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III. A ESTRUTURA DA BÍBLIA.

Estudaremos neste ponto a estrutura ou composição da Bíblia, isto é, a sua divisão em partes
principais e seus livros quanto à classificação por assuntos, divisão em capítulos e versículos e,
certas particularidades indispensáveis. A Bíblia divide-se em duas partes principais: ANTIGO e
NOVO TESTAMENTO, tendo ao todo 66 livros: sendo 39 no AT e 27 no NT. Estes 66 livros foram
escritos num período de 16 séculos e tiveram cerca de 40 escritores. Aqui está um dos
milagres da Bíblia. Esses escritores pertenceram às mais variadas profissões e atividades,
viveram e escreveram em países, regiões e continentes distantes uns dos outros, em épocas e
condições diversas, entretanto, seus escritos formam uma harmonia perfeita. Isto prova que
um só os dirigia no registro da revelação divina: Deus. A palavra testamento vem do termo
grego "diatheke", e significa: a) Aliança ou concerto, e b) Testamento, isto é, um documento
contendo a última vontade de alguém quanto à distribuição de seus bens, após sua morte. Esta
é a palavra empregada no Novo Testamento, como por exemplo em Lucas 22.20. No Antigo
Testamento, a palavra usada é "berith" que significa apenas concerto. O duplo sentido do termo
grego nos mostra que a morte do tes-tador (Cristo) ratificou ou selou a Nova Aliança, garantin-
do-nos toda a herança com Cristo (Rm 8.17; Hb 9.15-17). O título Antigo Testamento foi
primeiramente aplicado aos 39 livros das Escrituras hebraicas, por Tertuliano, e Orígenes. Na
primeira divisão principal da Bíblia, temos o Antigo Concerto (também chamado pacto, aliança),
que veio pela Lei, feito no Sinai e, selado com sangue de animais (Êx 24.38; Hb 9.19,20). Na
segunda divisão principal (o NT), temos o Novo Concerto, que veio pelo Senhor Jesus Cristo,
feito no Calvário e selado com o seu próprio sangue (Lc 22.20; Hb 9.11-15). É pois um concerto
superior. Nas Bíblias de edição da Igreja Romana, o total de livros é 73. Os 7 livros a mais, são
chamados apócrifos. Além dos livros apócrifos, as referidas Bíblias têm mais 4 acréscimos a
livros canônicos. Trataremos disto no capítulo que estudará o cânon das Escrituras. 1. O Antigo
Testamento Tem 39 livros, e foi escrito originalmente em hebraico, com exceção de pequenos
trechos que o foram em aramai-co. O aramaico foi a língua que Israel trouxe do seu exílio
babilônico. Há também algumas palavras persas. Seus 39 livros estão classificados em 4
grupos, conforme os assuntos a que pertencem: LEI, HISTÓRIA, POESIA, PROFECIA. O grupo ou
classe poesia também é conhecido por de-vocional. Vejamos os livros por cada grupo. a. LEI.
São 5 livros: Gênesis a Deuteronômio. São co-mumente chamados o Pentateuco. Esses livros
tratam da origem de todas as coisas, da Lei, e do estabelecimento da nação israelita. b.
HISTÓRIA. São 12 livros: de Josué a.Ester. Ocupam-se da história de Israel nos seus vários
períodos: a) Teocracia, sob os juizes, b) Monarquia, sob Saul, Davi e Salomão, c) Divisão do
reino e cativeiro, contendo o relato dos reinos de Judá e Israel, este levado em cativeiro para a
Assíria, e aquele para Babilônia, d) Pós-cativeiro, sob Zo-robabel, Esdras e Neemias, em
conjunto com os profetas contemporâneos.

c. POESIA. São 5 livros: de Jó a Cantares de Salomão. São chamados poéticos, não porque
sejam cheios de imaginação e fantasia, mas devido ao gênero do seu conteúdo. São também
chamados devocionais. d. PROFECIA. São 17 livros: de Isaías a Malaquias. Estão subdivididos
em: • Profetas Maiores: Isaías a Daniel (5 livros). • Profetas Menores: Oséias a Malaquias (12
livros). Os nomes maiores e menores não se referem ao mérito ou notoriedade do profeta mais
ao tamanho dos livros e à extensão do respectivo ministério profético. A classificação dos
livros do AT, por assunto, vem da versão Septuaginta, através da Vulgata, e não leva em conta a
ordem cronológica dos livros, o que, para o leitor menos avisado, dá lugar a não pouca
confusão, quando procura agrupar os assuntos cronologicamente. Na Bíblia hebraica (que é o
nosso AT), a divisão dos livros é bem diferente. Nas Bíblias de edição católico-romana, os livros
de 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis são chamados 1,2,3 e 4 Reis, respectivamente. 1 e 2 Crônicas são
chamados 1 e 2 Paralipômenos. Esdras e Neemias são chamados 1 e 2 Esdras. Também, nas
edições católicas de Matos Soares e Figueiredo, o Salmo 9 corresponde em Almeida aos
Salmos 9 e 10. O de número 10 é o nosso 11. Isso vai assim até os Salmos 146 a 147, que nas
nossas Bíblias são o de número 147. Deste modo, os três salmos finais são idênticos em
qualquer das versões acima mencionadas. Essas diferenças de numeração em nada afetam o
texto em si, e não poderia ser doutra forma, sendo a Bíblia o Livro do Senhor! 2. O Novo
Testamento Tem 27 livros. Foi escrito em grego; não no grego clássico dos eruditos, mas no do
povo comum, chamado Koiné. Seus 27 livros também estão classificados em 4 grupos,
conforme o assunto a que pertencem: BIOGRAFIA, HISTÓRIA, EPÍSTOLAS, PROFECIA. O terceiro
grupo é também chamado DOUTRINA. a. BIOGRAFIA. São os 4 Evangelhos. Descrevem a vida
terrena do Senhor Jesus e seu glorioso ministério. Os três primeiros são chamados Sinópticos,
devido a certo paralelismo que têm entre si. Os Evangelhos são os livros mais importantes da
Bíblia. Todos os que os precedem tratam da preparação para a manifestação de Jesus Cristo, e
os que se lhes seguem são explicações da doutrina de Cristo. b, HISTORIA. É o livro de Atos
dos Apóstolos. Registra a história da igreja primitiva, seu viver, a propagação do Evangelho;
tudo através do Espírito Santo, conforme Jesus prometera. c. EPÍSTOLAS. São 21 as epístolas
ou cartas. Vão de Romanos a Judas. Contêm a doutrina da Igreja. • 9 são dirigidas a igrejas
(Romanos a 2 Tessalonicen-ses) • 4 são dirigidas a indivíduos (1 Timóteo a Filemom) • 1 é
dirigida aos hebreus cristãos • 7 são dirigidas a todos os cristãos, indistintamente (Tiago a
Judas) As últimas sete são também chamadas universais, católicas ou gerais, apesar de duas
delas (2 e 3 João) serem dirigidas a pessoas. d. PROFECIA. É o livro de Apocalipse ou
Revelação. Trata da volta pessoal do Senhor Jesus à Terra e das coisas que precederão esse
glorioso evento. Nesse livro vemos o Senhor Jesus vindo com seus santos para: a) destruir o
poder gentílico mundial sob o reinado da Besta; b) livrar Israel, que estará no centro da Grande
Tribulação; c) julgar as nações; e d) estabelecer o seu reino milenar. Oh! como desejamos que
Ele venha!

Os livros do Novo Testamento também não estão situados em ordem cronológica, pelas
mesmas razões expostas ao tratarmos do Antigo Testamento. IV. O TEMA CENTRAL DA BÍBLIA
Jesus é o tema central da Bíblia. Ele mesmo no-lo declara em Lucas 24.44 e João 5.39. (Ler
também Atos 3.18; 10.43; Apocalipse 22.16). Se olharmos de perto, veremos que, em tipos,
figuras, símbolos e profecias, Ele ocupa o lugar central das Escrituras, isto além da sua
manifestação como está registrada em todo o Novo Testamento. Em Gênesis, Jesus é o
descendente da mulher (Gn 3.15). Em Êxodo, é o Cordeiro Pascoal. Em Levítico, é o Sacrifício
Expiatório. Em Números, é a Rocha Ferida. Em Deuteronômio, é o Profeta. Em Josué, é o
Capitão dos Exércitos do Senhor. Em Juizes, é o Libertador. Em Rute, é o Parente Divino. Em
Reis e Crônicas, é o Rei Prometido. Em Ester, é o Advogado. Em Jó, é o nosso Redentor. Nos
Salmos, é o nosso socorro e alegria. Em Provérbios, é a Sabedoria de Deus. Em Cantares de
Salomão, é o nosso Amado. Em Eclesiastes, é o Alvo Verdadeiro^ Nos Profetas, é o Messias
Prometido. Nos Evangelhos, é o Salvador do Mundo. Nos Atos, é o Cristo Ressurgido. Nas
Epístolas, é a Cabeça da Igreja. No Apocalipse, é o Alfa e o ômega; é o Cristo que volta para
reinar. Tomando o Senhor Jesus como o centro da Bíblia, podemos resumir os 66 livros em
cinco palavras referentes a Ele, assim: PREPARAÇÃO - Todo o AT, pois trata da preparação para
o advento de Cristo. MANIFESTAÇÃO - Os Evangelhos, que tratam da manifestação de Cristo.
PROPAGAÇÃO - O Livro de Atos, que trata da propagação de Cristo. EXPLANAÇÃO - As
Epístolas, que são a explanação da doutrina de Cristo. CONSUMAÇÃO - O Livro de Apocalipse,
que trata da consumação de todas as coisas preditas, através de Cristo. (Dr. Cl. Scofield).
Portanto, as Escrituras sem Jesus seriam como a Física sem a matéria ou a Matemática sem
os números.

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