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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página |2

O FIM DOS TEMPOS


Manual de Escatologia - Interpretando o Apocalipse

Por Daniel Conegero

1ª Edição 2016

USO DO MATERIAL
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prévia autorização do autor.

"Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua


vinda e do fim do mundo?"
(Mateus 24:3b)

Licenciado para: Olegário Antunes Neto | 896.746.508-49| E-mail: olegarioantunes@terra.com.br


Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página |3

SUMÁRIO
PREFÁCIO .................................................................................................................................................................... 9

O QUE É ESCATOLOGIA? ........................................................................................................................................ 11

O QUE SIGNIFICA ESCATOLOGIA? ...................................................................................................................... 12

A ESCATOLOGIA GERAL E A ESCATOLOGIA INDIVIDUAL .......................................................................... 12

PROFECIA DE MÚLTIPLA REFERÊNCIA ............................................................................................................... 12

AS DIFERENTES POSIÇÕES ESCATOLÓGICAS ................................................................................................... 14

PRÉ-MILENISMO HISTÓRICO ................................................................................................................................ 15

PRÉ-MILENISMO DISPENSACIONALISTA CLÁSSICO ..................................................................................... 16

PÓS-MILENISMO ........................................................................................................................................................ 17

AMILENISMO ............................................................................................................................................................... 18

AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS VISÕES ESCATOLÓGICAS ......................................................... 18

AS DIFERENTES OPINIÕES ACERCA DA SEGUNDA VINDA DE CRISTO .................................................22

PRÉ-TRIBULACIONISMO .....................................................................................................................................22

MESO-TRIBULACIONISMO ................................................................................................................................23

PÓS-TRIBULACIONISMO ....................................................................................................................................24

COMO DEVEMOS NOS POSICIONAR DIANTE DAS DIFERENÇAS? .........................................................24

O SERMÃO ESCATOLÓGICO DE JESUS ..............................................................................................................26

AS DIFERENTES INTERPRETAÇÕES SOBRE O SERMÃO ESCATOLÓGICO .............................................26

A ORGANIZAÇÃO E EXPLICAÇÃO DO SERMÃO ESCATOLÓGICO .......................................................... 27

A DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM E DO TEMPLO NO SERMÃO ESCATOLÓGICO ............................28

O PRINCÍPIO DAS DORES NO SERMÃO ESCATOLÓGICO .....................................................................29

A GRANDE TRIBULAÇÃO NO SERMÃO ESCATOLÓGICO ......................................................................30

A SEGUNDA VINDA DE CRISTO NO SERMÃO ESCATOLÓGICO .........................................................32

O LIVRO DO APOCALIPSE .................................................................................................................................... 34

O QUE SIGNIFICA A PALAVRA "APOCALIPSE"? ..............................................................................................34

QUEM ESCREVEU O APOCALIPSE?......................................................................................................................34

DATA E CONTEXTO HISTÓRICO DO APOCALIPSE ........................................................................................35

DIFERENTES INTERPRETAÇÕES SOBRE O LIVRO DO APOCALIPSE .........................................................36

INTERPRETAÇÃO PRETERISTA DO APOCALIPSE ....................................................................................... 37

INTERPRETAÇÃO HISTORICISTA DO APOCALIPSE ...................................................................................38

IINTERPRETAÇÃO IDEALISTA DO APOCALIPSE .........................................................................................38

INTERPRETAÇÃO FUTURISTA DO APOCALIPSE .........................................................................................39

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QUAL O MELHOR ESTILO DE INTERPRETAÇÃO PARA O APOCALIPSE? ...............................................39

POSIÇÕES ACERCA DO MILÊNIO .........................................................................................................................40

LEITURA DE RECAPITULAÇÃO OU SUCESSÃO NO APOCALIPSE? ...........................................................40

LEITURA LINEAR .................................................................................................................................................... 41

LEITURA DE RECAPITULAÇÃO .......................................................................................................................... 41

ESBOÇO DO LIVRO DO APOCALIPSE .................................................................................................................42

QUAL O MELHOR MÉTODO DE LEITURA? .......................................................................................................42

AFINAL, COMO ESTUDAR O APOCALIPSE?...................................................................................................... 44

ATENÇÃO AO TÍTULO DO APOCALIPSE ...........................................................................................................45

ATENÇÃO AO CONTEXTO HISTÓRICO DO APOCALIPSE ...........................................................................45

ATENÇÃO AO PROPÓSITO E AO TEMA DO APOCALIPSE ..........................................................................46

ATENÇÃO A ORGANIZAÇÃO DO CONTEÚDO DO APOCALIPSE ............................................................47

ATENÇÃO AO SIMBOLISMO NO APOCALIPSE ...............................................................................................47

ATENÇÃO AOS NÚMEROS NO APOCALIPSE ..................................................................................................49

AS SETE IGREJAS DO APOCALIPSE ...................................................................................................................... 51

POR QUE SETE IGREJAS? ......................................................................................................................................... 51

QUAIS SÃO AS SETE IGREJAS DO APOCALIPSE? ...........................................................................................52

OS SETE CASTIÇAIS E AS SETE ESTRELAS .........................................................................................................52

QUEM SÃO OS ANJOS DAS SETE IGREJAS DO APOCALIPSE? ..................................................................52

A ESTRUTURA DAS SETE CARTAS ........................................................................................................................53

AS CARACTERÍSTICAS DE CADA IGREJA NAS SETE CARTAS .....................................................................54

QUAL O SIGNIFICADO DAS SETE IGREJAS DO APOCALIPSE? ...................................................................55

A VISÃO DO TRONO DE DEUS NO APOCALIPSE ............................................................................................58

JOÃO RECEBE UM CONVITE ..................................................................................................................................58

QUEM SÃO OS VINTE E QUATRO ANCIÃOS? .................................................................................................60

QUEM SÃO OS QUATRO SERES VIVENTES? .................................................................................................... 61

A IGREJA TAMBÉM ADORA AO CORDEIRO .....................................................................................................62

O CORDEIRO EXALTADO E O LIVRO SELADO ................................................................................................62

O LIVRO SELADO COM SETE SELOS ...................................................................................................................65

O LIVRO SELADO SE REFERE AO PERÍODO DE GRANDE TRIBULAÇÃO ................................................66

O LIVRO SELADO SE REFERE À ERA DA IGREJA.............................................................................................. 67

POR QUE A ABERTURA DOS SELOS SE REFEREM À ERA DA IGREJA? ....................................................68

PRIMEIRO SELO: O CAVALO BRANCO ............................................................................................................... 70

SEGUNDO SELO: O CAVALO VERMELHO ......................................................................................................... 73

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TERCEIRO SELO: O CAVALO PRETO ...................................................................................................................74

QUARTO SELO: O CAVALO AMARELO .............................................................................................................. 76

CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS QUATRO PRIMEIROS SELOS ................................................................. 77

QUINTO SELO ............................................................................................................................................................. 78

SEXTO SELO ................................................................................................................................................................. 78

O INTERLÚDIO DO CAPÍTULO 7 ........................................................................................................................... 79

SÉTIMO SELO............................................................................................................................................................... 79

QUEM SÃO OS 144 MIL SELADOS NO CAPÍTULO 7? ...................................................................................... 81

INTERPRETAÇÃO DOS TETEMUNHAS DE JEOVÁ ...........................................................................................82

INTERPRETAÇÃO DOS PRÉ-MILENISTAS DISPENSACIONALISTAS ..........................................................82

INTERPRETAÇÃO DAS DEMAIS ESCOLAS ESCATOLÓGICAS .....................................................................84

QUAL A INTERPRETAÇÃO MAIS COERENTE? ..................................................................................................85

AS SETE TROMBETAS.............................................................................................................................................. 87

AS TROMBETAS SE REFEREM AO PERÍODO DA GRANDE TRIBULAÇÃO ............................................... 87

AS SETE TROMBETAS SE REFEREM À PRESENTE DISPENSAÇÃO .............................................................88

PRIMEIRA TROMBETA ..............................................................................................................................................90

SEGUNDA TROMBETA .............................................................................................................................................90

TERCEIRA TROMBETA ............................................................................................................................................... 91

QUARTA TROMBETA ................................................................................................................................................92

QUINTA TROMBETA .................................................................................................................................................92

SEXTA TROMBETA .....................................................................................................................................................94

INTERLÚDIO DO CAPÍTULO 10 E 11 .....................................................................................................................96

SÉTIMA TROMBETA ................................................................................................................................................... 97

QUEM SÃO AS DUAS TESTEMUNHAS NO APOCALIPSE?..............................................................................99

QUAL A INTERPRETAÇÃO MAIS COERENTE? .................................................................................................101

A MULHER E O DRAGÃO ..................................................................................................................................... 106

QUAL É A MELHOR INTERPRETAÇÃO? ............................................................................................................ 107

A DESCRIÇÃO DA MULHER ...................................................................................................................................110

A DESCRIÇÃO DO FILHO DA MULHER ............................................................................................................. 111

A DESCRIÇÃO DO DRAGÃO ................................................................................................................................. 111

A BESTA QUE SUBIU DO MAR E A BESTA QUE SUBIU DA TERRA .............................................................. 113

QUEM SÃO AS DUAS BESTAS? ............................................................................................................................114

A BESTA QUE SUBIU DO MAR.........................................................................................................................114

A BESTA QUE SUBIU DA TERRA ..................................................................................................................... 122

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MARCA DA BESTA E O NÚMERO 666 .............................................................................................................. 126

AS DIFERENTES INTERPRETAÇÕES SOBRE A MARCA DA BESTA ........................................................... 126

AFINAL, O QUE É A MARCA DA BESTA? ......................................................................................................... 127

O QUE SIGNIFICA O NÚMERO 666? ............................................................................................................ 133

O QUE PODEMOS CONCLUIR SOBRE A MARCA DA BESTA? .................................................................. 135

O ANTICRISTO SEGUNDO A BÍBLIA .................................................................................................................. 137

O QUE SIGNIFICA A PALAVRA "ANTICRISTO"? ............................................................................................. 138

O ANTICRISTO NO LIVRO DE DANIEL.............................................................................................................. 138

O ANTICRISTO NO SERMÃO ESCATOLÓGICO DE JESUS ......................................................................... 139

O ANTICRISTO NAS EPÍSTOLAS DE JOÃO ...................................................................................................... 140

O ANTICRISTO NAS EPÍSTOLAS DE PAULO ................................................................................................... 140

O ANTICRISTO NO APOCALIPSE .........................................................................................................................141

QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO ANTICRISTO? .......................................................................................... 143

AS SETE TAÇAS DA IRA DE DEUS ...................................................................................................................... 144

COMO ENTENDER AS SETE TAÇAS? ................................................................................................................. 146

A RELAÇÃO ENTRE AS SETE TAÇAS E AS SETE TROMBETAS................................................................... 148

O DERRAMAMENTO DAS SETE TAÇAS ............................................................................................................ 150

PRIMEIRA TAÇA ................................................................................................................................................... 150

SEGUNDA TAÇA .................................................................................................................................................. 150

TERCEIRA TAÇA ....................................................................................................................................................151

QUARTA TAÇA ......................................................................................................................................................151

QUINTA TAÇA ...................................................................................................................................................... 152

SEXTA TAÇA .......................................................................................................................................................... 153

SÉTIMA TAÇA ....................................................................................................................................................... 154

O QUE É A BATALHA DO ARMAGEDOM? ....................................................................................................... 156

O QUE SIGNIFICA A PALAVRA ARMAGEDOM? ............................................................................................ 156

AS DIFERENTES INTERPRETAÇÕES SOBRE A BATALHA DO ARMAGEDOM ....................................... 157

COMO INTERPRETAR A BATALHA DO ARMAGEDOM? ............................................................................. 158

A GRANDE BABILÔNIA DO APOCALIPSE ......................................................................................................... 162

BABILÔNIA: A MÃE DAS MERETRIZES .............................................................................................................. 162

QUÉM É ESSA BABILÔNIA? ............................................................................................................................. 163

A DESCRIÇÃO DA GRANDE BABILÔNIA ..................................................................................................... 166

A QUEDA DA GRANDE BABILÔNIA ................................................................................................................... 169

A CEIA DAS BODAS DO CORDEIRO .................................................................................................................. 172

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AS BODAS DO CORDEIRO E AS DIFERENTES CORRENTES ESCATOLÓGICAS .................................. 172

AS BODAS DO CORDEIRO E O PRETERISMO ........................................................................................... 172

AS BODAS DO CORDEIRO E O PRÉ-TRIBULACIONISMO ..................................................................... 173

AS BODAS DO CORDEIRO E O PÓS-TRIBULACIONISMO .................................................................... 174

QUAL A INTERPRETAÇÃO MAIS COERENTE SOBRE AS BODAS DO CORDEIRO? ............................ 175

O QUE É O MILÊNIO? ........................................................................................................................................... 178

AS PRINCIPAIS INTERPRETAÇÕES SOBRE O MILÊNIO ............................................................................... 179

O AMILENISMO E O MILÊNIO ........................................................................................................................ 179

O PÓS-MILENISMO E O MILÊNIO ................................................................................................................. 180

O PRÉ-MILENISMO HISTÓRICO E O MILÊNIO ......................................................................................... 180

O PRÉ-MILENISMO DISPENSACIONALISTA E O MILÊNIO ................................................................... 180

COMO INTERPRETAR O MILÊNIO? .................................................................................................................... 182

O MILÊNIO E A RECAPITULAÇÃO NO APOCALIPSE ................................................................................... 188

O MILÊNIO E O SIMBOLISMO NO APOCALIPSE .......................................................................................... 190

A PRISÃO DE SATANÁS POR MIL ANOS ..........................................................................................................191

O REINADO DOS SANTOS NO MILÊNIO ........................................................................................................ 193

O MILÊNIO, A PRIMEIRA RESSURREIÇÃO E A SEGUNDA MORTE .......................................................... 194

O QUE PODEMOS CONCLUIR SOBRE O MILÊNIO? .................................................................................... 198

GOGUE E MAGOGUE ............................................................................................................................................ 199

GOGUE E MAGOGUE NO ANTIGO TESTAMENTO ....................................................................................... 199

GOGUE E MAGOGUE NO APOCALIPSE ........................................................................................................... 199

GOGUE E MAGOGUE NAS DIFERENTES CORRENTES ESCATOLÓGICAS ............................................ 200

COMO INTERPRETAR A EXPRESSÃO GOGUE E MAGOGUE? ................................................................... 201

A GRANDE TRIBULAÇÃO E A SEGUNDA VINDA DE CRISTO ...................................................................... 205

A IGREJA PASSARÁ PELA GRANDE TRIBULAÇÃO? O ARREBATAMENTO SERÁ SECRETO? ......... 206

ANALISANDO ALGUNS TEXTOS ESPECÍFICOS ..........................................................................................211

O ARREBATAMENTO DA IGREJA SERÁ UM EVENTO VISÍVEL .................................................................. 216

EXISTE ALGUMA FORMA DE MARCAR UMA DATA PARA A VOLTA DE CRISTO? ............................ 219

O QUE PODEMOS CONCLUIR SOBRE A GRANDE TRIBULAÇÃO E A SEGUNDA VINDA DE


CRISTO? ...................................................................................................................................................................... 220

O JUÍZO FINAL ...................................................................................................................................................... 222

O JUÍZO FINAL E AS DIFERENTES CORRENTES ESCATOLÓGICAS ........................................................ 222

QUANTOS JUÍZOS FINAIS OCORRERÃO? ...................................................................................................... 223

QUANDO OCORRERÁ O JUÍZO FINAL? .......................................................................................................... 225

QUAL SERÁ A DURAÇÃO DO JUÍZO FINAL? ................................................................................................. 227

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ONDE OCORRERÁ O JUÍZO FINAL? ................................................................................................................. 228

QUEM SERÁ O JUIZ NO JUÍZO FINAL?............................................................................................................ 228

QUEM PARTICIPARÁ DO JULGAMENTO FINAL? ......................................................................................... 229

QUEM SERÁ JULGADO NO JUÍZO FINAL? ..................................................................................................... 230

O QUE SERÁ JULGADO NO JUÍZO FINAL? .................................................................................................... 232

QUAL SERÁ O CRITÉRIO DE JULGAMENTO NO JUÍZO FINAL? .............................................................. 232

OS GALARDÕES NO JUÍZO FINAL .................................................................................................................... 234

QUAIS SÃO OS PROPÓSITOS DO JUÍZO FINAL? POR QUE ELE TEM QUE OCORRER?................. 236

QUAL O SIGNIFICADO DO JUÍZO FINAL? ...................................................................................................... 236

O INFERNO SEGUNDO A BÍBLIA ....................................................................................................................... 237

O QUE É O INFERNO? O INFERNO É REAL? ................................................................................................. 238

O QUE SIGNIFICA INFERNO? .............................................................................................................................. 239

O SIGNIFICADO DE SHEOL............................................................................................................................. 239

O SIGNIFICADO DE HADES ............................................................................................................................. 241

O SIGNIFICADO DE TÁRTARO....................................................................................................................... 242

O SIGNIFICADO DE GEHENNA ..................................................................................................................... 243

COMO É O INFERNO? ........................................................................................................................................... 244

O DIABO GOVERNA O INFERNO? .................................................................................................................... 246

DEUS ESTÁ PRESENTE NO INFERNO? ............................................................................................................. 246

ONDE FICA O INFERNO?...................................................................................................................................... 247

COMO É O CASTIGO NO INFERNO? ............................................................................................................... 247

TODOS RECEBEM O MESMO CASTIGO NO INFERNO? ....................................................................... 249

O CASTIGO NO INFERNO É ETERNO? ....................................................................................................... 250

O INFERNO NO ESTADO INTERMEDIÁRIO E FINAL ................................................................................... 252

A IMPORTÂNCIA DA DOUTRINA SOBRE O INFERNO ............................................................................... 252

O NOVO CÉU E NOVA TERRA ........................................................................................................................... 254

QUANDO OCORRERÁ O SURGIMENTO DO NOVO CÉU E NOVA TERRA? ....................................... 254

COMO SERÁ CRIADO O NOVO CÉU E NOVA TERRA? ........................................................................ 255

COMO SERÁ O NOVO CÉU E NOVA TERRA? .......................................................................................... 256

AS REFERÊNCIAS SOBRE O NOVO CÉU E NOVA TERRA .......................................................................... 257

COMO VIVEREMOS NO NOVO CÉU E NOVA TERRA? .............................................................................. 259

QUAL SERÁ O PAPEL DOS ANJOS NO NOVO CÉU E NOVA TERRA? COMO ELES SE
RELACIONARÃO COM A IGREJA? ................................................................................................................. 261

COMO SERÁ O NOSSO CORPO NO NOVO CÉU E NOVA TERRA? .................................................. 261

O CRISTÃO E A PROMESSA ACERCA DO NOVO CÉU E NOVA TERRA ............................................... 262

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A NOVA JERUSALÉM............................................................................................................................................ 263

AS DIFERENTES INTERPRETAÇÕES ACERCA DA NOVA JERUSALÉM ................................................... 263

O QUE É A NOVA JERUSALÉM? ......................................................................................................................... 264

A DESCRIÇÃO DA NOVA JERUSALÉM ........................................................................................................ 266

TEXTOS COMPLEMENTARES ............................................................................................................................. 270

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................................... 319

PREFÁCIO
A escatologia certamente é a área mais debatida da teologia, e também a

que mais desperta curiosidade entre os cristãos. Diante de tantos


questionamentos, surgiram muitas especulações e teorias fantasiosas acerca deste

assunto, e, infelizmente, dia após dia as pessoas acabam consumindo informações


que não condizem com o ensino bíblico.

Nos cursos que já tive a oportunidade de lecionar, percebi que a grande

maioria dos cristãos possui pouco ou nenhum conhecimento escatológico. Isso é


muito triste, pois estamos falando, principalmente, sobre a doutrina bíblica acerca

do futuro.

Percebi também que às vezes ficamos tão acostumados às salas de aula

dos seminários teológicos, que acabamos cometendo o erro de ensinar a nossa

congregação local como se estivemos ensinando acadêmicos e estudiosos da


área.

Foi então que resolvi colocar neste material as dúvidas mais frequentes
que já recebi sobre escatologia. Tentei manter ao máximo uma abordagem
descomplicada e informal, embora consciente de que em alguns pontos é

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praticamente impossível evitar a complexidade do tema. Não me prendi tanto em

detalhes técnicos, principalmente de termos gregos ou hebraicos, para que a


leitura não ficasse cansativa.

Tentei também passar um panorama geral das principais correntes

escatológicas, pois penso ser extremamente injusto o fato dos cristãos serem
doutrinados numa determinada linha escatológica sem nem ao menos saber que

existem outras posições sobre o assunto.

Resolvi publicar este material em formado digital pois fiquei muito


animado com a possibilidade de expansão que um e-book nos proporciona, ao

contrário de um livro impresso. Se Deus assim permitir, em breve pretendo


ampliar ainda mais o conteúdo desde e-book.

Agradeço imensamente a Deus que me proporcionou a oportunidade de

compor este material, pois sem a capacitação do Espírito Santo que ilumina o
nosso entendimento, eu não teria escrito nem mesmo a primeira frase. O

privilégio de ensinar as Escrituras é extraordinário.

Meu desejo sincero é que este material seja muito útil para os seus

estudos da Palavra de Deus, e que possa servir de benção para a sua vida. Espero
que você também entenda que meu objetivo neste e-book não é debater a

escatologia, mas tentar expô-la, com toda humildade e respeito, da maneira que
considero ser a mais coerente com o ensino bíblico sobre o tema.

Que Deus vos abençoe grandemente!

DANIEL CONEGERO

Um pecador que foi alcançado pela


maravilhosa graça de Deus. Casado com Ana

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Glaucia Conegero, formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, professor

de teologia, músico e autor do blog Estilo Adoração.

O QUE É ESCATOLOGIA?
A escatologia é a divisão da teologia sistemática que estuda as profecias
bíblicas sobre o nosso futuro individual, e o futuro do mundo. A escatologia é o

clímax da revelação divina, nela é explicada a principal razão da criação do mundo


material, e o cumprimento dos propósitos eternos de Deus para a humanidade.

É importante saber que a escatologia bíblica aborda tanto as profecias

que já se cumpriram, como as que ainda se cumprirão, ou seja, tudo o que era
“profeticamente futuro” na época em que foi escrito pode ser entendido como

escatológico. Isto nos leva ao que na teologia geralmente se chama de


"escatologia inaugurada" e "escatologia futura".

Na escatologia inaugurada é abordado a fase atual do reino de Deus e as


bênçãos presentes desfrutadas pelos crentes, bem como as várias profecias

presentes no Antigo Testamento que se cumpriram na pessoa de Cristo em sua

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primeira vinda. A escatologia futura, como o próprio nome já diz, aborda os

eventos futuros.

O QUE SIGNIFICA ESCATOLOGIA?


O termo "Escatologia" começou a ser utilizado no século 19 para designar
essa área da Teologia. Esse termo é derivado da união de duas palavras gregas:

eschatos e logos. A primeira palavra significa "último". Já a segunda palavra grega


significa "palavra" ou "dissertação", isto é, a palavra escrita ou falada. Assim, o

termo "Escatologia" pode ser entendido como a dissertação ou doutrina sobre as


últimas coisas.

A ESCATOLOGIA GERAL E A ESCATOLOGIA INDIVIDUAL


Podemos dividir a escatologia em dois segmentos: geral e individual. A

escatologia geral trata acerca do futuro do mundo, enquanto a escatologia


individual trata do futuro individual do homem. Na escatologia geral temas

relacionados ao fim da presente dispensação são discutidos, como por exemplo, a

segunda vinda de Cristo, a ressurreição geral e o juízo final. Já na escatologia


individual é o fim da vida do homem que é discutido, como a morte física,

imortalidade, e o estado intermediário dos mortos.

Podemos citar dois textos bíblicos como exemplos de escatologia geral e

escatologia individual: 1 Tessalonicenses 5:1-11 e Salmo 90. Em 1 Tessalonicenses, o


apóstolo Paulo trata da escatologia geral, enquanto no Salmo 90 Moisés fala a
respeito da escatologia individual.

PROFECIA DE MÚLTIPLA REFERÊNCIA


Quando se fala em escatologia, entender o conceito de múltipla
referência no cumprimento de determinadas profecias bíblicas é fundamental.

Podemos classificar uma profecia como sendo de múltipla referência quando ela se
refere a dois momentos distintos, isto é, seu cumprimento não se esgota num

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determinado evento, mas em dois ou até três eventos. Assim, a profecia alcança

seu cumprimento pleno e final em períodos diferentes da História.

No Antigo Testamento, notamos que a perspectiva profética que os


profetas tinham acerca de alguns eventos escatológicos assemelha-se ao modo

com que avistamos uma paisagem no horizonte. É comum vermos duas


montanhas bem longe e pensarmos que ambas as montanhas estejam bem

próximas, se não juntas. Mas quando vamos nos aproximando delas, percebemos
que uma está bem distante da outra, e a ilusão sobre a proximidade que tivemos,

se dá pelo fato da segunda montanha ser bem maior do que a primeira.

É exatamente dessa forma com que muitas profecias do Antigo


Testamento se referem a eventos escatológicos futuros. Os profetas

frequentemente avistavam dois eventos distintos como sendo um único evento,


mas conforme o tempo foi passando, o cumprimento da profecia foi se revelando

pertencer a eventos históricos diferentes. Isso de forma alguma representa um


erro, ao contrário, reflete apenas a perspectiva profética daquele momento.

Como exemplo do que estamos falando, podemos citar o livro do profeta

Malaquias:

Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante


de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais;
o Anjo da Aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o SENHOR
dos Exércitos. Mas quem suportará o dia da sua vinda? E quem
subsistirá, quando ele aparecer? Porque ele será como o fogo do
ourives e como o sabão dos lavandeiros. E assentar-se-á como
fundidor e purificador de prata; e purificará os filhos de Levi, e os
refinará como ouro e como prata; então ao Senhor trarão oferta em
justiça (Malaquias 3:1-3).

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Perceba que o profeta Malaquias vê a primeira e a segunda vinda de

Cristo como se elas fossem um único evento, ou seja, parte dessa profecia
obviamente se cumpriu na primeira vinda de Cristo, mas seu cumprimento pleno

e final se dará na segunda vinda dEle. Outro exemplo de profecia de múltipla


referência está em Miquéias 4:1-8, onde da mesma forma uma única profecia se

refere ao período de tempo após a restauração do povo de Deus do exílio e


também as duas vindas de Cristo.

No sermão escatológico de Jesus no Novo Testamento (Mt 24; Mc 13; Lc

21), também encontramos esse mesmo princípio, quando Jesus falou acerca da
destruição de Jerusalém e, na mesma profecia, se referiu ao período total da

presente dispensação e a consumação desta era com sua segunda vinda e o


julgamento final. No ensino de Jesus percebemos que a destruição de Jerusalém e

do Templo, ocorrida em 70 d.C., de alguma forma prefigura o período de


angústias que haverá antes de sua vinda.

AS DIFERENTES POSIÇÕES
ESCATOLÓGICAS
A escatologia bíblica é considerada por muitos a área mais difícil da

teologia sistemática. Essa dificuldade ocorre, principalmente, por ela se referir a


coisas que ainda não aconteceram, ou seja, por se tratar de eventos futuros,

surgiram muitas divergências entre os estudiosos, de modo que originou-se

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diferentes posições (escola, visões ou correntes) acerca dos temas principais

abordados pela escatologia.

Essas diferentes posições, basicamente discutem a cronologia dos eventos


escatológicos, sendo o milênio o principal deles. Embora se dividam em quatro

escolas principais, dentro de cada uma delas ainda há diferentes interpretações de


pontos específicos por seus adeptos. A seguir, teremos um resumo do que prega

cada uma destas posições escatológicas.

PRÉ-MILENISMO HISTÓRICO
O Pré-Milenismo Histórico defende que a segunda vinda de Cristo
acontecerá em um evento único após o período de tribulação (grande tribulação),

ou seja, no Pré-Milenismo Histórico a Igreja estará na Terra durante esse período


de tribulação intensa, e ao final deste período então ocorrerá a segunda vinda de

Jesus.

Na segunda vinda de Cristo, os justos ressuscitarão e os salvos que


estiverem vivos terão seus corpos transformados. Na ocasião, o Anticristo será

destruído, Satanás será preso e Cristo reinará durante mil anos literais na Terra,
cujo período será de grande benção, paz e prosperidade. Ao final dos mil anos,

Satanás será solto por um curto período de tempo e tentará fazer uma guerra
contra Deus, porém será derrotado definitivamente e lançado para condenação

eterna no Lago de Fogo. É também nesse momento que os ímpios serão


ressuscitados para serem julgados e condenados juntamente com Satanás e seus

anjos. Após esse acontecimento começará o estado eterno.

Existe também alguns pré-milenistas históricos que defendem que o


Anticristo se manifestará após o milênio e não antes dele. O Pré-Milenismo

Histórico vem sendo ensinado provavelmente desde o século I d.C., porém as


primeiras evidências desse ensino datam do século II com Justino Mártir e Irineu.

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PRÉ-MILENISMO DISPENSACIONALISTA CLÁSSICO


O Pré-Milenismo Dispensacionalista é bem diferente do Pré-Milenismo
Histórico. Embora também tenha uma visão pré-milenial da segunda vinda de

Cristo, o Pré-Milenismo Dispensacionalista divide esse evento em duas fases


distintas.

Primeiramente ocorrerá o arrebatamento da Igreja de forma secreta, e,


juntamente com o surgimento do Anticristo, será dado início aos famosos sete

anos de grande tribulação na Terra. Para a base dessa cronologia, é utilizada uma
interpretação da profecia das setenta semanas de Daniel (no caso esse período

seria a septuagésima semana) combinado com um esquema de leitura do livro de


Apocalipse (sobretudo do capítulo 13). No arrebatamento da Igreja ocorrerá

apenas a ressurreição dos justos. No período de sete anos de tribulação a Igreja

estará com Cristo no céu.

Após os sete anos de tribulação, haverá a batalha do Armagedom e Cristo

retornará para destruir o Anticristo e os inimigos de Israel. As nações serão


julgadas, e as que tiverem apoiado Israel participarão do milênio, que será

também um reino literal de mil anos de Cristo na Terra, tal como defende a visão
anterior.

Haverá também a ressurreição dos judeus após os sete anos de

tribulação. Os que se voltaram contra Israel serão destruídos e aguardarão o


último julgamento para condenação eterna. No reino milenar, o Templo terá sido

reconstruído e Cristo se assentará no trono de Davi, para que se cumpra todas as


profecias pendentes a Israel (nesse sistema existe a completa distinção entre Israel

e Igreja).

No final do milênio, Satanás será solto por um período de tempo,


enganará as pessoas e fará uma rebelião contra Cristo e a Nova Jerusalém, porém
Satanás será derrotado e lançado no Lago de Fogo. Haverá também a

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ressurreição dos ímpios para o grande julgamento, para que sejam lançados no

Lago de Fogo.

O Pré-Milenismo Dispensacionalista é com certeza a corrente escatológica


mais complexa, e surgiu recentemente, em meados do século 19.

É importante ressaltar também que existe o Dispensacionalismo

Progressivo (ou Novo Dispensacionalismo) uma visão que difere bastante do


Dispensacionalismo Clássico. Nesse sistema, a Igreja não representa uma

interrupção no plano de Deus para Israel como no modelo clássico, e sim uma
parte integral desse plano, ou seja, é uma progressão desse plano. O

Dispensacionalismo Progressivo, em sua maioria, defende a vinda de Cristo em


um evento único pós-tribulacional.

PÓS-MILENISMO
A visão Pós-Milenista defende que a segunda vinda de Cristo ocorrerá

após o Milênio. Dentro do próprio Pós-Milenismo existem diferentes opiniões


sobre como se dará esse período milenar.

Alguns acreditam que se trata dos últimos mil anos antes da volta de

Cristo, enquanto outros defendem que o milênio é o período que compreende


desde a primeira até a segunda vinda de Cristo. O Pós-Milenismo afirma que

nesse período ocorrerá uma completa evangelização no mundo, e que a maioria


das pessoas serão convertidas, o que ocasionará um grande desenvolvimento

global em todos os aspectos (social, econômico, político e cultural).

Entre o imenso número de convertidos, estarão também muitos judeus

que reconhecerão Jesus como o Messias. No final desse período, Cristo voltará,
acontecerá a ressurreição tanto dos justos quanto dos ímpios, o julgamento final e

o estado eterno será estabelecido.

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AMILENISMO
Embora o termo Amilenismo literalmente signifique "sem milênio" ou
"não milênio", o Amilenismo de forma alguma nega o milênio. O Amilenismo

entende que o capítulo 20 do Apocalipse, onde é mencionado o milênio, se refere


ao período entre a primeira e a segunda vinda de Cristo, ou seja, os "mil anos" são

simbólicos e não estão relacionado a um período de paz e prosperidade na Terra,


mas ao caráter espiritual do Reino de Cristo.

Alguns defendem que o Reino de Cristo acontece, sobretudo, com os


salvos que já morreram e estão nos céu reinando com Cristo até a segunda vinda,

enquanto outros acreditam que também existe uma conexão com a Igreja e a
pregação do Evangelho na Terra, porém essa evangelização não será

acompanhada de paz e prosperidade, mas de sofrimento terreno, o qual a Igreja

de Cristo sempre enfrentou ao longo de sua História.

No Amilenismo, o fato de já estarmos no milênio e, portanto, Satanás

estar amarrado, não significa que ele está totalmente inoperante no mundo, pelo
contrário, ele está agindo no presente momento, porém está limitado e

incapacitado de barrar o avanço da pregação do Evangelho na Terra.

Os Amilenistas também defendem um período final de tribulação sem


precedentes em que Satanás será solto, ou seja, Deus permitirá que ele engane

novamente as nações, e é nesse período que a Igreja passará por seu momento
mais difícil na Terra. Então Cristo voltará com poder e glória, haverá a ressurreição

geral (santos e ímpios), o último julgamento e o estado eterno com novo céu e
nova terra.

AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS VISÕES ESCATOLÓGICAS


Termos como: Amilenismo, Pré-Milenismo Histórico, Pós-Milenismo e
Pré-Milenismo Dispensacionalista, certamente confundem muita gente, ainda mais
sabendo que a escatologia está longe de ser algo de fácil compreensão.

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Para facilitar o nosso entendimento, vejamos abaixo as principais

diferenças entre estas visões escatológicas nos principais pontos da escatologia


bíblica.

Segunda Vinda de Cristo:

1. Amilenismo: a segunda vinda de Cristo é um evento único e visível a todos,

ou seja, não existe o conceito de arrebatamento secreto. No Amilenismo a


segunda vinda de Cristo em glória e o arrebatamento são uma coisa só.

2. Pré-Milenismo Histórico: a segunda vinda de Cristo e o arrebatamento são


o mesmo evento, tal como no Amilenismo.

3. Pós-Milenismo: igual às visões anteriores, Cristo volta de forma visível e em


glória em um único evento.

4. Dispensacionalismo Clássico: a segunda vinda de Cristo será dividida em


duas fases, sendo a primeira para arrebatar secretamente a Igreja, e a

segunda de forma visível e em glória após os sete anos de grande


tribulação.

Ressurreição dos Mortos:

1. Amilenismo: ressurreição geral de salvos e ímpios na segunda vinda de


Cristo. Os salvos para reinarem com Deus e os ímpios para condenação

eterna.
2. Pós-Milenismo: da mesma forma como no Amilenismo, salvos e ímpios
ressuscitaram de forma geral na segunda vinda de Cristo.
3. Pré-Milenismo Histórico: apenas os salvos ressuscitarão na segunda vinda

de Cristo para reinarem com Ele no milênio, enquanto os ímpios só

ressuscitarão no final do milênio para a condenação eterna.


4. Dispensacionalismo Clássico: o Dispensacionalismo exige pelo menos três

ressurreições:
a) A primeira dos salvos no arrebatamento da Igreja;

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b) A segunda dos judeus após os sete anos de grande tribulação

(alguns também defendem que os salvos do período da grande


tribulação também ressuscitarão nesse momento, enquanto outros

acreditam que somente após o milênio eles ressuscitarão);


c) A terceira dos ímpios após o milênio.

O Anticristo:

1. Amilenismo: muitos anticristos se levantaram ao longo da História, porém

haverá um último indivíduo que será o Anticristo escatológico que surgirá


no período de grande tribulação, e regerá um sistema mundial que será

contra a Igreja de Cristo. Alguns acreditam apenas em um "sistema


anticristo" (governo) e não necessariamente em um indivíduo específico.

2. Pré-Milenismo Histórico: um indivíduo específico que será o inimigo da


Igreja no período de grande tribulação (para alguns ele surgirá no período

após o milênio).
3. Pós-Milenismo: o anticristo é qualquer pessoa que persegue e se opõem ao

crescimento do domínio da Igreja na terra.


4. Dispensacionalismo Clássico: um indivíduo que surgirá no período da

grande tribulação e que aterrorizará o mundo e perseguirá aos que não


negarem o nome de Jesus, porém ele não fará nada contra a Igreja que já

terá sido arrebatada.

A Grande Tribulação:

1. Amilenismo: somente após o período de grande tribulação é que ocorrerá

a segunda vinda de Cristo, ou seja, a Igreja passará pela grande tribulação.

2. Pré-Milenismo Histórico: a Igreja passará pela grande tribulação.


3. Pós-Milenismo: a tribulação é experimentada na presente era. Existem Pós-

Milenistas que acreditam em um período final de grande apostasia e


tribulação antecedendo a volta de Cristo, e existem outros que defendem

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que quando Cristo voltar o mundo estará em plena paz e prosperidade.

Isso acontece devido a visão sobre o milênio que essa corrente


escatológica defende.

4. Dispensacionalismo Clássico: A Igreja será arrebatada antes da grande


tribulação, ou seja, não passará por ela.

O Julgamento:

1. Amilenismo: julgamento geral (juízo final) de todas as pessoas na segunda

vinda de Cristo.
2. Pré-Milenismo Histórico: julgamento na segunda vinda de Cristo e também

após o milênio.
3. Pós-Milenismo: julgamento geral de todas as pessoas na segunda vinda de

Cristo.
4. Dispensacionalismo Clássico: três julgamentos, sendo eles:

a) Julgamento das obras dos salvos no arrebatamento;


b) Julgamento de judeus e de alguns gentios no final da grande

tribulação;
c) Julgamento geral dos ímpios após o milênio.

Igreja e Israel:

1. Amilenismo: a Igreja é o verdadeiro Israel de Deus, e Deus tem apenas um


só povo.
2. Pré-Milenismo Histórico: a Igreja é o Israel espiritual, ou seja, o novo Israel
no Novo Testamento, porém Deus tratará com Israel separadamente

concernente algumas promessas no milênio.

3. Pós-Milenismo: a Igreja é o verdadeiro Israel.


4. Dispensacionalismo Clássico: para Deus, Israel e Igreja são povos

completamente diferentes. A Igreja é um "parêntese" no plano de Deus

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para Israel que foi suspenso, mas será retomado após o arrebatamento

secreto da Igreja.

Milênio:

1. Amilenismo: o milênio não é um período literal de mil anos. No Amilenismo


o milênio é espiritual, onde os salvo reinam com Cristo no céu e sobre a

terra. Assim, o milênio começou na primeira vinda de Cristo.


2. Pré-Milenismo Histórico: é reconhecido o Reino de Cristo na presente era

com a Igreja, porém haverá também um reino milenar e literal no futuro


após a segunda vinda de Cristo, com Jesus reinando sobre as nações do

mundo (talvez não necessariamente o período seja de mil anos).


3. Pós-Milenismo: conforme o Evangelho for sendo pregado será iniciado o

milênio, onde o mundo inteiro será evangelizado e a maioria das pessoas


serão convertidas. O cristianismo será o padrão e não a exceção, ou seja, a

plantação será de trigo e não de joio (a referência a parábola de Jesus é


usada para defender esse conceito).

4. Dispensacionalismo Clássico: milênio futuro e literal após a segunda fase da


segunda vinda de Cristo.

AS DIFERENTES OPINIÕES ACERCA DA SEGUNDA VINDA DE CRISTO


Creio que nesse ponto seja possível perceber que não é apenas o milênio
que causa debate entre os cristãos, mas também como se dará a segunda vinda
de Cristo. Sobre essa questão existem três opiniões diferentes, sendo elas: Pré-
Tribulacionismo, Pós-Tribulacionismo e Meso-Tribulacionismo. A seguir,
conheceremos de forma bem objetiva cada uma destas diferentes opiniões.
Todavia, o mais importante nessa discussão é que Cristo voltará, e sobre isto, as três
interpretações concordam, embora discordem da cronologia do evento.

PRÉ-TRIBULACIONISMO

Essa visão defende que a volta de Cristo se divide em duas etapas: (a)
secretamente para buscar a Igreja; (b) em glória, sendo visível a todos após o
período de grande tribulação. É por conta desse arrebatamento secreto antes da
grande tribulação que essa posição é chamada de Pré-Tribulacionismo.

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O Pré-Tribulacionismo está diretamente ligado ao Dispensacionalismo


Clássico, e ao método futurista e literal de interpretação das principais passagens
escatológicas da Bíblia, embora nem todos que os adotam o método futurista
sejam dispensacionalistas clássicos. Existem muitos futuristas que são pré-
milenistas pós-tribulacionistas. Sobre o método de interpretação chamado
"futurista", falaremos sobre ele num capítulo posterior.

Geralmente no Pré-Tribulacionismo existe uma completa distinção entre a


Igreja e Israel. Basicamente Jesus veio para os judeus, porém os judeus o
rejeitaram, e, então, ele suspendeu temporariamente seus planos para Israel, e é aí
que aparece a Igreja, como uma espécie de "parêntese" na História. Portanto,
como existe um plano especial para Israel, a Igreja será tirada da terra antes da
grande tribulação, que será um período onde a ira de Deus será derramada sobre
os ímpios que ficarão na terra, e também um momento especifico no tratamento
de Deus com Israel.

No Pré-Tribulacionismo, como existe essa distinção entre os dois povos e


a Igreja não tem nada a ver com o tratado de Deus a respeito de Israel, ela não
poderá estar na terra nesse momento de grande tribulação para Israel. Esse
período de grande tribulação durará sete anos, conforme já falamos
anteriormente.

Os textos mais utilizados para defender o arrebatamento pré-tribulacional


são: Romanos 8:1, 1 Coríntios 15:51, 1 Tessalonicenses 1:10; 4:17;5:9 e Apocalipse
3:10. Outro argumento muito usado é que, após o capítulo 3 do livro do
Apocalipse, a palavra "Igreja" não é mais encontrada até aparecer novamente no
final do livro. Dentro dessa linha de interpretação, durante o período de grande
tribulação a Igreja estará no céu participando das bodas do Cordeiro.

MESO-TRIBULACIONISMO

O Meso-Tribulacionismo defende que a Igreja será arrebatada no meio da


grande tribulação. Sendo a tribulação um período de sete anos, então haverá três
anos e meio de paz e três anos e meio de muita dificuldade.

Esse sistema tem muita similaridade com o Pré-Tribulacionismo, porém se


difere na ideia de que o arrebatamento ocorrerá quando os três anos e meio de
paz terminarem. Existem meso-tribulacionistas que defendem que a grande
tribulação não terá necessariamente sete anos de duração.

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A principal defesa do Meso-Tribulacionismo é uma cronologia dada em 2


Tessalonicenses 2:1-3, onde o Anticristo parece ser revelado antes do
arrebatamento da Igreja, além de uma combinação entre a trombeta de 1
Coríntios 15:52 com a trombeta de Apocalipse 11:15.

PÓS-TRIBULACIONISMO

O Pós-Tribulacionismo defende que o arrebatamento e a segunda vinda


de Cristo tratam-se de um único evento, e que ocorrerá após o período de
grande tribulação. Nesta interpretação, a Igreja passará pela grande tribulação,
um período que não precisa ser, necessariamente, de sete anos. Dentro do Pós-
Tribulacionismo existem amilenistas, pós-milenistas e pré-milenistas que
defendem tal posição.

Os principais argumentos dos pós-tribulacionistas se baseiam em: (a)


Jesus em seu sermão escatológico nos Evangelhos de Mateus (24), Marcos (13) e
Lucas (21), deixou claro que só voltaria após o período de grande tribulação; (b)
em 2 Tessalonicenses 2:3 Paulo afirma que antes de Cristo voltar o Anticristo se
manifestará; (c) 2 Pedro 3 também descreve a volta de Cristo como um evento
único; (d) o livro do Apocalipse em nenhum momento menciona duas fases da
volta de Jesus, e quando a segunda vinda é descrita, ela ocorre após o período de
tribulação.

COMO DEVEMOS NOS POSICIONAR DIANTE DAS DIFERENÇAS?


Como vimos acima, existem varias interpretações diferentes, e respeitadas
autoridades teológicas se posicionam de "lados" apostos quando o assunto é

escatologia. Também é verdade que, de uma forma ou de outra, cada um de nós


se encaixa dentro de uma dessas quatro visões. Até mesmo os cristãos que não

sabem que essa divisão existe pertencem a um dos grupos apresentados.

Isso acontece porque cada denominação necessariamente adota um


posicionamento teológico a respeito do assunto, e consequentemente acabam

discipulando seus membros dentro dessa visão específica. Por exemplo: a maioria
das Igrejas Pentecostais (principalmente as Assembleias de Deus históricas) e

muitas Igrejas Batistas adotam o Pré-Milenismo Dispensacionalista como posição


oficial, enquanto a Igreja Presbiteriana e outras Igrejas Reformadas adotam o
Amilenismo como posição oficial. Isso não significa que todo assembleiano seja

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pré-milenista dispensacionalista, nem mesmo que todo presbiteriano seja

amilenista.

Portanto, é bastante comum encontramos muitos cristãos que se


espantam quando ouvem uma posição escatológica com a qual não estão

acostumados. Porém, é necessário que se diga que todas as diferentes visões


sobre o assunto são defendidas por cristãos verdadeiros, comprometidos com a

Palavra de Deus, e que têm a Bíblia como a verdadeira regra de fé e prática.

Também vale ressaltar que não devemos considerar uma ou outra


posição diferente da que defendemos como uma heresia, visto a dificuldade do

assunto, mas apenas como um erro de interpretação, ou uma incoerência


teológica. Particularmente penso que uma posição herege seria aquela que

negasse algumas verdades fundamentais, como: a segunda vinda de Cristo, o


juízo final, a condenação eterna dos ímpios juntamente com Satanás e seus anjos,

e a bem-aventurança eterna dos redimidos com Cristo no novo céu e nova terra.
Apesar das diferenças, nenhuma das interpretações apresentadas negam tais

princípios. Por exemplo: existem algumas seitas que negam a doutrina bíblica do
castigo eterno. Já neste caso devemos denunciar tal entendimento escatológico

como uma heresia grave.

Ademais, independente da posição escatológica que resolvemos adotar, o


importante é que a esperança que nos une é muito maior do que as pequenas

diferenças que nos separam, e essa esperança não é outra se não a gloriosa volta
do nosso Senhor Jesus Cristo. Se Ele fará isso antes ou depois do milênio, em uma

ou duas etapas, isso é algo que descobriremos pessoalmente naquele dia


maravilhoso. Assim, devemos tratar com todo respeito os irmãos em Cristo que

pensam diferente de nós nos detalhes secundários da escatologia bíblica.

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O SERMÃO ESCATOLÓGICO DE JESUS


O sermão escatológico de Jesus também é conhecido como "sermão do
Monte das Oliveiras", devido ao local em que foi proferido. Esse sermão pode ser

encontrado nos Evangelhos de Mateus (cap. 24), Marcos (cap. 13) e Lucas (cap.
21).

Para muitos estudiosos, o sermão escatológico de Jesus é como um

"pequeno Apocalipse". A verdade é que qualquer estudo escatológico que seja


coerente com as Escrituras, obrigatoriamente precisa considerar o sermão

escatológico de Jesus. Assim, antes de estudarmos o livro do Apocalipse é


importante meditarmos sobre os preciosos ensinos de Cristo nesse sermão.

AS DIFERENTES INTERPRETAÇÕES SOBRE O SERMÃO ESCATOLÓGICO


Reconheço que a interpretação desse sermão está longe de ser fácil e

unânime, isso devido à variedade de eventos descritos e o período que as


profecias de Jesus abrangem, algumas com dupla ou até tripla implicação

dependendo do tipo de interpretação.

Basicamente existem cinco interpretações predominantes sobre o sermão

escatológico de Jesus, sendo:

1. Todo o sermão trata da destruição de Jerusalém em 70 d.C., portanto já


se cumpriu totalmente;
2. Todo o sermão trata da destruição de Jerusalém e do início da Igreja no
dia de Pentecoste, portando praticamente tudo já foi cumprido restando

apenas a consumação da pregação do Evangelho no mundo;


3. A maior parte do sermão se refere à destruição de Jerusalém que já se

cumpriu, porém a última parte se refere à segunda vinda Cristo que ainda
se cumprirá;

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4. Todo o sermão trata da segunda vinda de Cristo e do julgamento final,

portanto nada se cumpriu;


5. O sermão compreende o período desde a primeira vinda de Cristo,

referindo-se à destruição de Jerusalém, até a segunda vinda de Cristo no


fim dos tempos com o julgamento do mundo.

Particularmente creio que a interpretação mais coerente biblicamente seja

a última interpretação apresentada acima. A seguir, entenderemos melhor essa


questão.

A ORGANIZAÇÃO E EXPLICAÇÃO DO SERMÃO ESCATOLÓGICO


Para analisarmos o conteúdo desse sermão, vamos utilizar o texto

presente no Evangelho de Marcos no capítulo 13, pois ele apresenta uma


organização um pouco mais clara que facilita o nosso entendimento. Porém, a

leitura dos textos de Mateus 24 e Lucas 21 é importantíssima para um estudo mais


profundo, pois, juntamente com Marcos 13, eles se complementam.

Primeiramente vamos considerar que esse sermão abrange desde a

primeira vinda de Cristo, com sua morte e ressurreição, até a sua segunda vinda.
Logo, vamos dividi-lo em três períodos que são abordados nos relatos de Jesus:

1. Período inicial que vai desde sua primeira vinda até a destruição de

Jerusalém e do Templo na década de 70 d.C.;


2. Segundo período chamado de "princípio das dores" que abrange desde a

destruição de Jerusalém até o início da grande tribulação;


3. Terceiro período conhecido como "a grande tribulação" que terminará na

segunda vinda de Cristo e o julgamento do mundo.

Embora em alguns versículos haja profecias que se referem a dois

períodos simultaneamente, conforme a organização proposta acima podemos

fazer um esboço do sermão escatológico de Jesus em Marcos 13 da seguinte


forma:

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 Marcos 13:1-4: A destruição de Jerusalém e do Templo em 70 d.C.

 Marcos 13:5-13: O princípio das dores.


 Marcos 13:14-23: A grande tribulação pré-figurada na destruição de

Jerusalém.
 Marcos 13:24-27: A segunda vinda de Cristo e o julgamento final.

 Marcos 13:28-37: Exortação à vigilância.

A DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM E DO TEMPLO NO SERMÃO ESCATOLÓGICO

Conforme podemos notar no esboço apresentado no tópico anterior,


existem referências à destruição de Jerusalém e do Templo em outras seções,

principalmente em profecias de múltiplo cumprimento. Logo, Jesus também usou


a destruição de Jerusalém para tipificar os momentos associados a sua segunda

vinda, de maneira que nem sempre é fácil separar minuciosamente cada detalhe
desse sermão. Considerando essa particularidade, podemos pontuar esse evento

da seguinte forma:

 Jerusalém seria sitiada: esse cenário era bastante improvável para


qualquer habitante da época porque se tratava de um momento de

grande paz com o Império Romana garantindo a tranquilidade.


 Jerusalém seria destruída: a cidade seria queimada e sua população

dizimada. Esse evento seria o juízo de Deus sobre aquela geração. Após
pouco mais de três anos de cerco, o exército romano invadiu Jerusalém e

à destruiu. Estima-se que mais de 600 mil judeus foram massacrados.


 O Templo seria destruído: Herodes havia começado a reconstruir o templo

(uma espécie de reforma) por volta de 19 a.C., e nessa época ele estava
em fase de acabamento, com abundancia de ouro, mármore e madeiras

finas entalhadas. Era uma construção realmente imponente (vers. 1), mas
Jesus afirmou: "Não ficará pedra sobre pedra". Tal como já havia

acontecido em aproximadamente 153 a.C. com Antíoco IV Epifânio, mais


uma vez o templo seria profanado e destruído. Até hoje existe em Roma

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o Arco de Tito, erguido pelos romanos para comemorar esse evento,

onde é retratado em ilustrações o Templo sendo saqueado.


 Dispersão: os sobreviventes desse momento terrível seriam espalhados

pelo mundo todo e ficariam dispersos.

O PRINCÍPIO DAS DORES NO SERMÃO ESCATOLÓGICO

Jesus relatou os acontecimentos que caracterizariam o período que Ele


denominou como "princípio das dores" da seguinte forma:

 Falsos profetas e falsos cristos: apareceriam muitos que supostamente

falariam em nome de Cristo, quando não, afirmariam ser eles mesmos um


tipo de messias conseguindo enganar a muitos. A mensagem principal
desses impostores será que o fim do mundo chegou. Essas pessoas
começaram aparecer desde a época dos apóstolos e perduram por toda a

História do cristianismo.
 Guerras e desastres naturais: depois que Jesus disse que haveria guerras

entre as nações, sempre, em algum lugar do mundo, houve uma guerra.


Nunca mais existiu na terra um período de paz. Jesus também alertou

sobre desastres naturais, além de fome e pestes que assolariam a


humanidade.

 Pregação do Evangelho no mundo: nesse período chamado de princípio


das dores também haveria a pregação do Evangelho por todo o mundo.

Isso não significa que o Evangelho seria pregado a todas as pessoas, mas
que seria anunciado a todos as nações. O termo grego usado nesse caso

é ethne, e pode ser traduzido como "etnias", "nações" ou "tribos". Essa


propagação do Evangelho começou ainda com os apóstolos e, hoje,

praticamente em todas as nações, até mesmo nas mais fechadas ao


cristianismo, existem missionários anunciando o Evangelho.

 Perseguições: Jesus também disse que os cristãos seriam perseguidos, e


que haveria grande ódio para com eles, sendo que muitos seriam levados

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à morte por causa do nome de Jesus. Tais perseguições poderiam ser tão

intensas que os próprios familiares ficariam uns contra os outros e


entregariam quem professasse o nome de Cristo.

O interessante é que, mesmo com todas essas coisas, Jesus alertou que

ainda não seria o fim. Esses acontecimentos seriam como contrações de parto e,
conforme o fim fosse se aproximando, essas contrações ficariam mais intensas.

Por isso a expressão "princípio de dores" descreve perfeitamente esse período.

A GRANDE TRIBULAÇÃO NO SERMÃO ESCATOLÓGICO

Apesar de Jesus também se referir ao cerco e destruição de Jerusalém, a


qual essa parte da profecia já se cumpriu de forma primária incluindo o
abominável da desolação, período de grande aflição na Judeia e o surgimento de
falsos profetas e messias já naquela época, Jesus também se referiu aos eventos

do fim dos tempos que antecedem sua segunda vinda, ou seja, os eventos que já
se cumpriram no primeiro século pré-figuram um período futuro. Assim, essas

mesmas profecias apontam para eventos que ainda ocorrerão, como: a grande
tribulação, o surgimento do Anticristo e a própria volta de Cristo.

Segundo o cronograma dado por Jesus em seu sermão, após o princípio


das dores haverá a grande tribulação. Vejamos alguns pontos importantes sobre

isso:

1. Abominável da Desolação: citando o livro do profeta Daniel, Jesus fez


referência a três eventos distintos: 1) Antíoco IV Epifânio por volta de 150

a.C.; 2) Destruição de Jerusalém e do Templo pelos romanos comandados


pelo general Tito em 70 d.C.; 3) Surgimento do Anticristo escatológico no

período da grande tribulação. Nesse caso, essa profecia apresenta tripla


aplicação. Todos os judeus conheciam a profecia do profeta Daniel sobre
a abominação que causa desolação, e também acreditavam que tudo já
havia sido cumprido em 150 a.C. quando Antíoco IV Epifânio invadiu

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Jerusalém e profanou o Templo sacrificando porcos no altar e colocando

estátuas pagãs. Porém, falando aos seus discípulos, Jesus explicou que
novamente aquilo aconteceria (Jerusalém e o Templo seriam destruídos -

quando isso aconteceu o paganismo romano e o culto ao imperador foi


imposto aos judeus) e ainda fez uma terceira referência da mesma

profecia, que será cumprida no período que antecede a sua segunda


vinda, isto é, o abominável da desolação do fim dos tempos é o que

conhecemos como o Anticristo. Falaremos sobre ele em um capítulo mais

à frente.
2. Sofrimento nunca visto: não podemos desconsiderar o tamanho

sofrimento enfrentado pelos judeus em 70 d.C., que, de acordo com


algumas informações históricas, seguramente podemos dizer que foi o

sofrimento mais intenso que eles já haviam experimentado até então,


superando inclusive os períodos de exílio. É verdade também que os

judeus já experimentaram um período ainda mais terrível que a década


de 70 d.C. com o Nazismo liderado por Adolf Hitler, onde um número

muito maior de judeus morreram. Isso serve para nos mostrar que,
embora a destruição de Jerusalém tenha sido um período muito difícil,

apenas tipifica um período futuro imaginavelmente pior, no caso o


período final da presente era, isto é, a grade tribulação. Esse período será

curto, porém não sabemos ao certo quanto durará. Se for considerado o


capítulo 13 do Apocalipse, pode-se inferir que esse período durará 42

meses (três anos e meio de um total de sete anos), porém, conforme


veremos mais à frente, os números presentes no livro do Apocalipse são

simbólicos, o que acaba tornando impossível afirmar com certeza quanto


tempo durará tal período, até porque se soubéssemos ao certo sua

duração, também seríamos capazes de determinar a data da segunda


vinda de Cristo. O que sabemos é que o Senhor irá abreviar aqueles dias
por causa de seus eleitos (Mc 13:20).

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3. A situação da Igreja: a declaração de Jesus no versículo 20 parece

contradizer o ensino seguido por boa parte dos cristãos que defende o
entendimento de que a Igreja não passará por esse período de grande

tribulação. Diante disso, muitas explicações já foram dadas, sendo a


principal delas a de que tal versículo não se refere a Igreja, mas sim ao

povo de Israel. O problema é que se tomarmos como certa essa


explicação, fatalmente haverá uma segregação de textos bíblicos, ora

direcionados para a Igreja ora para os judeus, que será quase impossível

de ser resolvida. A interpretação natural do próprio texto é a de que,


segundo a organização de ventos estabelecida por Jesus, a Igreja estará

na terra durante esse período, sendo que este será um momento muito
difícil para os cristãos, onde só irá perseverar aquele que é

verdadeiramente salvo em Cristo Jesus. Claro que nesse ponto há um


intenso debate entre pré, meso e pós-tribulacionistas. Sobre isto, teremos

mais à frente um capítulo dedicado a essa questão.

A SEGUNDA VINDA DE CRISTO NO SERMÃO ESCATOLÓGICO

Após o período de grande tribulação, Jesus afirmou que ocorrerá a sua

segunda vinda (Mc 13:24). Esse momento será de grande alegria para a Igreja e de
grande terror para os ímpios. Nesse período, o Anticristo e seu sistema estará

exercendo um domínio mundial e perseguindo violentamente a Igreja, porém


Jesus declarou que por causa dos eleitos aqueles dias serão abreviados (Mc 13:20).
O apostolo Paulo descreveu o fim do período de grande tribulação com Cristo
matando o Anticristo com o sopro de sua boca (2Ts 2:8).

Jesus também esclareceu que esse momento será visível a todos, pois Ele

virá com grande poder e glória, e o mundo não resistirá, sendo que o sol
escurecerá, a lua não brilhará mais, as estrelas cairão e as forças dos céus serão

abaladas (Mc 13:25). Então, Ele enviará os seus anjos e reunirá todos os escolhidos.
Sobre esse momento Paulo afirmou que o Senhor descerá do céu com grande

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brado, e os mortos em cristo ressuscitarão, e os que estiverem vivos terão seus

corpos transformados (1Ts 4:16,17). As palavras de Jesus também parecem


confrontar o ensino sobre um arrebatamento secreto, porém sobre isto também

falaremos num capítulo mais à frente.

Discussões à parte, o importante é que, embora muitos falsos profetas já


tenham tentando marcar a data da volta de Cristo, o próprio Jesus afirmou que a

hora somente o Pai conhece (Mc 13:32). Quanto a nós, precisamos estar vigilantes,
aguardando ansiosamente esse momento tão glorioso (Mc 13:35).

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O LIVRO DO APOCALIPSE
O livro do Apocalipse certamente é considerado por muitos cristãos como

o livro mais difícil de interpretar na Bíblia. Realmente sua interpretação não é das
mais fáceis, porém muita gente desconhece os princípios básicos e as

características principais sobre esse livro. Ao contrário do que muita gente pensa,
há muito mais no livro do Apocalipse do que apenas um tipo de "manual sobre o

futuro".

O QUE SIGNIFICA A PALAVRA "APOCALIPSE"?


O título do livro, Apocalipse, vem do grego Apokalypsis, e significa
"revelação" ou "desvelamento". Seu estilo literário contém muitos elementos

simbólicos, como também ocorre em algumas partes de outros livros bíblicos,


como os livros dos profetas Ezequiel, Daniel e Zacarias.

QUEM ESCREVEU O APOCALIPSE?


No capítulo 1 o autor se identifica como João e, desde o século 2 d.C.,

acredita-se que esse João se trata do apóstolo João. É verdade que existe uma
critica sobre essa afirmação, e alguns estudiosos defendem a ideia de que o

apóstolo João e o autor do livro do Apocalipse sejam pessoas diferentes.

O primeiro a levantar essa possibilidade foi Dionísio no século 3 d.C., após

comparar o estilo literário do Apocalipse com o Evangelho Segundo João. Apesar

dessa crítica, a opinião mais aceita, e também mais provável, é que realmente
tenha sido o próprio apóstolo João o seu autor.

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DATA E CONTEXTO HISTÓRICO DO APOCALIPSE


Existe uma discussão sobre a data em que o livro do Apocalipse foi
escrito. Alguns estudiosos entendem que Apocalipse foi escrito antes de 70 d.C.,

entre 54 e 68 d.C., durante o governo do imperador romano Nero César.


Geralmente são os preteristas que adotam uma data anterior a 70 d.C., pois

atribuem boa parte do livro a destruição de Jerusalém.

Outros estudiosos defendem que o Apocalipse foi escrito após 70 d.C.,

entre 81 e 96 d.C., durante o governo de Tito Flávio Domiciano. A interpretação


mais aceita é que o Apocalipse tenha sido escrito na década de 90 d.C.

Independente da data, a verdade é que o livro do Apocalipse foi escrito em um


período muito difícil para os cristãos.

Embora a maioria das pessoas abra o livro do Apocalipse querendo

enxergar apenas acontecimentos futuros, o contexto histórico do livro é muitíssimo


importante para compreendê-lo com coerência e sensatez. Aplicar uma

interpretação estritamente futurista ao Apocalipse é cometer um erro básico de


hermenêutica e desconsiderar a própria História do cristianismo.

O livro foi escrito por João enquanto prisioneiro na ilha de Patmos, e

inicialmente é dirigido as sete igrejas da Ásia Menor (atual região ocidental da


Turquia), sendo elas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e

Laodicéia.

Naquela época havia muita perseguição contra os cristãos, e, na própria


carta à igreja de Esmirna no capítulo 2, é alertado que ainda mais perseguições

haveriam de acontecer. Além disso, falsos mestres estavam ensinando heresias


que minavam o entendimento de alguns e se alastravam entre os cristãos, como

por exemplo o Gnosticismo.

Tais ensinamentos heréticos tentavam aproximar o paganismo e o


cristianismo. Combinado a tudo isto, ainda existia a perseguição física e moral por

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parte do Império Romano. Após a queda de Jerusalém, foi imposto o culto ao

imperador, e os oficiais romanos tentavam forçar os cristãos a adorarem o próprio


governante romano. Como sabemos, esse foi um período complicado e de muitos

mártires.

É no meio desse cenário que Cristo dá uma série de revelações a João. No


capítulo 1 e versículo 19, podemos notar que o propósito do livro do Apocalipse

abrange os acontecimentos presentes da época e os acontecimentos que ainda


iriam ocorrer.

Basicamente, a mensagem do livro do Apocalipse para as sete igrejas é a

de que Cristo estava ciente das condições que os cristãos estavam enfrentando, e
os exorta a continuarem firmes, resistindo a todas as tentações e dificuldades, pois

a vitória já foi garantida pelo próprio Jesus, e em breve Satanás será destruído
definitivamente em condenação eterna, e a Igreja reinará eternamente com Deus.

É por esse aspecto que podemos observar o propósito principal do livro

do Apocalipse, e entendermos que o conteúdo do livro não está restrito apenas


àquelas igrejas, mas é uma mensagem endereçada a todas as igrejas de todos os

períodos até o fim dos tempos, ou seja, mostra o reinado de Deus sobre toda a
História, culminando em um final triunfante em Cristo. Sem dúvida o Apocalipse

aborda o passado, o presente e o futuro.

DIFERENTES INTERPRETAÇÕES SOBRE O LIVRO DO APOCALIPSE


Os estudiosos discordam entre si sobre a maneira correta de interpretar o
livro do Apocalipse e as demais passagens escatológicas da Bíblia, como o próprio

sermão escatológico de Jesus. Dessas discordâncias surgiram quatro estilos de


interpretação:

1. Preterista: praticamente tudo já se cumpriu na destruição de Jerusalém e

na queda do Império Romano;

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2. Historicista: as revelações vão se cumprindo no decorrer da História da

Igreja até a segunda vinda de Cristo;


3. Idealista: as revelações não descrevem eventos específicos, mas princípios

espirituais que se aplicam a toda História da Igreja;


4. Futurista: praticamente tudo será cumprindo em um período final que

antecede a volta de Cristo.

A seguir, conheceremos um pouco mais sobre estes quatro estilos


interpretativos. Antes, vale ressaltar que tais estilos de interpretação não se

aplicam apenas ao livro do Apocalipse, mas também à outros textos bíblicos que
apresentam conteúdo profético.

INTERPRETAÇÃO PRETERISTA DO APOCALIPSE

O método preterista considera, sobretudo, o contexto histórico na

interpretação do Apocalipse, ou seja, muito do simbolismo presente no livro está


relacionado aos acontecimentos contemporâneos da época em que foi escrito.

No Preterismo, muitas das profecias do Novo Testamento também foram


cumpridas na destruição de Jerusalém em 70 d.C. e em eventos do período da

igreja primitiva.

Dentro da interpretação preterista existe uma classificação que podemos

chamar de Preterismo Moderado e Preterismo Radical (ou Hiperpeterismo).

Basicamente a diferença entre moderado e radical é a totalidade do cumprimento


das profecias.

O Preterismo Radical, por exemplo, acredita que tudo foi cumprido em 70


d.C. na destruição de Jerusalém e depois na queda do Império Romano, negando

até mesmo fundamentos básicos da fé cristã, como a literalidade da segunda


vinda de Cristo. Por conta disto, o Preterismo Radical geralmente é considerado
por muitos como um ensino herético.

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Já o Preterismo Moderado acredita que algumas profecias ainda se

cumprirão, como por exemplo, as profecias em relação a segunda vinda de Cristo,


ressurreição dos mortos e julgamento final.

Falando do Apocalipse, os preteristas, pelos menos em sua maioria,

identificam a besta como sendo o Império Romano, o falso profeta como sendo
os sacerdotes responsáveis pelo culto ao imperador, e a grande meretriz como

sendo a cidade de Roma ou a própria Jerusalém apóstata.

INTERPRETAÇÃO HISTORICISTA DO APOCALIPSE

No Historicismo, as profecias do livro do Apocalipse (e outras profecias


bíblicas relacionadas aos assuntos escatológicos), são interpretadas como se
fossem se cumprindo ao longo da História. Dessa forma, muitas profecias já se
cumpriram, outras estão em pleno cumprimento, e também há aquelas que ainda

se cumprirão, ou seja, muitas profecias, incluindo as profecias do Apocalipse,


formam um esboço da História da Igreja desde o século I até a segunda vinda de

Cristo.

Podemos dizer que até o século 19, a interpretação historicista era a

interpretação predominante dentro do protestantismo, sendo superada em


números quando surgiu o Dispensacionalismo, com uma interpretação

essencialmente futurista.

IINTERPRETAÇÃO IDEALISTA DO APOCALIPSE

A interpretação idealista pode ser definida como totalmente simbólica, na


medida em que interpreta toda descrição presente no livro do Apocalipse como

símbolos, verdades ou ideais espirituais, ou seja, nada precisa ocorrer realmente


de forma literal e histórica, mas completamente de maneira espiritual.

De forma resumida, o Idealismo interpreta o Apocalipse como um

símbolo da luta entre o bem e o mal, entre a igreja e o paganismo dominado pelo
poder satânico. Sendo assim, verdades espirituais são ensinadas para que cristão

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possam aplicá-las em diversas situações. Existem alguns idealistas que interpretam

a segunda vinda de Cristo e o juízo final também como algo simbólico, caindo no
mesmo erro dos hiperpreteristas.

Observação: é muito comum uma posição que combina o Historicismo e

o Idealismo, entendendo então que as profecias do Apocalipse, além de serem


descritas de forma simbólica, também se cumprem historicamente.

INTERPRETAÇÃO FUTURISTA DO APOCALIPSE

No Futurismo quase tudo no livro do Apocalipse está relacionado aos

acontecimentos futuros do fim dos tempos - para alguns, com exceção apenas
dos três primeiros capítulos. A interpretação futurista se popularizou com o
surgimento da posição escatológica conhecida como Pré-Milenismo
Dispensacionalista, e que se tornou a visão escatológica mais comum entre os

cristãos.

A interpretação futurista (em sua maioria) crê que haverá um

arrebatamento secreto da Igreja antes de um período de sete anos de grande


tribulação. Crê também que a besta mencionada no Apocalipse é, principalmente,

um líder político que liderará um governo mundial. O falso profeta seria uma
espécie de ecumenismo religioso, talvez liderado também por uma figura pessoal,

e que influenciará o mundo no governo do Anticristo. Ao final, Cristo voltará para

livrar o povo de Israel e as pessoas que se converterem na grande tribulação, e


estabelecer um reino literal de mil anos (milênio) na terra.

QUAL O MELHOR ESTILO DE INTERPRETAÇÃO PARA O APOCALIPSE?


Penso que a maneira mais correta de interpretar o livro do Apocalipse

seja uma combinação dos quatro estilos de interpretação acima. Sob esta
perspectiva, podemos dizer que muitas passagens de Apocalipse possuem três

aplicações:

1. Fazem referência a eventos específicos do século I;

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2. Fazem referência a momentos ao longo da História da Igreja, de modo

que mantém a mensagem do livro atual a qualquer geração e também


nos ensina princípios espirituais claros;

3. Fazem referência ao período de crise final que antecede a segunda vinda


de Cristo.

Apesar de combinar os quatro estilos, é evidente que neste esquema

existe uma ênfase um pouco maior na junção da interpretação idealista e


historicista.

POSIÇÕES ACERCA DO MILÊNIO


O período de mil anos descrito no capítulo 20 do Apocalipse, talvez seja o

ponto mais discutido do livro. Sobre isto, já vimos que existem diferentes posições
sobre o assunto: Pré-Milenismo (Histórico e Dispensacionalista), Pós-Milenismo e

Amilenismo.

LEITURA DE RECAPITULAÇÃO OU SUCESSÃO NO APOCALIPSE?

Já sabemos que a leitura do livro do Apocalipse não é uma tarefa


considerada das mais fáceis. Para ajudar na compreensão do Apocalipse,

basicamente existem duas formas de ler e organizar o seu conteúdo: Leitura


Linear (ou Leitura Sequencial) e Leitura de Recapitulação (ou Paralelismo

Progressivo).

A Leitura Linear organiza o conteúdo do Apocalipse como eventos


sucessivos cronologicamente. Já a Leitura de Recapitulação divide o conteúdo do

livro em seções que recapitulam os mesmos eventos. A seguir veremos um pouco


melhor cada uma delas.

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LEITURA LINEAR

Como o próprio nome já exemplifica, neste método o conteúdo do

Apocalipse é organizado de forma sucessiva, ou seja, os eventos descritos no livro


representam uma ordem de sucessão sequencial e, sobretudo, referem-se a

momentos distintos historicamente. Por exemplo: os sete selos, as sete trombetas


e as sete taças são eventos distintos entre si, e que basicamente ocorrem em

momentos diferentes da História.

Geralmente quem adota a Leitura Linear admite que, embora os eventos


se iniciem e ocorram em momentos diferentes, eles estão profundamente

sincronizados, ou seja, o último selo engloba as trombetas e a última trombeta as


taças.

LEITURA DE RECAPITULAÇÃO

A Leitura de Recapitulação, também conhecida como Paralelismo


Progressivo, divide o livro do Apocalipse em seções que recapitulam os mesmos

eventos, ou seja, a mesma história é contada várias vezes, porém em cada

repetição novos elementos são adicionados intensificando a narrativa. De forma


mais simples, podemos dizer que João contou a mesma história de ângulos

diferentes.

Analisando a Bíblia de forma geral, a recapitulação é amplamente

utilizada, desde Gênesis até o Apocalipse. Logo, para uma boa hermenêutica,
identificar as ocorrências de recapitulação nos textos bíblicos é fundamental.

Na Leitura de Recapitulação, geralmente o livro do Apocalipse é dividido

em sete seções paralelas e progressivas conforme veremos no próximo tópico.

Também é válido dizer que há quem adote uma Leitura de Recapitulação


do Apocalipse, porém entende que entre os capítulos 19 e 20 ocorre uma

sucessão de eventos e não uma recapitulação, isto é, o capítulo 20 continua o


capítulo 19.

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ESBOÇO DO LIVRO DO APOCALIPSE


Como vimos, dependendo do tipo de leitura adotado para organizar o
conteúdo do Apocalipse o esboço pode sofrer diversas modificações. Mas bem

resumidamente, um esboço simples e objetivo do livro do Apocalipse seria o


seguinte:

 Capítulos 1 a 3 – Prólogo e as Cartas as Sete Igrejas: Cristo no meio dos


Sete Castiçais;

 Capítulos 4 a 7 – Os Sete Selos (início da série de visões celestiais);


 Capítulos 8 a 11 – As Sete Trombetas;

 Capítulos 12 a 14 – O nascimento de Cristo e o Dragão perseguidor: A


Mulher e o Dragão;

 Capítulos 15 a 16 – As Sete Taças;

 Capítulos 17 a 19 – A Queda da Babilônia e das Bestas;


 Capítulos 20 a 22 – O Reino dos Santos e o Juízo Final (incluindo as

exortações finais e o encerramento).

Esse esboço serve tanto para a Leitura Linear quanto para a Leitura de

Recapitulação. A diferença é que a primeira entende que são eventos sucessivos e


cronológicos (com exceção do capítulo 12), e a segunda entende que em cada

seção a mesma história está sendo contada.

QUAL O MELHOR MÉTODO DE LEITURA?


Existem teólogos conceituados de ambos os lados. Quanto a mim,
reconheço que ambos os sistemas de leitura não solucionam todas as dificuldades

de interpretação do livro do Apocalipse, porém creio que a Leitura de


Recapitulação é a que possui menos problemas e propõe uma hermenêutica mais

adequada do Apocalipse.

Uma das maiores evidencias de que e Leitura de Recapitulação é a mais


coerente, é que, em todas essas seções, temos referências à volta de Cristo e ao

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juízo final (Ap 1:7; 6:12-17; 11:15; 14:14,15; 16:20; 19:11,12; 20:11-15). Portanto, se o

livro não apresenta esse paralelismo progressivo, então fatalmente o mundo irá
acabar pelo menos sete vezes. Esse sistema de recapitulação não é uma exceção

do Apocalipse, ao contrário, ele é amplamente encontrado em toda a Bíblia, do


Antigo Testamento ao Novo Testamento.

Um fato que também devemos levar em consideração é que na época

João escreveu apenas uma única carta, e que foi lida em todas as sete igreja da
Ásia Menor. Para isto, reunia-se a congregação e um orador ficava responsável

por lê-la ao demais irmãos que ficavam atentamente escutando. É por isto que no
livro encontramos a seguinte informação:

Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta


profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo
está próximo (Apocalipse 1:3).

Compreendendo esta característica, a Leitura de Recapitulação

logicamente se mostra a melhor estratégica de comunicar e enfatizar uma


determinada mensagem. Se o livro mostrar eventos sequencialmente

cronológicos, então possivelmente os irmãos daquelas igrejas tiveram dificuldades


em entendê-lo. Realmente eu não creio nesta possibilidade.

Essa questão ficará mais clara conforme avançarmos na interpretação de


alguns textos específicos do Apocalipse nos capítulos seguintes deste e-book.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 44

AFINAL, COMO ESTUDAR O


APOCALIPSE?
Sei que o que vimos até agora pode parecer muito confuso e complicado.

De fato realmente é. Portanto, neste capítulo quero fazer uma revisão do que já
vimos, e aplicar todo esse conteúdo de forma prática numa introdução ao estudo

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do livro do Apocalipse. Este será um capítulo curto e objetivo, um pouco

repetitivo, porém necessário.

ATENÇÃO AO TÍTULO DO APOCALIPSE


Muitas pessoas já abrem o livro do Apocalipse como um tipo de código
criptografado acerca dos eventos futuros. Desenham mapas, criam fórmulas,

encontram elementos ocultos e, claro, se perdem num tipo de "neurose


escatológica". Esse tipo de obsessão contradiz totalmente o título do livro que é

simplesmente "Apocalipse".

A palavra "Apocalipse" vem do grego "apokalypsis" e significa "revelação",


no sentido de "tirar o véu", "tirar aquilo que encobre", ou seja, é o conceito oposto

do "oculto" e do "escondido". O primeiro versículo do livro já nos ensina muito


sobre isto:

Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus
servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as
enviou, e as notificou a João seu servo (Apocalipse 1:1).

O livro do Apocalipse não esconde, ao contrário, ele revela. Note que a

revelação vem de Deus, e o objetivo é mostrar aos seus servos o que Ele quer que
estes saibam. Portanto, encare o Apocalipse com essa simplicidade inicial, e isto

irá lhe servir de grande ajuda na compreensão do livro.

ATENÇÃO AO CONTEXTO HISTÓRICO DO APOCALIPSE


É impossível compreender corretamente o livro do Apocalipse se for
desconsiderado o contexto histórico em que o livro foi escrito. O escritor do livro

se apresenta apenas como João. Penso que o único João que poderia escrever
para sete igrejas da Ásia Menor, e que naquela época dispensava maiores

apresentações, é o apóstolo João.

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Já falamos que o livro provavelmente foi escrito entre 95 e 96 d.C.,

durante o governo do imperador romano Domiciano. Esse foi um período onde a


Igreja foi duramente perseguida. Todos os apóstolos já haviam sido mortos, com

exceção de João, que era o único apóstolo ainda vivo, porém estava prisioneiro
do Império Romano.

O imperador havia se declarado deus e senhor, e o culto ao imperador

tinha sido instituído no império. Os cristãos estavam sendo perseguidos,


torturados, presos e mortos. Muitos corpos de cristãos serviam como tochas

humanas para iluminar a noite romana.

Não tão distante, segundo a tradição cristã, eles presenciaram Paulo


sendo decapitado, Pedro crucificado de cabeça para baixo, e agora o último

apóstolo, uma liderança importante para a Igreja Primitiva, estava exilado na Ilha
de Patmos. O cristianismo estava sendo massacrado, e este parecia ser o fim da

Igreja. É exatamente nesse cenário que Deus revela a João o conteúdo do livro do
Apocalipse.

ATENÇÃO AO PROPÓSITO E AO TEMA DO APOCALIPSE


Conforme já vimos aqui, considerando o contexto histórico do livro é

impossível classificarmos o Apocalipse como um "manual sobre o futuro". A Igreja


de Cristo naquela época estava enfrentando uma tribulação muito grande e

precisava de uma resposta.

Imagine você a satisfação e a esperança daqueles irmãos quando tiveram


notícias de que o apóstolo João havia tido revelações da parte de Deus, registrado

tais revelações, e enviado o conteúdo para eles.

Não faz sentido algum entender que as revelações a partir do capítulo 4

se referem exclusivamente a um período futuro. Eles esperavam por respostas e

consolo da parte de Deus. Eles não estavam interessados na situação do Oriente


Médio, na política da Europa e na influencia da América dois mil anos depois.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 47

Digo isto porque, através de códigos e mapas, muitos encontram no Apocalipse

as empreitadas de Napoleão, o nazismo de Hitler, profecias de ataques terroristas,


as eleições presidenciais americanas e o comportamento da Rússia na geopolítica

atual. Obviamente este não é o propósito verdadeiro do livro do Apocalipse.

O objetivo principal do livro é confortar a Igreja de Cristo diante das


provações neste mundo, mostrando que Deus está atento a suas lágrimas e

aflições, e que existe uma guerra espiritual muito maior do que se imagina, porém a
vitória de Cristo e de Sua Igreja sobre Satanás, seus agentes e seguidores é

garantida. O livro do Apocalipse ensina para a Igreja que não há o que temer.

Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é


o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com ele,
chamados, e eleitos, e fiéis (Apocalipse 17:14).

ATENÇÃO A ORGANIZAÇÃO DO CONTEÚDO DO APOCALIPSE


É muito importante organizar o conteúdo do livro do Apocalipse para que
possamos estudá-lo corretamente. Vimos que existem duas maneiras de organizar

o livro: a Leitura de Recapitulação e a Leitura Linear.

Conforme já falamos, a melhor organização é aquela que divide o livro


em sete seções paralelas e progressivas, utilizando a Leitura de Recapitulação.

Assim, a mesma história é contata várias vezes, porém de ângulos diferentes, ou


seja, é uma organização cíclica, de forma que em cada seção a narrativa vai se

intensificando, adicionando novos elementos e nos revelando em detalhes a


consumação da História com a segunda vinda de Cristo, o juízo final e o estado

eterno com novo céu e nova terra.

ATENÇÃO AO SIMBOLISMO NO APOCALIPSE


Outra coisa muito importante é perceber os simbolismos utilizados no
livro do Apocalipse, e estar atento para não interpretá-los de forma literal. A
maioria das pessoas que consideram o Apocalipse um livro aterrorizante e

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 48

confuso, não se atentam para os símbolos do livro, o que acarreta em um

entendimento bastante fantasioso.

No primeiro capítulo do livro, já encontramos uma clara advertência de


que as visões dadas ao apóstolo João seriam carregadas de simbolismo:

E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais


de ouro; E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do
homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido no
tórax com um cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos eram brancos
como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; E
os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido
refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. E
ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda
espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força
resplandece (Apocalipse 1:12-16).

Agora perceba como é interessante o último versículo do mesmo


capítulo:

O mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete
castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os
sete castiçais, que viste, são as sete igrejas (Apocalipse 1:20).

Note que o versículo 20 interpreta a simbologia contida nos versículos


anteriores, onde temos uma descrição simbólica de Jesus, e que, obviamente, não

deve ser interpretada de forma literal. Cada detalhe dessa simbologia descreve a
majestade do nosso Senhor.

Os cabelos brancos como a alva lã simbolizam a eternidade; os olhos

como chamas de fogo mostram que os olhos do Senhor penetram cada coração,
cada lugar não ficando nada escondido; os pés de bronze mostram o juízo do

Senhor que pisa o iníquo; a espada de dois gumes que sai de sua boca é a própria

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Palavra de Deus, que penetra, divide, separa e nada pode lhe resistir; e seu rosto

como sol mostra todo o esplendor e resplandecência d'Ele, tão intenso e glorioso
que ao homem é impossível olhar.

Assim, entendemos claramente que essa figura é um símbolo de Cristo, e

não Sua descrição literal. O versículo 20 parece nos dar um aviso claro dizendo:
Preste atenção! Perceba a simbologia! Não interprete tudo de maneira literal, pois

se não, você não entenderá nada!

ATENÇÃO AOS NÚMEROS NO APOCALIPSE


Este mesmo princípio simbólico é aplicado aos números encontrados no
livro do Apocalipse que aparecem tanto explicitamente quanto implicitamente.

Bem resumidamente, podemos dizer que o número mais significativo do

Apocalipse é o numero 7, sendo aplicado explicitamente 54 vezes no Apocalipse


além de várias aplicações implícitas. Por exemplo: podemos destacar que temos

sete seções que divide o conteúdo (já apresentado), sete referências diretas a
iminência da segunda vinda de Cristo e o juízo que virá em breve (Ap 1:1; 2:16; 3:11;

22:6,7,12,20), sete bem-aventuranças (Ap 1:3; 14:13; 16:15; 19:9; 20:6; 22:7; 22:14),
sete referências à Palavra de Deus (Ap 1:2; 1:9; 6:9; 17:17; 19:9; 19:13; 20:4), sete

vezes ocorre a afirmação de que Deus é Todo-Poderoso (Ap 1:8; 4:8; 11:17; 15:3;
16:7; 19:6; 21:22), dentre outras.

Também encontramos o número 4, sendo utilizado principalmente para

simbolizar eventos terrenos e a criação divina (ex. Ap 4:6; 7:1,2; 9:13,14; 20:8).

É possível encontrar o número 3, tanto implicitamente (ex. Ap 1:4,5,8; 4:8)

quando explicitamente (ex. Ap Ap 6:6; 8:13; 9:18; 16:13,19; 21:13). Já o número 10


sempre aparece ligado às forças do mal (ex. Ap 2:10; 12:3; 13:1; 17:3,12), enquanto o

número 12 e seus múltiplos sempre aparecem ligados ao povo de Deus (ex. Ap

7:5-8; 12:1; 21:12,14,16; 22:2).

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Por fim, o número 6 também é registrado, e quando ele ocorre, ou está

ligado ao juízo de Deus sobre o mal (ex. Ap 6:12-17; 9:13-21; 16:12-16) ou está
ligado diretamente ao próprio Satanás. Se o número 7 é o número divino, o 6

pode mostrar o como Satanás e seus seguidores tentam ser parecido com Deus,
porém fracassam e nunca conseguirão atingir o que querem. O número 666, um

triplo 6, é um exemplo claro desse princípio.

Realmente a muito que ser dito sobre o livro do Apocalipse, e é


necessário constante estudo e oração para entender não só ele, mas toda a

Palavra de Deus. O principal ao estudar esse livro tão maravilhoso, é perceber sua
simplicidade, sempre considerando a mensagem como um todo, focando a

promessa de que o nosso Senhor voltará, julgará o mundo e para sempre a Igreja
viverá com Ele. Entendendo isto, as figuras simbólicas e os detalhes presentes no

Apocalipse serão mais facilmente interpretados.

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AS SETE IGREJAS DO APOCALIPSE


As sete igrejas da Ásia Menor, são, originalmente, as destinatárias do livro
do Apocalipse. Essas igrejas ficaram popularmente conhecidas como "as sete

igrejas do Apocalipse". É importantíssimo para um estudo correto do livro do


Apocalipse conhecermos um pouco mais sobre essas igrejas.

POR QUE SETE IGREJAS?


Como já vimos, o número "sete" é muito representativo na construção do

livro do Apocalipse, onde encontramos referências como: as sete igrejas, sete


estrelas, sete espíritos, sete selos, sete trombetas, sete taças e etc.

Basicamente, o número sete no Apocalipse representa a totalidade, algo

completo. Sendo assim, uma boa explicação sobre o porquê de "sete igrejas" é a
indicação de que o livro é atual para todas as igrejas de todas as épocas, porém

sem desconsiderar que as sete igrejas descritas são as destinatárias primárias.

É importante dizer que na Ásia Menor existiam outras igrejas, como por

exemplo, a igreja em Colossos. Isto nos leva à outra pergunta: qual foi o critério
de escolha das sete igrejas? Para esta pergunta, definitivamente não existe uma

resposta conclusiva.

Uma explicação utilizada por alguns estudiosos é que as sete igrejas


escolhidas estavam próximas uma das outras (no máximo 55 km) e interligadas
por boas estradas romanas, o que facilitaria a troca de correspondência. Outro
fato interessante é que em todas essas cidades existia uma corte romana, o que

naquela época representava grandes problemas para os cristãos. Inclusive em


Éfeso, Esmirna e Pérgamo, havia templos onde era celebrado o culto ao

imperador.

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Também não devemos nos esquecer de que a ordem sobre as igrejas

destinatárias do livro do Apocalipse partiu particularmente de Cristo (Ap 1:11), e,


para mim, isto já é o suficiente.

QUAIS SÃO AS SETE IGREJAS DO APOCALIPSE?


A relação das sete igrejas pode ser encontrada facilmente logo no

capítulo 1 do livro do Apocalipse (Ap 1:11), sendo elas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo,
Tiatira, Sardes, Filadélfia, e Laodicéia. Vale saber que a Ásia Menor é atualmente a

região ocidental da Turquia.

OS SETE CASTIÇAIS E AS SETE ESTRELAS


Após receber a ordem de escrever o livro para as sete igrejas, João teve
uma visão de Cristo andando no meio de sete castiçais (ou candeeiros), e, entre

outras características, Ele tinha em Sua destra sete estrelas.

No próprio capítulo 1 temos a explicação sobre este simbolismo. Os sete


castiçais de ouro representam as sete igrejas, e as sete estrelas representam os

anjos das sete igrejas.

QUEM SÃO OS ANJOS DAS SETE IGREJAS DO APOCALIPSE?


As cartas são endereçadas ao anjo de cada igreja, isso fica claro no texto.
Existem duas interpretações sobre quem seriam os anjos das sete igrejas.

A primeira interpretação defende que se trata de seres celestiais, ou seja,

literalmente anjos. Esta interpretação busca algumas referências no Antigo


Testamento onde seres celestiais eram designados a ajudar e proteger um

determinado povo. Porém, porque João escreveria para anjos, sendo que eles
estão constantemente na presença de Deus? Como seria possível escrever uma

carta e enviar a um anjo? Estas e outras objeções são as maiores fraquezas desta
posição.

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A segunda interpretação considera, principalmente, o fato de que a

palavra "anjo" significa literalmente "mensageiro", que pode ser tanto um ser
celestial como um humano. Sendo humano, a palavra "anjo" cabe perfeitamente

aos lideres das igrejas. Uma fraqueza desta posição é que em nenhum outro lugar
da Bíblia líderes da Igreja (presbíteros, bispos, pastores) são identificados como

"anjos".

Reconheço que ambas as interpretações possuem problemas, porém,


particularmente, prefiro a última posição.

A ESTRUTURA DAS SETE CARTAS


É importante entender que o livro do Apocalipse é uma unidade, e seu

conteúdo como um todo foi destinado às sete igrejas, embora dentro do próprio
Apocalipse temos de forma claramente dividida sete cartas às sete igrejas. Isto

não significa que foram escritos sete livros individuais, mas, muito provavelmente,
um único livro que foi lido em cada uma das sete igrejas, tendo na seção inicial

uma carta individual a cada uma delas.

Em cada uma dessas cartas individuais dentro do Apocalipse, podemos


notar um padrão de organização do conteúdo. Willian Hendriksen, na obra Mais

Que Vencedores, destaca esse padrão da seguinte forma:

1. Saudação e destinatário: "Ao anjo da Igreja em Éfeso..." (2:1,8,12,18; 3:1,7,14).


2. Autodesignação de Cristo: "Aquele que conserva na mão direita as sete

estrelas..." (2:1,8,12,18; 3:1,7,14). Note que existe um paralelo entre quase


todos esses títulos com a descrição simbólica de Cristo no capítulo 1 (vers.

12-20).
3. Aprovação: "Conheço as tuas obras, assim o teu labor como a tua

perseverança..." (apenas a igreja de Laodicéia não recebe aprovação).


4. Condenação: "Tenho, porém, contra ti..." (as igrejas de Esmirna e Filadélfia
não possuem nada condenável).

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5. Advertência e ameaça: "Lembra-te, pois, de onde caíste... se não..." (as

igrejas de Esmirna e Filadélfia não recebem advertências).


6. Exortação: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas."

7. Promessa: "Ao vencedor dar-lhe-ei de comer da árvore da vida...".

AS CARACTERÍSTICAS DE CADA IGREJA NAS SETE CARTAS


1. Éfeso: a Igreja de Éfeso é elogiada por seu bom trabalho, por rejeitar o mal,
por sua perseverança e por ser paciente. A crítica fica por conta do

esfriamento de seu primeiro amor. A recomendação é que a igreja se


arrependa e volte a praticar as primeiras obras. Éfeso recebe como

promessa a árvore da vida.


2. Esmirna: a Igreja de Esmirna é elogiada por suportar o grande sofrimento a

que estava sendo submetida. Esmirna não recebe nenhuma critica. A

recomendação é de que sejam fiéis até a morte e resistam à perseguição.


Esmirna recebe como promessa a coroa da vida.

3. Pérgamo: a Igreja de Pérgamo é elogiada por manter a fé e a confiança em


Cristo. É criticada por tolerar a imoralidade, a idolatria e as heresias. A

recomendação é um convite ao arrependimento. Pérgamo recebe como


promessa o maná escondido e uma pedra com novo nome.

4. Tiatira: a Igreja de Tiatira é elogiada pelo amor, fé e paciência que


demonstra. Também pelo serviço prestado, e as boas obras que

melhoraram em relação ao início. É criticada por tolerar a idolatria e a


imoralidade. A recomendação é que seus membros sejam fiéis, pois o

julgamento está próximo. Recebem também a promessa de que


governarão nações e receberão a estrela da manhã.

5. Sardes: na Igreja de Sardes alguns têm sido fiéis, porém é duramente


criticada por ser uma igreja morta. A recomendação é para que se

arrependam e fortaleçam o que ainda lhes restam. Aos fiéis são prometidos
vestidos brancos.

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6. Filadélfia: a Igreja de Filadélfia é elogiada por perseverar na fé, por

obedecer a Cristo e honrar seu nome. Filadélfia não recebe nenhuma


crítica. A recomendação é para que sejam fiéis. Para Filadélfia é prometido

um lugar na presença de Deus, um novo nome e a Nova Jerusalém.


7. Laodicéia: a Igreja de Laodicéia não é elogiada em nada, ao contrário, é

criticada por ser morna, indiferente, e por não perceber a própria condição
miserável em que se encontra. Os crentes de Laodicéia recebem a

recomendação para se arrependerem e serem zelosos, e os que vencerem,

recebem a promessa de que compartilharão do trono de Cristo.

QUAL O SIGNIFICADO DAS SETE IGREJAS DO APOCALIPSE?


Nas últimas décadas cresceu a discussão sobre qual seria o significado

das sete igrejas do Apocalipse. Primeiramente é fundamental entender a

literalidade de cada igreja descrita no Apocalipse, ou seja, o objetivo primário das


sete cartas, bem como do livro do Apocalipse, foi abordar a situação real das

igrejas dentro do contexto histórico em que foi escrito.

Apesar deste objetivo primário, as sete igrejas do Apocalipse também

possuem um significado espiritual para a Igreja de Cristo como um todo.


Basicamente existem duas interpretações principais sobre este assunto.

A primeira interpretação defende que as sete igrejas do Apocalipse

representam sete períodos sucessivos da História da Igreja. Essa interpretação é


conhecida como "As Sete Eras da Igreja". Nesta interpretação, o significado das

sete igrejas do Apocalipse é o seguinte:

1. Éfeso representa a igreja apostólica (30 - 100 d.C.);


2. Esmirna representa a igreja perseguida, a igreja dos mártires (100 - 312

d.C.);
3. Pérgamo representa a igreja que se uniu ao estado (313 - 590 d.C.);

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4. Tiatira representa a igreja da Idade Média, corrupta e idólatra (590 - 1517

d.C.);
5. Sardes representa a igreja da reforma (1517- 1730 d.C.);

6. Filadélfia representa a igreja missionária (1730-1900 d.C., sendo que


alguns estendem esse período até a volta de Cristo, ocorrendo

paralelamente à Igreja de Laodicéia);


7. Laodicéia representa a igreja apóstata (1900 d.C. até a volta de Cristo).

A segunda interpretação defende que as igrejas do Apocalipse e, o

conteúdo de suas cartas, representam condições que se repetem muitas vezes


durante a História da Igreja, ou seja, não descrevem um período especifico da

História, mas realidades que sempre estiveram presentes na Igreja.

Particularmente, creio que seja evidente que a última posição é a melhor


a ser adotada. Para mim, em relação à primeira interpretação, considero que se

trata de uma exegese fraca e sem lógica alguma, e que implica em sérios
problemas, como por exemplo, considerar a Igreja morta de Sardes uma

referência à era da Reforma.

A Igreja da Reforma pode significar qualquer coisa, menos uma igreja


morta. Outro problema grave é a questão da divisão dos períodos. Para

podermos dividir a Igreja em períodos específicos, precisaríamos saber a data da


segunda vinda de Cristo, e isto ninguém sabe.

Geralmente (mas não generalizando) quem prefere a interpretação em


eras específicas segue um sistema escatológico que já produziu uma série de

estudiosos que marcaram erroneamente a data da volta de Cristo, isto com bases

em mapas, fórmulas e códigos, que, segundo eles, foram tirados de dentro da


própria Bíblia.

Resumindo, seguramente podemos dizer que as características


encontradas nas sete igrejas do Apocalipse representam uma realidade presente e

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repetida em todas as épocas dentro da História da Igreja, podendo ser percebida

em cada congregação local, ou seja, existem congregações hoje que se


aproximam mais das características de Éfeso, enquanto outras ficam mais

próximas da conduta de Pérgamo, como também dentro das próprias


congregações podemos perceber pessoas que possuem um comportamento

similar aos membros da Igreja de Laodicéia, enquanto outras claramente se


parecem mais com os membros da Igreja de Filadélfia.

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A VISÃO DO TRONO DE DEUS NO


APOCALIPSE
Neste capítulo vamos começar a estudar a segunda seção do livro do

Apocalipse (caps. 4-7). Enquanto na primeira seção (cap. 1-3) João teve a visão de
Cristo no meio de sua Igreja, e registrou como Ele a conhece profundamente,

tratando de seus problemas, a protegendo e prometendo a vitória, agora, na


segunda seção, João teve a visão de como as coisas acontecem da perspectiva do

trono de Deus, registrando também as tensões que a Noiva de Cristo enfrentará


até a sua segunda vinda (o livro selado com sete selos).

Nessa seção João descreveu todo o período entre a primeira e a segunda


vinda de Cristo, e fez uma referência direta ao juízo final, com a condenação dos

ímpios e a grande alegria dos salvos.

Neste capítulo, vamos nos concentrar apenas na visão sobre o trono de


Deus e o Cordeiro exaltado (capítulos 4 e 5), e no próximo capítulo trataremos

especificamente do livro selado com sete selos.

JOÃO RECEBE UM CONVITE


No capítulo 4, encontramos João sendo convidado à subir ao céu para
que pudesse ver "o que deve acontecer". Imediatamente João se achou em
espírito, ou seja, ele não subiu ao céu fisicamente, nem mesmo viu e ouviu essas

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coisas com seus olhos e ouvidos carnais. Ninguém suportaria ver o que João viu

em corpo humano, portanto ele teve uma visão. É importantíssimo considerar o


simbolismo presente na visão, pois, se não for assim, o texto ficará impossível de

se compreender.

Então, João viu um Trono no Céu. Trono significa autoridade, domínio,


poder e honra. Aqui começa ficar clara a expressão "o que deve acontecer". João

contempla que nada acontece por acaso, que a História não está sem controle, ao
contrário, há um trono no céu que controla todas as coisas, nele, o Criador, Deus

Todo-Poderoso, governa o universo e conduz a História segundo os seus


propósitos.

João viu que Deus está assentado sobre o trono. Lembre-se que o livro

foi primariamente escrito às sete igrejas da Ásia, cujos cristãos enfrentavam duras
perseguições. Saber que Deus está assentado sobre o trono é certamente

reconfortante. As sete igrejas, espiritualmente, representam todas as igrejas de


todas as épocas, portanto, esse consolo também é para nós. Nosso Deus governa!

João não consegue descrever propriamente Deus, mas descreve o seu

esplendor e majestade, destacando dois de seus atributos. Ele diz que o que viu é
semelhante à pedra de jaspe (no original algo como diamante branco e

translucido) e a pedra de sardônico. A pedra branca, pura, e cristalina, representa


a santidade de Deus. Já o sardônico é vermelho vivo, e representa o juízo de

Deus. Assim, Deus é santo e justo.

João também viu ao redor do trono um arco-íris parecendo uma

esmeralda, que simboliza a graça e a misericórdia de Deus, ou seja, há uma

aliança que demonstra que, para os eleitos de Deus, a tempestade já passou, pois
Cristo é quem nos justificou.

Após o arco-íris, João viu relâmpagos, vozes e trovões, o que evidencia o


juízo e a ira, isto é, o trono de Deus é um trono de juízo. Diante do trono estavam

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acessas sete tochas de fogo, que simbolizam o Espírito Santo, que é sábio, que

tudo vê, que é fogo consumidor contra os ímpios, e santificador em relação aos
santos.

Note que o arco-íris é visto antes dos relâmpagos, vozes e trovões. Isto

quer dizer que a graça antecede o julgamento. Deus derrama a sua misericórdia,
mas também derrama sua ira em juízo. Aqueles que rejeitam a graça de Deus não

poderão escapar da justiça d'Ele.

João viu algo como um mar de vidro, claro como cristal. Talvez uma boa
interpretação seja que, simbolicamente, isso representa o poder santificador, ou

seja, o sangue purificador do Cordeiro, em quem os santos lavaram suas vestes


(Ap 7:14).

QUEM SÃO OS VINTE E QUATRO ANCIÃOS?


João viu vinte e quatro tronos, e assentados neles vinte e quatro anciãos.

Alguns sugerem que os vinte e quatro anciãos são seres celestiais, isto é, anjos.
Outra interpretação defende que os vinte quatro anciãos representam o povo fiel

de Deus, a Igreja em sua totalidade representada diante de Deus, ou seja, a Igreja


do Antigo Testamento (simbolizada pelos doze Patriarcas) e a Igreja do Novo

Testamento (simbolizada pelos doze Apóstolos). Penso que esta seja a melhor
interpretação.

Perceba que os anciãos estão vestidos de roupas brancas que

demonstram a justificação, estão sentados em tronos para reinar e julgar e


possuem coroas de ouro que representam a posição de honra e prestigio, isto é,

os vencedores são coroados (Ap 2:10; 3:11). Tudo isto está de acordo com
passagens bíblicas que afirmam que os eleitos de Deus são reis e sacerdotes (1 Pe

2:9). Por fim, aos fiéis foram prometidas vestes brancas (Ap 3:4). Já que não há
justificação para os anjos, os vinte quatro anciãos não podem ser anjos, mas são
uma referência aos homens redimidos.

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QUEM SÃO OS QUATRO SERES VIVENTES?


João viu quatro seres viventes no meio e ao redor do trono, cobertos de
olhos. O primeiro se parecia com leão, o segundo com novilho, o terceiro com

rosto de homem e o quarto parecia uma águia voando.

Algumas interpretações sobre quem são estes quatro seres viventes são

sugeridas:

1. Eles representam os quatro Evangelhos: segundo quem defende esta


posição, o leão representa Jesus como Rei no Evangelho de Mateus, o

novilho mostra Jesus como servo em Marcos, o homem mostra Jesus


como homem perfeito em Lucas e, a águia, mostra Jesus como aquele

que veio do céu e volta ao céu no Evangelho de João.


2. Eles representam a totalidade da natureza: o número quatro no livro do

Apocalipse sempre está ligado à criação, portanto, os quatro seres


viventes representam toda a grandeza da natureza. O leão representa os

animais selvagens, o novilho os animais domésticos, a águia todas as


aves, e o homem a coroa da criação de Deus. Algumas referências bíblicas

também são utilizadas para declarar que toda a criação louva ao Senhor
(Sl 19:1-2; 103:22; 148).

3. Eles representam seres angelicais: os quatro seres viventes são querubins,


uma ordem superior de anjos. A canção que cantam é a canção dos anjos

(Is 6:1-4). A descrição como leão, novilho, homem e águia representa


fortaleza, capacidade para servir, inteligência e rapidez. Essa posição

estabelece um paralelo incrível com o capítulo 1 de Ezequiel, além de se


apoiar que tais características são amplamente atribuídas aos anjos na

Bíblia (Sl 103:21,21; Hb 1:14; Dn 9:21; Lc 12:8; 15:10).

Creio que dentre as interpretações citadas, a mais fraca é a primeira.


Particularmente prefiro a última interpretação, pelo simples fato de que parece
haver uma distinção no capítulo 5 entre os quatro seres viventes e a criação

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representada (Ap 5:13), mas não considero a segunda interpretação um problema,

ao contrário, grandes teólogos aderem à segunda interpretação que de fato


também é muito boa.

Penso que o importante aqui é ressaltar que os quatro seres viventes

adoram a Deus sem cessar e, em seus cânticos, eles declaram que Deus é santo,
onipotente e eterno.

Dia e noite repetem sem cessar: "Santo, santo, santo é o Senhor, o


Deus todo-poderoso, que era, que é e que há de vir" (Apocalipse 4:8).

A IGREJA TAMBÉM ADORA AO CORDEIRO


Juntamente com os quatro seres viventes, os vinte quatro anciãos
também adoram ao que está assentado sobre o trono. Como os vinte quatro

anciãos representam a Igreja de Cristo, podemos perceber claramente como a


verdadeira Igreja adora o Deus Todo-Poderoso:

 Eles se prostram diante daquele que está assentado no trono.

 Eles lançam suas coroas diante dEle em sinal de completa submissão, pois
suas coroas não vieram por seus próprios méritos.

 Eles declaram que o que está assentado no trono é Senhor e Deus, o


Criador de todas as coisas, e Soberano em Sua vontade.

O CORDEIRO EXALTADO E O LIVRO SELADO


Continuando a visão, João viu na mão direita daquele que está assentado

no trono (Deus Pai), um rolo (pergaminho) escrito por dentro e por fora. Esse livro
representa o plano eterno de Deus, o decreto d'Ele sobre todas as coisas. O fato

de ter sido escrito por dentro e por fora significa que nada foi esquecido, nada foi
omitido.

O livro selado por sete selos representa que, na visão, o livro está
totalmente selado e ninguém no céu, nem na terra, nem mesmo debaixo da terra

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 63

pode desatar os seus selos. Lembre-se que o número sete em Apocalipse é muito

representativo no sentido de "totalidade", "algo completo". João então se


desesperou ao saber que ninguém seria capaz de abrir o livro.

Logo João foi consolado, pois o Leão de Judá, a Raiz de Davi, venceu e é

capaz de abrir o livro e desatar os sete selos. O Cordeiro recebeu o livro da mão
direita daquele que estava assentado no Trono. Isso mostra que Jesus tem o livro

da História em suas mãos, e que, apenas através d'Ele, a História faz sentido. A
referência ao "Cordeiro digno de desatar os sete selos" significa que Ele é o único

que revela e pode cumprir o plano de Deus.

O livro, agora aberto, demonstra que o universo é governado no interesse


da Igreja, e o propósito da redenção passa a ser conhecido, de forma que o plano

de Deus é executado no decorrer da História. Deus governa o universo por meio


do Cordeiro.

O Cordeiro é descrito como quem "parecia ter estado morto", e isso

representa a sua marca, a vitória conquistada na cruz. Ele possui sete chifres.
Chifres em toda a Bíblia simbolizam poder e força. Como a descrição diz que Ele

tem sete chifres, isso significa que Ele é totalmente forte e poderoso, Ele é
onipotente. Ele também possui muitos olhos que simbolizam sua onisciência. Ele

está de pé no meio do trono, ou seja, Ele tem autoridade e poder, e o livro da


História está em suas mãos. Tanto para a Igreja perseguida da época quanto para

nós na atualidade, à certeza de que nosso Deus tem todo o controle em Suas
mãos é algo extraordinário.

Essa visão que João teve é sobre a coroação de Cristo. Cristo, na sua

ascensão ao céu, foi coroado e recebeu autoridade para governar todo o


universo, segundo o decreto eterno de Deus. Ele recebeu do Pai o reino, Ele foi

exaltado, e lhe foi dado um nome que é sobre todo nome (Sl 2; Sl 110; Dn 7:9-14;
Lc 19:12; Hb 2:8-9; Fp 2:6-11). A coroação do Filho não implica que o Pai deixou o

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trono, mas que Ele se assenta juntamente com Seu Pai (Ap 22:1), pois Ele é

igualmente e totalmente Deus.

João relata que assim que o Cordeiro pega o livro e assume o reino,
ocorre uma explosão de adoração. Os quatro seres viventes e os anciãos se

prostram diante dEle. Cada um dos vinte quatro anciãos possui uma harpa, um
instrumento de música usado no louvor, e taças de ouro repletas de incenso, que

simbolizam as orações dos santos. Eles cantavam um novo cântico:

Tu és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste


morto, e com teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo,
língua, povo e nação. Tu os constituíste reino e sacerdotes para o
nosso Deus, e eles reinarão sobre a terra (Apocalipse 5:9,10).

Os milhares de milhares e milhões de milhões de anjos rodeavam o trono,

bem como os seres viventes e os anciãos. Em alta voz eles cantavam:

Digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder, riqueza,


sabedoria, força, honra, glória e louvor! (Apocalipse 5:12).

A cena final descreve uma adoração total. Todas as criaturas existentes no


céu, na terra, debaixo da terra e no mar diziam:

Àquele que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a


honra, a glória e o poder, para todo o sempre! (Apocalipse 5:13).

Para nós, Igreja de Cristo, a mensagem é muito clara: nós somos

invencíveis! Somos comprados pelo Cordeiro, e o Cordeiro tem o livro da História


em Suas mãos. Certamente somos mais que vencedores!

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O LIVRO SELADO COM SETE SELOS


No capítulo anterior já fizemos uma pequena introdução ao significado
do livro selado com sete selos. Neste capítulo, iremos então nos aprofundar um

pouco mais sobre a visão acerca desse livro selado. Dada a dificuldade de alguns
textos que veremos a partir de agora, algumas coisas se tronarão um pouco

repetitivas, mas creio que desta forma seja a melhor maneira de assimilar o
conteúdo.

Para muitos, o livro selado com sete selos no capítulo 6 do Apocalipse é

uma das passagens mais difíceis de interpretar dentro do livro. Diversas posições
interpretativas surgiram com o propósito de debater o conteúdo do livro selado

com sete selos. Para se ter uma ideia, as opiniões são tão controversas a respeito
do primeiro selo, por exemplo, que interpretações antagônicas são defendidas,

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como: para uns o cavalo branco e seu cavaleiro representa Cristo, enquanto para

outros o mesmo cavalo representa o Anticristo.

De forma geral, basicamente existem duas interpretações em relação ao


significado do livro, o conteúdo dos selos e ao período que ele descreve. Neste

capítulo veremos as diferentes opiniões sobre o assunto, e qual delas é a mais


coerente com o texto bíblico.

É importante entender esse princípio antes de discutir a abertura dos

selos, pois, a interpretação de cada selo, será completamente dependente da


posição adotada acerca do período a qual os relados desse livro se destina.

O LIVRO SELADO SE REFERE AO PERÍODO DE GRANDE TRIBULAÇÃO


Na interpretação futurista, o livro selado com sete selos descreve o

período final da presente era, ou seja, a grande tribulação. Esta interpretação


entende que a partir do capítulo 4 do Apocalipse, os textos se referem aos

tempos futuros, principalmente ao período especifico da grande tribulação. Essa


interpretação geralmente é utilizada por quem defende o Pré-Milenismo

Dispensacionalista Clássico, que assume a posição Pré-Tribulacionista, onde a


Igreja é tirada da terra antes de um período de sete anos de grande tribulação.

Hoje, podemos dizer que a maioria dos cristãos segue essa linha

escatológica, principalmente devido ao grande número de livros best-sellers, e


filmes já produzidos que defendem essa posição. Entretanto, essa posição está

longe de ser a mais tradicional dentro do cristianismo histórico. De forma oficial, o


Pré-Milenismo Dispensacionalista começou a ser ensinado apenas no século 19.

Assim, como já dissemos, segundo essa interpretação os sete selos se


referem a eventos futuros que acontecerão no período de grande tribulação, e, de

forma geral, a interpretação dos sete selos é a seguinte:

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 Primeiro Selo: no primeiro selo o cavalo branco com seu cavaleiro

representa o Anticristo que seduzirá as nações.


 Segundo Selo: no segundo selo o cavalo vermelho com seu cavaleiro

representa as guerras que ocorrerão nesse período futuro, talvez até uma
grande guerra mundial, culminando na perseguição dos judeus.

 Terceiro Selo: no terceiro selo o cavalo preto com seu cavaleiro,


representa uma grande fome que assolará a terra, e quem não tiver a

marca da besta, ou seja, o controle proposto pelo Anticristo, não poderá

comprar nem vender.


 Quarto Selo: o quinto selo mostra o cavalo amarelo com seu cavaleiro,

que representa o grande número de mortes que ocorrerão na grande


tribulação pelas mais diversas causas.

 Quinto Selo: no quinto selo João vê os mártires da grande tribulação, ou


seja, os cristãos que morreram nesse período especifico em decorrência

da perseguição imposta pelo Anticristo.


 Sexto Selo: o sexto selo mostra terríveis desastres naturais como: grandes

terremotos, eclipses, queda de estrelas (segundo quem defende essa


posição poderiam ser cometas e meteoros) e muitas pessoas morrerão

por conta disso.


 Interlúdio: entre o sexto e o sétimo selo, João vê judeus que se

converterão na grande tribulação e serão selados, isto é, protegidos por


Deus durante esse período, e também os mártires de todas as nações que

morrerão em decorrência da perseguição do Anticristo.


 Sétimo Selo: O sétimo selo se refere ao agravamento da tribulação, com

os anjos tocando sete trombetas, que representam mais sete


acontecimentos que assolarão o mundo.

O LIVRO SELADO SE REFERE À ERA DA IGREJA


Dentro dessa posição, o livro escrito por dentro e por fora, selado com

sete selos, a qual apenas o Cordeiro é capaz de abri-lo e desatar os seus selos,

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representa o período que vai desde a morte, ressurreição e ascensão de Cristo ao

céu, até o seu retorno glorioso.

Essa interpretação é a mais histórica dentro do cristianismo, sendo


defendida por grandes teólogos durante a História da Igreja, e geralmente é

adotada por Amilenistas, Pós-Milenistas e por muitos Pré-Milenistas Históricos.


Ainda no decorrer desde capítulo, falaremos sobre como essa posição interpreta

os sete selos. Antes, quero explicar o porquê a considero a mais coerente com o
texto bíblico.

POR QUE A ABERTURA DOS SELOS SE REFEREM À ERA DA IGREJA?


Como já dissemos, o livro do Apocalipse não é um dos livros mais fáceis

de interpretar na Bíblia, o que fica evidente pela variedade de interpretações


disponíveis. Sei que isso acaba assustando um grande número de cristãos. Até

mesmo entre os teólogos mais gabaritados, o livro do Apocalipse é alvo de


intensos debates. Por isso, é preciso muito respeito com quem pensa diferente de

nós.

Quanto a mim, creio que a posição mais coerente biblicamente,


considerando o estilo literário do livro do Apocalipse, é a interpretação que

defende que o livro selado com sete selos descreve a presente dispensação.
Sendo assim, o conteúdo dos capítulos estudados são visões que tratam da

perseguição à Igreja e do juízo de Deus sobre os seus inimigos.

Particularmente, não vejo qualquer possibilidade de interpretar o livro do


Apocalipse como uma sequência cronológica e linear de eventos futuros.

Interpretar o Apocalipse dessa forma é ignorar a organização natural do conteúdo


do Apocalipse, e anular complemente o contexto histórico do livro.

Embora muitas pessoas se esqueçam, o livro do Apocalipse teve

destinatários primários: as sete igrejas da Ásia Menor. Como já falamos, aqueles


irmãos estavam sendo duramente perseguidos, e clamavam por uma resposta de

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Deus. Sem condições humanas nenhuma, eles desafiavam o maior império que

esse mundo já viu: o Império Romano.

O livro do Apocalipse é a resposta de Deus, tanto à Igreja do século I,


quanto a Igreja de todas as épocas. Aqueles irmãos souberam que a vitória

pertence a Cristo, e que eles, mesmo com tantas provações, eram mais do que
vencedores. Essa resposta também é atual para nós, e devemos saber que,

juntamente com o Cordeiro, venceremos todas as investidas do mal.

Não faz sentido algum entender que a partir do capítulo 4 do Apocalipse


o livro é exclusivo sobre eventos futuros que ocorrerão no fim dos tempos. Penso

que o livro do Apocalipse relata sim, por várias vezes, os eventos futuros que
acorrerão, porém abrange todo o período da História da Igreja, até a segunda

vinda de Cristo, o juízo final e, por fim, o estado eterno, com novo céu e nova
terra.

Uma dica que dou para quem quer estudar o livro do Apocalipse é dar

atenção especial aos capítulos 4 e 5. Com a visão do trono de Deus que João
descreveu, podemos perceber a soberania do nosso Deus que governa todas as

coisas, e que está atento ao que acontece com sua Igreja, garantindo, de forma
incontestável, que no final Cristo vence, e, com Ele, sua Igreja também.

Desta forma, entendemos que a História está nas mãos do Cordeiro, Ele é
quem abre os selos, e conforme os selos são abertos no céu, diretamente a terra é
impactada. Um auxílio para entender o capítulo 6 do Apocalipse, é perceber que ele
possui muitos detalhes paralelos ao Sermão Escatológico de Jesus (Mt 24; Mc 13; Lc

21).

Antes de falarmos sobre cada selo, também é importante ressaltar que o


livro do Apocalipse possui uma grande ligação com o Antigo Testamento, ou seja,
há muito material de livros do Antigo Testamento dentro do Apocalipse. Observar
esse detalhe torna a didática do livro muito mais fácil.

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Um exemplo do que estamos falando pode ser visto na abertura dos

quatro primeiros selos, onde aparece a utilização simbólica de cavalos e


cavaleiros. O livro do Apocalipse não é o único a utilizar essa linguagem, antes, no

livro de Zacarias, por exemplo, podemos perceber o mesmo recurso sendo


utilizado (Zc 1:8; 6:1). Um simbolismo semelhante também aparece no livro do

Profeta Ezequiel (Ez 5:17; 14:21). Na Bíblia, a figura do cavalo é geralmente


utilizada para representar o conceito de força, guerra, terror e conquista, sendo

que no Apocalipse, o mesmo padrão é seguido (Ap 9:7; 14:20; 19:11).

PRIMEIRO SELO: O CAVALO BRANCO


E olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele
tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vitorioso, e para vencer
(Apocalipse 6:2).

Dos quatro cavalos, certamente esse é o mais complicado de se


interpretar, como já citamos, existem posições antagônicas acerca dele, pois ao

longo dos anos, grandes teólogos sugeriram diferentes interpretações. Vejamos


as principais delas:

1. O cavalo branco e seu cavaleiro representa o Anticristo: geralmente esta

interpretação é defendida por quem entende que o conteúdo do livro


selado com sete selos se refere a eventos futuros que ocorrerão no

período da grande tribulação. Essa é a interpretação predominante


dentro do Pré-Milenismo Dispensacionalista. O principal argumento para

esta defesa é o fato do Apocalipse utilizar imagens duplas para fazer


contrastes, por exemplo: a Noiva e a prostituta, a Nova Jerusalém e a

Babilônia e etc. Dessa forma, o cavalo branco representa o Anticristo se


contrapondo ao Cristo, ou seja, ele se apresentará como um pacificador, e
ganhará muitas vitórias. Ele seduzirá as nações e, com seu domínio
mundial, será aclamado como invencível.

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2. O cavalo branco representa o poderio militar: nesta interpretação o cavalo

branco e seu cavaleiro representa as grandes conquistas militares que


ocorreram ao longo da história, desde o Império Romano até os nossos

dias. Na época, era costume que o imperador montasse em um cavalo


branco quando saía para uma guerra. Nesta interpretação, os cavalos que

se seguem após o branco, são consequências trágicas que sempre


acompanham as conquistas militares.

3. O cavalo branco representa a pregação do Evangelho pelo mundo: nesta

interpretação o Evangelho é pregado vitoriosamente pelo mundo inteiro,


triunfando sobre as mais terríveis perseguições. Sempre tentaram parar a

pregação do Evangelho, aprisionando, condenando os cristãos a morte e


fechando igrejas, porém, o Evangelho permanece sendo pregado, e

segue "vencendo e para vencer". Assim, após Cristo ser exaltado, sua
primeira ação é prover as condições para que o Evangelho seja pregado

vitorioso em todo o mundo.


4. O cavalo branco representa Cristo: nesta interpretação o cavalo branco e

seu cavaleiro representa o próprio Cristo. Note que, diferente dos outros
cavalos, no cavalo branco não temos nenhuma descrição de maldição. As

punições ocorrem na sequência, com os outros cavalos, ou seja, as


maldições que os outros cavalos trazem é consequência da saída do

primeiro cavalo. Isso significa que sempre que Cristo aparece, Satanás fica
ocupado, e as provações para o povo de Deus acontecem. Outra

característica importante são os detalhes desse cavalo e seu cavaleiro. A


cor é branca, ele possui uma coroa e saiu "vencendo e para vencer". No

livro do Apocalipse é preciso estar muito atento à importância da


simbologia. A cor branca no Apocalipse sempre aparece associada com o

que é santo e celestial, ou seja, nunca é utilizada para fazer referência a


Satanás ou qualquer um de seus agentes. No Apocalipse temos as vestes
brancas, a nuvem branca, o trono branco, a pedra branca, cabelos

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brancos, etc. O cavaleiro recebe uma coroa, e isso está de acordo com o

capítulo 14, onde Cristo estava usando uma coroa de ouro, além de
parecer ser uma sequencia natural da principal mensagem do capítulo 5,

onde o Cordeiro é coroado, glorificado, exaltado e recebe do Pai o reino


para governar. Ainda em Apocalipse 3:21 e 5:5, vemos que a vitória é

atribuída ao cordeiro. Em Apocalipse 19:11 é descrito alguém montado em


um cavalo branco, e, explicitamente, nos é revelado que o cavaleiro é

Cristo. Os pequenos detalhes diferentes entre as duas descrições não

podem servir para enfraquecer este argumento, aliás, é natural que


existam detalhes já que a perspectiva da narrativa é outra. Esse

argumento está em completa harmonia com o tema principal do livro do


Apocalipse, que é a vitória de Cristo e de sua Igreja (Ap 1:13; 2:26,27; 3:21;

5:5; 6:16; 11:15; 12:11; 14:14; 17:14; 19:11). Essa identificação também reforça o
que o próprio Jesus disse em Mateus 10:34, de que Ele traria a espada,

isto é, conflitos e perseguições aconteceriam por amor ao Evangelho,


inclusive dentro dos próprios lares. O cavalo vermelho, que segue logo

após o cavalo branco, representa justamente essa perseguição. Por


último, a expressão "vencendo e para vencer" no original, introduz a ideia

de plena invencibilidade, e esse conceito é aplicado apenas a Cristo,


sendo que todos os seus adversários, incluindo Satanás e o Anticristo, são

derrotados.

Posso dizer que das interpretações citadas acima, a terceira e a quarta são

muito boas e possuem base escriturística. Particularmente, creio que a última

interpretação leva certa vantagem sobre a terceira, mas há quem faça um tipo de
combinação entre ambas, defendendo que não há como separar o aspecto

vitorioso do Evangelho do próprio Cristo. Seja como for, uma verdade


incontestável é que Cristo, através de Seu Evangelho, vence.

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SEGUNDO SELO: O CAVALO VERMELHO


Então saiu outro cavalo; e este era vermelho. Seu cavaleiro recebeu
poder para tirar a paz da terra e fazer que os homens se matassem uns
aos outros. E lhe foi dada uma grande espada (Apocalipse 6:4).

Existe uma interpretação que considera que o cavalo vermelho representa

as guerras e conflitos de forma geral. Porém, ao analisarmos cuidadosamente o


texto bíblico, veremos que o cavalo vermelho representa a perseguição religiosa

que o povo de Deus é submetido ao longo da História da Igreja. Isso significa que
os santos são mortos por causa do nome de Jesus, o que está plenamente de

acordo com o sermão escatológico de Jesus (Mt 24; Mc 13; Lc 21). Quem persegue
a Igreja é o mundo.

Ao cavaleiro foi dada uma grande espada. No original, essa espada é

diferente da espada dada ao cavaleiro do cavalo amarelo. A espada do cavaleiro


vermelho no grego é machaira, e era o cutelo sacrificador, ou seja, a adaga usada

geralmente em sacrifícios. Na Septuaginta (tradução do Antigo Testamento para o


grego), a mesma palavra é utilizada em Gênesis 22:6-10, na história do sacrifício

de Isaque.

Outro argumento muito favorável a essa interpretação é a abertura do


quinto selo, onde João vê "as almas daqueles que tinham sido mortos por causa

da Palavra de Deus". Na frase "que os homens matassem uns aos outros", a


palavra traduzida como "matassem" é a mesma palavra no original utilizada para

descrever o assassinato das almas do quinto selo, e, geralmente, é o termo mais


utilizado por João, em todos os seus escritos (evangelho e epístolas), para se

referir ou à execução de crentes ou a execução do próprio Cristo na cruz.

Por fim, essa interpretação faz todo sentido quando consideramos que
Jesus, no Apocalipse, está falando aos cristãos que na ocasião em que o livro foi
escrito estavam sendo duramente perseguidos até a morte. Assim, o cavaleiro do

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cavalo vermelho não é uma guerra específica, nem mesmo todas as guerras, ou

uma pessoa em particular. Sempre que Cristo com seu Evangelho aparece (o
cavaleiro do cavalo branco), segue-se o cavaleiro do cavalo vermelho (Mt 5:10; 11;

Lc 21:12; At 4:1; 5:17).

Em todas as épocas da História da Igreja o cavalo vermelho sempre


esteve presente. O mundo sempre perseguiu a Igreja, pois a espada é sempre

trazida por Cristo e seu Evangelho, e, assim, a paz é retirada da terra (Mt 10:34).

TERCEIRO SELO: O CAVALO PRETO


Quando o Cordeiro abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente
dizer: "Venha! " Olhei, e diante de mim estava um cavalo preto. Seu
cavaleiro tinha na mão uma balança. Então ouvi o que parecia uma voz
entre os quatro seres viventes, dizendo: "Um quilo de trigo por um
denário, e três quilos de cevada por um denário, e não danifique o
azeite e o vinho!" (Apocalipse 6:5,6).

Esse cavalo representa a pobreza, opressão, a exploração e a corrupção

devido à injustiça. O texto diz que uma medida de trigo (cerca de um litro) é
vendida por um denário. O denário era o salário pela diária de um trabalhador da

época, ou seja, tudo que ele ganhou no dia não seria suficiente para sustentar
toda sua família. A cevada aparece com preço mais baixo (três medidas por um

denário), porém a cevada era o alimento geralmente utilizado para alimentar os


animais.

Com tudo isto, o azeite e o vinho não foram danificados. Isso representa

que o modo de vida luxuoso dos ricos e poderosos sempre é garantido. Os


opressores vivem suas vidas normalmente, com toda regalia. Aqui, alguns

estudiosos sugerem que João utilizou como exemplo um episódio que havia
ocorrido alguns anos antes do livro do Apocalipse ser escrito, onde houve uma
grande escassez de trigo no Império Romano, e foi sugerido um decreto que

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desapropriasse algumas vinícolas e refinarias de azeite, afim de que mais trigo

fosse plantado. Porém, houve grande resistência e protesto por parte da


população mais rica, o que acabou impedindo o projeto.

Claro que podemos ver esse padrão de injustiça social como uma

verdade que assola todas as gerações até os dias de hoje, porém, mais uma vez
devemos dar atenção especial aos destinatários do Apocalipse. João escreveu

para os cristãos, que, naquela época, representavam a classe mais pobre da


sociedade.

Ao lerem esse texto, os irmãos do primeiro século imediatamente

entenderam o símbolo. Não era raro alguém ter seus bens confiscados, seus
negócios fechados e ser impedido de realizar qualquer transação financeira

quando se convertia ao cristianismo.

Essa era mais uma forma de perseguição. Para ser financeiramente ativo,
era preciso negar suas convicções religiosas, se corromper ao sistema pagão do

Império Romano, prestar culto ao imperador e preferir ser um cidadão romano ao


invés de ser um cidadão do céu. Era preciso ter a "marca da besta" para poder

comprar e vender (Ap 13:17).

Podemos ver nitidamente esse mesmo princípio atravessando os séculos

seguintes a essa profecia, e chegando até os nossos dias. Quantos cristãos


verdadeiros (não falo dos hipócritas, falo dos verdadeiramente salvos em Cristo)
perdem seus empregos, ou passam por terríveis dificuldades financeiras por não
aceitarem práticas que desagradam a Deus? Enquanto alguns cristãos morrem por

sua fé, outros são forçados a uma vida de pobreza e privações. O cavalo preto

espalha opressão, injustiça e dificuldade econômica através de toda a História da


Igreja.

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QUARTO SELO: O CAVALO AMARELO


Olhei, e diante de mim estava um cavalo amarelo. Seu cavaleiro
chamava-se Morte, e o Hades o seguia de perto. Foi-lhes dado poder
sobre um quarto da terra para matar pela espada, pela fome, por
pragas e por meio dos animais selvagens da terra (Apocalipse 6:8).

Originalmente a cor desse cavalo não é bem o amarelo, mas sim uma cor
pálida, que lembra doença e morte. O cavalo amarelo representa uma provação

universal, ou seja, não é apenas a Igreja que está focada aqui, mas todas as
pessoas do mundo.

A Igreja passa por essas provações simplesmente por ainda estar no

mundo. No sermão escatológico (Mt 24; Mc 13; Lc 21), Jesus também adverte que
haveria tribulações que atingiriam a todos, ou seja, existem provações que a Igreja

especialmente é submetida, e outras a qual o mundo todo é submetido.

O nome do cavaleiro é Morte, e significa a morte no sentido geral, em


suas mais diversas causas. Também é dito que o Hades (ou inferno em algumas

traduções) o seguia. Isso quer dizer que a morte ceifa, enquanto o Hades recolhe
os mortos. Hades aqui se refere ao estado de existência desencarnado, onde o

corpo desce à sepultura, mas a alma continua viva.

Esse selo traz a morte pela espada, pela fome, com pestilências e pelas
bestas feras. A espada utilizada nessa descrição é diferente da espada do segundo

cavaleiro. No original, essa espada vem do grego rhomphaia, que se refere à


espada de guerra. Sendo assim, aqui realmente trata-se de guerras mesmo,

nações contra nações, povos contra povos, conflitos civis e todas as outras
violências que causam morte.

Também lhes é permitido matar pela fome. Devemos entender essa fome

de forma geral como: problemas sociais que causam misérias pelo mundo,

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 77

escassez de alimentos, fome causada por consequências das próprias guerras e

conflitos, injustiças, etc.

As pessoas também morrerão devido à pestilência, que são pragas,


doenças e contaminações. Por fim, também é dito que pessoas morrerão pelas

bestas feras da terra, ou seja, mortes ocasionadas por animais. Juntas, estas
quatro descrições (espada, fome, pestilências e bestas feras), representam todas

as desgraças que atingem o mundo e causam mortes.

CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS QUATRO PRIMEIROS SELOS


É importante ressaltar que a descrição dos quatro cavalos é feita da
perspectiva de seus efeitos sobre o Reino de Deus. Após o último cavalo (o cavalo

amarelo), fica mais clara a interpretação dos cavalos anteriores. Podemos dizer
que o segundo e terceiro cavalos simbolizam a perseguição do mundo contra a

Igreja, enquanto o quarto cavalo representa as desgraças comuns que atingem


toda a humanidade.

Resumidamente, na abertura dos quatro primeiros selos, podemos

entender que o mundo perseguirá os eleitos de Deus de todas as maneiras


possíveis. Alguns pela espada, outros pela fome, outros pela injustiça e outros

pelo preconceito. Porém, isso não foge do controle de Deus, ao contrário, esses
cavalos são instrumentos nas mãos dEle. Ele é quem abre os selos. O cristão

hipócrita fatalmente não resistirá, e negará sua fé fingida. Mas o cristão verdadeiro
jamais negará a fé salvadora, e, a este, será dado o poder de sofrer pelo nome de

Cristo.

Para o cristão verdadeiro, todas essas dificuldades e perseguições só


servem para aproximá-lo ainda mais de Deus, e fazer com que ele se sinta

completamente dependente dEle.

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QUINTO SELO
E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que
foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho
que deram.E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó
verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos
que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um compridas vestes
brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo,
até que também se completasse o número de seus conservos e seus
irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram (Apocalipse 6:9-11)

Nesse selo o cenário da visão é muda. Ao invés da terra, João agora


passa a ver o céu. Antes, João viu o efeito na terra do que é causado no céu,

agora, João vê o efeito no céu do que é causado na terra. João viu um altar, e as

almas dos mártires que morreram pela sua fé como uma espécie de sacrifício.
Cada um desses que foram sacrificados, recebem vestes brancas, simbolizando

justiça, pureza, santidade e alegria. Eles esperam descansando de suas fadigas


terrenas, até que o número dos mártires se complete.

Quando o último mártir for sacrificado, então virá o Dia do Senhor. É


importante entender que essas almas não estão inconscientes, mas estão lúcidas e

pedindo vingança, não pessoal, mas da justiça divina. Esse clamor do quinto selo é
o clamor da Igreja diante de tantos massacres a qual já foi, e ainda é submetida.

SEXTO SELO
E, havendo aberto o sexto selo, olhei, e eis que houve um grande
tremor de terra; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua
tornou-se como sangue; E as estrelas do céu caíram sobre a terra,
como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por
um vento forte. E o céu retirou-se como um livro que se enrola; e
todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. E os reis da
terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 79

servo, e todo o livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das


montanhas; E diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e
escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da
ira do Cordeiro; Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem
poderá subsistir? (Apocalipse 6:12-17).

O sexto selo mostra o dia da ira do Cordeiro. É o dia do juízo, e não há

como escapar. João usa como símbolo desse dia o universo sendo
completamente sacudido, e os homens tentando se esconder, não desse

aterrorizante cenário, mas das mãos do Deus irado. Note que eles procurarão a
morte física, mas nada os livrará do dano da segunda morte. Perceba que todas

as classes de pessoas terão de comparecer diante do julgamento de Deus.

O INTERLÚDIO DO CAPÍTULO 7
Antes do sétimo selo acontece um interlúdio, onde a mesma cena do
capítulo 6 é descrita, porém de outra perspectiva, ou seja, não é uma sequência

cronológica de eventos, mas o mesmo evento visto de outro ângulo.

João vê que tudo está pronto para que o juízo de Deus seja derramado,
porém o que está impedindo que isso aconteça é a selagem dos eleitos. Quando

todos os eleitos forem selados (tal qual no capítulo anterior onde o número de
mártires deveria ser completado), Cristo voltará. O capítulo 6 termina mostrando o

grande terror dos ímpios diante do juízo que terão de enfrentar. Já o capítulo 7
termina mostrando a grande alegria e a glorificação dos remidos na segunda

vinda de Cristo.

SÉTIMO SELO
O sétimo selo é aberto no capítulo 8, e inicia a sequência dos sete anjos
tocando sete trombetas. Não há sucessão cronológica, ou seja, não se trata de
sete eventos novos. Aqui, a mesma cena é mostrada, e a mesma história é
contata, porém de uma nova perspectiva.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 80

Lembre-se que o livro do Apocalipse é organizado em sete seções

paralelas e progressivas, e que abrangem desde a primeira até a segunda vinda


de Cristo, ou seja, cada vez que a história é recontada, a narrativa vai se

intensificando, de modo que as cenas vão ficando mais claras.

De forma bem resumida e direta, os selos mostram o sofrimento da Igreja


perseguida pelo mundo, enquanto as trombetas mostram o sofrimento do mundo

em resposta às orações da Igreja. Note que da mesma forma que os selos são
interrompidos por um interlúdio (cap. 7), as trombetas também são interrompidas

por um interlúdio (caps. 10 e 11). Mais à frente, estudaremos exatamente as sete


trombetas na abertura do sétimo selo.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 81

QUEM SÃO OS 144 MIL SELADOS NO


CAPÍTULO 7?
Antes de avançarmos no estudo do Apocalipse com as sete trombetas,
não poderíamos passar pelo capítulo 7 sem mencionar os 144 mil selados que

aparecem nesse capítulo. Este é um dos assuntos mais debatidos dentro do

Apocalipse. Existem várias interpretações, defendidas tanto por cristãos quanto


por adeptos de seitas.

A referência sobre os 144 mil selados aparece pela primeira vez no


capítulo 7 do livro do Apocalipse. Nesse capítulo, João teve a visão de quatro

anjos nos quatro cantos da terra, retendo quatro ventos. Isso significa que um
juízo universal estava para desabar, de modo que ninguém seria capaz de

escapar. Esse juízo, porém, foi impedido até que os servos do Senhor fossem
selados, e o número dos selados é de 144 mil.

E vi outro anjo subir do lado do sol nascente, e que tinha o selo do


Deus vivo; e clamou com grande voz aos quatro anjos, a quem fora
dado o poder de danificar a terra e o mar, dizendo: Não danifiqueis a
terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos selado nas suas
testas os servos do nosso Deus. E ouvi o número dos selados, e eram
cento e quarenta e quatro mil selados, de todas as tribos dos filhos de
Israel (Apocalipse 7:2-4).

Em seguida João faz uma relação modificada das doze tribos de Israel,

onde, de cada uma, aparecem 12.000 selados. Digo "relação modificada", porque
as tribos de Efraim e Dã foram omitidas, e no lugar foi citado Levi e José.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 82

INTERPRETAÇÃO DOS TETEMUNHAS DE JEOVÁ


A interpretação da seita Testemunhas de Jeová é uma das mais
conhecidas sobre este tema. Segundo eles, os 144 mil é uma espécie de elite da

Igreja, formada por homens e mulheres que foram ungidos por Deus para serem
"reis e sacerdotes" no reinado vindouro de Cristo, a qual apenas estes irão morar

no céu, enquanto o restante das pessoas que terão parte na Igreja recebendo a
vida eterna, viverá nesta terra sob o governo de Cristo. Para eles, essa contagem

começou no dia do Pentecostes. É claro que não é preciso quase nenhum esforço
para percebemos que não há qualquer base bíblica para esse argumento.

INTERPRETAÇÃO DOS PRÉ-MILENISTAS DISPENSACIONALISTAS


Entre os cristãos, certamente a interpretação mais comum e conhecida é a

do Pré-Milenismo Dispensacionalista. Apenas para entendermos um pouco


melhor, é preciso lembrar que essa corrente escatológica defende a visão pré-

tribulacionista do arrebatamento, ou seja, a Igreja será arrebatada antes da


grande tribulação. Essa conclusão vem de um estilo de organização e

interpretação das profecias bíblicas, o Dispensacionalismo, que basicamente


divide a forma com que Deus trata com a humanidade em sete dispensações

cronologicamente sucessivas.

Para os pré-milenistas dispensacionalistas, Deus tem dois povos distintos,


Israel e a Igreja, ou seja, existe completa distinção nos planos de Deus, no tempo

e na eternidade, para estes dois povos. Em relação à interpretação do livro do


Apocalipse, o Dispensacionalismo adere ao estilo futurista, que, como já citamos,

defende que a partir do capítulo 4 o livro descreve eventos futuros, que


ocorrerão, sobretudo, no período de sete anos da grande tribulação.

Geralmente para os pré-milenistas dispensacionalistas, os 144 mil serão


israelitas que estarão vivendo no período da grande tribulação, e que se

converterão após o Arrebatamento da Igreja. Esses 144 mil serão evangelistas


durante esse período, e, juntamente com as duas testemunhas, serão

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 83

fundamentais para um grande avivamento que converterá muitas pessoas, tanto

judeus quanto gentios.

Alguns dispensacionalistas acreditam que esses judeus serão marcados


(selados) de forma visível em suas frontes, para que o governo do Anticristo não

possa tocá-los. Para outros, eles receberão um selo em suas frontes, mas não será
literal. De qualquer modo, praticamente todos os dispensacionalistas concordam

que os 144 mil selados serão poupados dos juízos que virão.

Os dispensacionalistas também se dividem sobre o que ocorrerá com os


144 mil selados. Há quem defenda que esses judeus aguardarão como

remanescentes a segunda vinda de Cristo em glória na terra, quando Jesus


destruirá o Anticristo e implantará o reino milenar, enquanto outros defendem

que eles serão arrebatados em algum momento antes da segunda vinda, para se
harmonizar com o que é descrito em Apocalipse 14. Segundo esta última

interpretação, então estamos falando de pelo menos dois arrebatamentos antes


da vinda de Cristo em glória. Para tentar evitar problemas entre os capítulos 7 e

14, alguns dispensacionalistas entendem que os 144 mil do capítulo 7 são judeus,
mas os 144 mil do capítulo 14 representam um número simbólico dos mais

consagrados e fieis entre o povo de Deus de todos os tempos e de qualquer


nacionalidade.

Os pré-milenistas dispensacionalistas defendem que, apesar das tribos

terem se perdido, Deus as conhece (Is 11:11-16), e preservará um remanescente (At


1:6), e, após o tempo da plenitude dos gentios, Deus voltará suas atenções ao

povo de Israel (Lc 21:24; At 15:14; Rm 11:25). Eles também argumentam que as
ausências das tribos de Dã e Efraim nessa lista é devido aos casos de idolatria e

corrupção mencionados no Antigo Testamento. Sobre a tribo de Dã, segundo


alguns deles, possivelmente será a tribo de origem do Anticristo.

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INTERPRETAÇÃO DAS DEMAIS ESCOLAS ESCATOLÓGICAS


Para os amilenistas, muitos pré-milenistas Históricos e alguns pós-
milenistas, o número 144 mil é simbólico, e não deve ser interpretado de forma

literal ou como uma estatística.

É importante saber que para os Pré-Milenistas Históricos, Amilenistas e

Pós-Milenistas, Deus tem apenas um povo, a Igreja, formado por judeus e gentios,
ou seja, a Igreja é o Israel de Deus (Gl 6:16; Rm 9:6-8).

Nessa linha de interpretação, também existe algumas diferenças entre

seus defensores. Alguns consideram que os 144 mil realmente são apenas judeus
cristãos, mas não se trata de um número literal, ou seja, os 144 mil representam

todos os judeus convertidos, mostrando que eles também fazem parte da Igreja,
como um só povo. Essa conclusão é derivada do fato de que no próprio capítulo 7

parece existir uma distinção de multidões, isto é, uma com 144 mil e outra com
número incontável.

Essa distinção não significa uma separação de povos como no

Dispensacionalismo, mas apenas uma ênfase para mostrar que Deus tem seus
escolhidos tanto em Israel quanto em todo o mundo, isto é, Deus tem salvos em

todas as nações do mundo, mas também tem salvos em Israel, sendo que esses
salvos judeus são salvos em Jesus Cristo, e pertencem à Igreja (Rm 9:27).

Outros estudiosos defendem que os 144 mil representam toda a Igreja,

do Antigo e do Novo Testamentos, formada por judeus e gentios. Esse número é


obtido da multiplicação de doze vezes doze. Conforme já foi dito, a simbologia

dos números no Apocalipse é muito importante, e o número doze sempre


aparece associado ao povo de Deus. Logo, doze patriarcas representam a Igreja

do Antigo Testamento, e doze apóstolos a Igreja do Novo Testamento, ou seja, a


Igreja do Antigo Testamento e a Igreja do Novo Testamento formam uma única
Igreja.

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Isso parece evidente na descrição simbólica da Nova Jerusalém que tem

doze portas com o nome das doze tribos e doze fundamentos com o nome dos
doze apóstolos, e seu muro tem a altura de cento e quarenta e quatro côvados

(Ap 21:9-17).

O resultado da multiplicação de doze vezes doze é cento e quarenta e


quatro, e este número é multiplicado por um mil, resultando no número 144 mil,

que significa a totalidade da Igreja. Para explicar a descrição de duas multidões na


visão do capítulo 7, os intérpretes defendem que do ponto de vista do céu os

eleitos de Deus tem um número exato, isto é, Deus conhece cada um dos que são
seus (2Tm 2:19), e o simbolismo do número 144 mil é utilizado para este fim.

Já a outra multidão são os mesmos 144 mil, porém do ponto de vista da

terra, isto é, Deus conhece o número exato, mas sob os olhos dos homens a Igreja
é uma multidão incontável. Essa multidão é formada por pessoas de todos os

povos, tribos, línguas e nações, incluindo os judeus convertidos (Ap 7:9).

QUAL A INTERPRETAÇÃO MAIS COERENTE?


A resposta desta pergunta vai depender da linha escatológica que cada
um adota, por isso sempre veremos uns defendendo uma coisa e outros

defendendo outra coisa.

Particularmente penso que a interpretação mais coerente com as


Escrituras é a interpretação que considera os 144 mil como símbolo da totalidade

da Igreja de Cristo, o Israel espiritual que, aos olhos de Deus, tem um número
exato, mas aos olhos humanos é uma multidão incontável, são como a areia do

mar.

Para mim, esse número não pode ser literal, porque isso ignoraria o

padrão literário do Apocalipse. Também não pode ser aplicado às tribos de Israel,

pois isso implicaria na distinção entre Igreja e Israel que já foi abolida
incontestavelmente nas Escrituras. Deus não tem dois povos. Deus tem apenas um

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 86

único povo, formado por judeus e gentios, a Igreja, o verdadeiro Israel de Deus

(Gl 6:16; Rm 9:6-8). Todos que são de Cristo são descendentes de Abraão (Gl
3:29), ou seja, Abraão é o pai de todos os que creem em Jesus, judeus ou não (Rm

4:11), já que segundo o apóstolo Paulo, os verdadeiros judeus não são os


descendentes físicos de Abraão, mas os descendentes espirituais (Rm 2:28,29).

Logo, aquele que serve a Deus em espírito, e se gloria em Jesus Cristo não
confiando na carne, é a verdadeira circuncisão (Fp 3:3).

Também é importante considerar que desde o cativeiro Assírio, dez, das

doze tribos, se perderam, e as duas últimas tribos do sul também se dispersaram


após a queda de Jerusalém em 70 d.C. Outro fator que complica a aplicação desse

número às doze tribos é a ausência das tribos de Dã e de Efraim, sem nenhuma


explicação bíblica convincente para isso, ou seja, entender que o Anticristo virá de

uma dessas tribos, e por isso foram omitidas, é muito mais uma "achologia" do
que uma hermenêutica sólida.

Fato é que, essa ordem trocada das tribos, não pode ser encontrada em

nenhum outro lugar da Bíblia. Para finalizar, o capítulo 14 do Apocalipse mostra


claramente que os 144 mil foram comprados de toda a terra, e não apenas dentre

os judeus. Tentar estabelecer uma distinção entre os 144 mil do capítulo 7 com os
144 mil do capítulo 14 como alguns dispensacionalistas fazem, é algo

completamente incoerente.

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AS SETE TROMBETAS
As sete trombetas do Apocalipse é mais um dos temas amplamente

discutidos dentro da escatologia bíblica. Devido às diferentes posições e estilos de


leitura do livro do Apocalipse, diversas interpretações são defendidas entre os

estudiosos.

Seria impossível considerar em apenas um único texto todas as mais


variadas sugestões de interpretação, até porque a cada dia que se passa surge

uma nova. Portanto, iremos considerar apenas as duas principais interpretações


sobre o assunto.

AS TROMBETAS SE REFEREM AO PERÍODO DA GRANDE TRIBULAÇÃO


Geralmente quem adota a visão futurista do livro do Apocalipse, entende

que o conteúdo do livro é linear, ou seja, os capítulos sucedem uns aos outros de
forma cronológica, sendo que, como já falamos, a partir do capítulo 4 começa a

descrição de uma série de eventos que ocorrerão principalmente no período final


da presente era, conhecido como a grande tribulação. Também é verdade que a

maioria dos estudiosos que defendem essa posição, acredita que esse período
final terá a duração de sete anos, e iniciará após o arrebatamento secreto da

Igreja.

Sob esse pensamento, as sete trombetas se referem a acontecimentos


que ocorrerão em algum momento dentro do período de tribulação,

sequencialmente após a abertura dos selos do capítulo 6 do Apocalipse. Também


é importante dizer que essa interpretação considerará, em sua maior parte, o

sentido literal do texto, e não seu sentido simbólico.

Nessa interpretação, as trombetas normalmente representam o seguinte:

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 88

1. Primeira trombeta: mostra a vegetação sendo queimada por conta de

uma chuva de saraiva e fogo misturado com sangue.


2. Segunda trombeta: mostra a mortandade da terça parte dos peixes que

vivem no mar.
3. Terceira trombeta: mostra a contaminação da terça parte dos rios e das

fontes das águas.


4. Quarta trombeta: mostra o espaço sideral sendo abalado, de modo que

será alterada a duração do brilho do dia na Terra.

5. Quinta trombeta: mostra uma praga de criaturas semelhante ao


gafanhoto que, segundo alguns futuristas, literalmente picará as pessoas

durante cinco meses trazendo-lhes grande sofrimento. Vale dizer que


muitos estudiosos dessa linha de interpretação, de forma mais coerente,

entendem que tais figuras simbolizam demônios.


6. Sexta trombeta: mostra a soltura de anjos terríveis que estavam presos no

rio Eufrates, a fim de matarem a terça parte dos homens.


7. Sétima trombeta: abrange os julgamentos descritos nas sete taças, ou

seja, os últimos eventos que se estendem até a volta de Cristo em glória


para estabelecer seu reino milenial na Terra.

Particularmente penso que essa interpretação não é a mais adequada ao


livro do Apocalipse, pois ignora o estilo literário, a organização natural do

conteúdo arquitetada pelo próprio autor (João), e o contexto histórico do livro.


Outro grande problema dessa visão é tentar interpretar literalmente referências

que são claramente simbólicas.

AS SETE TROMBETAS SE REFEREM À PRESENTE DISPENSAÇÃO


Geralmente os estudiosos que defendem essa interpretação adotam um

sistema de recapitulação na organização e leitura do livro do Apocalipse, que,


conforme já mencionamos aqui, trata-se do Paralelismo Progressivo.
Relembrando esse sistema, o livro do Apocalipse tem sete seções paralelas que

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 89

abordam o período desde a primeira até a segunda vinda de Cristo. Isso significa

que a mesma história é contata várias vezes (paralelismo), porém


progressivamente, ou seja, à medida que vamos avançando na leitura do livro,

percebemos que a narrativa vai se intensificando e que a mesma história é


contada de perspectivas diferentes, de modo que as cenas vão ficando cada vez

mais claras. Logo, embora as sete trombetas apareçam após os sete selos, é
importante entender que isso não representa uma sucessão cronológica.

Especificamente sobre as trombetas, podemos dizer que elas falam de um

juízo parcial sobre o mundo. É o sofrimento do mundo incrédulo em resposta às


orações da Igreja. As trombetas expressam a advertência de Deus sob o mundo

que persegue a Igreja. A seção das sete trombetas termina com um anúncio do
fim (Ap 11:15).

Resumidamente, podemos dizer que os selos mostram o sofrimento da

Igreja perseguida pelo mundo, ou seja, conta toda a história da presente era até a
volta de Cristo, dando ênfase ao sofrimento da Igreja. Já as trombetas contam a

mesma história, porém mostrando o sofrimento do mundo incrédulo sob a


advertência de Deus, em resposta às orações da Igreja.

Nas sete trombetas o juízo é parcial, já que o juízo total é descrito na

seção das sete taças da ira de Deus. A seção dos selos é interrompida por um
interlúdio (cap. 7), da mesma forma também acontece com a seção das trombetas

(caps. 10,11).

Um detalhe interessante é que as trombetas são divididas em dois

grupos, onde, as quatro primeiras trombetas tratam de catástrofes naturais que

atingem a terra, e as três últimas trombetas tratam de sofrimentos que atingem


diretamente os homens, e também são chamadas de "ais" (Ap 8:13). Em outras

palavras, podemos dizer que as primeiras quatro trombetas atingem os ímpios em


seu ser físico, e as três últimas atingem os ímpios de forma tão direta e pessoal

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 90

que trazem terrível angústia espiritual. As trombetas indicam uma série de

calamidades que ocorrem muitas vezes repetidamente e simultaneamente


durante toda a presente era.

O fato das trombetas trazerem o juízo parcial demonstra que o objetivo

principal dessa série de juízos é chamar o homem ao arrependimento, ou seja, é a


ira misturada com a graça, porém mais adiante no livro do Apocalipse, vemos que

os ímpios, mesmo sendo assolados pelo sofrimento, não se arrependem (Ap 9:20).
A seguir veremos a interpretação de cada uma das sete trombetas sob essa

perspectiva.

PRIMEIRA TROMBETA
E o primeiro anjo tocou a sua trombeta, e houve saraiva e fogo
misturado com sangue, e foram lançados na terra, que foi queimada
na sua terça parte; queimou-se a terça parte das árvores, e toda a erva
verde foi queimada (Apocalipse 8:7).

Na primeira trombeta é descrita uma tempestade de saraiva, fogo e

sangue. Essa é uma descrição simbólica para se referir aos diversos desastres que
afligem a terra para castigar o pecado dos ímpios, e anunciar que não se pode

perseguir a Igreja impunemente.

Esses desastres ocorrem desde a primeira até a segunda vinda de Cristo.


Note no versículo 7 a expressão "e foram lançadas à terra", significando que essas

calamidades são controladas do céu, e são utilizadas como instrumentos nas


mãos do Senhor que governa.

SEGUNDA TROMBETA
E o segundo anjo tocou a trombeta; e foi lançada no mar uma coisa
como um grande monte ardendo em fogo, e tornou-se em sangue a
terça parte do mar. E morreu a terça parte das criaturas que tinham
vida no mar; e perdeu-se a terça parte das naus (Apocalipse 8:8,9).

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 91

Aqui João descreve simbolicamente uma montanha ardendo em chamas

sendo lançada ao mar. Na primeira trombeta o juízo atinge a terra seca, agora, na
segunda trombeta, o juízo de Deus também atinge o mar.

Essa trombeta descreve todos os desastres que ocorrem no mar, e esse

julgamento se mostra ainda mais severo que o primeiro, pois um terço do mar é
duramente atingido, ocasionando a mortandade de um terço dos seres marinhos

e a destruição de um terço das embarcações.

Essa descrição mostra a amplitude da destruição da segunda trombeta,


pois ocorrem desastres ecológicos, econômicos e um grande número de mortes

dos tripulantes e passageiros que, juntamente com suas embarcações, naufragam


nas águas.

TERCEIRA TROMBETA
E o terceiro anjo tocou a sua trombeta, e caiu do céu uma grande
estrela ardendo como uma tocha, e caiu sobre a terça parte dos rios, e
sobre as fontes das águas. E o nome da estrela era Absinto, e a terça
parte das águas tornou-se em absinto, e muitos homens morreram das
águas, porque se tornaram amargas (Apocalipse 8:10,11).

Nessa trombeta vemos que o Senhor utiliza as águas doces como

instrumento contra o iníquo. Na primeira trombeta a vegetação da terra seca é


atingida, na segunda o mar é atingido, e agora na terceira trombeta é a vez das

fontes de água potável.

A simbologia utilizada aqui é de uma estrela caindo, o que significa algo

realmente impactante e assombroso. O nome da estrela é Absinto, símbolo de


remorso amargo (Lm 3:19). Isso significa que um sentimento de aflição amargo

tomará o coração dos homens, pois esse juízo é mais severo do que os dois

primeiros, pois a morte de pessoas é explicitamente mencionada.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 92

QUARTA TROMBETA
E o quarto anjo tocou a sua trombeta, e foi ferida a terça parte do sol,
e a terça parte da lua, e a terça parte das estrelas; para que a terça
parte deles se escurecesse, e a terça parte do dia não brilhasse, e
semelhantemente a noite (Apocalipse 8:12).

Na quarta trombeta um terço do sol, da lua e das estrelas é atingido. Aqui


estão incluídos todos os males ocasionados pelo funcionamento anormal dos

corpos celestes durante toda a presente era. Da mesma forma como acontece
com a vegetação, com o mar e as águas doces, os astros também são

instrumentos nas mãos de Deus e anunciam o Seu juízo.

QUINTA TROMBETA
E o quinto anjo tocou a sua trombeta, e vi uma estrela que do céu caiu
na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo. E abriu o poço do
abismo, e subiu fumaça do poço, como a fumaça de uma grande
fornalha, e com a fumaça do poço escureceu-se o sol e o ar. E da
fumaça vieram gafanhotos sobre a terra; e foi-lhes dado poder, como
o poder que têm os escorpiões da terra. E foi-lhes dito que não
fizessem dano à erva da terra, nem a verdura alguma, nem a árvore
alguma, mas somente aos homens que não têm nas suas testas o selo
de Deus. E foi-lhes permitido, não que os matassem, mas que por
cinco meses os atormentassem; e o seu tormento era semelhante ao
tormento do escorpião, quando fere o homem. E naqueles dias os
homens buscarão a morte, e não a acharão; e desejarão morrer, e a
morte fugirá deles. E o parecer dos gafanhotos era semelhante ao de
cavalos aparelhados para a guerra; e sobre as suas cabeças havia umas
como coroas semelhantes ao ouro; e os seus rostos eram como rostos
de homens. E tinham cabelos como cabelos de mulheres, e os seus
dentes eram como de leões. E tinham couraças como couraças de

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 93

ferro; e o ruído das suas asas era como o ruído de carros, quando
muitos cavalos correm ao combate. E tinham caudas semelhantes às
dos escorpiões, e aguilhões nas suas caudas; e o seu poder era para
danificar os homens por cinco meses. E tinham sobre si rei, o anjo do
abismo; em hebreu era o seu nome Abadom, e em grego Apoliom
(Apocalipse 9:1-11).

Antes do capítulo 9, ainda no versículo 13 do capítulo 8, João vê e ouve


uma águia (anjo em algumas traduções) voando muito alto, para que seja vista

por todos. A mensagem da águia é muito clara: "Ai, ai, ai dos que moram na terra,
por causa das outras vozes das trombetas dos três anjos que hão de ainda tocar".

Esse anuncio declara que as trombetas que se seguem representam juízos

ainda mais severos do que os juízos anteriores. Quando o anjo toca a quinta
trombeta, João vê uma estrela que cai dos céus na terra. Essa queda está de

acordo com o relato de Jesus em Lucas 10:18: "Eu via a Satanás caindo do céu
como um relâmpago".

Essa expressão demonstra claramente a condição de Satanás, e onde ele

habita no presente. Ele está na terra. O aviso de que foi lhe dado a chave do poço
do abismo, significa que ele incita o mal, e recebeu permissão para fazer com que

os demônios assolem a terra com suas operações malignas.

Aqui os gafanhotos não são algum tipo de inseto ou qualquer nova praga
literal que aparecerá nos últimos tempos. Estes gafanhotos simbolizam demônios
que atingem o coração e a alma do homem com grande assombro, malignidade e

horror, deixando-o em um estado de aflição tão profundo aponto de o homem

buscar a morte na tentativa de aliviar suas dores de opressão, mas não a encontra,
pois nem mesmo a morte pode livrá-lo desse tormento.

O sofrimento causado por esses demônios é pior do que a morte. Esses


gafanhotos atingem apenas os ímpios, os homens que não possuem o selo de

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Deus, aqueles que com seus pensamentos e atitudes demonstram a plenitude da

marca de Satanás em suas vidas.

Note que quando o poço do abismo é aberto, uma grande fumaça toma
a atmosfera a ponto de escurecer o sol. Isso simboliza a densidade da escuridão

moral e espiritual promovida pelas forças do mal. Porém, por pior que seja esse
cenário, não se trata de algo sem controle, pois o tempo de atuação desses

demônios foi limitado por Deus.

Eles agirão por cinco meses. Esse número também é simbólico para
demonstrar que essa atuação maligna tem hora certa para acabar. Muito

provavelmente os cinco meses foram utilizados por João por se referir ao tempo
de vida de um gafanhoto, isso considerando desde seu tempo como larva. Quem

conhece as características dos gafanhotos entende que a simbologia utilizada foi


perfeita. Os gafanhotos são insetos insaciáveis, e devastam tudo pela frente.

SEXTA TROMBETA
E tocou o sexto anjo a sua trombeta, e ouvi uma voz que vinha das
quatro pontas do altar de ouro, que estava diante de Deus, a qual dizia
ao sexto anjo, que tinha a trombeta: Solta os quatro anjos, que estão
presos junto ao grande rio Eufrates. E foram soltos os quatro anjos,
que estavam preparados para a hora, e dia, e mês, e ano, a fim de
matarem a terça parte dos homens. E o número dos exércitos dos
cavaleiros era de duzentos milhões; e ouvi o número deles. E assim vi
os cavalos nesta visão; e os que sobre eles cavalgavam tinham
couraças de fogo, e de jacinto, e de enxofre; e as cabeças dos cavalos
eram como cabeças de leões; e de suas bocas saía fogo e fumaça e
enxofre. Por estes três foi morta a terça parte dos homens, isto é pelo
fogo, pela fumaça, e pelo enxofre, que saíam das suas bocas. Porque o
poder dos cavalos está na sua boca e nas suas caudas. Porquanto as
suas caudas são semelhantes a serpentes, e têm cabeças, e com elas

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danificam. E os outros homens, que não foram mortos por estas


pragas, não se arrependeram das obras de suas mãos, para não
adorarem os demônios, e os ídolos de ouro, e de prata, e de bronze, e
de pedra, e de madeira, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar. E
não se arrependeram dos seus homicídios, nem das suas feitiçarias,
nem da sua fornicação, nem dos seus furtos (Apocalipse 9:13-21).

Na sexta trombeta podemos ver claramente como as coisas vão se


agravando ainda mais, no sentido em que o juízo de Deus avança para um

desfecho final. Se a quinta trombeta traz grande aflição, a sexta trombeta trás
morte.

Já no versículo 13 vemos que é a oração dos santos que desencadeia o

juízo que será derramado sobre os ímpios. A voz vinha das quatro pontas do altar
de ouro que estava diante de Deus. Esse juízo descrito na sexta trombeta é

executado pelos quatro anjos que estão atados junto ao rio Eufrates. Esses anjos
não são os mesmos do capítulo 7, pois aqui trata-se de anjos maus, encarregados

de executar o juízo de Deus.

O objetivo desses anjos é incitar a humanidade à guerra. Eles se deleitam


nisso. O número quatro no Apocalipse simboliza o mundo, a criação. Isso significa

que esse juízo tem proporção global. Os anjos estão presos junto ao rio Eufrates.
O rio Eufrates representa a Assíria e a Babilônia, ou seja, o mundo iníquo.

O profeta Isaías já havia utilizado uma enchente do Eufrates para


simbolizar uma invasão do rei da Assíria (Is 8:7). Contudo, João nos informa que

esses anjos do juízo não podem fazer nada sem a permissão de Deus, porém,

quando Deus permite que sejam liberados, esses anjos maus trazem a guerra
como advertência de Deus aos ímpios.

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Após isto, João viu os exércitos no campo de batalha. Ele ouve o número:

duzentos milhões. Esse número também não deve ser entendido como literal, mas
simbólico, representando um grande exército, quase humanamente incontável.

Os cavalos e seus cavaleiros tinham apenas um objetivo: destruir. A

descrição dos cavaleiros e seus cavalos também não deve ser interpretada de
forma literal, mas simboliza os artefatos e armas de guerra de todo tipo. Eles

matam um terço da humanidade.

A sexta trombeta não representa uma guerra específica, mas todas as


guerras, do passado, do presente e do futuro, que ocorrem ao longo do espaço

de tempo entre a primeira e a segunda vinda de Cristo. Essa sexta trombeta tem o
propósito de oferecer aos homens uma chance de arrependimento antes que a

sétima trombeta seja tocada. Contudo, no versículo 20 podemos notar que ainda
assim os incrédulos não se arrependem.

INTERLÚDIO DO CAPÍTULO 10 E 11
Da mesma forma como ocorre na seção anterior entre o sexto e o sétimo

selo, com um interlúdio no capítulo 7, aqui, entre a sexta e a sétima trombeta,


também ocorre um interlúdio que inclui o capítulo 10 e parte do 11. O que é

descrito nesse intervalo não representa uma sucessão cronológica, mas a mesma
história que compreende a presente dispensação sendo recontada de outra

perspectiva.

Esse interlúdio é dividido em duas cenas, onde ambas se referem ao


papel do povo de Deus e seu testemunho durante a presente era. Na primeira

cena João recebe um livrinho, que significa que ele recebeu as mensagens
proféticas, e é comissionado a proclamá-las (Ap 10:1-11). Aqui percebemos alguns

paralelos com passagens do Antigo Testamento, como Daniel 10:5,6 e o relato


sobre a convocação de Ezequiel (Ez 2:1-3:11).

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Na segunda cena encontramos a descrição da história das duas

testemunhas (Ap 11:1-14). Sobre isto falaremos no próximo capítulo. De forma


geral, podemos dizer que o interlúdio do capítulo 7 enfatiza a segurança e a

glória da Igreja perseguida. Agora, neste interlúdio, a ênfase está sob o


sofrimento, poder, dever e a vitória final da Igreja.

SÉTIMA TROMBETA
E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes,
que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do
seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre. E os vinte e quatro
anciãos, que estão assentados em seus tronos diante de Deus,
prostraram-se sobre seus rostos e adoraram a Deus, dizendo: Graças te
damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és, e que eras, e que hás de
vir, que tomaste o teu grande poder, e reinaste. E iraram-se as nações,
e veio a tua ira, e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o
tempo de dares o galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e
aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de
destruíres os que destroem a terra. E abriu-se no céu o templo de
Deus, e a arca da sua aliança foi vista no seu templo; e houve
relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande saraiva
(Apocalipse 11:15-19).

A sétima trombeta introduz o juízo final, não se trata de uma descrição,


mas de uma introdução. As próximas seções do livro do Apocalipse serão

responsáveis por lançar mais luz sobre esse evento.

O que essa breve introdução presente na sétima trombeta nos mostra é


que quando o dia do juízo estiver chegado, o esplendor real da soberania de
Deus será revelado em sua totalidade, pois toda oposição será destruída. Nesse
momento o reinado de Cristo será pleno, e Ele reinará vitoriosamente para
sempre.

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Também é descrita a Igreja, representada na figura dos vinte e quatro

anciãos, regozijando e adorando ao Senhor. Em contra partida os povos se


enfureceram. Eles perseguiram o povo de Deus, promoveram guerra contra a

Igreja, acreditaram ter à vencido quando mataram tantos mártires, mas agora
chegou o momento da vindicação da justiça de Deus sobre eles.

Nesse momento os perseguidos receberão galardões, e os perseguidores

receberão destruição. No versículo 19 o apóstolo João vê uma figura simbólica.


Nessa figura o Templo de Deus está totalmente revelado, e Arca da Aliança pode

ser vista, então, houve relâmpagos, vozes, trovões, terremotos e grande saraiva.

Isso significa que a arca que é revelada, representando o pacto da graça,


a comunhão entre Deus e o seu povo baseada na expiação de Cristo. Para os

salvos, essa visão da arca representa a infinita misericórdia de Deus e a justificação


que há para os seus eleitos, enquanto que para os ímpios, essa mesma arca é

símbolo de ira, e essa ira é totalmente revelada, por isso é que se seguem
relâmpagos, vozes, trovões, terremotos e saraiva. Agora, já não há mais tempo

para arrependimento, os ímpios não poderão escapar das mãos do Deus irado.

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QUEM SÃO AS DUAS TESTEMUNHAS


NO APOCALIPSE?
As duas testemunhas do Apocalipse é outro tema bastante discutido

entre os teólogos, e que também desperta a curiosidade de muitos cristãos. O


texto onde as duas testemunhas são citadas está em Apocalipse capítulo 11.

Vejamos os versículos principais:

E darei poder às minhas duas testemunhas, e profetizarão por mil


duzentos e sessenta dias, vestidas de saco. Estas são as duas oliveiras e
os dois castiçais que estão diante do Deus da terra. E, se alguém lhes
quiser fazer mal, fogo sairá da sua boca, e devorará os seus inimigos; e,
se alguém lhes quiser fazer mal, importa que assim seja morto. Estes
têm poder para fechar o céu, para que não chova, nos dias da sua
profecia; e têm poder sobre as águas para convertê-las em sangue, e
para ferir a terra com toda a sorte de pragas, todas quantas vezes
quiserem. E, quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do
abismo lhes fará guerra, e os vencerá, e os matará. E jazerão os seus

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corpos mortos na praça da grande cidade que espiritualmente se


chama Sodoma e Egito, onde o nosso Senhor também foi crucificado.
E homens de vários povos, e tribos, e línguas, e nações verão seus
corpos mortos por três dias e meio, e não permitirão que os seus
corpos mortos sejam postos em sepulcros. E os que habitam na terra
se regozijarão sobre eles, e se alegrarão, e mandarão presentes uns
aos outros; porquanto estes dois profetas tinham atormentado os que
habitam sobre a terra. E depois daqueles três dias e meio o espírito de
vida, vindo de Deus, entrou neles; e puseram-se sobre seus pés, e caiu
grande temor sobre os que os viram. E ouviram uma grande voz do
céu, que lhes dizia: Subi para aqui. E subiram ao céu em uma nuvem; e
os seus inimigos os viram (Apocalipse 11:3-12).

Ao longo da História do cristianismo muitas sugestões de interpretações


foram dadas para tentar determinar o significado desse texto. A seguir, separei as

principais interpretações disponíveis:

 Enoque e Elias: dentre todas as interpretações talvez essa seja a mais


popular entre os cristãos (disputando esse posto com a próxima

interpretação). Geralmente essa é a posição predominante entre os pré-


milenistas dispensacionalistas, que adotam a interpretação futurista do

Apocalipse e pré-tribulacionista. O principal ponto de defesa para que as


duas testemunhas sejam o profeta Elias e Enoque é o fato de que eles
foram os únicos homens que foram para o céu sem passar pela morte. De
certa forma, então eles foram "guardados" para essa missão final, onde,

finalmente, experimentarão a morte e, logo depois, ressuscitarão.


 Moisés e Elias: essa posição é bem semelhante a anterior, com a diferença

de que ao invés de Enoque a outra testemunha será Moisés. A principal


defesa fica por conta de que as duas testemunhas possuem características
que lembram os dias desses homens na terra, como "ferir a terra com

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toda sorte de pragas", "poder para fechar o céu, para que não chova" e
"converter as águas em sangue". Outro ponto utilizado é o fato de que
Elias e Moisés foram os personagens presentes na transfiguração de Jesus

(Mt 17:3). Ainda sobre Elias, tanto essa interpretação quanto a anterior,
geralmente utiliza a profecia de Malaquias (cap. 4:5,6), para defender uma

possível volta de Elias.


 Dois cristãos desconhecidos: nessa interpretação as duas testemunhas

serão dois cristãos ainda anônimos que se levantarão no período final

durante a grande tribulação e atuarão no espírito e poder de Elias e


Moisés, algo semelhante ao que ocorreu com João Batista (Lc 1:15-17).

 Antigo e Novo Testamentos: essa é uma posição menos conhecida do que


as sugestões anteriores e defende que as duas testemunhas são

referências simbólicas ao Antigo e ao Novo Testamento.


 As duas testemunhas é a verdadeira Igreja: essa é a interpretação

predominante entre a posição reformada. Nessa posição, as duas


testemunhas é um símbolo que representa toda a Igreja militante ao

longo dos tempos.

QUAL A INTERPRETAÇÃO MAIS COERENTE?


Reconheço que esse tema é alvo de grandes debates, e entendo que
quem pensa diferente de mim, seja devido à corrente escatológica adotada ou

não, logicamente não concordará com minha posição, mas isso é algo comum
quando o assunto é escatologia.

Particularmente creio que a posição mais coerente é a última


interpretação citada no tópico anterior, ou seja, defendo que as duas testemunhas

no Apocalipse simbolizam toda a Igreja verdadeira. Não pretendo fazer uma

grande exposição sobre minha defesa para que este capítulo não fique
demasiadamente grande e cansativo, mas vou apresentar, resumidamente, alguns
pontos fundamentais nessa defesa:

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1. O estilo literário do Apocalipse: o livro do Apocalipse é muito rico em

simbologia, esse padrão permeia o conteúdo do livro inteiro. Em uma


interpretação coerente do livro, não podemos literalizar um texto

nitidamente simbólico. No próprio capítulo 1 já temos um aviso claro que


haverá muita simbologia no livro e que não devemos tentar interpretá-las

de forma literal (Ap 1:20). A simbologia pode ser notada até mesmo nas
pequenas cartas individuais às sete Igrejas da Ásia Menor. Outra

característica marcante do Apocalipse é o extenso uso de conteúdo do

Antigo Testamento na composição do livro. João escreveu para irmãos


que conheciam as Escrituras, e que facilmente poderiam perceber e

interpretar tais ocorrências.


2. A característica do capítulo 11: entendendo o padrão simbólico do livro e

sua fundamentação no Antigo Testamento, o capítulo 11 pode ser


interpretado de uma forma mais coerente sem apelar para algo literal que

destoa com o padrão já estabelecido. Quem interpreta esse capítulo de


forma literal, dirá que nos dois primeiros versículos João descreve uma

futura reconstrução do Templo em Jerusalém. Porém, quando


entendemos as características literárias do livro, naturalmente se percebe

que o termo "santuário de Deus" simboliza a Igreja verdadeira. Isso está


de acordo com outras referências (1Co 3:16,17; 2Co 6:16; Ef 2:21) onde essa

expressão é utilizada para descrever a Igreja. Quanto à medição do


santuário, podemos concluir com base no contexto imediato, a referência

paralela (Ap 21:15) e o pano de fundo do Antigo Testamento (Ez 40:5;


42:20; Zc 2:1), que essa medição do santuário significa separá-lo de tudo

que é profano, para que esteja perfeitamente seguro e protegido. O


santuário é aceito, enquanto o pátio é rejeitado. Em outras palavras, essa

medição simboliza a separação do povo de Deus do povo profano. Essa


interpretação está diretamente ligada aos capítulos 7 e 9 do Apocalipse,
onde o povo de Deus é selado.

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3. Os títulos da Igreja no Apocalipse: no livro do Apocalipse, a igreja é

"chamada" e representada de maneiras diferentes como: sete candeeiros,


reis e sacerdotes, 144 mil, anciãos, santuário de Deus e, agora no capítulo

11, de testemunhas.
4. O fato de serem duas testemunhas: segundo a tradição daquela época,

para que um processo tivesse validade era necessário pelo menos o


testemunho de duas pessoas (Nm 35:30; Dt 17:6; Mt 18:16; Hb 10:28).

Logo, a referência às duas testemunhas indica a credibilidade e

veracidade de suas palavras. Essa interpretação corresponde ao relato de


Lucas 10:1, onde Jesus separou os setenta discípulos em dupla, e enviou

seus missionários dois a dois. Isso também demonstra que a expressão


"duas testemunhas" enfatiza a tarefa missionária da Igreja.

5. Duas oliveiras e dois candeeiros: as mesmas figuras são encontradas no


livro de Zacarias (4:1-7), onde se referem provavelmente a Josué e

Zorobabel, representando os ofícios pelos quais Deus abençoou Israel.


Aqui, as duas oliveiras e os dois candeeiros são símbolos da Palavra de

Deus proclamada pela Igreja.


6. O fogo que sai de suas bocas: outro ponto que não pode ser interpretado

de forma literal. Mais uma vez temos uma referência do Antigo


Testamento para explicá-la. Assim como o fogo do juízo e de condenação

saiu da boca de Jeremias para devorar os inimigos de Deus (Jr 5:14),


sendo esse fogo um símbolo da palavra pronunciada por Jeremias, no

Apocalipse o mesmo princípio é utilizado para se referir ao fato da Igreja


que, através de seus ofícios, anuncia os juízos de Deus e condena os

ímpios com base na Palavra de Deus, e essa condenação realmente


resulta em destruição (Mt 18:18).

7. O poder sobrenatural: da mesma forma com que Moisés recebeu


autoridade para ferir a terra com pragas e tornar a água em sangue (Ex
7:20), e Elias orou para que o céu fosse fechado de modo que não

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chovesse (1Rs 17:1), assim também a autoridade conferida Igreja, através

de seu ministério, expõe o mundo ímpio que rejeita a mensagem do


Evangelho ao julgamento e condenação por parte de Deus. Isso é uma

verdade real ensinada nas Escrituras. O Senhor envia punição ao mundo


iníquo em resposta às orações da Igreja (Ap 8:3-5), e assegura que a

Igreja verdadeira tem autoridade, pelo ofício de levar o Evangelho


genuíno diante do mundo, trazer juízo (Mt 16:19; 18:18,19; Jo 20:21-23). O

próprio versículo 5 do capítulo 11 deixa claro que qualquer um que causar

danos aos verdadeiros seguidores de Cristo, será igualmente destruído.


8. As testemunhas são mártires: a palavra grega traduzida por testemunha é

martyria, que também significa "mártir" e "proclamador". Esse termo


sempre é empregado ao povo de Deus no livro do Apocalipse.

9. As testemunhas são derrotadas aos olhos dos homens: no capítulo 11 as


duas testemunhas morrem, e seus corpos ficam expostos enquanto o

mundo comemora. No capítulo 13 somos informados que a besta faz


guerra contra os santos e os vence. Porém, vemos que esse período de

aparente derrota dura pouco (cf. Mt 24:22; Ap 20:7-9). Esse será o


período onde a Igreja será duramente perseguida, e como instituição da

forma como nos organizamos hoje, desaparecerá do mundo. Nesse


período os cristãos nominais mostrarão sua falsa fé ao renunciarem o

Evangelho, e os verdadeiros cristãos serão perseguidos, presos e até


mortos. Aos olhos dos homens a Igreja estará por baixo, porém, à medida

que o sangue dos santos é derramado, acontece a vitória que os olhos


ainda não veem (Ap 12:11). Esse é o período anunciado por Jesus durante

o sermão escatológico (Mt 24; Mc 13; Lc 21) chamado de grande


tribulação, e que o Apóstolo Paulo menciona como "a apostasia" (2Ts

2:3). O próprio Jesus enfatiza que será um momento tão difícil que se os
dias não fossem abreviados nem mesmo os eleitos suportariam. Esse
momento acontecerá exatamente na hora determinada por Deus, no dia

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em que as testemunhas terão terminado o seu testemunho (Ap 11:7). Os

corpos das testemunhas serão expostos na praça da grande cidade que


espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde o nosso Senhor foi

crucificado (Ap 11:8). Essa descrição simbólica significa que a Igreja estará
"morta" no meio do mundo anticristão. Isso fica claro pelas cidades

utilizadas nesse símbolo.


10. As testemunhas ressuscitam: o mundo estará comemorando por

acreditarem ter vencido a Igreja e silenciado sua voz. O Evangelho não os

atormenta mais. É nesse cenário que as duas testemunhas são


ressuscitadas, ficam de pé e são chamadas ao céu. Compare com o que

ocorre no versículo 15, com o toque da sétima trombeta que anuncia a


introdução do dia do juízo. Essa ressurreição simboliza de forma

maravilhosa a segunda vinda de Cristo com o arrebatamento da Igreja


aos céus. A Igreja que parecia derrotada, em meio a um mundo

completamente anticristão, agora é levantada vitoriosa e ascende ao céu


numa nuvem de glória. Note a expressão "e os seus inimigos os viram".

Não se trata de um momento secreto. Semelhante ao capítulo 6, um


terremoto também precede o momento do juízo, e o pavor dos ímpios é

revelado. Eles dão glória ao Deus do céu. Essa "glória" que eles dão não é
uma conversão, ao contrário, é o terror que tomará conta de seus

corações. As duas testemunhas, que a pouco pareciam mortas, agora são


levadas ao céu. Esse é o momento descrito por Paulo em 1

Tessalonicenses 4:16,17 e 1 Coríntios 15:52. Os perseguidores que


contavam vitória se apavorarão ao contemplarem o Deus irado que se

assenta no trono, e os antes perseguidos, agora serão glorificados, e


também receberão a tarefa de participarem do julgamento do mundo

incrédulo (1Co 6:2). Nesse exato momento o mundo estará maduro e


pronto para o juízo final. Esse será o momento do acerto de contas. Esse
é o momento do terceiro ai.

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Sem desrespeitar meus queridos irmãos em Cristo que adotam outro tipo

de interpretação, penso que eles, na tentativa de descobrir a identidade dessas


duas testemunhas, infelizmente acabam perdendo o prazer de desfrutar do

conforto que há nessa passagem para a Igreja de Cristo, quando entendemos que
nós, cristãos verdadeiros, povo escolhido do Senhor com a tarefa de proclamar o

verdadeiro Evangelho, é quem somos as duas testemunhas.

Podemos ser perseguidos e até mortos pelo mundo, porém em Cristo,


somos mais que vencedores, e haverá o dia em que ressuscitaremos e reinaremos

eternamente com nosso Deus.

A MULHER E O DRAGÃO
Chegamos na quarta seção do livro do Apocalipse. No capítulo 12 é

narrado o relato sobre a mulher e o dragão, e é um dos mais conhecidos e


debatidos desse livro. A figura do dragão como símbolo de Satanás, e a figura do

filho da mulher como sendo Jesus, é praticamente um consenso. Porém, todo


esse debate fica por conta da seguinte pergunta: Quem é a mulher em Apocalipse

12?

Existem diversas interpretações que se propõem a responder esta


pergunta. A seguir, conheceremos algumas destas interpretações e qual delas é a

que se apresenta mais coerente com as Escrituras.

1. A mulher é Maria: essa é a interpretação defendida pela Igreja Católica,


que entende que a mulher é um símbolo de Maria. Essa é uma das

passagens mais utilizadas pelo catolicismo para defender uma ascensão


de Maria ao céu.

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2. A mulher é a Nação de Israel: essa é a interpretação preferida por quem

defende o Pré-Milenismo Dispensacionalista, mas também existem


estudiosos de outras linhas escatológicas que defendem essa posição.

Nessa interpretação, os 1260 dias em que a mulher foge para o deserto,


representam o período da grande tribulação.

3. A mulher é a Igreja: essa interpretação entende que tanto no Antigo


Testamento quanto no Novo Testamento, a Igreja é uma só, logo, a

mulher é um símbolo da Igreja.

QUAL É A MELHOR INTERPRETAÇÃO?


Ate mesmo quem segue a linha futurista e entende que os eventos
descritos no Apocalipse ocorrem de forma linear, ou seja, cronológica,

necessariamente precisam assumir que neste capítulo ocorre uma recapitulação,

isto é, a história volta ao início novamente.

Neste estudo já vimos o porquê a Leitura de Recapitulação é a mais

adequada para o Apocalipse, assim não teremos maiores dificuldades em assumir


que realmente o capítulo 12 inicia uma nova seção.

Bem, sabemos então que no Paralelismo Progressivo o Apocalipse é

organizado em sete seções. Essas sete seções também podem ser organizadas em
duas grandes seções, sendo a primeira entre os capítulos 1 e 11, agrupando três

seções menores, e a segunda entre os capítulos 12 e 22, agrupando quatro seções


menores e totalizando as sete seções.

O tema de ambas as divisões maiores do livro é o mesmo, isto é, a vitória

de Cristo e de sua Igreja. Mas, enquanto a primeira grande seção nos mostra a
luta externa entre a Igreja e o mundo, a segunda grande seção nos mostra a

profundidade por trás das cenas, ou seja, nos mostra uma guerra que os olhos
carnais não podem ver. Então, enquanto na primeira seção vemos o conflito entre
a Igreja e o mundo iníquo, na segunda seção vemos por que existe esse conflito,

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 108

quando João nos informa de outro conflito: o conflito entre Cristo e Satanás (o

dragão).

Voltando às sete seções menores, na primeira seção (os sete castiçais


caps. 1-3) vemos como Cristo se revela através de sua Igreja, e como Ele a

conhece profundamente. Na segunda seção (os sete selos caps. 4-7) vemos a
perseguição clara do mundo contra essa Igreja. Na terceira seção (as sete

trombetas caps. 8-11) temos o juízo parcial de Deus, também como resposta às
orações da Igreja perseguida, sendo derramado em forma de aviso contra o

mundo perseguidor. Finalmente na quarta seção em questão (caps. 12-14) temos


o dragão e seus aliados atacando a Igreja como reflexo da luta que os olhos não

veem.

No capítulo 12 vemos que o propósito principal do dragão é destruir o


filho da mulher (Cristo). Por conta disto, a mulher é perseguida por ele, a fim de

que o nascimento do menino fosse evitado. Para entendermos melhor esse


conflito, devemos voltar aos primeiros dias da criação, lá no início, onde esse

conflito foi anunciado ainda no livro de Gênesis.

E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua


semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar (Gênesis
3:15).

A "semente" da mulher em Gênesis 3 é o "filho varão" em Apocalipse 12,


bem como a "serpente" é o "dragão" (Ap 12:9). Podemos ver a realidade desse
conflito anunciado no primeiro livro da Bíblia e em todo o Antigo Testamento,

com a tentativa de Satanás em frustrar a promessa inicial registrada em Gênesis.

Ainda no Antigo Testamento, temos várias referências que comprovam


que o simbolismo da mulher no Apocalipse é uma referência a Igreja (cf. Is 50:1;
54:1; Os 2:1;), e essa Igreja forma um só povo escolhido em Cristo, um só rebanho,
um só corpo, uma só esposa, uma única nação santa, um povo de propriedade

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 109

exclusiva de Deus (Is 54; Am 9:11; Mt 21:33; Rm 11:15-24; Gl 3:9-16,29; Ef 2:11; Ef

5:32; 1Pe 2:9; Ap 4:4; 21:12-14). O Apóstolo Paulo afirma que Abraão é pai de
todos os crentes, circuncidados ou não.

Com base nisso tudo, creio que já começa ficar claro qual é a posição

mais coerente sobre a identidade da mulher. O tema principal do livro do


Apocalipse é a vitória de Cristo e de sua Igreja. Portanto, não faria qualquer sentido

uma citação repentina sobre Maria ou sobre o Israel étnico. Isto quebraria o estilo,
a organização e o raciocínio do conteúdo do livro do Apocalipse.

Além do mais, qual seria a importância prática para os irmãos das sete

igrejas da Ásia menor, que estavam vivendo uma intensa perseguição pelo
Império Romano, uma descrição de Israel ou de Maria como sendo a mulher

perseguida no capítulo 12?

Considerando o contexto histórico, não faria muito mais sentido aqueles


irmãos entenderem que a mulher é um símbolo da Igreja?

Certamente essa foi a interpretação daqueles irmãos, que puderam ver a


guerra que existe por trás da perseguição que a Igreja de Cristo sofre.

É claro que Maria está incluída como um membro que desempenhou um

papel fundamental nesse grupo simbolizado pela mulher, bem como o próprio
Israel, a qual tivera a revelação especial de Deus (Rm 2; 3) e formava a Igreja do

Antigo Testamento, embora claramente não devemos entender que todos os


judeus do Antigo Testamento fizeram parte da Igreja. Portanto, há uma diferença

entre o Israel étnico e o Israel como Igreja do Antigo Testamento.

Logo, a mulher é um símbolo da única Igreja de Cristo em todos os


tempos. Para uma melhor compreensão, devemos perceber que o capítulo 12

primeiramente enfatiza a Igreja do Antigo Testamento, e após o versículo 13 a


descrição passa a incluir os santos da nova dispensação, enfatizando a Igreja do

Novo Testamento. O versículo 17 deixa isto muito claro ao dizer que o dragão "foi

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 110

pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos


de Deus e têm o testemunho de Jesus". Todavia, não se trata de duas igrejas
diferentes, mas de uma só Igreja, um só povo

A DESCRIÇÃO DA MULHER
O capítulo 12 faz uma descrição da mulher. Ela está vestida de sol (vers. 1),

o que significa que ela é gloriosa e exaltada, e reflete o brilho da glória de Deus.
Ela tem a lua debaixo de seus pés (vers. 1), isto é, ela exerce domínio pela

autoridade outorgada pelo próprio Cordeiro. Ela tem em sua cabeça uma coroa
de doze estrelas (vers. 1), ou seja, ela é vitoriosa, ela é vencedora.

A mulher está grávida (vers. 2), o que significa que ela tem uma grande

missão: dar a luz a Cristo segundo a carne (Rm 9:5). Aqui é mais uma clara
referência a Igreja do Antigo Testamento, um povo especialmente escolhido por

Deus pela qual o Messias viria ao mundo. Esse processo não foi nada fácil. O
dragão perseguiu ferozmente esse povo, essa igreja, essa mulher, mas Deus a

guardou, e na plenitude dos tempos Jesus nasceu.

Por fim, vemos também que a mulher é protegida por Deus (vers. 6, 14).
O livro do Apocalipse mostra essa proteção de forma maravilhosa. Nele, sabemos

que a Igreja é selada (Ap 7:3; 9:4), é medida e separada (Ap 11:1), e no capítulo 12
vemos que ela recebe asas (vers. 14).

Tudo isto significa que Deus protege pessoalmente o seu povo do poder

perseguidor do dragão e de seus aliados. Durante 1260 dias, que simboliza o


período da Igreja e da pregação do Evangelho, a Igreja estará protegida. Isso não

significa ausência de problemas, ao contrário, significa que nada pode parar o


avanço da pregação da Palavra, de modo que, se for preciso, Deus concede poder

aos seus eleitos para que sejam mortos por amor ao seu nome (Ap 6:9,11; 14:13).

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 111

A DESCRIÇÃO DO FILHO DA MULHER


Aqui não há qualquer dúvida de que o Filho da mulher é o Messias. No
versículo 5 mostra esse "Filho homem" como alguém muito poderoso "que há de

reger as nações com cetro de ferro". Essa é uma citação do Salmo 2:9, um salmo
messiânico, inclusive aplicado pelo próprio Cristo em Apocalipse 2:27.

O versículo 5 mostra que esse Filho subiu ao céu para assentar-se no


trono. Aqui está englobado todo o processo de exaltação de Cristo, desde sua

humilhação, morte, ressurreição até sua ascensão ao céu. Finalmente o versículo


10 deixa explicito de que o Filho da mulher se trata de Jesus, ao dizer que "agora é

chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo".

A DESCRIÇÃO DO DRAGÃO
O dragão simboliza Satanás (Ap 20:2), um ser pessoal que possui uma
grande obsessão em atacar o Filho da mulher. Ele possui sete cabeças coroadas,

que simbolizam seu domínio mundial (cf. Lc 11:20-22; At 26:18; Ef 2:2; 6:12; Cl 1:13).

Essas coroas não são coroas de glória e de vitória, mas coroas de pretensa
autoridade, pois ele tenta ser um imitador do Cordeiro. Os dez chifres simbolizam

o seu poder destrutivo. O próprio Jesus disse que o dragão "veio para matar,
roubar e destruir" (Jo 10:10).

Porém algo importante é descrito: Satanás cai. O capítulo 12 mostra que


Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão e seus anjos, e o dragão e seus anjos
não foram apenas derrotados, mas também foram expulsos do céu e lançados à
terra (vers. 9).

Aqui sabemos que, ao contrário do que muita gente pensa, a morada de

Satanás é a terra. Essa expulsão não se refere a uma queda inicial de Satanás, mas
a sua derrota no tempo da crucificação e ressurreição de Cristo (Jo 12:31; Cl 2:15;
Ap 12:12)

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 112

No versículo 10 se escuta uma grande voz no céu dizendo que "o

acusador de nossos irmãos é derrubado". O significado dessa expressão fica claro


em Jó 1:9-10. Com a morte, ressurreição e ascensão de Cristo ao céu, Satanás

sofre uma derrota esmagadora, anulando qualquer acusação contra aqueles que
estão em Cristo Jesus. O capítulo 12 revela Satanás sendo lançado na terra, já o

capítulo 20 revela Satanás sendo lançado definitivamente no Lago de Fogo.

Como ele falhou em destruir o Filho da mulher, agora ele volta sua
atenção para a mulher. Ele tenta afogar a Igreja com um rio de mentiras,

desilusões e falsas teorias filosóficas, e com toda sua cólera ele pelejará contra os
fiéis (vers. 17), porém Deus os protege.

Por fim, nos capítulos seguintes do Apocalipse vemos que conforme o

dragão vai sendo frustrado em seus planos, e vê suas mentiras e fraudes não
surtirem efeito diante da Igreja verdadeira, ele recruta alguns aliados para lhe

servirem nessa missão: a besta que sobre do mar, a besta que sobe da terra e a
grande Babilônia. Mas o dragão, e todos os seus aliados serão condenados

eternamente (caps. 17-20).

Para concluir, reconheço que todas as correntes escatológicas possuem


suas dificuldades, isso pelo simples fato de que a segunda vinda de Cristo e a

consumação da presente era ainda não ocorreram. Portanto, embora


pessoalmente eu não concorde com algumas interpretações por não encontrar

fundamentação bíblica suficiente, respeito meus irmãos em Cristo que adotam


uma posição diferente da minha. O melhor de tudo é que juntos temos a

esperança de que um dia iremos compreender todas essas coisas definitivamente


ao lado do nosso Senhor.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 113

A BESTA QUE SUBIU DO MAR E A


BESTA QUE SUBIU DA TERRA
As bestas do Apocalipse são descritas detalhadamente a partir do
capítulo 13. João viu duas bestas surgirem: a besta que subiu do mar e a besta

que subiu da terra (ou do abismo).

Embora trabalhem para a mesma finalidade, as duas bestas possuem


características completamente diferentes. Enquanto a primeira é descrita como

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 114

um monstro terrível, a segunda tem uma aparência inofensiva. As duas bestas são

aliadas do dragão, a saber, o próprio Satanás.

QUEM SÃO AS DUAS BESTAS?


Existem inúmeras interpretações diferentes sobre este assunto, de forma
que seria quase impossível abordarmos cada uma delas. A visão descrita por João

também é rica em detalhes, e as mais diversas aplicações de cada detalhe já


foram sugeridas.

Mais uma vez é importante chamar a atenção para a organização do livro

do Apocalipse, e fazer a leitura do capítulo 12 para uma melhor compreensão


deste assunto, pois no capítulo 13 vemos que os personagens descritos são

instrumentos nas mãos de Satanás, aliados que o dragão recruta para atacar a
Igreja de Cristo. Vimos que no capítulo 12 Satanás é lançado à terra, e agora, a

partir do capítulo 13, ele recruta seus agentes.

A BESTA QUE SUBIU DO MAR

Podemos dizer que a interpretação mais conhecida entre os evangélicos


sobre a besta que subiu do mar é a interpretação adotada geralmente pelos pré-

milenistas dispensacionalistas. Nessa interpretação, a besta que emerge do mar


significa o último governo mundial da história, sob o controle do Anticristo

escatológico.

Tal governo será formado por dez reinos, e chegará um determinado


momento em que o Anticristo será ferido de morte e será vivificado pelo poder de
Satanás. É válido dizer que alguns entendem que a não é o Anticristo que será

ferido de morte, mas se trata de uma referência ao sistema imperial que retornará

ao mundo.

Essa interpretação acerta ao identificar a profunda ligação dessa visão


com o surgimento do Anticristo escatológico e seu governo, entretanto, ela falha
ao desconsiderar totalmente o estilo literário do livro do Apocalipse, bem como

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 115

seu contexto histórico e sua aplicação atual independentemente do momento

histórico a qual um determinado leitor do livro está situado.

Em sua visão, o apóstolo João viu uma besta que subiu mar. Ela possui
dez chifres, cobertos de diademas, distribuídos em sete cabeças, as quais estão

escritos nomes de blasfêmia. Seu corpo é semelhante ao corpo de leopardo, seus


pés são como de urso e sua boca é como de leão.

O dragão (Satanás) concede a ela o seu poder e autoridade. João

também observa que uma das sete cabeças parece ter sido golpeada de morte,
porém essa ferida mortal foi curada e a terra inteira ficou maravilhada rendendo

louvores e adoração a besta e ao dragão que lhe deu sua autoridade.

A besta, então, começa a falar e proferir palavras de blasfêmia, tendo


autoridade para agir durante quarenta e dois meses. Essas blasfêmias são contra o

próprio Deus e os que habitam em seu tabernáculo. A besta recebe autoridade


sobre todos os povos, tribos e nações, e poder para pelejar contra os santos e os

vencerem. Os habitantes da terra, cujos nomes não foram escritos no livro da vida
do Cordeiro, maravilhados adoram a besta (Ap 13:8).

Para interpretarmos essa figura descrita por João, precisamos ter em


mente que há, aqui, bem como em todo o Apocalipse, um uso maciço de textos

do Antigo Testamento. Também precisamos considerar a simbologia característica


que permeia todo o livro do Apocalipse. Logo, devemos adotar um padrão
interpretativo, evitando o erro comum de tentar literalizar o que evidentemente é
simbólico.

Note que a besta sobe do mar. O mar nas Escrituras representa as nações

e seus governos. Dentre vários exemplos podemos citar uma passagem do


Profeta Isaías, onde o rumor dos povos é comparado ao rumor do mar, e a
agitação das nações ao movimento das águas. Podemos comparar essa passagem
com outra no próprio livro do Apocalipse, onde essa interpretação fica provada.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 116

Ai do bramido dos grandes povos que bramam como bramam os


mares, e do rugido das nações que rugem como rugem as impetuosas
águas (Isaías 17:12).

E disse-me: As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são


povos, e multidões, e nações, e línguas (Apocalipse 17:15).

Essa besta é descrita com características animais. Aqui claramente há uma


profunda ligação com a visão que o Profeta Daniel teve, de maneira que a besta

descrita por João combina as características das quatro bestas vistas por Daniel
(Dn 7).

Na visão de Daniel, o significado das quatro bestas fica revelado como


sendo impérios que se sucedem ao longo da História. Obviamente aqui no
Apocalipse a mensagem é a mesma, de maneira que ela não simboliza apenas um

único império ou governo, mas representa todos os governos anticristãos que já


existiram.

Para entendermos melhor essa descrição da besta, precisamos considerar


também o capítulo 17 do livro do Apocalipse. A besta possui sete cabeças e o

capítulo 17 (vers. 10 e 11) nos revela que as sete cabeças são sete colinas sobre as
quais se assenta a grande meretriz, Babilônia. Ainda no capítulo 17, o texto nos

mostra que as sete cabeças também são sete reis e seus governos que se
sucedem.

A interpretação dessa parte da visão tem sido discutida por muitos

teólogos. A Roma antiga era conhecida na literatura como "a cidade das sete
colinas". Portanto, possivelmente aqui é feita uma primeira aplicação à Roma.

Mas, como já dissemos, muito dos textos do Apocalipse possui dupla

referência, assim, as sete cabeças também são sete reis (Ap 17:10). O anjo diz a
João que cinco reis já caíram, um ainda existe, e o outro ainda não surgiu, mas

quando surgir durará pouco tempo.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 117

Os estudiosos frequentemente entendem que esses sete reis significam

sete impérios mundiais, sugerindo então:

1. Império Babilônico primitivo com Ninrode em Babel;


2. Império Assírio;

3. Império Babilônico de Nabucodonosor;


4. Império Medo-Persa;

5. Império Greco-Macedônio com Alexandre o Grande;


6. Império Romano dos dias de João;

7. O sétimo império é muito discutido. Alguns estudiosos fazem uma


sugestão diferente dos seis primeiros impérios, e acabam afirmando que

o sétimo império é justamente o romano. Outros, que defendem a lista


aqui citada, sugerem que o sétimo império é a junção de todos os

governos que se levantaram ao longo dos anos após a queda do Império


Romano, ou seja, nenhum grande império específico, mas a combinação

de todos os governos dos últimos quase dois mil anos.

No capítulo 17, o anjo informa a João que haverá um oitavo rei. Esse rei
procede dos sete reis citados. Ele é a besta "que era, e agora não é, e surgirá

novamente" (veremos isso mais adiante). Esse oitavo rei é o Anticristo. É a besta
encarnada na pessoa dessa figura maligna que será maior do que todos esses

outros impérios citados, pois ele reunirá e carregará nele as características dos
sete anteriores.

A besta também possui dez chifres que são coroados de diademas. Essa

descrição mostra a tamanha semelhança que há entre a besta e o dragão. Ambos


possuem sete cabeças e dez chifres. Porém, enquanto o dragão usa os diademas

em suas cabeças, a besta possuí diademas nos chifres. Isso mostra que quem
governa é, na verdade, o dragão que deu o seu poder a besta.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 118

No livro do Apocalipse o número dez sempre está ligado ao mal, no

sentido de representar as ações malignas no mundo. Portanto, os dez reis não


devem ser interpretados como sendo literais, isto é, uma quantidade especifica de

governantes, mas deve ser entendido no sentido de que os poderes mundiais,


todos eles, seguem a besta. Os dez chifres representam os governantes, que

recebem inspiração de Satanás e cumprem suas ordens.

Em uma aplicação direta ao período do Anticristo, a referência aos dez


reis nos mostra como os governos mundiais se unirão para oferecerem suporte,

poder e autoridade ao seu governo.

Mas o próprio texto nos conforta dizendo que isso durará muito pouco.
Eles receberão autoridade por apenas "uma hora". Novamente essa expressão não

deve ser interpretada literalmente, mas sim como uma referência ao curto período
já determinado o qual eles agirão.

Voltando ao capítulo 13, a descrição continua dizendo que uma dessas

cabeças foi ferida de forma mortal e, depois, curada. Isso significa que um dos
sete governos cessou por um pouco de tempo, mas retornará. Aqui João está

contando a mesma história do capítulo 17, porém por um ângulo diferente.

Foram muitas as tentativas de identificar a aplicação exata da cabeça

golpeada de morte. A principal dificuldade talvez ocorre pela característica de


dupla referência dessa visão. Alguns estudiosos identificam essa cabeça como
sendo a Roma e seu governo dos dias do apóstolo. Essa interpretação se baseia,
principalmente, no contexto histórico do livro, defendendo uma aplicação prática

para os destinatários originais.

Quando Nero estava à frente do Império Romano entre 54 d.C e 68 d.C.,


foi culpado de incendiar a cidade de Roma, num episódio ainda mal explicado.
Segundo historiadores, a fim de escapar de qualquer suspeita, acabou culpando

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 119

os cristãos, desencadeando uma perseguição violenta sobre eles, que na ocasião

teria levado vários apóstolos ao martírio.

A verdade é que muitos cristãos foram presos, decapitados, crucificados e


até mesmo amarrados em postes e queimados vivos para servirem como tochas

de iluminação. Em 68 d.C., não suportando a pressão do Senado romano, Nero


cometeu suicídio. Então, Roma, como perseguidora, parecia estar acabada.

Conspirações e conflitos internos davam o tom de que os dias do Império

Romano como superpotência tinha chegado ao fim. Roma havia sido atingida
mortalmente na cabeça. Porém, por volta de 81 d.C., surge Domiciano, filho de

Vespasiano, e a perseguição aos cristãos iniciada por Nero ressurge ainda mais
violenta.

O golpe mortal havia sido curado. Roma, e seu imperador, novamente,

inspirados por Satanás, estavam perseguindo a Igreja de Cristo. Domiciano se


autoproclamou deus, exigindo que fosse adorado.

O culto ao imperador foi instituído no império e o não cumprimento seria


passível de pena de morte. Nesse período ocorreu, talvez, a pior e mais sangrenta

perseguição aos cristãos até agora.

Quem não adorasse o imperador tinha seus bens confiscados, eram


proibidos de participarem de qualquer transação comercial, passavam fome e

necessidades, eram presos, exilados, torturados e mortos. Os próprios cidadãos


do império delatavam os cristãos, mesmo que fossem seus parentes.

O mundo em geral adorou Roma e cultuou o seu imperador. A besta

estava blasfemando contra Deus e fazendo guerra aos santos, enquanto os


habitantes da terra adoravam a ela e ao dragão. Aos verdadeiros cristãos, as

seguintes palavras foram anunciadas: "Aqui está a perseverança e a fidelidade dos


santos" (Ap 13:10).

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 120

Os irmãos das sete igrejas da Ásia Menor que receberam esse livro no

século I, não tiveram dificuldade para interpretar essa visão, e, como já dissemos,
também não podemos ignorar essa aplicação primária.

Entretanto, como acontece em outras profecias bíblicas, o significado não

se esgota em um único momento específico na História. Desta forma, embora


esteja correta a interpretação acima, também há uma referência ainda mais

profunda nela.

No capítulo 17 do livro do Apocalipse, João escutou do anjo que "a besta


que você viu, era e já não é. Ela está para subir do abismo e caminha para a
perdição" (Ap 17:8). Isso significa que essa visão compreende passado, presente e
futuro.

Alguns estudiosos entendem que o passado se refere a ação da besta ao

longo da história antiga, que enganava o mundo e dominava com imenso poder e
opressão por meio dos grandes impérios mundiais.

Porém, com a vitória de Cristo sobre Satanás em Sua morte, ressurreição


e ascensão ao céu, a besta foi mortalmente ferida, ficando impedida de agir, ou

seja, ela não pode barrar definitivamente o avanço do Evangelho, pois o dragão
que lhe deu o poder, agora está limitado. Por isso ela "era e já não é".

Entretanto, em breve ela surgirá novamente. Ela subirá do abismo, da

morada do dragão. Neste ponto, quem defende essa posição afirma que é o
momento em que sua ferida mortal é curada. Esse é o momento em que a besta é

personificada na pessoa do Anticristo, e de seu último império mundial.

Ela se levantará para enganar novamente as nações, mas o texto já nos


esclarece que ela se levantará para caminhar para a perdição. Seu reinado durará

pouco, terá hora para começar e hora para terminar.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 121

Foi concedido à besta agir por quarenta e dois meses. Novamente vale

ressaltar que os números no Apocalipse possuem uma importância simbólica


muito grande, portanto não devem ser interpretados como literais. Interpretá-los

de forma literal quebra totalmente a lógica, o estilo literário e o propósito do livro


do Apocalipse, tornando sua interpretação confusa e fantasiosa.

O importante aqui é saber que a besta tem um tempo limitado de ação.

Embora os habitantes da terra proclamem que ninguém é como a besta, e que


não há quem possa com ela, a Bíblia nos conforta fazendo-nos saber que o

tempo está determinado, e que a besta, por mais poderosa que pareça ser, não
tem poder para aumentar um único dia do seu reinado tirano. A besta age por

quarenta e dois meses. Não por quarenta e um, nem mesmo por quarenta e três,
mas por quarenta e dois. O controle está nas mãos do nosso Deus.

Mais uma vez lembre-se que no Apocalipse, assim como acontece em

outras profecias bíblicas, o significado não se esgota em um único momento


específico na História. Assim, podemos entender que a besta representa de forma

geral o poder perseguidor de Satanás operando por meio das nações deste mundo
e de seus governantes ao longo da História.

Essa besta assume várias formas, de maneira que ela está presente em

cada governo que se levanta de alguma forma contra a Igreja de Cristo, seja com
perseguições físicas, morais, retaliações diversas, aprovações de leis contrárias aos

mandamentos de Deus, dentre outros. Roma já caiu, e tantos outros impérios já


caíram, mas a besta continua atuando, se transformando e sendo dirigida por

Satanás.

Tal como foi nos dias do apóstolo João, nos dias que antecedem a
segunda vinda de Cristo, haverá uma oposição semelhante ao culto divino (2Ts

2:8). Embora as perseguições contra a Igreja ocorram de forma esporádica e


repetida ao longo da História, no período final, essa perseguição se intensificará

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 122

de uma forma nunca vista antes, tal como Jesus anunciou em seu Sermão

Escatológico (Mt 24; Mc 13; Lc 21).

No período do fim, a besta se apresentará na pessoa do Anticristo


escatológico, encarnando a perversidade característica de todos os impérios

anticristãos da história, numa completa personificação do mal.

Será o momento mais tenebroso que este mundo já viu, um período de


grande tribulação, onde a Igreja será perseguida terrivelmente, porém, embora

ela pareça estar destruída e os santos vencidos, haverá cristãos verdadeiros na


terra, aqueles cujos nomes foram escritos no livro da vida do Cordeiro desde a

eternidade (Ap 17:18). Estes não perecerão. Se necessário, morrerão, mas não
serão definitivamente derrotados, pois Deus os elegeu desde a eternidade para a

salvação na santificação do Espírito (2Ts 2:13). Mesmo que o governo do Anticristo


destrua seus corpos, suas almas não poderão ser destruídas.

A BESTA QUE SUBIU DA TERRA

Diferente da primeira besta, a besta que sobe da terra não possui dez
chifres, nem mesmo sete cabeças. Sua aparência nem de longe lembra a

amedrontadora aparência da primeira. Essa besta possui apenas dois pequenos


chifres, como os de um cordeiro. Mas não se engane! Ela fala como um dragão.

A segunda besta é serva da primeira, ou seja, suas ações apontam para a

outra, de maneira que ela induz o mundo a adorar a primeira besta. Se a primeira
besta é conhecida pela sua força e seu poder conquistador, a segunda é

conhecida pelos milagres que realiza e o poder sobrenatural que demonstra.

Ela realiza grandes proezas e milagres impressionantes, tudo para


enganar as massas. A besta que subiu da terra ordena que as pessoas adorem a

imagem da besta que subiu do mar. Depois, ela faz a imagem falar. Também
ordena que qualquer um que não adorar a besta que subiu do mar deve ser

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 123

morto. Por fim, ela ordena que todos recebam a marca da besta sobre a mão

direita ou na fronte, como sinal de lealdade.

A segunda besta tem sua identidade revelada no próprio livro do


Apocalipse, como sendo o Falso Profeta (Ap 19:20). Essa besta simboliza a falsa

religião e a falsa filosofia ao longo desta era. Sua aparência é como de um


cordeiro, chamativo e aparentemente inocente, atraindo a atenção dos homens,

mas ela esconde um dragão por dentro.

Essa segunda besta é a personificação das mentiras de Satanás, é o


próprio Diabo travestido de anjo de luz (2Co 11:14), atuando por meio de todos os

falsos profetas que agem durante toda essa dispensação, ensinando doutrinas de
demônios, tentando perverter a verdade das Escrituras, e levando os homens a

seguirem suas religiões anticristãs. O relato de João está em completa


concordância com o que Tiago escreve:

Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e


diabólica (Tiago 3:15).

Essa besta sobe da terra, é o Falso Profeta, a sabedoria anticristã, que,

segundo Tiago, é terrena, animal e diabólica. As duas bestas agem em conjunto,


de forma sincronizada. Essa, é uma verdade que podemos perceber desde os dias

dos apóstolos até os nossos dias.

Alguns estudiosos se esforçam para atribuir o significado da segunda


besta como sendo o judaísmo apóstata da época, liderado pelos escribas e

fariseus, os mesmos que crucificaram Jesus, e que, em sua maioria, se mostrava


aliado de Roma.

Entretanto, o significado dessa besta é muito mais abrangente, ela é

muito maior do que apenas o judaísmo apóstata da época. Se podemos ver essa
besta agindo nas tramas do judaísmo contra Jesus, também podemos vê-la em

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 124

ação ao longo da História oprimindo os seguidores de Cristo e fazendo com que

os habitantes da terra adorem a besta que subiu do mar.

Isso pode ser visto nos dias de João, onde os sacerdotes pagãos faziam o
máximo para impor as mentiras de Satanás na mente do povo. Tais sacerdotes

faziam de tudo para que cada vez mais pessoas proclamassem: "O imperador é o
nosso deus!".

Alguns historiadores escrevem que estátuas eram construídas, e no

momento do culto, os sacerdotes pagãos usavam técnicas ilusórias e ventriloquia


para que as estátuas falassem diante do povo. Estes, eram responsáveis também

por atestar quem adorava ao imperador e quem se recusava.

Se alguém se recusasse seria certamente morto. Se alguém não tivesse a


marca da besta não poderia viver, independentemente se fosse escravo, livre,

pobre, rico, pequeno ou grande; não havia exceção.

Essa marca atravessa as épocas, de maneira que está em vigor em nossos

dias e continuará estando até o dia do juízo de Deus. Da mesma forma com que
os seguidores de Cristo são selados na fronte (Ap 7:3; 9:4), os adoradores da besta

também recebem uma marca. Não existe um terceiro grupo de pessoas. Ou


alguém faz parte da Noiva do Cordeiro e possui o selo de Deus, ou é um fiel da

falsa religião, adorador da besta e marcado por Satanás. No próximo capítulo


falaremos exclusivamente sobre a marca da besta.

Perto da volta de Cristo, simulacros de milagres aparecerão de forma cada

vez mais frequente (2Ts 2:9). A falsa religião estará a todo vapor, pregando as
mentiras de Satanás e recrutando inúmeros falsos profetas. O apelo será tão

impressionante e persuasivo que, se possível fosse, enganaria até os escolhidos.


Graças a Deus isso não será possível. A Igreja verdadeira, mesmo em meio as
terríveis tribulações, pode descansar nas palavras de Jesus:

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As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me


seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém
as arrebatará da minha mão (João 10:27,28).

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MARCA DA BESTA E O NÚMERO 666


No capítulo anterior já tivemos uma introdução e até mesmo uma
resposta sobre o que é a marca da besta, porém como sei que talvez este seja o

tema mais discutido dentro do Apocalipse entre os cristãos, vou dedicar um


capítulo inteiro para falarmos sobre ele.

E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos,


lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, Para
que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal,
ou o nome da besta, ou o número do seu nome. Aqui há sabedoria.
Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o
número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis
(Apocalipse 13:16-18).

AS DIFERENTES INTERPRETAÇÕES SOBRE A MARCA DA BESTA


Não é de hoje que as pessoas tentam atribuir significados a essa marca e

ao número 666. Nas últimas décadas várias coisas foram identificadas como
"suspeitas" de serem a marca da besta. Já afirmaram, por exemplo, que a marca

da besta seria o código de barras, utilizado para identificar a maioria dos


produtos, logo que essa tecnologia surgiu. Também já foi proposto que tal marca

se tratava do "www" quando a internet começou a se popularizar. Agora, a onda


da vez é o famoso microchip, que pode ser implantado sob a pele. Muitos cristãos

estão convictos disso, até que surja uma nova tecnologia que torne essa aposta
do momento obsoleta. Vídeos conspiratórios não param de surgir na internet.

Também outras sugestões menos conhecidas já surgiram atribuindo a

marca da besta como sendo: as faces da moeda americana de 10 centavos, a


observância do domingo ao invés do sábado, etc.

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De forma geral, a interpretação mais conhecida sobre a marca da besta é

a de que tal marca será um sinal único, individual e externo, que será implantado
na fronte ou na mão direita dos homens em um momento específico da História,

a saber, a grande tribulação.

Essa marca será usada como uma forma de controle pelo Anticristo, para
identificar seus adoradores. Todos os homens deverão ser marcados. Quem não

tiver a marca da besta e não adorar ao Anticristo como deus, não poderá comprar
ou vender, sendo caçados para que sejam mortos.

Essa é a interpretação que ficou popularizada por uma série de livros e

filmes sobre o tema, adotada geralmente pelos pré-milenistas dispensacionalistas,


que, como já falamos, é a posição escatológica mais recente dentro do

cristianismo e também predominante entre os cristãos na atualidade,


principalmente devido à seu grande apelo.

É importante relembrar que essa corrente escatológica adota o estilo

futurista de leitura do Apocalipse, apontando que a partir do capítulo 4 do livro,


os relatos se destinam exclusivamente a um período futuro da história, na maioria

das vezes entendido como sendo a grande tribulação, com duração de sete anos
que será iniciado com um arrebatamento secreto da Igreja.

Outra interpretação sobre a marca da besta, essa mais tradicional dentro


do cristianismo histórico, defende que a marca da besta está presente em todas
as gerações, ou seja, Satanás sempre teve seus adoradores, os quais são
marcados por ele.

AFINAL, O QUE É A MARCA DA BESTA?


Antes de responder esta pergunta, primeiramente é necessário que se

compreenda a forma mais coerente de se interpretar o Apocalipse, considerando

seu contexto histórico, propósito, suas características e estilo literário. Não

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podemos apenas isolar três versículos de um capítulo e sair atribuindo significados

e construindo teorias.

O primeiro ponto é entender a expressão "marca da besta", e em que


João estava se baseando quando utilizou tal referência. Nos dias atuais, é natural

que o gado receba uma marca para que se identifique sua procedência e a
fazenda a qual pertence. Nos dias do Apóstolo João, os animais também já eram

marcados, porém não apenas eles, as pessoas também eram.

Algo muito comum na época era a marcação de escravos. O objetivo era


o mesmo: servir como um sinal de propriedade, ou seja, o escravo marcado

carregava consigo a marca de seu dono.

Também é verdade que não somente os escravos recebiam uma marca,


outras classes também eram marcadas. Há indícios de que os soldados romanos

recebiam algum tipo de marca de identificação, além dos devotos das religiões
pagãs da época.

Naquela região da Ásia Menor, as pessoas mostravam sua devoção a um


determinado deus recebendo uma marca que as identificasse como adoradoras

de tal deus. Essa marca, na maioria das vezes uma tatuagem, era exibida com
orgulho por esses devotos. Portanto, "receber uma marca" indicava que um

determinado individuo cultuava, servia ou pertencia a alguém.

Tendo entendido essa primeira parte, agora podemos citar alguns


versículos muito importantes para nossa compreensão que estão no capítulo 14

do Apocalipse:

E seguiu-os o terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguém


adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na
sua mão, também este beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou,
não misturado, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e
enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro. E a fumaça do

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 129

seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso nem de dia
nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que
receber o sinal do seu nome (Apocalipse 14:9-11).

De forma semelhante a referência citada acima, no capítulo 20 e versículo

4, João viu que os que morreram pelo testemunho de Cristo e pela Palavra de
Deus foram aqueles que "não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não

receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos". Assim, de acordo com os
capítulos 13, 14 e 20, receber a marca da besta significa claramente pertencer à

besta e adorá-la.

Outro ponto fundamental para entendermos essa passagem é o fato de


João utilizar frequentemente o Antigo Testamento na construção de seus textos

no Apocalipse. Logo, temos inúmeras referências dentro do Apocalipse que estão


baseadas em passagens do Antigo Testamento.

Uma coisa fundamental para se ter em mente é que a Bíblia interpreta a

própria Bíblia, ou seja, devemos comparar Bíblia com Bíblia, buscando nela mesma
as informações necessárias que nos auxiliam na compreensão de algum texto

considerado difícil.

Antes de procurarmos um vídeo conspiratório, ou um texto de quase

ficção, devemos levar em conta esse princípio básico de interpretação bíblica. Daí,
podemos nos perguntar: O que João quis dizer com ser marcado na fronte e na
mão? Será que ele usou o Antigo Testamento nessa expressão?

Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, o


Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de
todas as tuas forças. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no
teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em
tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.

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Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os
teus olhos (Deuteronômio 6:4-8).

Com o auxílio do texto acima, podemos perceber que a ideia de um povo


marcado na fronte ou na mão tem origem no livro de Deuteronômio. Também

percebemos que a expressão "atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais
entre os teus olhos" tem um sentido figurado.

Ninguém iria atar literalmente os mandamentos de Deus na mão, ou

pendurá-los na testa entre os olhos. Se fossemos entender de forma literal essa


expressão, também precisaríamos considerar como literal a expressão "estas

palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração". Creio que ninguém iria
considerar a possibilidade de uma cirurgia para que tal ordem fosse cumprida. A

mensagem nesse texto é clara: todos os nossos pensamentos, vontades e ações


devem ser guiados pelos mandamentos de Deus.

Outro texto interessante que também pode ter sido utilizado por João ao

escrever o Apocalipse está no livro do profeta Ezequiel, onde um sinal na testa foi
usado no sentido de preservação:

E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de


Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e
que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no
meio dela (Ezequiel 9:4).

Voltando ao Apocalipse, e com o auxílio do que aprendemos no Antigo

Testamento, podemos facilmente compreender que a "mão direita" usada por


João, refere-se às obras e as ações de uma pessoa, em todos os âmbitos de sua

vida. Já a "fronte" simboliza a mente, isto é, a vida em termos de pensamento e


filosofia.

Portando, receber a marca da besta na fronte e na mão direita, significa

que uma pessoa pertence ao grupo contrário a Cristo e seus seguidores, de modo

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 131

que em tudo o que ela pensa, diz, escreve ou faz, reflete o espírito anticristão que a

governa, deixando evidente que, de uma forma ou de outra, suas ações ou


filosofias perseguem a Igreja de Cristo.

Isso se aplica as mais diversas situações, desde o perseguidor que tortura

e mata um cristão em alguma parte do mundo, até uma pessoa comum de uma
grande cidade que apoia uma lei contrária aos mandamentos de Deus. Ambos

possuem a marca da besta, e adoram a sua imagem.

Outra coisa interessante é que no livro do Apocalipse outro povo também


é marcado:

Dizendo: Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que
hajamos selado nas suas testas os servos do nosso Deus (Apocalipse
7:3).

E olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele
cento e quarenta e quatro mil, que em suas testas tinham escrito o
nome de seu Pai (Apocalipse 14:1).

Isso nos mostra que a marca da besta é um tipo de imitação fraudulenta


que Satanás usa para imitar o selo do nome de Deus que os santos recebem. Na

verdade os santos recebem muito mais do que uma marca, eles recebem um selo.

Esse selo indica que alguém pertence a Cristo, guarda sua Palavra, dirige
suas ações de acordo com seus mandamentos e seus pensamentos evidenciam a

mente de Cristo (1Co 2:16). Por outro lado, quem não possui o selo de Deus
possui a marca da besta.

Isso significa que o ímpio que persiste em iniquidades, e se satisfaz em

sua vida de pecado, pertence a besta e adora a Satanás. Essa marca está presente
nos homens em todas as épocas. Todos aqueles que não tiveram seus nomes

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escritos no livro da vida do Cordeiro, desde a fundação do mundo, são portadores

dessa marca (Ap 13:8; 17:8).

Nos dias de João, os cristãos estavam sendo oprimidos violentamente por


Roma. Eles tinham seus bens confiscados, eram perseguidos, torturados e

brutalmente condenados à morte. O imperador Domiciano havia se


autoproclamado deus, e exigia adoração de todos os habitantes do império.

Qualquer um que se negasse a cumprir as ordens de Domiciano, não prestando-


lhe culto, era delatado até mesmo por próprios parentes e, dentre outras coisas,

eram impedidos de exercer qualquer ofício e realizar atividades econômicas.

Na cultura da época, o politeísmo era algo comum, portanto, os pagãos


não tiveram dificuldades em adorar um deus a mais. Entretanto, os verdadeiros

cristãos não aceitaram essa condição, pois aceitá-la seria negar a fé em Cristo.
Diante disso, o que poderia se esperar do conflito entre um grupo de cristãos, em

sua maioria formada por camponeses e pessoas simples, contra o maior império
do mundo? Aos olhos humanos, aqueles dias pareciam indicar o fim da Igreja.

É diante desse pano de fundo que o livro do Apocalipse foi escrito. Foi

uma resposta de Cristo à sua Igreja, demonstrando que Ele estava atento ao que
estava acontecendo. Então, os verdadeiros cristãos foram convidados a

perseverar, não aceitar a marca da besta e não adorar a Satanás. Por conta disso,
muitos morreram, mas ficaram firmes na certeza de que reinariam com Cristo

eternamente (Ap 20:4).

O livro do Apocalipse nos adverte que possuir o selo de Deus é ter a vida

eterna, enquanto possuir a marca da besta é perecer eternamente (Ap 14:11; 20:4).

Até mesmo em nossos dias, quantos irmãos não perdem empregos, passam
necessidades e são impedidos de realizarem um negócio justo economicamente

por permanecerem fieis aos seus princípios bíblicos? Por não possuírem a marca

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da corrupção desse mundo, imposta por Satanás, eles são duramente

prejudicados.

As palavras do Apocalipse são tão atuais para nós hoje, como foi para os
cristãos do primeiro século. A marca da besta atravessa os anos, e pode ser vista

nitidamente em qualquer lugar ou momento histórico, a qual a besta recruta seus


súditos a uma oposição a Deus e rejeição a Cristo.

Tudo isso também prefigura um período ainda vindouro, o período final

da presente era, onde o Anticristo escatológico se manifestará, e perseguirá


terrivelmente a Igreja de Cristo. Não sabemos quando isso ocorrerá, mas quando

ocorrer, independente da época, a mensagem será a mesma: "Sê fiel até a morte,
e dar-te-ei a coroa da vida". "Aqui está a perseverança e a fé dos santos " (Ap 2:10;
13:10b).

O QUE SIGNIFICA O NÚMERO 666?

Como já dissemos, o texto de João, da mesma forma que abrange toda a

dispensação da Igreja mostrando o poder perseguidor de Satanás contra


seguidores de Cristo ao longo do tempo, também possui uma aplicação primária

para os cristãos do primeiro século, os quais foram os destinatários do livro. Estes


irmãos não tiveram dificuldade alguma em entender o significado do número 666.

Vimos a aplicação direta que a marca da besta implicava para aqueles

cristãos, e também devemos sustentar o mesmo sentido quanto ao significado do


número 666. Nos tempos antigos, as letras do alfabeto também serviam como

numerais, além de símbolos fonéticos. Um exemplo mais claro disso são os


algarismos romanos, onde as letras possuem valor numérico, como por exemplo,

o "X" que equivale ao número "10".

No grego e hebraico a mesma coisa acontecia. Devido a esse duplo uso


das letras, era comum o emprego de números escondendo nomes em enigmas.

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Essa técnica era chamada pelos gregos de "isopsephia", pelos judeus de

"gimatriya", e em nossos dias ela é conhecida como "criptograma".

Ao longo dos anos, vários nomes foram sugeridos na tentativa de decifrar


o número "666". A tarefa é bastante complexa, pois é necessário pegar um

determinado nome em grego, transliterar para o hebraico, para só então aplicar o


valor numérico das letras e chegar à somatória.

Nomes como o de Nero César, Tito Flávio Domiciano (o imperador da

época), dentre outros, são as principais sugestões. Entretanto, nenhuma das


possibilidades se mostrou definitivamente eficaz na solução do problema.

Certamente, seja qual for a interpretação primária desse número, isso ficou
apenas entre aqueles cristãos, se perdendo rapidamente, pois os pais da Igreja

que viveram cerca de 100 anos depois que o livro do Apocalipse foi escrito,
também não sabiam o significado exato.

O que podemos concluir é que Deus não permitiu que ficasse clara para

nós a identidade exata do homem que, naqueles dias, foi chamado por João pelo
número 666.

Muitos intérpretes aplicam de forma interessante um raciocínio que


considera a importância simbólica dos números no Apocalipse. Nessa aplicação,

se observa que o número seis na Bíblia é o número do homem, ou seja, enquanto


o sete é o número da perfeição, o número seis é o número imperfeito e
incompleto. Logo, quando se tem a repetição 666 é uma referência de que o
"seis" não é "sete", e jamais será. Seria algo como se o número da besta fosse

falha, sobre falha sobre falha.

De tudo isso, podemos dizer que a mensagem mais importante é que o


número da besta é número de homem, e fatalmente está condenado ao fracasso
(Ap 13:18).

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O QUE PODEMOS CONCLUIR SOBRE A MARCA DA BESTA?


Nós vimos que existem várias interpretações diferentes sobre o assunto.
Vimos também a necessidade de se considerar a própria Bíblia para nos auxiliar

na compreensão do tema, bem como o contexto histórico para entendermos as


características do momento em que o texto foi escrito.

O que fica claro é que não podemos isolar os textos do Apocalipse e


aplicá-los apenas a um momento específico no futuro, pois fazendo isso,

estaremos diminuindo a significância e a aplicabilidade das verdades presentes na


Palavra de Deus. O Apocalipse foi tão atual para os irmãos do primeiro século,

como é para nós hoje, e, mesmo tendo um significado prático e específico para
eles, a mensagem necessariamente é a mesma.

O fato de a marca da besta definitivamente não ser um chip, um carimbo,

um cartão ou qualquer outra coisa, não significa que o Anticristo escatológico não
usará recursos tecnológicos como ferramentas para perseguir a Igreja. Ele

possivelmente utilizará tudo o que tiver ao seu alcance para fazer com que todos
os homens da terra o adorarem. Portanto, utilizar a tecnologia será apenas uma

de suas facetas. O que não podemos, é restringir o significado de uma mensagem


tão ampla e importante, apenas a um período específico da História.

A pergunta é simples: Qual a importância para aqueles irmãos das sete

igrejas da Ásia Menor que estavam sendo perseguidos, presos e mortos, receber
uma carta falando sobre chips, códigos e cartões utilizados no século 21? A

resposta também é simples: Nenhuma!

Se esse fosse o real significado das mensagens do Apocalipse, aqueles


irmãos teriam ficado decepcionados. Eles estavam sendo perseguidos, presos e

assassinados, e precisavam de uma resposta de Deus sobre aquela situação, e não


sobre o avanço tecnológico de dois mil anos depois.

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Para nós, sem sombra de dúvida a mensagem também é muita clara.

Viver em santidade, mesmo que isso custe a nossa própria vida, significa não
receber a marca da besta. Satanás está marcando as pessoas, imprimindo nelas o

padrão deste mundo, as práticas que afrontam aos mandamentos de Deus.

O resultado é que todos estão vivendo de forma tranquila e satisfeita,


maravilhados com tudo o que o presente século os oferece. Eles estão adorando a

imagem da besta e dedicando seus pensamentos e ações às causas dela. Esse é


um alerta sério e urgente para todos nós: temos o selo de Deus em nossas vidas,

não podemos ser iguais ao mundo, não podemos ser confundidos com os
adoradores da besta.

Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os


vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é
o vosso culto racional; e não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que proveis qual
é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Romanos 12:1,2).

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O ANTICRISTO SEGUNDO A BÍBLIA


O Anticristo sempre foi tema de muitas especulações, não apenas nos

nossos dias, mas até mesmo nos primeiros séculos depois de Cristo. Mais
recentemente ele também já foi tema de filmes e livros. Mas afinal, o que

realmente a Bíblia diz sobre o Anticristo? Neste capítulo veremos alguns pontos
fundamentais que a Bíblia nos esclarece sobre essa figura tão especulada.

Tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento, a Bíblia

descreve alguns aspectos do Anticristo. Antes de analisarmos algumas dessas


referências, mais uma vez chamo a atenção para a ocorrência de profecias de

múltipla aplicação, que são muito comuns nos textos bíblicos que falam sobre o
Anticristo.

Algumas profecias do livro de Daniel são exemplos desse tipo de padrão,

onde o próprio Jesus citou tais profecias em seu sermão escatológico (Mt 24; Mc
13; Lc 21), deixando muito claro a aplicação futura de profecias que, até então, os

judeus acreditavam já terem se cumprido completamente.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 138

Muitas pessoas também tentam estabelecer falsas previsões acerca da

identidade do Anticristo e sobre a região do mundo onde ele surgirá, além de


outras coisas mais. Porém, a Bíblia não nos permite fazer nenhum tipo de

especulação nesse sentido, mas podemos ter a certeza de que tudo o que
precisaríamos saber sobre ele nos foi revelado na Palavra de Deus.

O QUE SIGNIFICA A PALAVRA "ANTICRISTO"?


O termo "Anticristo" significa "contra Cristo", "rival de Cristo" ou "no

lugar/substituto de Cristo". Logo, pode ser considerado um tipo de anticristo


qualquer um que se opõe a Cristo ou supõe estar em seu lugar.

O ANTICRISTO NO LIVRO DE DANIEL


O Profeta Daniel teve uma visão descrita no capítulo 7 de seu livro, onde

ele vê quatro animais que subiam do mar (leão, urso, leopardo e outro terrível e
indescritível), que representam quatro reinos (Dn 7:1-18). A visão prossegue e nos

versículos seguintes Daniel fala sobre um pequeno chifre que surge entre os dez

chifres do quarto animal, e nesse pequeno chifre havia olhos como os de homem,
e uma boca que falava grandes coisas (Dn 7:8).

A partir do versículo 20, temos uma descrição detalhada desse chifre


condizente com a atuação do Anticristo:

Eu olhava, e eis que este chifre fazia guerra contra os santos, e


prevaleceu contra eles. Até que veio o ancião de dias, e fez justiça aos
santos do Altíssimo; e chegou o tempo em que os santos possuíram o
reino. Disse assim: O quarto animal será o quarto reino na terra, o qual
será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pisará
aos pés, e a fará em pedaços. E, quanto aos dez chifres, daquele
mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará outro,
o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis. E proferirá
palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 139

cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues na sua


mão, por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo (Daniel 7:21-
25).

É possível que essa profecia tenha múltiplo cumprimento, porém a

maioria dos estudiosos concorda que esse pequeno chifre simboliza o


aparecimento do Anticristo, sendo então, a primeira referência escriturística a este

personagem escatológico.

Também em Daniel 9:27; 11:31 e 12:11, em passagens onde claramente é


aplicado o principio da profecia de múltipla referência, é provavelmente a pessoa

do Anticristo que também está sendo citada, onde sua atuação no período final
da presente era foi prefigurada pela atuação do rei da dinastia Selêucida Antíoco

IV Epifânio por volta de 167 a.C., e depois, no cerco de Jerusalém em 70 d.C, pelo
Império Romano.

O ANTICRISTO NO SERMÃO ESCATOLÓGICO DE JESUS


Já falamos aqui sobre as referências de Jesus sobre Anticristo em seu

sermão escatológico. Como anteriormente usamos o texto de Marcos 13, agora


vamos aproveitar para usar o texto de Mateus 24. Nele, vemos que Jesus

primeiramente aplica ao imperador Tito que destruiu Jerusalém e o Templo no


ano 70 d.C a figura de um tipo de anticristo (vers. 15-20). Porém, nos versículos

seguintes (vers. 21-22), o pano de fundo da profecia de Jesus deixa de ser apenas
a destruição de Jerusalém, e passa também a se referir a um período futuro, a

qual haverá uma tribulação nunca vista.

Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o


princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver. E, se
aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas
por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias (Mateus
24:21,22).

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 140

Depois, no próprio Novo Testamento, somos advertidos que esse

momento será o período da manifestação do Anticristo escatológico.

O ANTICRISTO NAS EPÍSTOLAS DE JOÃO


Para o apóstolo João, o espírito do anticristo sempre esteve presente em
pessoas, sistemas e governos que se levantaram contra Cristo, ou seja, são muitos

anticristos que precedem o Anticristo final. Isso fica claro em seus textos, onde ora
ele usa o termo em um sentido impessoal e ora ele usa em um sentido pessoal.

Vejamos essas aplicações abaixo:

Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o


anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho (1 João 2:22).

Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que


Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo o espírito que não
confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o
espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já
agora está no mundo (1 João 4:2,3).

Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não


confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o
anticristo (2 João 1:7).

O ANTICRISTO NAS EPÍSTOLAS DE PAULO


O apóstolo Paulo, escrevendo aos Tessalonicenses, faz uma descrição

detalhada sobre o momento em que o Anticristo se manifestará, bem como suas


principais características:

Ora, irmãos, rogamos-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e


pela nossa reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso
entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra,
quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já

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perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será


assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do
pecado, o filho da perdição, o qual se opõe, e se levanta contra tudo o
que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como
Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. Não vos lembrais
de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco? E agora
vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja
manifestado. Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um
que agora o retém até que do meio seja tirado; E então será revelado
o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e
aniquilará pelo esplendor da sua vinda; A esse cuja vinda é segundo a
eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira,
e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não
receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes
enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam
julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na
iniquidade (2 Tessalonicenses 2:1-12).

Note que Paulo mostra que o Anticristo surgirá em um período de grande


apostasia, será uma pessoa específica e adorado pelo mundo incrédulo, fará falsos
milagres, se manifestará em um momento determinado e, por fim, será destruído

por Cristo em sua segunda vinda.

O ANTICRISTO NO APOCALIPSE
O livro do Apocalipse descreve de forma clara a atuação do Anticristo no
capítulo 13:

E eu pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma besta que


tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas,
e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia. E a besta que vi era
semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca

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como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e


grande poderio. E vi uma das suas cabeças como ferida de morte, e a
sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta.
E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a
besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar
contra ela? E foi-lhe dada uma boca, para proferir grandes coisas e
blasfêmias; e deu-se-lhe poder para agir por quarenta e dois meses. E
abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu
nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu. E foi-lhe
permitido fazer guerra aos santos, e vencê-los; e deu-se-lhe poder
sobre toda a tribo, e língua, e nação. E adoraram-na todos os que
habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da
vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Se
alguém tem ouvidos, ouça (Apocalipse 13:1-9).

Nos capítulos anteriores nós já estudamos essa visão de João, mas


focando exclusivamente no Anticristo escatológico, vale aqui algumas repetições.

Perceba a incrível semelhança entre esta visão em Apocalipse e a visão do Profeta


Daniel. Na verdade o que o Apóstolo João viu foi os quatro animais da visão de
Daniel de forma unificada. Essa besta sobe do mar. Mar nas profecias bíblicas
muitas vezes significa nações, povos, o sistema geopolítico em sua agitação.

Como exemplo disto, o profeta Isaías usou o mar para descrever as nações
incrédulas:

Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar, e
as suas águas lançam de si lama e lodo (Isaías 57:20).

O Anticristo, portanto, surgirá dessa política turbulenta. Ele surgirá no


meio do caos, do meio das águas que agitam as nações, e será adorado entre os

povos. Ele incorporará todo o poder e crueldade dos grandes impérios do


passado. Note que a besta que sobe do mar possuí várias cabeças, e representa o

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poder perseguidor de Satanás incorporado em todos os governos e impérios ao

longo da História. No final, o que parecia estar morto resurge em vida, e a terra
toda fica maravilhada. Essa besta toma diferentes formas, e, no fim, ela se

manifestará na pessoa do homem da iniquidade que Paulo descreveu, o Anticristo


escatológico.

QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO ANTICRISTO?


Tomando por base o capítulo 13 do Apocalipse, as principais

características sobre do Anticristo são:

1. Ele surgirá em um período de turbulência dentre as nações (vers. 1).


2. Ele será a incorporação do próprio mau (vers. 2).

3. Ele realizará grandes milagres (vers. 3).


4. Ele agirá e governará pelo poder de Satanás (vers. 2-4).

5. Ele será temido e reconhecido pelo mundo como alguém invencível (vers.
4).

6. Ele será adorado (vers. 3-12).


7. Ele perseguirá a todos que se recusarem adorá-lo e fará oposição direta a

Deus e à Igreja de Cristo. Esse será o período final de terrível tribulação


descrito por Jesus (vers. 6-15).

8. Ele será apoiado pela segunda besta, a besta que sobe da terra, o falso
profeta (vers. 11-18).

9. Ele tem um número, e seu número é 666. Como já vimos, esse é um


número de homem, o número da imperfeição, o número do fracasso. Ele

será a personificação da imperfeição, o oposto da perfeição de Cristo.


10. Ele terá um poder limitado, um tempo determinado a qual foi lhe

permitido agir. Quando seu tempo acabar, ele será destruído por Cristo e

condenado eternamente ao lago de fogo (vers. 5; Ap 19:20).

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AS SETE TAÇAS DA IRA DE DEUS


As sete taças da ira de Deus, também chamadas de “sete flagelos”, estão

registradas nos capítulos 15 e 16 do livro do Apocalipse, em sua quinta seção


paralela e progressiva. Como não poderia ser diferente em se tratando de

escatologia, existe muita discussão sobre esse relato.

Dentre as diferentes correntes escatológicas, basicamente existem três


interpretações principais sobre esse assunto. A posição menos conhecida é da que

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as sete taças se referem exclusivamente ao período específico da época de João,

anunciando o castigo e a queda do Império Romano. Essa posição é defendida por


muitos preteristas.

Já a posição mais conhecida entre os cristãos defende que as sete taças se

referem exclusivamente ao período final que antecede a segunda vinda de Cristo


em glória. Quem adota essa posição geralmente entende que tudo isso ocorrerá

de forma literal na grande tribulação, após um arrebatamento secreto da Igreja.


Como já vimos, de acordo com a visão pré-tribulacionista a segunda vinda de

Cristo seria uma segunda etapa do seu retorno.

Essa posição é comum entre os cristãos que adotam o estilo de leitura


futurista do Apocalipse, e entendem que o conteúdo do livro segue uma ordem

cronologicamente sucessiva. É importante dizer que, para estes, a sexta taça trata
do livramento de Cristo ao povo de Israel e aos cristãos que se converterão na

grande tribulação, e a sétima taça se refere às pragas que serão enviadas


literalmente ao mundo inteiro nesse período.

Por último, há também a posição que entende que as sete taças se

referem ao período que compreende desde a primeira vinda de Cristo (sua morte,
ressurreição e ascensão ao céu) até a sua segunda vinda, de forma que o juízo de

Deus é revelado de maneira progressiva.

Nessa posição, tanto é considerada a aplicação prática no contexto


histórico das sete igrejas da Ásia Menor quanto à aplicação para todas as igrejas
ao longo dos tempos, culminando, finalmente, numa descrição detalhada acerca

dos momentos finais da presente era, com a segunda vinda de Cristo para livrar o

seu povo (nesse caso a Igreja), a destruição das forças do mal e o juízo final.

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COMO ENTENDER AS SETE TAÇAS?


Das posições apresentadas acima, a última delas é a que se apresenta
mais coerente com a interpretação do livro do Apocalipse, considerando sua

estrutura, estilo, características e propósito.

Como já foi dito, os capítulos 15 e 16 formam a quinta seção paralela do

livro do Apocalipse, e conforme a história é recontada novos elementos e detalhes


são introduzidos, lançando luz sobre a profecia revelada ao apóstolo João.

Nessa quinta seção será enfatizado o juízo de Deus sob a dureza do

coração do homem. Essa seção nos mostra o derramamento da ira de Deus sobre
os homens, e a triste realidade de que, mesmo diante do juízo divino, os homens

continuam endurecidos, rebeldes e blasfemos.

Essa visão registrada pelo apóstolo João nos mostra que ao longo da
História Deus sempre envia juízos parciais que avisam o iníquo sobre seu pecado

(as trombetas), mas quando esses avisos são desprezados, então segue-se o
derramamento conclusivo de sua ira (as taças). É uma ira sem mistura, sem

oportunidade para arrependimento, e que se torna completa no dia do juízo.

João começa o capítulo 15 escrevendo sobre a cena inicial de um culto


(vers. 1-4), relembrando o culto ao redor do trono de Deus já mencionado

anteriormente nos capítulos 4 e 5 do Apocalipse. João mais uma vez contempla o


mar de vidro (Ap 4:6), porém dessa vez ele forneceu um novo detalhe: esse mar é

"mesclado de fogo" (Ap 15:2). O apóstolo também viu "os vencedores da besta, da
sua imagem e do número do seu nome". Enquanto os ímpios estão nas
turbulentas águas desse mundo, os vencedores estão sob o mar de vidro,
descansando na paz da transparência da justiça de Deus que se revela como fogo

para julgar o iníquo,

Esses vencedores estavam entoando cânticos numa grande adoração a


Deus (Ap 15:3,4). João faz referência ao cântico de Moisés e ao cântico do

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Cordeiro. Esse cântico de Moisés é uma alusão ao cântico registrado no capítulo

15 do livro do Êxodo, que fala sobre a libertação do povo de Israel do Egito


atravessando o Mar Vermelho. Já o cântico do Cordeiro é uma referência à obra

expiatória de Cristo na cruz, ou seja, seu sofrimento e sua vitória.

A mensagem aqui é que, tal como os israelitas no Egito, os santos são


libertados da opressão desse mundo iníquo que é castigado através das pragas

enviadas por Deus. Esses vencedores que João viu são todos os salvos que
morreram ao longo da História da Igreja, que foram fiéis e que venceram a besta

e a marca de seu nome, isto é, venceram as tentações, perseguições e aflições


desse mundo, e agora estão seguros na presença do Cordeiro.

O cântico entoado pelos vencedores é muito importante para a sequência

da narrativa bíblica. Note a frase: "Justos e verdadeiros são os teus caminhos" (Ap
15:3). Isso é como um aviso de que nada do que será registrado por João será

injusto. Os flagelos da ira de Deus mostrados a João refletem a sua justiça, são
verdadeiros e corretos.

O versículo 4 começa com uma pergunta muito interessante: "Quem não

temerá e não glorificará o teu nome, ó Senhor?" Em outras palavras, será que
existe alguém louco o bastante de mesmo diante de toda a grandeza de Deus,

diante do furor do seu juízo, não lhe render glória? Mais à frente o capítulo 16 nos
responderá.

João enfatiza que as taças portadas pelos sete anjos são os últimos sete
flagelos da cólera de Deus, ou seja, com o derramamento dessas taças consuma-

se a ira de Deus sobre o mundo. Como em todo o livro do Apocalipse, nessa

seção também há um uso muito grande de referências à textos do Antigo


Testamento. Além do cântico de Moisés que já vimos, as próprias taças se

assemelham bastante com algumas pragas que castigaram o Egito (Êx 7-11).

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 148

O mesmo podemos dizer da descrição da abertura do "Tabernáculo do

Testemunho" (Ap 15:5-8). Aqui há uma referência ao santuário que continha a


Arca da Aliança que guardava em seu interior o “Testemunho”, ou seja, as Tábuas

da Lei. Era o lugar da habitação de Deus com Seu povo (Êx 25:16-28).

A abertura do Tabernáculo nos mostra que a ira a ser revelada é a ira do


próprio Deus. O Santuário aqui é o céu, a morada de Deus. Os sete anjos da visão

saíram do Santuário, ou seja, procederam da presença de Deus.

Eles estão vestidos com vestes semelhantes aos sacerdotes. No Antigo


Testamento os sacerdotes eram uma espécie de intermediários entre Deus e os

homens. Isso significa que esses anjos são representantes da ira do próprio Deus.

O Santuário então foi tomado de fumaça, e ninguém podia entrar nele


até que se cumprissem os sete flagelos dos sete anjos (Ap 15:8). Isso também nos

faz lembrar de passagens do Antigo Testamento onde a glória de Deus tomava o


Tabernáculo/Templo, de modo que ninguém podia entrar (Êx 40:34,35; 1Rs

8:10,11).

Isso significa que no derramamento das taças não há mais possibilidade

de arrependimento, não há mais possibilidade de intercessão, a ira de Deus está


sendo manifestada e Ele não irá parar até que Seus propósitos sejam alcançados.

Aqui, o Santuário está bloqueado, ou seja, o Deus irado tornou inacessível suas
ternas misericórdias.

A RELAÇÃO ENTRE AS SETE TAÇAS E AS SETE TROMBETAS


Entre os versículos 5 e 8 do capítulo 15, temos a preparação das sete taças

que serão derramadas. É interessante notar a profunda ligação que há nessa


narrativa com a descrição das sete trombetas nos capítulos 8 a 11 do Apocalipse.

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Mais uma vez é importante salientar a organização paralela e progressiva

do livro do Apocalipse. Com isso, devemos compreender que as sete taças


referem-se ao período de tempo que vai da primeira à segunda vinda de Cristo.

As seções do Apocalipse ocorrem paralelamente, e não sequencialmente.

Por exemplo: as taças não sucedem cronologicamente as trombetas, mas se


encaixam, se completam, de modo que conforme vamos avançando na narrativa

do livro, percebemos que as cenas vão ficando cada vez mais claras e completas.
O juízo de Deus vai se revelando de um modo paralelo e progressivo no livro do

Apocalipse.

A diferença entre as trombetas e as taças, basicamente é que as


trombetas advertem os homens acerca do juízo de Deus, e as taças consumam a

sua cólera. As trombetas representam o juízo parcial, enquanto as taças mostram


o juízo total.

Para entender essa ideia de “juízo parcial” e “juízo total”, basta notar que,

apesar de serem paralelas, as seções são progressivas. Nas trombetas a destruição


atinge apenas um terço da terra, do mar, dos rios, do sol e dos homens. Já nas

taças a destruição atinge a totalidade, ou seja, os flagelos destroem tudo.

Também é interessante notar a inversão que há entre as trombetas e as

taças. De sete trombetas, quatro se referem aos elementos naturais e três aos
homens. Nas taças, quatro se referem aos homens e apenas três aos elementos
naturais. Isso claramente mostra a intensificação do juízo de Deus que está sendo
revelado na profecia.

Se com as trombetas há o juízo acompanhado do convite ao

arrependimento, com as taças não há mais oportunidade para se arrepender. As


sete taças mostram a ira de Deus sem mistura de misericórdia.

Tanto as taças como as trombetas terminam com uma cena do juízo final.

Nas trombetas temos a descrição da colheita do trigo e os ímpios sendo

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esmagados no lagar da ira de Deus (Ap 14:14-20). Nas taças a descrição do juízo é

bem mais detalhada (Ap 16:15-21).

O DERRAMAMENTO DAS SETE TAÇAS


No capítulo 16 as taças são derramadas. Também é importante lembrar
que, seguindo a característica literária do Apocalipse, os sete flagelos não devem

ser interpretados literalmente, mas como uma referência simbólica à situação dos
ímpios diante do juízo de Deus.

Enquanto os santos estão adorando o Deus Todo-Poderoso, os ímpios

estão tomando do cálice de sua ira. Aqui vale dizer que a Igreja é alvo das
perseguições e tribulações promovidas pelo dragão e seus agentes, mas não dos

flagelos, ou seja, as taças não são derramadas sobre a Igreja (1Ts 5:9). As sete taças
são destinadas apenas aos homens que possuem a marca da besta, os adoradores

da sua imagem (Ap 16:2).

PRIMEIRA TAÇA

E foi o primeiro, e derramou a sua taça sobre a terra, e fez-se uma


chaga má e maligna nos homens que tinham o sinal da besta e que
adoravam a sua imagem (Apocalipse 16:2).

A primeira taça é derramada sobre a terra, e os ímpios, os selados pela

besta, são castigados com úlceras malignas e perniciosas. Esses homens atingidos
não são apenas um grupo de pessoas no fim dos tempos, mas são todos os
incrédulos que serviram a besta durante toda esta dispensação.

Aqui, João está descrevendo a dor da aflição do homem sem Deus. São
castigados com úlceras malignas e perniciosas, ou seja, é algo terrível e doloroso.

SEGUNDA TAÇA

E o segundo anjo derramou a sua taça no mar, que se tornou em


sangue como de um morto, e morreu no mar toda a alma vivente
(Apocalipse 16:3).

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A segunda taça é derramada sobre o mar, e o mar se tornou em sangue,

e morreu todo o ser vivente que havia no mar. Se nas trombetas apenas um terço
do mar foi atingido, aqui o mar é atingido por completo. Essa descrição é um

símbolo do colapso da natureza diante do juízo de Deus.

TERCEIRA TAÇA

E o terceiro anjo derramou a sua taça nos rios e nas fontes das águas,
e se tornaram em sangue. E ouvi o anjo das águas, que dizia: Justo és
tu, ó Senhor, que és, e que eras, e hás de ser, porque julgaste estas
coisas. Visto como derramaram o sangue dos santos e dos profetas,
também tu lhes deste o sangue a beber; porque disto são
merecedores. E ouvi outro do altar, que dizia: Na verdade, ó Senhor
Deus Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos
(Apocalipse 16:4-7).

Essa taça foi derramada nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em

sangue. É interessante que no derramamento dessa taça, o anjo declara que os


ímpios que derramaram o sangue de santos e profetas agora são dignos de

tomarem sangue. O anjo também ressalta que o julgamento de Deus é justo.

Na abertura do quinto selo (Ap 6:9-11), temos os mártires que morreram

por causa de sua fé clamando por justiça da parte de Deus contra aqueles que os

mataram. Agora, no derramamento da terceira taça, a vingança vem, a justiça de


Deus alcança os seus algozes, a oração dos santos é respondida. Por isso que no

versículo sete, João ouviu uma voz que dizia: "Na verdade, ó Senhor Deus Todo-
Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos".

QUARTA TAÇA

E o quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe permitido


que abrasasse os homens com fogo. E os homens foram abrasados
com grandes calores, e blasfemaram o nome de Deus, que tem poder

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sobre estas pragas; e não se arrependeram para lhe darem glória


(Apocalipse 16:8,9).

A quarta taça é derramada sobre o sol, e os homens são queimados com


intenso calor. Se nas trombetas, quando o sol escureceu os homens não se

arrependeram, agora eles são castigados pelo intenso calor produzido pelo sol.
Talvez o escurecimento eles pudesse ignorar, mas o grande calor não há como

não sentir.

Mais uma vez vemos aqui o juízo de Deus se intensificando sobre o


mundo incrédulo. Porém, a segunda parte do versículo 9 nos mostra algo terrível.

Mesmo diante do juízo de Deus que está sendo derramado, mesmo sendo
castigado por sua perversidade o homem não se arrepende, e, ao invés de dar

glória ao Deus que tem autoridade sobre esses flagelos, ele blasfema contra seu
nome.

Você se lembra da pergunta feita no cântico registrado no capítulo 15?

"Quem não temerá e não glorificará o teu nome, ó Senhor?" Aqui está a resposta.
O homem é tão louco em sua perversidade que mesmo diante do castigo

blasfema contra o Deus Todo-Poderoso.

QUINTA TAÇA

E o quinto anjo derramou a sua taça sobre o trono da besta, e o seu


reino se fez tenebroso; e eles mordiam as suas línguas de dor. E por
causa das suas dores, e por causa das suas chagas, blasfemaram do
Deus do céu; e não se arrependeram das suas obras (Apocalipse
16:10,11).

A quinta taça foi derramada no trono da besta, e os homens remordiam a

língua por causa da dor que sentiam. O trono da besta é o centro do governo
anticristão. Esses versículos nos fazem lembrar da oração do Profeta Habacuque,
quando ele se recordou do Êxodo e de como Deus livrou seu povo do domínio de

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Faraó. Então Habacuque orou dizendo que quando o Senhor sai para livrar o seu

povo, Ele fere a "cabeça da casa do ímpio" (Hc 3:12-14).

Quando a sede do poder da besta é atacada, o sistema humano entra em


colapso e os homens incrédulos se desesperam, são tomados de angústias e

mordem a língua de tanta dor. Perceba a conexão entre os flagelos. Aqui, no


quito flagelo, os homens sentem a dor das úlceras do primeiro flagelo.

Na quinta taça João até parece descrever a história da queda de cada

grande império que já existiu. O sistema humano, que governa sob a influência
dos poderes satânicos e, de certa forma, até parece invencível, cai de forma

patética quando o cálice da ira de Deus é derramado.

Entretanto, mais uma vez podemos ver que os seguidores da besta


blasfemam contra Deus, ao invés de se arrependerem de suas obras malignas.

Eles mordem a língua de dor, mas encontram forças para declararem que são
inimigos de Deus.

SEXTA TAÇA

E o sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates; e a sua
água secou-se, para que se preparasse o caminho dos reis do oriente.
E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta vi
sair três espíritos imundos, semelhantes a rãs. Porque são espíritos de
demônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis da
terra e de todo o mundo, para os congregar para a batalha, naquele
grande dia do Deus Todo-Poderoso. Eis que venho como ladrão. Bem-
aventurado aquele que vigia, e guarda as suas roupas, para que não
ande nu, e não se vejam as suas vergonhas. E os congregaram no lugar
que em hebreu se chama Armagedom (Apocalipse 16:12-16).

A sexta taça descreve o Armagedom, o ajuntamento das forças malignas


para pelejarem contra o Cordeiro e sua Igreja. Aqui, mais uma vez João parece ter

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 154

em mente passagens do Antigo Testamento (Jz 4-5), de modo que o Armagedom

é o símbolo de toda batalha na qual o povo de Deus está sendo oprimido frente
ao grande poder do inimigo, e o próprio Deus, de repente, revela seu poder e

derrota os opressores de seu povo. No próximo capítulo falaremos


exclusivamente sobre isto.

O apóstolo João viu também três espíritos imundos sair da boca do

dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta. Esses espíritos eram


semelhantes a rãs, referindo-se a seu caráter repugnante, asqueroso e

abominável. Isso significa que os poderes desse mundo e a falsa religião agem
sob as ideias e a inspiração do maligno. São planos, projetos, métodos e

empreendimentos postos em ação contra a Igreja.

É claro que esse tipo de situação acontece em diferentes momentos da


história, mas aqui há uma referência ainda mais profunda e específica. A sexta

taça descreve o momento final de perseguição do dragão e seus agentes contra a


Igreja de Cristo. É o momento da batalha final, da grande tribulação, dos dias que

se não fossem abreviados a Igreja não suportaria (Mc 13:20).

Esse é o momento em que Cristo aparecerá, como um ladrão de noite,


para livrar o seu povo (Ap 16:15) e destruir o Anticristo com o sopro de sua boca

(2Ts 2:1-12).

SÉTIMA TAÇA

E o sétimo anjo derramou a sua taça no ar, e saiu grande voz do


templo do céu, do trono, dizendo: Está feito. E houve vozes, e trovões,
e relâmpagos, e houve um grande terremoto, como nunca houve
desde que há homens sobre a terra; tal foi este tão grande terremoto.
E a grande cidade fendeu-se em três partes, e as cidades das nações
caíram; e da grande babilônia se lembrou Deus, para lhe dar o cálice
do vinho da indignação da sua ira. E toda a ilha fugiu; e os montes não

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se acharam. E sobre os homens caiu do céu uma grande saraiva,


pedras do peso de um talento; e os homens blasfemaram de Deus por
causa da praga da saraiva; porque a sua praga era mui grande
(Apocalipse 16:17-21).

A sétima taça sucede naturalmente a sexta. Se a sexta taça refere-se,


principalmente, a segunda vinda de Cristo, a sétima taça é a descrição detalhada

da cena do juízo. É o momento de maior terror da História da humanidade. É o


momento do juízo final.

João ouviu uma voz saindo do santuário dizendo: "Feito está!" Essa era a

voz do próprio Deus anunciando que chegou o momento da exposição final e


completa de sua ira. O mundo então recebe a taça final do vinho do furor de sua

cólera (Ap 14:10).

João descreve a destruição do mundo, a grande Babilônia é despedaçada,


o império do Anticristo é destruído, todas as cidades e nações são arruinadas,

todas as ilhas fogem, os montes não são encontrados e pedras desabam do céu.

Tudo isto representa o terror do dia do juízo de Deus para o iníquo. A

sétima taça é a conexão onde finda-se o tempo e a História e inicia-se a


eternidade, onde extinguem-se os céus e a terra, e surgem novos céus e nova

terra (2Pe 3:10-13).

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O QUE É A BATALHA DO
ARMAGEDOM?
No derramamento da sexta taça, conforme vimos no texto anterior,
Armagedom é o nome usado por João para se referir ao local de ajuntamento

para a batalha que ocorrerá no "Grande dia do Deus Todo-Poderoso" (Ap 16:14).

Claro que não faltam teorias fantasiosas sobre essa famosa batalha, de
modo que o termo “Armagedom” se tornou um tipo de designação geral sobre o

fim do mundo, sem necessariamente se referir ao texto do Apocalipse. Devido a


tamanha polêmica que cerca o tema, reservei este capítulo para discutirmos um

pouco melhor o assunto.

O QUE SIGNIFICA A PALAVRA ARMAGEDOM?


Para entendermos o que é o Armagedom, primeiro precisamos conhecer
o significado desta palavra.

A interpretação mais antiga sobre esse termo, existente somente em

árabe, refere-se ao sentido de “lugar pisado” ou “lugar nivelado”. As


interpretações mais modernas sugerem: “montanha do Megido”, “vale do

Megido”, “cidade de Megido” e “monte da assembléia”.

Entre os estudiosos, o significado mais aceito para a palavra Armagedom


é “montanha de Megido”, derivado da junção entre o hebraico har, “montanha”, e

o grego Magedôn, “Megido”. O hebraico har aparece nos livros do Antigo


Testamento para se referir a “colina” e “região montanhosa”.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 157

AS DIFERENTES INTERPRETAÇÕES SOBRE A BATALHA DO ARMAGEDOM


Devido as diferentes correntes escatológicas, existem várias interpretações
diferentes sobre a batalha do Armagedom. Neste capítulo consideraremos as

principais delas.

De modo geral, os pré-milenistas defendem que a batalha do

Armagedom será o evento que precederá imediatamente a volta de Cristo para


instituir na terra Seu reino messiânico e literal. Nessa batalha, o Anticristo será

derrotado, os ímpios serão destruídos e resultará também na prisão de Satanás


por mil anos.

Alguns pré-milenistas entendem que o nome “Armagedom” é apenas

uma referência simbólica acerca desse evento final, ou seja, não necessariamente
exigindo uma localização literal na terra de Israel. Outros, por sua vez, defendem

exatamente o contrário, isto é, o cenário será Israel, embora a proporção da


batalha seja mundial. Para estes, na ocasião Israel estará cercado literalmente

pelas forças comandadas pelo Anticristo.

Vale lembrar que dentro do Pré-Milenismo existem várias ramificações,


sendo o Pré-Milenismo Dispensacionalista o mais conhecido entre os cristãos. Tais

ramificações fazem com que haja diferentes interpretações entre os próprios pré-
milenistas.

Os pré-milenistas históricos defendem que esse aparecimento de Cristo

na batalha do Armagedom será a sua segunda vinda, ou seja, o momento em que


Jesus buscará a sua Igreja. Lembrando que os pré-milenistas históricos defendem

uma visão pós-tribulacionista do arrebatamento, ou seja, defendem que a Igreja


passará pela grande tribulação.

Já os pré-milenistas dispensacionalistas defendem a visão pré-

tribulacionista, isto é, entendem que a segunda vinda de Cristo será dividida em


duas etapas. A primeira será para arrebatar secretamente a Igreja, e a segunda

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 158

etapa ocorrerá no final de um período de sete anos literais de tribulação para

livrar o povo de Israel e os crentes que serão convertidos durante esse período.

Se a primeira etapa da volta de Cristo será secreta, a segunda etapa será


completamente visível. Então, nessa segunda etapa é que ocorrerá a batalha do

Armagedom. Nesse caso, tal batalha será um confronto literal do exército reunido
pelo Anticristo contra o próprio Cristo.

Já os amilenistas e pós-milenistas, apesar de possuírem muitas diferenças,

em geral concordam que o Armagedom é uma referência simbólica aos


momentos que culminam na segunda vinda de Cristo para buscar sua Igreja,

destruir os agentes de Satanás, julgar todas as pessoas e dar inicio ao estado


eterno, com novo céu e nova terra. Muitos pós-milenistas, pelo entendimento que

possuem acerca do milênio, não seguem essa interpretação.

COMO INTERPRETAR A BATALHA DO ARMAGEDOM?


Primeiro, precisamos sempre ter em mente que a escatologia é de fato
uma área difícil da teologia, e as diferentes correntes escatológicas são defendidas

por cristãos genuínos. Portanto, mais uma vez afirmo que é preciso que haja
respeito com quem adota uma posição diferente da que defendemos.

Tenho repetido em todos os capítulos que a maneira mais coerente de se

interpretar o livro do Apocalipse é perceber que ele está organizado em sete


seções paralelas e progressivas, e o mesmo vale para este capítulo.

A passagem que menciona o Armagedom está registrada dentro da


quinta seção do livro do Apocalipse que compreende os capítulos 15 e 16 do livro.

No capítulo 15 temos a preparação para as sete taças. Já no capítulo 16 temos o


derramamento das taças da ira de Deus. É nesse contexto que o Armagedom é

citado no sexto flagelo (ou sexta taça).

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 159

Lembrando que as taças representam o cálice da ira de Deus que vai

sendo esvaziado sobre o mundo incrédulo, resultando nas últimas pragas que
levam à segunda vinda de Cristo. Diferente das trombetas que possuem o

objetivo de advertir os homens, as taças consumam “a cólera de Deus” (Ap 15:1).

Vimos que a palavra Armagedom faz referência à região de Megido. No


antigo Israel aquela região era muito importante, pois situava-se próximo a uma

importante rota de viagem e comércio. O caminho de Megido foi o cenário de


grandes batalhas (Jz 5:19; 2Cr 35:22).

Dando principal importância a referência do livro de Juízes (caps. 4 e 5),

foi na região de Megido que ocorreu aquela famosa batalha com a participação
de Débora, onde o povo de Deus era muito frágil perante o exército inimigo. Na

ocasião, o povo de Israel estava em grande sofrimento, oprimido pelo exército do


rei Jabim liderado por Sísera. Os israelitas não podiam fazer absolutamente nada,

a não ser se esconderem de medo (Jz 5:6). O exército inimigo era devastador.

Então Deus, através de Débora, avisou que entregaria o inimigo nas mãos
do povo de Israel (Jz 4:14). A batalha foi travada em Megido, porém, quando tudo

parecia perdido, sem solução, sem saída, Deus agiu de forma direta e
sobrenatural dando a vitória ao seu povo. O inimigo do povo de Deus foi

esmagado, de modo que foi o próprio Senhor quem os derrotou (Jz 5:20). É
exatamente sobre isso que o Armagedom se refere.

O Armagedom é mais do que um lugar, mais do que uma localização


geográfica, é na verdade um símbolo que se refere à batalha final, a triunfante

vitória de Cristo com todo esplendor e glória sobre todos os seus inimigos.

Quando tudo parecer perdido, com a Igreja sendo violentamente


perseguida, com as forças satânicas dominando todo este mundo de maneira
tenebrosa e com a apostasia operando de maneira generalizada levando os
homens ao limite da idolatria e da blasfêmia, então Cristo aparecerá como um

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 160

ladrão pegando o mundo perverso de surpresa e destruindo todos os seus

inimigos. Perceba que no versículo 15, do mesmo capítulo 16 do Apocalipse, está


registrado um aviso do próprio Senhor acerca desse momento:

Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e


guarda as suas roupas, para que não ande despido, e não se vejam as
suas vergonhas (Apocalipse 16:15).

Satanás, diante da derrota iminente, incita os homens contra o próprio

Deus. O Armagedom é o momento da segunda vinda de Cristo. É o momento em


que Ele vem livrar a sua Igreja das terríveis perseguições promovidas pelo dragão

e seus agentes.

Pouco detalhe é dado sobre a batalha do Armagedom no capítulo 16 do


Apocalipse. Entretanto, nas próximas seções paralelas encontramos mais detalhes

sobre essa batalha (caps. 19:19-21; 20:7-9). É importante perceber que em tais
referências não se tratam de três batalhas diferentes, mas de uma única batalha, a

batalha do Armagedom, o ataque final das forças satânicas à Igreja de Cristo. No


Armagedom ocorre a derrota final dos inimigos de Deus.

Embora a derrota de Satanás e seus agentes (a grande Babilônia, o


Anticristo, o falso profeta e os ímpios) seja descrita em relatos diferentes, todos

caem ao mesmo tempo, ou seja, na segunda vinda de Cristo. Lembre-se que o


Apocalipse conta a mesma história várias vezes de perspectivas diferentes.

Não entenda a batalha do Armagedom como sendo um conflito em que

exércitos humanos medirão forças com o próprio Cristo e seu exército celestial de
forma literal. Infelizmente já escutei uma pregação em que o pregador de forma

“emocionada” criou uma fantasia acerca desse momento.

Segundo ele, todas as armas do mundo estarão apontadas para Jesus, os


tanques de guerra estarão disparando contra ele, os aviões caças estarão soltando

mísseis sobre sua cabeça, enquanto as mídias do mundo inteiro estarão

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transmitindo ao vivo essa batalha. Por favor, não entenda assim. Isso chega a ser

um desrespeito com a seriedade da Palavra de Deus.

Entenda o Armagedom como o símbolo do limite em que chega a rebelião


do homem incrédulo contra Deus. Entenda o ajuntamento do Armagedom como

uma descrição do tamanho da blasfêmia do homem para com Deus, que mesmo
diante do juízo divino, insiste, com toda sua loucura, em afrontá-lo.

Entenda o Armagedom como uma referência a derrota definitiva dos

inimigos de Deus e de Sua Igreja, o momento em que as forças do mal serão


terminantemente esmagadas. Entenda o Armagedom como sendo o momento

em que os salvos são glorificados com Ele, e os ímpios são eternamente


condenados.

O Armagedom é o momento de lamento para a prostituta, e de imensa

alegria para a Noiva. No Armagedom a grande Babilônia cai, e a Nova Jerusalém


se levanta esplendorosamente preparada e ataviada para o Noivo.

Note que no versículo 17 do capítulo 16 é derramado o sétimo flagelo. Se


o sexto flagelo, onde é citado o Armagedom, refere-se à segunda vinda de Cristo,

o sétimo flagelo descreve o grande dia do juízo de Deus. Após o Armagedom,


após o sexto flagelo da ira de Deus, a sétima taça é derramada. Como já

dissemos, é nesse momento que termina a presente era e começa a eternidade.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 162

A GRANDE BABILÔNIA DO
APOCALIPSE
Apocalipse 17 é mais um daqueles capítulos considerado por muitos

como o mais difícil de interpretar no livro do Apocalipse. É nesse capítulo que


temos a descrição da grande meretriz, também chamada de "a grande Babilônia".
Apesar de no próprio capítulo 17 haver uma interpretação sobre a visão do
apóstolo João, ainda assim é bem difícil entendê-la.

Isto ocorre porque Apocalipse 17 se assemelha muito com o estilo literário

do livro do profeta Daniel. A mistura da narrativa entre reis do passado, presente


e futuro na profecia, nos remete diretamente ao modelo do livro do Antigo

Testamento.

Como já falamos anteriormente sobre a besta que também aparece nesse


capítulo, agora estudaremos os capítulos 17 e 18 do livro do Apocalipse, focando,

principalmente, a figura da mulher descrita como a grande meretriz, Babilônia.

BABILÔNIA: A MÃE DAS MERETRIZES


Apocalipse 17 descreve detalhadamente a figura dessa meretriz. Vale
ressaltar que a grande Babilônia é citada anteriormente no livro do Apocalipse

(caps. 14:8; 16:19). Entretanto, em tais citações ela é mencionada muito


brevemente, enfatizando apenas a predição de sua queda.

Logo, no capítulo 17 é onde encontramos as maiores informações sobre


ela. Já no capítulo 18 encontramos a narrativa detalhada de sua queda anunciada

no capítulo 17.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 163

QUÉM É ESSA BABILÔNIA?

Sabemos que existem diferentes correntes escatológicas, e dentro delas

há várias interpretações acerca de quem é a grande meretriz do livro do


Apocalipse. Citá-las todas aqui certamente tornaria este texto extremamente

cansativo e confuso.

Entretanto, antes de partir para a exposição do texto bíblico, penso ser


importante citar uma interpretação muito popular sobre este tema. Alguns

defendem que essa meretriz (a grande Babilônia) representa exclusivamente um


império futuro que se levantará no fim dos tempos. Será a confederação da Besta,

ou seja, o sistema político e religioso do Anticristo que dominará o mundo. Logo,


o uso do nome “Babilônia” é apenas simbólico para se referir a esse governo

futuro.

Ainda dentro dessa interpretação, há quem defenda que a cidade da


Babilônia será literalmente reconstruída. Quem pensa dessa maneira entende que

algumas profecias do Antigo Testamento apontam para a reconstrução futura e


literal dessa cidade.

Geralmente os adeptos da interpretação acima adotam um estilo de


leitura futurista como método de interpretação do livro do Apocalipse, mais

comum na linha pré-tribulacionista. Entretanto, há muitos pré-tribulacionistas que

adotam uma visão completamente diferente desta.

O próprio capítulo 17 nos responde quem é essa meretriz. A resposta está

no versículo 18, onde nos é dito que a mulher "é a grande cidade que reina sobre
os reis da terra", ou seja, a Babilônia.

Agora, nossa pergunta passa a ser especificamente a seguinte: Quem é

essa grande cidade chamada Babilônia no livro do Apocalipse?

Para responder tal pergunta precisamos mais uma vez recorrer ao


entendimento acerca da organização do livro e o estilo literário empregado pelo

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 164

apóstolo João em sua composição. Apocalipse 17 inicia uma nova divisão paralela

do livro do Apocalipse, ou seja, o apóstolo João irá registrar pela sexta vez a
mesma história, porém por um ângulo diferente.

Entre os capítulos 12 e 14 na quarta seção paralela, João já havia

registrado os inimigos de Cristo e de sua Igreja: o dragão e seus aliados. Satanás,


descrito na figura de um dragão, sofreu uma derrota esmagadora na morte,

ressurreição e ascensão de Cristo ao céu.

Expulso do céu e lançado a terra, o dragão recruta três aliados: a besta


que sobe do mar, a besta que sobe da terra e a grande Babilônia. Juntamente

com os homens que possuem a marca da besta, o dragão e seus aliados


desempenham uma perseguição implacável contra a Igreja de Cristo.

Entretanto, por mais terrível que esse cenário pareça ser, o livro do

Apocalipse mostra que a Igreja é mais que vencedora, pois Cristo vence, e nós
vencemos com Ele. É justamente a partir do capítulo 17 que João descreve a

queda desses inimigos da Igreja, os aliados do dragão.

Comparando com a ordem com que foram apresentados nos capítulos

12, 13 e 14, agora o livro do Apocalipse nos mostra a queda desses inimigos
exatamente de forma inversa, ou decrescente. Aqui é importante ressaltar que,

apesar da descrição da queda desses inimigos ser registra em relatos diferentes,


todos eles caem juntos, ao mesmo tempo, na gloriosa vinda de Cristo.

Em Apocalipse 17 encontramos a história da grande Babilônia, e no

capítulo 18 encontramos a descrição e a lamentação de sua queda completa. Essa


sexta sessão paralela continua no capítulo 19, onde vemos Cristo derrotando

definitivamente todos os seus inimigos em sua segunda vinda.

O capítulo 17 do livro do Apocalipse pode ser subdividido em três partes:


na primeira há uma descrição da grande meretriz, a Babilônia. Na segunda parte

encontramos a descrição da besta. E, por fim, a terceira parte já nos mostra vitória

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 165

de Cristo e de sua Igreja, juntamente com a interpretação das figuras citadas

durante o capítulo.

O livro do Apocalipse é um livro de contrastes. Nele, vemos Satanás, o


dragão, tentar de todas as formas imitar a Cristo. Em Apocalipse 17, na descrição

da grande Babilônia, podemos ver mais uma vez essa característica. No livro do
Apocalipse a Igreja é descrita como uma mulher, uma virgem, santa, digna e

adornada para seu esposo. Perceba o nítido contraste entre a Noiva do Cordeiro
(Ap 12; 21:9) e a meretriz descrita nesse capítulo.

A Noiva do Cordeiro também é uma cidade, a Cidade Santa, a Nova

Jerusalém. A prostituta igualmente é descrita como uma cidade, a mãe de toda


prostituição, a grande Babilônia. Uma é a cidade de Deus, a outra a cidade do

mundo. Enquanto a Noiva é a Igreja verdadeira, a meretriz é a falsa Igreja que se


revela na busca humana pelo prazer e a autorrealização. Respondendo a pergunta

sobre quem é essa meretriz, certamente podemos dizer que ela é mais do que
uma simples cidade.

Na verdade, ela possui muitos significados que podem ser sintetizados

em uma única, profunda e terrível verdade: a grande Babilônia é a revelação de


toda concupiscência humana, da busca do homem pelo prazer; é a sedução do

mundo. Babilônia é tudo o que demonstra o mais terrível estado depravado e


corrupto da humanidade, a apostasia escancarada, a inimizade contra Deus.

A grande Babilônia é a descrição perfeita e detalhada do mundo à parte


de Cristo, que concentra toda sua força na busca por riqueza, luxuria e

autorrealização. A grande Babilônia possui duas funções muito claras: tentar

desviar a Igreja da santidade e manter os ímpios na incredulidade.

A meretriz é um poderoso sistema mundano a serviço de Satanás. A


Babilônia seduz a humanidade a prestar culto ao sistema satânico, a se submeter
ao dragão e adorar a besta.

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A DESCRIÇÃO DA GRANDE BABILÔNIA

O Apóstolo João descreve essa mulher da seguinte forma:

1. Ela é uma prostituta (vers. 1, 5): como já dissemos, isso mostra todo o

contraste entre ela e a Noiva do Cordeiro.


2. Ela está assentada sobre muitas águas (vers. 1): isso significa que ela possui

influência mundial. Ela está assentada sobre toda a humanidade. O


próprio versículo 15 do mesmo capítulo nos esclarece isso ao dizer que as

águas onde se assenta a prostituta "são os povos, e multidões, e nações, e


línguas". A grande Babilônia é um sistema de proporções mundiais que
demonstra uma cultura contra Deus.
3. Os reis da terra fornicaram com ela, bem como os habitantes da terra que

se embriagaram com o vinho de sua fornicação (vers. 2): os reis da terra


são os governantes deste mundo, que, juntamente com os habitantes da

terra, buscam de forma desenfreada esse prazer que é sinônimo de


prostituição. Eles se embriagam no vinho de devassidão da meretriz. O

termo grego traduzido por “devassidão” é porneia. Este termo pode ser
aplicado de maneira bem ampla, e significa literalmente “prostituição”.

4. A grande meretriz aparece sentada sobre a besta que tinha sete cabeças e
dez chifres (vers. 3): esse animal que aparece no versículo 3 é a primeira

besta mencionada no capítulo 13, a besta que subiu do mar. Essa besta
representa os governos mundiais de maneira geral, ou seja, todo o poder
econômico, político e militar. Isso nos mostra a sincronia que há entre a
besta e a prostituta, de forma com que a busca pelo prazer é a motivação

para todas as outras ações malignas neste mundo. Juntas, a besta e a


prostituta são instrumentos nas mãos de Satanás.

5. Ela estava vestida de púrpura e escarlata, adornada de ouro, pedras


preciosas e pérolas (vers. 4): o tipo de roupa descrito por João se refere a

trajes finíssimos, caros, usualmente utilizados por senadores e a elite da


Roma da época. As pedras preciosas demonstram toda riqueza e luxo

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ostentado por essa mulher. É uma descrição completa do mundo ímpio,

que vive em função de suas conquistas, riquezas, poder e glória.


6. Ela segurava um cálice de ouro, repleto de coisas repugnantes e da

impureza da sua prostituição (vers. 4): o cálice de ouro compõe


perfeitamente a descrição dessa mulher. Ela está vestida

glamourosamente, ostentando riquezas e luxo, e possui um cálice de ouro


em sua mão. O cálice de ouro transmite a ideia de algo desejado,

cobiçado pelo homem. Os cálices de ouro eram utilizados geralmente

para servir o melhor vinho. Mas no caso dessa mulher é diferente. O


cálice é de ouro, mas seu interior contém apenas abominações e

devassidão. Esse cálice está transbordando com a impureza de sua


prostituição. Aqui podemos perceber que todo esse modo de vida

prazeroso que o mundo oferece aos homens, é na verdade mundano e


depravado, é um modo de vida que afronta a Deus.

7. Tinha em sua testa a seguinte inscrição: “Mistério, a grande Babilônia, a


mãe das prostituições e abominações da terra” (vers. 5): no versículo 5
João registra o nome dessa mulher. Ele escreve que esse nome estava em
sua testa. Essa descrição combina com um costume da época em que as

prostitutas do Império Romano usavam um tipo de pequena faixa ao


redor da cabeça que continha seu nome, num tipo de exibição de sua

própria desonra. O nome dessa meretriz é Babilônia. Essa Babilônia não é


literalmente a cidade histórica, nem qualquer outra cidade especifica do

mundo, muito menos uma futura cidade que será reconstruída. Esse
nome é uma referência direta a tudo o que a Babilônia simboliza, desde

sua fundação, ainda com Ninrode na edificação primitiva dessa cidade,


até seu posto de maior império do mundo nos dias de Nabucodonosor.

Babilônia, ainda como Babel, foi edificada puramente nas bases do


pecado. A própria Torre de Babel era um símbolo direto da loucura do
homem contra Deus. O propósito da torre era eternizar o nome dos

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habitantes de Babel, e, segundo o historiador judeu Flávio Josefo, caso

ocorresse novamente um dilúvio, eles poderiam subir pela torre até o céu
e se vingar do próprio Deus. Depois de Babel, Babilônia ressurge

poderosa novamente na narrativa bíblica com Nabucodonosor exilando o


povo judeu. Logo, Babilônia representa na Bíblia tudo aquilo que é mais

perverso. Ela é o berço do paganismo, da falsa religião, da prostituição,


da busca pelo prazer e da perseguição ao povo de Deus. Nos dias de

João, essa mulher, a Babilônia, claramente podia ser vista na cidade de

Roma, uma cidade que era conhecida naquele tempo como a cidade dos
prazeres. Roma era a fonte de todo tipo de idolatria, de modo que os

cristãos verdadeiros eram chamados até mesmo de ateus por não


adorarem os muitos deuses do paganismo romano. Eles também eram

acusados de serem antissociais, pois não participavam da vida social


ofertada por aquele sistema (1Pe 2:12; 4:3,4). As influências mundanas

dessa cidade corrompida estavam entrando até mesmo dentro das


comunidades cristãs, onde alguns membros cediam às pressões e

acabavam aceitando a idolatria e a imoralidade (Ap 2:12,20; 1Co 6:12-20).


Aquela Roma não existe mais, porém hoje, onde quer que esteja a busca

humana pelo prazer, seja por vícios, pela prostituição, luxuria e ganância
ali estará a Babilônia.

8. Ela estava embriagada do sangue dos santos, e das testemunhas de Jesus


(vers. 6): Que detalhe terrível é revelado no versículo 6. O próprio

Apóstolo João ficou espantado com essa visão. Imagine você a cena que
João estava vendo: uma mulher vestida sensualmente, com vestes finas e

adornada por pedras preciosas, com uma identificação de prostituta em


sua testa, montada em uma besta, segurando um cálice de ouro

transbordando abominações e, por último, embriagada do sangue dos


santos e das testemunhas de Jesus. Ao mesmo tempo em que Babilônia
oferece prazer aos homens, ela também derrama o sangue dos

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 169

seguidores de Cristo. Isso significa que a busca pelo prazer humano

sempre resulta em perseguição à Igreja, pois a Igreja verdadeira sempre


irá se opor ao estilo de vida mundano e corrompido. Nessa descrição de

João podemos identificar mais uma vez uma referência direta a cidade de
Roma daqueles dias, onde os cristãos eram perseguidos e cruelmente

mortos, servindo até como diversão para os poderosos do império. Como


já dissemos, Roma era a cidade do prazer que se embriagava com o

sangue dos mártires.

Resumindo, a grande Babilônia representa todo o sistema mundano que


se opõe a Igreja de Cristo, é a falsa igreja que conduz ao prazer, é o mundo como

o centro de sedução maligno, é a meretriz que sempre será o oposto da Noiva.

Essa Babilônia nos dias de João estava personificada na figura da capital


do império, Roma. Essa Roma dos dias de João não existe mais, mas Babilônia

está presente em qualquer momento da História. Onde houver a busca pelo


prazer a qualquer custo, onde houver a perseguição aos servos de Deus, onde

houver o sangue dos mártires sendo derramado, ali estará a meretriz com sua
sedução, ali estará a Babilônia com seu cálice de devassidão.

O texto continua com o anjo dando detalhes a João sobre a besta em que

a mulher está montada, porém já falamos sobre ela em um capítulo anterior.

No versículo 14, vemos como esse sistema maligno juntará forças para
guerrear contra o Cordeiro, mas serão definitivamente derrotados, pois o
Cordeiro os vencerá, e vencerão com Ele os seus eleitos. Aqui o anjo informa a

João que a vitória de Cristo e de sua Igreja já está decretada.

A QUEDA DA GRANDE BABILÔNIA


No versículo 16 do capítulo 17, o anjo diz a João algo muito curioso, algo

intrigante. Ele começa a informar a queda da Babilônia, a destruição da meretriz.


O que é curioso é o modo como isso acontece.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 170

O anjo diz que a besta, juntamente com seus governantes, odiarão a

prostituta. Eles a despiram, comerão a sua carne e a destruirão com fogo. Aqui
vemos que os inimigos de Cristo e da Igreja destroem uns aos outros para

cumprir os propósitos soberanos de Deus (Ap 17:17).

Alguns teólogos apresentam uma aplicação primaria para essa passagem


no contexto histórico daquela época, onde os poderes predatórios e ações do

Império Romano acabaram destruindo, em última instância, a própria cidade de


Roma.

Mas aqui também claramente vemos uma profundidade maior nessa

visão. A descrição dessa cena nos mostra que a busca pelo prazer, a sedução do
mundo é autodestrutiva. No final, o homem fica desiludido com os seus próprios

prazeres, pois os prazeres do mundo são passageiros.

Os homens se frustram quando percebem que tudo o que buscaram


durante toda a vida os levaram à destruição. Nessa hora não adianta

arrependimento, não adianta lamentação. É tarde de mais, o juízo de Deus


chegou até eles.

No capítulo 18 do livro do Apocalipse temos uma descrição detalhada da


queda da Babilônia. Ao todo são sete mensagens de julgamento contra a

Babilônia. Primeiro há três mensagens angélicas de condenação (Ap 17:7-18; 18:1-


3,4-8). Depois há três lamentos por parte dos homens que a admiravam e
estavam comprometidos com essa meretriz (Ap 18:9,10,11-19). Por fim, há um aviso
final e definitivo sobre a queda permanente da grande Babilônia (Ap 18:21-24).

Essa descrição está particularmente ligada aos momentos finais da

presente era e a tão gloriosa segunda vinda de Cristo. É nesse momento que essa
mulher é destruída. Enquanto Babilônia cai, a Nova Jerusalém se levanta em grande
esplendor. Enquanto a prostituta é despida e desonrada, a Noiva do Cordeiro

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aparece ataviada, adornada e vestida de linho fino resplandecente e puro.

Enquanto a falsa igreja está condenada, a verdadeira Igreja está justificada.

Para finalizar, quero destacar o versículo 4 do capítulo 18:

Então ouvi outra voz do céu que dizia: "Saiam dela, vocês, povo meu,
para que vocês não participem dos seus pecados, para que as pragas
que vão cair sobre ela não os atinjam!" (Apocalipse 18:4).

Este versículo é um convite à santidade. É um aviso para que não caiamos

nas armadilhas da sedução do mundo. É um alerta de que a Babilônia está

empenhada em tentar destruir a pureza dos santos. Nestas breves palavras somos
aconselhados a não nos conformarmos com este mundo, tal como o apóstolo
Paulo nos escreveu em sua Carta aos Romanos (cap. 12:2). Aqui cabe uma reflexão
pessoal para cada um de nós.

Será que estamos comprando terrenos em Babilônia?

Será que estamos construindo casas em Babilônia?

Será que estamos tentando nos estabelecer sob os recursos de Babilônia?

Será que estamos nos portando como a Noiva do Cordeiro, ou estamos

seduzidos pela prostituta?

Pergunte-se a você mesmo: Sou cidadão da grande Babilônia ou sou


cidadão da Nova Jerusalém?

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 172

A CEIA DAS BODAS DO CORDEIRO


As Bodas do Cordeiro é um evento descrito no capítulo 19 do livro do
Apocalipse. Apesar de nos capítulos anteriores o apóstolo João também ter

registrado algumas referências acerca desse momento, apenas no capítulo 19 é


que a revelação se torna mais clara e nos fornece mais detalhes.

Devido as diferentes correntes escatológicas, a festa das Bodas do

Cordeiro é também um tema muito discutido entre os cristãos. Neste capítulo


veremos de maneira objetiva o que é esse evento, e quais as diferentes opiniões

acerca desse assunto.

AS BODAS DO CORDEIRO E AS DIFERENTES CORRENTES ESCATOLÓGICAS


Como já vimos ao longo deste livro, existem diferentes correntes
escatológicas, e uma infinidade de interpretações acerca dos assuntos narrados

no livro do Apocalipse. Para que nosso texto não fique confuso e repetitivo, citarei
as principais interpretações acerca das Bodas do Cordeiro, organizando-as em

apenas três categorias: posição preterista, posição pré-tribulacionista e posição


pós-tribulacionista.

AS BODAS DO CORDEIRO E O PRETERISMO

A posição preterista, como o próprio nome já indica, entende que

praticamente tudo o que é relatado no livro do Apocalipse já se cumpriu, ou seja,


está no pretérito.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 173

Entre os preteristas também é comum a fixação da data da escrita do

Apocalipse antes de 70 d.C, ao invés de meados de 95 como é mais aceito. Para


eles, a queda da grande Babilônia e as Bodas do Cordeiro são eventos

diretamente ligados a queda de Jerusalém que ocorreu exatamente nesse


período.

Portanto, muitos preteristas defendem que a festa das Bodas do Cordeiro

faz referência a eventos que já ocorreram no século 1, embora para alguns, ela
pré-figure de alguma forma a segunda vinda de Cristo. Essa é a interpretação

menos conhecida sobre o assunto, e é mais comum entre alguns pós-milenistas.

AS BODAS DO CORDEIRO E O PRÉ-TRIBULACIONISMO

Apesar de ser a mais recente de todas as posições, o Pré-Tribulacionismo


é a interpretação predominante entre os evangélicos atuais que seguem o

esquema do Pré-Milenismo Dispensacionalista Clássico.

A interpretação dessa visão escatológica acerca das Bodas do Cordeiro

defende que tal evento ocorrerá após a primeira fase da segunda vinda de Cristo,
ou seja, o arrebatamento secreto da Igreja antes da grande tribulação.

A sequencia geralmente defendida entre os pré-tribulacionistas é de que,

após o arrebatamento, a Igreja passará pelo Tribunal de Cristo onde ocorrerá um


julgamento de obras realizadas. Esse julgamento não será para condenação e sim

para que os cristãos sejam galardoados.

Após os cristãos receberem os galardões, ocorrerá então as Bodas do


Cordeiro, com a celebração da grande Ceia do Senhor. Vale a pena dizer que

algumas pessoas dentro dessa corrente escatológica defendem que o Tribunal de


Cristo ocorrerá nas Bodas do Cordeiro, enquanto outros acreditam que a ordem

será inversa, ou seja, primeiro as Bodas e depois o Tribunal de Cristo. Como já


disse antes, essa diferença ocorre devido ao fato de que dentro dessa posição
escatológica existem diferentes opiniões entre seus adeptos.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 174

Outro ponto de discussão dentre os defensores do Pré-Tribulacionismo

acerca das Bodas do Cordeiro é sobre quem poderá participar desse evento.
Alguns defendem que somente os santos que fizeram parte da Igreja do Novo

Testamento. Logo, os santos do Antigo Testamento não participarão.

Outros defendem que os santos do Antigo Testamento não participarão


como Noiva, mas estarão presentes como convidados. Por fim, a quem defenda

que todos os santos, de todos os tempos, inclusive do Antigo Testamento,


participaram desse evento como Noiva, ou seja, como Igreja de Cristo.

Há também quem afirme que a Ceia do Senhor e a festa de casamento

serão momentos distintos, onde o primeiro ocorre no céu e o segundo na terra.


Essa “confusão interna” acontece pelo fato de que o Pré-Tribulacionismo

Dispensacionalista estabelece uma distinção radical entre Israel e Igreja, além de


haver diferentes definições entre seus adeptos acerca do número de ressurreições

que esse sistema exige.

Geralmente para os pré-tribulacionistas, a festa das Bodas do Cordeiro


durará sete anos, o que corresponde ao período de grande tribulação que estará

assolando a terra, ou seja, as Bodas do Cordeiro e a grande tribulação ocorrerão


simultaneamente.

Ao final dos sete anos das Bodas, Cristo voltará mais uma vez (segunda
fase da segunda vinda de Cristo), porém agora visivelmente e acompanhado pela
Igreja e os anjos. Geralmente o período de “sete anos” é defendido utilizando
referências do livro de Daniel (profecia das setenta semanas de Daniel) e do livro

do Apocalipse. Alguns também se apoiam na ideia de que geralmente as bodas

de um casamento judaico duravam sete dias.

AS BODAS DO CORDEIRO E O PÓS-TRIBULACIONISMO

O Pós-Tribulacionismo basicamente defende que a festa das Bodas do


Cordeiro ocorrerá na segunda vinda de Cristo, o momento do encontro entre o

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 175

Noivo e a Noiva após o período de grande tribulação, o qual Cristo destruirá o

Anticristo.

Nessa posição escatológica, as Bodas do Cordeiro será a consumação do


relacionamento de Cristo com sua Igreja, onde não durará apenas sete anos, mas

se estenderá por toda a eternidade.

Essa posição é bem mais simples do que a anterior, e é defendida por


amilenistas e, com algumas modificações, também por alguns pré-milesnistas

históricos. Alguns pós-milenistas também entendem dessa forma.

QUAL A INTERPRETAÇÃO MAIS COERENTE SOBRE AS BODAS DO

CORDEIRO?
Sabemos que a escatologia não é um tema dos mais fáceis. Há diferentes
opiniões e posicionamentos sobre o assunto, portanto devemos respeitar quem

pensa diferente da posição que defendemos.

A Bíblia em diversas passagens descreve o relacionamento entre Jeová e


seu povo, ou entre Cristo e sua Igreja, sob o aspecto do relacionamento que há

entre o noivo e a noiva (cf. Is 50; 54; Ef 5:32; Ap 21:9).

Para compreendermos melhor esse assunto, é importante conhecermos


um pouco mais sobre como ocorria o casamento judaico.

Primeiro havia um contrato de casamento, um compromisso muito mais


sério do que o noivado que conhecemos na atualidade. Na presença de

testemunhas, os termos do casamento eram apresentados e aceitos e, então, a


benção de Deus era declarada sobre a união. A partir desse momento o noivo e a

noiva já eram legalmente casados.

Depois disso, ocorria um período de intervalo entre o contrato de


casamento e a festa de casamento. Era geralmente nesse intervalo que o noivo

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 176

pagava um dote ao pai da noiva (se ainda não tinha sido pago na cerimônia de

contrato).

No final do período de intervalo acontecia uma procissão. Na ocasião, a


noiva se preparava e se adornava. Então o noivo, vestido adequadamente e

acompanhado por seus amigos que cantavam e carregavam tochas acessas, se


dirigia até o local onde o contrato havia sido firmado (geralmente a casa da

noiva).

Então o noivo recebia a noiva e a conduzia, ainda em procissão, à sua


própria casa ou à casa de seus pais. Muitas vezes as bodas ocorriam entre a casa

dos pais do noivo, a casa da noiva, e a futura casa do casal. As bodas, que incluía
a ceia, duravam entre sete e quatorze dias. Uma referência clara aos costumes do

casamento judaico pode ser encontrada na Parábola das Dez Virgens (Mt 25).

Agora podemos claramente perceber a comparação que há entre as


bodas de um casamento judaico e a relação entre Cristo e sua Igreja. O contrato

de casamento já está firmado. Cristo, o Noivo, já pagou o dote por sua Noiva,
derramando seu próprio sangue. Já está tudo oficializado, e isso é irrevogável.

Agora estamos no intervalo, que é o período entre a ascensão de Cristo


ao céu e sua segunda vinda. É neste período que a Noiva se prepara, se adorna, e

se veste de linho fino, ou seja, seu caráter é santificado, ela está vestida de justiça,
suas vestes foram lavadas no sangue do Cordeiro. Sua justificação é puramente
pela graça soberana de Deus.

A Noiva do Cordeiro é santa, fiel, e espera pacientemente pelo fim do


intervalo e, ansiosa, tem a certeza da vinda do Noivo. Quando o período de

intervalo chegar ao fim, o Noivo virá para receber a sua Noiva, acompanhado por
anjos de glória. Então a festa de casamento começará.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 177

O versículo 7 do capítulo 19 do livro do Apocalipse se refere exatamente a

esse momento glorioso: "Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória;


porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou".

É importante notar a forma com que o Apóstolo João organizou esse

texto no conteúdo do livro. O Apocalipse é organizado em sete seções paralelas e


progressivas. Os capítulos 17, 18 e 19 formam a sexta seção paralela do

Apocalipse. Perceba o contraste tão característico desse livro. Nos capítulos 17 e


18 temos a descrição da queda da Grande Babilônia, a mãe das meretrizes.

Já no capítulo 19 essa descrição continua, porém agora temos os detalhes

de dois banquetes: o banquete do casamento entre a Noiva e o Cordeiro (vers. 1-


9), e o banquete da queda da prostituta e dos agentes do Dragão (vers. 17,18). De

um lado vemos o céu em grande exultação, participando das Bodas do Cordeiro,


e do outro vemos um grande terror, com as aves sendo convidas a comerem a

carne dos adoradores da besta, aqueles que foram seduzidos pela prostituta.
Enquanto a Noiva é honrada, a prostituta é julgada. Enquanto a prostituta diz “Ai” a

Igreja diz “Aleluia”.

Particularmente não consigo concordar com a ideia de que as Bodas do


Cordeiro durarão apenas sete anos. Esse não é o objetivo do relato da revelação

que o apóstolo João teve, ao contrário, aqui temos a nítida certeza de que essa
festa durará para sempre, a comunhão sem igual entre o Redentor e seus

redimidos nunca mais terá fim.

Esse é o momento da grande vitória do Cordeiro de Deus, é o clímax da

História, uma História que começou com a Noiva sendo escolhida em Cristo

desde a eternidade. Durante toda a dispensação do Antigo Testamento essa


grande festa foi anunciada. Então Jesus veio, pagou o dote e comprou sua Noiva.

Agora resta apenas esse momento tão esperado, onde haverá a completa
realização de todas as promessas de Deus.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 178

As Bodas do Cordeiro deve ser o momento mais aguardado por todos os

verdadeiros seguidores de Cristo, independente da posição escatológica adotada.


Apesar de haver diferentes opiniões, a verdade é que essa festa não será

cancelada, e esse grande dia chegará, onde nosso Noivo virá e separará as
ovelhas dos bodes, o trigo do joio, os santos dos ímpios.

E você? Está preparado para esse momento? De qual banquete você

participará?

O QUE É O MILÊNIO?
Chegamos a sétima seção do livro do Apocalipse, que compreende os
capítulo 20, 21 e 22. Sem dúvida o milênio é o tema mais debatido dentro da

escatologia bíblica entre os cristãos.

O milênio é um reino de mil anos descrito no capítulo 20 do livro do

Apocalipse, a única passagem bíblica que fala explicitamente sobre um reino

milenar. As interpretações sobre o milênio mencionado nessa passagem são tão


divergentes que levaram à formação das principais correntes escatológicas que

existem.

Além dessa divisão principal em quatro escolas distintas, cada escola

possui subdivisões, na medida em que há também divergências até mesmo entre


os defensores de cada uma delas. Portanto, torna-se praticamente impossível

abordar todas as variações de pensamentos sobre o milênio.

Muitos dos cristãos são leigos nos assuntos mais complexos da teologia,
de modo que um aprofundamento em determinados temas torna a compreensão

difícil e a leitura extremamente cansativa para muitos.

Portanto, para garantir a objetividade e a clareza deste texto,


conheceremos de uma maneira não exaustiva as principais interpretações sobre o

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 179

milênio, e também analisaremos, com muito respeito, qual a interpretação que

parece ser mais coerente com a Palavra de Deus. Peço que você seja paciente
neste capítulo, e, se possível, analise tudo de forma imparcial, sem conceitos pré-

determinados. Também é importante saber que nenhuma das diferentes


interpretações que citaremos é um tipo de heresia.

AS PRINCIPAIS INTERPRETAÇÕES SOBRE O MILÊNIO


Como já foi dito, existem quatro interpretações principais sobre o milênio.

Basicamente os pontos discutidos em tais interpretações são os seguintes:

1. Quando o milênio ocorrerá? Será antes ou depois da segunda vinda de


Cristo?

2. O reino milenar deve ser entendido de forma literal e física, ou simbólica


e espiritual?

3. Quem são os indivíduos citados em Apocalipse 20 que participam do


milênio?

As quatro posições que se propõem a tentar responder tais

questionamentos são: Amilenismo, Pós-Milenismo, Pré-Milenismo Histórico e Pré-


Milenismo Dispensacionalista. A seguir conheceremos brevemente o que cada

uma delas entende sobre o milênio. Aqui será necessário repetir alguns conceitos
que já citamos no início deste livro.

O AMILENISMO E O MILÊNIO

Embora o termo "Amilenismo" transmita uma ideia de que não existe um


milênio, não é isso o que essa corrente escatológica defende. O Amilenismo

entende que há um milênio descrito no capítulo 20 do Apocalipse, entretanto não

o interpreta como um reino literal de mil anos com Cristo governando sobre a
terra após a sua vinda.

O Amilenismo defende que o milênio já foi iniciado na primeira vinda de


Cristo, e terminará com a sua segunda vinda, quando haverá a ressurreição geral

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dos mortos, o juízo final e o estabelecimento do novo céu e nova terra. No

Amilenismo, o milênio ocorre com o reinado dos santos com Cristo nos céu,
conectado com a expansão da Igreja e o avanço do Evangelho na terra.

O PÓS-MILENISMO E O MILÊNIO

O Pós-Milenismo, como o próprio nome sugere, entende que o milênio

também ocorrerá antes da segunda vinda de Cristo, porém, ao contrário do


Amilenismo, o Pós-Milenismo entende que o milênio será um período de grande

paz e prosperidade resultante da pregação do Evangelho em todo mundo.

Logo, para o Pós-Milenismo o mundo tende a melhorar antes da volta de


Cristo, de modo que o milênio será caracterizado pela maioria dos habitantes da
terra respeitando a Palavra de Deus, numa espécie de "cristianização do mundo".
Após esse período, Satanás será solto e Cristo o destruirá em sua segunda vinda,

condenando-o eternamente.

O PRÉ-MILENISMO HISTÓRICO E O MILÊNIO

O Pré-Milenismo Histórico defende um reino literal de Cristo na terra

durante mil anos que será iniciado com a sua segunda-vinda. Cristo governará a
partir de Jerusalém e será um período sem igual na terra.

No final do milênio, Satanás estará solto e enganará as nações

influenciando-as à guerrearem contra Jerusalém e o governo de Cristo. Então,


Jesus destruirá as nações rebeldes e Satanás, lançando-os em condenação eterna.

Após isso, haverá o juízo final e o início do estado eterno.

O PRÉ-MILENISMO DISPENSACIONALISTA E O MILÊNIO

O Pré-Milenismo Dispensacionalista também defende que o milênio será

literal na terra, e começara após a segunda fase da segunda vinda de Cristo.


Diferente do Pré-Milenismo Histórico, essa posição estabelece um tratamento
completamente distinto entre Israel e Igreja, ou seja, Deus possui dois propósitos:

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 181

um com relação à terra e ao povo de Israel, e outro relacionado com o céu e a

Igreja.

Para os Pré-Milenistas Dispensacionalistas, Jesus, em sua primeira vinda,


tentou estabelecer o reino de Deus na terra, porém foi rejeitado pelos judeus.

Então, Deus adiou esse plano e começou a tratar com a Igreja.

Somente após finalizar seus propósitos com a Igreja é que Ele retomará
seu plano para com Israel, e isso ocorrerá principalmente no milênio, onde as

promessas do Antigo Testamento serão cumpridas literalmente na restauração e


exaltação de Jerusalém e do povo judeu sob todo o mundo gentio.

Nessa posição escatológica, o milênio durará mil anos literais, e Jesus


estará governando visivelmente num trono em Jerusalém. Será então um
momento de grande paz e prosperidade sobre a terra.

As nações adorarão a Deus em um templo reconstruído em Jerusalém,


onde também haverá novamente a oferta de sacrifícios de animais, porém não

serão ofertas propiciatórias, mas ofertas memoriais em referência à morte de


Cristo pela humanidade.

As pessoas viverão normalmente nessa terra maravilhosa, haverá

nascimentos e mortes, já que o pecado e a morte ainda não estarão extintos


como ocorrerá no novo céu e nova terra. Entretanto, o mal será amplamente

restringido com a prisão de Satanás.

Durante esse reinado, a Igreja dos santos ressurretos estará habitando a


Nova Jerusalém, uma cidade celestial que estará pairando nos ares sobre a terra

(pelo menos esse é o entendimento predominante dentro dessa posição


escatológica), e, em ocasiões especificas, os crentes poderão descer à terra para

participarem de alguns julgamentos ao lado de Cristo.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 182

No final desse período Satanás será solto, enganará as nações e fará uma

guerra final contra "o acampamento dos santos", e Cristo então os derrotará
definitivamente. Depois disso haverá o julgamento perante o grande trono

branco, onde todos os ímpios ressuscitarão para receberem a condenação eterna


no lago de fogo.

COMO INTERPRETAR O MILÊNIO?


Em todas as posições citadas acima há entre seus defensores cristãos

genuínos, que possuem compromisso com a Palavra de Deus e que também são
muito capacitados no assunto. Portanto, antes de tudo, creio que esse tema não

deva ser motivo de divisões entre os cristãos.

Com isso, quero dizer que o fato de alguém defender uma posição ou
outra, não o torna um herege, muito menos um seguidor de “seitas” como alguns

erroneamente afirmam. Este assunto é realmente muito difícil, sobretudo por


tratar de coisas futuras, as quais não temos ainda o completo discernimento.

Na verdade, todas as diferentes interpretações possuem suas dificultes

particulares, portanto devemos analisá-las à luz da Bíblia como um todo, e julgar


qual delas parece ser mais coerente com a Palavra de Deus.

A seguir, falarei muito brevemente qual a minha posição particular sobre

esse assunto. Tratarei esse tema eliminando posição por posição, para que o
entendimento fique mais claro.

Começando pelo Pós-Milenismo, sei que essa posição foi muito popular
durante muitos anos, e defendida por grandes homens de Deus. Porém as

guerras, sobretudo do século 20, fizeram com essa posição perdesse espaço.

Para mim, a expectativa de um mundo maravilhoso antecedendo a volta


de Cristo contrasta com várias passagens bíblicas que afirmam a contínua e
crescente tensão entre o mundo decaído e incrédulo com os seguidores de Cristo.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 183

O próprio livro do Apocalipse deixa isso bem claro. Logo, me parece claro que o

ensino bíblico é de que o mundo irá de mal a pior, até que Cristo venha.

Também tenho sérias dificuldades em aceitar a forma geralmente


preterista que muitos pós-milenistas interpretam algumas passagens bíblicas.

Como esperam por um mundo melhor, geralmente os pós-milenistas entendem


que vários eventos escatológicos já estão no passado, como por exemplo, a

grande tribulação e a apostasia mencionada pelo apóstolo Paulo em 2


Tessalonicenses 2. Também penso que Apocalipse 20 não dá qualquer apoio à

defesa dessa corrente escatológica.

Falando agora sobre as posições pré-milenistas, posso dizer que o Pré-


Milenismo Histórico é uma visão muito mais equilibrada do que o Pré-Milenismo

Dispensacionalista. Para mim, esta última posição que também é a mais recente
dentro do cristianismo, possui sérios problemas e acaba sendo totalmente

confusa.

A distinção radical entre Israel e Igreja presente no Dispensacionalismo,


biblicamente penso ser injustificável. Sobre isto, podemos rapidamente dizer que

qualquer distinção entre judeus e gentios já foi abolida, e Deus possui apenas um
único povo, a Noiva, a Igreja (At 13:32-39; Gl 3:28,29; Cl 3:11; Ef 2:14,19; 1Pe 2:9).

Focando agora na questão do milênio, não há base bíblica para afirmar


que Deus adiou seus planos e o estabelecimento de seu Reino. Nesse ponto,
prefiro concordar com Jó ao dizer que “nenhum dos Teus planos pode ser
frustrado” (Jó 42:2).

A questão é que o objetivo do ministério de Jesus não foi oferecer um

reino político a Israel, restaurando o reino de Davi, ao contrário, quando quiseram


fazê-lo rei, Ele se recusou (Jo 6:15). O próprio Jesus foi categórico ao afirmar na
ocasião de seu ministério que o reino de Deus não viria com visível aparência (Lc
17:20-21).

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É importante também entendermos o caráter presente e futuro do reino

de Deus, ou seja, já foi inaugurado (Mt 2:2; 4:23; 9:35; 27:11; Mc 15:2; Lc 16:16; 23:3;
Jo 18:37), está em prosseguimento (Mt 24:14; Rm 14:16,17; 1Co 4:19,20; Cl 4:11) e

será completamente consumado (1Co 15:50-58; Ap 11:15).

Também podemos colocar como um problema das visões pré-milenistas,


especialmente o Dispensacionalismo, a grande diferença entre o milênio citado

em Apocalipse 20 com o milênio que elas defendem, além da falta de qualquer


referência bíblica no Antigo Testamento acerca de um reino terreno futuro de mil

anos.

Sei que há muitas referências no Antigo Testamento que são utilizadas


por pré-milenistas para tentar justificar tal posição, porém eles falham na

interpretação de profecias que naturalmente se referem a volta de Israel do exílio


babilônico prefigurando algo futuro, como as benção experimentadas pela Igreja

do Novo Testamento, ou até mesmo o novo céu e nova terra. Não há necessidade
de um reino terreno temporário para que tais profecias se cumpram, nem mesmo

a obrigatoriedade do cumprimento literal de todas as profecias.

No Novo Testamento encontramos um ótimo exemplo sobre isso. Em


Atos 15:14-18, Tiago interpreta uma profecia registrada no livro do profeta Amós

de maneira não-literal. Em Amos 9:11,12, a profecia fala sobre o concerto do


tabernáculo caído de Davi, para que “possuam o restante de Edom e todas

nações” que são chamadas pelo nome do Senhor.

Já em Atos, Tiago entendeu que essa profecia se cumpriu quando Deus

chamou os gentios à salvação, tornando judeus e gentios um só povo em Cristo.

Outro exemplo bastante claro é o modo como o apóstolo Pedro interpretou a


profecia do profeta Joel em Atos 2:17-21 (cf. Jl 2:28-32).

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 185

Ainda no capítulo 2 de Atos, o mesmo Pedro também fez referência a

promessa veterotestamentária de que Deus jurou a Davi que um dos


descendentes dele se assentaria no seu trono:

Irmãos, seja-me permitido dizer-vos livremente acerca do patriarca


Davi, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua
sepultura. Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia
prometido com juramento que faria sentar sobre o seu trono um dos
seus descendentes (Atos 2:29,30).

Diante dessa declaração podemos então perguntar: Quando se cumprirá

isto? Será no milênio, quando Jesus se assentará no trono de Davi como os pré-
milenistas afirmam?

A resposta vem logo a seguir no mesmo texto:

Prevendo isto, Davi falou da ressurreição de Cristo, que a sua alma não
foi deixada no inferno, nem a sua carne viu a corrupção. Ora, a este
Jesus, Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. De
sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a
promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e
ouvis. Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio declara: Disse o
Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha
os teus inimigos por escabelo de teus pés. Saiba pois com certeza toda
a casa de Israel que a esse mesmo Jesus, a quem vós crucificastes,
Deus o fez Senhor e Cristo (Atos 2:31-36).

Creio que esteja muito claro o que o apóstolo Pedro ensinou neste texto.

Perceba que, segundo Pedro, a promessa de que um descendente de Davi se


assentaria no seu trono se cumpriu na ressurreição de Cristo. Ele continua o texto
afirmando categoricamente a verdade sobre a coroação e exaltação de Cristo a

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 186

destra de Deus (algo descrito detalhadamente por João nos capítulos 4 e 5 do

Apocalipse conforme estudamos aqui).

Perceba que Pedro entendeu que não é preciso um trono literal em


Jerusalém durante mil anos para que se cumpra as promessas feitas no Antigo

Testamento, pois a própria ressurreição de Cristo e sua ascensão ao céu cumpre


tais promessas. Logo, nem todas as profecias do Antigo Testamento devem ser

interpretadas de maneira estritamente literal.

Apesar de tudo isto já citado, para alguém os argumentos ainda podem


parecer fracos para contestar as visões pré-milenistas. Portanto, para concluir,

quero citar algumas perguntas que não consigo encontrar respostas para elas
dentro do Pré-Milenismo:

1. Se haverá um reino milenar e literal após a segunda vinda de Cristo, por

que não há qualquer referência sobre isso nos Evangelhos e nas Epístolas
do Novo Testamento?

2. Por que no sermão escatológico (Mt 24; Mc 13; Lc 17) Jesus apresentou
uma descrição detalhada sobre os acontecimentos que iriam ocorrer, e

não citou em nenhum momento um reino milenar futuro?


3. Se o reino milenar futuro diz respeito, principalmente, às promessas feitas

ao povo de Israel, por que Jesus nunca falou nada sobre ele aos seus
discípulos que eram judeus? Isso não teria os confortado de algum

modo?
4. Ainda no sermão escatológico, Jesus foi claro ao dizer: “Eis que de

antemão vos tenho dito tudo” (Mc 13:23). Se Ele afirmou ter dito tudo
acerca do fim dos tempos, por qual motivo ele não citou o milênio? Não

creio que Ele tenha se esquecido justamente do reino milenar futuro.


5. Pedro foi um dos discípulos que estava presente quando Jesus

pronunciou o sermão escatológico, e pessoalmente ouviu as palavras do


Mestre. Então por que em sua segunda epístola (2Pe 3), ao falar sobre a

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 187

segunda vinda de Cristo, ele não fala nada sobre um reino milenar futuro?

Será que talvez seja porque Jesus não o ensinou nada sobre isso? Para
Pedro, haverá a segunda vinda de Cristo, o julgamento de todas as

pessoas e o início do estado eterno, com o mundo sendo “purificado”


transformando-se em novos céus e nova terra.

6. Como explicar o retorno de crentes glorificados para uma terra ainda


imperfeita, onde existe pecado e morte, mesmo que isso seja em ocasiões

específicas? Isso não seria uma violação da finalidade da glorificação?

7. Como explicar o convívio do Cristo glorificado e de pessoas em corpos


glorificados, juntamente com pessoas ainda vivendo em corpos de carne

e sangue? Que estranha convivência haverá entre pessoas que são


imortais com pessoas ainda mortais?

8. O que acontecerá com as pessoas que morrerem no milênio literal? Para


onde elas irão? Será que ressuscitarão imediatamente?

9. Como será um mundo em que Cristo estará em um trono físico


governando? Como Satanás conseguirá manipular as pessoas a se

rebelarem contra uma presença tão visível e notória de Deus? Se isso de


fato ocorrer, qual foi a eficácia dos mil anos de paz e prosperidade?

10. Como encontrar base bíblica para defender a ideia de salvação após a
vinda de Cristo? As pessoas durante o milênio precisarão crer em Jesus

para serem salvas? Se sim, como alguém então não crerá diante de um
reino literal de Cristo na terra? Isso não será injusto com quem viveu

antes desse período, e não contrariará a doutrina bíblica de que a fé é


crer no invisível (Hb 11:1)?

11. A ideia da retomada dos sacrifícios durante o milênio, mesmo que


memoriais, não significa um retrocesso considerando a excelente

explanação do autor da Epístola aos Hebreus onde claramente ele coloca


todas essas coisas como algo temporário?

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12. Se o reino milenar futuro exige um julgamento após mil anos da segunda

vinda de Cristo, como entender o ensino de todo o Novo Testamento de


que o juízo final segue imediatamente à segunda vinda Cristo? Também

como explicar o fato de a Bíblia se referir a apenas um único juízo, ao


contrário do que ensina o Pré-Milenismo?

13. Se o Pré-Milenismo exige pelo menos duas ressurreições (em alguns


casos até mais de três), como explicar a doutrina bíblica que haverá

apenas uma única ressurreição (Jo 5:28,29; Jo 6:39-54; 11:24)?

Estes são apenas alguns dos questionamentos que me fazem rejeitar a


posição pré-milenista, entretanto, respeito muito quem consegue ignorá-los (ou

respondê-los, quem sabe?) e, mesmo assim, defender tal posição.

Bem, se considero que o Pós-Milenismo e as formas de Pré-Milenismo


falham em ter fundamentação bíblica suficiente, só me resta agora o Amilenismo.

Sob esse ponto de vista, vamos brevemente entender alguns pontos acerca do
milênio no capítulo 20 do Apocalipse.

O MILÊNIO E A RECAPITULAÇÃO NO APOCALIPSE


Para compreendermos o milênio citado no capítulo 20 do Apocalipse,

precisamos considerar a organização e o estilo literário do próprio livro. Mais uma


vez chamo a atenção para a forma com que o livro é organizado, ou seja, em sete

seções paralelas e progressivas.

Nesse sistema, entende-se que no Apocalipse a mesma história é contada


várias vezes de ângulos diferentes, de modo que em cada uma delas a narrativa

vai ficando mais clara e intensa.

Mas se lermos o Apocalipse entendendo que cada capítulo sucede o

outro cronologicamente, então o capítulo 20 seria a sucessão natural dos eventos

do capítulo 19. Se no capítulo 19 é descrita a segunda vinda de Cristo, e no 20 o


Milênio, então obviamente conclui-se que o milênio sucede o volta do Senhor. O

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 189

problema com essa interpretação é que, como já vimos, a Bíblia exaustivamente

ensina que o evento que sucede a segunda vinda de Cristo é o juízo final e o
estabelecimento do novo céu e nova terra. Logo, a interpretação mais coerente é

a de que no capítulo 20, a história novamente está sendo recontada.

O capítulo 19 termina com a descrição do dia do juízo final, e o capítulo


20 nos leva novamente ao início de nossa presente dispensação. É exatamente a

mesma coisa que acontece entre os capítulos 11 e 12 do Apocalipse.

No capítulo 11, temos a descrição da segunda vinda de Cristo e do dia do


juízo, quando é anunciado que “chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado

para serem julgados os mortos, para se dar galardão aos teus servos, os profetas,
os santos e aos que temem o teu nome, tanto aos pequenos como aos grandes, e
para destruíres os que destroem a terra” (Ap 11:18).

Já no capítulo 12, voltamos ao início, onde é citada a Igreja no Antigo


Testamento e o período do Novo Testamento, com o nascimento, a ascensão e a

coroação de Cristo. Essa “volta” no tempo é inegável até mesmo entre os pré-
milenistas. Na verdade, se compararmos os capítulos 11-14 com o capítulo 20,

perceberemos um paralelismo muito claro. Por exemplo:

1. A restrição do poder de Satanás (Ap 12:5-12; cf. 20:1-3).

2. Com tal restrição, há um longo período de expansão do Evangelho, onde


é notório o poder e o testemunho da Igreja (Ap 11:2-6; 12:14ss; cf. 20:2).
3. Um breve período de intensa e terrível perseguição de Satanás contra os
seguidores de Cristo (Ap 11:7ss; 13:7; cf. 20:7ss).

4. A descrição da segunda vinda de Cristo para juízo (Ap 11:17,18; 14:14ss; cf.

20:11).

Portanto, fica fácil entender que o capítulo 20 pertence a uma nova seção
paralela que está mais uma vez recontando a história, porém agora dando mais
detalhes sobre a derrota definitiva de Satanás (Ap 20:10) e o juízo final (Ap 20:11-

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15), e nos levando mais além com a descrição maravilhosa do novo céu e nova

terra (Ap 21; 22).

O MILÊNIO E O SIMBOLISMO NO APOCALIPSE


Para compreendermos essa passagem, precisamos ter em mente que o
uso de simbolismos no livro do Apocalipse é predominante. Nessa passagem do

capítulo 20 não é diferente. Um exemplo claro disso é a aplicação da palavra


“corrente” com a qual Satanás foi preso. Ora, creio que ninguém espera que

Satanás seja preso literalmente com correntes, certo?

Se a descrição da prisão não deve ser entendida literalmente com


correntes, chaves e poços, por que o número exato de mil anos precisa ser?

Sabemos que os números no Apocalipse possuem uma importância simbólica


muito grande, então por qual motivo precisamos entender justamente o número

"1000" como literal?

Caso alguém ainda tenha alguma dúvida sobre o emprego da linguagem


simbólica no Apocalipse, basta responder algumas perguntas bem simples:

 Alguém acredita que Jesus tenha a aparência literal de um Cordeiro com

sete chifres e sete olhos conforme descrito em Apocalipse 5:6?


 Será que literalmente uma mulher grávida, vestida de sol, com a lua

debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas, foi perseguida por um
dragão (Ap 12)?

 Será que surgirá um monstro com dez chifres e sete cabeças saindo do
mar (Ap 13)?

 Será que o sangue dos ímpios escorrerá por 296 km (Ap 14:20)?

O número 1000 é utilizado no Apocalipse como símbolo de completude, e

não deve ser entendido literalmente.

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A PRISÃO DE SATANÁS POR MIL ANOS


Os versículos 1 ao 3 do capítulo 20, descrevem o aprisionamento de
Satanás. Ao lermos o Apocalipse é importante nos lembrarmos dos destinatários

primários desse livro: os cristãos do século 1. Esses irmãos estavam sendo


duramente perseguidos pelo império, tinham seus bens confiscados, eram presos,

e, finalmente, mortos nos centros de espetáculos romanos.

Olhando para a realidade desses cristãos, a impressão que temos é a de

que Satanás estava vencendo. Do ponto de vista humano, o dragão estava


realmente conseguindo destruir a Igreja.

Mas o Apocalipse traz àqueles irmãos a notícia de que há muito do que

os olhos humanos podem ver. Por mais que as coisas estavam difíceis, a
mensagem revelada ao apóstolo é de que o Cordeiro têm o livro nas mãos, Ele

controla todas as coisas, Deus é soberano, o poder do maligno está limitado e a


Igreja é mais que vencedora.

Sei que a maior dificuldade entre os cristãos sobre esta perspectiva é

entender como pode Satanás estar preso. Segunda a Bíblia, o aprisionamento e


derrota de Satanás ocorreu com relação à primeira vinda de Cristo, ou seja, durante

seu ministério, com sua morte, ressurreição e coroação. O próprio Jesus testificou
sobre isto, ao responder aos blasfemos fariseus: “Como pode alguém entrar na

casa do valente e roubar-lhe os bens sem primeiro amarrá-lo? Só então poderá


roubar-lhe a casa” (Mt 12:29).

Nessa passagem, a palavra grega original para “amarrar” é exatamente a

mesma que em Apocalipse 20:2 é utilizada para a palavra traduzida como


“segurar”.

Ainda no ministério de Jesus, temos outros exemplos acerca da derrota

de Satanás. Certa vez Jesus enviou setenta discípulos com a missão de pregar o
Evangelho. Quando retornaram, eles estavam muito felizes porque até os

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 192

demônios lhes eram submetidos ao nome de Jesus. Então Jesus disse: “Eu via a

Satanás caindo do céu como relâmpago” (Lc 10:17,18).

Perceba como Jesus relaciona a queda de Satanás com o avanço da


pregação do Evangelho. O mesmo principio pode ser notado no episódio em que

os gregos foram procurar por Jesus. Na ocasião Jesus disse: “Chegou a hora de
ser julgado este mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. Mas eu,
quando for levantado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12:31,32).

Da mesma forma como no exemplo anterior, a palavra grega para


“expulsar” no Evangelho de João é a mesma utilizada em Apocalipse 20:3 para

“lançar”. Mais uma vez o Evangelho de Cristo é apontado, pelo próprio Cristo,
como a derrota de Satanás.

Antes da primeira vinda de Jesus, a revelação especial de Deus estava

restrita apenas ao povo de Israel, sendo que as demais nações estavam presas sob
as correntes da enganação de Satanás, que as mantinham em completa

ignorância.

Mas perceba que Jesus falou que com sua morte Ele atrairia a “todos”, ou

seja, não só judeus, mas gregos, romanos, etc. Com isso, entendemos que o
poder do dragão foi limitado, no sentido de que ele não pode impedir o avanço

do Evangelho no mundo segando as nações como fazia anteriormente.

O aprisionamento de Satanás pode ser visto no modo como alguns


poucos galileus fizeram com que o Evangelho fosse anunciado em todo o mundo

civilizado, e em poucos anos quase um milhão de pessoas já havia escutado as


boas novas da salvação.

A limitação do poder de Satanás também pode ser vista no próprio

contexto histórico do livro do Apocalipse, onde uma Igreja formada


majoritariamente por camponeses e pessoas simples, conseguiu enfrentar e

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resistir ao Império Romano, o maior império do mundo. Roma caiu, mas a Igreja

continua de pé.

O apóstolo Paulo também falou sobre isso ao escrever aos Colossenses,


dizendo que Cristo triunfou sob os principados e potestades na Cruz (Cl 2:15). Já o

escritor da Epístola aos Hebreus escreveu dizendo que a morte de Cristo destruiu
o diabo (Hb 2:14; cf. 1Jo 3:8).

Também é importante entender que, apesar de Satanás estar amarrado,

ele não está completamente inoperante. Ele age dentro das limitações impostas a
ele. Ele age como tentador, é o nosso inimigo, ruge como leão buscando a quem

possa tragar, persegue a Igreja levando alguns cristãos até mesmo à morte, mas
não pode impedir que a pregação do Evangelho seja expandida, pois as trevas

espirituais que cobriam as nações foram dissipadas, e os eleitos de todo o mundo


foram atraídos à Cristo (Rm 8:30).

Entretanto, o mesmo capítulo 20 nos adverte sobre um período em que

Satanás será solto e novamente sairá à enganar as nações, recrutando os


incrédulos para uma batalha final contra a Igreja de Cristo (Ap 20:7-10).

Esse período será os dias da grande tribulação, os dias em que haverá a


grande apostasia como o apóstolo Paulo escreveu (2Ts 2:3), o período em que o

Anticristo pessoal e escatológico se manifestará. Esse período é o que Apocalipse


20 chama de "pouco tempo de Satanás", e precede imediatamente o retorno
glorioso do nosso Senhor.

O REINADO DOS SANTOS NO MILÊNIO


Entendemos o que significa o aprisionamento de Satanás em Apocalipse
20. Agora resta-nos entender o que significa o reinado dos santos citado no

mesmo capítulo. Quando o livro do Apocalipse se refere a tronos, seja o de Cristo

ou o de seu povo, tais tronos estão localizados no céu, como por exemplo, em

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Apocalipse 4:4. Em apenas três ocasiões o Apocalipse cita tronos na terra, e em

tais ocasiões trata-se do trono de Satanás e do Anticristo (Ap 2:13; 13:2; 16:10).

Logo, a ênfase desse reinado está no céu e não na terra. A prova é que os
que se assentam nos tronos são as almas dos mártires, os que foram "decapitados

por causa do testemunho de Jesus", bem como todos os outros cristãos que já
partiram no Senhor, ou seja, "tanto quantos não adoraram a besta". Lembrando

que o próprio livro do Apocalipse ressalta que essas almas estão no céu (Ap 6:9-
11).

Vale aqui uma observação sobre o versículo 4 que, no grego, não há a

expressão “vi ainda”, dando a aparente impressão de que o grupo que está
sentado no trono é diferente do grupo de almas contemplado por João.

Logo, a conexão do milênio com a terra está relacionada à prisão de

Satanás, isto é, ao período entre a primeira e a segunda vinda de Cristo, com a


pregação do Evangelho e a expansão da Igreja, terminando pouco antes do

retorno do Senhor, um momento que justamente coincide com o "pouco tempo


de Satanás", onde ele será solto e a Igreja será duramente perseguida.

Já no céu, esse período se estende até o exato momento da volta de


Cristo, onde as almas dos santos terão seus corpos ressuscitados.

O MILÊNIO, A PRIMEIRA RESSURREIÇÃO E A SEGUNDA MORTE


Um ponto que também vale nossa atenção é a menção sobre a primeira

ressurreição feita nesse capítulo (Ap 20:5,6). Se essa ressurreição se refere a uma
ressurreição corporal, então necessariamente ela deve coincidir com a segunda

vinda de Cristo, e nesse caso os pré-milenistas talvez estariam certos.

O problema é que toda a Escritura aponta para uma única ressurreição


que ocorrerá quando Cristo voltar para julgar todos os homens (Dn 12:2; Jo
5:28,29; At 24:14,15), enquanto que os pré-milenistas afirmam que haverá pelo

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menos duas ressurreições separadas por mil anos uma da outra. Na verdade, se

uma pessoa ler a Bíblia inteira até o capítulo 19 do Apocalipse, será impossível que
ela chegue até este capítulo com a percepção de que haverá mais de uma

ressurreição, já que o capítulo 20 do Apocalipse é a única passagem bíblica que


parece indicar isso. Todavia, na Bíblia não há qualquer contradição, logo, se

algumas passagens dizem que haverá apenas uma única ressurreição e outra
parece indicar que haverá mais de uma, certamente o erro está em nossa

interpretação e não na Bíblia.

Uma das principais regras de exegese é que uma passagem difícil da


Bíblia deve ser interpretada à luz de outras passagens mais claras. Sem dúvida

Apocalipse 20 é uma dessas passagens difíceis, e, portanto, precisamos interpretá-


la à luz das demais passagens bíblicas sobre o assunto. O problema do Pré-

Milenismo é que, ao meu ver, faz exatamente o contrário. Ele tenta interpretar
passagens claras à luz de uma única passagem difícil. Em outras palavras, o erro

acontece quando se interpreta de forma literal uma passagem de um livro


altamente simbólico, criando uma aparente contradição com outras passagens

bíblicas.

Como já vimos, os pré-milenisttas afirmam que haverá primeiro a


ressurreição dos justos antes do milênio, e depois de mil anos haverá a

ressurreição dos ímpios. Bem, já citamos aqui passagens bíblicas que ensinam que
os justos e os ímpios ressuscitarão num único evento. Mas apenas para
concluirmos este raciocínio, se atente para o que Jesus afirmou no Evangelho de
João:

Porquanto esta é a vontade de meu Pai: Que todo aquele que vê o


Filho e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia
(João 6:40).

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Obviamente Jesus está falando da ressurreição dos santos, e, para Ele, tal

ressurreição ocorrerá "no último dia". O ensino é tão claro que Ele repete a
expressão "o último dia" como sendo a data que ocorrerá essa ressurreição mais

três vezes na sequência do capítulo (vers. 40,44 e 54).

Sobre isto, o apóstolo Paulo entendeu que esse "ultimo dia" será na hora
da segunda vinda de Cristo (1Ts 4:16; 3:20,21; 1Co 15:23). Compare agora o que

Paulo escreveu em sua Epístola aos Tessalonicenses com o que Jesus falou no
Evangelho de João:

Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão
nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem,
para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a
ressurreição do juízo (João 5:28,29).

Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do


arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo
ressuscitarão primeiro (1 Tessalonicenses 4:16).

Será que a sentença "ouvirão a sua voz" possui ligação com a frase

"grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus"? Alguém até


pode argumentar que nessa passagem de Tessalonicenses Paulo não menciona a

ressurreição dos ímpios, mas isso é completamente compreensível dado ao


contexto da exposição que Paulo estava fazendo, cujo o objetivo era o de
consolar os irmãos de Tessalônica a respeito dos santos que partiram em Cristo.

Sobre a situação dos ímpios, Paulo em Atos 24:15 declara que "há de
haver ressurreição tanto dos justos como dos injustos". No grego, a palavra
traduzida como "ressurreição" também está no singular, anastasin, indicando que
Paulo se referia a um único evento, pois não é possível se referir a duas
ressurreições separadas por mil anos uma da outra apenas como "ressurreição"
no singular.

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Voltando ao ensino de Jesus, vimos que ele falou explicitamente que a

ressurreição dos santos ocorrerá no "último dia". Logo, a seguinte pergunta é


inevitável: Se a ressurreição dos santos ocorre, segundo o pré-milenismo, antes do

milênio, como pode esse dia ser chamado de "o último dia" já que haverá pelo
menos mil anos depois dele até que venha realmente a consumação da presente

era?

Diante do que foi exposto, é perfeitamente possível e aceitável que o


texto de Apocalipse 20 esteja estabelecendo um contraste entre a primeira e a

segunda morte. A primeira morte tem então um caráter corporal, e a segunda


tem um caráter espiritual, ou seja, a primeira é preliminar e a segunda é final.

Logo, a primeira ressurreição seria espiritual, e a segunda seria a

ressurreição do corpo. O próprio Novo Testamento se refere à regeneração como


um tipo de ressurreição espiritual, ou seja, o novo nascimento (Jo 5:24-29; Jo

11:25,26; Rm 6:11; Ef 2:6; Cl 3:1-3). Portanto, quem passa por essa ressurreição não
tem parte na segunda morte, isto é, a morte espiritual com a condenação eterna

no lago de fogo (Ap 20:14).

Há também quem interprete essa primeira ressurreição no sentido de que


os santos que morreram estão vivos agora no céu com Cristo, mas penso que, em

última análise, tal interpretação também terá origem na regeneração do individuo


enquanto vivo aqui na terra.

Para resumir, podemos entender que os salvos morrem apenas uma vez,
isto é, fisicamente, mas ressuscitam duas vezes, espiritualmente e corporeamente

na segunda vinda de Cristo. Já os ímpios morrem duas vezes, fisicamente e

espiritualmente, ressuscitando apenas uma única vez para o juízo de Deus.

Por isso que a segunda morte não tem autoridade sobre aquele que tem
parte na primeira ressurreição, pois este está vivo com Cristo e justificado nos
méritos de sua obra na cruz.

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O QUE PODEMOS CONCLUIR SOBRE O MILÊNIO?


O milênio é uma doutrina bíblica, e a expressão “mil anos” aparece em
seis versículos do capítulo 20 do livro do Apocalipse (vers. 2-7). Portanto, de

modo algum devemos rejeitá-lo, mas também não somos obrigados a aceitar
qualquer interpretação sobre ele.

Sei que esse é um tema muito complexo, e que todas as posições,


inclusive a que eu defendo, apresentam suas dificuldades. Porém, precisamos

deixar claro acima de tudo que a Palavra de Deus é inerrante e infalível, ou seja,
não há qualquer erro ou contradição nela.

Se nossas posições escatológicas possuem dificuldades em alguns pontos,

tais dificuldades estão firmadas em nosso erro humano de interpretação da


perfeita Palavra de Deus.

Ademais, também sabemos que há mistérios que não nos foram

revelados, mas devemos ter a plena certeza de que tudo ocorre conforme a
soberana vontade de Deus, por mais que não compreendamos.

Mais uma vez ressalto que essas discussões são secundárias, e o

importante é que Pré-Milenistas, Amilenistas e Pós-Milenistas concordam que


Cristo voltará, julgará todos os homens, condenará eternamente Satanás, seus

agentes e os incrédulos ao lago de fogo, e os santos viverão eternamente com Ele


no novo céu e nova terra. Se mil anos antes, ou mil anos depois, diante de uma

eternidade inteira isso é só um detalhe.

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GOGUE E MAGOGUE
Claro que não poderíamos passar pelo capítulo 20 do Apocalipse sem dar
uma atenção especial a expressão "Gogue e Magogue". Esta é uma expressão que

aparece no livro do Apocalipse como uma referência ao conflito final entre as


forças satânicas e Cristo e seu povo. Há muitas interpretações e teorias acerca

desse evento, o que acaba gerando ainda mais curiosidade entre as pessoas
acerca desta expressão.

Neste capítulo entenderemos um pouco mais este assunto. Antes, posso

adiantar que essa é uma batalha que já estudamos neste livro, porém
anteriormente ela apareceu no Apocalipse com um outro nome. Veremos isto a

seguir.

GOGUE E MAGOGUE NO ANTIGO TESTAMENTO


Gogue e Magogue são citados em passagens do Antigo Testamento. No
livro de Gênesis, Magogue é mencionado como um descendente de Jafé (Gn 10:2;

1Cr 1:5). Já Gogue, é citado como um rubenita, filho de Semaías (1Cr 5:4).

Apesar dessas referências iniciais, a passagem mais importante sobre

Gogue e Magogue encontra-se no livro do Profeta Ezequiel (caps. 38 e 39).

Gogue aparece como príncipe de Meseque e Tubal, e Magogue como sendo um


povo, ou seja, a “Terra de Magogue”. Logo, a narrativa de Ezequiel apresenta

"Gogue da Terra de Magogue".

GOGUE E MAGOGUE NO APOCALIPSE


Como já dissemos, a expressão “Gogue e Magogue” aparece no livro do
Apocalipse para descrever uma última batalha que precederá o Juízo Final (Ap

20:7-10).

O Apóstolo João relata que acabado o milênio, Satanás será solto por um
pouco de tempo, “e saíra para enganar as nações que estão nos quatro cantos da

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 200

terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a batalha. Seu número é como a
areia do mar” (Ap 20:8).

João continua a narrativa dizendo que as nações, persuadidas por


Satanás, cercarão “o acampamento dos santos, a cidade amada", porém um fogo

descerá do céu e as devorará, resultando ainda na condenação eterna de Satanás


no "lago de fogo que arde como enxofre". Depois disso, João começa a descrever

em detalhes a cena do juízo final.

GOGUE E MAGOGUE NAS DIFERENTES CORRENTES ESCATOLÓGICAS


Sabemos que existem diferentes correntes escatológicas, e cada uma
delas possui uma visão específica acerca deste assunto. Aqueles que defendem

um futuro reinado milenar e literal de Cristo na terra após a sua segunda vinda
(pré-milenistas), afirmam que essa batalha de Gogue e Magogue ocorrerá ao

término desse período, quando Satanás for literalmente solto novamente para
enganar as nações. Vale dizer também que alguns pré-milenistas defendem que

essa batalha ocorrerá antes do Milênio, porém creio que essa afirmação seja uma
contradição com o próprio pensamento que eles defendem.

Portanto, seguindo esse raciocínio, haverá então duas grandes batalhas

finais: a batalha do Armagedom antes do milênio e descrita no capítulo 19 do


Apocalipse, e a batalha de Gogue e Magogue após o milênio e descrita no

capítulo 20 do Apocalipse.

Entre os defensores dessa posição há muitas divergências acerca desse


evento, de modo que seria impossível citar cada uma delas. As mais comuns

entendem que essa batalha de Gogue e Magogue se refere ao ajuntamento de


várias nações para atacar Israel no futuro.

As teorias sobre isso são tão específicas que até mesmo nomes de nações

já foram sugeridos, entre elas: Rússia, Irã, China, Japão e Índia.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 201

Já quem não defende um futuro reinado literal de Cristo na terra,

entendendo que o milênio precede a segunda vinda de Cristo como vimos


exaustivamente no capítulo anterior, geralmente afirma que essa batalha é a

mesma já descrita no capítulo 19, isto é, o Armagedom.

COMO INTERPRETAR A EXPRESSÃO GOGUE E MAGOGUE?


Como vimos, a interpretação acerca dessa batalha dependerá da maneira
com que interpretamos e entendemos o livro do Apocalipse e alguns eventos

escatológicos descritos nele, sobretudo o milênio.

Antes de falarmos sobre o Apocalipse, precisamos voltar ao livro do


profeta Ezequiel. Primeiro, é necessário compreender que o livro de Ezequiel

possui um intenso uso de elementos simbólicos em suas profecias, num tipo de


linguagem apocalíptica.

Os capítulos 38 e 39 do livro de Ezequiel, que nitidamente são proféticos,

realmente apresentam algumas dificuldades de interpretação. Os estudiosos se


dividem em diferentes opiniões. Como já mencionamos, muitos especulam até

mesmo sobre nomes de nações contemporâneas dentro destes capítulos.

Talvez uma das teorias mais conhecidas seja aquela que identifica
Meseque e Tubal como as cidades russas de Moscou e Tobolsk, e o “príncipe de

Rôs” citado no versículo 2, como sendo o “príncipe da Rússia”, ou seja, Gogue


seria o comandante russo que atacará Israel no futuro.

Não precisamos nem dizer que esse tipo de interpretação não encontra
qualquer fundamentação bíblica. Outros identificam Gogue como sendo Guigues,

um rei da Líbia, conhecido nos textos acadianos do século 7 a.C. como um vassalo
dos assírios.

Uma boa interpretação sobre este assunto sugere que a profecia de


Ezequiel se refere ao poder dos selêucidas, especialmente com Antíoco IV

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 202

Epifânio, inimigo terrível do povo judeu, cujo centro do seu reino ficava localizado

no norte da Síria.

Ao norte, o domínio dos selêucidas incluía Meseque e Tubal, distritos da


Ásia Menor. De acordo com essa interpretação, a perseguição imposta por Gogue

de Magogue, refere-se, em Ezequiel, à dura perseguição imposta pelo governador


da Síria, Antíoco IV Epifânio, sob o povo de Deus.

Como disse, considero essa uma boa interpretação, entretanto não creio

que a profecia de Ezequiel se esgote nesse período da História. Penso que


Ezequiel também se refere, de forma geral, a batalha final contra o povo de Deus,

de maneira que o ocorrido com Antíoco IV Epifânio tipifica uma perseguição


ainda maior.

É interessante o uso específico de “Meseque e Tubal”. Sempre que as

ameaças a Israel são descritas no Antigo Testamento, tais ameaças vêm do norte,
geralmente referindo-se a Assíria, Babilônia e Pérsia. Quando Ezequiel fez

referência a “Meseque e Tubal” ele utilizou tribos que viviam nos limites dos
reinos do norte, no sentido de mostrar que haveria uma oposição ainda mais

difundida contra o povo de Deus.

Portanto, creio que a profecia de Ezequiel se cumpriu em Antíoco IV

Epifânio, mas também se cumpre em todos os poderes orquestrados contra o


povo de Deus.

Voltando agora ao Apocalipse, podemos compreender que João tinha em

mente esse terrível período de dor e aflição quando usou a expressão “Gogue e
Magogue”. A grande opressão que o povo de Deus suportou na antiga
dispensação serve de símbolo para a maior opressão que o povo de Deus
precisará suportar na nova dispensação.

Logo, a expressão "Gogue e Magogue" se refere ao ataque final das

forças anticristãs lideradas por Satanás contra a Igreja de Cristo. João identifica

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Gogue e Magogue como "as nações que há nos quatro cantos da terra", ou seja,

não se trata de uma nação específica, mas a totalidade do mundo, isto é, a


perseguição do mundo iníquo contra a Igreja.

João ressalta que o exército dessa batalha é muito numeroso, tanto como

a areia do mar. Nos dias do governo de Antíoco IV Epifânio, o povo de Israel


parecia indefeso diante do poder do exército sírio. Da mesma forma, nos últimos

dias que precedem a volta de Cristo, a opressão será tão grande que a Igreja
parecerá indefesa diante do poder perseguidor do mundo.

Outro fato interessante é que, apesar de intenso e severo, o domínio de

Antíoco IV Epifânio teve breve duração, tal como será o curto período de tempo
de grande tribulação sobre a terra, conforme Jesus alertou em seu sermão

escatológico (Mc 13:20; cf. Ap 11:11).

Também vale ressaltar que a derrota das forças da Síria foi


surpreendentemente inesperada, ou seja, foi uma interferência direta de Deus. Da

mesma forma ocorrerá nos momentos finais da presente era com o retorno de
Cristo.

Portanto, o capítulo 20 do Apocalipse não descreve um conflito entre


nações, mas um conflito entre a Igreja e o mundo. Esse conflito de Gogue e

Magogue é o mesmo já citado em outras partes do próprio Apocalipse (cf. Ap


16:12ss; 19:19).

Note que em Apocalipse 16:14 lemos a expressão "a fim de reuni-los para

a batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso". Já em Apocalipse 19:19, a


expressão é a seguinte: “para batalharem contra aquele que estava assentado

sobre o cavalo, e ao seu exército”.

Finalmente em Apocalipse 20:8, somos informados de que Satanás sairá


"a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e

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Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha ". No
original, lemos em todos estes casos a expressão "a peleja".

A descrição que João faz acerca da batalha do Armagedom (Ap 19:17-21)


é uma clara evidencia de que se trata da mesma batalha do capítulo 20 do

Apocalipse. Perceba que no capítulo 19 João também faz referência a mesma


passagem do livro de Ezequiel (Ez 39:17-20). Em ambas as passagens as aves do

céu se fartam da carne e do sangue dos poderosos da terra.

Devemos nos lembrar de que o livro do Apocalipse está organizado em


sete seções paralelas e progressivas, ou seja, a mesma história é contada e

recontada com perspectivas diferentes, de modo que a narrativa vai se tornando


mais intensa e detalhada conforme avançamos para o final do livro.

O detalhe particular do capítulo 20 acerca dessa mesma batalha já

mencionada e que as outras referências ainda não haviam esclarecido, fica por
conta da descrição do que acontece com Satanás, ou seja, nas outras referências

João já havia descrito a queda dos ímpios e a queda dos aliados do dragão (a
besta, o falso profeta e a grande Babilônia), e faltava apenas ele descrever a

queda do dragão. Como Satanás é o maior oponente de Cristo, naturalmente sua


queda é narrada por último. Isso é exatamente o que ocorre no capítulo 20.

Gogue e Magogue é o Armagedom, é o pouco tempo de Satanás, é a


grande tribulação, é o período mais terrível da História, onde o dragão e seus
aliados perseguirão duramente o povo de Deus. Todavia, o livro do Apocalipse nos
mostra que todos estes inimigos de Cristo e de sua Igreja caem juntos, ao mesmo

tempo, em um único evento, em uma única batalha. Todos são destruídos na

segunda vinda de Cristo, onde o Cordeiro virá para livrar o seu povo, onde a
cólera de Deus será derramada, onde o juízo de Deus estará completo. Esse dia

será maravilhoso para uns e aterrorizante para outros.

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Para concluir, quero dizer que embora existam diferentes opiniões sobre

o assunto, o importante é que todas elas concordam que nessa batalha Satanás
será condenado eternamente no lago de fogo e enxofre, e de dia e de noite,

juntamente com seus aliados, será atormentado.

A GRANDE TRIBULAÇÃO E A
SEGUNDA VINDA DE CRISTO
Apesar dos capítulos 19 e 20 do Apocalipse trazerem referências
detalhadas sobre a grande tribulação e a segunda vinda de Cristo, confesso que

fiquei com muita dúvida sobre onde este capítulo deveria ser posicionado, se no
começo deste livro ou exatamente onde ele está agora. Eu estava considerando o

começo por entender que seria melhor que o leitor tivesse a clara noção acerca
deste assunto antes de começar a estudar o Apocalipse. Por outro lado, pensei

que se o leitor compreendesse o Apocalipse, naturalmente neste ponto ele já


entenderia o ensino sobre a grande tribulação e a segunda vinda de Cristo.

Sei que para alguns há muitas dúvidas aqui, principalmente em relação a

situação da Igreja frente à grande tribulação e ao ensino tão comum acerca de


um arrebatamento que antecede tal tribulação.

Sabemos que existe muito debate sobre esse momento da História. Para

quem defende a visão pré-tribulacionista, a grande tribulação é o período onde


Deus castigará o mundo ímpio, ou seja, é o derramamento da ira de Deus sobre o

mundo impenitente, um período onde haverá um tratamento direto de Deus para


com Israel, e a Igreja já estará fora da terra. Assim, a volta de Cristo será dividida

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em duas etapas: a primeira num arrebatamento secreto para buscar a Igreja, e a

segunda visível a todos para livrar Israel e os convertidos da grande tribulação.

Já para os pós-tribulacionistas, a grande tribulação é o período em que o


mundo ímpio, liderado por Satanás, persegue ferozmente a Igreja. É neste cenário

que Cristo volta, em glória e poder, para livrar o seu povo e para abreviar os dias
difíceis. Além do sermão escatológico de Jesus já citado no começo deste livro,

creio que o Apocalipse demonstra claramente que a segunda interpretação é a


mais coerente.

A Igreja sofre perseguições em toda a sua História, porém no período

final que antecede a volta de Cristo, tais perseguições se intensificarão. É claro que
Deus castiga o mundo derramando a sua ira sobre os incrédulos, sobretudo em

resposta às orações da Igreja como pudemos ver ao longo do Apocalipse, mas


sua ira será completamente consumada no dia do juízo que ocorrerá por ocasião

da segunda vinda de Cristo.

A IGREJA PASSARÁ PELA GRANDE TRIBULAÇÃO? O ARREBATAMENTO SERÁ

SECRETO?
Tais perguntas certamente já tiraram o sono de muita gente. Muitos
afirmam que a Igreja não passará pela grande tribulação e defendem um

arrebatamento secreto e pré-tribulacionista, enquanto outros afirmam exatamente


o contrário, e defendem um arrebatamento visível e pós-tribulacionista. Há ainda
quem fica em cima do muro, e acredita que o arrebatamento ocorrerá no meio da
grande tribulação.

Diante de tantas opções, logo surge a pergunta: Quem está certo?

Não gosto de tratar essa questão como certo ou errado, pelo simples fato

de que trata-se de um evento que ainda não ocorreu. Prefiro então analisar pela
coerência, ou seja, qual posição é mais coerente com as Escrituras (apenas com
ela; não vale consultar livros de ficção científica).

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Particularmente, creio que a posição que mais condiz com o ensino

bíblico é o Pós-Tribulacionismo, ou seja, a Igreja passará pela grande tribulação.

Como acredito na inerrância da Bíblia, não posso considerar que ela se


contradiz em determinados textos e, considerar o arrebatamento como um

evento que antecede a grande tribulação, fatalmente ocasionará uma série de


contradições que precisariam de um verdadeiro "malabarismo teológico" para

serem contornadas.

Para mim, o texto bíblico que descreve de forma mais simples e objetiva o
período do fim é o sermão escatológico de Jesus o qual já estudamos brevemente

aqui. Nele, Jesus anuncia detalhadamente os últimos dias, e deixa claro que a sua
vinda será após "aquela tribulação" (Mc 13:24).

Em nenhum momento Jesus considera a ideia de que os salvos não

estarão mais na terra, antes, adverte-os que serão dias de muito sofrimento, um
sofrimento como nunca foi visto (Mc 13:19), mas que, por amor aos santos,

aqueles dias serão abreviados (Mc 13:20).

Além disso, quando Jesus descreve o momento da segunda vinda, Ele não

se refere a nenhum evento secreto, nem mesmo dá indícios de que a Igreja já


estaria com Ele, e, na ocasião, também retornaria à terra. Ao invés disso, Jesus

descreve esse momento como um momento de grande glória, de muita alegria


para os salvos, e de terror para os ímpios, onde todos "verão o Filho do Homem"
(Mt 24:30).

Talvez alguém pergunte: Como os pré-tribulacionistas não percebem esse


ensino no sermão escatológico de Jesus?

A respostas para esta pergunta está na maneira equivocada com que eles

dividem o sermão de Jesus. Pegando como exemplo o texto de Mateus, a maioria


dos pré-tribulacionistas faz o seguinte esboço:

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 208

1. Mateus 24:4-12 se refere à era da Igreja.

2. Mateus 24:13-29 se refere à nação de Israel.


3. Mateus 24:30,31 se fere à segunda vinda de Cristo em glória

(acompanhado da Igreja).
4. Mateus 24:32-35 é uma referência à Israel no período da era da Igreja.

5. Mateus 24:36-25:30 se refere ora ao arrebatamento secreto e ora à


segunda vinda em glória.

Creio que não é preciso muita coisa para percebermos o quão confusa é

tal organização. No esboço acima, parece claro que a leitura do texto é feita já
com pré-supostos muito bem estabelecidos, de modo que o texto é manejado

para poder se adequar aos conceitos previamente estabelecidos, anulando


completamente o entendimento natural do próprio texto.

Na Epístola de 2 Pedro capítulo 3, o apóstolo descreve o momento da

vinda de Cristo como sendo visível, estrondoso e impossível de não ser percebido.
Em 2 Tessalonicenses 2, Paulo exorta sobre as mesmas coisas e, tal como Jesus

em seu sermão, e Pedro em sua epístola, ele faz advertências à Igreja que estará
na terra nesse momento.

Basicamente, se Paulo esperasse o arrebatamento antes da grande

tribulação, ele não teria alertado sobre o surgimento do Anticristo e sobre uma
grande apostasia como eventos que precedem a volta de Cristo, afinal, para que

alertar sobre tais coisas já que a Igreja não estaria mais aqui? Ele poderia ter
escrito: "Será difícil, mas fiquem calmos, a Igreja não estará mais na terra". Vale

mencionar também que há quem defenda que Paulo, nesse texto, esteja se
referindo a eventos que já ocorreram no primeiro século, como uma conspiração

em Roma e a destruição de Jerusalém em 70 d.C. Essa é a principal interpretação


entre os preteristas.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 209

Mesmo se analisarmos os textos mais utilizados para defender o

arrebatamento antes da grande tribulação, veremos que o encontro da Igreja com


Cristo em glória e o juízo sobre os incrédulos, acontecerão no mesmo dia e no

mesmo evento, e não após uma temporada de sete anos da Igreja no céu.

Em 1 Tessalonicenses 1:10 e 5:9 as expressões "Jesus, que nos livra da ira


vindoura" e "Deus não nos destinou para a ira" se referem ao juízo divino sobre os
ímpios que resultará na condenação eterna. Em outras palavras, pela justificação
que há em Cristo Jesus, os salvos não entrarão em condenação (Rm 8:1). Logo, a

Igreja será guardada pelo próprio Deus, de modo que não será atingida por sua
ira que será derramada no dia do juízo.

Em 2 Tessalonicenses, o próprio apóstolo Paulo faz uma descrição precisa

sobre essa ira vindoura:

Se de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que


vos atribulam, e a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando
se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder,
com labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a
Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus
Cristo; Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, longe da face
do Senhor e da glória do seu poder (2 Tessalonicenses 1:6-9).

Na referência do capítulo 5 de 1 Tessalonicenses, podemos perceber que


no dia descrito como "o dia do Senhor" (um evento público de acordo com 2
Pedro 3:10), que é o mesmo dia citado no versículo acima, tanto os santos quanto

os ímpios estarão na terra. Daí vem o alerta: vigiai!

Vale também dizer que não há qualquer possibilidade biblicamente


aceitável para tentar encontrar diferenças entre "o dia do Senhor", "o dia de
Cristo", "o dia do Senhor Jesus Cristo" e "o dia de Deus", como alguns pré-
tribulacionistas fazem. Por exemplo: em 2 Pedro 3:12, o apóstolo fala sobre a

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 210

vinda do "dia de Deus", e em Atos 2:19-20, o mesmo apóstolo faz uma descrição

sobre o "dia do Senhor". Comparando os dois textos, fica evidente que Pedro se
referiu ao mesmo evento. Os pré-tribulacionistas tentam estabelecer essa

distinção pois é comum entre alguns defensores dessa escola escatológica o


entendimento de que a grande tribulação é "o dia do Senhor". Porém, nos

mesmos dois textos citados no exemplo acima, percebemos que "o dia do
Senhor" ocorrerá após a grande tribulação. Isso também fica claro quando lemos
tais textos à luz do sermão escatológico de Jesus.

Paulo chama a atenção (como também Jesus fez no sermão escatológico)


para que a Igreja esteja vigilante e pronta, pois esse dia será de repentina

destruição, e os ímpios serão surpreendidos como por um ladrão que vem de


noite. Expressões como "abrir e fechar de olhos", "relâmpago que sai do oriente e

se mostra no ocidente" e "vir como ladrão" originalmente não trazem o sentido


de velocidade, mas de surpresa, algo repentino e inesperado para os incrédulos e

os que não são verdadeiramente salvos (ainda falaremos mais sobre isto).

Também em 1 Tessalonicenses 4:17, outro texto utilizado para defender


um suposto arrebatamento secreto, Paulo está consolando as pessoas que

estavam tristes com a morte dos irmãos que já haviam falecido. O objetivo nesse
versículo não é traçar uma ordem cronológica, mas afirmar que tantos os salvos

que já morreram, quanto os que estiverem vivos, todos estarão presentes no dia
da volta de Cristo e, para sempre, viverão com Ele.

Apocalipse 3:10 talvez seja o texto mais utilizado para defender o

arrebatamento antes da grande tribulação. A afirmação "te guardarei da hora da


provação" não está se referindo ao fato da Igreja ser tirada do mundo nesse
momento, mas de ser preservada em meio ao sofrimento que virá sobre a terra e,
sobretudo, da perseguição do mundo iníquo. Uma passagem correlata a essa é

Gálatas 1:4 onde Paulo escreve que o Senhor Jesus "se deu a si mesmo por nossos
pecados, para nos livrar do presente século mau".

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 211

É interessante considerarmos também a oração de Jesus em João 17,

onde Ele pede para o Pai guardar os que são seus, porém Ele mesmo explica que
isso não significa "tira-los do mundo" mas apenas que o Pai "os guarde do mal"

(Jo 17:15). Chamo a atenção para essa passagem porque aqui a palavra grega para
"guardar" é a mesma utilizada no texto de Apocalipse 3:10. Logo, se em João 17:15

o termo grego não significa "tirar do mundo", apesar do contexto ser


praticamente o mesmo, isto é, a perseguição sobre os seguidores de Cristo, por

que em Apocalipse tal termo necessariamente precisa ser no sentido de "sair/tirar

do mundo"? É evidente que a mensagem original que está sendo transmitida se


refere ao fato de que a Igreja sofrerá perseguições estando neste mundo iníquo,

porém Deus nos guardará, de modo que poderemos suportar as provações, pois
em Cristo somos mais que vencedores. Essa mesma promessa também é

encontrada em 2 Pedro 2:9.

ANALISANDO ALGUNS TEXTOS ESPECÍFICOS

Creio que já vimos várias referências bíblicas sobre o fato de que a Igreja

passará pela grande tribulação. Agora veremos de maneira um pouco mais


detalhada algumas destas referências utilizadas geralmente para se referir ao

arrebatamento secreto.

A volta de Jesus será como um relâmpago:

Foi o próprio Jesus no sermão escatológico que definiu sua vinda como
um relâmpago (Mt 24:27; Lc 17:24). O problema é que muitas pessoas interpretam

esse texto de maneira equivocada, e acreditam que Jesus estava ensinando que
sua vinda será tão rápida como um "relâmpago que sai do oriente e se mostra no

ocidente", e, logo, o evento será invisível, imperceptível e secreto. Porém não é


isso que o texto está dizendo.

Quando Jesus ensinou que sua vinda seria como um relâmpago, Ele não
estava querendo dizer que ninguém iria perceber esse momento, ao contrário, Ele

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 212

utilizou o exemplo do relâmpago para trabalhar duas verdades sobre sua vinda:

ela será repentina e visível.

A volta de Jesus será repentina, assim como o relâmpago, que em uma


tempestade todos sabem que pode ocorrer, mas ninguém consegue prever

exatamente quando e onde ocorrerá. Às vezes somos surpreendidos por um raio


caindo em um local próximo a nós e, geralmente, ficamos surpresos e assustados

pois foi repentino, porém isso não implica que esse acontecimento foi secreto e
invisível. É fundamental então percebermos que "repentino" não é a mesma coisa

que "secreto".

É lamentável que alguém interprete essa passagem da maneira errada,


pois contradiz o principal objetivo de Jesus ao dar esse exemplo. Para

entendermos isto, basta considerarmos o versículo anterior a este, e que levou


Jesus a usar tal exemplo:

Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis
que ele está no interior da casa; não acrediteis (Mateus 24:26).

Note que Jesus alerta que muitos estarão anunciando que o Cristo estará

em diversos lugares, mas isso será mentira, porque quando Ele realmente vier
todos perceberão, pois será como um relâmpago. O exemplo do relâmpago é

muito claro e fácil de entender, já que é impossível comparar o aparecimento de


um relâmpago com algo imperceptível e secreto. Quando um relâmpago aparece
no céu ele se mostra esplendoroso, visível a todos, ilumina o céu até mesmo
quando ocorre durante o dia, seu barulho é estrondoso e, para grande parte das

pessoas, ele é apavorante. Não há como não perceber um relâmpago quando ele

ocorre. Diante desses aspectos é que Jesus usa tal expressão. Por fim, no original
a expressão de Jesus remete ao sentido de evidência, um evento perceptível e

sem ambiguidade, porém, sobretudo, repentino.

A volta de Jesus será como um ladrão:

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 213

Essa é outra expressão que muitas vezes é mal compreendida.

Novamente Jesus utilizou em seu sermão um exemplo que demonstra a natureza


inesperada de sua vinda, e em nada tem a ver com um evento secreto.

O apóstolo Pedro, que inclusive estava presente nesse sermão de Jesus,

também utilizou o mesmo exemplo em sua segunda epístola:

O dia do Senhor, porém, virá como ladrão. Os céus desaparecerão com


um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra,
e tudo o que nela há, será desnudada (2 Pedro 3:10).

Podemos claramente notar que Pedro usa o exemplo do ladrão para


afirmar como esse momento será inesperado (ver 2 Pe 3:3-4), porém totalmente
visível. Não existe a menor possibilidade de o evento descrito no versículo acima
ser secreto.

Para quem ainda não se convenceu, também podemos considerar a


versão do apóstolo Paulo sobre esse momento, a qual ele utiliza o mesmo

exemplo do ladrão:

Irmãos, quanto aos tempos e épocas, não precisamos escrever-lhes,


pois vocês mesmos sabem perfeitamente que o dia do Senhor virá
como ladrão à noite. Quando disserem: "Paz e segurança", então, de
repente, a destruição virá sobre eles, como dores à mulher grávida; e
de modo nenhum escaparão. Mas vocês, irmãos, não estão nas trevas,
para que esse dia os surpreenda como ladrão (1 Tessalonicenses 5:1-4).

No texto aos Tessalonicenses, Paulo ensina primeiramente que não

adianta marcar datas e fazer previsões, pois a vinda de Cristo será inesperada,
assim como o ladrão à noite, porém quando esse momento chegar será de

grande destruição para os ímpios. No versículo 4 ele explica que os verdadeiros


cristãos não serão surpreendidos, isto é, a vinda de Cristo será como um ladrão

apenas para os ímpios, e não para os salvos.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 214

Num abrir e fechar de olhos:

1 Coríntios 15:51-53 também é utilizado para tentar defender um

arrebatamento secreto, e a frase preferida é: "num abrir e fechar de olhos".


Considerando principalmente o texto em grego (idioma em que ele foi escrito

originalmente), o que Paulo está tratando é a questão da imortalidade e o caráter


sobrenatural e misterioso do momento da volta de Cristo, ou seja, ele está

dizendo que não há uma explicação humana para o que ocorrerá, será
incompreensível, pois em frações de segundos pessoas que já morreram terão

seus corpos ressuscitados instantaneamente, revestidos de incorruptibilidade, ao


soar da trombeta, juntamente com quem estiver vivo na ocasião. Paulo por mais

de uma vez escreveu exortações de consolo aos cristãos que estavam tristes com
a perda de seus entes queridos, e também para esclarecer que os que já

morreram não estavam em desvantagem diante da volta de Cristo.

O encontro com o Senhor nos ares:

Escrevendo aos Tessalonicenses, Paulo, mais uma vez, fala exatamente


sobre o mesmo momento descrito na Epístola aos Coríntios:

Dizemos a vocês, pela palavra do Senhor, que nós, os que estivermos


vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, certamente não
precederemos os que dormem. Pois, dada a ordem, com a voz do
arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do
céu, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois disso, os que
estivermos vivos seremos arrebatados juntamente com eles nas
nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos
com o Senhor para sempre. Consolem-se uns aos outros com estas
palavras (1 Tessalonicenses 4:15-18).

É fácil perceber que Paulo está falando do mesmo evento de 1 Coríntios


15, e neste texto aos Tessalonicenses, fica ainda mais claro o objetivo de confortar

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 215

os cristãos acerca da morte. Por incrível que pareça esse texto é talvez o mais

utilizado para defender o arrebatamento secreto, principalmente sob a frase "para


o encontro com o Senhor nos ares", que segundo quem defende essa teoria,
Cristo ficará nas nuvens e não tocará a terra.

Sobre isto, primeiramente precisamos dizer que a afirmação de que Cristo


virá nas nuvens é uma informação que encontramos amplamente em outras

passagens bíblicas (Dn 7:13; Mc 13:26; 14:62; Ap 1:7) e nenhuma dessas passagens
ensina qualquer coisa relacionada a um arrebatamento secreto ou invisível. Se

pegarmos a referência de Marcos 13:26, veremos que o próprio Jesus afirma que
todos "verão vir o Filho do homem nas nuvens". O apóstolo João também estava

presente nesse sermão e entendeu perfeitamente as palavras de Jesus, sendo que


em Apocalipse 1:7 em nada ele contradiz o que Jesus já havia falado.

Sobre o fato de a Igreja encontrar com o Senhor nos ares, a forma grega

utilizada para descrever essa situação (eis apantesin tou Kyriou) é uma expressão
antiga para se referir as boas vindas cívicas de uma visita importante, ou para

saudar a entrada triunfante de um soberano na cidade. Por exemplo: quando


alguém de muita autoridade visitava uma cidade, os principais cidadãos saiam ao

seu encontro para acompanhá-lo na última etapa do caminho. A mesma


expressão é utilizada na Parábola das Dez Virgens, onde as virgens saíram ao

encontro do noivo. Pelo costume da época, o noivo ia durante a noite até à noiva
e as virgens encontravam o noivo no caminho com uma recepção festiva,
acompanhando-o de volta até onde estava a noiva.

No versículo 16 Paulo não deixa dúvida de que não se trata de um


momento secreto e invisível, pois será "dada a ordem, com voz de arcanjo e o

ressoar da trombeta de Deus". O ressoar da trombeta, a ressurreição dos mortos


em corpos ressurretos, o ajuntamento dos que estiverem vivos tendo seus corpos

transformados e a recepção festiva ao nosso Senhor nos ares, conforme vimos


acima, em nada me parece um momento secreto, invisível e instantâneo.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 216

Um será levado e outro será deixado:

Essa passagem pode ser encontrada em Mateus 24:40, e, embora essa

passagem também seja utilizada para supor um arrebatamento secreto, não é isso
que o texto está dizendo. Se lermos atentamente, perceberemos que no versículo

39 Jesus usa como exemplo os dias de Noé, onde as pessoas tinham seus afazeres
até que veio as águas do Dilúvio e levou a todos eles, e somente Noé e sua família

foram salvos.

Note que quem foi levado não foram os justos (Noé e sua família), mas os
ímpios, pelo Dilúvio, ou seja, o que o texto está descrevendo é o juízo de Deus,

onde será separado o justo do ímpio. No mesmo capítulo 24 de Mateus, no


versículo 51, após uma pequena parábola, Jesus responde como será essa

separação e para onde estes serão levados, no caso, a um lugar de pranto e


ranger de dentes. Na passagem correlata em Lucas 17 no versículo 37 Jesus

também ensina o mesmo principio.

O ARREBATAMENTO DA IGREJA SERÁ UM EVENTO VISÍVEL


Biblicamente não resta dúvida de que a volta de Cristo será um momento
incomparável, um evento de proporções inimagináveis, de grande glória e visível

a todos.

No sermão escatológico, Jesus não fez referência alguma a um


arrebatamento secreto, pois se fez, então realmente foi secreto porque não

podemos encontrar no texto. Paulo e Pedro também, em nenhum momento,


ensinaram essa doutrina. Por fim, em Apocalipse, o apóstolo João nem se quer

cita tal possibilidade (ele também entendeu os ensinos de Jesus).

Além do mais, os termos gregos parousia (vinda, presença), harpazo

(capturar, raptar com força - geralmente utilizado pelos pré-tribulacionistas para

se referir ao arrebatamento secreto), apiphaneia (aparecimento, manifestação) e


apokalypsis (revelação), são usados de forma intercambiáveis, e, dependendo do

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contexto, no máximo se complementam, isto é, não sugerem nenhuma distinção

de eventos entre um sendo "secreto" e outro "visível".

Por exemplo: em 1 Tessalonicenses 4:15 o termo utilizado por Paulo (gr.


parousia) para descrever, segundo os pré-tribulacionistas, o arrebatamento
secreto, é o mesmo utilizado por Paulo em 1 Tessalonicenses 3:13 para descrever o
que eles mesmos definem como sendo a segunda fase da vinda de Cristo. Um

caso semelhante também ocorre em 1 Coríntios 1:7 em comparação com 2


Tessalonicenses 1:7,8 onde as palavras gregas são utilizadas sem a intenção de

criar algum tipo de divisão de fases. Logo, no original não é possível fazer
qualquer distinção de eventos.

Apesar de parecer estranha para muito cristãos, a posição pós-

tribulacionista é a mais antiga e tradicional dentro do cristianismo, sendo ensinada


por mais de 1.800 anos. Já me perguntaram algumas vezes que tipo de "nova

doutrina" eu estava defendendo quando, em algumas ocasiões, preguei sobre a


posição pós-tribulacionista.

A reação das pessoas geralmente é a mesma: "Eu sempre aprendi assim.

Sempre foi ensinado que a Igreja não passará pela grande tribulação e será
arrebatada secretamente". Se entendermos que esse "sempre" se refere aos
últimos 190 anos, então tudo bem. Se houvesse um cristão vivo hoje no mundo
com 190 anos de idade, certamente ele olharia para o pré-tribulacionismo e

falaria: "Essa doutrina apareceu ontem".

De forma oficial, a origem do Pré-Tribulacionismo está em meados do

século 19. Antes disso, alguns defendem que há indícios de que Efraim da Síria, no

século 4, ensinou algo parecido, e que talvez um padre jesuíta e um pastor batista
no século 18, também tenham produzido algum material nesse sentido, mas nada

de forma realmente oficial.

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Foi porém, principalmente com J. N. Darby, membro dos chamados

Irmãos de Plymouth, que a doutrina pré-tribulacionista realmente ganhou força


no século 19. J. N. Darby é o maior expoente do Dispensacionalismo, e o ensino

pré-tribulacionista se encaixou perfeitamente nesse método de se interpretar a


Bíblia. Alguns estudiosos da História do cristianismo, alegam que algumas pessoas

naquela época se orgulhavam do Pré-Tribulacionismo como sendo uma nova


revelação do Espírito Santo para a Igreja. Quanto a isto, não sabemos ao certo se

tal alegação é verdadeira, todavia é fato que entre os séculos 19 e 20 uma série de

supostas revelações sobre um arrebatamento secreto pré-tribulacional foram


registradas, inclusive sendo publicadas em revistas, jornais, livros e discos.

Seja como for, J. N. Darby se dedicou bastante em ensinar o


Dispensacionalismo através de viagens, livros e artigos. Também vale dizer que

com a publicação, e as milhões de cópias vendidas da Bíblia de Referência


Scofield de C. I. Scofield, a visão pré-tribulacionista se tornou mundialmente

popular.

Sinceramente eu gostaria muito que os irmãos pré-tribulacionistas


estivessem certos, porém não consigo encontrar fundamentação bíblica sólida

para defender essa posição. Posso prometer também que, se caso Cristo voltar
antes da grande tribulação, garanto que não será eu quem irá reclamar. Também

prefiro ensinar uma igreja a estar preparada para passar por um período de
grande tribulação do que ensinar que seremos arrebatados antes dela e, de
repente, nos vermos em pleno período da grande tribulação.

Se eu ensinar que a Igreja não passará pela grande tribulação e acabar


passando, sei que as pessoas me cobrarão. Se eu ensinar que ela passará e o

arrebatamento ocorrer antes, então acredito que no novo céu e nova terra
ninguém se lembrará de me cobrar sobre isso. De qualquer forma, o Pós-

Tribulacionismo é a melhor interpretação em todos os cenários.

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Posso concluir dizendo que considero o Pré-Tribulacionismo bastante

incoerente, mas não uma heresia. Para mim, uma heresia seria uma visão que
negue a volta de Cristo, e isso o Pré-Tribulacionismo não faz. Também acredito

que isso não deva ser motivo de divisão entre os cristãos, pois maior é o que nos
une: a esperança de que Cristo voltará! Que Deus nos guarde, e que possamos

estar sempre vigilantes.

EXISTE ALGUMA FORMA DE MARCAR UMA DATA PARA A VOLTA DE


CRISTO?
Infelizmente muitas pessoas insistem na tentativa de marcar datas

para a volta de Cristo. Nas últimas décadas, pelo menos sessenta tentativas oficiais
foram feitas.

As mais recentes tentativas de marcar uma data para a volta de Cristo


foram feitas, principalmente, com base num trecho do sermão escatológico de

Jesus:

Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se


tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão.
Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está
próximo, às portas. Em verdade vos digo que não passará esta geração
sem que todas estas coisas aconteçam (Mateus 24:32,33).

Entendendo que Israel é a figueira, e que a figueira floresceu em 1948,


ano em que foi fundado o Estado de Israel, muitos estudiosos começaram a

prever a volta de Cristo para o ano 1988, quando se cumpre o período de uma
geração que, segundo eles, compreende o período de 40 anos. Livros foram

escritos com essa data, porém obviamente nada aconteceu. Depois fizeram uma
revisão na conta, e entenderam que a figueira só floresceu em 1967, na Guerra
dos Seis Dias. Assim, a nova data foi marcada para 2007, porém novamente foi
um erro. Mais uma vez o cálculo foi refeito, e chegou-se a conclusão de que uma

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 220

geração não são 40 anos, mas pouco mais de 51 anos. Assim, a nova data possível

para o arrebatamento foi definida para aproximadamente 2018.

É incrível como as pessoas permanecem nessa prática típica de falsos


profetas. Desde a época dos apóstolos falsos ensinos sobre a tentativa de

estipular a data da volta de Cristo transitavam na Igreja Primitiva.

Diante de tudo isto, prefiro fielmente permanecer atento as palavras do


Senhor Jesus:

Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas
unicamente meu Pai (Mateus 24:36).

O QUE PODEMOS CONCLUIR SOBRE A GRANDE TRIBULAÇÃO E A

SEGUNDA VINDA DE CRISTO?


Podemos dizer que biblicamente a grande tribulação será um período
muito difícil e de grande sofrimento para a Igreja de Cristo. Vimos neste capítulo

que no sermão escatológico de Jesus podemos encontrar uma detalhada


descrição sobre esse período, onde Jesus, profetizando acerca da destruição de

Jerusalém e do Templo, também se referiu aos eventos do fim dos tempos, de


modo que o grande sofrimento enfrentado pelos judeus no século 1 pré-figura

um período ainda mais terrível haverá de acontecer.

No livro do Apocalipse, também podemos perceber o sofrimento da


Igreja de Cristo sendo perseguida por esse mundo maligno, porém também

percebemos os juízos divinos que são derramados sobre os inimigos da Igreja, e


como ela triunfará no final juntamente com Cristo.

Algo característico na grande tribulação será o aparecimento do Anticristo


escatológico, do qual já falamos aqui. Vimos que muitos anticristos já surgiram ao

longo da história (1 Jo 2:18; 4:3), sendo que os próprios irmãos que foram os
destinatários primários do livro do Apocalipse, reconheceram o "sistema

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anticristo" como sendo o Império Romano, violento e opressor, liderado pelos

imperadores que se intitulavam "deuses" (Dominus et Deus), mas haverá um


último, e pior de todos: o homem do pecado, filho da perdição, o abominável da

desolação (Mt 24:15; Mc 13:14; 2 Ts 2:4).

Esse agente de Satanás conduzirá um sistema maligno que se levantará


contra a Igreja. Apesar disto, a Igreja será guardada por Deus, isto é, conseguirá

suportar e se levantará gloriosa para encontrar com o Cordeiro. Nesse momento,


todo esse sistema cairá diante da majestosa vinda de Cristo.

O dia da volta de Jesus deve ser, para nós, o momento mais aguardado

de nossas vidas. Esse momento será o clímax do plano soberano do nosso Deus,
será a consumação da História, um dia de grande alegria para os santos e de

assombroso terror e desespero para os ímpios.

Naquele dia, tanto os que já partiram para o Senhor quanto os que


estiverem vivos, todos, serão transformados, e o que é corruptível se revestirá de

incorruptibilidade, seremos glorificados, isto é, será removido de nós todo o


pecado e seremos colocados em um estado de perfeita comunhão com Deus.

Realmente será um momento sem precedentes na História do mundo, e nem


mesmo se usássemos todas as palavras que conhecemos, ainda assim, não

seriamos capazes de descrever esse momento.

Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho;


mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então,
conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente
conhecido (1 Coríntios 13:12).

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O JUÍZO FINAL
O juízo final é amplamente referenciado em toda Bíblia, com particular
detalhe no livro do Apocalipse, sobretudo na passagem onde é descrito "o grande

trono branco" no capítulo 20. Certamente este é um dos temas que mais desperta
curiosidade, dúvida e debate entre os cristãos.

Neste capítulo conheceremos um pouco mais sobre o que a Bíblia nos diz

a respeito do juízo final, e consideraremos alguns pontos fundamentais sobre esse


evento que todos os cristãos verdadeiros devem conhecer.

O JUÍZO FINAL E AS DIFERENTES CORRENTES ESCATOLÓGICAS


Quanto ao juízo final, cada uma das correntes escatológicas que já vimos

neste livro interpreta de maneira diferente o tema de acordo com o entendimento


que possuem acerca dos eventos finais descritos na Bíblia.

De maneira geral, juntas elas concordam que todas as pessoas serão


julgadas, embora discordem acerca do momento em que acontecerá tal

julgamento, e da quantidade de julgamentos que ocorrerão, conforme veremos a


seguir:

 Amilenismo e Pós-Milenismo: embora tais correntes escatológicas

possuam muitas diferenças, ambas concordam que haverá um único


julgamento geral de todas as pessoas, e ocorrerá imediatamente após a
segunda vinda de Cristo.
 Pré-Milenismo Histórico: geralmente seus defensores entendem que

haverá dois julgamentos, sendo o primeiro na segunda vinda de Cristo, e


o segundo, no caso o juízo final, após a última revolta de Satanás que

ocorrerá ao fim do reino milenar e literal de Cristo na terra, o milênio.


 Pré-Milenismo Dispensacionalista: esta posição é a mais complicada, pois
mesmo entre seus defensores há muitas opiniões divergentes. Embora

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alguns dispensacionalistas cheguem em até sete julgamentos, a maioria

deles entende que haverá três julgamentos diferentes, sendo eles:


1. Julgamento por ocasião do arrebatamento da Igreja: ocorrerá na

primeira fase da segunda vinda de Cristo, ou seja, o arrebatamento


secreto da Igreja, e será o julgamento das obras do salvos,

também denominado como "tribunal de Cristo", onde os santos


serão galardoados.

2. Julgamento de judeus e gentios no final da grande tribulação:

ocorrerá na segunda fase da segunda vinda de Cristo, sete anos


após a primeira fase, isto é, ao término da grande tribulação, e

servirá como base para determinar questões acerca do milênio.


Esse julgamento também é chamado de "julgamento das nações".

3. Julgamento geral dos ímpios após o milênio: esse será o juízo final,
o julgamento do grande trono branco. Ele ocorrerá após a última

revolta de Satanás que se dará ao fim do milênio. Muitos


dispensacionalistas entendem que nesse julgamento, além dos

anjos caídos, apenas os ímpios serão julgados, ou seja, será um


julgamento exclusivo para condenação. Já para outros, também

serão julgados os santos que morrerão durante o milênio.

Apesar das divergências, todas as correntes escatológicas concordam que

após o juízo final se dará início ao estado eterno, com os ímpios condenados
eternamente ao lago de fogo, e os santos reinando com Deus no novo céu e nova

terra.

QUANTOS JUÍZOS FINAIS OCORRERÃO?


Bem, como vimos anteriormente, há muita discussão a respeito da

quantidade de julgamentos, e, dependendo da resposta dada a essa pergunta,


automaticamente uma determinada posição escatológica passará a ser defendida.

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Todavia, acredito que esse não deva ser um motivo de divisão entre os

cristãos, ao contrário, devemos nos unir fielmente na esperança da chegada desse


grande dia. Precisamos agir com respeito por quem pensa diferente de nós,

lembrando que também são cristãos genuínos que amam a Palavra de Deus.

Para mim, considero herege apenas aqueles que negam a realidade do


juízo final, a condenação eterna dos ímpios, e a eternidade dos santos com Deus.

Quanto as outras questões, as considero como pontos secundários.

Respondendo a pergunta acerca da quantidade de julgamentos,


particularmente entendo que a Bíblia sempre se refere ao juízo final como um

único evento diretamente ligado a vinda de Cristo e a ressurreição geral dos


mortos (Dn 12:2; Mt 7:22; 11:22; 12:41,42; 25:31-46; Jo 5:28,29; At 17:31; 24:14,15; Rm

2:5; 2Ts 1:7-10; 2Tm 1:12; 4:1,8; 2Pe 3:7; Jd 14; Ap 20:11-14).

Qualquer tentativa de se estipular dois, três ou mais julgamentos não


encontra fundamentação bíblica. Geralmente tais argumentos são construídos

valendo-se de versículos isolados.

Muitos pré-milenistas dispensacionalistas insistem em afirmar que

passagens como Mateus 25:31-46 e 2 Coríntios 5:10 se referem a julgamentos


diferentes do julgamento do grande trono branco mencionado no capítulo 20 do

Apocalipse.

Sobre a referência no Evangelho de Mateus, eles afirmam que se trata do


julgamento das nações para o início do milênio, e quanto à referência da Epístola

aos Coríntios, defendem que o tribunal de Cristo é um julgamento exclusivo para


os crentes, onde suas obras serão julgadas.

Primeiro precisamos admitir que no capítulo 25 de Mateus a ênfase no

tema do juízo é notória. Entretanto, em tal passagem nada é dito acerca do


milênio, e o fato das nações estarem reunidas perante o trono de Cristo, apenas

mostra a completude e alcance desse julgamento, pois todos estarão diante d'Ele,

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isto é, ninguém escapará. Fica claro também que o julgamento é individual, ou

seja, as ovelhas são separadas dos bodes.

Já na passagem de 2 Coríntios 5:10, o apóstolo Paulo não está


estabelecendo uma distinção entre “dias de julgamentos”. Entender assim é

desconsiderar o contexto em que o capítulo está inserido, além de desconhecer o


objetivo do próprio texto, onde Paulo está tratando acerca da habitação dos

santos com o Senhor.

Em relação à referência ao julgamento presente no capítulo (vers. 10),


Paulo não está falando sobre quando será o julgamento ou sobre a quantidade

de julgamentos, mas sim sobre quem e o que será julgado. Na verdade, o próprio
apóstolo nitidamente esperava um único dia de juízo (At 17:29-31; Rm 2:5-16; 2Ts

1:7-10; 2Tm 1:12).

Existem temas difíceis na Bíblia, e este é um deles. Porém, apesar de


algumas coisas não estarem muito claras nas Escrituras, o que não há nelas são

erros e contradições. A Bíblia sempre se refere a esse momento como "o dia do
juízo", não "os dias dos juízos".

Portanto, não podemos isolar e forçar um texto bíblico desconsiderando


todas as outras passagens acerca do assunto, a fim de construirmos um

posicionamento teológico, pois isso resultaria numa aparente contradição. Como


a Palavra de Deus é inerrante e infalível, certamente o erro está em nossa
interpretação.

QUANDO OCORRERÁ O JUÍZO FINAL?


Depois que entendemos que haverá apenas um único juízo final,
naturalmente surge a pergunta acerca de quando esse julgamento ocorrerá. Antes

de falarmos sobre isso, vale dizer que num certo sentido as pessoas são julgadas

já no presente, isto é, de acordo com a resposta delas ainda em vida à Cristo.

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Isso foi o que Jesus ensinou a Nicodemos no Evangelho de João, ao dizer

que "quem crê nele não é condenado, mas quem não crê já está condenado". No
original, o termo traduzido como “condenado” também significa “julgado”. Logo,

quem não crê no nome do unigênito Filho de Deus já está julgado.

Isso implica na ideia de que o juízo de Deus já recai no presente sobre os


incrédulos, porém isso não anula a verdade de que a Bíblia aponta para um

julgamento futuro e final, que ocorrerá no fim da História.

Sobre esse julgamento futuro, a Bíblia nos ensina que ele acontecerá no
final da presente era, “no último dia” (Jo 12:48), precedendo imediatamente o

estabelecimento do estado eterno.

Na Parábola do Trigo e do Joio, Jesus explicou que o julgamento se dará


“na consumação deste mundo” (Mt 13:40). Segundo o próprio Jesus, esse

momento ocorrerá por ocasião de sua segunda vinda, quando “Ele se assentará
no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele
separará uns dos outros…” (Mt 25:31,32).

O apóstolo Paulo também apontou exatamente para esse mesmo

momento escrevendo à igreja em Tessalônica (2Ts 1:7-10). Segundo Paulo, esse


será o dia em que o Senhor Jesus se manifestará desde o céu com os anjos do

Seu poder, "com labareda, tomando vingança dos que não conhecem a Deus".

O apóstolo Pedro também falou sobre esse momento. Para ele, “os céus e
a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se
guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios” (2Pe
3:7).

No versículo 10 do mesmo capítulo 3, Pedro esclarece que esse evento

acontecerá no dia da vinda do Senhor, um dia que pegará o mundo iníquo de


surpresa, pois "vira como ladrão". Nesse dia se encerrará a presente era, e

começará a eternidade com "novos céus e nova terra, em que habita a justiça".

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Apesar da Palavra de Deus nos esclarecer de maneira geral a ordem dos

eventos, ela não nos revela o momento exato em que isso ocorrerá. Sobre isso,
Jesus falou que “daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas

unicamente o Pai” (Mt 24:36).

Embora não possamos estabelecer uma data, somos confortados de que


a hora já está marcada. No Evangelho de João lemos: “Não vos maravilheis disto;

porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E
os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal
para a ressurreição da condenação” (Jo 5:28,29).

QUAL SERÁ A DURAÇÃO DO JUÍZO FINAL?


Algumas pessoas possuem essa curiosidade. É claro que essa pergunta é
impossível de ser respondida sob os padrões de medida de tempo que

conhecemos. A Bíblia se refere a esse momento apenas como “o dia do juízo” (Mt
11:22), “aquele dia” (Mt 7:22; 2Ts 1:10; 2Tm 1:12) e “o dia da ira” (Rm 2:5).

Apesar de a Bíblia deixar claro que se trata de um único dia como já

vimos anteriormente, nós não sabemos como o tempo funcionará nesse


momento. Em outras palavras, não devemos entender esse dia como um dia

necessariamente de 24 horas, além do que, a Bíblia também usa a palavra “dia”


para se referir a períodos mais longos.

Sobre isso, o importante é que haverá tempo suficiente para que todos

sejam julgados, de modo que tal julgamento acontecerá sem interrupções,


imprevistos, recessos e adiamentos. Esse julgamento só terminará quando todos

os ímpios estiverem no lago de fogo, e os salvos acolhidos na bem-aventurança


de Deus.

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ONDE OCORRERÁ O JUÍZO FINAL?


Essa é outra pergunta bem difícil de responder. A Bíblia esclarece que o
juízo final ocorrerá diante de um grande trono branco (Ap 20:11), e isso é

incontestável. A dificuldade se dá em determinar onde estará este trono branco.

Alguns estudiosos sugerem que estará na terra, enquanto outros

defendem que estará no céu (ou nos ares). Os que preferem a terra, argumentam
que isso seria mais lógico considerando a ressurreição dos mortos.

Já os que argumentam em favor das alturas, consideram que no livro do

Apocalipse o trono de Deus e do Cordeiro sempre está no céu, não na terra, além
de que dificilmente haveria lugar na terra para comportar todas as gerações que

alguma vez viveram deste que o mundo foi criado, de modo que se apresentem
todas juntas diante do trono do juízo.

Outros fazem um “combinado” das duas possibilidades, ou seja,

defendem que os mortos ressuscitados estarão na terra e o trono branco estará


nos ares, pairando sobre eles.

Particularmente prefiro a sugestão de que o julgamento ocorrerá nas

alturas, isso por considerar o momento de colapso e renovação em que o mundo


a qual conhecemos estará submetido. Seja como for, o importante é que o

julgamento ocorrerá, embora a Bíblia não determine claramente o local em que se


dará.

QUEM SERÁ O JUIZ NO JUÍZO FINAL?


Essa é outra pergunta que causa certa dúvida em alguns cristãos. Em

algumas passagens bíblicas, o juízo é atribuído ao Pai (1Pe 1:17; Rm 14:10; cf. Mt
18:35; 2Ts 1:5; Hb 11:6; Tg 4:12; 1Pe 2:23). Entretanto, de forma geral o Novo

Testamento aponta que Cristo será o Juiz.

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No Evangelho de João, lemos que “o Pai ninguém julga, mas ao Filho

confiou todo o julgamento” (Jo 5:22). O apóstolo Paulo no livro de Atos dos
Apóstolos, disse aos atenienses que Deus “estabeleceu um dia em que há de

julgar o mundo com justiça por meio de um varão que destinou e acreditou
diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (Atos 17:31; cf. 2Co 5:10).

Não há qualquer contradição acerca desse assunto. Basta nos atentarmos

para a verdade bíblica de que nas obras divinas da criação, providência, redenção
e finalmente o juízo, as três Pessoas da Trindade cooperam.

Logo, Deus Pai, por meio do Cordeiro, Jesus Cristo, será o juiz, ou seja, a

honra de julgar os vivos e os mortos foi conferida a Cristo, que julgará todos os
homens em nome de Seu Pai (Dn 7:13; Mt 13:40-43; 25:31,32,41-46; 26:64; 28:18; Jo

5:22-27; At 10:42; 2Co 5:10; Fp 2:9,10; 2Tm 4:1; Hb 9:27; 10:25-31; 12:23; 2Pe 3:7; Jd
6,7; Ap 20:11-15). Isso está de acordo com o fato de que foi Cristo quem se

encarnou, morreu e ressuscitou.

Os salvos são aqueles que creem nEle, e os condenados são aqueles que
rejeitam a Ele. Por isso é mais apropriado que Ele mesmo julgue tais pessoas. Isso

também será um tipo de recompensa por seu trabalho realizado como Mediador,
e a exaltação final de seu triunfo maior. Esse será o momento em que o Cordeiro

consumará todas as coisas, subjulgará todos os seus inimigos e entregará o Reino


a Deus Pai (1Co 15:24).

QUEM PARTICIPARÁ DO JULGAMENTO FINAL?


A Bíblia claramente afirma que os anjos estarão associados a Cristo no

juízo (Mt 13:41,42; 24:31; 2Ts 1:7,8; Ap 14:17-20). O papel desempenhado por eles
será o de reunir os ímpios para o juízo diante do trono e os lançar no lago de

fogo.

Outras passagens bíblicas também afirmam que os santos, em seu estado


glorificado, também participarão ativamente do julgamento (Sl 149:5-9; 1Co 6:2,3).

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A Bíblia não é muito clara sobre como será essa participação, porém é muito

provável que seja no sentido de louvar e reconhecer a integridade dos juízos de


Cristo (Ap 15:3,4).

QUEM SERÁ JULGADO NO JUÍZO FINAL?


Em diferentes textos a Bíblia nos informa que todos os anjos caídos serão

julgados (Mt 8:29; 2Pe 2:4; Jd 6). Além dos anjos caídos, todos os seres humanos,
de todas as épocas e gerações, também comparecerão diante do grande trono

branco para serem julgados.

Apocalipse 20:12 deixa claro que não haverá nenhuma exceção, pois
todos, “os grandes e os pequenos” estarão diante de Deus. Considerando que não

haverá outro julgamento, e que todas as pessoas estarão diante do trono branco,
logicamente os santos também estarão.

O ensino que afirma que os salvos não comparecerão nesse julgamento

não encontra base bíblica. O Novo Testamento ensina explicitamente que os


ímpios e os santos serão julgados no mesmo dia de juízo.

No Evangelho de Mateus Jesus disse aos escribas e fariseus incrédulos

que os ninivitas que se arrependeram nos dias do profeta Jonas se levantarão


juntamente com eles no juízo, com a diferença de que eles não receberão

condenação, ao contrário, condenarão os ímpios daquela geração (Mt 12:41,42).

Relembrando a passagem já citada aqui de 2 Coríntios 5:10, o apóstolo

Paulo foi claro ao dizer que "todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo,
para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem,
ou mal".

Como já discutimos, Paulo não está falando de um outro dia de juízo, mas
apenas do único dia de juízo pela qual ele aguardava. Lembrando que ele sempre
se refere a esse julgamento como “aquele dia” (2Ts 1:6-10; 2Tm 4:1,8; cf. At 17:31).

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 231

Na Carta aos Romanos (cap. 14:10), o mesmo Paulo escreve que "todos

compareceremos perante o tribunal de Deus". Já Tiago, em sua epístola, adverte


sobre a responsabilidade que está sobre aqueles que ensinam a Palavra de Deus,

pois estes serão “julgados com maior rigor” (Tg 3:1). Na Epístola aos Hebreus (cap.
10:30) lemos que “o Senhor julgará o seu povo” (cf. 1Pe 4:17).

Outro fato que nitidamente demonstra que os salvos também estarão

participando desse julgamento é a abertura do livro da vida (Ap 20:12,15). O livro


da vida será aberto e mostrará de uma forma indiscutível a diferença entre os

salvos e os incrédulos, entre as ovelhas e os bodes.

Os que não têm o nome registrado no livro da vida serão lançados no


lago de fogo, que é a segunda morte. Somente os salvos é que terão seus nomes

escritos nesse livro (Fp 4:3; Ap 13:8; 17:8; 20:15; 21:27; cf. Lc 10:20).

Apesar de a Igreja comparecer diante do tribunal de Cristo, ela não deve


temer o dia do juízo. Conforme vimos acima, os nomes dos santos estão escritos

no livro da vida, ou seja, não há qualquer condenação para aqueles que estão em
Cristo Jesus (Rm 8:1).

O Apóstolo João, em sua primeira epístola, nos ensina que aqueles que
estão em Deus podem ter confiança no dia do juízo (1 Jo 4:17). Além dessa

passagem também reafirmar que os salvos serão julgados, ela explica que para
eles não há o que temer.

O dia do juízo será de terror para uns e de grande alegria para outros.

Enquanto os ímpios receberão a condenação eterna, os santos serão salvos pelos


méritos de Cristo no “dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus” (Rm 2:5).

Jesus é quem nos livra da ira futura (1Ts 1:10).

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O QUE SERÁ JULGADO NO JUÍZO FINAL?


No juízo final serão julgadas todas as coisas que foram feitas durante a
vida presente, quer sejam más, quer sejam boas (2Co 5:10). Esse “todas as coisas”

inclui:

 As obras: o livro do Apocalipse deixa isso muito claro ao dizer que “ os

mortos foram julgados segundo as suas obras, conforme o que se achava


escrito nos livros” (Ap 20:12). O mesmo ensino encontramos em várias
outras referências bíblicas (Mt 25:35-40; Ef 6:8; Hb 6:10; cf. 1Co 3:8; 1Pe
1:17; Ap 22:12). Aqui também podemos incluir a questão da omissão, ou

seja, as vezes que erramos por deixarmos de fazer algo.


 As palavras: Jesus foi claro ao dizer que “de toda palavra frívola que

proferirem os homens, dela darão conta no dia do juízo” (Mt 12:36).


 Os pensamentos: o apóstolo Paulo escreveu dizendo que quando o
Senhor vier, “não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas,

mas também manifestará os desígnios dos corações” (1Co 4:5; cf. Rm


2:16).

Resumindo, podemos dizer que no dia do juízo final não há nada que
agora esteja escondido que não será revelado (Lc 12:2; Mt 6:4,6,18; 10:26; 1Tm

5:24,25). O julgamento de todas as coisas feitas pelos homens em vida, enfatiza a


realidade da responsabilidade humana ensinada na Bíblia.

QUAL SERÁ O CRITÉRIO DE JULGAMENTO NO JUÍZO FINAL?


Primeiramente precisamos ressaltar que a eternidade ao lado de Deus, ou

a condenação eterna no lago de fogo, dependerá exclusivamente se a pessoa


estará vestida com a justiça de Cristo, ou seja, sem a justificação pela fé em Cristo

Jesus será impossível ser absolvido desse julgamento.

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Em outras palavras, em nenhuma hipótese há qualquer salvação fora de

Cristo (Jo 3:16; 14:6; At 4:12; 1Co 3:11). O critério para a salvação não são as obras,
mas a graça.

Apesar de as obras serem julgadas no juízo final, fica clara a intima

ligação entre fé e obras, no sentido de que a verdadeira fé revela a si própria nas


obras, ou seja, as obras são a evidência da fé. Logo, se alguém possui a fé

verdadeira, necessariamente produzirá boas obras (Mt 7:21; Tg 2:18-26).

Estabelecido esse princípio, agora podemos dizer que o critério será


basicamente a vontade revelada de Deus. A Bíblia nos mostra que algumas

pessoas receberam uma revelação maior da vontade de Deus do que outras (Mt
11:20-22).

Essa verdade nos leva ao fato de haverá graus de castigos e também

graus de glória. Jesus falou exatamente sobre esse ponto no Evangelho de Lucas
ao ensinar que “o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou,

nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que a
não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a
qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou,
muito mais se lhe pedirá” (Lc 12:47,48).

Perceba que Jesus ensinou que quanto maior a revelação que alguém
recebe acerca da vontade de Deus, maior será a sua responsabilidade. Se a
passagem acima revela que haverá graus de sofrimento para os perdidos, outras
passagens também revela que haverá graus de gloria para os santos, como por

exemplo, em 1 Coríntios 3:10-15, onde o apóstolo Paulo trata da questão dos

galardões.

Portanto, as pessoas serão julgadas com base na quantidade de


conhecimento que receberam acerca da vontade de Deus, e como reagiram ao
conhecimento que receberam.

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Dando um exemplo prático, uma pessoa que teve a revelação da vontade

de Deus apenas no Antigo Testamento será julgada de acordo com sua reação ao
Antigo Testamento. Vale lembrar que o Antigo Testamento aponta para Cristo, e

que naquele tempo homens de Deus, no Espírito de Cristo, pregaram a justiça (1


Pe 1:10,11; 3:18-20; 4:6).

Já quem recebeu a revelação completa da vontade de Deus, isto é, tanto

no Antigo Testamento como no Novo Testamento, será julgado por sua reação a
toda a Escritura. Logo, os santos da antiga dispensação viveram pela fé na

promessa que haveria de vir, e nós, da nova dispensação, vivemos pela fé no


cumprimento da promessa. De igual modo, todos nós seremos julgados por isso.

Há também aqueles que não receberam nem a revelação da vontade de

Deus encontrada no Antigo Testamento, nem a encontrada no Novo Testamento.


Paulo fala sobre essas pessoas em sua Carta aos Romanos, e diz que todos eles

são indesculpáveis, pois, apesar de não terem recebido a revelação especial de


Deus, ignoraram a clara revelação d'Ele na natureza, e não O honraram como

Deus (Rm 1:18-21).

OS GALARDÕES NO JUÍZO FINAL


Como pudemos ver, no juízo final o ímpio receberá sua condenação com
diferentes graus de castigo, e o santo receberá seu galardão com diferentes graus

de glória.

Falando rapidamente sobre os galardões, a Bíblia em várias passagens


afirma que os salvos serão galardoados (Mt 5:11,12; 6:19-21; 25:23; Mc 9:41; Lc

6:35). Os galardões serão distribuídos segundo as obras de cada um. Isso é o que
o apóstolo Paulo afirmou em 1 Coríntios 3:10-15.

Nessa passagem, Paulo utilizou seis materiais para exemplificar a forma

com que os santos constroem suas obras, sendo eles: ouro, prata, pedras
preciosas, madeira, feno e palha. Paulo também deixou claro que o fundamento

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 235

sobre o qual todos devem construir é um só: Jesus Cristo. Depois, Paulo falou que

a obra de cada um será testada pelo fogo, uma clara referência ao dia do juízo de
Deus.

O apóstolo completa dizendo que “se permanecer a obra de alguém que

sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se


queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através
do fogo” (1Co 3:14,15).

Paulo está falando exatamente sobre o fato de que cada cristão terá de
prestar contas do que fez com a revelação de Deus em seu Filho. O cristão fiel e

aplicado, que serve a Deus com diligencia e comprometimento, será


graciosamente recompensado por Deus com galardão.

Já o cristão que age com negligência, será punido, sofrerá dano e terá

suas obras queimadas. Apesar disso, por sua infinita graça, Deus lhe concede o
dom da salvação. Note que o tipo de material com que cada um construiu foi

importante para o recebimento do galardão, mas o determinante para a salvação


foi o fundamento sobre o qual os edificadores construíram, ou seja, ambos são

salvos pela graça, pois de nada adiantaria construir com ouro sobre outro
fundamento que não seja Cristo.

Outro ponto importante é entender que os galardões são dons da graça


de Deus, ou seja, são presentes dEle para nós, e não conquistas nossas, pois por
melhores que pareçam ser as nossas obras, aos olhos de Deus nenhuma delas é
digna de honra (Lc 17:10).

Se receberemos galardões, isso também é graça. Calvino falou algo muito

interessante sobre isso: “Tendo assim nos recebido em seu favor, Ele aceita
graciosamente também as nossas obras, e é dessa aceitação imerecida que o
galardão depende”.

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QUAIS SÃO OS PROPÓSITOS DO JUÍZO FINAL? POR QUE ELE TEM QUE

OCORRER?
Podemos citar alguns propósitos principais que explicam a necessidade
acerca do juízo final:

 Mostrar a soberania de Deus e a sua glória na revelação do destino

eterno de cada pessoa que já existiu sobre a face da terra, e no desfecho


final da presente era. Na condenação dos ímpios, a justiça de Deus será

exaltada, bem como sua graça será exaltada na salvação dos santos.
 Será o momento em que Cristo e seu povo serão publicamente

vindicados. Todos os homens verão aquele a quem crucificaram em


grande esplendor e glória. Agora, aquele a quem julgaram os julgará.

 Revelar o grau de punição ou de gloria (galardões) que cada um vai


receber.

 Designar cada pessoa ao devido lugar em que passará a eternidade, isto


é, ou o novo céu e nova terra ou o lago de fogo.

QUAL O SIGNIFICADO DO JUÍZO FINAL?


O juízo final significa, sobretudo, que a História não é conduzida pelo

acaso. Nada do que acontece escapa do conhecimento de Deus, pois Ele é


soberano, e é Ele quem governa a História.

O dia do juízo mostrará o triunfo final de Deus e de sua obra redentora,

ou seja, a conquista final e decisiva sobre todo mal e a revelação máxima da


vitória de Cristo, o Cordeiro que foi morto. O juízo final revelará e provará ao

mundo que a vontade de Deus será executada perfeitamente, e que nenhum de


Seus planos poderá ser frustrado.

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O INFERNO SEGUNDO A BÍBLIA


Após aprendermos sobre o juízo final, necessariamente precisamos

entender o que a Bíblia diz acerca do inferno. O inferno é um lugar de intenso


sofrimento que, segundo a Bíblia, serve de habitação para todos aqueles que

foram condenados ao castigo eterno.

A Bíblia se refere ao inferno tanto em seu estado atual, onde os ímpios já


estão sob tormento enquanto aguardam a ressurreição de seus corpos, como em

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 238

seu estado final, também chamado de “lago de fogo”, onde os ímpios juntamente

com o diabo e seus anjos serão eternamente castigados após o julgamento final.

Existe muita discussão e algumas dúvidas entre os cristãos acerca deste


assunto. Portanto, neste capítulo iremos analisar alguns pontos importantes a

respeito do que a Bíblia diz sobre o inferno.

O QUE É O INFERNO? O INFERNO É REAL?


A doutrina bíblica acerca da realidade do inferno é muito clara, e por
mais que pareça aterrorizante não deve ser negada.

Ao mesmo passo em que a Bíblia ensina que a vida eterna dos redimidos

ao lado de Deus no novo céu e nova terra será tão gloriosa que é inimaginável
para nós na atualidade, ela também ensina que o tormento eterno dos ímpios no

inferno é tão terrível que foge à nossa compreensão.

Existem realmente muitas referências bíblicas que apontam para o inferno


como um lugar real onde os ímpios e os anjos caídos serão atormentados.

Apesar da doutrina acerca do inferno não aparecer tão detalhada nos


livros do Antigo Testamento como aparece no Novo, há muitos textos que

apontam para esse lugar. Um dos exemplos que podemos utilizar é a passagem
de Salmos 73:17-19, onde Asafe, num questionamento sobre o sofrimento dos

justos e a prosperidade dos ímpios, entende o quão terrível é o destino do ímpio


quando morre, pois eles caem em ruína, são destruídos de repente,

completamente tomados de pavor. Aqui podemos entender que o sofrimento do


ímpio está sendo descrito deste o estado intermediário onde ele aguarda o juízo

final, até sua condenação definitiva no lago de fogo.

Já no Novo Testamento, encontramos várias passagens bíblicas que falam


explicitamente sobre a realidade do inferno (Mt 5:22; 8:12; 13:42,50; 18:9; 22:13;
24:51; 25:30,41-46; Lc 16:23; 1Ts 5:3; 2Ts 1:7-9; 2Pe 3:7; Jd 1:13; Ap 20:10 e outras).

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 239

Nas passagens citadas acima, podemos notar que na maioria delas é o

próprio Jesus quem está ensinando. Portanto, negar a existência do inferno


consiste em negar o ensino do próprio Senhor. Podemos notar que os apóstolos

também ensinaram acerca do inferno, com destaque ao apóstolo João que


descreveu detalhes importantes no livro do Apocalipse.

O QUE SIGNIFICA INFERNO?


A palavra inferno é de origem latina e significa “profundezas”. Essa

palavra não aparece originalmente na Bíblia, mas foi utilizada para traduzir quatro
termos originais nas Escrituras, sendo eles: Sheol, Hades, Gehenna e Tártaro.

Estes quatro termos possuem diferentes significados e aplicações, porém

se tratando do inferno em seu estado final, ou seja, o lugar de condenação eterna


após o juízo final, Gehenna é o termo que aparece no Novo Testamento para

designá-lo. Entretanto, é bastante interessante conhecermos um pouco melhor do


significado e aplicação de cada um destes quatro termos na Bíblia.

O SIGNIFICADO DE SHEOL

Sheol é uma palavra hebraica utilizada mais de sessenta vezes em todo

Antigo Testamento. A raiz da qual Sheol deriva é incerta. Alguns consideram que
Sheol deriva de uma raiz que significa “interrogar”, transmitindo a ideia de "lugar

ou estado de interrogação". Outros defendem que Sheol deriva de uma raiz que
significa “concavidade”, no sentido de “profundeza”, transmitindo a ideia de "lugar

profundo".

Seja como for, a raiz da qual o termo Sheol se origina não nos impede de

entender seu significado e aplicação nas Escrituras. Dependendo da versão bíblica

utilizada, na maioria das vezes Sheol é traduzido como inferno (Dt 32:22; 2Sm
22:6; Jó 11:8; 26:6; 7:27; 9:18; 15:11,24; 23:14; 27:20; Is 5:14; 14:9,15; 28:15; Sl 9:17;

16:10; 18:5; 55:15; 86:13; 116:3; 139:8; Pv 5:5; Ez 31:16,17; 32:27; Am 9:2; Jn 2:2; Hb 2:5
e outras).

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 240

Entretanto, nem sempre em tais passagens devemos entender inferno

como sendo o local de tormento do ímpio, como por exemplo, em Salmos 116:3;
Isaías 5:14 e Jonas 2:2. Por isso em algumas versões revisadas a aplicação da

palavra inferno é substituída por uma tradução mais apropriada ao contexto.

Diante disso logo vem a pergunta: Como saber qual o significado correto
do termo Sheol em cada passagem bíblica, já que ele possui diferentes

significados?

Essa pergunta pode ser respondida considerando essencialmente o


contexto de cada passagem onde Sheol aparece. De maneira bem simples,

podemos dizer que Sheol é o lugar para qual uma pessoa vai, ou o estado a qual
ela se encontra, podendo ser no sentido literal ou figurado.

Obviamente esse conceito nos levará a diferentes significados, e como já

dissemos, o contexto é que decidirá qual o significado correto. Assim, podemos


dizer que nos livros do Antigo Testamento Sheol pode significar:

1. Um lugar de castigo para o ímpio, onde a ira de Deus arde como fogo (Dt
32:22; Sl 9:17; 55:15; Pv 15:11,24).

2. A própria sepultura onde todo homem, seja ímpio ou seja justo, um dia
descerá, isto é, com seu corpo ao morrer (Gn 44:29,31; 1Rs 2:6,9).

3. O estado de morte, ou seja, a existência desencarnada da alma. É o


período em que a alma fica separada do corpo aguardando a
ressurreição, uns para a bem-aventurança eterna e outros para a
condenação eterna. Geralmente a expressão mais utilizada para se referir

a esse período é: “estado intermediário dos mortos”.

Quanto a este último significado, devemos fazer uma observação. Tanto


os justos como os ímpios, ao morrerem, “entram” no estado desencarnado.
Porém, vale enfatizar que há uma diferença bem grande nos dois casos.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 241

O ímpio, em seu estado desencarnado, permanece num lugar de

tormento aguardando a ressurreição de seu corpo onde comparecerá diante do


tribunal de Deus para ser julgado e condenado eternamente ao lago de fogo, que

é o inferno em seu estado final.

Já o redimido, ao morrer, ele vai estar com Cristo no céu, onde descansa
das tribulações de sua vida terrena, e aguarda a ressurreição de seu corpo para

habitar com Deus no novo céu e nova terra durante toda a eternidade. Falaremos
isso novamente mais adiante.

O SIGNIFICADO DE HADES

Hades é o termo grego mais próximo do hebraico Sheol, utilizado


inclusive na Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento) para traduzir, na
maioria das vezes, o termo Sheol. Todavia, a palavra Hades é encontrada

originalmente no Novo Testamento, o qual foi escrito em grego.

Tal como o termo Sheol, Hades também possui significados diferentes

conforme o contexto determina. Na Parábola do Rico e Lázaro (Lc 16), Hades


significa um lugar de tormento para os ímpios. Assim, tal palavra pode ser

traduzida como “inferno”, desde que se entenda que não se trata do inferno em
seu estado final.

Também vale ressaltar que o Hades, nem nessa passagem nem em

qualquer outra, significa um mundo inferior (ou subterrâneo) dividido em duas


alas, onde ficavam os justos e os ímpios. O mesmo princípio também serve para o

hebraico Sheol.

Esse tipo de pensamento tem origem na mitologia grega, onde havia o


conceito do Tartáro e do Elíseos, e que foi incorporado em alguns materiais da

literatura apócrifa judaica, mas não encontra base bíblica alguma.

Portanto, ainda na Parábola do Rico e Lázaro, o “seio de Abraão” não é


uma versão bíblica do grego Elísios. Ao utilizar essa expressão, Jesus estava se

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 242

referindo a uma cena em que o mendigo era o convidado de honra num

banquete ao lado de Abraão, o principal patriarca dos judeus (cf. Is 25:6-9; Mt


8:11).

No Evangelho de Mateus 11:23 e no Evangelho de Lucas 10:15, Hades é

utilizado no sentido figurado para estabelecer um contraste com o céu. Já em


Mateus 16:18, Jesus diz que as portas do inferno (ou portas do Hades) não

prevalecerão contra a Igreja. Nesse caso, Jesus está dizendo que a própria morte
não triunfará sobre o seu povo.

Em Atos 2:22-31, o apóstolo Pedro, citando Davi, diz que a alma de Jesus

não foi deixada no Hades (em algumas traduções "inferno"), e nem sua carne viu a
corrupção. Com isso, Pedro estava dizendo que Jesus não permaneceu no estado

de existência desencarnada, apontando para o fato de que o seu corpo não viu a
corrupção da sepultura, ao contrário do corpo de Davi.

Hades também aparece no livro do Apocalipse em três passagens (Ap

1:18; 6:8; 20:13,14), e se refere ao estado de morte, representado no sentido


figurado como se fosse um lugar ou personificado como se fosse uma pessoa.

O SIGNIFICADO DE TÁRTARO

Em 2 Pedro 2:4, lemos a expressão “lançando-os no inferno“, que traduz


o original grego “lançar no Tártaro“. Essa é a única passagem bíblica onde aparece

essa palavra grega. Nela, o apóstolo tomou emprestada a palavra para inferno da
mitologia grega.

Para os gregos, o Tártaro era um lugar inferior no mundo dos mortos, e

servia como habitação dos perversos, isto é, era o lugar onde os piores homens
eram mantidos em eterno tormento. Como já dissemos, na mitologia grega o

Tártaro era o oposto dos Campos Elísios, onde as pessoas bondosas repousavam
após a morte.

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Entenda que Pedro, ao utilizar a palavra Tártaro em sua epístola, não

estava ensinando e nem mesmo aprovando os conceitos da mitologia grega, mas


estava apenas utilizando o termo para se expressar na linguagem de seus leitores.

Podemos dizer que é algo semelhante ao que o apóstolo Paulo fez ao

citar, apropriadamente, versos de três poetas (Epimênides, Cleanto e Arato) na


pregação aos atenienses registrada em Atos 17:28.

Nessa passagem, o apóstolo Pedro está fazendo uma referência ao

estado intermediário de castigo dos anjos caídos, os quais também aguardam o


dia do juízo final. Considerando o contexto do capítulo onde essa expressão

aparece, Pedro está ensinando que, assim como Deus não poupou os anjos que
pecaram lançando-os no inferno enquanto aguardam o julgamento, ele também

não poupará os falsos mestres que intentam fazer com que o povo desvie da
verdade.

O SIGNIFICADO DE GEHENNA

A palavra Gehenna é usada doze vezes originalmente no Novo


Testamento. Gehenna é uma adaptação grega da palavra hebraica Ge‟hinnom,

que quer dizer “Vale de Hinom”, uma terra no lado sul de Jerusalém que
pertenceu a Hinom e depois a seus descendentes.

Nesse local foi edificado um altar onde eram celebradas oferendas

humanas ao deus pagão Moloque. Os reis ímpios Acaz e Manassés, por exemplo,
ofereceram seus filhos em sacrifício ali (2Cr 28:3; 33:6). Outros também fizeram o

mesmo (Jr 32:35).

O Profeta Jeremias profetizou acerca do juízo divino que não deixaria


impune o que ocorreu naquele lugar (Jr 7:31-34; 19:2; 32:35). Depois, o rei Josias

derrubou o altar e pôs um fim nas abominações que aconteciam ali (2Rs 23:10), e
o lugar tornou-se o local de incineração de tudo o que era descartado em
Jerusalém. Assim, sempre havia fogo queimando alguma coisa naquele vale.

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Considerando todos estes acontecimentos como pano de fundo,

podemos claramente entender porque aquele lugar se tornou o símbolo do


tormento dos ímpios. Logo, o hebraico Ge‟hinnom se tornou em grego Gehenna,

o lugar de castigo sem fim, isto é, o inferno.

Em todas as doze ocorrências deste termo nos livros do Novo


Testamento, ele sempre significa inferno (Mt 5:22,29,30; 10:28; 18:9; 23:15,33; Mc

9:43,45,47; Lc 12:5; Tg 3:6). Ainda com base nestas passagens, fica claro que o
Gehenna designa o local onde os ímpios são condenados ao tormento eterno que

castiga tanto seus corpos quanto suas almas.

Talvez agora surja a dúvida: Qual a diferença entre Hades e Gehenna, já


que Hades também pode se referir ao lugar de punição dos ímpios?

A maneira mais fácil de entender tal diferença é saber que quando o lugar

de tormento é chamado de Hades, a referência é ao lugar de punição da alma do


ímpio antes do dia do juízo final, isto é, durante o estado intermediário. Quando

esse lugar é chamado de Gehenna, a referência é ao lugar de punição do corpo e


da alma do ímpio após o dia do juízo, ou seja, é o inferno em seu estado final.

COMO É O INFERNO?
Ao longo do tempo esta pergunta tem sido respondida com muita

imaginação e fantasia, mas pouquíssima verdade bíblica. Principalmente nos


últimos anos, com a divulgação de várias “experiências e visões” de pessoas que

alegam ter visto ou estado lá, praticamente foi desenhada a planta do inferno,
com uma riqueza de detalhes impressionante.

Porém, tais descrições não são inéditas, ao contrário, desde a literatura


apocalíptica do século 2 d.C. já é possível encontrar relatos semelhantes acerca do

inferno. Talvez o texto mais detalhado dessa época seja o apócrifo Apocalipse de

Pedro, que trás uma descrição acerca das bem-aventuranças no céu, e os castigos
por tipo de pecados no inferno.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 245

Vale ressaltar que o autor desse livro não é o apóstolo Pedro, e o texto

possui sérias contradições com as Escrituras, sendo a principal delas a negação da


punição eterna.

O pensamento medieval acerca do inferno foi diretamente influenciado

por esse tipo de texto, ficando explicito tanto na literatura como nas obras de
arte. É importante sabermos disso para entendermos que as “visões” que são

vendidas como best-sellers na atualidade, nada mais são do que as velhas


histórias recontadas com um pouco mais de ficção e apelo sensacionalista.

As pessoas possuem uma aptidão natural para inventar teorias que

respondam suas próprias curiosidades. Ao procurarem detalhes específicos sobre


o inferno que a Bíblia não fornece, pessoas especialistas em relatar o macabro

deram um jeito nisso, e ofereceram suas próprias “revelações divinas”.

Todo cristão verdadeiro deve ter a convicção de que a Bíblia é a única


genuína revelação da vontade de Deus. É nossa regra de fé e prática, infalível e

inerrante. Assim, tudo o que precisava ser revelado por Deus a nós está nela, e ela
não precisa de novos apêndices, anexos ou revisões. Se tais visões sobre o inferno

contradizem claramente as Escrituras, então elas precisam definitivamente ser


rejeitadas.

Como já foi dito, a Bíblia não fornece tantos detalhes específicos sobre o
inferno, porém o que está escrito nela já é o suficiente para entendermos
tamanho terror que cerca esse lugar. A Bíblia descreve o inferno como sendo:

1. Um lugar onde o fogo nunca se apagará (Mt 3:12; 18:8; Mc 9:43; Lc 3:17; Jd
1:7).

2. A fornalha de fogo (Mt 13:42,50).


3. Um lugar de “choro e ranger de dentes” (Mt 24:51).
4. O lugar preparado para o diabo e seus anjos (Mt 25:41).
5. Um lugar onde o verme que atormenta o ímpio nunca morre (Mc 9:48).

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 246

6. O lugar da destruição eterna (2Ts 1:9).

7. O lugar das mais densas trevas (Jd 1:13).


8. Um lugar onde há tormento “com fogo e enxofre“, e a fumaça desse

tormento sobe pelos séculos dos séculos (Ap 14:9-11).


9. Um lugar onde o castigo é constante, não cessando nem de dia nem de

noite (Ap 20:10).


10. O lago de fogo que arde com enxofre (Ap 21:8).

Resumindo, podemos dizer que o inferno é real, é um lugar de terrível

lamento, de castigo e destruição eterna para os ímpios, Satanás e seus anjos.

O DIABO GOVERNA O INFERNO?


Uma das crenças mais populares acerca do inferno é a de que Satanás é o
rei e governante do inferno, onde ele manda e desmanda, domina e atormenta as

almas perdidas enquanto se diverte com o sofrimento delas.

Todavia, o ensino bíblico é exatamente o contrário. Satanás com seus


anjos não governa o inferno. Na verdade ele próprio será sentenciado ao

tormento eterno no lago de fogo (Ap 20:10).

O inferno não é um lugar que foi criado para servir de império para o
diabo, ao contrário, ele foi criado para servir como o lugar de castigo para ele e

seus agentes (Mt 25:41). No inferno, Satanás não poderá atormentar ninguém,
muito menos ser o governante do lugar, pois ele mesmo estará experimentando

um terrível castigo.

DEUS ESTÁ PRESENTE NO INFERNO?


Talvez depois do tópico acima tenha ficado uma dúvida: Se o diabo não
governa o inferno, quem é que governa? Bem, a resposta para isso, por mais que

seja chocante para alguns, é uma só: Deus!

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 247

Algumas pessoas entendem erroneamente que o inferno é um lugar onde

Deus está ausente, mas não é isso que a Bíblia ensina. Primeiro, devemos enfatizar
que Deus é onipresente, ou seja, está presente em todos os lugares (Sl 139:7-12).

A questão é que, nem sempre a presença de Deus em todos os lugares é

uma presença de amor. O céu é um lugar maravilhoso porque Deus está lá em


todo seu amor, e o inferno é um lugar terrível porque Deus está lá em toda sua

ira. Sim, Deus está presente no inferno, e o governa com toda sua ira (Hb 10:31;
12:29; Ap 6:16).

ONDE FICA O INFERNO?


Durante a Idade Média surgiu um entendimento comum de que o inferno

ficava em algum lugar abaixo da Terra, ou nas próprias profundezas da terra


mesmo. Sobre isso, definitivamente a Bíblia não nos relata nada sobre a

localização do inferno. Tudo que sabemos é que ele existe, mas não sabemos
onde fica.

COMO É O CASTIGO NO INFERNO?


Antes de tudo, precisamos entender que não se deve tomar de forma

exclusivamente literal as figuras que retratam o tormento do inferno nas


Escrituras.

Muitas vezes os símbolos são utilizados na Bíblia para descrever algo

incompreensível ao nosso entendimento humano. Porém, apesar da linguagem


ser simbólica, a realidade do inferno será ainda mais terrível do que os símbolos a

descrevem.

Um exemplo disso é a própria expressão de Jesus ao dizer que no inferno


“o seu verme não morre, e o fogo não se apaga” (Mc 9:48). Essa é uma clara

referência ao vale de Hinom, servindo como figura do tormento no inferno. Como


já dissemos, nesse vale eram queimados os entulhos de Jerusalém, e sempre havia

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 248

restos de animais que eram jogados ali para se decompor. Assim, o verme não

morria e o fogo não se apagava.

Ainda antes de falarmos sobre o castigo no inferno, devemos salientar


que, conforme já vimos, Satanás não será o responsável por castigar os

condenados ao inferno, ao contrário, é a justiça de Deus que exige tal punição, e a


sua ira que executa a sentença.

Embora a Bíblia não descreva os detalhes da punição dos ímpios de

acordo com seus pecados, ela nos descreve de forma geral como será essa
punição. Bem resumidamente, podemos organizar da seguinte forma:

 O castigo no inferno é a exposição à ira de Deus: certamente essa é a


condenação mais terrível que pode existir. Imagine o quão aterrorizante é
passar a eternidade experimentando a ira de Deus como um “fogo

consumidor” (Hb 12:29; cf. Hb 10:27,31; Rm 2:5; Jo 3:36). O Apóstolo João


nos informou que os ímpios “tomarão do vinho da ira de Deus que se foi

derramado sem mistura no cálice da sua ira; e será atormentado com


fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro” (Ap 14:10).
 O castigo no inferno resulta em terrível dor: somente no Evangelho de
Mateus Jesus descreve pelo menos seis vezes os ímpios chorando e

rangendo os dentes sob o castigo no inferno (Mt 8:12; 13:42,50; 22:13;


24:51; 25:30). Obviamente eles choram, se lamentam profundamente e

rangem os dentes pela terrível dor que sentem.


 O castigo no inferno é consciente: nossos corpos atuais, geralmente

quando submetidos a uma situação de terrível dor e trauma, acabam


“apagando” (ou desmaiando). Porém isso não ocorre no inferno. Durante

o estado intermediário, isto é, o período em que os mortos aguardam a


ressurreição de seus corpos para o dia do juízo, os ímpios são afligidos

terrivelmente em suas almas estando eles conscientes. Isso é um ensino


claro na Parábola do Rico e Lázaro (Lc 16:19-31). Depois de terem seus

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corpos ressuscitados, os mesmo ímpios serão condenados ao inferno em

seu estado final, onde sofrerão, tanto em seus corpos como em suas
almas, o castigo pelos seus pecados (Ap 20:11-15).

 O castigo no inferno reflete a separação: o apóstolo Paulo, escrevendo aos


Tessalonicenses, ensinou que os ímpios ficarão em perdição eterna,

“banidos da face do Senhor e da glória do seu poder” (2Ts 1:9). Certa vez
Jesus falou que os ímpios ouvirão as seguintes palavras: “Apartai-vos de

mim” (Mt 7:23). O castigo no inferno implica que o condenado será


excluído permanentemente da presença de Deus em graça e amor, ou
seja, não terão de forma alguma comunhão com Ele. Em Mateus 25:30,

Jesus diz que os ímpios serão "lançados nas trevas exteriores". Isso
significa que eles serão privados de tudo o que é bom, valioso e

agradável (Rm 2:8-12). Eles não participarão do banquete com Abraão,


Isaque e Jacó, ficaram de fora das bodas de casamento, baterão na porta,

mas ela não será aberta (Mt 8:11,12; 22:13; 25:10-13; Lc 13:28). Se por um
lado o castigo no inferno mostra essa terrível separação, por outro

também mostra uma difícil união. No inferno, o ímpio habitará para


sempre com o diabo e seus anjos (Mt 25:41; Ap 20:10,15).

TODOS RECEBEM O MESMO CASTIGO NO INFERNO?

A Bíblia nos diz que o castigo no inferno não é igual para todos, ou seja,
há graus diferentes de sofrimento. Esses graus de sofrimento basicamente são
determinados pela quantidade de conhecimento acerca da vontade de Deus que
uma pessoa recebeu, e as obras que praticou em vida.

Jesus deixa esse ensino claro na conclusão de uma de suas parábolas, ao

dizer: “E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez
conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; Mas o que a não
soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 250

qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou,
muito mais se lhe pedirá” (Lc 12:47,48).

Em outra ocasião, Jesus ensinou o mesmo princípio de que haverá mais


rigor no julgamento de uns do que de outros (Mt 11:21-24). Isso não significa que

haverá absolvição à parte da obra de Cristo, ao contrário, até mesmo os que


nunca ouviram o Evangelho serão condenados. Não há inocentes diante de Deus

(Sl 143:2; 1Co 15:22; Rm 5:12-19).

Na Carta de Paulo aos Romanos, lemos que os ímpios, com a


perversidade de suas obras, estão entesourando ira para si mesmos, e no dia da

revelação do justo julgamento de Deus, Ele “retribuirá a cada um conforme o seu


procedimento” (Rm 2:5,6).

A palavra “entesourando” pode ser traduzida como “acumulando” e é a

mesma expressão utilizada por Jesus quando ele aconselha os santos a “acumular
tesouros no céu” (Mt 6:20). Logo, assim como os salvos, ao obedecerem a Deus

acumulam tesouros no céu, os ímpios, ao desobedecerem e rejeitarem a Palavra


de Deus, acumulam ira para si mesmos.

O CASTIGO NO INFERNO É ETERNO?

A resposta para essa pergunta possui conteúdo suficiente para


escrevermos um livro exclusivo sobre ela, não que a pergunta seja de difícil

compreensão, ao contrário, a Bíblia a responde claramente, mas porque muitas


seitas e pensamentos heréticos defendem exatamente o contrário do que a Bíblia

diz.

Porém, para que nosso capítulo não fique excessivamente longo,


entenderemos bem resumidamente a discussão acerca do assunto. Alguns

defendem a doutrina do aniquilismo, que prega que no final o ímpio, Satanás e os


demônios deixarão de existir. Eles serão punidos durante um tempo, mas depois
serão definitivamente exterminados.

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Outros defendem a doutrina do universalismo, que consiste na ideia de

que no final Deus salvará a todos, até mesmo Satanás e seus anjos (alguns
universalistas negam esse ponto). Tal como no aniquilismo, no universalismo os

maus serão punidos durante um tempo, e depois serão salvos por Deus.

Ambas as teorias, além de interpretarem de forma completamente


equivocada a questão dos atributos de Deus, não encontram base bíblica alguma.

A Bíblia é clara ao afirmar que a punição no inferno é eterna (Mt 3:12; 18:8; Mc
9:43; Lc 3:17; Jd 6,7; Ap 14:9-11; 19:3; 20:10; cf. Dn 12:2).

Devemos entender que quando a Bíblia diz que o ímpio será destruído,

essa destruição não significa aniquilação, isto é, que eles deixarão de existir. O que
a Bíblia ensina é que o ímpio sofrerá uma “destruição eterna” (2Ts 1:9), ou seja, ele

estará eternamente perdido em horror e desesperança, não terá mais


oportunidade, só lhe restará o lamento e o ranger de dentes, para sempre será

atormentado, e a fumaça de seu tormento subirá pelos séculos dos séculos (Ap
14:11; 19:3; 20:10) A expressão “pelo século dos séculos” no Apocalipse literalmente

significa “pelas eras das eras”, no sentido de que é algo infinito.

Por fim, em Mateus 25:46 temos uma passagem determinante para este
assunto. Nela, é descrito o tormento dos ímpios no inferno e a alegria dos santos

no céu. A palavra original utilizada para descrever tanto a duração da bem-


aventurança dos salvos como a duração do castigo dos ímpios é exatamente a

mesma.

Logo, se o tormento no inferno não durar para sempre, então a alegria ao

lado de Deus também não durará. Se o inferno não for eterno, o novo céu e nova

terra também não será. A eternidade do inferno é uma exigência da justiça de


Deus. Devemos nos lembrar de que através do inferno a glória de Deus também é

manifestada.

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O INFERNO NO ESTADO INTERMEDIÁRIO E FINAL


Quando os homens morrem, eles entram no que chamamos de “estado
intermediário”. Esse é o estado de existência desencarnada, ou seja, a alma é

separada do corpo e fica aguardando a ressurreição.

Durante esse período, a alma dos salvos parte para estar com Cristo no

céu onde reina com Ele e descansa das tribulações terrenas (Fp 1:23), enquanto a
alma dos ímpios vai para o lugar de tormento, isto é, o inferno em seu estado

intermediário (Lc 16:19-31; 2Pe 2:9).

A grande diferença da punição no estado intermediário e no estado final


é a ausência do corpo no estado intermediário, e a presença do corpo no estado

final.

Como já vimos, a Bíblia ensina que haverá o dia em que os ímpios e os


justos ressuscitarão para o juízo. No caso do ímpio, ao ser condenado no juízo

final, ele será lançado no inferno em seu estado final, isto é, o lago de fogo, e será
atormentado não só em sua alma, mas também no seu corpo ressuscitado.

Apesar do ímpio já experimentar o tormento no estado intermediário, é após a


ressurreição que ele receberá os graus de castigo por ocasião do julgamento final.

Também vale ressaltar que não existe nenhuma fundamentação bíblica

para qualquer doutrina que ensine a possibilidade de escapar do castigo no


estado intermediário, como é o caso da doutrina do purgatório. A Bíblia é

suficientemente clara ao dizer que depois da morte vem o juízo (Hb 9:27; cf. Lc
16:19-31). O convite da salvação é ofertado em vida.

A IMPORTÂNCIA DA DOUTRINA SOBRE O INFERNO


A realidade sobre o inferno é raramente pregada na maioria das Igrejas.

Parece que existe muita relutância e pesar quando falamos sobre a punição
eterna, mas não deveria ser assim, pois apesar de ser um tema muito difícil para
nós, ele é extremamente necessário.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 253

Aqui vale mais uma vez relembrar que Jesus, nosso Salvador, foi quem

mais pregou acerca do inferno. Também precisamos sempre ter mente a verdade
de que Deus é justo, e jamais condenaria alguém a um castigo que não

merecesse. Portanto, o castigo que o homem recebe é com base na retidão da


justiça de Deus.

As pessoas que vão para o inferno, são sentenciadas a esse destino

devido a suas próprias escolhas, pois ignoram a glória de Deus e rejeitam a sua
providencia em favor do pecado do homem através da obra de Cristo na cruz (Jo

3:18-21; Rm 1:18,24,26,28,32; 2:8; 2Ts 2:9-12).

Na doutrina sobre a realidade do inferno, devemos enxergar a graça e a


misericórdia de Deus que adverte o pecador a se voltar para Cristo e encontrar

nele salvação.

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O NOVO CÉU E NOVA TERRA


O novo céu e nova terra é uma promessa amplamente ensinada pelas

Escrituras. Tal doutrina está presente desde o Antigo Testamento até o Novo
Testamento. Naturalmente muitas dúvidas surgem entre os cristãos acerca de

como será esse estado futuro e eterno.

Apesar de termos muitas referências bíblicas sobre o novo céu e nova


terra, claro que muitos detalhes só serão esclarecidos quando, finalmente,

estivermos vivendo neles.

QUANDO OCORRERÁ O SURGIMENTO DO NOVO CÉU E NOVA TERRA?


Podemos dizer que o estado eterno, com novo céu e nova terra, terá
início por ocasião do juízo final. Quando todos forem julgados, os ímpios serão

destinados à condenação eterna no lago de fogo, enquanto os santos viverão e


reinarão eternamente com Deus, no novo céu e nova terra.

O apóstolo João descreve esse momento da seguinte forma: “Vi novo céu

e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não
existe” (Ap 21:1).

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 255

COMO SERÁ CRIADO O NOVO CÉU E NOVA TERRA?

Esse é um ponto que levanta algumas discussões entre os estudiosos.

Primeiro, vale ressaltar que a expressão “novo céu e nova terra” deve ser
entendida como contemplando o universo inteiro, ou seja, é uma expressão

bíblica para se referir a todo universo.

Sobre as discussões acerca de como se dará a criação do novo céu e nova


terra, alguns acreditam que o universo atual será completamente destruído, no

sentido de aniquilado, deixando de existir, e então Deus criará novo céu e nova
terra, sem continuidade alguma com o universo atual.

Já outros estudiosos defendem que o universo atual não será destruído,


mas renovado. Será uma transformação tão profunda que refletirá uma nova
criação, mas ainda assim será a continuidade do universo atual.

Particularmente entendo que há base bíblica suficiente para que não haja
qualquer dúvida de que, na verdade, acorrerá uma renovação. Por exemplo: se

considerarmos o texto já citado de Apocalipse 21:1, o termo grego utilizado para


descrever o novo céu e nova terra expressa uma ideia de um “novo mundo”, e

não de um “outro mundo”.

O mesmo termo também é utilizado em 2 Pedro 3:13, e trata-se do grego


kainos que significa algo novo em qualidade. Se fosse algo novo em origem, ou
seja, sem qualquer base prévia, o termo grego deveria ser neos.

Na Carta aos Romanos, o apóstolo Paulo nos diz que “a natureza criada
aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados” (Rm
8:19). Paulo continuou explicando que tal expectativa se dá pelo fato de que a
criação será “libertada da escravidão da decadência em que se encontra para a

gloriosa liberdade dos filhos de Deus” (Rm 8:21). Obviamente o apóstolo está
dizendo que é a criação atual que será libertada dos efeitos do pecado, e não
uma nova criação.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 256

Por fim, também penso que a aniquilação do universo atual poderia

representar um tipo de vitória de Satanás, pois ele teria conseguido corromper de


maneira irreversível a criação original de Deus, a ponto de precisar ser

completamente descartada para que outra criação seja criada.

Portanto, a renovação do universo, além de ser a doutrina bíblica acerca


do assunto, também demonstra mais um meio pela qual a soberania de Deus será

revelada, quando Ele purificar exatamente a criação que Satanás tentou destruir,
removendo todos os efeitos do pecado.

COMO SERÁ O NOVO CÉU E NOVA TERRA?

Muita gente possui uma ideia completamente equivocada acerca de


como será o novo céu e nova terra, imaginando ser um paraíso espiritual. Essa
ideia foi difundida principalmente na idade média, onde o paraíso futuro sempre

era retratado como um lugar etéreo, entre nuvens, onde as pessoas vestidas de
branco ficariam flutuando com harpas nas mãos.

Na verdade, mesmo dentro das igrejas, alguns cristãos também


entendem desta forma, talvez por conta de expressões que remetem a ideia de

que passaremos a eternidade num tipo de céu em algum lugar no espaço.

Primeiro precisamos dizer que hoje, quando um cristão morre, sua alma
vai estar com Deus na morada dEle, isto é, no céu, um lugar de descanso de sua

vida terrena, enquanto aguarda a ressurreição de seu corpo.

Porém na eternidade todos nós teremos corpos ressurretos e glorificados,


ou seja, não seremos apenas almas. Na verdade, nós podemos dizer seguramente

que viveremos no céu, desde que entendamos o que será o céu no estado eterno.

A doutrina bíblica é a de que haverá uma nova terra na qual passaremos


a eternidade, vivendo em corpos ressurretos e desfrutando das belezas desse

mundo transformado para a glória de Deus.

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Entretanto, a Bíblia se refere a esse futuro lar como “novo céu e nova

terra”, isso porque Deus habitará conosco, ou seja, esse lugar também será a
habitação de Deus. Em outras palavras, não existirá nenhuma separação entre o

céu (a morada de Deus) e a terra, ou seja, ambos se fundirão, formando então um


único lugar.

Logo, a nova terra será o céu, e o céu a nova terra, e nós, habitando a

nova terra, também estaremos habitando o novo céu (Ap 21:1-3). Claro que
existem mistérios acerca de como tudo isto ocorrerá, mas nossa esperança é de

que chegará o dia onde compreenderemos todas estas coisas pessoalmente.

AS REFERÊNCIAS SOBRE O NOVO CÉU E NOVA TERRA


Como já dissemos, existem muitas passagens bíblicas em referência ao
novo céu e nova terra, do Antigo ao Novo Testamento. Praticamente em todas

elas a descrição desse futuro glorioso é feita de forma figurada, onde uma
realidade indescritível à nossa compressão humana é descrita com símbolos que

possamos entender agora.

Em muitas dessas passagens há também a ocorrência de profecias de


múltipla referência, isto é, uma única profecia se cumpre em eventos distintos, de

modo que algo que já se cumpriu prefigura o cumprimento de algo ainda futuro.

Algumas dessas profecias se referem à restauração do povo de Deus do


exílio na antiga dispensação e/ou a vinda do Messias. Logo, muitas profecias já

tiveram um cumprimento primário na História do povo hebreu, ou se cumprem na


nova dispensação com a Igreja de Cristo, porém elas também apontam para um

momento futuro, onde serão plenamente cumpridas.

Devido as diferentes correntes escatológicas e a discussão acerca do

milênio, os cristãos discordam entre si a respeito de quando se dará esse

cumprimento futuro.

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Uns defendem que tais promessas se cumprirão durante o reino milenar

futuro e literal de Cristo na terra (ainda velha terra). Outros defendem que essas
promessas encontrarão seu cumprimento no novo céu e nova terra, ou seja, não

durarão apenas mil anos, mas perdurarão a eternidade.

Se entendermos que a doutrina bíblica aponta para o novo céu e nova


terra como o lugar onde as promessas e os propósitos de Deus serão plenamente

cumpridos, então perceberemos que em toda a Escritura esse maravilhoso lugar é


mencionado de alguma forma.

Na promessa feita a Abraão (Gn 17:8), por exemplo, Deus garantiu

entregar ao patriarca e a sua descendência a terra de Canaã. Podemos dizer que a


terra de Canaã foi um tipo de símbolo que apontava para o futuro sobre a nova

terra que está ainda por vir. Isso é o que o escritor da Epístola aos Hebreus
entendeu quando escreveu que Abraão “pela fé peregrinou na terra prometida

como se estivesse em terra estranha; viveu em tendas, bem como Isaque e Jacó,
co-herdeiros da mesma promessa. Pois ele esperava a cidade que tem alicerces,
cujo arquiteto e edificador é Deus” (Hb 11:9,10).

Sobre essa “cidade que tem alicerces” a qual eles esperavam, o mesmo
capítulo 11 nos mostra que não se tratava de uma cidade terrena, mas uma cidade

celestial que se encontrará na nova terra. Logo, eles entendiam que a promessa
de Deus transcendia a Canaã terrena, e buscavam uma pátria, isto é, a "pátria

celestial", uma cidade a qual Deus lhes preparou (Hb 11:16; cf. Jo 14:2).

Quando consideramos a promessa feita em Gênesis 17:8, e a

interpretamos à luz de passagens neotestamentárias como essa de Hebreus

juntamente com Mateus 5:5, Romanos 4:13 e Gálatas 17:8, entendemos que
também somos herdeiros da promessa acerca do novo céu e nova terra, pois em

Cristo somos descendência de Abraão.

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No Antigo Testamento as passagens mais conhecidas e explicitas que

descrevem o novo céu e nova terra estão no livro do Profeta Isaías (caps. 65:17-65;
66:22,23). Já no Novo Testamento, existem muitas referências que remetem ao

estado eterno, mas certamente as referências de Romanos 8:21-23; 2 Pedro 3:13 e


Apocalipse 21-22 são as principais acerca do novo céu e nova terra.

Considerando todas estas referências, podemos claramente entender que

o novo céu e nova terra será um lugar glorioso, com uma paz sem igual, toda a
criação estará restaurada e livre da maldição do pecado, onde haverá abundância

de recursos que estarão à disposição de seus habitantes, não existirá mais a


morte, a tristeza e a dor, será um lugar marcado pela justiça e, principalmente,

será a eterna habitação de Deus com Seu povo.

COMO VIVEREMOS NO NOVO CÉU E NOVA TERRA?


Bem, como já vimos, não devemos imaginar nossas vidas na nova terra de
forma “espiritualizada”, flutuando entre nuvens e cantando durante toda a

eternidade num coral. Geralmente sobre essa questão as pessoas costumam ter
dúvidas bem específicas.

Alunos já me perguntaram coisas bem curiosas, como por exemplo, se

haverá esportes, tecnologia (incluindo a internet), e se haverá alimentação. Ora,


para dúvidas tão específicas precisaremos esperar o grande dia em que teremos

todas as respostas, pois a Bíblia não nos esclarece nada acerca disso.

Todavia, a Bíblia (com principal ênfase no capítulo 21 do Apocalipse) nos


fala sobre o que realmente importa sabermos em relação a nossa vida futura. A

Igreja de Cristo reinará durante toda a eternidade com Deus, ou seja, na nova
terra nós desfrutaremos de comunhão eterna com nosso Senhor. Certamente esse

é o aspecto mais maravilhoso da nossa vida futura.

Como já dissemos, na nova terra não haverá mais lágrimas e sofrimento e


a morte não será mais encontrada. Todas essas coisas já serão passadas. Na nova

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 260

terra também estaremos unidos com todo o povo Deus, juntos, numa única

família.

Lá poderemos conviver durante toda a eternidade com nossos amigos e


entes queridos que partiram no Senhor, como também com grandes homens de

Deus a quem conhecemos apenas de ouvir falar, como Noé, Abraão, Moisés,
Isaías, Paulo, Pedro, João e tantos outros.

Na nova terra nós teremos ocupações. Em Apocalipse 22:3 somos

informados de que os servos de Deus o servirão. Lá descansaremos, mas não


seremos ociosos, repousaremos de nossas fadigas, mas não do nosso serviço.

Porém, será um trabalho glorioso e prazeroso, pois serviremos o nosso Senhor.

Ainda no texto do livro do Apocalipse lemos que na eternidade


contemplaremos a face de Deus (Ap 22:4). Com certeza esse é ponto alto da

descrição da nossa vida futura. Poderemos ver o nosso Senhor exatamente como
Ele é (1Jo 3:2).

Aqui vale ressaltar que nossa vida na nova terra será essencialmente
diferente e infinitamente superior ao que foi com Adão no Éden. Antes da Queda,

sabemos que Deus descia à terra para conversar com Adão na viração do dia.

Obviamente isso já era maravilhoso, mas perceba que ainda existia uma
distância, pois Deus descia em alguns momentos. Os estudiosos entendem que

possivelmente essa manifestação de Deus era sob forma humana. Mas no novo
céu e nova terra não haverá qualquer distância, Deus não nos visitará em

determinados momentos, mas habitará conosco para todo o sempre.

Além de servirmos a Deus, no novo céu e nova terra também reinaremos


com Ele pelos séculos dos séculos (Ap 22:5). Seremos servos e reis. Devemos nos

lembrar que não merecemos nenhuma destas coisas, tudo isso é graça.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 261

Outro aspecto interessante que a Bíblia nos esclarece é que, em corpos

ressurretos vivendo na nova terra, os santos não mais se casaram. Pelo menos
nesse ponto específico seremos como os anjos (Mt 22:30). Logo, também não

haverá mais nascimentos, pois como a morte não existirá também não haverá
mais a necessidade de reprodução.

QUAL SERÁ O PAPEL DOS ANJOS NO NOVO CÉU E NOVA TERRA? COMO ELES SE
RELACIONARÃO COM A IGREJA?

Falando nos anjos, muitas pessoas também se perguntam sobre qual será

o papel dos anjos no novo céu e nova terra, e como será o nosso relacionamento
com eles. Na verdade a Bíblia não fala nada a respeito deste assunto.

Todavia, ao que parece a relação entre os anjos e os redimidos


permanecerá como é atualmente. Os anjos são “espíritos ministradores, enviados

para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação” (Hb 1:14).

Considerando algumas passagens bíblicas que podem servir de base para


esclarecer um pouco essa questão, creio que não há dúvidas de que os santos

permanecerão sempre mais exaltados do que os anjos (1Co 6:3; Ap 5:11). Seja
como for, é certo que o relacionamento entre os anjos e a Igreja será de terna

união, e juntos adorarão ao Deus Todo-Poderoso por toda a eternidade.

COMO SERÁ O NOSSO CORPO NO NOVO CÉU E NOVA TERRA?

Também não temos todos os detalhes acerca disto, mas com certeza o
texto do apóstolo Paulo aos irmãos de Corinto é bem esclarecedor nesse sentido

(1Co 15:50-54). É preciso notar que o texto não explica a composição física do
corpo ressurreto, apenas enfatiza que seremos imortais e incorruptíveis, ou seja,

não haverá mais nada que nos debilite.

Em sua Epístola aos Filipenses, o mesmo apóstolo nos ensina que o corpo
ressurreto será semelhante ao corpo glorioso de Cristo ressuscitado (Fp 3:21).

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O CRISTÃO E A PROMESSA ACERCA DO NOVO CÉU E NOVA TERRA


A doutrina bíblica acerca do novo céu e nova terra deve ser algo presente
na vida de todos os cristãos verdadeiros. As promessas sobre esse futuro glorioso

devem nos confortar na presente era, enquanto ainda vivemos em um mundo


decaído e corrompido pelo pecado.

Apesar de hoje não compreendermos todos os detalhes acerca do estado


eterno, haverá o dia em que pessoalmente não só entenderemos, mas

presenciaremos e participaremos de todas essas coisas.

Não há dúvida de que o novo céu e nova terra será algo sem igual, nunca
visto antes. Porém, entre tudo isto, nada poderá se comparar ao prazer de

contemplar a face de Deus. Por enquanto só nos resta imaginar o dia em que
estaremos profundamente admirados diante do esplendor do Cordeiro.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 263

A NOVA JERUSALÉM
A Nova Jerusalém é mencionada pelo apóstolo João no livro do
Apocalipse. Apesar de ser citada uma vez no capítulo 3 (vers. 12) e outras vezes

indiretamente no decorrer do livro, finalmente nos capítulos 21 e 22 é onde


encontramos uma descrição detalhada da Nova Jerusalém.

Como praticamente todos os assuntos dentro da escatologia, a Nova

Jerusalém também é tema de debates interpretativos entre as diferentes visões


escatológicas. Neste capítulo conheceremos as diferentes interpretações sobre

este tema, além de analisarmos os capítulos 21 e 22 do livro do Apocalipse.

AS DIFERENTES INTERPRETAÇÕES ACERCA DA NOVA JERUSALÉM


Apesar de haver uma grande variedade de interpretações sobre a Nova
Jerusalém, principalmente em relação aos detalhes descritos no Apocalipse,

basicamente todas elas convergem em duas posições centrais, conforme veremos


a seguir:

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 264

1. Interpretação literal da Nova Jerusalém: entende que a descrição da Nova

Jerusalém no capítulo 21 do Apocalipse deve ser interpretada de forma


literal. Logo, trata-se de uma cidade edificada exatamente como está

descrito no capítulo, de modo que quando João revela que o muro tem
uma medida de 144 côvados, por exemplo, é porque literalmente o muro

da cidade possui exatamente essa altura, ou quando é dito que a cidade


possui doze portas, é porque de fato ela possui literalmente doze portas.

Há também uma interpretação muito comum dentro dessa posição que

entende a Nova Jerusalém como uma cidade literal, mas considera que a
descrição do capítulo 21 é simbólica.

2. Interpretação simbólica da Nova Jerusalém: entende que a descrição da


Nova Jerusalém deve ser interpretada de maneira simbólica, ou seja, a

Nova Jerusalém é o símbolo de algo que está sendo transmitido na


revelação presente no livro do Apocalipse. Vale ressaltar que essa

interpretação de forma alguma entende a Nova Jerusalém como um tipo


de utopia como alguns alegam, ao contrário, essa interpretação considera

o padrão literário do livro do Apocalipse, onde obviamente é rico em


simbologia, e percebe que a descrição da Nova Jerusalém obedece a esse

padrão, onde uma realidade indescritível é revelada através de símbolos.

O QUE É A NOVA JERUSALÉM?


Dentre as interpretações citadas acima, particularmente considero que a
última posição é a mais coerente. Essa é a interpretação natural do próprio livro

do Apocalipse, considerando suas características e os elementos descritos nos


capítulos 21 e 22.

O livro do Apocalipse nos mostra que a Nova Jerusalém não é apenas

uma cidade, ela é muito mais do que isso. A Nova Jerusalém é a própria Noiva do
Cordeiro (Ap 19:7). Essa interpretação fica clara comparando os versículos 9 e 10
do próprio capítulo 21:

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 265

Então veio um dos sete Anjos que tinham as sete taças repletas dos
sete últimos flagelos e disse-me: Vem, e mostrar-te-ei a noiva, a
esposa do Cordeiro (Apocalipse 21:9).

Perceba que João foi convidado pelo anjo para ver a Noiva, a esposa do

Cordeiro. Se você interpretar esse texto de forma literal, naturalmente você deve
esperar que João tivesse visto, de fato, a Noiva. Entretanto, no versículo seguinte o

que o apóstolo contemplou foi uma cidade:

Levou-me em espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a


Cidade Santa, Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus
(Apocalipse 21:10).

Essas particularidades acontecem bastante no livro do Apocalipse. Por


exemplo, no capítulo 5 do mesmo livro, João se desespera pois não havia

ninguém capaz de abrir o livro selado com sete selos. Então um dos anciãos
conforta João dizendo que o Leão da tribo de Judá é digno de abrir o livro (Ap

5:5). De acordo com esse versículo, obviamente esperaríamos a visão do Leão,


mas o que o João vê é um Cordeiro (Ap 5:6). É exatamente esse mesmo padrão

de narrativa que encontramos na descrição da Nova Jerusalém.

Portanto, devemos entender que a Nova Jerusalém é a cidade eterna, a

cidade santa, o lar da Noiva do Cordeiro, bem como a própria Noiva, de modo que
não podemos estabelecer uma distinção entre os redimidos (habitantes da cidade)
e a própria cidade em si.

Essa cidade desce do céu, isto é, sua origem está no céu, ela vem de
Deus, pois foi escolhida por Ele, nascida do alto como resultado da obra

transformadora do Espírito Santo (Ap 3:12; 21:9; cf. Gl 4:26; Hb 11:10; 16; 12:22). Ela
é muito mais do que edifícios, ela é pessoas.

A expressão “Nova Jerusalém” é claramente uma contraposição à “velha”

e terrena Jerusalém da Palestina. Desde o Antigo Testamento, a Igreja é chamada

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 266

de esposa do Cordeiro (Is 54:5 cf. Ef 5:32) e representada pelo símbolo de uma

cidade (cf. Is 26:1; Sl 48).

A DESCRIÇÃO DA NOVA JERUSALÉM

Quando João descreveu essa cidade esplendorosa, ele utilizou os mesmos


símbolos do capítulo 4 na visão do trono de Deus. Veremos a seguir a descrição

da Nova Jerusalém no livro do Apocalipse.

1. A Nova Jerusalém é a Cidade Santa (Ap 21:10,16,18): ela é revestida da


glória de Deus, e seu esplendor se assemelha a uma pedra muito

preciosa. Isso significa que a Nova Jerusalém reflete a glória de Deus, isto
é, que a Noiva reflete a glória do Noivo. Ela é santa, ela é a Noiva, ao
contrário da Babilônia, a grande prostituta.
2. A Nova Jerusalém tem doze portas (Ap 21:12,13,21,25,27; 22:14,15; cf. Ez

43:1; 48:31-34): no livro do Apocalipse o número 12 sempre está ligado ao


povo de Deus. Nas doze portas João viu doze anjos, e nas portas estavam

gravados os nomes das doze tribos de Israel. As portas estão distribuídas


de três em três em cada direção. As portas mostram que há abundante

oportunidade de entrar nessa cidade, e que seus habitantes provêm de


todas as partes do mundo, mas os anjos postados, cada um em uma

porta, mostram que nem todos podem entrar. Os cidadãos da Babilônia,


os admiradores da meretriz não podem pertencer a Noiva. Essa cidade é

habitação apenas da Igreja redimida, do verdadeiro Israel de Deus, dos


santos da antiga e da nova dispensação. Repare que os nomes das doze

tribos estão gravados nas portas.


3. A Nova Jerusalém tem um grande muro (Ap 21:12,17,18): ao mesmo tempo

em que a cidade tem doze portas, significando que ela é aberta a todos,
ou seja, os habitantes dessa cidade procedem de toda língua, tribo e

nação, ela também tem uma grande muralha, o que significa que ela não
é aberta a tudo. Muralha significa segurança, proteção. O muro mede 144

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 267

côvados, ou seja, doze vezes doze, mais uma referência ao número que

representa simbolicamente o povo de Deus. As medidas da cidade


simbolizam sua associação com as doze tribos de Israel e os doze

apóstolos, uma figura dos santos da antiga dispensação e da nova


dispensação. Vimos que na cidade há portas, e as portas estão abertas

(vers. 13 e 25), mas nem todos poderão entrar nessa cidade (vers. 27). Em
cada porta tem um anjo, e a cidade está cercada por uma muralha. Essa

muralha demarca a santidade da cidade, separa o puro o impuro. Esse

muro protege os que estão dentro e afasta os que estão de fora. O


pecado não pode entrar nessa cidade, somente os remidos, os

justificados, os que tiveram suas vestes alvejadas no sangue do Cordeiro.


Apenas aqueles cujos nomes estão escritos no Livro da Vida é que podem

entrar, habitar e ser essa cidade santa.


4. A Nova Jerusalém tem doze fundamentos (Ap 21:14,19,20): a cidade tem

doze fundamentos, com os nomes dos doze apóstolos. A Nova Jerusalém


está construída sobre o fundamento da verdade, a verdade revelada nas

Escrituras através dos apóstolos, a qual Jesus é a pedra angular desse


fundamento (1Co 3:11). Nessa cidade os santos do Antigo Testamento e

do Novo Testamento estarão unidos (vers. 12 e 14).


5. A Nova Jerusalém é medida como um cubo perfeito (Ap 21:16): essa cidade

mede doze mil estádios, algo em torno de 2.200 quilômetros de


comprimento, largura e altura. Essa medida não deve ser entendida de

forma literal, mas simboliza tamanha plenitude conferida a Igreja formada


pelo povo escolhido de Deus durante toda a história. Apenas esse povo é

que poderá entrar nessa cidade. A medida da cidade é um símbolo da


sua majestade, grandiosidade e suficiência. A Nova Jerusalém é algo

incomparável, pois não há, nem nunca existiu uma cidade terrena com
essas dimensões. O formado da cidade, o cubo perfeito, é o mesmo
formado do Santo dos Santos no Tabernáculo e no Templo, um lugar

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 268

onde apenas o sumo sacerdote podia entrar. Isso mostra que a Nova

Jerusalém é o mais intimo lugar de comunhão com Deus, onde o próprio


Deus habita, e todos os seus habitantes são reis e sacerdotes (1Pe 2:9).

6. A praça da Nova Jerusalém é indescritível (Ap 21:21): você já viu uma praça
de ouro puro como vidro transparente? Tenho certeza de que não. A

praça é o lugar central de uma cidade, é onde as pessoas se reúnem. Na


Nova Jerusalém as doze portas revelam a praça central, uma praça de

ouro puro, como vidro transparente. O centro dessa cidade é puro, belo e

valioso como o ouro e integro como o vidro transparente. Nessa cidade


não há nada escondido.

7. Não há santuário na Nova Jerusalém (Ap 21:22): João não viu santuário
nessa cidade. Esse certamente é o ponto alto da descrição. Isso significa

que essa cidade é o lugar de plena comunhão com Deus. Não há mais
templo, pois o próprio Deus é o seu templo, ou seja, a Igreja habita em

Deus e Deus habita na Igreja. A manifestação da glória de Deus é tão


grande nessa cidade que não há qualquer necessidade do sol e da lua,

pois o próprio Cordeiro a ilumina. A glória de Deus não está mais restrita
ao santuário, mas manifesta-se em todos os lugares dessa cidade.

8. Na Nova Jerusalém há um rio de água viva (Ap 22:1): a cidade também tem
um rio de água viva, claro como cristal, fluindo do trono de Deus e do

Cordeiro, no meio da praça da cidade. Esse rio simboliza a vida eterna, a


salvação pelo dom da graça soberana de Deus. Perceba que o rio não

procede de qualquer lugar, ele sai do trono de Deus. Isso significa que
nossa salvação não vem de qualquer lugar, ela tem sua origem no trono

de Deus, isto é, na vontade soberana dEle, e nos foi conferida pelo


sangue redentor do Cordeiro.

9. Na Nova Jerusalém há um parque com a árvore da vida (Ap 22:1-3): no


meio de sua praça, de uma e outra margem do rio, há a árvore da vida.
No original grego os termos referentes à “árvore da vida”, ao “rio” e a

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 269

“praça” estão no coletivo. Isso demonstra o caráter abundante da nossa

salvação, a comunhão plena e permanente entre Deus e todos os


habitantes da santa cidade. Aqui é impossível não nos lembrarmos do

Jardim do Éden, de onde o homem foi expulso, separado de Deus,


condenado à morte por seu pecado. Mas na Nova Jerusalém o jardim

está preservado às margens do rio da água da vida, a árvore da vida está


acessível, a comunhão com Deus está restaurada, a morte dá lugar a vida

eterna.

10. O trono de Deus e do Cordeiro está na Nova Jerusalém (Ap 22:3,4): por
fim, o trono de Deus e do Cordeiro está na cidade, ou seja, a Igreja revela

a majestade e a soberania do Deus Todo-Poderoso. O Senhor é quem


governa sobre a Igreja e a Igreja O serve com alegria e devoção.

Creio que ao lermos atentamente os capítulo 21 e 22 do livro do


Apocalipse podemos notar que a Nova Jerusalém é muito mais do muitas pessoas

imaginam. É claro que de certa forma, boa parte da descrição dessa cidade já se
cumpre na Igreja presente, mas a totalidade de seu esplendor só será revelada

quando o Noivo vier buscar a sua Noiva.

Nesse dia, será cumprido com toda plenitude a sublime promessa


registrada no versículo 22 do capítulo 4: "Os seus servos o servirão, e

contemplarão a sua face". Que coisa maravilhosa, não há nada que se compare a
essa promessa.

É comum vermos muitos cristãos falarem da Nova Jerusalém apenas

enaltecendo, principalmente no sentido literal, suas ruas de ouro e seus muros de


jaspes, mas se esquecendo de que muito mais do que tudo isso é a contemplação

da face de Deus.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 270

No versículo 6 somos avisados de que "estas palavras são fiéis e

verdadeiras" e tão logo "devem acontecer". No versículo 7 somos confortados


com um aviso do próprio Noivo para a sua Noiva: "Eis que venho sem demora".

Ainda no versículo 7 lemos: "Bem-aventurado aquele que guarda as

palavras da profecia deste livro". Talvez alguém pergunte: Quem são estes bem-
aventurados? Certamente são os habitantes da cidade santa, os cidadãos da Nova

Jerusalém. Estes são os vencedores, os eleitos dentre todas as nações (Ap 7:9),
aqueles cujos nomes estão escritos no livro da vida do Cordeiro desde a fundação

do mundo (Ap 3:5; Ap 17:8; 21:27), os mesmos que possuem o selo de Deus em
suas frontes (Ap 14:1). Estes reinarão por toda a eternidade com o Senhor.

TEXTOS COMPLEMENTARES

Resolvi incluir nesta seção alguns textos que podem contribuir com o
entendimento geral dos temas discutidos durante este e-book. Portanto, é

extremamente recomendável a leitura de todos eles.

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JESUS DESCEU AO INFERNO E


PREGOU AOS MORTOS?
Muita gente tem dúvida se Jesus desceu ao inferno e pregou aos mortos,
e não é para menos, já que os textos bíblicos que tratam este assunto estão entre

os mais difíceis de se interpretar. Como qualquer outro texto difícil da Bíblia,


existem diversas interpretações defendidas por vários teólogos. Porém, devido a

algumas interpretações equivocadas sobre este tema, muitas heresias foram


ensinadas ao longo da História da igreja.

Antes de começarmos é preciso saber que a palavra "inferno" é utilizada

para traduzir quatro termos originais, sendo: Sheol, Hades, Gehenna e Tártaro. A
palavra tártaro é utilizada apenas uma vez (2Pe 2:4). Sheol é uma palavra hebraica

utilizada com certa frequência no Antigo Testamento, e o grego Hades traduz o


hebraico Sheol na Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento), e também é

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 272

utilizado no Novo Testamento de forma praticamente equivalente ao Sheol no

Antigo Testamento.

Tanto Sheol quanto Hades podem assumir significados diferentes


dependendo do contexto, sendo eles: sepultura, esfera dos mortos (estado

desencarnado) e o lugar de punição dos ímpios após a morte (o inferno em seu


estado intermediário).

Já o termo Gehenna é uma adaptação grega de uma palavra hebraica, e é

utilizado no Novo Testamento para se referir ao inferno em seu estado final, ou


seja, o lugar de condenação dos ímpios e de Satanás e seus anjos após o juízo

final (o lago de fogo).

Neste texto, falaremos sobre o estado intermediário dos mortos, ou seja,


o período de existência da alma separada do corpo enquanto aguarda a

ressurreição para comparecer ao julgamento final. Logo, quando utilizarmos a


palavra "inferno" não estaremos nos referindo ao inferno em seu estado final.

Basicamente os principais textos bíblicos utilizados nos debates sobre este


assunto são:

Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos
injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas
vivificado pelo Espírito; No qual também foi, e pregou aos espíritos em
prisão; Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a
longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se
preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela
água (1 Pedro 3:18-20).

Porque por isto foi pregado o evangelho também aos mortos, para
que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas
vivessem segundo Deus em espírito (1 Pedro 4:6).

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 273

Não pretendo fazer uma exposição detalhada sobre o tema, pois o texto

ficaria muito longo e bastante complexo. Vejamos apenas, bem resumidamente,


as diferentes interpretações sobre o assunto.

A INTERPRETAÇÃO DE QUE JESUS DESCEU AO INFERNO PARA PREGAR AOS


MORTOS

De forma geral, essa interpretação defende que Jesus, entre sua morte e
ressurreição, desceu ao inferno para pregar aos mortos. Dentro dessa visão,

existem diferentes interpretações em relação a quem seriam esses mortos e qual o


tipo de pregação que foi feita.

1. Jesus desceu ao inferno para pregar aos mortos que foram vitimas do

Dilúvio e se arrependeram antes da morte (neste caso trazendo salvação).


2. Jesus desceu ao inferno para pregar aos mortos que morreram antes de

seu ministério, dando-lhes oportunidade para arrependimento (neste


caso trazendo salvação para os arrependidos e o juízo para os que não se

arrependeram).
3. Jesus desceu ao inferno para pregar aos mortos que morreram no Dilúvio

e não creram na pregação de Noé (neste caso trazendo juízo).

Qualquer uma das três interpretações acima não encontra base bíblica,
porém as piores são as interpretações que defendem uma pregação para salvação

(1 e 2). Qualquer ensino que defenda uma segunda chance após a morte é
herético e deve ser rejeitado. A Bíblia claramente ensina que após a morte só resta

ao homem o juízo.

E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois
disso o juízo (Hebreus 9:27).

A INTERPRETAÇÃO DE QUE JESSUS DESCEU AO INFERNO PARA LIBERTAR


OS SANTOS DO ANTIGO TESTAMENTO

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 274

Nessa interpretação Jesus teria ido pregar o Evangelho e libertar aos

santos do Antigo Testamento que estavam esperando a consumação da redenção


por Jesus para serem levados ao paraíso. Em outras palavras, os santos do Antigo

Testamento morreram na promessa, e Jesus precisou aparecer a eles para que a


promessa fosse cumprida. Essa visão baseia-se em algumas referências como

Salmos 16:10 e Mateus 12:40.

Essa é a interpretação mais conhecida e ainda é a mais aceita por muitos


protestantes. Com algumas diferenças, essa teoria também é a posição do

catecismo Católico.

O problema com essa interpretação é que a Bíblia é bastante clara ao


afirmar que os santos do Antigo Testamento em nenhum momento foram para

um lugar esperar por uma consumação da salvação, mas foram estar com Deus
(Gn 5:24; Gn 5:24; 2Rs 2:11; Sl 73:23), pois eles também haviam sido justificados

(Rm 4:3; Hb 11:5).

A INTERPRETAÇÃO DE QUE JESUS DESCEU AO INFERNO PARA PREGAR AOS

ANJOS CAÍDOS

Esta interpretação acredita que Jesus foi pregar aos anjos caídos, não no

sentido de "evangelizar", mas de proclamar vitória sobre eles em uma pregação


vindicativa. Os textos de Judas 1:6 e 2 Pedro 2:4, são os mais utilizados na defesa

dessa visão, além do texto de 1 Pedro 3:18-20.

A questão aqui é que em nenhum lugar da Bíblia encontramos alguma


referência sobre Jesus descendo ao inferno para pregar (mesmo de forma

vindicativa) para anjos caídos. Utilizar as referências de Judas e das epístolas de


Pedro para defender essa ideia é forçar bastante os textos.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 275

A referência de 1 Pedro, por exemplo, a todo momento está se referindo

a pessoas e não a espíritos malignos, anjos caídos ou demônios. Portanto, o que


justificaria no meio do texto ele mudar radicalmente o foco da escrita?

Também precisamos considerar que naquela época as pessoas para

quem Pedro escreveu não possuíam uma Bíblia organizada como temos hoje, que
possibilitasse um estudo com referências cruzadas e notas de rodapé. Se Pedro

tivesse feito isso, o texto seria praticamente impossível de ser interpretado por
aqueles irmãos.

INTERPRETAÇÃO DE QUE JESUS DESCEU AO INFERNO PARA TOMAR AS


CHAVES DE SATANÁS

Esta interpretação é bastante semelhante a anterior, e diz que Jesus


desceu ao inferno para proclamar a vitória sobre Satanás e tomar as chaves da

morte e do inferno. Essa ideia também tem raízes em uma interpretação sobre o
resgate pago à Satanás na expiação de Cristo.

Essa é uma das interpretações mais absurdas que encontramos por aí.

Primeiro, temos que esclarecer que nunca foi pago resgate algum à Satanás. O
resgate foi pago à Deus, o pecado foi contra Deus, e é a justiça de Deus que

exigia tal pagamento. Qualquer coisa diferente disso é apenas alegoria e falta de
Bíblia.

Sobre as tais chaves, a referência mais utilizada é Apocalipse 1:18, onde

lemos que Cristo tem a chave da morte e do Hades. O termo "Hades" está sendo
aplicado nesse versículo não no sentido de inferno, mas como uma referência ao

estado de existência desencarnada, isto é, o momento em que a alma se separa


do corpo, sendo o corpo conduzido a sepultura.

Quando o texto diz que Ele tem as chaves da morte e do Hades, quer
dizer que Ele tem autoridade e poder sobre a morte, para que esta não seja um

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 276

motivo de dano ao salvos, pois Ele mesmo recebe a alma dos santos no céu, além

de que, em sua segunda vinda, Ele ressuscitará os mortos que deixarão o estado
de existência desencarnada (no contexto o Hades) para receberem corpos

ressuscitados.

Não se pode interpretar esse texto de maneira estritamente literal, com


Jesus descendo à um lugar em que Satanás habita e tomando as chaves da mão

dele. Aqui, a referência é a obra de Cristo na cruz, onde, por sua morte, Ele
destruiu aquele que utilizava a morte como uma arma contra nós (Hb 2:14), ou

seja, o diabo, aquele que sempre desejou a morte do homem, tanto física como
espiritual, e se apresentava diante de Deus para nos acusar (Ap 12:10; cf. Zc 3:1,2).

Entenda que Satanás cumpria o papel de acusador, mas não era o

responsável em proferir a sentença. A sentença de morte contra o homem foi


pronunciada por Deus quando Adão e Eva caíram no pecado. Jesus derrotou

Satanás na cruz. Foi ali que ele experimentou todo peso da ira de Deus pelos
nossos pecados, dando sua vida para nos libertar da maldição da morte.

Considerando o contexto histórico da passagem do Apocalipse, a

declaração de que Jesus é quem possui as chaves da morte e do Hades


representou um grande conforto para aqueles irmãos do século 1 d.C. que

diariamente eram expostos ao martírio.

Ao saber que o controle sobre a morte está nas mãos de Cristo, eles
entendiam que não era preciso temer a morte, pois se seus corpos caíssem aqui
na terra, suas almas estariam com Cristo no céu aguardando o dia em que, assim

como Cristo ressuscitou, seus corpos também serão ressuscitados.

A INTERPRETAÇÃO DE QUE CRISTO PREGOU AOS MORTOS ENQUANTO


ELES AINDA ESTAVAM VIVOS

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 277

Esta interpretação defende que o Espírito de Cristo, através da vida de

Noé e de outros profetas, pregou aos agora mortos, mas na ocasião vivos, a
justiça e o arrependimento.

QUAL É A INTERPRETAÇÃO MAIS COERENTE BÍBLICAMENTE?

Como pudemos ver, existem várias interpretações, porém o que temos


que considerar é que a Bíblia apresenta uma estrutura perfeita, e precisa ser

interpretada de uma forma coerente com todo o ensino presente nela, para não
causarmos contradições.

Particularmente, acredito que a interpretação mais correta biblicamente,

que não isola textos específicos para explora-los fora do contexto, é a de que
Cristo pregou aos mortos quando estes ainda estavam vivos (última interpretação

apresentada acima).

Ao lermos a primeira Epístola de Pedro podemos perceber isso


claramente. No capítulo 1, Pedro afirma categoricamente que o Espírito de Cristo

é quem conduzia os profetas em suas pregações.

Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que


profetizaram da graça que vos foi dada, Indagando que tempo ou que
ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava,
anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e
a glória que se lhes havia de seguir (1 Pedro 1:10,11).

Aplicando esse texto ao capítulo 3:18-20, podemos entender sem

dificuldade que Cristo, através de Noé, pregou às pessoas que desobedeceram


naquele tempo e que agora são "espíritos em prisão", ou seja, condenados ao

juízo eterno. De forma mais clara, tais pessoas ouviram a pregação e a rejeitaram
ainda em vida, e agora estão em condenação eterna.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 278

Sobre o texto de 1 Pedro 4:6, o mesmo princípio é válido, isto é, o

Evangelho foi pregado também aos mortos quando eles ainda eram vivos.

Outro texto bastante utilizado para defender a descida literal de Jesus ao


inferno é Atos 2:27,31, porém originalmente o texto se refere a sepultura, ou seja,

ao "estado de sepultado" literalmente. Vale lembrar que neste texto o apóstolo


Pedro está citando o Salmo 16:8-11, e interpreta uma profecia de Davi acerca da

ressurreição do Messias. Então ele aponta para o contraste entre o tumulo de Davi
em Jerusalém, e o tumulo de Cristo vazio, porque Deus o ressuscitou dos mortos.

O mesmo foi dito por Paulo em Atos 13:36,37.

Quanto ao texto de Efésios 4:9, usa-lo para defender uma descida literal
de Jesus ao inferno é forçar muito a estrutura do próprio texto, e desconsiderar

totalmente o contexto e o objetivo da mensagem que esta sendo passada que se


refere ao ministério de Cristo na terra, ao plano de salvação e a unidade e

organização da igreja como corpo de Cristo.

Também não existe uma possibilidade biblicamente aceitável de que


Jesus pregou o Evangelho para quem viveu no Antigo Testamento, para que eles

tivessem uma chance de crer. Afirmar isso é a mesma coisa de considerar inúteis
todos os profetas levantados por Deus no Antigo Testamento. Do próprio Noé, o

Novo Testamento testifica que ele foi o "pregoeiro da justiça" (2Pe 2:5), sendo
assim, só me resta concordar com Pedro e afirmar que Cristo pregou através do

ministério dos profetas.

Sobre a ideia de que Jesus precisou libertar e "alocar" os santos do Antigo

Testamento, não encontro base bíblica alguma para justificar essa teoria. É um

raciocínio muito simples. Vamos considerar Enoque e o profeta Elias. Por que
Deus tomaria ambos para si se não fosse para estar com Ele? Será que Deus os

levaria para que eles ficassem em um local temporário esperando uma


consumação da redenção?

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 279

Bem, a Bíblia é muito clara ao dizer que eles foram estar com Deus. Na

transfiguração, por exemplo, pelo estado descrito de Moisés e do próprio Elias,


não me parece que eles estavam em qualquer outro lugar a não ser com o

próprio Deus. Outra coisa que devemos considerar é que nas passagens que
falam sobre o assunto na Bíblia o sentido de "paraíso" é sinônimo de céu, o

terceiro céu, conforme o apóstolo Paulo indicou em 2 Coríntios 12:2-4.

Também é importante saber que não existe na Bíblia, com referência a


Jesus Cristo, a expressão "desceu ao inferno". Essa expressão passou a ser

utilizada na Confissão de Fé Apostólica, talvez por volta do século IV d. C., pois em


suas formas mais primitivas essa expressão não era encontrada.

Na verdade, ela foi utilizada originalmente para substituir a expressão

"crucificado, morto e sepultado", o que também estaria correto, porém quando as


duas expressões começaram a aparecer juntas no Credo Apostólico por volta do

século VII é que começaram as confusões teológicas.

Outra coisa que vale ser lembrada é que o conceito de um lugar comum,
dividido em dois setores para onde iam todos os mortos, encontra sua origem na

doutrina pagã grega do Hades. No paganismo grego, todos os mortos ficavam


em um lugar chamado Hades, e dentro do Hades havia duas alas: o Tártaro (onde

ficavam todos os homens maus), e o Elísios (onde ficavam todos homens os bons).

Como inferno é uma das traduções para tártaro, e paraíso é uma das
traduções para elísios, então já dá para saber a origem de alguns erros de
interpretação que originaram doutrinas estranhas ao ensino Bíblico. A Bíblia

claramente ensina que o ímpio, quando morre, já está em tormento enquanto

aguarda a condenação eterna no juízo final (2 Pe 2:9), e o salvo, quando morre,


vai estar com Deus aguardando a ressurreição em corpo glorioso na segunda

vinda de Cristo (Fp 1:23).

MAS ONDE JESUS ESTAVA ENTRE SUA MORTE E RESSURREIÇÃO?

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 280

A Bíblia não fornece muitos detalhes sobre esse período, mas sabemos

com certeza que Ele foi ao céu (paraíso), o que também concorda com o fato de
Ele ter entregado o seu Espírito ao Pai, apenas quando tudo foi consumado, ou

seja, a expiação de Cristo foi concluída na cruz, e não ficou nenhuma etapa para
ser concluída no inferno ou em qualquer outro lugar.

E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no


Paraíso (Lucas 23:43).

E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando


a cabeça, entregou o espírito (João 19:30).

E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o
meu espírito. E, havendo dito isto, expirou (Lucas 23:46).

Após a cruz, nós sabemos o que realmente importa: Ele ressuscitou!

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 281

QUEM NUNCA OUVIU O EVANGELHO


SERÁ SALVO?
Algumas pessoas afirmam que aqueles que passaram por essa vida e não

conheceram Jesus, ou seja, nunca ouviram o Evangelho, pelo desconhecimento


serão salvas. A principal base deste argumento é o fato de Deus ser amor, e a

condenação de um possível “inocente” seria uma injustiça por parte d'Ele. Mas
será que realmente quem nunca ouviu o Evangelho será salvo?

O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE ISSO?

Para ser bem direto, a Bíblia diz que não há a mínima possibilidade de
quem nunca ouviu o Evangelho ser salvo. Não existe outra forma de obter

justificação perante o juízo de Deus se não for pelos méritos de Cristo. São vários
textos bíblicos que podemos citar, vejamos alguns:

E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu


nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser
salvos (Atos 4:12).

Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem


ao Pai, senão por mim (João 14:6).

Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está


posto, o qual é Jesus Cristo (1 Coríntios 3:11).

Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo


(Romanos 10:13).

Essa verdade revelada nas Escrituras de modo algum afronta a bondade,


a misericórdia, o amor ou qualquer atributo do nosso Deus. Algumas pessoas

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 282

entendem errado esse principio, e pensam que agindo assim, Deus estaria sendo

injusto, porém é exatamente o contrário, Deus age assim por ser plenamente
justo.

NÃO EXISTEM INOCENTES DENTRE A RAÇA HUMANA

A ideia de que é injusto alguém que nunca ouviu o Evangelho ser


condenado, é facilmente derrubada quando entendemos que não existem

inocentes entre os homens (Jo 5:42; Rm 3:10-12, 23; Rm 7:18,23; Ef 4:18; 2Tm 3:2-4;
Tt 1:15). Vamos citar alguns versículos que ensinam essa verdade:

E não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não se
achará justo nenhum vivente (Salmos 143:2).

Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem


faça o bem, não há nem um só.

Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Romanos


3:12,23).

Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo


pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por
isso que todos pecaram (Romanos 5:12).

Deus, de forma alguma, é injusto, ao contrário, Ele é totalmente justo.

Após a queda do homem, lá com Adão ainda no Éden, todos os homens, sem
exceção, passaram a merecer a condenação eterna. Note que não é a injustiça de

Deus que condena a humanidade, mas sua justiça diante da própria perversidade
e desobediência do homem. Quando um pecador é condenado ele não está

recebendo injustiça da parte de Deus, ao contrário, ele está recebendo a pura


justiça de Deus.

Existem vários versículos que expressam a condição da pessoa que nunca


conheceu a Palavra do Senhor, e, em todos eles, fica claro que mesmo sem

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conhecer os mandamentos de Deus, os homens perecem. Creio que um dos

versículos mais claros sobre isso está na Carta de Paulo aos Romanos:

Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e
todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados (Romanos 2:12).

COMO ALGUÉM PODE SER COBRADO POR ALGO QUE NUNCA CONHECEU?

Mesmo se alguém argumentasse que nunca ouviu falar sobre a existência


do verdadeiro Deus, e se houvesse a possibilidade dessa pessoa ser absolvida da

condenação segundo a sua própria conduta, ainda assim essa pessoa seria
condenada, isso porque todos os homens, conhecedores ou não do verdadeiro

Deus, possuem um padrão moral dentro si, isto é, todos de uma forma ou de
outra julgam o que acham ser a conduta correta.

Ainda no capítulo 2, da Epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo fala sobre

isso:

Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as


coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; Os
quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando
juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-
os, quer defendendo-os (Romanos 2:14,15).

Se alguém disser que passou a vida sob a base de que deveria fazer o

bem, praticando boas obras e amando o próximo, seria inevitável perguntar: Essa
pessoa sempre fez o bem? Em todas as oportunidades ela praticou boas obras?

Em todos os momentos de sua vida ela amou o próximo? A resposta seria


evidente: não!

Até mesmo os que conheceram a Lei não puderam ser salvos por ela, pois

a Lei veio para oficializar a incapacidade do homem em cumpri-la. Nunca houve, e


nunca haverá salvação a não ser unicamente pela graça de Deus.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 284

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é
dom de Deus (Efésios 2:8).

Ao longo da História muitas dessas pessoas que nunca ouviram falar de


Jesus viveram suas vidas mergulhadas no paganismo e praticando uma série de

atrocidades. Não são poucos os relatos de missionários que foram evangelizar


tribos e povoados que nunca haviam escutado falar da existência de Jesus, e que

descrevem o desprezo, a rejeição e a perversidade destas pessoas em relação ao


Evangelho que estava sendo anunciado. Isso prova que os que nunca ouviram o

Evangelho não são inocentes por isso.

Uma coisa importante que também precisamos considerar é que a Bíblia


ensina que o grau de conhecimento que uma pessoa recebeu fará diferença em

seu julgamento, no sentido de ser mais brando ou mais severo, porém isso não
significa absolvição. A absolvição só pode ocorrer pela justificação em Cristo

Jesus.

Esse ensino também reflete a justiça de Deus que irá considerar o


conhecimento, oportunidades e as vantagens que alguém desfrutou nessa vida

em relação à iluminação sobre a verdade (Am 3:2; Lc 12:47,48; Hb 10:29; Mt 11:10-


24; Lc 10:12-15).

E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem


fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; Mas o
que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites
será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e
ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá (Lucas 12:47,48).

Sendo assim, podemos concluir que não existe possibilidade alguma de


alguém que nunca ouviu o Evangelho ser salvo, pois isso implicaria em outro meio
de salvação, o qual não seria pelos méritos de Cristo.

POR QUE DEUS NÃO PERMITIU QUE TODOS OUVISSEM O EVANGELHO?

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 285

Diante da realidade de que muitas pessoas nunca ouviram o Evangelho

durante a História da humanidade, muita gente não entende o porquê de Deus


não ter permitido que todos ouvissem o Evangelho quando passaram por este

mundo.

De alguma forma, Deus é revelado a todos os homens. Isso é chamado


de "Revelação Natural". Um texto bíblico que expressa esse princípio está no livro

de Salmos:

Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das


suas mãos (Salmos 19:1).

Basicamente o que essa referência em Salmos (como outras que também


podem ser encontradas na Bíblia) está dizendo é que o homem pode ter uma
consciência geral sobre Deus percebendo as obras da criação. Porém, essa

revelação não é suficiente para que alguém seja salvo, mas ela escancara a
condição de que todos os humanos são indesculpáveis, ou seja, ninguém poderá

chegar diante de Deus e dizer que não sabia da existência de um Deus. Os ateus
não creem na existência de Deus, mas isso é diferente de não saber da existência

d'Ele.

Na Epístola aos Romanos, aprendemos que os homens rejeitaram essa

revelação de Deus na própria natureza e por isso constituíram para si mesmos


outros deuses. Isso demonstra que não existe o conceito defendido por muitos de
que se alguém que está em uma determinada religião, mas pratica o bem, e sua
religião prega o amor, então isso é o que importa e Deus aceitará esse tipo de

conduta.

Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu


eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se
vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;
Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus,

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 286

nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o


seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se
loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da
imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de
répteis (Romanos 1:20-23).

Existe também a chamada "Revelação Especial", em que Deus se revela

através de sua Palavra, ou seja, é onde temos conhecimento dos mandamentos


de Deus, do plano de Salvação em Cristo e da promessa de seu retorno e juízo

que consumará a História desse mundo.

Não temos as respostas para todas as perguntas referentes aos eternos


propósitos de Deus, o que sabemos é que tudo acontece conforme a justa,

perfeita e infalível vontade dEle e unicamente para a manifestação de sua glória.

Entre obedecer a Deus e praticar a iniquidade, o homem sempre


escolherá o mal, pois isso faz parte de sua natureza corrompida. Isso significa que

mesmo se todas as pessoas ouvissem o evangelho não implicaria que mais


pessoas seriam salvas, pois ao homem é impossível escolher o bem em relação a

Deus, e muito menos salvar-se a si mesmo.

É por isso que se o Evangelho é anunciado a alguém, isto é graça, e não

direito do homem. O pecado colocou o homem em divida com Deus e não o


contrário. Esta questão seria um problema se a salvação fosse resultante da
escolha do homem, pois no dia do juízo todos os que não ouviram o Evangelho
teriam o direito de protestar, alegando que se tivessem ouvido teriam crido, ou

seja, nesse caso seria uma condenação injusta.

Porém, quando entendemos que a salvação é simplesmente pela graça


de Deus, e que nosso Deus é soberano e escolheu os seus unicamente pela sua
vontade, sem ser influenciado por qualquer escolha ou mérito do homem, então
esse problema sobre os que nunca ouviram o Evangelho fica totalmente resolvido.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 287

Antes de tudo existir, maravilhosamente Ele escolheu os que são seus e os

“chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o
seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos
dos séculos” (2Tm 1:9).

Na Bíblia temos vários exemplos de pessoas que nos ajudam a


compreender esse tema. Jó, Melquisedeque, Abraão e tantos outros, tinham em

comum o fato de viverem em uma época onde o paganismo dominava a


humanidade, onde a sociedade era corrompida pelo politeísmo, e o culto ao

verdadeiro Deus havia sido esquecido.

Eu não sei como Jó conheceu a Deus, mas sei que ele O conheceu. Eu
não sei quem evangelizou Melquisedeque, mas sei que ele foi sacerdote do Deus

Altíssimo. Quanto a Abraão, bem, todos nós conhecemos a sua história, e como
Deus o chamou dentre sua parentela pagã. Todos estes homens serviram o

verdadeiro Deus, conheceram seus mandamentos e creram verdadeiramente em


suas promessas, confiando em sua infalível fidelidade.

Diante disso, seguramente podemos dizer que ninguém que poderia ser

salvo será condenado porque não teve oportunidade. No livro de Atos, temos
noticias do resultado de uma evangelização, e como o Evangelho transformou

exatamente aqueles que deveriam ser transformados. Note que os que creram
foram aqueles que haviam sido designados para a vida eterna:

Ouvindo isso, os gentios alegraram-se e bendisseram a palavra do


Senhor; e creram todos os que haviam sido designados para a vida
eterna (Atos 13:48).

Para finalizar, se os que nunca ouviram o Evangelho fossem salvos, então


a missão de evangelizar teria sido um fracasso, pois seria muito melhor que
ninguém tivesse sido evangelizado, pois assim, o número de salvos teria sido
maior.

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Porém, a ordenança que recebemos do nosso Senhor é que devemos

anunciar o Evangelho a toda criatura, sendo que esse trabalho não será em vão,
pois dentre essa humanidade caída Ele tem os seus eleitos, os quais convêm

agregar, e de uma forma incompreensível a nós, por um plano concebido ainda


na eternidade, essas ovelhas não passarão por este mundo sem ouvir a voz do

seu Pastor.

Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me
convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um
rebanho e um Pastor (João 10:16).

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AS 70 SEMANAS DE DANIEL
As setenta semanas de Daniel é como ficou conhecida pelos cristãos a

profecia registrada em Daniel 9:24-27. A profecia das 70 semanas é um dos temas

mais polêmicos e debatidos entre os estudiosos devido a sua grande dificuldade


de interpretação.

Neste texto, conheceremos alguns aspectos importantes da profecia das


70 semanas de Daniel, e as principais interpretações sobre o assunto.

QUANDO DANIEL TEVE A REVELAÇÃO SOBRE AS 70 SEMANAS?

O capítulo 9 do livro do profeta Daniel nos mostra que o profeta havia


descoberto, estudando as profecias do profeta Jeremias (Jr 29:10-14), que o tempo

de cativeiro do povo judeu na Babilônia duraria 70 anos.

Ao fazer tal descoberta, Daniel percebeu que o momento em que estava


vivendo já era a véspera do tão aguardado fim do exílio. Daniel percebeu ainda

que o fim do exílio também estava diretamente relacionado ao arrependimento


de seu povo durante o período em que ficaram cativos.

Entretanto, ao analisar a situação de seu povo na Babilônia, Daniel


concluiu que o povo ainda estava impenitente. Então, Daniel se preocupou, pois

ele entendia a relação pactual do Senhor com seu povo, ou seja, onde bênçãos
eram vistas na obediência, e maldições na desobediência.

Foi neste cenário que Daniel orou ao Senhor. A oração de Daniel


consistiu, primeiramente, em adoração a Deus por sua fidelidade e soberania,

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depois ele confessou o seu pecado e o pecado de seu povo, também reconheceu

a justiça de Deus em seu julgamento do pecado, e, finalmente, ele fez uma


grande suplica para que o Senhor, pela sua misericórdia, restaurasse a cidade de

Jerusalém tirando seu povo do exílio.

A Bíblia diz que enquanto ele ainda orava, o anjo Gabriel veio ao seu
encontro com uma grande mensagem da parte do Senhor (Dn 9:21), onde lhe foi

revelado os propósitos de Deus acerca do futuro, e que seriam cumpridos durante


70 semanas.

O QUE É A PROFECIA DAS 70 SEMANAS? POR QUE "70 SEMANAS"?

O anjo Gabriel falou a Daniel que 70 semanas estavam determinadas


sobre o seu povo (Dn 9:24). O próprio Gabriel, na descrição da visão, organiza as

setenta semanas em três subdivisões: primeiro 7 semanas, depois mais 62


semanas e, por último, mais 1 semana.

Gabriel também fez referência a pelo menos dois personagens principais:

o primeiro aparece no versículo 25, e é o Ungido, também denominado como


“Príncipe” no mesmo versículo 25. Já o segundo aparece no versículo 26, e trata-

se de um príncipe que lidera um povo que destruiria a cidade e o santuário. A


identificação destes dois personagens da profecia varia nas mais diversas

interpretações sobre ela.

Basicamente, a profecia fala primeiramente acerca da restauração de

Jerusalém, e depois de uma nova destruição que haveria de acontecer. Também


são apresentados seis itens que deveriam ser cumpridos durante o período das 70

semanas, sendo eles: cessar a transgressão, por fim ao pecado, expiar a


iniquidade, trazer a justiça eterna, selar a visão e a profecia e ungir o Santíssimo

(Dn 9:24). A forma e o período em que esses itens são cumpridos também varia

de acordo com cada corrente escatológica.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 291

Muitos também se perguntam o porquê de serem 70 semanas. A

expressão “setenta semanas” traduz o original “setenta setes“. Muitos estudiosos


acreditam que trata-se de uma referência direta aos 70 anos de exílio que o povo

foi submetido, sendo então, estes 70 anos, multiplicados sete vezes, de acordo
com o padrão de tratamento pactual (cf. Lv 26:14,21,24,28).

Seja como for, todos os intérpretes consideram que as 70 semanas devem

ser entendidas não como semanas de dias, mas como semanas de anos, assim
como está em Levítico 25:8. Desta forma, a profecia das 70 semanas se refere a

um período de 490 anos (70×7).

Assim, a divisão das semanas estabelecida na própria profecia seria a


seguinte: 49 anos (7 semanas), 434 anos (62 semanas) e 7 anos (1 semana).

AS DIFERENTES INTERPRETAÇÕES SOBRE AS 70 SEMANAS

A profecia das setenta semanas de Daniel sempre foi muito debatida.


Antes mesmo das discussões entre as diferentes correntes escatológicas, tal

profecia já era alvo de debate entre intérpretes judeus, depois latinos e gregos.

São tantas interpretações diferentes que seria algo quase impossível

considerar todas elas num único texto. Portanto, colocarei ênfase apenas nas
principais interpretações dentro do cristianismo, que, de alguma forma, são

defendidas pelas diferentes posições acerca da escatologia bíblica.

Não há tanta discussão entre os cristãos a respeito das primeiras 69


semanas, apenas alguns debates acerca de datas e eventos históricos. As

discussões se concentram realmente no significado da septuagésima semana.


Sobre isto, existem três interpretações principais:

Interpretação literal e futurista: interpreta as semanas de forma literal, ou

seja, representando um período preciso de tempo, a saber, 490 anos exatos.


Devido à interpretação estritamente literal, essa linha de interpretação entende

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 292

que 483 anos já se cumpriram, o que corresponde a 69 semanas (7+62) e a última

semana, no caso a septuagésima, foi adiada e transferida para os últimos dias da


presente dispensação. Assim, existe um hiato entre a sexagésima nona e a

septuagésima semana, uma lacuna de tempo, um período indeterminado que é a


era da Igreja. Finalmente, a septuagésima semana começa quando a Igreja for

arrebatada e o Anticristo revelado, e corresponde aos sete anos de grande


tribulação. Esta é a principal interpretação entre os pré-milenistas

dispensacionalistas.

Interpretação preterista: essa interpretação entende que as 70 semanas já


se cumpriram, e a septuagésima semana corresponde ao período desde a morte

de Cristo na cruz até a destruição de Jerusalém em 70 d.C. pelo exército romano.


Alguns preteristas entendem que a destruição de Jerusalém não ocorre

necessariamente dentro das 70 semanas, mas em algum momento depois dela.


Muitos pós-milenistas defendem esta interpretação.

Interpretação simbólica: essa interpretação defende que as 70 semanas

devem ser entendidas de forma simbólica. Apesar de ser simbólica, essa


interpretação se mistura com historicidade, ou seja, as 70 semanas se cumprem

historicamente, porém não existe a necessidade das datas serem exatas. Assim, a
septuagésima semana é simbólica, e se refere à época da Igreja, ou seja, ao

período que compreende desde a primeira vinda de Cristo até sua segunda vinda.
Esta é a principal interpretação entre os amilenistas.

COMO INTERPRETAR A PROFECIA SOBRE AS 70 SEMANAS?

Todas as interpretações sobre as 70 semanas de Daniel possuem


problemas. O texto de fato não é claro, de forma que em qualquer posição que

tomarmos, necessariamente estaremos defendendo uma simples interpretação.

Sobre as “setenta semanas” e suas três divisões, muitas tentativas já foram


feitas para estabelecer com exatidão a cronologia desse período, porém nenhuma

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 293

delas se mostrou realmente eficaz. Isso acontece porque “a conta não fecha” com

precisão em nenhuma das interpretações possíveis, isto é, sempre a data se


mostra aproximada e não exata.

Para entendermos melhor as dificuldades que existem, vamos analisar

resumidamente o texto da profecia das 70 semanas.

Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua


santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e
para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a
profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende: desde a saída da
ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o
Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o
muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos (Daniel 9:24,25).

Já vimos que existem duas possibilidades de interpretarmos as 70


semanas, isto é, ou de forma simbólica ou literal. Se entendermos as setenta

semanas como literais, então temos a grande dificuldade de fazer com que os 490
anos se encaixem nas datas propostas.

Um exemplo dessa dificuldade pode ser visto na afirmação de que o


tempo deveria ser contado "desde a saída da ordem para restaurar e para edificar

Jerusalém". Sobre isto, encontramos pelo menos três decretos que poderiam
representar tal “ordem”. O primeiro foi com Ciro no século 6 a.C., depois temos o
primeiro decreto de Artaxerxes em 457 a.C., e, por último, um segundo decreto
em 444 ou 445 a.C. (embora não tenha sido tecnicamente um decreto e sim uma

autorização).

O primeiro decreto com Ciro é praticamente inviável, pois a data ficaria


muito longe do primeiro século depois de Cristo, além de que a ordem prioriza a
reconstrução do Templo e não da cidade. Vale dizer que há intérpretes que

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consideram essa data, colocando então o termino das 70 semanas no período

intertestamentário, na época de Antíoco IV Epifânio.

Como discutiremos aqui apenas as principais interpretações dentro do


cristianismo, então nos sobrariam as outras duas possibilidades. Antes de falarmos

sobre isto, devemos considerar a dificuldade com relação ao tipo de calendário


utilizado para fazer este cálculo, ou seja, é possível calcular com o calendário lunar

e o calendário solar.

Também soma-se a isto o fato de que há um erro entre 4 e 7 anos no


cálculo feito por Dionísius Exiguus no calendário que nós utilizamos hoje, cuja

contagem dividiu a História em “a.C.” e “d.C”.

Alguns afirmam que as 69 semanas, ou 483 anos, se cumprem


exatamente no ano em que Jesus começou seu ministério na Galiléia. Outros

afirmam que os 483 anos coincide no ano em que Cristo foi crucificado.
Entretanto, considerando as dificuldades que já mencionamos aqui, podemos

concluir que é impossível que seja estabelecida uma data exata para o término
das 69 semanas.

Particularmente prefiro considerar como sendo mais provável a ordem de


444 a.C., de forma com que “os tempos angustiosos” citados na profecia, são

aqueles registrados no relato de Neemias. Assim sendo, de 444 a.C. devem ser
contados 483 anos, resultando então em 37 ou 38 d.C. Considerando o erro de
cálculo nas contas Dionísius Exiguus entre 4 e 7 anos, então chegaremos a uma
data aproximada entre os anos 31 e 34 d.C., o que provavelmente corresponde ao

período do ministério de Jesus.

Na interpretação preterista, que é a mais literal de todas, não há como


fazer encaixar o período entre a crucificação de Cristo e a destruição de Jerusalém
em 70 d.C. Assim, segue-se uma interpretação literal até a sexagésima nona
semana, e é preciso que se recorra a um arranjo para posicionar a septuagésima

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semana. Como já dissemos, para resolver essa questão geralmente os preteristas

defendem que Daniel não diz que a destruição de Jerusalém ocorreria dentro da
septuagésima semana.

Já na interpretação dispensacionalista essa dificuldade não ocorre, porém

por outro lado, a septuagésima semana é adiada e inicia-se um hiato. O problema


é que o texto não faz qualquer referência sobre um possível adiamento da

septuagésima semana, nem mesmo que haveria uma lacuna de tempo após a
sexagésima nona semana.

Assim, penso que tal interpretação não pode reivindicar uma condição
especialmente literal, pois utiliza um elemento que não esta literalmente no texto.
Logo, é possível notar uma aparente falta de padrão no estilo interpretativo.

Outro problema também se dá pelo fato de que, se a septuagésima


semana corresponde ao período futuro de grande tribulação e esse período deve

ser interpretado de forma literal, então será possível calcular a segunda vinda de
Cristo a partir da manifestação futura do Anticristo, e não existe qualquer base

bíblica que aponte para essa possibilidade.

Talvez a melhor chance de resolver todos estes problemas é entender


que a interpretação das 70 semanas deve ser simbólica, pois assim, tais

dificuldades serão eliminadas. Vale dizer que a interpretação simbólica considera


que o texto onde a profecia das setenta semanas aparece é apocalíptico, e, como

tal, existe o uso de elementos simbólicos.

Também é preciso notar que o próprio número “7” é amplamente


utilizado com significado simbólico em textos apocalípticos da Bíblia. Assim, os

interpretes dessa posição entendem que o período de 490 anos representa uma
fórmula padrão, ou seja, a profecia não estava estabelecendo necessariamente um

cálculo exato de anos, mas segmentos de tempo amplamente definidos.

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Esse estilo de organização não era incomum na literatura judaica, e pode

ser observado em textos produzidos principalmente no período


intertestamentário, como por exemplo, o livro não canônico Jubileus, que

estrutura a História em períodos de 490 anos.

Se as setenta semanas for entendida de forma simbólica, então a primeira


divisão da profecia em 7 semanas representa um curto espaço de tempo até que

Jerusalém fosse reconstruída com a volta do povo do cativeiro. Depois, haveria


um longo período de tempo (62 semanas) até que o Messias estivesse na terra

durante os primeiros dias do primeiro século, o que também ocorreu em


aproximadamente 434 anos depois da reconstrução de Jerusalém como já vimos.

Note sempre a condição “aproximadamente”, que, como já dissemos, indica que


não há necessidade de se estabelecer com exatidão uma data.

Também vale dizer que alguns estudiosos entendem que o “Ungido” (ou

Messias) citado no versículo 25 pode não ser uma referência a Cristo, mas a um
rei usado por Deus como instrumento para realizar sua vontade. Neste caso,

geralmente é utilizada a data do decreto de Ciro. Todavia, creio que a melhor


interpretação é que tal citação é referente ao Messias mesmo.

Também notamos no versículo 24 os seis itens que deveriam ser

cumpridos durante as setenta semanas. Os dispensacionalistas entendem que os


seis itens só serão completamente cumpridos na segunda vinda de Cristo e no

estabelecimento de um reino milenar na terra (o milênio).

Já a outra possibilidade é a de que os seis itens já foram cumpridos na

obra redentora de Cristo, mas que, em alguns aspectos, alcançarão a plenitude

em sua segunda vinda. Observando as profecias do Antigo Testamento à luz do


Novo Testamento, percebemos que essa é a melhor interpretação. Assim,

podemos entender que a profecia das 70 semanas se concentra em grande parte


a revelar a obra do Messias em sua primeira vinda.

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E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não
para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade
e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá
guerra; estão determinadas as assolações. E ele firmará aliança com
muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o
sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador,
e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado
sobre o assolador (Daniel 9:26,27).

Estes dois versículos certamente são os mais difíceis. Apesar das


dificuldades, e da questão quanto à literalidade ou o simbolismo das setenta

semanas, todas as posições de certa forma concordam com o que ocorre nas
primeiras 69 semanas da profecia (7+62), ou seja, independente de ser

considerado o primeiro decreto ou o segundo de Artaxerxes, as dadas são


próximas à reconstrução de Jerusalém e aos primeiros anos do século 1 d.C.

durante o ministério de Jesus.

O texto claramente diz que "depois das sessenta e duas semanas será
cortado o Messias", obviamente uma referência à crucificação de Cristo. Quanto a
isto, praticamente todas as interpretações concordam, exceto aqueles que
entendem que o Ungido citado no versículo 25 não é o Messias. Nesse caso,

então a morte do Ungido seria uma referência ao juízo de Deus sobre o rei
levantado por Ele mesmo, e que teria ultrapassado os limites como instrumento
do seu juízo. Realmente eu não creio nessa possibilidade.

Voltando ao texto, existe um debate entre as diferentes posições sobre


quando se deu a crucificação de Cristo, se na sexagésima nona semana, durante o

hiato ou na septuagésima semana.

Alguns dispensacionalistas afirmam que a crucificação ocorreu na


sexagésima nona semana, enquanto outros afirmam que ela ocorreu após a

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sexagésima nona semana, mas não na septuagésima semana, já que esta ainda é

futura. Assim, a crucificação teria ocorrido durante a lacuna de tempo.

Já as outras interpretações entendem que a morte do Messias ocorreu na


septuagésima semana. Particularmente penso que isso está claro no texto, pois é

uma interpretação lógica e natural que “depois da sexagésima nona semana” se


inicia a septuagésima semana.

Como já disse, o problema é que o dispensacionalismo introduz um

elemento estranho ao texto, isto é, o hiato. Logo, creio que o texto obviamente
está dizendo que o Messias foi morto na septuagésima semana, até porque se

não for assim não temos o registro da septuagésima semana no texto, ou seja,
não há no texto uma expressão como “na septuagésima semana“, mas apenas

“depois da sexagésima nona semana“. É claro que ambas as expressões se


equivalem.

O versículo 26 ainda diz que "o povo de um príncipe que há de vir

destruirá a cidade e o santuário". Aqui penso que a melhor interpretação é a de


que se trata de uma referência ao general Tito Vespasiano e ao seu exército que

destruiu Jerusalém. Alguns estudiosos também entendem que talvez haja nesse
versículo alguma menção ao grego Antíoco IV Epifânio como precursor de Tito.

No versículo 27 lemos que uma aliança seria feita: "Ele fará firme aliança
com muitos, por uma semana". A interpretação dispensacionalista entende que o
“ele” é uma referência ao príncipe e não ao Messias. Assim, para o
Dispensacionalismo aqui se trata do Anticristo, que fará uma aliança com o povo

de Israel durante o período de tribulação.

Ainda no Dispensacionalismo, o Anticristo então "fará cessar o sacrifício e


a oferta de manjares", o que significa que ele proibirá a prática religiosa entre os
judeus, o que resultará na segunda metade da septuagésima semana, um período
em que haverá intensa tribulação.

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Entretanto, apesar da nossa tradução em português parecer indicar que a

melhor interpretação é entender que quem faz a aliança é o príncipe e não o


Messias, no texto original é impossível determinar quem está fazendo a aliança.

Note que no versículo anterior (26) duas pessoas são citadas: o Ungido e o
príncipe que lidera um povo. Assim, o “ele” que inicia o versículo 27,

gramaticalmente pode ser tanto o Ungido quanto o príncipe.

Talvez haja uma pequena vantagem, gramaticalmente falando, na


interpretação de que o “ele” se refira ao Messias, pois o assunto principal do

versículo 26 é o Ungido e não o príncipe.

Se no texto original a identificação é praticamente impossível, penso que


quando interpretamos esse texto com base no restante das Escrituras, a melhor

interpretação certamente será a de que o “ele” se trata do Messias.

Na Última Ceia, quando Jesus tomou o cálice, Ele disse: “Este cálice é a
nova aliança no meu sangue; fazei isto todas as vezes que o beberdes em
memória de mim” (1 Coríntios 11:25). Compare o texto de Daniel que diz que "ele
fará firme aliança com muitos", com o texto do Evangelho de Mateus onde Jesus
disse: “Porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em
favor de muitos, para remissão de pecados” (Mt 26:28).

Sabemos que cada vez que a Igreja se reúne para participar da Santa Ceia
do Senhor, ela está recordando, e ao mesmo tempo anunciando essa aliança.
Assim, entendemos que a morte de Cristo pois fim ao sistema sacrifical do Antigo
Testamento, de forma que, conforme o escritor da Epístola aos Hebreus escreveu,

os sacrifícios levíticos eram sombras do sacrifício perfeito e definitivo de Jesus no

Calvário.

Sobre a frase “fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares” alguns


preteristas entendem que seja uma referência à profanação e destruição do

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Templo por Tito, enquanto outros entendem que seja uma referência à própria

morte de Cristo.

Como na interpretação simbólica entende-se que a septuagésima semana


representa todo o período da era da Igreja, ou seja, ela é a última semana, "os

últimos dias" conforme o apóstolo Pedro interpretou a profecia do profeta Joel


em Atos 2:17, tal semana será dividida ao meio.

A primeira metade representa o período de pregação do Evangelho pelo

mundo, onde nada poderá barrar o crescimento da Igreja de Cristo na terra, e a


aliança estará sendo pregada. Já a outra metade corresponde ao período do

“pouco tempo de Satanás” (Ap 20:3), onde o homem da iniquidade (2Ts 2:3), o
Anticristo, será revelado e haverá intensa perseguição contra a Igreja. Essa

segunda metade refere-se ao período final, a grande tribulação que antecede a


segunda vinda de Cristo.

Ainda dentro dessa interpretação, a segunda metade não possui a mesma

duração da primeira metade, pois a semana é simbólica. A segunda metade da


septuagésima semana será um curto período de tempo, pois conforme Jesus falou

em seu Sermão Escatológico, “se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma
carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias ”
(Mateus 24:22).

Aqui vale uma observação de que para entender completamente a


interpretação simbólica, é preciso que se conheça a posição amilenista acerca da
escatologia bíblica, sobretudo ao que diz respeito à forma de se interpretar o

milênio.

Finalmente, o versículo 27 termina dizendo que “sobre a asa das


abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado
será derramado sobre o assolador” (Daniel 9:27). Os preteristas defendem que

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essa frase é uma referência a destruição do Templo e queda de Jerusalém em 70

d.C. sob as ações de Tito.

Vale também notar que Daniel utiliza expressões semelhantes a “uma


abominação que causa desolação” em outras passagens de seu livro (Dn 8:13;
11:31; 12:11). Em Daniel 8:13, por exemplo, essa frase está diretamente relacionada à
Antíoco IV Epifânio.

Porém, devido à data do decreto que utilizamos como base para o

período das 70 semanas, obviamente a passagem que estamos estudando não


pode se referir a Antíoco IV Epifânio. Logo, podemos dizer que Daniel pode ter

usado Antíoco IV Epifânio como uma pré-figura de outro governante que faria
atrocidades.

Assim, muitos intérpretes entendem que Antíoco IV Epifânio foi um

protótipo do Anticristo escatológico. Também podemos entender que a própria


profanação promovida por Antíoco IV Epifânio, prefigurou a destruição

promovida por Tito em 70 d.C. que, juntas, também prefiguram o período de


domínio do Anticristo escatológico.

Essa parece ter sido a interpretação de Jesus em seu sermão escatológico


(Mt 24:15; Mc 13:14). Se entendermos desta forma, então essa frase se trata de

uma profecia de múltiplo cumprimento, algo que é comum nas profecias do


Antigo Testamento.

CONCLUSÃO SOBRE A PROFECIA DAS 70 SEMANAS

Mais uma vez quero dizer que a profecia das setenta semanas realmente
se trata de um texto bastante difícil de interpretar, portanto é preciso que haja

humildade entre os que se propõe a debatê-la e respeito para com os que


pensam de outra forma.

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Apesar de todas as dificuldades apontadas, vale ressaltar que na Bíblia

não há qualquer erro ou contradição, ou seja, as opiniões conflitantes não


significam que o problema esteja no texto bíblico, mas em nossas interpretações,

que buscam entender detalhes que Deus achou por bem não nos revelar de
maneira tão clara.

Por fim, penso que antes de qualquer debate sobre detalhes específicos

dessa profecia, precisamos apontar para o glorioso cumprimento da mensagem


principal que ela nos traz, a saber, a obra redentora do Messias. Isso certamente

nos leva a admirar a verdade de que somente um Deus soberano, Senhor da


História, é quem poderia revelar mistérios tão profundos ao seu servo Daniel.

A PARÁBOLA DAS DEZ VIRGENS


A Parábola das Dez Virgens é uma das parábolas de Jesus mais

conhecidas pelos cristãos. Embora seja tema de muitos sermões, sem dúvida ela é
uma das parábolas mais difíceis de interpretar. Essa parábola encontra-se

exclusivamente no Evangelho de Mateus.

Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as
suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. E cinco delas eram
prudentes, e cinco loucas. As loucas, tomando as suas lâmpadas, não
levaram azeite consigo. Mas as prudentes levaram azeite em suas

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vasilhas, com as suas lâmpadas. E, tardando o esposo, tosquenejaram


todas, e adormeceram. Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem
o esposo, saí-lhe ao encontro. Então todas aquelas virgens se
levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. E as loucas disseram às
prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se
apagam. Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que
nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para
vós. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam
preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. E
depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor,
abre-nos. E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não
conheço. Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o
Filho do homem há de vir (Mateus 25:1-13).

CONTEXTO DA PARÁBOLA

Essa parábola está posicionada no Evangelho de Mateus imediatamente


após o sermão escatológico de Jesus. Na última parte do sermão (capítulo 24),

Jesus faz um alerta sobre a separação entre os bons e os maus (santos e ímpios),
ocasionada por sua repentina vinda.

Já no capítulo 25 tal separação é ainda mais detalhada nas parábolas das

Dez Virgens (Mt 25:1-13), dos Talentos (Mt 25:14-30) e da Separação das Ovelhas e
dos Bodes (Mt 25:31-46).

Jesus utilizou nessa parábola a descrição de um típico casamento judaico

da época. Era costume que o noivo fosse, acompanhado de seus amigos, tarde da
noite à casa da noiva. Lá, a noiva o esperava com suas damas de honra (as

virgens), que, ao serem avisadas da aproximação do esposo, deviam sair com suas
lâmpadas para iluminar o caminho do noivo até a casa, onde haveria a celebração
das núpcias. Sobre a escolha do número de dez virgens, acredita-se que,

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geralmente, esse cerimonial era composto por dez damas, isso pelo fato de que

as formalidades judaicas eram realizadas com o comparecimento de ao menos


dez pessoas, ou seja, a quantidade de “dez” era significativa em certas ocasiões.

AS DIFERENTES INTERPRETAÇÕES SOBRE A PARÁBOLA

Ao longo dos anos grandes teólogos aplicaram interpretações diferentes


sobre essa parábola. Todos concordam que o Noivo seja Cristo. Sobre o

direcionamento da parábola, alguns defendem que ela se aplica exclusivamente


aos judeus, enquanto outros acreditam que ela se refira a todos os que professam

a fé cristã (verdadeiros e nominais).

O principal argumento utilizado por quem defende a aplicação exclusiva


aos judeus, é que a Igreja é a Noiva e não as "madrinhas". Também defendem

que a voz que anuncia o Noivo é a voz dos profetas que proclamaram que o
Messias viria. Sob este aspecto as virgens loucas são os judeus que acreditavam

que sua religiosidade seria suficiente e não se prepararam para Ele, enquanto as
prudentes seriam os judeus que reconheceram que Jesus é o Cristo e, estes,

pertencem então aos remanescentes que serão salvos (Rm 9:27). Ainda dentro da
linha que defende ser esta uma parábola direcionada ao povo judeu, estão os que

acreditam que essa parábola será cumprida durante o período de grande


tribulação, após um arrebatamento secreto da Igreja, onde haverá “ausência” do

Noivo que estará nas bodas juntamente com a Noiva (Igreja).

Dentre os que defendem que a parábola se aplica aos cristãos, existe uma
grande variação de interpretação que basicamente divergem entre si sobre o que

representa os elementos principais da parábola. Por exemplo: alguns acreditam


que as virgens loucas são verdadeiros cristãos que perdem a salvação pela

apostasia, enquanto outros defendem que não se trata de cristãos verdadeiros,


mas de crentes nominais, já que os verdadeiros não podem se perder. A figura do
azeite também é discutida, sendo que há os que acreditam representar o Espírito

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Santo, outros o amor e ainda outros a graça de Deus. O sono que acometeu as

virgens para alguns se trata da morte física, para outros momentos de fraqueza
espiritual e, ainda outros, defendem que o sono representa simplesmente a

demora da volta de Cristo provando os que O esperam.

APLICAÇÃO DA PARÁBOLA

Como vimos, existem diferentes opiniões sobre essa parábola. Grandes

expositores da Palavra de Deus ao longo da História da Igreja fizeram sermões


incríveis com pontos de vista diferentes sobre esse texto. O interessante é que

nenhum deles distorceu o verdadeiro ensino de Jesus nessa parábola, o que talvez
nos mostra tamanha abrangência do princípio contido nela.

Creio que das interpretações citadas acima, a que mais causa problemas

e, para mim, trata-se de um erro teológico, é a interpretação que defende que tal
parábola se aplica aos judeus no período de grande tribulação, após a Igreja não

estar mais na terra. Esse tipo de ensino é fundamentado por uma interpretação
bíblica profundamente confusa e equivocada.

Embora seja possível nessa parábola fazer alguns paralelos com os judeus

em relação à primeira vinda de Cristo na terra, penso que se considerarmos o


capítulo anterior (capítulo 24), e naturalmente percebermos a continuação dos

ensinos apresentados nele ainda na composição do capítulo 25, será impossível


não aplica-la sob as verdades do dia do juízo de Deus, da separação entre os

bons e os maus, dos cristãos verdadeiros e dos hipócritas.

LIÇÕES PRÁTICAS DA PARÁBOLA

Seja qual for a interpretação adotada nessa parábola, tais verdades não
podem ser negadas:

1. Todas eram virgens: historicamente a virgindade sempre esteve


relacionada à religiosidade e ao sagrado. Na parábola tanto as prudentes

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quanto as loucas eram virgens. Isso não significa que alguns perderão a

salvação, mas que alguns nunca a tiveram. As virgens loucas em nenhum


momento foram prudentes, e as prudentes em nenhum momento se

tornaram loucas. A parábola começa e termina com cinco prudentes e


cinco loucas. Se aqui a virgindade se refere à religiosidade, claramente

podemos perceber então que tal religiosidade não poderá salvar


ninguém. Não basta ser virgem, é preciso ter o azeite. As loucas eram

virgens, tinham lâmpadas, mas saíram sem o azeite (Mt 25:3).

2. As aparências enganam: as dez eram virgens, possuíam lâmpadas e, pelo


que o versículo 8 nos diz, saíram ao encontro do esposo com as

lâmpadas acessas. Nesse momento talvez fosse praticamente


humanamente impossível separa-las, pois aparentemente eram idênticas.

Realmente é muito difícil conseguir separar alguns crentes nominais dos


crentes verdadeiros. Eles frequentam as mesmas igrejas, ouvem os

mesmos sermões e cantam os mesmos louvores. Alguns se destacam e


acabam fazendo grandes prodígios. Eles oram fervorosamente, pregam

eloquentemente, curam doentes, expulsam demônios e dizem levar o


nome de Cristo. Eles enganam os homens, mas não enganam a Deus.

Curiosamente nessa parábola (vers. 12) Jesus usa praticamente a mesma


expressão que Ele já havia utilizado em Mateus 7, “[…] Nunca vos conheci;

apartai-vos de mim […]” (Mt 7:23). Nosso Deus é justo, e naquele dia não
haverá nenhum intruso (Mt 22:1-14).

3. As lâmpadas apagaram: se por um lado, inicialmente é muito difícil


perceber quem são os prudentes e quem são os insensatos, há um

momento em que essa diferença se torna duramente visível: ao apagar


das lâmpadas. O cristão nominal, com sua fé histórica, não conseguirá

manter sua lâmpada acessa no momento em que o Noivo vier. Sua


hipocrisia, sua religiosidade e sua aparência podem até iluminar o
caminho de sua vida por um tempo, e de maneira tal que há quem o siga.

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Quando olhamos para a lua durante a noite ficamos admirados por seu

brilho, mas logo de manhã a verdade de que ela não possui luz alguma
vem à tona. Ela reflete uma luz que não é dela. A fé histórica é assim,

brilha por um tempo, mas nunca terá o brilho definitivo da verdadeira fé


salvadora.

4. O azeite é pessoal: como já dissemos, nesse ponto os estudiosos


defendem significados diferentes para a figura do azeite, porém seja a

graça de Deus ou a presença do Espírito Santo, ambos os significados são

insubstituíveis, indivisíveis e notórios na vida do verdadeiro salvo em


Cristo Jesus. Quando a graça de Deus alcança o pecador ele é regenerado

pelo Espírito Santo e passa conhecer a fé salvadora. Esse azeite não se


pode dividir, é pessoal, suficiente apenas para os prudentes.

5. O azeite não pode ser obtido por esforço humano: talvez as virgens loucas
da parábola não levaram consigo azeite porque acharam que o noivo

viria rapidamente. Quando perceberam que o noivo tardou em vir, então


desesperadamente tentaram comprar o azeite que lhes faltava. A

parábola termina com as virgens loucas batendo à porta do Noivo, mas


foram rejeitadas. Pode ser que elas queriam mostrar que se “esforçaram”

para estarem ali, correram em busca de azeite para que pudessem


participar das bodas, mas seus esforços nada puderam fazer por elas.

6. A prudência e a vigilância: muitos pregadores de maneira equivocada


pregam apenas que as virgens loucas dormiram, mas as prudentes

também dormiram. Como vimos anteriormente, existem diferentes


opiniões sobre a natureza desse sono, mas uma coisa é certa: o sono não

foi o sinal de loucura, ou seja, as virgens prudentes não passaram a ser


loucas pelo fato de terem dormido. Isso quer dizer que a prudência não

está relacionada ao sono, mas ao fato de ter ou não o azeite, isto é, ser
prudente e estar preparado é possuir o azeite. A lição principal dessa
parábola é o mandamento de “vigiar”. A vigilância prudente é aquela que

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 308

nos prepara para uma longa espera. É fácil esperar pouco tempo. Na fila

de um banco, quando o tempo de atendimento é curto, todos


permanecem esperando, mas quando a fila é imensa e demorada muitos

desistem. A demora da volta de Cristo separa os prudentes dos loucos, os


sábios dos tolos. Precisamos ser zelosos todo o tempo de nossas vidas. O

zelo temporário pela volta de Cristo não serve para nada. Precisamos
estar prontos, e isso pode significar uma longa espera. Algumas pessoas

acham que vigiar é esperar pela volta de Cristo a qualquer momento, mas

na verdade vigiar é estar preparado para a volta d'Ele a todo tempo. Isso
até parece ser a mesma coisa, mas acredite, não é. Essa parábola nos

ensina tal diferença, as virgens néscias esperaram o Noivo a qualquer


momento, mas apenas as prudentes esperaram a todo tempo. Elas

tinham o azeite, elas estavam preparadas para uma longa espera, elas
vigiaram.

Para concluir, nada melhor do que as próprias palavras de Jesus:

Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do
homem há de vir (Mateus 25:13).

Meu desejo sincero é que possamos, naquele dia, desfrutar do óleo, ao

invés de tentar compra-lo em sinal de loucura.

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Manual de Escatologia - O Fim dos Tempos Página | 309

A PARÁBOLA DA SEPARAÇÃO DAS


OVELHAS E DOS BODES
A Parábola da Separação das Ovelhas e dos Bodes (ou do Grande
Julgamento) pode ser encontrada no Evangelho de Mateus, capítulo 25 e

versículos 31 a 46. Existe uma discussão entre os intérpretes bíblicos se essa


passagem de fato pode ser considerada uma parábola.

Particularmente, creio que esse texto é muito mais uma descrição


simbólica e profética acerca do juízo final do que uma parábola, embora seja

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inegável a presença de elementos parabólicos nos versículos que falam sobre as

ovelhas e os bodes. De qualquer forma, parábola ou não, a definição não irá


alterar o ensinamento de Jesus nesse texto.

Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos,


assentar-se-á em seu trono na glória celestial.Todas as nações serão
reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como o pastor
separa as ovelhas dos bodes. E colocará as ovelhas à sua direita e os
bodes à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita:
„Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que
lhes foi preparado desde a criação do mundo. Pois eu tive fome, e
vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui
estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me
vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e
vocês me visitaram‟. Então os justos lhe responderão: „Senhor, quando
te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de
beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou
necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou
preso e fomos te visitar?‟ O Rei responderá: „Digo-lhes a verdade: o
que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o
fizeram‟. Então ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: „Malditos,
apartem-se de mim para o fogo eterno, preparado para o diabo e os
seus anjos. Pois eu tive fome, e vocês não me deram de comer; tive
sede, e nada me deram para beber; fui estrangeiro, e vocês não me
acolheram; necessitei de roupas, e vocês não me vestiram; estive
enfermo e preso, e vocês não me visitaram‟. Eles também responderão:
„Senhor, quando te vimos com fome ou com sede ou estrangeiro ou
necessitado de roupas ou enfermo ou preso, e não te ajudamos?‟ Ele
responderá: „Digo-lhes a verdade: o que vocês deixaram de fazer a
alguns destes mais pequeninos, também a mim deixaram de fazê-lo‟. E

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estes irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna
(Mateus 25:31-46).

CONTEXTO DA PARÁBOLA

Esse relato de Jesus está no capítulo 25 do Evangelho de Mateus,

perfeitamente posicionado após o sermão escatológico de Jesus no capítulo 24,


sendo que o capítulo 25 é uma continuação natural dos ensinamentos contidos

no sermão do capítulo anterior. No capítulo 24, Jesus descreve a destruição de


Jerusalém e do Templo, e também os eventos acerca do fim dos tempos,

culminando em sua segunda vinda e juízo final. Ainda no capítulo 24, temos
alguns alertas sobre a necessidade de estarmos preparados diante da volta

repentina de Cristo, porém, é no capítulo 25 com as parábolas das Dez Virgens,


dos Talentos e da Separação das Ovelhas e dos Bodes, onde Jesus explora mais

profundamente a questão da vigilância, e também descreve claramente o juízo


final. Esse capítulo contém as últimas exortações de Jesus sobre este tema antes

de sua crucificação.

EXPLICAÇÃO DA PARÁBOLA

É nos versículos 32 e 33 que encontramos as características de uma

parábola, quando Jesus compara os justos e os ímpios com ovelhas e bodes


respectivamente. Essa comparação utilizada por Jesus não foi por acaso, ao

contrário, serviu com perfeição ao ensino do Senhor a respeito do juízo final.

Embora que, para muitos de nós, uma referência sobre a vida no campo
possa não parecer tão clara, isso devido ao nosso estilo de vida urbano na

atualidade, nos tempos de Jesus tais referências eram facilmente entendidas. É


comum em muitos rebanhos que os bodes fiquem junto com as ovelhas, ou seja,

no mesmo espaço de pastagem. Porém, ao entardecer, com o chamado do pastor


do rebanho, as ovelhas prontamente lhe obedecem, mas curiosamente os bodes

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o ignoram. Outro fato importante é que as ovelhas valem mais do que os bodes,

isto é, sua produção de lã proporciona maiores resultados ao pastor.

É exatamente sob esse conceito que Jesus insere essa comparação em


seu ensinamento. A lã branca das ovelhas pode ser destacada como símbolo de

pureza e justiça, ao contrário da pelagem malhada e manchada dos bodes. Desde


o Antigo Testamento a figura do bode é utilizada para se referir ao ímpio, a

conduta de pecado ou o mal. As ovelhas simbolizam os justos, os que seguem o


Salvador, com mansidão e obediência. Já os bodes simbolizam os ímpios, com seu

comportamento inconsequente, desobediente e destrutivo.

Jesus afirma que no dia do juízo todas as pessoas, de todas as nações,


tanto os justos como os ímpios, os bons e os maus, sem exceção, todos estarão

diante do trono do grande Rei, a saber, Cristo. Sendo assim, todas as pessoas que
já viveram sobre essa terra são comparadas a ovelhas e bodes.

Jesus prossegue o relato dizendo que as ovelhas serão colocadas à

direita, enquanto os bodes serão postos a esquerda. Com isso entendemos que a
separação será clara, evidente e sem confusão. As ovelhas e os bodes estarão de

lados opostos.

Jesus também fornece algumas características sobre a conduta das

ovelhas e dos bodes (dos justos e dos ímpios) durante suas vidas. Jesus dá seis
exemplos onde os justos agiram com piedade, e utiliza os mesmos seis exemplos,
porém de forma negativa, para descrever a conduta desprezível dos ímpios.

Na parábola, os justos e os ímpios, perguntaram ao Rei quando foi que


lhes fizeram o que o Rei havia descrito. O Rei respondeu dizendo que quando

fizeram (justos), ou deixaram de fazer (ímpios) a um de seus “pequenos irmãos”, a


Ele haviam feito. Estes “irmãos” descritos aqui, se tratam dos seguidores de Cristo,
dos eleitos de Deus, as ovelhas a quem o Pai deu ao Filho e que, de maneira
nenhuma, Ele, as lançará fora (Jo 10).

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Essa simples expressão “meus irmãos” demonstra de forma solene a

profundidade do relacionamento entre Cristo e seus seguidores, a ponto de que


quando fazemos algo para seus discípulos neste mundo, estamos fazendo

diretamente para o próprio Jesus, da mesma forma que quando o ímpio ignora
um dos mensageiros de Cristo, e não se compraz por suas necessidades, e

consequentemente rejeitando o Evangelho, particularmente, e diretamente, estão


rejeitando o próprio Rei que será o Juiz naquele grande dia. Jesus termina a

parábola dizendo que os que foram postos do lado esquerdo serão destinados ao

castigo eterno, mas os justos, que foram postos do lado direito, herdarão a vida
eterna.

LIÇÕES PRÁTICAS DA PARÁBOLA

Podemos tirar várias lições práticas de alguns detalhes desse ensino de

Jesus, porém a mensagem principal desse ensinamento que é a realidade do juízo


sobre todas as pessoas não pode ser esquecida.

1. Apenas ovelhas e bodes, lado direito e esquerdo: de forma direta

aprendemos que não existe meio termo, ninguém ficará em cima do


muro. No dia do juízo haverá ovelhas e haverá bodes, uns ficaram do

lado direito e outros do lado esquerdo. O mundo prega que Deus é


amor, que no final tudo dará certo, como se não existissem lados. Com

certeza esse não é o ensinamento dado por Jesus. Naquele dia, surpresos,
os ímpios perguntarão: "Quando foi que lhe rejeitamos Senhor?" Será

tarde demais.
2. Durante o dia todos convivem juntos, mas ao cair da noite a separação

ocorrerá: durante seu ministério aqui na terra, Jesus, várias vezes, alertou
sobre a separação que haverá no dia do juízo. Ele ensinou que o joio será
separado do trigo (Mt 13:30), o trigo será juntado no seleiro enquanto a
palha será queimada (Mt 3:12), os justos serão separados dos maus (Mt
13:49,50), as virgens prudentes serão separadas das loucas (Mt 25:12), o

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servo bom será distinguido do servo mau (Mt 25:30), e, por fim, as

ovelhas serão separas dos bodes. Da mesma forma como o joio cresce no
meio do trigo, mas no dia da ceifa ele é separado e queimado no fogo, os

bodes durante o dia pastam junto com as ovelhas. Esse ensinamento é


muito profundo. O joio recebe o mesmo adubo do trigo, é regado junto

com o trigo e ambos estão dentro da mesma plantação. Os bodes


também estão no mesmo rebanho, sob a mesma pastagem das ovelhas.

A diferença é que ao final do dia o Pastor irá separar o rebanho. Nessa

hora, apenas as ovelhas atendem o chamado do Pastor.


3. Os detalhes serão lembrados: note que Jesus cita seis coisas que os justos

fizeram e que os ímpios deixaram de fazer. Dentre as seis coisas, não


podemos encontrar nenhuma grande realização. Na parábola, quando o

Rei relata as obras que os justos praticaram, nem mesmo os próprios


justos se lembraram de as terem feito. Isso mostra que foram obras

legitimas, despretensiosas, sem objetivo de reconhecimento. Às vezes


fazemos coisas que parecem ser tão pequenas e sem importância, mas o

justo Juiz não deixará com que nenhuma delas passe despercebida. Da
mesma forma, a negligência do ímpio, por menor que ela tenha sido, será

lembrada. Os justos demonstraram fidelidade e diligência nas pequenas


coisas do dia a dia, e os ímpios, também nas coisas comuns dessa vida,

mostraram insensatez e loucura. Quem em juízo perfeito negaria um


copo de água ao juiz responsável por julgar a sua causa? Outro fato

importante aqui, é a ênfase que Jesus deu aos pecados de omissão. Note
que nenhum pecado como a idolatria, adultério e homicídio foi citado.

Com isso, o que Jesus quis enfatizar, é o tamanho da gravidade ao se


negligenciar a mensagem do Evangelho anunciada pelos mensageiros do

Senhor.
4. O valor dos “pequenos” para Deus: quando o Rei se refere aos Seus
seguidores como “irmãos”, já fica evidente a importância destes para o

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reino. Porém, ao adicionar a expressão “o que vocês fizeram a algum dos

meus menores irmãos, a mim o fizeram“, Jesus torna ainda mais


maravilhosa a certeza de que até mesmo os menores dentre os seus

irmãos, O representam com tamanha importância e autoridade. Deus está


atento aos pequeninos, àqueles a quem muitos não dão o mínimo valor,

aqueles que não são julgados como importantes pelos homens, não são
temas de revistas, não aparecem em websites, não possuem CD‟s

gravados, nem livros publicados, não são pregadores renomados, nem

presidentes de ministérios, às vezes nem mesmo dentro de suas próprias


congregações são reconhecidos, mas o Rei está com seus olhos postos

neles, e o favor feito a estes pequeninos, embora esquecido por quem o


praticou, será lembrado pelo próprio Deus.

5. A herança não vem pelas obras: certamente no dia do juízo as obras serão
reveladas, porém, não serão elas que farão com que os justos herdem o

Reino. Note que o Reino já está preparado para o justo desde a fundação
do mundo (vers. 34) e não em decorrência de suas boas obras. O Reino

preparado para o justo é unicamente um ato da vontade de Deus,


concebido ainda na eternidade, que elegeu este justo, por sua

maravilhosa graça, para ser uma das ovelhas de seu rebanho (Ef 1:4). As
obras praticadas pelo justo não servem como fundamento para sua

salvação, mas servem apenas para refletir o comportamento esperado


daquele a quem Deus escolheu, e preparou de antemão tais obras para

que este justo as praticasse (Ef 2:8-10). Se praticamos boas obras o mérito
não é nosso, mas totalmente de Cristo que nos escolheu para seu reino

antes de tudo existir, antes de qualquer bem ou mal ter sido praticado.

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A ILHA DE PATMOS
A Ilha de Patmos é muito conhecida entre os cristãos por ter sido o local
onde o Apóstolo João escreveu o livro do Apocalipse. Muitas histórias são

contatas sobre a Ilha de Patmos, porém nem todas podem ser comprovadas, e

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outras não passam de pura ficção sem fundamentação alguma. Neste texto

veremos tudo o que realmente se sabe sobre essa ilha.

GEOGRAFIA DA ILHA DE PATMOS

A Ilha de Patmos esta localizada na extremidade leste do no Mar Egeu, e

é uma das ilhas que compõe o arquipélago grego do Dodecaneso (que significa
"Doze Ilhas"). Patmos fica por volta de 55 Km da costa sudoeste da Turquia

(região conhecida como Ásia Menor no tempo dos Apóstolos).

A Ilha de Patmos tem cerca de 13 Km de comprimento e uma largura com


cerca de 7 Km, o que lhe confere uma área total de 35 Km². No senso de 2002, a

população de Patmos era de 2.700 habitantes.

O formato da ilha lembra uma "meia lua", devido ao fato de Patmos ser

dividida em duas partes praticamente iguais, que são unidas por um istmo

(estreito de terra cercado por águas de ambos os lados que une duas grandes
porções de terra). Em decorrência do seu formato, Patmos possui uma baia

protegida no lado leste do istmo.

A geografia da ilha é caracterizada por seu aspecto vulcânico, com

vegetação típica dessas condições. As colinas vulcânicas de Patmos possuem em


média 250 metros de altura, sendo que o monte mais alto tem 269 metros.

A ILHA DE PATMOS NO TEMPO DO IMPÉRIO ROMANO

Algumas pessoas imaginam Patmos como um lugar completamente


deserto e isolado na época dos apóstolos, sob o regime do Império Romano. Mas

a verdade é que Patmos era uma ilha prisão utilizada pelos romanos, e que
apresentava até certo movimento naqueles dias. Evidências arqueológicas

mostram que Patmos já era habitada antes do Império Romano, com vilarejos e
até mesmo um possível templo pagão.

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Alguns defendem que só eram mandados para a ilha os prisioneiros mais

perigosos, como um tipo de prisão de segurança máxima, porém não existe base
suficiente que comprove essa condição. Outra afirmação comum é que os

prisioneiros de Patmos eram submetidos a trabalhos forçados relacionados à


característica rochosa da ilha, mas também não há como comprovar isso.

Seja como for, sabemos que pessoas eram exiladas em Patmos, e o

Apóstolo João foi uma delas, fato comprovado no próprio livro do Apocalipse no
capítulo 1.

A ILHA DE PATMOS, O APÓSTOLO JOÃO E O APOCALIPSE

É amplamente aceito que o Apóstolo João foi quem escreveu o livro do


Apocalipse. Os pais da Igreja, entre eles, Policarpo (que possivelmente foi

discípulo de João), Ireneu (que pode ter sido discipulado por Policarpo), Clemente
de Alexandria, Tertuliano, Eusébio e Jerônimo, declararam que João foi exilado em

Patmos por volta de 90 d.C. sob o governo do imperador romano Domiciano.

No período de governo de Domiciano (tal como fora o de Nero) houve


intensa perseguição aos cristãos, principalmente ocasionada pela ambição do

imperador em restaurar e preservar a religião romana. Nesse período, e mesmo


após ele, houve um enorme número de mártires cristãos. Acredita-se que antes

de ser levado para Patmos, João vivia em Éfeso e, quando saiu da ilha, tenha
voltado para lá.

Foi na Ilha de Patmos que João teve as revelações que compõe o livro do
Apocalipse. Existe um debate se João de fato escreveu o livro na ilha ou apenas

teve as revelações em Patmos, escrevendo o livro após terminar seu exílio. De


qualquer forma, tudo que sabemos é o que o próprio apóstolo João nos escreveu:

Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus
servos o que em breve há de acontecer. Ele enviou o seu anjo para

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torná-la conhecida ao seu servo João, que dá testemunho de tudo o


que viu, isto é, a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo. Eu,
João, irmão e companheiro de vocês no sofrimento, no Reino e na
perseverança em Jesus, estava na ilha de Patmos, por causa da palavra
de Deus e do testemunho de Jesus. No dia do Senhor achei-me no
Espírito e ouvi por trás de mim uma voz forte, como de trombeta, que
dizia: "Escreva num livro o que você vê e envie a estas sete igrejas:
Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia"
(Apocalipse 1:1,2,9-11).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Neste e-book foram utilizados indiretamente, e de forma geral, alguns conceitos
presentes nas obras listadas abaixo, as quais também recomendo para quem
possui interesse em se aprofundar mais sobre o tema.

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COMENTÁRIOS BÍBLICOS

Hendriksen W. Comentário do Novo Testamento - 1 e 2 Tessalonicenses,


Colossenses e Filemon, São Paulo: Cultura Cristã, 2ª Edição 2007.

______________, The Gospel of Matthew, Grand Rapids: Baker Book House, 1973.

______________, The Gospel of Mark, Grand Rapids: Baker Book House, 1975.

______________, More Than Conquerors - An Interpretation of The Book of


Revelation, Grand Rapids: Baker Book House Company, 2015.

______________, A Vida Futura Segundo a Bíblia, São Paulo: Cultura Cristã, 1998.

Kistemaker S. J. Comentário do Novo Testamento - Exposição da Primeira Epístola

aos Coríntios, São Paulo: Cultura Cristã, 2003.

_______________, Comentário do Novo Testamento - Exposição da Primeira Epístola

aos Coríntios, São Paulo: Cultura Cristã, 2003.

_______________, Comentário do Novo Testamento - Epístolas de Pedro e Judas, São


Paulo: Cultura Cristã, 2006.

_______________, As Parábolas de Jesus, São Paulo: Casa Publicadora Presbiteriana,

1992.

Hoekema A. A. A Bíblia e o Futuro, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1989.

Pentecost J. D. Things to Come - A Study in Biblical Escathology, Grand Rapids:

Zondervan, 1965

BÍBLIAS DE ESTUDO

Bíblia de Estudo de Genebra, 2ª Edição, São Paulo: Cultura Cristã, 2009.

Bíblia de Estudo Pentecostal, Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

The New Scofield Study Bible, New York: Oxford USA Trade, 1998

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