A LIDERANÇA DA IGREJA
As Qualificações e a
Nomeação dos Presbíteros
Coy Roper
Como uma congregação da igreja do Senhor
passa a ter presbíteros que cumprem o papel que
Deus lhes deu? Respondendo isso com o mínimo
de palavras possível: 1) é preciso haver homens
qualificados para a posição e 2) eles precisam ser
nomeados para a tarefa. O que é necessário para
que se tornem qualificados? E, depois, como os
que estão qualificados devem ser nomeados ou
“constituídos”? Em qualquer explanação sobre a
liderança bíblica, essas duas perguntas têm de
ser respondidas.
AS QUALIFICAÇÕES DOS PRESBÍTEROS
Sempre que surge o assunto de presbitério
numa igreja local, as questões mais investigadas,
certamente, são as que se referem às qualificações
dos presbíteros. Um presbítero precisa ter mais
de um filho? Todos os seus filhos precisam ser
cristãos fiéis? Ele precisa renunciar ao cargo se a
esposa falecer? Nossa preocupação com as
“qualificações” e nossa relativa despreocupação
com o trabalho dos presbíteros podem sugerir
uma falha nas prioridades. Por isso precisamos
buscar a orientação de Deus para entendermos o
que é necessário para que um homem seja
nomeado ou constituído presbítero.
As Qualificações Alistadas
As qualificações para os presbíteros são
apresentadas em duas passagens bíblicas. A
primeira é 1 Timóteo 3:2–7, que é prefaciada pela
afirmação: “Fiel é a palavra: se alguém aspira ao
episcopado, excelente obra almeja”. (Bíblia Viva:
“É um dito verdadeiro que, se um homem deseja
ser pastor, tem uma boa ambição”; ERC: “Se
alguém deseja o episcopado, excelente obra
deseja”.) Isso tem levado muitos a crer que
“desejar” ou aspirar ser presbítero é uma das
qualificações do presbítero. Mas não é provável
que seja assim. Todavia, é verdade que um
homem precisa estar disposto a servir como
presbítero — ele precisa “desejar ser pastor”
pelo menos até esse ponto — antes de ser
constituído para esse serviço.
Paulo prosseguiu mencionando outras ca-
racterísticas que o presbítero precisa possuir.
Incluímos traduções alternativas para esclarecer
melhor1 :
1. “irrepreensível”; ERC, NVI, BJ: “irrepreen-
sível”; NTLH: “um homem que ninguém possa
culpar de nada”; BV: “um homem bom, contra
cuja vida não se possa falar nada”; VFL: “deve
viver de tal maneira que ninguém possa acusá-lo
de nada”.
2. “esposo de uma só mulher”; ERC: “marido
de uma mulher”; NVI: “marido de uma só
mulher”; BJ: “esposo de uma única mulher”;
NTLH: “deve ter somente uma esposa”; BV:
“deve ter apenas uma mulher”; VFL: “ele deve
ter somente uma esposa”.
3. “temperante, sóbrio, modesto”; ERC: “vigi-
lante, sóbrio, honesto”; NVI, VFL: “sóbrio,
prudente, respeitável”; BJ: “sóbrio, cheio de bom
senso, simples no vestir”; NTLH: “moderado,
1
Veja na página 6 os significados das abreviações.
1
prudente e simples”; BV: “deve ser trabalhador
incansável, cuidadoso, ordeiro, e cheio de boas
obras”.
4. “hospitaleiro”; ERC, NVI, BJ, VFL: “hospi-
taleiro”; NTLH: “deve estar disposto a hospedar
pessoas na sua casa”; BV: “deve ter prazer em
receber hóspedes em casa”.
5. “apto para ensinar”; ERC, NVI: “apto para
ensinar”; BJ: “competente no ensino”; NTLH:
“ter capacidade para ensinar”; BV: “deve ser um
bom mestre da Bíblia”; VFL: “competente para
ensinar”.
6. “não dado ao vinho, não violento”; ERC: “não
dado ao vinho, não espancador”; NVI: “não deve
ser apegado ao vinho, nem violento”; BJ: “nem
dado ao vinho, nem briguento”; NTLH: “não
pode ser chegado ao vinho, nem briguento”; BV:
“não deve ter o vício da bebida, nem ser um
valentão”; VFL: “não deve ser dado ao vinho
nem violento”.
7. “cordato, inimigo de contendas, não avarento”;
ERC: “não cobiçoso de torpe ganância, mas
moderado, não contencioso, não avarento”; NVI:
“amável, pacífico e não apegado ao dinheiro”;
BJ: “indulgente, pacífico, desinteresseiro”; NTLH:
“pacífico e calmo. Não deve amar o dinheiro”;
BV: “amável e bondoso e não ter amor ao
dinheiro”; VFL: “gentil e pacífico. Também não
deve ter amor ao dinheiro”.
8. “que governe bem a própria casa”; ERC: “que
governe bem a sua própria casa”; NVI: “deve
governar bem sua própria família”; BJ: “que ele
saiba governar bem a sua própria casa”; NTLH:
“deve ser um bom chefe da sua própria família”;
BV: “deve ter uma família bem educada”; VFL:
“deve governar bem a sua própria casa”.
9. “criando os filhos sob disciplina, com todo o
respeito”; ERC: “tendo seus filhos em sujeição,
com toda a modéstia”; NVI: “tendo os filhos
sujeitos a ele, com toda a dignidade”; BJ: “man-
tendo os seus filhos na submissão, com toda
dignidade”; NTLH: “saber educar os seus filhos
de maneira que eles lhe obedeçam com todo o
respeito”; BV: “com filhos que lhe obedeçam
depressa e com docilidade”; VFL: “deve criar os
seus filhos de maneira que lhe obedeçam com
todo o respeito”.
10. “não seja neófito”; ERC: “não neófito”;
NVI: “não pode ser recém-convertido”; BJ: “que
ele não seja um recém-convertido”; NTLH: “não
deve ser alguém convertido há pouco tempo”;
2
BV: “não deve ser um cristão novato”; VFL: “não
deve ser uma pessoa que se converteu recente-
mente”.
11. “é necessário que ele tenha bom testemunho
dos de fora”; ERC: “convém também que tenha
bom testemunho dos que estão de fora”; NVI:
“deve ter boa reputação perante os de fora”; BJ:
“é preciso que os de fora lhe dêem um bom
testemunho”; NTLH: “é preciso que seja respei-
tado pelos de fora da Igreja”; BV: “deve ser bem
conceituado entre as pessoas de fora da igreja”;
VFL: “é necessário que seja bem respeitado por
aqueles que não pertencem à igreja”.
Em Tito 1:5–9, encontramos as seguintes
qualificações:
1. “alguém que seja irrepreensível”; ERC, NVI:
“irrepreensível”; BJ: “homem irrepreensível”;
NTLH: “um homem que ninguém possa culpar
de nada”; BV: “bem conceituado por causa da
sua vida decente”; VFL: “viver de tal maneira
que ninguém possa acusá-lo de nada”.
2. “marido de uma só mulher”; ERC: “marido
de uma mulher”; NVI: “marido de uma só
mulher”; BJ: “esposo de uma única mulher”;
NTLH: “deve ter somente uma esposa”; BV: “ter
só uma mulher”; VFL: “ter somente uma esposa”.
3. “que tenha filhos crentes”; ERC: “que tenha
filhos fiéis”; NVI: “tenha filhos crentes”; BJ: “cujos
filhos tenham fé”; NTLH: “os seus filhos devem
ser cristãos”; BV: “seus filhos devem amar ao
Senhor”; “ter filhos que acreditem em Cristo”.
4. “[filhos crentes] que não são acusados de
dissolução, nem são insubordinados”; ERC: “que
não possam ser acusados de dissolução nem são
desobedientes”; NVI: “que não sejam acusados
de libertinagem e insubmissão”; NTLH: “não ter
fama de maus ou de desobedientes”; BV: “não
ter fama de desordeiros ou desobedientes a seus
pais”; VFL: “que não sejam acusados nem de má
conduta nem de rebeldia”.
5. “irrepreensível como despenseiro de Deus, não
arrogante, não irascível”; ERC: “não soberbo, nem
iracundo”; NVI: “não orgulhoso, não briguento”;
BJ: “não presunçoso nem irascível”; NTLH: “não
deve ser orgulhoso, nem ter mau gênio”; BV:
“não orgulhosos, nem impacientes”; VFL: “não
arrogante, nem alguém que se irrite com facili-
dade”.
6. “não dado ao vinho, nem violento”; ERC:
“nem dado ao vinho, nem espancador”; NVI:
“não apegado ao vinho, não violento”; BJ: “não
presunçoso, nem irascível”; BJ: “nem beberrão
ou violento”; NTLH: “não deve ser chegado ao
vinho nem violento”; BV: “não devem ter o vício
da bebida nem ser valentões”; VFL: “não dado
ao vinho nem violento”.
7. “nem cobiçoso de torpe ganância”; ERC: “nem
cobiçoso de torpe ganância”; NVI: “nem ávido
por lucro desonesto”; BJ: “nem ávido de lucro
desonesto”; NTLH: “nem ganancioso”; BV: “nem
ser gananciosos por dinheiro”; VFL: “não deve
querer ficar rico por meios desonestos”.
8. “hospitaleiro, amigo do bem”; ERC: “dado à
hospitalidade, amigo do bem”; NVI, VFL: “hospi-
taleiro, amigo do bem”; BJ: “hospitaleiro, bon-
doso”; NTLH: “deve estar disposto a hospedar
pessoas na sua casa e deve amar o bem”; BV:
“devem gostar de ter hóspedes em casa e amar
tudo o que é bom”.
9. “sóbrio, justo, piedoso, que tenha domínio de
si”; ERC: “moderado, justo, santo, temperante”;
NVI: “sensato, justo, consagrado, que tenha
domínio próprio”; BJ: “ponderado, justo, pie-
doso, disciplinado”; NTLH: “prudente, justo,
dedicado a Deus e disciplinado”; BV: “homens
sensatos e justos... ter a mente pura e ser dotados
de bom senso”; VFL: “prudente e justo... ser
dedicado a Deus e ter domínio próprio”.
10. “apegado à palavra fiel, que é segundo a
doutrina”; ERC: “retendo firme a fiel palavra,
que é conforme a doutrina”; NVI: “que se apegue
firmemente à mensagem fiel, da maneira como
foi ensinada”; BJ: “de tal modo fiel na exposição
da palavra que seja capaz de ensinar a sã
doutrina”; NTLH: “deve se manter firme na
mensagem que merece confiança e que está de
acordo com a doutrina”; BV: “sua crença na
verdade que lhes foi ensinada deve ser forte e
firme”; VFL: “deve se apegar à mensagem tal
como lhe foi ensinada, pois ela é de confiança”.
Essas qualificações podem ser agrupadas em
várias classificações. Dick Marcear viu nelas seis
categorias:
1. Qualidades perante a Comunidade. Ele deve
ser “irrepreensível” (1 Timóteo 3:2). Ele é tão
bem visto que se alguém atacasse o seu caráter,
ninguém acreditaria. Ele também precisa ter
um “bom testemunho dos de fora” (1 Timóteo
3:2). O homem que serve como presbítero
precisa ser alguém que tem o respeito dos de
fora da igreja bem como dos membros.
2. Qualidades relativas ao Caráter. Ele é “tem-
perante, sóbrio, modesto” (1 Timóteo 3:2). Não
é “dado ao vinho” (1 Timóteo 3:3)...
3. Qualidades relativas à Mente. Ele deve ter
“domínio de si” (Tito 1:8). Ele deve estar “apto
para ensinar” (1 Timóteo 3:2). Antes de ensinar,
é preciso receber o ensino... Através do seu
conhecimento e destreza ele precisa ser capaz
de “exortar pelo reto ensino” (Tito 1:9).
4. Qualidades relativas à Personalidade. Um
homem pode conhecer todos os “fatos” da fé
cristã, mas se não puder mostrar Cristo em sua
vida, ele não é o líder que Deus quer. Ele
precisa ser “cordato, inimigo de contendas”
(1 Timóteo 3:3), “não arrogante, não irascível...
nem violento” (Tito 1:7).
5. Qualidades relativas à Família. A pergunta
de Paulo foi: “Se alguém não sabe governar a
própria casa, como cuidará da igreja de Deus?”
(1 Timóteo 3:5)...
6. Qualidades relativas à Experiência. Ele não
deve ser “neófito” (1 Timóteo 3:6). A NVI diz
“recém-convertido”. Uma semente precisa criar
raízes, crescer até virar uma planta, para depois
dar frutos. Leva tempo para se desenvolver um
presbítero. 2
Aplicando as Qualificações
Questiona-se muito essas duas listas. Alguns
duvidam que essas características fossem ser
consideradas “qualificações” mesmo nos dias de
Paulo. Alguns acreditam que elas eram neces-
sárias aos presbíteros do primeiro século, mas
não são exigidas hoje. Como as listas de Timóteo
e Tito não concordam exatamente entre si, a
maioria acredita que deviam servir de diretrizes
ou sugestões gerais, em vez de uma lista rígida
de qualificações oficiais. Mesmo entre os que
acreditam que as listas fornecem as qualificações
necessárias a um presbítero, há divergência de
opiniões. O que significa ter “filhos crentes”? O
que significa “marido de uma só mulher”?
Quando um presbítero está “apto para ensinar”?
Quando há controvérsias relativas às qualifi-
cações dos presbíteros, o que uma congregação
deve fazer? A seguir, apresentamos algumas
observações e sugestões que podem ajudar os
cristãos a lidarem com essas questões.
A primeira qualificação — que serve de base para
todas as demais — é simplesmente que o presbítero
seja um cristão fiel. Uma congregação pode ficar
tão envolvida em analisar outros aspectos, que
se esquece de fazer a pergunta mais óbvia: “Ele
é um membro fiel da igreja do Senhor?”
Às vezes parecemos considerar mais importantes
as qualificações que menos têm a ver com a capacidade
2
Dick Marcear, “Who Can Serve as Elder?” (“Quem
Pode Servir como Presbítero?”). The Eastside Bulletin, Igreja
de Cristo Eastside, Midwest City, Okla., 21 de outubro de
1979.
3
do presbítero de conduzir o rebanho. Convém não
focalizarmos tão intensamente algumas qualifica-
ções de modo a perdermos de vista as outras.
Em sua maioria, essas qualificações devem ser
exibidas por todos os cristãos. Vejamos o quadro na
página 2. O presbítero não deve ser elevado a um
padrão superior ao dos demais cristãos. Em vez
disso, ele deve ser, num alto grau, um cristão fiel
que atingiu um nível de maturidade espiritual
que outros cristãos ainda estão se esforçando
para alcançar.
Muitas das qualificações são uma questão de grau
de maturidade cristã. Como todos pecamos e
cometemos erros, deve se esperar que o presbítero
seja cem por cento “sóbrio, justo, piedoso, que
tenha domínio de si”? O que seria ser completa-
mente, cem por cento, piedoso? Não devemos
esperar que o presbítero, ou qualquer outro
membro, tenha alguma dessas características
desenvolvida no mais elevado grau. Mas, deve-
mos esperar que o presbítero tenha desenvolvido
essas características até um grau considerável. E
não devemos entender com isso que as qualifica-
ções não têm importância. Embora elas sejam
uma questão de grau, o presbítero precisa possuí-
las de maneira notória.
Devemos atentar para o propósito por trás das
qualificações. Em alguns casos, o propósito é
mencionado. O presbítero precisa “governar bem
a própria casa...” (1 Timóteo 3:4). Por quê? “Se
alguém não sabe governar a própria casa, como
cuidará da igreja de Deus?” (1 Timóteo 3:5). Não
pode ser “um recém convertido”. Por quê?
Porque sendo um recém convertido, ele pode se
tornar “soberbo” e “incorrer na condenação do
diabo” (1 Timóteo 3:6). Precisa ter “um bom
testemunho dos de fora”. Por quê? Porque de
outra forma ele pode “cair no opróbrio e no laço
do diabo” (1 Timóteo 3:7). Ele precisa ser “apega-
do à palavra fiel”. Por quê? Para ter “poder tanto
para exortar pelo reto ensino como para conven-
cer os que o contradizem” (Tito 1:9). Mesmo se o
propósito não estiver especificado, devemos
tentar determiná-lo.
Avaliar a razão para cada qualificação pode
afetar nossas decisões. Por exemplo, pensar no
propósito por trás da qualificação nos ajudaria a
entender que a exigência de ter filhos crentes
(Tito 1:6) nada tem a ver com a capacidade do
homem de gerar um filho; por isso, um homem
capaz de criar um filho (ou filhos) adotivo ou de
4
criação de modo que este viva de acordo com a
vontade de Deus satisfará esse requisito.
Temos de evitar dois extremos ao analisarmos
essas qualificações: não aplicá-las tão estritamente
que nenhum homem jamais esteja qualificado nem
dizer que “qualquer um serve”. Há quem estabeleça
padrões impossíveis, acreditando aparentemente
que para ser presbítero é preciso ser perfeito e
nunca cometer um erro. Isso seria o mesmo que
dizer que nenhum homem jamais estaria qualifi-
cado, nem nos tempos bíblicos nos dias atuais.
Alguns acreditam que, porque um presbítero
precisa “estar apto para ensinar”, o suposto
presbítero tem de ser um exímio professor ou
pregador.
Outros quase não têm nenhum padrão.
Parecem pensar que se um cristão é casado e o
casal tem filhos batizados, automaticamente, ele
está qualificado para ser um presbítero, tenha ou
não as outras qualificações. É possível uma con-
gregação colocar homens desqualificados no
presbitério, por ter a idéia de que eles irão “crescer
exercendo a função”. Em algumas congregações,
a nomeação para o presbitério pode ser um prê-
mio pela popularidade ou um reconhecimento
de sua influência na comunidade, sem se conside-
rar, em ambos os casos, as qualidades espirituais.
Em algum ponto entre os dois extremos de,
por um lado, aplicar restrições excessivas e, por
outro lado, ignorar todos os limites, repousa um
meio termo em que a igreja é capaz de achar e
nomear homens que não são perfeitos, mas que
estão verdadeiramente qualificados para o pres-
bitério.
Por fim, devemos deixar cada congregação livre
para determinar quem preenche as qualificações do
presbitério. Se a autonomia congregacional signi-
fica alguma coisa, ela significa que uma congrega-
ção tem o direito de: 1) tomar suas próprias
decisões quanto ao que quer dizer “ter filhos
crentes”, ser “marido de uma só esposa” e estar
“apto para ensinar”, e decidir quais são as
implicações das outras qualificações e 2) escolher
e constituir homens como presbíteros de acordo
com seu entendimento do que sejam essas
qualificações e de acordo com o que conhece a
respeito de seus próprios membros.
Comparando as Qualificações dos Presbíteros
Com as Qualificações da Liderança
Como essas qualificações se comparam com
as características da liderança recomendadas
hoje? Em seu livro, James Wilburn3 expôs dez
“características da liderança”: 1) desejo de liderar,
2) entusiasmo, 3) autoconfiança, 4) humildade,
5) hábito de crescer, 6) visão, 7) conhecimento,
8) espírito compartilhador, 9) imaginação,
10) determinação. Kenneth Gangel citou uma
outra fonte em seu livro, alistando “cinco ingre-
dientes da liderança primários e seis secundá-
rios”:
...os autores... definem os fatores primários
como empatia, filiação a um grupo, considera-
ção, energia (comunicabilidade, expressivi-
dade, agilidade, originalidade) e estabilidade
emocional.
A lista de características secundárias inclui
um desejo por exercer a liderança, inteligência,
competência, autoconfiança e capacidade de
partilhar a liderança.4
Quando essas listas são comparadas às listas
dadas em 1 Timóteo e Tito, há mais diferenças do
que semelhanças5 . Por exemplo, Paulo não disse
nada sobre ser necessário que os líderes tenham
entusiasmo, imaginação, autoconfiança, visão,
inteligência, ou expressividade. Além disso, se
fôssemos tentar alistar as características da
liderança como as temos observado no mundo
dos negócios e dos esportes ou nas forças arma-
das, quais características incluiríamos? Se respon-
dermos sinceramente, nossa lista de característi-
cas provavelmente não terá muita coisa em
comum com as qualificações mencionadas em
1 Timóteo 3 e Tito 1.
O que devemos deduzir com isso? Parece
sensato concluir que as qualificações em 1 Timó-
teo 3 e Tito 1 têm a pretensão de serem usadas
para a seleção de um certo tipo de homem para um
certo tipo de liderança. Segue-se que os que
preenchem esses requisitos não estão necessaria-
mente qualificados para outro tipo de liderança
e os que estão qualificados para outro tipo de
liderança não estão necessariamente qualificados
3
James Wilburn, Leadership for Christ in the Local Church
(“Liderança para Cristo na Igreja Local”). Wichita Falls,
Tex.: Faith Press, 1963, pp. 20–54.
4
Kenneth O. Gangel, Leadership for Church Education
(“Liderança para a Educação da Igreja”). Chicago, Moody
Press, 1970, p. 162, citando Charles E. Hendry e Murray G.
Ross, New Understandings of Leadership (“Novos Entendi-
mentos de Liderança”), pp. 43, 64–85.
5
Para ser justo, James Wilburn provavelmente não
estava tratando das qualidades exigidas para se tornar um
presbítero na igreja local, mas referia-se às qualidades que
quem já é líder na igreja precisa tentar desenvolver.
para o presbitério! Entender isso pode nos ajudar
a evitar dois tipos de erros: 1) pensar que alguns
homens estão desqualificados por não serem
líderes em outras áreas, 2) pensar que alguns
homens estão qualificados por serem líderes em
outras áreas.
A NOMEAÇÃO DOS PRESBÍTEROS
Que método deve ser usado para que homens
qualificados sejam escolhidos e nomeados para
ser servir como presbíteros na igreja local? O
Novo Testamento indica um caso em que o
evangelista (Tito) teve de ordenar, ou separar, os
presbíteros (Tito 1:5), e em outro caso em que um
apóstolo e seu colaborador (Paulo e Barnabé)
ordenaram presbíteros (Atos 14:23). Todavia,
não é revelado o procedimento particular que se
usou quando esses homens foram ordenados
presbíteros. Provavelmente, eles não decidiram
arbitrariamente quem seriam os presbíteros e os
ordenaram para a tarefa sem envolver a igreja no
processo.
Como os presbíteros devem ser escolhidos?
O Novo Testamento não responde especifica-
mente essa pergunta, mas ele provê, em Atos 6,
um exemplo em que homens foram separados
para uma tarefa específica na igreja. Eis o que
aconteceu nesse caso: 1) os apóstolos determina-
ram as qualificações para os homens que deve-
riam desempenhar os papéis: “Então, os doze
convocaram a comunidade dos discípulos e
disseram: ...irmãos, escolhei dentre vós sete
homens de boa reputação, cheios do Espírito e de
sabedoria, aos quais encarregaremos deste ser-
viço” (Atos 6:2, 3). 2) A igreja como um todo
escolheu dentre seus membros quem preenchia
os requisitos: “O parecer agradou a toda a
comunidade; e elegeram... [sete homens]” (Atos
6:5). 3) Os apóstolos, pela imposição de mãos,
lhes constituíram (ordenaram) para a tarefa
proposta: “Apresentaram-nos perante os apósto-
los, e estes, orando, lhes impuseram as mãos”
(Atos 6:6).
Esse exemplo sugere um bom procedimento
para a escolha e nomeação dos presbíteros hoje
em dia: 1) as qualificações já foram determinadas
pelos apóstolos inspirados. 2) Essas qualificações
são apresentadas e explicadas à congregação,
presumivelmente por um evangelista ou profes-
sor. Os membros da igreja precisam ser bem
ensinados antes que se peça para eles escolherem
5
homens para pastorear o rebanho do Senhor.
3) A igreja como um todo participa da escolha
dos homens dentre seus membros que possuem
as qualificações. A igreja escolhe seus líderes,
seguindo as diretrizes do Novo Testamento.
4) Os presbíteros são então constituídos (separa-
dos), ou ordenados para trabalhar nas suas
funções, num culto público.
CONCLUSÃO
A escolha dos presbíteros deve ser feita com
todo o cuidado. Como alguém disse, é mais fácil
nomear do que “desnomear” um presbítero.
Tentar destituir do posto um presbítero que
tardiamente foi identificado como não-qualifi-
cado é notoriamente difícil e, geralmente, cau-
sa grandes problemas para a igreja. Deve ha-
© Copyright 2003, 2005 by A Verdade para Hoje
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
ver um elevado grau de acordo, se não absolu-
ta unanimidade, quanto a um homem preen-
cher os requisitos do Novo Testamento antes
de ser nomeado presbítero. Ainda assim, ele
não deve ser nomeado se for possível prever
problemas eventuais decorrentes de sua no-
meação. ■
CHAVE DE ABREVIAÇÕES
BJ — A Bíblia de Jerusalém. Edições Paulinas.
BV — A Bíblia Viva. Editora Vida.
ERC — Tradução de João Ferreira de Almeida,
Edição Revista e Corrigida no Brasil. Sociedade
Bíblica do Brasil.
NTLH — Nova Tradução na Linguagem de
Hoje. Sociedade Bíblica do Brasil.
NVI — Nova Versão Internacional. Sociedade
Bíblica Internacional.
VFL — Versão Fácil de Ler. Ed. Vida Cristã.