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Sumário
Prefácio da série Entendendo a igreja
Livros da série Entendendo a igreja
Apresentação à edição em português
Introdução
Capítulo 1 | Quem são os diáconos?
Capítulo 2 | O que os diáconos fazem?
Capítulo 3 | Quem são os presbíteros?
Capítulo 4 | O que os presbíteros fazem?
Capítulo 5 | Como os presbíteros se relacionam com a equipe, com os
diáconos e com “o pastor”?
Capítulo 6 | Como os presbíteros se relacionam com a congregação?
Capítulo 7 | Quem são os membros?
Conclusão | Uma manifestação da glória de Deus
Apêndice
E-book Gratuito
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SUMÁRIO
Prefácio da série Entendendo a igreja
Livros da série Entendendo a igreja
Apresentação à edição em português
Introdução
Capítulo 1 | Quem são os diáconos?
Capítulo 2 | O que os diáconos fazem?
Capítulo 3 | Quem são os presbíteros?
Capítulo 4 | O que os presbíteros fazem?
Capítulo 5 | Como os presbíteros se relacionam com a equipe, com os diáconos e com “o
pastor”?
Capítulo 6 | Como os presbíteros se relacionam com a congregação?
Capítulo 7 | Quem são os membros?
Conclusão | Uma manifestação da glória de Deus
Apêndice
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PREFÁCIO DA SÉRIE ENTENDENDO A IGREJA
A vida cristã é vivida no contexto da igreja. Essa convicção bíblica
fundamental caracteriza todos os livros da série Entendendo a igreja .
Essa convicção, por sua vez, afeta a forma como cada autor trata o seu
tópico. Por exemplo, Entendendo a ceia do Senhor afirma que a Santa
Ceia não é um ato privado e místico entre você e Jesus. É uma refeição
familiar em torno da mesa na qual você tem comunhão com Cristo e
com o povo de Cristo. Entendendo a Grande Comissão afirma que a
Grande Comissão não é uma licença para que alguém, de forma
totalmente autônoma, se dirija às nações com o testemunho de Jesus.
Trata-se de uma responsabilidade dada a toda a igreja para ser cumprida
por toda a igreja. Entendendo a autoridade da congregação observa que
a autoridade da igreja não repousa apenas sobre os líderes, mas sobre
toda a congregação. Cada membro tem um trabalho a fazer, incluindo
você.
Cada livro foi escrito para o membro comum da igreja, e esse é um
ponto crucial. Se a vida cristã é vivida no contexto da igreja, então você,
crente batizado e membro de igreja, tem a responsabilidade de entender
esses tópicos fundamentais. Assim como Jesus o responsabiliza pela
promoção e proteção da mensagem do evangelho, ele também o
responsabiliza pela promoção e proteção do povo do evangelho, a igreja.
Estes livros explicarão como.
Você é semelhante a um acionista na corporação do ministério do
evangelho de Cristo. E o que os bons acionistas fazem? Estudam a sua
empresa, o mercado e a concorrência. Eles querem tirar o máximo
proveito de seu investimento. Você, cristão, investiu sua vida inteira no
evangelho. O propósito desta série, então, é ajudá-lo a maximizar a
saúde e a rentabilidade do Reino de sua congregação local para os fins
gloriosos do evangelho de Deus.
Você está pronto para começar a trabalhar?
Jonathan Leeman
Editor de Série
LIVROS DA SÉRIE ENTENDENDO A IGREJA
Entendendo a Grande Comissão ,
Mark Dever
Entendendo o batismo ,
Bobby Jamieson
Entendendo a ceia do Senhor ,
Bobby Jamieson
Entendendo a autoridade da congregação ,
Jonathan Leeman
Entendendo a disciplina na igreja ,
Jonathan Leeman
Entendendo a liderança da igreja ,
Mark Dever
APRESENTAÇÃO À EDIÇÃO EM PORTUGUÊS
Compreender o que a Bíblia fala sobre liderança é compreender o que
ela chama de autoridade. E compreender esta autoridade só é possível
desde que compreendamos a seriedade do servir ao próximo, do doar-se,
do comprometer-se em servir com amor àqueles que convivem com
você numa comunidade local.
A igreja é um corpo guiado por sua cabeça, Cristo. E nosso Senhor
Jesus nos deixou alguns líderes, os quais a Bíblia chama de dons de
Deus para a igreja (Efésios 4.11-16). Presbíteros e diáconos são dons de
Deus para a igreja local, dons que são dados com o objetivo de
aperfeiçoar os santos em sua vida, quer ministerial, quer familiar.
Um livro que trate deste tema não é importante apenas para aqueles que
aspiram pelo oficialato na comunidade local, mas para todos que
compreendam-se membros do Corpo de Cristo. Este livro é importante
para todos que compreendem que estão ligados uns aos outros e que a
liderança da igreja não é uma instituição separada e distante da vida da
igreja ou que tem a sua vida distinta da comunidade. Não, ela vive pela
comunidade. Ela é composta por pessoas da comunidade.
Por muito tempo tem-se confundido na igreja os papeis dos diáconos e
dos presbíteros, e sua relação com a membresia. Não é incomum
encontrarmos em diversas tradições evangélicas diáconos exercendo
papel de presbíteros e presbíteros não exercendo função nenhuma;
membros que não sabem da importância da membresia na igreja local; e
uma igreja que desconhece o valor de um relacionamento saudável com
seus presbíteros.
Estes fatores acabam por gerar problemas na saúde da igreja local.
Diáconos que passam a exercer a função de disciplinadores, presbíteros
que não pregam, mas passam a exercer a função de prestadores de
serviços sociais na igreja e em comunidade locais. Estas são apenas
algumas das distorções que ocorrem em nosso país por causa de uma má
compreensão sobre o papel da liderança da igreja local.
Este problema só tende a agravar o distanciamento da comunidade das
Escrituras e o distanciamento da vida uns dos outros. A solução,
obviamente, seria um retorno às Escrituras no que tange a este assunto,
algo que este livro faz de forma brilhante.
Entendendo a liderança da igreja , de Mark Dever, bem como toda a
séria editada por Jonathan Leeman, nos traz excelentes reflexões a
respeito dos fundamentos da igreja que precisam ser novamente
buscados. Sem estes fundamentos, corre-se o risco de estar-se
construindo sobre um fundamento que não é o Cristo.
As Escrituras possuem muitas instruções que servem para reformarmos
nossas práticas ministeriais. Precisamos estar atentos a elas a fim de que
fique-se cada vez mais clara as distinções entre os ofícios de presbíteros
e diáconos e sua relação com uma membresia dentro de uma visão
saudável e bíblica.
Este livro nos ajudará a ter tudo isto em mente, a entender a liderança
da igreja local de forma madura, inteligente, bíblica e saudável. Louvo a
Deus e saúdo a chegada deste livro à comunidade de fala portuguesa
com alegria no coração.
Wilson Porte Jr.,
pastor da Igreja Batista Liberdade
(Araraquara/SP)
INTRODUÇÃO
A questão da liderança na igreja local é um tópico crucial.
Considere, sobretudo, o amor de Cristo pela igreja. Ele entregou a si
mesmo pela igreja. Ele se identifica com a igreja como o seu próprio
corpo. Ele continua cuidando da igreja e provendo para ela por meio da
sua Palavra, de seu Espírito e de seus ministros. E ele promete
apresentar a igreja no último dia como a sua noiva resplandecente. Se
tudo isso é verdade, aqueles que lideram a igreja têm uma
responsabilidade grande e santa. Pense em quão cuidadosas são as
ajudantes de uma noiva enquanto a preparam para caminhar em direção
ao seu noivo.
Cristo deseja que seus líderes não sejam menos cuidadosos enquanto
preparam a sua noiva. Por essa razão, vale a pena separar um tempo para
estudar, refletir e orar a respeito do que a Palavra de Deus diz sobre a
liderança da igreja.
A PRÓXIMA GRANDE NOVIDADE
Com certeza, a liderança da igreja pode ser uma questão que causa
divisão. Você pode imaginar bem os tipos de reações que um jovem
pastor de uma igreja antiga recebe quando ele recomenda mudar as
estruturas da liderança. Há alguns anos, o pastor aposentado da
Houston’s First Baptist Church , John Bisagno, observou que o tema do
governo da igreja é uma das questões que mais causam divisões nas
igrejas batistas atuais.
Parte do problema é que, quase a cada ano, as conferências para
pastores e as editoras deixam todos entusiasmados com a próxima
grande novidade . E frequentemente a próxima grande novidade vem do
mundo corporativo. Aqui está um pastor — da década de 1950 —
descrevendo sua própria estrutura de liderança. Ele está descrevendo
uma igreja ou um banco?
O primeiro passo que realizei quando me tornei pastor da Igreja Druid Hills foi
organizar o Gabinete do Pastor, composto pelos chefes de todos os
departamentos da vida da igreja: presidente e vice-presidente do Conselho de
Diáconos, presidente e vice-presidente da Comissão de Finanças, presidente do
Conselho de Administradores, presidente do Conselho de Obreiros, secretário,
tesoureiro, presidente do Comitê de Auxílio, superintendente da Escola
Dominical, diretor da União de Treinamento, presidente da Sociedade
Missionária da Mulher, presidente da Irmandade, ministro de louvor,
presidente do Comitê de louvor, presidente do Comitê do Livro de Visitas,
presidente do Conselho da Juventude, bibliotecário e equipe da igreja. 1
Que confiança podemos ter em nossas estruturas organizacionais
corporativas!
Os cristãos de épocas anteriores aprovariam a multiplicidade de ofícios
não-bíblicos em nossas igrejas? Bem, eles certamente reconheceram que
alguns assuntos da liderança e da governança devem ser deixados à
prudência. A Confissão Batista de Filadélfia de 1742 observa que as
Escrituras “declaram expressamente” tudo o que é necessário para a fé e
a vida, o que inclui o modo como as igrejas devem ser organizadas. Mas,
em seguida, a Confissão continua a reconhecer que “há algumas
circunstâncias, quanto ao culto a Deus e ao governo da igreja, comuns às
ações e sociedades humanas, as quais devem ser ordenadas pela luz da
natureza e pela prudência cristã, segundo as regras gerais da Palavra, que
devem sempre ser observadas”. Em outras palavras, o governo da igreja
é uma questão em que alguma liberdade é apropriada. Os cristãos
sempre reconheceram isso.
Ao mesmo tempo, os cristãos também reconheceram que a Escritura
contém instruções específicas sobre o governo da igreja local. E antes de
gastarmos muito tempo pensando nas maneiras pelas quais a liderança
muda entre um contexto e outro, devemos começar considerando o que a
Bíblia diz para todos.
O PROPÓSITO DESTE LIVRO
Qual é o modelo de liderança que a Bíblia recomenda?
Há alguns anos, fui convidado a contribuir para um livro de “múltiplas
perspectivas” sobre o tema do governo da igreja. O propósito do livro de
“múltiplas perspectivas” é solicitar a representantes de diferentes
tradições que apresentem seus pontos de vista. Tais livros podem ser
úteis, mas recusei. A dificuldade foi que o editor perguntou se eu
ofereceria a visão de “pastor sênior”, ou a visão “congregacional”, ou a
visão da “pluralidade de presbíteros”. Na verdade, eu creio que a Bíblia
recomenda tudo isso! As congregações se beneficiam em ter um pastor
sênior ou líder e uma pluralidade de presbíteros liderando no contexto do
congregacionalismo. Precisamos de uma feliz ajuda de cada um,
coexistindo e fortalecendo uns aos outros na vida da igreja local.
Em seu livro Entendendo a autoridade da congregação , que pertence à
esta mesma série, Jonathan Leeman dedica a maior parte do seu tempo
discutindo a autoridade congregacional. Mas ele conclui colocando a
discussão no contexto da liderança plural de presbíteros. Neste livro, eu
farei o oposto. Passarei a maior parte do meu tempo discutindo a
liderança plural de presbíteros (juntamente com o serviço diaconal), mas
concluirei colocando essa discussão no contexto do congregacionalismo.
Quem são os diáconos e os presbíteros? O que eles fazem? Como eles se
relacionam um com o outro, e como os presbíteros se relacionam com a
congregação como um todo? No caso de você ter lido o meu livro
anterior Refletindo a glória de Deus 2 , você encontrará muito desse
material aqui, ainda que reformulado em torno do tema da liderança.
Falando pessoalmente como um pastor batista por um momento, tenho
visto que a pluralidade de presbíteros é imensamente útil em capacitar os
membros da congregação para cumprirem a sua autoridade e a sua
responsabilidade congregacional. Por que ter um mestre e pastor quando
você pode ter muitos deles? Mais dons! Mais capacitação sendo feita!
Mais santos sendo capacitados para cumprirem a obra do ministério!
As contribuições da nossa igreja para a nossa denominação batista (a
Convenção Batista do Sul) não diminuíram, elas aumentaram. Minha
liderança pastoral não foi comprometida ao servir juntamente com
aqueles outros homens, ela foi aprimorada. Nunca fomos tentados a
batizar bebês! E nossa congregação não se tornou mais passiva no
ministério, porém mais ativa. Cada presbítero é um dom de Cristo para
sua igreja.
SOBRE O DOM DA AUTORIDADE
Naturalmente, nem sempre é fácil ver aqueles que estão em posição de
autoridade como um dom. Desde a Queda, os abusos de autoridade se
tornaram frequentes, e é salutar reconhecer o quanto eles acontecem. O
poder quando fora dos propósitos de Deus é sempre demoníaco.
Ao mesmo tempo, não é bom suspeitar de toda autoridade. Se
quisermos viver como Deus deseja que vivamos, devemos ser capazes
de confiar nele, e isso inclui confiar nos que foram feitos à sua imagem,
os quais ele colocou em posições de autoridade. Todos na Bíblia, de
Adão e Eva até os falsos governantes no livro de Apocalipse, mostram
sua maldade basicamente negando a autoridade de Deus e usurpando-a
para si mesmos.
É um grande privilégio ser servido por líderes piedosos. E a liderança
piedosa é um dom. Rejeitar a autoridade, como muitos o fazem em
nossos dias, é algo imprudente e autodestrutivo. Um mundo sem
autoridade seria como desejos sem restrições, um carro sem controle, um
cruzamento sem semáforos, um jogo sem regras, um lar sem pais, um
mundo sem Deus. Poderia durar por pouco tempo, mas em breve
pareceria sem sentido, depois cruel e, finalmente, trágico.
Apesar da nossa tendência a ignorá-la, a liderança piedosa e bíblica é
crucial para a construção de uma igreja que glorifique a Deus. Nosso
exercício de liderança na igreja se relaciona com a natureza e com o
caráter de Deus. Quando exercemos autoridade apropriada através da lei,
em torno da mesa da família, em nossos empregos, no grupo de
escoteiros, em nossas casas e, especialmente, na igreja, ajudamos a
refletir a imagem de Deus para a criação. Esse é o chamado aos líderes
de uma igreja. Que privilégio é liderar, e que privilégio é apoiar o
trabalho dos líderes!
Por exemplo, At 1.17, 25; 19.22; Rm 12.7; 1Co 12.5; 16.15; Ef 4.12; Cl 4.17; 2Tm 1.18; Fl 13; Hb
6.10; 1Pe 4.10–11; Ap 2.19.
Por exemplo, Mt 25.44; At 11.29; 12.25; Rm 15.25, 31; 2Co 8.4, 19–20; 9.1, 12–13; 11.8.
Por exemplo, Mt 8.15; Mc 1.31; Lc 4.39; Mt 27.55; Mc 15.41; cap. Lc 8.3; Lc 10.40; Jo 12.2; Rm
16.1.
Por exemplo, At 6.1–7; At 20.24; 1Co 3.5; 2Co 3.3, 6–9; 4.1; 5.18; 6.3–4; 11.23; Ef 3.7; Cl 1.23;
1Tm 1.12; 2Tm 4.11.
At 21.19; Rm 11.13.
Dietrich Bonhoeffer, Life Together: The Classic Exploration of Christian in Community (New York:
Harper & Row, 1954), 109 [edição em português: Vida em comunhão (São Leopoldo/RS: Sinodal,
2009).
CAPÍTULO 3 | QUEM SÃO OS PRESBÍTEROS?
Por mais importantes que sejam os diáconos, ainda mais fundamentais
para a nossa vida juntos como cristãos nas igrejas é o ministério de outro
grupo: os presbíteros. No Novo Testamento, as palavras para presbítero,
bispo e pastor são usadas indistintamente, o que significa que eu também
as usarei de forma intercambiável (veja At 20.17, 28; 1Pe 5.1–2; veja
também Ef 4.11).
PLURALIDADE DE PRESBÍTEROS
A primeira coisa a se notar sobre os pastores ou presbíteros de uma
igreja local é que eles são plurais. O Novo Testamento nunca menciona
um número específico de presbíteros para uma congregação, mas se
refere regularmente a “presbíteros”, no plural:
• “E, promovendo-lhes, em cada igreja, a eleição de presbíteros , depois
de orar com jejuns, os encomendaram ao Senhor” (At 14.23, ver
também 11.30, 15.2, 4, 6, 22–23);
• “Ao passar pelas cidades, entregavam aos irmãos, para que as
observassem, as decisões tomadas pelos apóstolos e presbíteros de
Jerusalém” (At 16.4);
• “De Mileto, mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja” (At
20.17);
• “No dia seguinte, Paulo foi conosco encontrar-se com Tiago, e todos
os presbíteros se reuniram” (At 21.18);
• “Não te faças negligente para com o dom que há em ti, o qual te foi
concedido mediante profecia, com a imposição das mãos do
presbitério ” (1Tm 4.14; ver também 5.17);
• “Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as
coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros ”
(Tt 1.5);
• “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e
estes façam oração sobre ele” (Tg 5.14);
• “Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós” (1Pe 5.1).
O padrão é quase uniforme e a evidência é grande. De fato, a única
referência singular a um presbítero ocorre em 2 e 3 João, onde o escritor
simplesmente se refere a si mesmo como “o presbítero”, e em 1Timóteo
5, onde Paulo oferece instrução para o caso em que for necessário fazer
uma acusação contra “um presbítero”. Essencialmente, o Novo
Testamento apresenta uniformemente igrejas lideradas por um corpo de
presbíteros, e não simplesmente por um presbítero.
QUALIFICAÇÕES PARA PRESBÍTEROS
Quem deve ser um presbítero e quais devem ser as suas qualificações?
Paulo nos diz em 1Timóteo 2 e 3 e Tito 1.
Paulo ensina em 1Timóteo 2.12: “E não permito que a mulher ensine,
nem exerça autoridade de homem”. Qualquer que fosse o tipo exato de
autoridade que Paulo tinha em mente aqui, ele não queria que as
mulheres ensinassem aos homens na igreja, o que significa que o ofício
de presbítero está reservado somente para os homens. Em outras
palavras, a igreja primitiva refletia em sua prática a ordem da criação da
autoridade do marido sobre a esposa.
E quanto a Gálatas 3.28, que observa maravilhosamente que não há
homem nem mulher em Cristo? O ponto aqui é afirmar nosso igual valor
e posição diante do trono de Deus como aqueles que foram salvos
somente pela graça. Isso não pretende eliminar todas as distinções entre
os gêneros, assim como não elimina os papéis distintos desempenhados
por homens e por mulheres na geração de filhos.
Paulo, então, oferece uma lista mais completa de qualificações em
1Timóteo 3 (veja também Tt 1.5–9):
“Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja. É
necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher,
temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao
vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; e que
governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o
respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da
igreja de Deus?); não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e
incorra na condenação do diabo. Pelo contrário, é necessário que ele tenha
bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo”
(1Tm 3.1–7).
Refletindo sobre essa lista, o estudioso do Novo Testamento, D.A.
Carson, observou quão notável é que as características sejam tão
simples. Paulo não exige homens que possam pregar a milhares,
evangelizar milhões e salvar órfãos de edifícios em chamas. Em vez
disso, ele cita características que são recomendadas a todos os cristãos
— exceto quanto a “apto para ensinar” e a “não seja neófito”. Por que
isso é assim? Porque um presbítero deve ser o padrão de uma vida que é
exemplar para outros cristãos. Você não gostaria que o padrão da vida de
um presbítero fosse algo inacessível, mas algo que pudesse ser seguido.
Observe também que as características são virtudes que recomendariam
um presbítero às pessoas de fora, ou que fariam um homem ser
reconhecido como virtuoso, mesmo pela cultura da época. Afinal,
existem outras virtudes que gostaríamos de ver em um presbítero, como
a leitura da Bíblia e a vida de oração regulares. Mas Paulo não
mencionou nenhum destes. Isso nos mostra que não devemos considerar
essa lista como exaustiva, mas também nos mostra que Paulo está
enfatizando coisas que até os pagãos reconheceriam como boas.
Contraste isso com a evidente impiedade de alguns dos falsos mestres na
igreja de Éfeso que puseram em risco todas as formas pelas quais Deus
poderia ser glorificado através da igreja.
Como podemos encontrar esses líderes em nossas igrejas? Oramos por
sabedoria de Deus; estudamos a sua Palavra, particularmente essas
passagens em 1Timóteo e Tito; e buscamos confirmar tais dons de Cristo
enquanto ele os concede. Não devemos ser mais lentos para reconhecê-
los do que Cristo os concede.
Nós também não devemos assumir que, porque um homem é um líder
aprovado no mundo, ele está apto a liderar uma igreja. Muitas igrejas
caem na armadilha de nomear homens que foram bem-sucedidos na
comunidade empresarial ou profissional. Quão triste, então, é ouvir o
que Os Guinness ouviu de um empresário japonês: “Sempre que
encontro um líder budista, encontro um homem santo. Sempre que
encontro um líder cristão, encontro um gerente”. 17
As igrejas devem buscar homens de caráter, reputação, capacidade de
lidar com a Palavra e que sejam frutíferos. Essas qualidades devem
caracterizar os líderes da nossa igreja. Eles não vivem para si mesmos,
mas para os outros. Assim, eles não são amantes do dinheiro, mas
amantes dos estrangeiros, isso é o que “hospitaleiro” significa
literalmente.
PANORAMA HISTÓRICO
Todas as igrejas têm tido indivíduos que desempenharam as funções de
presbíteros, mesmo que fossem chamados por outros nomes. Os dois
nomes mais comuns do Novo Testamento para esse ofício eram
episcopos (bispo) e presbuteros (presbítero).
Quando os evangélicos de hoje ouvem a palavra presbítero , muitas
vezes pensam em “presbiteriano”. Embora seja historicamente exato
associar presbíteros com presbiterianos, não é preciso associá-los
exclusivamente aos presbiterianos. Os primeiros congregacionais no
século XVI ensinaram que “presbítero” era um ofício na igreja do Novo
Testamento. E os presbíteros podiam ser encontrados em igrejas batistas
na América durante todo o século XVIII e no século XIX. 18 Por
exemplo, W.B. Johnson, o primeiro presidente da Convenção das Igrejas
Batistas do Sul, escreveu um livro sobre a vida da igreja em que
defendia fortemente a ideia de uma pluralidade de presbíteros em uma
igreja local.
Quer por desatenção à Escritura, quer pela pressão da vida na fronteira
(onde as igrejas cresceram em um ritmo incrível), a prática de cultivar
essa estrutura de liderança declinou nas igrejas batistas. Mas os escritos
batistas continuaram a clamar por um reestabelecimento desse ofício
bíblico. Até o início do século XX, as publicações batistas se referiam
aos líderes pelo título de “presbítero”.
Embora essa prática fosse um tanto incomum entre igrejas batistas no
século XX, há agora uma tendência crescente para retornar a ela, e isso
por uma razão boa. Essa prática era necessária nas igrejas do Novo
Testamento, e é necessária agora.
Os Guinness, Dining with the Devil (Grand Rapids, MI: Baker, 1983), 49.
Por exemplo, veja A.T. Robertson, Life and Letters of John Albert Broadus (Philadelphia: American
Baptist Publication Society, 1902), 34; O. L. Hailey, The Preaching of J.R. Graves (1929), 40.
CAPÍTULO 4 | O QUE OS PRESBÍTEROS FAZEM?
Nós vimos quem são os presbíteros. O que eles fazem?
OS PRESBÍTEROS ORAM
Os presbíteros da igreja devem orar pelos membros da igreja (veja Tg
5.14; At 6.4). Deus dá aos presbíteros a responsabilidade por um
rebanho, e assim eles devem orar por seus rebanhos de modo individual,
coletivo e na congregação.
Individualmente, eu amo os membros da igreja local que sirvo. Todas
as manhãs, eu oro nome por nome escrito em algumas páginas do
diretório de membresia da igreja.
Juntos, nas reuniões dos presbíteros em minha igreja, nossos presbíteros
dedicam um tempo significativo — talvez até uma hora em uma reunião
de três horas — para orar por nossos membros. Oramos pelos nomes em
uma porção do diretório de membresia. Depois, oramos pelas ovelhas
que estão enfrentando dificuldades específicas.
Nos encontros da minha igreja, os presbíteros lideram adorando a Deus
por quem ele é em si mesmo através de orações de louvor.
Eles estabelecem um padrão de destacar a fidelidade de Deus através de
orações de ações de graças, especialmente porque os presbíteros estão
em uma boa posição para ver a obra de Deus. Os presbíteros devem
atentar para as respostas à oração e apontá-las à congregação.
Eles também estabelecem um padrão por meio das orações corporativas
de confissão. Eles ajudam a igreja a reconhecer a santidade de Deus ao
confessar pecados. Em privado e em público, eles devem se examinar
para ver se estão na fé (2Co 13.5). Esse sondar de seus próprios corações
deve fazer com que a congregação tenha uma maior apreciação da
misericórdia e da graça de Deus, e também encorajar outros enquanto
eles conduzem a congregação à confissão de pecados a Deus.
A oração de intercessão é talvez o ministério mais fundamental do
presbítero. Para que falem aos homens sobre Deus, os presbíteros devem
falar a Deus sobre os homens. Eles devem estar cientes da inutilidade de
todas as suas ações separadas da obra vivificadora do Espírito de Deus.
Os presbíteros oram e devem orar.
OS PRESBÍTEROS PREGAM E ENSINAM
A outra atividade fundamental dos presbíteros é pregar e ensinar a
Palavra de Deus à congregação. 19 Uma qualificação dos presbíteros é
que eles devem ser aptos para ensinar porque muito do que eles fazem é
ensinar (veja 1Tm 3.2). Os presbíteros ensinam liderando os encontros
da igreja. Eles ensinam pelo modo como dão anúncios ou leem as
Escrituras. Eles ensinam enquanto oram em público. Certamente, eles
ensinam quando conduzem uma aula de escola dominical, seja para
crianças ou para adultos.
Os presbíteros ensinam a Palavra de Deus quando pregam. Os
presbíteros separados para a realização desse trabalho em tempo integral
são dádivas maravilhosas para a igreja local. Mas um presbítero não
precisa ser separado em tempo integral ou ser o principal pastor e
pregador para que o seu ministério fundamental seja ensinar. Os
presbíteros ensinam em suas conversas individuais e pelo que escrevem.
Eles ensinam nos pequenos grupos de estudos bíblicos e nos esforços
evangelísticos.
É por isso que os presbíteros devem ser homens que se dedicam a
conhecer a Palavra de Deus. Os Salmos 1, 19 e 119 são bons salmos
para que os presbíteros estudem individualmente e em grupo. Os
presbíteros devem também se dedicar especialmente a descobrir e a
compreender temas importantes na Bíblia e na vida para que os
membros da congregação sejam protegidos, preparados e capacitados.
Enquanto os presbíteros ensinam, eles refletem o modo pelo qual a Boa
Nova veio aos seus ouvidos e aos seus corações e os salvou. Os
presbíteros também falam a verdade de Deus aos ouvidos da
congregação e oram para que o Espírito de Deus conduza essa verdade
ao coração dos homens e das mulheres que estão sob a sua
responsabilidade.
Os presbíteros ensinam e pregam a Palavra de Deus.
OS PRESBÍTEROS PASTOREIAM
A palavra mais abrangente para o que os presbíteros fazem é “pastorear”
(At 20.28; 1Pe 5.2). No grego do Novo Testamento, como no português,
existe uma forma substantiva e uma forma verbal da palavra pastor . Um
pastor (substantivo) é alguém que pastoreia (verbo). E, nas Escrituras,
isso se refere a atividades como conhecer, alimentar, liderar e proteger. 20
De algum modo, todo cristão participa do pastoreio (veja Rm 15.14). No
entanto, alguns homens são especialmente reconhecidos e separados
para o trabalho de pastorear uma congregação. Esses são os presbíteros
na congregação.
Pastorear é cuidar daqueles que não pertencem a você, mas por quem
você tem responsabilidade (veja Lc 12.35–48). Pense sobre o que isso
significa quando alguém se une a uma igreja. Se você é um presbítero,
sabe que essa pessoa foi comprada por Deus, mas que ele ou ela é sua
responsabilidade especial. Hebreus 13.17 diz que você prestará contas a
Deus por tais pessoas.
Os presbíteros, portanto, lideram o caminho ao se alegrar e ao chorar
com esses membros. Os presbíteros estabelecem para os membros um
padrão de cuidado quando alguém perde um emprego ou quando alguém
está frustrado em seus relacionamentos. Os presbíteros ficam
descontentes quando um membro compreende mal a Deus ou a sua
Palavra, e eles se doam para cuidar desses indivíduos.
Pastorear, assim como a paternidade, requer paciência. Esse tipo de
trabalho não é feito em um único sermão ou em um só dia. Às vezes, é
claro, Deus realiza progressos em um único sermão ou em uma conversa
crucial.
Mas, geralmente, o trabalho de pastorear é tão repetitivo e diário como
fazer o rebanho andar em um campo fresco para pastar. É como fazer as
refeições diárias ou levar as crianças para a escola.
Parece que alguns dos trabalhos mais importantes na formação do
caráter de uma congregação são os pequenos, lentos e repetitivos atos de
amor e de serviço que os presbíteros fazem. Ensinando a lição da escola
dominical novamente; conduzindo em oração novamente e respondendo
àquela pergunta pela décima vez, ou centésima!
O trabalho de pastorear também requer iniciativa. Um presbítero não
pode ser passivo, apenas esperando que as pessoas venham com
perguntas a serem respondidas ou problemas a serem resolvidos. Os
presbíteros precisam perguntar: “Como foi o sermão para você?”; “Você
quer almoçar?”; “Você sabe como fazer isso e aquilo?”; “Você entende
o que a Bíblia ensina sobre a obra do Espírito Santo?”; “Você já leu
isso?”; “Você quer vir conversar enquanto eu trabalho neste estudo
bíblico?”; “Você quer revisar minhas anotações comigo aqui para ver se
fazem sentido, e para me ajudar a melhorar?”; “Como está o seu pai, sua
esposa, seu colega não-cristão?”. Essas e outras mil iniciativas podem
ser usadas por Deus para moldar, encorajar, consolar, corrigir ou
conduzir uma ovelha comprometida com os cuidados de um presbítero.
OS PRESBÍTEROS VIGIAM A SI MESMOS E SUAS FAMÍLIAS
Um dever que mesmo os melhores presbíteros podem, às vezes,
negligenciar é o cuidado das suas próprias almas. Mas Paulo instrui os
presbíteros de Éfeso: “Atendei por vós” (At 20.28).
Irmão presbítero, isso significa que o tempo que você gasta diariamente
na Palavra de Deus e na oração é, certamente, para si mesmo, mas
também faz parte do papel que Deus lhe deu na vida da sua igreja local.
É como o comissário de bordo em um avião que o instrui, em caso de
emergência, a colocar a máscara de oxigênio primeiro sobre o seu
próprio rosto e, depois, ajudar alguém que esteja viajando com você.
Assim é com o presbítero. Certifique-se de que você esteja respirando!
Depois, ajude outros a respirar.
Às vezes, eu brinco que não tenho certeza se sou um cristão bom o
suficiente para não ser um pastor. O que quero dizer é que o ritmo
regular de ensinar, de preparar-me e de assumir a responsabilidade de
orar e amar esse grupo de pessoas são todas expectativas úteis para mim.
Eu gosto de carregar esse fardo. Isso me ajuda a fazer não apenas o que
é útil para os outros, mas para mim também. Por outro lado, o que me é
útil me ajuda a continuar sendo útil aos outros.
Isso significa, entre outras coisas, que minha família precisa entender
que haverá custos para eles por causa da minha função, mas que eu
também sei que tenho uma responsabilidade única para com eles. Essa
congregação pode ter outro pastor e outros presbíteros. Meus filhos não
podem ter outro pai nem minha esposa um outro marido. Ao longo da
vida, eu tenho um papel único em relação a eles. Embora, muitas vezes,
eu tenha falhado em cumprir essa responsabilidade, nunca a neguei.
Sempre reconheci isso, o que significa que tenho trabalhado arduamente
para ter certeza de que minha esposa entenda que os sacrifícios que ela
ou a família fazem para a nossa igreja são sacrifícios que eu estou
levando a minha família a fazer — eu, que na teoria e na prática valorizo
a minha família. Eu me esforço para construir essa confiança na minha
liderança amorosa no lar.
OS PRESBÍTEROS EXERCEM SUPERVISÃO
À medida que cuidam de si mesmos, os presbíteros podem cuidar dos
outros exercendo supervisão. As palavras de Paulo aos presbíteros de
Éfeso são instrutivas: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o
qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de
Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (At 20.28).
Os presbíteros exercem supervisão de várias formas. Eles o fazem ao se
preocuparem com a obra do evangelho que a congregação apoia. Eles se
reúnem com missionários e, talvez, até mesmo viajem para onde os
missionários vivem e trabalham.
Os presbíteros exercem supervisão reunindo-se com os membros da
congregação em suas casas e, talvez, até mesmo em seus locais de
trabalho.
Eles zelam pela vida e pela doutrina dos seus membros. Afinal, eles têm
uma autoridade dada por Deus a ser exercida para o bem dos membros.
Os presbíteros exercem supervisão examinando os indivíduos para a
membresia e, em seguida, recomendando-os à congregação. Às vezes,
isso significa desacelerar a solicitação de alguém para se unir à igreja,
porque eles querem ajudar o indivíduo a entender melhor sobre algo,
resolver questões ou ajustar alguma área de sua vida.
Os presbíteros exercem supervisão quando levam a congregação a
excluir da membresia alguém que decidiu que ama mais o seu pecado do
que a Cristo.
Os presbíteros podem exercer supervisão ao organizar e submeter um
orçamento anualmente à congregação.
Eles se aconselham mutuamente sobre situações pastorais difíceis na
vida dos membros.
Eles oram juntos.
Eles, continuamente, buscam por aqueles que Deus está levantando
como presbíteros ou diáconos.
Eles convidam as ovelhas feridas ou em sofrimento para se encontrarem
com eles para orar por elas em sua aflição ou doença, para ouvir sobre
suas lutas contra o pecado ou para aconselhá-las em seu desejo de levar
o evangelho para o exterior.
De todas essas formas e de outras, os presbíteros buscam cumprir a
exortação de Pedro: “Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não
por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por
sórdida ganância, mas de boa vontade” (1Pe 5.2).
PRESBÍTEROS DÃO UM BOM EXEMPLO
Uma das melhores maneiras de um homem ser um bom presbítero é
sendo um bom exemplo para o rebanho. Pense na descrição que Paulo dá
a Tito sobre um presbítero e considere como eles devem ser modelos
para outros:
Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de
Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem
cobiçoso de torpe ganância; antes, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo,
piedoso, que tenha domínio de si, apegado à palavra fiel, que é segundo a
doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como
para convencer os que o contradizem” (Tt 1.7–9).
Por que os presbíteros ou pastores devem ter todas essas características?
Porque parte da supervisão é mostrar o caminho certo a ser seguido. Eles
lideram o caminho como discípulos. Quando instruem, eles mostram
como instruir. Por serem fiéis, eles demonstram com o que se parece ser
fiel. Eles obedecem às instruções de Pedro de serem exemplos para o
rebanho (1Pe 5.3).
OS PRESBÍTEROS LEVANTAM PRESBÍTEROS
Finalmente, os presbíteros trabalham continuamente para levantar outros
presbíteros. Em certo sentido, isso é apenas uma parte do mandato de
“fazer discípulos”. Eles ensinam e treinam para que outros cresçam em
maturidade e possam, por sua vez, ensinar e treinar.
Observe como Paulo instrui Timóteo: “E o que de minha parte ouviste
através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e
também idôneos para instruir a outros” (2Tm 2.2). Paulo (1ª geração)
ensinou Timóteo (2ª geração). Paulo deseja que Timóteo transmita esses
ensinos a homens fiéis (3ª geração), e ele quer que esses homens fiéis
também ensinem outros (4ª geração). Quantos de nós temos em mente
nossos bisnetos espirituais, como Paulo!? Uma congregação onde cada
vez mais homens estão sendo cultivados para se tornarem presbíteros é
uma congregação saudável e poderosa.
Em resumo, os presbíteros devem conhecer as suas ovelhas e servi-las.
Os presbíteros de Deus guiam as suas ovelhas e as alimentam. Eles se
dedicam a governar bem e a guardá-las cuidadosamente. Eles buscam as
humildes e as desprezadas. Eles treinam aquelas que têm dons para
ensinar outras. Em tudo isso, eles seguem o exemplo de Cristo, o Bom
Pastor que não perde nenhuma das suas ovelhas.
Veja 1Tm 5.17; Tt 1.8–9; cap. At 6.2, 4.
Veja Timóteo Z. Witmer, The Shepherd Leader: Achieving Effective Shepherding in Your Church
(Phillipsburg, NJ: P & R: 2010); também, Phil Newton and Matt Schmucker, Elders in the Life of
the Church (Wheaton, IL: Crossway, 2014).
CAPÍTULO 5 | COMO OS PRESBÍTEROS SE
RELACIONAM COM A EQUIPE, COM OS DIÁCONOS
E COM “O PASTOR”?
Se os presbíteros são os principais responsáveis pelo ensino e pela
supervisão, como os presbíteros devem se relacionar com a equipe da
igreja, com diáconos e com qualquer pastor sênior ou líder? Acho que é
importante distinguirmos cada um desses papéis e saber quem é
responsável pelo quê. Que trabalho e que decisões pertencem aos
presbíteros? E quanto à equipe? E aos diáconos? E quanto a toda a
igreja?
O RELACIONAMENTO DOS PRESBÍTEROS COM A EQUIPE DA
IGREJA
Muitas igrejas contemporâneas confundem os presbíteros com a equipe
da igreja. Alguns da equipe são pastores, alguns não são. De qualquer
forma, a equipe é formada por pessoas que a igreja reservou para
trabalhar em tempo integral ou parcial para a igreja. Muitas vezes, são as
pessoas mais diretamente familiarizadas com o que está acontecendo no
dia a dia. Elas devem ter um certo grau de piedade e de maturidade ou
jamais deveriam ter sido admitidas. Aqueles que são pastores podem ter
frequentado seminário, mas talvez não.
Se um homem na equipe tem o título de “pastor”, ele também é um
presbítero. Todo pastor é um presbítero, porque as palavras nas
Escrituras são intercambiáveis, como eu mencionei antes. Assim, minha
própria igreja não daria o título, digamos, de “pastor de jovens” a
alguém que também não fosse um presbítero. Dos vinte e quatro
presbíteros atualmente reconhecidos pela nossa igreja, apenas seis são
empregados pela igreja.
Dito isso, temos alguns homens — normalmente mais jovens — que
estão fazendo o trabalho pastoral, mas eles ainda não foram confirmados
como presbíteros. Esses “assistentes pastorais” proporcionam
maravilhoso cuidado para nós em tudo, desde ensinar até fazer visitas.
Nós também temos uma mulher piedosa que conduz o ministério de
crianças, bem como a equipe administrativa em geral.
Como, então, os presbíteros e a equipe se relacionam? Uma vez que os
presbíteros como um todo supervisionam a congregação, as maiores
decisões de supervisão devem permanecer com eles. A equipe, então, é
responsável pela execução dessas decisões. Com certeza, os presbíteros
como um todo confiam muitas vezes nos presbíteros da equipe para
obter alguma orientação sobre as decisões que pertencem a todos eles.
Afinal, os presbíteros da equipe têm a semana toda para exercer esse
trabalho.
O RELACIONAMENTO DE PRESBÍTEROS COM DIÁCONOS
Se não na doutrina, muitas igrejas também confundem os papéis
neotestamentários de diácono e de presbítero na prática.
Se você compara as listas de qualificações de presbítero e de diácono
em 1 Timóteo 3, não são as diferenças que são mais notáveis, mas as
semelhanças. Tanto os presbíteros quanto os diáconos precisam ser
pessoas respeitáveis, irrepreensíveis, confiáveis, maridos de uma só
esposa, sóbrios, equilibrados e generosos. Na verdade, essas duas listas
são tão semelhantes que é impressionante que os primeiros cristãos
tenham reconhecido tão claramente dois grupos distintos de líderes. A
principal diferença entre as duas listas é que um presbítero deve ser
“apto para ensinar”.
Vimos a raiz dessa distinção em Atos 6. Os apóstolos observaram que
não seria certo que eles “abandonassem a palavra de Deus para servir às
mesas” (v. 2). Eles queriam se dedicar “à oração e ao ministério da
palavra” (v. 4). Os sete escolhidos, entretanto, foram reservados para
servir às mesas. Da mesma forma, o ministério da Palavra de Deus é
central para a responsabilidade dos presbíteros, tanto no seu manuseio
público da Palavra como em suas vidas. Os diáconos, entretanto, devem
se preocupar com os detalhes práticos da vida da igreja: administração,
manutenção e cuidado dos membros da igreja com necessidades físicas
— tudo para promover a unidade da igreja e o ministério da Palavra.
Os presbíteros são diáconos da palavra e da oração. Os diáconos são
diáconos dos aspectos práticos e físicos.
Os diáconos, portanto, não devem agir como um grupo de poder
separado ou como uma segunda casa do legislativo através da qual as
contas precisam ser aprovadas. Se os presbíteros disserem: “Vamos para
São Paulo”, não cabe aos diáconos responderem: “Não, vamos para o
Rio de Janeiro”. Eles podem legitimamente responder: “Nosso motor
não conseguirá nos levar até São Paulo. Talvez devêssemos
reconsiderar”. Isso é muito útil. Mas, em geral, seu trabalho é apoiar o
destino estabelecido pelos presbíteros.
Seria muito benéfico para muitas igrejas distinguirem novamente a
função de presbítero da função de diácono.
O RELACIONAMENTO DOS PRESBÍTEROS COM “O PASTOR”
A Bíblia ensina que deve haver um pastor sênior entre os presbíteros? A
resposta a essa pergunta é: “Não, não exatamente”. Dito isso, eu penso
que podemos discernir nas Escrituras um papel distinto entre os
presbíteros e aquele que é o principal mestre de ensino público. Permita-
me lhe dar quatro vislumbres do Novo Testamento a respeito desse tipo
de papel:
1. Alguns tipos de presbíteros iam de um lugar para outro (como
Timóteo e Tito), enquanto outros não. Então, Timóteo veio de fora,
enquanto outros foram nomeados dentro de sua congregação local.
2. Alguns presbíteros eram apoiados em tempo integral pelo rebanho
(veja 1Tm 5.17–18; Fl 4.15–18), enquanto outros trabalhavam em
outro emprego. Parece improvável que todos os nomeados por Tito
para as igrejas em Creta fossem pagos em tempo integral.
3. Paulo escreveu somente a Timóteo com instruções para a igreja,
mesmo que saibamos a partir de Atos que havia outros presbíteros na
igreja de Éfeso. Timóteo parece ter possuído uma função única entre
eles.
4. Finalmente, as cartas de Jesus às sete igrejas em Apocalipse 2 e 3 são
dirigidas ao mensageiro (singular) de cada uma dessas igrejas.
Nenhum desses é um comando hermético para as igrejas atuais. Mas
são descrições consistentes com a nossa prática de separar um
presbítero, apoiá-lo financeiramente e dar-lhe a responsabilidade
primária do ensino na igreja. Enquanto ele ensina fielmente, acumulará
naturalmente autoridade para si, o que por sua vez lhe dará um papel
“primário entre iguais” em meio aos presbíteros para estabelecer a
direção da igreja. E uma vez que os presbíteros o separaram para este
trabalho em tempo integral, eles deveriam buscar tal liderança.
Dito isso, o pregador ou pastor é fundamentalmente apenas um dos
presbíteros. E todos eles possuem a supervisão atribuída pelo Espírito
Santo, de modo que ele possui apenas um voto junto com cada um dos
demais presbíteros.
Tal pluralidade torna a liderança mais enraizada e permanente e, além
disso, permite a continuidade na liderança quando o pastor sênior deixa
a função. Isso encoraja a igreja a assumir mais responsabilidade por
levantar os seus próprios membros e ajuda a tornar a igreja menos
dependente de seus funcionários. Em outras palavras, o modelo de
pluralidade de presbíteros não passa de um chamado para discipular e
levantar líderes.
Como pastor sênior, provavelmente a única coisa mais útil para o meu
ministério pastoral foi o reconhecimento dos outros presbíteros. O
serviço deles tem tido imensos benefícios. Eles completam os meus
dons, compensam algumas das minhas deficiências, complementam meu
julgamento e criam apoio na congregação para tomar decisões,
deixando-me menos exposto a críticas injustas. Minha igreja também
tem se beneficiado imensamente desses homens enquanto eles têm
pastoreado as suas almas.
CAPÍTULO 6 | COMO OS PRESBÍTEROS SE
RELACIONAM COM A CONGREGAÇÃO?
Até agora, consideramos o trabalho dos presbíteros e dos diáconos e
como os presbíteros se relacionam com as diferentes partes do corpo.
Mas o que exatamente significa liderança dos presbíteros no contexto do
congregacionalismo? 21
O QUE É CONGREGACIONALISMO?
Deixe-me começar respondendo: O que é congregacionalismo?
Congregacionalismo é simplesmente o entendimento de que o último e
decisivo tribunal de apelação na igreja local não é o bispo de Roma,
Constantinopla ou Brasília. Não é algum órgão internacional ou alguma
assembleia nacional, conferência ou convenção. Não é o presidente de
uma denominação ou o presidente de um conselho de administradores.
Não é um sínodo regional ou associação ministerial. Não é um grupo de
presbíteros dentro da igreja local ou o pastor. A última e decisiva corte
de apelação em uma questão da vida da igreja local é a própria
congregação local.
Isso parece ser evidenciado pelo Novo Testamento em questões de
doutrina e de disciplina, bem como em questões de admissão de
membros e da resolução de diferenças entre eles.
Conflitos . Em Mateus 18.15–17, Jesus falou sobre uma contenda entre
irmãos. Observe em que corte ocorre o julgamento final. Não é um
bispo, um presbitério ou os pastores. É “a igreja” (v. 17). Toda a
congregação local deve ser a última corte de apelação.
Doutrina . Em Gálatas 1.6–9, Paulo convoca congregações de cristãos
relativamente jovens a julgarem pregadores, mesmo que fossem anjos ou
apóstolos (até mesmo ele próprio!), para saberem se eles estavam
pregando um outro evangelho além daquele que os gálatas já haviam
recebido. Ele pontua isso novamente em 2 Timóteo 4.3 quando
aconselha Timóteo e a igreja em Éfeso sobre a melhor maneira de lidar
com falsos mestres.
Disciplina . Em 1 Coríntios 5, Paulo solicita a toda a congregação de
Corinto (e não apenas aos presbíteros) que aja para excluir um homem
que está vivendo de forma contrária à sua profissão de fé. Em matéria de
disciplina eclesiástica, a congregação como um todo é a corte final
apresentada na Escritura.
Membresia . Em 2 Coríntios 2.6–8, Paulo apela à ação da maioria
quanto à exclusão de um homem da condição de membro e agora requer
que eles o restabeleçam: “Basta-lhe a punição pela maioria. De modo
que deveis, pelo contrário, perdoar-lhe e confortá-lo, para que não seja o
mesmo consumido por excessiva tristeza. Pelo que vos rogo que
confirmeis para com ele o vosso amor”. Nas questões de membresia da
igreja, a congregação como um todo deve ser a corte final.
O quanto uma congregação deve se envolver corporativamente nas
decisões — sobre a liderança, sobre a equipe e sobre o orçamento — é
uma questão de prudência e de discrição. Nem comitês de nomeação
nem administradores são encontrados nas páginas do Novo Testamento.
Você procurará em vão pelos comitês de finanças ou pelas equipes de
liderança de pequenos grupos. Contudo, a crença na suficiência da
Escritura não proíbe essas estruturas; ela apenas relativiza a sua
autoridade.
Tenha em mente também que a congregação nem sempre está certa.
Quando Paulo escreveu a Timóteo, seu discípulo e pastor da igreja em
Éfeso, ele descreveu os dias maus que estavam por vir “em que não
suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas
agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos”
(2Tm 4.3). O congregacionalismo é bíblico, mas a congregação não é
inerrante. Na história, podemos considerar a congregação que demitiu
Jonathan Edwards. A congregação tinha todos os direitos bíblicos para
ter esse tipo de autoridade, mas acho que estava errada ao usá-la para
demitir Edwards. Mesmo a autoridade legítima estabelecida por Deus
nesse mundo caído irá errar alguma vez.
CONFIANDO NOS LIDERES E OBEDECENDO A ELES
Portanto, se o congregacionalismo afirma que a igreja é a corte de
apelação final, como harmonizamos isso com versículos como Hebreus
13.17? “Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois
velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam
isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros”.
Não estamos acostumados ao uso de palavras como “obedecei” e
“submissos”, mas o Novo Testamento as aplica às pessoas na sociedade
e no trabalho, no lar, em nossos casamentos e na igreja. Confiar em
nossos líderes e obedecer-lhes exige, de nossa parte, certa confiança.
Tem sido dito que a confiança deve ser conquistada. Eu entendo o que
isso quer dizer. Mas essa atitude é, na melhor das hipóteses, apenas
parcialmente verdadeira. O tipo de confiança que somos chamados a
conceder aos nossos companheiros humanos imperfeitos nesta vida,
sejam eles familiares ou amigos, patrões ou oficiais do governo, ou até
mesmo líderes na igreja, nunca pode ser conquistado. A confiança deve
ser dada como um dom — um dom em fé, mais em confiar no Deus que
concede do que naqueles que vemos como dons de Deus para nós. A
igreja que possui líderes que não são confiáveis ou membros que são
incapazes de confiar tem uma séria deficiência espiritual.
Você, como membro da igreja, precisa confiar em seus líderes ou
substituí-los. Mas não diga que você os reconhece e depois não os segue.
Se você discordar dos presbíteros em uma recomendação, tenha uma boa
razão. Vá e fale com eles sobre isso. Além da Bíblia, você é a principal
fonte de informação dos presbíteros sobre você!
Em vez de desconfiar dos líderes da igreja, permita-me encorajá-lo a
falar com os seus presbíteros: reúna-se em secreto e planeje encorajar os
seus líderes. Tenha uma estratégia para tornar o trabalho dos líderes da
igreja não um fardo, mas uma alegria. O escritor aos hebreus afirma que
isso fará dos seus líderes uma bênção para você.
CINCO CARACTERÍSTICAS DO RELACIONAMENTO
Os presbíteros e os membros servem uns aos outros e dependem de
Deus. Resumirei essa relação com cinco características.
1. Reconhecimento claro . A congregação deve reconhecer os
presbíteros como dons de Deus para o seu bem. A congregação revoga
os seus deveres de ensinar e conduzir somente quando os presbíteros
agem contrariamente às Escrituras. Por sua vez, os presbíteros devem
reconhecer a autoridade da congregação, a qual foi dada por Deus.
2. Confiança cordial . A igreja deve proteger, respeitar e honrar os
seus presbíteros, bem como confiar neles. “Devem ser considerados
merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem”,
diz Paulo (1Tm 5.17). E os membros devem ter os seus líderes “com
amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam”
(1Ts 5.13). Os presbíteros devem conduzir os assuntos da igreja, e a
igreja deve se submeter à sua liderança.
3. Piedade evidente . Vimos a ênfase nas cartas de Paulo a Timóteo e a
Tito sobre os presbíteros serem “irrepreensíveis” (veja Tt 1.6). O
presbítero, então, deve estar disposto a que sua vida seja aberta à
inspeção e a que sua casa seja ativamente aberta aos de fora, concedendo
hospitalidade e envolvendo outros na vida de sua família.
4. Cuidado sincero . O uso da autoridade pelos presbíteros deve
demonstrar a sua compreensão de que a igreja não pertence a eles, mas a
Cristo, que comprou a igreja com o seu próprio sangue. Portanto, os
presbíteros devem cuidar da igreja, tratá-la zelosa e gentilmente e
conduzi-la de modo fiel e puro para a glória de Deus. Os presbíteros
prestarão contas a Cristo por sua mordomia.
5. Resultados benéficos . A autoridade bem utilizada beneficia aqueles
que são liderados por ela. Assim é em um lar e em nosso relacionamento
com Deus. E assim é na congregação. A congregação se beneficiará
enquanto Deus a edifica através dos mestres que ele concede. A mentira
de Satanás — que essa autoridade nunca pode ser confiável porque é
sempre tirânica e opressiva — será destruída pelo exercício benevolente
da autoridade pelos presbíteros.
Hebreus 13.17, citado anteriormente, promete que os líderes prestarão
contas de como lideram e promete aos membros que não seguirem os
seus líderes que isso “não será proveitoso” para eles. A Escritura
convoca os líderes e os membros a prestarem contas.
Quando Edward Griffin (1770–1837) estava se aposentando da igreja
que havia servido muito bem por vários anos, ele exortou a congregação
sobre como considerar não apenas o pastor. As suas palavras também
nos ensinam como amar todos aqueles que Deus nos deu como
presbíteros:
Por amor de vós, e por causa dos vossos filhos, amai e reverenciai aquele a
quem escolhestes para ser vosso pastor. Ele já vos ama; e ele em breve vos
amará como “osso de seu osso e carne de sua carne”. Será igualmente vosso
dever e interesse tornar os labores dele tão agradáveis quanto possível. Não
exijais muito. Não exijais visitas muito frequentes. Se ele gastar dessa maneira
metade do tempo que alguns exigem, precisará negligenciar completamente os
seus estudos, se não afundar logo sob o fardo. Não relateis a ele todas as coisas
maliciosas que podem ser ditas contra ele; nem frequentemente, em sua
presença, citeis a oposição, se ela surgir. Embora ele seja um ministro de
Cristo, considerai que ele tem os sentimentos de um homem. 22
Jonathan Leeman discute esse assunto detalhadamente em Don’t Fire Your Church Members: A Case
for Congregationalism (Nashville: B & H Academic, 2016), cap. 5, e em um nível mais popular
Entendendo a autoridade da congregação (São José dos Campos, SP: Fiel, 2019), cap. 6.
Jonathan Leeman, Entendendo a autoridade da congregação (São José dos Campos, SP: Fiel, 2019),
introdução.
CAPÍTULO 7 | QUEM SÃO OS MEMBROS?
Uma vez que os presbíteros lideram no contexto do congregacionalismo,
precisamos finalmente perguntar quem são os membros.
Toda a ideia de membresia da igreja parece contraproducente para
muitos hoje. Não é hostil, e, talvez, até mesmo elitista, dizer que alguns
estão dentro e outros fora? Na verdade, estou convencido de que exercer
esse direito é um passo fundamental para revitalizar as nossas igrejas,
evangelizar a nossa nação, promover a causa de Cristo em todo o mundo
e, assim, glorificar a Deus!
Os evangélicos americanos estão precisando desesperadamente
reconsiderar esse tema, especialmente a minha própria comunhão de
igrejas, a Convenção Batista do Sul. De acordo com um estudo Batista
do Sul há alguns anos, a típica igreja Batista do Sul possui 233
membros, mas conta com apenas 70 presentes no culto de adoração do
domingo de manhã. A minha pergunta é esta: onde estão os outros 163
membros? O que isso comunica sobre o cristianismo ao mundo que nos
rodeia?
O QUE É UMA IGREJA?
Começamos com a pergunta: “O que é uma igreja?”. Uma igreja não é
um edifício. Fundamentalmente, uma igreja são os seus membros. É uma
assembleia regular de pessoas que professam e dão evidência de que
foram salvas somente pela graça de Deus, por meio da fé em Cristo
somente, para a glória de Deus somente. Os primeiros cristãos não
tiveram quaisquer edifícios por quase trezentos anos após a igreja ter
iniciado. Contudo, desde os tempos mais antigos, as igrejas locais eram
congregações de pessoas específicas. Certas pessoas seriam conhecidas
por comporem essa assembleia, e outras seriam conhecidas por estarem
fora dela. Assim, as censuras ensinadas por Jesus em Mateus 18 e por
Paulo em 1 Coríntios 5 preveem um indivíduo sendo excluído.
A ideia de uma comunidade definida de pessoas é central para a ação de
Deus tanto no Antigo como no Novo Testamento. Deus separou e
distinguiu Noé e sua família; depois Abraão e seus descendentes; depois
a nação de Israel; e agora a igreja no Novo Testamento. Deus sempre
manteve um povo distinto e separado para mostrar o seu caráter.
Portanto, Deus intenciona que uma linha afiada e reluzente faça a
distinção entre aqueles que pertencem a ele de modo especial e aqueles
outros que não pertencem.
Esse conceito da igreja como uma comunidade reunida é algo que tem
distinguido os cristãos batistas de muitos outros. Na época da Reforma, a
relação entre o estado e a igreja era próxima e complicada. Era suposto
que todos os nascidos dentro dos limites de uma determinada jurisdição
política deveriam ser capazes de ser membros da igreja estatal. Os
batistas, então, ajudaram a recuperar o batismo de crentes e a ideia da
igreja como uma congregação daqueles que professavam e
evidenciavam a regeneração.
Finalmente, a igreja não é algo para pessoas com direito familiar por
descendência natural ou em virtude de sua cidadania em uma nação.
Não, o Novo Testamento ensina que a igreja é para os crentes. Portanto,
defendemos leis que nesta terra proporcionam o tipo de independência
para que a igreja possa agir em liberdade. Os batistas, portanto, não
defendem uma nova igreja estatal na América; na verdade, somos os
inimigos mais firmes da ideia de união entre a igreja e o estado. Nosso
próprio entendimento da igreja não permitirá isso. Em vez disso,
defendemos a evangelização da nação e do mundo através de igrejas que
cooperam livremente no evangelho de Jesus Cristo.
MARCAS DOS MEMBROS DA IGREJA
Como podemos saber quem é e quem não é membro de uma
determinada igreja?
Em primeiro lugar, para ser membro de uma igreja, você deve ser
batizado como um crente. Em Mateus 28, Jesus ordena que todos que
desejam segui-lo devem professar a sua fé publicamente através do
batismo. Através do batismo, identificamo-nos formalmente com o seu
nome. Então, em todo o livro de Atos, vemos que os discípulos
entenderam esse mandamento e obedeceram a ele. Logo, quando Paulo
escreveu à igreja em Roma, ele simplesmente assumiu que estava
escrevendo a um grupo de pessoas batizadas (Rm 6.3–4).
Em segundo lugar, para ser membro de uma igreja, você deve receber
regularmente a ceia do Senhor. Por meio da ceia, compartilhamos o
único corpo de Cristo e declaramos a sua morte (1Co 10.16–17). Se o
batismo é o sinal da nova aliança, a ceia do Senhor é a sua refeição
memorial. Comemos e bebemos “em memória” dele. Para mais
informações sobre o batismo e a ceia do Senhor, veja os dois livros de
Bobby Jamieson sobre esses tópicos, os quais fazem parte da série
Entendendo a igreja.
Em terceiro lugar, para ser membro de uma igreja, você deve
regularmente se reunir com a igreja. Esse é talvez nosso ministério mais
básico de uns para com os outros. O autor de Hebreus ordena:
“Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao
amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é costume
de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o
Dia se aproxima” (10.24–25).
O Novo Testamento chama a igreja de “casa espiritual” e cada um de
nós de “pedras” (1Pe 2.5). Ele chama a igreja de “corpo” e cada um de
nós de “membros” (1Co 12). Também diz que somos “ovelhas” em um
“rebanho” e que somos “ramos” em uma “videira” (Jo 10.16; 15.5).
Biblicamente, um cristão deve ser membro de uma igreja. E a
membresia não é simplesmente um nome em um pedaço de papel ou a
nossa declaração de afeição em relação ao lugar onde crescemos. A
membresia deve refletir um compromisso vivo e um comparecimento
regular ou ela é vã. Na verdade, é pior do que vã; é perigosa.
Os “membros” que não se envolvem confundem tanto os membros reais
como os não-cristãos sobre o que significa ser cristão. E nós, membros
“ativos”, não ajudamos os membros voluntariamente “inativos” quando
deixamos que eles permaneçam como membros da igreja, já que a
membresia fornece o endosso corporativo da igreja à salvação de uma
pessoa. Por favor, entenda: a membresia à igreja é um testemunho
corporativo da igreja sobre a salvação de um indivíduo. Então, como
uma congregação pode, honestamente, testemunhar que alguém que ela
nunca vê está fielmente correndo a corrida?
Na minha própria igreja, constantemente tentamos observar quem
deixou de participar. Se tais pessoas são capazes de participar, as
encorajamos a voltarem ou a se unirem a outra igreja. Se recusarem,
procedemos em direção à disciplina; o que nos leva ao nosso próximo
ponto.
Em quarto lugar, ser um membro da igreja significa submeter-se à
prestação de contas e à disciplina de uma igreja. Os professores ensinam
e corrigem erros. Os médicos prescrevem uma vida saudável e lutam
contra doenças. O discipulado cristão também envolve disciplina
formativa (ensino) e disciplina corretiva. Disciplinamos uns aos outros
informalmente em privado com palavras de correção. Fazemos isso
formal e publicamente quando uma pessoa se recusa a se arrepender.
Jesus ordenou isso. Paulo ordenou isso. E as igrejas dos tempos mais
antigos praticavam isso. Veja o livro de Jonathan Leeman sobre esse
tópico na série Entendendo a igreja.
Em quinto e último lugar, o amor é uma marca da membresia da igreja.
Jesus disse aos seus discípulos: “Novo mandamento vos dou: que vos
ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis
uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se
tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13.34–35). Você não pode se chamar
“cristão” sem estar em relacionamentos amorosos e comprometidos com
outros cristãos. João adverte: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a
seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê,
não pode amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4.20). Dada a nossa
propensão para enganarmos a nós mesmos e para superestimarmos nossa
própria bondade, temos motivos para darmos graças a Deus por ele nos
ter concedido outros santos para verificarem nosso próprio orgulho e
cegueira!
Muitas outras coisas fluem do compromisso amoroso que fazemos uns
aos outros em uma igreja local. Por exemplo, pedimos aos membros de
nossa igreja que assinem uma declaração de fé e um pacto da igreja.
Esperamos que os membros orem pela igreja, que deem apoio financeiro
à igreja e que estejam envolvidos nos ministérios da igreja. Mas tudo
começa com o batismo, a ceia do Senhor, a participação, a disciplina e o
amor.
POR QUE UNIR-SE A UMA IGREJA?
A membresia à igreja é uma parte crucial do ato de seguir a Cristo como
discípulo. A membresia não vai salvá-lo, como também não irão salvá-lo
as suas boas obras, sua educação, sua cultura, suas amizades, suas
contribuições ou seu batismo.
Porém, unir-se a uma igreja é o que os membros do corpo de Cristo
fazem. Não diga que você pertence à igreja se não se unir a uma igreja.
Permita-me dar-lhe seis razões para se unir a uma igreja que prega o
evangelho e exemplifica a vida cristã.
1. Para que você assegure a si mesmo
Você não deve se unir a uma igreja para ser salvo, mas para ajudá-lo a
ter certeza de que você está salvo. Lembre-se do que Jesus disse:
“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me
ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o
amarei e me manifestarei a ele” (Jo 14.21).
Ao nos unirmos à igreja, nos colocamos numa posição em que pedimos
aos nossos irmãos e irmãs para nos responsabilizar por viver segundo o
que falamos. Pedimos-lhes que nos encorajem com a maneira como
veem Deus operando em nossas vidas e nos desafiem quando,
porventura, nos afastarmos da obediência a Deus. Sua participação em
uma igreja local é o testemunho público da congregação de que a sua
vida dá evidência de regeneração. Isso não salva, mas reflete a salvação.
E se não há esse reflexo, como podemos ter certeza sobre as nossas
reivindicações de salvação?
Ao nos tornarmos membros de uma igreja, damos as mãos uns aos
outros para nos conhecermos e sermos conhecidos uns pelos outros.
2. Para ser capacitado para o ministério
Paulo diz: “E ele mesmo [Cristo] concedeu uns para apóstolos, outros
para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres,
com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu
serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.11–12). Observe
duas coisas aqui. Primeiro, os líderes da igreja nos capacitam. Segundo,
eles nos capacitam para a obra do ministério de edificação do corpo de
Cristo.
Em outras palavras, nos unimos às igrejas para que sejamos capacitados
a fazer a obra do ministério para a qual todos somos chamados. Que
dádivas são os líderes da igreja! Una-se a uma igreja para o bem dos
seus líderes. Apoiem os líderes enquanto eles o capacitam e preparam.
3. Para edificar a igreja
Se nos unimos para sermos capacitados, também nos unimos a fim de
sermos capacitados para edificar a igreja. Logo, uma terceira razão para
se unir à igreja é a edificação da igreja. O fato de nos unirmos a uma
igreja nos ajudará a contrariar nosso individualismo equivocado e a
descobrir a natureza corporativa do cristianismo. O Novo Testamento
ensina que uma vida cristã envolve cuidado e preocupação uns com os
outros. Isso é parte do que significa ser cristão.
E, embora o façamos imperfeitamente, devemos nos comprometer a
fazê-lo. Pretendemos encorajar mesmo os pequenos passos em justiça,
amor, altruísmo e semelhança a Cristo.
Na classe de membresia da minha igreja, costumo contar a história de
um amigo que trabalhava para um ministério cristão na universidade,
enquanto frequentava uma igreja na qual eu era membro. Ele sempre
chegava logo após os hinos, sentava-se ali para o sermão e depois ia
embora. Perguntei-lhe um dia por que ele não vinha para todo o culto.
Ele disse: “Bem, não vejo proveito em nada além do que já faço”.
“Você já pensou em se unir à igreja?”, eu respondi.
Ele pensou que essa era apenas uma pergunta absurda: “Por que eu me
uniria à igreja? Se eu me unir a eles, acho que eles apenas me atrasariam
espiritualmente”. Quando ele disse isso, eu me perguntava o que ele
entendia sobre o significado de ser um cristão.
Respondi: “Você já considerou que talvez Deus queira que você ande
de braços dados com outras pessoas? Claro, eles podem atrasá-lo, mas
você pode ajudar a acelerá-los. Talvez isso seja parte do plano de Deus
para nós enquanto vivemos juntos como cristãos!”.
4. Para evangelizar o mundo
Você também deve se unir a uma igreja local por causa da
evangelização do mundo. Uma igreja local é, por natureza, uma
organização missionária. Juntos, podemos difundir melhor o evangelho a
nível local e no exterior. Fazemos isso com nossas palavras, enquanto
compartilhamos a mensagem da Boa Nova e ajudamos uns aos outros a
compartilhar. E fazemos isso através de nossas vidas juntos. Unidos,
apresentamos um testemunho corporativo do poder transformador de
vidas de nossas palavras. Esse testemunho corporativo inclui tudo, desde
a nossa hospitalidade compartilhada de uns para com os outros até a
nossa assistência às necessidades físicas dos órfãos, dos doentes, das
crianças e dos mais desfavorecidos.
Através da comunhão de várias igrejas, ajudamos a propagar o
evangelho em todo o mundo e fornecemos milhões de dólares e milhares
de voluntários para ajudar aqueles estão em necessidades físicas
imediatas, como alívio de desastres, educação e inúmeros outros
ministérios. Nós somos imperfeitos, mas se o Espírito de Deus estiver
genuinamente trabalhando em nós, ele usará nossas vidas e nossas
palavras para ajudar a demonstrar a verdade do seu evangelho. Este é o
privilégio especial da igreja agora: fazer parte do plano de Deus para
levar o seu evangelho ao mundo.
5. Para expor falsos evangelhos
Deus pretende que estejamos unidos dessa maneira para expor falsos
evangelhos. É através da nossa união como cristãos que mostramos ao
mundo o que o cristianismo realmente é. Em nossas igrejas,
desmascaramos mensagens e imagens que alegam ser cristianismo
bíblico, mas não são.
Há muitas testemunhas ruins, confusas e distorcidas que se ergueram
como “igrejas” cristãs. Parte da missão da igreja é defender o verdadeiro
evangelho, além de prevenir e desmantelar as perversões dele.
6. Para glorificar a Deus
Finalmente, um cristão deve unir-se a uma igreja para a glória de Deus.
Pedro escreveu a alguns cristãos primitivos: “Mantenham exemplar o
vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam
contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas
obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação” (1Pe 2.12). Maravilhoso,
não é? Deus receberá glória pelas nossas boas obras! Pode-se dizer que
Pedro ouviu os ensinamentos de seu Mestre, que disse no Sermão do
Monte: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”
(Mt 5.16).
Se isso é verdadeiro em nossas vidas individualmente, não deveria ser
surpreendente descobrir que a Palavra de Deus diz o mesmo sobre as
nossas vidas unidas nas igrejas. O mundo nos identificará como cristãos
pelo nosso amor uns pelos outros: “Nisto conhecerão todos que sois
meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13.35). Nossas
vidas em união nos caracterizam como pertencendo a Deus, trazendo-lhe
louvor e glória.
Portanto, meu amigo cristão, não apenas participe de uma igreja, mas
una-se a uma igreja. Ande de braços dados com outros cristãos. Encontre
uma igreja à qual possa se unir e faça isso de modo que os não-cristãos
ouçam e vejam o evangelho, os cristãos fracos sejam cuidados, os
cristãos fortes usem a sua força de uma boa maneira, os líderes da igreja
sejam encorajados e ajudados, e de modo que Deus seja glorificado.
CONCLUSÃO | UMA MANIFESTAÇÃO DA GLÓRIA
DE DEUS
É maravilhoso meditar na primeira epístola de Paulo aos Coríntios se
você quiser entender as implicações de se viver junto como igreja. Você
verá que as igrejas devem ser marcadas especialmente pela santidade,
pela unidade e pelo amor. Por que as igrejas deveriam ser assim? Porque
o caráter da igreja deve refletir o caráter de Deus. Devemos ser santos,
unidos e amorosos porque Deus é santo, uno e amoroso.
SANTO, UNO E AMOROSO
Primeiro, devemos ser santos no sentido de sermos estrangeiros no
mundo, mas especiais para Deus, separados para ele e puros. Santidade
deve ser um atributo que marca a igreja — uma marca registrada, que é
comum e típica entre nós. Quando alguém considera a nossa igreja em
específico, ele deveria pensar: “Essa é uma comunidade santa — não
significando um grupo de pessoas prudentes e justas em si mesmas, mas
uma comunidade de pessoas cujo coração está singularmente posto em
Cristo e em sua glória, o que resulta em uma maneira de viver melhor,
mais humana e mais honrosa a Deus. Essa é uma razão pela qual o
trabalho do líder da igreja de pastorear e de ensinar é importante.
Devemos ser santos porque Deus é santo.
Segundo, devemos ser unidos porque Deus é uno. Depois de ouvir
sobre as divisões e as facções da igreja de Corinto, Paulo pergunta:
“Cristo está dividido?” (1Co 1.13). Que pergunta fascinante! O poderoso
pressuposto teológico por trás disso é que a igreja é o corpo de Cristo:
“Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse
corpo” (1Co 12.27). De onde você pensa que Paulo extraiu essa ideia?
Acho que ele teve essa compreensão no momento em que se converteu.
Lembra de como Jesus parou Paulo no caminho de Damasco? Jesus não
disse: “Saulo, Saulo, por que tu persegues os cristãos?” ou “Saulo,
Saulo, por que tu persegues a igreja?”, não. Ele disse: “Saulo, Saulo, por
que tu me persegues?” (At 9.4). É assim que Jesus se relaciona com a
sua igreja. Ele a vê como o seu corpo. E assim devemos ser um. Nossa
desunião mente sobre Jesus e sobre o que ele é.
Assim como a santidade, a unidade deve ser uma marca da igreja.
Nossa unidade deve transcender as velhas divisões entre judeus e gentios
(1Co 7.19), juntamente com todas as outras divisões mundanas. Quão
trágico, então, é quando as nossas igrejas encontram a sua identidade em
outras coisas. Nós nos tornamos a igreja deste pastor, ou deste estilo de
música, ou de pais que educam em casa, ou de democratas, ou do tapete
azul. É por isso que Paulo estava tão triste com o relato de divisões na
igreja. Mesmo na festa da sua unidade — a ceia do Senhor — eles
estavam divididos. Os líderes da igreja, no entanto, devem nos conduzir
a essa unidade. A igreja deve ser unida.
Finalmente, devemos ser amorosos porque Deus é amoroso. As noivas
gostam de ter 1 Coríntios 13 lido em seus casamentos, mas,
fundamentalmente, o grande capítulo de amor da Bíblia é sobre Deus e
sobre a igreja. O amor de Deus é paciente, amável, longânimo, não se
alegra com o mal, mas se deleita com a verdade. Assim deve ser o nosso.
A maturidade espiritual, diz Paulo, é demonstrada no amor. E esse é o
maior dom. Por isso, Paulo escreveu no capítulo 8: “reconhecemos que
todos somos senhores do saber. O saber ensoberbece, mas o amor
edifica” (8.1). Os capítulos 8 a 14, então, fornecem um longo discurso
sobre deixar o amor governar o que devemos fazer. E todos os nossos
dons, ministérios e trabalho juntos devem ser feitos “para edificação”
(14.26). Paulo, então, resume no capítulo 16: “Todos os vossos atos
sejam feitos com amor” (v. 14). Considere, afinal, o amor que Cristo
demonstrou derramando o seu sangue e oferecendo o seu corpo por nós
(11.23–26). A igreja deve ser amorosa porque Deus é amoroso, o que é
mais maravilhosamente demonstrado no evangelho.
A igreja deve ser uma demonstração da santidade, da unidade e do
amor de Deus no meio deste mundo corrupto, pecaminoso e egoísta. Nós
somos assim? Sua igreja manifesta o caráter de Deus? Muitas igrejas
hoje apresentam uma versão do cristianismo em que todos os
sofrimentos são contabilizados, todos os sacrifícios recompensados e
todos os mistérios explicados nesta vida. Mas esse não é o evangelho
que Paulo ensinou. De fato, esse não é o evangelho do nosso Senhor
Cristo. E esse não deve ser o evangelho de nossas igrejas. Se você
avaliar a vida de um cristão deste lado da eternidade, verá que aquelas
coisas não estarão acrescentadas. Aquilo não ocorreu na vida de Cristo
nem na vida de Paulo. Tampouco deve ocorrer em nossas vidas (veja
1Co 15.17–19).
UMA DAS PRINCIPAIS EVIDÊNCIAS DE DEUS
Você vê o que Deus está fazendo na igreja? Deus está escolhendo “as
coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para
reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na
presença de Deus” (1Co 1.28–29). Deus escolhe pessoas fracas e
pecaminosas como você e eu, porque ele, de modo algum, quer
obscurecer a si mesmo!
Numa conferência a que assisti há vários anos, ouvi o Pastor Mark Ross
dizer: “Somos uma das principais evidências de Deus”. Ele continuou:
“A grande preocupação de Paulo com a igreja é que a igreja manifeste e
exiba a glória de Deus, vindicando assim o caráter de Deus contra toda
calúnia dos reinos demoníacos, a calúnia de que não é digno viver por
Deus. Deus confiou à sua igreja a glória de seu próprio nome. As
circunstâncias da sua vida são a ocasião dada por Deus para mostrar e
manifestar os seus atributos”.
Se não tivermos cuidado, nosso individualismo pode ser usado para
abrigar uma “santidade subcristã” que tolera o pecado. Nosso egoísmo
pode nos levar a uma “unidade subcristã” que dissimula nossa desunião
em relação ao evangelho e que se une em torno de outras coisas
menores. Até a nossa carne pode conhecer um “amor subcristão” que é
mero sentimento, imbuído de uma sensação familiar porque todos nós
estamos juntos há muito tempo. Mas nenhuma dessas coisas deve
caracterizar as nossas igrejas, principalmente porque todas elas mentem
sobre Deus. Elas deturpam o seu caráter. A santidade verdadeira incluirá
disciplina. A verdadeira unidade será somente em torno de Cristo, e a
diversidade da igreja dará evidência disso. E o amor verdadeiro é mais
profundo do que o sentimento, vai além dos limites naturais. O amor
verdadeiro se manifestará aos de fora por causa de Cristo. É assim que a
glória de Deus é manifestada na igreja. Essa é a única forma de uma
igreja realmente prosperar.
Então, como podemos demonstrar a glória de Deus? Organizando as
nossas igrejas segundo o padrão que ele nos mostrou em sua Palavra e
vivendo para Deus em santidade, unidade e amor. É a isso que a igreja
deve ser devotada. É assim com vocês?
PRESBÍTEROS: LIDERANDO E ESTABELECENDO O PADRÃO
Nos dias de hoje, enquanto a cultura ocidental se posiciona cada vez
mais contra o cristianismo, os cristãos precisam de algo mais do que
sermões excepcionais e denúncias trovejantes. Eles precisam de
verdadeiras testemunhas para a glória de Cristo. Eles precisam de
homens que estabeleçam o padrão de santidade, de unidade e de amor.
Eles precisam de homens que lideram o caminho para nadar contra a
maré, não no mesmo sentido da cultura.
Não apenas isso, eles se beneficiam de não ter apenas um exemplo de
tal homem em suas igrejas. Eles se beneficiam da provisão de Deus de
vários presbíteros, cada um dos quais, de acordo com seus próprios
dons, exercendo liderança cuidadosa, fiel, corajosa e servil. “Lembrai-
vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e,
considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram”
(Hb13.7).
Eu visitei nossa congregação pela primeira vez em Capitol Hill no
verão de 1993. Eu falei abertamente ao comitê de pesquisa de púlpito
sobre a minha crença no ensino da Bíblia a respeito da pluralidade de
presbíteros. Eles ficaram surpresos e, eu acho, um pouco desanimados.
Depois de ensinar sobre o assunto periodicamente por alguns anos,
finalmente adotamos uma nova constituição e nosso primeiro grupo de
presbíteros em 1998.
Durante os últimos dezessete anos, os irmãos com quem tenho tido o
privilégio de servir dedicaram milhares de horas de seu tempo à oração,
à discussão, ao discipulado, ao ensino e ao pastoreio do rebanho junto
comigo. Eles compensaram algumas das minhas deficiências. Eles me
encorajaram e me corrigiram. Eles tornaram em alegria e prazer o que
poderia ser um trabalho muito solitário. E nossa congregação floresceu
em grande parte, sob Deus, devido ao trabalho deles. Graças a Deus, eu
não sou o único chamado a liderar e a estabelecer o padrão de santidade,
de unidade e de amor. Quão limitada seria a representação dessas coisas
pela igreja!
O TRABALHO A SER FEITO
Há muito mais trabalho que precisa ser feito nas igrejas batistas em todo
o mundo. A prática da membresia em várias igrejas fica muito aquém da
descrição bíblica. Isso, por sua vez, mancha o nosso testemunho do
evangelho e impede a nossa evangelização e nosso discipulado. As listas
de membresia inchadas, a diminuição da idade para o batismo, o
comparecimento irregular e a ausência de disciplina na igreja
caracterizam muitas de nossas igrejas. As mudanças necessárias para
que possamos ter um testemunho singular de vida e luz para o nosso
tempo moribundo e obscuro são grandes.
Uma das maiores ajudas que podemos dar aos pastores fiéis e às igrejas
são grupos de homens qualificados — homens que são membros da
igreja, mas, em grande parte, não empregados por ela — para servir
como presbíteros. Na verdade, eles realmente não são nossos próprios
dons a serem concedidos. Nós apenas podemos reconhecê-los. Jesus é
quem concede tais dons:
“E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de
Cristo. Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e
concedeu dons aos homens [...] E ele mesmo concedeu uns para apóstolos,
outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres,
com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço,
para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé
e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida
da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:7–8, 11–13).
Se você é um líder ou membro de igreja, o que você está fazendo para
reconhecer e honrar esses dons maravilhosos e se beneficiar deles?
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