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Paróquia São José – Barros Filho

Catecumenato da Iniciação Cristã de Adultos (RICA)

1º Tema: A Bíblia – Sagradas Escrituras

A Bíblia Sagrada é uma verdadeira biblioteca. É o único livro que reúne vários
livros. (ver cartaz de uma estante com os livros da Bíblia). O autor da Bíblia é
Deus. Os escritos sagrados foram registrados por homens. Estes homens relataram
suas experiências de fé e de vida, inspirados por Deus. Antes de acontecer estes registros
por escrito (Tradição Escrita), passava-se oralmente estas experiências de geração em
geração, de pai para filho(TradiçãoOral). A Bíblia é dividida em duas partes: Antigo
Testamento(46 livros) e Novo Testamento (27 livros). Na bíblia a palavra Testamento tem
sentido de Aliança. Antiga Aliança e Nova Aliança. Toda Bíblia gira em torno da Aliança
que Deus fez com o seu Povo. Aliança é um contrato especial. Um compromisso de
fidelidade ente Deus e os homens.Vamos ver abaixo os livros da Bíblia?
Pentateuco:
São os cinco primeiros livros da Bíblia. É também chamado Torá = Lei.
Gênesis: Narra as origens do mundo e do homem. A formação do Povo de Deus e a
História dos Patriarcas
Êxodo: Significa Saída. Trata da saída do Povo de Deus do Egito, a passagem pelo mar
vermelho; fala dos Dez Mandamentos e a caminhada do Povo à Terra Prometida.
Levítico: Levi era um dos doze descendentes de Jacó. É um livro que trata das leis sobre o
culto divino.
Números: Narra a parte final da caminhada do Povo de Deus pelo deserto, do Sinai até a
Terra de Canaã. Fala das lutas que os Israelitas enfrentaram perante os povos que
ocupavam as fronteiras da Palestina ou Terra Prometida.
Deuteronômio: São Leis que deveriam ser obedecidas quando o povo entrasse na Terra
Prometida.
Livros Históricos: Contam a história do Povo de Deus. Uma história feita de bênçãos e de
castigos, mostrando sempre fraqueza do homem e a misericórdia de Deus. Essa História
tem como cenário: a Palestina e os períodos de exílio nas terras pagãs.
Livros Sapienciais: Falam da sabedoria dos homens e da experiência do amor de Deus na
vida da comunidade. Estes livros contam orações, cânticos e poesias, escritos e vividos à
luz da fé.
Livros Proféticos: Profeta não é uma pessoa que prevê o futuro, mas uma pessoa que fala
em nome de Deus.
Evangelhos:
O Evangelho é um só. Quando falamos em quatro evangelhos, estamos nos referindo à
quatro redações do mesmo Evangelho, feita por quatro evangelistas diferentes e datas
diversas, É neste sentido que podemos dizer Evangelho de São Mateus, São Marcos, São
Lucas e São João. Os três primeiros são mais semelhantes entre si. Narram quase sempre os
mesmos fatos. Por isso, são chamados Sinóticos.
Mateus: è representado pela figura de um homem, porque começou a escrever seu
Evangelho dando a genealogia de Jesus. Mateus é um nome que significa” dom de Deus”.
Mateus era cobrador de impostos em Cafarnaum, por isso se intitulava “Mateus o
publicano”. Era também chamado Levi. Foi convidado pessoalmente por Jesus para ser

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discípulo. O Evangelho de Mateus é dirigido aos Judeus convertidos e quer mostrar que
Jesus de Nazaré é o herdeiro das promessas feitas por Deus a Davi. Portanto, Jesus é o
Messias anunciado pelos profetas.
Marcos: é representado pela figura de um leão, porque começou a narração de seu
Evangelho no deserto, onde mora a fera. Era também chamado de João Marcos. Marcos era
primo de Barnabé e discípulo de Pedro. Redigiu o Evangelho a partir das pregações de
Pedro. Põe em evidência os milagres de Jesus, pois pretende mostrar a bondade do Senhor
e a sua divindade.Seu Evangelho se dirige aos cristãos vindos do paganismo (gregos e
romanos).
Lucas: È representado pelo Touro, porque começa o Evangelho falando do templo, onde
eram imolados os bois. Lucas nasceu em Antioquia da Síria, de família pagã. Converteu-se
por volta do ano 40. Estudou Medicina. Não foi discípulo de Jesus, mas de Paulo. Lucas
escreveu o Evangelho como historiador. Talvez pelo ano 67 d.C. Dirige seu Evangelho aos
cristãos de origem pagã (Gregos e Romanos). O Objetivo de seus inscritos é o
fortalecimento na fé. È o evangelista que mais fala do nascimento e da infância de Jesus.
Dá destaque especial a misericórdia de Deus.
João:È representado pela águia, por causa do elevado estilo de seu Evangelho, que fala da
Divindade e do Mistério Altíssimo do Filho de Deus. É Filho de Zebedeu e Salomé. Era
pescador do Mar da Galiléia, por onde Jesus passou e o chamou para ser Apóstolo,
juntamente com Tiago, seu irmão. João era chamado p “discípulo amado”. Começou a
seguir Jesus quando tinha 19 anos e foi testemunha de toda a missão do Senhor. Fala da
“Vida eterna” como realidade já presente na terra, na pessoa de Jesus. João escreve aos
cristãos.
Atos dos apóstolos:
Conta como tiveram origem e como eram as primeiras comunidades da Igreja. Mostra as
lutas e dificuldades da Igreja nos seus primeiros anos. Destaca, logo no início a pregação e
o testemunho dos Apóstolos sobre a Ressurreição do Senhor. O livro dos Atos é uma
continuação do terceiro Evangelho (Lucas). As duas personagens de destaque no Livro dos
Atos são os apóstolos Pedro e Paulo. O livro dos Atos salienta a ação do Espírito Santo na
vida da Igreja.Foi escrito ente os anos 70 a 80 d. C. Apresenta a experiência vivida pela
Igreja primitiva, com aqueles quatros pontos fundamentais para ávida da Igreja.
Epístolas: São 21 as cartas ou Epístolas. As 14 primeiras são chamadas Epístolas Paulina;
as 7 restantes chamadas Epístolas Católicas.
Apocalipse: Significa “revelação”. Trata-se de um livro profético. Foi escrito às Sete
Igrejas (Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia) da Ásia Menor.
Como manusear a Bíblia :
a)Saber o nome do livro. Ver se o livro esta no Antigo ou no Novo Testamento.
b)Capítulo, o número está sempre em tamanho grande.
c)Versículo, o número está sempre em tamanho Pequeno e espalhado pelo meio do texto.
Diferença entre a Bíblia Católica e Bíblia “Protestante”
Existe uma diferença quanto ao número de livros. O Novo Testamento da Bíblia evangélica e o
nosso são iguais = 27 Livros. Mas o Antigo Testamento da Bíblia evangélica ou protestante não
possui 7 livros que fazem parte da Bíblia Católica.
A Bíblia dos evangélicos não possui o Livro de Judite, Tobias, Sabedoria, Eclesiástico,
Baruc, I Macabeus e II Macabeus. Além disso, o Livro de Daniel na Bíblia protestante,não
tem os Capítulos 13 e 14, e os versículos 24 a 90 do capítulo 3. Não tem também os
capítulos 11 a 16 de Ester.

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2º Tema: Criação e Pecado

N o princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra, porém, estava informe e vazia,
trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Disse Deus:
“Faça-se a luz”. E a luz foi feira. Deus chamou à luz de dia e às trevas noite.
Houve tarde e manhã ,foi este o primeiro dia (cf Gn 1, 3-5). Disse Deus: “ Apareça o
firmamento que separe as águas das águas!” E assim se fez. Deus chamou ao firmamento
céu. Foi este o segundo dia (cf Gn 1,6-8). Disse Deus:” As águas que estão debaixo do céu
se reúnem num só lugar e apareça a superfície enxuta!” E foi feito.Deus chamou à
superfície enxuta de TERRA e ás águas reunidas deu o nome de MAR. Disse Deus:”
Produza a terra ervas, plantas e árvores frutíferas!” E assim se fez, foi o terceiro dia (Gn
1,9-13). Disse Deus:” Haja luzeiros no firmamento!” Assim se fez Deus, portanto, formou
o sol, a lua, as estrelas e colocou-os no firmamento para darem luz à terra e indicarem o
tempo. Foi este o quarto dia. (Cf GN 1,14-19). Disse Deus:” Haja peixes na água e pássaros
no ar!” no mesmo instante apareceram peixes e tudo quanto vive nas águas e também
pássaros de diferentes espécies. Deus os abençoou e disse:”Crescei e multiplicai-vos!” Foi
este o quinto dia (cf Gn 1,20-23). Em fim Deus disse:”Produza a terra animais quadrúpedes
e répteis!” e assim se fez Em último lugar Deus criou o homem. Foi este o sexto dia (cj Gn
1,24-31).Contemplando todas as criaturas, verificou que eram do seu agrado. No Sétimo dia
Deus descansou de toda sua obra. Abençoou e santificou esse dia. (Gn 2,1-4).
Deus criou também, num mundo invisível, inumeráveis espíritos, chamados anjos. Dotou-
os de excelentes dons naturais pelos quais se tornaram muito superiores aos homens em
perfeição, além disso, concedeu-lhes a graça santificante, que os fazia resplandecer , em
sobrenatural beleza e dignidade. Todos os anjos a princípio eram bons e felizes, como seres
livres, capazes de praticar o bem e o mal, tiveram de passar por uma provação, para deste
modo merecer a felicidade celeste. Muitos porém, guiados por lúcifer, não quiseram
obedecer, pecaram, rebelando-se contra Deus. Houve então um grande combate. Miguel, à
frente dos anjos féis, pelejou contra os rebeldes, que foram vencidos e precipitados no fogo
do inferno. São os demônios ou espíritos maus. Os demônios vendo-se para sempre
expulsos do céu odeiam e invejam os homens. Procuram causar-lhes mal ao corpo e a alma,
a fim de arrastá-los à desgraça eterna. Deus confirmou no bem os anjos fiéis, de modo que
já não podem pecar, e os recompensou com felicidade eterna, são eles amigos dos homens,
por isso, os protegem no corpo e na alma, rogam por eles e os exortam a praticar o bem.
Cada homem tem um anjo que o protege e o acompanha sempre: O ANJO DA GUARDA.
Quando deus quis criar o homem disse: “ Façamos o homem a nossa imagem e
semelhança!” Dominará sobre os peixes do mar, sobre os pássaros do céu, sobre todos os
animais e sobre toda a terra!” Em seguida criou o homem à sua imagem e semelhança, isto
é, a imagem e semelhança de Deus formou de um barro um corpo de homem e soprou-lhes
nas narinas o espírito da vida ( G, 2,7). Ao primeiro homem deu nome de Adão que
significa homem de barro. Deus destacou do meio do paraíso a [árvore da vida, da ciência
do bem e do mal. E disse a Adão que desta árvore não poderia comer os frutos senão
morreria. Depois disse:” Não é bom que o homem fique só,. Façam-lhe uma companheira
semelhante a ele!” (Gn 2,18). Mandou vir Adão, os animais para que ele lhes desse nome

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(Gn 2,19-20). Deus fez Adão cair em profundo sono tomou uma de suas costelas (gn 2,22)
e formou a mulher, seu nome Eva, que significa mãe de todos os viventes. Adão e Eva
vivem felizes eram justos e santos, não conheciam incômodos e sofrimentos, andavam
despidos e não e envergonhavam. O demônio invejava a felicidade dos dois e serviu-se da
serpente para seduzi-los. Disse a Eva:” Porque vos proibiu Deus que comêsseis das frutas
do Paraíso?”. Eva respondeu: “Podemos comer de todas. Só a do meio do Paraíso que não.
Deus disse que senão morreríamos”. A serpente disse que não era nada disso; que Deus
sabia que se eles comessem o fruto conheceria o bem e o mal. Eva cedeu a tentação da
serpente e em seguida ofereceu ao marido. Logo se lhes abriram os olhos, conheceram que
estavam nus e para se cobrirem, fizeram tangas de folhas de figueira (Gn 3, 1-8). Quando
ouviram a voz de Deus esconderam debaixo das árvores do Paraíso.
Deus, porém, chamou: “Adão, onde estás?” Adão tremendo, respondeu:” Ouvindo a voz de
meu Senhor , tive medo, porque estava nu, e fui me esconder”. Observou-lhe Deus:” Quem
te disse que estavas nu? Comeste da árvore proibida!” Adão replicou:”A mulher que me
destes por companheira me ofereceu e comi”. Então disse Deus a Eva: “Porque fizeste
isso?”Eva respondeu: foi a serpente que me enganou”. Deus amaldiçoou a serpente,
dizendo:”Porque assim procedeste,s eras maldirá entre todos os animais!Andarás de rasto
sobre teu peito e comerás o pó da terra em todos os dias de tua vida. Estabelecerei
inimizade ente ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Ela te esmagará a cabeça e
tu procurarás mordê-la no calcanhas”.Depois disse Deus a Eva:” Sofrerás muito por causa
de teus filhos e ficarás debaixo da autoridade do marido!” Enfim, dirigindo-se a Adão,
disse: “Porque preferistes obedecer a voz de tua mulher, seja a terra maldita por tua causa e
produza doravante espinhos e abrolhos. Comerás o pão ganho com o suor de teu rosto, até
que voltes à terra donde foste tirado, pois és, pó e em pó te hás de tornar!”.
Após esta sentença, Deus fez túnicas de peles para Adão e Eva, e assim vestidos, os
expulsou do Paraíso, colocou querubins com espadas flamejantes, para que impedissem o
caminho da árvore da vida.
Assim entrou o pecado no mundo. Pela desobediência do homem.

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3º Tema: Patriarcas

C om Abraão e com Sara, sua esposa, começa a história do povo da Bíblia. A vida deles
é narrada no livro do Gênesis, do capítulo 12 em diante.
Vamos ler?
Abrão era pastor nômade, que vivia na Mesopotâmia, cerca de 1800 anos antes de Cristo.
Era um grande homem: bom, honesto, hospitaleiro e justo. Colocavam sempre Deus em
primeiro lugar e era sensível às suas inspirações, sempre “esperando contra toda
esperança”. Deus fez com ele um pacto de amizade, uma aliança eterna. Em busca de novas
terras para sua família e seu rebanho, Abrão e Sarai vieram morar na terra de Canaã, atual
Palestina. Ai nasceu seu filho Isaac e seu neto Jacó, mais tarde chamado “Israel”, que
significa “aquele que lutou com Deus”.
Abraão, Isaac e Jacó – depois denominado Israel são chamados “patriarcas”, e suas
esposas: Sara, Rebeca, Raquel e Lia, “matriarcas”, isto é, primeiros pais e mães, fundadores
do povo da Bíblia.

Vamos aprofundar um pouco mais:


Abrão era descendente de Sem, filho mais velho de Noé; seu pai chamava-se Tará e seus
irmãos Nacor e Arão. Abrão morava em Ur da Caldéia, no meio de um povo idolatra mas
conservou-se fiel em Deus.O Senhor apareceu-lhes e disse: “Sai de tua pátria, de tua
parentela, da casa de teu pai e vai para terra que te mostrarei. Eu te farei pai de um grande
povo: abençoarte-ei e em ti serão abençoadas todas a s nações”.Abrão partiu imediatamente
sem conhecer o lugar para onde Deus o queria conduzir.Abrão teve um diálogo com Deus.
Deus disse:” Nada temas, Abrão; eu sou teu protetor e enorme será atua recompensa”.
Abrão replicou: “Senhor Deus, que me dareis? Morrerei sem filhos”. E Deus disse-lhe:
Levanta os olhos ao céu, e conta as estrelas se podes! Tão numeroso será tua descendência”
Abrão acreditou nas palavras de Deus e Deus levou em conta afé de Abrão. Deus apareceu
novamente a Abrão e disse: “ Daqui em diante teu nome não será mais Abrão grande pai,
mas Abraão pai de muitas gerações”.
Deus deu a Abraão e Sra um filho, nome Isaac foi dado ao menino no oitavo dia de seu
nascimento, no dia da circuncisão.Quando Isaac já era crescido, Deus fez passar Abraão a
uma prova, pediu seu filho Isaac em sacrifício. Sem replicar, Abraão levantou-se muito
cedo, rachou lenha para o sacrifício, carregando com ela um jumento. Levou o menino ao
monte que Deus o indicara: Monte Mória, sobre o qual mais tarde foi edificado o templo de
Salomão. Pôs a lenha do sacrifício sobre os ombros de Isaac, enquanto ele mesmo levava o
fogo e a faca. Durante a subida Isaac perguntou pelo cordeiro e Abraão respondeu-lhe:
“ Deus saberá achá-lo, meu filho!” Abraão colocou o menino sobre o altar levantou o braço
e a faca preparada para imolá-lo, quando apareceu um anjo e bradou: “ Abraão, Abraão,
não faças mal ao menino! Agora estou certo de que temes a Deus e que por seu amor não
pouparia teu único filho”.De Isaac nasceu Esaú e Jacó. De Jacó nasceu doze filhos e uma
filha. Os nomes: Rubem, Simeão, Levi, Judá, Dan, Neftali, Gad, áser, Issacar, Zabulon,
José e Benjamim e a filha Dina. Assim está a família de Abraão, e os nossos patriarcas. Os
patriarcas do povo de Deus.

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4º Tema: Exílio e libertação (Antiga Páscoa, Aliança e Mandamentos)

N a semana passada nós vimos os patriarcas do povo de Deus e dentre eles Jacó, neto
de Abrão e filho de Isaac que teve doze filhos e uma filha. Vocês lembram os
nomes? Vamos lembrar juntos?
Agora vamos caminhar até o exílio e libertação, continuando com a história do povo de
Deus. Aos dezesseis anos de idade José (um dos filhos de Jacó), guardava os rebanhos em
companhia de seus irmãos. Certo dia percebeu José que seus irmãos praticavam uma ação
detestável e acusou-os perante o pai. Jacó amava mais a José que a todos os outros e
mandou fazer pra ele uma túnica de diversas cores, esta predileção do pai por José causou
inveja aos outros filhos que começava a odiar o irmão e nunca mais lhe falariam com
amizade. Sucedeu também contar José a seus irmãos dois sonhos que tivera. Disse-lhes:”
Escutai meu sonho, parecia-me que estávamos atando feixes de trigo no campo, de repente ,
meu feixe ergueu-se e pôs –se em pé, os vossos todos o rodearam e se inclinaram diante
dele!’ Ao que replicaram os irmãos: “Queres, sem dúvida ser o nosso rei?” E ele contou
assim outro sonho: “Vi o sol, a lua e onze estrelas inclinarem-se diante de mim”. Seu pai
repreendeu-o: “ Que quer dizer este sonho? Porventura eu, tua mãe e teus irmãos teremos
de prostar-nos em terra, em tua presença?”. Por estes sonhos, cresceu ainda mais a inveja
dos irmãos. O pai , porém, guardou na memória o caso. Certa vez, os irmãos de José
lançaram –no numa cisterna velha sem água e despiram-no da túnica . Um dos irmãos,
Judá, não concordou em matar o irmão? , para que eles não manchassem as mãos de
sangue, e disse que era melhor vendê-lo. Venderam José por vinte moedas de prata aos
negociantes , que o levaram para o Egito. Jacó chora a perda de José, pois, os filhos
voltaram e trouxeram a túnica molhada no sangue de um cabrito e ele pensou que uma fera
dilacerou seu filho. José devidos seus sonhos decifrou sonhos do Faraó, prevendo uma
grande fome na região e é nomeado primeiro ministro do Rei. A fome chegou o Egito
estava preparado e pessoas das regiões vizinhas vinham até o Egito buscar alimento, e os
irmãos de José também vieram a mando do pai Jacó. José os reconheceu e os põe a prova.
José dá aos irmãos e ao pai a melhor região de terra de Gessen, onde continuaram a viver
como pastores. José morre aos 110 anos, conhecendo netos e bisnetos. Os filhos de Israel
(Jacó) multiplicaram-se tão rapidamente no Egito que no segundo século depois da morte
de José, já formavam um povo numeroso. Este aumento de estrangeiros no país inquietou,
porém, o novo rei, que ignorava os benefícios prestados por José. Disse ele aos egípcios: “
O povo de Israel tornou-se maior e mais forte que nós, sejamos avisados e oprimamo-los”.
Ordenou, por isso, que os inspetores de serviço sobrecarregassem os israelitas dos trabalhos
mais pesados, nas fábricas de tijolos e na construção de cidades e fortalezas. O povo
clamava a Deus ajuda. Certo dia Móises levou o rebanho pelo deserto até ao monte Horeb ,
ali viu um espinheiro, que ardia em chamas sem se consumir. Móises aproximou-se para
ver de perto o fenômeno. Mas uma voz que saía do meio da chama, bradou “Móises, não te
aproximes! Descalça os sapatos, porque o lugar onde estás é sagrado! Eu sou o Deus de
Abraão, de Isaac e de Jacó” Móises cobriu o rosto, porque não se atrevia a olhar para o
altíssimo. O Senhor continuou:” Vi a aflição de meu povo no Egito e ouvi o seu clamor.

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Quero libertá-lo do poder dos egípicios e conduzi-lo para o país onde corre rios de leite e
mel. Vai pois, ao Faraó e livra o povo de Israel da escravidão.”
Móises disse: “ Quem sou eu para ir a Faraó e fazer saírem do Egito os Israelitas” Deus
respondeu:”Estarei contigo”. Móises replicou: “Os filhos de Israel perguntar-me-ão: Como
se chama aquele que te mandou, que devo responder-lhe”. Disse Deus:”Eu sou o que sou.
Dize-lhos, portanto, aquele que é mandou-me a vós.” Móises foi ao Egito por ordem de
Deus, Aarão foi ao seu encontro. Móises e Aarão apresentaram –se ao Faraó e falaram-lhe:
“Eis o que diz o Senhor, Deus de Israel. Deixa partir meu povo, a fim de que me ofereça
sacrifícios no deserto”. Respondeu Faraó: “ Quem é esse Senhor, para que eu deva
obedecer a suas ordens? Não o conheço, nem deixarei partir de Israel”. E ordenou que o
povo fosse oprimido com maior violência. Móises exortou o Senhor que disse: “ Verás
agora o que fará a Faraó. Os egípicios conhecerão que sou eu o Senhor”. Móises e Aarão
voltaram de novo a Faraó. Aarão atirou em terra seu bastão, que se mudou em cobra. Faraó
chama seus magos , que fizeram outro tanto por meio de suas artes mágicas. Contudo, a
cobra de Aarão engoliu as outras. O coração de Faraó continuou endurecido. Deus fez cair
sobre o Faraó e sobre o povo do Egito dez pragas que assolaram terrivelmente aquela
nação, por causa de sua insubmissão as ordens de Deus. São Elas:
1. Toda água se converteu em sangue. Ninguém podia bebê-la e os peixes nela
pereceram.
2. Saíram das águas inumeráveis rãs que penetram nas casas e foram encontradas até
na cama e na comida do Faraó.
3. Grandes nuvens de mosquitos deixaram-se cair sobre os homens e animais e os
molestara, com mordedura.
4. Vieram enxames e moscas perigosas, em tal quantidade que invadiram a terra e
todas as casas, causando tormento atrozes.
5. Uma epidemia dizimou o gado dos egípicios.
6. Bexigas e úlceras dolorosas cobriram homens e animais.
7. Medonha chuva de pedras, destruir as colheitas e matou os rebanhos que pastavam
nos campos.
8. Inumeráveis bandos de gafanhotos pousaram sobre o país, devorando tudo o que o
granizo tinha poupado.
9. Trevas espessas cobriram todo o Egito durante três dias, todavia, onde os Israelitas
moravam era dia claro.
Na antiga Páscoa era costume matar um cordeiro sem defeito, ervas armagas , pão ázimo e
a família ceiavam. Neste dia Móises reuniu o povo de Israel, advertindo-o.: “ Ao 10º dia
deste mês cada chefe de família tome um cordeiro, que seja de um ano e sem defeito. No
dia quatorze pela tarde, mata-lo-á sem quebrar-lhe um osso sequer, com o sangue tingireis
os portais e as soleira de vossas casas. Comereis nessa mesma noite, sua carne assada ao
fogo, com pão ázimo e ervas amargas. Mas comê-la-eis à pressa e como quem vai de
viagem: de cinta posta, calçados nos pés e bordão na mão, porque esta é uma páscoa, isto é:
a passagem do Senhor. Nessa noite mandarei meu anjo matar todos os promogênitos dos
egípicios, vendo, porém, o sangue na porta de vossas casas, passará adiante sem vos atingir.
10. O anjo do Senhor matou todos os primogênitos dos egípicios, desde o primogênito
do Faraó até o primogênito da escrava.
Morreram também os primogênitos dos animais. O Faraó mandou chamar Móises e Aarão
ainda nessa mesma noite e libertou o povo. Deus mesmo mostrou aos Israelitas o caminho
que deviam seguir e assim chegaram ao Mar Vermelho. O Faraó arrependeu-se de tê-los

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libertados, mandou seu exército atrás. Móises ergueu o bastão sobre o mar. Logo as águas
se dividiram e levantaram-se dois lados como paredes, os israelitas atravessarm o mar a pé
enxuto, os egípicios tornaram a persegui-los, o mar fechou e os egípicios morreram
afogados. Depois da travessia do mar vermelho, os Israelitas continuaram a marcha e
entraram num vasto deserto. Andaram durante três dias sem achar água finalmente
encontraram uma fonte, mas a água era tão amarga que não a poderiam beber. O povo
começou a murmurar contra Móises: “ Que haveremos de beber?” Móises pediu conselho a
Deus. Ele lhe indicou certa madeira, que lançada na água a tornou doce e potável.

Vamos abrir a Bíblia? Êxodo 20,1-17

Quarenta e oito dias depois da saída do povo do Egito (do Êxodo) os israelitas chegaram ao
pé do Monte Sinai, onde ouviu Deus falar do meio de chamas, pois a montanha estremecia
até a base e lançava fogo e fumaça pelo cume.
Deus Anunciou suas dez leis: ( Os mandamentos da lei de Deus)

Vamos conferir em Êxodo 20,18-21

O povo cheio de terror, afastou-se do monte e disse a Móises: “ Fala-nos tu próprio, que
queremos escutar-te; mas não nos fale o Senhor, porque poderíamos morrer”. Móises
respondeu: “O Senhor desceu do céu, para que vós o temais e não pequei”. O povo depois
regressou ao acampamento. Móises escreveu as palavras do Senhor num livro, ergueu um
altar e sacrifício vítima, lendo em seguida na presença do povo, o que tinha escrito e todos
prometeram a uma só voz:” Faremos tudo o que o Senhor ordenou”. Tomou então Móises
do sangue das vítimas, aspergiu com ele o povo e o livro declarando:”Este é o sangue da
aliança que o Senhor contraiu convosco”.Deus ordenou a Móses: “ Sobe ao monte! Quero
dar-te os mandamentos escritos em duas lápides (pedras)”. Móises subiu e ai ficou ouvindo
a Deus durante quarenta dias e quarenta noites, sem comer , nem beber.Além dos
mandamentos gravados em duas pedras, Deus comunicou-lhe ainda muitas outras ordens
para o povo de Israel.

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5º Tema: Juizes e terra prometida

M óises foi seguindo o povo de Israel rumo a terra prometida, muita coisa, foi
acontecendo e Deus sempre orientando Móises . Os doze filhos de Jacó
formaram doze tribos de Israel. O povo errou muito e Móises pediu perdão a
Deus. Deus renova a aliança com o povo. Quando Móises chegou ao fim de sua carreira.
Deus disse-lhe: “ Impõe as mãos a Josué, na presença de todo o povo, a fim de que todos de
agora em diante lhe obedeçam.” Móises assim fez e disse ao povo que ele iria morrer
naquele deserto, não atravessaria o Jordão, e pediu ao povo para não esquecer a aliança que
tinha com Deus, e único Senhor, lembrando-os do primeiro mandamento. Depois de ter
proferido estas palavras, Móises abençoou as doze tribos de Israel e subiu ao Monte Nebo.
Deus mostrou-lhes daí todo o país de canaã:”Eis a terra que prometi a Abraão , a Isaac e
a Jacó. Tu a vês agora com teus olhos, mas não entrarás nela”.Móises faleceu lá mesmo, na
idade de 120 anos. Deus preparou-lhe uma sepultura e até hoje, ninguém soube o lugar.
Todo o povo de Israel chorou-o por espaço de 30 dias. Um profeta semelhante a Móises,
com quem Deus falava face a face, nunca mais existiu em Israel.
O povo atravessou o Jordão após a morte de Móises, conduzidos por Josué, na frente iam os
sacerdotes, levando aos ombros a arca da Aliança. Acamparam perto de Jericó onde
festejaram pela primeira vez a páscoa, comeram frutos do país. Jericó era cidade cercada de
fortes muralhas e bem munida. O Senhor disse a Josué que entregava em suas mãos Jericó,
seu rei e seus soldados. Durante seis dias seguidos, todos os guerreiros deveriam dar voltas
ao redor da cidade uma vez por dia. No sétimo dia, porém, todos deviam dar sete voltas,
enquanto os sacerdotes, diante da arca, tocarão trombetas. Na última volta todo o povo
bradará fortemente e no mesmo instante desabará as muralhas da cidade. Cada um então
penetrariam no lugar em que estivesse. Os Israelitas fizeram como o Senhor ordenou e
conquistaram Jericó. Por ordem de Deus mataram todos os habitantes e incendiaram a
cidade. Para conquistar todo o país, Josué teve de guerrear ainda com muitos povos, que se
aliavam contra Israel. O país conquistado foi repartido por sorte entre as tribos de Israel.
Josué morreu aos 110 anos após de renovar solenemente a aliança entre Deus e os filhos de
Israel.
Depois da morte de Josué, os Israelitas esqueceram-se da aliança feita com Deus. Em vez
de destruírem os altares dos ídolos, prestavam culto às falsas divindades travavam relações
íntimas com os idolatras e casavam-se com mulheres pagãs. Deus entregou-os por isso, as
mãos de seus inimigos, de modo que a um a opressão seguia-se logo a outra. Invocavam
então novamente ao Senhor e pediam-lhe perdão de seus crimes.
Deus ouvia a súplica dos infelizes, e suscitava no meio deles homens cheio de fé e de
energia chamados juízes. Houve quinze juízes em Israel sendo os mais notáveis: Gedeão,
Sansão, Heli e Samuel.. Samuel foi o último juiz de Israel. Os juízes eram líderes que
assumiram a defesa de uma ou mais tribos de Israel, quando atacadas por povos vizinhos.
Então o juiz se constituía um governador, com forte autoridade.

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6º Tema: Reis e Divisão de Israel

L ogo após o período dos juízes. Inicia-se uma novo período o do Reino. O primeiro Rei
de Israel foi Saul, ungido por Samuel; o último juiz de Israel lembram?
Mas Saul não mereceu a confiança do povo nem as bênçãos de Deus.
Deus concedeu ainda a Saul muitas outras vitórias sobre os inimigos de Israel. Essas
vitórias, porém, tornaram-no soberbo e desobediente a Deus.Um dia Samuel disse a Saul,
em nome de Deus:”Vai castigar os Amalecitas, passa-os todos ao fio da espada, sem poupar
um só, e destrói tudo que lhes pertence”. Saul destroçou os Amalecitas; poupou todavia
Agag, seu rei e guardou para si os melhores rebanhos deles. Mandou destruir somente as
coisas de pouca valia. Então Deus declarou a Samuel:”Sinto ter elevado Saul ao trono real,
porque não cumprir minhas ordens”.
Samuel saiu ao encontro de Saul e perguntou-lhe: “Porque não obedeceste ao Senhor?”
Saul respondeu: “Obedeci ao Senhor:aprisionei Agag e matei todos os Amalecitas. Mas o
povo poupou os melhores animais dos rebanhos para oferecê-los em sacrifício ao Senhor”.
Replicou: Samuel: “ A obediência vale mais do que o sacrifício. Porque tu desprezaste as
ordens do Senhor, também o Senhor te desprezou; não reinarás sobre Israel! Ele dará teu
reino a outro melhor do que tu” Ditas estas palavras, Samuel retirou-se muito triste. Daí por
diante não viu mais Saul.
O Senhor disse a Samuel: “Até quando andarás triste por causa de Saul? Enche de óleo o
vaso que levas e vai à casa de Isaí, em Belém. Escolhi um de seus filhos para rei, em vez de
Saul.

Vamos ler I Sm 16,1-13

Para substituir Saul, foi ungido o famoso Rei e Profeta Davi. Homem que marcou a história
do Reino de Israel com grandeza de alma. Foi quem escreveu a maioria dos Salmos da
Bíblia. Teve grandes pecados, mas soube pedir perdão publicamente. Davi não era somente
um rei poderoso, era também um grande profeta. Em seu livro de Salmos anuncia
claramente a divindade, os sofrimentos, a ressurreição, a ascenção e a realeza do Messias.

a)Adoração pelos reis do Oriente (Cf Sl 71,19)


b)Paixão do Redentor (Cf Sl 21,7 e Sl 21,8)
c)Ressurreição (Cf Sl 15,10)
d)Ascenção (Cf Sl 67,19)
e)Divindade (Cf Sl 109,1)
f) Reino do Redentor (Cf Sl 71,8)

Davi faleceu, após um reinado de 40 anos. Foi sepultado na Cidade de Davi. Seu filho
Salomão ocupou, com dezoito anos apenas o trono de Israel. Tornou-se célebre pela sua
grande sabedoria. Foi ele quem começou a construção do famoso templo de Jerusalém. Aí o
Reino ou Monarquia chegou ao seu ponto máximo.

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Vamos ler I Reis 2,10-12

Salomão morreu depois de ter reinado durante 40 anos. Após a morte de Salomão, os
chefes das tribos vieram procurar Roboão, seu filho. Pediram-no que aliviasse-os os
tributos pesados que Salomão havia lhes sobrecarregado. Roboão disse-lhe que ficariam
mais pesados ainda. Então dez tribos proclamavam rei a Jeroboão um dos principais
servidores de Salomão. Somente duas tribos de Judá e Benjamim permaneceram fiéis a
Roboão. Desde então o povo hebraico ficou dividido em dois reinos, Reino do Norte (Reino
de Israel) e o Reino do Sul (Reino de Judá). A capital do Reino Norte era a Cidade de
Samaria e a Capital do Reino do Sul era Jerusalém.

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7º Tema: Profetas e a Vinda do Messias

C aindo e levantando, o povo foi andando, procurando ser o povo de Javé e buscando
atingir para si e para os outros, os bens da promessa divina. Muita vezes, porém,
esqueciam o chamado de Deus, e se acomodavam. Em vez de servirem a Deus,
queriam que Deus servisse aos planos interesseiros que eles mesmos tinham inventado para
si. Reduziam a vontade de Deus ao tamanho de seus interesses mesquinhos. Invertiam a
situação! E em vez de paz justiça e fraternidade, faziam surgir divisão, opressão e
discórdia. Ora, era nestes momentos de crise e de abatimento que apareciam os Profetas,
para denunciar o erro e anunciar de novo a vontade de Deus ao povo.
A Bíblia conserva as palavras de quatro Profetas chamados maiores: Isaías, Jeremias,
Ezequiel, Daniel e de doze Profetas chamados menores: Oséias, Joel, Amós, Abdias,
Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Além destes,
muitos outros Profetas são mencionados na Bíblia, O maior deles é Elias. Diante das falhas
constantes do povo, desviado por seus líderes, os Profetas começaram a alimentar no povo
uma nova esperança. Diziam que, no futuro, a vontade de Deus seria realizada através de
um enviado especial, um novo líder, fiel e verdadeiro, chamado Messias.
Foi esta esperança maior, alimentada pelos Profetas, que sustentou o resto fiel do povo e o
ajudou a superar as duras crises da sua caminhada. O resto fiel eram sobretudo os pobres
que punham a sua esperança unicamente em Deus (cf Sf 3,12). Como a mãe enfrenta as
dores de parto, porque tem amor á vida nova que ela carrega dentro de si, assim os pobres
enfrentavam as dores da caminhada, porque tinham amor à promessa divina que eles
carregavam dentro de si. Eles acreditavam na vida nova que dela haveria de surgir para
todos os homens. Esta vida nova chegou, finalmente, em Jesus o Messias.

Vamos aprofundar um pouco mais sobre o Profeta Isaías (cf Is 1,2-3)

Suas profecias sobre a vinda do Messias:


 Descendência de Davi - (Is 11,1-2)
 Seu nascimento de uma virgem - (Is 7,14)
 Sua divindade e seu precursor - (Is 40,3-5)
 Adoração pelos reis do Oriente - (Is 60,1-6)
 Seu magistério - (Is 61,1)
 Seus milagres - (Is 35,4-6)
 Sua paixão - (Is 50,6)
 Sua ressurreição e glória - (Is 11,10)

Nota importante:
Javé: É o nome que Deus deu a si mesmo, quando Móises lhe perguntou qual o seu nome,
lembram?, já estudamos esta passagem, mais vale relembrar.Quer dizer”Eu sou aquele que
sou” ou “Eu sou aquele que é” (Ex 3,14). Também tem o sentido de um Deus Presente, que
é fiel e está sempre junto de seu Povo.

Continuem estudando na Bíblia cada Profeta e suas profecias.

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8º Tema: A encarnação do verbo – Maria mãe de Deus

E stamos iniciando uma nova etapa no nosso catecumenato. A primeira etapa nos levou a
professar nossa fé dizendo: CREIO EM DEUS PAI.
Hoje iniciamos a segunda etapa com a encarnação do verbo Jesus Cristo.

Vamos abrir a Bíblia: Jo 1,1-18 (Fazer a leitura antes do texto abaixo)

Conforme vimos semana passada na profecia de Isaías, Jesus nasceria de uma virgem - (Is
7,14) e assim aconteceu...

Naquele tempo foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, por nome
Nazaré, a uma virgem desposada com um varão que se chamava José, da casa de Davi, e o
nome da virgem era Maria (Lc 1,26-27). Entrando o anjo onde ela estava disse:” Eu te
saúdo, cheia de graça; o Senhor é contigo, bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1,28-29).
Ouvindo isto perturbou-se ela com estas palavras e refletia consigo mesma, o que
significaria semelhante saudação. Disse-lhe, porém, o anjo:” Não temas, Maria, achaste
graça diante de Deus, eis que conceberás e darás à luz , e lhes porás o nome de Jesus. Ele
será grande e chama-lo-ão Filho do Altíssimo. E Deus, o Senhor lhe dará o trono de seu pai
Davi; e reinará na casa de Jacó eternamente, e o seu reino não terá fim” (Lc 1,30-33). Disse
então Maria ao anjo: “Como se fará isto, pois não conheço varão!” (Lc 1,34). Respondeu-
lhe o anjo:” O Espírito Santo virá sobre Ti e a força do Altíssimo te cobrirá com sua
sombra, e é por isso que o santo que há de nascer de ti será chamado Filho de Deus. E eis
que também tua prima Isabel, concebeu um filho em sua velhice, e já está de seis meses, ela
que passa por estéril, porque a Deus nada é impossível”.Então disse Maria: “Eis aqui a
serva do Senhor. Faça-se em mim segundo Tua palavra!” (LC 1,38) e o anjo retirou-se.
E assim Maria deu seu SIM a Deus.
Quando Maria estava nos dias de dar a luz saiu um edito de César Augusto, para que fosse
recenseado todo povo. Todos deveriam ir à sua Cidade Natal. José foi com Maria à Cidade
de Davi, que se chamava Belém, para alistar-se. Chegando lá Maria deu a luz a seu filho
primogênito, envolveu-os em faixas e o reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar
para eles nas estalagens. Estavam na mesma região uns pastores no campo, guardando seus
rebanhos e fazendo vigílias. O anjo do Senhor anunciou a eles o nascimento do menino
Deus. Os pastores foram visitar Jesus e voltaram glorificando e louvando a Deus por tudo
que viram e ouviram. No tempo do rei Herodes, eis que vieram do Oriente uns magos a
Jerusalém, e perguntaram:”Onde está o rei dos Judeus que acaba de nascer?”. O rei
Herodes, ouvindo isto, perturbou-se e toda Jerusalém com ele. Convocando todos os
príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, indagou deles, onde havia de nascer Cristo.
Disseram-lhe:” Em Belém de Judá, porque assim está escrito pelo profeta: “E tu, Belém
terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as principais cidades de Judá,
porque de ti sairá o chefe que há de governar o meu povo de Israel”.Então Herodes,
chamando secretamente os magos, indagou deles, com todo o cuidado, o tempo em que
apareceria a estrela. E enviando-os a Belém, disse-lhes: “Ide, informai-nos bem do menino.

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Quando o houverdes encontrado, vinde dizer, para que eu vá também adorá-lo”. Eles
ouviram as palavras do rei partiram. A estrela que tinham visto no oriente seguia adiante
deles, até que parou sobre o lugar onde estava o menino.Então os três magos: Gaspar,
Belchior e Baltazar visitaram Jesus e prostraram-se em adoração ao menino. Depois
abrindo seus cofres ofereceram-lhe: Ouro, incenso e mirra. Havendo recebido em sonhos a
advertência de não retornarem à presença de Herodes, voltaram por outro caminho a seu
país.
O anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e mandou-o pegar Maria e o menino e fugir
Para o Egito. Ficaram lá até a morte de Herodes, cumprindo o que tinha sido dito pelo
Senhor por meio do Profeta:”Do Egito chamei meu Filho”. Herodes vendo que havia sido
enganado pelos magos, mandou matar todos os meninos que haviam em Belém e em todos
os seus arredores, da idade de dois anos para baixo. Herodes morre e o anjo apareceu em
sonhos a José no Egito, pedindo-lhe que retornem. José pegou Maria e o menino Jesus e
foram para a terra de Israel. Mas como o filho de Herodes estava governando na Judéia, no
lugar de seu pai, José foi avisado em sonhos para ir à Galiléia e foram morar em Nazaré.
Assim se cumpria o que tinha sido predito pelos Profetas: Será chamado NAZARENO.

Viu como os profetas anunciavam a chegada do Messias?

Estamos lendo a Bíblia todos os dias?

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9º Tema: A pregação de João Batista

S emana passada quando o anjo Gabriel anunciou a Maria que ela seria mãe de Jesus,
ele a comunicou que Isabel sua parenta também já havia concebido um filho mesmo
na velhice e estava grávida de seis meses, lembram?
Quando Maria soube, levantou-se e foi com pressa às montanhas, a uma cidade de Judá.
Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. E aconteceu que apenas Isabel ouviu a
saudação de Maria, o menino saltou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo, e
exclamou em alta voz:”Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre.
Donde me vem a sorte da visita da mãe do meu Senhor? Porque logo que a voz da tua
saudação chegou aos meus ouvidos, o menino exultou de alegria no meu ventre. Bem
aventura tu que creste, porque se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram
ditas”. E Maria disse: “A minha alegria glorifica ao Senhor ...” (ler: Lc 1,46-56) e ficou
Maria com Isabel cerca de três meses e depois voltou para casa. Chegou o tempo em que
Isabel daria à luz, e deu à luz um filho os vizinhos e parentes, sabendo desse grande favor
que Deus lhe fizera, vieram jubilosos, felicitá-la. No oitavo dia, reuniram-se para
circuncidar o menino e queriam pôr-lhe o nome de seu pai Zacarias. A mãe, porém, disse:
“Não, ele deve chamar-se JOÃO”.

Pois bem, hoje vamos falar do filho de Isabel e Zacarias, seu nome João Batista, primo de
Jesus. João Batista veio com a missão de preparar os caminhos do Senhor. João crescia e se
fortificava no Espírito. Ainda moço, recolheu-se ao deserto e ali ficou até ao dia em que se
manifestou a Israel.

João andou por toda a terra do Jordão pregando o batismo de penitência para remissão dos
pecados, assim como está escrito no livro do profeta Isaías (40,3): “A voz do que clama no
deserto: preparai os caminhos do Senhor, fazei direitas as suas veredas! Todo o vale será
cheio e todo nome será abaixado; e os caminhos tortuosos tornar-se-ão retos, e os
escabrosos serão aplanados. E todo homem verá a salvação enviada por Deus”.
João andava vestido de peles de camelos e trazia um cinto de couro; sua comida constava
de gafanhotos e mel silvestre. Os habitantes de Jerusalém e de toda Judéia dirigiam-se a ele,
confessavam seus pecados e recebiam um batismo que significava a CONVERSÃO.

João Batista prega:

Os fariseus e saduceus acorriam também em grande número, para receber o batismo, João
disse: “Raça de víboras, como esperais escapar ao severo juízo que vos ameaça? Fazei
dignos frutos de penitência e não vos vanglorieis, dizendo:”Temos por pai a Abraão,
porque eu vos digo que destas pedras Deus pode suscitar filhos de Abraão. O machado já
está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não dá bons frutos será cortada e lançada ao
fogo”. O povo perguntou-lhe:” Então o que havemos de fazer?” Ele lhes respondeu:”
Aquele que tem duas túnicas dê uma ao que não tem nenhuma; e quem tiver o que comer
reparta-o do mesmo modo”.Chegaram também os publicanos, para receberem o batismo,e
perguntaram:”Mestre,que devemos fazer?”. Ele lhes respondeu:”Não cobreis mais do que

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está fixado pela lei”. Os soldados também indagavam:”E nós, que temos de fazer?” Ele
aconselhava:”Nada de violências, nem causeis dano a outrem; convertei-vos com vosso
soldo!” As colocações de João causaram tal impressão no povo, que muitos pensavam que
talvez fosse ele o Cristo. Por isto João declarou a todos:”Eu não sou o Cristo. Eu batizo
com água, mas depois de mim virá aquele que é mais poderoso do que eu, e de cujos
sapatos não sou digno de desatar as correias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo.
Ele tem a pá na mão e limpará sua eira. Recolherá o trigo em seu celeiro e queimará a palha
em chamas que não se apagam”. Quando Jesus completou trinta anos de idade, veio a
Nazaré às margens do rio Jordão, a fim de receber o batismo da mãos de João. João cheio
de respeito, a princípio recusou: “Eu é que devo ser batizado por vós e vindes a mim?”
Jesus lhe respondeu:”Deixe por ora, porque assim convém cumprir toda a justiça”. Então
João se submeteu.
Logo depois de ser batizado Jesus saiu da água e pôs-se a rezar.
De repente, abriu-se o céu e o Espírito Santo, descendo em forma de pomba, veio pousar
sobre ele. Ouviu-se então uma voz do céu, que dizia:”Este é um filho muito amado, em
quem pus minha complacência”

Após o batismo começa a vida pública de Jesus.

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10º Tema: O anúncio do Reino

C omo vimos no encontro passado Jesus começa sua vida pública após o Batismo.
Como o povo se reunia em multidão e as cidades corriam para Jesus, Ele lhes falava
em parábolas, anunciando o seu reino.

Parábolas do Reino:

1) Parábola do Semeador: (Cf Mt 13,1-23) A semente é a palavra de Deus. Os que


estão a beira do caminho são aqueles que escutam a palavra; mas logo vem o
demônio e lhe tira do coração para que não creiam e não se salvem.Quanto aos que
estão em terreno pedregoso são aqueles que recebem com gosto, crêem por algum
tempo, e na hora da tentação desfalecem. A semente que caiu entre os espinhos são
os que ouvem a palavra; mas indo-se daí, abafam nos cuidados, nas riquezas e
prazeres da vida, e não dão frutos. As que caíram em terreno bom são os que
ouvem as palavras e as põem em prática produzindo frutos.

2) A parábola do Joio entre o trigo : (Cf Mt 13,24-30) O que semeia a boa semente é o
Filho do homem. O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do reino. O Joio
são os maus filhos. O inimigo que semeou o joio é o demônio. O tempo da colheita
é o fim do mundo. Os ceifeiros são os anjos. Assim como o joio é arrancado e
queimado no fogo, Assim será no fim do mundo. Mandará o Filho do homem, os
seus anjos e retirarão de seu reino, todos os que dão escândalo e praticam a
iniqüidade e os lançarão na fornalha ardente. Aí haverá choro e ranger dos dentes.
Os justos brilharão então como sol no reino de seu Pai.

3) A parábola do grão de mostarda: (Cf Mt 13,31-32) Jesus propôs esta parábola ao


povo que o seguia: “ o reino dos céus e semelhante a um grão de mostarda que um
homem semeou no seu campo. Este grão é, na verdade a menor de todas as semente;
mas depois de crescida é a maior de todas as hortaliças e chega a tornar-se uma
árvore, de maneira que as aves do céu vem aninhar em seus ramos”

4) A parábola do fermento: (Cf Mt 13,33-35) Disse:lhes ainda outra parábola: “ O


reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher põe em três medidas de
farinha, até que toda ela fique levedada”. Todas estas coisas disse Jesus ao povo em
parábolas, para que se cumprisse o que está escrito pelo Profeta: “Abrirei em
parábolas os meus lábios; publicará coisas ocultas desde a criação do mundo”

5) A parábola do tesouro: (Cf 13,44) “O reino do céu é semelhante a um tesouro


escondido em um campo. O homem que o encontra cala-se e o oculta cheio de
alegria, vai e vende tudo quanto tem e compra aquele campo.

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6) A parábola da pérola: (Cf 13,45) É também semelhante, o reino do céu a us
negociantes que procura boas pérolas. Tendo achado uma pérola preciosa, vai
vende tudo quanto tem e a compra.

7) A rede: (Cf 13,47-52) O reino do céu é também semelhante a uma rede que lançada
ao mar, apanha toda casta de peixes. Quando está cheia, os pescadores tiram-na da
água e, sentados na praia, escolhem os bons peixes para pô-los nos cestos, deitando
fora os maus. Assim sucederá no fim do mundo. Sairão os anjos e hão de separar os
maus dentre os bons, e lançá-los-ão na fornalha ardente. Aí haverá choro e ranger de
dentes.

E assim Jesus ia fazendo discípulos. Surgia mais e mais, seguiam seus ensinamentos e
anunciavam o Reino.

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11ºTema: Discipulado e seguimento

T erminamos a semana passada, após ouvirmos as parábolas do reino, percebendo que


Jesus ia formando discípulos e mais discípulos. Hoje vamos ver mais de perto,
como foi o encontro destes discípulos com Jesus e como foi este seguimento.

João Batista era apenas testemunha de Jesus, a quem tudo se deve dirigir. João sabia disso,
por isso convida seus próprios discípulos para que se dirijam a Jesus.

João estava com dois discípulos perto do Jordão. Vendo Jesus que ia passando disse: “Eis
ali o cordeiro de Deus!”, ouvindo isto, logo os dois discípulos seguiram a Jesus, que
voltando-se perguntou-lhes: “Que procurais?” Responderam: “Mestre onde moras?” Jesus
disse: “Vinde e vede!”. Foram e permaneceram durante todo aquele dia com Ele, os dois
discípulos chamavam-se André e João. (Cf Jo 1,35-40)

E os dois primeiros discípulos vão buscar outros

André tinha um irmão chamado Simão, a quem procurou e disse:”Encontramos o Messias!”


E o conduziu a Jesus, que, olhando para ele, exclamou:”Tu és Simão, filho de Jonas, mas
de agora em diante serás chamado Pedro, que significa rochedo”.
No dia seguinte, tomou Jesus o caminho da Galiléia. No momento de partir, encontrou a
Filipe e chamou-o:”Segue-me “. Filipe encontrou Natanael a quem relatou: “Encontramos
aquele que Móises e os profetas anunciaram; é Jesus de Nazaré”. Natanael disse:” Pode vir
de Nazaré alguma coisa boa?” Felipe respondeu-lhe apenas:”Vem e vê!”.Quando Jesus viu
chegar Natanael, disse:’ Eis aqui um verdadeiro Israelita, em que não há fingimento!”.
Natanael perguntou-lhe:”Donde me conheces?” Jesus respondeu: Antes que Filipe te
chamasse, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira”. Natanael exclamou:” Mestre, és o
filho de Deus, és o rei de Israel!”Jesus retrucou:”Tu crê porque eu disse que te vi debaixo
da figueira, mas ainda há de ver coisas maiores do que estas”.

É desse mesmo modo que nós encontramos a Jesus, porque outra pessoa nos falou dele ou
nos comprometeu numa tarefa apostólica.
Jesus sempre reconhece aqueles que o Pai coloca em seu caminho,. Ele reconheceu
Natanael embaixo da figueira e também Simão, escolhido para ser a primeira pedra da
Igreja.

Alguns momentos do seguimento dos discípulos

1. Jesus foi convidado junto dos seus discípulos à uma festa de casamento, em Caná da
Galiléia e a mãe de Jesus estava aí. Lá Jesus fez seu primeiro milagre, pela
intercessão de Maria sua mãe. Ele transformou água em vinho. Lá estavam os
discípulos, que acreditaram nele. (Jo, 1,1-12)

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2. Jesus expulsa os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas do templo, e
lá estavam os discípulos lembrando o que dizia as escrituras: “O zelo pela Tua casa
me consome” (Jo 2,17)
3. Jesus conversa com a Samaritana. Vamos ler? Jo 4,4-26
Nesse momento, os discípulos de Jesus chegaram, e ficaram admirados de ver
Jesus falando com uma mulher, ms ninguém perguntou o que ele queria, ou porque
ele estava conversando com a mulher. Então a mulher deixou o balde e foi anunciar
na cidade. E Jesus conversa com seus discípulos (Jo 4,31-38).

Com sua palavra e ação, Jesus realiza a obra do semeador. Todos os que fazem a
experiência de Jesus, partem para anunciá-lo, como a Samaritana, provocando a vinda do
povo. A vontade do Pai é reunir a humanidade em torno de Jesus, e cabe aos discípulos
continuar essa tarefa, iniciada pelo próprio Jesus.
Muitos outros ensinamentos seus discípulos receberam durante seu seguimento.

Eleição dos apóstolos


Aconteceu que naquele templo Jesus subiu a um monte e passou a noite inteira em oração.
Ao amanhecer, reuniu ao redor de si seus discípulos deu-lhes poder sobre os espíritos
imundos, para os expelirem e para curarem todas as doenças e enfermidades. Em seguida
escolheu doze entre eles, e denominou-os apóstolos. Os nomes dos doze apóstolos são:
O primeiro Simão, quem deu o sobrenome de Pedro, e André e seu irmão, Tiago filho de
Zebedeu, e João seu irmão, Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus o publicano, Tiago filho
de Alfeu, e Judas Tadeu, Simão Cananeu e Judas Iscariotes o traidor.

E assim continuaram os discípulos seguindo e aprendendo com Jesus....

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12º Tema: Anúncio da Paixão (Subida a Jerusalém e última ceia)

Os discípulos seguia a Jesus presenciando e aprendendo muitas outras coisas.

Entrada solene de Jesus a Jerusalém


Aproximando-se Jesus de Jerusalém com seus discípulos, ao chegarem a Betfagé, perto do
monte das oliveiras, enviou Ele dois discípulos dizendo-lhes:” Ide à aldeia que está
defronte de vós, e logo achareis um jumentinho, desatai-o e trazei-o. E se alguém vos disser
alguma coisa respondei que o Senhor precisa deles, e logo os deixarão trazer”. Ora, tudo
isso aconteceu para que se cumprisse o que havia sido anunciado pelo profeta, dizendo:”
Dizei a filha de Sião: Eis que o teu réu vem a ti cheio de mansidão, montado num
jumentinho”.Os discípulos foram pois, e fizeram como Jesus lhes havia mandado.
Trouxeram o jumentinho, puseram sobre ele a sua capa e o fizeram montar. E uma grande
multidão de povo estendia os mantos pelo caminho; outros cortavam ramos das árvores e
atapetavam as estradas. E as multidões aclamavam:”Hosana ao filho de Davi! Bendito o
que vem em nome do Senhor! (Mt 19,29-39)

Celebramos este momento no domingo de Ramos


Quinta-Feira Santa – última Ceia
Chegou finalmente, o primeiro dia dos pães ázimos, em que se devia matar o cordeiro
pascal. Perguntaram os discípulos a Jesus:”Onde queres que preparemos o cordeiro
pascal?” Jesus orientou a Pedro e João:”Ide à cidade e encontrareis ali um homem que leva
um cântaro d’água segui-o, e onde ele entrar diga ao dono de casa: O mestre te manda
perguntar onde está a sala em que poderei comer com meus discípulos o cordeiro pascal?
Ele nos mostrará uma grande sala mobiliada e guarnecida de tapetes, preparai ali a ceia”.
Os discípulos, chegando à cidade, encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito e
prepararam o cordeiro pascal. A tarde, veio Jesus com os outros apóstolos e, sentando-se à
mesa, comeu com eles. Nesta ocasião falou-lhes:” Tenho desejado ansiosamente comer
convosco este cordeiro pascal antes da minha paixão.Porque eu vos digo: Não mais o
comerei convosco, até que minha páscoa se cumpria no reino de Deus”. (Lc 22,7-16)

O lava-pés
Depois da ceia, Jesus levantou-se da mesa depôs o manto e cingiu-se com uma toalha.
Deitou-se água numa bacia e começou a lavar os pés de seus discípulos. Chegando a Simão
Pedro disse este:”Senhor, não consentirei que jamais me laves os pés!” Jesus replicou:”Se
eu não te lavar, não terás parte comigo”. Pedro então suplicou:” Se é assim, lava-me não só
os pés, mas também as mãos, e a cabeça “. Jesus disse-lhe:” Quem sai do banho, só precisa
lavar os pés, para estar inteiramente limpo. Também vós estais limpos;mas nem todos”.
Sabia perfeitamente qual deles havia de levá-lo à morte. (Jo13,1-11) Após o lava-pés,
Jesus tornou a assentar-se à mesa. Tomou o pão em suas mãos, abençoou, partiu-o e deu-o
a seus discípulos dizendo:”Tomai e comei, isto é meu corpo, que será entregue por vós”.

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Depois pegou o cálice com vinho, deu graças benzeu-o e o apresentou aos discípulos:
“Tomai e bebei dele todos, isto é o meu sangue, o sangue na nova e eterna aliança, que será
derramado por vós e por muitos para a remissão dos pecados. Fazei isto em memória de
mim”.

Neste momento Jesus instituiu a eucaristia. Depois de ter instituído o Santíssimo


Sacramento, Jesus prediz a traíção de Judas e a negação de Pedro.
Viu Jesus que os apóstolos se entristeciam por causa de sua partida. Consolou-os,
dizendo:”Não se aflija vosso coração. Na casa de meu Pai há muitas moradas, eu vou
preparar-vos lá um lugar. Voltarei depois e levar-nos-ei comigo, para que vós estejais
também onde eu estou:” Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão
por mim”. Filipe disse-lhe:”Senhor, mostra-nos o Pai”. Jesus disse:”Há tanto tempo que
estou convosco e ainda não me conheceis? Felipe, que me vê, vê também o Pai”.
Jesus prediz a perseguição e a vitória de seus discípulos:”Se o mundo vos odeia, sabei que
antes de vós me odiou. O servo não é maior do que seu Senhor. Hão de expulsar-vos das
sinagogas e até virá tempo em que todo aquele que vos matar julgará prestar serviço a
Deus.
Em verdade, em verdade vos digo: Tudo o que pedirdes ao Pai, em meu nome, ele vo-lo
dará. Pedi e recebereis; e a vossa alegria será completa. No mundo tereis aflições: Mas
tende confiança, porque eu venci o, mundo!”

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Catecumenato da Iniciação Cristã de Adultos (RICA)

13º Tema: Jerusalém - Paixão e Morte

J esus saiu do cenáculo atravessou a torrente Cedron e dirigiu-se com os apóstolos, para o monte
das Oliveiras. Havia lá um horto chamado Getsêmani. Também Judas conhecia este lugar, pois
Jesus já tinha ido ali muitas vezes, com seus discípulos. Entrou Jesus no jardim e recomendou
aos apóstolos: “Assentai-vos aqui, enquanto eu vou fazer oração”.Levou consigo somente Pedro,
Tiago e João. Estando com eles apenas, começou a invadi-lo grande tristeza e angústia e confessou-
lhes: “Minha alma está triste até à morte. Ficai e vigiai comigo”.Depois, adiantando-se alguns
passos, afastou-se deles à distância de um tiro de pedra prostou-se com face em terra e suplicou:
“Meu Pai, se é possível , afastai de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como
vós quereis”.E levantando-se, foi ter com seus três discípulos e os achou dormindo. Despertou-os e
interpelou a Pedro:”Simão dormes? Não pudeste vigiar uma hora comigo?Vigiai e orai para não
cairdes em tentação, pois o espírito está preparado, mas a carne é fraca”.Jesus de novo se retirou
e rezou:”Meu Pai, se este cálice não pode passar, sem que eu beba, faça-se a vossa vontade!”.
Voltando para junto dos discípulos, encontrou-os outra vez dormindo, porque tinham os olhos
pesados de sono e não sabiam o que dizer-lhe. Deixou-os e foi orar pela terceira vez, repetindo as
palavras. Sobreveio-lhe então uma angústia de morte, e um suor como gotas de sangue saía-lhe do
corpo, correndo pela terra. E Jesus orou ainda com mais fervor e mais demoradamente. Então
apareceu-lhe um anjo para confortá-lo. E depois levantou-se e, voltando aos discípulos, disse-lhes:
“Eis que chegou a hora em que o filho do homem vai ser entregue as mãos dos pecadores, Levantai-
vos e vamos, aquele que me há de trair já está perto”.
Judas se aproximou com soldados e criados e disse a Jesus:” Mestre, eu te saúdo!” e beijou Jesus na
face. Jesus respondeu:”Amigo a que vieste?Judas com um beijo me trais e vende o Filho do
homem?”. Perguntou aos soldados: “A quem procuras?” Respondeu-lhe:”A Jesus de Nazaré”
Disse Jesus: “SOU EU”. Pedro puxou da sua espada e feriu Malco, criado do Sumo Sacerdote,
cortando-lhe a orelha direita.Mas Jesus disse a Pedro: “Mete tua espada na bainha...” (cf Jo18,11)
e curou a orelha de Malco. Prenderam logo a Jesus e o amarraram. Seus discípulos fugiram,
abandonando-o; somente Pedro e João o foram seguindo, de longe. Jesus foi levado a Casa de
Anás e Caifás. O galo canta e Pedro nega Jesus por três vezes cumprindo o que Ele havia
dito:”Antes que o galo cante duas vezes tu me negarás três vezes”. Levam Jesus adiante de Anás e
Caifás é condenado duas vezes, é muito maltrado e levado perante a Pilatos.
Pilatos interroga Jesus e diz aos Judeus: não acho crime algum neste homem”. Vendo que Jesus era
da jurisdição de Herodes, enviou-o a esse que também se achava em Jerusalém naqueles dias.
Herodes despreza Jesus, mandou vesti-lo com uma túnica branca por escárnio e conduziu-o a
Pilatos. E nesse dia, de inimigos que eram antes, Herodes e Pilatos tornaram-se amigos. Costumava
o governador romano, na festa da páscoa dar liberdade a um preso. Havia um homem preso
chamado Barrabás, ladrão que tinha cometido um assassinio em motim. Assim foi feito, reunindo-se
o povo, começou a pedir ao governador a graça de soltar um preso que sempre costumava fazer-
lhe. Respondeu-lhes Pilatos:”É costume entre vós que eu solte um criminoso por ocasião da páscoa.
Qual quereis que vos solte Barrabás ou Jesus, que se chama o Cristo?” Pois bem sabia que fora só a
inveja que movera os príncipes dos sacerdotes a entregar Jesus; desejava por isso libertá-lo. Além
disso mandou dizer-lhe sua mulher:”Não te envolva na causa deste justo, porque hoje em sonhos
sofri muito por causa dele”. Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos excitavam o povo e
sugeriram-lhe que intercedesse por Barrabás e fizesse matar Jesus. O Governador tomando a
palavra disse: “Qual dos dois quereis que eu solte?” E todo o povo gritou ao mesmo tempo:”Faze
morrer Jesus e solta-nos a Barrabás!”. Pilatos, que desejava libertar Jesus perguntou-lhes de

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novo:”Que quereis que eu faça ao rei dos Judeus?” Todos gritavam: “Crucifica-o! Crucifica-o!”Pela
terceira vez, lhes perguntou Pilatos: “Mas que mal fez este homem?Não encontro nele causa alguma
de morrer. Mandarei castigá-lo, portanto e soltá-lo-ei”. O povo gritava furioso para que Jesus fosse
crucificado, e seus clamores cresciam cada vez mais. Então Pilatos soltou Barrabás e mandou
flagelar Jesus, em um pátio, fora do pretório. Os soldados despiram de seus vestidos o Salvador,
amarraram-no em uma coluna e o açoitaram cruelmente. Colocaram uma coroa de espinhos na
cabeça de Jesus.

Ler: João 19,1-16

Jesus sofria com a maior paciência e mansidão todos esse maltratos, não proferia uma só palavra de
queixa conta seus algozes, semelhando o cordeiro que é levado ao matadouro. Pilatos pronunciou a
sentença condenando Jesus à morte. Conduziram Jesus para fora da cidade, a fim de crucificá-lo.
Colocaram a cruz sobre os ombros de Jesus e Ele foi levando-a para o lugar do súplicio, o monte
calvário, Golgóta em Hebraico.

Lembrar os quatorze quadros da Via Sacra. O último não porque é a ressurreição, próximo
encontro.

Pelo meio dia quando Jesus chegou ao alto do calvário, os soldados deram-lhe para beber vinagre. .
Foi então que o cordeiro de Deus se estendeu sobre a cruz. Os soldados lhe cravara os pés e as mãos
ao madeiro com enorme pregos. Em seguida levantaram a cruz, ficando Jesus suspenso entre o céu
e a terra.

Ler: João 19,17-

Jesus foi crucificado e morto numa Sexta-Feira. Ele foi descido da cruz.
José de Arimatéia homem rico, pediu a Pilatos o corpo de Jesus para sepultá-lo. Pilatos mandou
chamar o centurião e certificar-se que Ele havia morrido; e em seguida entregou o corpo a José.
Próximo ao lugar da crucificação, possuía José um jardim. Aí tinha mandado cavar na rocha um
sepulcro novo, que destinara para si. Neste sepulcro onde ainda ninguém tinha sido depositado
colocaram o corpo de Jesus, fechando sua entrada com uma pedra.

Por cada um de nós, para nossa salvação Jesus padece até a morte de cruz e desce a mansão dos
mortos onde fica por três dias. Não faltem semana que vem, para vermos juntos a
RESSURREIÇÃO DO SENHOR.

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14º Tema: Ressurreição e Dom do Espírito Santo aos apóstolos

D a sexta-feira de tarde até a madrugada de domingo, o corpo de Jesus ficou no


sepulcro. Enquanto ali estava, sua alma desceu à mansão dos mortos para consolar
as almas dos justos.
Ao amanhecer do terceiro dia, Jesus saiu glorioso do sepulcro. No mesmo instante, sentiu-
se um violento tremor de terra. Um anjo baixou do céu, rolou para o lado a pedra que
fechava o túmulo e assentou-se sobre ela. Tinha o rosto deslumbrante como o sol e as
vestes brancas como a neve. Os guardas, trêmulos de medo caíram por terra, como mortos e
depois fugiram.
Maria Madalena e Maria mãe de Tiago, e Maria Salomé compraram aromas, para
embalsamarem o corpo de Jesus. No primeiro dia da semana, partindo muito cedo,
chegaram ao sepulcro ao nascer do sol. E diziam entre si: “Quem nos tirará a pedra da boca
do sepulcro?”. Mas, quando olharam, acharam removida a pedra, que era muito grande. E,
entrando no sepulcro, viram um jovem sentado ao lado direito, vestindo uma túnica branca;
“ Não temais, procurais a Jesus de Nazaré, que foi crucificado? Ele Ressuscitou, não está
aqui, eis o lugar onde o haviam posto. Ide, anunciai aos seus discípulos e a Pedro, que ele
irá adiante de vós para a Galiléia; lá o vereis, assim como Ele mesmo vos disse”. No
entanto avisado por Madalena, Pedro e João vieram apressadamente para o sepulcro.
Ambos corriam, mas João mais ágil que Pedro, chegou primeiro, porém, não entrou. Pedro
vindo após ele, entrou e viu os panos no chão, o sudário, porém, com que tinham coberto a
cabeça de Jesus, não estava com os outros panos, mas a parte dobrado. Então entrou
também João, viu o mesmo e creu. Voltaram ambos depois para as casas.
Jesus aparece aos seus discípulos no cenáculo.

Ler: João 20,19-23

Jesus sopra sobre s seus discípulos o Espírito Santo, instituindo o sacramento da penitência.
Os apóstolos recebem o dom do Espírito Santo.

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15º Tema: Envio e Ascensão

D epois do encontro com Jesus e ter recebido o dom do Espírito Santo, os apóstolos
foram à Galiléia, ao monte que Jesus lhes havia indicado. Com eles estavam mais
de 500 pessoas. Jesus apareceu-lhes e falou com eles. Em sua presença se
prostraram em terra e o adoraram.Alguns, porém, hesitaram. Jesus disse aos seus
discípulos: “Foi-me dado todo o poder no céu e na terra. Ide, pois, instruí todos os povos,
batizando-os em nome do pai do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar todas
as coisas que eu vos tenho mandado. Estarei convosco todos os dias até a consumação dos
tempos, aquele que crer e for batizado será salvo; as aquele que não crer será condenado.
Eis os milagres eu farão aqueles que crêem, em meu nome expulsaram demônios, falarão
novas línguas, tocarão nas serpentes e se beberem algum veneno mortífero, não lhes fará
mal, imporão as mãos sobre os enfermos e eles ficarão curados”.

Ler: Mateus 28,16-20

Acabadas suas instruções, foi Jesus com os apóstolos para o monte das Oliveiras. Lá
levantou as mãos e abençoou. E enquanto os abençoava, elevou-se diante deles e subiu aos
céus, onde está assentado à direita de Deus, maravilhados saudosos os apóstolos o foram
seguindo com os olhos até que uma nuvem encobriu.

Ler: Marcos 16,19-20

Enquanto olhavam subiu ao céu, apareceram dois anjos vestidos de branco, que lhes
disseram:” Homens da Galiléia, que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que acaba de
vos ser arrebatado para subir ao céu, voltará do mesmo modo como o viste subir”.

Ler: Atos 1,10-11

Então os apóstolos voltaram para Jerusalém, cheios de alegria.

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16º Tema: Pentecostes

A pós a ascensão de Jesus, os apóstolos voltaram do Monte das Oliveiras para


Jerusalém, onde se fecharam no cenáculo. Perseveraram unidos em oração, com
Maria Santíssima, algumas piedosas mulheres e outros discípulos. Ao todo eram
cerca de 120 pessoas. Durante 10 dias, prepararam-se nesse retiro para a vinda do divino
Espírito Santo.
Pela traição e desgraçada morte de Judas, deu-se infelizmente uma vaga entre os apóstolos.
Durante esses dias de preparação, Pedro, como chefe dos apóstolos, levantou-se no meio da
assembléia e disse: “É preciso que o apostolado de Judas passe a um outro. Convém que
seja escolhido entre aqueles que estavam com Jesus desde o batismo de João até ao dia em
que nos deixou para subir ao céu”.Foram propostos dois discípulos: José, cognominado
Barsabás que tinha sobrenome justo e Matias.Toda a assembléia dirigiu a Deus esta
fervorosa oração:”Senhor, vós que conheceis o coração de todos, mostrai-nos qual destes
dois escolhestes para ocupar entre os apóstolos, em substituição Judas, o cargo que vagou”.
Em seguida lançaram sortes, e a sorte caiu em Matias, que daí em diante foi contado entre
os apóstolos. (Ler Atos 1, 21-26)
No décimo dia depois da ascensão, celebravam os Judeus a festa de Pentecostes. Todos os
discípulos se achavam reunidos ainda no cenáculo e oravam. Eis que de repente se ouviu
descer do céu um grande ruído, como de vento impetuoso, que encheu toda a casa em que
estavam. Ao mesmo tempo, apareceram no ar chamas, em forma de línguas de fogo, quase
separaram e pousaram sobre a cabeça de cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito
Santo e começaram a falar várias línguas.

Ler: Atos 2,1-13

A notícia do prodígio espalhou-se logo por toda a cidade, que por causa da festa abrigava
naquela ocasião Judeus vindos de todos os países.Em multidão acorreram se reuniram
diante do cenáculo, para testemunhar o prodígio.Admirados, perguntavam uns aos outros:
“Por ventura não são Galileus todos esses homens?como é possível que cada um de nós os
ouve falar, ao mesmo tempo, o idioma do país em que nascemos?” Alguns, porém,
escarnecendo, diziam:”É porque estão bêbados”.
Então Pedro, rodeado dos onze apóstolos, levantou a voz, à vista de todo o povo:”Varões
Judeus! Não estamos embriagados, como pensam alguns de vós, quando ainda da terceira
hora do dia. Cumpriu-se, porém, hoje, diante de vossos olhos, o prodígio que vos espanta e
esta é a profecia do profeta Joel: “Nos últimos dias, dias o Senhor, eu espalharei meu
espírito sobre toda a carne, farei então aparecer prodígios no céu e na terra e vossos filhos
profetizarão. Varões de Israel, escutai minhas palavras. Jesus de Nazaré, a quem Deus
acreditou entrenós por suas obras e seus discípulos, vós o pregastes na cruz, pela mão dos
ímpios, e o mandastes matar. Agora está exaltado no céu, à direita de Deus, e, havendo
recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou-o agora sobre nós, como estais
vendo e ouvindo. É, pois, certíssimo que esse Jesus a quem crucificastes é o Salvador e o
Senhor de toda a terra”. (Cf Jl 3,1-5)

27
Ouvindo essas palavras, todos ficaram vivamente comovidos e perguntaram a Pedro e aos
outros apóstolos:”Irmãos, devemos fazer?”Pedro respondeu:”Fazei penitência, pedi o
batismo, em nome de Jesus Cristo, para remissão dos pecados, e recebereis o dom o
Espírito santo”. Nesse dia, perto de três mil pessoas se converteram e foram batizadas,
ficando assim agregados à Igreja.

Agora sim podemos professar Creio em Deus Pai, Creio em Jesus Cristo e Creio no
Espírito Santo, pois Já conhecemos a Trindade Santa.

Nossa próxima etapa é Conhecer nossa Igreja desde o início, a missão e a hierarquia.

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17º Tema: Missão dos Apóstolos

Deus dava aos apóstolos o poder de fazer milagres.


Os doentes eram levados para a rua e trazidos em leitos para as praças públicas., a fim de
que Pedro, ao passar, tocasse ao menos com sua sombra aqueles infelizes, e todos ficavam
sãos. Também dos lugares vizinhos se transportavam doentes e possessos para Jerusalém; e
todos eram curados pelos apóstolos à vista desses prodígios, aumentava-se, dia a dia, o
número de fiéis da igreja de Cristo.

Enfurecidos por tais acontecimentos, o sumo sacerdote mandou prender os apóstolos e


recolhê-los ao cárcere. Durante a noite, porém, um anjo abriu as portas da prisão, fez-os
sair e ordenou-lhes que fosse ao templo pregar publicamente as palavras da vida; lhes
obedeceram e desde muito cedo começaram a ensinar no templo.
Entretanto, reuniu-se o grande conselho e mandou soldados ao cárcere, para conduzirem os
apóstolos à sua presença. Os soldados, porém, voltaram e disseram: “Achamos a prisão
inteiramente fechada e as sentinelas diante das portas, mas os apóstolos tinham
desaparecido”. Ouvindo esta notícia, todos ficaram perturbados. Nisto, chegaram algumas
pessoas, que disseram: “Aqueles homens que metestes na prisão, estão no templo a ensinar
ao povo”. Logo, mandaram para lá o capitão de guarda do templo com soldado, que
reconduziram os apóstolos à presença do supremo conselho.

O sumo sacerdote disse aos apóstolos: “Já vos proibimos rigorosamente que ensinásseis
nesse nome; e, apesar disso, enchestes toda a cidade de Jerusalém de vossa doutrina e
quereis lançar sobre nós o sangue desse homem”. Pedro respondeu em nome de todos os
apóstolos : “É preciso obedecer antes a Deus que os homens. O Deus de nossos pais
ressuscitou Jesus, a quem vós matastes, pregando-o na cruz. Foi a ele que Deus exaltou
como príncipe e salvador, para dar a Israel a remissão dos pecados.

Os apóstolos foram muito perseguidos, humilhados mais eram perseverantes na fé e fiéis ao


anúncio da palavra do Senhor.

Hoje estamos na Igreja aprendendo e saindo em missão, pois, os apóstolos cumpriram com
coragem o envio que Jesus os deu: “Ide e anunciai o evangelho a toda criatura”

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18º Tema: Maria, Mãe da Igreja

D eus em seu infinito amor nos criou. Seu amor é tão grande que criou diversas criaturas:
seres inanimados, vegetais, animais. Dentre todas as espécies de criaturas dotadas de
existência material, Deus fez o ser humano à sua imagem e semelhança, dotado de uma
alma espiritual. Ele nos criou livres e usamos esta liberdade inadequadamente. Pecamos contra o
Seu Amor. Condenamo-nos a viver longe de sua face. Mas Deus, supremo Amor e suprema
Misericórdia, se fez homem, na Pessoa de Seu Filho. O Filho de Deus se tornou homem e morreu
para resgatar o preço de nossos pecados. A Encarnação de Jesus Cristo poderia ter se dado sem
intermédio de nenhum ser humano, mas Deus, em Sua Infinita Sabedoria, quis vir ao mundo por
meio de uma mulher. Não uma mulher comum. Uma mulher especial, que para olhos desatentos
poderia parecer apenas mais uma mulher. Deus, a Perfeição Infinita, quis vir ao mundo por meio de
uma criatura, uma criatura especialmente preparada para a missão de ser Mãe de Deus feito homem:
Maria. Nossa Senhora é, SEM COMPARAÇÃO, A PESSOA MAIS IMPORTANTE DA
HISTÓRIA DEPOIS DE NOSSO SENHOR. Sem ela, Ele não teria se encarnado, nem seríamos
redimidos. Deus poderia ter vindo a nós de muitos modos. Ele escolheu vir a nós, neste mundo, por
meio de Maria. Se Ele escolheu este meio, este meio é o mais perfeito, o mais sábio, o mais simples
e direto. Logo, Maria é também o meio mais curto, mais perfeito, mais simples para irmos a Cristo.
Deus a fez tão perfeita que os anjos se prostraram diante dela. A Sagrada Escritura mostra que os
anjos nunca se prostram ante os homens. Até Abraão se prostrou ante eles. Mas, ao vir anunciar a
Maria que Ela seria a Mãe do Salvador, foi o anjo que a saudou.
E Ela mesma diz no canto do Magnificat que "Todas as gerações a chamariam de bem aventurada"
(Cf Lc 2).Mas a geração de Lutero quis se excluir desse louvor.
Ser Igreja em sua plenitude é ser como Maria, seguindo seu exemplo de vida, obediência e amor a
Jesus e ao projeto de Deus.
Quem é Maria?
Maria era uma mulher judia, da casa de Davi, ou seja, da descendência de Davi [conforme as
escrituras o Messias seria descendente de Davi. Pela tradição cristã, sabemos que ela era uma jovem
da cidade de Nazaré, entre doze e quinze anos, que estava compromissada com José, seu noivo.
Deus escolheu Maria para ser mãe de Seu Filho e a preparou desde o seio de sua mãe para esta
tarefa. Mas Deus não a obrigou nada. Ele quis que Maria fosse livre para aceitar o seu chamado.
Um anjo do Senhor a visitou e lhe comunicou que ela seria mãe do Filho de Deus (anunciação do
anjo, ler Lc 1,26-38). Maria, jovem humilde, não entendeu no primeiro momento e perguntou:
“Como poderá ser, pois não conheço homem?” (era virgem). O anjo replicou dizendo “O Espírito
Santo virá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com sua sombra e é por isso que o Santo
gerado será chamado de Filho de Deus”. Maria estava prometida em casamento a José, um
carpinteiro de Nazaré. Se ela aparecesse grávida, poderia ser apedrejada e morta, pois esta era a
pena para mulheres adúlteras. Mas Maria aceitou prontamente a missão, entregando-se totalmente a
Deus: “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo tua palavra” (Lc 1,38).
Por uma mulher o pecado veio ao mundo (Gn 3,1-6; Eva come do fruto proibido), mas Deus quis
que por outra mulher viesse a Salvação. Maria, com sua total entrega aos desígnios de Deus, aceitou
ser mãe do Salvador. E com isto nos possibilitou sermos salvos pela morte purificadora de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Por isto, Maria é chamada de co-redentora do gênero humano, pois participou
de nossa salvação (redentor=salvador). Em Gn 3,15, vemos que logo depois do pecado de nossos
primeiros pais, Deus anuncia que pela descendência (Jesus Cristo) da mulher (Maria) viria a
salvação.

30
Segundo observa o evangelista João: 'Jesus desceu de Cafarnaum, Ele, sua mãe, seus irmãos e de
São João, X, 2).

Maria, Mãe de Deus


Naturalmente, chamamos Maria de Mãe de Jesus. E quem é Jesus ? Jesus é Filho de Deus. Jesus é a
Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Jesus se fez homem, mas continuou sendo Deus. Jesus
possui a natureza divina e a natureza humana, intimamente ligadas. Maria é mãe de Jesus, pois Ele
nasceu dela. Como Jesus é Deus, obviamente, Maria é Mãe de Deus. Isto não torna Maria maior que
Deus, de maneira nenhuma, pois mesmo sendo Mãe de Deus, Maria é Sua criatura. Mas isto lhe dá
uma dignidade acima de todas as demais criaturas, pois foi agraciada plenamente por Deus.

Maria, Mãe da humanidade e da Igreja


Jesus em sua encarnação nos dá Seu Pai, como nosso Pai. O Amor de Deus é tão grande que nos
adota como filhos. Jesus nos dá ainda mais uma graça, além de sermos filhos de Deus, Ele nos dá
sua mãe, Maria, como nossa mãe espiritual. Ver passagem Jo 19, 25-27, onde o apóstolo João
representa toda a humanidade. Maria é nossa mãe e cuida de nós como filhos. Ora constantemente
ao Filho pelas nossas necessidades, nos leva constantemente ao Pai através do Filho no Espírito
Santo. Está tão perto de Deus que nos dá a mão para alcançá-lo. Maria também é a Mãe da Igreja,
pois a Igreja é o Corpo Místico de Cristo. Maria intercede constantemente pela Igreja e pelos fiéis
que são o Corpo da qual Cristo é a Cabeça.

Assunção de Nossa Senhora ao céu


Repare que para a subida de Cristo ao céu se diz Ascensão, porque Cristo subiu ao céu por seu
próprio poder, e ninguém a não ser Deus pode subir ao céu por si mesmo. Por isso se diz que Nossa
Senhora foi levada ao céu. Assunção de Nossa Senhora ao céu quer dizer exatamente isso: que ele
foi levada ao céu. Ela não subiu ao céu por seu próprio poder. Só Jesus subiu ao céu por seu próprio
poder. Maria subiu realmente aos céus em corpo e alma, porque para lá foi levada por Deus. Sim
isto é verdade. Você sabe que a morte foi fruto do pecado de Adão. Pelo pecado de Adão, entrou a
morte no mundo, como escreveu São Paulo. Ora, Cristo preservou sua Mãe do pecado original. Ela
estava, pois dispensada de morrer, e ela só quis morrer, para imitar o seu Divino Filho, que não
tinha pecado, mas quis morrer na cruz para nos salvar. Está escrito que Deus não permitiria que o
seu Justo sofresse a corrupção do sepulcro. Por isso também, Jesus não permitiu que aquela que foi
"cheia de graça" desde o primeiro instante de seu ser, fosse corrompida pela morte e pelo túmulo.
Gostaria de lhe explicar, um pouco mais, o que significam as palavras do anjo a Nossa Senhora,
quando a saudou, anunciando-lhe que ela seria a Mãe do Redentor. O anjo disse a Maria: "Deus te
salve, ó cheia de graça". Essa expressão "cheia de graça", é um vocativo. É como um nome que o
anjo deu a ela. A palavra que expressa isso, em grego, é kekaretome, palavra que significa ser que
foi desde sempre, que é ainda agora, e que continua sendo cheia de graça, isto é Imaculada, sem
pecado original. Portanto, o anjo diz, no Evangelho, que Nossa Senhora foi, é, e sempre será, sem
pecado. E por isso ela foi preservada do pecado original e das conseqüências da morte. E
ressuscitou como Cristo, sem ter sido corrompida pela morte, e pelo sepulcro. É isto que a Igreja crê
sobre Nossa Senhora. Se Adão e Eva não tivessem pecado, eles nunca morreriam, e iriam ao céu
diretamente, em corpo e alma. Ora, Nossa Senhora - como Cristo - foi preservada de todo o pecado.
Ela foi a nova Eva como Cristo foi o Novo Adão. E, como Jesus, ela foi levada ao céu diretamente,
sem corrupção, como Eva teria ido, se não tivesse pecado.
Maria é nossa intercessora perante seu Filho.
Através de Maria devemos procurar sempre Cristo. Nas bodas de Caná (Jo 2,1-11), Jesus realiza seu
primeiro milagre a pedido de sua Santíssima Mãe. Pedir a Maria é um meio altamente eficaz, pois
qual é o bom filho que nega um pedido da Mãe?

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Existem várias formas piedosas de culto a Virgem Maria: festas religiosas, celebrações e orações
específicas. Temos a oração do Angelus. Mas dentre todas elas a mais eficaz é o Santo Rosário.
Não tenha então dúvida de que Nossa Senhora, a quem fomos entregues por Cristo como filhos,
intercede continuamente junto a Deus por nós, para que não nos falte o "vinho" da graça de Deus.

Títulos
As várias denominações dadas a Nossa Senhora tem relação com as diversas aparições e às suas
virtudes. Maria, Nossa Mãe Santíssima, é piedosamente chamada de Nossa Senhora. É nossa
Rainha, é a Rainha dos Céus (Ap 12). Há várias formas pelas quais Nossa Senhora é chamada.
Nossa Senhora Auxiliadora, Nossa Senhora da Imaculada Conceição, Nossa Senhora das Dores,
Nossa Senhora dos Aflitos, Nossa Senhora do Rosário, etc. Todas se referem a mesma Maria. Esses
são alguns dos títulos que refletem as qualidades de nossa Mãe. Também é chamada de Nossa
Senhora de Fátima, de Lourdes, etc. São lugares onde Nossa Senhora apareceu e nos deixou uma
mensagem. Por ser Mãe de todos os homens, Nossa Senhora tem aparecido em muitos países,
usando roupas locais, ou com traços do povo. Em Guadalupe, apareceu com traços indígenas, para
mostrar ser Mãe dos índios. Em Salette, apareceu com roupas camponesas, e assim por diante . No
Brasil, nossa padroeira é Nossa Senhora, sob o título de Aparecida, justamente porque apareceu no
Brasil. Assim como uma Rainha tem vários títulos, (Elizabeth rainha da Inglaterra, da Escócia, do
País de Gales, etc.), assim também Nossa Senhora tem vários títulos. A Ela recorremos sob um
título especial, conforme a necessidade que tenhamos. Os vários títulos de Nossa Mãe, aumentam
nossa confiança, além de demonstrar a riqueza e abundância de suas virtudes.
Como vimos, não há motivos para não louvar Maria. Exemplo de vida cristã, cumulada de graças
por Deus, nos é o mais fiel modelo depois do próprio Deus de vida santa. Louvemos a Maria e
bendigamos a Deus por nos dar tamanha graça. Que Maria interceda sempre por nós para que
sejamos dignos das promessas de Cristo.
(Catecismo da Igreja Católica
-“A definição solene da Assunção de Maria”- Charles Journet - Ed. Ave Maria)

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19º Tema: Igreja, luz dos povos

M ais de dois mil anos se passaram desde que Jesus de Nazaré fundou a Igreja. A pequena
semente lançada por Jesus foi crescendo e espalhando-se no mundo, por obra do Espírito
Santo. Vale a pena conhecer um pouco da longa caminhada de nossa Igreja. Vale a pena
conhecer nossas raízes, a história desta grande família, da qual nos orgulhamos de fazer parte e que
amamos de todo o coração! Há páginas maravilhosas na história de nossa Igreja! É imenso o bem
que os cristãos fizeram ao longo dos séculos em prol da fraternidade e da justiça, da cultura e da
arte, em prol do gênero humano e de sua história! Veremos, também, que nem sempre a Igreja
conseguiu ser fiel ao evangelho de Jesus Cristo (mas, nós conseguimos?). Às vezes, ao invés de ser
fermento no mundo, a Igreja deixou influenciar-se pela mentalidade da época e pelo “espírito do
mundo”. Mas, apesar de seus erros, apesar de toda perseguição e hostilidade que ela teve de
enfrentar durante sua longa história, a Igreja sempre soube se renovar e continuar sua caminhada
por obra do Espírito Santo. Igreja pecadora e santa! Acabaram-se os impérios, as nações e os
sistemas políticos, mas a Igreja de Jesus continua maravilhosamente viva! Jesus já o tinha
prometido: “Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja: o poder do mal e da morte
nunca poderá vencê-la!” (Mt 16,18). A história da Igreja é a maior prova que ela é obra divina!
O início da história da Igreja está descrito, sobretudo, no livro dos Atos dos Apóstolos: o seu
nascimento por obra do Espírito Santo (Pentecostes), a vida das primeiras comunidades cristãs e a
sua ação missionária no mundo. Foi na comunidade de Antioquia que os seguidores de Jesus foram
chamados, pela primeira vez de “cristãos”. Eram também chamados “os seguidores do caminho”.
Desde o começo, a Igreja de Jesus passou por sérias dificuldades: seja dentro das próprias
comunidades, seja por parte da sociedade. Do lado de dentro: egoísmo, desentendimentos,
desuniões e falsos ensinamentos. Do lado de fora: perseguições. Todas essas dificuldades e
perseguições estão descritas nos Atos dos Apóstolos, nas cartas de Paulo e no Apocalipse. Esse
último livro, foi escrito por volta do ano 100, exatamente para confortar e confirmar as
comunidades, que viviam momentos difíceis de luta, de sofrimento, de perseguição.Mas apesar das
dificuldades, a Igreja foi crescendo e espalhando-se pelo mundo, fiel à missão que Jesus lhe tinha
confiado: “Vão ao mundo todo, preguem o Evangelho a todos e façam que todos se tornem meus
discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28,19). O maior
missionário, no começo da Igreja, foi, sem dúvida, o grande apóstolo Paulo. Ele, com uma coragem
incrível, com amor enorme a Cristo e a sua Igreja, ia de cidade em cidade, no mundo todo daquela
época, pregando o Evangelho de Jesus e deixando em cada lugar pequenas comunidades de
“seguidores do caminho”. A última viagem missionária de Paulo foi para Roma, a capital do
império que dominava o mundo. Em Roma, Paulo se juntou ao apóstolo Pedro, que lá tinha fundado
uma pequena comunidade, que ia crescendo, sobretudo entre os pobres, escravos, mas também entre
os nobres romanos. Os cristãos viviam de um jeito diferente, não seguiam as orgias dos pagãos,
pregavam a fraternidade, a justiça, a igualdade. Com seu modo de viver, os seguidores de Jesus
Cristo estavam dando início a uma nova sociedade, onde não poderiam existir ricos e pobres,
dominadores e escravos, onde todos deveriam ser irmãos e a palavra de Jesus Cristo seria mais
importante que qualquer autoridade humana. O governo romano, evidentemente, não gostou disso e
começou a considerar os cristãos uma grave ameaça para a segurança do regime e das leis do
império. Ser cristão era considerado crime; a pena: cadeia e morte! Assim, em Roma e em outras
cidades do império romano, muitos cristãos foram presos, torturados, degolados, lançados às feras
do circo. Uma das perseguições mais cruéis, foi a do imperador Nero (ano 60-64), durante a qual
tombaram Pedro e Paulo. Os dois foram sepultados no lugar onde, alguns séculos mais tarde, foi
construída a “Basílica de S. Pedro”, ainda hoje a sede dói bispo de Roma, sucessor de Pedro, o

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Papa. Além de todos os apóstolos, foram milhares e milhares, os mártires da fé nestes primeiros
séculos da Igreja. Por incrível que pareça, as perseguições e o martírio uniam, cada vez mais, as
comunidades e, em todos os lugares, aumentava o número de cristãos. E não que fosse fácil tornar-
se cristão e ser batizado. Quem queria pertencer a Igreja de Jesus, pelo sinal do Batismo, devia
renunciar ao jeito de viver da sociedade pagã e participar de um catecumenato. Durante esse tempo,
pelo menos três anos, e sob a orientação de um padrinho (ou madrinha) indicado pela comunidade,
os catecúmenos eram iniciados no ensino dos apóstolos e na vida da Comunidade Cristã. Só depois
desta longa preparação, eles faziam a profissão de fé e eram batizados, geralmente por imersão e no
dia da Páscoa. E como era nestes tempos a organização da Igreja? Não havia templos: os cristãos
reuniam-se em pequenas comunidades, em suas casas. Em época de perseguição, em Roma,
escondiam-se em galerias subterrâneas, chamadas catacumbas (existem ainda hoje!), onde eram,
também, sepultados, com grande honra, os mártires da fé. Os primeiros cristãos colocavam seus
bens em comum. A Eucaristia era também uma confraternização (ágape fraterno), em que todos
levavam algo para comerem juntos e para distribuir entre os mais pobres. A escolha dos dirigentes e
dos outros ministérios (serviços) dentro das comunidades era feita de modo democrático, com a
participação de toda a comunidade. Os bispos, legítimos sucessores dos apóstolos, reconheciam o
bispo de Roma (mais tarde chamado de Papa), como sucessor de Pedro, a quem Jesus tinha dado
autoridade de dirigir e manter unida toda a Igreja.
Como ser uma Igreja mais fiel ao evangelho de Jesus Cristo e ao mesmo tempo, mais fiel ao homem
de hoje? Perguntas como essas estavam presentes no coração do Papa João Paulo XXIII, quando
decidiu convocar todos os bispos do mundo para o 21º Concílio Ecumênico: o Concílio Vaticano II.
Era o ano de 1962. O Papa João XXIII dizia que esse Concílio devia ser como uma janela, que se
abre para fazer entrar na igreja um sopro de ar puro e renovador, o sopro do Espírito. Outra imagem
usada pelo Papa: a Igreja é como uma panela em cima do fogo, que,com o passar do tempo, fica
toda preta; aí, precisa fazer uma limpeza geral para a panela ficar novinha em folha! Sim, precisava
limpar a Igreja de tantas tradições, costumes e sujeiras do passado, para ela poder ser luz e fermento
na construção de uma nova sociedade. Durante 4 anos de estudo, debates e orações, o Papa e os
bispos reunidos refletiram sobre como deveria ser a verdadeira Igreja: uma Igreja mais comunidade
e mais povo de Deus, onde o leigo tem vez e voz; uma Igreja mais apegada à Bíblia e mais
evangelizadora; uma Igreja mais voltada aos problemas dos homens, para construir um mundo mais
justo e mais fraterno.A partir daí, começou um grande movimento de renovação da Igreja Católica
no mundo inteiro... Em 1968, os Bispos da América Latina reuniram-se em Medellín (Colômbia),
com o Papa Paulo VI. Falaram da necessidade de novas formas de catecumenato e das
Comunidades de base, “foco de evangelização e de promoção humana”.Dez anos depois, em Puebla
(México), foi realizada uma nova Assembléia de Bispos da América Latina, para avaliar a
caminhada da Igreja e buscar pistas para a evangelização no presente e no futuro da América
Latina. Nossos bispos renovaram o apelo para a dimensão libertadora da evangelização, pediram
que toda a Igreja fizesse uma opção preferencial pelos pobres e, também pelos jovens; defenderam a
promoção da dignidade humana e a promoção da mulher; apontaram as CEBs como esperança e
alegria da igreja; convidaram a superar o capitalismo como sistema de pecado, assim como o
coletivismo marxista para construir na América Latina a “civilização do amor”. Não há dúvida:
estamos vivendo um momento maravilhoso e privilegiado na história da Igreja e da ação do
Espírito! A semente da renovação está crescendo e já estão aparecendo os frutos: uma Igreja mais
Povo de Deus, mais comunidade, mais do lado dos pobres; uma Igreja mais bíblica e cristocêntrica;
uma Igreja mais missionária, mais profética, mais libertadora... Há ainda, muita pedra e muito joio
no meio do trigo: precisa de paciência e esperança. Há muita coisa que ainda não se renovou: mas, o
Espírito do Senhor continua presente na caminhada da igreja! Agora é nossa vez de sermos
construtores da história: a história de nossa, nem sempre maravilhosa, mas muito querida e santa,
Igreja de Jesus Cristo!

Nossa Igreja é luz dos povos!

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Paróquia São José – Barros Filho
Catecumenato da Iniciação Cristã de Adultos (RICA)

20º Tema: Igreja Hierarquia, Ministério, Carisma e Serviço

Q ualquer povo ou comunidade, ou grupo de pessoas, para poder funcionar, deve ter um
mínimo de organização, ter suas lideranças, dividir tarefas ou cargos etc. Assim também o
povo de Deus, que é a Igreja, tem sua própria organização e suas lideranças. Todos que
participam da Igreja devem estar preparados para se colocar a serviço do outro. Pelo batismo somos
inseridos na Igreja e recebemos a tríplice missão de sermos Reis, Sacerdotes e Profetas. O cristão
exercita a sua missão sacerdotal quando se coloca a serviço de Deus. Portanto, a Igreja é na essência
um povo sacerdotal. Do meio deste povo, isto é, do meio dos leigos (laikos – povo de Deus). Deus
chama, vocacionados homens para formar o clero. Estes homens, ordenados diáconos, presbíteros
(padres) e bispos terão uma função especial em sua Igreja.
Primícias da Hierarquia da Igreja
São Paulo quando apresenta o corpo místico nos mostra que na hierarquia da igreja, Cristo é a
cabeça e nós os membros. Esta é sem dúvida a premissa mais importante e que não deve ser
esquecida nunca: “Cristo está sempre a frente de sua Igreja”. Cristo escolhe a Pedro para ser
representante na terra, na nossa Igreja visível, e antes de morrer na Última Ceia institui a Ordem.
Por isso, a nossa Igreja recebe o nome de Igreja Católica Apostólica Romana:
 Católica – A palavra quer dizer universal, não existe mais um povo escolhido e a graça de
Deus se estende a todos os povos que vêm formar o novo plano de Deus.
 Apostólica – Quem dá esse caráter a nossa Igreja é o sacramento que é transmitido pelos
Bispos desde o tempo dos apóstolos. Portanto, existe na Igreja uma linha apostólica.
 Romana – A sede da Igreja se encontra em Roma.

Organização do Clero
Existe no clero uma divisão em três graus:
 Episcopado – composto pelos bispos;
 Presbiterado – composto pelos padres;
 Diaconato – composto pelos diáconos.
O Diaconato ainda se divide em:
Permanente – homens com mais de 35 anos, casados há mais de 5 anos em união estável ou solteiro,
que serve à Igreja depois de um período de formação patrocinado pela diocese. Essa preparação
dura de 3 a 4 anos.
Provisório – religioso que está completando sua preparação para o sacerdócio. Antes de tornar-se
padre, ele passa por um curto período de exercício do diaconato em período de transição até o
Presbiterado.
Títulos
Algumas pessoas confundem títulos e funções do clero com o grau do sacramento da Ordem
recebido. De forma a acabar com as dúvidas separamos abaixo um glossário com alguns títulos e
funções como esclarecimento:
Papa – É um bispo. No caso, o bispo de Roma e, portanto, sucessor de Pedro.
Cardeal – bispos que fazem parte do conselho de cardeais do papa, formam o Conclave, que é
responsável pela eleição de um novo Papa.
Arcebispo – bispo que dirige uma arquidiocese.
Monsenhor – título dado pelo Papa a um padre pelos serviços prestados a Igreja.
Cônego – título dado pelo bispo da diocese a um padre por serviços prestados a Igreja.
Pároco – padre responsável por uma paróquia.
Vigário – padre auxiliar sem uma paróquia para dirigir.

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Para entender melhor, veja este organograma:

Papa
Bispo de Roma

Bispos Cardeal
Arcebispo

Pároco Presbíteros Cônego


Vigário Monsenhor

Diáconos Provisório
Permanente

Congregação Religiosos Leigos


Ordem Sacerdotes
Instituto Religioso

Centros de Comunhão e Participação


Para sermos verdadeiros seguidores de Jesus (cristãos), devemos viver em comunidade, devemos
participar da vida e da missão da Igreja. Esta vivência comunitária e participação realiza-se em
diversos níveis, que juntos formam a Igreja Universal de Jesus Cristo.
A Família Cristã : A família santificada pelo sacramento do matrimônio é a célula menor do grande
corpo da Igreja, o primeiro centro de comunhão. É na família cristã que os filhos fazem sua
primeira e indispensável experiência de fé, de amor a Cristo, de oração, de solidariedade. É, em sua
própria família que o casal cristão pode e deve exercer sua missão de catequista e de sacerdote do
lar. Nosso Papa João Paulo II, dizia: “A evangelização no futuro depende, em grande parte, da
Igreja doméstica!”.
Comunidade Eclesial de Base (CEB):É aquele pequeno grupo que integra os cristãos (famílias,
jovens, crianças) de um determinado ambiente (bairro, rua, paróquia). Os grupos de Círculo Bíblico
são sementes, começo de autênticas CEBs espalhadas em todos os lugares da Paróquia.
Paróquia: A paróquia é o centro de comunhão, de coordenação e animação de todas as pequenas
comunidades, grupos e movimentos de uma determinada área. O coordenador e animador geral da
Paróquia é um padre, enviado pelo bispo, e que é chamado de pároco. Ele não dirige sozinho a
paróquia, mas sim o Conselho Paroquial, que é constituído por todos os coordenadores de
comunidades e atividades paroquiais. É na Paróquia que, normalmente celebram-se os sacramentos
e, sobretudo no dia do senhor, congrega-se a grande família de Deus, para celebrar a Eucaristia. É a
paróquia que assume serviços pastorais que as pequenas comunidades, sozinhas, não podem
assumir e que incentiva a fraterna comunhão de pessoas e de bens.
Comunidade: É um pequeno grupo de pessoas, que permite a vivência concreta da comunhão
fraterna e a participação ativa de todos os seus membros. Reúnem-se em casas, ou num centro
comunitário, ou numa capela.
Região e Vicariato: As paróquias são reunidas por proximidade geográfica formando as regiões de
um Vicariato.

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Diocese: É uma união de todas as comunidades e paróquias de uma determinada cidade ou região.
Quando a diocese é muito grande (como é o caso da nossa) recebe o nome de Arquidiocese.
Mantendo a união das paróquias por meio de “Vicariatos” e “Regiões Pastorais”
A união com o bispo, sucessor dos apóstolos, realiza e garante a união dos cristãos e de todas as
comunidades com a Igreja na mesma e única fé.
A comunhão entre todos os bispos do Brasil chama-se “Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil”, mais conhecida como CNBB e a comunhão entre os bispos da América Latina realiza-se
através do “Conselho Episcopal Latino Americano”, o CELAM. Todos os bispos do mundo estão
unidos entre si e com o Papa, sobretudo, por meio dos Concílios Ecumênicos, dos Sínodos
Romanos (a cada 3 anos), das Encíclicas Papais, etc.

Família
Paróquias e
Comunidades

CEB

Regiões
Vicariatos

Dioceses ou Arquidioceses

Agente de Comunhão e Participação

Leigos: A palavra leigo, do grego laikós, quer dizer “membro do povo de Deus”. Leigos são todos
os membros da Igreja, consagrados pelo batismo e pela confirmação. A primeira e mais específica
missão dos leigos é no mundo: na família, na escola, no ambiente de trabalho, no sindicato, na
política, no bairro, etc. É lá que, em nome de Cristo e da Igreja, os leigos devem evangelizar e ser
fermento-sal-luz para construir a “civilização do amor”, o Reino. Os leigos podem e devem assumir
também muitos ministérios concretos dentro da sua comunidade cristã, como coordenadores,
catequistas, ministros, agentes pastorais, etc.
Religiosos: São leigos e leigas e também sacerdotes que consagram sua vida à serviço do reino e da
Igreja, fazendo parte de uma “Congregação” ou “Ordem”, ou “Instituto Religioso”. Cada
congregação realiza uma missão específica, conforme o carisma de seu fundador: oração, catequese,
escolas, doentes, promoção humana, meios de comunicação, etc.
Sacerdotes: Alguns leigos e religiosos são chamados e consagrados para servir o povo de Deus,
como dirigentes e principais responsáveis da igreja. São: os bispos, os presbíteros (padres) e os
diáconos. Esses três constituem o ministério hierárquico, e são recebidos mediante a imposição das
mãos no Sacramento da Ordem.

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Paróquia São José – Barros Filho
Catecumenato da Iniciação Cristã de Adultos (RICA)

21º Tema: A igreja no mundo de hoje

A o longo do século XX, com o advento da época industrial, alguma coisa melhorou na
sociedade, mas não tanto! No início do século XXI, continuam as amplas injustiças e
desigualdades.
E nessa nova sociedade que está surgindo, qual o papel da Igreja? Como a Igreja se situa diante dos
enormes desafios da era moderna e da crise de nossa civilização? Como ser uma Igreja mais fiel ao
evangelho de Jesus Cristo e ao mesmo tempo, mais fiel ao homem de hoje?
Perguntas como essas estavam presentes no coração do Papa João Paulo XXIII, quando
decidiu convocar todos os bispos do mundo para o 21º Concílio Ecumênico: o Concílio Vaticano II.
Era o ano de 1962. O Papa João XXIII dizia que esse Concílio devia ser como uma janela, que se
abre para fazer entrar na igreja um sopro de ar puro e renovador, o sopro do Espírito. Outra imagem
usada pelo Papa: a Igreja é como uma panela em cima do fogo, que com o passar do tempo, fica
toda preta; aí, precisa fazer uma limpeza geral para a panela ficar novinha em folha! Sim, precisava
limpar a Igreja de tantas tradições, costumes e sujeiras do passado, para ela poder ser luz e fermento
na construção de uma nova sociedade.
Durante 4 anos de estudo, debates e orações, o Papa e os bispos reunidos refletiram sobre
como deveria ser a verdadeira Igreja: uma Igreja mais comunidade e mais povo de Deus, onde o
leigo tem vez e voz; uma Igreja mais apegada à Bíblia e mais evangelizadora; uma Igreja mais
voltada aos problemas dos homens, para construir um mundo mais justo e mais fraterno.
A partir daí, começou um grande movimento de renovação da Igreja Católica no mundo
inteiro... Em 1968, os Bispos da América Latina reuniram-se em Medellín (Colômbia), com o Papa
Paulo VI. Falaram da necessidade de novas formas de catecumenato e das Comunidades de base,
“foco de evangelização e de promoção humana”.
Dez anos depois, em Puebla (México), foi realizada uma nova Assembléia de Bispos da
América Latina, para avaliar a caminhada da Igreja e buscar pistas para a evangelização no presente
e no futuro da América Latina. Nossos bispos renovaram o apelo para a dimensão libertadora da
evangelização, pediram que toda a Igreja fizesse uma opção preferencial pelos pobres e, também
pelos jovens; defenderam a promoção da dignidade humana e a promoção da mulher; apontaram as
CEBs como esperança e alegria da igreja; convidaram a superar o capitalismo como sistema de
pecado, assim como o coletivismo marxista para construir na América Latina a “civilização do
amor”.
Não há dúvida: estamos vivendo um momento maravilhoso e privilegiado na história da
Igreja e da ação do Espírito! A semente da renovação está crescendo e já estão aparecendo os
frutos: uma Igreja mais Povo de Deus, mais comunidade, mais do lado dos pobres; uma Igreja mais
bíblica e cristocêntrica; uma Igreja mais missionária, mais profética, mais libertadora...
Há ainda, muita pedra e muito joio no meio do trigo: precisa de paciência e esperança. Há
muita coisa que ainda não se renovou: mas, o Espírito do Senhor continua presente na caminhada da
igreja! Agora é nossa vez de sermos construtores da história: a história de nossa, nem sempre
maravilhosa, mas muito querida e santa, Igreja de Jesus Cristo!

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Paróquia São José – Barros Filho
Catecumenato da Iniciação Cristã de Adultos (RICA)

22º Tema: Escatologia

O Juízo Particular
A morte põe fim à vida do homem como tempo aberto ao acolhimento ou à recusa da graça divina
manifestada em Cristo (2Tm 1,9-10). O Novo Testamento fala do juízo principalmente na
perspectiva do encontro final com Cristo na segunda vinda deste, mas repetidas vezes afirma
também a retribuição, imediatamente depois da morte, de cada um em função de suas obras e de sua
fé. A parábola do pobre Lázaro e a palavra de Cristo na cruz ao bom ladrão, assim como outros
textos do Novo Testamento (1), falam de um destino último da alma (Mt 16,26), que pode ser
diferente para uns e outros.
Cada homem recebe em sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, um
Juízo Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja por meio de um purificação,
seja para entrar de imediato na felicidade do céu, seja para condenar-se de imediato para sempre (2).
No entardecer de nossa vida, seremos julgados sobre o amor (São João da Cruz).

O Céu
Os que morrem na graça e na amizade de Deus, e que estão totalmente purificados, vivem para
sempre com Cristo. São para sempre semelhantes a Deus, porque o vêem "tal como ele é" (1 Jo
3,2), face a face (1 Cor 13,12):
Com nossa autoridade apostólica definimos que, segundo a disposição geral de Deus, as almas de
todos os santos mortos antes da Paixão de Cristo (...) e de todos os outros fiéis mortos depois de
receberem o santo Batismo de Cristo, nos quais não houve nada a purificar quando morrerem, (...)
ou ainda, se houve ou há algo a purificar, quando, depois de sua morte, tiverem acabado de fazê-
lo, (...) antes mesmo da ressurreição em seus corpos e do juízo geral, e isto desde a ascensão do
Senhor e Salvador Jesus Cristo ao céu, estiveram, estão e estarão no Céu, no Reino dos Céus e no
paraíso celeste com Cristo, admitidos na sociedade dos santos anjos. Desde a paixão e a morte de
Nosso Senhor Jesus Cristo, viram e vêem a essência divina com uma visão intuitiva e até face a
face, sem mediação de nenhuma criatura (Bento II, Benedictus Deus: DS 1000; cf. LG 49)
Essa vida perfeita com a Santíssima Trindade, essa comunhão de vida e de amor com ela, com a
Virgem Maria, os anjos e todos os bem-aventurados, é denominado "o Céu". O Céu é o fim último e
a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva.
Viver no Céu é "viver com Cristo" (Jô 14,3). Os eleitos vivem "nele", mas lá conservam - ou
melhor, lá encontram - sua verdadeira identidade, seu próprio nome (Ap 2,17):
"Vita est enim esse cum Christo, ideo ubi Christus, ibi vita, ibi regnum - Vida é, de fato, estar com
Cristo; aí onde está Cristo, aí está a Vida, aí está o Reino" (Santo Ambrósio).
Por sua Morte e Ressurreição, Jesus Cristo nos "abriu" o Céu. A vida dos bem-aventurados consiste
na posse em plenitude dos frutos da redenção operada por Cristo, que associou à sua glorificação
celeste os que creram nele e que ficaram fiéis à sua vontade. O céu é a comunidade bem-aventurada
de todos os que estão perfeitamente incorporados a Ele.
Este mistério de comunhão bem-aventurada com Deus e com todos os que estão em Cristo supera
toda compreensão e toda imaginação. A Escritura fala-nos dele em imagens: vida, luz, paz, festim
de casamento, vinho do Reino, casa do Pai, Jerusalém celeste, Paraíso. “O que os olhos não viram,
os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, isso Deus preparou para aqueles que
o amam" (1 Cor 2,9).
Em razão de sua transcendência, Deus só poderá ser visto tal como é quando Ele mesmo abrir seu
mistério à contemplação direta do homem e o capacitar para tanto. Esta contemplação de Deus em
sua glória celeste é chamado pela Igreja de "visão beatífica":

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Qual não será tua glória e tua felicidade: ser admitido a ver a Deus, ter a honra de participar das
alegrias da salvação e da luz eterna na companhia de Cristo, o Senhor teu Deus (...) desfrutar no
Reino dos Céus, na companhia dos justos e dos amigos de Deus, as alegrias da imortalidade
adquirida (São Cipriano).
Na glória do Céu, os bem-aventurados continuam a cumprir com alegria a vontade de Deus em
relação aos outros homens e à criação inteira. Já reinam com Cristo; com Ele "reinarão pelos
séculos dos séculos (Ap 22,5).

O Inferno
Não podemos estar unidos a Deus se não fizemos livremente a opção de amá-lo. Mas não podemos
amar a Deus se pecamos gravemente contra Ele, contra nosso próximo ou contra nos mesmos:
"Aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia seu irmão é homicida; e sabeis
que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele" (1 Jo 3,14-15). Nosso Senhor adverte-
nos de que seremos separados dele se deixarmos de ir ao encontro das necessidades graves dos
pobres e dos pequenos que são seus irmãos (Mt 25,31-46). Morrer em pecado mortal sem ter-se
arrependido dele e sem acolher o amor misericordioso de Deus significa ficar separado de Todo-
Poderoso para sempre, por nossa própria opção livre. E é este estado de auto-exclusão definitiva da
comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa com a palavra "inferno".
Jesus fala muitas vezes da "Geena", do "fogo que não se apaga" *, reservado aos que recusam até o
fim de sua vida crer e converter-se, e no qual se pode perder ao mesmo tempo a alma e o corpo (Mt
10,28). Jesus anuncia em termos graves que "enviará seus anjos, e eles erradicarão de seu Reino
todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade, e os lançarão na fornalha ardente" (Mt 13,41-
42), e que pronunciará a condenação: "Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno!" (Mt 25-
41).
O ensinamento da Igreja afirma a existência e a eternidade do inferno. As almas dos que morrem
em estado de pecado mortal descem imediatamente após a morte aos infernos, onde sofrem as penas
do Inferno, "o fogo eterno". A pena principal do inferno consiste na separação eterna de Deus, o
Único em quem o homem pode ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira.
As afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja acerca do Inferno são um chamado
à responsabilidade com qual o homem deve usar de sua liberdade em vista de seu destino eterno.
Constituem também um apelo insistente à conversão: "Entrai pela porta estreita, porque largo e
espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muito são os que entram por ele. Estreita, porém, é
a porta e apertado o caminho que conduz à vida. E poucos são os que o encontram" (Mt 7,13-14):
Como desconhecemos o dia e a hora, conforme a advertência do Senhor, vigiemos constantemente
para que, terminado o único curso de nossa vida terrestre, possamos entrar com ele para as bodas
e mereçamos ser contados entre os benditos, e não sejamos, como servos maus e preguiçosos,
obrigados a ir para o fogo eterno, para as trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes
(Lumen Gentium 48).
Deus não predestina ninguém para o Inferno; para isso é preciso uma aversão voluntária a Deus (um
pecado mortal) e persistir nela até o fim. Na Liturgia Eucarística e nas orações cotidianas de seus
fiéis, a Igreja implora a misericórdia de Deus, que quer "que ninguém se perca, mas que todos
venham a converter-se" (2Pd 3,9):
Recebei, ó Pai, com bondade, a oferenda de vossos servos e de toda a vossa família; dai-nos
sempre a vossa paz, livrai-nos da condenação e acolhei-nos entre os vossos eleitos (Missal
Romano, Cânon Romano 88).
* Conforme Mt 5,22-19; 13,42-50; Mc 9,43-48

O Purgatório
Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora
tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a
santidade necessária para entrar na alegria do Céu.

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A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do
castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no
Concílio de Florença e de Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura, a tradição da
Igreja fala de um fogo purificador:
No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador,
segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma
blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem presente século nem no século futuro
(Mt 12,32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século
presente, ao passo que outras, no século futuro.
Este ensinamento apoia-se também na prática da oração pelos defuntos, da qual já a Sagrada
Escritura fala: "Eis por que ele [Judas Macabeu) mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos
que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seu pecado" (2Mc 12,46). Desde os
primeiros tempos a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em
especial o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão beatífica de
Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor
dos defuntos:
Levemo-lhes socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo
sacrifício de seu pai que deveríamos duvidar de que nossas oferendas em favor dos mortos lhes
levem alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas
orações por eles.§1472 AS PENAS DO PECADO Para compreender esta doutrina e esta prática da
Igreja, é preciso admitir que o pecado tem uma dupla conseqüência. O pecado grave priva-nos da
comunhão com Deus e, consequentemente, nos toma incapazes da vida eterna; esta privação se
chama "pena eterna" do pecado. Por outro lado, todo pecado, mesmo venial, acarreta um apego
prejudicial às criaturas que exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no estado
chamado "purgatório". Esta purificação liberta da chamada "pena temporal" do pecado. Essas duas
penas não devem ser concebidas como uma espécie de vingança infligida por Deus do exterior,
mas, antes, como uma conseqüência da própria natureza do pecado. Uma conversão que procede de
uma ardente caridade pode chegar à total purificação do pecador, de tal modo que não haja mais
nenhuma pena.
  
O Juízo Final
A ressurreição de todos os mortos, “dos justos e dos injustos” (At 24,15), antecederá o Juízo Final.
Esta será “a hora em que todos os que repousam nos sepulcros ouvirão sua voz e sairão: os que
tiverem feito o bem, para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para mal, para
uma ressurreição de julgamento” (Jo 5,28-29). Então Cristo “virá em sua glória, e todos os anjos
com Ele. (...) E serão reunidas em sua presença todas as nações, e Ele há de separar os homens uns
dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e porá as ovelhas à sua direita e os
cabritos à sua esquerda. (...) E irão estes para o castigo eterno, e os justos irão para a vida eterna”
(Mt 25,31-33.46).
É diante de Cristo - que é a Verdade - que será definitivamente desvendada a verdade sobre a
relação de cada homem com Deus. O Juízo Final há de revelar até as últimas conseqüências o que
tiver feito de bem ou deixado de fazer durante sua vida terrestre:
Todo o mal que os maus praticam é registrado sem que o saibam. No dia em que “Deus não se
calará" (Sl 50,3), voltar-se-á para os maus: “Eu havia”, dir-lhes-á, “colocado na terra meus
pobrezinhos para vós. Eu, seu Chefe, reinava no céu à direita do meu Pai, mas na terra os meus
membros passavam fome. Se tivésseis dado aos membros , vosso dom teria chegado até a Cabeça.
Quando coloquei meus pobrezinho na terra, os constituí meus tesoureiros para recolher vossas boas
obras em meu tesouro; vós, porém, nada depositastes em suas mãos, razão por que nada possuís
junto a mim” (Santo Agostinho).
O Juízo Final acontecerá por ocasião da volta gloriosa de Cristo. Só o Pai conhece a hora e o dia
desse Juízo, só Ele decide de seu advento. Por meio de seu filho, Jesus Cristo, Ele pronunciará

41
então sua palavra definitiva sobre toda a história. Conheceremos então o sentido último de toda de
toda a obra da criação e de toda a economia da salvação, e compreenderemos os caminhos
admiráveis pelos quais sua providência terá conduzido tudo para seu fim último. O Juízo Final
revelará que a justiça de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas por suas criaturas e que seu
amor é mais forte que a morte (Catechesi tradendae 8,26).
A mensagem do Juízo Final é apelo à conversão enquanto Deus ainda dá aos homens "o tempo
favorável, o tempo da salvação” (2 Cor 6,2). O Juízo Final inspira o santo temor de Deus.
Compromete com a justiça do Reino de Deus. Anuncia a "bem-aventurada esperança" (Tt 2,13) da
volta do Senhor, que “virá para ser glorificado na pessoa de seus santos e para ser admirado na
pessoa de todos aqueles que creram (2 Ts 1,10).

Obs:

catequistas, orientamos que seja lido os números 676, 1186, 2771, 2776 do Catecismo da
Igreja Católica pois é um grande subsídio

42
Paróquia São José – Barros Filho
Catecumenato da Iniciação Cristã de Adultos (RICA)

23º Tema: Os Sacramentos da Iniciação Cristã: Batismo, Crisma e Eucaristia

P ara entendermos a doutrina da Igreja sobre os Sacramentos, devemos começar por entender
o significado da palavra “sacramento”. Esta palavra lembra “aquilo que é sagrado”.
Sacramento também significa “alguma coisa sensível, visível, palpável que representa algo
que nossos olhos não podem ver nem nossos ouvidos ouvir, ou seja, nossos sentidos não podem
perceber”. Por isso que, às vezes, podemos ouvir : “a Igreja é sacramento da Salvação”. Isto é
explicado pois a Igreja é um meio que podemos ver, sentir, da Salvação que não podemos ver
nem perceber com nossos cinco sentidos. Em todo Sacramento nós temos um sinal. Sinal é o que
a gente pode ver, ouvir, sentir na pele. A definição exata de Sacramento é: "Um sinal visível e
eficaz da graça, instituído por Jesus Cristo, para nossa santificação".

  1º Um sinal sensível
Podemos dividir em três partes 2º Instituído por Jesus Cristo
  3º Graça
1º Um sinal sensível: Constitui a parte material do Sacramento. Nos sinais que constituem
a parte material de um sacramento, temos dois elementos: O primeiro denominamos matéria =
água do batismo. O segundo elemento chama-se forma. São palavras ou gestos que dão
significado ao ato.
2º Instituído por Jesus Cristo: O poder humano não pode ligar a graça interior a um sinal
externo. Isso é algo que só Deus pode fazer, e que nos leva a segunda definição de Sacramento:
"Instituído por Jesus Cristo". A Igreja não pode criar novos Sacramentos, e não pode haver nunca
nem mais e nem menos que sete, os sete que Jesus nos deu: Batismo, Eucaristia, Confirmação,
Penitência, Ordem, Matrimônio e Unção dos Enfermos.
3º Graça: Voltando a nossa atenção para o terceiro dos elementos, vimos que seu fim é
dar a Graça Santificante. Graça é Deus conosco e nós em Deus. É sintonia em Deus e o homem. É
estreita união.
O ensino sobre os Sacramentos tem base na Encarnação de Jesus. Deus não libertou seu
povo sem sair do céu. Para nos libertar Jesus veio para o meio de nós. Deus se tornou visível. Jesus
é a palavra de Deus encarnada. É aquele que nós ouvimos e vimos com nossos olhos, Aquele que
tocamos com nossas mãos. Jesus no meio de nós, visto com os olhos, ouvido com os ouvidos e
apalpado com as mãos é o grande Sacramento que Deus nos dá. Esse Jesus que se pode ver, apalpar
e ouvir é o sinal do sim de Deus às mulheres e aos homens desta terra.
Normalmente quando falamos dos sacramentos, não estamos nos referindo a este sentido
tão amplo da palavra, mas estamos falando dos sete sacramentos da Igreja, que Nosso Senhor Jesus
Cristo instituiu. Estes sacramentos são sagrados, pois Jesus os instituiu para ser instrumento de sua
salvação, para nos levar para o reino dos céus. Os sacramentos são “sinais sensíveis que nos
comunicam a graça invisível”. O sacramento realiza aquela realidade simbolizada pela matéria e
pela forma de sua celebração. Por exemplo, no batismo somos “lavados” do pecado original e de
outros pecados cometidos e renascemos na água e no Espírito Santo para uma nova vida, a vida da
graça de Deus.
A matéria do sacramento é o meio físico usado na celebração do sacramento. Por exemplo,
no batismo é a água, na eucaristia é o pão. A forma são os ritos e condições específicas da
celebração do sacramento. Por exemplo, no batismo: “eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo”, na eucaristia : o rito da Missa com a oração eucarística “...Isto é o meu Corpo ...

43
isto é o meu Sangue”. Aquilo que é representado pela matéria e pela forma é realizado no
sacramento.
O ministro também é importante ser considerado. Para cada sacramento existe um ministro
que pode realizar em nome de Cristo o sacramento. Por exemplo, o ministro ordinário da eucaristia
é o sacerdote ordenado, ou seja, o padre ou o bispo. Ministro ordinário é o ministro adequado para
aquele sacramento. Existe em certos sacramentos o ministro extraordinário, ou seja, o ministro que
na falta do ministro ordinário e em caso de necessidade pode realizar o sacramento. Por exemplo, o
ministro ordinário do batismo é o padre, mas todos nós somos ministros extraordinários do batismo,
ou seja, em caso de extrema urgência e na falta de um sacerdote podemos batizar usando a matéria e
formas adequadas para o sacramento.
São sete os sacramentos instituídos por Jesus Cristo. São eles: o Batismo, a Crisma ou
Confirmação, a Confissão ou Reconciliação ou Penitência, a Eucaristia, a Ordem, o Matrimônio e
Unção dos Enfermos. Eles são para efeito de entendimento divididos em sacramentos de Iniciação
Cristã (Batismo, Crisma e Eucaristia), sacramentos de Cura (Confissão e Unção dos Enfermos) e
sacramentos de serviço ou de vocação (Ordem e Matrimônio).
É curioso perceber que os sacramentos estão ordenados para a nossa vida e estão
correlacionados com os principais eventos dela. Veja a correlação entre a vida natural e a vida
sacramental.

Trabalho - Serviço - Cura ou fim da


Nascimento Alimentação Amadurecimento Cura das Doenças
Missão vida
Matrimônio e
Batismo Eucaristia Crisma Reconciliação Unção dos Enfermos
Ordem

Da mesma forma que Deus nos possibilita o desenvolvimento da vida natural, nos
possibilita através de seus sete sacramentos a vida sobrenatural. É importante que tenhamos em
mente que os Sacramentos são sacramentos de Jesus Cristo e sacramentos da Igreja. A Igreja
recebeu de Cristo estes meios de salvação.

Os Sacramentais

Muitas vezes encontramos cristãos que, devido a uma falsa compreensão do que seja um
sacramental, tendem a considerá-los superstições (diminuindo o seu valor) ou equipará-los aos
Sacramentos (exagerando o seu valor).
Com o objetivo de esclarecer estas confusões hoje tão comuns, decidi escrever este artigo.
Antes de mais nada, comparemos os Sacramentos e os Sacramentais:

Os Sacramentos: Os Sacramentais:
Foram instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo São estabelecidos pela Igreja que Cristo fundou
São os sete que Cristo instituiu:
Batismo,
Confirmação,
Confissão, São muitos e variados, de acordo com as
Sagrada Eucaristia, instruções dadas pela Santa Mãe Igreja
Unção dos Enfermos,
Ordens Sagradas e
Matrimônio

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Não produzem Graça diretamente ou por eles
Produzem Graça diretamente na alma, se não
mesmos, mas produzem Graça indiretamente ao
houver obstáculo por parte daquele que os recebe
dispor e preparar a alma para este divino dom
As palavras usadas no ministério dos
As orações usadas nos Sacramentais apenas
Sacramentos, com exceção das usadas na Unção
pedem a Deus que produza certos efeitos e
dos Enfermos, declaram firmemente que Deus
conceda certas graças
está produzindo certos efeitos na alma
Dão ou aumentam a Graça Santificante1 São meios para a obtenção de graças atuais 2

Podemos dividir os Sacramentais em várias categorias: orações, objetos piedosos, sinais


sagrados e cerimônias religiosas.
Alguns sacramentais são uma combinação, pertencendo a mais de uma categoria. O
Rosário, por exemplo, é uma oração e um objeto piedoso.
Não podemos, contudo, esquecer que o mérito não reside no objeto. Seria superstição
acreditar que um mero objeto teria algum tipo de poder por si só.
Os sacramentais, entretanto, são objetos separados pela Igreja para a nossa santificação,
usando da oração oficial da Igreja e dos méritos de Cristo, presentes e distribuídos por Sua Igreja.
Eles nos levam a pensamentos e sentimentos mais espirituais, aumentam a nossa lembrança e
confiança na Misericórdia Divina.
Desde o tempo do Antigo Testamento nós encontramos prenúncios dos Sacramentais: os
judeus receberam de Deus a ordem de usar franjas em suas roupas, para que se lembrem dos
Mandamentos 3. Estas franjas lembram aos judeus a presença de Deus. Do mesmo modo, mas ao
mesmo tempo de maneira muito superior, os Sacramentais atraem a nossa atenção para a Graça de
Deus. Deus não arromba as portas dos nossos corações; os Sacramentais nos ajudam a abri-las de
par em par.
Eles não são necessários para a nossa salvação; podemos perfeitamente ser salvos sem que
deles façamos uso. Mas sem dúvida eles podem nos ajudar, e muito!
A batina de um padre faz com que se calem os blasfemos no lugar em que ele entra, e
igualmente faz com que ele esteja sempre consciente de sua função de sacerdote e testemunha,
tornando mais difícil que peque.
A cruz ou o escapulário que o cristão leva ao peito também lembra a ele e ao próximo a
necessidade de nos abrirmos para Deus e o valor do sacrifício.
A madeira ou metal da cruz, o pano do escapulário e da batina, nada disso tem valor
salvífico em si. Mas essas coisas, separadas pela Igreja e por ela abençoadas e dotadas de uma
missão, nos atraem para Deus, nos levam a abrir as portas para a Graça, e podem ser indiretamente
a causa de nossa salvação.
Quantas vezes já aconteceu de um cristão encontrar forças para resistir ao pecado
simplesmente segurando a cruz que trazia ao peito?

1
A Graça Santificante, ou habitual, nos ajuda a lutar contra o Pecado, dando-nos fortaleza para
resistir às tentações.
2
A Graça atual é uma Graça não-habitual, que recebemos como auxílio para o momento presente.
3
Livro dos Números, Capítulo 15,37-41: "O Senhor disse a Moisés: 'Fala aos israelitas e dize-
lhes que, por todas as gerações, façam franjas nas bordas das vestes e nas franjas da borda atem
um cordão de púrpura violácea. O cordão fará parte da franja para que, vendo, vos lembreis de
todos os mandamentos do Senhor e os cumprais, e não corrais atrás dos desejos de vosso coração
e dos vossos olhos, que vos levam à infidelidade. Assim, lembrando-vos dos meus mandamentos
e pondo em prática, sereis consagrados para o vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos
tirou do Egito para ser o vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus."

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A madeira da cruz não valeu de nada; não seria a mesma coisa segurar um palito de fósforo
ou uma acha de lenha! O fato desta cruz ser um símbolo da fé e da confiança em Deus, o fato desta
cruz ter sido abençoada e separada pela Igreja, tudo isso, no entanto, faz com que o cristão, ao
segurá-la, lembre-se de Deus e abra seu coração para a Graça, que dá a ele a força de lutar contra o
pecado.
Do mesmo modo o sinal da cruz que fazemos ao percebermos que estamos na presença do
mal é um pedido a Deus, um pedido de Graça, um apelo a que ele não nos deixe cair na tentação
que ora se apresenta.
Do mesmo modo as imagens piedosas com que adornamos a nossa residência não têm, por
si só, a capacidade de nos salvar. Ao vermos, entretanto, a imagem de um Santo, nos lembramos de
nosso chamado à Santidade, e mais facilmente dizemos "não" ao pecado.
Ao vermos a imagem de São Francisco, nos lembramos de que há mais no mundo que a
riqueza e o dinheiro; ao vermos a imagem de São Cristóvão, pedimos a Deus que nos proteja em
nossos caminhos...
Não esqueçamos, portanto, do valor e da eficácia daqueles objetos, sinais e orações que
graças aos méritos de Cristo, preservados e distribuídos por Sua Igreja, nos levam a cada vez mais
abrirmos nossos corações à Graça, conduzindo-nos sempre ao reto caminho que leva à estreita porta
da Salvação!
Amém.

Batismo
O Batismo é o primeiro dos três Sacramentos da Iniciação Cristã (Batismo, Eucaristia e Crisma ou
Confirmação).
O Batismo é o fundamento de toda vida cristã, o pórtico da vida no Espírito e a porta que abre o
acesso aos demais Sacramentos. Pelo Batismo somos libertos do Pecado Original e regenerados
como filhos de Deus, nos tornamos membros de Cristo e somos incorporados à Igreja e feitos
participantes de sua missão (Sacerdócio Régio). O Batismo é o Sacramento da regeneração pela
água na Palavra.
Este Sacramento é também chamado “o banho da regeneração e da renovação no Espírito Santo”
(Tt 3,5), pois ele significa e realiza este nascimento a partir da água e do Espírito, sem o qual
“ninguém pode entrar no reino de Deus” (Jo 3,5).

O Ministro do Batismo

O Ministro ordinário do Batismo é o Bispo, o Pároco ou simples Sacerdote. Ministro extraordinário


pode ser o Diácono ou, em perigo de morte, qualquer pessoa, mesmo não católica e ou não batizada,
contando que observe o Rito Essencial e se tenha a intenção de fazer o que faz a Igreja.

Um só Batismo
Uma vez batizado, nunca mais será necessário ou validado um novo batismo. O Batismo é único e
para sempre. Há um só Batismo em três formas:
 Batismo de água: o que todos nós recebemos.
 Batismo de sangue: os que morreram por Jesus mesmo sem serem batizados (os mártires).
 Batismo de desejo: ocorre quando, por falta de um ministro ou por outros motivos, algum
jovem ou adulto que esteja se preparando para receber este sacramento venha a falecer sem
realizar este desejo, mas, manifestando em vida claramente sua vontade de recebê-lo.

Matéria: Forma:
ÁGUA VERDADEIRA “EU TE BATIZO: EM NOME DO PAI, E DO FILHO

46
E DO ESPÍRITO SANTO”

Crisma ou Confirmação
“Tendo ouvido que a Samaria acolhera a palavra de Deus, os Apóstolos, que estavam em Jerusalém,
enviaram-lhes Pedro e João. Estes descendo de lá, oraram por eles, a fim de que recebessem o
Espírito Santo. Pois ele não tinha caído ainda sobre nenhum deles, mas somente haviam sido
batizados em nome do Senhor Jesus. Então começaram-lhe a impor-lhes as mãos, e eles recebiam o
Espírito Santo” (At 8,14-17)
A Confirmação aperfeiçoa a graça batismal; é o sacramento que dá o Espírito Santo para enraizar-
nos mais profundamente na filiação divina; incorporar-nos mais firmemente a Cristo, tornar mais
sólida a nossa vinculação com a Igreja, associar-nos mais à sua missão e ajudar-nos a dar
testemunho da fé cristã pela palavra, acompanhada das obras.
A Confirmação, como o Batismo, imprime na alma do cristão um sinal espiritual ou caráter
indelével; razão pela qual só se pode receber este sacramento uma vez na vida.
No Oriente, este sacramento é administrado imediatamente depois do Batismo; é seguido da
participação na Eucaristia, tradição que põe em destaque a unidade dos três sacramentos da
iniciação cristã. Na Igreja latina administra-se este sacramento quando se atinge a idade da razão,
para que a pessoa crismada assuma a vida cristã de modo adulto.
Um candidato à Confirmação que tiver atingido a idade da razão deve professar a fé, estar em
estado de graça, ter a intenção de receber o sacramento e estar preparado para assumir sua função de
discípulo e de testemunha de Cristo, na comunidade eclesial e nas ocupações temporais.
O rito essencial da Confirmação é a unção com o santo crisma na fronte do batizado (no Oriente,
também sobre outros órgãos dos sentidos), com a imposição da mão do ministro e as palavras:
“Fulano, recebe por este sinal o Espírito Santo, dom de Deus”. Normalmente o ministro da Crisma é
o Bispo, mas o Bispo pode autorizar um padre a celebrar este sacramento., no rito romano, e “Selo
do dom do Espírito Santo”, no rito bizantino.
É importante que o crismando faça uma boa confissão antes de receber a Crisma.
Quando a Confirmação é celebrada em separado do Batismo, sua vinculação com este é expressa,
entre outras coisas, pela renovação dos compromissos batismais. A celebração da confirmação no
decurso da Eucaristia contribuiu para sublinhar a unidade dos sacramentos da iniciação cristã.

Eucaristia
A palavra eucaristia significa ação de graças. Este nome tem origem na Santa Ceia, quando Jesus
pronuncia as bênçãos sobre o Pão e o Vinho. A Eucaristia é o sacramento do Corpo e do Sangue de
Nosso Senhor Jesus Cristo. A Eucaristia tem uma posição de destaque frente os outros sacramentos.
Enquanto os outros sacramentos comunicam a graça santificante, na Eucaristia está presente
justamente Aquele que santifica.
Jesus instituiu a Eucaristia na Santa Ceia (Mt 26,26-28; Mc 14,22-24; Lc 22, 19s; 1Cor 11,23-25).
A Santa Ceia foi a última ceia de Jesus com seus apóstolos. Era dia de Páscoa, a páscoa dos judeus
(Lc 22, 15; maiores detalhes: Ex 11). Nesta páscoa (“passagem”) os judeus lembravam sua
libertação do Egito em rumo a Terra Prometida. E comemoravam, de acordo com o ordenado pelo
Senhor, imolando (sacrificando) um cordeiro. Sempre que se oferecia um sacrifício a Deus, os
judeus se alimentavam da vitima do sacrifício, como uma forma de participação neste. Na Santa
Ceia, Jesus toma o lugar do cordeiro. Jesus é o Cordeiro de Deus, Cordeiro Imaculado, perfeito
(1Pd 1,19). Ele veio substituir os sacrifícios imperfeitos que os hebreus ofereciam. Ler Ml 1,11.
Jesus Cristo é ao mesmo tempo o Sacerdote (oferece o sacrifício) e a Hóstia (vítima).
Jesus explicitamente frisou que se dava como vítima para a expiação dos pecados do mundo. Como
vítima de expiação, Jesus selou nova e definitiva Aliança de Deus com a humanidade (Lc 22,20;
1Cor 11,25). Como a antiga Aliança no Sinai, a nova também é marcada pelo sangue que o próprio
Cristo derrama. Isto tudo implica que Jesus está realmente presente; se não, não haveria sacrifício

47
propriamente dito; em todo culto sacrifical, é preciso comungar da vítima, e não apenas do seu
símbolo. Essa real presença é incutida pelas palavras mesma da consagração: “Isto é o meu
Corpo ... Isto é o meu Sangue” Aliás, o realismo é recomendado também por textos como o de 1Cor
10,16; 11,27-29; Jo 6,51-56.
Jesus, na Santa Ceia, antecipava sacramentalmente a sua morte de cruz no Calvário. A morte de
cruz de Jesus, cruenta (ou seja, com dor), é de valor infinito pois Jesus é Deus. Por isto não é sujeita
a repetição (Hb 7,27) . Mas a Santa Ceia é repetível; ela não multiplica o sacrifício de Jesus no
Calvário, mas o torna presente aos homens de todos os tempos, para que dele participe como co-
oferentes e como hóstia (vítima). Ou seja, na Santa Missa nós repetimos o sacrifício da Santa Ceia,
que torna presente o sacrifício da Cruz. São duas faces da mesma moeda. É o mesmo sacrifício da
cruz, só que de uma forma diferente, sacramental. Nós participamos do sacrifício nos oferecendo
junto com Cristo. Comungando de seu Corpo e Sangue, nos tornando Um com Ele. “Embora
muitos, somos um só corpo, visto que todos participamos de um único pão” (1Cor 10,17)
Vemos em algumas passagens que a Igreja Primitiva já celebrava a Eucaristia, conforme preceito do
Senhor (“Fazei isto em memória de mim”). Ler At 2,42-47;1Cor 11,17-34. Naquela época a
eucaristia também era chamada de fração do pão (obs.: nem sempre que se fala de fração do pão na
Bíblia, está se falando da eucaristia).
Na Eucaristia, o pão e o vinho se transformam em corpo e sangue de Jesus Cristo. Apesar de
continuar com “a aparência externa do pão e do vinho”, há uma mudança na essencial. Há uma
transubstanciação, ou seja, a substância do pão e do vinho, transformam-se na substância de Jesus
Cristo. Por força da natural unidade da Pessoa de Cristo, Deus e Homem, tanto sob a espécie do pão
quanto sob a espécie do vinho estão ambos o Corpo e o Sangue de Jesus. Além disso, a alma e a
divindade de Jesus também. Jesus está todo em cada partícula de pão e vinho consagrados.
Em resumo, devemos considerar a Eucaristia como ação de graças e louvor a Deus; como memorial
sacrificial de Cristo e do seu Corpo; como presença de Cristo pelo poder da sua palavra, do seu
Espírito, do seu Corpo.
Devemos estar em estado de graça para receber o sacramento eucarístico.(1Cor11,23-29s)
A eucaristia nos santifica e nos dá forças para nossa vida espiritual, além de ser oferecida em
reparação dos pecados dos vivos e dos mortos, e para obter de Deus benefícios também espirituais
ou temporais.
Devemos, pelo mandamento da Igreja, comungar pelo menos uma vez ao ano na Páscoa do Senhor,
mas o ideal é semanalmente, ou mesmo diariamente.
Devemos prestar culto de adoração ao Santíssimo Sacramento, pois ali está presente
verdadeiramente Deus na pessoa de seu Filho.
O ministro do sacramento da Eucaristia é o Bispo ou o presbítero (padre). O diácono e os ministros
extraordinários da Comunhão Eucarística podem ajudar a distribuir a Comunhão, mas não podem
consagrar a hóstia.

Parte Central da Celebração da Eucaristia


É quando na missa,o sacerdote, de mãos estendidas, reza pedindo que o Espírito Santo santifique as
ofertas de pão e vinho, para que se tornem o Corpo e o Sangue de Jesus.
Depois de pedir ajuda do Espírito Santo, o sacerdote faz a mesma coisa que Jesus fez na última ceia.
Pega o pão e diz: “Tomai todos e comei, isto é o meu corpo que será entregue por vós”. Depois
pega o cálice com o vinho e diz: “Tomai todos e bebei. Este é o cálice do meu sangue, o sangue da
nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por todos para a remissão dos pecados. Fazei
isto em memória de mim”.
Isso é o que se chama Consagração. Então o pão e o vinho ficam consagrados. A Oração Eucarística
é toda ela consagratória. Depois da consagração rezamos diversas orações e chega a hora da
Comunhão Eucarística. Na comunhão recebemos a Hóstia Consagrada, que é o Corpo e o Sangue
de Jesus. É o próprio Jesus que vem nos visitar e alimentar em nós a vida de amor de Deus Pai e aos
irmãos. Esses momentos da missa devem ser de muito respeito e silêncio.

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O que é preciso para comungar bem?
-Conhecer bem a verdade que é a Eucaristia, para assim comungar sabendo o que está fazendo.
-Estar com o coração bem amigo de Deus e dos irmãos (Mt 5, 23-24). E se tiver feito algum pecado
grave, confessar-se antes de comungar.
-A Igreja manda que quem vai comungar fique em jejum uma hora antes da comunhão. Água e
remédio não quebram o jejum.
-Antes da comunhão pensar bem no que vai fazer. Pode-se rezar o “Ato de Comunhão”. Depois da
comunhão conversar com Jesus que está no coração da gente. Pode-se rezar “Atos de Ação de
Graças para depois da comunhão”.
-Logo que recebemos a Hóstia se não a recebemos diretamente na boca, devemos colocá-la na boca,
diante do Ministro, antes de começar a andar, e engolir. Dedicar um bom tempo para oração, em
silêncio, agradecendo, pedindo forças e louvando a Jesus, Nosso Visitante.

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Paróquia São José – Barros Filho
Catecumenato da Iniciação Cristã de Adultos (RICA)

24º Tema: Os sacramentos de cura: Penitência e Unção dos Enfermos

Penitência ou Confissão
“Se teu irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente ; se te ouvir, terás
ganho o seu irmão. Se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a fim de que toda a
questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. Se recusa a ouvi-los, dize-o à Igreja.
E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano. Em verdade
vos digo : tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a
terra será também desligado no céu.” (Mt 18, 15-18)
O sacramento da Reconciliação, também conhecido por Confissão, sacramento da penitência,
perdão, etc. consiste basicamente na apresentação e auto-acusação oral a Deus, por intermédio de
seu ministro aqui constituído (ou seja, o padre), das condutas conhecidas por pecado (atos,
pensamentos, palavras e omissões), acusados pela consciência e que violam os preceitos do Senhor,
desrespeitando-se a vontade divina. Mas por que será que existe tal sacramento e como se tem
certeza que realmente é algo proveniente de Deus ?
Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Podemos entender com isso que o ser humano em
quase tudo se assemelha a Deus, exceto pela condição não divina do homem ; Deus se fez homem,
porém o homem não pode se fazer Deus.
O ser humano, como imagem e semelhança do Criador era puro, imaculado, a morte sequer lhe era
familiar, eis que esta é a primeira conseqüência do pecado. O homem originalmente não tinha
pecado. Porém, preferiram nossos primeiros pais a sedução sugestiva do mal, que os advertiu “de
modo algum morrereis. É que Deus sabe : no dia em que comerdes, vossos olhos se abrirão e
sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal” Longe de atingirem a condição divina sugerida
pela serpente, o homem e a mulher, DESOBEDECENDO à palavra do Senhor, descobriram a sua
fraqueza, significada pela nudez.
Ainda assim, Deus não abandonou sua criação. Então, o Senhor amaldiçoou a serpente, por haver
induzido o pecado e eis que surge a mulher cuja descendência será aniquiladora do mal (Gn 3,15).
A mulher é Nossa Senhora e a descendência é Jesus, salvador do gênero humano.
Por um homem o pecado haveria de entrar no mundo e por outro, a salvação foi estendida a todos.
Pela morte na cruz, fomos redimidos e temos a certeza do perdão de Deus. Surge, portanto, a
primeira indagação com relação ao sacramento do perdão : se Cristo deu a vida, morreu e nossos
pecados foram perdoados, para que haveríamos de pedir perdão ?
Com o sacrifício no Calvário o pecado não foi extinto, mas pela cruz houve a certeza de que o
perdão de Deus seria estendido a toda a humanidade. No entanto, a iniciativa do perdão cabe ao
indivíduo, pois a nós foi dada a liberdade de ação e Deus não abre mão de respeitar essa liberdade
por Ele mesmo a nós legada. Portanto, se ao homem cabe o desejo de violar os preceitos do
Altíssimo, também cabe ao homem aproximar-se D’Ele para conseguir a reparação das faltas
cometidas.
Com isso, aparece outro questionamento tão comum quando se trata da confissão : se Deus é
onipresente e onisciente, para que então pedir perdão por intermédio de um sacerdote, quando
podemos obtê-lo diretamente com Deus ?

50
A resposta é muito simples : porque assim Deus determinou. “Recebei o Espírito Santo : aos que
vós perdoardes os pecados, ser-lhe-ão perdoados ; e aos que vós retiverdes, ser-lhe-ão eles
retidos.” (Jo 20,22-23).
Foi dado aos apóstolos o poder de perdoar os pecados, e de retê-los também. A São Pedro foi dado
as chaves do Paraíso, onde as trevas jamais prevaleceriam e onde tudo que fosse ligado na terra
seria ligado no Céu (Mt 16,15-20)
Entretanto, podemos complementar afirmando que é a partir de uma expiação é que efetivamente
teremos certeza da ciência do mal causado. Quando uma pessoa ofende a outra, é natural que aquela
venha se retratar, pedindo desculpas à pessoa ofendida. Só assim terá confirmado a certeza do
perdão. O rei Davi se retratou quando, ao colocar o general Urias na linha de frente da batalha, para
que este morresse e sua esposa pudesse ser pretendida por ele. O profeta Natã, falando pelo Senhor,
mostrou a Davi a gravidade do ato cometido. Davi, então, se enche de uma profunda contrição,
pedindo a Deus que o revestisse de um coração puro, e que não o deixasse ir para longe do Senhor
(Salmo 50). O arrependimento pressupõe uma profunda humildade e um sentimento de humilhação
e desgosto pela falta cometida.

Como celebrar o sacramento ?


Em primeiro lugar, através da contrição, que é a consciência do mal cometido e a sensação de pesar,
com a resolução de não mais pecar no futuro. A contrição será chamada de “perfeita” quando brota
do amor de Deus, daí ser conhecida por contrição de caridade. A contrição “imperfeita” ou atrição é
aquela que provém também de Deus (impulso do Santo Espírito) mas que consiste no temor pela
condenação e de outras penas que pesam sobre a alma do pecador. É conhecida também por
contrição por temor. Um bom exame de consciência é requisito essencial para uma boa confissão.
Depois, vem a confissão propriamente dita. O cristão, arrependido das faltas cometidas, enunciadas
por sua própria consciência através de um exame individual, entrega-se totalmente nos braços de
Deus, confiando na sua infinita misericórdia. Não é permitido aos representantes de Deus divulgar o
conteúdo do que foi dito, seja porque motivo for.
Ao cristão basta a confissão dos pecados que estão na memória. O que foi involuntariamente
esquecido Deus dará também o seu perdão, mas é muito importante a honestidade para consigo
mesmo, não tentando ocultar ou esquecer voluntariamente as faltas cometidas. É preciso que o fiel
chegue no sacramento pensando em Deus não como um carrasco, acusador ou juiz condenador, mas
sim como um Pai bondoso disposto a enviar seu Filho para morrer na cruz para que obtenhamos o
retorno da amizade com Ele.
Por fim, vem a penitência, que é o ato que repara o desequilíbrio gerado pela falta cometida. Alguns
pecados prejudicam também o próximo, então surge a necessidade de reparar o mal. Alguém que
levantou falso testemunho, que faça também o restabelecimento da reputação do ofendido. Quem
roubou, devolva ao legítimo dono e assim por diante. Liberto do pecado, aquele que confessa deve
também recobrar a saúde espiritual. Deve, portanto, corresponder à gravidade do ato cometido,
ficando à critério do padre a sua imposição. O sacramento está completado quando advém a
satisfação do restabelecimento da graça santificante e o propósito de não pecar mais.

Quantas vezes devemos nos confessar?


Todo cristão, que já fez a primeira comunhão, deve se confessar pelo menos uma vez por ano, se
tiver pecado grave. Mas é conveniente a prática da comunhão freqüente, de modo pessoal ou
comunitário. A história da vida dos Santos indica que, eles levaram muito a sério a vida cristã, se
confessavam semanalmente.

Dificuldades para se confessar


-Falta de humildade: Eu me confesso diretamente com Deus!
Resposta: Então Deus não está no irmão ou somente Deus pode perdoar “Dar-te-ei as chaves do
Reino dos Céus. Tudo o que ligares na terra será ligado no céu” (Mt 16,19;18,18)

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-Medo de ser repreendido (a) pelo padre;
Resposta: Ele também é um pecador.
-Falta de fé, cujo argumento é ser o padre portador de defeitos semelhantes ou piores que os das
outras pessoas;
Resposta: Graças a Deus, você já se imaginou se confessando com um ET que nem mesmo sabe o
que é pecado ou com uma pessoa que fala outra língua.
-Ausência de pecado mortal
Resposta: É como ir a um psicólogo e esconder a verdade.

Unção dos Enfermos


A Unção dos Enfermos é um sacramento de cura que consiste na entrega dos doentes aos cuidados
do Senhor Sofredor e Glorificado (Jesus Cristo), para que os alimente e os salve. Confere uma graça
especial ao cristão enfermo ou idoso, confortando-o em sua dor e se identificando cada vez mais
com o Cristo sofredor.
Este sacramento é conferido às pessoas acometidas de doenças perigosas, ungindo-as na fronte e
nas mãos com óleo, juntamente , com uma oração própria.
Quando o fiel corre perigo de morte por motivo de doença, debilitação física ou velhice ou quando
vai realizar cirurgia de alto risco, pode receber a Unção dos Enfermos.
No Oriente, a unção é feita também em outras partes do corpo, além da fronte e das mãos.
Os efeitos do sacramento são: a união do doente com a Paixão de Cristo, para seu bem e o bem de
toda a Igreja; o reconforto, a paz e a coragem para suportar cristãmente os sofrimentos da doença ou
da velhice; o perdão dos pecados se o doente não puder obtê-los pela confissão*; o restabelecimento
da saúde, se isso convier à salvação espiritual e à preparação para a passagem para a vida eterna.
O primeiro e mais importante efeito da unção dos enfermos é a graça santificante.
[* quando o doente estiver inconsciente ou não puder se comunicar, não poderá receber o
sacramento da confissão, desta forma a unção dos enfermos supre esta necessidade... é claro que
isto supõe o arrependimento dos pecados anterior à unção]

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Paróquia São José – Barros Filho
Catecumenato da Iniciação Cristã de Adultos (RICA)

25º Tema: Os sacramentos do serviço: Ordem e Matrimônio

Ordem
Jesus Cristo, sacerdote por excelência, consagrado por Deus “...segundo a ordem de Melquisedec”
(Sl 109, 4 ou 110,4; Hb 7, 11-25), exerceu em nosso favor um sacerdócio eterno, superior e
diferente do sacerdócio do antigo Testamento.
Ele continua, segundo a Bíblia, exercendo seu sacerdócio, de modo sacramental, através dos bispos
e padres, na Igreja. Pois, os apóstolos e seus sucessores recebem a ordem sacerdotal de Cristo para
celebrar a santa Ceia: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19)
O celebrar, portanto, é uma incumbência sacerdotal do Novo Testamento dado por Cristo aos
apóstolos. Os apóstolos escolheram os presbíteros (padres) e os diáconos para os auxiliarem,
conferindo parte de seu poder a eles.
Os apóstolos também escolheram pessoas capazes de continuar sua obra, recebendo por intermédio
dos primeiros a ordem apostólica. Os sucessores dos apóstolos são os bispos.
É Jesus cabeça da Igreja, que , por meio dos bispos e presbíteros, celebra a Ceia, perdoa os
pecados, exerce o sagrado magistério. É diferente, também, o sacerdócio ministerial do sacerdócio
comum, isto é, o sacerdócio do povo, que vem pelo batismo (1Pe 2,9; Ap 1,6). Por isso os bispos,
presbíteros e diáconos não são apenas instituições da comunidade primitiva, como tantas vezes se
alega. Na própria Bíblia aparece a diferença entre os discípulos em geral e os doze apóstolos,
escolhidos dentre os discípulos (Lc 6, 13,16).
A pessoa que vai ser ordenada deverá ser vista também sob este aspecto: o lado humano, social;
mas receberá os poderes de Jesus Cristo, como os apóstolos os receberam na santa Ceia: “Fazei isto
em memória de mim” (Lc22,19) e, ainda, na ressurreição: “Ide a todas as nações, batizando-as em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19); no sacramento do perdão: “Recebei o
Espírito Santo, aqueles a quem vocês perdoarem serão perdoados” (Jo 20, 22-23).

O que significa a palavra “ordem”? Para que serve este sacramento ?


A Ordem é um dos sacramentos que está ordenado à salvação de outrem. Se contribui também para
a salvação pessoal , é através do serviço aos outros . Confere uma missão particular na Igreja e
serve para edificação do povo de Deus .
Os que recebem o sacramento da Ordem são consagrados para ser , em nome de Cristo , “pela
palavra e pela a graça de Deus , os pastores da Igreja” . Por sua vez “os esposos cristãos, para
cumprir dignamente os poderes de seu estado , são fortalecidos como que consagrados por um
sacramento especial”.
A Ordem é o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo a seus Apóstolos continua
sendo exercida na Igreja até o fim dos tempos: portanto é o sacramento do ministério apostólico . E
este sacramento se divide em três graus Episcopado , o presbiterado e o diaconado .

Por que o nome de Sacramento da Ordem?


A palavra ordem, na antigüidade romana , significava corpo constituído no sentido civil, mais
utilizado para o corpo de quem governam. “Ordinatio” (Ordenação) designa a integração num
“Ordo” (Ordem) . Por este motivo a Igreja Católica desde os tempos primitivos fundamentado na
sagrada escritura chamam “ordo episcoporum” (ordem dos bispos), “ordo presbyterorum” (ordem
dos presbíteros), “ordo diaconorum” (ordem dos Diáconos).

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Os três graus do sacramento da Ordem.
O maior grau é o Episcopal , plenitude do sacramento da Ordem.
O Concilio Vaticano II ensina que “pela sagração episcopal se confere a plenitude do sacramento da
ordem , que, tanto pelo costume litúrgico da Igreja como pela voz dos Santos Padres , é chamada o
sumo sacerdócio, o ápice do ministério sagrado”.
O Bispo recebe a plenitude do sacramento da ordem que o insere no Colégio episcopal e faz dele o
chefe visível da Igreja particular que lhe foi confiada . Os Bispos, como sucessores dos apóstolos e
membros do Colégio , participam da responsabilidade apostólica e da missão de toda a Igreja , sob a
autoridade de papa, sucessor de S. Pedro.
Os presbíteros estão unidos aos Bispos na dignidade sacerdotal e ao mesmo tempo depende deles no
exercício de suas funções pastorais; são chamados a serem atentos cooperadores dos Bispos ;
formam, em torno de seus Bispos, o “presbitério” que com ele é responsável pela Igreja particular.
Recebem do Bispo o encargo de uma comunidade paroquial ou uma função eclesial determinada .
Os diáconos são ministros ordenados para as tarefas de serviços da Igreja ; não recebem o
sacerdócio ministerial, mas a ordenação lhe confere funções importantes no ministério da Palavra,
do culto divino , do governo pastoral e do serviço da caridade , tarefas que devem cumprir sob a
autoridade pastoral de seu Bispo . Este último grau se subdivide em provisório ou permanente.
Permanente – homens com mais de 35 anos, casados há mais de 5 anos em união estável ou solteiro,
que serve à Igreja depois de um período de formação patrocinado pela diocese. Essa preparação
dura de 3 a 4 anos.
Provisório – religioso que está completando sua preparação para o sacerdócio. Antes de tornar-se
padre, ele passa por um curto período de exercício do diaconato em período de transição até o
Presbiterado.

Quem pode conferir este sacramento?


A única pessoa que pode conferir a uns serem apóstolos (bispos) e a outros presbíteros (padres) ou
diáconos é Jesus Cristo, que continua agindo pelos Bispos até os dias de hoje. Ou seja, o bispo é o
ministro do sacramento da Ordem.

Quem pode receber este sacramento


“Só um varão batizado pode receber validamente a ordenação sagrada”. Quer dizer, só homem
pode receber este sacramento. O Senhor Jesus escolheu homens para formar o colégio dos doze
Apóstolos, e os apóstolos fizeram o mesmo quando escolheram os colaboradores que seriam seus
sucessores na missão. A Igreja se reconhece ligada a essa escolha do próprio Senhor. Por isso, a
ordenação de mulheres não é possível .

Os efeitos do sacramento da Ordem.


Este sacramento confere aos ordenados:
 Habilidade para agir como representante de Cristo, Cabeça da Igreja, em sua tríplice função de
sacerdote, profeta e rei .
 Caráter espiritual indelével, isto é, que não pode ser retirado ou conferido temporariamente,
pois é impresso para sempre .
 A graça do Espírito Santo:
A graça de guiar e de defender com força e prudência sua Igreja como pai e pastor, com um amor
gratuito por todos e uma predileção pelos pobres, doentes e necessitados . Esta graça o impele a
anunciar o Evangelho a todos, a ser modelo de seu rebanho, a precedê-lo no caminho da
santificação, identificando-se na Eucaristia com Cristo, sacerdote e vítima, sem medo de entregar-se
por suas ovelhas.

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Quanto ao diácono, “a graça sacramental lhe concede a força necessária para servir ao povo de
Deus na ‘diaconia’ da liturgia, da palavra e da caridade, em comunhão com o bispo e seu
presbitério.

Matrimônio
Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança e deu-lhe a inteligência para que fosse
soberano sobre todas as outras criaturas. Quis também o Criador que a humanidade participasse de
sua obra, através da capacidade de perpetuação da espécie. Com efeito, o homem, ao momento que
dispõe dessa capacidade, colabora com o projeto de Deus. Portanto, o homem e a mulher são
protagonistas de uma belíssima missão : a de fazer com que venha ao mundo mais uma alma criada
pelo Senhor. Chega-se a conclusão que essa missão é algo extremamente nobre e por isso não pode
ser realizada de maneira leviana.
“Porque os filhos nascidos de uniões ilícitas serão no dia do juízo testemunhas a deporem contra
seus pais” .
(Sb 4,6)
A instituição do sacramento do matrimônio confirma o caráter de nobreza dessa missão. A questão
é que não se restringe apenas ao unir o homem e a mulher e que dessa união advenha filhos; a
missão do casal consiste também na formação, educação e sustento da nova vida assim gerada, para
que esta possa se elevar através das virtudes cristãs e possa, destarte, elevar ao próximo, para a
glória de Deus. O matrimônio cria vínculos não somente de fidelidade recíproca entre os cônjuges,
mas entre estes e Deus, que abençoa a união com os filhos.
Desse modo, entende-se o porquê da seriedade da Igreja quando trata das questões referentes à
sexualidade humana. O sexo foi feito para o ser humano e não o ser humano foi feito para o sexo.
“Não foi concedido aos seres humanos amarem-se uns aos outros a não ser como filhos de um
mesmo Pai. Fora deste parentesco comum, não há inclinação ou laço que nos una de maneira
duradoura. Os laços do prazer são frágeis; os do interesse, duros ”(Henry Gheon no livro sobre a
vida de Cura d’Ars). O sexo é algo belo, puro, santificado e sagrado. Torna-se pecaminoso quando
se distancia de sua finalidade cooperativa da obra do Criador. É um dom especialíssimo, fonte de
amor e de vida; um talento a ser administrado, como aquele da parábola (Mt 25, 14-30). O
matrimônio é a confirmação do amor entre homem e mulher; a despeito de serem esposo e esposa,
também se amam como irmãos e, acima de tudo, dessa forma. O matrimônio é um compromisso de
permanência de acordo com as normas estabelecidas pelo próprio Cristo no Evangelho.
No limiar de sua vida pública, Jesus opera seu primeiro sinal - a pedido de sua Mãe - por ocasião de
uma festa de casamento. A Igreja atribui grande importância à presença de Jesus nas Bodas de
Caná. Vê nela a confirmação de que o casamento é uma realidade boa e o anúncio de que, daí em
diante, o casamento será um sinal eficaz da presença de Cristo (cf. CIC 1613).
“Respondeu-lhes Jesus : ‘Não lestes que o Criador, no começo, fez o homem e a mulher e disse :
Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher ; e os dois formarão uma só
carne ? Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto não separe o homem o que Deus
uniu.’”
O sacramento antes de tudo é, consoante a passagem infra-assinalada, indissolúvel. Não há
nenhuma hipótese, com exceção da morte de um dos cônjuges, em que um matrimônio válido possa
ser dissolvido. O que poderá haver apenas é a confirmação de nulidade do sacramento, através de
um tribunal eclesiástico com atributos para tanto. As causas de nulidade do casamento estão
enunciadas no Código de Direito Canônico (1095 e seguintes). Concluindo, não é permitido a
alguém casado na Igreja contrair núpcias novamente, a não ser em caso de viuvez. Uma vez
celebrado pelos cônjuges, não há como se voltar atrás (a Igreja assume meramente o papel de
testemunha e ratificadora neste sacramento; são os noivos os celebrantes). A fidelidade não é opção
e sim obrigação de ambos os cônjuges. Mesmo quando já não vivem mais juntos (não há mais
coabitação, que em certos casos, devido à impossibilidade, torna-se admissível, embora
desaconselhável), não deixam de ser em momento algum esposo e esposa.

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“Ora, assim como a Igreja é submissa a Cristo, assim também o sejam em tudo as mulheres a seus
maridos. Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para
santificá-la, purificando-a pela água do batismo com a palavra.” (Ef 5,24-26)
O Matrimônio se baseia no consentimento dos contraentes, a manifestação consciente do desejo do
homem e da mulher de formar uma só carne, doando-se mutuamente e definitivamente para viver
uma aliança de amor fiel e fecundo (CIC 1662). O novo casamento de divorciados, quando um dos
cônjuges ainda é vivo fere esse compromisso resultante da manifestação da vontade na celebração
do sacramento. Não ficam separados da Igreja, mas não podem ter acesso à comunhão eucarística.
Vale a pena notar que não é a simples condição de divorciado que impede o recebimento da
eucaristia; o que irá impedir é, sendo divorciado, contrair novas núpcias ou viver em união com
outrem.
O lar cristão é o lugar mais propício para o florescimento das vocações, onde primeiramente as
crianças receberão as lições da vida na fé. Dessa forma, é conhecido também por “igreja
doméstica”, comunidade de graça e oração, escola das virtudes humanas e da caridade cristã. Num
mundo tão infestado de desamor; desrespeito; onde a vida é regrada somente com bastante prazer,
seja como for, é mais valorizada do que as virtudes da pureza, virgindade e castidade; onde as
doenças como a AIDS disseminam cada vez mais, matando muitos a cada dia, resta a esperança do
exemplo da Sagrada Família, berço formador do Salvador do Mundo.
DEUS CRIOU O SEXO SEGURO E O CHAMOU DE SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO.
Os noivos devem preparar os papéis do casamento uns três meses antes da celebração. Devem fazer
isso na Paróquia da noiva ou do noivo. A preparação catequética pode ser feita com antecedência de
um ano ou mais. Não convém deixar para a última hora!
Os noivos devem fazer uma confissão antes do casamento. Também já devem ter feito a Primeira
Comunhão antes do Casamento. Convém que já sejam Crismados. Os casados na Igreja devem
viver uma vida de família cristã, de amor fiel, testemunhando o amor fiel de Deus, selado pelo
Sangue de Jesus no compromisso da Nova Aliança.

Parte Central da Celebração do Matrimônio


Quando os noivos, na presença da Comunidade e do sacerdote ou diácono, se dão as mãos e
assumem este compromisso:
Eu, (nome), te recebo, (nome), por minha (meu) esposa (o), e te prometo ser fiel na alegria e na
tristeza, na saúde e na doença, amando-te e respeitando-te todos os dias de minha vida
E o sacerdote ou diácono, segurando na mão dos dois diz:
Deus todo poderoso confirme este compromisso que vocês manifestaram perante a Igreja e
derrame sobre vocês as suas bênçãos. O que Deus uniu, o homem não separe. Amém!
Bênção das alianças
Sacerdote: Deus abençoe estas alianças que vocês vão entregar um ao outro em sinal de amor e
fidelidade.
Os noivos dizem um ao outro:
(nome), recebe esta aliança em sinal do meu amor e da minha fidelidade. Em nome do Pai, e do
Filho e do Espírito Santo. Amém!

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Paróquia São José – Barros Filho
Catecumenato da Iniciação Cristã de Adultos (RICA)

26º Tema: Mandamentos: Amor a Deus (Os três primeiros)

“M estre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna?”Ao jovem que lhe faz esta
pergunta Jesus responde primeiro invocando a necessidade de reconhecer a Deus
como “o único bom”, como o bem por excelência e como a fonte de todo o bem.
Depois Jesus diz: “Se queres entrar para a Vida, guarda os mandamentos”. E cita ao seu interlocutor
os preceitos que se referem ao amor do próximo: “Não matarás, não adulterarás, não roubarás, não
levantarás falso testemunho, honra pai e mãe”. Finalmente, Jesus resume estes mandamentos de
maneira positiva: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 19, 16-19)
Os Dez Mandamentos, ou Decálogo (dez palavras), são na verdade resumidos em dois. Na primeira
tábua, estão os três primeiros mandamentos que são relativos ao nosso relacionamento com Deus; é
resumido em: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o
entendimento” (Mt 22,37). Este é o maior mandamento de todos. Na segunda tábua, temos os
preceitos relativos ao relacionamento com o próximo, que é resumido em: “Amarás o teu próximo
como a ti mesmo”. (Mt 19,19)
Deus revelou os Dez Mandamentos a seu povo no monte sagrado. Ele as escreveu “com seu dedo”
(Ex 31,18; Dt 5,22), à diferença de outros preceitos escritos por Moisés. São palavras de Deus de
modo eminente. Foram transmitidas no livro do Êxodo e no do Deuteronômio. Desde o Antigo
Testamento os livros sagrados se referem às “dez palavras”. Mas é em Jesus Cristo, na Nova
Aliança, que será revelado seu sentido pleno.
Os Dez Mandamentos foram dados ao povo de Deus, para que os obedecendo, estes se libertassem
da escravidão do pecado. Na verdade, os Dez Mandamentos não precisariam nem ser enunciados,
pois Deus já os havia colocado no coração do homem desde o começo. Isto é chamado de Lei
Natural. Uma lei inscrita no coração de todos os homens. Mas mesmo assim Deus anunciou de
forma contundente em duas tábuas qual era a sua vontade para os homens, através dos Dez
Mandamentos. Isto aconteceu pois a humanidade pecadora tinha necessidade desta revelação. Uma
explicação completa dos mandamentos do Decálogo se tornou necessária no estado de pecado que
homem se encontrava (e se encontra).
Jesus no Evangelho nos revela os Dez Mandamentos de forma completa. Principalmente no Sermão
da Montanha, onde explica os mandamentos amplamente. Mais que revelar os Mandamentos e
explicá-los, Jesus vai além, com os “chamados conselhos evangélicos”. “Se queres ser perfeito, vai,
vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus. Depois, vem e segue-me” (Mt
19,21). É a lei do Amor que Jesus revelou e não tem limites. “Sedes perfeitos como vosso Pai
celeste é perfeito”.
O primeiro mandamento
“Eu sou o Senhor teu Deus, que te fez sair da terra do Egito, da casa da escravidão. Não terás
outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem esculpida de nada que se assemelhe ao que
existe lá em cima, nos céus, ou embaixo na terra, ou nas águas que estão debaixo da terra. Não te
prostrarás diante desses deuses e não os servirás”. (Ex 20,2-5).
“Está escrito: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele prestarás culto’”. (Mt 4,10).
“Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas
forças” (Dt 6,5)
O primeiro mandamento da Lei de Deus é o maior de todos. Ele orienta e dá sentido a nossa vida.
Não há sentido na vida senão em Deus. Devemos amá-lo acima de todas as coisas. O desrespeito a
qualquer preceito da lei de Deus, já implica numa desobediência ao primeiro mandamento.

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Ofensas ao primeiro mandamento
Contra a fé:
Dúvida voluntária sobre a fé - duvidar conscientemente e voluntariamente das verdades da nossa fé
católica, mesmo tendo oportunidade de conhecê-las. Não quer acreditar. É ofensa séria, que pode
levar a pessoa a perder a fé.
Dúvida involuntária sobre a fé - neste caso, a pessoa quer acreditar, mas involuntariamente não
consegue. É uma ofensa mais leve ao primeiro mandamento.
Contra a esperança:
Desespero - deixar de acreditar na salvação
Presunção - achar que Deus perdoa tudo e não se preocupar em assegurar a sua salvação, achando-a
já assegurada
Contra a caridade:
Indiferença -não considera a caridade divina; menospreza e nega sua força.
Ingratidão- recusa ou omissão de reconhecer a caridade divina e pagar amor com amor.
Tibieza- hesitação ou negligência em responder ao amor divino
Acídia- “preguiça espiritual”, recusa da alegria que vem de Deus, horror ao bem divino
Ódio a Deus- opõe-se ao amor de Deus, cuja bondade nega, e atreve-se a maldizê-lo como aquele
que proíbe os pecados e inflige penas.
Não terá outros deuses diante de mim:
Superstição
dolatria - tratar pessoas ou coisas (estátuas de deuses, animais, dinheiro, sexo, fama) como se fosse
Deus, considerá-las mais importantes em suas vidas do que o próprio Deus.
Adivinhação e magia
Irreligião: - tentar a Deus (Dt 6,16)
- sacrilégio
- sinomia : compra ou venda de realidades espirituais (At 8,20)
Ateísmo- recusa a existência de Deus
Agnosticismo- acredita que é impossível provar a existência de Deus ou até afirmá-la ou
negá-la. Nega a revelação.

O Segundo Mandamento
“Não pronunciarás em vão o nome do Senhor teu Deus”. (Ex 20,7; Dt 5,11)
Foi dito aos antigos: “Não perjurarás”... Eu, porém, vos digo: não jureis em hipótese alguma. (Mt
5,33-34)
O Segundo mandamento manda respeitar o nome do Senhor. Ele nos ensina que o nome do Senhor
é Santo, como o próprio Deus o é.
O Segundo mandamento proíbe o abuso do nome de Deus, isto é, todo uso inconveniente do nome
de Deus, de Jesus Cristo, da Virgem Maria e de todos os santos.
As promessas feitas a outrem em nome de Deus empenham a honra, a fidelidade, a veracidade e a
autoridade divinas. Devem pois, em justiça, ser respeitadas. Ser-lhes infiel é abusar do nome de
Deus, e de certo modo, fazer de Deus um mentiroso.
A blasfêmia opõe-se diretamente ao segundo mandamento. Consiste em proferir contra Deus -
interiormente ou exteriormente - palavras de ódio, de ofensa, de desafio, em falar mal de Deus, em
faltar-lhe deliberadamente ao respeito, em abusar do nome de Deus. A proibição da blasfêmia
estende-se às palavras contra a Igreja de Cristo, os santos, as coisas sagradas. É também blasfemo
recorrer ao nome de Deus para encobrir práticas criminosas ou imorais. A blasfêmia é pecado
grave.
Rogar pragas usando o nome de Deus, mesmo sem intenção de blasfêmia, é uma falta de respeito
para com o Senhor. O segundo mandamento também proíbe o “uso mágico” do nome do Senhor.

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O Segundo mandamento proíbe o juramento em falso. Fazer juramento é invocar a Deus como
testemunha do que se afirma. Quem não cumpre seu juramento ou jura em falso comete perjúrio. O
perjúrio é falta grave.
“Ouviste o que foi dito aos antigos: ‘Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos para com o
Senhor’. Eu, porém, vos digo: não jure em hipótese nenhuma... Seja o vosso ‘sim’, sim, e o vosso
‘não’, não. O que passa disso vem do maligno”. (Mt 5,33-34.37)
A passagem acima mostra como devemos ter cuidado ao fazer um juramento. Seguindo São Paulo,
a Tradição da Igreja entendeu que as palavras de Jesus não se opõem ao juramento quando este é
feito por uma causa grave e justa (por exemplo, perante um tribunal). Não devemos jurar por coisas
fúteis.
“Senhor nosso Deus, quão poderoso é teu nome em toda a terra” (Sl 8,11)

O Terceiro Mandamento
Lembra-te do dia do sábado para santificá-lo. Trabalharás durante seis dias, e farás todas as tuas
obras. O sétimo dia, porém, é o sábado do Senhor teu Deus. Não farás nenhum trabalho (Ex 20, 8-
10) O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado, de modo que o Filho do
Homem é senhor até do sábado.
O sábado, que representava o termo da primeira criação, é substituído pelo domingo, que lembra a
criação nova, inaugurada com a Ressurreição de Cristo.
A Igreja celebra o dia da Ressurreição de Cristo no oitavo dia, que é corretamente chamado dia do
Senhor, ou domingo.
“O domingo... deve ser guardado em toda a Igreja como o dia de festa por excelência”. “No
domingo e em outros dias de festa de preceito, os fiéis têm a obrigação de participar da missa”.
“No domingo e nos outros dias de festa de preceito, os fiéis devem abster-se das atividades e
negócios que impeçam o culto a ser prestado a Deus, a alegria própria do dia do Senhor e o devido
descanso da mente e do corpo”.
A instituição do domingo contribui para que “todos tenham tempo de repouso e de lazer suficiente
para lhes permitir cultivar sua vida familiar, cultural, social e religiosa”.
Todo cristão deve evitar impor sem necessidade aos outros, aquilo que os impediria de guardar o
dia do Senhor.

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Catecumenato da Iniciação Cristã de Adultos (RICA)

27º Tema: Mandamentos: Amor ao próximo (quarto, quinto e sexto)

O Quarto Mandamento

“F ilho, obedecei a vossos pais segundo o Senhor; porque é justo. O primeiro


mandamento acompanhado de uma promessa é: honra teu pai e tua mãe para que
sejas feliz e tenham longa vida sobre a terra.” (Ef 6,13).
Deus quis que, depois dele mesmo, honrássemos nossos pais, a quem devemos a vida e que nos
transmitiram o conhecimento de Deus. O quarto mandamento dirige-se expressamente aos filhos em
suas relações com seus pais e suas mães. Diz respeito também às relações de parentesco com os
membros do grupo familiar. Estende-se enfim aos deveres dos alunos para com o seu professor, dos
empregados para com os seus patrões, aos subordinados para com seus chefes, dos cidadãos para
com sua pátria, os que a administram ou a governam.
A salvação da pessoa e da sociedade humana está estreitamente ligada ao bem-estar da comunidade
conjugal e familiar.
Os filhos devem a seus pais respeito, gratidão, justa obediência e ajuda. O respeito filial favorece a
harmonia de toda a vida familiar. Os pais são os primeiros responsáveis pela educação de seus
filhos na fé, na oração e em todas as virtudes. “Pais, não exaspereis vossos filhos. Pelo contrário
criai-os na educação e na doutrina do Senhor.” (Ef 6,4)

O Quinto Mandamento
Não matarás (Ex 20,13)
Ouviste o que foi dito aos antigos: “Não matarás. Aquele que matar terá de responder no tribunal”
(Mt 5,21-22)
A vida humana é sagrada porque desde a sua origem ela encerra a ação criadora de Deus, e
permanece para sempre numa relação especial com o Criador, seu único fim. Só Deus é o dono da
vida, do começo ao fim; ninguém em nenhuma circunstância pode reivindicar para si o direito de
destruir diretamente um ser humano inocente.
A Escritura determina com precisão a proibição do quinto mandamento: “Não matarás o inocente
nem o justo” (Ex 23,7). O assassinato voluntário de um inocente é gravemente contrário à dignidade
do ser humano, à regra de ouro e à santidade do Criador. A lei que o proscreve é universalmente
válida, isto é, obriga a todos e a cada um, sempre e em toda a parte.
No Sermão da Montanha o Senhor recorda o preceito: “Não matarás” (Mt 5,21), e acrescenta a
proibição da cólera, do ódio e da vingança. Mas ainda, Cristo diz a seu discípulo que ofereça a outra
face e ame os seus inimigos. Ele mesmo não se defendeu e disse a Pedro que deixasse a espada na
bainha.
A legítima defesa não é contrária ao quinto mandamento. O preceito de não matar inclui a defesa da
própria vida e da vida do próximo. Quem defende a própria vida ou a de um inocente, e como
conseqüência desta defesa acaba matando o agressor, não é culpável de homicídio. Se os meios não
sangrentos bastarem para defender as vidas humanas contra o agressor e para proteger a ordem
pública e a segurança das pessoas, deverão se limitar a esses meios.

Ofensas ao Quinto Mandamento:


- homicídio voluntário (direto ou indireto)
- aborto - no momento da concepção, o ovo formado pela união do espermatozóide com o óvulo, já
é um ser humano. Na concepção, Deus infunde a alma no corpo e se torna um novo ser humano.
Como tal deve ter seus direitos assegurados. DE MANEIRA NENHUMA É LÍCITO O ABORTO.
O aborto em todas as suas modalidades e variações, com exceção do aborto involuntário (não

60
pretendido), é pecado muito grave. É o assassinato de uma criança totalmente inocente e indefesa.
Não é justificável o aborto em caso de estupro, pois um erro não justifica o outro, e a criança não é
culpada de tal situação. Nem o aborto terapêutico (quando a vida da mãe corre risco) é justificável,
pois não é justificável assassinar um inocente, por egoísmo, para salvar a própria pele. Por ser um
pecado de muita gravidade, o aborto é acompanhado da pena de excomunhão latae sententiae. Se o
pecador se arrepender deverá se confessar com o bispo ou com um sacerdote por ele delegado.

- eutanásia - o sofrimento humano não deve ser visto sempre de uma maneira negativa, pelo
contrário deve ser entendido como participação na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. O homem
não é dono de sua vida e sim administrador. A vida do homem e da mulher só a Deus pertence.
Quem confia em Deus, sempre terá forças para superar as dificuldades da vida. Pois Deus dá a cada
um, a força necessária para carregar o seu fardo. Quando a pessoa se distância de Deus, se torna
fraca pois confia em sua própria força. Angustia-se com o sofrimento pois ele parece sem sentido.
Mas não é assim. A eutanásia, que consiste em tirar a vida do moribundo ou doente para lhe
abreviar o sofrimento, é moralmente inadmissível.

- o suicídio - o suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a


própria vida. É gravemente contrário ao justo amor de si mesmo. Ofende igualmente o amor do
próximo porque rompe injustamente com os vínculos de solidariedade com as sociedades familiar,
nacional e humana, às quais nos ligam muitas obrigações. O suicídio é contrário ao amor do Deus
vivo. Apesar disso, não devemos perder as esperanças da salvação do suicida. Deus pode permitir
ao suicida vias de arrependimento por meios que só ele conhece.

- o escândalo - o escândalo é um desrespeito pela alma do outro. Consiste em levar o próximo a


pecar, ou seja, levar o próximo a uma morte espiritual. Mt 18,6

- o desrespeito à saúde e a integridade corporal (de si mesmo e do próximo)

- a guerra, a não ser em legítima defesa


(- Catecismo da Igreja Católica - cans. 2052 – 2330)
(- Bíblia Sagrada - ler passagens citadas no texto)

Sexto Mandamento
“Não cometerás adultério” Ex 20,14
Eu, porém, vos digo : todo aquele que olha para uma mulher com desejo libidinoso já
cometeu adultério com ela em seu coração (Mt. 5, 27-28)”
O instinto sexual não é algo vergonhoso ou feio ; é sim uma das coisas mais belas que Deus
proporcionou para nós, pois com ela tornamos participantes do seu plano criador. Esse instinto,
porém, não nos é permitido o uso de maneira leviana, ao gosto do indivíduo. Deus estabeleceu
condições e requisitos para que ele pudesse ser alcançado...

(Continua no encontro que falaremos do nono Mandamento)

61
Paróquia São José – Barros Filho
Catecumenato da Iniciação Cristã de Adultos (RICA)

28º Tema: Mandamentos: Amor ao próximo (sétimo, oitavo, nono, décimo)

“Não roubarás” (Ex 20,15; Dt 5,19; Mt 19,18)


“O sétimo mandamento proíbe tomar ou reter injustamente os bens do próximo ou lesá-lo, de
qualquer modo, nos mesmos bens. Prescreve a justiça e a caridade na gestão dos bens terrestres e
dos frutos do trabalho dos homens. Exige, em vista do bem comum, o respeito à destinação
universal dos bens e ao direito de propriedade privada. A vida cristã procura ordenar para Deus e
para a caridade fraterna os bens deste mundo.” (Catecismo da Igreja Católica, can. 2401).
Na obra da Criação, o ápice foi a criação do gênero humano. Deus criou o homem à sua imagem e à
sua semelhança, tornando-o senhor e guardião de toda a Criação. Todos os bens terrenos foram
submetidos ao homem, tanto os animados como os inanimados. Os bens terrestres foram destinados
ao conjunto da humanidade. A isto chamamos “destinação universal dos bens”. O homem como fiel
administrador da criação de Deus, deve usá-la de forma digna, respeitando a justiça e a
solidariedade entre os povos e os indivíduos. Deve-se usar a criação de maneira sábia e apropriada a
sua destinação.
Deus também destinou aos homens a propriedade privada dos bens. Esta propriedade não está
acima da destinação universal dos bens, mas a serviço desta. Deus permite a propriedade privada
dos bens, que se torna um direito do indivíduo. Devido as ameaças de violência e penúria, os bens
da terra são repartidos entre os homens através da propriedade privada. A apropriação dos bens é
legítima para garantir a liberdade e a dignidade das pessoas, para ajudar cada um a prover suas
necessidades fundamentais e as daqueles de quem está encarregado.
“A autoridade política tem o direito e o dever de regulamentar, em função do bem comum, o
exercício legítimo do direito de propriedade” (Catecismo da Igreja Católica, can. 2406)
O sétimo mandamento proíbe o roubo, i.e., a usurpação do bem do outro contra a vontade
razoável do proprietário. Não podemos considerar roubo, quando o consentimento possa ser
presumido ou quando a recusa vai contra a razão e a destinação universal dos bens. Ou seja, é o
caso da necessidade urgente e evidente em que o único meio de acudir as necessidades imediatas e
essenciais (alimento, abrigo, roupa...) é dispor e usar dos bens do outro. (Catecismo, 2408)
Toda maneira de tomar e de reter injustamente o bem do outro, mesmo que não contrarie as
disposições da lei civil, é contrária ao sétimo mandamento. Assim também reter deliberadamente os
bens emprestados ou objetos perdidos; defraudar no comércio; pagar salários injustos; elevar os
preços especulando sobre a ignorância ou a miséria alheia.
São ainda moralmente ilícitos: a especulação, pela qual se faz variar artificialmente a
avaliação dos bens, visando levar vantagem em detrimento do outro; a corrupção, pela qual se
“compra” o julgamento daqueles que devem tomar decisões de acordo com o direito; a apropriação
e uso privados dos bens sociais de uma empresa; os trabalhos mal feitos, a fraude fiscal, a
falsificação de cheques e de faturas, os gastos excessivos, o desperdício. Infligir voluntariamente
um prejuízo aos proprietários privados ou públicos é contrário à lei moral e exige reparação.
(Catecismo, can. 2409)

O Oitavo Mandamento
“Não apresentarás um falso testemunho contra o teu próximo” (Ex 20,16).
“Ouviste o que foi dito aos antigos:
Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos para com o Senhor”. (Mt 5,33)
O oitavo mandamento proíbe falsear a verdade nas relações com os outros. Essa proibição moral
decorre da vocação do povo santo a ser testemunha de seu Deus, que é e quer a verdade. As ofensas

62
à verdade exprimem, por palavras ou atos, uma recusa de abraçar a retidão moral: são infidelidades
fundamentais a Deus e, neste sentido, minam as bases da Aliança.
Devemos viver na verdade, pois Deus é fonte de toda a verdade, é o Deus da verdade, é a própria
verdade. Como Jesus dizia : “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). Jesus é a luz do
mundo (Jo 8,12) e pede que nós também sejamos luz do mundo, ou seja, testemunhos da Verdade.
Jesus nos ensina o amor incondicional a verdade : “Seja o vosso ‘sim’, sim, e o vosso ‘não’, não”
(Mt 5,37).
A verdade como retidão do agir e da palavra humana tem o nome de veracidade, sinceridade ou
franqueza. A verdade ou veracidade é a virtude que consiste em mostrar-se verdadeiro no agir e no
falar, guardando-se da duplicidade, da simulação e da hipocrisia.

Ofensas à verdade
Os discípulos de Cristo “revestiram-se do homem novo, criado segundo Deus, na justiça e santidade
da verdade” (Ef 4,24). “Livres da mentira” (Ef 4,25), devem “rejeitar toda a maldade, toda a
mentira, todas as formas de hipocrisia, de inveja e maledicência”.
- falso testemunho ou perjúrio
- desrespeito a reputação das pessoas
- juízo temerário- admitir como verdadeiro um defeito moral no próximo, sem ter fundamento
suficiente.
- maledicência- revelar às pessoas que não sabem, sem razão objetivamente válida, defeitos e faltas
de outrem.
- calúnia- prejudicar a reputação do próximo , por palavras contrárias a verdade, dando ocasião a
falsos juízos a respeito dele.
- bajulação ou adulação e complacência - encorajar e confirmar o próximo na malícia de seus atos e
perversidade de sua conduta por complacência e bajulação ou adulação. A adulação é uma falta
grave, quando cúmplice de vícios ou pecados graves. O desejo de prestar serviço a alguém não
justifica uma duplicidade de linguagem. A adulação é um pecado venial quando deseja ser somente
agradável, evitar um mal, remediar uma necessidade, obter vantagens legítimas.
- jactância ou fanfarronice
- ironia - visa depreciar alguém caricaturando, de modo malévolo, um ou outro aspecto de seu
comportamento.
- mentira- consiste em dizer o que é falso com a intenção de enganar. “Vós sois do diabo, vosso pai,
... nele não há verdade: quando ele mente, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da
mentira” (Jo 8,44). A mentira é a ofensa mais direta à verdade.
A gravidade da mentira se mede segundo a natureza da verdade que ela deforma, de acordo com as
circunstâncias, as intenções daquele que a comete, os prejuízos sofridos por aqueles que são suas
vítimas. Embora a mentira em si seja um pecado venial, torna-se mortal quando fere gravemente as
virtudes da justiça e caridade.
A mentira é condenável em sua natureza. É uma profanação da palavra que tem por finalidade
comunicar aos outros a verdade conhecida. O propósito deliberado de induzir o próximo em erro
por palavras contrárias à verdade constitui uma falta à justiça e à caridade. A culpabilidade é maior
quando a intenção de enganar acarreta o risco de conseqüências funestas para aqueles que são
desviados da verdade.
A mentira é funesta para toda a sociedade, mina a confiança entre os homens e rompe o tecido das
relações sociais.
Toda a falta cometida contra a justiça e a verdade impõe o dever de reparação, mesmo que o seu
ator tenha sido perdoado.

O Nono Mandamento
“Não cometerás adultério” Ex 20,14

63
“Não desejarás a mulher do próximo” Dt 5,21a
“Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo : todo aquele que olha para uma mulher
com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em seu coração (Mt. 5, 27-28)”
Voltamos a falar do sexto mandamento pois este e o nono em um só tópico, pode serem resumidos
“Não pequeis contra a Castidade”, nem em atos nem em pensamentos.
A palavra “Castidade” provém da expressão Castificare, que significa purificar, tornar casto. Em
linhas gerais é a qualidade de se tornar puro, daqueles que se abstém dos prazeres sexuais, das
paixões desordenadas. Infelizmente não é o que se observa no mundo contemporâneo : há uma
crescente tendência, perpetrado principalmente pelos meios de comunicação, com mais força na
televisão, de valorização do prazer a todo preço, quase sempre de forma irresponsável. Através dos
programas que tratam do tema, que tentam incentivar à prática do sexo apenas com a finalidade de
obtenção do prazer, tentam passar a idéia de que as virtudes da pureza e da castidade são coisas
antiquadas e vergonhosas.
“Não vos contamineis com nenhuma dessas coisas, porque é assim que se contaminaram as nações
que vou expulsar diante de vós (...) Guardarei, pois, os meus mandamentos, e não seguireis
nenhum dos costumes abomináveis que se praticavam antes de vós, e não vos contaminareis por
eles.
EU SOU O SENHOR, VOSSO DEUS”. (Lev. 18,24-30)
Aumentando ainda mais o problema, observa-se também a tentativa de degradação da família como
unidade básica da sociedade. Não é tanto comum o diálogo de pais e filhos, onde se procura, com
solidariedade e amor, solucionar todos os problemas, visando a edificação de todos os membros.
A castidade se expressa principalmente na amizade ao próximo. Desenvolvida entre pessoas do
mesmo sexo ou de sexos diferentes, a amizade representa um grande bem para todos e conduz à
comunhão espiritual. O mesmo se procede na família cristã, onde as virtudes da oração, do temor a
Deus, da amizade e do amor são sempre a referência. Todo cristão, independente da vocação que
abraça, é chamado a ser casto. Devemos ser perfeitos como nosso Pai é prefeito. Há que se
distinguir, porém, com os diversos estados de vida : os solteiros devem manter-se na abstinência,
assim como os religiosos e leigos consagrados ; os casais devem manter a fidelidade mútua. Os
noivos são chamados a viver a castidade na continência (CIC 2350).

O PECADO – Porém, prefere o ser humano seguir as suas inclinações a ter que se submeter à
vontade de Deus ; ao agir com egoísmo, pensando somente em si próprio e esquecendo quem o
criou, impede que a graça santificante transborde na alma. Assim, o ser humano acaba violando o
sexto e o nono mandamento do Senhor. É preciso, no entanto, levar em consideração a imaturidade
das pessoas, a força dos hábitos contraídos, estado de angústia e outros fatores psíquicos que levam
as pessoas a se desvirtuarem do reto caminho. Deve-se agir sempre com a mais profunda
misericórdia com as pessoas que sofrem por causa disso.

Ofensas à Castidade:
Luxúria - conhecida como um dos pecados capitais, nada mais é do que um desejo desordenado de
obtenção dos prazeres sexuais. É uma inclinação ; uma tendência. Desordenada porque
normalmente é buscada com finalidades diversas da procriação e do amor cristão.
Fornicação - consiste na prática do sexo, na conjunção carnal (sexo entre homem e mulher - coito
vaginal) ou ato libidinoso (qualquer ato diverso da conjunção carnal). Ofende a dignidade das
pessoas, podendo ser até escandaloso quando há corrupção de jovens (CIC 2353) e agravado
quando obtido por emprego de violência, seja físico ou moral (estupro).
Pornografia - publicação, edição e divulgação de tudo que represente o sexo para as pessoas, por
ex., através do meio visual (revistas e filmes). Deve-se evitar o contato com tal tipo de publicações,
pois elas estimulam os sentidos a buscarem o prazer desordenado.

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Masturbação - estímulo dos órgãos genitais com vista de obtenção do prazer. Muito comum nos
adolescentes, para os psicoterapeutas é sempre, principalmente nos adultos, uma manifestação de
imaturidade e pouca auto-estima.
Prostituição - quando uma pessoa paga ou oferece vantagem à outra para que esta lhe dê prazer, a
partir do ato sexual. É algo que viola completamente a dignidade do ser humano, ao reduzir seu
corpo, que é templo do Espírito Santo, a um mero objeto de prazer. É um flagelo social, pois
normalmente envolve a necessidade material de alguém que está miserável e não consegue obter um
meio digno de subsistência. É particularmente escandaloso quando envolvem os mais jovens,
inclusive crianças.
Homossexualismo - consiste nas relações sexuais ou pela atração entre pessoas do mesmo sexo. A
origem psíquica dessa tendência é desconhecida. São completamente contrários à lei natural. Deus
criou o homem e a mulher para que se tornassem uma só carne.
“Não te aproximarás de um homem como se fosse mulher, porque é uma abominação (Lev. 18,22)”
“Um número não negligenciáveis de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais
inatas. Não são elas que escolhem sua condição homossexual ; para a maioria, pois, esta constitui
uma provação. DEVEM SER ACOLHIDOS COM RESPEITO, COMPAIXÃO E DELICADEZA.
Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar
a vontade de Deus na sua vida e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as
dificuldades que podem encontrar por causa de sua condição.” (CIC 2358)

Adultério - ofensa particular contra o Matrimônio. Significa a infidelidade conjugal. É uma


injustiça, pois são feridos os compromissos para o cônjuge e para com Deus.
“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.” (Mt. 5,3-12)

Para Saber Mais . . .


“Antes de mais nada, é essencial lembrar que nosso corpo é templo do Espírito Santo. Não somos
proprietários do mesmo e sim administradores. Por isso, não nos é lícito usar do próprio corpo como
bem entender, muito embora a nós foi conferida a liberdade de agir, que é zelosamente respeitada
por Deus. Porém, assim como Deus respeita nossa liberdade de ação, deveríamos também respeitar
os seus desígnios, mesmo que a princípio pareçam incompreensíveis ao primeiro momento. O
raciocínio se opera quando se trata da sexualidade. Para muitos, o prazer é considerado algo natural
e como tal, lícito, em quaisquer circunstâncias ou hipóteses. No entanto, os instintos naturais tem
duas finalidades, uma mediata e outra imediata. Quando se fala no instinto alimentar, tem-se como
finalidade imediata o prazer proporcionado pelo alimento saboroso e como finalidade mediata a
satisfação da necessidade orgânica em repor as energias necessárias para a manutenção da vida. O
equilíbrio das duas finalidades é que gera a sensação de bem estar e um organismo saudável.
Quando alguém come demais, só pelo prazer de comer e chega a passar mal por causa disso, peca
não por estar comendo demais, mas porque está fazendo mal ao seu organismo.
Da mesma forma acontece com a sexualidade. O prazer não é ilícito ; mas somente é permitido
obtê-lo dentro do compromisso estabelecido perante a Igreja. A castidade não é algo vergonhoso
como tentam muitas vezes veicular pelos meios de comunicação. A castidade está intimamente
ligada com a amizade da alma com Deus. É um desdobramento da graça batismal (cf. CIC 1619) e é
proveniente do próprio Deus. “A castidade é também obediência, que nada mais é do que submeter
a própria vontade a vontade do Senhor. E quem ama realmente o Senhor, cumpre com a sua
vontade, respeita seus mandamentos.” Retirado da lição sobre o Matrimônio.

(- Catecismo da Igreja Católica – cans.2331-2400)


(- Livro “Sexo & Amor : 274 perguntas. Rafael Llano Cifuentes. Marques Saraiva, gráfica e
editores, 1993”)

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O Décimo Mandamento
“Não cobiçarás... coisa alguma que pertença a teu próximo” (Ex 20,17).
“Tu não desejarás para ti a casa do teu próximo, nem o seu campo, nem o seu escravo, nem a sua
escrava, nem o seu boi, nem o seu jumento, qualquer coisa que pertença ao teu próximo”. (Dt
5,21)
“Onde está o teu tesouro, aí estará também teu coração”. (MT 6, 21)
O Décimo mandamento proíbe que desejemos de maneira injusta os bens do próximo. Ele desdobra
o nono mandamento, que proíbe o desejo das coisas sensuais. O décimo mandamento trata de
maneira mais específica dos bens materiais. O décimo mandamento se refere a intenção do coração.
Ele proíbe a má intenção do coração, a inveja dos bens alheios. A inveja, vício capital, consiste em
nos entristecermos com a felicidade e os bens alheios, querendo-os injustamente para nós, mesmo
que tal pensamento não se realize em ações.
“O apetite sensível nos faz desejar as coisas agradáveis que não temos. Por exemplo, desejar comer
quando temos fome, ou aquecer-nos quando estamos com frio. Esses desejos são bons em si
mesmos; mas muitas vezes não respeitam a medida da razão e nos levam a cobiçar injustamente o
que não nos cabe e pertence, ou é devido a outra pessoa.
O décimo mandamento proíbe a avidez e o desejo de uma apropriação desmedida dos bens terrenos;
proíbe a cupidez desmedida nascida da paixão imoderada das riquezas e de seu poder. Proíbe ainda
o desejo de cometer uma injustiça pela qual se prejudicaria o próximo em seus bens temporais.”
CIC 2535 e 2536
Admirar uma pessoa e querer ter suas qualidades ou bens terrenos, não são contrários a este
mandamento. A obtenção de bens pelos meios justos e com a correta intenção, não é contrária a lei
de Deus. O incorreto é se entristecer pelo fato do outro possuir, querer injustamente estes bens...

(Catecismo da Igreja Católica, cans. 2434-2557)

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Paróquia São José – Barros Filho
Catecumenato da Iniciação Cristã de Adultos (RICA)

29º Tema: O Mandamento do Amor

M uitos atos e palavras de Jesus constituíram, portanto, um “sinal de contradição”


para as autoridades religiosas de Jerusalém – que o Evangelho de São João com
freqüência denomina “os judeus” – mais ainda do que para o comum do povo de
Deus. Sem dúvida, as relações com os fariseus não foram exclusivamente polêmicas. São
os fariseus que o previnem do perigo que corre. Jesus elogia alguns deles, como escriba de
Mc 12,34, e repetidas vezes come com fariseus . Jesus confirma doutrinas compartilhadas
por essa elite religiosa do povo de Deus: a ressurreição dos mortos, as formas de piedade
(esmola,jejum e oração) e o hábito de dirigir-se a Deus como Pai, a centralidade do
mandamento do amor de Deus e ao próximo. (CIC 575)
Tendo amado os seus, o Senhor amou-os até o fim. Sabendo que chegara a hora de partir
deste mundo para voltar a seu pai, no decurso de uma refeição lavou-lhes os pés e deu-lhes
o mandamento do amor. Para deixar-lhes uma garantia deste amor, para nunca afastar-se
dos seus e para fazê-los participantes de sua Páscoa, instituiu a Eucaristia como memória de
sua morte e de sua ressurreição, e ordenou a seus apóstolos que a celebrassem até a sua
volta, “constituindo-os então sacerdotes do Novo Testamento”. (CIC 1337)
Quando lhe é feita a pergunta: “Qual é o maior mandamento da lei? (Mt 22,36), Jesus
responde: “Amarás ao Senhor teu Deus , de todo o teu coração, de toda atua alma e de todo
o teu entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a
esse: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a
lei e os profetas” (Mt 22,37-40). O Decálogo deve ser interpretado à luz desse duplo e
único mandamento da caridade, plenitude da lei. (CIC 2055)
A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas, por si
mesmo, e ao nosso próximo como a nós mesmos por amor de Deus.
Jesus fez da caridade o novo mandamento amando os seus “até o fim” (Jo13,1), manifesta o
amor do Pai que Ele recebe . Amando-se uns aos outros, os discípulos imitam o amor de
Jesus que eles também recebem. Por isso diz Jesus: “Assim como o Pai me amou, também
eu vos amei. Permanecei em meu amor” (Jo15,9). E ainda: “Este é o meu preceito amai-vos
uns aos outros como eu vos amei”. (Jô 15,12). (CIC 1823)
Fruto do Espírito e da plenitude da lei, a caridade guarda os mandamentos de Deus e de
seu Cristo: Permanecei em um amor. Se observais os meus mandamentos, permanecereis
no meu amor” (Jô 15,9-10)
Cristo morreu por nosso amor quando éramos ainda “inimigos” (Rm15,10). O Senhor exige
que amemos, como Ele, mesmo os nossos inimigos, que nos tornemos o próximo do mais
afastado, que amemos como ele as crianças e os pobres. (CIC 1822 a 1825)

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Paróquia São José – Barros Filho
Catecumenato da Iniciação Cristã de Adultos (RICA)

30º Tema: Os Mandamentos da Igreja

T odos nós estamos convencidos da importância que existe em observar as leis. No esporte,
por exemplo, se não se observa o regulamento – e muitas vezes acontecem “roubos” –, não
se pode jogar; mais grave ainda é o respeito devido às leis que, se não cumpridas, provocam
mortes e catástrofes: as leis de tráfego. Depois de estudar os dez mandamentos da Lei sabemos que
a lei mais importante é a lei de Deus. Como disse Jesus ao jovem rico: “Se queres entrar na vida,
cumpre os mandamentos” (Mateus 19,17).
Para facilitar-nos seu cumprimento, a Igreja determina algumas obrigações do cristão no que
chamamos mandamentos da Igreja. Cristo deu à Igreja a autoridade para governar os fiéis, e sua
solicitude de mãe impulsiona a assinalar concretamente qual é a vontade de Deus, ajudando-nos a
conseguir o céu. Essa é, em definitiva, a missão da Igreja.
Cristo concedeu efetivamente a sua Igreja o poder de governar, e enviou aos Apóstolos e a seus
sucessores por todo o mundo para que pregassem o Evangelho, batizassem e ensinassem a observar
tudo o que Ele lhes tinha mandado: “Quem vos ouve, a mim ouve” (Lucas 10,16); “Assim como o
Pai me enviou, eu vos envio a vós” (João 20,21). Em virtude desta autoridade, a Igreja pode ditar
leis e normas. Dentre todas, podemos destacar as que chamamos mandamentos da Igreja
Os mandamentos da Igreja são uma mostra de carinho para com seus filhos porque, ao ditar estas
normas, a Igreja pretende tão somente ajudar-nos a cumprir os mandamentos da lei de Deus. A
Igreja sabe que pode custar cumprir a vontade de Deus, e por isso, marcou estas obrigações do
cristão, que garantem convenientemente, o caminho da nossa salvação.
Os cinco preceitos da Igreja
 1º Mandamento: participar da santa Missa nos domingos e dias santos.
A participação na santa missa do "Dia do Senhor" ou dos dias santos de guarda é um dever
obrigatório para todo cristão batizado, porque Jesus Cristo ressuscitou no primeiro dia da semana,
que é o domingo. -"Por que buscais entre os mortos Aquele que está vivo? Não está aqui, mas
ressuscitou. Lembrai-vos de como Ele vos disse, quando ainda estava na Galiléia" (Lucas 24, 5-6),
disseram dois anjos de vestes resplandecentes às santas discípulas que foram ver o Corpo de Jesus
no sepulcro. A santa missa é o Santo Sacrifício de Cristo que foi consumado no Calvário, sendo
renovado e celebrado do nascer ao pôr-do-sol em todo o mundo pela salvação da humanidade.
Faltar à missa aos domingos e dias santos sem nenhum motivo que impeça de assistí-la ou de ir até
o Templo do Senhor é considerada falta grave pela igreja, ficando portanto, o fiel cristão impedido
de receber a comunhão ou eucaristia.
Os dias santos de guarda são quatro:
- 1º de janeiro;
- Festa da santa Mãe de Deus;
- Festa do Corpo e Sangue de Jesus
- Corpus Christi (a data varia, de acordo com o calendário litúrgico da igreja);
- 8 de dezembro - Festa da Imaculada Conceição de Maria;
- 25 de dezembro - Festa do Natal em que se celebra o nascimento de Jesus Cristo na pobre gruta de
Belém, ou seja, da vinda do Salvador ao mundo.

 2º Mandamento: confessar-se ao menos uma vez cada ano.

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O segundo mandamento prescreve que o cristão batizado deve confessar-se ao menos uma vez
por ano, mas como o gênero humano tem uma natureza, digamos, corrupta devido a herança do
pecado original cometido pelos primeiros pais (Adão e Eva) no início da criação, o espírito
necessita de uma "limpeza espiritual" constante para não acumular muitas faltas ou pecados graves
(mortais) que comprometem a salvação da alma. E é através do sacramento da reconciliação ou
confissão sacramental que a Igreja de Cristo proporciona ao homem a reconciliação com Deus e
com os irmãos, libertando dos males espirituais com o perdão dos pecados. "Se vossos pecados
forem escarlates, tornar-se-ão brancos como a neve! Se forem vermelhos como a púrpura, ficarão
brancos como a lã!" (Isaías 1, 18).

 3º Mandamento: comungar ao menos pela Páscoa.

Comungar ao menos pela Páscoa ou "fazer a Páscoa" como prescreve a igreja, é cumprir um
dever muito antigo que já fazia o Povo de Deus do Antigo Testamento. Celebrar a Páscoa
recebendo a comunhão ou eucaristia significa o encontro e comunhão com Jesus Cristo que liberta
de todo o mal, ou seja, é celebrar a libertação ou "passagem" de uma vida de escravidão no pecado
para uma vida nova com Cristo.

 4º Mandamento: Jejuar e não comer carne quando manda a Santa Igreja.

A santa Igreja prescreve no quarto mandamento que a quarta-feira de cinzas e a sexta-feira da


Paixão são dias de se fazer jejum do corpo ou de alimentos com abstinência de carnes nestes dias,
em respeito à morte de Jesus Cristo na cruz e como meios de penitenciar o corpo e o espírito, a fim
de que os "canais da graça" sejam liberados da mancha dos pecados do egoísmo e do orgulho.

 5º Mandamento: Pagar Dízimos, conforme o costume.

O quinto mandamento da Igreja prescreve e adverte que os fiéis cristãos batizados em Cristo
também são responsáveis e provedores da construção do Reino de Deus aqui na terra,
providenciando os meios materiais com as ofertas ou dízimos, a fim de prover o sustento ou salário
daqueles que lhes anunciam o Evangelho do Reino, ou seja, dos "pastores eclesiásticos"
responsáveis pela salvação das almas e edificação do Reino de Deus aqui na terra, "pois o operário
merece o seu sustento" (Mateus 10, 10); - manter, construir ou conservar o Templo erguido em
honra a Deus; assim como, auxiliar a instituição religiosa católica através dos seminários, na
formação dos sacerdotes para prestarem serviço a Deus e ao seu Povo. "A messe é grande, mas os
operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para sua messe" (Mateus
9, 37-38).
- "Conforme o costume": - a Igreja, de certo modo, não estabelece uma quantia "exata" do que se
deve pagar nas ofertas dos dízimos, mas deve ser cumprido com certa constância e freqüência, de
preferência, mensalmente, se o nosso trabalho é remunerado mês a mês, de conformidade com os
valores ou quantias recebidas individualmente de cada salário, economia ou produção, cumprindo o
preceito da igreja com certo grau de generosidade, bondade, alegria, espontaneidade (sem
constrangimentos) e discrição, uma vez que o "Divino Mestre" disse que se deve fazer as boas obras
em segredo, esperando a recompensa e o louvor somente de Deus, porque Ele é poderoso e fiel para
cumular-nos de todas as bênçãos de que necessitamos. "Cumpri vossa tarefa antes que o tempo
passe e, no devido tempo, Ele vos dará a recompensa" (Eclo 51, 38).
 DÍZIMO significa a percentagem de 10% do que ganhamos honestamente, produzimos, ou
colhemos nos campos, nas lavouras, nos rebanhos, etc. O dízimo é uma oferta ou oferenda
que reservamos para Deus, em sinal de gratidão e reconhecimento pelos inúmeros
benefícios que usufruímos da natureza (a chuva, o sol, a terra, o ar, a água, as árvores, os

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animais, etc.); do "fruto" do trabalho (salários); e das "benesses" espirituais, morais, físicas
ou materiais que recebemos da generosidade de Deus.
 Desde os tempos primitivos da criação, era costume do Povo temente a Deus, fazer-Lhe
"oferendas" , através de holocaustos, sacrifícios, dízimos; das primícias dos seus rebanhos;
da colheita mais proveitosa de seus campos; e dos melhores frutos que a terra poderia
produzir. Inclusive, era também oferecido e consagrado a Deus todo primogênito varão para
que este pudesse estar sempre a serviço de Deus e da Casa do Senhor. Tudo isso era feito de
forma muito consciente, alegre e espontânea em espírito de gratidão a Deus, cumprindo a
Lei que determinava o modo de viver de um povo, seus costumes e tradições. "Se fordes
dóceis e obedientes, provareis os melhores frutos da terra; se recusardes e vos revoltardes,
provareis a espada. É a boca do Senhor que o declara" (Isaías 1, 19-20).
 Deus faz uma promessa de "bênçãos divinas" a todos aqueles que reservarem uma parte de
suas colheitas, rebanhos, salários ou economias para destinarem à manutenção da sua casa,
ou seja, o edifício da Igreja, a instituição religiosa, a Comunidade-Igreja, incluindo a
formação dos Sacerdotes nos Seminários católicos, a fim de que todos possam usufruir dos
benefícios e benesses necessários à vida espiritual, moral, material e física (saúde, bem-
estar, conforto, etc.). "Para vos beneficiar afugentarei o gafanhoto, que não destruirá mais
os frutos de vossa terra e não haverá nos campos vinha improdutiva - diz o Senhor dos
exércitos"  (Ml 3, 11).
 Jesus ratificou a necessidade das "ofertas" ou "oferendas" materiais à Sua Igreja, quando
Ele observava como as pessoas colocavam suas quantias em dinheiro no "Cofre do
Templo": os ricos destinavam grandes quantias daquilo que lhes sobravam; uma pobre
viúva destinou apenas duas pequenas moedas que eram do seu sustento material, ou
digamos, do seu salário. E Jesus disse que aquela pobre viúva pôs mais do que os outros
porque ela dividiu do pouco que tinha para se manter, repartindo com Deus (a Casa de
Deus). Conseqüentemente, foi ela quem mais agradou a Deus recebendo maiores "bênçãos
e benefícios". (Lucas 21, 3-4).

"Pagai integralmente os dízimos ao tesouro do Templo, para que haja alimento em minha Casa.
Fazei a experiência - diz o Senhor dos exércitos - e vereis se não vos abro os reservatórios do Céu e
se não derramo a minha bênção sobre vós muito além do necessário". (Ml 3, 10)

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Paróquia São José – Barros Filho
Catecumenato da Iniciação Cristã de Adultos (RICA)

31º Tema: Oração na Vida Cristã (Oração do Senhor)

Q uando os discípulos de Jesus perceberam que ele era, de fato, o enviado de Deus, pediram-lhe
que lhes ensinasse a orar de maneira eficiente. Jesus Cristo então lhes ensinou a oração do
Pai-Nosso.
   A oração do Pai-Nosso não é uma reza miraculosa para ser repetida como se fosse um
“abracadabra”. Na verdade, considero-a como um modelo de petição. É como um formulário a ser
preenchido com as nossas próprias palavras para nos relacionarmos com Deus de forma sensata e
realmente produtiva.

Como se aprende a rezar


Temos de aprender a andar, a falar, a ler, a escrever, também temos que aprender a rezar. O homem
não saberia nada se nada lhe fosse ensinado. Vimos que o próprio Nosso Senhor ensinou seus
discípulos a rezar; nossas mães devem fazê-lo desde que nascemos  e os catequistas nos darão lições
mais tarde.
Eles nos fazem conhecer a Deus, nos ensinam a lhe falar com respeito, com gratidão, com amor:
nos fazem dizer e repetir as formulas das orações. É assim que se ensina a rezar.
Nosso Senhor não somente nos ensina a fórmula da oração, pela graça excita em nossos corações o
santo desejo de rezar, e nos anima interiormente a rezar bem, o que os homens não sabem fazer.

Pequeno estudo do Pai Nosso


Jesus nos ensinou o que precisamos desejar e pedir a Deus. Tudo encerrado em sete pedidos. Esses
pedidos se dividem assim: três se relacionam diretamente a Deus, e quatro que são mais
expressamente relativos a nossos interesses

Os três primeiros pedidos


Pedimos:
1o que seu nome seja glorificado,
2o que o seu reino venha a nós,
3o que sua vontade seja feita.

Os quatro últimos pedidos


Pedimos:
1o nosso pão de cada dia,
2o o perdão dos nossos pecados,
3o a vitória sobre as tentações,
4o que nos livre de todo mal.

Jesus não esqueceu de nada, e todo homem que regrar seus desejos pelo Pai Nosso alcançara a
felicidade eterna.

O Pai Nosso: os três primeiros pedidos

71
Nos três primeiros pedidos do Pai Nosso pedimos tudo que possa ser maior e melhor para a glória
de Deus e para nossa salvação. Pedimos que o nome de Deus seja conhecido e glorificado como
santo, que seu reino se estenda em nossas almas, e nos leve ao céu, que Deus seja obedecido por
todos os homens tornados seus filhos; essa é a gloria que devemos desejar a Deus e que o fazemos
quando dizemos o Pai Nosso com devoção.
Pedimos também nesses pedidos a graça da fé, da esperança e da caridade; da fé que nos faz
conhecer e revelar o nome de Deus, da esperança que nos faz desejar e obter seu reino e enfim da
caridade que nos faz abraçar a sua vontade e obedecer a sua lei.
Para rezar bem esses três pedidos há uma dica que pode ser útil a muita gente: no primeiro pedido
lembrar nosso batismo, no segundo nossa crisma, e no terceiro os dez mandamentos.
O primeiro pedido terá como sentido que o nome de Deus seja santificado pela graça de nosso
batismo que pedimos para nos conservar e que ele seja dado a todos os infiéis; no segundo que a
graça de nossa crisma nos fortifique na Igreja que é o reino de Deus na terra e nos leve para o céu;
no terceiro que a graça nos faça obedecer sempre aos dez mandamentos.

O Pai Nosso: os quatro últimos pedidos


Deve-se entender os quatro últimos pedidos como a expressão exata de nossas necessidades, tanto
para o corpo quanto para a alma. Os quatro pedidos tem por fim nos pôr num estado para obter o
que contêm os três primeiros: os primeiros visam por assim dizer a vida eterna, e os quatro outros
tudo o que devemos ter na vida presente para alcançarmos a vida eterna.
Um modo útil para bem rezar é relacionar-los aos sacramentos como nos dois primeiros pedidos.
Mais diretamente aos dois sacramentos da Ordem e da Eucaristia. Pedindo a Deus o pão de nossos
corpos, pediríamos ao mesmo tempo o de nossas almas, a Eucaristia, e ao mesmo tempo também
pediríamos a Deus para nos dar padres, padres santos que guardem entre nós a Eucaristia.
Como pedimos o perdão dos pecados, no quinto pedido relacionamos ao sacramento da Penitência,
implorando ao Pai celeste a graça de confessarmos sempre bem, sobretudo na hora da morte.
No sexto pedido Teríamos no espírito o sacramento do Matrimonio, pedindo a Deus que ele seja
sempre recebido e tratado santamente segundo a vontade de Deus; pois muitas vezes se toma esse
estado para procurar ocasiões de tentação, o que é a ruína das almas e das famílias.
Já no sétimo pedido relacionaríamos ao salutar pensamento da Extrema Unção que nos será dada na
hora da morte quando mais precisamos desejar nos livrar do mal.

O Pai Nosso e Santa Teresa d’Ávila


Santa Teresa tem um método próprio de rezar o Pai Nosso, e talvez ganhemos em conhecê-lo. Ela
ligava os sete pedidos do Pai Nosso aos títulos de Deus dados por nosso amor.
No primeiro pedido ela o honra especialmente como seu Pai; no segundo o adora como seu Rei; no
terceiro o ama como seu Esposo.
No quarto, onde se pede o pão de cada dia, reconhece Jesus como seu Pastor; no quinto como seu
Redentor; no sexto como seu Medico; e no sétimo como seu Juiz.
Não podemos nos comparar a uma tão grande alma; mas instruídos por seu exemplo e suas lições,
peçamos humildemente a Deus para nos dar a graça de avançarmos na compreensão do Pai Nosso, e
para o rezarmos melhor.

Nossa fé Católica reúne várias fórmulas que nos auxiliam no encontro com Deus, Nossa Senhora,
os anjos e santos. Reunimos aqui algumas das mais populares orações que a Igreja utiliza, cada uma
destas orações deve ser acolhida e entendida primeiro em nosso coração, para assim sair de nossas
bocas ou circular em nossos pensamentos. Só quem vive e crê o que ora alcança as graças pra
deseja.

A Ave Maria

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Costumamos dizer a Ave Maria depois do Pai Nosso, pois tendo Nosso Senhor nos dado Maria por
Mãe, lhe oferecemos a saudação da Ave Maria depois do Pai Nosso como para obedecer o
mandamento de honrar nosso Pai e nossa Mãe. A oração da Ave Maria é uma oração excelente pois
foi, na sua maior parte, composta com palavras inspiradas pelo próprio Deus. As palavras do Anjo
Gabriel e as de Santa Isabel

Palavras do Anjo
O anjo disse a Maria: Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre todas
as mulheres, quer dizer: a mais abençoada de todas as mulheres.

Palavras de santa Isabel


Retomando as últimas palavras do anjo e acrescentando um novo elogio, santa Isabel disse:
Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto de vosso ventre. Essa é a primeira parte da
Ave Maria, à qual acrescentamos o pedido: Santa Maria,etc.
Explicação da Ave Maria
Encontramos nas duas partes da Ave Maria o elogio de Maria e a confissão de nossa indigência.
Começamos pelo elogio de Maria para reconhecer nela os bens que ela recebeu de Deus. São eles:
A plenitude de graça que a tornou querida de Deus acima dos Anjos e Santos: sua união com Deus
que a conservou ao abrigo de todo pecado, sua maternidade divina que a elevou-a
incomparavelmente acima de todas as mulheres, e por fim a honra que lhe é atribuída no céu e na
terra por ser a Mãe de nosso Salvador Jesus. É preciso dizer essa primeira parte da Ave Maria com
grande gratidão para com Deus que tanto deu a Santíssima Virgem, e com grande alegria ao felicitá-
la por tanta graça e glória com que ela foi cumulada por Deus.
Na segunda parte da Ave Maria encontramos o resumo das grandezas de Maria e a confissão de
nossa indigência e de nossa necessidades. Esses dois pensamentos foram reunidos afim de atrair
para a nossa indigência as misericordiosas ternuras da melhor das mães.
Pedimos à Santíssima Virgem, que ela que é a própria inocência e pureza, reze por nós; que
interceda por nós que somos pecadores e temos tanta necessidade de socorro. Nesta parte da oração
usamos apalavra agora, porque não há um só instante de nossa vida em que não tenhamos
necessidade da graça de Deus e da intercessão de sua santa Mãe. E a expressão “e na hora de nossa
morte” é usada porque esse momento será para nós particularmente temível: estaremos em instantes
do julgamento que fixará nossa sorte na eternidade, e é bom nos assegurar a intercessão da
Santíssima Virgem para essa hora solene entre todas.
Devemos dizer a Ave Maria nas mesmas disposições que para o Pai Nosso, a saber: a Fé, a
Esperança e a Caridade. A Fé nos revela as grandezas da Santíssima Virgem, sua incomparável
graça, sua virgindade mais do que angélica, sua maternidade divina e assim nos ensina um profundo
respeito. O socorro que nos dá a Esperança para dizermos a Ave Maria nos mostra a santa Mãe de
Deus como uma Mãe cheia de bondade para conosco e por isso nos inspira a maior confiança em
sua maternal intercessão. A caridade com a qual a Santíssima Virgem nos ama é uma eloqüente
lição para nos ensinar a amar a Santa Mãe de Deus. Se amamos a Maria, nossa oração será melhor
acolhida por seu coração que ama tão ternamente. Devemos recitar a Ave Maria com humildade e
contrição: a humildade nos fará reconhecer nossos pecados, e a contrição nos porá no estado de
receber o perdão.

Salve-Rainha
Salve-Rainha mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve! A vós bradamos, os
degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois,
advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro, mostrai-
nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria.
-Rogai por nós, Santa mãe de Deus.
-Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém!

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Oração ao Anjo da Guarda
Santo anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege,
me guarda, me governa e me ilumina. Amém!

Sinal da Cruz
Pelo sinal da Santa Cruz, livra-nos Deus, nosso Senhor, dos nossos inimigos. Em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo. Amém!

Glória ao Pai
Glória ao Pai, ao Filho e ao espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre. Amém!

Ato de Contrição
Meu Deus, eu me arrependo de todo o meu coração de vos ter ofendido, porque sois tão bom e
amável. Prometo com a vossa Graça, nunca mais pecar. Meu Jesus, misericórdia .

Jaculatórias
Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei
principalmente as que mais precisarem. (Oração de Fátima)
Jesus manso e humilde de Coração - fazei o nosso coração semelhante ao vosso.
Jesus, filho de Deus, Salvador- Tende piedade de mim que sou pecador.
Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.
Rogai por nós Santa mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate.

Rosário
-Sinal da Cruz;
-Invocação ao Espírito Santo;
-Oferecimento:
Divino Jesus, nós vos oferecemos este terço que vamos rezar, contemplando os mistérios da nossa
redenção. Concedei-nos, por intercessão de Maria, vossa mãe santíssima a quem nos dirigimos, as
virtudes que nos são necessárias para bem rezá-lo e a graça de ganhar as indulgências desta santa
devoção.
(intenções do rosário)
-Segurando na cruz, reza-se o Credo.
-Na primeira conta grande reza-se um Pai-Nosso em honra a Santíssima Trindade.
-Nas 3 contas pequenas seguintes reza-se 3 Ave-Marias: A primeira em honra a Deus Pai que nos
criou, a segunda em honra a Deus Filho que nos remiu e a terceira ao Espírito que nos santifica.
-No intervalo, um Glória ao Pai, Oração de Fátima e as jaculatórias que se costuma usar.
(Segundas, sábados e domingos do advento)
Na primeira parte do Rosário, contemplamos os cinco Mistérios Gozosos, que contemplam a
encarnação do Filho de Deus e Sua missão no mundo:
Em cada mistério:
-Pai-Nosso
-10 Ave-Marias
Neles se meditam:
1º- Anunciação do anjo a Maria;
2º- A visita de Maria Santíssima à sua prima Santa Isabel
3º- O nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo em Belém ;

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4º- Apresentação de Jesus no templo;
5º- O reencontro de Jesus no templo.
No intervalo de cada mistério, um Glória ao Pai, Oração de Fátima e as jaculatórias que se costuma
usar.
(Quintas-feiras)
Na segunda parte do Rosário, contemplamos os cinco Mistérios Luminosos, que contemplam a
revelação do Reino de Deus já personificado em Jesus:
1º- Batismo de Jesus no rio Jordão;
2º- Auto-revelação de Jesus nas Bodas de Caná, quando transforma a água em vinho;
3º- Anúncio do Reino de Deus por Jesus, com o convite à conversão;
4º- Transfiguração de Jesus;
5º- Instituição da Eucaristia.
(Terças e sextas, e nos domingos da quaresma)
Na terceira parte do Rosário, contemplamos os cinco Mistérios Dolorosos, que contemplam a
Paixão e Morte de Jesus:
1º- Agonia de Jesus no Horto;
2º- Flagelação de Jesus;
3º- Coroação de espinhos;
4º- Jesus carregando a cruz no caminho do Calvário;
5º- Crucifixão e morte de Jesus.
(Quartas e domingos da páscoa e tempo comum)
Na quarta parte do Rosário, contemplamos os cinco Mistérios Gloriosos, que contemplam a vitória
de Jesus sobre a morte, o nascimento da Igreja e a glorificação de Maria:
1o- Ressurreição de Jesus;
2o- Ascensão de Jesus ao Céu;
3o- Vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos;
4o- Assunção de Maria;
5o- Coroação de Maria no Céu.
-No Final do Rosário reza-se o Agradecimento:
Infinitas graças vos damos, soberana Rainha, pelos benefícios que todos os dias recebemos de
vossas mãos liberais. Dignai-vos, agora e sempre, tomar-nos debaixo do vosso poderoso amparo e,
para mais vos obrigar, vos saudamos com uma Salve Rainha.
-Salve-Rainha
-Sinal da Cruz.

Terço da Misericórdia
-No início:
Pai-Nosso / Ave-Maria / Credo
-Nas Contas grandes:
Eterno Pai, eu Vos ofereço o Corpo e o Sangue, Alma e Divindade do Vosso diletíssimo Filho,
Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e do mundo inteiro.
-Nas Contas pequenas:
Pela Sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro.
- Após cada mistério:
Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós, eu confio
em Vós!
-No final: Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro (3x).
1° A agonia de Nosso Senhor Jesus Cristo no Horto das Oliveiras
2° A flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo
3° A coroação de espinhos

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4° Jesus carrega a cruz para o Calvário
5° Jesus morre na cruz

Terço da Divina Providência

Terço da Libertação

Terço Bizantino

Credo
Quem diz “creio” diz “dou minha adesão àquilo que nós cremos”. A comunhão na fé precisa de
uma linguagem comum da fé, normativa para todos e que uma na mesma confissão de fé. Desde a
origem, a Igreja apostólica exprimiu e transmitiu sua própria fé em fórmulas breves e normativas
para todos. Mas já muito cedo a Igreja quis também recolher o essencial de sua fé em resumos
orgânicos e articulados, destinados sobretudo aos candidatos ao Batismo:
Esta síntese da fé não foi elaborada segundo as opiniões humanas mas da Escritura inteira recolheu-
se o que existe de mais importante, para dar, na sua totalidade, a única doutrina da fé. E assim com
a semente de mostarda contém em um pequeníssimo grão um grande número de ramos, da mesma
forma este resumo da fé encerra em algumas palavras todo o conhecimento da verdadeira piedade
contida no Antigo e no Novo Testamento.
Estas sínteses da fé chamam-se "profissões de fé", pois resumem a fé que os cristãos professam.
Chamam-se "Credo" em razão da primeira palavra com que normalmente começam: "Creio".
Denominam-se também "Símbolos da fé".
O símbolo está, pois, dividido em três partes: "Primeiro, fala-se da primeira Pessoa divina e da obra
admirável da criação; em seguida, da segunda Pessoa divina e do Mistério da Redenção dos
homens; finalmente, da terceira Pessoa divina, fonte e princípio de nossa santificação". Esses são
"os três capítulos de nosso selo (batismal)".
"Estas três partes são distintas, embora interligadas. Segundo uma comparação usada com
freqüência pelos Padres, chamamo-las de artigos. Pois da mesma forma que em nossos membros
existem certas articulações que os distinguem e os separam, assim também nesta profissão de fé,
com acerto e razão, se deu o nome de artigos às verdades em que devemos crer especificamente e
de forma distinta". Segundo uma antiga tradição, já atestada por Santo Ambrósio, também se
costuma contar doze artigos do Credo, simbolizando com o número dos apóstolos o conjunto da fé
apostólica.
As profissões ou símbolos da fé têm sido numerosos ao longo dos séculos e em resposta às
necessidades das diversas épocas: os símbolos das diferentes Igrejas apostólicas e antigas, o
Símbolo "Quicumque", dito de Santo Atanásio, as profissões de fé de certos Concílios (Toledo;
Latrão; Lião; Trento) ou de certos papas, como a "Fides Damasi" (Profissão de Fé de São Dâmaso)
ou o "Credo do Povo de Deus" [SPF], de Paulo VI (1968).
Nenhum dos símbolos das diferentes etapas da vida da Igreja pode ser considerado ultrapassado e
inútil. Eles nos ajudam a viver e a aprofundar hoje a fé de sempre por meio dos diversos resumos
que dela têm sido feitos.
Entre todos os símbolos da fé, dois ocupam um lugar particularíssimo na vida da Igreja.
O Símbolo dos Apóstolos, assim chamado por ser, com razão considerado o resumo fiel da fé dos
apóstolos. É o antigo símbolo batismal da Igreja de Roma. Sua grande autoridade vem do seguinte
ato: "Ele é o símbolo guardado pela Igreja Romana, aquela onde Pedro, o primeiro apóstolo, teve
sua Sé e para onde ele trouxe comum expressão de fé (sententia communis = opinião comum)".
O Símbolo denominado niceno-constantinopolitano tem sua grande autoridade no fato de ter
resultado dos dois primeiros Concílios ecumênicos (325 e 381). Ainda hoje ele é comum a todas as
grandes Igrejas do Oriente e do Ocidente." Ei-lo:

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Creio em um só Deus, / Pai todo-poderoso, / criador do céu e da terra, / de todas as coisas visíveis e
invisíveis. / Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, / Filho unigênito de Deus, / nascido do Pai antes
de todos os séculos: / Deus de Deus, / luz da luz, / Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; / gerado,
não criado, / consubstancial ao Pai. / Por ele todas as coisas foram feitas. / E por nós, homens, e
para nossa salvação, / desceu dos céus: (referência) / e se encarnou pelo Espírito Santo, / no seio da
virgem Maria, / e se fez homem. / Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; / padeceu e
foi sepultado. / Ressuscitou ao terceiro dia, / conforme as Escrituras, / e subiu aos céus, / onde está
sentado à direita do Pai. / E de novo há de vir, em sua glória, / para julgar os vivos e os mortos; / e o
seu reino não terá fim. / Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, / e procede do Pai e do
Filho; / e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: / ele que falou pelos profetas. / Creio na
Igreja, / una, santa, católica e apostólica. / Professo um só batismo para remissão dos pecados. / E
espero a ressurreição dos mortos / e a vida do mundo que há de vir. / Amém.

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Paróquia São José – Barros Filho
Catecumenato da Iniciação Cristã de Adultos (RICA)

32º Tema: Ano Litúrgico: Tempos e Cores

Antes de começarmos a estudar o Ano Litúrgico, convém saber o que é Liturgia.


A palavra "liturgia" é uma palavra da língua grega: LEITURGUIA de leiton-érgon que significa
"ação do povo", "serviço da parte do povo e em favor do povo". Na tradição cristã, ele quer
significar que o povo de Deus torna parte na "obra de Deus". Pela Liturgia, Cristo, nosso redentor e
sumo sacerdote, continua em sua Igreja, com ela e por ela, a obra de nossa redenção.
No antigo Testamento esta palavra era empregada para designar o culto prestado a Deus pelos
sacerdotes judeus. Se você for procurar no Dicionário o significado de Liturgia, encontrará:
complexo de celebrações realizadas na Igreja.
Já no Novo Testamento a palavra liturgia é empregada para designar não somente a celebração do
culto divino, mas também oi anúncio do Evangelho e a caridade em ato. Em todas essas situações,
trata-se do serviço de Deus e dos homens.
O bispo deve ser tido como o sumo sacerdote de seu rebanho, do qual, de algum modo, deriva e
depende a vida de seus fiéis em Cristo. Por isso faz-se necessário que todos dêem a máxima
importância na vida Litúrgica da diocese em redor do bispo: persuadidos de que a principal
manifestação da Igreja se realiza na plena e ativa participação de todo o povo Santo de Deus nas
mesmas celebrações Litúrgicas, sobretudo na mesa Eucarística, numa única oração, junto a um só
altar, presidido pelo bispo, em sua Igreja, não pode estar pessoalmente à frente do rebanho todo,
deve necessariamente organizar comunidades de fiéis. Entre elas sobressaem as paróquias,
confiadas a um pastor local, o pároco, que as governa, fazendo às vezes do bispo: pois de algum
modo eles representam a Igreja visível estabelecida por toda a terra.

Ano Litúrgico
O Ano Litúrgico é composto por dois grandes ciclos, Natal e Páscoa, e, dependendo do ano, por um
longo período de 33 ou 34 semanas, chamado de Tempo Comum.

Ciclo do Natal
O Ano Litúrgico da Igreja não coincide com o ano civil. Ele tem início com o Advento, período de
alegre espera, de esperança, de preparação para a chegada de Cristo que vem no Natal e de seu
eminente retorno. Após as quatro semanas do Advento, celebramos o mistério da encarnação e do
nascimento humano do Verbo divino no Natal. O Verbo se faz carne e vem habitar entre nós.
Na semana seguinte ao Natal celebramos a Epifania, onde Jesus se manifesta às nações como o
Filho de Deus. O ciclo do Natal se encerra com a celebração do Batismo do Senhor, que marca o
início da missão de Jesus que culminará com a Páscoa.
A cor litúrgica no primeiro, segundo e quarto domingo do Advento é o roxo, ou o lilás. No terceiro
domingo a cor é rosa, para simbolizar a alegria. Nos demais domingos quando se celebra o tempo
do Natal a cor usada na liturgia é o branco.

Primeira Parte do Tempo Comum


Após celebrarmos o Batismo do Senhor iniciamos o chamado Tempo Comum que se estende até a
terça-feira anterior à Quarta-Feira de Cinzas. É um tempo destinado ao acolhimento da Boa Nova
do Reino de Deus anunciado por Jesus.

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A cor litúrgica usada no Tempo comum é o verde.

Cíclo da Páscoa
O ciclo da Páscoa começa com a celebração da Quarta-Feira de Cinzas. Iniciamos assim a
Quaresma. São quarenta dias nos quais a Igreja nos convida de uma forma especial à prática da
caridade, penitência, oração, jejum e, principalmente, conversão. Durante a Quaresma não se canta
"aleluias" e evita-se ornamentar as igrejas com flores. Ao final da Quaresma, inicia-se a Semana
Santa, que vai desde o Domingo de Ramos, onde celebramos a entrada triunfal de Jesus em
Jerusalém, anunciando a proximidade da Páscoa até o Domingo de Páscoa. De quinta a sábado
celebramos o Tríduo Pascal. A Quinta-Feira Santa é o dia em que recordamos a instituição da
Eucaristia. A Sexta-Feira Santa é o único dia do ano em que não se celebra a Eucaristia, mas sim a
Paixão e Morte de Jesus. No Sábado Santo é o dia da Vigília Pascal, na qual celebramos a
Ressurreição do Senhor. Cinqüenta dias após a Páscoa, celebramos o Pentecostes, que assinala o
nascimento da Igreja iluminada pela presença vivificadora do Espírito Santo.
A cor litúrgica da Quaresma é roxa. E do período da Páscoa é branca e no Pentecostes é usada a
vermelha.
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propõe a cada ano durante o período da
Quaresma um período de vivência concreta de gestos de fraternidade em torno de um tema comum.
É a chamada Campanha da Fraternidade. Assim a quaresma se reveste de um significado atual
dentro de um convite à reflexão e a prática do amor fraterno. Nesse ano, a Campanha da
Fraternidade 2009 tem como tema: Fraternidade e Segurança Pública, e como Lema: A paz é fruto
da justiça.

Segunda Parte do Tempo Comum


Na segunda-feira após o Domingo de Pentecostes a liturgia da Igreja prossegue o tempo comum que
se estende até o sábado anterior ao Primeiro Domingo do Advento (v. Ciclo de Natal).
Como no primeiro período do tempo comum, volta-se a usar o verde nas celebrações litúrgicas.

As leituras das Celebrações


A cada ano, a Igreja propõe diferentes leituras seguindo os evangelhos sinóticos: assim temos o Ano
A, centrado em Mateus; O Ano B, centrado em Marcos; e o Ano C, centrado em Lucas, com
inserções de João (que também está presente nos outros anos litúrgicos em ocasiões especiais). Este
ano, por exemplo é o Ano Litúrgico A. Assim sendo, o Evangelho de Mateus será proclamado na
maioria de nossas celebrações litúrgicas.
Na celebração dominical são proclamadas três leituras: uma do Antigo Testamento e duas do Novo
Testamento. O Salmo responsorial é a nossa resposta meditativa à primeira leitura. Ele pode ser
cantado, recitado, ou apenas o refrão ser cantado e os versos recitados.

Refletindo cada Tempo do Ano Litúrgico

Advento
O Advento é o tempo litúrgico que antecede o Natal. São quatro semanas nas quais somos
convidados a esperar Jesus que vem. Por isso é um tempo de preparação e de alegre espera do
Senhor. Nas duas primeiras semanas do advento, a liturgia nos convida a vigiar e esperar a vinda
gloriosa do Salvador.  Nas duas últimas, lembrando a espera dos profetas e de Maria,  nos
preparamos mais especialmente para celebrar o nascimento de Jesus em Belém.
Até um tempo atrás se associava o advento com o tempo da quaresma, tempo de jejum e penitência.
Mas na verdade, o advento é um tempo de alegre esperança da chegada do Senhor. Jesus vem e isso
é motivo de muita alegria. Na verdade, Jesus já veio e virá uma segunda vez. Esse é o ensinamento

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da Igreja. Mas nosso encontro com Jesus que vem, acontece todos os dias. Jesus vem até nós na
pessoa dos nossos irmãos e irmãs, de um modo especial os mais sofredores. Ou mesmo em tantas
formas de presença onde o Cristo ressuscitado vem até nós, na oração, na celebração litúrgica ou
quando nos reunimos em sue nome. Nosso encontro definitivo com Jesus se dará quando
morrermos e participarmos com ele de sua glória, no seio da Santíssima Trindade. Por isso, nós
cristãos somos convidados a viver num constante advento, antecipando, na nossa frágil e muitas
vezes debilitada história, esse encontro definitivo.
Com o advento inauguramos o "ciclo do Natal" que se estende até a festa do Batismo de Jesus em
janeiro.

A Grinalda (coroa) do Advento


Um símbolo que pode nos ajudar a tornar mais Celebrativo nossas liturgias no advento é a grinalda,
ou coroa do advento. Ela é feita de um círculo de galhos sempre verdes para simbolizar a natureza
infinita do amor do Deus para com todos os povos. Quatro velas são acesas e colocadas no círculo
uma a cada semana do advento.
A grinalda tradicional traz três velas roxas e uma quarta, a vela da "alegria" é cor-de-rosa, que é a
cor litúrgica da quarta semana desse tempo. Podem também ser usadas velas azuis para enfatizar
nossa esperança na promessa de Deus cumprida no Nascimento de Jesus. As velas nos lembram a
luz de Deus que vem ao mundo para iluminar nossa existência. Elas podem ser trazidas, uma a uma
em procissão a cada semana durante a celebração, no início ou na liturgia da Palavra, por exemplo.
Ou simplesmente poder ser acesas antes da proclamação do Evangelho. Uma pessoa pode segurar
uma das velas enquanto o Evangelho é proclamado. e depois colocá-la na grinalda, antes da
homilia. Inclusive o presidente da celebração pode fazer referência a esse gesto no início da
homilia, sem se deter em muita explicação, pois a grinalda é um símbolo e todo símbolo não precisa
de muitas palavras para ser compreendido, pois muitas vezes "fala" por si e diferentemente a cada
pessoa em particular.

Natal, Festa do Menino Deus


Natal é festa de criança! Cheio de luzes, de cantos, de dança, de muita comida, de encontro...
Vamos aprofundar a importância da festa do Natal para a comunidade cristã.
Antes de tudo é preciso saber que a festa do Natal começou a ser celebrada pelas comunidades
cristãs depois do século IV. Quando o cristianismo entra em contato com a cultura e a religião
romana encontra aí uma festa religiosa para o "Sol Invicto", que era celebrada no dia 25 de
dezembro. Os cristãos, ao lerem os profetas encontravam textos que falavam da "luz radiante que
brilhará nas trevas", "luz do alto céu que nos veio iluminar". Não foi difícil associar e substituir a
festa do Sol pela comemoração do nascimento de Jesus. Daí em diante, todos os anos, havia uma
festa grande chamada Natal.
Muito mais tarde é que associam o símbolo do pinheiro e da estrela à festa do Natal. Hoje,
infelizmente, a mídia usa o Natal para vender, vender, vender. Não se imagina uma festa de Natal
sem um presente. Até São Nicolau, o bom velhinho, vai sendo utilizado sempre mais para despertar
a fantasia das crianças. As comunidades cristãs devem estar atentas para não entrarem na dança
simbólica do comércio e revestir os locais da celebração com os mesmos símbolos que não
significam nada mais, a não ser vender algum produto.
Podemos nos perguntar por que é importante celebrar o nascimento de Jesus. Vejam bem, alguns
escritores dos Evangelhos criaram relatos para falar do nascimento do filho de Deus, porque todo
grande personagem devia haver nascido de uma família importante. Jesus é filho de Maria e José,
da descendência de Davi, aquele rei famoso. Lucas e Mateus se preocupam com este detalhe no seu
Evangelho. Claro que eles não estavam lá para contemplar as cenas que narram. É um relato
pedagógico, para alimentar e fortalecer a fé das comunidades a quem os Evangelhos foram escritos.
No século XII há um fato que dá novo impulso à festa do Natal. São Francisco de Assis faz uma
experiência mística do nascimento de Jesus. Ele então organiza, pela primeira vez, a reconstituição

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do nascimento de Jesus conforme a narração dos Evangelhos. Nasceu o presépio! Daí em diante, os
povos cristãos de todas as culturas repetem a cada ano este fato. O importante é perceber que no
presépio está simbolizada toda a ação da encarnação do Filho de Deus em nossa história.
A tradição religiosa de vários povos foi incorporando várias outras manifestações para festejar o
nascimento do Menino Deus. No Brasil temos, por herança dos evangelizadores e colonizadores, as
"pastorinhas", os "reisados", que a cada ano, por ocasião do Natal, promovem momentos belíssimos
de danças, festas populares. Temos muito que aprender com este povo simples que celebra com sua
simplicidade a festa do Natal.
O Natal se estende, como festa, até a Epifania (festa da manifestação de Jesus ao mundo!). Os reis
do oriente representam toda a humanidade que reconhece, adora e oferece presente ao Filho de
Deus. São presentes simbólicos: ouro (Jesus é rei), incenso (Jesus é divino) e mirra (Jesus é
humano). O presente que somos chamados a ofertar hoje em dia é o nosso coração convertido,
preocupado com os meninos e meninas que sofrem para sobreviver. Não podemos celebrar
plenamente o Natal de Jesus enquanto convivemos com crianças abandonadas nas ruas, sendo
espancadas dentro de casa, sofrendo violência sexual, sendo obrigadas ao trabalho escravo e à mão-
de-obra barata em todo o mundo.

Tempo Comum
Todo o ano litúrgico gira em torno de um único mistério: a morte e ressurreição de Jesus em sua
plenitude.  No tempo comum, como nos demais tempos litúrgicos, damos continuidade à celebração
desse mistério de Cristo. Em cada domingo, fazemos memória dos relatos da vida pública de
Jesus. Celebrando diferentes acontecimentos narrados nas Sagradas Escrituras, vamos nos
aproximando mais e mais do mistério de amor de Deus pela humanidade.
Tendo como ponto de referência a Páscoa, cada domingo é o fundamento e o núcleo do próprio ano
litúrgico (SC 106).  Até porque de acordo com o testemunho das Escrituras, a assembléia cristã de
culto acontece no primeiro dia da semana (1Cor 16,2; At 20,7).
Falar do tempo comum, é na verdade ressaltar cada domingo como memorial da ressurreição.  
Reunindo-se no primeiro dia da semana para celebrar o Mistério Pascal, a comunidade expressa a
essência da sua fé e a certeza de sua esperança.  Por isso, o domingo é dia de festa primordial que
deve ser lembrado e inculcado à piedade dos fiéis (SC 106).
Atualizando o mistério, a comunidade celebra sua própria ressurreição na vida nova que o Senhor
lhe comunica, através da Palavra e do Sacramento do Sacrifício do seu corpo e Sangue.  O primeiro
dia da semana é também o oitavo (Sc 106) porque antecipa o último, a ressurreição definitiva,
colocando-nos na tensão para o futuro do Reino e do retorno do Senhor.

Quaresma
A quaresma é o tempo litúrgico de conversão, que a Igreja marca para nos preparar para a grande
festa da Páscoa. É tempo para nos arrepender de nossos pecados e de mudar algo de nós para
sermos melhores e poder viver mais próximos de Cristo.
A Quaresma dura 40 dias; começa na Quarta-feira de Cinzas e termina na Quinta-Feira Santa, com
a Missa vespertina. Ao longo deste tempo, sobretudo na liturgia do domingo, fazemos um esforço
para recuperar o ritmo e estilo de verdadeiros fiéis que devemos viver como filhos de Deus.
A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa luto e penitência. É um tempo de reflexão, de
penitência, de conversão espiritual; tempo e preparação para o mistério pascal.
Na Quaresma, Cristo nos convida a mudar de vida. A Igreja nos convida a viver a Quaresma como
um caminho a Jesus Cristo, escutando a Palavra de Deus, orando, compartilhando com o próximo e
praticando boas obras. Nos convida a viver uma série de atitudes cristãs que nos ajudam a parecer
mais com Jesus Cristo, já que por ação do pecado, nos afastamos mais de Deus.
Por isso, a Quaresma é o tempo do perdão e da reconciliação fraterna. Cada dia, durante a vida,
devemos retirar de nossos corações o ódio, o rancor, a inveja, os zelos que se opõem a nosso amor a

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Deus e aos irmãos. Na Quaresma, aprendemos a conhecer e apreciar a Cruz de Jesus. Com isto
aprendemos também a tomar nossa cruz com alegria para alcançar a glória da ressurreição.

40 dias
A duração da Quaresma está baseada no símbolo do número quarenta na Bíblia. Nesta, é falada dos
quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos
quarenta dias e Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes
de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou o exílio dos judeus no Egito.
Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material, seguido de zeros significa o tempo de
nossa vida na terra, seguido de provações e dificuldades.
A prática da Quaresma data desde o século IV, quando se dá a tendência a constituí-la em tempo de
penitência e de renovação para toda a Igreja, com a prática do jejum e da abstinência. Conservada
com bastante vigor, ao menos em um princípio, nas Igrejas do oriente, a prática penitencial da
Quaresma tem sido cada vez mais abrandada no ocidente, mas deve-se observar um espírito
penitencial e de conversão.

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Paróquia São José – Barros Filho
Catecumenato da Iniciação Cristã de Adultos (RICA)

33º Tema: Liturgia da Missa

A
missa é o culto mais sublime que oferecemos ao Senhor. Nós não vamos à missa somente para pedir,
mas também para louvar, agradecer e adorar a Deus. A desculpa de que rezar em casa é a mesma
coisa que ir à missa é por demais pretensiosa! É querer fazer da reza particular algo melhor que a
missa, que é celebrada por toda uma comunidade! Assim, vamos à missa para ouvir a Palavra do
Senhor e saber o que o Pai fala e propõe para a sua família reunida. Não basta ouvir! Devemos pôr
em prática a Palavra de Deus e acertarmos nossas vidas (conversão). O fato de existir pessoas que
freqüentam a missa, mas não praticam a Palavra jamais deve ser motivo de desculpa para nos
esquivarmos de ir à missa; afinal, quem somos nós para julgarmos alguém? Quem deve julgar é
Deus! Ao invés de olharmos o que os outros fazem, devemos olhar para o que Cristo faz! É com Ele
que devemos nos comparar!
 

A Divisão da Missa
 

A missa está dividida em quatro partes bem distintas:


Ritos Iniciais
Comentário Introdutório à missa do dia, Canto de Abertura, Acolhida, Antífona de Entrada, Ato
Penitencial, Hino de Louvor e Oração Coleta.
Rito da palavra
Primeira Leitura, Salmo Responsorial, Segunda Leitura, Aclamação ao Evangelho, Proclamação do
Evangelho, Homilia, Profissão de Fé e Oração da Comunidade.
Rito Sacramental
1ª Parte - Oferendas: Canto/Procissão das Oferendas, Orai Irmãos e Irmãs, e Oração Sobre as
Oferendas;
2ª Parte - Oração Eucarística: Prefácio, Santo, Consagração e Louvor Final;
3ª Parte - Comunhão: Pai Nosso, Abraço da Paz, Cordeiro de Deus, Canto/Distribuição da
Comunhão, Interiorização, Antífona da Comunhão e Oração após a Comunhão.
Ritos Finais
Mensagem, Comunicados da Comunidade, Canto de Ação de Graças e Bênção Final.
 

A missa é ação de graças


A missa também pode ser chamada de eucaristia, ou seja, ação de graças. E a partir da passagem do
servo de Abraão pudemos ter uma noção do que é uma oração eucarística ou de ação de graças. Pois
bem, esta atitude de ação de graças recebe o nome de berakah em hebraico, que traduzindo-se para o
grego originou três outras palavras: euloguia, que traduz-se por bendizer; eucharistia, que significa
gratidão pelo dom recebido de graça; e exomologuia, que significa reconhecimento ou confissão.
Diante da riqueza desses significados podemos nos perguntar: quem dá graças a quem? Ou melhor,
dizendo, quem dá dons, quem dá bênçãos a quem? Diante dessa pergunta podemos perceber que
Deus dá graças a si mesmo, uma vez que sendo uma comunidade perfeita o Pai ama o Filho e se dá
por ele e o Filho também se dá ao Pai, e deste amor surge o Espírito Santo. Por sua vez, Deus dá
graças ao homem, uma vez que não se poupou nem de dar a si mesmo por nós e em resposta o

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homem dá graças a Deus, reconhecendo-se criatura e entregando-se ao amor de Deus. Ora, o homem
também dá graças ao homem, através da doação ao próximo a exemplo de Deus. Também o homem
dá graças à natureza, respeitando-a e tratando-a como criatura do mesmo Criador. O problema
ecológico que atravessamos é, sobretudo, um problema eucarístico. A natureza também dá graças
ao homem, se respeitada e amada. A natureza dá graças a Deus estando a serviço de seu criador a
todo instante.
A partir desta visão da ação de graças começamos a perceber que a Missa não se reduz apenas a uma
cerimônia realizada nas Igrejas, ao contrário, a celebração da Eucaristia é a vivência da ação de Deus
em nós, sobretudo através da libertação que Ele nos trouxe em seu Filho Jesus. Cristo é a verdadeira
e definitiva libertação e aliança, levando à plenitude a libertação do povo judeu do Egito e a aliança
realizada aos pés do monte Sinai.
 
A missa é sacrifício
Sacrifício é uma palavra que possui a mesma raiz grega da palavra sacerdócio, que do latim temos
sacer-dos, o dom sagrado. O dom sagrado do homem é a vida, pois esta vem de Deus. Por natureza o
homem é um sacerdote. Perdeu esta condição por causa do pecado. Sacrifício, então, significa o que
é feito sagrado. O homem torna sua vida sagrada quando reconhece que esta é dom de Deus. Jesus
Cristo faz justamente isso: na condição de homem reconhece-se como criatura e se entrega
totalmente ao Pai, não poupando nem sua própria vida. Jesus nesse momento está representando toda
a humanidade. Através de sua morte na cruz dá a chance aos homens e às mulheres de novamente
orientarem suas vidas ao Pai assumindo assim sua condição de sacerdotes e sacerdotisas.
Com isso queremos tirar aquela visão negativa de que sacrifício é algo que representa a morte e a
dor. Estas coisas são necessárias dentro do mistério da salvação, pois só assim o homem pode
reconhecer sua fraqueza e sua condição de criatura.
 

A Missa também é Páscoa


A Páscoa foi a passagem da escravidão do Egito para a liberdade, bem como a aliança selada no
monte Sinai entre Deus e o povo hebreu. E diante desses fatos o povo hebreu sempre celebrou essa
passagem, através da Páscoa anual, das celebrações da Palavra aos sábados, na sinagoga e
diariamente, antes de levantar-se e deitar-se, reconhecendo a experiência de Deus em suas vidas e
louvando a Deus pelas experiências pascais vividas ao longo do dia. O povo judeu vivia em atitude
de ação de graças, vivendo a todo instante a Páscoa em suas vidas.
 

RITOS INICIAIS
Instrução Geral ao Missal Romano, n.º 24:
“Os ritos iniciais ou as partes que precedem a liturgia da palavra, isto é, cântico de entrada,
saudação, ato penitencial, Senhor, Glória e oração da coleta, têm o caráter de exórdio, introdução e
preparação. Estes ritos têm por finalidade fazer com que os fiéis, reunindo-se em assembléia,
constituam uma comunhão e se disponham para ouvir atentamente a Palavra de Deus e celebrar
dignamente a Eucaristia”.
 
1. Comentário Inicial
Este tem por fim introduzir os fiéis ao mistério celebrado. Sua posição correta seria após a
saudação do padre, pois ao nos encontrarmos com uma pessoa primeiro a saudamos para depois
iniciarmos qualquer atividade com ela.
 
2. Canto de Entrada
“Reunido o povo, enquanto o sacerdote entra com os ministros, começa o canto de entrada.
A finalidade desse canto é abrir a celebração, promover a união da assembléia, introduzir no mistério
do tempo litúrgico ou da festa, e acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros” (IGMR n.25)
Durante o canto de entrada percebemos alguns elementos que compõem o início da missa:
a) O canto

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Durante a missa, todas as músicas fazem parte de cada momento. Através da música participamos da
missa cantando. A música não é simplesmente acompanhamento ou trilha musical da celebração: a
música é também nossa forma de louvarmos a Deus. Daí a importância da participação de toda
assembléia durante os cantos.
b) A procissão
O povo de Deus é um povo peregrino, que caminha rumo ao coração do Pai. Todas as procissões têm
esse sentido: caminho a se percorrer e objetivo a que se quer chegar.
c) O beijo no altar
Durante a missa, o pão e o vinho são consagrados no altar, ou seja, é no altar que ocorre o mistério
eucarístico. O presidente da celebração ao chegar beija o altar, que representa Cristo, em sinal de
carinho e reverência por tão sublime lugar.
Por incrível que possa parecer, o local mais importante de uma igreja é o altar, pois ao contrário do
que muita gente pensa, as hóstias guardadas no sacrário nunca poderiam estar ali se não houvesse um
altar para consagrá-las.
 
3. Saudação
a) Sinal da Cruz
O presidente da celebração e a assembléia recordam-se por que estão celebrando a missa. É,
sobretudo pela graça de Deus, em resposta ao seu amor. Nenhum motivo particular deve sobrepor-se
à gratuidade. Pelo sinal da cruz nos lembramos que pela cruz de Cristo nos aproximamos da
Santíssima Trindade.
b) Saudação
Retirada na sua maioria dos cumprimentos de Paulo, o presidente da celebração e a assembléia se
saúdam. O encontro eucarístico é movido unicamente pelo amor de Deus, mas também é encontro
com os irmãos.
 
4. Ato Penitencial
Após saudar a assembléia presente, o sacerdote convida toda assembléia a, em um momento de
silêncio, reconhecer-se pecadora e necessitada da misericórdia de Deus. Após o reconhecimento da
necessidade da misericórdia divina, o povo a pede em forma de ato de contrição: Confesso a Deus
Todo-Poderoso... Em forma de diálogo por versículos bíblicos: Tende compaixão de nós... Ou em
forma de ladainha: Senhor, que viestes salvar... Após, segue-se a absolvição do sacerdote. Tal ato
pode ser substituído pela aspersão da água, que nos convida a rememorar-nos o nosso compromisso
assumido pelo batismo e através do simbolismo da água pedirmos para sermos purificados.
Cabe aqui dizer, que o “Senhor, tende piedade” não pertence necessariamente ao ato penitencial.
Este se dá após a absolvição do padre e é um canto que clama pela piedade de Deus. Daí ser um erro
omiti-lo após o ato penitencial quando este é cantando.
 
5. Hino de Louvor
Espécie de salmo composto pela Igreja, o glória é uma mistura de louvor e súplica, em que a
assembléia congregada no Espírito Santo, dirige-se ao Pai e ao Cordeiro. É proclamado nos
domingos - exceto os do tempo da quaresma e do advento - e em celebrações especiais, de caráter
mais solene. Pode ser cantado, desde que mantenha a letra original e na íntegra.
 
6. Oração da Coleta
Encerra o rito de entrada e introduz a assembléia na celebração do dia.
“Após o convite do celebrante, todos se conservam em silêncio por alguns instantes, tomando
consciência de que estão na presença de Deus e formulando interiormente seus pedidos. Depois o
sacerdote diz a oração que se costuma chamar de ‘coleta’, a qual a assembléia dá o seu assentimento
com o ‘Amém’ final” (IGMR 32).

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Dentro da oração da coleta podemos perceber os seguintes elementos: invocação, pedido e
finalidade.
 
O RITO DA PALAVRA
 O Rito da Palavra é a segunda parte da missa, e também a segunda mais importante, ficando atrás,
somente do Rito Sacramental, que é o auge de toda celebração.
Iniciamos esta parte sentados, numa posição cômoda que facilita a instrução. Normalmente são
feitas três leituras extraídas da Bíblia: em geral um texto do Antigo Testamento, um texto epistolar
do Novo Testamento e um texto do Evangelho de Jesus Cristo, respectivamente. Isto, porém, não
significa que será sempre assim; às vezes a 1ª leitura cede espaço para um outro texto do Novo
Testamento, como o Apocalipse, e a 2ª leitura, para um texto extraído dos Atos dos Apóstolos; é
raro acontecer, mas acontece... Fixo mesmo, apenas o Evangelho, que será extraído do livro de
Mateus, Marcos, Lucas ou João.
 
Primeira Leitura
Como já dissemos, a primeira leitura costuma a ser extraída do Antigo Testamento.
Isto é feito para demonstrar que já o Antigo Testamento previa a vinda de Jesus e que Ele mesmo o
cumpriu (cf. Mt 5,17). De fato, não poucas vezes os evangelistas citam passagens do Antigo
Testamento, principalmente dos profetas, provando que Jesus era o Messias que estava para vir.
O leitor deve ler o texto com calma e de forma clara. Por esse motivo, não é recomendável escolher
os leitores poucos instantes antes do início da missa, principalmente pessoas que não têm o costume
de freqüentar aquela comunidade. Quando isso acontece e o "leitor", na hora da leitura, começa a
gaguejar, a cometer erros de leitura e de português, podemos ter a certeza de que, quando ele disser:
"Palavra do Senhor", a resposta da comunidade, "Graças a Deus", não se referirá aos frutos rendidos
pela leitura, mas sim pelo alívio do término de tamanha catástrofe!
 Ora, se a fé vem pelo ouvido, como declara o Apóstolo, certamente o leitor deve ser uma pessoa
preparada para exercer esse ministério; assim, é interessante que a Equipe de Celebração seja
formada, também, por leitores "profissionais", ou seja, especial e previamente selecionados.
 
Salmo Responsorial
O Salmo Responsorial também é retirado da Bíblia, quase sempre (em 99% dos casos) do livro dos
Salmos. Muitas comunidades recitam-no, mas o correto mesmo é cantá-lo... Por isso uma ou outra
comunidade possui, além do cantor, um salmista, já que muitas vezes o salmo exige certa
criatividade e espontaneidade, uma vez que as traduções do hebraico (ou grego) para o português
nem sempre conseguem manter a métrica ou a beleza do original.
Assim, quando cantado, acaba lembrando um pouco o canto gregoriano e, em virtude da dificuldade
que exige para sua execução, acaba sendo simplesmente - como já dissemos - recitado (perdendo
mais ainda sua beleza).

Segunda Leitura
Da mesma forma como a primeira leitura tem como costume usar textos do Antigo Testamento, a
segunda leitura tem como característica extrair textos do Novo Testamento, das cartas escritas pelos
apóstolos (Paulo, Tiago, Pedro, João e Judas), mais notadamente as escritas por São Paulo.
Esta leitura tem, portanto, como objetivo, demonstrar o vivo ensinamento dos Apóstolos dirigido às
comunidades cristãs.
A segunda leitura deve ser encerrada de modo idêntico ao da primeira leitura, com o leitor
exclamando: "Palavra do Senhor!" e a comunidade respondendo com: "Graças a Deus!".
 
Canto de Aclamação Ao Evangelho
Feito o comentário ao Evangelho, a assembléia a se põe de pé, para aclamar as palavras de Jesus. O
Canto de Aclamação tem como característica distintiva a palavra "Aleluia", um termo hebraico que

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significa "louvai o Senhor". Na verdade, estamos felizes em poder ouvir as palavras de Jesus e
estamos saudando-O como fizeram as multidões quando Ele adentrou Jerusalém no domingo de
Ramos.
Percebemos, assim, que o Canto de Aclamação, da mesma forma que o Hino de Louvor, não pode
ser cantado sem alegria, sem vida. Seria como se não confiássemos Naquele que dá a vida e que
vem até nós para pregar a palavra da Salvação. O Canto deve ser tirado do lecionário, pois se
identifica com a leitura do dia, por isso não se pode colocar qualquer música como aclamação, não
basta que tenha a palavra aleluia.
Comprovando este nosso ponto de vista está o fato de que durante o tempo da Quaresma e do
Advento, tempos de preparação para a alegria maior, também a palavra "Aleluia" não aparece no
Canto de Aclamação ao Evangelho.
 
Evangelho
Antes de iniciar a leitura do Evangelho, se estiver sendo feito uso de incenso, o sacerdote ou o
diácono (depende de quem for ler o texto), incensará a Bíblia e, logo a seguir, iniciará a leitura do
texto.
O texto do Evangelho é sempre retirado dos livros canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João, e
jamais pode ser omitido. É falta gravíssima não proceder a leitura do Evangelho ou substituí-lo pela
leitura de qualquer outro texto, inclusive bíblico.
Ao encerrar a leitura do Evangelho, o sacerdote ou diácono profere a expressão: "Palavra da
Salvação!" e toda a comunidade glorifica ao Senhor, dizendo: "Glória a vós, Senhor!". Neste
momento, o sacerdote ou diácono, em sinal de veneração à Palavra de Deus, beija a Bíblia (rezando
em silêncio: "Pelas palavras do santo Evangelho sejam perdoados os nossos pecados") e todo o
povo pode voltar a se sentar.
 
Homilia
A homilia nos recorda o Sermão da Montanha, quando Jesus subiu o Monte das Oliveiras para
ensinar todo o povo reunido. Observe-se que o altar já se encontra, em relação aos bancos onde
estão os fiéis, em ponto mais alto, aludindo claramente a esse episódio.
Da mesma forma como Jesus ensinava com autoridade, após sua ascensão, a Igreja recebeu a
incumbência de pregar a todos os povos e ensinar-lhes a observar tudo aquilo que Cristo pregou. A
autoridade de Cristo foi, portanto, passada à Igreja.
A homilia é o momento em que o sacerdote, como homem de Deus, traz para o presente aquela
palavra pregada por Cristo há dois mil anos. Neste momento, devemos dar ouvidos aos
ensinamentos do sacerdote, que são os mesmos ensinamentos de Cristo, pois foi o próprio Cristo
que disse: "Quem vos ouve, a mim ouve. Quem vos rejeita, a mim rejeita" (Lc 10,16). Logo, toda a
comunidade deve prestar atenção às palavras do sacerdote.
A homilia é obrigatória aos domingos e nas solenidades da Igreja. Nos demais dias, ela também é
recomendável, mas não obrigatória.
 
Profissão de Fé (Credo)
Encerrada a homilia, todos ficam de pé para recitar o Credo. Este nada mais é do que um resumo da
fé católica, que nos distingue das demais religiões. É como que um juramento público, como nos
lembra o PE Luiz Cechinatto.
Embora existam outros Credos católicos, expressando uma única e mesma verdade de fé, durante a
missa costuma-se a recitar o Símbolo dos Apóstolos, oriundo do séc. I, ou o Símbolo Niceno-
Constantinopolitano, do séc. IV. O primeiro é mais curto, mais simples; o segundo, redigido para
eliminar certas heresias a respeito da divindade de Cristo, é mais longo, mais completo. Na prática,
usa-se o segundo nas grandes solenidades da Igreja.
 
Oração da Comunidade

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A Oração da Comunidade ou Oração dos Fiéis, como também é conhecida, marca o último ato do
Rito da Palavra. Nela toda a comunidade apresenta suas súplicas ao Senhor e intercede por todos os
homens.
Alguns pedidos não devem ser esquecidos pela comunidade:
As necessidades da Igreja.
As autoridades públicas.
Os doentes, abandonados e desempregados.
A paz e a salvação do mundo inteiro.
As necessidades da Comunidade Local
 A introdução e o encerramento da Oração da Comunidade devem ser feitas pelo sacerdote. Quando
possível, devem ser feitos espontaneamente. As preces podem ser feitas pelo comentarista, mas o
ideal é que sejam feitas pela equipe de Liturgia, ou ainda pelos próprios fiéis. Cada prece deve
terminar com expressões como: "Rezemos ao Senhor", entre outras, para que a comunidade possa
responder com: "Senhor, escutai a nossa prece" ou "Ouvi-nos, Senhor”
Quando o sacerdote conclui a Oração da Comunidade, dizendo, por exemplo: "Atendei-nos, ó Deus,
em vosso amor de Pai, pois vos pedimos em nome de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso”. A
assembléia encerra com um: "Amém!".
  
RITO SACRAMENTAL
 Na liturgia eucarística atingimos o ponto alto da celebração. Durante ela a Igreja irá tornar presente
o sacrifício que Cristo fez para nossa salvação. Não se trata de outro sacrifício, mas sim de trazer à
nossa realidade a salvação que Deus nos deu. Durante esta parte a Igreja eleva ao Pai, por Cristo, sua
oferta e Cristo dá-se como oferta por nós ao Pai, trazendo-nos graças e bênçãos para nossas vidas.
É durante a liturgia eucarística que podemos entender a missa como uma ceia, pois afinal de contas
nela podemos enxergar todos os elementos que compõem uma: temos a mesa - mais propriamente a
mesa da Palavra e a mesa do pão. Temos o pão e o vinho, ou seja, o alimento sólido e líquido
presentes em qualquer ceia. Tudo conforme o espírito da ceia pascal judaica, em que Cristo instituiu
a eucaristia.
E de fato, a Eucaristia no início da Igreja era celebrada em uma ceia fraterna. Porém foram
ocorrendo alguns abusos, como Paulo os sinaliza na Primeira Carta aos Coríntios. Aos poucos foi
sendo inserida a celebração da palavra de Deus antes da ceia fraterna e da consagração. Já no século
II a liturgia da Missa apresentava o esquema que possui hoje em dia.
Após essa lembrança de que a Missa também é uma ceia, podemos nos questionar sobre o sentido de
uma ceia, desde o cafezinho oferecido ao visitante até o mais requintado jantar diplomático. Uma
ceia significa, entre outros: festa, encontro, união, amor, comunhão, comemoração, homenagem,
amizade, presença, confraternização, diálogo, ou seja, vida. Aplicando esses aspectos a Missa,
entenderemos o seu significado, principalmente quando vemos que é o próprio Deus que se dá em
alimento. Vemos que a Missa também é um convívio no Senhor.
A liturgia eucarística divide-se em: apresentação das oferendas, oração eucarística e rito da
comunhão.
 
Apresentação das Oferendas
 Apesar de conhecida como ofertório, esta parte da Missa é apenas uma apresentação dos dons que
serão ofertados junto com o Cristo durante a consagração. Devido ao fato de maioria das Missas essa
parte ser cantada não podemos ver o que acontece durante esse momento. Conhecendo esses
aspectos poderemos dar mais sentido à celebração.
Analisemos inicialmente os elementos do ofertório: o pão o vinho e a água. O que significam? De
fato foram os elementos utilizados por Cristo na última ceia, mas eles possuem todo um significado
especial:
1) o pão e o vinho representam a vida do homem, o que ele é, uma vez que ninguém vive sem comer
nem beber;

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2) representam também o que o homem faz, pois ninguém vai à roça colher pão nem na fonte buscar
vinho;
3) em Cristo o pão e o vinho adquirem um novo significado, tornando-se o Corpo e o Sangue de
Cristo. Como podemos ver, o que o homem é, e o que o homem faz adquirem um novo sentido em
Jesus Cristo.
E a água? Durante a apresentação das oferendas, o sacerdote mergulha algumas gotas de água no
vinho. E o porquê disso? Sabemos que no tempo de Jesus os judeus bebiam vinho diluído em um
pouco de água, e certamente Cristo também devia fazê-lo, pois era verdadeiramente homem. Por
outro lado, a água quando misturada ao vinho adquire a cor e o sabor deste. Ora, as gotas de água
representam a humanidade que se transforma quando diluída em Cristo.
 
Os tempos da preparação das oferendas:
a) Preparação do altar
“Em primeiro lugar prepara-se o altar ou a mesa do Senhor, que é o centro de toda liturgia
eucarística, colocando-se nele o corporal, o purificatório, o cálice e o missal, a não ser que se prepare
na credência” (IGMR 49).
b) Procissão das oferendas
Neste momento, trazem-se os dons em forma de procissão. Lembrando que o pão e o vinho
representam o que é o homem e o que ele faz, esta procissão deve revestir-se do sentimento de
doação, ao invés de ser apenas uma entrega da água e do vinho ao sacerdote.
c) Apresentação das oferendas a Deus
O sacerdote apresenta a Deus as oferendas através da fórmula: Bendito sejais... e o povo aclama:
Bendito seja Deus para sempre! Este momento passa despercebido da maioria das pessoas devido ao
canto do ofertório. O ideal seria que todo o povo participasse desse momento, sendo o canto usado
apenas durante a procissão e a coleta fosse feita sem as pessoas saírem de seus locais. O canto não é
proibido, mas deve procurar durar exatamente o tempo da apresentação das oferendas, para que o
sacerdote não fique esperando para dar prosseguimento à celebração.
d) A coleta do ofertório
Já nas sinagogas hebraicas, após a celebração da Palavra de Deus, as pessoas costumavam deixar
alguma oferta para auxiliar as pessoas pobres. E de fato, este momento do ofertório só tem sentido se
reflete nossa atitude interior de dispormos os nossos dons em favor do próximo. Aqui, o que importa
não é a quantidade, mas sim o nosso desejo de assim como Cristo, nos darmos pelo próximo.
Representa o nosso desejo de aos poucos, deixarmos de celebrar a eucaristia para nos tornarmos
eucaristia.
e) O lavar as mãos
Após o sacerdote apresentar as oferendas ele lava suas mãos. Antigamente, quando as pessoas
traziam os elementos da celebração de suas casas, este gesto tinha caráter utilitário, pois após pegar
os produtos do campo era necessário que lavasse as mãos. Hoje em dia este gesto representa a
atitude, por parte do sacerdote, de tornar-se puro para celebrar dignamente a eucaristia.
f) O Orai Irmãos...
Agora o sacerdote convida toda assembléia a unir suas orações à ação de graças do sacerdote.
g) Oração sobre as Oferendas
Esta oração coleta os motivos da ação de graças e lança no que segue, ou seja, a oração eucarística.
Sempre muito rica, deve ser acompanhada com muita atenção e confirmada com o nosso amém!
 
A Oração Eucarística
É na oração eucarística em que atingimos o ponto alto da celebração. Nela, através de Cristo que se
dá por nós, mergulhamos no mistério da Santíssima Trindade, mistério da nossa salvação:
“A oração eucarística é o centro e ápice de toda celebração, é prece de ação de graças e santificação.
O sacerdote convida o povo a elevar os corações ao Senhor na oração e na ação de graças e o associa
à prece que dirige a Deus Pai por Jesus Cristo em nome de toda comunidade. O sentido desta oração

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é que toda a assembléia se una com Cristo na proclamação das maravilhas de Deus e na oblação do
sacrifício” (IGMR 54).
a) Prefácio
Após o diálogo introdutório, o prefácio possui a função de introduzir a assembléia na grande ação de
graças que se dá a partir deste ponto. Existem inúmeros prefácios, abordando sobre os mais diversos
temas: a vida dos santos, Nossa Senhora, Páscoa etc.
b) O Santo
É a primeira grande aclamação da assembléia a Deus Pai em Jesus Cristo. O correto é que seja
sempre cantado, levando-se em conta a maior fidelidade possível à letra da oração original.
c) A invocação do Espírito Santo
Através dele Cristo realizou sua ação quando presente na história e a realiza nos tempos atuais. A
Igreja nasce do espírito Santo, que transforma o pão e o vinho. A Igreja tem sua força na Eucaristia.
d) A consagração
Deve ser toda acompanhada por nós. É reprovável o hábito de permanecer-se de cabeça baixa
durante esse momento. Reprovável ainda é qualquer tipo de manifestação quando o sacerdote ergue
a hóstia, pois este é um momento sublime e de profunda adoração. Nesse momento o mistério do
amor do Pai é renovado em nós. Cristo dá-se por nós ao Pai trazendo graças para nossos corações.
Daí ser esse um momento de profundo silêncio.
e) Preces e intercessões
Reconhecendo a ação de Cristo pelo Espírito Santo em nós, a Igreja pede a graça de abrir-se a ela,
tornando-se uma só unidade. Pede para que o papa e seus auxiliares sejam capazes de levar o
Espírito Santo a todos. Pede pelos fiéis que já se foram e pede a graça de, a exemplo de Nossa
Senhora e dos santos, os fiéis possam chegar ao Reino para todos preparados pelo Pai.
f) Doxologia Final
É uma espécie de resumo de toda a oração eucarística, em que o sacerdote tendo o Corpo e Sangue
de Cristo em suas mãos louva ao Pai e toda assembléia responde com um grande “amém”, que
confirma tudo aquilo que ela viveu. O sacerdote a diz sozinho.
 
Rito da Comunhão
 A oração eucarística representa a dimensão vertical da Missa, em que nos unimos plenamente a
Deus em Cristo. Após alcançarmos a comunhão com Deus Pai, o desencadeamento natural dos fatos
é o encontro com os irmãos, uma vez que Cristo é único e é tudo em todos. Este é o momento
horizontal da Missa. Tem também esse momento o intuito de preparar-nos ao banquete eucarístico.
a) O Pai-Nosso
É o desfecho natural da oração eucarística. Uma vez que unidos a Cristo e por ele reconciliados com
Deus, nada mais oportuno do que dizer: Pai nosso... Esta oração deve ser rezada em grande
exaltação, se for cantada, deve seguir exatamente as palavras ditas por Cristo, quando as ensinou aos
discípulos. Após o Pai Nosso segue o seu embolismo, ou seja, a continuação do último pensamento
da oração. Segue aqui uma observação: o único local em que não dizemos “amém” ao final do Pai
Nosso é na Missa, dada a continuidade da oração expressa no embolismo.
b) Oração pela paz
Uma vez reconciliados em Cristo, pedimos que a paz se estenda a todas as pessoas, presentes ou não,
para que possam viver em plenitude o mistério de Cristo. Pede-se também a Paz para a Igreja, para
que, desse modo, possa continuar sua missão. Esta oração é rezada somente pelo sacerdote.
 c) O cumprimento da Paz
É um gesto simbólico, uma saudação pascal. Por ser um gesto simbólico não há a necessidade em
sair do local para cumprimentar a todos na Igreja. Se todos tivessem em mente o simbolismo
expresso nesse momento não seria necessária a dispersão que o caracteriza na maioria dos casos.
Também não é permitido que se cante durante esse momento, uma vez que deveria durar pouco
tempo.
d) O Cordeiro de Deus

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O sacerdote e a assembléia se preparam em silêncio para a comunhão. Neste momento o padre
mergulha um pedaço do pão no vinho, representando a união de Cristo presente por inteiro nas duas
espécies. A seguir todos reconhecem sua pequenez diante de Cristo e como o Centurião exclamam:
Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo.
Cristo não nos dá apenas sua palavra, mas dá-se por amor a cada um de nós.
e) A comunhão
Durante esse momento a assembléia dirige-se à mesa eucarística. O canto deve procurar ser um
canto de louvor moderado, salientando a doação de Cristo por nós. A comunhão pode ser recebida
nas mãos ou na boca, tendo o cuidado de, no primeiro caso, a mão que recebe a hóstia não ser a
mesma que a leva a boca. Aqueles que por um motivo ou outro não comungam, por não se
encontrarem devidamente preparados (estado de graça santificante) é importante que façam desse
momento também um momento de encontro com o Cristo, no que chamamos de Comunhão
Espiritual. Após a comunhão segue-se a ação de graças, que pode ser feita em forma de um canto ou
pelo silêncio, que dentro da liturgia possui sua linguagem importantíssima. O que não pode é esse
momento ser esquecido ou utilizado para conversar com quem está ao nosso lado.
f) Oração após a comunhão
Infelizmente criou-se o mau costume em nossas assembléias de se fazer essa oração após os avisos,
como uma espécie de convite apressado para se ir embora. Esta oração liga-se ainda a liturgia
eucarística, e é o seu fechamento, pedindo a Deus as graças necessárias para se viver no dia-a-dia
tudo que se manifestou perante a assembléia durante a celebração.
 
RITOS FINAIS
“O rito de encerramento da Missa consta fundamentalmente de três elementos: a saudação do
sacerdote, a bênção, que em certos dias e ocasiões é enriquecida e expressa pela oração sobre o
povo, ou por outra forma mais solene, e a própria despedida, em que se despede a assembléia, afim
de que todos voltem ás suas atividades louvando e bendizendo o Senhor com suas boas obras”
(IGMR 57).
a) Saudação
Para muitos, este momento é um alívio, está cumprido o preceito dominical. Mas para outros, esta
parte é o envio, é o início da transformação do compromisso assumido na Missa em gestos e atitudes
concretas. Ouvimos a Palavra de Deus e a aceitamos em nossas vidas. Revivemos a Páscoa de
Cristo, assumindo também nós esta passagem da morte para a vida e unimo-nos ao sacrifício de
Cristo ao reconhecer nossa vida como dom de Deus e orientando-a em sua direção.
b) Avisos
Sem demais delongas, este momento é o oportuno para dar-se avisos à comunidade, bem como para
as últimas orientações do presidente da celebração.
c) Benção Final
Após, segue-se a bênção do sacerdote e a despedida. Para alguns liturgistas, esse momento é um
momento de envio, pois o sacerdote abençoa os fiéis para que estes saiam pelo mundo louvando a
Deus com palavras e gestos, contribuindo assim para sua transformação. Vejamos o porquê disso.
d) Despedida
Passando a despedida para o latim ela soa da seguinte forma: “Ite, Missa est”. Traduzindo-se para o
português, soa algo como “Ide, tendes uma bênção e uma missão a cumprir”, pois em latim, missa
significa missão ou demissão, como também pode significar bênção. Nesse sentido, eucaristia
significa bênção, o que não deixa de ser uma realidade, já que através da doação de seu Filho, Deus
abençoa toda a humanidade. De posse desta boa-graça dada pelo Pai, os cristãos são re-enviados ao
mundo para que se tornem eucaristia, fonte de bênçãos para o próximo. Desse modo a Missa
reassume todo seu significado.
  
O USO DO INCENSO NA MISSA
A incensação pode ter os seguintes significados:

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1. Sagração das oblatas à imitação dos sacrifícios do AT;
2. Uma oferta simbólica das orações da Igreja;
3. Na Incensação das pessoas, vê-se uma participação coletiva nos dons;
4. Símbolo de respeito e de veneração para com os dons;
5. Símbolo da Graça, o bom odor de Cristo, que d’Ele chega aos fiéis pelo ministério do Sacerdote;
Usa-se o incenso na Liturgia da Missa nos seguintes momentos: 
Ritos Iniciais: Na entrada à frente da Cruz processional e para a incensação do Altar e da Cruz;
Rito da Palavra: À frente na procissão do Evangelho e na proclamação do mesmo;
Rito Sacramental: Na incensação das Oferendas e do Altar e da Cruz, na incensação da Igreja
(Celebrante e Povo), e na Consagração.

Significado dos Gestos


Sentado: É uma posição cômoda, uma atitude de ficar à vontade para ouvir e meditar, sem pressa.
Em pé: É uma posição de quem ouve com atenção e respeito. Indica a prontidão e disposição para
obedecer. (Posição de orante)
De joelhos: Posição de adoração a Deus diante do Santíssimo Sacramento e durante a consagração
do pão e vinho.
Genuflexão: É um gesto de adoração a Jesus na Eucaristia. Fazemos quando entramos na igreja e
dela saímos, se ali existir o Sacrário.
Inclinação: Inclinar-se diante do Santíssimo Sacramento é sinal de adoração.
Mãos levantadas: É atitude dos orantes. Significa súplica e entrega a Deus.
Mãos juntas: Significam recolhimento interior, busca de Deus, fé, súplica, confiança e entrega da
vida.
Silêncio: O silêncio ajuda o aprofundamento nos mistérios da fé. Fazer silêncio também é
necessário para interiorizar e meditar, sem ele a Missa seria como chuva forte e rápida que não
penetra na terra.

Alfaias Litúrgicas
Nome que se dá ao conjunto dos objetos litúrgicos usados nas celebrações. Deve-se também
considerar aqui a Arte Sacra, que se estende, por sua vez, a tudo o que diz respeito ao culto e ao uso
sagrado. "Com especial zelo a Igreja cuidou que as sagradas alfaias servissem digna e belamente ao
decoro do culto, admitindo aquelas mudanças ou na matéria, ou na forma, ou na ornamentação que
o progresso da técnica da arte trouxe no decorrer dos tempos" (SC 122c). Aqui, pode-se ver como a
reforma conciliar do Vaticano II se preocupa com a dignidade das coisas sagradas. Templo, altar,
sacrário, imagens, livros litúrgicos, vestes e paramentos, e todos os objetos devem, pois, manifestar
a dignidade do culto, que, como expressão viva de fé, identifica-se com a natureza de Deus, a quem
o povo, congregado pelo Filho e na luz do Espírito Santo, adora "em espírito e verdade" (Cf. Jo
4,23-24).

Livros Litúrgicos
MISSAL - Livro usado pelo sacerdote na celebração eucarística.
LECIONÁRIO - Livro que contém as leituras para a celebração. São três:
I - Lecionário dominical - Contém as leituras dos domingos e de algumas solenidades e festas.
II - Lecionário semanal - Contém as leituras dos dias de semana. A primeira leitura e o salmo
responsorial estão classificados por ano par e ímpar. O evangelho é sempre o mesmo para os dois
anos.
III - Lecionário santoral - Contém as leituras para as celebrações dos santos. Nele também constam
as leituras para uso na administração de sacramentos e para diversas circunstâncias.
EVANGELIÁRIO - É o livro que contém o texto do evangelho para as celebrações dominicais e
para as grandes solenidades.

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Espaço Celebrativo
ALTAR - Mesa fixa, podendo também ser móvel, destinada à celebração eucarística. É o espaço
mais importante da Igreja. Lugar onde se renova o sacrifício redentor de Cristo.
AMBÃO - Chama-se também Mesa da Palavra. É a estante de onde se proclama a palavra de Deus.
Não deve ser confundida com a estante do comentador e do animador do canto. Esta não deve ter o
mesmo destaque do ambão.
CREDÊNCIA - Pequena mesa onde se colocam os objetos litúrgicos, que serão utilizados na
celebração. Geralmente, fica próxima do altar.
PRESBITÉRIO - espaço ao redor do altar, geralmente um pouco mais elevado, onde se realizam os
principais ritos sagrados.
NAVE DA IGREJA - Espaço do templo reservado aos fiéis.
SACRÁRIO - Chama-se também Tabernáculo. É uma pequena urna onde são guardadas as
partículas consagradas e o Santíssimo Sacramento. Recomenda-se que fique num lugar apropriado,
com dignidade, geralmente numa capela lateral.
PÚLPITO - Lugar nas igrejas antigas de onde o presidente fazia a pregação. Hoje, praticamente não
é mais usado.

Objetos Litúrgicos
CORPORAL - Tecido em forma quadrangular sobre o qual se coloca o cálice com o vinho e a
patena com o pão.
MANUSTÉRGIO - Toalha com que o sacerdote enxuga as mãos no rito do Lavabo. Em tamanho
menor, é usada pelos ministros da Eucaristia, para enxugarem os dedos.
PALA - Cartão quadrado, revestido de pano, para cobrir a patena e o cálice.
SANGUÍNEO - Chamado também purificatório. É um tecido retangular, com o qual o sacerdote,
depois da comunhão, seca o cálice e, se for preciso, a boca e os dedos.
VÉU DE ÂMBULA - Pequeno tecido, branco, que cobre a âmbula, quando esta contém partículas
consagradas. É recomendado o seu uso, dado o seu forte simbolismo. O véu vela (esconde) algo
precioso, ao mesmo tempo que revela (mostra) possuir e trazer tal tesouro. (O véu da noiva, na
liturgia do Matrimônio, tem também esta significação simbólica, embora, na prática, não seja assim
percebido, muitas vezes passando como mero adorno de ostentação).
ÂMBULA, CIBÓRIO OU PÍXIDE - É um recipiente para a conservação e distribuição das hóstias
aos fiéis.
CÁLICE - Recipiente onde se consagra o vinho durante a missa.
CALDEIRINHA E ASPERSÓRIO - A caldeirinha é uma pequena vasilha, onde se coloca água
benta para a aspersão. Já o aspersório é um pequeno instrumento com o qual se joga água benta
sobre o povo ou sobre objetos. Na liturgia são inseparáveis.
CASTIÇAL - Utensílio que se usa para suporte de uma vela.
CANDELABRO - Grande castiçal, com várias ramificações, a cada uma das quais corresponde um
foco de luz.
PATENA - Pequeno prato, geralmente de metal, para conter a hóstia durante a celebração da missa.
BACIA E JARRA - Em tamanho pequeno, contendo a jarra a água, para o rito do "Lavabo", na
preparação e apresentações dos dons.
CÍRIO PASCAL - Vela grande, que é benzida solenemente na Vigília Pascal do Sábado Santo e que
permanece nas celebrações até o Domingo de Pentecostes. Acende-se também nas celebrações do
Batismo.
CRUZ - Não só a cruz processional, isto é, a que guia a procissão de entrada, mas também uma cruz
menor, que pode ficar sobre o altar.

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VELAS - As velas comuns, porém de bom gosto, que se colocam no altar, geralmente em número
de duas, em dois castiçais.
OSTENSÓRIO - Objeto que serve para expor a hóstia consagrada, para adoração dos fiéis e para
dar a bênção eucarística.
CUSTÓDIA - Parte central do Ostensório, onde se coloca a hóstia consagrada para exposição do
Santíssimo. É parte fixa do Ostensório.
LUNETA - Peça circular do Ostensório, onde se coloca a hóstia consagrada, para a exposição do
Santíssimo. É peça móvel.
GALHETAS - São dois recipientes para a colocação da água e do vinho, para a celebração da
missa.
HÓSTIA - Pão não fermentado (ázimo), usado na celebração eucarística. Aqui se entende a hóstia
maior. É comum a forma circular.
PARTÍCULA - O mesmo que hóstia, porém em tamanho pequeno e destinada geralmente à
comunhão dos fiéis.
RESERVA EUCARÍSTICA - Nome que se dá às partículas consagradas, guardadas no sacrário e
destinadas sobretudo aos doentes e à adoração dos fiéis, em visita ao Santíssimo. Devem ser
consumidas na missa seguinte.
INCENSO - É uma resina aromática, extraída de várias plantas, usada sobre brasas, nas celebrações
solenes
NAVETA - Pequeno vaso onde se transporta o incenso nas celebrações litúrgicas.
TECA - Pequeno estojo, geralmente de metal, onde se leva a Eucaristia para os doentes. Usa-se
também, em tamanho maior, na celebração eucarística, para conter as partículas.
TURÍBULO - Vaso utilizado nas incensações durante a celebração. Nele se colocam brasas e o
incenso.

Outros Símbolos
IHS - Iniciais das palavras latinas Iesus Hominum Salvator, que significam: Jesus Salvador dos
homens. Empregam-se sempre em paramentos litúrgicos, em portas de sacrário e nas hóstias.
ALFA E ÔMEGA - Primeira e última letra do alfabeto grego. No Cristianismo aplicam-se a Cristo,
princípio e fim de todas as coisas.
TRIÂNGULO - Com seus três ângulos iguais (equilátero), o triângulo simboliza a Santíssima
Trindade. É um símbolo não muito conhecido pelo nosso povo.
INRI - São as iniciais das palavras latinas Iesus Nazarenus Rex Iudaerum, que querem dizer: Jesus
Nazareno Rei dos Judeus, mandadas colocar por Pilatos na crucifixão de Jesus (Cf. Jo 19,19).
XP - Estas letras, do alfabeto grego, correspondem em português a C e R. Unidas, formam as
iniciais da palavra CRISTÓS (Cristo). Esta significação simbólica é, porém, ignorada por muitos.

Vestes Litúrgicas
Vestes usadas pelos ministros ordenados. São elas:
ALVA - Túnica longa, de cor branca.
TÚNICA - O mesmo que alva. Atualmente pode ser de cor neutra.
AMITO - Pano que o ministro coloca ao redor do pescoço antes de outras vestes litúrgicas.
CASULA - Veste própria do sacerdote que preside a celebração. Espécie de manto que se veste
sobre a alva e a estola.
ESTOLA - Veste litúrgica do sacerdote. Os diáconos também a usam, porém a tiracolo, sobre o
ombro esquerdo, pendendo-a do lado direito.
CAPA PLUVIAL - Capa longa, que o sacerdote usa ao dar a bênção do Santíssimo ou ao conduzi-
lo nas procissões. Usa-se também no rito de aspersão da assembléia.
CÍNGULO - Cordão com o qual se prende a alva ao redor da cintura.
VÉU UMERAL - Chama-se também véu de ombros. Manto retangular, de cor dourada, usado pelo
sacerdote na bênção do Santíssimo.

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DALMÁTICA - Veste própria do diácono. É colocada sobre a alva e a estola.

Cores Litúrgicas

As cores dizem respeito à toalha do altar e do ambão e às vestes litúrgicas. São elas:
O BRANCO - Simboliza a vitória, a paz, a alma pura, a alegria. Usa-se: na Quinta-feira Santa, na
Vigília Pascal do Sábado Santo, em todo o Tempo Pascal, no Natal, no Tempo do Natal, nas festas
dos santos (quando não mártires) e nas festas do Senhor (exceto as da Paixão). É a cor
predominante da ressurreição.
O VERMELHO - Simboliza o fogo, o sangue, o amor divino, o martírio. É usado: no Domingo
de Ramos e da Paixão, na Sexta-Feira da Paixão, no Domingo de Pentecostes, nas festas dos
apóstolos, dos santos mártires e dos evangelistas.
O VERDE - É a cor da esperança. Usa-se no Tempo Comum. (Quando no TC se celebra uma festa
do Senhor ou dos santos, usa-se então a cor da festa).
O ROXO - Simboliza a penitência. Usa-se no Tempo do Advento e da Quaresma. Pode-se também
usar nos ofícios e missas pelos mortos. (Quanto ao Advento, está havendo uma tendência a se usar o
violeta, em vez do roxo, para distingui-lo da Quaresma, pois Advento é tempo de feliz expectativa e
de esperança, num viver sóbrio, e não de penitência, como a Quaresma).
O PRETO - É símbolo de luto. Pode ser usado nas missas pelos mortos, mas nessas celebrações
pode-se usar também o branco, dando-se então ênfase não à dor, mas à ressurreição.
O ROSA - Simboliza também a alegria. Pode ser usado no 3º Domingo do Advento, chamado
"Gaudete" , e no 4º Domingo da Quaresma, chamado aqui "Laetare", ambos os domingos da
alegria.

Símbolos Litúrgicos ligados à Natureza


A ÁGUA - A água simboliza a vida (remete-nos sobretudo ao nosso batismo, onde renascemos para
uma vida nova). Pode simbolizar também a morte (enquanto por ela morremos para o pecado).
Nesse sentido, ela é mãe e sepulcro, de acordo com os Santos Padres.
O FOGO - O fogo ora queima, ora aquece, ora brilha, ora purifica. Está presente na liturgia da
Vigília Pascal do Sábado Santo e nas incensações, como as brasas nos turíbulos. O fogo pode
multiplicar-se indefinidamente. Daí, sua forte expressão simbólica. É símbolo sobretudo da ação do
Espírito Santo (Cf. Eclo 48,1; Lc 3,16; 12,49; At 2,3; 1Ts 5,19), e do próprio Deus, como fogo
devorador (Cf. Ex 24,17; Is 33,14; Hb 12,29).
A LUZ - A luz brilha, em oposição às trevas, e mesmo no plano natural é necessária à vida, como a
luz do sol. Ela mostra o caminho ao peregrino errante. A luz produz harmonia e projeta a paz.
Como o fogo, pode multiplicar-se indefinidamente. Uma pequenina chama pode estender-se a um
número infinito de chamas e destruir, assim, a mais espessa nuvem de trevas. É o símbolo mais
expressivo do Cristo Vivo, como no Círio Pascal. A luz e, pois, a expressão mais viva da
ressurreição.
O PÃO E O VINHO - Símbolos do alimento humano. Trigo moído e uva espremida, sinais do
sacrifício da natureza, em favor dos homens. Elementos tomados por Cristo para significarem o seu
próprio sacrifício redentor.
O INCENSO - Como já se falou, com sua especificidade aromática. Sua fumaça simboliza, pois, a
oração dos santos, que sobe a Deus, ora como louvor, ora como súplica (Cf. Sl 140(141)2; Ap 8,4).
O ÓLEO - Temos na liturgia os óleos dos Catecúmenos, do Crisma e dos Enfermos, usados
liturgicamente nos sacramentos do Batismo, da Crisma e da Unção dos Enfermos. Nos três
sacramentos, trata-se do gesto litúrgico da unção. Aqui vemos que o objeto - no caso, o óleo - além
de ele próprio ser um símbolo, faz nascer uma ação, isto é, o gesto simbólico de ungir. Tal também
acontece com a água: ela supõe e cria o banho lustral, de purificação, como nos ritos do Batismo e

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do "lavabo" (abluções), e do "asperges", este em sentido duplo: na missa, como rito penitencial, e
na Vigília do Sábado Santo, como memória pascal de nosso Batismo. A esses gestos litúrgicos e
tantos outros, podemos chamar de "símbolos rituais". A unção com o óleo atravessa toda a história
do Antigo Testamento, na consagração de reis, profetas e sacerdotes, e culmina no Novo
Testamento, com a unção misteriosa de Cristo, o verdadeiro Ungido de Deus (Cf. Is 61,1; Lc 4,18).
A palavra Cristo significa, pois, ungido. No caso, o Ungido, por excelência.
AS CINZAS - As cinzas, principalmente na celebração da Quarta-Feira de Cinzas, são para nós
sinal de penitência, de humildade e de reconhecimento de nossa natureza mortal. Mas estas mesmas
cinzas estão intimamente ligadas ao Mistério Pascal. Não nos esqueçamos de que elas são fruto das
palmas do Domingo de Ramos do ano anterior, geralmente queimadas na Quaresma, para o rito
quaresmal das cinzas.
Encerrando esse pequeno subsídio, guardemos então que toda a liturgia é ação simbólica. Assim,
poderíamos ainda falar: do templo, da assembléia, dos sinos, do jejum, da esmola, das bênçãos, da
ceia, da coroa do Advento, da palma, das flores, do anel, do canto, do abraço, da música, do
cordeiro, da hóstia, dos ícones, do confessionário, do batistério, da arte sacra (em toda a sua vasta
extensão) etc., como também, ainda, de tudo aquilo que diz respeito aos sentidos, tais como: olfato:
o cheiro do incenso e das flores; paladar: o gosto do pão e do vinho; tato: o toque, seja na imposição
de mãos de ritos sagrados, seja nas mãos que se unem às dos irmãos, seja no toque de coisas
sagradas; visão e audição. Enfim, é todo um universo simbólico, que nos convida a mergulhar cada
vez mais no mistério infinito do amor de Deus.

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Paróquia São José – Barros Filho
Catecumenato da Iniciação Cristã de Adultos (RICA)

34º Tema: Os dons do Espírito Santo

Definição Teológica

S ão capacidades que Deus nos concede de acordo com a Sua vontade, com o propósito de servir
e edificar o corpo (de Cristo), para a glória de Deus.
Princípios básicos dos Dons:
Dons naturais: Deus nos concede desde o nosso nascimento (talento).
Dons adquiridos: Capacidades aprendidas, adquiridas com o tempo; dados por Deus. (capacidade
técnica).
Dons Espirituais: Capacidades dadas por Deus no ato ou durante a conversão.
Não devemos tomar atitudes erradas para com os Dons, ou seja,o dom  não deve ser acompanhado
de: auto-glorificação, soberba, contenda, confusão, valorização humana, divisão, etc.O propósito do
Dom é: Servir, Edificar e Preservar a Unidade.
"servindo uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu, como bons despenseiros da
multiforme graça de Deus." (I Pd 4,10), "tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para a obra
do ministério, para edificação do corpo de Cristo" (Ef 4, 12), "procurando diligentemente guardar a
unidade do Espírito no vínculo da paz." (Ef 4, 3)
SABEDORIA:
É a apreciação adequada das coisas de Deus, da virtude e do bem (Cf. Pr 3,13-15)
Ajuda a conhecer a Deus e a sua vontade.
Faz-nos ver a vida e a história à luz de Deus.
Dá o adequado sentido de proporção para sabermos apreciar as coisas de Deus. Damos ao BEM
e à VIRTUDE seu verdadeiro valor, e encaramos os bens do mundo como meios, não como fins
em si. (Ex.: O homem que perde o seu fim de semana para assistir um retiro espiritual, ou fazer
o EJC, foi conduzido pelo DOM DA SABEDORIA, mesmo que não o saiba). Pr 3,13-15: “Feliz
o homem que encontrou sabedoria, o homem que alcançou o entendimento. Ganhá-la vale mais
do que a prata e o seu lucro mais que o ouro (Midas e Salomão)”.
ENTENDIMENTO:
Dom divino que nos ilumina para aceitarmos as verdades reveladas por Deus (Jr 24,7)
Ajuda a ver as pessoas e o mundo com os olhos de Deus.
Ajuda-nos a penetrar no sentido dos acontecimentos, por exemplo, no sofrimento. “Há mais
alegria em dar do que em receber” (At 20,35).
Dá a percepção espiritual necessária para entender as verdades da fé. Quem está, por exemplo,
com a graça santificante, tem mais capacidade de entender as verdades da fé do que aquele que
esteja em pecado. Quem tem a presença do Espírito Santo, possui o dom do entendimento e por
isso compreenderá com muito mais rapidez o ponto em questão. Jr 24,7 “Dar-lhes-ei um
coração para que me conheçam que eu sou Javé. Eles serão o meu povo e eu serei o seu Deus”..
CONSELHO:
É a luz que o Espírito Santo nos dá para sabermos distinguir o certo do errado, o verdadeiro do
falso. Aprimora, pois, nosso discernimento nas decisões relacionadas com a vida espiritual e
religiosa, à santidade e à moral.
Ajuda a nos tornar sábios diante da vida.
Facilita discernir os melhores caminhos a percorrer. Identificamos a própria vocação e os meios
concretos de realizá-la.

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Aguça o nosso DISCERNIMENTO. Com a sua ajuda percebemos – e escolhemos – a melhor
decisão a ser tomada, aquela que será para a maior glória de Deus e nosso bem espiritual.
Portanto, quem deve tomar uma decisão importante sobre a vocação a profissão ou os
problemas familiares, será melhor que esteja em ESTADO DE GRAÇA por causa da presença
do Espírito Santo.
FORTALEZA:
É o dom da coragem para vivermos fielmente a fé no dia-a-dia, mesmo diante do martírio.
Faltou a Pedro quando negou a Cristo, mas foi-lhe dado no Pentecostes..
Ajuda a ter firmeza diante da sedução e oposição do mundo.
Auxilia-nos a enfrentar as lutas e vicissitudes do cotidiano, a resistir às tentações. Inspira-nos o
perdão e a fazer bem. É o dom dos mártires.
São Paulo e Barnabé, encorajando os discípulos das regiões de Listria, Icônio e Antioquia, os
exortavam a PERMANCECER FIRMES NA FÉ, dizendo-lhes: “É preciso que passemos por
muitos sofrimentos para entrar no reino de Deus” (At 14,22).
CIÊNCIA:
Por esse dom o Espírito Santo nos revela interiormente o pensamento de Deus sobre nós e nos
torna aptos a administrar nossa vida espiritual e religiosa (1Cor.2,10-15)
Ensina a colocar nossa capacidade a serviço dos irmãos e do evangelho.
Somos capazes de aplicar as luzes obtidas às condições em que nos encontramos.
Este dom está unido ao dom do CONSELHO. É um passo a mais, uma percepção a mais. Ex.:
se percebo que ler certos tipos de leituras frívolas esfriam meu gasto pelas coisas espirituais, o
dom da ciência leva-se a deixar de comprar certos tipos de leitura e a procurar leituras
espirituais.
1Cor 2, 10-13: “A nós, porém, Deus o revelou pelo Espírito. Pois o Espírito sonda todas as
coisas, até mesmo as profundidades de Deus. Quem pois, dentre os homens conhece o que é do
homem, senão o espírito do homem que nele esta? Da mesma forma, o que está em Deus,
ninguém o conhece senão o Espírito de Deus. Quanto a nós não recebemos o espírito do mundo,
mas o espírito que vem de Deus, a fim de que conheçamos os dons da graça de Deus. Desses
dons não falamos segundo a linguagem ensinada pela sabedoria humana, mas segundo aquela
que o Espírito ensina, exprimindo realidades espirituais em termos espirituais”.
PIEDADE:
É o dom pelo qual o Espírito Santo nos dá o gosto de amar e servir a Deus com alegria. Sabor
das coisas de Deus. Intimidade com Deus.
Ensina a ter gosto pelas coisas de Deus e pelo seu serviço.
Ajuda-nos a rezar, a gostar das coisas espirituais, a nos entregar a Ele.
Originariamente, a palavra PIEDADE indicava a atitude de uma criança para com seus pais,
uma combinação de amor, confiança e respeito. Viver o dom da piedade é ter este tipo de
atitude para com Deus, nosso Pai. É um dom que nos leva a ter mais intimidade com Deus.
TEMOR DE DEUS:
Não quer dizer “medo de Deus”, mas “medo de ofender a Deus”. Receio de não estar
retribuindo o amor que Lhe é devido. É mais respeito e estima de Deus. Preocupação de ser
bom, amável e fiel a Deus.
Receio de não estar retribuindo o amor de Deus.
Respeito. Tão grande é o amor, que temos receio de ofender o nosso Pai.
Equilibra o dom da Piedade. Lembrar-se de que um dia termos que responder pelos nossos atos
e pelas graças que Ele os concedeu. Diante de Deus, nos dará um santo temor de ofendê-lo pelo
pecado.

HOJE EM DIA PECA-SE ACHANDO-SE QUE NÃO TEM NADA DEMAIS! VIVE-
SE EM ESTADO DE PECADO ACHANDO-SE QUE É UMA PESSOA MUITO
RELIGIOSA...

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