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IETAD – INSTITUTO DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA A DISTÂNCIA

PROF. DR. NILSON SANTOS IRENIO, TH.D.

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IETAD – INSTITUTO DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA A DISTÂNCIA
PROF. DR. NILSON SANTOS IRENIO, TH.D.

Irenio, Nilson Santos. Casado com Cléria Teixeira de Souza Irenio.


Graduação em Pedagogia (FAM). Pós-graduação em Pedagogia (FTC),
Psicopedagogia (FAM), Neuropedagogia (FAM) e Psicanálise (ESPO).
Licenciatura Plena em Letras e em Inglês (Vale do Cricaré), básico em
Teologia (IGAN), bacharelado, mestrado e doutorado em Teologia
Sistemática (ITG), formado em teclado (Mus & Art), Curso de Inglês
(CCAA), Mestre em Ciências da Educação (UAA), fundador do
IETAD – Instituto de Educação Teológica a Distância, maestro do
Coral Garça Branca da cidade de Guaratinga, e primeiro maestro do
coral Rosa de Sarom – Assembleia de Deus/Guaratinga-BA. Também
criador dos corais Harmonia Celeste em Boritirama/BA e Acordes
Celestes em Ibirapuã/BA. Professor de Português e Inglês das redes de
ensino municipal e estadual, e professor de inglês do Curso de Idiomas
Eleven em Guaratinga-BA. Diretor da Escola Municipal Renascer I em
Guaratinga – BA. Foi professor de Teologia da FACETE e do IGAN e
professor da cadeira de Pedagogia do IESB. Presidente da Associação
de Ministros Evangélicos de Guaratinga (AMEG) e foi primeiro
tesoureiro nessa instituição. Foi missionário das ADs em Mansidão,
extremo Oeste da Bahia, enviado pelo Conselho Estadual de
Evangelismo e Missões (CEEM), ligado à CEADEB, nos anos de 2005
a 2007. Pastor pela CEADEB e 1º vice-presidente das ADs em
Guaratinga/BA desde 2007; cantor, compositor, e autor de vários livros
como: Pecado: o Portal do Inferno, Poesias ao Amor, Manual de
Doutrinas da Bíblia, Conheça Deus mais de Perto, Anjos: Poderosos
Seres do Reino Invisível dos Espíritos, A Divina Personalidade do
Espírito Santo, Jesus - o Mistério da Piedade, Teologia Poética -
Inspiração em Vinte e Três Letras, Música: Aprenda o Idioma
Universal – princípios elementares da teoria musical, etc.

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INTRODUÇÃO

Estudaremos neste módulo o significado e o propósito da


teologia como ciência de Deus e das coisas a Ele
relacionadas. Apresentaremos algumas definições e conceitos
de teologia, e falaremos sobre seus propósitos, sua
necessidade, possibilidade, fontes e métodos. Analisaremos
suas divisões e respectivas subdivisões. Teremos uma vista
geral sobre a fonte autorizada da teologia cristã, que é a
Bíblia, as sagradas escrituras do Antigo e Novo Testamentos.
Dois ensaios de expertos no assunto complementarão o pano
de fundo desta discussão sumária.
Uma introdução, como o próprio nome indica, não passa
de uma exposição breve à guisa de preparação para o estudo
mais aprofundado de uma matéria. Portanto, estudaremos
aqui apenas os elementos, os rudimentos iniciais da teologia.
Bom estudo!

Capítulo I
INTRODUÇÃO À TEOLOGIA

I. A Natureza da Teologia
Definição. A palavra “teologia” compõe-se de dois termos
gregos theos, “Deus” e logos, “estudo”, “discurso”, “doutrina”.
Etimologicamente, portanto, teologia significa o estudo
racional sobre Deus, ciência de Deus ou estudo das coisas
divinas. Uma definição mais completa, suficiente para todos os
efeitos práticos, seria: Teologia é a ciência que trata do estudo
de Deus e de Suas relações com o homem, o universo e a
verdade religiosa.
Embora não encontrada nas Escrituras, a palavra teologia
é bíblica em seu caráter. Em Rom.3:2 encontramos ta logia
tou Theou (os oráculos de Deus); em 1 Ped. 4:11 encontramos
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logia Theou (oráculos de Deus), e em Luc. 8:21 temos ton


Logon tou Theou (a Palavra de Deus).

Distinções. A teologia distingue-se da ética e da filosofia.


A teologia estuda Deus e Suas relações; a ética estuda os
juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível
de qualificação do ponto de vista do bem e do mal; a filosofia é
tentativa de conhecer todas as coisas só pelo uso da
observação e da razão, sem partir de Deus e Sua Palavra,
Teologia e religião também não são a mesma coisa.
Enquanto a teologia é o conhecimento de Deus, a religião é a
prática da vontade de Deus. Ambas as coisas devem coexistir
na verdadeira experiência cristã. Em muitos casos, porém,
estão distanciadas, de tal modo que é possível ser teólogo
sem ser religioso, e religioso sem ser teólogo.O ideal é o
conhecimento e a prática juntos. O teólogo deve praticar o que
conhece (Tia. 1:25). O religioso deve conhecer o que pratica
(1 Ped. 3:15).

Conceito de Teologia. O conceito de teologia teve origem


na tradição grega, mas ganhou conteúdo e método apenas no
interior do cristianismo. Platão, com quem o conceito emergiu
pela primeira vez, associou ao termo teologia uma intenção
polêmica, como fez também seu discípulo Aristóteles. Para
Platão, a teologia descrevia o mítico e podia ter um significado
pedagógico e temporário benéfico ao estado. A identificação
entre teologia e mitologia continuou no pensamento grego
posterior. Diferentes dos filósofos, os "teólogos" confundiam-
se com os poetas míticos, como Hesíodo e Homero.
A teologia, portanto se tornou significativa como meio de
proclamar os deuses, de professar a fé e de ensinar a
doutrina. Nessa prática da "teologia" pelos gregos está a
prefiguração do que mais tarde se tornaria a teologia no
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cristianismo. Apesar de todas as contradições que emergiriam


na formulação desse conceito nas várias confissões e escolas
cristãs de pensamento, um critério formal permaneceu
constante: teologia é a tentativa, levada à prática pelos
adeptos de uma fé, de representar suas afirmações de crença
de modo consistente, explicando-as a partir de seus
fundamentos e relacionando a religião às demais referências
humanas, como a natureza e a história, e aos processos
cognitivos, como a razão e a lógica.

II. A Teologia Cristã


Visto que literalmente falando, teologia pode significar
também “ciência dos deuses”, abre-se o campo para a
existência de muitas teologias, sejam elas monoteístas ou
politeístas. Cada religião possui de certo modo a sua teologia,
isto é, o estudo racional dos seus textos sagrados, dogmas e
tradições. Podemos falar de uma teologia islâmica, budista,
hinduísta, judaica etc. Restringiremos, no entanto, nosso
estudo à Teologia Cristã, ou seja, à teologia do cristianismo.
Será nesse sentido estrito que empregaremos o termo teologia
daqui por diante.

III. Acepções do Termo Teologia


Existem, pelo menos, três acepções básicas para o termo
teologia cristã. A mais ampla é utilizada para nomear todo o
conjunto de conhecimentos teológicos ministrados em cursos
ou nas respectivas faculdades e seminários.
A acepção intermediária define teologia com o campo
circunscrito, dentro da teologia, concernente a determinada
área ou campos teológicos, como, por exemplo, Teologia
Sistemática, Teologia Moral, Teologia Bíblica etc.
A acepção mais restrita, também chamada Teologia
Propriamente Dita, emprega a palavra em escritos dogmáticos
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para designar a doutrina de Deus, subdivisão da área de


teologia sistemática que trata da natureza divina e de Seus
atributos. Estudaremos nesta obra a Teologia Sistemática.

IV. O Objetivo da Teologia


A teologia objetiva averiguar os fatos objetivos a respeito
de Deus e das relações entre Deus e o universo e apresentar
esses fatos numa unidade racional, como partes conectadas
de um sistema formulado e orgânico de verdades. Na
qualidade de ciência, a teologia não cria os fatos, mas os
descobre e relaciona. Esses fatos devem ter existência
independente dos processos mentais subjetivos do teólogo.
A teologia, como corpo doutrinário coerente, é a tentativa
de conciliar fé religiosa e pensamento racional.

V. A Necessidade da Teologia Cristã


Do ponto de vista geral, a teologia é incontornável. Mesmo
quem se recusa a formular suas crenças teológicas tem
doutrinas (= ensinos) consideravelmente definidas, ainda que
grosseiras. Isto é inevitável, devido ao instinto sistematizante
do intelecto, que não se contenta com uma mera acumulação
de fatos, mas busca organizá-los num sistema. assim, é
indispensável o estudo da teologia com nosso mais alto
esforço, para nos assegurarmos de que nossa teologia é a
certa, sã.
A teologia é necessária como meio de expressar o
significado do cristianismo, por causa da natureza humana,
que inclui razão e emoção.
A teologia é necessária para definir o cristianismo devido
ao relativismo e sincretismo religioso desta época.
A teologia é necessária para defender o cristianismo
contra ataques.
A teologia é necessária para propagar o cristianismo.
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VI. A Possibilidade da Teologia


A teologia é possível devido a três fatos:
1. Deus existe;
2. A mente humana é capaz de conhecer a Deus;
3. Deus Se deu a conhecer ao homem.

VII. A Cientificidade da Teologia


A teologia é uma ciência. Às vezes tem sido chamada,
merecidamente, de “a rainha das ciência”, dada a nobreza de
seu objeto de estudo — Deus. Entendemos ciência como o
conjunto de conhecimentos socialmente adquiridos ou
produzidos, historicamente acumulados, dotados de
universalidade e objetividade que permitem sua transmissão, e
estruturados com métodos, teorias e linguagens próprias, que
visam compreender e, possivelmente, orientar a natureza e as
atividades humanas.

VIII. O Método da Teologia


A teologia aplica, no estudo de seus conteúdos, os
procedimentos metodológicos, críticos e intelectuais da
filosofia. Porém, estes procedimentos são diametralmente
opostos aos das ciências naturais e humanas porque partem
do pressuposto da fé e seu objetivo final, Deus, não é passível
de pesquisa empírica. Portanto, o problema de estabelecer um
método rigoroso de raciocínio sobre Deus é crucial em
teologia.1
São vários os métodos pelos quais se pode elaborar um
sistema de teologia. O método determina a natureza do

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sistema elaborado. Um método falso ou defeituoso, destruirá


todo o resultado. Eis os três métodos mais comuns:

1. O Método Especulativo. Também


chamado dedutivo, pois raciocina do geral para o
particular, este método deduz o sistema de princípio
filosófico a priori. Este método é tendencioso, pois leva
o sistema teológico a se acomodar a princípios
filosóficos previamente aceitos. Se o teólogo for deísta,
panteísta, racionalista ou evolucionista, os grande
temas da teologia sofrerão influência da teoria aceita.
Schleiermacher era panteísta, e toda a sua teologia foi
elaborada a partir desse ponto de vista. Daí sua
teologia ser defeituosa no tocante a certas doutrinas
como Escrituras, Pessoa de Cristo, Encarnação,
Expiação e Personalidade de Deus.
2. O Método Místico. Certos indivíduos,
pretendendo ter recebido revelações especiais de
Deus, independente das Escrituras e superiores a ela,
formularam sua teologia sobre as bases dessas
pretensas revelações. Exemplo disto Este método é
subjetivo, pois depende de impressões internas ou de
convicções pessoais mais do que de autoridade e
instruções externas. A experiência tem se valor, mas
não como regra de fé. Ela deve ser submetida à prova
da Palavra de Deus, e não vice-versa. O método
místico apresenta graves perigos.

3. O Método Indutivo. Indução é o processo


pelo qual o espírito tira de fatos particulares uma
conclusão de caráter geral. O método indutivo é
método da ciência natural, isto é, a coleção de fatos,
sua classificação e o estudo das leis que os regem.
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Este é o verdadeiro método na teologia. Toda ciência


verdadeira se baseia em fatos. Da mesma maneira, o
verdadeiro teólogo observa todas as revelações de
Deus e combina tudo num sistema harmônico e
coerente. A maioria dos fatos são tirados da Bíblia,
fonte autorizada da Teologia Cristã. A verdadeira
teologia baseia-se não num “Assim-diz-o- homem” ou
num “Assim-diz-a-igreja”, mas num “Assim-diz-o-
Senhor”. Ressalve-se, porém, que a prova textual é
devidamente usada quando está de acordo com o
contexto e a analogia da fé.

IX. Fontes da Teologia


Assim como podemos conhecer um ser humano somente
nos baseando no que ele faz e no que ele fala, assim também
duas são as fontes do nosso conhecimento de Deus: Suas
obras e Sua Palavra. Dois livros: o livro da natureza e o livro
das Escrituras. É o que se costuma chama de Teologia
Natural e Teologia Revelada. Teologia da Natureza e Teologia
das Escrituras.

1. Teologia Natural. Compreende os fatos contidos na


obra de Deus, independentemente da revelação
escrita. Sob este título incluímos não somente a
natureza inanimada, mas também a natureza
humana, a história, a providência etc., em tudo
quanto revelam sobre Deus. Embora o universo
revele muitos fatos sobre Deus (Sal. 19:1-6; Atos
14:17; Rom. 1:17-20; 2:15), esta é uma revelação
incompleta e insuficiente para satisfazer as
necessidades humanas. Não oferece nenhum meio
de obter perdão e paz com Deus; não prevê
nenhum meio para escapar ao pecado; não tem
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nenhum poder ou incentivo para a santidade; não


contém nenhuma revelação certa acerca do futuro;
deixa o homem nas mãos da lei natural; falta-lhe
toque pessoal; pode levar à degeneração e
corrupção moral.

2. Teologia Revelada. É a contida nas Escrituras do


Antigo e do Novo Testamentos — a Bíblia. Contém todos os
fatos necessários, pois além de ensinar objetivamente o que
ensina a teologia natural, mostra tudo quanto se pode
conhecer de Deus e de Sua relação com o universo material
ou espiritual. Embora a Bíblia seja a fonte por excelência de
nosso conhecimento de Deus e de Sua vontade, a natureza
não deve ser desprezada como suplementadora dos fatos da
teologia revelada, visto que toda verdade é harmônica. Devido
a nossa finitude e pecado, a única fonte digna de confiança
são as Escrituras. Elas devem ter primazia sobre nossas
conclusões da natureza ou de nossa impressões aos ensinos
do Espírito santo. A teologia cristã se baseia, portanto,
principalmente nas Escrituras.

X. Origem e Centro da Teologia


A verdadeira teologia é teocêntrica e cristocêntrica (João
14:1). É teocêntrica em relação à origem de onde procede o
sistema: a teologia procede de Deus. Ele mesmo é, em última
análise, a única fonte de conhecimento não só teológico, mas
geral ( É cristocêntrica em relação ao fato no qual se centraliza
o sistema: a teologia encontra sua principal expressão em
Cristo, ponto do qual e para o olha se olha na visão teológica.

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XI. Áreas da Teologia

As áreas, ramos ou departamentos da teologia são:


1. Teologia Bíblica. Investiga a verdade de Deus e o Seu
universo no seu desenvolvimento divinamente ordenado e no
seu ambiente histórico conforme apresentados nos diversos
livros da Bíblia. A teologia bíblica é a exposição do conteúdo
doutrinário e ético da Bíblia, conforme originalmente revelada.
A teologia bíblica extrai o seu material exclusivamente da
Bíblia.

2. Teologia Pastoral ou Prática. Trata da aplicação da


verdade aos corações dos homens. Ela busca aplicar à vida
prática os ensinamentos das outras teologias, para edificação,
educação, e aprimoramento do serviço dos homens. Ela
abrange os cursos de homilética, administração da igreja,
liturgia, educação cristã, evangelismo e missões.

3.Teologia Sistemática. Ramo que estuda as grandes


doutrinas da Bíblia agrupadas em tópicos, de acordo com um
sistema definido. Suas disciplinas serão comentadas no ponto
XII.

4. Teologia Dogmática. É a exposição ordenada das


doutrinas expressas nos símbolos da igreja. Assim temos
"Dogmática Cristã", por H. Martensen, com uma exposição e
defesa da doutrina luterana; "Teologia Dogmática", por Wm.
G. T. Shedd, como uma exposição da Confissão de
Westminster e de outros símbolos presbiterianos; e "Teologia
Sistemática", por Louis Berkhof, como uma exposição da
teologia reformada.

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5. Teologia Apologética. É a tentativa de expor as


crenças religiosas enquanto se atende ou se responde às
objeções e críticas.

6. Teologia Histórica. Considera o desenvolvimento


histórico da doutrina, mas também investiga as variações
sectárias e heréticas da verdade. Ela abrange história bíblica,
história da igreja, história das missões, história da doutrina e
história dos credos e confissões. Traça a história do
desenvolvimento da interpretação doutrinária e envolve o
estudo da história da igreja. Disciplinas: História de Israel,
História do Cristianismo, Histórias Eclesiásticas etc.

7. Teologia Exegética. Estuda o Texto Sagrado e


assuntos relacionados, através do estudo das línguas
originais, da arqueologia bíblica, da hermenêutica bíblica e da
teologia bíblica.

XII. Teologia Sistemática

Nenhuma exposição sobre Deus seria completa se não


contemplasse Suas obras e Seus caminhos no universo que
Ele criou, além de Sua Pessoa. Toda ciência provém e
mantém relação com o Criador de todas as coisas e com Seu
propósito na criação. E toda verdade é verdade de Deus, onde
quer que ela seja encontrada. Deus se revelou na criação e
nas Escrituras, e a verdade achada pelas ciências naturais e
sociais, por cristãos ou profanos, não é verdade profana; é
verdade sagrada de Deus (Cl.2:3). Toda verdade, onde quer
que seja encontrada, tem peso e valor iguais como verdade,
como qualquer outra verdade. Uma verdade pode ser mais útil
em dada circunstância, e uma outra em outra, mas ambas têm
valor como verdade.
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Portanto é perfeitamente lícito utilizar-se de outras fontes,


enquanto verdade, para o estudo da teologia. O estudo
teológico que incorpora em seu escopo o exame das ciências
naturais e sociais é denominado teologia sistemática.

A Natureza da Doutrina. A teologia sistemática estuda a


doutrina cristã. Geralmente se define doutrina como o conjunto
de princípios que servem de base a um sistema religioso. Para
a teologia sistemática, porém, doutrinas são as verdades
fundamentais da Bíblia dispostas em forma sistemática. Não
devemos confundir doutrina e dogma. Doutrina (do lat.
doctrina, “ensino”) é a declaração de Deus acerca da verdade
apresentada nas Escrituras; dogma é a declaração do homem
acerca da verdade apresentada num credo.

O Valor da Doutrina. A doutrina é importante por pelo


menos três razões. (1) Ela supre a necessidade de uma
declaração autorizada e sistemática sobre a verdade num
mundo de descrença e heresia; (2) Ela sistematiza as
verdades das Escrituras; (3) Ela determina nosso caráter e
destino, já que aquilo em que acreditamos modela nossas
ações; (3) Ela é um baluarte contra o erro, pois serve de
critério para a verdade; (4) Ela nos equipa para o serviço
aceitável, pois fortalece nossa fé ao darmos a razão do que
cremos (1 Ped. 3:15).

XIII. Definições de Teologia Sistemática

A) Chafer: Uma ciência que segue um esquema ou uma


ordem humana de desenvolvimento doutrinário e que tem o
propósito de incorporar no seu sistema a verdade a respeito
de Deus e o Seu universo a partir de toda e qualquer fonte
(Lewis Sperry Chafer).
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B) Chafer: Teologia sistemática pode ser definida como a


coleção, cientificamente arrumada, comparada, exibida e
defendida de todos os fatos de toda e qualquer fonte
referentes a Deus e às Suas obras. Ela é temática porque
segue uma forma de tese humanamente idealizada, e
apresenta e verifica a verdade como verdade (Lewis Sperry
Chafer).

C) Alexander: A ciência de Deus... um resumo da


verdade religiosa cientificamente arranjada, ou uma coleção
filosófica de todo o conhecimento religioso (W. Lindsay
Alexander).

D) Hodge: A teologia sistemática tem por objetivo


sistematizar os fatos da Bíblia, e averiguar os princípios ou
verdades gerais que tais fatos envolvem (Charles Hodge).

E) Strong: A ciência de Deus e dos relacionamentos de


Deus com o universo (A. H. Strong).

F) Thomas: A ciência é a expressão técnica das leis da


natureza; a teologia é a expressão técnica da revelação de
Deus. Faz parte da teologia examinar todos os fatos espirituais
da revelação, calcular o seu valor e arranjá-los em um corpo
de ensinamentos. A doutrina, assim, corresponde às
generalizações da ciência (W. H. Griffith Thomas)

G) Shedd: Uma ciência que se preocupa com o infinito e o


finito, com Deus e o universo. O material, portanto, que
abrange é mais vasto do que qualquer outra ciência. Também
é a mais necessária de todas as ciências (W. G. T. Shedd).

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H) Definições Inadequadas:
Para definir teologia foram empregados alguns termos
enganadores e injustificados. Já se declarou que ela é "a
ciência da religião"; mas o termo religião de maneira nenhuma
é um sinônimo da Pessoa de Deus e de toda a Sua obra. Da
mesma forma já se disse que ela é "o tratamento científico
daquelas verdades que se encontram na Bíblia; mas esta
ciência, embora extrai a porção maior do seu material das
Escrituras, extrai também o seu material de toda e qualquer
fonte. A teologia sistemática também tem sido definida como o
arranjo ordeiro da doutrina cristã; mas como o cristianismo
representa apenas uma simples fração de todo o campo da
verdade relativa à Pessoa de Deus e o Seu universo, esta
definição não é adequada.

XIV. Divisões da Teologia Sistemática


Os tópicos discutidos pela teologia sistemática são de
dimensões universais. Em geral incluem o seguinte sistema de
doutrinas:

01. Bibliologia – Doutrina da Bíblia.


02. Teologia – Doutrina de Deus. Trata da Pessoa de Deus,
Sua natureza e atributos.
03. Ktisiologia – Doutrina da Criação. Trata do
criação/intervenção divina.
04. Angelologia – Doutrina dos Anjos. Trata da natureza e
obra dos anjos bons e maus e de Satanás.
05. Antropologia — Doutrina do Homem. Trata da natureza do
homem.
06. Hamartiologia – Doutrina do Pecado. Trata da natureza do
pecado.
07. Cristologia — Doutrina de Cristo. Trata da Pessoa e obra
de Cristo.
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08. Soteriologia — Doutrina da Salvação. Trata da


necessidade e propósito da salvação.
09. Pneumatologia — Doutrina do Espírito Santo. Trata da
Pessoa e obra do ES.
10. Eclesiologia — Doutrina da Igreja. Trata da natureza,
estrutura e missão da igreja.
11. Cristianologia (Axiologia) — Doutrina da Vida Cristã. Trata
da conduta do crente.
12. Escatologia — Doutrina das Últimas Coisas. Trata dos
eventos finais

Capítulo II

TEOLOGIA DA REVELAÇÃO
Amim Rodor

I- A Atual Crise de Autoridade


- Nos primeiros 4 séculos, a atenção da Igreja prendeu-
se à CRISTOLOGIA.
- Na Reforma do séc. XVI o assunto foi
SOTERIOLOGIA.
- No século passado, com raízes nos séc. 17 e 18, a
DOUTRINA DA REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO tornou-se o
assunto central e até hoje influencia a Igreja. O Iluminismo
provocou a questão e até hoje o protestantismo não se
preocupou.
A Igreja Atual - A crise afeta de maneira particular a Igreja
Católica, mas também a cada ramo do Cristianismo. Desafios
se apresentam aos protestantes, dentro e fora da Igreja.
A principal causa da atual crise é a crise da autoridade:
1- Em que constitui a genuína autoridade teológica?
2- De onde deriva a autoridade ?
3- Onde testar as doutrinas ?
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4- Qual a fonte da qual a Teologia deriva suas doutrinas e


as testa?

II - A Importância e Lugar da Revelação


- O problema dominante é da Revelação.
A questão da revelação e a autoridade atinge a natureza e
conteúdo do Evangelho que se vai pregar.
Se não tivermos uma clara compreensão da revelação e
inspiração, as antigas heresias adquirirão novo impulso.
A falta desta clara percepção atinge primeiro os teólogos e
logo a Igreja também é afetada.
- A. KUYPER (Séc. XIX)- Teólogos liberais não têm certeza
de nada, mas os ortodoxos têm.
- A perda da autoridade bíblica conduz a diferentes formas
de subjetivismo.
Poucas questões da Teologia não têm que ver com a
doutrina da revelação.
Nossa compreensão da revelação afeta a compreensão
da mensagem cristã, em que a Bíblia é o instrumento da
revelação. Se não houvesse a revelação, não haveria a menor
possibilidade do conhecimento de DEUS e nenhum discurso
teológico.
O cristianismo cai ou fica em pé, dependendo da
revelação.

A doutrina da revelação é mais centra do que a


doutrina da salvação.
O investigador, nas áreas de conhecimento está sobre o
objeto de estudo, mas na Teologia está sob o Sujeito de
estudo.
A grande contradição da Teologia moderna é falar de
forma independente, pretensão de autonomia.
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A solução é um retorno a uma revelação cristã objetiva,


clara, inteligível como se apresenta na Bíblia.

III- A Revelação na Tradição Cristã


O Pensamento de DEUS:
A) DEUS é incognoscível, inescrutável, insondável, infinito,
transcendente (Jó 11:17).
B) Ao mesmo tempo, DEUS deve ser conhecido (João 17:3;
Os.6:3).
Buscando a DEUS pelos próprios métodos não é
possível conhecer a DEUS, Is. 55:8, 9.
Conclusões finais, absolutas, não podem ser alcançadas
a partir de métodos humanos (I Cor.2:11 e Rom.11:33
e 34).
O homem pela sua própria iniciativa não pode alcançar a
DEUS. Há um abismo profundo entre DEUS e o homem.

Paradoxo Resolvido
1. DEUS não pode ser conhecido;
2. A Bíblia afirma que DEUS deve ser conhecido (João
17:3; Os.6:3).2
3. O paradoxo é resolvido através da Revelação: DEUS
não pode ser conhecido pelos métodos humano. Sim. Mas
DEUS resolve isso se revelando ao homem. Aquele que é

2
OBS: Conhecimento, no pensamento hebraico, não apresenta
dicotomia entre teoria e prática. Esta separação é produto do
pensamento grego. Da perspectiva bíblica, o conhecimento conduz
à prática.
O verbo lembrar no hebraico, não é um simples exercício da
memória; não é abstrato. mas concreto. Quando DEUS lembra, algo
acontece (I João 5:20).

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transcendente cruzou o abismo, invadiu a história humana e


deu-Se a conhecer.
O homem deixado a sim mesmo, desajudado, não pode
conhecer a DEUS; DEUS só pode ser conhecido na proporção
em que Ele Se revela - “Self-Revelation” - a única maneira de
conhecer a DEUS. Única maneira de conhecer Sua
personalidade.
Se DEUS declara Sua mente, Seus propósitos por alguma
forma, o homem só pode se aproximar de DEUS pela maneira
em que Ele Se revelou.

DEUS não é conhecido em Si mesmo, Ele só é


conhecido como Se revela.
Teologia não é o conhecimento de DEUS em Si; é o
conhecimento de DEUS como Ele Se deu a conhecer (Se
revelou) ao homem.
“O homem usa máscaras para se esconder; DEUS usa
máscaras para Se revelar” - LUTHER.
A Teologia humana não pretende estudar DEUS em Sua
essência e sim, na Revelação que Ele faz de Si.
A Teologia está fundamentada naquilo que Ele deu a
conhecer.
A Revelação é insubstituível, pois se não há revelação, não
há Teologia.

IV- REVELAR -
A) Definido pelo dicionário - expor, abrir, manifestar,
descobrir...
B) Etimologicamente - deriva do verbo latino “VELO” -
cobrir, pôr um véu.
Então revelar significa descobrir, “remover o véu”.
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C) Revelação, pelo conceito bíblico, é algo que vem de fora,


um dom divino que nos livra da ignorância, da morte, etc.
Revelação não é conhecimento perdido ou adquirido por
processos mentais lógicos, por indução ou dedução ; não
nasce de dentro, vem de fora.
No Cristianismo, Revelação é um dom divino, é a
manifestação da graça divina, da divina vontade de DEUS em
ser conhecido.
Tanto no hebr. quanto no grego, é a manifestação daquilo que
está escondido, oculto à mente ou nossa compreensão.

MISTÉRIO - na Bíblia é algo que pode ser conhecido se


revelado, e nunca algo que pode ser conhecido por
investigação ou esforço diligente.
Não há caminho do homem para DEUS - ascendente -
mas sim, de DEUS para o homem descendente.
A razão pela qual o homem com sua própria razão não
pode alcançar a DEUS, é que o pecado obstáculo este
caminho.
A menos que DEUS Se mova em direção ao homem, este
permanece em trevas. Assim, a única maneira de conhecer a
DEUS, é pela revelação que Ele faz de Si.
Mat. 16:16 - “carne e sangue” - símbolo de fraqueza e
fragilidade humana - não pode alcançar o conhecimento de
DEUS; só a revelação pode fazer-nos conhecer a DEUS.
Revelação cristã é a auto-manifestação de DEUS sem a qual
não o conheceríamos.

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V- Revelação Proposicional ou Conceptual


DEUS graciosamente Se revela àqueles que não podem
encontrá-Lo por si mesmos.
A ação reveladora de DEUS se manifesta na fé histórica de
Israel e Igreja Cristã.
Revelação como “Comunicação de Informação”, com
conteúdo objetivo, com proposições de verdades, tem sido
aceito tradicionalmente. Revelação - a sobrenatural
comunicação de verdades em forma proposicional.
DEUS revela verdades que Ele deseja que sejam
conhecidas.
DEUS comunicava aos profetas em forma proposicional,
conceptual.
NOVA ORTODOXIA: “Teologia do Encontro”, existencial -
no encontro entre DEUS e o profeta (não com o povo ou
Igreja) DEUS não comunicava nada, apenas Se revelava ao
profeta, daí a Bíblia não é um depósito de informações e sim a
descrição da reação do profeta ao ENCONTRO.
Profeta - Gr. PRO + FEMI = falar por, em lugar de. Hebr. -
RO’EH; HOZEH - formas participiais do verbo VER -
VIDENTE. Hebr. - NABHI - segundo W.F. ALBRIGHT, esta
palavra se relaciona com o verbo acadiano NABU (CHAMAR),
portanto o profeta era chamado, não podia se apropriar do
título por designação política ou por hereditariedade. Amós
não era profeta nem filho de profeta.
A revelação de DEUS ao profeta não era um fim em si
mesma. O profeta bíblico é aquele que comunicava o que
recebia de DEUS.
130 vezes - “veio a mim a Palavra do Senhor”;
359 vezes - “Assim diz o Senhor”.
Estas revelações são proposicionais, isto é, conceitos de

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verdade, informação de verdade.


Este conceito assume que o que DEUS revela tem formas
de verdade.

DEUS não revelou a Si mesmo, Ele revelou verdades a


Seu respeito.
O perigo desta teoria é tornar DEUS uma doutrina.

O que DEUS revelou sobre Si ?


Os cristãos têm mantido que DEUS tem comunicado
verdades aos profetas, em forma de idéias, palavras faladas...
Esta comunicação em forma de idéias, é dirigida à mente
humana, que requer compreensão, a revelação faz um apelo à
razão, daí a fé não é racional.

Revelação Sacramental - Lutero, Calvino, Kuyper, EGW e


Berkower
Como saber se é verdade? o apelo é feito à Revelação
Objetiva, a norma que tem conteúdo, como encontramos na
Bíblia, para todos os homens, em todas as épocas.
6-A Tradição Desafiada
O conceito tradicional de Revelação, como comunicação
objetiva de verdades em forma proposicional, tem sido
desafiado recentemente por outra noção qualificada de
Revelação Existencial.
Quais as acusações com Tradicional ?
6.1- Primeiro argumento contra a noção tradicional:
A identificação da revelação divina com as palavras humanas
da Bíblia é degradante para DEUS, porque torna DEUS
responsável pelo que está escrito na Bíblia, inclusive seus
eventuais erros e enganos.

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6.2- Conceitual tradicional é objetável porque tal conceito


oferece ao homem algo menos que um encontro e comunhão
pessoal com DEUS; DEUS é reduzido a uma fria doutrina.
Parece igualar a Revelação a um livro ou uma série de
doutrinas.
E. BRUNNER diz que o protestantismo tem um novo
Papa - a “Bibliolatria”.
Os críticos dizem que o conceito tradicional é um novo
tipo de deísmo, um DEUS distante do homem, e a
comunicação é feita através de um velho livro.
Em contraste com o ponto de vista tradicional, teólogos
contemporâneos afirmam que devemos conceber a natureza
da revelação divina de outra maneira, não como um corpo de
verdades, doutrinas contidas na Bíblia, ao contrário, a
Revelação divina tem como seu propósito a DEUS em Si
mesmo como uma pessoa.
JOHN BAILLIE sumariza assim:
“O que é revelado não é um corpo de informações ou
doutrinas; DEUS não nos dá informações por comunicação;
Ele dá-nos a Si mesmo em comunicação.” The Idea of
Revelation in Recent Thought.
KITEL endossa BAILLIE.
ALBRECHT OEPKE - art. “APOKALUPTW” Vol. 3, pp.563-
592.
DEUS revela Sua presença ao homem, o que é a verdade é
a revelação subjetiva no homem, não num livro confinado.
Neste caso, a revelação ocorre num encontro pessoal com
DEUS; o apelo não é feito a uma norma objetiva e sim
subjetiva.
Revelação toma lugar na experiência subjetiva do homem,
não em um livro.A Bíblia não é verdade objetiva em si
mesma. A revelação media a presença de DEUS, não
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doutrinas.
Além do mais, revelação não foi algo completo no passado
com o encerramento do cânon; ela ocorre continuamente
na Igreja nos atos de DEUS.

CAPÍTULO III
DOUTRINA DA REVELAÇÃO: CONTEXTO HISTÓRICO
SÉCULOS XVII – XIX

1. Tradição Cristã: Afirma que a Revelação foi


proposicional, em forma de proposições, verdades
objetivas, conceitos, que DEUS comunicou aos
profetas, e que se encontra entesourada nas
Escrituras.
2. Escolasticismo: Não vai de encontro a Revelação
Especial, mas abre uma porta ao Racionalismo.
Os escolásticos eram monges dominicanos, grandemente
influenciados por Aristóteles.
As pessoas nascem como uma folha em branco, com
capacidade racional dedutiva. Com este pensamento,
estes monges discutiam 3 questões básicas:
a) AN SIT DEO ? “Existe DEUS ?” (Existência)
b) QUID SIT DEO ? “Quem É DEUS ?” (Essência)
c) QUALIS SIT DEO ? “Que Tipo de DEUS ?” (Atributos)
Toda a Teologia Católica até o Vaticano II foi influenciada
por T. Aquino, o mais notável escolástico que sintetizou o
pensamento árabe, aristotélico e cristão (morto em 1274 a.d.).
Os escolásticos se preocuparam com o QUID e o QUALIS,
por esta via chegaram a uma Teologia Natural, isto é, de que é
possível conhecer a DEUS através da natureza e por meio da
razão.
Para os teólogos deste período, há duas formas pelas
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quais os homens podem conhecer a DEUS e as coisas


divinas:
1. Método ascendente - O homem para DEUS, através da
razão.
2. Método descendente - de DEUS para o homem - através
da Revelação especial.
No ensino de T. de Aquino foi estabelecida uma aguda
distinção entre FÉ e RAZÃO.
Há aspectos da Teologia ou de DEUS que não podem
ser conhecidos pela razão - Ex.: Trindade,
Encarnação, etc.
A razão tem uma grande função na Teologia Tomística:
se não se pode chegar ao QUID, pode-se argumentar
em favor DEle.
A razão desajudada quase pode chegar a uma
compreensão de DEUS.
ANALOGIA ENTIS - Analogia do ser humano com DEUS
- estabelecer uma relação com DEUS e deduzir as
coisas de DEUS.
KARL BARTH rejeita a Revelação Natural.
Para os escolásticos havia distinção entre razão e
revelação, entre verdade da razão e verdade da revelação,
entre ACIRE (entender) e CREDERE (crer).

3. Reformadores - Na Reforma, Lutero e Calvino, em certa


medida, chegaram a partilhar da idéia de que o homem, pela
razão, pode chegar a algum conhecimento de DEUS, mas é
um conhecimento incompleto, inadequado.
LUTERO usa algumas expressões para descrever a
inabilidade humana em conhecer a DEUS pela dedução
racional, e é tão enfático, que torna quase impossível
realmente ao homem, pela razão, conhecer a DEUS.
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Lutero faz uma distinção entre o DEUS ABSCONDITUS e


o DEUS REVELATUS - mesmo quando DEUS Se revela,
ainda continua escondido. Revela-Se por máscaras. Não
conhecemos a DEUS em Sua essência - o QUID não se pode
conhecer. Para Lutero, mesmo em Sua revelação, DEUS
permanece envolto em mistérios impenetráveis.
Nós conhecemos a DEUS na medida em que Ele Se relaciona
conosco.
Para Lutero, toda Revelação necessária está contida nas
Escrituras.
SCRIPTURA VERBUM DEI INFALIBLE EST - A Escritura
como verbo de DEUS é infalível.
“DEUS em Sua própria natureza e majestade deve ser
deixado de lado; neste aspecto não temos nada que ver com
Ele, nem Ele quer que tratemos com Ele nestes termos; temos
que ver com Ele como Ele Se apresenta, vestido e revelado na
Sua Palavra, pela qual Ele Se apresenta a Si mesmo para
nós. Esta é a Sua glória, esta é a Sua beleza, na qual o
Salmista proclama que Ele está revestido.”
Calvino - assumiu uma posição semelhante à de Lutero,
mas é mais radical.
Na primeira seção das Institutas, Calvino trata do conheci-
mento de DEUS como Criador. Para Calvino, é totalmente
desnecessário preocupar-se com o QUID (essência),
precisamos preocupar-nos com o QUALIS (atributos). DEUS
não pode ser conhecido perfeitamente. Embora possamos
conhecer algo a respeito de DEUS, este conhecimento não
pode ser de forma apriorística, só a posteriori (depois que Ele
Se revela).
Calvino admite que há um SENSUS DIVINITATIS gravado por
DEUS no coração do homem. Este senso da divindade foi
corrompido, endurecido, por ignorância ou malícia, por isto o
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homem não pode perceber a DEUS na ordem criada (para


entender a DEUS na ordem criada precisa de outra lente, a
Revelação Especial).
Esta conclusão leva a um poderoso Capítulo das
Institutas:

A NECESSIDADE DAS ESCRITURAS COMO GUIA E


MESTRE PARA VIRMOS A DEUS COMO CRIADOR
Aqui neste capítulo, Calvino vê as Escrituras como ensino,
doutrina (afirmação de que a Revelação é proposicional).
Para Calvino, é impossível conhecer a DEUS sem a
Revelação Especial, sob a Iluminação do Espírito Santo.
O deus da razão foi qualificado por Calvino como pseudo-
deus. A concepção filosófica de DEUS é deficiente.
Para os Escolásticos era mente a mente; para Calvino era
coração a coração.
O DEUS de Aristóteles é puro pensamento, mas não é amor.
Conhecer a DEUS não depende da razão pura, do intelecto,
mas da experiência humana.
Falando com propriedade, DEUS não pode ser conhecido
onde não há religião e piedade.
PIEDADE - União da reverência e o amor a DEUS.
Dentro da mesma linha de Calvino, a maioria dos teólogos
posteriores enfatizava a impossibilidade do verdadeiro
conhecimento de DEUS onde a Bíblia não atua como regra de
fé e autoridade.

4- DEÍSMO/ILUMINISMO/KANT
A. No final do séc. 17 e durante o séc. 18, emergiu uma
ruptura de maior magnitude na posição tradicional mantida
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sobre a doutrina da Revelação. Esta foi a era da RAZÃO. Os


racionalistas criam na razão com profunda fé.
Para saber o que é verdade, o apelo não é feito às
Escrituras; o apelo é feito à razão especulativa, informada por
princípios de julgamento extra-bíblicos. A religião verdadeira é
baseada nas verdades da razão.
O uso próprio da razão consistia na investigação do
mundo e da natureza.
Os líderes do movimento racionalista foram chamados
DEÍSTAS. O movimento se desenvolveu particularmente na
Inglaterra.
Os Deístas argumentavam que a razão sozinha é competente
no reino da verdade. Revelação não acrescenta nada ao que
pode ser conhecido pela razão, não oferece nenhuma
informação acerca dos propósitos de DEUS.
Com os deístas há uma regressão ao escolasticismo, com
algumas diferenças.
Os deístas argumentavam que a religião racional devia
ser independente de qualquer revelação especial.
DEUS existe porque o mundo precisa de um Criador;
esta conclusão se alcança pela razão. Ex. DEUS, o
relojoeiro.
Nesta visão, DEUS é um proprietário ausente; DEUS
criou o mundo, mas não há necessidade de Sua
interferência.
Investiam a Natureza e a Razão de uma autoridade
suprema, repudiando a crença tradicional da
Revelação especial.
A Revelação bíblica não é necessária nem possível,
porque Ele já revelou tudo na Natureza (revelação
geral); DEUS não interfere mais.
Os escritores deístas afirmavam que as histórias e os
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milagres são formulações doutrinárias que surgiram da


observação ou entendimento defeituoso.

B) ILUMINISMO - O grande florescimento do Racionalismo


veio no séc. 18, como o Iluminismo, que foi marcado por um
temperamento naturalista, sendo hostil a qualquer idéia de
interrupção sobrenatural no ordenado curso da natureza,
portanto incluindo declarada hostilidade à idéia da Revelação
sobrenatural.
O Iluminismo voltou as costas a toda e qualquer forma
tradicional de autoridade (Igreja, Bíblia, etc.). Voltou à autori-
dade que está dentro do próprio homem - a razão.
Com o pensamento de Emanuel Kant (1724-1804) o
Iluminismo atingiu o seu auge. Com ele, apelos éticos
atingiram o seu auge.
Definição do iluminismo por Kant: “É a emergência do
homem da imaturidade; é o homem aprendendo a pensar por
si mesmo, sem nenhuma dependência de autoridade exterior,
quer seja a Bíblia, Igreja ou Estado.”
Kant concordou em parte com os racionalistas no aspecto
de que o conhecimento da realidade vem através dos
sentidos, de noções de tempo e espaço, causa e efeito.
Kant estabeleceu uma diferença básica entre realidade
como ela existe e a realidade como é percebida.
A realidade que conhecemos é colorida pelos nossos
sentidos, é subjetiva.
Uma vez que o conhecimento, mesmo o conhecimento
das coisas materiais, é condicionado pela estrutura
em que a mente opera, pelas noções de causa e
efeito, tempo e espaço, todo o conhecimento fora da
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física, ou seja, realidade metafísica, torna-se


impossível. Se isto é verdade, o pensamento
teológico envolve uma contradição, pois a mente
humana não é capaz de resolver os problemas do
mundo metafísico.
Assim, ele rejeitou todo o argumento racionalista; foi um
golpe de morte nos deístas.
O homem pode chegar a DEUS através de demandas
morais.
A razão pura não pode encontrar a DEUS.
A teoria Kantiana do conhecimento invalidou qualquer
sorte de comunicação vinda de DEUS, assim
rejeitando a maior característica bíblica e reduziu a
religião aos limites da razão pura.
Kant negou a possibilidade FACTUAL concernente à
ordem supra-sensível, acima dos sentidos. Isto
pareceu selar a doutrina histórica da Revelação.
A ortodoxia protestante não se recuperou deste golpe.

5- FRIEDRICH SCHLEIERMACHER (1768-1834)


O Cristianismo enfrentou o desafio do Racionalismo com
uma outra escola de pensamento, liderada por
Schleiermacher, o pai da Teologia Liberal. Filho de um
capelão Calvinista, influenciado pelo PIETISMO,
desgostoso com o frio Racionalismo, tentou reabilitar
entre os intelectuais que na sua maioria haviam
abandonado a religião no curso do séc.18. Insistiam que
os grandes debates - provas de DEUS, milagres,
autoridade das Escrituras - estão fora dos limites da
religião. O coração da religião é e sempre foi
sentimento - GEFUHL, não credo, doutrinas.
Este foi um lamentável engano dos tradicionalistas.
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Deus, para o homem religioso, é uma experiência da


realidade viva baseada no sentimento.
Religião é baseada no sentimento - sentimento como
categoria filosófica, sentimento como absoluta
dependência de Deus.
Este sentimento dá lugar à idéia de Deus.
Sendo assim, revelação não vem de fora, emerge de
dentro. Para Schleiermacher, revelação não é
interferência do céu em nosso mundo com
conhecimento que o homem pode obter. Não há
revelação especial ou revelação sotérica. Revelação
é uma dimensão do conhecimento dentro do mundo
natural, expressa por palavras como INSIGHT,
intuição e descoberta.
Sua ênfase ao contrário dos deístas, não era na
transcendência de Deus, e sim na Sua imanência.
Com Schleiermacher a religião foi feita independente
da filosofia, da ciência e da razão.
A religião não deve provar nada; ela está dentro de
todos os homens. A religião não se baseia em
doutrinas metafísicas, e sim na experiência pessoal.
O centro da religião muda da Bíblia para o coração do
que crê.

Pontos Principais:
1. Revelação não vem de fora e sim de dentro.
2. O centro da religião muda da Bíblia para o coração do
homem.
3. Revelação não envolve conteúdo dado por Deus. As
doutrinas são humanas em forma e conteúdo e devem
ser descartadas quando se tornam muito importantes.
Esta é uma mudança radical, um desvio do Cristianismo
histórico, uma mudança para um conceito de Revelação
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como sendo experiência interior.


BARTH acusa Schleiermacher de ser Panteísta.
Schleiermacher deixou algumas marcas da Teologia Protes-
tante. Negou o conceito Paulino da queda e universal
pecaminosidade do homem.
O principal impacto; nenhuma autoridade externa (Bíblia,
Igreja, credos) tem precedência sobre a experiência
imediata do crente. Com Schleiermacher o Cristianismo
foi reduzido ao status de uma religião entre as outras
(este mesmo sentimento é experimentado nas outras)

CAPÍTULO IV
CONCEITO DE REVELAÇÃO NO SÉC. XX

No séc. XX emerge uma nova corrente teológica - a NEO-


ORTODOXIA - que objetou ao liberalismo. Este grupo foi
educado dentro do liberalismo e se rebelou contra ele, por isso
suas críticas tiveram um efeito mais devastador. Dentro deste
grupo temos:
K. BARTH - m. 1968
E. BRUNNER - m. 1966
R. BULTMANN - m. 1976
P. TILLICH - m.
O termo Nova Ortodoxia é de certa forma infeliz, porque
NEO implica em NOVO e ORTODOXIA implica em VELHO,
tradicional (o título foi cunhado pelos opositores). Eles
defendiam a necessidade de fazer um retorno à ortodoxia sem
deixar de ser liberais. Após o liberalismo se levantar contra as
doutrinas da ortodoxia, este grupo passou a encontrar nova
relevância na ortodoxia. Passaram a enfatizar: pecado,
salvação por Cristo, revelação, transcendência de Deus. Por
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outro lado, estes teólogos não retornaram totalmente à


ortodoxia, pois retiveram uma parte do liberalismo, que
continuou vivo dentro deles.
Influências que ajudaram na emergência da Nova Ortodoxia:
1. Eventos históricos: No período liberal do séc. 19, viveu-
se um período de otimismo em relação ao futuro. Mas no
início do séc. 20 ocorre a 1ª Guerra Mundial, com
trágicos e devastadores resultados sobre este otimismo
liberal da época. Uma guerra envolvendo as Nações
mais civilizadas, com armas sofisticadas, etc... Este
período foi seguido pela grande depressão econômicas e
conseqüentes problemas sociais. Neste período
aparecem as organizações do crime, os grandes
ditadores, que preparam o caminho para a 2ª Guerra
Mundial.
Neste contexto, a conclusão dos Neo-Ortodoxos foi de
que os liberais (com o seu pensamento da bondade
inerente do homem) haviam modificado a doutrina
bíblica da universal depravação humana.
BARTH disse que este é o anti-Cristo da Igreja Católica,
e é a razão básica porque ninguém deve se tornar
católico.
Este grupo reagiu primeiro à acomodação do Cristianismo
à ciência e cultura ocidental; em segundo lugar, opões ao
progressivo aperfeiçoamento do homem (o homem não está
melhorando). Em quarto lugar, fizeram uma formulação do
conceito de revelação que, no período liberal, havia quase
desaparecido da Teologia. Esta mudança consistiu em
conceber a revelação não como uma universal capacidade
humana de experiência mística, mas como um encontro com
DEUS.
SOREN KIEKEGAARD - M. 1885 - teólogo e filósofo, foi
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uma das maiores forças inspiradoras da nova ortodoxia. Com


a falha do Liberalismo protestante, abriu-se espaço para o
EXISTENCIALISMO - mundo da perspectiva em que a
existência (por que estamos aqui ?) é mais importante que a
essência (quem somos nós ?)
No desespero, na solidão, na ansiedade do séc. XX,
suas palavras soaram quase como uma profecia.
“Em ciência ou matemática podemos tratar os fatos objetiva-
mente sem sermos pessoalmente envolvidos com eles, mas
em Filosofia e em religião, o alvo não é conhecer dogmas ou
idéias, mas vivê-las.” S. Kiekegaard.
O alvo verdadeiro do pensamento religioso é trazer o
homem a um compromisso com um modo de vida.
No pensamento objetivo podemos nos separar do objeto
(este objeto se relaciona com a nossa mente), mas em
religião, não podemos fazer isto, pois degradaria a Deus e
também ao homem.
Deus é o sujeito, nunca o objeto, quando Ele entra em
contato conosco.

2. MARTIN BUBER - filósofo judeu alemão, m. 1965. Em


1923 publicou um livro intitulado I AND THOU, um dos
livros que mais influenciou o pensamento ocidental.
(Influenciou grandemente a BRUNNER).
Segundo BUBER, existem 02 maiores reinos nos quais o
homem se expressa a si mesmo ou se relaciona com o mundo
ao redor:

I - IT - EU - COISA

I - THOU - EU - TU
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O homem não vive em isolamento, mas em relações. O


homem ocidental envolveu-se com o método científico
e empírico, olhando o mundo como uma coleção de
coisas (IT). Nós abstraímos, medimos, identificamos,
caracterizamos, tudo ao nível do cérebro.
Temos a tendência de fazer a mesma coisa com as
pessoas - coisificar as pessoas.
I - IT e I - THOU é a dicotomia básica do mundo
ocidental.
Neste processo, o EU permanece como um
observador distante, um expectador não envolvido,
tudo pode ser analisado a nível de uma atividade
cerebral.
A atitude I - THOU encontra sua mais alta intensidade
no relacionamento com DEUS - DEUS é o eterno
THOU, o outro, e este relacionamento não deve ser
a nível de coisa.
DEUS nos convida a um relacionamento em termos de
OUTRO, sem o elemento coisa. Neste caso, o OUTRO nos
convida a um relacionamento profundo. Neste encontro com
DEUS, o elemento IT não pode existir, segundo BUBER, está
completamente ausente.
Ele dizia que frequentemente o homem tem coisificado a
DEUS, procurando igualar a DEUS a nível de assentimento
intelectual, a um certo número de doutrinas concernentes a
DEUS. Com isto o homem tem tentado manipular a DEUS,
tornando DEUS como ele próprio homem, moldá-Lo a sua
imagem. Em outras palavras, este DEUS é uma projeção do
próprio homem e, por isto mesmo, um DEUS muito pequeno.
Mas o eterno THOU está convidando o homem não para
um relacionamento EU - COISA, mas para um genuíno
encontro EU - TU, no qual todo elemento impessoal deve
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desaparecer.
BRUNNER tomou esta idéia e aplicou à Teologia
escrevendo 2 livros nesta área:

“TRUTH AS ENCONTER” ; “REVELATION AND REASON”


3- BRUNNER era um teólogo reformado, calvinista, cria na
queda do homem, transcendência de DEUS, rebelou-se contra
o Liberalismo e foi um oponente de BARTH. Enfatizava um
retorno à doutrina da Revelação com um novo APPROACH -
Revelação como ENCONTRO. Usou as noções de BUBER da
Teologia Cristã.
Revelação não é a recepção de verdades vindas de ou
acerca de DEUS. Revelação é um encontro EU - TU. Há
um conteúdo neste encontro, mas o conteúdo não é
revelação de verdades e sim o próprio DEUS é que Se
constitui no conteúdo. O elemento coisa está ausente.
Da perspectiva da Nova Ortodoxia, a Revelação não comunica
alguma coisa, comunica Alguém. DEUS revela-Se a Si mesmo
ao profeta, não palavras, porque isto estaria no nível do
cérebro.
Revelação não é dada ao intelecto, mas é dada para
evocar uma resposta de fé e obediência.
Revelação não é dada para que o homem dê assentimento
intelectual a um grupo de doutrinas, de verdades.
Na Revelação DEUS convida o homem a vir a Ele, não a
dar assentimento intelectual a verdades acerca de
DEUS. A revelação é DEUS pessoalmente dentro da
alma, revelando-Se a Si mesmo, chamando a uma
resposta, sendo esta revelação vazia de qualquer
elemento coisa.

A) IMPLICAÇÕES:
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1. Negação de que revelação seja proposicional.


2. Uma vez que a revelação como entendida por Brunner e a
Nova Ortodoxia não é doutrinal e proposicional, ela não é a
comunicação do que DEUS revelou ao profeta, mas apenas
a sua reflexão pessoal do fenômeno da revelação que ele
tem experimentado.
3. Uma vez que a revelação como tal não comunica doutrinas,
o que o profeta declara não é propriamente verdade, porque
o que ele comunica não é intrinsecamente parte da
revelação original, porque DEUS não revelou nada, coisa; o
que ele escreve é o testemunho do impacto do encontro
com DEUS.

B) A FUNÇÃO DAS ESCRITURAS:


1. Seu papel não é comunicar informação a respeito de
DEUS ou vinda de DEUS. Em vez disto, a Escritura
mantém o testemunho de que DEUS Se revelou no
passado e está desejoso de fazer o mesmo no
presente.
2. Esta revelação (a Bíblia) promete revelação no futuro;
por um milagre de DEUS ela pode funcionar agora
para ocasionar a revelação para nós. A Bíblia tem
função revelatória como testemunho da revelação.
3. Apenas Cristo é a revelação, apenas Cristo é o Logos,
o ato revelador de DEUS.
Este ato falado de DEUS foi interpretado pelo
testemunho dos apóstolos.
4. A Bíblia é o testemunho da revelação, mas a ela é
negado o status da revelação. Ela é uma coleção de
confissões de fé, da fé profética, apostólica, escrita
com o propósito de despertar e fortalecer a fé dos que
ouvem.
Mas aquilo que os profetas e apóstolos escreveram
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não é o que DEUS revelou a eles. A Bíblia é um


documento meramente humano, falível e cheio de
erros.
K. BARTH - A Bíblia é em cada ponto a vulnerável palavra do
homem; é a reflexão sobre Cristo, concernente ao significado
da revelação, mas ela não é a revelação.
A Bíblia é vista frequentemente por estes teólogos como a
fixação da fé dos apóstolos , a escrituração do testemunho
dos apóstolos daquela revelação que tomou lugar na vida de
Jesus, mas a Bíblia não participa da autoridade da revelação,
apenas dá testemunho da revelação.
A Bíblia está na margem deste evento particular que foi
Jesus Cristo e a Bíblia simplesmente dá testemunho.

C) QUAL É A NATUREZA DA AUTORIDADE BÍBLICA ?


1- A Bíblia é autoritativa não por causa do que diz, mas
apenas na medida em que conduz a pessoa a Cristo.
2- A Bíblia se torna a Palavra de DEUS quando, por sua
influência, eu e Cristo nos tornamos contemporâneos.
3- A autoridade da Bíblia depende da resposta humana.
Há aqui um claro rompimento com a posição da
Reforma com respeito à revelação.
Para BRUNNER, a Reforma foi correta em elevar a
autoridade da Bíblia acima da autoridade da Igreja,
mas a Reforma errou em fazer da Bíblia a última
instância de apelo, a norma final de verdade
religiosa. BRUNNER insiste que a Reforma, assim
identificando a Palavra de DEUS com a Bíblia, a
Reforma em princípio retornou ao mesmo erro do
Catolicismo, isto é, enquanto os católicos têm um
papa como autoridade final, o protestantismo tem
um livro na mesma condição.
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5- SUMÁRIO: CENÁRIO ATUAL - Modelos:


1. Conceptual, proposicional;
2. Modelo de Revelação como ENCONTRO;
Neste caso o conteúdo da revelação é o próprio DEUS, não há
conteúdo objetivo, nada finito é revelado, exceto na medida
em que Cristo, que é a verdadeira Palavra, fala por este meio
finito. A Bíblia não é revelação, é apenas uma testemunha
primária da Revelação que é Cristo. Então as palavras que se
encontram nas Escrituras não podem ser igualadas à Palavra
de DEUS.
A revelação ocorre quando a Palavra de DEUS, que é
Cristo, está sendo proclamada e é recebida em fé. A
revelação, longe de ser um evento histórico ocorrido
no passado, ocorre agora. Cada geração, segundo
Bultman, tem a mesma relação original com a
Revelação.

AVALIAÇÃO PRELIMINAR: Neste modelo estão em


jogo os seguintes aspectos:
1- Rejeição da verdade final historicamente revelada e
comunicada;
2- Confusão entre revelação e regeneração (a revelação
passa a depender da resposta, da regeneração);
3- Este modelo coloca todos os crentes no mesmo nível dos
profetas, cada um torna-se parte da revelação;
4- Não provê ao homem um critério em que possa fazer uma
distinção entre a verdade e o erro;
5- Uma vez que a Revelação toma lugar num encontro, e
neste encontro não ocorre comunicação de verdades,
doutrinas, DEUS não revela em termos claros a Sua
vontade, o homem torna-se o padrão, a medida.
6- Deixa sem resposta uma questão vital: COMO PODEMOS
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CONHECER A VERDADE ?
3- REVELAÇÃO COMO HISTÓRIA: Neste caso, a
Revelação ocorre primariamente em atos, não em
palavras, mas numa série de atos nos quais DEUS Se
revelou no passado. Aqui se encontra o anglicano
WILLIAN TEMPLE, que disse que “os eventos históricos
são a fonte de qualquer verdade. Credos e doutrinas são
derivados dos eventos históricos.”
ERNEST WRIGHT, presbiteriano americano (escreveu
“God Who Acts) diz que DEUS Se comunica
primariamente através de atos da história. Com base nas
Escrituras, concluiu que DEUS não Se comunica através
de encontros místicos, mas por atos de DEUS na
história.
Fraquezas do Livro:
a) Não deixa claro a que tipos de atos está se referindo;
b) Não deixa claro por qual processo os autores bíblicos
movem-se do ato para a interpretação do evento. Ele diz
que o evento precisa de interpretação para ser entendido.
Diz ainda que esta interpretação são inferências derivadas
dos atos; que os hebreus não poderiam concluir outra coisa
dos atos, a não ser aquilo que encontramos nas Escrituras.
OSCAR CULLMANN - Revelação como a História da
Salvação. Para ele, existem duas histórias, uma história dentro
da história: a intervenção divina na história de Israel é a
História da Salva- ção. A Bíblia não é uma mera história; a
Bíblia é a revelação não porque ela seja a exata descrição da
história, mas porque ela interpreta a ação de DEUS na
História, e esta interpretação só é possível ao historiados
mediante os olhos da fé.
Os livros de WRIGHT e CULLMANN exerceram grande
influência.
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W. PANNENBERG - também fala de revelação como história.


A revelação consiste primariamente na ação de DEUS na
História, mas como uma diferença de CULLMANN, de que os
poderes naturais do homem, sem qualquer assistência
sobrenatural, são suficientes para apropriação desta
revelação.
“Esta revelação divina está aberta para qualquer um que tenha
olhos para ver. Neste caso, as palavras das Escrituras não
acrescentam nada à inerente inteligibilidade dos eventos; eles
são auto-interpretativos, e não necessitam de elucidação
profética.”
A revelação só ocorre indiretamente através de eventos, assim
negando que DEUS Se manifeste diretamente, quer por teofa-
nias, quer por palavras.
4- REVELAÇÃO COMO EXPERIÊNCIA INTERIOR:
Aqui remos um considerável número de teólogos do século
XX, que se voltam para a experiência interior do crente, como
ponto em que a atividade reveladora de DEUS se manifesta. A
revelação consiste da experiência imediata de DEUS, a qual
internamente se comunica a cada crente. DEUS é considerado
como fazendo-Se presente na consciência do indivíduo. Esta
noção leva a uma minimização da necessidade de mediação
por qualquer outro meio - Bíblia.
F. SCHLEIERMACHER; ALBRECHT RISTSCH; C.H.
DODD.
Com virtual unanimidade, os teólogos desta escola rejeitam
qualquer dicotomia entre religião natural e religião revelada.
São desfavoráveis a qualquer distinção aguda entre revelação
geral e revelação especial.
Afirmam que a Revelação é interior, DEUS Se revela ao
espírito e à piedade que Ele mesmo inspira. O que vem de
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fora (Bíblia) apenas estimula, intensifica esta revelação que


vem de dentro.
Dentro deste grupo, aparece o teólogo católico que melhor
elaborou esta doutrina: KARL RAHNER - Teologia
Transcendente.
Esta é uma Teologia personalística e antropocêntrica. Esta
Teologia se enraiza numa visão do homem como sujeito, não
como objeto, como sujeito que constantemente se projeta em
direção ao infinito e que evade aos seus próprios limites.
DEUS tem criado o homem com um desejo de comunhão com
Ele. Esta busca de DEUS, combinada com sua incapacidade
de encontrá-Lo, abre uma porta para o fenômeno da
Revelação.
DEUS Se oferece a Si mesmo em amor àqueles que se abrem
à graça divina, à qual é oferecida a todos. Então esta graça
pode ser chamada revelação.
Revelação para RAHNER não consiste primariamente num
externo fenômeno histórico, como uma comunicação vinda ou
acerca de outro mundo; ela não é dada primariamente em
palavras, conceitos, proposições, mas antes um profundo e
transformador impacto da graça divina; esta graça dá ao
homem um novo horizonte e esta mudança de perspectiva
efetuada pela graça divina é chamada por ele de revelação
transcendental.
Ao contrário de Bultmann, Rahner não nega que a revelação
seja dada por meio de eventos históricos, ensinos
conceptuais, proposicionais, mas estes são secundários.
CONCLUSÃO: A Teologia da Revelação de Rahner, porque
faz amplas provisões para fatores existenciais, experienciais,
tem exercido uma enorme influência sobre os autores

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católicos, sendo que muitos têm avançado além de Rahner.


SUMÁRIO: A forma dela é de experiência interior imediata
(não precisa de mediação). Ao contrário de ser uma revelação
que tenha basicamente informação, o conteúdo é DEUS na
medida em que Ele amorosamente Se comunica ao homem.
A apropriada resposta à revelação não é a aderência a credo
ou a um particular curso de ação, ou modo de viver; é uma
atitude religiosa.
5- REVELAÇÃO COMO UMA PERCEPÇÃO OU
CONSCIÊNCIA
Esta linha de compreensão tem envolvido um número conside-
rável de teólogos, dentre eles GREGORY BAUM e GABRIEL
MORAN.
Este modelo tem ancestrais filosóficos na filosofia de Kant,
e na Teologia Católica pode apelar a alguns textos do
Vaticano II.
“Revelação é uma emergência para um estágio mais
avançado de consciência humana. Revelação é mediada
através de eventos paradigmáticos. Neste caso, revelação não
tem conteúdo fixo. A Bíblia deve ser reinterpretada para se
ajustar à realidade histórica.
Para a Teologia da Libertação, DEUS é revelado na
PRAXIS histórica da libertação.
A situação mais o nosso dedicado e reflexivo envolvimento,
medeia a palavra de DEUS para nós. Hoje esta Palavra é
mediada pelo clamor do pobre e do opresso.
GUSTAVO GUTIERREZ - Pai da Teologia da Libertação:
“A Teologia é a cena da Revelação que DEUS faz do
ministério de Sua Pessoa. Sua Palavra nos alcança na
medida do nosso envolvimento na evolução da história”.
Revelação, portanto, ocorre quando conhecemos e aceitamos
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o chamado de DEUS para participar na luta histórica por


libertação.
GABRIEL MORAN - Preocupa-se com o humano, com o
contemporâneo, com o existencial. Revelação é uma maneira
de ver que se refere a uma relação de interação mutual, não
uma coleção de dados revelados. Ela ocorre quando
experimentamos a proximidade de Alguém que nos ama e Se
preocupa conosco. Nestes momentos, nós percebemos a
presença do divino, isto é, o significado desta presença que
tem realidade prático-social, e está disponível a toda a
humanidade.
Em outras palavras, Revelação é um fenômeno universal com
multiplicidade de específicas expressões da qual o
Cristianismo é uma delas.
DENOMINADOR COMUM: Estas tendências modernas têm
um denominador comum: uma abordagem antropocêntrica à
Revelação; elas definem a Revelação quase inteiramente do
ponto de vista do homem, do sujeito que crê, em vez de fazê-
lo da perspectiva de DEUS.
Revelação, segundo estas posições, conquanto haja dife-
renças, não pode consistir de informações vindas de
fora do homem.
A teoria objetiva, conceptual, tradicionalmente aceita pelos
cristãos, tem sido progressivamente substituída por teorias
subjetivistas, e estas teorias, contrariamente à posição
tradicional, considera a revelação como uma mensagem
formulada ao dinamismo religioso do espírito humano.

CAPÍTULO V

V - REVELAÇÃO GERAL E ESPECIAL

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1- Duas revelações: a Teologia tradicionalmente tem feito


referência a duas formas de Revelação, ou revelação
que encontra duas formas de expressão:
A- GERAL 1. Natureza ; 2. Consciência Humana
B- ESPECIAL 1. Jesus Cristo - Revelação Máxima
(Heb.1:1)
2. Bíblia - Palavra Escrita, originalmente confiada a
um grupo especial de pessoas.

REVELAÇÃO GERAL REVELAÇÃO


ESPECIAL
1. Imediata, sem mediação 1. É mediada
2. Geral em natureza 2. Específica
3. Acessível a todos 3. Disponível apenas
através de um meio
4. Geral em conteúdo 4. Específica em
conteúdo
5. Usa leis naturais, fenômenos 5. É sobrenatural
naturais, a própria natureza do
homem.
6. Dada antes da queda, PRÉLAP- 6. PÓS-LAPSARIANA,
SARIANA, PRÉ-SOTÉRICA Revelação Sotérica

7. Apela ao homem como criatura 7. Dirigida ao homem


de DEUS em seu estado
pecaminoso.

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2-REVELAÇÃO GERAL: SUMÁRIO DAS POSIÇÕES:


Alguns teólogos, notadamente da Nova Ortodoxia, frontal-
mente negam qualquer possibilidade de revelação geral,
defendendo a infinita distinção qualitativa entre DEUS e o
homem e a destruição da IMAGO DEI no homem pela queda.
A- KARL BARTH recusou reconhecer qualquer revelação à
parte da Palavra de DEUS. Revelação para ele significou a
encarnação de Jesus Cristo, a Palavra encarnada. BARTH via
um perigo de que a aceitação da Revelação Geral pudesse
eclipsar ou distorcer a Revelação Especial de DEUS em Cristo
na Bíblia. Ele dizia porque esta revelação é mínima, ela se
presta apenas para a rebelião humana e ser distorcida para
favorecer algum projeto favorito.
Barth viu isto acontecendo na ideologia nazista: o apelo é
feito à superioridade ariana.
Super enfatizada, a revelação geral leva ao conceito de
que os seres humanos podem aprender a verdade
pelos próprios poderes da razão e não depender da
revelação salvadora, sotérica, do Evangelho.
B- LIBErAIS: A teologia liberal é grandemente constituída
sobre o fundamento da Revelação Geral, afirmando mesmo
que ela é suficiente para a salvação.
PERIGO: Quando se pode descobrir a DEUS no universo inte-
rior e exterior, não se precisa mais de revelação.
C- T. DE AQUINO E A TRADIÇÃO TOMISTA - Afirmam que a
mente racional ajudada pela analogia de DEUS (ou que existe
entre DEUS e o homem), pela lei da causa e efeito, é capaz
de provar a existência e a infinita perfeição de DEUS.
T. de Aquino constituiu 4 argumentos racionais para
provar a existência de DEUS:
1- Argumento Cosmológico - A existência do Cosmo ou
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universo ao redor, nos aponta para a existência de DEUS.


2- Argumento Teológico - há finalidade, desígnio, propósito, no
universo, e a maneira complexa em que todas as coisas se
interligam no universo apontam para a existência de um
Criador.
3- Argumento Ontológico - tem que ver com ideal de perfeição.
Dentro de um homem imperfeito, de um homem cercado de
imperfeições, apontam para uma fonte maior do que o
próprio homem.
4- Argumento Antropológico - a própria inteligência do homem,
capaz de apreciar a inteligência no universo, capaz de
transcender-se, superar-se, é uma evidência de que deve
haver Alguém maior do que o próprio homem, como sua
fonte.
D- G. BERKOWER, A KUYPER, C. VAN TIL - Admitem a
existência de uma revelação geral, mas negam que ela possa
transmitir conhecimento à mente não regenerada, obscurecida
pelo pecado. A natureza pode transmitir conhecimento apenas
àqueles que foram iluminados pela graça reveladora de
DEUS.
E- LUTERO, CALVINO, C. HODGE, B. WARFIELD - arguem
em favor da objetiva existência da Revelação Geral, da sua
limitada utilidade em transmitir o conhecimento de DEUS, Sua
existência, mas ao contrário do grupo anterior, afirmam que
este conhecimento está disponível a todos os homens.
Calvino disse que “mesmo os ímpios são forçados pela mera
contemplação da terra e do firmamento, a elevar-se para o
Criador.”

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3- A BÍBLIA E A REVELAÇÃO GERAL:

1. V.T. - Sal.19:1-3 (“Os Céus proclamam...”)


Jó 36:24 - 37:24
Jó 38:1 - 39:30

2. N.T. - Atos 14:15-17 - DEUS não Se deixou sem


testemunha.
Poder Criador
Poder mantenedor
Atos 17:24-31 - Paulo referiu-se a um contato entre ele e
sua audiência, a revelação que DEUS faz de Si na
natureza.
DEUS é o Criador - v.24
DEUS é auto-suficiente - v.25a
Ele é a fonte da vida e de todo o bem - v.25b
É um ser inteligente, que formula planos - v.26
Está presente no mundo - v.27
É a fonte e base da existência humana - v.28.
ROM. 1 e 2 - tratado teológico mais elevado do N.T. sobre a
Revelação Geral.
Rom.2:14-25 - ensina outra dimensão da Revelação geral,
implantada na natureza humana (SENSUS
DIVINITATIS), consciência humana, atestada pelo
coração.
Nesta seção de Romanos, Paulo diz que todos os homens são
pecadores: os judeus são culpados pela transgressão da lei
escrita na pedra (revelação especial) e os gentios são
culpados de transgredir a lei escrita na consciência -
Rom.1:32.
Paulo argúi que através da universal revelação de DEUS na
natureza, Ele é claramente visto, entendido e conhecido -

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vv.19-21.
THEIOTES - Usado para Divindade, significa perfeição de
DEUS. Paulo argumenta que este conhecimento elementar é
adquirido por reflexão racional sobre a ordem criada (verbo
GNOSKW) - vv.19 e 20 - neste ponto conota PERCEBER.
Esta revelação está disponível desde a criação.
As Escrituras ensinam que a consistente resposta do
pecador quando confrontada pela Revelação Geral, sua
atitude é descartar da consciência esta Revelação.
Assim, ao invés de adorar a Deus, os pecadores afirmam sua
autonomia. Então Deus deliberadamente deixa os homens à
mercê dos seus impulsos e assim, esta revelação, em vez de
ser salvífica, é condenatória.
5- Revelação Geral - 1. A Natureza como sendo uma fonte
real de conhecimento acerca de Deus; 2.
Impossibilidade do homem em interpretar corretamente
a Natureza sem o auxílio da Revelação Especial.

SUMÁRIO: Uma vez que a revelação geral é PRÉ-


LAPSARIANA, ela não tem propósito soteriológico,
anulamos a revelação especial dada em Jesus. Ela tem
uma utilidade limitada, é válida e útil, mas não suficiente.
Ela pode servir como uma ante-sala para uma revelação
especial. Ela prepara o caminho, serve de base racional
para a revelação mediada pela Bíblia.
Para o homem pecaminoso, revelação especial é essencial,
e esta necessidade de revelação especial, reside
primariamente na sua inabilidade de ler corretamente a
revelação de Deus na Natureza.
Assim, a revelação especial fornece ao homem, iluminação
para melhor entender o testemunho da revelação

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natural. O homem regenerado pelo Evangelho, pode ler


corretamente a revelação especial restaura a revelação
geral à sua primitiva glória.
CALVINO dizia “que a revelação especial nos habilita a ler
corretamente o livro da Natureza”, corrige o nosso
astigmatismo, é uma lente para ver o que “realmente estava
lá, para ler o que sempre esteve disponível.
A revelação especial transcende a geral, oferece
informação inacessível ao homem por qualquer outro meio.

REVELAÇÃO ESPECIAL

1. Sua Necessidade - A necessidade especial tem sido


descartada, como pertencendo a uma era de ignorância,
credulidade.
O homem moderno, com sua quase reverência pelo
método científico, tem concluído que se a ele fossem
dados os instrumento e o tempo necessários, resolveria
os problemas da humanidade. 94% dos cientistas
conhecidos vivem hoje e os problemas básicos da
humanidade não têm sido resolvidos.
Problema básico: sob que autoridade vivemos hoje? Sob que
autoridade o sentido da vida se torna claro: interior ou
exterior? O homem é uma autoridade inadequada, a esta
inadequação humana para a solução de seus problemas,
acrescenta-se um profundo sentimento de culpa que
acompanha cada pessoa que invoca a necessidade de Deus.
Então, chegamos a que tipo de Deus é este com que temos
que tratar? Como Ele é conhecido?
Embora a revelação geral possa dar alguma informação
sobre Deus, o universo não pode ser mais preciso em
suas informações do que um objeto criado informar algo
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sobre seu fabricante (mesa falar do carpinteiro).


Podemos conhecer personalidade até certa medida por
observação, mas nossa avaliação pode ser errada,
nossos motivos podem ser mascarados, e o EU real
daquela pessoa pode ficar escondido. Daí,
personalidade só se conhece através de auto-revelação.
Então, se o homem não pode compreender o próprio homem,
como poderia ele conhecer a Deus?
Personalidade só se conhece por auto-revelação. Então
Deus só pode ser conhecido adequadamente à
proporção em que Ele Se revela, comunica a Sua
mensagem, e esta revelação não é apenas importante, é
CRUCIAL, VITAL.
Gen. 1:1 - Respostas a quatro perguntas básicas da
EPISTEMOLOGIA:
1. QUANDO? No princípio
2. COMO? Criação
3. QUEM? Deus
4. QUEM? Céus e terra
As questões finais da vida podem ser respondidas apenas
pelo Autor da vida. Apenas a revelação especial provê uma
chave adequada para interpretar os propósitos e destino do
homem (PROTOLOGIA).
As descobertas científicas, conquanto importantes, não
nos podem dar certeza quanto ao propósito da vida,
nem razão pela qual a vida deva ser vivida.
É apenas conhecendo a DEUS na Sua revelação que
podemos ter a resposta.
Este conhecimento, adaptado aos dilemas da existência
humana, pode ser encontrado na Bíblia. A Bíblia é o
meio ou conduto da Revelação Divina: “Veio a mim a
Palavra do SENHOR...” 130 X; “Assim diz o
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SENHOR...” 359 X.
A Bíblia reclama para si este Status.
Heb.1:1 - DEUS falou de muitas formas, estágios de
comunicação. Sobre estas agências se baseia a autoridade
e conteúdo da Teologia.
1. A Glória da Bíblia é que ela apresenta um DEUS pessoal,
que torna-Se a Si mesmo conhecido, um DEUS que
entra em concerto (BERIT), comunga conosco, parte o
pão convida os pecadores para a paz.
Ao contrário dos deuses gregos e pagãos, que não
falavam, não se revelavam, DEUS quebra o silêncio
mortal que nos envolve, invade a história e estabelece
o diálogo conosco.
Interessa-nos estudar Revelação como manifestação da
graça e misericórdia de DEUS, revelação que oferece
base para a fé.
As credenciais da revelação cristã, não são o apelo de
uma remota e austera autoridade de um DEUS
distante e afastado.
A diferença básica entre a Bíblia e os outros livros é que
eles não falam de boas novas. O que torna diferente a
revelação cristã e a Bíblia é sua mensagem de graça
e perdão, que irresistivelmente atrai os pecadores.
DEUS não Se conserva distante, Ele cruza o espaço e
Se revela.

2. Caráter Dinâmico da Palavra:


A- Quando o escritores do V.T. falam da Revelação de DEUS,
revelação de DEUS ao Seu povo, frequentemente falam da
Palavra de DEUS - DABAR YAHWEH (Mínimo 200 X).
Gn. 15:1 - “A palavra do Senhor veio a Abraão...”
I Sam.3:21 - “O Senhor Se revelou a Samuel pela Palavra
do Senhor”.
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II Sam. 7:4 - “A Palavra do Senhor veio a Natã”.


Sal.105:19 -
Sal.111 identifica a palavra com a lei.
Nos profetas literários, encontramos esta mesma fórmula. Na
abertura de cada um destes livros, todos são similares na
afirmação “veio a mim a Palavra do SENHOR” (Am.3:8;
Os.1:1; Isa.1:10; 40:8; Jer. 1:1 e 2).
Estes profetas entenderam a mensagem como sendo de
DEUS e não deles mesmos.
Qual é o caráter da Palavra?
Caráter Criativo da palavra: Gn.1:1
Sal.33:6 - Paralelismo sinônimo: A palavra é identifica com
o sopro de Sua boca, este sopro é símbolo de vida.
Cada estágio da criação é descrito de forma similar como
sendo a palavra de DEUS, a criação é resultado da
Palavra e deste modo o autor nos ensina quão poderosa
é esta Palavra, diferente das palavras humanas. Quando
DEUS fala, algo acontece. Quando o homem fala, nada
ocorre; Quando DEUS fala, grandes coisas acontecem.
Jer.8:9 distingue entre a palavra de seus eruditos
contemporâneos e a Palavra de DEUS.
A palavra é a mais direta e clara expressão do pensamento
humano. Assim o pensamento de DEUS é expresso na Sua
criação do mundo. E não é por acidente que em Gn. 1 e
Sal.23 a Criação é atribuída à Palavra e ao sopro de DEUS.

AGOSTINHO - nas coisas reveladas - UNIDADE


nas coisas não reveladas: LIBERDADE
em todas as coisas: CARIDADE
A palavra hebraica para sopro é a mesma para espírito. Sopro
no hebraico e em muitas línguas antigas, é a própria vida.
Assim DEUS coloca o Seu poder interior na Sua Palavra.
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B- NOVO TESTAMENTO - Duas expressões para “palavra”:


RHEMA e LOGOS.
O N.T. continua o uso do V.T. com relação a esta qualidade
dinâmica da Palavra.
Lc.3:2 - João Batista é colocado na linha dos profetas do
V.T. “Veio a Palavra (RHEMA) de DEUS a J. Batista...”
No V.T. DABAR é usada para descrever a lei; no N.T. a
Palavra RHEMA THEOU é usada com referência ao
Evangelho, as Boas Novas de Cristo.
Atos 4:31; 13:46; 17:13; Col.1:25.
Em alguns lugares, a Palavra do Senhor é usada
significando a promessa de DEUS ao Seu povo -
Rom.9:6; Heb.11:3.
Como DABAR, RHEMA significa não apenas Palavra, mas
também coisa, evento, o próprio concerto.
Caráter abrangente da Palavra:
Lc.1:37 - “Haverá alguma coisa impossível...” (RHEMA).
Paralela a Gn 18:14: “Acaso para DEUS há cousa
demasiadamente difícil ?”
Lc.2:15 - “Isto que aconteceu (RHEMA) - acontecimento
histórico.
A Palavra de DEUS não significa apenas um meio de
comunicar informações, mas também um poder criativo que
produz um efeito positivo. Neste caso, Palavra e atos estão
ligados. Evangelho é poder, não doutrina.
A mais distintiva idéia de Palavra no N.T. ocorre no prólogo do
Evangelho de S.João - LOGOS.
A nossa tradução falha em captar o completo significado do
original grego. LOGOS significa muito mais do que isto; o
LOGOS significa o pensamento organizador por detrás do
termo, portanto, significa a própria razão.

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Os filósofos gregos e os pais da Igreja usaram LOGOS


significando razão.
No prólogo do Evangelho de João, temos a ponte entre a
cultura judaica helenística de um lado e do outro o
Evangelho de Cristo.
Já vimos o lugar da preeminência de DABAR no V.T.,
seu poder criador, dinâmico, impelente, propulsivo.
Por outro lado, no período do N.T., o termo LOGOS
significou também a ordem racional por detrás da
Natureza, a ordem que dá sentido às coisas, que
torna a ciência natural possível. FILO, filósofo judeu
contemporâneo de Jesus, combinou as duas
posições.
Quando João nos diz que no começo era o VERBO, e o
Verbo estava com DEUS e o Verbo era DEUS, ele
estava fazendo referência o poder criador de DEUS
presente na natureza, referência a Gn.1:1.
Então, a própria razão de DEUS, o propósito significativo é
expresso nesta Palavra; João não começa com o tempo, João
começa com a eternidade.
João 1:14 - “o Verbo tornou-Se carne e habitou entre nós.”
Se queremos ver a razão das coisas, o pensamento de DEUS
na criação, olhemos para JESuS. Ele é a perfeita encarnação,
a perfeita revelação da Palavra de DEUS, ativa, poderosa,
criadora e dinâmica. Ele não apenas falou a verdade, Ele era a
verdade.
No quarto Evangelho Ele é o que promete:
água para a samaritana (Ele é a água);
Pão (Ele é o Pão da Vida);
“Quem Me segue não anda em trevas” (Eu Sou a luz).
“Quem Me segue não morrerá” (Eu Sou a ressurreição).
Então, numa boa linguagem bíblica, o cristão pode falar de
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PROF. DR. NILSON SANTOS IRENIO, TH.D.

Jesus como a Palavra de DEUS. Apoc.19:13 - Verbo de


DEUS.
V.T. N.T.
DABAR é luz Jesus é luz
DABAR é pão Jesus é pão
DABAR é caminho Jesus é o caminho
DABAR é verdade Jesus é a verdade
Jesus é a encarnação do Pai, de DEUS, dinâmica, criativa,
poderosa...
Lc. 5:1; João 5:24; 8:43; 12:48.
O N.T. chama a Jesus de “a Palavra de DEUS” e a “Palavra
de Vida” - Fil.2:16; I João 1:1.

SUMÁRIO
DABAR é uma palavra com poder, provoca reação,
eventos.
A revelação não é algo estático.
Isa.52:10; 53:1 - Na revelação DEUS trata ativamente
conosco.
Rom.1:17 - A justiça de DEUS se revela no Evangelho.
É a tendência intelectualista e estática noção de revelação
que transforma esta categoria em doutrinas apenas, quando
elas são essencialmente poder, ação. O Evangelho é o poder
de DEUS - DINAMIS.
A revelação é ação originada em DEUS, poderosa
manifestação de DEUS. A revelação é atividade de DEUS,
Sua ativa e efetiva intervenção na vida humana. A Bíblia é,
portanto, a mensagem acerca desta ação, mas esta
mensagem é em si mesma a ação de DEUS.

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Quando ela é proclamada, DEUS continua e completa Sua


ação em nós. Quando o Evangelho é pregado, DEUS
liberta o homem do domínio e poder da destruição, e
transforma-o em membro de Sua família.
3- NATUREZA E CARACTERÍSTICAS DA REVELAÇÃO
ESPECIAL
3.1. Características:
3.1.1. Ela é indispensável porque a Revelação Geral
não é suficiente, porque na sua condição caída, a
humanidade não tem acesso a conhecimento de DEUS
por outro meio.
3.1.2. Ela é o resultado da iniciativa divina, DEUS dá o
primeiro passo, estabelece o diálogo, aquilo que o
homem não pode alcançar por si mesmo, DEUS oferece
graciosamente.
Rom.9:20, 21 - contraste entre barro e o oleiro - não há
afinidade entre ambos - é um ato da misericórdia divina
em Se revelar.
O homem pode aceitar ou rejeitar, mas não pode mudar
os termos deste relacionamento, DEUS é Quem
determina como este relacionamento se estabelece.
O homem não diz se é certo ou errado.
3.1.3. Esta revelação vem a PESSOAS ESPECIFICAS,
PARTICULARES, com o propósito de prover meios para
o conhecimento de DEUS.
Na Sua soberania, DEUS é livre para escolher
determinados indivíduos para serem condutos da Sua
revelação, mas esta escolha não é arbitrária com
respeito à perdição e salvação.
Ex. DEUS escolheu uma família, uma pessoa (Abraão,
Jacó), uma tribo,...
3.1.4. DEUS escolhe pessoas em SITUAÇÕES
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CONCRETAS: toda situação histórica do profeta tem um


impacto sobre o fenômeno da revelação, por isto se
encontra esta diversidade dentro da Bíblia. Quando
DEUS alcança este indivíduo, Ele não muda estes
elementos concretos que fazem parte da experiência
humana.
3.1.5. PESSOAL:
a) Os filósofos em geral não estão muito dispostos a
atribuir personalidade a DEUS. Do ponto de vista da
revelação bíblica, é impossível conceber comunhão
com um DEUS impessoal, portanto, esta revelação é
feita a partir de um DEUS pessoal.
b) O documento básico da revelação especial (Bíblia)
nos apresenta a DEUS conversando com os homens
assim como os homens conversam entre si.
c) Além disso, a realidade da revelação especial atribui a
DEUS atos pessoais.
d) Os antropomorfismos da Escritura são testemunhos
indiretos da personalidade de DEUS.
3.1.6. A revelação especial é REMEDIADORA, CURATIVA - é
o meio pelo qual DEUS alcança
o pecador.

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Avaliação de Introdução à Teologia

Aluno:
______________________________Matrícula_____
Cidade _________UF ______Data-
____________________

PREZADO ALUNO:
- Estude o módulo e entregue esta avaliação respondida
sem rasuras.
- Não copie do colega e responda sempre com caneta
azul ou preta.

REQUISITOS:
1- Questionário 25% da nota final.
2- Pesquisa: Alistar os temas mais debatidos na Teologia
Sistemática (25% da nota)
3- Avaliação sala de aula (50% da nota final).

QUESTIONÁRIO

01 — Apresente a definição etimológica e a definição


conceitual de teologia.
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02 — Qual o objetivo da teologia?


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03 — Apresente quatro razões por que a teologia é


necessária:
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04 — Apresente três razões por que a teologia é possível:


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_______________________________________________
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05 — Em que sentido a teologia pode ser


apropriadamente classificada como ciência?
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06 — Quais os principais métodos usados ao fazer-se


teologia? Qual deles é o melhor e mais confiável?
Justifique.
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