Você está na página 1de 8

Pesquisar...

Texto da aula Aulas do curso

Credo Apostólico

O Cânon das Sagradas Escrituras


A palavra cânon é de origem grega e quer dizer regra. Nesse caso,
especificamente, refere-se aos livros que pertencem à Bíblia. Ao contrário
do que muitas pessoas pensam até ingenuamente, a escolha dos livros
sagrados não foi rápida e nem unânime. Aprenda como o cânon bíblico foi
formado.

imprimir

A palavra cânon é de origem grega e quer dizer regra. Nesse caso,


especificamente, refere-se aos livros que pertencem à Bíblia. Ao
contrário do que muitas pessoas pensam, até ingenuamente, a escolha
dos livros sagrados não foi rápida e nem unânime.

O Catecismo da Igreja Católica afirma em seu número 120, que a Bíblia


católica possui 72 livros, que é um número diferente das chamadas
Bíblias protestantes. Vejamos:

"[...] Esta lista completa é denominada "Cânon" das Escrituras. Ela


comporta 46 (45, se contarmos Jr e Lm juntos) escritos para o
Antigo Testamento e 27 para o Novo:
Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes,
Rute, os dois livros de Samuel, os dois livros dos Reis, os dois livros
das Crônicas, Esdras e Neemias, Tobias, Judite, Ester, os dois livros
dos Macabeus, Jó, os Salmos, os Provérbios, o Eclesiastes (ou
Coélet), o Cântico dos Cânticos, a Sabedoria, o Eclesiástico (ou
Sirácida), Isaías, Jeremias, as Lamentações, Baruc, Ezequiel, Daniel,
Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc,
Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, para o Antigo Testamento; os
Evangelhos de Mateus, de Marcos, de Lucas e de João, os Atos dos
Apóstolos, as Epístolas de S. Paulo aos Romanos, a primeira e a
segunda aos Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses, aos
Colossenses, a primeira e a segunda aos Tessalonicenses, a primeira
e a segunda a Timóteo, a Tito, a Filêmon, a Epístola aos Hebreus, a
Epístola de Tiago, a primeira e a segunda de Pedro, as três Epístolas
de João, a Epístola de Judas e o Apocalipse, para o Novo
Testamento." (120)

O que se vê é que faltam alguns livros nas Bíblias protestantes e a


pergunta evidente é: quem é que tem razão? O estudo desse tema é
fundamental dentro da perspectiva apologética, ou seja, de defesa da fé
católica. É preciso entender como o cânon foi composto e por quem,
para ser possível demonstrar com segurança que os católicos é que
estão na verdadeira Igreja e que o chamado cristianismo bíblico dos
protestantes não se sustenta.

Este cristianismo pode ser comparado a um homem que deseja ficar em


pé sobre os seus próprios ombros. É impossível. A autoridade da Bíblia
vem de Deus, pois ela é a Palavra de Deus, contudo, quem decidiu quais
são os livros da Bíblia foi a Igreja Católica, conforme historicamente
comprovado.
O protestantismo nasceu de uma crise eclesiológica, ou seja, Lutero e
alguns homens viram o pecado de membros da Igreja e a renegaram,
optando por terem fé somente nas Sagradas Escrituras. Ocorre que não
faz sentido, pois, para aceitar os livros sagrados, necessariamente eles
precisam aceitar a autoridade da Igreja que os escolheu. Trata-se do
problema fundamental do protestantismo que parece simples, mas é
bastante complexo.

O problema quanto ao cânon das Sagradas Escrituras nasce do fato de


que a Igreja demorou um certo tempo para definí-lo. O documento mais
antigo que aponta a lista dos livros vem do "Decretum Damasi, ou
explicação da fé", no século IV:

Agora tratemos das Escrituras divinas, o que a Igreja católica


universal deve acolher e que deve evitar.
Começa a ordem do Antigo Testamento: Gênese, 1 livro; Êxodo, 1
livro; Levítico, 1 livro; Números, 1 livro; Deuteronômio, 1 livro;, Josué,
1 livro; Juízes, 1 livro; Rut, 1 livro; Reis, 4 livros, <= Samuel, 2; Reis 2>
Paralipômeno<= Crônicas> 2 livros; 150 Salmos [Saltério], 1 livro;
Salamão [Salomão], 3 livros; Provérbios, 1 livro; Eclesiastes, 1 livro;
Cântico dos Cânticos, 1 livro; Sabedoria, 1 livro; Eclesiástico, 1 livro.
Igualmente, a ordem dos Profetas: Isaías, 1 livro; Jeremias, 1 livro;
com as Cinot, isto é suas lamentações; Ezequiel, 1 livro; Daniel, 1
livro; Oséias, 1 livro; Jonas, 1 livro; Naum, 1 livro; Ambacum
[Habacuc], 1 livro; Sofonias, 1 livro; Ageu, 1 livro; Zacarias, 1 livro;
Malaciel [Malaquias], 1 livro.
Igualmente a ordem das histórias: Jó, 1 livro; Tobias, 1 livro; Esdras
[Hesdras], 2 livros <= 1 de Esdras, 1 de Neemias>; Ester, 1 livro;
Judite, 1 livro; Macabeus, 2 livros.
Igualmente, a ordem da Escritura do Novo e eterno Testamento,
que a Igreja santa e católica [romana] reconhece e venera: dos
Evangelhos [4 livros:] segundo Mateus, 1 livro; segundo Marcos, 1
livro; segundo Lucas, 1 livro; segundo João, 1 livro.
[Igualmente, dos Atos dos Apóstolos, 1 livro] Cartas de Paulo
[apóstolo], em número de 14: aos Romanos, 1 [ep.], aos Coríntios,
2[ep.], aos Efésios, 1; aos Tessalonicenses, 2; aos Gálatas, 1; aos
Filipenses, 1; aos Colossenses, 1; a Timóteo, 2; a Tito, 1; a Filímon
[Filêmon], 1; aos Hebreus, 1.
Igualmente, as cartas canônicas [(cân. ep.], em número de 7: do
apóstolo Pedro 3 cartas, do apóstolo Tiago 1 ep., do apóstolo João
1 ep., do outro João, o presbítero, 2 ep., do apóstolo Judas o Zelote,
1 ep. Termina o cânon do Novo Testamento. (DH 179 e 180)

O livro "O Cânon das Sagradas Escrituras", do Prof. Alessandro de Lima


apresenta uma detalhada pesquisa histórica que confirma a autoridade
da Igreja na escolha dos livros sagrados e ainda procura esclarecer a
controvérsia estabelecida entre católicos e protestantes acerca do
mesmo tema. Vejamos:

"Iniciativas tanto católicas quanto protestantes têm vinculado


principalmente nos sítios da internet alguns dos testemunhos
primitivos que aqui foram transcritos procurando provar qual era a
lista dos livros canônicos estabelecida na Igreja dos primeiros
séculos. Nenhum desses relatos pode ser utilizado com esse
intuito." (p. 77)

Isso quer dizer que a ampla gama de testemunhos compilados naquela


obra, nem mesmo as várias listas contendo os supostos livros
canônicos podem ser utilizadas para afirmar a lista canônica verdadeira.
A lista foi elaborada pela Tradição da Igreja, depois de reconhecida e
chancelada pelo Magistério da Igreja. Desta forma, o príncipio da sola
scriptura cai por terra. Continua o autor:

... o próprio conjunto mostra a incerteza que pairava na igreja sobre


este tema e porque dentre eles não há o mais importante ou fiel.
Todas as listas canônicas aqui transcritas não vieram de hereges ou
de grupos sectários, mas de homens comumente muito
considerados na igreja primitiva ou medieval, dos quais muitos
sofreram martírio ou exílio por amor a Cristo. Mas, a partir deles,
devemos observar algumas coisas:
1. A Igreja dos primeiros tempos não adotou para o Antigo
Testamento o cânon hebraico. Livros como Baruc, a carta de
Jeremias, Suzana e o livro Bel e o Dragão, os dois últimos apêndices
do livro de Daniel que constam na Septuaginta foram
consensualmente recebidos como canônicos.
2. Embora os primeiros cristãos, seguindo o exemplo dos apóstolos,
usassem a versão da Septuaginta, nem todos os seus livros eram
usados na leitura na Igreja. Foram consensualmente recusados o
primeiro livro de Esdras, o terceiro e quarto livros de Macabeus, as
odes e os salmos de Salomão.
3. Os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, primeiro e
segundo Macabeus, eram consensualmente utilizados, em algumas
regiões eram recebidos como canônicos.
4. O livro de Ester não foi recebido como canônico por todos.

É sabido que o Antigo Testamento foi compilado inicialmente em


hebraico. O livro era formado por três partes: 1. a Torá que continha os
cinco primeiros livros, também chamados de pentateuco; 2. O Neviim
que continha os Profetas; 3. O Kethuvim que continha os Escritos. A
diferença entre a Tanakh (Bíblia hebraica) e o Antigo Testamento adotado
pela Igreja Católica estava no livro que continha os "Escritos".

Interessante frisar que foi muito lento o processo de canonização


desses livros. Primeiramente foram canonizados os livros da Torá,
posteriormente os dos Profetas e, somente muito tempo depois os dos
Escritos. Na época de Jesus o cânon da Bíblia judaica ainda não estava
fechado. Portanto, os judeus, contemporâneos de Jesus, ainda
debatiam sobre quais eram os livros sagrados. Por exemplo, os
saduceus só criam nos livros da Torá, já os fariseus aceitavam os
Profetas e os Escritos, mas não totalmente, pois achavam que a
inspiração dos Escritos ainda não estava concluída.

Jesus deu uma ordem aos Apóstolos: "ide pelo mundo e evangelizai".
Ora, o mundo daquela época falava o grego, que era o equivalente ao
inglês de hoje, portanto, os Apóstolos começaram a pregar o Evangelho
em grego, mas como, se a Bíblia estava em hebraico? Os Apóstolos,
então, passaram a utilizar uma tradução da Bíblia do hebraico para o
grego denominada Septuaginta, que havia sido elaborada em Alexandria
antes de Cristo.

Ocorre que na Tradução dos Setenta, como também é chamada a


Septuaginta, estão contidos aqueles sete livros. Mas estão contidos
outros textos também que não foram canonizados pela Igreja. Como
trabalhar com essa diferença? Recordando-se simplesmente que a lista
canônica não foi fornecida pelos judeus de Jâmnia e nem pelos judeus
de Alexandria, mas sim, pela Tradição da Igreja, corroborada pelo
Magistério.

Portanto, para resumir, é possível dizer que existem livros que entraram
no cânon logo de imediato, são os chamados protocanônicos, sobre
outros livros pairou uma certa controvérsia, mas, por fim, entraram na
lista, são os deuterocanônicos e, por fim, aqueles que não entraram na
lista, são os apócrifos.

A definição da lista oficial deu-se após um longo e lento processo de


conscientização e recepção pela Igreja; processo histórico e
amplamente documentado para aqueles que querem, de fato, encontrar
a verdade.

Bibliografia

Prof. Alessandro Lima, O Cânon Bíblico - A Origem da Lista dos Livros


Sagrados.
Material para Download

Áudio da aula (Formato .mp3)

Junte-se a nós!
Nome E-mail
Receba novos artigos, vídeos e lançamentos de
cursos diretamente em seu e-mail.
Digite seu Enviar
Digite seu
MINHA SOBRE O CURSOS PROGRAMAS REDES
CONTA SITE SOCIAIS

Espiritualidade Homilias
Entrar Nossa Youtube
Teologia Pregações
Meus missão Facebo
Família A Resposta
dados Padre Instagra
História Católica
Meus Paulo Twitter
Mariologia Programa ao
cursos Ricardo
Cultura e vivo
Minha Política de
sociedade Conselhos
assinatura privacidade
Sagradas Paternos
Termos de
Escrituras Direção
uso
Espiritual
Fale

conosco
Central de
ajuda

Christo Nihil Præponere


“A nada dar mais valor do que a Cristo”

Você também pode gostar