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MISSIOLOGIA 1

Curso de Missões
Alcançando Nações Para Cristo

MISSÕES CRISTÃ DE MOÇAMBIQUE


Email escoladeteologica@gmail.com
PROF. XAVIER SIMANGO
O Que é Missões?
A palavra "Missões" vem da expressão latina "missione', que se origina, por sua vez
do verbo latim "mittere", que significa "ação, tarefa, ordem, mandato, compromisso,
incumbência, encargo ou obrigação de enviar missionários". No Novo Testamento, a
palavra usada é "apostello", verbo que no grego que significa enviar.
A tarefa de salvar o mundo não pode ser desassociada do "enviar" homens e mulheres
cheios do poder de Deus para alcançá-lo, porque não há como salvar o mundo sem que
haja alguém enviado para pregar e apontar-lhe o caminho.

No início deste estudo vemos em Rm.10.13-15 que há um processo para a salvação do


homem. Este processo começa com "enviar".

"Enviar" pessoas capacitadas por Deus e pela Igreja, para que preguem o Evangelho;
"Pregar" para que homens, mulheres e crianças de todas as tribos, línguas, povos e
nações possam ouvir; "Ouvir" para que possam crer; "Crer" para que possam invocar o
nome de Jesus e, ao "lnvocar" o seu nome, possam ser salvos.

Quem primeiro se preocupou em "enviar" foi o próprio Deus. (João 3.16). Através
deste versículo, conhecemos a preocupação de Deus para com a humanidade decaída e
distanciada de si, razão pela qual, enviou Jesus, o seu Filho Unigênito, ao mundo para
uma única missão, salvar o homem perdido. (Lucas 19.10).
O verbo "dar", neste texto, não é simplesmente alguém estender a mão e oferecer
alguma coisa a outrem. É oferecer ou ofertar uma dádiva valiosa para alguém que não
merece, sem impor o recebimento de algo em troca. Foi exatamente o que Deus fez:
Ofereceu o seu Filho amado para resgatar o homem que havia se afastado
completamente dEle. Para se entender Missões é preciso partir deste princípio, que Deus
enviou o seu Filho e que o próprio Filho se deu para salvação dos homens perdidos.
Se compreendermos que Deus deu o seu Filho e que Jesus se deu a si mesmo para a
salvação da humanidade, podemos, então dizer:
MISSÕES é a Obra de Deus dada à Igreja que, seguindo o exemplo de Cristo,
proclamei por palavras e ações o Reino de Deus, chamando todos ao arrependimento e a
ter fé em Cristo, enviando-os a serem discípulos dEle.
Podemos concluir, através da missão confiada aos doze, que o alvo principal de
Missões é a proclamação do Reino de Deus a todos os homens. Inicialmente, só os judeus
estavam ao alcance da bênção enviada pelo Pai, mas o plano de Deus era alcançar
também os gentios e o meio para isto foi o fato de os judeus rejeitarem o Filho de Deus.
(Leia Atos 13.46).
Quando Jesus disse que o "Evangelho do Reino será pregado", falava de um reino;
de algo com autoridade. O reino teria algumas características que o tornaria
completamente diferente dos que tinham sido implantados no mundo até então.

Em primeiro lugar Jesus assinalou no mesmo capítulo 10 de Mateus que não há


reino sem conflitos, os quais durarão até que Ele volte. Se alguém perguntar para quem é
o reino, a resposta de Jesus será: "para os pobres". Porém não somente para os pobres
economicamente, senão para todos que sofrem qualquer carência;

Em segundo lugar, Jesus proclamou também um grande programa. A expressão


"será pregado a todas as nações", mostra o alcance geográfico de seu programa. No entanto,
demonstra também o seu alcance no tempo.

Precisamos ter a visão de missões como a obra que exige prioridade - Caminhando para
a Galiléia (João 4.31-34), Jesus passa por Samaria e, enquanto seus discípulos saem a
procura de pão, Ele faz contato com uma mulher da aldeia samaritana. Para Jesus,
descortina-se a possibilidade de salvar aquele povo. Seus discípulos chegam e insistem
que coma, mas mesmo cansado e com fome, Jesus se recusa a comer e coloca o tipo de
prioridade que deve caracterizar seus seguidores. Há uma obra a realizar, e ela é mais
importante do que qualquer outra coisa. Precisamos recuperar este sentido de urgência
na realização de Missões. O seu tempo é hoje.

Precisamos ter a visão de missões como o desafio de cada oportunidade (Jo 4.35) - Os
discípulos sabiam que levaria ainda quatro meses para chegar o tempo de colher aqueles
cereais. No entanto, Jesus lhes diz:

"Levantem os olhos, pois há uma colheita a ser realizada imediatamente". Que acontece aos
frutos maduros que não são colhidos? Eles se perdem. É preciso aproveitar as
oportunidades. Deus tem criado condições favoráveis à pregação do Evangelho em
diferentes partes do mundo. Há um anseio pelas novas de salvação, e como estamos
respondendo a estas oportunidades que não sabemos até quando resistirão?

Precisamos ter a visão de missões como o meio de construir para a eternidade (Jo 4.36-
38). - Aqui há três situações possíveis quanto aos resultados imediatos (v.36); os
discípulos ceifariam o que outros semearam e plantariam o que outros colheriam (w. 37 e
38). Mas a que tipo de resultado se refere o texto? Ajuntar fruto para a vida eterna ou
para o reino de Deus. Então, “realizar Missões é conquistar vidas para o celeiro eterno de
Deus”. Este é o único trabalho cujos resultados não são transitórios. Porque fazer Missões
e o meio principal de se construir para a eternidade,

O PAPEL DA IGREJA EM RELAÇÃO A MISSÕES

Avaliando a primeira multiplicação dos pães, no ministério de


Cristo, destacamos a insuficiência dos recursos humanos para saciar a
fome da multidão. Se compararmos a fome espiritual do mundo com
os recursos humanos que temos, nos perguntaremos de igual forma:
"Como fazer tanto com tão pouco?"
Cada igreja existente sobre a terra pode ser comparada àquele

pequeno menino que tinha tão pouco, cinco pães e dois peixinhos (Jo
6.9), mas que nas mãos do Senhor Jesus seria multiplicado de tal forma
a saciar tantos e ainda sobejar. Como Pode um país pobre contribuir
para evangelizar países ricos? Jesus não tinha em mãos nada para usar
até que o rapaz lhe pôs nas mãos tudo o que tinha e então o milagre
aconteceu.

“Missões é um milagre de Deus” e só os que colocam nas mãos do Senhor os seus


poucos recursos é que se dão conta do milagre realizado. Os povos precisam de Jesus.
Nós temos Jesus. Não temos apenas migalhas, mas a graça infinita de Deus à nossa
disposição (João 6.9).

“Missões é compartilhar” o pouco que você tem, cinco pães e dois peixes, com o
Senhor Jesus que pode multiplicar este lanche, tornando-o num verdadeiro banquete
que pode alimentar milhões, tornando-o num verdadeiro banquete que pode alimentar
milhões que vivem sem Jesus.

“Missões é entrega de vidas sem reservas”, sem questionamentos e pondo toda a


nossa confiança no Senhor da Obra, que nos chamou para tão honrosa tarefa.
Alguém poderia formular a seguinte pergunta: "Há diferença entre Missões e
Evangelização?" Responderíamos da seguinte maneira: o plano de Deus para salvação
do homem é constituído de três elementos - a mensagem, o meio (recurso) e o processo
(método). A mensagem e o Evangelho, o meio é Missões (enviar) e o processo é a
evangelização (proclamação).

Em outras palavras, Missões e Evangelização não são coisas distintas entre si, mas
ações interligadas e integrantes do plano de Deus. A Evangelização é o ato de
proclamação da mensagem, a implementação de Missões.

PARA QUE FAZER MISSÕES?

"Falar em Missões" sem querer saber "para que" fazemos Missões é o mesmo que
andarmos no escuro. Paulo, o grande missionário, foi sempre consciente de que há um
objetivo a ser alcançado em Missões. Das três indagações feitas por Paulo, no texto que
estamos aplicando para este estudo (Rm 10.14), a segunda interrogação é: "Como crerão
naquele de quem não ouviram?" Sabe qual é a resposta? Missões. Sim, Missões existe
para levar Cristo a todas as pessoas, fazendo-as crer que Ele é eterno e suficiente
Salvador.

Não podemos mais visualizar um mundo rodeado de barreiras sociais e políticas,


porque Deus está derrubando todos os bloqueios de Satanás. O Evangelho precisa
chegar às grandes cidades do mundo como: Tóquio, Bombaim, Calcutá, Cairo e outras
que aparentemente estão fechadas para o evangelho, onde a população geme sobre o
impacto do paganismo buscando outra forma de vida após a morte para aliviar o
sofrimento da existência presente.

Não podemos ficar indiferentes ao fato de que “apenas 8% de toda força


missionária mundial” trabalham entre povos não alcançados; ou seja, entre os hindus,
budistas e muçulmanos, povos que representam aproximadamente “50% da população
do mundo”.

Calcula-se que, hoje, apenas metade da população do globo terrestre já ouviu falar
do evangelho, e a outra metade representa cerca de 3,2 bilhões de pessoas, que estão
envolvidas nas trevas espirituais.
A África é o continente que mais cresce na aceitação do Evangelho, porém as suas
práticas pagãs continuam, devido a tradição cultural, arraigadas na alma do povo. O
sincretismo é um grande problema em muitas áreas. Um real arrependimento de pecado
e das obras das trevas está faltando e muitos cristãos africanos ainda continuam com
medo das feitiçarias e dos espíritos.

Existe Missões porque há um mundo carente e necessitado do


amor de Deus.Não há outra forma de livramento para o mundo:
somente através da pregação do " Evangelho. As boas Novas de
Deus para o homem caído em delitos e pecados estão
nas verdades fundamentais do Evangelho.

Onde Fazer Missões?

Se fizermos uma retrospectiva da obra missionária realizada nas últimas décadas,


observaremos que a igreja contemporânea preocupou-se em plantar o evangelho no
mundo ocidental esquecendo-se definitivamente do mundo oriental. Por esta razão, os
povos esquecidos se multiplicaram formando hoje mais da metade da população
mundial mergulhada nas trevas espirituais. Fazer missões hoje representa um desafio
transcultural a ser vencido pela igreja.

Já sabemos que o objetivo de Missões é levar todos à salvação, porém podemos ir mais
além do seu objetivo. Em todos os lugares da Terra o Evangelho deve ser pregado. Isto
está provado em Mateus 28.19: "Portanto ide, ensinai todas as nações". Jesus disse ide a
todas as nações ou o mesmo que "Ide ao Brasil, Japão, Coréia, Indonésia, aos países africanos
e de outros continentes". Salvação é uma dádiva oferecida independente de cor, raça,
idioma e posição social.
O Evangelho é para todos os povos, em todos os lugares
Atos 1.8 nos dá uma visão missionária global e estabelece quatro pontos estratégicos para
se fazer Missões. Através desses lugares, o referido escritor estabelece quatro pontos
estratégicos para se fazer Missões:
 Jerusalém - É o trabalho missionário em nossos lares, vizinhança, escola, faculdade,
trabalho, etc. Este campo é muito vasto. Você já evangelizou alguém de sua família?
 Ou seu colega de faculdade? Seus vizinhos? Pense nisto agora. 
 Judéia - É o trabalho realizado nas vilas e bairros próximos; este campo parece sem
nenhuma importância, porém não há dúvidas de que é um excelente local para uma
boa pescaria. Existem grandes bairros e vilas próximos de nós onde há milhares de
 pessoas precisando ouvir a mensagem do Evangelho. 
 Samaria - É o trabalho realizado em cidades mais distantes, no interior do país, o que
 se pode chamar de "Missões Nacionais". 
 Aos Confins da Terra - É o trabalho missionário realizado em todo o mundo, isto é,
"Missões Estrangeiras". 

Nunca o mundo esteve tão aberto para o trabalho missionário como agora. Não
sabemos até quando durará tal abertura. Está na hora de obedecermos ao IDE de Jesus.
O mesmo livro de Atos que estabelece os lugares onde deve ser proclamado o
Evangelho, também nos dá um panorama geral da expansão da proclamação através do
trabalho missionário.

QUANTITATIVO:
Almas "acrescidas" (Leia Atos 2.41-42,47).
O Número de discípulos "continuava a se multiplicar" (Leia Atos 6.1,7; 9.31).
O Crescimento quantitativo era evidente por causa do Crescimento espiritual,
comunhão, compartilhamento, adoração e testemunhos dos crentes.
Além dos pontos estratégicos para se fazer Missões, Atos 1.8 diz que o trabalho
missionário deve ser feito "ao mesmo tempo" em cada um dos quatros lugares. O
trabalho dos discípulos não deveria primeiro ser iniciado e completado em um lugar
para depois partirem para outro. Essa "simultaneidade" está expressa nas palavras "tanto
em", "como em" e "até os".
A Igreja de hoje tem avançado consideravelmente na conquista dos povos, mas
temos que observar que existe metade da população do mundo que ainda não ouviu o
evangelho. Essa grande massa tem as barreiras transculturais da religião milenar e os
costumes quase que intransponíveis ao nosso mundo moderno. Os povos não
alcançados, na sua maioria, ainda são os que vivem na miséria social, cultural e
econômica. E sabemos que só o evangelho pode mudar este quadro social.
COMO FAZER MISSÕES
A evolução da sociedade é rápida e constante, ou seja, vivemos num mundo
globalizado. As nações se aproximam velozmente pelos meios de transportes e a
comunicação e os satélites quebraram as barreiras da distância divulgando toda e
qualquer notícia falsa ou verdadeira instantaneamente.

A igreja precisa agir ensinando ao nosso povo o que é básico. A Bíblia é a nossa
regra de fé e praticar missões é o objetivo principal dela. Jesus ordenou a permanência
dos seus discípulos em Jerusalém até o revestimento de poder. (Leia Lucas 24.49).
Retornar ao ensino básico é sentir a necessidade de revestimento de poder para que o
mundo de hoje seja alcançado não pela palavra persuasiva, mas pela demonstração do
Espírito Santo que transforma a vida das nações.
Cremos que estamos vivendo os últimos dias da oportunidade de salvação aos
homens e é urgente que a obra de missões seja realizada no poder de Deus que opera
milagres.
Em Marcos 16.20 lemos: "E eles, tendo partido, pregaram em toda parte,
cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra por meio de sinais que se
seguiram".

Este versículo serve para nos lembrar que, acima de tudo, para se realizar uma
autêntica Obra Missionária, é preciso ter a cooperação do Senhor Jesus, porque sem Ele
nada podemos fazer. Jesus tem que estar em primeiro lugar em qualquer trabalho
missionário.
É Jesus quem nos manda ir e também, quem nos oferece princípios orientadores
para fazermos Missões. Os princípios estão demonstrados nas experiências dos primeiros
missionários. Podemos observá-los sendo postos em prática por Filipe por ocasião de
uma extraordinária experiência evangelística (Atos 8.26-40).

Você leu o texto que trata da conversão do eunuco, mordomo-mor da Candace,


rainha da Etiópia, país localizado na África. Da experiência evangelística de Filipe
podemos então extrair CINCO PRINCÍPIOS ORIENTADORES do trabalho
missionário.

a) Ser guiado pelo Espírito Santo;


b) Não se deixar levar por preconceitos ou tradições humanas;
c) Conhecer a Bíblia Sagrada;
d) Não deixar de anunciar a Cristo;
e) Ter um alvo definido.

Observe a seguir:

CINCO PRINCÍPIOS ORIENTADORES DE MISSÕES


Filipe era um homem GUIADO PELO ESPÍRITO DE DEUS: Não havia a menor
possibilidade humana de uma comunicação entre Filipe e o eunuco; se aquele era judeu,
de uma tradição que o impedia de juntar-se a um estrangeiro, este era um alto
funcionário do governo etíope, não lhe sendo permitido conversar com um homem
"comum". Ocorre que Filipe era um homem guiado pelo Espírito e fazia o que Ele lhe
ordenava.
Filipe NÃO SE DEIXAVA LEVAR POR PRECONCEITOS OU TRADIÇÕES
HUMANAS: Ele entendia que todos são pecadores e carecem da glória de Deus não
importando 'quem' e 'onde' esteja (Romanos 3.23; 5.8; e 2 Pedro 3.9b).

Filipe CONHECIA A BÍBLIA: Ele interpretou corretamente a passagem lida pelo


eunuco. Quem quiser ser bem sucedido na execução de Missões precisa conhecer a
Bíblia. Ela é fundamental na realização do trabalho missionário.

Filipe NÃO DEIXAVA DE ANUNCIAR A CRISTO: Diz o texto (vers. 35) que
Filipe "abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Jesus". Isto nos
leva a três importantes conclusões com base no sucesso ministerial daquele
extraordinário missionário:

• Cristo deve ser o centro do nosso testemunho pessoal (II Co 2.15).


• Cristo deve ser o centro da nossa mensagem (IICo 1.23) Cristo deve ser o centro
da nossa missão evangelística, pois o verdadeiro evangelismo é confrontar Cristo com os
homens. Para realizar Missões, além de aplicar estes princípios, é preciso haver a prática
de três ações, que são: orar, contribuir e ir.

ORAR
A oração do crente na Obra Missionária tem duas finalidades: a primeira pode ser
entendida comparando-se a oração com a missão dos "intercessores" nos dias do profeta
Isaias (Leia Is 62. 6-10). O versículo 10 oferece-nos a idéia de um caminho sendo aberto.

É assim que funciona a oração em Missões. Ela vai na frente do missionário


abrindo um caminho por entre a escuridão espiritual.
Há lugares em que o domínio da feitiçaria e dos demônios são tão intensos que o
trabalho de evangelização se constitui por muito tempo apenas de oração, para que o
domínio de Cristo seja implantado.
É o caso de países da África e tribos indígenas onde o animismo é a religião, e de
países da Ásia (Índia e China) onde predominam religiões milenares como o budismo,
confucionismo e xintoísmo.
CONTRIBUIR
Contribuir para missões envolve, principalmente; a contribuição através de bens
materiais. O missionário Paulo, na sua carta aos Filipenses 1.5 agradece "pela cooperação
no evangelho". A palavra "cooperação", neste versículo, na língua original em que foi
escrita a carta, tem o sentido de "ser sócios no Evangelho". Contribuir para a Obra
Missionária também é uma maneira de ajuntar tesouros no céu e não ajuntar na terra,
conforme está escrito em Mateus 6.20.

IR
Além de orar e contribuir, o crente deve estar pronto a ir fazer trabalho missionário, se
ainda não o está realizando. O profeta Isaias prontamente pediu que ele fosse o enviado,
quando o Senhor perguntou: "A quem enviarei, e quem irá por nós?". Para proclamar o
Evangelho, o Senhor não envia anjos. Ele usa homens e mulheres, seus discípulos (Leia
Hebreus 2.16 e II Pedro 1.12). Esteja pronto a repetir a resposta de Isaias? "...Então disse
eu: Envia-me a mim (lsaías 6.8b).

Chamada Específica para a Obra Missionária

ANTES DA CHAMADA

• Deus chama seus servos de diferentes maneiras, para Ministérios específicos. Para
chamar, Ele fala direta ou indiretamente. Pode falar audivelmente ou por sinais. O
chamado pode ocorrer por um forte sentimento interior de que é a vontade de Deus para
determinada tarefa, ou pode ser através de mensagem transmitida por outrem ou por
sonho ou por visão. Às vezes, um servo recebe convicção do chamado de Deus tomando
conhecimento da necessidade urgente de que determinada obra seja feita.
Há muitas outras maneiras de Deus chamar alguém para sua obra. Deus é
infinitamente sábio e criativo. Porém, há dois passos na vida cristã que devem ser
analisados antes de alguém ser chamado para uma tarefa específica. Observe-os:

1° Passo: Comunhão com Deus. O primeiro passo é estar em comunhão com Deus. Não
se pode falar com alguém que esteja dando atenção a outra pessoa ou outra coisa. Não
haveria comunicação. Assim também é com Deus. Ele tem de esperar até que nos
voltemos para Ele e lhe demos atenção, para que possa repartir conosco os seus planos.

2° Passo: Envolvimento. Depois de uma pessoa acercar-se de Deus, de Ter comunhão


com Ele, essa pessoa passa a ser participante do Reino de Deus no sentido ativo. Dizemos
sentido ativo porque o crente pode tornar-se apenas um espectador do que acontece na
obra do Senhor. Acredito que esse não é o seu caso. Sim, o crente fiel precisa envolver-se
inteiramente na obra do Senhor. E, nesse sentido, todos os crentes são chamados, são
vocacionados, são comissionados para a obra.
Pode ser que um crente não tenha a chamada específica para ser um pastor, um
missionário ou uma enfermeira no meio dos índios, etc. Contudo ele é servo na situação
em que vive. É um soldado produzindo em sua própria comunidade para o Reino.
Entretanto, Deus, exercendo sua soberania, chama alguns dos seus servos para
trabalhos específicos. Exemplos:
-Abraão foi chamado para ser o iniciador de uma grande nação( Gn 12.2);
- José teve a incumbência de ser o provedor de seu povo em meio à fome, (Gn 45.5);
- Moisés foi chamado para libertar o povo de Israel do Egito( Ex 3.10);
- Jonas foi enviado à Nínive para anunciar o juízo de Deus;
- Paulo foi enviado aos gentios (Atos 22.21);
- Lutero foi levantado para reformar a Igreja e traduzir a Bíblia;
- Livingstone foi levantado para missões na África;
-Gunnar Vingren e Daniel Berg receberam a visão para evangelizar o Brasil e iniciar o
Movimento Pentecostal no Brasil.

DEUS ATRAVÉS DA IGREJA


Este texto de Atos 13.13, mostra que Deus fala através da Igreja. Paulo e Barnabé
haviam recebido a chamada pessoal de Deus. Agora, os profetas foram usados para
confirmar o chamado desses homens e separá-los para a obra específica que Deus tinha
com eles. Aqui Deus falou com Paulo e Barnabé através, do ministério (isto é, do grupo
de servos) que operava na Igreja de Antioquia. Este é um dos textos chaves e padrão para
a Igreja.

Este é um fato que precisa ser levado a sério tanto pelo candidato à missões como
pela missão ou igreja que o envia. A vida de um missionário deve estar intimamente
ligada com a igreja local.

Assim, para que haja mais segurança no envio do missionário é prudente que a
decisão final seja feita como resultado do discernimento de um grupo de pessoas que
estão procurando servir ao Senhor com jejum e oração.

Além disso, o missionário terá certeza de que um grupo de pessoas estará orando
por ele. Ele se sentirá ligado a um corpo e muito mais segurança.

- Deus fala pessoalmente


- Fala audivelmente
- Fala por sinais
- Fala através de um sentimento interior
- Fala através de mensagens transmitidas por pregadores
- Fala através de sonhos
- Fala através de visões
- Fala através do conhecimento da necessidade urgente de determinado grupo.
- Fala através de ministérios na igreja local: Estes ministérios são pessoas que servem ao
Senhor em oração e jejum e são usados por Ele para falar aos seus servos. A eficácia
destes ministérios está no fato de operarem como um grupo e não como indivíduos.

SETE MEIOS ATRAVÉS DOS QUAIS DEUS


NOS CHAMA
Temos visto como Deus é muito criativo na maneira de chamar alguém para ministérios
específicos, porque Ele não está limitado a métodos humanos. Vejamos abaixo mais
alguns exemplos:

1°- Forte convicção da direção do Espírito Santo:


A convicção do caminho certo posto em nossos corações pelo Espírito santo é uma
das maneiras, pelas quais Deus nos guia dentro de sua vontade. (Atos 20.22-24).

2°- Palavra de Deus:


O missionário Robert Moffat escreveu Deus me chamou ainda jovem. Às vezes eu
duvidava que poderia ser realmente um missionário. Havia algo errado dentro do meu
ser que falava. Então, abri a Bíblia e pedi ao Senhor: "Mostra-me se é a tua chamada que
sinto em meu ser". Ao abrir a Bíblia, entendeu que o Senhor falava ao seu coração em
Isaias 6.8. Na manhã seguinte, na Escola Dominical, o pastor leu o mesmo trecho (Is 6.8) e
depois de orar disse: Deus está falando com alguém hoje, aqui. Robert Morffat entendeu,
então, que naquela hora Deus estava confirmando sua chamada.

3°- Portas abertas e fechadas:


"Se uma porta fechar, vira-te que hás de deparar com uma outra abrindo naquele instante".
Dizia Studd. Quantas portas se fecham ao longo do nosso caminho. Deus faz dessa
maneira para abrir os nossos olhos para contemplarmos as portas que devemos entrar,
para se cumprir sua vontade!

4°- Paz e descanso profundo:


O missionário David Livingstone na África expressou: "Quando decidi obedecer a
chamada do Mestre para o continente africano, senti uma paz profunda no meu ser. Muitos dos
meus familiares não entenderam e até zombavam de mim, mas a paz que excede todo o
entendimento guardou o meu ser”.
É a mesma paz que Paulo sentia em seu coração que lhe pediram que não subisse a
Jerusalém. (Veja Atos 21.13,14). Sua santa vontade no Salmo 37.5 diz: “Entrega o teu
caminho ao Senhor, confia nele, e ele tudo fará”.
Paz e descanso profundo nos dá certeza da vontade de Deus."

5°- Oração respondida:


Hudson Taylor, o fundador da grande Missão para o Interior da China, depois de
sua conversão, começou a sentir um profundo interesse elos chineses; olhava nos mapas,
lia livros e os meios transportes das províncias. Com o passar dos tempos, uma grande
tristeza e pesar entrou em seu coração. Sua saúde piorava e os médicos recomendavam
repouso a ele. Porém, um dia, caiu em um sono profundo e, de madrugada, acordou com
uma luz brilhando em se quarto e uma voz que dizia: "Hudson, estás disposto a ir á China
por mim?” Quando tentou responder, tudo desapareceu. Ajoelhou-se e disse: "Senhor, eu
irei, mas estou doente. Se me curares, então saberei que é da tua vontade." No mesmo instante,
sentiu uma forte tremedeira da cabeça aos pés. Era o Senhor que o curava, confirmando
assim, sua chamada para a China. Sua oração foi respondida. Deus responde as orações.

6°- Circunstâncias:
Billy Bray levava uma vida indiferente a Deus, mas aos 17 anos converteu-se ao
Senhor e o servia com mais ardor do que quando servia ao diabo. Devido a pressão
econômica perdeu o emprego na cidade grande onde morava, longe dos pais. Ficou
somente a pergunta; "O que fazer?" Sem recursos e sem lugar para morar, finalmente
voltou à casa dos pais, à vila onde nascera. Ali começou a pregar o evangelho. Primeiro
ganhou seus pais para Cristo e mais pessoas. Continuou pregando nas demais vilas até
conseguir uma tenda de circo onde"' realizava cruzadas evangelísticas. Foram as
circunstâncias que ocorreram em sua vida que o levou a seguir esse caminho.

7°- Conselhos cuidadosos de pessoas experientes:


James Gilmour, missionário na Mongólia expressou o seguinte: "Depois que Deus
me salvou, senti forte desejo de trabalhar na Mongólia. Quando falava sobre este assunto
todas as pessoas achavam impossível. Em certo culto, ao terminar de pregar, uma
senhora idosa veio ao meu encontro e disse-me: "Jovem, ouvi tuas palavras, e te digo: Não
temas. Siga a Deus, pois ele nunca dá impressões falsas, quando sinceramente o buscamos. Não dê
ouvidos às vozes do desânimo. Olhe n’Ele”.

Tipos de voluntários para a obra de Missões


HÁ dois tipos de voluntários: Os ativos e os passivos.

O VOLUNTÁRIO PASSIVO diz: "Senhor aqui estou." No ano seguinte, ele repete
as mesmas palavras. Cinco, dez anos mais tarde ele continua repetindo a mesma coisa, à
semelhança de um disco arranhado.
O voluntário passivo espera ouvir alguma voz sobrenatural ou até que o próprio
Deus desça e o transporte para algum país estrangeiro.
Mas Deus não usa voluntário passivos. Chegará o dia em que a saúde poderá
diminuir, a força da juventude se esvair, até mesmo as forças para caminhar poderá
fracassar, então passa a lamentar-se, dizendo: "Ah, se eu ainda fosse jovem!" Permita-nos
parafrasear, com minhas próprias palavras, o texto de Eclesiastes 12.1, escrito por
Salomão:
"Lembra-te de cumprir o chamado de Deus para tua vida enquanto tens saúde, força e disposição,
antes que cheguem os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: não tenho neles
contentamento”.

Em Jeremias 8.20 há um texto que explica claramente esse momento de


descontentamento: "Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos". Isso quer
dizer que a oportunidade passou.
Por sua vez o VOLUNTÁRIO ATIVO diz: "Senhor, eis-me aqui, envia-me a mim.
Esse voluntário ultrapassa todos os impedimentos pela oração. Rompe todos os
obstáculos. Supera todos conselhos contrários e opiniões desestimuladoras. Procura a
qualquer custo se preparar, nem que isto lhe custe sacrifícios altos. Finalmente, fica
pronto para o grande trabalho de sua vida.
Foi Edward Kingall, um humilde professor de Escola Dominical que
decidiu levar todos os seus alunos a um encontro vivo com Deus. Um desses alunos era
D.L.Moody. Kinball disse para Moody: "Deus precisa de um homem para usar nesta geração".
Sem hesitar, Moody respondeu: "Eu serei este homem".
E foi mesmo. Dwight Limon Moody foi o maior evangelista da sua época. Conduziu
milhares de almas ao Senhor ao redor do mundo. O Senhor Jesus continua chamando; "A
quem enviarei e quem há de ir por nós?". O Senhor precisa de voluntários ativos.

Thomas Waring, afirmou já no final de sua vida: "Ah! Se eu tivesse mil vidas, daria
todas pela África".
Se você sentiu-se tocado pelo Espírito Santo, e pode perceber a urgência divina, um
impulso compelidor que se toma impossível de resistir, saiba que satanás, o maior
opositor dessa obra, fará tudo quanto tiver ao seu alcance a fim de desencorajar-lhe.

Se Deus te chamou e você tem se apresentado como voluntário (a) ativo, então você
não deve firmar um compromisso com uma pessoa que não esteia viajando na mesma
direção. Agindo dessa forma, não haverá lugar para equívocos.

É VOCÊ QUEM DECIDE

* Poderá fazer o que milhões de pessoas crentes têm feito: acomodar-se na monotonia
da vida moderna, casar, gerar filhos, trabalhar, conseguir a aposentadoria, morrer e ser
esquecido.
* Ou pode tornar-se um pioneiro, empregando a sua vida na grande tarefa a favor de
Deus, sendo o primeiro a entregar o evangelho a alguma tribo ainda não alcançada, e
assim ser relembrado para sempre. Qual a sua decisão?

QUEM DEVE FAZER MISSÕES?

Na primeira parte desta lição, aprendemos que Missões é a Obra de Deus dada à Igreja
que, seguindo o exemplo de Cristo, proclama por palavras e ações o Reino de Deus,
chamando todos ao arrependimento e a ter fé em Cristo, enviando-os a serem discípulos
dEle.
A Bíblia nos ensina que é da Igreja a responsabilidade missionária primária de
executar â Obra Missionária.

Essa responsabilidade é COLETIVA e INDIVIDUAL:

A coletiva é a Igreja como reunião ou assembléia dos salvos;


A individual é a de cada crente como um membro integrante da Igreja.

Em Atos dos Apóstolos encontramos as primeiras igrejas cumprindo a responsabilidade


de executar a Obra Missionária. Uma amostra disso está no capítulo 13.1-3.
O texto que você leu nos conta que a igreja em Antioquia separou e enviou a Saulo
e Barnabé para fazer a Obra Missionária. A Igreja é a verdadeira agência missionária,
responsável pelo envio e coordenação de qualquer projeto missionário. O ir não dever
ser independente do enviar.
Hoje, muitos querem fazer a obra missionária à revelia da Igreja, mas só ela tem a
autoridade. Você já deve Ter compreendido que o enviar não é simplesmente dar uma
ordem para que alguém vá a algum lugar: é muito mais. O enviar é uma tarefa, um
trabalho, um empreendimento. Esse aspecto pode ser inferido pelas quatro ações
praticadas no versículo 3. A Igreja de Antioquia: Jejuou, orou, impôs-lhes as mãos e os
despediu.

Nós queremos dizer com isto que quem envia os missionários é a igreja e não a
agência missionária. Quem avalia o trabalho e a vida do obreiro é a igreja local. Ela deve
Ter posições claras sobre as nações não alcançadas, definição dos povos transculturais e
acima de tudo priorizar as metas desta obra.
Ao longo da História da Igreja, Deus tem chamado homens e mulheres para
realizarem tarefas específicas. A todo instante, milhares de crentes estão sendo
chamados por Deus para as mais diversas tarefas.

O DESAFIO DE MISSÕES
"..mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em
Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra" (Atos 1.8).
Esse versículo tem sido a base de um sermão que em diversas igrejas e conferências
missionárias Deus tem usado para desafiar vidas e comunidades para a tarefa da
evangelização mundial. Nesse versículo encontramos condensado o plano de Deus para
a igreja.

1) "... recebereis poder..."


Missões começam no poder do Espírito Santo. Ele é o chefe de missões, porque é
quem dirige, motiva, impulsiona e leva a igreja a cumprir sua tarefa missionária.
Algumas igrejas dizem que têm o poder do Espírito Santo, mas não têm visão
missionária, o que é impossível, porque se de fato tivessem poder, consequentemente
teriam visão missionária. Outras querem fazer a obra de missões sem o poder do Espírito
Santo, e o resultado é um fracasso total.
Jesus conhece nossa fraqueza e incapacidade para cumprir sua ordem; por isso, todas
as vezes que ordenou que fôssemos por todo o mundo pregando o evangelho a toda
criatura, prometeu também nos capacitar com o poder do Espírito Santo. Examine o
quadro da página seguinte.
É impossível fazer a obra de missões sem o poder do Espírito Santo. E impossível
haver poder do Espírito Santo sem que haja visão mundial.
Se olharmos para a história da igreja, veremos que sempre que houve um
derramamento do Espírito o resultado foi um grande movimento de missões mundiais.
O resultado do derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes foi a salvação
de quase três mil almas (At 2.41); mais adiante, cerca de cinco mil (At 4.4); depois disso
houve um grande movimento missionário (At 7.6).
Na história dos avivamentos, podemos perceber grandes movimentos missionários.
Se quisermos ver nossas igrejas crescendo, o reino de Deus implantado e o evangelho
sendo pregado a todas as nações, precisamos do poder do Espírito Santo. Todas as vezes
que Jesus deu a Grande Comissão a seus discípulos, deu também a promessa da
capacitação do Espírito Santo para sua execução.
Mas o diabo não quer que o evangelho seja pregado, e sabe que se a igreja for cheia
do Espírito Santo, haverá um grande trabalho de evangelização destinado a todas as
nações; por isso ele começou a semear um movimento de divisão nas igrejas é uma
tremenda confusão doutrinária.
Podemos andar no Espírito pela fé. A Bíblia diz que sem fé é impossível agradar a Deus
(Hb 11.6); o justo viverá pela fé (Gl 3.11); ora, como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim
andai nele (Cl 2.6); andai no Espírito, e jamais satisfareis à concupiscência da carne (Gl 5.16).
Você pode andar cheio do Espírito Santo pela fé na Palavra de Deus. Ele já nos prometeu
poder e autoridade; basta-nos agora recebê-lo pela fé e andarmos cada ano, cada mês,
cada hora do dia, cada minuto da hora, cada segundo da nossa vida cheios do Espírito
Santo pela fé na Palavra de Deus.
Você está cheio do Espírito Santo? Talvez você seja um cristão derrotado, sem poder
e sem frutos por estar vivendo a vida cristã pelos seus próprios esforços ou, quem sabe,
procurando emoções! Nós lhes recomendamos que peça a Deus que o encha do Espírito
Santo agora mesmo, onde você está, e que o receba pela fé.

2)"... e sereis minhas testemunhas..."


O resultado de uma vida cheia do Espírito Santo é o testemunho. O crente que se
apropria do poder do Espírito Santo, pela fé, sente-se motivado a falar de Jesus Cristo aos
outros e o faz de forma natural. Além do poder para testemunhar, o crente produzirá o
fruto do Espírito, que se refletirá em suas atitudes, e sua vida servirá de estímulo para
que os outros sigam Jesus.
Jesus Cristo nos chama para ser suas testemunhas. Testemunha é uma pessoa que viu
algum acontecimento e é solicitada a relatá-lo. Jesus quer que sejamos testemunhas do
que ele fez e está fazendo por nós e em nós.
Se Cristo fez e está fazendo algo em nossa vida, temos do que testemunhar, porém se
Cristo não fez nem está fazendo nada em nós, não temos nada para testemunhar. Deus
nos ordena em sua Palavra que sejamos testemunhas das bênçãos que ele nos dá, e essas
bênçãos têm uma razão de ser: para que o mundo creia. Veja o que lhe diz Salmos 67.1-3:
Você tem sido uma testemunha? Quantos ao seu redor estão morrendo sem Cristo,
sem esperança, sem salvação, indo para o inferno! Você tem pregado o evangelho e está
fazendo discípulos?
Você se lembra da pessoa que lhe falou de Cristo? Lembra-se do dia da sua salvação?
Você já pensou que aquela pessoa foi fiel a Deus e a você? Você já agradeceu a Deus por
aquela vida? Será que algum dia alguém vai agradecer a Deus porque você lhe
testemunhou? Enquanto estamos vivos devemos ser testemunhas de Cristo.

3) Locais para o testemunho


Em Atos 1.8 Jesus apresenta-nos quatro locais onde devemos ser testemunhas:
Jerusalém, Judéia, Samaria e os confins da terra.
a) Jerusalém — cidade onde os discípulos estavam quando receberam a ordem. Ela foi
palco dos acontecimentos básicos do cristianismo. Nela Jesus morreu, ressuscitou e deu a
Grande Comissão aos discípulos. A nossa Jerusalém deve ser a cidade onde vivemos, nos
reunimos como igreja e recebemos as bênçãos de Deus. Portanto devemos ser
testemunhas em nossa cidade, no trabalho, na escola, na vizinhança, na rua, falando de
Cristo, distribuindo folhetos, convidando pessoas para ir à igreja, realizando programas
de rádio e TV, colocando mensagens nos jornais, cartazes nas lojas, nos veículos de
transporte coletivo, etc. Enfim, devemos fazer tudo para que Cristo seja conhecido em
nossa Jerusalém.
b) Judéia — estado cuja capital era Jerusalém. Quando Cristo diz que devemos ser
testemunhas em toda a Judéia, ele quer que evangelizemos nosso estado. A nossa Judéia
é o estado onde estamos vivendo.
c) Samaria — região mais afastada, com conotações transculturais. A nossa Samaria é
o Brasil. Portanto, devemos ser testemunhas no Brasil do que Cristo fez e está fazendo
em nossa vida aqui.
d) Confins da terra — Jesus quer que sejamos suas testemunhas em todas as nações da
terra. A visão de Deus é implantar seu reino em todas as tribos, povos, línguas e nações
(Ap 5.9). Devemos, portanto, ter a mesma visão, pois somos os instrumentos de Deus
para essa tarefa.
Se somos servos de Deus e temos a Bíblia como única regra de fé e prática, teremos
visão missionária mundial, que é o que Deus espera dos seus servos.
Qual tem sido a sua visão? O que você e sua igreja estão fazendo para levar a glória de
Deus a todas as nações?

4) Quando testemunhar? Hoje e agora!


Alguns têm uma visão errada da obra e da tarefa da igreja. Pensam que devem atingir
somente o seu bairro com a mensagem de Cristo. Oh! Como precisamos de visão! Como
precisamos de uma operação sobrenatural de Deus abrindo os nossos olhos para a tarefa
que está diante de nós! A visão de Deus é que a igreja seja testemunha de Cristo em
Jerusalém, na Judéia, em Samaria e nos confins da terra ao mesmo tempo. Alguns
planejam evangelizar primeiro a cidade ou o país, para depois pensar em missões
mundiais. Isso é pecado! É desobediência à ordem de Cristo, falta de responsabilidade, e
prestaremos contas diante de Deus por esse nosso pecado (Hb 2.2).
Observe os destaques no texto: "... recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito
Santo e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e
até aos confins da terra". Note que devemos evangelizar os quatro locais ao mesmo
tempo. No original grego, a palavra correspondente a tanto em é te, que quer dizer
"ambas"; daí a idéia de simultaneidade. Devemos ser testemunhas na nossa cidade, no
nosso estado, no nosso país e no mundo todo ao mesmo tempo!
Os números abaixo mostra-nos a realidade do mundo hoje.

Situação do Mundo Em 1998

Cristianismo
Igreja Católica........................................ 970.000.000
Igreja Ortodoxa e outras........................ 180.000.000
Protestantes e Evangélicos..................... 800.000.000
Outros Grupos....................................... 100.000.000
TOTAL................................................... 2.050.000.000

Outras Religiões
Islamismo.............................................. 1.150.000.000
Hinduísmo............................................. 770.000.000
Religiões Orientais................................ 680.000.000
Judaísmo................................................ 20.000.000
Animismo.............................................. 160.000.000
Outras................................................... 70.000.000
TOTAL.................................................. 2.850.000.000
Ateus e Secularistas
Sem Religião ........................................ 1 .200.000.000
TOTAL GERAL...................................... 6.100.000.000

Fonte de Informação: U.S. Center for World Missions

BATALHA ESPIRITUAL
Devemos entender que estamos numa batalha espiritual. Fazer a obra de evangelista,
querer ver o mundo todo salvo, servir a Cristo, é atacar diretamente o inimigo, Satanás.
Porém Satanás não quer perder terreno e, então, procura enganar os cristãos, mantendo
escondido o conceito da batalha espiritual que mais lhe incomoda, que é a conquista dos
povos ainda não alcançados.
Os autores que escrevem sobre batalha espiritual sempre se preocupam com as
dificuldades espirituais individuais dos crentes. Poucos têm percebido que a batalha
espiritual mais eficaz é aquela que tira vidas das mãos de Satanás e ganha terreno para o
reino de Deus.
Ouvimos muito falar de vitória na vida pessoal, de libertação das obras malignas, de
cânticos de guerra, de armas de vitória, mas sempre em relação ao crente como indivíduo. O
povo precisa abrir os olhos e ver que Satanás o está enganando, não permitindo que veja o
aspecto mais amplo e mais eficaz da batalha, que é avançar no terreno do inimigo e saquear-
lhe os bens.
De acordo com a Bíblia, quem não tem Cristo pertence a Satanás (Mt 13.38) e, logicamente,
quando você começa a evangelizar uma pessoa, o inimigo não vai gostar e fará tudo para não
perder a vida que está em seu domínio. Você já tentou tirar um osso da boca de um cão
faminto? Que tal tirar a carne de um leão esfomeado? Saiba, então, que quando você decidiu
servir a Cristo, fez uma declaração de guerra contra Satanás.
A Bíblia apresenta alguns aspectos dessa batalha. Em Colossenses 1.13, ela diz: "Ele nos
libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor". Veja a
obra maravilhosa que Cristo fez por nós: outrora estávamos no império das trevas, cegos
espiritualmente, longe de Deus, sem esperança, escravizados, cheios de medo, sem saber
nada sobre o futuro, sob o domínio de Satanás. Mas Deus, por sua grande misericórdia,
libertou-nos do império das trevas e transportou-nos para o reino de Cristo. Que grandiosa
salvação! Aleluia! Mas como isso se deu? Foi quando alguém orou por nós e mostrou-nos a
verdade do evangelho. Portanto, quando saímos para pregar ou desejamos fazer a obra
missionária, devemos entender que estamos resgatando vidas do reino de Satanás, levando-
as para o reino de Cristo.
A Bíblia diz que o mundo jaz no maligno. Portanto, o trabalho de evangelização é uma
batalha que arranca vidas das garras de Satanás, transportando-as para as mãos de Cristo.
I - A Nossa Posição
Para enfrentar essa batalha precisamos, antes de qualquer coisa, saber qual é a nossa
posição espiritual, para termos ousadia, coragem e enfrentar o inimigo. Muitos de nós nos
sentimos impotentes e incapazes para a luta; por isso, precisamos entender o que a Bíblia fala
sobre a nossa posição. Em Efésios 1.19-22, encontramos as seguintes afirmações:
"... e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia
da força do seu poder; o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e
fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e
poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente
século, mas também no vindouro. E pôs todas as cousas debaixo dos seus pés e, para ser o
cabeça sobre todas as cousas, o deu à igreja..."
Dessa forma, o crente tem poder para dominar Satanás, expulsar demônios e exercer
autoridade sobre toda obra maligna. Por outro lado, Jesus Cristo afirmou:
"Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome expelirão demônios..." (Mc
16.17).
O Espirito Santo dá poder a todo crente para realizar as mesmas obras que Cristo realizou,
incluindo a expulsão de demônios. E preciso ter fé e pôr em prática a Palavra de Deus. Se
você é crente então pode expulsar demônios. Se você é crente e se Cristo controla sua vida,
saiba que está nesta posição espiritual, acima de todo poder de Satanás, e pode exercer
autoridade e expulsá-lo em nome de Jesus.

II - A Nossa Armadura
"Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de
toda armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a
nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim, contra os principados e potestades, contra
os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões
celestes. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e,
depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes, cingindo-vos com
a verdade, e vestindo-vos da couraça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evangelho
da paz; embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos
inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a
palavra de Deus; com toda a oração e súplica, orando em todo tempo no Espirito, e para isto
vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos, e também por mim; para que
me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra, para com intrepidez fazer conhecido o
mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias, para que em Cristo eu seja
ousado para falar, como me cumpre fazê-lo" (Ef 6.10-20).
Neste trecho da Palavra, o apóstolo Paulo apresenta-nos a armadura de Deus. No verso 12,
a Bíblia afirma que a nossa luta não é física, mas espiritual. Há muita gente tentando expulsar
demônios pela força física, pelo muito gritar ou pela repetição de frases. Saiba que a luta está
no âmbito espiritual; logo, temos de nos revestir da armadura de Deus, mas antes temos de
estar fortalecidos no poder do Senhor, com uma vida de santidade, oração e cheia do Espírito
Santo; então vestiremos a armadura e estaremos prontos para a batalha.
III - A Nossa Estratégia
Para tornarmos efetiva a nossa vitória nesta batalha, precisamos de uma estratégia bem
planejada e estudada. Essa estratégia já está descrita na Palavra de Deus e constitui-se dos
seguintes passos:
1) Derrubar as portas do inferno

"Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16.18).
Nesse versículo, Jesus está apresentando o instrumento de Deus para a execução dos seus
planos de restauração da humanidade. Jesus está dizendo: "Eu edificarei a minha igreja, e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela", ou seja, o trabalho de Deus na restauração da
humanidade começa com um ataque frontal ao inferno. A igreja é o instrumento de Deus
para atacar o inferno, e o primeiro passo nessa estratégia é derrubar as portas do inferno.
Assim, o papel da igreja é derrubar as portas do inferno e entrar lá para tirar as vidas do
domínio de Satanás e levá-las para as mãos de Cristo. As portas do inferno não resistem ao
poder de Cristo manifesto na sua igreja. Aleluia!

2) Amarrar o inimigo

"Ninguém pode entrar na casa do valente para roubar-lhe os bens, sem primeiro amarrá-lo; só então
lhe saqueará a casa" (Mc 3.27).

O segundo passo na estratégia da batalha espiritual é amarrar o inimigo. No contexto


desse versículo, Jesus Cristo está falando sobre Satanás e apresenta-nos a estratégia de
amarrá-lo. Pela autoridade da nossa posição em Cristo, pela Palavra de Deus, pelo nome de
Jesus Cristo, podemos amarrar Satanás e os espíritos malignos para, finalmente, tirarmos as
vidas de suas mãos. Se estamos acima de todo domínio e poder, temos, então, autoridade
espiritual sobre este poder. Por isso, o crente em Cristo simplesmente pode amarrar Satanás
para executar a obra de Deus. Isso não quer dizer que podemos impedir a atuação de Satanás
no mundo, pois tal se dará só no final dos tempos, mas o que podemos e devemos fazer é
impedir a atuação de Satanás e dos espíritos malignos especificamente sobre a pessoa ou
sobre a área que estivermos evangelizando, fazendo a obra de Deus.

3) Roubar-lhe os bens

"Ninguém pode entrar na casa do valente para roubar-lhe os bens, sem primeiro amarrá-lo; e só
então lhe saqueará a casa" (Mc 3.27).
No versículo acima, Jesus diz que devemos amarrar o valente e saquear-lhe os bens. Quais
são os bens de Satanás? São as vidas que ele tem em seu domínio. Portanto essas vidas
precisam ser resgatadas. Precisamos tirá-las das mãos de Satanás e levá-las para Cristo. Isso é
feito no campo espiritual.

4) Garantir os bens saqueados


Após roubarmos as vidas das mãos de Satanás, estas precisam ser protegidas e garantidas
para não caírem mais no domínio do inimigo. Poderemos fazer isso de três maneiras:
a) Discipulando — Precisamos levar o novo convertido a compreender a Palavra de Deus e a
colocá-la em prática; estará assim firmando sua vida espiritual sobre a rocha que é Cristo, e
nada poderá derrubá-lo dessa posição. Daí a necessidade de alguém mais experimentado na
Palavra tomar o novo convertido e, pessoalmente, ajudá-lo no crescimento espiritual.
b) Resistindo a Satanás — "Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós"
(Tg 4.7). O versículo diz que devemos primeiro estar em submissão a Deus. A nossa luta não
é realizada pelas nossas próprias forças ou capacidades, mas é uma luta espiritual, em que a
vitória vem do poder de Deus em nossa vida. Dessa forma, precisamos estar em inteira
submissão ao Espírito de Deus, para então resistir ao diabo. Quando resistimos a Satanás e
aos seus ataques, ele foge. Note que coisa interessante: quem foge é o diabo, não o crente.
Temos visto crentes fugindo de medo do diabo e de pessoas possuídas por demônios, porque
não conhecem sua posição em Cristo.

c) Não dando lugar ao diabo — "... nem deis lugar ao diabo" (Ef. 4.27). A vitória já está
garantida, temos autoridade sobre Satanás, mas precisamos tomar cuidado para não lhe dar
lugar. O diabo é astuto e não vai aparecer diante de nós como um bicho feio. Ao contrário, a
Bíblia diz que ele se transforma em anjo de luz para nos enganar. E o faz com muita sutileza,
às vezes trazendo um mau pensamento, desviando-nos dos propósitos de Deus; outras vezes,
provocando divisões, contendas etc.; assim, devemos tomar cuidado e não dar lugar ao
pecado, às contendas e divisões na igreja, para que ele não obtenha vantagem nessa batalha.
Resumindo, esta deve ser então nossa estratégia: derrubar as portas do inferno e entrar lá,
amarrar Satanás, tirar as vidas de seu domínio e transportá-las para o reino de Cristo e
treinar essas vidas para que também se tornem soldados na batalha contra o inimigo.

Queremos apresentar nas páginas seguintes, de uma forma ilustrada, a realidade da


batalha espiritual hoje.

Os Que estão na frente da Batalha


Nesta linha encontramos os missionários enviados para os campos, que estão
trabalhando na formação de igrejas e nos ministérios de apoio. Note que, no desenho, eles
estão em sua maioria embolados num campo de batalha. Isso se deve à seguinte estatística:

Cristãos nominais - 1.300.000.000 - 96.800 missionários


Outras religiões e ateus - 4.000.000.000 — 24.200 missionários
Total 121.000

O número de missionários trabalhando com os povos mais necessitados e não alcançados


é quatro vezes menor que o total daqueles que trabalham com cristãos nominais. É tempo de
olhar para os povos não-alcançados pelo evangelho e colocar as mãos no arado, desafiando
as igrejas a enviar missionários para plantar igrejas onde não há testemunho do evangelho.
"...esforçando-me deste modo por pregar o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado, para não
edificar sobre fundamento alheio..." (Rm 15.20).

Linha dos que estão no Apoio


Esta é a linha dos que estão comprometidos com os missionários, orando e contribuindo
regularmente para o seu sustento.
Veja que o número é pequeno, pois infelizmente poucos têm visão missionária e assumem
o compromisso de obediência total a Cristo.
Estes estão segurando as cordas da oração, sabendo que a obra missionária não é
responsabilidade somente do missionário que vai ao campo, mas estão associados a ele,
orando para que seja usado por Deus no seu trabalho. E não participam apenas orando
mas também financeiramente para o sustento da família do missionário.
Devemos orar para que haja um grande despertamento espiritual em nossas igrejas, a fim
de que Deus levante soldados que estejam na linha de apoio para o sustento espiritual e
financeiro dos missionários.

Linha dos que atacam só aos Domingos

Aqui encontramos os pastores e suas igrejas. Os pastores pregando sermões evangelísticos


aos domingos, e os crentes convidando pessoas para ouvi-lo.

Durante a semana, levam uma vida de comodismo, não se preocupando com a salvação
das vidas; mas no domingo resolvem atacar o inimigo. Louvamos a Deus porque em sua
misericórdia vidas estão recebendo a mensagem de Cristo e sendo salvas. Mas se pensarmos
bem e tivermos consciência de que estamos numa batalha espiritual, como será possível
atacar somente aos domingos? Onde está o nosso testemunho pessoal durante a semana? Por
que não fazemos discípulos de Cristo em nosso trabalho, em nossa escola, na vizinhança,
etc.?
É tempo de a igreja de Cristo despertar, abrir os olhos e lançar mão das armas espirituais,
entrando na batalha contra as trevas.
Linha dos que atacam uns aos outros

A situação apresentada acima é a dura realidade da igreja de Cristo hoje. Muitos crentes
estão brigando entre si. O denominacionalismo tem semeado discórdia, desunião e confusão
entre o povo de Deus. Podemos notar como uns têm atacando os outros e, muitas vezes, para
vergonha nossa, usando meios públicos de comunicação, desonrando o nome do Senhor
Jesus Cristo.
Se os líderes das denominações tivessem consciência clara da batalha espiritual que
estamos enfrentando, talvez parassem de atacar uns aos outros e se unissem espiritualmente,
para juntos derrotarem o inimigo.
imaginemos a alegria de Satanás quando vê os crentes brigando entre si. Não somos
contra denominações, mas contra o denominacionalismo que divide, discrimina e desune o
povo de Deus. Precisamos ter consciência de que nosso inimigo não é o irmão de outra
denominação e sim o diabo.
Aqui não entra só o denominacionalismo, mas também as correntes teológicas. Nesta
época, tem-se dado muita ênfase a algumas idéias teológicas e práticas que têm surgido, e
isso tem causado divisões. Sabemos que cada um tem suas convicções e bases bíblicas.
Podemos ter diferentes correntes teológicas, mas nunca nos dividir por causa delas.
Devemos nos unir no que concordamos, compreendendo-nos no que discordamos.

Linha dos que estão construindo Templos


Aqui se alinham os que perderam o objetivo e o propósito da igreja aqui na terra. São os
que dão prioridade à construção de templos. Parece que nesta época há uma epidemia de
construção de templos.
Há igrejas que há anos estão construindo templos, totalmente endividadas, e nunca
conseguem chegar ao fim da construção. Outras fazem campanhas espetaculares e levantam
fundos para edificar templos faraônicos, luxuosos, enquanto as almas estão famintas, sem
Cristo e sem esperança.
Certo pregador disse a uma igreja que estava construindo seu templo: "Se após a
inauguração, vocês não continuarem investindo a mesma quantia mensalmente, para a obra
missionária, terão erigido um altar de testemunho contra vocês mesmos".
É tempo de a igreja de Cristo voltar às origens e redescobrir seu papel aqui na terra,
colocando as prioridades na ordem correta.
"... buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão
acrescentadas" (Mt 6.33).
Linha dos soldados Feridos
Nesta linha encontramos os crentes que só causam e trazem problemas à igreja. Satanás está
oprimindo muitos crentes, provocando problemas de toda sorte, para que pastores e crentes
maduros se preocupem e gastem um tempo precioso cuidando deles, quando poderiam estar
trabalhando para missões.

É preciso ter muito discernimento para exercer o ministério de aconselhamento e cura da


igreja, ter discernimento quanto às nossas prioridades e ao uso correto do nosso tempo;
precisamos treinar pessoas que tenham dons espirituais de exortação, pastoreio,
misericórdia, socorro, etc., para que possam trabalhar com os necessitados.

Devemos tomar cuidado para não nos envolver em um ministério para o qual Deus não
nos designou e assim prejudicar a igreja no cumprimento dos seus propósitos.

Há alguns crentes que querem somente ser afofados e paparicados, mas não querem se
comprometer com o senhorio de Cristo. Estes só dão trabalho e, muitas vezes, são colocados
em nosso caminho por Satanás, para que nos preocupemos com eles.

Linha dos que não sabem que estão na Guerra

Composta de crentes indiferentes quanto ao progresso do evangelho. Estão preocupados


com as coisas da vida. Só pensam em ganhar dinheiro e acumular tesouros aqui na terra;
preferem os passeios à Escola Dominical; preferem a cama ao estudo da Palavra; preferem
a televisão à reunião de oração; vivem despreocupados em relação ao fato de as pessoas
estarem salvas ou não.

O pior é que aplaudem os que estão na linha de frente da batalha. Às vezes, vejo as reações
de algumas igrejas quando ouvem o testemunho de um missionário. Elas aplaudem, exaltam
a coragem e o desprendimento daquela vida, ficam admiradas com o altruísmo do
missionário e se deleitam com as histórias fascinantes e diferentes do campo. No final, dão
uma pequena oferta, apenas para desencargo de consciência, e voltam às suas atividades, não
percebendo que também fazem parte dessa batalha espiritual.
Infelizmente, para vergonha nossa, esta é a realidade da maioria das igrejas; o maior
número de soldados encontra-se nesta linha e são aqueles que não estão preocupados nem
engajados na batalha. Desobedecem voluntariamente ao comando do General, mas estão
aplaudindo os obedientes.

Deus tenha misericórdia de nós e faça descer sobre nós o poder do alto, para que cada
crente, e consequentemente cada igreja, assuma a responsabilidade de entrar nessa batalha,
usando todos os meios possíveis para que Cristo seja pregado a todas as nações.
Missões: Tarefa da Igreja Local
Deus, em sua infinita sabedoria e soberania, decidiu usar homens para a execução dos
seus planos. Se folhearmos a Bíblia, vamos encontrar Deus usando vidas para cumprir
seus eternos propósitos, tanto no Antigo Testamento, com o povo de Israel, como no
Novo Testamento, com a igreja.

I - No Antigo Testamento
O plano de Deus é encher a terra com Sua glória. O homem é o agente e instrumento
de Deus para cumprir seus propósitos. No Antigo Testamento encontramos Deus usando
situações e levando o homem a cumprir seu plano.

Nos Primórdios da Criação


a) Antes da queda do homem
Ao criar o universo, decidiu Deus formar o homem "à sua imagem e semelhança" (Gn
1.26-27); em seguida, abençoou o homem e a mulher, dando-lhes a seguinte ordem: "Sede
fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra..." (Gn l .28). Note que Deus colocou Sua imagem e
semelhança no homem e ordenou-lhe que enchesse a terra. Fica claro, portanto, que Deus
queria ver, por intermédio do homem, sua glória espalhada por toda terra.

b) Na queda do homem, Deus prometeu a restauração em Cristo

“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te
ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15).
Com a queda houve a entrada do pecado no mundo, e a imagem e semelhança de
Deus ficaram distorcidas no homem.
Deus prometeu que o descendente da mulher feriria a cabeça da serpente, referindo-se
à vinda do Messias, que destruiu as obras de Satanás, o agente da queda. Por causa da
entrada do pecado, toda humanidade sofreu a consequência, que é a separação de Deus.
Mas, no mesmo instante, Deus prometeu a solução em Cristo.
Na obra de Deus em Cristo temos o processo de restauração da imagem e da
semelhança de Deus no homem.

c) No pacto com Noé e seus filhos


“Abençoou Deus a Noé e a seus Filhos e disse-lhes: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a
terra”).Sim, estabeleço o meu pacto convosco; não será mais destruída toda a carne pelas águas do
dilúvio; e não haverá mais dilúvio, para destruir a terra” (Gn 9.11).
O gênero humano havia se corrompido, mas Deus tinha uma família que andava em
perfeição.
Deus planejou o dilúvio, mas decidiu preservar a família de Noé e continuar a
execução do seu plano de encher a terra com a sua glória.
Após o dilúvio Deus mandou que Noé e seus filhos frutificassem, multiplicassem e
enchessem a terra, e a seguir estabeleceu o pacto de nunca mais destruir a terra com
água.
Aprendemos que a graça e a misericórdia sempre sobrepujam a condenação diante de
Deus. Isto é obra missionária. Deus operando para manter seu relacionamento de amor
com o homem.

d) No Episódio da Torre de Babel


“Disseram mais: Eia, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo cume toque no céu, e
façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra” (Gn 4).
Deus havia dado ao homem a ordem de frutificar, de multiplicar-se e de encher a
terra, tanto na criação como após o dilúvio. Mas é impressionante ver como a
desobediência já era inata ao ser humano.
O povo decidiu desobedecer e criar uma cidade com uma torre, para que não fossem
“espalhados sobre a face de toda a terra”. Deus havia dado a ordem de se espalharem e de
encherem a terra, mas eles agora estavam, como muitos hoje, desobedecendo
voluntariamente à ordem de Deus.
Deus, que planejou ver sua glória espalhada por toda a terra, colocou uma confusão de
línguas e forçosamente espalhou o povo.

Na Nação de Israel
Deus usa vidas para o cumprimento dos seus propósitos. Em sua soberania e
sabedoria ele decidiu organizar um povo, por meio do qual executaria seu plano de
espalhar sua glória a todas as nações.
a) Na chamada de Abrão, Deus prometeu abençoar todas as famílias da terra, por
intermédio do povo de Israel.
b) O povo de Israel tinha o ofício sacerdotal.
c) O povo de Israel era o veículo pelo qual Deus manifestava Sua salvação.
d) O povo de Israel era o instrumento para espalhar a glória de Deus.

II - No novo Testamento
Infelizmente o povo de Israel falhou no seu propósito missionário; eles não
perceberam que Deus os organizou para abençoar todas as nações; e até hoje os israelitas
pensam que as bênçãos de Deus lhes são exclusivas.
Deus decidiu organizar um novo povo, que é a igreja no Novo Testamento, à qual
designou a mesma tarefa missionária,
Na Carta aos Efésios, o apóstolo Paulo deixa claro que está organizando um novo
povo:
"Porque ele é nossa paz, o qual de ambos fez um; e tendo derrubado a parede da separação que
estava no meio, a inimizade, aboliu na sua carne a lei dos mandamentos na forma de ordenanças,
para que dos dois criasse em si mesmo um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em
um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade" (Ef. 2.14.16).
Essa fusão de judeus e gentios é a igreja, que tem a responsabilidade missionária de
tornar conhecida a sabedoria de Deus, conforme o versículo 10 do capítulo 3: "... para que,
pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se tome conhecida agora dos principados e potestades
nos lugares celestiais".

A Igreja de Cristo
a) O instrumento de Deus para atingir seus propósitos na terra é a igreja
Quando Jesus estava executando seu ministério, tinha como objetivo deixar uma
organização que desse continuidade à obra de Deus na terra, e essa organização é a
igreja.

b) A igreja recebeu a ordem de evangelizar o mundo


Antes de subir aos céus, o Senhor deixou a ordem mais importante aos seus
discípulos: "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15); "Ide... fazei
discípulos de todas as nações" (Mt 28.19). Está bem claro que o propósito de Deus para a sua
igreja é a evangelização do mundo.
Daí a importância de a igreja ter uma declaração de propósitos que possa servir de
base para toda avaliação, implementação e planejamento de programas e atividades.
Deus coloca em sua Palavra não somente a ordem, mas um modelo que facilita nosso
trabalho. A igreja de Antioquia serve como exemplo, pois foi a base missionária do
avanço da igreja primitiva no alcance de outros povos.
O Relacionamento entre a Igreja local e
as Juntas ou Agências Missionárias

Já vimos na Bíblia que a responsabilidade do envio de missionários é da igreja local.


Porém, como fica a situação das juntas denominacionais e das agências missionárias?
Elas têm o seu lugar, que é muito importante. Para executar sua responsabilidade, as
igrejas necessitam de auxílio e de apoio dessas organizações. Por isso vamos estudar o
papel da igreja e o da organização missionária na execução do trabalho.

O papel da igreja
A igreja reconhece a chamada e seleciona os candidatos
Ninguém melhor do que a igreja local para reconhecer e identificar uma pessoa
chamada para a obra de missões. A igreja vê o fruto e identifica o dom porque está
convivendo e trabalhando com a pessoa. Por isso, é muito importante e de muita respon-
sabilidade a recomendação que uma igreja faz para uma pessoa ir ao campo missionário.
Se o candidato não produz fruto no país, não o produzira também no campo missionário,
e quem atesta a produção de frutos é a igreja local.

A igreja treina o candidato


Toda igreja deve ter seu próprio treinamento para os candidatos a missões. Ninguém
melhor do que o pastor, desde que seja um pastor que produza frutos, para treinar e
orientar o candidato à obra de missões e para praticar o trabalho com ele. Veja na Bíblia o
que Paulo fez com Timóteo (At 16.1-3). Além desse treinamento prático, Paulo continuou
trabalhando com Timóteo até morrer (veja as duas cartas a Timóteo). Portanto, o melhor
treinamento surge na igreja local, que deve estar atenta à sua enorme responsabilidade
perante seus membros, pois se ela é o modelo do que o futuro missionário irá reproduzir
no campo, precisa cuidar para que seja biblicamente estruturada, responsável,
espiritualmente amadurecida e produtiva. Muitas vezes ensinamos mais pelo que
fazemos do que pelo que falamos.

A igreja envia o missionário


Já vimos a base bíblica da responsabilidade da igreja no envio do missionário. Ela
poderá fazê-lo diretamente ou usar uma junta denominacional ou agência missionária,
mas não pode esquecer que a responsabilidade é sua, e esta aumenta quando o
missionário sai para o campo.

A igreja cuida do missionário


Qualquer problema do missionário no campo deve ser encarado como problema da
igreja local. É importante que ela saiba das despesas financeiras do missionário, que são
muitas, conheça as dificuldades lingüísticas, com enfermidades, com adaptação cultural,
etc. A igreja tem a responsabilidade de cuidar do missionário. Mais adiante, vamos
estudar sobre a parte prática desse cuidado.
O Papel das Agências ou Juntas Missionárias
Agora que já estudamos a responsabilidade da igreja, quero falar sobre a importância
das juntas denominacionais e agências missionárias.
Essas organizações vieram a existir por causando fracasso das igrejas em cumprir a
tarefa. Hoje elas são de grande importância e atuam como instrumentos de Deus para
ajudar a igreja local a fazer missões.

Prover treinamento específico para o missionário


A igreja provê o treinamento geral, teológico, prático, etc., mas o missionário precisa
receber treinamento específico de acordo com o campo onde vai atuar. É importante que
ele esteja preparado para enfrentar as dificuldades da adaptação cultural. Além disso,
tanto a esposa do missionário quanto toda sua família também precisam de treinamento
específico. A esposa tem de receber o mesmo reparo do marido, e as crianças um cuidado
especial. É importante também o treinamento lingüístico, de sobrevivência nas selvas,
etc., caso haja necessidade. A igreja terá muita dificuldade para oferecer esse tipo de trei-
namento. Por isso é necessário que as organizações missionárias especializadas a ajudem
nessa área.

Orientar quanto às melhores oportunidades


Pelo fato de estar em contato com outras agências e fazer estudos específicos, essas
organizações sabem onde estão as melhores oportunidades. Estão mais bem informadas
sobre os campos mais necessitados, conhecem os países que estão abertos para missões e
suas necessidades específicas — o que facilita ao candidato avaliar se o seu dom vai
suprir as carências do campo escolhido. Note que o apóstolo Paulo disse aos romanos
que gostaria de ir a Roma com a finalidade de repartir algum dom espiritual (Rm 1.11). É
importante, pois, que o missionário conheça o seu dom, e saiba se ele é necessário no
campo missionário escolhido. Por exemplo, há lugares que não precisam mais de
missionários para plantar novas igrejas, porque as igrejas já plantadas podem fazer esse
tipo de trabalho. Talvez precisem de missionários para p treinamento das igrejas já
estabelecidas. Por isso é necessário que alguém esteja fazendo esses estudos, e o trabalho
das juntas e das agências dirige-se para isso.

3. Executar o serviço burocrático


Há inúmeras dificuldades para o envio de um missionário. Precisa haver contatos com
outras agências missionárias, com autoridades governamentais, emissão de vistos de
entrada e de permanência, câmbio e envio de dinheiro, orientação quanto aos
relacionamentos no campo com igrejas, governo e outras agências, e avaliação in loco do
andamento do trabalho. Todas essas tarefas são difíceis para a igreja. Daí a importância
das juntas e organizações missionárias.
Se as organizações missionárias estão ocupando o lugar da igreja, isso ocorre porque
igrejas e pastores estão falhando.
O fato de essas organizações existirem não tira a responsabilidade da igreja. O
problema é que algumas igrejas transferiram sua responsabilidade para as juntas ou
agências missionárias. Simplesmente dão uma oferta anual e dizem que já cumpriram
sua tarefa. Além disso, muitos terminaram o seminário e, em vez de se apresentar à igreja
para o envio ao campo, apresentam-se à junta ou agência.

que é tempo de acabar com esse problema de uma vez por todas. Cada junta ou
Creio
agência deve enviar apenas candidatos recomendados pela igreja local, que estejam
produzindo frutos e comprometidos com a igreja e com eles.
O gráfico seguinte poderá ajudá-lo a entender os relacionamentos.

Perceba que há um relacionamento de interdependência entre os três. Quando não há


esse relacionamento correto, ocorrem dificuldades, das quais o Diabo gosta muito.
Apresento a seguir quatro dessas dificuldades:
a) A igreja não conhece o missionário. Quando um missionário é enviado por
uma junta ou agência, e a igreja não o conhece nem tem nenhum relacionamento pessoal
com ele, fica desmotivada na obra missionária.
b) A igreja não ora. Por não conhecer o missionário e por não saber o que ele está
fazendo nem onde está, a igreja não ora e, não fazendo isso, prejudica-se a si mesma e ao
missionário no campo.
c) A igreja não contribui. Se a igreja não conhece o missionário, não sabe o que ele
está fazendo, nem recebe relatório, fica desestimulada a contribuir financeiramente. Mais
adiante vou falar a respeito de finanças em missões e contar alguns milagres que Deus tem
feito em questões financeiras pelo fato de a igreja conhecer pessoalmente o missionário.

d) É lógico! Se não há um relacionamento

pessoal com o missionário, a igreja fica fria quanto à obra missionária. Quando o
missionário sai da igreja local comprometido com ela e dela recebendo o mesmo com-
promisso, a coisa é diferente.
Precisamos aprender o conceito de personalização. Personalização é cada membro da
igreja local envolvido pessoalmente na evangelização do mundo usando suas habilidades
e seus dons.
O Pastor – A Chave para missões Mundiais
Há um ditado que diz: "Tal pai, tal filho". Podemos transferi-lo para a situação
eclesiástica e dizer: "Tal pastor, tal igreja". Normalmente uma igreja é o que o seu pastor
é. Se o pastor leva Deus a sério, a igreja vai levar Deus a sério. Se o pastor é consagrado, a
igreja será consagrada. Se o pastor leva uma vida de santidade, a igreja também levará
uma vida de santidade. Se o pastor tiver visão missionária, a igreja também terá visão
missionária.
Se nossas igrejas não tem tido visão, nem programa e ministério de missões mundiais
é porque está havendo alguma falha. Uma delas está no preparo do pastor. Nossos
seminários estão entregando às igrejas, pastores sem visão missionária. Na maioria dos
seminários, missões são apenas uma matéria entre outras, dada em apenas um semestre,
somente com o objetivo de cumprir o currículo. Precisa haver uma mudança radical no
ensino teológico. Se missões são a razão de ser das igrejas, deveria então haver um
departamento ou cadeira de missões em cada casa de ensino teológico, como matéria
prioritária, básica e obrigatória em todos os cursos. Os pastores deveriam sair dos
seminários conscientes do seu papel e da razão de a igreja existir. Oremos para que Deus
faça uma mudança radical em nossas vidas, seminários e igrejas.

As Responsabilidades do Pastor

1) Conduzir a igreja à maturidade que produz fruto


... “Cristo em vós, a esperança da glória; o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e
ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em
Cristo; para isso é que eu me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que
opera eficientemente em mim” (Cl 1.27b-29).
O apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, deixou registradas essas palavras,
para que tenhamos um modelo a seguir. O texto diz que o ministério de pregação de
Paulo consistia em anunciar, advertir e ensinar a todo homem em toda a sabedoria. Que
tremendo ver a extensão e a totalidade da visão ministerial de Paulo! Note bem os
"todos" que aparecem no texto.
Jesus Cristo não nos vai perguntar: "Como está a sua denominação? Como está a
construção do seu templo? Quanto vocês têm depositado na poupança?" Não! Nunca! Ele
vai pedir contas do rebanho que confiou a nós.

2) Levar a igreja a experimentar a vontade de Deus


“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com
este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a
boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.1-2).

Vontade de Deus não se conhece; vontade de Deus se experimenta. Note que Paulo
está rogando à igreja que tome atitudes sérias no sentido de consagração e de separação
do mundo, mas tudo com um objetivo claro na mente: para que experimenteis qual seja a
boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Aqui fica bem claro que o propósito de
consagração dos crentes é fazer que cada um experimente, ou seja, comprove a vontade
de Deus, como ensina o texto no seu original.
Portanto, a tarefa de todo pastor é ajudar os membros de sua igreja a experimentar a
vontade de Deus para suas vidas, lançando-lhes os desafios emergentes da sua Palavra.

3) Levar a igreja ao serviço de edificação do corpo


E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas, e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos
para o desempenho do seu serviço, para edificação do corpo de Cristo (Ef4.11.12).

a) Apóstolo (no original, enviado) - É aquele que tem a visão de fazer coisas novas. Está
sempre preocupado em abrir novas igrejas e fazer novos projetos. É aquele irmão que sempre
vem com novas idéias e planos para a expansão do reino de Deus.

b) Profeta (no original, o que fala da parte de Deus) - É aquele que quer ver a igreja
obedecendo à Palavra de Deus. Sempre está exortando o povo. Este dom é diferente do
descrito em l Coríntios 12, pois aquele se refere a trazer uma mensagem direta de Deus para
a igreja.

c) Evangelista - É aquele que desafia, motiva e ensina a igreja a ganhar vidas para
Cristo. Ele pessoalmente ganha vidas, mas também cuida que a igreja esteja fazendo o
mesmo. Seu interesse sempre é a salvação de almas.

d) Pastor - É aquele que cuida do rebanho. Gosta de aconselhar, fazer visitas e estar em
comunhão com as pessoas. Sempre tem uma palavra de conforto para os necessitados.
Preocupa-se com o bem-estar das pessoas como indivíduos.
e) Mestre - É aquele que ensina a Palavra de Deus. Gosta de detalhes, e sempre está
ensinando os princípios bíblicos e expondo a Palavra. Seu maior interesse é saber o que a
Bíblia diz e ensinar ao povo.
Esses dons são distribuídos à liderança da igreja com o propósito de capacitar os
crentes para o desempenho do seu serviço.
Paulo está ensinando que o objetivo é aperfeiçoar (que poderia ser traduzido como
equipar), ou seja, dar condições aos crentes de exercerem o seu ministério. Quem tem um
serviço a realizar são os crentes, e tal serviço deve ter como objetivo final o cumprimento
dos propósitos da igreja, que é a evangelização do mundo.
Por isso todo pastor deve equipar os membros de sua igreja, para que eles tenham um
ministério e cumpram a vontade de Deus. Ah! Como precisamos de pastores segundo o
coração de Deus, homens que sirvam de modelo ao rebanho e o ajude a cumprir os
propósitos de Deus!
O Sustento de Missões
Como todo empreendimento, a obra de missões precisa de sustento.z Porém, quando
falamos nesse assunto, a primeira idéia que vem à nossa mente refere-se ao dinheiro, mas
não é apenas o dinheiro que sustenta missões. Neste capítulo, vamos separar as duas
facetas mais importantes do sustento de missões. A primeira é a oração; a segunda, as
finanças.

Oração
Como as demais atividades da igreja, o trabalho de missões é movido a oração. A
oração é uma arma poderosa para vencer barreiras e alcançar metas. Por meio da oração,
podemos ver as janelas dos céus abertas e as bênçãos de Deus caindo sobre o seu povo. A
oração move o coração de Deus. Não há problema ou dificuldade que resista a uma oração
persistente. Deus responde à oração, e o trabalho de missões pode ser sustentado só com
muita oração.
Temos de enfrentar a realidade de que estamos numa guerra espiritual. Fazer missões
é lutar diretamente contra as hostes satânicas. Jesus disse que as portas do inferno não
prevalecerão contra a igreja (Mt 16.18); disse ainda que devemos amarrar o valente e
saquear-lhe os bens (Mc 3.27). A Bíblia também nos diz que Deus “nos tira do reino das
trevas e nos transporta para o reino do filho do seu amor” (Cl 1.13-14). Portanto, o bom crente é
um ladrão! Ele amarra o Diabo, invade sua propriedade e rouba-lhe os bens
— as almas em seu poder nas trevas — e as encaminha para o reino de Jesus Cristo. Por
intermédio da igreja, o bom crente derruba as portas do inferno, entra, amarra o valente e
saqueia-lhe os bens; isso é feito pela oração. O Diabo treme de medo quando vê um crente
orando.
Os crentes, então, precisam reconhecer sua posição em Cristo, que é de superioridade
e vitória sobre todo poder do mal. Em Efésios 1.20-21 lemos: "...o qual exerceu ele em Cristo,
ressuscitando-o dentre os mortos, fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo
principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente
século, mas também no vindouro".
Note que Cristo está assentado nas regiões celestes, acima de todo espírito maligno,
acima do diabo e de sua hostes. Agora observe no mesmo contexto a nossa posição, em 2.6:
"... e juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo
Jesus". Veja bem isso: quando aceitamos Cristo, somos colocados nas regiões celestes em
Cristo portanto estamos na mesma posição de Jesus, ou seja, acima de todo principado e
potestade. Em outras palavras, o Diabo está debaixo de nossos pés. Aleluia! A vitória já
está garantida nessa luta, pela nossa posição em Cristo. Mas o Diabo é persistente, e temos
de usar a arma da oração para golpeá-lo. Em Efésios 6.10-20, o apóstolo Paulo fala sobre a
armadura de Deus na luta contra o Diabo, e nos versículos 18 e 19 explica que essa
armadura é movimentada com a oração. Missões são um trabalho de batalha espiritual,
que ataca e destrói as fortalezas do inimigo, e isso é feito por meio da oração.
Algumas sugestões bíblicas de oração missionária.

1) Oração que roga por obreiros


Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para-a sua seara (Mt 9.38).

2) Oração pelas igrejas


E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno
conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as cousas excelentes e serdes sinceros e
inculpáveis para o dia de Cristo, cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo,
para a glória e louvor de Deus (Fp 1.9-11).

3) Oração pelos missionários


Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito, e para isto vigiando com
toda perseverança e súplica por todos os santos e também por mim; para que me seja
dada, no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério
do evangelho (Ef 6.18-19).

4) Oração para que Deus abra as portas


Suplicai, ao mesmo tempo, também por nós, para que Deus nos abra porta à palavra, a fim
de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual também estou algemado (Cl 4.3).

5) Oração pelas finanças


Todavia, fizestes bem, associando-vos na minha tribulação. E sabeis também vós, ó
filipenses, que no início do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se
associou comigo, no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros; porque até para
Tessalônica mandastes não somente uma vez, mas duas, o bastante para as minhas
necessidades (Fp 4.14-16).

6) Orar pedindo grandes coisas


Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos, ou
pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em
Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém (Ef 3.20-21).

Finanças
Um dos assuntos que mais provocam medo e tensão nos pastores e líderes são as
finanças. Porém, se aprendermos a aplicar os princípios bíblicos, tudo funcionará bem
nessa área. Para conseguir bom êxito no sustento da obra missionária é preciso, além de
oração, dinheiro para cobrir as despesas. Por esse motivo, quero iniciar esta parte com
uma exposição bíblica de Filipenses 4.10-20, que apresenta alguns princípios bíblicos sobre
finança Primeiro para o missionário e depois para a igreja.
Em Filipenses 4.10-20 encontramos quatro princípios de finanças para o missionário:

a) O missionário deve estar associado à igreja local


Todavia fizestes bem em tomar parte na minha aflição. Também. vós sabeis, ó
filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja
comunicou comigo no sentido de dar e de receber, senão vós somente (v. 14-15).
Missões não são um trabalho realizado somente pelo missionário, mas é um trabalho
feito em conjunto. O apóstolo Paulo usa o verbo "associar" para descrever seu
relacionamento com a igreja. Esta é, no original, uma palavra comercial usada em
referência aos negócios, quando duas partes se associam num empreendimento.
Chegamos, assim, à conclusão de que o trabalho de missões é feito em conjunto, tendo de
um lado a igreja e, de outro, o missionário. Assim como duas pessoas que se unem para
fazer um negócio se tornam sócias, a obra missionária tem como um de seus sócios a
família do missionário e como outro, a igreja local; e ambos vão juntos para o campo
missionário.
Quando o missionário vai para o campo por conta própria, sem estar associado à
igreja local, cria problemas tanto para si como para a igreja.

b) O missionário deve viver contente em qualquer situação


Não digo isto por causa da necessidade, porque já aprendi a contentar-me com as
circunstâncias em que me encontre. Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda
maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em passar
fome; tanto em ter abundância, como em padecer necessidade (v. 11-12).
Deus, em sua soberania, sabe quais são as experiências necessárias ao nosso
crescimento espiritual; por isso permite-nos passar por situações difíceis e por outras
fáceis, segundo as nossas necessidades.
Essa é a razão de o apóstolo Paulo afirmar que sabe viver contente em toda e
qualquer situação. Ele havia aprendido a olhar para Deus trabalhando em sua vida, não
para as circunstâncias, e o aprendizado aconteceu pela prática. Note que, no versículo 12,
ele afirma ter experiência de fartura e de fome, de abundância e de escassez.
c) O missionário deve confiar no Senhor
“Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (v. 13).
Paulo afirma que tudo pode em Cristo, porque, em meio às experiências, conheceu o
poder de Deus suprindo suas necessidades. Posso imaginar Paulo enfrentando
dificuldades como escassez e fome, perigos, nudez, como ele mesmo afirma, e, no meio de
tudo isso, recorrendo ao Senhor Jesus como único socorro e tábua de salvação,
experimentando quebrantamento e milagres ao mesmo tempo. Posso imaginar, ainda,
Paulo em meio à fartura e abundância, recorrendo ao Senhor, para que ficasse livre de se
apoiar em seus bens materiais e em recursos humanos. Se Deus nos chamou para a obra de
missões, ele vai nos sustentar, dando-nos tudo que necessitamos, incluindo os períodos de
escassez.
d) O missionário deve estar interessado não no dinheiro, mas no fruto
que aumente o crédito da igreja
Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a vossa conta (v. 17).
Há muitos missionários interessados apenas no dinheiro que irão receber. Posso
dizer isso por experiência própria. Quantas vezes eu me surpreendo com o meu
coração voltado mais para o dinheiro e para a oferta que vou receber do que para a bênção
que aquilo representa para a vida da pessoa e da igreja que estão ofertando. Observe no
texto bíblico que o interesse de Paulo não estava no dinheiro, mas sim na bênção que os
irmãos iriam receber se ofertassem.

Princípios financeiros para igreja


a) A igreja deve estar associada ao missionário
Todavia fizestes bem em tomar parte na minha aflição. Também vós sabeis, ó
filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja
comunicou comigo no sentido de dar e de receber, senão vós somente (v. 14-15).
Aqui entra um conceito muito importante para a igreja que envia. Muitas igrejas
entregam o missionário a uma junta ou agência e simplesmente se esquecem de que têm
uma responsabilidade; transferem-na para essas organizações. Isso é mau porque desliga o
missionário da igreja e esfria o ânimo de todos. Por isso, ao enviar o missionário, mesmo
que seja por meio de uma junta ou agência, a igreja deve se comprometer com ele e
associar-se a ele.

b) A igreja deve suprir as necessidades do missionário


“Porque estando eu ainda em Tessalônica, não uma só vez, mas duas, mandastes suprir-me as
necessidades” (v. 16).
Paulo está agradecendo à igreja em Filipos porque ela cuidara dele na obra de
missões. O processo desde a seleção até o envio do missionário é bastante árduo e exige
um cuidado especial da igreja. A responsabilidade aumenta quando ele é enviado para o
campo. A igreja tem a responsabilidade de cuidar de todos os detalhes necessários para
que o missionário encontre facilidades para exercer seu ministério, sem se preocupar com
os problemas materiais.
O cuidado missionário é uma diaconia da igreja e dá liberdade para que o
missionário se entregue às orações e ao ministério da Palavra (At 6.3-4).
Se uma igreja decide cuidar do missionário, então deve assumir responsabilidade
integral por ele. Veja que a igreja enviou a Paulo, duas vezes, o suficiente para suprir-lhe
as necessidades. Para que o missionário possa estar bem no campo, despreocupado com
relação às coisas materiais, a fim de se dedicar ao ministério, a igreja, sendo a outra parte
da sociedade, deve cumprir o seu papel e suprir as necessidades do missionário.

c) A igreja deve entender o princípio financeiro de Deus


“Meu Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as suas riquezas na glória em Cristo
Jesus” (v. 19).
OS Cuidados na obra Missionária

1) Não ter pressa - Deus tem o tempo certo


Não tenha pressa. Simplesmente coloque sua vida e a igreja nas mãos de Deus; no
tempo certo, ele levantará pessoas, dirigirá seu treinamento e as enviará ao campo
missionário.

2) Não mandar novatos para o seminário ou para o campo


Em I Timóteo 3, o apóstolo Paulo apresenta as qualidades que se aplicam também
ao missionário e no versículo 6 fala o seguinte: "... não seja neófito, para não suceder que se
ensoberbeça e incorra na condenação do diabo".

3) Enviar somente pessoas bem preparadas.


Já vimos no estudo sobre a igreja em Antioquia, em Atos 13, que o Espírito Santo
separou as pessoas mais capazes e preparadas para o campo missionário.
Quando enviamos pessoas mal preparadas, em lugar de adiantarmos a obra,
estamos atrasando-a, porque a pessoa mal preparada não produz, perde seu tempo e
gasta o dinheiro destinado a missões.
Envie somente pessoas que tenham as seguintes qualidades:
a) Cheias do Espírito Santo;
b) reconhecidas pela igreja como dotadas para missões;
c) possuidoras de experiência bem sucedida no trabalho nacional;
d) bem preparadas espiritual, intelectual, psicológica e transculturalmente.

4) Enviar somente pessoas com ministério aprovado


Não podemos mandar para o campo missionário alguém que não tenha o
reconhecimento e o testemunho da igreja quanto ao seu ministério. O pastor e a igreja
sabem quem é chamado para missões, pois quem não produz fruto aqui, não vai
produzir no campo também.
Por isso, antes de enviar alguém para missões, verifique se a pessoa tem o
reconhecimento da igreja, se é realmente fiel, comprometida com o senhorio de Cristo
e se está produzindo fruto.

5) Dar o melhor para missões


Nunca se esqueça: missões são a tarefa básica e mais importante da igreja. Assim,
devemos dar para a obra missionária o que temos de melhor: a melhor hora do culto; a
maior porcentagem financeira; a melhor época do ano para a conferência missionária;
os melhores candidatos, etc.
Tenha consciência de que você também vai cometer erros, mas saiba usá-los
positivamente para fazer as devidas correções e não repeti-los mais.
Antropologia Missionária
A noção de que existem diferenças de costumes entre os vários povos certamente é
muito antiga. No entanto, o estudo sistematizado da "cultura" em si é bem mais recente. E
mais contemporânea ainda é a idéia de que a missão pode se servir destes estudos.

O objetivo principal dos etnólogos (professores e eruditos da antropologia) é


composto pelos povos e grupos de povos. No mundo de hoje nos referimos a um número
de 2.000 povos e 12.000 a 17.000 grupos de povos. Na prática, os etnólogos não se
preocupam com todos os povos, mas sim, com os povos não civilizados, pré-
industrializados, povos naturais ou povos sem língua, em contraste com povos culturais.

O desenvolvimento histórico da antropologia


Não é fácil determinar o início da antropologia. A antropologia, como fenômeno, existe
desde que o ser humano se movimenta entre várias culturas, tendo condições de
comunicar-se em línguas diferentes, possuindo a capacidade de desenvolver tradições,
costumes, hábitos, religiões e conceitos sociológicos.

Na antropologia existem várias convicções, escolas, perguntas, teorias e


métodos diferentes. Trata-se de uma ciência empírica cujos resultados são, continuamente,
revisados, rejeitados, ampliados e modificados.

Definição de Antropologia Missionária


O termo antropologia é uma composição de duas palavras gregas:
• anthropos = que significa homem;
• logos = que significa palavra, doutrina, ensino, fala.

Portanto, a antropologia é a doutrina ou o ensino a respeito do homem. Na


antropologia missionária referimos à antropologia cultural no horizonte da
responsabilidade e realidade missionária.
A antropologia missionária instrumentaliza os conhecimentos, conceitos, teorias e
hipóteses da moderna antropologia para a prática missionária.
Então, ANTROPOLOGIA é o “estudo ou tratado acerca do ser humano” ou ainda, “a
ciência da cultura humana”. O antropólogo Kroeber a define como a ciência dos
grupos humanos, seu comportamento e suas produções.

O Antropólogo norte-americano Louis J. Luzbetak define a antropologia missionária


como forma específica da antropologia cujo alvo é missionário e cujo método é
antropológico. A antropologia missionária fornece os métodos científicos enquanto que a
missão oferece os exemplos práticos.

A partir do momento em que deixamos a cultura na qual nascemos e fomos criados,


percebemos mais cedo ou mais tarde que nem todas as pessoas sentem, observam,
explicam, comparam, controlam, pensam e agem da mesma forma como nós. Outras
pessoas se movimentam, comem, discutem e estudam de modo diferente. Elas têm outros
valores e convicções religiosas.
Quem não se conscientiza de que culturas diferentes têm também costumes,
tradições, convicções e hábitos diferentes, logo será confrontado com uma situação
desconfortável. Quando entramos numa nova cultura podemos facilmente ofender,
mesmo sem querer, os sentimentos das pessoas locais.
Portanto, a tarefa da antropologia missionária é permitir que o processo de
conscientização e respeito mútuo entre povos e culturas cresça na vida dos missionários
bem como entre crentes no mundo inteiro. É importante respeitar os costumes, tradições e
hábitos diferentes para evitar erros irreparáveis. Para o diálogo efetivo do evangelho é
necessário aceitar, em princípio, a estranheza da nova cultura e não questionar nem
criticar logo coisas que ainda não compreendemos. O antropólogo R.A. Lê-Vine
argumenta que, quando o indivíduo se locomove para um novo lugar onde reinam
costumes estranhos ou novos, ele precisa adaptar-se ou será estigmatizado pela sociedade
local.

O que e cultura?
É extremamente difícil definir bem, e de modo objetivo e concreto, o termo cultura. Isto
tem a sua razão no fato de que a cultura domina o nosso viver diário, a maneira como
pensamos, sentimos, falamos, comemos, nos vestimos e como mantemos relações
interpessoais. Muitas vezes esquecemos que somos filhos da e presos à nossa cultura.

O teólogo alemão H. Baiz define a cultura, cientificamente, como herança que o ser
humano recebe de seus antepassados e passa para a próxima geração.

O famoso antropólogo norte americano E. B. Taylor define a cultura como herança não
biológica do homem.

Ao estudarmos antropologia missionária, estamos nos munindo de meios que nos


auxiliarão a compreender o homem e tudo que o envolve, a fim de podermos entender
melhor a razão de suas atitudes e crenças, e, assim, anunciarmo-lhe o Evangelho com mais
eficácia. O homem, não importando a cultura, deve sentir que o Evangelho vai fazer parte
dela, e não lhe roubar o que tem por precioso: os valores adquiridos, passados de geração
em geração.

Cultura nada mais e do que a maneira como vivemos uns com os outros
A cultura é, portanto, a soma de todo conhecimento, experiência e prática que um povo
adota e exercita. A cultura é um conjunto de hábitos, tradições, valores, normas sociais e
convicções religiosas que um indivíduo, grupo ou povo herda de seus pais e passa para
os seus filhos como verdade ou orientação.

Partindo desta ampla definição percebemos que a cultura nunca chega ao fim em si
mesma. Ela nunca é absoluta, mas antes se encontra num processo evolutivo. Ela se
desenvolve. Nunca é algo estático. Ela se modifica, define-se, adapta-se muito mais do que
admitimos.
Para justificar estas teses precisamos apenas nos perguntar:

• Será que nos vestimos da mesma forma como nossos pais?


• Será que os nossos automóveis novos são idênticos aos automóveis do início do Século XX?
• Será que os templos das novas igrejas são idênticos aos das igrejas dos nossos avós?
• Será que a juventude de hoje é educada pelos mesmos métodos e com os mesmos princípios
que dominava a educação na década de 50?
• Será que o estilo da música popular nunca muda?
• Quais as transformações recentes na família moçambicana?
Conforme E. Méier, ex-missionário da OMF no Sudoeste da Ásia, a cultura consiste
de vários aspectos:

A cultura sempre é única;


A cultura sempre é aprendida;
A cultura sempre é vivida por um grupo de pessoas.

CONCEITO
Para a maioria das pessoas, cultura significa o "cabedal de conhecimento que alguém
possui", ou seja, pouco ou nenhum estudo. Quando se diz que alguém possui "muita
cultura", pensa-se logo que aquela pessoa tem um alto grau de estudo ou conhecimento.
Mas, se for pessoa de pouca instrução, ou sem nenhuma, de origem humilde, linguajar
rudimentar, ela é considerada "sem cultura". Puro engano. Para um antropólogo não há
grupo humano ou etnia sem cultura, pois ela é essencial à vida em sociedade. Todos
nascem dentro de uma sociedade e são enculturados dentro da sua cultura.

A antropologia define cultura como o "conjunto de comportamentos e idéias


características de um povo. transmitidos de uma geração a outra, resultantes da
socialização e aculturações acontecidas em todo período da história desse povo."

CARACTERÍSTICAS
A cultura é diversificada, constituída dos hábitos, mitos, religiões, folclores,
costumes, língua, estruturas sociais e realizações.

A cultura é mutável, sofre a influência de outras culturas, em decorrência de


inúmeros e variados fatores, resultantes da evolução do mundo, de novos conhecimentos
da humanidade, das novas informações, da massificação, da globalização e das influências
transculturais, da absorção de costumes, ideologias, valores e crenças de outras culturas.

* A cultura é adquirida, Não é determinada por fatores biológicos ou genéticos, nem


é restrita segundo a raça, porém é transmitida de uma geração a outra. Ou seja, cada
geração recebe a cultura da geração ascendente, modifica-a e transmite-a à geração
seguinte.
A cultura é dinâmica, porque cada geração recebe a cultura da geração anterior,
modifica-a e transmite-a à geração posterior.
A cultura é um sistema compartilhado e é preservada concordemente por uma
sociedade.

CULTURA E AS PRINCIPAIS NECESSIDADES DO SER HUMANO


A cultura é tão abrangente como a pluralidade da vida do homem no seu pensar, em
seus sentimentos, na sua maneira de agir e viver. Todo ser humano tem necessidades
biológicas, sociais, econômicas e espirituais. A cultura é uma estratégia comum para
sobrevivência do homem; é a estratégia pela qual um grupo social tenta satisfazer as
necessidades principais de vida.

As principais necessidades do ser humano são universais. Por esta razão as


encontramos em todas as culturas, apesar de serem vistas e interpretadas de modo
diferente em cada uma destas.

Toda cultura pode satisfazer suas principais necessidades apenas parcialmente.


Por isto surgem problemas e desafios que provocam uma modificação cultural. Outro
fator que induz a esta modificação é o contato entre culturas.

CULTURA E SOCIEDADE
Os animais (quase todos) vivem em sociedade, mas não possuem cultura. Eles são
guiados pelos instintos e não precisam aprender para sobreviver. Os peixes já nascem
nadando, as tartarugas, ao nascerem, dirige-se para o mar impulsionadas pelo instinto. As
abelhas constroem suas colméias e produzem o mel, mas o seu modo de trabalhar não
sofre alteração, não evolui tecnicamente de uma geração para a outra. Os pássaros não
precisam aprender a construir seus ninhos, nem o leão aprende a rugir ou caçar para sua
sobrevivência. Em tudo são regidos pelos instintos. Não possuem noção de religiosidade,
não têm conceito de valores materiais ou morais, não vivem regidos por estatutos ou leis
jurídicas, nem têm noção do que seja uma cosmovisão.

Com o ser humano é diferente. A religiosidade é uma característica inerente


ao ser humano. Ele busca sempre a resposta para o que é real. Preocupa-se com o passado,
presente e o futuro. Está constantemente em busca do saber e do aperfeiçoamento do seu
conhecimento. O homem tem de aprender a falar, a andar, a trabalhar, a construir suas
habitações, etc. Estas coisas não acontecem instintivamente, têm de ser aprendidas com
muita paciência e persistência. A este processo de aprendizado, através da observação,
imitação deliberada e assimilação inconsciente do modo de vida dos membros de uma
sociedade, chamamos de enculturacão.

Exemplos disso podemos observar na aculturação do índio brasileiro:

Os missionários evangélicos têm sido acusados pelos antropólogos de estarem


destruindo a cultura do índio, com a introdução de hábitos e costumes do homem branco.
Assim, o missionário deve cuidar para não descaracterizar a cultura do índio ou de
qualquer povo que vai evangelizar. Ele deve contextualizar a mensagem do
Evangelho dentro de cada cultura, sem corrompê-lo com o sincretismo religioso dessa
cultura. A cosmovisão de uma cultura pode e deve ser modificada pelos valores universais
do Evangelho, sem destruir os seus valores culturais.

O Aurélio define o termo aculturação como "o conjunto de fenômenos provenientes do


contato direto e contínuo de grupos de indivíduos de culturas diferentes, e as mudanças decorrentes
desse contato". A adoção dos costumes, valores e crenças do homem branco o tem tornado
um indivíduo biculturado, participante das culturas indígena e civilizada.

Entenda-se por cultura civilizada aquela em que o indivíduo tem várias opções a seu
dispor; ele pode escolher aonde, como e com quem vai viver; o que vai vestir ou comer; se
vai morar numa casa de madeira ou de alvenaria; qual profissão vai exercer, etc.

De início, os indígenas e alguns habitantes de regiões primitivas no interior do Brasil


estão classificados como pertencentes à cultura primitiva. Os indivíduos de uma cultura
primitiva não têm muito que escolher: ele nasce, cresce e morre sem mudar o seu estilo de
vida, igual ao de todos os demais membros da mesma sociedade: o mesmo tipo de
habitação, vestuários, alimentos, diversões, de atividades primitivas - como a agricultura,
caça e pesca, etc...

O SUPRACULTURAL NA CULTURA
Quando o Criador ordenou a nossos pais no Éden que crescessem, se multiplicassem,
povoassem a Terra e a governassem'(Gn 1.28-30) e, mais tarde, determinou a Noé e seus
descendentes que "estabelecessem a lei, a ordem e a justiça na Terr”' (Gn 9.5-6), Ele estava
lançando as bases da cultura; porém, esta, em si, é produção humana. Todavia, a cultura é
o campo onde intervêm as forças divinas e forças satânicas continuamente. Ela é o objeto
da ação do supracultural divino e do supracultural demoníaco.
Trata-se de uma guerra contínua entre as potestades das trevas e os anjos de
Deus, na qual o missionário, como ministro enviado de Deus às culturas que estão
dominadas por Satanás, tem de tomar parte, revestido com a armadura de Deus (Ef 6.10-
17), portando as armas da luz e da justiça, as quais não são carnais, pois somos a milícia de
Deus - Rm13.12:2.

A importância da intervenção do supracultural nas culturas e no governo do


mundo não pode ser ignorado pelo missionário. O Senhor Jesus disse que o diabo é "o
príncipe deste mundo" e João declarou que "o mundo todo jaz no maligno", Jo 12.31; 14.30;
16.11; 1 Jo 5.19. O apóstolo Paulo também reconhecia que Satanás é uma realidade
espiritual, e não um mito, que influenciava (como influencia) as culturas pagãs, cegando
os homens e os levando a adorá-lo, 1Co 10.20; 2Co 4.4; 6.16. Inúmeras vezes referiu-se aos
poderes cósmicos demoníacos. 1 Co 15.24; Ef 1.21; 2.2; 3.10; Cl 1.16; 2.10,15, etc.

Muitos povos vivem no atraso tecnológico e não prosperam por causa da sua
cosmovisão deformada pelo supracultural demoníaco. A cosmovisão monista do
hinduísmo, com seus 330 milhões de deuses, e do budismo tem levado seus seguidores ao
fatalismo e impedido o progresso da Índia e de outros países da Ásia.
O mesmo acontece com a maioria dos países africanos (e com alguns de outras
regiões, seguidores da cosmovisão tribal, com sua hierarquia de deuses, espíritos e
demônios), os quais estão presos à escravidão do animismo, do sincretismo e da feitiçaria,
etc. Por sua vez, a cosmovisão materialista tem levado o homem a negar a existência de
Deus.

Satanás, através de seus agentes humanos e demoníacos, tem governado inúmeros


países e regiões deste Planeta. O comunismo e o nazismo são exemplos hodiernos da
ação do supracultural demoníaco intervindo no governo humano. Cabe a nós, com
virtude do Espírito Santo, a responsabilidade de combater as hostes infernais do
grande usurpador e levar aos povos a cosmovisão cristã.

TRANSCULTURAÇÃO

“É o complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros


valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característicos de uma
sociedade".
Os evangelistas interculturais têm de ser eficientes no aprendizado de ambas as coisas,
pois são a base da evangelização dos grupos étnicos ainda não alcançados. É por isso que
usamos a expressão "aprendizado da língua e da cultura".
Na realidade, JESUS FOI O PRIMEIRO EVANGELISTA INTERCULTURAL! Não
hesitou em vir do céu deixando a glória e o esplendor que ali desfrutava. Leia atentamente
Fp 2.7-8, e observe que Jesus esvaziou a si mesmo de sua glória divina e assumiu a atitude
de servo em corpo humano. Aculturou-se na sociedade hebraica e comunicou sua
mensagem primeiramente aos judeus. O aprendiz da língua e da cultura pode até mesmo
ser um pregador talentoso e respeitado, mas quando entra em outra cultura, deve
humilhar-se a si mesmo como Jesus o fez. assumindo três novas atitudes: a de
APRENDIZ, a de SERVO e a de NARRADOR.

Transculturação é o "processo de transformação cultural caracterizado pela influência de


elementos de outra cultura, com a perda ou alteração dos já existentes".

Esta definição do Aurélio novamente nos deixa bem claro que este papel o missionário
JAMAIS deve exercer. Sua tarefa não é alterar ou mesmo mudar os valores de uma
cultura, substituindo-os por outros de sua própria cultura.

Partindo destas premissas, chegamos ao termo MISSÕES TRANSCULTURAIS

O prefixo "trans" deriva-se do latim e significa "movimento para além de" ou "através
de". Portanto, em linhas gerais, MISSÕES TRANSCULTURAIS é transpor uma cultura
para levar a mensagem universal do Evangelho, A mensagem do Evangelho não pode se
restringir a uma só cultura, mas deve ter alcance abrangente, em todos os quadrantes da
terra, onde quer que haja uma etnia que ainda não a tenha ouvido.
DIFERENÇAS CULTURAIS
O conhecimento das diferenças transculturais entre os povos da Terra é de capital
importância para quem se dispõe a trabalhar no campo missionário. No seu estudo sobre
as diversas culturas, os antropólogos observaram as profundas diferenças existentes entre
elas, as quais evidenciam-se na maneira como os povos agem, falam, comem e vestem-se,
bem como nos seus conceitos de valores e crenças e nas pressuposições fundamentais que
fazem sobre o seu mundo.
Visto que o evangelista tem de aprender a passar pela rede intercultural a fim de
evangelizar outra cultura, é importante compreender o que constitui essa rede. Antes de
aprender a passar por ela, tem de saber em que as culturas se diferenciam. Podemos
dividir essas diferenças em sete categorias:

Cosmovisão (conceito do universo);


Sistema de valores (o que é bom ou mal dentro dos padrões de um
povo); Normas de conduta (forma de comportamento aceita);
Formas lingüísticas (principal barreira à evangelização intercultural);
Sistema social (estrutura cultural e social de um povo. Classes, castas, religiões, seitas,
etc.);
Formas de comunicação (dificuldades encontradas pela existência de vários dialetos
numa só cultura impedindo o estudo de uma só língua) e;
Processos cognitivos (toda cultura forma um conjunto de conhecimentos aceitos como
verdades. Esses conhecimentos podem ser enfocados ao nível de sua cosmovisão ou
poderão simplesmente ser conhecimentos restritos a pequenos grupos).
Todo evangelista intercultural deve conhecer essas sete categorias de diferenças
culturais. Em cada um desses aspectos deve-o procurar aprender, continuamente, mais e
mais acerca do povo que deseja evangelizar.

Para muitos africanos, a dança é o instrumento principal de transmissão de valores,


idéias, emoções e história. Consideram-na como uma de suas mais importantes formas de
comunicação.
Missionários enviados à África têm cometido sérios erros de julgamento quanto ao
significado da dança africana. Inúmeras situações transculturais existem fora do alcance
do missionário e este precisa de preparo transcultural para a divulgação do evangelho
entre estes povos.
Em alguns países os homens se beijam na face, e às vezes na boca, ao se
cumprimentarem, pois este comportamento faz parte da etiqueta social dessas culturas.
No Brasil, isto é visto como manifestação de homossexualismo, a não ser quando se trata
de pais e filhos. Ente os judeus do tempo de Cristo e os crentes da Igreja primitiva este
costume nada tinha de imoral ou homossexual, Lc 22.47,48; I Co 16.20. O missionário deve
estar psicologicamente preparado para qualquer diferença transcultural e não se
escandalizar se for beijado por um homem, se estiver em um país que adote este costume,
como na Rússia, na França ou em países árabes.
O missionário deve conhecer e respeitar os costumes do povo da cultura alvo, senão
sua missão poderá falhar. Conforme abordado anteriormente, os gestos do povo podem
Ter significados diferentes em cada cultura. Podem ser considerados obscenos ou
ofensivos em um país e noutro não.
E. A. Nida, em seu livro "Costumes e Culturas", conta que certa vez cometeu um grave
erro, em certo lugar da África, ao apontar com o dedo as coisas cujos nomes ele desejava
saber. Para os nativos, tal gesto era considerado grosseiro e contrário aos seus costumes;
ofensivo, portanto. O certo teria sido ele apontar as coisas usando o lábio inferior.

Em alguns países asiáticos, sentar-se de pernas cruzadas, mostrando a sola do sapato,


constitui-se um gesto ofensivo. Entre os muçulmanos do Oriente Próximo, as mulheres
vestem-se com trajes longos que cobrem todo o corpo, além do véu que são obrigadas a
usar em público. Em algumas culturas africanas, as mulheres decentes não cobrem o seios,
pois cobri-los, usando alguma vestimenta, é próprio das prostitutas. Sabe-se que alguns
missionários americanos e latinos já incorreram em graves ofensas às mulheres dessas
culturas, por desconhecerem os costumes da cultura alvo.
Estes são importantes detalhes que fazem a diferença e podem complicar o trabalho do
missionário. Falta-nos espaço para outros exemplos, porém, em suma o missionário não
pode se deixar levar pela atitude chamada ETNOCENTRISMO que é uma tendência a ver a
nossa própria cultura como a maneira universal de comportamento. Isto acontece porque
somos tão inconscientes de como nossas vidas são guiadas pela cultura e idioma, e de
repente, descobrimos que é mais difícil do que pensávamos aceitar uma outra cultura.
Embora reconhecendo o que possa ser considerado comportamento apropriado em outra
cultura, apegamo-nos ao que consideramos "normal" e "natural". Achamos que a nossa
maneira de fazer as coisas é "superior" ou "correta".
Os antropólogos definem a cultura como herança total do homem não transmitida
biologicamente. É um sistema de normas de conduta aprendidas, comuns aos membros de uma
sociedade em particular, ou o modo de vida de determinado grupo étnico.

Vimos que o conhecimento cultural nos é transmitido desde a infância até o momento
em que morremos. A cultura não é estática, mas está em constante processo de mudanças
que acontecem lentamente. Porém há ocasiões em que a cultura muda quando um
missionário leva o Evangelho e o povo assimila conhecimentos novos mudando, muitas
vezes, sua maneira de vida. Com o tempo, um número cada vez maior de pessoas adotam
essa nova conduta cristã, tornando-a normal entre o povo.
Mas, não podemos nos esquecer que o trabalho do missionário não é "levar estereótipos
de uma cultura para a outra", mas é, no dizer Larry Patê a "proclamação do Amor de Deus, que
ultrapassa as fronteiras culturais, raciais e linguisticas. Ele deseja que todos pigmeus da África ou
os homens de negócios da Ásia - tenham a oportunidade adequada de seguir a Cristo".

Observe que foram citados como exemplo dois grupos de pessoas culturalmente
opostos:
Singh, o conhecido evangelista hindu, certa vez afirmou: "Se você está indo levar a
água da vida para o hindu, leve-a para ele em copo hindu". Ou seja, no nosso mundo
natural a composição da água é a mesma, H2O, mas o vasilhame utilizado pode ser
diferente.

Os missionários transculturais devem estudar com muito cuidado a estrutura social dos
grupos étnicos aos quais Deus os chamou. Como hóspedes entre esses povos, devem
aprender a fazer a obra até onde seja possível através destas estruturas. Usando esse
conhecimento (transcultural) ao planejar a estratégia de trabalho, alguns missionários tem
tido bastante êxito entre esses povos.
Não é o Evangelho que se curva à cultura, mas esta se curva ao Evangelho, Isto é fazer
missões transculturais. É preciso descobrir o "auproach" de cada cultura, ou seja, os seus
pontos de aproximação para comunicar de maneira adequada as verdades do Evangelho,
como fez Paulo entre os atenienses. Este é, na Bíblia Sagrada, um caso típico de missões
transculturais.
O Espírito Santo é criativo, isto é, usa métodos diferentes para diferentes culturas. Os
métodos desempenham um importante papel na realização nas metas do Espírito Santo
para a evangelização de grupos étnicos não alcançados.

COMO APRENDEMOS A CONHECER E RESPEITAR A NOVA CULTURA?


Em primeiro lugar, precisamos analisar, cuidadosamente, a nova cultura.

• Precisamos compreender as tradições da nova cultura.

• É importante entendermos a maneira como as pessoas pensam na nova cultura.

• Não devemos rejeitar práticas culturais que não compreendemos.

• É bom perguntar, para os missionários experientes, como eles lidam com certas
questões culturais.

• Amizade com obreiros nacionais ajuda a compreendermos melhor as convicções


culturais;

• Aprender bem a nova língua é o portal para a entrada na nova cultura. Isto ajuda na
comunicação eficiente do evangelho de Jesus Cristo.

• Diaconia aplicada (ajuda aos pobres, assistência espiritual e pastoral aos queridos que
perderam um parente, aos sofridos e perseguidos) abre as portas do coração de todas as
pessoas.

• Visitas às casas dão uma boa impressão dos costumes da nova cultura.

• Presentes mútuos ajudam a criar amizades.

• Expressar respeito pelas tradições e costumes da nova cultura.

Precisamos ter humildade para respeitar coisas que pessoalmente praticaríamos de


modo diferente. A igreja nacional ou indígena tenta viver a fé cristã no seu contexto
cultural. Aspectos culturais que têm sua origem no mal ou serão abandonadas pela igreja
ou serão reinterpretados por que o Espírito de Deus habita nesta nova comunidade.
Por outro lado, quando a igreja não amadurece, sob a orientação da Palavra de Deus e
do Santo Espírito, ela estará aberta a todos os tipos de sincretismo. As igrejas devem se
empenhar em enriquecer e transformar a cultura local para a glória de Deus.

A VISÃO TEOLÓGICA TRANSCULTURAL DA BÍBLIA


Quando se fala em Missões Transculturais, a Bíblia é o padrão a partir do próprio Deus.
Vejamos:

O Antigo Testamento nos traz uma revelação de um DEUS não nacionalista, mas um
DEUS missionário. Em pelo menos três ocasiões específicas, no livro de Génesis, Deus
tratou com toda a humanidade e não somente com uma nação:

• Em Gn. 3.15 – a queda do homem.


 Em Gn. 6.13 - o dilúvio
• Em Gn. 12.3 - Eleição de um povo para abençoar a todos os demais, após a Torre de
Babel.

Sabemos que de Abraão para Cristo houve aproximadamente 2.000 anos, e este foi o
prazo que Israel teve para cumprir sua tarefa missionária. As principais causas que
levaram Israel a perder a visão missionária foram:

• Eles ficaram mais preocupados em serem abençoados, pensando em si mesmos, do que


em serem abençoadores;
• Eles confundiram eleição com elitismo, isto é, pensaram que Deus estava somente
preocupado com eles;
• Etnocentrismo. Isto é, o povo de Israel pensou que a sua cultura ou o seu povo era
melhor que os demais, causando-lhes uma profunda cegueira racial e espiritual.
No entanto, Deus não requereu que algumas famílias da terra foram abençoadas, mas
que TODAS as famílias ou povos fossem alcançados. Embora Israel tenha falhado, Deus
não desistiu de seu propósito, e continuou sua meta de alcançar o homem até o Novo
Testamento.

JESUS, O MODELO PARA MISSÕES INTERCULTURAIS


A encarnação de Jesus Cristo constitui o maior exemplo de missão intercultural: "A
palavra se tornou carne e habitou entre nós" (Jo 1.14). Deus deixou a glória celestial eterna
e se tornou humano entre nós. O Deus eterno se tornou carne, homem desamparado e
pobre. Jesus era singular em todos os aspectos. Ele era uma pessoa duas vezes 100%. Ele
era totalmente Deus e totalmente humano. Este mistério das duas naturezas na pessoa de
Jesus Cristo se torna um exemplo para missões interculturais.

O que é BÍBLICO reporta-se àqueles costumes que, mesmo diferindo de uma etnia para
outra, como foi mencionado reiteradas vezes no decorrer da lição, expressam com a
mesma grandeza e se nenhuma distorção os princípios da Palavra de Deus, que são
imutáveis e têm caráter universal.
O que é EXTRABIBLICO relaciona-se com aquelas áreas nas quais a Bíblia não interfere
especificamente, a favor ou contra, dependendo da consciência de cada um para julgar o
que é lícito e o que não é lícito. A Palavra de Deus não determina as cores das roupas que
devemos usar e nem o melhor tipo de calçados para os nossos pés. São, portanto, questões
extrabíblicas. Aqui prevalecem o bom senso e a orientação do apóstolo Paulo: (veja 1
Coríntios 10.23).

O que é ANTIBIBLICO refere-se àquelas situações que colidem frontalmente com a fé


cristã, exigindo do missionário um posicionamento decidido, mas ao mesmo tempo
prudente, no sentido de encontrar a estratégia correta para mudar esse tipo de
circunstâncias; É preciso graça de Deus, discernimento espiritual e aguardar o tempo
certo, pois nem tudo se muda da noite para o dia.

Exemplo disso é a poligamia em países africanos, tradição que passa de geração para
geração e que demanda da parte do missionário não entrar em choque para que as portas
não se fechem, mas em Ter atitude decidida para influenciar a mudança de
comportamento, sempre à luz dos princípios bíblicos e doutrinários.

CONTEXTUALIZAÇÃO
Contextualização é a adaptação da mensagem do Evangelho comunicada pelo missionário
à cultura receptora, dentro do contexto da cosmovisão dessa cultura. Veja a pregação de
Paulo aos areopagitas (At 17.22-31). A Contextualização das verdades universais do
Evangelho numa cultura inclui a definição, seleção, adaptação e aplicação dessas
verdades universais, pois tem estreita ligação com as necessidades das pessoas na
sociedade (veja Aios 2.41-47), bem como na sua relação com Deus.

A Contextualização abrange todas as áreas das estruturas sociais (particularmente o


socorro aos necessitados e a justiça social), jurídicas, econômicas, políticas e ideológicas da
sociedade.

COMO O SER HUMANO PENSA E SE SENTE EM CULTURAS DIFERENTES?

Pessoas de outras culturas agem e vivem de modo diferente de nós. Às vezes até pensam
diferente. Isto implica uma lógica diferente ou estranha. O que parece normal e lógico
numa certa cultura se torna, numa outra cultura, estranha e ilógica. De repente
percebemos que existem também outras atitudes, tradições e convicções, outros valores,
sentimentos e hábitos. Esta problemática, geralmente, não é uma questão de certo ou
errado, melhor ou pior; simplesmente é diferente, um problema que traz vantagens e
desvantagens para a pregação do evangelho.
No Japão existem muitas regras para a vida em sociedade. Quem cruza as pernas
ofende a pessoa que está próxima. Decente é pedir uma segunda xícara fervente de chá.
Cuidado com presentes - papel preto e branco leva o mal. Eles devem ser entregue ao final
de uma visita e jamais poderão ser desembrulhados diante do doador.
Na China os presentes devem ser embrulhados em papel vermelho. Agir com
nervosismo, falar alto ou outras reações emocionais constituem um escândalo, mas um
sorriso chinês é bem visto em qualquer circunstância.
Cuidado com qualquer contato físico com pessoas no Japão, na Tailândia e em Sri-
Lanka. Ninguém jamais poderá tocar os cabelos de uma criança tailandesa porque a
cabeça constitui a parte mais santa do corpo humano. Pior ainda é apontar o dedo para
alguém ou tocar os seus pés.

Os filipinos têm sérios problemas em aceitar crítica sobre seu país. Pessoas convidadas
devem chegar no local com, pelo menos, 15 minutos de atraso. Se elas chegam antes são
consideradas glutonas. Na China, por outro lado, a pontualidade os vestidos finos e a
decência são de suma importância. Gorjetas são desprezadas.
Quando você chega a um novo país é recomendado que comece logo observar e anotar
os costumes, hábitos, tradições, pensamentos predominantes e maneira de pensar, sentir e
comunicar. Desta forma você terá, aos poucos, um retraio fiel das pessoas que vivem nesta
cultura. Você será sensibilizado e preparado para, depois, aprender a língua e, finalmente,
comunicar o evangelho de Jesus Cristo. O importante é não criticar as coisas que você
ainda não compreende. Você sempre pode pesquisar, ler, observar, analisar e perguntar.
Deve-se entender também que atrás de cada costume há uma razão e um porquê. Se
não entendemos a razão, observando apenas como alguém fora da cultura, fazemos
julgamentos errôneos, considerando um costume ou outro como "absurdo"- e assim por
diante. Recusamo-nos a nos adaptar e, pior ainda, tentamos mudar as pessoas daquela
cultura, ensinar-lhes e impor-lhes os costumes da nossa própria cultura, que consideramos
a única certa. Isto é, na linguagem antropológica, etnocentrismo - quando a cultura
própria é o padrão para julgar-se qualquer outra cultura.

Vejamos alguns exemplos de comportamentos inerentes à cultura:

Nas culturas orientais, é proibido entregar ou receber algo com a mão esquerda.
Deve-se usar sempre a mão direita ao se relacionar com alguém ou para comer. A razão é
que a mão esquerda tem função de papel higiênico nesses países; portanto é imunda, e
como tal não pode ser estendida a outras pessoas.
Outro exemplo: não se pode acariciar pessoas na cabeça, nem mesmo crianças. De
fato, uns quinze anos atrás, nos cartões de desembarque para estrangeiros preencherem,
para entrar na Indonésia foram incluídos dois avisos: "Portar droga é passível de pena de
morte", e: "Não deve-se acariciar nem mesmo crianças na cabeça". O próprio povo não
sabe o porquê; só sabe que é muito má educação e insulto ser tocado na cabeça.
Estudando-se sua cultura, provavelmente a razão disso foi porque aquele país já fora um
país hindu, uns quinze séculos atrás. Pelo conceito hindu, a alma da pessoa encontra-se na
cabeça. Portanto, tocar alguém na cabeça insultaria ou faria mal à alma. Com o passar do
tempo, o povo não sabia mais a razão disso, embora o costume tenha se tornado um tabu,
uma tradição.

NEM TUDO, PORÉM É EXPLÍCITO: NEM TUDO O POVO SABE EXPLICAR

O significado e a razão podem estar imersos, implícitos no conhecimento do povo. O


missionário deve estudar e pesquisar para descobrir as razões e significados de cada
costume e comportamento. Ao entendê-los, essas coisas não parecem mais absurdas. Indo
além, saberá como adaptar-se ao costume quando este é neutro, apenas uma cultura
humana de socialização. Ou saberá julgar sob a luz da Palavra de deus se trata-se de
costume pecaminoso, devido à pecaminosa tendência da Queda do homem, ou então de
algum costume diabólico - devido à influência do inimigo, o "príncipe deste mundo". A
este último que chamamos fator supracultural, isto é, que não tem origem humana.
Então, o missionário deve discipular os convertidos daquele povo para que sejam
transformados, mudados nos aspectos culturais contrários aos princípios bíblicos para
costumes de acordo com a cultura do Reino de Deus. No entanto, deve-se tomar muito
cuidado em não misturar-se aí a cultura do próprio missionário, ao considerar os costumes
de sua cultura como se fosse costumes bíblicos.
Deve-se ainda conseguir distinguir os fatores supra-culturais que tenham origem
em Deus, os quais são positivos para a cultura do povo. O homem foi criado à imagem e
semelhança de Deus; portanto, há aspectos bons em cada cultura.
Nenhuma cultura é totalmente perfeita - devido à mancha da Queda e à influência de
Satanás - nem é totalmente errada - visto que ainda há atributos da imagem de Deus no
homem e também na cultura como um produto humano. Observando as diretrizes da
Antropologia Missionária, podemos estudar todos esses aspectos.
Há ainda o fator determinante da função de cada costume numa cultura. Além do
comportamento visível, há o significado por trás dele. Como uma somatória do
comportamento e do significado está a função do costume na sociedade. Um
missionário que não esteja consciente da função de um costume pode aboli-lo ao
discipular os novos convertidos e provocar nesse momento um vácuo cultural.
Um caso desse tipo foi a abolição de um costume funerário em meio aos chineses,
segundo o qual passam-se dezenas de dias em "velório" antes do funeral, realizando
cerimônias idólatras. Como povo budista, eles não devem demonstrar muita emoção, nem
mesmo tristeza no sofrimento de perda de alguém amado. O velório de longos dias dá
oportunidade para extravasarem a emoção. Ao cabo de tantos dias recebendo
condolências de todos os parentes e amigos, atendendo-os com comida e bebida, a família
em luto fica cansada e aliviada quando tudo passa, e já teve tempo oportuno para adaptar-
se à nova etapa da vida sem a presença da pessoa morta. Ao abolir o costume, diminuindo
para os cristãos o tempo de luto para apenas três dias, forma-se o vácuo: não há tempo
para adaptar-se nem para extravasar a tristeza.

Vale a pena reiterar, para efeito didático, que coreanos e japoneses, entre outros povos
orientais, como citado anteriormente, têm também o costume de tirar os sapatos como
sinal de respeito antes de entrarem em qualquer casa.
Em outros países, como o Marrocos e Madagascar, é comum os homens andarem de
mãos dadas, não significando em hipótese alguma qualquer desvio de conduta moral. É
apenas uma forma de companheirismo.
Missionários brasileiros que trabalharam em Madagascar tiveram que adaptar-se às
circunstâncias, como mostra o testemunho de um deles:

“Quando viajávamos pela Ásia observamos que um costume entre os homens era
cumprimentarem-se dando três beijos na face, meu desejo era o de afastá-los quando
se aproximávamos. Se o fizesse, eu obviamente lhe comunicaria rejeição. Outras vezes,
quando caminhávamos com amigos, metia as mãos nos bolsos com medo de que
alguém me tomasse pela mão enquanto caminhávamos. Para os homens daqueles
lugares, andar de mãos dadas é uma expressão de amizade totalmente normal - o que
para mim, um latino, significa algo muito diferente. Novamente, sem dizer uma
palavra, eu estava comunicando coisas que dificultavam a comunicação do
Evangelho”.

Muitas vezes nosso egocentrismo cria barreiras para a comunicação transcultural.

Usando as palavras de um missionário no Suriname, isto significa que o missionário


"precisa aprender os costumes do povo, comer sua comida e vestir suas roupas. Caso
contrário, o obreiro é tratado com desprezo".
Outra questão séria é a das vestimentas. O quadro muda de região para região, cabendo,
portanto, ao missionário uma atitude de equilíbrio, de modo que ele não transplante
situações próprias do Brasil para a realidade na qual vai viver, nem trabalhar, ao retornar,
costumes incompatíveis com o nosso "modus vivendi". Leia o texto de Deuteronômio 22.5.
As roupas dos tempos bíblicos eram bem diferentes das que se usam hoje,
principalmente no mundo ocidental, mas sem dúvida havia um padrão para o homem e
outro padrão para a mulher. O princípio bíblico da distinção entre o sexo masculino e o
sexo feminino, embutido no texto acima, permanece inalterado em qualquer cultura, ainda
que a forma da vestimenta seja diferente, pois em cada circunstância há um padrão que
distingue um sexo do outro.
A área dos costumes inclui, também, hábitos alimentares, à mesa e na convivência
familiar que diferem dos nossos padrões brasileiros. Aliás, esta questão sobre comida, para
os povos orientais, é de profunda importância. Sendo os judeus um povo do Oriente
Médio, a Bíblia menciona diversas vezes as refeições. A própria entrada no céu é
simbolizada como o Grande Banquete (Lucas 14.15-24).

Certa vez, uma igreja entendeu mal a viagem que um casal de membros seus fez ao
Oriente quando os viram participando de muitas refeições em suas fotografias e slides.
Acharam que haviam empenhado dinheiro para o casal ficar só comendo durante a
viagem. Faltou-lhes entendimento de que, ao oferecer ou convidar para refeições, os povos
orientais estão dando boas-vindas e oferecendo sua amizade. Se não houvesse refeições,
significaria que o casal fora rejeitado pelos povos pelos quais passaram. Ademais, no
Oriente, recusar uma comida ou um convite para refeição é como recusar a amizade
estendida. Isto fecharia as portas para uma exposição da Palavra do Evangelho.

Numa pesquisa entre uma turma de novos missionários transculturais indianos,


deveriam listar-se as dez coisas mais ofensivas que as pessoas fora de sua cultura
poderiam fazer. Em resposta, mais da metade listou em primeiro lugar que seria se elas
desprezassem sua comida.

Nós, às vezes, achamos que podemos e devemos ser francos, ou até temos o direito
de recusar certa comida, principalmente quando essa comida é muito diferente daquela
que costumamos comer - como, por exemplo; ovos chocos, cérebros de macaco, ratos,
cobras ou caramujos! Nossa tendência é de rejeitar o que desconhecemos, querendo o
conforto daquilo que conhecemos e gostamos. Como ocorreu com aquele obreiro que no
seu décimo dia na Europa ligou para sua mãe, dizendo que não agüentava mais comer só
pão e batata: queria feijão!

O PREPARO CULTURAL:COMO LIDAR COM ACULTURAÇÃO, CHOQUE


CULTURAL E STRESS CULTURAL?
Diplomatas, representantes e empregados de embaixadas, comerciantes internacionais,
representantes das grandes empresas globais e missionários em geral conhecem a
problemática da aculturação, do choque e stress cultural quando viajam pelo mundo.
Como evitar o famoso choque cultural? Como podemos nos preparar bem, antes de
viajarmos para um país estranho e novo, cuja cultura e língua não conhecemos? Será que
existem possibilidades de se evitar o choque cultural? Será que todos os indivíduos
passam pelo choque cultural? Como lidar com o stress cultural?

ACULTURAÇÃO
Quem visita o campo missionário chega como servo, aprendiz, forasteiro e não como
imperador, colonizador ou representante de uma cultura superior. Mesmo depois de ter
vivido por muitos anos no campo missionário, o europeu permanece europeu e o
americano não deixa de ser americano. Isto nada tem a ver com a falta de aculturação ou
interesse pelo país onde se vai servir.
Missionários não conseguem esconder sua herança cultural, seu país de origem, suas
raízes, seu modo de pensar e viver ou educar seus filhos. Ninguém exigiria isto.
O que se espera do novo missionário é que ele se adapte, que ele conviva, aprenda e
se comunique com os cidadãos nacionais como se fosse um deles. Este processo de
adaptação cultural se chama, na antropologia, assimilação ou aculturação.
Diante da realidade da aculturação existem duas possibilidades: ou o novo
missionário nega que vive numa cultura diferente e esperimenta um choque cultural
dramático que, na pior das hipóteses, pode custar sua própria vida, ou ele aceita o fato da
estranheza, do novo, do ser diferente, acaba aprendendo e assimilando, sem rejeitar a sua
identidade de origem.

CHOQUE CULTURAL
O choque cultural pode ser descrito como falta de orientação e estabilidade psíquicas
diante da realidade do novo e de sentir-se diferente diante da estranheza da nova cultura.
Este choque leva o indivíduo a sentir-se uma pessoa rejeitada, sem orientação, influência,
poder e competência para agir conforme as suas convicções ou necessidades básicas. De
certa forma, todo indivíduo passa por uma ou outra forma de choque cultural num país
estranho.
O que varia é a intensidade deste fenômeno. Poucos missionários negam que
passaram por um choque cultural. Na média, alguns dizem que passaram por momentos
curtos de crise e falta de orientação. Em alguns casos as pessoas adoeceram tão
gravemente que se tornaram candidatas ao suicídio. Outras precisaram voltar para casa.
De acordo com alguns especialistas, o "choque cultural" pode ser dividido em quatro
etapas:

• A Primeira etapa é a da "lua de mel". Nesse momento tudo é bonito; qualquer detalhe é
maravilhoso.
• A Segunda é a etapa "crítica", quando pensamos que tudo está mal. A comida é ruim, as
pessoas são desonestas e nada funciona bem. Sentimo-nos tentados a voltar para casa.
• A Terceira fase é a etapa inicial de "recuperação". Começa quando aceitamos os
costumes que, a princípio, considerávamos estranhos. Recobramos o senso de humor e
aprendemos lentamente a rir de nossos próprios erros.
• A Quarta etapa é a da "adaptação completa", quando nos sentimos "em casa" na nova
cultura. A partir daí nosso ministério começa a dar fruto.

Pelo desconhecimento da língua, das instituições dos costumes, dos valores, das
crenças e da cosmovisão do povo da cultura alvo, o choque cultural tem sido a causa
principal do desânimo de muitos missionários no campo. Esta reação é normal, visto que
todos os seus conceitos e comportamentos, além da diferença natural da língua, entram
em choque com a cultura do povo local.

Síndrome do Choque Cultural


Segundo a Missionária Margaretha N. Adiwardana - em seu texto "Não Tenho
Privacidade na Minha Própria Casa!" - (Preparando Missionários para o Século XXI - pág.
52), os conceitos, valores e regras da sociedade são fatores que regem a vida social e
cultural de um grupo. Ao Ter que viver numa cultura onde esses fatores sejam tão
diferentes de sua cultura de origem, a pessoa fica desorientada, sem saber como agir.
Ao longo do tempo, essa desorientação provoca certa frustração: Não há como
entender o funcionamento das coisas na vida cotidiana. O receio de agir erradamente não
evita as experiências de ser mal interpretado.

A pessoa, então, entra num stress que varia de grau de profundidade, aparecendo no
dia-a-dia em forma de problemas emocionais e físicos, incapacidade de se portar
normalmente ou até mesmo pelo surgimento de doenças.

Na perspectiva do povo, o missionário é um estranho, um estrangeiro. Somente há


abertura ao Evangelho se a pessoa do missionário for bem recebida. As pessoas devem
compreender suas ações, além das palavras. Elas usarão para análise o raciocínio lógico,
valores de correio e errado e conceitos sociais e culturais.

Entretanto, se este missionário não entende como o povo pensa ou age,


comportando-se como no próprio país, de acordo com outro padrão cultural, será mal
entendido, mal interpretado e considerado não bem educado. Alguém assim jamais será
bem recebido na sociedade, e as conseqüências serão de parte a parte: A mensagem não
será ouvida, não havendo conversões; o missionário, por sua vez, se sentirá rejeitado e
fracassado, podendo isto refletir-se num stress.
Como então entender o povo que se quer ganhar para Cristo? Como o missionário
pode adaptar-se à sociedade onde ministra? A razão da adaptação não é só a de "sentir-se
em casa" no Campo, mas principalmente poder servir de forma eficaz, evangelizando e
discipulando.

Quando está passando por um choque cultural, uma pessoa pode apresentar os
seguintes sinais:

• Não consegue mais dormir apropriadamente.

• Desenvolve complexos de inferioridade.

• Sofre de fadiga física ou emocional.

• Mostra uma extrema saudade e forte desejo de retornar para casa.

• Vive constantemente frustrado.

• Fica completamente desanimado.


• Sofre de uma repentina e estranha mudança na sua personalidade.
• Torna-se incapaz de administrar sua vida diária.
• Torna-se nervosa.
• Torna-se hiperativa e apressada.
• Desenvolve algum hábito estranho.

É importante diferenciar entre um choque cultural dramático e um temporário. A


maioria dos novos missionários passa, de uma forma ou de outra, por um choque cultural
temporário. É praticamente impossível dar um prognóstico de quando e como uma pessoa
está passando por um choque cultural. Algumas pessoas negam veementemente que
estejam passando por um choque embora todos os colegas percebam, há dias, que elas
estão passando por momentos difíceis.

O que pode ajudar alguém a vencer o choque cultural? Uma vida disciplinada,
humildade, flexibilidade, prontidão para ouvir e aprender ou aceitar aconselhamento
pastoral. Quando o missionário novato não consegue vencer o [choque cultural da
forma adequada, é melhor que ele retorne ao seu país de origem.

STRESS CULTURAL
O stress cultural pode ser descrito como um conjunto de elementos físicos e psíquicos
adicionais que o missionário sofre por viver numa nova cultura e num novo ambiente:
calor, umidade, alergia, língua, distância geográfica, estilo de vida, comida.
O stress cultural não é um fenômeno temporário. O missionário tem que aprender a
se adaptar às novas situações, embora isto se torne um desafio constante. Pessoas que
aprenderam a conviver com o stress cultural são pessoas bi-culturais.
CONCLUSÃO
Para concluir, fiquemos com o exemplo de Jesus que não obstante inserir-se na
cultura judaica, "jamais se mostrou prisioneiro dela, quando revelava exageros". Veja o
que escreveu o autor, em obra recente: "Sempre que fosse preciso tomar uma atitude que
contrariasse costumes estranhos já arraigados na consciência do povo, Jesus não hesitava
em fazê-lo. Foi assim em relação ao divórcio. Enquanto a lei de Moisés o previa em
circunstâncias bem mais amplas (Deuteronômio 22.1-4), o que tornou comum entre os
judeus, Jesus o restringiu apenas a casos de adultério (Mateus 5.31-32; Mateus 19.1-9). No
contexto deste último capítulo, o Senhor indiretamente condenou as instituições sociais da
poligamia e do concubinato, tão em voga no Antigo Testamento e cujos resquícios ainda
perduravam.

"O exemplo da mulher adúltera que, pela lei, deveria ser apedrejada se constituí em
outra lição sobre o modo como Jesus encarava os padrões éticos da cultura religiosa
judaica. Ele se apegava a valores absolutos e não relativos. Sob este prisma, o Mestre não
poderia, pela lógica, assentar-se junto ao poço de Jacó e dialogar com a mulher
samaritana... Ele, todavia, permaneceu fiel ao princípio universal do amor, que une todas
as raças e alcança o pecador de índole mais pervertida". Isto é missões transculturais.
O homem, em qualquer cultura ou parte da terra, sempre será um pecador
necessitado da misericórdia divina. Não importa o conceito que tenha do mundo, não
importa as suas crenças, práticas e costumes. O importante é que precisa ser avisado
urgentemente que, mesmo na cultura dele, corre sério risco de perder a salvação caso
rejeite a mensagem de Cristo.
Nós, servos do Senhor, temos a obrigação de avisá-lo de maneira inteligível, na
concepção que tem do mundo e na língua que lhe é comum, sentindo que o Cristianismo
irá melhorar sua cultura, e não anulá-la ou substituí-la.

*****FIM*****
AS MISSÕES CRISTÃ DE MOÇAMBIQUE aprecia o teu empenho! Lhe convidamos a parceria
do Departamento Acadêmico. Esta parceria é de canalização de recurso para o departamento de
acordo com o que Deus colocou no teu coração!
Bibliografia

 ADIWARDANA, Margaretha N. – Não Tenho Privacidade em Minha


Própria Casa. “Preparando Missionários para o Século XXI”. Ed. Kairós,
1997. 

 HARLEY, David – Missões: Preparando Aquele que Vai. Ed. Mundo
Cristão. 

 NIDA, E.A. – Costumes e Culturas. Ed. Vida Nova, 1992. 

 PATÊ, Larry D. – Missiologia, A Missão Transcultural da Igreja, Ed. Vida. 

 REIFLER. Hans Ulrich – Antropologia Missionária ara o Século XXI. Ed.
Descoberta, Londrina – 2003. 

 SILVA, Miguel A. e et alli. – Preparando Missionários para o Século XXI.
Kairós, Vol. I,II,III e IV. Ed. Mundo Cristão. 




Prof. Xavier Simango


WhatsApp +258846518148
Avaliação de Missiologia

1. O que significa MISSÕES? Dê a definição etimológica da palavra e dê também


a sua própria definição:

2. Comprove na Bíblia que evangelização e Missões envolve Batalha Espiritual:

3. Qual a importância da Antropologia Missionária no estudo de missiologia? Dê


também a definição do termo:

4. Como a cultura pode influenciar no bom resultado da evangelização de povos


e nações diferentes das nossas?

5. Qual a diferença entre “doutrina” e “costume”?

6. Quais são as características da cultura?

7. O que é transculturação e como ela é caracterizada?

OBS: Não se esqueça de colocar nome em sua avaliação


DICAS DE ESTUDO ON-LINE

1- Procure utilizar em seu computador um protetor de tela para minimizar a


claridade do monitor. Temos que cuidar de nossa visão
2- Se for estudar a noite, duas dicas:

a) Não deixe para estudar muito tarde, pois o sono pode atrapalhá-lo em sua
concentração;
b) Não deixe a luz do ambiente em que estiver, apagada, pois a claridade da
tela do computador torna-se ainda maior, provocando dor de cabeça e
irritabilidade.

3- Pense na possibilidade de imprimir sua apostila, pois pode ser que isso dê a opção,
por exemplo, de carregá-la para onde quiser e de grifar com caneta,
partes que ache importante.

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