Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
BIBLIOLOGIA
1. A Autoridade da Bíblia
7. Revelação e Inspiração
9. A Formação do Cânon
APÊNDICE
Anexo 2 – As 7 Dispensações
BIBLIOLOGIA
1
Aproximadamente quarenta (40) autores escreveram a Bíblia, em
quinze (15) séculos, os autores viveram em épocas diferentes e tinham
modo de vida também diferentes, cada um escreveu em situações
diferentes, por exemplo: Davi escreveu em meio as guerras, Salomão
dentro de seu palácio, Moisés no deserto, Jeremias nas masmorras, Paulo
atrás das grades...
Eram pessoas de diferentes classes sociais, por exemplo: Davi e
Salomão eram reis e poetas;
Jeremias e Zacarias sacerdotes e profetas; Daniel era Ministro de
Estado;
Lucas era Médico; João, Pedro, Tiago eram Pescadores;
Amós era homem do campo, cuidava do gado; Mateus era Funcionário
Público;
Paulo era Teólogo e Erudito.
Mesmo com tantas divergências na vida destes homens, a Bíblia é a
mais perfeita obra feita pelas mãos do homem, pois nela não há erros, ou
parcialidade, ela foi escrita por inspiração de DEUS. O Antigo Testamento
se encontra, e se completa no Novo Testamento.
Ninguém conseguirá compreender bem o livro de Deus sem ter pelo
menos uma ideia da história, costumes, idiomas, religiões dos povos que
diretamente como os judeus, egípcios, assírios, e outros, participam do seu
conteúdo e acima de tudo comunhão estreita com o Espírito Santo de Deus.
Da arqueologia à apologética, com observações históricas e o
registro de outros conhecimentos, fazendo uma breve introdução aos
livros Bíblicos, procuramos transmitir aos alunos um conhecimento
panorâmico acerca da Bíblia, e orientá-los a lerem e estudarem esse
maravilhoso tesouro concedido por Deus aos homens, e que deve ser a
nossa única regra de fé e prática.
Esperamos que ao se aprofundar no estudo dessa doutrina, novos
horizontes se abram a frente do aluno, e que a cada capítulo sinta o
desejo de penetrar cada vez mais no vasto campo do conhecimento
Bíblico.
1. A Autoridade da Bíblia
Poderiam ser apresentados muitos argumentos racionais a favor da
autoridade da Bíblia, mas em última análise aceitamos a autoridade que se
baseia na fé. Consideramos a Bíblia como a Palavra de Deus a reclamar
para si própria uma autoridade decisiva. Nada obstante que nela
depositemos toda a confiança, aceitando essa Palavra e a autoridade que
nela implica.
c) Outros Manuscritos
Além dos livros que compõem o nosso atual Novo Testamento, havia
outros que circularam nos primeiros séculos da era cristã, como as Cartas
de Clemente, o Evangelho de Pedro, o Pastor de Hermas, e o Didache (ou
Ensinamento dos Doze Apóstolos). Durante muitos anos, embora os
evangelhos e as cartas de Paulo fossem aceitos de forma geral, não foi
feita nenhuma tentativa de determinar quais dos muitos manuscritos eram
realmente autorizados. Entretanto, gradualmente, o julgamento das
igrejas, orientado pelo Espírito de Deus, reuniu a coleção das Escrituras
que constituíam um relato mais fiel sobre a vida e ensinamentos de Jesus.
a) A Primeira Tradução
Estima-se que a primeira tradução foi elaborada entre 200 a 300 anos
antes de Cristo. Como os judeus que viviam no Egito não compreendiam a
língua hebraica, o Antigo Testamento foi traduzido para o grego. Porém,
não eram apenas os judeus que viviam no estrangeiro que tinham
dificuldade de ler o original em hebraico, com o cativeiro da Babilônia, os
judeus da Palestina também já não falavam mais o hebraico. Denominada
Septuaginta (Tradução dos Setenta), esta primeira tradução foi realizada
por 70 sábios e contém sete livros que não fazem parte da coleção
hebraica; pois não estavam incluídos quando o cânon (ou lista oficial) do
Antigo Testamento foi estabelecido por exegetas israelitas no final do
Século I (d.C).
A igreja primitiva geralmente incluía tais livros em sua Bíblia. Eles são
chamados apócrifos ou deuterocanônicos e encontram-se presentes nas
Bíblias de algumas Igrejas. Esta tradução do Antigo Testamento foi
utilizada em sinagogas de todas as regiões do Mediterrâneo e
representou um instrumento fundamental nos esforços empreendidos
pelos primeiros discípulos de Jesus na propagação dos ensinamentos de
Deus.
b) Outras Traduções
6
Outras traduções começaram a ser realizadas por cristãos novos
nas línguas copta (Egito), etíope (Etiópia), siríaca (norte da Palestina) e em
latim - a mais importante de todas as línguas pela sua ampla utilização no
Ocidente. Por haver tantas versões parciais e insatisfatórias em latim, no
ano 382 d.C, o bispo de Roma nomeou o grande exegeta Jerônimo para
fazer uma tradução oficial das Escrituras. Com o objetivo de realizar uma
tradução de qualidade e fiel aos originais, Jerônimo foi à Palestina, onde
viveu durante 20 anos. Estudou hebraico com rabinos famosos e examinou
todos os manuscritos que conseguiu localizar. Sua tradução tornou-se
conhecida como "Vulgata", ou seja, escrita na língua de pessoas comuns
("vulgus"). Embora não tenha sido imediatamente aceita, tornou-se o texto
oficial do cristianismo ocidental. Neste formato, a Bíblia difundiu-se por
todas as regiões do Mediterrâneo, alcançando até o Norte da Europa.
7
Com o lançamento de novas traduções, muitas pessoas têm
ansiosamente perguntado: "Qual é a melhor tradução da Bíblia?"
Não abordarei aqui todas as traduções da Bíblia publicadas no Brasil.
Falarei daquelas que são propriedade da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB).
Neste catálogo, encontram-se os mais diversos formatos de Escrituras,
que usam tais traduções. A SBB possui e publica duas traduções da Bíblia: a
de João Ferreira de Almeida e a Nova Tradução na Linguagem de Hoje
(NTLH).
9
centrais da fé cristã - que apresentam Jesus Cristo, nosso Senhor e
Salvador - são perfeitamente claras e concordantes em ambas.
10
respeito à salvação em Cristo Jesus, não apresentam qualquer tipo de
dúvida.
Descrevendo as Pontuações:
Gêneses capítulo 15 e versículos, um, três, cinco, sete, oito, nove e dez,
e capítulo 17, versículos dez, onze e doze, e quatorze, quinze e dezesseis, e
Primeiro Crônicas, capítulo 12 e versículos, um a seis.
11
Na exposição da mensagem de Deus, a Bíblia usa linguagem figurada
ou simbólica, que pode ser entendida pelo contexto ou pela comparação
de outras passagens no mesmo assunto. Muitas figuras de retórica estão
no texto bíblico, tornando a idéia enfática, mantendo sempre a clareza do
pensamento. A bíblia é assim um livro de metáforas, símiles, alegorias, tipos,
símbolos, etc...
12
"um rei deu um banquete e mandou chamar os convidados, e cada um
tinha uma desculpa para não vir’’... (Lc 14:15-24).
Espiritual = muitos serão chamados, poucos os escolhidos.
Moral = as coisas do céu devem ser levadas a sério, Jesus continua
chamando hoje para um banquete. Vamos então considerar para análise
apenas TIPOS, SÍMBOLOS.
c) Explicando as Figuras
i. O Tipo
É uma pessoa ou coisa que se refere a acontecimentos futuros,
sempre empregado na esfera religiosa. Podemos dividi-los em históricos e
rituais.
1) Pessoais
quando certos personagens do Velho Testamento têm alguma
semelhança com a pessoa de Jesus, ou ilustram alguma revelação da
doutrina do evangelho. Este caso é o que o que chamamos tipos humanos
de Jesus.
2) Coletivos
é aplicação dos acontecimentos da vida dum povo ou de uma
coletividade à Igreja aqui no mundo, ou como aviso sobre o modo de
proceder dos crentes.
3) Tipos rituais
quando os detalhes da lei mosaica prefiguram o ensino do Novo
Testamento. Isto aparece nos capítulos sobre o Tabernáculo e sobre as
cerimônias de Levítico.
ii. Os Antítipos
A palavra traduzida por figura, em Hb 9:24 e 1Pe 3:21. O termo alude a
uma correspondência de sentido, em alguma ilustração. No uso comum,
afirma-se que o Antigo Testamento contém TIPOS das verdades
Neotestamentárias. As coisas assim tipificadas são chamadas antítipos.
Assim o Tabernáculo e seus móveis nos oferecem tipos de Cristo, e o
próprio Cristo é o antítipo.
Adão
Como primeiro homem na historia da humanidade, "é figura
daquele que há de vir" (Rm 5:14c).
Cristo é o primeiro da nova criação. Pela ofensa de um só
morreram muitos, muito mais a graça, o dom pela graça abundou por
um só homem, Jesus Cristo (Rm 5:15).
13
Abel (vaidade)
Foi pastor de ovelhas- Jesus é o bom pastor;
Foi morto por inveja - Jesus foi também entregue por inveja;
Foi morto inocente - Jesus foi morto sem ter culpa;
O sangue de Abel falou - O de Jesus fala até hoje.
Melquisedeque
Cremos que este era descendente de Abraão e Noé; sua genealogia é
desconhecida até nossos dias, cremos que é Deus que não a quer revelar.
Para ser sacerdote a pessoa tinha que ter esse princípio, e os judeus não o
aceita como sacerdote de Deus, mas a Abraão o aceitou e em (Hb 7:1), fala
sobre ele como tipo de Jesus.
Isaque
Filho da promessa, e único = Jesus também;
Nascimento sobrenatural = idem;
Foi oferecido em sacrifício = idem;
No casamento um servo fiel = aqui é o Espírito Santo quem prepara,
foi providenciar a noiva para ele.
José
Amado pelo pai=Jesus
também;
Odiado pelos irmãos = idem;
Enviado pelo pai = idem;
Vendido = idem;
Tentado e venceu = idem;
Preso entre dois prisioneiros
= idem;
Levantado e exaltado = Jesus idem;
Com trinta anos começou o ministério
= idem;
A noiva não hebréia = idem;
Todos os povos abençoados = idem;
por causa dele.
Podemos ainda destacar, Benjamim,
Moises, Boaz, Davi, Jonas.
14
2) Tipos Não Humanos de Jesus Cristo
iii. Os Símbolos
"Começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava – lhes o que Dele se achava em todas as
Escrituras’’ (Lc 24:27).
Muitas palavras das Santas Escrituras são empregadas com vários sentidos,
apresentando alguma relação com nossa união a Deus, pela salvação alcançada pela
morte de Jesus.
Num espaço pequeno, não é possível estudar todas. Escolhemos algumas, cujo
simbolismo é mais claro, poderemos apresentar nesta apostila um pouco das aplicações
que são feitas para nosso crescimento espiritual. O sentido em que é empregada uma
palavra pode ser descoberto pelo contexto ou por outras passagens no mesmo
assunto. Seguem as palavras que encerram vários símbolos.
1) Árvore
a. Símbolo da Graça de Deus e da Vida Eterna
Quando Deus preparou um lugar para habitação de sua criatura, o jardim do Éden,
pôs ali "a árvore da vida’’ e a "árvore da ciência do bem e do mal" (Gn2.9b). Eram
literalmente árvores, mas representavam necessidades espirituais. A árvore da vida
estava no meio do jardim, guardada pela mente do Criador, merecendo uma atenção
especial." Adão, tendo pecado, ficou privado de comer da árvore da vida, por isso foi
expulso do Éden. A figura da árvore da vida atravessa toda a revelação bíblica. Na
restauração do pecador, terá ele direito a comer do seu fruto. Numa das promessas ao
vencedor, o Espírito diz expressamente às Igrejas: -"ao que vencer, dar-lhe-ei a comer
da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus" (Ap 2:7).
Jesus Cristo, falando de falsos profetas, diz: "Assim, toda árvore boa produz bons
frutos, e toda árvore má produz frutos maus. Toda árvore que não dá bom fruto corta-
se e lança-se no fogo" (Mt 7:15-19).
2) Carne
A carne é o tecido muscular dos animais. Vem nas páginas bíblicas com diversos
significados.
a. A palavra aparece no sentido literal 15
Em uma murmuração no deserto, os israelitas disseram: "Quem nos dará carne a
comer?" (Nm 11:4c).
b. A carne é a Humanidade de Jesus
3) Pedra
a. Pedra quer dizer monumento
Sua principal utilidade sempre foi nas construções, porem nos tempos antigos
servia de monumento. Jacó a usou como travesseiro e a pôs como coluna fazendo voto
a Deus (Gn 28:18-20). Outra vez a usou como testemunha quando se separou de Labão
(Gn 31:45-49). Josué mandou tirar doze pedras do fundo do rio Jordão para memorial,
para relembrar a passagem no Jordão (Js 4:4-8). Samuel, depois da vitória sobre os
filisteus, tomou uma pedra e a pôs entre Mispá e Sem, e chamou o seu nome Ebenézer,
"... até aqui nos ajudou o Senhor" (1Sm 7:12b).
4) Fogo
Deus é fogo consumidor (Dt 4:24), no sentido de ser zeloso (Ex 20:5),
Sua presença nos sacrifícios, e holocaustos (Gn 15:17; 1Rs 18:38).
Pode ser a perseguição que o crente sofre. (Is 43:2b).
Pode ser Juízo de Deus. (2Pe 3:7). Etc...
5) Mundo
Humanidade - "Deus amou o mundo de tal maneira..." (Jo 3:16).
A vantagem material que desperta a cobiça. (Mt 16:26a).
As coisas corrompidas pelo pecado. (1Jo 2:15-17).
6) Vento
O poder de Deus é comparado ao vento ou manifestado por ele. Um forte vento
operou a abertura do mar para os israelitas passarem (Ex 14:21). 16
Deus emprega "os quatro ventos" para ajuntar os filhos de Israel na sua glória
futura (Ez 37:9). O vento também simboliza doutrinas errôneas, falsas. (Ef 4:14).
7) Fermento
É sempre usada esta palavra na Bíblia com o sentido de maldade, influencia
contraria a santidade, ou seja, coisa que estraga o ambiente espiritual. Na
comemoração da páscoa, os judeus por ordem divina, tiravam todo fermento da casa, e
durante sete dias quem comesse pão levedado era cortado de Israel (Ex 12:15). Também
nas ofertas de manjares não era permitido o fermento (Lv 2:11). Jesus recomendou aos
discípulos que se guardassem do fermento dos fariseus e dos saduceus. (Mt 16:6-12).
7. Revelação e Inspiração
A palavra revelação vem do grego apokalypsis e significa literalmente o ato de
desvendar alguma coisa oculta, para que possa ser vista e reconhecida como ela é.
Podemos falar acerca da revelação tomando-a em dois sentidos:
Revelação no sentido ativo: é a atividade de Deus, enquanto se dá a conhecer aos
homens.
Revelação no sentido passivo: é o próprio conhecimento que é comunicado aos
homens.
A história de Israel, como nação, sua religião, bem como a igreja, foi o resultado
evidente da revelação Divina. Vemos referências abundantes à revelação de Deus nas
páginas das Escrituras: Deus revelou-se na aliança efetuada com Abraão: "Estabelecerei
a minha aliança entre mim e ti a tua descendência no decurso das suas gerações’’ Gn
17:7. Deu a Israel a sua lei: "Então disse o Senhor a Moisés: Assim dirás aos filhos de
Israel: Vistes que dos céus eu vos falei’’ Ex 20:22.
i. Original
A Bíblia afirma que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, para que este
pudesse conhecer, amar, servir, e glorificar a sua pessoa. Segundo o relato bíblico, Adão
no Éden tinha um conhecimento de Deus que transcende ao nosso entendimento e ao
nosso conhecimento. A narrativa da criação mostra dentre outras coisas, que Deus se
revela particularmente às suas criaturas. O homem ainda hoje mesmo derrotado, e
dominado pelo pecado, sente em seu próprio ser que Deus existe
.
ii. Redentora
Por causa do pecado o ser humano perdeu a possibilidade de aprender e
compreender o testemunho interior ou o da criação. Por isso, Deus se manifesta através
de uma revelação especial operada pelo Espírito Santo, dentro do homem, fazendo-o
voltar-se para ELE.
iii. Verbal
Através de Jesus Cristo o homem tem consciência da vontade de Deus para a sua
vida. A encarnação de Cristo como verbo de Deus é a mais completa das revelações, e,
no entanto, é da mais difícil compreensão por parte dos homens. Em Atos dos Apóstolos
a revelação verbal manifestou-se de múltiplas maneiras, tais como: visões, sonhos,
inspirações proféticas que iam da meditação ao êxtase, etc...
iv. Bíblica
O plano de Deus era para o fundamento da fé pessoal, um guia para o cristão, um
manual para a igreja, e grandes maravilhosos exemplos, faz da Bíblia um livro completo
no sentido de revelar Deus aos homens. O que diferencia a Bíblia de qualquer outro livro
é a sua inspiração divina. 17
b) Diferença entre Revelação e Inspiração
i. Revelação
A revelação de Deus é a forma pela qual Ele se deixa conhecer. Em outras
palavras, Deus resolveu permitir que os homens tivessem conhecimento de Sua
existência, do Seu caráter e de Sua vontade através de sua auto-revelação.
Revelar significa “desvelar o que está encoberto”. Então uma revelação é um ato
de “deixar-se ver”, de “manifestar-se”, de “descobrir-se”, de “tornar claro ou exposto o
que está oculto”. Portanto, a revelação de Deus é a Sua auto-manifestação aos homens
num nível em que o conhecimento sobre Ele se torna possível. R. C. Sproul explica que
nós não podemos contemplar Deus com os nossos olhos, mas podemos conhecê-lo por
meio da revelação, pois Ele removeu o véu que O ocultava de nós.
É importante entender corretamente o conceito da revelação de Deus para que se
tenha em mente que essa revelação parte d’Ele para nós, e não o contrário. Em outras
palavras, Ele é quem se revela, e não nós que O descobrimos.
Louis Berkhof diz que ao longo do tempo tornou-se comum falar do descobrimento
de Deus feito pelo homem, como se o homem alguma vez O tivesse descoberto. Em
qualquer estudo científico o homem se coloca acima do objeto de sua investigação, e
ativamente extrai dele o seu conhecimento pelo método que lhe pareça mais
apropriado.
Mas quando se trata do conhecimento de Deus, esse tipo de abordagem não se
sustenta. O conhecimento de Deus não é fruto de um ensaio em laboratório cujo objeto
de pesquisa é o próprio Deus. Na verdade se temos conhecimento de Deus é porque Ele
próprio nos deu esse conhecimento, ou seja, Deus transmite conhecimento de si próprio
ao homem.
Por isso falamos em “revelação de Deus”, pois sem a revelação jamais seriamos
capazes de obter qualquer conhecimento de Deus. Berkhof ainda completa dizendo que
mesmo depois de Deus ter-se revelado objetivamente ao homem, não é a razão humana
que descobre Deus, mas é Deus que se descerra aos olhos da fé.
ii. Inspiração
Apesar de haver um consenso geral sobre a inspiração da Bíblia, há
uma variedade de conceitos a respeito do que ela vem a ser. Alguns se
concentram na ação dos autores, outros nos escritos e outros nos
leitores. Alguns relacionam a inspiração à mensagem central da Bíblia, outros aos
pensamentos e outros às palavras.
Essas diferenças, frutos dos infindos ataques que a Bíblia recebeu nos últimos dois
séculos, tornam necessário o estudo acerca da “inspiração da Bíblia”.
3) O relato bíblico a respeito da Inspiração
A doutrina da inspiração não é invenção de teólogos. A própria Bíblia a expõe
enfaticamente. Ela dá testemunho de si mesma (o que não é considerado válido pelos
seus inimigos) e tem testemunho da história.
Observemos alguns textos bíblicos:
2Timóteo 3.16
Esse texto mostra a extensão da inspiração (toda a Escritura). No contexto
bíblico, Escritura significa tanto o AT como o NT (Lc 24.45; Jo 10.35; Lc 4.21; 1Tm 5.18 cf. Dt
25.4 e Lc 10.7; 2Pe 3.16).
Fica claro que a inspiração vem da parte de Deus. As Escrituras foram “sopradas
por Deus” (significado de inspiração).
O propósito da inspiração é tornar as Escrituras “úteis”. Assim, a Bíblia veio de Deus
para nos mostrar como viver e o que devemos fazer.
2Pedro 1.21
Esse texto mostra que Deus usou autores humanos, movendo-os para esse fim pelo
Espírito Santo. O mesmo verbo “mover” é também usado em At 27.15 e nos ajuda a
entender seu sentido. Durante a tempestade, os marinheiros não estavam dormindo
nem inativos, mas era o vento quem, de fato, os levava.
Outro fator importante revelado nesse texto é que não foi a vontade humana
quem produziu as Escrituras. A vontade humana pode falhar e pode produzir erros.
Porém, não é assim com a vontade de Deus. Isso atesta a inerrância bíblica.
Resumindo, 2Pe 1.21 diz que Deus usou homens e deixou para nós uma Bíblia
totalmente confiável.
1Coríntios 2.13
Aqui fica claro que a revelação de Deus chegou até nós por meio de palavras.
Assim, Deus não só inspirou as ideias reveladas pela Bíblia, mas as palavras que a
compõe.
Ou seja, as palavras usadas na Bíblia foram inspiradas por Deus.
Outros
a Bíblia registra algumas coisas que não são verdadeiras – como as mentiras de
Satanás (Gn 3.4-5) –, mas o faz de maneira precisa, como realmente aconteceram.
Também contém citações de escritos de pessoas incrédulas (Tt 1.12), além de trechos
que revelam experiências pessoais e emoções (Rm 9.1-3). Contudo, essa variedade de
material é registrada com precisão.
5) Definição de Inspiração
Uma definição abrangente de inspiração seria: Deus supervisionou os autores
humanos da Bíblia para que compusessem e registrassem, sem erros, sua mensagem à
humanidade utilizando as palavras de seus escritos originais.
Isso significa que Deus não ditou as palavras da Bíblia (algumas vezes até o fez)
para os escritores, mas os supervisionou soberanamente para que, no uso de suas
capacidades mentais e habilidades, compusessem um material que fosse verdadeiro (Jo
17.17) e que fosse o que Deus desejava nos revelar.
Inspiração natural
Crê que os autores escreveram sem a supervisão de Deus.
Deus não inspirou as palavras;
A Bíblia está no mesmo patamar de outros escritos; e
Exclui a inerrância e a infalibilidade.
Inspiração mística
Crê que a Bíblia foi escrita por homens cheios do Espírito Santo. De igual modo
outros escritos, como os dos pais da igreja e de grandes homens durante a
história. Nesse caso:
7) Níveis de inspiração
Crê que algumas partes da Bíblia são mais inspiradas que outras. Toda
a Bíblia seria inspirada por Deus, porém, com diferença no grau de inspiração entre as
partes.
Inspiração parcial
Crê que algumas partes da Bíblia foram inspiradas por Deus e outras não. Nesse ponto
de vista, o que é inspirado é o propósito da Bíblia. Assim, quando fala da salvação, ela
é confiável, mesmo que tenha erros históricos ou científicos.
20
Inspiração conceitual
Crê que os conceitos bíblicos são inspirados e não as palavras. Assim, a mesma
ideia exposta de outro modo é tão inspirada quanto a original.
Inspiração neo-ortodoxa
Nesse caso, a revelação está centrada em Jesus Cristo. A Bíblia, mesmo possuindo
erros, é válida ao nos apresentar Jesus. Assim, a Bíblia é produto humano falível, mas
pode se tornar a Palavra de Deus quando lida por nós. Ou seja, a Bíblia se torna Palavra
de Deus quando Cristo fala conosco em suas páginas. Desse modo, a Bíblia não possuiria
autoridade, mas seria um bom instrumento nas mãos de Cristo, apesar de possuir erros.
Inspiração Natural
Esta ensina que a Bíblia foi escrita por homens talentosos como Sócrates, e
outros tantos escritores e poetas.
"O Espírito do Senhor fala por meu intermédio, e a sua palavra está na minha
língua" (2Sm 23:2).
Inspiração Comum
Ensina que da mesma maneira como os escritores da Bíblia foram inspirados, ainda
hoje o somos. Quando oramos, cantamos, ou ensinamos a Palavra, estamos inspirados
por Deus.
Inspiração Parcial
Ensina que partes da Bíblia são inspiradas, outras não. É essa a teoria que afirma
que a Bíblia contém em parte a Palavra de Deus. Traz confusão, pois como iríamos saber
qual a parte inspirada e a que não tem inspiração!
Inspiração Verbal
Ensina que Deus ditou para os escritores aquilo que queria que fosse escrito.
Nessa teoria, os homens funcionaram apenas como máquinas ou computadores.
Sabemos que Deus usou apenas as faculdades mentais dos homens, mas, deixou livre
a sua racionalidade, os seus estilos, atividades, etc...
A Teoria da Inspiração Plena é a que ensina que todas as partes da Bíblia são
igualmente inspiradas. Os escritores foram capacitados pela cooperação vital, e
contínua do Espírito Santo. Os homens escreveram a Bíblia com palavras de seu
vocabulário, porém sob a influência do Espírito, o que escreveram foi realmente a
Palavra de Deus.
Depois de ter sido escrito o último livro do Novo Testamento, a inspiração plena
cessou. Ninguém mais pode dizer inspirado no mesmo sentido dos escritores da Bíblia.
Foi uma inspiração especial para que fosse produzido o Livro dos livros, o Livro de
Deus.
21
8. Provas da Inspiração Divina da Bíblia
Ainda que aceitemos a harmonia e a unidade da Bíblia como prova contundente de
que ela é divinamente inspirada, faz se necessário dar outras provas dessa natureza,
vejamos:
9. A Formação do Cânon
A palavra Cânon vem do hebraico caneh, é de origem semítica e originalmente
significava "instrumentos de medir’’, passou a ser usada para designar a lista de livros
reconhecidos como a autêntica, original, inspirada e autorizada Palavra de Deus,
diferenciando-os de todos os outros livros como "regra’’ de fé.
Bem cedo na história, Deus começou a formação do livro que haveria de ser o meio
da Sua revelação ao homem: Os Dez Mandamentos escritos em pedra, (Ex 31:18, Dt. 10:45),
Deus mesmo escreveu nas duas tábuas e as deu a Moisés como testemunho da aliança
entre Ele e Israel.
a) O Livro Sagrado
Estamos estudando sobre o livro mais importante do mundo. Livro por excelência, o
mais vendido e lido em todo o mundo; o maior best-seller de todos os tempos. Falamos
das Escrituras Sagradas, ele é um manancial de bênçãos para todas as pessoas, sejam:
sábios, leigos, ricos, pobres, raças, tribos, nações e línguas. Todos podem ser22
abençoados e alcançados por este livro maravilhoso.
Para o mudo ele é a boca;
Para o cego a visão;
Para o perdido o caminho;
Para o sedento a fonte de água;
Para o marinheiro a bússola;
Para o viajante o mapa;
Para o enfermo o remédio;
Para o desesperado a esperança;
Para o triste a alegria;
Para o infeliz a felicidade;
Para o condenado a salvação;
Para o prisioneiro a liberdade;
Para os salvos ele é tudo, pois nele que encontramos a Palavra de Vida Eterna, nele
nós encontramos o caminho que conduz ao céu. Nele nós aprendemos a amar ao Deus
Pai, ao Deus Filho, e ao Deus Espírito Santo. É através deste livro que aprendemos que
sem Deus nada podemos fazer. (Jo 15:5).
Um dia estávamos perdidos, mas através deste livro, encontramos o caminho.
Estávamos com sede e descobrimos nele a fonte de água viva. Foi este livro que nos
orientou a buscar respostas certas para todas as nossas dúvidas. Estamos falando da
BÍBLIA SAGRADA. Do vocábulo grego "bíblos", temos o plural "Bíblia’’, que quer dizer livros.
Daí o nome da nossa Bíblia, um sinônimo de Bíblia é "As Escrituras’’, do grego ta "gramata
ou hai graphai" como vemos nos textos:
b) A Estrutura da Bíblia
Os cinco (05) primeiros, os Livros da Lei, são chamados Pentateuco, escritos por
MOISÉS, inspirado pelo Espírito Santo, após tudo já ter acontecido e são eles: Gênesis
(Gn), Êxodo (Ex), Levítico (Lv), Números (Nm), Deuteronômio (Dt).
Josué (Js), Juízes (Jz), Rute (Rt), 1º Samuel (1Sm), 2º Samuel (2Sm), 1º Reis (1Rs), 2º Reis
(2Rs), 1º Crônicas (1Cr), 2º Crônicas (2Cr), Esdras (Ed), Neemias (Nee), Ester (Et).
Jó (Jó), Salmos (Sl), Provérbios (Pv), Eclesiastes (Ec), Cantares de Salomão (Ct).
São assim chamados devido ao seu gênero de seu conteúdo, também chamados
Devocionais.
É a própria Bíblia que nos traz passagens que desenvolvem em nós o desejo a
necessidade de estudá-la.
... "Santificai a Cristo, como o Senhor em vosso coração, estando sempre
preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há
em vós’’ (1Pe 3:15). (esse preparo vem pelo estudo das escrituras).
‘‘Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, e que maneja bem a palavra da verdade" (2Tm 2:15).
"Buscai no livro do Senhor, e lede, nenhuma destas coisas falhará, nem uma, nem
outra faltará, porque a boca do Senhor a ordenou, e o seu Espírito mesmo as ajuntará’’
(Is 34:16).
"A revelação das tuas palavras esclarece e dá entendimento aos simples.’’ (Sl
119:130).
O estudo destes versículos nos conduz a dois pontos importantes que são
- Porque devemos estudar a Bíblia;
- Como devemos estudar a Bíblia. 24
i. Ela é o único manual do crente na vida cristã e no trabalho do Senhor.
O crente foi salvo para servir ao Senhor "Mas vós sois geração eleita, o sacerdócio
real, a nação santa, o povo adquirido, para anunciar as virtudes daqueles que vos
chamou das trevas para sua maravilhosa luz.’’ (1Pe 2:9). Entre as promessas de Deus
àqueles que conhecem devidamente a sua palavra, temos a do profeta Isaías que diz:
"Assim será a palavra que sair da minha boca, não voltará para mim vazia, mas fará o
que me apraz e prosperará naquilo que a designei’’ (Is 55:11).
"Jesus, porém respondeu e disse, está escrito, não só de pão viverá o homem, mas
de toda a palavra que procede da boca de Deus.’’(Mt 4:4).
"Achando as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria
para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, oh! Senhor Deus dos Exércitos.’’ (Jr
15:16).
"Desejai ardentemente como criança recém nascida, o genuíno leite espiritual, para
que por ele, vós seja dado crescimento para salvação.’’ (1Pe 2:2).
Não há duvida que a leitura da Palavra de Deus trás nutrição para o crescimento
de nossa vida espiritual. Ela é tão indispensável à alma, como o pão para o corpo. Nas
passagens citadas ela é comparada ao alimento, porém, este só nutre o corpo quando é
absorvido pelo organismo. O texto de (1Pe 2:2), fala do intenso apetite dos recém
nascidos assim deve ser o nosso apetite pela Palavra de Deus. Bom apetite pela a Bíblia
é sinal de saúde espiritual.
Essas riquezas vêm pela revelação do Espírito Santo "Para que o Deus de nosso
Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda o Espírito de sabedoria e revelação no
pleno conhecimento DELE’’ (Ef 1:17). A pessoa que procura entender a Bíblia somente
através da capacidade intelectual, muito cedo desistirá da leitura. Só o Espírito de Deus25
conhece as coisas de Deus. (1Co 2:10)
b) Como Devemos Estudar a Bíblia
As riquezas da Bíblia são para os humildes que temem ao Senhor, "Pelo que
rejeitando a imundícia e toda superfluidade de malícia, recebei com mansidão a palavra
em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas’’. (Tg 1:21). Quanto maior for nossa
comunhão com Deus, mais humildes seremos. Os galhos mais repletos de frutos são os
que mais se abaixam. É preciso ler a Bíblia sem duvidar do seu ensino, aceitá-lo, praticá-
lo e ensiná-lo. A dúvida ou descrença, cega o leitor. "E ele lhes disse: Oh! Néscios e
tardos de coração para crer em tudo aquilo que os profetas disseram’’ (Lc 24:25).
i. O dia natural, ou seja, o período que há luz, entre os Judeus e os Romanos era
contabilizado em 12 horas. (Jo 11:9), nos dias do Novo Testamento
A hora primeira era as seis da manhã;
A hora sexta era ao meio dia;
A terceira, e a sexta, e a nona hora, eram de oração, e adoração;
Antes da terceira hora os Judeus não comiam, nem bebiam. (At. 2:15).
ii. No Antigo Testamento o dia (período de luz), era dividido em três tempos:
Manhã = 6 às 10 horas.
Calor do dia =10 às 14 horas.
Frescor da tarde =14 às 18 horas.
O dia civil era contado de um por do sol ao outro (Lv. 23:32)
A vida com seus usos, costumes, e leis diferem entre os povos, vejamos alguns
acontecimentos:
i. O juramento com a mão sob a coxa
Significava submissão, obediência, irrestrita. Por isso Abraão exigiu que seu servo o
fizesse antes de buscar Rebeca (Gn 24). E Deus prosperou o caminho deles.
A palavra Sinópticos vem do grego sun, "junto com’’, e ópsis, "visão’’, dando a
entender uma visão conjunta sobre algo, uma visão de um mesmo ângulo. Esse adjetivo
é aplicado aos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas porque seu ponto de vista sobre
a vida de Cristo concorda e é praticamente o mesmo. Um grande fato relatado e serve
de exemplo de sinótico para nós é a passagem da conversa de Jesus com o jovem rico.
Mt 19:16; Mc 10:17; Lc 18:18. Supõem os estudiosos que primeiro foi escrito Marcos e os
demais são cópias, pois dos 661 versículos de Marcos cerca de 600 estão inseridos em
Mateus, e 330 em Lucas. As diferenças são que Mateus escreveu para os Judeus,
Marcos aosRomanos, e Lucas aos Gregos. Obs: O evangelho de João foi escrito para a
igreja, que somos nós.
12. Noções da Geografia na História Bíblica
Geografia Bíblica é a parte da Geografia Geral que estuda as terras e os povos
bíblicos, bem como a matéria de natureza geográfica, contida no texto bíblico, que de
passagem se diga, é de fato, abundante.
BIBLIOGRAFIA
Bíblia Módulo Avançado - 3.0 – SBB
Bíblia – ARA - SBB
Bíblia Sagrada - RC- SBB/1995
LIVRO DA EETAD - ANTONIO GILBERTO - BIBLIOLOGIA
SOMBRAS TIPOS, MISTÉRIOS DA BÍBLIA - CPAD - JOEL LEITÃO MELO
INTRODUÇÃO BIBLICA – PASTOR J. CABRAL
MANUAL DO ESTUDANTE - CPAD
R. N Champlin, Ph.D, J. M. Bentes, ENCICLOPEDIA HISTORIA, FILOSOFIA, TEOLOGIA;
O NOVO TESTAMENTO COMENTANTADO VERSÍCULO POR VERSÍCULO Milenium 29
R. N Champlin, Ph.D, J. M. Bentes, O ANTIGO TESTAMENTO COMENTADO VERSÍCULO POR
VERSÍCULO
McNAIR, S. E. A Bíblia Explicada.
HALLEY, Henry H. Manual Bíblico. São Paulo: Vida Nova.
TOLEDO, Alcino Lopes. Apostilas das Sete Dispensações, Faetel, São Paulo.
BICKEL, Bruce, Guia da Biblia. São Paulo, SP, United Press, 2002
BRUCE, FF. O Cânon das Escrituras. São Paulo, SP, Hagnos, 2011
CARVALHO, A. Vieira. Introdução ao Estudo da Bíblia. São Paulo, SP. Hagnos, 2003
DOCKERY, D.S. (Ed. Geral) Manual Bíblico Vida Nova, São Paulo, SP. Vida Nova, 2001
GOWER, Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos. São Paulo, SP. CPAD, 2013
PACKER, J.I. O Mundo do Novo Testamento, Deerfield, Fl (EUA). Editora Vida, 2002
HILL, Andrew. Panorama do Antigo Testamento, São Paulo, SP. Editora Vida, 2006
TOGNINI, Enéias. O Período Interbíblico. São Paulo, SP. Hagnos, 2009
APOSTILA, Pr. Alcino Lopes de Toledo - www.faetel.com.br (Adaptada)
30
APÊNDICE
Anexo 1
João Ferreira de Almeida
História
Conhecido pela autoria de uma das mais lidas traduções da Bíblia em português, ele
teve uma vida movimentada e morreu sem terminar a tarefa que abraçou ainda muito
jovem. Entre a grande maioria dos evangélicos do Brasil, o nome de João Ferreira de
Almeida está intimamente ligado às Escrituras Sagradas. Afinal, é ele o autor (ainda que
não o único) da tradução da Bíblia mais usada e apreciada pelos protestantes
brasileiros. Disponível aqui em duas versões publicadas pela Sociedade Bíblica do Brasil
- a Edição Revista e Corrigida e a Edição Revista e Atualizada - a tradução de Almeida é
a preferida de mais de 60% dos leitores evangélicos das Escrituras no País, segundo
31
pesquisa promovida por A Bíblia no Brasil.
Se a obra é largamente conhecida, o mesmo não se pode dizer a respeito do autor.
Pouco, ou quase nada, se tem falado a respeito deste português da cidade de Torres de
Tavares, que morreu há 300 anos na Batávia (atual ilha de Java, Indonésia). O que se
conhece hoje da vida de Almeida está registrado na "Dedicatória" de um de seus livros e
nas atas dos presbitérios de Igrejas Reformadas (Presbiterianas) do Sudeste da Ásia,
para as quais trabalhou como pastor, missionário e tradutor, durante a segunda metade
do século XVII. De acordo com esses registros, em 1642, aos 14 anos, João Ferreira de
Almeida teria deixado Portugal para viver em Málaca (Malásia). Ele havia ingressado no
protestantismo, vindo do catolicismo, e transferia-se com o objetivo de trabalhar na
Igreja Reformada Holandesa local.
Dois anos depois, começou a traduzir para o português, por iniciativa própria, parte
dos Evangelhos e das Cartas do Novo Testamento em espanhol. Além da Versão
Espanhola, Almeida usou como fontes nessa tradução as Versões Latina (de Beza),
Francesa e Italiana - todas elas traduzidas do grego e do hebraico. Terminada em 1645,
essa tradução de Almeida não foi publicada. Mas o tradutor fez cópias à mão do
trabalho, as quais foram mandadas para as congregações de Málaca, Batávia e Ceilão
(hoje Sri Lanka). Mais tarde, Almeida tornou-se membro do Presbitério de Málaca, depois
de escolhido como capelão e diácono daquela congregação.
No tempo de Almeida, um tradutor para a língua portuguesa era muito útil para as
igrejas daquela região. Além de o português ser o idioma comumente usado nas
congregações presbiterianas, era o mais falado em muitas partes da Índia e do Sudeste
da Ásia. Acredita-se, no entanto, que o português empregado por Almeida tanto em
pregações como na tradução da Bíblia fosse bastante erudito e, portanto, difícil de
entender para a maioria da população. Essa impressão é reforçada por uma declaração
dada por ele na Batávia, quando se propôs a traduzir alguns sermões, segundo
palavras, "para a língua portuguesa adulterada, conhecida desta congregação."
Ao que tudo indica, esse foi o período mais agitado da vida do tradutor. Durante o
pastorado em Galle (Sul do Ceilão), Almeida assumiu uma posição tão forte contra o que
ele chamava de "superstições papistas," que o governo local resolveu apresentar uma
queixa a seu respeito ao governo de Batávia (provavelmente por volta de 1657). Entre
1658 e 1661, época em que foi pastor em Colombo, ele voltou a enfrentar problemas com
o governo, o qual tentou, sem sucesso, impedi-lo de pregar em português. O motivo
dessa medida não é conhecido, mas supõe-se que estivesse novamente relacionado
com as ideias fortemente anticatólicas do tradutor.
A passagem de Almeida por Tuticorin (Sul da Índia), onde foi pastor por cerca de um
ano, também parece não ter sido das mais tranqüilas. Tribos da região negaram-se a
ser batizadas ou ter seus casamentos abençoados por ele. De acordo com seu amigo
Baldaeus, o fato aconteceu porque a Inquisição havia ordenado que um retrato de
Almeida fosse queimado numa praça pública em Goa. 32
Foi também durante a estada no Ceilão que, provavelmente, o tradutor conheceu
sua mulher e casou-se. Vinda do catolicismo romano para o protestantismo, como ele,
chamava-se Lucretia Valcoa de Lemmes (ou Lucrecia de Lamos). Um acontecimento
curioso marcou o começo de vida do casal: numa viagem através do Ceilão, Almeida e
Dona Lucretia foram atacados por um elefante e escaparam por pouco da morte. Mais
tarde, a família completou-se, com o nascimento de um menino e de uma menina.
Ideias e personalidade
Exemplares destruídos
34
ANEXO 2
AS SETE DISPENSAÇÕES
O dispensacionalismo é uma doutrina teológica com repercussões na escatológica cristã, pois afirma
que a segunda vinda de Jesus Cristo será um acontecimento no mundo físico, envolvendo
o arrebatamento pré-tribulacionista e um período de sete anos de tribulação, após o qual ocorrerá a batalha
do Armagedon e o estabelecimento do Reino Milenar de Jesus Cristo na Terra.
O dispensacionalismo é um sistema interpretativo da Bíblia que divide a sua história em dispensações
(também denominadas épocas, eras ou períodos), que representam distintas interações entre Deus e a
humanidade, a partir de pactos que foram celebrados. De acordo com o dispensacionalismo, cada era do
plano de Deus é assim administrada de uma certa maneira, e a humanidade é responsabilizada como
mordomo durante esse tempo. As pressuposições dos dispensacionalistas começam com o raciocínio
indutivo de que a história bíblica tem uma descontinuidade particular na maneira como Deus reage à
humanidade no desdobramento de seus, às vezes supostos, vontades livres.[1]
A palavra "dispensação" deriva de um termo latino que significa "administração" ou "gerência", e se
refere ao método divino de lidar com a humanidade e de administrar a verdade em diferentes períodos de
tempo.
O sistema pré-milenista dispensacionalista (séc. XIX) é diferente com o Pré-Milenismo Histórico
ensinado na Igreja Primitiva até o quarto século[2].
1. A DISPENSAÇÃO DA INOCÊNCIA
Esta aliança tem seis elementos, onde o homem e a mulher haviam de:
1. Encher a Terra de uma nova ordem - a humana;
2. Subjugar a Terra, para o proveito humano;
3. Ter domínio sobre a criação animal;
4. Zelar do jardim; 35
5. Comer ervas e frutas;
6. Abster-se de comer da árvore da ciência do bem e do mal.
2. A DISPENSAÇÃO DA CONSCIÊNCIA, Gn 3. l
Aliança Adâmica
Enquanto a Primeira Dispensação não teve uma duração muito certa, a Segunda
Dispensação, de “Adão ao Dilúvio”, teve uma duração de 1656 anos, quando deu-se a
Tentação e a queda do homem até Gn 2.
Temos visto muitas coisas boas; porém em Gn 3, a cena muda e o mal aparece. O
tentador, com o aspecto de uma serpente, tenta a mulher e ela comete o pecado da
desobediência, acompanhando-a Adão. Se a serpente era simplesmente influenciada pelo
maligno ou se era uma positiva materialização dele, não sabemos; não resta dúvida 36
porém que Satanás foi a causa original da tentação, Ap 12.9; 20.2. Ao menos, é evidente
que a serpente foi possuída por Satanás e chegou a ser identificada com ele e o mesmo
falou por ela, Gn 3.1,4: “...Diz que a Serpente falou".
Por que Deus fez o homem com a capacidade de pecar? Podia haver criatura moral
sem capacidade de escolher? A Liberdade é um dom de Deus ao homem: liberdade de
pensar, liberdade de escolher, liberdade de consciência e sendo assim, ainda usa essa
liberdade para rejeitar e desobedecer a seu Deus.
Deus não sabia que o homem haveria de pecar? Sim. E Ele previu as terríveis
consequências disso, e também previu seu resultado final. Sofremos e tomamos a sofrer,
e indagamos sem atinarmos porque Deus fez o mundo assim, um dia, porém, depois tudo
tiver chegado à plena realização, nosso sofrimento acabará e todos enigmas se deslizarão,
E assim, desobedecendo, pecaram e trocaram sua inocência por uma consciência
acusadora; sua ignorância por um conhecimento do bem que tinham desprezado e do mal
que não podiam remediar. Tinham agora seus olhos abertos para descobrir o que teria
sido mais feliz ignorar; e, impelidos por um sentimento de vergonha, trabalharam
(inutilmente) para cobrir a sua nudez.
Notamos que Adão e Eva podiam estar tranquilos com os aventais de folhas que
fizeram, enquanto lhes parecia que Deus estava longe. Mas, em vindo o Senhor, logo se
esconderam, sentindo-se, aos olhos divinos, descobertos e envergonhados.
Notamos que a primeira consequência do pecado foi a vergonha que eles tiveram,
ao encontrar-se com Deus, ao ponto de “fazerem aventais”, Gn 3.7. O Todo Poderoso
então fez túnicas de pele de animal, para vesti- los, Gn 3.21.
Aliança Adâmica
A Aliança Adâmica determina a vida do homem decaído, e marca condições
que prevalecerão até a época do reino eterno.
“A própria criatura será liberada do cativeiro da correção para a
liberdade da glória dos filhos de Deus” Rm 8.21.
1a) Abel oferece sangue. Ele mostrou penitência e desejo de aproximar-se de Deus. O
sacrifício foi feito pela Fé nos atributos que ele via em Deus, I Jo 3.12. Devemos
observar que havia uma grande diferença na conduta de Caim e Abel, que era um
homem de fé e obediente ao Senhor, Gn 4.4; Hb 11.4 e Caim, ofereceu dos frutos do
campo que cultivava, demonstrando um espírito de alta confiança, onde temos uma
“Oferta Sem Fé”, movida pela rebelião e pelo desprezo ao Redentor. Deus recebe a
oferta de Abel e Caim revolta-se e mata seu irmão:
“É bom notar que a primeira contenda entre irmãos resultou em ódio, separação e morte”.
2a) Caim. Foi o primeiro a construir cidades e o primeiro a glorificar o nome do homem,
Gn 4.17. Edificou uma cidade e pôs o nome de seu filho, Enoque.
Uma pergunta frequente é esta: “Com quem casou Caim?”. A resposta, por uma
suposição, é esta: com uma irmã dele.
Você talvez vai ignorar este casamento, mas não deve esquecer que a proibição de
casamento com parente próximo, veio só 2.500 anos depois, Lv 18.6. Sabemos que “tais
uniões”, ilícitas para os Israelitas, eram praticadas por outros povos, Lv 18.24. Não
podemos continuar nesta história, pois é muito longa.
A Genealogia de Adão a Noé e suas idades relacionadas:
Adão, 930 anos;
Sete, 912 anos;
Enos, 905 anos;
Cainã, 910 anos;
Maalelel, 895 anos;
Jerede, 962 anos;
Enoque, 365 anos;
Metusalém, 969 anos;
Lameque, 777 anos;
Noé, 950 anos.
Temos aí uma influência do pecado na raça humana. O homem perdendo vida,
saúde e alegria; e hoje o salmista afirma: “que os nossos dias são de 70 anos e se
alguns chegarão aos 80 anos pela sua robustez”. Salmos 90.9,10.
No começo da Dispensarão, colocamos sua duração de 1656 anos. Vamos dividi-
la: Adão viveu 930 anos e Noé, 950 anos; entre a morte de Adão e o nascimento de Noé,
temos 126 anos. Do Dilúvio a Abraão, 427 anos e Noé viveu 600 anos antes do castigo
divino e 350 anos após.
No final da Dispensação da Consciência, os homens estavam em um estado de
iniquidade desenfreada, soltando as rédeas às práticas carnais, isto com exemplos
vividos pela geração passada, resultando em costumes e corrupção do povo
antediluviano. O seu cálice de iniquidade encheu-se; porém o Justo Noé, passou a avisar
seus compatriotas do que poderia acontecer. Foram 720 anos de pregação. Então o
Senhor disse: “Arrependo- me de ter feito o homem na terra e isso pesou no coração”.
Disse o Senhor: “Farei desaparecer da face da terra o homem que criei”, Gn 6.6,7. 38
Um período longo de 1656 anos onde a raça humana havia aumentado muito e o
Senhor destruiu com o Dilúvio, o qual durou l ano e 10 dias. Noé entra na arca no dia 17
do segundo mês, quando tinha 600 Anos, e continuou até o dia 27 do segundo mês, no
ano seguinte, Gn 7.11; SI 1.22.
O que significa a Arca ? Era uma simples e clara figura de Cristo, e um meio de
salvação pelo qual uma geração passou pelas águas da morte, e saiu salva do juízo
divino. Os refugiados na arca escaparam da sorte dos ímpios. Assim Cristo nos salva, por
sua morte e ressurreição, se somos achados mortos nele. Para quem está nele não há
condenação, Rm 8.1.
Noé não esperou o pronunciamento de um juízo. O que ele queria é que sua
família fosse salva por meio da arca, não importando com quem não cria em sua
pregação. Seu dever foi cumprido.
O incidente do Dilúvio é, sem dúvida, o exemplo clássico de Juízo Divino e, por
isso, deve ser aceito como o tipo e ensino do Espírito Santo
sobre o assunto. Lemos que juízo é uma obra estranha de Deus, Is 28.21. Significa que é
diferente de falar que Deus é amor, paz, alegria, prazer e misericordioso.
ALIANÇA NOÉTICA
Esta Dispensação durou 427 anos, desde o tempo do Dilúvio até a Dispersão do
homem sobre a superfície da Terra, Gn 10.35; 11. l O-19.
O homem fracassou inteiramente e o julgamento do Dilúvio marca o fim da
Segunda Dispensação e o começo da Terceira. A declaração da aliança com Noé sujeita a
humanidade a uma prova: “o homem é essencialmente responsável pelo governo do
mundo, de acordo com a vontade de Deus”. Essa responsabilidade pesou sobre os judeus
e gentios, até que o fracasso de Israel sobre a Aliança da Palestina, Dt 28-30.1-10,
resultou no julgamento dos cativos quando começaram “os tempos dos gentios”, Lc
21.24. O governo do mundo passou definitivamente para os gentios, Dn 2.3 6-45; At 39
15.14-17, e Israel, como os Gentios, tem governado para si e não para Deus.
Neste trecho de Noé e seus descendentes, contém alguns pontos que pedem a nossa
atenção: a bênção e a promessa de Deus, o pacto que fez com Noé e com toda a alma
vivente. O arco-íris, Gn 9.12,17. Alguns pensam que antes do Dilúvio, nunca houve
chuva, Gn 2.6. Ezequiel teve
uma visão, Ez l .28: “Como o aspecto do arco que aparece no dia da chuva,
assim era o aspecto do resplendor em redor. Este era o aspecto da semelhança da glória
do Senhor; e, vendo isto, caí sobre o meu rosto, e ouvi a voz de quem falava”.
Em Gn 9.21, lemos sobre a embriaguez, de Noé que nos faz ver que até um
homem ricamente abençoado por Deus pode ser vencido por pecados carnais.
De passagem, notamos o procedimento correio de Sem e Jafé, que em tempos
remotos tiveram um sentimento moral tão desenvolvido como o dos mais ilustrados de
hoje.
Notamos também, como a maldição caiu sobre Canaã, o filho mais moço de Cão, e
não sobre seu pai, e desde então os Cananitas foram adversários do povo de Deus, até
serem totalmente extintos da Terra, Is
17.18. Se a Bíblia não tivesse registrado: a embriaguez de Noé; o adultério de Davi e a
mentira de Pedro, estaríamos imaginando que os homens piedosos do passado eram
diferentes de nós mesmos, pois temos tido nossos lapsos na senda da retidão.
Verificamos que tal falha não nos autoriza cairmos no mesmo delito, porque deles já
temos a história e o aviso: “Olha, Não Caia”.
Quatro Raças originaram-se dos quatro filhos de Cão. Essas por sua vez
subdividiram depois, povoaram as terras da África, da Arábia Oriental, da Costa Oriental
do Mar Mediterrâneo e do grande Vale dos rios Tigre e Eufrates.
Descendentes de Noé:
a) Jafé: zona Norte das nações e as proximidades dos mares Negro e Cáspio: as raças
caucásicas da Europa e Ásia.
b) Cão: zona Sul das nações, a Arábia Meridional e Central, o Egito, a costa oriental do
Mediterrâneo e a costa oriental da África. (Canaã, filho de Cão).
c) Sem: zona central das nações. Os semitas incluíam os judeus, assírios e sírios, na parte 40
Norte do vale do Eufrates. A Aliança com Noé, Gn 9.1-17:
1) Confirmação de que o homem seria relacionado à terra, conforme a Aliança
Adâmica,Gn 8.21;
2) Confirmação da ordem da natureza, Gn 8.22;
3) Estabelecimento do governo humano, Gn 9. l -6;
4) Garantia de que a Terra não sofreria outro Dilúvio, Gn 8.21; 9.11;
5) Declaração profética de que procederia de Cão uma posteridade inferior e serviçal,
Gn 9.24.25;
6) Declaração profética de que haveria uma relação especial entre Jeová e Sem,
Gn9.26.27,
7) Declaração profética de que de JAFÉ procederiam as “raças dilatadas”, Gn 9.27. Os
governos, as ciências e as artes têm provido, geralmente, de descendentes de Jafé; assim
a História tem confirmado o exato cumprimento dessas declarações.
A Torre de Babel, Gn 11
Neste capítulo do Gênesis encontramos o começo da confederação e do
engrandecimento humano. E Deus desaprovou essa confederação: impediu o projeto de
se fazer uma alta torre que tocasse no “céu”. É interessante confrontar com este começo o
desenvolvimento de confederações humanas de hoje e a multiplicação de nomes
partidários.
A Descendência de Sem.
Vemos que a posteridade abençoada por Deus nem sempre seguiu pela linha do
primogênito. Arpachade era o terceiro filho de Sem, Gn 10.22, e não o primeiro.
Em Gn 5, vemos que as idades dos patriarcas vão quase sempre diminuindo.
Porventura seria licito entender que os anos eram, no princípio, mais curtos do que
atualmente7 Somente assim poderemos compreender o caso de um homem esperar uns
100 anos antes de nascer- lhe um filho.
A Chamada de Abraão, Gn 12.
A chamada de Abraão e as promessas que Deus lhe fez.
Podemos estudar neste capítulo:
a) A escolha divina. Deus escolheu Abraão e isto importa conhecimento, aprovação,
confiança, preparação para o fim destinado;
b) O plano de (mediante o escolhido de Deus) abençoar muitos povos;
c) A proteção divina – “amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”;
d) A chamada divina - uma chamada positiva, individual, imperativa;
e) A Revelação Divina – “apareceu o Senhor a Abraão”;
f) A Promessa Divina – “à tua descendência darei esta terra”.
A chamada é descrita em At 7.2,3, a resposta, em Hb 11.8.
Abraão desce ao Egito, Gn 12.10.
Isto nos parece um desvio da senda da fé, pois aí Abraão perde a sua confiança na
proteção de Deus e pretende valer-se de um subterfúgio para evitar o ciúme do rei da
terra. Contudo, Deus o protegeu sem que ele esperasse.
Sete coisas neste desvio de Abraão, notemos:
1) Agiu sem consultar a Deus, Gn 12.10;
2) Escolheu seu destino, confiando na própria inteligência, Gn 12.10; 41
3) Valeu-se da duplicidade, para conseguir seu propósito, Gn 12.13;
4) Perdeu de vista a perspectiva e o plano de sua vida, Gn 12.2,12;
5) Sua astúcia parecia alcançar bom êxito, Gn 12.14,15;
6) Achou-se mais tarde enlaçado na trama que ele mesmo fizera, Gn 12.18,
7) Foi censurado por um rei pagão, e mandado para sua própria terra, Gn 12.18-20.
ALIANÇA ABRAÂMICA
Começa aqui a História da Redenção. Dela surge uma ideia vaga pelo tempo,
Gn 3.15. Agora, 1963 anos após a criação e a queda do homem, ou seja 427 anos após o
Dilúvio, num mundo que desenfreadamente aderiu-se a idolatria e a maldade. Foi aí que
houve por objetivo a recuperação e a redenção do gênero humano.
A duração desta Dispensação foi de 430 anos, considerada a Dispensação da
Promessa, que terminou quando Israel tão facilmente aceitou a Lei, Êx 19.8. A Graça
tinha oferecido um Libertador (Moisés), um sacrifício para o culpado, e, por divino
poder, libertado Israel da escravidão, Êx 19.17, mas no final trocaram a Graça pela Lei.
Separação Para Deus.
Agora Abraão volta do Egito e vira o rosto para a Terra Prometida. Sua vida de
peregrinação é caracterizada por Três Coisas: a Tenda; o Altar e o Poço. Nada lemos
sobre altar no Egito.
As riquezas que Abraão e Ló acumularam no Egito, foram a causa de contenda e
separação, porém Abraão tinha uma confiança em seu Deus. Por isso, deixou que Ló
escolhesse primeiro para onde iria. A confiança na proteção Divina faz. com que o
homem fique desprovido de qualquer dúvida.
Em Gn 14, é mencionado pela primeira vez. o termo Reis. Dois reis encontram- se
com Abraão em sua volta vitoriosa: o de Sodoma e Melquisedeque (Tudo que sabemos
que está neste capítulo, no (Salmos 110 e Hb 5,6 e 7). Ele é também o primeiro
Sacerdote mencionado na Bíblia: um Sacerdote Real e por isso uma figura do Senhor
Jesus Cristo. Também aqui pela primeira vez, lemos sobre “O Deus Altíssimo”.
Depois da divina bênção, pronunciada por Melquisedeque, vem a tentação material
por parte do rei de Sodoma.
Há um ditado, que diz: “Cada homem tem seu preço”, porém um homem como
Abraão não pode ser comprado por um rei mundano, como este de Sodoma.
E na volta de Abraão da matança dos reis que a misteriosa figura de
Melquisedeque aparece. Ele vem ter com Abraão, traz-lhe pão, vinho e o abençoa;
Abraão dá-lhe o dízimo de tudo.
Tanto se fala deste incidente no NT, que devemos estudá-lo.
1) Por ser ele o Primeiro Sacerdote mencionado na Bíblia, tem sido escolhido pelo
Espírito Santo como tipo de Cristo, um Sacerdote maior.
2) Ele era Rei e também Sacerdote. Rei de Salém (da paz) e seu nome significa “Rei da
Justiça” Cl 6.12,13; Hb 7.2;
3) Assim, no Salmos 110.4 está escrito de Cristo: “Tu és Sacerdote para sempre, 42
segundo a ordem de Melquisedeque”;
4) Não há alguma menção de seu pai ou de sua mãe, do seu nascimento ou morte; por
isso é tomado em Hb 7.3, como um tipo de Cristo: O Sacerdote Eterno.
Para estudar o assunto mais detalhadamente, é preciso ler com cuidado
Hb 5.7.
Abraão tinha 90 anos quando Sodoma foi destruída. Contava com 100 anos
quando nasceu Isaque e tinha 137 anos quando Sara morreu. Em seguida, casou-se com
Quetura, com quem teve seis filhos; morre com 175 anos de idade.
Em Gn 18, deparamos com o aparecimento de três visitantes celestiais que falaram
com Abraão com aparência de seres humanos: "três varões e dos três um era o Senhor",
Gn 18.1-3; Mc 16.5; Jo 5.13. Um acontecimento interessante é quando dois anjos seguem
para Sodoma, e Abraão começa a fazer sua célebre intercessão ao terceiro. Esta é a
primeira grande oração intercessória registrada na Bíblia.
3) O êxito da oração de Abraão. Não obteve tudo o que desejava, mas alcançou
tudo o que Sodoma tomou possível, (leia Jr 5. l.)
Salvação de Ló e a Destruição de Sodoma
Notamos que os varões, em Gn 18.2, são anjos. Em Gn 19.1, Ló parece ser tão
hospitaleiro quanto Abraão.
1°) Certeza da Palavra Divina. Para agirmos em algum sentido contrário ao sentimento
natural, ao procedimento comum, aquilo que nossas convicções e as dos vizinhos
aprovam, precisamos ter uma palavra de Deus mui positiva, que não admita dúvidas;
2°) Falta de Explicação. O mandado divino não trouxe consigo um “porquê”;contudo,
havia um raio de luz nas palavras "a quem amas", revelando que Deus não estava
esquecido da forte afeição natural de Abraão para com Isaque;
3°) A Completa Confiança de Abraão. Isto nos faz pensar nas palavras de Jó:
“Ainda que me mate, nele esperarei”, Jó 13.15. A explicação dada em Hb 11.18, é
que Abraão “considerou que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar (a
Isaque)”;
4°) O Conhecimento de Deus. Fruto de longos anos de experiência da divina proteção e
bondade, progrediu até que, afinal, Abraão podia obedecer a Deus cegamente;
5°) A Submissão de Isaque a Vontade do Pai. Um belo tipo da obediência de Cristo até a
morte;
6°) A Palavra Profética De Abraão. Disse Abraão: “Deus proverá para si o cordeiro”.
Também havia um sentido profético no nome que Abraão deu ao lugar: Jeová-Jireh: "O
Senhor proverá". Em Jo 8.56, permite pensar que ele tinha alguma vaga previsão do
"Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo";
7°) A Lição da Substituição. O carneiro “travado pelas suas pontas num mato”, e veio a
ser o substituto do moço; e quantos seres humanos desde o tempo de que Isaque têm dado
graças a Deus por Ele ter “fornecido um substituto”
8°) A maneira maravilhosa como Deus operou em Abraão, uma semelhança a si
mesmo. Num dia futuro Deus havia de ceder seu Filho, em sacrifício pelo pecado, Mas
então não haveria outro cordeiro para tomar o lugar dele: “Nem mesmo a seu próprio
filho poupou, antes o entregou por todos nós”, Rm 8.32.
A obediência de Abraão era agradável aos olhos de Deus; por isso o mandamento
foi dado. “A morte de Isaque não teria sido agradável a Deus, visto que o ato da matança
foi impedido”. No Monte do Senhor se Proverá.
1. Era um homem de idade e pessoa de confiança. É bem possível que Abraão não
tivesse outro a quem pudesse confiar uma tarefa tão delicada; 45
2. Era um homem prevenido. Levou consigo tudo o que era necessário para o bom êxito
de sua missão;
3. Era um homem cauteloso. Pediu um sinal, uma coisa que nem sempre é preciso, e
que o Deus misericordioso às vezes fornece;
4. Era um homem piedoso. Orou a Deus pelo serviço que havia de fazer;
5. Era um homem eloquente. Quando precisava falar do seu Senhor;
6. Era um homem pontual. E não quis perder tempo, Gn 25.54.
Eliézer é o servo Modelo.
1. Não vai sem ser mandado, Gn 24.2-9;
2. Vai para onde o mandam, Gn 24.4,10;
3. Não se preocupa com outra coisa;
4. Ora e dá graças, Gn 24.12,14,26,27;
5. É sábio para persuadir, Gn 24.17,18,21;
6. Fala, não de si, mas das riquezas do amo, e da herança do filho, Gn 22.34-36;
At l.8,7. Apresenta o caso sem equívoco e requer uma decisão positiva, Gn 24.49.
Eliézer enfeita a noiva com as jóias da casa paterna, mesmo antes
dela iniciar a viagem. O Espírito Santo procura enfeitar a Igreja com as lindas regalias
da casa do Pai, antes dela ser arrebatada, Gn 24.53.
Isaque saiu a orar (meditar sobre o falecimento de sua mãe no campo), Gn 24.63; talvez
por falta de sossego necessário na tenda, ali mesmo levanta os olhos e vê chegando
Eliézer vindo de regresso.
Na oração solitária podemos ver coisas maravilhosas.
5. A DISPENSAÇÃO DA LEI
ALIANÇA MOSAICA
A Dispensação da Lei teve uma duração de 1.430 anos: do “Êxodo do Egito” até
a “Crucificação de Cristo”.
Para estudarmos este livro, onde começa a Quinta Dispensação, vamos
verificar as importantes revelações de Deus, a saber:
Neste momento. Deus chama-o a um Concerto mais sério, e passa-lhe uma nova lição:
Os Dez Mandamentos
TABERNÁCULO
Nota:
1. O Tabernáculo simboliza: Israel aproximando-se de Deus;
2. Tipificou a obra redentora de Cristo para trazer os pecadores a Deus.
6. A DISPENSAÇÃO DA GRAÇA
1°. Mt 19.28
2°. Hb 2.7 3°. Lc 2.27 4°. Mt 13.55-57 5°. Lc 4.2-8 6°. Is 53.1-6 7°. G13.13
A Nova Aliança
Tal qual Moisés foi mediador da aliança mosaica, assim Cristo é o Mediador da
Nova Aliança, Hb 8.6; 9.15; 12.24. Com o aparecimento de Cristo, a Antiga Aliança
terminou, como Paulo afirma em Rm 10.4; Gl
3.19. Novamente apareceu Ele celebrando a Ceia com os discípulos, conforme registra
Lc 22.20 e I Co 11.25. “Ele disse: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue”, Mc
14.24.
A Graça não dispensa ordenação pois há l .050 mandamentos no NT; mas, ao
contrário da Lei, ela dá poder ao homem para cumpri-los. A palavra Graça aparece 166
vezes na Bíblia e tem um valor inestimável.
Verifique 10 citações da palavra Graça, com referências: Ef 2.8,9; At. 4.33; 18.27;
Tt3.7; Rm5.20; 15.15; I Co 15.10; Gl 1.15; Cl 3.16; II Tm2.1.
Esta mesma Graça atua na formação da Igreja desde a fundação do mundo e já existia na
mente de Deus:
7. A DISPENSAÇÃO DO MILÊNIO
ALIANÇA MILÊNICA
O plano redentor de Deus para com o homem termina com o cumprimento dos mil
anos de paz sobre a Terra, que serão seguidos do Juízo Final e a volta à eternidade. Jesus
Cristo descerá pessoalmente a terra e será REI. Ele denominou esta Dispensação de
“Regeneração”, Mt 19.28; é também chamada de “Tempo de_ Restauração”, At 3.20,21. 50
A juntura destes “Séculos”, presente e vindouro, forma um nítido exemplo de
sobreposição das Dispensações, isto é, às vezes, a um tempo transitório entre um tempo e
outro.
Sua duração, o próprio título indica, terá mil anos', seu início se dará com a
manifestação (Parousia) de Cristo na segunda etapa de sua segunda vinda a terra, Ap
19.11-21, e findará com a instalação do grande Trono Branco, Ap 20.11-15.
O próprio Cristo voltará literalmente a terra, onde Ele esteve durante 33 anos e
pessoalmente reinará sobre a mesma por um espaço de 1.000
anos, e terá ao seu lado a SUA IGREJA. Ela voltará dos céus para onde foi levada no
Arrebatamento.
O Plano de Deus para com o mundo é fazer “Convergir” nele (em Cristo), na
Dispensação e na plenitude dos tempos, Ef 1.10.
Havendo efetuado a redenção dos homens pelo seu sangue derramado na cruz, e
Deus no século vindouro mostrará a suprema riqueza de sua graça.
A SEDE DO GOVERNO
A capital do mundo não será Washington, Londres, Tóquio e nem Paris, mas, sim,
Jerusalém, a desprezada cidade tantas vezes pisada pelos exércitos invasores. Ela será
totalmente restaurada, vindo a realizar-se a visão do salmista que disse:
“Grande é o Senhor e mui digno de ser louvado, na cidade do nosso Deus”. Seu
santo monte, belo e sobranceiro, é a alegria de toda a terra; o monte de Sião, para
os lados do Norte, a cidade do grande Rei. Nos
palácios dela. Deus se faz conhecer como alto refúgio. SI 48.1-3; Is 2.2-4.
BIBLIOGRAFIA
OLSON, Nelson Lourenço. Plano Divino Através dos Séculos.
52
53