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Pierre Pierrard
Contracapa:
Esta História da Igreja Católica, bem elaborada, acessível e
estruturada, oferece ao leitor as articulações, os
dinamismos, as tensões e os malogros de uma evolução ue não
revela apenas
divina: as lições
uma Igreja mas ainda a intelig!ncia da economia
no "undo#
$m cl%ssico recomendado a uem deseja uma visão de dois
mil&nios cristãos#
(3omas "oore
* *."* E ' E+-7)I('
' tão aguardado complemento de ' +E1(I/' /* *."*
8* espiritualidade nunca deve ser usada como um tubo de
escape mas deverer% catali2ar este potencial para procurar
novos camin3os para a vida 9 lu2 de uma nova
espiritualidade# Este novo livro apresenta "oore no seu
mel3or, retirando os ensinamentos dos tetos sagrados, das
igrejas e dos p;lpitos aplicando5os 9 realidade di%ria
<a2endo uma abordagem dos cultos do Cristianismo, do =en e
do (auísmo, "oore revela5nos ue a religião não dever% ser
usada como uma conc3a, mas como uma ferramenta ue nos
liberte e apele ao 3umanismo, empatia e a uma mel3or forma
de nos relacionarmos com os poderes criativos###8
-$.I+HE)+ >EE
???
-IE))E -IE))*)/
HI+(@)I* /* IA)E0* C*(@.IC*
/ois mil&nios cristãos incluindo actividade pastoral de 0oão
-aulo II at& BB em *p!ndice Complementar
por -# *rtur )oue de *lmeida
-.*1E(* E/I(')*
???
* Colette
???
-)E<TCI'
História não
refer!ncia se podem
ao passado resumir
implica a estasdo lições,
o imobilismo cuja
3omem e das
sociedades# <reuentemente, a História da Igreja & tratada
apenas como um reportório, onde tanto o teólogo como o
pastor vão buscar enunciados e normas j% estabelecido s, com
o perigo de se ficarem por adaptações casuísticas# -or isso,
compreende5se a impaci!ncia dos 8inovadores8#
(rata5se de um grave malentendido, tanto da 3istória do
3omem como da tradição da f&# Esse positivismo dogm%tico
esva2ia a dimensão essencial de uma economia ue desencadeia
e anima a entrada de /eus na História# 1a verdade, a
História entra no tecido da f&, ue aí encontra não apenas
materiais eemplares, mas tamb&m a compreensão do seu
dinamismo6 porue 8o Espírito, ue condu2 o curso dos tempos
e renova a face da (erra, est% presente nesta evolução8
UZaticano II, Constituição da Igreja Aaudium et spes, BOV#
' ue importa, portanto, & ue o cristão, desde o momento em
ue nele emerge a consci!ncia do seu ser cristão, esteja
disponível ao entendimento da História, da História
8sagrada8, incluindo os condicionamentos terrestres ue
constituem o lugar de seu mist&rio# 1ão se trata de
curiosidade de erudito, mas de maturidade da f&#
Eis aui, portanto, uma História da Igreja elaborada em
traços r%pidos e agradavelmente acessível ue, estruturada
com delicade2a e títulos sugestivos, revela ao leitor as
articulações, os dinamismos, as tensões e os fracassos de
uma evolução ue não fornece apenas lições, mas tamb&m o
entendimento da economia divina: uma Igreja no "undo#
"# /# C3enu
I
* IA)E0* 'C$.(*
Capítulo I
' 1*+CI"E1('
organi2ado: o)oma
conuistar era oo seu
mundo, seucoração vivocamponeses5soldados,
povo de e a sua lu26 ao
tin3a5se educado# "as o panteão romano 5 ue o 'limpo grego
3avia reforçado e renovado 5 mantin3a apenas o prestígio de
lendas deslumbrantes# Claro, 3avia sempre soldados para
invocar "arte, doentes para implorar a Escul%pio e artesãos
para pedir a protecção de "inerva# 1as províncias
pacificadas, a deusa )oma e o divino Imperador ainda
despertavam um sentimento de recon3ecimento ue poderia
passar por culto# "as o 3elenismo difundira amplamente no
mundo mediterr\nico o gosto pelas coisas do espírito, assim
como uma nova concepção do 3omem: o cosmos, entendido como
um todo animado por uma lei racional e ao ual o 3omem deve
3armoni2ar a sua vida# -regadores de linguagem realista e
plena de imagens falavam de
L
di\spora,
importantes cinco a seis namil3ões,
na "esopot\mia, formavam
+íria e no colónias
Egipto, sobretudo
em *leandria# 1o entanto, o coração de todos estava em
0erusal&m, cidade ;nica: não ue ela se pudesse comparar a
*ntiouia ou a feso, mas porue o seu (emplo era a morada
do /eus ;nico, o ref;gio de um monoteísmo muito elevado ue
dava a cada um dos fil3os de Israel, por mais pobre ue
fosse, a consci!ncia de uma superioridade indestrutível#
(odos estavam unidos pela f& num /eus
]
peuenos mandamentos
imortalidade da alma, dena /eus# *li%s, mantin3am
ressurreição, a f& dos
na eist!ncia na
anjos, ao contr%rio dos saduceus, ue apenas se cingiam 9s
prescrições da (ora#
J
B# 0esus
O
instalou5se
de 1a2ar& dacom "aria e1o0os&
Aalileia# ano 5deseu
BK,pai
de adoptivo 5 na receber
l% saiu para aldeia
o baptismo das mãos de 0oão, ue ' apresentou 9s multidões
como 8o cordeiro de /eus8#
<oi nas margens do lago de (iberíades ue 0esus escol3eu os
seus apóstolos 5 fundamento da sua Igreja 5 e foi aí ue
começou a sua pregação# Comentando um teto da .ei na
sinagoga de Cafarnaum, assombra os seus ouvintes6 pois,
contrariamente aos escribas, fala com autoridade,
solicitando ue se ultrapassem as prescrições farisaicas,
afirmando ue não tin3a vindo para revogar a (ora, mas para
l3e dar pleno cumprimento, e anunciar o )eino ue vir%#
*inda ue 0esus ten3a ido a 0erusal&m para a celebração da
-%scoa, em BN e em BM, & na Aalileia ue a sua mensagem
gan3a epressão# <oi l% ue Ele proferiu as suas mais belas
par%bolas e foi 9s multidões ue acorriam 9 Aalileia ue Ele
ensinou o -ai51osso e anunciou a sua -aião6 foi para essas
multidões 5 esfomeadas e pobres como Ele 5, ue multiplicou
os pães6 foi sobre elas ue lançou o estran3o e paradoal
programa ue deveria ser a carta de uma nova 3umanidade:
8em5aventurados os pobres, os mansos, os aflitos, os ue
t!m fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros, os
ue promovem a pa2, os perseguidos###8, todos aueles ue o
8mundo8 rejeita, desde o aparecimento do Homem sobre a
(erra#
[uando, no fim do ano de BM, 0esus desce lentamente at&
0erusal&m, sabe ue ser% entregue aos )omanos# * glória dos
)amos precede de pouco a prisão, o julgamento diante do sumo
sacerdote e, depois, perante -ilatos, a morte na cru2 e a
sepultura, provavelmente em *bril do ano de L#
f%cil admitir a morte de 0esus# 0% a sua ressurreição
c3oca, escandali2a ou provoca sorrisos# 1o entanto, o
testemun3o dos apóstolos centra5se na relação entre a morte
e a ressurreição de 0esus: auele ue alguns viram agoni2ar,
morrer e, passados tr!s dias, vivo, id!ntico a +i mesmo,
capa2 de ser apalpado e
N
M
substituía5o,
pelo <il3o do na sua pregação,
Homem# pela nova foi
"uito naturalmente, ordem instaurada
lapidado como
blasfemo# * posição avançada de Est!vão, porta5vo2 dos
83elenistas8, assinala uma primeira etapa na evolução da
comunidade judeo5cristã#
/urante a lapidação de Est!vão aparece, pela primeira ve2
nos *ctos, um jovem judeu da Tsia, +aulo, ue mudar% o nome
para -aulo#
(emos muito poucos element os sobre a vida de -aulo antes da
sua conversão# * sua família, judia de srcem, mas ue 3avia
aduirido o direito de cidadania romana, estabelecera 5se na
Cilicia, em (arso, cidade amplamente aberta 9s rotas
comerciais e aos sincretismos religiosos: foi aí ue +aulo
nasceu no princípio da era cristã6 mas, em 0erusal&m, seguiu
as lições de um doutor famoso, Aamaliel, sendo atraído pelo
ideal farisaico# Com um temperamento apaionado, perseguiu o
cristianismo nascente, no ual não via senão impostura#
/errubado do cavalo por uma força invencível no camin3o para
/amasco 5 8+aulo, +aulo, porue "e perseguesW8 5, passa
algum tempo nos ermos do reino nabateu antes de rumar a
0erusal&m, onde encontra os c3efes da comunidade judeo5
cristã, (iago e -edro, e, junto deles, fortalece a sua f& em
Cristo crucificado e perseguido# /e 0erusal&m, parte para
*ntiouia na compan3ia de arnab&, onde o encontraremos a
preparar a sua primeira viagem mission%ria#
1a -alestina, os discípulos de 0esus alargam timidamente o
seu campo de acção# 's *ctos relatam o episódio da entrada
B
sua testemun3as
as mensagem, rememorando
da vida do as suas controlando
"estre, lembranças, os
interrogando
materiais
de ue são feitos os Evangel3os sinópticos# "as a jovem
Igreja aparece como o verdadeiro Israel e o *ntigo
(estamento & atentamente eaminado 9 lu2 do 1ovo#
B
Capítulo II
<')* /* -*.E+(I1*
# -aulo
BL
Isso não impede ue este peueno judeu 3eleni2ad o seja, com
toda a propriedade e significado da palavra, 8o apóstolo8,
isto &, a testemun3a, o pregador e o organi2ador# -aulo
contribui para este apostolado com as riue2as de uma
personalidade ecepcional, de uma f& ardente, de uma
sensibilidade muito viva por ve2es desconfiada, de uma
vontade dominadora, de uma sa;de d&bil, de uma intelig!ncia
apurada pelas formas uotidianas da vida apostólica e de uma
dial&ctica marcada tanto pelo rabinismo como pelo 3elenismo6
enfim,grandes
(r!s de uma caridade insond%vel#
intuições deram a esta eist!ncia a sua
densidade: a universalidade do reino de /eus e da salvação
pela f&, o primado do espírito sobre a letra e a liberdade
dos fil3os de /eus#
1o ano de ]], -aulo encontra5se em *ntiouia: arnab&, c3efe
da comunidade cristã, c3amou5o de (arso, de onde se irradiou
a sua fama de pregador# /urante um ano, -aulo e arnab&
trabal3am juntos# 1a -rimavera de ]J, embarcam para C3ipre
e, depois, vão para a -anfília# -aulo, tornado c3efe da
missão, irradia influ!ncia em redor de -erge e, depois,
*ntiouia da -isídia6 posteriormente, percorre a .icaónia:
Icónio, .istra e /erbe# -or toda a parte, procede da mesma
maneira: na sinagoga toma a palavra como l3e permite o
ritual judaico e esforça5se por demonstrar pelas Escrituras
ue 0esus & o "essias esperado por Israel6 depois, a sua
pregação orienta5se para os gentios# 1ão l3e faltam
dificuldades: aui, os judeus incitam a multidão a apedrej%5
lo6 acol%, tomam5no pelo elouente Hermes, enuanto outros
desejam adorar arnab&, cuja estatura evoca 0;piter#
)egressado a *ntiouia, -aulo c3oca5se com os judeo5cristãos
ue pretendem ligar a salvação ao rito da circuncisão#
Embora sujeitando5se 9s prescrições judaicas 5 8-ara os ue
estão sujeitos 9 .ei, fi25me como se estivesse sujeito 9
.ei, se bem ue não esteja sujeito 9 .ei, para gan3ar
aueles ue estão sujeitos 9 .ei8 5, -aulo não compreende
ue se impon3a a circuncisão aos gentios desejosos de
ingressar na Igreja# * controv&rsia & levada a 0erusal&m,
perante os c3efes da comunidade cristã, -edro e 0oão, ue
avali2am os m&todos paulinos, malgrado a resist!ncia de
muitos irmãos#
B]
um /eus edescon3ecido,
3omens ue 8fiou ;nico
um diae invisível ue o
para julgar fe2universo
a (erra ecom
os
justiça, por um 3omem ue Ele destinou, oferecendo a todos
uma garantia ao ressuscit%5.o de entre os mortos8# $m
escravo crucificado e saído do t;mulo Com risos
2ombeteiros, mandaram o orador de volta aos seus son3os:
8'uvir5te5emos sobre isso outro dia8
' peueno judeu desce a Corinto, o porto cosmopolita onde,
entre du2entos mil 3omens livres servidos por uatrocentos
mil escravos, trabal3am numerosos orientais mais bem
preparados ue os gregos para receber a mensagem evang&lica#
-aulo, misturando5se com os pobres e os marin3eiros 5 ele
próprio fa25se tecelão de tecidos de p!lo de cabra para
tendas 5, permanece de2oito meses em Corinto# E, depois de o
seu minist&rio se ter iniciado 8na fraue2a, no temor e em
grandes atribulações8, -aulo aduire segurança e fala da
Cru2 sem receio de c3ocar o orgul3o judeu ou de escandali2ar
a ra2ão grega# de Corinto 5 onde se organi2a uma
importante comunidade cristã 5 ue -aulo remete as suas duas
cartas aos (essalonicenses ue uer fortalecer na f&,
mantendo5os na esperança do retorno do +en3or# *pós uma
breve escala em feso, -aulo retorna 9 +íria por mar#
"as, a partir da -rimavera de JL, empreende a sua terceira
viagem mission%ria, a mais longa# Escol3e feso como
uartel5general6 feso, a magnífica, emula de *leandria,
estendida, inteiramente branca, sob o sol implac%vel, em
torno do templo
BJ
comunidade de
judai2antes ou Corinto6
da acçãotratar5se5ia
de gnósticosde acobertados
uma ofensivapela
de
autoridade de um certo *poioW * &tica 3el&nica e ao
legalismo judaico, -aulo contrapõe a liberdade do cristão,
para uem a ressurreição de Cristo & justiça, santificação e
redenção#
-aulo & forçado a sair rapidamente de feso porue um
fabricante de estatuetas de *rtemis provocou um grande
tumulto contra os cristãos ue prejudicavam o seu negócio#
Zai para a "acedónia UZerão de JKV, de onde envia aos
Coríntios uma segunda epístola: um poderoso partido 5
difícil de identificar 5 minava a autoridade de -aulo6 daí
ue ele considerasse necess%rio relembrar o fundamento da
sua autoridade# /e Corinto, onde permanece tr!s meses,
escreve aos )omanos para pedir5l3es ue o ajudem numa viagem
ue, de )oma, deveria condu2i5lo 9 -enínsula Ib&rica#
"as, antes disso, & preciso levar a 0erusal&m o produto da
colecta feita no 'riente a favor da Igreja5mãe# -arte de
<ilipos para (róade, de onde ruma para "ileto# *os irmãos de
feso ue foram v!5lo, confidenci a os seus pressentimentos:
8E agora estou certo de ue nunca mais vereis o meu rosto#
X###Y "as não considero preciosa a min3a vida, contanto ue
leve a bom termo a min3a carreira e cumpra o minist&rio ue
recebi do +en3or 0esus###8
BO
BK
poderia acreditar
directri2 ue
do "estre: algum
8Ide, dos do2e
ensinai todas pudesse esuecer a
as nações###8W
' autor do primeiro Evangel3o 5 "ateus, o antigo publicano 5
revela uma rica personalidade, mas nada sabemos da sua vida#
*s lendas ue cercam a 3istória de 0oão 5 o apóstolo ue
0esus amava 5 desaparecem diante do ardor dos seus escritos#
*pós a morte de -aulo, 0oão est% em feso: parece ter sido,
na Tsia, a mais elevada autoridade espiritual do fim do
s&culo I# (ertuliano pretendeu ue 0oão sofresse em )oma,
sob /omiciano, o suplício da %gua a ferver: teria saído são
e salvo e, relegado para -atmos, acabaria por morrer j%
centen%rio, em feso# ' uarto Evangel3o 5 o de 0oão 5 & um
documento ;nico
BN
contacto
do com o mar Egeu e o mar *dri%tico, e )oma, o coração
Imp&rio#
"ons# /uc3esne di2ia justame nte ue o Imp&rio )omano foi 8a
p%tria do cristianismo8# /e facto, foi )oma uem indicou 9
Igreja as suas primeiras fronteiras: a -a )omana favoreceu,
no interior do Imp&rio, os interc\mbios necess%rios# )oma
forneceu 9 Igreja cristã os seus uadros jurisdicionais: a
cidade, a província e, mais tarde, a diocese# /e resto,
sabe5se ue o
BM
constitui a auilo
interno8: a escravos,
massa de ue (oGnbee c3ama 8o doproletariado
base económica Imp&rio6 os
peregrini, gente sem lar nem p%tria, os 3umiliores, os
tenuiores UV# Eistem ainda matronas 9
L
L
LB
cristãos, ueparece
perseguição são espoliados
ter sido ouparticularmente
eecutados por ateísmo#
violenta *na
Tsia#
/ois anos depois da morte de /omiciano, o Imp&rio cai nas
mãos de (rajano UMN5KV, o optimus, ue leva as ualidades
de 3omem de Estado ao grau supremo# (rajano vangloria5 se de
manter a antiga toler\ncia romana# )espondendo a -línio, o
0ovem, proc`nsul na itínia, ue o consultara sobre a
conduta a manter em relação aos cristãos, fia uma norma de
conduta: os cristãos, com efeito, são ateus6 se convictos,
devem ser punidos, mas não se deve procur%5los e deve
deiar5se de lado as den;ncias anónimas: todo o inculpado
ue se arrepender deve ser libertado# Este 8rescrito8 de
(rajano UBV iria fa2er jurisprud!ncia, embora a atitude do
poder a respeito dos cristãos, no decurso dos s&culos II e
III, não seja nada clara# 's grandes *ntoninos: *driano
UK5LNV, *ntonino, o -io ULN5OV, e "arco *ur&lio UO5
NV nada fariam para agravar a legislação anticristã6 mas,
aui e ali, eclodiriam c3amas de antagonismo e tombaram
m%rtires, devido 9s pressões do povo sobre o poder local,
pois & ineg%vel ue a cólera popular, alimentada por
maledic!ncias, invejas, aborrecimento ou patriotismo
eagerado arrastou mais de um cristão aos seus tribunais e
ao suplício: a multidão sempre se mostrou covarde em relação
9s minorias e 9s pessoas vigiadas pela polícia#
"ais 3ostis foram os +everos# +eptímio +evero UML5BV
assina, em BB, um rescrito ue visa, ao mesmo tempo, os
judeus e os cristãos: & proibido não só fa2er5se cristão,
mas tamb&m 8fa2er8 cristãos6 a justiça não deve apenas
esperar as den;ncias, mas igualmente procurar os cristãos:
&, sobretudo, no Egipto e em Tfrica, onde o cristianismo
progride rapidamente, ue esse rescrito fa2 mais vítimas#
' cruel Caracala UB5BKV, Heliog%balo, um oriental
deseuilibrado UBN5BBBV, e o religiosíssimo *leandre
+evero UBBB5BLJV deiam adormecida a legislação precedente#
[uiseram fa2er de *leandre +evero um admirador de Cristo, o
ue & certamente falso6 ali%s, o seu reinado foi marcado,
esporadicamente, por eecuções de cristãos denunciados pela
multidão#
LL
(ertuliano,
de cristão# com algum eagero, levado pela sua consci!ncia
* grande vaga de perseguições desencadeou5se na &poca do
valoroso /&cio UB]M5BJV, preocupado com ue o envel3ecido
Imp&rio regressasse 9s virtudes e ao culto da antiga )oma#
Em BJ, todos aueles ue, no território do Imp&rio,
beneficiassem do direito de cidadania romana, eram obrigados
a manifestar epressamente Uatrav&s de um sacrifício, de uma
libação ou da participação numa refeição sagradaV a sua
adesão 9 religião oficial: certificados UlibelliV atestarão
o facto e os infractores poderão ser punidos com a morte# *
aplicação desse &dito provoca muitas abjurações, mas tamb&m
encontra alguns resistentes ue dão origem a numerosos
martírios em )oma, na Tsia, no Egipto e em Tfrica#
Zaleriano UBJL5BOV, atrav&s de dois &ditos, agrava essa
legislação, visando a cabeça do corpo cristão: bispos,
padres e di%conos6 a Igreja de Tfrica & di2imada# +obrev!m
oito anos de pa2 sob o reinado de Aaliano UBO5BONV, inimigo
das desordens policiais# *ureliano UBON5BKJV não tem tempo
de impor ao Imp&rio o seu sincretismo solar#
[uando, após de2 anos de anaruia, /iocleciano assume as
r&deas do Imp&rio UBN]V, o "undo con3ece um mestre, cujas
reformas profundas permitiriam ue )oma manifestasse um
derradeiro esplendor# "as a vontade imperial de unificação
administrativa e religiosa, a impossibilidade para os
cristãos de associar o culto de 0esus ao rito da adoratio 5
essencial aos ol3os de /iocleciano e de "aimiano, seu
associado 5 e o papel cada ve2 mais importante desenvolvido
pelo cristianismo na sociedade romana eplicam
suficientemente a duração ULL5LLV e a viol!ncia da ;ltima
perseguição, 9 ual o nome de /iocleciano permaneceu
definitivamente ligado# Houve muitos m%rtires, ainda ue, em
muitos locais, as ordens vindas de cima ten3am sido
amortecidas pelo enfrauecimento das posições pagãs ou pela
coabitação fraterna entre pagãos e cristãos#
L]
LJ
como um
ser tímido
ue se grupo condu2ido
revelem por anciãos
possuídos por tr&mulos
um 5 a não
profetismo
grandilouente# /esta multidão gemente, destaca5se um belo
3&rcules apaionado por uma fr%gil pagã ou sobressai uma
linda cristã cortejada pelo fil3o de um proc`nsul: o amor
impele5os para o p& da cru2 e, mais tarde, para a arena
ensurdecedora invadida pelas feras# /e ualuer forma, o
3eroísmo tenso de 8-olieucto8 & mais sadio do ue a suave
graça da 8<abíola8 de >iseman#
*o relermos os documentos sobre a vida cristã dos primeiros
s&culos, deiados por (ertuliano, 'rígenes, Clemente de
*leandria ou Hipólito, ficamos com uma impressão muito
diferente# 's cristãos não se distinguem dos outros 3omens
por nen3um pormenor eterior6 participam inteiramente da
vida da cidade, mas os seus c3efes eigem ue eles, perante
os costumes pagãos 5 ecessos de lu;ria, come2ainas,
espect%culos obscenos ou cru&is e divórcio 5, reajam com
firme2a# ' Evangel3o deve dar forma 9s relações uotidianas#
-ede5se a 3omens fracos uma atitude viril, um controlo
permanente dos seus gestos e dos seus pensamentos# *
iniciação dos catec;menos e a reconciliação dos pecadores
não são formalidades ou ritos destituídos de sentido: eigem
uma força e uma 3umildade singulares#
1o s&culo II, o catecumenato comporta tr!s fases: uma,
durante a ual os audientes UV são instruídos na vida
cristã e se
LO
meados do então,
contasse, s&culo com
II numerosos
5 demonstra ue,e embora
santos a Igreja
m%rtires, muitos
cristãos apegavam5se aos bens deste mundo6 ricos ue, nas
assembleias, se recusavam a ficar junto de pessoas 3umildes6
di%conos ue traíam os interesses temporais de ue eram
respons%veis6 a apostasia era um esc\ndalo muito comum# *
Igreja avançava lentamente6 mas, como o seu "estre a camin3o
do Aólgota, por ve2es tamb&m ela tropeçava#
's centros cristãos são essencialmente 8comunidades8, em ue
os ritos de reuniões desempen3am um papel capital:
assembleia eucarística a ue preside o bispo cercado de
presbíteros, com a oração de consagração e a distribuição do
pão eucarístico ao povo6 assembleias uotidianas de
instrução, com leituras e 3omilias, e %gapes fraternas#
Inicialmente, os cristãos reuniam5se numa sala posta 9
disposição por um deles# 1o s&culo III, j% encontramos
lugares de culto autónomos, ue pouco a pouco são
construídos segundo uma aruitectura específica Utipo
basilicalV# 's cristãos dispõem, a partir do s&culo II, de
cemit&rios próprios: primeiro, cemit&rios de superfície e,
depois, sobretudo em )oma, em galerias subterr\neas ou
catacumbas, onde o culto cristão se refugia em tempos
difíceis: aí se desenvolve uma arte protocristã
LK
* escala
pouco da província
a autoridade e mesmo da diocese,
do metropolita impõe5se
Umais tarde, pouco a
designar5se5%
por arcebispo e patriarcaV# 0unto das ordens eclesi%sticas
3ierarui2adas, a Igreja primitiva cria um lugar para os
confessores, ou seja, os cristãos ue foram presos por causa
da f&, para as vi;vas, futuras diaconisas, e para as
virgens# * superioridade da virgindade sobre o casamento &,
desde logo, admitida6 no entanto, alguns advogam mesmo o
encratismo, a ren;ncia ao casamento, considerada como
condição de ingresso na Igreja# Este ecesso filia5se em
numerosas deformações ue representam um perigo constante
para a cristandade nascente e, de modo especial, no
gnosticismo#
LN
Capítulo III
* IA)E0* [$E <*.*
LM
opinião,
pagãos os sacramentos
e das cristãos *s
iniciações ocultas# nãosuas
diferem dos mist&rios
posições morais são
etremas: ou um ascetismo desumano ou um amoralismo total,
dado ue aueles ue possuem a gnose salvadora estão
colocados acima das leis morais instituídas pelo demiurgo#
' cristianismo primitivo na Tsia, na +íria e no Egipto,
testemun3a uma proliferação das confrarias gnósticas# '
*pocalipse de 0oão denuncia dois grupos de gnósticos
asi%ticos: os discípulos de um certo alaão e os nicolaítas
ue amaldiçoavam o /eus do *ntigo (estamento e praticavam o
libertinismo absoluto#
"as o c3efe de seita mais prestigiado & +imão, o +amaritano,
tamb&m c3amado o "ago ou o "%gico, personagem muito culta
ue os seus discípulos consideram o primeiro deus,
advers%rio dos anjos criadores do mundo# *s confrarias
simonianas espal3am5se por toda a parte, at& mesmo em )oma#
+amaritano como +imão, "enandro apresent a5se como um m%gico
imortal, semel3ante a Cristo#
1a cosmopolita *leandria, a gnose floresce com asilides,
fundador de um culto de mist&rios, no ual só se podia
ingressar apenas passados cinco anos de sil!ncio completo#
1ela, Carpócrates & objecto de uma adoração póstuma#
Zalentim vai de *leandria para )oma na &poca do papa Higino
e disputa a sucessão de -io: a sua teologia poderosa sedu2
muitos cristãos# "arcião Ufalecido cerca de OV foi a )oma
na mesma &poca de Zalentim6 eagerando o pessimismo paulino
perante a carne e a criação, rejeita totalmente os
ensinamentos do *ntigo (estamento6 as Igrejas marcionistas
multiplicam5se no mundo mediterr\nico, mas, sobretudo, na
"esopot\mia, onde abrem camin3o ao maniueísmo#
-ara a Igreja nascente, a gnose representa um perigo mortal,
porue corrompe a ideia judaica da transcend!ncia divina#
Ela confunde os mist&rios cristãos e a ideia paulina da
mis&ria do 3omem com o esoterismo das religiões antigas# '
misticismo impreciso, mas tentador, e o pessimismo
fundamental do gnosticismo ameaçam desviar a esperança
cristã 5 alimentada pela
]
crença num Homem5/eus 3istórico 5 para um desejo de
libertação próimo do nirvana# Easperando a ascese ou, pelo
contr%rio, os desejos da carne, a gnose coloca5se contra a
moral evang&lica, feita de mansidão e euilíbrio# (odo o
corpo da Igreja visível est% ameaçado de morte# *inda mais
uando um sacerdote frígio de Cibele convertido ao
cristianismo, "ontano, pretende ue a preemin!ncia da Igreja
pertença não
imin!ncia aos bispos, mas aos profetas, em virtude da
da par;sia#
<ace a essas doutrinas efervescentes, face 9 gnose e ao
montanismo, ergue5se Ireneu, bispo de .ião U<rançaV, ue & a
vo2 do corpo eclesial# Este grego de Esmirna con3eceu
-olicarpo, discípulo do apóstolo 0oão# +abe onde estão as
fontes do cristianismo e & capa2 de distinguir a corrente
evang&lica, atrav&s dos solavancos da 3istória# *os c3efes
de seitas, ele opõe a autoridade colegial e institucional
dos bispos, autoridade oriunda dos apóstolos e da ual a
Igreja de )oma & deposit%ria# s doutrinas etravagantes, em
ue o sublime convive com o insólito, opõe a regra da f&
cristã, tal como prov&m das Escrituras e c3egou aos fi&is
atrav&s da tradição apostólica# Ireneu recapitula tudo em
Cristo: a 3istória dos 3omens 5 incluindo o *ntigo
(estamento 5 e o próprio 3omem# * seus ol3os, a unidade & a
própria condição da vida da Igreja e essa Igreja não & uma
justaposição de confrarias, em ue cada uma, isoladamente,
pretende penetrar mais profundamente no mist&rio de /eus6
mas & uma comunidade 3umana em marc3a para um /eus
ressuscitado: $bi Ecclesia, Ibi +piritus# Eis porue o
*dversus 3aereses de Ireneu &, na História da Igreja, um
livro capital#
]
-olicarpo,
ue, o anfitrião
em breve, de o
irão receber In%cio,
relato anuncia aos do
do martírio <ilipenses
bispo de
*ntiouia# E ele próprio dever% renovar a gesta inaciana# 1a
&poca de *ntonino, perseguido durante muito tempo pela
polícia do proc`nsul [uadratus, -olicarpo, uase centen%rio,
& preso e, depois, levado montado num burro, ao centro do
anfiteatro de Esmirna, repleto de espectadores %vidos#
[uadratus, manifestamente impressionado pelos gritos da
multidão, interpela5o: 8lasfema e eu te soltarei Insulta
Cristo8, mas o vel3o replica: 80% 3% noventa anos ue '
sirvo e Ele nunca me fe2 mal# -or ue motivo 3averia eu de '
renegarW8 ' interrogatório & breve e a fogueira ue devora
-olicarpo & feita pelos espectado res ue invadem a arena# *
carta com a ual os cristãos de Esmirna descrevem o relato
dessa morte alimentar% o fervor de v%rias gerações de
cristãos na Tsia#
0ustino, morto como m%rtir em )oma por volta de OJ, & um
filósofo grego convertido: colocou a sua dial&ctica ao
serviço do cristianismo ue considera o florescimento do
ideal platónico# o mais destacado dos apologistas do
s&culo II 5 *ristides, *polin%rio, "elitão### 5 ue,
dirigindo5se directamente ao c3efe do Imp&rio, procuram
demonstrar5l3e ue, longe de renegar o 3elenismo, o
cristianismo transcende as suas riue2as#
"as & em *leandria e em Tfrica ue a jovem Igreja encont ra
os seus defensores mais bem preparados# Enuanto, aos ol3os
dos poderosos, o cristianismo não passa de uma seita de
gente 3umilde 5 8uma religião de cardadores, sapateiros e
lavadeiras8, como ironi2a Celso 5, aueles dois focos
permitem
]B
a Tfrica,
todo o seu como presbítero,
entusiasmo c3efe
e talento dos catec;menos,
5 poder5se5ia coloca
mesmo di2er o
seu g&nio 5 de jurista e de polemista ao serviço de um ideal
cristão ue coloca num ponto muito alto, mesmo demasiado
alto, desumanamente inacessível# -orue (ertuliano pertence
9 classe dos convertidos intransigentes, 9 dos )ance, dos
Zeuillot, dos HuGsmans e dos loG, cujo bisturi nem sempre
respeitou a carne boa# Embora se possa lamentar ue
(ertuliano 5 como mais tarde .a "ennais 5 ten3a c3egado a
injuriar e depois a deiar a Igreja5mãe julgada demasiado
sonolenta#
' latim do s&culo III deiou poucas obras tão substanciais
como *d martGres, eortação ao martírio, ou /e
-raescriptione 3aereticorum, m&todo de combate baseado na
autoridade jurisdicional e 3istórica da Igreja# E esse
*pologeticum, onde a erudição do escritor reforça a
veem!ncia da sua f& para combater a idolatria "as j% nesta
obra se revela o rigorismo moral de (ertuliano, a
impossibilidade ue ele eperimenta de partil3ar a vida de
uma cidade ainda pagã# -ouco a pouco, c3ega ao ponto de só
respeitar os fi&is 8pneum%ticos8 5 aueles ue acreditam
estar em contacto directo com o Espírito 5, esmagando com o
seu despre2o e crueldade os fi&is comuns, ao mesmo tempo ue
acentua as mesuin3e2es da vida uotidiana: espect%culos,
modas e segundas n;pcias, nada escapa aos seus ataues#
]L
espírito
sido evang&lico#
fundada por um $ma
tal escola
-anteno,cristã aleandrina
de uem 3avia
foi discípulo
Clemente Ufalecido por volta de BJV ue deu renome a essa
escola# (anto na sua c%tedra como nos próprios escritos 5 o
-edagogo, os +tromata### 5, Clemente de *leandria uer
demonstrar ue eiste concord\ncia entre a sabedoria antiga
e o Evangel3o: multiplica as analogias, aproimando a íblia
dos poemas de Hesíodo e de Homero Uo bonito uadro das
raparigas de 0etro comparadas a 1ausica na camin3ada para o
lavadouroV6 mas, ao mesmo tempo, insiste na unidade da
)evelação disseminada pelo Zerbo nas diversas culturas# (udo
isso est% muito longe do judeo5cristianismo e da austeridade
de (ertuliano: ue o cristão nunca se esueça de ue &
cristão, mas ue assuma, sem fanfarronice nem vergon3a, o
seu lugar na cidade terrestre# +e a Igreja romana não
admitiu Clemen te no seu martir ológio foi porue ele, nos
seus +tromata, desenvolv eu estran3as teorias sobre a gnose#
E semel3ante desventura aconteceria tamb&m a 'rígenes, outro
grande aleandrino do s&culo III#
<il3o de um m%rtir, 'rígenes estava destinado 9s letras
profanas uando o bispo de *leandria, /em&trio, l3e pede
]]
dos cristãos
(iana 5 uma
e 1um&rio mesma
são divindade
os dois mais panteísta# *polónio de
c&lebres representantes
dessa tend!ncia#
"ais vigoroso & o ataue condu2ido pela escola neoplatónica,
fundada em *leandria , no s&culo II, por *mónio +aca# Conta
entre os seus discípulos -lotino UBJ5BKV, ue elaboraria
uma doutrina baseada essencialmente no platonismo, do ual
-lotino aproveitou sobretudo a metafísica, colocando5a na
base de uma moral da pure2a, condição de elevação da alma
at& ao $no# <ervoroso adepto do 3elenismo, -lotino não
persegue os cristãos, mas só con3ece o cristianismo 5 uma
religião sem &tica 5 na sua versão deformada pela gnose#
Com -orfírio Ucerca de BL]5LJV, discípulo de -lotino, e
0\mblico Ucerca de BJ5LLV, o neoplatonismo torna5se
violentamente anticristão# aseando5se na filologia e na
3istória, estes filósofos
]J
]O
II
* IA)E0* -E/*A'A* /' 'CI/E1(E
Capítulo I
/E C'1+(*1(I1' * (E'/@+I'
# Constantino ou a emerg!ncia
"a!ncio# como
designara +eis augusto
meses por
maisocasião
tarde,da .icínio, ue Aal&rio
morte de +evero ULKV,
batia, na (r%cia, "aimino /aia, levando5o ao suicídio# 0%
não 3avia mais ue dois imperadores: Constantino em )oma e
.icínio na 1icomedia#
*o mesmo tempo, o cristianismo emergia da clandestinidade,
porue, com a instalação de Constantino no coração do
Imp&rio, reali2ava5se um milagre ue o próprio (ertuliano
acreditaria ser impossível: um imperador cristão# [uando &
ue Constantino abraçou o cristianismoW <oi na A%liaW E por
ue influ!nciasW E ele uem eraW Eis algumas das uestõe s a
ue os 3istoriadores não cessam de dar as mais diversas
respostas# /evemos acreditar no bispo Eus&bio de Cesareia 5
o 3istoriógrafo
]M
contagioso
só: num Estado
os julgamentos dos romano fortemente
tribunais monaru
episcopais são i2ado# E não
oficialmente
v%lidos e as Igrejas t!m a faculdade de construir um
património próprio# 1o entanto, a famosa 8doação de
Constantino8 ao papa +ilvestre não passa de lenda forjada
somente no s&culo ZIII#
[uando Constantino, desembaraçando5se de .icínio, se torna o
;nico sen3or do Imp&rio, transforma i2\ncio na espl!ndida
Constantinopla ULB]V, criando uma 8nova )oma8
especificamente cristã#
J
Zalente,
seu ponto tamb&m ele príncipe ariano, a confusão c3egou ao
culminante#
<oi necess%ria a autoridade de (eodósio ULKM5LMJV para ue,
por um &dito assinado em (essalonica UBN de <evereiro de
LNV, todos os povos submetidos ao Imp&rio fossem c3amados
8a aderir 9 f& transmitida aos )omanos pelo apóstolo -edro,
ou seja,
J
*ssim,
a pa2 euando (eodósio
a protecção morre, emaos
necess%rias LMJ, a Igreja
seus j% encontrara
grandes
JB
JL
Capítulo II
*.*1' /' C)I+(I*1I+"' E" "E*/'+ /' +C$.' IZ
JJ
Entre o /an;bio e o /niepre viviam tribos germ\nicas, os
Aodos, e foi um dos seus prisioneiros, $lfilas, ue os levou
ao cristianismo, na forma ariana6 substituindo os caracteres
r;nicos por um alfabeto srcinal, $lfilas tradu2iu a íblia
para gótico# -ouco a pouco, o cristianismo ariano vai
gan3ando os Zisigodos, os 'strogodos, os urg;ndios, os
+uevos
e uma eparte
os Z\ndalos# Entre ospermaneciam
dos .ombardos Aermanos, somente
fora doos domínio
<rancos
cristão#
1o interior do imp&rio, 3avia um nítido contraste entre o
'riente e o 'cidente# Embora, desde o fim das perseguições,
a densidade das comunidades cristãs j% fosse grande na Tsia
"enor, na +íria, no Egipto, na Tfrica e tamb&m na It%lia
Central e "eridional, a verdade & ue a A%lia, a It%lia do
1orte e a -enínsula Ib&rica manifestavam um atraso ue só
seria parcialmente superado durante o s&culo IZ# *ssim, a
A%lia ue, em LL, contava apenas com uns cinuenta
bispados, ter% mais de uma centena um s&culo mais tarde6 em
breve seria fiado o mapa eclesi%stico da antiga <rança,
muito semel3ante ao das cento e cator2e cidades galo5romanas
do aio Imp&rio#
' limes UV, a lin3a fortificada romana do )eno5/an;bio
estava pontil3ada por numerosas comunidades cristãs, como as
de Colónia, )atisbona e -assau, desti nadas a um glorioso
futuro# E não se deve esuecer ue foi a sul da mural3a de
*driano ue nasceu, por volta de LNM, o apóstolo da Irlanda,
-atrício# "as at& ue ponto essas populações eram cristãsW
JO
JK
Aovernador
*mbrósio da aclamado
foi .ig;ria bispo
e da Emília
aos L] com
anosresid!ncia em milan!s
por um povo "ilão,
conuistado pela sua sabedoria# <oi como orador, como c3efe
e como jurista ue enfrentou o paganismo e ue uis
dissociar do Estado romano# "as o bispo de "ilão não & um
especulativo6 os seus escritos, pregados antes de serem
publicados, visam a instrução6 da sua obra5prima, /e
'fficiis "inistrorum, imitada de Cícero, irradia uma pa2
admir%vel onde a moral cristã aparece, tr!s s&culos depois
da morte de 0esus, como uma flor perfeita
"uito diferente de *mbrósio Ufalecido em LMKV & 0erónimo,
ue l3e sobreviveria longo tempo Ufalecido em ]BV, e ue se
revelaria antes de mais nada um s%bio, mas a sua ci!ncia
volta5se para a acção# (endo deiado )oma, depois da morte
do seu amigo, o papa /\maso, 0erónimo viveria trinta e cinco
anos junto da gruta da 1atividade, dedicando5se a um
gigantesco e srcinal trabal3o de eegeta, de tradutor Ua
ZulgataV e de 3istoriador: obra imensa e diversa ue ele
marca com a sua personalidade vigorosa e, por ve2es,
derrotista# *trav&s dele, o latim da Igreja obt&m o seu
título de nobre2a# *o mesmo tempo, enuanto a vel3a )oma
tomba sob os golpes de *larico U]V, ele sustenta a coragem
dos 3omens ue a noite ameaça envolver abruptamente#
1o outro lado do "editerr\neo, 9 entrada da Tfrica cristã,
em Hipona, onde & bispo desde LMO, bril3a *gostin3o, cujo
JN
Confissões
-ascal# só encontram
*gostin3o comparação
revela5se, nos invadida
na Tfrica -ensamentos de
pelos
Z\ndalos e num mundo submerso em trevas, como a consci!ncia
viva do 'cidente#
JM
e medíocres,
espírito eis o ue não facilitava a penetração do
evang&lico#
1ão admira, por isso, ue 5 segundo a bela fórmula do
professor .e r%s: 8* pr%tica religiosa em todo o 'cidente
propagou5se, graças ao duplo prestígio do maravil3oso e da
autoridade#8 5 se ten3a, por ve2es, concluído ue o
cristianismo se imp`s pela força a uma população ignorante e
embrutecida# "as ver na introdução e na manutenção do
cristianismo apenas um fenómeno de ilusão colectiva,
facilitado pelo regime sen3orial, & uma simplificação f%cil,
pois estamos perante uma operação singularmente lenta,
complea e delicada: a infiltração capilar do cristianismo
nas camadas mais profundas da sociedade ocidental#
verdade ue, decorridos uin2e s&culos, com a ajuda do
tempo e das forças novas, o cristianismo aparece, em muitos
O
integridade
o 'riente, aovida
ideal cristão#organi2a5se
mon%stica )apidamen tedeimplantada em todo
modo espor%dico e
em formas diferentes no 'cidente: em )oma com 0erónimo, na
Tfrica com *gostin3o, nas il3as .&rins com Honorato, em
.igug& e "armoutier com "artin3o###
Ininterrupta at& aos nossos dias, a corrente mon%stica 5 ue
o mundo ignora ou finge ignorar porue ela & silenciosa 5
não cessou de alimentar a fonte secreta de uma Igreja
constantemente ameaçada pela seca, pela corrupção, pelo
juridicismo e
O
OB
Capítulo III
1' 'CI/E1(E * IA)E0* +$+(I($I5+E *' I"-)I'
envia
e ue,aseminsígnias imperiais
paga, o fa2 a =enão,
patrício romano#ue reinava
*cabava de no 'riente
rebentar
um abcesso enorme e j% antigo, formado pela lenta
infiltração no Imp&rio de 3omens vindos do outro lado do
)eno e do /an;bio, cujas 3ordas tin3am sido contidas a muito
custo pelos imperadores# 1o começo do s&culo Z, irrompem
Aodos e *lanos, arrastando consigo Z\ndalos e +uevos, e
empurrando os urg;ndios: todos fugiam dos Hunos, ue se
3aviam voltado bruscamente para o 'cidente# Integrados no
Imp&rio )omano como federados ou instalados como
conuistadores, viram por ocasião do ataue de *larico a
)oma a profunda fraue2a do Imp&rio# Então, os <rancos
avançaram at& ao rio +oma, 9s portas da "anc3a, os
urg;ndios instalaram5se desde a +abóia ao rio +ona6 os
v\ndalos, epulsos da Hisp\nia pelos Zisigodos, pil3aram a
Tfrica cristã6 enuanto isso, os *nglos forçavam os retões
a epatriar5se# E 0erónimo perguntava: 8[uem poder%
acreditar, ue 3istoriador far% compreender 9 posteridade
ue )oma combateu no seu próprio território, não pela
glória, mas pela sua própria salvaçãoW8
OL
marcadas pelo
directamente romanismo,ao os
do paganismo <rancos, obt!m
catolicismo, ue, oaoapoio
passar
da
Igreja romana, dos seus bispos e dos seus monges#
O]
urg;ndios,
Em <rança, adesempen3aram
lembrança de um papel de
)emígio semel3ante#
)eims permaneceu bem
viva# +;bdito de +i%grio e, depois 5 após a derrota e morte
deste U]NOV 5, do jovem rei dos <rancos, Clóvis, imp`s5se
sem fanfarronices 9 atenção do brutal guerreiro: 8+ocorre
teus concidadãos, encoraja os aflitos, protege as vi;vas,
alimenta os órfãos###8 * ambição leva Clóvis a combater os
urg;ndios e os Zisigodos arianos, sen3ores da A%lia do +ul,
mas & a influ!ncia de Clotilde, sua esposa, sobrin3a
católica de Aondebaud, ue fa2 com ue ele, juntamente com
in;meros compan3eiros, se decida a ser bapti2ado por
)emígio, provavelmente no 1atal
OJ
'cidenteW
L# Aregório "agno, 8c`nsul de /eus8
OO
patrício Aregório
eperi!ncia ue, 9e do
do diplomata santidade de monge,
funcion%rio, juntava
porue, al&m dea
apocrisi%rio em Constantinopla, fora tamb&m prefeito de
)oma# *meaçado a norte e a sul pelos ducados lombardos,
3umil3ado
OK
ON
]# * Igreja e os "erovíngios
OM
merovíngio era
instrução, não sob
sea protecção
preocupavada com a ue
Igreja assist!ncia e a
se encontravam
todos os fracos, todos aueles ue sofriam com a crueldade
da &poca#
* cultura greco5lat ina, praticamente ignorada pelos leigos,
refluíra das c%tedras de retórica e de gram%tica, 3% muito
abandonadas, para as escolas episcopais, onde jovens
cl&rigos tonsurados viviam em comunidades, procurando manter
as escolas presbiteriais, antepassadas das nossas escolas de
aldeia# * palavra cl&rigo UV tanto designava o 3omem da
Igreja como o 3omem culto, pois a cultura 3avia decaído
muito, e a gram%tica era o ;nico domínio em ue se fa2ia
alguma refleão#
Implicitamente, reis e bispos contavam com os monges para
manter terra cristã sempre pronta para voltar a ser semeada,
favorecendo5os com a sua protecção e as suas doações# *lguns
dos maiores nomes da 3istória mon%stica 5 +aint5Aermain des
<r&s, +aint5"&dard de +oissons, +aint5/enis, +ainte5Croi de
<oitiers, +tavelot, "urbac3### entraram na 3istória do
'cidente na &poca merovíngia#
"as foi da brumosa Irlanda ue surgiu um novo tipo de monge
e de mission%rio#
nasceria a cristandade
evangeli2adores caledoniana
da Isl\ndia6 e de da
os apóstolos onde partirãoonde
*rmórica, os
tantas 8paróuias8 mostram ainda as marcas de monges e de
bispos, cujo 3agiógrafo traça com prud!ncia a sua vida
maravil3osa: "alo, rieuc, Cadoc, Au&nol&, Aildas###
Cansar5nos5íamos, se pretend!ssemos seguir o rasto do maior
desses mission%rios irlandeses: Columbano Ufalecido em OJV,
um gigante e um profeta, tão eigente com os outros como
consigo mesmo# -odemos v!5lo nos vales do .oire, do +ena, do
"osela, nos *lpes, no 0ura### Cada etapa de Columbano &
marcada pela fundação de um mosteiro e a sua morte, ocorrida
em It%lia, não esmorece o entusiasmo dos seus discípulos#
.ueuil, *rbon, +aint5Aall, óbio, 0umiges, +aint5ertin,
+aint5)iuier, +aint5*rmand###, eis alguns dos prestigiosos
mosteiros ue nasceram do trabal3o dos monges irlandeses#
Estabelecidos uase sempre em regiões montan3osas ou
florestais, foram pólos activos de desbravamento, de
coloni2ação e tamb&m de reconuista cristã onde as invasões
tudo tin3am destruído#
"as Columbano era um furacão, um vento ue passava sem se
preocupar com os obst%culos nem com os 3omens# * 3ieraruia
episcopal depressa considerou incómodo este profeta ue, de
resto, eigia dos seus monges uma vida incrivelmente
austera, em ue as mais peuenas fraue2as eram evitadas a
golpes de disciplina e de c3icote, e de repreensões
violentas# * longo pra2o, este cristianismo forçado iria
afastar os 3omens de boa vontade nascidos sob c&us mais
luminosos do ue o c&u da Irlanda#
'ra, foi precisamente num país de sol, na +abina romana, ue
/eus fe2 aparecer auele ue seria o -ai dos monges do
'cidente#
K
O# ento ou o euilíbrio
cont%5lo
feita na sua elitee 5intuição,
de eperi!ncia & a sua uma
regra, uma regra
obra5prima de vivida,
discrição
e euilíbrio6 um molde suave do ual saíram centenas de
mil3ares de monges, vinte e tr!s papas, cinco mil bispos# 1a
sua base, est% a 3onestas romana, a antiga probidade, ue a
3umildade e a obedi!ncia evang&licas sublimam# /esse teto
emana uma tal serenidade ue se c3ega a duvidar ue ten3a
sido elaborado numa &poca tão conturbada, da reconuista da
It%lia por i2\ncio e das invasões lornbardas# *li%s, foi
para os 3omens deste s&culo desumano ue a regra beneditina
foi feita: oferecia o camin3o para /eus, atrav&s da oração
lit;rgica Ulectio divinaV, do trabal3o manual reabilitado e
do estudo, mas tamb&m atrav&s de uma vida comum, fraterna,
menos santificada pela mortificação do corpo do ue pela
suave autoridade do abade Uabbas _ paiV e pela elevação do
coração# /eus & mais bem servido e amado graças ao
testemun3o da vida mon%stica 5 eis o objectivo primordial de
ento# 's contempor\neos não se enganaram ao considerarem a
regra de ento como a regra de vida por ecel!ncia# *
comunidade beneditina não & uma congregação de
privilegiados, mas um porto seguro para os leigos %vidos de
estabilidade e de pa2, numa &poca em ue )omanos e %rbaros,
pobres e ricos se viam arrastados ao sabor de um s&culo de
terror#
* regra beneditina propagou5se de tal forma ue, durante
s&culos, 8beneditino8 e 8monge8 seriam uase sinónimos# '
vel3o tronco beneditino, mesmo aparentemente seco, faria
KB
revelar
1o aspectos
fim do s&culo comuns
ZII, a com os de (3omas
Inglaterra cristãecet#
5 ue beneficiou
da efervesc!ncia celta e da ponderação romana 5 possui os
seus uadros eclesi%sti cos e os seus centros de irradiação6
em Iorue e Cantu%ria estão os seus dois arcebispos# uma
terra de santidade e de cultura cristã6 o continente logo
con3ece o nome dos seus fil3os: Cut3bert Ufalecido em ONKV,
glória da abadia de "elrose e, depois, bispo de .indisfarne6
ento iscop aducing Ufalecido em OMV, fundador da abadia
de >earmout3, ue, por diversas ve2es, atravessa a "anc3a
para ir buscar livros e relíuias6 (eodoro Ufalecido em
OMV, arcebispo de Cantu%ria, ue multiplica as escolas
mon%sticas e ue, no Concílio de Hertford, submete a Igreja
inglesa 9 disciplina romana# "as, no início do s&culo ZIII,
não surge ningu&m compar%vel a eda, o Zener%vel Ufalecido
em KLJV: passou uase toda a vida no mosteiro de 0arroP, em
1ort3umberland6 continuando sempre como professor de
(eologia 5 uma teologia então redu2ida apenas 9 eplicação
dos tetos das Escrituras 5, eda estudava tudo, como genial
iniciador: a "&trica, a Cronologia e, sobretudo, a História6
deiou o primeiro "artirológio crítico e, com a sua História
Eclesi%stica da 1ação dos *nglos, legou um documento
KL
encarregado pelo
organi2ação papa Aregório
da Igreja II e
germ\nica de ouma missão oficial:
despontar a
da Igreja
franca6 e recebeu o nome de um m%rtir, onif%cio# * sua
missão na Aerm\nia, iniciada na <rísia, estendeu5se 9
(uríngia e ao Hesse, com o apoio de Carlos "artel# *rcebispo
de "ain2, onif%cio organi2a os uatro bispados b%varos:
-assau, )atisbona, <reising, +al2burgo e, depois, d% um
pastor a Erfurt e Zur2burgo na <rancónia, e a uraburgo, no
Hesse# Em K], funda a abadia de <ulda, ue se torna o
semin%rio das missões germ\nicas e o centro religioso e
cultural mais importante da outra margem do )eno#
Enviado 9 <rança 'cidental por -epino, o reve 5 ue ele
sagraria rei dos <rancos 5, onif%cio esboça uma restauração
da Igreja franca, onde pululam os cl&rigos concubin%rios,
guerreiros e caçadores# "as não consegue organi2ar o
episcopado franco segundo o modelo ingl!s, 9 volta de um
prima2, promotor designado de toda a reforma# [uando
onif%cio & morto pelos <risões Uem KJ]V, juntamente com
cinuenta e dois
K]
KJ
Capítulo IZ
* $1I/*/E [$E)*/*
da ueda, em ]KO,
Constantinopla do Imp&rio
pretendeu do toda
assumir 'cidente, o imperador
a 3erança dede
de )oma6
facto, só 0ustinian o UJBK5JOJV 5 por pouco tempo e de forma
incompleta 5 p`de constituir um "editerr\neo bi2antino# *
verdade & ue o Imp&rio i2antino, fortalecido por um
3elenismo e por um cristianismo antigos, factores de
unidade, mostrava5se um organismo muito mais sólido do ue o
'cidente b%rbaro6 por isso, a sua sobreviv!ncia at& ]JL não
foi um acontecimento fortuito#
KK
centenas de
mitigado, masbispos
ainda nestorianos: trata5se
suficientemente de umue,
vivo para cristianismo
no s&culo
4III, um mission%rio como -iancarpino ou um viajante como
"arco -olo encontrem uma verdadeira elite entre os
nestorianos da "ongólia#
KN
e, sobretudo,
ouro, ue 0oão Crisóstomo, o peueno 3omem de boca de
KM
B# ' islão
N
onde a sua acção encontra resist!ncia, partindo para Iatribe
U"edinaV, abriu5se ao mundo uma nova era: at& mesmo em
etensas províncias da antiga romanidade ir5se5ia apagar a
lembrança do nascimento de 0esus Cristo#
's 3abitantes de "eca não podiam admitir ue os seus ídolos
e o seu egoísmo fossem post os de lado pelo 2elo de um jovem
ue, não contente em c3am%5los ao Islão, isto &, 9 inteira
submissão 9 vontade de /eus, ainda l3es pregava a
imortalidade da alma, a ressurreição dos mortos, um /eus
;nico, criador todo5poderoso e jui2 soberano, *l%, de uem
"aom& se di2ia ser profeta# +egundo "aom&, tratava 5se de um
retorno 9 pura religião de *braão, o antepassado ancestral
dos Trabes, j% ue a (ora dos 0udeus e o Evangel3o dos
Cristãos 3aviam alterado as revelações primitivas# ' Corão,
leitura por ecel!ncia, & não só a palavra incriada de /eus,
transmitida a "aom& pelo arcanjo Aabriel, mas tamb&m uma
colect\nea de dogmas e de preceitos ue são as bases do
direito muçulmano#
-ouco a pouco, "aom&, mestre de "edina, viu a sua autoridade
estender5se a todos os beduínos# [uando regressa
triunfalmente a "eca UOLV, dois anos antes da sua morte, j%
& o sen3or de uase toda a *r%bia# /e uma península, onde,
at& então, predominava o egoísmo tribal, ele fi2era
levantar5se uma pot!ncia unificada, possuída por uma f& nova
ue a tornava uma força respeit%vel# -orue, embora "aom& só
tivesse empun3ado a espada para cortar as resist!ncias na
*r%bia, os uatro primeiros califas e, depois, os 'míadas,
fi2eram da guerra um meio de epansão do islão#
Zoltado para o jovem Estado %rabe, o mundo oriental
impaciente por sacudir o jugo dos i2antinos e dos
+ass\nidas, encontraria nele um guia e no islão um poderoso
factor de unidade# ' espantoso avanço dos Trabes na Tsia e
em Tfrica, nos s&culos ZII e ZIII, não se eplica somente
pela aud%cia 5 nascida do despre2o pela morte e da
epectativa da presa 5 dos cavaleiros de *l% nem mesmo pela
sua adaptação 9 guerra no deserto6 tem a sua origem
principal no ódio das populações autóctones 5 rurais,
montan3eses, fel%s e nómadas 5 9 tirania teológica, fiscal e
política dos Aregos e dos -ersas# $m ódio ue, aliado 9
ignor\ncia religiosa das massas, eplica a cumplicidade
N
acabavam
* de se
+íria foi degladiara numa
a primeira cair:guerra desgastante#
/amasco capitulav a j% em OLJ
e 0erusal&m em OLN# * partir daí, os Trabes não tiveram
nen3uma dificuldade em submergir o Imp&rio -ersa, em ocupar
C3ipre, Creta e )odes, de se instalar no vale do Indo e no
(uruestão, e de c3egar 9 "ongólia6 em KB, j% se
encontravam nas fronteiras da índia, base de um novo impulso
ue transportaria o islão at& 9 Indoc3ina e 9 Insulíndia#
-ara oeste, a vitória %rabe foi mais r%pida: *leandria &
tomada em OLN, a (ripolitana & invadida e bastam apenas oito
anos UK5KNV para atirar ao mar os ;ltimos bi2antinos de
Tfrica e ocupar o "agrebe at& ao *tl\ntico# Em K, do2e mil
berberes muçulmanos desembarcam em Aibraltar e, em KL,
apesar da sua valentia, não resta outra saída aos cristãos
godos a não ser esconder5se nas montan3as do 1ordeste da
Hisp\nia# Em KN, os muçulmanos atravessam os -iren&us, mas
os <rancos de Carlos "artel obrigam5nos a regressar 9
Hisp\nia#
* vaga %rabe avançou e o mundo cristão teve de contar as
suas perdas# +em d;vida, Constantinopla, guardiã da Tsia
"enor e da Europa 'riental, onde, por duas ve2es, em OKL e
KN, o fluo muçulmano se detivera, não parecia poder
sucumbir tão depressa# "as, na +íria, na "esopot\mia, no
Egipto, na Tfrica do 1orte e na Hisp\nia, a vel3a
civili2ação greco5romana e cristã daria lugar a uma
civili2ação semita, mais próima das srcens populares# *
língua %rabe substituiria rapidamente o grego como veículo
de civili2ação, porue os dialectos berberes do 1orte de
Tfrica, durante muito tempo cartaginesa, e os dialectos
p;nicos da *ndalu2ia aparent avam5se com o %rabe, tal como o
aramaico no 8Crescente <&rtil8: -alestina, +íria e Caldeia#
' Corão 5 ' .ivro 5 tornar5se5ia a base do ensino prim%rio,
al&m de manual de ci!ncia e de educação#
' islão tamb&m era uma religião ue facilmente se impun3a
aos espíritos simples, superficialmente atingidos pelo
cristianismo bi2antino, pois possuía uma dogm%tica clara e,
al&m disso, muito elevada: a transcend!ncia de /eus, um
culto sem complicações, sem clero nem liturgia6 uma moral
muito pouco
NB
NL
III
* IA)E0* <E$/*.
pouco,
ue vai5se
eram todasformando a ideia
da Igreja entre asde
5 da criação elites pensantes 5
uma )espublica
C3ristiana ue, sistematicamente, introdu2iria as noções
evang&licas no /ireito e nas instituições# Esse imp&rio,
3erdeiro do Imp&rio )omano, caberia a um 3omem ue a
-rovid!ncia designaria ao -apa ue, desde Aregório "agno,
NK
se conseguiu
seus calcular oe n;mero
fil3os bastardos6 da suadas suas resta
memória concubinas nem dos
a lembrança,
entre outras, do
NN
B# * )enascença carolíngia
NM
Em contrapartida,
inteiramente a 3ieraruia
do imperador eclesi%stica
ue nomeia depende
e controla, uase
no uadro
da reforma eclesi%stica começada por -epino , o reve# *s
capitulares t!m força de lei, mesmo em relação 9s decisões
conciliares: costumes, liturgia, teologia e pr%tica
religiosa, tudo isso & regulamentado pelas capitulares#
/everemos lamentar esta clericali2aç ão da sociedadeW -õe5se
aui o eterno problema das relações Igreja5Estado6 uestão
ue os 3omens do s&culo 44 baseando5se na eperi!ncia,
optaram geralmente pela separação# 1o s&culo I4, esta
empresa formid%vel foi, talve2, a salvação de um 'cidente
mergul3ado nas trevas: em todo o caso, nessa &poca, não se
concebia a instauração de uma civili2ação ue não fosse
cristã# Araças a Carlos "agno, o vel3o paganismo galo5romano
foi, a pouco e pouco, varrido do continente e gan3ou5se o
3%bito de ver os cl&rigos 5 de uem o imperador eigia um
mínimo de instrução e uma conduta eemplar 5 a cuidar dos
doentes e dos pobres# ' território cristão cobriu5se de
mosteiros e centros de cultura6 por isso, o mais belo título
de glória de Carlos "agno foi auilo ue se c3amou, com
algum eagero, a )enascença carolíngia#
/e facto, uando Carlos "agno assume o trono dos <rancos, o
'cidente j% possui alguns centros intelectuais: .indisfarne,
Córbia, +aint5Aall, <ulda e óbio, onde os monges recopiam
os manuscritos da íblia ou dos *ntigos com um 2elo ue,
pouco a pouco, difunde o uso da min;scula perfeita, dita
carolina6 acrescentam5se grandes ilustrações 9 moda antiga
ou ornatos 9 irlandesa# -edro de -isa e -aulo /i%cono, em
It%lia, o ib&rico (eodolfo e *ícuíno mestre5escola de
Iorue, t!m j% uma boa reputação# )eunindo 9 sua volta 5 na
famosa Escola do -al%cio 5 os letrados da &poca como
*lcuíno, de uem ele fa2 abade de +ão "artin3o de (ours, ou
(eodolfo, nomeado bispo de 'rleães, o imperador estimula a
actividade desses centros intelectuais# +em d;vida, as obras
dessa &poca não são originais: a cultura, 9 base de
gram%tica e de m&trica, desemboca com demasiada freu!ncia
numa literatura pomposa e numa teologia servil, mas presta
um imenso serviço 9 civili2ação ocidental, ao manter vias de
comunicação com a *ntiguidade Cl%ssica atrav&s dos p\ntanos
b%rbaros# *o mesmo tempo, as cópias forneciam tetos aos
mission%rios#
M
gram%tica 5,
preparando apoiado
cl&rigos em tetos
e monges cuidadosamente
suficientemente corrigidos,
instruídos para
poderem cumprir perfeitamente as suas obrigações# *inda se
confundia clericalismo e cultura#
M
capítulos,
Inden pormenori2a
não ten3a os devereso dos
podido representar papelmonges# "esmo ue
centrali2ador ue
ClunG desenvolveria no s&culo 4, ento de *nian teve o
m&rito de reagir contra a ignor\ncia dos monges e o
isolamento dos mosteiros#
MB
3omemtin3am
não ecepcional menteue
alfabeto inteligente , sabendo
os ajudasse ue os "or%vios
a transcrever a sua
língua, criou um, combinando o grego com elementos 3ebraicos
e coptas: foi o alfabeto glagolítico ue permitiu a tradução
para o eslavo antigo Uo eslavónioV dos livros sagrados e dos
livros lit;rgicos# /e NO], data da sua c3egada, at& NN],
data da morte de "etódio 5 ue sobrevivera a Cirilo, morto
em NOM 5, os mission%rios gregos reali2aram uma obra
not%vel, convertendo uase toda a "or%via e criando um clero
nativo#
"as isso não se fe2 sem dificuldades# -ermanentemente
perseguidos pelos bispos b%varos ue se inuietavam com as
suas inovações e consideravam o uso lit;rgico do eslavo um
sacril&gio, foram denunciados ao papa ue os apoiou: *driano
II nomeia "etódio como bispo regional da Arande "or%via, com
sede em +irmium# Com a morte de "etódio, o bispo alemão de
1itra obt&m de Est!vão Z a supressão da liturgia eslava e a
partida dos discípulos de Cirilo e de "etódio# 1o entanto,
logo nos primeiros anos do s&culo 4, a Arande "or%via
desapareceria sob a vaga dos "agiares# 's mission%rios
gregos refugiaram5se na ulg%ria, cujo rei óris fora
bapti2ado Ucerca de NO]V6 depois de ter 3esitado entre )oma
e Constantinopla, acabou por ligar a Igreja b;lgara a <ócio
UNKV# i2antina de cultura, a jovem Igreja não possuía uma
língua lit;rgica: Clemente, discípulo de Cirilo, forneceu5
l3e uma, baseada no alfabeto cirílico, ancestral do alfabeto
b;lgaro e versão b;lgara do eslavo# [uando os i2antinos
conuistaram a ulg%ria no s&culo 4, os cristãos refugiados
na );ssia ieviana introdu2iram aí a escrita cirílica como
veículo do cristianismo#
ML
partir de
remen, Hamburgo
*nsc%r 5 decriar
io p`de onde dois
se torna bispocrist
centros 5 e, depois,
ãos: um em
)iba, porto da /inamarca, outro em ira, no lago "lar, na
+u&cia# * sua morte, ocorrida em NOJ, levou ao abandono a
missão escandinava#
verdade ue, então, o 'cidente desmembrado vivia sob o
terror dos Ziuingues#
M]
Capítulo II
'+ +C$.'+ 1EA)'+
MJ
no 'cidente, provocando o seu parcelamento, adentro das suas
fronteiras ameaçadas# 1ão 3% c3efes nem, tampouco, grandes
bispos para fa2er frente 9s incursões normandas6 & verdade
ue os subtis marin3eiros não operam com base em vagas
poderosas como os Aermanos do s&culo Z ue não davam muitas
3ipóteses de r&plica#
Com o desaparecimento de .uís, o -iedoso, em N], o Imp&rio
foi dividido
juramentos em tr!s partes,
de Estrasburgo UN]LV# segundo
Carlos, oasCalvo,
cl%usulas
recebedos
a
futura <rança Ua <rancónia 'cidentalV, .uís a futura
*leman3a U<rancónia 'rientalV e .ot%rio, uma .otaríngia
artificial, em ue a presença de )oma e de *i5la5C3apelle
não bastava para esconder a fragilidade do seu título e do
poder imperial ue l3e coubera#
MO
MK
torna5se
dos mais
bens da densaeeoramifica5se,
Igreja agravando
domínio dos feudais a seculari2ação
sobre as eleições
episcopais e sobre os mosteiros, tornados 3erança de
família6 a simonia 5 compra de cargos sagrados 5 e o
concubinato dos cl&rigos são cancros naturalmente
alimentados por um corpo social enfrauecido6 os pobres
pululam#
(amb&m em )oma se instala o feudalismo, onde grandes casas
feudais se tornam donas do trono pontifício# 1o s&culo 4,
sucedem5se papas5fantoc3es e muitos deles deiaram5nos
apenas os seus nomes, por ve2es carregados de ignomínia#
(endo o papa <ormoso UNM5NMOV coroado um bastardo como
imperador, *rnulfo da Aerm\nia, em detrimento de outro
descendente de .uís, o -iedoso, .amberto de Espoleto, lutas
sangrentas opuseram, depois da morte de <ormoso e de
*rnulfo, espoletanos e antiespoletanos6 o episódio mais
atro2 foi o 8concílio cadav&rico8 de 0aneiro de NMK: a m;mia
de <ormoso foi retirada do t;mulo, vestida com os paramentos
pontificais, sentada numa cadeira, julgada, condenada,
desnudada e lançada ao (ibre#
-or volta de M, subiu nos c&us de )oma a estrela do
senador (eofilacto, marido de (eodora# (alve2 ten3a estado
ligado aos sangrentos episódios ue condu2iram ao trono
pontifício +&rgio III UM]V, sucessor de .eão Z, morto na
prisão, cuja desgraça 3avia sido o facto de se ter
apaionado por "aró2ia, fil3a de (eofilacto, resultando daí
um fil3o adulterino# $m dos sucessores de +&rgio III, 0oão 4
UM]5MBNV, teve uestões com *lberico,
MN
MLMV tin3a
não ten3a apoiado
c3egado aao
reforma
fundo:cluniacense# "as a Igreja
em O de /e2embro de ainda
MJJ,
tornava5se -apa com o nome de 0oão 4II um jovem de M anos,
'ctaviano, fil3o de *lberico II# "esmo ue deiemos de lado
as acusações mal5intencionadas de .iutprando de Cremona,
ainda 3% muitas faltas , as suficientes para esmagar 0oão
4II, um nobre mais devasso do ue pontífice# ' seu reinado
foi, por&m, marcado por um acontecimento capital: o
restabelecimento do Imp&rio no 'cidente#
MM
capital
c3eia dedo acto de doação
promessas: outorgava
o mosteiro a ClunG uma
ser% autónomo liberdade
em relação a
todas as autoridades civis ou religiosas, prestando contas
;nica e directamente a )oma#
ernão foi um religioso entusiasta, mas foi com 'dão, seu
sucessor UMBK5M]BV, ue ClunG se elevou acima de todos os
mosteiros do 'cidente# Encorajado pela imperatri2 *delaide e
pelo papa ue, em ML, o autori2ou a colocar na sua
depend!ncia todos os mosteiros ue ele reformasse, e ainda
ajudado por in;meros bispos e sen3ores feudais, ue
restauraram mosteiros arruinados, 'dão estabelece a sua
influ!ncia na orgon3a, na *uit\nia e na It%lia# * sua obra
foi continuada por uma etraordin%ria lin3agem de abades,
cuja fama e glória só encontraram similar na sua
longevidade# "aGeul UM]N5MM]V restaurou muitos mosteiros
do trabal3o nas
solenemente manual em igrejas
amplas favor doporofício
gruposdivino cantado
compactos de
monges Udu2entos a tre2entos em ClunGV, e tamb&m 5 embora
subsidiariamente 5 a favor do trabal3o intelectual, ainda
ue ClunG não desenvolva nesse domínio o papel ue assumir%
nos s&culos 4ZII e 4ZIII a congregação beneditina de +aint5
"aur#
Esta vida consagrada essencialmente 9 oração lit;rgica e 9
vida do espírito necessitava de um contrapeso material: os
8usos e costumes8 cluniacenses previam sempre refeições sem
carne, mas substanciais# * pa2 e a moderação 5 os dois
fundamentos
B
L
Capítulo III
' )E(')1' /' -*-*/' )I*.(*
J
monges deboc3ados
decisiva e, mais ainda,
a sua intervenção a favorasdesuas compan3eiras#
*leandre <oi
II, ameaçado
por um concorrente imperial# ' -apa, fortalecido, p`de
prosseguir a obra de regeneração moral e disciplinar
iniciada pelos seus antecessores# *s bulas de *leandre II
atestam ue os jui2es de )oma j% eram considerados
irreform%veis6 os seus legados 5 -edro /amião e o cardeal
Est!vão 5 apoiavam a sua autoridade, sobretudo em <rança# '
-apa encorajou o desembarue normando em Inglaterra6 em
Espan3a, onde a liturgia romana substituiu a liturgia
moç%rabe, a ideia de uma reconuista cristã encontrou nele
um defensor6 apoiou a acção dos normandos de Auiscardo ue,
em KB, depois de epulsarem os +arracenos, se tornaram
sen3ores da +icília#
Estava preparado o terreno para Hildebrando ue, em BB de
*bril de KL, seria eleito com o nome de Aregório ZII#
O
B# Aregório ZII
etremamente
foram en&rgicas,
inseridas epressas
nos registos em termossão
pontifícios: pouco 3abituais,
os /ictatus
-apae, onde se encontram frases como estas: 8* Igreja romana
foi fundada pelo +en3or# X###Y *penas o pontífice romano
merece ser c3amado universal# X###Y 5l3e permitido depor os
imperadores#8 * teoria da supremacia pontifícia encontra aí
a sua codificação#
"as a centrali2ação administrativa e a libertação das
Igrejas não eram, no espírito do -apa, senão um meio de
alcançar o seu objectivo ;ltimo: a morali2ação dos costumes
sacerdotais# * acção do -apa tendia a fa2er5se sentir at& ao
nível dos fi&is, por meio de legados permanentes ou
itinerantes dotados de poderes ecepcionais, em detrimento
dos prima2es, dos
K
+alerno,
uma onde do
derrota acabou por morrer#
papado, mas o *movimento
sua mortede
foireforma
tomada como
ue
Aregório ZII tin3a relançado era irreversível# .entamente, o
clero, apoiado pelos monges, emergiria da sociedade feudal
e, mesmo ue não fosse plenamente digno dessa missão,
afirmou suficientemente a sua dist\ncia em relação ao mundo
para o guiar e iluminar#
N
Capítulo IZ
' -)I"EI)' )*+A' 1' "*1(' +E" C'+($)*
M
Em NJN, aparece a grande figura de <ócio# Este aristocrata
bi2antino, um erudito tornado dignit%rio da corte de
Constantinopla, tin3a sido indicado para substituir o
patriarca In%cio ue fora deposto6 os legados do -apa e os
outros tr!s patriarcas orientais ratificaram o acontecimento
ue o papa 1icolau I recusara recon3ecer em NOL6 mas o
basileu tomou partido a favor de <ócio# 1icolau ripostou,
enviando
óris, alguns mission%rios
recentemente para a ulg%ria,
bapti2ado, 3esitava cujo reia
entre a obedi!ncia
)oma e a obedi!ncia a i2\ncio# Esta intromissão dos latinos
na proimidade das suas fronteiras provocou a cólera dos
Aregos, sobret udo uando souber am ue os legados de )oma
estavam a camin3o de Constantinopla, onde deveriam informar
o basileu de ue a ulg%ria era decididamente latina6 presos
antes de terem entrado no território imperial, os legados do
-apa foram epulsos em NOO e <ócio enviou uma carta aos
patriarcas orientais estigmati2ando a conduta daueles
8ocidentais b%rbaros8, cujas inovações dogm%ticas e
disciplinares Ujejum ao s%bado, celibato eclesi%stico,
<ilioue###V eram denunciadas em termos veementes# $m
concílio reunido em Constantinopla UNOKV dep`s 1icolau I,
ue morreu nesse mesmo ano, de2 dias antes de <ócio ter sido
destituído na seu!ncia de uma revolução palaciana#
)estabelecido na sede patriarcal, In%cio renova os laços com
)oma, mas estes permanecem fr%geis, ainda mais ue, de NKM a
NN, <ócio recupera momentaneamente o seu prestígio# *
ulg%ria, ue não conseguira obter de )oma um patriarcado
nacional, passa5se inteiramente para i2\ncio#
' papel de <ócio foi capital na ruptura entre )oma e
Constantinopla: foi o primeiro defensor da ortodoia diante
do -apa6 pouco a pouco, a Igreja grega começara a condu2ir5
se como Igreja ortodoa, na medida em ue o <ilioue
aparecia como um erro romano por ecel!ncia# * prima2ia da
3onra do bispo de )oma não era contestada, mas a sua
jurisdição espiritual c3ocava com a dos patriarcas
orientais#
/urante o s&culo 4, o apagamento do papado feudal contrasta
com o esplendor e a força da dinastia macedónica ue reina
em Constantinopla, de NJK a JK# asílio II UMOL5BJV,
vencedor dos %rabes fatímidas 5 a uem arrancou *ntiouia 5
grego#
e <oi nas deiados
patrióticos, traduçõespor
para eslavo
Cirilo dos tesouros
e "etódio, liter%rios
e enriuecidas
pelos ;lgaros, ue a );ssia 5 a terceira )oma 5 se
alimentou espiritualmente# 's contactos entre russos e
latinos eram uase ineistentes, pois a verdade & ue, desde
J], a ruptura entre )oma e o mundo bi2antino tin3a sido
consumada#
B# Cerul%rio
todos
a os Igreja
;nica vel3os ortodoa
motivos de
eraueia
auelaanti5romanos
ue estava e afirma em
reunida ue
redor do basileu e do patriarca de Constantinopla# *
intervenção mediadora do patriarca de *ntioua não obteve
nen3um resultado#
1em )oma nem i2\ncio se aperceberam imediatamente da
gravidade deste rasgão feito no manto sem costura da Igreja#
"as o sil!ncio ue aumentaria com os anos tornou cada ve2
mais sensível um antagonismo ue v%rios acontecimentos,
ocorridos depois, iriam agravar: as Cru2adas, sobretudo,
easperaram o ódio dos gregos em relação aos latinos
espal3ados pelo 'riente# *s aproimações oficiais registadas
no s&culo 4III UConcílio de .iãoV e no s&culo 4Z UConcílio
de <lorençaV representarão apenas actos políticos sem
continuidade e ue, de ualuer forma, não contarão com
alguma adesão das populações do Imp&rio do 'riente#
B
/e facto,daa Ar&cia,
)om&nia, partir de
da J], a maior
ulg%ria, parte dae +&rvia,
da *natólia da 5
da );ssia
sem contar as Igrejas copta e síria saídas de anteriores
cismas 5 seguem camin3o fora das %guas romanas# Em meados do
s&culo 4I, devido ao Islão e ao cisma, toda a bacia oriental
e meridional do "editerr\neo fica separada de )oma#
* partir de então, a Igreja romana passa a ser confundida,
de facto, com a Europa 'cidental ainda adolescente#
L
IZ
* 0$ZE1($/E /* E$)'-*
Capítulo I
1*+ -EA*/*+ /E A)EA@)I' ZII
K
"odelado e penetrado
manifestava um 3orror pela ascese cluniacense,
instintivo $rbano dos
pelas depravações II
sentidos entre os cl&rigos# /urante muito tempo, ele
percorreu pessoalmente a Europa, desmascarando a simonia, o
nicolaísmo e a investidura leiga# 1o Concílio de "elfi
UNMV, decide ue os fil3os de padres seriam afastados das
funções sacras e ue o col&gio dos cardeais 5 o +acro
Col&gio 5 se associaria ao governo pontifício6 o Concílio de
-laisence UM]V decreta o retorno 9s legações permanentes6
em Clermont UMJV 5 onde se reali2a o concílio da -rimeira
Cru2ada 5, o -apa ecomunga o ad;ltero rei de <rança, <ilipe
I# * <rança, seu país natal, recebe cuidados especiais do
-apa: ele comparece para intervir nas diverg!ncias ue opõem
bispos e regulares, multiplicando os privil&gios mon%sticos,
obrigando o rei a renunciar 9 investidura pelo b%culo e pelo
anel6 em suma, contribuindo de forma poderosa na edificação
da monaruia pontifícia, a seus ol3os obra de salvação
p;blica#
1atural de )avena, -ascoal II UMM5NV 5 mais um monge de
ClunG 5 segue as pegadas de $rbano II, só ue com menos
segurança# *inda não tin3a renovado as medidas anteriores,
condenando a investidura laica6 entretanto, o rei de
Inglaterra, Henriue I, e o jovem imperador Henriue Z
fa2iam reviver a uerela dos dois gl%dios: o primeiro,
epulsando o arcebispo reformador de Cantu%ria, +to# *nselmo
5 teólogo genial ue aprofundou o mist&rio da )edenção no
seu Cur /eus Homo 56 o segundo, inspirando um op;sculo saído
em .ige, em ue a tese germ\nica sobre a investidura se
epressava com viol!ncia# -ascoal, por momentos, cedeu a
Henriue Z, ue o vigiava, mas os protestos do clã
gregoriano obrigaram5no a retractar5se: morreu pouco depois,
numa )oma atacada pelos partidos alemães#
' -apa Ael%sio II UN5M V ecomungou Henriu e Z ue l3e
opõe um fantoc3e, Aregório ZIII# Calisto II UM5B]V,
sucessor de Ael%sio, resolveu acabar com esta uerela ue
dividia a cristandade# /epois de longas conversações e
baseando5se numa teoria do canonista Ivo de C3artres 5
distinção entre a investidura espiritual e a investidura
temporal 5, Calisto II, em BL de +etembro de BB, assinou
em >orms com Henriue Z uma concordata ue consagrava a
ren;ncia do imperador 9
N
autoridade
* propriamente
Concordata feudal
de >orms eigia sobre
uma o bispo solene
confirmação eleito#no plano
eclesial: daí o I Concílio de .atrão ue se reali2ou na
igreja episcopal do -apa 5 facto significativo 5, de de
"arço a de *bril de BL# +inal de um despertar da
Igreja: tratava5se do primeiro concílio ecum&nico Uestilo
romanoV convocado desde NK# * autoridade, ao mesmo tempo,
mon%ruica e colegial da Igreja romana, após du2entos e
cinuenta anos de lutas ou de anaruia, ia poder afirmar5se:
de BL a LB, reali2ar5se5iam sete concílios 8ecum&nicos8,
dos uais uatro em .atrão, tantos uantos no curso dos on2e
primeiros s&culos da nossa era e mais do ue do s&culos 4Z
ao s&culo 44# "as tamb&m & verdade ue as Igrejas orientais
ortodoas nunca mais participaram nos concílios#
* assembleia de BL 5 tre2entos bispos e abades 5 codificou
e desenvolveu todo o trabal3o de reforma iniciado no s&culo
4I6 votou vinte e cinco c\nones ue incidiram sobretudo na
condenação da simonia, nas usurpações laicas e nas violações
da (r&gua de /eus# [uerer% isto di2er ue, nas profunde2as
da sociedade cristã, esta reforma tão solenemente aprovada
ten3a sido, de facto, aplicadaW Enuanto, na *leman3a e na
It%lia 5 regiões profundamente desconjuntadas pelo regime
feudal ou pelo particularismo das cidades 5, a reforma
gregoriana camin3ava muito lentamente, a Igreja tin3a alguns
aliados mais seguros entre as jovens reale2as de <rança e da
Inglaterra# -reocupados em pacificar e alargar o seu próprio
domínio, os primeiros Capetos 5 .uís ZI e, sobretudo, .uís
ZII 5 apoiavam5se nos cl&rigos e nos monges ue cumulavam de
doações e prebendas, e ue protegiam contra as pil3agens dos
sen3ores feudais# (anto os legados pontifícios como os
concílios provinciais podiam aplicar com efic%cia as
disposições romanas: uma nova geração de pastores, libertos
das sujeições feudais e eleitos pelo povo e pelo clero,
enc3eu os uadros da Igreja francesa#
1o reino anglo5normando, a reforma gregoriana encontra mais
obst%culos, devido ao absolutismo de Henriue I, fil3o do
M
as suasuaisuer
-or&m, Igrejas se desligassem
ue doos
ten3am sido Imp&rio#
!itos do papado, poder%
di2er5se ue a civili2ação ocidental, no s&culo 4II, era
profundamente cristãW
B
repouso dominical
sobretudo, e dos pobres#
os fracos# /esde *o viol!ncia feudal
s&culo 4I, na atacava,
<rança
"eridional, desenvolveu5se um movimento a favor da pa2 ue
assumiu duas formas complementares: a -a2 de /eus, ue
protegia os não5combatentes, e a (r&gua de /eus, ue
limitava a guerra a certos dias, impondo5se algumas sanções
eclesi%sticas sobre os contraventores# $m concílio
provincial em Elna UBKV interditou a guerra privada desde
a tarde de s%bado at& 9 man3ã de segunda5feira6 em ], em
1ice, a interdição cobria uase toda a semana 5 de uarta a
segunda5feira# $m sínodo de 1arbona UJ]V decide ue seriam
sagradas as datas lit;rgicas do *dvento, 1atal, [uaresma e
as festas da Zirgem e dos *póstolos# $rbano II, em Clermont
UM]V, inspirou o seguinte c\none: 8's monges, os cl&rigos
e as mul3eres beneficiam todos os dias do benefício da pa2
de /eus6 a ruptura dessa pa2 só & autori2ada para as outras
pessoas, se elas forem atacadas de segunda a seta5feira#8 '
I Concílio de .atrão UBLV ameaçou com a ecomun3ão aueles
ue roubassem os peregrinos# /a <rança, estas instituições
de pa2 passaram para a Espan3a, a *leman3a e a It%lia6 mas,
embora não ten3am conseguido p`r termo 9s guerras, pelo
menos 3abituaram os sen3ores feudais a resolver os seus
litígios pela via do direito, j% ue as viol!ncias estavam
ecluídas pela promessa solene, de ue o suserano era
deposit%rio, cuja violação era punida com pena de morte#
$m dos fenómenos mais importantes da Idade "&dia foi a
transformação da cavalaria 5 at& então uma casta de
combatentes
B
esse juramento
isentas e ue asoutro
de ualuer guerras da Idade "&dia
propósito# se revelaram
* História Aeral
encarregar5se5ia de desmentir tal ingenuidade# "as, mesmo
assim, se o termo 8caval3eiresco8 permaneceu carregado de
nobre2a, não ser% isso pela sua longa tradiçãoW $m aGard,
um +# .uís não teriam sido possíveis, se uma certa gentile2a
5 apan%gio do verdadeiro cavaleiro 5, tirada do modelo
evang&lico, não 3ouvesse 3umani2ado os cavaleiros 3erdeiros
dos brutos <rancos#
BB
BL
B]
Capítulo II
$"* /I<IC$./*/E: * -')E=*
BJ
BO
dualismo
sobre um mitigado:
universo a espiritual
eist!ncia eterna
e cujode fil3o
um /eusrevoltado,
reinando
+atanael, teria sido o criador do mundo material e do 3omem#
's ensinamentos dos bogomilos c3egaram 9 ósnia, 9 *lb\nia
e, depois, 9 .ombardia, uma grande encru2il3ada de camin3os6
mas, a partir daí, pelos desfiladeiros alpinos, estendeu5s e
ao longo das planícies provençais e languedócias, onde os
sen3ores feudais 5 sobretudo o conde de (oulouse 5, tin3am
permanecido fora do imp&rio capeto e o clero estava menos
preparado para lutar contra as doutrinas 3eterodoas# Como a
cidade de *lbi parece ter sido o centro da 2ona de
influ!ncia dos c%taros, os seguidores da seita ficaram
con3ecidos como albigenses#
* doutrina albigense, sincr&tica, de inspiração maniueísta
e gnóstica, baseava5se no dualismo de /eus, na rejeição de
uma Igreja corrompida desde 8a doação de Constantino8, na
distinção entre, por um lado, uma minoria de 8perfeitos8,
ascetas e mission%r ios e, por outro, uma massa de fi&is ue
não estavam sujeitos a ualuer código moral definido, mas
ue, 9 beira da morte deveriam, para ser salvos, receber o
consolamentum, uma esp&cie de sacramento# $ma doutrina
simples, um clero edificante e persuasivo, uma moral sem
dificuldades e ainda mais atraente, j% ue lançava a d;vida
sobre a legitimidade do direito de propriedade: eis o ue
eplica o progresso do catarismo junto do povo 3umilde numa
&poca marcada por um desejo de renovação religiosa# *l&m
disso, as pessoas da Idade "&dia eram naturalmente dualistas
na epressão do seu pensamento6 viviam na obsessão do /iabo
e a sua concepção do "undo era espontaneamente pessimista#
-ara os capetíngios e para o 1orte da <rança, a <rança
"eridional era uma esp&cie de província perdida ue era
preciso recuperar a todo o custo# -ara a Igreja, o catarismo
ameaçava fa2er desaparece r radicalmente o cristianismo numa
das mais antigas terras cristãs6 talve2 abusivamente,
acusava os c%taros de ameaçarem a ordem social e a
3ieraruia feudal# [uando, junto dos 83ereges8, fracassaram
os esforços dos cistercienses
BK
e do próprio /omingos de Ausmão6 uando foi massacrado um
legado pontifício UBNVR -edro de Castelnau, uma 3edionda
cru2ada, condu2ida por +imão de "ontfort, arrasou o +ul da
<rança, desde &2iers at& "armande6 e foi o Capeto uem mais
lucrou com ela# * Igreja, se uis etirpar a 3eresia, teve
de recorrer 9 Inuisição ue, sendo inicialmente apenas um
processo de averiguações, tomou, sob .;cio III UN]V, uma
forma
ser mais precisa:
entregues pelos de futuro,
jui2es os 3ereges
da Igreja obstinados
9 autoridade podiam
secular,
mas apenas no s&culo 4III, uando uma severa inuisição
mon%stica foi instituída pela +anta +& com a ajuda das
ordens mendicantes, a epressão 8braço secular8 e a
condenação 9 morte na fogueira passaram a figurar na
legislação e no vocabul%rio inuisitoriais#
[uantos mortos fe2 a InuisiçãoW difícil determinar, mas,
embora esse n;mero de mortos pareça demasiado elevado aos
nossos ol3os de 3omens do s&culo 44I, a História deve
registar o facto de a Inuisição ter sido a arma de uma
sociedade essencialmente religiosa ue não admitia a
dissid!ncia volunt%ria# +eja como for, no começo do s&culo
4IZ, o catarismo j% tin3a desaparecido#
BN
monges negros
condu2idos peloavançaram
borgon3!sosernardo
beneditinos vestidos de
de <ontaines# branco,
Este jovem,
cujas incríveis austerid ades nunca estragaram a sua bele2a,
estava literalmente devorado pelo 2elo da casa de /eus: na
-rimavera de B, apresentou5se, na compan3ia de trinta
jovens nobres, 9 porta do mosteiro de Cister, situado numa
clareira da imensa floresta borgon3esa# ' mosteiro de
Cister, fundado por )oberto de "olesmes, em MN, era a
nude2 absoluta6 ernardo mergul3ou ali como num ban3o de
purificação# * regra cisterciense 5 carta caritatis, a
constituição da caridade, ue nome belíssimo 5 convin3a5l3e
9s mil maravil3as, dedicando5se 9 pobre2a completa, 9
verdadeira solidão, aos trabal3os agrícolas e a uma
sobriedade ue se evidenciava mesmo na oração coral e nas
cerimónias lit;rgicas#
* partir de J, o abade encarrega ernardo de fundar
Claraval, na nascente do *lba: eclipsando a abadia5mãe,
Claraval ir% tornar5se o centro vivo da ordem cisterciense
ue atrair% nobres e camponeses, cl&rigos e plebeus, e se
espal3ar% não só em <rança, mas tamb&m fora dela, a ponto
de, nos finais do s&culo 4II, se contarem j% uin3entas e
vinte e cinco abadias cister cienses# /urante de2 anos, o
estudo, a doença, a penit!ncia e a condução dos monges
preparam ernardo para o papel de 8coluna da Igreja8, ue
ele desempen3ar%, desde L at& 9 sua morte, em JL# * sua
santidade, o entusiasmo do seu 2elo, o fogo da sua palavra e
dos seus escritos difundem5se por toda a cristandade# *os
c3efes de seitas, como *rnaldo de r&scia, ue pretendem
criar uma Igreja pura sem a Igreja, ele c3ama5os
BM
L
L
Capítulo III
* 1'+(*.AI* /' ')IE1(E
LL
partirem
UBK para 0erusal&m:
de 1ovembro de MJV6 oo seu sinal
bispo de união
de -uG, seria
*demar a cru2
de "onteil,
foi designado para representar o -apa na c3efia dos
cru2ados# <ormaram5se uatro e&rcitos ue foram alimentados
pelo feudalismo ocidental, mas sobretudo pela cavalaria
francesa# *o mesmo tempo, desenvolveu5se uma cru2ada popular
condu2ida por um monge da -icardia, -edro, o Eremita, ue
eplorou certamente as tend!ncias populares para a
escatologia popular e para a par;sia imediata6 essa multidão
ardente e miser%vel, inicialmente saudada com admiração e,
depois, 3ostili2ada pelas populações, foi di2imada pelos
(urcos na Tsia "enor#
Em 0ul3o de MM, 0erusal&m caía nas mãos dos cru2ados e
tornava5se, a partir de , a capital de um reino latino
ue, com o principado de *ntiouia, o condado de Edessa e o
condado de (rípoli, formaria uma esp&cie de confederação com
ligações bastante frouas6 a ideia da formação de um Estado5
vassalo da +anta +& foi rapidamente abandonada# /urante dois
s&culos, esses principados 5 aos uais se juntaram C3ipre e
a -euena *rm&nia 5 mantiveram nas costas do "editerr\neo,
desde a Cilicia at& Aa2a, uma civili2ação latina e feudal
com os seus castelos e as suas igrejas, as suas dissensões e
a sua grande2a# "as tal dominação, espor%dica, foi ef&mera#
L]
apossavam
vagas das as
tin3am ligações douradas -ara
suas pausas# do 0ardim no 'ronte#
assegurar (ais
a protecção
constante dos cristãos e o acol3imento dos peregrinos
pobres, fundaram5 se algumas ordens de monges5soldados, como
os Cavaleiros do (emplo U(empl%riosV e a ordem 3ospitalar de
+# 0oão de 0erusal&m Umais tarde de )odes e depois de
"altaV, ue foram as mais c&lebres# * longo pra2o, elas
3averiam de se dobrar, como os (empl%rios, sob o peso das
riue2as acumuladas6 mas tamb&m elevariam 5 e os cavaleiros
de "alta ainda eistem para testemun3ar isso mesmo 5 o ideal
da cavalaria# +abemos uais os benefícios temporais ue o
'cidente 5 especialmente para as cidades marítimas
italianas, como -isa e Zene2a, sobretudo 5 obteve em dois
s&culos de interc\mbio entre um 'cidente em pleno despertar
e um 'riente de costumes mais apurados e de riue2as muito
variadas# E ue 3aver% de mais paradoal do ue ver
marin3eiros vene2ianos a abastecer de escravos brancos da
Europa 'riental os "uçulmanos ue os seus irmãos cristãos
combatiamW
LJ
[ue proveito tirou a Igreja das Cru2adas, ela ue foi a sua
principal instigadoraW [uando, um por um, sob os golpes dos
(urcos, foram caindo os principados franceses da -alestina,
da +íria e de C3ipre6 uando os i2antinos recuperaram o
ef&mero imp&rio latino de Constantinopla UBOV, de onde
emergiram durante algum tempo o ducado franc!s de *tenas e a
"oreia franca, o passivo era bastante pesado, mas a História
desconfia sempre deste tipo de balanço# 1o plano temporal
foi um fracasso: o mundo turco tornou a fec3ar5se nos
.ugares +antos, esperando estender5se em direcção a )oma,
at& Constantinopla e at& ao /an;bio# ' 'cidente deiava l%
monumentos, santu%rios, patriarcados latinos ou uniatas,
ali%s esuel&ticos 5 ecepto os maronitas 5, e tamb&m um
nome, o dos <rancos, confundido com cristãos, e cujo
prestígio no "&dio 'riente iria sobreviver a todas as
3umil3ações e culpas# "as cristãos eram tamb&m o
mauiav&lico <rederico II6 <ilipe *ugusto e )icardo de
Inglaterra Uue foram lobos um do outroV6 e tamb&m os
genoveses e os vene2ianos ue, sem escr;pulos, se
incrustaram nas ruínas dos imp&rios cristãos6 e ainda os
1ormandos ue massacraram os (essalonicenses6 e esses mesmos
<rancos ue, em B], depois de massacrarem e violarem
durante tr!s dias, colocaram uma prostituta no trono do
patriarca em Constantinopla#
aui ue atingimos a c3aga secreta e viva, o agravamento ,
provocado pelas
orientais# Cru2adas,
i2\ncio do cisma
ameaçada, 3aviaentre )oma e as
inicialmente Igrejas
solicitado
a intervenção dos barões ocidentais e, em MK, foi
Constantinopla o ponto de converg!ncia dos uatro primeiros
e&rcitos de cru2ados# <oi acordado ue as cidades tomadas
aos (urcos pelos cru2ados, mas ue 3ouvessem pertenci do aos
i2antinos, l3es fossem devolvidas# *ssim foi com 1iceia6
mas *ntiouia foi simplesmente considerada pelo normando
oemondo de (arento sua presa pessoal# * partir daí, os
latinos agiram como em terra conuistada: instalaram5se no
'riente os uadros feudais e eclesi%sticos do 'cidente#
[uando o conde da <landres e do Hainaut foi colocado no
trono do basileu e o vene2iano (om%s "orosini na sede
patriarcal de Constantinopla UB]V6 uando Henriue da
<landres, segundo imperador latino, se aliou aos (urcos
contra .ascaris, ue fundara o imp&rio grego de 1iceia
UBV, todo
LO
LK
Capítulo IZ
LM
ernardo:
+egunda foi Eug!nio
Cru2ada III em
proclamada ueZ&2elaG
levou por
.uísernardo
a empreender
U]OV#a
$m facto sintom%tico: o principal consel3eiro do rei de
<rança foi um monge, +uger, abade de +ão /inis# 1a mesma
&poca, um canonista toscano, o camaldulense Araciano,
publicou a Concórdia /iscordantium Canonum ue, sob o nome
de 8/ecreto de Araciano8, se iria tornar a mais importante
colect\nea canónica sistem%tica da Idade "&dia: essa enorme
e inteligente compilação foi colocada ao serviço da
supremacia romana, do governo sacerdotal#
*tr%s de Eug!nio III est% ernardo, cujo tratado /e Consi5
deratione & um verdadeiro manual para uso dos papas6 o abade
de Claraval denuncia aí os abusos nascidos da organi2ação da
monaruia pontifícia: luo e cupide2 dos cl&rigos da corte,
centrali2ação ecessiva no domínio judici%rio e usurpação de
cargos puramente administrativos# E o autor son3a com uma
c;ria romana organi2ada 9 maneira de um convento
cisterciense# -raesis ut prosis, non ut imperes U8s c3efe
para servir e não para mandar8V: esta admir%vel sentença foi
endereçada por ernardo a Eug!nio III e, na sua pessoa, a
todos os seus sucessores# -or isso, compreende5se bem ue a
História ten3a mantido ernardo entre o n;mero dos
reformadores ue, se tivessem
]
arba5)uiva
Henriue IZ aumAregório
advers%rio de peso# ' entretanto,
ZII retomava5se duelo ue só
opusera
ue
com outros protagonistas: agora, era um duelo muito mais
duro porue os interesses materiais e o poder temporal do
papado eram mais importantes do ue no s&culo 4I#
* *leandre III, recon3ecido pela <rança, Inglaterra,
Espan3a e -ortugal, <rederico opõe logo 'ctaviano de
"onticello, c3amado Zítor IZ, ue instala em )oma# *leandre
teve de se refugiar em <rança, em +ens, onde viveu at& OJ,
tendo regressado a It%lia para dirigir a luta contra o
imperador ue, depois da morte de Zítor IZ UO]V, l3e op`s
-ascoal III Ufalecido em ONV e, a seguir, Calisto III
Ufalecido em KNV# *poiando5se nas poderosas cidades
lombardas unidas contra os devastadores tedesc3i UV de
arba5)uiva, *leandre III acabou por vencer o imperador
ue, em BM de "aio de KO, em .egano, foi esmagado
]
centrali2ado8 característico
multiplicação dos apelos 9 do+anta
governo
+& pontifício# "as a
5 muitas ve2es
inspirados, sob *leandre III, por um agudo sentido de
justiça 5 j% tornava pesada a burocracia romana6 a
fiscalidade pontifícia começava a organi2ar5se: *leandre
III levava consigo, por toda a parte, o seu .iber censuum ou
livro de contas6 3avia um discreto nepotismo ue dava ao
círculo do pontífice esse ambiente de 8corte8 familiar ue
logo seria vivamente deplorado#
]B
espadas, de
/e2embro na KV,
catedral,
ue a oopinião
arcebispo de passa
p;blica Cantu%ria UBM de
imediatamente
a considerar como m%rtir# Em BJ de 0aneiro de K,
*leandre III lançava o interdito sobre a Inglaterra6 em
KB, canoni2ava (om%s ecet6 embora protestando inoc!ncia,
Henriue II teve de se submeter a uma duríssima penit!ncia
p;blica# 0% não era o tempo de levantar impunemente a mão
contra a pessoa de um cl&rigo, pois todo o 'cidente acabara
por aceitar a cristandade#
]L
Z
* */E+' /' 'CI/E1(E C)I+(*1/*/E
Capítulo I
' +C$.' /E I1'C1CI' III
]K
administrador
terrisV de /eus
e a cabeça sobre a uis
da Igreja, terraassumir
U/ei vices gerens essa
plenamente in
missão: tarefa difícil, mesmo num tempo em ue as estruturas
da sociedade eram cristãs# Como (om%s de *uino, Inoc!ncio
III tin3a a paião da síntese: para ele, a lógica suprema, a
;nica salvação do 'cidente, residia na congregação de todos
os 3omens, príncipes, cl&rigos, monges e fi&is, sob o bastão
de mando do 8vig%rio de Cristo8, em função deste silogism o:
Cristo tem todo o poder6 o -apa & o seu vig%rio6 logo, tem
todo o poder#
' temporal 5 o político 5 submetido ao espiritual e este ao
eterno, eis a visão do mundo ue Inoc!ncio III desejav a ue
todo o 3omem tivesse no coração# E foi este ideal ue
apresentou aos -adres do IZ Concílio de .atrão, em BJ#
Essa assembleia 5 a mais importante da Idade "&dia 5 foi
verdadeiramente o refleo da cristandade romana pelo seu
n;mero Umil e du2entosV e pela variedade de bispos, abades,
priores e embaiadores ali presentes# Inoc!ncio III dominou
todo o concílio, ainda ue as decisões aprovadas tivessem
marcado um momento importante na vida da Igreja: legislação
precisa sobre o casamento, considerado como um acto sagrado6
a obrigação da confissão e da comun3ão pascal# *l&m disso,
preocupado em assegurar a pregação ao povo cristão, o -apa
toma oficialmente sob a sua protecção os Irmãos -regadores
U/ominicanosV6 condena a riue2a dos monges e dos cl&rigos,
dando pormenores precisos sobre o ue devia ser o 3%bito
clerical# Ele próprio redu2iu o nível da sua casa#
0urista, mas tamb&m pastor, Inoc!ncio III multiplicou as
bulas e as legações, perseguindo a imoralidade tanto entre
os reis como entre os cl&rigos, vigiando permanentemente
para ue 8a semente evang&lica não fosse asfiiada pelos
espin3os8#
de "ontserrat
dos bi2antinos,e pois
alduíno da Handres
a rapacidade de cobre5se
Zene2a e com
dos ocavaleiros
sangue
ocidentais foi mais forte ue o apelo do -apa# * esperança
de uma reaproimação com os Aregos afastava5se, tanto mais
ue o -apa, como testemun3am as suas cartas ao imperador
*leis *nge e ao patriarca 0oão 4 Camatero, concebia a união
apenas como um gesto de submissão dos Aregos 9 +anta +&# E a
cavalgada sangrenta dos sen3ores feudais franceses no
.anguedoc atr%s de +imão de "ontfort só por ironia se poder%
designar cru2ada# "esmo ue ten3a 3avido moderação pessoal
de Inoc!ncio a respeito dos albigenses, não podemos deiar
de pensar ue tal facto não acrescentou nada ao prestígio do
papado#
1umerosos 3istoriadores alemães referiram ue Inoc!ncio III
não visava apenas a dominação espiritual do mundo cristão,
mas tamb&m a temporal# verdade ue o -apa pretendeu
intervir directamente na designação do imperador: apoiou
'tão de runsviue ue coroou, em BM, contra <ilipe da
+u%bia, e uando 'tão IZ 5 o futuro vencido de ouvines 5 se
voltou contra ele, Inoc!ncio ecomungou5o UBV e
substituiu5o pelo seu pupilo, o fil3o de Henriue IZ, ue se
tornar% <rederico II# ' -apa não só disp`s da coroa
imperial, mas uis estabelecer certos laços de vassalagem
entre a +anta +& e os reinos cristãos6 interveio em *ragão,
na Hungria, na -olónia e na Inglaterra, onde 0oão5+em5(e rra
coloca o seu reino sob a protecção de )oma6 e em <rança,
apesar das admoestações do -apa, <ilipe *ugusto recusa
retomar a sua esposa legítima# -or diversas ve2es, certos
reinos ocidentais em plena formação 5 especialmente o rei da
<rança 5 j% consideram pouco aceit%vel a pretensão romana de
ligar e desligar, mesmo no plano temporal#
Estava a camin3o a ideia laica de uma separação entre o
temporal e o espiritual, entre o facto de consci!ncia e o
seu dado eterior# "as Inoc!ncio III possuía um prestígio
ue onif%cio ZIII não tin3a6 <ilipe, o elo, conseguiu
menos avanços do ue o
]M
L# <rederico II ou o leopardo
/urante cinuenta anos, a Igreja romana parece não ter
deiado o 2&nite# 1o entanto, os uatro primeiros sucessores
de Inoc!ncio III, ao longo da ;ltima fase da luta do
+acerdócio e do Imp&rio 5 Honório III UBO5BBK V, Aregório
I4 UBBK5B]V, Celestino IZ UB]5B]LV e Inoc!ncio IZ
UB]L5BJ]V 5, tiveram de enfrentar um advers%rio terrível,
<rederico II#
Este Ho3enstaufen, fil3o de uma siciliana, era mais italiano
do ue germ\nico# * sua verdadeira p%tria era a +icília
c3eia de sol, ao mesmo tempo sumptuosa e andrajosa,
tolerante e ecl&ctica, ainda meia muçulmana, uma esp&cie de
asilo para o livre5pensamento nos confins do mundo cristão#
<rederico II não era, como os seus ancestrais, um guerreiro
temível, mas antes um erudito prodigiosamente subtil,
apaionado pelas artes e pelas ci!ncias ocultas, amigo de
)aimundo .ulo, dos 0udeus e dos Trabes, uma esp&cie de 3omem
da )enascença nascido dois s&culos mais cedo, c&ptico,
dissoluto e faustoso, deslocado no s&culo de +# .uís#
Inoc!ncio III, seu protector, tin3a5o feito rei da Aerm\nia
na condição de ue renunciasse 9s suas terras italianas#
'ra, toda a política de <rederico II, rei dos )omanos em
BO, imperador em BB, consistiria em restabelecer a união
das duas coroas 5 a germ\nica e a italiana 5 e, depois,
restaurar o Imp&rio )omano sob a sua &gide, com )oma como
capital# /os seus ancestrais normandos 3erdara uma
duplicidade e uma falta de escr;pulos ue o 3ão5de incitar a
escol3er os mais diversos meios para alcançar os seus fins#
Ecomungado pela primeira ve2 por Aregório I4 por ter adiado
a sua partida para a cru2ada, <rederico II decidiu partir
J
[uando,
nome de após um interregno
Inoc!ncio de dois <iesc3i
IZ, o genov!s anos, foi eleito,o com
UB]LV, o
mundo
recon3eceu ue outro Inoc!ncio III estava decidido a fa2er
triunfar o papado# /epois de algumas tentativas de
negociação com <rederico II, o novo -apa, instalado em
A&nova e depois em .ião, convoca um concílio ecum&nico ue
se deveria reali2ar, de B] de 0un3o a K de 0ul3o de B]J,
nesta ;ltima cidade# * assembleia foi dominada pela uestão
imperial# +inal dos tempos: não era para tratar do estado
moral do clero, mas apenas ou uase só do processo do
imperador: <rederico II foi solenemente deposto# *inda
resistiu durante cinco anos6 contudo, não era mais do ue um
3omem isolado na sua +icília# ' triunfo do papado foi
completo, uando, em L de /e2embro de BJ, o imperador
morreu de disenteria# $ma bula triunfal anunciou o feli2
acontecimento 9 cristandade###
Inoc!ncio IZ regressou a )oma, onde nunca mais nen3um alemão
se instalaria como sen3or# (erminava uma luta, da ual o
imp&rio saía enfrauecido para sempre, mas ue, aos ol3os do
mundo, dessacrali2ava o papado# verdade ue a cristandade
podia, então, glorifi car5se com um rei, +# .uís, cujo poder
temporal só se poderia comparar 9 sua autoridade moral#
J
Capítulo II
' +C$.' /E +# .$7+
JL
Cidade +anta
Inoc!ncio IZ,em B]]V#
ele foi o/e entre
;nico ueostomou
soberanos convocado
a cru2: s por
primeiro, em
B]N, e,
J]
B# * era do gótico
JJ
de arestas ou sobre ogivas cru2adas , ue repartia a tensão,
permitindo ue as paredes fossem menos espessas, mais altas
e com janelas para deiar entrar a lu2, a ponto de a parede
5 elemento essencial da aruitectura 5 ser, por ve2es,
sacrificada: apresentar5se5ão conjuntos tal3ados mas secos,
de uma graça muito estudada ue, por ve2es, evoca um sistema
de peças desmont%veis# ' vitral triunfa com a arte ogival e,
se o s&culo anterior foi mestre na profusão escultural no
interior dos monumentos, a iconografia da pedra invade agora
os portais ue se tornam sumas enciclop&dicas da criação#
*rte essencialme nte religiosa: a pa2 das catedrais reflecte
a pa2 de /eus, onde tudo & ordem e 3armonia, onde tudo
testemun3a a grande ideia do s&culo 4III, da 3ieraruia das
criaturas, da inscrição da 3istória dos 3omens na 3istória
de Cristo# /o 1orte de <rança e da 1ormandia, adaptando5se
9s condições locais, a arte gótica estendeu5se ao +ul de
<rança, 9 -enínsula Ib&rica, aos -aíses aios, 9 *leman3a,
9 o&mia, ao Imp&rio latino de Constantinopla, aos Estados
francos do 'riente, 9 It%lia e 9 Inglaterra# 1o fim do
s&culo 4III, a Europa inteira possuía a mesma linguagem
aruitectónica, epressão de uma f& comum, de uma unidade
moral e de uma síntese espiritual ue teve em (om%s de
*uino o seu teólogo#
JO
Capítulo III
' +C$.' /E <)*1CI+C' E /E /'"I1A'+
# <rancisco ou a nude2
resultar defeudal#
juramento turbul!ncias
' seu apressadas para se da
egoísmo, nascido desembaraçar
riue2a 5 do
a
partir do s&culo 4II tamb&m a austera ordem cisterciense
fora invadida por ele 5, não os deiava perceber as
transformações do "undo e tornava inefica2es os apelos
evang&licos lançados 9 cristandade#
"as eis ue, num dia de Zerão do ano de B, o papa
Inoc!ncio III recebe um jovem ;mbrio, vestido com o simples
burel dos camponeses, uma corda 9 cintura e os p&s nus
JK
escrevia
* um C\ntico fundada
ordem mendicante ao +ol# por <rancisco 5 auando da sua
morte, contava j% com seis províncias: *leman3a,
JN
B# /omingos ou a palavra
JM
O
isto &, uma posição desconfort%vel, não ditada por um
secreto desejo de bravata, mas imposta por uma vocação
srcinal profunda#
Instalando5se nas cidades, os mendicantes 5 franciscanos e
dominicanos 5 não perderam o seu car%cter mission%rio# 's
frades menores assumiam de bom grado as paróuias populosas
e suburbanas6 os pregadores encontrar5se5ão entre os mais
euilibrados inuisidores# *l&m disso, desde o s&culo 4III,
encontram5se uns e outros nos países submetido s ao islão ou
momentaneamente ocupados pelas Cru2adas: em "arrocos, no
Egipto 5 onde <rancisco de *ssis esteve 5, na -alestina, na
-&rsia e na Auin&6 mas tamb&m encontraremos franciscanos e
dominicanos nos postos avançados da cristandade, no coração
da Tsia#
' paralelismo na evolução das duas grandes ordens
mendicantes reside na criação de uma ordem de monjas
contemplativas 5 a segunda ordem, clarissas e monjas
dominicanas 5, bem como numa terceira ordem secular,
denominação significativa da implantação das novas ordens
mendicantes num mundo laical em promoção cultural e
eclesial# E foi na $niversidade de -aris ue se destacaram
dois grandes doutores: o franciscano oaventura e o
dominicano (om%s de *uino#
O
Capítulo IZ
' +C$.' /E +# ('"T+
resultadoembora
-orue, da acção
a da Igreja
escola de e /ireito
cujo aru&tipo foi -aris#
de olon3a 5 ue
representou um papel capital na introdução do /ireito )omano
no /ireito Comum Uconsuetudin%rioV ocidental 5, j% bril3asse
desde o s&culo 4II, não constituía propriamente uma
universidade, dado ue os estudantes eram autónomos# +e a
Europa p`de vangloriar5se das
OL
'ford,
das de tornou5se
*rtes *ristóteles
umae verdadeira
do pensamento %rabe, de
faculdade a <aculdade
<ilosofia#
Inicialmente, os teólogos tiveram alguma dificuldade em
romper com os antigos m&todos6 mas, depois, atrav&s do
simples coment%rio dos tetos bíblicos, passaram a
desenvolver uma teologia sistem%tica
O]
consideravam
curiosidade, ue a filosofia fosse um fruto de uma
OJ
OO
0acues "aritain, um dos mestres do tomismo contempor\neo,
esclareceu perfeitamente o lugar ocupado por (om%s de *uino
no coração da História da Igreja, no centro desse s&culo
8org\nico8 ue foi o s&culo 4III: 8Ele leva a intelig!ncia
ao seu objecto, orienta5a para o seu fim, entrega5a 9 sua
nature2a# /i2 ue ela & feita para o ser, sujeita ao
objecto, mas para c3egar 9 sua verdadeira liberd ade, pois &
nessa submissão ue ela restabelece dentro de si as suas
3ieraruias essenciais e a ordem das suas virtudes#8 [uanto
ao padre "#5/# C3enu, o seu grande m&rito & o de ter
mostrado ue os teólogos do s&culo 4III não foram apenas
leitores de *ristóteles, mas tamb&m religiosos ue encaravam
a sua f& numa atmosfera espiritual#
Ziolentamente combatido pela sua antropologia, desde o
s&culo 4III, pelos franciscanos imbuídos de agostinismo,
deformado no s&culo 4Z pelos abusos da escol%stica e,
depois, afastado a favor do nominalismo, transformado nos
s&culos cl%ssi cos em privil&gio de uma escola, o tomismo
emergiu no fim do s&culo 4I4, graças 9 acção de .eão 4III,
um -apa ue considerava o tomismo uma doutrina, cujos
princípios podiam permitir o aprofundamento da tradição e a
resolução dos problemas postos pela evolução das artes, das
ci!ncias, da sensibilidade 3umana e das estruturas sociais#
1os nossos dias, o tomismo revivificado em boa 3ora pela
escola de +aulc3oir UC3enu e CongarV, v!5se confrontado com
um mundo profundamente laici2ado, marcado pela t&cnica e
pelo materialismo# 1o s&culo 4III, todas as forças da
1ature2a e da graça participavam na construção de um sistema
de pensamento crist ão6 no entanto, esse s&culo ainda não
morrera e j% o 3omem se via tentado a dissociar o mundo da
1ature2a do mundo da graça#
OK
Capítulo IZ
' (E"-' /* I1[$IE(*'
-russianos,
leste nos %lticos
nos Estados e nos
)ussos, nos <inlandeses
;lgaros depagãos6 para
obedi!ncia
bi2antina e nas estepes dominadas pelos Comenos6 e a
-enínsula Ib&rica de al&m5(ejo ainda & muçulmana#
*os ol3os do papado, o esforço de unidade não podia limitar5
se 9 reunião das terras cristãs# * partir de BLN, os mouros
na -enínsula estão confinado s ao reino de Aranada6 a Ib&ria
católica deseja incutir sangue novo na vel3a cristandade# 1o
1orte da Europa, missões de cistercienses escandinavos e de
alemães penetram entre os %lticos e os <inlandeses,
enuanto os -olacos interv!m junto dos .ituanos6 a cru2ada
de rico, em JK, condu2 9 aneação da <inl\ndia# Em B,
o cisterciense *lberto, fundador de )iga, sagra o primeiro
bispo da Estónia e torna5se arcebispo da -r;ssia6 em BJ, o
rei da .itu\nia pediu o baptismo# "as a 3ostilidade dos
%lticos em relação ao clero alemão, a dos <inlandeses em
relação aos Escandinavos e a acção violenta
OM
/e s;bito, apareceram
partid%rios: os "ongóis
um após outro, de Aeng3is
os imp&rios 3an e os
muçulmanos seus
caíram
nas suas mãos# /urante muito tempo, os .atinos acreditaram
ue os terríveis nómadas eram cristãos, porue a Igreja
nestoriana estava implantada na "ongólia6 segundo "arco
-olo, o Arande ubilai 3an, embora inclinado para o
budismo, elogiou e beijou um dia o Evangel3o ue os padres
nestorianos l3e apresentaram# "as uando as vel3as terras da
Hungria, da -olónia e da o&mia foram devastadas pelos
"ongóis, então, o 'cidente cristão compreendeu o perigo ue
corria#
Inoc!ncio IZ, ue acreditava mais na efic%cia das missões do
ue na das cru2adas, fe2 partir de .ião, em B]J, uatro
embaiadores# ' franciscano /omingos de *ragão dirigiu5se
para a *rm&nia6 o dominicano *ndr& de .ongjumeau foi
K
fe2missão
a in;meras conversõ
da C3ina es juntamente
foi, entre os "ongóis
com a edinastia
os C3ineses6 mas
mongol,
epulsa de -euim pelos "ings#
' fracasso das missões da Tsia incitou os papas a tentarem
reaproimar5se das Igrejas separadas#
K
restabelecido
ao e )odolfo
-apa o camin3o livre de
em Habsburgo,
It%lia# 1o rei dos )omanos,
entanto, deia
uma situação
difusa impede ue se fale de uma completa vitória#
*ssim &, porue, em BN, a união com Constantinopla &
rompida, j% ue o papado se mostrava de novo fascinado pelas
KB
KL
ZI
* IA)E0* +' *C$+*'
Capítulo I
* C)I+(*1/*/E H$"I.H*/*
consigo os tudo,
uestionar germesa começar
do mundopela
moderno,
unidadeesse mundo ue(udo
do 'cidente# iria
parecia síntese e euilíbrio6 as disciplinas do espírito
eram transcendidas na (eologia, no con3ecimento de /eus6 a
arte era não só eleg\ncia, mas tamb&m simplicidade# Em redor
do -apa e da liturgia romana, organi2ava5se uma sociedade,
cuja língua ;nica era o latim e ue parecia encontrar no
cristianismo toda a sua força6 os reis e o próprio imperador
integravam5se numa 3ieraruia ue nada parecia poder
derrotar#
' 3armonioso monumento do tomismo foi logo ameaçado por toda
parte, enuanto, no começo do s&culo 4IZ, a $niversidade de
-aris j% não tin3a o bril3o e a autoridade ue contribu íram
para o seu prestígio# /e 'ford partiam fortes correntes de
ideias ue tradu2iam uma verdadeira impaci!ncia em relação
aos uadros fiados pela 8filosofia dos parisienses8# $m
facto curioso: face aos dominicanos de -aris, os
8impacientes8 ingleses são frades menores# 1en3um deles se
voltou mais para o futuro do ue )oger acon UB]5BMBV6 a
base de seu ensino filosófico não est% nem no .ivro das
+entenças nem nas +umas escol%sticas, mas na íblia ue,
segundo ele, só pode ser
KK
tomavam
o o lugar
pensamento das ideias gerais,
laici2ava5se, dos 8universais
tornando5se 8# *ssim,
muito eigente no
plano científico e eperimental#
Isso representava um perigo para o pensamento cristão, dado
ue, na outra etremidade do mundo, renovado pelo
aristotelismo, prosperava, sempre atraente, o averroísmo ue
+# (om%s 3avia colocado em primeiro lugar entre os seus
inimigos# *verróis, filósofo %rabe e cordov!s do s&culo 4II,
tin3a sido o mais bril3ante introdutor do sistema filosófico
de *ristóteles no 'cidente# "as desse sistema desenvolveu os
elementos racionalistas e materialistas: o car%cter eterno e
incriado do movimento e da mat&ria, a teoria da 8dupla
verdade8, isto &, da eist!ncia de opiniões racionais ue se
opõem aos dogmas religiosos e a necessidade fatal dos
acontecimentos# Ensinado por +iger de rabante e condenado
pelo bispo de -aris em BKK, o averroísmo espal3ou5se pela
It%lia, sobretudo em -%dua, cuja universidade, fundada em
BBB, depressa se tornou c&lebre pela import\ncia ue dava
9s disciplinas científicas e pela sua independ!ncia de
pensamento ue c3egou a ser rotulada de 8libertinagem8#
KN
KM
*leman3a,
"estre sendo 5 sete
Ec3art foi em Estrasburgo#
a alma do imenso 'movimento
dominicano Ec3art
místic 5
o ue
se desenvolveu no s&culo 4IZ no 1orte da Europa6 pedia aos
religiosos e religiosas o despojamento espiritual, a
identificação da sua vontade com a de /eus# 8*migos de
/eus8: eis o ue os discípulos de Ec3art se desejavam
tornar6 na primeira fila desses discípulos estava 0oão
(auler Ufalecido em LOV ue, em muitos aspectos,
prenunciava 0oão da Cru2 e esse etraordin%rio Henriue +uso
Ufalecido em LOOV, cuja vida foi assinalada por incríveis
austeridades e se eprimiu numa poesia ardente e pat&tica,
inspirada pelo Calv%rio#
-odemos encontrar o vocabul%rio ec3artiano 5 despojamento,
abandono, sil!ncio obscuro, etc# 5 no flamengo 0oão
)uGsbroec Ufalecido em LNV: depois de ter eercido,
durante
N
na burguesia
jugo das jovens
pontifício, son3am cidades e numdas
libertar5se clero impaciente
sujeições com o
próprias
de uma cristandade unificada e est%tica# 1ão se trata
somente de investiduras laicas, mas de uma laici2ação
substancial dos órgãos políticos e das relações entre o
temporal e o espiritual#
1a primeira fila, a <rança, o mais fortemente organi2ado de
todos os jovens Estados# Em BNJ, c3ega ao seu trono <ilipe
IZ, o elo, político realista, mas tamb&m rei devoto e, no
sentido mais pleno do termo, 8muito cristão8# Intransi gente
na defesa dos seus direitos, ser% um dos artesãos mais
activos de uma
N
violentas
e advert!ncias
legisladores a enviar
se batiam ao de
a golpes -apa, enuanto
libelos, paracanonistas
saber se
o -apa era ou não sen3or dos reis# ' ardente onif%cio
respondeu 9 sua maneira e de forma ecessiva: a bula $nam
+anetam ULBV estabelecia a submissão ao pontífice romano
como condição necess%ria para a salvação#
Então, 1ogaret, tido como neto de albigenses, preparou uma
atro2 contra5ofensiva, por conta de <ilipe, o elo# 1uma
NB
desde BBM#
cidades "as, aoestabelece5se
do condado, inv&s de residir numa das
em *vin3ão, peuenas
entroncamento
de estradas e domínio dos *njou de 1%poles ue,
eventualmente,
NL
N]
NJ
44II obedeciafinanceiras#
preocupações a uma vontade de prima2ia, mas tamb&m a certas
1a verdade, a manutenção da sua corte e da sua acção
religiosa e política 5 principalmente a guerra de It%lia 5
reclamavam recursos consider%veis ue os papas de *vin3ão
procuram obter, taando os benefícios eclesi%sticos e
acumulando os impostos Uanatas, d&cimas, censo, direito de
espólio, etcV, recol3idos tanto pela c3ancelaria como pelos
cobradores pontifícios# *ssim, durante de2oito anos, 0oão
44II recol3eu mais de uatro mil3ões, deiando setecentos e
cinuenta mil florins ao seu sucessor# * acção da
fiscalidade, severamente controlada, provocava na
cristandade vivos descontentamentos e murm;rios
escandali2ados6 entre os franciscanos da -rovença, os
8espirituais8, ue anunciavam a era do Espírito +anto,
c3egavam ao ponto de apresentar 0oão 44II como o anticristo,
guardião do orgul3o e da avare2a#
' Concílio de Ziena ULV j% tin3a condenado as teses de um
8espiritual8, -edro 'liva, ue muitos veneravam como santo e
cujas cin2as 0oão 44II mandou espal3ar# ' -apa foi um
decidido advers%rio de todos os misticismos e de todos os
iluminismos: at& condenou o 8panteísmo8 de "estre Ec3art#
-ara se justificar, afirmava ue o próprio Cristo admitira o
direito de propriedade, embora tivesse vivido pobre# "as os
8espirituais8 eram tão persistentes uanto o -apa e, para
lutar contra ele, tiraram proveito das dificuldades
pontifícias na It%lia# Com a morte do imperador Henriue
ZII, em L], 3ouve uma dupla escol3a, mas o -apa pronuncia5
se a favor de <rederico da Tustria contra .uís da aviera
ue ecomunga# Em LBN, .uís c3ega a )oma, cercado de
inimigos de 0oão 44II e, na primeira fila, "arsílio de
-%dua, o teórico do Estado laico, nomeado 8vig%rio de )oma8#
.uís da aviera transforma um franciscano 8espiritual8 em
-apa, com o nome de 1icolau Z, e, perante a f;ria da
multidão romana com o prolongamento do 8cativeiro da
abilónia8, dep`s 0oão 44II como 3erege# "as, em LL, 8a
aventura romana8 cai no fracasso e 1icolau Z submete5se#
Então, os 8espirituais8 tentam contra 0oão 44II um processo
de 3eresia,
NO
avesso 9aotiara#
coroa nepotismo,
<e2 apesar de ter
regressar aos acrescentado
seus lugaresuma
deterceira
origem
numerosos titulares de sedes episcopais ue se flanavam ao
sol uente de *vin3ão e perseguiu os monges giróvagos# "as
um reinado tão curto e o espírito muito jurídico limitaram
os efeitos dessas reformas# -aradoalmente, foi precisamente
este -apa austero ue empreendeu a construção de um pal%cio
papal em *vin3ão#
' arcebispo de )uão 5 um corre2iano tranui lo e grão5sen3or
5 sucedeu a ento 4II com o nome de Clemente ZI UL]B5LJBV,
son3ando dar 9 corte de *vin3ão o fausto da corte de <rança
ue ele freuentou# -or isso, em L]N, Clemente ZI compra
*vin3ão a 0oana de 1%poles e, depois, manda construir um
segundo pal%cio, cuja sumptuosidade ainda pode ser admirada#
Em plena Auerra dos Cem *nos, enuanto a peste negra
avassala a Europa, *vin3ão torna5se um centro de festas
sumptuosas e tamb&m um centro artístic o de tal vulto ue se
c3egou a falar de )enascença# ' luo da corte pontifícia 5
Clemente compraria mil e oitenta peles de armin3o para o seu
guarda5roupa 5 esgota os cofres do -apa# "as & preciso
creditar5l3e os cuidados com ue cerca os atingidos pela
peste em *vin3ão e a protecção ofereci da aos 0udeus, a uem
a multidão, ingenuamente, imputava a epidemia#
Inoc!ncio ZI ULJB5LOBV era um espírito pouco clarividente
e o seu reinado foi marcado, sobretudo, pelas incursõ es das
Arandes Compan3ias, como a de *rnaldo de C&rvola ue obrigou
o -apa a fortificar *vin3ão# $rbano Z, um lo2erense ULOB5
LKV, foi o 8bom -apa8 de *vin3ão e tamb&m um 3omem de
estudos, protector das escolas e universidades# [uerendo dar
aos bispos e abades o eemplo da resid!ncia, decide
restabelecer a sede apostólica em )oma: deia *vin3ão em L
de *bril de LOK, para c3egar a .atrão em O de 'utubro do
mesmo ano# "as como recomeçara a guerra entre a <rança e a
Inglaterra, $rbano pensou intervir como mediador, retornando
a *vin3ão
NK
+er% delicado
vale fa2er-ode,
do )ódano# um balanço da longa sublin3ar5se
no entanto, estada do papado no
alguns
aspectos, ue iriam moldar a face da Igreja dos tempos
modernos#
Embora se apresente cada ve2 menos como o dono da
cristandade, o -apa & cada ve2 mais o sen3or da Igreja# '
;nico concílio 8ecum&nico8 reali2ado nesse período, o de
Ziena em L, p`de repetir tudo auilo ue fora dito
anteriormente sobre o car%cter absoluto do poder pontifício6
mas a verdade & ue perdera o sentido de cristandade6 ser%
preciso lembrar ue a tomada de +ão 0oão de *cre, ;ltimo
bastião cristã o na -alestina, em BM, pelos (urcos, não
teve nen3u ma repercussão no 'cidenteW -or outro lado, os
papas de *vin3ão são soberanos sedent%rios, cuja
responsabilidade praticamente j% não & limitada por decisões
colegiais6 alguns deles são mecenas e a sua acção prefigura
auilo ue seria a )oma pontifícia do s&culo 4Z# -ortanto,
porue não l3es imputariam o relaamento geral, se era
justamente a sua vo2 ue dominava todas as outras na IgrejaW
* influ!ncia espiritual dos papas de *vin3ão foi limitada# '
vulgum pecus dos cristãos revelou5se mais sensível a uma
certa oposição anarui2ante 5 a dos 8espirituais8 e a de um
>Gclef, etc# 5 do ue ao belo edifício mon%ruico de
*vin3ão# -reparando as sessões do Concílio de Ziena, o bispo
/urando de "ende 3avia elaborado um (ratado do Concílio
Aeral6 nele, indicavam5se claramente projectos de reforma:
fortalecimento da autoridade dos bispos, limitação da
pr%tica administrativa pontifícia, restauração da
constituição sinodal da Igreja e mel3oria da formação do
clero# "as o Concílio de Ziena fe2 sil!ncio sobre o assunto#
$m 3istoriador c3egou a di2er ue esse concílio estava 8na
fronteira entre dois mundos86 e, com o grande cisma,
penetramos num novo mundo: o nosso#
NN
<ondi, sob
Aenebra, um oantigo
nome de Clemente
c3efe ZII, o cardeal
de camin3eiros, )oberto
devotado de e
de corpo
alma 9 causa francesa UB de +etembroV#
1ão era a primeira ve2 ue a cristandade se encontrava na
presença de dois papas6 mas não se estava na &poca de um
Aregório ZII ou de um *leandre II ue podiam, só com o seu
prestígio, colocar os seus competidores nos seus devidos
lugares# Em LKN, a autoridade do papado estava
enfrauecida6 os nacionalismos, a política e os interesses
pessoais endureciam as posições e opun3am não somente dois
papas, mas dois campos inteiros# /o lado de $rbano: o
imperador, a Inglaterra, a It%lia 9 ecepção de 1%poles,
<landres e -ortugal6 do lado de Clemente: a <rança e seus
aliados, a +abóia, a Escócia e, mais tarde, Castela, *ragão
e 1avarra#
* situação c3egou a tal ponto ue muitos não viram outra
solução senão o recurso 9s armas# *s operações
desenvolveram5se em detrimento de Clemente ZII ue, batido
em "arino ULKMV, recuou feli2 para *vin3ão, onde se
encontraria entre franceses, como nos belos dias de 0oão
44II# *vin3ão, com efeito, passou a viver novamente numa
atmosfera de fausto, como um -apa mecenas e guerreiro, ue
multiplicava os favores espirituais e temporais para uem se
comprometesse a reconuistar5l3e a It%lia6 de facto,
Clemente ZII não passava de um aruicapelão do rei da
<rança#
' pior & ue $rbano ZI, para gan3ar ou manter partid%rios,
tamb&m multiplicava graças e benefícios e, uando morreu em
J de 'utubro de LNM, os cardeais deram5l3e logo um
sucessor#
NM
-edro de
LM]V# /e .una ue se
seguida, foitorna ento a4III
convidado UBN de pelo
demitir5se +etembro
rei de
<rança e pela $niversidade6 com a sua recusa, um sínodo
parisiense e uma ordenação real ULMNV uebraram os laços de
obedi!ncia ue uniam os s;bditos da <rança a ento 4III# *
longa obstinação do -apa de *vin3ão 5 feita de orgul3o
aragon!s, de subtile2a de canonista e de uma elevada ideia
das prerrogativas papais 5 foi a causa essencial do
prolongamento do cisma# Entrinc3eirado em *vin3ão, ento
resiste durante uatro anos antes de fugir, derrotado, em B
de "arço de ]L6 durante vinte anos, errante perp&tuo,
permanecer% infleível6 ali%s, antes de terminar o ano de
]L, a <rança regressava 9 sua obedi!ncia# -or momentos,
ento 4III procura aproimar5se de seu advers%rio, mas a
entrevista entre os seus enviados e onif%cio I4 foi tão
tempestuosa ue o -apa romano, j% gravemente enfermo, acabou
por morrer U]]V#
' patriarca de *uileia suplica aos cardeais romanos ue
renunciem 9 substituição de onif%cio I4, mas não foi ouvido
e Cosma "igliorati, um septuagen%rio sem energia, torna5se
Inoc!ncio ZII6 ento 4III lança um an%tema sobre o novo
rival# 1o entanto, Inoc!ncio 3avia manifestado o desejo de
reunir um concílio para p`r fim ao cisma# Em O de 1ovembro
de ]O, foi levado pela apopleia # -ela terceira ve2 desde
LKN, os cardeais romanos se reuniram, não sem prometer ue
forçariam o seu eleito 9 demissão, logo ue ento 4III
abdicasse ou morresse# <oi eleito um vene2iano ue tomou o
nome de Aregório 4II#
M
Instalado
Estados em arcelona,
ib&ricos ento 4III
e pela Escócia 5 ainda no
5 refugia5se apoiado pelos
roc3edo de
-eniscola, uma esp&cie de monte +aint5"ic3el espan3ol, onde,
abandonado, resistiu at& 9 sua morte, em ]BL, uase
centen%rio# Aregório 4II, tamb&m abandonado 5 os seus
conterr\neos vene2ianos renegaram5no miseravelmente 5, só
encontrou ref;gio em )imini, a peuena capital dos
"alatesta#
Enuanto isso, 0oão 44III, o -apa pisano, tentava fa2er
esuecer um passado bastante escandaloso, mostrando
veleidades de estabili2ar novamente a barca de -edro6 mas um
concílio, reali2ado em )oma em ]L, não deu nada# Epulso
de )oma pelas tropas do rei de 1%poles, .adislau, vai para
olon3a, onde sabe ue o rei dos )omanos, +egismundo do
.uemburgo, na ualidade de 8advogado e defensor da +anta
Igreja8 e por um edictum universale , tomara a iniciativa de
convocar um concílio geral, ue se reali2aria em território
alemão, em Constança, no ano da graça de ]]#
O# Concílio ou -apaW
M
Constança
acaba 5 sangue5frio
com o c3eia de mercadores forastei ros 5 um p\nico ue
de +egismundo#
' concílio continua sem o -apa6 & um facto grave, mas tamb&m
& grave o tom da declaração feita diante da assembleia, em
BL de "arço, por 0oão Aerson, c3anceler da $niversidade de
-aris: 8* Igreja ou o concílio geral ue a representa & a
regra ue Cristo, segundo a directri2 do Espírito +anto, nos
deiou, de sorte ue ualuer 3omem, não importa uem seja,
de ualuer condição ue seja, mesmo papal, & obrigado a
ouvi5la e a obedecer5l3e#8 ' concílio seguiu Aerson e, pelo
decreto +acro5sanctae de O de *bril, decidiu ue o concílio
ecum&nico reunido em Constança era a representação da Igreja
inteira e recebia o seu poder directamente de Cristo6 o
próprio -apa devia5l3e obedi!ncia em mat&ria de f&, de
unidade da Igreja e de 8reforma da cabeça e dos membros8#
Em K de "aio, 0oão 44III foi preso em <riburgo e, em BM
desse m!s, o concílio aprovava a sua deposição como
8indigno, in;til e prejudicial86 antes de retomar o seu
lugar no +acro
MB
papal#
as 1isso, do
8nações8 foiconcílio
ajudado pelos
uantodesentendimentos
9s reformas a ue opun3am
aplicar 9
Igreja devastada pelas eig!ncias dos cobradores
pontifícios, o c;mulo de benefícios, a riue2a dos cardeais,
a concessão das d&cimas, o absentismo dos bispos, a
ignor\ncia dos cl&rigos e tamb&m pelos movimentos 3er&ticos,
como os de >Gclef e de 0oão Huss#
*ssim sendo, a ideia de reforma, ue rondava os espíritos
por toda parte, não se corpori2ou# 1ingu&m se iludiu com o
alcance da declaração pontifícia publicada ao mesmo tempo
ue os decretos c3amados de 8reforma geral8, editados alguns
dias antes do encerramento do concílio ue ocorreu em BB de
*bril de ]N# Zoltando triunfalmente a )oma, em BM de
+etembro de ]B, "artin3o Z condena o c3amamento do -apa ao
concílio6 no entanto, uerendo permanecer fiel 9 letra do
decreto <reuens,
ML
K# asileia e <lorença
-apa e o de
Concílio concílio agrava5se
asileia, a tal ponto
j% se falava ue, em
da próima ]LL, no
deposição de
Eug!nio IZ# "as, em 0un3o de ]L], o -apa teve de fugir de
)oma, ue & proclamada )ep;blica, e refugia5se em <lorença,
acabando, em J de /e2embro, por anular o decreto de
dissolução: os 8conciliaristas8 3aviam triunfado#
C3egavam a asileia os projectos de reforma eclesi%stica 5
reunião regula r de sínodos, supressão dos apelos a )oma,
etc# 5, solicitando o 2elo dos padres conciliares, mas eram
tão 3eteróclitos e as soluções propostas tão disparatadas
ue o concílio limitou5se a marcar passo# Contudo,
relativamente 9 8reforma
M]
admitindo
*pós ue o Espírito
prolongadas +anto
discussões, a procede
uestão do -ai e do do
primado <il3o#
-apa
foi regulada de acordo com a seguinte fórmula muito
significativa: 8* sede apostólica e o -apa possuem o primado
sobre toda a (erra# Enuanto sucessor de -edro e
representante de Cristo, o -apa & o c3efe da Igreja
universal, o -ai e o /outor de todos os fi&is, com poder de
governar toda a Igreja, em conformidade com os actos e
c\nones dos antigos concílios#8 Considerada como eplicativa
pelos latinos,
MJ
MO
antipapismo
um dasenão
ancestral, plebe6 não seria do
o precursor nen3um eagero ver em >Gclef
anglicanismo#
MK
MN
condenavam todo o luo no culto, constatando5se ue a
Hungria, a Cro%cia e o +ul da *leman3a se mostraram
sensíveis 9s suas doutrinas democr%ticas e socialistas#
$nidos contra )oma e contra o imp&rio com prestigiosas
vitórias, calistinos e taboritas dividiram5se depois# Em
]LL, assinaram com os padres do Concílio de asileia as
compactata ue só l3es permitiam a comun3ão sob as duas
esp&cies# <oi preciso esperar ue os taboritas fossem
esmagados em .ipanG U]L]V, para ue a pa2 se restabelecesse
na o&mia# Cansados de tantas lutas, os C3ecos recon3eceram
+egismundo6 mas a reforma luterana iria, muito naturalmente,
substituir o movimento 3ussita na o&mia, ao passo ue os
taboritas mais violentos se passaram para os 8Irmãos
"or%vios8#
Em -isa e Constança, dois representantes prestigiados da
Igreja francesa, 0oão Aerson e -edro dD*illG, foram
elouentes defensores da teoria conciliar, associando o seu
triunfo 9 defesa das liberdades galicana s# ' galicanismo j%
era antigo, mas a luta entre <ilipe IZ e onif%cio ZIII
tin3a5o fortalecido6 a $niversidade de -aris e o -arlamento
nascente 3aviam5se feito seus defensores# [uando a <rança
saiu da Auerra dos Cem *nos, o seu património eclesi%stico
estava arruinado6 o regime de benefícios, provocando
rivalidades por toda a parte, iria levar o rei a intervir
freuentemente na vida da Igreja francesa# 's cobradores
pontifícios encontravam um país arrasado e, contra eles, os
oficiais de um soberano, cujas necessidades financeiras
cresciam com os seus poderes# Carlos ZII, o rei da
renovação, era 3omem piedoso e, como 8rei cristianíssimo8,
tin3a consci!ncia das suas responsabilidades em relação 9
sua Igreja# * concordata assinada em Constança em ]N e a
de ]BJ não resolveram nada de essencial6 continuaram
numerosos os apelos 9 corte de )oma#
Em ]LN, Carlos ZII consultou o seu clero em ourges: a K de
0ul3o, proclamava5se uma ordenação em vinte e tr!s artigos
ue, 3omologada pelo rei, se transformou na -ragm%tica
+anção de ourges# /enunciando a inc;ria pontifícia, esse
acto regulava unilateralmente a disciplina geral da Igreja
da <rança e as suas relações com a +anta +&, afirmava a
superioridade dos bispos reunidos em concílio sobre o -apa,
restabelecia a eleição dos bispos e abades pelos capítulos,
retirava 9 +anta +& os seus direitos em mat&ria de
recebimento dos benefícios eclesi%sticos,
MM
B
Capítulo II
* C)I+(*1/*/E E" *C'
# * 8devoção moderna8
de trípliceluminoso
monumento coroa, preocupados
de (om%s decom*uino
uma 3%bil diplomacia6
& submergido o
pela
sombra do nominalismo# 's 3omens j% não recebem orientações
comuns e cada um volta5se para si mesmo#
(rata5se de um processo, por ve2es, moroso e com a presença
do terror, porue os 3omens dessa &poca t!m medo: a
B
BB
BL
observantes alcançariam renome universal: 0oão de Capistrano
Ufalecido em ]JOV e ernardino de +iena Ufalecido em JO]V,
ue a Igreja iria canoni2ar# ' franciscano <rancisco de
-aula Ufalecido em JKV, fundando os "ínimos, pretendeu
fa2er reviver o espírito do poverello# Zicente <errier
Ufalecido em ]MV foi o mais c&lebre dominicano na &poca do
grande cisma, pela sua elou!ncia tempestuo sa e truculenta#
* segunda ordem franciscana 5 as Clarissas 5 encontra uma
segunda fundadora na pessoa de uma reclusa, Coleta de Córbia
Ufalecida em ]]KV#
*li%s, os s&culos 4IZ e 4Z foram s&culos de santas6 s&culos
de inuietações e ang;stias, foram salvos por fr%geis
mul3eres, cuja vida espiritual intensa se orientava
naturalmente para a acção reformadora: rígida da +u&cia
Ufalecida em LKLV, cujas )evelações juntam dram%ticas
visões da vida de Cristo e da Zirgem e admoestações,
suplicando 9 Igreja ue voltasse 9 sua pure2a6 Catarina de
+iena Ufalecida em LNV, uma estigmati2ada ue eerce junto
de Aregório 4I e de $rbano ZI o papel eercido por ernardo
junto dos papas do s&culo 4II6 <rancisca )omana Ufalecida em
]]V, *ngela de <oligno Ufalecida em LMV, *na de
"ontepulciano Ufalecida em LKV, 0uliana <alconieri
Ufalecida em L]V e tantas outras# +em esuecer a maior e
mais misteriosa de todas, 0oana dD*rc Ufalecida em ]LV,
cuja curta epopeia foi passada e repassada pelo mais severo
crivo da 3istória, prova da ual ela saiu intacta, com o seu
sadio frescor de camponesa e a sua vocação indom%vel e
eplosiva# -aralelamente, encontramos o etraordin%rio
)aimundo .ulo Ufalecido em LOV ue foi c3amado doutor
iluminado6 durante uarenta anos, multiplicou as menos
conformistas eperi!ncias e, sobretudo, usou um m&todo
pacífico de conversão dos "uçulmanos#
astante espectacular 5 testemun3a disso & o gótico
flamejante 5, a religião dos cristãos desse tempo era
afectiva e popular, materiali2ando5se em devoções, mas
tamb&m, em relação aos dogmas e 9 íblia, bastante autónoma
e individual# -orue foi a &poca dauilo a ue *lbert
/ufourc c3amou, com inteira justiça, 8a desorgani2ação
individualista86 a cristandade carecia de direcção
espiritual# -ode compreender5se perfeitamente por ue motivo
o espírito dos cristãos era assaltado pela ideia de reforma#
B]
B# *nseios de reforma
Havia outros ue Uembora fora das normas, mas distantes das
visões apocalípticasV tamb&m son3avam com a reforma# Estavam
na primeira lin3a os teólogos e, 9 frente deles, os
professores da $niversidade de -aris, com o mais importante
de todos: 0oão
conciliar, Aerson
Aerson Ufalecido
foi tamb&m em ]BMV#
o teórico da (eórico do poder
monaruia, desse
culto pelo rei de <rança ue 0oana dD*rc, sua contempor\nea,
situava na mesma lin3a ue a devoção ao rei do c&u6 mas este
teólogo, mais próimo de +# oaventura do ue de +# (om%s,
revelava5se tamb&m um místico subtil e terno 5 foi ele o
verdadeiro criador da devoção a +# 0os& 5, um pregador de
linguagem familiar, um autor de op;sculos piedosos e
populares, e tamb&m um educador, porue pensava ue a
reforma da Igreja devia começar pelos mais jovens# Aerson e
o seu amigo, o cardeal -edro dD*illG Ufalecido em ]BV 5
ue, na sua Imago mundi, p`s o problema da esfericidade da
(erra 5, j% são modernos, no sentido em ue, neles, o
occamismo e o nominalismo, ao dissociarem a ra2ão e a f&,
favoreciam a eperi!ncia mística pessoa l e davam a /eus uma
larga parte na economia da salvação#
*s gerações seguintes mostraram5se ainda mais eigentes# 1a
segunda metade do s&culo 4Z, o fogo novo nascido na It%lia
espal3ou5se por toda a parte, porue a palavra )enascimento
engloba uma realidade etremamente viva: um 3umanismo ue
propõe uma nova arte de viver, uma cultura universal
alimentada pela filologia, uma observação e um con3ecimento
aprofundados dos autores, dos s%bios e dos artistas gregos e
latinos, uma visão, ao mesmo tempo, optimista e crítica do
3omem e da 1ature2a, um desejo de síntese jamais saciada,
uma ruptura volunt%ria e reflectida com uma escol%stica
ultrapassada e fec3ada, um cotejo constante de todas as
disciplinas, o triunfo do leigo sobre um sacerdócio
desvalori2ado# *lguns lugares privilegiados favoreceram essa
irradiação, entre outros: a <lorença dos "&dicis e das suas
academias, a )oma dos papas, -aris e o Col&gio de <rança,
*lcal% de Henares, cuja universidade, fundada por Cisneros,
esteve na origem da primeira íblia poliglota, .eida,
1uremberga, asileia, "ontpelli er### * invenção e a difusão
da imprensa contribuíram largamente para saciar essa 8fome
sagrada8# Calcula5se ue, pelo menos, setenta e cinco
BO
os povos# -oressencialmente
neoplatónica, isso, depressa se espal3ou
optimista, uma deteologia
confiante ue, ao
aprofundar5se a mensagem da sua própria religião, os infi&is
se converteriam e o cristianismo se tornaria universal,
desde ue se despojasse e se interiori2asse#
Zerificou5se, desde logo, uma efervescente )enascença
cristã, um 3umanismo cristão marcado pelo culto da eegese
bíblica, caracteri2ado por uma concepção optimista do 3omem,
por certas interpretaçõ es abertas dos dogmas, por uma maior
ligação 9s eperi!ncias místicas do ue 9s dissertações
teológicas, pelo desejo de uma Igreja evang&lica e
tolerante, mas tamb&m pela fidelidade ao corpo da Igreja
romana# 1esta procura de uma religião simplificada, o
toscano "arsílio <icino Ufalecido em ]MMV junta5se com o
cardeal alemão 1icolau de Cusa Ufalecido em ]O]V ue, muito
antes de Aalileu, abandonou o geocentrismo e a eplicação
literal da íblia# ' etraordin%rio erudito -ico de
"ir\ndola, morto aos L anos U]M]V, considerava o
cristianismo o ponto de converg!ncia de todas as formas
anteriores do pensamento 3umano6 amigo de +avonarola, tamb&m
sabia ue o camin3o mais curto para c3egar at& /eus & o
mesmo ue 0esus Cristo pobre proclamou# 1a *leman3a, 0oão
)euc3lin Ufalecido em JBBV foi o iniciador do estudo
científico da língua 3ebraica# +e, na Inglaterra, 0oão Colet
Ufalecido em JMV, professor de 'ford, atingiu uma esp&cie
de Piclefismo, (om%s "oro Ufalecido em JLJV, ue ser%
c3anceler de Henriue ZIII, evocava na sua $topia uma terra
ideal em ue triunfariam a mais pura democracia e a partil3a
de todos os bens, tendo por ;nica lei o Evangel3o# Em
diversos aspectos, este evangelismo aparentava5se com o ue
se eprime na obra truculenta e muito optimista de )abelais
Ufalecido em JJLV#
BK
L# E o povo cristãoW
BN
porue sentem
muitas 9 sua volta
consci!ncias a tremenda
cristãs, presença do /emónio#
os mandamentos Em
da Igreja
sobrepõem5se muitas ve2es aos mandamentos de /eus e a
superstição mal se distingue da devoção#
[uanto aos padres, revelam5se muitas ve2es abaio das suas
tarefas# "uitos são concubinos, uer por levarem uma vida
dissoluta, uer por viverem com uma mul3er, sendo
naturalmente os seus fil3os os ajudantes da missa, uando
não se tornam at& os seus sucessores# 1o entanto, não ser%
propriamente a concubinagem dos padres ue far% sacudir uma
parte da Europa e a colocar% ao lado da reforma protestante6
ser%, sobretudo, a sua ignor\ncia, a sua falta de formação,
a sua falta de 2elo e a não5resist!ncia ue camin3a a par da
inflação sacerdotal#
Esses defeitos podem encontrar5se em muitos prelados, ainda
ue nos s&culos 4IZ, 4Z e 4ZI a Igreja ten3a contado com
muitos bispos piedosos, instruídos e edificantes#
"as 3% ainda mais grave: o próprio papado d% o eemplo e
parece esuecer as suas responsabilidades#
BM
dilacerada#
]]M: o ;ltimo antipapa da História, <&li Z, abdica6 ]J:
o jubileu re;ne em redor de 1icolau Z uma imensa multidão#
-odemos pensar ue regressaram os dias gloriosos do s&culo
4III, enuanto alguns legados percorrem a cristandade:
1icolau de Cusa, na *leman3a6 0oão de Capistrano, na Europa
Central6 o cardeal de Estouteville, na <rança### 'u mel3or,
em "arço de ]JB, <rederico III fa2ia5se coroar em )oma6 &
verdade ue a autoridade desse 3absburgo sem prestígio em
nada & compar%vel 9 dos Ho3enstaufen do s&culo 4I e 1icolau
Z não & Ino5c!ncio III# 1a Europa, o -apa esbarra
constantemente com o prestígio crescente dos reis, como
aconteceu com Carlos ZII ue, pela -ragm%tica +anção, se
tornou o c3efe da Igreja galicana#
1ão 3% por ue escond!5lo: 1icolau Z e os seus sucessores
imediatos serão mais papas italianos do ue pontífices
universais6 serão c3efes de um dos Estados dessa It%lia,
onde as ambições se agudi2am6 no +acro Col&gio, os cardeais
italianos são em maior n;mero# 1icolau Z acreditou ue podia
p`r alguma ordem nauela It%lia fragmentada, mas a -a2 de
.odi e a .iga It%lica U]J]V foram um esboço sem futuro da
unidade italiana# *li%s, afirmava5se ue tudo auilo ue
fi2era a unidade do
B
/urante
III, os tr!sdeanos
um órgia do seuteve
Espan3a, pontificado
apenas umU]JJ5JNV,
objectivo:Calisto
retomar
a luta contra os (urcos ue tin3am alcançado o /an;bio# 0%
ue não era possível conseguir ue os cristãos organi2assem
uma cru2ada, pelo menos sentia5se a alegria de ver o
e&rcito 3;ngaro, condu2ido por 0oão HunGadi e animado por
0oão de Capistrano, deter o islão diante de elgrado U] de
0ul3o de ]JOV# "as Calisto III cometeu o erro de fa2er do
nepotismo uma verdadeira instituição: desejoso de limitar o
direito de controlo dos cardeais, colocou os órgias ou
espan3óis nos postos5c3aves da C;ria e concedeu a p;rpura a
tr!s dos seus sobrin3os, dos uais o mais devasso, )odrigo,
se tornar% *leandre ZI#
Com -io II 5 *eneas +Glvius -iccolomini 5 U]JN5]O]V pode
di2er5se ue o Humanismo se instalava na cadeira de +#
-edro# * obra liter%ria deste italiano frouo, com um
passado pouco edifica nte, não era despre2%vel# -io II foi o
;ltimo papa com tend!ncias universalistas: a sua bula
Esecrabilis U]OV condenou em termos en&rgicos tudo o ue
restava das teorias conciliares e um congresso reunido em
"\ntua, em ]JM, decidiu uma
B
IZ foi unicamente
manietado pelas um príncipe tramas
miser%veis amante deda vida
uma faustosa,
política
estritamente italiana# -elos seus sobrin3os 5 seis deles
foram cardeais 5, +isto IZ, apoiado pelos -a22i, lutou at& 9
morte contra os Colonna e os "&dicis# *s personalidades
indignas ue rodeavam o pontífice deram o tom a uma corte
corrupta ue, setenta anos mais tarde, 3averia de ser
estigmati2ada por /u ellaG# * venalidade dos cargos tornou5
se uma armadil3a do governo pontifício# -ara se conseguir
din3eiro, o papa multiplicou os empregos6 por isso, em ]NB,
3avia um col&gio de cem solicitadores### -aulo II criou a
[uind&cima, esp&cie de imposto sobre os benefícios detidos
pelos religiosos# +isto IZ tornou obrigatória a
8Composição8, retribuição pelo benefici%rio de uma graça
pontifícia# -or toda a parte, mas sobretudo na Europa
Central e +etentrional, a aplicação de dí2imas tornou odioso
o nome do -apa, por ve2es comparado a .;cifer# evidente
ue, no fim do reinado de +isto IZ, a iblioteca do
BB
e .ucr&cia
Zanno22a 5 ue,
Catanei6 como órgia
o nome cardeal, tivera
forneceu da bela
mat&ria a umaromana
vasta
literatura mais próima do romance negro do ue da História#
"esmo ue se coloue a memória desta família fora do uadro
de todas as inf\mias acumuladas durante os ;ltimos uatro
s&culos, ainda restariam abusos, ecessos e viol!ncias
suficientes para se poder lamentar ue um 3omem como )odrigo
órgia ten3a sido o pastor supremo da Igreja# Incapa2 de
refrear os seus apetites, *leandre ZI colocou os seus
talentos de diplomata ao serviço da sua insaci%vel família#
1a altura do assassínio do seu fil3o preferido, o duue de
A\ndia incitou5o, em ]MK, a lançar uma bula de reforma6
mas, depois, os 3%bitos estabelecidos voltaram com
BL
pouco antes
ecum&nico da sua
para morte,
.atrão fe2 *bril
UM de a convocatória
de JBV6 de um concílio
& verdade ue
se tratava de pregar uma partida a um concílio antipapal
laboriosamente posto de p& em -isa, por iniciativa de .uís
4II, ue fracassou imediatamente#
Este Concílio de .atrão UJB5JKV, uase eclusivamente
composto por bispos italianos perfeitamente submetidos ao
-apa, não colocou o dedo na ferida nem abordou a reforma
geral da Igreja# verdade ue o pacífico .eão 4 UJL5
JBV, sucessor de 0;lio II, não ueria c3egar tão alto#
Este "&dicis, o fil3o mais novo de .ourenço, o "agnífico,
concedeu todas
B]
atirar5se
esse factoaos vícios
enviada dedo papado, 8*
Espan3a: apenas 3ouve
0ustiça uma
deve alusão na
começar a
casa do +en3or#8
* O de "arço de JK, após do2e sessões ao longo de cinco
anos, os padres do concílio dispersaram5se# +ete meses
depois, em L de 'utubro, "artin3o .utero afiava as suas
noventa e cinco teses no %trio da igreja do castelo de
Zitemberga#
BJ
Capítulo III
* C)I+(*1/*/E /I.*CE)*/*
BK
*gostin3o,
(auler 5, osprocura
místicos8essa
e a (3eologia deutsc3
passividade 5 sobretudo,
amorosa ue l3e
permitir% atingir, no mais profundo de si mesmo, o /eus
imanente8#
/e s;bito, durante o Inverno de JB5JL, enuanto prepara
os cursos de eegese bíblica, a lu2 invade o seu espírito e
a pa2 enc3e o seu coração# Esse 8milagre8 & feito pelas
Escrituras ue, de futuro, serão o centro de toda a sua
actividade doutrinal e apostólica6 essas +agradas
Escrituras, pouco manuseadas pela teologia do seu tempo e
ue .utero, ultrapassando a eegese s%bia dos 3umanistas,
vai constantemente uestionar# E & graças 9s Escrituras ue
ele resolve este aparente paradoo: 8Como & ue /eus pode
ser misericordioso e, simultaneamente, justoW86 a Epístola
aos )omanos fornece5l3e a resposta: 8' 3omem & justificado
pela f&, independentemente das obras da lei#8 .utero far%
este coment%rio famoso: 8' cristão sabe ue & sempre
pecador, sempre justo e sempre arrependido#8 (rata5se da
8descoberta da misericórdia8, de ue se p`de afirmar ue foi
a srcem da )eforma# *o mesmo tempo, .utero descobre ue 9
segurança dada pelas obras se opõe a certe2a, tirada do
Evangel3o, de ue o 3omem se salva apenas pela graça de
/eus, unicamente recebida pela f&# 1ão ue deva rejeitar as
obras, mas & a f& ue as deve suscitar#
1esse tempo, andava pela *leman3a, como 8um vendedor
ambulante8, o dominicano (et2el, delegado pelo arcebispo5
elei5tor *lberto de randeburgo a pregar uma indulg!ncia,
cujas receitas deviam, em parte, servir para saldar as
dívidas ue o prelado fi2era para pagar as taas impostas
por )oma na altura da junção de tr!s dioceses UJJV,
servindo o resto para financiar a conclusão da asílica de
+ão -edro de )oma# 's florins caíam abundantemente nas
caias de (et2el porue ele prometia a plena remissão de
todos os pecados 9ueles ue 5 8contritos de coração e
confessados de boca8, e tendo reali2ado certos ritos 5
entregassem uma oferenda, tarifada segundo o seu nível de
riue2a# *t& então, 3avia apenas um eagero na doutrina da
Igreja respeitante 9s indulg!ncias6 mas (et2el errava
BN
uando afirmava ue a indulg!ncia a favor das almas do
purgatório 5 tamb&m ela tarifada 5 era efica2,
independentemente do estado de graça6 e c3egava mesmo a
afirmar ue essa indulg!ncia era, autom%tica e
imediatamente, aplicada 9 alma do purgatório designada pelo
seu nome#
Em L de 'utubro
universit%rio de JK,
corrente, ali%s
.utero conforme
afiava um procedimento
na porta da igreja do
castelo de Zitemberga as suas MJ teses contra as
indulg!ncias, em ue a ;ltima esclarecia todas as outras: 8
preciso eortar os fi&is a entrar no c&u atrav&s de muitas
atribulações, em ve2 de descansar na segurança de uma falsa
pa2#8 /uas semanas depois, copiado e espal3ado por
estudantes entusiastas, o documento era con3ecido em toda a
*leman3a6 muitos pressentiram ue, independentemente da
doutrina das indulg!ncias, era o conjunto de uma reform a
religiosa e de uma renovação espiritual ue o monge saónico
estava prestres a abordar# /enunciado a )oma, .utero,
protegido pelo eleitor da +aónia, mas ue não pensava de
modo nen3um romper com )oma, recusou sujeitar5se 9s ra2ões
do cardeal Caetano ue não só tin3a apontado no pensamento
de .utero alguns erros essenciais: a justificação pela f&, o
ataue 9 noção de m&rito, o apelo 9 autoridade das
Escrituras contra o magist&rio e as tradições da Igreja, mas
cuja viva intelig!ncia tamb&m tin3a pressentido, atrav&s de
.utero, os graves problemas ue se colocavam 9 Igreja# 1a
altura da disputa de .eip2ig UJMV, .utero, empurrado pelo
doutor dominicano Ec, defendeu 0oão Huss contra as decisões
do Concílio de Constança e pretendeu afirmar ue a Igreja
tin3a apenas um c3efe: Cristo#
B# * eplosão do luteranismo
BM
Escrituras#de"asabilónia
Cativeiro & num latim destinado
U'utubro aos anoV,
desse teólogos ue, uma
esboça no
doutrina dos sacramentos6 .utero mant&m apenas o baptismo, a
ceia e, em rigor, a penit!ncia6 critica a missa e a
transubstanciação, eige a comun3ão sob duas esp&cies e opõe
a +agrada Escritura 9 acção autom%tica dos sacramentos#
*s coisas precipitam5se imediatamente# 1o 1atal de JB,
.utero ueima publicamente a bula Esurge /omine# .evado
perante Carlos Z na /ieta de >orms, recusa retra ctar5se e &
epatriado do imp&rio UJBV# Escondido em Zartburgo, começa
a tradução da íblia para alemão e, em JBB, deve regressar
a Zitemberga, porue j% alguns, aproveitando5se do car%cter
complacente de "el\ncton, amigo e colaborador de .utero,
utili2am a mensagem luterana de uma forma temer%ria# 1um
sentido radical, pietista e iluminista, arlstadt e "un2er 5
este & o pai dos anabaptistas 5 preconi2am 8uma Igreja dos
santos8, cujos membros estariam em comun3ão directa com o
Espírito +anto, apagando5se, deste modo, todos os vestígios
da Igreja visível# .utero combate5os e, at&, rompe com o
3umanismo cristão de Erasmo e com o 3umanismo reformista,
mas autorit%rio, de =uínglio# *li%s, v!5se, depois,
confrontado com as guerras civis: a dos pobres cavaleiros do
+ul UJBB5JBLV e a dos camponeses UJB]5JBJV ue, em nome
das novas ideias, ensanguentam a *leman3a Central e
"eridional#
Contra sua vontade, .utero & levado a regulamentar a
liturgia ue se basear% no 8culto8 dominical: nele, d%5se o
lugar principal 9 leitura, 9 pregação da palavra de /eus e 9
oração comum sob a forma de cantos corais, em alemão6 no
entanto,
BB
onde se
como os rejeita tudo o ue pareça
votos mon%sticos6 contr%rio
aceita5se tudo o9s ue
Escrituras,
não for
contr%rio 9s Escrituras, tal como o episcopado#
[uando "artin3o .utero morre, em N de /e2embro de J]O, na
sua cidade natal de Eisleben, j% o rosto da cristandade se
encontra profundamente modificado# 's amigos de .utero foram
realmente os primeiros luteranos e o seu grupo foi
rapidamente reforçado por membros do clero regular, mas
tamb&m vieram importantes contingentes da burguesia das
cidades imperiais em luta contra os seus bispos# Embora, por
um lado, a guerra dos cavaleiros e a dos camponeses ten3am
afastado de .utero 5 ue as desaprovou 5 muitos nobres
empobrecidos e muitos rurais, por outro, atraír am para o
luteranismo muitos dos grandes sen3ores feudais, tentados
não só pela seculari2ação dos bens da Igreja, mas tamb&m
pela oportunidade de se oporem ao imperador6 & o caso de
*lberto de Ho3en2ollern, ue seculari2ou a sua 'rdem
(eutónica e se fe2 duue da -r;ssia UJBJ5JBOV# /esde JN,
.utero tin3a leitores e discípulos em *ntu&rpia# /epois de
ter libertado a +u&cia da dominação dinamaruesa UJBLV,
Austavo Zasa secula5ri2ava os bens de um clero mais ou menos
desacreditado e organi2ava uma Igreja luterana estreitamente
ligada 9 coroa# Em JBO, a /inamarca passava tamb&m para o
luteranismo e Cristiano III, em JLK, instaurava uma Igreja
dinamaruesa5norueguesa#
BB
foi efectuada
=uriue atrav&saídaumautoridade,
e eercendo verdadeiro impondo5se aos edis
c&saro5pap ismo# de
Embora
eigisse o recurso eclusivo 9 íblia como fundamen to da f&
e da autoridade, e o uso da língua alemã na liturgia,
atribuía maior import\ncia ao problema da santificação do
ue ao da justificação# *ssim, o 2uinglianismo justifica5se
ou caracteri2a5se por um 3umanismo e um radicalismo, e
tamb&m por um racionalismo, todos eles estran3os ao
luteranismo6 a piedade 2uingliana & sobretudo social6 o
baptismo e a ceia j% não são sacramentos, mas simples
memoriais, isto &, a afirmação da comun3ão dos fi&is# /e
resto, =uínglio mostrava5se contr%rio 9s formas de culto 5
imagens, paramentos sagrados e m;sica 5 e tendia a confundir
a Igreja e o Estado, recon3ecendo a este ;ltimo o direito de
intervir nos problemas religiosos# +e a reforma 2uingliana
se imp`s em Estrasburgo, asileia, erna e +c3aff53ouse
antes de JL, os vel3os cantões montan3eses da Helv&cia 5
.ucerna, $ri, +c3PG 2### 5 permaneceram católicos e foi a
combat!5los, em appel, ue =uínglio acabou por ser morto em
JL#
BBB
tradu2ida para
ualidades franc!s
de lógica UJLMV,
e de se tornar%,
concisão, pelas suas
um dos cl%ssicos da
jovem língua francesa#
* Instituição & uma suma, mas & sobretudo a epressão de uma
eperi!ncia vivida# Como .utero, Calvino revela5s e um 3omem
de uma concepção pessimista e a sua doutrina sobre a
justificação ir% mesmo at& ao predestinacianismo, ainda ue
ten3a apresentado a predestinação como um mist&rio imposto
pela noção de omnipot!ncia de /eus# "as, indo al&m de um
simples desejo de salvação, Calvino eige ue o cristão
3onre a /eus e ' sirva6 a sua teologia & essencialmente
teoc!ntrica, mas revela5se tamb&m social: a piedade
calvinista sente5se c3amada 9 acção social, científica e
est&tica 8para afirmar por toda a parte o reino do Eterno8#
.utero era um monge muito desprotegi do perante a sociedade6
Calvino & um leigo ue, em contacto
BBL
com o "undo, julga ue, para apoiar o esforço dos fi&is para
a santidade, & preciso uma Igreja ue pregue a palavra de
/eus e um Estado ue faça reinar a ordem#
Aenebra ser%, pois, o campo de eperi!ncia de Calvino6 ser%
aí ue, em JLO, um emigrado franc!s, Auil3erme <arei, o
ret&m, depois de ter fundado uma activa comunidade
2uingliana# *pesar das dificuldades, Calvino consegue criar
uma Igreja presbiteriana constituída por pastores eleitos,
encarregados de ensinar as Escrituras e ue se reuniam em
sínodos6 esses pastores são secundados pelos doutores, por
um consistório de ministros e de leigos e por di%conos# '
culto, ue se dirige unicamente a /eus, & levado 9 sua
simplicidade primitiva# * reforma & assegurada por uma
pregação incessante de ue a íblia & assunto ;nico6 o ue
pressupõe um p;blico con3ecedor e atento6 por isso,
multiplicam5se as escolas elementares e cria5se o 8Col&gio
de Aenebra8, ue se tornar% um dos mais prestigiados centros
3umanistas# Estão, assim, uebradas as oposições6 em JJJ, o
Consistório de Aenebra recebe do Consel3o da cidade o
direito de ecomungar # /urante de2 anos, Calvino & o sen3or
da cidade6 mas embora a +uíça continue a ser influenciada
pelo 2uinglianismo, Calvino começa a influenciar toda a
Europa, sobretudo a <rança6 a *cademia protestante de
Aenebra, de ue (eodoro de 2e & o primeiro reitor, torna5
se um viveiro de ministros reformados# Aenebra tornara5se
8auilo ue Zitemberga não conseguira ser: a capital da
)eforma militante8#
Em <rança, o protestantismo reformado 5 designado cal5
vinismo
e nos meios católicos
dos comerciantes, 5, penetrou
atingindo no meio
a grande dos artesãos
nobre2a6 tendo
encontrado defensores como *ntónio de ourbon ou ColignG, os
3u5guenotes reali2aram o seu primeiro sínodo nacional em
JJM e a Confissão de .a )oc3elle e a /isciplina
Eclesi%stica foram adoptadas como cartas do calvinismo
franc!s# Em JOO, contavam5se j% centenas de Igrejas
reformistas, mas depressa as guerras religiosas fariam da
<rança um campo de batal3a, em ue se opun3am católicos e
calvinistas#
* partir de J], as ideias reformistas de Calvino tin3am5se
estendido aos -aíses aios, a *ntu&rpia sobretudo, 8a
Aenebra
BB]
*t&
o 9 morte
reinado dodeseu
Henriue ZIII UJ]KV,
jovem fil3o Eduardo 3ouve apenas cisma#
ZI Ufalecido +ob
em JJLV,
o protector +omerset inspirou uma segunda reforma no sentido
do calvinismo, porue este j% penetrara na Inglaterra graças
a um discípulo de Calvino, 0oão no# ' oo of common
praGer de J]M e o bill dos ]B artigos de JJL suprimiram a
missa e autori2aram o casamento dos padres# *pós o intervalo
sangrento da católica "aria (udor UJJL5JJNV, ue
eliminaria as instituições republicanas dos reformistas, o
advento de Isabel I UJJNV
BBJ
país: vale
-oitu, do )eno,
1ormandia aio .anguedoc,
e -icardia# Enuanto o C&vennes, +udoeste,
reino de Inglaterra
se confunde com a Igreja anglicana ou Igreja 8estabelecida8,
o presbiterianismo calvinista triunfa na Escócia# * Irlanda,
com ecepção do 1orte, permanece fiel
BBO
catolicismo#
4ZII, com a+er% necess%rio
instalação dosesperar pelo começo
Holandeses do s&culo
calvinistas na
Insulíndia e a c3egada
BBK
BBN
religiosas estiveram, durante muito tempo, ou num estado de
agressividade ou de defesa# * desconfiança m;tua continuar%
a ser regra, muito depois de se terem acalmado as lutas
violentas como as guerras religiosas e ue serão inflamadas
por certas atitudes sect%rias, como a de .uís 4IZ na
)evogação do dicto de 1antes#
1o s&culo 4I4, para a opinião comum, os protestantes ainda
não deiam de ser 8caieiros5viajantes vestidos de negro ue
desejam impor as suas íblias falsificadas e desfiguradas8
U.a )evue cat3oliue, NLOV6 por sua ve2, os protestantes
continuarão a anunciar ue 8as tr!s coroas do -apa 3ão5de
cair todas ao mesmo tempo8 U*t3anase Couerel, ' Catolicismo
e o -rotestantismo, NO]V#
Contudo, muito lentamente, alguns protestantes começam a
descobrir os valores católicos: o valor de uma liturgia mais
viva, o mist&rio do sacramento, a vida mon%stica e a
mariologia6 certos agrupamentos importantes permitiram 9s
Igrejas protestantes concentrar as suas riue2as e as suas
forças# -or seu lado, os católicos aperceberam5se de ue a
)eforma podia interessar5l3es, sobretudo pelo sentido das
próprias Escrituras, da íblia 5 de ue muitos católicos se
desviaram ao longo de s&culos 5, a necessidade de um
regresso 9 simplicidade nas relações entre os membros da
Igreja, a colegialidade fortalecida e o papel do leigo na
Igreja# 1essa altura, opera5se uma aproimação 5 ue ainda
não se sabe uando c3egar% ao fim 5 facilitada pela acção de
0oão 44III, pelo II Concílio do Zaticano e pelo movimento
ecum&nico lançado pelos protestantes 3% meio s&culo# *l&m
disso, a Igreja anglic ana desemp en3a um papel de Igreja5
ponte Uridgec3urc3V, porue re;ne 8a constituição
tradicional da Igreja Católica com a liberdade de se dirigir
directamente a /eus atrav&s de Cristo8: uma Igreja Católica
com elementos protestantes, mesmo ue a declarada
compreensão do anglicanismo não deva incitar os cristãos a
um sincretismo inconsistente#
"as ter% sido necess%rio ue a Europa cristã se despedaçasse
durante o s&culo 4ZI, para, finalmente, se poder c3egar a
esta esperança de unidadeW -odemos responder ue 8os
camin3os de /eus são insond%veis86 os católicos censuram
.utero por não ter sido o seu grande reformador, por não ter
utili2ado
BBM
danin3as
"as do jardim
a isso de /eus8 no interior
os protestantes respondemda ue
Igreja romana#
.utero não
pretendeu 8reformar8 a Igreja, mas 8salvar o 3omem pecador e
perdido8 e dar o seu contributo ao catolicismo# *
incontest%vel reforma católica do s&culo 4ZI &, pois, aos
ol3os dos católicos, a prova de ue o cisma luterano não era
necess%rio6 e os protestantes pensam ue os reformadores
católicos não fi2eram mais do ue 8retomar as posições ue
fi2eram a força do protestantismo8 UE# A# .&onardV#
-or seu turno, o 3istoriador limita5se a afirmar a
verificação de uma ruptura ue lançou uns na dissid!ncia e
imp`s a outros uma posição defensiva, rasgando o manto da
própria Igreja#
BL
ZII
* IA)E0* /E<E+*
Capítulo I
* )E<')"* C*(@.IC*
# )eforma ou Contra5)eformaW
BLL
BL]
3oland!s, foi muito mal recebido por )oma ue ac3ou ridículo
este peueno
antigos 8%rbaro8
3%bitos# carrancudo,
*driano ZI disposto
uis a estragar os8o
sinceramente
restabelecimento da disciplina eclesi%stica no seu antigo
esplendor8 e, para o conseguir, prop`s a reali2ação de um
concílio ecum&nico numa cidade alemã# * /ieta de >orms
aceitou esse princípio, mas recusou a cl%usula luterana do
direito dos leigos de participar e votar nesse concílio#
/epois da morte do -apa U] de +etembro de JBLVR tudo foi
posto de novo em causa, porue a Igreja romana recebeu como
c3efe o prelado menos destinado a promover uma reforma
profunda: um bastardo de 0uliano de "&dicis, transformado em
Clemente ZII UJBL5JL]V, ue, pelas suas artiman3as
diplom%ticas, mais fa2 lembrar um vulgar podest9 italiano
UV do ue um pastor de almas# 'ra aliado, ora advers%rio de
Carlos Z 5 cuja desastrada política de reunificação cristã
se fa2ia ao gosto dos desejos pontifícios 5, Clemente ZII
con3eceu a maior vergon3a de ue a Cidade Eterna jamais se
viu fustigada: o saue de )oma pelas tropas imperiais, a ue
o -apa, prisioneiro no Castelo de +ant ngelo, teve de
assistir UJ de "aio de JBKV# +inal de um tempo, em ue, por
toda a parte, a Igreja romana via amontoarem5 se as ruínas e
não l3e serem poupadas as 3umil3ações# (al pontíf ice era
incapa2 de organi2ar um concílio ue, ali%s, temia, ao
lembrar5se de Constança e de asileia6 por isso, sentiu5se
muito feli2 por se poder desculpar com a m% vontade de
<rancisco I para adiar a sua convocação#
+eguiu5se -aulo III UJL]5J]MV ue, 9 primeira vista, era
um 8papa da )enascença8, um <arn&sio ue ficou a dever a sua
nomeação a sua irmã, amante do futuro *leandre ZI6 tivera
j% uatro fil3os e praticou o nepotismo6 confiou a "iguel
*ngelo a direcção dos trabal3os da asílica de +ão -edro e a
eecução dos frescos da Capela +istina# 1o entanto, os
3istoriadores mostram5se de acordo em di2er ue o seu
pontificado foi decisivo: porue, tornando5se -apa,
*leandre <arn&sio colocou toda a sua tenacidade em promover
uma reforma ue, de papa em papa, sempre se adiava# ' +acro
Col&gio, ue não passava de
do Concílio
documento Aeral# Em
capital: JLK, dos
Consel3o essacardeais
comissãoescol3idos
fa2ia aparecer um
e outros
prelados sobre a reforma da Igreja#
BLO
com algum
bispos, tempo de
o decreto atraso#
de BJ Contra não
de <evereiro a não5resid!ncia dos
foi mais ue uma
8solução menor8, por aplicar as sanções aos culpados apenas
depois de uma aus!ncia ininterrupta de seis meses# * s&tima
sessão, em L de "arço, define a doutrina sobre os
sacramentos, proíbe a acumulação de bispados e regulamenta a
função episcopal em função das eig!ncias pastorais#
1o dia de "arço, sob o preteto de epidemia 5 na
realidade, para escapar 9 iniciativa do imperador 5, a
maioria dos padres conciliares decidiu a mudança do Concílio
para olon3a, mas o esmagamento dos protestantes em "3lberg
UB] de *brilV destruía ualuer esperança de reconciliação
entre as duas confissões# Em olon3a, nada se fi2era de
decisivo e, para evitar um cisma 5 uma minoria de padres
tin3a5se recusado a abandonar (rento 5, -aulo III suspendeu
o concílio U0aneiro de J]NV, (odavia, na /ieta de *usburgo,
Carlos Z prop`s ue se fi2esse um compromisso com os
vencidos 5 o interim dD*usburgo 5 de inspiração católica,
cujas ;nicas concessões eram a comun3ão sob as duas esp&cies
e o casamento dos padres# [uase 9 força, os protestantes
aceitaram participar no Concílio de (rento 5 não no de
olon3a 5, com a condição de ue não estivessem sob a
direcção do -apa e se discutissem de novo os decretos
conciliares anteriormente apresentados#
Essas mesmas reservas ainda permaneciam, uando 0;lio III,
em <evereiro de JJ, sucedeu a -aulo III# ' novo -apa imp`s
como objectivo a retomada do Concílio de (rento# 's
trabal3os prolongaram5se durante o Zerão de JJ, mas, ao
longo do 'utono, foi consagrado o termo transubstanciação, a
etrema unção foi declarada sacramento e definida a
necessidade da confissão oral, embora tamb&m se abordassem
os problemas da
BLK
pontifícios
perseguiu os emonges
principal fonte
giróvagos em de
)omareceitas da +anta
e, a seguir, +&6a
em toda
cristandade# ' seu sucessor -io IZ UJJM5JOJV nomeou o
sobrin3o, o admir%vel Carlos orromeu, como auiliar na
renovação da disciplina#
* penetração do calvinismo em <rança sob Henriue II fa2ia
recear a eventualidade de uma <rança protestante6 por isso,
-io IZ convocou de novo os padres conciliares, ue eram em
n;mero de ], para a Catedral de (rento em N de 0aneiro de
JOB# Em BO de <evereiro, esforçaram5se por levar por diante
um grande projecto de reforma, mas o problema da resid!ncia
dividiu5os durante muito tempo6 em 0ul3o, adoptaram os
c\nones relativos ao sacrifício da missa considerada como a
comemoração e a reiteração do sacrifício de Cristo# /epois,
Espan3óis, <ranceses e imperiais, partid%rios de um
acr&scimo do poder episcopal, opuseram5 se violentamente aos
Italianos, defensores da supremacia do -apa# ' legado "orone
tirou o concílio desse impasse ao propor aos padres 5 ue o
adoptaram em 1ovembro e /e2embro de JOL 5 um esuema de
reforma geral 5 de )efor5matione 5 em uarenta e dois
artigos, ue podemos considerar a ess!ncia da reforma
tridentina6 assim, definiu5se a nomeação e os deveres dos
cardeais, a organi2ação dos sínodos e dos semin%rios
diocesanos, a visita 9 diocese feita pelo bispo, a reforma
dos capítulos e das ordens mon%sticas, etc# -aralelamente, o
decreto fametsi regulava as condições de validade do
casamento e definia os c\nones sobre o purgatório, as
indulg!ncias e o culto dos santos# 's padres conciliares
abandonaram (rento em O de
BLN
reforma da
asileia C;ria podido
ten3am romana redu2ir
e ue osa fantasmas de Constança
colegialidade e de
apenas aos
dignit%rios da Igreja# 1ascidas de um desejo de etirpação e
de defesa, certas instituições como a Congregação da +uprema
e $niversal Inuisição ou +anto 'fício UJ]BV e o Inde
UJJKV não terão limitado 5 a longo pra2o 5 a própria
audi!ncia da IgrejaW
"as a obra levada a cabo pelo Concílio de (rento revela
alguns aspectos positivos# -or um lado, graças a um trabal3o
colectivo consider%vel em ue colaboram teólogos bem
informados, a doutrina católica mostra5se mais definida6 o
aparecimento do Catecismo do Concílio de (rento UJOOV, a
edição da Zulgata, a reforma do brevi%rio UJONV e do missal
UJKV, a transformação do calend%rio e do martirológio
UJNBV foram as principais aplicações pr%ticas dessa obra
dogm%tica, ;nica pela sua import\ncia na História da Igreja#
*li%s, os decretos tridentinos de reforma, embora só muito
lentamente ten3am penetrado na 8carne e no sangue da
Igreja8, a verdade & ue modelaram fortemente o seu futuro#
Em termos precisos, definem a estrutura 3ier%ruica bem como
o regime de benefícios, as condições de uma liturgia viva e
da vida sacramental, os deveres dos cl&rigos e tamb&m os dos
príncipes#
"as o Concílio de (rento não teria sido mais do ue uma
longa e in;til discussão, se os muitos e santos padres nele
BLM
de (rento
relação ao 3ão5de enfrauecer ainda a posição dos papas em
"undo moderno#
' sucessor de -io IZ Ufalecido em JOJV, -io Z UJOO5JKBV 5
o primeiro papa canoni2ado depois de Celestino Z Ufalecido
em BMOV e o ;ltimo antes de -io 4 Ufalecido em M]V 5 foi
um verdadeiro santo: catecismo, missal e brevi%rio entraram,
graças a ele, nos 3%bitos clericais6 mas, se a vitória de
.epanto conseguida em JK sobre os (urcos, por /on 0uan da
Tustria, o enc3eu de alegria, isso depois não voltou a
acontecer# * Aregório 4III UJKB5JNJV, um s%bio, deve5se a
fundação de uma vintena de semin%rios e da $niversidade
Aregoriana e foi ele uem concedeu 9s nunciaturas
permanentes o seu car%cter definitivo# ' irmão mais novo dos
-eretti tornado +isto Z UJNJ5JMV colocou os seus cuidados
na visita canónica regular dos conventos, imp`s aos bispos a
visita ad limina e organi2ou as congregações cardinalícias 5
sendo o n;mero de cardeais fiado em K 5 para a
administração judici%ria nos Estados pontifícios e na Igreja
universal#
' facto de Clemente ZIII UJMB5OJV ter elevado ao
cardinalato s%bios como o 3istoriador arónio e o teólogo
elarmino
B]
perfeitamente
como compatíveis com o episcopado considerado então
uma carreira#
1o entanto, não faltavam na Igreja os pastores 2elosos e
fervorosos: por eemplo, (om%s de Zilleneuve Ufalecido em
JJJV, arcebispo de Zalença, cujos rendimentos eram
destinados 9s obras 3ospitalares ue fundar a6 ou o s%bio
bispo de +alerno, +eripando Ufalecido em JOLV ou outros
como )oberto elarmino Ufalecido em OBV, arcebispo de
C%pua, Aiberti Ufalecido em J]LV, bispo de Zerona, cujas
ideias reformador as influenciaram certos decretos de (rento
UV#
"as auele de uem se pode di2er ue 8refe2 o episcopado da
Europa8 pelo sentido do seu eemplo foi Carlos orromeu
Ufalecido em JN]V, sobrin3o de -io IZ6 depois de ter
animado os ;ltimos debates do concílio, foi durante vinte
anos arcebispo
B]
Cristã de Calvino
c3arlatanismo sobre os
dos pregadores espíritos
da &poca embotados
Cl&rigos pelo
giróvagos,
sem bispo, cl&rigos incapa2es de pronunciar as fórmulas
v%lidas de um sacramento, tudo isso tin3a sido deplorado no
Concílio de (rento# * condição essencial de uma reforma
clerical era, pois, uma sólida formação intelectual e
espiritual dos futuros padres 5 e, por conse u!ncia, dos
futuros bispos 5, nos semin%rios e nas universidades# *
idade de oiro espan3ola, sob <ilipe II, foi tamb&m a idade
das universidades ib&ricas de irradiação universal:
+alamanca, *lcal% de Henares, Zalladolid e Coimbra# Em )oma,
a +api!ncia, o *ngelicum, a Aregoriana6 em <rança, ord&us,
(oulouse e a vel3a +orbonne6 nos -aíses aios, /ouai e,
sobretudo, .ovaina6 na *leman3a, +al2burgo, foram, com as
suas faculdades de (eologia, os centros de reforma e os
centros de formação clerical# $m decreto de (rento UJOLV
tin3a prescrito a cada igreja catedral a manutenção de um
semin%rio6 essa prescrição só ser% aplicada muito
lentamente, perante a indiferença, a falta
B]B
"asespan3ol,
um foi a In%cio de .oiola
ue foi dada a U]M5JJOV, uma com
3onra de criar, ve2 amais ainda
Compan3ia
de 0esus, a mais c&lebre comunidade de cl&rigos regulares e,
de facto, a mais poderosa das ordens religiosas modernas#
[uando, numa capela de "ontmartre, In%cio se tornou
estudante em ve2 de soldado e pronunciou com alguns
compan3eiros os votos de pobre2a, de castidade, de
3umildade, de evangeli2ar os infi&is e de, no caso de ser
isso impossível, colocar5se ao serviço do -apa, não pensava
então fundar uma congregação religiosa# 1o entanto, as
necessidades do apostolado incitaram os compan3eiros a
agrupar5se definitivamente6 em J], a Compan3ia de 0esus
era recon3ecida por -aulo III#
Escreveu5se de tudo sobre os jesuítas: um 3istoriador de
sucesso, ainda recentemente, fe2 de In%cio e dos seus
discípulos
B]L
Europa, fiando5se
protestantismo, os nas fronteiras
jesuítas dos países
multiplicaram gan3os para
os col&gios o
5 em
JN, j% dirigiam cento e uarenta e uatro 5, onde se
formou a elite europeia: a sua srcinalidade e o seu !ito
deviam5se a uma pedagogia fortemente cl%ssica e, ao mesmo
tempo, aberta 9s ci!ncias, ao teatro e 9 controv&rsia6 tudo
isto dava um lugar importante 9 disciplina ue, em muitos
aspectos, estava próima do ideal de "ontaigne# *li%s, pela
aplicação dos Eercícios Espirituais de +to# In%cio, os
jesuítas tornar5se5iam os guias das almas desejosas de
encontrar um itiner%rio simples para c3egar at& /eus#
B]]
uin2e
sua mil: a bonomia
predilecção pelos dos capuc3in3os,
pobres fi2eram adeles
sua caridade
a ordem emais
a
popular#
*ssim, de It%lia e de Espan3a uma forte corrente mística
estendeu5se pela Europa católica, auecendo os corações e
inclinando5se para uma devoção menos inuieta do ue no
s&culo anterior, mas sempre bastante entusi%stica# *ssim, a
vida espiritual dos católicos seria renovada# Com os
cl&rigos regulares, sobretudo os jesuítas, desenvolveu5se o
aspecto sensível da religião# 1a It%lia, nasceu assim a arte
barroca, epressão essencial
B]J
<rança agravada
santa con3eceu trinta anos de 3orror:
pela intervenção uma longa eguerra
dos Espan3óis dos
Ingleses# * 1oite de +# artolomeu UJKBV fe2 algumas
de2enas de mil3ares de vítimas e marcou o auge do
sectarismo# E o ;ltimo Zalois,
B]O
B]K
B]N
misturando
pimenta8 5, otornou
espiritual com o temporal
os mission%rios 5 8as respons%veis
parcialmente almas e a
pelos ecessos da coloni2ação, sobretudo na *m&rica .atina#
Esses ecessos, desencadeados pela sede das especiarias e do
oiro, são bem con3ecidos: trata5se menos de massacres 5 ue
uma 8lenda negra8 eagerou 5 do ue de um violento regime
colonial#
-ortugal, país peueno, dispun3a de poucos 3omens para fa2er
mais do ue estabelecer feitorias e postos perif&ricos nas
costas de Tfrica e da Tsia# -odemos considerar como
mission%rios os bispados estabelecidos em "arrocos U]BV,
na "adeira UJ]V, nos *çores UJL]V 6 no Congo, dominado
pela escravatura, uma jovem Igreja indígena U]MV não teve
futuro, tal como aconteceu em "oçambiue UJOV, onde
reinava o islão6 em *ngola UJOV, os mission%rios
portugueses não passaram de p%rocos dos colonos6 na Etiópia
5 o misterioso reino do -reste 0oão 5onde os jesuítas não
puderam penetrar# 1as índias 'rientais, os -ortugueses
cometeram o erro fundamental de impor aos autóctones
8convertidos8 as regras de um catolicismo europeu
estreitamente ligado aos interesses lusitanos#
Com um 2elo devorador, um dos discípulos de In%cio de
.oiola, o navarro <rancisco 4avier Ufalecido em JJBV
lançou5se sobre a índia portuguesa 5 Aoa, Coc3im, Colombo,
"acau### 5, mas sem um con3ecimento suficie nte dos costumes
e das riue2as do 3induísmo6 logo foi contestada a efic%cia
do seu apostolado# 1a verdade, esse mission%rio c3eio de
2elo era inteligente e soube corrigir os seus primeiros
erros# * viagem ue fe2 ao 0apão UJ]M5JJV convenceu
<rancisco 4avier da necessidade de uma adaptação e de uma
formação especiais para os mission%rios ue tivessem de
abordar o Etremo 'riente# 's seus sucessores não
esueceram, pois, as lições: o padre "atteo )icci Ufalecido
em OV 5 .i "ateou para os letrados c3ineses 5 considerar%
ue os ritos tradicionais do culto dos antepassados e do
confucionismo não t!m nada de idol%trico6 uanto ao padre de
1obili Ufalecido em OJOV, portar5se5% como um br\mane entre
os br\manes# *li%s, não se insistir% nunca muito sobre a
etraordin%ria irradiação dos jesuítas em -euim, sobretudo
no s&culo 4ZII# "as se a maioria dos jesuítas pretendia
desocidentali2ar o cristianismo e admitir nas civili2ações
da Tsia tudo
B]M
saídos das
completas# "issões
/esta oposiçãoestrangeiras eigiam
nasceu a ecessiva conversões
e intermin%vel
8uerela dos ritos8 UO]J5K]]V ue agravou a luta travada
pela Igreja no 'cidente contra as seuelas do paganismo e
ue terminou pela derrota dos jesuítas no tempo de ento
4IZ, porue tal intransig!ncia acabaria por produ2ir frutos
bem amargos#
1o imenso Imp&rio Espan3ol, franciscanos, dominicanos e
depois jesuítas foram auiliares dos colonos# Enuanto os
-ortugueses 5 ecepto no rasil 5 se furtaram aos sistemas
filosóficos ou 9s religiões sólidas Uislão, bramanismo,
etcV, os Espan3óis, na *m&rica, fi2eram muito facilmente
t%bua rasa da teocracia militar das civili2ações ditas pr&5
colombianas# sintom%tico ue um edicto do cardeal 4imenes
de JO ten3a obrigado ue cada navio ue deiasse a Espan3a
a camin3o da *m&rica levasse consigo pelo menos um padre#
/ioceses, escolas, igrejas, semin%rios organi2aram5se assim
em território americano, mas a acção da Igreja teve de se
3armoni2ar com uma instituição oficiosa, tão pouco cristã
uanto possível: a encomienda, ue colocava um vasto
território e os seus 3abitantes índios na total depend!ncia
de um colono, o encomendem# *ssociada 9 pr%tica do
repartimiento 5 reuisição assalariada apenas em teoria 5, a
encomienda assegurou a constituição de vastas eplorações
agrícolas, a eploração das minas e a r%pida diminuição do
povoamento índio# 1o rasil portugu!s, os donat%rios
representaram um privil&gio semel3ante ao dos encomenderos#
1a Igreja, muitos ficavam calados, por terem um pacto com os
eploradores, alguns dos uais acreditavam na ideia de ue
os índios não tin3am alma ou sublin3avam mesmo a sua
intangível inferioridade moral#
' mais corajoso protestat%rio foi o dominicano artolomeu de
.as Casas Ufalecido em JOOV: em J]B, dirigiu a Carlos Z a
revíssima )elação da /estruição dos índios, cujo título &
dramaticamente sugestivo# "as embora ten3a estado na srcem
das 1ovas .eis ue prepararam a progressiva etinção da
encomienda, .as Casas teve de sofrer a dor de ver auela ser
substituída pelo tr%fico dos negros levados de Tfrica:
miser%veis, de uem o jesuíta -edro Claver UOJ]V se tornar%
um apóstolo c3eio de amor#
BJ
jesuítas,edesde
-araguai o fim 8reduções8
no rasil do s&culo 4ZI,
UV, criaram no $ruguai,
ue concentraram no
uase
cem mil autóctones# *li%s, as línguas indígenas, sendo aos
ol3os dos mission%rios a barreira natural contra os vícios
dos 8civili2ados8, permitiram ainda, por eemplo a -#
*costa, no -eru, compor catecismos em línguas uíc3ua e
aimara, enuanto o padre *nc3ieta foi o autor de uma
gram%tica e de um dicion%rio tupi5guarani# -or outro lado, o
franciscano +a3ag;n foi um especialista da língua 3uatle#
Este regime de tutela não causa admiração porue, se os
mission%rios condu2iam os índios para o cristianismo, não
era para os fa2er aceder ao sacerdócio, j% ue a ideia de um
clero indígena não era seuer concebível na atmosfera
colonialista da &poca# "uito poucos mission%rios e mal
preparados podiam ver nos 8americanos8 outra coisa ue não
fossem infi&is, 8os bons selvagens86 assim, a religião
associava5se a um sistema económico5social bastante duro,
incidindo muitas ve2es num substrato de superstição e uase
de crueldade: eis o ue podem esclarecer ainda alguns dos
problemas actuais da *m&rica .atina, oficialmente um
8continente católico8, mas cujas estruturas semifeudais,
geradoras de injustiças, ainda se confundem com uma religião
mestiçada, com freu!ncia formalista#
[uanto 9 *m&rica do 1orte, ela mal começava, no princípio do
s&culo 4ZII, a entrar em comunicação com a Igreja, uma ve2
ue só em KM o "&ico e a *m&rica do +ul contarão sete
arcebispados e trinta e sete bispados, 3avendo somente duas
s&s U[uebeue e altimoreV ao norte do rio Arande# ' papel
dos mission%rios franceses revelou5se aui preponderante e &
verdade ue o s&culo 4ZII foi, tamb&m no plano religioso, um
s&culo franc!s#
BJ
Capítulo II
' (E"-' /* IA)E0* E" <)*1*
sua idade
ue 3ão5dededecorrer
oiro ser% con3ecida
entre o Edictoao de
longo dos esessenta
1antes a morte anos
de
"a2arino e, 3erdando assim 8o mais belo reino do "undo8,
.uís 4IZ beneficiar% dos esforços de duas gerações de
santos#
1a sua srcem, um esplendor espiritual ;nico, uma teologia
mística alimentada pelo agostianismo, pelo 3umanismo
cristão, pela mística espan3ola e pela corrente
renoflamenga, mas manten do um tom muito franc!s pelo seu
sentido do euilíbrio e pela sua aptidão para reali2ar obras
;teis e duradouras# (oda a vida espiritual moderna foi
informada por essa teologia ue professa a transced!ncia de
/eus, mas ealta o mist&rio de Cristo incarnado, o ;nico
capa2 de sublimar o va2io do 3omem# * virtude da religião, o
8puro amor8, a contemplação da vida de Cristo são os
aspectos marcantes da escola francesa de espiritualidade,
cujos desvios se poderão adivin3ar: um
BJL
carmelita
centrar juntamente
sobre Cristo a com a dos
escola jesuítas contribuir% para
beruliana#
remond falou de 8invasão mística8 e, com efeito, os
g&iseres brotam por toda a parte, em ue se destacam
jesuítas como .uís .allemand Ufalecido em OLJV, instrutor
do terceiro ano e cuja elevada doutrina modelou v%rias
gerações na Compan3ia6 )ic3eome Ufalecido em OBJV com a sua
-intura Espiritual ou a *rte de *dmirar, *mar e .ouvar /eus,
e +urin Ufalecido em OOLV# 'u ainda como o franciscano
omai, o dominicano de C3ardon Ufalecido em OJV, o
capuc3in3o 0osep3 du (remblaG, 8emin!ncia parda8 de
)ic3elieu, autor de uma Introdução 9 Zida Espiritual6 mesmo
o carmelita 0oão de +aint5+imon Ufalecido em OLOV e depois
os discípulos de <rancisco de +ales, como Camus
BJ]
"abillon,
ClunG e em)uinart e "ontfaucon
Cister, continuam aserão famosos#
reinar *li%s,
a comenda e em
a
opul!ncia# E & para reagir contra o esuecimento dos
ensinamentos de +# ernardo ue *rmando de )ance, em OO],
transforma a abadia cisterciense de 1otre5/ame de (rappe, na
1ormandia, num centro de austeridade ue, avançando a pouco
e pouco, animar% a etraordin%ria 'rdem dos (rapistas#
Em BJ de +etembro de OM, a abadia cisterciense feminina de
-ort5)oGal con3eceu tamb&m o seu -entecostes: recusando
definitivamente ao "undo o acesso 9 sua comunidade, a jovem
abadessa *ng&lica *rnauld abriu 9 sua abadia uma grande e
BJJ
B# $m novo padre
obrigaram
classe a Igreja
sacerdotal de pós5tridentina a eigir%
uem, no futuro, institucionali2ar uma
a pr%tica das
mais elevadas virtudes# 1os semin%rios nascidos da reforma
católica vai ser doravante, mesmo at& aos nossos dias,
modelado um tipo muito característico de padre: um ser
isolado, embora colocado no coração do mundo, cuja perfeição
dever% eceder a
BJO
ourdoise, formando no
1ota : 8Escravidão8 foi a palavra usada# X1# do (#Y
BJK
os 8antigos8, funda as
BJN
BJM
BO
burguesas6
muito a literatura
ver Corneille religiosa
ler as & numerosa
suas Horas e não
e tradu2ir espanta
a Imitação
ou "adame de +&vign& mergul3ada nas obras de devoção# '
sucesso do culto do +agrado Coração, de ue 0oão Eudes e a
visitandina "aria *lacoue UOMV são os propagandistas,
testemun3a ue a mística cristológica não morreu# E nem vale
a pena contar as conversões mais retumbantes, porue em
Zersal3es o próprio .uís 4IZ entende lembrar duramente, do
alto do próprio trono, as verdades evang&licas# Embora os
fi&is sejam mais eigentes com a sua Igreja e os seus
pastores, estes respeitam o dever de residir na paróuia,
estão mais bem formados e revelam5se mais dignos6 ou, seja,
em condições de mel3or representarem o seu papel de
8educadores da f&8#
1esta &poca, nasce5se cristão como se nasce franc!s# *s
sondagens feitas em numerosas paróuias rurais pelo
sociólogo A# .e r%s levam a acreditar ue a pr%tica
religiosa 8nunca foi mais generali2ada do ue entre OJ e
KNM8# "as este mesmo 3istoriador dir% em seguida: 81ão
eiste um grande s&culo na História da Igreja8, pretendendo
referir assim ue as massas sempre foram difíceis de dominar
e sempre se mostram dispostas a um verdadeiro paganismo# +ob
o reinado de .uís 4IZ, &5se oficialmente cristão porue os
refract%rios ao dever pascal são interditos pelo bispo de se
casar na igreja# * revogação do Edicto de 1antes UONJV,
privando os 3uguenotes de ualuer personalidade civil, & da
parte de .uís 4IZ um acto de tirania ue torna mais duvidosa
a 8fidelidade8 de certas campan3as#
E & aui ue surge o reverso do Arande +&culo# Controlo da
coroa sobre a Igreja, aliança íntima do poder e da religião,
imensa fortuna do clero 5 elemento de benefic!ncia e tamb&m
de paralisia 5, domesticação do alto clero, desordem dos
costumes 5 eis algumas da fraue2as da Igreja galicana6 mas
podemos encontr%5las, muitas ve2es agravadas, em todas as
Igrejas nacionais, porue as forças católicas se mostram em
declínio#
BO
BOB
emigração#
mas 1a o&mia,
na Hungria o protestantismo
os Habsburgos , para não & posto fora
sublevarem daparte
uma lei,
not%vel da população, t!m de condescender muito# * -olónia
tin3a sido inteiramente reconuistada para o catolicismo e o
povo polaco, sob a influ!ncia, sobretudo, das ordens
religiosas, enrai2ou5se numa piedade colectiva e
entusi%stica ue não o abandonou ao longo de tr!s s&culos de
vicissitudes# ' clero polaco, por volta de K, possuía
oitocentos e sessenta mil servos e a comenda era um flagelo
ue os reis, sempre falidos, erigiam como instituição# 's
papas contaram muito com a -olónia#
*pós Clemente I4 UOOK5OOMV e Clemente 4 UOK5OKOV, ue
foram eclipsados pelo seu parceiro .uís 4IZ, o reinado de
Inoc!ncio 4I UOKO5ONMV bril3ou com algum esplendor: o -apa
devia agir depressa e conter o avanço dos (urcos6 mas não
tendo podido fa2er mel3or do ue colocar de p& uma +anta
.iga sempre periclitante, os seus esforços levaram 9
libertação de Ziena por 0oão +obiesi, em B de +etembro de
ONL, e 9 eclusão dos (urcos da Hungria#
Inoc!ncio 4I sofreu com a incapacidade da sede apostólica
para refa2er a unidade dos cristãos# Como os seus
predecessores, favoreceu as negociações ir&nicas# /epois de
OO, com efeito, estabeleceram5se alguns contactos entre
católicos e )ussos, entre católicos e protestantes
Ucorrespond!ncia entre ossuet e .eibni2 de OKN a KBV,
3ouve mesmo controv&rsias anglicano5romanas, ue não
condu2iram a nada, por não serem as Igrejas muito sensíveis
9uilo ue as opun3a# -ermaneciam as missões eteriores, ue
permitiam gan3ar novos fi&is# *
BOL
custa do sedentari2aram
.atina, próprio sangue,oso índios,
Canad% franc!s# Como na
agrupando5os em *m&rica
aldeias
onde os ensinaram a cultivar a terra: estes 8rudes8
mostraram5se particularmente dóceis# Em OJN, "ontmorencG5
.aval foi nomeado vig%rio apostólico da 1ova <rança e, em
OK], tornava5se bispo do [uebeue, diocese francesa
imperme%vel 9s uerelas anti5romanistas ue, na &poca,
enfraueciam as posições da Igreja na Europa#
BO]
Capítulo III
' *1(I5)'"*1I+"' $1IZE)+*.
BOJ
doutor de .ovaina, 0ans&nio, bispo de ^pres a partir de
OLJ# *ugustinus aparece apenas em O], depois da morte de#
0ans&nio, mas reabre então a uerela sobre a graça,
sobretudo em <rança, onde um amigo pessoal de 0ans&nio e
tamb&m discípulo de &rulle, 0oão /uvergier de Hauranne,
abade de +aint5CGran Ufalecido em O]LV, c3efe do 8partido
devoto8, era
mosteiro desde 3% v%rios
cisterciense anos director
de -ort5)oGal espiritual
de -aris, de uedo
*ng&lica *rnauld era abadessa# +aint5CGran etraiu do
*ugustinus, tratado essencialmente doutrinal, uma
espiritualidade srcinal, muito alargada e esclarecida pela
8guerra cruel8, a ue se entregam esses dois 3omens, para
uso das religiosas de -ort5)oGal %vidas de santidade# +aint5
CGran, cujo modo franco de falar e independ!ncia
desagradavam a )ic3elieu UOLNV, foi preso em Zincennes,
donde apenas saiu para morrer# *ntónio *rnauld, o mais novo
irmão de *ng&lica, aceitou a substituição com brio, ajudado
pelos seus sobrin3os .e "aistre ue, dos campos foram para
-ort5)oGal, se tornaram os seus primeiros 8solit%rios8# Em
O]L, *rnauld publicou o (ratado /a Comun3ão <reuente, em
ue, para combater o 8laismo8 dos jesuítas, apresentava a
comun3ão eucarística não como um meio de se santificar, mas
como uma recompensa aduirida pela mortificação e, portanto,
raramente merecida# +e Zicente de -aulo e 'lier reagiram
contra esse rigorismo, muitos outros em -aris, sobretudo os
inimigos dos jesuítas, não deiaram pelo contr%rio de
aplaudir#
<ormou5se assim em redor de -ort5)oGal e dos *rnauld um
8partido jansenista8, composto por pessoas, como as
cistercienses de -ort5)oGal, ue levavam uma vida santa
Uembora marcada por um secreto orgul3oV, por piedosos leigos
entregues a si mesmos como os *rnauld e mesmo por cl&rigos
galicanos# -ortanto, o jansenismo não foi apenas uma
teologia e um rigorismo, foi tamb&m uma eclesi ologia ue
ealtou o episcopado em detrimento das ordens religiosas e
do papado, e cujas tend!ncias presbiterianas são evidentes#
' partido enfrenta constantemente as decisões de )oma:
Inoc!ncio 4 em OJL, depois de ter condenado as cinco
proposições 3er&ticas ue a +orbonne etraíra do *ugustinus,
confrontou5se com os jansenistas ue afirmavam ue o livro
não
BOO
o jovem
ao poder.uís 4IZ
real# Em consideravam personagens
OO, as noviças ue fa2iam
e as educandas de sombra
-ort5
)oGal foram epulsas6 em OO], as religiosas recusaram
assinar o formul%rio ue condenava 0ans&nio e foram reunidas
nos campos6 ali%s, uatro bispos franceses imitaram5nas
nessa recusa# * -a2 Clementina UOOM5OKMV não foi mais ue
uma tr&gua, mas foi tamb&m o tempo dos Aranges em -ort5)oGal
dos campos e dos grandes 8solit%rios8: .ancelot, 1icole,
Hamon, .e "aistre de +acG# *ssim, -ort5)oGal dos campos
tornou5se Utendo sido, então, o seu bonito outonoV o ponto
de encontro de toda uma grande elite6 mas, por falta de
meios, o mosteiro iria desaparecer# [uando morreu no eílio,
*rnauld UOM]V, o oratoriano [uesnel Ufalecido em KMV,
instalado nos -aíses aios, depois nas -rovíncias $nidas,
tornou5se o c3efe do jansenismo# 1o entanto, .uís 4IZ, j%
vel3o, não podia suportar mais a dissid!ncia, fosse sob ue
forma fosse# /epois, um escrito de Eust%uio, confessor da
comunidade de -ort5)oGal, $m Caso de Consci!ncia, foi
condenado por Clemente 4I e, desde logo, a sorte das
cistercienses se precipitou: ecomungadas UKKV, epulsas,
dispersas pela província, não deiaram atr%s de si mais do
ue simples ruínas6 em KB, at& o cemit&rio das religiosas
era devastado#
' partido jansenista não estava ainda destruído# Em KL, a
bula $nigenitus de Clemente 4I, tendo condenado
proposições etraídas das )efleões "orais de [uesnel, um
grupo importante de eclesi%sticos franceses reclamou do -apa
a reali2ação de um concílio geral# "as a resist!ncia a essa
bula não foi popular# *li%s, o jansenismo enleou5se em
v%rias uerelas ligadas ao galicanismo parlamentar e
dividiu5se a propósito da autenticidade dos 8milagres8 ue
tiveram lugar sobre o t;mulo
BOK
<ora da 1os
2onas# <rança, o jansenismo
-aíses não se espal3ou
aios espan3óis, por muitas
onde nascera, teve
alguma oposição ao -apa no seio do corpo episcopal6 mas,
desde KN, a submissão era completa# Em contrapartida, o
jansenismo encontrou um clima favor%vel nas -rovíncias
$nidas, provocando mesmo, em KJ, a secessão da diocese de
$treue: em KB], Zarlet, bispo suspenso de abilónia,
consagrou o arcebispo +tee5noven como c3efe da Igreja
cism%tica dos Zel3os Católicos, ue aumentou durante o
s&culo 4ZIII com as dioceses de Haarlem e de /eventer# 's
Zel3os Católicos 5 actualmente L mil fi&is agrupados em
vinte e oito paróuias 5 não recon3ecem ao -apa senão um
primado 3onroso e celebram a liturgia em língua nacional# 1a
It%lia, o jansenismo foi menos uma tomada de posição
doutrinal do ue uma atitude de espírito: liberdade de
pensamento, austeridade, antijesuitismo ou admiração por
-ort5)oGal, mas sem afectar muito o baio clero#
-ara poder fa2er5se um julgamento sobre o jansenismo, seria
necess%rio em primeiro lugar limitar eactamente o seu
conte;do, o ue se torna difícil dado os diferentes aspectos
ue assumiu no decorrer dos s&culos# /o pr&5jansenismo do
fim do s&culo 4ZI aos clãs esot&ricos do s&culo 4I4,
passando pelo jansenismo religios o de -ort5)oGal, pelo mais
político e parlamentar do começo do s&culo 4ZIII, sem falar
do jansenismo ealtado dos convulsion%rios, com muitas as
variedades#
"as podemos etrair algumas lin3as de força# Em primeiro
lugar, o jansenismo reage contra a sua &poca porue recusa
tudo o ue, do 3umanismo da )enascença, o Concílio de (rento
BON
divina,
uma o jansenismo
consci!ncia abriu finalmente
individual, ue o op`scamin3o 9 afirmação
ao longo de
dos s&culos
9s sociedades espirituais ou temporais ue o perseguiram,
castigando nele a sua vontade de salvação atrav&s de
camin3os individualistas#
B# ' galicanismo
BOM
BK
BK
0ean50acues
dogm%tica sem )ousseau, cujo
consist!ncia, deísmo
porue uma se acomoda a uma
das características
do s&culo 4ZIII ser% 8o eclipse do dogma e a promoção da
moral8, o nivelamento por cima de certas noções admitidas
por toda a Humanidade# ossuet foi, perante a imensa onda
avassaladora, o ;ltimo bastião do s&culo de .uís 4IZ e j%
denunciava, desde K, a indiferença a respeito das
religiões como a 8loucura do s&culo8# <a2endo5se eco disso
mesmo no campo contr%rio, +aint5Evremond declarava: 8*
doutrina & contestada por toda a parte, servir% eternam ente
como mat&ria na disputa entre todas as religiões, mas dever%
ter5se sempre em conta os costumes8# Este moralismo
penetrar% profundamente a mentalidade dos nossos
contempor\neos, incluindo os cristãos6 mas do cartesianismo,
o filosofismo apenas conservar% o livre eame, a d;vida
metódica e a concepção de um universo mec\nico# [uanto ao
teísmo nePtoniano, transplantado para <rança, tornar5se5% um
vago deísmo#
BKB
racionalista
/epois acerca
da morte da íblia#
de .uís 4IZ UKJV e da )eg!ncia, abrem5se
todas as grandes comportas# .ibelos, panfletos, jornais,
estampas copiadas, impressas 9s escondidas ou no
estrangeiro, difundidas clandestinamente, afluem aos
mil3ares# Clubes, caf&s, salões e academias propagam as
novas ideias# (riunfa, assim, o inimit%vel espírito franc!s
e a sua frase elegante, cortante, ligeira, perfeita de ue
se começa a degenerar# * enorme produção & dominada por
alguns grandes espíritos: "ontesuieu, cujas 8flec3as
persas8 fa2em rir o mundo inteiro6 o seu Espírito das .eis
ealta o regime ue asseguraria 8ao 3omem o m%imo de
independ!ncia com maior igualdade8, e condena implicitamente
a aliança do trono e do altar6 /iderot, o 3omem5oruestra do
+&culo das .u2es, %vido de tudo, profunda e encarniçadamente
BKL
<ilosófico,
-erante ele,Zoltaire revelava5se
os lutadores muito forte#
mais corajosos, ue se batem como
franco5atiradores, não fal3am6 *lbert "onod recenseou, para
o período de OK a NB, mais de seiscentas obras
apolog&ticas: mas a maioria delas revelam5se como obras
medíocres, mal documentadas, pouco a par do progresso das
ci!ncias, da geologia e da 3istória# * apolog&tica da &poca
insiste nos argumentos usados e tirados das maravil3as da
1ature2a ou da superioridade, claramente contestada pelos
seus advers%rios, da moral cristã#
BK]
]# * Igreja em crise
evolução
do cultural adoaus!ncia
ue verificar s&culo 4ZIII, nada esedatorna
da Igreja mais penoso
sua direcção
suprema na discussão dos problemas candentes# (udo se passa
como se essa discussão tivesse passado por )oma sem
despertar o seu interesse# X###Y ' di%logo com o "undo nesse
s&culo 4ZIII tão inst%vel foi negligenciado de forma uase
sistem%tica8 U.# 0# )ogierV# Em tais condições, a reunião de
um concílio geral não pode seuer ser levada a cabo#
BKJ
eclesi%stica civis
formalidades apenaspara
aos o livros dogm%ticos,
casamento, eigiu
limitou 9s certas
fundações o
direito de alienar bens# 1o fim do s&culo, "ontgelas,
BKO
BKK
J# * 8*uflrung8 católica
BKN
BKM
os seus
eles próprios9 inimigos
pertencem elite da recon3eceram ue, clero
nação# "as esse no conjunto,
não &
eactamente formado para uma missão da Igreja# 8' sistema
actual de uase todas as dioceses do reino 5 escrever% um
padre franc!s em KNO 5 & o de prender as pessoas 9s
disputas teológicas6 um jovem aspirante e ue num eame
satisfe2 perfeitamente sobre os mist&rios da predestinação,
& imediatamente colocado 9 frente de tre2entos camponeses
ue nunca ouviram falar de .utero nem de 0ans&nio###8# E
poderia depois acrescentar 8ue sabem, pelos vendedores
ambulantes, ue eiste um sen3or Zoltaire, ue 3% novas
ideias, monges ue abusam, curas ue vivem bem, um -apa
vestido como um ídolo###8#
"as isto não uer di2er ue a <rança, em KNM, se encontre
descristiani2ada6 as numerosas e santas personagens ue
viverão depois de N serão contempor\neas de .uís 4ZI,
saídas de famílias burguesas ou camponesas fortemente
impregnadas de f&# 1o entanto, a atmosfera ue se respira
nas altas esferas e ue, pouco a pouco, se tornar% a das
camadas sociais mais modestas, fa25se de incredulidade, de
anticlericalismo, de impertin!ncia, de libertinagem e, at&,
de ateísmo# -euenos poetas, libelistas, novelistas,
copistas e gravadores revelam ser capa2es de fa2er rir tanto
"aria *ntonieta como o cardeal de )o3an, "aria *lacoue ou
mesmo enoit .abre Ufalecido em KNLV, esse mendigo
peregrino coberto de farrapos e de piol3os, de uem /aniel5
)ops di2ia justamente ue foi 8um vivo protesto contra as
loucuras do seu tempo8#
*ssim, a <rança representa aui ainda um papel importante e
não deia de ser oportuno lembrar ue a Europa do s&culo
4ZIII foi francesa de alma e de linguagem# ' catolicismo
belga e alemão con3eceu os mesmos impulsos e as mesmas
vicissitudes ue o catolicismo galicano, mas nos países
germanos a *uflrung católica produ2iu os frutos ue se
con3ecem#
Claro, & sempre difícil falar da It%lia do s&culo 4ZIII,
porue tem na verdade m% reputação# asta lembrar ue a
*ufl9rung imposta no +ínodo de -ístóia, em KNO, encontrou
na península pouco eco# 1o entanto, a Igreja, por detr%s da
fac3ada de
BN
congregação demission%ria
franciscano -ort5"auricedeUKJV,
)edentoristas6 .eonardo,
-aulo da Cru2 Ufalecidoo
em KKJV, fundador dos -assionistas# $ma piedade calorosa,
colorida, muito italiana liberta5se das suas palavras e dos
seus escritos# "as eistem tamb&m alguns 3umildes
religiosos, cuja vida & digna de se inscrever na lenda
dourada de +ão <rancisco: tal como 0os& de Copertino, um
irmão co2in3eiro, cujos !tases merecerão se torne no futuro
o patrono dos aviadores#
* Igreja portuguesa não tin3a ualuer import\ncia,
submetida como estava ao Estado, vítima de uma política de
luo e da Inuisição, ue elaborou uatro mil oitocentos e
setenta e dois processos em oitenta anos# Com os seus
uarenta e sete mil padres benefici%rios 5 contra uin2e mil
ue efectivamente trabal3avam 5, a Igreja de Espan3a
encontrava5se numa situação semel3ante e, durante o reinado
de <ernando ZI, "adrid assistiu a trinta e uatro autos5de5
f&: todas as ideias 3eterodoas eram logo sufocadas na
srcem#
Con3ece5se tamb&m a anglomania deste s&culo# ' deísmo,
nascido de um compromisso t%cito entre os antipapistas do
outro lado da "anc3a, o utilitarismo, o sensualismo e o
cepticismo, destilados por Hobbes, .oce, -ope, Hume e
Aibbon penetraram na mentalidade europeia# * franco5
maçonaria, instalada em <rança e na *m&rica por volta de
KL, na *leman3a em K], revela5se tamb&m de importação
inglesa6 sem ter, enuanto corpo, parte directa e
preconcebida na preparação da )evolução <rancesa, contribuiu
para retomar a ideia de uma religião natural sobre o deísmo#
"as a franco5maçonaria não foi o centro de um movimento
anticristão6 a sua condenação por )oma em KLN e KJ não
impediu ue muitos padres nela se filiassem: e tal facto
fornece, ali%s, uma nova prova da incapacidade da vel3a
Igreja romana para impor as suas opiniões a todos os seus
fil3os#
-ortanto, a )evolução <rancesa teria, necessariamente, de se
confrontar com graves problemas religiosos#
BN
O# * )evolução <rancesa: o acontecimento
europeia
devia produ2ida
muito pela burguesia
naturalmente orientar oenriuecida, masdea forças:
enorme caudal <rança
centro da filosofia das .u2es, nação jovem, estruturada e
din\mica, os seus e&rcitos iriam espal3ar atrav&s da Europa
as ideias ue 9 dist\ncia dariam os seus frutos# 's papas da
Idade "&dia tin3am reali2ado a unidade da Europa na
cristandade6 a <rança revolucion%ria concentrar% os
espíritos em redor de algumas ideias generosas 5 liberdade,
igualdade e fraternidade 5 ue, embora se liguem ao
Evangel3o atrav&s da 8religião natural8, não se inscrevem
verdadeiramente num conteto cristão: o triunfo da burguesia
ue marcar% o s&culo 4I4 ser% acompan3ado de uma laici2ação
profunda das mentalidades# -odemos di2er com "at3ie2 ue a
/eclaração dos /ireitos do Homem UBO de *gosto de KNMV,
al&m de ter sido 8a condenação implícita dos antigos
abusos8, foi, sobretudo, 8o catecismo filosófico da nova
ordem8#
)apidamente 5 e, embora entrassem numa mat&ria prometedora
5, os Estados Aerais, transformados, passadas seis semanas e
graças aos du2entos padres deputados, em *ssembleia 1acional
Constituinte U0un3o de KNMV, foram dominados pelos
elementos saídos do jansenismo, do galicanismo e do livre5
pensamento# * partir de B de 1ovembro de KNM, um decreto
colocava 89 disposição da nação8 todos os bens
eclesi%sticos# *contecimento capital porue não apenas se
desmantelava um imenso e muito antigo património, mas tamb&m
porue se operava uma gigantesca mudança de bens em proveito
de centenas de mil3ares de compradores de 8bens nacionais8,
cujos interesses estarão de futuro ligados a uma política
anticlerical# /e resto, era feita ainda uma importante
transfer!ncia de influ!ncia, com a laici2ação progressiva
dos cargos próprios do clero: assist!ncia, ensino, estado
civil# ' decreto de L de <evereiro de
BNB
/ilacerada
a Igreja deentre padres
<rança, ue refract%rios e padresU
recebeu tardiamente ajuramentados,
de "arço de
KMV as ordens de -io ZI, encontrava5se ainda enfrauecida#
/urante o curto período de eist!ncia UKM5KMBV, a
*ssembleia .egislativa foi rapidamente condu2ida a uma
política anti5clerical pela acção dos deputados girondinos 5
grandes burgueses voltairianos ou rousseaunianos 5, pelas
fanfarronadas dos emigrados, pela ameaça de uma guerra anti5
revolucion%ria desejada pelas cortes da Europa e pelo
próprio -io ZI, e ue a .egislativa prev! ao declarar5s e em
atitude de 3ostilid ade com a Tustria UB de *bril de KMBV#
-or outro lado, j% o decreto de BM de 1ovembro de KM tin3a
ualificado de 8suspeitos8 os padres refract%rios e os
primeiros reveses militares incitaram o Aoverno a persegui5
los# * ueda da reale2a U de *gostoV e a aproimação dos
-russianos provocaram não só a aprovação de decretos ue
praticamente colocavam fora da lei a religião católica, mas
tamb&m os massacres de +etembro durante os uais morreram
muitos cl&rigos#
* Convenção, dominada pelos clubes, pelas secções
parisienses, pela imprensa de "arat e de H&bert, e,
sobretudo, pela Comuna insurreccional, empen3ou5se numa
política de descristiani2ação ue regressou 9 perseguição#
Enuanto em toda a Europa se albergavam, em condições muitas
ve2es miser%veis, alguns mil3ares de bispos, padres e
religiosos, enuanto o 'cidente se batia pelo rei e pela f&,
a <rança assediada de todos os lados, encontrando a sua
salvação apenas no terror, servida por representantes em
missão sem piedade, despadrava5se e seculari2ava
BNL
revolucion%rias
alguns mil3ares com prud!ncia, foram
de religiosos mas o epulsos
<rutidor e,
mudou tudo:
embora os
elgas tivessem reagido com in&rcia 9 aplicação da lei sobre
a venda dos bens da Igreja, a lei de conscrição de KMN
provocou um começo de revolta, enuanto mil3ares de padres
belgas foram presos e algumas centenas deles deportados#
1o termo da sua etraordin%ria campan3a da It%lia em KMO5
KMK, onaparte ue, na .ombardia, recebeu o acol3imento
entusi%stico da burguesia voltairiana, tin3a5se recusado a
obedecer ao /irectório ue pretendia destruir a +anta +&6
-io ZI permaneceu na )oma ocupada pelos <ranceses# "al
onaparte partiu, a revolta dos )omanos levou o /irectório a
proclamar a )ep;blica romana UJ de <evereiro de KMNV6 -io
ZI foi levado como prisioneiro para -arma e, em L de 0ul3o,
era encerrado na cidadela de Zalença, em <rança, onde
morreria seis seman as mais tarde# * )ep;blica )omana ue
instaurou um regime draconiano foi ef&mera6 por duas ve2es,
em 1ovembro de KMN e em +etembro de KMM, os 1apolitanos,
loucamente aclamados, libertara m )oma# "as no rum%rio, ano
ZIII, a tomada do poder por onaparte colocava de novo em
uestão toda a política religiosa da <rança#
BN]
como 2elosos de
ajuramentado pastores# -or eemplo,
CastelnaudarG, pensemos
o austero .uís no elmas
cura
Ufalecido em N]V, bispo constitucional de *ude e futuro
concordat%rio de Cambraia6 no e5jesuíta /ufraisse, bispo do
C3er ou, ainda, nesse -ierre50osep3 -eugnie2, cura
ajuramentado de ZitrG5en5*rtois ue morreu corajosame nte no
cadafalco de *rras em KM]# [uanto a Aregório, verdadeiro
c3efe espiritual da Igreja constituc ional, alguns trabal3os
como os de ernardo -longeron mostram ue esse padre,
8l;cido acerca da realidade 3umana, mas indom%vel em mat&ria
de doutrina e de f&8, empregou 8toda a sua autoridade moral
para alter ar as estruturas de uma cristandade ue ueria
vivesse em simbiose com o ideal revolucion%rio8, sendo, por
isso, Aregório, em mais de um aspecto, um precursor#
"as a pressa das ordenações, sobretudo nas dioceses em ue
dominavam os não5ajuramentados, o c3amamento de muitos e5
religiosos para o apostolado parouial, eplicam em parte
BNJ
silenciamento
ve2es, dos *s
deformou# factos
*cta 3eróicos
sanctorumue
do aclero
piedade popular,
franc!s por
durante
a )evolução, uma ve2 decantadas, são suficientemente
substanciais para nos enc3er de admiração e merecer o nosso
respeito#
1ão se revela apenas como mat&ria para 8peças de teatro
piedoso8 nos episódios da vida clandestina de mil3ares de
padres refract%rios, entre KMB e KMJ, e depois entre KMK
e KMM# H% mat&ria para a 3istória de uma verdadeira
8resist!ncia8, uma resist!ncia pacífica mas perigosa# "ais
em segurança nas grandes cidades e nas 8mel3ores8 regiões,
como <landres, Zendeia e *lv&rnia, mais perseguidos noutras
partes, esses padres celebram a missa 9s escondidas,
socorrem doentes e moribundos,
BNO
apostolado
da reacçãoem termidoriana
<rança# <oi o e
casoprosseguida
da relativa no
acalmia nascida
começo do
/irectório UKMJ5KMKV, E Aregório denuncia então o regresso
dos refract%rios 8ue pululam como gafan3otos do Egipto8#
"as logo esses 8gafan3otos8 são esmagados# ' segundo
/irectório, com as vítimas do (error e da guil3otina, com os
1oe -inot, com os .uis50osep3 HauPel ou com os C3arles
'c3in, fa2 aumentar em centenas de padres Ualguns deles
constitucionaisV mortos lentamente pela 8guil3otina sem
l\mina8 em )oc3efort, em )&, em 'l&ron, na Auiana###
BNK
particularmente
fenómeno durante
passageiro o (error UKML5KM]V
e superficial, 5, colectivo8
um 8delírio não & um
sem futuro, ligado a uma situação ecepcional e eplosiva# *
longa cessação do culto em muitos locais, a destruição dos
sinais do culto e a abdicação dos padres não são mais do ue
factos episódicos cujos efeitos desapareceram
BNN
8os fil3os
comun3ão cresçam
e ue, porsem instrução,
fim, confissão
se casem sem a nem primeira
b!nção nupcial8#
BNM
ZIII
* IA)E0* C'1(E"-')1E*:
/' C*+*"E1(' <')*/'
*' /IZ')CI'
E *' /IT.'A'
Capítulo I
)EE1C'1()*/' ' C*"I1H' -*)* )'"*
BML
5 face ao poderio e antipapismo da Inglaterra 5 só teria a
gan3ar com um acordo com -io ZII# "as podemos pensar com #
-longeron ue, 8se se fortalecesse o curialismo, as
concordatas europeias do começo do s&culo 4I4 destruiriam as
esperanças8 da *uflrung católica#
Com 1apoleão onaparte c`nsul, em N e, depois, imperador
UN]5N]V,
Igreja retoma aoutra
política
vida,demas,
descristiani2ação
ao mesmo tempo,desaparece6 a
o galicanismo
na sua forma mais despótica reafirma5se, porue 1apoleão &
um d&spota e não um rei# * sua ditadura, nascida da
anaruia, fortificada por ualidades geniais, nada tem a ver
com a legitimidade dos reis de <rança: face 9 Igreja e ao
seu c3efe, actuar% com uma desenvoltura e uma brutalidade
ue apenas se podem eplicar por uma vontade sem freio e uma
ambição sem limites dentro da antiga noção de 8rei
cristianíssimo8# 0acobino saído do +&culo das .u2es8,
empurrado para a frente por uma burguesia em grande parte
voltairiana cuja ascensão ele proteger%, de todas as formas#
(odavia, 1apoleão con3ece a força do sentimento religioso#
/esejando construir uma <rança e um imp&rio U&lgica,
It%lia, )en\nia###V sólidos, coloca o acento na própria
religião# /esde K do 1ivoso, tr!s decretos consulares
garantem a liberdade dos cultos, prel;dio para a pa2
religiosa6 mas o primeiro c`nsul não pode nem uer edificar
essa pa2, tão necess%ria, senão com o -apa, pois não 3% nada
mais estran3o 9 sua concepção da Igreja do ue o
episcopalismo e o presbíterianismo#
' sucessor de -io ZI, arnab& C3iaramonti, era um frade
beneditino ue, em ] de "arço de N, se tornou -io ZII
-ara se reencontrarem, depois de de2 anos de cisma, o papado
e a <rança deviam percorrer um longo camin3o6 mas foi o papa
ue deu a maioria dos passos nesse sentido# -orue, a
Concordata assinada em -aris, em J de 0ul3o de N Ue ue
deveria ter muita influ!ncia no imenso imp&rio franc!sV, não
só devolveu 9 <rança o livre eercício do culto, mais
eactamente dos cultos, mas tamb&m restabeleceu a 3ieraruia
eclesi%stica e manifestou com evid!ncia o primado do -apa,
embora com algumas e enormes concessões feitas ao peueno
corso, cujas pretensões absolutistas superavam em muito o
galicanismo dos reis de <rança ' antigo episco pado era,
pois, literalmente sacrificado:
BM]
nos semin%rios,episcopal,
colegialidade proibição codificação
de todas asmuito
manifestações
apertada deda
organi2ação do culto, inger!ncia do Estado na organi2ação
eclesi%stica### 's protestos de )oma nada puderam contra
isso#
* vel3a Europa ficou escandali2ada com taman3a
longanimidade6 aui e ali formaram5se 8peuenas Igrejas8
cism%ticas 3ostis aos bispos nomeados pelo usurpador# '
espanto atingiu o auge, uando -io ZII, fa2endo um gesto
;nico na História, se dirigiu pessoalmente a -aris para o
rito oficial da unção do 8novo Carlos "agno8 UB de /e2embro
de N]V# "as a comparação com o grande carolíngio não vai
al&m da cerimónia da sagração# Carlos "agno tin3a sido 8o
bispo8 dos seus s;bditos, preocupado em introdu2ir os
valores evang&licos no sangue do jovem 'cidente# 1apoleão
teve, sem d;vida, o m&rito de devolver vida 9 Igreja6 para
ele, contudo, a religião não passava de um mecanismo 5
essencial, & certo 5 da enorme m%uina imperial6 o clero
concordat%rio, dominado, vigiado e rigidamente
3ierarui2ado, estava submetido a um bispo, ual 8prefeito
de batina8, sen3or absoluto da sua diocese e guardião dos
costumes e da ordem: as suas orações e as suas acções de
graças por ocasião das vitórias do imperador não podiam
senão consolidar a fidelidade do povo ao regime# ' Catecismo
Imperial, imposto em NO a todas as igrejas do imp&rio,
comporta, no capítulo do uarto mandamento de /eus, uma
surpreendente adenda relativa aos deveres dos sujeitos em
relação ao imperador e estabelece sanções graves 5 indo
mesmo at& 9 condenação eterna 5 para uem a tal se
epusesse#
/e facto, o Estado era laico e, muito pior, a atmosfera
geral não era cristã# * corte do imperador, debaio da
solene couraça imposta por ele, permanecia jacobina6 a elite
intelectual 5 os
BMJ
matrimoniais
monopólio eram ao
imposto realmente
ensino coisas essenciais# imperial
pela $niversidade /e resto, o
não
deiava de inuietar muitos católicos, sobretudo nos
departamentos criados fora das fronteiras de KM# -orue o
espírito laico e tamb&m a ealtação da noção de lucro em
detrimento da noção de serviço, impregnaram as mentalidades
na Europa# Houve, aui e ali, algumas reacções, como na
&lgica, na aviera, na It%lia e, sobretudo, na Espan3a 5
uma Espan3a de monges armados contra a 8<rança ateia8 56
fortaleceram5se com as 3umil3ações impostas ao -apa, a
partir de NM, pelo imperador, cujas concepções
absolutistas não suportavam a posição independente dos
Estados pontifícios no Centro da It%lia#
Em B de <evereiro de NN, as tropas francesas ocupam )oma e
-io ZI responde, recusando5se a dar a instituição canónica
aos bispos apresentados pelo imperador# Em K de "aio de
NM, os Estados pontifícios foram aneados ao imp&rio e, em
O de 0ul3o, o -apa & levado de )oma e instalado em +avona# '
imperador est% no auge do seu poderio e nada parece poder
resistir5l3e6 em 0aneiro de N, a oficialidade de -aris
pronuncia a nulidade do seu casamento com 0osefina e, tr!s
meses mais tarde, desposando "aria .uísa, 1apoleão entra na
mais antiga família reinante da Europa6 em N, nasce um
fil3o a uem, orgul3osamen te, d% o título de 8rei de )oma8#
E, recorrendo a um processo tantas ve2es repetido ao longo
dos s&culos, convoca para -aris um concílio UNV, do ual
espera obter a instituição episcopal ue o -apa l3e recusa6
mas a maioria dos bispos franceses, italianos, belgas e
alemães ali reunidos recusa contrariar a vontade papal# Em
0un3o de NB, 1apoleão manda levar -io ZII a <ontainebleau
e arranca5l3e um projecto de
BMO
BMK
da sua dele
depois ressurreição# *t& aoaparecer%
5 a )evolução fim do s&culo
como a4I4 5 do
rai2 e mesmo
"al,
mergul3ando numa terra envenenada pelo racionalismo, pelo
voltairianismo, pelo laicismo e pela maçonaria# *ltar, (rono
e +ociedade são os tr!s bens essenciais, a ue se sentem
ligados os 8seua2es de +atã8 ou 8demónios vivos8 ue tin3am
posto o Estado no lugar de /eus, o povo no lugar do rei,
lugar5tenente de /eus, e uma burguesia egoísta no lugar de
uma aristocracia, cuja vocação era apenas a de servir#
Católico, .egitimista e Conservador serão palavras ue,
embora nem sempre nos factos, pelo menos na mentalidade se
mostrarão insepar%veis# Em <rança, sob Carlos 4 UNB]5NLV,
a aliança do trono ao altar foi oficiali2ada com uma lei
votada em NBJ 5 mas ue não se ousou aplicar 5 ue
condenava 9 morte o crime de sacril&gio6 e pregaram5se
algumas missões espectaculares atrav&s de todo o país ue
provocaram, por ve2es, grande entusiasmo e regressos a /eus,
mas c3ocaram freuentemente uma opinião mal preparada para
sofrer pressões indiscre tas e cujas disposições, em mat&ria
religiosa, não se tin3am modificado muito# *li%s, na alta
sociedade, a religião oficial encobria uma indiferença
polida e um galicanismo virulento ue manifestava um sentido
confuso da Igreja, atirando5se particularmente 9 Compan3ia
de 0esus, restaurad a por -io ZII, em *gosto de N]1o campo
oposto 5 porue se trata, realmente, de uma guerra 5, estão
os liberais# ' liberalismo 8saiu bem armado da )evolução
BMN
8catecismo8
ve2es ue, o nas
substituir 8lembranças
outro, do povo8,
o dos 83omens devia
de preto8 muitas
vindos de
)oma e cujo /eus cruel estava o mais distante possível do
8/eus das pessoas de bem8# Em N]K, )enan escrevia a
ert3elot: 8[uanto mais avanço, mel3or vejo despontar no
presente os elementos de uma religião nova: a revolução não
ser% j% a personificação de uma ordem de ideias ue, para
nós, se tornaram sagradas e objecto de veneraçãoW8
E, no entanto, a liberdade foi reivindicada por cristãos ue
prolongavam o esforço da *updãrung católica# Em primeiro
lugar, por um padre genial, <elicite de .a "ennais Ufalecido
em NJ]V ue pretendia ue entre os dois sectarismos 5 a
Igreja abafada pelo poder aliado e a contra5Igreja
revolucion%ria 5 3avia lugar para uma Igreja livre e viva6 a
uma +anta *liança 3ipócrita, assinada, sem o -apa, por
alguns d&spotas, e ue não conseguia disfarçar o afastamento
das massas em relação ao Evangel3o, .a "ennais opun3a um
encontro dos 3omens nas %guas vivas e profundas de um
cristianismo livre e, ao mesmo tempo, largamente aberto 9
fonte ue est% em )oma# Esse entusiasta padre bretão atraiu
uma multidão de jovens 5 cl&rigos e leigos 5, cansados da
sufocante atmosfera da )estauração6 muitos dentre eles serão
os edificadores da Igreja na <rança contempor\nea# "as
BMM
da &lgica
ideal ser%,
para as em meados
outras Igrejasdoeuropeias8#
s&culo 4I4,* uma esp&cie de
ressurreição da
$niversidade de .ovaina UNL]V ser% para muito s o começo
dessa renovação#
1um conteto muito diferente, mais ambíguo, o movimento
católico na Irlanda e na -olónia reforçou o movimento
nacionalista: o papado não teve nen3uma repugn\ncia em lutar
com a Arã5retan3a e com a );ssia, porue a revolta l3e
aparecia como um fruto perigoso da )evolução <rancesa# "ais
paradoalmente a )en\nia, tornada prussiana em N],
con3eceu, graças a <rederico Auil3erme IZ, mais inspirado do
ue seu pai, uma liberdade de ue a Igreja Católica se
aproveitou: as dioceses renanas acabariam por se mostrar,
durante o s&culo 4I4, muito vivas e muito activas# Em
contrapartida, na aviera e entre os Habsburgos da Tustria e
da It%lia, a burocracia josefísta impõe5se ainda por muito
tempo#
* It%lia, cuja população geralme nte iletrada não fora muito
motivada pelo protestantismo nem pela irreligião
revolucion%ria, permanecia uma terra de etremos# 1o reino
de 1%poles, a Concordata de NN colocou a Igreja numa
situação privilegeada,
L
o fundo
de srcem religioso era
irlandesa, e mais sólido: ocanadian
o catolicismo catolicismo
o, de americano,
formação
francesa, teriam um futuro promissor# verdade ue essas
jovens Igrejas, sobre as uais não pesava um passado de
galicanismo ou de josefismo, se voltavam naturalmente para
)oma: pouco a pouco, ameaçadas pela )evolução, as vel3as
Igrejas da Europa iriam, tamb&m elas, concentrar 5se 9 volta
de um papado, cuja autoridade não deiar% de crescer#
L
liberais#
0os& * Concordata
e )oma, devolveude aNJJ, concluída
autonomia entre <rancisco
9 Igreja austríaca
jugulada pelo josef ismo, mas teve na pr%tica um car%cter
medieval 8teocr%tico8 ue escandali2ou os liberais na
Europa#
+ob -io ZII, foi na *leman3a ue se assinaram concordatas em
maior n;mero# ' mapa da antiga *leman3a tin3a sido
perturbado pela )evolução e pelo imp&rio: o desaparecimento
dos príncipes5bispos, a atitude ultramontana dos católicos
submetidos a soberanos protestantes e o cuidado dos
príncipes reinantes em evitar a constituição de uma Igreja
nacional alemã, eplicam por ue motivo a maior parte dos
Estados, da -r;ssia 9 aviera, assinaram algumas convenções
com )oma# *ssim, a vel3a *leman3a particularista ia abrir5se
9 influ!ncia romana, graças sobretudo 9 escola de "ain2, aos
jesuítas e aos redentoristas#
LB
<rança UNLOV
militou e, tornado
efica2mente o primeiro
pela adopção abade deda +olesmes,
generali2ada liturgia
romana6 '2anam, )o3rbac3er e "ontalembert como 3istoriadores
5 este ;ltimo ealtando o papel dos 8monges do 'cidente8 5,
e Aerbet como filósofo, trabal3a ram para orientar para )oma
as correntes do passado6 o truculento Combalot retomou as
ideias romanas no p;lpito e nos presbit&rios6 mais elouente
e menos indiscreto foi o mais uerido discípulo do mestre,
.acordaire, o primeiro ue enfrentou, no p;lpito de 1otre5
/ame, um p;blico voltairiano, antes de aí voltar com o
3%bito branco dos dominicanos, ordem ue reimplantou na sua
p%tria# ' espírito antimon%stico dos galicanos fora
derrotado pelos ultramontanos#
LL
Constituição
religiosa, de N]N
embora, afirma
em NJL, o restabeleça
-io I4 princípio da liberdade
a 3ieraruia:
um arcebispo em $treue e uatro sufrag\neos# (r!s anos
antes, o mesmo -apa tin3a reorgani2a do a Igreja Católica na
Inglaterra: essa ressurreição fora preparada pela
emancipação dos católicos, votada pelos >3igs em NBM, e,
sobretudo, por um movimento intelectual e espiritual intenso
ue se designou genericamente como 8movimento de 'ford8,
porue o seu centro principal foi a $niversidade de 'ford,
onde jovens cl&rigos juraram despertar a Igreja
estabelecida:
L]
LJ
capuc3in3os,
particularmente,os carmelitas, ososmestres
os redentoristas, dominicanos e,
das 8missões8
LO
LK
LN
de .ibermann,
Irmãs os "ission%rio
de +# 0os& s *fricanos
de ClunG fundadas de .ião e tamb&m
pela etraordin%ria as
"adre
0avou3eG, 8um grande 3omem8, segundo .uís <ilipe# 1o etremo
norte5americano estabeleceram5se os 'blatos de "aria
Imaculada, uma congregação marsel3esa#
Claro, eiste um certo folclore mission%rio no s&culo 4I4:
resgate dos c3inesin3os, *nais da +agrada Inf\ncia, viagens
do padre Huc pela (art%ria, mission%rios ue invadem os
col&gios franceses %vidos de relatos coloridos### -odemos
sorrir com tudo isso# "as o sangue de um -erboGre na C3ina,
de um C3anel nas il3as >allis ou de um Z&nard em *name, os
suores e as l%grimas de mil3ares de padres, de religiosos,
de religiosas e de auiliares não podem ser despre2ados#
evidente ue a História deve tratar com precaução os n;meros
de 8conversões8, estudar o seu significado, ter em conta a
tremenda campan3a ue, para os mission%rios, foi a
coloni2ação6 deve lembrar ue certas massas como o islão ou
o 3induísmo foram uase engolidas pelo catolicismo e ue a
acção mission%ria se revelou por ve2es uma simples
transposição em terra estran3a dos m&todos e da mentalidade
da metrópole### 1o entanto,o s&culo 4I4, embora pouco
clarividente e facilmente satisfeito consigo mesmo, ofereceu
9 Igreja uma grande dose de generosidade#
abnegação
3umilde e para
cumprime nto todos os deveres
dos seus sacrifícios, esforça5se,
5 pregação, no
catecismo,
celebração dos ofícios, administração dos sacramentos### 5
por elevar um pouco o nível espiritual, tantas ve2es muito
baio, das suas ovel3as#
$m modelo foi proposto na pessoa de um pobre e 3umilde cura
de uma miser%vel aldeia dos /ombos: uando, em NN, c3ega a
*rs, 0ean5"arie ZianneG ouve di2er pelo seu predecessor ue
a maioria dos tre2entos e setenta 3abitantes 8nada tem ue
os distinga dos animais senão o baptismo8# /urante uarenta
e um anos, esse padre pouco instruído, mas ue possui no
mais alto grau a intelig!ncia do coração 3umano, ue, pela
oração, pela mortificação e pela pobre2a, permanece em
comun3ão perp&tua com /eus, transforma radicalmente a sua
paróuia e atrai de todos os lados penitentes e admiradores#
"as cada país tem os seus santos padres: Cottolengo e
Cafasso na It%lia, Hofbauer na *leman3a, alm&s na Espan3a,
(riest na &lgica###
' s&culo 4I4 católico não teve a oportunidade de dispor de
um ossuet nem de um *mbrósío# "as, embora tivesse 3avid o 5
na Tustria, na Espan3a e na It%lia mais do ue em <rança, na
&lgica e na *leman3a 5 prelados delicadamente instalados no
seu pal%cio episcopal ou ue freuentavam os corredores do
poder, o episcopado foi, no seu conjunto, digno e 2eloso6 os
seus c3efes foram mais 3omens de acção e lutadores do ue
teólogos, mais conservadores do ue atentos aos apelos do
seu tempo# "as não podemos deiar de falar em 3omens como
-ie de -oitiers, /upanloup de 'rleães, .avigerie de Cartago,
<reppel de *ngers, >iseman na Inglaterra, )ausc3er em Ziena,
.edoc3oPsi na -olónia, +terc em "alines, +trossmaGer na
Cro%cia, "ermillod na +uíça, Aibbons nos Estados $nidos,
etteler em "ain2###
* acção do clero 5 um aspecto novo do s&culo 4I4 5 foi
coadjuvada por um laicado, podendo mesmo di2er5se ue, em
<rança, os cantores do catolicismo foram leigos:
C3ateaubriand,
L
verdadeiros
* +ociedade 8santos leigos8,
de +# Zicente de absolutamente
-aulo, fundadadesinteressados#
em NLL, por
'2anam e seis jovens estudantes, teve a ambição de ser o
ponto de encontro de todas as obras católicas: com os seus
ap!ndices, sociedades de +# <rancisco 4avier, as sagradas
famílias, os patronatos para as crianças órfãs ou
desprotegidas, as obras para militares###, tudo estava
prestes a alcançar tal objectivo, uando esse impulso foi
interrompido pela política neogalicana do II Imp&rio j%
uase no seu fim# "as tamb&m obras de outra nature2a, cuja
enumeração seria eaustiva: obras de caridade, de grupo, de
juventude, obras a favor do sacerdócio e das igrejas, dos
pobres, das crianças, dos prisioneiros### E as confrarias,
as associações piedosas dedicadas ao +agrado Coração, ao
+antíssimo +acramento, a +# 0os& e, sobretudo, 9 Zirgem,
cujo culto se mostrou reforçado pelas aparições de .ourdes,
de .a +alette e da )ua do ac 's seus 8regulamentos8, os
seus estandartes e as suas imagens invadiram as capelas das
igrejas6 são, de facto, manifestações de piedade, mas 5
desde as 8/on2elas Zirtuosas8 aos <il3os de "aria 5 nem
sempre & f%cil distinguir a virtude sólida do mero
sentimentalismo# 's manuais de caridade, os 8guias8 do
8jovem cristão8 e os 8missais8 com iluminuras góticas
tornaram5se repositório s de orações, indulgenciados ou não,
mais ou menos inspirados na devoção italiana 5 sobretudo na
de +to# *fonso de .igório 5ou na mística fervorosa de <aber,
de +c3eeben ou de "ons# de +&gur ue são realmente segur os#
-or isso, o padre )aGe2 prestou 3omenagem 9 espiritualidade
do s&culo 4I4, embora tamb&m 3aja autores, cujo estilo
piedosamente eagerado não escapa a uma ingenuidade pateta#
(rata5se de um alimento espiritual muitas ve2es indigente,
com ue se contentaram durante muito tempo os católicos
pouco interessados nos estudos bíblicos e
L
fi&is não
alguma ouviramade
religiosid senão ecos demissas
insípida: uma m;sica rom\ntica,
com grande com
oruestra,
oratórias, pastorais, c\nticos fero2mente individualistas e
fracamente adaptados a %reas de 8-ont5neuf8 ou a vaudevilles
do s&culo de .uís 4Z# 8'pera muito bela, an%loga ao uinto
acto de )obert5le5/iable6 mas )obert5le5/iable & mais
religiosa8, observava HippolGte (aine ao sair de um grande
casamento parisiense por volta de NO### * revolução
operada pelo organista de +anta Clotilde, C&sar <ranc, e,
uase no fim do s&culo, a da +c3ola cantorum de Carlos
ordes, 3abituarão, pouco a pouco, os fi&is 8a re2ar com a
bele2a8#
8$ma imaginação pastoral limitada8, eis como se eprime o
cónego *ubert referindo5se ao clero do s&culo 4I4# verdade
ue esse clero, generoso, s&rio e regular na sua vida
espiritual, teve uma grave falta de perspectivas e uma
preparação intelectual muito fraca# "ons# /upanloup, ue foi
em 'rleães um pastor vigilante, confessava: 8*bsorvidos
pelos pormenores e pelas mil3entas obras das nossas
dioceses, nem sempre podemos acompan 3ar de perto os avanços
da impiedade#8 E pensemos ue se tratava do mais inteligente
dos prelados franceses# <ace ao liberalismo, ao ateísmo, ao
socialismo, ao cientismo ou muito simplesmente ao mundo
moderno, o clero sucumbiu perante o compleo de estar
8instalado8 e insistiu demasiado na santidade da sua própria
causa para confundir os advers%rios e atrair aueles ue se
afastavam dele#
LB
Capítulo II
' *<)'1(*"E1('
uase logo,por
proclamada uando, depois
"a22ini de ter fugido
e Aaribaldi da-io
UN]NV, )ep;blica romana
I4, graças 9s
tropas francesas, voltou a instalar5se na sua capital# /e
futuro, -io I4, encora jado pelo seu poderoso e impopular
secret%rio de Estado *ntonelli, mostrar5se5% 3ostil a tudo
ue possa identificar5se com o liberalismo#
's católicos, depoi s da ef&mera 8prim avera dos povos8 de
N]N, acompan3aram o -apa na sua actuação# Em <rança, a
)evolução de <evereiro parecia ter selado a aliança da
democracia com o catolicismo# "as, a partir das jornadas de
0un3o,
LL
um Claude
[uinet, de ernard,
um Zítor de um e,
Hugo ert3elot, de um
mais tarde, de "ic3elet,
um C3arcotdenão
um se
podia comparar, nos meios pensantes, 9 dos padres# /urante
uarenta anos, )enan guardou na gaveta o ue considerava um
manifesto do seu tempo: ' <uturo da Ci!ncia, cujo título &
j% por si um sinal de sucesso#
L]
moral, a com
confunde 8pure2a8 ocupa um
uma pudicícia lugar ecessivo, dado ue se
ridícula
LJ
LO
LK
"as uanto mais os católicos tin3am a sensação de estarem a
ser cercados tanto mel3or perceb iam ue as suas filei ras
diminuíam# -orue a descristiani2ação do 'cidente, mais ou
menos r%pida, mais ou menos profunda segundo os países e as
regiões, determinada parcialmente pelos acontecimentos
políticos e sociais 5 código civil, bens nacionais,
industriali2ação, migração, mobilidade social,
desenvolvimento
um dos dos meios
fenómenos de transporte
importantes do e de difusão
s&culo 4I4# 5 Essa
foi
descristiani2ação, ue pressupõe muitas ve2es uma
cristiani2ação incompleta ou superficial e o enfrauecimento
de um certo cristianismo, manifesta5se evidenteme nte por um
abandono, total ou parcial, das pr%ticas do culto, mas
sobretudo pela pagani2ação dos costumes e das mentalidades #
1os campos, onde os padres v!em a sua audi!ncia redu2ir5se a
favor de not%veis liberais, sobretudo do professor prim%rio
5 esse antip%roco, como di2ia (3iers 5 ue, maltratado antes
de NK por uma legislação muito clerical, se torna, como
testemun3ou -&guG, um servidor entusiasta da rep;blica
laica#
* burguesia divide5se# $ma parte, ue estar% no poder,
evolui para um jacobinismo cada ve2 mais anticlerical, uase
anti5religioso * outra, por ve2es por interesse, mas uase
sempre por fidelidade 9 educação recebida nos col&gios
religiosos, aproima5se da Igreja: mas isto não uer di2er
ue as suas reacções essenciais, sobretudo perante o amor, a
morte e o din3eiro, ten3am sido necessariamente uma
resultante do espírito evang&lico# "as & tamb&m meritório
ue ten3a sido o processo da burguesia bem5pensante 5 dos
panfletos de .&on loG 9s -alavras de 0ean5-aul +artre 5 ue
ten3a contribuído para manter uma elite ue, nos tempos mais
tempestuosos, assegurar% a renovação do pensamento católico#
/e resto, repita5se, uma ve2 mais, ue sem a santidade
escondida de um peueno n;mero dos seus membros, a Igreja
não teria sobrevivido 9 longa tormenta do s&culo 4I4#
Zerifica5se, então, o fenómeno observado desde o s&culo
4ZIII: o de duas curvas ue se cru2am, uma a subir e a outra
a descer# 8* primeira eprime uma religião ualitativa, a
segunda uma adesão uantitativa6 a primeira tradu2 a
fidelidade a uma mensagem evang&lica mais bem compreendida,
LN
B# * Igreja e os oper%rios
"as uma
ora, apostasia
enuanto pressupõe
classe, uma adesão,
o proletariado uma f& anteriores6
contempor\neo nasceu e
cresceu, como a própria ind;stria, 9 margem da Igreja, num
conteto essencialmente materialista, num clima de
concorr!ncia implac%vel e do egoísmo, criado, em parte, pela
)evolução <rancesa, ue erguera como dogma a liberdade de
mercado, a não5intervenção do Estado e o car%cter nefasto
dos corpos interm&dios, corporações ou sindicatos# 1ão ue o
oper%rio seja, por definição, um não5cristão6 por volta de
N], ainda se falava de oficinas em ue o patrão presidia 9
oração da tarde dos trabal3adores# * mão5de5obra da
ind;stria manufactureira foi muitas ve2es fornecida pelos
campos relativamente 8tradicionais8: os <lamengos
estabeleceram5se na 2ona industrial do 1orte da <rança, os
Irlandeses trabal3avam na Inglaterra e, durante longo tempo,
mantiveram os 3%bitos cristãos6 & verdade ue, sobretudo no
;ltimo caso, se tratava tamb&m de uma forma de resist!ncia 9
assimilação# "as as próprias estruturas da grande ind;stria,
limitando a muito pouco ou mesmo nada os tempos de
instrução, de pra2er e de refleão, desenrai2ando os 3omens,
deslocando a família, mostravam5se incompatíveis com uma
vida cristã parouial j% redu2ida pela desafectação geral em
relação 9 Igreja#
*li%s, as Igrejas concordat%rias não dispun3am das nossas
lu2es: a formulação 3istórica e sociológica dos padres era
medíocre6 o episcopado, piedoso e 2eloso, tin3a poucas
cabeças pensantes6 o Estado evitava empurrar para as
primeiras filas padres
LM
durante
Eis a eternidade,
um tema a partil3a
retomado cem far5se5%
ve2es pelos deres,
pregado outra
talforma#8
como o
p%roco de +aint5"aurice, em .ille, declarando em N]: 8*
desigual repartição dos bens & necess%ria para manter a
felicidade na terra6 o pobre trabal3a para o rico e o rico
auilia o pobre6 a 3armonia da sociedade resulta dessa
diferença entre os seus membros, como a do órgão deriva da
grossura desigual dos tubos#8
1ão se di2 ue 8o industrial paga ao oper%rio8, mas ue 8o
rico auilia o pobre8# Eiste nisso uma subtile2a, uma
demarcação, ali%s, feita de boa5f&, mas ue viria a custar
caro 9 Igreja# * protecção do oper%rio pelo seu patrão Ua
palavra, sintom%tica, passou de moda no vocabul%rio
correnteV, a intervenção maciça dos padres, dos 3omens e das
mul3eres na pr%tica da caridade Upatronatos, sociedades de
benefic!ncia, ajuda social, cooperativas, obras familiares
ou de 3igiene, círculos e corporaçõesV: eis o processo
3abitual de conceber o 8dever social8# * sociedade saída da
)evolução, sendo intangível de direito divino, seria um
crime sacudi5la# -or isso, todos se contentam, muito
cristãmente, em cuidar das c3agas físicas e morais
provocadas pelo industrialismo triunfante#
LB
L# * contra5Igreja socialista
certas variantes,
Industrial em todos
ue /ur3eim os países
designar% marcados
como pelagrito
8o imenso )evolução
de
sofrimento8 e ue provocou a elaboração de doutrinas visando
uma reforma radical da organi2ação da sociedade, geralmente
pela supressão das classes sociais: a palavra 8socialismo8
foi comodamente adoptada para as designar# /o ponto de vista
da Igreja, o ue as caracteri2a & ue consideram o
cristianismo, e mais particularmente o catolicismo,
absolutamente incapa2 de dar uma resposta global 9 uestão
social ou, ainda pior, o obst%culo principal 9 emancipação
dos trabal3adores# -ara +aint5+imon, <ourier, -ierre
.enou###, o cristianismo não era mais ue uma fase para um
paraíso terrestre feito de amor universal# -ara lanui, 8o
e&rcito negro dos padres avança em plena f;ria, vencendo as
trevas e afirmando5se por toda a parte como inimigo do
progresso# *poiado pelo Estado, domina, governa, ameaça e
oprime# ' capital oferece5l3e todos os meios,
LB
católicos:
catolicismo6 81ós somos
e catolicismo 3oje o
uer di2erverdadeiro, o
universalidade#8 ;nico
"as a
religião ser% tranuilamente afastada dessa cidade como
coisa naturalmente perniciosa: 8* religião & tanto o suspiro
da criatura oprimid a, a alma do mundo sem coração, como & o
espírito de uma civili2ação de onde o espírito est%
ecluído# Ela & o ópio do povo### 's princípios sociais do
cristianismo revelam5se servis e o proletariado &
revolucion%rio8 Uarl "arV# E & num tom triunfante ue
.afargue, em NMJ, poder% escrever: 8"ar epulsou /eus da
3istória, o seu ;ltimo ref;gio#8
* Igreja Católica, 9 Igreja cristã, o socialismo marista
opõe uma contra5Igreja, cujos fi&is se recrutam sobretudo
entre os
LBB
(odavia,arcebispo
Airaud, & precisode
di2er ue alguns
Cambraia bispos
5 ousaram 5 comosolenemente
condenar o cardeal
8a eploração do 3omem pelo 3omem8#
*o serviço desse novo 8pobre8 ue era o oper%rio, surgiram
in;meras 8obras8, como a +ociedade de +# Zicente de -aulo,
ue permitiram aos católicos possibilidades de contactarem
com a mis&ria e assim se prepararem para uma acção social
mais ampla#
LBL
sua ligação
taberna com não
5 ue o 8tri\ngulo maldito8
deia ualuer 5 f%brica,
espaço para acasa
vidae
parouial favorecendo o embrutecimento intelectual e a
atrofia espiritual#
LB]
LBJ
LBO
iniciativas adaformação
autori2ando )ep;blica6 assim, a profissionai
de sindicatos lei capitals de NN]
inspirou
algumas iniciativas católicas, como o +indicato dos
Empregados do Com&rcio e da Ind;stria UNNKV, fundado por
alunos das escolas cristãs, ue foi o embrião da C<(C# E
neste terreno desenvolveu5se 5 em <rança, na &lgica e na
It%lia 5 um ideal de democracia cristã, desejos o de separar
o movimento oper%rio da colusão entre a democracia e o
anticlericalismo#
"as muitos padres e a massa dos 8fi&is8 censuravam
violentamente esses católicos ousados ue se submetiam 9
8meretri28, a essa rep;blica ue, ao mesmo tempo ue recebia
os sorrisos dos democratas5cristãos ou de um padre .emire,
perseguia as congregações# s suas decepções políticas e
nacionais, a 8direita8 católica e regalista tin3a procurado
sucessivas compensações: o boulangismo, o anti5semitismo
antidreGfusiano, a *cção <rancesa6 aproveitava 5se mesmo das
fraue2as dos 8católicos sociais8: do esbanjamento dos seus
esforços ue limitava a sua acção sindical e eleitoral, e
tamb&m da fraue2a do seu substrato ideológi co e teológico#
* condenação do +illon UMV, vasto movimento democr%tico e
social animado por "arc +angnier, enfraueceu
momentaneamente a democracia cristã#
Em M], o catolicismo social estava ainda embrion%rio6
dispersava5se em 8obras8 generosas, mas empíricas# /e resto,
era animado sobretudo por intelectuais e burgueses, mais
reformistas do ue revolucion%rios: faltavam5l3e, sobretudo,
as massas oper%rias, na sua maioria j% gan3as por um
socialismo de reali2ações mais imediatas# E no entanto, o
trabal3o persistente, penoso e obscuro reali2ado a partir de
NK por uma minoria de católicos ia tra2er frutos depois da
-rimeira Auerra "undial e assegurar ao catolicismo uma
audi!ncia ue os contempor\neos nunca julgavam ser possível#
Congresso
mis&ria e de
os -aris
abusosUNJOV, denunciou
ue reinavam nas 9s pot!ncias
terras de então
pontifícias e a
ue foram o assunto de uma broc3ura c&lebre publicada em
.ondres UNJMV por Edmond *bout# * +ociedade 1acional
Italiana de .a <arina eplorou as aspirações unit%rias das
populações submetidas 9 +anta +& e, em "arço de NO, no
termo da guerra de It%lia, as .egações revoltadas foram
incorporadas no reino sardo# * aneação de )oma parecia
essencial aos partid%rios da unidade italiana# *li%s, muitos
pensavam como Edmond *bout ue, 8a partir do dia em ue o
espiritual e o temporal estivessem ligados pelo ventre como
dois poderes siameses, o mais augusto dos dois perderia
necessariamente a sua independ!ncia8#
"as -io I4 e a maioria dos católicos calculavam ue a posse
de um Estado era para o papado a ;nica caução da sua
independ!ncia espiritua l6 ue as terras pontificai s seriam,
de facto, o ;ltimo Estado cristão da Europa6 e, finalmente,
ue a espoliação seria uma ofensa grave ao direito p;blico,
um acto revolucion%rio e sacrílego# *l&m disso, -io I4, não
se contentando com ecomungar Zítor Emanuel, organi2ou um
e&rcito de volunt%rios estrangeiros c3amados 2uavos
pontifícios ue, comandados por .amoricire, foram
derrotados em Castelfidardo UN de +etembro de NOV# *
partir de então, prosseguiu a investida e a conuista dos
Estados pontifícios: em 1ovembro de NO, uando as "arcas e
a mbria votaram a sua integração no reino sardo 5 em breve,
reino de It%lia 5 at& 9 sombria jornada de B de +etembro de
NK, em ue o e&rcito italiano ocupou )oma#
$m facto curioso: 9 medida ue o poder temporal de -io I4 se
desfa2ia, o seu prestígio espiritual crescia# 1unca, como no
decurso desses anos O, se viram tantos bispos, padres e
fi&is em redor do -apa na própria )oma6 e os vendedores
ambulantes familiari2aram os lares mais 3umildes com o rosto
af%vel do 8papa5m%rtir8# ' ultramontismo devorou como um
fogo os restos do galicanismo6 essa c3ama ateou5se ainda
mais, uando, ao rejeitar a lei italiana das Aarantias U"aio
de NKV, ue l3e
LBN
assegurava as prerrogativas soberanas e a
etraterritorialidade do Zaticano e do .atrão, -io I4 se
considerou prisioneiro volunt%rio# Em <rança, a causa de -io
I4 esteve ligada 9 de Henriue Z e as peregrinações a
<ro3sdorf tiveram o mesmo significado ue as peregrinações a
-araG5le5"onial, onde os c\nticos ealtavam Aesta /ei per
<rancos#
preciso
certas ter em conta
perspectivas ue a um
e manteve 8uestão romana8
sectarismo deturpou
de 8direita8
ue, na verdade, era uma resposta a um sectarismo de
8esuerda8# -orue o laicismo e todas as leis ue inspirou
foram o refleo de defesa das democracias nascentes,
especialmente da III )ep;blica <rancesa# (oda a vida p;blica
seria, at& M] e mesmo depois, marcada pela ruptura
confessional, pela incomunicabilidade entre as 8duas
cidades8 obrigadas a combater5se e a ignorar as suas
virtudes recíprocas# -erante certas ligas Udo Ensino, dos
/ireitos do Homem###V ergueram5se outras ligas, tamb&m muito
combativas Udos -atriotas, da -%tria <rancesa, da *ction
<rançaise###V# "as o facto de o papado ter sido afastado das
preocupações temporais e territoriais pela força, iria
permitir5l3e elevar5se, distanciar5se e, por isso, ver a sua
autoridade irradiar num mundo ue, na verdade, j% não se
confunde com a cristandade, mas ue, marcado por uma
civili2ação desumana e materialista, est% recon3ecido 5
embora confusamente 5 ao +umo -ontífice por defender os
direitos essenciais do indivíduo e lembrar algumas grandes
verdades# Incontestavelmente, os seis antecessores de -aulo
ZI pertencem 9 elite da 3istória contempor\nea#
LBM
Igreja defensores#
tomam anglicana de ue .orde
Embora Halifa
não se ten3a ec3egado
o padre9 -ortal se
validação
das ordenações anglicanas, pelo menos as conversões ao
catolicismo multiplicam5se no )eino $nido#
.eão 4III favorece tamb&m a epansão do catolicismo nos
Estados $nidos, mas previne os fi&is, pela carta apostólica
(estem benevolentiae UNMMV, contra o americanismo, ue &
uma tend!ncia para enfrauecer a doutrina da Igreja com
vista a adapt%5la 9 vida moderna influenciada pela
descrença6 foi por essa tend!ncia j% ser con3ecida na
Europa, sobretudo atrav&s da tradução em NMK de * Zida do
-adre Heter, ue .eão 4III decidiu intervir#
Con3ece5se a retumb\ncia da encíclica )erum novarum# Em
Immortale /ei UNNJV e, depois, em .ibertas UNNNV, o -apa
define o legítimo lugar das liberdades populares e da
liberdade em si mesma# Esta acção de envergadura tem
partid%rios entusiastas, mas atrai contra .eão 4III
inimi2ades sólidas: os católicos 8integrais8 escandali2am5se
e muitos republicanos sentem dificuldade em acreditar numa
8Igreja liberal8 6 e os socialistas consideram uma aberração
a incursão da Igreja no campo social# [uando o -apa morre,
8reina8 em <rança o 8pai2in3o8 Combes e a prosperidade
burguesa acaba de assistir, com a Eposição de M, 9 sua
apoteose6 por isso, o mundo ocidental est% longe de se unir
9 Igreja#
"as não & menos verdade ue .eão 4III traçou e marcou os
novos camin3os ue permitirão ao catolicismo contempor\neo
abandonar os seus guetos# Como escreve 0ean5<rançois +i:
8H% nas encíclicas de .eão 4III duas coisas ue são
radicalmente novas e ue os teólogos e os canonistas ue se
limitaram a repetir os grandes princípios nem seuer viram:
em
LL
K# -io 4 ou a fidelidade
LL
seus an%temas
opressiva, contra aepressões
misturava civili2ação moderna,
dignas materialistamas
de +avonarola6 e
-io 4 não era *leandre ZI# Em <rança, a condenação de dois
jornais dirigidos por 8padres democratas8 foi seguida pela
do +illon de "arc +angnier UMV, movime nto muito activo e
cujo objectivo era não somente reconciliar a Igreja com a
)ep;blica, mas tamb&m reali2ar em <rança uma rep;blica
verdadeiramente democr%tica, servindo5se das forças sociais
do catolicismo6 no entanto, os contornos doutrinais
demasiado vagos e a liberdade revelada por esse movimento
não agradavam muito a alguns bispos# *o contr%rio de "uni,
+angnier submeteu5se# 's antigos partid%rios serão, depois
da -rimeira Auerra "undial, os animadores de um movimento
mais bem definido# 1o campo oposto, o da *ction <rançaise,
movimento mon%ruico e nacionalista, encontravam5se muitos
padres e católicos ue, fascinados pela 8Igreja da ordem8,
esueciam5se do agnosticismo de alguns dos seus mestres,
como "aurras#
N# * crise modernista
LLB
escala
1a internacional#
It%lia, o modernismo situa5se na lin3a do )isorgimento e
desenvolve5se essencialmente sobre dois campos: a acção
social e a cultura relig iosa6 eprime uma necess idade de
abalar 8uma tutela eclesi%stica mais pesada do ue noutros
lados8# (r!s personalidades dominam o modernismo italiano:
)ornulo "urri, Ernesto uonaiuti e *ntónio <oga22aro#
)omulo "urri UNK5M]]V, padre em NML, fundador da
/emocracia Cristã, abre aos modernistas a sua revista
Cultura sociale ue, em MK, passou a ser )ivista di
Cultura# +uspenso a divinis em MK, ecomungado em MM,
ser% eleito deputado radical, mas desempen3ar% um papel
parlamentar de pouca import\nci a# Ernesto vionaiuti UNN5
M]OV, padre em ML, director de um certo n;mero de
revistas, sobretudo da )ivista storico5critica delle scien2e
teologic3e UMJ5MV, ensina a 3istória do cristianismo na
$niversidade de )oma e reivindica, contra a autoridade
eclesi%stica, a livre investigação 3istórica, sendo
ecomungado em MBO#
[uanto ao grande romancista e poeta espiritualista *ntónio
<oga2arro UN]B5MV, procura conciliar a sua f& com as
LLL
obra iniciou
uem essencial: (3e na
(Grrell "Gstical
escola Element
francesa of)eligion# <oimoral
do dogmatismo ele
e *lfred .oisG na crítica#
1a *leman3a, o modernismo desenvolve5se 8na corrente de
liberalismo universit%rio e de reformismo católico ue, no
s&culo 4I4, marcou toda a 3istória deste país8# "as o
modernismo alemão pretendeu permanecer 9 margem do
modernismo latino e anglo5saónico# *s ousadias teológicas
de Herman +c3ell UNJ5MOV, cuja /ogm%tica foi posta no
Inde em NMN, o antiultramontanismo de <rançois54avier
raus UN]5MV, as teorias reformistas da revista
=Pan2igste 0a3nindert são algumas das manifestações de um
movimento muito particularista#
"as foi em <rança, país apaionado pelas ideias, ue o
modernismo encontrou o seu terreno de eleição# 8* sua
personagem epónima8 UE# -oulatV & incontestavelmente o
eegeta *lfred .oisG UNJK5M]V# -adre em NKM, professor
de Hebraico UNNV e, depois, de +agrada Escritura UNNMV no
Instituto Católico de -aris,
LL]
antiga e do
abandonar papado, e de
a <aculdade grande con3ecedor
(eologia de lendas,
do Instituto teve de
Católico e
passar para a Escola +uperior de .etras, porue o seu ensino
sobre os testemun3os do dogma da (rindade ou sobre as
srcens das Igrejas da A%lia fi2eram com ue fosse declarado
suspeito# "ais tarde, a sua História *ntiga da Igreja ser%
posta no índe UMBV#
' padre .ucien .abert3onnire UNO5MLBV, oratoriano e
director, a partir de MJ, dos *nnales de p3ilosop3ie
c3r&tienne, desenvolveu a c3amada doutrina 8da iman!ncia8
nos seus Ensaios de <ilosofia UMLV, livro ue foi colocado
no Inde em MO, no próprio ano em ue era condenado, por
pragmatismo, o livro /ogma e Crítica do filósofo Edouard .e
)oG UNK5MJ]V#
1os *nnales de p3ilosop3ie c3r&tienne e no ulletin critiue
bril3ou durante muito tempo o nome de um amigo de /uc3esne,
LLJ
iman!ncia vital,
necessidades ue fa2
da própria brotar a verdade religiosa das
vida#
<inalmente, em de +etembro de M, atrav&s do motu
próprio +acrorum antistitum, -io 4 impun3a a todos os padres
o juramento antimodernista e com este acto se conclui a
3istória eterior do modernismo#
1a verdade, muitos espíritos ditos integristas continuaram a
denunciar, sob a capa de modernismo, todas as formas,
sobretudo sociais e políticas, do liberalismo# *lguns padres
democratas como /esbuuois, "ons# .acroi, bispo de
(arentaise, ou ainda "ons# +i, o padre .emire e Eugne
/ut3oit, al&m de numerosos cl&rigos e católicos, tiveram de
sofrer, especi almente durante o pontificado de -io 4, os
ecessos de 2elo do 8intransigentsimo
LLO
M# $m balanço positivoW
LLK
a libertar5se
tomar das do
consci!ncia suas obsessões
lugar contra5re
ue ocupa volucion%rias
no mundo e a
moderno# "as,
uando a guerra acabar, estarão ainda vivas essas
esperançasW
LLN
Capítulo III
CI1[$E1(* *1'+ /ECI+IZ'+ M]5MOL
LLM
Confer!ncia+onnino,
.ondres, de Haia e,
o desde *bril de
ministro MJ, pelo
italiano dos (ratado de
1egócios
Estrangeiros, tin3a antecipadamente ecluído o papado do
futuro Congresso da -a2# 1o entanto, no (ratado de Zersal3es
UMMV, foi incluído um artigo ue obrigava as pot!ncias da
Enterite a salvaguardar os interesses das missões# *
+ociedade das 1ações nunca se abriu 9 +anta +&, em uem,
ali%s, recon3ecia uma elevada autoridade moral# -oucos se
lembravam de ue Consalvi estivera no Congresso de Ziena,
mas a Igreja não gan3aria muito em invocar esse precedente#
1uma Europa laici2ada, )oma descobria outros perigos, nesses
tempos de euforia# Em MK, era imposto na );ssia, graças a
.enine, um marismo ue, ecedendo pela primeira ve2 o plano
doutrinal, se tornava a própria ess!ncia de um novo regime
ue, pela sua brutalidade inicial e pela sua política anti5
religiosa, provocou, entre os 'cidentais e, mais
particularmente, entre os católicos, um vivo 3orror e um
secreto desejo de ue se afundasse# 'ra, os +ovi&ticos não
apenas se implantaram, mas, uando fi2eram de "oscovo o
centro da (erceira Internacional ou omintern UMMV,
polari2aram as esperanças do proletariado no mundo inteiro#
' 8cordão sanit%rio8 dos *liados nada p`de fa2er#
*meaçado pela formid%vel 8Igreja marista8, o catolicismo
via o 'cidente nas garras do 8pós5guerra8: da d&tente depois
do esforço sobre53umano, do ja22, do fo5trott, dos vestidos
curtos, dos cabelos cortados, das garçonnes, dos 8anos
loucos8, da entrada dos costumes america nos e da pressão de
uma civili2ação sacudida pelos progressos t&cnicos 5
automóvel, avião, r%dio, cinema### 1o conjunto, uma
atmosfera f%cil, pagã, atravessada
L]
mergul3aram em
inuietarem no 3%bito
saber seda& sua religião ou
verdadeira a ponto
falsa,de
sej% não se
acreditam
nela ou não#8 Em It%lia, determinado bispo insurgia5se
contra este imobilismo: 8E necess%rio uma grande reforma:
redução do n;mero de dioceses, de semin%rios e de paróuias6
estudos sagrados e profanos do cl&rigo de acordo com as
necessidades do nosso tempo6 abandonar muitas das devoções e
infundir em todos os graus do sacerdócio o espírito de
Cristo, 3armoni2%5lo com as necessidades e as aspirações do
nosso tempo, porue muitas são boas e podem ser
cristiani2adas#8
-oucos problemas surgem na *m&rica do 1orte, onde os Estados
$nidos e o Canad% con3ecem um catolicismo jovem e din\mico,
mas demasiado satisfeito consigo mesmo# * Espan3a e -ortugal
v!em5se dilacerados por lutas políticas e mis&ria# * Tustria
mutilada respira com dificuldade e pensa, sobretudo, em
sobreviver, enuanto a Hungria sofre o domínio de ela un
e, depois, a ditadura militar# * *leman3a arruinada, por
momentos submersa pelo comunismo, sacode ou disfarça a sua
3umil3ação: claro, desde *bril de MM, os noventa deputados
do Centro alcançam uma total paridade, a )en\nia v! os
at3olientag reunir multidões enormes, mas os católicos,
sobretudo na aviera, não se mostram insensíveis aos sinais
do nacionalismo revanc3ista6 muitos j% viam em Hitler o
8salvador8, embora pensassem ue a cru2 gamada nunca
c3egaria a apagar a outra 5 a de Cristo#
L]
9s palavras
apenas de ordem
acompan3a, mas políticas e sociais
alarga a sua acção edeaprofunda
.eão 4III,
as não
suas
posições doutrinais# * *C0< forma os futuros uadros da
democracia cristã6 a *ssociação Católica da 0uventude elga
UMMV fa2 um trabal3o semel3ante# *s reuniões das +emanas
+ociais, em Espan3a, It%lia, &lgica, Canad% e em <rança
atraem, todos os anos, um p;blico mais numeroso em redor dos
temas principais, como o 8papel económico do Estado8 UMBBV#
* *cção -opular instala5se em -aris, em MM, e neste mesmo
ano constitui5se a Confederação <rancesa dos (rabal3adores
Cristãos UC<(CV, com cento e uarenta mil aderentes, e
tamb&m a Confederação Internacional dos +indicatos Cristãos#
Em .ille, Eugne /ut3oit dirige a $nião de Estudos dos
Católicos +ociais# .a Zie cat3oliue, de <rancisue AaG,
deseja aliar a fidelidade ao -apa com a liberdade do
cristão, enuanto C3ampetier de )ibes funda o -artido
/emocrata5-opular UMB]V# 1a It%lia, & levantado tacitamente
o non epedit UV de -io I4, proibindo os católicos de
participarem na vida política e, em MM, ento 4Z autori2a
o -artito -opulare Italiano de /on +tur2o ue, logo a
seguir, consegue a
L]B
Contudo,
poder em MB],
retomar Herriot de
a política e oCombes
Cartel
e das Esuerdas
aplicar julgara m
integralmente
as leis ue visassem as congregações religiosas# 81ós não
iremos embora8, foi a palavra de ordem do padre /oncoeur
seguida por todos os religiosos antigos combatentes 6 ali%s,
as reviravoltas da política afastaram rapidamente o Cartel e
sepultaram os seus projectos# /e facto, em <rança, as
comunidades religiosas reconstituíram5se numa uase
clandestinidade, vestindo 9 civil#
ento 4Z tin3a um espírito ecum&nico # "as o ecumenismo, tal
como 3oje o entendemos, tin3a sido at& então, salvo algumas
ecepções, coisa dos protestantes: a Confer!ncia
Internacional de Edimburgo UMV foi o ponto de partida# 1a
pr%tica, e tendo em conta a total impreparação dos espíritos
na Igreja Católica, o -apa manteve uma atitude negativa e,
assim, em MN, declinou o convite para uma confer!ncia
internacional reali2ada pelos prima2es da Escandin%via6 em
MM, nova recusa a propósito de uma reunião organi2ada pelo
movimento protestante 8<& e Constituição8# "as ento 4Z deu
passos importantes para uma reaproimação com o 'riente
separado, criando
L]L
piedoso, criou
-ontifícia a )%dio UMLOV6
das Ci!ncias Zaticano UMLV edo2e
pronunciou a mensagens
*cademia
radiofónicas e, depois, sem receio de ser atacado de
anacronismo, instituiu a festa do Cristo5)ei e colocou o seu
pontificado sob a protecção de uma jovem religiosa
contemplativa, +ta# (eresa do "enino 0esus, ue sofreu na
carne o ateísmo do mundo moderno e cuja simplicidade era,
aos ol3os do -apa, o mel3or antídoto ao orgul3o de uma
sociedade em r%pida mutação#
Este -apa ue tanto falou e escreveu 5 deiou, al&m de
trinta encíclicas, um mil3ar de discursos oficiais 5 não era
um doutrin%rio# ' seu realismo levou5o a oferecer a todos os
católicos condições jurídicas suficientemente sadias para
l3es permitir desempen3 ar o seu papel na sociedade6 assinou
de2oito concordatas, sobretudo com os novos Estados nascidos
dos tratados de pa2, mas tamb&m com a *leman3a, em MLL, ue
rapidamente iria desiludi5lo, e sobretudo com a It%lia
UMBMV:
L]]
/e facto,
amarras do foi 8o fim
passado, de uma
muitos &poca8#entregaram5se
católicos .ibertando5sea das
uma
acção temporal incarnada na democracia, numa acção
espiritual e intelectualmente bem alimentada# 1os anos L,
proliferou um tipo de católico preocupado em manifestar a
sua f& e confrontar o seu tempo com os dados evang&licos# Em
'utubro de MLB, aparecia, no n;mero de Esprit, o
manifesto de Emmanuel "ounier, )efaire .a )enaissance:
8X###Y /enunci%mos os pecados do materialismo: pensar sem
viver o nosso pensamento e aonde ele nos condu2 seria algo
de sacrílego# -ara nós, a acção entre os 3omens não & uma
vocação ocasional 9 procura de títulos de nobre2a, mas & a
plenitude do nosso pensamento e a perfeição do nosso amor#8
8Então, os católicos fa2em a aprendi2agem, por ve2es
dolorosa, mas tamb&m etremamente
L]J
coordenaram
$m o trabal3o
livro recente, c3ecde
deconjunto#
laction cat3oliueW, sublin3ou ,
sobretudo, o ue a acção católica não fe2# "as, embora falte
fa2er muito 5 uase tudo 5 para impregnar a civili2ação de
cristianismo, diga5se tamb&m ue o trabal3o reali2ado desde
3% uarenta anos pela *cção Católica foi consider%vel6
colocou em toda a parte 5 desde as f%bricas 9s assembleias
deliberativas 5, 3omens e mul3eres ue, especificamente como
cristãos, são parte viva e actuante do seu próprio meio# *
conjunção deste testemun3o m;ltiplo e do trabal3o de
informação e de aprofundamento dos intelectuais, dos
teólogos, da 3ieraruia e do clero, 3abituou o mundo moderno
a dialogar com os católicos e a contar com eles#
L]O
revolvido# unit%ria
rep;blica * partir de MBO, de-ortugal
corporativa ue, em tornou5se uma
MBN, +ala2ar
passou a ser o c3efe e a Igreja tirou vantagens disso# *
Espan3a, perpetuamente dividida entre anaruistas,
anticlericais e militares apoiados na Igreja, passou da
ditadura de -rimo de )ivera para a <rente -opular e, depois,
na seu!ncia da terrível guerra civil UMLO5MLMV, para o
governo autorit%rio do general <ranco: a Igreja de Espan3a
estar% durante muito tempo intimamente ligada a um poder ue
a favorece#
L]K
encíclica o
estatismo, "it brennender
racismo sorge, essenciais
e o paganismo estigmati2ando todo o
ao nacional5
socialismo, lembrou os direitos inalien%veis do 83omem
enuanto pessoa8# * guerra, seis meses depois da morte de
-io 4I, revelaria a ue abismos podia realmente condu2ir o
despre2o do 3omem#
L]N
comunista,
e o uemorte
at& 9 sua 5 no em
tempo de Estaline,
MJL sen3or em
5 se tradu2iu implac%vel
muitas ,
perseguições,
L]M
LJ
LJ
mesmo para
porue um progressismo
a minoria uemais
integrista, nen3uns consideram
sensível temer%rio,
9 transcend!ncia
do cristianismo do ue 9 sua implantação, reage
violentamente contra o ue considera uma demissão: um
anticomunismo apaionado ue c3ega a ser doentio, certas
posições políticas etremas ue, por ve2es, reforçam a sua
oposição#
* <rança, ue segundo a fórmula de -aulo ZI, 8col3e o pão
intelectual da cristandade8, & sob -io 4II o terreno
privilegiado das eperi!ncias e dos c3oues, graças ao
8aguil3ão permanente ue suscita uma refleão aprofundada8,
mas os grandes teólogos franceses, C3enu, Congar e /e .ubac
passam pela prova de fogo UMJ]V# * 8"issão de <rança8, a
8"issão de -aris8 e a eperi!ncia abortada, mas muito
sugestiva, dos 8-adres 'per%rios8, são, entre outras, certas
reali2ações revolucion%rias e sedutoras ue, embora
fortemente criticadas por alguns, são uma fase para um
apostolado mission%rio mais desenvolto e mais adaptado# -or
toda a parte se espal3a esse espírito de renovação: pastoral
parouial, liturgia, cateuese e teologia em contacto mais
estreito com a tradição, com a 3istória e com a ci!ncia
U(eil3ard de C3ardinV# ' movimento bíblico sacode e ajusta
as perspectivas da caridade e da meditação# "as & ainda uma
ve2 mais a vida religiosa ue não se adapta bem 9 criação
dos institutos seculares#
1o entanto, a intuição essencial deste tempo revela o novo
papel apontado ao leigo na Igreja# ' padre de "ontc3euil,
morto tragicamente em M]J, ue tin3a construído toda a sua
eclesiologia sobre a ideia da Incarnação permanente e de uma
Igreja como 8organismo visível pelo ual Cristo v! e actua
neste mundo8, tin3a j% desenvolvido aprofundadamente as
responsabilidades de um laicado insubstituível# Emmanuel
"ounier, em <eu la c3r&tient& UMJV, convida o
cristianismo, na 3ora das massas, a tornar5se plebeu# [uanto
ao cardeal +u3ard, na sua c&lebre carta pastoral de M]K,
Essor ou a&clin de lDglise, não v! a via de renovação
cristã possível no mundo materialista senão pelo
empen3amento total do cristão leigo na vida da cidade# "as
essa 3onra coube ao padre Congar, ao ter, finalmente,
definido o leigo 9 lu2 do Evangel3o e das necessidades
modernas6 8$m leigo & um
LJB
LJL
barreiras ue por toda a parte o egoísmo dos 3omens tin3a
erguido ou as ue a 3istória levantou entre os cristãos# -or
isso, 0oão 44III multiplicou os contactos pessoais, entre
outros, as audi!ncias concedidas ao moderador da Igreja
presbiteriana da Escócia, ao metropolita /amasinos, aos
presidentes das Igrejas episcopaliana e baptista dos Estados
$nidos e aos metodistas ingleses, e, sobretudo, 9 fil3a e ao
genro de 3ruc3tc3ov,
acol3imento manife
do -apa# -or stando
outro desse
lado, modo
0oão at& foi,
44III onde com
ia o
0ules Isaac, o iniciador de uma ami2ade judaico5cristã ue
marcasse nos factos e se esforçasse por fa2er desaparecer as
raí2es e os vestígios de um anti5semitismo ue foi
alimentado pelos cristãos, pouco conscientes de ue os
judeus são seus pais na f&#
/as oito encíclicas de 0oão 44III, duas atingiram mais
particularmente a opinião p;blica: "ater e "agistra UJ de
"aio de MOV sobre a uestão social e, sobretudo, o
testamento do vel3o pontífice, a etraordin%ria 8carta
aberta ao $niverso8 , -acem in terris U de *bril de MOLV:
a seu respeito, um publicista falou de sinfonia 5 não
inspirou ela /arius "il3audW 5, cujo tema fundamental, ue
retoma por nove ve2es, ecoa nestas palavras: 8* pa2 entre
todos os povos eige a verdade como fundamento, a justiça
como regra, o amor como ra2ão e a liberdade como clima#8
+e, para in;meros protestantes, 0oão 44III foi um grande
-apa, um deles c3egou mesmo a afirmar ue foi ele,
realmente, o primeiro -apa ue escutou, 8recon3eceu e
compreendeu o alcance e a profundidade do movimento
ecum&nico8# ' ecumenismo foi, na verdade, o centro do
pensamento do -apa e, nesse domínio, o seu pontificado foi
decisivo porue empen3ou a Igreja romana num movimento, em
ue, at& então, os esforços de reagrupamento tin3am sido
feitos, uase eclusivamente, por cristãos separados de
)oma# -or isso, em MOB, inaugurou5se em (ai2& uma 8igreja
da reconciliação8 católica e protestante#
LJ]
Capítulo IZ
* IA)E0* -E)*1(E $" "$1/' 1'Z'
católicos,
os coptas enuanto de entre
e a Igreja os enviaram
síria ortodoos,representantes
apenas os russos,
ao
Concílio ue foi aberto no Zaticano, a de 'utubro de
MOB, na presença de dois mil uin3entos e uarenta padres,
com uns cinuenta observadores não5católicos#
' discurso de abertura causou sensação porue o -apa
utili2ou uma linguagem de esperança e apresentou o concílio
não como um círculo fec3ado de teólogos, mas como uma
assembleia destinada a 8tornar a Igreja presente no "undo e
a sua mensagem sensível 9 ra2ão e ao coração do 3omem
empen3ado na revolução t&cnica do s&culo 448# * primeira
sessão do concílio
LJJ
nas religiões
)evelação, no não5cristãs e, particularmente,
apostolado dos nos 0udeus,
leigos, nos semin%rios e nona
casamento# * sessão terminou com
# algum mal5estar, tendo o -apa juntado 9 constituição sobre
a Igreja uma nota relativa ao primado pontifício e feito
algumas emendas restritivas ao decreto sobre o ecumenismo#
* uarta sessão U] de +etembro a N de /e2embro de MOJV &
caracteri2ada por um trabal3o intensivo# 1o seu discurso
LJO
Entre as pistas
salientar traçadas pelos padres
como particularmente conciliares,
inovadoras: & preciso
o recon3ecimento
do pluralismo dentro e fora da Igreja, a afirmação da
liberdade religiosa, 8a confiança dada ao mesmo tempo 9s
pessoas e ao
LJK
e a riue2a
mais dos5 povos
numerosos desenvolvidos
ue t!m fome6 easpera os povos 5 os
LJN
LJM
LO
uma economia
muito mais da salvação eperi!ncias
fraternos6 da História6 mission%rias
avanços ecum&nicos
mais
aut!nticas6 esforço e contributo do laicado6 renovação da
espiritualidade conjugal e redescoberta de uma religião
popular mergul3ada, desde 3% s&culos, numa religião de
cl&rigos6 simplificação e reforço dos meios de comunicação
social6 renovação da vida religiosa6 lutas pela pa2 e a
justiça6 sentido do pluralismo6 evolução da *cção Católica
no sentido de uma maior responsabilidade6 compromisso dos
cristãos 5 e, muitas ve2es, profundo 5 em todos os domínios#
E, sobretudo, a renovação espiritual, a necessidade da
oração e do sil!ncio, com ue os grupos carism%ticos, ue se
multiplicam, testemun3am com um fervor adaptado 9
sensibilidade contempor\nea# Eis, pois, alguns dos limites
de uma renovação aut!ntica da Igreja moderna ue se revela
cada ve2 menos 8europeia8 e cada ve2 mais voltada para as
eperi!ncias e para a vitalidade das Igrejas africana,
asi%tica e americana#
"esmo ue se possa afirmar ue o mundo & menos 8cristão8 do
ue era, os cristãos são, de facto, mais cristãos do ue
outrora# -orue são menos conservado res6 di25se, mesmo, ue
são revolucion%rios, mas, apesar de tudo, ser% o fogo ue
Cristo veio tra2er 9 (erraW
transigir ue
protestos com l3e
os parecem
ensinamentos da Igreja
perigosos# em proveito
-or isso, dos
a encíclica
+acerdotalis celibatus UBL de 0un3o de MOKV epõe a
validade moral e o valor do celibato eclesi%stico6 e a
encíclica Humanae vitae UBJ de 0ul3o de MONV 5 cuja
publicação provocou reacções importantes, mas contraditórias
5 convida os fi&is e os 3omens de boa vontade a elevar5se ao
nível de um dos seus mais importantes deveres: o de
transmitir e proteger a vida#
1o entanto, -aulo ZI mostra5se particularmente atento 9
transmissão da ess!ncia da mensagem evang&lica ao coração
dos 3omens e 9 adaptação dos dados da f& 9s eig!ncias do
"undo moderno# * encíclica -opulorum progressio UBO de "arço
de MOKV, relativa ao desenvolvimento integral do 3omem e ao
desenvolvimento solid%rio da Humanidade no seio da
civili2ação t&cnica, inspira5se, por eemplo, nos
ensinamentos do padre .ebret, fundador em M]B de conomie
et 3umanisme, cuja epansão & mundial# [uanto 9 carta
'ctog&simo anno UMKV, convida os cristãos a eercerem
livremente, em política, a sua iniciativa respons%vel#
* aplicação, tanto na letra como no espírito, das decisões
do Zaticano II, leva -aulo ZI a simplificar o aparato
decorativo pontifício e tamb&m a p`r em pr%tica um novo
diaconado, a proceder 9 reforma lit;rgica Ugenerali2ação da
língua vern%cula, simplific ação e aprofundamento dos ritosV
e 9 do calend%rio#
-aralelamente, o -apa estabelece e prossegue a reforma da
C;ria U"otu próprio -ro comperto sane, B de *gosto de MOK,
e Constituição )egimini Ecclesia e universae, J de *gostoV,
introdu2indo nela um mínimo de aruitectura org\nica,
limitando os poderes curiais, tentando acabar com o
carreirismo, internacionali2ando o recrutamento das
congregações e do +acro Col&gio, multiplicando os pastores
junto dos administradores# * nomeação de um franc!s, o
cardeal 0ean Zillot, para o lugar de secret%rio de Estado
UMOMV revela5se, desse ponto de vista, muito sintom%tica#
* principal caracterí stica do Zaticano II & a import\ncia e
a efic%cia do seu prolongamento# -ara contribuir para
colocar
LOB
UMO]V# 'utros
seguintes, organismos entram
mas o prolongamento em vigor do nos
mais importante anos
Concílio
Zaticano II continua a ser o +ínodo Episcopal, cuja primeira
sessão teve lugar em )oma, em MOK, a segunda
Uetraordin%riaV em MOM, a terceira em MK, a uarta em
MK], a uinta em MKK# * epressão 8Igreja5comun3ão8
encontra aí a sua aplicação, pelo menos ao nível dos
cl&rigos, porue os leigos não ocupam ainda senão um lugar
insignificante nas inst\ncias do Zaticano# /a reforma do
/ireito Canónico ao estatuto do padre, da reforma dos
semin%rios 9 crise da f& e 9 cateuese, todos os problemas
candentes são debatidos aí, por ve2es com algum sofrimento,
9 lu2 das eperi!ncias locais#
+ob -aulo ZI, o ecumenismo torna5se uma preocupação
permanente para uns e outros, mas cada um pressente o ue 3%
de escandaloso, aos ol3ares de uma 3umanidade
descristiani2ada, na divisão dos novecentos e uin2e mil3ões
de cristãos# Embora separados por posições doutrinais, por
ve2es muito distantes, católicos e protestantes 5 pelo
menos, a sua elite 5 multiplicam os trabal3os de
aproimação# 'u, antes, a espiritualidade protestante ue
obedece a uma lógica de ruptura e de depuração, e a
espiritualidade católica ue obedece a uma lógica de
integração, aprofundam5se e renovam5se uma 9 outra para se
encontrarem# ' luteranismo, por eemplo, encontra a forma
universal de eistir da Igreja e a Igreja romana redesco bre
o significado da Igreja local# 's encontros multiplicam5se:
presença de observadores protestantes no Concílio,
observadores católicos na III *ssembleia Aeral do Centro
Ecum&nico das Igrejas em 1ova /eli, na uarta assembleia do
movimento 8<& e Constituição8 em "ontreal, em MOL, criação
em nugu UMOJV de um grupo de trabal3o misto, recepção por
-aulo ZI do /r# )amseG UMOOV, visita do -apa ao Consel3o
Ecum&nico das Igrejas, em Aenebra UMOMV# $m episódio
significativo entre muitos outros: em "aio de MOL, a vel3a
$niversidade de .ovaina, bastião da reforma
LOL
sensíveis -aulo
primado, porueZIsedeu
trata, sobretudo,
um passo ue sede pode
uma uestão de
considerar
3istórico: em 0aneiro de MO], foi em 0erusal&m ue deu o
beijo fraterno ao patriarca de Constantinopla# E foi este
mesmo -apa 5 numa atitude inaudi ta 5, uem pediu perdão, em
nome da Igreja Católi ca, pelos erros cometidos durante a
)eforma### 8$m milagre, um verdadeiro milagre8, não deiou
de repetir o cardeal ea ao abandonar a recepção aos
observadores não5católicos por 0oão 44III#
$ma fase importante: a criação U"aio de MO]V do
+ecretariado para os 1ão5Cristãos, prel;dio para um di%logo
com o mundo# *t& então, se o 'cidente se dava facilmente com
o resto do mundo, não desejava acei tar nada dele, como se a
Tsia e a Tfrica nada tivessem para dar 'ra, a verdadeira
catolicidade, segundo -aulo ZI, 8& universalidade, destino
de todos os povos, oferenda de todas as línguas, convite de
todas as civili2ações, presença em todo o mundo, uestão
posta por toda a História###8# ' termo 8católico8 liberta5se
lentamente da poeira dos s&culos6 serve cada ve2 menos para
designar um partido de devotos e c3egar% o tempo em ue
retomar% o bril3o da sua própria srcem#
.evando a s&rio o título de represent ante de /eus na terra,
-aulo ZI, uebrando uma tradição bem enrai2ada, franueia as
fronteiras da It%lia e tamb&m as da Europa# ombaim, <%tima,
*ncara, Col`mbia, $ganda, +arden3a, +udeste da Tsia e a
'ce\nia recebem sucessivamente a sua visita# E ningu&m
esueceu a fr%gil sil3ueta do -apa suplicando aos
representantes da 3umanidade ue renunciassem 9 guerra U'1$,
em MOJV#
1o entanto, o fim do pontificado de -aulo ZI caracteri2a5se
por uma certa tensão, simultaneamente sensível no corpo da
Igreja e no comportamento do -apa, personalidade cuja
etrema sensibilidade & levada a deter5se tanto nos aspectos
positivos como nos negativos de cada problema#
LO]
LOJ
MK6 o do
países acento & colocado
(erceiro "undo nas reformas
reclamam de estrutura
para assegurar ue os
o seu
desenvolvimento# Em "edellin, onde, em +etembro de MON,
igualmente com a presença do -apa, se reali2a o Consel3o das
Confer!ncias Episcopais .atino5*mericanas UCE.*"V, a Igreja
da *m&rica .atina vai muito mais longe: deiando de
considerar como directivas as tend!ncias da refleão
teológica de srcem europeia, elabora, a partir da sua base
popular, a partir de comunidades constituídas essencialmente
por pobres, uma teologia da libertação ue rompe com a
pastoral da elite cara aos europeus# Essa teologia deve
condu2ir, atrav&s de uma pr%tica evang&lica, mesmo pela
oposição 9s estruturas e aos regimes injustos, a uma
conscienciali2ação do povo cristão, oprimido não só
materialmente, mas tamb&m no papel ue deveria ser o seu na
grande comunidade eclesial#
-or isso, o +ínodo romano de MK], consagrado 9
evangeli2ação do mundo contempor\neo, & condu2ido pelas
jovens Igrejas, cujo peso & crescente Uem MK confer!ncias
episcopais representadas, K pertencem ao (erceiro "undoV,
para uma nova leitura do Zaticano II6 e, implicitamente, as
Igrejas europeias ocidentais são convidadas a uma 8revisão
de vida8#
*l&m do mais, o aspecto estrutural da injustiça segregada
pela civili2ação, c3amada pós5industrial, coloca5se no
centro das preocupações da Igreja# E alguns meses antes da
sua morte, na altura da Confer!ncia Internacional sobre
/esarmamento, em Aenebra, -aulo ZI declara: 8*s imensas
despesas com armamento nunca poderão ser justificadas,
enuanto a 3umanidade sofredora continuar a viver na pobre2a
e na fome#8
LOO
Capítulo Z
* IA)E0* 1' .I"I*) /' +C$.' 44I
)omano
em -ontifici
fec3ar Eligendo,
o Col&gio de 1ovembro
Eleitoral de MKJ,
aos cardeais contentou5se
com mais de N
anos6 no entanto, ao mesmo tempo, alargava 5o e c3amava para
ele, preferentemente, bispos residenciais, representativos
das confer!ncias episcopais nacionais6 e, sobretudo,
alargava a todos os continentes a internacionali2ação do
+acro Col&gio#
"as, na altura da morte de -aulo ZI, ocorrida em O de *gosto
de MKN, o conclave reuniu5se em )oma, em BJ de *gosto e
compreendeu ue, pela primeira ve2, os cardeais da C;ria não
eram mais do ue L em eleitores e ue os J] cardeais
não5europeus eram uase tantos como os JK cardeais europeus,
BN dos uais, italianos# * opinião & igualmente sensíve l ao
facto de a maioria dos eleitores não esconder a sua
convicção de ue
LOK
ter carisma
um medo6 mas isso nãoue
particular impede ueo este
lembra papapapa
do 8bom insólito ten3a
0oão8# "as
0oão 44III, embora fugido 9 diplomacia vaticana, era mais
8romano8 do ue 0oão -aulo I ue ingenuamente confessar%: 8*
primeira coisa ue fi2, mal fui eleito -apa, foi desatar a
ler o *nu%rio -ontifício, para con3e cer a organi2ação da
+anta +
' papa .uciani 5 ue ignora, como & evidente, a tiara ue
-aulo ZI, ali%s, abandonara oficialmente em MO] 5 fala,
sorri e graceja Udi2 ue gosta da 8virtude do gracejo8V,
como o faria +ão <rancisco de *ssis: cita publicamente 0;lio
Zerne e
LON
C;ria, apoiam
Auiseppe +iri,a candidatura,
arcebispo deumA&nova6
tanto disfarçada, do cardeal
outros preconi2am a
eleição do antigo braço direito de -aulo ZI, o cardeal
Aiovanni enelli, arcebispo de <lorença# ' bloueio assim
provocado & de tal ordem ue os conclavistas v!em,
imediatamente, a necessidade não de um compromisso,
LOM
LK
LK
por ele, em BB de 'utubro de MKN, durante a sua 3omilia de
entroni2ação, ue foi escutada por bilião e meio de
telespectadores: 81ão ten3ais medo8 Isto &: 81ão ten3ais
medo do Concílio *bri, abri todas as grandes portas da
3umanidade a Cristo8 ' ue tamb&m significa: 81ão ten3ais
medo do mundo ue Cristo venceu e permanecei fi&is 9 grande
disciplina da Igreja deste Cristo###8 /este modo, aparecem,
logo de seguida, os dois elementos ue irão constituir o
aparente parodoo de 0oão -aulo II: 3omem do Concílio e
tamb&m 3omem da tradição cristã#
* defesa da dignidade do 3omem e instauração de uma
civili2ação de solidariedade baseada na obra da )edenção
Ugarante da autonomia legítima do 3omem e da sua inalien%vel
dignidadeV: eis o tema, constantemente retomado e comentado
por 0oão -aulo II, desde a sua alocução na abertura dos
trabal3os da III Confer!ncia do Episcopado .atino5*mericano,
em -uebla, a BN de 0aneiro de MKM, at& ao seu discurso de
BB de *bril de MM, em -raga, logo a seguir 9 derrocada do
estalinismo, passando ainda pelas suas duas encíclicas
sociais .aborem eercens U] de +etembro de MNV e
+ollícitudo rei socialis UM de <evereiro de MNNV#
* fidelidade de 0oão -aulo II ao Concílio Zaticano II não
con3ece nen3um eclipse# "anifesta 5se sobretudo na altura da
reali2ação da *ssembleia Aeral Etraordin%ria do +ínodo dos
ispos, ue se efectua em )oma, entre BJ de 1ovembro e N de
/e2embro de MNJ, para fa2er o ponto da situação vinte anos
depois do encerrament o do concílio# ' di%logo com as outras
Igrejas e as outras religiões prossegue, sendo
particularmente reforçados dois eios: a aproimação aos
anglicanos, mesmo opondo5se 9 ordenação das mul3eres, aceite
por uma parte dos anglicanos, mas rejeitada por )oma6 o
di%logo judaico5cristão, apesar do caso do Carmelo de
*usc3Pit2, isto &, da manutenção durante muito tempo de um
carmelo no perímetro do campo de etermínio de *usc3Pit2,
lugar 8sagrado8 e simbólico do Holocausto judeu durante a
+egunda Auerra "undial# * visita do -apa 9 +inagoga de )oma,
em L de *bril de MNO, & um acontecimento sem precede ntes,
fortemente carregado de significação# *lguns meses mais
tarde, em BK de 'utubro, reali2a5se a
LKB
criticam ocom-apa
alin3ando de condu2ir
as outras o catolicismo
religiões# 9 .efebvre,
"ons# "arcel sua ruína,
o
c3efe da tend!ncia integrista mais importante, volta as
costas 9 Igreja consagrando, por sua conta, em L de 0un3o
de MNN, uatro bispos em c`ne U+uíçaV, sendo ecomunga do,
logo a seguir#
* firme atitude de 0oão -aulo II a respeito dos católicos
ue não recon3ecem o Concílio manifesta5se tamb&m em relação
9ueles ue, abalando as barreiras, parecem fa2er perigar a
ortodoia, o sentido da f& católica e, mesmo, a própria
autoridade do magist&rio romano# ' papa encontra na pessoa
do cardeal 0osep3 )at2inger, designado prefeito da
Congregação para a /outrina da <&, um porta5vo2 muito
vigilante# Em particular, )oma não uer teólogos ue
8perturbam os fi&is com teorias e 3ipóteses ue eles não são
capa2es de julgar8# assim ue, durante o ano de MKM, tr!s
teólogos católicos 5 o 3oland!s EdPard +c3illebeec, o
franc!s 0acues -o3ier e o suíço Hans ;ng 5 são, em graus
diferentes, c3amados 9 ordem# /espontando graves divisões na
Igreja 3olandesa, considerada particularmente favor%vel ao
acordo da Igreja conciliar e da modernidade, 0oão -aulo II,
em 0aneiro de MN, re;ne em )oma, em sínodo particular, os
bispos dos -aíses aios6 trata5se de um procedimento
insólito ue manifesta a vontade do -apa de controlar o
destino da Igreja#
/esta maneira, a 8verticalidade8 3ier%ruica da Igreja
romana d% a impressão 5 uma impressão cada ve2 mais sentida
5 de perturbar o desenvolvimento de uma 83ori2ontalidade8
ue vai no sentido pretendido pelo Concílio, afirmando ue a
Igreja não & uma +ociedade, mas um -ovo# * ZII *ssembleia
'rdin%ria do +ínodo dos ispos, reali2ada em )oma de a L
de 'utubro de MNK, incide na 8Zocação e missão dos laicos
na Igreja e no "undo vinte anos depois do Concílio Zaticano
II86 insiste ainda no facto de todos os bapti2ados serem
respons%veis na Igreja# "as, na pr%tica uotidiana,
verifica5se ue, no seio de uma instituição ainda muito
clerical, a dist\ncia e a distinção entre cl&rigos e leigos
continua a ser consider%vel6 mais ainda:
LKL
o papel da mul3er na Igreja permanece 3ipotecado por uma
misogenia de facto ue pretende justificar5se com argumentos
teológicos#
"as 3% um domínio em ue a autoridade romana se compromete a
fundo, impedindo ualuer escapatória: o comportamento
seual dos católicos, padres e leigos# 's numerosos pedidos
de muitos
por padresdepara
um decreto passarem
] de 'utubroaodeestado
MN, laical
a fiarobriga )oma,
as normas
muito mais restritivas na concessão da dispensa do celibato
sacerdotal, um celibato cujo car%cter absoluto & reafirmado
em todas as ocasiões por 0oão -aulo II e pela 3ieraruia#
* eortação apostólica <amiliaris consortio, de BB de
1ovembro de MN, reafirma muito fortemente a doutrina
tradicional da Igreja no ue respeita ao casamento católico:
rejeita a coabitação juvenil Uo c3amado 8casamento 9
eperi!ncia8V, ue entrou pela porta grande nos 3%bitos
contempor\neos6 condenação da união livre e manutenção da
eclusão, para os divorciados recasados, da comun3ão
eucarística# Esta eortação retoma e amplia as conclusões do
+ínodo Episcopal de +etembro de MN, consagrado 9s 8(arefas
da família no mundo moderno8, 9 situação, considerada
irregular, dos divorciados recasados, e 9 condenação de
todas as formas de contracepção e de aborto# Em todas as
circunst\ncias, em todos os pontos do Alobo, 0oão -aulo II
declara solenemente: 8' 3omem e a mul3er não são donos nem
%rbitros da sua capacidade de procriar6 participam na
decisão de /eus para criar#8
"as & certamente neste domínio ue o desacordo se mostra
mais evidente entre os ensinamentos da Igreja e a pr%tica
dos católicos, cujo comportamento seual beneficia da
evolução de uma &tica e de uma ci!ncia m&dica mais adaptada
9s realidades da vida dos 3omens e das mul3eres do fim do
s&culo 44# -odemos mesmo falar de um fosso ue, nesta
mat&ria, separa a opinião comum e a Igreja6 um fosso cuja
import\ncia se revela logo depois da publicação, em de
"arço de MNK, da Instrução da Congregação )omana para a
/outrina da <&, condenando todos os m&todos de procriação
artificial e sobretudo a fecundação 8in vitro8#
LK]
individualismo,
<oucaultV a sobre
triunfa 8preocupação consigo e
os idealismos próprio8 U"ic3el
renuncia, sem
escr;pulos, a todos os fundamentos da &tica# Hoje, &5se
tranuilamente ateu ou &5se alegremente materialista# ' 81ão
ten3ais medo8 de 0oão -aulo II ecoa, para muitíssimos,
como: 81ão ten3ais medo 0% não 3% mais nada a esperar8
'bviamente, a Igreja não & nem pode ser insensível a esta
indiferença maciça ue tradu2, particularmente nos países da
vel3a cristandade, da Europa 'cidental e da *m&rica
+etentrional, numa ueda vertical da pr%tica religiosa# "as
as pessoas da Igreja estão divididas 5 profundamente
divididas 5 sobre a resposta a dar 9 grande uestão colocada
aos cristãos por essa indiferença, sobre a atitude a adoptar
face a uma modernidade cujo rosto & tão insólito, uma
modernidade ue & absolutamente inevit%vel e interfere na
vida uotidiana dos 3omens#
*lguns, levados pelo dinamismo em grande parte inaplicado do
Concílio Zaticano II e do seu compromisso pessoal, uereriam
ue, liuidando, de uma ve2 por todas, o mito da sua
incompatibilidade com a )a2ão, a Igreja estabelecesse com
ela uma aliança duradoura# Como escreve -aul Zaladier em
glise en proc&s# Cat3olicisme et soci&t& mo\erne, um livro
ue em MNK fe2 grande sucesso: 8' cristianismo não &
fecundo senão uando aceita a confrontação, o debate com
outra religião# ' ue foi verdade ontem, & verdade 3oje# +e
o cristianismo se encerrar sobre si mesmo, camin3ar5se5%
para a esterili2ação da f& cristã# -elo contr%rio, se
aceitar jogar o jogo do processo com algu&m
LKJ
uase combatidas,
considerada pelos cristãos
seculari2adora, ue, aerrada,
portanto uma modernidade
opõem o
8retorno das certe2as8 e uma avaliação menos utópica, menos
temer%ria e menos 3edonista do Concílio Zaticano II6 um
concílio cuja aplicação foi, a seus ol3os, muito marcada por
um liberalismo delet&rio# -ortanto, & necess%rio dar
novamente força 9 (radição eclesial e, portanto, ao
magist&rio papal ue & o garante dessa tradição, o
respons%vel pelo 8depósito sagrado da f&8#
' ue conforta o 8campo8 dos partid%rios de uma
8recentrali2ação8 de uma Igreja ue julgam estar a perder as
suas forças, dispersando5as e abandonando5as ao
subjectivismo, & o facto de o papa 0oão -aulo II Ucujo
prestígio e influ!ncia, apesar das críticas crescentes,
continuarem a ser consider%veisV ser um pregador entusiasta
da 8nova evangeli2a ção8 de uma Europa e de um mundo em vias
de laici2ação# $ma evangeli2ação com novos custos ue ser%
assegurada por uma Igreja ue ter% encontrado uma identidade
forte, 9 imagem do padre ue no ZIII +ínodo dos ispos,
reali2ado em )oma entre L de +etembro e BN de 'utubro de
MM pretendeu arrancar a um profundo desencanto e recolocar
na perspectiva do Concílio de (rento, ue vira no padre 8o
religioso de /eus8#
Então, começa5se a falar, com uma insist!ncia crescente, de
identidade cristã, do testemun3o insubstituível da
LKO
permanentes,
f&: ue comunidades
peuenas procura novas eformas para a concentrações,
grandes epressão da
celebrações festivas, formação bíblica e teológica, grupos
de oração e de refleão#8
* conjuntura parece ser favor%vel a uma operação ue
substitua um cristianismo de resist!ncia pela coabitação e
pelo di%logo com o "undo: em B de *gosto de MNM,
literalmente incitado por uin3entos mil jovens europeus
concentrados em Compostela, 0oão -aulo II lança um apelo
solene a esses cru2ados dos tempos modernos a ue sejam a
vanguarda dos novos evangeli2adores de um continente ue,
sob as apar!ncias de prosperidade, est% na lin3a de perdição
espiritual# *pelo semel3ante & lançado em BB de *bril de
MM, depois de a C3ecoslov%uia se ter desembaraçado, como
a maioria dos países de .este, da ditadura estalinista:
convencido de ue o afundamento da 8utopia vermel3a8 abre um
imenso espaço livre 9 renovação cristã, o -apa polaco
anuncia a reali2ação, em MM, de uma assembleia especial do
+ínodo dos ispos europeus#
verdade ue não faltam cristãos ue consideram estas
visões como 8son3os8, pois julgam ue se est% a avançar
depressa
LKK
car%cterdoirredutível
veículo Evangel3o# da vocação da própria Igrej a: ser o
LKN
*p!ndice Complementar
por *rtur )oue de *lmeida
0oão -aulo II
& o -apa da passagem do mil&nio#
E esta não & uma simples verificação cronológica#
X###Y * sua figura de grande crente
abraçou o mundo e nesse abraço
os 3omens todos, dos v%rios credos e religiões,
descobriram5se amados por /eus#
X###Y -ode não se gostar dele, mas este -apa
não deiou ningu&m indiferente#
1ão aconteceu assim
com o próprio 0esus CristoW
/# 0'+ /* C)$= -'.IC*)-',
Cardeal -atriarca de .isboa no pref%cio de Aeorge >eigel,
(estemun3o de Esperança, a biografia de 0oão -aulo II
# -astor e "estre
' magistral estudo sobre 0oão -aulo II atr%s descrito e
posto em dia at& MM deia5nos pouca margem para alguma
novidade, pois j% ali estão apresentadas as lin3as mais
significativas deste pontificado#
certo ue a 3istória da Humanidade não se fa2 apenas com
figuras de primeiro planoR mas tamb&m com a contribuição
LN
nosso tempo,
+alvação sempre
proposta pororientada
Cristo# para o sentido apostólico da
"as nem sempre percorre um 8camin3o de rosas8# (amb&m sofre
contestações, 9s ve2es at& da parte de seus irmãos# E a
acusação de ser um 8-apa político8W (alve2 at& seja verdade,
no sentido em ue di2ia +# 0oão osco, fundador da
Congregação +alesiana U-adres +alesianosV, declarado 8-ai e
"estre da 0uventude 8 por 0oão -aulo II em MNN, no primeiro
centen%rio da sua morte: 8* min3a política & a política do
-ai 1osso8
' ue afirmamos como verdade comprova da pela sua vida & ue
ele & um -ontífice com uma grande sensibilidade pastoral,
logo manifestada tr!s meses depois da sua eleição, em
0aneiro de MKM, ao deiar bem claros os grandes propósitos
ue vão nortear o seu pontificado: 80esus Cristo, a Igreja e
o Homem8, aliando a ousadia e a prud!ncia num euilíbrio
admir%vel#
LNB
"etódio,
os bispo# -adroeiros
povos eslavos da "or%via,daC3&uia,
Europa, Eslov%uia
ue trabal3aram entre
e Cro%cia#
Como sempre, o -apa ter% encontros com representantes das
comunidades católicas, ortodoa, judia e muçulmana 5 como
sublin3a o comunicado comum do ministro dos 1egócios
Estrangeiros b;lgaro, +olmon -assi e o respons%vel do
protocolo da +ecretaria de Estado do Zaticano, monsen3or
)enato occardo#
LNL
]# * -aião da $nidade
1a brevidade ue
par%grafos destesimplesmente
ap!ndice deveríamos ainda porue
indicamos, referir tamb&m
alguns
caracteri2am este longo pontificado, o seto mais longo da
3istória da Igreja#
* partir de O de 'utubro de BB 0oão -aulo II iniciou o
BJ ano do seu pontificado#
aV *s numerosas beatificações e canoni2ações# $ltrapassando
em muito todos os -apas seus antecessores# 0oão -aulo II fe2
delas uma marca do seu pontificado, como ue a di2er ue
todos somos c3amados por /eus a sermos santos# *t& agora
proclamou centenas de santos e perto de um mil3ar de beatos#
-ensemos ue se registaram apenas LB santos e dois mil3ares
de beatos nos ] anos anteriores#
E alguns deles são aut!nticas novidades: o primeiro índio
meicano, +# 0uan /iego Us&culo 4ZIV, as primeiras crianças
com apenas de2 anos de idade, os beatos <rancisc o e 0acinta
"arto, videntes de <%tima6 a primeira beatificação em
conjunto dum casal italiano, .uís eltrame [uatrocc 3i e sua
esposa "aria Corsini,
LN]
"as o maior
próprio perdão,
ofereceu ao ue
seu muito comoveu
agressor o mundo,defoi
no atentado L odeue ele
"aio
de MN, o jovem turco "e3met *li *gca, reiterado durante
uma visita ue l3e fe2 em MNL, na cela da prisão de )oma#
dV ' Arande 0ubileu do *no +anto de B, * preparar a
Igreja para entrar purificada no (erceiro "il&nio do
nascimento de 0esus Cristo# Este capítulo ser% bem a síntese
de todo o pontificado de 0oão -aulo II#
LNJ
* 7.I*
LNK
darem
* a con3ecer
íblia comoorgani2ada
grega est% era o teto
de datado da &poca romana#
forma diferente e inclui
livros suplementa res Utraduções gregas cujo srcinal semita
se perdeu, ou obras redigidas directamente em grego na
/í%sporaV#
constituída pelas seguintes obras:
' -entateuco Uid!nticoV#
's livros 3istóricos#
.ivros de 0osu&, dos 0ui2es, I livro dos )eis UI e II livros
de +amuel e I e II livros dos )eisV, -aralipomenes UI e II
CrónicasV, livro de Esdras * UIII EsdrasV, livro de Esdras
UEsdras 1eemiasV, livros de Ester UgregoV, de 0udite, de
(obias, I5IZ "acabeus#
's livros po&ticos:
+almos, 'des, -rov&rbios, Eclesiastes U[o3&letV, C\ntico dos
C\nticos, livro de 0ob, livro da +abedoria, +iracidas Uou
Eclesi%sticoV, +almos de +alomão#
's livros prof&ticos:
.ivros dos uatro grandes profetas: Isaías, 0eremias,
E2euiel e /aniel, livros dos do2e profetas menores, livro
de aruue, .amentações, carta de 0eremias#
Esta versão grega da íblia & con3ecida pela designação de
+eptante U.44V porue, de acordo com uma tradição relatada
por <ilon e <l%vio 0os&, -tolomeu II <ilad&lfia teria pedido
autori2ação ao grande sacerdote Eleasar para mandar tradu2ir
a íblia para grego# -ara tal, as autoridades de 0erusal&m
teriam enviado setenta e dois s%bios igualmente versados nas
línguas 3ebraicas e gregas6 esses s%bios teriam completado a
sua, tarefa tamb&m em setenta e dois dias, daí o nome
+eptante# (rata5se de uma r&cita maravil3osa destinada a
legitimar uma tradução do teto sagrado# /e facto, a uestão
& muito mais complea6 parece ue se começou por fa2er uma
tradução da (ora, indispens%vel 9 /i%spora egípcia,
particularmente importante6 progressivamente, foram
tradu2idos os profetas e os escritos# 1o s&culo II d# C#
teria aparecido uma outra tradução imputada a Tuila, um
pros&lito grego, e seguidamente mais duas atribuídas a
(eodociano e a +ímaco# Estes tetos diferentes foram
comparados no s&culo III por 'rígenes, s%bio cristão natural
de *leandria: diversos colonos UHeaplosV apresentavam o
teto 3ebraico, a sua tradução para o grego, os uatro
tetos da +eptante, de Tuila, de (eodociano e de +ímaco#
-or outro lado, .uciano, padre cristão da escola eeg&tica
de *ntiouia publica em LB uma crítica ao +eptante#
* íblia grega foi alvo de v%rias traduções para latim
con3ecida por Zetus Tfrica, Zetus ítala, Zetus .atina UZel3a
*fricana, Zel3a Italiana, Zel3a
LNN
LNM
transcrições
centenas da obra de con3ecidos
os manuscritos -aulo 'rósio, são obra
da sua mais ede uase
tr!s
outras tantas as edições impressas nos s&culos 4ZI e 4ZII# *
parte teórica mais importante desta obra & constituída pelos
tratados ue dão corpo 9 lógica modernorum e, dentro desta,
9 problem%tica de proprietatibus tenninorum, vulgarmente
con3ecida como 8lógica terminista8 onde se inclui a
distinção entre a significatio e a suppositio, ue apesar de
não ser uma ideia original de -edro Hispano & por ele
magistralmente eposta#
Esta distinção, a par de outras ue estuda no seu tratado,
como as ue se referem 9 copulatio e appelatio, visa o
estudo e correcta compreensão das diversas funções ue as
palavras podem aduirir uando utili2adas como 8termos8 no
seio das proposições, o ue desde logo supõe uma forte
aproimação da lógica 9 gram%tica# * distinção referida
apresenta relação com a dial&ctica de -edro *belardo,
sobretudo uando este distingue a 8significatio
LM
-edro U O]V
.ino UOK5KOV
*nacleto UKO5NNV
Clemente I UNN5MKV
Evaristo UMK5JV
*leandre
+isto I UJ5JV
I UJ5BJV
(el&sforo UBJ5LOV
Higino ULO5]V
-io I U]5JJV
*niceto UJJ5OOV
+otero UOO5KJV
Eleut&rio UKJ5NMV
Zítor I UNM5MMV
=eferino UMM5BKV
Calisto UBK5BBBV
$rbano I UBBB5BBJV
-onciano UBBJ5BLJV
*ntero UBLJ5BLOV
<abião UBLO5BJV
Corn&lio UBJ5BJLV
.;cio I UBJL5LJ]V
Est!vão I UBJ]5BJKV
+isto II UBJK5BJNV
/ionísio UBJM5BONV
<&li I UBOM5BK]V
Eutiuiano UBKJ5BNLV
Caio UBNL5BMOV
"arcelino UBMO5L]V
"arcelo I ULN5LMV
Eus&bio ULM5LV
"ilcíades UL5L]V
+ilvestre I UL]5LLJV
"arcos ULLOV
0;lio I ULLK5LJBV
.ib&rio ULJB5LOOV
/\maso I ULOO5LN]V
+irício ULN]5LMMV
*nast%cio I ULMM5]BV
Inoc!ncio I U]B5]KV
=ósimo U]K5]NV
onif%cio I U]N5]BBV
Celestino U]BB5]LBV
+isto III U]LB5]]V
.eão I, o Arande U]]5]OV
Hil%rio U]O5]ONV
+implício U]ON5]OLV
<&li III U]NL5]MBV
Ael%sio U]MB5]MOV
*nast%cio
+ímaco II U]MO5]MNV
U]MN5J]V
Hormisdas UJ]5JBLV
LMB
0oão I UJBL5JBOV
<&li IZ UJBO5JLV
onif%cio II UJL5JLBV
0oão II UJLL5JLJV
*gapito UJLJ5JLOV
+ilv&rio UJLO5JLKV
Zirgílio UJLK5JJJV
-el%gio UJJO5JOV
0oão III UJO5JK]V
enedito I UJKJ5JKMV
-el%gio II UJKM5JMV
Aregório I, o Arande UJM5O]V
+abiniano UO]5OOV
onif%cio III UOKV
onif%cio IZ UON5OJV
/eodato I UOJ5ONV
onif%cio Z UOM5OBJV
Honório UOBJ5OLNV
+everino UO]V
0oão IZ UO]5O]BV
(eodoro I UO]B5O]MV
"artin3o I UO]M5OJJV
Eug!nio I UOJ]5OJKV
Zitaliano UOJK5OKBV
/eodato II UOKB5OKOV
/ono UOKO5OKNV
*gatão UOKN5ONV
.eão II UONB5ONLV
enedito II UON]5ONJV
0oão Z UONJ5ONOV
Cónon UONO5ONKV
+&rgio I UONK5KV
0oão ZI UK5KJV
0oão ZII UKJ5KKV
+isínio UKOV
Constantino UKN5KJV
Aregório II UKJ5KLV
Aregório III UKL5K]V
=acariasII
Est!vão UK]5KJBV
UKJB5KJKV
*driano I UKKB5KMJV
.eão III UKMJ5NOV
Est!vão IZ UNO5NKV
-ascoal UNK5NB]V
Eug!nio II UNB]5NBKV
Zalentim UNBKV
Aregório IZ UNBK5N]]V
+&rgio II UN]]5N]KV
.eão IZ UN]K5]JJV
enedito III UNJJ5NJNV
1icolau I UNLM5NOKV
*driano II UNOK5NKBV
0oão ZIII UNKB5NNBV
"ariano I UNNB5NN]V
*driano III UNN]5NNJV
Est!vão Z UNNJ5NMV
<ormoso UNM5NMOV
onif%cio ZI UNMOV
Est!vão ZI UNMO5NMKV
)omano UNMKV
(eodoro II UNMKV
0oão I4 UNMN5MV
enedito IZ UM5MLV
.eão Z UMLV
+&rgio III UM]5MV
*nast%cio III UM5MLV
.ando UML5M]V
0oão 4 UM]5MBNV
.eão ZI UMBNV
Est!vão ZII UMBN5MLV
0oão 4I UML5MLLV
.eão ZII UMLO5MLMV
Est!vão ZIII UMLM5M]BV
"ariano II UM]B5M]OV
*gapito II UM]O5MJJV
0oão 4II UMJJ5MO]V
.eão ZIII UMOL5MOJV
Xenedito Z, anti5papa UMO]5MOOVY
0oão 4III UMOJ5MKBV
enedito ZI UMKL5MK]V
enedito ZII UMK]5MNLV
0oão 4IZ UMNL5MN]V
0oão 4Z UMNJ5MMOV
Aregório Z UMMO5MMMV
X0oão 4ZI, anti5papa UMMK5MMNVY
+ilvestre II UMMM5LV
LML
Inoc!ncio IZ UBJ]5BOV
*leandre UB]L5BJ]V
$rbano IZ UBO5BO]V
Clemente IZ UBOJ5BONV
Aregório 4 UBK5BKOV
Inoc!ncio Z UBKOV
*driano Z UBKOV
0oão 44I UBKO5BKKV
1icolau III UBKK5BNV
"artin3o IZ UBN5BNJV
Honório IZ UBNJ5BNKV
1icolau IZ UBNN5BMV
Celestino Z UBM]V
onif%cio ZIII UBM]5LLV
enedito 4I ULL5L]V
Clemente Z ULJ5L]V
-apas romanos
$rbano ZI ULKN5LNMV
onif%cio I4 ULNM5]]V
Inoc!ncio ZII U]]5]OV
Aregório 4II U]O5]JV
-apas de *vin3ão
Clemente ZII ULKN5]M]V
enedito 4III UL]M5]BLV
-apas de -isa
*leandre Z U]M5]V
0oão 44III U]5]JV
Eug!nio IZ U]L5]]KV
LM]
1icolau Z U]]K5]JJV
Calisto III U]JJ5]JNV
-io II U]JN5]O]V
-aulo II U]O]5]KV
+isto IZ U]K5]N]V
Inoc!ncio ZIII U]N]5]MBV
*leandre ZI U]MB5JLV
-io III UJLV
0;lio II UJJ5JLV
.eão 4 UJL5JBV
*driano ZI UJBB5JBLV
Clemente ZII UJBL5JL]V
-aulo III UJL]5J]MV
0;lio III UJJ5JJJV
"arcelo II UJJJV
-aulo IZ UJJJ5JJMV
-io IZ UJJM5JOJV
-io Z UJOO5JKBV
Aregório 4III UJKB5JNJV
+isto Z UJNJ5JMV
$rbano ZII UJMV
Aregório 4IZ UJM5JMV
Inoc!ncio I4 UJMV
Clemente ZIII UJMB5OJV
.eão 4I UOJV
-aulo Z UOJ5OBV
Aregório 4Z UOB5OBLV
$rbano ZIII UOBL5O]]V
Inoc!ncio 4 UO]]5OJJV
*leandre ZII UOJJ5OOKV
Clemente I4 UOOK5OOMV
Clemente 4 UOK5OKOV
Inoc!ncio 4I UOKO5ONMV
*leandre ZIII UONM5OMV
Inoc!ncio 4II UOM5KV
Clemente 4I UK5KBV
Inoc!ncio 4III UKB5KB]V
enedito 4III UKB]5KLV
Clemente 4II UKL5K]V
enedito 4IZ UK]5KJNV
Clemente 4IZ UKOM5KK]V
-io ZI UKKJ5KMMV
-io ZII UN5NBLV
.eãoZIII
-io 4II UNBM5NLV
UNBL5NBMV
Aregório 4ZI UNL5N]OV
-io I4 UN]O5NKNV
.eão 4III UNKN5MLV
-io 4 UML5M]V
enedito 4Z UMBB5MLMV
-io 4I UMBB5MLMV
-io 4II UMLM5MJNV
0oão 44III UMJN5MOLV
-aulo ZI UMOL5MKNV
0oão -aulo I UMKNV
0oão -aulo II, eleito em MKN
LMJ
A.'++T)I'
proibido por
epande5o (eodósio#
junto ' padre
dos b%rbaros de >ulfila, apóstol
tal maneira ueo odos Aodos,
conflito
surge no 'cidente depois das Invasões#
LMK
Conclave#
dos *pós
cardeais BK],
para foi instituída
a eleição uma assembleia fec3ada
do novo -apa#
Congregacionalismo# (ese teológica pela ual a comunidade
local dos crentes & a mais alta autoridade eclesi%stica#
Constituição apostólica# (ratado ue cont&m uma decisão
pontifical importante em relação 9 f&, aos costumes ou 9
administração da Igreja católica#
Constituição dogm%tica# /isposições solenes ue impõem um
ponto doutrin%rio da Igreja católica#
Consubstanciação# Zide Eucaristia#
C;ria# Conjunto dos órgãos do governo pontifical#
LMN
confissõesou eespiritual
teológica ue pretende promover
entre as Igrejas# uma reaproimação
Encíclica# Carta dirigida pelo -apa 9 cristandade e
designada pelas primeiras palavras em latim do teto ue a
compõe#
Encratismo Udo grego, 8autocontrolo8V# /esigna os movimentos
ue advogam um ascetismo ecessivo, rejeitando o casamento
sob o preteto da imin!ncia do 0uí2o <inal#
Episcopalismo# (ese teológica segundo a ual o conjunto dos
bispos possui um poder superior ao do -apa# * Igreja
episcopaliana derivou do anglicanísmo#
Eremitismo Udo grego, 8deserto8V 5 /esigna a acção de uma
pessoa se retirar para a solidão do deserto para orar e
fa2er penit!ncia#
Eucaristia# +acramento ue cont&m o corpo e o sangue de
0esus Cristo sob a esp&cie ou apar!ncia do pão e do vin3o#
-ara os católicos, na eucaristia eiste uma presença real do
corpo e do sangue de Cristo com transubstanciação 5 a
transformação da subst\ncia do pão e do vin3o na subst\ncia
do corpo e do sangue de Cristo 56 e não apenas
consubstanciação
LMM
escritos apocalípticos
recebeu alguma judaicos * dosgnose
influ!ncia# uais apresenta
provavelmente
a
particularidade de se apoiar em cosmologias tão variadas
uanto fantasiosas#
Heresia Udo grego, 8escol3er8V# /esigna as doutrinas ue
8fi2eram uma escol3a8 para se constituírem em seita
independente da Igreja#
Iconoclasma# /outrina ue condena o culto das imagens#
Iconódulo# *depto do culto das imagens#
Idolotitas# Carne dos animais sacrificados nos templos
pagãos#
Inculturação# Este termo, aplicado no cristianismo, designa
a encarnação desta religião numa determinada atmosfera
cultural transformando essa cultura atrav&s da alteração dos
seus objectivos mas sem considerar a sua personalidade#
Indulg!ncias# )emissão, total ou parcial, da pena do
-urgatório aplicada em conseu!ncia dos pecados perdoados#
-ara gan3ar as indulg!ncias, o fiel tem de reali2ar as obras
prescritas Uorações especiais, confissão, comun3ãoV#
Inuisição# (ribunal permanente encarregado pelo papado,
desde o s&culo 4III, para combater as 3eresias atrav&s dos
processos inuisitoriais em ue a acção & eecutada por um
acusador#
Intercomun3ão# -r%tica pela ual os fi&is das Igrejas
cristãs separadas se re;nem para participarem na sagrada
Ceia#
Interdição# +entença eclesi%stica pela ual as cerimónias
religiosas são interrompidas e a celebração dos sacramentos
suspensa, ecepto em casos de urg!ncia#
0acobitas# "embros da Igreja síria ue recusou a condenação
do nestorianismo por 0ustiniano#
]
particular#
"aniueísmo# )eligião dualista de srcem iraniana, atribuída
a "ani no s&culo III, segundo a ual a Criação & disputada
entre um deus do em e um deus do "al# <oi a fonte de
inspiração de muitas 3eresias cristãs Upaulinos, bogomilos,
c%taros ou albigensesV#
"artírio Udo grego, 8testemun3ar8V# /esigna o sacrifício das
testemun3as por ecel!ncia ue pagaram com as suas vidas a
dedicação 9 f& cristã#
"eluita# Cristão sob domínio muçulmano ue se mant&m fiel 9
autoridade espiritual de Constantinopla, antes da conuista
desta cidade pelos (urcos em ]JL#
"essias Udo 3ebraico, 8ungido8V# /esigna os reis de Israel
ue recebiam uma unção de óleo uando eram coroados # *pós o
desaparecimento da monaruia, designa a vinda de um +alvador
segundo as diversas orientações do judaísmo#
"etodismo# *plicado desde o s&culo 4ZI a todas as pr%ticas
de um 8m&todo8 de piedade e de santidade, a palavra est%
actualmente reservada para o movimento religioso criado na
Inglaterra do s&culo 4ZIII por 0o3n >esleG, o ual estava
desejoso por provocar um 8despertar8 religioso#
"etropolita# Cargo de c3efia de uma província eclesi%stica e
sinónimo de arcebispo a partir do s&culo I4#
"ilenarismo# /outrina segundo a ual Cristo ir% regressar 9
(erra para a governar durante mil anos#
"oç%rabe# Cristão ue vive sob o domínio dos "uçulmanos em
Espan3a#
"onofisismo# /outrina pela ual Cristo apenas assumiu uma
;nica nature2a unindo a 3umanidade 9 divindade# *ssim, esta
teoria opõe5se portanto 9 definição do Concílio de
Calcedónia U]JV sobre as duas nature2as de Cristo#
"onoteísmo# <& eclusiva num ;nico /eus e as tr!s grandes
religiões mono5teístas são o judaísmo, o cristianismo e o
islão#
"omotelismo# <orma atenuada de monofisismo Uvide esta
palavraV#
1estorianismo# /outrina de 1estório Us&culo vV segundo a
ual as nature2as divina e 3umana se encontram unidas em
Cristo mas apenas pela vontade#
]
segundo <esta
-%scoa# o Evangel3o deem
judaica +ão 0oão#
comemoração da fuga do Egipto e ue
coincide com a festa da ressurreição de Cristo celebrada
pelos cristãos#
-atriarca# (ítulo atribuído ao c3efe da Igreja grega, aos
dirigentes das diversas comunidades cism%ticas, aos bispos
de *ntiouia, 0erusal&m e *leandria, e, posteriormente, a
outras c;rias UZene2a, .isboa, etcV#
-atripassianismo# Heresia ue nega a realidade da nature2a
3umana de Cristo e afirma ue foi o próprio -ai uem sofreu
a -aião#
-a2 de /eus# -a2 instituída pela Igreja nos s&culos 4I e 4II
para subtrair 9s viol!ncias guerreiras algumas categorias de
pessoas ou de bens#
-entecostes# <esta judaica celebrada cinuenta dias depois
da -%scoa para comemorar a entrega da .ei, ou *liança, no
+inai# -ara os cristãos, esta festa coincide com a descida
do Espírito +anto#
-ietismo# "ovimento no interior do protestantismo ue
acentua sobretudo a eperi!ncia religiosa individual#
-resbítero Udo grego, 8antigo86 srcem da palavra 8padre8V #
Empregada no plural, esta palavra designa colectivamen te os
respons%veis das antigas comunidades cristãs e, a partir do
s&culo II, o presbítero & um ministro ordenado ue depende
directamente do seu bispo# ' conjunto dos presbíteros ue
dependem do mesmo bispo forma o 8presbit&rio8#
-resbiteriano# *depto do prebisterianismo, de inspiração
calvinista, ue confia o governo da Igreja a um organismo
misto, ou 8presbit&rio8, constituído por pastores e laicos#
-urgatório# -eríodo probatório para aueles ue, apesar de
não terem sido escol3idos, tamb&m não merecem o Inferno#
-uritanos# "embros da Igreja de Inglaterra ue pretendem
obrig%5la a adoptar as estruturas do calvinismo# '
puritanismo est% na origem de v%rias confissões como a
presbiteriana, a baptista, a congregacionista, etc#
8[uaers8# "embros da seita protestante inglesa con3ecida
por 8+ociedade dos *migos8, foi fundada em O]K por Aeorge
<o e implantou5se na *m&rica do 1orte#
[uartodecimais# 1ome atribuído nos primeiros s&culos do
cristianismo 9s comunidades da Tsia ue, em relação 9
cronologia do Evangel3o de 0oão, fiam a -%scoa para o dia
] de nisan, ou seja, no ] dia da .ua seguinte ao
euinóio da -rimavera, independentemente do dia da semana e
as outras Igrejas fiaram esse dia no /omingo#
[uietismo Udo latim, 8sossego8V# Este termo designa, as
ideias de um místico espan3ol do s&culo 4ZIII segundo as
uais & preciso dar muito menos import\ncia 9s pr%ticas e 9s
os escritos
orações dos doutor es e dos autore s eclesi%sticos, as
lit;rgícas#
(ransubstanciação# Zide Eucaristia#
(r&guas de /eus# <oram instituídas pela Igreja nos s&culos
4I e 4II para proibir os actos de beliger\ncia tanto em
certos dias da semana como em certas alturas do ano#
$ltramontanismo# Conjunto das doutrinas e das atitudes
favor%veis 9 prima2ia romana nos assuntos da Igreja
católica#
]L
]]
'bras gerais
-odemos sempre consultar, mas com alguma precaução, tendo em
conta os r%pidos progressos da 3istoriografia religiosa, os
B] volumes da Histoire de lglise, dita de <lic3e e
"artin Uloud et AaG, MLJ e segs#V, substituída, nas
edições /escl&e, por uma Histoire du C3ristianisme em ]
vols# Ucoeditada com a <aGardV, dirigida por C3arles -i&tri,
*ndr& Zauc3e2, "arc Z&nard e 0ean5"arie "aGeur# ' seu \mbito
ser% mais alargado do ue a da 1ouvelle Histoire de
lDglise Ud# du +euil, MOL5MKJV, dirigida por .# 0#
)ogier, )oger *ubert, /avid noPles, cujos J vols#
constituem uma fonte sempre abundante#
Embora muito
lglise envel3ecidos,
du C3rist, os N )ops
de /aniel vols# da Histoire
U<aGard, de
M]N5MOV
continuam a ser respeit%veis, tendo sido o autor, depois da
+egunda Auerra "undia l, um pioneiro no domínio da grande
vulgari2ação#
$m desejo pedagógico, sobretudo pela utili2ação de tetos
esclarecedores e significativos, observa5se na Histoire de
lglise par elle5m!me U<aGard,
]J
8Histoire 8Histoire
.emonnier6 de lglise8 U"&diaspaul,U-$<,
du cat3olicisme8 MNLV,
col# de
8[ue"ic3el
sais5
je8W, MNJV, de 0ean5aptiste /uroselle e 0ean5"arie "aGeur6
8reve 3istoire de lglise cat3oliue8 U/escl&e de rouPer,
MNNV, de <rançoise .adous#
-ara a <rança, não se pode negligenciar a obra colectiva
8Histoire spirituelle de la <rance# +piritualit& du
cat3olicisme en <rance et dans les paGs de langue française
des origines 9 M]8 Ueauc3esne, MO]V# $m livro
controverso, mas ue continua a ser consult%vel: 8Histoire
religieuse de la <rance contemporaine8 U<lammarion, nova
ed#, MNJV, de *drien /ansette# $ma breve síntese de 4avier
de "ontclos: 8Histoire religieuse de la <rance8 U-$<, col#
8[ue sais5jeW8, BS ed#, MNNV# <inalmente, uatro grandes
conjuntos de tipo cl%ssico: 8Histoire du cat3olicisme en
<rance8 U+pes, L vols#, MJK5MOBV, redigida por *ndr&
.atreille, Etienne /elaruelle, 0ean )&mG -alanue, )en&
)&mond6 8Histoire religieuse de la <rance contemporaine8
U-rivat, L vols#, MNJ5MNNV, dirigida por A&rard C3olvG e
^ves5"arie Hilaire6 menos confessional e menos
eclesioc!ntrica do ue a anterior: 8Histoire des cat3oliues
en <rance, du Je sicle 9 nos jours8 U-rivat, MN6
Hac3ette5-luriel, MNJV, dirigida por <rançois .ebrun# Em
publicação: 8Histoire de la <rance religieuse8 U+euil, ]
vols#, MNN e segs#V, dirigida por 0acues .e Aoff e )en&
)&mond#
-ara -ortugal, refer!ncia especial para a 8História da
Igreja em -ortugal8 UM5MBBV, de <ortunato de *lmeida,
ue se afirma importante pela erudição
]O
0esus
' nosso con3ecimento de 0esus foi fundamentalmente renovado
pelas cinuenta obras da prestigiosa colecção 80&sus et
0&sus5C3rist8, dirigida por 0osep3 /or&, nas Ed# /escl&e#
-artindo da realidade de ue 0esus &, em todas as 3ipóteses,
uma personagem da 3istória da 3umanidade, a colecção procura
por um lado o ue pode significar no conteto do seu
nascimento e da sua vida na -alestina do s&culo I e no seio
do povo de Israel e, por outro lado, o ue representa para
aueles ue, atrav&s de toda a História posterior e com a
ajuda de
figura v%rias
3umana e disciplinas, se ;nica,
na sua mensagem mostramnointeressados
seu eemplona
e sua
no
seu percurso# *cessível a um p;blico culto, procura, em
di%logo com os diversos saberes 3umanos e as outras
tradições religiosas, demonstrar a perman!ncia da uestão
80esus5Cristo8# )efiro, sobretudo, nessa colecção: 80&sus et
lD3istoire8 UMNV, de C3arles -errot6 80&sus, le C3rist et
les c3r&tiens8 UMNV, sob a responsabilidade de 0osep3
/or&6 80&sus5C3rist dans la tradition de lglise8 UMNBV,
de ernard +esbou&6 C3rist UMMV, de "aurice ellet, etc#
1as ditions du Cerf, na importante colecção 8(3&ologie et
+ciences religieuses# Cogitatio fidei8, lançada em MOB,
dirigida, depois de MKJ, por Claude Aeffr&, e ue comporta,
em MM, O volumes, distingo: 80&sus de 1a2aret38 UMN]V,
de ernard <orte, e 8.e C3rist dans la tradition c3r&tienne8
UMMV, de *loGs Arillmeier# 1a mesma editora, uma
interessante colecção ainda pouco abundante: 80&sus depuis
0&sus8, ou seja, vinte s&culos de 3istória das
representações de Cristo# -oder% ler5se ainda com proveito o
livro de >olfgang (rilling UCerf, MONV, 80&sus devant
lD3istoire8# * completar com 4avier .&on5/ufour, 8.es
vangiles et lD3istoire de 0&sus8 U+euil, MOLV e 80&sus de
1a2aret38 U/escl&e, MNLV 5, de -ierre5"arie eaude#
$ma 8biografia8 simp%tica, mas discutível, de 0ean5-aul )ou
U<aGard, MNMV, intitulada 80&sus8# *lguns estudos
srcinais, um pouco 9 margem da teologia tradicional: 8.e
fondateur du C3ristianisme8 U+euil, MNV, de C3arles5Harold
(odd6 80&sus devant la conscience moderne# .DHistoire
perdue8 UCerf, MMV, de 0uan .uis +egundo, obra muito
significativa sob a forma como os latino5americanos encaram
Cristo6 8$n enfant nomm& 0&sus8 UCerf, MNOV, e Claire
Huc3et5issc3op, ue foi presidente da *mi2ade 0udeo5Cristã
de <rança e ue insiste aui, muito justamente, na educação
judaica de 0esus#
80&sus le C3rist8 & o título comum de duas peuenas obras de
iniciação publicadas em MNN: uma de 0ean51owl e2ançon
U/escl&e de rouPerV a outra de ernard )eG UCenturion5.a
CroiV#
Em -ortugal, destaue merecido nesta bibliografia sobre
0esus Cristo para a obra do escritor e jornalista Auedes de
*morim, 80esus -assou por *ui8 UEd# ' +&culo, MOLV#
]K
+# -aulo
' estudo desta personagem complea e capital ue foi -aulo
de (arso suscitou recentemente diversos trabal3os, sobretudo
8.a pr&dication
Cerfau6 8+aint selon saint
-aul et -aul8 UAabalda,
la culture MOOV, et
grecue8 U.abor de <ides,
.ouis
MOKV, 8+aint -aul et la Arce8 U.es elles .ettres, MNLV6
8+aint -aul et )ome8 U.es elles .ettres5/escl&e de rouPer,
MNOV, de 1orbert Hug&d&6 8.ettres au jeunes communaut&s#
.es &crits de saint -aul8 UCenturio n, MKBV, por *# runot6
8-aul, sa foi et la puissance de lDvangile8 UCerf, MNJV6
8.e C3ristianisme des c3r&tiens# -aul# .D3istoire retrouv&e8
UCerf, MNN5MMV, de 0uan .uís +egundo, ue & uma obra
importante#
Em -ortugal, conv&m salientar a import\ncia biogr%fica e
vision%ria do livro +ão -aulo UML]V, de (eieira de
-ascoaes, de ue eiste edição mais recente pela *ssírio x
*lvim, MNM#
* Igreja primitiva
0ean /ani&lou permanece, neste domínio, como uma refer!ncia
maior, particularmente com 8(3&ologie du jud&o5
c3ristianisme8 U/escl&e, MJN, /escl&eRCerf, MMV6
8.Dglise des premiers temps6 des srcines 9 la fin du Le
sicle8 8.es
MKV6 U+euil, MOL5MNJV6
srcines 8.Dglise latin8
du c3ristianisme des ap`tres8 U+euil,
UCerf, MKN,
/escl&eRCerf, MMV# -ara o período posterior Us&culos IZ5ZI
]N
UNNO5MLLV UBB
dD*rgences foi vols#
tradu2ida e publicada
publicados antes depela .ibrairie
MOBV# "ais
acessível, o curso de *lp3onse /upront sobre 8.a -aupaut& et
lDglise cat3oliue8 UCdu5+edes, MONV, e eu próprio
publiuei um ensaio sobre 8.es -apes et la <rance8 U<aGard,
MNV#
+obre o período do ue se designa por *lta Idade "&dia e
sobre a emerg!ncia do cristianismo no mundo pós5romano, pode
consultar5se: 8/e Constantin 9 C3arlemagne 9 travers le
c3aos barbare8 U<aGard, MJMV, de 0ean5)emi -alanue6
8ducation et culture dans lD'ccident barbare Oe5Ne sicles8
U+euil, MOBV, de -ierre )ic3e, ue & tamb&m autor de
8coles et enseignements dans le 3aut "oGen ge8 U*ubier5
"ontaigne, MKMV6 8lDan "il8 U0ulliard, MOKV, de
]M
*ndr&
' Zauc3e2#
monauismo representa, como se sabe, um papel capital no
estabelecimento da cristandade e da civili2ação medieval#
Entre uma produção espantosa, destaco: 8.e monac3isme#
Histoire et spiritualit&8 Ueauc3esne, MNV6 8-r&cis
dD3istoire monastiue8 Uloud et AaG, MJMV, de -atrice
Cousin6 8.es moines en 'ccident8 U<aGard, B vols#, MNJV, de
^van AobrG6 8.es moines8 U/escl&eV, de AuG5"arc 'urG6 8.es
"oines et la civilisation8 U*rt3aud, MOBV, de 0ean
/&carreau# E, no ue respeita ao 'riente, 8.es moines
dD'rient8 UCerf, J vols#, MO5MOJV, de *ndr&50ean
<estugire#
+obre a acção dos papas reformadores , um cl%ssico uase sem
rugas: 8.a r&forme gr&gorienne8 Uloud et AaG, L vols#,
MB]5MLKV, de *ugustin <lic3e# "arcel -acaut, autor de uma
ecelente 8Histoire de la papaut&: de lsrcine au concile
de (rente8 U<aGard, MKKV, forneceu tamb&m: 8.a t3&ocratie,
lDglise et le pouvoir au "oGen ge8 U*ubier5"ontaigne,
MJKV, obra ue retomo u sob outra forma na 8ibliot3ue
dDHistoire du C3ristianisme8 U/esd&e, MNMV# * teocracia
papal furtou5se 9s pretensões dos reis de <rança uando os
papas se instalaram em *vin3ão: 8.e gallicanisme8 Uloud et
AaG, MBMV, de Zictor "artin, continua a ser, apesar dos
anos, uma grande obra de refer!ncia# [uanto aos papas de
*vin3ão, destacam5se os trabal3os de dois eminentes
]
Henri "aisonneuve
"illon deram vida U/escl&e51ovalis,
UL vols#V ao vel3oMNMV# *s Ed#
cl%ssico 0!rome
de Henri5
C3arles .ea, 8Histoire de lInuisition au "oGen ge8#
Em -ortugal, a 3istória da Inuisição tem sido tamb&m muito
abordada pelos nossos ensaístas e 3istoriadores, com
destaue para a j% 8cl%ssica8 8História da 'rigem e
Estabelecimento da Inuisição em -ortugal8 UL vols#, NJ]5
NJMV, de *leandre Herculano6 8Erasmo e a Inuisição em
-ortugal8 UMKJV, de 0os& +ebastião da +ilva /ias6 8-ara a
História da Cultura em -ortugal8 UL vols#, MJ5MOV, de
*ntónio 0os& +araiva6 e, mais recentemente, o ecelente e
bem documentado estudo de *ntónio orges Coel3o, 8*
Inuisição em vora8 UEd# Camin3o, B vols#, MNN5NMV#
' inimigo mais longínuo do cristão & o muçulmano, o
sarraceno, carcereiro do t;mulo de Cristo# * imensa
literatura relativa 9s Cru2adas tem5se enriuecido, nos
nossos dias, com algumas obras, como 8.es 3ommes de la
Croisade8 U(allandier, MNBV, de )&gine -ernoud6 8.a
c3r&titent& et lDid&e de croisade8 U*lbin "ic3el, B vols#,
MJ]5MJMV, de -ierre *lp3and&rG e *lp3onse /upront#
* ideia das cru2adas est% ligada 9 das peregrinações, ideia
ue inspirou muitos livros, entre os mais recentes
salientam5se: 8.es marc3eurs de /ieu# -lerinages et
plerins au "oGen ge8 U*rmand Colin, MK]V, de -# *# +igal6
8.es c3emins de /ieu, 3istoire des plerinages des srcines
9 nos jours8 UHac3ette, MNBV, obra dirigida por Henri
rant3omme e 0ean C3&lini, onde eu assegurei o capítulo
respeitante ao s&culo 4I46 8/u sacr&# Croisades et
plerinages# Images et langages8 UAallimard, MLKV, de
*lp3onse /upront#
]
ue se completa com outra das suas obras 8lDglise
cat3oliue, la crise et la )enaissance8 U"elun, M]NV#
Importante como sempre, -ierre C3aunu propõe uma visão
original em 8le (emps des )&formes# .a crise de la
c3r&tient&# .D&clatement: BB5JJ8 U<aGard, MKJV6
8lD*venture de la )&forme8 UHerm& et /escl&e de rouPer,
MNOV, e 8glise culture et soci&te: essais sur )&forme e
Contre5)&forme
vista de JK aemOB8
mais particulares UCdu5+edes,
livros como 8.es MN]V#
mGt3es -ontos de
c3r&tiens
de la )enaissance au .umir es8 U*lbin "ic3el , MKMV, de
0acues +ole6 8Erasme et .ut3er8 U/essain et (olra, MNV,
de Aeorges C3antraine6 8.es dissidents du Oe sicle entre
lD3umanisme et le cat3olicisme8 Uoerner, MN]V, de "arc
.ien3ard#
-ara a 3istória geral do protestantismo, & sempre necess%rio
recorrer aos tr!s volumes de E# A# .&onard U-$<, MO5MOLV#
-ara completar e comparar com -aul <at3, 8/u cat3olicisme
romain au c3ristianisme &vang&liue8 Uerges5.evrault,
MJKV6 0ean /elumeau, 81aissance et affirmation de la
)&forme8 U-$<, MOJV6 -ierre 0anton, 8Zoies et visages de la
)&forme au Oe sicle8 U/escl&e, MNOV# /enis Crou2et acaba
de publicar de novo a 3istória das guerras de religião em
<rança com 8Auerriers de /ieu, la violence au temps des
troubles de religion JBJ5O8 UC3amp Zallon, B vols#,
MNMV# Colocar ainda em lugar de relevo as duas obras
essenciais de .ucien <ebvre, 8' -roblema da /escrença no
+&culo 4ZI8 Utradução portugu esa de )ui 1unes, Ed# Início,
MKBV e 8*u coeur religieu du Oe sicle8 U*lbin "ic3el,
MJK, B#a ed#, MONV# 1a colecção cateu&tica, o ecelente,
embora breve, livro de iniciação de )en& "arl&, .a )&forme
et les protestants U"ame, MNBV#
+obre "artin3o .utero, podem destacar5se alguns estudos
contempor\neos ue escapam aos antigos clic3&s: 8.ut3er et
lDglise confessante8 U+euil, MOBV, de Aeorges Casalis6
8"artin .ut3er# /e la libert& du c3r&tien8 U*ubier5
"ontaigne, MOMV, de /aniel 'livier6 8.a )&forme de .ut3er8
U-aGot, B vols#, MKV, de 0osep3 .ort2, sem esuecer ainda
8$n destin: "artin .ut3er8 U*lbin "ic3el, L#a ed#, MJV, de
.ucien <ebvre, nem 8.e cas .ut3er8 U/escl&e de rouPer,
MNLV, de 0ean /elumeau#
* fisionomia e a mensagem de Calvino estão bem esclarecidas
por ernard Aagnebin, em 8 la rencontre de Calvin8 UAeog,
Aenebra, MNV, e *lbert5"arie +c3midt, autor de 80ean
Calvin et la tradition calvinienne8 U+euil, MJK, com nova
edição em Cerf, MN]V#
* Contra5)eforma católica
1a srcem da )eforma católica situa5se a obra do Concílio de
(rento, de ue se compreende mel3or a sua import\ncia graças
a Hubert 0edin e 9 sua 8Histoire du Concile de (rente8
U/escl&e, MOJV e a .ouis >illaert, autor de 8*prs le
Concile de (rente# .a restauration cat3oliue JOL5O]N8
Uloud et AaG, MOV# 8.a Contre5)&forme8, de 1# +# /avidson
UCerf5<ides, MNMV apresenta um breve, mas luminoso esboço
lEurope des
lDEurope classiue8 U*rt3aud,
.umires8 MOOV
U*rt3aud, e 8.a Civilisation de
MKV#
* Igreja Católica v!5se então confrontada com novos
problemas, com alguns perigos in&ditos ue nascem da própria
modernidade6 tornam5se manifestos no fim do reinado de .uís
4IZ como demonstra -aul Ha2ard na sua obra poderosa e
inteligente ue & 8* Crise da Consci!ncia Europeia, ON5
KJ8 Utradução portuguesa na Ed# -resença, MKV ou ainda
H# )# (revor5)ope em 8/e la )&forme au .umires8
UAallimard, MKBV, completando5se com 8.e cat3olicisme entre
.ut3er et Zoltaire8 U-$<6 nov# ed# MKNV, de 0ean /elumeau,
3istoriador ue, em 8-eur en 'ccident, 4IZ54ZIIIe sicles8
U<aGard, MKNV,
]L
jans&nistes8
-or UHac3ette,
outro lado, MKLV#
a mística e a santidade não estão ausentes
do s&culo 4ZIII, como se demonstra em particular nas obras
de (3&odule )eG5"ermet, biógrafo do 8+aint du sicle des
.umires: *lp3onse de .iguori8 U1ouvelle Cite, MNBV, e "#
'lp3e5Aaillard, autor da 8(3&ologie mGstiue en <rance au
4ZIIIe sicle8 Ueauc3esne, MN]V#
* )evolução francesa
Em aneo a esta bibliografia, desenvolveremos mel3or sobre a
)evolução <rancesa e as obras religiosas ue ela inspirou#
]]
trabal3o cat3oliues8
missions ue & fundamental:
UAriind, 8Histoire universelle
MOJ e segs#V, des
de +imon
/elacroi#
's r%pidos progressos das ideias laicas, particula rmente em
<rança, inspiraram contraditoriamente o 3istoriador laico
Aeorges >eill, autor de uma esclarecedora 8Histoire de
lDid&e layue au 4I4e sicle8 U*lcan, MBJV e o 3istoriador
eclesi%stico .ouis Cap&ran, autor muito antilaico da
8Histoire contemporaine de la laicit& française8 U)ivire e
depois 1el, L vols#, MJK5MOV#
/urante muito tempo, a franco5maçonaria aparece como o /eus
8e mac3ina8 do laicismo avassalador: 8glise et franc5
maçonnerie8 UC3alet, MMV de .uc 1&fontaine, permite uma
visão clara sobre as sociedades secretas condenadas pela
Igreja#
'utro advers%rio da Igreja & o marismo, ue desempen3a um
papel motor no movimento oper%rio ligado 9 industriali2ação
maciça ue caracteri2a a segunda metade do s&culo 4I4# +obre
"ar, duas obras de base são devidas a jesuítas franceses:
8' -ensamento de arl "ar8, de 0ean5^ves Calve2 Utradução
portuguesa em ed# (avares "artins, MOV, e 8*nalGse
mariste et foi c3r&tienne8 UEd# ouvrires, MKOV, de )en&
Coste, +obre o afastamento da classe oper%ria em relação 9
Igreja, permito5me salientar os B vols# da min3a obra
8lDglise et les ouvriers en <rance8 UHac3ette, MN] e
MMV#
1o começo do s&culo 44, a crise modernista abala a Igreja#
mile -oulat permanece como a grande refer!ncia uando se
trata do modernismo, sendo essencial a sua obra 8.a Crise
moderniste8 UCasterman, B vols#, MOB5MKMV# -ode consultar5
se tamb&m 8.e "odernisme8 Ueauc3esne, MNV, de /ominiue
/ubarle#
' ue não impede a Igreja de ser santificada, no interior,
pela actividade espiritual e caritativa de muitos dos seus
membros, laicos, padres, religiosos e religiosas# *
multiplicação sem precedentes das congregações femininas no
s&culo 4I4 inspirou a Claude .anglois uma obra capital: 8.e
]J
cat3olicisme au f&minin8 UCerf, MNJV, ue pode aliar5se com
a obra de ^vonne (urin, 8<emmes et religieuses au 4I4e
sicle8 U1ouvelle Cite, MNMV#
-or seu lado, "aurice 1&doncelte evidencia5se bem com 8.es
.eçons spirituelles au 4I4e sicle8 U-aris, MLJV# $m s&culo
ue, como devia ser o s&culo 44, foi f&rtil em obras e
iniciativas de toda a nature2a, como a *cção Católica, ue
inspirou muitos
cat3oliue8 trabal3os,
UEd# +oc# du 1ord,de .ille,
ue destaco: 8.D*ction
M]O5M]NV# 1o meu
livro 8.es .aycs dans lDglise de <rance M5Be sicle s8
UEd# ouvrires, MNNV, esforço5me por situar e integrar essa
acção católica dos leigos 5 3omens e mul3eres 5 num conjunto
fervil3ante#
-erante os progressos da descristiani2ação, a Igreja sente
necessidade de contar as suas forças, em parte para se
tranuili2ar, em parte para alterar as suas estrat&gias
pastorais# /os dois fundadores da sociologia religiosa,
podemos consultar, entre outros trabal3os: 8-remiers
itin&raires en sociologie religieuse8 U-$<, M]B5M]JV, de
<ernand oulard e 8tudes de sociologie religieu se8 U-$<, B
vols#, MJJ5MJOV, de Aabriel .e ras# * religião popular,
ue certos 3istoriadores consideram, talve2 abusivamente,
como a grande 8oportunidade8 da Igreja, deu motivo a
in;meras aproimações, cuja síntese foi assegurada por
ernard -longero n em 8.a )eligion populaire dans lD'ccident
c3r&tien# *pproc3es 3istoriues8 Ueauc3esne, MKOV#
$m reparo para terminar: .eão 4III, -io 4, ento 4 e -io 4I
esperam ainda os seus verdadeiros biógrafos, mas podemos
encontrar elementos interessantes em 8.a -aupaut&
contemporaine8, NKN5M]J U-$<, M]O, nova edição, MKV, de
<# "arc5onnet, e sobretudo em 8.es -apes du 44e sicle8
U/escl&e, MMV, de ^ves "arc3asson#
Em contrapartida, os ensinamentos sociais dos papas depois
de .eão 4III U8)erum novarum8, NMV, t!m sido objecto de
numerosos trabal3os e estudos, de ue se salientam: 8glise
et soci&t& &conomiue6 lDenseignement social des papes de
.&on 4III 9 -ie 4II8 U*ubier5"ontaigne, MJMV, de 0ean5^ves
Calve2 e 0acues -errin, e 8.a -ens&e sociale de lglise
cat3oliue: un ideal de .&on 4III 9 0ean5-aul II8 U*lbatros,
MNV, de -atric de .aubier#
+obre a atitude da Igreja durante a +egunda Auerra "undia l,
dois autores se impõem: -aul /uelos, com 8.e Zatican et la
+econde Auerre mondiale8 U-edone, MJJV e 4avier de
"ontclos, ue assinou 8.es C3r&tiens face au na2isme et au
stalinisme# .D&preuve totalitaire8 U-lon, MNLV e ue
publicou os trabal3os do colóuio de .ião sob 8.es &glises
et les c3r&tiens dans la +econde Auerre mondiale8 U-$<, B
vols#, MKN5MNBV # *crescentemos a obra recente, monumental
e riuíssima ue constitui o vol# B da 8Histoire du
c3ristianisme8 U/escl&e5<aGard, MMV: 8Auerres mondiales et
totalitarismes UM]5MJNV8, sob a responsabilidade de 0#5"#
"aGeur#
aplicação#
+obre a 3istória, debates e orientações do Concílio Zaticano
II, aconsel3o cinco obras: 8Zatican II# C3roniues des
uatre sessions8 UCenturion, ] vols#
]O
memórias depreciosas:
igualmente 0ean Auitton, familiar
8/ialogues deste ZI8
avec -aul -apa, são
U<aGard,
MOKV6 8-aul ZI secret8 U/escl&e de rouPer, MNV#
1ão beneficiando do distanciamento no tempo, os dois papas
0oão -aulo I e II são personalidades ue escapam ainda 9
3istória serena# 1o entanto, pode ler5se com proveito os
escritos do papa .uciani, em ue se reuniram os discursos e
outros escritos sob o título 8Humblement v`tre8 U1ouvelle
Cite, MKNV, e o ensaio de Aeorges Huber, 80ean5-aul I ou la
vocation de 0ean5aptiste8 U+'+, MKMV, ue & esclarecedor#
80ean5-aul II, lDaventurier de /ieu8 UCarrire5.afont,
MNOV, & o título de um ensaio de 0ean 'ffredo# C3ristine de
"ontclos, por seu turno, analisou as 8ZoGages de 0ean5-aul
II8 UCenturion, MMV# ' familiar do -apa polaco, *ndr&
<rossard, confia as suas impressões em 8-ortrait de 0ean5
-aul II8 U)obert .affont, MNNV#
]K
* Igreja actual
* crise ue a Igreja vive em perman!ncia desde o Zaticano II
inspirou e inspira uma avalanc3e de escritos, muitas ve2es
subjectivos e pol&micos, revelando alguns desses títulos
ualuer coisa de apocalíptico: 8.e C3ristianisme &clat&8
U+euil, MK]V, de "ic3el de Certeau e 0ean5"arie /omenac36
8.e C3ristianisme va5t5il mourirW8 UHac3ette, MKKV, de 0ean
/elumeau6 8<in dDune &glise cl&ricaleW8 UCerf, MOMV, de
-aul Auilmot6 8.Dglise en paniue8 U/escl&e, MKV, de
-3ilippe runetire# 1a verdade, estes autores colocam boas
uestões como fa2 /anile Hervieu5.&ger e <rançoise C3ampers
uando se interrogam se se camin3a 8Zers un nouveau
c3ristianisme8W UCerf, MNOV# -orue a crise pode desembocar
num mundo novo como pensa A&rard .eclerc, autor de 8.glise
cat3oliue, MOB5MNO# Crise et renouveau8 U/enoel, MNOV,
ou )en& .aurentin em 8glise ui vient: au5del9 des crises8
U/escl&e, MNMV# -or sua ve2, Claude Aeffr& acredita ue se
avança para 8$n nonvel \ge de la t3&ologie8 UCerf, MKBV e
A&rard /efois, autor de 8Zuln&rable et passionante glise8
UCerf, MKKV, inclina5se com alguma afectação sobre
8.D'ccident en mal dDespoir8 U<aGard, MNBV#
Esta atitude entronca com a de "arcel Aauc3et, autor de um
importante ensaio 8.e d&senc3antement du monde: une 3istoire
politiue
v%rios de la r&ligion8
aspectos, UAallimard,
a de *lain MNJV,
esançon, 8.a ue lembra des
confusion em
langues# .a crise id&ologiue de lglise8 UCalman5.&vG,
MKNV6 ^ves Congar, com 8.a Crise de lglise et "gr
.efebvre8 UCerf, MKOV, esforça5se por abordar com
objectividade um dos aspectos mais dolorosos da crise da
Igreja#
' diagnóstico & mais frio e, portanto, mais convincente, em
mile -oulat ue analisa com finura as crises contempor\neas
em 8$ne glise &branl&e8 UCasterman, MNV# /entro da mesma
lin3a, ler os debates e trabal3os do Colóuio de olon3a de
MNL sobre 8.a C3r&tient& en d&bat8 UCerf, MN]V#
/ois pontos de vista opostos, com tr!s jesuítas# -or um
lado, sobre o freio ue & necess%rio colocar no camin3o de
Zaticano II, 0ean /ani&lou, 8*utorit& et contestation dans
lDglise8 UAenebra, MKV e Henri de .ubac, 8glise dans la
crise actuelle8 UCerf, MOMV# -or outro lado, -aul Zaladier,
revela5se um crítico agudo da actual política do Zaticano em
8glise en procs8 U<lammarion, MNMV#
' (erceiro "undo e a *m&rica .atina inspiram, desde 3%
uin2e anos, uma teologia da libertação, ue desembocou numa
produção abundante de obras, de ue se salientam: 8lDglise
de lDautre moiti& du monde8 Uart3ala, MNV, de 0# de
+anta5*nna6 8(3&ologies de la lib&ration: documents et
d&bats8 UCerf, Centurion, MNJV6 8"gr omero, martGr du
+alvador MK5MN8 UCenturion, MN]V6 8.es C3r&tiens et le
tiers monde8 Uart3ala, MMV, de ertrand Cabedoc3e#
]N
I.I'A)*<I* *1E4*
* 3istória
Como seria,religiosa da )evolução
de esperar, <rancesa
foi da parte dos universit%rios ue
os esforços para dar sentido e vigor ao bicenten%rio da
)evolução se revelaram mais importantes e efica2es# +em
d;vida, muitos dos projectos elaborados a partir de MNL e
submetidos 9 Comissão 1acional de -esuisa Histórica para o
icenten%rio da )evolução <rancesa Usecret%rio5geral "ic3el
ZovelleV evaporaram5se rapidamente# +em d;vida, podemos
lamentar ue a 3istória religiosa ten3a aí ocupado, em
definitivo, um lugar relativamente restrito na pesuisa
3istórica relativa 9 )evolução# "as não & menos eacto ue,
graças a in;meros e novos trabal3os, mesmo a alguns
colóuios not%veis, a 3istoriografia religiosa saiu
enriuecida das próprias comemorações# Como & naturalmente
impossível falar desses trabal3os e colóuios de uma forma
eaustiva, revelo aui as suas lin3as principais#
' colóuio 3istórico mais importante e mais original foi
obra de ernard -longeron, professor do Instituto Católico
de -aris e /irector de -esuisas do C1)+ ue, desde 3% uns
vinte anos, & um pioneiro da renovação da 3istoriografia
religiosa ue incide sobre a )evolução <rancesa# Esse
colóuio, ue se efectuou em C3antillG de BK a BM de
1ovembro de MNO, reuniu du2entos e cinuenta participante s
de de2 países e organi2ou5se em redor do tema: 8-r%ticas
religiosas, mentalidades e espiritualidades na Europa
revolucion%ria, KK5NB8#
1ão se tem repetido muitas ve2es ue a <rança e, depois, a
Europa ocupada pelos e&rcitos da )evolução, mergul3aram no
ateísmo militante, como causa de um vasto 8deserto de
culto8W Como eplicar, então, as efloresc!ncias religiosas
do começo do s&culo 44, senão inuirindo seriamente sobre as
reacções de mil3ões de leigos católicos, protestantes e
judeus, ue
]M
e o seu
Zinte e novo
nove papel,
regiõesasouconfrarias
provínciase da
as <rança
congregações, etc#
e da Europa
manifestaram assim as suas diferenças, as suas atitudes e
resist!ncias perante o poder jacobino,
*s actas deste colóuio foram reunidas num grosso volume
UKKN p%ginasV, publicado em MNN, nas Ed# repols: pelo
rigor dos tetos ue se apoiam directamente nos aruivos,
este livro erudito e prudente nos juí2os feitos, & todavia
de leitura perfeitamente acessível#
Entre os outros colóuios, destaca5se 8.es r&sistance s 9 la
)&volution# .a Contre5)&volution8 U)ennes, MNJ#
$niversidade de Haute5retagne, )ennes IIV6 8glise, vie
religieuse et )&volution dans le 1ord5-as5de5Calais et la
elgiue8 U*rras, MNN, $niversidade de .ille III# Areco5
C1)+ n#{ BV6 8"idi rouge et midi blanc8 U*vin3ão, MNO,
$niversidade de -rovenceV6 8-aroisses, confr&ries, d&votions
\ lD&preuve de la )&volution8 U"arsel3a, MNN, Escola de
*ltos Estudos e Ci!ncias +ociaisV6 8.a )&volution, une
rupture dans le c3ristianisme limousin8 U.imoges, MNM,
$niversidade de ClermontV#
* esta lista, acrescente5se ainda o colóuio organi2ado em
(oulouse, em MNK, por ocasião do B{ centen%rio do Edicto da
(oler\ncia Ude .uís 4ZI em proveito dos protestantesV sobre
o tema: 8.a tol&rance, republiue de lDesprit8#
Entre os in;meros livros inspirados pela 3istória religiosa
da )evolução <rancesa, não se encontra nen3uma síntese geral
semel3ante 9s duas cl%ssicas ue sempre se podem consultar
com interesse, tanto mais ue foram as primeiras obras a
alargar os 3ori2ontes, sobretudo no ue respeita 9 Igreja
constitucional, desde sempre a mal5amada dos 3istoriadores
católicos: 8lDglise cat3olicjue et la )&volution française8
UHac3ette, MJ, nova eds# B vols#, Cerf, MKV, de *ndr&
.atreille, e 8la Crise r&volutionnaire KNM5N]O8 Uloud et
AaG, MJ, tomo 44 da 8Histoire de lglise8, de <lic3e e
"artinV, de 0ean .eflon# -odemos tamb&m destacar a obra
antiga, mas ecelente, de C3arles .edr&, 8lDglise de <rance
sous la )&volution8 U.affont, M]MV# Entre as obras recentes
ue se aproimam mais destes cl%ssicos: 8.a piue et la
croi# Histoire religieuse de la )&volution française8
UCenturion, MNMV, de ernard Cousin, "oniue Cubbels e )en&
"oulinas#
Entre os autores actuais da 3istoriografia revolucion%ria,
muito poucos se dedicam 9 3istória religiosa: em particular,
<rançois <uret, d%5l3e algum destaue na sua grande obra 8.a
)&volution, KK5NN8 UHac3ette, MNNV# "as devemos
destacar o livro de "ic3el Zovelle, autor j% de uma
]B
not%vel obra sobre 8.a d&c3ristianisation de lDan II8
UHac3ette, MKOV: 8la )&volution contre lDglise# /e la
)aison 9 lDtre +upr!me8 UComplee, MNNV# * irritante e
complea uestão religiosa est% bem esclarecida por 0acues
+ole no seu interessante ensaio: 8.a )&volution en
uestions8 U+euil, MNNV# E "ona '2ouf permanece como a
indispens%vel introdutora 9 8.a f!te r&volutionnaire8
UAallimard, MNNV# $m livro breve, mas sugestivo, sobretudo
pelas suas ilustrações, & 8)eligion et <rance
r&volutionnaire8 UHersc3er, MNMV, de ^ann <auc3ois#
*s ideologias, as opções e as convicções pessoais não
podiam, evidentemente, estar ausentes de um domínio tão
escaldante, onde se discute desde 3% muito tempo# 8[uelle
religion pour la )&volutionW8 UEd# da $niversidade .ivre de
ruelas, MNMV reflecte um espírito muito fortemente laico#
1outro campo, os ensaios abundam, desde 8la Conjuration de
+atan8 U1ouvelles &dition latines, MOMV, de 0acueline
C3auveau, at& ao livro de 0ean C3aunu Ufil3o de -ierre
C3aunuV: 8/roits de lglise et droits de lD3omme8
UCriterion5Histoire, MNMV 5 obra inspirada nos escritos de
-io ZI 5, passando por: 8KNM# )&volte contre /ieu8 UCdre,
MKOV, de -aolo Calliari UMKOV6 8C3ristianisme et
)&volution8 U1ouvelles &ditions latines, MNOV, de 0ean de
Ziguerie6 8-ouruoi nous ne c&lebrerons pas KNM8 U*rg&,
MNKV, de 0ean /umont, autor tamb&m de um ensaio pol&mico
sobre 8.a )&volution ou les prodiges du +acrilge8
UCriterion, MNMV e de 8lglise au risue de l3istoire8
UCriterion, MNMV#
* contra5revolução, o espírito contra5revolucion%rio, cuja
perenidade & testemun3ada por essas obras, deve ser estudada
na perspectiva do esclarecimento feito por 0acues Aodec3ot,
ue reeditou feli2mente 8la Contre5)&volution, KNM5N]8
U-$<, MN]V# Completar essa leitura com 8)&volution et
contre5r&volution au 4I4e sicle8 U*lbatros, MNKV, de
+t&p3ane )iais e 8la Contre5)&volution# 'rigines, Histoire,
-ost&rit&8 U-errin, MMV, sob a direcção de 0ean (ulard#
<oi naturalmente a Auerra da Zendeia, com as suas
ambiguidades e ecessos, ue despertou mais ressentimentos e
deu vigor a debates nunca acabados# 1em todas as produções
3istóricas foram prejudicadas por isso, como 8.a (erreur
bleue8 U*lbin "ic3el, MN]V, de Elie <oumier, ue & um
estudo essencialm ente aruivístic o# "uito subjectivo & 8.e
A&nocide franco5français# .a Zend&e veng&e8 U-$<, MNKV, de
)eGnald +c3&rer# "uito mais sereno e, portanto, mais
interessante para os estudos 3istóricos & 8/e la )&volution
9 la c3ouannerie#
U<lammarion, MNNV, de -aGsans en
)oger /upuG, retagne KNN5KM]8
e 8.a Zend&e de la
m&moire N5MN8 U+euil, MNMV, de 0ean5Cl&ment "artin#
Com uma orientação muito acentuadamente contra5
revolucion%ria, encontramos ainda alguns elementos ;teis em
8+eptembre KMB# .ogiue dDun massacre8 U-lon, MNNV, de
<r&d&ric luc3e, e 8.es martGrs de la )&volution français e8
U.ibrairie *cad&miue -errin, MNMV, de Ivan AobrG#
"as, como seria de esperar, & o 8cisma8 ue, a partir de
KM, pela prestação ou não prestação, pelos membros do
clero, do juramento cívico, provoca e inspira os trabal3os
mais originais# frente, & preciso colocar a obra de
ernard -longeron, a uem se deve de ualuer forma uma
reabilitação
]B
belíssima colecção
enriuecida 8Aens de admir%veis
por trabal3os lDouest, sous
da la$niversidade
)&volution8,da
Haute5retagne6 8le Clerg& 9 lD&preuve de la )&volution,
KNM5KMM8 U/escl&e de rouPer, MNMV, de C3arles C3auvin#
Z%rios padres5escritores contribuíram de algum modo para
esse monumento, um pouco 3eteróclito, da 3istória, muitas
ve2es emocionante, de certos padres franceses durante a
)evolução# Eis aui tr!s desses trabal3os: .ouis Costel,
cuja obra & consagrada ao mundo rural de Cotentin e cujo
relato 3istórico 8"ille ans sont comme un jour# C3roniue
dDune libert& de conscience8 Uditions universitaíres,
MNMV, tem como 3erói o padre +&bastien .ebrun6 )en&
-ic3eloup, da diocese de (oulouse, autor de uma tese sobre
8.es Eccl&siastiues français emigr&s ou d&port&s dans
lDtat -ontifical8 U-ublicações da $niversidade de (oulouse5
.e "irailV6 sobretudo -ierre <lament, da diocese de +&es,
autor de um estudo serial sobre 8B pr&tres normands face
9 la )&volution8 U.ibrarie *cad&miue -errin, MNMV, ue &
um modelo, ali%s, pouco reprodu2ido#
E j% ue estou com os estudos regionais, eis dois not%veis:
8.a Zie religieuse en Haute5Aaronne sous la )&volution8
U$niversidade de (oulouse5.e .irail, MNBV, de 0ean5Claude
"eGer6 8.a )&volution française, une rupture dans le
c3ristianismeW .e cas du .imousin UKKJ5NBBV8 U.es
Hon&dires, MNBV, de .ouis -&rouas e -aul dDHollander#
Eistem poucas biografias novas# 8"onsieur EmerG8 Uonne
-resse, B vols# M]]5M]OV, de 0ean .eflon perman ece como
uma refer!ncia essencial para
]BB
espiritual
apresentamos ue mais
de seguida durou
uatro na
obras)evolução
capitais: <rancesa,
8.ibert&,
laycit&# .a guerre des deu <rance et le principe de la
modernit&8 UCerf, Cujas, MNKV, de mile -oulat6 8.a
)&volution des droits de l3omme8 UAallimard, MNMV, de
"arcel Aauc3et6 8)&forme et r&volution: au srcines de la
d&mocratie moderne8 U-resses du .anguedoc, MMV, de -aul
Ziallanei e colaboradores6 8.es srcines culturelle s de la
)&volution <rançaise8 U+euil, MMV, de )oger C3artier#
]BL
71/ICE
I# * IA)E0* 'C$.(*
]BJ
JJ
# $ma visão de conjunto ### JJ
B# * elite intelectual e o cristianismo ### JO
L# 's tr!s pólos do 3umanismo cristão: *mbrósio , 0erónimo e
*gostin3o ### JK
]# * cristiani2ação dos campos ### JM
J# Correntes profundas e balanço aparente ### O
]BO
IZ# * 0$ZE1($/E /* E$)'-*
]BK
]BM