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Aula 5
O Cânon da Bíblia e sua Evolução Histórica
2ª Timóteo 3:16-17
No Antigo Testamento, o termo aparece no original em passagens como Ezequiel 40:5: “Vi
um muro exterior que rodeava toda a casa e, na mão do homem, tinha uma cana de medir, de seis
côvados, cada um dos quais tinha um côvado e quatro dedos. Ele mediu a largura do edifício, uma
cana; e a altura, uma cana”.
No sentido religioso, cânon não significa aquilo que mede, mas aquilo que serve de norma,
regra. Com este sentido, a palavra cânon aparece no original em vários lugares do Novo
Testamento, veja abaixo alguns exemplos:
“E a todos quantos andarem de conformidade com esta regra, paz e misericórdia sejam
sobre eles e sobre o Israel de Deus”
(Gálatas 6:16)
A Bíblia como cânon sagrado, é a nossa norma ou regra de fé e pratica. Logo dizemos que
os livros da Bíblia são canônicos para diferencia-los do apócrifos, o emprego do termo cânon for
primeiramente aplicado aos livros da Bíblia por Orígenes (185-254 d.C.).
A Bíblia reconhecida pelos evangélicos contém 66 livros canônicos, sendo 39 no Antigo
Testamento e 27 no Novo Testamento.
A história da canonização da Bíblia é muito fascinante. À medida que Deus ia revelando sua
palavra e o Espírito Santo movendo seus profetas, nenhum deles tinha em mente como seu
Agosto/2019 Pr. André de Paula 1
BÍBLIOLOGIA
“capítulo” iria se encaixar no plano global do Senhor. E cada um destes capítulos nos mostra o
grande amor de Deus pela humanidade e o plano maravilhoso da redenção, que só poderia vir de
Deus que fez e sustenta todo universo.
Inspiração de Deus – Deus deu o primeiro passo na canonização da Bíblia, quando Ele
mesmo os inspirou. O povo de Deus não teria como reconhecer a inspiração de um livro, se Deus
mesmo não tivesse dotado os 39 livros que compõem o Velho Testamento, de autoridade divina.
Reconhecimento por parte do povo de Deus – Quando Deus dotava algum livro de
autoridade, seu povo o reconhecia. Este reconhecimento ocorria imediatamente pela comunidade
para a qual o livro foi destinado. Os escritos de Moisés foram reconhecidos em seus dias (Êxodo
24:3), como também os de Josué (Josué 24:26), os de Samuel (1 Samuel 10:25) e os de Jeremias
(Daniel 9:2). Este reconhecimento seria confirmado pelos crentes do Novo Testamento e também
por Jesus.
Coleção e preservação pelo povo de Deus – O povo de Deus colecionava e guardava sua
Palavra. Os escritos de Moisés foram colocados na arca (Deuteronômio 31:26). As palavras de
Samuel foram colocadas num livro e o pôs perante o Senhor (1 Samuel 10:25). A lei de Moisés foi
preservada no templo nos dias de Josias (2 Reis 23:24). Daniel tinha uma coleção da lei de Moisés
e dos profetas (Daniel 9:2; 9:13).
O cânon do Antigo Testamento foi formado num espaço de mais de 1000 anos (mais ou
menos 1046 anos), de Moisés a Esdras. Moisés escreveu as primeiras palavras do Pentateuco por
volta de 1491 a.C., e Esdras cerca de 445 a.C.
É evidente que Esdras não foi o último escritor na formação do cânon do Antigo
Testamento; os últimos foram Neemias e Malaquias, porém de acordo com os escritos históricos
judaicos, foi Esdras que na qualidade de escriba e sacerdote, reuniu os rolos canônicos, fixando
também o cânon do Antigo Testamento, encerrando seu tempo.
O Antigo Testamento pode ser dividido de várias maneiras. Em nossas Bíblias é dividido em
39 livros. Esta divisão vem da Septuaginta, através da Vulgata Latina. A Septuaginta foi a primeira
tradução das Escrituras (só o AT), feita do hebraico para o grego, cerca de 285 a.C em Alexandria
no Egito. Os livros também são divididos pelos seguintes assuntos:
A divisão da Bíblia Hebraica, utilizada pelos judeus, é diferente da nossa. Ela possui 24
livros. Na realidade, são os mesmos 39 livros do nosso AT, só muda a divisão. Os judeus chamam
o AT de Tanach. São divididos da seguinte forma.
Nas Bíblias de edição católica romana, o AT possui 46 livros. São os 39 livros da nossa Bíblia
e mais sete livros, sem contar os acréscimos em Ester e Daniel. Os sete livros mais são:
Como no Antigo Testamento, homens inspirados por Deus escreveram aos poucos os livros
que compõem o cânon do Novo Testamento. Sua formação levou apenas duas gerações: quase
100 anos. Em 100 d.C. todos os livros do Novo Testamento estavam escritos. O que demorou foi o
reconhecimento canônico, isto motivado pelo cuidado e escrúpulo das igrejas de então, que
exigiam provas concludentes da inspiração divina de cada um desses livros. Outra coisa que
motivou a demora na canonização foi o surgimento de escritos heréticos e espúrios com pretensão
de autoridade apostólica. Trata-se dos livros apócrifos do Novo Testamento, fato idêntico ao
acontecido nos tempos do encerramento do cânon do Antigo Testamento.
A ordem dos 27 livros do Novo Testamento, como temos atualmente em nossas Bíblias,
vem da Vulgata, e não leva em conta a sequência cronológica.
• Os Atos dos Apóstolos - Escrito em 63 d.C, no fim dos dois anos da primeira prisão
de Paulo em Roma (Atos 28.30).
Muitos livros antes de serem finalmente reconhecidos como canônicos foram duramente
debatidos. Houve muita relutância quanto às epístolas de Pedro, João e Judas bem como quanto
ao Apocalipse. Tudo isto tão-somente revela o cuidado da Igreja e também a responsabilidade que
envolvia a canonização. Antes do ano 400 d.C., todos os livros estavam aceitos. Em 367 d.C.,
Atanásio, patriarca de Alexandria, publicou uma lista dos 27 livros canônicos, os mesmos que hoje
possuímos; essa lista foi aceita pelo Concilio de Hipona (África) em 393 d.C.