Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
ABSTRACT
The figure of Jesus is multifaceted. When we direct our gaze to the canonical
Gospels, we come across the main adjectives attributed to Jesus by his first disciples,
namely: Christ, Son of God, Son of Man, Prophet etc. However, Jesus receives a very
important adjective within the Jewish tradition in his time, Rabbi. The Gospels present
Jesus as a great teacher publicly recognized by the multitude, a teacher different from
those found among the leading men in the Jewish tradition of his time. Thus, this article
1Docente e Coordenador do curso de Bacharel em Teologia (EAD) da Faculdade Bíblica das Assembleias
de Deus – FABAD. Bacharel em Teologia, mestre e doutor em Ciências da Religião pela Universidade
Metodista de São Paulo (UMESP).
will highlight the educational practice of Jesus presented in the Gospels, highlighting its
relationship with teaching, methods and techniques, as well as highlighting the content of
his message.
INTRODUÇÃO
(didáskalos: mestre; professor) abrange todos aqueles que se dedicam com regularidade
ao ensino de determinado conhecimento ou técnica. O termo ocorre 59 vezes no Novo
Testamento, tendo como mais ocorrência os Evangelhos, sendo utilizada 41 vezes para
Jesus.
Segundo Lothar Coenen e Colin Brown (2000, p.641)), a forma vocativa
Jesus ensinava aos sábados nas sinagogas (Mc 1,21), nos montes (Mt 5,1), nas
planícies (Lc 6,17), à beira da praia (Lc 5,3), nas casas (Mc 2,1-3). Isso demonstra que,
indistintamente, Jesus ensinava conforme a ocasião, “em todos os lugares possíveis e a
qualquer momento em que fosse necessário ensinar” (p. 67).
O Evangelho de Mateus é a narrativa que mais evidencia o ministério didático de
Jesus, lembra-nos George (1993). Ele intercala seus blocos narrativos entre os ensinos
de Jesus, que na sua totalidade chagam a cinco:
Como se comporta Jesus diante dessa tradição discriminatória? Deixa que venha
atrás de si um grupo de mulheres da Galileia:
Apesar do escândalo dos apóstolos conversa com uma mulher samaritana (Jo 4);
na narrativa da grande pecadora que com suas lágrimas lava os seus pés não enxerga
a prostituta, mas o ser humano que precisa de acolhimento e perdão (Lc 7,36-50).
Em Jo 8 a mulher adúltera recebe a misericórdia de Jesus. Jesus auxiliou e curou
muitas outras mulheres: A sogra de Pedro (Mt 8,14-15); a mãe desconsolada de Naim
(Lc 7,11-17); a filha morta de Jairo (Mt 9,18-26); a mulher que estava 18 anos encurvada
(Lc 13,10-17); a mulher Siro-Fenícia que Jesus diz encarecidamente: “Mulher, grande é
a tua fé”; a mulher do fluxo de sangue que havia doze anos sofria com sua doença,
impura e socialmente desprezível (Mc 5,25-35), mas a despeito das leis de purificação
ele a cura publicamente.
A atitude de Jesus com Marta e Maria (Lc 10,38-42), o que um rabino ortodoxo
jamais faria, o fez com toda a simplicidade: explicar questões teológicas a uma mulher
que, como um discípulo, se assenta aos pés do mestre:
E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e
certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa; E tinha esta uma
irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus,
ouvia a sua palavra. Marta, porém, andava distraída em muitos serviços;
e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me
deixe servir só? Dize-lhe que me ajude. E respondendo Jesus, disse-lhe:
Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só
é necessária; E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada
(Lc 10:38-42).
Como Jesus ensinava? Jesus utilizou muitos métodos e técnicas de ensino que
já estavam em curso em seu tempo e cultura. Zabatiero (2009) enumera alguns:
Kenneth Bailey (1995) reforça que as parábolas não são ilustrações repletas de
declarações abstratas, mas, pelo contrário, as parábolas carregam confrontações
dramáticas, que são expressas de forma breve, que são, segundo ele, inesquecíveis. E
reforça,
Zabatiero (2009), contudo, sugere que na didática de Jesus as técnicas não eram
a coisa mais importante. O que importava para Jesus eram, segundo ele, três aspectos:
As formas de ensino que Jesus utilizava não eram diferentes daquelas utilizadas
pelos doutores de Israel. Porém, Jesus não ensinava como eles, seu ensino era
contagiante, profundo e com autoridade.
“Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem
autoridade, e não como os escribas” (Mc 1,22). Um erro de interpretação
muito comum desse texto é derivar a autoridade pedagógica de Jesus de
seu poder milagroso, de sua autoridade para expulsar espíritos impuros
(Mc 1,27). No entanto, é preciso prestar atenção: no verso 21, lemos que
Jesus ensinava, em um sábado, numa sinagoga. Ouvindo-o, as pessoas
se admiravam de sua autoridade pedagógica (v.22). Somente depois do
ensino – “não tardou que…” (v.23) – é que Jesus liberta o homem
possesso, causando nova admiração (v.27) (ZABATIERO, 2009, p.69).
O evangelista Marcos afirma que Jesus não ensinava como os escribas (Mc 1,22),
o que aponta para o diferencial do ensino de Jesus. Sua autoridade não deriva da
autoridade dos anciãos, na “tradição”, como se baseavam os escribas e fariseus. Os
escribas sempre recorriam às tradições para responderem e ensinarem acerca de
qualquer assunto solicitado. A base para a interpretação era a Mishná e a Guemará.
Assim, seu comentário sempre se baseava em um comentário dos mestres antigos, o
que fazia do seu ensino algo sem vida e autoridade. Jesus, contudo, não se
fundamentava em ninguém, ele possuía opinião e autoridade própria, o que causava
admiração em todos que o ouvia.
O que Jesus ensinava, a ponto de ser tão cativante? O tema principal do ensino
de Jesus era o reino de Deus (basilei,a tou/ qeou/ - Basileía tu teu). Jesus anuncia
sua irrupção iminente, que se manifesta já, agora. Todavia, ele é também um conceito
escatológico, pois se refere ao governo de Deus que põe termo ao atual curso do mundo,
que destrói tudo,
que é contrário a Deus, tudo que é satânico, tudo o que agora faz o
mundo gemer, e, pondo desse modo um fim a todo sofrimento e dor,
estabelece a salvação para o povo de Deus que espera pelo
cumprimento das promessas proféticas”
Essa ideia de Reino de Deus vem do Antigo Testamento. Todavia, o significado
de “reino” para eles (Israel) é diferente daquele que nós, ocidentais, pensamos. A palavra
malkuta, significa “o poder de reinar, a autoridade, o poder dum rei”. Ele está sempre em
processo de realizar-se. Significa a soberania real de Deus em ação, primeiramente
como oposição à soberania real humana, mas também a seguir como oposta a toda
soberania no céu e na terra. Virá a hora que Israel será liberto da escravidão dos
estrangeiros e o reino de Deus se revelará em toda a sua glória, e todos reconhecerão
Deus como rei.
Em resumo, o judaísmo reconheceu Deus como rei. Na era presente, seu reinado
se restringe ao povo de Israel, todavia no fim dos tempos será reconhecido por todos os
povos. Jesus comunga da mesma ideia a respeito da Malkuta (Mt 6,10; Lc 11,2; Mc 9,43-
48; Mc 14,25; Lc 13,28-29), ou seja, no seu sentido escatológico. Temos a afirmação da
proximidade do reino de Deus e o envio dos discípulos com a mesma mensagem: Mt
10,7; Lc 10,9.11; Lc 17,20ss).
A “basíleia” sempre e em todo lugar, nas palavras de Jesus, se entende
escatologicamente; designa o tempo da salvação; a consumação do mundo, a
reconstituição da comunhão com Deus e o homem. Não está vinculada com a principal
visão nacionalista de restauração do reinado davidida. Está perto a hora escatológica de
Deus, a vitória de Deus, a consumação do mundo.
Bem-aventurados os olhos que veem o que vós vedes! Pois eu vos digo:
Muitos profetas e reis queriam ver o que vós vedes e não viram; queriam
ouvir o que ouvis e não ouviram! (Lc 10,23s)
Quais são os sinais dos tempos? Ele mesmo! Seu aparecimento e sua atuação,
sua pregação, se ensino. Ou seja, Jesus diz que as profecias de salvação (Is 35,5; 29,18;
61,1) se cumprem já, agora, em seus próprios feitos milagrosos (Lc 7,22ss); é tempo de
Festa (Mc 2,18ss):
Tudo isso não significa que o reinado de Deus já é presente, significa, porém que
ele está chegando. O ser humano não pode acelerar o curso dos acontecimentos
estabelecidos por Deus, quer seja por meio de rigorosos cumprimentos dos
mandamentos e por meio de exercícios de penitência, como presumem os fariseus; Ou,
por meio de uma expulsão dos romanos pela força das armas, como presumem os
Zelotes.
Pois, é tempo de salvação!
O vinho e a vinha são símbolos da nova era no Oriente (Mc 2,22); A veste festiva
é dada ao filho perdido (Lc 15); veste-se traje de núpcias (Mt 22,11); os velhos tempos
já se foram (Mc 2,21).
O que é preciso fazer o ser humano frente ao reino de Deus? Estar de prontidão
ou preparar-se! É tempo de decisão! “O machado está posto à raiz!” Como saber se já é
o momento? Jesus é o sinal do tempo. Ele representa a exigência da decisão. A pergunta
é: se alguém de fato deseja o reinado de Deus ou o mundo e seus bens; a decisão deve
ser radical. “Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é digno do reinado de
Deus (Lc 9,62)”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pedagogia proposta por Jesus é inovadora e transformadora. Sua preocupação
não era o espaço, tampouco as técnicas, mas as pessoas que careciam de seu ensino.
Jesus nos faz olhar para a principal necessidade de seu tempo, – que se apresenta como
nossa também – o ensino acerca da atuação de Deus no mundo (Reino de Deus), e o
convite à participação desse projeto divino, de restauração e salvação de toda a
humanidade. Seu ensino é inovador, transformador, mas é, também, integral. Jesus
ensina toda a palavra de Deus para o homem todo. Por isso, conseguimos identificar o
eco do ensino de Jesus nas primeiras comunidades cristãs.
REFERÊNCIAS