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IGREJA PENTECOSTAL ASS. DE DEUS


TEMA: O OBREIRO E O SEU PREPARO INTELECTUAL E ESPIRITUAL
PARA O REINO
Preletor: Pr. Valtemir Ramos Guimarães
Texto temático: 2 Tm 2:15

 INTRODUÇÃO
O preparo individual do obreiro é indispensável, como vemos o apóstolo Paulo ensinando
a Timóteo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo
isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Tm 4:16).
Daí, podemos mostrar as áreas em que o obreiro deve se preocupar na preparação:

1. Preparo físico: Cuidar do corpo é essencial, pois o obreiro deve se esforçar em servir;
2. Preparo Intelectual: Cuidar da mente é fundamental, buscar conhecimento da Palavra, se
preparar nos estudos dos textos bíblicos e assuntos relevantes para o crescimento
intelectual; se possível, fazer cursos de teologia, visando aumentar seu rendimento e
aplicação da Palavra na obra do Senhor.
3. Preparo emocional: Estar emocionalmente saudável levará o obreiro a suportar as
pressões e cargas ministeriais;
4. Preparo Espiritual: Buscar viver uma vida de oração e jejum. Vida de intimidade com
Deus; buscar os dons espirituais, a fim de ter maior alcance das coisas do Espírito.

I – O PREPARO INTELECTUAL

No preparo espiritual, o obreiro terá mais condições de se aprofundar mais noestudo da


Palavra, pois, todo obreiro deve se preocupar em entender o que lê, visto que o mesmo deverá
passar para os que o ouvem. Sobre este assunto, veremos a seguir, alguns exemplos de
aprofundamento no estudo da Palavra.

1. VEJAMOS ALGUMAS REGRAS BÁSICAS PARA INTERPRETAR A PALAVRA:

Perguntas para fazer ao texto bíblico:


1-O quê? De que assunto trata o texto ou o que aconteceu.
2-Quem? As pessoas que são faladas no texto. Você pode copiar os nomes delas fazendo uma
lista ou grifar no próprio texto.
3-Quando? Se texto mostra em que momento aconteceu ou que período estava sendo falado.
4-Onde? Local onde aconteceu o fato ou foi escrito o texto.
5-Como? Alguns detalhes de como aconteceu tudo ou o que está sendo dito no texto.
6-Por quê? O objetivo da mensagem ou seu significado prático para a época e para as
pessoas que são faladas no texto e como pode servir para nós hoje.

Assim, veremos a importância de buscarmos aprofundamento na interpretação ou


hermenêutica da Palavra. É necessário nos entregarmos e vivermos a prática da santa palavra
de Deus e com certeza, receberemos um grande avivamento da parte de Deus, pois, a sua
vontade está expressa na sua Palavra.
1.1 - TEXTO TEMÁTICO: 2 Tm 2:15

Discussão exegética do texto:


A palavra grega “dokimo” usada por Paulo, era usada para dizer se uma moeda era ou
não verdadeira, original ou falsa. Se fosse verdadeiro o dono do estabelecimento dizia “dokimo”
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= aprovado. Se fosse falsa ele dizia “adokimo” = reprovado. Quem dará nossa aprovação será o
justo e grande juiz (1 Co 3.13). A outra palavra grega usada no texto é “orthotomeo”, que
significa “fazer um corte reto”, “dividir corretamente”, “expor corretamente, com uma exegese
correta a Palavra de Deus”. Era usado para o agricultor que arava a terra com o boi, bem como
para o alfaiate que cortava o tecido. Sem distorções, sem curvas, mas reto.

1.2 – MAIS ALGUMAS PASSAGENS EM ANÁLISE:


a) “… porque a letra mata e o espírito vivifica” (II Co 3:6).
A palavra letra no grego é gramma, e nessa passagem se refere à Lei (e Lei no grego
nomos), porém este versículo é muito usado para combater o conhecimento teológico (ver o
v.7 e o contexto).

b) “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas.” (Mt 6.33)
Do NT Interlinear no grego: “kai tauta panta” – “e estas coisas todas”.
Para entendermos esta passagem é preciso atentar para o contexto que temos a partir do v.25
ao 33.
Assim sendo, a expressão [estas coisas] está se referindo àquilo que Jesus havia dito
inicialmente, ou seja, às necessidades básicas e fundamentais de todo ser humano (comida,
bebida e vestimenta). Se utilizarmos os termos “Todas as coisas ou todas as demais
coisas” estaremos extrapolando o que a Palavra de Deus diz, dando vazão a expectativas
equivocadas.

c) “Ora, nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a
Deus, e faz a sua vontade, a esse ouve” (Jo 9:31).

Deus ouve as orações dos pecadores? Fica a questão.

Fazendo pergunta ao texto (é bom fazer as perguntas do tópico 1), viria: 1) Quem está
falando no texto? Respota: o ex-cego (era judeu). Daí, devemos entender que no contexto geral,
esse texto está sendo colocado na visão dos judeus sobre Deus ouvir as orações, ou seja, nessa
visão, Deus ouviria o judeu e alguém que fosse temente a Deus (um prosélito e/ou alguém
convertido ao judaísmo e disposto a obedecer aos requisitos da Lei), porém, aos gentios ou
pecadores nesse caso, Deus jamais ouviria (ponto de vista dos judeus no texto). Contudo, Jesus
disse que Deus ouviu o publicano que orou: "Ó Deus, sê propício a mim, pecador" (Lc 18:13);
Ver também: At 10:4; Jn 1:14-15; 4:10.

II – PREPARO ESPIRITUAL (VALOR DA PALAVRA - ORAÇÃO – DONS)

1. AVIVAMENTOS BÍBLICOS PELA PALAVRA

a) Avivamento no tempo do Rei Josafá (2 Cr 17:1-21):


- Reinou cerca de 870-845 a.C.
- Acabou com a adoração pagã. Sua estratégia foi o ensino da lei.
- Escolheu pessoas competentes e determinou que elas fossem de cidade em cidade
ensinando ao povo (2 Cr 17:7-9).
- O resultado foi conscientização do pecado e abandono da infidelidade.

b) Avivamento no tempo do Rei Josias (2 Cr 34-36):


- Reinou cerca de 639-609 a.C.
- Dirigiu um dos maiores avivamentos da história de Israel
- Assumiu o trono aos 8 anos de idade
- Aos 16 começou sua vida espiritual; aos 20 promoveu um grande avivamento
- Herdou uma nação entregue aos ídolos, templos pagãos adoração aos deuses Baal, Milcon,
Astarote, culto aos astros, etc
- Oração - Começou a buscar ao Senhor ainda jovem (2 Cr 34:3).
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- Destruiu todos os altares levantados aos ídolos (2 Cr 34:7).
- Palavra de Deus. Além da oração, a redescoberta da Palavra, o Livro da Lei foi
fundamental para a implementação das reformas (2 Cr 34.14-18).
- Ao ouvir a leitura da Palavra o rei humilhou-se (v.19) e reuniu todo o povo para ouvir a Lei
do Senhor (v. 30). Isso trouxe um grande avivamento espiritual.

c) O avivamento pela Palavra no tempo de Esdras e Neemias


O avivamento veio pela leitura e explanação da Palavra: Ne 8:1-8.

2. AVIVAMENTOS BÍBLICOS NA HISTÓRIA ATÉ HOJE

Sabemos pela história que desde os tempos da igreja primitiva a igreja sempre se
baseou nas Escrituras para viver uma vida santa e de poder. Em Atos 2:42. Temos: “E
perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”.
E de lá sempre vemos lampejos desta doutrina dos apóstolos no decurso da história e o
avivamento que se seguiram, mesmo em meio as dificuldades tamanhas que se levantaram.
Desde os tempos da Igreja, vez por outra é visto o derramar do Espírito Santo, pois,
Ele nunca deixou de visitar a Igreja.
Alguns fenômenos que historiadores entendem como precursores ao avivamento,
como segue:
1) Inácio de Antioquia (67-110 d.C.) - afirmou em sua carta aos filadelfienses (Inácio aos
filadelfienses 7:01) que profetizou pelo Espírito: "Estando no meio de vós gritei, disse em alta
voz, uma voz de Deus:'Permanecei unidos (…)'.
2) Policarpo de Esmirna (70-160 d.C.) - teve uma revelação de Deus de como morreria.
"Orando, ele teve uma visão, três dias antes de o prenderem: viu seu travesseiro queimado
pelo fogo. Voltando-se para seus companheiros, disse: 'Devo ser queimado vivo!'.
3) Justino Mártir (110-165 d.C.) em seu diálogo contra o judeu Trifo recorda que os dons do
Espírito Santo, incluindo exorcismo, ainda estão em uso: "Recebendo uma vez o espírito de
discernimento, outro um conselho, outro uma cura, outro de poder, outro de presciência, outro
de ensino e outro de temor a Deus.
4) Irineu de Lião (130-202 d.C.) "De igual modo nós todos ouvimos que muitos dos irmãos na
igreja que têm dons proféticos, e que falam em todas as línguas por intermédio do Espírito,
e que também trazem a luz os segredos dos homens para benefício dos homens, e que
expôem os mistérios de Deus."
5) Tertuliano (160-220 d.C.) ao falar de Marcião, declarou o seguinte: "Para provar o que os
profetas têm falado, e não pelo sentimento humano, mas pelo Espírito de Deus, como aqueles
que previram o futuro e revelaram os segredos do coração, que apresentam um salmo, uma
visão, uma oração, que é apenas pelo Espírito em um extase.
6) Pacômio (292-348 d.C.) depois de momentos especiais podia, sob o poder do Espírito falar
os idiomas grego e latim que jamais havia aprendido."
7) Agostinho de Hipona – (354-430 d.C.) - mencionou: "Fazemos todavia o que os Apóstolos
fizeram quando impuseram as mãos sobre os samaritanos, invocando sobre eles o Espirito
Santo. Mediante a imposição de mãos esperamos que os crentes falem em novas
línguas."
8) Simão o Novo Teólogo – (949–1022) - talvez o mais famoso cristão carismático da igreja
Ortodoxa. Seus relatos declaram muitas experiências espirituais, isto inclui um 'batismo no
Espírito Santo' acompanhado por dons de copiosos prantos.
9) Huguenotes - foi o nome dado ao calvinistas da França, houve manifestações
carismáticas entre eles em Cevennes, durante a perseguição determinada por Louis XIV.
10) John Wesley - ministro anglicano e pai da igreja Metodista registra muitas histórias
extraordinárias em seus diários, tais como a cura de pessoas, de animais, e do poder do
Espírito Santo através da oração. Foi com ele que surgiu o Grande despertar (1735 e 1750).
11) George Whitefield (1714-1770) - Ministro que aos 21 anos foi ordenado para pregar na
Inglaterra. Chegou aos Estados Unidos por mais de 9 ocasiões ensinando desde Georgia
hasta Nova Inglaterra.
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12) Jonathan Edwards (1703-1758) - Há três séculos que o mundo fala do famoso sermão:
Pecadores nas mãos de um Deus irado e dos ouvintes que se agarravam aos bancos
pensando que iam cair no fogo eterno. Era a pregação de Jonathan Edwards inflamada pelo
Poder do Espírito(Boyer, 1999, p.34). 13)Charles Finney (1792-1875) - Foi um ministro
proeminente e representativo dessa época, realizava grandes atividades evangelísticas.
14) Dwight L. Moody (1875) - Ministro que pregava na cidade de Chicago e de Nova Iorque,
mencionou numa ocasião que tinha uma especial investidura de poder do alto, um batismo
claro e inequívoco do Espírito Santo.

O movimento Pentecostal, que surgiu em 1727 iniciou-se entre os estudantes de Oxford,


com o propósito de criar uma maior convicção e expressão religiosa naquele lugar. Em Oxford,
João tornou-se o cabeça de grupo, então chamado “clube santo”, por volta de 1729.
(CHAMPLIN, 1991, v. 4, p.253).
De forma que segue até hoje o “avivamento bíblico” que surgiu com os estudos da Bíblia
com Charles Parham: O movimento pentecostal de hoje traça seus vestígios da sua
comunidade a uma reunião de oração no Colégio Bíblico Betel em Topeka, Kansas em 1° de
janeiro de 1901. Ali, muitos chegaram à conclusão de que falar em línguas era o sinal bíblico
do Batismo no Espírito Santo. Charles Parham, o fundador desta escola, que mais tarde
passaria a Houston, Texas.
Foi daí, que surgiu William J. Seymour que foi autorizado a assistir a aulas bíblicas de
Parham. Seymour viajou para Los Angeles, onde sua pregação provocou o Avivamento da Rua
Azusa em 1906.

CONCLUSÃO:
Aprendemos disto que sem a Palavra não há avivamento. Sem um retorno urgente à
Palavra de Deus não experimentaremos um verdadeiro avivamento.
Assim, a maior necessidade da Igreja e da nação, é a restauração da autoridade
suprema da Palavra de Deus para reger a vida do povo santo. Vivemos hoje graves problemas
na Igreja:
1) O Liberalismo Teológico ou Teologia liberal - foi um movimento teológico cuja
produção se deu entre o final do século XVIII e o início do século XX. Por base a
premissa de que os elementos miraculosos e sobrenaturais na Bíblia já não são mais
dignos de crédito. Entre os defensores dessa teologia liberal, citaremos alguns: H. S.
Reimarus, G.E.Lessing, D.F Strauss, J.E. Renan, etc. (Brown, 2007, p.126).
2) Sincretismo - fusão de diferentes cultos ou doutrinas religiosas, com reinterpretação de
seus elementos.
3) Ortodoxia morta – Ortodoxo vem do grego “orthos” que significa “reto” e “doxa” que
significa “fé”. É o que está em conforme com a doutrina religiosa tida como verdadeira.
4) Analfabetismo bíblico – Muitos carregam a Bíblia, tem muitas Bíblias, falam de
Bíblias e muitas outras coisas, mas infelizmente são analfabetos em Bíblia, ou seja,
não entende o que lê. Ver: E, correndo Filipe; ouviu que lia o profeta Isaías, e disse:
Entendes tu o que lês?” Atos 8.30
REFERÊNCIAS:
A BÍBLIA ANOTADA. The Ryrie Study Bible. São Paulo: Mundo Cristão,1994.
A BIBLIA DE ESTUDO SCOFIELD. São Paulo, Holy Bible, 2009
ARCHER, Gleason L. Jr. Merece Confiança o Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1984.
BOYER, Orlando S. Os Heróis da Fé. Rio de janeiro: CPAD, 1999.
BROWN, Colin. Filosofia e Fé Cristã. Colin Brow; tradução Gorgon Chow. – São Paulo: Vida Nova, 2007.
CHAMPLIN, R. Norman, Enciclopédia de Bíblia , Teologia e Filosofia. São Paulo:Candeia, 1991.
MCNAIR, S.E. A Bíblia Explicada. Rio de Janeiro: CPAD, 1983
Novo Testamento Interlinear grego-português. Barueri, SP: SBB, 2004.

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