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Pneumatologia (Parte 2)
A maioria das Teologias Sistemáticas não se dedicam a debater a questão da existência de uma "segunda
experiência" com o Espírito Santo, distinta do que é recebido na conversão.
Há apenas sete passagens no Novo Testamento sobre alguém batizado no Espírito Santo. Somente em Atos 2
aparece essa "segunda experiência", em outros casos é simultâneo à conversão, como convertidos em Atos 8
(em Samaria), Atos 10 (a família de Cornélio) e Atos 19 (os discípulos de Éfeso)
É muito comum pessoas e igrejas confundirem a plenitude do Espírito Santo com o batismo com o Espírito
Santo. Primeiramente, começa-se com o entendimento que existe um nível espiritual no homem (1Co 2.15).
Essa espiritualidade advém da maturidade no relacionamento com Deus (Rm 12.1,2).
Tendo em vista a obra do Espírito Santo no aumento da maturidade espiritual dos crentes, entende-se que a
"plenitude do Espírito Santo" é a atuação dele no sentido de tornar o crente controlado por Deus. As Escrituras
chamam tal experiência de "estar cheio do Espírito" (Lc 1.15,41,67; At 2.4; 4.8,31; 9.17; 13.9).
Enquanto o batismo e o selo do Espírito Santo são realidades permanentes, a plenitude é algo ocasional e
pode se repetir várias vezes (At 2.4; 4.8,31). Apesar de a plenitude do Espírito ser uma atividade divina, Paulo
deixa claro que há condições na vida do crente para que ela aconteça (Ef 5.18).
Paulo usa em (Ef 5.19-21) um imperativo, que dá a ideia de necessidade que aconteça
OS DONS CESSARAM?
Existe uma escola de interpretação na Teologia que considera os dons restritos ao tempo da fundação da
igreja (Ef 2.20). Para eles, os dons cessaram, por isso são chamados de cessacionalistas. Segundo esse
raciocínio, o grupo dos apóstolos foi restrito a apenas 12 homens (Ap 21.14). O dom de línguas teve seu uso
entre a vinda do Espírito Santo (At 2.4) e a destruição de Jerusalém, em 70 A.D.
Nesse sentido, o dom agiu como um sinal aos incrédulos do juízo que recairia pela incredulidade e
desobediência (1Co 14. 21,22 cf. Dt 28.49).
Contudo, a Bíblia não faz nenhuma menção específica sobre a cessação dos dons de cura e milagres. Esses
prodígios serviram de sinais de identificação e validação dos ministérios de Jesus (Lc 7.18-22) e dos
apóstolos (2Co 12.12 cf. Rm 15.18,19).
Os que defendem que os dons não cessaram usam frequentemente o texto em que Jesus diz "aquele que crê
em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará" (Jo 14.12). Outras linhas teológicas afirmam
que o texto de 1 Co 13:10 "quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá" refere-se ao
cânon do NT.
Diferentes denominações possuem ensinos específicos sobre seu posicionamento quanto aos dons. Existe
inclusive uma teologia pentecostal, com abordagem específica sobre batismo, plenitude do Espírito, dons e
ministérios.
Não é nosso objetivo dar a "palavra final" por isso vamos analisar o que o NT ensina sobre o assunto.
Os Dons Espirituais
Uma tarefa importante do Espírito Santo em relação à igreja de Cristo é a "concessão de dons espirituais", que
são do Espírito e não da Igreja ou do cristão.
Pode-se afirmar que os dons espirituais são habilidades especiais dadas pelo Espírito Santo aos crentes com
a finalidade de edificar a igreja por meio do "serviço" (1Co 12.7). Os dons são vários (1Co 12.4,5) e são
distribuídos segundo a vontade de Deus (1Co 12.11).
É necessário fazer alguns alertas sobre características que os dons espirituais "não têm":
Não depende do lugar onde é usado. O dom pode ser usado dentro ou fora da igreja e em qualquer lugar do
mundo;
Não é um cargo. As habilidades advindas do dom não dependem de um cargo, mas também não conferem um
cargo automaticamente;
Não visa a um grupo específico. Ninguém tem ?dom? para trabalhar com crianças, jovens ou idosos, nem dom
para pregar a índios ou grupo específico. Os dons são universais, podendo ser aplicados no trabalho com
qualquer grupo;
Não é uma técnica especial. Não há dons espirituais para se escrever ou se tocar um instrumento.
Paulo também fala no assunto em Romanos 12:6-8 e Efésios 4, conciliando-os com outros, que são chamados
de ministérios.
Propomos uma síntese desses ensinamentos sobre dons e ministérios pois alguns usam o mesmo termo em
grego com sentidos diferentes.
Profecia Falar verdades diretamente reveladas por Deus Entender mistérios de Deus 1 Co 13.2
Rm 12.6;
1Co 14.29-32
Serviço, socorro Rm Ajudar a fazer a obra de Deus, ajudando os Servir a igreja e os necessitados At 6.1
12.7 membros da Igreja
Ensino Comunicar verdades e aplicações das Escrituras Entender a Palavra de Deus (At 18.26)
Rm 12.7;
1Co 12.28;
Ef 4.11
Rm 12.8 At 9.27
Contribuição Dar bens e posses à obra de Deus com alegria e Satisfazer necessidades físicas
liberalidade
Rm 12.8 At 9.27
Rm 12.8
Rm 12.8
Apostolado Ser testemunha de Cristo e falar com autoridade Apresenta os preceitos de Deus para a
sobre fé e prática Igreja 1 Co 14.37
1 Co 12.28
Ef 4.11
Ef 4.11 At 20.28-31
Palavra de Discernir e apresentar a verdade de Deus, Capacidade de aplicar a revelação
Sabedoria aplicando em situações específicas
1 Jo 1.1-3
1 Co 12:8
1 Co 12.8 1 Co 2.6-12
1 Co 12.9
1 Co 12.10
Discernimento Identificar a realidade espiritual do que é dito Desmascarar falsos profetas 1 Jo 4.1
1 Co 12.10
Línguas Comunicar-se em uma língua não conhecida por Louvor a Deus entendido por pessoas
quem fala (At 2.1-12)
1 Co 12.10
1Co 12.10