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Transição pastoral

As transições de pastores em uma igreja são inevitáveis. Algumas transições acontecem sem problemas, na maioria das vezes são
planejadas com antecedência, ao menos deveria ser assim, o estatuto da convenção das igrejas Ceifa determina que no máximo aos 75 anos
o pastor deve passar o bastão.

A passagem do bastão demorada além do esperado produz maus resultados.

Mudanças nem sempre são fáceis. Embora vivamos num mundo em constante mudança, onde quase tudo é provisório, elas sempre
acarretam preocupações e ansiedades.

No ministério pastoral, experimentamos com muito mais frequência do que imaginamos o fenômeno da mudança. Pensando nisso, e
diante de algumas necessidades, esse material foi preparado.

Vale lembrar que algumas denominações religiosas costumam transferir regularmente seus pastores, não é hoje o nosso caso, eis
aqui algumas ideias e sugestões que devemos analisar.

Às sugestões também podem ser úteis para mudanças nas bases de sua igreja, na formação de líderes, nas missões e em outras
atividades pastorais.

Ao mudar a liderança de uma igreja, é sempre importante que haja o diálogo entre quem está deixando e quem está assumindo a
igreja. Não é raro encontrar situações de ausência de continuidade entre o pastor que está deixando e o que está assumindo. Há muitos
casos em que o novo líder, ao assumir, faz questão de desmontar equipes já existentes e começar tudo de novo. Às vezes isso pode ser
necessário, mas, na maior parte dos casos, isso pode representar um desrespeito ao povo que congrega na igreja.

Seguem alguns passos para uma saudável transição.

1. Tenha um histórico da igreja

Exemplos: equipe de louvor, ministério infantil, relatório de batismo etc. Além desse arquivo, um bom diálogo entre quem parte e quem
chega seria muito útil.
2. Procure conhecer tudo e todos antes de mudar algum líder

Não é recomendável fazer mudanças bruscas na chegada. Uma realidade muito presente entre os novos líderes é decidir por
mudanças bruscas nos primeiros dias, sem conhecer ainda o contexto da igreja. Isso pode criar mal-estar entre os membros e lídeeres que
não foram consultados.

3. Escute a todos, mas, a decisão é sua, assim como a colheita

Ao chegar a um ambiente novo, é muito importante estar com os ouvidos, os olhos e a mente bem abertos para escutar, ver e sentir.
Evite-se fazer juízo prévio de algum líder ou pessoa. Procure-se formar a própria opinião, evitando que outros influenciem com
ressentimentos e preconceitos (não utiliza óculos de terceiros). Além disso, não se pode esquecer que o trabalho pastoral é feito com
GENTE, e não com “coisas”. Gente tem sentimentos, afeições, dignidade.

4. Não exclua ninguém na chegada, mas, também não force ou induza ninguém a ficar

Antes de tudo é recomendável aguardar, consulte alguns membros sobre o mesmo assunto, tenha opiniões diferentes. Depois de
conhecer bem a realidade, aí, sim, pode-se tomar atitudes firmes.

5. Conheça a história da igreja local e dos membros

Conforme as coisas forem caminhando no trabalho pastoral, inclua-se na sociedade. É preciso caminhar para o futuro.

6. Comunique-se com as lideranças

Comunicar-se ao máximo com as lideranças dos trabalhos locais. Às vezes há pessoas que não simpatizam muito com o nosso jeito,
mas, mesmo assim, é preciso dar prioridade para essa comunicação. Às vezes é até aconselhável fazer reuniões individuais com certas
pessoas, tomar um café, etc...

7. Você é o animador

Nós raramente imaginamos quanto os líderes sentem o nosso apoio. Mostrar pouco ou nenhum interesse por sua atuação é algo que
os desanima. É muito importante ser um pastor junto as ovelhas.

8. Seja pastor, e não administrador


Algumas vezes há pastores que confundem o papel de pastor com o papel de chefe ou de administrador. Já diz o ditado: “Quem tem
chefe é índio!” (embora nem os índios gostem desse rótulo!). Nós, não temos que exercer a formação profissional (alguns estudaram para
isso também) para ser administradores, apesar de, às vezes, ser necessário assumir essa área em nossos trabalhos pastorais. Nós, como
pastores, devemos priorizar a missão de pastorear, de assessoria e de apoio. Somos chamados a ser líderes, e não administradores. É
importante saber delegar as atividades aos leigos, procurando trabalhar em conjunto, e não solitariamente.

Enfim, não podemos esquecer que é o Espírito Santo quem faz tudo em todos. Nós somos apenas instrumentos do Reino e estamos
no campo ministerial para servir (Mt 20,23). Decisões práticas são necessárias para que as igrejas funcionem. Portanto, não sufoquemos o
Espírito que dá Vida. O grande pastor, Jesus Cristo, é o modelo para nós (Jo 14).

Abaixo segue outra informação

Para o pastor que está chegando: assuma suas incompetências

Como pastores, nós devidamente reconhecemos o dever sagrado com o qual fomos confiados (1 Tm 3.1-7). Todavia, o peso dessa
responsabilidade pode nos tentar a fingir que está tudo certo. No contexto cultural chinês, a tentação de esconder nossas fraquezas para
salvar nossa cara pode ser particularmente difícil.

Ninguém é competente por si só para administrar os mistérios de Cristo (2 Co 2.10). Além do mais, é Cristo, não um pastor, que é a
pedra angular da igreja (Ef 2.20). Por lembrar disso, eu sou livre da pressão de ter que me desempenhar bem e ao invés disso posso
livremente admitir que sou inexperiente, falho e fraco. Eu estou livre para pedir ajuda para que o poder de Cristo esteja sobre mim (2 Co
12.9).

Pastor lembre-se: assuma suas incompetências e aponte a igreja à Cristo.

Para a igreja em transição: ofereça oportunidades reais

Às vezes somos relutantes a dar muitas responsabilidades para novos pastores ou líderes. Num contexto de imigrantes, juventude e
inexperiência são normalmente vistas como um obstáculo. Portanto, muitas igrejas imigrantes preferem trazer um pastor mais velho e com
experiência para pastorear o rebanho. Todavia, se é esperado que os pastores progridam em seu ministério (1 Tm 4.15), eles devem
começar em algum lugar. Eu não consigo pensar em nada melhor para o crescimento de um pastor inexperiente do que uma igreja que vem
ao seu lado com amor e suporte.
Antes mesmo de me tornar pastor, tive oportunidades reais de pastorear (1 Pe 5.2). Eu preguei no púlpito de algumas igrejas e
congregações, liderei células e me encontrei com diversos membros, ensinei em vários contextos. Ao decorrer do caminho, a igreja encorajou
a mim e minha família e graciosamente suportou alguns erros. E por fazer isso, nossa igreja me ensinou que em última instância eles não
confiavam nas minhas habilidades ou experiências, mas em Cristo (2 Co 4.7).

Então igreja, se você se encontrar na mesma posição que nós, lembre-se: ofereça oportunidades reais e continue a apontar a igreja à
Cristo.

Para o Pastor de Saída: Abra Suas Mãos

A ideia de passar a sagrada responsabilidade de pastorear uma igreja local para um pastor jovem e inexperiente pode parecer
inimaginável, especialmente no contexto imigrante. Como resultado, o pastor de saída pode ser tentado a segurar a sua posição firmemente
e resistir ajudar o pastor que está a ocupar seu lugar. Ele pode sutilmente comunicar à igreja que ele não confia muito no novo pastor, o que
pode resultar em uma batalha desafiadora para o novo pastor logo de início.

Graças à Deus, nunca senti nada disso do nosso pastor anterior. Eu poderia escrever vários artigos expressando minha gratidão e
admiração por ele. Em respeito a essa transição, são a sua mentoria e afirmação que se destacam. Quando ele saiu, ele me entregou tudo o
que tinha e não levou nada. Nossa igreja é um exemplo da seguinte verdade: “a igreja não é sobre nenhum pastor, mas sobre Cristo (Ef
3.21)”.

Pastor, se você estiver numa posição em que você pode compartilhar de si mesmo para investir em outro pastor, lembre-se: abra suas
mãos e aponte a igreja para Cristo.

Conclusão

Transições não são fáceis, e seu contexto cultural pode trazer desafios únicos à sua igreja. As transições nos lembram que a igreja
fundamentalmente pertence a Cristo. Somente ele é seu Salvador. Ele se entregou por ela em amor (Ef 5.25). Um pastor, então, é nada mais
do que um instrumento de graça usado por Cristo para pastorear o rebanho à si mesmo. É por isso que devemos lembrar de nossos líderes,
aqueles que compartilharam a palavra de Deus conosco. E é por isso que devemos considerar o resultado de sua vida e imitar sua fé. E
mesmo assim, quando líderes saem e entram, como de fato deve acontecer, nós devemos nos lembrar disso: Jesus Cristo é o mesmo ontem,
hoje e para sempre (Hb 13.7-8).

Abaixo seguem outras informações


Gostaria de sugerir algo que poderia ser feito para ajudar numa boa transição pastoral. Não é possível, naturalmente, esgotar aqui o
assunto, mas creio que as idéias relacionadas a seguir poderão ser de ajuda inestimável a todos nós pastores ou presbíteros.

Ser Humilde: a humildade é uma das virtudes mais apreciadas no ser humano, principalmente no cristão. Ser humilde é seguir os
passos de Jesus Cristo, viver como ele viveu, ser o que ele foi. Em matéria de ministério, o exemplo de Cristo nos serve de plataforma de
trabalho.

Filipenses 2:5-8 Paulo nos ensina o segredo do nosso Senhor. Jesus era rico e como tinha uma missão a cumprir, uma mensagem a
ser comunicada à raça humana, ele se faz pobre assumindo a forma de homem e entre os humanos ele se torna servo. O propósito de sua
humilhação foi para “apresentar, a igreja a si mesmo, como gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem cousa semelhante, porém, santa e sem
defeito” (Efésios 5:27). Cristo sabia que não poderia atingir o coração da humanidade se ele não se encarnasse no seu meio. Ele desceu, se
horizontalizou, para depois subir e na sua eleveção, ele levou a igreja a atingir o estágio planejado pelo Pai.

Semelhantemente os pastores. Não vamos negar que os pastores de uma maneira geral sabem mais do que a maioria dos crentes.

Ele estudou teologia. está atualizado com o mundo eclesiástico. Este pastor deve ter como alvo em seu pastorado levar a igreja a
conhecer o que ele conhece, levar a igreja a atingir o nível em que ele está. Para que isto venha acontecer, ele deve seguir o modêlo de
Cristo.

Inicialmente deve descer ao nível do povo. Pregar mensagens que o povo entenda, realizar programas mais simples. Caminhar
horizontalmente com o povo e aos poucos iniciar o estagio de elevação, o estágio do crescimento, do nível de conhecimento bíblico.

Assim fazendo, e lembrando que no ponto de vista ético, a igreja é povo, o ministro cresce junto com ela, ganha o seu respeito, não
por causa da sua autoridade formal, a posição que ocupa, mas por causa do seu amor pelo povo e o seu compromisso com eles.

Não Desenvolver a Síndrome do Cavaleiro Solitário: um dia um professor nos chamou à atenção para o final destes filmes de
faroeste americanos. Note, disse ele, que o heroi do filme sempre fica só. Depois de concluir a sua missão, ele deixa a moça no rancho e
parte para mais uma aventura. Ele tem medo de se relacionar, de permanecer no convívio com os outros. Muitos pastores são cavaleiros
solitários em seus pastorados. São almas infelizes que podem ajudar a todos na igreja, resolver o problema amoroso de um casal que está
para se separar, ajudar alguém a procura de emprego, aconselhar a moça que pretende casar. Ele ajuda a todos, mas não tem ninguém que
o ajude.

Em uma nova igreja, o pastor deveria ter amigos. A sua família deveria ter uma ou mais famílias para conviver, para ter momentos
juntos. Os primeiros amigos do pastor deveria ser os seus líderes na igreja.
Notamos sempre que existe um distanciamento muito grande entre o pastor e os seus obreiros leigos ou formados. Procure, portanto,
uma aproximação com os seus líderes, tenha momentos em que a discussão não seja algum problema da igreja, tenha momentos de
frequentar uma sorveteria para juntos desenvolverem um relacionamento amigável e cristão. Lembre-se: Jesus andou com os seus
discípulos.

Valorize o Ministério dos Outros: não existe algo mais desanimador para uma igreja do que ter um pastor que não dê espaço para
que seus membros possam colocar seus dons e ministérios em ação. Há muitos pastores que são pessoas tremendamente frustradas em
suas realizações e que desenvolvem um sentimento de profunda baixa estima. São inseguros ao extremo e pensam que todos estão
querendo roubar a glória do seu ministério. Se alguém na igreja realiza algo que é um sucesso, aquele pastor acha que os outros vão achar
que ele não é tão importante assim. As pessoas não vão elogiá-lo. A sua glória será repartida com outro.

O pastor tem que entender que o sucesso de todos na comunidade eclesiástica está em direta proporção ao sucesso do seu ministério
e consequentemente a sua permanência naquela igreja. Assim sendo, e lembrando-se bem da regra ética que bons ou máus pastores
sempre deixam bons ou máus amigos, cortar ou limitar o ministério dos outros é um suicídio ministerial tão certo como o nascer do sol a cada
dia.

Encontrar os Agentes de Mudanças: cada igreja, independente do tamanho, tem aquelas pessoas que nós chamamos de agentes
de mudanças. Estas são aquelas pessoas que já estão bem integradas na comunidade, elas são do meio, pertencem àquele povo e portanto
são ouvidas e respeitadas pelo que dizem.

A tarefa do pastor é descobrir quem são os agentes de mudanças ou anciãos em sua nova igreja e, através deles, implantar, quem
sabe, uma nova filosofia de ministério, uma idéia mais avançada, um programa essencial de administração eclesiástica dinâmica.

A grande vantagem em ter estes agentes de mudanças ao lado do pastor são inumeráveis. Estas pessoas não precisam provar para a
comunidade que elas são confiáveis, elas não precisam de tempo para provar o compromisso delas com a igreja. Estas pessoas são as
formadoras de opinião dentro da igreja. O pastor faria muito bem em gastar um tempo para descobrir quem naquela igreja exerce tal papel e
realizar com estas pessoas um programa de discipulado e ganhá-las para a sua nobre causa.

O contrário, também, é verdade, quando estas pessoas não forem ouvidas ou respeitadas – o pastor pode ter a mais absoluta certeza
de que saberá quando isto ocorreu.

Cultura eclesiástica é muito mais importante do que pensamos. Devemos gastar tempo em estudar as nossas igrejas, conhecer bem a
sua história, não só da denominação, mas principalmente da igreja local.

Nos corredores das escolas bíblicas há a seguinte estória sobre um pastor: assumindo uma igreja, o colega que saiu entregou ao que
chegava três envelopes fechados. Disse que o novo pastor deveria abri-los quando tivesse a primeira crise. Os primeiros meses de pastorado
foram uma beleza, o pastor era bom, pregava bem, visitador e um excelente comunicador. Surge então a primeira crise. Ele abre o primeiro
envelope e recebe a seguinte orientação: critique o pastor anterior como o culpado da crise. Assim ele o fez e tudo se normalizou. Na
segunda crise, ele abre o outro envelope e lê: invente um programa novo e gere entusiasmo. Segue-se mais um período de tranqüilidade.
Surge inevitavelmente a terceira crise e lá vai nosso pastor abrir o terceiro envelope para consternado ler o seguinte conselho: prepare mais
três envelopes, ou seja: a lua-de-mel acabou, e ele tem de aceitar que a igreja sempre fica e o pastor sempre parte!

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