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O Mestre Jesus

 “Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o


sou”. João 13.13 

Introdução: A Igreja precisa de uma pedagogia bíblica para ensinar


vidas tomando como padrão o seu maior Mestre: Jesus Cristo. O
objetivo principal do ensino é alcançar o povo. Para isso é feita uma
ponte de reflexões para a igreja como professora e representante do
Mestre nos dias atuais. Uma questão central pode ser: Como Jesus
faria se estivesse ensinando na sociedade? Qual seria seu público?
Que temas abordaria?
Jesus era corretamente chamado de Mestre. Foi reconhecido como
Mestre até mesmo por outros mestres da lei como Nicodemos (João
3.2). Toda a sua trajetória foi um ato pedagógico com o objetivo de
ensinar o amor de Deus às pessoas. Jesus ensinava através de sua
fala e seus atos.  Por onde passava atraía o olhar e ouvidos das
pessoas a seus ensinamentos.

Você tem aprendido com Jesus?


Vamos refletir sobre a missão de ensinar a Palavra de Deus baseado
no modelo pedagógico de Jesus:

1- PRÁTICA
Marcos 1.22 “Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava
como quem tem autoridade e não como os escribas”.
O que diferenciava o ensinamento de Jesus era sua prática. Seu
olhar, o toque curador sobre as pessoas, marcava por onde estivesse.
Um dos maiores problemas para quem se coloca à frente para ensinar
é o risco de cair em contradição. Jesus não apenas correu este risco
como foi perseguido e provado em tudo, porém não caindo em
contradição em momento algum e isso lhe conferia autoridade
diferente dos fariseus e mestres da lei.
Há uma tendência de se começar estabelecendo princípios teóricos
para a ação pedagógica. Já o Mestre Jesus partia da prática para os
princípios. Seus ensinamentos eram baseados na verdade. O Mestre
Jesus ensinava com seu exemplo de vida (João 11.14). A igreja
precisa aprender a fazer isso. Ser prática e verdadeira.  Prática no
sentido de ação e verdadeira no sentido de partir da realidade que a
envolve.
A autoridade de Jesus não foi imposta e sim conquistada. Havia
aqueles que o seguiam e aqueles que o perseguiam. Para todos
Jesus tinha resposta. E isso lhe dava autoridade. Do mesmo modo, se
a igreja quiser ter autoridade deve dar respostas às questões que a
cercam.
Havia muitos mestres na época, mas a diferença de Jesus era que ele
falava e praticava. Tudo o que fazia expressava o amor que pregava
em suas palavras. Dedicou seu tempo a estar com o povo, com as
pessoas da comunidade. Ele olhava para as pessoas com amor não
importando seu passado, vínculo religioso ou camada social (Mateus
9.11).
O melhor ensino é o exemplo!

2- LINGUAGEM
Marcos 4.33, 34 “E com muitas parábolas semelhantes lhes expunha
a palavra, conforme o permitia a capacidade dos ouvintes. E sem
parábolas não lhes falava; tudo, porém, explicava em particular aos
seus próprios discípulos”.
Jesus comunicava a língua do povo do jeito que o povo entendia. Com
clareza, exemplos, histórias e contos de seu cotidiano. Isso abria o
entendimento dos ouvintes. De nada adiantaria falar a verdade se as
pessoas não a entendessem. A igreja precisa aprender a comunicar o
evangelho de forma atualizada e simples para seu público alvo. 
O momento histórico que Jesus se manifestou determinou muito de
suas ações e reações porque ele não ignorou o que acontecia ao seu
redor. Percebia o império, Cézar, as festas, o movimento de João na
beira do rio, a pobreza do povo, a riqueza dos sacerdotes, as crianças,
as mulheres, os doentes, os vendedores no templo, os pescadores, a
figueira estéril á beira do caminho, a falta de vinho na festa, a falta de
pão no deserto, as pedras da construção do templo... Parece que
antes de pregar ele olhava ao redor e depois falava. A igreja na
América latina hoje precisa aprender a fazer isso. Ver o que acontece
ao seu redor e pregar a verdade de Deus para todos que a cercam.
O contexto determina o conteúdo. Se o aluno chega à escola com
fome é preciso primeiro dar o alimento. As questões do dia a dia
precisam ser tratadas. A igreja precisa ler e ensinar a Bíblia motivada
pelos desafios que a cercam. Se a igreja não contextualizar sua
mensagem, não conseguirá ser entendida pelo povo que a ouve.
O ensino exige linguagem adequada!

3- PROPÓSITO
Lucas 11.1,2 “De uma feita, estava Jesus orando em certo lugar;
quando terminou, um dos seus discípulos lhe pediu: Senhor, ensina-
nos a orar como também João ensinou aos seus discípulos. Então,
ele os ensinou: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu
nome; venha o teu reino”.
Todo o ensino de Jesus vinha de Deus em direção ao povo (João
7.16). Em seu projeto histórico Jesus sabia quem era e o que
desejava realizar, ou seja, sua missão era bem clara. Quando passou
essa missão para a igreja deixou para esta as condições necessárias
enviando o Espírito Santo para ensinar todas as coisas e lembrar-se
de seus ensinamentos (João 14.26). Lembrar a história, mas também
fazer história agindo e ensinando. Assim a igreja deve assumir definir
seu propósito para o povo desta terra ao ler a Bíblia de forma
atualizada (Mateus 5.14).
A esperança da vinda do Messias era um tema histórico, profético e
muito atual em Israel quando Jesus se manifestou. Na verdade, era a
última esperança para aquele povo depois de tantas frustrações. A
expectativa era muito grande e muito diversificada. Os ricos queriam
um Messias político que lhes desse mais poder. Os pobres queriam
um salvador da dor, fome e miséria que os perseguia todos os dias.
Jesus atendeu a estes. Ele veio para dar a vida e não guerrear (João
10.10).
A igreja foi enviada por Jesus para “ensinar todas as coisas” (Mateus
28.19). Para isso devemos ser determinados como Cristo sabendo
que nossa tarefa é ensinar e que somente o Espírito Santo pode
convencer e transformar as pessoas (João 16.8-11). Por isso também
precisamos da paciência de um semeador que lança a semente na
terra e não sabe qual vai brotar e mesmo assim planta com esperança
de colher (Marcos 4.1-9).
Para ensinar é preciso propósito!

4- JUSTIÇA
Mateus 6.1 “Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos
homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis
galardão junto de vosso Pai Celeste”.
 A justiça de Deus prolonga a sua verdade e fidelidade: consiste em
Ele cumprir os seus compromissos dentro da aliança com o seu
povo e em manifestar assim a sua fidelidade à aliança. O que atesta
a justiça de Deus é o cumprimento das suas promessas (postas
pela fé na sua boca).
O conteúdo do ensino do Mestre Jesus era a justiça de Deus. O povo
da palestina que Jesus pregava era massacrado pelo império romano
da mesma forma que hoje o povo da América Latina é massacrado
pelo império americano e europeu. O exemplo de Jesus deve inspirar
a Igreja para falar sobre as crises que a cercam defendendo as
pessoas marginalizadas.
O público que ouviu o sermão da montanha certamente era bem
variado, mas em sua maioria de pessoas pobres e sofridas. Os ricos e
poderosos ouviram um sermão duro, mas os pobres e oprimidos
ouviram as mais belas palavras de consolo de toda sua vida (Lucas
11.45). Quem teve preferência ali foram os marginalizados da
sociedade da época.
Jesus rompeu com aquele sistema imperial para instituir o Reino de
Deus. Não tinha compromisso com nenhuma das instituições da
época (Mateus 5.20). Seu compromisso era primeiramente com Deus,
sua verdade e com as pessoas, especialmente aquelas esquecidas
pelo império.
Os problemas sociais da época de Jesus eram notáveis e Ele deu
soluções para estes desafios. As diferenças sociais eram grandes, por
isso Jesus ensinava a doação como forma de amar ao próximo.
Ensinou “não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta
justiça” (João 7.24). Também a opressão era forte sobre as pessoas
naquela região e Jesus ensinou o serviço e o apoio mútuo.
A Igreja deve anunciar a justiça de Deus diante de um mundo injusto.
Para isso temos a palavra de Deus que “útil para o ensino... na
justiça” (II Timóteo 3.16). Se o mundo vir injustiça na igreja não
acreditará em nosso testemunho. Por isso nossa missão é ensinar o
que é certo buscando em “primeiro lugar o seu Reino e a sua
justiça” (Mateus 6.33). Devemos tomar cuidado para não confundir
com legalismo que é a tradição humana (Marcos 7.1-9). A verdadeira
justiça se baseia na Palavra de Deus.
Ensine a Justiça de Deus!

Jesus é o seu Mestre!


CONCLUSÃO
A missão de Jesus continua através da Igreja. A missão da Igreja hoje
é ensinar o evangelho a todas as nações sem excluir ninguém. Como
então realizar um projeto pedagógico a exemplo de Jesus hoje? A
igreja precisa definir sua identidade inserida na sociedade local, ver os
desafios sociais que a cerca, falar a língua do povo, buscar os
marginalizados e procurar respostas às suas questões.
Seguir os exemplos do Mestre Jesus e imaginar como reagiria frente
aos desafios atuais seria uma forma da Igreja cumprir seu
comissionamento. Em suma, à luz da palavra do apóstolo, é
preciso “andar como Ele andou” (I João 2.6).
O que você não souber pergunte ao Mestre Jesus!

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