressão 'nascimento virginal' reflete essa questão.
O nascimento virginal significa que Jesus foi concebido quando Maria era virgem,
e que ela ainda era virgem quando Ele nasceu (e não que as partes do corpo de Maria
tenham sido preservadas, de modo sobrenatural, no decurso natural de um nascimento
humano)."
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. CPAD: Rio de Janeiro, 1996, 1ª Ed. pg. 322

1) PREDITO - Is 7:14

"Isaías 7, com sua promessa de um filho que nascerá, é o pano de fundo do conceito
do nascimento virginal. Muitas controvérsias têm girado ao redor do termo hebraico
'almah, conforme usado em Isaías 7.14. A palavra é usualmente traduzida por
'virgem', embora algumas versões a traduzam por 'jovem'. No Antigo Testamento,
sempre que o contexto oferece uma nítida indicação, a palavra significa uma virgem
com idade para o casamento."
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. CPAD: Rio de Janeiro, 1996, 1ª Ed., pg. 323

2) PROVADO - Mt 1:16

"O pronome feminino empregado em Mateus 1.16 indica que o nascimento de Jesus veio
por Maria apenas, sem participação de José."
A Bíblia Anotada, Um Resumo da Doutrina Bíblica, por Charles C. Ryrie, pg. 1628

C) SUAS RAZÕES:

1) REVELAR DEUS AOS HOMENS (Jo 1:18)

"O verbo estava com Deus. Ele é uma pessoa da divindade. É chamado "o verbo".
Ele veio para proclamar Deus. Assim como as palavras expressam o pensamento,
assim Cristo exprime Deus. As palavras revelam o coração e a mente; assim
Cristo expressa, manifesta e mostra Deus. Jesus disse a Filipe: Se vós me
tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai (João 14:7)"
Estudo Panorâmico da Bíblia, Henrietta C. Mears, Ed. Vida, 1982, pg. 360

2) PROVER UM EXEMPLO DE VIDA (1 Pe 2:21)

"Dezenove longos séculos se passaram, e hoje Ele é a figura central da raça


humana. Não exagero ao dizer que todos os exércitos que já marcharam, e todos
os navios que já foram construídos, e todos os parlamentos que já se formaram,
e todos os reis que já reinaram, postos juntos, não afetaram a vida do homem
tão poderosamente como a vida singular de Jesus de Nazaré"
Citado por Bill Bright em Revolução Já, Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo, 1969

3) PROVER UM SACRIFÍCIO PELO PECADO ((Hb 10:1-10)

"A morte de Cristo foi um sacrifício eficaz a favor do pecado do mundo inteiro.
Por conseguinte, cada membro da raça humana nasce sobre a sombra protetora da
cruz. Assim como a culpa do pecado de Adão é atribuída à posteridade de Adão,
sem a ratificação ou repúdio pessoal dessa posteridade, assim sua posteridade
se torna compartilhadora do mérito da ação obediente de Cristo na redenção, no
que se refere à culpa devida pelo pecado de Adão, a despeito de sua aprovação
ou desaprovação pessoal."
E. H. Bancroft, Teologia Elementar Doutrinária e Conservadora, Imprensa Batista Regular do Brasil

4) DESTRUIR AS OBRAS DO DIABO (1 Jo 3:8)

"O poder da morte é aqui atribuído ao diabo, e Cristo é apresentado como Aquele
que arrebatou a própria arma de Satanás a fim de conquistá-lo. Isso é ilustrado
no caso de Davi, que tomou da espada de Golias, com a qual o abateu. Esse
poder, que Satanás vinha usando como usurpador, de modo profano, Cristo, com
terrível justiça, empregou para abater o adversário, assegurando sua
destruição.
E. H. Bancroft, Teologia Elementar Doutrinária e Conservadora, Imprensa Batista Regular do Brasil

5) SER UM SUMO SACERDOTE MISERICORDIOSO (Hb 5:1-2)

"Jesus Cristo não só possuía as qualificações de um sacerdote como Arão, o sumo


sacerdote terreno, mas é Sumo Sacerdote para sempre, segundo a ordem de
Melquisedeque, porque este sacerdócio é contínuo e nunca terá fim. O sacerdócio
arônico não podia fazer os homens perfeitos, porque os próprios sacerdotes eram
pecadores, mas Cristo é eterno e sem pecado."
Estudo Panorâmico da Bíblia, Henrietta C. Mears, Ed. Vida, 1982, pg. 505

6) CUMPRIR A ALIANÇA DAVÍDICA (Lc 1:31-33)

"A aliança davídica, a respeito da qual muito foi dito, mostrou que sua
descendência sentaria sobre seu trono e teve seu cumprimento natural no reinado
de Salomão. Seus aspectos eternos incluem o Senhor Jesus Cristo da descendência
de Davi; e, no livro de Atos, Pedro insiste em que a ressurreição, e a ascensão
de Cristo cumpriram a promessa de Deus de que a descendência de Davi sentaria
sobre seu trono. (V. Atos 20:30)."
G. Murray, Millennial studies, p.44, cit. Manual de Escatologia, J. D. Pentecost, Ed. Vida, 1998, pg. 130

7) SER SOBREMANEIRA EXALTADO (Fp 2:9)

"Finalmente, ele foi recebido no céu para sentar-se à destra de Deus (Marcos
16:19). Aquele que tomou sobre si a forma de servo, é agora exaltado
sobremaneira (Veja Filipenses 2:7-9). Ele está num lugar de poder, intercedendo
sempre por nós. Ele é o nosso advogado."
Estudo Panorâmico da Bíblia, Henrietta C. Mears, Ed. Vida, 1982, pg. 341

D) A PESSOA - A Pessoa do Cristo encarnado incluía:


1) DIVINDADE PLENAMENTE MANTIDA

"As informações do Novo Testamento a respeito desse assunto levam-nos a


reconhecer que Jesus não deixou de ser Deus durante a encarnação. Pelo
contrário, abriu mão apenas do exercício independente dos atributos divinos.
Ele ainda era plena Deidade no seu próprio ser, mas cumpriu o que parece Ter
sido imposto pela encarnação: limitações humanas reais, não artificiais."
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. CPAD: Rio de Janeiro, 1996, 1ª Ed. pg. 326 e 327

2) PERFEITA HUMANIDADE

"Uma das maneiras de nos convencermos da completa humanidade de Jesus é esta:


os mesmos termos que descrevem aspectos diferentes da humanidade também
descrevem o próprio Jesus. Por exemplo, o Novo Testamento frequentemente usa a
palavra grega pneuma ("espírito") para descrever o espírito do homem; e a mesma
palavra é empregada para Jesus. Ele mesmo aplicou a si o pneuma, quando, na
cruz, entregou o seu espírito ao Pai e expirou (Lc 23:46).
"No contexto, a palavra "espírito" (pneuma) forçosamente indica o aspecto da
existência humana que continua na eternidade, depois da morte. Este fato é
muito importante, porque foi como ser humano que Jesus morreu. Como Deus Filho,
Ele vive eternamente com o Pai. Na experiência que Jesus teve da morte, temos
uma das comprovações mais poderosas de que a sua humanidade foi completa. Ele
era tão humano que sofreu a morte de um criminoso.
"O Jesus encarnado possuía também alma humana. ...
"Finalmente, Jesus possuía um corpo humano, igual ao nosso."
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. CPAD: Rio de Janeiro, 1996, 1ª Ed. pg. 324 e 325

3) UNIÃO NUMA ÚNICA PESSOA PARA SEMPRE

"Seguindo, portanto, os santos pais, confessamos o único e mesmíssimo Filho,


que é nosso Senhor Jesus Cristo, e todos concordamos em ensinar que esse
mesmíssimo Filho é completo na sua divindade e completo - o mesmíssimo - na
sua humanidade, verdadeiramente Deus e verdadeiro ser humano, sendo que este
mesmíssimo é composto de uma alma racional e um corpo, coessencial com o Pai
quanto à sua divindade, e coessencial conosco - o mesmíssimo - quanto à sua
humanidade, sendo semelhante a nós em todos os aspectos menos o pecado...
reconhecendo-se que Ele existe inconfundível, inalterável, indivisível e
inseparavelmente em duas naturezas, posto que a diferença entre as naturezas
não é destruída por causa da união, mas pelo contrário, o caráter de cada
natureza é preservado e vem junto em só uma pessoa e uma só hipóstase, não
dividida nem rasgada em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho."
Richard A. Norris Jr., trad. e ed. The Christological Controversy, Philadelphia Fortress Press, 1980, pg
159

I.4.3 - SUA HUMANIDADE

A) ELE POSSUÍA UM CORPO HUMANO.

1) NASCIDO DE MULHER (Gl 4:4)

"Cristo pertence à raça e dela participa, nascido de mulher, vivendo dentro da


linhagem humana, sujeito às condições humanas e fazendo parte integral da
história do mundo"
Bushnell

2) SUJEITO A CRESCIMENTO (Lc 2:52)

"A humanidade de Jesus passou pelos diversos estágios de desenvolvimento, como


qualquer outro membro da raça. Da infância à juventude, e da juventude à idade
adulta, houve crescimento constante, tanto em seu vigor físico como em suas
faculdades mentais."
E. H. Bancroft, Teologia Elementar Doutrinária e Conservadora, Imprensa Batista Regular do Brasil

3) VISTO E TOCADO POR HOMENS (1 Jo 1:1, Mt 26:12)

"João dá-nos prova daquilo que conhece. Ele tinha ouvido e visto e apalpado
com as mãos a Palavra da vida. Ele deseja levar os leitores a essa íntima
comunhão com o Pai e com seu Filho, para que a alegria deles seja completa.
Cristo, que era Deus, encarnou-se e habitou entre os homens, para que eles
pudessem ouvir sua voz, contemplar seu rosto e sentir o toque da sua mão
amorosa. Isso trouxe Deus aos homens, para que tenhamos comunhão. Andar em
comunhão é viver em harmonia."
Estudo Panorâmico da Bíblia, Henrietta C. Mears, Ed. Vida, 1982, pg. 542

4) SEM PECADO (Hb 4:15)

"Nenhuma sombra empana a vida de Cristo, nenhum pecado ou vício ofusca o seu
rosto. Não se nos propõe nele um homem ideal, de extraordinário desenvolvimento
humano, e digno, portanto, de nossa imitação. Mas os testemunhos convergem em
declará-lo Filho de Deus que, embora vivendo verdadeira e autêntica vida humana,
estava totalmente voltado para a vontade do Pai e, por este motivo, irradiava
a luz da perfeita santidade até nos momentos mais dolorosos de sua existência.
O fato dele carregar os pecados do mundo nunca deslustra sua orientação pessoal
para com o Pai; pelo contrário, é carregando esta culpa que sua santidade
resplandece. No mistério do Filho do Homem vemos duas coisas serem combinadas:
a tremenda carga de todos os pecados e a santidade imaculada; o inocente
Cordeiro de Deus levando os pecados do mundo."
A pessoa de Cristo, G. C. Berkouwer, JUERP/ASTE, 1983, pg. 185 e 186
B) ELE POSSUÍA ALMA E ESPÍRITO HUMANOS (Mt 26:38, Lc 23:46)

"Uma das maneiras de nos convencermos da completa humanidade de Jesus é esta:


os mesmos termos que descrevem aspectos diferentes da humanidade também
descrevem o próprio Jesus. Por exemplo, o Novo Testamento frequentemente usa a
palavra grega pneuma ("espírito") para descrever o espírito do homem; e a mesma
palavra é empregada para Jesus. Ele mesmo aplicou a si o pneuma, quando, na
cruz, entregou o seu espírito ao Pai e expirou (Lc 23:46).
"O Jesus encarnado possuía também alma humana. ...
"Finalmente, Jesus possuía um corpo humano, igual ao nosso."
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. CPAD: Rio de Janeiro, 1996, 1ª Ed. pg. 324 e 325

C) ELE FOI SUJEITO ÀS LIMITAÇÕES DA HUMANIDADE

1) ELE SENTIU FOME (Mt 4:2)

"Está claro, em Mateus 4.2, que Jesus era passível de sentir fome, como um ser
humano normal."
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. CPAD: Rio de Janeiro, 1996, 1ª Ed. pg. 325

2) ELE SENTIU SEDE (Jo 19:28)

"O Evangelho, porém, em toda parte apresenta-nos o homem Jesus Cristo, que
nasce, tem origem histórica, é Filho de Israel, Filho de Davi (Lc 2; Gl 4:4),
cresce como qualquer pessoa, sente e deseja como todos, experimenta fome e
sede, sono e cansaço, ira, tristeza e angústia, padece e morre como todos."
A pessoa de Cristo, G. C. Berkouwer, JUERP/ASTE, 1983, pg. 155

3) ELE SE CANSOU (Jo 4:6)

"Em João 4.6, vemos o singelo fato de um Jesus cansado, à semelhança de qualquer
pessoa que tivesse feito uma longa viagem a pé."
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. CPAD: Rio de Janeiro, 1996, 1ª Ed. pg. 325

4) ELE CHOROU (Jo 11:35)

"Há diversas interpretações das comoções de Jesus. Muitos comentaristas pensam


que são devidas à intensidade de sua simpatia. Ele sentiu a crueldade da perda
das irmãs e identificou-se com elas, na sua dor. Outros acham que Ele sentiu
alívio emotivo na presença da morte. Mais outros pensam que o pranto hipócrita
dos judeus o provocou à ira e que Ele chorou de indignação."
"A intensidade emotiva da sua personalidade se explana, tanto aqui como na
ocasião quando chorou sobre Jerusalém (Lucas 19:41), em parte pela
incredulidade dos judeus, cujo aparecimento em cena neste momento é sugestivo.
Em parte se explica pelo esgotamento pessoal que Ele sentiu para poder efetuar
tamanho prodígio. Ainda que a experiência emotiva seja profunda, é também
disciplinada. Jesus é o Filho de Deus, manifestando em sua vida o amor e a
compaixão divinos."
O Novo Comentário da Bíblia, Volume II, Ed. Vida Nova, 1963

5) ELE FOI TENTADO (Hb 4:15)

"Jesus Cristo foi tentado, e assim sujeito às limitações morais essenciais da


natureza humana, ainda que separado do pecado."
E. H. Bancroft, Teologia Elementar Doutrinária e Conservadora, Imprensa Batista Regular do
Brasil

D) ELE RECEBEU NOMES HUMANOS


1) FILHO DO HOMEM ( Lc 19:10)

"De todos os seus títulos, 'Filho do Homem' é o que Jesus preferia usar a
respeito de si mesmo. E os escritores dos evangelhos sinóticos usam a expressão
69 vezes. O termo 'filho do homem' tem dois possíveis significados principais.
O primeiro indica simplesmente um membro da humnidade. E, neste sentido, cada
um é um filho do homem. Tal significado era conhecido nos dias de Jesus e
remonta (pelo menos) ao tempo do livro de Ezequiel, onde é empregada a
fraseologia hebraica bem 'adam, com significado quase idêntico. Essa expressão,
na realidade, pode até mesmo funcionar como o pronome da primeira pessoa do
singular, 'eu' (Mt 16.13)"
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. CPAD: Rio de Janeiro, 1996, 1ª Ed. pg. 310

2) JESUS (Mt 1:21)

"...a realidade humana, concreta e simples de Jesus de Nazaré. Alguém que tem
pais conhecidos, uma cidade onde mora, que foi criança como as outras
crianças...Alguém que exerce uma profissão, humilde, aliás, e que a certa
altura se põe a pregar. O tema de suas palestras é o Reino de Deus presente
entre os seus concidadãos. A sua pregação provoca o seguimento de alguns
pecadores e gente simples do povo. Em geral, gente atribulada. Mas até na
aristocracia , há simpatizantes. Provoca a inveja da classe dirigente da sua
nação. Há uma conjuração contra Jesus. Um dos seus o trai. Ele é preso e
condenado à morte. À pior das mortes. Com Ele são executados dois conhecidos
salteadores."
LORENZONI, Aldo Sérgio, Pe. NOTAS DE CRISTOLOGIA. Universidade Católica de Pelotas, 1980

3) FILHO DE DAVI (Mc 10:47)

"Aqui está expressa a fé na perenidade da dinastia davídica, uma das raízes


mais populares da esperança do Messias. O Messias será filho de Davi."
LORENZONI, Aldo Sérgio, Pe. NOTAS DE CRISTOLOGIA. Universidade Católica de Pelotas,
1980

4) HOMEM (Is 53:3. 1 Tm 2:5)

"Tratemos, em primeiro lugar, da realidade da humanidade de Cristo, sobre o


que as Escrituras nos apresentam grande número de provas.
"a) Jesus chamou-se e foi chamado homem."
LANGSTON, A. B. ESBOÇO DE TEOLOGIA SISTEMÁTICA. Rio de Janeiro: JUERP, 1980

E) ELE FOI CAPAZ DE MORRER

"No contexto, a palavra "espírito" (pneuma) forçosamente indica o aspecto da


existência humana que continua na eternidade, depois da morte. Este fato é
muito importante, porque foi como ser humano que Jesus morreu. Como Deus Filho,
Ele vive eternamente com o Pai. Na experiência que Jesus teve da morte, temos
uma das comprovações mais poderosas de que a sua humanidade foi completa. Ele
era tão humano que sofreu a morte de um criminoso.
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. CPAD: Rio de Janeiro, 1996, 1ª Ed. pg. 324 e 325

I.4.4 - SUA DIVINDADE

F) PROVADA PELOS SEUS NOMES:

1) DEUS (Hb 1:8)


"O termo é aqui usado no sentido absoluto, referindo-se à Divindade. Alguns
têm argumentado que o termo também é empregado para referir-se a juízes humanos
(Jo 10:34-36), mas esse é apenas um uso secundário do termo."
BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. São Paulo: Batista Regular, 1979, p. 118

2) FILHO DE DEUS (Mt 16:16, 26:61-64)

"Filho de Deus - Esse nome é dado a Jesus Cristo quarenta vezes nas Escrituras.
Além disso, há referências frequentes a "Seu Filho" e "Meu Filho" (Jo 5:18).
Jesus não reivindicou esse título para Si mesmo, mas aceitou-o quando usavam
para indicá-lO, ou quando foi assim chamado por outros."
BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. São Paulo: Batista Regular, 1979, p. 119

3) SENHOR (Mt 22:43-45)

"Esse título significa 'chefe, superior'. É o nome de Jeová. Wood diz-nos que os Ptolomeus e os
'imperadores' romanos só permitiam que esse nome lhes fosse aplicado quando se deixavam endeusar.
As descobertas arqueológicas em Oxyrhyncus estabelece esse fato além de qualquer dúvida. Portanto,
quando os escritores do Novo Testamento falam de Jesus como Senhor, não pode haver dúvidas quanto
ao que querem dizer com isso."
BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. São Paulo: Batista Regular, 1979, p. 119

4) REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES (Ap 19:16)

"O nome Fiel e Verdadeiro (11) recorda 3:14. O resto do versículo parece Ter
em vista Is 11:3-5. Cristo tem muitos diademas, porque Ele é REI DOS REIS E
SENHOR DOS SENHORES (16). O seu nome desconhecido (12) faz lembrar o nome
secreto que Ele dará aos seus depois deste evento (2:17 e especialmente 3:12)...
Se o nome de Cristo leva consigo poder sobre toda a criação, então, atualmente,
Ele é o único dono desse poder, só Ele sabe do seu nome; mas quando Ele tiver
conquistado os Seus inimigos na Sua vinda, Ele compartilhará a Sua autoridade
com os seus fiéis e, portanto, também o Seu nome."
DAVIDSON, F. O Novo Comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1990, V. 2. p. 1479

5) O PRIMEIRO E O ÚLTIMO, O ALFA E O ÔMEGA (Ap 1:17, Is 41:4)

"O Dr. Pierce diz-nos que esse título descreve Cristo como tema de todas as
Escrituras, o Criador de todos os mundos e criaturas, o Controlador de toda a
história, o eterno e imutável Jeová."
BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. São Paulo: Batista Regular, 1979, p. 119
"Temos aqui o último quadro de Jesus Cristo apresentado no Novo Testamento.
Muitos artistas têm procurado pintá-lo, mas sem resultado. Este é um quadro
autêntico (1:13-16). Ele está de pé entre sete castiçais de ouro, que
representam as igrejas (v. 20). Esses castiçais provam que a Igreja deve ser
um luzeiro. Vós sois a luz do mundo.
"Cristo parece-se com o filho de homem, mas a visão deixa claro que Aquele a
quem João viu era mais que humano. Era o Filho do homem. Tudo simboliza
majestade e juízo, e essa idéia de julgamento é a nota dominante do livro.
Cristo é apresentado ao mundo inteiro como Juiz...
"Você já viu o Senhor? Quando Moisés o viu, seu rosto resplandesceu. Jó abominou
a si mesmo e se arrependeu em cinzas. Isaías viu-se impuro. Saulo prostrou-se
e o adorou como Salvador. Que nos aconteceria se realmente víssemos o Senhor?"
MEARS, Henrietta C. Estudo Panorâmico da Bíblia. Flórida, EUA: Vida, 1991. p 557,558

6) O SANTO (At 3:14, Os 11:9)


"No monumento a Oliver Goldsmith, na Abadia de Westminster, estão gravadas as
palavras: "Nada tocou que não adornasse." Isso pode verdadeiramente ser dito a
respeito do Senhor Jesus Cristo."
BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. São Paulo: Batista Regular, 1979, p. 119

7) SENHOR DE TODOS E SENHOR DA GLÓRIA (At 10:36, 1 Co 2:8)


"Esses dois títulos apresentam Cristo, respectivamente, em sua Soberania Divina
e em Sua majestade divina."
BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. São Paulo: Batista Regular, 1979, p. 119

8) EU SOU (Jo 8:12, Jo 10:11, Jo 14:6, Ex 3:14; Jo 8:58)

"[Do grego Ego Eimi.] Série de expressões nas quais o Senhor Jesus revela o
seu ministério e a essência da sua pessoa...O evangelho de João é abundante em
tais declarações. Afinal, o seu propósito é, justamente, mostrar Jesus como o
Filho de Deus. Com tais declarações, identifica-se o Senhor Jesus com o Jeová
do Antigo Testamento. Aliás, gramaticalmente há uma correlação muito forte
entre ambas as declarações...Não há o que se discutir: Jesus é verdadeiro homem
e verdadeiro Deus!
Andrade, Claudionor Correia de. Dicionário Teológico. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998, p. 146

G) PROVADA POR SUAS CARACTERÍSTICAS:


1) ONIPOTÊNCIA (Mt 28:18)
"Jesus se diz um com o Pai. ('O Pai e eu somos um'), isto é, não apenas uma
unidade operativa mas uma unidade mais profunda que vamos chamar de unidade de
natureza. É sobretudo o evangelista João que põe expressões como esta na boca
de Cristo. (Jo 10:30). Pelo contexto significa que há um poder comum entre
Jesus e o Pai; mas propositalmente indeterminada, a expressão deixa entrever
um mistério de unidade mais profunda. Os judeus de seu tempo não se enganam
percebendo aí a pretensão de ser Deus. Os judeus, na verdade, tomaram pedras
para apedrejá-lo '...porque sendo homem, tu te fazes Deus.' Jesus responde-
lhes com as Escrituras e convida-os a examinar as suas obras: 'Se não faço as
obras de meu Pai, não acrediteis em mim. Mas, se as faço, crede ao menos nas
obras a fim de conhecerdes que o Pai está em mim e eu no Pai."
LORENZONI, Aldo Sérgio, Pe. NOTAS DE CRISTOLOGIA. Pelotas: UCPEL, 1980, p 57,58

2) ONISCIÊNCIA (Jo 1:48)


"Seu conhecimento é perfeito e completo. Pedro falou assim a nosso Senhor :
'Senhor, Tu sabes tudo' (Jo 21:17). O próprio Cristo disse: 'Todas as coisas
me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e
ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar'
(Mt 11:27, Jo 10:15)."
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p 161

3) ONIPRESENÇA (Mt 18:20)

ONIPRESENÇA. O mesmo que ubiqüidade. Atributo natural, absoluto e incomunicável


de Deus, pelo qual pode estar Ele presente em todos os lugares ao mesmo
tempo.(Sl 139:7-12; At 17:27,28).

4) VIDA (Jo 1:4; 5:26)


"'Haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo
em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a
si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens' (Fp 2:5-
7). O texto grego emprega uma linguagem muito enfática. O particípio huparchõn
é mais forte que eimi, além de se constituir em uma declaração dramática do
estado da existência de Cristo. A declaração hos en morphê theou huparchõn (v.
6 a) deve ser interpretada como 'que existindo em forma de Deus'. A declaração
einai isa theõ (v. 6b) deve ser interpretada como 'ser igual a Deus'. Paulo
nos informa aqui a existência de Jesus em um estado de igualdade com Deus.
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p 326

5) VERDADE (João 14:6)


"Nenhuma sombra empana a vida de Cristo, nenhum pecado ou vício ofusca o seu
rosto. Não se nos propõe nele um homem ideal, de extraordinário desenvolvimento
humano, e digno, portanto, de nossa imitação. Mas os testemunhos convergem em
declará-lo Filho de Deus que, embora vivendo verdadeira e autêntica vida humana,
estava totalmente voltado para a Vontade do Pai e, por este motivo, irradiava
a luz da perfeita santidade até nos momentos mais dolorosos de sua existência.
O fato dele carregar os pecados do mundo nunca deslustra sua orientação pessoal
para com o Pai; pelo contrário, é carregando esta culpa que sua santidade
resplandece. No mistério do Filho do Homem vemos duas coisas serem combinadas:
a tremenda carga de todos os pecados e a santidade imaculada; o inocente
Cordeiro de Deus levando os pecados do mundo."
BERKOUWER, G. C. A Pessoa de Cristo. Rio de Janeiro: JUERP/ASTE, 1983, p 185 e 186

6) IMUTABILIDADE (Hb 13:8)


"Pois Jesus Cristo, em Quem confiavam e a Quem seguiam, é o mesmo tanto hoje
como então, e para sempre permanecerá o mesmo. Ele é a grande todo-suficiente
garantia da salvação, o 'Autor e Consumador da fé'"
DAVIDSON, F. O Novo Comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1990, V. 2. p. 1479

H) PROVADA POR SUAS OBRAS:


1) CRIAÇÃO (Jo 1:3)

"Jesus Cristo é o Criador, e não uma criatura; e, nessa qualidade é infinito e


não finito, é Divino e não humano, é Deus e não homem."
BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. São Paulo: Batista Regular, 1979, p. 121

2) SUSTENTAÇÃO (Cl 1:17)

"Esse universo nem se sustenta sozinho nem foi abandonado por Deus, conforme
os deístas nos querem fazer acreditar. Cristo preserva ou sustenta todas as
coisas em existência. Sua Palavra é o fulcro sobre o qual se firma o eixo do
universo e sobre o qual gira, 'sustentando todas as cousas pela pulsação do
poderoso coração de Cristo."
Evans

3) PERDÃO DE PECADOS (Lc 7:48)

"O perdão de pecados é prerrogativa divina. Até mesmo os fariseus notaram que
Cristo, sem titubear, assumiu este direito. Ele não só declarava perdoados os
pecados; Ele mesmo os perdoava. Os judeus reconheciam nisso a presunção de sua
divindade, pois diziam: 'Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?' O
perdoar pecados é prerrogativa exclusiva de Deus. Ao assumi-la, Jesus Cristo
fez asserção prática de Sua Divindade."
BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. São Paulo: Batista Regular, 1979, p. 122

4) RESSURREIÇÃO DOS MORTOS (Jo 5:25)


"Muitos poderão perguntar se Elias e Eliseu não ressuscitam aos mortos.
Respondemos que Deus ressuscitou mortos em resposta à oração deles, mediante
poder delegado; ao passo que Jesus Cristo ressuscitou mortos e ainda os
ressuscitará por Sua própria palavra e poder. Transmitir vida pertence
exclusivamente a Deus...Portanto, a capacidade de Jesus Cristo e Sua autoridade
para levantar os mortos estabelecem firmemente Sua Divindade."
BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. São Paulo: Batista Regular, 1979, p. 122

5) JULGAMENTO (Jo 5:27)

"No Novo Testamento o julgamento futuro é atribuído a Deus. É também atribuído


a Jesus Cristo. A conclusão lógica é que Cristo é o Deus que executará todo
julgamento futuro."
"O homem da Cruz deverá ser o Homem do trono. Ele que é o atual Salvador do
homem será seu futuro juiz. As questões do juízo estão todas em Suas mãos. A
execução do julgamento, função divina, tendo sido atribuída a Cristo, fornece
ampla prova de Sua Divindade.
BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. São Paulo: Batista Regular, 1979, p. 122

6) ENVIO DO ESPÍRITO SANTO (Jo 15:26)

"Finalmente, Jesus é a figura chave no derramamento do Espírito Santo. Depois


de levar a efeito a redenção, mediante a cruz e a ressurreição, Jesus subiu ao
céu. De lá, juntamente com o Pai, Ele derramou e continua derramando o Espírito
Santo em cumprimento à promessa profética de Joel 2:28,29 (cf. At 2:3). Essa
é uma das maneiras mais importantes de conhecermos Jesus: na sua qualidade de
doador do Espírito."
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p 326

I) PROVADA PELA ADORAÇÃO OFERECIDA A ELE:

• POR ANJOS (Hb 1:6)


• POR HOMENS (Mt 14:33)
• POR TODOS (Fp 2:10)

1) SOMENTE DEUS PODE SER ADORADO (Mt 4:10)

"Portanto, a adoração prestada a Cristo, nos escritos sagrados do Novo


Testamento, não passaria de idolatria sacrílega se Ele não fosse verdadeiro
Deus. As Escrituras registram alguns exemplos de homens que estimularam e
aceitaram adoração devida a Deus, e o súbito e tremendo castigo que lhes
sobreveio: Herodes (At 12:20-25), Nabucodosor (Dn 4:29-33). Também há exemplos
de outros que se recusaram, horrorizados, a aceitar adoração que não lhes
pertencia: Pedro (At 10:25,26), anjos (Ap 22:8,9)."
BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. São Paulo: Batista Regular, 1979, p. 120

2) JESUS CRISTO ACEITOU ADORAÇÃO (Jo 13:13)

"Parece não haver a menor relutância, por parte de Cristo, em aceitar adoração.
Portanto, ou Cristo é Deus, ou era impostor. Toda Sua vida, porém, repele a
idéia de que Ele fosse impostor."
BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. São Paulo: Batista Regular, 1979, p. 120

J) PROVADA POR IGUALDADE NA TRINDADE:


1) COM O PAI (Jo 14:23, 10:30)

"Em inúmeras passagens bíblicas, o nome de Jesus Cristo é colocado ao lado do


nome do Pai de um modo que não teria cabimento se se tratasse de um ser finito,
pois que dá claramente a entender igualdade com o Pai."
BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. São Paulo: Batista Regular, 1979, p. 124

3) COM O PAI E O ESPÍRITO (Mt 28:19, 2 Co 13:13)

"Ele nos apresenta aqui a fórmula batismal, assim providenciando para que a
Igreja esteja constantemente lembrada da doutrina da trindade. Todo crente é
batizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Assim fica demonstrado
que entrou em relação de aliança com cada uma das Pessoas da Divindade. A
linguagem dá a entender que cada nome representa uma Pessoa e que as Pessoas
são iguais."
BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. São Paulo: Batista Regular, 1979, p. 45

UNIDADE 5 - DEUS, O ESPÍRITO SANTO

I.5.1 - A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO

A. PROVADA POR SUAS CARACTERÍSTICAS


1. Ele é inteligente (1 Co 2:10-11).
2. Ele tem emoções (Ef 4:30).
3. Ele tem vontade (1 Co 12:11).

"Por personalidade do Espírito Santo queremos dizer que Ele possui ou contém
em Si mesmo os elementos de existência pessoal, em contraste com a existência
impessoal ou vida animal. Pode-se dizer que a personalidade existe quando se
encontram, em uma única combinação, inteligência, emoção e volição, ou ainda,
autoconsciência e autodeterminação."
E. H. Bancroft, Teologia Elementar Doutrinária e Conservadora, Imprensa Batista Regular do
Brasil, pg. 178

B. PROVADA POR SUAS OBRAS.


1. Ele ensina (Jo 14:26).
2. Ele guia (Rm 8:14).
3. Ele comissiona (At 13:4).
4. Ele dá ordens a homens (At 8:29).
5. Ele age no homem (Gn 6:3);
6. Ele intercede (Rm 8:26).
7. Ele fala (Jo 15:26; 2 Pe 1:21).

"A Bíblia ensina que o Espírito Santo é uma pessoa. Jesus nunca chamou o
Espírito Santo de 'isto' quando falava dEle. Em João 14,15 e 16, por exemplo,
Jesus falou do Espírito Santo como 'Ele', porque Ele não é uma força ou uma
coisa, mas uma pessoa. Na Bíblia vemos que o Espírito Santo tem intelecto,
emoções e vontade. Além disto, a Bíblia diz que Ele faz coisas que uma força
não faria, somente uma pessoa real. O Espírito Santo não é uma força impessoal,
como a gravidade e o magnetismo. Ele é uma Pessoa, com todos os atributos de
uma personalidade."
GRAHAM, BILLY. O Espírito Santo. São Paulo: VIDA NOVA, 1980. P. 17-18

C. PROVADA PELO QUE LHE É ATRIBUÍDO.


1. Ele pode ser obedecido (At 10:19-21).
2. Pode-se mentir a Ele (At 5:3).
3. Ele pode ser resistido (At 7:51).
4. Ele pode ser reverenciado (Sl 51:11).
5. Pode-se blasfemar contra Ele (Mt 12:31).
6. Ele pode ser entristecido (Ef 4:30).
7. Ele pode ser ultrajado (Hb 10:29).

"O quarto fato que demonstra a personalidade do Espírito Santo é que lhe é
feita uma referência como a uma pessoa. As palavras que citamos a seguir se
encontram no livro de Isaías 63:10: 'Porém eles foram rebeldes, contristaram o
seu Espírito Santo; pelo que se lhes tornou em inimigo, e ele mesmo pelejou
contra eles'. É claro que uma influência não se pode entristecer, porém uma
pessoa sim."
LANGSTON, A. B. ESBOÇO DE TEOLOGIA SISTEMÁTICA. Rio de Janeiro: JUERP, 1980, P. 259

D. PROVADA POR UMA GRAMÁTICA INCOMUM.


A despeito do fato de a palavra grega para Espírito ser neutra em gênero,
várias vezes se empregam pronomes masculinos para substituir o substantivo neutro, o
que contraria todas as regras normais de gramática, mas indica a personalidade do Espírito
(Jo 16:13-14; 15:26; 16:7-8).
"O vocábulo grego para Espírito é 'pneuma', substantivo do gênero neutro. O
que é notável é que, em conexão com pneuma, são usados pronomes pessoais
masculinos, exceto quando a construção exige o neutro (Rm 8:16), ficando assim
demonstrada a idéia bíblica da personalidade do Espírito Santo, que chega a
dominar a construção gramatical."
E. H. Bancroft, Teologia Elementar Doutrinária e Conservadora, Imprensa Batista Regular do
Brasil, pg. 180

I.5.2. A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO

A. PROVADA PELOS SEUS NOMES.


1. Relacionam o Espírito em igualdade às demais Pessoas da Trindade (1 Co 6:11).
2. O apresentam realizando obras que somente Deus pode fazer (Rm 8:15; Jo 14:16).
3. É chamado Deus (At 5:3,4)
4. É chamado Senhor (2 Co 3:18)

"O Espírito Santo é claramente identificado com Deus nas passagens acima, de
modo tal que comprova inequivocamente a sua Divindade."
E. H. Bancroft, Teologia Elementar Doutrinária e Conservadora, Imprensa Batista Regular do
Brasil, pg. 184
B. PROVADA POR SUAS CARACTERÍSTICAS (POSSUI ATRIBUTOS
DIVINOS)
1. Onisciência (1 Co 2:10-11).
2. Onipresença (Sl 139:7).
3. Onipotência (Gn 1:2, Lc 1:35).
4. Verdade (1 Jo 5:6).
5. Santidade (Lc 11:13).
6. Vida (Rm 8:2).
7. Sabedoria (Is 40:13).
8. Eternidade (Hb 9:14)
"Os atributos que pertencem exclusivamente a Deus são livremente referidos ao
Espírito Santo."
E. H. Bancroft, Teologia Elementar Doutrinária e Conservadora, Imprensa Batista Regular do
Brasil, pg. 184

C. PROVADA POR SUAS OBRAS.


Ao Espírito são atribuídas obras que somente Deus pode realizar.
1. Criação (Gn 1:2).
2. Inspiração (2 Pe 1:21).
3. Gerar a Cristo em Sua encarnação (Mt 28:19; 2 Co 13:13).

"Como acabamos de ver destas passagens, é impossível atribuir estes poderes


tão maravilhosos à mera influência ou a uma pessoa que não seja divina. Só uma
pessoa, a pessoa divina, é capaz de fazer o que a Bíblia alega haver feito o
Espírito Santo. Aceitando, pois, os ensinamentos da Bíblia, não podemos fugir
à conclusão de que o Espírito Santo não é simplesmente uma pessoa, mas uma
Pessoa Divina, e tão Divina como o Pai e o Filho."
LANGSTON, A. B. ESBOÇO DE TEOLOGIA SISTEMÁTICA. Rio de Janeiro: JUERP,
1980, P. 262

I.5.3. TIPOS E ILUSTRAÇÕES DO ESPÍRITO


A. VESTIMENTA (Lc 24:49).
B. POMBA (Mt 3:16; Mc 1:10; Lc 3:22; Jo 1:32).
C. PENHOR (2 Co 1:22; 5:5; Ef 1:14).
D. FOGO (At 2:3).
E. ÓLEO (Lc 4:18; At 10:38; 2 Co 1:21; 1 Jo 2:20).
F. SELO (2Co 1:22; Ef 1:13; 4:30).
G. SERVO (Gn 24).
H. ÁGUA (Jo 4:14; 7:38-39).
I. VENTO (Jo 3:8; At 2:1-2).
"Os símbolos oferecem quadros concretos de coisas abstratas, tais como a
terceira Pessoa da Trindade. Os símbolos do Espírito também são arquétipos. Em
literatura, arquétipo é uma personagem, tema ou símbolo comum a várias culturas
e épocas. Em todos os lugares, o vento representa forças poderosas, porém
invisíveis; a água límpida que flui representa o poder e refrigério sustentador
da vida a todos os que têm sede, física ou espiritual; o fogo representa uma
força purificadora (como na purificação de minérios) ou destruidora
(frequentemente citada no juízo). Tais símbolos representam realidades
intangíveis, porém genuínas."
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996. p. 387

I.5.4. OBRA DO ESPÍRITO NO A.T.


A. NA CRIAÇÃO. O ESPÍRITO DEU À CRIAÇÃO:
1. Vida (Sl 104:30; Jó 33:4).
2. Ordem (Is 40:12; 1).
3. Beleza (Sl 33:6).
4. Preservação (Sl 104:30).
"De acordo com Gênesis 1:2, 'a terra era sem forma e vazia; havia trevas sobre
a face do abismo'. Logo em seguida lemos que 'o Espírito de Deus pairava por
sobre as águas'. Algumas versões trazem 'mover-se', mas a palavra hebraica é
'estar sobre', assim como uma galinha fica sobre seus ovos para chocá-los e
trazer nova vida ao mundo; da mesma forma o E. S. pairou sobre a criação
original de Deus para encher seu vazio com as várias formas de vida, de onde
resultou o relato de Gênesis 1 e 2. Assim, desde o princípio o E. S. estava
ativo na criação, junto com o Pai e o Filho.
GRAHAM, BILLY. O Espírito Santo. São Paulo: VIDA NOVA, 1980. P.
25

B. NO HOMEM.
1. Habitação seletiva.
a. O Espírito estava em certas pessoas na época do A. T. (Gn 41:38; Nm 27:18;
Dn 4:8; 5:11-14; 6:3).
b. O Espírito vinha sobre várias pessoas (Jz 6:34; 11:29; 13:25; 1 Sm 10:9-10;
16:13).
c. O Espírito enchia alguns (Êx 31:3; 35:31).
2. Capacitação para serviço (especialmente na construção do Tabernáculo, Exodo
31:3, mas também em outras circunstâncias, Juízes 14:6).
3. Restrição geral ao pecado (Gn 6:3).
"Do estudo destas passagens, vemos mui claramente que o Espírito Santo no Velho
Testamento não era para todos em geral, senão para alguns poucos escolhidos."
LANGSTON, A. B. ESBOÇO DE TEOLOGIA SISTEMÁTICA. Rio de Janeiro: JUERP,
1980, P. 265

I.5.5. OBRA DO ESPÍRITO NO NOVO TESTAMENTO

A. CONVENCIMENTO (Jo 16:8-11)


Convencer (Jo 16:8) significa esclarecer a verdade do evangelho.

B. REGENERAÇÃO (Tt 3:5)


Ato divino de geração espiritual, pelo qual Ele comunica vida eterna e nova
natureza.
Características:
1. É um ato instantâneo, não um processo.
2. É não experimental (não se deriva ou baseia em experiência).

C. HABITAÇÃO - O Espírito Santo em nós (1 Co 6:19)


1. Somos Templo do Espírito Santo (1 Co 3:16, 2 Co 6:16)
2. O papel do Espírito dentro de nós:
a) Gerar o Fruto do Espírito Santo (Gl 5:22,23)
b) Nosso Ajudador e Consolador (Jo 14:16-18)
c) Nosso Guia nos assuntos da Vida (Jo 16:13)
d) Testificar de Jesus (Jo 15:26, 14:26)
"Sou mil vezes maior por dentro do que sou por fora"
WIGGLESWORTH, Smith. Ever Increasing Faith - A fé que sempre aumenta. Missouri: Gospel
Publishing House, 1971.

D. BATISMO - O Espírito Santo sobre nós (At 1:5-8)


1. Porta de Entrada à Dimensão Espiritual (1 Cor 12:7-11)
2. Cheios da Plenitude de Deus (Ef 3:19-20)
3. Poder para Ter Vitória na vida (Ef 3:20)
4. Oração Sobrenatural (Rm 8:26-27)
5. Sete passos para receber o Espírito Santo:
a) Deus já deu o E. S. Agora só precisamos recebê-lo (At 2, 19:1-6,
8:14,15)
b) Todo salvo está em condições de receber o E. S. (At 2:37-38, Fp
3:12,13)
c) Recebemos o E. S. de imediato, pela imposição de mãos (At 8:14,15)
d) O E. S. coloca sons desconexos no nosso interior, mas somos nós que
falamos (At 2:4, At 10:46, At 19:6, 1 Cor 14:2,4,5,14,15,27,28)
e) Não devemos temer receber outra coisa (Lc 11:11-13)
f) Abra a boca e não fale em português (Jo 7:37-39)
g) Não devemos ser confundidos por outras pessoas.

E. SELO (2 Co 1:22, Ef 1:13, 4:30)


1. Segurança (Dn 6:17, Mt 27:65,66, Rm 8:38,39)
2. Propriedade (Jr 32:10)

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