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PARTE I

1.Fundamentação bíblica, teológica e pastoral

1.1- Jesus Cristo, “catequista” e centro da catequese


Os evangelhos nos atestam que Jesus foi chamado por seus discípulos, suas
discípulas e, até mesmo, pelas multidões de Rabi, isto é, Mestre (Mc 9, 38; 10, 35; Mt
23, 8-10; Lc 5, 5; 10, 25; Jo 1, 49; 3, 2; 4, 31; 6, 25; 9, 2; 11, 8; 13, 13-14). Com sua
mensagem e, principalmente, com sua vida, ensinou com uma autoridade superior
àquela dos mestres do seu tempo (Mc 1, 22; Mt 7, 28-29).
Jesus instruiu com a sua palavra mediante discursos, parábolas, ditos sapienciais,
O “discurso evangélico” de Mt 5-7, por exemplo, é uma ampla “catequese” sobre a
novidade do comportamento de fé dos seus discípulos, onde Jesus expõe o espírito novo
do Reino de Deus.1
Jesus ensinou também com a sua original atitude de acolhida, de compreensão e

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Interessante o comentário da Bíblia de Jerusalém: “no discurso compósito que daí resulta, temos cinco temas principais: 1. o
espírito que deve animar os filhos do Reino (5, 3-48); 2. o espírito com que devem eles ‘cumprir’ as leis e as práticas do judaísmo
(6, 1-18); 3. o desprendimento das riquezas (6, 19-34); 4. as relações com o próximo (7, 1-12); 5. a necessidade de entrar no Reino
por uma decisão corajosa que se traduza em atos (7, 13-27)” (Mt 5, nota d).
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de valorização das mulheres,2 das crianças,3 dos pobres,4 dos leprosos,5 dos inimigos,6
dos pecadores.7
Sinais significativos da sua autoridade foram as suas obras de poder, isto é, os
milagres, que tiveram um fortíssimo impacto entre os discípulos e sobre o povo,
suscitando estupor e entusiasmo, mas, ao mesmo tempo, inveja e ódio.8
Jesus comunicou, também, com os seus momentos de silêncio, os seus olhares, o
seu próprio movimento espacial: no seu caminhar rumo à Jerusalém havia uma precisa
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Jesus vivia numa sociedade e cultura onde as mulheres, desrespeitadas e humilhadas nos seus direitos fundamentais de pessoa,
eram propriedade primeiro do pai e depois do marido. Neste ambiente, Jesus agiu sem animosidade, mas com liberdade e coragem.
Aproxima-se das mulheres, as cura, não discrimina as estrangeiras (cura a filha da sírio-fenícia: Mc 7, 24-30), supera o tabu da
impureza legal (cura a hemorroísa: Mc 5, 34), as toma como exemplo (elogia a pobre viúva: Mc 12, 41-44), cultiva amizade com
elas (tem familiaridade com Marta e Maria, irmãs de Lázaro: Lc 10, 38-42; Jo 11). Uma novidade absoluta foi dada pela sua atitude
misericordiosa para com as mulheres, que eram desprezadas porque pecadoras ou adúlteras, como a pública pecadora que entra na
casa do fariseu para ungir os seus pés com óleo perfumado (Lc 7, 37-47) ou a mulher flagrada em adultério (Jo 8, 3-11). Um
exemplo significativo é dado no seu colóquio com a samaritana. Jesus dialoga com ela, manifesta-lhe o mistério do Pai, aquele da
adoração trinitária e o segredo da sua pessoa (Jo 4, 21-26). Para Jesus, a mulher era igualmente capaz, como o homem, de penetrar
nas grandes verdades religiosas, de aceita-las, de vivê-las e de anuncia-las. A samaritana, de fato, torna-se discípula e mensageira
para os habitantes de sua aldeia (Jo 4, 39). Também Marta, a irmã de Lázaro, emite, como Pedro, uma entusiasta profissão de fé ( Jo
11, 27). As mulheres com Jesus tornam-se maduras e vencem a segregação da cultura. Acompanham Jesus até a cruz sem trai-lo ( Mt
27, 55). O Ressuscitado deu a elas a alegria de serem as primeiras anunciadoras da ressurreição. Aparecendo à Madalena, Jesus
confia a ela a primeira boa-notícia (Jo 20, 18). O comportamento de Jesus é muito positivo: é o comportamento de um homem
equilibrado e extraordinariamente harmônico. A fonte de tal atitude é a obediência à lei da criação e da redenção. O seu critério de
avaliação é a realidade do “início”, aquela da igual dignidade e nobreza do homem e da mulher ( Gn 1, 27). Para aqueles que falam
de libelo de repúdio permitido por Moisés, Jesus afirma que “no princípio” (Mc 10, 6) não era assim. Ele conhece a realidade da
criação e sabe que não só o homem, mas também a mulher é imagem de Deus. Sabe que a imagem da pessoa humana, desfigurada
pelo pecado, é restaurada pelo seu mistério de encarnação. O seu quadro de referência é, portanto, a realidade do início e aquela da
plenitude dos tempos: é no seu mistério que o homem e a mulher recuperam o esplendor da autêntica imagem de filhos e filhas de
Deus, com igual dignidade e nobreza (Gl 3, 28) (A. AMATO, Gesù il Signore. Saggio di cristologia. EDB: Bologna, 1999, pp. 173-
174).
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O prêmio da eterna comunhão com Deus dependerá da acolhida de Jesus, nos pequenos e necessitados ( Mt 25, 34-40). Enquanto
instruía os discípulos (Mc 9, 31), Jesus toma uma criança e deixa o mandamento da acolhida (Mc 9, 36-37). Aos discípulos que
discutiam sobre quem seria o maior, Jesus responde com um gesto simbólico: o maior é o menor, o primeiro é o último, o senhor é o
servo de todos, o verdadeiro adulto no reino dos céus é a criança. Não são as crianças que devem tornar-se adultas, mas os adultos
devem tornar-se crianças. Para compreender a originalidade do comportamento de Jesus, é preciso olhar a cultura daquele tempo
que, em geral, tinha uma baixa consideração pelos pequenos, vendo neles, muito mais, as deficiências e as imperfeições. O
comportamento positivo de Jesus é inequívoco (Mt 19, 14). Para Ele são, sobretudo, os pequenos que compreenderão as coisas
divinas (Lc 10, 21). E, por isso, convida os adultos a uma conversão (Mc 10, 14; Mt 18, 3-4). A criança torna-se imagem de Jesus
(Mt 18, 5). Ou melhor, a acolhida de uma criança é acolhida ao Pai (Mc 9, 37). Os pequenos devem ser acolhidos e protegidos e não
humilhados, escandalizados ou mortos (Mt 18, 6). Somente Lc acena à infância de Jesus com o episódio da perda no templo de
Jerusalém e com uma afirmação geral (Lc 2, 40). Jesus viveu em primeira pessoa a experiência de ser “infante”, sem palavra, Ele
que era a Palavra; frágil, Ele que era forte. Sabe que ser criança quer dizer abandonar-se inteiramente aos outros; depender dos
outros; aprender com os outros. Um segundo motivo para a grande consideração que tem pelas crianças é que Ele é o Filho do Pai.
Mesmo crescendo, Ele permanece por toda a eternidade como “Filho”, como Aquele que está no seio do Pai, nos braços da caridade
divina. A exaltação dos pequenos não significa imaturidade e imperfeição, mas intimidade e simplicidade (AMATO, Gesù il
Signore, pp. 174-176)
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A atitude em relação aos pobres é um traço do Jesus histórico. Na mensagem de Jesus, a proximidade do Reino significa
proximidade salvífica de Deus em relação aos pobres e marginalizados. A sua pessoa e a sua presença é para os pobres e os
pecadores (Mt 9, 12; 21, 31); um gesto de bondade absoluta de Jesus, inocente, com relação aos pobres e pecadores, capazes de
conversão e de perdão diante de Deus. São os emarginados e os perdidos o objeto de predileção de Jesus (Mt 18, 14; Lc 15, 7).
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No tempo de Jesus, não existiam os atuais conhecimentos científicos sobre as doenças e os micro-organismos que podiam ser
causas delas. Não existia uma adequada compreensão dos males psicológicos. Não eram conhecidas, ao menos em Israel, operações
cirúrgicas significativas, excetuando a circuncisão, que, porém, tinha um caráter mais sócio-religioso do que terapêutico. As regras
de higiene também eram rudimentares e, até mesmo, carentes, assim como as terapias e as medicinas, que na maior parte dos casos
se reduziam a dietas (Lc 8, 55), unguentos e cataplasmas (Is 1, 6; 38, 21), colírios (Ap 3, 18), banhos (Jo 5, 4). No Novo Testamento,
são descritas enfermidades físicas como a surdez e a mudez (Mc 7, 31-37), a epilepsia (Lc 9, 38; Mt 17, 14), a hidropisia (Lc 14, 2),
as hemorragias (Mt 9, 20-22), etc. A atividade curativa de Jesus cobre o inteiro arco do seu apostolado ( Mt 4, 23-24; 9, 35; 14, 34-
36; 15, 30-31). Por isso, são inúmeras as curas realizadas por Ele. Nestas curas, a humanidade de ontem e de todos os tempos é
acolhida na extrema marginalidade da doença e da solidão e conduzida à comunhão com o Reino de Deus que “já” chegou
(AMATO, Gesù il Signore, p. 171).
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Para vencer a alienação do ressentimento e da vingança, Jesus dá lições de perdão a quem nos ofende e persegue. Ele perdoa o
apóstolo Pedro que o havia renegado (Jo 21, 15-19), os discípulos que o haviam abandonado e, até mesmo, os seus carnífices (Lc
23, 34). Com o exemplo e a palavra, Ele educa à misericórdia e ao perdão ( Mt 6, 14; Lc 17, 3). Com a parábola do filho pródigo, Ele
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intencionalidade de revelação, de ensinamento, de cumprimento salvífico. Exortou


também os seus discípulos com a chamada ao seguimento, que significava comunhão
cotidiana “com Ele” (Mc 3,14; Jo 1,39), participação na sua pregação, na sua vida de
oração, na sua alegria, na sua dor e no seu apostolado.
Mediante este multiforme ensinamento Jesus transmitiu e motivou os dois núcleos
essenciais da fé cristã: 1) a salvação se atinge não tanto através da aplicação da Lei, mas
sim, através da fé na sua pessoa e no seu projeto (o evento Cristo como pólo pessoal
imediato da fé cristã); 2) a salvação cristã culmina na experiência vital de relação com
Deus Pai, Filho e Espírito Santo (a comunhão trinitária como pólo pessoal e maduro da
existência cristã).
O ensinamento de Jesus teve, portanto, uma forte concentração cristocêntrico-
trinitária. Jesus mostrou que a salvação cristã é vida concreta, existência cotidiana de

mostra como seja grande o coração misericordioso de Deus Pai que perdoa as culpas dos filhos ingratos (Lc 15, 11-32; Mt 18, 21-
22). Jesus se opõe a vingança e supera a justiça humana com uma atitude de perdão e de amor ao inimigo (Mt 5, 43-48). Perdoar e
amar os inimigos é obra divina (Mt 5, 48; Lc 6, 36).
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A atitude de Jesus em relação ao pecado resultou ainda mais provocativa e custou-lhe a acusação de “blasfêmo”. Jesus não só
curava, mas pretendia perdoar os pecados (Mc 2, 10-11). Isto suscitou estupor (Mc 2, 12), mas também incompreensão (Mc 2, 7).
Nesta sua atitude, contudo, Jesus oferece um significativo indício do fato de que a misericórdia e o perdão de Deus passam pelos
seus gestos, palavras e ações. Jesus vence não só o pecado (e as doenças), mas também Satanás. Ele liberta os seres humanos
possuídos pelo maligno (Mt 8, 16). Curou os dois endemoninhados de Gadara (Mt 8, 28-34; Mc 5, 1-20; Lc 8, 26-39), o possesso de
Cafarnaum (Mc 1, 21-28; Lc 4, 31-37), o endemoninhado mudo (Mt 12, 22-24), um outro cego e mudo (Mt 12, 22-24). É verdade
que naquele tempo distúrbios, alterações funcionais e doenças como a epilepsia eram consideradas consequências de possessões
diabólicas. Na luta com os possessos, porém, Jesus encontra-se diante não somente das pessoas doentes, mas diante do adversário do
bem, o tentador e sedutor do gênero humano. E o vence. O poder de Jesus é superior aquele de Satanás. Nos exorcismos, Ele não só
cura uma doença, mas expele aquele que é o adversário do Reino de Deus. Na luta entre o bem e o mal, Jesus é o vencedor de
Satanás (AMATO, Gesù il Signore, p. 172)
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Os “milagres” (trata, parádoxa) de Jesus são chamados também e melhor de “sinais” (semeia), “gestos de poder” (dynámeis),
“obras” (erga). Eles ocupam muito espaço na existência e na missão de Jesus. Sem os milagres não se explicaria nem o entusiasmo
da multidão e dos discípulos, nem o ódio dos inimigos. Os sinóticos possuem uma longa lista de milagres. A primeira parte de Jo é
comumente chamada de o “livro dos sinais”. Os milagres, além disso, estão estreitamente ligados à pregação do Reino e ao processo
de decifrar o mistério de Jesus (Mt 11, 5-6). A maior parte dos milagres de Jesus teve um caráter público com testemunhas que
podiam assegurar a sua veracidade (At 2, 22). É um fato indubitável que nenhum dos seus contemporâneos tenha lhe negado tal
qualificação. Os seus adversários contestaram somente a autoridade em nome da qual Ele realizava os milagres (Mt 12, 24). Os
milagres de Jesus, mais que eventos extraordinários contra ou sobre a natureza, devem ser considerados como um poderoso sustento
e reforço das forças da natureza por parte de Deus, Criador e Providente. Mediante o “milagre”, isto é, mediante a intervenção
imediata vivificante e restauradora de Deus, a natureza é “potencializada” de modo tal ter restituída a sua integridade: ela, de fato,
revive, cura, retoma o seu equilíbrio psicológico, é retirada do poder do maligno. O “milagre”, ainda que na sua inegável forma
extraordinária, é um intrínseco reforço da natureza. É, portanto, um evento intimamente “segundo a natureza” do ser humano que é
natureza criada para a vida, para a felicidade, para a integridade física e psíquica. É quase um retorno do ser humano à sua condição
inicial, quando a sua natureza não tinha sido ainda marcada pela doença ou pela morte. Por isso, os “milagres” são sinais da
proximidade do Reino presente em Jesus na humanidade e no cosmo, que são envolvidos nessa obra íntima de restauração. Isto
emerge dos termos usados, que somente em pouquíssimos casos correspondem à nossa palavra “milagre”. Raramente são chamados
de “fatos maravilhosos” (At 2, 22; Rm 15, 19, 2Cor 12, 12: térata) ou “coisas prodigiosas” (Lc 5, 26: parádoxa). Os termos
comumente usados são: “atos de potência” (dynámeis), “sinais” (semeia), “obras” (érga). A terminologia está sempre a serviço da
Palavra, seja como elemento de Revelação, seja como atestado da sua autenticidade e da sua eficácia. Os “milagres” são sinais da
potência de Deus, do amor divino, do advento do Reino messiânico; são sinais de missão divina e da glória de Cristo; são revelação
trinitária; sãoindica que Jesus não foi um simples operador de prodígios. Os “milagres” adquirem seu significado somente em
relação à sua pregação, à sua missão e à explicitação do mistério da sua pessoa. O “milagre” símbolos da economia sacramental e
são sinais das transformações do mundo dos últimos tempos. Eles tem uma função quádrupla de comunicação e de revelação da
mensagem da salvação; de atestado da realidade de Jesus e de libertação e promoção do ser humano e do cosmo. Os milagres são
sinais do ingresso extraordinário do Reino de Deus sobre a terra na pessoa de Jesus, que destrói o reino demoníaco (Mt 12, 28; Lc
10, 17-20). Aonde avança o Reino de Deus mediante os milagres, retira-se o reino do maligno (Lc 10, 18). Os milagres restituem ao
ser humano a sua integridade física, espiritual, psíquica, antecipando, de modo parcial, mas real, o futuro da humanidade e do cosmo
em Deus. Testemunham a autoridade/poder escatológica de Jesus (Mt 7, 29; 9, 6.8). Ele é o Messias verdadeiro que fala e age e a
sua ação corresponde à sua palavra. Os “milagres”, de fato, são a realização das promessas messiânicas ( Mt 11, 5-6) (AMATO,
Gesù il Signore, pp. 179-183).
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relação pessoal com Deus e os irmãos e irmãs.


O evangelho de João possui de maneira muito eficaz este itinerário de maturação
que parte da fé em Cristo e chega à vida no Pai, no Filho e no Espírito Santo: “se
alguém me ama, observará a minha palavra e o meu Pai o amará e nós viremos a ele e
permaneceremos com ele” (Jo 14,23).
Após o evento pascal (morte-ressurreição-ascensão-pentecostes), os apóstolos e os
discípulos fizeram ressoar9 com extraordinária eficácia e dedicação o anúncio salvífico
do seu mestre. Paulo, por exemplo, afirma: “quem está sendo instruído na palavra,
torne participante em toda sorte de bens aquele que o instrui” (Gl 6,6: o verbo é usado
duas vezes). O ensinamento de Jesus e o seu evento de morte e ressurreição tornam-se o
conteúdo do primeiro anúncio missionário e dos primeiros escritos cristãos. Por isto, os
evangelhos não são outra coisa que os primeiros grandes “catecismos” da comunidade
cristã dos inícios (Lc 1, 4).
Alguns veem um primeiro sumário escrito da catequese pós-pascal em 1Cor 15,
3-5, quando Paulo recorda aos Coríntios o núcleo essencial do depósito da fé, por ele
recebido e transmitido: “transmiti-vos, em primeiro lugar, aquilo que eu mesmo recebi:
Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras. Foi sepultado, ressuscitou ao
terceiro dia, segundo as Escrituras. Apareceu a Cefas, e depois aos Doze”.
A instrução base dos cristãos era o anúncio da morte, da sepultura, da ressurreição
e das aparições do Ressuscitado. Além do anúncio e da fé, após a Páscoa, o seguimento
torna-se testemunho de Jesus até o martírio e vida de comunhão com o Pai, com o Filho
ressuscitado e com o Espírito Santo numa existência de fraternidade eclesial.
Nas cartas de Paulo e de João, percebemos a grande concentração cristológico-
trinitária da fé das primeiras comunidades cristãs: “nós é que somos o templo do Deus
vivo” (2Cor 6,16), porque chamados a comunhão com o Espírito Santo (cf. 2Cor 13,13;
Fl 2,1) e “com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo” (1Jo 1, 3.6-7; 1Cor 1, 9; 12, 12).
Este é o núcleo da “catequese” de Jesus e sobre Jesus: educação e maturação da fé
na pessoa de Cristo, como existência salva na comunhão trinitária. A catequese pós-
pascal é, portanto, entendida e vivida como maturação e comunicação global da fé
através do anúncio de Jesus (kérygma), a oração e a ação sacramental da Igreja
(leiturgia, eucharistia), o serviço aos necessitados (diakonía), a comunhão com Deus e

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Daqui o termo catequese, do grego katechéo: faço ressoar, ensino de viva voz (Lc 1,4; At 18,25; 21,21; 1Cor 14,19; Gl 6,6).
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com os irmãos (koinonía, ekklesía), o testemunho supremo através do martírio


(martyría).
A “catequese” pós-pascal é, pois, inspirada naquela de Jesus. Sendo, acima de
tudo, essencial, isto é, centrada sobre a fé no mistério trinitário, e integral, investindo a
inteira existência das pessoas e das comunidades na sua vida histórica e na perspectiva
escatológica.

1.2- O Catecumenato: ontem e hoje


Nos primeiros séculos da experiência de fé cristã, vemos surgir o desejo de
estabelecer um processo de iniciação cristã. As diversas igrejas compreendem que a
rapidez do início da fé cristã não podia se manter. Sentem a necessidade de uma
preparação mais aprofundada que consistia numa conversão da vida à fé, numa
instrução litúrgica, moral e doutrinal, isto é, o Catecumenato.
Sabemos que o Catecumenato é um fenômeno complexo e desigual nas diferentes
igrejas cristãs das origens. Contudo, nestas igrejas, a partir dos muitos elementos
comuns, são fixados e desenvolvidos seus traços essenciais.
Estes nos permitem afirmar que o Catecumenato é uma instituição eclesial de tipo
pastoral-litúrgico que nasce e se consolida pela experiência, aprovada pela autoridade
eclesiástica, desenvolvida dentro das comunidades cristãs a partir do fim do século II.
Tal experiência se difunde, em todas as igrejas cristãs, durante o século III e a primeira
metade do século IV. Passa por uma transformação significativa, na segunda metade do
século IV,10 mas, permanece vital durante o século V. Após este século está em lenta
decadência, vindo a desaparecer completamente entre os séculos VII e VIII.
O Catecumentato tinha a finalidade de preparar pessoas adultas que criam no
Deus de Jesus Cristo e que tinham manifestado a intenção de converter-se sobre o plano
da ortodoxia e da ortopráxis a Cristo, através de sua Igreja.
O Catecumenato era entendido como um aperfeiçoamento do propósito pessoal
de conversão que chegava ao seu ápice na experiência ritual da iniciação cristã. Tal
iniciação desdobrava-se em numerosos ritos e etapas. Em especial, na noite da Páscoa, a
iniciação chegava ao seu ápice, pois, realizava-se o banho batismal (batismo

10
É preciso distinguir, do ponto de vista pastoral, a organização catecumenal anterior à Paz de Constantino daquela posterior. Do
ponto de vista pastoral, os séculos IV e V não são a época de ouro desta instituição, ainda que, do ponto de vista dos escritos
teológicos estes sejam os séculos de figuras importantes como: Ambrósio de Milão, Agostinho de Hipona, Cirilo e João de
Jerusalém, dentre outros.
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propriamente dito), a unção pós-batismal (crisma) e a primeira participação à ceia


eucarística. Todas estas experiências, porém, eram entendidas como uma única e grande
unidade denominada batismo ou iniciação cristã.
Os meios para atingir tal finalidade eram uma série estruturada e orgânica de
ensinamentos (chamadas por alguns de catequeses) e de um conjunto de práticas
litúrgicas (imposição das mãos, exorcismos, unções), acompanhadas de um sério
exercício de vida cristã11.
De maneira essencial, podemos dividir o Catecumenato em duas etapas ou
preparações: a remota e a imediata. Os que ingressavam na etapa remota, nas igrejas
latinas (Ocidente), eram chamados de “auditores”, nas igrejas gregas (Oriente), de
“catecúmenos”. Esta preparação remota durava cerca de três anos12 e era composta de:
escuta da Escritura, educação ao agir cristão, prática da oração pessoal e comunitária.
Ao final da preparação remota, os catecúmenos decidiam se passariam à
preparação imediata (inscrição) para o batismo ou não. Eram apresentados e inquiridos
pelo bispo local e, se aprovados, eram considerados “eleitos” “competentes” ou
“batizandos”, dando início a um tempo de provação e de combate espiritual. Em alguns
lugares, durante quarentas dias13 e, em outros, durante uma semana14, recebiam uma
imposição de mãos e um exorcismo diário, 15 jejuavam, oravam e escutavam as
catequeses presididas pelo bispo.
Na sexta-feira antes da Páscoa, os batizandos jejuavam. 16 Faziam vigília durante
toda à noite do sábado, escutando leituras bíblicas e instruções. 17 Em algumas igrejas,

11
Assim se expressa Hipólito de Roma acerca dos que se aproximam da fé: “sejam, também, interrogados sobre sua vida: se tem
mulher, se é escravo [...]. Inquirir-se-á também a respeito dos trabalhos e ocupações dos que se apresentam para ser instruídos”
(HIPÓLITO DE ROMA, Tradição Apostólica. Vozes: Petrópolis, 1971, n. 33-35).
12
“Ouçam os catecúmenos a Palavra durante três anos. Se algum deles for atento e dedicado, não se lhe considerará o tempo:
somente o seu caráter – nada mais – será julgado” (HIPÓLITO DE ROMA, Tradição Apostólica, n. 38).
13
Base do atual Tempo da Quaresma.
14
Base da atual Semana Santa.
15
“Desde o momento em que houverem sido separados, seja imposta a mão sobre eles, diariamente, e ao mesmo tempo sejam
exorcizados” (HIPÓLITO DE ROMA, Tradição Apostólica, n. 42). O exorcismo era entendido como uma oração para que a
maldade, o erro e o pecado fossem retirados da vida do batizando através da ação salvadora de Deus.
16
“Jejuem os que receberão o Batismo na véspera do sábado” (HIPÓLITO DE ROMA, Tradição Apostólica, n. 42).
17
“No sábado, serão eles reunidos em um só local, designado pelo bispo [...] E permanecerão vigilantes durante toda a noite, e se
lerá para eles, e serão instruídos” (HIPÓLITO DE ROMA, Tradição Apostólica, n. 42.44).
7

acontecia, nesta vigília, a recitação do símbolo da fé (redditio symboli).18 Na madrugada


da Páscoa, eram batizados.19
Após a iniciação tornavam-se neófitos20. Durante a Páscoa, por cinquenta dias,
seguiam as catequeses mistagógicas,21 que comentavam os ritos recebidos e que tinham
a intenção de, depois da experiência dos ritos e da graça, dar aos catecúmenos a
capacidade de perceber o sentido espiritual dos ritos já realizados. De fato, pela
experiência ritual-litúrgica, os neófitos eram convidados a compreender, através de
analogias, a profunda interação existente entre o culto e a vida na graça.
Até a primeira metade do século IV, a pedagogia catecumenal nos recorda que a
experiência batismal deve ser pensada em função da fé de adultos. Não está claro se tal
pedagogia se aplicava às crianças em condições de confessar pessoalmente a fé (a partir
da Paz de Constantino, na segunda metade do século IV, isto torna-se evidente). Tal
pedagogia catecumenal colocava claramente em evidência a sua valência educativa no
processo de amadurecimento da fé e de iniciação à vida cristã.
Antes do Concílio Vaticano II, existiram formas de restauração do Catecumenato,
mas foi o Concílio que recomendou oficialmente a restauração do mesmo 22,
apresentando, inclusive, os seus traços característicos23.
Um momento muito significativo, na história recente, foi a publicação do Ritual
da Iniciação Cristã de Adultos (RICA/OICA), em 1972, que reintroduz um itinerário de
amadurecimento na fé e na pertença eclesial muito próximo ao do Catecumenato
Antigo24. No período seguinte, diversas instâncias magisteriais continuariam insistindo
na temática do Catecumenato25.

18
“Assim que desce à água o que é batizado, diga-lhe o que batiza, impondo sobre ele a mão: Crês em Deus Pai Todo Poderoso? E
o que é batizado, responda: Creio. Imediatamente, com a mão pousada sobre a sua cabeça, batize-o aquele uma vez. E diga, a seguir:
Crês em Jesus Cristo, Filho de Deus, que nasceu do Espírito Santo e da Virgem Maria, e foi crucificado sob Pôncio Pilatos e morreu
e (foi sepultado) e, vivo, ressurgiu dos mortos no terceiro dia, e subiu aos Céus e sentou-se à direita do Pai e há de vir julgar os
vivos e os mortos? Quando responder: Creio, será batizado pela segunda vez. E diga novamente: Crês no Espírito Santo, na santa
Igreja (e na ressurreição da carne)? Responda o que está sendo batizado: Creio. E seja batizado pela terceira vez” (HIPÓLITO DE
ROMA, Tradição Apostólica, n. 48 e 50). A menção a “três batismos” não deve ser entendida em sentido literal, mas sim, como
“três banhos” pelos quais o batizado passava, em analogia à fé trinitária que estava professando.
19
“Ao cantar do galo, reze-se, primeiro, sobre a água [...]. Os baptizandi despirão suas roupas, batizando-se primeiro as crianças
[...]. Batizem-se depois os homens e finalmente as mulheres” (HIPÓLITO DE ROMA, Tradição Apostólica, n. 44). Apesar de a
Tradição Apostólica mencionar a prática do batismo infantil, tal prática não era comum até o século IV.
20
Do Grego, néo+fitos (novas plantas).
21
CIRILO E JOÃO DE JERUSALÉM, Le Catechesi ai misteri. Città Nuova Editrice: Roma, 1990, n. 33.
22
SC 64-65.
23
AG 14.
24
SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO, Ritual da Iniciação Cristã de Adultos, Paulinas: São Paulo, 2ed.,
2009.
25
Cf. EN 44; CR 130; DGC 88-91; DNC 45-50; DAp 286-294; Estudos da CNBB 97; DGAE 2011-2015, 37-43.
8

Em nosso cenário pastoral nacional, tem início uma série de formas novas de
Catecumenato, com novas exigências e situações: adultos, jovens e crianças candidatos
ao batismo; pessoas iniciadas sacramentalmente, que buscam amadurecer na fé;
“neocatecumenatos” etc. A esta série de iniciativas, talvez, seja melhor chamar de
“inspiração catecumenal”, pois abarcam desde a recuperação do Catecumenato (como
previsto pelo RICA) passando por iniciativas que, no conjunto do seu agir pastoral,
inspiram-se no Catecumenato.26
Vemos, portanto, em nossos dias, como grande é o número de pessoas
consagradas à transmissão da fé, que assumem este “caráter catecumenal” em muitas de
suas ações pastorais. Além disso, assistimos a um incremento da iniciação à vida cristã
de adultos, jovens, adolescentes e crianças.
Dentre tantas motivações (teológica, histórica, sociológica, cultural), que levaram
ao surgimento desta “inspiração catecumenal”, acreditamos que a motivação pastoral
seja a mais evidente, pois aponta na direção da ineficácia da práxis eclesial tradicional
de transmissão da fé, da emergência de novos sujeitos e de novas exigências pastorais
nos tempos atuais.27
Apesar do surgimento e incremento desses processos de inspiração catecumenal,
assistimos ainda a uma catequese de iniciação que “conclui”, pois, a experiência dos
sacramentos de iniciação à vida cristã marca o fim da prática religiosa, quando não da fé
cristã. Demonstrando a crise do processo de socialização educativa, onde os
mecanismos de transmissão das crenças e dos valores tradicionais da fé não funcionam,
fazendo com que o patrimônio de convicções e atitudes religiosas não passe mais de
uma geração à outra.
Neste cenário, as cerimônias e ritos sacramentais não parecem ser expressão da
autêntica fé cristã, mas a solicitação de um imperativo sócio-cultural. Revelando a
existência de uma catequese ainda infantil, não promotora de uma fé adulta numa Igreja
adulta e desafiando a mesma a compreender a mudança de época na qual nos
encontramos e os consequentes desafios que tal mudança de época traz para a pastoral
da Catequese.

26
Sobre o atual interesse pela Iniciação à Vida Cristã, ver: L. ALVES DE LIMA, A iniciação cristã ontem e hoje. História e
documentação autal sobre a Iniciação Cristã. In: CNBB, 3ª Semana Brasileira de Catequese, CNBB: Brasília, 2-4.
27
J. PORTELLA AMADO, Catequese num mundo em transformação. Desafios do contexto sócio-cultural, religioso e eclesial para
a iniciação cristã. In: CNBB, 3ª Semana Brasileira de Catequese, CNBB: Brasília, 6.
9

1.3- Mudança de época e novos desafios para a Catequese

Já há algum tempo, nas sociedades ocidentais, acontece uma evolução cultural que
coloca em ato grandes mudanças que interpelam toda a comunidade eclesial:
A novidade das profundas transformações, que acontecem também em nosso país, diferentemente
do ocorrido em outras épocas, é que elas têm alcance global que, com diferenças e matizes, afetam
o mundo inteiro, atingindo todas as dimensões da vida humana. [...] A história se acelerou e as
próprias mudanças se tornam vertiginosas, visto que se comunicam com grande velocidade a todos
os cantos do planeta, configurando uma mudança de época, mais que uma época de mudanças. 28
A mudança de época traz novos critérios de julgamento da existência, fazendo
com que:
O que antes era certeza, até bem pouco tempo, servindo como referência para viver, [mostre-se]
insuficiente para responder a situações novas, ‘deixando as pessoas estressadas ou desnorteadas”.
Mudanças de época são, de fato, tempos desnorteadores, pois afetam os critérios de compreensão,
os valores mais profundos, a partir dos quais se afirmam identidades e se estabelecem ações e
relações.29
Ela não se limita em introduzir novos elementos para a vida, mas, atingem a
interpretação da existência, pois fazem referência “aos valores a partir dos quais a
realidade, seja ela qual for, é assumida, avaliada e enfrentada”. 30 Esta mudança epocal
tem impactos sobre a realidade, impondo novos desafios para a Catequese.
Muitas destas mudanças são mais evidentes e tornam-se mais fáceis de serem
individuadas, outras, porém, estão verificando-se de maneira muito mais lenta e sutil,
são mais inevidentes, mas não por isso, menos determinantes.
É difícil colher todos estes elementos num quadro definido deste novo panorama,
enquanto estamos plenamente envolvidos e somente o tempo tornará possível uma
objetivação que nos permita exprimir juízos que levem em consideração todas as
implicações e conexões, mas, não obstante esta dificuldade, é possível individuar alguns
elementos que de maneira incisiva se impõem e que podem nos ajudar a recolher, neste
momento, os traços principais desta mudança de época.
O primeiro deles, nascido como fruto do sistema econômico e produtivo, é o
individualismo que se expandiu a todos os aspectos da sociedade, a partir do momento
em que o sistema de tipo capitalista foi levado às extremas consequências.
Este é caracterizado pelo grande e absoluto valor que se atribui ao indivíduo ou
sujeito colocado como centro da realidade na qual vive e como parâmetro único e
absoluto de referência e de avaliação. O fim a ser atingido é o acúmulo das riquezas

28
DGAE 2008-2010, 13.
29
DGAE 2011-2015, 19-20.
30
PORTELLA AMADO, Catequese num mundo em transformação, p. 2.
10

acima de todas as coisas e com a utilização de todos os meios possíveis. Os conceitos de


solidariedade, de divisão, de bem comum tem se tornado sempre mais longe e
inaceitáveis, vigendo a mais estrita imanência.
Os critérios que regem as leis de mercado, do lucro e dos bens materiais regulam também as
relações humanas, familiares e sociais, incluindo certas atitudes religiosas. Crescem as propostas
de felicidade, realização e sucesso pessoal, em detrimento do bem comum e da solidariedade. Não
raras vezes, o individualismo desconsidera as atitudes altruístas, solidárias e fraternas. 31
A centralidade do “eu” ou do sujeito é característica desta nova época que, sob o
influxo do humanismo clássico, transformou a práxis dos grupos da história do passado,
nos quais o indivíduo era visto totalmente em função da coletividade à qual pertencia.
Uma espécie de corporativismo substitui a união de vontade e de intentos, tal
corporativismo está mudando as relações de “trabalho em comum” segundo as
intenções a serem realizadas. Não existe mais a busca do bem comum, mas cada um
pensa em si mesmo, em atingir o “próprio bem”, vigendo a mentalidade do
consumismo.32
Neste atual panorama, onde as opiniões e as idéias se multiplicam, é difícil
individuar os parâmetros de referência; cada um tende a ter uma própria idéia das
coisas, muitas vezes, sem nenhum critério de coerência. De fato, é verdadeiro somente
aquilo que se consegue compreender individualmente; têm valor somente àquelas coisas
pelas quais se tem um interesse individualmente.
Assim, de forma individualista se expressa a existência humana, como produção e
consumo de mercadorias conforme as conveniências e preferências pessoais. Tudo que
daí deriva está sempre sujeito à relativização, porque a primazia do bem-comum é
substituída pela dos bens individuais. Combinado com a exaltação das relações de
concorrência, esse individualismo marca os padrões culturais da atual sociedade
globalizada.33
O fenômeno do individualismo penetra até mesmo certos ambientes religiosos, na busca da própria
satisfação, prescinde-se do bem maior, o amor de Deus e o serviço aos semelhantes. Oportunistas
manipulam a mensagem do Evangelho em causa própria, incutindo a mentalidade da barganha por
milagres e prodígios, voltados para benefícios particulares, em geral vinculados aos bens
materiais.34

31
DGAE 2011-2015, 21.
32
O consumismo, de fato, não é somente uma prática mas é o reflexo de uma mentalidade, de uma cultura, de um clima ideológico
nos quais os valores de bem comum, de tolerância, de solidariedade, de justiça social, de responsabilidade, de fidelidade tem
dificuldade a impor-se, como tem dificuldade a se impor os valores fundamentais da existência humana, quais: o direito de nascer e
de viver; a liberdade; o amor; a família; o trabalho; o sentido de dever e de sacrifício; e a tensão moral e religiosa.
33
CNBB, Com Adultos, Catequese Adulta, 15.
34
DGAE 2011-2015, 22.
11

O segundo elemento é a forte presença do prazer colocado como critério último de


todas as ações humanas. Um prazer alcançado sem fadigas e sem esforços: um prazer
que não possui outra regra senão si mesmo. Com isto, tudo está concentrado sobre o
fruir o prazer imediato que a vida pode oferecer sem pensar nas conseqüências para o
futuro, para si ou para os outros. É preciso buscar o divertimento a todo custo, ainda que
isto signifique desafiar a morte ou andar, conscientemente, em direção a esta.35
O corpo, a saúde, a beleza, a riqueza, o sexo são assumidos como valores
absolutos que orientam as opções e os comportamentos cotidianos. Tudo se concentra
sobre o instante presente e sobre a busca do gozo que nesses podem ser experimentados.
O terceiro elemento é o desejo de viver a liberdade numa acepção negativa do
termo. Nesta perspectiva, cada pessoa torna-se a norma de si mesma, numa busca de
autonomia absoluta que não leva, absolutamente, em consideração o fato que a
liberdade é fruto de uma conquista, de fadiga, de recíproca renúncia e colaboração.
A autonomia da pessoa (que é, sem dúvida, um valor) é interpretada como
liberdade anárquica, autóctone, sem freios e sem confins. Levada às suas extremas
consequências, ela está a serviço da geração do caos, pois dá espaço às pulsões e aos
instintos. É a liberdade de quem pensa que seja suficiente desvincular-se de toda forma
de instituição e de autoridade, não estar ligado a nenhum tipo de ordem pré-existente, de
quem deseja e pode fazer tudo aquilo que se quer, para realizar uma sociedade onde
todos têm direitos e ninguém tem deveres.
Outro elemento que assinalamos é a perda do “sentido da vida” e, de
consequência, a “perda de Deus”. Verifica-se uma situação de indiferentismo elevado;
nada tem importância, uma coisa vale a outra, uma queda de interesse por todas as
coisas.
O futuro é visto na perspectiva da busca do sucesso a todo custo, mas, ao mesmo
tempo, como rejeição da falência, fuga das responsabilidades, instrumentalização dos
outros e das coisas para a obtenção dos próprios fins.
Deste tipo de aproximação à realidade nasce a ideologia de que não é possível
colher a unidade na multiplicidade; não é possível colher o significado global da vida
que se reduz a uma série de momentos e de experiências não coordenadas entre elas e

35
Basta considerar os testemunhos abundantes desta maneira de ver a vida: as tragédias automobilísticas, principalmente nos finais
de semanas; a dependência química; etc. Tais experiências não são outra coisa que o fruto da busca deste “prazer”.
12

independentes uma das outras. Um caminho que conduz à indiferença e, em particular, à


indiferença religiosa.36
Ao mesmo tempo, está também presente nessa realidade o elemento comumente
chamado de “volta” ou “retorno” ao sagrado. 37 Associado a este fenômeno encontramos
o do “trânsito religioso”. Onde pessoas migram constantemente de uma experiência
religiosa para outra, procurando, muitas vezes milagres e respostas imediatas aos seus
problemas.
Exclui-se a salvação em Cristo, que passa a ser apresentada como sinônimo de prospreridade
material, saúde física e realização afetiva. Reduzem-se, deste modo, o sentido de pertença e o
compromisso comunitário-institucional. Surge uma experiência religiosa de momentos,
rotatividade, individualização e comercialização. Já não é mais a pessoa que se coloca na presença
de Deus, como servo atento (cf. 1Sm 3, 9-10), mas é a ilusão de que Deus pode estar a serviço das
pessoas.38
Todas as mudanças de época da história humana são caracterizadas,
também, pelo progresso dos meios técnicos de dominação do mundo.
Estamos vivendo um novo tipo de convivência, onde é fundamental a dimensão de relações que
ultrapassam as distâncias de espaço e de tempo: nasce a aldeia global e não mais a megalópole
local. As estruturas de convivência mudaram, os sistemas de coligação se modificaram.
Ultrapassando lugares e momentos, o ritmo e a configuração da sociedade se transformam. As
relações não são mais mecanicamente engrenadas, mas se realizam comunicativamente. 39
A introdução da Comunicação Social no circuito social e o difundir-se da sua
linguagem e cultura desempenham um papel determinante na mudança de época a qual
nos referimos. Na situação atual, a troca de notícias e informações tem grande
importância no processo de constituição da pessoa. Graças a estes “conhecimentos”, a
consciência pessoal tende a dilatar-se e a sentir-se protagonista e participante, tende a
interrogar-se mais agudamente sobre o papel específico da pessoa e sobre as suas
específicas responsabilidades numa realidade que não é vista como composta de
segmentos isolados entre si, mas como “ecossistema” no qual cada um tem o seu
próprio papel e influi na sua totalidade. A participação leva ao desenvolvimento do
sentido de responsabilidade.
Paradoxalmente, o aumento contínuo das informações pode criar o perigo de uma
perda de sensibilidade. Estamos ficando tão habituados a todas as coisas que corremos o
risco de perder a capacidade de escandalizar-nos diante de episódios de maldade ou de
36
A. CHARRON, Indiferença religiosa. In: R. LATOURELLE – R. FISICHELLA (Dir.), Dicionário de Teologia Fundamental.
Vozes/Santuário: Petrópolis/Aparecida 1994, pp. 476-481.
37
“É bom perceber, diante desse fenômeno, que estão em jogo dois significados diferentes do conceito de Sagrado. Um é o sagrado
captativo, utilitário, para interesses particulares. É o que as pessoas procuram quando querem ajuda do além, para resolução de
problemas pessoais, para abrir caminhos e/ou trazer energias positivas. O outro é o sagrado como reverência e oferta diante do
mistério que dá sentido à vida” (CNBB, Com Adultos, Catequese Adulta, 21).
38
DGAE 2011-2015, 22.
39
A. MORAES, Uma “nova” antropologia na era da Comunicação Social. In: “Communio” 22 (2004) p. 385.
13

injustiça social. A estrutura da “ficção” através da qual opera a Comunicação Social,


pode levar-nos, tranquilamente, à confusão dos diversos níveis da realidade; pode
colocar-nos diante da realidade com a mesma e idêntica atitude com a qual assistimos
uma “ficção”.40
Tal aumento do “conhecimento” dá-nos, também, a oportunidade de viver nossas
fantasias, através de uma realidade virtual que abre-nos uma dimensão que permite
viver, como se estivéssemos imersos nesta mesma realidade, experiências que fazem
parte do imaginário e do sonho.41 Nesse contexto, a pessoa humana desarticula-se, perde
guias sólidas, esquece a certeza das tradições. Estabelece-se um tipo de vivência
fundada não sobre a solidez interna das convicções, mas na adequação a tudo aquilo que
nos é proposto pela cultura midiática.
Consequência de tudo isto é que [...] o imaginário é mais real que o real; o artificial é mais natural
que o natural; o indireto é mais direto que o direto. Nos encontramos diante de uma pessoa na qual
a simplificação toma o lugar do racional, o consumo repetitivo substitui o esforço criativo, a
imitação e o rito tornam-se os únicos instrumentos de adesão a um grupo num processo que
compromete a individualidade e favorece a “massificação” cada vez mais difusa; uma pessoa para
qual a evasão e o divertimento tornaram-se os meios para fugir das situações angustiantes. 42
Assim, as formas de comunidades humanas, tais quais a conhecemos, estão sendo
esfaceladas. A cultura midiática nos coloca em relação com os outros numa vertiginosa
profundidade, mas ao mesmo tempo, elimina de nossas vidas o espaço e o tempo, nos
despindo quase que completamente daquilo que era considerado como nossa
individualidade e nossa identidade pessoal.
Toda a experiência da fé cristã está envolvida nesta mudança de época, razão pela
qual, foi celebrado o Concílio Vaticano II e, neste mesmo quadro de mudanças vem
acontecendo a sua complexa recepção. Encontramo-nos num tempo fecundo de crise
(no sentido literal do termo) e de tensões que é, ao mesmo tempo, um tempo de
aprendizado.43 Neste período pós-conciliar, a igreja, do ponto de vista da sua práxis
pastoral, está passando por uma transformação que deverá produzir significativas
modificações no seu ser e agir.

40
Como exemplo, podemos citar a violência, principalmente, nos grandes centros urbanos. É tão “normal” ver e ouvir notícias sobre
mortes de policiais e bandidos; vítimas de balas perdidas; de assaltos a residências; a bancos e a negócios, que estamos nos
habituando a fazer com que esta mesma violência faça parte da rotina de nosso viver. A mídia integrou de forma “normal” esta
realidade à sua programação. Alguns programas chegam à frieza e ao absurdo de criar transmissões que se baseiam e exploram
exclusiva e exaustivamente estes eventos de violência e morte.
41
“Para muitos, a realidade corresponde ao que é construído pelas mídias. O que as mídias não reconhecem explicitamente torna-se
também insignificantes. Assim, indivíduos ou grupos podem ser submetidos a um ‘silêncio social’ ao serem ignorados pelas mídias”
(CNBB, Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil. CNBB: Brasília 2014, n. 28).
42
MORAES, Uma “nova” antropologia na era da Comunicação Social, p. 389.
43
G. ROUTHIER, La chiesa dopo il concilio. Qiqajon: Magnano 2007, pp. 20-21.
14

Neste contexto, verifica-se um dúplice e paradoxal fenômeno: de um lado, torna-


se cada vez mais claro, que a fé cristã manifesta seu vigor e sua verdade quando é sal e
fermento na vida das pessoas, quando torna-se capaz de ser chave interpretativa e
orientadora na verdade de Jesus Cristo; do outro, a condição e a sensibilidade atuais
fazem com que uma parcela da população ocidental, considerem a fé cristã como pouco
incidente na vida cotidiana.
Concentrando-nos neste segundo fenômeno parece que a linha que ligava a
transmissão da fé cristã e a vivência cotidiana se esteja deteriorando ou, até mesmo,
rompendo.44 Sabemos que esta não é uma situação ocasional, mas o resultado de uma
série de processos de longa data e que já se radicaram e tornaram-se incisivos em nossos
tempos.
Esta realidade atual exige de todos e, principalmente, da Catequese, a busca de
novos paradigmas para a sua ação evangelizadora. Paradigmas que sejam capazes de
enquadrar a atividade pastoral catequética nesta desafiadora, complexa e paradoxal
mudança de época.
É-nos possível identificar tantas realizações e promissoras experiências neste
campo. A época pós-conciliar é certamente fecunda para a pastoral catequética (apesar
de problemática). Em particular, observamos que, depois da conclusão do Concílio
Vaticano II, houve um avanço na pesquisa e na prática pastoral catequética.
Por estar em curso, a “conversão pastoral” da atividade catequética encontra-se,
ainda, atravessada por tensões, suspeitas e polêmicas (mais ou menos latentes). Sendo-
nos possível detectar os sintomas de uma natural nostalgia do passado pastoral pré-
conciliar, por parte de uma minoria.
Tudo isto, ajuda-nos a levar adiante o questionamento sobre o significado e a
validez de todo o processo de renovação da pastoral catequética, iniciado pelo
“movimento catequético”45 do início do século XX e amplamente impulsionado pelo
Vaticano II.
De certo modo, podemos dizer que o Concílio Vaticano II marcou o fim de uma
longa estação, iniciada no século XVI, caracterizada pela centralidade pedagógica e

44
E. SALMANN, Presenza di spirito. Il cristianesimo come gesto e come pensiero. Messagero: Padova 2000, p. 5.
45
Por “movimento catequético”, entendemos o trabalho mais ou menos organizado de um grande número de agentes de pastoral,
pastoralistas, pedagogos e teólogos que, articulados entre si nas práticas e nas reflexões, criaram e difundiram o processo de
renovação da organização da pastoral catequética. Apesar de ter iniciado partir do final do século XIX, é no início do século XX que
o “movimento” ganha sua força (U. GIANETTO, “Movimento Catechistico”. In: J. GEVAERT (Org.), Dizionario di Catechetica.
Elle Di Ci: Leumann (TO) 1987, pp. 448-450).
15

doutrinal do livro de “catecismo”, compêndio da doutrina de fé e instrumento


privilegiado de transmissão de conteúdos46.
A mudança de época e os novos desafios pastorais apresentados à comunidade
eclesial tem desencadeado uma revisão global e corajosa de todo o agir pastoral
catequético. Essa revisão tornou frequente a invocação das relações entre catequese e o
processo de evangelização.47 Onde a evangelização torna-se realidade qualificante e
catalisadora de toda uma nova “obra sistemática de catequese”.48
Falar das relações entre “nova evangelização” e catequese, da necessária
passagem de uma “pastoral de manutenção” para um projeto de pastoral catequético de
evangelização ou missionário e da necessidade de colocar a catequese num contexto de
um cristianismo em “estado de conversão” são grandes desafios em nosso momento
pastoral.
Tal processo de revisão nem sempre estará ausente de ambiguidades e exposto ao
perigo da superficialidade retórica, mas indica um endereço a ser seguido e estimula
nosso esforço de aprofundamento e de organização da pastoral catequética.
Do ponto de vista da transmissão da fé, a pastoral catequética deverá recordar-se
que um dos aspectos mais importantes da mudança de época é a passagem de uma
lógica de pertença objetiva a uma lógica mais subjetiva, própria de uma identidade
pessoal em continua formação, passagem que contribui para dar à experiência cristã
uma fisionomia nova. Uma fisionomia não isenta de ambiguidades, onde o perigo de
uma redução da fé a uma dimensão psicológica/catártica, consumista ou espetacular
estará sempre presente.
Nesta situação, a fé cristã corre o risco de não ser mais operante, o seu vigor
específico é fragmentado, restando somente significações flutuantes de uma
religiosidade evanescente e de mercado. É neste cenário que a pastoral catequética

46
São conhecidos o uso e a importância que, ao longo da idade moderna, tiveram os tradicionais catecismos, como o do Concílio de
Trento até o famoso catecismo de Pio X. A catequese foi concebida por muito tempo como memorização, explicação e aplicação à
vida destes sumários ou compêndios da doutrina cristã, redigidos num estilo claro e sintético, geralmente sob a forma de perguntas e
respostas, que continham as verdades de fé necessárias para a salvação, os mandamentos ou normas a serem praticadas e os meios
ou instrumentos sobrenaturais a serem utilizados (graça e sacramentos). A reflexão nesse campo voltou-se com particular atenção
sobre este instrumento privilegiado de catequese e sobre o modelo pedagógico e pastoral que o sustentava. A catequese do
“catecismo” aparece historicamente ligada a uma época que, ao menos em grande parte, possuía ainda a unidade e a homogeneidade
do ambiente da “cristandade”. Com o passar do tempo e o avanço do processo de descristianização, a insatisfação e a preocupação
tornam-se mais fortes e um número cada vez maior de vozes invocam a necessidade de rever e atualizar os diversos componentes da
catequese, fazendo nascer o assim chamado “movimento catequético” pré-conciliar.
47
DGC, 1997, 60-76.
48
CfL 34.
16

assume o desafio da “nova evangelização” como decisivo para a revitalização da fé


cristã e para a consequente revisão do processo de sua transmissão.

1.4- Evangelização e Catequese no contexto atual

Devemos acostumar-nos com esta ideia: uma época está atualmente acabando.
Trata-se de um processo doloroso, no curso do qual, devemos nos despedir de tantas
coisas que nos eram familiares. Mudanças pastorais similares acontecem continuamente
na história da igreja.
Diante desta situação pastoral, João XXIII, em 1962, em seu discurso inaugural
do Concílio advertia:
No exercício cotidiano do nosso ministério pastoral ferem nossos ouvidos sugestões de almas,
ardorosas sem dúvida no zelo, mas não dotadas de grande sentido de discrição e moderação. Nos
tempos atuais, elas não veem senão prevaricações e ruínas; vão repetindo que a nossa época, em
comparação com as passadas, foi piorando; e portam-se como quem nada aprendeu da história, que
é também mestra da vida, e como se no tempo dos Concílios Ecumênicos precedentes tudo fosse
triunfo completo da ideia e da vida cristã, e da justa liberdade religiosa. Mas parece-nos que
devemos discordar desses profetas da desventura, que anunciam acontecimentos sempre infaustos,
como se estivesse iminente o fim do mundo. No presente momento histórico, a Providência está-
nos levando para uma nova ordem de relações humanas, que, por obra dos homens e o mais das
vezes para além do que eles esperam, se dirigem para o cumprimento de desígnios superiores e
inesperados; e tudo, mesmo as adversidades humanas, dispõe para o bem maior da Igreja. 49
Neste significativo discurso inaugural, João XXXIII falava da Providência que
nos está levando para uma nova realidade, para o cumprimento de desígnios superiores
e inesperados para o bem maior da Igreja. Mais do que em palavras românticas,
ingênuas e irreais, o Pontífice fundamentava sua visão do aggiornamento pastoral da
Igreja, na esperança cristã, confiando ao Concílio Vaticano II (prestes a iniciar) a
missão de “tracejar” caminhos para o futuro da vivência pastoral da fé cristã.
O Concílio Vaticano II, em sua Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo de
hoje, decretava que estávamos diante de uma época pastoral que dirigia-se,
dolorosamente, verso seu fim:
A humanidade vive hoje uma fase nova da sua história, na qual profundas e rápidas
transformações se estendem progressivamente a toda a terra. Provocadas pela inteligência e
atividade criadora do homem, elas reincidem sobre o mesmo homem, sobre os seus juízos e
desejos individuais e coletivos, sobre os seus modos de pensar e agir, tanto em relação às coisas
como às pessoas. De tal modo que podemos já falar duma verdadeira transformação social e
cultural, que se reflete também na vida religiosa.50

49
JOÃO XXIII, Discurso de sua santidade na abertura solene do Concílio, 11 de outubro de 1962. In: www.vatican.va (visitado em
10/03/2014), nn. 2-4.
50
GS 4.
17

Este cenário faz com o que o escopo do Concílio seja aquele de colocar a igreja
nas “estradas” da evangelização do mundo contemporâneo. As quatro constituições
conciliares (e não só), em modo próprio, exprimem a mesma ideia de base, isto é: como
a igreja deve exercer a sua missão principal e prioritária de anunciar o Evangelho de
maneira renovada e eficaz.
Neste caminho longo, a Evangelii Nuntiandi apresentou-se como uma espécie de
“bússola” e propôs-nos a recuperação do ardor evangelizador como principal tarefa do
pós-concílio e da consequente transformação do cenário pastoral. Fazendo eco as
palavras de seu predecessor, Paulo VI afirmava:
[...] neste décimo aniversário de encerramento do II Concílio do Vaticano, cujos objetivos se
resumem, em última análise, num só intento: tornar a Igreja do século XX mais apta ainda para
anunciar o Evangelho à humanidade do mesmo século XX. [...] Para dar uma resposta válida às
exigências do Concílio que nos interpelam, é absolutamente indispensável colocar-nos bem diante
dos olhos um patrimônio de fé que a Igreja tem o dever de preservar na sua pureza intangível, ao
mesmo tempo que o dever também de o apresentar aos homens do nosso tempo, tanto quanto isso
é possível, de uma maneira compreensível e persuasiva.51
O contexto pastoral que precedeu o texto da exortação era a da primeira crise pós-
conciliar. Vivíamos um dos primeiros momentos preocupante para a renovada ação
evangelizadora, quando Paulo VI escreveu:
Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda
identidade. Ela existe para evangelizar, ou seja, para pregar e ensinar, ser o canal do dom da graça,
reconciliar os pecadores com Deus e perpetuar o sacrifício de Cristo na santa missa, que é o
memorial da sua morte e gloriosa ressurreição.52
Paulo VI entendia que a evangelização é o processo total mediante o qual a igreja
anuncia o Evangelho do Reino de Deus, dando testemunho do novo modo de ver e ser
inaugurado por Jesus Cristo. Um processo de educação na/da fé daqueles que se
converteram ao Evangelho, de celebração na comunidade dos fiéis da presença do
Senhor Jesus e do dom do seu Espírito e de transformação da ordem temporal, à luz da
força do Evangelho:
A evangelização, por tudo o que dissemos é uma diligência complexa, em que há variados
elementos: renovação da humanidade, testemunho, anúncio explícito, adesão do coração, entrada
na comunidade, aceitação dos sinais e iniciativas de apostolado.53
Tal exortação apostólica não ressoou em vão, mas teve profundas consequências
pastorais (principalmente na América Latina). A partir da Evangelii Nuntiandi a
evangelização tornou-se uma palavra programática e temática inspiradora de diversos
projetos pastorais.

51
EN 2-3.
52
EN 14.
53
EN 24.
18

É a recuperação do ardor evangelizador que, inclusive, guia o pontificado de João


Paulo II. Por esta razão, na conclusão do ano jubilar, falando sobre o programa pastoral
do Terceiro Milênio, ele apresentou a evangelização como um “partir de Cristo”,
recomeçar um “programa já existente” que é Cristo e sua Boa Nova:
Sendo assim, não se trata de inventar um “programa novo”. O programa já existe: é o mesmo de
sempre, expresso no Evangelho e na Tradição viva. Concentra-se, em última análise, no próprio
Cristo, que temos de conhecer, amar, imitar, para n'Ele viver a vida trinitária e com Ele
transformar a história até à sua plenitude na Jerusalém celeste. É um programa que não muda com
a variação dos tempos e das culturas, embora se tenha em conta o tempo e a cultura para um
diálogo verdadeiro e uma comunicação eficaz. Este programa de sempre é o nosso programa para
o terceiro milênio.54

Dentro deste contexto foi realizado o sínodo dos bispos, em 2012, no pontificado
de Bento XVI e que teve como tema: “A Nova Evangelização para a transmissão da fé
cristã”. Após a eleição de Francisco a comunidade eclesial recebeu a conclusão deste
trabalho sinodal na forma da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium.
Nesse quadro de evangelização e mudança de época, na Exortação apostólica, o
Papa Francisco individua certos traços característicos que (em meio a diversas
antinomias ou tensões dialéticas) a atividade catequética conseguiu já estabelecer em
nosso cenário pastoral atual. Elencando dois traços característicos de seu “rosto”
renovado: querigmática e mistagógica.
No período pós-conciliar, existem muitas definições para a atividade catequética.
No “Diretório Geral para a Catequese” (1997), é particularmente descrita a catequese
como formação orgânica e sistemática da fé que vai além do tradicional ensinamento:
Esta formação orgânica é mais do que um ensino: é um aprendizado de toda a vida cristã, “uma
iniciação cristã integral”, que favorece uma autêntica seqüela de Cristo, centrada na Sua Pessoa.
Trata-se, de fato, de educar ao conhecimento e à vida de fé, de tal maneira que o homem no seu
todo, nas suas experiências mais profundas, se sinta fecundado pela Palavra de Deus. 55
Na variedade das expressões, podemos falar de um consenso na igreja atual, no
individuar a identidade da catequese em torno a três polos essenciais de referência: a
Palavra de Deus, a fé e a Igreja.
Na Exortação apostólica, o Papa Francisco parece colocar-se nessa mesma linha
consensual ao afirmar que faz-se necessária:
Uma pedagogia que introduza a pessoa passo a passo até chegar à plena apropriação do mistério.
Para se chegar a um estado de maturidade, isto é, para que as pessoas sejam capazes de decisões
verdadeiramente livres e responsáveis.56

54
NMI 29.
55
DGC, 1997, 67.
56
EG 171.
19

Tal pedagogia catequética deve estar fundamentada na Palavra de Deus que


alimenta a fé e as consequentes atitudes de fé de toda comunidade eclesial:
Toda evangelização está fundada sobre esta Palavra escutada, meditada, vivida, celebrada e
testemunhada. A Sagrada Escritura é fonte da evangelização. Por isso, é preciso formar-se
continuamente na escuta da Palavra. A Igreja não evangeliza, se não se deixa continuamente
evangelizar. É indispensável que a Palavra de Deus se torne cada vez mais o coração de toda a
atividade eclesial. A Palavra de Deus ouvida e celebrada, sobretudo na Eucaristia, alimenta e
reforça interiormente os cristãos e torna-os capazes de um autêntico testemunho evangélico na
vida diária.57
Daqui decorre compreender que a atividade catequética é ministério da Palavra,
serviço à evangelização, comunicação da mensagem cristã e anúncio da Boa-Nova
festiva de Cristo. É momento de iniciação à vida cristã e de educação desta mesma vida
cristã iniciada, mediação eclesial que favorece o amadurecimento da fé nas pessoas
através das comunidades eclesiais para o serviço ao mundo. Por isso, a catequese é ação
da igreja, expressão da realidade eclesial e momento essencial da sua missão, elemento
fundamental para a renovação da igreja.
Sendo assim compreendida, podemos chamar de atividade catequética toda forma
de serviço eclesial à Palavra de Deus dirigida ao amadurecimento pessoal da vida cristã
mediante e dentro da comunidade eclesial.
Tal identidade da atividade catequética alicerça o pensamento do Papa Francisco.
Por isto, ele pode afirmar que a catequese constitui um momento significativo dentro do
processo global de evangelização:
O mandato missionário do Senhor inclui o apelo ao crescimento da fé, quando diz: “ensinando-os
a cumprir tudo quanto vos tenho mandado” (Mt 28, 20). Daqui se vê claramente que o primeiro
anúncio deve desencadear também um caminho de formação e de amadurecimento.58
Englobando todo o conjunto do anúncio e do testemunho da Igreja, é necessário
dizer que a catequese é sempre uma forma de evangelização. 59 É um momento essencial
no dinamismo evangelizador. Ela é anúncio e aprofundamento da mensagem evangélica
para o amadurecimento da vida cristã, encontrando-se, portanto, no centro da missão
eclesial como instrumento da existência da igreja como sacramento do Reino de Deus
para a sociedade. Parece ser essa noção da catequese como anúncio e aprofundamento
que norteia as duas características que Francisco quer evidenciar: a catequese
querigmática e a catequese mistagógica.60

57
EG 174.
58
EG 160.
59
DGC, 1997, 59.
60
EG 163.
20

Se a evangelização foi redescoberta como a missão essencial da igreja, “a graça e


a vocação própria da Igreja, a sua identidade mais profunda”, 61 uma “eterna novidade”,62
a catequese participa da mesma dignidade e importância enquanto momento
essencialmente ligado ao dinamismo da evangelização.
Como anúncio do querigma e como iniciação mistagógica para o amadurecimento
da vivência cristã, a catequese encontra-se, por isso, no coração da missão eclesial,
tornando-se instrumento da existência da Igreja como sacramento do Reino, como
“instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano”.63
É fácil perceber o alcance dessa opção pastoral que proclama a prioridade da
catequese, assim como foi solenemente defendida em diversos momentos do magistério
eclesial64 e, novamente, chamada em causa pela Evangelii Gaudium.65
Pode ser incalculável o efeito benéfico da renovação da atividade catequética,
desde que ela não seja concebida dentro de uma pastoral de manutenção (tentação fácil,
num momento de perda progressiva da relevância social da igreja), mas em chave
promocional e transformadora, aberta à criação de novas experiências cristãs nos dias
atuais. Vista em sua identidade mais profunda, a catequese constitui um momento
irrenunciável, fundamental, na ação evangelizadora da igreja.
A Evangelii Gaudium faz-nos perceber que a nossa atividade catequética
encontra-se dentro de uma experiência cristã que está sendo chamada à conversão. 66 A
experiência catequética está sendo convidada a deixar-se interrogar pelas
transformações culturais que tornaram a fé e sua transmissão problemáticas e, ao
mesmo tempo, desafiadoras67 e que exigem nossa reflexão profunda e, principalmente,
uma nova forma missionária de conceber o perfil da atividade catequética e de sua
fundamental importância pastoral na ação evangelizadora atual.
Tal atitude missionária não é uma questão de estratégia circunstancial, mas está
indissociavelmente ligada à natureza mesma da ação catequética que é ser como um
“sacramento”, um sinal e um meio de operar a união íntima com Deus e a unidade de
todo o gênero humano.

61
EN 14.
62
EG 11-13.
63
LG 1.
64
CT 15; DGC, 1997, 26.
65
EG 164-165.
66
EG 25-33.
67
EG 52-75.
21

A catequese deve fazer muito mais do que afirmar que Deus quer a salvação do
gênero humano. Ela deve ser um sinal eficaz desta salvação. Em outras palavras, se
apresenta não como aquela que diz que Deus salva, mas como o sinal em atos da própria
salvação de Deus: uma ação catequética que não se separa da diaconia.
Do ponto de vista catequético, compete-nos interpretar bem o Vaticano II.
Produzir uma hermenêutica acerca da hodierna atividade catequética capaz de nos fazer
percebê-la em continuidade com a tradição catequética precedente. De modo a não
entender a atual prática catequética como uma “ruptura” ou uma “inovação”, mas sim
como uma “renovação” do processo de transmissão da fé que deve ser sempre vivo e
dinâmico.
Neste sentido de “renovação” do processo de transmissão da fé, a catequese é,
para nós, ação fundamental de “conversão pastoral”. A evangelização no mundo atual
depende em grande parte da nossa capacidade de “repensar” e executar de maneira nova
a atividade catequética em nossas comunidades e igrejas locais. É neste cenário que à
Iniciação à Vida Cristã descortina-se como tarefa fundamental da atual atividade
catequética.

1.5- A Iniciação à Vida Cristã como tarefa da Catequese


Em nosso contexto atual, encontramo-nos diante do grande desafio pastoral da
Iniciação à Vida Cristã. O conceito teológico “fé” parece tornar vão qualquer pretensão
de uma intervenção pedagógica externa ao dinamismo interior daquele que crê. A fé é
fruto de um encontro entre a graça de Deus e o mistério da liberdade humana.
Consequentemente, a Iniciação à Vida Cristã significa a ação interior e transformante
realizada por Deus, de forma livre e gratuita.
Admitindo como certo isto, permanecem, contudo, as necessidades de
favorecermos e despertarmos à conversão; de promovermos e fortalecermos as atitudes
de fé; de fazermos conhecer a mensagem cristã; e de educarmos ao agir cristão.
Exatamente, por isso, não só é possível, mas necessária, a Iniciação à Vida Cristã. Esta
deverá ser entendida em sentido secundário e instrumental, isto é, no âmbito das
mediações humano-eclesiais que podem ajudar no processo do despertar e do
crescimento da fé.
22

Qualquer processo de Iniciação à Vida Cristã, portanto, deve estar consciente dos
seus limites e, entender-se como uma mediação educativa instrumental e dispositiva, a
serviço do encontro dos seres humanos com a proposta interpeladora de Deus. Tal
iniciação é ela mesma graça para o desenvolvimento da fé e genuína obra de
socialização da experiência cristã.
Um dos desafios será encontrar métodos catequéticos que respondam ao momento
atual e contribuam a uma Iniciação à Vida Cristã eficaz que chegue ao coração dos
catequizandos.68
Dedicada à tarefa de Iniciação à Vida Cristã, a catequese deverá procurar
acentuar a centralidade da pessoa de Jesus Cristo. 69 Fazendo nascer naquele que está
sendo iniciado, o desejo de viver como Jesus viveu, de mudar de vida, de se integrar ao
grupo catequético e à comunidade eclesial, descobrindo gradativamente o plano divino
da salvação do Pai, no seu Cristo, realizado mediante a igreja para todo o gênero
humano. Tal catequese insistirá no fazer a experiência do encontro com o Senhor,
mediante a vivência comunitária.
Tal catequese deve se orientar na direção de uma experiência de fé madura, uma
fé adulta. A catequese que visa a “fé adulta” promoverá uma opção mais decisiva e
coerente pelo Senhor e sua causa, ultrapassando as experiências de fé individualistas,
intimistas e desencarnadas. Tarefa da catequese à serviço da Iniciação à Vida Cristã é
promover um processo de aprofundamento e vivência da fé em comunidade.70
Tendo em vista a Iniciação à Vida Cristã, a catequese deve oferecer
necessariamente dois serviços importantes. O primeiro é:
Um processo de iniciação cristã unitária e coerente, para crianças, adolescentes e jovens, em
íntima conexão com os sacramentos da iniciação já recebidos ou a receber, e correlacionado com a
pastoral da educação.71
O segundo serviço é:
68
“A pluralidade dos métodos na catequese contemporânea pode ser sinal de vitalidade e de talento inventivo. Em qualquer
hipótese, importa que o método escolhido se atenha no fim de contas a uma lei fundamental para toda a vida da Igreja: a lei da
fidelidade a Deus e da fidelidade ao homem, numa única atitude de amor” (CT 55).
69
“Deseja-se acentuar, antes de mais nada, que no centro da catequese nós encontramos essencialmente uma Pessoa: é a pessoa de
Jesus de Nazaré, «Filho único do Pai, cheio de graça e de verdade» (Jo 1, 14), que sofreu e morreu por nós, e que agora,
ressuscitado, vive conosco para sempre. É este mesmo Jesus que é «o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14,6); e a vida cristã
consiste em seguir a Cristo, sequela Christi” (CT 5).
70
Já em 1983, o Documento Catequese Renovada detectava sérias lacunas na vivência da fé dos batizados e afirmava a prioridade
da catequese adulta (CR 130). Desde então, no Brasil, nota-se um grande esforço de reflexão sobre a catequese com adultos: J. I.
NERY, Catequese de adultos no documento Catequese Renovada. In: “Revista de Catequese” 8/30 (1985), pp. 7-17; A.
ANTONIAZZI, Catequese de adultos: um desafio que não pode esperar. In: “Revista de Catequese” 8/30 (1985), pp. 18-25; I. S.
WILKEN, Catequese de adultos e diálogo ecumênico. In: “Revista de Catequese” 8/30 (1985), pp. 26-28. No campo acadêmico,
foram dados passos significativos através de congressos, seminários e encontros. No âmbito pastoral, cresceu o desejo de colocar em
prática a prioridade da catequese com adultos. Dentro deste contexto, a CNBB, através de sua Dimensão Bíblico-catequética,
realizou em 2001 a Segunda Semana Brasileira de Catequese com o tema: Com adultos, Catequese adulta.
71
DGC, 1997, 174a.
23

Um processo de catequese com adultos, oferecido aos cristãos que têm necessidade de dar um
fundamento à sua fé, realizando ou completando a iniciação cristã inaugurada com o Batismo.72
A catequese de Iniciação à Vida Cristã adaptará a sua mensagem aos diferentes
interlocutores a fim de que a Palavra de Deus ilumine a vida e a ação dos catequizandos.
A catequese concebe-se como itinerário no qual o cristão vai se capacitando progressivamente para
entender, celebrar, e viver o evangelho do Reino, para se integrar na comunidade eclesial e
participar de sua missão de anunciar e difundir o evangelho.73
Todo o processo catequético terá a sua iluminação a partir das Escrituras. 74
Aproveitando as riquezas presentes nas Sagradas Escrituras, para inspirar ações e novos
modelos de vida cristã para o hoje de nossa história. A catequese de Iniciação à Vida
Cristã insistirá em propror os encontros salvíficos de Jesus, como promotores de uma fé
madura.
Tal catequese será mais bíblica e vivencial, iluminando a realidade do
catequizando com a Palavra de Deus. Nas Escrituras, encontram-se diferentes
abordagens, com óticas diferentes, épocas diferentes75 e com os mais variados
interlocutores, isto tudo, será explorado pelo itinerário catequético.
Tarefa da catequese será o auxílio ao catequizando para que se firme na fé cristã e
deseje continuar caminhando e vivendo em comunidade. Formar para o discipulado é a
missão da catequese. Uma catequese que insistirá na adesão pessoal a Jesus Cristo e que
introduzirá o catequizando numa melhor compreensão do mistério celebrado. Num
trabalho conjunto entre catequese e liturgia, o catequizando será educado para a
celebração dos mistérios da salvação.
A preparação e celebração dos sacramentos da Iniciação à Vida Cristã estarão
marcadas por este desejo de permanecer seguindo a Jesus Cristo e continuar a
experiência de fé na qual foi iniciado. Por isso, a ação catequética não poderá polarizar-
se num único dos três sacramentos de iniciação e nem tampouco ignorar a recepção dos
sacramentos.76 A catequese está a serviço da Iniciação à Vida Cristã em seu conjunto. A
preparação e celebração sacramental situam-se no interior do processo catequético,
porém, não devem ser apresentadas como realidade última ou como meta final. A sua
meta última é iniciar a experiência de fé cristã, sem ignorar, é claro, a importância da

72
DGC, 1997, 174b.
73
M. NAVARRO GONZÁLEZ, Catequese com Crianças. In: V.M. PEDROSA ARÉS et al., Dicionário de Catequética. (falta
cidade, editora e ano), p. 294.
74
W. GRUEN, Bíblia e Catequese. In: “Revista de Catequese” 10/37 (1987), pp. 20-39.
75
“Dentro dos limites da época e da cultura, a Bíblia promove o respeito à vida e faz provocações à reflexão, que se aplicam bem a
muitos graves problemas de hoje, chamando à responsabilidade os adultos, que precisam se posicionar diante da situação
sociocultural em que vivem” (GRUEN, Bíblia e Catequese. p. 37).
76
EN 74.
24

recepção dos sacramentos e a riqueza que estes três sacramentos podem trazer ao
conjunto do itinerário catequético. Mediante a riqueza teológica de cada um dos três
sacramentos da iniciação, a catequese poderá esquivar-se de possíveis reduções de
ordem antropocêntrica, moralista e metodológica.77
Leitura orante da Sagrada Escritura, educação para a vida de oração (pessoal,
comunitária, litúrgica), inserção na comunidade e despertar da consciência missionária
serão aspectos centrais da formação inicial do catequizando. Envolvendo-o no processo
de Iniciação à Vida Cristã e favorecendo o seu crescimento na fé.
Para que isso aconteça, porém, será necessário o envolvimento da comunidade
eclesial que anuncia, testemunha e vive o Evangelho com autenticidade, fidelidade e
alegria. Concretamente e dependendo da realidade do grupo de catequese a comunidade
eclesial se materializará no catequista que exerce uma missão fundamental na catequese
de iniciação, no pequeno grupo de catequizandos que cresce junto, nos pais que
continuam sendo os primeiros educadores na fé, nos presbíteros que tem como missão
promover um correto projeto de iniciação cristã e sensibilizar toda a comunidade para a
importância da Iniciação à Vida Cristã e nos padrinhos e/ou madrinhas que são
chamados a acompanhar seus afilhados nas celebrações e na vida.
Objetivo hoje da catequese é formar cristãos adultos, discípulos missionários,
maduros na fé, inseridos numa comunidade adulta, na comunhão e participação. Uma
catequese onde são valorizados os diferentes ministérios, aberta às diferentes realidades
humanas, em constante diálogo intra-eclesial, ecumênico e inter-religioso, a serviço das
culturas e da sociedade, no testemunho concreto do dia-a-dia.
Por esta razão, floresceu toda uma necessidade de resgatar a “inspiração
catecumenal” para todas as formas de catequese. A catequese de “inspiração
catecumenal” fará um grande esforço para superar ou melhorar os diferentes modelos já
existentes, em especial, dedicar-se-á na superação do modelo “escolar”, puramente
acadêmico ou doutrinário, propondo um itinerário mais celebrativo, litúrgico e que
valoriza o aspecto vivencial e comunitário. Centrado, portanto, no Mistério Pascal de
Jesus Cristo.

1.6- A “inspiração catecumenal” de toda Catequese

77
J.C. CARVAJAL BLANCO, Catequese com jovens. In: V.M. PEDROSA ARÉS et al., Dicionário de Catequética. (falta cidade,
editora e ano), p. 644.
25

No Brasil, nos deparamos com o desafio de não poder aplicar na íntegra o RICA,
devido à grande diversidade pastoral que temos em nossa sociedade. Os bispos
decidiram, então, pelo aproveitamento dos aspectos mais importantes do catecumenato
tal como previsto no RICA. Por isso, em 2006, na 43ª Assembleia Geral, foi aprovado o
Diretório Nacional de Catequese que optou em motivar e afirmar a importância da
catequese inspirada no processo catecumenal.78 O Diretório reconheceu a riqueza do
RICA e motivou a sua adaptação nas igrejas locais para que ele fosse melhor utilizado.
A temática da Iniciação à Vida Cristã e da “inspiração catecumenal” de toda
catequese foi prioritária na 47ª Assembleia Geral da CNBB, em 2009. 79 Desde 2008,
uma comissão tinha sido nomeada para preparar um esquema fundamental. 80 No ano de
2009, os trabalhos da Comissão, foram publicados na forma de estudo da Conferência
Episcopal.81 Isto revela, na verdade, o desejo dos bispos, no Brasil, de buscar novos
caminhos para a ação catequética e de reconhecer que a “inspiração catecumenal” é uma
exigência para a catequese atual.
A “inspiração catecumenal” de toda catequese permitir-nos-á formar cristãos
firmes, atuantes e conscientes, na mudança de época em que, inclusive, a opção
religiosa é uma escolha pessoal e não simplesmente uma tradição transmitida pelos pais
e já imersa no tecido cultural de uma sociedade.82
Para a transmissão da fé cristã hoje, a “inspiração catecumenal” ajudará a
catequese a buscar uma formação que realize uma verdadeira iniciação capaz de motivar
os batizados a assumirem o projeto do Reino de Deus. Uma formação iniciática séria
que favoreça o contato e a adesão das pessoas a Jesus Cristo.
Durante muito tempo, a ação catequética limitou-se a uma memorização da
síntese doutrinal transmitida pela Igreja. Urge, hoje, em nossa realidade atual, um sério
trabalho catequético de “inspiração catecumenal” que assuma a Iniciação à Vida Cristã

78
DNC 45-50.
79
O primeiro texto produzido pela CNBB sobre Iniciação à Vida Cristã remonta à 14ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil
(CNBB, Pastoral dos Sacramentos da Iniciação Cristã. Documentos da CNBB 2A, Paulinas: São Paulo, 1974). Ele estava centrado
no valor dos sacramentos da iniciação cristã em si mesmos e em seus efeitos para quem os recebe. Já naquele momento, a CNBB
fornecia às dioceses um instrumento de trabalho de primeira ordem para o aprofundamento da Iniciação à Vida cristã.
80
CNBB – PRESIDÊNCIA, Carta de 30 de setembro de 2008. SG – C – no. 0865/08, assinada pelo Secretário Geral, Dom Dimas
Lara Barbosa.
81
CNBB, Iniciação à Vida Cristã, um processo de inspiração catecumenal. Estudos da CNBB 97. CNBB: Brasília, 2009. Sobre o
trabalho da comissão e estudo realizado ver: ALVES DE LIMA, A Iniciação Cristã ontem e hoje, pp. 6-12.
82
D. VILLEPELET, Catequese como iniciação: Consequências para a ação catequética. In: “Revista de Catequese” 29/110
(2005), pp. 39-44.
26

como princípio fundamental da formação dos discípulos e discípulas missionários de


Jesus Cristo.
Por isso, temos necessidade da “inspiração catecumenal”, pois, ela favorece a
experiência do encontro com o Senhor na comunidade cristã, fazendo da catequese um
percurso importante de mergulho no mistério de Cristo, uma preparação séria,
personalizada e com bem articulada.
A “inspiração catecumenal” obriga-nos a uma revisão, não só do processo
catequético global de transmissão da fé, mas de todo o conjunto do agir pastoral e do
próprio projeto de Igreja a ser promovido e construído. Já o Papa Paulo VI dizia:
Não se pode conceber uma pessoa que tenha acolhido a Palavra e se tenha entregado ao Reino sem
se tornar alguém que testemunha e, por seu turno, anuncia essa Palavra [...] é uma diligência
complexa, em que há variados elementos: renovação da humanidade, testemunho, anúncio
explícito, adesão do coração, entrada na comunidade, aceitação dos sinais e iniciativas de
apostolado.83
Uma catequese de “inspiração catecumenal” busca renovar a humanidade,
transformando critérios, valores, correntes de pensamento, modelos de vida que estão
em contraste com o Reino de Deus. Fazendo com que catequistas e catequizandos
tornem-se testemunhas dos valores e da nova vida do Reino de Deus e busquem a
conversão, isto é a adesão do coração ao Reino de Deus. Para tanto, esta catequese
precisa criar espaços comunitários onde a fé pode ser alimentada, partilhada, vivida,
estruturada numa comunidade cristã que vive e celebra, nos sinais sacramentais, a
presença de Jesus e o dom do Espírito, desenvolvendo um apostolado ativo nos diversos
ambientes e situações em que cada catequista e catequizando se encontra.
Mas para que esta “inspiração catecumenal” aconteça, é preciso uma verdadeira
“conversão pastoral” do ato catequético. É preciso que passemos de uma transmissão
“infantil” a um planejamento pastoral que privilegie uma fé adulta, interlocutores jovens
e adultos, aonde a transmissão “doutrinal” dê mais espaço a uma transmissão centrada
na fé e na globalidade da vivência cristã.
Neste mesmo sentido, é necessário passar de uma transmissão “ritual-
sacramental” a uma centrada no crescimento da fé do indivíduo dentro de uma
comunidade eclesial que se empenha e mobiliza no processo de acolhida e iniciação à
vida cristã, entendido como um processo de inserção progressiva e dinâmica na vida
comunitária e de adesão à forma de ser, viver e pensar da comunidade.

83
EN 24.
27

Assumir a “inspiração catecumenal” permite-nos um retorno às origens,


revalorizando uma lição catequética histórica de valores tradicionais por longo tempo
esquecidos. Além disso, a “inspiração catecumenal” recorda-nos que a opção cristã deve
ser feita com responsabilidade, empenho e avaliada pela comunidade de fé com o
devido rigor (exames e escrutínios).
O caminho de interiorização da fé e da vida cristã exige tempo, progressividade
(etapas, ritos de passagem), atitudes e comportamentos. Estes elementos tem um valor
central no processo de “inspiração catecumenal”, colocando em ato uma
“evangelização/conversão” ou “evangelização/discipulado”, muito mais do que uma
“evangelização/cultual” ou “evangelização/ritual”.
Através de um tirocínio ou “noviciado” de vida cristã, através de uma experiência
que compreende e integra o conhecimento (aspectos doutrinários) do mistério, a
celebração (liturgia) da fé, a experiência comunitária (eclesialidade) e o exercício do
empenho (ética) cristão a serviço da sociedade. Que parte da comunidade e deve a ela
conduzir, envolvendo toda a comunidade no seu exercício, empenhando e exigindo
todos e novos ministérios na comunidade.
Refletindo sobre a realidade da catequese e apostando na “inspiração
catecumenal”, podemos detectar algumas lacunas na ação catequética atual: a falta de
uma formação continuada para catequistas e catequizandos; a falta de compreensão da
importância da catequese na ação evangelizadora da igreja; a carência da dimensão
celebrativa no processo catequético; a falta de inter-relação entre o grupo catequético e
a comunidade eclesial; o desconhecimento da unidade dos sacramentos de Iniciação à
Vida Cristã; a desarticulação entre o processo catequético e a participação na missão da
comunidade eclesial; dentre outras. De todas estas temáticas gostaríamos de refletir
sobre as duas últimas: a unidade dos sacramentos de Iniciação à Vida Cristã e a
vocação missionária do iniciado.

1.7- A unidade dos sacramentos de Iniciação à Vida Cristã


O batismo, como novo nascimento, é a porta e o fundamento de todo o edifício da
vida cristã: é o sacramento da vida, o sinal a partir do qual nasce toda a vida.
É absolutamente verdadeiro que na economia sacramental cristã a eucaristia ocupa
um lugar central. Como Cristo é o ponto central da fé, assim a eucaristia, enquanto
28

sacramento que o torna presente não apenas realmente, mas também, substancialmente,
é o sacramento central, critério interpretativo dos demais sacramentos, momento
histórico-salvífico que reúne o significado de qualquer outra intervenção salvífico-
sacramental. A eucaristia, contudo, torna-se o vértice da resposta humana à proposta
salvífica de Deus, na medida em que for uma atuação fiel da vocação batismal.
Batismo e eucaristia não podem ser separados. Juntos constituem o «sacramento
pascal». A unidade entre esses dois sacramentos aparece tanto sob o plano das figuras
[sangue, cordeiro, maná, água que brota da rocha, etc.], como sob o plano espiritual
[ritos de iniciação ao judaísmo: batismo, circuncisão e refeição sagrada]. Também sob o
plano da realidade ocorre unidade. O batismo inicia o que a eucaristia completa e
plenifica. Por isso, o batismo é irrepetível: há um só início. A plenitude, no entanto,
exige um processo de repetição: a eucaristia renova e atualiza o batismo. O mesmo
sacramento pascal existe sob duas formas: uma, irrevogável; outra, múltipla e repetível.
O sacramento da Crisma desenvolveu-se a partir do rito de iniciação que
originalmente era um só, chamado batismo na Igreja antiga. Por isso, este sacramento
menor deve ser visto em relação íntima com o batismo. Ganhou maior importância em
comparação com a época antes do Concílio Vaticano II. A teologia da
confirmação/crisma, no entanto, se caracteriza por incertezas. Usualmente, ele é visto
como um sacramento de um adolescente, batizado como criança e, ulteriormente,
conduzido à eucaristia, e que agora passará pelo momento da concessão do Espírito
Santo. O Espírito Santo já foi concedido no Batismo e na Eucaristia, na educação cristã
e em muitas outras manifestações da vida cristã. Em época pós-bíblica [com diferenças
locais], a imposição das mãos e a unção passaram a ser elementos fixos do rito de
iniciação e «selar» se torna a palavra central para seu encerramento consumado.
Na Igreja antiga, até a primeira escolástica, não existe uma celebração da
confirmação verdadeira e própria. Hipólito de Roma84, falando do rito batismal, fala de
uma segunda unção, chamada de pós-bastimal, realizada pela bispo. Tal unção, porém,
não é considerada como sinal da comunicação do Espírito.
Na Igreja da África, Tertuliano fala de um batismo que, no seu conjunto,
comunica o Espírito, identificado, porém, com o rito da imposição das mãos,
enquadrado no processo batismal (purificação/comunicação do Espírito)85.
84

85
29

Em Cipriano, três coisas chamam a atenção: 1) O batismo é um processo


articulado que culmina na imposição das mãos e na oração para que o Espírito desça
para completar a iniciação; 2) Tal articulação é explicada a partir da iniciação
alongada de At 8, 14-25; 3) O batismo é concluído pelo bispo86.
Até os séculos IX-XI, a iniciação cristã permanece uma celebração articulada que
compreende o sagrado banho e diversos outros ritos (unções e imposição das mãos, por
exemplo) que têm a tarefa de completar e revitalizar a iniciação que começa com o
“símbolo da água” e prevê um ulterior complementum de caráter pneumatológico.
Entre os séculos IX-XI aparecem os testemunhos de celebrações da confirmação
autônomas. Estas são motivadas por diversas razões: a administração do batismo em
caso de necessidade e às crianças, mas, sobretudo, pelo fato de que se considerava um
direito reservado ao bispo a unção pós-batismal e a imposição das mãos87.
Tal repartição de tarefas entre o bispo e os presbíteros prefigura a sucessiva
dissociação entre batismo e confirmação. O motivo dela encontra-se: 1) nas dioceses
rurais, onde o bispo não podia garantir a própria presença nas diversas comunidades; 2)
no número crescente de batismos e de igrejas, que não permitem ao bispo presidir o rito
de iniciação de todos os fiéis.
Com o propagar-se da fé cristã (a partir do IV séc.), desenvolve-se e articula-se
melhor o rito da iniciação 88. Isto explica a obrigação de dirigir-se, durante a oitava da
Páscoa, na cidade episcopal para receber o complementum por mão do bispo.
Outros fatores que contribuem para esse processo de separação são: a) a crescente
convicção, em decorrência da doutrina do pecado hereditário, da necessidade de se
batizar as crianças o quanto antes; b) a admissão de hereges batizados: ela era feita por
meio da imposição das mãos pelo bispo, mas sem batismo.
No século VI, encontramos, em algumas igrejas, o costume de adiar o
complementum da iniciação para a próxima visita do bispo àquela paróquia. Em Roma,
porém, entre os séculos VII-IX, a iniciação é completada imediatamente após o batismo.
Para estas celebrações, agora autônomas, se torna habitual o vocábulo
confirmatio. Ainda que documentadas no séc. IX, estas celebrações não estão
dissociadas do batismo. Isto está claro na disciplina que se estabelece: a confirmatio

86
87
DH 215.
88
DH 120-121.
30

deve ser recebida: 1) no mesmo dia do batismo; 2) em até uma semana após o batismo;
3) na próxima visita do bispo.
A partir do Concílio de Latrão IV, afirma-se a prática da confirmatio para crianças
entre 4 e 7 anos, para os adultos, porém, ela deve ser concedida imediatamente após o
batismo.
A tal progressiva separação, segue-se a relativa justificação teológica,
acompanhada por uma descrição detalhada do conteúdo específico das duas
celebrações. Tomás de Aquino acredita que a especificidade da confirmação deve ser
encontrada, em analogia com a vida humana: ao nascimento e ao crescimento devem
corresponder dois distintos sacramentos. Na confirmação, o ser humano recebe a
maturidade da vida espiritual. As proposições do Concílio de Florença estão
profundamente influenciadas por esta teologia da alta Idade Média89.
O Vaticano II compreende a confirmação à luz do batismo, no sentido de que ela
intensifica a missão que o cristão recebeu no batismo, juntamente com a obrigação de
difundir e defender a fé (LG 11). A confirmação é o sacramento da plena
responsabilidade e testemunho.
Na reforma litúrgica pós-conciliar, a Constituição apostólica sobre a confirmação
(1971) repropõe a figura do «selo» que pode servir de chave para uma compreensão
hodierna do sacramento, que mais corresponde aos fatos históricos. O Ordo para o
batismo de adultos (1972) repropõe a antiga unidade entre batismo, confirmação e
eucaristia.
A partir da compreensão hodierna de batismo e confirmação como elementos de
iniciação poderíamos entender que a confirmação é a selagem, ratificação,
“aperfeiçoamento” do batismo. O que é preciso “aperfeiçoar” no batismo depende da
situação concreta: no caso daqueles que foram batizados como adultos, a “crisma”
sublinha especialmente o aspecto da pertença à Igreja no sentido pleno, com todos os
direitos e deveres, bem como o aspecto do comissionamento e fortalecimento para o
testemunho; no caso daqueles que foram batizados como crianças, a confirmação
realizada na idade adulta se torna, adicionalmente, um sinal da decisão de fé pessoal.
Em todos esses aspectos, acontece o dom do Espírito, que, por sua vez, é o conteúdo
central do evento batismal.

89
DH 1310-1328.
31

1.8- Da Iniciação à Vida Cristã à missão cristã


A perspectiva eclesiológica do Vaticano centrada na imagem do Povo de Deus90
permite e determina uma verdadeira transformação na consideração do processo de
Iniciação à Vida Cristã. A Iniciação à Vida Cristã deve ser entendida como habilitação
a uma nova fraternidade universal ao qual o cristão está unido por meio dos vínculos da
fé e dos sacramentos.
A Iniciação à Vida Cristã é participação à realidade salvífica da qual a Igreja é
sacramento, isto é, sinal e instrumento da íntima união com Deus e com o gênero
humano.91 A Iniciação à Vida Cristã implica para o neófito ser constituído na dignidade
de filho de Deus e ser introduzido numa comunidade que, enquanto sacramento,
experimenta a salvação.92
No pré-catecumenato, o candidato à Iniciação à Vida Cristã aparece como um
simpatizante no qual o Espírito interveio, movendo-o à conversão que interpela a Igreja
(essencialmente missionária) a apresentar-lhe o querigma, criando as condições
históricas para sua acolhida, reconhecimento, discernimento e acompanhamento.
No tempo do catecumenato, o iniciado faz experiência da natureza exclusiva da
proposta cristã e, ao mesmo tempo, deve experimentar que a sua realidade pessoal e
cultural é acolhida, purificada e elevada à luz do mistério pascal. No tempo do
catecumenato, experimenta-se a tensão entre o ser purificado (dimensão exclusiva) e o
ser acolhido (dimensão inclusiva) no paradoxo cristão da morte-ressurreição.
No tempo da eleição/iluminação, o catecúmeno, na relação dinâmica entre palavra
anunciada e gesto litúrgico, experimenta, dentro de uma igreja local, o ser escolhido,
separado para morrer ao homem velho, para ser regenerado e revestido do homem novo
(Ef 4, 22-24; Cl 3, 9-10). Mediante o Batismo, a Confirmação e a participação à mesa
eucarística, ele recebe aquilo que é próprio dos filhos de Deus: o Espírito Santo,
primeiro e grande dom da Páscoa.
Durante a mistagogia, o neófito, consciente de ser um “recém-nascido”, começa a
experimentar em Cristo e na Igreja o cumprimento integral da sua realidade humana.93
Como membro do Povo de Deus o iniciado está pleno, seja do ponto de vista essencial

90
LG 9-17.
91
LG 1.
92
LG 2, 7-9, 13-16.
93
GS 22.
32

(dimensão ontológica) como existencial (dimensão histórica), da mútua relação entre


singularidade e universalidade do evento cristão.
O dinamismo da Iniciação à Vida Cristã chama em causa a realidade da Igreja na
sua função materna.94 A Iniciação à Vida Cristã exige que a Igreja se apresente na sua
estrutura de Igreja Local, reunida sob a presidência do bispo e articulada segundo a
típica ministerialidade que, com funções diversas, intervém no processo de iniciação (do
pré-catecumenato à mistagogia).
A agregação à Igreja Local e, mediante esta, à Igreja una, santa, católica e
apostólica, é a grande intenção da Iniciação à Vida Cristã. A família natural, o grupo
social de proveniência não são os fios condutores do processo iniciático, mas sim, a
comunidade eclesial.
A experiência da Iniciação à Vida Cristã, em sua natureza de evento eclesial, se
propõe a acolher, purificar e elevar toda a humanidade que o iniciado traz consigo.
Assim compreendida a Iniciação à Vida Cristã deve realizar uma verdadeira e própria
experiência de inculturação da fé.95 Fazendo com que a Igreja leve a termo a
universalidade de sua missão salvífica em meio a todos os povos como recapitulação de
“toda humanidade com todos os seus bens sob Cristo Cabeça, na unidade de Seu
Espírito”.96
Este quadro eclesiológico da prática da Iniciação à Vida Cristã supõe
evidentemente como candidato-tipo o adulto a quem é dirigido o chamado à fé e a quem
deve ser oferecido um itinerário de acompanhamento.
Supõe, também, uma impostação eclesiológica aberta ao diálogo com as culturas
segundo o espírito autenticamente católico e universal da missão evangelizadora da
Igreja97. A Iniciação à Vida Cristã evidencia a função do laicato na vida da Igreja e do
mundo. Evidencia a sua radical e permanente participação à tríplice função sacerdotal,
profética e régia de Cristo.98
Esta participação é a fonte da vocação à santidade e à santificação do mundo. 99
Tudo deriva da Iniciação à Vida Cristã como dinamismo de crescimento da maturidade
laical, fazendo com que a espiritualidade laical retire da Iniciação à Vida Cristã a sua
94
CD 13, PO 6, LG 14 e 64.
95
SC 65.
96
LG 13.
97
AG 14-15.
98
LG 31.
99
AA 6-7.
33

peculiar fisionomia seja para a edificação da Igreja para o testemunho no mundo


segundo o estilo de Jesus.100
Na perspectiva do dom de si por amor que a Iniciação à Vida Cristã se ilumina
desde o seu início como uma resposta de amor ao Pai para a salvação do mundo. A
vitalidade desta dimensão oblativa da Iniciação à Vida Cristã está ao mesmo tempo
radicada na ação do Espírito que vai configurando o catecúmeno a Cristo sacerdote-
profeta-rei.101
O ser constituído filhos no Filho comporta para o leigo uma profunda
transformação que o convida a uma resposta, ao longo de toda a vida e com o ajuda da
graça divina, às exigências de fazer acontecer a Boa Nova do Reino nas diversas
realidades na qual ele se encontra.
Por conhecer, principalmente, a prática pastoral do batismo infantil, a “mente” do
Vaticano II propõe a recuperação do catecumenato pensando, sobretudo, às terras de
missão.102
Produz, contudo, uma renovada teologia da Iniciação à Vida Cristã que convida a
fé cristã a passar da “convenção” (batismo social) à “convicção”. A teologia do Concílio
percebe que a sociedade contemporânea põe em discussão um modelo de Iniciação à
Vida Cristã centrado no batismo infantil.
É claro que o Concílio não põe em discussão o valor teológico do batismo de
crianças, mas sim o modelo sócio-cultural no qual esse, de fato, foi contextualizado.
Não por acaso ao cristão adulto (do ponto de vista anagráfico) foge quase
completamente as linhas mestras da sua dignidade batismal.
Do ponto de vista pastoral, o grande desafio da Nova Evangelização será aquele
de “conscientização” nos adultos e nos jovens da raiz batismal, transcurada e quase
completamente esquecida.103
Nesse sentido, a Iniciação à Vida Cristã é desafiada em muitos ambientes e
situações a ser um paradoxal itinerário de “gestação após o parto”, isto é, um itinerário a
fim de “completar” a iniciação, seja do ponto de vista sacramental (confirmação e
eucaristia) ou não.

100
LG 33-36.
101
AA 3.
102
SC 65 e AG 14.
103
EN 56 e EG 14.
34

PARTE II

Orientaçãoes para uma ação pedagógico-pastoral no processo


de Iniciação à Vida Cristã de inspiração catecumenal
A Conferência de Aparecida elevou a iniciação à vida cristã a categoria de
urgência. Ela não se esgota na preparação aos sacramentos Batismo, Crisma e
Eucaristia. Ela se refere à adesão a Jesus Cristo que deve ser feita e refeita, fortalecida
tantas vezes quanto o cotidiano exigir.
É importante conhecer a realidade e traçar metas para a ação evangelizadora à luz
da Sagrada Escritura e do magistério. As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da
CNBB no capítulo III nos apresenta a Igreja como casa da iniciação à vida cristã, pois
trata da segunda urgência na ação evangelizadora e indicam o caminho a seguir,
abordando aspectos prioritários da ação evangelizadora, princípios norteadores
e urgências irrenunciáveis para os planos de ação evangelizadora Diocesana.
Cada tempo e lugar têm um modo próprio para apresentar Jesus Cristo e suscitar
um seguimento à sua pessoa. Os meios utilizados em outros tempos para a iniciação
cristã não possuem a mesma eficácia de antes. Exemplo, a família - transmissora da fé e
dos valores, por causa das transformações não cumprem mais esta missão; O mesmo
ocorre com outras instituições, todavia com a mudança de época exige que o anúncio de
Jesus Cristo não seja  mais pressuposto, porém explicitado continuamente. É preciso
ajudar as pessoas a conhecer Jesus Cristo, fascinar-se por Ele e optar por segui-lo. Daí a
importância da Iniciação à vida cristã.104
Considerando as recentes orientações a Igreja do Brasil à luz da Sagrada Escritura,
do Concílio Vaticano II, da Conferência de Aparecida e das Diretrizes Gerais da Ação
Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015 somos chamados à atenção a
contemplar nossa realidade para melhor planejar e agir. Apresentamos adiante algumas
orientações importantes para o processo de Iniciação à Vida Cristã nas dioceses,
paróquias e comunidades.

2.1- Primeira Orientação: os interlocutores da Iniciação à Vida Cristã de


inspiração Catecumenal

104
CNBB. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil: 2011-2015. São Paulo: Paulinas, 2011. n. 38-40.
35

O Documento de Aparecida105 nos interpela a assegurar a Iniciação à Vida Cristã


para adultos batizados e não suficientemente evangelizados; a crianças batizadas,
através de um processo que as leve a completar sua iniciação cristã; e os não batizados
que, havendo escutado o querigma, querem abraçar a fé.
A iniciação à vida cristã tem seu início com o pedido do candidato à Igreja que
deseja informação religiosa, introdução aos sacramentos da iniciação ou educação na
fé.106 Àqueles que já foram batizados, chamamos catequizando e, aos que querem
abraçar a fé, e por isso, pedem o Batismo, denominamos catecúmenos. É importante que
seja feita à distinção dos que já foram batizados, fazendo-se as devidas adaptações.
A iniciação à vida cristã com inspiração catecumenal não está centrada somente
nos não batizados convertidos que desejam ser cristãos através de um processo de
iniciação, mas inclui também, principalmente entre nós, aqueles batizados onde não
aconteceu uma completa iniciação à vida cristã.
Os sacramentos fazem parte de todo o processo de educação da fé, mas não são a
finalidade última do processo. O que se deseja é que os interlocutores assumam as
“características próprias do discípulo-missionário: que ele tenha como centro a pessoa
de Jesus Cristo, nosso Salvador e plenitude de nossa humanidade, fonte de toda
maturidade humana e cristã; que tenha o espírito de oração, seja amante da Palavra,
pratique a confissão frequente e participe da Eucaristia; que se insira cordialmente na
comunidade eclesial e social, seja solidário no amor e um fervoroso missionário.”107
Neste processo, catequizandos e catecúmenos:
- São acolhidos e acompanhados individualmente;
- Tem a sua própria história, sua situação particular, que se enquadrará dentro de
ritos específicos.

2.2- Segunda Orientação: Comissão de Iniciação à vida cristã de inspiração


catecumenal
2.2.1- Importância

105
Cf. CELAM. Documento de Aparecida: texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe.
Brasília: Edições CNBB. São Paulo: Paulinas. 2007. n. 293.
106
FLORISTÁN, Casiano. Para compreender o Catecumenato. Coimbra: Gráfica de Coimbra. p.175.
107
CELAM. Documento de Aparecida: texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe.
Brasília: Edições CNBB. São Paulo: Paulinas. 2007. n. 292.
36

A Iniciação à Vida Cristã é tarefa de toda a comunidade e assumida por diversos


ministérios. Alguns, já existentes e outros que necessitam ser criados. Para uma
compreensão comum do processo; a comunhão no desenvolvimento dos tempos e
etapas; visão de pastoral de conjunto. Disso decorre a necessidade de pensar, organizar
e atualizar a catequese, buscar novos rumos, animar os catequistas, criar um clima de
trabalho mais humano-afetivo. 
A preparação da Comissão de Iniciação à Vida Cristã de inspiração catecumenal é
de fundamental importância.
O caminho a ser percorrido na Iniciação à Vida Cristã, só será possível em um
trabalho de equipe.
A constituição e organização da Comissão de Iniciação à Vida Cristã na paróquia
e na diocese é necessidade para uma boa articulação das atividades, pois em grande
parte, a dinâmica de todo o processo dependem desta comissão bem constituída e
preparada.

2.2.2- Constituição

A Comissão deve ser formada pelo pároco ou o padre responsável pela catequese,
que convoca catequistas, coordenadores de grupos de jovens, pastoral familiar, pastoral
litúrgica, pastoral do batismo pessoas que participam de outras pastorais ou
movimentos, seminaristas que ajudam nas comunidades, religiosas, religiosos e
diáconos, se houver.

2.2.3- Tarefas

Algumas tarefas são especificas desta comissão108:


Trabalhar em profunda comunhão com as orientações da Igreja sobre a Iniciação à
Vida Cristã aprofundando a partir do Diretório Geral para a Catequese, Diretório
Nacional de Catequese, do Estudo da CNBB sobre a Iniciação à Vida Cristã: um
processo de inspiração catecumenal;
A comissão deve estar em sintonia com as coordenações diocesanas, regional e
nacional;
Analisar a situação pastoral das diversas realidades da Iniciação à Vida Cristã;
108
CNBB. Iniciação à Vida Cristã: Um processo de Inspiração Catecumenal. Basília: Edições CNBB, 2009, n. 146-148. (Coleção
Estudos da CNBB n.97).
37

Assessorar a organização, articulação, animação, formação e acompanhamento da


Iniciação à Vida Cristã em todos os níveis;
Produzir ou indicar os instrumentos necessários ao trabalho pastoral: programas,
materiais e meios audiovisuais, dando especial atenção à formação permanente;
Participar de atividades promovidas pela Diocese e paróquia.
Despertar a comunidade para que se motive a realizar o processo de Iniciação à
Vida Cristã de inspiração catecumenal;
Convidar pessoas para assumir os diversos ministérios da Iniciação à Vida Cristã
e proporcionar formação adequada aos mesmos.

2.3- Terceira Orientação: Os ministérios da Iniciação à Vida Cristã de Inspiração


Catecumenal

A Iniciação à Vida Cristã é responsabilidade de toda a Igreja e sendo ela mesma


integralmente catecumenal, todos os ministérios, leigos, ordenados, todos os serviços e
atividades são convocados a participar deste processo. Ainda que em diferentes níveis.

2.3.1- Ministério da comunidade

A Iniciação à Vida Cristã tem a comunidade eclesial como seio materno no qual
nasce e se fortalece. Nela, mediante o convívio com os discípulos de Jesus Cristo, toma-
se contato, de modo afetivo e efetivo, com a Boa-Nova colocada em prática.
A comunidade exerce um primeiro ministério de todo processo da Iniciação à
Vida Cristã em diversos sentidos. Em primeiro lugar, a Iniciação à Vida Cristã está
sempre unida organicamente a uma comunidade de fé: com seus encontros fraternos,
vida litúrgica de oração, celebração da palavra de Deus e da eucaristia, reuniões de
decisão e encaminhamentos, grupos de espiritualidade e ação pastoral, iniciativas de
solidariedade, entre outras ações. Ela é a referência concreta da Igreja de Jesus Cristo
para os que fazem o caminho da fé.
Todos os membros da comunidade têm uma contribuição fundamental: anunciam
com palavras e com a vida a mensagem de Jesus Cristo e anunciam sua graça; difundem
a fé nas várias circunstâncias da vida cotidiana; auxiliam os que procuram o Cristo.
38

O RICA109 propõe ainda a participação dos membros da comunidade na dinâmica


do processo da Iniciação à Vida Cristã: comparecendo nas celebrações internas,
colaborando na avaliação da caminhada individual, participando dos ritos celebrados em
público, demonstrando na quaresma renovação do espírito de penitência, fé e caridade,
fazendo questão de renovar as promessas batismais na vigília pascal. Mesmo depois da
celebração dos sacramentos pascais, devem estar presentes nas celebrações especiais e
procurar cercá-los de afeição e ajudá-los “a se sentirem felizes na comunidade cristã”.
Para que esse ministério aconteça é preciso que a comunidade tome consciência
dele e seja frequentemente motivada. Padres e diáconos, e, sobretudo os animadores da
comunidade e os catequistas, podem colaborar nesse sentido. A iniciação à Vida Cristã
é algo do povo de Deus e interessa a todos os batizados. 110 De dentro da comunidade,
assim despertada, sairão ainda irmãos e irmãs para o ministério dos introdutores, o
segundo ponto de partida desta proposta de inspiração catecumenal.
Portanto, ao ser planejado o processo de Iniciação à Vida Cristã com inspiração
catecumenal toda a comunidade deve ser envolvida. A comunidade deve rezar por seu
sucesso e alegremente encorajá-lo e apoiá-lo.

2.3.2- Ministério do Bispo

É o catequista por excelência. Como responsável maior pela edificação de uma


Igreja particular e pela comunhão nela existente, é o Bispo quem anima, motiva e
direciona o todo o processo da Iniciação à Vida Cristã de inspiração catecumenal. 111
A
ele compete, por si ou um representante, dirigir o processo de Iniciação à Vida Cristã,
admitir os candidatos à eleição e aos sacramentos e presidir a celebração dessa admissão
e dos Sacramentos da Iniciação, na Vigília Pascal, ao menos para os que atingiram a
idade de 14 anos. O bispo é o responsável pela elaboração de um Diretório Diocesano
da Iniciação à Vida Cristã.112

2.3.3- Ministério do Presbítero

109
O Concílio Vaticano II insistiu na importância de se restaurar o catecumenato. Sua regulamentação foi objeto do Ritual para a
iniciação cristã dos adultos, conhecido sob a sigla: RICA. Promulgado por Paulo VI em 1972, foi publicado no Brasil em 1974 e
relançado em 2001.
110
Cf. CNBB. Ritual da iniciação cristã de adultos. Ritual renovado por decreto do Concílio Vaticano II, promulgado pelo do papa
Paulo VI. n.41. Daqui para frente citaremos apenas como RICA.
111
Cf Rica 44; Diretório para o ministério pastoral dos Bispos, 129 b.
112
CNBB. Iniciação à Vida Cristã: Um processo de Inspiração Catecumenal. Brasília: Edições CNBB, 2009, n.152. (Coleção
Estudos da CNBB n.97).
39

Entre suas atividades, dedica especial atenção tanto aos que exercem os diversos
ministérios da Iniciação à Vida Cristã quanto aos que participam de qualquer das etapas
do processo, acolhendo, ouvindo, aconselhando, animando.
Ao presidir as celebrações, com seus ritos, entregas e os Sacramentos da iniciação
segue as orientações do RICA usando, se necessário e com a devida prudência, da
liberdade que lhe é dada pela própria Igreja para o bem dos catecúmenos e
catequizandos.

2.3.4- Ministério dos introdutores/acompanhantes

Embora seja um ministério específico da iniciação, pouco se fala nele.


Espontaneamente ele acontece nas comunidades mesmo onde não há a Iniciação à Vida
Cristã com inspiração catecumenal. Na tradição antiga os introdutores ou
acompanhantes foram chamados de “fiadores”, o que corresponde ao que diz o RICA:
“O candidato que solicita sua admissão entre os catecúmenos é acompanhado por um
introdutor, homem ou mulher, que o conhece, ajuda e é testemunha de seus costumes, fé
e desejo.”113 O introdutor ou introdutora acolhe o/a candidato/a, prepara o terreno para
que a semente da fé possa florescer e dar frutos. Anuncia o querigma, com seus
principais conteúdos, auxilia na descoberta pessoal de conversão daqueles que procuram
o Deus vivo; acompanha o candidato na celebração de entrada do catecumenato; tem
encontros periódicos e sistemáticos para partilha da caminhada de fé, dos desafios,
dificuldades, alegrias e descobertas.
De fato, quando é celebrada a entrada no catecumenato ou na catequese para o
tempo de aprofundamento, cada um tem seu introdutor ou introdutora. 114 Participam
antecipadamente, junto com os ministros ordenados e catequistas, da avaliação das
disposições do candidato.115 Na celebração quem preside pergunta aos introdutores e à
comunidade se estão “dispostos a ajudá-los a encontrar e seguir o Cristo.” 116 Depois de
se comprometerem, fazem sobre eles o sinal da cruz.117
Esse ministério, portanto, não se limita ao momento ritual. Trata-se de um
ministério de “ajuda”, que começa antes do tempo do catecumenato ou catequese, é

113
RICA. n. 42
114
RICA. n. 71
115
RICA. n. 16
116
RICA. n. 77
117
RICA. n. 83
40

ativo em todo o seu desenrolar e é substituído pelo padrinho ou madrinha apenas no


final de todo o processo a partir da celebração da eleição. O RICA parece dar
preferência que o próprio introdutor venha a ser o padrinho ou madrinha. 118 Seria
interessante mesmo se o introdutor pudesse continuar sua ajuda como padrinho ou
madrinha.
No acompanhamento de uma pessoa caberia ao introdutor, então: “ensinar
familiarmente como praticar o evangelho em sua vida particular e social, auxiliá-lo nas
dúvidas e inquietações, dar-lhe testemunho cristão” e, depois da celebração dos
sacramentos, “velar pelo progresso de sua vida batismal.” 119 Escolhidos e devidamente
orientados, eles seriam uma espécie de “padrinhos da comunidade”, auxiliares no
caminho da fé.

118
RICA. n. 42
119
RICA. n. 43
41

2.3.5- A escolha e preparação de introdutores

Antes de começar todo o processo de Iniciação à Vida Cristã de inspiração


catecumenal, a comunidade deve formar seu grupo de introdutores. Cada catecúmeno
ou catequizando seria apresentado a um introdutor ou seria dado a ele a liberdade de
escolher um outro. O bom senso nos ajuda a levantar critérios para a escolha de
introdutores. Devem ser pessoas de fé, já iniciadas, constantes na vida litúrgica da
comunidade e na comunhão eucarística, orantes, atentas à palavra de Deus, amigas dos
irmãos de Igreja, solidárias com os mais pobres, respeitosas para com todas as religiões,
inclusive o catolicismo popular, simples no relacionamento pessoal. Enfim, que tenha
personalidade acolhedora, sabendo sempre ouvir e dialogar.
No conselho, reunião da comunidade ou na comissão de Iniciação à Vida Cristã
poderão ser levantados nomes de acordo com esses critérios. Os irmãos e irmãs
apontados serão consultados e, se confirmado o dom e a disponibilidade, serão
instruídos em conjunto sobre introdução e acompanhamento na fé.
Os temas dos encontros de preparação dos introdutores ou acompanhantes
poderão ser os seguintes: a meta ou o processo da iniciação à vida cristã, suas raízes
neotestamentárias e sua necessidade pastoral; o que é catecumenato; o acompanhamento
espiritual e a atitude da introdutora ou introdutor; partilha da própria caminhada de fé
(quem o ajudou e como o ajudou); levantamento de dicas para se estabelecer uma
relação de confiança e amizade; sugestões para o acompanhamento espiritual no início
da caminhada da fé. Outros assuntos poderão ser levantados pelos participantes.

2.3.6- Ministério dos catequistas

O próprio apóstolo Paulo foi enviado a Ananias para ser introduzido no caminho
do evangelho. Mais tarde, dirigindo-se aos que ele evangelizou, o apóstolo fala de
“gerar em Jesus Cristo através do evangelho” e ter “dores de parto”120. Por isso é
necessário que os catequistas tenham um amor fraterno pelos que acompanham na fé. E
mais do que isso. É preciso que cheguem a ter um amor de pai e até de mãe por eles.121
O RICA diz que os catequistas são importantes para o progresso dos que fazem o
caminho da fé.122 Pelo fato de compartilharem a mesma forma de vida, “os catequistas

120
Cf. At 9,6-19; 1Cor 4,15; Gl 4,19.
121
Cf. PAULO VI. Exortação Apostólica Evangelli Nuntiandi sobre a Evangelização no Mundo Contemporâneo. 18ª- Edição. São
Paulo: Paulinas, 2005. n. 79. (Coleção a Voz do Papa n. 85).
122
RICA. n. 48
42

leigos têm uma sensibilidade especial para encarnar o evangelho na vida concreta”
deles. Os catequistas são importantes também para o “desenvolvimento da
comunidade.”123 A iniciação à vida cristã é um dom de Deus para a comunidade.
Quando gera novos filhos e filhas, a comunidade é renovada na fé: aprofunda sua
compreensão do mistério pascal, retoma a atitude de conversão e passa a obedecer com
maior generosidade aos apelos do Espírito.124 O ministério dos catequistas é valioso para
a comunidade cristã.
O RICA ainda orienta os catequistas: “Cuidem de que a catequese seja penetrada
do espírito evangélico, em harmonia com os ritos e o calendário litúrgico, adaptada aos
catecúmenos e, na medida do possível, enriquecida pelas tradições locais.” 125 O
catequista, assim, garante o caráter evangélico, litúrgico, existencial e inculturado da
catequese.
Os catequistas, ainda segundo o RICA, têm uma atuação litúrgica significativa.
Podem presidir as celebrações da palavra próprias da catequese de iniciação à vida
cristã com inspiração catecumenal.126 Participam ativamente dos ritos da iniciação
cristã, mesmo quando presididos pelos ministros ordenados.127 Intercedem pelos que
fazem o caminho da fé com orações e bênçãos, de forma comunitária e pessoal. 128 Com
a designação do bispo podem fazer exorcismos, ou seja, orações de fortalecimento no
caminho do Senhor.129
Por fim, o catequista é uma pessoa integrada no seu tempo e identificada com sua
gente, tendo capacidade de compreender, analisar e criticar a realidade social, política e
econômica à luz dos ensinamentos da Igreja.

2.3.7- Ministério dos padrinhos/madrinhas

Durante o tempo do catecumenato ou catequese é que os padrinhos ou madrinhas


serão escolhidos pelos catecúmenos ou catequizandos.130 Para isso a introdução geral do
RICA dá orientações bem explícitas e coerentes, porém difíceis de serem seguidas em

123
RICA. n. 48
124
RICA. n. 04
125
RICA. n. 48
126
RICA. n. 106-108
127
RICA. n. 48
128
RICA. n. 102-119
129
RICA. n. 44 e 109
130
RICA. n. 104
43

nossa realidade. Lembramos apenas que o padrinho ou madrinha deve ser “escolhido
dentre os membros da comunidade cristã” e tem a função de ajudar na preparação ao
sacramento do batismo ou da crisma, dar testemunho da fé do candidato e, depois do
batismo ou da crisma, cuidar de sua “perseverança na fé e na vida cristã” 131.
O ministério dos padrinhos e madrinhas não deve ser somente função pessoal,
mas é um exercício de toda a comunidade eminentemente eclesial. Pressupõe uma
comunidade com grande preocupação e dedicação ao ministério de padrinho ou
madrinha. Como vimos, à comunidade cristã compete à educação da fé dos
catecúmenos ou catequizandos através do exercício da sua maternidade/paternidade
espiritual na sua tríplice função de despertar, acolher e apoiar a fé dos catecúmenos ou
catequizandos132.
Como em nossa cultura os padrinhos ou madrinhas são escolhidos para reforçar os
laços de parentesco e amizade, e nem sempre foram eles próprios iniciados na fé, a
maior colaboração no tempo do catecumenato ou da catequese será dos introdutores e
outros membros da comunidade. Os próprios introdutores podem vir a tornar-se
padrinhos, como muitas vezes acontece em nossas comunidades. De qualquer forma, em
muitos casos eles terão que suprir os padrinhos. Por isso, devemos orientar bem sobre
sua escolha.

2.3.8- Ministério da Equipe das celebrações

O Diretório Nacional de Catequese define que “a catequese deve ser realizada em


harmonia como Ano Litúrgico”133, porque “a liturgia é ação sagrada por excelência,
cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, fonte da qual deriva sua
força, e requer uma participação plena, consciente e ativa.134 A catequese tem como
tarefa essencial beber da fonte litúrgica e a ela conduzir os catequizandos à
compreensão e vivência do mistério celebrado. Por isso, o processo de Iniciação à Vida
Cristã orienta para a iniciação litúrgica, recomendando os catequistas a desenvolver os
encontros catequéticos a partir do Ano Litúrgico.

131
A introdução geral, como foi indicado no início, tem o título “A iniciação cristã: observações preliminares gerais” e encontra-se
nas primeiras páginas do ritual. Aqui indicamos os nn. 8 e 9. Veja também o n. 10, assim como as orientações do Código de Direiro
Canônico, nn. 872-874.
132
FLORISTÁN, Casiano. Para compreender o Catecumenato. Coimbra: Gráfica de Coimbra p.183.
133
Cf. CNBB. Diretório Nacional de Catequese. Brasília: Edições CNBB, 2006. n.53b. (Coleção Documentos da CNBB n.84).
134
Cf. CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II. Constituição Sacrosanctum Concilium. In: VIER, Frederico (coord.).
Compêndio Vaticano II, Constituições, Decretos, Declarações. 27ª ed. Petrópolis: Vozes, 1998, n. 7,10,14.
44

A Iniciação à vida cristã de inspiração catecumenal dá-se numa íntima relação


entre catequese e liturgia. O mistério anunciado e conhecido é também celebrado. Por
isso, as equipes de celebração devem acompanhar de perto todo o processo e fazer parte
da comissão da IVC.
Muitas celebrações do Ano Litúrgico ganham uma tônica diferente quando nelas
são realizados ritos próprios da inspiração catecumenal. Por isso, as equipes de liturgia,
das quais faz parte o presidente das celebrações (presbítero, catequistas, diáconos...)
devem conhecer e aprofundar o RICA, com capacidade de usá-lo fazendo as devidas e
necessárias adaptações.
Um cuidado que devemos ter sempre é de não fazer com os ritos da IVC de
inspiração catecumenal sejam “remendos”, acréscimos às celebrações da comunidade.
A liturgia cristã é atualização do mistério de Cristo na Assembleia, oculto sob o véu dos
símbolos; é o culto público e integral do corpo místico, cabeça e membros. 135 O ritual
insiste na presença da comunidade e das pessoas mais vinculadas aos catecúmenos ou
catequizandos nas celebrações: “É de desejar que toda a comunidade cristã ou parte
dela, constante dos amigos e familiares, catequistas e sacerdotes, participe efetivamente
da celebração.”136 Quanto à presidência, está suposto no ritual que seja exercida por um
padre. Naturalmente, se houver um assistente pastoral ou coordenador da comissão de
iniciação à vida cristã a inspiração catecumenal nas comunidades deve ter uma
participação significativa na celebração.
Este ministério da presidência das celebrações deve ser bem cuidado e preparado,
pois todo o processo da iniciação à vida cristã nas celebrações deverá possuir o valor
teologal e expressivo de toda a liturgia cristã. Tem como finalidade afirmar a fé dos
catecúmenos ou catequizandos, introduzi-los na oração cristã, iniciá-los nos sinais e
prepará-los para a liturgia sacramental137.

2.4- Quarta Orientação: Dimensão festiva no itinerário catequético


2.4.1- A importância da Festa

Todos gostam de festejar, a condição humana tanto em sua dimensão


antropológica como psicológica tem necessidade de comemorar. É importante que as
135
Cf. CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II. Constituição Sacrosanctum Concilium. In: VIER, Frederico (coord.).
Compêndio Vaticano II, Constituições, Decretos, Declarações. 27ª ed. Petrópolis: Vozes, 1998, n. 7.
136
RICA. n. 70.
137
FLORISTÁN, Casiano. Para compreender o Catecumenato. Coimbra: Gráfica de Coimbra p. 227.
45

conquistas da vida sejam celebradas. Uma festa marca uma etapa: aniversários,
casamentos, promoção no trabalho, mudança de casa, etc. Enfim, qualquer bom motivo
pode ser justificativa para uma festa. A liturgia é uma grande festa. A catequese de
Iniciação à Vida cristã com inspiração catecumenal tem como característica em seu
elemento constitutivo as celebrações, os ritos, a festa.

2.4.2- Festa de acolhida e inscrição

A comunidade se renova ao receber novos membros. Vive e renova a alegria do


discipulado. Por isso, as inscrições para a catequese são realizadas de forma criativa e
celebrativa, marcando a opção e o compromisso de participar do processo catequético
na comunidade. A alegria de sermos irmãos é externalizada e compartilhada.
Estão superada as chamadas “matrículas” para a catequese, bem como a inscrição
para a catequese na secretaria paroquial, pois, este ambiente é de atendimento para
documentos, arquivos da comunidade e não para inscrição de catequese como se faz em
uma escola. É preciso preparar uma festa para as inscrições, onde os catequistas fiquem
a disposição daqueles que se interessam para acolhê-los e fazer a sua inscrição para a
catequese.
Sabemos que toda a comunidade ainda não está preparada para ouvir a
convocação para a catequese de iniciação à vida cristã com inspiração catecumenal.
Naturalmente, não adianta na convocação inicial usar a palavra catecumenato nem
iniciação cristã, desconhecidas da grande maioria das pessoas. Convém chamar,
sobretudo para conhecer melhor a pessoa de Jesus Cristo, ser fortalecido no Espírito
Santo e viver unido a ele. Pode-se também falar de aprofundar a fé, ou fazer uma
caminhada de fé, para crescer na comunhão com o Senhor. Pode-se incluir um apelo
direto aos que desejam ser batizados ou crismados, que não fizeram a primeira
comunhão eucarística ou estão afastados dela e gostariam de fazer ou retomar a
comunhão.
Outro detalhe: a convocação deve oferecer atendimento imediato aos interessados
em lugar acessível, orientando-os para participarem do dia festa das inscrições. Quem
convoca – de preferência um dos catequistas - deve colocar-se à disposição no final da
celebração para tirar dúvidas e dar maiores informações. Tudo deve ser feito para
facilitar e humanizar a aproximação entre catequistas e interessados.
46

Importante também será a primeira conversa do catequista ou introdutor com a


própria pessoa que deseja fazer a caminhada. Deve ser marcada para uma ocasião e
lugar que possibilitem um verdadeiro encontro pessoal. Nada de “matrícula”. “Deve ser
uma entrevista conversa de acolhida, de diálogo, de respeito e liberdade, de
esclarecimento de intenções, de ocasião para o conhecimento de sua situação de vida e
de fé..., na qual se suscitem a confiança e a boa disposição”138.
A comunidade poderá ter uma ficha de inscrição e outra de acompanhamento. O
catequista cuidará de não fazer anotações durante o encontro com o interessado,
deixando para o fazer depois. Mais do que recolher um conjunto de informações sobre a
pessoa, o importante é perceber o que deseja e busca 139. A intuição e a convivência vão
ajudar a entender suas motivações.

2.4.3- Momentos e ritos festivos

A iniciação à vida cristã com inspiração catecumenal é impregnada e embebecida


de ritos e celebrações que devem sempre convergir para a festa como marca de tempos e
passagem para os interlocutores que estão neste processo. Estes ritos, símbolos ou
gestos, tais como o banho, a imposição das mãos, as entregas a unção com óleo, as
bençãos, a refeição são sugeridos pelo RICA.140
O RICA dá ampla liberdade à composição das celebrações com inspiração
catecumenal. Quando forem preparadas deve ser levado em conta não só a instrução dos
catecúmenos ou catequizando como também o tempo litúrgico e as necessidades dos
demais participantes. 141
Além das celebrações e ritos propostos pelo RICA, pode-se intercalar celebrações
dos temas aprofundados nos encontros catequéticos, com as seguintes finalidades: “a)
gravar no coração dos catecúmenos ou catequizandos o ensinamento recebido (...); b)
levá-los a saborear as formas e as vias de oração; c) introduzi-los pouco a pouco na
liturgia de toda a comunidade. Devem ser bem preparadas e possibilitar uma
participação ativa.

138
BORÓBIO, Dionisio. Pastoral dos Sacramentos. Petropolis: Vozes, 2000, p. 161.
139
FLORISTÁN, Casiano. Para compreender o Catecumenato. Coimbra: Gráfica de Coimbra p. 225.
140
FLORISTÁN, Casiano. Para compreender o Catecumenato. Coimbra: Gráfica de Coimbra p. 237.
141
O RICA fala de “necessidades da comunidade” (n. 100) e chama de comunidade aqueles que colaboram “na iniciação dos
catecúmenos” (n. 105).
47

Na preparação das celebrações (escolha de leituras, ritos e cantos) pode-se


focalizar um ensinamento recebido nos encontros catequéticos, como ensina o ritual: os
“mistérios de Cristo e as maneiras de viver que daí decorre, por exemplo, o ensinamento
proposto pelo Novo Testamento, o perdão das injustiças e das injúrias, o sentido do
pecado e da conversão, os deveres que os cristãos precisarão exercer no mundo, etc.” 142
Há de se ter cuidado, no entanto, para não reduzir a celebração da Palavra ao
desenvolvimento de um determinado tema ou uma dinâmica de grupo. Está latente no
ritual que o lugar do ensinamento é encontro catequético, enquanto a celebração é o
lugar do coração e da oração.143
Todos estes momentos celebrativos podem ser marcados com a partilha de algum
alimento, uma confraternização.

2.4.4- A celebração festiva dos sacramentos

A celebração dos sacramentos vivem o impacto de uma “situação plural e em


mudança” do homem e da mulher, da sociedade, da cultura, dos valores e referências da
vida humana, das formas e mediações de convivência e expressão.
Por isso é preciso estar atento, pois a celebração dos sacramentos deve convergir
para:
a) uma clara consciência de que os sacramentos correspondem a diversas situações
vitais: nascer, crescer, casar-se, assumir uma missão, doença, etc;
b) se vivem a partir de atitudes diferentes;
c) se manifestam em formas sócio-culturais diversas;
d) São apreciados pelos membros da comunidade crente de forma diferente de
acordo com os tempos e lugares;
A celebração dos Sacramentos na Liturgia pertencem à essência ou à natureza da
Igreja. A Igreja se expressa, cresce e se edifica como Corpo de Cristo de forma especial
através da celebração dos sacramentos.144
Os sacramentos são a celebração da ação de Deus na vida e na história. Através
deles, celebramos o amor de Deus, sua escolha, o perdão, a missão, são compromissos
firmados, são motivos de muita alegria, de muita festa!!! Festa que envolve a
142
Cf. RICA. n. 106
143
Cf. RICA. n. 106
144
Cf. CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II. Constituição Sacrosanctum Concilium. In: VIER, Frederico (coord.).
Compêndio Vaticano II, Constituições, Decretos, Declarações. 27ª ed. Petrópolis: Vozes, 1998, n. 2 e 7.
48

comunidade toda! Festa da comunidade que se alegra com os novos membros, que
também renova sua fé, sua esperança e os laços de amor entre seus membros. Os
sacramentos, por si só, são uma celebração festiva. Convidam à confraternização.
Apresentamos cinco eixos dos quais são essenciais para uma eficaz celebração
festiva dos sacramentos:
1) A valorização da importância e do lugar da fé e da preparação da pessoa e da
comunidade;
2) A necessidade de introduzir os que pedem os sacramentos na grandeza do
mistério que se celebra, como ação gratuita da Trindade que continua salvando-nos por
Cristo e no Espírito, através da mediação da Igreja;
3) A recuperação da dimensão eclesiológica e da primariedade da celebração
comunitária;
4) O sentido mais dinâmico do sacramento que implica de maneira exigente, um
“antes” e um “depois” para sua plenitude e sua frutuosidade;
5) A insistência no fato de que o sacramento é uma celebração que exige tanto a
participação da pessoa quanto da comunidade celebrante.
A preparação da celebração dos sacramentos deve ser feita como festa de um
caminho percorrido e não como término, deve ser motivadora para que os catecúmenos
e catequizandos sintam valorizados em sua vida e no processo que realizaram.
49

PARTE III

Itinerários de Iniciação à Vida Cristã


conforme as idades idades

3.1- Para compreender os Itinerários


Depois da Fundamentação e das Orientações Pedagógicas nas duas partes
anteriores, propomos nesta 3ª parte itinerários conforme as idades. Estes itinerários são
destinados às dioceses e suas equipes de coordenação e animação bíblico-catequética. A
missão da equipe diocesana é partir deles como uma inspiração para a sua ação de
organizar a catequese.
Para clarear bem o sentido da linguagem, explicaremos os principais termos:

a) Tempo de Preparação
A comissão diocesana precisa elaborar o conteúdo de orientações para as
paróquias e comunidades se prepararem para dar início a este novo processo de
iniciação à vida cristã com inspiração catecumenal. Apresentamos algumas indicações
metodológicas que poderão ajudar a comissão diocesana na escolha do melhor caminho
para fazer acontecer a Iniciação à vida cristã nas comunidades. Sugerimos que partam
do Estudo 97 da CNBB (Iniciação à Vida Cristã – Um processo de inspiração
Catecumenal).
b) Primeiro Tempo
Este primeiro tempo é dedicado ao querigma. É o momento do despertar, o
primeiro anúncio para o seguimento de Jesus Cristo, não deve pensar ainda a catequese
propriamente dita.
c) Eixo temático
Apresentamos os eixos temáticos com citações bíblicas. Estes devem ser
compreendidos de forma mais abrangente. Em um eixo temático poderão ser
desenvolvidos vários temas de encontros para a catequese. Os eixos que apresentamos
são nortes que deverão ser adaptados segundo as necessidades locais.
d) Celebrações
A inspiração catecumenal nos enriquece com as celebrações, que são momentos
fortes de passagem. A comunidade paroquial é por excelência o lugar privilegiado da
50

celebração litúrgica. Em cada tempo e fase propomos celebrações que tem por intenção
vivenciar o que foi aprofundado nos encontros de catequese. Sugerimos alguns passos
para preparar as celebrações, em algumas nos inspiramos no RICA, outras celebrações
foram criadas para melhor ajudar a comissão diocesana a elaborar as suas próprias, no
entanto, a criatividade da comissão diocesana para elaborar as celebrações serão de
suma importância.
e) Tempo e Fase
Os itinerários estão divididos seguindo a inspiração do RICA (Ritual de Iniciação
Cristã de Adultos) Primeiro tempo apresentado como pré-catecumenato, tempo do
querigma, neste tempo o iniciante deve mergulhar na graça de Deus e nos mistérios de
amor deste Deus. Segundo tempo, o catecumenato é o tempo mais longo, tempo de
ensino e aprofundamento. Ele vai se iniciar com a celebração de entrada para o tempo
de catequese. Terceiro tempo chamado de purificação e iluminação, neste tempo o
catecúmeno e/ou catequizando consciente de sua escolha é eleito para a recepção dos
sacramentos de Iniciação Cristã. O eleito assim fará uma experiência de
amadurecimento espiritual com a finalidade de purificar a mente e o coração para uma
consciente experiência do Encontro com Cristo presente nos sacramentos. Quarto
tempo, a mistagogia que é o tempo propício que pode ser vivenciado no tempo Pascal.
Iluminados pelos sacramentos recebidos, agora os iniciados cheios da graça santificante
advinda dos sacramentos recebidos poderão conhecer onde podem de forma concreta
viverem sua missão na Igreja.
As fases aparecem dentro de cada tempo subdivida por blocos, foi um jeito
metodológico que escolhemos para bem direcionar cada tempo. Ao final de cada fase
acontece uma celebração.

3.2- Itinerário com crianças e adolescentes/jovens

“A catequese tem início no ventre materno. Depois as primeiras raízes da fé são


lançadas no ambiente familiar, desenvolvem-se na comunidade e adquirem solidez no
engajamento comunitário e no processo formativo das etapas subseqüentes.”(cf.DNC)
312). Neste itinerário propomos o processo numa perspectiva de continuidade que tem
inicio com a fase infantil culminando com a fase da adolescência e juventude.
51

Enunciando a regra pedagógica do adaptar-se a capacidade cognitiva e afetiva da


pessoa, pensamos quase sempre na forma de como deve ser o encontro de catequese, ou
na metodologia que iremos adotar. No entanto, a adaptação primeira que devemos levar
em consideração e a mais importante em vista do desenvolvimento da pessoa a partir da
catequese com crianças até a catequese com adultos e pessoa idosa deve ter em vista o
conteúdo entendido como mensagem que se quer anunciar.
Por isso, uma renovação da metodologia só será fecunda, se, mediante um
conteúdo renovado, adaptando-os a psicopedagogia de cada idade.
Nos dias atuais, há uma necessidade real de uma catequese continuada,
permanente que leve em conta toda a vida da pessoa, no entanto ainda encontramos uma
catequese fragmentada em uma busca apenas dos sacramentos. É preciso, urgentemente,
tirar da mensagem da catequese este ranço da história que pensa em catequizar como
doutrinar, queremos sim pessoas convictas de uma mensagem, e apaixonadas por Jesus
Cristo.
É preciso pensar nos catequizandos como interlocutores de uma mensagem e não
como “depósitos” de doutrinas e sacramentos, pois temos que buscar para todas as fases
da vida uma catequese que una vida e fé, que parta da existência e da experiência e seja
alimentada, iluminada pela sagrada escritura, tradição e o magistério.
A catequese conforme as idades não pode perder a originalidade da educação da
fé. Falamos em adaptar, isto significa não perder a essencialidade da mensagem
evangélica, não deixar de lado valores evangélicos que devem ser dialogados com os
interlocutores da catequese.
Alguns pensam que o trabalho catequético com crianças é simples, fácil, mas na
realidade é muito exigente. Hoje as crianças perguntam, questionam e não aceitam
pacificamente os conceitos transmitidos. Tem acesso a muitas informações através da
internet, rádio, televisão e outros meios de comunicação. Será necessário saber ouvir,
dialogar, amar e ajudar o catequizando no crescimento humano e espiritual.
A infância constitui o tempo da primeira socialização, da educação humana e
cristã na família, na escola e na comunidade. É preciso considerá-la como uma etapa
decisiva para o futuro da fé, pois nela, através do batismo e da educação familiar, a
criança inicia sua iniciação cristã. No final da segunda infância (pré-adolescência), uma
fase curta, mas efervescente do desenvolvimento humano, ou até mais cedo (primeira
52

infância), começa-se em geral o processo de iniciação eucarística. É nesta idade que se


atinge o maior número de catequizandos e há o maior envolvimento de catequistas por
causa da primeira comunhão eucarística, que não deve ter caráter conclusivo do
processo catequético, mas a continuidade com uma catequese de perseverança que
favoreça o engajamento na comunidade eclesial.145
O catequista precisa buscar sempre conhecer melhor as crianças, suas
características, o meio em que vivem, tudo o que influencia o seu desenvolvimento. As
crianças aprendem muito mais quando têm oportunidade de desenvolver todas as
dimensões da sua personalidade: físicas, psicológicas, cognitivas, sociais e religiosas.146
Considerando que a catequese com as crianças não deve ter um caráter
conclusivo, insiste-se na continuidade dentro da dinâmica da iniciação cristã.
Lembrando que é necessário fazer o primeiro anúncio com crianças que não tinham
ouvido falar de Jesus Cristo e necessitam abrir-se à fé. É fundamental que o catequista
ajude seus catequizando a crescer na adesão a Jesus, na conversão e que estejam
disponíveis e abertos para um maior conhecimento e aprofundamento da mensagem de
Jesus.
Por isso, pensando na continuidade é que iremos olhar para o universo dos pré-
adolescentes, adolescentes e jovens. O pré-adolescente está numa idade de transição
entre a criança e o adolescente, e vemos que tal fase é freqüentemente esquecida na
catequese. Os catequistas não sabem como desperta-lhes o interesse, como tratá-los, e
ficam desanimados diante de determinadas situações. O catequista necessita, portanto,
procurar compreender o que leva os pré-adolescentes a terem atitudes de indisciplina,
crítica, instabilidade e agitação a fim de procederem mais eficazmente.
A adolescência é um processo dinâmico que medeia a infância e a idade adulta:
inicia-se com o desenvolvimento biopsíquicosocial e termina com a aquisição da
identidade, da autonomia, bem como da elaboração de projetos de vida e de integração
na sociedade. O catequista precisa estar atento para esse momento da vida e ajudar o
adolescente a fazer escolhas permanentes em sua vida. Nessa fase, é de sua importância
uma catequese que oriente a sexualidade e a afetividade dentro da mística cristã.
A juventude deve ser entendida como uma fase da vida em que a pessoa é
portadora de força renovadora que a motiva a construir novidades e enfrentar desafios, é
145
 DNC, 199.
146
CALANDRO, E. LEDO, J.Psicopedagogia Catequética. Volume I Crianças, 140.
53

o momento de descobertas mais profundas, de valores culturais e espirituais, é um


tempo para que a pessoa a partir do mergulhar na crise que viveu durante a
adolescência, emerja para a vivencia de valores permanentes e estáveis.147
A catequese com adolescentes é ainda mais desafiadora, pois é um período de
mudanças físicas e psicológicas. Constata-se que são muitas vezes distraídos, parece
não estar interessado ou distante do diálogo com os adultos e sente a necessidade de
encontrar-se, afirmar-se na busca de firmar sua personalidade. “Novas experiências
desconcertantes marcam o adolescente: a ruptura, a morte da infância e a frustração. O
mundo não é tão perfeito como o vivia, como o cria e o sonhava quando criança. Cai a
imagem ideal que fizera dos pais”.148 De fato o relacionamento com os pais se torna
difícil e tenso, também a visão de Deus e Jesus Cristo também é modificada. Por isso
necessita-se por parte da Igreja particular uma melhor atenção e acompanhamento aos
adolescentes. O DNC sugere que se dê um bom acompanhamento para ajudar no
crescimento de uma personalidade equilibrada e firme.
Neste período o adolescente cresce na consciência de si mesmo, de suas
potencialidades, sentimentos, dificuldades e das transformações que estão acontecendo
em sua vida. Isso pode ocasionar desajustes emocionais e comportamentais, com os
quais nem sempre saberá lidar. A característica principal dessa idade é o desejo de
liberdade, de pensamento e ação, de autonomia, da auto-afirmação, de aprendizagem do
inter-relacionamento na amizade e no amor. Esta fase tão turbulenta, nem sempre recebe
os devidos cuidados pastorais, ocasionando um vácuo entre a Primeira Comunhão
Eucarística e a Confirmação. Urge para os adolescentes um projeto de crescimento na
fé, do qual eles mesmos sejam protagonistas na descoberta da própria personalidade, no
conhecimento e no encantamento por Jesus Cristo, no compromisso com a comunidade
e na coerência de vida cristã na sociedade.149
A juventude é uma fase bonita e ao mesmo tempo de busca de significado para
suas vidas, tendem com facilidade ao compromisso com o outro em ações solidárias, se
preocupam com os outros e são considerados geralmente como sonhadores. Constata-se
ainda o interesse em fazer uma experiência de fé e são geralmente fascinados por
experiências radicais e desafiadoras. “A juventude costuma enfrentar vários desafios
147
CALANDRO, E. LEDO, J.Psicopedagogia Catequética. Volume II Adolescentes e jovens, 25.
148
 A. FRANCIA HERNÁNDEZ,Catequese com adolescentes, in V. M. PEDROSA ARÉS – M. NAVARRO GONZÁLES et al., Dicionário
de Catequética, 22.
149
 DNC, 195.
54

como: o desencanto e a falta de perspectiva no campo profissional, experiências


negativas na família, exposição a uma sociedade erotizada que lhes dificulta o
desenvolvimento sexual, insatisfação, angústia, em muitos casos, experimentam
marginalização e dependência química”.150
Diante desta realidade desafiadora existe uma atenção particular por parte da
Igreja aos jovens tanto em nível social e também catequético onde procura propiciar um
crescimento salutar e continuado de fé propiciando um verdadeiro processo de
amadurecimento humano e cristão. É importante lembrar que com a catequese com
jovens se conclui o percurso formativo da iniciação cristã.
A catequese com jovens na comunidade cristã não tem produzido os frutos
esperados, pois tem se mostrado algumas vezes superficial e não responde aos desafios
da realidade atual. Seria importante a elaboração de projetos sérios e que possam ser
realizados concretamente e também que se procure conhecer os documentos já
existentes para inserir as propostas contidas em nossos itinerários juvenis. “Por outro
lado, também é crescente o número de jovens na ação catequética, nos eventos eclesiais
e sociais, frutos da catequese recebida. Nossa responsabilidade com o Evangelho e com
os jovens inclui cuidar da comunidade cristã para que ela seja de fato um testemunho de
coerência com o projeto de Jesus”.151 A catequese com jovens também deve procurar
utilizar uma linguagem que se aproxime da realidade juvenil e atenta a motivar o
protagonismo e que se sintam realmente sujeitos responsáveis e construtores de um
mundo melhor onde todos podem viver com dignidade.
Na catequese de iniciação cristã com Jovens é importante levar em consideração
também todas as outras instituições, associações e movimentos que trabalham com esta
faixa etária. Importante unir esforços em vista do bem comum. Onde se reúnem ainda
grande número de jovens na comunidade eclesial é na catequese de crisma ou
confirmação, ou ainda o catecumenato.

150
 DNC, 189; Cf. J. B. LIBÂNIO, O mundo dos jovens, in “Revista de Catequese” 24/93 (2001) 5-18; CNBB, Evangelização da
Juventude: Desafios e perspectivas pastorais, Documentos da CNBB 85, São Paulo, Paulinas, 2007.
151
 DNC, 190; Cf. A. RODRÍGUEZ VARGAS, Los jóvenes al encuentro con Jesucristo, in Consejo Episcopal Latinoamericano –
CELAM, A la luz de Aparecida, Santafé de Bogotá, 2008.
55

A. ITINERÁRIO DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ COM CRIANÇAS

PREPARAÇÃO
(Duração mínima 1 mês)
Objetivo Indicações metodológicas
Convidar e motivar a comunidade a acolher as Reflexão sobre a importância da comunidade
crianças para o processo de IVC. eclesial no processo de IVC
Animar e orientar as famílias para o processo de
IVC com as crianças
Festa das Inscrições

PRIMEIRO TEMPO
PRÉ-CATECUMENATO – TEMPO QUERIGMÁTICO
(Duração mínima 3 meses)
Objetivo Eixos temáticos
Despertar o encanto por Jesus Cristo que nos ama  Jesus acolhe as crianças (Mc 9, 33-37; Mt
como sua família. 18, 1-5; Lc 9, 46-48)
 Jesus: uma criança enviada por Deus (Lc
2, 1-7)
 Jesus, as crianças e o Reino de Deus (Mc
10, 13-16)
 Pessoas más mataram Jesus (Mc 14, 10-
11)
 Deus Pai que é bom deu-lhe a vida
novamente (At 2, 22-24)
 Jesus vivo faz de nós sua família (Mt 28,
18-20)

CELEBRAÇÃO DE ACOLHIDA PARA O TEMPO DE CATEQUESE


Objetivo Passos
Acolher a criança e o seu desejo de fazer parte da Encontro fora da igreja-templo
família de Jesus Cristo. Diálogo entre a comunidade, a família e as
crianças
Ingresso na igreja-templo
Proclamação da Palavra
Recepção da imagem de Jesus, menino

SEGUNDO TEMPO
CATECUMENATO – TEMPO DE APROFUNDAMENTO
(Duração mínima de 24 meses)
PRIMEIRA FASE: Palavra de Deus
Objetivo Eixos temáticos
Proporcionar uma visão de conjunto da  Deus fala: na natureza, nos fatos, na
Comunicação de Deus com a humanidade. família, na história do povo de Israel, em
Jesus e no grupo de seguidores de Jesus
(Igreja)
 Visão geral da Sagrada Escritura
(Primeiro e Segundo Testamentos)
56

CELEBRAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS


Objetivo Passos
Acolher o dom da Comunicação de Deus presente Entrada solene da Bíblia
na Bíblia como luz e caminho. Proclamação da Palavra
Entrega da Bíblia às crianças
SEGUNDA FASE: Pessoa Humana
Objetivo Eixos temáticos
Conduzir à descoberta da criança na sua relação  Deus Pai/Mãe é o nosso Criador (Gn 1,1-
com o Criador e os demais seres criados. 2,4)
 O que Deus criou é bom ( Sl 19,1-9 )
 Eu fui criado por Deus ( Sl. 8 )
 Eu e minha relação com a minha família e
com os outros (Eclo 3,2-10)
 Eu e minha relação com o ambiente ( Gn
2,8-15 ).
CELEBRAÇÃO DA VIDA
Objetivo Indicações metodológicas Passos
Agradecer e valorizar a vida, Uso de símbolos que remetem à Fatos da vida
dom do Criador, nas suas vida Proclamação da Palavra
variadas manifestações. Os quatro elementos Oração de agradecimento ao
constitutivos da vida (água, dom da vida
terra, fogo e ar)
TERCEIRA FASE: Jesus, o Cristo
Objetivo Eixos temáticos
Conhecer a vida, a paixão, a morte e a  Os Evangelhos nos falam das obras e
ressurreição de Jesus Cristo, encantando-se com ensinamentos de Jesus
sua pessoa.  O Enviado de Deus: Jesus (Lc 1, 26-38)
 A infância de Jesus (Lc 2, 41-50)
 Os ensinamentos de Jesus (as parábolas)
 As ações de Jesus (refeição com as
pessoas, acolhida dos que erram, cura dos
doentes, encontro com os que precisam de
ajuda)
 Jesus nos chama para fazer coisas boas
(Lc 10,1-9 )
 Jesus morre numa cruz para dar vida (Jo
12, 24)
 Jesus Cristo vivo está entre nós
JORNADA DOS AMIGOS DE JESUS
Objetivo Indicações metodológicas Passos
Vivencia o encontro com a Encontro festivo Celebração de ajuda aos outros
pessoa de Jesus Cristo, a partir Confecção de símbolos de (orfanatos, doação de
de experiências concretas de pertença (camisa, bóton, boné, alimentos, brinquedos, roupas,
solidariedade. “carteirinha” dos amigos e etc.) (Jo 13, 34-35)
amigas, etc.)
QUARTA FASE: A vida de oração
Objetivo Eixos temáticos
Apresentar Jesus Cristo que reza ao Pai como  Os discípulos veem Jesus rezar (Lc 11, 1 )
exemplo de nossa vida de oração.  Jesus ensina a rezar ( Lc. 11,2-4 )
 Práticas de oração (leitura orante da
Palavra de Deus, ofício divino para
crianças, Ave-Maria, Glória ao Pai,
Oração ao Anjo da Guarda, etc.)
CELEBRAÇÃO DE ENTREGA DA ORAÇÃO DO SENHOR
Objetivo Passos
57

Rezar em comunidade a oração do Pai nosso Oração do Pai nosso de mãos dadas
como gesto de comunhão e partilha. Partilha do pão entre as crianças e a comunidade
Oração sobre as crianças
QUINTA FASE: A família-igreja: filhos do Pai Deus e irmãos de Jesus
Objetivo Eixos temáticos
Despertar para a importância de ser família de  A origem da família de Jesus (Mt 1, 1-17;
Deus, na fraternidade de fé em Jesus Cristo. Lc 3, 23-38)
 A família de Israel: Patriarcas; Moisés;
Juízes; Reis e profetas (Gn 12, 1-9; Gn
21; Ex 2, 23-25; 3, 1-22; Ex 6, 2-8; Ex 19,
1-9...)
 O retrato da primeira família cristã ( At
2,42-47 )
 A família-igreja é iluminada pela luz da
fé (Creio)
 Maria, Mãe de Jesus e nossa mãe ( Lc. 2 )
 Nossa ajuda na família-igreja
CELEBRAÇÃO DE ENTREGA DO SÍMBOLO DA FÉ
Objetivo Passos
Acolher a fé da família-igreja. Proclamação da Palavra
Entrega da luz da Fé (vela)
Profissão do Símbolo da Fé (Creio) com a
comunidade
SEXTA FASE: Vida Sacramental
Objetivo Eixos temáticos
Compreender os sacramentos como presença  Jesus Cristo a presença do Pai (Jo 14, 8-
concreta e atual do Pai na família-igreja. 11)
 A família-igreja continua a presença de
Cristo (At 3, 1-10)
 Os sete sacramentos da família-igreja
 O Batismo: a porta de entrada na família-
igreja
 A Eucaristia: o alimento da família-igreja
 A Reconciliação: vivendo a fraternidade
na família-igreja (Mt 18, 21-22; Jo 15, 9-
14)

CELEBRAÇÃO DA ELEIÇÃO
(Primeiro Domingo da Quaresma)
Objetivo Passos
Agradecer o caminho feito em vista da preparação Celebração de admissão ao(s) sacramento(s) (cf.
imediata para iniciação à vida eucarística (e RICA 133-150 adaptada às crianças)
batismal quando houver). Proclamação da Palavra
Testemunho pessoal da criança (cartas para Deus,
formulações de orações, etc)

TERCEIRO TEMPO
PURIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO
(Durante o Tempo da Quaresma)
Objetivo Eixos temáticos
Possibilitar de maneira progressiva a mudança de  Quaresma e Campanha da Fraternidade
vida das crianças, iluminadas pelas ações de Jesus.  Jesus é água que sacia a sede (Jo 4, 5-
26.39-42)
58

 Jesus é luz que ilumina nosso caminho


(Jo 9, 1-12.26-38)
 Jesus é vida que vence a morte (Jo 11,
17-27.43-45)
CELEBRAÇÃO DO PERDÃO
Objetivo Passos
Reconhecer o dom do perdão de Deus oferecido a Revisão de vida
todos os que erram. Celebração do sacramento da Reconciliação
Gesto concreto de reconciliação

CELEBRAÇÃO DO TRÍDUO PASCAL

Objetivo Passos

Celebrar a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus  Celebração da Ceia do Senhor


como ponto central da vida da família-igreja.  Celebração da Paixão do Senhor
 Celebração dos Ritos de preparação
imediata (cf. RICA 193-207 se oportuno)
 Celebração da Vigília Pascal (iniciação à
vida eucarística e batismal quando
houver)

QUARTO TEMPO
MISTAGOGIA
PRIMEIRA FASE
(Durante o Tempo Pascal)
Objetivo Eixos temáticos
Aprofundar as celebrações pascais como família-  Sentido das festas pascais celebradas
igreja na partilha dos dons do pão e do vinho.  A iniciação à vida eucarística
CELEBRAÇÃO DE ENVIO MISSIONÁRIO
(Domingo de Pentecostes)
Objetivo Passos
Enviar para o testemunho cristão, como discípulo Proclamação da Palavra
missionário, em vista do crescimento da fé. Entrega de um símbolo (sal, semente, etc.)
Oração de envio
SEGUNDA FASE: Vivência Missionária
(Duração mínima 12 meses)
Objetivo Indicações metodológicas
Vivenciar na prática cotidiana a proposta de Jesus Leitura orante semanal da Palavra de Deus
Cristo assumida durante o itinerário catequético. (Projeto Lectionautas)
Integração em um grupo de reflexão
Participação em grupos de perseverança
Inserção em propostas missionárias e serviços
comunitários (adaptadas às crianças)
Realização de encontros/retiros
Utilização da Mídia virtual para evangelizar
CELEBRAÇÃO DE INGRESSO NO ITINERÁRIO DE INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ COM
ADOLESCENTES/JOVENS
(Durante o Tempo Pascal)
59

B. ITINERÁRIO DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ COM ADOLESCENTES/JOVENS

PREPARAÇÃO
(Duração mínima 1 mês)
Objetivo Indicações metodológicas
Convidar os adolescentes/jovens para o itinerário Envolvimento da comunidade eclesial
de IVC. Divulgação do processo da IVC (comunidade
eclesial, escolas, centros culturais, esportivos,
redes sociais, etc.)
Conscientizar as famílias para o apoio e o
acompanhamento dos adolescentes/jovens
Festa das Inscrições

PRIMEIRO TEMPO
PRÉ-CATECUMENATO – TEMPO QUERIGMÁTICO
(Duração mínima 3 meses)
Objetivo Eixos temáticos
Fazer a experiência do encontro com a pessoa e  Jesus, jovem de Nazaré, comprometido
missão de Jesus Cristo. com seu tempo, anuncia o Reino de Deus
(Mc 1, 35-39)
 Jesus, amigo (Jo 15, 12-17 )
 Jesus, “herói” libertador (Mc 6, 53-56)
 Jesus, “caminho, verdade e vida” (Jo 14,
1-7)
 Jesus salva com sua morte e ressurreição
(At 3,12-19)
 Jesus convida ao seguimento - projeto de
vida pessoal e comunitário (Mc 1, 16-20;
2, 13-14; 3, 13-19)

CELEBRAÇÃO DE ENTRADA PARA O TEMPO DE CATEQUESE


Objetivo Passos
Acolher, na comunidade, os adolescentes/jovens Reunião fora da igreja-templo
para o aprofundamento da fé. Diálogo com a comunidade e adolescentes/jovens
Ingresso na igreja-templo
Proclamação da Palavra
Recepção da cruz

SEGUNDO TEMPO
CATECUMENATO – TEMPO DE APROFUNDAMENTO
(Duração mínima de 12 meses)
PRIMEIRA FASE: Palavra de Deus
Objetivo Eixos temáticos
Proporcionar uma compreensão da Palavra de  Visão geral da Sagrada Escritura
Deus em vista do amadurecimento da fé. (Primeiro e Segundo Testamentos)
 A Leitura Orante da Bíblia adaptada a
60

adolescentes/jovens
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS
Objetivo Passos
Acolher o dom da Revelação de Deus presente na Entrada solene da Sagrada Escritura
Sagrada Escritura como luz e caminho. Proclamação da Palavra
Entrega da Bíblia aos adolescentes/jovens
SEGUNDA FASE: Pessoa Humana
Objetivo Eixos temáticos
Conduzir ao autoconhecimento e busca de  Quem sou eu?
identificação como pessoa, a partir da fé cristã,  Eu e minha história (vocação para vida)
numa sociedade desafiadora.  Eu e minha relação com Deus
 Eu e minha relação com os outros
 Eu e minha relação com o ambiente
(físico, cultural, geográfico, etc)
 A sexualidade
CELEBRAÇÃO DA VIDA
Objetivo Indicações metodológicas Passos
Valorizar o dom da vida que se Uso de símbolos que remetem à Fatos da vida, personagens
manifesta nas variadas relações vida históricos atuais
humanizantes. Dramatização Proclamação da Palavra
Oração de agradecimento
TERCEIRA FASE: Jesus, o Cristo
Objetivo Eixos temáticos
Aprofundar sobre a encarnação, vida, paixão,  Jesus, a Palavra encarnada do Pai ( Jo
morte, ressurreição e permanência de Jesus 1,1-14 )
Cristo, mediante a ação do Espírito.  Jesus Cristo e o reinado de Deus - estilo
de vida e ensinamentos ( Mt 5-7 )
 Jesus, o Crucificado ( Mc 14-15 )
 Jesus, o Ressuscitado-Glorificado ( Lc
24,36-53 )
 Jesus Cristo permanece no meio de nós
através do Espírito Santo ( Jo 16,5-15 )
 O Espírito nos impulsiona a seguir o
Filho para a construção de uma vida
melhor ( 1 Cor. 2,10-16 )
JORNADA DO DISCIPULADO
Objetivo Indicações metodológicas Passos
Comprometer-se com a Boa Dia de Espiritualidade/Retiro Celebração de entrega do
Nova de Jesus Cristo. Festa do discipulado Mandamento do Amor (Jo 13,
Confecção de símbolos de 34-35)
pertença e partilha (camisa, Oração sobre os
bóton, boné, etc.) adolescentes/jovens
Dramatização
QUARTA FASE: A vida de oração
Objetivo Eixos temáticos
Apresentar a comunhão orante de Jesus Cristo  Jesus, movido pelo Espírito Santo, ora e
com o Pai, no Espírito, como fonte de nossa vida ensina a orar
cristã.  Aprofundamento da oração do Pai Nosso
 Vida de oração pessoal e comunitária
 Experiências de oração a partir da Bíblia
(leitura orante da Palavra de Deus, ofício
divino, adoração eucarística, vigília de
oração, caminhadas/romarias, etc)
JORNADA DE ORAÇÃO A PARTIR DO PAI NOSSO
Objetivo Indicações metodológicas Passos
61

Acolher e viver a relação filial Revisão de vida sobre a Meditação parte por parte da
com Deus Pai e a fraternidade importância da Oração do Oração do Senhor
com todos os irmãos e irmãs, Senhor Celebração a partir da Oração
como modelo da vida cristã. do Senhor
QUINTA FASE: Comunidade de Fé, Esperança e Caridade
Objetivo Eixos temáticos
Aprofundar a pertença à Igreja como Povo de  A experiência de Pentecostes
Deus, Corpo de Cristo e Templo do Espírito Santo,  A formação das primeiras comunidades
mediante a profissão madura da fé e sua vivência (Mt 1, 1-17; Lc 3, 23-38)
na comunidade.  As raízes do Novo Povo de Deus:
Patriarcas; Moisés; Juízes; Reis e profetas
(Gn 12, 1-9; Gn 21; Ex 2, 23-25; 3, 1-22;
Ex 6, 2-8; Ex 19, 1-9)
 O Povo em Jesus Cristo (Rm 11, 25-32)
 Creio - nossa fé professada: as três
Pessoas divinas
 Creio - nossa fé professada: a Igreja
 Creio - nossa fé professada: as realidades
futuras
 Igreja: escola de comunhão e casa da
iniciação
 Maria, jovem comprometida com o
projeto de Deus
 Dons e serviços na Igreja e no mundo
(apresentação das pastorais e serviços
eclesiais)
CELEBRAÇÃO DE ENTREGA DO SÍMBOLO DA FÉ
Objetivo Passos
Acolher a fé da Igreja como sua. Proclamação da Palavra
Profissão do Símbolo da Fé (Creio) diante da
comunidade
Oração sobre os adolescentes/jovens
SEXTA FASE: Vida Sacramental
Objetivo Eixos temáticos
Aprofundar a importância da experiência salvífico-  Jesus, Sacramento do encontro com o Pai
sacramental na vida cristã. (Jo 14, 8-11)
 A Igreja, Sacramento de encontro com
Cristo (At 3, 1-10)
 O Batismo
 A Crisma/Confirmação
 A Eucaristia
 Os sacramentos de serviço: Matrimônio e
Ordem
 Os sacramentos de cura: Reconciliação e
Unção
 Vivência e compromisso cristão que
deriva da experiência sacramental

JORNADA DA ELEIÇÃO
(Primeiro Domingo da Quaresma)
Objetivo Indicações metodológicas Passos
Aprofundar o dom da missão Retiro sobre a missão da Proclamação da Palavra
concedido pelo Espírito de Deus. Samaritana e do Cego de Testemunho pessoal do
nascença adolescente/jovem
62

Oração de admissão ao(s)


sacramento(s)

CELEBRAÇÃO DO TRÍDUO PASCAL

Objetivo Passos

Celebrar o Mistério Pascal, acolhendo-o e  Celebração da Ceia do Senhor


assumindo-o na própria vida.  Celebração da Paixão do Senhor
 Celebração da Vigília Pascal (celebração
do Batismo e Eucaristia quando houver)

QUARTO TEMPO
MISTAGOGIA
(Durante o Tempo Pascal)
Objetivo Eixos temáticos
Experienciar os mistérios celebrados e vivê-los  Sentido das festas pascais celebradas
como comunidade cristã que partilha os dons do  Celebração da Crisma/Confirmação
pão e do vinho. (quando possível)
 Participação nas celebrações comunitárias
 Leitura orante da Palavra de Deus
 Partilha da vida
CELEBRAÇÃO DE ENVIO MISSIONÁRIO (Conclusão do Itinerário)
(Domingo de Pentecostes)
Objetivo Passos
Enviar para o testemunho maduro da fé, como Proclamação da Palavra
discípulo missionário, em vista do permanente Entrega de um símbolo (sal, semente, etc.)
amadurecimento da fé. Oração de envio
Inserção pastoral e nos serviços comunitários
Integração num grupo de reflexão, pastoral,
comunitário, etc.
Leitura orante da Palavra como prática
permanente de amadurecimento da fé
63

3.3- Itinerário com adultos

No processo da catequese com adultos apresentamos dois modelos de itinerários.


Um para adultos catecúmenos e outro para os adultos que já foram batizados e iniciados
na vida de fé, mas desejam voltar à vida comunitária de forma mais comprometida.
Com o Concilio Vaticano II, a Igreja abre suas portas para o novo e renova sua presença
no mundo como sinal do Reino. A Catequese é um processo de educação comunitária,
permanente, progressiva, ordenada, orgânica e sistemática da Fé. Sua finalidade é a
maturidade da fé, num compromisso pessoal e comunitário de libertação integral, que
deve acontecer já aqui e culminar no Reino definitivo (cf. CR n.318). A forca da
catequese esta na pessoa e a comunidade; a Bíblia é o livro-fonte; o adulto é o principal
interlocutor; centraliza-se no seguimento de Jesus Cristo; privilegia-se, na América
Latina, a opção pelos pobres.152
Já em 1983, o Documento Catequese Renovada, detectava sérias lacunas na
vivência da fé dos nossos cristãos batizados e afirmava que:
É na direção dos adultos que a Evangelização e a Catequese devem orientar seus
melhores agentes. São os adultos os que assumem mais diretamente, na sociedade e na
Igreja, as instâncias decisórias e mais favorecem ou dificultam a vida comunitária, a
justiça e a fraternidade. Urge que os adultos façam uma opção mais decisiva e coerente
pelo Senhor e sua causa, ultrapassando a fé individualista, intimista e desencarnada. Os
adultos, num processo de aprofundamento e vivência da fé em comunidade, criarão,
sem dúvida, fundamentais condições para a educação da fé das crianças e jovens, na
família, na escola, nos Meios de Comunicação Social e na própria comunidade
eclesial.153
Em relação à formação, somos convidados a colocarmos a disposição os melhores
catequistas para esta missão. Tem-se a consciência que a catequese com adultos é um

152
CALANDRO, E. LEDO, J.Psicopedagogia Catequética. Volume III Adultos, 103.
153
 CR, 130. Houve também um grande esforço por parte de catequetas e da comissão nacional de catequese em dar continuidade à
reflexão sobre a catequese com adultos. Foram publicadas várias reflexões em relação a esta temática. J. I. NERY,Catequese de
adultos no documento Catequese Renovada, in “Revista de Catequese” 8/30 (1985), 7-17; A. ANTONIAZZI,Catequese de adultos: um
desafio que não pode esperar, in “Revista de Catequese” 8/30 (1985), 18-25; I. S. WILKEN,Catequese de adultos e diálogo
ecumênico, in “Revista de Catequese” 8/30 (1985), 26-28.
64

grande desafio numa realidade catequética que trabalha exclusivamente com crianças.
Insiste-se na necessidade de priorizar esta forma de catequese na comunidade eclesial.154
Não podemos negar a força e a importância dos adultos e da família na vida
eclesial e a necessidade de uma maior atuação na sociedade. Afirmou-se que os adultos
podem facilitar o ao mesmo tempo atrapalhar a vivencia da fé. Constata-se que muitos
pais não acompanham seus filhos para a Igreja ou para a catequese, não contribuem na
transmissão da fé para as novas gerações. Muitas vezes não colocam em prática os
valores do Evangelho no quotidiano e consequentemente no âmbito social, econômico,
político e nas decisões importantes que visam o bem comum.
Insistiu-se na urgência de uma opção radical e fundamental por Jesus Cristo e seu
Evangelho. A catequese se limita, em muitos casos, a uma simples transmissão de
conceitos ou a um encontro fraterno com muitos cantos e dinâmicas, mas que muitas
vezes não favorecem uma verdadeira conversão e adesão ao Senhor e ao projeto do
Reino.
O desafio de superar uma fé individualista, intimista e desencarnada é muito atual
para os nossos dias. Foram realizados esforços na tentativa de tornar a catequese mais
vivencial e transformadora. Estes aspectos foram bastante trabalhados em encontros,
cursos e matérias produzidos.
Aparece ainda a dimensão importante dos adultos como protagonistas e
motivadores de uma catequese com adultos que favoreça um verdadeiro itinerário de
fé.155 Outro elemento de grande significado será a vivência da fé em comunidade.
Precisamos superar o trabalho isolado, a competição, inveja, desejo de poder, de
aparecer e de pensar que outros não tem ou não podem adquirir as competências
necessárias par ao trabalho. Chegou o momento de convidar todos os adultos na
comunidade cristã a se envolver, a tornarem-se os primeiros responsáveis pela educação
na fé. Daí a insistência em realizar uma catequese permanente, 156 continuada que

154
 No Diretório Catequético Geral de 1971 já se fazia o convite para priorizar a catequese com adultos. O novo Diretório Geral
para a Catequese de 1997 retoma este conceito e aprofunda dizendo que “a catequese de adultos, uma vez que é dirigida a pessoas
capazes de uma adesão e de um empenho realmente responsáveis, deve ser considerada como a principal forma de catequese, para
que todas as demais, não por isso menos necessárias, estão orientadas. Isso implica que a catequese das demais idades deve tê-la
como ponto de referencia e deve articular-se com ela, num projeto catequético de pastoral diocesana que seja coerente”. DGC, 59.
155
 “Eu não posso deixar de realçar, um dos cuidados dos Padres do Sínodo, demandado com vigor e urgência pelas experiências
que se estão fazendo no mundo inteiro; trata-se do problema central da catequese dos adultos. Esta é a principal forma de catequese,
porque se dirige a pessoas que tem as maiores responsabilidades e a capacidade para viverem a mensagem cristã na sua forma
plenamente desenvolvida. A comunidade cristã, efetivamente, não poderia por em prática uma catequese permanente sem a
participação direta e experimentada dos adultos, quer eles sejam destinatários quer sejam promotores da atividade catequética”. CT,
43.
156
 CT, 43.
65

favorece o crescimento e amadurecimento dos catequizandos e da própria comunidade


de fé.
Foram dados passos significativos, com estudos, seminários e encontros, no
desejo de colocar em prática a prioridade da catequese com adultos. A Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil, através da Dimensão Bíblico-catequética, realizou em
2001 a 2ª SBC. Toda a reflexão e produção foi voltada para a catequese com adultos.
Por fim, para assumir a missão da catequese com adultos, é preciso que o
catequista esteja bem preparado, pois este traz para a catequese toda a sua vida, toda a
sua experiência, bem como suas dúvidas religiosas. O catequista precisa ser uma pessoa
que dê testemunho de sua fé, da sua atuação na vida comunitária e saiba, como afirma a
carta de Pedro, “dar razão de sua esperança” (1Pd 3, 15).157

A. ITINERÁRIO DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ COM CATECÚMENOS ADULTOS

PREPARAÇÃO
(Duração mínima 1 mês)
Objetivo Indicações metodológicas
Convidar os adultos para o itinerário de IVC. Envolvimento da comunidade eclesial
Divulgação do processo da IVC
Primeiro contato com os adultos interessados
Festa das Inscrições

PRIMEIRO TEMPO
PRÉ-CATECUMENATO – TEMPO QUERIGMÁTICO
(Duração mínima 3 meses)
Objetivo Eixos temáticos
Fazer a experiência do encontro com Jesus Cristo  O ser humano no projeto divino (Eclo 17,
favorecendo a adesão e a conversão pessoal a Ele. 1-12; Sl 8)
 Jesus o enviado de Deus (Mc 1, 9-11)
 Jesus anuncia o Reinado de Deus (Mc 1,
14-15; Lc 15, 11-32)
 Jesus nos salva e nos liberta do pecado
revelando nossa filiação divina (Mc 2, 1-
12)
 Jesus nos convida a conversão e ao
seguimento (Mc 2, 13-17)
 Em Jesus se encontra a esperança
salvadora (Mc 9, 2-10)
 Morte e ressurreição de Jesus (Mc 14-15)
 Jesus continua presente na comunidade
(Lc 24, 13-35)

157
CALANDRO, E. LEDO, J.Psicopedagogia Catequética. Volume III Adultos, 117.
66

CELEBRAÇÃO DE ENTRADA PARA O TEMPO DE CATEQUESE


Objetivo Passos
Celebrar o desejo de aprofundamento da fé junto Reunião fora da igreja-templo
com a comunidade. Diálogo com a comunidade e o catecúmeno
Ingresso na igreja-templo
Assinalação com o sinal da Cruz
Entrega da Cruz
Proclamação da Palavra

SEGUNDO TEMPO
CATECUMENATO – TEMPO DE APROFUNDAMENTO
(Duração mínima de 12 meses)
PRIMEIRA FASE: Palavra de Deus
Objetivo Eixos temáticos
Proporcionar uma visão de conjunto da Revelação  Introdução à Sagrada Escritura (Primeiro
de Deus presente na Sagrada Escritura. e Segundo Testamentos)
 Leitura Orante
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS
Objetivo Passos
Entregar a Sagrada Escritura fonte da Revelação Entrada solene da Sagrada Escritura
de Deus como luz e caminho. Proclamação da Palavra
Recordação dos grandes momentos da Revelação
Entrega da Bíblia aos catecúmenos
SEGUNDA FASE: Pessoa Humana
Objetivo Eixos temáticos
Compreender o ser humano na sua dignidade de  A pessoa humana criada à imagem e
imagem e semelhança de Deus como ser de semelhança de Deus (Gn 1, 26-31)
relações.  A pessoa humana e sua história de
vida/vocação
 A pessoa humana como ser de
relações/alteridade (consigo mesmo,
família, sociedade, ambiente)
 Sexualidade e afetividade
CELEBRAÇÃO DA VIDA
Objetivo Passos
Agradecer e valorizar o dom da vida nas suas Proclamação da Palavra
variadas manifestações. Uso de símbolos que remetem à vida
Os quatro elementos constitutivos da vida: terra,
água, fogo e ar
Terceira fase: Jesus, o Cristo
Objetivo Eixos temáticos
Aprofundar sobre a vida, paixão, morte e  A Encarnação de Jesus Cristo (Lc 1, 26-
ressurreição de Jesus Cristo e seu seguimento. 38; 2, 1-7)
 Jesus Cristo e o Reinado de Deus (Mt 13)
 Discipulado e seguimento de Jesus (Mc 3,
13-19; 8, 34-38)
 Paixão e Morte de Jesus (Mc 14, 43-15,
46; At 2, 14-36)
 Ressurreição e ascensão de Jesus ( Jo 20,
1-29; At. 1,6-11)
 O envio do Espírito Santo (Jo 20, 19-23;
At 2, 1-4)
 A vida plena no Espírito do Ressuscitado
(Jo 15, 1-17; Jo 10, 1-10)
67

JORNADA DO DISCIPULADO
Objetivo Indicações metodológicas Passos
Assumir a proposta de Jesus Dia de Espiritualidade/Retiro Celebração de entrega do
Cristo como referencial para a Mandamento do Amor (Jo 13,
própria vida. 34-35)
Oração sobre os catecúmenos
QUARTA FASE: A vida de oração
Objetivo Eixos temáticos
Ajudar o catecúmeno a fazer a experiência da vida  A necessidade de uma vida de oração (Mt
de oração cristã. 7, 7-12.21-23)
 Jesus, movido pelo Espírito Santo, ora e
ensina a orar
 Aprofundamento da oração do Pai Nosso
 Experiências de oração a partir da Bíblia
(leitura orante da Palavra de Deus, ofício
divino, adoração eucarística, vigília de
oração, caminhadas/romarias, etc)
CELEBRAÇÃO DE ENTREGA DA ORAÇÃO DO SENHOR
Objetivo: Passos
Celebrar, acolher e viver a relação filial com Deus Proclamação da Palavra
Pai e a fraternidade com todo gênero humano. Entrega da Oração do Senhor
Oração sobre os catecúmenos
QUINTA FASE: Comunidade de Fé, Esperança e Caridade
Objetivo: Eixos Temáticos
Conhecer e aprofundar a pertença à Igreja de  Origem e natureza da Igreja
Cristo, a profissão de fé e a vivência comunitária.  A Igreja: Povo de Deus
 A Igreja: Corpo de Cristo
 A Igreja: Templo do Espírito
 Creio: nossa fé professada I (as Três
Pessoas divinas)
 Creio: nossa fé professada II (a Igreja
una, santa, católica e apostólica)
 Creio: nossa fé professada III (a
Escatologia Cristã)
 Igreja: uma comunidade sempre a
caminho
 Maria, Mãe e Modelo da Igreja
 Dons e serviços na Igreja e no mundo
(apresentação das pastorais e serviços
eclesiais)
 A Ética cristã
CELEBRAÇÃO DE ENTREGA DO SÍMBOLO DA FÉ
Objetivo: Passos
Celebrar o acolhimento da fé professada pela  Proclamação da Palavra
Igreja.  Celebração da luz da fé
 Profissão do símbolo da fé com a
comunidade
 Oração sobre os catecúmenos
SEXTA FASE: Vida Sacramental
Objetivo: Eixos temáticos
Apresentar e aprofundar o sentido e a  Dimensão antropológica sacramental
importância dos sacramentos presentes na vida  Jesus, sacramento do encontro com o Pai
cristã.  A Igreja, sacramento do encontro com
Cristo
 Os sacramentos da Iniciação à Vida
68

Cristã
 Os sacramentos do serviço
 Os sacramentos de cura
 Vivência e compromisso cristão que
deriva da experiência sacramental

CELEBRAÇÃO DA ELEIÇÃO
Primeiro domingo da Quaresma
Objetivo Passos
Agradecer pelo caminho percorrido e manifestar  Proclamação da Palavra
publicamente o desejo de serem iniciados nos  Apresentação dos candidatos
sagrados mistérios.  Diálogo do presidente da celebração com
os padrinhos ou madrinhas, catequistas,
a comunidade e os catecúmenos.
 Admissão dos eleitos
 Oração sobre os eleitos
TERCEIRO TEMPO
PURIFICAÇAO E ILUMINAÇÃO
(Durante o Tempo da Quaresma)
Objetivo Eixos temáticos
Viver este tempo de recolhimento espiritual e  Escrutínios
revisão de vida à luz da centralidade do Mistério  Retiro, jornada de espiritualidade, e
Pascal e em preparação imediata para o(s) encontros quaresmais
sacramento(s) de IVC.  Exercícios quaresmais: jejum, esmola,
oração
 Grupos de reflexão e execução da
Campanha da fraternidade.
 Práticas de reconciliação
 Realização da Via Sacra em família, nos
grupos sociais, etc.
 Leitura orante dos evangelhos dos
domingos
ESCRUTÍNIOS
(No 3º, 4º, 5º domingos da Quaresma)
Objetivo: Passos
Reconhecer a fragilidade humana e acolher a  Proclamação da Palavra
graça de Deus que é a Água Viva, a Luz e a Vida  Oração sobre os eleitos
nova e nos chama a viver o amor.  Exorcismo
CELEBRAÇÃO DOS RITOS PREPARATÓRIOS IMEDIATOS
(Sábado Santo pela manhã)
Objetivo Passos
Celebrar a fé da Igreja professando o desejo de  Proclamação da Palavra
ouvi-la e proclama-la.  Recitação do Símbolo pelos eleitos
 Rito do Éfeta
 Rito da Unção dos catecúmenos

CELEBRAÇÃO DO TRÍDUO PASCAL


CELEBRAÇÃO DOS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ
Objetivo Passos
Celebrar o Mistério Pascal, acolhendo-o na  Celebração da Ceia do Senhor
própria vida.  Celebração da Paixão do Senhor
 Celebração da Vigília Pascal com a
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recepção dos sacramentos da IVC

QUARTO TEMPO
MISTAGOGIA
(Durante o Tempo Pascal)
Objetivo: Eixos temáticos
Viver a vida em comunidade a partir dos mistérios  Batismo: vida nova e plena em Jesus
celebrados. Cristo (Ef 4, 17-31)
 Crisma: ser cristão na força do Espírito
Santo (1Cor 12, 1-11)
 Eucaristia: fonte e cume da vida cristã (Lc
24, 13-35; Jo 13, 1-20)
 Convidados a servir e construir um
mundo novo (1Cor 13; At 2,42-47)
 Leitura orante da Palavra de Deus
 Partilha de vida

CELEBRAÇÃO DO ENVIO MISSIONÁRIO(conclusão do itinerário)


(Domingo de Pentecostes)
Objetivo Passos
Enviar para o serviço à comunidade eclesial e à  Proclamação da Palavra
sociedade, como discípulo missionário, em vista  Entrega de um símbolo (sal, fermento,
do permanente amadurecimento da fé. semente, luz, sandálias, etc)
 Oração de envio
 Inserção num grupo de vivência da fé

B. ITINERÁRIO DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ COM CATEQUIZANDOS ADULTOS

PREPARAÇÃO
(Duração mínima 1 mês)
Objetivo Indicações metodológicas
Convidar os adultos para o itinerário de IVC. Envolvimento da comunidade eclesial
Divulgação do processo da IVC
Primeiro contato com os adultos interessados
Festa das Inscrições

PRIMEIRO TEMPO
PRÉ-CATECUMENATO – TEMPO QUERIGMÁTICO
(Duração mínima 3 meses)
Objetivo Eixos temáticos
Fazer a experiência do encontro com Jesus Cristo  O ser humano no projeto divino (Eclo 17,
favorecendo a adesão e a conversão pessoal a Ele. 1-12; Sl 8)
 Jesus o enviado de Deus (Mc 1, 9-11)
 Jesus anuncia o Reinado de Deus (Mc 1,
14-15; Lc 15, 11-32)
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 Jesus nos salva e nos liberta do pecado


revelando nossa filiação divina (Mc 2, 1-
12)
 Jesus nos convida a conversão e ao
seguimento (Mc 2, 13-17)
 Em Jesus se encontra a esperança
salvadora (Mc 9, 2-10)
 Morte e ressurreição de Jesus (Mc 14-15)
 Jesus continua presente na comunidade
(Lc 24, 13-35)

CELEBRAÇÃO DE ENTRADA PARA O TEMPO DE CATEQUESE


Objetivo Passos
Celebrar o desejo de aprofundamento da fé junto Reunião fora da igreja-templo
com a comunidade. Diálogo com a comunidade e o catequizando
Ingresso na igreja-templo
Entrega da Cruz
Proclamação da Palavra

SEGUNDO TEMPO
CATECUMENATO – TEMPO DE APROFUNDAMENTO
(Duração mínima de 12 meses)
PRIMEIRA FASE: Palavra de Deus
Objetivo Eixos temáticos
Proporcionar uma visão de conjunto da Revelação  Introdução à Sagrada Escritura (Primeiro
de Deus presente na Sagrada Escritura. e Segundo Testamentos)
 Leitura Orante
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS
Objetivo Passos
Entregar a Sagrada Escritura fonte da Revelação Entrada solene da Sagrada Escritura
de Deus como luz e caminho. Proclamação da Palavra
Recordação dos grandes momentos da Revelação
Entrega da Bíblia aos catequizandos
SEGUNDA FASE: Pessoa Humana
Objetivo Eixos temáticos
Compreender o ser humano na sua dignidade de  A pessoa humana criada à imagem e
imagem e semelhança de Deus como ser de semelhança de Deus (Gn 1, 26-31)
relações.  A pessoa humana e sua história de
vida/vocação
 A pessoa humana como ser de
relações/alteridade (consigo mesmo,
família, sociedade, ambiente)
 Sexualidade e afetividade
CELEBRAÇÃO DA VIDA
Objetivo Passos
Agradecer e valorizar o dom da vida nas suas Proclamação da Palavra
variadas manifestações. Uso de símbolos que remetem à vida
Os quatro elementos constitutivos da vida: terra,
água, fogo e ar
Terceira fase: Jesus, o Cristo
Objetivo Eixos temáticos
Aprofundar sobre a vida, paixão, morte e  A Encarnação de Jesus Cristo (Lc 1, 26-
ressurreição de Jesus Cristo e seu seguimento. 38; 2, 1-7)
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 Jesus Cristo e o Reinado de Deus (Mt 13)


 Discipulado e seguimento de Jesus (Mc 3,
13-19; 8, 34-38)
 Paixão e Morte de Jesus (Mc 14, 43-15,
47)
 Ressurreição e ascensão de Jesus (Lc
24,1-12; Lc 24,50-53; At 1,6-11)
 O envio do Espírito Santo (Jo 20, 19-23;
At 2, 1-4)
 A vida plena no Espírito do Ressuscitado
(Jo 15, 1-17; Jo 10, 1-10)
JORNADA DO DISCIPULADO
Objetivo Indicações metodológicas Passos
Assumir a proposta de Jesus Dia de Espiritualidade/Retiro Celebração de entrega do
Cristo como referencial para a Mandamento do Amor (Jo 13,
própria vida. 34-35 e/ou Jo 15,9-17 )
Oração sobre os catequizandos
QUARTA FASE: A vida de oração
Objetivo Eixos temáticos
Ajudar o catequizando a fazer a experiência da  A necessidade de uma vida de oração (Mt
vida de oração cristã. 7, 7-12; Mt 18,19-20)
 Jesus, movido pelo Espírito Santo, ora e
ensina a orar ( Lc. 10,21-22 e 11,1-13)
 Aprofundamento da oração do Pai Nosso(
Lc. 11,1-4)
 Experiências de oração a partir da Bíblia
(leitura orante da Palavra de Deus, ofício
divino, adoração eucarística, vigília de
oração, caminhadas/romarias, etc)
CELEBRAÇÃO DE ENTREGA DA ORAÇÃO DO SENHOR
Objetivo Passos
Celebrar, acolher e viver a relação filial com Deus Proclamação da Palavra
Pai e a fraternidade com todo gênero humano. Entrega da Oração do Senhor
Oração sobre os catequizandos
QUINTA FASE: Comunidade de Fé, Esperança e Caridade
Objetivo: Eixos Temáticos
Conhecer e aprofundar a pertença à Igreja de  Origem e natureza da Igreja( At. 2,42-47;
Cristo, a profissão de fé e a vivência comunitária. At 4,32-37; 1 Pd 2,4-10)
 A Igreja: Povo de Deus (
 A Igreja: Corpo de Cristo( 1Cor. 12,12-
31)
 A Igreja: Templo do Espírito
 Creio: nossa fé professada I (as Três
Pessoas divinas)
 Creio: nossa fé professada II (a Igreja
una, santa, católica e apostólica)
 Creio: nossa fé professada III (a
Escatologia Cristã)
 Igreja: uma comunidade sempre a
caminho
 Maria, Mãe e Modelo da Igreja
 Dons e serviços na Igreja e no mundo
(apresentação das pastorais e serviços
eclesiais)
 A Ética cristã
CELEBRAÇÃO DE ENTREGA DO SÍMBOLO DA FÉ
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Objetivo: Passos
Celebrar o acolhimento da fé professada pela 
Proclamação da Palavra
Igreja. 
Celebração da luz da fé

Profissão do símbolo da fé com a
comunidade
 Oração sobre os catequizandos
SEXTA FASE: Vida Sacramental
Objetivo: Eixos temáticos
Apresentar e aprofundar o sentido e a  Dimensão antropológica sacramental
importância dos sacramentos presentes na vida  Jesus, sacramento do encontro com o Pai
cristã.  A Igreja, sacramento do encontro com
Cristo
 Os sacramentos da Iniciação à Vida
Cristã
 Os sacramentos do serviço
 Os sacramentos de cura
 Vivência e compromisso cristão que
deriva da experiência sacramental

CELEBRAÇÃO DA ELEIÇÃO
(Primeiro Domingo da Quaresma)
Objetivo Passos
Agradecer o caminho feito e manifestar Proclamação da Palavra
publicamente o processo de amadurecimento na Apresentação dos catequizandos
fé, e, quando houver, em vista da preparação Testemunhos pessoais
Oração de admissão ao(s) sacramento(s)
imediata para o complemento sacramental da
IVC.

TERCEIRO TEMPO
PURIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO
(Durante o Tempo da Quaresma)
Objetivo Eixos temáticos
Purificar a fé do catequizando a partir do Mistério Escrutínios
Pascal e dos exercícios quaresmais.  Retiro, jornada de espiritualidade e
encontros quaresmais
 Exercícios quaresmais: jejum, esmola e
oração
 Grupos de reflexão e execução da
Campanha da Fraternidade
(solidariedade)
 Práticas de reconciliação
 Realização da Via-Sacra em família, nos
grupos sociais, etc.
 Leitura orante do evangelho dos
domingos
CELEBRAÇÃO DO PERDÃO
Objetivo Passos
Experimentar o dom da reconciliação com Deus, Revisão de vida
consigo e com os outros. Liturgia penitencial
Celebração do sacramento da Reconciliação
Prática da reconciliação
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Colóquios e aconselhamentos pessoais

CELEBRAÇÃO DO TRÍDUO PASCAL


Objetivo Passos
Celebrar o Mistério Pascal de Cristo como centro  Celebração da Ceia do Senhor
de toda a vida cristã.  Celebração da Paixão do Senhor
 Celebração da Vigília Pascal, com
recepção dos sacramentos que
completam a Iniciação à Vida Cristã

QUARTO TEMPO
MISTAGOGIA
(Durante o Tempo Pascal)
Objetivo Eixos temáticos
Levar a plena compreensão e vivência do mistério  Vida nova e plena em Jesus Cristo
pascal celebrado.  Participação nas celebrações comunitárias
 Leitura orante da Palavra de Deus
 Partilha da vida
CELEBRAÇÃO DE ENVIO MISSIONÁRIO (Conclusão do Itinerário)
(Domingo de Pentecostes)
Objetivo Passos
Enviar para o serviço à comunidade eclesial e à Proclamação da Palavra
sociedade, como discípulo missionário, em vista Entrega de um símbolo (sal, semente, fermento,
do permanente amadurecimento da fé. luz, sandálias, etc.)
Oração de envio
Inserção pastoral e nos serviços comunitários
Integração num grupo de reflexão, pastoral,
comunitário, etc.
Leitura orante da Palavra como prática
permanente de amadurecimento da fé
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