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Departamento de Teologia

O EVANGELHO DE LUCAS COMO TEXTO PASTORAL-


CATEQUÉTICO
Aluno: Jarbas Lopes de Almeida
Orientador: Abimar Oliveira de Moraes

INTRODUÇÃO

A Igreja Cristã no decorrer dos séculos tem sofrido, desde sua iniciação, a partir do
Ministério de Jesus Cristo, uma perda significativa na qualidade da apresentação do Reino de
Deus, principalmente aos gentios alcançados pela Graça Salvífica. A modernidade, a
adequação à sociedade e as novas tecnologias na divulgação do Reino de Deus são fatores
relevantes quanto a essa perda observada nesta pesquisa. A expressão do IDE, previamente
anunciado por Jesus, tem sofrido uma autodesvalorização, de forma a descaracterizar,
gradativamente, o genuíno anunciar das boas-novas. Percebe-se que o conjunto dessas
transformações, através dos tempos, proporcionou uma ruptura do método utilizado pelo
Cristo, Jesus, e devidamente observado por Lucas, na pregação e anunciação da chegada do
Reino de Deus, a todos os povos.

Faremos, neste trabalho, uma investigação quanto à veracidade dos fatos relatados por
Lucas, bem como um pormenorizado de suas anotações, que indutivamente foram relatados
para que os gentios pudessem absorver o Evangelho do Reino de Deus, sem as exclusões
feitas por Mateus e Marcos, quanto às classes marginalizadas da época.

Uma abordagem quanto ao autor, sua preocupação sistêmica quanto aos relatos
informados e sua veracidade, como “provas infalíveis” e demais aplicações, são necessárias
para que possamos observar o zelo de Lucas e, paradoxalmente, a inobservância da Igreja do
tempo presente. O quanto podemos, diante desta exposição, retornar ao caminho do
Evangelho da Salvação, longe da provocação ocasionada pelos sinais e prodígios, tão
presentes na evangelização contemporânea, bem como tão nociva ao plano de alcance de
todos os povos?

1. PERCEBENDO A METODOLOGIA NO EVANGELHO DE LUCAS

Um relato com credibilidade

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Para iniciarmos este trabalho-pesquisa sobre a aplicação do Evangelho Segundo


Lucas, por parte da igreja contemporânea cristã, será necessário identificar o autor, conforme
lhe foi conferido pelos “pais da Igreja”. Paul Gardner aceita a ideia de que “seu nome seja
um apelido carinhoso para o nome Lúcio” ¹. Teria sido Lucas, segundo o mesmo organizador
teológico, aquele que “acompanhou Paulo em várias viagens missionárias [note o pronome
‘nós’ em Atos 16.10-17; 20.5 a 21.18; 27.1 a 28.16]. Ambos eram amigos, e o apoio de Lucas
foi um encorajamento para o apóstolo. Tradicionalmente, Lucas é considerado o ‘medico
amado’ [Cl 4.14]...”. Também é citado por Paulo, ao escrever a Filemon, quando o menciona
junto com Marcos, Aristarco e Demas, como “meus cooperadores” (Fm 24). Seu
companheirismo ainda é destacado por Paulo ao escrever a Timóteo (2 Tm 4.11) como o
‘amigo fiel’ ao dizer-lhe: “Só Lucas está comigo” (2 Tm 4.11). Segundo o Reverendo
Claudemir Pedroso da Silva, “Lucas, que em grego significa: ‘aquele que traz a luz’, era
médico e passou a ser considerado historiador devido, principalmente, à produção do Livro
de Atos. Nascido em Antioquia da Síria, Lucas é o único escritor bíblico do qual podemos
afirmar que era gentio”². Este fato é de extrema relevância, pois denota um
comprometimento absorto da religiosidade judaica e, bem como não salienta a necessidade de
escrever textos combatentes à Lei Judaica. Sua nacionalidade também é defendida pelo
Prólogo Antimarcionita (um escrito do século II); acrescentando-se que Lucas jamais se casou
e morreu em Boeotia (um distrito da Grécia antiga), com 84 anos de idade. Alguns reforçam
esta hipótese, ao mencionar suas referências detalhadas sobre Antioquia em Atos 6.5; 11.19-
27; 13.1; 14.26; 15.22-35.
Faz-se importante ressaltar a intenção de Lucas ao apresentar um relato das origens
históricas do cristianismo que tivessem elevado grau de credibilidade. Lucas usa o termo
grego tekmerion (forma neutra de um suposto derivado de tekmar [um objetivo ou limite
fixado]; um símbolo [como definindo um fato], i.e., critério de certeza)³ para enfatizar suas
“provas infalíveis” (At 1.3).
Ainda na sapiência do Rev. Claudemir, encontramos o seguinte relato: “a autoria
lucana para o terceiro evangelho foi testificada por Tertuliano e Irineu. Este último
registrou: [Lucas escreveu em um livro o Evangelho que Paulo pregava]. Enquanto o Evan
gelho de Mateus foi escrito por um judeu para judeus e Marcos foi escrito por um judeu para

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1
GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada, pág. 413
2
SILVA, Claudemir Pedroso da. Estudos Bíblicos O conhecimento da Palavra de Deus, pág. 287
3
Bíblia de Estudo Palavras-Chave, pág. 2422

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gentios, o Evangelho de Lucas foi escrito por um gentio para os gentios” 4. Tal observação
revela o que foi assinalado acima: Lucas está livre de ‘cuidados religiosos’, uma vez que sua
intenção é alcançar os gentios de seu tempo, e avante, com a mais sincera raiz gentílica que
havia brotado em seus entendimentos e, que agora, dá lugar ao Evangelho da Graça. Ao ser
mencionado por Paulo aos Colossenses, após a citação de todos os obreiros judeus, aceita-se
ainda mais a concepção de que Lucas era, realmente, gentio (Cl 4.10-14).

A tradição dos apóstolos é propagada pela Igreja de Jesus Cristo, desde os primórdios
tempos de sua ação evangelizadora e, portanto, precisavam revelar veracidade e o máximo de
precisão factual, capazes de serem vistos como testemunhas oculares do Ministério de Jesus
(At 2.42). Os relatos escritos, que se perderam para nós, eram conhecidos de Lucas, que
declara como os vasculhou estes relatos e testemunhos cuidadosamente; o resultado de todo
esse cuidado é o trabalho de excelência que encontramos no seu Evangelho. Lucas esmerou-
se em revelar Jesus para os leitores gentios de sua Carta Evangelizadora, didaticamente
preparada de forma a relatar, absortamente quanto ao cunho religioso, porém devidamente
comprometido com a pedagogia cristã exemplar que o Senhor Jesus deixara como legado.
Como bem definiu o Rev. Claudemir: “Deus usou um homem muito capacitado para instruir
a sua igreja sobre os acontecimentos da vida de Jesus, de forma confiável”5.

O Evangelho de Lucas traz peculiaridades que o distinguem dos outros sinópticos. Ele
reafirma e enfatiza a universalidade da mensagem cristã. Deixa claro que Jesus não é apenas o
Libertador dos judeus, mas ainda o Salvador de todo o mundo. Isso abre o ‘horizonte
evangelizador’ do mundo judaico e expande, corroborando com o ministério paulino, quanto
ao alcance gentílico que o Senhor Jesus havia iniciado e, a posteriori, devia seguir
‘gentilicamente’, sem as bases aprofundadoras das raízes judaicas. Pode-se observar que
material estritamente judaico, encontrado nos outros sinópticos, foram deixados de lado...
Podemos exemplificar quanto à omissão do pronunciamento de condenação de Jesus aos
escribas e fariseus (Mt 23), a discussão sobre a tradição judaica (Mt 15.1-20; Mc 7.1-23).
Quanto ao Sermão da Montanha, sua exclusão da epígrafe se dá pela relação deste sermão
com a Lei (Mt 5.21-48; 6.1-8, 16-18). Notoriamente vemos a exclusão lucana quanto às
instruções de Jesus aos Doze para se absterem de ministrar aos gentios e aos samaritanos,
preferindo-os aos perdidos da Casa de Israel (Mt 10.5),6. Isto revela o caminho includente que
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4
SILVA, Claudemir Pedroso da. Estudos Bíblicos O conhecimento da Palavra de Deus, pág. 287
5
SILVA, Claudemir Pedroso da. Estudos Bíblicos O conhecimento da Palavra de Deus, pág. 287

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Lucas observa, num âmbito geral, e faz questão de expressar. É importante registrar que neste
evangelho, mais do que em qualquer outro, é reconhecida a dignidade da mulher, visto como
Lucas retrata belamente a mãe de Jesus Cristo, e nas referências tantas vezes feitas a mulheres
à serviço do Mestre.

O caráter universal do Evangelho de Lucas é fator relevante à demonstração do enredo


jesuítico aos gentios, quando usa de sua destreza para relatar o nascimento de Jesus em um
contexto romano (Lc 2.1-2; 3.1), enfatizando que o que ele registra tem significado para
todos, não somente para judeus ou religiosos de diversas ideologias, pois atinge
historicamente, até mesmo os não religiosos. Sua intenção clara e objetiva é declarar, por todo
o Evangelho, que Jesus é o cumprimento das esperanças do Antigo Testamento quanto à
salvação. Para isso, com sua intencionalidade precisa e cuidadosa, Lucas revela o Salvador de
todos os povos, inserindo material, específico, não encontrado nos outros evangelhos, como ‘a
pecadora que ungiu os pés de Jesus’ (Lc 7.36-50); ‘a parábola do fariseu e do publicano’ (Lc
18.9-14); ‘a conversão de Zaqueu’ (Lc 19.1-10); e ‘o perdão do ladrão na cruz’ (Lc 23.19-43).
Num alcance heterogêneo e de possibilidade incidente, Lucas ainda faz questão de registrar o
apreço de Jesus pelos naturalmente excluídos da sociedade temporal (os pobres) e a relação
enganosa com a riqueza (Lc 1.53; 4.18; 6.20,21,24,25; 12.13-21; 14.13; 16.19-31; 19.1-10).
Podemos ainda perceber, neste evangelho brilhante e detalhista, a ênfase dada por Lucas à
vida de oração de Jesus, como um exemplo deixado por Ele, para Sua Igreja sucessora, na
apresentação do Reino de Deus aos povos. Lucas relata sete momentos especiais de oração do
Mestre que não são encontrados nos outros evangelhos (Lc 3.21; 5.16; 6.12; 9.18,29; 11.1;
23.34,46), além de detalhar também as lições do Senhor sobre a oração ensinada na ‘parábola
do amigo importuno’ (Lc 18.9-14).

2. EM QUE CONSISTE A INDUÇÃO PEDAGÓGICA DE LUCAS

Um estilo literário fiel às Palavras de Jesus

Embora não encontremos muita informação sobre o passado de Lucas, descobrimos


seus interesses e suas preocupações com a apresentação do Reino, através de seus dois
escritos, a saber: Evangelho Segundo Lucas e Atos dos Apóstolos. Pode-se perceber o quanto
sua intuição de pesquisador vasculha o ministério do Mestre e sinaliza a relevância da
perspectiva pedagógica da apresentação pelo ouvir à frente do ver. Nota-se que a segunda

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opção serve apenas, e tão somente, para àqueles que, interessados no espetáculo do
sobrenatural, davam-se à curiosidade dos sinais e prodígios e, nem por isso detinham sua
apreciação ao Reino em si, caindo na conversão obrigatória dos que seguem sem destino; vão
a lugar algum e retornam a lugar nenhum.

Neste evangelho, encontramos o estilo mais literário, conciso e belo, dentre os quatro
evangelhos apresentados no Novo Testamento. O Evangelho de Lucas é biográfico e literário.
Isso revela sua capacidade e habilidade em trabalhar com as palavras. Sua escrita em ordem
cronológica é notável (Lc 1.3). Sua didática pedagógica visa, sem o estupor estagnante das
demais ênfases ministeriais de Jesus, ratificar a necessidade da inclusão gentílica,
principalmente na mais pura ordenança proclamada sem palavras, porém reforçada pelo
testemunho do próprio Cristo, ao revelar o Reino através de Suas Palavras e testificar o Seu
poder através dos sinais que Marcos já havia percebido e repassado, sem a devida atenção que
Lucas dá: “...Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura... Estes sinais hão de
acompanhar aqueles que crêem...”6 Mc 16.15,17.

Em Lucas vemos que Jesus é o centro da história da salvação. O autor deixa claro que, em sua
visão, a época do ministério de Jesus é, na verdade, o centro da história do mundo. Sua
explanação contundente ao leitor é a apreciação do que se encontra (em geral) na linguagem
dos profetas do Antigo Testamento, e que é retomada por ele; com isso contextualiza e deixa
registrado. Outra observação importante que podemos fazer é, em comparação aos outros
sinópticos, perceber que em seu evangelho o tempo presente é mais caracterizado como
tempo da salvação, enquanto a história de Jesus vai ficando no passado e a volta de Jesus é
colocada no futuro.

A didática pedagógica de Lucas é pontuada pelas primícias das Palavras de Jesus,


acrescida pelo reconhecimento do poder que tais palavras possuem na vida dos ouvintes
aguçados. A alegria e o louvor ao Criador ressurgem desde o relato do nascimento de Jesus
(Lc 1.14; 2.10,13), passando pela apresentação do Menino no templo, nas mãos de Simeão
(Lc 2.30), pelo povo agradecido pelas intervenções do Cristo (Lc 18.43) e, devidamente
registrado através dos corações gratos pela Sua passagem, na Ascensão gloriosa (Lc 24.51-
53).

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A Bíblia Sagrada. Edição Almeida Revista e Atualizada.

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Suas observações quanto ao que acontecia àqueles que davam crédito às Palavras do
Mestre, corroboram com a questão em si, de uma pedagogia que direciona à primazia da
Palavra, ante aos moveres dos sinais e maravilhas. Lucas deixa claro que suficientemente a
Palavra pregada, revelando o Reino, podia transformar, surpreendentemente, seus ouvintes,
acima de tudo que pudesse acompanha-los.

3. A RUPTURA NA SEQUÊNCIA DA APLICAÇÃO PEDAGÓGICA


ENCONTRADA NO EVANGELHO DE LUCAS, POR PARTE DA IGREJA
CRISTÃ CONTEMPORÂNEA

Um método paradoxal

Conforme assinalado nos comentários da Bíblia de Jerusalém, o emprego dos gêneros


do simpósio (Lc 7.36-50; 11.37-54; 14.1-24) e do discurso de despedida (Lc 22.14-38)7,
Lucas avulta esses momentos, isentos de sinais e maravilhas, a fim de rechaçar a necessidade
de prodígios na apresentação do que realmente importava: salvar, transformando os ouvintes
da Palavra, em qualquer lugar, em qualquer ocasião, a qualquer coração atento e receptivo ao
Reino. Numa sensibilidade única, Lucas revela sua capacidade de observação meticulosa,
como ainda nos diz a Bíblia de Jerusalém: “...Lucas nos revela as reações e as tendências de
sua alma; ou antes, por meio deste instrumento precioso, o Espírito Santo nos apresenta a
mensagem evangélica de um modo original, rico de doutrina”8. Tal doutrina, suscintamente
observada no simpósio e no discurso de despedida, trata-se da priorização da proclamação da
Palavra e, jamais, prioritariamente, dos sinais tanto ‘cobiçados’ pela maioria da massa
humana que compõe a igreja cristã contemporânea, que indubitavelmente têm suas mentes
cauterizadas por uma ‘didática não ensinada’, mas “aprendida” autodidaticamente e que, com
o passar dos anos se agravou.

No regresso dos setenta e dois comissionados (registrado unicamente por Lucas,


10.17-20, conforme a Bíblia de Jerusalém)9 fica claro que uma vez a Palavra da salvação
pregada, devidamente, redundaria em registro pleno dos nomes que recebessem o Cristo em
seus corações, no Livro da Vida, independentemente do que haviam experimentado, ou não,

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7
Bíblia de Jerusalém, pág. 1700
8
Bíblia de Jerusalém, pág. 1700
9
Bíblia de Jerusalém, pág. 1700

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em suas peripécias evangelizadoras. Os sinais, quer se apresentassem ou não, não eram, nem
podiam ser, o mais relevante. A prioridade seria a salvação por meio da pregação do
Evangelho do Reino. Enquanto que os evangelhos de Mateus (melhor polido, mais correto e
menos pitoresco que o de Marcos) e o evangelho de Marcos (áspero, penetrado de
aramaísmos e frequentemente incorreto) apresentam suas peculiaridades expressas e
direcionadas pelo objetivo de alcançar seus destinatários, o evangelho de Lucas “é complexo:
de excelente qualidade quando depende apenas de si mesmo, aceita ser menos bom por
respeito para com as fontes, das quais conserva certas imperfeições apesar de melhorá-
las”10. Lucas não explicita, de forma acentuada, apesar de registrar cuidadosamente as
passagens em que os sinais e prodígios ocorreram, ainda conforme fontes, relatos e
testemunhos; seu interesse pedagógico é o de “apontar” a direção pela qual a Igreja devia
andar, sem titubear; numa sistêmica observância dos exemplos deixados pelo Mestre,
enquanto esteve em nosso meio. Assim descreve a Bíblia de Jerusalém: “Como verdadeiro
‘escriba mansuetudinis Christi’ (Dante), ele gosta de salientar a misericórdia de seu Mestre
para com os pecadores (...), e de contar cenas de perdão (...). Insiste com prazer sobre a
ternura de Jesus para com os humildes e os pobres, enquanto os orgulhosos e os ricos são
severamente tratados (...). entretanto, mesmo a justa condenação só será feita depois de
pacientes prazos de misericórdia (...). É preciso apenas que a pessoa se arrependa, renuncie
a si mesma, e aqui a generosidade exigente de Lucas se aplica a repetir a exigência de um
desapego decidido e absoluto (Lc 14.25-34), principalmente pelo abandono das riquezas
(...)”11. Notamos que nada há destacado quanto aos sinais que os apóstolos deviam realizar
para atrair fiéis, quer sejam convertidos não religiosos ou prosélitos da Lei. Bastava
apresentar o genuíno Evangelho de Jesus Cristo a toda criatura.

Desde os primórdios da Igreja Cristã percebemos uma ansiosa necessidade de


crescimento e imposição teológica ante as heresias concorrentes na educação religiosa dos
povos gentílicos. Tal ‘concorrência’ gerou, como justificativa para os meios, um acentuado
uso dos sinais que deveriam “seguir aos que crêem”, fazendo com que a Igreja utilizasse
esses sinais como precedentes à pregação do Reino de Deus. Este ato, que outrora foi usado
por Cristo, na revelação de sua identidade e afirmação de Seu ministério, facilitou o uso
desordenado e, por muitas vezes, pretencioso dos prodígios que, nas observações de Lucas,

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10
Bíblia de Jerusalém, pág. 1701
11
Bíblia de Jerusalém, pág. 1809

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apenas deveriam também ser usados na forma Cristiana do uso do sobrenatural. Sinais e
prodígios como reafirmação do Reino, jamais com afirmação. A afirmação, como
“chamarisco” acabou por viciar a Igreja a uma apresentação pretenciosa e descabida, desde os
remotos tempos até os dias de hoje.

Avaliando as “ferramentas” que a igreja contemporânea optou por usar, a saber, a promoção
da sobrenaturalidade, nota-se que seu uso desencadeou um vicio desenfreado, e até sem
princípios da verdade, rumo ao afã de atrair adeptos. No contexto dos primórdios da Igreja, o
retorno dos setenta, devidamente motivados pela autoridade sobre os demônios, revela o
quanto a igreja de hoje continua sob os motivos errados. Lucas avulta esse episódio,
exclusivamente, num prisma direcionado ao que Jesus revelara aos seus missionários
entusiasmados: “Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim
porque o vosso nome está arrolado nos céus” ((Lc 10.20)12. Poder-se-ia aproveitar o enredo
do alerta de Cristo e perguntar-nos: “Qual o real motivo de nos alegrarmos, como os cristãos
contemporâneos, ao cumprirmos o “ide” ordenado por Ele?”. Em Lc 3.4-6 encontramos
citações de Isaías (profeta não necessariamente dependente dos sinais, mas com o seu
ministério convergindo para a exortação pela palavra): “...e toda carne verá a salvação de
Deus”13. Não se nota a preocupação, nem de Isaías, nem de Lucas, quanto aos sinais que toda
carne deveria ver... Ao invés disso, a salvação que deveriam ver; sem precisarem, para isso,
contemplarem os sinais. Outras citações de Lucas são importantes para corroborar com esta
observação, como: o samaritano agradecido (Lc 17.15,16), a condenação do preconceito (Lc
9.50), o caráter contrário à discriminação da ética (Lc 10.33-37) e a valorização da posição
individual, ao invés de tradições e convicções religiosas em geral (Lc 13.28-30). Quando da
ocasião do encontro do centurião com Jesus, o fato do milagre ainda não ter acontecido com o
servo daquele homem, porém em suas palavras denotava tamanha fé, Jesus não deixa escapar
o quanto a fé ainda não respondida, porém crida como “alavanca de um milagre”, pode
representar mais que propriamente dito, o milagre em si (Lc 7.1-9).

Gardner enfatiza que “Lucas tinha uma forte convicção de que a mensagem do
cristianismo não deveria limitar-se apenas a um povo ou a uma região. Isso o levou a

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A Bíblia Sagrada. Edição Almeida Revista e Atualizada.
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A Bíblia Sagrada. Edição Almeida Revista e Atualizada.

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enfatizar a natureza universal do evangelho de Cristo. Ele acreditava que era uma mensagem
para as pessoas de todas as raças...”14. Esta observação reforça a objetividade desta
pesquisa, uma vez que encontramos no judaísmo a caracterização das vitórias condicionadas
pelas inserções do divino, com seus atributos metafísicos, mais que propriamente na guerra
entre homens. Adonai vence mais pelo Seu povo do que Seu povo consegue vencer pelo seu
Deus – essa é a síntese das conquistas de Israel no Antigo Testamento. Jesus retoma essa
perspectiva e, tenta operar uma conversão de princípios ao apontar para uma legítima
santificação que se realizaria na vida daquele que desse ouvidos à pregação da Graça, mais do
que a operação dos sinais. Se tal ênfase é apregoada por Jesus e, meticulosamente, observada
por Lucas, resta-nos como “igreja dos últimos dias”, atenuar esse prisma e distanciar da
necessidade de “providenciar milagres” para que hajam conversões. Enquanto que a Palavra
provoca o “retorno a Deus”, os sinais acabam por plantar setas na estrada da vida cristã, de
modo a distanciar o crente do seu destino planejado.

CONCLUSÃO

É notório que a Igreja Cristã da contemporaneidade se comprometeu em dar seguimento à


apresentação do Evangelho de Jesus Cristo, com apreço e responsabilidade; contudo, cabe
ressalvar que, nem com toda a responsabilidade absorvida, fez com que houvesse a
observância do caráter pedagógico que Lucas perscruta e sinaliza aos leitores gentios.

Enquanto não forem observadas as percepções lucanas, a Igreja continuará


desprezando o mais rico ensinamento deixado pelo Mestre; - não epigrafado, mas
exemplificado pelo Seu ministério inclusivo e, pedagogicamente positivo – permitindo-se à
crença do milagre acima da crença de uma transformação que nasce dentro do ser e desagua
no exterior dos seres, ao redor. Enquanto a Igreja mergulha no sobrenatural dos milagres,
acaba por se excluir do sobrenatural do maior milagre de todos, a saber: a salvação.

Os milagres sumariamente enfatizados pelos sinóticos são tratados de forma


esplendorosa por Lucas. Desde o Antigo Testamento, inúmeros milagres são relatados pela
comunidade judaica, a fim de relatar os feitos do Deus Criador, que entrou na história daquele

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GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada, pág. 418

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povo e os marcou profundamente. Estes milagres que marcaram e passaram a fazer parte do
sobrenatural dos judeus, quer acontecendo, quer fazendo parte dos anseios deste povo,
também foram devidamente observados pela Igreja Cristã, descrita no Novo Testamento.
Resta a pergunta: Como encontramos o diferencial entre os dois testamentos, apesar deste
diferencial co-existir na unidade objetiva do plano de salvação de todos os homens, a partir
da fé cristã? O Cristo continua a operar os milagres que foram apontados pelos sinóticos, sob
a perspectiva da fé dos homens. Lucas percebe isso e de forma majestosa registra (Lc 8.43-48)
o relato do episódio da mulher hemorrágica que toca nas vestes de Jesus e recebe a cura
desejada. Este registro proclama, indubitavelmente, que é chegado o Reino de Deus, não pelo
milagre operado, mas pela fé “compreendida didaticamente” por àquela mulher que
simplesmente usou-a para alavancar o seu milagre. Enquanto os milagres do Antigo
Testamento anunciam o poder infinito do Deus Criador, em Jesus o milagre é operado por
uma fé que anuncia o quanto o Reino de Deus é chegado. Enquanto os demais evangelhos
reforçam que o milagre aconteceu (Mt 9.22; Mc 5.34), Lucas finaliza que a salvação havia
chegado, sem precisar corroborar com a ideia de que milagres ainda aconteciam. Agora, em
Lucas, o milagre continua acontecendo, porém fica para segundo plano quando o objetivo
principal foi alcançado: a salvação de uma alma! Através de uma promoção de comunhão, de
partir de pão, de irmandade, pedagogicamente explicada por Lucas, podemos perscrutar o
sentido primaz desta pesquisa: apontar para a apresentação do Reino de Deus através dos
moveres que não excluem os milagres, mas tão somente deixa-os para a compor a
consequência de uma vida atenta ao que Ele falou e ensinou.

Dentre os episódios lucanos mais reveladores de sua didática pedagógica, lemos sua
passagem que fecha o seu evangelho, detalhada em Lc 24.13-35. Quase que exclusivamente
de sua autoria, apesar da breve citação em Marcos 16.12,13, Lucas traz detalhes tão
contundentes que quase podemos dizer que ele a descobriu primeiro... Os discípulos no
caminho de Emaús representam a igreja contemporânea que, cegada pelos sinais, não percebe
o quanto Ele se faz presente, “todos os dias, até a consumação dos séculos”. No texto, Lucas
faz questão de apontar para uma caminhada desprovida de cuidados, por parte daqueles que se
diziam discípulos de Jesus, mesmo que indiretamente. Caminharam com Ele e não o
reconheceram. Quiçá desejassem que ele não tivesse morrido. O relato que eles contaram,
embasados na tristeza da morte do Mestre, denotava que a esperança deles havia se tornado
em aflição, diante de sua morte “inesperada” e “não reagente”. De que adiantou ser o Mestre
poderoso em obras (milagres) e palavras (anúncio do Reino), se a morte havia encerrado tudo

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aquilo? A interrupção daquele mórbido relato se deu quando o Cristo ressurreto lhes
acrescentou (não outros milagres, mas a mesma Palavra de anunciação do Reino de Deus, já
chegado) a comunhão do partir do pão, acima de todo sinal que era capaz de fazer. O que
seria a intenção do Mestre, senão apontar para a salvação marcada pela Palavra que anuncia a
chegada do Reino de Deus? E qual seria a intenção de Lucas, senão ratificar que essa
comunhão é o que mais importa à igreja que o sucederia? Com ou sem sinais, não pode deixar
de existir a Palavra que liberta e promove a comunhão que agrada ao Pai! Somente quando
Ele tomou, abençoou, partiu e lhes deu o pão (Reino de Deus chegado) é puderam ver o que
não se permitiam enxergar: o Reino de Deus já havia chegado e sua exposição não se deu nos
milagres, mas na revelação das Escrituras! Eis a didática pedagógica de Lucas (ou melhor, de
Jesus, percebida por Lucas), sucintamente predita por Marcos: “Os sinais seguirão...” àqueles
que absorvem as Escrituras – “crêem” em Mim, mais que nos sinais que Eu faço...!

Nesta linha de pensamento, ao percebermos a necessidade de a Igreja Cristã apontar


para a Palavra libertadora, acima dos sinais que se sucederão ao nos encontrarmos com esta
razão, podemos destacar como Orígenes cria que Jesus e os apóstolos liam o Antigo
Testamento encontrando o sentido que o Evangelho lhe deu. Para ele, não havia apenas um
sentido para uma passagem bíblica. Pelo contrário. A maior parte das passagens da Escritura
tem, portanto, mais de uma camada de significado. Sendo assim, prosseguimos nos
descortinar da Pedagogia Lucana, observando como Jesus “explicou” as Escrituras aos
discípulos de Emaús (Lc 24.27), apontando para Ele, o Salvador, num dia de domingo em que
haviam deixado os demais na “agonia” da morte do mestre (Lc 24.13) e partiram para seus
afazeres cotidianos, a caminho do campo (conf. Mc 6.12,13). Observemos que este
conhecimento das Escrituras já devia ser de ciência daqueles discípulos que, ao não se
aprofundarem na revelação dos escritos proféticos, até então conhecidos pelos de sua época,
não puderam perceber Quem era Aquele que lhes falava.

Como muito contribui Lange (in loc), “Se alguém indagasse dos discípulos de Emaús
se eles haviam experimentado um affectus gaudii (de alegria), spei (de esperança), desisderii
(desejo ou anelo) ou amoris (de amor), em torno do que os expositores têm disputado,
provavelmente não poderiam ter dado uma resposta satisfatória. O que nos basta é que teriam
expressado um sentido dominante e indefinível, no caminho, quando recebiam as instruções
do senhor; e que deveriam ter reconhecido a Senhor em face dessas explanações, de tal
maneira que agora sem dúvida lhes parecia fenômeno incompreensível que não tivessem
aberto os olhos para essa realidade naquela ocasião. Foi um bom sinal de seu

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desenvolvimento espiritual a memória que lhes veio à mente naquele momento – não o partir
do pão, mas a explicação das Escrituras”15.

Porque não citar a perícope lucana do capítulo 11, versículos 9-13 (mais precisamente
o vers. 13), quando “adiciona” à pedagogia de Jesus, na visão de Mateus, o cuidado de Deus
para com os homens, ao enfatizar que o que Deus quer nos dar é mais que coisas, mas,
principalmente, o Espírito Santo – real pedagogo de todo conteúdo escriturístico e de toda
ação eclesial: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto
mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”- conforme nos sinaliza
Karl Rahner: “A comunidade dos que se congregam pela fé, em torno de Jesus, dos que
guardam com esperança a participação em sua consumação e nele se acham vinculados ao
Pai pelo amor e ligados entre si pelo Espírito, recebe o nome de Igreja [...]”. (A exigência de
uma “fórmula breve” da fé cristã. Concilium. Revista Internacional de Teologia. São Paulo:
Herder, mar. 1967).

E ainda, quando Lucas enfatiza sobre os milagres não observados por Corazim e
Betsaida (assim como foi em Cafarnaum Lc 10.13-16), povoados em que Jesus havia
anunciado sua mensagem, que, como citado por ele, teria maior importância para as cidades
pagãs de Tiro e Sidom? O que o autor insinua é que de nada adiantaram aqueles milagres,
mesmo em meio aos seus. Que sentido tinham os milagres no interno da ação de Jesus, senão
apenas testificar àquilo que a Palavra já havia anunciado? Similar foi sua passagem por
Nazaré, quando é recusado por ser de origem humilde, operando segundo Marcos e Mateus,
uns poucos milagres, porém na pesquisa de Lucas: nenhum milagre – uma vez que foi
imediatamente expulso daquele lugar, após ler o livro do profeta Isaías, devidamente expulso
do meio deles (Lc 4.28-30).

Podemos partir para uma epíloga reflexão ao meditarmos no capítulo final de Lucas
24.44,45: “A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda
convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos
profetas e nas Salmos. Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as escrituras;”
quando revela a importância de compreenderem (através do conhecimento Dele, através do
cumprimento das Escrituras Nele) que Ele enfatiza isso, mais que todo e qualquer sinal
temporal, mesmo que como atrativo ao Reino de Deus.

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15
CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado, pág. 242

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Departamento de Teologia

Essas e outras reflexões não têm como objetivo apontar para um desvio da conduta
cristã, em sua aplicação eclesial, mas considero de suma importância uma iminente avaliação
sobre o quanto perdemos tempo ao apontar para os sinais, enquanto devíamos ensinar aos
pequeninos - àqueles que carecem da mais pura revelação e interpretação de Sua Palavra.

A julgar pelo modo com o qual Lucas (e a comunidade que o interpreta) investiga,
com a precisão de um jornalista comprometido com a informação, sem a necessidade de
nenhum anjo aparecer para ele, sem a inspiração por uma teofania, semelhante ao que
entendemos como aconteceu com a Revelação Escatológica, por exemplo, contudo, e talvez
por esse procedimento clínico, não aponta para os sinais divinos, mas para os sinais humanos,
divinamente inspirados. Lucas escreve como homem, palavras de homem, revelando o agir
divino entre os homens, através do próprio homem... Olhem para os sinais que já estão em
nós, e entre nós, sem esperarmos para agir quando os sinais celestes se revelarem a nós
outros, pois O maior sinal de todos já aconteceu, permitindo assim que todos os demais
sinais aconteçam por Ele, por meio Dele e para Ele.

Não precisamos, hoje, numa reflexão catequética-pastoral, nos apropriar da filosofia


kantiana, mas bem que podíamos ouvir alerta do filósofo quando declara que “Com a
moralidade como regra para a verdade, os milagres tornam-se uma introdução adequada ao
cristianismo, mas não estritamente necessários para ele. A religião moral deve no final, tornar
supérflua a crença em milagres em geral. Acreditar que milagres podem ser úteis para a
moralidade é uma presunção absurda”16.

O assunto não se esgota, nem se encerra, mas o findar desta reflexão aponta para um
pensamento estritamente lucano, que não exalta a realização dos milagres, sinais e maravilhas,
bem como não os deprecia, contudo é contundente sua observação quanto às parábolas de
Jesus; na exclusividade do relato da “parábola da dracma perdida” ressalta o maior milagre de
todos, invisível aos homens, mas devidamente visível e de brilho imarcescível aos olhos do
Criador: “Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um
pecador que se arrepende” Lc 15.10. Sem dúvida, não uma conversão diante de um grande
milagre, do mover de um sinal sobrenatural diante de seus olhos, mas da profundidade
alcançada pela Palavra pregada e didaticamente anunciada ao mais pobre pecador – razão
primeira para que haja “festa no céu”.

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16
GEISLER, Norman L. Enciclopédia Apologética, pág. 473

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Departamento de Teologia

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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ANDRADE, Claudionor Corrêa. Dicionário Teológico. 11. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.

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BUCKLAND, A. R., Rev.; Dicionário Bíblico Universal. São Paulo, SP. Editora Vida, 1993

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo –


Volume 2. 10ª Reimpressão. São Paulo: Hagnos, 1998
COSTA, Samuel; Religiões e Psicologia; Ed. Silvacosta; RJ; 2008

FERREIRA, Franklin & MYATT, Alan. Teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2007.

GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada – tradução José Ribeiro – São Paulo, SP,
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GEISLER, Norman, Enciclopédia de Apologética; Ed. Vida; SP; 2002

KREEEFT, Peter & TACELLI, Ronald K; Manual de Defesa da Fé; Ed. Central Gospel; RJ;
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MAZZAROLO, Isidoro; Lucas, a antropologia da Salvação – Porto Alegre, RS; Editor, 2004

MOREIRA, Gilvander Luís; Lucas e Atos: uma teologia lucana São Paulo, SP, Paulinas, 2004

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_________________. Bíblia de Estudos Palavras-Chave Hebraico e Grego. 3ª Edição. Rio de


Janeiro, RJ. Editora CPAD, 2012
_________________. A Bíblia Sagrada. Edição Almeida Revista e Atualizada. . 2ª edição.
Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999
_________________. Bíblia de Jerusalém; Nova Edição, revista e ampliada. 7ª edição. São
Paulo, SP. Editora Paulus, 2011
_________________. O Novo Testamento Grego. 4ª edição revisada. Barueri, SP. Editora
Sociedade Bíblica do Brasil, 2008

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