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(Pascal).

PERGUNTAS
DIFÍCEIS
DE RESPONDER
VOL. 1

Com quem se casou Caim?


O que é a blasfêmia contra o Espírito Santo?
Onde esteve Jesus dos 12 aos 30 anos?
O que era o espinho na carne de Paulo?

TIRE SUAS DÚVIDAS


Dificuldades - Contradições - Curiosidades

Beit Shalom Editora, 8a Edição Revisada, São Paulo 2021


Copyright 2003 Elias Soares de Moraes
8a Edição, outubro 2021

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j
ÍNDICE
i

Pg.09 I N T R O D U Ç Ã O

Pg.13 I a. P A R T E : C O N T R A D I Ç Õ E S

Pg.13 Jesus esteve três dias e três noites na sepultura1


Pg.16 A Justificação é pela fé ou pelas obras1
Pg.18 Deus se arrepende1 .
Pg.19 A que horas foi Cristo crucificado1
Pg.22 Vinagre com Fel ou Vinho com Mirra?
Pg.24 Jesus curou o cego quando entrava ou quando saía de Jerico1
.
Pg.25 Quantos cegos foram curados por Jesus um ou dois:1
Pg.25 Isaías andou nu por três anos1

Pg.27 2 \ P A R T E : DIFICULDADES

Pg.27 O Pecado Imperdoável. O que é a blasfêmia contra o


Espírito Santo?
Pg.31 Onde esteve Jesus dos 12 aos 30 anos1
Pg.34 Quem é a Pedra1
Pg.42 O sofrimento de Paulo. O que era o espinho na carne de Paulo1
Pg.46 A que lei Paulo fez referência para livrar-se dos açoites1
Pg.47 Por que o carcereiro de Filipos quis suicidar-se1
Pg.48 Por que Jesus não quis beber o vinagre misturado com fel1
Pg.49 Com quem se casou Caim!
Pg.53 Quem são os filhos de Deus1
Pg.55 Por que Belsazar prometeu o terceiro e não segundo lugar no reino
a quem decifrasse a escrita enigmática na parede do seu palácio 1
Pg-56 Por que Abraão partiu os animais ao meio e colocou os
pedaços um diante do outro1
Pg.57 3 a. P A R T E : CURIOSIDADES

Pg.57 As dez pragas


Pg-61 A oração mais longa da bíblia
Pg.62 Megillot
Pg. 63 Maneira de Medir o Tempo
Pg.64 As letras que compõem o nome Israel, em Hebraico
Pg. 65 A cruz
Pg.67 A crucificação
Pg.68 O Peso da Cruz
Pg.68 Saudação pelo Caminho
Pg.70 O Símbolo do Cristianismo
Pg.71 Origem, Etimologia e Significado do Nome Cristão.
Pg.73 A sentença de Malkut
Pg. 74 A origem dos meses do ano
Pg.76 Por que fevereiro tem 28 dias?
Pg. 77 Ad Bestias !
Pg.77 E Tendo Cantado um Hino
Pg.78 O joio e o Trigo
Pg.79 Bibliografia
INTRODUÇÃO
1
“A metade do conhecimento é a pergunta, e a outra metade,
a resposta.” (Autor Desconhecido)

“Entendes tu o que lês? ” (At 8.30,31)


“Há mais mistérios entre os céus e a Terra do que pensa ter
nossa vã filosofia. ” (Shakespeare)

Já é de largo tempo o uso da pergunta como método


de ensino pelos grandes mestres e pensadores da antiguidade.
Sócrates, filósofo grego, que viveu no IV século
antes de Cristo, tornou-se célebre pelo uso desse método
patenteado com o nome de “Maiêutica Socrática” (maiêutica
do gr. “servir de parteira”).
A Maiêutica socrática consistia na crítica interrogativa
por meio da qual Sócrates desestruturava seu interlocutor para
logo em seguida estabelecer os seus mais elevados conceitos.
A pergunta é, certamente, um dos métodos mais
eficazes na área do ensino.
Jesus, o mestre por excelência, adotou-o por várias
vezes, tanto para ensinar, quanto para fazer calar a voz dos
seus oponentes (Lc 20.1-8, 19-26).
“Perguntas Difíceis de Responder” não foge à regra. Por
meio de perguntas previamente elaboradas, procura levar o
leitor a refletir sobre os temas mais polêmicos da Bíblia.
Perguntas como: “Com quem se casou Caim? ”, e “Esteve
Jesus três dias e três noites na sepultura? ”, são vistas como
dificuldades insuperáveis e como contradições bíblicas por dois
grupos de pessoas: a) pelos céticos, que buscam encontrar ocasião
para pôr em dúvida a inspiração e autoridade das Escrituras; e, b)
pelos pouco aplicados ao estudo sistemático da Bíblia Sagrada.
Mas é bom que se diga que a Bíblia é a nossa única
regra de fé e fonte de autoridade. Seu testemunho interno
e externo é prova irrefragável da Sua inspiração e origem
divinas (2 Pe 1.20,21; 2 Tm 3.14-17).
Com vistas a oferecer ajuda, em especial, àqueles que
por algum motivo não tiveram a oportunidade de estudar
Teologia, apresentamos esta obra que, segundo a nossa ótica,
consideramos uma ferramenta indispensável à Teologia
exegética (hermenêutica e exegese).
“Perguntas Difíceis de Responder” procura esclarecer
dúvidas, elucidar textos obscuros e harmonizar as
“contradições” e as dificuldades aparentes. Sem as pretensões
de ser exímio escafandrista procuraremos responder, com a
ajuda indispensável e substancial de uma plêiade de eruditos
na matéria, entre eles, Bluteau, Champlin, Rohden, Joseph
Angus, etc., dos quais, com toda honestidade, haurimos boa
parte desta obra, àquelas que reputamos que possam ser as
“perguntas difíceis de responder. Pois é notório a todo aquele
que se dedica ao estudo do Cânon Sagrado que, no dizer do
apóstolo Pedro, ao referir-se aos escritos Paulinos: “há pontos
difíceis de entender...” (2Pe 3.16).
Porém, é digno de nota que nem todas as perguntas
terão uma resposta plenamente satisfatória. Pois, neste
propósito, quem é hábil o suficiente para perscrutar todos os
arcanos de Deus?
A esse respeito, estamos de pleno acordo com os
seguintes depoimentos:

“Há duas espécies de lugares escuros na Escritura Sagrada:


Uns podem ser aclarados com o trabalho consciencioso dos estudiosos,
outros se conservarão sempre na obscuridade dos segredos de Deus,
sendo uma impiedade o querer penetrar esses mistérios” (Warburton).
“Resolvam-se todas as questões, expliquem-se todas as
palavras da Bíblia, e ficarão ainda as maiores dificuldades para
exercício da nossa fé: a origem do mal, o mistério da divina presciência
e da livre ação, e muito ainda sobre o plano da redenção. E nesta
consideração diremos sempre: “0 profundidade das riquezas, tanto
da sabedoria como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os
seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos” (Joseph Angus)

“No que respeita à Divindade temos muitas vezes


de suspender abruptamente os nossos juízos, exclamando: O
profundidade...! Porquanto o expositor das Escrituras não sabia
quatro coisas, que, aliás, nenhum homem alcança saber, isto é,
os mistérios do reino da glória, a perfeição das leis da natureza,
os segredos do coração humano e a sucessão futura dos tempos”.
(Bacon)

Posto isso, convido o leitor a mergulhar nesse “oceano”


tão pouco explorado. Isso por conta de não haver um
“escafandro” capaz de nos manter por tão longo tempo nas
profundezas dessas águas cujo Criador e Conhecedor é Deus.

O último passo da razão é saber que há uma


infinidade de coisas, que ela não pode atingir”. (Pascal)

Elias Soares de Moraes


hl lÁAbOAKL; íM„,VK.'RAt:
CONTRADIÇÕES

J E S U S ESTEV E TRÊS DIAS


E TRÊS N O I T E S NA SEPULTURA?
I
“Pois, como Jonas esteve três dias e três noites, no ventre da
baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio
da Terra”. (Mt 12.40 - B.A).

O texto mencionado apresenta-nos uma das maiores


dificuldades bíblicas a ser solucionadas. Pergunta-se: “Como
poderia Jesus ter estado três dias e três noites na sepultura,
se Ele morreu na sexta-feira às três horas da tarde, faltando
apenas três horas para começar o sábado, e ressuscitou no
domingo de madrugada, perto das 6 horas? ”. (Lc 24.1, Jo
20. 1).
Antes de respondermos a essa pergunta, faz-se
necessário calcularmos as horas dos dias em questão.
Três dias e três noites são exatamente 72 horas.
Mas se calcularmos as horas que Jesus esteve na sepultura,
obteremos no máximo 39 horas. Vejamos:
O dia civil dos judeus começava às 18 horas da
tarde e acabava às 18 horas da tarde seguinte. Jesus, como
mencionamos, morreu na sexta-feira às 15 horas da tarde. E
supondo que ele tenha sido sepultado logo após à sua morte,
chegaremos à seguinte conclusão:
Jesus esteve na sepultura durante as últimas três horas
da sexta-feira aproximadamente. Ele esteve na sepultura das
18 horas da sexta-feira às 18 horas do sábado, portanto, 24
horas. E esteve na sepultura das 18 horas do sábado às 6
horas da manhã do domingo, portanto, cerca de 12 horas
do domingo.
Temos, assim, aproximadamente 39 horas, e, em
números mais exatos, 36 horas.
Como, pois, solucionar essa tão “grande dificuldade”?

Alguns procuram solucioná-la dizendo que Jesus foi


crucificado e sepultado na quarta-feira e não na sexta, como
é tradicionalmente aceito.
Mas, na verdade, Jesus foi crucificado e sepultado
na sexta-feira, como acreditava a maioria dos eruditos
bíblicos. Acerca desse assunto A. T Robertson faz a seguinte
afirmação: “Lucas claramente pôs ponto final a questão,
mencionando o espaço de tempo entre a crucificação e a
ressurreição (23.50 a 24.3). O sepultamento teve lugar sexta-
feira de tarde, logo antes do princípio do sábado (23.54). As
mulheres descansaram durante o sábado (23.56) e foram ao
sepulcro de manhã cedo, no primeiro dia da semana (24.1).
“Robertson, acrescenta: Não se pode fugir à esta cronologia.
Assim, está claramente limitado o tempo entre os dois
acontecimentos. Jesus, pois, permaneceu no sepulcro desde
a tarde de sexta-feira até a madrugada de domingo.
No tocante a afirmação de Jesus sobre sua estada
no sepulcro por três dias e três noites, devemos observar
que, os judeus e outros povos orientais falam geralmente de
qualquer parte do dia ou de outros períodos de tempo, como
se tratasse de unidades inteiras. Por isso Jesus disse: “Depois
de três dias ressuscitarei”, Mt 27.63, embora ele estivesse
estado no sepulcro apenas um dia completo e metade de
outro, desde o pôr do sol de sexta-feira até a madrugada do
domingo. Ele deu a entender também, citando Jonas, que
estaria no sepulcro três dias e três noites, isto é, três partes de
três dias civis, visto como dia e noite tinham a significação
de um dia de vinte e quatro horas Mt 12.40; 1 Sm 30.12, 13.
Do mesmo modo, no Evangelho de João uma semana é de
oito dias (Jo 20.26); isto também é assim muitas vezes em
alemão, e em francês, pois nesta língua diz: “quinze jours”
para significar o espaço de duas semanas”.
A Revista Defesa da Fé, apresentando o tema em
pauta, cita um artigo extraído do livro: “As evidências
da Ressurreição de Cristo”, dizendo que: “O Talmude
Babilônico (comentário judaico) relata que “uma parte de
um dia é o total dele”.
O Talmude de Jerusalém, assim chamado porque
escrito em Jerusalém, diz: “Temos um ensino - Um dia e uma
noite são um Onah e a parte de um Onah é como o total dele.
Um “Onah” é simplesmente “um período de tempo”.
Jerônimo, citado por Champlin em seu comentário
do Novo Testamento, ilustra essa ideia dizendo: “ Tenho
abordado mais completamente o trecho, sobre o profeta
Jonas (isto é, o livro do A.T), em meu comentário. Direi
agora somente que isto (esta passagem) deve ser explicado
como modo de falar chamado sinédoque, quando uma
porção representa a totalidade. Não significa que nosso
Senhor esteve três dias e três noites inteiros no sepulcro, mas
sim parte de sexta-feira, parte do domingo e todo o dia do
sábado, o que é apresentado como três dias.
Ainda segundo o costume dos judeus, “um dia e uma
noite” é outro modo de exprimir a mesma coisa: “ um dia;
os judeus antigos, no seu modo pouco preciso de exprimir,
usavam a expressão “um dia”, tanto para designar um dia
completo como para a parte ou fração do dia. Deste modo,
morrendo na sexta-feira, Ele esteve “um dia” ou mesmo que
“um dia e uma noite” realmente; e parte de domingo, “outro
dia”, ou mais “um dia e uma noite” debaixo da terra.
Outra explicação, bastante plausível, baseia-se no
seguinte argumento: “Na linguagem popular “três dias, e
três noites “significam”, figuradamente, não mais do que
três dias, o que, na linguagem antiga, podia ser calculado
incluindo-se o primeiro dia aquele em que algo acontecia.
Nesse caso, o dia da crucificação teria sido o primeiro
dia, e o da ressurreição o terceiro dia. O segundo dia teria sido
o sábado, ficando assim completado os três dias. O próprio
Senhor Jesus declarou isso por diversas vezes, e a expressão
foi repetida por Paulo, que disse que Jesus ressuscitaria ao
terceiro dia. Mt 16.21; 17.23; 20.19; Mc 9.31; 10.34; Lc 9.22;
18.33; 24.7,21,46; 1 CO 15.4.

Í
A J U S T I F I C A Ç Ã O É P E L A FÉ
OU PELAS OBRAS?

Paulo, na epístola aos Romanos (3.28) diz: “O homem é


justificado pela fé sem as obras da lei”.
Tiago escreveu na sua epístola (2.24) “vedes então cjue o
homem é justificado pelas obras e não pela fé somente.”
A contradição parece insuperável e há muitos que
dizem ser impossível uma reconciliação. Até Lutero, o
grande reformador, teve por insolúvel essa contradição e,
por conseguinte, rejeitou a epístola de Tiago, chamando-a de
“Epístola de palha”.
Na sua opinião, ela era extremamente legalista e apócrifa,
ou um escrito cuja autoridade apostólica era duvidosa. Para ele,
o que a epístola de Tiago diz sobre fé e obras é interpretado
como indicação que a epístola não é nem apostólica e nem
canônica.
Diante do exposto, havemos de fazer a seguinte
pergunta: Qual dos dois está certo; Paulo ou Tiago?
:TAS DIFÍCEIS DE RESPONDER

A fim de desfazer essa contradição que, na verdade é só


na aparência, apresentaremos algumas opiniões que julgamos
ser satisfatórias.
Na opinião de Hoadley e Taylor, Paulo refere-se à
justificação segundo a vista de Deus, Tiago, segundo a vista dos
homens.
Paulo refere-se a fé que justifica o pecador perante
Deus. E esta justificação em hipótese alguma é operada pelas
obras da lei, senão somente pela fé. (Rm 1.17; 3.20,22,28;
4.1-3; 5.1) Ao passo que Tiago fala de uma fé operante que
traz resultados e que dá testemunho da salvação perante os
homens, sem nenhuma relação da justificação do pecador
perante Deus.
Tiago contestava a posição dos ricos, que viviam
indiferentes para com os que estavam passando necessidades,
satisfeitos com sua própria espiritualidade. E é nesse contexto
que ele faz as suas assertivas: “ Meus irmãos, qual é o proveito,
se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso,
semelhante fé salva-lo? (...) vedes então que o homem é justificado
pelas obras e não pela fé somente, ” (Tg 2.14,24)
Para Paulo a fé significa a confiança implícita, e
“obras” são a tentativa do homem de obter favor com Deus
mediante seus próprios méritos.
Paulo baseia seu argumento em (Gnl5:6) onde
Abraão crê nas promessas de Deus e é declarado justo. Tiago
ilustra sua lição com a história do sacrifício de Isaque em
(Gn 22.14).
Assim, tanto Paulo quanto Tiago estão certos; pois “estão
lutando em frentes de batalhas diferentes. Paulo está atacando o
legalismo da justificação própria, e Tiago, a indiferença dos que
pensam ter justiça própria” (Colin Brown).
D E U S SE A R R E P E N D E ?

De acordo com as passagens de Números 23.19 e Tiago


1.17, Deus não se arrepende. Mas Gn 6.6 afirma categoricamente:
“e arrependeu-se o Senhor por haver feito o homem”.
Os inimigos da verdade veem nestas passagens uma
contradição gritante e impossível de ser solucionada. Dizem
eles: “Como pode um Deus, segundo a Bíblia, onisciente e
imutável, arrepender-se por um ato por ele praticado?
Ora, os que isso dizem, ignoram a interpretação
gramatical, da Bíblia, segundo a qual as palavras devem ser
tomadas em seu sentido usual e comum.
Partindo desta premissa não haverá nenhuma
dificuldade em harmonizar a aparente discrepância se o
leitor considerar que na passagem de (Gn 6.6) há um caso
de antropopatismo (do gr. An tropos = “homem”, e pathos
= “sentimento, paixão, emoção”, + sufixo-ismo), muito
comum nas escrituras, segundo o qual são atribuídas a Deus
as emoções humanas.
Tentar interpretar a passagem mencionada no
sentido literal implica em admitir que Deus se arrepende, tal
como acontece com os homens. Mas tal admissão, além de
contrariar o ensino geral da Bíblia Sagrada, reduz o criador à
semelhança da sua criatura.
Mas na verdade, Deus é onisciente, nada pode
surpreende-lo. A esse respeito, o Novo comentário da Bíblia
afirma: “É impossível conceber o Deus onisciente a lamentar-
se por algum falso movimento por ele feito”.
Os que insistem em atribuir tal sentimento a Deus,
negam consciente ou inconscientemente a sua divindade.
Qual, então, é o significado da expressão arrependeu-se
o Senhor?
1) Significa que Deus já não se comprazia em ver
no homem a sua imagem, visto que este tinha
transgredido os seus mandamentos (Joseph Angus).
2) Significa que, por causa do trágico pecado da raça
humana, Deus mudou a sua disposição para com as
pessoas; sua atitude de misericórdia e longanimidade
passou a atitude de Juízo” (BEP).
3) É simplesmente uma indicação em linguagem
humana, de que a atitude de Deus para com o homem
a pecar é necessariamente diferente da atitude de
Deus para com o homem a obedecer (N.C.B).
4) Trata-se apenas de um modo antropopático de
falar. Na realidade a mudança não é em Deus, mas
no homem e nas relações do homem com Deus
(Berkhof).

Um outro exemplo clássico do “arrependimento de


Deus” está em Jn 3.10b “...e Deus se arrependeu do mal que tinha
dito lhes faria e não o fez”.
Neste caso, significa que são mudadas as operações
divinas para com os pecadores, desde o momento em que
estes se convertem”. “Viu Deus o que fizeram como se converteram
do seu mal caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito
lhes faria e não o fez” (Jn 3.10) (BEV).

A Q U E H O R A S FOI C R I S T O
CRUCIFICADO?

De acordo com o Evangelho de Marcos “era a hora


terceira” quando crucificaram a Cristo (15.25). Mas pelo que se
diz em João 19.14, parece deduzir-se que Jesus Cristo esteve no
tribunal de Pilatos “quase a hora sexta”. E para polemizar ainda
H U A SB O A R K S Ui-: M ORAHS

mais a questão, Mateus e Lucas são unânimes ao afirmarem


que “quase a hora sexta” Jesus Cristo estava pregado na cruz,
quando já a escuridão envolvia a Terra (Mt 27.45; Lc 23.44).
Os inimigos da cruz de Cristo veem nessas passagens
uma contradição impossível de ser solucionada. E com
ar de vitória, afirmam que as escrituras estão repletas de
contradições.
Mas se considerarmos as diferentes maneiras de
computar o tempo entre os hebreus e os romanos, as
dificuldades e contradições desaparecerão.
Toda gente que tem dado ao trabalho de ler algo
sobre estudos exegéticos da Bíblia sabe muito bem que
Mateus, Marcos e Lucas empregaram em seus escritos o
sistema hebraico de contar os dias. Por este sistema, o dia
começava ao nascer do Sol (dia natural). De modo que “a
hora sexta” deles equivalia ao meio-dia.
João, pelo contrário, seguiu o sistema romano no
seu evangelho. Neste sistema as horas são contadas de meia-
noite em diante. A “hora sexta” de João vem a ser, pois, seis
horas da manhã, hora em que Jesus fora julgado por Pôncio
Pilatos, o que concorda, evidentemente, com as narrativas
dos sinóticos.
Quanto a Marcos afirmar que Jesus Cristo foi
crucificado “a hora terceira” (15.25), não contradiz em
hipótese alguma as afirmações de Mateus e Lucas. Pois estes
relatam que Jesus estava crucificado “quase a hora sexta”,
enquanto que Marcos registra o momento da crucificação.
No tocante a estada de Jesus perante Pilatos, os
quatro evangelistas são unânimes em afirmar que o fato
ocorreu pela manhã. E no que diz respeito a escuridão que
cobriu a Terra e a hora exata da morte de Nosso Senhor,
o evangelista João faz silêncio, enquanto que os sinóticos
PF.ROI 'NTAS DIFÍCEIS DH RESPONDER

afirmam que se deu entre a sexta e a nona hora, segundo


o sistema hebreu de medir o tempo. Vejamos Mateus: “Pela
manhã (6:00h) entraram em conselho contra Jesus...levaram'
no e o entregaram ao governador Pilatos” (Mt 27.1,2)”. Desde
a hora sexta (12:00h) a hora nona (15:00h) houve trevas
sobre a Terra” (Mt 27.1,45).
Marcos: “Logo pela manhã (6:00h) ...levaram-no e
entregaram-no a Pilatos (Mc 15.1). “E chegada a hora sexta (12:00h)
houve trevas sobre a terra até hora nona” (15:00h, Mc 15.33).
Lucas: “Logo que amanheceu (6:00h) toda a assembléia
levantou-se e conduziu Jesus a Pilatos” (Lc 22.66).
“Era já quase a hora sexta (12:00h).... houve trevas sobre
a terra até a hora nona (15:00h, Lc 23.44).
João: “Conduziram Jesus da casa de Caifáz para o palácio;
e era de manhã cedo (6:00h). Ora, se era de manhã cedo não
poderia ser meio dia ou (12:00h) como alguns querem fazer
pensar. Isto posto, podemos afirmar, indubitavelmente,
que o “de manhã cedo” mencionado por João era as 6:00h
dos sinóticos ou a sexta hora segundo o sistema romano de
computar o tempo, o qual ele seguiu.
Para provar que João, embora sendo judeu podia ter
seguido o sistema romano, como acima mencionamos, o
exegeta Plummer diz: “Há evidência do costume de se contar
o dia da meia-noite em diante na Ásia Menor. Policarpo foi
martirizado as oito horas; Piônio, as dez horas, ambos em
Esmirna. Tais cenas eram comumente praticadas de manhã,
conforme diz Filo.
Desta opinião é o comentador Howell: “ A divergência
desaparece, porém, supondo-se que João escrevendo especialmente
com vistas aos crentes da Ásia Menor, empregasse o sistema romano
de computar os dias, segundo o qual se principiava da meia-noite, o
que condiz com outras referências as horas do dia neste evangelho.
Por isso, quando Marcos diz: “E era a hora terceira
e o crucificaram” (Mc 15.25); e quando João declara que o
processo do divino mestre se deu “cerca da hora sexta”, é
claríssimo que João registra a hora em que o governador
romano começou a julgado ao passo que Marcos conta a
hora em que os judeus começaram a cena horrenda da
crucificação.
Mediante as provas irrefragáveis, aqui aduzidas, sem
nenhuma sombra de dúvida podemos afirmar que, Cristo foi
crucificado a terceira hora (de acordo com o sistema hebreu
de computar o tempo), ou seja, as 9:00h da manhã. (Este
artigo é uma adaptação a partir da compilação do artigo do
Jornal Folha Evangélica de 1906).

V I N A G R E C O M FEL
OU VINHO COM MIRRA?

Muitas pessoas, a fim de pôr em dúvida a autoridade


e inspiração das Escrituras, afirmam que ela está cheia de
contradições. E para reforçar sua tese, citam os textos dos
evangelistas sinóticos, Mateus e Marcos, sobre a bebida oferecida
a Jesus na cruz do calvário. Perguntam eles: Deram-lhe a beber
vinagre com fel ou vinho com mirra? Examinemos os textos:
O texto de Mateus 27:34 diz: “Deram-lhe a beber vinagre
misturado com fel; “ enquanto que Marcos 15:23 diz: “E deram-
lhe a beber vinho com mirra”.
Se levarmos em consideração que naquela época as
palavras “fel e mirra” e “vinho e vinagre” eram empregadas
como sinônimos, a aparente contradição se desfará.
Segundo Champlin: “A mirra dava ao vinho azedo um
sabor melhor e, tal como o fel produzia um efeito narcótico
e estupefaciente.
Werner Keller, em seu livro, E a Bíblia Tinha Razão, diz:

“E davam-lhe a beber vinho misturado com mirra;


mas não o tomou” (Mt 15.23). Esse ato de misericórdia é
referido repetidamente em outras circunstâncias. Assim se
diz em uma antiga Baraíta judia: “Àquele que é conduzido
para à morte dá-se a beber num copo de vinho um pouco de
incenso para atordoa-lo... As dignas mulheres de Jerusalém
costumavam misturá-lo espontaneamente”. Moldenke,
pesquisador da flora bíblica, opina a respeito: “O vinho
com mirra foi oferecido bondosamente a Jesus antes da
crucificação para mitigar-lhe o sofrimento, como antes do
tempo da anestesia se davam bebidas inebriantes aos pacientes
por ocasião de grandes operações. Mas Jesus afastou a bebida
e suportou com inteira consciência as dores de ser pregado
na cruz” (páginas 360,361). E possível que Jesus, prevendo, lá
na frente, a crítica dos inimigos da cruz, não quis beber a fim
de que não o acusassem de que ele havia suportado as dores
da cruz por conta da bebida inebriante. Mas depois, quando
nos últimos segundos de Sua vida, num gesto de bondade e
agradecimento, aceitou e bebeu, quando já não havia mais
necessidade de usá-la para fins medicinais.
O vinagre, por sua vez, era um vinho azedo,
frequentemente misturado com água, sendo comumente a
bebida usada pelos soldados.
Portanto, à luz dessas explicações, não há nenhuma
contradição entre Mateus e Marcos, uma vez que, como
mencionamos, “fel e mirra” e “vinho e vinagre” eram termos
intercambiáveis ou apenas palavras diferentes para indicarem
uma mesma coisa.
. O.- F .Í : - >. i '! :

I
JESUS CUROU O CEGO
QU AN D O ENTRAVA OU QUANDO
SAÍA DE J E R I C Ó ?

(Lc 18.3543; Mt 20.29-34; Mc 1046-52).

Segundo o evangelho de Lucas, o cego denominado por


Marcos de Bartimeu foi curado por Jesus quando este entrava em
Jerico, porém Mateus e Marcos afirmam que a cura aconteceu
quando Jesus saía da cidade de Jerico. Como conciliar essa
desarmonia entre os evangelistas?
Quanto a essa aparente contradição entre os evangelistas
há duas interpretações possíveis:

1 - Bartimeu, começou a clamar a Jesus quando este


entrava na cidade de Jerico e Ele o atendeu só quando
saia. (Mc 10.46-52). E digno de nota que não obstante o
clamor insistente do cego Bartimeu, Jesus não interrompeu
sua caminhada a não ser muito depois para realizar a
cura. E importante que tenhamos em mente que a cidade
de Jerico era pouco extensa na época de Josué, os hebreus
rodearam-na sete vezes em apenas um dia (Js 6:15). Isto
posto, é razoável supor que Jesus teve tempo suficiente para
atravessar a cidade, enquanto o cego clamava, e na saída
desta curar o suplicante.

2 - Havia duas Jericos, a antiga e a nova. Bartimeu,


o cego, clamou quando Jesus saía da velha Jerico e foi
atendido quando ele entrava na nova, distando aquela uns
três quilômetros desta (Js 6.26; I Rs 16.34).
IU

Q U A N T O S C E G O S FORAM
C U R A D O S POR J E S U S , UM OU DOIS?
(Mt 20.29-34; Mc 10.46-52; Lc 18.35-43).

De acordo com Mateus, Jesus curou dois cegos (Mt


20.30,34), porém Marcos e Lucas afirmam que um cego foi curado.
E possível que sejam dois, mas que apenas Bartimeu tenha
sido mencionado por conta de ser ele mais conhecido e mais notável
que o outro. Ou porque sua doença fosse de uma maior
gravidade, ou mais notável.

ISAÍAS A N D O U NU POR TRÊS ANOS? |

“Então disse o Senhor: Assim como o meu servo Isaías


andou três anos nu..... ” (Is 20.3 a)

Existe muita especulação em torno desta passagem.


E alguns chegam mesmo a afirmar que Isaías andou nu,
literalmente, por três anos. Mas esta afirmação foge ao
espírito das escrituras que, no livro do Êxodo, proíbe a
exposição pública da nudez (Êx 20.26).
Ora, se a lei proibia a nudez em público, Como Isaías
poderia ter andado nu, literalmente, por três anos, como,
aparentemente, ele mesmo afirma?
Antes de tudo, deve-se observar que a expressão
andar nu, no caso de Isaías, não deve ser tomado no sentido
literal da palavra.
Pois, se atentarmos para o costume Judaico sobre sua
maneira de vestir-se, veremos que a aparente discrepância
desaparecerá.
O vestuário dos judeus constava vulgarmente de duas
peças de fato: Uma túnica ou um roupão ajustado ao corpo,
. I I \ S S O A R í - r>H MC ■RAf-s

geralmente de mangas compridas, chegando um pouco


abaixo dos joelhos e mais tarde ao tornozelo; e um manto
largo, de notável comprimento, preso aos ombros, e lançado
em volta do corpo.
Dentro de casa era o primeiro vestido o que muitas
vezes unicamente se usava. Todavia, era considerado como
uma espécie de trajo caseiro, com o qual não era costume
receber visitas.
E por isso diz na Escritura que pessoas assim vestidas
estavam nuas, ou tinham tirado os seus vestidos.
Isto posto poderiamos interpretar a passagem com as
seguintes palavras: Isaías andou três anos sem os seus vestidos
de cima e não totalmente sem roupas, como alguns querem
fazer pensar.
DIFICULDADES

O PECADO IMPERDOÁVEL.
O QUE É A BLASFÊMIA CONTRA
O ESPÍRITO SANTO?

“Portanto eu ros digo: Todo o pecado e blasfêmia se


perdoará aos homens; Mas a blasfêmia contra o Espírito não será
perdoada aos homens. E se qualquer disser alguma palavra contra
o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado; mas se alguém falar contra
o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século, nem no
futuro’’ (Mt 12.31,32)

Muita polêmica e controvérsia tem sido gerada em


torno deste tão curioso tema. E não são poucas as pessoas
que tem vivido atormentadas, em razão de achar que
blasfemaram contra o Espírito Santo, pelo fato de haverem
recebido estudos e orientações com base nas interpretações
equivocadas da Palavra de Deus.
Entretanto, é digno de nota que, nem todos os
que assim tem procedido agiram com dolo, objetivando o
prejuízo do rebanho de Deus, mas, provavelmente, por lhes
faltar recursos que os possibilitassem embasar seus estudos e
orientações numa exegese sólida e confiável.
Um assunto tão sério, como este, merece ser tratado
com todo cuidado, seriedade e reverencia que a Palavra de
Deus inspira.
Pois deve-se ter em mente que: a alegria, a felicidade, a paz
e a vida eterna de muitas pessoas podem estar em jogo. E, acima
de mdo, a própria Palavra de Deus pode ser comprometida ao
afirmarmos algo que, na verdade, ela jamais afirmou.
Isto posto, humildemente enfocaremos o tema,
objetivando, o quanto possível, elucidá-lo e, por comseguinte,
remover as dificuldades aparentes.

ETIMOLOGIA

“ Blasfemar: a palavra é oriunda do grego, blasphemo,


que por sua vez é simplificação de blaps (i) phemeo, “falar para
danificar ”, “falar mal”, que se deriva de blapsis, “dano”, e phemi,
“falar”, e significa, de modo geral, “causar má reputação”,
“caluniar”, “blasfemar”.
A palavra “blasfêmia” aparece cerca de 56 vezes
no Novo Testamento. Blasfêmia, do grego, blasphemia
(um substantivo de ação) significa: “linguagem profana”,
“conversa caluniadora”, ou “difamação, mediante a qual
outra pessoa é prejudicada”. (DITNT)

DEFINIÇÃO

Blasfemar, no sentido do texto bíblico, é: “proferir


palavras abusivas ou injuriosas contra a honra e a santidade
da Divindade, de modo consciente e malicioso”.
O blasfemador (do gr blasphemos) contra o Espírito
Santo é aquele que reconheceu que Deus está operando
mediante o Espírito Santo, nas ações de Jesus, e que
deliberada e conscientemente dão definição falsa da fé em
Deus como sendo fé no diabo. Tal coisa não é algo que se
pratica em fraqueza ou dúvida: é feita por alguém que já tem
sido dominado pelo Espírito Santo, e sabe muito bem contra
quem está declarando guerra.
Trata-se do blasfemador que deliberadamente faz
assim depois de um encontro com o Deus da graça, conforme
mostra o contexto. Jesus acabara de realizar mais um de
seus grandes milagres de cura, expelindo o demônio de um
homem cego e mudo; e “de tal modo o curou, que o cego e
mudo falava e via” (Mt 12.22). Esse milagre impressionou
de tal maneira a multidão que, maravilhada, reconhecia
publicamente a messianidade de Jesus, o Filho de Deus.
Diz o texto sagrado: “E toda a multidão se admirava
e dizia: Não é este o Filho de Davi? ” (Mt 12.23). (“Filho de
Davi” era um título messiânico; o título oficial do Messias
prometido).
Os fariseus, entretanto, por ódio e inveja do Filho
de Deus, e numa tentativa de impedir que a multidão cresse
Nele, disseram: “Este não expulsa os demônios senão por Belzebu,
príncipe dos demônios” (Mt 12.24). Com estas palavras eles
atribuíram a Satanás a obra realizada por Jesus, pelo poder
do Espírito Santo.
Estas palavras foram discernidas por Jesus como
ofensa consciente à Divindade do Espírito Santo (Mt
12.27,28,31,32), pois Jesus foi ungido pelo Espírito Santo
para libertar “a todos os oprimidos do diabo... ” (Is 61.1,2;
At 10.38).
Portanto, blasfemar contra o Espírito Santo é atribuir,
consciente e deliberadamente a Satanás ou a um espírito
maligno ou demônio (Mc 3.22; Mt 12.22), uma ação que
se sabe ter sido realizada por Jesus, pelo poder do Espírito
Santo.
Isto posto, pode-se dizer aqueles que tenham sido
atormentados pelo medo de que talvez tenham cometido
o “pecado imperdoável” que, conforme pondera o Dr.
Champlim: “Sua própria preocupação temerosa é, de
si mesma, um sinal de que não cometeram o pecado
contemplado no ensino de Jesus neste ponto”.
Por que a blasfêmia contra o Espírito Santo é
imperdoável?
“Portanto eu vos digo: “Todo o pecado e blasfêmia se
perdoará aos homens; Mas a blasfêmia contra o Espírito não será
perdoada aos homens. E se qualquer disser alguma palavra contra
o Filho do Homem, serdhe-á perdoado; mas se alguém falar contra
o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século, nem no
futuro” (Mt 12.31,32).
Segundo se pode depreender do ensino de Jesus,
em sua última instrução aos seus discípulos no cenáculo, a
missão precípua do Espírito Santo é convencer o homem:
do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.7-11). Mas se depois
de havermos participado da sua comunhão, e dos seus dons
graciosos blasfemamos contra Ele, de forma consciente e
deliberada, como poderá nos convencer do pecado, visto que
com essa atitude perversa estaremos abertamente rejeitando
e impedindo sua ação reconciliatória?
Por esta razão, o perdão para o pecado da blasfêmia
contra o Espírito Santo torna-se impossível.
Esta posição tem a seu favor o apoio formidável
de exegetas de renome internacional do porte de: Russel
Champlin, W. Mundle e Estevam Ângelo de Souza.
“Blasfemar contra esse gracioso Espírito, o qual nos dá certeza
da presença e do perdão de Deus, distribuindo qualidades adaptadas a
cada crente, é renunciar a todas as coisas espirituais. O Espírito Santo
é o agente da iluminação. Ele traz luz aos homens, a fim de que possam
ver o que Cristo fez em favor deles; ele confere luz divina a alma e dá
início a sua misteriosa transformação dos homens segundo a imagem de
Cristo; Mas a vontade humana pervertida pode contrabalançar isso; e,
ao assim fazer, quando tal ação é deliberada, temos um “insulto” contra
o Espírito, uma silente afirmativa de que sua obra mística de nada vale,
não valendo a pena seu cultivo” (Champlin).
Bstêvam Ângelo, falando acerca da gravidade e
consequência do pecado da blasfêmia contra o Espírito
Santo diz: “resulta na separação do único que pode conduzir o
pecador a Deus. A blasfêmia é pecado imperdoável, não porque Deus
não seja misericordioso, mas porque o que assim procede afasta-se
conscientemente do plano redentor de Deus e revela por si mesmo ter
um coração insensível, que não sabe afligir-se pelo pecado. Sem tal
sentimento, é impossível o arrependimento que conduz ao perdão e
a reconciliação com Deus”.

ONDE ESTEVE JESUS


D O S 12 A O S 30 A N O S ?

Místicos, céticos, críticos e religiosos em todo o mundo


tem especulado sobre os anos obscuros da vida de Jesus.
Perguntam eles: “Onde esteve Jesus dos 12 aos 30 anos de idade?
E diante desta indagação, não são poucos os cristãos
que se acham embaraçados por conta de verem nesta
pergunta, as vezes inocente mas, na maioria das vezes,
carregada de maldade, uma “dificuldade insuperável”.
Muito se tem escrito sobre esse período misterioso da
vida de Jesus, sem, contudo, satisfazer a expectativa do leitor
mais arguto.
Com relação a esses 18 anos da vida de Jesus - mais
da metade da sua vida terrena - nada referem os evangelhos.
Lucas resume esse longo período nas poucas palavras: “Subiu
com seus pais a Nazaré e lhes estava s u j e i t o E crescia Jesus
em sabedoria e em estatura, e em graça para com Deus e os
homens” - Lc 2.51,52.
Enquanto os evangelistas deixaram de contar muita
coisa da vida de Jesus, que desejaríamos saber, os escritores
apócrifos se esforçaram para encher os claros, imaginando
histórias belas, ocas ou repelentes, que demonstravam quão
pouco compreendiam os Evangelhos originais, ou o caráter
de Jesus. (Huberto Rohden)

I
Ainda, segundo Huberto Rohden: “A opinião mais comum, porém,
é que o jovem tenha demandado terras longínquas, o Egito ou a
índia, a fim de ser iniciado pelos grandes mestres espirituais que ali
viviam ou haviam deixado escolas esotéricas. Outros se contentam
com admitir uma estadia entre os essênios, fraternidade ascético-
mística de judeus, não longe do Mar Morto.

O estranho é, entretanto, que os conterrâneos de


Jesus nada saibam dessa suposta ausência dele. Quando aos
30 anos de idade, aparece em público, perguntam eles, cheios
de surpresa: “ Donde lhe vem essa sabedoria? ” (...)
Se Jesus tivesse estado ausente tantos anos, não
seria óbvio que seus conterrâneos mencionassem o fato? E
que procurassem relacionar a sua surpreendente sabedoria
espiritual com essa longa ausência e possível permanência
em outras partes do globo?
Atentando para as parábolas de Jesus e perguntando
a nós mesmos como chegaram a ser o que são, e qual foi o
processo mental pelo qual Jesus as elaborou, torna-se claro
logo que um bom número delas são frutos da experiência
da vida doméstica, e surge o pensamento; “ Porque teria ele
procurado fora o que achava em casa? ”.
Por outro lado, pergunta Huberto Rohden: “Que
necessidade tinha ele de se sentar aos pés dos mestres humanos,
ele que já aos 12 anos possuía uma sabedoria espiritual maior que
os teólogos da sinagoga e do templo, encanecidos nos estudos das
revelações de Deus? ” .
Ele mesmo, disse, em certa ocasião: “A rainha do meio-
dia, veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão.
E eis que está aqui quem é maior do que Salomão” (Mt 12.42) E
quanto a Salomão, a Bíblia é categórica: “ E era a sabedoria de
Salomão maior que a sabedoria de todos os do Oriente e do que toda
a sabedoria dos egípcios. E era ele ainda mais sábio do que todos
os homens... E correu o seu nome por todas as nações em redor ”. (I
Reis 4.30,31).
Diante do exposto, seria insensato supor que aquele
que é mais sábio que Salomão tivesse algo que aprender com
os mestres e gurus da Índia ou do Egito, ou mesmo com os
essênios.
“Nem a sabedoria filosófica de Hermes Trismegistus,
do Egito, nem a espiritualidade mística dos vedas, ou da
Bhagavad-Gita, da Índia, influenciaram o espírito de Jesus;
a sua grande sabedoria divina lhe vinha da fonte suprema,
do seu contato imediato com o Pai das Luzes. Mais tarde,
durante a sua vida ministerial, como referem os evangelhos
repetidas vezes, Jesus se retirava para o cume dos montes ou
para a solidão do ermo, a fim de estar a sós com o Pai dos céus,
por vezes noites inteiras. “Não terá o jovem feito o mesmo em
Nazaré? Não terá ele, após os labores diários na pequena carpintaria,
demandado a convidativa solidão das montanhas que circundam
Nazaré de Três Lados, abismando-se, profunda e divinamente, no
grande mundo do “ Pai dos Céus ou do reino de Deus ”, que forma o
centro dos seus ensinamentos? ” (Huberto Rohden).
Isto posto, é razoável concluirmos que Jesus adolesceu
no meio da sua família, em Nazaré, onde também passou
toda a sua mocidade até a idade de 30 anos (Lc 4.16 a).
Há certas alusões nos evangelhos que nos fornecem
um pouco dos detalhes da sua vida em Nazaré.
Certa vez, quando de sua aparição em público, o povo
de Nazaré indagou: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria e
Irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? E não estão
: iAS m 'ARES 1)1-

aqui conosco suas irmãs1 ” (Mc 6.3). Ora, sendo ele conhecido
pelos nazarenos pela sua profissão, com razão indagamos:
“De onde lhe veio esta fama de carpinteiro? Há somente uma
resposta plausível e satisfatória: do aprendizado na oficina de
carpintaria, de seu pai, na cidade de Nazaré ”.
Com o desaparecimento do ancião José, da narrativa
do Evangelho, seu legítimo sucessor, esmerado na arte da
carpintaria, como ficou patente na declaração dos nazarenos,
o substituiu.
Portanto, “Jesus é filho mais velho, criado para ser
carpinteiro e carpinteiro foi, sem dúvida, em Nazaré, até cerca de
30 anos de idade. ” (Lc 4.16 a Huberto Rohden)

QUEM É A PEDRA?
“Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei
a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
(Mt 16.18).

Provavelmente não exista no Novo Testamento outra


passagem que tenha causado tanta polêmica, abuso e atenção
como esta de Mateus 16.18.
O catolicismo romano, visando a perpetuação do
papismo, durante muitos séculos vem sustentando a velha e
contraditória posição de que “a pedra é Pedro”.
Já os protestantes, dessoando do diapasão romanista,
sem demover um só milímetro, sustentam firmemente a
posição tradicional de que “a pedra é a confissão de Pedro”.
Mas afinal quem é a pedra? Pedro ou a confissão de
Pedro?
Para responder a essa pergunta, compulsamos vários
compêndios de exegetas de renome no cenário evangélico
internacional. E deles, honestamente, haurimos boa parte
do que iremos apresentar.
PERC.l NTA? DIFÍCt > DF RESPONDER

Dividiremos o presente estudo em duas partes:

A posição romana: “A pedra é Pedro”;

A posição evangélica: “ A pedra é a confissão de Pedro ”

Luney, escritor católico romano, reconhece que 17


padres consideram Pedro como a rocha; 44 consideram
a confissão de Pedro como a rocha; 16 consideram Cristo
como a rocha; enquanto 8 opinam que a igreja foi construída
sobre todos os apóstolos.
Uns dizem que a pedra é Pedro, outros que é Cristo
e ainda outros que a pedra representa a confissão de Pedro.
Esta última tem a seu favor o engenho formidável
de Santo Agostinho, e, no dizer de Figueiredo: “era uma
interpretação comuníssima dos outros pais quer anteriores quer
posteriores a Santo Agostinho”.

A P O SIÇ Ã O ROMANA: “A pedra é Pedro ”

A pedra, segundo a exegese romanista, é o próprio


Pedro.
Mas pergunta o Rev. Othoniel Motta: “ Poderia Cristo
fundar a sua igreja sobre o falível de um homem, que tantas provas
deu de sua fraqueza1 ”
A respeito dessa posição herética do catolicismo
romano, assim escreveu Huberto Rohden, padre católico
romano, em seu livro “Jesus Nazareno”: E claro, à luz do texto
do evangelho, que Jesus não fundou Sua igreja sobre a pessoa humana
(carne e sangue) de Pedro, mas sobre a revelação divina que Pedro
acabava de receber; essa revelação divina é que é chamada a “pedra”
ou a rocha da igreja. (...)”. Era esta a doutrina predominante nos
primeiros séculos do cristianismo; assim pensavam Pedro, Paulo, e os
outros apóstolos, até ao tempo de Santo Agostinho, quinto século. Só
mais tarde, com a sucessiva centralização da hierarquia eclesiástica
na metrópole do Império Romano, é que surgiu paulatinamente a
doutrina de que Jesus nomeava a pessoa de Pedro fundamento da
sua igreja, e que seus sucessores eclesiásticos herdavam esse poder.
Essa doutrina visa a consolidação da igreja de Roma, mas não
corresponde à verdade espiritual proclamada por Jesus”.
Muitos outros depoimentos poderiam ser aduzidos,
porém os presentes bastam para concluirmos que a pedra
não é nem pode ser Pedro.
Mas, mesmo assim, não poderiamos deixar de
acrescentar o último depoimento de um exegeta de peso que
diz: “60 padres foram contrários a tese de que Pedro é a pedra.
Este número é significativo. Qual a razão que levou a maioria
dos padres antigos - entre eles Crisóstomo e Agostinho, dois
exegetas consumados - a entender que Cristo, ao proferir
as palavras “sobre esta pedra edificarei a minha igreja”, não
falava de Pedro?
Isto posto, vamos à posição prevalecente no meio
evangélico.
A posição evangélica: “A pedra é a confissão de Pedro” .
Seguindo uma regra da hermenêutica sacra, que
ordena que, para maior clareza de um texto se recorra ao
contexto, comecemos por ler o capítulo 16 de Mateus, do
versículo 13 a 20. Essa leitura diz o Rev Herculando de
Gouvêa Junior, “Nos convence de que o assunto principal da
confahulação de Cristo com os Seus discípulos versa a respeito da
Sua própria personalidade”.
“Quem dizem os homens que é o Filho do homem”?
Pergunta Jesus Cristo.
“Tu és o Cristo, filho do Deus vivo”, responde Pedro.
A confissão de Pedro faz que a conversa atinja o seu ponto
culminante. E a nota central de todo o trecho bíblico.
Duas observações confirmam essa conclusão.
Primeira: Cristo, ao mesmo passo que exalta a confissão de
Pedro, lembra-lhe a sua insuficiência natural para descobrir
o que só Deus lhe podia revelar.
Segunda: as passagens paralelas - (Mc 8.27-34 e
Lc 9.18-23), põem em evidência a confissão de Pedro, mas
relegam para plano secundário a pessoa que fez a confissão.
E se Marcos, como supõem alguns, escreveu o seu evangelho
sob a ciireção de Pedro, ainda mais concludente é a omissão
referida.
“Tratando-se, pois, de uma pedra sobre a qual seria
a igreja construída, e tendo de escolher entre duas pedras
- Pedro ou sua confissão, optamos pela maior, pela mais
sólida, a confissão de Pedro, isto é, o Cristo”.

ARGUMENTO FILOLÓGICO

Antes de tudo, é importante observarmos que


Pedro e pedra são duas palavras distintas, que representam
gramaticalmente, idéias diversas. São Petros e Petra. A
primeira é um masculino, a segunda um feminino.
Vamos, em primeiro lugar, indagar qual das duas
palavras, gramaticalmente, encerra a ideia central, primitiva:
Pedro ou pedra. Petros ou Petra, verificando como é patente, que
tanta semelhança formal apresentam?
Firmando as nossas considerações, sob o ponto de
vista gramatical, notaremos que o Senhor Jesus Cristo aceitou
esta prioridade, fazendo-a recair sobre o vocábulo petra.
“E sobre esta pedra” - Tautê, tê petra. Recorrendo
ainda à significação das palavras referidas, encontramos aí
fundamento sólido a este conceito, observando que Petros
não tem a significação ampla e elevada de petra. Petros
significa “fragmento, estilhaço de rocha”, é uma pedra de
proporções insignificantes. Ao passo que petra, é rocha, uma
pedra considerável, fazendo-se bem em conservar a palavra
rocha, como equivalente seu.
Falando a esse respeito diz Gueiros: “Os demonstrativos”
Tautê e Té, modificadores de petra, eliminando toda dúvida de,
se Pedro, seria o fundamento de que trata o mesmo trecho. Tautê
e Te são palavras do gênero feminino, enquanto Petros é nome
masculino, tornando impossível, por irracional e anti-gramatical,
a concordância incongruente de palavras de um gênero, de nome
masculino modificado por palavras do feminino. ”
Resumindo o que, sobre este ponto escrevemos, não
ficaria mal ao texto salientà-lo, com a seguinte paráfrase: “Eu
te digo que tu és Pedro - uma parte da rocha, um fragmento petrae,
sobre esta pedra- a rocha que acabais de confessar - eu edificarei
a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
Conserve-se, pois, a diferença semântica de Petros e
petra, Pedro e pedra, acrescentando que petra, como rocha,
é o leito maciço, a pedreira abundante de onde se podem
retirar os pedaços (petros)”.
Observação: “O argumento de que Cristo falou em
aramaico, onde Pedro e pedra correspondem ao termo único -
Kephas, é inconsistente, visto que Mateus, inspirado, transladou
para o grego as palavras de Cristo, dando-lhes nesta língua termos
diversos para significar os dois Kephas: ao primeiro chamou Pedro e
ao segundo chamou pedra ”.
Daí a versão de SJerônimo da vulgata: “Tu és Petrus et
Super Hanc Petram aedijicabo ecclesiam means”. (Mt 16:18a)
PER l T ’"

O TESTEMUNHO DE PEDRO

O apóstolo Pedro, em seu primeiro discurso após o dia


de Pentecostes, faz duas grandes e claras afirmações a respeito
do Cristo, dizendo: “ Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os
edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E em nenhum
outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome
há, dado entre os homens pelo qual devemos ser salvos”. (At 4.11,12).
Na sua primeira epístola, trata ele novamente do
assunto e recorre, segunda vez, ao testemunho do Antigo
Testamento: “chegando-vos, para ele, pedra viva, reprovada, na
verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa.
(...) por isso também na Escritura se contém: “Eis que ponho em
Sido a pedra principal da esquina, eleita e preciosa, e quem nela crer
não será confundido. E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas
para os rebeldes, a pedra que os edificadores reprovaram, essa foi a
principal da esquina”. (lPe 2.4-7).
Estas palavras são claríssimas e dispensam comentários.
Deixemos de parte o apóstolo Pedro e recorramos ao
apóstolo e doutor dos gentios, cuja opinião, abalizadíssima,
nos premia consideravelmente.

O TESTEMUNHO DE PAULO

Na carta aos Romanos, declara-nos ele que os judeus:


“tropeçaram na pedra de tropeço”. E acrescenta: “Como está
escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço,
e rocha de escândalo; E todo aquele que crer nela não será
confundido” (Rm 9:32,33).
Escrevendo aos coríntios: “Por que ninguém pode
por outro fundamento além do que já está posto, o qual é
Jesus Cristo”. (IC o 3:11). Aos efésios, o mesmo apóstolo
escreve: “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos
profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina”. (Ef
2:20). E interessante notar nesta passagem que não é um só
dos apóstolos mencionados, mas todos. “No qual”, refere-se
a Cristo e não aos apóstolos.
Muitas outras passagens poderiam ser aduzidas,
porém as presentes bastam para esclarecer o ensino do Novo
Testamento, sobre tão importante assunto.
Os luminares da Igreja (os chamados pais da igreja)
Volvamos os nossos olhos agora para os grandes
luminares da igreja.
...O erudito Jerônimo diz: “Petra Christus est, a pedra
é Cristo”.
Agostinho, em seus Retractationum LXXX, diz que:
“O Senhor não disse a Pedro: Tu és pedra, senão tu és Pedro”. O
mesmo Agostinho, em seu tratado CXXIV, sobre S. João,
comentando mais o assunto diz: “Tu és Pedro, denominado
assim da pedra que confessaste, que sou eu, sobre a qual
edificarei eu a minha igreja”.
E de igual modo interpretavam esta passagem;
Hilário, Ambrósio, Cyrillo e outros.
Mediante tantas provas irrefragáveis, não há que negar
que a pedra, do célebre texto em questão, é indubitavelmente,
“a confissão de Pedro”.
Divergir dessa interpretação é divergir ao mesmo
tempo do ensino de todo o Novo Testamento e da
interpretação dos ilustres escritores da igreja primitiva.
Para fecharmos com chave de ouro este tão empolgante
assunto, trasladaremos para aqui dois importantes
depoimentos. “No Pastor Hermas a igreja aparece na figura
de uma torre, firmada sobre uma rocha, que é Cristo. Não há
a menor menção de Pedro” (R.C.R.).
I
“Não nos admira que a igreja romana, para a consecução de cujos
fins todos os meios são lícitos, tirasse de Cristo o direito único do
fundamento da igreja, para dá-lo a um homem mortal e pecador.
Mas sim nos admira querer dita igreja manter em pleno século 21
tão falsa interpretação ante os depoimentos claros das testemunhas
citadas”.

No forro da biblioteca do Vaticano estão pintados


em cores vivas quadros que representam todos os concílios
havidos na igreja desde o de Niceia até o de Trento.
No primeiro concilio o de Niceia, no ano 325,
ninguém ocupa a presidência. Tanto o bispo de Roma como o
Imperador Constantino negaram-se a assumir a presidência.
No segundo concilio já se nota uma pequena
diferença, a Bíblia ocupa lugar secundário ao lado da
presidência.
Nos quadros seguintes, nota-se que a Bíblia pouco a
pouco vai desaparecendo, que no concilio de Trento (1545-
1563) desaparece por completo.
O mesmo que a igreja de Roma fez com a Bíblia, fez
também com Cristo. Ele o verdadeiro, e, único fundamento
da igreja, foi sendo pouco a pouco rejeitado e em Seu lugar
posto Pedro, e como legítimos sucessores deste, essa plêiade
de papas que não pouco contribuíram para macular as
páginas da História”. (Testemunho).
Kl í AS Si )AR! S nr, Mv )R.AH

O S O F R I M E N T O DE PAULO
O QUE ERA O ESPINHO
NA C A R N E DE PAULO?
“E, para que não me exaltasse pela excelência
das revelações, foi-me dado um espinho na carne...”
2CO 12.7

Muita tinta tem sido derramada pelos mais renomados


teólogos na tentativa de dar uma resposta razoavelmente
satisfatória a uma das perguntas mais difíceis de responder,
em toda a Bíblia.
O que era o sofrimento de Paulo que ele,
metaforicamente, o compara a um espinho na carne?
Diversas opiniões têm sido apresentadas acerca desta
tão enigmática questão.
Entretanto, sem as pretensões de exímio escafandrista,
procuraremos com toda humildade, apresentar, dentre as
muitas opiniões, aquelas que, segundo o nosso ponto de
vista, parecem ser as mais plausíveis.
Os teólogos apresentam três pontos de vista acerca
do assunto:

Sofrimento físico.

Sofrimento moral.

Sofrimento espiritual.
SOFRIMENTO FÍSICO

Grande corrente de opiniões, e entre as quais figuram


as de teólogos modernos e autoridades em exegese do Novo
Testamento, dá à expressão “espinho na carne” em virtude
da frase “na carne” e por outros motivos apresentados no
contexto, a ideia de sofrimento corporais, entendendo
que Paulo se refere a algum sofrimento físico especial.
Seria isso como um “espinho na carne”, um “mensageiro
de Satanás” para maltratá-lo, de modo a ele sentir-se fraco
(vs 9,10), e tudo para que ele não se engrandecesse, diante
das glórias que havia recebido, as visões e revelações do
Senhor (v. 1). Nesta linha de interpretação, variam muito
as opiniões com respeito à espécie de sofrimento físico
que Paulo teria tido.
Já antes dos tempos de Jerônimo vem a explicação,
que ele registra, de que o “espinho” que maltratava o
apóstolo eram ...dores de cabeça.
Aventuram outros, e entre eles Tertuliano, a atribuir
ao grande viajante dores de ouvido.
Para Krenkel, a doença que Paulo sofria era a epilepsia,
que os antigos consideravam como uma visitação
sobrenatural e frequentemente associada com demência
(Mt 4.24; 17.15) e extravagâncias. Paulo teria sido tachado
disso (2 CO 5:13; 12.11).... Os racionalistas preferem essa
conjectura, pois desejam explicar a conversão do apóstolo
como resultado de fenômenos de alucinação (At 26.24).
“Sustentam a opinião de que Paulo era epilético, ainda
autores do porte de Hosten, Erval, Klepper, Lightfoot,
Schnnidel, etc”.
Duas hipóteses existem que trazem consigo certa
plausibilidade. Uma delas, muito generalizada, é a que
faz o apóstolo referir-se a uma oftalmia, que deveria
ser consequência do próprio incidente do caminho
de Damasco. Lightfoot defende essa ideia. Uma das
razões em seu abono é que Paulo, na carta aos Gálatas,
parece dar a entender que sofria dos olhos (4.15), até
mesmo nas palavras de (6.11). Não obstante, se era um
problema nos olhos, porque razão, na sua segunda carta
a Timóteo ele pede para que este lhe traga “os livros e
principalmente os pergaminhos”? (2Tm 4.13).
A outra hipótese, defendida por insuperável
conhecedor da vida do apóstolo dos gentios, Ramsey
atribui todo o sofrimento a que se refere o capítulo 12
de segundo aos Coríntios à febre malária que Paulo
mui facilmente teria apanhado nas regiões insalubres
da província romana da Ásia, por que tanto viajou.
Essa moléstia grassava na bacia do Mediterrâneo. Ela
traz como consequência enxaquecas, delírios noturnos,
esgotamento físico, etc.

SOFRIMENTO MORAL

Esta é uma explicação pouco comum entre os exegetas


modernos, mas tem sido também adotada.
Epaminondas M. do Amaral afirma que: “a expressão”
“na carne” “não indica necessariamente sofrimento físico,
mas, sem referência à carne do apóstolo, ou seu corpo,
unida ao substantivo anterior, numa como que frase feita,
pode significar que ele recebera alguma provação que
fazia o efeito de um espinho na carne”.
Eis algumas opiniões que, segundo Ebenezer Soares,
possivelmente poderíam ser o sofrimento moral do
apóstolo.
Remorsos: Paulo faz referências aos remorsos que
foram gerados em sua consciência em virtude de haver
perseguido a igreja. (1 Co 15.9).
Incredulidade de Israel: Sua alma confrangia-se
em grande dor ao verificar que Israel permanecia na
incredulidade (Rm 9.1-3)
Injúrias: Algum inimigo pessoal o havia injuriado
muito a ponto de o apóstolo ficar abatido.
Estímulos carnais: Esta foi a opinião muito em voga
na Idade Média. Apoiaram-se na tradução da Vulgata
de 2 CO 12.7 “Stimulus Carnalis meae” - “aguilhão de
minha carne”.

SOFRIMENTO ESPIRITUAL

Segundo Lutero, Paulo tinha que lutar contra o


orgulho, contra a blasfêmia que em seu ser desejavam
vencê-lo.
Para os teólogos gregos, o espinho referido no
texto, eram os inimigos de Paulo, e este sofria muito ao
dizer: “Alexandre o latoeiro, causou-me muitos males; o
Senhor lhe pague segundo as suas Obras” (2 Tm 4.14).
Teólogos latinos viam atrás da metáfora paulina, as
tentações afeitas ao sexo forte, exercendo na consciência
do apóstolo, afinada pelo diapasão de Cristo Jesus, a
função idêntica à de um incômodo espinho na carne.
(Rm 7.15-24).
Para outros, nada mais era do que o gênio
intempestivo de Paulo, que o feria, fazendo-o sofrer,
qual espinho na carne (Rm 7.15-24)
Outros, ainda, entendem que Paulo era casado e
sofria como Sócrates nas unhas de uma Xantipa.
A Q U E LE I P A U L O FEZ R E F E R Ê N C I A
PARA L I V R AR - S E D O S A Ç O I T E S

“...É-vos lícito açoitar um romano, sem ser


condenado?” At 22.25.

Geralmente, faz-se referência à passagem citada


enfatizando a ousadia e a cidadania romana do apóstolo,
sem, contudo, atentar para a lei que o protegia dos açoites na
qualidade de cidadão do império.
Paulo, de conformidade com os costumes romanos,
foi despido até a cintura e amarrado com tiras de couro,
conforme fizeram a nosso Senhor Jesus Cristo, a uma coluna
ou poste de flagelação, que havia no interior da fortaleza,
para esse modo de tortura. No momento de ser torturado,
Paulo usa as palavras que faziam cessar de imediato a
violência contra qualquer cidadão do império: “Civis romanus
Sum” (sou cidadão romano). “É-vos lícito açoitar um cidadão
romano?”.
A chamada Lex Valería, baixada no ano de 509 a.C.,
isentava os cidadãos romanos de quaisquer tratamentos
cruéis e abusivos, ficando inclusa a flagelação, enquanto não
houvesse julgamento justo e não se chegasse a uma decisão
sobre o tipo de castigo aplicado aos réus. A Lex Porcia, à
qual Paulo fez referência, baixada em 248 a.C., tornou
essa determinação absoluta, de tal modo que um cidadão
romano não podia ser tratado com brutal violência nem
mesmo quando formalmente julgado e condenado. Pela Lex
Porcia, era passível de pena capital toda a autoridade que
mandasse flagelar um cidadão romano. Cícero declarou:
“Algemar um cidadão romano era um crime, açoitá-lo
um escândalo, e executá-lo, um parricídio. “Só podia ser
1’í R í • , \S niFÍCl :■ >ERHSi'í N í

flagelado um alienígena, um bárbaro, um escravo, mas


nunca um cidadão do Império de César”. Paulo conhecia
essa lei, e quem sabe se não foi precisamente por isso que
permitiu o desumano castigo do dia anterior? Assim tratado
com clamorosa injustiça, podia bancar a vítima inocente e
impor a sua vontade ao tribuno da cidade, reclamando plena
liberdade de ação, sob pena de denunciar a autoridade local
como incursa no artigo fatídico da Lex Porcia” (E claro que isso
é apenas um a conjectura) (autor desconhecido).

PO R Q U E O C A R C E R E I R O DE F I L IP O S
QUIS SUICIDAR-SE?

Segundo Champlin:

“Os carcereiros, que através de um acidente involuntário


ou de negligência, permitiam que algum prisioneiro importante
escapasse (especialmente os detentos por causa de algum crime
capital), tinham de pagar por esse erro com a própria vida”.
Ainda que tais carcereiros não sofressem a punição
capital, tornavam-se sujeitos à desgraça, ao aprisionamento,
as torturas e às outras penalidades.
A regra geral parece ter sido que os carcereiros que
deixassem seus prisioneiros fugirem teriam de receber o
mesmo castigo que estava destinado a estes últimos, pelos
quais eram o responsável. A maioria das prisões, mui
provavelmente, continha assassinos detidos; portanto, um
caso de fuga em massa naturalmente significava a morte
certa do carcereiro envolvido no caso de escape.
Por esta causa, a fim de evitar tais penas, o carcereiro
filipense pensou que era mais fácil suicidar-se.

47
POR Q U E J E S U S NÃO QUI S B E B E R O

I V I N A G R E M I S T U R A D O C O M FEL?

“Deram-lhe a beber vinagre misturado com fel; mas


provando-o, não quis beber. ” (Mt 27.34)

Esse ato de misericórdia é referido repetidamente em


outras circunstâncias. É notório, a todos, que era costume na
antiguidade proporcionar aos condenados à pena de morte
bebidas narcóticas para minorar-lhes os sofrimentos. Assim,
diz-se numa antiga Baraita judia: “Àquele que é conduzido
para a morte dá-se-a beber num copo de vinho um pouco de
incenso para atordoá-lo”.
Havia em Jerusalém uma sociedade de senhoras
caridosas que procuravam suprir esta bebida aos sentenciados
na hora da sua agonia. Essas dignas mulheres de Jerusalém
costumavam ministrá-lo espontaneamente. Moldenke,
pesquisador da flora bíblica, opina a respeito: “ O vinho com
mina foi oferecido bondosamente a Jesus antes da crucificação para
mitigar-lhe o sofrimento, como antes do tempo da anestesia se davam
bebidas inebriantes aos pacientes por ocasião de grandes operações.
Mas Jesus afastou a bebida e suportou com inteira
consciência as dores de ser pregado na cruz”.
Sugerem alguns comentaristas, entre eles, Plumptre
F. N. Peloubet, e W.J. Deane, que Jesus provou a bebida
que lhe foi oferecida em sinal de reconhecimento do ato de
delicadeza e bondade”. “Não a bebeu borüue veio bara traear o
cálix da nossa amarmra até a última hora”.

Champlin diz que “Clemente Dane louvou a Jesus pelo


que Ele fez, como se pode ver nesses versos:
“N ão me prostrarei
Ante o Jesus gentil das mulheres,
M as ante o homem pendurado entre a terra e o céu
Seis horas mortais; que viu o fim (conforme as forças e os
costumes) três dias depois, mais que dominou.
Sua alm a e corpo de tal modo que quando a esponja.
Bendisse seus lábios partidos com promessa de alívio
E pronto esquecimento, Ele não quis beber
Voltou a cabeça para o outro lado, e não quis beber;
Cuspiu fora o anódino, e não quis beber...”

COM QU E M C A SO U -SE CAIM? |

“E Caim coabitou com a sua mulher, que concebeu,


e deu à luz a Enoque...” (Gn 4.17)
Nas primeiras páginas da Bíblia Sagrada, lemos que
Adão e Eva, depois de expulsos do Éden, tiveram dois filhos,
o mais velho sendo chamado Caim e o mais moço Abel.
Em seguida, temos a narração da morte de Abel às mãos de
Caim, e a saída deste para a terra de Node, do lado oriental
do Éden (Gn 4.16).
Os versículos seguintes falam da mulher de Caim, e
de seus descendentes até a sexta geração.
Muita gente, ao ler essa história, julga achar nela dificuldade
que não tem solução possível. A seu ver, o historiador quer
que Caim estivesse casado antes de haver com quem casar-se.
Muitas pessoas, com ar de triunfo e de escárnio, citam
esta dificuldade como suficiente para provar a falsidade das
Escrituras Sagradas. Outros, que de boa-fé estudam a Bíblia,
se acham embaraçados com essa dificuldade, que lhes parece
real e séria. Em proveito desta classe, ofereceremos uma
solução que deve ser satisfatória.
AS D V\RFS DF MORAHS

Há somente duas possibilidades:

1) Caim casou-se com uma parente: irmã ou sobrinha; ou


2) Com uma estrangeira - descendente de outra raça.

A segunda alternativa, por apresentar uma


contradição insuperável da história sagrada da origem da
nossa raça, está fora de cogitação. Os que defendem essa
possibilidade são os defensores da teoria do poligenismo
(afirmam que existiram vários casais no início do mundo).
Mas a Bíblia é categórica ao afirmar que existiu um só casal,
a saber, Adão e Eva (monogenismo).
Vamos ver, então, como podemos explicar a primeira
hipótese. As dificuldades que encontramos são as seguintes:

1) A Bíblia não fala em outros filhos nascidos a Adão e


Eva até depois de falar da mulher de Caim

2) Parece que houve muita gente no mundo naquele


tempo (Gn 4.14-17)

3) O casar-se com uma irmã.

Em primeiro lugar, é importante que prestemos


atenção aos seguintes, significativos fatos:

A) Que não estão registrados os nomes das filhas de


Adão e Eva, nem os das que nasceram dos seus filhos;

B) Que dos filhos de Adão e Eva não encontramos


mencionados senão os nomes de alguns, a
saber: Caim, Abel e Sete; Caim pela sua atroz
impiedade, maldade e extraordinária sabedoria da
sua posteridade; Abel, pela sua notável piedade e
morte prematura; Sete, por ser semelhante a Abel e
predecessor da semente (posteridade) prometida (Gn
3.15) Isto é, do Messias, o Cristo;

C) Que Adão teve além destes três, muitos mais filhos,


tanto homens como mulheres, segundo consta no
versículo 4 do capítulo 5 do mesmo Gênesis, onde
se encontra esta mui geral expressão: “E gerou filhos e
filhas”.

O versículo 1 do capítulo 4, não diz que Caim foi


o primogênito de Adão, nem necessariamente supõe isto o
texto. Ao contrário, é provável que Eva tivesse filhas antes do
nascimento de Caim, e talvez fosse por isso que, considerando
como um grande gozo e felicidade o fato de dar à luz um
filho, exclamasse: “Alcancei do Senhor um homem”.
No capítulo 4.25, parece que Sete nasceu pouco
depois da morte de Abel; e sabemos que isto aconteceu
quando Adão tinha 130 anos de idade. Podemos supor,
portanto, que Caim tinha não menos de 125 anos, quando
matou a Abel; e que a família de Adão era já bem numerosa.
Está, pois, fora de toda dúvida que durante esses
130 anos podia ter nascido e crescido a Adão um grande
número de filhos, netos, bisnetos, etc., aumentando
consideravelmente a população até o dia que Caim cometeu
o monstruoso crime de assassinato pelo qual foi expulso da
presença do Senhor.
Alguns querem acreditar que não teve outros filhos
até depois da morte de Abel. Isto, porém, não é possível. Deus
os criou homem e mulher e lhes deu a ordem: “Frutificai e
multiplicai-vos e enchei a terra...” (Gn 1.28). Com tal ordem,
não é razoável supor que passassem mais de um século sem
ter filhos, além de Cairn e Abel. Alguns calculam que era
possível ter ele uma descendência de um milhão de pessoas
até o tempo da morte de Abel. Ora, em 250 anos, estimam
alguns historiadores, que, os descendentes de Jacó cresceram
a quase dois milhões e meio de indivíduos. E no tempo de
Adão, além da ordem expressa de procriar, mencionada, as
circunstâncias eram mais favoráveis ao crescimento da raça
do que durante a escravidão de Israel no Egito. Isto posto,
essa hipótese não está totalmente descartada.
Com quem, pois, casou-se Caim?
Indubitavelmente, casou-se com uma das suas irmãs,
ou sobrinha.
Naquele tempo, tais casamentos eram uma
necessidade, e por isso foram permitidos por Deus, para
conservar perfeitamente a unidade da raça humana. Ele já
tinha dado a Adão uma mulher feita de uma de suas costelas.
Não consta, por forma alguma, que Caim achasse a sua
mulher em país estrangeiro. Nem que ela procedesse de outra
raça que Deus porventura tivesse criado; por conseguinte,
em vista destes fatos que acabamos de apresentar, e por não
se encontrar na Bíblia referência alguma em sentido oposto,
parece evidente que Caim era casado antes da morte de seu
irmão, e que levou consigo sua mulher para essa terra em
que andou vagabundo, sob a maldição de Deus, e em que
edificou uma cidade.
Aventurar-se a dar uma explicação estranha a esta
parte das Sagradas Escrituras é opor-se à seguinte e sublime
declaração de Paulo: “De um só (Adão) ele (Deus) fez toda
a raça humana para habitar sobre toda a face da terra”. (At
17.26-BJ - Jornal Folha Evangélica).
Q U E M S ÃO OS F I L H O S DE D E U S ,
HOM ENS OU ANJOS?

“Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram


formosas; e tomaram para si mulheres...” (Gn 6.2).
Há duas interpretações a respeito desse assunto que
merecem ser apresentadas:

1. Os anjos entraram em conúbio com as mulheres,


resultando dessa união os gigantes. Os defensores dessa
interpretação dizem que a expressão “filhos de Deus ” é
equivalente a “anjos”. E para fundamentarem sua tese,
citam os textos de Jó 1.6; 2.1; 38.7; Salmos 89.7; Daniel
3.25, onde ocorre a mesma expressão hebraica e que os
tradutores gregos alexandrinos da Septuaginta traduziram
por anjos.

Esta interpretação carece de fundamento, por várias razões:

A) Os anjos são assexuados. Jesus, em resposta aos


saduceus, que não criam na ressurreição, disse:
“Porque na ressurreição nem casam nem são dados
em casamento, mas serão como os anjos de Deus
no céu” (Mt 22.30). Ora, se na eternidade seremos
como os anjos, que não se casam, como podemos
admitir que os anjos entraram às mulheres?

B) A hipótese de que a possível união entre os anjos


e as filhas dos homens deu origem aos gigantes é
totalmente infundada. Assim afirma o versículo 4 do
capítulo 6 de Gênesis: “ H avia naqueles dias gigantes na
terra; e também depois; quando os filhos de Deus entraram
M i.V Si ■
■\ K ! »í : vii h : \ ! ■

às filhas dos homens e delas geraram filhos...”. Vemos,


portanto, que muito antes dessa união entre os filhos
de Deus e as filhas dos homens os gigantes já existiam.

Q uem são os Filhos de Deus?

2) Os filhos de Deus são os descendentes de Sete e os


filhos dos homens são os descendentes de Caim.
É consenso entre os grandes teólogos que os filhos de
Deus são uma referência à linhagem de Sete que, até então,
se caracterizava por:
a) Devoção para com Deus (Gn 4.25);
b) Consagração a Deus (Gn 4.26);
c) Comunhão com Deus (Gn 5.22)
d) Testemunho de Deus (Hb 11.5)
e) Serviço a Deus (Gn 5.29);
f) Graça recebida de Deus (Gn 6.8)

O sentido hebraico para “filhos de Deus” é filhos bons


ou filhos de Sete. Filhos dos homens são mulheres carnais ou
filhas de Caim. “O hebraico tem poucos adjetivos, e muitas
vezes usa a expressão “filho de”, para designar qualidade, e
não descendência”. (Clyde T. Francisco).
Essa interpretação é defendida pelos grandes eruditos
e a que adotamos como a mais confiável.

Observação: Uma explicação exegética e exaustiva


a respeito desse tema encontra-se no meu livro Perguntas
Difíceis de Responder volume 3, onde são dedicadas 97
páginas sobre o assunto a partir do texto grego, hebraico
e aramaico. Assista, ainda, no meu canal, Pr Elias Soares
Oficial, um debate acerca deste assunto).
Pi Pí -P A.c K í !■ ■■
'

POR Q U E BELS AZAR P R O M E T E U


O TERCEIRO E NÃO O SEG U N D O
LUGAR NO REINO A QUEM
DECIFRASSE A ESCRITA
E N IG M Á T IC A NA PAREDE
DO SEU PALÁCIO?

Estas palavras da Bíblia eram incompreensíveis e só


foram esclarecidas com o auxílio da arqueologia.
Hoje, sabe-se com certeza quem era Belsazar, pelos
textos cuneiformes do seu próprio pai. Ele não era, como diz
o livro de Daniel (5.2), filho de Nabucodonosor, e sim, de
Nabonido, que diz numa inscrição: “E no coração de Belsazar,
meu filho primogênito, rebento das minhas entranhas, põe
o temor da tua augusta divindade para que ele não cometa
nenhum pecado e para que tenha o suficiente da plenitude
da vida”.
Por aqui se torna evidente que Belsazar era príncipe
herdeiro, portanto, o segundo homem da Babilônia. Ele só
podia, pois, oferecer o terceiro posto.
Esse tipo de dificuldade é encontrado em outras
partes da Bíblia. O termo “filho” é algumas vezes usado, em
virtude de um hebraísmo (na verdade comum a quase todas
as línguas), pela palavra descendente. Exemplo: Os sacerdotes
são chamados os filhos de Levi. Mefibosete é chamado o
filho de Saul, embora fosse ele o filho de Jônatas, ainda que
Saul também tivesse um filho por nome Mefibosete. (2 Sm
19.24, 9.6; 2Sm 21).
ELIAS SOARKS DL MORAES

PO R Q U E A B R A Ã O P AR T I U OS
A N I M A I S AO M E I O E C O L O C O U OS
P E D A Ç O S UM D IA N T E DO O U T R O ?
( GN 15.1-14)

Esta era uma das maneiras do “Berith” (pacto ou


aliança) que se fazia naqueles tempos: Degolavam-se os
animais (principalmente um bezerro), dividiam -se em
duas partes colocando-se uma parte em frente da outra e
os contratantes passavam entre os pedaços (Jr 34.18-20) e
pronunciavam esta frase: “ Que a divindade (Deus) corte em
pedaços, como a estes animais, os violadores deste pacto”.
O propósito de Deus, ao ordenar toda essa cerimônia, era
mostrar a Abraão a inviolabilidade de Sua aliança e a certeza
do cumprimento de Sua promessa. (Gn 15.1-14; Jr 1.11,12).
■ -< : ' i - r e s p í :n i

C U R I O S I D A D E S 3 a. P A R T E

AS DEZ PR A GA S

As dez pragas tiveram especial significação como


prova do poder de Deus e como castigo da idolatria.
Com as pragas, Deus, ao mesmo tempo que punia os
egípcios, atacava, desmoralizava e expunha a falsidade dos
seus deuses.

(
“Naquela mesma noite passarei pelo Egito e matarei todos os
primogênitos, tanto dos homens como dos animais, e executarei juízo
sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor”. (Êx 12.12).

As dez pragas e os deuses atacados e desmoralizados


pelo Deus Eterno.

1 aP R A G A : (ÊX 7.14-25) A Á G U A É
TR A N SFO R M A D A EM SA N G U E :
Era contra o rio Nilo, tido como um deus para os
egípcios e adorado; não teve forças para evitar que as suas
águas se transformassem em sangue. O objeto do culto foi
transformado em objeto de abominação. Além do mais, os
egípcios acreditavam que o rio N ilo era protegido por vários
deuses e deusas. Mas, quando Deus o transformou em sangue,
que apodrecia e cheirava mal, ficou evidente a incapacidade
desses guardiões cumprirem o papel que o povo lhes atribuía.
Os deuses: O boi Ápis, deus do Nilo, que os egípcios
acreditavam que fosse a reencarnação de Osíris. Isis, esposa
de Osíris, também considerada deusa do Nilo, e Cnum, o
deus-carneiro, guardião do Nilo.
2a P R A G A : (Ê X 8.1-15) A INVASÃO DAS RÃS:
Segundo Joseph Angus, a rã era considerada sagrada
pelos egípcios. Eles a relacionavam com os deuses Hapi (Ápis) e
Ecte ou Heket, deusa do nascimento, que tinha cabeça de sapo.
Não obstante as rãs estarem relacionadas com as divindades, elas
morreram e espalharam um cheiro horrível por todo o Egito.

3 a P R A G A : (Ê X 8.16-19) A IN FEST A Ç Ã O
D O S P IO LH O S:
Os piolhos eram julgados como coisa desonrosa e vil,
a ponto de se considerar uma profanação a entrada no templo
com eles. Os sacerdotes egípcios, ao ministrarem nos lugares
sagrados, usavam vestes brancas de linho, alvas, extremamente
alvas. Raspavam a cabeça, antes de entrar para o lugar sagrado,
eram examinados minuciosamente, porque não podiam ter
no seu corpo ou nas suas vestes um piolho, inseto imundo e
abjeto. Agora, no entanto, eles cobrem todo o país como poeira
levantada no ar. Os sacerdotes, Faraó e sua família, os magos,
os lugares sagrados e os próprios deuses estavam cheios deles.
Não houve qualquer divindade egípcia capaz de impedir o
seu aparecimento. Até mesmo Janes e Jambres, os magos que
resistiram a Moisés, reconheceram que aquilo era o dedo de
Deus agindo contra os egípcios e seus deuses.
Com essa praga, Set, o deus do deserto, foi desmoralizado.
E até mesmo o “pó da terra, considerado sagrado no Egito,
converteu-se em insetos muito importunadores” (Paul Hoff).

4 a P R A G A : (Ê X 8.20-32), OS ENXAM ES DAS


M O SC A S:
Enxames de moscas encheram o Egito, causando
um verdadeiro flagelo. Esse milagre seria em parte contra os
sagrados escaravelhos, adorados no Egito.
5a P R A G A : (Ê X 9.1-7), A PESTE N O S ANIMAIS:
Alguns animais eram adorados pelos egípcios,
principalmente o boi e a vaca. O boi Apis, símbolo da
fertilidade, por exemplo, era adorado pelos egípcios, que
acreditavam ser ele a ressurreição do deus Osíris. Já a deusa
Hátor, que tinha cabeça de vaca, era a protetora dos animais.
Não obstante serem eles reputados e adorados como deuses,
nada puderam fazer para protegerem-se a si mesmos e aos
outros animais da peste enviada pelo Todo-Poderoso. Os
deuses caíram mortos diante dos seus adoradores.
Por meio desta praga, Deus expõe a todo o Egito a
falsidade de Apis e Hator.

6a P R A G A : (Ê X 9.8-12), A S Ú L C E R A S:
As cinzas que os sacerdotes espalhavam como sinal
de bênçãos, produziram terríveis úlceras.

7a P R A G A : (E X 9.13-35), SARAIVA:
“O Egito era um país agrícola. Vivia do que lhe dava
a Terra. Uma colheita que falhasse no Egito seria fator de
empobrecimento e até fome para o povo. Mas o Deus dos hebreus
mandou chuva de pedras e fogo que destruiu as plantações dos
egípcios sem que Nut, a deusa do céu, Osíris, o deus da boa safra,
da água e do fogo; Set, o deus das tempestades, Isis, deusa da água
e do fogo, e Serapis, deusa protetora da lavoura nada pudessem
fazer para impedir ou controlar tamanha catástrofe no campo.
E interessante que, segundo Paul Hoff, o termo “trovão”
em hebraico significa literalmente “vozes de Deus”, e aqui dá a
ideia de que Deus falava em juízo. Os egípcios que escutavam
a advertência misericordiosa de Deus salvaram seu gado (9.20).
Mas as falsas divindades foram desmoralizadas por não darem
ouvido à voz do Deus de Moisés.
8 a P R A G A ; ( Ê X 1 0 .1 -2 0 ), O F L A G E L O
DOS GAFANHOTOS
Supunha-se que Isis e Serapis eram os protetores do país
contra os gafanhotos. Os ventos do Ocidente podiam trazer esses
inimigos, mas um vento oriental nunca era receado, porque o
mar Vermelho era uma defesa do Egito. Mas agora o poder de
Isis falha e o próprio vento oriental, que era reverenciado, é
causa de uma grande calamidade. O fruto das árvores que o
fogo e a saraiva não destruíram, também a erva, incluindo o
trigo e o centeio, foram devorados pelos gafanhotos, sem que
Serapis, Osíris, Nut ou Isis pudessem evitar.

9 a P R A G A : (Ê X 10. 21-29) , O P A V O R D A S
TREVAS
Os egípcios temiam as trevas. Por isso tinham um deus
que os protegia da escuridão. Quando vinham as trevas, eles
viam nelas um castigo dos deuses. As trevas tomaram conta de
todo o Egito, mas Rá, o deus-sol, protetor contra a escuridão,
foi impotente para evitar o domínio das trevas. Até mesmo
os astros celestes, objeto de culto e adoração, mostravam-se
que estavam sob a direção de Deus, não emitindo a sua luz.
Ainda outros três deuses foram desmoralizados: Nut, deusa
do céu, Hórus, um deus-sol, e Hátor, deusa do céu.

10a P R A G A (Ê X 11. 1- 12: 30) , A M O R T E


DOS PRIMOGÊNITOS
A última praga explica a ação da Providência: o Egito
tinha procurado a morte dos primogênitos dos hebreus e oprimia
o primogênito do Senhor; agora são os primogênitos dos egípcios
que são destruídos. Isis, que era uma das principais divindades e
que se acreditava ser a protetora das crianças, não pôde evitar a
morte dos primogênitos de todas as famílias egípcias.
Além de Isis, outros deuses foram desmoralizados:
Min, deus da reprodução; Heket, deusa auxiliadora do parto;
e o próprio primogênito de Faraó, visto como um deus.
O conhecimento desses fatos é de grande
importância para entendermos as pragas. Deve-se dizer que
as duas primeiras pragas tinham sido anunciadas por Moisés
e foram imitadas pelos magos do Egito (Janes e Jambres),
que, impotentes para continuarem nas suas operações,
confessaram que todas aquelas maravilhas eram obra do
dedo de Deus.
Observação: Alguns deuses e deusas possuíam mais
de uma função ou área de responsabilidade. Além disso,
na religião egípcia primitiva, acreditava-se que muitas
das divindades adoradas numa cidade ou local e/ou em
determinada época haviam incorporado os deuses e deusas
de outras regiões e épocas. Assim, a religião egípcia era em
grande parte complexa e, às vezes, até contraditória.

A O R A Ç Ã O M A I S L O N G A DA B Í B L I A |

Moisés, o homem de Deus, é o autor da oração mais


longa da Bíblia. Sua oração durou quarenta dias e quarenta
noites (Dt 9.25,26).

A primeira vez que Moisés tinha subido ao monte Sinai


para receber as tábuas da Lei foi no dia seis do mês hebreu Sivan.
Quando ele desceu no fim dos 40 dias (17 de Tamuz),
vendo que os israelitas tinham feito o bezerro de ouro, quebrou
as tábuas. Desde o dia dezoito de Tamuz, Moisés orou quarenta
dias e quarenta noites perante o Senhor, para que não os
destruísse. Os segundos quarenta dias completaram-se em 29
do mês de Ab ou Abe.
Então disse o Senhor a Moisés que lavrasse outras
duas tábuas de pedra, como as primeiras, e subisse ao monte
para ficar mais quarenta dias e quarenta noites, a fim de
entregar-lhe as novas tábuas escritas.
O último destes quarenta dias, dia em que o Senhor
Deus concedeu o perdão aos israelitas, corresponde aos
dez de Tishri data fixada como “dia das expiações”, “Yom
Hakipurim”, até hoje.

MEGU1LLOTH
(os cinco volumes ou rolos)

Você sabia que os cinco volumes ou rolos (Meguilloth)


assim são chamados porque cada um deles foi escrito num
rolo para se ler nas festividades judaicas? Confira:

O Cântico dos Cânticos, ou Cantares de Salomão,


era cantado na Páscoa.

Rute, na festa de Pentecostes.

Eclesiastes, na festa dos Tabernáculos.

Ester, na festa de Purim ou das sortes e

As lamentações eram recitadas nos aniversários da


destruição de Jerusalém
P h R U 'V IA S AH a I a n u RH a í U >MÍ 'UU

M A N E I R A DE M E D I R O T E M P O
Entre os hebreus havia o dia natural e o dia civil
I
O dia natural era desde o nascer ao pôr-do-sol, e foi
dividido (depois da volta do cativeiro) em doze horas, mais
ou menos longas, segundo as estações.
Em termos práticos, dividia-se da seguinte maneira:
das seis da manhã até as seis da tarde; da primeira até
a duodécima hora, sendo a terceira, a sexta, e a nona
consagradas ao culto público.
Já em tempos remotíssimos, e até o cativeiro da
Babilônia, o dia constava das seguintes partes:

O romper do dia;
A manhã;
O calor do dia;
O meio-dia;
O fresco do dia; e
A tarde
A noite foi dividida, em tempos muito remotos, em
três vigílias:
A primeira ia até às 12 ou 24 horas, (Lm 2.19);
A média, até as três da madrugada, (Jz 7.19);
A vigília da manhã, até às seis (Ex 14-24).

Segundo outras fontes, as vigílias dividiam-se da


seguinte maneira:
A primeira, das 18 às 22h; A média, das 22h às 2 da
manhã, e a vigília da manhã das 2 às 6 da manhã.

A D I V I S Ã O DA N O I T E N O T E M P O
DE J E S U S

O?
Achava-se dividida como entre os romanos, em
Quatro Vigílias, de três horas cada uma (Mc 13.35). A terceira
chamava-se o cantar do galo (Mt 26.34). A divisão, segundo
outras fontes, era a seguinte: das 18h às 21h; das 21h às 24h;
das 24h às 3:00 horas, e das 3:00horas às 6:00horas.
Observação. O espaço de tempo desde a hora sexta
(meio-dia) até o princípio da noite chamava-se muitas vezes
a tarde. Essa parte do dia ainda se subdividia em duas: a
primeira e a segunda tarde (Ex 12.6, Lv 23.5).
O dia civil começava às 18 horas da tarde e acabava as
18 horas da tarde seguinte.

ENTRE OS ROMANOS

O dia civil, como o nosso, era da meia-noite à meia-


noite, e estava dividido em dia e noite de igual duração, isto
é, de doze horas cada.
A noite estava dividida em Quatro Vigílias de três
horas cada.
Essas diferenças explicam várias passagens como Mateus
20.6, Atos 2.15, João 19.14 etc.

Í
AS LETRAS QUE CO M PÕEM O NOME
“ I S R A E L ” , EM H E B R A I C O

Formam as iniciais dos nomes dos três patriarcas e de


suas esposas
Y - yitzhac-yacôb (Isaque-Jacó)
S - Sarah (Sara)
R - Rachel-Rivcah (Raquel-Rebeca)
A - (Alef) - Abraham (Abraão)
L - Le ' ah (Leia ou Lia)
A CRUZ

Segundo o Rev. Colin Brown: “a palavra cruz que


agora normalmente se traduz “cruz” representa em grego
um instrumento de tortura e execução. Obteve significância
especial pela sua conexão com a morte de Jesus. Duas palavras
se empregam para o instrumento de execução no qual Jesus
morreu: Xylon (“madeira”, “árvore”) e stauros (“estaca”, “cruz”).
R. Bluteau, em seu Vocabulário Português e Latino,
diz que a cruz era o “antigo patíbulo dos malfeitores, em várias
nações do mundo e de diferente figura, segundo a variedade
dos tempos. As primeiras cruzes eram uns madeiros direitos,
e às vezes, troncos de árvores, em que estavam de pé e mãos
o padecente (cruz simplex) feita de uma só peça ( I ). As cruzes
compostas de dois paus foram de três maneiras:

1) De um pau atravessado pelo meio do outro, como a


letra X (Cruz de Santo André) Crux Decussata);
2) De um pau atravessado pela extremidade superior
de outro pau a plumo, como a letra T (latim. Crux
comissa ou Cruz de Santo Antônio ou cruz egípcia);
3) De um pau direito, e atravessado por outro, não
totalmente por cima dele, mas deixando um pedaço
livre, e mais alto que os braços da cruz, como nesta
figura (cruz immissa ou cruz latina).

O que se pode facilmente provar com a cruz de Jesus


Cristo, em cuja sumidade havia no meio um espaço, em que
sobre a cabeça de Cristo, pendente na cruz, mandou Pilatos
colocar a fatal inscrição, reputada por causa legítima de
sua morte. Nas mais célebres nações do mundo foi usado
o suplício da cruz. Entre os assírios, antes do nascimento
de Abraão, Pharno, rei da Média, foi crucificado por ordem
de Nino, seu vencedor. Entre os hebreus, Janneo, (Janeu) seu
rei, filho de Hircano, mandou crucificar oitocentos deles.
Entre os egípcios, estando José em um cárcere, foi crucificado
o padeiro de Faraó, entre os persas, por ordem de Assuero,
morreu Hamã em uma cruz de 50 côvados (...), preparada
por ele para Mardoqueu. Entre os gregos, Xantippe, general
dos atenienses, condenou ao suplício da cruz a Artaycte,
governador de Etólia. Entre os romanos era tão comum a
morte na cruz, que até às mulheres se dava, como se viu no
exemplo de Ida, sacrílega liberta de Décio Mundo, violador do
templo de Isis, reinando Tibério. E é muito para admirar, que
sendo a cruz o mais infame dos suplícios e o castigo ordinário
de ladrões de estradas, assassinos, traidores, e escravo, quisesse
o Filho de Deus, e Eterna sabedoria, e Redentor do mundo,
sujeitar-se a este gênero de morte. Achamos no texto do
apóstolo Paulo alguma razão deste incompreensível mistério,
e é que encarnado o Verbo divino para livrar da maldição o
gênero humano, tomara a maldição, que na estimação dos
judeus andava vinculada com a ignomínia do suplício da cruz.
Mas no mesmo tempo foi a cruz o trono, e seu carro triunfal,
em que o Filho de Deus venceu a morte e o inferno.
Observação: Em latim antigo a cruz se chamava
Gabalus. Ou era Gabalus uma espécie de força, como também
Patibulum.
Patíbulo: Vem do verbo latino, Pati, ‘padecer”, ou de
Patere, “estar patente”.
Nos antigos autores, Patibulum ora significava forca, e
ora quer dizer cruz. No livro 14 dos seus anais toma Tácito
Patibulum por forca, onde diz, Patíbulo., Ignes Cruces. No livro 4
da sua história, põe Salustiano Patibulum por cruz, onde diz,
Patíbulo Affigi.
A CRUCIFICAÇÃO

De acordo com Champlin, a crucificação é modo


muito antigo de execução, e segundo Rafael Bluteau “ Nas
nações mais célebres do mundo foi usado o suplício da cruz.
(veja artigo sobre a cruz).
Era a cruz o mais infame dos suplícios e o castigo ordinário
de ladrões de estradas, assassinos, traidores e escravos. Cícero
chamava-a de “a mais cruel e atroz das condenações à morte” e
Josefo considera-a “a mais lamentável de todas as penas de morte”.
O próprio nome cruz era motivo de opróbrio, culpa e ignomínia.
Segundo John Davis, eram muito comuns as
crueldades que precediam o ato da crucificação, “o
prisioneiro”, em primeiro lugar, era despido e humilhado
publicamente e após açoitá-lo até lacerar o seu corpo, era
forçado a carregar a sua cruz até o local da execução como
prova incontestável de sua culpa. A execução macabra sempre
tinha lugar fora dos muros da cidade onde o condenado,
segundo John Stott, “era forçado a deitar-se de costas no
chão, suas mãos eram pregadas ou atadas ao braço horizontal
da cruz (o patibulum) e seus pés ao poste vertical (stpes crucis).
Então a cruz era erguida e jogada num buraco escavado para
ela no chão. Afirma-se que os crucificados só morriam após
dias na cruz, ou ainda mais tarde. De acordo com Champlin,
“a morte usualmente demorava muito, raramente exigindo
menos de 36 horas, e ocasionalmente se prolongava por nada
menos de nove dias. As dores eram intensas, e as artérias da
cabeça e do estômago ficavam grossas de sangue. As vezes
declarava-se febre traumática e tétano”.
Muitas vezes, colocava-se no madeiro vertical da cruz
um pequeno apoio para os pés chamado “sedile” (assento)
ou “cornu” (corno), a fim de receber um pouco de peso do
corpo da vítima, para que não se rasgasse e caísse. Aí ficava
o crucificado pendurado, exposto a intensa dor física, ao
ridículo do povo, ao calor do dia e ao frio da noite. A tortura,
como mencionado, durava vários dias.
Ao padecente, como gesto de misericórdia, era-lhe
oferecido vinho com mirra, a fim de mitigar-lhe a dor e o
sofrimento.
“Quando se queria acabar finalmente com o
sofrimento do crucificado, as pernas eram quebradas e ele
morria rapidamente de insuficiência cardíaca” (W. Keller).

| O P E S O DA C R U Z

A maioria dos historiadores parecem afirmar que a


cruz sobre a qual Jesus foi crucificado era a Crux Immissa ou
Cruz Latina.
Segundo o artigo da Coletânea de curiosidades,
de autoria do Pr. Genésio Santos, a parte horizontal da cruz
(Patibulum) pesava cerca de 50kg. E a parte vertical (Stpes Crux ou
Cmás) pesava cerca de 80 kg, perfazendo um total de 130 kg.

| SA U D A Ç Ã O PELO CA M IN H O

“ A ninguém saudeis pelo caminho” (Lc 10.4).

Jesus tencionava fazer que Seus discípulos fossem


desatentos às cortesias de estilo? E evidente que não. Pois
no versículo seguinte, Ele prescreveu o uso de uma saudação
cortês que eles deviam fazer ao entrar em qualquer casa.
Por que então deu Ele esta tão estranha recomendação?
A saudação geral no Oriente era o ósculo, umas vezes
na barba (2 Sm 20.9), outras vezes na face: o ósculo de respeito
e veneração era na fronte (Gn 27.26, Êx 4.27, ISm 10.1, SI
2.12, At 20.37). A saudação usual era “paz seja contigo” (Jz
19.20 e ISm 25.6). Outras maneiras de cumprimento se
podem ver em Rute 2.4 e 3.10 e Salmos 129.8.
Alguns pensam que Jesus se referia aos demorados
cumprimentos que se usavam no Oriente. Quando os judeus
se encontravam, as saudações eram muito cerimoniosas,
e por isso proibiam-se às pessoas encarregadas de algum
negócio urgente de saudarem alguém pelo caminho (2Rs
4.29, Lc 10.4).
Barnes diz: “Quando dois árabes da mesma classe social
se encontram, estendem um para o outro a mão direita e, depois de
a apertarem, elevam-na como se a fossem beijar. Em seguida, cada
um retira a mão e a beija em vez de beijar a do amigo; coloca-a
depois na fronte e prosseguem então o cumprimento, beijando-se
naturalmente na barba; dão graças a Deus por lhes haver dado
o privilégio de se verem mais uma vez e rogam um pelo outro ao
Todo-Poderoso. Algumas vezes, repetiam até dez vezes a cerimônia
de apertar a mão e de se beijarem”.
A luz dessas explicações, podemos afirmar que Jesus
tinha urgência na proclamação da mensagem que Ele confiara
a Seus discípulos. Eis então a explicação para a proibição de
saudarem alguém pelo caminho.
Eutúmio, em outras palavras, afirma que: “Nosso
Senhor queria ensinar que os discípulos deviam consagrar-se
inteiramente à obra que haviam empreendido, e não perder
a oportunidade de pregar, para atender a coisas que não
eram de extrema necessidade”.
O S ÍM B O L O DO C R I S T I A N IS M O

È consenso entre a maioria dos historiadores que,


por conta das perseguições sofridas pelos cristãos sob o
Império Romano, nos primeiros séculos, o peixe tornou-se
o símbolo favorito e secreto do cristão da igreja primitiva,
como o evidenciam as catacumbas de Roma.
A razão de terem escolhido o peixe à cruz deve-se
possivelmente a dois fatos:

1) A cruz era símbolo de maldição, vergonha e


ignomínia (G1 3.13);
2) E foi nela que o Nosso Amado e Bendito Salvador
foi martirizado;

Já, o peixe, por outro lado, tinha algo de muito


interessante. Na língua grega, a palavra peixe é Ichthus. Os
cristãos, de maneira criativa, tomaram esta palavra grega,
criaram um acróstico e formaram as palavras seguintes:

I, De Iesous = Jesus
K de Christós = Cristo
T de Theós = Deus
Y Huiós = Filho
S Soter = Salvador

Deste acróstico temos o nome:


Jesus Cristo, Deus Filho Salvador.
Outra possível explicação é a de que o rabo do peixe
forma a letra grega aue. por sua vez é a abreviação do nome

C H R IS T O S , na língua grega que, por sua


vez, equivale à palavra Cristo na língua portuguesa:

C H R I S T O S = Cristo, de onde cristianismo,


que é a religião dos seguidores de Cristo.

ORIGEM, ETIMOLOGIA E
S I G N I F I C A D O DO N O M E “ C R I S T Ã O ”

ORIGEM

“Em A ntioquia foram os discípulos pela primeira vez


chamados “cristãos” (At 11.26)

Até esse momento eram eles chamados de “discípulos”


(At 9.1), “os do caminho” (At 9.2), “irmãos” (At 10.23,11.1), etc.

A. Nascentes escrevendo acerca da origem do nome cristão,

I
concorda com a Bíblia quando diz: “O nome surgiu em Antioqida”
(cognominatentun primum Antiochide discipuli Christiani, (At
11.26). Tomou-se de uso comum bem cedo; empregou-o Herodes
A gripa no seu diálogo com Paulo (At 26.28) e encontra-se nos
escritos de Plínio, de Tácito, de Suetônio e nas cartas de Inácio de
Antioquia”.

Alguns estudiosos são de opinião que pelo fato da


mensagem pregada pelos discípulos ser cristocêntrica, o
nome de Cristo tinha que ser enfatizado. E esta ênfase neste
nome foi responsável pela alcunha.
BI.IAS SOARKSDE MORAES

ETIMOLOGIA E SIGNIFICADO

Antenor Nascentes, em seu Dicionário Etimológico


da Língua Portuguesa, assim informa: “Cristão - de Christu,
Cristo, e Sufixo-ão, “adepto de Cristo. É uma forma referida,
porque, do étimo Latino Christianu veio o português arcaico
Crischão, Crichão”.
J. Leite de Vasconcelos, em sua Antroponímia
Portuguesa, diz que: “o nome cristão, do latim Christianus-o
sufixo-anus (- lanus) servia na antroponímia para formar o
cognome de um filho adotivo, ou de um escravo passado por
compra ou herança para um Senhor diferente do que tinha
d 'antes”.
Alguns eruditos são de opinião que o nome seja grego
e que a terminação seja latina. A terminação lanus significa
“seguidor de, “assim como Herodianos significa seguidor de
Herodes. Pompeanus significa seguidor de Pompeu, assim
como Christianus significava seguidor de Cristo.
Outros opinam que a terminação lanus significa
pertencente a. Argumentam que era costume os escravos
receberem o nome de seu dono, significando que eles eram
sua propriedade. A esse respeito, R. Bluteau afirma: “Entre
os romanos, não tinham os escravos outro nome, que o do
seu Senhor, por ex: Lucipor, o escravo de Lúcio; Luciipuer,
Marcipor, o escravo de Marco; Marcipuer.
Deissman endossa ambas as opiniões ao afirmar
que Christianus significa: “escravo de Cristo, assim como
Caesarianus significa escravo de César. Logo, cristão é um
nome teofórico (nome que traz um elemento divino, neste
caso, o nome de Cristo) e significa: “O que pertence a Cristo,
o que serve a Cristo e o que segue a Cristo”.
PHR ■í'

A S E N T E N Ç A DE M A L C U T

“Castigo por meio de açoite” (2C 0 11.24).

De acordo com a lei mosaica: “Quando houver contenda


entre homens e vierem ao juízo, e os julgarem e justificarem ao justo
e condenarem ao culpado, se o culpado merecer açoites, o juiz o fará
deitar e o fará açoitar na sua presença, com o número de açoites.
Segundo a sua culpa. Quarenta açoites lhe fará dar, não irá além;
não suceda que indo além e lhe fizer dar mais açoites do que estes,
teu irmão fique aviltado aos teus olhos” (Dt 25.1-3).
Apesar de que a Torah escreve o número de quarenta
açoitadas, o Talmud (Macot 22) traduz a palavra “bemispar”
(em número) como “sefar” (limite dos quarenta), isto é, 39. Por
isso não era permitido exceder este número. O ‘malcut” era
executado na presença de três juizes. Um deles pronunciava
estas palavras durante a execução da pena: “Se não tiveres o
cuidado de guardar todas as palavras desta lei, escritas neste
livro, para temeres este nome Glorioso e Temível, o Eterno,
teu Deus, então o Eterno trará sobre ti pragas, diferentes das
demais, e sobre a tua descendência, pragas grandes e fiéis (ao
mandado de Deus) e enfermidades graves e fiéis (Dt 28.58)
- “E guardareis as palavras desta aliança e as cumprireis, para que
prospereis em tudo quanto fizerdes (Dt 29.8)

Finalmente, pronunciava este versículo dos Salmos, que contém


treze palavras hebraicas: “O Eterno é misericordioso, perdoa, a
iniquidade e não destrói, retém muitas vezes a sua cólera e não
manifesta nunca toda a sua ira”. (Sl 78.38). Em cada treze golpes,
repetia-se esse versículo. Os primeiros treze golpes eram dados sobre
o peito, e os outros, metade sobre uma costa. O condenado era
examinado previamente se podia suportar os 39 golpes, do contrário,
lhe davam menos, segundo a sua constituição física.
Segundo outras fontes, temendo a possibilidade de
exceder o número de quarenta açoites os juizes aplicavam
apenas 39 aos condenados. Os que excedessem no número
de açoites ficavam sujeitos à punição.

| A O R IGE M DOS MESES DO ANO

Atribui-se a Rômulo, fundador legendário de Roma,


a criação do ano de 304 dias, divididos em dez meses, como
segue:

l.° - Martius 31 dias


2.° - Aprilis 30 dias
3.° - Maius 31 dias
4.° - Junius 30 dias
5.° - Quintilis 31 dias
6.° - Sextilis 30 dias
7.° - Septembris 30 dias
8.° - Octobris 31 dias
9.° - Novembris 30 dias
10.° - Decembris 30 dias

Desse modo, o primeiro mês era dedicado a Marte,


deus da guerra, que os romanos consideravam como sendo
o pai de Rômulo. O segundo mês, segundo alguns, tomava
o nome de Aperta, que era sobrenome do deus Apoio, e,
segundo outros, do verbo abrir, aprire, de que resultaria o
nome aprilis, porque em algum calendário anterior tivesse
sido o primeiro dos meses ou porque no mês de abril se
abriam os sulcos com o arado.
O mês de maio, maius, derivava de majus, comparativo
neutro de magnus, ou de majorum, sobrenome que se costuma

74
dar a Júpiter, considerado como o pai de todas as divindades
do Panteão. Junho era consagrado a Juno, esposa de Júpiter,
deusa do matrimônio, rainha dos deuses e era representada
pelo pavão, sua ave favorita. De junho em diante os meses
seguiam ordem numérica: Quintilis, Sextilis, Septembris,
Octobris, Novembris e Decembris.
Um ano após a morte de Júlio César, o cônsul Marco
Antônio decretou que, para perpetuar a memória de César,
o mês Quintillis passasse a ter o nome de Julius. A reforma
Juliana adotara o calendário de doze meses, introduzindo
dois meses adicionais dispostos de modo que principiassem
o ano. O primeiro mês recebeu então o nome de Januaris,
ou janeiro, em honra de Jano, o mais antigo rei do Lácio
que havia sido divinizado com dois rostos, um fitando o
passado e o outro contemplando o futuro, porque esse mês
marcava o fim de um ano e o começo de outro. O segundo
mês foi denominado Februaris, ou fevereiro, porque nele
se celebravam certas festas estabelecidas por Numa, em
homenagem aos mortos. O nome fevereiro deriva de februare,
verbo de origem sabina que, segundo Varrão, significa “fazer
expiações”.
Como o imperador Augusto não quisesse ser inferior
a Júlio César, e para satisfazer-lhe a vaidade, o Senado votou
que o mês Sextilis fosse chamado Augustus e que, para o
futuro, agosto tivesse, como julho, 31 dias. Posteriormente,
Tibério, Cláudio, Nero e outros pretenderam que seus
nomes fossem honrados pelo calendário, mas, como declara
o astrônomo Aragão, “afortunadamente, o mundo não teve
de passar por semelhante ignomínia”.
Encontraram-se numerosos calendários julianos
esculpidos em pedras. O calendário simples, conhecido
por menológio rústico de Colotianum, em exibição no
Museu de Nápoles, indica o nome dos doze meses soh seus
correspondentes signos zodiacais, o número dos dias, os
equinócios e solstícios, as festas e os trabalhos próprios da
agricultura. Dessa maneira, a criação babilônica dos doze
signos do zodíaco passou não somente aos relógios de sol,
mas também aos calendários (Extraído).

| P O R Q U E F E V E R E I R O T E M 28 D I A S ?

No ano 45 a.C, o Imperador romano Júlio César


reformou o calendário (apoiado em estudos do astrônomo
egípcio Sosígenes). A divisão dos meses ficou assim: uns com
trinta e um dias, outros com 30 e fevereiro com 29 dias, nos
anos normais.
No antigo calendário havia o mês Quintilis. Júlio
César mudou-lhe o nome, e batizou-o com o seu: Julho (de
Júlio).
O sucessor de César foi Augusto, que também, quis
imortalizar-se, entrando na glória de “ser” um dos meses.
Cancelou a designação sixtilis- do mesmo modo que César
eliminara Quintilis - e se instalou com o próprio nome:
agosto (de Augusto).
Mas Julho tinha 31 dias e agosto teria somente...30.
Isso não ficaria bem a um grande rei. Ora, porque Júlio
César (julho) com 31 e Augusto (agosto) com 30? A operação
foi rápida: o coitado do fevereiro só tinha mesmo 29...que se
lhe tirasse um dia para ser acrescentado a agosto. Assim foi
feito (Extraído).
AD B E S T I A S !

Exclamação com que no Coliseu romano era dado o sinal


para a execução dos mártires cristãos e que se traduz por: às
feras “O Coliseu, cuja construção foi iniciada pelo Imperador
Vespasiano, no ano 72 da era cristã, serviu durante
quatrocentos anos de cenário para as lutas entre gladiadores.
Tinha o nome de Anfiteatro Flaviano, mas passou a ser
conhecido como o Colosseum quando ali foi inaugurada
uma colossal estátua de Nero. O nome Colosseun lembrava
a estátua do Colosso de Rodes, levantada 280 anos antes de
Cristo e que representava o deus- sol Hélios. (Extraído)

“ E T E N D O C A N T A D O UM H I N O . . . ”
(Mt 26.30; Mc 14.26)

Por ocasião da Páscoa, os judeus eram acostumados


a cantar certas porções da Bíblia, entre as quais, segundo
Joseph Angus, estava o livro de Cantares de Salomão. As
demais porções, isto é, o Hallel, eram compostas pelos salmos
113 a 118, assim denominados: Laudete Pueri Dominum; In
exitu Israel de Aigypto; Dilexi; Credidi; Laudate Dominum;
e Confitemini Domino; e era este o cântico usado em ação
de graças.
O Hallel era composto de duas partes:
I a parte: Salmos 113 e 114;
2a parte: Salmos 115 a 118;

É opinião comum que o hino cantado por Jesus,


antes de sair para o Monte das Oliveiras, foi a segunda parte
do Hallel.
Acerca desse assunto, assim diz Champlin: “Provavelmente
esse hino foi a segunda parte do Hallel... Com estranho
regozijo puseram-se a cantar. Jesus, que antecipava a agonia
porque passaria dentro de momentos, foi sustentado
pela alegria da comunhão direta com Deus, e nenhuma
tribulação poderia arrancar-lhe tal comunhão. Assim diz o
Salmo entoado: “O Senhor está comigo; não temerei. Que me
poderá fazer o homem7. .... Adornai a festa com ramos até as pontas
do altar... rendei graças ao Senhor, porque ele é bom, porque a sua
misericórdia dura para sempre”.

| O JOIO E O TRIGO

O joio de que Jesus fala é uma erva daninha muito


conhecida no Oriente. Antes de frutificar, se parece a tal
ponto com o trigo que é impossível distingui-lo. Só mais
tarde, quando espigado, é que se acentuam as diferenças entre
as duas plantas, pois, enquanto o trigo produz umas espigas
grandes e louras, situada no ponto mais alto da haste, o joio
dá umas espiguinhas miúdas, que assentam nos ângulos das
folhas e contém uns grãozinhos pretos ou cinzentos, que,
ingeridos, causam vertigens ou uma espécie de intoxicação;
pois o seu fruto é narcótico e venenoso. Outra diferença
entre o joio e o trigo é que o joio amadurece primeiro que
o trigo e por isso a distinção torna-se mais fácil. Os semitas
lhe chamam “Sizania”; os latinos “lolium”, o que deu joio na
nossa língua.
“Não é raro, no Oriente, vingar-se alguém do seu
desafeto semeando bons punhados de sizania no meio
da lavoura. Nos autos criminais dos tribunais romanos
encontramos mais de uma vez mencionado este delito”
(Huberto Rohden).
' ■ í :
j
LIVR O S BIBLIOGRAFIA
!
•A N G U S, Joseph , “História, Doutrina e Interpretação da Bíblia”.
Lisboa: Liv. Evangélica- 1917.
• BERKHOF, Louis - “Teologia Sistemática” - 1990.
• BROADUS, J..A - “Harmonia dos Evangelhos. São Paulo: Imprensa
Metodista” - 1922.
• CHAMPLIN, Russel Norman, - “O Novo Testamento Interpretado
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• COSTON, Bom de - “Origine Étymologie & Significatrion dês Noms
Propres et dês Armolries” - Paris: - 1867
• DAV1DSON, F. & SHEDD, Russel P. - “O Novo Comentário da
Bíblia” São Paulo: Ed. Vida Nova, 1994-
• FERREIRA, Ebenezer Soares - “ Dificuldades Bíblicas e Outros
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• FRANCISCO, Clyde T. - “Introdução ao Velho Testamento” - Juerp -
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• HOFF, Paul - “ O Pentateuco” - São Paulo: Ed. Vida
•JO N ES, Stanley - “Cristo e o Sofrimento Humano" S/D
•MELAMED, Meir Masliah - “A Lei de Moisés”
• MORAES, Elias Soares - “Conheça os Significados dos Nomes
Bíblicos” - 5 o edição - São Paulo: Julho de 2003
• OLIVEIRA, Cândido - “Curso Integral de Português” - 5 volumes - 1969
• RYLE, J.C - “Comentário Expositivo do Evangelho Segundo Lucas”.
• ROHDEN, Huberto - “Paulo de Tarso” - 1939, “Jesus Nazareno”
• SARMENTO, Francisco de Jesus Maria - “História Evangélica,
Apostólica, e Doutrinai do Novo Testamento” - Porto: 1868.
• SILVA, Ezequias Soares - “ Testemunhas de Jeová” - Comentário
Exegético e Explicativo - Ed. ETEQS - 1991.
•SILVA, S.Bernardes - “O Sofrimento Cristão”.
• STOTT, John - “A Cruz de Cristo” - São Paulo: Ed. Vida.
• VASCONCELOS, José Leite de - “Antroponímia Portuguesa” - Lisboa: -1928.
• TOGNINI, Enéas - “Geografia das Terras Bíblicas” - Vol II.
• WATSON, S.L e ALLEN, W.E - “Harmonia dos Evangelhos”, Rio de
Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1953.
• WERNER, Keller - “E a Bíblia Tinha Razão” - 1958.
• ZUCK, Roi B. - “A Interpretação Bíblica” -São Paulo: Edições Vida Nova, 1999.

| DICIONÁRIOS

• BLUTEAU, D. Rafael - “Dicionário Português e Latino” - Lisboa: 8


Volumes, 1721.
• DAVIS, John - “Dicionário da Bíblia” - Riode Janeiro: Centro
Brasileiro de Publicidade,1928.
• DICIONÁRIO “Internacional de Teologia do Novo Testamento” São
Paulo: Ed. V.Nova - Vol I e II - 1989.
•JU N IO R , R. Magalhães - “Dicionário de Provérbios e Curiosidades” -
São Paulo: Ed. Cultrix ,1960.
•M ACKENZ1E, John L. “Dicionário Bíblico” Ed.Paulinas - 1984.
• NASCENTES, Antenor - “ Dicionário Etimológico da Língua
Portuguesa” -1932

| BÍBLIAS

•ALM EIDA, João Ferreira - “A Bíblia Vida Nova".


•ALMEIDA, João Ferreira “Bíblia de Estudo Pentecostal” Ed. C.P.A .D.
• BERTOLINI, José - “A Bíblia de Jerusalém” - Sociedade Bíblica
Católica Internacional - Ed.Paulus - 1985.
• Bíblia Apologética - I.C.P
• Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional

| REVISTAS, JORNAIS E APOSTILAS

• A Voz Missionária
• Expositor
• Imprensa Evangélica
• O Testemunho
• Revista de Cultura Religiosa
• SANTOS, Genésio - “Coletânea de Curiosidades”
• Defesa da Fé - ICP

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