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1- A Igreja é corpo de Cristo enquanto é composta por vários membros que, dotados

dos dons do Espírito Santo que são distribuídos conforme as necessidades do corpo,
buscam se assemelhar em essência à cabeça que é Cristo.
Este Corpo Místico, constituído pelo Espírito Santo, se une a Cristo que sofreu e
foi glorificado por meio dos sacramentos de modo íntimo e real.
Pelo batismo configuramo-nos com Cristo "porque num mesmo Espírito fomos batizados
todos nós, para sermos um só corpo". (Rm 6, 4-5).
Todos os membros devem conformar-se com Cristo, até que neles se forme Cristo. Por
isso, somos incorporados nos mistérios da sua vida, configuramo-os com ele,
morremos e ressuscitamos com ele, até que reinaremos com ele.
O Espírito Santo é a alma desse Corpo que nos encaminha o Pai pela cabeça que é o
Filho.
Somos, nós batizados, parte deste Corpo Místico. Permitindo-nos sermos moldados
pelo Espírito nos unimos mais intimamente a este Corpo nos tornando tal quais
aquEle que gera o Corpo.
Para isto, cada parte do corpo deve viver como viveu a cabeça, morrendo e padecendo
para, assim, alcançar no final a glória.
O organismo visível deste corpo é a Santa Igreja Católica, que é sustentada de modo
indefectível sobre a Terra pelo mesmo Cristo. Se trata de uma estrutura complexa e
que depende da espiritualidade para ser compreendida, pois na Igreja se une dois
elementos, o humano e o divino.
Não é esta uma analogia imperfeita, pois do mesmo modo que o Verbo se fez imagem
visível e material para a salvação e redenção dos homens, a estrutura social da
Igreja - com todos os seus santos membros que se assemelham a Cristo - serve ao
Espírito de Jesus, que a vivifica.
Do mesmo modo que Jesus Cristo consumou a redenção na pobreza e na perseguição,
assim também, para poder comunicar aos homens os frutos da salvação, a Igreja é
chamada a seguir o mesmo caminho.
Somos como tijolos do castelo que é o Corpo de Cristo, onde a tinta que nos
uniformiza é a graça. Quando pecamos e agimos de forma a sermos menos Igreja, é
como se parte dessa tinta ou toda ela se retirasse, de modo que estamos no Corpo
mas não estamos unidos a ele num todo.
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2- Convém a Deus não salvar cada um individualmente, formando não um povo unido na
carne mas no Espírito. O povo de Deus.
Esse povo é enviado como instrumento da redenção universal, e é enviado ao mundo
inteiro como luz do mesmo mundo e sal da terra.
Assim como Israel ja é chamado Igreja de Deus, a nova Israel do tempo atual chama-
se Igreja de Cristo porque ele a conquistou com seu sangue, encheu-a do seu
Espírito e a dotou com meios aptos para uma união visível e social. A Igreja é
assim o sacramento visível dessa unidade salvadora.
Esta Igreja constituída essencialmente pelo povo de Deus é fortalecida pelo
conforto da graça divina, para que na fraqueza não se afaste da fidelidade
perfeita, mas se conserve como esposa digna do Senhor se renovando na ação do
Espírito Santo, até que pela cruz atinja a luz que não conhece ocaso.
Esse povo de Deus possue um sacerdócio comum, que pela regeneração e unção do
Espírito, oferecem na sua atividade cristã sacrifícios espirituais como hóstias
vivas, santas e agradáveis a Deus. Difere-se do sacerdócio hierárquico, mas ordena
de forma mútua, cada qual ao seu modo, ao sacerdócio de Cristo.
O sacerdócio hierárquico, pelo poder que lhe é investido, organiza e rege o povo de
Deus em nome de todo o povo ; O sacerdócio régio exerce o mesmo sacerdócio na
recepção dos sacramentos, na oração, na ação de graças e numa vida santa.
Assim, tanto pela oblação como pela sagrada comunhão, todos realizam a sua parte
própria na ação litúrgica, não de maneira igual, mas cada qual a seu modo,
fortificados na sagrada comunhão que concreta essa unidade.
Dispondo de meios tão numerosos e eficazes, todos os cristãos, qualquer que seja a
sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor a procurarem, cada um por seu
caminho, a perfeição daquela santidade pela qual é perfeito o próprio Pai celeste.
A forma final, o modo o qual cada um é imagem única do Deus vivo.

De fato, todos os fiéis espalhados pelo mundo mantêm-se em comunhão com os demais
no Espírito Santo e assim "aquele que reside em Roma sabe que os índios são membros
seus". Isso é possível justamente porque o reino de Deus não é deste mundo, e eleva
cada cultura, cada qual ao seu modo, a este reino atemporal. Por força desta
catolicidade, cada parte contribui com os seus dons pecualiares para as demais e
para toda a Igreja, de modo que o todo e cada parte crescem por comunicação mútua e
pelo esforço comum em ordem a alcançar a plenitude na unidade. Do mesmo modo que
cada um chega a Deus ao seu modo na Igreja, cada conjunto chega também a Deus a seu
modo com tradições próprias que revelem, de diferentes modos, a revelação ao seu
povo.

-Sobre a necessidade da Igreja como organização eclesial, pg.31 e 32 Lumen Gentium-

Aqueles que ainda não receberam o evangelho estão destinados, de modos diversos, a
formarem parte do povo de Deus. Com a graça suficiente, o Espírito Santo chama
todos a estarem mais pertos do Pai, de modo que esse encontro de amor se da
perfeitamente por meio da Igreja Católica, as outras comunidades eclesiais e
religiões se unem à Igreja com tudo aquilo que há nelas de bom e verdadeiro sendo
isto uma preparação evangélica.
Tendo isso em vista, é de importantíssima grandeza a obra missionária da Igreja que
leva a verdade a todos os povos, libertando-os da escravidão do erro e fazendo com
tudo que há de bom no coração e cultura dos homens seja ainda mais elevado se
colocando ao lado e à imagem de Cristo Rei do universo. De modo que o mundo inteiro
se transforme em corpo do Senhor.

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3- A hierarquia na Igreja foi criada por Cristo nosso Senhor com o fim de
apascentar o povo de Deus e aumentá-lo sempre mais ; Estão a serviço dos irmãos
para que todos que pertençam ao povo de Deus tendam livre e ordenadamente para o
céu.
Estabeleceu o colégio dos 12 sob a direção de Pedro e os enviou para fazer
discípulos todos os povos. Foram confirmados plenamente nessa missão no dia de
Pentecostes.
Sendo a missão do sacerdócio continuar a dos apóstolos até o fim dos séculos, os
bispos constituem sucessores que são pastores do povo divino, mestres da doutrina e
ministros do governo da Igreja e do culto sagrado.

Os bispos agem em Criso orientando o povo do Novo Testamento na sua peregrinação


para a eterna bem aventurança.
Cristo enriqueceu os apóstolos com a efusão especial do Espírito Santo, em ordem a
poderem desempenhar ofícios tão excelsos; os apóstolos, por sua vez, transmitiram
aos seus colaboradores, pela imposição das mãos, este dom do Espírito Santo que
chegou até nós pela consagração episcopal. Este dom concede aos que o recebem a
capacidade de ensinar, governar, santificar. Ofícios esses que não podem ser
comutados fora da comunhão hierárquica com os membros da Igreja, pois eles agem,
porventura nas vezes do próprio Cristo.
Os bispos estão unidos entre si tendo como cabeça Pedro, pelos vínculos de
caridade, paz, unidade e pelos Concílios. Este último, manifestando a natureza da
ordem episcopal claramente comprovada ainda pelos Concílios ecumênicos celebrados
no decorrer da história.
Assim, é mediante a comunhão hierárquica com a cabeça, e os membros do colégio, que
fica alguém constituído membro do corpo episcopal.
O colégio dos bispos também possui o poder supremo e pleno sobre a Igreja
Universal, mas este poder não pode ser exercicido sem o consentimento e união com o
Sumo Pontífice ; O poder de ligar e desligar que foi conferido a Pedro também foi
conferido ao colégio dos apóstolos, enquanto este está unido a cabeça que é Pedro.
O poder supremo, que este colégio possui sobre toda Igreja, é exercido de modo
solene no Concílio ecumênico.
Apesar de dirigirem igrejas particulares, eles devem estar em união com a Igreja
Universal e colaborarem com os outros bispos pois Cristo deu a todos estes um dever
comum.
Quando o bispo fala sobre as coisas de fé e moral, em comunhão com o Sumo
Pontífice, este fala em nome de Cristo e tudo que lhe ser falado deve-se aderir com
religioso respeito. Esse mesmo assentimento da vontade deve se dar com o Romano
Pontífice até quando ele não fala "ex-cátedra", reconhecendo seu magistério
supremo.
Embora não gozem da prerrogativa da infalibilidade pessoal, os bispos, no exercício
do seu magistério autêntico em matéria de fé e costumes, enunciam a doutrina de
Cristo de modo infalível quando - dispersos pelo mundo, mas conservando a comunhão
entre si e com o sucessor de Pedro - concordam em propor uma sentençã a seguir como
definitina ; Isto é ainda mais manifesto quando, reunidos em Concílio, são para
toda a Igreja juízes e doutores da fé.
Os bispos também possuem uma missão santificadora, edificando a sua Igreja com seu
exemplo de vida, exortando e regulando o culto da religião, instruindo com
solicitude o seu povo.
Ele é o maior servo, por ser o maior deve se fazer o menor.
Não devem ser considerados como vigários do Romano Pontífice, já que estão
revestidos de poder próprio, e são, com toda a verdade, os chefes dos povos que
governam. Seu poder não fica anulado pelo poder supremo e universal, mas antes por
ele confirmado, fortalecido e defendido.
E, assim como Paulo estava disposto a anunciar o evangelho a todos, todas as almas
de suas dioceses estão recomendadas ao bispo pelo Senhor.

Os bispos participam de forma consagrada da missão de Cristo, e estes mesmos bispos


confiaram legitimamente o cargo do seu ministério, em grau diverso, a éspas
diversas na Igreja. Assim, o ministério eclesiástico, de instituição divina, é
exercido em ordens diversas por aqueles que já antigamente eram chamados bispos,
presbíteros e diáconos. Ainda que não tenham sido elevados ao pontificado e
dependam dos bispos no exercício dos seus poderes, os presbíteros estão-lhes unidos
na dignidade sacerdotal comum e, pelo sacramento da ordem, ficam consagrados para
pregar o Evangelho, apascentar os fiéis e celebrar o culto divino, como verdadeiros
sacerdotes do Novo Testamento, á imagem de Cristo, sumo e eterno sacerdote.
Desempenhando, na medida da sua autoridade local, a função de Cristo, pastor e
cabeça, a condunção pelo Filho e pelo Espírito Santo até o Pai.
Em conjunto com os bispos, os presbíteros constituem um único presbitério, ou corpo
sacerdotal. E assim como Cristo chamou seus discípulos de amigos, que os bispos
reconheçamos presbíteros como seus colaboradores, e os presbíteros reconheçam seu
bispo como pai.

No grau inferior da hierarquia estão os diáconos que receberam a recebem a


imposição das mãos não para o sacerdócio, mas para o ministério. Assim, confortados
pela graça sacramental, servem o povo de Deus nos ministérios da liturgia, da
palavra e da caridade, em comunhão com o bispo e seu presbítero. São dedicados às
tarefas da caridade e da administração.

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4- Os sagrados pastores não foram instruídos por Cristo para assumirem sozinhos
toda a missão da Igreja quanto a salvação do mundo mas que o seu excelso múnus é
apascenar os fiéis e reconhecer-lhes o serviços e os carismas, de tal maneira que
todos, a seu modo, cooperem unanimanente na terefa comum.
Por leigos entende-se aqui o conjunto dos fiéis que não receberam a ordem sacra ou
abraçaram o estado religioso aprovado pela Igreja, são batizados e incorporados no
Corpo de Cristo.
Compete aos leigos as coisas seculares, por vocação própria, buscar o reino de Deus
ocupando-se das coisas temporais e ordenando-as segundo Deus.
Nem todos caminham pela mesma via, pois a cada membro do corpo é dada uma função
( Rm 12, 4-5 ). Apesar disso, todos são chamados à santidade e têm igualmente a
mesma fé pela justiça de Deus.
Apesar de não exercerem a mesma autoridade do clero, estão em igual pé de dignidade
por serem todos filhos de um único Deus, diferenciando apenas a sua função na
edificação do Corpo de Cristo. Especialmente levando em conta que, se Ele sendo
Senhor de todos veio para servir, tanto o clero quanto os fiéis leigos estão ali
para colaborar entre si na edificação da Igreja para a Jerusalém Celeste.

O apostolado dos leigos é participação na própria missão salvífica da Igreja; a


este apostolado são destinados todos pelo Senhor ao receberem o batismo e a
confirmação. Os leigos são chamados de modo especial a tornar presente e operante a
Igreja naqueles lugares e circunstâncias onde ela só por meio deles pode vir a ser
sal da erra. Assim, todo leigo por virtude dos dons que recebeu, é testemunha e ao
mesmo tempo instrumento vivo da própria missão da Igreja "segundo a medido do dom
de Cristo"( Ef 4, 7 ). Podem contribuir nos ofícios da hierarquia, á semalhança
daqueles que ajudavam o apóstolo Paulo na evangelização, e também ao exercício de
determinados ofícios eclesiais, com um fim espiritual.
Oferecendo os sacrifícios diários juntamente com a oblação do corpo do Senhor,
procedendo santamente em toda a parte como adoradores, consagram a Deus o próprio
mundo.
Fazendo brilhar a força do evangelho na vida cotidiana, cumprindo o múnus profético
de Cristo.
Neste particular, tem grande importância a vida matrimonial, que santificada por um
sacramento especial, se encontra um exercício e uma alta escola de apostolado dos
leigos, quando a religião crisã penetra toda a organização da vida e cada dia a
transforma para melhor, com os conjuguês sendo imagem de Cristo um para o outro e
para os filhos.
Compete aos leigos a principal responsabilidade de impregnar o mundo do espírito de
Cristo para que atinja o seu fim na justoiça, na caridade e na paz.

Além disso, congreguem os leigos os seus esforços para sanar as estruturas e as


condições do mundo, se acaso elas incitam ao pecado, de modo que tudo se conforme
às normas da justiça e, longe de impedir, favoreça a prática das virtudes. Agindo
desta maneira, impregnarção de valor moral a cultura e as atividades humanas.
Também se preparará melhor, assim, o campo do mundo para a samente da palavra
divina e, ao mesmo tempo, abrir-se-ão de par em par, à Igreja, as portas por onde
há de entrar no mundo o anúncio da paz.
Para serem úteis à economia da salvação, aprendam diligentemente os fiéis a
distinguir entre os direitos e as obrigações que lhes correspondem como membros da
Igreja, e os que lhes competem como membros da sociedade civil. Procurem com
diligência harmonizá-los uns com os outros, lembrando-se que toda ocupação temporal
devem orientar-se sempre pala consciência cristã, pois nenhuma atividade humana,
nem sequer na ordem temporal, pode substrair-se do império de Deus.

Os leigos recebem dos sagrados pastores por direito os bens espirituais e auxílios
da palavra e dos sacramentos, manifestem-lhes pois, as suas necessiades e os seus
desejos .
Segundo a ciência, competência e prestígio que possuam, têm a faculdade, às vezes
até o dever, de manifestar o seu parecer no que se refere ao bom da Igreja. Façam
isso por meio de órgãos próprios da Igreja com prudência e respieto àqueles que
fazem as vezes de Cristo. Assim, procurem os leigos também sempre aceitarem, como
servos de seus pastores, os pareceres estabelecidos pelo clero na Igreja.
Por sua vez, os sagrados pastores reconheçam a importância do leigo, sempre os
animando às obras e deixando-lhes liberdade e campo de ação, fazendo tudo isto com
paternal afeto.

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5- Amando a Igreja como sua esposa, Cristo entrega-se por ela a fim de a santificar
e se unir com ela em seu corpo. Enriquecendo-a com os dons do Espirito Santo.
Por isso todos na Igreja que pertencem nela são chamados à santidade.
Pelo batismo participamos na natureza divina e abrimos espaço para a ação do
Espírito Santo nos moldar à imagem de Cristo.
É pois bem claro que todos os fiéis, seja qual for o seu estado ou classe, são
chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade, santidade esta que
promove, mesmo na sociedade terrena, um teor de vida mais humano. Empreguem os
fiéis as forças recebidas segunda a medida da dádiva de Cristo, para alcançar esta
perfeição, a fim de que - seguindo os seus caminhos, tornando-se conformes à sua
imagem e obedecendo em tudo a vontade do Pai - se entreguem plenamente a buscar a
glória de Deus e a servir o próximo. Assim a santidade do Povo de Deus desdobrar-
se-á em abundantes frutos, como o demonstra brilhantemente, mediante a história da
Igreja, a vida de tantos santos.
A cada um Deus concede os dons necessários para, que no seu espaço e função no
Corpo, possa cumprir com excêlencia e santidade sua vocação.
Por conseguinte, todos os fiéis santificar-se-ão dia a dia, sempre mais, nas
diversas condições da sua vida, nas suas ocupações e circunstâncias, e precsamente,
mediante todas estas coisas, desde que as recebam com fé das mãos do Pai celeste, e
cooperem com a vontade divina, manifestando a todos, no próprio serviço temporal, a
caridade com que Deus amou o mundo.
Lembre-se de que a caridade é o vínculo da perfeição e a plenitude da lei, comando
todos os meios de santificação e dá-lhes forma e os conduz à perfeição. Daí que
seja a caridade, para com Deue e para com o próximo, o sinal do verdadeiro
discípulo de Cristo.

O Pai concede a alguns o dom da graça divina para os levar com maior failidade a
consagrarem-se interiamente a Deus na virgindade ou no celibato, sem repartirem o
coração.
Cada um, conforme os dons que Deus lhe deu, vive sua santidade de forma a
assemelhar-se cada vez mais a um aspecto de Cristo. Seja no martírio de sangue,
seja na consagração por meio do celibato, seja ao abraçar a pobreza... Todos os
fiéis assim são convidados e obrigados a tender para a santidade e perfeição do
estado próprio. Cuidem, por isso, todos de orientar retamente os seus afetos, não
vá o uso das coisas mundanas.

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6- Os conselhos evangélicos em relação a pobreza e castidde são guardados pela


Igreja que, com sua autoridade sob direção do Espírito Santo, cuidou de interpretar
esses conselhos, regular a sua prática e determinar mesmo formas estáveis de os
viver.
Essas formas de vida eremíticas contribuem não só para os que os praticam mas para
todo corpo de Cristo.
Lembrando de que este ( o estado religioso ) não é um intermédio entre a condição
clerical e a laical, mas duma e doutra chama Deus alguns fiéis a usufruírem este
dom especial na via da Igreja e a ajudarem-na, cada um a seu modo, no desempenho da
sua missão salvífica.
Apesar de todos nos consagrarmos a Deus no batismo, quem se consagra em vida
religiosa busca uma vida ainda mais íntima com Cristo, obtendo mais frutos da graça
bastimal conforme cada vez mais representar o vínculo de Cristo com sua esposa
( Igreja ). Afastam-se, assim, dos vínculos que poderiam lhes tirar o fervor da
caridade e da perfeição do culto divino.
Por se afastarem das obrigações terrenas demonstram com mais clareza os bens
celestes presentes nesse mundo, mostra assim de modo particular a elevação do Reino
de Deus acima de tudo o que é terreno. Portanto, este estado, cuja essência
consiste na profissão dos conselhos evangélicos, embora não faça parte da estrutura
hierárquica da Igreja, pertence de modo indiscutível, à sua vida e à sua santidade.
Sendo missão da hierarquia eclesiástica apascentar o povo de Deus e velá-lo a
abundantes passagens, a ela incumbe também regular, com sábias leis, a prática dos
conselhos evangélicos, que promovem de modo particular a perfeição da caridade para
com Deus e para com o próximo. Com a mesma autoridade, cuida e vigia das regras
propostas por homens e mulheres ilustres.
Pela natureza de sua autoridade, o sumo pontífice pode isentar da jurisdição dos
ordinários do lugar, e sujeitar diretamente à sua autoridade, qualquer instituto de
perfeição e cada um dos seus membros., estes podem igualmente serem deixados à
autoridade patriarcal própria.

A Igreja, com a sua aprovação, não só eleva a dignidade do estado canônico a


profissão religiosa, mas também a apresenta, mesmo na sua ação litúrgica como
estado consagrado a Deus. Com efeito, a própria Igreja, com a autoridade que Deus
lhe comunicou, recebe os votos professos, obtém-lhes o auxílio e a graça divina com
sua oração pública, recomenda-os a Deus e dá-lhes uma benção espiritual, associando
a oblação deles ao sacrifício eucarístico.
Não nos enganemos, pois, que eles não contribuem para a sociedade, pois são suas
orações e exemplos que guiam muitos.
Pela sua fidelidade como esposa de Cristo, constante e humilde à sua consagração,
prestam a todos os homens generosos e variadissimos servições.

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7- A Igreja à qual somos todos chamados em Jesus Cristo e na qual pela graça de
Deus adquirimos a santidade, só será consumada na glória celeste quando chegar o
tempo da restauração de todas as coisas, e, como o gênero humano, também o mundo
inteiro, que está unido intimamente ao homem e por ele atinge o seu fim, será
totalmente renovado em Cristo.
Já chegamos, portanto, ao fim dos tempos, a renovação do mundo está
irrevogavelmente decretada e vai-se realizando de certo modo já neste mundo: de
fato, a Igreja possui já na terra uma santidade verdadeira, embora imperfeita. Até
que haja céus novos e nova terra, em que habite a justiça.

A Igreja peregrina, a Igreja penitente e O mis a Igreja celeste comumgam na mesma


caridade para com Deus e para com o próximo, e cantamos o mesmo hino de glória ao
nosso Deus. Pois todos os que são de Cristo, tendo o seu Espírito, formam uma só
Igreja e nele estão unidos entre si ( Ef 4, 16 ).

Os mártires e virgens consagrados se uniram mais intimamente a Cristo e nos servem


de inspiração, em conjunto dos outros que vivem na eterna glória, para chegarmos à
união perfeita com Cristo, quer dizer, à santidade.
Devemos amar os santos como amigos que nos ensinam, para que a união de toda Igreja
no Espírito se consolide pela caridade fraterna.
E ao celebrarmos o sacrifício eucarístico nos encontramos mais unidos ao culto da
Igreja celeste, numa só comunhão com ela e venerando em primeiro lugar a memória da
gloriosa sempre Virgem Maria, de São José, dos apóstolos e mártires, e de todos os
santos.
Todos, com efeito, quantos somos filhos de Deus e constituímos em Cristo uma só
famíli ( Hb 3, 6 ), ao unirmo-nos em mútua caridade e louvor uníssono à Trindade
Santíssima, realizamos a vocação própria da Igreja e participamos, com gozo
antecipado, na liturgia da glória consumada.

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8- O mistério da encarnação do Verbo, nascido da Virgem Maria, revela-se-nos e
continua na Igreja, que o Senhor constituiu como o seu corpo, e na qual os fiéis -
unidos a Cristo no seu corpo - devem também, e "em primeiro lugar, venerar a
memória da gloriosa sempre virgem Maria, Mãe de Deus e de Nosso Senhor Jesus
Cristo.

Sendo Ela verdadeira Mãe de Deus e do Redentor, foi remida pelos méritos de seu
Filho e se encontra como filha predileta do Pai. Ao mesmo tempo encontra-se unida
na estirpe de Adão com todos os homens que devem ser salvos; mais ainda, é
"verdadeiramente mãe dos membros de Cristo [...] porque com o seu amor colaborou
para que na Igreja nascessem os fiéis, que são os membros daquela cabeça". Por esta
razão é também saudada como membro supereminente e absolutamente singular da
Igreja, e também como seu protótipo e modelo acabado, na fé e na caridade.

A intenção do Concílio não é expor toda da doutrina sob Maria nem também diminuir
as questões ainda não finalizadas pelos teólogos e pela Igreja.

É desde o Antigo Testamento prefigurada, no proto-evangelho de Gênesis na promessa


da vitória contra a serpente feita aos nossos primeiros pais ( Gn 3, 15 ).
Do mesmo modo , ela é a Virgem que há de conceber e dar à luz um Filho, cujo nome
será Emanuel ( Is 7, 14; Mq 5, 2-3; Mt 1, 22-23).
Enfim com ela, filha exelsa de Sião, após a longa espera da promessa , atingem os
tempos a sua plenitude e inaugura-se a nova economia , quando o Filho de Deus
assume dela a natureza humana, para, mediante os mistérios da carne, libertar o
homem do pecado.

Quis, porém, o Pai das misericórdias que a encarnação fosse precendida da aceitação
por parte da Mãe predestinada, a fim de que, assim como uma mulher tinha
contribuído para a morte, também uma mulher contribuísse para a vida. Fazendo dela
a nova Eva.
Assim, Maria, filha de Adão, consentindo na palavra divina, tornou-se Mãe de Jesus,
e abraçando com generosidade e sem pecado algum a vontade salvífica de Deus,
consagrou-se totalmente, como escrava do Senhor, à pessoa e obra de seu Filho,
servindo ao mistério da redenção sob a sua dependência e com ele, pela graça de
Deus, onipotente. Com razão afirmam os santos padres que Maria não foi instrumento
meramente passivo nas mãos de Deus, mas cooperou na salvação dos homens.
Como diz Santo Irineu "pela obediência ela tornou-se causa de salvação para si
mesma e para todo o gênero humano". E não poucos padres antigos na sua pregação
compazem-se em repetir: "O laço de desobediência de Eva foi desfeito pela
obediência de Maria; o que a virgem Eva atuou com sua encredulidade, a Virgem Maria
desatou-o pela fé". Comparando-a com Eva, chamam Maria "Mãe dos viventes" e afirmam
com frequência: " A morte veio por Eva, e a vida por Maria".

A união da Mãe com o Filho na obra da redenção se mostra em diferentes momentos:


COM O MENINO JESUS
1- Na anunciação
2- Na visitação a Santa Isabel
3- No nascimento, com a visita dos reis magos e pastores
4- Na apresentação do templo
5- Na perda e reencontro do Menino Jesus no templo.
( Os 5 mistérios gozosos aí ).

NA VIDA PÚBLICA:
1- Nas bodas de caná, quando Maria intercede movida pela sua misericórdia
2- Na cruz, quando a espada transpassa sua alma unindo seu coração maternal ao
sacrifício.

Após a cruz, por consequência de sua imaculada conceição, foi elevada aos céus para
se unir ainda mais intimamente ao seu Filho.
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A função maternal de Maria para com os homens, de nenhum modo obscurece ou diminui
esta mediação única de Cristo, antes mostra qual é a sua eficáia.
Foi na Terra, por disposição da divina Providência, a Mãe do Redentor divino.
Concebendo, gerando-o, alimentando-o, apresentando-o no templo ao Pai, sofrendo com
seu Filho. cooperando pela sua obediência, pela fé, pela esperança e a caridade
ardente. Por isso tudo, ela é nossa mãe na ordem da graça.
Sua maternidade perdura, na economia da graça, sem cessar desde o consentimento que
ela prestou fielmente na anunciação e manteve ao pé da cruz, até a consumação final
de todos os eleitos.
De fato ela não abandonou esta missão, portanto, com seu amor de Mãe, continua a
interceder e cuidar dos irmãos de seu Filho, por isso a Santíssima Virgem é
invocada pelos títulos de Advogada, Auxiliadora, Medianeira... Mas isto deve
entender-se que nada tire nem acrescente à dignidade e à eficácia de Cristo,
Mediador único.
Pois nenhuma criatura pode colocar-se no mesmo plano que o Verbo encarnado e
redentor, mas, assim como o sacerdócio de Cristo é participado de modo diverso
pelos ministros sagrados e pelo povo fiel, e assim como a bondade de Deus, única,
difunde-se realmente em diversa pelas suas criaturas, assim também a única mediação
do Redentor não exclui, ates suscita nas ciraturas uma cooperação múlipla, embora a
participar da fonte única.
A Igreja assim recomenda-a ao amor dos fiéis para que, apoiados nesta proteção
maternal, se unam mais intimamente a Cristo, Mediador e Salvador.

A Santíssima Virgem encontra-se também intimamente unida à Igreja, pelo dom e cargo
da maternidade divina, que a une com seu Filho redentor, e ainda pelas suas graças
e prerrogativas singulares: a Mãe de Deus é a figura da Igreja, como já ensinava
Santo Ambrósio, quer dizer, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com
Cristo. Deu à luz o Filho, quem Deus constituiu o priogênito entre muitos irmãos
( Rm 8, 29 ), isto é, entre os fiéis em cuja geração e formação ela coopera com
amor de mãe.

A Igreja, contemplando a santidade misteriosa de Maria, imitando sua caridade, e


cumprindo fielmente a vontade do Pai, pela palavra de Deus fielmente recebida,
torna-se também ela mãe: pela pregação e pelo batismo gera, para uma vida nova e
imortal, os filhos conebidos do Espírito Santo e nascidos de Deus. E é também
virgem, que guarda a fé jurada pelo Esposo, íntegra e pura; e, à imitação da Mãe do
seu Senhor, conserva, pela graça do Espírito Santo, virginalmente íntegra a fé,
sólida e esperança sincera a caridade.

Com efeito, quando Maria é exaltada e honrada - que, pela sua cooperação íntima na
história da salvação, de certo modo reúne e reflete as maiores exigências da fé -
ela atrai os crentes para seu Filho, para o sacrifício dEle e para o amor do Pai.
Assim, a Virgem, durante a vida, foi modelo daquele amor materno de que devem estar
animados todos aqueles que colaboram na missão apostólica da Igreja para a redenção
dos homens.

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Maria foi exaltada pela graça de Deus acima de todos os anos e de todos os homens,
logo abaixo de seu Filho, por ser a Mãe Santíssima de Deus e, como tal, haver
interferido nos mistérios de Cristo: por isso a Igreja a hnora com culto especial.
Sobretudo após o Concílio de Éfeso, cumprindo-se as palavras proféticas da própria
Virgem: "Todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque fez em mim grandes
coisas aquele que é podereoso".
Há de se ter cautela com a pregação e culto à Santíssima Virgem, de modo que não
haja falso exagero e nem demasiada pequenez.
O Sagrado Concílio exorta que promovam práticas lirtúrgicas que promovam o culto a
Virgem, de modo especial o culto litúrgico.
Que sempre esteja claro, pela orientação dos santos padres, da sagrada escritura e
do magistério, as funções e privilégios da Santíssima Virgem.
Evitem, diligentemente, tudo o que, por palavras ou por obras possa induzir em erro
os irmãos separados ou qaisquer outras pessoas, quanto à verdadeira doutrina da
Igreja.
Por sua vez, recordem-se os fiéis de que a devoção autêtica não consistem em
sentimentalismo estéril e passageiro, ou em vã credulidade, mas procede da fé
verdadeira que nos leva a reconhecer a excelência da Mãe de Deus e nos incita a um
amor filiar para com a nossa Mãe, e à imitação das virtudes.

Do mesmo modo que a Mãe de Jesus, já glorificada no céu em corpo e alma, é imagem
primícia da Igreja, que há de atingir a sua perfeição no século futuro, assim
também já adorna na terra, enquanto não chega o dia do Senhor, ela brilha como
sinal de esperança segura e de consolação aos olhos do povo de Deus peregrino.

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