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Livro: Igreja e Sociedade

Unidade I: Igreja e Sociedade, Visão Bíblica.

Tendo a Bíblia como nosso manual de vida e conduta, é


importante obtermos uma visão panorâmica da mesma cobre o
tema “Igreja e Sociedade”, vamos analisar o conceito das
Escrituras a respeito do assunto considerando as épocas em que
os conceitos Bíblicos foram formulados.

Capítulo 1: A Comunidade de Israel Como Figura da


Igreja.

 A igreja não foi uma invenção que surgiu apenas no NT,


ela já havia sido projetada por Deus desde o princípio, uma
vez que é Onisciente. Na verdade o NT é o cumprimento
das promessas feitas no AT, e a igreja é uma delas,
simbolizada através de Israel.

O Deus da Aliança

 É claramente mostrado nas páginas do AT que Deus


trabalhou através de alianças, isto é, pactos ou concertos
entre partes, onde cada uma delas tem seu compromisso a
cumprir. Isso era também uma prática comum entre as
pessoas antigamente. E Deus se utilizou dessa metodologia
para tratar com pessoas e com seu povo.
 A história e a arqueologia nos informam também que
antigamente eram celebrados tratados ou concertos
chamados de “suserania e vassalagem”, onde o suserano
era um soberano ou governante de uma cidade ou povo e o
vassalo era um pequeno lavrador.
 Nessa aliança ficava acordado que o suserano dava
proteção ao vassalo de ataques ou saques feitos por bandos
armados, uma vez que o suserano dispunha de exércitos.
Enquanto por sua vez o vassalo se comprometia em dar ao
suserano um quinto ou 20% de sua produção na lavoura
(Gn 41:34).
 Apesar de a comparação não ser a mais justa, era nessa
linha que Deus fazia aliança com seus servos e com seu
povo, onde Ele prometia prosperidade, saúde, e outras
bênçãos e como retorno queria obediência e fidelidade de
seu povo. Foi assim com os 3 principais patriarcas (Abraão,
Isaque e Jacó) e com o povo de Israel.
 Quando Deus fazia alianças no passado, o relacionamento
prioritário era com Ele mesmo, Ele queria obediência
exclusiva e irrestrita aos seus estatutos. Posteriormente,
Deus estabelecia princípios para os relacionamentos entre
as pessoas.
 Os princípios Divinos consideravam as situações adversas e
protegiam os mais necessitados como viúvas, órfãos,
estrangeiros, etc.
 O Senhor deu leis que protegiam a propriedade, que
tratavam da escravatura e liberdade, do pagamento de
dívidas, de indenizações, etc. Enfim, preceitos que tratavam
toda a rotina social de Israel.
 Podemos ver com isso que Deus está envolvido com a vida
material e social de seu povo.

A Nova Aliança
 Na atual aliança ou pacto, através dos evangelhos e
epístolas, Deus nos revela verdades espirituais que tratam
sobre a salvação, a vida eterna e outros assuntos de cunho
espiritual e místico.
 E mesmo neste caso, Deus quer exclusividade de seu povo.
Podemos ver que a nova aliança é a continuação da antiga.
Mesmo hoje, Deus deve ser adorado em todo o nosso modo
de vida e também em nossas relações rotineiras, nossos
negócios e trabalhos.

Capítulo 2: Igreja e Sociedade no Ensino de Jesus –


Estudo a Partir do Evangelho de Mateus.

 A estrutura do livro de Mateus apresenta o caráter da obra e


do ministério de Jesus. Mateus apresenta Jesus como rei
para os cristãos judeus, logo, evidencia não apenas seus
milagres, mas também sua sabedoria Divina em seus
conselhos e ensinamentos aos mais diversos públicos.
 Através de parábolas e sábias comparações, o Mestre
anuncia o Reino de Deus e toca a muitas pessoas através de
suas palavras e seus ensinamentos. O sermão da montanha,
as instruções para os doze, as parábolas do reino, o discurso
escatológico.
 É importante ressaltar que o evangelho não é mera
biografia em perfeita ordem cronológica, na verdade, ele
tem por finalidade revelar o caráter Divino e messiânico de
Jesus.
 Temos quatro evangelhos canônicos, sendo três sinóticos, e
podemos ver diferenças literárias e de relatos dos mesmos
episódios. Isso porque cada um deles queria apresentar
Jesus a um público diferente e revelando um caráter
distinto do ministério de Cristo.
 Foram escritos em grego e para destinatários primários da
época, logo, precisamos considerar isso ao interpretá-los e
aplicá-los aos nossos dias.
 Existem três contextos a serem considerados na saudável
leitura e interpretação do evangelho, o contexto do fato, o
contexto do evangelista e o contexto dos leitores
(destinatários primários e nós).
 A comunidade na qual o evangelho de Mateus foi formado
era composta basicamente de judeus e de prosélitos, tendo
sido escrito provavelmente em Antioquia da Síria.
 Destacamos os ensinos de Jesus que se aplicam à igreja,
que destacam a importância da humildade, a importância
dos “pequeninos” (pessoas humildes e desprezadas) na vida
da igreja e o perdão.
 Por fim, no discurso escatológico de Jesus. Aqui, em cada
parábola e ensino, Jesus destaca dois grupos, os que estão
aprovados e os que não estão, os corretos e os incorretos, os
vigilantes e os não vigilantes, enfim, os fiéis e infiéis.

Capítulo 3: Igreja e Sociedade em Atos.

 Atos dos Apóstolos apresenta a expansão da igreja de


Cristo e o trabalho missionário inicial realizado. Jerusalém
foi o local da inauguração da igreja e Antioquia da Síria foi
o grande celeiro missionário.
 É importante lembrar que Atos dos Apóstolos é
praticamente a continuação dos evangelhos, uma vez que
narra os episódios seguintes à ascensão de Jesus ao Céu.
Especialmente o de Lucas, que foi o autor dos dois livros
destinados a Teófilo, amigo de Lucas.
 Lucas apresenta um estilo literário culto e polido, além de
detalhado e com boa sequência narrativa. Ele é o único que
apresenta relatos de alguns momentos da infância de Jesus,
fazendo uma ponte para o livro de Atos.
 Em Atos podemos observar que Lucas realizou apurada
pesquisa sobre os trabalhos evangelísticos dos primeiros
cristãos, além de fazer uma ótima descrição dos momentos
em que estava junto com Paulo em suas viagens.
 Foi em Jerusalém que aconteceu a efusão do Espírito Santo
no dia de Pentecostes, umas das principais festas de Israel,
não é atoa que Deus dirigiu dessa forma, iniciar sua igreja
na capital do judaísmo no dia de uma grande festa judaica e
que seus primeiros seguidores eram judeus que a princípio
continuaram a observar os costumes judaicos.
 Isso é mais uma evidência de que a igreja é de fato o
projeto de Deus idealizado através dos preceitos instituídos
no AT e que se cumpriram com Jesus Cristo e com a igreja.
 Dali a igreja se expandiu e o evangelho alcançou os mais
longínquos lugares adentrando a cultura greco-romana,
assim, a igreja passou a ter membros de diversas culturas e
etnias.

Capítulo 4: Igreja e Sociedade nas Epístolas Paulinas.

 São 13 as epístolas cujo autor é Paulo, mesmo sabendo que


em algumas delas não foi ele quem escreveu de próprio
punho, em todas elas a inspiração Divina ocorreu nele e
dele saiu seu conteúdo.
 Paulo escreveu com o intuito de transmitir orientações às
comunidades cristãs, além de advertir e corrigir erros
doutrinários e comportamentais.

Metáforas Paulinas Para a Igreja


 O apóstolo se utilizou de metáforas para se comunicar com
as igrejas e amigos pastores a quem escreveu. Metáfora é
uma figura de linguagem que faz uma comparação
utilizando algo concreto para explicar algo abstrato.
 Aos crentes Coríntios Paulo usa a comparação da igreja
com um corpo, onde cada parte está ligada entre si e seu
funcionamento precisa ser unânime e bem coordenado,
onde todos são importantes e dependem uns dos outros.
Lembrando que a cabeça que comando esse corpo é Cristo.
 Aos Efésios Paulo compara a igreja como um edifício, cujo
fundamento é a Palavra de Deus ensinada pelos apóstolos e
os profetas. Sendo assim, a igreja não ruirá ou
desmoronará, pois seu alicerce é sólido e forte e sua
construção imponente e segura.
 Paulo também compara a igreja a uma lavoura, onde todos
estão plantados em Cristo, sendo alimentados e nutridos
pela Palavra. Só produziremos frutos se estivermos ligados
e enraizados em Jesus.

A Vida Comunitária da Igreja

 As epístolas paulinas bem como toda a Bíblia não admitem


a vida cristã pautada em um relacionamento apenas vertical
“eu e Deus”, mas incentiva e adota como ordenança o bom
relacionamento com o próximo.
 Deus nunca trabalhou com individualismo, o próprio Jesus
Cristo atuou em plena harmonia com o Pai e o Espírito
Santo na Terra. E da mesma forma isso não é aceito na
igreja.
 Devemos conviver com todos e tratar a todos com amor,
suportar os fracos, consolar os tristes, perdoar, interceder e
tudo mais que se aplica a vida cristã comunitária.

A Igreja e Sociedade na Epístola a Filemom.


 A menor das epístolas paulinas revela o caráter amoroso e
perdoador de Cristo que foi refletido em Paulo, e deveria
ser também em Filemom e em nós.
 Na carta ao seu discípulo e filho na fé Filemom, que
morava em Colossos, Paulo relata ter conhecido e
convivido por algum tempo na prisão com Onésimo, um
escravo de Filemom que havia fugido.
 Mas que agora havia sido evangelizado e convertido a
Cristo através de Paulo na prisão.
 O conteúdo da carta é uma recomendação a Filemom, onde
Paulo claramente se utiliza do prestígio e respeito de que
desfrutava por parte de Filemom para lhe constranger a
receber Onésimo não mais como um escravo que havia lhe
causado dano, mas como um irmão em Cristo, que agora
era útil e importante par ele (Paulo) e para Cristo.
 Assim como a Filemom, Paulo havia gerado e Onésimo
como filho na fé, ou seja, o mesmo carinho que Paulo tinha
por Filemom, agora ele relata ter também por Onésimo.
 Assim também, nós somos incentivados e ensinados a
interceder por aqueles que têm seu caráter transformado
por Cristo.

Capítulo 5: Igreja e Sociedade nas Epístolas Gerais e


no Apocalipse

 As epístolas gerais na verdade tiveram destinatários em


particular, mas são chamadas gerais por terem sido escritas
por diversos autores.
 Elas tratam de assuntos diversos, priorizando a doutrina
Bíblica, mas tratando também da ortopraxia dos irmãos das
comunidades cristãs. Tais cartas iam passando por todas as
comunidades cristãs e eram lidas em todas elas. Logo
tinham um caráter sagrado para as igrejas, dada à
autoridade de quem as escrevia.
 Com exceção da epístola de Tiago, que provavelmente foi a
primeira do NT a ser escrita, as demais epístolas gerais
foram produzidas quase no final do primeiro século, um
tempo em que a igreja já começava a passar por
perseguições, logo, esse era o principal assunto de boa
parte delas, reforçar a fé dos irmãos.
 A sociedade na época era carregada de paganismo e
idolatria, haviam templos a vários deuses nas principais
cidades do império romano e o culto ao imperador era regra
em todos os lugares.
 Os cristãos eram hostilizados e perseguidos, às vezes
presos e mortos. Mas mesmo assim eles deveriam viver de
maneira pia e amorosa entre si e para com os de fora.
 Mas a maior preocupação e perigo dos escritores das
epístolas gerais eram as heresias propagadas nas igrejas,
isso corrompia a mente dos irmãos e causava sérios danos à
ortodoxia cristã.

Unidade II: Igreja e Sociedade, Visão Histórica.

Como disse Bernardo de Chartres, filósofo platônico francês do


século XII: “Somos anões carregados em ombros de gigantes”,
isso quer dizer que apoiados no legado e feitos dos que viveram
antes de nós, podemos nos comportar hoje e ter uma melhor
perspectiva do futuro. Saber como foi a relação entre a igreja e
sociedade no passado nos traz grandes ensinamentos para melhor
vivermos isso hoje.
Capítulo 1: Igreja e Sociedade no Cristianismo
Primitivo, o Cuidado para com os Pobres.

 Damos o nome de Patrística ao período dos “pais da


igreja”, ou seja, dos líderes que atuaram após o primeiro
século e que muitos foram discípulos dos apóstolos.
 Esse período se estende até o 4º século e teve grande
importância para a teologia e ortodoxia cristãs, muita obras
foram escritas e a linha doutrinária cristã foi fortalecida e
estabelecida. Os pais da igreja dividem-se entre pais
orientais, e pais ocidentais.
 Os orientais trabalharam na porção leste do império
romano e a maioria escreveu em grego, Dentre eles estão:
Basílio de Nissa (330-395), Gregório Nazianzeno (329-
389), Teodoro de Mopsuéstia (350-428) e João Crisóstomo
(347-407).
 Os ocidentais trabalharam no lado oeste do império romano
e a maioria deles escreveu em latim, dentre eles: Cipriano
de Cartago (200-258), Ambrósio de Milão (337-397),
Jerônimo (347-420) e Agostinho de Hipona (354-430).
 Neste período também se destaca o surgimento de duas
grandes escolas teológicas e interpretativas do cristianismo,
a Escola de Alexandria, que defendia a interpretação
alegórica da Bíblia e a Escola de Antioquia da Síria, que
defendia a interpretação literal das Escrituras.

João Crisóstomo.

 Dentre os teólogos e pais orientais destacamos João


Crisóstomo, que lhe teve atribuída a alcunha Crisóstomo
(Gr. “boca de ouro) por sua perícia na oratória, era
eloquente e fervoroso em suas pregações.
 Era nascido em Antioquia da Síria, de família culta e
abastada, sua mãe, Antusa, era cristã piedosa e seu pai, um
oficial do exército Romano. Viveu na época em que o
Império Romano era cristão, após Constantino fazer cessar
as perseguições contra os cristãos.
 O problema era que agora, muitas pessoas ingressavam na
igreja, que gozava de alguns privilégios, sem, contudo
haverem se convertido genuinamente.
 Diante disso, João Crisóstomo lutou bravamente pela
pureza da igreja, combatendo até mesmo a corte imperial
que se dizia cristã, mas na verdade usava de
superficialidade, pois enquanto viviam em ostentação e
luxúria, a população estava na miséria.
 Em suas pregações, João Crisóstomo se posicionava
duramente contra a frieza espiritual e o pecado da
sociedade e também contra as injustiças por parte do
império.

Capítulo 2: Igreja e Sociedade no Período da Reforma


Protestante.

 A reforma Protestante, que ocorreu no século XVI foi um


divisor de águas na história da igreja e também do mundo.
Com a união entre igreja e estado, o cristianismo foi se
afastando da pureza doutrinária e caindo no paganismo, a
igreja foi se fortalecendo e não apenas influenciava, mas
realmente dominava a esfera política de quase todos os
países do ocidente e alguns do oriente.
 Muitos se levantaram contra o rumo pagão que a igreja
tomava, mas foram calados e mortos, até que Martinho
Lutero, um monge agostiniano, através de suas 95 teses
contra a venda de indulgências deu início ao que se chamou
de “REFORMA PROTESTANTE”.
 Muitos países foram aderindo ao movimento que atingiu
proporções muito além do que Lutero imaginava. As
pessoas passaram a ter acesso à Bíblia e à educação secular.
 Além de Lutero, um nome de destaque na Reforma
Protestante foi João Calvino, nascido na cidade de Noyon,
na França em 1509, era filho do secretário do bispo e por
isso teve benefícios eclesiásticos que custearam seus
estudos, estudou em Paris e teve acesso aos ensinos dos
famosos reformadores.
 Através do estudo mudou suas posições que eram
favoráveis à igreja católica e passou a defender os
movimentos de reforma. Abriu mão de seus privilégios
eclesiásticos e declarou oposição ao romanismo e se exilou
em Basiléia, na Suíça, onde publicou sua primeira obra “De
Clementia” e também “A Institutas da Religião Cristã”,
onde defendia os protestantes da França e outros ensinos
reformados.
 Em Genebra, na Suíça junto com o pregador Guilherme
Farel, Calvino começou a ensinar pessoas vindas de toda a
Europa, e marcou a história da teologia cristã com seus
ensinos.
 Causou grande influência na teologia cristã, pois foi um
dos principais expoentes protestantes da sua época.
 Calvino entendia que o serviço social era tão importante
quanto a pregação do evangelho e o ensino Bíblico. E para
isso havia a instituição dos diáconos, que deveriam atuar
nesse serviço da igreja. Chegou a defender que se alguém
tem riquezas, o tem para repartir com os necessitados. E se
existem o pobres, é para que os cristãos genuínos possam
ajudar-lhes.
 Calvino se dedicou a ajudar o hospital geral que já existia
em Genebra, quando surgiu o fundo Francês que ajudava a
manter o hospital.
Capítulo 3: Igreja e Sociedade, o Movimento
Evangelical Britânico.

 Já na “Idade Moderna”, surgiu um movimento conhecido


como “Evangelicalismo Britânico”, que foi uma
revitalização no cristianismo protestante na Inglaterra.
 Ao contrário do que muitos pensam, não foi um movimento
contrário a instrução e erudição Bíblico/teológica, mas
contra o esfriamento espiritual, enfatizando os “5 solas” da
reforma protestante e o retorno à fé prática em Cristo.
 Destacamos alguns nomes desse movimento:

 Thomas Chalmers (1780-1847): Pastor presbiteriano


escocês e um pregador eloquente e entusiasmado que
presidia uma grande igreja em seu país. Suas pregações
eram Cristocêntricas e fervorosas. Ele liderou um
movimento de ajuda a famílias carentes de sua igreja, onde
as duas mil famílias forma divididas em 25 grupos, onde
cada um era liderado por um presbítero. Além disso, ele
criou um sistema semelhante a uma “agência de
empregos”, para recolocação no mercado de trabalho dos
irmãos que estivessem desempregados, sendo os mesmos
eram assistidos pela igreja em mantimentos até
conseguirem emprego.
 William Booth (1829-1912): Foi o organizador do
movimento chamado “Exército da Salvação”. Grupo que
segue a mesma hierarquia das forças armadas, porém se
armas, nem brancas nem de fogo, e se dedicam a
distribuição de alimentos, banho e roupa, além de
evangelização. As pessoas atendidas eram também
encaminhadas e acompanhadas para inserção na sociedade
e no mercado de trabalho. A sigla do exército da salvação
era “SSS” (SOPA, SABÃO E SALVAÇÃO).
 Robert Raikes (1736-1811): Não era clérigo, mas afamou-
se por iniciar um trabalho social com crianças no auge da
revolução industrial, o que culminou no que hoje é a Escola
Bíblica Dominical. Era dono do “Gloucester Journal” na
Inglaterra e com recursos próprios reunia as crianças de rua
para dar-lhes aulas de cunho secular e religioso.
 Willian Wilberforce (1759-1833): Político do parlamento
britânico que se destacou por se empenhar em lutas justas
como a emancipação de Serra Leoa, também contra a
crueldade contra os animais, contra o comércio
escravagista. Essa última luta lhe custou muito esforço e
muita oposição, até que em 1833 foi promulgada alei que
abolia a escravatura no Império Britânico.

 O movimento Evangelical britânico deixou um grande


legado que alcançou até o Brasil. Infelizmente os ideais do
movimento não são bandeira principal de muitos
movimentos evangélicos hoje, mas o exemplo é conhecido
e reflete o verdadeiro avivamento Bíblico.

Capítulo 4: Igreja e Sociedade no Século XX, “Igreja é


Cristo Existindo na Comunidade”.

 Dietrich Bonhoeffer (1906-1945) era alemão, de família


aristocrata germânica. Filho de Karl Bonhoeffer e Paula
Von Hase. Seu pai era agnóstico e sua mãe luterana pietista
que educou seus filhos no temor do Senhor.
 Aos 17 anos iniciou a faculdade de teologia em Tübingen,
chegando a ser aluno de Karl Barth, doutorou-se em
Teologia pela universidade de Berlim. A teologia de
Bonhoeffer era prática, pastoreando e trabalhando com
adolescentes e meninos na evangelização.
 Chegou a exercer a atividade pastoral em Barcelona, na
Espanha e em Londres, Inglaterra. Depois foi para Nova
Iorque para aprimorar-se a fim de habilitar-se para lecionar
na universidade de Berlim. Em Nova Iorque frequentou
uma igreja composta por negros no Harlem, algo realmente
inusitado.
 Retornou à Alemanha na eminência da segunda guerra
mundial e junto com Karl Bath e outros teólogos e pastores
ajudou a organizar a “Igreja Confessante”, termo que se
referia à confissão de fidelidade a Jesus e não à Hitler.
 Bonhoeffer passou a sofrer perseguição por parte da
Gestapo, que fechou seu seminário em 1937. Foi proibido
de lecionar e convidado a retornar aos Estados Unidos.
 Estava realmente objetivado em se opor a Hitler, tornando-
se espião a serviço dos inimigos da Alemanha. Participou
de um complô para eliminar Hitler. Infelizmente foi
descoberto, preso e sentenciado a morte por enforcamento
com apenas 39 anos de idade.
 Deixou um legado e um exemplo de teologia e pastorado
social, defendendo a interação da igreja na sociedade.

Capítulo 5: Igreja e Sociedade no Século XX, Igreja


Como Comunidade de Voz Profética.

 Poucos personagens do meio evangélico moderno tiveram


tanto destaque como o Pastor Martin Luther King Júnior,
pastor negro, batista norte americano, que assim como
Bonhoeffer, se empenhou em lutas sociais e contra
desigualdades e também foi morto ainda jovem, 39 anos.
 Nasceu em Atlanta, Georgia, EUA em 15 de janeiro de
1929, filho de Martin Luther King e Alberta Willians King.
Seu avô seu pai também foram pastores e King Junior deu
continuidade à chamada pastoral.
 Estudou teologia no Seminário Teológico Crozer, na
Pensilvânia e fez doutorado em Boston, onde conheceu
aquela que seria sua futura esposa Coretta Scott, com quem
teve quatro filhos, dois meninos e duas meninas.
 Nessa época a segregação racial ainda era latente e oficial
nos EUA, apesar da escravatura ter sido abolida em 1865.
Os negros eram fortemente discriminados e submetidos a
tratamentos de inferioridade. Tudo isso incentivou Luther
King a se empenhar em sua luta contra a segregação racial.
 Ele começou a fazer uso de sua boa oratória para pregar
sermões contra a discriminação racial. Luther King
incentivava os negros a não responderem com violência os
ataques que sofriam, a não pagarem o mal com mal.
 Ele apoiava e liderava manifestações pacíficas contra as
injustiças imperantes na sociedade americana. Como
exemplo disso houve o ato de incentivar os negros a
boicotarem os ônibus, onde os negros pagavam o mesmo
valor que os brancos, mas tinham que ceder seus lugares
aos brancos no ônibus. Esse boicote foi pacífico e durou
mais de um ano.
 Até que em 1963, Martin Luther King liderou a marcha
sobre Washington, um gigantesco protesto com cerca de
200 mil pessoas. Nesta ocasião Luther King pronunciou seu
famoso discurso “I have a Dream” (Eu tenho um sonho).
 Também nessa época se destacou Malcon X, outro ativista
do movimento negro, mas que caminhou na contramão do
Pastor Luther King, pois pregava a reação violenta contra
os brancos e as autoridades e também culpou a igreja por
alimentar o racismo no país.
 Em 4 de abril de 1968, Martin Luther King foi assassinado
na cidade de Memphis, no Tennesse.
 No Brasil vivemos realidades um pouco diferentes das que
viveu Luther King, pois aqui nunca tivemos leis que
apoiassem a segregação racial.
 No entanto, no Brasil, um país multirracial e multicultural,
o racismo existe e cotidianamente vemos suas práticas
latentes nos mais diversos segmentos, inclusive na igreja.

Unidade III: Igreja e Sociedade, Visão Teológica.

Nesta unidade veremos a visão e a linha teológica a respeito do


tema “Igreja e Sociedade”. Vamos conceituar a eclesiologia e
outros temas como Trindade e Cristologia.

Capítulo 1: O que é Igreja

 A Bíblia sempre incentivou a vivência comunitária. Desde


o AT e a igreja.
 Essa visão teológica prática é reforçada na epístola de
Tiago, que nos ensina uma prática religiosa real e não
apenas teórica.
 Quando Jesus instituiu sua igreja ele deixou claro que esta
deveria viver entre as pessoas pregando o evangelho e
vivendo o evangelho do amor e da misericórdia.
 Conforme o credo Niceno-Constantinopolitano, formulado
em 381, a igreja de Cristo é Una (um só corpo em todos os
lugares), Santa (tirada para fora do mundo, diferente ou
separada do sistema pecaminoso mundano), católica
(mundial e universal em todos os lugares), apostólica
(segue os ensinamentos dos apóstolos).
 Os reformadores do século XVI concordaram com este
padrão quádruplo, porém o adaptaram com uma elaboração
protestante. A pregação e ensino das Escrituras foram
priorizados e os sacramentos tiveram a importância
retratada pelo teólogo Pedro Lombardo “são sinais visíveis
de uma graça invisível”, sendo eles o Batismo nas Águas e
a Ceia do Senhor.
 Mas o que a igreja faz ou deve fazer?
 A ação da igreja é definida em sete palavras que expressam
seus serviços junto à comunidade. São elas:

 Testemunho (Marturya): A igreja deve estar comprometida


com o testemunho de Jesus Cristo, sua obra e seu
evangelho.
 Culto (leitourgia): Deus deve ser adorado e cultuado pela
igreja que sobre Ele está edificada.
 Cuidado Pastoral (Poimenia): Não é o cuidado apenas do
pastor da igreja, mas sim de toda a igreja entre si.
 Serviço (diakonia): A igreja deve demonstrar amor e
serviço à comunidade prestando-lhe socorro e cuidados
necessários.
 Comunhão (koinonia): A coesão e união devem ser marcas
registradas da igreja de Cristo, na alegria, na tristeza e
outros momentos.
 Ensino (didachê e didaskalía): Transmissão dos ensinos de
Cristo, bem como a constatação de sua assimilação.
 Proclamação (Kerugma): Os primeiros cristãos não tinham
receio em proclamar sua fé, assim, junto com o testemunho
a proclamação alcançará as pessoas, que pelo poder do
evangelho serão atraídas a Cristo.

Capítulo 2: A Trindade e a Igreja.


 A fé cristã é monoteísta, ou seja, crê e adora um Deus, mas
a compreensão é trinitária. Um único Deus subsistindo em
três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo. A trindade ou tri-
Unidade é a mais importante doutrina do cristianismo, o
pensamento cristão se inicia nela.
 No entanto, a palavra “doutrina” não é de posse exclusiva
da teologia, na verdade essa palavra quer dizer “explicação
racional de um princípio teórico”.
 No caso dos ensinos e crenças cristãs, eles não são
explicações racionais, até porque vão além, do racional e
do entendimento humano. Logo o termo “mistério” se
encaixa melhor nos tratados teológicos, mesmo que
constantemente usemos o termo doutrina por sua conotação
de ensino.
 A crença na Tri-Unidade é comum em todos os segmentos
tradicionais cristãos (ortodoxos, romanos, protestantes e
evangélicos). Os escritores da patrística concordavam com
esse pensamento, inclusive na Didaquê (um manual de
ética e doutrinas cristãs do primeiro século).
 Apesar da palavra trindade não constar na Bíblia, ela é
plenamente revelada nela.
 O primeiro uso da palavra “trindade” em sua forma grega
‘trinas’ foi de autoria de Teófilo, bispo de Antioquia da
Síria, no oitavo ano do reinado de Marco Aurélio (168
A.D.). Ele usou a palavra no segundo dos três livros que
escreveu, endereçados ao seu amigo Autólico. Ao comentar
o quarto dia da criação no Gênesis, ele escreveu: “Da
mesma maneira também os três dias que foram antes dos
luminares, são tipos da trindade, de Deus, de Sua palavra, e
Sua sabedoria”.
 Tertuliano (160-220 A.D.) foi o primeiro a usar a palavra
latina “trinitas”. Educado em Roma e presbítero em
Cartago, Tertuliano lançou as bases da Teologia Latina, a
qual mais tarde foi apoiada por Cipriano e Agostinho.
 Trata-se de um grande mistério que só pode ser entendido
pela Fé.
 Vemos a atuação Trinitária em todas as ações Divinas, na
criação, no relacionamento e revelação ao homem, na
redenção do homem e na condução da história.

Capítulo 3: Cristologia e a Igreja

 Não há como falar da igreja sem nos atentarmos para a sua


base e alicerce, Cristo. A Pedra fundamental em que a
igreja está firmada.
 Jesus também é a cabeça da igreja, logo ela é um
organismo vivo, um corpo em movimento. Não existe
membro mais importante que o outro, todos compõem o
corpo de Cristo.
 Apesar de ser uma organização, a igreja não pode ser
considerada e tratada como uma empresa, uma empresa
visa o lucro, a igreja deve visar almas para Cristo.
 Em sua administração a igreja até pode se utilizar de
algumas ferramentas e metodologias empresariais, mas não
se pode esquecer que é um corpo, com pessoas e não
apenas números.
 Em Efésios capítulo 1 Paulo apresenta Cristo com uma
profundidade maior “Ele é a plenitude de tudo” e tudo está
sob seus pés. Jesus Cristo é a razão da existência da igreja,
a sua plenitude e o modelo que rege sua existência.
 Devemos entender com base nesse texto de Efésios duas
verdades: Que a igreja não é propriedade de seus líderes,
ela é de Cristo e que aqueles que sofrem perseguição por
amor a Cristo são fortalecidos Nele.
 A igreja deve seguir o modelo e exemplo de Cristo em sua
ação para com o mundo. Somos “EKLESIA” tirados ou
clamados para fora, mas no sentido de estar fora do sistema
pecaminoso imperante no mundo. Isso não significa que
não tenhamos que nos envolver com a evangelização e
obras sociais.
 Seguindo essa linha a igreja vai viver e agir pelo poder e
orientação do Espírito Santo, seguir as orientações
provenientes da Palavra de Deus, ser sensível e solidário
aos mais necessitados, enfrentar oposição e ter visão
missionária.

Capítulo 4: Pneumatologia e a Igreja

 A história da igreja se inicia com a ação do Espírito Santo,


a inauguração dela se deu na ocasião da efusão do Espírito
Santo, foi Ele quem atuou e tem atuado até hoje na direção
e capacitação sobrenatural da igreja.
 Como afirmou Paulo em 1 Co 12:3 “...ninguém pode dizer
que Jesus é Senhor senão pelo Espírito Santo...”, ou seja,
ninguém reconhece o senhorio de Cristo senão pelo
Espírito Santo.
 Jesus em suas conversas com os discípulos no evangelho de
João faz o anúncio da manifestação do Espírito Santo na
vida deles. Logo a igreja é uma comunidade pneumática,
ou seja, movida e dirigida pelo consolador.
 Em Atos dos Apóstolos vemos o espírito Santo sendo
revelado e manifestado aos homens de maneira inédita. A
partir daí, vemos a igreja cumprindo com excelência sua
missão, evangelizando e operando prodígios pelo poder do
espírito Santo.
 Vemos claramente que após a experiência do dia de
Pentecostes, a igreja agiu de maneira intensa e dinâmica a
ponto de no capítulo 17 versículo 6 vermos o relato de que
a igreja estava alvoroçando o mundo e havia chegado até
ali em Tessalônica.
 Vemos que é o Espírito Santo quem dá vida e ânimo às
missões espirituais da igreja.
 Na direção da igreja o Espírito Santo concede dons a ela
com a finalidade de promover edificação do corpo e isso
acontece conforme a vontade Dele (1 Co 12:11).
 São vários os textos que relatam e falam sobre os dons, que
não têm um número definido, mas são diversos.
 A Bíblia orienta a boa utilização dos dons, ou seja,
sabedoria, moderação e reverência por parte daqueles a
quem Deus capacita com os dons.
Capítulo 5: A Missão Integral da Igreja

 A Teologia da Missão Integral em primeira linha propõe


uma ação plena da igreja, voltada para a evangelização de
todas as pessoas e em todos os lugares.
 Partindo do fato de que Deus ama a todos e quer que todos
sejam salvos.
 A TMI nasceu dos esforços de pensadores latino-
americanos, a maioria de língua espanhola. Ela surgiu da
Fraternidade Latino Americana, que se reuniu em 1970 em
Cochabamba, Bolívia, que a princípio propunha promover
a evangelização estudando os contextos sociais.
 Como dissemos a Teologia da Missão Integral a princípio
apresenta uma idônea proposta, no entanto, ao se estudar na
íntegra suas intenções, perceber-se-á que se trata de uma
visão teológica que se soma a ideais antibíblicos.
 A ideia de uma teologia latino-americana, que dá ocasião à
Teologia da Libertação (no catolicismo) e à Teologia da
Missão Integral (no protestantismo), aponta para uma
construção teológica que parte de um recorte
socioeconômico, no caso situado no continente sul-
americano.
 Mas, ainda que a posição teológica partisse de outro local
do globo e de outra realidade social, o resultado da teologia
estaria comprometido desde o início em virtude dos
pressupostos empregados e do recrutamento de suas
asserções hermenêuticas fundamentais, ou seja, seria errado
desde o início por causa do método.
 A Teologia da Missão Integral (TMI) e sua irmã católica, a
Teologia da Libertação (TL) são sistemas construídos sobre
premissas marxistas, conforme testemunha, em alto e bom
som, o maior representante atual da TMI no Brasil,
Ariovaldo Ramos. Elas pressupõem (o que julgam ser)
disfunções socioeconômicas como o seu referencial teórico
e, a partir dele, orientam a reflexão teológica resultando em
um sistema que:

 Adota uma cosmovisão flagrantemente antibíblica - o


marxismo - como lente interpretativa;
 Entende "justiça social" como a redistribuição coercitiva
de renda;
 Posiciona o Estado como o agente de caridade;
 Direciona conclusões originadas na ideia marxista de
luta de classes;
 Expande a ideia de luta de classes para confrontos em
outras instituições, como a família;
 Coloca-se favorável a modelos de governo
irrefutavelmente corruptos, totalitários, ditatoriais,
imorais, ladrões, sanguinários e perseguidores oficiais de
cristãos;
 Defende abertamente o comunismo tanto pela declarada
afeição aos referidos governos quanto pelo alinhamento
ideológico e pessoal a ditadores de esquerda.

 Diante disso, tanto a TMI quanto a TL são abominações.


Com efeito, não deveriam sequer ser chamadas de
teologias: suas estruturas doutrinais não partem da
revelação de Deus, mas de outro ponto. A TMI e a TL são,
assim, anomalias.

Unidade IV: Igreja e Sociedade, Visão Sociológica.


Como estudantes de teologia, precisamos também desenvolver a
ótica sociológica da igreja e da sociedade para melhor
entendermos as complexidades de tudo aquilo que acontece no
contexto em que vivemos. A sociologia consegue responder
algumas situações e realidades que muitos evangélicos tendem a
espiritualizar.

Capítulo 1: Sociologia da Religião em Max Weber-


Uma introdução.

 A sociologia aborda as sociedades humanas, sua


organização, estruturas, administração, etc. Ela se divide
em vários segmentos, chegando a estudar até a religião,
uma vez que ela é prática intrínseca da sociedade.
 A sociologia da religião trata do papel da religião na
sociedade e seus reflexos.
 No Brasil, o crescimento evangélico é grande,
principalmente entre os pentecostais. Isso justifica uma
análise do assunto.

Max Weber: Síntese Biográfica.

 Maximilian Karl Emile Weber nasceu em Munique,


Alemanha em 1864. Seu pai era envolvido com política e
não professava religião, já sua mãe era protestante
(calvinista).
 Foi advogado e professor, além de estudar história,
teologia, economia e política. Mas acabou se dedicando à
pesquisa e produção literária.
 Escreveu grandes obras como “A ética protestante e o
espírito do capitalismo”, “Ciência como vocação” e
“Economia e sociedade”. Foi casado com Mariane
Schnitger, que depois de sua morte foi curadora de seu
legado.
 Com a primeira guerra mundial em 1914, Weber
demonstrou entusiasmo nacionalista, apoiando seu país na
guerra. Porém, um ano depois assumiu uma posição
pacifista.
 A guerra acabou em 1918, em 1919 Weber foi convocado
para o Tratado de Versalhes, onde ajudou a redigir o
documento do encontro. No ano seguinte Max Weber
morreu de pneumonia com 56 anos.

Religião, Economia e Sociedade.

 Weber estudou a sociedade indiana e as islâmicas e


percebeu que o fator religioso de fato interfere diretamente
no estatus.
 Já no cristianismo, ele viu diferença entre o catolicismo e o
protestantismo. No catolicismo o dinheiro era visto como
algo sujo e o lucro como algo negativo. Já no
protestantismo (calvinista/puritano), Weber percebeu um
incentivo ao trabalho e combate à preguiça, processo que
ele chamou de “Racionalização”.
 Não é atoa que os países com herança de matrizes
protestantes prosperaram e se tornaram os países mais ricos
do mundo.
 Uma versão atual da tese de Weber atribui ao calvinismo a
paternidade do capitalismo. Claro que isso não procede,
pois já haviam centros capitalistas antes da reforma, com é
o caso da cidade de Veneza nos séculos XII e XIII.
 Fato é que os que se convertem ao evangelho em igrejas
pentecostais e outras protestantes assumem uma nova
postura, pois vícios e gastos com frivolidades são
abandonados e as pessoas procuram trabalhar e estudar,
melhorando assim sua condição social e cultural.
 A tese de Weber contrariou a de Karl Marx, que via a
religião como algo nocivo à sociedade e que estimulava a
desigualdade social e a opressão da classe pobre pela rica.
Logo, para Weber, a religião não é um modelo de
alienação.

Modelos de Liderança.

 Max Weber também pesquisou os modelos de liderança da


sociedade nos seus diversos segmentos.
 Ele abordou a liderança “racional legal”, liderança baseada
na aceitação de regras e leis. É o modelo mais presente nas
sociedades ocidentais. Vemos leis municipais, estaduais e
federais, a sociedade deve, portanto, obedecer as
autoridades.
 Outro modelo observado por Weber é a liderança
“tradicional”. Nesse caso a liderança se dá baseada em
padrões de comportamento antigos herdados de gerações
passadas.
 Finalmente Weber analisou a liderança mais presente nas
igrejas, a “carismática”, que aqui não deve ser entendida
em seu sentido teológico, mas no popular (carismático =
simpático, agradável).
 O líder religioso por seu carisma influencia e atrai
naturalmente as pessoas. Quando o líder não possui carisma
pessoal, acontece o que Weber chamou de “carisma de
função”, ou seja, ela será respeitada por conta da função e
não por ela mesma.

Atores Religiosos Segundo Max Weber.

 Para Weber em qualquer segmento religioso, independente


da época e do lugar existem três “atores” ou figuras “O
Sacerdote”, “o Profeta” e “o Mago”. Tais palavras não
devem aqui ser entendidas em seu sentido apologético,
etimológico e teológico, mas o sentido social.
 O Sacerdote é aquele que está a serviço da religião
institucionalizada, aquele que detém o conhecimento
técnico e especializado. Ele é o responsável por manter a
ordem no sistema estabelecendo procedimentos e padrões.
 O Profeta é aquele que transmite as mensagens que o povo
precisa ouvir, falando sempre em nome da Divindade
venerada no tal segmento onde ele atua. Se sua mensagem,
no entanto, for discrepante daquilo que o sacerdote
determina, o profeta será hostilizado por este e poderá
causar um cisma no segmento, o que Weber chama de
“seita”. Se essa seita for bem sucedida, será chamada então
de “igreja”.
 Já o mago se diferencia dos demais atores, uma vez que ele
vem de fora da instituição religiosa institucional, é de certa
forma independente. Alega ter contato direto com a
Divindade sem depender da instituição e da “burocracia”
religiosa. É desclassificado pelo sacerdote e pelo profeta,
pois atua na marginalidade do sistema religioso, na
clandestinidade.
 É comum vermos no cenário cristão brasileiro estes
mesmos tipos aqui apresentados, onde novas igrejas são
abertas constantemente e assim, os “sacerdotes” perseguem
os “profetas”, que causam um cisma, que no começo é uma
seita, mas depois se torna uma igreja.

Capítulo 2: Igrejas Evangélicas Não Pentecostais e


Sociedade

 Podemos ver certa diferença entre o protestantismo europeu


e o brasileiro. No Brasil todas as igrejas não católicas são
chamadas de “evangélicas”, no senso comum, “crentes”.
 A partir do século XX entra no Brasil o “pentecostalismo”
e a partir daí surge uma nova nomenclatura que distingue
reformados e pentecostais, “crentes tradicionais”, são os
reformados, “crentes pentecostais”, igrejas pentecostais.
 Neste compêndio serão usados os termos “igrejas
pentecostais” e “igrejas não pentecostais” ou então
“evangélicos pentecostais” e “evangélicos não
pentecostais”. Por serem termos de mais fácil entendimento
e que melhor se adequam à tais igrejas.

Igrejas Evangélicas Não Pentecostais e Sociedade no Período


da Reforma na Europa.

 As igrejas protestantes ou evangélicas não pentecostais


surgiram na Europa no período da reforma protestante. Foi
um período bastante conturbado.
 Antes da Reforma, a Europa seguia única sob o domínio da
igreja Romana. Depois dela a Europa se dividiu e muitas
nações aderiram à reforma em seus diversos modelos e uma
parte permaneceu com Roma.
 Países da Escandinávia (Suécia, Noruega e Dinamarca),
Alemanha, Holanda, Suíça, Inglaterra, Escócia e Hungria
confessaram o protestantismo. Enquanto nações como
Portugal, Espanha, França, Itália e partes da Alemanha,
Suíça e Holanda permaneceram fiéis a Roma.
 Mesmo assim, nos lugares onde o protestantismo imperou
alguns modelos administrativos católicos ainda eram
observados.
 Hoje muitas dessas nações tem sua população
majoritariamente declarada protestante, apesar de isso não
refletir a prática na vida das pessoas. Mas não se pode
negar que a herança da ortopraxia protestante ainda
predomina. Com exemplo podemos citar o alto IDH destes
países, a qualidade de vida e a quase inexistência da
corrupção nos governos.

Igrejas Evangélicas Não Pentecostais e Sociedade no Brasil


 O modelo protestante brasileiro se estabeleceu no Brasil a
princípio com uma bandeira comercial e exploradora, uma
vez que o país era católico e o protestantismo não era bem
vindo. Por isso os protestantes que aqui vieram, tinham a
intenção inicial de explorar a terra (sob a autorização
tributária de Portugal, é claro) e exercerem sua fé apenas
entre si, internamente.
 Os protestantes norte-americanos foram os principais
responsáveis pelos primeiros trabalhos missionários no
Brasil. E isso de certa forma moldou o protestantismo
brasileiro.
 As juntas missionárias americanas tinham uma espécie de
acordo entre si, aonde uma igreja ou junta missionária
enviasse missionário, a outra não enviaria, para que não
houvesse disputa.

Capítulo 3: Igrejas Pentecostais e Sociedade

 No Brasil, de cada dez evangélicos, oito são pentecostais.


 O movimento pentecostal brasileiro teve início no grande
avivamento da Rua Azuza, em Los Angeles EUA. Esse
avivamento alcançou as vidas de Luigi Francescon,
fundador da Congregação Cristã no Brasil (CCB) e Daniel
Berg e Gunnar Vingren, fundadores das Assembleias de
Deus no Brasil (AD).
 O pentecostalismo deu ênfase ao falar em línguas como
evidência do batismo com o Espírito Santo e sua
capacitação sobrenatural para a evangelização e
testemunho.
 A liturgia pentecostal se diferenciou da liturgia das igrejas
reformadas protestantes, uma vez que a dinâmica dos cultos
prioriza a manifestação carismática do Espírito Santo.
 Outra denominação oriunda do avivamento da Rua Azuza
no Brasil foi a Igreja do Evangelho Quadrangular, fundada
por Aimee Mcpherson.
 Os sociólogos da religião não chegaram a um consenso
para denominar os grupos de igrejas pentecostais.
 Os professores Antônio Gouvea Mendonça e Prócoro
Velasques Filho chamavam de Pentecostalismo Clássico as
igrejas Congregação Cristã no Brasil e Assembleias de
Deus, de Pentecostalismo de Cura Divina as igrejas O
Brasil para Cristo, Igreja Pentecostal Deus é Amor, Casa da
Bênção e a Igreja do Evangelho Quadrangular. Alguns
estudiosos chamam esta fase do pentecostalismo de
“Deuteropentecostalismo”.
 Posteriormente surgiu o que chamamos de
Neopentecostalismo, que será abordado depois.
 No entanto, essas nomenclaturas não definem com precisão
cada grupo de igreja e também a cada uma delas.
 O pentecostalismo tem trazido grandes contribuições para a
sociedade conforme publicado pela professora norte
americana Elizabeth Brusco.
 Ela observou que o pentecostalismo reformulou o conceito
de “machismo” na Colômbia, pois havia o conceito de que
homem de verdade não tinha religião, tinha duas ou mais
mulheres, etc. A conversão provocada pela pregação do
evangelho nas igrejas pentecostais quebrou esse paradigma,
pois a partir daí, os homens frequentavam igreja, tinham
uma única mulher, não tinham vícios, etc.
 Da mesma forma foi no Brasil, como observado pela
professora Cecília Loreto Mariz, pesquisadora brasileira. A
influência pentecostal nas periferias brasileiras fez com que
muitas pessoas convertidas abandonassem a criminalidade,
os vícios e até aprendessem a ler por conta do desejo de
melhor conhecer as Escrituras.
Capítulo 4: Igrejas Neopentecostais e Sociedade

 O cenário religioso brasileiro, em especial o evangélico tem


mudado bastante nas últimas décadas. Isso se deve ao
surgimento e crescimento das igrejas Neopentecostais.
 Trata-se de uma nova adaptação do pentecostalismo que
teve início no fim da década de 1970. Neste caso, a ênfase
não são as línguas estranhas, mas as curas divinas,
confissão positiva e a batalha espiritual.
 Um dos pioneiros do movimento Neopentecostal no Brasil
foi Robert McAlister, Canadense de nascimento conhecido
no Brasil como “Bispo Roberto”, fundador da “Igreja de
Nova Vida”, que procurou atingir as pessoas de classes
sociais mais elevadas, até então desprezadas pelas demais
igrejas neopentecostais.
 Dessa igreja surgiram dois grandes nomes do
Neopentecostalismo brasileiro: Edir Macedo Bezerra
(Bispo Macedo) e Romildo Ribeiro Soares (R.R. Soares).
 No Brasil, o neopentecostalismo serviu como uma “luva”
aos anseios sociais alimentados pela espiritualidade que
visa suprir todas as vicissitudes do fiel.
 As mais conhecidas igrejas do movimento Neopentecostal
são: A IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), a IIGD
(Igreja Internacional da Graça de Deus), A Igreja Mundial
do Poder de Deus (fundada pelo autodenominado Apóstolo
Valdemiro Santiago), A Igreja Apostólica Renascer em
Cristo (Liderada por Estevam Hernandes e Sônia
Hernandes).
 Não há uma grande preocupação por parte da liderança da
maioria das igrejas Neopentecostais no sentido de formular
uma confissão teológica, ou algo do tipo, elas na verdade
caminham crescendo e movimentando as massas
populacionais que padecem pelas injustiças sociais e outros
problemas.
 Não podemos negar que hajam conversões genuínas a
Cristo e mudanças reais de vida, mas também não se pode
negar os abusos e apelações financeiras com uso de
amuletos e outras práticas reprováveis pela Bíblia.

Capítulo 5: Igreja e Sociedade, Perspectivas para o


Futuro.

 Neste último capítulo falaremos em torno da questão


“Quais as perspectivas para o futuro para a relação entre a
igreja e a sociedade”.
 Neste caso precisamos olhar para a sociedade em constante
transformação e seus diversos fatores.
 As mazelas urbanas continuam a assustar a sociedade
brasileira, saúde, emprego, moradia, violência, drogas e
educação são temas que parecem estar longe de
apresentarem melhorias.
 O cenário político é ainda mais assustador, pois é visível a
falta de boa vontade política por parte dos governantes que
só almejam cargos políticos pelos privilégios que eles
oferecem e não por se preocuparem de verdade com o
povo.
 As igrejas por sua vez se multiplicam em denominações,
mas o percentual de evangélicos não cresce na mesma
proporção, logo é só troca de membros entre as igrejas.
 Diante disso, a igreja de Cristo deve se unir, transpondo as
barreiras denominacionais para produzirem transformações
de fato na sociedade através da pregação do evangelho de
Cristo e na prática social.
 A igreja parece ter esquecido ou se recusa a entender qual é
de fato seu papel na sociedade enquanto Cristo não vem
buscar a igreja.
 Somos sal da terra e luz no mundo, portanto, temos grande
parte da culpa por nossa sociedade não ser mais justa e
pacífica.
 Precisamos “alvoroçar” o mundo como fez a igreja
primitiva (At 17:6).

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