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Introdução à

Teologia
IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS

JOINVILLE \ SC

2017
Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Joinville – IEADJO
Presidente: Pr. Sergio Melfior

Departamento da Escola Bíblica Dominical


Diretor Geral: Pr. Josias Rosa

Centro de Capacitação e Orientação Ministerial


Diretor: Me. Alinor dos Santos
Secretario: William José Korb

Texto: Me. Alinor dos Santos e Jaissom Basquirotti


Impressão: Sergio Luiz dos Santos

Joinville, março de 2017


Introdução a Teologia
“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas
a vida eterna; e são elas que dão testemunho de
mim” (Jo. 5.39)

O que é Teologia? Em primeira análise, buscando o


sentido etimológico do termo teologia – isto é, a origem
histórica da palavra, concluímos que o termo Teologia
advém da associação de duas palavras gregas, sendo elas:
“Theos”, que se traduz como “Deus”, e “Logos”, que
significa “estudo, palavra, razão ou tratado”. De uma forma
resumida, podemos dizer que a Teologia é o estudo acerca
de Deus e das coisas relacionadas a Ele.
Se olharmos por uma dimensão mais ampla, esta
frase não comporta, contudo, uma explicação precisa.
Como estudar Deus? Poderia Deus ser considerado um
objeto de estudo? De fato, compreendemos que Deus não
é um objeto palpável, tangível, no qual se pode fazer
análises e diagnósticos. Deus não poderia ser conhecido,
se não tivesse primeiro se revelado.
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Por sua Soberania, Deus se revelou ao homem,


dando-nos evidencias que denotam a sua existência e a
sua ação sobre a natureza, a historia, e a humanidade.
Teologia, nesse sentido, é o estudo da revelação de Deus
e dos aspectos ligados à sua revelação.
Para além dos espaços acadêmicos, qualquer
indivíduo que se coloque ao estudo das manifestações da
realidade divina é, de certo modo, um Teólogo.

I – A IMPORTÂNCIA DA TEOLOGIA

Quanto mais conhecermos a Deus, muito mais Ele o


será para nós. O profeta Oséias (Os. 4.6; 6.3), no Antigo
Testamento, já atestava a necessidade de conhecermos e
prosseguirmos em conhecer ao Senhor, já que, de outro
modo, a ignorância quanto a Sua pessoa pode levar
homens e instituições a ruína. Deus deve e quer ser
conhecido.
A Teologia, pela condição de sistematizar e
categorizar os saberes históricos acerca de Deus e das
questões relacionadas a Ele, é uma ferramenta
imprescindível. É na aproximação de contextos antes
refletidos, verdades a muito discutidas, dogmas e doutrinas
historicamente debatidas, que a Teologia constitui seus
saberes, trazendo à tona a verdade que hoje se prega e se
5

crê. Negligenciar a Teologia é desconsiderar o processo


histórico que nos possibilitou pensar da forma que
pensamos.
A Teologia possibilita respostas às principais questões
existenciais do homem – De onde vim? Para onde vou? O
que estou fazendo aqui? – dando sentido à vida privada e
coletiva. A Teologia discute e reflete saberes doutrinários
essenciais ao pleno desenvolvimento do caráter cristão:
crenças bem definidas possibilitam convicções e caráter
bem definido.
A Teologia dinamiza o estudo, compreensão e
disseminação das verdades divinas auxiliando ministros em
seu labor ministerial. Todo aquele que se envolve com
questões bíblicas e doutrinárias, influenciando,
aconselhando, ensinando ou orientando pessoas, deve
buscar capacitar-se teologicamente.

II – A REVELAÇÃO DE DEUS

Sabemos que, como humanos limitados que somos,


não temos como conhecer a Deus, a menos que Ele se
revele para nós (Rm 1.19). Uma destas formas de
revelação é a própria Natureza.
O Salmista nos diz: “Os céus proclamam a retidão
dele (Deus)” (Sl 50.6); “Os céus proclamam a Gloria de
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Deus” (Sl 19.1). Segundo Paulo, Deus deixou indícios de Si


nas coisas criadas: “[...] as suas coisas invisíveis, desde
a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua
divindade, se entendem, e claramente se veem pelas
coisas que estão criadas” (Rom. 1.20). Este tipo de
revelação é comumente chamada de Revelação Geral ou
Natural.
Outro meio de revelação é a historia. Nota-se que
acontecimentos que ocorreram na história são
cumprimentos que Deus já havia revelado nas Escrituras.
Fatos como a preservação do povo de Israel (Gn. 12.2), o
retorno dos Judeus à terra Santa (Jr 16:14-16), o
desaparecimento dos Edomitas (Ob 10-11), o cumprimento
de parte das “Setenta Semanas” (Dn 9.24); todos esses
fatos bíblicos dão prova da ação de Deus na História.
Por fim, temos a chamada “revelação especial”, que
são formas um tanto mais objetivas de sua revelação.
Dentre essas, temos: a Bíblia Sagrada, Palavra inspirada (2
Tm. 3.16) que revela a natureza e ação de Deus ao longo
da História (passado – presente – futuro); a figura de
Cristo, que revela em si mesmo a Imagem de Deus (Jo.
14.9); e ainda a ação sobrenatural do Espírito Santo (2 Cor.
2.10), que aponta para Sua natureza virtuosa, poderosa e
majestosa.
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III – SABER TEOLÓGICO

O saber teológico não se restringe apenas ao que a


Bíblia Sagrada revela acerca de Deus. Como vimos, Deus
se manifesta na história humana e na natureza, revelando-
se a todos por meio das coisas criadas, quer sejam visíveis
ou invisíveis.
Frente ao imenso universo do saber teológico, a
Teologia tem sido disciplinariamente dividida, com vias a
uma melhor compreensão e sistematização de seus
saberes. Entre possíveis modelos, o Prof. Esdras
(BENTHO, 2001), compara a Teologia a um edifício de
cinco andares, onde cada andar corresponderia a um
conhecimento específico. Lembramos que esta visão é
apenas didática, sendo que, na prática, a teologia se
manifesta como um todo, em uma intrincada teia de
relações complexas.
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Teologia Prática
Teologia Sistemática
Teologia Bíblica
Teologia Histórica
Teologia Exegética

IV – ÁREAS DA TEOLOGIA

1. Teologia Exegética.
A Exegese é a análise minuciosa do texto bíblico. Ela
aplica os princípios da Hermenêutica para obter o
significado próprio da Palavra escrita. O prefixo ex- (“fora
de, para fora ou de”) refere-se à ideia de extrair o que
realmente o texto está expressando.
Ao ler uma passagem bíblica, estamos sujeitos a não
compreender o que realmente o texto quer dizer. Em Atos
8.30-35, o Eunuco estava lendo uma passagem do livro de
Isaias, mas não compreendia. Quando há uma
compreensão do texto, percebemos quais eram as
intenções de quem escreveu.
A Hermenêutica, por sua vez, ocupa-se com os
métodos de interpretação e as ferramentas de
9

compreensão, procurando uma prática exegética


responsável. A Hermenêutica tem a função de levar o leitor
a compreender o sentido do texto em seu próprio ambiente,
utilizando recursos linguísticos, culturais, históricos e
geográficos.
Por outro lado, como um cuidado exegético, devemos
cuidar com a “Eisegese”, que é a prática de incluir no
texto examinado um sentido diferente daquele que
realmente ele propõe. Interpretações sem o devido
compromisso e responsabilidade com o verdadeiro sentido
da verdade Bíblica tem levado muitos ao caminho da
perdição.

Eisegese:
Incluindo um
Extraindo o
sentido
sentido
particular
Bíblico
Injeta outro
sentido no texto

Vale aqui um princípio hermenêutico básico da


teologia exegética: “Um texto examinado fora de seu
contexto pode virar um pretexto para heresias”. Exegese
sim (extrair do texto o que ele tem a dizer)... Eisegese não
(incluir no texto o que queremos que ele nos diga).
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2. Teologia Histórica.
A Teologia Histórica tem como proposta estudar o
contexto sócio-histórico dentro do qual se estabelece o
saber teológico. Investiga a origem e o desenvolvimento
dos sistemas, ideias e afirmações teológicas, preocupando-
se em refletir estes saberes para uma melhor prática
exegética e ministerial.
Faz parte do trabalho da Teologia Histórica responder
as seguintes perguntas acerca dos “fatos teológicos” 1:
 O que aconteceu?
O fato teológico.

 Onde aconteceu o fato teológico?


Localização do fato no espaço geográfico.

 Quando aconteceu o fato teológico?


Determina o tempo, data, eras, idades, milênios.

 Como aconteceu o fato teológico?


As circunstâncias.

 Por que aconteceu o fato teológico?


Causas e motivos do fato.
 Que consequências trouxeram determinado
fato teológico?
Efeitos e resultados.

A Teologia Histórica pode ser subdividida, entre outras


possíveis seções, em:
1
Por “fato teológico” compreendem-se os acontecimentos que
tiveram repercussão social em determinado momento histórico.
11

a) História da Igreja.
Analisa os fatos passados da sociedade eclesial.
Esses fatos nos ajudam a investigar a origem da Igreja e o
seu desenvolvimento, bem como auxiliam para o
entendimento da Igreja em seu presente momento e
possíveis expectativas quanto ao seu futuro.

b) História das Missões.


Reflete aspectos socioculturais envolvendo o trabalho
missionário nos mais distintos espaços geográficos.
Analisa não só o trabalho de evangelização da Igreja na
história, mas também o impacto do evangelho de Cristo
nas mais distintas sociedades e culturas.

c) História dos Credos e Confissões (História da


Teologia).
Os credos tiveram início nos primeiros séculos da
igreja cristã. O primeiro credo conhecido historicamente foi
o chamado Credo Apostólico. Mais tarde, na época da
Reforma, surgiram as confissões de fé, que tratam da
doutrina cristã de um modo mais sistemático. Os Credos e
Confissões formam a base teológica doutrinária das Igrejas
no decorrer da história.
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2. Teologia Bíblica.
A Teologia Bíblica tem como objetivo estudar as
verdades bíblicas a partir de seu próprio contexto, deixando
em suspenso a análise de pensamentos já sistematizados
(doutrinas historicamente aceitas).
Dizemos que a Teologia Bíblica parte de uma visão
que vai do particular para o geral, examinando o contexto
de cada livro em particular (autor, data, destinatário,
propósito, etc.) para então conduzir-se a uma visão bíblica
doutrinária geral. A Teologia Bíblica se divide entre
Teologia do Antigo Testamento e Teologia do Novo
Testamento.
A Teologia do Antigo Testamento procura
compreender aspectos da natureza divina e a sua relação
com a criação e a história humana, mais especificamente
no que concerne a aliança com a nação judaica. Para
facilitar a compreensão, o Antigo Testamento é dividido em:
a) Pentateuco
b) Livros Históricos
c) Livros Poéticos
d) Profetas Maiores
e) Profetas Menores

A Teologia do Novo Testamento se ocupa em mostrar


a nova aliança proclamada por Jesus Cristo e escrita por
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seus seguidores. Mostra a historia da Igreja Cristã, sua


missão, e as revelações futuras. A Teologia Bíblica divide o
Novo Testamento em:
a) Literatura Histórica – Evangelhos e Atos
b) Epístolas Gerais
c) Epístolas Pessoais
d) Literatura Profética
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QUESTIONÁRIO

1. Defina o termo Teologia:


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2. Para que serve a Teologia?


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2. A que se aplica a Teologia Exegética?


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1. A que se aplica a Teologia Histórica?


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2. A que se aplica a Teologia Bíblica?


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3. Teologia Sistemática

B T A A H C S P E E
I E N N A R O N C S
B O G T M I T E L C
L N E R A S E U E A
I T L O R T R M S T
O O O P T O I A I O
L L L O I L O T O L
G O O L O O L O L O
I G G O L G O L O G
A I I G O I G O G I
A A I G A I G I A
A I A I A
A A

A Teologia Sistemática fundamenta-se no campo


dogmático e doutrinário, sustentando a perspectiva bíblico-
teológica da Igreja. O propósito da Teologia Sistemática é
o de apresentar o saber teológico de uma forma lógica,
ordenada e coerente, facilitando o estudo, compreensão,
disseminação e aplicação prática desses mesmos
conhecimentos. As disciplinas comuns à Teologia
Sistemática são as seguintes: Bibliologia, estudo das
escrituras; Teontologia, estudo de Deus; Angelologia,
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anjos, satanalogia e demonologia; Antropologia teológica,


estudo do homem; Hamartiologia, estudo sobre o pecado;
Cristologia, estudo sobre Cristo; Soteriologia, estudo sobre
a salvação; Pneumagiologia, estudo sobre o Espírito Santo;
Eclesiologia, estudo sobre a igreja; Escatologia, estudo das
últimas coisas.

a) Bibliologia.
A Bibliologia tem como objetivo estudar a Bíblia em
seu aspecto material, estrutural e doutrinário. Ocupa-se em
analisar o compêndio bíblico de uma forma geral, buscando
refletir sua natureza humana (escrita por homens) e divina
(dirigida pela revelação, autoridade e inspiração de Deus).

b) Teontologia.
Esta disciplina teológica tem como objetivo
compreender aspectos relacionados à natureza de Deus
(Trindade). Reflete biblicamente seus atributos e
relacionamentos, tanto em relação ao mundo espiritual
quanto em relação ao mundo material.

c) Angelologia.
Esta matéria tem como objetivo discutir a natureza e
as atribuições dos seres angelicais; quer sejam bons
(Anjos) ou maus (Demônios). Traz à luz aspectos ligados
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às suas funções ministeriais (seu serviço), compreendendo


assim as distintas classes angelicais. Esta doutrina pode
ser dividida em: Angelologia, Satanologia e Demonologia.

d) Antropologia Teológica.
É o espaço da Teologia Sistemática que se propõe a
estudar o Homem a partir de uma ótica escriturística (o que
diz a Bíblia acerca do Homem?). Ela busca esclarecer a
natureza humana, compreendendo-a como a imagem de
Deus, mas deturpada pela ação do pecado. Reflete a ação
salvífica de Cristo como um processo a ser absorvido. É
por meio de Cristo que o Homem encontra a plena
restauração.

e) Hamartiologia.
A Harmatiologia é a disciplina teológica que se
preocupa em estudar a visão bíblica sobre o Pecado
(hamartia – “errar o alvo”). Discorre sobre a origem,
natureza, consequências e motivações do pecado, seja no
plano histórico ou atual. Tem a preocupação de alertar e
prevenir quanto à prática pecaminosa.

f) Cristologia.
Esta expressão designa o estudo acerca da pessoa de
Jesus Cristo. A Cristologia reflete, a partir da revelação do
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Antigo e Novo Testamento, as naturezas divina e humana


de Cristo. Entre seus temas, compreende-se: sua deidade
(Deus Trino), sua trajetória histórica entre os homens, seu
propósito salvífico (encarnação, humilhação, exaltação),
sua condição escatológica e seu estado eterno.

g) Soteriologia.
A Soteriologia é a parte da Teologia Sistemática que
propõe refletir o plano, motivações e abrangências da ação
salvífica de Cristo expressa nas Escrituras Sagradas.
Discute as relações históricas que envolvem o tema, as
distintas interpretações nas várias vertentes do
pensamento soteriológico.

h) Pneumagiologia.
Pneumagiologia é a ciência bíblica que se propõe a
discorrer sobre o Espírito Santo de Deus; a terceira pessoa
da Trindade. Tem como objetivo refletir sobre sua eterna
existência, sua natureza, sua ação no Antigo e Novo
Testamento, seu ministério junto a Igreja e sua condição
junto a cada crente salvo.

i) Eclesiologia.
Esta disciplina compreende os saberes que envolvem
a origem e a natureza da Igreja de Cristo. A Eclesiologia
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reflete a Igreja enquanto corpo espiritual (organismo) e


instituição humana (organização), discutindo sua fundação,
propósito, seu desenvolvimento e suas práticas
ministeriais.

j) Escatologia.
Por Escatologia entende-se o estudo das “Últimas
Coisas”. Esta área da Teologia Sistemática tem como
proposta analisar os textos e profecias concernentes ao
futuro do homem e da história humana. Entre seus temas,
estuda: a morte, o destino dos salvos, o destino dos ímpios,
a segunda vinda de Cristo, a grande tribulação, o milênio, o
novo céu e a nova terra.
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4. Teologia Prática.
A Teologia Prática é a área da teologia que estuda as
ações voltadas ao exercício prático da teologia cristã. A
Teologia Prática vislumbra a ação individual e coletiva da
igreja, tanto na esfera particular como pública,
compreendendo os desafios sócio-históricos a que se
coloca. Podemos dizer que é na Teologia Prática que
fazemos valer todo nosso conhecimento teológico. A
Teologia Prática pode ser dividida em:

a) Educação Cristã.
O vocábulo “educação” tem sua origem no termo
latino EDUCARE. Essa palavra se compõe dos termos EX
– “fora” e DUCERE – “guiar, conduzir, liderar”. Essa junção
de termos compõe a compreensão de que a educação é a
ação de “guiar\conduzir” uma pessoa para fora\EX de si
mesma, mostrando-lhe o que existe para além dela. Nesse
sentido, o objetivo da Educação Cristã é libertar o
educando de suas próprias amarras, conduzindo-o a um
relacionamento real com o Criador, como seu próximo e
consigo mesmo.

b) Missão.
O vocábulo Missão procede do termo Latino MISSIO,
que corresponde ao termo grego APOSTÉLLEIN, que
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significa apóstolo. Essas palavras têm um significado em


comum: “envio”. Portanto, fazer Missão significa ser
enviado por alguém a algum lugar, com o propósito de
realizar uma ação ministerial (serviço), como a pregação do
evangelho, o ensino, a assistência social ou qualquer ação
laboral que redunde no crescimento do Reino de Deus.

c) Evangelismo.
Evangelizar – isto é, proclamar as boas novas de
salvação em Cristo – é, para além de uma missão, uma
comissão. Todos são chamados à evangelização (Mc.
16.15). É na proclamação do evangelho que
compartilhamos, de modo mais pessoal, as verdades
teológicas essenciais. A prática evangelística proporciona,
para além de um senso de utilidade (reconhecendo-se
como agente do Reino de Deus), a possibilidade de
crescimento teológico e espiritual.

d) Diaconia.
A palavra Diaconia deriva do termo grego DIAKONOS,
que significa “servir à mesa”. No livro Atos (cap. 6)
encontramos a instituição dos Diáconos como ordenança
ministerial. Eles teriam que ser pessoas de boa reputação e
cheios do Espírito Santo e de sabedoria; sua principal
função era servir à comunidade eclesial. Jesus é o nosso
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maior exemplo de Diácono, pois serviu as pessoas,


curando, ensinando, ressuscitando mortos, alimentando
multidões e entregando a si mesmo à serviço do próximo.

e) Aconselhamento Cristão.
O Aconselhamento Cristão é uma prática teológica
específica, durante a qual conselheiro e aconselhado estão
convencidos de que somente o Criador, por sua soberania,
pode esclarecer as demandas e dificuldades impostas. O
Aconselhamento Cristão é baseado na Palavra de Deus,
que é, de fato, a verdadeira fonte para a solução de
questões éticas, morais e existenciais.

f) Homilética.
O termo Homilética é derivado do vocábulo grego
“HOMILÉTIKÓS”, que literalmente significa: “discurso em
tom familiar”. É uma disciplina que se
ocupa com as orientações teóricas e
práticas concernentes à preparação e à
transmissão de sermões. Em seu
trabalho, a Homilética utiliza de
princípios fundamentais do discurso
publico (Retórica - Oratória), aplicando
estes princípios à proclamação do
Evangelho.
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g) Liturgia.
Um importante espaço das práticas teológicas são as
reuniões eclesiais (ou Cultos). Essas reuniões seguem uma
ordem cúltica, onde há louvores, orações, leitura e
meditação da Palavra de Deus. Sempre se procura fazer
estas reuniões seguindo uma ordem: a esta ordem
denomina-se Liturgia. Cabe à Liturgia a organização e a
sacralização da reunião cristã, de modo que tudo objetive a
edificação da Igreja e a glorificação da Trindade Divina.

V - RECOMENDAÇÕES QUANTO AO ESTUDO


TEOLÓGICO

O estudo teológico é uma porta de acesso ao


profundo conhecimento bíblico e espiritual, sendo
incentivado pela própria igreja local (possuir um curso
teológico é um dos requisitos mínimos exigidos à
consagração de obreiros na IEDJO).
Contudo, não é difícil encontrar aqueles que ainda se
opõem ao estudo teológico. A questão que se coloca a este
fato é: por que a teologia é ainda marginalizada por
alguns? Entre as questões possíveis, poderíamos
considerar:
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1. Interpretações bíblicas equivocadas.


“A letra mata e o espírito vivifica” (II Cor 3.6). Alguns
consideram neste texto a “letra” como uma referencia
moderna a “teologia”, sendo assim contrária a ação do
espírito (Santo). Interpretações como esta, exegeticamente
desqualificadas, vão de encontro às considerações do
próprio Cristo: “Examinais as Escrituras [estude, reflita,
sistematize], porque julgais ter nelas a vida eterna; e são
elas que dão testemunho de mim” (Jo 5.39). A Letra da
qual Paulo fala refere-se á Lei Mosaica que aponta para a
condenação e a morte do Homem, em contraste ao Espírito
de Deus que nos dá Vida em Cristo.

2. Comportamentos teológicos inadequados.


O orgulho intelectual, a racionalização demagógica e
vazia, e as especulações descomprometidas têm causado
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grandes estragos à imagem da Teologia. Humildade,


modéstia e serenidade são prerrogativas necessárias ao
verdadeiro teólogo – aquele comprometido não apenas
com o conhecimento teológico, mas também com a prática
das virtudes da fé.

3. Letargia bíblica.
Há aqueles que, por desprezarem a prática do estudo
sistemático da Palavra de Deus, menosprezam aqueles
que a estudam. Frases como: “Não é preciso estudar, o
Espírito Santo revela a mensagem no púlpito” ou, “Não
precisamos de teologia, e sim Joelhologia”, são muitas
vezes justificativas infundadas para a falta de compromisso
bíblico. Não esqueçamos as orientações bíblicas: “O meu
povo perece por falta de conhecimento” (Os 4.6) e,
“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Os
6.3). Os estudos teológicos são uma importante fonte do
conhecimento divino.

1. Como estudar Teologia?

a) Oração.
Devemos estudar teologia em atitude de oração (Sl
119.18). A melhor forma de aprendermos teologia é
mantendo um relacionamento direto com Aquele que é o
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centro da mesma. Certamente em oração, o apostolo Paulo


teve uma maravilhosa experiência de aprendizado com o
próprio Cristo (I Cor 11.23).

b) Humildade.
Devemos estudar teologia em atitude de humildade (I
Pd 5.5). A humildade nos aproxima de Deus e nos permite
conhecê-lo. Devemos reconhecer nossas limitações, e
mesmo diante de todas as ferramentas hermenêuticas, a
Luz do Espírito Santo ainda se torna imprescindível (Jo
15.5 – Sem mim nada podeis fazer).

c) Razão.
Devemos estudar teologia com a razão (Rm 12.2). O
estudante de teologia necessita pensar exegeticamente
(para entender o significado preciso), pensar
sistematicamente (para juntar os dados) e pensar
criticamente (para ver se tirou alguma conclusão errada e
até mudar de opinião caso precise. Deus nos dotou de
razão. Pensar racionalmente não significa negar a natureza
da fé, mas, pelo contrário, é ver sua profunda coerência.

d) Mestres.
Devemos estudar teologia com o auxílio de Mestres
da Palavra (I Cor 12.28). Foi Cristo quem colocou mestres
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na Igreja. Devemos ler bons livros, cursar bons cursos,


ouvir bons ensinamentos; sobretudo daqueles que reflitam
em si mesmos o caráter de Cristo. Os Mestres podem
contribuir para o crescimento bíblico, teológico e espiritual,
cooperando, com os demais ministérios, para o
crescimento da Igreja de Cristo (EF 4.11-16).

e) Adoração e Louvor:
Devemos estudar teologia em atitude de Adoração e
Louvor (Sl 139.17). O estudo teológico não é um mero
exercício teórico e intelectual, mas uma ação devocional de
relacionamento com o Criador. Na medida em que
conhecemos a Deus e aos seus mistérios passamos a nos
deslumbrar com suas maravilhas. A teologia deve-nos
conduzir a alegria (Sl 19.8; Sl 119.162) de conhecer e
reconhecer a Deus, suas obras e suas ações.

Ó profundidade das riquezas, tanto da


sabedoria, como da ciência de Deus! Quão
insondáveis são os seus juízos, e quão
inescrutáveis os seus caminhos! Porque,
quem compreendeu a mente do Senhor?
ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe
deu primeiro a ele, para que lhe seja
recompensado? Porque dele e por ele, e
para ele, são todas as coisas; glória, pois, a
ele eternamente. Amém. (Rm 11.33-36).
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QUESTIONÁRIO

1. A que se aplica a Teologia Sistemática?


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2. . Quais as disciplinas da Teologia Sistemática?


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3. Comente sobre uma das doutrinas da Teologia


Sistemática.
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4. A que se aplica a Teologia Prática?


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5. Quais as recomendações quanto ao estudo teológico?


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Referências Bibliográficas:
ALMEIDA, João Ferreira. Bíblia Sagrada Revista e Atualizada no
Brasil. 2 ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

BENTHO, Esdras Costas. Hermenêutica fácil e descomplicada. 1


ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

SANCHES, Regina. Teologia Viva. 1 ed. São Paulo: Editora


Reflexão. 2013.

ERICKSON, Millard J. Introdução a Teologia Sistemática. 1. ed.


São Paulo: Vida Nova, 1997.

SCHEIDER-Harpprecht, Cristoph. Teologia Pratica No contexto


da América Latina. 2. ed. São Leopoldo: Sinodal. 1998.
ANOTAÇOES
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O CCOM - Centro de Capacitação e Orientação

Joinville\SC
Ministerial da Igreja Evangélica Assembléia de Deus, por
meio de estratégias educacionais, se constitui como espaço
de reflexão, orientação e desenvolvimento ministerial,
primando pelo fortalecimento e crescimento da Igreja de
Cristo. O CCOM desenvolve cursos e seminários

Email: contato@centroministerial.com.br www..centroministerial.com.br


End. Rua Doutor Plácido Olimpio de Oliveira, 973 Fone: (47) 3026 4782
envolvendo Líderes de Departamentos, Professores da
EBD, Ministros e Obreiros da casa do Senhor.

Cursos:

CCOM - Centro de Capacitação e Orientação Ministerial


CCOM\Infantil – Curso para Professores e Líderes de Crianças.

CCOM\Adolescentes – Curso para Professores e Líderes de


Adolescentes.

CCOM\Jovens – Curso para Professores e Líderes de Jovens.

CCOM\Mestres – Curso para Professores e Agentes de Ensino.

CCOM\Líderes – Curso para Obreiros e Líderes de Departamento.

CCOM\Pregação – Curso para Pregadores Cristãos.

CCOM\Adoração – Curso para Músicos, Cantores e Ministros de


Louvor.

Oficinas de Pregação, Hermenêutica e Apologética.

Seminário de Cultura Bíblica.

COMPED: Curso (seminário) de Orientação e Motivação para


Professores e Líderes da Igreja Evangélica Assembléia de Deus.

“CCOM, promovendo a identidade de um ministério


genuinamente Pentecostal.”

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