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A LIDERANÇA DA IGREJA

Liderança numa
Congregação
sem Presbíteros
Coy Roper
Quando pensamos em liderança em uma consideravelmente.) Então, Paulo e Barnabé
congregação local, automaticamente pensamos nomearam presbíteros em cada igreja. Mesmo
em presbíteros. Todavia, muitas congregações quando essas igrejas estavam sem presbíteros,
não possuem presbíteros. Provavelmente metade ainda eram igrejas! É possível que uma igreja
das congregações da igreja do Senhor nos Estados exista sendo uma igreja do Novo Testamento
Unidos e em muitos outros países têm no máximo verdadeira sem possuir presbíteros.
cinqüenta membros; uma elevada porcentagem Um palavra de advertência: não sejamos precipita-
dessas congregações menores não possui presbí- dos demais em nomear presbíteros. Quando irmãos,
teros. Freqüentemente, até congregações maiores no fervor de seguir o modelo neotestamentário,
não possuem presbitério. Além disso, em cam- se apressam impetuosamente em nomear presbí-
pos missionários como a Índia, a Austrália ou a teros, sem dar tempo suficiente e refletir no
Alemanha, os presbíteros são uma exceção à processo, podem acabar nomeando pastores não-
regra. Portanto, se restringíssemos o estudo da qualificados para o rebanho. Devemos nos
liderança bíblica a uma exposição do presbitério, lembrar de que é melhor sermos biblicamente não-
estaríamos negligenciando a pergunta com que organizados do que não-biblicamente organizados.
muitos se deparam: como deve ser exercida a
liderança em igrejas onde não há presbíteros? UMA CONGREGAÇÃO DEVE PLANEJAR
Em resposta a essa pergunta, vamos analisar TER PRESBÍTEROS
quatro proposições. Vamos analisar uma segunda proposição:
uma congregação deve, desde o seu início, fazer planos
UMA CONGREGAÇÃO PODE EXISTIR para ter presbíteros. Desde que uma igreja não
SEM PRESBÍTEROS tenha presbíteros, falta-lhe algo que Deus diz
A primeira proposição é esta: uma congregação que ela precisa. Paulo deixou Tito em Creta para
pode biblicamente existir sem presbíteros. Em Atos que ele “pusesse em ordem as coisas restantes,
13 e 14, Paulo e Barnabé estabeleceram várias bem como, em cada cidade, constituísse presbíte-
congregações em sua primeira viagem missioná- ros” (Tito 1:5). Existiam igrejas nessas cidades
ria. Ao voltarem refazendo o trajeto, Lucas antes de Tito ser deixado lá. Por que Tito precisava
registra que promoveram-lhes, “em cada igreja, constituir presbíteros? Deus sabia que Sua igreja
a eleição de presbíteros, depois de orar com precisaria de pastores para que o corpo crescesse
jejuns...” (Atos 14:23). Várias congregações de todas as formas; para isso Ele providenciou o
mencionadas aqui existiram durante um tempo ofício do presbitério. Sem presbíteros, uma igreja
sem presbíteros. (Ninguém sabe por quanto pode existir biblicamente; ela pode se dar bem e
tempo elas existiram; as estimativas variam até crescer. Mas nunca será e fará tudo o que

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Deus deseja, enquanto não tiver presbíteros. participar dos processos de tomada de decisões
da igreja. Dessa forma, estão se preparando para
Por que as Igrejas Demoram o dia em que exercerão a liderança na igreja.
Nomear Presbíteros? Pregadores e missionários às vezes receiam
Existem muitas e muitas igrejas que há dar esse passo. Alguns podem opor-se a ter
décadas estão sem presbíteros. Por quê? Será crianças em Cristo envolvidas no processo de
que os pregadores têm feito um trabalho tímido tomada de decisões, dizendo: “Eles não sabem o
na preparação de homens para a liderança? É bastante para tomar decisões concernentes à obra
possível que algumas igrejas deixem de nomear da igreja”; ou: “Pode ser que ainda apóiem
presbíteros porque os homens que costumam algumas doutrinas errôneas do denominaciona-
tomar as decisões nas reuniões administrativas lismo”.
receiam perder seu papel de liderança com a Em resposta a essa objeção, eu sugeriríamos,
nomeação de um presbitério? Será que uma aver- em primeiro lugar, que a maioria dos cristãos
são à autoridade faria alguns rejeitarem a idéia recém-convertidos estão cientes de que têm muito
de presbíteros; será que suportariam a idéia de a aprender sobre a Bíblia, e poucos se arriscarão
que alguém tivesse mais autoridade do que eles? além de sua competência. Em segundo lugar,
apesar de ser verdade que crianças em Cristo
Como Resolver o Problema? sabem pouco sobre a Bíblia, eles podem saber
Qualquer que seja a razão para não haver muito sobre práticas administrativas e como
presbíteros numa igreja, o fato de existirem há trazer os vizinhos a Cristo. O pregador faria bem
anos inúmeras congregações sem presbíteros em ouvir as respostas dos novos convertidos a
deve nos incitar a buscar uma solução para que perguntas como: “Onde devemos nos reunir?”;
tal situação não continue existindo. Como evitar “Quando vamos nos reunir?”; “Quais são os
esse problema? Que passos uma congregação melhores métodos evangelísticos para esta re-
pode dar na tentativa de assegurar que presbí- gião?” Em terceiro lugar, recusar-se a envolver
teros sejam nomeados dentro de um período os membros nas tomadas de decisão pode produ-
razoável? Apresentamos três sugestões: zir efeitos negativos. Pode fazer o pregador ou
Converter homens. Desde o início é preciso missionário desenvolverem a atitude de que a
haver um esforço para se converter homens igreja pertence a ele, e não a Cristo, e fazer os
(chefes de famílias) e famílias inteiras ao Senhor. novos convertidos terem a mesma atitude. Além
Mulheres e crianças geralmente são mais respon- disso, sonegar aos novos convertidos oportuni-
sivas, mas se empenhamos todos os esforços dades em que participem das decisões é como
buscando convertê-las, podemos acabar tendo fazer com que permaneçam crianças espirituais.
uma congregação cheia de mulheres e jovens, As crianças só se tornam cristãos maduros,
sem possibilidade de nomear presbíteros por verdadeiramente aptos para liderar, se exercita-
muitos anos. rem seus músculos espirituais.
Treinar os novos convertidos. Devemos começar
imediatamente a treinar homens para o presbi- UMA CONGREGAÇÃO SEM PRESBÍTEROS
tério. Esse treinamento deve incluir tanto teoria PRECISA ENCONTRAR UM MEIO
como prática. Queremos que aprendam as doutri- DE CONDUZIR SEUS NEGÓCIOS
nas bíblicas e a organização e liderança da igreja. Aqui está a terceira proposição: enquanto não
Também queremos que comecem a praticar o tiver presbíteros, uma congregação precisa encontrar
que estão aprendendo — ensinando outros, um meio de conduzir os negócios da igreja. Assim
dando aulas bíblicas, dirigindo a adoração e que uma congregação é formada, levantam-se as
falando em público. O treinamento pode ser perguntas: onde vamos nos reunir? Quando
feito pessoalmente, em aulas, por meio de leitura, vamos nos reunir? Quem vai pregar? Quantas
por meio de cursos por correspondência ou em salas de aula teremos e quem serão os profes-
vídeo e proporcionando-se oportunidades para sores? Quem vai preparar a ceia? O que faremos
os homens exercitarem seus talentos. com o dinheiro coletado? Estas e outras perguntas
Envolver os homens na liderança. Aqueles que precisam de respostas. Decisões terão de ser
algum dia poderão se tornar presbíteros devem tomadas. Imediatamente, surge a necessidade

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de algum tipo de sistema pelo qual os negócios (por exemplo, quando se solicita que mulheres
da igreja sejam conduzidos. preparem o alimento ou que professoras da escola
dominical façam determinada coisa), elas preci-
Métodos Informais sam ser consultadas antes da reunião. Obvia-
Em algumas congregações os negócios podem mente, depois da reunião todos os membros devem
ser conduzidos informalmente. Homens podem ser informados do que aconteceu na reunião.
tomar as decisões durante os momentos de Também, os sentimentos, as opiniões e sugestões
convívio após os cultos de adoração, aparente- das mulheres devem ser considerados ao se tomar
mente apenas fazendo concessões em curtas decisões. É o cúmulo da estupidez homens
conversas. Talvez não haja nada de errado nisso; tomarem decisões que afetam toda a igreja,
nenhuma passagem bíblica exige uma reunião ignorando aqueles que provavelmente compõem
administrativa mensal. a maioria da igreja e que provavelmente realizam
Todavia, existem perigos em ter um processo 75 por cento do trabalho da igreja! O ideal é que
informal para se tomar decisões na igreja. Em as decisões tomadas em reuniões administrativas
primeiro lugar, existe o perigo de que nenhum reflitam os sentimentos de toda a congregação,
negócio seja conduzido. Se uma congregação incluindo as mulheres.
não tem necessidade de tomar decisões, a igreja Como devem ser conduzidas as reuniões adminis-
pode não estar fazendo muito para salvar os trativas? O Novo Testamento não exige que se
perdidos ou ajudar os outros. Em segundo lugar, façam reuniões administrativas formais; nem
tal situação pode dar vazão a um “Diótrefes, que tampouco estabelece regras rígidas para a sua
gosta de exercer a primazia” (3 João 9). Um condução. Façamos, porém, algumas sugestões
homem pode gostar do processo informal de gerais que podem ser úteis:
tomar decisões porque isto lhe dá um controle Em primeiro lugar, “tudo... seja feito com
efetivo sobre a igreja. Em terceiro lugar, há o decência e ordem” (1 Coríntios 14:40). Esse
perigo de os negócios não serem conduzidos de princípio deve ser aplicado às reuniões admi-
modo ordeiro. Tarefas que precisam ser realiza- nistrativas, bem como à adoração da igreja.
das podem ser deixadas de lado; questões que Naturalmente, o que se considera “com decência”
precisam de correção podem permanecer como e “ordem” pode variar de uma congregação para
estão; aspectos importantes de um problema outra. Uma igreja pode adotar regras estritas e
podem passar despercebidos quando uma solu- observar ao pé da letra as normas de seu estatuto
ção é proposta; ou certas decisões podem não refle- social. Uma outra congregação pode não observar
tir verdadeiramente a vontade da congregação. as normas do seu estatuto social nas reuniões
administrativas, e ainda assim atingir seus alvos
As Reuniões Administrativas de maneira satisfatória. Qualquer que seja o
Devido a esses perigos (e talvez outros), procedimento, as reuniões devem ser conduzidas
reuniões administrativas mais formais são muitas com ordem, conforme os padrões dos que estão
vezes o método utilizado para se tomar decisões envolvidos.
pela igreja. Em segundo lugar, a reunião deve ser condu-
Quem freqüenta essas reuniões administrativas? zida numa atmosfera cristã. Os homens devem
Geralmente, elas são abertas a todos os homens ser cordatos, cuidadosos com o que falam,
da congregação. As mulheres geralmente são tolerantes e longânimos com os outros, e devem
excluídas porque se estiverem presentes podem agir amavelmente. Em tal atmosfera, os irmãos
“exercer autoridade de homem” (1 Timóteo 2:12). irão expressar seus pareceres diante das questões
Além disso, uma vez que somente os homens se que se levantarem.
tornam presbíteros, são eles que precisam apren- Em terceiro lugar, nenhuma etapa do trabalho
der a exercer liderança e as reuniões administra- deve ser negligenciada. As contas precisam ser
tivas são um laboratório de liderança. Embora as pagas; a manutenção do prédio precisa ser feita;
mulheres não sejam convidadas a participar das os pregadores precisam ser escalados. Cartas
reuniões, elas precisam ser levadas em conta precisam ser respondidas, pedidos precisam ser
pelos homens que participam. Quando uma considerados e planos na área de benevolência e
decisão a ser tomada diz respeito às mulheres evangelismo precisam ser traçados. Além disso,

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o bem-estar espiritual dos membros precisa ser sentir-se livre, dentro dos seus limites, para dizer
considerado. Às vezes, ficamos tão envolvidos o que desejar sobre as propostas levadas ao
em questões mundanas que negligenciamos as grupo.
espirituais — as almas dos que estão sob os Em oitavo lugar, as decisões devem ser feitas
nossos cuidados. Não devemos negligenciar nas reuniões administrativas por consenso, isto
questões materiais, mas devemos passar mais é, por consentimento geral do que é melhor para
tempo discutindo como salvar mais almas e a congregação, e não pelo voto da maioria. O
mantê-las salvas! “método de voto da maioria” tem vários aspectos
Em quarto lugar, os planos devem ser feitos prejudiciais.
com antecedência. Muitas congregações decidem Por um lado, esse método não se enquadra
hoje que precisam fazer uma reunião evange- realmente no modelo ideal de Deus para se tomar
lística daqui a um mês. É preciso dar mais tempo decisões na igreja. O modelo de Deus evoca os
para o planejamento. presbíteros — homens mais velhos, mais sábios,
Em quinto lugar, as decisões tomadas em mais conhecedores e experientes — para guiarem
reuniões administrativas precisam ser colocadas o rebanho. Os irmãos precisam entender esse
em prática. Muito freqüentemente, os homens tipo de liderança. Todavia, se os homens estive-
decidem que determinada coisa deve ser feita, rem acostumados a decidir questões através do
mas deixam a decisão ali mesmo. Se ninguém voto da maioria, não estarão preparados para
fica responsável por fazer o trabalho, ninguém o aceitar o tipo de liderança exercida por presbí-
faz! Como dizem, “o que é da conta de todo o teros. Sendo assim, na reunião, cada um deve ter
mundo, não é da conta de ninguém”. direito à palavra, mas a opinião de um homem
Em sexto lugar, os homens que freqüentam não é necessariamente tão boa quanto a de outro.
as reuniões administrativas devem aprender a Quando as opiniões são expressas, deve-se levar
delegar responsabilidades. Se os homens tenta- em conta os diferentes níveis de espiritualidade,
rem decidir quem vai dirigir cada cântico e cada maturidade, experiência, conhecimento, treina-
oração, não terão tempo de tomar todas as mento e fidelidade.
decisões pequenas e jamais chegarão perto das Além disso, uma “política de governo da
questões importantes. Um plano melhor é passar maioria” pode trazer discórdias. Se uma decisão
a responsabilidade de determinado trabalho a é tomada, por exemplo, com base numa votação
um indivíduo ou uma comissão, definir os limites de 8 a 5, quase quarenta por cento dos envolvidos
da tarefa, determinar quanto dinheiro pode ser não estão a favor da decisão. Será difícil esses
gasto e decidir quando deve ser apresentado um quarenta por cento apoiarem a decisão entusias-
relatório. Após o trabalho ser concluído (ou ticamente ou se sentirem bem em relação à igreja;
enquanto estiver em execução), o homem ou a podem até acreditar tão fortemente que foi
comissão responsável pode apresentar um relató- tomada uma decisão errada pela maioria que
rio na reunião e receber mais instruções. não queiram mais adorar na mesma congregação.
Uma palavra de precaução há que ser dada: O sistema de “voto da maioria” pode aumentar
um sistema de comissões pode se tornar apenas as diferenças ou até contribuir para a divisão.
uma maneira conveniente de dividir a culpa pela Então, o que deve ser feito nesse caso?
não realização de uma tarefa. Não se deve nomear Primeiro, os presentes às reuniões adminis-
comissões enquanto elas não forem necessárias, trativas devem tentar atingir um consenso quanto
e elas não devem ser maiores do que o necessário, à pergunta: “Existe alguma maneira de mudar os
devendo incluir apenas os que estiverem dis- sentimentos da minoria?” Deve-se tentar entrar
postos a servir. em acordo. Em não se conseguindo um acordo,
Em sétimo lugar, todos os presentes devem provavelmente outros planos terão de ser feitos.
ter a oportunidade de expressar suas opiniões A idéia, obviamente, é tentar tomar decisões que
durante as reuniões, mas é preciso estabelecer deixem todos, ou a maioria, dos presentes
limites no direito de cada um à palavra. Ninguém confiantes de que elas são para o bem das almas
deve ter permissão para falar a noite inteira ou da congregação.
tomar o tempo de outro. Uma única voz não Ao se aplicar esse princípio, deve-se tomar
deve dominar as reuniões. Cada pessoa precisa duas precauções. Primeira, a tirania do governo

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da minoria deve ser evitada. Se um ou dois dom de liderar? Para responder essa pergunta,
homens se opõem a uma sugestão, isso não quer vamos responder outra: como sabemos se temos
dizer que ela deva ser automaticamente descar- ou não o talento de cantar? Tentando cantar! Não
tada. A segunda precaução é que a atitude cristã podemos saber se podemos ou não cantar en-
requer que cada um aprenda a se submeter aos quanto não tentarmos persistentemente por um
outros; agir de outra maneira provocaria facções. tempo. Igualmente, a única maneira de sabermos
Portanto, se alguém faz parte da minoria, deve se temos ou não o talento de liderar é tentando
questionar se deve realmente impor sua vontade exercitar esse talento, e tentando persistente-
ou não sobre a maioria. O ideal em momentos de mente durante um período. Se um homem diz:
discórdia é que todos os cristãos estejam inclina- “Eu jamais poderia ser um presbítero; simples-
dos a ceder para seus irmãos. mente não estou qualificado para esse serviço”,
e nunca tenta se desenvolver para ser um
OS HOMENS DEVEM COMEÇAR A candidato a presbítero, pode estar enterrando
EXERCITAR O DOM DE LIDERANÇA um talento que Deus lhe deu.
Consideremos, agora, as quatro proposições
apresentadas: mesmo antes da nomeação de Como um Homem Pode Começar
presbíteros, os homens da congregação precisam a Usar Seus Talentos?
começar a exercitar suas habilidades para liderar. Não se exerce liderança dando ordens às pessoas
Essa habilidade é um talento dado por Deus, ao derredor. Um homem não começa a exercitar o
como é evidente em 1 Coríntios 12:28, onde Paulo talento de liderar sendo chefe das pessoas! Al-
falou do dom de “governo” ou “administração” guns podem pensar que este seja o caminho até
(NVI). A palavra grega significa literalmente “o a liderança; em algumas congregações há “mui-
trabalho de um piloto de navio que desvia o tos caciques para poucos índios”, muitos supervi-
navio de rochedos e bancos de areia até o sores e operários insuficientes. Isto se deve a um
ancoradouro”1 . Nisso obviamente estava incluso conceito equivocado do tipo de liderança que
— e talvez até se referisse primeiramente a ele — um presbítero precisa exercer. Conforme 1 Pedro
o trabalho dos pastores de uma igreja; mas não 5:1–5, os presbíteros não devem ser “domina-
necessariamente se restringia a eles. Certo comen- dores dos que [lhes] foram confiados”. Não são
tarista disse: “A função obviamente é de direção, chefes. A atitude deles não é: “Você precisa fazer
e pode ser o trabalho dos presbíteros. Mas não o que eu digo, porque eu sou um dos seus
temos como saber”2 . presbíteros”. De fato, a admoestação em 1 Pedro
Ainda que o termo se refira apenas a presbí- 5:5 para “no trato de uns com os outros [se
teros, surge uma pergunta: “Deus dá o dom cingirem] todos de humildade” aplica-se com a mes-
somente quando os homens são nomeados para ma intensidade aos presbíteros! Os presbíteros de-
o presbitério?” Seria mais preciso dizer que vem ser exemplo. Devem exercer a liderança
reconhecemos o dom de um homem em “gover- pela persuasão, não pela compulsão; pela influên-
nar” ou “administrar” ao nomeá-lo presbítero. cia, não pela manipulação. Por causa da beleza
Sendo assim, os homens possuem o dom de do caráter deles, da bondade e da sabedoria que
liderança antes de serem nomeados presbíteros. os outros vêem neles, o rebanho os segue com
Por isso, devem começar a exercitar esse dom alegria.
antes mesmo de se tornarem presbíteros. Futuros presbíteros precisam aprender a servir.
Nos negócios, homens que estão sendo prepara-
Como um Homem Sabe que Tem o dos para trabalhos de alto escalão geralmente co-
Dom de Liderança? meçam por baixo. Trabalham com todos os tipos
Como um indivíduo sabe se tem ou não o de serviço dentro da organização. De que outra
forma poderiam entender a organização e os pro-
1
William Barclay, The Letters to the Corinthians (“As
Cartas aos Coríntios”). Edinburgh: The Saint Andrew Press, blemas dos empregados que nela trabalham? Da
1973, p. 129. mesma forma, começamos a agir como líderes —
2
Leon Morris, The First Epistle of Paul to the Corinthians no sentido bíblico — quando começamos a servir.
(“A Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios”), em The
Tyndale New Testament Commentary. Grand Rapids, Futuros presbíteros precisam buscar oportunida-
Mich.: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1958, p. 179. des para se envolverem. O homem que virá a ser um

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presbítero começa buscando oportunidades para não esteja lhe dando um novo trabalho, mas
se envolver no trabalho de pastorear. Grande simples-mente reconhecendo que ele já está
parte do trabalho de um presbítero também é fazendo a maioria das coisas — as mais impor-
responsabilidade de outros membros. Por exem- tantes — que um presbítero faz. A congrega-
plo, os presbíteros devem ir atrás de ovelhas ção estaria, assim, dando-lhe oficialmente a
perdidas, embora o Novo Testamento coloque responsabilidade que ele já sente em cuidar
essa responsabilidade também sobre os demais das almas.
cristãos (Gálatas 6:1). Da mesma forma, os
presbíteros devem estar aptos para ensinar; CONCLUSÃO
embora todos os cristãos devam ensinar através Uma lição é um sucesso quando modifica o
de suas vidas, e todos devam se tornar mestres comportamento de quem a ouve ou lê. Esta lição,
na palavra, à medida que seus dons e oportunida- portanto, será um sucesso se: 1) levar alguma
des permitirem. Além disso, ao mesmo tempo congregação a constituir presbíteros qualificados
que os presbíteros devem refutar falsos ensinos, antes do que poderia fazê-lo de outra forma;
todos nós somos exortados a “[batalharmos] 2) ajudar uma congregação sem presbíteros a
diligentemente, pela fé que uma vez por todas cuidar melhor de sua obra e 3) ajudar homens a
foi entregue aos santos” (Judas 3). Finalmente, se prepararem para estarem qualificados para
os presbíteros devem exortar outros membros; servir algum dia como presbíteros, na igreja do
mas o autor de Hebreus dirigiu-se a cada cristão, Senhor.
dizendo: “Exortai-vos mutuamente cada dia” Hoje, Deus precisa de homens! Homens que
(Hebreus 3:13). sejam pregadores, colaboradores pessoais, pro-
O ideal é que quando uma congregação fessores e, talvez, mais do que tudo, presbíteros
nomeie ou constitua um homem presbítero, na igreja do Senhor! ■

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