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Texto 

de Apoio                                                                                       O Plantador e o Fator Liderança

Liderança com Excelência


Aubrey Malphurs

Uma forte liderança de servo1

O fato de que 80% das igrejas nos EUA estarem no seu platô, ou em declínio, mostra que
estamos enfrentando uma crise muito séria na área de liderança. De fato, o problema existe por
causa de um vácuo de liderança na igreja. No prefácio do livro de Robert Clinton The Making of a
Leader (A construção de um líder) Leighton escreve o seguinte:

Liderança é o tópico mais importante em muitas agendas, hoje em dia, seja na política, nos
negócios ou na igreja. Em parte, isto é devido à percepção de um vácuo na liderança. Nesta
questão, John Gardner aponta que na época em que os EUA foram formados, a população não
passava de 3 milhões. Estes 3 milhões produziram, pelo menos, 6 grandes líderes: Washington,
Adams, Jefferson, Franklin, Madison e Hamilton. Hoje, a população americana é de 240 milhões e
deveria produzir 8 vezes mais líderes. Mas, “Onde eles estão?”, pergunta Gardner.
Numa recente convenção da Associação Nacional de Evangélicos, o presidente da universidade
George Brushaber falou sobre a falta de uma geração de jovens líderes prontos a assumir
posições de pioneirismo no meio evangélico, nos anos pós-segunda guerra mundial.
Minhas próprias pesquisas e viagens têm me levado a crer neste fenômeno mundial. Porém, eu
ainda creio que há um grupo de homens e mulheres abaixo dos seus quarenta anos de idade que
estão emergindo em liderança ao redor do mundo.

Há uma necessidade urgente do cultivo da liderança espiritual, e uma visão sobre a Grande
comissão é vital a toda e qualquer igreja, pois lhe provê um senso de direção. Mas, é necessário
excelência na liderança para implementar esta visão. É fácil ficar entusiasmado com a idéia do
que Deus tem reservado para o século 21. O desafio, porém, reside em preparar uma nova
geração para liderar com excelência sustentada.
O que é vital para a igreja atual, e, em particular, para a plantação de igrejas é um forte líder-
servo. Mas, o que é um líder-servo?

Um Líder

Líderes cristãos são pessoas piedosas (Caráter) que sabem para onde estão indo (visão) e têm
seus seguidores (influência).

1 Texto extraído do Livro Planting Growing Churches for the 21th Century – de Aubrey Malphurs - Traduzido por

Sonia Agreste

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Caráter

Caráter piedoso é o fundamento para qualquer liderança. É o elemento essencial que diferencia o
líder cristão dos outros. É o que ganha o respeito das pessoas e produz confiança, o fator crucial
em todos os relacionamentos. Um líder deve ser confiável, para ser seguido. Uma vez que o
caráter é a base para o ministério, se algo errado acontece ali todo o ministério irá sofrer. Mas, o
que é o caráter piedoso, e como é desenvolvido?
Em relação a caráter, devemos focar primeiramente na motivação.

A motivação de um plantador de igrejas. Paulo, um plantador do primeiro século, deu-nos seus


motivos em I Ts 2:2-6. O primeiro motivo era espalhar o evangelho. Paulo ousou pregar aos
Tessalonicenses apesar de muita oposição. Em I Co 9:16, afirma “Ai de mim se eu não pregar o
Evangelho!” Plantadores de igrejas devem ter um forte desejo de ver pessoas perdidas recebendo
Jesus como salvador, pela fé, através do seu ministério.

O segundo motivo era o de agradar a Deus (Vs 4). É a Deus, e não às pessoas, que deveremos
prestar contas. Devemos servir de tal forma que possamos ouvir aquelas palavras, algum dia:
“Muito bem, servo bom e fiel!”.

O terceiro motivo é dizer às pessoas o que elas necessitam ouvir (vs 5). Paulo era cuidadoso em
dizer às pessoas não apenas coisas que elas queriam, mas o que elas necessitavam ouvir.
Futuros plantadores de igrejas podem esperar muitas criticas quando tiverem que dizer o que as
pessoas necessitam ouvir, e se preparar para quando isso acontecer.

O quarto motivo é o desejo de servir a Deus (Vs 5). Plantar igrejas não é algo que se faz com
benefício próprio. Em algum ponto de seus ministérios, os plantadores são levados a fazer a
pergunta de Pedro (Mt 19:27b): “Nós deixamos tudo para seguir-Te, que será de nós?” A resposta
do Salvador, no restante do cap. 19 é que o Pai tem grande prazer quando nós o servimos sem
esperar recompensa pessoal. Quando isso acontece, entretanto, Ele nos abençoa além das
nossas expectativas.

O último motivo é a Graça de Deus em Cristo Jesus e o que Ele fez na cruz (Vs 6). Plantar igrejas
não é feito para vanglória. O louvor da nossa própria glória alimenta a nossa auto-estima e nos dá
uma sensação de significância. Se realizarmos nosso ministério porque almejamos ganhar o
louvor dos outros, estaremos em direção a uma queda, porque nosso valor e nossa significância
repousam na Graça de Deus, não no que nós temos feito como plantadores.

O caráter do plantador. Paulo não somente alista os motivos de um plantador de igrejas, como
também relata certas qualidades de seu caráter, em I Ts 2:2-8.
No verso 2, Paulo afirma que o plantador de igrejas é corajoso. Plantar igrejas não é um projeto
fácil, embora seja estimulador. Haverá momentos em que o plantador poderá ser atacado e até
mesmo insultado. São necessários homens e mulheres de coragem, que não temem correr riscos
e que dão passos em fé e obediência ao Salvador. É espiritualmente refrescante ler Hb 11 que
contém uma galeria de bravos personagens de fé, os quais confiaram em Deus nos tempos de
adversidade.

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Outra qualidade que Paulo aponta no verso 2 é resistência. Paulo não era alguém que desistia
logo. Apesar de todas as perseguições e do ceticismo, houve momentos em que ele experimentou
grande depressão e desencorajamento. Teria sido muito mais fácil desistir. Porém, ele estava
determinado a perseverar, sabendo que as circunstâncias iriam mudar com o tempo e que ele iria
ser abençoado se resistisse mais um pouco.

No verso 3, Paulo alista três qualidades de caráter de uma pessoa íntegra: irrepreensível, puro na
motivação e honesto. Paulo era um homem que possuía integridade e autenticidade. Seu caráter
era semelhante ao de Cristo. Ele compreendia que se houvesse algum problema nessa área do
seu caráter toda a causa de Cristo iria sofrer. Assim como no primeiro século, hoje também
devemos ser homens e mulheres que falam e vivem o que entendem ser a verdade, apresentando
um espírito de pureza e integridade. O cristianismo nos anos 80 e 90 foi afetado por aqueles que
professaram o Salvador publicamente, mas apresentaram falta de caráter irrepreensível, de
pureza e de honestidade.

As suas últimas qualidades de caráter são gentileza e afeição. No verso 7, Paulo se compara a
uma carinhosa mãe. Isto é importante porque balanceava seu temperamento altamente D, isto é,
empreendedor, que tende a ser mais tarefa-orientado do que pessoa-orientado. No verso 8, ele
conta às pessoas sobre o seu amor por elas. Apesar de ser um líder muito forte, que faz as coisas
acontecerem, ele era cuidadoso, um líder amoroso que constantemente relembrava seus
liderados o quanto ele os amava. É surpreendente o quanto as pessoas são capazes de realizar
quando reconhecem que são amadas.

Como podemos desenvolver um caráter de piedade? Se plantadores de igreja não levarem isso a
sério, então é melhor que nem considerem esse tipo de ministério. Há várias fontes que podem
nos ajudar no desenvolvimento do nosso caráter.

No livro Too Busy Not To Pray, Muito ocupado para não orar, Bill Hybels conta sobre sua luta
espiritual e de como Deus o tem ajudado a crescer e amadurecer como um líder cristão. Ele
argumenta sobre diversas áreas de tempo devocional (adoração, confissão, ações de graça, e
suplicas) Considerando que somos pessoas únicas, você pode querer aplicar isso à sua realidade.
Por exemplo, eu descobri que somente depois que eu me conscientizo das bênçãos de Deus,
através de ações de graça, é que geralmente sou levado a assumir compromissos com Ele em
termos de serviço.

Outra fonte que pode ajudar na construção do nosso caráter é o livro de Dallas Wilard: o Espírito
das Disciplinas. À luz do desafio de Paulo em I Tm 4:7, este livro é útil em mostrar aos lideres
como se disciplinarem para alcançarem piedade em seu caráter. Particularmente, em duas áreas:
abstinência (solitude, silêncio e sacrifício) e engajamento (confissão, celebração, estudo e
submissão).

Willard tem nos prestado um grande serviço ao restaurar as disciplinas ao seu devido lugar na
formação espiritual. Em geral, o cristianismo evangélico reagiu demais contra o monasticismo e
seus excessos, de tal modo que viveu o que o provérbio popular diz: jogou o bebê fora junto com
a água suja. Quando observamos mais atentamente, descobrimos que o movimento monástico

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em geral tem muito a oferecer para nossa formação espiritual. Willard contribuiu grandemente
para resgatarmos este aspecto critico do movimento.

Visão

A visão desobstruída dos líderes diz onde eles estão indo e ao mesmo tempo alimenta a
motivação que necessitam para chegar lá.

Visão de Ministério Pessoal

Uma visão específica de cada líder determinar a direção futura do ministério dentro do corpo de
Cristo. O processo, portanto, se dá da seguinte maneira: 1. avaliação para descobrir o tipo de
visão, 2. desenvolvimento dessa visão, 3. estabelecimento de um programa ou uma estratégia
para alcançar a visão ministerial.

Visão de ministério Organizacional

Visão institucional ou organizacional relaciona-se diretamente a uma organização em particular.


Uma vez que os líderes tenham determinado sua própria visão pessoal de ministério, torna-se
extremamente importante que se identifiquem com um ministério organizacional que tenha uma
visão significativa intimamente ligada à sua visão pessoal. O alinhamento dessas duas partes irá
influenciar diretamente a eficácia em longo prazo do líder no ministério.

Influência
Uma terceira característica da liderança é a influencia. Não é apenas importante, como é afetada
pelo caráter e pela visão.

A importância da influencia

A maioria das definições de liderança, tanto no meio secular como cristão, incluem conceitos de
influencia. Um exemplo no meio cristão é a definição de Chuck Swindoll, que diz, “Correndo o
risco de simplificar demais, irei resistir a uma definição longa e rebuscada e descreve-la em
apenas uma palavra. A palavra Influencia. Se você me permitir duas palavras – influencia
inspiradora.” Mais tarde, ele explica: “Aqueles que realizam o trabalho de gerenciamento da
melhor maneira possível – os lideres bem sucedidos – usam sua influência para inspirar outros a
segui-lo, a trabalharem pesado, a se sacrificarem, se necessário.” Apesar de haver uma confusão
entre gerenciamento e liderança, Swindoll corretamente descreve a importância da influencia na
liderança.

Bons líderes possuem uma influencia poderosa nas pessoas. Eles são como ímãs a atraírem
pessoas. Quando olham ao seu redor, vêem pessoas por todos os lados. Aqueles que insistem
serem lideres, mas não possuem seguidores, não são lideres coisa nenhuma.

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A Chave da influência

A chave para estabelecer influência nos outros é o caráter e uma visão significativa (pessoal e
institucional). Piedade e santidade têm grande poder de atração. Tome como exemplo o ministério
do nosso Salvador. Em João capitulo 1, os discípulos parecem ter sido atraídos a ele. Por
exemplo, no verso 37, João o batista introduz Jesus a Pedro e outros discípulos, e como resultado
disso, eles passam a segui-lo. No verso 38, Jesus olha ao seu redor e os observa. No verso 43,
ele simplesmente diz a Felipe: Siga-me, e Felipe responde sem hesitação.
Pessoas que são capazes de comunicar claramente sua visão ministerial também irão atrair
outros. Há algo interessante nesses lideres que sabem para onde estão indo. Parecem ter
adquirido um senso de propósito na vida que geralmente intriga e atrai aqueles que não estão
certos de qual caminho seguir.
Quando a piedade e a visão combinam-se numa mesma pessoa, ela se torna capaz de influenciar
muitas outras. É a isto que Swindoll se refere. Quando a essas duas características juntam-se
outras qualidades, tais como liderança natural, uma comunicação articulada, o resultado é uma
liderança poderosa e inspiradora.

Um Líder Forte

Plantadores de igrejas não somente devem ser lideres como devem ser lideres fortes. Uma das
razoes pelas quais muitas igrejas americanas estão lutando nos dias de hoje é porque os pastores
não estão exercendo uma forte liderança.

O problema da co-liderança
Um problema de liderança enfrentado por muitos pastores esta relacionado com a liderança leiga.
Na maioria dos casos, as comissões de liderança ganham batalhas e conduzem os membros das
igrejas a um consenso. O resultado disso é que muitas vezes o pastor fica renegado a apenas
mais um líder na igreja, ou ainda pior, a um empregado que deve seguir as ordens que vêem da
diretoria. Esta é uma reclamação muito freqüente da parte de muitos pastores. Mas, como
chegaram a essa situação, e quais são as conseqüências?

A evolução histórica

Há, pelo menos, 3 fatores que influenciaram fortemente a liderança leiga nos comitês das igrejas.
A primeira é a reação por boa parte dos americanos aos regimes totalitaristas que oprimiam
pessoas durante a segunda Guerra Mundial. Exemplos tais como Adolph Hitler, na Alemanha
Nazista, Idi Amin em Uganda, e o Ayatollah Khomeni no Irã. A combinação desses fatores junto
com as indulgências financeiras e sexuais de lideres tais como Jim Bakker e Jimmy Swaggert
criou uma tendência anti-autoritarismo em toda a América, especialmente em relação a pastores.
Consequentemente, a idéia de seguir a um líder isolado causa temor a muitos na igreja
americana.

O modelo capacitador é um outro fator. Peter Wagner descreve que este modelo se levantou e
tornou-se popular em muitos seminários porque enfatizava o papel servil dos pastores e sua
necessidade de treinar leigos para o ministério. Isso soa bastante bíblico. Mas, há outro lado
nesse modelo, que se tornou desastroso. Lyle Schaller, personificando um líder leigo descontente,

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escreveu: “Nós convocamos um ministro que se auto intitulava como capacitador, e nos
desapontamos. Descobrimos que a palavra capacitador era sinônima de uma pessoa sem
iniciativa, sem chamado, sem garra, sem coragem de assumir as responsabilidades de um líder.”
O problema é que esta visão perdura ate hoje nos seminários.

Um terceiro fator é o Movimento Renovado da Igreja das décadas de 60 e 70, que enfatizava o
envolvimento leigo na liderança, nos ministérios e na adoração na igreja local. Novamente, quem
pode questionar isso à luz de I Cor 12 e Ef 4:11-12? Entretanto, a partir dessa idéia emergiu outra
idéia de que os leigos é que deveriam dirigir a igreja. Consequentemente, muitos pastores
entregaram sua autoridade de liderança aos presbitérios e diáconos e assumiram posições
laterais ou sob a autoridade deles.

O resultado

Alguém já disse: “A prova do pudim está no sabor final” Certamente, esta é uma verdade também
no caso da liderança leiga. Essencialmente, o controle dos leigos sobre a liderança da igreja
resultou em barreiras poderosas que minaram as boas lideranças pastorais.
O argumento de que a liderança leiga é crucial para a renovação da igreja provou ser incorreto. A
maioria das igrejas pertencentes ao Movimento de Renovação está em declínio e com uma
participação leiga muito precária nos ministérios, com exceção da participação nos comitês que
exercem o poder, tais como os conselhos de oficiais.

Por quê? A razão é porque os pastores continuam sendo mais qualificados para liderar, na maioria
dos casos. Não porque são mais espirituais ou mais inteligentes que os leigos, mas porque têm
dois fatores a seu favor: tempo e treinamento.

Essencialmente, os pastores mergulham no ministério em tempo integral. Uma semana típica


consome de 50 a 60 horas de trabalho deles, ou mais. Que diferença isso faz?

Como Pastor de tempo integral, eu estou imerso no ministério do dia-a-dia da Igreja. Ao contrario
de qualquer um dos membros do meu conselho, eu fico pensando sobre nossos problemas e
oportunidades em todo o tempo. Eu tenho o tempo necessário de planejar, orar, aconselhar e
resolver problemas.
Para liderar, uma pessoa precisa conhecer a sua organização como um todo, como as partes se
encaixam e como cada uma delas irá ser afetada com mudanças. E isso requer tempo, muito
tempo. Nem mesmo em igrejas pequenas isso pode ser feito com tempo parcial. Numa igreja com
um grupo de trabalho variado, afirma Lyle Schaller, é necessária uma jornada de 50 a 60 horas
por semana.
Não que nosso grupo de líderes seja incompetente. Ninguém conseguiria pensar ou tentar realizar
esse trabalho em tempo parcial. Porém, é isso que vem acontecendo nas igrejas onde o conselho
ou um forte líder leigo tentar assumir o papel principal na liderança.

Os pastores gastam bastante tempo em seu ministério, como também têm treinamento
especializado para fazerem o que fazem. Osborne explica as vantagens disso:

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Eu tenho uma vantagem também quando se trata de treinamento. Como a maioria dos pastores,
minha formação e meus estudos me equiparam especificamente para liderar a igreja. Some-se a
isso, uma rede de pastores amigos e líderes de igrejas, e eu tenho uma gama de informação a
meu dispor. Quando uma igreja enfrenta uma situação difícil ou tem uma oportunidade de ouro, o
pastor é a pessoa mais apropriada a se expor a tais momentos. Se não, ele normalmente saberá
aonde encontrar ajuda.
Em contraste com isso, a maioria dos membros de um conselho é limitada em relação ao contato
com outros ministros. Eles não dispõem de tempo e não conseguem buscar recurso na literatura.
E sua rede de conexões é geralmente bem limitada ao ex-pastor ou outros dois mais. Em razão de
a igreja ser espiritualmente centrada, movida pelo voluntariado e focada na educação, torna-se
diferente de qualquer outra instituição. Via de regra, o pastor tem mais treinamento em como
lidera-la, do que qualquer outra pessoa. Há exceções? Certamente, mas esse é exatamente o
ponto: são exceções. Um amigo tentou seguir o modelo de um outro pastor que possuía em sua
igreja um grupo de lideres leigos muito competente e forte. Esse amigo deixou que os presbíteros
e diáconos tomassem conta de tudo na igreja, enquanto ele ficou com as tarefas de orar, ensinar e
aconselhar. Ele cria que se houvesse um discipulado apropriado para pessoas certas, não haveria
necessidade de liderança pastoral em sua igreja. Mas, ele errou em não perceber que os líderes
chaves daquela igreja que ele copiava eram autônomos e bem sucedidos financeiramente. Eles
tinham todo o tempo do mundo, freqüentavam seminários e enriqueciam-se de leituras em seu
tempo livre. Seus presbíteros, entretanto, todos possuíam empregos que requeriam até 60 horas
semanais de trabalho. Eles não dispunham nem de tempo ou treinamento para formar um forte
grupo de lideres. À medida que meu amigo esperava que sua equipe assumisse as
responsabilidades da liderança, a igreja afundava.

Os argumentos para a Liderança Pastoral

Pastores passivos necessitam assumir a liderança de suas igrejas. Isso não quer dizer que os
outros não podem se envolver na liderança, mas, o pastor deve ser o líder dos lideres, a pessoa
chave na equipe ministerial. Há tr6es fortes razoes para esse ponto de vista.

O argumento Teológico
Onde duas ou mais pessoas se relacionarem funcionalmente durante qualquer período de tempo,
como num ministério ou mesmo no contexto familiar, alguém deverá assumir a posição de líder ou
cabeça da equipe. As escrituras nos apresentam vários exemplos, especialmente em I Co 11:3.

Um exemplo óbvio é o relacionamento entre Cristo e o homem. Em I Co 11:3 Paulo escreve que
“o cabeça de qualquer homem é Cristo.” O ponto é que na liderança e no ministério da igreja local,
Cristo assume a posição de Cabeça.
Um segundo exemplo é o relacionamento entre homem e mulher. Novamente, em I Co 11:3 Paulo
escreve “e o cabeça da mulher é o homem.” O debate sobre este texto refere-se à identidade do
homem e da mulher. São eles marido e mulher, ou são representantes do relacionamento homem-
mulher na igreja? O contexto indica que essa passagem refere-se às praticas da igreja no culto.
Paulo descreve sobre a submissão da esposa ao marido em outras ocasiões, tais como na carta
aos Efesios 5: 22-24. Geralmente, se aceita que esta submissão funcional estende-se também às
diversas áreas da vida, incluindo na igreja. Portanto, Paulo está ensinando que na igreja local ,

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quando homens e mulheres estiverem ministrando, os homens devem assumir o papel de


liderança.

Um terceiro exemplo é o relacionamento de Deus-Pai. Paulo escreve em I Co 11:3 que “o cabeça


de Cristo é Deus.” Este trecho fala sobre o relacionamento entre a trindade. As escrituras ensinam
que em termos da essência, O Pai, o Filho e o Espírito Santo são iguais em sua divindade.
Portanto, esta passagem só pode estar tratando sobre o relacionamento funcional. Apesar de
serem iguais em essência, um é o cabeça em termos de função. Robert Gromacki descreve isso
assim: “Portanto, apesar de haver uma igualdade de pessoas na divina trindade, há uma ordem
(uma hierarquia) na execução do conselho divino.” E nesse relacionamento divino uma pessoa, O
Pai, é o cabeça.

Isso deveria ser base teológica para os relacionamentos funcionais entre pastor-conselho. Se o
relacionamento mais perfeito que existe funciona com um líder cabeça, que dizer sobre nossas
equipes de presbíteros e diáconos? Quem deveria liderá-los? À luz dos pontos de Osborne, a
resposta óbvia é o pastor.

O Argumento Bíblico

A Bíblia apresenta um número de exemplos onde indivíduos exerciam a principal liderança no


contexto ministerial. O exemplo clássico é o relacionamento de Cristo com seus discípulos. Não
há duvidas de que Ele era o líder desse bando de homens.
Outro exemplo é Pedro. F.F. Bruce relata que nas listas de apóstolos dos Evangelhos, Pedro
sempre era mencionado em primeiro lugar. O nome de Pedro aparece 57 vezes no livro de Atos,
enquanto os outros apóstolos são mencionados apenas 21 vezes. Ele é o pregador principal no
livro de Atos e colocado em posição de destaque (AT 2:37 e 5:29). Portanto, parece que dentre os
apóstolos Pedro era o líder dos lideres.

Um terceiro exemplo e Tiago e sua posição na igreja de Jerusalém. Em At. 12: 17 é interessante
notar que Pedro instrui um pequeno grupo que esteve orando por sua liberdade a ir e contar a
“Tiago e os demais irmãos” sobre sua libertação milagrosa. Por que Pedro menciona Tiago e não
os outros? Em At. 15, a igreja de Jerusalém tinha reunido os anciãos e apóstolos para determinar
o relacionamento entre a lei e o evangelho, Tiago é a pessoa que emite uma diretriz orientadora
do sumário. Finalmente, em Atos21: 18, Tiago é mencionado primeiramente e na justaposição às
pessoas idosas da Igreja. Parece evidente diante disto que ele era o líder principal na igreja. De
fato, F.F. Bruce refere às pessoas idosas como “uma sorte de Sinédrio, com Tiago como seu
presidente."

Se é a vontade de Deus que as igrejas locais sejam conduzidas por um grupo de homens (co-
liderança) sem um único líder ou o líder dos líderes, como nós explicamos estes exemplos
bíblicos? Certamente eles estariam dando um péssimo exemplo se não houvesse a proposta
bíblica de se ter um líder dos líderes. Poder-se-ia levantar a discutição de que o exemplo de Cristo
e dos discípulos é uma exceção porque se trata de Deus. Mas, por outro lado como nós
explicamos a posição de proeminência óbvia de Pedro? Além disso, alguém pode querer discutir
que era uma exceção porque era um apóstolo. Mas, é mais difícil explicar a posição de Tiago na

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igreja de Jerusalém; ele não era um apóstolo, mas era o meio-irmão do Senhor.

O argumento prático

As pessoas não são semelhantemente criadas em termos de suas habilidades de liderança,


conhecimento, experiência, reputação, treinamento, e compromisso. Alguns de nós temos o dom
espiritual da liderança (ROM. 12:8) enquanto outros não. Alguns são dotados naturalmente com
habilidades de liderança enquanto outros não.

Unir um grupo de pessoas sob uma bandeira sem reconhecer e dar a liderança principal a esse
com os dons, as habilidades, e o treinamento da liderança não faz o menor sentido. Isto é,
essencialmente, o que a maioria das co-lideranças tenta fazer! Conseqüentemente, esse tipo de
co-liderança conduz a nenhuma liderança. Em suma, o fato é que um grupo não pode conduzir
uma igreja.

Naturalmente, isto pressupõe que o pastor de tempo integral é inteiramente qualificado como um
líder. Isto cai por terra quando uma igreja seleciona um pastor que não é de fato um líder.
Algumas igrejas estão buscando primeiramente um pastor que seja um professor ou um
evangelista para conduzi-las. Quando isto acontece, pode muito bem haver leigos no conselho
que sejam melhores qualificados na condução do que o pastor. Faz melhor sentido procurar
especificamente um líder que tenha as outras qualidades presentes também, se esta pessoa está
indo conduzir a igreja.

Os argumentos para a liderança pastoral forte


É um fato básico de vida que em cada organização os líderes e que têm o poder e a autoridade
necessária para exercitar esse poder. Sem estes líderes fortes, nenhuma organização poderia
funcionar corretamente. Isto é verdadeiro na igreja assim como o mercado. Entretanto, para a
igreja o problema reside em quem tem este poder e autoridade para conduzi-la.

As escrituras ensinam que este poder e autoridade residem nos anciãos da igreja. Claro que
Cristo é o cabeça de sua igreja. Assim como o pai é o cabeça da trindade (1 Cor 11:3), o Filho é o
cabeça da igreja (Ef. 5:23). Conseqüentemente, tem todo o poder e a autoridade de exercer sua
liderança.

Contudo, as Escrituras parecem indicar que Cristo passou a alguns poder e autoridade e, através
dos apóstolos, aos anciãos da igreja. Assim, quando os apóstolos não estavam em cena, os
anciãos permaneciam e eram os líderes nas igrejas. Aparentemente, cada igreja tinha uma
pluralidade de anciãos (Atos 11:30; 16:4; 20:17; 21:18). Passagens tais como 1 Tm 5:17, de 1
Tessalonicenses 5:12 1 e dos Hb 13:7, 17 indicam que estas pessoas tinham o poder e a
autoridade de liderar e dirigir cada igreja local.

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Resta saber se estes líderes eram Ieigos de tempo parcial como encontrado em muitas igrejas
evangélicas ou profissionais de tempo integral. Há três argumentos bíblicos que indicam o último
caso.

O tamanho das igrejas do novo testamento


Muitas, se não todas as igrejas no livro de Atos eram grandes igrejas que exigiam uma Iiderança
de um número importante de anciãos de tempo integral. Há um número de passagens que
indicam que as igrejas no livro de Atos, ao contrário da maioria das igrejas na América hoje, eram
grandes (1: 13; 2:41 44.47; 4:4; 5:14; 6:1, 7; 9:31, 35, 42; 11:21, 24,26; 14:1, 21; 16:5; 17:4, 12;
18:8, 10; 19:26; 21:10).

A igreja de Jerusalém. O primeiro exemplo é a igreja em Jerusalém. Ela começou com os 120
discípulos (1:13), mas como resultado do sermão de Pedro ganhou mais 3.000 membros (2:41), e
mais um adicional de 5.000 homens sem contar as mulheres e crianças (4:4). ““ Este crescimento
continuou, porque Lucas escreve no cap. 5:14, “Não obstante, cada vez mais os homens e as
mulheres criam no senhor e eram adicionados ao seu numero”“.” Então no cap. 6:1 escreve,”
Naqueles dias em que o número de discípulos crescia..." E outra vez no cap. 6:7:” O número de
discípulos aumentava rapidamente em Jerusalém, e um grande número de sacerdotes tornou-se
obedientes à fé." O costume de Lucas em descrever os números da igreja de Jerusalém é
importante hermeneuticamente porque ele nos ajuda a ganhar uma compreensão do que significa
em termos do tamanho quando, mais tarde. Usa qualificadores como” muitos" ou” grande" em vez
dos números exatos.

A igreja na Judéia, Galileia e Samaria. Em At. 9, Lucas dirige a atenção do leitor à igreja na
Judéia, Galileia, e Samaria. Como a igreja de Jerusaiém, estas igrejas "cresceram
numericamente" (9:31). No verso 35 ele comenta sobre os cristãos em Lida e Sarona: “Todos os
que viviam em Lida e Sarona o viram e se converteram ao Senhor”.

A igreja de Antioquia. Lucas dá evidência em Atos 11 de que a igreja em Antioquia era muito
grande. No verso 21, escreve “um grande número de pessoas acreditou e se converteu ao
Senhor." No verso 24, adiciona” um grande número de pessoas foram trazidos ao Senhor."
Finalmente, no verso 26, diz que eles” ensinaram um grande número de pessoas."
As igrejas da primeira viagem missionária. As 3 viagens missionárias de plantação de igrejas de
Paulo resultaram em grandes novas igrejas. A primeira viagem do missionário produziu um
número de igrejas crescentes. Por exemplo, em Iconio; “um grande numero de judeus e gentios
creram” (14:1). Em Derbe, eles “ganharam um grande número de discípulos" (14:21). Então, num
comentário sumário final no fim da primeira viagem, Lucas escreve, “Tantas igrejas foram
fortalecidas na fé e cresceram em número diariamente” (16:5).

As igrejas da segunda viagem missionária. Os resultados da segunda viagem missionária foram


os mesmos. A igreja em Corinto consistiu de em “um grande número de gregos tementes a Deus
e não algumas mulheres de proeminência na sociedade”; (17:4). Em referência à igreja em Bereia,

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Lucas escreve no verso 12, “Muitos dos judeus acreditaram, como o fizeram um grande número
de mulheres e homens gregos." Retornando a igreja de Corinto no cap. 18:8, ele escreve que”
muitos corintios que o ouviram acreditaram e foram batizados." No verso 10, conclui que” Eu tenho
muitas pessoas nesta cidade."

As igrejas da terceira viagem missionária. A terceira viagem igualmente resultou na plantação de


um grande numero de novas igrejas. Por exemplo, no cap. 19:26, um inimigo da fé, Demetrios,
diz, “E você vê e ouve como este sujeito chamado Paulo convenceu e desvirtuou um grande
número de pessoas aqui em Efeso e praticamente na província inteira de Ásia."
A evidência indica que muitas, se não a maioria das igrejas do Novo Testamento eram grandes.
Uma estimativa bem conservadora do tamanho da igreja de Jerusalém usando somente o cap.
2:41 e a contagem das mulheres e das crianças no cap. 4:4 de Atos é de cerca de 8.000 pessoas.
Em seu comentário de Atos, Lenski observa, “Tem-se estimado de uma maneira bem
conservadora que neste tempo o número total de discípulos era entre vinte e vinte e cinco mil.”
O tamanho completo destes mega igrejas do primeiro século necessitaria de um número
significativo de anciãos de tempo integral. Se as igrejas primitivas fossem Iideradas por pessoas
de tempo parcial, quantos seriam necessários para pastorear estas grandes igrejas? Considere,
por um momento, a igreja de Jerusalém. Se ela tinha somente 8.000 pessoas, e considerando que
um líder de tempo parcial poderia pastorear adequadamente cinco famílias, então esta igreja
deveria ter pelo menos 1.600 lideres! Provavelmente estas pessoas não eram leigas de tempo
parcial como muitos que advogam pela causa da co-liderança colocam hoje.
O que nós devemos compreender é que a igreja apostólica funcionou em dois níveis. Um era a
grande reunião da igreja maior descrita acima. Quando Paulo escreveu às igrejas em Roma,
Corinto, e assim por diante, estava escrevendo à igreja maior. O outro nível era a reunião da igreja
em casas que se reunia mais freqüentemente. Isso é, o lugar onde muito do seu ministério
ocorreu. As escrituras referem-se a isso no cap. 2:46, 12:12 - 17; em ROM. 16:3 - 5, 14-15; 1 Cor.
16: 19, e assim por diante. As cartas de Paulo às igrejas eram circuladas entre estes pequenos
grupos (Col 4:16). Meu ponto é que a igreja local de hoje é uma versão ligeiramente maior de uma
igreja em casa do primeiro século que era pastoreada por um ancião. As igrejas tiveram uma
pluralidade de anciãos, cada um deles pastoreando igrejas nos lares.

O ministério dos anciãos.


Um segundo argumento de que os anciãos na igreja primitiva eram de tempo integral é baseado
em seu ministério na igreja.

O funcionamento do seu ministério. Essencialmente, esperava-se que os anciãos vigiassem e


pastoreassem o rebanho. Por exemplo, em At. 20:28 Paul instrui, “Cuidem de si mesmos e de
todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo lhes fez supervisores. Pastoreiem a igreja de Deus,
aquele que a comprou com seu próprio sangue." Em 1 Pedro 5:2, o apóstolo escreve,” Sejam
pastores do rebanho de Deus que está sob seu cuidado." À luz do que pastores de fato faziam
com um rebanho de carneiros num monte palestino, isto envolveria provavelmente conduzir,
cuidar, guiar, instruir, e proteger as pessoas na igreja.

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O tempo do seu ministério. Este ministério exigiria uma grande quantidade de tempo da parte dos
líderes. Um bom pastorado necessita uma quantidade razoável de tempo de preparação (como
em um ministério de ensino) assim como o tempo real do ministério.
Mas a pessoa de tempo parcial tem condições para se devotar a um ministério desse? A maioria
dos anciãos são pessoas casadas e com filhos. Igualmente trabalham muitas horas. Por exemplo,
uma avaliação na liderança revelou que “77% de todos os executivos médios passam 50 ou mais
horas por a semana em seu trabalhos." E” 26% dos executivos passam mais de 60 horas por
semana." Parece duvidoso que um líder leigo com uma família e um emprego secular de tempo
integral tenha bastante disponibilidade para pastorear um rebanho. Certamente, além do emprego,
o simples fato de ministrar à sua família já é um trabalho difícil.

Uma outra consideração é se é justo esperar de uma pessoa leiga que ela reserve o tempo
necessário para pastorear um rebanho. Se essa pessoa for solteira ou casada sem filhos, isso até
pode ser possível. Mas, não para uma pessoa casada e que tenha filhos. Tais demandas de
tempo de uma pessoa parecem injustas e poderiam conduzir aos sentimentos da culpa e de
insuficiência quando essa pessoa não puder corresponder. De fato, em muitas igrejas com
liderança leiga ocorre muito pouco pastoreio. Isto ocorre porque na maioria dos casos, não é
possível para elas se entregar por completo ao ministério. Ao invés disso, a maioria encontra-se
aproximadamente uma vez por mês e toma decisões importantes a respeito e assuntos sobre os
quais sabem bem pouco.

A remuneração dos anciãos


Um terceiro argumento de que os anciãos na igreja primitiva eram de tempo integral é o fato de
que muitos, se não todos, eram remunerados. Não há nenhuma menção específica sobre isso no
livro dos atos. Mas, os lideres anciãos estavam, provavelmente, entre aqueles que eram ajudados
com a partilha mútua dos bens (At. 2:44 - 45; 4:32, 34 - 35).

A prova mais forte é encontrada nas igrejas seguintes, de acordo com 1 Tm 5:17 - 18 e 1 Pedro 5:
2. Em 1 Tm 5:17 - 18, Paulo conta que, “Os líderes anciãos que dirigem os casos para o bem da
igreja são dignas da honra em dobro, especialmente aqueles cujo trabalho é de pregação e de
ensino. As escrituras dizem, “não sobrecarregue o boi quando estiver pisoteando o grão,” e 'o
trabalhador merece seus salários. '" É óbvio no verso 18 que” honra" é uma referência a algum
tipo da remuneração tal como o” salário."

Em 1 Pedro 5: 2, Pedro endereça os motivos daqueles que seriam anciãos lideres.


Em particular, adverte-os contra pastorear o rebanho tendo ganância por dinheiro. Isto implica
obviamente que esses líderes eram remunerados para executarem seu ministério.

A conclusão
A conclusão disto tudo é que os anciãos que receberam o poder e a autoridade para exercerem

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que a liderança nas igrejas locais não eram pessoas de meio expediente, mas tempo integral.
Conseqüentemente, o sistema atual de co¬liderança que é praticado em muitas igrejas no mundo
não está baseado nas Escrituras como muitos foram conduzidos a pensar.

Aplicação. Mas como tudo isto se aplica às igrejas, hoje? As igrejas novas ou já estabelecidas
devem ser conduzidas por pastores qualificados que são equivalentes aos líderes da igreja do
primeiro século. A Estes líderes são dados o poder e autoridade para conduzir e dirigir os
ministérios das igrejas. Eles têm o tempo e o treinamento para fazer mais eficazmente o trabalho,
ao contrário de um grupo de pessoas de meio expediente. Isto permite que os pastores exerçam
uma liderança forte que é tão necessária em muitas de nossas igrejas no fim do 20o século. Este
é também crucial às igrejas que estão sendo plantadas, especialmente na fase inicial, onde a
liderança forte é chave para o crescimento e a sobrevivência da nova igreja.

Responsabilidade. Uma questão importante que deve naturalmente ser levantada é acerca da
responsabilidade.
Primeiramente, é imperativo que as igrejas façam um melhor trabalho ao selecionar pastores.
Paulo, em 1 Tm 5:22, adverte os crentes sobre a seleção rápida e pouco criteriosa destes
pastores. Quando um pastor sai de uma igreja a congregação pode não estar com muita pressa
para encontrar um pastor novo, assim que os crentes se movem lentamente a respeito disso.
Quando finalmente percebem que a igreja está começando a perder muitos membros, acabam
aceitando a primeira pessoa aparece.
Quando um pastor sai, a igreja deve começar a procurar imediatamente por um pastor novo. O
processo da busca deve atentar-se ao caráter (1 Tim. 3:1 - 7; Tito 1:5 - 9) e serviço (Marcos 10:42
- 45). As referências devem ser contatadas. Um pedido chave seria, “Diga-me três traços positivos
de caráter e dois negativos sobre este pessoa." Isto dá as referências básicas para decifrar a toda
a história. O problema é que muitas igrejas não verificam corretamente o caráter do candidato
potencial antes de chamarem esse indivíduo.

Em segundo, os principais líderes devem ser responsáveis não somente pelo comitê de co-lideres,
mas pela igreja inteira. O ensino bíblico na responsabilidade é que todos nós devemos estar
envolvidos (Mat. 5:23 - 24; 18:15 - 20; Gal. 6:1). Assim, a igreja inteira é responsável em manter o
pastor, como um outro se responsabiliza na manutenção do caráter e da conduta. Isto deve ser
feito de acordo com as diretrizes encontradas em 1 Tm 5:19 - 20.

Aqueles que estão na equipe da liderança remunerada são especialmente responsáveis uns pelos
outros. Um bom exemplo disso seria Pedro e Paulo em Gal. 2:11 - 14. Os líderes sábios
submetem-se à autoridade de um grupo ou de algumas outras pessoas.
Uma palavra final é necessária. Isto não significa que a liderança leiga de meio expediente não
deve ser envolvida no ministério na igreja local. De fato, sua participação é necessária à saúde e à
estabilidade da igreja inteira de acordo com 1 Cor 12 e outras passagens. A diferença é que
conduzem a administração em grupos pequenos, equipes de evangelismo, e ministérios do grupo
de alvo de acordo com sua disponibilidade de tempo. Isto requer apenas uma reunião uma ou
duas vezes por mês e etc.

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Um forte Líder-Servo

Os plantadores de igreja devem não somente ser líderes fortes, mas é imperativo que sejam fortes
líderes-servos. Tendo compreendido isso, faz-se necessário verificar as diferentes abordagens
acerca da liderança nesses termos.

. Ao fim de uma liderança seriada vem a liderança absoluta. Isto é típico de déspotas ou de tiranos
profissionais. Estes são aqueles que governam com um “punho" do ferro; e não prestam contas a
ninguém. São tão autoritários que tudo que desejam fazer será feito e nada acontece em suas
igrejas sem sua aprovaçã0. Em Marcos 10:42, Cristo reuniu os discípulos disse-lhes, “Vocês
sabem que aqueles que são consideradas como regentes dos Gentios governam sobre eles, e
seus altos funcionários exercitam a autoridade sobre eles." Esta é a avaliação do salvador acerca
da liderança absoluta. Descreve-a como uma característica de líderes não cristãos.

Este é o tipo do líder autoritário que os cristãos que vivem no fim do 20o século temem. E Este é o
retrato que vem à mente sempre que ouvem pensam em liderança forte. Conseqüentemente,
reagem mais negativamente: “Nós somos americanos e nós estamos livres, ninguém que vai nos
dizer o que fazer!”

No extremo oposto da liderança absoluta está a liderança colegiada. Esta é característica de


igrejas que são dirigidas e por pessoas leigas de meio expediente. A liderança é pelo acordo. Os
profissionais de tempo integral são envolvidos primeiramente no ministério, não na liderança. Este
é o modelo mais predominante em muitas de nossas igrejas hoje. Em essência, é uma reação
exagerada à liderança absoluta. Rejeitando um extremo, muitos se moveram simplesmente para o
outro extremo. O Colegiado não é característico de liderança bíblica e geralmente não conduz a
nenhuma liderança.

Peter Wagner faz diversas observações importantes sobre a introdução do colegiado. A primeiro
é: “a estrutura das pluralidade--pessoas leigas são boas para igrejas pequenas e igrejas que não
crescem. Mas, à medida que uma igreja ganha o impulso do crescimento e se torna maior, o
sistema torna-se mais disfuncional.” Coliderança é provavelmente a razão pela qual estas igrejas
são pequenas e não estão crescendo.

A segunda observação refere-se a quem é de fato o líder que conduz esse colegiado de lideres
leigos. Wagner anota esse “quase em todas as igrejas que têm liderança colegiada e que estão
crescendo, um chefe máximo emergiu mesmo que sem querer”. E aquelas igrejas que crescem
fazem assim o fazem não por causa da liderança leiga, mas por causa da liderança do pastor.

Muitos estão começando a admitir isto. Por exemplo, em uma entrevista para a Leadership, Gene
Getz foi questionado, “Como seu estilo de liderança mudou desde seu começo na First Fellowship
Bible Church? Respondeu o seguinte: “Acho que eu ganhei mais autoconsciência, auto-

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honestidade, se eu posso inventar a palavra”. Se você me tivesse perguntado há dez anos,” Que
faz esta igreja funcionar? " Eu diria, " Humanamente falando, é nossa liderança múltipla,
principalmente os líderes leigos."

Hoje, eu responderia a essa pergunta dizendo, " Nossos líderes leigos são chaves, mas eu sou a
chave mestra a ajuda-los em sua função."
No princípio eu reagi ao estilo de liderança autoritária -que ainda considero infeliz - mas eu é que
sempre liderei. Agora eu me sinto mais honesto comigo mesmo sensação admitindo sobre a
importância de um líder forte, particularmente numa igreja em crescimento, mesmo que esta tenha
uma liderança múltipla forte.

Em o meio à essa discussão sobre liderança encontra-se o modelo bíblico do Líder-Servo. Em


Marcos 10:45, o salvador diz, “Mesmo o Filho do Homem não veio ser servido, mas para servir, e
dar sua vida como resgate de muitos." Mas, o que isso quer dizer?
O grande exemplo de Líder-Servo é o salvador. Provou ser um líder forte e um Líder-Servo. Por
exemplo, ninguém questiona o fato de que era responsável. Seu ministério inteiro foi caracterizado
por uma força pessoal, espiritual.

Contudo, o salvador igualmente demonstrou ter um coração de um servo. Isto é claro em


passagens como Marcos 10:45 e Mat 20:28 e João 13, onde assume a postura de um empregado
e lava os pés dos discípulos. Não somente liderou seus discípulos fortemente, mas os amou, e
finalmente deu sua vida por eles.

Os Líderes-Servos fortes são pessoas que lideram com excelência. Nós precisamos
desesperadamente que esses tipos dos líderes assumam a igreja do Jesus Cristo no século vinte
e um. Tão importante quanto isso, nós precisamos de fortes líderes-servos para plantar as
grandes igrejas da comissão que ganharão para Cristo as pessoas perdidas do século vinte e um.

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