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FACULDADE BOAS NOVAS DE CIÊNCIAS TEOLÓGICAS, SOCIAIS E

BIOTECNOLÓGICAS
BACHARELADO EM CIÊNCIAS TEOLÓGICAS

MARIA DA CONCEIÇÃO FROTA QUEIROZ

KARL BARTH E A TEOLOGIA DA PALAVRA DE DEUS

Manaus - AM
2019
MARIA DA CONCEIÇÃO FROTA QUEIROZ

KARL BARTH E A TEOLOGIA DA PALAVRA DE DEUS

Trabalho apresentado ao
professor Fanuel Santos para obtenção
de nota total na disciplina de Teologia
Contemporânea do Curso de
Bacharelado em Ciências Teológicas
Faculdade Boas Novas.

Manaus - AM
2019
Karl Barth nasceu em Basiléia, Suíça em 10 de maio de 1886. Era filho de Fritz
Barth, um ministro reformado e professor do Novo Testamento e História da Igreja na
Universidade de Berna, na Suíça. Sua educação inicial foi como membro da Igreja
reformada Suíça por seu pastor Robert Aeschbacher.

Estudou nas universidades de Bern, Berlim, Tubingen e Marburg. Suas


principais influências acadêmicas foram Adolf von Harnack, Hermann Gunkel, Adolf
Schlatter e Willhem Hernnmann.

Foi pastor assistente da paróquia reformada suíço-alemã de Genebra e, em 1911,


iniciou o pastorado numa pequena igreja reformada no interior da Suíça, em Safenwill
onde ficou até 1921. Por essa época tornou-se socialista cristão, participou de ações
políticas e ajudou a organizar um sindicato. Em 1915, filiou-se ao Partido Social
Democrata. Mas, com o início da I Guerra Mundial, Barth viu sua fé liberal abalada,
assim como seus ideais socialistas. Barth percebeu que a teologia liberal de nada serviu
em sua tarefa de pregar ao povo de Safenwill. Durante esses anos conheceu Eduard
Thurneysen (1888-1997), pastor em Leutwill, e resolveram buscar uma resposta ao
desafio da pregação. Durante quatro anos Thurneysen estudou Dostoievsky, e Barth
estudou Kierkegaard, e os escritos de Martinho Lutero e João Calvino.

Esteve com pregador pietista Christoph Blumhardt em Wurtemberg, e foi


convencido de forma irreversível da realidade da vitoriosa ressureição de Cristo. Como
fruto desses estudos, em 1919, publicou a Carta aos Romanos que teria uma segunda
edição totalmente reformulada em 1920. A cara aos Romanos é considerada o texto
mais representativo da teologia dialética, enfatiza a transcendência de Deus, Deus como
“absolutamente outro”, a “distinção qualitativa infinita” entre Deus e o homem.

A teologia passou a ser o estudo não de filosofia ou experiência religiosa, mas da


Palavra de Deus. Tal foi a reação e m todos os ambientes teológicos da época, em
particular no protestantismo alemão que chegou a declarar:

“Pareço mais um rapaz que, subindo ao campanário da igreja paroquial, puxa


uma corda ao acaso e, sem querer, coloca em movimento o sino maior: trêmulo e
amedrontado, percebe que acordou não apenas sua casa, mas também a aldeia inteira”.

Em 1921, Karl Barth é nomeado “professor honorário de teologia” na


universidade de Gõttingem.
Em 1926, vai para Münster, na Westfália, busca a linha teológica original e
independente, que se manteria até hoje. Em 1927, inicia a publicação da obra “A
dogmática a exemplo da Carta ao Romanos continua se utilizando da linguagem
existencialista Kierkegaard-Diana para exprimir a mensagem cristã. “A Palavra de
Deus” afirma ele, “é um conceito só acessível ao pensamento existencial. Certamente,
Barth não subordina a revelação ao existencialismo na mesma medida de Bultmánn.
Entretanto, nesse primeiro projeto de teologia sistemática, a “Palavra de Deus” é de tal
modo condicionada pela antropologia existencialista que, concluído o primeiro volume,
Barth se dá conta que não pode mais continuar trilhando aquele caminho e em 1932
retoma o projeto do início com a dogmática eclesiástica.

Em 1931, conclui seu estudo sobre o Fides Quaerens Intellectum de Santo


Anselmo – tendo melhor conhecimento sobre a natureza e a função da teologia. Entende
que sua tarefa não é acentuar a distância entre homem e Deus e, sim penetrar no
significado do conhecimento de Deus que é colocado à disposição do homem na
revelação. Entende que só através da analogia da fé se entende Deus e sua revelação.

O abandono da dialética em favor da analogia da fé Barth substitui a dogmática


cristã pela dogmática eclesiástica absorvendo a maior parte do tempo de nosso teólogo a
partir de 1930.

Em seus anos de vida pastoral Barth aprendeu uma grande lição de que o
Evangelho deve ser também um conhecimento do juízo de Deus sobre as decisões, os
empreendimentos e os programas humanos confrontando-o sempre a uma situação
presente. Ele avaliou seus comportamentos diante dos grandes acontecimentos
históricas de sua época aos profetas de Israel.

Em 1933 quando Hitler subiu ao poder, Barth era professor de teologia em


Bronn. Neste cenário de cumplicidade ao nazismo surge o movimento dos “cristãos
alemães” com enfoque nas palavras chave do nazismo: “nação, raça, Führer”.

Barth denunciou tanto os erros do nazismo como as aberrações da “Igreja


Evangélica da Nação Alemã”.

Com coragem similar a dos mártires durante a época as perseguições romanas,


Karl Barth, Dietrich Borihoeffer e Martin Niemoeller sustentaram e guaram a
resistência da igreja evangélica contra a agressão do nazismo. Em 31 de maio de 1934,
Barth e Niemoeller redigiram o documento “Confissão de fé de Barmen” onde ressalta o
valor de Jesus Cristo como única revelação da Palavra de Deus.

Em 1935, Barth foi expulso da Alemanha e voltou a Basiléia, sua cidade natal.
Dedicou-se a escrever publicando livros e artigos para revistas de temas religiosos
variados, prepara conferências e sermões e lança os fundamentos da resistência
espiritual ao nazismo em todo o mundo.

Com o fim da segunda guerra mundial as potências aliadas ameaçavam extinguir


a nação alemã, Barth assumiu sua defesa e, com a audácia que só a caridade pode
inspirar, escreveu: “Dar coragem aos alemães no modo justo, no modo que hoje se
impõe! Que outros possam unir-se ao nosso esforço!”.

Em 1948, participou ativamente da conferência Ecumênica de Amsterdã e


contribuiu eficazmente para a retomada do movimento ecumênico. Estabelecendo um
diálogo com alguns pensadores católicos demonstrando um interesse pelo Concílio
Vaticano II onde via a possibilidade de um novo Pentecostes, apresentando como
exemplo para as igrejas evangélicas. Morreu em Basiléia em 10 de dezembro de 1968.

A vasta produção teológica de Karl Barth pode ser dividida em quatro grupos
principais: obras exegéticas, históricas, dogmáticas e políticas.

A) obras exegéticas – a principal foi a 2ª edição da Carta aos Romanos em 1922,


explicações da Epístola aos Filipenses em 1927 e pregações de versículos da
sagrada escritura.
B) Obras históricas – durante a elaboração da carta aos Romanos, Barth entra em
confronto com a teologia do fim do século XIX e do princípio do Século XX.
Em 1923, publica uma série de respostas ao professor Harnack; na sequência a
Ludwig Feuerback e a Schleiermacher. Seus principais escritos históricos
apresenta uma teologia protestante – durante o período do Iluminismo e os
relatos dos grandes teólogos do século XIX que aplicaram a teologia protestante
as conquistas da “filosofia das luzes”.
C) Obras dogmáticas – dentre várias estão A Palavra de Deus e a Teologia –
Munique, 1924, A Doutrina da Palavra de Deus. Prolegômenos a uma
Dogmática Cristã, Munique, 1927 (primeiro esboço de sua teologia sistemática).

Em 1932, inicia a publicação de a Dogmática Eclesiástica: Das Evangelium Und


Gesetz – Munique – 1935 – um estudo sobre as relações entre graça e obediência, sobre
justificação e santificação; Conhecimento de Deus e Serviço de Deus – Zurique, 1938,
comentário à confissão de fé escocesa apresentam na Inglaterra no quadro das Gifford
Lectures; Esboço de uma Dogmática – Zurique, 1947, Lições Sobre o Credo
ministradas aos estudantes de Bonn – onde faz uma análise de todo os caminhos
percorridos como estudante, como professor. Sua obra prima teológica Die Kirchliche
Dogma Tik – por causa de sua morte, não foi completada.

D) Obras políticas – nesta área se destaca Justificação e Direito.

Para entender o conceito de teologia de Barth deve-se atentar para o título dos
seus Tratados de Dogmática Cristã. Para Barth a fundamentação da teologia está na
figura de Cristo é qual podemos entender: Deus acima do homem e Deus com o homem.

Defende a teologia eclesiástica como tarefa da igreja e na sua missão de pregar a


Palavra de Deus estudando-a, reexaminando-a, criticando-a e retificando-a com base
nos apóstolos e nos profetas.

No relacionamento entre filosofia e teologia há uma diversidade de objeto –


natural o da filosofia e sobrenatural o da teologia. A teologia, diz Barth constitui-se de
dois elementos, um formal (a filosofia) e um material (a Revelação). Para ele a
Revelação é um acontecimento que não cabe investigação, portanto, a filosofia não é
princípio substancial da teologia.

Por que razões a analogia da fé é aceitável e não a analogia do ser? A analogia


do ser que considera dizer algo de Deus, de sua natureza, dos seus atributos, partindo do
ser das criaturas é repelida por Barth em virtude da infinita diferença qualitativa que
separa Deus de suas criaturas e do conhecimento e da linguagem do homem. Portanto,
só a analogia da fé é um método aceitável, só a Revelação pode fornecer ao homem
conceitos análogos de Deus.

E na disposição do homem a conhecer a Deus é fundamentada por Deus, dada


por ele. Assim como a Palavra não pode ser conhecida pelo homem, mas apenas
reconhecida como se vê, está sempre presente o princípio geral que inspira a teologia
barthiana: o movimento é sempre do alto para baixo, de Deus para o homem.

Assim como para Lutero e Calvino, para Barth a Palavra de Deus tem um
significado mais amplo do que aquela da Escritura Sagrada – é um conjunto da auto-
manifestação divina e assume três aspectos ou formas: a Revelação, a Bíblia e a
pregação.
A Palavra de Deus, com efeito, é o ângulo escolhido pelo teólogo de Basiléia
para compreender e explicar todos os mistérios do cristianismo.

Von Balthasar (sacerdote, teólogo e escritor suíço) e Bovillar (teólogo jesuíta


francês) fazem algumas considerações sobre a obra barthiana: o primeiro e maior mérito
é o primado absoluto que ele dá a Deus, a Cristo, a Revelação e a fé.

Segundo mérito e o de reconhecer como única norma absoluta a Revelação


divina tal como foi conservada na Grande Escritura.

Um outro mérito pode ser identificado na analogia da fé.

A última crítica diz respeito a doutrina trinitária. Nela, a real distinção entre as
três pessoas divinas parece gravemente comprometida por um cristocentrismo que tende
a transformar-se sistematicamente em cristomonismo.

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