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PNEUMATOLOGIA

INTRODUÇÃO

O termo Pneumatologia deriva-se da justaposição de dois vocábulos gregos: Pneuma =


espírito e logia = estudo (estudo sobre o Espírito Santo).

Durante muitos séculos o ensino nessa área não passou do trato reverente, senão
abstrato, de mais um dogma da Igreja. Com o advento, porém, do movimento
carismático que vem envolvendo o mundo inteiro a partir do início do século XX, a
doutrina do Espírito Santo vem se tornando algo desafiante e experimental. Tal
fenômeno, com efeito, tem sido como “água sobre o sedento e torrentes sobre a terra
seca”, Is. 44.3. Em termos de Brasil, como afirmou certo sociólogo na década de 70,
“neste país só existem duas forças conflitantes que merecem destaque: o Espiritismo e o
Pentecostalismo. ”
As denominações históricas que tanto enfatizam a pessoa de Cristo, de fato ainda se
encontram polarizada em duas crenças que determinam sua vida prática: a fé no Cristo
histórico (que veio ao mundo, morreu na cruz, ressuscitou ao terceiro dia e foi assunto ao
céu) e a fé no Cristo escatológico (que um dia virá outra vez). Qual é, pois, o lugar do
Cristo atual, do aqui e do agora? Não afirmou Ele que estaria conosco todos os dias até a
consumação dos séculos?
Não podemos compreender o Cristo do presente senão através do ministério distinto do
Paracleto divino. Ou a igreja assume a pessoa e obra do Espírito como algo decisivo para
sua vida e trabalho, ou sua fé será mais reduzida a uma abstração impotente para lidar
com os poderes do abismo que já estão aí para as sortidas finais. Estudar Pneumatologia
agora significa lançar mão da chave que abrirá os demais compartimentos da fé
evangélica e do próprio reino de Deus. O mundo inteiro encontra-se sob um cerco
espiritual. Estudamos, pois, este assunto com coração sincero, desejoso de experimentar
a operação do Espírito Santo em nossas vidas. Amém.

A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO


Concepções errôneas têm levado muitos a ensinarem que o Espírito Santo é “uma força
ativa “, “uma influência divina” ou “a ação viva de Deus no mundo”. Quando, porém,
verificamos essa matéria a luz das Escrituras, observamos que o Espírito Santo apresenta
todas as características básicas de uma pessoa querer (At. 16.6-7), pensar (Rm. 8.27) e
sentir (Is. 63.10). Transcrevemos a seguir o que nos ensina R. A. Torrey sobre a
personalidade do Espírito Santo.

Características pessoais atribuídas ao Espírito Santo


• Conhecimento; 1ª Cor. 2.10-11; Rm. 8.27
• Amor; Rm. 15.30
• Amor; Rm. 15.30
• Investigação;1ª Cor. 2.10
• Fala; Ap. 2.7
• Intercessão; Rm. 8. 26
• Clamor; Gl. 4.6
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• Testificação; Jo.15.26
• Ensino; Jo.16.12-14; Ne. 9.20; Jo. 14.26
• Comando; At. 20.28
• Consolo; Mc. 14.16-17

Reações próprias de uma pessoa


• Contenda; Gn. 6.3
• Ressente-se; Is. 63.10; Ef. 4.30
• Pode ser blasfemado; Mt. 12.31-32
• Pode ser ultrajado; Hb. 10.29
• Pode indignar-se; At. 5.3
• Pode ser extinto; 1ª Ts. 5.19

A deidade do Espírito Santo


• O Espírito Santo é Eterno; Hb. 9.14
• O Espírito Santo é Onipresente; Sl. 139.7- 10
• O espírito Santo é Onipotente; Lc. 1.35
• O Espírito Santo é Onisciente; 1ª Cor. 2.10.11
O Espírito Santo não é apenas uma pessoa, Ele é Deus. Tanto é dotado de todos os
atributos da divindade, como coopera com o Pai e o Filho em todas as obras de Deus.
Ao Espírito Santo são atribuídas as prerrogativas de criar (Jó 33.4; Sl. 104.30); de repartir
vida (Jo. 6.63; Rm. 8.11; Gn. 2.7); de preparar homens para tarefas especiais (Ex. 31.3); de
inspirar homens para escreverem o Canon Sagrado (2º Sm. 23.2-3; 2ª Pe. 1.21).
Sua pessoa divina aparece ligada à do Pai e do Filho em algumas circunstâncias especiais
• No batismo de Jesus, Lc. 3.21-22
• Ligado à “Grande Comissão”, Mt. 28.18.20
• Na concessão dos dons espirituais, 1ª Cor. 14
• Na benção apostólica, 2ª Cor. 13.14

A SUBORDINAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO AO PAI E AO FILHO

Não se trata de sujeição no sentido de que Ele seja inferior na hierarquia da Deidade; o
que vemos bem claro é um relacionamento de amor com vistas à execução de um
propósito eterno.
• O Espírito Santo é enviado pelo Pai e pelo Filho, Jo. 14.26; 15.26.
• O Espírito Santo não fala nada de Si mesmo, senão daquilo que tiver ouvido, Jo.
16.13
• O Espírito Santo não busca glorificar-se a Si mesmo, senão ao Filho, Jo. 16.14

O Espírito
Esse termo significa basicamente: fôlego ou vento. Acompanhemos Torrey em seu
comentário. O pleno significado do nome conferido ao Espírito Santo pode ficar além do
que nos é possível alcançar, não o que segue parece esclarecer muito:
Que o Espírito é a expiração de Deus, sua vida exalando para vivificar – possivelmente
deveríamos notar o fato de que o fôlego é, com efeito, o princípio vital e alguém já
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pensou que o Espírito é, portanto, a mais íntima vida de Deus. Que o Espírito como o
vento é:
• Soberano – “Sopra onde quer” Jo. 3.8; 1ª Cor. 12.11
• Audível – “Ouve a sua voz” Jo. 3.
• Impenetrável – “Mas não sabes do onde vem, nem para onde vai”
• Indispensável – “Se alguém não nascer da água e do Espírito Santo não pode
entrar no reino de Deus”
• Doador da vida – “Profetizei como Ele me ordenara, e o espírito entrou nele e
viveram e se puseram de pé, um exército sobremodo numeroso”, Ez. 37.10
• Irresistível – “e não podiam sobrepor-se à sabedoria e ao Espírito com que ele
falava. ” At. 6.10

Co–igual com o Pai e o Filho


Costuma-se chamar o Espírito Santo de terceira pessoa da Trindade, mais isto não implica
em qualquer inferioridade. Há diversidade de ofícios, mas não há uma hierarquia na
Trindade divina. Deve-se isto ao fato de as Escrituras se referirem ao Pai, ao Filho e ao
Espírito Santo, nesta ordem. Assim aparece no ensino de Jesus sobre o batismo... Mt.
28.19. Não se deve extrair disto a perigosa interpretação de três dispensações. Os que
assim pensam costumam dividir a história em três períodos, dando preeminência a uma
das pessoas da Tri unidade em cada um deles. A verdade bíblica demonstra a cooperação
de todas as pessoas da Tri unidade em todos os períodos da Revelação.
É antibíblico pretender arbitrariamente limitar a operação do Pai, do Filho e do Espírito
Santo a uma “dispensação”, que a Bíblia ignora. As três pessoas da Tri unidade sempre
agiram na natureza e na graça, na salvação e no ensino, na correção e na santidade, no
indivíduo e na coletividade, evangélica e cosmicamente na consciência dos homens e no
registro dos fatos da revelação.
“Na plenitude dos tempos”, o Pai enviou o Filho a terra. Mais tarde, o Pai e o Filho
enviaram o Espírito Santo (Gl. 4.6). A Missão especial do Espírito Santo relacionava-se a
obra do Filho, que Ele continuaria e expandiria no mundo. Mas a Bíblia realça a verdade
das atividades divinas que se praticaram muito antes de Deus dizer aos homens e que
fazia neles e por eles. Creram em Deus, e o Filho e o Espírito, enquanto desconhecidas,
dispensaram ao crente sua graça em todos os períodos da história. É o que revela o
capitulo onze de Hebreus.

4 – OS NOMES DO ESPÍRITO SANTO


Parafraseando Paulo, poderíamos dizer que os nomes ou títulos são diversos, porém o
Espírito é o mesmo. E são altamente significativos, revelado a natureza do trabalho que
executa. Relacionaremos alguns:
• Espírito Santo; Sl. 51.11; At. 5.3; Lc. 11.12.
• Espírito do Senhor (Jeová); Is. 61.1; 11.2
• Espírito de Deus; 1ª Co. 3.16
• Espírito do Deus Vivo; 2ª Cor. 3.3
• Espírito de Cristo, Rm. 8.9
• Espírito de Seu Filho; Gl. 4.6
• Espírito de Jesus Cristo; Fp. 1.19
• Espírito Purificador; Is. 4.4
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• Espírito de Santidade; Rm. 1.4
• Espírito da Promessa; Ef. 1.13
• Espírito da Verdade; Jo. 14.17; 15.26; 16.13
• Espírito de Vida; Rm. 8.2
• Espírito de Graça; Zc. 12.10; Hb. 10.19
• Espírito de Jesus; At. 16.7
• Espírito de Glória; 1ª Pe. 4.14
• Espírito de Adoção; Rm. 8.15
• Espírito de Justiça; Is. 4.4
• Consolador (paracleto); Jo. 14.26; 15.26

5 – SÍMBOLOS DO ESPÍRITO SANTO


Vejamos a diversidade de símbolos que as Escrituras apresentam a seu respeito:
• Vento – Ruah no hebraico e Pneuma no grego, em várias passagens são traduzidas
por “vento”, “brisa”, “sopro”, “fôlego” e “ar”. Em Gn. 2.7 está escrito que havendo Deus
formado o homem do pó da terra “soprou em suas narinas o fôlego de vida”. Algo
semelhante aconteceu entre Jesus e seus discípulos: “E havendo dito isto, soprou sobre
eles, e lhes disse: recebei o Espírito Santo”. Jo. 20.22. Conferir com Ez. 37.7-10
• Fogo – “Deus é fogo consumidor” Hb. 12.29. Cremos que esta ideia não se
restringe aos juízos divinos, mas também se relaciona à obra de purificação e refinação
dos fiéis, Is. 4.4; Mc. 3.11. O fogo além disso, aquece e ilumina e alastra-se como
podemos testemunhar hoje em dia.
• Água – Assim como a água é um dos elementos essenciais à vida natural, de igual
modo o Espírito Santo na vida da igreja. A água purifica, hidrata, umedece, refresca,
dessedenta e inunda. Neste sentido, as Escrituras referem-se a Ele como chuvas, Jl. 2.23;
como torrentes, Is. 44.3; como rios, Ez. 47.1-12; Jo. 7.37-39: “derramadas” ou “fluíram”
abundantemente.
• Azeite – Também encontrado como óleo, Sl. 90.10; 133.2: “óleo precioso”, o azeite
tem uma larga aplicação na vida o oriental: serve para alimentação, iluminação,
lubrificação, vitalizar a pele e os cabelos, para cura de certas enfermidades e feridas; e
entre os israelitas, muito conhecido e reverenciado era o “azeite da unção”, Ex. 30.22-33,
destinado à consagração de sacerdotes e à investidura de reis, 1ª Sm. 10.1; 16.13; 1ª Rs.
1.39; no Sl. 45.7 é chamado “óleo da alegria”.
• Pomba – Ao contrário do corvo, a pomba, após o dilúvio, não encontrou ambiente
no cais deixado pelas águas. Por ocasião do batismo de Jesus, o Espírito veio sobre Ele em
forma de pomba. Lc. 3.21-22. Esta figura fala da sua delicadeza, ternura, inocência,
simplicidade (que não é complexo), pureza, brandura, etc.
• Em forma de uma pomba – A pomba era ave usada no sacrifício: dois pombinhos.
Ele é o pássaro do amor “minha amada, minha pomba” nas palavras de Ct. 5.18. Com
igual clareza, ela é também a ave da tristeza, “pranteávamos de tristeza como as
pombas”. A pomba simboliza, pois, o sacrifício, o amor e o pesar. O Espírito sempre
apresentou a Cristo e não a Si mesmo. Cristo é o sacrifício cujo amor fê-lo descer do céu e
cuja compaixão pelos pecados dos homens, fê-lo pranteador.
• Selo – Aparece em Ef. 1.13, como sinal de propriedade; o Espírito Santo é marca
registrada do nosso Amo que é o Senhor. “E se alguém não traz o Espírito de Cristo, esse
tal não é dele. ” Rm. 8.9b
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O ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO
Conquanto não seja tão conhecido como no Novo Testamento, o Espírito Santo pode ser
encontrado, ora de forma explícita, atuando sozinho ou cooperação com o Pai e o Filho.
“O Antigo Testamento fala implicitamente mais sobre o Espírito Santo do que pode
parecer a alguém que lê a Bíblia despreocupadamente”. Vejamos alguns aspectos de sua
atuação no Antigo Testamento
• Na Criação – A criação do universo material e do homem é executada pela agência
do Espírito Santo. Em Gn.1.2, ele paira, aquece, move-se emanando vida; Ele é o princípio
vital que conferiu vida ao homem formado do pó da terra, Gn. 2.7; Sl. 33.6
• Na manutenção e renovação do universo – “Se ocultas o teu rosto, eles se
perturbam; se lhes corta a respiração, morrem e voltam o pó. Envias o teu Espírito e ele
são criados, e assim renovas a face da terra”. Sl. 104; Jo. 26.1
• Na promoção de vida moral – Os dias antediluvianos foram assinalados por uma
expansão muito grande de iniquidade, foi verificando que todos os esforços do seu
Espírito junto aos homens no sentido de se arrependerem foram debalde é que resolveu
destruiu aquela geração, Gn. 6.1-7. Sl. 51 dá conta de sua obra moralizadora no coração
de Davi. O Espírito contendia; era atuante junto aos homens, Ne. 9.20.

NO PROVISIONAMENTO DE HOMENS PARA TAREFAS ESPECIAIS


• Conferindo habilidades, Ex.31.3
• Preparando líderes, Dt. 34.9; Jz. 3.9-10
• Concedendo forças físicas, Jz. 14.16
• Vocacionando e enviando profetas, Jr. 31.33; Mq. 3.3; 2º Cr. 20.13-17; Jó 32.18; Ez.
2.1,2
• Inspirando homens para produzirem as Escrituras, 2º Sm. 23.2-3; Sl. 45.1;
• Dando destaque particular às profecias concernentes à vinda do Messias, Lc. 7.14;
9.6; 11.1-10; Mq. 5.2
• Efusão do próprio Espírito em larga escala, Jl. 2.28; Is. 32.15; 44.3;
• Obra de regeneração; Ez. 36.26;
• E como princípio dinâmico na ressurreição, Is. 26.19; Ez. 37

NO PROVISIONAMENTO DE HOMENS PARA CERTAS TAREFAS

O Espírito, às vezes sobrevinha inesperadamente sobre alguém em determinada ocasião.


Foi o que aconteceu com os mensageiros que Saul enviou para prenderem Davi. “O
Espírito de Deus veio sobre os mensageiros de Saul (1º Sm. 19.20); com Amassai, quando
Ziclaque prestava solidariedade a Davi: “Veio o Espírito de Deus sobre Amasai” (1° Cr.
12.18); com Jaaziel, quando previu a vitória de Josafá sobre os amonitas e moabitas:
“Veio o Espírito do Senhor no meio da congregação, sobre Jaaziel” (2º Cr. 20.14); com
Balaão quando, com suas profecias, contrariou Balaque: “E levantando Balaão os olhos...
“Veio sobre ele o Espírito de Deus. ” Nm. 24.2

HABITANDO NO MEIO DOS FILHOS DE ISRAEL Se por um lado o Espírito agia de modo
especial em certas ocasiões na vida de algumas pessoas (Jz. 15.14); 1º Rs. 18.12: 2º

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Rs.2.9-12; por outro, sua presença era constante na companhia de todos os israelitas, Ne.
9.20-30; Is. 63.10; 59.19; Ag. 2.5; Zc. 4.6.
O Antigo Testamento fala muito claramente do Espírito e da sua obra no passado, no
presente e no futuro, isto é, na criação, na Velha Aliança e na Nova Aliança. O Espírito dá
vida, produz milagres, age nos corações dos homens, usa-os como seus instrumentos;
numa palavra: nada se passa sem Ele, e todas as coisas se realizam por sua intervenção.
Do exame dos textos citados neste estudo concluímos que desde as primeiras palavras do
Gênesis são encontradas referências ao Espírito Santo. Seu trabalho foi muito ativo
desde o princípio da Criação. Limitou-se, porém, a determinadas pessoas, em certos
lugares, para tarefas definidas. Por isso, não se manifestou de modo generalizado.
Escolheu uns poucos indivíduos e agiu por intermédio deles, durante o tempo que julgou
necessário.
À proporção que se vai chegando ao final do Antigo Testamento, nota-se mais acentuada
a operação do Espírito Santo, acentuando-se também as qualidades espirituais de suas
manifestações. Foi o que vimos na mensagem dos profetas, que compreenderam, com
mais clareza, o plano de Deus para a redenção do mundo. Era como que uma preparação
para a atividade intensa do Espírito Santo, que haveria de surgir no Novo Testamento.

O ESPÍRITO SANTO E O NOVO TESTAMENTO

Depois dos últimos profetas do Antigo Testamento, seguiu-se um intervalo de mais ou


menos 400 anos durante o qual quase nada se conhece da agência do Espírito Santo. “O
período intertestamentário tem sido conhecido como um período de decadência em
relação ao ensino sobre o Espírito. Supostamente admitia somente olhares melancólicos
para o passado, ou anseio pela experiência futura do Espírito, ainda que não tivesse
realização presente e alegria da obra do Espírito. Os papiros do Mar Morto, todavia, por
alguns interpretados como documentos que dão testemunho sobre a experiência do
Espírito entre os essênios e, provavelmente entre outras seitas antes do advento de
Cristo.

PREPARANDO O CAMINHO DO SENHOR

Estando Zacarias, o sacerdote, queimando incenso no Santuário, já nos dias de Herodes,


eis que lhe apareceu o anjo Gabriel trazendo-lhe novas alvissareiras. Sua esposa Isabel
daria à luz um filho que seria cheio de Espírito desde o ventre materno, Lc. 1.13-15. Fato
inédito da história de Israel. A vida de João Batista até completar a maioridade “sui
generis”. O menino crescia e se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até ao dia em
que havia de manifestar-se a Israel (Lc. 1.30; Ef. 3.16). Não há dúvida de que, por ocasião
do início do seu ministério, as experiências com o Espírito Santo já lhe constituíam um
vasto patrimônio espiritual. Três exemplos:
• Discernimento – Pelo Espírito encrespou os hipócritas que vinham para serem
batizados: “Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois,
frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer entre vós mesmos; temos por
pai a Abraão...” Lc. 3.7,8
• Preparando o povo para a manifestação do Messias – “Eu vos batizo com água à
vista de arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso, do que
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eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com
fogo. ” Mt. 3.11-12.
• Apresentando Jesus – Como “O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.
Como se não bastasse João Batista conhecer e que se comentava a respeito do seu
primo, como um homem de destino, o Senhor lhe assegurara as convicções,
proporcionando-lhe um sinal visível. “Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito,
esse é o que batiza com o Espírito Santo. ” Jo. 1.31-34. A humanidade encontrava-se na
iminência dos mais significativos fatos divinos e históricos.

Chegava ao fim do antigo concerto; as sombras dos bens vindouros cediam lugar à
imagem real, Hb. 10.1; o grande momento de remover o primeiro e estabelecer o
segundo avizinhava-se, Hb. 10.9. Eis porque o Espírito Santo, desde o ventre materno, já
vinda influenciando a vida do Precursor do Messias. O apagar das luzes da antiga aliança
e o alvorecer da nova era consubstanciada pelo ministério da “voz que clamava no
deserto”. Sua vivência com a pessoa e obra do Espírito, fê-lo declarar que “Deus não dá o
seu Espírito por medida”. Jo. 3.34

NA VIDA E MINISTÉRIO DO SENHOR JESUS

Jesus esteve relacionado com o Espírito Santo não só na eternidade, mas, também
durante toda a sua passagem por este mundo. Com efeito, Jesus é o exemplo máximo de
uma pessoa que viveu e andou no espírito.
• Concebido – Esvaziando de sua glória e reduzido a uma semente, o Logus divino foi
pelo Espírito Santo. Inseminado sobrenaturalmente no ventre de Maria, Lc. 1.35. A visita
a Isabel, resultou num culto carismático, em que o Espírito Santo catalisando a disposição
espiritual de ambas, levou a anfitriã a profetizar: “Bendita és tu entre as mulheres e
bendito é o fruto do teu ventre”, e a visitante a proferir o “Magnificat”. Lc. 1.42-55
• Ungido - Ao que tudo indica, a vida de Jesus até aos 30 anos foi tão ordinária
quanto à de qualquer israelita em que não havia dolo, Lc. 2.40-51. Tanto Messias no
hebraico como Cristo no grego são traduzido por ungido. A semelhança dos sacerdotes,
profetas e reis de Israel que eram ungidos antes de desempenharem suas respectivas
funções, Jesus também foi poderosamente ungido. E tal modo que ainda acrescenta
“como a nenhum dos seus companheiros”, Hb. 1.9. Batizado nas águas, enquanto orava,
o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea como de uma
pomba; e ouviu uma voz do céu: ” tu és meu Filho amado, em ti me comprazo. ” 3.22; Is.
11.2; 61.1; At. 10.38
• Controlando seu ministério – O Senhor Jesus Cristo foi, sem dúvida, o exemplo
máximo de uma vida sob o controle do Espírito Santo. Logo em seguida aos
acontecimentos junto ao Jordão, Jesus é dirigido pelo Espírito Santo ao deserto, para seu
primeiro confronto com o Diabo. O desdobramento daquela batalha espiritual, relatado
em Mt. 4.4-11 faz-nos entrever o grau de acuidade em todas as reações do Senhor às
investidas do maligno. E, diga-se de passagem, que a vitória ali alcançada não pode ser
debitada na conta das suas prerrogativas divinas, pois, durante todo o seu ministério o
Senhor viveu na estrita dependência do poder do Espírito como homem apenas.
Pelo mesmo efeito ele regressou ao convívio como as massas humana, Lc. 4.14. E o poder
estava com Ele para curar, Lc. 5. 17 e realizar as obras de Deus. Pedro, mais tarde, faria a
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seguinte alusão: “Vós conheceis a palavra que se divulgou por toda a Judéia, começando
desde a Galileia, depois do Batismo que João pregou, como Deus ungiu a Jesus de Nazaré
com o Espírito Santo e poder o qual andou por todas as partes fazendo o bem e curando
a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com Ele. ” At. 10.38
• Animando-o para a crucificação - Citando um escritor anônimo escreveu G.
Raymond Carison: “Seu espírito humano estava tão penetrado e elevado pelo Espírito de
Deus, que Ele viveu estado de eternidade e indivisibilidade, e foi capaz de suportar a cruz,
desprezando a vergonha”. (Dinâmica Espiritual). O texto sagrado diz que Jesus “pelo
Espírito Eterno ofereceu-se a si mesmo imaculado a Deus”. Hb. 9.14. O Senhor fora
longamente preparado para àquela hora inominável, quando teve de andar “com trevas
sem nenhuma luz”. Is. 50.10, em virtude do desamparo do Pai. A propósito, doutrina
Mayer Pearlman: “O Espírito manteve diante dEle as exigências inflexíveis de Deus e o
inflamou de amor para com o homem e zelo para com Deus, para prosseguir, apesar dos
impedimentos, da dor e das dificuldades, para efetuar a redenção do mundo. ”
Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, pg. 298).
• Agente da Ressurreição - Alguns teólogos acham, que o Espírito assistiu o Senhor
ao longo dos três dias no túmulo; e apontam para 1ª Pe. 3.18 “...morto sim na carne, mas
vivificado em espírito no qual também foi e pregou aos espíritos em “prisão”. “Assim, o
Espírito esteve com Ele mesmo no pior instante, quando abandonado por Deus, Ele
penetrou sozinho nas trevas da ira, sorvendo as últimas gotas da ira que merecíamos.
Abandonado pelo Espírito ou não naquele intervalo, ao terceiro dia, cumprido o desígnio
do Pai, este o ressuscitou, mediante o poder do Espírito Santo. “Se habita em vós o
Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos...” Rm. 8.11; Paulo ainda
insiste na importância da nossa união e identificação com Cristo em Deus sofrimentos e
morte para conhecer “o poder da sua ressurreição. Fp. 3.9.11. O poder do Espírito para
ressurreição já fora identificado pelos profetas na antiguidade, Is. 26.19; Ez. 37.12,13.
Pelo Espírito Santo, Cristo tornou-se “as primícias do que dormem”, 1ª Cor. 15.20. Ainda
em Rm. 6.4, o Espírito Santo é identificado como “a glória do Pai”, em conexão com a
ressurreição de Jesus. “Fomos, pois, sepultados com Ele na morte pelo batismo; para que
como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós em
novidade de vida”. Amém.
• Prerrogativa da Exaltação - Vitorioso sobre os poderes do caos do pecado e do
diabo; e “depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos
apóstolos que acolhera, foi elevado às alturas, At. 1.2. As palavras dos Sl. 24.7,10 e 45.3-4
talvez sejam as que melhor descrevem a grandeza e excelcitude da parada de vitória do
nosso Herói Celestial. “Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó portais
eternos, para que entre o Rei da Glória” ... “Cinge a espada no teu flanco, herói, cinge a
tua glória e a tua majestade”. Chegara finalmente o instante da exaltação
indescritivelmente gloriosa do Senhor Jesus Cristo e o momento de assumir plenas
prerrogativas para liberar a Promessa do Pai. “Exaltado, pois, a destra de Deus, tendo
recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis”. At. 2.33.

O TRATAMENTO DO ESPÍRITO SANTO COM OS HOMENS


No Novo Testamento todos os escritores referiram-se ao Espírito Santo; João e Paulo,
entretanto, foram os que mais penetraram na sua Pessoa e Obra.
Atuando no homem natural
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• Contendendo, reprovando e convencendo - “Do mundo do pecado, da justiça e do
juízo. ” Gn. 6.3; Jo. 16.8-11 Um exemplo clássico encontra-se em At. 2.37 quando
milhares de pessoas após a mensagem de Pedro, clamaram aflitas: “Que faremos,
irmãos? ”
• Conscientizando e iluminando os homens quanto à obra de Cristo no Calvário.
“...o Espírito da verdade que dEle procede a esse dará testemunho de Mim. ” Jo. 14.26;
ver Hb. 10.32; 1ª Jo. 5.8. Há muitos evangelistas no mundo atualmente, porém o maior
deles não é outro senão o Espírito Santo.
• Regenerando e concedendo-lhes nova vida - “Dar-vos-ei coração novo e porei
dentro em vos espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de
carne. Porei dentro em vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus Estatutos...” Ez.
26.26-27; Jo. 3.3-8 13.2 – Operando na vida dos salvos
• Habitando neles – Entendemos que nos dias do ministério público de Jesus, os
discípulos podiam sentir a influência e poder do Espírito Santo para a realização de
determinadas tarefas; mas o fato da sua habitação permanente em cada um deles ainda
estava por acontecer. “Ele habita conosco, mas estará em vós...” Jo. 14.17; Rm. 8.9; Cl.
1.27; Jd. 19. sendo assim, cada crente torna-se templo do Espírito Santo como tal faz
parte das bênçãos da Nova Aliança. “Antes Ele era um visitante eventual, mas agora Ele é
um residente confortador. ”
• Guiando-os – tanto no que concerne às coisas divinas, Jo. 16.13, como em
assuntos práticos do dia a dia. Ninguém melhor que o Espírito Santo para fazer-nos saber
sobre a vontade de Deus para nossas vidas. Ele pode valer-se de um sonho ou visão; usar
alguém em profecia ou lembra- nos de alguma porção das Escrituras, com o fim de
conduzir-nos.
• Libertando-os – da lei do pecado e da morte, Rm. 8.2; e também Paulo ensinou
que onde há o Espírito do Senhor, aí há liberdade”, 2ª Cor. 3.17. No primeiro caso
dispomos de condições para sobrepujar as propensões naturais, porquanto mão somos
mais devedores à carne, Rm. 89.12; no segundo, o Espírito rompe as barreiras e as
estreitezas de uma vida segundo as tradições religiosas e as bitolas dos cultos formais.
• Fortalecendo-os – O curso natural de vida acarreta um desgaste do ser humano
como um todo. O Espírito Santo é o fator de fortaleza para aqueles que esperam no
Senhor, Is. 40.31; e “vivifica os nossos corpos...” Rm. 8.11. E com relação ao espírito
humano, Paulo orava para que os crentes fossem “fortalecidos com poder mediante ao
seu Espírito, no homem interior. ” Ef. 3.16
• Testificando – Não fosse o Espírito Santo como poderíamos assegurar que somos
salvos e filhos de Deus? Tal certeza advém do testemunho do Espírito, Rm. 8.16; Gl. 4.6
• Fazendo-os frutificar – Como na agricultura, o Espírito Santo realiza o que o calor,
a umidade e os fertilizantes fazem para que as plantas produzam frutos abundantes, Gl.
5.22; Is. 32.15; Rm. 15.3; 2ª Pe. 1.5-7
• Intercedendo por eles – O Espírito Santo atua como advogado em favor dos
crentes em pecado ou que atravessam problemas. Há momentos em que orar ao Pai
torna-se tanto embaraçoso e às vezes não sabemos orar como é necessário. Então
podemos contar este ministério do Espírito, Rm. 8.26; Jd. 20; é o Espírito que põe em nós
um peso de oração por determinado assunto. “Permitamos, pois, que Ele encha nossos
corações e mentes com seus reclames celestiais.

9
• Consolando-os – É pela agência do Espírito que os crentes podem suportar as
injustiças, Hb. 10.32-35; as provações e sofrimentos diversos, 1ª Pe. 4.14. Sabendo destas
vicissitudes porque passaríamos foi que o Senhor indicou este aspecto do ministério do
Espírito, Jo. 14.26; 15.26. E Lucas dá testemunho de sua obra, na vida da igreja primitiva,
At. 9.31. A experiência da consolação habilita-nos consolar outros que se encontram em
apuro, 2ª Cor. 1.3-5.
• Santificando-os – Reiteramos vezes tanto o Pai como o Filho são chamados Santos.
O próprio Espírito é chamado Santo também primeiro porque Ele é Santo; segundo
porque Ele santifica os crentes para se assemelharem com o Senhor, ocupa a maior parte
do conteúdo das Epístolas apostólicas. É pelo Espírito que “somos transformados de
glória em glória” na imagem do Senhor, 2ª Cor. 3.18
• Revestindo-os para testemunharem de Cristo – Visto que, no capítulo relativo ao
batismo no Espírito Santo, estudaremos este assunto mais pormenorizadamente, por
enquanto ficamos apenas com a citação de At. 1.8: “Mas recebereis poder ao descer
sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em
toda Judéia e Samaria e até os confins da terra.
• Agindo na vida dos ministros do Evangelho – mencionaremos apenas os atos e
diretivas do Espírito Santo no exercício do ministério cristão.
Vocacionando e constituindo obreiros, At. 20.28
Instruindo-os, At. 1.2
Capacitando-os, At. 1.8
Separando-os, At. 13.1-3
Emitindo pareces doutrinários, At. 15.28- 29
Orientando-os na obra missionária, At. 16.6-10
Preparando-os para o martírio, At. 7.55
Nota: Cremos que foi levando em conta a multiforme e efetiva agência do Espírito no
âmbito da Nova Aliança que Paulo e ela se refere como “ministério do Espírito”. 2ª Cor.
3.8. Amém.

14 – BATISMO NO/COM ESPÍRITO SANTO


O comentário deste capítulo é do Pr. José Rego do Nascimento, quando lecionava
Pneumatologia no Seminário Teológico Evangélico do Brasil em out/70, e está sendo
incluído aqui com sua permissão.

14.1 – Fundo bíblico-histórico


Para alcançarmos compreensão satisfatória do batismo no Espírito Santo devemos buscar
a doutrina conforme foi revelada nas Escrituras, partindo da declaração capital de João
Batista em Mt. 3.11, seguir o seu processo histórico, final cumprimento no dia de
Pentecostes, At. 2.4, e sua continuidade e testemunho verbal apostólico, At. 11.15-16, e
teremos comprovado textualmente nas Escrituras, a doutrina do Batismo no Espírito
Santo.

14.2 – A declaração de João Batista


Quando chegou o momento de o precursor iniciar o seu ministério, “veio a Palavra de
Deus a João, no deserto”, Lc. 3.2. O profeta começava a pregar nos limites da Judéia, que
“o reino dos céus” era chegado, Mt. 3.7. E instava o povo ao arrependimento para
10
remissão dos pecados, Mc. 1.4. E os faziam confissão pública em sinal de arrependimento
“eram batizados por ele no rio Jordão, Mc. 1.5. A sua fama se espalhou por toda a Judéia
e circunvizinhanças do Jordão vindo alcançar, finalmente, Jerusalém.
Logo, escribas e fariseus, sacerdotes, levitas, se juntaram ao povo para dialogar com o
profeta, Jo. 19.24. E lhes perguntavam: “Quem és tu? ” E ele respondia “Eu sou a voz que
clama no deserto”, Jo. 1.9,22. “Arrependei-vos porque é chegado a vós o Reino dos
Céus”, Mt. 3.2. “Eu vos batizo com água para arrependimento; mas Aquele que vem
depois de mim, é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele
vós batizará com o Espírito Santo e com fogo. ” Mt. 3.11. João Batista identifica o
elemento natural com que batizava: “água” e com o elemento que o Senhor viria batizar:
“Com o Espírito Santo e com fogo”. Temos assim a primeira formal da doutrina e a sua
original terminologia: “Batismo no ou com o Espírito Santo. ”

14.3 – A promessa do Pai


Durante todo o ministério público de Jesus, desde o batismo na água, Mt. 3.13-17; Mc.
1.9-11; Lc. 3.21; Jo. 1.32-34) até a sua ascensão (At. 1.6-11). O Senhor não fez qualquer
referência ao ministério de “Batizar com o Espírito Santo”, lhe atribuído por João. Tal
ocorreu após a ascensão, mas antes de considerarmos o fato, atentemos para a
declaração feita pelo Senhor, no período entre a sua ressurreição e ascensão: “Eis que
envio sobre vós a promessa de meu Pai: permanecei, pois na cidade que até do alto sejais
revestidos de poder”, Lc. 24.49. Jesus faz referência à promessa do Pai feita por
intermédio dos profetas (Is. 32.14,15; 44.3: Jl. 2.28,29, etc.), e que teria seu cumprimento
na cidade de Jerusalém.
Os discípulos deveriam se dirigir para aquela cidade e lá permanecerem, até que se
cumprisse a promessa. Eles obedeceram à recomendação do Senhor e congregaram na
cidade, passando a reunir no domicílio de Maria (mãe de Marcos), local onde o Senhor
ressurreto voltou a visitá-los: “E comendo com eles, determinou-lhes que não se
ausentassem de Jerusalém, mas esperassem a promessa do Pai, a qual disse tu de mim
ouviste, porque João na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o
Espírito Santo, não muito depois destes dias”. At. 1.4-5. Jesus confirma as palavras de
João e anuncia o seu cumprimento para breve. Identifica a promessa do Pai como o
“Batismo com o Espírito Santo” anunciado por João.

14.4 – Natureza do batismo no Espírito Santo


Após a referida declaração, perguntaram-lhe os discípulos se na ocasião do cumprimento
da promessa estaria também sendo restaurado o reino de Israel. Jesus informou-lhes
exclusivamente ao Pai, mas ao se cumprir à promessa, ao serem eles batizados no
Espírito Santo “seriam revestidos de poder”, At. 1.6-8. O batismo como o Espírito Santo
teria por finalidade, comunicar poder espiritual, a virtude do Espírito Santo (At. 8) como
meio de capacitação para os discípulos darem com autoridade, testemunho de Jesus.
14.5 – O batismo com o Espírito Santo e seu resultado
Ao dar-lhes essas palavras, “foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem O
encobriu dos seus olhos”, At. 1.9. Ainda sob o impacto do emocionante fenômeno,
retornaram à cidade, onde passaram a aguardar o cumprimento da promessa, em
ambiente de expectativa e oração, At. 1.12-14. Assim permaneceram até o décimo dia
coincidente com a festa de Pentecostes, quando “de repente veio do céu um som, como
11
de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentado e apareceram
distribuídas, ente ele, línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem”, At. 2.2-4.
Cumprira-se a promessa do Pai, o Batismo no Espírito Santo profetizado por João. Tal
seria prerrogativa de Cristo glorificado (Jo. 7.39: At. 2.23) que dá assim início ao
ministério de batizar com o Espírito Santo e com fogo.

14.6 – Pedro confirma e explica o cumprimento da promessa do Pai


O inusitado fenômeno atraiu multidão de pessoas, que diante do fato maravilhoso, de
verem simples galileus expressando pensamento de tocante espiritualidade em línguas a
eles certamente desconhecidas, tomaram-se assombro e perplexos inquiriam: “Que
queria isto dizer? ” At. 2.12. O apóstolo Pedro erguendo a voz, advertiu-os nestes termos:
“Varões judeus ...o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel: “e
acontecerá nos últimos dias diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a
carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões e sonharão
vossos velhos. Até sobre os meus servos e minhas servas derramarei o meu Espírito
naqueles dias, ” At. 2.14-16, 18. Cumpriu-se a promessa do Pai, conforme declarado.
Jesus e Pedro identifica a profecia de Joel como farto básico da promessa O derramar da
virtude, do poder do Espírito, Lc. 24.49; At. 1.3 revela o significado do batismo no
Espírito.

14.7 – O apóstolo confirma


Cheios do Espírito Santo, os discípulos despertam a atenção da cidade com o testemunho
oral do Evangelho do Senhor acompanhado de “muitos prodígios e sinais... feitos por
intermédio dos apóstolos, ” (At. 2.41) e firma-se em Jerusalém a igreja do Senhor. Segue-
se à dispersão (At. 9.4) a evangelização de Samaria por Filipe, passando a igreja a contar
discípulos “por toda a Judéia, Galileia e Samaria, ” Movido por Deus, Pedro é enviado à
casa de Cornélio, centurião romano sediado em Cesárea, e anuncia a ele e familiares a
mensagem do Evangelho. Recebendo por fé a palavra “caiu o Espírito sobre todos os que
ouviam” e línguas engrandeciam a Deus (At. 10.44-46), informando à igreja de Jerusalém
do decorrido, declara o apóstolo que ao lhes entregar a palavra “caiu o Espírito Santo
sobre nós no princípio, então me lembrei da palavra do Senhor como disse: João, na
verdade, batizou com água com Espírito Santo”, At. 11.15-16. Confirma-se, pois, com esse
testemunho do apóstolo quanto a lugar significação a natureza do batismo com o Espírito
Santo.

14.8 – A terminologia correta


Batismo com ou no Espírito Santo, é o termo bíblico para determinar a bênção na
palavra. Os exemplos acima o confirmam, tal é a lição das Escrituras, deve ser
considerada por todo exegeta no dia e pregador responsável. Os termos bíblicos não são
patrimônio dos grupos, antes são universais, pertencem ao depósito da igreja universal. E
a linguagem que as Escrituras sancionam para a benção batismo com ou no Espírito
Santo.

15 – DONS ESPIRITUAIS – 1ª COR. 12.1-6, 11


Generalidades

12
• São os meios divinos pelo quais a igreja manifesta os poderes sobrenaturais do
Evangelho, Mc. 16.15-18;
• São partes da herança dos santos na luz, Cl. 1. 2:
• São sinais de implantação do Reino de Deus, Hb. 2.4; Mt. 12.28;
• São bênçãos características do Evangelho nos tempos apostólicos. Ver “Ministério
do Espírito”, 2a Cor. 3.8
• São manifestações da “tão grande salvação”, Hb. 2.3,4; Jo. 16.14;
• No entanto (os dons) são alcançados por pessoas que não podem ser chamadas
mais perfeitas ou santas que as outras;
• São manifestações do poder de Deus e não manifestações de santidade

15.1 – Finalidades dos dons


• Edificação da igreja; 1ª Cor. 14.3; 12, 16.
• Capacitar o crente para um ministério mais amplo
• Demonstra que a fé evangélica não é apenas um corpo ortodoxo de doutrina; Mt.
22.29

15.2 – Palavra de sabedoria


É um Dom sobrenatural como o de curar ou de profetizar. “Por Ele somos capacitados a
enfrentar situações e resolver dificuldades auxiliados diretamente pela sabedoria e pelo
entendimento que há em Deus”. At. 6.1-6. Exemplos Bíblicos:
• Salomão; no julgamento de duas mulheres, 1º Rs. 3.16-28
• Estevão; quando enfrentava o sinédrio, At. 6.9-10
• Jesus Cristo; Mt. 7.1-5; quanto ao batismo de João, Lc. 20.4

15.3 – O que é a palavra de sabedoria


É o conteúdo e a maneira prática de aplicar conhecimentos. Torna sábio o coração de
quem o exerce.
Promessas – O Senhor prometeu este Dom ao qual ninguém resistiria, Lc. 12.12; 21.15

15.4 – A palavra do conhecimento


• É como um microscópio que permite ver aquilo que a visão natural não percebe;
não enxerga.
• Capacita nosso entendimento nas coisas sobrenaturais.
• Foi por este Dom que Moisés expressou conhecimentos de detalhes da criação e
João declarou acontecimentos escatológicos. Gênesis e Apocalipse.
• Funciona com alerta quanto a problemas em nossos caminhos, 2º Rs. 6.8-10; At.
27.10
• É fundamental na revelação de mistérios, Dn. 2.28
• Tem por finalidade penetrar nos mistérios do Reino de Deus, no caráter de Deus.
Ef. 3.16-19; 2º Cr. 18.18-22.
• Possibilita conhecermos certas particularidades na vida das pessoas ou da igreja,
Jo. 1.47,48; 2.24; At. 5.5.
É manifestação da onisciência de Deus – “Não vem através do preparo acadêmico; não
transforma em catedrático quem o possui, nem pode ser alcançado por sagacidade
mental, educação, estudo ou experiência”. G.R. Carlson – Dinâmica Espiritual. Por meio
13
deste dom Ananias tomou conhecimento do que acontecera a Paulo no caminho de
Damasco, e desse modo pôde convencê-lo quanto ao que ao Senhor destinava para a
vida de Paulo.

15.5 – Os dons de curar


A referência no plural “dons”, indica várias modalidades no exercício destes dons – “por
exemplo, um amigo nosso tem um forte ministério para com as pessoas que sofrem de
artrite, outros por pessoas que têm problemas mentais. ”
• Causa geral das enfermidades – A Palavra de Deus assegura que, na maioria das
vezes, o pecado é a causa das enfermidades, Dt. 28.15, 21, 22; Sl. 103.3; 1ª Cor.11.29, 30;
Jo. 5.14: Exceção: Jó 2: Jo. 9.1-3
• Fundamento para o exercício dos dons de curar – A Vinda do Senhor ao mundo
tinha o propósito de não apenas salvar o espírito humano, mas curá-lo de seus males
físicos, Is. 53. A grande parte do ministério de Jesus foi dedicado à cura, Mc. 1.32-34: Lc.
4.40, At. 10.10.
• Curar os enfermos é um mandamento – Mt. 10.8. O Evangelho do Reino deveria
ser confirmado através destas obras. “Tendo eles partido, pregaram em toda parte
cooperando com eles o Senhor e confirmando ... por meio de sinais, Mt. 16.10
• Métodos de cura – Desde o Antigo Testamento não existe uma forma estabelecida
para o exercício destes dons. Exemplos isolados:
A cura de Naamã; 2º Rs. 5.10-14
A cura de Ezequias; 2º Rs. 20.7
Jesus impunha as mãos; Lc. 4.40
Jesus ordenava; Mt. 8.3; Lc. 5.24; Jo. 5.8
Jesus aplicava algum agente físico; Mc. 8.23; Jo. 9.1,7

Nota:
Entretanto o enfermo é trazido para os cultos, os presbíteros devem orar com imposição
de mãos ungindo-os com óleo, Tg. 5.14-15. Também à distância, Jo. 4.46-52; Mt. 8.

15.6 – Impedimento à realização de curas


Incredulidade, Mc. 6.3-6 Pecados, ódio, ressentimento, Mt. 6.14,15;
Orgulho, soberba da vida, confiança própria, desobediência.
• O poder da confissão – Este abre caminho para o estabelecimento da fé e a fé
viabiliza a cura, Tg. 5.16. Confessai, pois, uns aos outros, os vossos pecados e orai uns
pelos outros, para serdes curados...” É sempre bom antes de orarmos por alguma pessoa
doente, perguntar –lhe se “sua consciência está perturbada com alguma coisa” e se
estiver, ajudá-la a se arrepender e confessar seu pecado, do modo que lhe é costumeiro”.
• A importância da fé – Curar os enfermos demanda fé de quem vai orar, Mt.16, de
quem vai receber a oração e das pessoas presentes (Mt. 14.36), At. 5.15-16: Lc. 6.19. “A
pessoa pode ser curada mediante a fé de outra quando estiver fraca e doente demais
para exercitar sua própria fé (Mc. 2.3-5) mesmo que esteja inconsciente ou estado de
coma. ” A cura pode acontecer pela fé do enfermo (em Jesus) Mt. 9.22-29. “Ou pela
combinação da fé do enfermo e da pessoa que ora” Mc. 5.25-34

16 – COMO ADQUIRIR OU AUMENTAR A FÉ?


14
Pela pregação da Palavra – Rm. 10.17
Pela oração e jejum - Mt. 17.14-21; 9.28,29
Ouvindo testemunho - At. 15.3

16.1 – Objetivos da cura


• Demonstrar o amor de Deus, Lc. 22.50
• Demonstrar o poder de Deus, Mt. 9.6
• Desfazer as obras do diabo, 1ª Jo. 3.8; Lc. 13.16
• Glorificar a Deus, Lc. 13.13; Jo.7.18
• Renovar a comunhão e a vida espiritual das pessoas
• Estimular a fé, Mc. 16.15-18; Lc. 5.25

16.1.1 – O dom da fé – Nas Escrituras podemos encontrar pelo menos quatro tipos de fé,
e além dessas também existe a fé natural.
16.2 – Tipos de fé

• Fé natural – “Ë a confiança em alguém ou alguma coisa que se pode ver, ouvir ou


tocar”. Esta fé baseia-se nas conclusões alcançadas pelos sentidos naturais, exemplo:
tomar um ônibus na certeza de que motorista há de conduzi-lo a seu destino.
• Fé salvadora – É a iluminação que vem de Deus ao coração do ímpio, a respeito da
obra vicária de Senhor Jesus Cristo na cruz do Calvário. Jo. 3.16; 5.24; At.6.31; e a fé vem
pelo ouvir e ouvir a Palavra de Deus, Rm. 10.17.
• Fé – fruto do Espírito – Gl. 5.22; “Como fruto, é resultante de um processo que se
obtém com o tempo. A pessoa não planta uma árvore hoje e amanhã colhe o fruto. A
árvore deve ser cultivada, alimentada e aguada. Nosso crescimento no fruto da fé
depende do nosso andar consistente com Jesus, depende de alimentar-nos diariamente
das Escrituras, da comunhão com o Espírito Santo. ”
• Fé doutrinária – Jd. 1.3 - Trata-se do conjunto de conhecimento e doutrinas do
cristianismo bíblico evangélico, Fp. 1.27.
• Fé – dom espiritual – O dom da Fé é uma capacidade sobrenatural de crer e que
abre, de par em par, a porta para o mundo dos milagres onde “tudo é possível”, Mt.
14.20; Mc.7.23; Lc.1.37; 18.27. A fé, dom espiritual, é um canal espaçoso por onde flui o
poder de Deus. É um impulso súbito de fé, geralmente durante uma crise, para crer
confiadamente, sem dúvida alguma, que ao atuarmos ou falarmos em nome do Jesus, tal
coisa acontecerá. ”
• Exemplos do dom da fé – Josué foi tomado desta fé a fim de ordenar que o sol e a
lua parassem onde estavam, Js. 10.12. O mesmo aconteceu com o profeta Elias quando
decretou uma seca de três anos e meio, 1º Rs.17.1; e posteriormente, no Carmelo fez
chover, 1º Rs. 18.41-46; Tg. 5.17.18. O dom da fé estava em Eliseu para curar a lepra de
Naamã, 2º Rs.5. Por meio deste dom espiritual Jesus acalmou a tempestade e censurou
os discípulos pela falta de fé, Lc. 8.22-25. O dom da fé ao lado de outros operava na vida
dos apóstolos em muitas ocasiões, At. 9.34; 14.9. Fato histórico do exercício deste dom
verificou-se na vida de George Muller ao prover as necessidades de mais de três mil
órfãos na Inglaterra.

15
• Desafio – Se o Senhor afirma ser possível realizar maiores obras, Jo.14.12 devemos
clamar a Ele pelo dom espiritual da fé. Os desafios são imensos. Comecemos da operação
deste dom. Busquemo-Lo e o Senhor será glorificado.

17 – OPERAÇÕES DE MILAGRES
Ao passo que os dons de curar se relacionam a caso de enfermidade das pessoas, animais
e plantas, as operações de milagres abrangem outras áreas da vida. Exemplos Bíblicos.
17.1 – Antigo Testamento
A divisão do Mar Vermelho, Gn. 14.21-27
A parada do sol e da lua, Js. 10.12-14
A multiplicação do azeite e da farinha da viúva de Serepta, 1º Rs. 17.8-16
A mudança de horário; 10 graus no relógio de Ezequias, 2º Rs. 20.8-11

17.2 – No Novo Testamento


• A transformação da água em vinho, Jo. 2.11
• Andar sobre as águas, Mt. 14.25-33
• A multiplicação dos pães, Mt. 16.8-10
• A ressurreição de Lázaro, Jo. 11
• A cura do coxo, At. 3
• A pesca maravilhosa, Jo. 21.5-11
• O transporte de Filipe

17.3 – Objetivos dos milagres


Demonstrar o poder do Deus, ex.: As 10 pragas do Egito;
Decidir uma situação em que os interesses divinos estão em jogo. Ex.: Elias no
Monte Carmelo, 1º Rs.18.22-41; a libertação de Pedro, At. 5.11-24; Paulo e Silas, Mt.
6.24-40.
Desfazer as obras do diabo, ex.: Paulo X Elima, o mágico, At. 13.6-12
Encorajar os crentes ou aqueles que haveriam de crer, Rm. 15.17-19
Atender à necessidade urgentes, ex.: a multiplicação dos pães, Mt. 15.52

• A Necessidade de milagres hoje – No tocante aos de fora, muitos só se


converterão à fé evangélica vendo sinais e prodígios, At. 13.12. Verdade é que o inimigo
pode fazer milagres, entretanto, quando os cristãos são desafiados os milagres do Senhor
são mais poderosos. A Vara de Moisés transformada em serpente tragou aquelas cobras
produzidas pelos magos, Êx. 7.10-12.
Tratando-se de crentes, a execução de milagres produz fé. O povo verifica que Deus está
presente; além da fé, observa-se aumento do temor do Senhor. E assim muitas outras
bênçãos são alcançadas. Uma igreja que não crê e não vê milagres é carente na fé, no
temor e na alegria no espírito. Nem precisamos questionar sobre a necessidade de
milagre em nossos dias. Multidões se voltam para o espiritismo, ioga e outros
ancoradouros porque a igreja tem falhado na admissão e execução de feitos poderosos.
17.4 – Condições para efetivações de milagres

• O Exercício da fé – Tanto da parte de quem ora pedindo o milagre, como daqueles


que vão recebê-lo em suas vidas. Em todos os exemplos dados nesta lição, a fé foi o
16
fundamento. E o próprio Jesus afirmou que todos os crentes poderiam valer-se da fé para
realizar maiores obras, Jo. 14.12. Num sentido mais particular, os milagres acontecem
com mais frequência através dos crentes que receberam este dom espiritual. No caso não
depende apenas da fé; depende também da posição espiritual; alcançado o dom, aí já é
operado em função de um ministério. Seu portador deve sempre consultar o Senhor e
atentar para os oráculos divinos. Muitas vezes, os milagres são precedidos e revelações;
noutros casos, ante desafios de última hora.
• Poder para operar milagres – Tudo na vida natural tem o seu correspondente na
esfera sobrenatural, e como tal, o mesmo se dá na área do dom de operações de
milagres. A experiência e a Palavra demonstram escala de poder para o exercício dos
dons espirituais. Por exemplo, necessita-se mais unção para profetizar que falar em
línguas estranhas; o mesmo, diga-se a respeito do poder, para realizar milagres. Paulo
fala sobre isso em Fp. 3.10 “...para conhecer o poder da sua ressurreição ...”. Não há
dúvida de que ressuscitar um morto seja o momento que mais exige poder espiritual e
direção específica.
• Dom de profecia – Declarações sobre este dom
É um milagre de expressão divina não concebida pelo pensamento ou raciocínio
humano.
A mensagem profética é um recado especial que Deus, pelo seu Espírito Santo,
quer transmitir à igreja.
É um discurso sobrenatural numa língua conhecida.

• Pregação inspirada X Profecia – “Na pregação estão envolvidos e inspirados pelo


Espírito Santo o intelecto, o treinamento, a habilidade e a educação ... A profecia, porém
vem sempre marcada por um toque sobrenatural, que lhe confere grande autoridade”.
(Rosivaldo – Estudando a Palavra de Deus – jan. a jun/95).
• Profecias bíblica – “Podemos dizer que é uma alocação permeada de louvor,
predição, exortação e glorificação inspirada pelo Espírito de Deus. ” (Rosivaldo – idem)

• Problemas em torno dos que profetizam – O dom de Profecia não deve ser
exercido com o objetivo de doutrinar a igreja. Isso compete aos mestres e doutores (At.
13.10)... Se uma profecia este destruindo, dividindo, secionando, causando confusão e
celeuma, é contrária ao propósito de Deus. (Rosivaldo – idem)
Quando um crente é usado com o dom da profecia e serve-se dela para exercer domínio
sobre o pastor ou sobre o ministério, já se afastou muito da vontade de Jesus, Jo.5.31.
Quando os crentes se reúnem em torno de um ou dois que tem o Dom de profetizar,
surgem muitas vezes fanatismo e escândalo que prejudicam a igreja, os crentes e a
reputação dos dons espirituais. ”
“Pode ser que alguém ainda seja criança na fé, (1ª Cor.14.20), ou que não entendeu bem
as palavras de Deus ou que estejam em condição espiritual adequada para transmitir uma
mensagem divina. Ou ainda que omita ou acrescente à mensagem profética...”
• Captando a mensagem – “A Mensagem de Deus” pode chegar ao cristão:

Como uma visão, 2º Cr.18.16; Jr. 23.18

Quando um peso interior, Jr. 21.1,11,13.


17
Quando o instrumento de Deus ouve a sua mensagem diretamente, Jr. 23.18; 2º
Cr. 18. 18; 1º Sm. 3.10-18.
“À medida que você tem comunhão com o Senhor e com os irmãos no Senhor, pode
descobrir pensamentos e palavras de inspiração vindos à sua mente, os quais você não
ouviu e não compôs. Se estiverem de acordo com as Escrituras, então partilhe-os com a
igreja... você pode receber simplesmente algumas palavras e à medida que começar a
falar, mais palavras seguirão. Você pode ver um quadro com os “olhos da mente” e
quando começar a falar a respeito, as palavras virão... Algumas pessoas viram as palavras
como se estivessem escritas e simplesmente as leram. ”

18 – OBJETIVOS DAS PROFECIAS NO NOVO TESTAMENTO


Edificação; 1ª Cor. 14.3,12, 26.
Consolação; 1ª Cor. 14.3; Cl. 4.8.
Exortação; At. 15.32; 11.23; 14.22; 27.8- 10; 14.21

18.1 – Recomendação quanto à profecia – Se profecia, seja segundo a proporção da fé,


Rm. 12.6; 2º Rs.7.1-2. Profetizar exige fé, porque a pessoa, às vezes deve anunciar coisas
impossíveis e em certos casos a mensagem não chega toda de uma vez; mas, à medida
que vai sendo transmitida por Deus.
Não desprezeis as profecias, 1ª Ts. 5.20. Não são poucos os casos de pessoas que
desprezaram profecias e tiveram sérios problemas. Ver a experiência dos letos que
vieram para o Brasil. Fale um ou dois profetas e julgam os outros, 1ª Cor. 14.29. Como
julgar ou avaliar uma profecia?
Conferindo com as Escrituras

Observando seu cumprimento

• Dons e Ministério – Examinando bem, verificaremos que Paulo faz uma distinção
clara quanto ao dom de profetizar e quanto ao ministério de profeta. Ver 1ª Cor. 14.1, 5,
24. “Porque todos podereis profetizar, um após outro ...At. 21.8. Cumprindo Jl. 2.28-31.
Ver ainda Nm.11.28-29. No Novo Testamento o dom de profetizar ficou ao alcance de
todos. Mas tanto o Antigo Testamento como o Novo Testamento apresentam o ofício ou
ministério de profeta. “No Antigo Testamento houve homens que foram movidos por
Deus para profetizar. Estes profetas foram escolhidos por Deus par falar Sua Palavra ao
povo e geralmente ministravam os dons de profecia e conhecimento combinados e
muitas vezes operavam outros “Atos poderosos” pelo poder de Deus. ” Aquelas profecias
eram condicionadas ou incondicionais, Is. 1.19; Jn. 3.4 e Is. 9.6; Dt. 18.15.
• “Os profetas desse tipo duraram até João ... apontavam o futuro ao povo, a
plenitude dos tempos e preparavam a nação para receber o Messias que haveria de
trazer a plenitude da Revelação. ” No Novo Testamento observamos situações com as de
At. 13.1-2. Ágabo At. 21.10,11; 15.32 e a Paulo ensina a doutrina que os profetas estão
em segundo lugar, 1ª Co. 12.28; Ef. 4.11, 2.20. A diferença entre o dom e o ministério
aparece em 1ª Cor. 14.20. “Tratando-se dos profetas, falem apenas dois ...”
• Discernimento de Espírito – “Amados, não deis crédito a qualquer espírito; “Provai
os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo
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afora, 1ª Jo.4.1-3. “Pelo Dom do discernimento de espíritos o crente é capacitado a saber
imediatamente o que está motivando uma pessoa ou situação. ” (O Espírito Santo e Você,
pág. 181). Mediante este dom, podemos discernir se algo vem das trevas, (Mt. 16.22, 23)
se vem do próprio homem (2º Sm. 7.4- 17). Enfim a procedência da obra. “Não há mente
humana que não esteja sujeita as insinuações malignas, por mais bem-intencionadas que
seja. ” O sentimento da presença do Espírito Santo traz alegria, amor e paz; o
discernimento do espírito do erro traz um sentimento de peso e inquietação.
• É como um radar espiritual

• É como olfato ou paladar espiritual

• A importância do discernimento – “Imaginemos que o Senhor nos concedesse


tantos dons, principalmente os dons de revelação e não nos capacitasse a julgá-los,
deixando-nos à mercê dos ardis do inimigo, como acontece no espiritismo. Há muito que
a obra do Senhor teria falido”. (Rosivaldo)

19 – ALGUNS PONTOS CHAVES PARA DISCERNIR OS ESPÍRITOS


• Pela confissão de que Jesus “veio em carne”, 1ª Jo. 4.2
• Transe X Lucidez – Quando Satanás usa uma pessoa, ela pode ficar fora de si; isto
jamais acontece com a pessoa usada pelo Espírito Santo.
• Mal-estar X Paz – A obra do maligno gera inquietação, aspereza, irritação e
angústia; a obra de Deus comunica certeza, tranquilidade.• O sentimento dos
verdadeiros crentes – Se a obra não vem de Deus, evidencia-se a dúvida e até revolta no
coração dos servos de Deus.
• Subtilezas – “Os dons do Espírito Santo são puros, mansos canais através dos quais
se manifestam e possuem graus variados de submissão e santificação. A manifestação
pode ser 75% de Deus e 25% de ideias da própria pessoa. Devemos discernir entre as
duas coisas.
19.1 – Obras de satanás
• Anjo de Luz – As inúmeras aparições da pessoa “Beatificadas”.
• Agentes dissimulados – Pessoas não regeneradas, usadas para influenciar
negativamente e levar o povo à rebelião e ao pecado. Exemplo: Balão, Ap. 2.14; Tobias
Ne. 6.1-14
• Falsos líderes - Ap. 2.20-24
19.2 – Variedades de línguas
Este dom aparece sob diversas indicações
Novas línguas, Mc. 16
Outras línguas, At. 2.4
Em línguas, 10.46
Em línguas, 19.6
Variedade de língua, 12.10
Em outras línguas, 14.2
19.3 – Referência profética “Pelo que por lábios gaguejantes e por língua estranha
falará o Senhor a este povo ...” Is. 28.11. Embora a referência de 1ª Cor. 12.10 mencione
este Dom em penúltimo lugar, a verdade é que ele foi o grande sinal de todo o
fenômeno no dia de Pentecostes, At. 2.1-4. “E passaram a falar em outras línguas ...”.
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Línguas Estranhas – Um sinal. Esta manifestação do Espírito pode ser: por meio de sons
ininteligíveis aos ouvidos humanos; por meio de articulações compreensíveis (idiomas).
No primeiro caso temos diante de nós um sinal para os crentes, Mc. 16.17-18; no
segundo caso é um sinal para os incrédulos, 1ª Cor. 14.21-22.
Obs.: Em ambos os aspectos se verifica o toque sobrenatural do Espírito Santo. No dia do
Pentecostes, falar em línguas constitui-se em sinal par os incrédulos:
• A língua pode ser conhecida do incrédulo e Deus pode estar falando diretamente
com ele;
• A língua pode não ser um idioma conhecido, mas o impacto poderoso da
mensagem em línguas, geralmente acompanhado de interpretação, pode falar ao
incrédulo e ser sinal para ele. ”
19.4 – Sinal do batismo no Espírito – Baseando-se em algumas citações bíblicas muitos
líderes ensinam que o dom de línguas é o sinal; ou que só são realmente batizados os que
falam em outras línguas. Entretanto, o relato da experiência de Paulo não menciona este
detalhe, At. 9.17-18.
A experiência de muitos irmãos confirma que a pessoa pode apresentar ou não está
manifestação, ver 1ª Cor. 12.30 “...falam todos em outras línguas?
O que o Senhor afirmou foi o seguinte: “Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito
Santo”: de modo que a maior evidência do batismo no Espírito Santo é o poder que fica
na pessoa batizada para testemunhar de Cristo. “Tendo eles orado tremeu o lugar em
que estavam reunidos. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e com intrepidez
anunciavam a Palavra de Deus. ”
19.5 – Objetivos práticos – O dom de línguas não é sinal de maturidade nem é
concedido para exibição pessoal. Este dom tem importância bem prática.
18.6 – Edificação pessoal – 1ª Cor. 14.24 - “O que fala em outra língua a si mesmo se
edifica ... Ampliar, embelezar (Mt. 23.20); melhorar a condição espiritual, 1ª Cor. 8.1; Ef.
3.16.
19.7 – Em conversa com Deus – “Quem fala em língua fala a Deus” – a língua estranha é
um instrumento particular usado em audiência privativa com o Senhor. Cremos que
ninguém O entende quem está falando, nem mesmo Satanás – só Deus. (Pr. Rosivaldo).
“As línguas são o idioma do Espírito Santo e quando fala em línguas não posso deixar de
experimentar sua presença em minha conscientização. Em minha vida de oração oro em
línguas mais de 60% do tempo. ” .... Quando a pessoa fala em línguas durante todo o
tempo não pode deixar de sentir a consciência da presença do Espírito Santo. ” (Grupos
Familiares – Paul Yonggi Cho – pg. 145)
19.8 – Na igreja
• Para louvor e adoração – At. 10.16; Sl. 45.1 - “pois os ouvimos falando em línguas e
engrandecendo a Deus ...” De fato nossa linguagem idiomática e muito pobre para
expressar nossa gratidão ou para magnificar o nome do Senhor como Ele merece. Este
dom suplementa tal carência, 1ª Cor. 14.13-16.
• Nota: A insistência apostólica é que sempre que puder haja interpretação para a
edificação de todos.
• Como arma em tempos de tentação ou perseguição, Ef. 6.18: “... Orando em todo
tempo no Espírito ...” “...Porque se eu orar em outra língua o meu espírito ora de fato...”
1ª Cor. 11.14; Rm. 8.16. Lembro-me que certa feita (1970) sendo impelido a ora não

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conseguia expressar nada em português... então o Espírito me disse: fale em línguas. Ali
esteve longo tempo intercedendo em outras línguas.
• Para ligar na terra o que foi ligado no céu – Deus espera que sejamos um povo que
ore, porque é mediante nossas orações que Ele escolhe operar no mundo hoje. Orações
poderosas e inspiradas pelo Espírito realizam milagres. (Idem Grupos Familiares)
• Como receber e exercer o dom – Como os demais, este Dom espiritual não é
apenas uma novidade, é também algo de caráter sobrenatural. Daí a dificuldade que as
pessoas têm de recebê- lo ou exercê-lo. Paulo diz que nossa “mente fica infrutífera”
(14.14) isto é, não pode compreender nem interpretar. O dom escapa aos limites do
raciocínio ou da lógica. Uma frase em língua estranha não pode ser submetida à análise
léxica ou sintática. Ou não deve ser escrita. (Nunca vi um servo de Deus registrar tais
articulações sonoras em seus escritos). Entretanto podemos falar.
• Como iniciar – Observemos que uma mãe começa a ensinar muitas palavras logo
de início ao seu filhinho. Como ela faz? Assim acontece com o Espírito Santo e nós. Outra
coisa: o filhinho não sabe quase nada sobre aqueles sons, mas com o tempo ele sabe que
produz resultado: exemplo: mã- mã, ága, pa-pa, etc. Que tal? O mesmo se dá com novas
línguas, umas poucas produzem efeitos enormes na esfera espiritual. É uma espécie de
senha espiritual. Também podemos lembrar-nos da pessoa que está aprendendo novo
idioma. Ela começa com poucos vocábulos e com o tempo vai aumentando seu
vocabulário, através ele, penetra na cultura daquele país. Alguém usou a figura da bomba
de água, na qual temos que usar um pouco ali em cima para facilitar a sucção. Podemos
um gesto de boa vontade pronunciar algum sem vocábulo e do Espírito conceder outros.
• Interpretação de línguas – “... é explicar o significado do que foi (ou está sendo)
dito mediante o dom de línguas numa reunião pública. ” O dom de interpretação é tão
sobrenatural quanto o dom de línguas. Recebe-se a interpretação direta do Espírito de
Deus. Cremos que quando alguém está falando em línguas e o espírito de outras pessoas
entre em sintonia com aquele que fala, então capta o sentido da mensagem e a
transmite.
• Erudição X Dom Espiritual – Como dissemos que não é o caso de alguém que
havendo estudado certo idioma interprete-o para o auditório. A capacidade para dar a
versão do dom de língua procede do Espírito e implica basicamente no exercício da fé. Se
tratasse de lago dependesse da intelectualidade nossos irmãos de pouca cultura não
receberiam este dom. Além disso, apóstolo
doutrina: “Pelo que, e que fala em outra língua, ore para que possa interpretá-la, 1ª. Cor.
11.4-13. Não havendo interpretação, cale-se, 14.28.
• Algumas considerações – Em alguns casos a língua estranha pode ser falada ou em
forma de cântico e expressada. Isto não é problema para quem exerce o dom de
interpretação. A interpretação pode ser feita pela própria pessoa que fala ou por outra
que se encontre na reunião. “Não é uma tradução, mas a interpretação do significado da
elocução em línguas. Isto é, interprete não diferencia a que classe pertence às palavras
proferidas em língua. Uma língua estranha interpretada produz o mesmo resultado da
profecia; edificação, exortação, consolação ou predição. O exercício deste dom tem mais
a ver com reuniões e a edificação de todos, 1ª Cor. 14.5.
• Às vezes, a mensagem em línguas é curta e a interpretação longa, isto é, a
elocução é longa e a interpretação curta. “Pode ser que a língua que o Espírito Santo deu
seja mais correta que a língua mais elaborada do intérprete”. “O dom da interpretação
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pode vir direto à mente da pessoa; intuito (de uma vez) ou simplesmente algumas
palavras para começar e à medida que o intérprete confia no Senhor e começa a falar
vem o resto da mensagem... A interpretação também pode vir em quadros ou símbolos,
ou por um pensamento inspirado ou o intérprete pode ouvir falar em línguas... como se a
pessoa estivesse falando diretamente em sua própria língua (vernácula). O dom de língua
quando devidamente interpretado constitui um sinal para os incrédulos, 1a Cor. 14.22.
• Atitudes corretas para com o dom de interpretação de línguas – A Igreja deve
ficar atenta para a possível manifestação elocução (profecia, línguas e interpretação). E
no instante que alguém começar a serem usados pelo Espírito, as demais pessoas deve
baixar o volume de suas vozes a fim de que todos possam ouvir o que o Senhor quer
falar. “Quando (alguém) apresentar qualquer dos dons orais do Espírito Santo certifique-
se de falar alto o suficiente para ser ouvido por todos, mas não desnecessariamente
barulhento nem use um tom de voz afetado”. “Qualquer uma dessas coisas espantará
algumas pessoas fazendo-as duvidar da validade do Dom ou impedi-los de ouvir o que
Deus deseja lhes dizer”. O que recebeu o dom de falar em línguas estranhas ou o de
interpretar deve dominar-se, falando somente quando o espírito assim o determinar.
Deve falar com naturalidade nitidamente com calma.

Pr. Antônio Coelho

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