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A Biografia do Messias
Os Evangelhos
INTRODUÇÃO:
A necessidade de compreensão da mensagem de Jesus em seu ministério terreno, com o
devido processo histórico contido no desenvolvimento das profecias do Antigo Testamento,
acerca do messias prometido, nos levam ao estudo dos Evangelhos, como material fornecido
por Deus com objetivo claro, de elucidar questões, mostrar a perspectiva do Reino de Deus e
apontar para o futuro projetado pelo Senhor em sua exclusiva autoridade.
Além dos motivos mencionados acima, veremos nesse pequeno trabalho mais alguns motivos
que levaram o Senhor a nos mostrar tão rico material, além da harmonia entre esses livros e as
dúvidas que surgem durante a leitura e análise.
Por que Deus nos deu os quatro Evangelhos?
(1) Para dar um retrato mais completo de Cristo. Enquanto toda a Bíblia é inspirada por Deus
(2 Timóteo 3:16), Ele usou autores humanos com estilos de vida e personalidades diferentes para
cumprir Seus propósitos através do que eles escreveram. Cada um dos autores dos Evangelhos
tinha um propósito distinto por trás do que escrevia, e ao executar esses propósitos, cada um
enfatizou aspectos diferentes da pessoa e ministério de Jesus Cristo.
Mateus estava escrevendo a uma audiência hebraica e um dos propósitos do seu Evangelho
era mostrar, com a genealogia de Jesus e o cumprimento das profecias do Velho Testamento,
que Ele era o tão esperado Messias, e, portanto, deveria ser acreditado. A ênfase de Mateus é
no fato de que Jesus é o Rei prometido, o “Filho de Davi” que ocuparia para sempre o trono de
Israel (Mateus 9:27; 21:9).
Marcos, um primo1 de Barnabé (Colossenses 4:10), foi uma testemunha ocular dos eventos
da vida de Cristo, assim como um amigo do Apóstolo Pedro. Marcos escreveu para uma
audiência pagã, como é salientado pelo fato de não ter incluído coisas importantes aos leitores
judeus (genealogias, controvérsias de Jesus com os líderes judeus de Seu tempo, referências
frequentes ao Velho Testamento, etc.). Marcos enfatiza Cristo como o Servo sofredor, Aquele que
veio não para ser servido, mas para servir e entregar Sua vida como resgate por muitos (Marcos
10:45).
Lucas, o “médico amado” (Colossenses 4:14), evangelista e companheiro do Apóstolo Paulo,
escreveu o Evangelho de Lucas e o livro de Atos. Lucas é o único autor gentio do Novo
Testamento. Ele foi aceito há muito tempo como o historiador hábil e diligente por aqueles que
usaram seus manuscritos em estudos geológicos e históricos. Como um historiador, ele afirma
que seu objetivo é escrever uma exposição em ordem da vida de Cristo baseada no testemunho
daqueles que foram testemunhas oculares (Lucas 1:1-4). Porque ele escreveu especificamente
para o proveito de Teófilo, aparentemente um gentio de certa estatura, seu Evangelho foi escrito
com uma audiência pagã em mente, e seu objetivo é mostrar que a fé de um Cristão é baseada
em eventos historicamente confiáveis e verificáveis. Lucas se refere com frequência a Cristo
como o "Filho do Homem", enfatizando Sua humanidade, e compartilha muitos detalhes que não
são registrados nas narrativas dos outros Evangelhos.
O Evangelho do João, escrito pelo Apóstolo João, é diferente dos outros três evangelhos e
contém muito conteúdo teológico em relação à pessoa de Cristo e o significado de fé. Mateus,
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Consideramos o termo primo no original grego (anepsios), pois o termo “parente”, no grego, é “suggenes”, que não é o caso de Cl 4.10.
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Pr. Carlos Azevedo
Os Evangelhos
Marcos e Lucas são frequentemente chamados de “Evangelhos sinópticos” por causa de seus
estilos e conteúdos similares, e porque eles dão uma sinopse da vida de Cristo. O Evangelho de
João não começa com o nascimento de Cristo ou Seu ministério terreno, mas com a atividade e
características do Filho de Deus antes de Se tornar carne (João 1:14). O Evangelho de João
enfatiza a divindade de Cristo, como é visto pelo fato de que ele usa frases como "o Verbo era
Deus" (João 1:1), "o Salvador do mundo" (4:42), o "Filho de Deus" (usado repetidamente),
"Senhor e Deus" (Jo 20:28) ao descrever Jesus. No Evangelho de João, Jesus também afirma
Sua divindade com várias declarações de “EU SOU” (compare com Êx 3:13-14). Mas João
também enfatiza o fato da humanidade de Jesus, querendo mostrar o erro de uma seita religiosa
de seu tempo, os Gnósticos, que não acreditavam na humanidade de Cristo.
João deixa claro seu propósito principal ao escrever o evangelho: “Na verdade, fez Jesus
diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram
registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais
vida em seu nome” (João 20:30-31).
Dessa forma, por ter quatro distintas e ao mesmo tempo exatas narrativas de Cristo, você
pode ter acesso a aspectos diferentes de Sua pessoa e ministério. Cada narrativa, quando
adicionada às outras três, torna-se como uma diferente linha colorida em uma bela tapeçaria e,
quando tecidas juntas, formam um retrato mais completo daquele que vai além de qualquer
descrição. Apesar de que nunca vamos entender completamente tudo sobre Jesus Cristo (João
20:30), através do quatro Evangelhos podemos conhecer o suficiente sobre Ele para apreciar
quem Ele é e o que tem feito por nós, para que possamos ter vida através de fé n’Ele.
2) Para nos capacitar a objetivamente verificar a veracidade das narrativas. A Bíblia, desde
o início, afirma que um julgamento em um tribunal de justiça não deve ser feito contra uma
pessoa na base de apenas uma testemunha, mas sim de pelo menos duas ou três (Deuteronômio
19:15). Sendo assim, ter narrativas diferentes sobre a pessoa e o ministério terreno de Jesus
Cristo nos capacita a avaliar a veracidade da informação que temos sobre Ele.
Simon Greenleaf2 (1783-1853)., uma autoridade bem conhecida e bem respeitada sobre o que
constitui evidência confiável em um tribunal de justiça, examinou os quatro Evangelhos de uma
perspectiva legal. Ele percebeu que o tipo de descrição dado pelas testemunhas oculares nos
quatro Evangelhos, na qual um livro concorda com o outro, mas com cada escritor escolhendo
omitir ou adicionar detalhes que os outros escolheram incluir ou omitir, respectivamente, é típico
de fontes confiáveis e independentes que seriam aceitas em um tribunal como evidência forte.
Se os Evangelhos tivessem exatamente a mesma informação com os mesmos detalhes
providenciados, e escritos da mesma perspectiva, seria uma grande indicação de conspiração;
quer dizer, que talvez os autores teriam se reunido com a intenção de contar a mesma história
para fazer com que seus testemunhos fossem mais acreditáveis. As diferenças entre os
Evangelhos, até mesmo o que aparenta ser contradição de detalhes ao serem examinados de
primeiro, confirmam a natureza independente das narrações. Portanto, a natureza independente
dos quatro Evangelhos concorda entre si em relação a sua informação, mas diferencia em suas
perspectivas, detalhes e quais eventos foram registrados, indicando que o que sabemos sobre a
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Jurista e professor de Direito de Harvard. Ele escreveu a obra prima de três volumes “Um Tratado da Lei da Evidência”, a qual tem sido
chamada de “a maior autoridade em procedimento legal de toda a literatura”. O sistema Judiciário americano atualmente ainda s e baseia nas
leis da evidência estabelecidas por Greenleaf. Ao investigar as evidências sobre a ressurreição de Jesus, Greenleaf foi tão persuadido pelas
evidências que se tornou um cristão comprometido.
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Pr. Carlos Azevedo
Os Evangelhos
vida e ministério de Cristo como apresentados nos Evangelhos é realmente fato e completamente
confiável.
3) Para recompensar os que são investigadores diligentes. Pode-se ganhar muito através
de um estudo individual de cada um dos Evangelhos. Mais ainda pode ser ganho quando se
compara e junta as narrativas diferentes dos eventos específicos do ministério de Jesus. Por
exemplo, em Mateus 14 lemos a narrativa de Jesus alimentando os 5000 e Jesus andando sobre
as águas. Mateus 14:22 nos diz que: “compeliu Jesus os discípulos a embarcar e passar adiante
dele para o outro lado, enquanto ele despedia as multidões”. Alguém pode perguntar: “Por que
ele fez isso?” Mateus não deixa claro qual o motivo. Mas quando você combina com o contexto
de Marcos 6, você vê que os discípulos tinham acabado de voltar de expulsar demônios e curar
pessoas através da autoridade que Jesus lhes tinha dado quando Ele os enviou dois a dois. Mas
eles retornaram com uma atitude muito orgulhosa, esquecendo seu devido lugar e prontos a
instruir Jesus (Mateus 14:15)! Então, ao enviá-los durante a noite ao outro lado do Mar da
Galileia, Jesus lhes revela duas coisas enquanto estão lutando contra o vento e ondas,
dependendo de si mesmos até as primeiras horas da manhã seguinte. Jesus estava andando
sobre a água, prestes a passar pelo barco dos discípulos, quando finalmente os discípulos
invocaram o nome de Jesus (Marcos 6:48-50). Ele revela (1) que não podem alcançar nada para
Deus com suas próprias forças e (2) que nada é impossível quando Eles clamam a Deus e
dependem de Seu poder. Há vários exemplos assim de “joias” a serem encontradas pelo
estudante diligente da Palavra de Deus que se dedica a comparar Escritura com Escritura, joias
essas que passam por despercebidas pelo leitor casual.
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passagem afirma que Ester apareceu diante do rei "ao terceiro dia" (5:1). Se eles começaram o
jejum na sexta-feira, então o terceiro dia seria o domingo. Portanto, “três dias e três noites” têm
de se referir a uma parte do período de três dias e três noites.
Terceiro, Jesus empregou a expressão "no terceiro dia" para descrever o tempo da sua
ressurreição, depois da crucificação (Mt 16:21; 17:23; 20:19; cf. 26:61). "No terceiro dia", porém,
não quer dizer "após três dias", que exige o total de 72 horas, mas pode ser entendida como
referindo-se a um número de horas dentro do período de três dias e noites.
Quarto, essa posição encaixa-se melhor com a ordem cronológica dos eventos tal como
registrada em Marcos (cf. 14:1), bem como com o fato de ter Jesus morrido no dia da Páscoa
(sexta-feira), para cumprir com as condições de ser o nosso Cordeiro pascal (1 Co 5:7 cf. Lv
23:5-15).
Mt 27:44 - Os dois ladrões injuriaram a Cristo ou foi apenas um que o injuriou?
PROBLEMA: Mateus diz: "E os mesmos impropérios lhe diziam também os ladrões que
haviam sido crucificados com ele". Entretanto, de acordo com Lucas, apenas um o injuriou (Lc
23:39), ao passo que o outro creu nele, pedindo: "Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no
teu Reino" (Lc 23:42).
SOLUÇÃO: Essa dificuldade é facilmente resolvida com a suposição de que inicialmente os
dois injuriaram o Senhor, mas depois um deles se arrependeu. Talvez tenha ficado tão
impressionado ao ouvir Jesus perdoando aqueles que o crucificavam (Lc 23:34), que se
convenceu de que Jesus era o Salvador e pediu-lhe para participar do seu reino (v. 42).
MARCOS
Mc 2:26 - Jesus não se enganou, quando se referiu a Abiatar como sendo sumo
sacerdote, em lugar de Aimeleque?
PROBLEMA: Jesus disse que quando Davi comeu os pães sagrados, Abiatar era o sumo
sacerdote; contudo, 1 Samuel 21:1-6 menciona que o sumo sacerdote naquele tempo era
Aimeleque.
SOLUÇÃO: O livro de 1 Samuel está correto quando afirma que o sumo sacerdote era
Aimeleque. Por outro lado, Jesus também não incidiu em erro. Olhando com maior cuidado as
palavras de Jesus, vemos que ele empregou as palavras "no tempo do sumo sacerdote Abiatar"
(v. 26), o que não implica necessariamente que Abiatar fosse o sumo sacerdote quando Davi
comeu os pães sagrados.
Depois que Davi se encontrou com Aimeleque e comeu os pães, o rei Saul fez com que
matassem Aimeleque (1 Sm 22:17-19). Abiatar escapou, foi até Davi (v. 20) e mais tarde tomou
o lugar do sumo sacerdote. Portanto, mesmo tendo Abiatar sido feito sumo sacerdote depois do
dia em que Davi comeu os pães, ainda está correto falar dessa maneira. Além disso, Abiatar
estava vivo quando Davi fez aquilo, e logo em seguida, com a morte de seu pai, ele se tornou o
sumo sacerdote. Foi, portanto, no tempo de Abiatar, mas não durante o seu exercício do cargo.
Mc 15:25 (cf. Jo 19:14) -Jesus foi crucificado na terceira hora ou na hora sexta?
PROBLEMA: O relato do Evangelho de Marcos diz que foi na hora terceira (9 horas da manhã,
conforme o tempo judeu) que Cristo foi crucificado (15:25). O Evangelho de João diz que cerca
da hora sexta (ao meio-dia) Jesus estava ainda em julgamento (19:14). Isso faria com que sua
crucificação tivesse de ocorrer bem mais tarde do que foi especificado por Marcos. Qual dos
Evangelhos está correto?
SOLUÇÃO: Os dois evangelistas estão corretos em suas afirmações. A dificuldade é superada
quando percebemos que cada um deles fez uso de um sistema diferente de medição do tempo.
João segue o sistema de tempo romano, ao passo que Marcos segue o sistema judaico.
De acordo com o tempo romano, o dia corria de meia-noite a meia-noite. O período de 24
horas judaico começava às 6 horas da tarde e a manhã, às seis horas da manhã. Assim, quando
Marcos afirma que na terceira hora Cristo foi crucificado, esse horário corresponde a 9 horas do
nosso tempo.
João afirmou que o julgamento de Cristo foi cerca da hora sexta, ou seja, às seis da manhã.
Isso colocaria o julgamento antes da crucificação e não negaria qualquer testemunho dos autores
dos Evangelhos.
Isso está de acordo com outras referências ao tempo feitas por João. Por exemplo, ele fala de
Jesus estar cansado de sua viagem desde a Judéia até a Samaria "por volta da hora sexta",
LUCAS
Lc 9:52-53 - Os samaritanos receberam Cristo ou o rejeitaram?
PROBLEMA: Lucas diz claramente que os samaritanos "não o receberam". Contudo, quando
Jesus falou com a mulher samaritana junto ao poço, uma grande multidão afluiu para encontrar-
se com ele (Jo 4:39-40).
Lucas está falando de uma determinada aldeia, e não de todos os samaritanos. Ademais, ele
diz que a rejeição aconteceu "porque o aspecto dele [de Jesus] era de quem, decisivamente, ia
para Jerusalém" (v. 53).
Finalmente, a resposta positiva dos samaritanos no livro de João foi por causa do testemunho
da mulher que contou a seus amigos que ela tinha encontrado um profeta, alguém "que me disse
tudo quanto tenho feito" (Jo 4:29).
Lc 6:17 - Por que Lucas diz que Jesus os ensinou de pé, ao passo que Mateus declara
que ele se sentou para ensiná-los?
PROBLEMA: Lucas diz que Jesus "parou numa planura" para pregar, e nada diz quanto a Ele
ter se sentado. Mateus registra que "assentando-se... abrindo a sua boca, os ensinava" (Mt 5:1-
2).
SOLUÇÃO: Estas referências podem ser de momentos diferentes durante o mesmo evento.
Uma possibilidade é que a referência de Mateus seja a respeito do começo do evento, quando
"aproximaram-se dele os seus discípulos ... e os ensinava" (Mt 5:1-2). Então, quando aquela
grande multidão que o seguia se reuniu para ouvi-lo, naturalmente Jesus teria de se levantar
para projetar a sua voz, de modo que pudessem ouvi-la, como Lucas registra.
Outra possibilidade é que a não-referência de Lucas a Jesus sentar-se pode ter sido pelo fato
de que Jesus, antes de fazer o seu sermão, estava curando as pessoas (Lc 6:17-19). Então,
porque "todos da multidão procuravam tocá-lo", bem pode ser que ele tenha procurado um lugar
para se sentar, de onde, "olhando ele para os seus discípulos, disse-lhes... [a sua
mensagem] " (6:20). Isso explicaria a ordem dos acontecimentos registrada por Lucas, e
esclareceria também por que Mateus disse que Jesus estava sentado quando falava aos seus
discípulos. De qualquer modo, não há uma incompatibilidade entre esses dois relatos, mesmo
admitindo que se refiram à mesma ocasião.
Lc 23:43 - Cristo não se enganou quando disse ao ladrão na cruz que ele estaria no
paraíso naquele mesmo dia em que Jesus morreu?
PROBLEMA: Se Cristo não foi ao céu senão pelo menos três dias após a sua morte, como
poderia o ladrão estar no paraíso naquele mesmo dia em que Jesus morreu?
SOLUÇÃO: A alma de Cristo foi imediatamente ao paraíso, que é o terceiro céu (2 Co 12:2-
4), mas o seu corpo foi para o túmulo, lá permanecendo por três dias. Jesus disse na cruz: "Pai,
nas tuas mãos entrego o meu espírito!" (Lc 23:46), o que indica que sua alma foi para estar com
o Pai no céu naquele mesmo instante em que ele morreu. Quando Jesus disse a Maria, depois
da ressurreição: "ainda não subi para meu Pai", ele estava se referindo à ascensão de seu corpo
ao céu quarenta dias após a ressurreição (Atos 1), não à ida de sua alma ao céu durante o
período entre sua morte e ressurreição. A frase "desceu ao inferno" não consta no primitivo Credo
dos Apóstolos, mas foi acrescentada bem mais tarde.
Lc 24:31b - Se Jesus tinha o mesmo corpo físico depois da sua ressurreição, por que
os seus discípulos não o reconheceram?
PROBLEMA: Aqueles dois discípulos andaram com Jesus, falaram com ele, comeram com
ele e, entretanto, não o reconheceram. Outros discípulos tiveram a mesma experiência (veja os
versículos abaixo). Se Jesus ressuscitou com o mesmo corpo físico (cf. Lc 24:39; Jo 20:27),
então por que ele não foi reconhecido?
SOLUÇÃO: Jesus ressuscitou precisamente com o mesmo corpo de carne e ossos que ele
tinha quando morreu (veja os comentários de 1 Coríntios 15:37). Foram várias as razões por que
ele não foi imediatamente e conhecido por seus discípulos:
1. Estupidez - Lucas 24:25-26
2. Incredulidade - João 20:24-25
3. Desapontamento - João 20:11-15
4. Temor - Lucas 24:36-37
5. Escuridão - João 20:1,14-15
6. Distância - João 21:4
7. Roupas diferentes - João 19:23-24; cf. 20:6-8
JOÃO
JO 1:33 - João Batista conhecia Jesus antes do batismo dele, ou não?
PROBLEMA: Antes do batismo de Jesus, João disse categoricamente: "Eu não o conhecia".
Entretanto, em Mateus 3:13-14 João reconheceu Jesus antes de o batizar e disse: "Eu é que
preciso ser batizado por ti".
SOLUÇÃO: João pode ter conhecido Jesus antes do batismo somente pela reputação que ele
tinha, não por reconhecimento. Ou, talvez o conhecesse apenas por apresentação, mas não por
manifestação divina. Afinal de contas, Jesus e João Batista eram parentes entre si (Lc 1:36),
muito embora tivessem sido criados em lugares diferentes (Lc 1:80; 2:51). Entretanto, embora
João possa ter tido anteriormente algum contato familiar com Jesus, ele nunca o conhecera como
Jesus foi revelado em seu batismo, quando o Espírito desceu sobre ele e o Pai falou-lhe do céu
(Mt 3:16-17). O contexto indica que, até o seu batismo, realmente ninguém conhecia Jesus da
forma como Ele então seria "manifestado a Israel" (Jo 1:31).
JO 3:13 - Como pode Jesus dizer que ninguém subiu ao céu, se Elias subiu?
PROBLEMA: Jesus declarou nesse texto que "ninguém subiu ao céu..." Entretanto, o AT
registra a ascensão de Elias ao céu num carro de fogo (2 Rs 2:11).
SOLUÇÃO: Nesse contexto, Jesus está demonstrando o seu conhecimento superior acerca
das coisas celestiais. Em essência ele está dizendo: “Nenhum outro ser humano pode falar com
base num conhecimento de primeira-mão acerca dessas coisas, como eu posso". Ele está
declarando que ninguém subiu ao céu para trazer de volta a mensagem que ele trouxe. De forma
alguma ele está negando que qualquer outra pessoa esteja no céu, como Elias ou Enoque (Gn
5:24). Não, Jesus está simplesmente declarando que ninguém na terra foi ao céu e depois
retornou com uma mensagem tal como a que Ele lhes dava.
JO 7:1 - Por que Jesus temeu a morte, e mesmo assim disse a seus discípulos que não
a temessem?
PROBLEMA: João nos informa de que "Jesus andava pela Galileia, porque não desejava
percorrer a Judéia, visto que os judeus procuravam matá-lo". Contudo, Jesus disse a seus
discípulos: "Amigos meus: não temais os que matam o corpo"(Lc 12:4).
SOLUÇÃO: Jesus não estava com medo da morte; ele
simplesmente evitava morrer antes da hora. Antes do
tempo certo, Jesus dizia "ainda não é chegada a minha
hora" (Jo 2:4; 8:20). Mas quando a sua hora chegou (cL Jo
12:23), ele enfrentou a morte brava e corajosamente. Do
ponto de vista humano, Jesus abateu-se com o horror da
cruz; ele orou: "que direi eu? Pai, salva-me desta hora?",
a que ele mesmo respondeu com um enfático não: "Mas
precisamente com este propósito vim para esta hora" (Jo
12:27). Jesus sabia desde o princípio que ele viera para
morrer (cf. Jo 2:19-20; 10:1011), e nunca hesitou em seu
resoluto propósito de "dar a sua vida em resgate por
muitos" (Mc 10:45). Entretanto, para realizar isto, tal como
Deus ordenara e os profetas haviam predito, Jesus tinha
de se precaver de atentados contra a sua vida antes do tempo e da forma determinados.
Por exemplo, ele teria de ser crucificado (cf. SI 22:16; Zc 12:10), e não apedrejado, como os
judeus procuraram fazer numa certa ocasião (veja O quadro “A sombra da morte”, de William
Holman Hunt).
JO 14:2-3 - O céu foi preparado desde a eternidade, ou Jesus ainda o está preparando?
PROBLEMA: Mateus afirma que o céu foi "preparado desde a fundação do mundo" (25:34).
Mas em João 14:2 Jesus disse: "vou preparar-vos lugar", do que se conclui que o céu ainda não
estava preparado, naquela hora.
SOLUÇÃO: O primeiro texto fala da criação do céu e o segundo, da sua preparação. A
primeira passagem fala em geral da preexistência do céu; a última fala especificamente da sua
preparação para cada alma em particular. Há uma dupla preparação: a do céu para cada pessoa
e a de ida pessoal para o céu. Já que cada crente terá uma recompensa diferente e individual (1
Co 3:11-15; 2 Co 5:10), então a recompensa no céu, que já existe, terá de ser adequada à obra
particular de cada um.
JOÃO 20:22 - O Espírito Santo foi dado aos discípulos antes do Pentecostes?
PROBLEMA: Em Atos, os apóstolos foram informados de que deveriam esperar até que
recebessem o Espírito Santo, o que aconteceu no dia de Pentecostes (At 1:4-8; cf. 2:1-2).
Contudo, mesmo antes de sua ascensão, Jesus soprou sobre os seus discípulos e disse:
"Recebei o Espírito Santo"(Jo 20:22). Foi então que eles receberam o Espírito Santo, e não nb
dia de Pentecostes?
SOLUÇÃO: Primeiro, a passagem de João é uma daquelas difíceis, que não possui outras
paralelas, e não é fácil saber exatamente o seu significado. Como deve ser com toda passagem
obscura, não devemos basear nela nenhum ensino importante.
Segundo, alguns eruditos acreditam que o imperativo "recebei" tem a intenção de denotar um
futuro "recebereis". Sendo assim, não há conflito algum.
Terceiro, mesmo que Jesus estivesse dizendo que eles estariam recebendo o Espírito Santo
naquele momento (em João 20:22), aparentemente havia um sentido diferente nesse
recebimento. O Espírito estava sendo dado para que eles perdoassem os pecados (cf. v. 23).
Mas depois o Espírito seria dado para capacitá-los com "poder", para serem "testemunhas" de
Jesus "até os confins da terra" (At 1:8).
Quarto, a promessa em João era de que o Espírito viria habitar neles (cf. Jo 14:16), não que os
estivesse batizando (At 1:5; cf. 1 Co 12:13), que é um ato diferente do Espírito Santo. Nesse
sentido, então não há conflito algum entre as duas passagens, já que elas falam de diferentes
atividades do Espírito, que os discípulos receberam em tempos diferentes.
CONCLUSÃO
Os Evangelhos fixam em nossa memória os eventos da vida de Jesus, nos familiarizando com
a perspectiva do Reino de Deus, abrindo nossos olhos para a dimensão espiritual que permeia
o ministério de Cristo.
Assim, pelas lentes dos evangelistas, somos agraciados com a inspiração divina e
percebemos sua marca em tudo o que foi escrito.