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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

IBSAA – Instituto Bíblico Pastor Sebastião Antônio Alves.

ENDEREÇO: Rua José Ramos Fernandes, 420 – Jd. Vale das Virtudes –
São Paulo – SP. Cep 05796-070
FONE: (11)

CURSO DE TEOLOGIA

MÉDIO EM TEOLOGIA

ELABORAÇÃO: Professores do IBSAA


REVISÃO TEOLÓGICA: Pr. Izael Alves Correia Th.D.
EDITORAÇÃO: Vicente Dias

O IBSAA MINISTRA OS SEGUINTES CURSOS:

 Básico em Teologia
 Médio em Teologia
 Bacharelado em Teologia

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

OBSERVAÇÕES PARA UM BOM ESTUDO:

Amado aluno, a fim de que você possa ter maior proveito no estudo
desse módulo, é necessário que você siga algumas recomendações
básicas que se seguem:

1. Em primeiro lugar você deve ler todo o livro. A primeira leitura vai
lhe fazer ciente da importância e da profundidade do assunto que
deve ser estudado. Depois de ter lido com atenção, você terá no
mínimo 10% de aproveitamento.

2. Depois de ter lido, você deve estudar o livro. Nunca passe para
outra lição ou assunto, se não tiver absorvido o máximo possível.

3. Faça algumas anotações, pois nem sempre conseguimos nos


lembrar de tudo, essas anotações poderão ser feitas no espaço
para anotações no próprio livro.

4. Quando aparecer assuntos aparentemente muito difíceis, não


passe por cima, pesquise, tente descobrir o significado, não
desista facilmente.

5. Use material complementar como: Várias versões bíblicas,


Dicionários de Teologia, Dicionários de Bíblia, Dicionários da
Língua Portuguesa, Concordâncias Bíblicas, Vários Comentários
Bíblicos, se puder monte uma biblioteca.

6. Nunca se esqueça que o estudo da Palavra de Deus deve ser


regrado pela oração e comunhão com Espírito Santo.

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

ÍNDICE

INTRODUÇÃO A TEOLOGIA

INTRODUÇÃO

ENGAJAMENTO TEOLOGICO

Por Que Você Quer Estudar Teologia

A Necessidade da Doutrina

Precisamos Realmente da Teologia?

UMA CRISE DE DOUTRINA

COMO FAZER TEOLOGIA

O Que é Um Teólogo?

Seis Maneiras de Fazer Teologia

COMO A TEOLOGIA INFLUENCIA O NOSSO COTIDIANO

CLASSIFICAÇÃO DA TEOLOGIA

EPISTEMOLOGIA PÓS-MODERNA

EPISTEMOLOGIA CRISTÃ

A VISÃO CRISTÃ DA VERDADE

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:

QUESTÕES

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

INTRODUÇÃO A TEOLOGIA

INTRODUÇÃO

Há certo desequilíbrio que nos preocupa no que se refere ao papel da teologia e


da doutrina no meio cristão atual. Por um lado, existem muitos líderes, pastores e
membros de igrejas que ensinam uma teologia distorcida, uma teologia de
manipulação e controle, estabelecendo prerrogativas que não condizem com a
verdadeira teologia estabelecida nas Escrituras. Por outro lado, há muitos pregadores
que negam o devido lugar e a importância da teologia na formação e treinamento
ministerial, enquanto que outros abusam da teologia por colocá-la numa posição
superior ao claro ensinamento apostólico encontrado nas Escrituras.
Neste curso, nós procuramos dar uma perspectiva correta à questão, ainda que
não nos consideremos a autoridade final sobre o tema. Contudo, nós enfatizamos a
“doutrina” conforme a piedade, a revelação de Deus nas Escrituras e, também, a
“teologia”, que é o arranjo humano das doutrinas bíblicas com o intuito de tornar mais
fácil a sua assimilação.
O conhecimento teológico é muito importante para qualquer cristão,
especialmente nos dias atuais. No entanto, há perigos quando ele é usado de maneira
errada. Portanto, enquanto a teologia se mantiver dentro dos moldes da doutrina
bíblica, nós podemos e devemos apreciar seu valor no campo do treinamento
ministerial.
Neste curso, nós tomamos o cuidado de deixar a revelação divina, através da
Bíblia, falar mais alto e claramente do que nossas declarações teológicas. Esperamos
que o estudante também possa fazer o mesmo.

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ENGAJAMENTO TEOLÓGICO

“Procure apresentar-se a Deus aprovado, como


obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja
corretamente a palavra da verdade” (2 Timóteo 2.15).

Ao iniciarmos estes estudos, nós precisamos entender a relação entre ‘doutrina’


e ‘teologia’. Algumas pessoas acham que as duas coisas são diferentes e se excluem,
enquanto outras acham que elas são a mesma coisa.
Quando sabemos claramente o que é doutrina e o que teologia, nós vemos que
as duas não se excluem, mas se completam. Não são a mesma coisa, mas uma
resulta da outra.
O que é uma doutrina? Wayne Grudem diz que “uma doutrina é o que a Bíblia
como um todo ensina hoje acerca de algum tópico específico1”.
E o que é teologia? Tom Wells diz que a teologia “é o estudo de Deus e de Suas
relações com as coisas feitas por Ele”. Outros teólogos têm conceituado teologia como
segue:
 “O estudo ou ciência de Deus” (Millard Erickson).
 “Uma discussão racional com respeito à divindade” (Agostinho).
 “A ciência de Deus e as relações entre Deus e o universo” (A. H.
Strong).
 “Pensar sobre Deus e expressar estes pensamentos de alguma
maneira” (Charles Ryrie).
Levando em consideração todos esses conceitos semelhantes, nós não
podemos separar a doutrina da teologia, pelo contrário, devemos entender que a
doutrina é simplesmente como um resultado do processo teológico, ou seja, de se
fazer teologia.
A teologia é uma ciência, e como as outras, ela é um arranjo sistemático e lógico
de fatos verificados. Esses fatos são apresentados de uma maneira ordenada e lógica.
A teologia refere-se principalmente ao conhecimento da Verdade de Deus e a
piedade denota a sua prática. João 13.17: "Se sabeis estas coisas (teologia), bem-
aventurado sois se as fizerdes (piedade, prática)".

A NECESSIDADE DA DOUTRINA
O apóstolo Paulo profetizou que “virá o tempo em que não suportarão a sã
doutrina” (2 Timóteo 4.3). Hoje em dia, há um grande ataque à sã doutrina. As
pessoas se voltam às filosofias, tradições e doutrinas de homens. Muitas igrejas não
têm mais tempo para pregações e ensinos doutrinários. Elas se voltam para a oratória,
política, ética, sermões repetitivos sobre moralidade, técnicas manipuladoras de
sucesso profissional, auto-ajuda, ou um evangelho social, dizendo que a doutrina é
inútil e obsoleta.
A seguir, nós apresentaremos algumas objeções ao estudo doutrinário-teológico,
que a princípio parecem ser cabíveis e espirituais, mas que no final das contas são
ilógicas e perigosas.
1. “Não há nenhum registro bíblico de Jesus ou de qualquer um dos
apóstolos formulando ou dando algum sistema de doutrina preparado de
antemão”.
1
Wayne Grudem, Introdução a Teologia Sistemática, Teologia Sistemática, VIDA NOVA, 1ª Edição, 1999.

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REFUTAÇÃO: Atos 2.42 é a resposta evidente. Todos os escritores do Antigo e


do Novo Testamentos tinham em seus escritos fatos teológicos com relação à Pessoa
de Deus, o Homem, o Pecado, a Redenção, etc. Pode ser que não estejam arranjados
sistematicamente, mas são os fundamentos de todos os livros da Bíblia.
2. “A Igreja não precisa de doutrina ou teologia, pois elas sempre causaram
divisões, e é por isto que há tantas denominações”.
REFUTAÇÃO: A resposta é vista na ênfase das Escrituras na doutrina. A
doutrina existia antes que a Igreja existisse. É a pessoa que rejeita as doutrinas de
Deus que causa as divisões.
3. “Não importa no que cremos, só importa em quem cremos”.
REFUTAÇÃO: É realmente impossível separar Cristo da Sua doutrina. Ele e a
Sua Palavra são um. Não podemos aceitar a Cristo e rejeitar o que Ele ensina. “O meu
ensino não é de mim mesmo. Vem daquele que me enviou. Se alguém decidir fazer a
vontade de Deus, descobrirá se o meu ensino vem de Deus ou se falo por mim
mesmo” (João 7.16,17).
4. “Você pode estar certo na sua doutrina e errado no seu espírito, e isto
não é aceitável diante de Deus. Ou você pode estar errado na sua doutrina e
certo no seu espírito, e isto é mais aceitável diante de Deus”.
REFUTAÇÃO: Isto significa que as atitudes corretas são mais importantes para
Deus do que as doutrinas corretas. A resposta a isto é que esta afirmação é
parcialmente verdadeira e parcialmente incorreta. O ideal de Deus é que estejamos
certos, tanto nas atitudes como nas doutrinas, e não um à custa do outro. “Atente bem
para a sua própria vida e para a doutrina, perseverando nesses deveres, pois, agindo
assim, você salvará tanto a si mesmo quanto aos que o ouvem” (1 Timóteo 4.11).
5. “A doutrina é algo maçante, morto e inútil para os dias de hoje.
Precisamos de ensinamentos práticos. A experiência é mais importante que a
doutrina”.
REFUTAÇÃO: Se a doutrina for isso tudo, a falta é do mestre e não da doutrina.
A vida de ensinamento é a vida do instrutor. A resposta não é jogarmos fora a
doutrina, mas recebermos a verdade de um instrutor vivificado pelo Espírito Santo,
Aquele que inspirou as Escrituras. A finalidade do estudo teológico é a prática
teológica. Paulo disse a Timóteo: “Mas você tem seguido de perto o meu ensino
[doutrina, teologia], a minha conduta [prática]...” (2 Timóteo 3.10).
PRECISAMOS REALMENTE DA TEOLOGIA?
Numa era de relativismo, onde não há absolutos, é vital sabermos que nosso
Deus têm absolutos. O ateísmo, o agnosticismo, o relativismo, a ética situacional, o
existencialismo, e outras filosofias do homem pós-moderno têm saturado esta
geração, causando assim uma grande necessidade de uma forte e saudável teologia.
A ‘fé cristã’ não é somente a confiança pessoal em Cristo para a salvação. Nós
somos exortados a batalhar pela fé que foi “de uma vez por todas confiada aos santos”
(Judas 1.3). Portanto, longe de ser apenas uma confiança passiva em Cristo, a fé
cristã é um engajamento sério e prático com os ensinamentos de Cristo, a fé que de
uma vez por todas foi confiada aos santos (os cristãos).
Assim, todos os crentes precisam saber:
 Em QUEM crêem
 O QUE crêem
 POR QUE crêem
Esse conhecimento não pode ser adquirido sem o estudo sério das Escrituras
auxiliado pelo processo teológico.
Por que precisamos da teologia para conhecer em quem, o que e por que
cremos? Porque os ensinamentos recebidos, cridos, obedecidos e praticados
continuamente determinam:
 O nosso caráter, ou seja, quem nós somos.
 O nosso comportamento – o que fazemos;

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 O nosso destino – aonde iremos.


Se nós temos um conhecimento limitado e/ou impreciso acerca de quem somos
em Cristo, isso afetará o nosso caráter. Se nós não conhecemos a vontade de Deus
exatamente como a Bíblia ensina, nós podemos nos comportar de maneira contrária
as Escrituras ou podemos deixar de fazer coisas que a Bíblia não nos proíbe de fazer.
E, principalmente, se não conhecemos precisamente o caminho da salvação, nosso
destino pode ser comprometido para sempre. É o estudo teológico sério e saudável
que nos ajuda a ter o conhecimento correto destas coisas e, conseqüentemente, a
segurança que advém de tal conhecimento.
Você pode alegar que este conhecimento pode ser obtido somente pela leitura
da Bíblia, sem a necessidade da teologia. Porém, como veremos nos próximos
capítulos, o estudo da Palavra de Deus é parte do processo teológico e, quer você
aceite isso ou não, as doutrinas que você crê resultam desse processo teológico que
você desenvolve, quer ele seja formal ou não, consciente e intencional ou não. Todos
os crentes fazem teologia; o problema é se isso é feito consciente e corretamente ou
não. Obviamente, quando o processo teológico é feito conscientemente e de acordo
com os saudáveis princípios de interpretação bíblica, nós podemos ter uma maior
confiança em seu resultado – uma doutrina realmente bíblica.

UMA CRISE DE DOUTRINA

A Igreja vive uma época de crise no que diz respeito à doutrina. Por um lado, há
igrejas que gradativamente estão rejeitando as doutrinas bíblicas para ensinarem tão
somente aquilo que agrada aos ouvidos do público moderno (2 Timóteo 4.1-3). Elas
estão cheias de humanismo, técnicas de auto-ajuda e métodos de aperfeiçoamento
pessoal. Deus se tornou, então, um Pai sem autoridade e inválido, sujeito aos
caprichos de Seus filhos, que reivindicam bênçãos e poderes, porém, negando Seu
senhorio, soberania e caráter.
Por outro lado, nós temos igrejas que insistem em ensinar doutrinas e tradições
humanas. Elas se especializaram em regras e mandamentos que servem para
“autenticar” a salvação ou santidade de uma pessoa. Essas regras inventadas por
seus líderes e mestres parecem invocar uma santidade perdida por algumas igrejas
modernas, mas a verdade é que elas negligenciam, rejeitam e invalidam a Palavra de
Deus.
Essa crise de doutrina na Igreja pede uma urgente e eficaz resposta da parte
dos líderes de igrejas que desejam glorificar a Deus acima de tudo e edificar a Igreja
segundo os métodos e meios de Deus. O Senhor tem capacitado a Sua Igreja com
verdadeiros mestres da Palavra cujo propósito é “que não sejamos mais como
crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá
por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro”
(Efésios 4.13).
Tenhamos o cuidado para que em nossas mensagens e estudos somente
falemos “o que está de acordo com a sã doutrina” (Tito 2.1).

COMO FAZER TEOLOGIA

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“Você, porém, fale o que está de acordo com a sã doutrina”


(Tito 2.1).
Na lição anterior, nós vimos a importância do estudo sério das doutrinas bíblicas
e, conseqüentemente, do estudo teológico, pois uma doutrina é o resultado do
processo teológico; é o resultado de se fazer teologia. Nesta lição, nós procuraremos
responder às seguintes perguntas: o que significa realmente “fazer teologia”? Quem
pode ser considerado um “teólogo”? Quais são as diferentes maneiras de se fazer
teologia e por que é importante fazer teologia de maneira intencional?
O QUE É UM TEOLÓGO?
Um dicionário da língua portuguesa definirá um teólogo como um “perito em
teologia ou que estuda teologia”. Num sentido mais amplo, um teólogo é alguém que
faz as perguntas mais importantes da vida:
 Por que estou aqui?
 O que é a vida?
 O que acontece após a morte?
 Há um Deus?
 O que Deus quer de mim?
 Qual a diferença entre certo e errado?
A limitação do termo “teólogo” aos que estudam e se especializam na ciência
teológica tem sido um dos causadores da exclusão teológica do chamado “crente
comum”. É triste e claramente improdutivo limitar o estudo teológico àqueles que
formalmente estudam a teologia, pois qualquer pessoa que pensa a respeito de Deus
e de suas relações com as coisas criadas expressará uma reflexão teológica, seja ela
bem rala ou de alguma consistência e profundidade mais elevada.
Sempre que falamos sobre Deus, vida após a morte, espíritos, a razão das
tragédias e etc., nós estamos fazendo teologia. Portanto, a questão não é ‘quem é
teólogo’, mas sim ‘que tipo de teólogo nós seremos’? Mesmo que uma pessoa não
tenha nenhum treinamento teológico formal nem faça teologia conscientemente, a
verdade é que todos nós, em alguma ocasião da vida, fazemos teologia, ou seja,
refletimos acerca das coisas que dizem respeito a Deus e ao mundo espiritual.
Nós não estamos querendo negar o significado “técnico” de ser teólogo ou
teológico, mas sim enfatizar que se relegarmos o termo à arena técnica, formal, nós
continuaremos perpetrando o erro de informar às pessoas que a teologia é somente
para pastores e líderes, para pessoas de alto nível educacional e, portanto, o privilégio
de uma elite.
Concordamos plenamente com Wayne Grudem, quando ele escreve:
“Estou convencido de que existe hoje na igreja
necessidade urgente de uma compreensão muito maior da
doutrina cristã ou da teologia sistemática. Não são apenas os
pastores e os professores que precisam compreender a
teologia com mais profundidade – é a igreja toda. Que um dia,
pela graça de Deus, possamos ter igrejas cheias de cristãos
capazes de discutir, aplicar e viver os ensinos doutrinários da
Bíblia com a mesma facilidade com que discutem detalhes de
seu próprio trabalho ou hobbies – ou as vitórias e derrotas de
seus times ou de seus programas favoritos de televisão. Não é
que os cristãos não tenham a capacidade de entender a

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doutrina; simplesmente devem ter acesso a ela numa forma


compreensível2".
Portanto, o que devemos discutir não é se o estudo teológico deve estar limitado
aos pastores e professores de seminário, pois é claro que não. A discussão deve girar
em torno de como nós fazemos teologia, especialmente se a fazemos de maneira
intencional ou não.

SEIS MANEIRAS DE FAZER TEOLOGIA


Há seis maneiras de se fazer teologia. As três primeiras são informais, sendo
que as duas primeiras dessas três são praticadas de maneira imperceptível, ou seja,
quem expõe um argumento teológico baseado nessas teologias não sabe e, se sabe,
não considera que esteja fazendo teologia.
A TEOLOGIA DE BOATO:
Muitas pessoas fazem teologia na base de ouvir, propagar e discutir “boatos
teológicos”. Um boato teológico é uma informação sobre questões
bíblicas/religiosas/espirituais que não tem nenhuma base em fatos e tem pouca ou
nenhuma evidência digna de crédito. São informações baseadas no “achismo” de uns
e de outros.
No meio evangélico, um exemplo de uma teologia de boato seria a doutrina de
que “oração verdadeira é aquela que é feita de joelhos” ou “crente não chora de
tristeza, mas só de felicidade”. Ou “Como diz a Bíblia: Deus escreve certo por linhas
tortas”. Muitos cristãos fazem afirmações como estas por “ouvir dizer”. Eles se
baseiam naquilo que o pastor fulano pregou ou naquilo que irmão cicrano lhes disse,
mas nunca conseguem mostrar onde estas declarações se encontram na Bíblia ou se
podem ser comprovadas realmente por um estudo sério da Palavra de Deus.
A TEOLOGIA POPULAR:
Um teólogo popular é alguém que de maneira não crítica e irrefletida constrói a
sua teologia de acordo com as tradições e folclores populares. E, normalmente, ele é
muito dogmático a respeito de suas crenças, ou seja, ele está convicto de que está
certo e quem não concorda com ele está errado.
Os crentes também possuem muitas teologias populares que não passam de
doutrinas e tradições inventadas por homens. Em alguns círculos evangélicos se
ensinam doutrinas acerca da “santidade do púlpito”, do nome da igreja (que foi dado
por revelação divina). Quase tudo é ensinado como se fosse bíblico, mas a maioria
nem são mencionadas na Bíblia.
TEOLOGIA LEIGA:
No caso do teólogo leigo, ele que constrói a sua teologia mais reflexivamente.
Ele pensa intencionalmente acerca das questões teológicas que ouve na igreja e na
rua ou que lê num livro. Ele não simplesmente ouve o que o pastor diz, mas procura
pensar a respeito, concordando ou discordando.
Muitos cristãos que estão comprometidos com Cristo e com suas igrejas locais
se enquadram neste tipo de teólogo. Eles fazem teologia de maneira leiga e podem
dominar muitas das doutrinas básicas. Contudo, devido ao fato de não conhecerem
e/ou não usarem a metodologia teológica e princípios saudáveis de interpretação
bíblica, é comum eles desenvolverem um conhecimento bíblico desequilibrado,
dogmático e um gosto por disputas em assuntos controvertidos. Muitos deles se

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Wayne Grudem, Teologia Sistemática (São Paulo: Editora Vida Nova, 1999), p. XVIII.

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tornam fundamentalistas e acabam ignorando a necessidade de se estudar a Bíblia


dentro de seu contexto histórico, gramático-literário e teológico.
A TEOLOGIA MINISTERIAL:
Fazer teologia ministerialmente é construir uma teologia que resulta de uma
sólida educação na metodologia teológica.
O teólogo ministerial é capaz de usar as ferramentas de estudo e pesquisa
bíblica em um nível mais efetivo do que o teólogo leigo. Por causa disso, ele também é
capaz de abertamente criticar a teologia pessoal desenvolvida pelos outros tipos de
teólogos, apresentando os seus argumentos de maneira mais sólida, abrangente e
coerente.
Todo pastor ou líder de igreja necessita de treinamento teológico sólido,
intencional e sistemático, seja ele formal ou informal.
Assim, ele não procura desenvolver uma obra teológica técnica ou profissional,
mas sim, aplicar em situações reais de ministério aquilo que já foi desenvolvido por
teólogos profissionais.
A TEOLOGIA PROFISSIONAL:
O teólogo profissional é alguém que faz teologia de maneira mais didática do
que os teólogos leigos e ministeriais. Ele realiza pesquisas práticas e desenvolve
idéias e estruturas teológicas originais. Ele também avalia criticamente a teologia
comum e a popular e, geralmente, se não são pastores, tendem a assumir
posicionamentos teológicos que não levam em consideração as pessoas e suas
histórias, o que pode resultar facilmente num academicismo teológico insensível às
necessidades reais das pessoas.
A TEOLOGIA ACADÊMICA:
A teologia acadêmica é feita por teólogos profissionais que constroem sua
teologia com um formato especulativo e espírito crítico. Seu diálogo normalmente só
acontece com outros teólogos, ignorando e minimizando a importância daqueles que
fazem uma teologia ministerial.
Para concluir esta parte, faço minhas as palavras de Charles Ryrie:
“A teologia é para cada um. De fato, cada um necessita
ser um teólogo. Em realidade, cada um é um teólogo – de uma
maneira ou de outra. E aqui está o problema. Não há nada de
errado em ser um teólogo amador ou profissional, mas está
tudo errado em ser um ignorante ou um teólogo
sentimentalóide3”.

COMO A TEOLOGIA INFLUENCIA NOSSO COTIDIANO


Como nós fazemos teologia no dia a dia? Em outras palavras, como a teologia
influencia o nosso cotidiano?

3
Citado em The Theology Notebook - Introduction to Theology, The Theology Program.

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Muitas pessoas acham que a teologia deve estar confinada à discussão na igreja
e nas escolas teológicas.
No entanto, nós estamos sempre fazendo teologia em nosso cotidiano. Ainda
que não pensemos nisso de maneira intencional, o fato é que a teologia está em
nossas conversações e atividades diárias. Por exemplo, nós estamos fazendo
teologia:
 Quando nós pensamos sobre Deus.
 Quando nós compartilhamos o evangelho.
 Quando nós interpretamos a Bíblia.
 Quando nós lidamos com a doença
 Quando nós defendemos a fé.
 Quando nós planejamos o futuro.
 Quando nós escolhemos a educação de nossos filhos.
 Quando nós votamos.
 Quando nós tentamos tratar com o pecado em nossas vidas.
 Quando nós decidimos com quem nos casar.

Como já vimos antes, todos fazem teologia, porém o mais importante é o tipo de
teologia que fazemos. Nossa teologia no cotidiano deveria ser – no mínimo – uma
teologia leiga, sendo que a ministerial é a verdadeiramente desejável. E, visto que a
teologia é feita não somente no âmbito da igreja, mas também sempre que tocamos
em assuntos relacionados à vida, morte, coisas espirituais, questões vitais da
existência, enfim, em tudo que é realmente importante nesta vida. Pois, o que nós
pensamos a respeito de Deus e de Sua Palavra, por exemplo, irá nortear as nossas
decisões nesta vida.
Uma decisão errada baseada em pressupostos teológicos errados pode destruir
uma vida. As doutrinas que são ensinadas nas igrejas, se não forem baseadas em
argumentos teológicos bíblicos, podem destruir vidas. Nós vemos isso no alerta de
Paulo a Timóteo acerca das doutrinas que certas pessoas estavam ensinando em
Éfeso: “O ensino deles alastra-se como câncer; entre eles estão Himeneu e Fileto” (2
Timóteo 2.17). Um ensino que se alastra como um câncer não somente infecta toda a
igreja, mas ao fazer isso, acaba destruindo-a.

CLASSIFICAÇÃO DA TEOLOGIA

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“Se você transmitir essas instruções aos irmãos, será um bom


ministro de Cristo Jesus, nutrido com as verdades da fé e da boa
doutrina que tem seguido” (1 Timóteo 4.6).

A teologia abrange muitas disciplinas. Alguns teólogos diferem um pouco entre si


quanto à classificação da teologia, mas a maioria reconhece que a teologia pode ser
classificada como:
1. Sistemática
2. Bíblica
3. Histórica
4. Filosófica
5. Credal ou Dogmática
6. Apologética
7. Exegética
A seguir, nós estudaremos brevemente o papel de cada uma destas categorias,
mas nos deteremos um pouco mais na observância da Teologia Sistemática.

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
O que é a Teologia Sistemática? Há diversas definições para ela. Porém, nós
podemos dizer que é o estudo das doutrinas cristãs em sua relação umas com as
outras num sistema logicamente consistente.
A teologia sistemática pode ser definida como “qualquer estudo que responda à
pergunta: ‘o que a Bíblia como um todo nos ensina hoje? ’ acerca de qualquer tópico4”.
Ela estuda o arranjo ordenado em tópicos e faz uma sistematização das doutrinas
fundamentais da Bíblia.
Porém, num sentido mais restrito, ela é um estudo sistemático das doutrinas
fundamentais da fé cristã e abrange os seguintes tópicos:

PROLEGOMENA: Literalmente significa “as coisas que são faladas em primeiro


lugar”. Trata com as questões fundamentais da teologia como a metodologia, as fontes
e as razões para estudar teologia. Este curso é, na verdade, um prolegômeno da
teologia.
BIBLIOLOGIA: O estudo da natureza, transmissão, canonização e propósito da
Escritura.
TEOLOGIA (PROPRIAMENTE DITA): O estudo da existência, natureza e
atributos de Deus. Algumas vezes é chamado de “Trinitarianismo”.
CRISTOLOGIA: O estudo da pessoa e obra de Cristo.
PNEUMATOLOGIA: O estudo da pessoa e obra do Espírito Santo.
ANTROPOLOGIA: O estudo do propósito e natureza da humanidade, tanto no
estado de pré-queda quanto no pós-queda.
HAMARTIOLOGIA: O estudo da natureza, origem e efeitos do pecado em toda
a criação.
ANGEOLOGIA: O estudo da natureza e obras dos anjos e demônios.
SOTEROLOGIA: O estudo da salvação.
ECLESIOLOGIA: O estudo da natureza da Igreja.
ESCATOLOGIA: O estudo das últimas coisas na profecia bíblica.

4
Wayne Grudem, Teologia Sistemática (São Paulo: Edições Vida Nova, 1999), p.1.

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PRESSUPOSIÇÕES NECESSÁRIAS PARA O ESTUDO DA TEOLOGIA


SISTEMÁTICA
Quais são as pressuposições necessárias para o estudo da Teologia
Sistemática? Ou seja, o que devemos crer antes de empreendermos um sério estudo
da teologia sistemática?
1. O Deus que a Bíblia descreve existe é exatamente como a Bíblia
diz que Ele é. O Deus da Bíblia revelou-se a Si mesmo por meio das
Escrituras e por meio dela fala comunica a Sua verdade absoluta aos homens.
2. A Palavra de Deus é verdadeira e o único padrão absoluto da
verdade. Ela é a autoridade final em todas as questões de doutrina e prática.
Se você não crê nisso, então o estudo teológico não fará nenhum bem a você,
pois ele é todo baseado na Palavra da Verdade.
3. A lógica é um critério válido para a avaliação da verdade. Se um
sistema teológico apresenta uma inconsistência lógica, isso indica que ele é
falso, por completo ou em parte.
4. Nós podemos aceitar ou condenar um sistema lógico de teologia
com base na Bíblia se nós aplicarmos as regras comuns da hermenêutica e
da lógica.

ATITUDES ERRADAS AO ESTUDO DA TEOLOGIA SISTEMÁTICA


Muitos cristãos têm uma atitude errada para com o estudo teologia sistemática,
desvalorizando-a e impondo objeções à mesma. As atitudes/objeções mais comuns
para com a TS são:

1. ‘A teologia é uma matéria ambígua’.


Alguns pensam que a teologia é uma matéria ambígua, e que é impossível
determinar com certeza qual é o sistema teológico correto. Eles afirmam que a ampla
diversidade de sistemas teológicos apóia esta atitude.
Mas, se isto fosse verdade, então teríamos que dizer que a Bíblia não é a ‘luz
para o nosso caminho’ ou que ela nos dá ‘entendimento’; pelo contrário, teríamos que
afirmar que ela traz escuridão ou que cega o nosso entendimento.
Na verdade, é um erro de lógica supor que a diversidade de sistemas teológicos
indica que a teologia é ambígua.
Uma das intenções deste curso, é mostrar que a existência de sistemas ou
plataformas diferentes de teologia tem suas raízes em métodos errôneos de pesquisa
e nos erros de lógica que são comuns a seres humanos pecadores.
Porém, é nossa convicção de que este problema pode ser corrigido por uma
hermenêutica correta, combinada com uma aplicação cuidadosa das leis da lógica.
2. Alguns são indiferentes para com a teologia e a consideram sem
importância, porque não percebem as conseqüências práticas dela.
O Dr. Benjamim Warfield, expôs a ignorância de tal atitude com este comentário
afiado:
“Enganamo-nos a nós mesmos se imaginamos que escapamos ao
ensinar um sistema de crenças, por adotar uma atitude de indiferença para
com a doutrina. A própria idéia de indiferença para com as questões
doutrinárias, em si mesma, é uma doutrina”.

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

Alguns supõem que cada um tem o direito inerente de crer no que lhe agrada.
Isso provém da influência dos conceitos modernos da democracia e dos direitos
pessoais. Porém, esta atitude confunde um direito social com um direito inerente.
Deus não nos concede o direito de crer no que nós queremos. Deus nos faz
responsáveis para crer no que Ele tem revelado em Sua Palavra, não no que nos
convém. Os direitos sociais e as responsabilidades cristãs são duas coisas distintas.

3. Para outros, a teologia sistemática é apenas uma demonstração de


um intelectualismo frio, desprovido do Espírito Santo.
Esta atitude é produto do anti-intelectualismo místico trazido à igreja por certos
movimentos fundamentalistas e renovado com o crescente movimento neopentecostal.
Nós certamente cremos que um espírito zeloso pelas coisas de Deus e sensível
ao Espírito Santo é melhor do que um intelectualismo seco. Mas não podemos
concordar com o fato de que a única opção que temos parece ser a escolha entre um
ou outro. Mas isso não é verdade! O apóstolo Paulo é o exemplo máximo de que é
possui usar bem a sua capacidade intelectual, ser um estudioso dedicado e ainda
assim ser sensível e aberto ao pleno ministério do Espírito Santo. Ele era muito
sistemático em sua teologia, mas isso não anulava o ministério do Espírito Santo em
sua vida ou obra.
4. Outros têm uma atitude de misticismo.
Por ‘misticismo’ nós queremos dizer a tendência de alguns cristãos em negar o
uso da razão na experiência cristã ao mesmo tempo em que se valoriza e se busca
mais as experiências ‘pessoais’, ‘espirituais’ e ‘sobrenaturais’.
Para esse tipo de cristão, a base da verdade se torna a experiência interior,
subjetiva e não a análise de informações objetivas. Ainda que esta atitude lhes pareça
muito espiritual, na verdade, se baseia no orgulho espiritual e consiste numa forma de
suicídio intelectual. De fato, é uma crença e atitude anticristã. Deus nos criou com uma
grande capacidade intelectual e ele espera que a usemos para nos relacionarmos com
Ele. O maior de todos os mandamentos nos diz, inclusive, que devemos amar a Deus
de todo o nosso entendimento (Marcos 12.30).
Todas estas atitudes acima são erradas e não deveriam existir nos cristãos
sérios que desejam conhecer e fazer a vontade de Deus.

TEOLOGIA BÍBLICA
A teologia bíblica estuda o progresso das verdades através dos livros da Bíblia,
verificando as diferentes maneiras pelas quais cada um dos escritores apresentaram
importantes doutrinas.
Dentro dos estudos teológicos, o termo “teologia bíblica” assume um sentido
técnico, sendo uma categoria maior da teologia que restringe a formulação teológica
apenas às Escrituras e abrange a teologia do Antigo Testamento e do Novo
Testamento.
Ela dá atenção especial aos ensinamentos de um autor específico para formular
a sua teologia. Algumas vezes ela examina as partes individuais das Escrituras para
formular uma teologia particular que está restrita a certo período de tempo ou a um
povo em particular (por exemplo, a teologia pré-mosaica). Ao fazer isso, ela também
procura apresentar o papel de cada ensino no desenvolvimento histórico das
Escrituras. Por exemplo, qual é o desenvolvimento histórico do ensino sobre a oração

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15
MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

nas Escrituras? Como este ensino se desenvolveu no Antigo Testamento? Como ele
se desenvolveu no Novo Testamento.

TEOLOGIA HISTÓRICA
É o estudo histórico de como a Igreja entendeu os diversos tópicos teológicos ao
longo de sua história. Ela estuda a história eclesiástica e, conseqüentemente, a
história do desenvolvimento das doutrinas na história da Igreja.
Algumas vezes ela examinará os períodos individuais da história da Igreja para
formular uma teologia particular que está restrita a certo período de tempo (por
exemplo, Patrístico, Medieval, Reforma, etc.).

TEOLOGIA FILOSÓFICA
A teologia filosófica é o estudo de assuntos teológicos em grande parte sem o
uso direto das Escrituras, mas fazendo uso dos instrumentos e metodologia do
raciocínio filosófico e do que se pode conhecer acerca de Deus a partir da observação
natural. Ela restringe a formulação teológica apenas ao que pode ser averiguado pela
razão.
Algumas vezes ela examinará os períodos individuais da historia filosófica para
formular uma teologia que esteja limitada a um período específico (por exemplo,
iluminismo, modernismo, pós-modernismo).

TEOLOGIA CREDAL OU DOGMÁTICA


Estuda os dogmas da maneira estabelecida e formulada nos credos da Igreja. A
diferença entre dogma e doutrina deve ser reconhecida pelo estudante da Bíblia.
DOGMA é uma declaração do homem sobre uma verdade estabelecida num credo.
DOUTRINA é a declaração da revelação de Deus sobre uma verdade, da maneira
como encontrada nas Escrituras.
Ela restringe a formulação da teologia apenas ao que é aceito por uma religião
ou denominação em particular.

TEOLOGIA APOLOGÉTICA
A teologia apologética formula a teologia com o propósito de explicar e defender
a fé para aqueles que estão fora da fé, ou seja, os incrédulos. Ela deve ser
diferenciada da teologia polemicista que levanta polêmicas sobre questões da fé e
prática cristã dentro do próprio círculo cristão com o propósito de convencer aos outros
de que seus argumentos são os mais certos. Nós reconhecemos a relevância da
teologia apologética, mas rejeitamos a teologia polemicista.

TEOLOGIA PASTORAL OU PRÁTICA


A teologia pastoral ou prática aborda o trabalho pastoral, a educação cristã, a
administração eclesiástica, e etc. Seu objetivo é a aplicação prática da teologia na
regeneração, edificação e educação do cristão.

TEOLOGIA EXEGÉTICA
“Exegese” significa “guiar para fora, extrair”. Na teologia, refere-se à análise e
interpretação das Escrituras. Cobre as línguas bíblicas (hebraico, aramaico e grego), a
arqueologia bíblica e a hermenêutica (princípios de interpretação) bíblica.

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

EPISTEMOLOGIA PÓS-MODERNA

“Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela


renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e
comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.2).

Epistemologia do grego epistemé, ciência. Estudo críticos dos princípios,


hipóteses e aplicações das várias ciências. Seu objetivo básico é divisar o fundamento
lógico do avanço científico já logrado pelo homem.
Para que possamos fazer teologia nos dias atuais, especialmente no que diz
respeito a apologética cristã, ou seja, a defesa das verdades nas quais cremos, nós
precisamos compreender o mundo no qual vivemos.
O mundo atual está sempre mudando, mas os verdadeiros cristãos defendem
uma fé que remonta aos tempos apostólicos. Nós precisamos entender como este
mundo atual pensa a respeito das questões espirituais e como ele tem chegado às
suas conclusões acerca delas. Para tanto, precisamos estudar epistemologia. O que é
epistemologia? O dicionário a define como o “estudo da origem, natureza e limites do
conhecimento”.
Outra definição: “O ramo da filosofia que se preocupa com a teoria do
conhecimento. É uma indagação sobre a natureza e fonte do conhecimento, os limites
do conhecimento, e as justificativas para as reivindicações do conhecimento” – Paul
Feinberg, The Evangelical Dictionary of Theology.
Na prática, ela define de onde vem o conhecimento que temos acerca das
coisas, quais são os seus limites e por que devemos concordar com as informações
que recebemos.

VIVENDO NA PÓS-MODERNIDADE
A história humana pode ser dividida em pré-modernidade, modernidade e pós-
modernidade. Nós vivemos na era pós-moderna. Cada uma destas épocas da história
humana foram marcadas por uma maneira geral de se pensar a respeito das coisas,
especialmente sobre as questões espirituais.
Na pré-modernidade, que alguns definem como todo o período da história que
antecede a teoria da evolução, foi marcada por uma crença absoluta nos valores e
idéias propagadas pelo cristianismo. O mundo vivia à sombra da Igreja Católica e era
praticamente “impedido” de pensar diferente do que a Igreja estabelecia como sendo a
sua verdade. A fé era colocada além e aquém da razão. A fé era a “resposta” (embora
alguns chamem de “desculpa”) para tudo que era desconhecido e improvável. De fato,
o moto deste período não era a fé bíblica, mas sim a superstição e o misticismo.
Com as descobertas e avanços científicos, a maneira das pessoas pensarem
mudou. A razão, e não a fé, passou a ser o motor do ser humano.
Na modernidade, diferentemente do homem pré-moderno, o homem passou a
ser mais intelectual, mas racional e otimista a respeito do presente e do futuro; ele
passou a sonhar com a conquista do espaço. Ele se tornou mais objetivista e
exclusivista. Sua descoberta do conhecimento passou a ser baseada no método de
investigação científica; ele rejeitou a revelação como um meio real e “lógico” de se
obter conhecimento. O mundo moderno proclamou a evolução do homem.
A pós-modernidade é anti-intelectual e busca novamente refúgio na “fé”
(entenda-se superstição ou misticismo), porém, não interessa fé em quem ou em quê

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

– qualquer um e qualquer coisa serve, conquanto que funcione! O homem moderno


depende mais de seus sentimentos do que de sua razão. Por isso ele é mais sujeito à
depressão e outras doenças da “alma”. Ele também é mais pessimista em relação à
vida e ao futuro, vivendo o presente sem esperança.
O homem pós-moderno é subjetivista e relativista. Para ele, não há uma verdade
absoluta; a verdade é definida pelo que “eu” acho que é verdade e, de fato, há muitas
verdades.
O mundo em que vivemos também é pluralista; “todos os caminhos levam a
Deus”. A maioria das religiões procuram incluir aspectos de outras religiões para se
tornarem mais inclusivas e alcançarem mais pessoas.
Apesar dos avanços científicos, o homem pós-moderno não deposita mais sua fé
exclusivamente na ciência; ele desconfia que a ciência possa realmente resolver seus
problemas e torná-lo feliz. A ciência tem evoluído e temos computadores de mão,
celulares com câmera digital, cartões de crédito do tamanho de uma caixinha de
fósforo, mas as pessoas continuam morrendo de doenças sem cura, de fome e
assassinadas por ninharia ou prazer. As pessoas se sentem inseguras, infelizes e sem
esperança. Para muitos, de fato, o homem está involuindo.
Assim, nos dias em que vivemos, nós somos bombardeados constantemente
com as idéias do:
 RELATIVISMO: a crença de que toda verdade é relativa, sendo
determinada pelo grupo.
 SUBJETIVISMO: A crença de que toda a verdade é subjetiva, sendo
definida pela perspectiva do indivíduo.
 CETICISMO: A crença de que a verdade não pode ser conhecida com
certeza.
 PERSPECTIVISMO: a crença de que a verdade é encontrada na
combinação da perspectiva de muitos.
 PRAGMATISMO: a crença de que a verdade é o resultado final do que é
definido pelo que funciona para obter o melhor resultado. “O fim justifica os meios”.
 O OBJETIVISMO: a crença de que a verdade é uma realidade objetiva que
existe quer alguém creia nela ou não, está sendo rápida e sistematicamente retirado
de nossa sociedade pós-moderna.
Como cristãos, nós precisamos rejeitar a epistemologia pós-moderna e
assumirmos radicalmente a epistemologia cristã. E nós devemos levar isso muito a
sério porque muitas igrejas e cristãos individualmente estão sendo influenciados pela
maneira pós-moderna de encarar a “verdade”.
A verdade de Deus é a única verdade absoluta. Toda “verdade” que existe fora
da Bíblia só é verdadeira se não contradisser a revelação bíblica. Nós conhecemos a
verdade e sabemos que o que conhecemos é verdadeiro porque estamos em Jesus e
temos a unção do Espírito, e a Palavra de Deus é a verdade (1 João 5.20; 2.20, 27; 2
Timóteo 3.16-17; João 17.1

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Edições Vida Nova,


1ª Ed., 1999.

PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Editora Vida,


1970.

OLIVEIRA, Raimundo de. As grandes doutrinas da Bíblia. Casa


Publicadora das Assembléias de Deus, 1ª Ed., 1987.

HALLEY, Henry Hampton. Manual bíblico de Halley. Editora Vida, Edição


Revista e Ampliada, 2001.

ERICKSON, J. Millard. Conciso dicionário de teologia cristã. Editora


Juerp, 1991.

HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. Casa Publicadora das


Assembléias de Deus, 2ª Ed., 1997.

QUESTÕES DE INTRODUÇÃO A TEOLOGIA

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

Obs: Todas as questões são compostas de quatro alternativas, sendo que,


somente uma destas alternativas devem ser marcadas.

1ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA CORRETA:


A) Teologia é o Estudo das Ciências Naturais.
B) Teologia é o Estudo das Ciências Sociais.
C) Teologia é o Estudo de Deus e Suas Relações com a Sua Criação.
D) Teologia é a Ciência Oculta.

2ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA CORRETA:


A) Doutrina é o que a Bíblia como um todo ensina acerca de algum tópico
específico.
B) Doutrina é o que é firmado entre os líderes evangélicos.
C) Doutrina é o ensino das tradições.
D) Doutrina é tudo o que se ensina com boa intenção.

3ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:


A) Os escritores do Antigo e do Novo Testamentos tinham em seus escritos
fatos teológicos com relação à Pessoa de Deus, O Homem, O Pecado,
A Redenção, fazendo assim com que possamos afirmar que já havia um
sistema doutrinário estabelecido.
B) A Igreja não precisa de Doutrina ou Teologia, pois elas sempre
causaram divisões, e é por isso que há tantas denominações.
C) A Doutrina existe antes que a Igreja existisse. A pessoa que rejeita a
verdadeira Doutrina de Deus é que causa as divisões.
D) Devemos observar a Doutrina Bíblica, atentando às verdades do
verdadeiro instrutor que é o Espírito Santo.

4ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA CORRETA:


A) Um teólogo popular é alguém que de maneira sempre crítica constrói a
sua teologia de acordo com as tradições e folclores populares.
B) No caso do teólogo leigo, ele que constrói a sua teologia mais
reflexivamente. Ele pensa intencionalmente acerca das questões
teológicas que ouve na igreja e na rua ou que lê num livro. Ele não
simplesmente ouve o que o pastor diz, mas procura pensar a respeito,
concordando ou discordando.
C) Fazer teologia ministerialmente é construir uma teologia que resulta de
uma fraca educação na metodologia teológica.
D) A teologia acadêmica é feita por qualquer teólogo que constrói sua
teologia com um formato especulativo e espírito crítico.
5ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:
A) Nós fazemos Teologia quando interpretamos a Bíblia.

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

B) Nós fazemos Teologia quando compartilhamos o Evangelho com o


próximo.
C) Nós fazemos Teologia quando defendemos a fé.
D) Nós fazemos Teologia quando oramos e jejuamos.

6ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:


A) Há diversas definições para a Teologia Sistemática. Porém, nós
podemos dizer que é o estudo das doutrinas cristãs em sua relação
umas com as outras num sistema logicamente consistente.
B) A Teologia Sistemática é um estudo sistemático das doutrinas
fundamentais da fé cristã.
C) Prolegomena: Literalmente significa “as coisas que são faladas em
primeiro lugar”. Trata com as questões fundamentais da teologia como a
metodologia, as fontes e as razões para estudar teologia.
D) Antropologia é o estudo do propósito e natureza dos Anjos, tanto no
estado de pré-queda quanto no pós-queda.

7ª DAS PRESSUPOSIÇÕES NECESSÁRIAS PARA O ESTUDO DA


TEOLOGIA SISTEMÁTICA APENAS UMA ALTERNATIVA ESTÁ CORRETA:
A) A Palavra de Deus é parcialmente verdadeira e é o único padrão
absoluto da verdade. Ela é a autoridade final em todas as questões de
doutrina e prática. Se você não crê nisso, então o estudo teológico não
fará nenhum bem a você, pois ele é todo baseado na Palavra da
Verdade.
B) Nós não podemos aceitar um sistema lógico de teologia com base na
Bíblia se nós aplicarmos as regras comuns da hermenêutica e da lógica.
C) O Deus que a Bíblia descreve existe é exatamente como a Bíblia diz que
Ele é. O Deus da Bíblia revelou-se a Si mesmo por meio das Escrituras
e por meio dela fala comunica a Sua verdade absoluta aos homens.
D) A lógica não é um critério válido para a avaliação da verdade.

8ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA CORRETA:


A) A Teologia Bíblica estuda o progresso das verdades através dos livros
da Bíblia, verificando as diferentes maneiras pelas quais cada um dos
escritores apresentaram importantes doutrinas.
B) A Teologia Histórica nunca examinará os períodos individuais da história
da Igreja para formular uma teologia particular que está restrita a certo
período de tempo (por exemplo, Patrístico, Medieval, Reforma, etc.).
C) A teologia apologética formula a teologia com o propósito de explicar e
defender os dogmas para aqueles que estão fora da fé, ou seja, os
incrédulos.
D) Dogma é a declaração da revelação de Deus sobre uma verdade, da
maneira como encontrada nas Escrituras.

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

9ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA CORRETA:


A) Epistemologia é o estudo críticos dos princípios, hipóteses e aplicações
das várias ciências. Seu objetivo básico é divisar o fundamento lógico do
avanço científico já logrado pelo homem.
B) Epistemologia não é o estudo críticos dos princípios, hipóteses e
aplicações das várias ciências. Seu objetivo básico é divisar o
fundamento lógico do avanço científico já logrado pelo homem.
C) Epistemologia é o ramo da filosofia que se preocupa com a Teoria da
Evolução.
D) Epistemologia não é o ramo da filosofia que se preocupa com a Teoria
da Evolução, mas que se preocupa com a Teosofia.

10ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:


A) RELATIVISMO: a crença de que toda verdade é relativa, sendo
determinada pelo grupo.
B) PRAGMATISMO: a crença de que a verdade é o resultado final do que é
definido pelo que funciona para obter o melhor resultado. “O fim justifica
os meios”.
C) CETICISMO: A crença de que a verdade pode ser conhecida com
certeza.
D) O OBJETIVISMO: a crença de que a verdade é uma realidade objetiva
que existe quer alguém creia nela ou não, está sendo rápida e
sistematicamente retirado de nossa sociedade pós-moderna.

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

BIBLIOLOGIA I

ÍNDICE:

INTRODUÇÃO

DEFININDO BIBLIOLOGIA

A ORIGEM DA BÍBLIA

HARMONIA E UNIDADE DA BÍBLIA

AS TRADUÇÕES DA BÍBLIA

ESTRUTURA DA BÍBLIA

SÍMBOLOS DA BÍBLIA

A REVELAÇÃO DE DEUS ATRAVÉS DA BÍBLIA

TEORIAS DA INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA

INERRÂNCIA – INTEGRIDADE DAS ESCRITURAS

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

QUESTÕES

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

INTRODUÇÃO

Bibliologia é o estudo das Escrituras, incluindo sua definição, inspiração,


inerrância, e etc. A Sagrada Escritura é a revelação de Deus, vinda de Deus e
fluindo através Dele e para o homem. Ela é a única inspirada e infalível
revelação divina jamais dada ao homem e é a suprema autoridade em todas as
questões de fé e moral. A Escritura é plena e verbalmente inspirada por Deus.
O Santo Espírito soprou sobre os vasos humanos os exatos pensamentos e
palavras que Ele queria que eles escrevessem. Esta palavra fluiu através de
canais humanos envolvendo suas emoções, personalidades e estrutura de
referências, sem violá-las. Porém, o Espírito Santo guardou e preservou cada
pensamento, frase e palavra de qualquer erro, omissão ou inexatidão.

Deus se revelou aos homens de várias maneiras, porém, a Sua revelação


está registrada eternamente na Palavra de Deus, a Bíblia. Este é o título mais
conhecido e usado para as Escrituras é a ‘Palavra de Deus’. A idéia básica é a
de comunicação divina ao homem – Deus fala ou se comunica com o homem.
O Senhor sempre se comunicou com o homem que Ele criou, porém, nem
sempre Ele falou da mesma maneira. De maneira geral, as formas em que
Senhor Deus se comunica com o homem são ‘a palavra de Deus’.

Esta matéria trata basicamente da revelação divina na Bíblia, o que


significa a ‘Palavra de Deus’ e a singularidade da Bíblia como a palavra escrita
de Deus para nós. Também explica o que é a iluminação e como se dá o
processo da revelação dos pensamentos de Deus ao homem.

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

DEFININDO BIBLIOLOGIA

A Bíblia é uma coleção ou “biblioteca” de 66 livros. Ela é dividida em duas


seções principais: o Antigo Testamento (AT) e o Novo Testamento (NT). O
Antigo Testamento é formado por 39 livros, enquanto o Novo Testamento é
formado por 27 livros.
Etimologicamente, o termo Bíblia é o plural da palavra grega Biblos ou a
forma diminutiva biblion, mais usada na versão dos LXX e no Novo
Testamento. Significava, no princípio, qualquer tipo de documento escrito: rolo,
códice, carta etc. Na versão dos LXX e nas fontes judaicas e cristãs, o termo
“livro sagrado” ou o plural hierai bibloi designava o Pentateuco ou conjunto do
Antigo Testamento.
Os cristãos usavam o termo grego plural “ta bíblia” e o derivado latim
“bíblia” para designar as escrituras hebraicas. Na idade Média, utilizou-se o
termo em latim bíblia. O Novo Testamento utiliza o termo plural “Escrituras”
para se referir à Escritura do Antigo Testamento, como um todo. Também faz
uso do vocábulo “Escrituras”, no singular, para se referir à determinada
passagem.
Mesmo contendo diversos livros (66), a Bíblia apresenta uma unidade na
diversidade. As Bíblias católicas e protestantes contêm duas grandes partes: o
Antigo Testamento e o Novo Testamentos. Já as Escrituras judaicas constam
apenas do Antigo Testamento. A palavra “testamento” não se relaciona ao
legado, mas à aliança – firmada com testemunhas – entre Deus e o seu povo.
Podemos definir, então, Bibliologia como sendo a Doutrina que estuda a
Bíblia sob seus aspectos e observações gerais.

A ORIGEM DA BÍBLIA

A Bíblia é um livro antigo quanto a sua formação, mas é um livro


moderno, quanto a sua mensagem. Foi escrita ao longo de um período de 1600
anos por cerca de 40 homens das mais diversas profissões, origens culturais e
classes sociais.O vocábulo “Bíblia” foi empregado pela primeira vez, cerca do
ano 400 d. C., por João Crisóstomo, Patriarca de Constantinopla e conhecido
pregador de sua época, chamado de “Boca de Ouro”. Os livros antigos tinham
uma forma de rolo Jr 36.2; eram feitos de papiro ou pergaminho.
O papiro era uma planta aquática que crescia junto aos rios, lagos e
banhados do Oriente, cuja entrecasca servia para escrita. Ele só cresce em
terrenos alagadiços, por isso em Jó 8:11 há a seguinte pergunta: Pode o papiro
crescer sem lodo?

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

Normalmente se escrevia só de um lado do papiro e as folhas mais


longas eram enroladas. Estes rolos recebiam o nome de volumes, palavra do
latim – volvere que significa enrolar.
Os egípcios guardavam sigilosamente o segredo da preparação do papiro
para a escrita. No século VI a.C. começaram a exportá-lo para a Grécia e
depois para outros povos que habitavam nas margens do Mediterrâneo, onde
se criou um importante comércio desta especialidade, mormente na cidade da
Biblos.
"O papel, palavra derivada de papiro, era preparado de finas faixas da
parte interior da folha do papiro arranjadas verticalmente, com outra camada
aplicada horizontalmente em cima. Um adesivo era empregado (Plínio diz que
era água do Nilo!) e pressão aplicada para ligá-las formando uma folha. Após
secar, era polida com instrumentos de concha ou pedra; depois as folhas eram
atadas, formando rolos."
O pergaminho necessitava de uma preparação para receber a escrita
tem uma interessante história. De acordo com a História Natural de Plínio, o
Velho (Livro XIII, capítulo XXI), foi o rei Eumene de Pérgamo, uma cidade da
Ásia Menor, quem promoveu a preparação e o uso do pergaminho. Este rei
planejou fundar uma biblioteca em sua cidade, que se rivalizasse com a
famosa biblioteca de Alexandria. Esta ambição não agradou a Ptolomeu do
Egito, que imediatamente proibiu a exportação de papiro para Pérgamo. Esta
proibição forçou Eumene a preparar peles de carneiro ou ovelha para receber a
escrita, dando-lhe o nome do lugar de origem – pergaminho. O pergaminho era
muito superior ao papiro, por causa da maior durabilidade. Os principais
manuscritos bíblicos estão escritos em Pergaminhos. Paulo na sua II Epístola a
Timóteo (4:13) roga ao jovem ministro para que lhe trouxesse os pergaminhos.
Em grego a palavra não é pergaminho mas membrana.
O pergaminho continuou a ser usado até o fim da Idade Média quando o
papel inventado pelos chineses e introduzido na Europa pelos comerciantes
árabes tornou-se popular, suplantando todos os outros materiais da escrita. Os
judeus eram bastante cuidadosos com a preparação de manuscritos
destinados a receber os escritos sagrados, exigindo que a pele fosse de animal
limpo e preparada por um judeu.
O livro, através da sua longa existência, apresentou duas formas bem
distintas: o rolo e o códice.
A Bíblia foi originalmente escrita em forma de rolo, sendo cada livro
um rolo. Formava-se o rolo colocando várias folhas de papiro ou couro uma ao
lado da outra. O tamanho médio de um rolo entre os gregos era de 11 metros.
Alguns rolos chegaram a ter o comprimento de 30 metros. O comprimento
médio de um rolo bíblico estava entre 9 e 11 metros. Livros longos como Reis,
Crônicas e Isaías eram divididos em dois rolos. Os dois maiores livros do Novo
Testamento, Lucas e Atos, cada um preencheria um rolo de mais ou menos 10
metros de comprimento. Diante dessas dificuldades, o engenho humano

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

idealizou o livro nos moldes em que o temos hoje. Estes livros em seus
primórdios eram chamados códices.
A palavra códice vem do latim "codex", que designava primitivamente um
bloco de madeira cortado em várias folhas ou tabletes para escrever. O códice
era formado de várias folhas de papiro ou pergaminho sobrepostas e
costuradas. As vantagens dos códices sobre os rolos, no caso dos manuscritos
bíblicos, são evidentes pelas seguintes razões:
1) Permitia que os quatro Evangelhos, ou todas as Epístolas paulinas se
achassem num livro;
2) Era bem mais fácil o manuseio do livro;
3) Adaptava-se melhor para receber a escrita de ambos os lados,
baixando assim o custo do livro;
4) A procura de determinadas passagens era mais rápida.
Assim, vemos que, a princípio, os livros sagrados não estavam reunidos
uns aos outros como os temos agora em nossa Bíblia. O que tornou isso
possível foi a invenção do papel, no século II, pelos chineses, bem como a do
prelo de tipos móveis em 1450 d.C. por Gutenberg, tipógrafo alemão. Até então
era tudo manuscrito pelos escribas, de modo laborioso, lento e oneroso.
Ainda hoje, devido aos ritos tradicionais, os rolos sagrados das Escrituras
Hebraicas continuam em uso nas sinagogas judaicas.

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HARMONIA E UNIDADE DA BÍBLIA

A unidade da Bíblia é tão visível, que os escritores não escreveram os 66


livros de uma só vez, nem em um só lugar, nem com o objetivo de reuni-los em
um só volume, mas em intervalos de 1600 anos e em lugares que vão desde
Babilônia até Roma.
O profeta Moisés começou a escrever os primeiros cinco livros da Bíblia
um pouco antes de 1400 A.C. O apóstolo João escreveu o último livro da
Bíblia, Apocalipse, por volta de 95 A.D. Durante os 1600 anos entre a época
que foi escrito o primeiro e o último livro da Bíblia, pelo menos outros 38
escritores inspirados por Deus deram sua contribuição. Alguns eram homens
de negócio, outros pastores de ovelha (Davi em sua juventude), pescadores
(Pedro, Tiago e João), general (Josué), médico (Lucas), reis (Salomão)- seres
humanos de todas as classes sociais. Além disso, em geral, todos viviam em
contrastantes culturas e filosofias.Uns foram escritos na cidade, outros no
campo, no palácio, em ilhas, em prisões e no deserto. As circunstâncias em
que foram escritos, são as mais diversas. Davi, por exemplo escreveu parte
dos seus Salmos no calor das batalhas. Salomão, na calma da paz. Há
profetas que escreveram em meio a profunda tristeza, ao passo que Josué
escreveu durante a alegria da vitória. Apesar da pluralidade de condições, a
Bíblia apresenta um só sistema de doutrina, uma só mensagem de amor, um
só meio de salvação.
Mas aqui está a grande maravilha: Quando os 66 livros da Bíblia, com
seus 1.189 capítulos, divididos em 31.173 versos, são reunidos, encontramos
unidade e harmonia perfeitas na mensagem que apresentam.
A Bíblia como um todo comunica uma mensagem coerente. Uma mente
estava por trás de tudo, a mente de Deus. A incrível unidade das Escrituras
evidencia que apesar de os pensamentos terem sido escritos por seres
humanos, eles foram inspirados por Deus.

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

AS TRADUÇÕES DA BÍBLIA

A Septuaginta
Os líderes do judaísmo em Alexandria foram responsáveis por esta
tradução do Antigo Testamento hebraico para o grego. Esta tradução já estava
concluída em 150 a.C. e foi feita por eruditos judeus e gregos, provavelmente
para o uso dos judeus alexandrinos. Ela foi encomendada por Ptolomeu II (287
a.C.-247 a.C.), rei do Egito, para ilustrar a recém inaugurada Biblioteca de
Alexandria. A tradução ficou conhecida como os Setenta (ou Septuaginta,
palavra latina que significa setenta, ou ainda LXX), pois setenta e dois rabinos
trabalharam nela e, segundo a lenda, teriam completado a tradução em setenta
e dois dias. A Septuaginta foi usada como base para diversas traduções da
Bíblia.

A Vulgata
É uma tradução para o latim da Bíblia escrita em meados do Século IV
por São Jerônimo, a pedido do Papa Dâmaso I, que foi usada pela Igreja
Católica e ainda é muito respeitada.
No século IV, a situação mudara e é então que o importante biblista São
Jerónimo traduz pelo menos o Antigo Testamento para latim e revê a Vetus
Latina. Foi a primeira, e por séculos a única, versão da Bíblia que verteu o
Velho Testamento diretamente do hebraico e não da tradução grega conhecido
como Septuaginta. Chama-se Vulgata a esta versão latina da Bíblia, que foi
usada pela Igreja Católica Romana durante muitos séculos, e ainda hoje é
fonte para diversas traduções.

A Versão de João Wycliffe – 1383.


O inglês John Wicliffe agrupou as palavras-chave dos duzentos idiomas
falados em sua pátria e fez deles uma língua, traduzindo quase todas as
Escrituras Sagradas, partindo-se da Vulgata Latina.
Seu objetivo, com isso, era dar aos ingleses uma versão no seu próprio
idioma. Conseguiu o seu intento e fez uma versão da Bíblia inteira para o
inglês.

A Bíblia de Tyndale/Coverdale – 1535.


Essa é a primeira versão impressa na Inglaterra. Depois de um século e
meio, em 1535, a Bíblia Tyndale/Coverdale foi publicada. William Tyndale e o
Bispo Coverdale traduziram os textos dos originais grego e hebraico para o
inglês. Sua Bíblia foi publicada na Alemanha, onde Tyndale havia-se refugiado.
A imprensa acabava de ser inventada. Isso possibilitou Tyndale e seus

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29
MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

seguidores a produzirem cópias da Bíblia inglesa mais depressa do que elas


eram destruídas.

A Bíblia de Genebra – 1560.


Com o aumento das perseguições na Inglaterra, no reinado de Maria
Tudor, entre 1553 e 1558, os protestantes ingleses mais eruditos acabaram
fugindo para Genebra, na Suíça. Ali, sob a coordenação de William
Whittingham (c. 1524-1579), eles se lançaram à tarefa de preparar uma nova
tradução da Bíblia para o inglês. Ela passou a ser chamada de Bíblia de
Genebra, tendo sido publicada em 1560. Ela foi a primeira Bíblia em inglês a
utilizar as divisões em versículos, por serem "mais proveitosos para a memória"
e para a localização e comparação das passagens. Ela possuía notas nas
margens, baseadas na teologia reformada. A Bíblia de Genebra dominou o
cenário inglês durante cem anos, até ser substituída pela versão do Rei James,
em 1611.

A Versão King James – 1611.


A Bíblia Rei James (ou Jaime, como costuma ser encontrado em
português, ou até mesmo Tiago), mais conhecida como Bíblia KJV (King James
Version), é uma tradução inglesa da bíblia, sob ordens do rei James I. A
primeira publicação data de 1611, causou um profundo impacto não apenas
nas traduções inglesas posteriores, mas na literatura inglesa como um todo.
Importante não só na literatura inglesa, a Bíblia Rei James também
causou profundo impacto social na Inglaterra do século XVII e inclusive a ela
alguns historiadores relacionam papel importante nas próprias revoluções
inglesas do século XVII. Até hoje esta versão da Bíblia é respeitada entre todos
os cristãos, sendo que até existem grupos que consideram-na a melhor
tradução já feita até hoje da Bíblia.

Versões Brasileiras
Foram muitas as versões brasileiras, mas iremos apresentar algumas que
julgamos mais importantes:
A) Almeida – As versões em língua portuguesa, conhecidas como
Almeida foram as traduções feitas por João Ferreira de Almeida, Ministro do
Evangelho, da Igreja reformada da Holanda, em 1670. Porém, o Novo
Testamento só veio a ser publicado em 1961. Desta tradução foi publicada a
“Edição Revista e Corrigida”, conhecida também como ARC – Almeida Revista
e Corrigida. Depois surgiu a ARA – “Almeida Revista e Atualizada”, publicada
pela Sociedade Bíblica do Brasil em 1948. E esta tradução veio diretamente da
Vulgata Latina para a língua portuguesa.
B) Figueiredo – O padre Antônio Pereira de Figueiredo, partindo da
Vulgata Latina, traduziu integralmente o Novo e o Antigo Testamentos.
Figueiredo incluiu em sua tradução os chamados livros apócrifos que o Concílio
de Trento havia acrescentado aos livros canônicos em 8 de abril de 1546. Esse

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

fato tem contribuído para que a sua Bíblia seja ainda hoje apreciada pelos
católicos romanos nos países de língua portuguesa.
C) Soares – Coube ao padre Matos Soares realizar a tradução mais
popular da Bíblia entre os católicos na atualidade. Publicada em 1930 e
baseada na Vulgata, essa tradução possui notas entre parêntesis defendendo
os dogmas da Igreja Romana. Por esse motivo recebeu apoio papal em 1932.

ESTRUTURA DA BÍBLIA
A Bíblia divide-se em duas partes principais: Antigo e Novo Testamento.
O antigo Testamento foi escrito antes do Nascimento de Cristo, e o Novo
Testamento, depois da morte de Cristo.
A Bíblia tem ao todo 66 livros, 1.189 capítulos, 31.173 versículos, 773.692
palavras e 3.566.480 letras (dependendo da versão)
O Antigo Testamento tem 39 livros, 929 capítulos, 23.214 versículos,
592.439 palavras e 2.728.100 letras (dependendo da versão). A palavra
testamento, usada no hebraico, é “Berith”, que significa “concerto” e “aliança”,
sendo assim, o Antigo Testamento chamava-se “Antigo Concerto” ou “Antiga
Aliança”. Jesus citou as divisões do Antigo Testamento: Lei, Salmos e Profetas
Lc 24.44; Ele aprovou todos os livros do Antigo Testamento, ao citar o caso de
Abel, registrado em Gênesis, o primeiro livro, e mencionou o caso de Zacarias,
filho de Baraquias, registrado em Crônicas, que pela ordem da Bíblia hebraica
é o último livro. O antigo Testamento foi originalmente escrito em hebraico, com
exceção de alguns trechos em aramaico, que foi uma língua herdada pelos
judeus, após o exílio babilônico.
O Novo Testamento tem 27 livros, 260 capítulos, 7.959 versículos,
181.253 palavras e 838.380 letras (dependendo da versão). Foi escrito
originalmente na língua grega. Não o grego “clássico”, falado pelos eruditos,
mas o grego “Koiné”, falado pelo povo comum. No caso, aqui o termo
“Testamento” vem do original grego “Diatheke”, o mesmo que “Concerto”. O
Novo Testamento é um Novo Concerto, selado não mais pelo sangue de
animais Ex 24.8, mas sim selado pelo próprio sangue de Jesus Mc 14.24 e Hb
9.11-15; e portanto, Superior.
A Bíblia em sua forma original é desprovida das divisões de capítulos e
versículos. Para facilitar sua leitura e localização de "citações" o Prof. Stephen
Langton, no ano de 1227 dC a dividiu em capítulos. Até o ano de 1551 dC não
existia a divisão denominada versículo. Neste ano o Sr. Robert Stephanus
chegou a conclusão da necessidade de uma subdivisão e agrupou os texto em
versículos. Até a invenção da gráfica por Gutenberg, a Bíblia era um livro
extremamente raro e caro, pois eram todos feitos artesanalmente (manuscritos)
e poucos tinham acesso às Escrituras.
Encontra-se traduzida em mais de 1000 línguas e dialetos, o equivalente
a 50% das línguas faladas no mundo. Há uma estimativa que já foi

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

comercializado no planeta milhões de exemplares entre a versão integral e o


NT. Mais de 500 milhões de livros isolados já foram comercializados. Afirmam
ainda que a cada minuto 50 Bíblias são vendidas, perfazendo um total diário de
aproximadamente 72 mil exemplares!
Curiosidades da estrutura da Bíblia:
 O capítulo maior da Bíblia é Sl 119.
 O capítulo menor da Bíblia é Sl 117.
 O versículo maior da Bíblia é Et 8.9.
 O versículos menor da Bíblia é Ex 20.13.
 O meio da Bíblia é Sl 118.8.
 A fabricação da menor Bíblia foi realizada em 1875 em
Oxford e mede 2 polegadas.
 Alguns teólogos afirmam ter a Bíblia 32.000 promessas;
366 vezes a expressão: “Não temas”; 2.600 vezes a expressão:
“Assim diz o Senhor” e mais de 250 parábolas.

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

SÍMBOLOS DA BÍBLIA

Existem vários símbolos que podem identificar a Palavra de Deus – a


Bíblia. Vejamos alguns:

A) Fogo. O fogo é um elemento que serve para queimar,


purificar, consumir etc. A Palavra de Deus, como o fogo, purifica nossos
corações, queima nossos pecados e consome nossas transgressões Jr
23.29.

B) Água. A água serve para saciar a sede do sedento. A


Palavra de Deus é a água que sacia a sede da alma Jo 4.10.

C) Comida. Assim como precisamos de alimento para nosso


corpo físico, igualmente o nosso ser espiritual viverá de toda a Palavra
que procede de Deus Jr 15.16.

D) Luz. A luz serve para iluminar, afastar as trevas que nos


impedem de enxergar o caminho a ser trilhado. A Palavra de Deus é
como uma verdadeira luz num mundo de trevas Sl 19.8 e Sl 119.105.

E) Semente. A semente após germinar, cresce e dá fruto,


assim é a Palavra de Deus quando germina na terra (coração do
homem), cresce e dá muito fruto para Glória de Deus Mc 4.4 e14.

F) Espelho. O espelho serve para avaliarmos nossa


aparência e vermos nossos defeitos. A Palavra de Deus é como espelho
que reflete a Glória de Deus e a nossa pecaminosidade 2Co 3.18; Tg
1.25.

G) Espada. Desnuda os pensamentos dos corações


humanos, e com ela golpeamos o inimigo. É a arma do cristão Ef 6.17 e
Hb 4.14.

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

A REVELAÇÃO DE DEUS ATRAVÉS DA


BÍBLIA

“Mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos


ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus
tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo
revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas
perscruta, até mesmo as profundezas de Deus” (1 Coríntios 2.9-
10).
A razão e a natureza dão aos homens a capacidade de descobrir diversos
segredos do universo, porém, não os capacita para explicar e resolver os
problemas mais profundos da existência, tais como sua relação com Deus, o
propósito da existência, e o destino futuro do homem. Estas coisas não podem
ser conhecidas sem uma revelação especial do criador.

A NECESSIDADE DE UMA REVELAÇÃO:

1. É impossível conhecer os atributos de Deus sem uma revelação.


Primeiro, precisamos diferenciar entre a existência de Deus e o caráter de
Deus. As coisas criadas nos falam da existência de um Deus criador, porém,
nada nos dizem acerca de seu caráter, ou seja, se Ele odeia o pecado, se Ele
ama, ou se perdoa. A razão, esse conhecimento natural que todo homem tem,
se limita às coisas do tempo. É preciso da revelação divina para chegar a
conhecer o que não pertence ao reino da natureza. Nenhum dos atributos de
Deus, como a bondade e a onipresença, podem ser conhecidos sem uma
revelação do próprio Deus.

2. É impossível conhecer ou conceber a idéia da Trindade sem uma


revelação.
O homem consegue pensar em um Deus ou em muitos deuses, porém, o
fato de existe um só Deus em três pessoas é impossível conhecer por si
mesmo, nem pela razão e nem pela natureza, mas somente mediante uma
revelação especial desse mesmo Deus-Trino.

3. É impossível conhecer a graça de Deus sem uma revelação.


O mundo não sabe o que é a graça de Deus. A graça é mais do que
compadecimento e longanimidade; é o favor divino para com os pecadores,
manifestado ao enviar Jesus para morrer por eles, para que sejam salvos.

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

Quem poderia imaginar tal plano maravilhoso de salvação para os homens?


Será impossível, sem uma revelação divina.

4. O homem não conhece a origem e o propósito de sua


existência sem uma revelação.
O homem necessita de luz sobre o seu passado, presente e futuro. Muito
de tem especulado sobre o problema da origem do homem, porém, ninguém
conseguiu dar uma solução satisfatória. Somente a revelação de Deus resolve
o problema revelando a verdade de que o homem foi feito por Deus à Sua
imagem e semelhança. Como haveria sido possível conhecer uma coisa que
parece incrível, uma verdade que faz tanto bem a nossas almas? Somente por
uma revelação daquele que fez ao homem.

5. É impossível conhecer o propósito da existência do homem na


terra sem uma revelação.
O homem fracassa por que tem se equivocado quanto a este assunto tão
importante. Muitos crêem que o homem é um acidente da natureza e que sua
existência carece de um verdadeiro propósito. Quando o homem descobre que
sua missão é glorificar a Deus, toda a sua vida muda. Agora compreender que
sua responsabilidade é a de afastar-se do mal e obedecer à vontade de Deus.

6. É impossível conhecer o estado futuro sem uma revelação.


As opiniões dos homens têm sido bastante variadas em relação a isto.
Uns tem dito que a vida se extingue com a morte (deixa de existir); outros têm
dito que há uma reencarnação; e outros têm imaginado um céu de prazeres
carnais. Estas teorias confundem e submergem as pessoas sinceras no
desespero. Como saberemos se a vida não termina com a morte? Como
saberemos acerca do juízo de Deus? Como saberemos que o ‘salário do
pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo
Jesus’? Sem uma revelação o futuro é escuro e incerto. A revelação dissipa as
trevas e ilumina o futuro com as promessas de salvação e alegria eterna com
Cristo.

A PALAVRA DE DEUS:

Através de Jesus Cristo


Deus se comunicou aos homens através de Jesus Cristo. Ele é chamado
nas Escrituras de a ‘Palavra’. Apocalipse 19. 13 diz: “Está vestido com um
manto tinto de sangue, e o seu nome é Palavra de Deus” (NVI).
Algumas versões traduzem ‘Palavra de Deus’ por ‘verbo de Deus’, mas o
sentido é o mesmo: Jesus é a Palavra viva de Deus, a comunicação de Deus
ao homem. O importante não é que Jesus simplesmente fala as palavras de
Deus ou sobre a Palavra de Deus, mas sim que Ele é a Palavra de Deus.

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

Um texto em Hebreus 1 também nos diz algo importante sobre Jesus


como a Palavra de Deus: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e
de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos
falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual
também fez o universo” (Hebreus 1.1-2).
Deus falou muitas vezes no passado, e muitas maneiras, (sonhos, visões,
comunicação audível), através de Seus profetas (porta-vozes), mas nos últimos
dias (a era que começou com a primeira vinda do Messias até a Sua segunda
vinda) Ele nos falou no Filho. O texto acima, extraído da edição atualizada da
tradução de Almeida, diz ‘pelo Filho’, mas a tradução correta deveria ser no
Filho. Pois, além de ser mais exata, modifica em parte o sentido do versículo. O
que o texto quer mostrar claramente é que Cristo não foi simplesmente um
porta-voz pelo qual Deus se comunicou aos homens, mas sim que Ele era o
próprio Filho de Deus e que Nele, não somente por meio Dele, porém, em seu
ser integral, Deus se comunicou com os homens.

Através das Escrituras:


Deus nos fala através de Jesus, a Palavra viva, e nos fala através das
Escrituras, a Palavra escrita. A Bíblia é a Palavra escrita de Deus, única e
absoluta.
No Antigo Testamento, o Senhor comunicou as Suas Leis e
Mandamentos ao povo de Israel, ele ordenou que Suas palavras fossem
colocadas em forma escrita (êxodo 31.18; 32.16; 34.1, 28). Moisés também se
encarregou de escrever as palavras de Deus para orientar aos sacerdotes e
anciãos (Deuteronômio 31.9-13). Josué também escreveu as palavras de Deus
(Josué 24.26). Deus ordenou a Isaías que escrevesse Suas palavras (Isaías
30.8), bem como Jeremias (30.2; 36.2-4; 51.60).
No Novo Testamento, nós não temos uma declaração direta de Deus ou
de Jesus ordenando que se escrevessem Suas palavras. Contudo, Paulo
reivindica que seus escritos são mandamentos do Senhor (1 Coríntios 14.37) e
Pedro reconhece as epístolas de Paulo como ‘Escrituras’, um título usado
apenas para os livros inspirados e autoritativos: “Ao falar acerca destes
assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas
quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis
deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria
destruição deles” (2 Pedro 3.16).

TEORIAS DA INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino,


para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2
Timóteo 3.16).
A doutrina da inspiração bíblica responde a questão ‘como Deus produziu
a Bíblia’. O estudo desta doutrina é muito importante porque a inspiração é a
base para a autoridade da Bíblia. Porque a Bíblia é inspirada, ela é fidedigna.
Porque é fidedigna, ela pode ser a base de toda a autoridade em assuntos de
fé e prática.

TEORIAS DA INSPIRAÇÃO
Inspiração natural:
Segundo esta teoria, não há nenhum elemento sobrenatural na produção
da Bíblia. A Bíblia teria sido escrita por grandes homens que freqüentemente
erraram ao expressar o que eles pensavam sobre a vontade de Deus.
Inspiração parcial:
É a teoria que afirma que a Bíblia contém algumas palavras de Deus, mas
que ela deve ser classificada (“demitologizada”) para podermos encontrá-las.
As demais partes da Bíblia seriam puramente humanas e podem conter erros.
Inspiração conceitual:
Teoria que defende que os pensamentos da Escritura são inspirados, mas
as exatas palavras usadas não são. Segundo os defensores de tal teoria, há
erros factuais e científicos na Bíblia.
Inspiração ditada:
A teoria que declara que os escritores passivamente registraram as
palavras de Deus sem qualquer participação de seus próprios estilos ou
peculiaridades. Esta teoria foi abandonada no final do século XIX.
Inspiração aprovada posteriormente:
Teoria que defende que os homens escreveram os livros da Bíblia e a
Igreja os aprovou. Ela (a teoria) foi modificada mais tarde com a idéia de que o
Espírito Santo teria dado uma assistência aos escritores, impedindo-os de
cometer erros, sem interferir com outra influência.
Inspiração formal e não material:
Esta teoria afirma haver Deus inspirado o conteúdo das Escrituras e não a
expressão verbal, fruto do talento e da capacidade dos escritores sagrados.
Esta teoria foi modificada em sua parte metodológica, isto é, não se deveria
da afirmativa de que “Deus é o autor”, mas da noção teológica de inspiração
divina.

Inspiração verbal e plenária:

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

Esta teoria defende que as exatas palavras da Bíblia são inspiradas e


sem erro. Nós cremos que esta é a doutrina da inspiração que combina melhor
a descrição que a Bíblia da inspiração.
Nós aceitamos a inspiração verbal e planária:
1. Porque a Bíblia a reivindica:
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a
repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Timóteo 3.16).
Ao defendermos a inspiração plenária e verbal nós contamos com um
grande aliado – a própria Bíblia. A palavra “inspirada” ou soprada indica que
Deus falou (ou soprou) o conteúdo bíblico aos escritores humanos. A palavra
“toda” indica que a Bíblia foi plenamente inspirada por Deus.
2. Porque a Bíblia a descreve:
A Bíblia é formada por escritos (ou escrituras) que são inspirados por
Deus (2 Timóteo 3.16). Os escritores humanos das Escrituras foram
capacitados pelo Espírito Santo (2 Pedro 1.20, 21).
Deus supervisionou os escritores e escritos (2 Pedro 1.21). Nenhuma
palavra da “profecia” (toda a revelação escrita de Deus) bíblica teve origem na
vontade humana. Os escritores foram “movidos” ou impelidos pelo Espírito
Santo.
A Escritura descreve a interação “Deus-Espírito Santo-Homem”. Deus
falou aos homens por meio do Seu Espírito (Zacarias 7.12). Deus falou por
meio do Espírito Santo aos seus servos (Atos 4.24, 25 – no caso, a Davi).
Deus não usou apenas um, mas usou diversos métodos de inspiração.
Por exemplo: Em certas ocasiões, Deus ditou diretamente as exatas palavras
que Ele desejou que os homens escrevessem (Ver Deuteronômio 9.10). Deus
também supervisionou a pesquisa de “iniciativa” humana (Lucas 1.1-4).
Outras vezes, Deus usou a revelação falada (Gálatas 1.12) para comunicar
Sua vontade aos homens.

O SIGNIFICADO DA INSPIRAÇÃO
Distinções:
É importante distinguir entre inspiração e revelação e iluminação. A
revelação tem a ver com a origem e conteúdo da verdade (1 Coríntios 2.10); a
inspiração tem a ver com o registro da verdade (2 Timóteo 3.16) e a
iluminação tem a ver com o entendimento da verdade (1 Coríntios 2.13, 14).

Definição de inspiração
A inspiração é a qualidade sobrenatural que tem as Escrituras como
resultado da obra do Espírito Santo ao guiar os escritores humanos, sem
anular sua personalidade, a consignar sem erro a revelação divina nas
palavras dos manuscritos originais.

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

OS OITO ELEMENTOS DA DEFINIÇÃO


1. As Escrituras são inspiradas, não tanto os escritores humanos, que
foram apropriadamente guiados ou impulsionados.
2. O autor da inspiração é o Espírito Santo.
Há indiscutivelmente um jogo de palavras no transfundo desta doutrina.
No grego, a palavra para ‘sopro’ e ‘espírito’ é a mesma, pneuma. As Escrituras
têm sua origem no sopro de Deus que também pode significar Seu Espírito. Foi
a terceira pessoa da Trindade que agiu na produção das Escrituras (2 Pedro
1.21; 2 Samuel 23.2-3; Marcos 12.36; Atos 1.16; 4.24, 25).
3. A Bíblia é um livro teantrópico.
Em contraste com as posições incorretas que dizem que a Bíblia é um
livro humano ou puramente divino, a posição bíblica é que ela um livro (de
theos, ‘Deus’) antrópico (de antrhopos, ‘homem’), ou seja, é um livro divino-
humano. Neste sentido existe um paralelismo entre a palavra escrita e a
palavra encarnada, pois ambas têm as duas naturezas.
4. A Personalidade dos escritores humanos não foi anulada.
Assim como o rolo, o pincel e a pistola deixar sua marca particular na
parede que pintam, os escritores humanos deixaram a marca de sua
personalidade nas Escrituras.
5. A Ausência de Erros.
A ação sobrenatural do Espírito na produção das Escrituras resultou na
completa ausência de erros de qualquer tipo.
6. A Revelação Divina.
Ficou registrado na Bíblia não o que aos autores pareceu melhor, mas
sim o que Deus escolheu dar a conhecer de Sua vontade.
7. As Palavras.
São inspiradas não somente as idéias, mas sim as palavras (Êxodo 2.7;
4.12; Ezequiel 2.7; 1 Coríntios 2.13). As idéias se comunicam através das
palavras; as palavras são os veículos que transportam as idéias.
8. Os Manuscritos Originais foram inspirados.
Há quem sustente que as cópias são inspiradas, outros dizem que há
erros nelas. Por outro lado, as cópias e as versões que temos são adequadas.
Graças à ciência da crítica textual nós podemos dizer que para todo propósito
prático temos em nossas mãos a Palavra de Deus.

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

INERRÂNCIA – INTEGRIDADE DAS


ESCRITURAS

“A lei do SENHOR é perfeita e restaura a alma; o testemunho


do SENHOR é fiel e dá sabedoria aos símplices” (Salmos 19.7).
A doutrina da inerrância responde à pergunta ‘a Bíblia tem erros?’

A doutrina da inerrância dá suporte à autoridade da Bíblia. As Escrituras


têm autoridade divina somente se for ela não tiver erros. Se ela contiver erros,
então, não podemos aceitá-la como uma revelação de Deus. Contudo, o
testemunho da própria Escritura é que ela é perfeita e inerrante. Portanto, nós
podemos confiar plenamente nela.

DEFINIÇÃO DE INERRÂNCIA
A maneira mais simples de definir o conceito de inerrância bíblica é
afirmar que “A Escritura não tem erros. Ela conta somente a verdade”.

As Escrituras dizem que Deus não mente: “Deus não é homem, para
que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo
ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?” (Números
23.19).

O Salmista afirmou que todas as palavras de Deus são puras: “As


palavras do SENHOR são palavras puras, prata refinada em cadinho de
barro, depurada sete vezes” (Salmos 12.6).

Jesus Cristo também declarou que a Palavra de Deus é a verdade:


“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17.17).

Nós podemos confiar que a Bíblia não tem erros porque ela é a própria
verdade. É importante entendermos, porém, que a inerrância das Escrituras se
limita aos manuscritos originais, que não registram nada contrário aos fatos
sobre os quais testemunha. A Bíblia é pura e perfeita nas linguagens originais
nas quais as suas palavras foram escritas, mas pode haver imperfeições no
que diz respeito às versões e traduções da Bíblia.

E, como já foi ligeiramente comentado mais acima, quando dizemos que a


Bíblia é a verdade absoluta, isso não significa que ela contém todos os
detalhes de toda a verdade divina, pois ela mesma afirma existir ‘coisas
encobertas’ ao nosso conhecimento, mas conhecidas por Deus (Deuteronômio

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

29.29). Porém, em tudo que Deus quis revelar-nos, a Bíblia é a perfeita


verdade. Tudo o que ela diz sobre qualquer assunto que ela comenta é a
verdade.

ARGUMENTOS A FAVOR DA INERRÂNCIA

Os argumentos primários para a inerrância são bíblicos, históricos e


epistemológicos em natureza.

O ARGUMENTO BÍBLICO:
A essência da crença na inerrância e infalibilidade da Bíblia é o
testemunho da própria Escritura. Alguns acham que a inerrância não é
ensinada explicitamente nas Escrituras, mas sim, implicitamente. O consenso
atual é que a inerrância é tanto explícita quanto implícita.

1. A Bíblia ensina sua própria inspiração divina e isso requer que ela
seja inerrante. As Escrituras são ‘o sopro’ de Deus (2 Timóteo 3.16), e isso
garante que as suas palavras não contenham erros.
2. Em Deuteronômio 13.1-5 e 18.20-22, Israel recebe o critério para
distinguir entre uma mensagem e mensageiro de Deus das falsas
profecias e profetas.
3. A Bíblia ensina sua própria autoridade, e isto requer inerrância. As
duas passagens mais usadas são Mateus 5.17-20 e João 10.34-35. Ambas são
registradas nas palavras de Jesus. Na primeira, Jesus diz que os céus e a terra
passarão antes que o menor detalhe da lei falhasse. A autoridade da lei
descansa no fato de cada pequeno detalhe será cumprido. Em João 10, Jesus
diz que a Escritura não pode falhar e assim Ele mostra que ela está
absolutamente interligada. Embora seja verdade que ambas as passagens
enfatizam a autoridade da Bíblia, esta autoridade somente pode ser justificada
ou fundamentada na inerrância.

O ARGUMENTO HISTÓRICO:
Um Segundo argumento para a inerrância bíblica é que esta tem estado
na concepção da igreja ao longo da história. Alguém deve lembrar que se a
inerrância foi parte do corpo de doutrinas ortodoxas, então em muitas
discussões ela foi mais assumida do que defendida

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

Os dois grandes reformadores, Lutero e Calvino, deram testemunho da


infalibilidade bíblica. Lutero disse, “Qualquer um, de fato, sabe que às vezes
eles [os pais da Igreja] erraram como os homens fazem; portanto, eu estou
pronto a confiar neles apenas quando eles provam suas opiniões a partir das
Escrituras, as quais nunca erraram”. Embora Calvino não use a frase “sem
erro”, ninguém questionaria que ele abraçou a inerrância. Acerca dos escritores
dos Evangelhos, ele comenta: “O Espírito de Deus parece ter, propositalmente,
regulado seus estilos de tal maneira que eles escreveram uma e a mesma
história, com a mais perfeita concordância, mas de diferentes maneiras”.

Nos tempos modernos, alguém poderia citar as obras dos teólogos de


Princeton - Archibald Alexander, Charles Hodge, A. A. Hodge, e B. B. Warfield
– como os modernos formuladores e defensores da plena inerrância das
Escrituras.

A ABRANGÊNCIA DA INERRÂNCIA:
Quando nós afirmamos que a Bíblia não contêm erros, muitos críticos
logo tentam apontar os aparentes erros encontrados nas Escrituras. Esses
supostos erros têm a ver com detalhes que ‘cientificamente’, segundo os
opositores dizem, são imprecisos ou errados. Além disso, eles também atacam
o fato de os autores fazerem citações sem indicar a fonte, usarem figuras de
linguagem que ‘humanizam’ Deus e relatos diferentes do mesmo evento.

O principal objetivo das Escrituras foi o de comunicar de maneira


permanente a mensagem do amor de Deus pelo homem. Deus usou a
linguagem humana mais corrente e mais compreensível para comunicar Seu
plano.

Porque a Bíblia usa a linguagem do escritor humano, nós lemos que o ‘sol
nasce’ ou ‘se levanta’ e a ‘chuva cai’. Os cientistas podem objetar que esta
linguagem é imprecisa e incorreta do ponto de vista científico, mas não do
ponto de vista do observador comum.

Quando uma pessoa comum olha para o sol, a impressão que se tem é
que a terra está parada e o sol é quem se move. Assim, nós dizemos que pela
manhã o sol nasce ou se levanta e à tardinha ele se põe. Nós usamos essa
linguagem constantemente e é plenamente aceita e usada na literatura secular
e mundial sem qualquer questionamento sobre a sua veracidade.

Se usarmos sempre uma linguagem científica precisa para nos


comunicarmos com as outras pessoas, nós criaremos uma elite onde somente
seria possível se comunicar com os experientes conhecedores dos detalhes
científicos dos fatos observados corriqueiramente. A vida se tornaria um tédio!

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

As Escrituras não é um tratado científico, mas não descreve nada que


seja contrário à ciência, se levarmos em consideração a linguagem usada pelo
escritor humano, cujo propósito era comunicar o pensamento de Deus de
maneira inteligível pelo leitor comum.
O mesmo princípio se aplica aos números usados nas Escrituras.
Alguns acusam a Bíblia de erros porque um escritor fornece um determinado
número e outro fornece um número diferente. A questão é de simples
compreensão, o propósito era comunicar a verdade central. Sendo o propósito
principal comunicar e fazer-se entender, não há nada de errado ou mentiroso
em ser impreciso a respeito dos números empregados nos relatos.
Tomemos como exemplo os noticiários que relatam as catástrofes
naturais e os atentados terroristas. Quando o fato é divulgado, eles dizem que
‘o atentado terrorista de hoje matou quarenta pessoas’ ou, ‘5.000 corpos ainda
não foram encontrados nos escombros do prédio que desabou’. Eles não
divulgam estes números porque eles contaram cada corpo ou pessoa que
estava no lugar, portanto, este número não é exato, mas sim uma estimativa
geral do possível número de vítimas. O mesmo se dá quando a Bíblia não é
precisa a respeito dos números divulgados, ainda que em certas ocasiões ela
seja bastante precisa.
O mesmo se dá com respeito às medidas de distância. Se alguém me
pergunta ‘onde você mora?’, e eu digo que moro ‘perto da Praça do Alto da
Conceição’, eu não estou sendo detalhista e nem estou sendo preciso, mas
nem por isso estou sendo mentiroso.
Da mesma maneira, a Bíblia não precisa ser detalhista e precisa em todas
as coisas não essenciais ao que ela deseja comunicar para ser verdadeira. Ele
é verdadeira em tudo o que ela diz, mesmo quando ela usa linguagem comum
para descrever os eventos naturais e ‘arredonda’ os números para fornecer
uma idéia aproximada de quantidade ou distância.

COMO RESPONDER ÀS ACUSAÇÕES DE ERRO NA BÍBLIA


Não é de hoje que as pessoas procuram erros na Bíblia, mas ela não tem!
Porém, as pessoas estão sempre ‘fuçando’ em busca de algum erro na Bíblia,
na maioria das vezes, para que não se sintam culpados por causa de um
comportamento condenado pela Bíblia.

Como cristãos que crêem na autoridade e inerrância da Bíblia, nós


precisamos saber como responder às supostas acusações de que há erros na
Bíblia. Há várias maneiras de responder e nós queremos apresentar alguma
delas.

1. Quando alguém diz que a Bíblia contém algum erro, pergunte


‘onde estão esses erros’. A maioria das pessoas que falam dos erros na
Bíblia não sabe quais são esses erros ou onde eles se encontram na Bíblia.

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

2. Quando uma passagem apresenta alguma dificuldade de


entendimento – e são bem poucas – e parece que há um erro ali, é importante
examinar de perto o texto e o contexto antes de chegar a uma conclusão
definitiva. Na maioria das vezes, um exame detalhado do texto bíblico dissipará
toda dúvida e aparentes erros.

Se você não conhece as línguas originais (hebraico e grego; e aramaico


para algumas pequenas passagens), você pode usar um comentário bíblico ou
uma versão ‘interlinear’ da Bíblia, juntamente com um dicionário de palavras
como o de Strong ou Vine.

Apesar de podermos resolver a maioria dos supostos erros através do


estudo sério, e levando em consideração tudo o que já foi falado sobre a
inerrância, é possível que alguns pouquíssimos textos das Escrituras ainda não
possam ser compreendidos em sua plenitude devido aos limites de nosso
conhecimento. Isso, é claro, não é um problema da Bíblia, mas sim, nosso
problema. A Bíblia não contêm erros somente porque eu não consigo entender
tudo o que está escrito nela.

COMO A REJEIÇÃO DA INERRÂNCIA AFETA A FÉ CRISTÃ


O estudo da inerrância não pode ser considerado um tema de menor
importância, pois a negação desta doutrina afeta profunda e negativamente a
fé cristã. Vejamos:

1. Se a Bíblia contêm erros, então nós não podemos levar a sério as


demandas de Deus para que sejamos puros, justos ou santos, pois um Deus
que mente não pode exigir de ninguém um comportamento moral correto.

2. Se não aceitarmos que a Bíblia não tem erros, nós passaremos a


questionar se podemos realmente confiar em tudo o que Deus diz.

3. A rejeição da inerrância nos leva a rejeição das demais doutrinas


bíblicas importantes e até essenciais à nossa salvação. Se não podemos
confiar na veracidade da Bíblia, como poderemos aceitar qualquer
ensinamento dela sobre a necessidade de conversão ou suficiência da obra de
Cristo?

4. Se rejeitarmos a inerrância, nós rejeitaremos também a autoridade da


Bíblia. O resultado será simplesmente que não teremos nenhuma verdade
absoluta e nenhuma autoridade final para determinar o que é certo ou errado
ou o que é de Deus e o que não é ou o que é pecado e o que não é. E, isso
resultará numa derrocada total da moral cristã, que é a expressão da moral do
próprio Deus.

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:

BARREIRA, Júlio Trebolle. A Bíblia judaica e a Bíblia cristã. Introdução à


história da Bíblia. Tradução Pe. Ramiro Mincato, Petrópolis: Vozes, 1995.

BÍBLIA – Revisada e Atualizada no Brasil. São Paulo: SBB, 1998.

CONAY, Joan. Quem é quem no Antigo Testamento. Tradução Laura


Rumchinsky, Rio de Janeiro: Imago Editora, 1998.

FRANCISCO, Clyde T. Introdução ao Velho Testamento. Tradução de


Antônio Neves de Mesquita, Ed. JUERP, 1995, Rio de Janeiro.

SILVA, José Apolônio. Sintetizando a Bíblia. Rio de Janeiro: Casa


Publicadora das Assembléias de Deus, 1984.

GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Edições Vida Nova,


1ª Ed., 1999.

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

QUESTÕES DE BIBLIOLOGIA I

Obs: Todas as questões são compostas de quatro alternativas, sendo que,


somente uma destas alternativas devem ser marcadas.

1ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:

A) A Escritura é plena e verbalmente inspirada por Deus.


B) Bibliologia é o estudo das Escrituras, incluindo sua definição, inspiração,
inerrância.
C) Deus NÃO se revelou aos homens de várias maneiras, porém, a Sua
revelação está registrada eternamente na Palavra de Deus, a Bíblia.
D) A Bibliologia também explica o que é a iluminação e como se dá o
processo da revelação dos pensamentos de Deus ao homem.

2ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA CORRETA:

A) O Antigo Testamento é formado por 27 livros, enquanto o Novo


Testamento é formado por 39 livros.
B) A versão dos LXX é a tradução do Hebraico para o Latim.
C) Os cristãos nunca usaram o termo grego plural “ta bíblia”.
D) Mesmo contendo diversos livros (66), a Bíblia apresenta uma unidade na
diversidade.

3ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:

A) O vocábulo “Bíblia” foi empregado pela primeira vez, cerca do ano 400
d. C.
B) O papiro era uma planta aquática que crescia junto aos rios, lagos e
banhados do Oriente.
C) O papel inventado pelos chineses.
D) A Bíblia foi originalmente escrita em forma de livro.

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MÓDULO: Introdução a Teologia e Bibliologia I

4ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:

A) O códice era formado de várias folhas de papiro ou pergaminho


sobrepostas e costuradas.
B) A princípio, os livros sagrados não estavam reunidos uns aos outros
como os temos agora em nossa Bíblia.
C) Os rolos sagrados das Escrituras Hebraicas não são mais usados nas
sinagogas judaicas.
D) O comprimento médio de um rolo bíblico estava entre 9 e 11 metros.

5ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:

A) A Bíblia foi escrita em um período de 3000 anos.


B) Moisés começou a escrever os primeiros cinco livros da Bíblia um pouco
antes de 1400 A.C.
C) O apóstolo João escreveu o último livro da Bíblia, Apocalipse, por volta
de 95 A.D.
D) Os escritores da Bíblia eram homens de diversas classes.

6ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:

A) A Septuaginta nunca foi usada como base para outras traduções da


Bíblia.
B) Os líderes do judaísmo em Alexandria foram responsáveis pela tradução
da Septuaginta.
C) Chama-se Vulgata a versão latina da Bíblia, que foi usada pela Igreja
Católica Romana.
D) Figueiredo incluiu em sua tradução os chamados livros apócrifos.

7ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA CORRETA:

A) A palavra testamento, usada no hebraico, é “Hessed”.


B) O Novo Testamento foi escrito originalmente na língua grega.
C) A Bíblia sempre teve as divisões de capítulos e versículos.
D) O capítulo maior da Bíblia é o Salmo 118.

8ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA CORRETA:

A) A fabricação da menor Bíblia foi realizada em 1875 em Oxford e mede


10 polegadas.
B) A Bíblia encontra-se traduzida em mais de 1000 línguas e dialetos.
C) O meio da Bíblia é Salmo 23.2.

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D) A Bíblia possui menos de 250 parábolas.

9ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:

A) A doutrina da inspiração bíblica responde a questão ‘como Deus


produziu a Bíblia’.
B) A Teoria da Inspiração Parcial afirma que a Bíblia é completamente a
Palavra de Deus.
C) A Teoria da Inspiração Ditada foi abandonada no final do século XIX.
D) A Teoria da Inspiração Verbal e Plenária defende que as exatas
palavras da Bíblia são inspiradas e sem erro.

10ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA CORRETA: Podemos


afirmar com certeza em relação a Revelação, Inspiração e iluminação:

A) A revelação tem a ver com a origem e conteúdo da verdade.


B) As palavras são inspiradas, menos as idéias.
C) A personalidade dos escritores foi anulada.
D) Os Manuscritos Originais foram parcialmente inspirados.

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