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INTRODUÇÃO A TEOLOGIA
Prof. Gaudêncio Passos
São Luís
2019
INTRODUÇÃO A TEOLOGIA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 03
Cap. 1 — INTRODUÇÃO À TEOLOGIA 04
Cap. 2 – TEOLOGIA DA REVELAÇÃO 11
Cap. 3 – CONTEXTO HIST.DOUT. DA REVELAÇÃO 14
Cap. 4 - CONCEITO DE REVELAÇÃO NO SEC.XX 19
Cap. 5 - REVELAÇÃO GERAL E ESPECIAL 26
BIBLIOGRAFIA 37
INTRODUÇÃO
Uma introdução, como o próprio nome indica, não passa de uma exposição
breve à guisa de preparação para o estudo mais aprofundado de uma matéria.
Portanto, estudaremos aqui apenas os elementos, os rudimentos iniciais da
teologia. Bom estudo!
Capítulo I
INTRODUÇÃO À TEOLOGIA
I. A Natureza da Teologia
Definição. A palavra “teologia” compõe-se de dois termos gregos theos,
“Deus” e logos, “estudo”, “discurso”, “doutrina”. Etimologicamente, portanto,
teologia significa o estudo racional sobre Deus, ciência de Deus ou estudo das
coisas divinas. Uma definição mais completa, suficiente para todos os efeitos
práticos, seria: Teologia é a ciência que trata do estudo de Deus e de Suas
relações com o homem, o universo e a verdade religiosa.
Embora não encontrada nas Escrituras, a palavra teologia é bíblica em seu
caráter. Em Rom.3:2 encontramos ta logia tou Theou (os oráculos de Deus);
em 1 Ped. 4:11 encontramos logia Theou (oráculos de Deus), e em Luc. 8:21
temos ton Logon tou Theou (a Palavra de Deus).
1
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da ciência natural, isto é, a coleção de fatos, sua classificação e o estudo das
leis que os regem. Este é o verdadeiro método na teologia. Toda ciência
verdadeira se baseia em fatos. Da mesma maneira, o verdadeiro teólogo
observa todas as revelações de Deus e combina tudo num sistema harmônico e
coerente. A maioria dos fatos são tirados da Bíblia, fonte autorizada da Teologia
Cristã. A verdadeira teologia baseia-se não num “Assim-diz-o- homem” ou num
“Assim-diz-a-igreja”, mas num “Assim-diz-o-Senhor”. Ressalve-se, porém, que a
prova textual é devidamente usada quando está de acordo com o contexto e a
analogia da fé.
Capítulo II
TEOLOGIA DA REVELAÇÃO
Amim Rodor
I- A Atual Crise de Autoridade
- Nos primeiros 4 séculos, a atenção da Igreja prendeu-se à
CRISTOLOGIA.
- Na Reforma do séc. XVI o assunto foi SOTERIOLOGIA.
- No século passado, com raízes nos séc. 17 e 18, a DOUTRINA DA
REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO tornou-se o assunto central e até hoje influencia
a Igreja. O Iluminismo provocou a questão e até hoje o protestantismo não
se preocupou.
A Igreja Atual - A crise afeta de maneira particular a Igreja Católica, mas
também a cada ramo do Cristianismo. Desafios se apresentam aos
protestantes, dentro e fora da Igreja.
A principal causa da atual crise é a crise da autoridade:
1- Em que constitui a genuína autoridade teológica ?
2- De onde deriva a autoridade ?
3- Onde testar as doutrinas ?
4- Qual a fonte da qual a Teologia deriva suas doutrinas e as testa?
IV- REVELAR -
A) Definido pelo dicionário - expor, abrir, manifestar, descobrir...
B) Etimologicamente - deriva do verbo latino “VELO” - cobrir, pôr um véu.
?
2
OBS: Conhecimento, no pensamento hebraico, não apresenta
dicotomia entre teoria e prática. Esta separação é produto do
pensamento grego. Da perspectiva bíblica, o conhecimento conduz à
prática.
O verbo lembrar no hebraico, não é um simples exercício da
memória; não é abstrato. mas concreto. Quando DEUS lembra, algo
acontece (I João 5:20).
Então revelar significa descobrir, “remover o véu”.
C) Revelação, pelo conceito bíblico, é algo que vem de fora, um dom divino
que nos livra da ignorância, da morte, etc.
Revelação não é conhecimento perdido ou adquirido por processos mentais
lógicos, por indução ou dedução ; não nasce de dentro, vem de fora.
No Cristianismo, Revelação é um dom divino, é a manifestação da graça divina,
da divina vontade de DEUS em ser conhecido.
Tanto no hebr. quanto no grego, é a manifestação daquilo que está escondido,
oculto à mente ou nossa compreensão.
MISTÉRIO - na Bíblia é algo que pode ser conhecido se revelado, e nunca algo
que pode ser conhecido por investigação ou esforço diligente.
Não há caminho do homem para DEUS - ascendente - mas sim, de DEUS
para o homem descendente.
A razão pela qual o homem com sua própria razão não pode alcançar a
DEUS, é que o pecado obstáculo este caminho.
A menos que DEUS Se mova em direção ao homem, este permanece em
trevas. Assim, a única maneira de conhecer a DEUS, é pela revelação que Ele
faz de Si.
Mat. 16:16 - “carne e sangue” - símbolo de fraqueza e fragilidade humana -
não pode alcançar o conhecimento de DEUS; só a revelação pode fazer-nos
conhecer a DEUS. Revelação cristã é a auto-manifestação de DEUS sem a qual
não o conheceríamos.
V- Revelação Proposicional ou Conceptual
DEUS graciosamente Se revela àqueles que não podem encontrá-Lo por si
mesmos.
A ação reveladora de DEUS se manifesta na fé histórica de Israel e Igreja
Cristã.
Revelação como “Comunicação de Informação”, com conteúdo objetivo, com
proposições de verdades, tem sido aceito tradicionalmente. Revelação - a
sobrenatural comunicação de verdades em forma proposicional.
DEUS revela verdades que Ele deseja que sejam conhecidas.
DEUS comunicava aos profetas em forma proposicional, conceptual.
NOVA ORTODOXIA: “Teologia do Encontro”, existencial - no encontro entre
DEUS e o profeta (não com o povo ou Igreja) DEUS não comunicava nada,
apenas Se revelava ao profeta, daí a Bíblia não é um depósito de informações e
sim a descrição da reação do profeta ao ENCONTRO.
Profeta - Gr. PRO + FEMI = falar por, em lugar de. Hebr. - RO’EH; HOZEH -
formas participiais do verbo VER - VIDENTE. Hebr. - NABHI - segundo W.F.
ALBRIGHT, esta palavra se relaciona com o verbo acadiano NABU (CHAMAR),
portanto o profeta era chamado, não podia se apropriar do título por
designação política ou por hereditariedade. Amós não era profeta nem filho de
profeta.
A revelação de DEUS ao profeta não era um fim em si mesma. O profeta
bíblico é aquele que comunicava o que recebia de DEUS.
130 vezes - “veio a mim a Palavra do Senhor”;
359 vezes - “Assim diz o Senhor”.
Estas revelações são proposicionais, isto é, conceitos de verdade, informação
de verdade.
Este conceito assume que o que DEUS revela tem formas de verdade.
DEUS não revelou a Si mesmo, Ele revelou verdades a Seu respeito.
O perigo desta teoria é tornar DEUS uma doutrina.
O que DEUS revelou sobre Si ?
Os cristãos têm mantido que DEUS tem comunicado verdades aos profetas,
em forma de idéias, palavras faladas... Esta comunicação em forma de idéias, é
dirigida à mente humana, que requer compreensão, a revelação faz um apelo à
razão, daí a fé não é racional.
Revelação Sacramental - Lutero, Calvino, Kuyper, EGW e Berkower
Como saber se é verdade ? o apelo é feito à Revelação Objetiva, a norma que
tem conteúdo, como encontramos na Bíblia, para todos os homens, em todas
as épocas.
6- A Tradição Desafiada
O conceito tradicional de Revelação, como comunicação objetiva de verdades
em forma proposicional, tem sido desafiado recentemente por outra noção
qualificada de Revelação Existencial.
Quais as acusações com Tradicional ?
6.1- Primeiro argumento contra a noção tradicional:
A identificação da revelação divina com as palavras humanas da Bíblia é
degradante para DEUS, porque torna DEUS responsável pelo que está escrito
na Bíblia, inclusive seus eventuais erros e enganos.
6.2- Conceitual tradicional é objetável porque tal conceito oferece ao
homem algo menos que um encontro e comunhão pessoal com DEUS;
DEUS é reduzido a uma fria doutrina. Parece igualar a Revelação a um
livro ou uma série de doutrinas.
E. BRUNNER diz que o protestantismo tem um novo Papa - a
“Bibliolatria”.
Os críticos dizem que o conceito tradicional é um novo tipo de deísmo,
um DEUS distante do homem, e a comunicação é feita através de um velho
livro.
Em contraste com o ponto de vista tradicional, teólogos contemporâneos
afirmam que devemos conceber a natureza da revelação divina de outra
maneira, não como um corpo de verdades, doutrinas contidas na Bíblia, ao
contrário, a Revelação divina tem como seu propósito a DEUS em Si mesmo
como uma pessoa.
JOHN BAILLIE sumariza assim:
“O que é revelado não é um corpo de informações ou doutrinas; DEUS não nos
dá informações por comunicação; Ele dá-nos a Si mesmo em comunicação.”
The Idea of Revelation in Recent Thought.
KITEL endossa BAILLIE.
ALBRECHT OEPKE - art. “APOKALUPTW” Vol. 3, pp.563-592.
DEUS revela Sua presença ao homem, o que é a verdade é a revelação
subjetiva no homem, não num livro confinado.
Neste caso, a revelação ocorre num encontro pessoal com DEUS; o apelo
não é feito a uma norma objetiva e sim subjetiva.
Revelação toma lugar na experiência subjetiva do homem, não em um livro.A
Bíblia não é verdade objetiva em si mesma. A revelação media a presença
de DEUS, não doutrinas.
Além do mais, revelação não foi algo completo no passado com o
encerramento do cânon; ela ocorre continuamente na Igreja nos atos de
DEUS.
CAPÍTULO III
DOUTRINA DA REVELAÇÃO: CONTEXTO HISTÓRICO
SÉCULOS XVII – XIX
CAPÍTULO IV
CONCEITO DE REVELAÇÃO NO SÉC. XX
I - IT - EU - COISA
I - THOU - EU - TU
O homem não vive em isolamento, mas em relações. O homem
ocidental envolveu-se com o método científico e empírico, olhando o
mundo como uma coleção de coisas (IT). Nós abstraímos, medimos,
identificamos, caracterizamos, tudo ao nível do cérebro.
Temos a tendência de fazer a mesma coisa com as pessoas - coisificar
as pessoas.
I - IT e I - THOU é a dicotomia básica do mundo ocidental.
Neste processo, o EU permanece como um observador distante, um
expectador não envolvido, tudo pode ser analisado a nível de uma
atividade cerebral.
A atitude I - THOU encontra sua mais alta intensidade no
relacionamento com DEUS - DEUS é o eterno THOU, o outro, e este
relacionamento não deve ser a nível de coisa.
DEUS nos convida a um relacionamento em termos de OUTRO, sem o
elemento coisa. Neste caso, o OUTRO nos convida a um relacionamento
profundo. Neste encontro com DEUS, o elemento IT não pode existir, segundo
BUBER, está completamente ausente.
Ele dizia que frequentemente o homem tem coisificado a DEUS, procurando
igualar a DEUS a nível de assentimento intelectual, a um certo número de
doutrinas concernentes a DEUS. Com isto o homem tem tentado manipular a
DEUS, tornando DEUS como ele próprio homem, moldá-Lo a sua imagem. Em
outras palavras, este DEUS é uma projeção do próprio homem e, por isto
mesmo, um DEUS muito pequeno.
Mas o eterno THOU está convidando o homem não para um
relacionamento EU - COISA, mas para um genuíno encontro EU - TU, no qual
todo elemento impessoal deve desaparecer.
BRUNNER tomou esta idéia e aplicou à Teologia escrevendo 2 livros nesta
área:
“TRUTH AS ENCONTER” ; “REVELATION AND REASON”
3- BRUNNER era um teólogo reformado, calvinista, cria na queda do homem,
transcendência de DEUS, rebelou-se contra o Liberalismo e foi um oponente de
BARTH. Enfatizava um retorno à doutrina da Revelação com um novo
APPROACH - Revelação como ENCONTRO. Usou as noções de BUBER da
Teologia Cristã.
Revelação não é a recepção de verdades vindas de ou acerca de DEUS.
Revelação é um encontro EU - TU. Há um conteúdo neste encontro, mas
o conteúdo não é revelação de verdades e sim o próprio DEUS é que Se
constitui no conteúdo. O elemento coisa está ausente.
Da perspectiva da Nova Ortodoxia, a Revelação não comunica alguma coisa,
comunica Alguém. DEUS revela-Se a Si mesmo ao profeta, não palavras,
porque isto estaria no nível do cérebro.
Revelação não é dada ao intelecto, mas é dada para evocar uma resposta
de fé e obediência.
Revelação não é dada para que o homem dê assentimento intelectual a
um grupo de doutrinas, de verdades.
Na Revelação DEUS convida o homem a vir a Ele, não a dar assentimento
intelectual a verdades acerca de DEUS. A revelação é DEUS pessoalmente
dentro da alma, revelando-Se a Si mesmo, chamando a uma resposta,
sendo esta revelação vazia de qualquer elemento coisa.
A) IMPLICAÇÕES:
1. Negação de que revelação seja proposicional.
2. Uma vez que a revelação como entendida por Brunner e a Nova Ortodoxia
não é doutrinal e proposicional, ela não é a comunicação do que DEUS
revelou ao profeta, mas apenas a sua reflexão pessoal do fenômeno da
revelação que ele tem experimentado.
3. Uma vez que a revelação como tal não comunica doutrinas, o que o profeta
declara não é propriamente verdade, porque o que ele comunica não é
intrinsecamente parte da revelação original, porque DEUS não revelou nada,
coisa; o que ele escreve é o testemunho do impacto do encontro com DEUS.
B) A FUNÇÃO DAS ESCRITURAS:
1. Seu papel não é comunicar informação a respeito de DEUS ou vinda de
DEUS. Em vez disto, a Escritura mantém o testemunho de que DEUS Se
revelou no passado e está desejoso de fazer o mesmo no presente.
2. Esta revelação (a Bíblia) promete revelação no futuro; por um milagre
de DEUS ela pode funcionar agora para ocasionar a revelação para nós.
A Bíblia tem função revelatória como testemunho da revelação.
3. Apenas Cristo é a revelação, apenas Cristo é o Logos, o ato revelador
de DEUS.
Este ato falado de DEUS foi interpretado pelo testemunho dos
apóstolos.
4. A Bíblia é o testemunho da revelação, mas a ela é negado o status da
revelação. Ela é uma coleção de confissões de fé, da fé profética,
apostólica, escrita com o propósito de despertar e fortalecer a fé dos
que ouvem.
Mas aquilo que os profetas e apóstolos escreveram não é o que
DEUS revelou a eles. A Bíblia é um documento meramente humano,
falível e cheio de erros.
K. BARTH - A Bíblia é em cada ponto a vulnerável palavra do homem; é a
reflexão sobre Cristo, concernente ao significado da revelação, mas ela não é a
revelação.
A Bíblia é vista frequentemente por estes teólogos como a fixação da fé dos
apóstolos , a escrituração do testemunho dos apóstolos daquela revelação que
tomou lugar na vida de Jesus, mas a Bíblia não participa da autoridade da
revelação, apenas dá testemunho da revelação.
A Bíblia está na margem deste evento particular que foi Jesus Cristo e
a Bíblia simplesmente dá testemunho.
CAPÍTULO V
BIBLIOGRAFIA