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Prof.

: Leonardo de Moura

PANORAMA DO NOVO TESTAMENTO

Evangelhos sinóticos:

São assim chamados os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, por

retratarem em grande parte do seu conteúdo os mesmos acontecimentos,

apesar de cada evangelho manter sua peculiaridade de acordo com o estilo de

escrita do autor e dos destinatários a quem escreveu.

O termo sinótico significa debaixo da mesma ótica, esse termo denota a

similaridade de alguns textos, vejamos alguns exemplos:

Se compararmos o episódio da alimentação dos cinco mil nos três

evangelhos (Mateus 14:12-21, Marcos 6:30-44, Lucas 9:10-17)

encontramos a mesma história, narrada quase exatamente com as

mesmas palavras.

Eles são tão detalhados que a crença maior que se tem é que, ou eles

possuem a mesma fonte ( que é chamada de fonte Q), ou o primeiro

evangelho serviu de base aos outros dois.

Mateus.

Foi escrito pelo apóstolo Mateus, um homem que outrora era cobrador

de impostos. Esse evangelho é direcionado aos judeus e começa com a

genealogia de Cristo no capítulo 1. Mostrando que Jesus era da

descendência de Davi, logo era o messias prometido a Israel e o verdadeiro

rei dos Judeus uma vez que possuía linhagem real, com isso esse evangelho

traz muitas referências as profecias do AT que se cumpriam em Cristo o

termo “tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo

profeta dizendo...” Aparece 16 vezes nesse evangelho. No sermão da

montanha ele ressalta a autoridade de Cristo sobre os profetas, e os eruditos


e sábios da lei. Apesar dessa ênfase nos judeus ele não descartou os

gentios, muito pelo contrário a ordem do “ide” está presente nesse

evangelho.

Em Mateus encontramos cinco grandes blocos de ensinos de Jesus,

cinco grandes seções nas quais os ensinos do Mestre foram reunidos e

sistematizados. Todas estas seções têm que ver com o Reino de Deus. São

as seguintes:

(a) O Sermão da Montanha, ou a Lei do Reino (5-7).

(b) Os deveres dos dirigentes do Reino (10).

(c) As parábolas do Reino (13).

(d) Grandeza e perdão no Reino (18).

(e) A Vinda do Rei (24,25)

A imagem que Mateus nos apresenta de Jesus é a de um homem que

nasceu para ser rei. Jesus caminha ao longo das páginas de Mateus

envolto na púrpura e o ouro da realeza. Mateus quer mostrar aos homens

o senhorio de Jesus Cristo, nos mostrar que com toda autenticidade o

Reino, o Poder e a Glória são deles.

Marcos

Quem era, pois, este Marcos que escreveu o Evangelho? O Novo

Testamento nos diz várias coisas sobre ele. Era filho de uma dama de

Jerusalém, de nome Maria, cujos recursos econômicos eram folgados e

cuja casa era o lugar de reunião e encontro da igreja primitiva (Atos

12:12), logo ele não havia pertencido aos doze. Desde o começo, Marcos

foi criado no próprio centro da comunidade cristã. Muitos crêem que esse

foi o primeiro dos evangelhos a ser escrito, e é também apelidado por

muitos como evangelho de Pedro devido ao fato de Marcos ter sido

influenciado por Pedro em seu ministério, Marcos era tão próximo que

Pedro o chama de filho 1Pe.5.13

Marcos apresenta Jesus como homem, é claro que sem deixar de

entender que ele também era Deus, mas nesse evangelho Marcos
vai ressaltar os sentimentos humanos de Jesus.

Como é possivelmente o mais antigo dos evangelhos é essencial sua

leitura e aprendizado, devemos também recordar que Pedro era

muito próximo a Jesus e passou muitos detalhes valiosos sobre a

vida de Jesus.

Referência Bibliográficas:

GARDNER, Paul. Quem é quem na bíblia. Ed. Vida 2009

RUBENS, Márcio.O Novo Testamento os Evangelhos e Atos. Vertical Editora

BARCLAY, Willian. Comentário Bíblico do Novo Testamento

BARCLAY.tradução Carlos Biagini.

QUE DEUS OS ABENÇOE !!!!!!

ATÉ SEMANA QUE VEM!!!!

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Prof. : Leonardo de Moura

Lucas

Esse é o último dos sinóticos que vamos abordar, a autoria de Lucas é clara e

evidente pelo contexto do próprio evangelho. Lucas era médico segundo o que

afirma Cl.4.14, e não foi um dos doze apóstolos de Cristo. Em Cl4.10 o

apóstolo Paulo destaca seus colaboradores que eram da circuncisão (judeus),

e não cita Lucas, logo é clara a dedução de que Lucas não era judeu, ele era

um gentio cristão que nasceu provavelmente na Antioquia, segundo a tradição

da história da igreja e um manuscrito grego que data de 300d.c. na qual cita:

“Lucas é um sírio de Antioquia, médico de profissão, aluno de apóstolos. “

Logo estamos diante do único evangelho escrito por um gentio, que tinha alto

conhecimento científico e do grego que vai fazer uma pesquisa histórica

apurada para escrever um escrito ordenado que o autor mesmo chama de

tratado, a cerca das coisas que Jesus fez (evangelho de Lucas), e um segundo

tratado a cerca das obras que seus discípulos fizeram (Atos dos Apóstolos), a

um homem chamado Teófilo, que recebe o título de excelentíssimo o que

denota que ele era uma autoridade provavelmente de Antioquia . Na verdade as

obras não se destinam só a este homem, mas por ser ele o mais influente e

também no mínimo um simpatizante dos cristãos, possivelmente ajudou Lucas

apoiando sua pesquisa, na cultura grega era comum dedicar-se obras de

pesquisa a pessoas importantes para gerar credibilidade no restante da

sociedade, logo com isso o evangelho de Lucas foca os gregos como um todo.

Lucas também fez uma investigação com testemunhas oculares da vida de

Jesus como também a Tiago irmão de Jesus e com o ensino dos apóstolos.

Lucas foca mais Cristo como um salvador para todo mundo e não um messias

judeu, ele não traz a genealogia a partir de Abraão como faz Mateus, mas a

partir de Adão. Não cita muito o AT, transfere algumas palavras do hebraico

para o equivalente grego e tem sua estrutura bem próxima ao estilo do

apóstolo Paulo. Ressalta alguns fatos que condizem com sua área de

conhecimento, a medicina, como quando cita as gotas de sangue que Jesus


suou no Getsêmani (22.44). Cita também alguns termos em Aramaico que era

a língua mais falada na época, como por exemplo: “EFATÁ” (que significa em

Aramaico abra-te), é de ressaltar que Lucas escreve com o mesmo estilo

literário dos historiadores gregos, seu prefácio é rico em prosa artística grega

da melhor qualidade, o que também ressalta que o desejo de Lucas era

realmente deixar o registro de algo muito importante, na verdade o mais

importante de todos. A vida de Jesus Cristo, logo o evangelho de Lucas traz

uma abordagem gentia sobre Cristo.

João

O único evangelho não sinótico, foi escrito pelo amado apóstolo João que até

esse momento tinha toda sua doutrinação passada de maneira oral ,segundo

Clemente de Roma, um dos pais da igreja, João escreveu o evangelho que

leva o seu nome a pedido de algumas pessoas da igreja: Em último lugar,

João, ao ver que os atos corporais tinham ficado manifestados no Evangelho, a

pedido de seus amigos, compôs um evangelho espiritual. Mas havia também

necessidade de integrar o kerygma (Gr. Proclamção), a uma realidade mais

universal e não tão judaica, algumas questões para os gentios não eram tão

relevantes, como por exemplo a questão da genealogia de Cristo, ou o fato

dele ser da linhagem de Davi, o próprio termo mashiach (hb. Messias), não era

compreendida por não judeus, e como o poderio cultural e intelectual da época

era grego é nesse contexto que João vai trazer sua abordagem.

Por isso ele traz o contexto filosófico sobre o que seria ou como seria o “arche”

(Gr.princípio) tão debatido filosoficamente e o remete a Jesus (Jo.1.1),

trazendo todo o princípio a Ele. A questão do “Logos” no grego tem um duplo

significado, significa palavra e também razão, os gregos eram religiosos, e

muito racionais também eles focavam muito a ordem do universo, o ajuste das

coisas para demonstrar a mente racional de Deus e a essa mentalidade que

tudo projetou chamavam de “Logos de Deus” , João entra nesse universo

mostrando que essa mente que formulou toda estrutura do universo se

encarnou em um corpo humano e mortal para levá-los ao pleno conhecimento


de todas as coisas, e ao mundo real, que era outro princípio muito difundido na

filosofia grega na qual tudo o que acontece aqui não é a imagem do perfeito,

mas em algum lugar há o perfeito que é copiado de maneira imperfeita no

mundo que vivemos, logo só podemos ver o mundo real quando sairmos das

imperfeições e sombras desse mundo, é aí que João entra mais uma vez para

mostrar que o único que pode abrir as portas para o mundo real é o próprio

Cristo Ele é o único detentor da realidade.

Outro motivo forte que fez com que o apóstolo João (provavelmente o único

dos doze ainda vivo), passasse da doutrinação oral para a escrita era a forte

heresia doutrinária que já se levantava no meio da igreja, era chamada de

Gnosticismo (os que tem o conhecimento), foi necessário a João fazer fortes

refutações a esta heresia tanto nos evangelhos quanto em suas cartas, assim

como Paulo já havia feito. Veremos alguns pontos principais desta he resia mais

de perto.

°Gnosticismo –

O gnosticismo era um sistema filosófico e religioso muito antigo que

provavelmente se iniciou na época da ascensão do império egípcio. Com o

passar do tempo esse sistema foi se adequando a outras religiões através do

sincretismo e com o cristianismo não foi diferente, muitos mestres gnósticos se

infiltraram na igreja trazendo através de falsas doutrinas, levando os crentes a

se perder doutrinariamente. Essas falsas doutrinas incluíam dizer que:

O Deus do AT. Era um Deus mal, que criou o mundo imperfeito e a carne na

qual só existe a maldade;

Jesus não era O Deus todo-poderoso, mas uma emanação (Gr. Aeon), ou seja

uma divindade inferior e que entre eles e o Deus principal existiam vários

mediadores, contra esse pensamento Paulo escreve: ”Há um só Deus e um só

mediador, entre Deus e os homens Cristo Jesus, homem.” Ele cita a

humanidade de Jesus, apontando para o fato de que ele encarnou. ”grifo do

autor.”
Os gnósticos criam que Deus não tinha nada que ver com a criação

do mundo. Por isso João começa seu Evangelho com esta ressonante

afirmação: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele,

nada do que foi feito se fez” (João 1:3). Por isso insiste em que; de tal

maneira amou Deus o mundo; (João 3:16). Em face dos gnósticos que

tão equivocadamente espiritualizavam tanto a Deus que o convertiam em

um ser que não podia ter nada que ver com o mundo, em resposta ao que

só podia ser um mundo sem Deus, João apresentou a doutrina cristã do

Deus que fez o mundo e cuja presença inunda o mundo que ele fez.

Para os gnósticos Jesus era uma divindade opositora ao Deus do AT, e na

verdade não encarnou ele era um ser metafísico e não um ser de carne e osso,

pois a carne humana é pecadora e ele não seria um ser perfeito se tivesse

encarnado, logo também não teria ressuscitado uma vez que não morreu de

verdade. Esta corrente era chamada de docetismo (Gr. Dokeu, que significa

parecer), para confrontá-los João já começa a escrever no seu evangelho, uma

refutação a esse pensamento errôneo quando declara: ” E ele, (o verbo), se fez

carne e habitou entre nós...” e em suas cartas vai dizer que o espírito que não

confessa que Jesus veio em carne não provem de Deus.

Outra corrente do gnosticismo diz que os Espírito de Deus entrou em Jesus no

batismo e o deixou antes da crucificação , ou seja, negavam a humanidade e a

divindade plena de Cristo.

Por essa razão em seu evangelho João ressalta alguns aspectos humanos de

Jesus por exemplo:

Jesus se indignou com os que compravam e vendiam no templo (2:15); estava

fisicamente cansado

quando se sentou junto ao poço perto de Sicar em Samaria (4:6); seus

discípulos lhe ofereceram comida da mesma maneira forma como teriam

oferecido a qualquer homem que sentisse fome (4:31); sente simpatia por

quem sente fome e por aqueles que sentem medo (6:5,20); conhecia a

dor e derramava lágrimas como o teria feito qualquer pessoa que


estivesse de luto (11:33, 35, 38); na agonia da cruz o grito de seus lábios

secos foi: Tenho sede; (19:28). Com isso vemos João detalhando e

ressaltando a humanidade de Jesus. Mas além disso mostra também a

divindade de Cristo como por exemplo:

Jesus Disse: “antes que Abraão existisse, EU SOU” (8:58). Fala da glória que

teve com o Pai antes que o mundo existisse (17:5). Vez por outra se refere à

sua descida do céu (6:33-38), João considera que Jesus conhecia,

de maneira evidentemente milagrosa, o passado da mulher de Samaria

(4:16-17); aparentemente sem que ninguém lhe dissesse sabia durante

quanto tempo tinha estado doente o homem junto ao lago (5:6); antes de

fazer a pergunta conhecia a resposta do que perguntou a Felipe (6:6);

sabia que Judas o trairia (6:61-64); soube que Lázaro tinha morrido antes

que ninguém o dissesse (11:14). João via em Jesus alguém que possuía

um conhecimento especial e milagroso, independente de algo que

ninguém lhe pudesse dizer. Segundo seu conceito, Jesus não precisava

formular perguntas porque conhecia todas as respostas.

Logo como refutação do Gnosticismo, João é um dos que melhor trabalha o

conceito teológico de união hipostática na qual Jesus é possuidor de duas

naturezas, a humana, e a divina. Ele é indiscutivelmente homem e

indiscutivelmente Deus.

Referências bibliográficas:

GARDNER, Paul. Quem é quem na bíblia. Ed. Vida 2009

RUBENS, Márcio.O Novo Testamento os Evangelhos e Atos. Vertical Editora

FRITZ, Rienecker. Comentário Bíblico Esperança. Editora Esperança

BARCLAY,Wilian. Comentário Bíblico Barclay. Trinity College Glasgow

SEMBLANO, Martinho Lutero. História da igreja vol.IV. Vertical Editora.

DEUS OS ABENÇOE E ATÉ SEMANA QUE VEM!!!!

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