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Conferência de Escola

Bíblica Dominical
“A EBD e o Discipulado Cristão”

#igrejaqueamaeserve

Pr. Carlos Azevedo


Conferência de Escola Bíblica Dominical: “A EBD e o Discipulado Cristão”

INTRODUÇÃO
As Escrituras Sagradas nos apresentam um quadro nítido, acerca da vontade de Deus para a
humanidade, um projeto com princípio, meio e fim, um elaborado pensamento que inclui
planejamento, execução e expansão. Não há, de forma alguma, como ignorarmos tal
testemunho escrito que indica a perspectiva divina em torno de um tema específico: Ganhar,
discipular e enviar.
Nas páginas do Antigo Testamento existe a preparação para tudo o que o Senhor idealizou
para o homem e no Novo Testamento a materialização do plano de Deus que atravessou os
séculos.
Assim, tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, temos a oportunidade de
ponderar sobre o que o Senhor pensa do valor de uma alma e as implicações do amor divino
em relação à raça humana.
Nesta Conferência faremos uma reflexão sobre o discipulado cristão no ambiente da Escola
Bíblica Dominical, com todos os desdobramentos necessários e as dinâmicas inerentes, para
um pleno aproveitamento de tão importante assunto.
1. AS ORIGENS BÍBLICAS DO DISCIPULADO CRISTÃO (Nm 11:28;27:18-23; 2Rs 2:1-18).
Embora a palavra discípulo apareça poucas vezes n o Antigo Testamento, surge em Isaías 8:16
com o sentido de “ensinados” e “instruídos”. Contudo, podemos afirmar que discipulado na
Bíblia remonta ao Antigo Testamento. Josué, filho de Num que era “auxiliar de Moisés desde a
juventude” (Nm 11:28), foi trein ado como bom discípulo do mestre e líder para depois sucedê-
lo na missão de levar o povo a Canaã (Nm 27:18-23).
Não podemos esquecer o vínculo existente entre os profetas e seus “pupilos”, isto é, discípulo,
como o que havia entre Elias e Eliseu, como forma usual na Escola de Profetas que existia em
Israel.
Segundo J. D. Douglas, “a relação entre o mestre e o discípulo era uma característica comum
do mundo antigo, onde os filósofos gregos e os rabinos judeus reuniam em torno de si grupos
de aprendizes e discípulos”. No período do Novo Testamento, encontramos os fariseus e João,
o batizador, com seus discípulos (Mc 2:18; Jo 1:35), os quais seguiam os ensinos de seus
respectivos mestres.
2. A CHAMADA PARA O DISCIPULADO CRISTÃO: A CONVERSÃO (Jo 13:1-10; Mt 9:6-
13).
Como observamos, Jesus foi quem chamou seus primeiros discípulos (Mt 4:18-22); ele mesmo
declarou: “Não fostes vós que me escolhestes; pelo contrário, em vos escolhi e vos designei a
ir e dar fruto” (Jo 15:16a). Portan to, para dar frutos é necessária a regeneração proveniente de
Deus, cuja resposta humana à chamada divina é a conversão. A salvação que nos torna
discípulos de Cristo também nos torna novas criaturas (2 Co 5:17). O discipulado cristão tem
seu início na regeneração efetuada pelo Espírito Santo, continua na santificação, processo
contínuo ao seguirmos a Cristo. Como bem destaca Mark Dever, “ser cristão significa ser
discípulo. Não há cristão que não seja discípulo”.
3. O QUE É UM DISCÍPULO?
Antes de discipular outras pessoas, precisamos nos tornar discípulos.
Precisamos nos certificar de que seguimos Jesus.
O que é um discípulo? Discípulo é seguidor.

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Podemos ser seguidores seguindo o ensino de alguém de longe, da mesma maneira que uma
pessoa pode afirmar que segue o ensino e o exemplo de Gandhi. E ser discípulo de Cristo
significa pelo menos isso. Um discípulo de Jesus segue os passos dele, agindo conforme ele
ensinou e viveu. Contudo, segui-lo significa mais que isso; significa, antes de mais nada, que
você entrou em um relacionamento pessoal e salvador com ele. Você está “em Cristo”, como
afirma a Bíblia (Fp 2.1, NVI). Você foi unido a ele por meio da nova aliança no sangue dele. Por
intermédio da morte e ressurreição de Jesus, toda a culpa do pecado que você cometeu passa
a ser dele e toda a justiça que pertence a ele se torna sua.
A palavra grega mathetes empregada para discípulo é usada aproximadamente 270 vezes nos
Evangelhos e no livro de Atos. Ela denota um pupilo que se submete aos processos de
aprendizado sob a responsabilidade de um professor. Esta palavra grega entrou nas línguas
inglesa e portuguesa como o termo matemática (em inglês mathematics), que significa
literalmente, “disposto a aprender. Na prosa ática, notadamente em Platão, ela faz alusão ao
estudante treinado por um filósofo ou orador retórico, O conceito prevaleceu no AT e é
exemplificado pelos “filhos dos profetas”, que foram os aprendizes que mais tarde substituíram
Samuel, Elias e Eliseu. Algo semelhante ocorre mais tarde, no caso de Paulo, que foi “criado...
aos pés de Gamaliel”. No NT, o termo é usado como uma alusão aos discípulos de João Batista
(Mt 9.14), dos fariseus (Mc 2.18) e de Moisés, indicando os adeptos contemporâneos de seus
ensinos (Jo 9.28).
Nas epístolas, o termo mimetes, “seguidor”, “imitador”, ocorre em exortações para seguir o
modelo de vida proposto por Deus (Ef 5.1), descreve o escritor como um apóstolo (1 Co 4.16;
11.1; Fp 3.17; 2 Ts 3,7,9), e se refere ainda a outros crentes (Hb 6.12; 13.7).
Veja Exemplo.
Em um sentido amplo, Jesus usou a palavra “discípulo" como descrição de todos os seus
seguidores vindo sob a influência de seu ensino, esforçando-se para conformar-se aos seus
princípios. Lucas refere-se a “toda a multidão dos discípulos”, hapan to plēthos tōn mathētōn
(Lc 19.37). Em Atos 6.2, ele declara que os Doze convocaram a multidão dos discípulos. Jesus
disse: “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos” (Jo
8.31),
Os discípulos de Jesus naqueles dias, e sempre, são aqueles que respondem ao seu convite,
“Aprendei de mim” (Mt 11.29).
Em um sentido restrito, discípulo (também apóstolo) aplica-se ao círculo interno dos Doze,
chamados em meio a um grupo maior para que pudessem estar com Cristo, ouvi-lo expor os
mistérios do reino que foram reservados para um grupo seleto, testemunhar e posteriormente
operar sinais e maravilhas que serviriam como uma autenticação, e proclamar o Evangelho ao
mundo.
Os doze eram os seguintes: Simão Pedro, André, Tiago de Zebedeu, João, Filipe, Natanael
(também conhecido como Bartolomeu), Tomé, Mateus (chamado Levi), Tiago filho de Alfeu,
Simão o zelote ou cananeu, Judas o irmão de Tiago e, às vezes, chamado Tadeu, e Judas
Iscariotes.
Embora carecessem de uma educação mais elevada, como hebreus estes homens tinham uma
base completa das doutrinas e da história de sua fé. Sua obtusidade tentou, mas nunca exauriu
a paciência de Jesus, que não é menos tolerante para com as nossas limitações em seu serviço.
A lentidão da compreensão destes homens constitui uma apologia à validade histórica daquilo
que os Evangelhos relatam a respeito de Jesus. O Dr. A.B. Bruce disse: “Eles eram pessoas
de mente lenta; muito honestos, mas muito inaptos para receber novas ideias. Sabemos que

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nada além dos fatos poderia fazer com que tais homens cressem naquilo que, atualmente,
alguns lhes acusam de ter inventado”.
Ser discípulo de Cristo, em outras palavras, não tem início em algo que nós fazemos. O
processo começa com algo que Cristo fez. Jesus é o Bom Pastor que entregou sua vida pelas
ovelhas (Jo 10.11). Ele amou a igreja e por isso entregou a si mesmo por ela (Ef 5.25). Pagou
uma dívida que não era dele, e sim nossa, e então nos uniu a si mesmo como seu povo santo.
Assim, o discipulado cristão começa bem aqui, com a aceitação deste dom gratuito: graça,
misericórdia, relacionamento com Deus e promessa de vida eterna.
Como podemos aceitar esse dom e nos unir a Jesus? Por meio da fé! Como podemos aceitar
esse dom e nos unir a Jesus? Por meio da fé!
Abandonamos nossos pecados e o seguimos, confiando nele como Salvador e Senhor. Em
certo momento de seu ministério, Jesus se voltou para a multidão e afirmou: “Se alguém quiser
vir após mim, negue a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8.34).
Nosso discipulado com Cristo tem início quando ouvimos esta ordem e obedecemos a ela:
“Siga-me”.
3.1. Ser cristão significa ser discípulo.
Não há cristãos que não sejam discípulos. Ser discípulo de Jesus significa segui -lo. Não há
discípulos de Jesus que não o sigam. Cristãos são pessoas que têm fé verdadeira em Cristo e
que a demonstram ao depositar nele suas esperanças, seus temores e sua vida de forma plena.
Eles o seguem aonde quer que ele os guie. Não é mais você quem estabelece o programa de
sua vida, e sim Jesus Cristo. Você pertence a ele agora. “Não sois de vós mesmos”, Paulo diz,
“fostes comprados por um preço” (1Co 6.19,20). Jesus não é só nosso Salvador, ele é nosso
Senhor.
Paulo explicou isso da seguinte maneira: “E ele morreu por todos, para que os que vivem não
vivam mais para si mesmos, mas para aquele que morreu por eles e ressuscitou” (2Co 5.15,
NVI). O que significa morrer para si mesmo e viver para ele? Don Carson afirmou: “Morrer para
si mesmo significa considerar melhor morrer a cobiçar; considerar melhor morrer a falar uma
falsidade; considerar melhor morrer a... [nomeie o pecado]”.
4. O CONCEITO DE DISCIPULADO
Em Mateus 28.19, Jesus disse: “Fazei discípulos”. Trata-se de uma das poucas vezes que essa
expressão aparece no Novo Testamento. Em contrapartida, a palavra “discípulo”, tanto no
singular como no plural, pode ser encontrada inúmeras vezes, especialmen te nos evangelhos
e em Atos.
Em verdade, os termos discípulo e discipulado foram tão profundamente associados ao
ministério de Jesus que, como observa Edward L. Smither, para os primeiros cristãos, o termo
“discípulo” tornou-se, basicamente, sinônimo de “cristão”. Ser cristão, portanto, é ser discípulo
de Cristo. Todavia, Jesus não somente fez discípulos, como também os encorajou a fazer
outros discípulos, não tomando a si mesmos e suas ideias como modelo, mas, pelo contrário,
espelhando-se em Jesus e em suas ideias, ou seja, imitando a Cristo.
Para exemplificar o duplo sentido de “discipulado”, existem dois livros em português que têm
“discipulado” no título e que demonstram o que acabei de dizer. Um é Discipulado, de Dietrich
Bonhoeffer; o outro é Discipulado, de Mark Dever. Enquanto Bonhoeffer escreveu sobre
discipulado como o ato de seguir Jesus, Mark Dever escreveu sobre discipulado como o ato de
ajudar pessoas a seguirem Jesus.

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5. PRINCÍPIO DO DISCIPULADO
Qual a maneira de um grão de trigo se multiplicar? Caindo no solo para morrer (Jo. 12:24).
Jesus era este grão de trigo: era-lhe necessário morrer para que a vida divina no seu interior
pudesse se multiplicar. Este é o princípio de vida para produzir e expandir a igreja. Se um grão
de trigo não cair na terra nem morrer, permanecerá um grão e nunca produzirá nada. Mas, se
negar-se a si mesmo e morrer, crescerá, e um único grão tornar-se-á muitos. Esses muitos
grãos ou muito fruto é a igreja. Esta tem de ser a maneira de trazer a igreja a existência e
expansão.
Jesus morreu a fim de que seu elemento divino, sua vida divina, pudesse ser liberada de dentro
de sua envoltura de humanidade, para produzir muitos através da sua ressurreição (I Pe. 1:3).
Em outro aspecto, ele foi levantado no madeiro como Filho do Homem para atrair todos a si
mesmo (Jo. 12: 32).
O mundo é um sistema maligno, capitaneado por satanás. De modo que ele domina os setores
da humanidade a fim de prender pessoas e frustrá-las do propósito de Deus. A morte do Senhor
na cruz, julgou este sistema maligno, e o seu príncipe foi expulso. Na cruz o Senhor, como Filho
do Homem, foi levantado “em semelhança na carne pecaminosa” (Rm. 8:3). Satanás, “a antiga
serpente” (Ap. 12:9) corrompeu a carne do homem. Através da Sua morte na cruz “em
semelhança da carne pecaminosa”, o Senhor destruiu satanás que atua na carne do homem
(Hb. 2:14).
O Senhor, como um grão de trigo caindo na terra, perdeu sua vida de alma por meio da morte,
a fim de que, na ressurreição, liberasse a vida eterna para os “muitos grãos”. Nós, como os
muitos grãos, precisamos perder a nossa vida almática, por meio da morte, a fim de podermos
desfrutar a vida eterna em ressurreição.
O propósito desta morte é:
• Produzir muitos grãos – atrair todos os homens a Ele (Jo. 12:32);
• Liberar o elemento divino – a vida eterna (Jo. 12: 23,28);
• Julgar o mundo e expulsar seu dominador (Jo. 12: 31).
• Foi por sua morte que o Senhor foi glorificado e glorificou a Deus Pai.
6. MODELOS BÍBLICOS DE DISCIPULADO
O discipulado não era uma ideia nova no período do Novo Testamento, mas foi um conceito
bem estabelecido no mundo grego vários séculos antes de Cristo. Inclusive no Antigo
Testamento vemos vários exemplos benéficos (e outros nem tanto) deste tipo de
relacionamento:
• Moisés e os líderes de “grupos pequenos” – Êxodo 18.13-27
• Moisés e Josué – Êxodo 17.8-10
• Elias e Eliseu – 1 Reis 19.19
• Jeremias e seus discípulos – Jeremias 36.6-8
• Já no Novo Testamento temos:
• Jesus e os doze – Marcos 3.13-15
• Discipulado de Barnabé com Saulo e João Marcos – Atos 9.26-30
• Discipulado de Paulo com Timóteo – 2 Timóteo 2.15
• Discipulado de Timóteo com outros – 2 Timóteo 2.2

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7. A EBD E SUAS REFERÊNCIAS AO DISCIPULADO


A Escola Bíblica Dominical (EBD) é um espaço dedicado ao ensino e aprendizado da palavra
de Deus, onde cristãos de todas as idades se reúnem para estudar a Bíbli a e aprofundar sua
fé. Esta Conferência tem como objetivo destacar a importância da frequência à EBD para o
desenvolvimento espiritual do cristão, assim como aprimorar as ferramentas disponíveis para o
discipulado, fundamentando-se nas Escrituras Sagradas.
7.1. Crescimento Espiritual
A Bíblia nos ensina que o crescimento espiritual é fundamental para nossa caminhada com
Cristo. Em 1 Pedro 2:2, somos exortados a desejar o “leite espiritual puro” para que possamos
crescer na salvação. A EBD é um espaço onde os cristãos podem se alimentar da palavra de
Deus, fortalecendo sua fé e aprofundando sua compreensão das Escrituras. Ao frequentar a
EBD, o cristão desenvolve uma base sólida para enfrentar os desafios da vida e se tornar um
verdadeiro discípulo de Jesus.
7.2. Edificação da Comunidade
A EBD promove a comunhão entre os irmãos na fé, ajudando-os a estabelecer relacionamentos
saudáveis e edificantes. Em Hebreus 10:24-25, somos encorajados a considerar uns aos
outros, estimulando-nos ao amor e às boas obras, e a não deixar de congregar-nos, como é o
costume de alguns. A EBD proporciona um ambiente propício para o compartilhamento de
experiências, orações e apoio mútuo, contribuindo para o fortalecimento da comunidade cristã.
7.3. Formação de Líderes
A EBD é uma oportunidade para formar líderes capacitados para servir à igreja e à sociedade,
em conformidade com a vontade de Deus. Efésios 4:11-12 destaca que Cristo deu dons à igreja
para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério e para a edificação do corpo de
Cristo. Através do estudo da palavra e da prática da fé, a EBD contribui para que os cristãos
desenvolvam habilidades de liderança e sejam instrumentos de transformação em suas
comunidades.
7.4. Evangelização e Discipulado
A EBD tem um papel fundamental na formação de discípulos e na propagação do Evangelho.
Em Mateus 28:19-20, Jesus ordena aos seus seguidores que façam discípulos, batizando-os e
ensinando-os a guardar tudo o que Ele ordenou. A EBD proporciona um ambiente propício para
que os cristãos sejam treinados e equipados para compartilhar o Evangelho com os não crentes
e ajudar novos convertidos em seu processo de discipulado.
7.5. Desenvolvimento de Habilidades e Talentos
A EBD permite que os cristãos descubram e aprimorem seus talentos e habilidades para o
serviço no Reino de Deus. Em Romanos 12:6-8, somos exortados a usar nossos dons
espirituais em benefício da igreja e da comunidade. A EBD oferece oportunidades para os
cristãos identificarem seus dons e aprenderem como utilizá-los de maneira eficaz no ministério
e no serviço aos outros. Além disso, a EBD também promove o desenvolvimento de habilidades
interpessoais, de comunicação e de liderança, fundamentais para o trabalho em equipe e a
realização de projetos na igreja e na sociedade.
8. A EBD RELACIONAL
O ponto importante aqui é que o treinamento (discipulado) é inescapavelmente relacional. Não
pode ser feito em uma sala de aula por meio de suposta transferência de informação neutra. O
treinador está exigindo que o treinado adote não somente seus ensinos, mas também a maneira
de vida que resulta necessariamente de seu ensino.
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Assim, percebemos que o discipulado não é apenas u m curso bíblico para novos convertidos,
embora o curso bíblico seja o discipulado inicial para a consolidação da fé e para a integração,
mas para além disso o discipulado constitui o acompanhamento e o cuidado que um discípulo
mais maduro (professor) presta a um discípulo menos maduro (aluno), numa relação de ajuda.
8.1. O professor e sua relação com o discípulo
Na prática atual na EBD, o professor muitas vezes cumpre apenas uma escala, transmitindo o
conteúdo, mas não tem a intencionalidade de ser u m Mestre-Discipulador e de promover os
relacionamentos pessoais transformadores (professor versus aluno e aluno versus alunos).
Com raras exceções o aluno não é acompanhado pelo professor no seu dia-a-dia extraclasse.
O resultado é a falta de comunhão, a falta de crescimento e consequentemente a diminuição
do interesse do aluno em participar da EBD. A distância entre o professor e o aluno inviabiliza
o crescimento espiritual saudável e o discipulado.
Josué Campanhã afirma que “a grande diferença entre o discipulado que Jesus praticava e os
nossos métodos de ensino é a compaixão. Jesus sentia compaixão pelas pessoas a quem
ministrava, e ensinava com paixão. Hoje as igrejas estão cheias de professores que sentem a
necessidade de ter um público para ouvi-los, e ensinam com orgulho”, mas não estão dispostos
ao investimento pessoal que um relacionamento discipulador exige.
8.2. O aluno-discípulo
Discipulado é centralizado nesse relacionamento onde o discipulador, que é primeiramente um
verdadeiro discípulo de Jesus, assume o compromisso de ensinar com a vida e de se relacionar
de maneira transformadora.
O discipulado que transforma vidas é aquele praticado todos os dias e não apenas no domingo.
Precisa passar pelo coração de quem ministra para depois chegar ao discípulo. Deve ficar
incutido na mente do discípulo. Os pais espirituais devem falar dia a dia. O conteúdo não pode
estar apenas num livro ou numa revista. Foi esse também o modelo de Jesus. Ele não tinha
uma classe semanal de discipulado, mas ele estava dia a dia com os doze.
Além disso, existem professores que veem o aluno no sentido mais latino da palavra, como
alguém “sem luz”, “tabula rasa” e acabam despejando conteúdo sem se preocupar com a
relevância que aquele ensino terá na prática, na vida diária do aluno. Entretanto, o ideal da
Grande Comissão é “fazer discípulos”, conforme Mateus 28.18-20, e não apenas “passar
conteúdo” para alunos.
Talvez seja pela falta de uma cultura de discipulado na Escola Dominical que existam tantas
pessoas em nossas Igrejas que são exímios conhecedores da Bíblia e de suas doutrinas, mas
estão empacados em seu crescimento espiritual, tanto no sentido do fruto do Espírito, quanto
no serviço cristão. Eles poderiam lecionar qualquer matéria bíblica com facilidade pelo
conhecimento que possuem, mas a sua vida prática não condiz com o discipulado de Jesus,
conforme Mateus 16:24,25: “Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após
mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me; pois, quem quiser salvar a sua vida
por amor de mim perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á”.
CONCLUSÃO
Frequentar a Escola Bíblica Dominical é essencial para o desenvolvimento espiritual e a
formação integral do cristão. A EBD proporciona um ambiente propício para o crescimento na
fé, a edificação da comunidade, a formação de líderes, a evangelização e o discipulado, além
do desenvolvimento de habilidades e talentos. Ao se comprometerem com a EBD, os cristãos
cumprem o chamado bíblico para a busca do conhecimento da palavra de Deus, contribuindo
para a construção de uma igreja forte, unida e missionária.

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Portanto, é fundamental que os cristãos valorizem e participem ativamente da Escola Bíblica


Dominical, a fim de aprofundar sua fé, fortalecer sua comunhão com os irmãos e se tornarem
agentes de transformação em suas comunidades e no mundo. A EBD é uma oportunidade única
para enriquecer a vida espiritual, aprender com os ensinamentos bíblicos e experimentar o amor
e a graça de Deus em comunidade.

BIBLIOGRAFIA
• https://escolabiblicadominical.org/licao-12-a-urgencia-do-discipulado/
• http://ieadjo.com/materias/o-discipulado-e-escola-dominical-relacional
• https://www.expositorcristao.com.br/escola-dominical-espaco-de-missao-formacao-e-
discipulado
• CARLESSO, Joary Jossué (Org.). 1ª Oficina de Discipulado. 5.Ed. Joinville: Departamento
de Discipulado, 2011.p.07
• SANTOS, Gilmar. O discipulado. Missão Cristo para todos.
• DEVER, Mark. Discipulado. Vida Nova.
• BÍBLIA, português. Bíblia de Estudo do Discipulado. Nova Almeida Atuali zada. Materiais de
Estudo: David Edward Kornfield e Josadak Lima da Silva. Barueri: SBB, 2017. p. V.
• MARSHALL, Colin. PAYNE, Tony. A treliça e a videira: a mentalidade de discipulado que
muda tudo. São José dos Campos: Fiel, 2015.p.83.
• CAMPANHÃ, Josué. Discipulado que transforma: princípios e passos para revigorar a
Igreja. São Paulo: Hagnos, 2012.p.24.

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