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Μϊετομ Azevedo Andrade

M ilton A z e v e d o A ndrade

ANTEDAD¥T
-----------E ----------==■
P o d e R.

E d it o r a A g a p e R e c o n c e l ia ç ã

A gapE
RFX:0NC.IUAÇÁO
SANTIDADE E PODER

Copyright © 2005 de Milton Azevedo Andrade.


1a. Edição: 2005.
2a. Edição: 2009.
A presente edição foi revisada pelo autor.
O texto desta edição acha-se de acordo com o Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990,
aprovado pelo Decreto Legislativo no 54, de 18 de abril de 1995.

Capa: Marcos Vieira.

A menos de indicação ao contrário, os textos bíblicos citados estão conforme


a RA (Almeida, Revista e Atualizada, 2a. Ed., da S.B.B.). A relação das versões
bíblicas utilizadas acha-se no Apêndice D. As abreviaturas dos livros bíblicos
estão conforme a RA.
As citações bíblicas acham-se escritas em itálico, e muitas vezes contêm parênteses
explicativos e destaques, todos eles incluídos pelo autor. O nome S cniior -
tanto com referência a Yl 1WH como a )esus - foi grafado com letras maiúsculas.
Os nomes das pessoas citadas apenas pelo preñóme - em ocorrências relatadas
pelo autor - foram alterados, bem como alguns detalhes da narrativa, para
evitar a sua identificação, protegendo assim sua privacidade.

Proibida a reprodução de qualquer parte deste livro, exceto por autorização do autor.
Todos os direitos reservados.

Impressão: Imprensa da Lé

ISBN: 978-85-60796-08-3

Publicado pela:
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RECONCILIAÇÃO
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recebereis poder, ao descer sobre vós o
Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto
em Jerusalém com o em toda a Judeia e Samaría e
até os confins da terra." (At 1:8)

"Tendo, pois, ó amados, tais prom essas,


purifiquem o-nos de toda impureza, tanto da carne
com o do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade
no tem or de D eu s." (2Co 7:1)
Reconhecimentos
Ao longo de nossa vida todos nós recebemos ensinamentos valiosos
que nos foram transmitidos por muitos. Quantos pregadores já
ouvimos, quantos servos do Senhor foram por Deus usados para
nos transmitir a Palavra, quantos foram os que nos ensinaram e
nos revelaram as verdades eternas!
Isso, com certeza, foi o que aconteceu comigo. Seria impossível
mencionar os nomes de todas as pessoas que Deus usou como
instrumento para abençoar a minha vida, e que me deram condições
para escrever este livro. Assim, sendo também grato a todas elas,
a minha maior gratidão é ao Senhor!
Não obstante, quero expressar o meu agradecimento a algumas
pessoas em especial, que de um modo direto contribuíram para
a geração deste livro.
O primeiro nome que vou mencionar é o da nossa amada
irmã em Cristo, a Dra. Neuza Itioka, consagrada como pastora e
apóstola, que preside o ministério de que faço parte, o Ministério
Ágape Reconciliação. Além dos ensinamentos que ela me transmitiu,
ao longo de todos esses anos, há um facto que quero mencionar.
Em grande parte de seus escritos - tais como as apostilas
dos cursos e seminários do Ministério - ela termina cada capítulo
com a expressão “ Santidade e Poder!’’, repetidamente. Isso foi
marcando o meu espírito, a ponto de o S enhor me forçar a meditar
e estudar a sua Palavra sobre este tema. De facto, o título deste
livro pertence a ela, Neuza Itioka. Mas eu não pude deixar de
usá-lo, pois era o que expressava exatamente o que Deus estava
pondo em meu coração para escrever. Louvo a Deus, Neuza, por
sua vida!
Assim, comecei a pesquisar, nas Escrituras, sobre a santidade
e sobre as condições necessárias para que o poder de Deus se
manifeste através de nós.
SANTIDADE E PODER

Um dos primeiros pontos que o Senhor me revelou foi


sobre o jejum que agracia a Deus, que é revelado por Isaías em
seu capítulo 58. Então com ecei a ensinar sobre este tema em
nosso curso de preparação de libertadores, já há alguns anos.
Quando eu fazia, no Instituto de Formação Cristã, meu curso
em nível de pós-graduação em Antigo Testamento e Hebraico,
utilizei então este mesmo tema, o jejum apregoado por Isaías,
numa monografia sobre Profetismo Bíblico - trabalho feito como
parte das exigências do curso. Assim, sou grato ao ilustre profes-
sor Jair Pintor, pois ele, ao avaliar o meu trabalho, deu-me valió-
sas contribuições, que foram aproveitadas ao escrever este livro.
Eu não poderia deixar de mencionar ainda a colaboração
de meu grande amigo, Ruy Jorge Monteiro Pedreira, que mais
uma vez se dispôs a ler os originais, tendo me dado uma valiosa
contribuição para o aperfeiçoamento do texto.
Agradeço ainda a Marcos Vieira, pela confecção da capa, o
que ele fez com grande carinho e inspiração.
Finalmente, sou devedor à minha esposa, Sônia, por ter
ficado sem conversar comigo, sem ter a minha atenção, por horas
e horas, pois - para escrever este livro - tique¡ muito tempo em meu
pequeno escritório, concentrado no que estava fazendo. Sei que,
de certa forma, Sônia, você teve também que pagar um preço.
De igual modo sou devedor à minha filha Mariana, por muitas
horas não ter ela desfrutado do convívio de seu pai, por estar ele
concentrado, à frente do computador. E isso sem falar nos fins
de semana ausente, por causa do ministério, quando viajo para
ministrar em igrejas por todo o País e até no exterior. Que Deus
as recompense!
Mas creio que valeu a pena. O livro está aí. Resta-me agora
agradecer mais uma vez a Deus, pois foi Ele que de fato me
inspirou a escrever.
Toda glória a ti, Senhor!
índice
I n t r o d u ç ã o ..................................................................................................... 11

P R IM E IR A PARTE
E S T A B E L E C E N D O A L G U M A S BASES 17

1 V o cê Q u e r o Po d er de D e u s ? ................................................................. 19

2 Tendo um a A bo rd ag em Esp iritu al d as E s c r it u r a s ........................... 25

O Sentido Espiritual das Palavras................................................................ 26


O Tempo Espiritual......................................................................................... 27
3 A N o ssa D u p la N a t u r e z a .......................................................................... 33
O Novo e o Velho H o m e m .......................................................................... 33
O Velho Hom em Peca, mas o Novo Hom em É P u ro ......................... 35

S E G U N D A PARTE
O P O D E R D E D E U S ..................................................................................39

4 A n a lis a n d o o Po d er d e D e u s .................................................................. 41
O Poder de Deus Q u e Se Manifestou em Je su s................................... 42
O Poder de Deus em N ó s .............................................................................44
5 Q u a l É a S u a M o t iv a ç ã o ? .......................................................................... 45
Primeira Condição: H u m ild a d e ................................................................. 45
Segunda Condição: S e rv ir............................................................................ 47
Terceira Condição: Frutificar........................................................................48
Q uando Servimos ao S enhor , Temos um S alário ................................ 49
Exercer um Ministério Não É Ter um T ítu lo ............................................ 51
C) Perigo da G a n â n c ia .................................................................................... 53
Não Deixem os de S e m e a r........................................................................... 54
Tenha a Motivação C e r t a ..............................................................................54
6 Por Q u e O r a m o s e à s V ezes N ad a A c o n t e c e ? ............................... 57
O Pecado Corporativo.................................................................................... 60
Um a Fé Pequena.............................................................................................. 62
A U nçáo e o Poder.......................................................................................... 64
Usando o Nome de Jesus............................................................................... 65
T E R C E IR A PARTE
C A P A C IT A N D O N O S A T E R O P O D E R D E D E U S 73

7 H á u m a M e n sa g e m U rg e n te d e D e u s p ara N ó s ............................ 77
Para Q uem Se Destina a M ensag em .......................................................... 78
Q ual Era o P ro b le m a?.................................................................................... 8 0
A Religiosidade no Je ju m .............................................................................81
8 So ltan d o as L ig ad u ras d a I m p ie d a d e .................................................. 8 7
O Sentido Espiritual das Ligaduras da Im p ie d a d e .................................. 88
Com o Soltar as Ligaduras da Im p ie d a d e ................................................... 8 9
E o Sangue do Cordeiro Q u e Nos P u rifica............................................... 92
9 D e sfa z e n d o as A ta d u ra s d a S e r v id ã o .................................................. 95
A Situação de Se Estar Sob a Ação de um In im ig o ................................ 97
O Q u e Significam as Ataduras de S e rv id ã o ..............................................97
Libertando-nos das Ataduras de S e rv id ã o ................................................ 98
10 L ib e rtan d o -n o s d e Toda O p re s s ã o e J u g o ...................................... 103
Entendendo o Q u e É O p re ss ã o ................................................................. 103
Libertando-nos de Toda O p re ss ã o .............................................................105
O Jugo do In im ig o ...........................................................................................106
Jugo por Associação com In cré d u lo s....................................................... 108
Jugos Impostos sobre N ó s ............................................................................. 1 08
Jugo das Coisas deste M u n d o ......................................................................109
11 S en d o R e v estid o s d o A m o r d e D e u s .................................................111
Entendendo o Q u e E A m a r ......................................................................... 112
Buscando o Amor de D e u s .......................................................................... 1 16
A Falta de U n id a d e ........................................................................................ 11 7
O Ministério de Libertação e o A m o r ..................................................... 118
Analisando a Nossa S itu a ç ã o .......................................................................119
12 0 Jugo, as A m e a ç a s e as In jú ria s d o N o sso M e i o ....................... 123
Tirando o Jugo de Nosso M e io .................................................................. 124
Tirando o Jugo do Pecado C o rp o rativo .................................................... 125
Tirando o Jugo Imposto pela Própria Ig re ja ...........................·............... 125
Sendo Guiado pelo Esp írito ......................................................................... 129
Tirando o Dedo Q u e A m e a ç a .................................................................... 130
Tirando o Falar Inju rio so ............................................................................... 132
Ministrando ao Aflito e ao Fam in to ........................................................... 135
13 Q u e b ra n d o M a ld iç õ e s H e r e d it á r ia s .................................................. 1 37
Ruínas Espirituais H e rd a d a s......................................................................... 138
A Maldição de B astardía............................................................................... 139
Somos Reparadores de Brechas e Restauradores de V e re d a s......... 141
14 H o n ra n d o o D ia d o S e n h o r ..................................................................... 145
A Palavra “ Sábado” ........................................................................................ 146
A Guarda do Descanso Não É Só para o Antigo Testam ento?.........146
15 C o n c lu s ã o d a M e n s a g e m ......................................................................... 151
Receberem os a Plena Luz de D e u s ............................................................151
Receberem os a Cura sem D e te n ç a ............................................................ 157
A Glória do Senhor N os A tingirá................................................................ 159
A Glória do Senhor Será a Nossa Retaguarda........................................ 160
A Resposta do Seni ior Será Im ed iata........................................................160
Direção Contínua do S e n h o r ...................................................................... 162
Suprimentos em A b u n d â n cia .......................................................................162
Um Jardim R e g a d o ..........................................................................................163
Alegria, Honra e Plenitude de B ê n ç ã o s................................................... 166
Crescerem os em U n ç ã o ................................................................................ 167

Q U A R T A PARTE
EX ER CEN D O O PO D ER DE D EU S 171

16 O r a n d o no E s p ír it o ......................................................................................173
O Batismo no Espírito S a n to ........................................................................176
Sendo Cheios do Espírito C onstantem ente............................................. 178
A Plenitude do Esp írito .................................................................................. 1 79
O rando no Esp írito ......................................................................................... 180
O s Dons Espirituais..........................................................................................182
17 A P alavra de P o d e r .......................................................................................185
A Condição para Se Ter o Poder da P alavra........................................... 187
Usando Palavras de P o d e r.............................................................................189
Determ inando Alguma C o is a ...................................................................... 193
Isso Não É Dar O rdens a D e u s ? ................................................................ 195
Usando uma Palavra de Poder para R e in a r............................................ 195
Ligando e Desligando no Passado, no Presente e no Fu tu ro ........... 198
Não Coloquem os o S eni ior à P ro v a ..........................................................199
18 0 P o der d as O r a ç õ e s D irig id a s a D e u s ............................................201
A Q uem Oram os: ao P a i............................................................................... 201
Oram os em Nome de Je su s......................................................................... 202
O Q u e Não Pedir ao P a i............................................................................... 202
O Q u e Pedir ao P a i......................................................................................... 204
A O ração Perfeita............................................................................................ 206
Um Pedido Esp e cia l........................................................................................ 210
O rações ao Filho e ao Espírito S a n to ........................................................ 211
19 O Poder da I n t e r c e s s ã o .............................................................................21 5
O que É In terced er......................................................................................... 215
A Principal Tarefa do Intercessor................................................................ 216
Cham ados para o Ministério de Intercessão..........................................219
Características do Verdadeiro Intercessor................................................. 2 2 0
O Intercessor Deve Ter uma Vida L im p a ................................................ 221
A Ação de G raças na Intercessão.............................................................. 222
20 D e se n v o lv e n d o a F é ................................................................................... 223
O Q u e É a F é .....................................................................................................223
Fé Ativa e Fé Passiva...................................................................................... 2 26
Exercendo a Nossa Fé A tiv a ........................................................................ 227
Exercendo a Nossa Fé Passiva.................................................................... 2 29
A Unção, a Fé Ativa e a Fé Passiva............................................................2 33
Q uando O ro por Mim M e sm o ................................................................... 234
Por Q u e Crem os em Alguma C o is a ? ......................................................... 235
A Fé Vem pelo Ouvir a Palavra de D e u s ..................................................238
Aumentando a Fé através do E x e rc íc io .................................................... 240
A Fé Implica em A ç ã o .................................................................................... 242
A Fé É O bediente à Autoridade sobre N ó s ............................................ 243
A Fé Implica em O u s a d ia .............................................................................. 244
A Fé Implica em Persistência........................................................................244
A Fé Implica em Louvar a D e u s .................................................................2 4 6
21 A Ju stificação pela F é .................................................................................2 4 7
Qual É o Objeto da Nossa F é ? ................................................................... 2 48
A Fé Nos Justifica............................................................................................. 2 5 0
A Fé Quebra o Direito Legal de Satan ás..................................................253
Dim inuindo o P ro b le m a............................................................................... 2 57
Diante de uma P ro va çã o .............................................................................. 2 58
22 U m a V id a de P o d e r !....................................................................................261

A P Ê N D IC E S

A P asso s do Jejum d e Isa ía s 5 8 p a ra a S a n t if ic a ç ã o ...... ............... 2 6 4


B O b s e r v a ç õ e s .................................................................................................. 265
C Isa ía s 58 ........................................................................................................... 2 7 0
D B ib lio g r a fia ......................................................................................................271
Introdução
“Pedí, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei,
e abrir-se-vos-á." (Lc 11:9)

Uma questão que sempre esteve em minhas considerações, ao


meditar sobre o que as Escrituras nos ensinam sobre o poder de
Deus, é por que hoje não vemos curas, milagres e maravilhas
como acontecia na Igreja primitiva.
Mas não precisamos nem mesmo ir ao nível de milagres e
maravilhas: muitas das nossas orações não têm sido respondidas
pelo Senhor. Quantas vezes já lemos o versículo acima e pedimos,
com insistência - mas não recebemos?! Você mesmo pode ter
tido a experiência de orar por alguém que estava enfermo, pedindo
que Deus o curasse, mas a pessoa faleceu. Ou quem sabe orou
por outros problemas, mas aparentemente Deus ainda deve estar
pensando se lhe vai atender, ou não...
Perdoe-me, eu sei que você não pensou deste modo, mas
muita gente tem pensado assim. Aliás, já ouvi ensinarem o seguinte:
Quando oramos a Deus, Ele nos dá uma dentre as três respostas
seguintes:
■ “ Sim !” ■ “ N ão ...” ■ “ Espere!”
Será que isso está certo? Procurei em toda a Bíblia mas não
encontrei base para esse ensino. Aliás, só para citar uma escritura
que nos mostra que isso não é verdade, veja que Paulo escreveu:
“ Bendito o Deus e Pai de nosso Sínhor Jesus Cristo, o qual nos
AbtNÇOOU com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais
em Cristo." (Ef 1:3)
Pois bem, quando você ora pedindo uma bênção, qual é a
resposta de Deus que você depreende desta escritura? Se você
orou pedindo uma bênção “ em Cristo” , isto é, em nome dele,
então essa bênção já lhe foi concedida! Assim, se o seu pedido
foi “ em Cristo” , a resposta é “ sim” ; se não foi “ em Cristo” , a
resposta é “ não” . Não há uma terceira alternativa em relação à
resposta de Deus. Mais à frente estaremos considerando, de um
modo especial, o que significa pedir em nome de Jesus Cristo.
11
SANTIDADE E PODER

O que está então acontecendo, quando não vemos respostas


às nossas orações? E por que às vezes temos que esperar muito
tempo para receber a resposta de Deus?
É claro que não posso responder a estas perguntas com poucas
palavras: para isso escreví todo este livro! Tenha um pouco de
paciência. Mas, antes de lhe dar ao menos uma idéia geral sobre
esta questão, quero ressaltar que, colocando em outros termos,
temos que reconhecer que o poder de Deus não está operando
através de nós como gostaríamos que operasse. Não é verdade?
Isto fica ainda mais evidente quando comparamos a situação
de hoje com o que acontecia na Igreja prim itiva, conform e já
observei. O livro de Atos mostra-nos que não somente os apóstolos,
mas também outros cristãos - dentre os quais Filipe, um dos sete
primeiros diáconos da Igreja de Jerusalém,1 e Barnabé, compa-
nheiro de Paulo - realizaram sinais e maravilhas*23 sem paralelo
com o que vemos atualmente.
E, de Paulo, o texto nos diz que ele “ fazia milagres extraordi-
nários" \ 1 Ora, um milagre já é algo extraordinário; o que significa
então “ milagres extraordinários” , senão uma ênfase ao grande
poder de Deus que fluía no ministério do apóstolo?
Eusébio de Cesareia, em sua famosa obra História Eclesiástica,
escrita no início do século IV, registra o feito de um dos apóstolos,
Tadeu, com esta mesma expressão “ milagres extraordinários” . E
verdade que esta ocorrência não é mencionada no livro de Atos,
mas o registro deste historiador merece todo crédito, apesar de
seus escritos não serem canônicos. Ele narra a respeito de Tadeu,
quando foi enviado para a cidade de Edessa:
“Tomé, sob um impulso divino, enviou Tadeu como arauto
e evangelista para proclamar a doutrina de Cristo. ... Ali
chegando ele curou Agbaro pela palavra de Cristo e também
assombrou a todos dali com os milagres extraordinários
que realizou.” 4

‫ י‬Atos 6:3-6; 21:8.


2 Como em Atos 8:4-8, com respeito a Filipe; e Atos 14:3, com respeito a Paulo
e Barnabé.
3 Atos 19:11.
4 Eusébio de Cesareia - História Eclesiástica; CPAD, Rio de Janeiro; p. 48.
12
INTRODUÇÃO

Não há nenhum texlo na Palavra dizendo que os sinais


eram somente para aqueles dias, e sabemos também que Deus
não muda: o que Ele foi Ei r: é, e sempre será. Jesus Cristo é o mesmo
ontem, hoje e eternamente.5 Portanto, a única conclusão a que
podemos chegar é que alguma coisa está errada conosco, cristãos
do século 21!
De facto, a Igreja de Cristo não tem visto sinais e maravilhas
como nos primeiros séculos da era cristã. Muitos têm chegado
à conclusão de que os milagres eram apenas para os dias dos
doze apóstolos. A Bíblia, porém, não endossa esse ponto de vista.
Na verdade a Igreja desviou-se do padrão inicial, e muita coisa
ainda precisa ser restaurada. Portanto, repito: Há algo de errado
conosco, cristãos do século 21! Lembremo-nos ainda que temos a
promessa do Mestre de que seus discípulos fariam sinais maiores
do que os feitos por ele mesmo.67E nós somos seus discípulos nos
dias de hoje! Isso também nos leva a esta mesma conclusão: algo
precisa ser mudado em nós, Igreja do S e n h o r . Pois bem, eu lhe
disse que lhe daria pelo menos uma idéia geral sobre por que
não estamos tendo o mesmo poder que tinha a Igreja primitiva.
Então, vamos lá...
Durante todo esse tempo em que venho meditando sobre
esta questão do poder de Deus em nossa vida, tenho atuado no
ministério de libertação e cura interior. Desse modo, constante-
mente estou tendo que exercer autoridade contra espíritos malignos
e contra as obras das trevas. E tenho visto que o poder de Deus
sem pre prevalece quando aplicam os os princípios corretos de
batalha espiritual.
Há situações, porém, em que os demônios resistem, mesmo
usando o nome de Jesus. Isso acontece quando os confrontamos
e eles têm direito legal sobre a vida da pessoa em que atuam.
Mas, mesmo numa situação assim, basta que a pessoa quebre
esse direito legal - arrependendo-se, pedindo perdão a Deus,
apropriandõ-se da obra completa consumada na cruz do Calvário
- e o que tenho visto é que então não há demônio que resista!^
5 Malaquias 3:6; Hebreus 13:8.
6 João 14:12.
7 Veja por que isso acontece em meu livro Vida em Abundância - Através da Liber-
(ação e Quebra de Maldições, capítulos 6 a 10.
13
SANTIDADE E PODER

Não será o caso de não estarmos sabendo aplicar, em nossa


vida, os princípios e as condições que Deus estabeleceu para o
uso do seu poder e, por isso, não temos tido respostas da forma
como gostaríamos de receber? Em outras palavras, quando es-
tamos querendo usar o poder de Deus em todas as áreas (curas,
libertação, prodígios, bênçãos, etc.), não será o caso de que o
problema é que existem condições para que o poder de Deus
opere, e nós simplesmente estamos ignorando essas condições?
Tenho me convencido de que é isso mesmo. Em atos de guerra
contra as trevas (como no caso de uma oração pela cura de um
enfermo), será que o impedimento para o poder de Deus operar
não está em nós? Isto é, na pessoa com o problema e na pessoa
que ora? Não será ainda o caso de estarmos orando de um modo
errado? Pois a Palavra nos diz que muitas vezes não oramos como
convém!8 Temos que alcançar as mesmas condições em que os
primeiros cristãos se encontravam. Algo precisa mudar em nós!
A aplicação dos princípios de batalha espiritual, orarmos
como convém, buscarmos as condições estabelecidas por Deus
para que o seu poder possa fluir através de nós, e tudo o mais
que é necessário para que nos capacitem os espiritualm ente -
todas essas questões serão objeto da nossa consideração neste
livro. E, assim, vamos buscar a resposta para aquela pergunta que
lhe fiz há pouco: “ O que é que está então acontecendo, quando
na realidade não vemos respostas às nossas orações?”
Um ponto, porém, quero deixar bem claro: é que toma-
remos sempre como base as Escrituras Sagradas, ao analisarmos
essas questões. E peço ao leitor que faça passar pelo crivo do
Espírito Santo tudo o que for dito a seguir, recebendo apenas o
que o Espírito confirmar em seu coração.
E, se houver alguma coisa que E le não confirme, ou que seja
contrária ao que dizem as Escrituras, faça-me o favor de reportar-
-me a respeito, por e-mail ou correspondência, através da Editora.
Pois é claro que, como homens, somos sujeitos a erro. Mas o meu
desejo é o de estar sempre em busca da verdade. E creio que este
deve ser o seu objetivo também.

8 Romanos 8:26. Estes pontos serão abordados extensivamente mais adiante.


14
INTRODUÇÃO

Quero ainda esclarecer que não pretendo dar uma solução


final para todas essas questões, mas meu desejo é que este
livro possa ser um instrumento através do qual o Espírito lhe dê
o entendimento necessário para que a sua vida não seja mais
a mesma - sendo sempre vitoriosa no confronto com as trevas,
sabendo orar como convém, com grande poder.
Você está de acordo com o que foi dito até aqui? Então
podemos dar início à nossa caminhada pelas páginas que se
seguem. Espero que possamos nos entender perfeitamente,
durante todo o tempo em que estivermos juntos. Responda-me,
na leitura, todas as perguntas que eu lhe fizer. E, veja, não espere
um tratamento cerimonioso. Acho que posso confiar na nossa
“ amizade” ...
:4c + sjc *

Em nossa caminhada pelas páginas a seguir, passaremos por


quatro trechos, ou Partes.
Primeiramente vamos considerar alguns conceitos básicos,
que são importantes para um melhor entendimento do que se
segue. Esta será a Primeira Parte. Você verá também que o poder
de Deus está à sua disposição.
Em seguida, na Segunda Parte, estarei falando sobre o que é de
facto o poder de Deus, e vou questionar o leitor sobre um ponto
fundamental para que este poder opere em sua vida. E analisaremos
por que não temos tido poder no grau em que poderiamos ter.
Então estaremos em condições de ver, na Terceira Parte,
como nos capacitarmos para ter esse poder, como fazer crescer a
nossa unção. Estaremos nos baseando numa mensagem do profeta
Isaías, e creio que você se surpreenderá com o que ele vai lhe
dizer!
|á na Quarta Parte o nosso assunto será como exercer o
poder de Deus. Pois podemos estar capacitados espiritualmente,
podemos ter toda a unção, mas mesmo assim talvez não saiba-
mos orar com o convém , conforme já foi ressaltado. E veremos
como desenvolver a fé que é necessária, junto com a unção, para
que o poder de Deus opere através de nõs.

15
SANTIDAD[¡ L PODER

Finalmente, ñas últimas páginas, você encontrará, em Apén-


dices, um resumo dos passos para nos capacitarmos espiritual-
mente, e as principais conclusões que foram destacadas ao longo
da nossa jornada, para facilitar a sua revisão. E também incluo
o texto de Isaías 58 utilizado na Terceira Parte, e a Bibliografia dos
livros citados.
Concluindo esta Introdução, oro para que o Espirito Santo
venha usar este livro para abençoá-lo, mostrando-lhe como operar
com o poder de Deus. E que tudo seja para a honra e glória
daquele que é o Ungido, o Redentor, o Salvador, o Justo, o Rei
dos reis, o Rei da glória, o Senhor dos exércitos!
Amém? Vamos agora em frente?

16
Primeira Parte
Estabelecendo Algumas
Bases
Na verdade eu gostaria muito que você tivesse lido meus dois
primeiros livros (este é o terceiro que escrevo), ou seja, “ V ida em
A bundancia - Através da Libertação e Quebra de Maldições” e
“ P lena Pa z - A través da Cura Interior“ .' É que alguns pontos, que
neles foram tratados, serão úteis para um melhor entendimento
do que vai ser exposto aqui.
Eu disse “ gostaria muito” , o que é bem diferente de dizer
que a leitura desses dois livros é obrigatória para o entendimento
deste. Não é. Mas, por ser importante que o leitor tenha alguns
dos conceitos que expus nesses dois livros, principalmente
sobre linguagem espiritual, sobre determinados aspectos do
mundo espiritual e sobre a nossa dupla natureza depois do novo
nascimento, vou considerar novamente esses pontos, se bem que
de um modo resumido e com um enfoque um pouco diferente.
E, mesmo para você que leu meus livros anteriores, será também
muito bom fazer uma revisão e ampliação desses conceitos.
Antes, porém, vou introduzir o leitor diretamente ao
nosso assunto, isto é, vou fazer-lhe uma pergunta básica, muito
importante:
Você quer o poder de Deus em sua vida?
Mas não me dê a sua resposta agora. Apesar de que eu bem
possa adivinhar qual seja ela, não me responda antes de ler o que
se segue. Ok? 1

1 Publicados pela Editora Ágape Reconciliação.


1
Você Quer o
Poder de Deus?
“£m verdade, em verdade vos digo que aquele que crê
em mim fará também as obras que eu faço, e outras
maiores fará, porque eu vou para junto do Pai.”
(Jo 14:12)

Eu sei que você sabe que Satanás sabe que você sabe que ele
sabe que você sabe que ele não sabe criar nada, e que só sabe
ser um grande imitador de Deus!1 Sim, tudo o que ele faz é imitar
a Deus, pois o seu desejo, desde o princípio, foi o de ser igual a
Deus: “serei semelhante ao Altíssimo” - disse ele para si mesmo.12
Uma das coisas que Satanás faz é conceder poder aos seus
seguidores, a todos os que buscam o poder das trevas. Aliás, uma
das principais maneiras pelas quais Satanás enreda as pessoas
é prometendo-lhes poder. Os que se desenvolvem na feitiçaria
normalmente estão em busca de poder: um poder maligno, cujo
nome real é feitiço ou encantamento, através do qual a pessoa
passa a controlar uma situação, ou provoca um mal ou um
aparente “ bem” a alguém, valendo-se da magia.
É o caso de Maria que gosta de um rapaz chamado José,
mas José é casado com Odete. O que Maria faz? Vai até um pai-
-de-santo e pede-lhe um “ trabalho” (um feitiço, uma macumba)
para “ dar um jeito” , fazendo com que Odete morra, ou que ela
se divorcie, para que de algum modo José fique livre para casar-
-se com ela, Maria. Sei de casos reais em que coisas desse tipo de
facto aconteceram.
É um poder maligno que atua em tais situações, mas Satanás
cobra muito caro. Exige inclusive sacrifícios de animais (e até de
seres humanos, dependendo do “ trabalho” a ser feito), além de
1 Esta forma de expressar foi usada por Rony Chaves, no Congresso Profético realizado
de 23 a 26 de agosto de 2001, na Comunhão Cristã dos Jardins, em São Paulo.
Fica bem claro que todos sabemos que Satanás é apenas um imitador!
2 Isaías 14:14.
19
SANTIDADE L PODER

outras oferendas, e ainda passa a ter direito sobre a vida da pessoa,


trazendo-lhe uma série de maldições.
Atualmente o oferecimento de poder tem sido uma tática
usada pelas trevas até mesmo para atrair crianças e adolescentes.
E precisamente isso que ocorre com os livros e filmes de Harry
Potter, por exemplo. Pois esse herói é apresentado como alguém
que descobre que, através da magia, pode ter poder para fazer
uma série de coisas... Inclusive para vingar-se das pessoas. Os
adolescentes ficam assim contaminados com essa possibilidade,
pois a magia, o poder das trevas, é algo que lhes é apresentado
como sendo “ bom” , que lhes vai propiciar poderes sobrenaturais
"para o seu benefício” e muitas "vantagens” na vida.
De igual forma a religião W icca, das assim chamadas bruxas
“ boazinhas” ,3 procura atrair principalmente as mulheres para a
bruxaria. Mas, dizem elas, os feitiços que fazem são apenas “ para
o bem” , nunca para o mal. Entretanto isso não passa de feitiçaria,
e toda feitiçaria é totalmente proibida e condenada por Deus.4
Sei que podería estender-me citando os pokemons, os video-
games de violência, e muitos outros exemplos em que Satanás
oferece poder às pessoas - mas não é esse o meu propósito. ‫ ׳‬Eu e
você, leitor, não estamos interessados no poder das trevas - disso
tenho certeza, pois este é um livro que foi escrito para você que
pertence a um outro reino, o Reino de Deus. Estamos interessa-
dos, sim, no poder de Deus, não é mesmo?
Contudo, permita-me citar mais um exemplo de como Sata-
nás oferece poder às pessoas. Você vai ver depois por que estou
fazendo todas estas citações - portanto, vamos com calma. Quero
citar apenas o caso da tentação de Jesus. Veja que até mesmo o S e n h o r
Jesus foi tentado pelo diabo, que lhe ofereceu poder:
“£ disse-lhe o diabo: Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua
glória, fx)rque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero." (Lc
4 :6 - arc )*
5

1 E também "bruxos”. Quanto à W icca, Cindy ]acobs mostra-nos com clareza este
ponto em seu livro "Desmascarando o Ocultismo", Danprewan Ed., no cap. 4.
‫ '׳‬Cf. Deuteronômio 18:10-12, Levítico 20:27 e muitos outros textos.
5 Para os que queiram ver mais a respeito, recomendo o livro acima citado de
Cindy Jacobs, e também “Lúcifer Destronado”, de William e Sharon Schnoebe-
len, ambos da Danprewan Editora, Rio de Janeiro.
20
VOCÊ QUER O PODER l)L PLUS'

A palavra que no grego corresponde ao que foi traduzido


com o termo “ poder” é exousia. Se você leu meu livro Vida em
Abundância, certamente se lembrará de que lá foi explicado que esta
palavra significa tanto “ autoridade” como “ poder” . Por isso, algumas
versões em português a traduzem com a palavra “ autoridade” /’
Assim, na verdade o diabo estava oferecendo-lhe autoridade
e poder, se Jesus o adorasse. Seria para Jesus o caminho fácil de
receber a autoridade e o poder sobre o mundo todo, sem ter que
passar pela cruzl Veja que Satanás não estava blefando. Naquele
momento ele realmente possuía todo o poder e autoridade sobre
o mundo. Jesus não negou esse facto. Mas, aleluia!, Jesus resistiu
à tentação. Ele preferiu o caminho da cruz. E, como você sabe,
ele venceu. Na cruz Satanás foi derrotado, e todo o poder que
lhe pertencia passou então para Jesus. E o que o StNiiOR mesmo
nos disse, depois de ressurrecto:
“ Toda a autoridade e iodo o poder (exousia) me foram dados
no céu e na terra (isto é, no m undo espiritual e no m undo
físico).” (Mt 2 8 :1 8 - tradução e acréscim o do autor)

Sim, Jesus nos disse que todo o poder que antes pertencia a
Satanás lhe foi dado com a sua vitória na cruz. Então, que poder
restou a Satanás? Se todo o poder que ele tinha passou para
Cristo, então o que lhe restou foi... nenhum poder! Isso significa
que Satanás não tem mais poder. Sabia? E verdade. Agora ele não
tem o poder que tinha sobre o mundo todo.
- Mas com o - dirá você este capítulo com eçou mostrando
que Satanás dá poder aos seus adeptos!...
Vou explicar. O que a Bíblia nos diz é que, de todo o poder
que Satanás tinha sobre o mundo, desse poder não lhe restou nada.
Passou tudo para Jesus. Mas o diabo ainda consegue ter algum poder
recebendo-o dos homens. E preciso que os homens lhe deem poder.
Como foi que Cristo conquistou o poder? Por fazer a vontade
do Pai, e morrendo na cruz. Como é que o imitador maligno de
Deus consegue alguna poder? Através do pecado das pessoas (por
não fazer a vontade do Pai), e também pela morte, ou sacrifício,
de animais e até de vidas humanas, e através de outras dádivas
que os homens lhe dão. O maior poder que lhe é dado é por meio
h Com o a RA, por exemplo.
21
SANTIDADE E PODER

de sacrifícios humanos.7 É uma simples e diminuta imitação do


que foi a obra na cruz. Não nos esqueçamos de que o sacrifício
de Cristo foi o sacrifício do próprio Deus encarnado; portanto foi
um sacrifício infinito, e um poder infinito lhe foi dado.
Pois bem, chegamos assim a uma conclusão interessante,
que convém deixar em destaque:
Satanás não tem poder neste mundo, exceto o que
ele recebe dos homens e que ele usa para enganá-los,
conquistando-os para o seu reino. (Observação 1)

Um ponto, porém, é importante que observemos. Se Satanás


é imitador de Deus, como todos nós sabemos, e se ele procura
dar poder aos seus seguidores, então será que isso significa que
Deus também dá poder a seus filhos? Será que isso é verdade?
E claro que é. Como é que o diabo estaria imitando a Deus
desse modo se Deus não nos desse poder? Mas podemos ver
que isso é verdade por revelação direta da Palavra. Qual foi a
promessa que Jesus fez a seus discípulos, logo depois de declarar
que todo o poder e autoridade lhe pertenciam, depois da sua res-
surreição e vitória? Ele disse, conforme foi citado no início cJeste
livro:
“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo,
e sereis minhas testemunhas ...” (At 1:8)
Sim, Deus quer dar poder a seus filhos, esse poder que
recebemos através do Espírito Santo, que foi enviado no dia de
Pentecostés, e que está à disposição de todos os que nasceram
de novo. Um outro texto que nos fala sobre o poder de Deus
em nossa vida é o que se encontra no início deste capítulo, que
registra as seguintes palavras de Jesus:
"Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em
mim fará também as obras que eu faço, e outras maiores
fará, porque eu vou para junto do Pai." (Jo 14:12)
Veja, o poder que o S e n h o r quer nos dar não é um poder
pequeno. Ele nos prometeu um poder que fará obras maiores do
que aquelas que ele mesmo fez em seu ministério terreno.

Podendo ser um sacrifício até de morte; mas há sacrifícios que não são de morte,
como, por exemplo, a pessoa sujeitar-se a um ritual, a prestar-lhe qualquer forma
de culto ou veneração, etc.
22
VOCE QUER O PODER DE DEUS?

Esta é uma verdade que convém ser também destacada:

Podemos receber o poder de Deus para realizar até mesmo


obras maiores do que aquelas que Jesus fez.
(Observação 2)

O facto é que os crentes muitas vezes não têm consciência


disso, ou não sabem que há um poder à sua disposição e, muito
menos ainda, não sabem como exercer esse poder. E disso que
vamos estar tratando neste livro, para que se cumpra em nós a
promessa de Jesus de que receberiamos poder.
Como lhe prometí, agora volto a fazer aquela pergunta
básica, muito importante: Você quer receber o poder de Deus
em sua vida? Creio que ouvi você dizer, com muita convicção:
- S im !
Amém! Então você já satisfaz o primeiro requisito para
receber esse poder. Mas não basta você me ter respondido este
“ Sim !” em sua mente. Ligue isso no mundo espiritual, declarando em
voz audível:
- Eu quero receber o poder de Deus na minha vida!
Eu sei que, expressando-se assim, você não está dizendo
que presentemente você não tem poder algum, dado por Deus.
Não. Você está dizendo que quer receber um poder ainda maior,
de modo a ver todas as suas orações sendo respondidas, ser
vitorioso em tudo, e ver o inimigo totalmente derrotado, sem ter
como agir em sua vida. Por isso você quer mais, e não se contenta
com o nível de poder espiritual que você já tem. Não é isso?
Agora você pode continuar a leitura porque, para que isso
aconteça, há certas condições a serem atendidas, como você
vai ver. Não basta simplesmente “ declarar as bênçãos” , dizendo
“ tudo posso em Cristo que me fortalece” , ou “ sou mais do que
vencedor” , e assim por diante.
Infelizmente, muitos líderes evangélicos estão vendendo
um evangelho “ de poder” , “ de prosperidade” , “ de bênçãos” ,
ensinando que basta o crente declarar essas promessas para que
sua vida vire um mar de rosas. O u, então, ensinam: basta ter fé,
que tudo se resolverá!
23
SANTIDADE E PODER

E o crente fica então com um enorme complexo de culpa,


pois, pelo facto de, muitas vezes, não ver a resposta de Deus,
então conclui que a culpa é dele mesmo, que não tem fé...
A verdade é que todas as promessas da Bíblia têm que ser
entendidas e apropriadas levando-se em conta o que as Escrituras
ensinam em seu todo. E elas nos dizem que há condições para
que as bênçãos de Deus nos alcancem, como veremos.
Para entendermos bem essas condições, convém assentar
algumas bases muito importantes. É o que vamos fazer nos dois
próximos capítulos.

24
2
Tendo uma Abordagem
Espiritual das Escrituras
"'Filho meu, atenta para as minhas palavras, aos meus
ensinamentos inclina o teu ouvido. Porque são vida para
quem os acha, e saúde para o seu corpo."
(Pv 4:20,22)

Escreví este livro para cristãos nascidos de novo, que têm Jesus
Cristo como Senhor e Salvador de sua vida, e que estejam que-
rendo entrar em níveis mais elevados da verdade bíblica. Sim,
espero que você não esteja satisfeito com o seu nível atual de
entendimento das Escrituras; espero que você não esteja satisfeito
com o grau de santidade que você já tenha atingido; espero que
você não esteja satisfeito com o nível de poder através do qual
Deus esteja operando em sua vida. Se você concorda com estes
três pontos, e quer mais do Senhor, então este livro é para você!
Como diz o versículo inicial deste capítulo, a minha primeira
palavra é para que você esteja atento ao que o Senhor lhe mostrar.
Pois tudo o que será apresentado a seguir terá como base a Palavra
de Deus, que é viva e eficaz.1 Isso significa que, ao ser citada, o
Espírito Santo lhe comunicará aspectos mais profundos e novas
percepções de natureza espiritual, pois o Espírito sempre atua
paralelamente à Palavra escrita.
Q uero porém ressaltar que, ao enfocarm os assuntos de
natureza espiritual, é necessário levar em conta que a esfera
espiritual é diferente da realidade física e, assim, as palavras que
aplicamos a realidades espirituais têm um sentido espiritual, que
é diferente do seu sentido físico.1
2

1 H ebreus3:12.
2 Por exemplo, a palavra "céu" tem um sentido físico e temporal, que é o firma-
mento, onde estão o sol, a lua e as estrelas. Mas a Bíblia emprega esta palavra para
exprimir uma outra realidade, o céu espiritual, ou "mundo espiritual” que não é
físico e que está fora do nosso tempo.
25
SANTIDADE E PODER

O Sentido Espiritual das Palavras


Somente o Espírito Santo é quem pode nos revelar o sentido
espiritual das palavras que usamos para exprimir conceitos espiri-
tuais. E E le que nos dá discernimento para entendermos as coisas
espirituais. Aliás, o próprio S e n h o r Jesus nos disse que o Espírito
faria exatamente isso:
“ Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu
nome, lhes ensinará todas as coisas." (Jo 14:26a - nvi)
Portanto, temos que ouvir o Espírito, que nos dará os concei-
tos espirituais em nosso espírito, para que possamos entender
corretamente as Escrituras. O u, podemos dizer, as coisas espi-
rituais que Deus quer nos comunicar precisam ser discernidas
espiritualmente.3 E o Espírito que nos ensina a esse respeito.
Como você verá, neste livro estaremos examinando muitos
textos bíblicos, que vamos procurar entender espiritualmente,
buscando a mensagem espiritual que eles têm. Você vai surpre-
ender-se com o que o Espírito Santo lhe mostrará! Do que foi
dito, deixemos então em destaque que:
É o Espírito Santo quem nos auxilia no entendimento das
Escrituras, mostrando-nos aspectos profundos, escondidos
na Palavra de Deus. (Observação 3)

Aproveitando o ensejo, faça agora a seguinte oração:


S e n h o r , agradeço-te pela presença do teu Espírito Santo
em minha vida, porque com a ajuda dele poderei ter
discernimento espiritual para entender as coisas espíritu-
ais. Peço-te que me dês agora o espírito de sabedoria e
revelação, no pleno conhecimento do meu S e n h o r Jesus
Cristo,4 da mesma forma como o receberam os efésios
pela intercessão de Paulo. E que assim eu possa aprofun-
dar-me no entendimento de como fazer uso do poder que
o S e n h o r mesmo nos outorgou. Em nome de Jesus, e para
a sua glória. Amém.
Voltando ao versículo inicial deste capítulo, qual é a
promessa nele contida para aquele que, pela ação do Espírito,
recebe as palavras do S e n h o r ? Elas são vida e saúdel
3 1 Corintios 2:14.
4 Efésios 1:17.
26
TENDO UMA ABORDAGEM ESPIRITUAL DAS ESCRITURAS

Isso significa que Deus nos estará dando poder para ter-
mos uma vida abençoada, para que vençamos as enfermidades,
os problemas; em outras palavras, isso significa que o poder de
Deus estará operando em nossa vida!
O Tempo Espiritual
Diante do que foi observado, isto é, que o mundo espiritual é
diferente do mundo físico, um ponto muito importante precisa
ser destacado. E que o tempo, no mundo espiritual, não é como
no mundo físico. Neste há a sequência de passado, presente e
futuro. No mundo espiritual é sempre presente. Para Deus um dia
é como mil anos, e mil anos como um dia.5 Coisas que, dentro
do tempo (no mundo físico), serão futuro, no mundo espiritual
podem já ter ocorrido! E como diz a seguinte escritura:
“ Sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe
pode acrescentar e nada lhe tirar... O que é já foi, e o que há de
ser também já foi." (Ec 3:14-15)
Esta escritura nos mostra que os atos de Deus não são tem-
pora is, são eternos; portanto, não estão dentro do tempo. No mundo
espiritual, também, o que é, ou seja, o presente, “ já foi” , ou seja, é
passado; e também “ o que há de ser” , ou seja, o futuro, também
“ já foi” , ou seja, é passado. As coisas espirituais não estão dentro
do tempo!
Sei que este conceito de atemporalidade no mundo espiri-
tual não é fácil de compreender. Nossa tendência natural é enten-
der as Escrituras apenas com a nossa mente racional, pois sempre
fomos ensinados a analisar tudo com a mente. E assim, quando
raciocinamos sobre coisas espirituais, o nosso pensamento leva em
conta a realidade física do tempo e do espaço, com suas leis, tais
como as conhecemos e até mesmo estudamos. Mas isso é um erro.
O mundo espiritual estar fora do tempo é o que explica ter
havido algumas aparições de Jesus Cristo no Antigo Testamento
(são chamadas teofanias). Por exemplo, ele apareceu a Gideão
como um Anjo6 do S e n h o r , mas foi reconhecido como o próprio
5 2 Pedro 3:8.
6 Entenda que esta palavra "Anjo” não significa um ser conforme é retratado em
muitas pinturas clássicas (um ser pequeno, vestido de branco, com asinhas). A
palavra hebraica significa apenas “Mensageiro” e, no caso, foi em forma huma-
na, física, que Ele se apresentou a Gideão.
27
SANTIDADE E PODER

Senhor ali presente,7 pois Gideão lhe pediu um sinal de que


aquele que estava falando consigo era o Senhor, e o texto nos
narra que um sinal lhe foi dado, quando o Anjo fez cair fogo do
céu.8 Assim, foi )esus quem lá esteve, pois o Filho é que é Deus
encarnado na forma humana. Gideão até mesmo pretendia dar-
-lhe uma refeição, conforme a narrativa bíblica. Como é que Jesus
(que assumiu um corpo humano quando nasceu em Belém) pôde
aparecer ali, com Gideão, séculos antes do seu nascimento? E que
o mundo espiritual está fora do tempo!9
As ações espirituais que são descritas com o verbo no
passado referem-se a algo consumado, realizado, apenas no
mundo espiritual, podendo não ser passado dentro do tempo.
Foi por isso que Isaías escre veu 101“ e/e tom ou sobre si as
nossas enfermidades ... pelas suas pisaduras fomos sarados” (no
passado),11 mas isso seria algo futuro em relação ao momento em
que ele escreveu essas palavras. De facto, tudo o que o Servo
sofredor faria de forma completa num dia futuro em relação ao
profeta - ou seja, no dia em que ele foi crucificado - , tudo isso
está no passado, neste capítulo de Isaías.
Na verdade os verbos na língua hebraica não têm “ tempos
verbais” - como passado, presente e futuro. Basicamente há
duas formas verbais (não tempos): uma expressa uma ação que,
ao realizar-se, é uma ação completa, consumada, não fazendo
referência ao tempo em que tal ação ocorre - é a forma verbal
do perfeito (ou completo), e que normalmente é traduzida pelo
nosso tempo verbal do passado.
Outra é a que expressa uma ação incompleta - isto é, trata-se
de uma ação não terminada, ou permanentente ou eterna - na
forma verbal chamada de imperfeito (ou incompleto), e que nor-
malmente é traduzida no futuro. Mas no sentido original não há
a idéia de tempo! E é isso que ocorre no mundo espiritual: há
ações consumadas e há ações eternas (sem fim).

7 Juizes 6:17.
8 No versículo 21.
4 Veja mais sobre este ponto no livro P/enu Paz.
1U Isaías 53:4-5.
11 No hebraico o verbo está no completo (ou perfeito).
28
TENDO UMA ABORDAGEM ESPIRITUAL DAS ESCRITURAS

Por isso mesmo o hebraico foi a língua escolhida por Deus


para revelar-nos as verdades espirituais, no Antigo Testamento.'2
Portanto, o uso da forma do perfeito nesse versículo de
Isaías, referindo-se ao ato espiritual de Jesus levar as nossas
enfermidades, indica uma ação espiritual completa. A forma
verbal da nossa tradução no tempo passado, portanto, não é um
passado temporal, é a indicação de que se trata de uma ação
espiritual completa, já consumada. Pois embora a crucificação
de Jesus ter sido, dentro do tempo, num determinado dia da era
cristã, o ato espiritual de ter ele levado nossas enfermidades já era
algo consumado antes de Isaías escrever estas palavras, pois a
esfera espiritual não está sujeita ao tempo.
Para nós, hoje, este versículo tem ainda apenas um sentido
de algo consumado espiritualmente, e não como se descrevesse
alguma coisa que ocorreu no passado, em relação ao nosso tempo.
Pois trata-se de uma ação espiritual. É claro, se essa expressão
"pelas suas pisaduras fomos sarados” , de Isaías 53, tivesse um sentido
temporal, então nós, crentes, não ficaríamos jamais enfermos.
Pois o texto diz que “ fomos sarados” , no passado.
O entendimento disso é muito importante para compreender
a necessidade da apropriação das bênçãos espirituais. Todas as
obras realizadas por Cristo na cruz por nós, que estão descritas na
Bíblia com o verbo no passado, temos que entender que esse passado
refere-se a que elas estão consumadas no mundo espiritual, e
que somente serão realidades passadas em nossa vida depois que
delas nos apropriarmos.
Então, por ser verdade que já “ fomos sarados” (verbo no
passado espiritual), por isso mesmo é que temos que orar pela
cura (trazendo essa bênção da esfera espiritual para a esfera do
mundo físico). No mundo físico a cura será uma realidade depois
de orarmos, assim que recebermos essa bênção. Assim, para tornar
algo que foi consumado espiritualmente em algo consumado
fisicamente, é necessário orar!1 2

12 No Novo Testamento o grego foi a língua usada por Deus. E o grego possui uma
forma verbal chamada aoristo, que também exprime uma ação consumada, que
pode ser no passado, no presente ou no futuro. E uma forma atemporal - e assim
também se presta para exprimir ações espirituais, ou seja, fora do tempo.
29
SANTIDADE E PODER

Portanto, podemos dizer q ue:13

Todas as bênçãos espiritualmente já nos foram dadas; mas


cada uma delas precisa ser apropriada em nossa vida.
(Observação 4)

Já as ações espirituais que estão escritas com o verbo no futuro


normalmente se referem a uma ação eterna, permanente, e não têm
o sentido do futuro temporal (algo que vai acontecer posteriormente
ao momento em que a frase é proferida). Por exemplo, neste
mesmo capítulo 53 de Isaías, o profeta também disse:
“E/e verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará
satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecim ento (com
tudo que sofreu), justificará a muitos, porque as iniquidades
deles levará sobre si.” (Is 53:1 1)

Por que Isaías agora usa o futuro?14 E porque ele está falando
espiritualmente, fora do tempo, e o futuro espiritual indica eterni-
dade: o Messias verá, durante toda a eternidade, o resultado do
seu sacrifício na cruz; ficará eternamente satisfeito com a sua
obra; ele justificará eternamente a muitos (isto é, lhes dará a vida
eterna), porque as iniquidades deles levará (para todo o sempre)
sobre si.
O futuro aqui não se refere a que o Messias, em dias
posteriores a Isaías (no dia em que morreu na cruz) ficaria satisfeito,
justificaria muitos e levaria as iniquidades deles. Se fosse esse o
sentido, teria que estar no passado, assim como naquele dia “ ele
tomou sobre si as nossas enfermidades” . Não, aqui o sentido é de
uma ação eterna. Seu sacrifício foi consumado num dia; o efeito
do seu ato teve uma duração eterna!
E, já que falei do passado e do futuro espiritual, vejamos
também o uso do presente espiritual. Quando na Bíblia um verbo
que exprime uma ação espiritual se acha no presente, o sentido é
o de exprimir um facto (uma realidade).15

13 Veja Efésios 1 :3. Esta é a "Observação 12" no livro Plena Paz.


14 Em hebraico, o incompleto (ou imperfeito).
15 E na verdade um "facto" uma realidade factual. Não é uma ação contínua no
presente, pois no mundo espiritual é sempre presente!
30
TENDO UMA ABORDAGEM ESPIRITUAL DAS ESCRITURAS

Por exemplo: “ £u sou o pão da vida” (João 6:35); também,


“ Deus é amor” (1 João 4 :8 ).161
7Deixemos então em destaque que:

As ações que ocorrem na esfera espiritual estão fora do tempo


físico, e o tempo dos verbos que as descrevem refere-se à
condição espiritual de algo consumado (quando no passado),
ou de um facto (quando no presente) ou de uma ação permanente
ou eterna (quando no futuro). (Observação 5)

Este conceito é realmente importante porque poderemos


aplicá-lo em nossa luta contra o inimigo, aumentando em muito o
nosso poder de ação no mundo espiritual. Veja o seguinte exemplo:
Você se recorda de que, quando criança, no tempo em
que ainda não conhecia o Senhor, deram-lhe balas de Cosme e
D am ião,'7 e você as chupou - aliás, com muito prazer!...
Mas agora você tem o entendimento de que aquelas balas
estavam consagradas àquela entidade, isto é, eram balas espi-
ritualmente contaminadas. Isto significa que no passado elas o
contaminaram espi ritual mente.
O que fazer diante disso? Você pode orar do seguinte modo:
S e n h o r , eu aplico o sangue do Cordeiro sobre mim
todas as vezes em que no passado chupei as balas
de Cosme e Damião, e comí e bebi outras coisas
consagradas a essa entidade, cancelando assim toda
essa impureza espiritual que tinha me contaminado.
Em nome de Jesus, amém.

Pronto! Você anulou todas aquelas contaminações na sua


vida! Orando no presente você alterou algo que aconteceu espi-
ritualmente no passado, porque a esfera espiritual está fora do tempo
físico; isto é, algo que ocorreu no passado pode ser alterado espi-
ritualmente agora, pois na esfera espiritual é sempre presente.

16 Temos que entender que, infelizmente, em nossas traduções, nem sempre há


uma correspondência perfeita nas formas verbais. Por exemplo, o nome "Eu Sou”
de Deus (Êx 3:14) no original está no incompleto (o que seria, em português, o
futuro) indicando que D eus ê eternamente. Por isso mesmo algumas traduções
referem-se ao Senhor como o Eterno.
17 O u algum alimento consagrado a algum santo, santa ou entidade.
31
SANTIDADE E PODER

De igual modo, podemos também alterar coisas do futuro,


no mundo espiritual. Por exemplo, se você tiver que visitar uma
pessoa altam ente envolvida com o ocultism o, por uma razão
imperativa que você não poderá desconsiderar - então você pode
orar, ligando no mundo espiritual, que no tempo em que você
estiver com aquela pessoa, você estará coberto com o sangue de
Jesus, que o protegerá de toda contaminação espiritual maligna.
Aleluia! Podemos de facto ligar coisas espirituais do futuro
(em relação ao tempo físico) e também do presente e do passado,
pois as ações espirituais estão fora do tem po. Você verá, ao
percorrer as páginas deste livro, como o entendimento de tudo
isso sobre a atemporalidade da esfera espiritual lhe trará uma
nova visão de como operar com o poder de Deus em sua vida.
♦ ♦ ♦ ♦ ♦
Neste capítulo procurei mostrar que há palavras na Bíblia
que possuem um conceito espiritual, diferente do sentido normal
que elas possuem quando aplicadas ao mundo físico; e que os
verbos, com sentido espiritual, expressam ações ou estados não
dentro do nosso tempo, mas referem-se a uma ação ou estado
fora do tempo físico. Em outras palavras, muitos versículos nas
Escrituras estão escritos numa linguagem espiritual, e para o seu
entendimento correto precisamos ter a iluminação do Espírito
Santo. Aliás, foi isso que eu disse há pouco.
Manter isso em mente facilitará o entendimento de várias
escrituras que serão citadas mais à frente, e teremos uma nova
visão de como orar fora do tempo! Isso será um fator que
aumentará o nosso poder espiritual.
Agora convido o leitor a analisar comigo um outro ponto
muito importante, também básico para que possamos usar o
poder de Deus na solução de muitos problemas que nos afligem.
É o entendimento de que nós, nascidos de novo, temos
duas naturezas em nós. Peço-lhe que dê uma especial atenção
ao próximo capítulo.

n
3
A Nossa Dupla Natureza
“Parque não faço o bem que prefiro, mas o mal que
não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero,
já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita
e m m im .’MRm 7:19-20)

Vamos agora considerar o facto de que todo aquele que é salvo


por Jesus possui duas naturezas: uma carnal e uma espiritual. No
versículo acima o apóstolo Paulo deixa este ponto muito claro:
existe um “ eu" nele que não quer praticar o mal mas, mesmo
assim, há um outro “ eu” nele que o faz. E, se o faz, é porque
ele quer fazer isso, pois ninguém o obriga a fazê-lo. Ao mesmo
tempo Paulo quer e não quer!
0 Novo e o Velho Homem
Quando nascemos neste mundo, nascemos como um homem
natural, segundo a semente de Adão. No dia em que recebemos
Jesus, porém, aconteceu que nascemos de novo, isto é, nasceu
um novo ser, um novo “ eu” em cada um de nós. Foi o que Jesus
disse a Nicodemos:
“ Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de
novo, não pode ver o reino de D eus." (João 3:3)

Q uem nasceu no dia da nossa conversão foi o homem


espiritual, que assim é chamado por ter nascido do Espírito.' Por
isso mesmo ele é referido no Novo Testamento como “ o que é
nascido do Espírito” :
“O que é nascido da carne é carne (isto é, tem a natureza
carnal, adámica - é o homem carnal ou natural); e o que é
nascido do Espírito (isto é, o homem espiritual) é espírito (isto
é, tem a natureza espiritual, do Espírito).” (João 3:6)1

1 Homem espiritual aqui não se refere à parte do nosso ser que está na esfera
espiritual, isto é, a nossa alma e o nosso espírito. Refere-se ao novo ser, à nova
criatura que nasceu espiritualmente, no dia da nossa conversão. Veja mais sobre
este ponto em meu livro Plena Paz, nas páginas 2 5 -3 1.
33
SANTIDADE E PODER

Paulo também chama o homem espiritual de novo homem,


e o homem carnal de velho hom em .2 Isso posto, podemos para-
frasear o versículo inicial deste capítulo, em que Paulo expressa
ter duas vontades, da seguinte forma:
“ Porque (eu, o velho homem) não /aço o bem que (eu, o novo
homem) prefiro, mas o mal que (eu, o novo homem) não quero,
esse (eu, o velho homem) faço. Mas, se eu (o velho homem)
faço o que (eu, o novo homem) não quero, já não sou eu (o novo
homem) quem o faz, e sim o pecado que habita em mim (no
meu velho homem).” (Rm 7:19-20)
O que Paulo está dizendo é que há em nós ainda o velho
homem, o homem natural, aquele que nasceu segundo a carne,
e que há também o novo homem, o homem espiritual, que nas-
ceu de Deus. Assim somos, ao mesmo tempo, um velho homem,
com a velha natureza (a que nasceu segundo a semente de Adão,
sujeita ao pecado), e um novo homem com uma nova natureza (a
do Espírito, ou seja, uma natureza de justiça e retidão), que é o
homem espiritual.
No capítulo anterior enfatizei a necessidade do discerni-
mento espiritual, que o Espírito Santo nos dá, quando tratamos
de coisas espirituais. Isso é importante principalmente aqui, pois
estamos analisando questões profundas,3 e que são de ordem
espiritual. Sem o discernimento espiritual não poderemos enten-
der o que a Palavra diz, pois coisas espirituais discernem-se espiri-
tualmente, como nos ensinou Paulo:
“Ora, o homem natural (ou velho homem, que você é, por
ter nascido da carne) não com preende as coisas do Espírito
de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-
-Ias, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que
é espiritual (isto é, o homem espiritual, que você também
é, por ter nascido de Deus pelo novo nascimento) discerne
hem tu do ." (1Co 2:14-1)5a - a r c , s b i b )
Os acréscimos que fiz nos versículos acima tiveram o
objetivo de deixar bem claro que temos duas naturezas em nós,
pois o nosso velho homem ainda não morreu (tanto assim que as*3
4
2 Efésios 4:22-24.
' Profundas nos dois sentidos: não é uma análise simples, superficial; e é profunda
porque aborda aspectos atinentes ao homem interior, à nossa alma e ao nosso
espírito!
34
A NOSSA DUPLA NATUREZA

Escrituras nos ordenam a fazer morrer a nossa natureza terrena).4


O problema é quando queremos entender as Escrituras com o
velho homem, com o homem natural que, como diz Paulo, para
ele as coisas espirituais soam como loucura. Temos que procurar
compreender as coisas espirituais com o nosso homem espiritual,
ouvindo o que o Espírito Santo nos revela.
Você está entendendo o que estou tentando explicar neste
capítulo? Ou será que lhe parece uma loucura? Se você está
tendo alguma dificuldade, ore para que o Espírito ilumine o seu
homem espiritual, para que assim você possa entender.

O Velho Hom em Peca, mas o Novo Homem É Puro


Bem, voltando ao nosso texto inicial, podemos esclarecer as pala-
vras de Paulo, dizendo que o seu homem carnal (o velho ho-
mem) quer fazer o mal que o seu homem espiritual não quer (e
não quer nunca) fazer. E ele esclarece que no seu homem carnal
ainda habita o pecado, pois o m al... “ya não sou eu (homem es-
piritual) que o faz, mas sim o pecado que habita em mim (no meu
velho homem).” 5 E impressionante o uso alternado, por Paulo, do
mesmo pronome “ eu” , referindo-se ora ao homem carnal, o velho
homem, ora ao homem espiritual, o novo homem - os quais ao
mesmo tempo ele era.
E isso acontece com todos os crentes: temos em nós um
velho homem e um novo homem, um carnal e outro espiritual. E
Paulo nos mostra que o pecado que ainda há em nós habita em
nosso homem carnal, em nosso velho homem. Temos assim duas
naturezas, uma pura (em que habita o Espírito Santo) e outra impura
(em que habita o pecado). O apóstolo João, em sua primeira carta,
confirma que há impurezas em nós:
“Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos
nos enganamos, e a verdade não está em nós.” (1 Jo 1:8)
No grego, o sentido desta frase “ temos pecado” é “ possuímos
pecado” , em que o verbo “ ter” está com o sentido de “ possuir” , e
“ pecado” é um substantivo. O que João está dizendo é que, pelo
facto de que o nosso velho homem peca, temos pecados em nós,3 5
4 Colossenses 3:5.
‫ נ‬Veja a humildade do apóstolo Paulo, reconhecendo que nele (no seu homem car-
nal) ainda o pecado habitava! Você tem também esta concepção, a seu respeito?
35
SANTIDADE E PODER

ou seja, temos impurezas em nós, no velho homem. Mas o apóstolo


destaca uma verdade muito interessante. Em outros versículos
desta mesma carta ele nos revela que o homem espiritual (aquele
que nasceu de Deus), o novo homem, não peca:
“ Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não
p eca; mas o que de Deus é gerado conservase a si mesmo,
e o maligno não lhe toca." (1)0 5 :1 8 - a r c , s b t b )
"Todo aquele que é nascido de Deus não pratica o pecado,
porque a semente de Deus perm anece nele; e não pode
pecar, porque é nascido de D eu s." (1 Jo 3 :9 - nvi)
Conforme destaque¡ nos meus dois livros anteriores, foi isso
mesmo que João disse: que aquele que é nascido de Deus não
peca, com o verbo no presente do indicativo ativo, que espiritual-
mente indica um facto, conforme sabemos. E assim que está no
original grego. Aliás, uma análise exegética de 1 João nos mostra que:
■ Uma característica básica de João nesta carta é fazer decía-
rações de factos, isto é, em toda a carta ele afirma verdades
eternas, fazendo uso do presente do indicativo.
■ O uso do presente do indicativo, em todas as declarações de
I João, não é na forma do presente habitual, que indica uma
continuidade de ação (que no grego é também um sentido
possível para o tempo presente, principalmente quando
aplicado a textos narrativos), mas é o sentido do presente
factual (que exprime um facto, uma verdade).6
Assim, o natural será entendermos que também nos dois
versículos acima o sentido é do presente factual: aquele que nas-
ceu de Deus não peca! E, é claro, o nosso velho homem, que
nasceu segundo a carne, esse peca. Por isso o crente ainda peca.
Portanto estão incorretas as traduções que dão a entender que
aquele que nasceu de Deus eventualmente pode pecar. O pro-
fundo sentido teológico desta frase fica totalmente perdido!
6 Por exemplo, na declaração “Se, porém, andarmos na luz ... o sangue de Jesus,
seu Filho, nos purifica de todo pecado" (1 :7 ) - não se trata de “habitualmente o
sangue nos purificar”; o sentido é factual: esse sangue nos purifica sempre de
todo pecado! Em 4:8, “Deus é amor”, não se trata de que Deus habitualmente é
amor, e às vezes deixa de ser amor. Não! E uma verdade permanente, é um facto!
E este o sentido em todas as declarações que João faz nesta carta, por serem
afirmações de natureza espiritual.
A NOSSA DUPLA NATUREZA

Por exemplo, a ra diz: “ não vive em pecado” ; e a ibb : “ não


vive pecando” .7 Mas como pode ele (eventualmente) pecar, se
o maligno não consegue tocar nele? Como pode ele pecar, se o
Espirito Santo nele habita? Se a semente (isto é, a natureza) de
Deus perm anece8 nele? Ou você acha que o Espírito habitaria em
conivência com o pecado?
Estou entrando neste ponto porque, como você vai ver,
uma das razões por que não temos o poder de Deus atuando em
nós, ou através de nós, é exatamente pelo facto de que o nosso
velho homem (que não está sob o controle do Espirito Santo) ain-
da está, em parte, imperando em nossa vida. O que caracteriza
o nosso velho homem? Ele é a parte contaminada em nosso ser.
Basicamente, há nele as seguintes contaminações:
■ Ligaduras de im piedade :9 Quando no passado pecamos,
e fizemos a vontade do diabo, espiritualmente fomos
“ amarrados” ou “ ligados” a ele, pois ele conquistou o direito
de nos atingir com algum mal (Dt 28:15).
■ Ataduras d e servid ão : A prática do pecado, e sobretudo a
repetição do mesmo pecado, nos torna servos ou escravos
do pecado (isto é, do demônio que atua na área daquele
pecado), conforme nos ensinou Jesus (João 8:34). Há
“ senhores” sobre nós, que ainda nos escravizam, atuando
em nosso espírito.
■ Opressões, jugos, maldições, falta de amor, falta de temor a
Deus, traumas e outras feridas de alma são também conta-
mi nações que atingem o nosso interior (emoções, mente e
vontade) e que passam a imperar em nossa vida, através do
nosso velho homem.
É preciso entender, definitivamente, que somos, ao mesmo
tempo, um homem natural e um novo homem, este nascido de
Deus. Assim, a verdade é que o homem espiritual (que somos
pelo novo nascimento) não peca - mas o nosso velho homem,
que ainda está contaminado (em seu corpo, alma e espírito), este
ainda peca. Paulo diz ainda:
7 A nvi, cm nota de rodapé, concorda que, no grego, a expressão é “ não peca".
8 “Permanece” indica que ela nunca sairá dele; ele nunca se contaminará!
9 Impiedade significa tudo o que é feito contrariamente à vontade de Deus.
37
SANTIDADE E PODER

“Porque o pendor da carne (a vontade do velho homem) dá


para a morte, ma s o do Espírito (isto é, do homem espíritu-
al, porque nele o Espírito habita e o domina), para a vida e
paz." (Rm 8:6)
Há uma luta constante dentro de nós, a luta do nosso
homem espiritual contra o nosso homem carnal. E a luta a respeito
da qual o apóstolo Paulo se refere nos capítulos 6 a 8 de sua carta aos
Romanos, onde se encontra o versículo acima.
Como você verá, o nosso poder espiritual dependerá basica-
mente de anularmos o pendor da carne em nossa vida, fazendo
morrer a nossa natureza terrena, eliminando todas essas contam¡-
nações que há em nosso velho homem, deixando o Espírito Santo
reinar em nós, através do nosso homem espiritual.
O entendimento, portanto, da nossa dupla natureza é muito
importante para que o poder de Deus possa operar em nossa
vida. Ficam, então, em destaque as seguintes observações:

Quando nascemos de novo, passamos a ter uma dupla natureza:


somos ao mesmo tempo um velho homem (contaminado) e um
homem espiritual (puro), com duas vontades independentes.
(Observação 6)

Nosso velho homem ainda está contaminado com ligaduras de


impiedade, ataduras de servidão, opressões, jugos, maldições,
falta de amor e falta de temor a Deus, traumas e outras
feridas de alma. (Observação 7)

Agora você está pronto para entrar no estudo do nosso


tema: como ter o poder de Deus atuante em sua vida.
Vá em frente!

38
Segunda Parte
O Poder de Deus
“O teu caminho, ó Deus, é de santidad¡:. Que deus
é tão grande como o nosso Deus? Tu és o Deus
que operas maravilhas e, entre os povos, tens feito
notório o teu po dír .‫( ״‬Salmo 7 7 :1 3 1 4 ‫)־‬

Nesta Segunda Parte, o primeiro ponto que vamos analisar é o


poder de Deus em si. Como é esse poder? Quais são seus aspectos
principais? E Jesus, como foi que ele agiu com o poder de Deus?
O que E le nos revelou sobre esse poder?
Em seguida vou confrontar o leitor com uma questão muito
séria, ou seja, qual é a sua motivação para ter o poder de Deus.
Este é um ponto tão importante que, se não for considerado, poderá
impedi-lo de ter esse poder. E você verá como há coisas sutis,
em nossa vida, que poderão estar, até mesmo inconscientemente,
impedindo-nos de sermos abençoados numa escala de poder
muito maior.
Veremos então por que muitas vezes oramos e nada acon-
tece. Nossa oração parece não ser respondida. A Bíblia parece
não funcionar... Aqui vamos ter que entender que, quando esta-
mos agindo no mundo espiritual, precisamos estar suficientemente
capacitados. Aliás, esta é uma lei do mundo físico também.
Você, com a força do seu braço, quem sabe poderá mover
um peso de 50 quilos. Mas, se você for capacitado com a ajuda
de um guindaste, você poderá mover 50 toneladas, ou muito mais!
O que tenho visto é crentes querendo mover, no mundo
espiritual, um “ peso” de 10 toneladas, não estando com a capad-
dade espiritual para isso! É muito importante, meu irmão, enten-
dermos o que a Bíblia nos ensina a esse respeito.
Há leis espirituais que estão operando, e somente quando
elas forem satisfeitas é que haverá resultados.

39
SANTIDADE E PODER

O mesmo acontece no mundo físico: quando não obede-


cemos às leis naturais, algo sai errado!
Se construirmos uma casa sem o apoio estrutural necessário,
ela certamente cairá. Por isso os engenheiros estudam vários anos
para se capacitarem a entender as leis naturais e assim fazerem
seus projetos atendendo às leis físicas deste mundo. Mas nós não
queremos nos aprofundar em conhecer as leis espirituais!...
Tudo isso vamos estar considerando nas páginas a seguir,
pois é vital que você tenha entendimento de certos princípios, e
saiba que terá que desenvolver a sua capacidade de ação espiri-
tual. Saiba de uma coisa:
Existe um guindaste espiritual à sua disposição!

40
4
Analisando o
Poder de Deus
“Tu é.s o grande, o poderoso Deus, cujo nome é o
Senhor dos Exércitos.” (Jr 32:18)

A nossa mente humana é limitada para compreender o que é de


facto o poder de Deus. Para termos uma tênue ¡deia a respeito,
basta olharmos para a obra da sua criação: a extensão do universo
físico com suas incontáveis galáxias, distantes entre si milhões
de anos-luz, compostas de estrelas que são astros de dimensões
incalculáveis, tudo em movimento e em harmonia num espaço que
não tem fim. E como diz o profeta Jeremias:
“A h ! Soberano S enhor, tu fizeste os céus e a terra pelo
teu grande poder e p or leu braço estendido. Nada é difícil
demais para ti .” (Jr 32:1 7 - nvi)

O primeiro aspecto que se destaca no poder de Deus é,


sem dúvida, o seu poder de criação. Deus, e somente Deus, é
que pode criar matéria e energia a partir do nada, como vemos
no relato de Gênesis 1. Para Ele, não há o que seja impossível! E
Jeremias prossegue:
" O grande e poderoso Deus, cujo nome é o S enhor dos
Exércitos, grandes são os teus propósitos e poderosos os
teus feitos." (Jr 32:18b-19a - nvi)

O segundo aspecto é que esse Deus grande e poderoso


reina,' como rei absoluto, em todo o universo físico e espiritual. E,
como rei, possui exércitos, ou seja, hostes celestiais constituídas
de miríades de anjos que executam as suas ordens, cumprindo
seus propósitos e realizando feitos poderosos.
Você sabia que há aproximadamente 235 referências a
Deus como Senhor dos exércitos? Isso mostra a importância que
as Escrituras dão ao Reino de Deus, mesmo no Antigo Testamento.
‫ ו‬Êxodo 15:18; 1 Crônicas 16:3: Salmo 93:1.
41
SANTIDADE E PODER

E este título de Deus significa que todos os anjos (seus exérci-


tos), e também os espíritos malignos (anjos caídos) lhe estão sujeitos.
O profeta prossegue, dizendo:
“ Realizaste sinais e maravilhas no Egito e continuas a fazê-los
até h o je , tanto em Israel co m o em toda a hu m a n id a de,
e alcançaste o renome que hoje tens. Tiraste o teu povo do
Egito com sinais e maravilhas, com mão poderosa e braço
estendido, causando grande pavor.” (Jr 32 :2 0 -2 1 - nvi)

Este é o terceiro aspecto do seu poder: Deus realiza sinais


e maravilhas, ou seja, ele é soberano para atuar quebrando as
leis naturais que ele mesmo estabeleceu. Um exemplo disso foi
o que E le fez ao tirar o povo de Israel do Egito, abrindo o mar e
fazendo-os passar a seco. Seu poder foi de tal forma reconhecido
que causou um grande pavor aos outros povos daquele tempo.
Em resumo, vemos que o poder de Deus manifesta-se em três
aspectos principais: o poder de criação; (‫ נ‬poder de reinar (exercer
autoridade espiritual sobre os anjos dos seus exércitos e sobre os
espíritos malignos), cumprindo os seus propósitos; e o poder de
agir sobrenaturalmente.
Isto é muito importante, e convém deixar em destaque:

O poder de Deus manifesta-se em três aspectos principais: o


poder de criação, o poder de reinar (com autoridade espiritual),
e o poder de agir sobrenaturalmente. (Observação 8)

O Poder de Deus Q ue Se M anifestou em Jesus


Quando Deus se encarnou, o seu poder manifestou-se pelas
obras que jesús fez. Lucas comenta a reação do povo, quando o
viu exercendo autoridade sobre os espíritos malignos:
“ Todos ficaram grandemente admirados e comentavam
entre si, dizendo: Q ue palavra é esta, pois, com autoridade e
poder, ordena aos espíritos imundos, e eles saem ?” (Lc 4 :3 6 )
Sei que você já leu os evangelhos que narram a vida de Jesus.
Quais foram as principais obras que E le fez, antes de morrer na
cruz por nós? A resposta a esta pergunta encontramos na própria
Bíblia. O Espírito Santo resumiu a vida de Jesus, inspirando Pedro
a dizer, e Lucas a escrever:
42
ANALISANDO O PODLK DE DEUS

“ Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e


com ι·ουίκ, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e
curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com
e/e.’‫( ־‬At 10:38)
Veja, o que mais é ressaltado é que Jesus recebeu o poder
de Deus, pela unção do Espírito Santo, para fazer obras de cura
e libertação da opressão do diabo! O próprio Jesus aplicou a si as
palavras proféticas de Isaías, quando disse:
“ O Espírito do S enhor está sobre mim, pelo que me ungiu
para pregar boas novas aos pobres ( n v i ). Enviou-me para
proclamar libertação a o s cativos e restauração da vista aos
cegos, para pôr em liberdade os oprimidos ( r a ), e proclamar
o ano da graça do S enhor ( n v i ) . ” (Lc 4 : 1 8 - 1 9 )
E, mesmo mencionando que recebeu unção para pregar o
evangelho, o maior destaque ainda está na manifestação de poder
pelos milagres que E le fez. Isso significa que Jesus exerceu o poder
de reinar sobre as trevas, tendo autoridade sobre os exércitos de
Deus. Sua autoridade ficou patente quando um centurião (um
oficial do exército romano) lhe disse:
“Manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado. Pois
também sou homem sujeito à autoridade, tenho soldados às
minhas ordens e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e
ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz." (M t 8 : 8 - 9 )
E Jesus provou que, com a sua palavra, E le reinava e seus
exércitos operavam! E le tinha “ soldados” às suas ordens! Sua pala-
vra era uma manifestação de poder:
“£ muito se maravilhavam da sua doutrina, porque a sua
palavra era com autoridade (exousia).” (Lc 4:32)
Sim, E le falava com autoridade e poder, e não como os re-
ligiosos daqueles dias. Era com plena convicção que ele afirmava
o que dizia. Não era como os escribas, que apenas citavam a lei.
Mas a sua palavra convencia, atingia o coração das pessoas e ainda
tinha um poder que era constatado na hora, por todos!
Veja, por exemplo, em Marcos 2, o episódio de quando
Jesus curou o paralítico que foi trazido através do telhado. Naquela
hora todos se admiraram e disseram: “jamais vimos coisa assim!‫״‬
43
SANTIDADE E PODER

lesus ainda demonstrou o poder de Deus com atos sobre-


naturais como, por exemplo, quando transformou água água em
vinho, quando acalmou uma tempestade, e quando andou sobre
o mar. Diante do que viram, os discípulos, admirados, o reconhe-
ceram como Filho de Deus.2
Finalmente, vemos registrado nos evangelhos que Jesus
também exerceu o poder criativo de Deus. Quando multiplicou
cinco pães e dois peixes, alimentando uma multidão de cerca de
cinco mil homens, além de mulheres e crianças34(o que, segundo
vários comentaristas, alcançaria um número em torno de dez mil
pessoas), obviamente houve a criação de matéria, constituindo-
-se este um dos mais notáveis milagres de Jesus. Assim Jesus,
sob a unção do Espírito Santo, recebeu o poder de Deus e o
exerceu nos três aspectos em que vimos Deus atuar no Antigo
Testamento: o poder criativo, o poder de reinar (comandando os
espíritos malignos) e o poder de realizar atos sobrenaturais.
O Poder de Deus em Nós
Faço-lhe agora a seguinte pergunta, leitor: Quais são os aspectos
do poder de Deus que nós podemos então receber, uma vez que
Jesus nos concedeu o seu poder?
- ¡,ociemos receber o p o d er de criação, o p o d e r de reinar
sobre as trevas (com autoridade sobre espíritos malignos) e o
poder de realizar atos sobrenaturais.
E isso mesmo.‫ '׳‬Você está certo. Esta é a conclusão a que
naturalmente chegamos. Vou colocá-la também em destaque:

Deus nos deu o poder de criação, de reinar sobre as trevas


e de realizar atos sobrenaturais. (Observação 9)

Permita-me fazer-lhe ainda uma pergunta final, antes de


terminar este capítulo: Se você quer ter o poder de Deus atuando
em sua vida, por que você quer esse poder? Qual é, em outras
palavras, a sua motivação? Antes de responder, porém, leia o que
se segue no próximo capítulo .
2 João 2:1-11, Lucas 8:24 e Mateus 14:22-33, respectivamente.
3 Mateus 14:13-21 e textos paralelos.
4 Entendamos que, quando usamos o poder de Deus, na verdade é Fir que está
operando. Por isso até mesmo o poder de criação podemos exercer.

44
5
Qual E a Sua
Motivação?
a fim de levar os gentios a obedecerem a Deus,
pelo poder de sinais e maravilhas e por meio do poder
do Espírito de Deus. Assim, ... proclamei plenamente o
evangelho de Cristo.” (Rm 15:18b-19 - nvi)

Se você quer o poder de Deus, é preciso tomar certos cuidados.


Saiba que, dependendo de qual seja a nossa motivação, podemos
não estar recebendo todo o poder que poderiamos receber, ou
podemos até não estar recebendo poder algum. Vejamos então
0 que as Escrituras nos mostram, com respeito a qual deve ser a
nossa motivação.
Primeira Condição: Hum ildade
Lemos em Atos que um certo Simão, que praticava magia,
converteu-se e então ofereceu dinheiro a Pedro para que lhe fosse
concedido o poder de Deus. Sua motivação era, sem dúvida, a
de se projetar perante o povo, pois o texto diz que ele, quando
exercia a magia, considerava-se ” um grande vulto” , e dele diziam:
“ Este homem é o poder de Deus” ; e ele era ainda chamado de “ o
Grande Poder” .‫י‬
Simão viu que Pedro fazia coisas que ele jamais havia feito.
Cheio de orgulho, como estava, queria ter rapidamente o poder
que via em Pedro. Assim, ele buscou o poder de Deus de um
modo errado, oferecendo dinheiro para receber a unção. Pedro,
porém, rejeitou totalmente o seu pedido, e disse-lhe: ” Estás em
fel de amargura e laço de iniquidade” .
A questão do orgulho é um ponto vital nesta questão quanto
a ter o poder de Deus. Porque este poder diferencia-se de outros
poderes num ponto básico: o poder de Deus é aquele que vem
com a humildade, e não com o orgulho.1
1 Veja o texto deste episódio em Atos 8:-9-24.
45
SANTIDADE E PODER

Para entendermos bem este ponto, vejamos o seguinte


texto, quando Tiago e João, dois dos apóstolos de Jesus, um dia lhe
fizeram o seguinte pedido:
“ Permite-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua
direita e o outro à tua esquerda.‫( ״‬M c 1 0 :3 7)
O que está implícito neste pedido é que eles queriam
poder. Pois o assentar-se à direita e à esquerda de um rei significa
que tais pessoas são as que maior poder detêm no reino desse rei,
depois dele. Agora veja como foi que Jesus lhes respondeu:
“ Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu
bebo ou receber o batismo com que eu sou batizado?‫( ״‬v. 38)

Jesus lhes disse que eles não estavam entendendo bem como
é o seu reino. E le iria receber o poder porque iria tomar o cálice
da morte na cruz, recebendo um batismo especial, o batismo da
humilhação. Jesus estava apontando para a necessidade de fazer
o que E le fez: humilhar-se, rebaixar-se, e não pleitear uma posição
de destaque:
“ ... embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a
Deus era algo a que devia apegarse; mas esvaziou-se a si
mesmo, vindo a ser servo, ... sendo encontrado em forma
humana, humilhou-si: a si mesmo, e foi obediente até a
morte, e morte de cruz!‫( ״‬Fp 2 :6 -8 - nvi)

Jesus disse ainda aos dois discípulos que, mesmo não


sabendo o que pediam, e o que estava implícito em seu pedido,
aquilo era algo que não lhe competia conceder. Era para quem
o Pai havia designado. O texto informa-nos ainda que os demais
discípulos, ao saberem do ocorrido, ficaram indignados. O que essa
indignação revela? Que eles também pretendiam aquela posição!
O caso deve ter ficado feio entre eles, a ponto de ter sido
necessário Jesus tomar uma medida:
“ Mas Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes:
- Sabeis que os que são considerados governadores dos
povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles os seus maiorais
exercem autoridade. Mas entre vós não é assim; pelo contrário,
quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos
sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de
todos.‫( ״‬Mc: 10 :4 2 -4 4 )

46
_______________________________ QUAL É A SUA MOTIVAÇÃO?_______________________________

É isso aí! Quem quer tornar-se “ grande” , isto é, quem quer


“ ter poder” tem que humilhar-se, e seu objetivo deve ser servir.
Ter poder é reinar, e a condição básica é a humildade. Por isso
mesmo foi que Jesus ensinou: “ Bem-aventurados os h u m il d e s de
espírito, porque deles é o reino dos cé u s".23
Jesus estava dizendo que, para reinarmos, a condição é ser-
mos humildes de espírito! Isso simplesmente significa que aquele
que tem um espírito de soberba não poderá reinar espiritualmente,
isto é, não terá poder algum.
Uma forma profética de dizer esta mesma verdade foi usa-
da por Rick Joyner em seu maravilhoso livro “A Batalha Final",1
mostrando que, quando estamos vestidos com a capa da humil-
dade, atingimos um nível elevado da graça de Deus, vale dizer, do
poder de Deus!4 E ele nos revela que, quanto maior poder espiritual
tivermos, mais necessitaremos dessa capa, e que muitos, infelizmente,
caíram diante d() inimigo exatamente por não estarem usando a capa
da humildade.5

Segunda Condição: Servir


Nosso objetivo de servir é o que caracteriza a nossa condição
de estarmos revestidos com a humildade. No texto acima em que
Jesus responde aos dois discípulos, uma coisa ele enfatizou: temos
que servir e, se não servirmos, não teremos poder. E E le mesmo
nos deu o exemplo; Ele veio para servir:
“ Po/s o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas
para servir e dar a sua vida em resgate por m uitos." (Mc 10:45)
Sim, servir é condição básica para que possamos ser usados
por Deus com poder. Em outra ocasião Jesus disse:
“ £, se alguém me servir, o Pai o honrará." (João 12:26b)
Quando servimos ao Senhor, podemos ter então a certeza
de que ele nos supre com o seu poder, pois ele nos honrará! E o
servimos com o propósito de que Deus seja glorificado, e não nós:
“Se alguém serve, faça-o na força (no poder) que Deus supre,
para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, p or meio
de Jesus Cristo .” (1 Pe 4:11 )
2 Mateus 5:3.
3 Rick Joyner - A Batalha Final; Danprewan Editora, Rio de Janeiro, 1999.
4 “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.” (Tg 4:6)
5 "A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda." (Pv 16:18)
47
SANTIDADE E PODER

Terceira Condição: Frutificar


também nos revelou ainda um outro aspecto da nossa
O Sen h o r
motivação em querer o poder de Deus. A nossa motivação deverá
ser a de querer trazer frutos para o seu reino. Pois ele afirmou:
“ E recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e
sereis minhas testemunhas ...” (At 1:8)
Qual o propósito e o efeito de sermos cheios do poder
de Deus, segundo este versículo? Está bem claro: é para ser
testemunhas do S e n h o r , é para servi-lo deste modo. Não é para
ter status; não é para ter “ o melhor ministério, a melhor ou maior
igreja ou denominação” , de modo a nos projetarmos; não é para
ter um título pomposo, nada disso! É para servir ao S e n h o r ,
testemunhando o seu poder!
Veja que, no caso do apóstolo Paulo, o poder de Deus era
específicamente para isso, para testemunhar. Observe o versículo
inicial deste capítulo, que repito aqui para facilitar a sua revisão,
no qual Paulo explica por que ele fazia uso do poder de Deus:
"... a fim de levar os gentios a obedecerem a Deus, pelo
poder de sinais e maravilhas e por meio do poder do Espírito
de Deus. Assim, ... proclam ei plenam ente o evangelho de
Cristo .” (Rm 15:18b-19 - nvi)
Aliás, a forma mais poderosa de evangelização é de facto
aquela que é feita com a manifestação do poder de Deus. Pois
o próprio S e n h o r Jesus nos deu o exemplo disso. Jesus chegou
a dizer que não cressem nele, se E le não pudesse fazer sinais e
maravilhas (atos sobrenaturais de Deus):
“Se eu não realizo as obras do meu Pai, não creiam em
m im ." (João 1 0 :3 7 - nvi)
Ele estava dizendo: se eu não faço milagres, vocês não pre-
cisam crer que eu sou Deus. Mas se os realizo, creiam! E como
Jesus operou no sobrenatural!
João chegou a dizer, numa hipérbole, que foram tantos os
sinais que Jesus realizou que no mundo inteiro não caberíam os
livros que seriam escritos para descrevê-los!6 Q ue demonstração
de poder! Sim, seus milagres atestavam que E le tinha o poder de
Deus, que E le era Deus!*4
8
6 João 21:25.
48
QUA! É A SUA MOTIVAÇÃO?

Nicodemos, quando esteve com Jesus, disse:


“Sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque
ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não
estiver com ele." (João 3:2)
O evangelista João destacou ainda que os sinais que Jesus
realizou foram narrados com o fim específico de que os homens
cressem nele, e fossem salvos:
“ Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros
sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram
registrados para que creiais que Jesus é o Cristo (o Messias), o
Filho de Deus, e para (jue, crendo, tenhais vida em seu nome."
(João 20:30-31)
Quando o poder de Deus se manifesta, as multidões rece-
bem o evangelho. Já estive em cultos em que a pregação não foi
em nada evangelística. Não se proclamou o plano de salvação,
não se mencionou certas leis espirituais para se ser salvo, nada
disso. Mas havia a manifestação do poder de Deus. Então o pre-
gador fez um apelo e - qual não foi a minha surpresa! - uma mui-
tidão foi à frente para receber Jesus! Quando o poder de Deus se
manifesta, as pessoas respondem! Por isso Jesus disse ao povo:
“Se, porventura, não virdes sinais e prodígios, de modo
nenhum crereis." (Jo 4:4(5)
Você quer ver muitas vidas convertendo-se ao S e n h o r ? Você
quer servir o S e n h o r assim? Você quer o poder de Deus para dar
testemunho de Jesus? Se esta é a sua motivação, o poder de Deus
está à sua disposição! Convém, então, deixar em destaque:
Nossa motivação, ao desejarmos o poder de Deus, deve ser
a de servir com humildade ao Senhor, testemunhando o seu
poder perante os homens, para que sejam salvos; e nunca
para sermos vistos e engrandecidos. (Observação 10)

Quando Servimos ao S e n h o r , Temos um Salário


Veja agora que, quando servimos ao S e n h o r , quando dele damos
testemunho, quando exercemos o seu poder com humildade, há
para nós a promessa de um galardão. Jesus condenou a condição
de servir para aparecer, para ser visto pelos homens, mas premiou
quem não age desse modo.
49
SANTIDADE E PODER

“ Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens,


com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte não tereis
galardão junto de vosso Pai celeste .” (Mt 6:1)
Isso significa que, se exercermos a nossa justiça7 diante dos
homens, mas sem a intenção de sermos vistos por eles, então
teremos galardão de nosso Pai celeste! E esse galardão é um galar-
dão espiritual. Na verdade o verbo que expressa “ tereis galardão” ,
que em nossa tradução está no futuro, no original grego está no
presente. E no grego Jesus usou uma expressão que indica ênfase.
Saiba ainda que a palavra “ galardão” , (misthos, no grego) significa
basicamente “ salário” . Assim, podemos traduzir as palavras de
Jesus do seguinte modo: “ doutra sorte não tendes de facto salário
junto de vosso Pai celeste".
Portanto podemos concluir que, se exercemos o poder
de Deus com humildade, sem a pretensão de sermos vistos pelos
homens, temos (no presente, ou seja, temos de facto no mundo
espiritual) um salário de nosso Pai celeste.
Você quer receber um salário de Deus? Você quer que o
seu nome esteja na folha de pagamento dele? Então comece a
servir ao Senhor com humildade, não para ser reconhecido pelos
homens. E quanto mais “ galardão” ou “ salário” você for acumu-
lando em sua “ conta bancária espiritual” , mais poder de Deus
você terá - já disponível aqui neste mundo também. É só apro-
priar-se dessa bênção. Isso foi confirmado pelo apóstolo Paulo:
“ Cada um receberá o seu galardão (o seu salário de Deus),
segundo o seu próprio trabalho." (1 C o 3:8)8
Veja como muitas vezes as coisas do mundo físico são
paralelas às coisas espirituais. Quanto mais dinheiro os homens
ganham neste mundo, mais “ poder” eles têm, pois podem fazer
muitas coisas com o dinheiro. Semelhantemente, quanto mais
“ galardão” , ou “ salário espiritual” ganharmos do nosso Pai, mais
poder espiritual teremos! E, no grego, a palavra “ trabalho” aqui
tem um sentido de aquilo que, com esforço, nos empenhamos em
fazer para o Senhor. Não é um “ trabalho” qualquer.*50
E interessante que este versículo, pela primeira vez neste livro, nos aponta que
é a nossa “justiça”, isto é, a nossa santidade que nos conferirá o poder de Deus.
8 De novo, o term o é misthos, e pode ser entendido como "salário”. O verbo
“receberá” aqui está no futuro espiritual, ou seja, não é futuro em relação ao
tempo, mas é algo permanente em nossa vida.
50
QUAL £ A SUA MOTIVAÇAO?

Lembremo-nos das seguintes palavras de Jesus:


“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra,
onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam
e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu (no
m undo espiritual), onde traça nem ferrugem corrõi, e onde
ladrões não escavam, nem roubam .” (Mt 6 :1 9 -2 0 )
Sim, o salário que Deus Pai nos dá é muito melhor, e ninguém
pode roubá-lo. Nem mesmo - e principalmente - o nosso inimigo,
aquele que é o grande ladrão, que veio para roubar, matar e des-
truir. Lem bre-se, porém , de que esse galardão, esse salário, é
espiritual.
Isso não quer dizer que o receberem os apenas quando
ressuscitarmos e formos para o céu. Como o mundo espiritual
está fora do tem po,9 as bênçãos espirituais que temos estão
disponíveis para nós no dia de hoje. Pois Paulo nos revela que
todas as bênçãos espirituais já nos foram dadas, e estão à nossa
disposição nos lugares espirituais, conforme já foi citado:
“ Bendito o Deus e Pai de nosso S ín h o r Jesus Cristo, o qual
nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares
celestiais em C r i s t o (Ef 1 : 3 - a r c , s b t b )
Sim, todo o nosso salário espiritual, que nos vai sendo dado
pelo Pai, são bênçãos espirituais. E toda bênção espiritual nós
a recebemos mediante apropriação. O nosso salário espiritual (o
poder de Deus) já está à nossa disposição!
Exercer um M inistério Não É Ter um Título
Quero ainda destacar um ponto que é muito importante, com
respeito ao orgulho que inibe o poder de Deus em nossa vida.
Trata-se da confusão, muito frequente, que é feita entre título
pessoal e dom ministerial.
Lemos em Efésios que foi Jesus Cristo quem nos deu os
ministérios (pois o “ ele mesmo” a seguir refere-se a Jesus):
“ f ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para
profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e
mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o
desem penho do seu serviço, para a edificação do corpo de
C risto .” (Ef 4 :1 1 -1 2 )

9 Conforme a Observação 5.
SANTIDADE E PODEK

O grande problema é tomar um dom ministerial como se


fosse um título da pessoa, sendo usado com muito orgulho por
seu portador. Pedro, quando menciona Paulo em sua carta, refere-
-se a ele não como “ o apóstolo Paulo” , mas diz simplesmente:
“ como nosso amado irmão Paulo...” ™
O próprio Paulo, que legítimamente era apóstolo, jamais se
referiu a si mesmo como “ apóstolo Paulo” (com a conotação de
um título). Em tocias as ocasiões ele invertia a ordem: “ Paulo, apóstolo
de Jesus Cristo” , " quebrando qualquer idéia de um título pes-
soai. Por vezes ele incluía ainda, em primeiro lugar, depois do seu
nome, a palavra servo:1 121
0 *5“ Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado
3
para ser apóstolo” . '3 Q ue diferença em relação a muitos líderes
evangélicos de hoje, que exigem serem chamados de “ apóstolo
tal” , “ bispo tal” , “ reverendo” , e até mesmo “ pastor tal” ! M
Um dia fique¡ muito triste ao ver, na televisão, um líder
evangélico, que estava entrevistando pelo ar um irmão, exigir que
ele o tratasse com o título que possui. Isso foi algo que jesús nunca
fez (exigir que o chamassem por um título, apesar de alguns o te-
rem chamado, por exemplo, de Mestre). E, quando era elogiado,
ele agia também com humildade. Quando um jovem rico o cha-
mou de “ bom Mestre” , Jesus lhe respondeu: “ Por que me chamas
bom ? Ninguém é bom senão um, que é D eus.” ' ’'
Assim é importante entendermos que apóstolo, pastor, bispo
(uma outra designação para pastor), mestre, evangelista e profeta
não são títulos na Bíblia. São ministérios ou funções. Não existe
nenhuma hierarquia entre os diversos ministérios. Nas Escrituras
um apóstolo não está acima de um pastor, como também um
profeta não está acima de um mestre, e assim por diante. São
apenas ministérios diferentes.
10 2 Pedro 3:15.
11 Por exemplo, em 2Co 1:1; Gl 1:1; Ef 1:1; Cl 1:1; 1Tm 1:1; 2Tm 1:1.
12 Q ue no grego é doutos, isto é, escravo, um termo mais humilde ainda.
13 Romanos 1:1. Semelhante forma ocorre também em Tito 1:1.
‫ י־י‬Se você é pastor, e alguém o chamar de "pastor... (seu nome)”, entenda que a
pessoa não está usando a palavra como título, e assim não há problema. O mes-
mo para os outros ministérios. Mas se lhe chamar pelo nome apenas, ou dizendo
"irmão ...”, não exija que o chame pelo título!
15 Marcos 10:17.
52
QUAI E A SUA MOTIVAÇAO?

Seguindo o critério de Cristo, o maior é aquele que mais


serve, que mais se humilha, e não o contrário! O espírito de soberba
(que na verdade é um demônio) tem se infiltrado em muitos servos
do Senhor, - servos que legítimamente são apóstolos, ou pastores,
ou mestres, etc. - fazendo-os assumirem o título correspondente,
do qual ficam com muito orgulho, a ponto de exigirem serem
chamados pelo título!
Meu irmão, se você é pastor, mesmo quando lhe pedirem
para se apresentar, por que não dizer simplesmente: “ eu sou fulano
de tal, servo do Senhor Jesus Cristo, chamado para ser pastor...’’?
Não convém seguir o exemplo de Paulo? Mas mesmo que você se
apresente dizendo “ sou o pastor ... ” , tenha em sua mente que
você está se referindo ao seu ministério, e não a um título. O
orgulho, nesta forma tão sutil, tem diminuído a manifestação
do poder de Deus na vida de muitos. Observe ainda que, no
texto acima (Efésios 4:11-12), os ministérios são concedidos
para a edificação do c o r p o d e C r is to , e não de uma igreja ou
denominação, em particular.
O Perigo da Ganância
Um outro pecado em que têm caído alguns é quererem o poder
de Deus - não para receberem o salário espiritual de Deus (o
“ galardão” que Ele nos credita em nossa conta celestial); não para
usarem esse poder no seu testemunho e pregação - mas para
receberem literalmente dinheiro deste mundo. Comercializam,
por assim dizer, o seu ministério. Sei de pregadores, obreiros e
cantores que estabelecem um preço para a sua ministração. Mas
isso vai contra o ensino do Senhor:
“ Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli
dem ônios (isto é, exerçam o seu ministério); de graça
recebestes, de graça dai.” (Mt 10:8)
Que pena! Deixam a verdadeira riqueza em troca de uma
riqueza perecível. E, o que é pior, essa situação indica que deram
brecha para o espírito de ganância. E assim, por terem deixado
um demônio entrar em sua vida, estão nas mãos desse espírito
maligno para os roubar. Como não seriam eles muito mais aben-
çoados se estivessem livres das garras de Mamom! Se confiassem
apenas em Deus, e não em expedientes mercantilistas!...
SANTIDADE L PODER

Pois está escrito:


“A bênção do S en h o r traz riqueza, e não inclui dor alguma."
(Pv 1 0 :2 2 -Nvi)
Viu? A bênção de Deus traz riqueza! E muito melhor receber
o salário de Deus do que o dos homens. E o mais interessante é
que, junto com a bênção espiritual, Deus nos abençoa muito
mais com riquezas deste mundo também!16 Mas as riquezas
adquiridas neste mundo, fora da bênção de Deus, você bem
sabe, como elas vêm elas vão, e com muitas dores...
Não Deixemos de Semear
Se alguns mercadejam a sua unção, é verdade que, por outro lado,
muitos são também os que convidam servos do Senhor para minis-
trarem em sua igreja, mas deixam de dar uma oferta condizente
para esse servo. Não sabem semear. Mas também não colhem
uma abundância financeira, porque nunca semeiam.171
8 E não colhem
uma abundância espiritual, porque quem semeia na vida de alguém
ceifará tanto bênçãos espirituais como também materiais. Creio que
você conhece este versículo, mas nunca é demais repetir:
“Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que
semeia com fartura, com abundância também ceifará. Deus pode
fazer-vos ahondar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em
tudo, ampla suficiência, superabundéis em toda boa obra." (2Co 9:6,8)
Lembre-se de que, pela lei da semeadura, quem planta
uma semente colherá até ce m vezes mais!16 Você observou que
a promessa para quem semeia é para “ fazer-nos a b u n d a r em toda
g ra ça "? Isso significa ter abundância do poder de Deus, pois é o
poder de Deus que se manifesta através da graça do S e n h o r ! E a
“ boa obra” que faremos com superabundância será a obra decor-
rente do poder de Deus manifestando-se em nossa vida.
Tenha a Motivação Certa
Pois bem, agora que vimos tudo isso, volto a fazer-lhe a pergunta:
Qual é a sua motivação, leitor? Você se enquadra nesta condição,
a de querer o poder de Deus para servir, e não para ser servido,
16 Cf. Mateus 6:33: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e
todas estas coisas vos serão acrescentadas."
17 “ O perverso recebe um salário ilusório, mas o que semeia justiça terá recompensa
verdadeira" (Pv 11:18).
18 Mateus 13:23.
54
QUAL E A SUA MOTIVAÇAO?

não para ser visto pelos homens, não para se projetar na igreja do
S e n h o r , mas para humilhar-se e não para se exaltar? Você quer o
poder de Deus para trabalhar para Eie e assim receber o salário
espiritual (o galardão) que o Pai lhe dá? Você tem um ministério
e não um título?
Espero que a sua resposta a todas estas perguntas seja um
enfático “ sim!” . Mas é bem possível que você já tenha tido no
passado o desejo de ter o poder de Deus motivado pelo orgulho,
por querer status espiritual, ou seja, você quis ter poder de um
modo errado. Isso só lhe impediu de ter mais poder de Deus.
Meu irmão, você acabou de ver várias situações em que o
poder de Deus foi buscado com uma motivação errada, ou foi
exercido de modo errado. Se foi esse o seu caso, peça perdão a
Deus, pois E le nos perdoa e nos purifica. E disponha-se, de agora
em diante, a procurar de maneira correta receber o poder de
Deus em sua vida. Você pode orar da seguinte maneira, alterando
ou acrescentando alguma coisa, conforme o seu caso:
Sen h o r,quero confessar-te que, no passado, eu quis ter
poder para me projetar na Igreja de Cristo, para ter “ status”
e ser visto pelos homens; peço-te perdão, porque a minha
motivação não veio apenas do desejo de te servir, mas foi
também fruto do meu orgulho. E, se de algum modo não
exercí adequadamente o poder espiritual que de ti recebí,
peço-te perdão também. Agora, porém, eu me cubro com
a capa da humildade, e declaro que o meu título espiritual
não é outro, senão o de servo de Jesus Cristo; também
renuncio a todo espírito de orgulho, e o expulso da minha
vida, em nome de Jesus. E, S e n h o r , declaro que, de agora
em diante, buscarei o teu poder com a motivação correta,
para te servir e para dar testemunho do teu poder aos
homens, de modo a serem salvos. E agradeço-te pelo
galardão espiritual que de ti estarei recebendo. Ainda, se
fui contaminado pelo espírito de ganância, peço-te perdão
por me deixar levar por esse espírito. Mas agora o rejeito,
e desligo da minha vida toda garra de Mamom. Em nome
de Jesus, amém.
SANTIDADE E PODER

Tendo a motivação coEreta, agora está na hora de analisar


com maior profundidade por que nem sempre vemos o poder de
Deus fluindo através de nós.
Eu sei que você estava ansioso para chegarmos a este ponto.
Prossiga, então!

56
6
V
Por Que Oramos e
As Vezes Nada Acontece?
"Por causa da peauenez da vossa fé. Pois em verdade vos
digo que, se tiverdes (é como um grão de mostarda, direis
a este monte: 'Passa daqui para acolá,' e ele passará. Nada
vos será impossível. Mas esta casta não se expele senão por
meio de oração e jejum ." (Mt 1 7:20-21)

Os evangelhos narram que um dia Jesus tomou consigo Pedro,


Tiago e João e subiu com eles um alto monte, onde se apresentou
transfigurado diante deles.1 Enquanto Jesus estava lá, um homem
aproximou-se dos demais discípulos e lhes apresentou seu filho,
um menino ainda, que possuía um espírito imundo, pedindo-
lhes que o libertassem.1
2 Mas os nove discípulos não conseguiram
expulsar aquele demônio. O pai do menino disse a Jesus, posterior-
mente, quando E le desceu do monte da transfiguração:
"Pedi a teus discípulos que expulsassem o espírito, mas eles não
conseguiram ." (M c 9 :1 8b - nvi)
E claro que eles haviam tentado expulsar aquele demônio,
pois Jesus já lhes tinha dado autoridade sobre os espíritos imundos.
Com efeito, as Escrituras registram que anteriormente o S e n h o r
lhes havia dado poder, e eles tinham sido bem sucedidos - o que
vem registrado em três capítulos anteriores:
"Chamou jesús os doze e passou a enviá-los de dois a dois,
dando-lhes autoridade sobre os espíritos imundos. ... Então,
saindo eles, pregavam ao povo que se arrependesse; expeliam
muitos dem ônios e curavam numerosos enfermos, ungindo-
-os com ó le o ." (M c 6 :7 ,1 2 -1 3 )
Mas agora, diante daquela situação de insucesso, os discípulos
devem ter se aborrecido e, ao mesmo tempo, estavam curiosos
de saber o motivo pelo qual, naquele caso, eles não tinham
conseguido libertar o rapaz.
1 1 Marcos 9:2-8.
2 Marcos 9:14-29.
57
SANTIDADE E PODER

Volto a fazer-lhe a pergunta: Você já enfrentou uma situação


assim? Já orou, e nada aconteceu? Se isso já lhe ocorreu, você deve
saber muito bem o que os discípulos de Jesus sentiram naquela
hora. E possivelmente você tenha questionado a Deus:
“ For que, S e n h o r ? Orei tanto, mas a pessoa não foi curada...
não foi liberta... p or que, S e n h o r ? ”
E você sabe que Jesus, ao delegar o poder de cura e libertação
a seus discípulos, Ele o fez não somente aos discípulos daquele
tempo, mas a nós também, seus discípulos de hoje. Ele nos deu
o poder de criação, o poder de agir no sobrenatural e o poder de
reinar, conforme vim os.3 5
4
De um modo muito especial, Jesus nos colocou em autori-
dade para reinarmos sobre os demônios:
“Eis aí vos dei autoridade4 para pisardes serpentes e escorpiões,
e sobre todo o poder‫ י־‬do inimigo, e nada absolutamente vos
causará dano." (Lc 10:19)
“Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome
expulsarão demônios;... pegarão em serpentes; e, se beberem
(absorverem) algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum;
imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados.“
(Mc 16:1 7-18 -N V i)
Em linguagem espiritual, “ serpentes” refere-se a espíritos
malignos e, assim, esse “ veneno mortal” significa o mal que essas
serpentes inoculare em quem picam, e que é absorvido pelo corpo;
ou seja, o mal que os demônios nos trazem.6
Desse modo, a promessa do Senhor é que podemos exercer o
poder de Deus sobre os demônios e suas obras - e, por exercer esse
poder, não seremos atingidos por eles, nem pelos seus venenos!7

3 Observação 9.
4 No grego, exousia (autoridade e poder).
s No grego, dynamis (poder no sentido de força, energia espiritual).
6 O verbo traduzido por "beber" (verbo πίνω - pinõ) n‫ ״‬grego pode significar tarn-
bém absorver, conf. o Léxico de William D. M ounce (ver Bibliografia), o que
ocorre com o veneno no corpo mordido por uma serpente. Este sentido de pinõ
é encontrado também em Hebreus 6:7.
7 Isto não significa que jamais o inimigo poderá nos atingir. Se houver brechas em
nossa vida, por esta razão ele poderá nos atingir (veja 1Pe 5:8; Ef 4:27). Mas
pelo ato de guerrear contra ele não seremos atingidos, absolutamente. Também
o sentido literal deste versículo é válido, como aconteceu com Paulo (At 28:5).
58
POR QUE ORAMOS E AS VEZES NADA ACONTECE?

Se jesús nos deu todo esse poder, por que, então, há situa-
ções em que aparentemente não vemos a Palavra de Deus cum-
pr¡ndo-se em nossa vida? Creio que vale a pena analisarmos com
maior profundidade o texto bíblico há pouco citado, que des-
creve uma situação em que os discípulos não tiveram sucesso na
libertação de um jovem. Pois esta passagem tem a resposta para
o nosso problema: por que oramos e às vezes nada acontece. Foi
exatamente isso que sucedeu com os discípulos.
Veja como Marcos e Mateus relatam este episódio, que
transcrevo mudando a diagramação do texto:8
“ E, quando chegaram para junto da multidão, aproximou-se
dele um homem, que se ajoelhou e disse:
- Mestre, trouxe-te o meu filho, possesso de um espírito mudo;
e este, onde quer que o apanha, lança-o por terra, e ele espuma,
rilha os dentes e vai definhando. Rogue¡ a teus discípulos que o
expelissem, e eles não puderam.
Então, jesús lhes disse:
- O geração incrédula, até quando estarei convosco? Até
quando vos sofrerei ? Trazei-mo.
E trouxeram-lho; quando ele viu a jesús, o espírito imediata-
mente o agitou com violência, e, caindo ele por terra, revolvia-
-se espumando. Perguntou jesús ao pai do menino:
- Há quanto tempo isto lhe sucedei
- Desde a infância - respondeu; - e muitas vezes o tem lançado
no fogo e na água, para o matar; mas, se tu podes alguma coisa,
tem compaixão de nós e ajuda-nos.
Ao que lhe respondeu jesús:
- Se podes! Tudo é possível ao que crê.
E ¡mediatamente o pai do menino exclamou com lágrimas:
- Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!
Vendo jesús que a multidão concorria, repreendeu o espírito
imundo, dizendo-lhe:
- Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: ‘Sai deste jovem e nunca
mais tornes a ele'.
E ele, clamando e agitando-o muito, saiu, deixando-o como
se estivesse morto, a ponto de muitos dizerem: 'Morreu.' Mas
jesús, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou.
8 Faço também uma conjugação dos dois textos paralelos, o que enriquece a narra-
tlva do episódio. 59
SAN I IDADE E PODER

E, desde aquela hora, ficou o menino curado. Então, os discípulos,


aproximando-se de jesús, perguntaram em particular:
- Por que motivo não pudemos nós expulsá-lo?
E ele lhes respondeu:
- Por causa da pequenez da vossa fé. Pois em verdade vos digo
que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este
monte: 'Passa daqui para acolá, ’ e ele passará. Nada vos será
impossível. Mas esta casta não se expele senão por meio de
oração e jejum.” (Mt 17:14; Mc 9 :1 7 2 7 ‫ ;־‬Mt 17:18-21)

O Pecado Corporativo
O primeiro ponto que Jesus destaca aqui, com respeito à razão
do insucesso dos discípulos em libertar o rapaz, foi: “ O geração
incrédula e perversaΓ A incredulidade e o pecado daquela geração,
isto é, da sociedade, do povo daquele tempo, e até dos discípulos
foi uma das causas do insucesso. Confirmando isso, a Bíblia nos
relata em outra passagem que, por causa da incredulidade do
povo da cidade de Nazaré, nem mesmo o próprio Jesus realizou
muitos milagres lá.1'
Assim, de algum modo a incredulidade e a perversidade da
comunidade a que pertencemos influi em nosso ministério; é um
tipo de “ jugo” que interfere no fluir do poder de Deus através de
nós. Porque o pecado dessa comunidade é nosso pecado,111 uma
vez que nós fazemos parte dela.
Lembre-se também da história de Acã, em que o pecado de
um foi considerado por Deus pecado de todo o povo de Israel. Com
efeito, diz a escritura que, quando os israelitas tomaram Jerico,
então Acã, da tribo de Judá, tomou das coisas condenadas,11 o
que Deus havia proibido. Logo em seguida, os israelitas atacaram
a cidade de Ai, mas “ ai deles!” , foram totalmente derrotados.
Diante disso, Josué clamou ao S e n h o r , que lhe respondeu por que
os israelitas tinham sido derrotados diante de uma cidade muito
mais fraca do que Jericó.9*1
9 Mateus 13:58.
I() Não no sentido de que pessoalmente fomos culpados, mas no sentido de que,
por pertencermos a essa comunidade, poderemos sofrer, aqui nesta vida, o efeito
do pecado por ela praticado.
11 )osué 7:1.
60
POR QUE ORAMOS E ÀS VEZES NADA ACONTECE?

Diz o texto que Deus lhe disse: “ Israel pecou, e violaram


(plural) a minha aliança.2'‫״‬
Isso nos mostra, com toda clareza, que o pecado de um só
(de Acá) foi considerado o pecado de Israel (portanto, de todo
o povo), e que teve um efeito sobre todos: a sua derrota. Não
tiveram poder para enfrentar aquela fraca cidade!
Da mesma forma, o pecado praticado por membros da
nossa igreja pode afetar o nosso nível de poder. Por isso precisa-
mos periodicamente pedir perdão pelos pecados da comunidade
ao nosso redor, vale dizer, da nossa igreja, da nossa cidade, do
nosso País. Quando pedimos perdão pelo pecado desta “ geração
incrédula e perversa” , o que ocorre no mundo espiritual é que
cessa o efeito desse pecado sobre nos que oramos. Neuza Itioka
refere-se a essa situação como “ pecado corporativo” , cujo efeito
temos que anular, em nossa vida.1 131
2 4
E isso fazemos pedindo perdão a Deus pelos pecados da
nossa comunidade, da nossa cidade, do nosso País. Se você
nunca fez esse pedido de perdão, por que não orar agora, nesse
sentido? Devemos periódicamente orar por esse motivo, pois
sempre o povo está reforçando o direito das trevas, uma vez que
o pecado não cessa.
Uma outra situação que demonstra a preocupação de Jesus
quanto à influência do pecado desta geração é narrada quando
ele atendeu à súplica do chefe da sinagoga, com respeito a sua
filha.13 Jesus tomou então uma precaução adicional, pois a menina
já havia morrido. Depois de ordenar ao pai: “ Não lemas, crê
som en te‫ ״‬diz o texto que o S e n h o r não permitiu que ninguém
o acompanhasse, senão Pedro e os irmãos Tiago e João. Ainda,
ao chegar na casa do chefe da sinagoga, E le entrou no quarto da
criança morta apenas com os pais da menina e os três discípulos
que o acompanhavam. E pediu que todos os demais saíssem
do quarto.15‫ ־‬Só então E le fez o milagre da ressurreição daquela
jovem, chamada Talita.
12 Josué 7:11.
11 Veja seu livro "A Noiva Restaurada", da Editora Ágape Reconciliação.
14 Marcos 5:35-42.
15 Também Pedro agiu desse modo na ressurreição de Tabita (At 9:40).
61
SANTIDADE E PODER

Por que Jesus agiu desse modo? Ele estava nos ensinando
este princípio: para que o poder de Deus possa fluir, numa situação
especial como aquela, não devemos estar cercados de pessoas
sem fé, e por isso ele permitiu que apenas aqueles três discípulos
entrassem no quarto, além dos pais da menina (aqueles que
tinham autoridade sobre ela).1617
Este cuidado Jesus não teve quando pregava publicamente.
Quando estamos proclamando o evangelho, por certo deveremos
estar cercados de não-crentes, mas sua fé poderá ser despertada
por testemunhos e pela Palavra de Deus. Lembre-se daquele
centurião romano que, sendo gentio, foi elogiado por Jesus como
tendo mais fé do que qualquer outro em Israel.1
Um a Fé Pequena
Um segundo fator do insucesso dos discípulos na cura daquele
jovem endemoninhado foi esclarecido por Jesus através de uma
palavra, dada em particular para eles: “ Por causa da pequenez
da vossa fé.” Isso nos revela que, embora o poder nos tenha sido
dado, para que esse poder possa fluir e produzir resultados é
necessário ter fé.
Mesmo que potencialmente tenhamos a unção necessária
para remover montanhas, para isso é necessário algo mais, que as
Escrituras chamam de “ fé” . E não basta uma fé pequena, tem que
ser uma fé suficientemente grande, pois o problema dos discípulos
era a pequenez da sua fé.
Para explicar isso - que a fé que remove montanhas tem que
ser grande - Jesus fez uso de uma figura de linguagem. Ele nos
ensinou que a nossa fé tem que ser com o um grão de mostarda.
Conforme apontei em meu livro Plena Paz,18 quando Jesus
se referiu ao grão de mostarda, ele não estava dizendo que basta
ter uma fé pequena, como é pequena essa semente. Não! No
texto (no original grego) não aparece a palavra “ pequena” .19 Diz
simplesmente: “se tiverdes fé co m o um grão de m ostarda..."

16 A mesma atitude tomou Jesus em outras ocasiões, como em Mateus 26:37, em


que apenas aqueles três discípulos foram destacados para estarem perto dele.
17 Mateus 8:10.
1‫ !־‬Livro P/ena Paz, à página 228.
19 Apesar de que algumas traduções cometem este erro, como a nvi e a nti h .
62
POR QUE ORAMOS E AS VEZES NADA ACONTECE?

O que é ter fé como um grão de mostarda? O próprio


Mestre nos ensinou a respeito, quando disse:
“ O runo dos céus é semelhante a um grão de mostarda, que
um homem tomou e plantou no seu cam po; o qual é, na
verdade, a menor de todas as sementes, e, crescida, l maior do
(jue as hortaliças, e se faz árvore, de m odo c/ue as aves do céu
vêm aninhar-se nos seus ram os." (Mt 13:31 -32)
No dia em que uma pessoa se converteu, sua fé era muito
pequena. Mas, à semelhança de um grão de mostarda, a fé tem
a capacidade de crescer. Se a pessoa persistir, ouvindo a Palavra
de Deus e exercendo fé, então a sua fé vai crescendo, mais e
mais.20 A semente transforma-se numa plantinha de mostarda e
vai crescendo, crescendo... até tornar-se árvore, até tornar-se uma
fé grande¡ E, nesse ponto, disse o S e n h o r , o s montes que estavam
impedindo a bênção serão removidos! Então virão as aves do céu
sobre essa árvore de mostarda, que bem podem estar simboli-
zando as bênçãos que do céu nos alcançam, trazidas pela pomba do
Espírito Santo.
Em outras palavras, quando os discípulos foram expulsar
aquele demônio, a fé que eles tinham era ainda pequena, diante
do tamanho daquele espírito maligno. Essa foi uma das causas do
seu insucesso. Isso posto, deixemos em destaque então que:
O poder de Deus manifesta-se através de nós quando temos
fé - e é proporcional a ela. Portanto, para exercermos maior
poder, temos que desenvolver a nossa fé. (Observação 11)

Por fim, o S e n h o r jesús resume muito bem por que às vezes


não flui o poder de Deus através de nós - E le disse que duas
coisas são necessárias, oração e jejum :
“ Esta casta não se expele senão por meio de oração e jeju m ."
(Mt 17:21)
Assim, além da fé, o S e n h o r acrescenta mais um fator que
é necessário: um jejum que nos capacite a orar com poder. Em
outras palavras, Jesus estava dizendo que precisamos ter um nível
de unção maior, para quando for o caso de enfrentar principados
e potestades, tais como naquele dia ele enfrentou.
20 Veremos posteriormente, com maior profundidade, como fazer crescer a nossa fé.
63
SANTIDADE E PODER

Faço-lhe agora uma pergunta: Você já observou que, nas


Escrituras, o poder de Deus está vinculado à unção?
Ter unção é ser ungido por Deus. Em todo o Antigo Testa-
mento a unção de Deus era dada parcialmente apenas aos profetas,
reis e sacerdotes. Os profetas, ungidos, tinham o poder de realizar
milagres e profecias; os reis, ungidos, tinham o poder de reinar
sobre todo o povo; os sacerdotes, ungidos, tinham o poder de in-
terceder diante de Deus. Era a unção que lhes dava o poder.
E os profetas profetizaram que um dia vi ria o Ungido, isto é,
o Messias, aquele que teria uma unção permanente e completa.
Quando Jesus começou o seu ministério, ele confirmou ser o Ungido (o
Messias, o Cristo), conforme o versículo abaixo, já citado antes:
“ O Espírito do S enhor está sobre mim, pelo que wr ungiu para
pregar boas novas aos pobres (nvi). Enviou-me para proclamar
libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr
em liberdade os oprimidos (ra), e proclamar o ano da graça do
SrNiioR (nvi).” (L c 4:18-19)

Segundo esta escritura, vemos que o resultado da unção


que Jesus recebeu foi pregar, curar e libertar, com grande poder!
Por isso ele foi chamado de “ Cristo” , palavra grega que significa
"Ungido” .

A Unção e o Poder
E aqui chegamos a um ponto crucial da razão pela qual os discípulos
não tiveram sucesso: além da pequenez da sua fé, eles não tinham
um nível de unção suficiente.
É por isso que também muitas vezes nós não temos sucesso:
oramos, mas a nossa oração não é respondida, a pessoa não é
curada, não é liberta. E porque não temos a unção necessária
para enfrentar tais casos. Estamos querendo mover um “ peso”
espiritual de 50 toneladas, mas não temos força para isso!
Essa unção é alcançada através de oração e jejum, disse
o M estre. E o jejum que nos levará a um nível de unção que
nos habilitará até mesmo a fazer a expulsão de principados e
potestades, de demônios das mais altas hierarquias!
Entretanto, talvez você esteja com a seguinte dúvida:

64
POR QUE ORAMOS E AS VEZES ΚΆΡΑ ACONTECE?

- Mas nós já nao temos es.se poder? Pois quando comandamos


a expulsão de um demônio, nós o fazemos em nome de J esus, t o nome
de Jesus ó mais poderoso do que qualquer demonio!
Em consideração aqueles que ainda possam estar com essa
dúvida - e principalmente por causa dos que não leram o meu
livro Vida em Abundância (porque lá eu também explico este
ponto)21 - vou procurar esclarecer melhor esta questão, pois é
muito importante.
Usando o Nome de Jesus
Quando você usa o nome de Jesus, você somente pode usar este
nome no que é justo. Você não pode orar, em nome de Jesus, por
exemplo, para ganhar na loteria... mesmo prometendo ofertar
50% do que ganhar para o S eni io r ! O u , então, você não pode orar
ao Pai, em nome de Jesus, pedindo para ser bem sucedido num
assalto a um banco...
Suas orações, em casos assim, com certeza não serão aten-
didas, mesmo que você ore “ em nome de Jesus” . Deus não per-
mite o que não é justo. Ele não é conivente com a injustiça, nunca!
O problema está em não entender o que significa orar em
n o m e d e J e s u s . Quando alguém age em nome de outrem, isso

significa que tal pessoa é um procurador da outra; significa que


lhe foi outorgada uma procuração. Mas o procurador somente
pode fazer o que o outorgante estabeleceu, conforme a vontade
deste. Numa procuração sempre são delimitados os poderes. E
por isso que, em toda procuração, há uma cláusula que define os
direitos que a pessoa recebe do outorgante, para agir em nome
dele. O procurador não recebe uma “ carta branca” para fazer o
que bem quiser, em nome da pessoa que lhe outorgou a procuração.
Não, seus direitos são sempre limitados à vontade de tal pessoa.
Da mesma forma, quando usamos o nome de Jesus, estamos
na condição de um procurador do S e n h o r , pois estamos agindo
em seu nome, e assim somente podemos fazer, em nome de Jesus,
o que for segundo a sua vontade. E, conforme acabamos de ver,
não sendo da vontade do S eni io r o jogo, um assalto, ou qualquer
outro ato de injustiça, não podemos usar o seu nome numa ora-
ção por tais coisas.
21 Op. dt., p. 126.
65
SANTIDADE E PODER

Podemos então afirma!■:


Quando usamos o nome de Jesus, estamos na condição de
um procurador dele, e assim somente podemos usar o seu
nome no que for segundo a sua vontade. (Observação 12)

Orar em nome de Jesus é, num sentido mais amplo, orar


em consonância a tudo o que o n o m e de Jesus representa. Não é
o nome em si que tem o poder; o poder está naquele que está por
trás desse n o m e . O profeta Isaías foi quem melhor explicou o n o m e
de Jesus. Numa palavra profética e messiânica, disse ele a respeito
do Ungido:
"'Porque um m enino nos nasceu, um filho se nos deu;
o governo está sobre os seus ombros; e o seu NOMt será:
M aravilhoso C onselheiro D eus Forte Pai da E ternidade Príncipe
da Paz ." (Is 9 :6 ; vírgulas retiradas)22
Assim, quando oramos em n o m e de Jesus, estamos orando
sobre o que está contido no seu n o m e , o u seja:

■ Por ser ele M a r a v il h o s o , isto significa que ele opera maravilhas,


isto é, milagres, sinais, prodígios. Portanto podemos usar o nome
de Jesus para realizar milagres, sinais, prodígios: isto faz parte do
seu n o m e !
■ Por ser ele C o n s e l h e ir o , isto significa que podemos orar pedindo
sabedoria, direção em nossa vida. Isto faz parte do seu n o m e !
■ Por ser ele D e u s , ele é onipotente, onipresente, onisciente, justo,
amor, fiel, eterno, misericordioso, benigno, pio, isto é, tem todos
os atributos divinos; portanto podemos usar o n o m e de Jesus apenas
no que é conforme os seus atributos, ou seja, no que é segundo
a natureza de Deus. (Portanto não podemos usar o n o m e de Jesus
no que não é justo, conforme já foi dito.)
■ Por ser ele F o r t e , isto implica em que podemos orar com poder,
pois esta palavra “ forte” significa exatamente a condição de
quem tem poder. E le é o Deus lodo-poderoso, o S e n h o r dos
exércitos: toda a força está com ele!
■ Por ser ele Pai, podemos ainda pedir bênçãos m ateriais, com o
todo pai dá a um filho.

22 No hebraico não há vírgulas, e um nome não tem vírgulas!


66
___________________ POR QUE ORAMOS E A s VEZES NADA ACONTECE?___________________

■ Porserseu nome Eternidade, ¡sto significa que ele dá a eternidade,


as coisas eternas, as bênçãos espirituais. Por estas coisas podemos
orar, sem dúvida. (Portanto, podemos usar o nome de Jesus para
a salvação, para a cura, para a libertação, para recebermos todo
tipo de bênção espiritual).
■ Por ser ele Príncipe, podemos usar o seu direito de reinar sobre
todo principado e potestade do inimigo, pois todos esses lhe estão
sujeitos.23
■ Por ser seu nome Paz, isto significa que podemos orar pela
libertação e cura interior das pessoas (o que lhes traz a paz),
podemos orar pela paz das nações, pela paz em Jerusalém,24
pela paz decorrente da salvação, pela unidade da Igreja, por
tudo, enfim, que traz a paz com Deus e com os homens.

Nós, crentes, muitas vezes nos esquecemos de que D* us é


absolutamente justo. Ser justo significa reconhecer o direito de
cada um. E, por ser justo, Deus reconhece o direito de todos - até
mesmo dos demônios - de agirem na vida de alguém, quando
esse alguém deu direito ao diabo, através do pecado.
Esta última frase é tão importante que convém ser colocada
em destaque:

Deus, sendo plenamente justo, reconhece o direito de


até mesmo os demônios agirem na vida de alguém, quando
o diabo conquistou esse direito por causa do pecado.
(Observação 13)

Se alguém está sendo afligido por demônios, ou está sofrendo


uma enfermidade que foi trazida por eles, e os espíritos malignos
estão com direito legal de fazer isso (por pecado da própria pes-
soa, ou de seus antepassados, ou por qualquer outra razão), os
demônios têm direito de continuar atuando, e a enfermidade é
“ legal” . E, como foi observado, Deus é tão justo, mas tão justo,25
que reconhece o direito deles.
23 Colossenses 2:10b: “...ele é o cabeça de todo principado e potestade” .
24 Salmo 122:6.
25 “Tão justo” é apenas uma forma de expressão. Na verdade Deus é absolutamente
justo!
67
SANTIDADE E PODER

Usar o nome de Jesus num caso desses não produz efeito


algum, pois Deus não autoriza uma injustiça. Você recebeu a
procuração de Deus somente para agir no que é da vontade dele,
isto é, no que é justo, no que é certo, no que é conforme o seu
nome. Fora disso, o uso do nome de Jesus não tem como operar,
pois a procuração que você recebeu não lhe dá direito para agir
fora da vontade dele!
Será que você está compreendendo o que estou tentando
explicar? Se eu pudesse usar o nome de Jesus contra qualquer
demônio, de qualquer nível hierárquico, em qualquer circunstância,
então seria fácil: eu simplesmente “ amarraria Satanás, em nome de
Jesus,” impedindo-o de agir no mundo todo. Pronto! O problema
da humanidade estaria resolvido. Q ue bom seria, não?
Mas não adianta eu usar o nome de Jesus neste caso. Eu não
tenho a unção necessária ou, se você preferir, não tenho o status
espiritual que é necessário para vencê-lo e amarrá-lo; e ele tem o
direito de agir, pois os homens do mundo todo estão lhe dando esse
direito através do pecado. Creio que, para reunir o poder espiritual
compatível com tal ato de guerra espiritual, seria necessário, no
mínimo, que todos os crentes, do mundo inteiro, e de todas as
épocas, conjuntamente amarrassem Satanás.
Em muitos outros casos semelhantes tenho visto crentes
“ amarrando” tudo quanto é demônio, como se o nome de Jesus
fosse uma palavra mágica que resolvesse qualquer situação. Não
é assim! Amarrar, sem saber o que, ou quando o demônio tem
direito, não vai produzir resultado algum, se o nível de unção (de
poder espiritual) da pessoa não for suficiente. E, amarrando desse
modo, a pessoa pode até mesmo sofrer uma retaliação, pois quis
fazer um ato injusto.
Na verdade, para simplificar, podemos dizer que não está
de acordo com o nome de Jesus tudo o que não é conforme a sua
vontade, isto é, tudo o que é pecado, tudo o que é injusto.
O seu nome não é para ser usado, então, nesses casos.

O poder de Deus somente se manifestará, em nome


de Jesus, em situações de justiça, de retidão, no que é
conforme o seu nome. (Observação 14)

68
POR QUE ORAMOS E ÀS VEZES NADA ACONTECE?

Concluímos assim que, quando usamos o nome de Jesus


para expulsar um demônio que tem direito de estar agindo na
vida de alguém, estamos fora da procuração que o Senhor nos
outorgou. Pois estamos comandando algo que não é justo, urna vez
que o espirito maligno tem o seu direito reconhecido por Deus.
Da mesma forma, quando estamos repreendendo uma
enfermidade, ou qualquer outro mal, que o diabo teve o direito
de trazer à pessoa, o nome de Jesus não terá efeito, pois estaríamos
praticando um ato de injustiça. Neste caso, a cura não ocorrerá,
ou o demônio não sairá. Mesmo que ele saia, ele volta, pois tem
direito a isso, conforme nos revelou Jesus:
“Quando o espírito imundo sai do homem, anda por
lugares áridos, procurando repouso; e, não o achando, diz:
Voltarei para minha casa, donde saí." (Lc 1 l :24)
A palavra “ minha casa” significa espiritualmente que o demo-
nio tem a posse (direito) de uma área na vida da pessoa, e nela
habita, e assim ele pode voltar, uma vez que a “ casa” é dele!
Somente quando ele não tiver mais a s u a c a s a (o seu direito legal)
é que ele não terá como voltar!
Se o direito dele não foi quebrado - para que ele, ao sair,
não possa voltar - é necessário um ato de guerra espiritual,
expulsando-o e destruindo a casa dele. É uma luta “ corpo a corpo” ,
espiritualmente.
E semelhante ao que acontece numa guerra no mundo físico.
Se dois soldados se defrontam, corpo a corpo, vence aquele que
for mais forte (no físico ou pelas armas que possui). O mesmo
acontece numa luta espiritual. A pessoa precisa ter o nível de unção
necessário, isto é, tem que ser “ mais forte” ou “ mais valente” que
o inimigo.
Foi isso que Jesus ensinou, num contexto em que estava
falando sobre a expulsão de demônios:
“Quando o valente (o demônio), hem armado, guarda a sua
própria casa, ficam em segurança todos os seus bens (os
seus direitos). Sobrevindo, porém, um mais valente do que ele,
vence-o, tira-lhe a armadura em <¡ue confiava e lhe divide os
despojos." (Lc 1 1:21-22)
69
SAN I IDADE E PODER

Veja aí de novo a palavra “ casa” que, em linguagem espiri-


tual, representa o local em que o valente está habitando, isto é, o
demônio, na vida de uma pessoa. Numa luta "corpo a corpo” contra
o inimigo espiritual, se tivermos um “ status espiritual” maior que
o do inimigo, venceremos, quer ele tenha direito ou não. Temos
que ser “ mais valentes” do que ele. Porque “ guerra é guerra” , e
sempre vence quem tem maior poder. Por isso precisamos ter unção
suficiente!
Por exemplo: se eu for um “ major” ou “ coronel” do exército
do Senhor (estou usando estas palavras com sentido espiritual),
isto é, se o meu nível de unção for elevado, e o demônio contra
quem eu estiver lutando for um “ soldado raso” das hostes malignas,
então eu prevalecerei, quer ele tenha direito, ou não.
Se, porém, pelo contrário, eu for um “ soldado raso” do
exército de Deus e estiver enfrentando um principado das trevas
(um “ coronel” , digamos), então ele prevalecerá, se ele tiver direito
legal sobre a situação. Pois neste caso não terá efeito usar o nome
de Jesus, pois este nome não opera no que não é justo, uma vez
que o demônio tem direito legal.
E, para ter um nível de unção elevado, capaz de enfrentar
tais castas de demônios - disse o Mestre - , somente através de
oração e jejum . Jesus tinha a unção mais do que suficiente para
expulsar aquele demônio. Os discípulos não tinham.
Este ponto, entretanto, tem sido muito mal entendido pelos
crentes de um modo geral. A idéia que muitos têm é que basta
ficar uns dias sem comer, em jejum, antes de ministrar alguém em
libertação, que isso atenderá ao que Jesus especificou como necessário
para enfrentar certas batalhas espirituais. Mas, será que é isso? Você está
vendo que não.
Para analisarmos o que significa praticarmos esse jejum a
que Jesus se referiu - que nos capacitará a ter um maior poder,
que nos dará um status espiritual mais elevado, um nível de unção
maior - vamos ter que ir bem a fundo na análise desta questão.
Lembra-se da ilustração que fiz, ao dizer que existe um
“ guindaste espiritual” à nossa disposição, e que com ele podere-
mos levantar “ pesos espirituais” enormes?
70
POR QUE ORAMOS E ÀS VEZES NADA ACONTLCE?

Saiba que, com esse “ guindaste” , o nosso poder será muito


maior do que se contarmos apenas com a capacidade da força dos
nossos braços. Quando o crente conta apenas com a força “ carnal” ,
coitado! Ele nada pode!
Mas com a potência desse guindaste, ou seja, com a unção
que recebemos de Deus, poderemos remover “ pesos malignos”
enormes. E, mesmo contando com esse equipamento, isto é,
com a nossa força espiritual, tudo dependerá de quão grande seja
essa força (de quão grande seja a nossa unção), e de quão grande
seja a malignidade que estivermos enfrentando.
Volto a dizer: o jejum, tal como as Escrituras nos ensinam,
é o que aumentará o poder de Deus em nossa vida, é o que
aumentará a capacidade (o poder) do “ guindaste espiritual” que
Jesus nos deu; é o que nos capacitará espiritualmente para fazer-
mos proezas!
Fixemos então com clareza esta verdade:

O poder espiritual que recebemos de Deus é proporcional ao


nível de unção que possuímos. Para recebermos mais poder,
temos que desenvolver a nossa unção. (Observação 15)

+ 4:

Neste capítulo pudemos ver que há quatro fatores que


podem nos impedir de alcançarmos a vitória sobre o inimigo:
(1) O pecado corporativo.
(2) Uma fé pequena.
(3) A falta de unção.
(4) O direito legal do inimigo.
Quanto ao primeiro destes pontos, já vimos que precisamos
orar para anular esse efeito.
Quanto aos outros três, que são os mais importantes, teremos
que nos aprofundar em sua análise. Estes fatores são a unção e a fé,
que precisamos aumentar; e o direito legal do inimigo, que temos
que procurar diminuir e até mesmo cancelar.

71
SANTIDADE E PODER

A unção representa a potência do guindaste que temos,


dado pelo Senhor, para levantar “ pesos espirituais” (conforme a
figura que utilizamos), potência essa que aumentará através de
jejum e oração.
E a fé representa o modo de operarmos esse equipamento
de maneira correta (de acordo com o manual do fabricante), e é
também o que nos dá condições para recebermos as bênçãos de
Deus e a vitória sobre o inimigo.
Na Quarta Parte, analisaremos como desenvolver e exercer
a nossa fé - o que é fundamental, pois não basta termos unção,
esse guindaste, se não soubermos operá-lo. Veremos ainda um
aspecto importante: como cancelar ou diminuir o direito legal do
inimigo (o quarto ponto acima), para facilitar a nossa ação contra
ele.
Entretanto, temos primeiro que analisar como aumentar
o nosso poder espiritual, a nossa unção, isto é, como aumentar
a capacidade desse guindaste maravilhoso, que nos capacitará
com grande poder. Esse será o nosso enfoque na Terceira Parte, a
seguir.
Em outras palavras, veremos como aumentar o nosso poder
espiritual pelo aumento da nossa unção, por meio de um jejum
que seja feito de maneira correta, do modo como Deus estabeleceu.
Que o Espírito lhe dê entendimento sobre o que você
vai ler, pois são questões profundas, que somente poderão ser
discernidas espiritualmente.

72
Terceira Parte
Capacitando-nos a Ter
o Poder de Deus
“Esta casta não se expele senão por meio de oração
e jejum.” (Mateus 17:21)

Como acabamos de ver, o S e n h o r Jesus nos diz que, para que


tenhamos poder espiritual para enfrentar certas castas demoníacas,
precisamos de oração c jejum . São dois pontos básicos para que
o poder de Deus flua através de nós, ao nos depararmos com
uma situação maligna tal como aquela que ele tinha acabado de
enfrentar. O jejum é o que nos capacita a ter o poder de Deus. A
oração é o meio pelo qual esse jejum é feito.
Agora vamos ver como nos capacitar melhor para poder
enfrentar todo tipo de adversidade, todo tipo de problema; ou seja,
como deve ser feito esse jejum . Este é o nosso enfoque nesta
Terceira Parte.
O texto bíblico que melhor nos explica como deve ser
esse jejum encontra-se no livro de Isaías, no capítulo 58,' Nele o
profeta recebe a revelação de Deus sobre como fazer um jejum que
realmente agrade a Deus, um jejum que nos propiciará o poder
espiritual, dado pelo S e n h o r , para enfrentarmos principados e
potestades e todo o poder do maligno.
Vamos então analisar esta escritura nos capítulos a seguir.
Assim, convido o leitor a meditar sobre cada versículo do capítulo
58 de Isaías, à medida em que formos avançando no seu estudo.
Nosso objetivo será aprofundarmo-nos na sua compreensão,
pois trata-se de uma mensagem, muito importante e valiosa, e
que tem tesouros maravilhosos escondidos, como você vai ver.1

1 No Apêndice C encontra-se o texto completo deste capítulo.


73
SANTIDADE E PODER

Esta profecia de Isaías é normalmente interpretada dentro


de um contexto histórico contemporâneo ao profeta, com aplicações
de ordem prática que seriam entendidas pelas pessoas daquele
tempo. Mas a Palavra de Deus, tendo sido inspirada pelo Espírito
Santo, em muitos textos proféticos tem uma segunda interpretação
que somente pode ser entendida por pessoas de épocas posteriores.
E, por exemplo, o caso da profecia:
“ Do Egito chamei o meu filho." (Oseias 11:1 b)
Ela foi entendida, no tempo do profeta, como uma referência
ao povo de Israel (o filho) e sua saída do Egito, sob a liderança
de Moisés. Mas o Novo Testamento a interpreta como uma profecia
que foi cumprida pelo Messias, por Jesus, depois de ter sido E l e ,
em sua infância, levado ao Egito, lá permanecendo até a morte
de Herodes, quando um anjo do S e n h o r apareceu em sonho a
José, e o chamou de volta à terra de Israel. Diz Mateus:
“ f lá (no Egito, Jesus) ficou até a morte de Herodes, para que
se cumprisse o que fora dito pelo S enhor, por intermédio do
profeta: Do Egito chamei o meu Filho." (Mt 2:15b)
Um outro exemplo do que estou a dizer é com respeito
ao texto de Isaías 53. Quando Filipe se encontrou com o eunuco
da rainha de Candace,2 este não entendia a respeito de quem
falava o profeta. Mas, com base neste texto, Filipe anunciou-lhe
Jesus. Em outras palavras, Filipe mostrou que Isaías falava do Cristo,
e interpretou essa mensagem com o conhecimento que ele tinha
sobre tudo o que havia acontecido em seus dias!
Assim também ocorre com esta mensagem de Isaías 58,
que tem um significado espiritual somente acessível para nós,
que conhecemos a revelação do Novo Testamento. Creio que
interpretar Isaías 58, não levando em conta a revelação do Novo
Testamento, é como querer interpretar Isaías 53 apenas dentro
do contexto histórico contemporâneo do profeta, sem mencionar
Jesus Cristo!2*5

2 Veja Atos 8:26-40.


5 Diz o Dr. Shedd, na Bíblia Vida Nova (NT, p. 152): "A passagem profética de Isaías
52:13 - 53:12 é quase incompreensível para os que desconhecem a história de
Cristo."
74
CAPACITANDO-NOS A TER O PODER DL DEUS

E, por certo, há textos proféticos na Bíblia que nós ainda não


temos condições de entender plenamente (os textos apocalípticos,
por exemplo), mas que um dia serão perfeitamente entendidos.
Este texto de Isaías contém uma mensagem maravilhosa
para a Igreja de Jesus, ou seja, para nós, cujo entendimento
não estava disponível no tempo do Antigo Testamento. Mas ela é
tremendamente importante e muito clara para nós, hoje, quando
deixamos que o Espírito nos revele o seu real conteúdo espiritual.
O profeta Isaías nos mostra neste maravilhoso capítulo de
Isaías como realizar um jejum para que o poder de Deus venha
fluir através de nós, para que nos capacitemos com a unção
necessária, conforme disse Jesus.
Peço assim ao leitor que leia o que se segue procurando
estar atento ao que Deus lhe mostrar. Acho que até mesmo você
vai surpreender-se com o que o Espírito Santo lhe revelará. Se eu
não fosse crente, até mesmo apostaria nisso!

75
7
Há uma Mensagem Urgente
de Deus para Nós
“Clama a plenos pulmões, não te detenhas, ergue a
voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua
transgressão, e à casa de )acó, os seus pecados.” (Is 58:1)

Um dia o profeta Isaías recebeu do Senhor uma mensagem muito


especial, que se acha no capítulo 58 da sua profecia. E a primeira
coisa que Deus lhe disse foi para proclamá-la a plenos pulmões.
Nos dias do profeta não havia microfones, nem rádio, nem
televisão, nem outros meios pelos quais uma palavra pudesse ser
divulgada para atingir muita gente. Assim, a expressão “ a plenos
pulmões” significa que ela deveria ser pronunciada em voz bem
alta, para que todos a ouvissem.
Portanto, entendemos que Deus está dizendo, no início
desta mensagem, que ela é para ser divulgada por todos os meios
ao nosso alcance, de modo que o maior núm ero possível de
pessoas a ouçam. E para que todos a ouçam. Nós também!
O segundo ponto que Deus diz a Isaías é: “ não te ciete-
nhas” , isto é, não perca tempo. Ela é urgente! Não há nada mais
importante a fazer do que proclamar esta mensagem. Que nada o
detenha! Dá para você ver, leitor, como o Senhor ressalta a urgên-
cia do que ele quer nos dizer?
“ Ergue a voz com o a trom beta .. . ” ‫ י‬- é o terceiro ponLo
destacado pelo Senhor. Mas esta frase para nós, hoje, não tem o
mesmo impacto que tinha nos dias de Isaías.
N aquele tem po a cidade de Jerusalém era cercada por
muros, e em pontos estratégicos postavam-se os atalaias, que em
todo o tempo ficavam vigiando o horizonte. Ao perceberem a vinda1
1 O instrumento de som era, na verdade, um shofar - que é feito do chifre de um
animal, e não uma “trombeta” como a conhecemos hoje.

77
SANTIDADE L PODLR

de um inimigo, cada um deles tomava o shofar (“ trombeta” , em


nossa tradução) e o tocava de um certo modo. O som era ouvido
em toda a cidade, e todos paravam o que estavam fazendo e
preparavam-se para enfrentar o inimigo.2
Assim, para Isaías, isso teve um impacto muito forte. Deus
estava dizendo-lhe: é uma mensagem urgente, porque se trata de
alertar o povo contra o inimigo! Eles têm que ser despertados
para esta necessidade; precisam parar de fazer o que estão fazendo
para ouvirem o que vou dizer. Há um perigo que se aproxima. E
importante, é vital para a vida de todos!
Para Q uem Se Destina a Mensagem
Em seguida, o texto refere-se a quem se destina esta mensagem
urgente, tão importante, e diz qual é o seu conteúdo: “ anuncia ao
meu povo a sua transgressão, e à casa de ]acó, os seus p e ca d o s.”
Isso, traduzido para os nossos dias, seria: “ Anuncia ao meu povo
a sua transgressão, e à Igreja de Jesus, os seus pecados.”
Vemos então que o Senhor nos quer dizer que há pecados,
transgressões, dos quais temos que ter consciência e precisamos
ser alertados a respeito, pois o inim igo está à nossa volta, e a
trombeta de alerta tem que ser tocada.
Observe agora como são as pessoas a quem se destina esta
mensagem tão urgente, tão importante do Senhor:
“Mesmo neste estado, ainda me procuram dia a dia, têm prazer
em saber os meus caminhos; como povo que pratica a justiça e
não deixa o direito do seu Deus, perguntam-me pelos direitos
da justiça, têm prazer em se chegar a Deus...” (Is 58:2)
Para quem é esta mensagem? É para aqueles que procuram
o Senhor dia a dia.
Você o tem buscado a cada dia?
- Sim!
Foi isso o que eu ouvi você dizer? Então esta mensagem
é para você! Deus está trazendo uma palavra para aqueles que,
mesmo tendo pecado em sua vida (e quem dentre nós pode dizer
que não tem nenhum pecado?!),* ainda o buscam todos os dias.
2 Veja este costume mencionado em Neemias 4:20. Paulo escreveu: "...pois se a
trombeta der som incerto, quem se preparará para a batalhar1) ‫׳‬Co 14:8.)
J 1João 1:8.
78
__________________ HÁ UMA MENSACEM URGENTE DE DEUS PARA NÓS__________________

É o nosso caso, sem dúvida!


Deus continua dizendo: esta mensagem é para aqueles que
têm “prazer em saber os meus caminhos
Volto a perguntar-lhe:
Você tem prazer em conhecer os caminhos do S enhor ? Em
outras palavras, você é alguém que tem prazer em ler a Palavra
de Deus? Pois ela é luz para os nossos caminhos.4
Se você tem prazer em saber os caminhos de Deus, então a
mensagem que vem a seguir é, sem dúvida, para você!
Os destinatários da mensagem são também o povo a respeito
de quem Deus diz que “pratica a justiça e não deixa o direito do
seu Deus, perguntam-me pelos direitos da justiça
A palavra justiça aqui tem o sentido daquilo que é correto,
que é certo, que é reto. Não é justiça apenas no sentido de
equidade, isto é, de dar a cada um o que lhe é de direito. Aquele
que pratica a justiça significa neste texto, então, aquele que faz o
que é reto, o que é certo segundo o conceito de Deus, e não dos
homens, ou do mundo. Faz o que é certo diante de Deus. O S e n h o r
é quem define o que é justo.
Assim, sendo você alguém que procura praticar a justiça,
então - diz Isaías - esta mensagem é para você!
O texto nos mostra ainda que ela é para aqueles que consultam
o S e n h o r : “perguntam-me pelos direitos da justiça” . Você é alguém
que procura ser guiado pelo Espírito de Deus? Você consulta o
S e n h o r ? Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são
filhos de D eus.5 Portanto, sendo você um filho de Deus, e que por
E le é guiado... mais uma vez, você está vendo que esta mensagem
é, precisamente, para você!
Por fim, a última referência sobre quem são os destinatários
desta palavra tão importante, tão urgente, que Deus vai transmitir
através de Isaías, é que os destinatários “ têm prazer em se chegar
a Deus". Vou fazer-lhe então esta última pergunta:
Você tem prazer em se chegar a Deus? Você tem prazer em
estar na presença dele? Você é alguém que pode dizer, como Davi:

4 Salmo 119:105.
5 Romanos 8:14.
79
SANTIDADE E PODER

Alegrei-me quando me disseram, vamos à casa do S en h o r ” ?6


Você também diz, como o salmista: "A minha alma suspira
e desfalece pelos átrios do S enhor ; o meu coração e a minha carne
exultam pelo Deus vivo!” ?7
Você tem prazer em entrar nos átrios do S e n h o r ? E é certo
que, para chegarmos ao Santo dos Santos, ao trono de Deus,
obrigatoriamente temos que passar pelos átrios!
E, não tem jeito, não. De facto, esta mensagem é para você!
E, apresso-me a dizer: é para mim também! Esta mensagem
é para todos os crentes que realmente buscam a Deus! Isto é tão
importante, que convém deixar em destaque:

A mensagem de Isaías 58 é urgente, muito importante, e


destina-se a todo aquele que busca o Senhor, que tem
prazer em conhecer os caminhos de Deus, e que pro-
cura viver uma vida de retidão. (Observação t6)

Qual Era o Problema?


Aquele povo, que era o povo de Deus, dizia:
"Por que jejuam os nós, e tu não atentas para isso ? Por que
afligimos a nossa alma, e tu não o levas em conta?" (Is 5 8 :3 )
Veja, eles ainda praticavam o jejum! Que gente espiritual,
não? Eles clamavam ao S e n h o r , e até mesmo afligiam a sua alma,
mas Deus não os levava em conta. Isso significa que as orações que
eles faziam não eram respondidas, apesar de buscarem o S e n h o r ,
apesar de orarem e até mesmo jejuarem!
Uma situação assim é exatamente aquela que os discípulos
de Jesus enfrentaram, quando não conseguiram libertar aquele
endemoninhado.
O problema a que Deus está apontando, então, é a falta
de poder espiritual. E a falta de unção e de fé. E Ei e diz que este
problema ocorre até mesmo com aqueles que o buscam dia a dia,
que têm prazer em conhecer os seus caminhos, que praticam a
justiça, e que buscam serem guiados pelo S e n h o r .

6 Salmo 122:1.
7 Salmo 84:2.
80
___________________HÁ UMA MENSAGEM URGENTE DE DEUS PARA NÓS__________________

E claro que tais pessoas - entre as quais eu e você nos


incluímos - têm um certo nível de unção e de fé. De igual modo,
os discípulos de Jesus, naquele dia em que não conseguiram
expelir aquele demônio, tinham um certo nível de unção, pois
anteriormente haviam tido sucesso, quando saíram de dois em
dois, expeliram muitos demônios e curaram numerosos enfermos,
ungindo-os com óleo. Mas, para enfrentar um demônio tal como
o que atuava no jovem lunático, por não terem eles o nível de
unção necessário, Jesus lhes disse que era necessário passarem
por oração e jejum, e aumentarem a sua fé.
E por isso que precisamos receber esta importante mensa-
gem de Deus, trazida por Isaías. Deus é tão amoroso, tão miser¡-
cordioso, que vê a nossa situação. Ele sabe que o temos buscado,
mas a verdade é que não o temos buscado de modo correto. Assim,
o Senhor quer nos esclarecer por que não temos tido o poder de
Deus num nível bem maior, num nível em que demônio ou princi-
pado algum possa nos resistir; num nível em que a sua resposta às
nossas orações seja rápida e com poder.
Temos, então, buscado o Senhor de um modo insuficiente
- ou, quem sabe, até mesmo errado? Sim, esta é a conclusão a
que chegamos, uma vez que esta mensagem é para nós. E Deus
começa agora a nos esclarecer toda a situação. Veja, então, o que
Ele tem a nos dizer.
A Religiosidade no Jejum
O Senhor disse, através de Isaías:
“Eis que, no dia em que jejuais, cuidais dos vossos próprios
inleresses e exigis que se faça todo o vosso trabalho. Eis que
jejuais para contendas e rixas e para ferirdes com punho iní-
quo; jejuando assim como hoje, não se fará ouvir a vossa
voz no alto. Seria este o jejum que escolhí, que o homem um
dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça como o junco e estenda
debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum
e dia aprazível ao S enhor ?” (Is 58:4-5)
Q ue tipo de jejum eles faziam? Eles ficavam sem comer e se
afligiam, e faziam uso de um pano de saco (como vestimenta) e
cinzas, de forma que todos pudessem ver que estavam jejuando.

81
SANTIDADE E PODER

Hans Walter Wolff diz:


“ O pregador, cujas palavras estão em Isaías 58, faz uma
distinção entre os jejuns que Israel fazia e aqueles que
agradavam a lahweh. Israel observava jejuns nos quais o
homem ‘curvava a cabeça como um junco e se deitava
sobre a bolsa e a cinza’ (Is 58:5). lahweh, entretanto,
esperava um dia de arrependimento.” 8
Tendo a aparência de estar praticando o jejum, na verdade
eles viviam um dia normal. De facto, o jejum deles era apenas um
“ regime” alimentar... O Dr. Shedd comenta este versículo dizendo:
“Jejuar de forma externa, sem ter coração arrependido,
só traz irritação e canseira ao homem. Não o prepara
para a comunhão com Deus.” 9
E O Novo Comentário da Bíblia diz, com respeito à situação
em que o povo vivia:
“ Existia uma fachada externa de religião, mas o seu
coração (do povo) andava longe de Deus; os pretensos
adoradores procuravam-se apenas a si próprios e tudo
quanto faziam.” 10
O uso de pano de saco era para que os homens vissem que
a pessoa estava praticando um jejum. Para que, ao verem a pessoa,
a exaltassem: “ Como ele é espiritual, está praticando jejum !” E o
orgulho da pessoa era alimentado. Concordando com Isaías, que
condena esta postura, Jesus foi muito claro, ao dizer:
“ Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os
hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer
aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já
receberam a recompensa. Tu, porém, quando jejuares, unge
a cabeça e lava rosto, com o fim tx não parecer aos homfns quf
IEJUAS, e sim ao teu Pai, fm secreto ; e teu Pai, que vê em
secreto, te recompensará.” (Mt 6 :1 6 1 8 ‫)־‬
O que significa essa expressão de Isaías sobre o pano de
saco e cinzas, em nossos dias? Significa tudo o que poderá fazer
com que os homens saibam que estamos jejuando!
8 Wolff, Hans Walter - Bíblia Antigo Testamento; Ed. Teológica, S. Paulo, SP: pp. 103-4.
9 A Bíblia Vida Nova; Antigo Testamento, p. 740, nota ref. ao v. 4.
10 O Novo Comentário da Bíblia - ed. por F. Davidson e Russell R Shedd; Edições
Vida Nova, vol. II, p. 736.
82
HÁ UMA MENSAGEM URGENTE DE DEUS PARA NÓS

Tenho visto crentes dizendo, até mesmo publicamente: “ Estou


em jejum .” O que decorre disso? Estão fazendo com que os
homens vejam que estão jejuando! O jejum, disse Jesus, deve
ser algo secreto. Mas, ao falar que está jejuando, a pessoa está
quebrando esse segredo, abertamente. Assim, com respeito aos
que não mantêm em secreto o seu jejum , “ e/es já receberam a
recompensa
Voltemos ao texto de Isaías. Além disso tudo, o Senhor diz
que eles levavam uma vida normal, nos dias do seu jejum. Faziam
todo o seu trabalho, como de costume, e ainda chegavam a se
meter em “ contendas e rixas” , como narra o texto. Em conclusão,
eles apenas ficavam sem comer, mas era pura religiosidade.
“Sería este o jejum que escolhí” - diz o Scni ior. - “ Chamarias
tu a isto jejum e dia aprazível ao S en h o r ?" ( v . 5)
De facto, o texto põe diante de nós uma questão muito
importante: jejuar para o Seni ior é simplesmente ficar sem comer?
Pelo que vemos, a resposta é não. Ficar sem comer pode ser um
meio pelo qual podemos cumprir um determinado objetivo, mas
não é o objetivo em si!
Tenho visto também, na igreja do Senhor, muitos e muitos
casos de crentes que me dizem estarem fazendo um jejum “ para
tal e tal propósito...” Com isso, além de quebrarem o segredo do
jejum, eles dizem que apenas estão deixando de comer, durante
algum tempo, ou então estão tirando uma refeição, durante um
período de tantos dias, ou estão “ fazendo o jejum de Daniel” ,
não comendo "manjar desejável, nem carne nem vinho” por 21 dias.11
Mas se isso é feito numa situação em que o seu dia a dia em
nada mudou, em que a pessoa não buscou o Senhor de um modo
especial, então não foi exatamente isso que Deus questionou,
quando disse: “ Cuidais dos vossos próprios interesses ... Seria este
o jejum que escolhí?”
Vejamos que, no caso de Daniel, o texto bíblico esclarece-
-nos que de facto ele não ficou apenas sem comer carne e manjar
desejável. No fim do seu jejum, quando ele recebeu a visita do
anjo do Senhor, este lhe disse:

11 Daniel 10:3.
83
SANTIDADE E PODER

“ Desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a


compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram
ouvidas as tuas palavra:s.” (Dn 10:12)
Isto é, desde o primeiro dia do seu jejum, o que ele fez
foi buscar de coração o Senhor, humilhando-se diante dele. Sim,
Daniel não teve 21 dias normais. Ele não ficou simplesmente
com um regime alimentar especial. Ele aplicou o seu coração a
compreender a vontade de Deus, a humilhar-se perante E li:. Desse
modo, suas orações foram ouvidas!
No Antigo Testamento o jejum tinha o propósito de quebrar,
no mundo espiritual, a causa de um mal que estavam enfrentando.
O problema era geralmente a ação dos inimigos de Israel, por
causa do pecado do povo, indo após outros deuses, fazendo o
que era errado aos olhos do S e n h o r . Assim, em várias ocasiões,
foi apregoado um jejum de arrependimento, de confissão de
pecados, humilhando-se todos na presença de Deus.12
E Deus aceitava o arrependimento, interrompendo o direito
do inimigo agir. Além desses jejuns que eram feitos por iniciativa
de homens, há no Antigo Testamento apenas um único jejum que
foi estabelecido por Deus. E o que a Bíblia Vida Nova destaca,
dizendo:
“O único jejum imposto aos israelitas na lei era o do grande dia
da expiação (Lv 16). Isto quer dizer que o jejum se relaciona
com o arrependimento e com o perdão divino, assumindo
novas diretrizes, segundo a graça do S e n h o r .” 13
Sim, o jejum sempre foi um meio de se expressar arrependimento,
para receber o perdão de Deus dos pecados cometidos. Mas o
verdadeiro jejum, diz Isaías, é aquele que promove uma alteração
total no interior do homem. Dele faz parte não somente o
arrependimento, mas muito mais, conforme veremos.
Que diferença, em relação aos casos em que crentes têm
feito jejum simplesmente deixando de comer!
O que acabamos de ver é tão importante que deve ser posto
em destaque:
12 Por ex., com Josafá (2Cr 20:3); com Esdras (Ed 8:21-23); com os ninivitas (jn 3:5).
13 Bíblia Vida Nova, Antigo Testamento, p. 740, nota ref. ao v. 5.
84
HÁ UMA MENSAGEM URGENTE DE DEUS PARA NÓS

O jejum que agrada a Deus deve ser feito em secreto, e não


é um jejum em que simplesmente deixamos de comer: temos
que buscar a presença de Deus, em arrependimento, de um
modo especial. (Observação 17)

Esta ó uma palavra muito séria, e que nos atinge em cheio!


Pois na maioria das vezes em que nós, povo de Deus, temos jejuado,
tem sido assim - ficamos apenas sem comer. Na verdade temos
praticado apenas um ato de religiosidade.
Seria de mais valia, espiritualmente falando, se buscássemos
em secreto intensamente o Senhor durante os dias do nosso jejum
e, em vez de ficar sem comer, fizéssemos o “ jejum de Neemias” :
“/de, com ei carnes gordas, tomai bebidas doces e enviai porções
aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é
consagrado ao nosso S enhor; portanto, não vos entristeçais,
porque a alegria do S enhor é a vossa força.” ( Ne 8:10)

Sim, é melhor passar um dia comendo, mas estando em


consagração ao Senhor, do que ficar sem comer, não permane-
cendo em consagração ao Senhor!
ή:

Vimos neste capítulo a importância desta mensagem, que


o Senhor está nos trazendo, e que vai mostrar por que nossas
orações não estão sendo sempre respondidas. E uma mensagem
para nós que buscamos o Senhor dia a dia, nós que temos prazer
em saber os caminhos de Deus, que praticamos o que é reto, que
consultamos o Senhor sobre o que devemos fazer, que temos
prazer em chegar à sua presença.
E a mensagem, diz o Senhor, objetiva “ mostrar ao meu povo
a sua transgressão ... os seus pecados.”
E vimos que Isaías nos exorta a praticarmos um jejum que
não seja visto pelos homens, durante o qual, em arrependimento,
busquemos o Senhor de um modo especial. E deste modo que
Ele vai nos mostrar as nossas transgressões, os nossos pecados.
Como é esse modo especial?
É o que ele agora passa a nos ensinar.

85
SANTIDADE E PODER

A mensagem prossegue mostrando exatamente isso, como


deve ser esse modo especial de buscarmos o S e n h o r , em arre-
pendimento. Será assim que cresceremos em unção e, portanto,
no poder de Deus em nossa vida.
É o que vamos ver nos próximos capítulos.

86
δ
Soltando as Ligaduras da
Impiedade
“Porventura, não é este o jejum que escolhí: que soltes
as ligaduras da impiedade ...” (Is 58:6a)

A interpretação tradicional desta escritura é que, tendo Deus declarado


que o seu povo fazia jejuns que eram simples atos de religiosidade, E le
agora começa a mostrar que vale muito mais, espiritualmente,
uma vida que agrade a Deus pela prática da justiça.
Assim comenta ). Ridderbos:
“A primeira coisa que o profeta exige é que eles se abs-
tenham de toda forma de injustiça e opressão. Ele fala deste
assunto através de imagens de natureza um tanto genérica.
As “ ligaduras da impiedade” ... não precisam ser interpre-
tadas literalmente, mas indicam em geral o costume de pri-
var outrem da sua liberdade. A forma mais comum dessa
opressão era quando os credores escravizavam os filhos
dos devedores insolventes (2Rs 4:1). Algumas vezes o próprio
devedor, juntamente com a sua esposa e filhos, sofriam esta
sina (Dt 15:12). ... Por lei esses escravos da dívida deviam
ser libertados no início do sétimo ano. ... Mas existia uma
forte tendência, entre os ricos, de ignorar esta obrigação.” 1
Esta interpretação é totalmente válida para aquele que
ouvisse a mensagem do profeta em seus dias. E claro, podemos
entender que, ainda hoje, há formas de opressão - como no
caso de patrões que oprimem seus empregados com trabalhos
excessivos, ou que os exploram com baixos salários.
Tais formas de opressão são incompatíveis com uma vida
de santificação. Mas, conforme destaque¡ na introdução desta
Terceira Parte, agora podemos ter uma interpretação espiritual que
não era acessível naquele tempo. Espero que o Espírito Santo
confirme em seu coração o que passo a expor, a seguir.
1 ). Ridderbos - Isaías, Introdução e Comentário: Ed. Vida Nova, 1986, p. 474.
87
SANTIDADE E PODER

O Sentido Espiritual das Ligaduras da Im piedade


Faço parte de um ministério de aconselhamento,2em que normal-
mente temos de fazer libertação e cura interior. Quando ministra-
mos uma pessoa - crente em Jesus - geralmente a primeira coisa
que fazemos é pedir-lhe que faça uma reniíncia bem detalhada
de todos os envolvimentos com o reino das trevas que ela teve no
passado. Em arrependimento, a pessoa pede perdão pelos seus
pecados, para os quais nunca tinha pedido perdão a Deus.
A isso alguns chamam de “ quebra de vínculos” , que é a
mesma coisa a que o texto de Isaías está se referindo com a frase
“ soltar as ligaduras da impiedade” . Essas ligaduras já foram men-
Clonadas anteriormente, quando tratamos do nosso velho homem
(Observação 7). As ligaduras de impiedade são “ amarras” que nos
ligam ao diabo, em consequência do pecado.
A renúncia e o pedido de perdão são feitos num aconselha-
mento de libertação e cura interior porque, antes da expulsão
dos espíritos que estejam oprimindo a pessoa, convém quebrar
o direito legal que eles têm sobre a vida dela. E necessário fechar
as brechas espirituais que tinham sido abertas no passado, para que
esses demônios não possam voltar depois.
Este ponto é exaustivamente abordado em meu livro Vida em
Abundância; contudo farei um resumo do que lá está exposto, para
que agora possamos relacionar essas práticas de libertação com o
nosso texto de Isaías.
Quando Deus nos diz que o verdadeiro jejum começa por
soltar as ligaduras da impiedade, ele está dizendo que temos que
procurar saber quais são as ligaduras de impiedade ainda existentes
em nós.
Em outras palavras, temos que, com a ajuda do Espírito Santo,
procurar ver quais foram os pecados que cometemos no passado
pelos quais nunca pedimos perdão ao S e n i io r e que, portanto, ain-
da nos prendem, isto é, nos amarram espiritualmente. Pois “ liga-
duras” são aquelas coisas que nos amarram, e que precisam ser
soltas. E “ impiedade” significa todo ato pecaminoso que pratica-
mos, tudo que não é conforme a natureza de Deus.

2 Ministério Agape Reconciliação, dirigido pela Dra. Neuza Itioka.


88
SOLTANDO AS LIGADURAS DA IMPIEDADE

Se no mundo físico houver amarras em nós, isso significa


que algum poder nós não teremos. Quem está com os pés
amarrados, por exemplo, não pode caminhar. Quem tem os
braços amarrados, não pode fazer nada com eles. Se até mesmo
dois dedos da nossa mão direita estiverem amarrados, isso nos tirará
o poder de fazermos muitas coisas! O mesmo se dá no mundo
espiritual. Amarras espirituais tolhem o nosso poder espiritual.
Tendo uma visão espiritual do texto, Isaías nos diz então
que, por causa do pecado, há amarras (ou ligaduras) em nós, que
precisam ser desfeitas. Lembre-se de que a mensagem é para nós,
que zelamos pela nossa vida com o S lni io r , conforme vimos. Essas
amarras, ou ligaduras espirituais, nos impedem de exercer algum
tipo de poder espiritual. Por isso elas precisam ser desfeitas!
Quando estamos buscando este jejum verdadeiro, que nos
dará poder espiritual, o primeiro ponto, então, é este: temos
que soltar as ligaduras da impiedade! Em outras palavras, isso que
ministramos aos que buscam libertação, temos que fazer também
em relação a nós mesmos.
Com o Soltar as Ligaduras da Im piedade
Neste jejum o primeiro ponto, então, é identificar as ligaduras da
impiedade, essas amarras espirituais ainda existentes em nós, para
soltá-las, em seguida. Como é que essas ligaduras da impiedade
são desfeitas? Foi o apóstolo joão que nos mostrou muito bem
que isso se faz pela confissão do pecado, pedindo perdão a Deus:
“Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos
nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos
os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os
pecados e nos purificar de toda in j u s t iç a (1 Jo 1:8-9)
Estes são dois versículos cuja importância não tem sido vista
por muitos, na Igreja de Cristo. Normalmente são citados numa
pregação e van g e lista; mas isso é citá-los fora de contexto, porque
se referem ao que o apóstolo está dizendo para crentes.
E, veja, ao usar o verbo na primeira pessoa do plural, João
está incluindo-se nestas palavras. Ele está dizendo que tanto ele,
o apóstolo, como os crentes a quem ele estava escrevendo, têm
de reconhecer que têm pecado que ainda não foi confessado. Há
contaminações dentro de nós que precisam ser purificadas.
89
SANTIDADE E PODER

Isto significa que, se nunca confessamos esses pecados a


Deus, temos que confessá-los, pois o Senhor é fiel e justo para nos
perdoar e n o s p u r if ic a r de todos eles, o u s e ja , de toda injustiça
que ainda se ache em nós!
A necessidade de confessarmos os nossos pecados não tem
sido de facto bem compreendida. E por isso não tem sido ensinada
em nossas igrejas. Mas João deixa bem claro: nós, crentes em
Cristo, temos que pedir perdão, pois somente assim é que, no velho
homem, seremos “ purificados de toda injustiça” que praticamos
no passado. O que ocorre é uma visão errada do versículo:
“f, assim , se a lgu ém está e m C risto , é n o va cria tu ra ; as co isa s
antigas já p a ssa ra m ; eis q u e s e fizeram n o v a s .” (2Co 5:17)

Eu mesmo, por muito tempo, perguntei a Deus: Senhor,


por que é que o apóstolo João nos pede para confessarmos os
nossos pecados do passado, para sermos perdoados? Pela obra da
cruz eu já não fui perdoado de t o d o s os meus pecados? As coisas
antigas já não passaram? Então senti que o Senhor me respondeu:
“Quando você se converteu, você nasceu de novo. Nasceu
o novo homem, o homem espiritual (em que o Espírito
de Deus habita). E o novo homem que está em Cristo, é
ele que é nova criação, é em relação a ele que as coisas
antigas já passaram. Ele é totalmente puro. Mas o velho
homem em você ainda está contaminado. Ele pode ter
contaminações no corpo (enfermidades), na alma (feridas
e impurezas da alma) e no espírito (espíritos impuros).” 3
Com efeito, os pecados que cometemos não têm efeito
algum sobre o nosso novo homem (pois não foi ele que pecou), e
sim sobre o velho homem. E o Senhor nos vê como o novo homem,
por isso Ele nos vê sem pecado algum.4 Portanto, a necessidade de
confessar os pecados que, como crentes, cometemos, não é para
sermos salvos (pois já somos uma nova criatura, lavada e remida
pelo sangue do Cordeiro, pura e sem pecado, o novo homem, o
homem espiritual); mas é para purificar o nosso velho homem,
pois ele está sujeito à contaminação, e essa contaminação dá direito
ao inimigo de agir contra nós. São as ligaduras de impiedade, nas
3 1 Tessalonicenses 5:23; 2 Corintios 7:1.
4 Conforme a Observação 6.
90
SOLTANDO AS LIGADURAS DA IMPIEDADE

palavras de Isaías. Assim, é necessário que nos purifiquemos (o


nosso velho homem), o que se faz através do arrependimento, da
confissão a Deus e do pedido de perdão.
Na verdade, quando nos purificamos, quando soltamos as
ligaduras da impiedade que se achavam em nós, o que ocorre é
o processo que a Biblia chama de santificação.
Paulo nos diz que o processo da nossa santificação consiste
em nos purificarmos de toda impureza em nosso interior (da carne,
isto é, de toda impureza que se acha em nossa alma; e também
das impurezas em nosso espírito), que estão obviamente em
nosso velho homem:
“Purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do
espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus.‫״‬
(2Co 7:1)

A nossa santificação é o processo de purificarmos a


nossa alma e o nosso espírito de toda impureza
espiritual. (Observação 18

Veja então que, conforme já destaque¡ no livro Plena Paz,’


a santificação tem mais a ver com o nosso passado do que com
o nosso futuro.
Crescer em santificação não é deixar de pecar daqui para a
frente, pois, se bem que desse modo o nosso grau de santificação
não diminui, ele também não aumenta. Para que a nossa santifi-
cação aumente, são necessárias duas coisas:
(1) Limparmos de nós as sujeiras espirituais que já estão em nós -
em nossa alma e em nosso espírito, e que resultaram de nossos
pecados do passado ainda não confessados. Pois somente assim
aperfeiçoamos a nossa santidade, de acordo com o versículo acima.
(2) Não voltarmos a nos sujar de novo, isto é, não voltarmos a pecar!(>
Temos que limpar então as impurezas espirituais que se acham
em nós, mais precisamente no velho homem, pois o novo homem,
aquele que é nascido de Deus, é totalmente puro (conforme
vimos no Capítulo 3, e está destacado na Observação 6).5 6
5 No Capítulo 4, à página 72.
6 C onform ei Tessalonicenses 5:23.

91
SANTIDADE E PODER

Concluímos assim que o nosso problema é o nosso velho


homem. Nele há impurezas, que precisam ser despojadas, para
que o poder de Deus possa fluir através de nós. A Bíblia está
cheia de comandos neste sentido, como, por exemplo:
“Agora, porem, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira,
maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar ...”
(Cl 3:8)
Despojar-se, segundo o dicionário do Aurélio, significa
"despir-se” .7 No grego o verbo é apotlthemi, no imperativo. O
sentido é, então, "despi-vos” , tirai essa roupa suja...
Mounce, em seu Léxico do Grego do Novo Testamento,
indica que, além de “ despir-se” esta palavra pode ter o sentido
figurado de “ rejeitar" ou “ renunciar” ,8 como na seguinte escritura,
em que este mesmo verbo é traduzido por "rejeitar” :
“ Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das
armas da luz." (Rm 1 3 :1 2b - rc , sbtií)
O sentido é que há uma sujeira em nós que precisa ser
renunciada, rejeitada; é uma "roupa suja” que temos que tirar
e lavar. Assim, despojar-se dessas coisas não significa “ deixar de
praticar” , daqui para a frente, essas coisas; é purificarmo-nos,
tirando essa "roupa suja” que estava em nós.
Quando vamos nos despojando das sujeiras do nosso velho
homem, o que acontece é que o homem natural em nós vai sendo
despojado (desvestido) e assim vamos nos revestindo do novo
homem, do homem espiritual, que é puro. Isso quer dizer que
então aquelas contaminações que estavam em nosso interior não
mais estarão em nós. Foi isso mesmo que Paulo disse:
“Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem,
que se corrompe segundo as concupiscências do engano ...
e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em
justiça e retidão procedentes da verdade." (Eí 4:22,24)

7 Ferreira, Aurélio Buarque Holanda - Novo Dicionário da Língua Portuguesa; Edi-


tora Nova Fronteira, Rio de Janeiro; verbete “despojar” na forma pronominal.
8 Cf. William D. Mounce in “The Analytical Lexicon to The Creek N. I ; Zondervan,
Grand Rapids, Michigan (verbete άποτίΟημι), p. 95. Este mesmo verbo é usado
em Atos 7:58, com o sentido de tirar as vestes, no caso de Estêvão (quando as
colocaram aos pés de Saulo).
92
SOLTANDO AS LIGADURAS DA IMPIEDADE

É o Sangue do Cordeiro Que Nos Purifica


Voltemos agora ao texto de Isaías. Quando ele diz que temos que
desligar as ligaduras da impiedade, ele está dizendo exatamente
isso: agora, na Nova Aliança, precisamos tirar do nosso interior as
impurezas que estão em nossa alma e em nosso espírito, que ainda
nos prendem ao nosso inimigo. Essas impurezas entraram em nós
através do pecado, e somente podem ser lavadas por meio do
sangue do Cordeiro;9 e para isso temos que confessar os nossos
pecados. E assim que ocorre a purificação, diz João.
Faz parte então do verdadeiro jejum buscarmos a iluminação
do Espírito Santo sobre que pecados, no passado, foram por nós
praticados, e pelos quais específicamente nunca pedimos perdão.
E, uma vez tendo essa direção, o passo seguinte é confessá-los,
pedindo perdão ao Slniior em real arrependimento.
Veja que o nosso jejum baseia-se no arrependimento, o
mesmo objetivo que Deus teve ao estabelecê-lo na Lei. E, com
a luz do Novo Testamento, sabemos que, com a confissão, o
Sf.niior nos purifica totalmente, por causa do sangue derramado
na cruz.
Essas ligaduras da impiedade estarão desfeitas. Não
ficaremos mais amarrados por elas, com respeito aos pecados
confessados.
E todo o poder espiritual que em nós estava amarrado por
causa dessas ligaduras agora estará à nossa disposição!
* * * * *
Concluindo este capítulo, vamos colocar em destaque este
ponto básico, pois ele é muito importante:

Quando desligamos em nós as ligaduras da impiedade,


através do arrependimento e confissão de pecados, pedindo
perdão a Deus, o poder espiritual que estava amarrado, por
causa dessas ligaduras, agora estará à nossa disposição!
(Observação 19)

9 “Estes são os q u e ... lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.”


(Ap 7:14). Ver também 1 João 1:7.
93
SANTIDADE E PODER

Bem, se agora o Espírito Santo lhe mostrou que há pecados


em sua vida que nunca foram confessados, havendo então ligaduras
de impiedade para serem desligadas, por que não fazer isso já?
O re ao S e n h o r , pedindo perdão com suas próprias palavras
por esses pecados. E aplique nessas áreas da sua vida o sangue do
Cordeiro, que nos lava, nos purifica de toda sujeira espiritual.
E saiba que, deste modo, o seu nível de unção, de poder
espiritual, será aumentado. Anote ainda esses pecados pelos
quais você pediu perdão, porque no final do próximo capítulo
será necessário fazer mais alguma coisa em relação a eles.
Mas não “ pule” diretamente para lá. Não deixe de ler todo
o capítulo a seguir, desde o seu início.

94
9
Desfazendo as Ataduras
da Servidão
“Porventura, não é este o jejum que escolhí: ... que
desfaças as ataduras da servidão ..." (Is 58:6b)

As mesmas considerações que fizemos no início do capítulo anterior


são válidas aqui também. Podemos interpretar as palavras acima
como sendo uma ordem dada ao povo nos dias de Isaías para que
cessasse toda escravidão.
O Novo Comentário da Bíblia, com sua interpretação trad¡‫־‬
cional do texto, explica esta escritura, dizendo:
“ Libertação de escravos, remissão de dívidas, distribuição
de bens entre os necessitados, e outros atos semelhantes,
eis o que agrada a Deus e acarreta a sua graciosa bênção.” 1
C o ntud o , com o já disse, podem os entend er a escritura
acima com um novo enfoque, à luz do contexto espiritual desta
mensagem de Isaías em que Deus está nos ensinando como deve
ser um verdadeiro jejum .
O S e n h o r não está simplesmente dizendo que não basta je-
juar se não vivermos uma vida em piedade. Ele está nos mostran-
do com o deve ser feito um jejum que, purificando-nos, terá como
efeito a transformação da nossa vida, de forma a não mais prati-
carmos a injustiça por uma imposição externa (obedecer ordens
de Deus), mas sim por uma motivação interna (o nosso coração,
estando puro, nos fará naturalmente vivermos uma vida reta).
E, através deste jejum, estaremos nos capacitando cada
vez mais espiritualmente para enfrentar o inimigo e ver nossas
orações sendo respondidas.

1 Op. cit., vol. II, p. 736.


95
SANTIDADE E PODER

Esta urgente mensagem de Deus através de Isaías continua


agora com uma frase que é bem parecida com a anterior, mas
que é totalmente diferente. Depois de soltar as ligaduras da impie-
dade, agora a palavra é que desfaçamos as ataduras da servidão.
No capítulo anterior vimos que “ soltar as ligaduras da impie-
dade” é também a primeira coisa que normalmente fazemos numa
rninistração de libertação e cura interior, ou seja, a “ quebra de
vínculos” , que é a confissão e o pedido de perdão dos pecados
praticados que até então não tinham sido confessados perante
Deus. Sabe o que normalmente fazemos, logo em seguida? Fazemos
a expulsão dos espíritos malignos que entraram na vida da pes-
soa, por causa daqueles pecados. E, conforme passo a explicar, é
exatamente isso que significa “ desfazer as ataduras da servidão” !
De início quero observar que a palavra “ servidão” 2aqui seria
melhor traduzida por “opressão” , ou “ jugo” , o que exprime uma ação
por parte dos inimigos. O sentido no hebraico é de inimigos que po-
dem subjugar, impor a sua vontade, impor um jugo, e até mesmo
escravizar. Não é a “ servidão” de um servo que é pago, mas é a
servidão de quem é roubado, de quem é subjugado pelo inimigo.
Pois bem, primeiro o Senhor mostrou a Isaías que o povo
estava com ligaduras de impiedade por causa do seu pecado,
0 que lhe diminuía o poder espiritual, conforme vimos. Mas
agora diz que eles também tinham ataduras de servidão, isto é, o
povo de Deus de algum modo estava oprimido, subjugado e até
escravizado. Essas ataduras simbolizam a ação opressora de um
inimigo espiritual, num grau muito maior.
Não se esqueça, porém, de que esta mensagem é para você.
Portanto, o Senhor está dizendo que há ataduras de servidão
em sua vida, leitor, pois elas decorrem dos pecados que foram
cometidos no passado. Elas já foram mencionadas, em nosso
estudo do velho homem, como sendo uma das contaminações
que nele há (Observação 7). Pois bem, o Senhor então está
dizendo a nós, seu povo, que ainda estamos debaixo de alguma
servidão espiritual, que pode ser a nível de opressão, jugo, ou até
mesmo escravidão. Há um inimigo atuando em nossa vida.1
1 Em hebraico, ‫( מלטה‬mota) - cf. Dicionário Hebraico-Portugués, ria Ed. Sinodal
(S. Leopoldo - RS) e Vozes (Petrópolis RJ).
DESFAZENDO AS Λ IADURAS DA SERVIDÃO

A Situação de Estar Sob a Ação de um Inimigo


No Novo Testamento vemos a confirmação de que é isso mesmo
que acontece em decorrência do pecado, pois há duas afirmações
neste sentido que são muito interessantes, uma feita pelo apóstolo
João, e outra pelo próprio Senhor Jesus. Vamos citá-las e analisa-
-las conjuntamente. Estas duas afirmações são:
“ Em verdade, em verdade vos digo: todo o que com ete
pecado é escravo do pecado ." (João 8:34)
“ Quem com ete o pecado é do diado ." (1 Jo 3:8 - a rc , sbtb,

IBB, BJ, CNBB, NVl)3

Viu? O Senhor Jesus nos diz que todo aquele que comete
pecado fica na condição de escravo, e portanto passa a ter um
senhor sobre si. E João nos diz quem é esse senhor, que tem a
posse sobre a pessoa que pecou: é o diabo.4
Portanto, vemos que, pela prática do pecado, damos um
direito de posse ao diabo. Ele passa a ter direito em nossa vida
sobre a área relacionada com aquele pecado. E a “ casa” que ele fica
tendo naquele que praticou o pecado.

O Q u e Significam as Ataduras de Servidão


No capítulo anterior vimos que uma ligadura de impiedade pode
nos impedir de fazermos certos movimentos. Isso restringe um
pouco o nosso poder de ação. Mas uma atadura de servidão
atinge a nossa vontade, pois uma opressão, um jugo ou uma
prisão que o inimigo nos impõe restringe a nossa liberdade de
ação, submetendo-nos à vontade de una “ senhor” . A perda de
poder nessa área pode chegar a ser total.
Quando Isaías nos revela, então, que temos que desfazer
as ataduras da servidão em nossa vida, ele está dizendo que
precisamos nos livrar da condição de estarmos em submissão a
certos “ senhores” que, na verdade, são espíritos malignos. E é
isso que fazemos numa ministração de libertação.
3 A CNBB e a NVl têm uma ligeira diferença: ‘1Aquele que pratica o pecado é do Diabo.”
4 No livro Vida em Abundância (no Capítulo 7) discorro mais extensivamente sobre
este ponto, mostrando inclusive que a tradução de 1 )oão 3:8 acima está correta,
de acordo com o original grego.

97
SANTIDADE E PODER

Depois de desligar as ligaduras da impiedade (o que havia


dado direito legal aos demônios), então expulsamos esses demô-
nios, em nome de Jesus, acabando com o seu senhorio sobre a
pessoa, pondo fim à servidão que havia naquela área da sua vida.
Com a confissão (rom pim ento das ligaduras da im piedade) o
demônio fica sem o direito que ele havia conquistado através do
pecado. Com a expulsão, ele fica sem a “ casa‫ ״‬em que habitava,
pois o mandamos embora. E, desse modo, ele não poderá voltar
“ para a sua casa” ,5* pois a casa não é mais dele!
Assim, para recuperarm os o poder espiritual que o diabo
roubou de nós, cerceando até mesmo a nossa vontade, e obri-
gando-nos a fazer a vontade dele nas áreas sob o seu domínio,
temos que desfazer essas ataduras! Temos que nos libertar dele.
Isso é confirmado pelo apostolo Paulo:
“ Instruindo com mansidão os que resistem, a verse porventura
Deus lhes dará arrependim ento para conhecerem a verdade,
e tornarem a despertar, desprendendo -se d o s ia ç o s d o diabo ,
EM QUE À VONTADE DEEE ESÍÀO PRESOS. ” (2Tm 2:25-26 - SB TB, AR(:)

Paulo informa-nos que muitos crentes estão “ dormindo” ,


isto é, não estão vendo a realidade de que ainda estão presos
em alguns laços do diabo. Esses precisam conhecer a verdade
e precisam despertar, arrependendo-se dos pecados que ainda
os prendem. E como se ele estivesse dizendo: “ Acordem! Vejam
que vocês estão presos em algumas áreas da sua vida e estão
fazendo a vontade do diabo!”

Libertando-nos das Ataduras de Servidão


Tenho observado que muitos crentes encontram-se de facto nessa
situação de servidão, e nem mesmo se dão conta disso. Estão
“ dormindo” , como diz Paulo.
Um caso muito comum é estarem sob a ação do demônio
da gula, e comem demais. Ceralmente, por causa disso, são mais
gordos do que o normal. Mas são escravos desse pecado, ou seja,
do demônio da gula. E assim comem demais, pois este é o desejo
desse demônio/’
5 Ver Mateus 12:43-44.
f> Essa compulsão faz com que a pessoa rliga: “Não consigo me controlar!”
48
DESFAZENDO AS ATADURAS DA SERVIDÃO

Isso vai permitindo que o espírito maligno vá lhe roubando


a saúde. Um dos fatores de risco do enfarte é a obesidade excessiva,
como sabemos. O objetivo do demônio é sempre roubar, matar
e destruir.
O jejum que agrada a Deus é, neste segundo passo, fazermos
uma autoanálise profunda, procurando discernir se não há uma
área em nossa vida que esteja sob a posse ou controle de um
espírito maligno, ou seja, para ver se não há uma atadura de servidão
que esteja nos impossibilitando de atuar com o poder de Deus.
Pelo que vimos, se há pecados por nós cometidos pelos
quais nunca pedimos perdão - principalmente se foram intensos
ou muitas vezes repetidos - então há ligaduras de impiedade em
nós que, por sua vez, permitiram a ação de espíritos impuros que
nos impuseram ataduras de servidão. Portanto, podemos dizer:

O pecado gera ainda ataduras de servidão, tornando-nos


escravos de senhores que são espíritos malignos, cerceando
assim nosso poder espiritual através do controle da nossa
vontade. (Observação 20)

Normalmente, por não terem esta visão, os crentes não


fazem esta análise. Mas são muitas as áreas que podem estar sob
uma opressão e até mesmo escravidão espiritual.
Além da gula, que já citei, posso mencionar ainda, como
exemplos, as seguintes áreas em que ocorrem ataduras de
servidão, na vida de muitos:
■ Mentira (a pessoa mente com relativa frequência).
■ Palavras torpes (quando vê, já saiu um palavrão, ou tem que
ficar controlando para que não “ escape” nenhum).
■ Falar mal dos outros.
■ Fortes opressões na área sexual.
■ Compulsão a ver pornografia.
■ Sexo oral ou anal (mesmo dentro das famosas quatro paredes
do matrimônio - isso é pecado!);7 - para não dizer oulras
impurezas de ordem sexual...
■ Prática de jogos, tais como loterias, megassena, etc.

7 Veja o que digo a respeito no livro Vida em Abundância, no Capítulo 4.


99
SANTIDADE E PODER

■ Compulsão a jogos de RPC e a videogames violentos.


■ Sonegação de impostos.
■ Retenção do dízimo e não dar ofertas ao Senhor.
■ Orgulho (até mesmo “ espiritual” ).
■ Controle e manipulação de pessoas.
■ Cigarro, álcool, drogas e outros vícios.
■ Medo ou tristeza em grau elevado.
■ Precária situação financeira.
■ Críticas e murmurações; e assim por diante.”
Veja que todas essas situações são típicas de ataduras de
servidão, das quais temos que ser libertos. São comportamentos
que fogem do controle da pessoa, chegando até mesmo a serem
compulsivos, e que ocorrem com relativa frequência. Portanto,
para você ter poder espiritual, para que suas orações sejam
respondidas - diz o Senhor através de Isaías - , você tem que se
libertar de toda atadura de servidão.
Interessante ainda é que no mesmo capítulo 8 de João, logo
depois de Jesus ter dito que quem pratica o pecado é escravo do
pecado, ele declara:
“Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres."
(Jo 8:36)
A nossa libertação tem que ser apropriada, tal como temos
que fazer em relação a todas as demais bênçãos espirituais, conforme
vimos na Observação 4. Jesus deixa isso bem claro: ele coloca um
“ se” . “ Se o Filho nos libertar, seremos livres.”
A libertação não acontece de forma automática. Quando
nos convertemos, nasceu o nosso novo homem, que é puro,
como vimos. Agora - nos diz Isaías - temos que nos apropriar da
libertação de toda opressão do nosso inimigo no velho homem.
Assim, no jejum que agrada a Deus, isto é, na busca de mais
santidade - o que nos propiciará um maior poder espiritual em
nossas orações - é necessário desfazer as ataduras de servidão
em nós. Temos que expulsar todos os possíveis “ opressores” que
possam estar dominando certas áreas da nossa vida.
8 Veja uma lista bem mais extensa dessas situações no Apêndice B do livro Plena
Pai, na tabela “Sintomas da Vontade Contaminada”.
100
DESFAZENDO AS ATADURAS DA SERVIDÃO

Muitas vezes a ação de nossos inimigos é bastante sutil, e


até quase imperceptível. Mas temos que despojá-los. Lembremo-nos
de que, no início da mensagem, Isaías deixou bem claro que a sua
palavra seria aplicável em nossa vida; especialmente em nós que
buscamos a santificação.
No final do capítulo anterior eu lhe pedi que anotasse os
pecados a respeito dos quais o Espírito Santo lhe fez lembrar,
para que você desatasse as ligaduras de impiedade dos mesmos.
Agora será necessário dar mais um passo.
Com respeito a esses pecados, e a outros que ainda o Espírito
lhe tenha revelado, faça uma oração de libertação, expulsando os
espíritos malignos, esses “ senhores” que tomaram essas áreas da
sua vida.
Primeiro, peça perdão pelos pecados que lhe foram
revelados, caso você não tenha feito isso. Depois você poderá
orar mais ou menos assim:91 0
Sen h o r, agradeço-te por me teres purificado dos pecados
... (citá-los), porque tua Palavra diz que, quando os
confessamos, o S e n h o r nos perdoa e nos purifica. Tomo
neste momento toda a autoridade que tenho como
discípulo do S e n h o r Jesus Cristo e ordeno a todo espirito
maligno que tenha entrado em minha vida, por causa
desses pecados: “ Saia agora, em nomo de Jesus,"1 para
nunca mais voltar e nunca mais me oprimir!” Expulso assim
esses senhores e rompo todas as ataduras de servidão que
eles mantinham sob controle em minha vida, aplicando a
espada do Espirito.
Purifico ainda a minha v o n t a d e - aplicando o sangue do
Cordeiro - de toda contaminação que nela havia, por
causa dessas ataduras. Declaro que meu único senhor é o
S e n h o r Jesus Cristo, em nome de quem oro, e a quem dou
toda honra, toda gloria e todo o louvor. Amém.

9 No Apéndice D de meu livro Vida em Abundância há uma oração (Grande


Renúncia), em que os principais pecados, de forma bastante abrangente, são
confessados e os espíritos malignos envolvidos são expulsos.
10 Você poderá citá-los também pelo nome: espírito de prostituição, de roubo, de
glutonaria, etc.; ou ainda citando seus nomes culturais: pombagira, tranca-rua,
Lílite, Mamom, etc.
101
SANTIDADE E PODER

No texto que estamos analisando, Isaías revela-nos que


ainda há outras coisas das quais temos que nos libertar.
Prossigamos, portanto, ouvindo e analisando a sua
mensagem, à luz do Novo Testamento.
Até agora foi apenas o começo da sua instrução para nos
capacitarmos espiritualmente, para que o poder de Deus opere
em nossa vida com muito maior efetividade.
Passe agora para o próximo capítulo.

102
‫סו‬
Libertando-nos de Toda
Opressão e Jugo
"Porventura, não é este o jejum que escolhí:... que deixes
livres os oprimidos e despedaces todo jugo?” (Is 58:6c)

No capítulo anterior Isaías nos mostrou que temos que nos liber-
tar dos nossos inimigos, que vinham nos oprimindo e impondo
jugos sobre nós. Será que ele está repetindo o que já disse? Por
certo que não. O facto é que não basta nos libertarmos do inimi-
go, diz Isaías, temos que eliminar to d o o e feito da ação maligna
que ele nos tenha trazido! E há dois efeitos principais, que são a
o p ressã o e o ju g o .
Portanto, antes de mais nada, precisamos compreender
bem o significado do que seja uma opressão e um jugo. E, é claro,
com a abordagem que estamos tendo sobre o texto, trata-se da
opressão e do jugo espirituais.
Entendendo o Q ue É O pressão
Um primeiro versículo que vamos considerar é uma palavra do
apóstolo Pedro, já citada anteriormente, registrada por Lucas no
livro de Atos, quando ele fez um resumo sobre o que foi a vida
de Jesus quando habitou entre nós:
“Como Deus ungiu a jesús de Nazaré com o Espírito Santo e com
poder; o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a
todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele.” (At 10:38)
O que este versículo nos mostra é que, tendo Jesus
curado muitos enfermos em seu ministério, estes são referidos
como o p rim id o s d o d ia b o . Portanto, podemos concluir que as
e n ferm id a d es físicas são uma forma de opressão do maligne).
É claro que Jesus curou pessoas que, tendo uma enfermidade
física, estavam também atormentadas por espíritos imundos, que
foram expulsos. Neste caso, os demônios tanto habitavam na pessoa
(no seu espírito) como também a oprimiam (no seu corpo).
SANTIDADE Γ PODER

Mas há ainda uma outra forma de opressão dem oníaca


registrada nas Escrituras. Estão sob opressão também aqueles que
são afligidos em sua alma - como vemos, por exemplo, nas pala-
vras do salmista:
“Não fique envergonhado o oprim ido; louvem o teu nom e o
aflito e o necessitado." (SI 74:21)
A aflição e o estado de necessitado indicam a existência de
feridas de alma na pessoa. Também lemos:
"...e is que vi as lágrimas dos que foram oprim idos e dos que
não têm consolador." (Ec 4:1 - sbtb , arc )
“ O S enhor será também um alto refúgio para o oprim ido;
um alto refúgio em tempos de angústia. ... não se esquece
do clamor dos aflitos." (SI 9:9,12b - sbtb , arc )
A situação angustiosa dos que choram, a aflição, e outras
condições semelhantes também indicam uma opressão. São situ-
ações decorrentes de atos de injustiça praticados por alguém, que
criam uma “ferida de alma” . E toda ferida de alma é, na verdade, uma
ferida espiritual, pois a alma está na esfera espiritual, e não física.
Dentro da nossa visão espiritual do texto de Isaías, podemos
então concluir que a opressão é o resultado de uma ação maligna
sobre o corpo (enfermidades físicas) ou sobre a alma de alguém
(feridas de alma). E toda opressão tolhe o nosso poder.
E claro, não preciso nem dizer que, quando estamos enfer-
mos, perdemos o poder de fazer alguma coisa. Um sim ples
resfriado, como nos perturba! E aquele que fica num leito, pou-
cas coisas pode fazer.
Também as feridas da alma diminuem o nosso poder. Por
medo, muitos são impedidos de fazer muitas coisas, enfraquecem-
-se; outros, por causa da depressão, por causa da angústia, e
assim por diante:
"Sinto-me muito fraco e totalmente esmagado; meu coração
geme de angústia." (SI 38:8 - nvi)
As enfermidades da alma, porém, além de afetarem o poder
físico, afetam também o poder espiritual, pois Isaías está dizendo
que todos os oprimidos devem ser libertos de sua opressão, neste
jejum que agrada a Deus, neste jejum que aumentará a nossa
unção e o nosso poder espiritual.
104
LIBERTANDO NOS DF TODA OPRESSÃO E |UGO

Para destacar bem a diferença entre o que Isaías está nos


dizendo agora, em relação ao que ele nos disse no capítulo anterior,
veja o seguinte: Lá ele referiu-se aos inimigos que, presentes na
vida de uma pessoa, estão despojando-a, controlando-a, escravi-
zando-a, impondo-lhe a sua vontade.
Aqui ele se refere a uma ação maligna que não tem ne-
cessariamente a presença do espirito maligno, mas que atingiu
a alma da pessoa com todo tipo de síntomas negativos: tristeza,
nervosismo, medo, angústia, ressentimento, ira, pensamentos ¡m-
puros, etc.; e que também atingiu o corpo com enfermidades.
Muitas vezes há, porém, tanto a ferida de alma como a
presença de um demônio na pessoa, tal como pode acontecer no
caso de uma enfermidade física. O exemplo seguinte, extraído
dentre muitos da minha atividade ministerial de cura e liberta-
ção, ilustra com singeleza e concisão o que isso significa.
Um dia eu estava ministrando uma moça que vivia sob um
medo intenso. Em dado momento um demônio manifestou-se e
disse: “ Fu/ eu que pus esse medo nela. E ainda vou acabar com a
vida d e l a É claro que, depois da cura interior, e da quebra do
direito que ele tinha, ele foi expulso, e a moça liberta. Situações
assim confirmam, na prática, que muitas vezes o problema da
alma é paralelo a um problema do espírito, contaminado por um
espírito maligno.1
Libertando-nos de Toda O pressão
Pois bem, voltando para o nosso texto de Isaías, e entendendo
que a opressão é uma ação maligna sobre a alma e sobre o corpo
físico, concluímos que, para que tenhamos o poder de Deus em
nossa vida, temos que ser curados de toda opressão, ou seja:
■ das enfermidades em nosso corpo; e
■ das feridas em nossa alma.
A cura das enfermidades físicas é o que normalmente
chamamos de cura divina. A cura das feridas da alma é o que
comumente designamos por cura interior. E sabemos que a cura
da alma quem realiza também é Jesus. Ele mesmo afirmou:

1 Esta mesma situação ocorre também com enfermidades físicas; algumas vezes,
ao curar uma pessoa, Jesus expulsou um demônio; em outras, fez apenas a cura
da enfermidade.
SANTIDADE E PODER

“ Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu


vos aliviarei." (Mt 11 : 2 8 - arc , s b iií )
Mais uma vez vemos, no texto de Isaías, a recomendação
de um ponto que normalmente cumprimos quando ministramos
alguém no ministério de libertação: a cura interior.2 E isso faz par-
te do processo que nos habilitará a exercer o poder de Deus!
Temos de ser curados de todas as feridas da alma, acaban-
do com toda forma de opressão maligna.3 E, é claro, precisamos
também da cura física de toda enfermidade que nos tenha atin-
gido. Portanto, podemos destacar que:
Faz parte da nossa purificação, para crescermos em
nossa unção, a cura interior da nossa alma, eliminando
toda forma de opressão sobre nós. (Observação 2 1 ‫)־‬

Chegamos agora à parte final do versículo 6 que estamos


analisando. A escritura nos diz que, além de sermos libertos de
toda opressão, temos ainda que despedaçar todo jugo que o
maligno impôs sobre nós. Literalmente, no hebraico o sentido é
de “ romper totalm ente” 4 o jugo que estava sobre nós. Vamos
analisar com maior profundidade o que é um jugo.
O Jugo do Inimigo
Você sabe o que é um jugo? Jugo é aquela peça que é posta
sobre uma parelha de cavalos (ou outro animal) para que eles
puxem uma carga com o peso dividido e ao mesmo passo. Esta
palavra toma então o sentido de “ peso que temos que levar” .
Disso concluímos que o jugo do inimigo é uma carga que ele
coloca sobre nós, obrigando-nos a levá-la.
Assim podemos entender que, quando estamos levando um
peso em nossa vida, obviamente o nosso poder é diminuído. Se
você estiver carregando um grande peso, é claro que uma grande
parte de suas energias são utilizadas para levar esse peso. E o que
resta de energia para você fazer as demais coisas fica reduzido.5
2 E, eventualmente, também a cura física.
3 Este é o assunto de meu livro Plena Paz, que é totalmente dedicado à cura inte-
rior, à cura da alma.
4 No verbo hebraico a forma verbal (en 1 imperfeito) tem um sentido bastante
forte e permanente.
5 Até mesmo o peso excessivo do próprio corpo é um jugo maligno fisicamente
colocado em muitos!
106
LIBERTANDONOS DE TODA OPRESSÃO E JUCO

Da mesma forma, o nosso poder espiritual fica diminuido


quando carregamos um jugo espiritual.
Um animal, no qual foi colocado um jugo, tem ainda que
seguir pelo caminho que Ihe é imposto por quem lhe aplicou
o jugo. Isto nos revela que, num jugo espiritual, a pessoa fica
obrigada a fazer certas coisas que, por sua vontade, não faria.
Mais uma vez convem observar que, numa ministração de
libertação e cura interior, um procedimento que normalmente
fazemos é a quebra de jugos malignos sobre a pessoa.
O jugo maligno evidencia-se muitas vezes por fazer com
que a pessoa nutra pensamentos impuros, ou tenha dificuldade
em ler a Bíblia (dá sono, ou então a mente “ vagueia” , não conse-
guindo concentrar-se), ou mesmo seja levada a fazer coisas que
não quer (quando viu, já fez). O jugo pode ainda fazê-la sentir
um forte bloqueio espiritual. Ela sente dificuldades em realizar o
que quer e, com frequência, faz o que não quer (é o jugo que a faz
agir desse modo, obrigando-a a ir por um determinado caminho).
Em muitos casos, pela nossa experiência, jugos assim foram
colocados pelo inimigo em quem, antes de ser crente, tenha desen-
volvido o “ poder da mente” , ao envolver-se com: Parapsicología,
Método Silva de Controle Mental, Eubiose, Perfeita Liberdade,
Meditação Transcendental, Ioga, Gnose, Pró-Vida, Rosa Cruz,
Maçonaria e outras práticas ligadas à Nova Era e à Feitiçaria.
Mas há ainda jugos que, por vezes, nós mesmos tomamos;
ou foram colocados em nós, e simplesmente os aceitamos. Para a
libertação do jugo espiritual maligno normalmente somos dirigí-
dos pelo Espírito Santo a ungir principalmente as mãos, a cabeça
e os ombros da pessoa, obedecendo ao seguinte texto:
“ £ acontecerá, naquele dia, que a sua carca será tirada
do teu ombro , e o seu !uco, do teu pescoço; e o jugo será
despedaçado p or causa da unção ." (Is 10:27 - arc , sbtb )
Portanto, para nos libertarmos de todo jugo maligno, temos
que orar nesse sentido, e podemos ser também ungidos com
óleo. Fiquemos apenas com o jugo do S e n h o r Jesus!
Ele disse:

107
SANTIDADE E PODER

“ Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque


sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a
vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.‫״‬
(Mt 11:29-30)
Há ainda, conforme foi ressaltado acima, alguns tipos de
jugo maligno que são frequentes em nosso meio, que até mesmo
inconscientemente nós assumimos. A eles vamos dar agora uma
atenção especial.
Jugo por Associação com Incrédulos
Este é um jugo estranho que o crente pode ter por associar-se (em
negócios) com incrédulos, ou pelo casamento com um incrédulo
(sendo já crente).6 O apóstolo Paulo adverte-nos nesse sentido,
dizendo que não devemos nos associar com não-crentes:
“Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; por-
quanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqui-
dade ? Ou que comunhão, da luz com as trevas?” (2Co 6:14)
O que fazer, nestes casos? Buscar a direção de Deus. No
caso de sociedades empresariais, tenho visto que Deus não pode
abençoar a empresa em que uma parte serve ao S e n h o r mas a
outra, não. Pois normalmente há situações fora da vontade de
Deus na administração do negócio. No caso de um casamento,
em que o crente possui um cônjuge não-crente, a recomendação
bíblica é não separar-se, por iniciativa do crente.7 Mas, ao solteiro,
ou viúvo, a recomendação é que não se ponha em jugo desigual:
não se case com um incrédulo.8
Jugos Impostos sobre Nós
Há ainda um tipo de jugo estranho, maligno, que é imposto por
algumas denominações a seus membros: são os usos e costumes
impostos (não deixando a pessoa ter o discernimento dado pelo
Espírito sobre que roupa usar, sobre o tipo de corte de cabelo,
sobre o uso de cosméticos, etc.); e ainda há jugos impostos que
são simples atos de religiosidade.
Paulo instruiu os colossenses:

6 Não é a situação de quem se converteu e o cônjuge não.


7 1 Corintios 7:12-14.
8 1 Corintios 7:40.
108
UBERTANOO-NOS DE TODA OPRESSÃO E )UCO

“ Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos


do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças,
como se vivésseis no mundo, tais como: Não toques, não
proves, não manuseies? ... segundo os preceitos e doutrinas
dos homens." (Cl 2:20-22 - arc , sbtb )
|á tive a experiência de ver irmãos sendo libertos do “ espíri-
to de usos e costumes” , ocorrendo até mesmo uma manifestação
demoníaca. Isso nos mostra que aqueles que estão impondo ju-
gos sobre as pessoas, com uma “ capa de religiosidade” , na verda-
de as estão contaminando espiritualmente, e demônios passam a
oprimi-las.
Liberte-se de todo jugo, leitor! Isso não quer dizer que, pela
sua liberdade em Cristo, você vai sair por aí com roupas indes-
centes, por exemplo. Mas será o Espírito Santo quem o guiará
sobre o que vestir, sobre todas essas coisas. O mesmo apóstolo
concluiu:
“ Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois,
firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão."
(Cl 5:1)

Jugo das C oisas deste M undo


Finalmente, há ainda um tipo de jugo que nós mesmos colocamos
sobre nós (com a inspiração do inimigo, é claro): é o jugo das
coisas deste mundo. Envolvemo-nos, muitas vezes, com um
número enorme de responsabilidades, que acabam se tornando
um peso (um jugo, portanto) muito grande que temos que levar:
“ Desembaraçando-nos de tod o peso e do pecado que
tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a
carreira que nos está proposta, olhando firmemente para
o Autor e Consumador da fé, Jesus ... não vos fatiguéis,
desmaiando em vossa alma." (Hb 12:1b,2a,3c)
Quando estamos sobrecarregados, deixamos de olhar para
Jesus e olhamos para os problemas (o que diminui o nosso poder
espiritual). Isso acaba nos fatigando, fazendo com que desmaie-
mos em nossa alma.
Outro efeito deste jugo, bastante frequente, é que nos des-
víamos do centro da vontade de Deus; ficamos com uma infi-
109
SANTIDADE E PODER

nidade de compromissos administrativos, ou outros de menor im-


portância, os quais nos tiram o tempo do estudo da Palavra e da
intimidade com o S e n h o r .
Não nos esqueçamos: o jugo de Jesus é suave, e o seu fardo
é leve. O que passa disso não é do S en i i o r , e temos que rechaçar
de nossa vida. Deixemos, então, em destaque:

Para que o poder de Deus atue através de nós temos que


quebrar todo jugo estranho, e tomar apenas o jugo do S enhor
Jesus, que é suave, e o seu fardo, que é leve. (Observação 22)

Não aceite em sua vida, leitor, nenhum jugo estranho.


Desvene¡lhe-se de todos eles. Fique apenas com o de Jesus!
ψ 9fe 5$:

Em resumo, Isaías nos diz que, para que o poder de Deus


flua através de nós, temos que nos libertar de toda opressão e de
todo jugo estranho. Mais uma vez Isaías nos diz para fazer algo
que, normalmente, cumprimos numa ministração de libertação e
cura interior!
Portanto, no jejum que agrada a Deus, você deve verificar
quais os jugos que estão em sua vida e que não pertencem
ao S e n h o r . E desvencilhe-se de todos eles! Procure identificar
também quais os sintomas de opressão que você sente, que
tenham causado feridas em sua alma. E busque, assim, a cura
interior de todas elas.
Para tanto, peço ao leitor para ver, em meu livro Plena Paz,
como obter a cura interior.‘‫ י‬Em alguns casos você poderá receber
essa cura buscando diretamente o S e n h o r e a Palavra de Deus.
Em outros, poderá ser necessário ter a ajuda de alguém com um
ministério nesta área.
No próximo capítulo enfocaremos mais um ponto muito
importante, neste jejum que agrada a Deus - através do qual
buscamos o S e n h o r para nos purificar, fazendo tudo o que é
necessário para que o poder de Deus flua através da nossa vida.
E revestir-se do amor de Deus!

9 É claro que não há como explicar este ponto aqui. Para isso escreví todo um livro!
110
Sendo Revestidos do
Amor de Deus
“Porventura, não é também que repartas o teu pão com
o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados,
e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu
semelhante?” (Is 58:7)

Nos dias de Isaías havia, de facto, muitos famintos, pobres, dosa-


brigados, maltrapilhos, injustiçados. O profeta Amós, que foi
contemporâneo de Isaías, descreveu essa situação, ao profetizar
contra o povo de Deus:
‘Vocês oprimem o pobre e o forçam a dar-lhes o trigo. Vocês
oprimem o justo, recebem suborno e impedem que se faça
justiça ao pobre nos trib u n a is(Am 5:1 I a ; 12 b - n v i )
Portanto, é claro que podemos entender as palavras de Isa-
ias acima como uma exortação do S e n h o r , dizendo que mais
importa praticar o amor do que ser um povo que segue à risca a
sua religião, inclusive com a prática do jejum. Encontramos esse
pensamento, por exemplo, no livro Jejuar, de Elmer L. Towns:
“ Deus não estava pedindo que seu povo parasse de jejuar
e, em vez disso, trouxesse o reino pela transformação social.
Muito pelo contrário - ele queria que o povo continuasse
jejuando, mas que estendesse o jejum às suas ações da
vida cotidiana ... que seus efeitos fossem manifestos além
da mera vida particular e pessoal.” 1
Esta interpretação, que podia ser entendida pelos contem-
porâneos de Isaías, fica restrita, de igual modo, ao pensamento
de que Deus, neste capítulo 58, estaria apenas recomendando
ações que seriam bem melhor para eles do que todas as suas
práticas religiosas. Não obstante, em todos estes versículos temos
visto que, na verdade, Deus está nos mostrando com o deve ser
feito o jejum que lhe agrada.*1

1 Towns, Elmer L. - lejuar, uma Revolução na Vida Espiritual; Ed. Atos, p.19.
111
SANTIDADE E PODER

Portanto vamos encontrar, aqui também, mais uma palavra


que Deus quer nos dar com respeito ao processo pelo qual deve-
mos passar, para que o poder de Deus flua através de nós, para
que nossas orações sejam respondidas.
Isaías agora nos exorta a que, em nosso jejum, procuremos
ser revestidos do amor de Deus, deste amor que no Novo Testa-
mento é referido como o amor ágape. Pois repartir o pão com
quem não tem, recolher os pobres e desabrigados e vestir os que
estão nus são formas de dizer que a prática do amor é necessária
para que o poder de Deus opere através de nós. Na verdade o
texto faz referência às três necessidades básicas do ser humano:
alimento, abrigo e vestuário. Isso aponta para o facto de que o
nosso amor deve ser completo.
Portanto, o nosso tema agora é que precisamos ler amor em nós,
temos que ser revestidos do amor ágape, para que assim natural-
mente possamos amar. Não se trata de simplesmente sabermos
que temos de amar.
Antes de mais nada, porém, quero que você, leitor, entenda
muito bem o que é realmente amar.
Entendendo o Q ue É Amar
Para entender o que é amar, em seu sentido verdadeiro, é noces-
sário, primeiramente, compreender o sentido de um outro verbo,
o verbo gostar. E gostar significa que alguma coisa nos agrada.
Isso posto, posso agora conceituar o verbo amar dizendo
que “ amar é, num certo sentido, o contrário de gostar” .
- Como assim? - não é isso que você me perguntou?
Pois então, veja: como acabei de dizer, usamos o verbo
gostar quando queremos exprimir que uma coisa, ou alguém, nos
agrada, ou faz coisas que nos agradam.
Quando eu digo: gosto de churrasco - com isso quero dizer
que “ churrasco é algo que me agrada” . Quando digo: “ gosto de
fulano” - isso significa que “ tal pessoa faz coisas, ou me dá coisas,
que me agradam” . Mas, quando digo que eu amo alguém, com
isso quero dizer que “ eu é que faço coisas que agradam a esse
alguém” .

112
SENDO REVESTIDOS DO AMOR DE DEUS

Assim, gostar é um verbo “ passivo” : quem gosta sempre


está recebendo alguma coisa agradável, boa, de quem ele gosta.
Amar, porém, é um verbo ativo: quem ama íaz e dá boas
coisas a quem ama.
O verbo gostar relaciona-se diretamente com o verbo
receber (a pessoa recebe boas coisas); e o verbo amar relaciona-
-se direta mente com o verbo dar (a pessoa dá boas coisas).
Amar é o contrário de gostar - não na ação realizada, mas
sim no sentido ou objeto da ação.
Amar é, portanto, um verbo que exprime uma decisão: a de
fazer o que é bom, o que agrada os outros. Não é um sentimento.
Podemos, então, deixar registrado que:
A m a r é, num certo sentido, o contrário de g o s t a r .
(Observação 23)

Como você sabe,


“ Deus am ou ao mundo de tal maneira c/ue ülu o seu Filho
unigénito, para que todo aquele que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna." (Jo 3:16)
Veja que neste versículo o verbo amar está relacionado com
o verbo dar. Não existe amor se a pessoa não dá alguma coisa
boa. Deus nos amou, e nos deu o que de melhor ele pôde nos
dar: o seu próprio Filho e, através dele, a vida eterna. O amor de
Deus foi provado pelo facto de nos ter dado o seu Filho:
"Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo facto
de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores."
(Rm 5:8)
Se amar significa fazer o que agrada a outra pessoa, então o
que é amar a Deus( Amar a Deus significa, de igual modo, fazer
o que lhe agrada. E tudo o que agrada a Deus é bom . É E le que
define o que é bom.
Desse modo, amar a Deus significa fazer qualquer coisa que
lhe agrade. E o que agrada a Deus é cumprir os seus mandamentos:
“ Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu
amor (no amor a mim)” - disse Jesus.2
2 João 15:10. Ver também João 14:21: I João 5:3; Gaiatas 5:14.
113
SANTIDADE E PODER

Da mesma forma, amar alguém significa fazer coisas boas


para essa pessoa - ou seja, dar-lhe coisas que agradam a Deus
(por isso são coisas boas).
Ocorre, porém, que muitas vezes usamos o verbo amar,
quando, na realidade, o sentido é de gostar, ou gostar muito. Por
exemplo, a pessoa diz “ eu amo morangos com chantilly!” O ra,
amar não significa gostar muito, que é o sentido dessa frase. A
pessoa não ama os morangos, pois não faz nenhum bem para eles.
Espero que você tenha entendido de facto o que é amar. E o
contrário de gostar, com referência ao objeto da ação, conforme
vimos. Saiba, por exemplo, que Deus não gosta do pecador (pois
o seu pecado o entristece); mas assim mesmo E le ama o pecador,
e enviou Jesus como prova do seu amor.
Este co nceito de am ar é o co nceito bíblico que o Novo
Testamento expressa, na forma substantiva, com a palavra grega
ágape* (amor) - e difere totalmente dos conceitos de amor do
mundo, para o qual há quatro tipos de “ amor” :
(1) “Amor” Paixão (eros): que é o “ amor” que se expressa em se
querer receber prazer de alguém do outro sexo, e que tem o
seu ponto culminante no ato sexual. E um “ amor” interesseiro,
que busca a satisfação pessoal pelo que o companheiro poderá
lhe oferecer. Saiba ainda que a palavra eros não está na Bíblia.
Portanto, em nenhuma passagem do Novo Testamento a
palavra amor se aplica de forma restrita aos vínculos entre um
homem e uma mulher. Este tipo de “ amor” significa apenas
gostar de alguém sexual mente.
(2) "Amor" Afeição (ou pertencí mento): E o caso de pessoas que
têm algo em comum, como pertencerem a um mesmo país, ou
região, ou igreja, ou família. Destes, o maior grau de perten-
cimento é o causado por laços de sangue. E, por exemplo, o
caso do sentimento do filho em relação ao pai; e da mãe para
com o filho. Normalmente dizem “ eu o amo” , com o sentido
de que “ eu gosto muito dele” . Mas, no fundo, este tipo de
“ amor” é também egoísta, pois procura defender a pessoa em
seu âmbito de pertencí mento.3

3 Em grego: agapê (αγάπη).


114
SENDO REVESTIDOS DO AMOR DE DEUS

(3) “Amor" Amizade (philia): é o “ amor” que as pessoas têm quan-


do dizem que gostam de alguém, que é amigo de alguém.
Mas esse tipo de “ amor” é decorrente apenas do que a outra
pessoa lhes tenha feito ou lhes possa vir a fazer, e é também
interesseiro. Pois expressa o interesse que tem em continuar
recebendo boas coisas do amigo. Este “ amor” pode ser inter-
rompido se a pessoa, objeto da amizade, fizer qualquer coisa
que aborreça a pessoa amiga.
(4) “Amor" Caridade: Trata-se de fazer alguma coisa em favor do
próximo, mas é o “ amor” que alguém pratica com o interesse
de ser apreciado pelos outros, ou ser recompensado por Deus
(alguns pensam até mesmo que pela prática da caridade
ganharão o céu), ou para que possam melhorar o seu “ carma” ;
ou ainda com o interesse de superar a voz da sua consciência,
que os acusa de coisas erradas, e assim querem fazer algo para
“ compensar” e aliviar o peso de seus erros. Em todos esses
casos o objetivo é interesseiro.
Na verdade esses quatro tipos de “ amor” expressam que a
pessoa gosta da outra pessoa (e isso não é amor) ou gosta do que
faz, por algum motivo. Pois esse “ amor” baseia-se no interesse por
receber alguma coisa. Até o “ amor” caridade tem este sentido,
pois embora a pessoa dê alguma coisa, ela o faz para poder
receber uma apreciação por parte dos homens, ou da parte de
Deus, ou para receber uma certa paz em sua consciência.
já a característica do amor ágape é o contrário. Ele baseia-se
em querer dar alguma coisa, sem interesse próprio. Isso significa
que a caridade pode ser praticada com amor (ágape) - quando a
motivação é fazer um bem, sem as conotações acima de interesse
próprio. De igual forma, o “ amor” amizade pode ser expresso na
forma ágape, e também o “ amor” afeição, e até mesmo o “ amor”
paixão!
Quando esses amores são exercidos com as características
que pertencem ao verdadeiro amor (ágape), cada um deles se
torna, de fato, amor. Quais são os atributos que, então, caracter¡-
zam o verdadeiro amor, o amor ágape? Seus atributos nos foram
descritos pelo apóstolo Paulo:

115
SANTIDADE E PODER

“O amor é paciente, é benigno; o amor não arde cm ciúmes,


não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconveniente-
mente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se
ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se
com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais acaba." (1 Co 13:4-8a)
Que diferença com isso que o mundo chama de “ amor” ! O
amor ágape, além de não ser interesseiro, como já vimos e como
coloque¡ em destaque no versículo acima, não se ufana e não se
ensoberbece (não é para ser visto pelos homens, não é decorrente
do orgulho); age apenas no que é justo (isto é, no que é bom,
segundo Deus) e de uma forma justa (não se vale de meios incor-
retos); não se exaspera, isto é, não se irrita; não fica ressentido;
alegra-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê; tudo espera, tudo
suporta (isso significa que ele age, mesmo que a outra parte o
aborreça). E jamais acaba!
Quem ama dá até mesmo aquilo que o outro não merece.
Quem ama age não para receber alguma coisa, ou esperando receber
algo em troca. Quem ama não age em função de um sentim ento:
ama mesmo que a pessoa lhe tenha procurado irritar, mesmo
que tenha lhe tratado com injustiça (não se irrita, não fica ressen-
tido, não se ressente do mal, mas perdoa). Quem ama até mesmo
sofre, tudo suporta, e tem a esperança de que o amor vai de facto
vencer. E, finalmente, o amor ágape não acaba. Não é como o
“ amor” que dizem por aí que “ é eterno enquanto dura” ...
Buscando o Amor de Deus
Voltemos agora para Isaías. Podemos concluir do versículo em
referência, em vista de todo o seu contexto, que faz parte do ver-
dadeiro jejum verificarmos a nossa própria situação: Temos prati-
cado o amor? E, no caso de sermos casados, analisemos com toda
honestidade: Temos amado o nosso cônjuge, ou apenas gostamos dele?
Precisamos orar para receber do S e n h o r a capacitação para
realmente amar. Pois este amor não faz parte do velho homem,
não é conforme a natureza pecaminosa que nele há. Este amor
somente pode ser recebido por aquele que nasceu de novo - isto
é, pelo nosso novo homem -, aquele que nasceu da semente divina,
e que tem uma nova natureza, segundo a imagem de Deus:
116
SENIX) REVESTIDOS DO AMOR DE DEUS

“ O amor (ágape) procede de Deus; e todo aquele que ama


é nascido de Deus e conhece a Deus.1) ‫ ״‬Jo 4:7)
Para que tenhamos o poder de Deus atuando através de
nós precisamos então receber este amor que dele procede. E
para isso é necessário ter comunhão com Deus, permitindo que
ele atue em nós, segundo as palavras do apóstolo João:
"Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece
em Deus, e Deus nele." (1 João 4:16)
Quando Deus permanece em nós, o seu poder fluirá através
de nós. Por isso este é um ponto muito importante em nossa
análise, quando fazemos este jejum que agrada a Deus, de Isaías
58. Analisemos então a nossa vida:
■ Temos permanecido nele e ele em nós?
■ Temos realmente amado a Deus?
■ Temos feito a sua vontade?
Se não amamos a nossos irmãos, não amamos a Deus, diz
ainda o apóstolo João.4 Portanto, analisemos ainda:
■ Temos de facto nos amado, uns aos outros?
A Falta de Unidade
Um grande problema que ocorre, infelizmente, ó a falta de amor e,
consequentemente, de unidade entre os crentes. Pastores de uma
denominação não se dão com pastores de outra denominação.
Não oram juntos. Não participam de eventos evangelísticos em
conjunto.
Há, muitas vezes, até mesmo um “ espírito de concorrência” ,
e um orgulho, por parte de cada um, de que “ somos os únicos
certos” , “ somos os melhores” e assim por diante. Isso significa que
não há amor. E, não havendo amor, o poder de Deus não pode
atuar de forma plena através dessas pessoas e desses ministérios.
Quando é que o povo de Deus vai conscientizar-se de que
é vital o amor entre os irmãos, e que temos que dar de nossa vida
uns aos outros, pois é isso que é amor? Como podemos dizer que
amamos nossos irmãos, se não há unidade? Portanto,... como o
povo de Deus precisa passar por este jejum de Isaías 58!
John Stott, em seu livro A Verdade do Evangelho, nos diz:
4 1 João 4:20.
117
SANTIDADE E PODER

“ Hoje em dia, no entanto, muitos dos cristãos evangélicos


não hesitam em ceder à tendência patológica que temos
de fragmentar-nos. Para tanto, nos refugiamos em nossas
convicções sobre a unidade invisível da Igreja, como se
a sua manifestação visível não importasse. E o resultado
disso é que o diabo acaba tendo o maior sucesso na
sua velha estratégia de “ dividir e conquistar” . A nossa
desunião continua sendo um grande empecilho para o
nosso evangelismo.” 5
Sei de cidades que foram atingidas pelo evangelho de um
modo impressionante (isto é, o poder de Deus operou de facto)
depois que os pastores se uniram, colaboraram uns com os outros,
e atuaram em conjunto na intercessão e na evangelização.6 O
poder de Deus operou realmente nessas cidades!
Se você quer o poder de Deus atuando através da sua vida,
examine-se quanto a se verdadeiramente você tem amado seus
irmãos e se de facto tem amado a Deus.
O Ministério de Libertação e o Amor
Creio que o leitor deve ter observado que, em cada um dos
passos anteriores, que indicam ações que temos que tomar para
nos purificarmos e assim o poder de Deus atue através de nós
- em cada um deles foi mencionado que estas práticas são as
mesmas que normalmente fazemos quando estamos ministrando
alguém em libertação e cura interior:
■ Temos que soltar de nós as ligaduras da impiedade - e isso fazem
também as pessoas que estão sendo ministradas em libertação -
pedindo perdão pelos pecados e renunciando todas as práticas
com eles relacionadas.
■ Temos que desfazer as ataduras da servidão, expulsando os
espíritos malignos que ainda possam estar atuando em nossa vida.
Isso é parte essencial na libertação das pessoas que ministramos.
■ Temos que nos libertar de toda opressão e de todo jugo estranho.
E isso também ministramos num aconselhamento de libertação e
cura interior.
5 Stott, )ohn - A Verdade do Evangelho - Um Apelo à Unidade; Encontro Publica-
ções, Curitiba, e ABU Editora, São Paulo, 2000; p. 131.
6 Vários casos assim são relatados por Neuza Itioka em seu livro “Deus Q uer a
Sua Cidade; Ágape Reconciliação, São Paulo. Veja também o livro “Propósito
Principal”, Teel Haggard; Danprewan Editora.
118
SENDO REVESTIDOS DO AMOR DE DEUS

E agora, neste passo, em que temos que buscar o amor de


Deus, será que há um paralelo também, em relação a uma mi-
nistração de libertação e cura interior? Sem dúvida que há. Um
dos aspectos mais importantes é ministrarmos amor à pessoa. Ela
precisa sentir-se amada. E não pode ser um falso amor, tem que
ser verdadeiro.
Lembro-me de um caso em que estava ministrando uma
moça que tinha um ódio muito grande por seu pai, pois este nunca
demonstrara amor para ela; nunca lhe tinha dado um abraço de
pai. Na cura interior eu tive que assumir o papel de seu pai e lhe
pedi perdão (em nome de seu pai) e, com muito amor, dei-lhe
aquele abraço de pai que ela nunca tinha recebido. Como ela
chorou! A ministração do amor, para ela, foi o ponto mais impor-
tante da sua cura!7
Numa ministração estamos dando um pouco da nossa vida
à pessoa: estamos dando do nosso tempo, e estamos lhe dando
atenção. Isso é amor.
Numa ministração estamos também dando condições para
que a pessoa fique protegida contra os ataques de Satanás, fe-
chando as brechas que havia em sua vida. Em outras palavras,
estamos fornecendo proteção, um abrigo contra o inimigo. Tam-
bém compartilhamos a Palavra dc Deus, isto é, damos-lhe ali-
mento espiritual. E, ainda, numa ministração a pessoa vai tirando
toda aquela “ roupa suja” do pecado, chegando a ficar espíritu-
almente despida diante de nós. Em seguida, vamos revestindo-a
com as alvas vestes de Jesus.
Assim, espiritualmente nós a alimentamos, damos-lhe abri-
go e a vestimos. Não foi isso mesmo que Isaías disse... “ c/ue repar-
tas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os desabrigados, e,
se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante"?
Analisando a Nossa Situação
Se você já tem passado por todos esses passos que Isaías mencio-
na, isto é, se você tem procurado soltar as ligaduras da impiedade
em sua vida, se tem desfeito as ataduras de servidão, se tem se

7 Posteriormente ela enviou-me várias cartas, chamando-me de “seu pai”, e con-


firmando a sua cura e libertação.
119
SANTIDADE E PODER

libertado de toda opressão e de todo jugo - se você já tem bus-


cado tudo isso, saiba que a mensagem deste texto ainda é para
você, conforme vimos no início.
É que este jejum é um processo permanente em nossa vida, e
a cada dia o Espírito vai nos mostrando que ainda há o que fazer...
M ets digamos que você me diga:
- já me libertei de tudo isso, pelo menos de tudo o que
conscientemente o Espírito me tem mostrado.
Então possivelmente você seja alguém que já tenha recebido
muitos dons espirituais: o de línguas, quem sabe; o de profecia,
o de conhecimento profundo da Palavra; o dom da fé; e ainda,
com certeza, você é um praticante de boas obras.
Se é este o seu caso, então veja que Paulo lhe diz a mesma
coisa que Isaías: tudo isso não terá valor se você não tiver amor:
"Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não
tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo
que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça
todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha
tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor,
nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre
os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para
ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.”
(1Co 13:1-3)
É necessário, então, que você faça uma autoanálise, para
ver se as características do amor ágape estão em você. Da mesma
forma como você se analisou para detectar as ligaduras de impie-
dade, você terá que se analisar para verificar se você não tem ainda
alguma característica contrária à do amor. Faça esta análise ten-
do por base o texto anteriormente citado (1Co 13:4-8a). Analise
cada um dos seguintes pontos, em relação à sua vida:
■ Você é paciente? Há feridas de impaciência em sua alma?
■ Você é benigno, isto é, somente busca fazer o que é bom (segundo
Deus, e não segundo o seu próprio conceito)?
■ Você é ciumento?
■ Você é orgulhoso? E, preste atenção, veja se não há principal-
mente um orgulho “ espiritual” , um orgulho pelo seu ministério,
pelo seu título... conforme já foi até mesmo apontado.
12 0
SENDO REVESTIDOS DO AMOR DE DEUS

■ Você tem uma condula a toda prova?


■ Você não busca os seus próprios interesses, mas sim os interesses
de Deus? Busca sempre conhecer a vontade dele?
■ Você se irrita facilmente? Há feridas de irritação em sua alma?
■ Você não se ressente do mal, isto é, você já perdoou todas as
pessoas que lhe causaram algum mal no passado, inclusive já
perdoou seu pai, sua mãe, seus irmãos de qualquer coisa que
o tenha aborrecido, que eles fizeram? Há necessidade de você
liberar perdão? E, no presente, quando alguém age de forma
injusta com você, você fica ressentido?
■ Você se alegra com a justiça e com a verdade? Tem prazer em
ouvir a opinião de outros sobre certos assuntos, para ser enriquecido?
■ Você é ensinável?
■ Vale-se exclusivamente da Palavra de Deus para conhecer a
justiça e a verdade? Procura ouvir a voz do Espírito Santo neste
sentido? Aceita a palavra de exortação de um irmão, mesmo que
seja uma palavra dura?
■ Você crê que o amor vencerá sempre? Tem esperança? Em toda
circunstância, você dá a sua contribuição (tudo suporta)?
■ Você não deixa o seu amor enfraquecer, nem desaparecer?
Considere ainda se, nas quatro formas de amor (paixão,
afeição, amizade e caridade), você as tem exercido não como o
mundo as exerce, mas de facto com amor (ágape), não buscando
seus interesses, procedendo de acordo com as características
acima, amando até mesmo aquelas pessoas de quem você não
gosta. Peça agora ao S en i i o r que o capacite, dando-lhe os pontos
em que você foi achado em falta. Busque receber o amor de
Deus e, assim, ore para receber um “ batismo de amor” .
Para completar sua análise, procure também reconhecer o
amor de Deus em relação a você. Você sente, de facto, que Deus
o ama? Você tem sentido o amor de Deus?
Muitos de nós enfrentaram, no passado, situações tão
difíceis, tão dramáticas, tão tristes que, mesmo sendo crentes,
chegaram a queixar-se de Deus: “ Por que, S e n h o r , por que isto
aconteceu comigo?”

121
SANTIDAD(: E PODER

Ou então questionaram: “ Por que tu permitiste isto, se a


Biblia diz que tu és bom, que tu és amor?”
Meu irmão, isso é murmuração. Se você passou por uma
situação dessas, peça perdão ao S e n h o r por suas queixas, e ore
para que ele cure essa ferida em seu coração. E tome uma posição
de fé, crendo na Palavra, crendo que Deus o ama, pois foi por tê-lo
amado que ele sofreu o que sofreu naquela cruz. E abra ainda o
seu coração para receber o amor de Deus.
Ore então ao Senhor, agradecendo-lhe por tudo que você
tem enfrentado, sabendo que tudo contribui para o bem.
Encha-se do amor de Deus como parte deste jejum. Retire
todo ódio de sua vida. Perdoe a quantos o tenham magoado.
Somente o amor é capaz de perdoar, pois é o que devemos fazer
àqueles que “ não merecem” o nosso perdão. Foi por isso que de
fato Deus nos amou. Nós também nada merecíamos!
Revestir-se do amor é, assim, um passo extremamente impor-
tante para você! E o amor é ainda fundamental para que o poder
de Deus flua em sua vida.

Para que o poder de Deus atue em nós, temos que ter as


características do verdadeiro amor.
(Observação 24)

* * * * *
Isaías continua agora a sua mensagem apresentando-nos
ainda mais coisas em relação às quais temos que nos purificar.
Você pensou que isso que vimos até agora era tudo? Pois
você ainda se surpreenderá ao constatar quanta coisa mais tem
impedido o agir do poder de Deus em nossa vida!

122
12
O Jugo, as Ameaças e as
Injúrias do Nosso Meio
“Se tirares do meio de ti o jugo, o dedo que ameaça,
o falar injurioso; se abrires a tua alma ao faminto e
fartares a alma aflita..." (Is 58:9b-10a)

Agora Isaías parece estar repetindo, mais uma vez, a necessidade


de tirar o jugo, as opressões, exercer o amor - tudo isso que ele
já tinha mencionado como uma necessidade para o povo hebreu
de seus dias. Este é o entendimento de J. Ridderbos, que escreveu:
“ Esta passagem repete e amplia o que fora dito na
precedente. A primeira exigência é novamente desfazer-
-se da opressão. Na linha seguinte menciona-se ‘o dedo
que ameaça’ ( r a ) o u ‘ o estender do dedo’ (a r c ), gesto que
indica desprezo, provavelmente ocorrendo no contexto
de brigas (v.4), e ‘o falar injurioso’, provavelmente
maledicência. Novamente (v. 10) é feita a exigência de
misericórdia para os famintos e oprimidos...” 1
Com efeito, há textos que nos mostram que, de facto,
0 falar injurioso, as ameaças, e a opressão por meio de palavras
caracterizavam a sociedade de então. Por exemplo, assim disse
jeremias, com respeito ao povo:
“A língua deles é com o um arco que atira a mentira; não é
pela verdade que prevalecem na terra (Jr 9:3 - n vi ). Porque
todo irmão não faz mais do que enganar, e todo amigo anda
caluniando. Cada um zomba do seu próximo, e não falam a
v e rd a d e ;... cansam-se de praticar a iniquidade." (Jr 9:4-5)
M ais uma vez quero deixar claro que a interpretação de
Ridderbos é perfeitamente aceitável dentro de uma visão do texto
entendivel pelos contemporâneos de Isaías. Mas considero que,
quando tomamos por base que o profeta está nos trazendo uma
1 O p. cit., p. 475.
123
SANTIDADE E PODER

revelação de Deus sobre como deve ser o nosso jejum, podemos


inferir que, na interpretação espiritual que estamos fazendo, ainda
há aspectos novos que o Espírito quer nos revelar, e não se trata
de uma simples repetição do que já foi dito. Senão, vejamos:
No Capítulo 10 vimos a necessidade de quebrar todo jugo
que havia sido posto em nós: jugos trazidos pelo inimigo, jugos
decorrentes da associação com incrédulos, jugos impostos por
pessoas com autoridade espiritual sobre nós, e jugos que nós
mesmos assumimos.
Agora, porém, depois de mencionar a necessidade de termos
o amor fluindo em nossa vida, Isaías continua sua instrução sobre
como fazer este jejum que nos capacitará espiritualmente.
E ele nos aponta para algo que devemos fazer depois de
termos sido revestidos do amor de Deus: precisamos eliminar
agora um outro tipo de jugo: não o jugo que está em nós, mas o
jugo que há em nosso meio.
Temos também que tirar de nosso meio o dedo que ameaça
e o falar injurioso, e ainda fartar a alma ¿iflita.
Tirando o Jugo de Nosso Meio
O primeiro ponto agora é que temos que tirar o jugo que há em
nosso meio (do meio de ti, conforme a nossa tradução). Veja, o
texto diz “ tirares do meio de ti” e não “ de ti” .
Agora não se trata de sermos libertos do jugo, mas de sermos
instrumentos para que haja a libertação do jugo que está em nosso
meio. O nosso “ meio” , para nós hoje, é a nossa família, a nossa
igreja, o nosso ministério, a nossa denominação; e, num sentido
mais lato, a nossa cidade e o nosso País.
Que jugo é esse? Há vários tipos de jugo que podem estar
em nosso meio. Pensemos agora em nosso meio como sendo a
nossa igreja, para facilitar a exposição do que Isaías quer dizer.
Os seguintes tipos de jugo podem estar em nossa igreja: o
jugo do pecado corporativo; o jugo imposto pela própria igreja;
o dedo que ameaça; e o falar injurioso.
Vejamos cada um deles.

124
O )UGO, AS AMEAÇAS E AS INJÚRIAS DO NOSSO MEIO

Tirando o Jugo do Pecado Corporativo


Conforme vimos no Capítulo 6, o pecado “ desta geração perversa
e incrédula” a que pertencemos afeta o nosso poder espiritual. E
no Capítulo 10 tratamos de tirar esse e outros jugos que estavam
sobre nós, pessoalmente.
Agora estamos vendo que, na verdade, além de influir em
cada um de nos individualmente, esse pecado gera um jugo so-
bre o nosso meio, ou seja, também sobre a nossa igreja. Isso sign¡-
fica que ela fica com menor poder espiritual: menos conversões,
menos dízimos, menos ocorrência de sinais do poder de Deus, e
assim por diante, por causa do pecado da comunidade em que
ela se insere.
Portanto, precisamos orar, como igreja,2 pedindo perdão
pelos pecados da comunidade a que pertencemos (da própria
igreja, da nossa cidade, do nosso País), colocando o sangue de
Jesus e o poder da cruz entre esses pecados e a igreja que, assim,
fica purificada desse jugo. E isso afetará também a nossa situação
pessoal, em relação ao poder de Deus!
E não basta fazermos isso uma única vez. Creio que
periodicamente temos que orar nesse sentido, da mesma forma
como estamos sempre pedindo perdão pelos nossos próprios
pecados. E, revestidos de amor, abençoemos a nossa igreja, a
nossa comunidade, a nossa cidade, o nosso País!
Tirando o Jugo Imposto pela Própria Igreja
Tirar o jugo de outras pessoas é exatamente o contrário de lançar
jugo sobre elas. Infelizmente são muitos os líderes cristãos que
vivem lançando jugo sobre as pessoas. Isso acontece principal-
mente com alguns pastores, que jogam jugos sobre as ovelhas.
São, por exemplo, os “ usos e costumes” impostos que, con-
forme vimos, precisamos deles nos libertar. Isso normalmente
ocorre por um zelo excessivo, não querendo que as ovelhas cor-
ram perigo. Mas existe uma diferença entre pregar, mostrando o
perigo, em relação a impor alguma coisa.

2 Isto significa que a igreja, em conjunto, ou por um grupo que a represente,


deve orar desse modo.
SANTIDADE E PODER

O que está sendo ferido é o principio de que nós, crentes,


nascidos de novo, somos guiados pelo Espírito de Deus que em
nós habita, e não por homens.
Temos que entregar essa função ao Espirito Santo, e não
querer fazer o seu papel. Quando simplesmente pregamos sobre
o assunto, deixamos que o Espírito fale a cada um e dirija os seus
passos. Assim nós, crentes, temos que ser guiados, em nossa vida,
de dentro para fora, e não de fora para dentro. Com isso quero
dizer que, em nossas decisões sobre o que fazer, temos que ouvir:
■ O que diz a Palavra de Deus, conforme gravada em nosso
coração.3
■ O que diz o Espírito de Deus, que em nós habita.4
Isso é o que quero dizer com “ ser guiado de dentro para
fora” , pois “ ser guiado de fora para dentro” significa agir segundo
o que os outros nos dizem; ou não fazendo alguma coisa porque
alguém nos proibiu; ou porque, se não, corremos o risco de sofrer
algum dano, ou seremos punidos, e assim por diante.
Em nossa conduta devemos, portanto, ter o cuidado de não
lançarmos jugo algum em ninguém. Temos que entregar aos cui-
dados de Deus as pessoas que estejam sob a nossa supervisão ou
pastoreio. Não devemos assumir o papel do Espírito Santo, pois é
E le que nos guia, ao lado da Palavra.5
O Espírito Santo é o nosso “ Paracleto” , vocábulo que, do
grego, foi traduzido por “ Consolador” em algumas passagens.
Originalmente a palavra significa “ aquele que está ao nosso lado”
com o objetivo de nos en sin a r, a ssistir, a ju d a r, guiar e co n so la r
(não somente “ consolar” ). Com efeito, o S e n h o r Jesus nos disse:
“ ...mas o Consolador (Paracleto), o Espírito Santo, a quem o
Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas .”
(Jo 14:26)
“ E da mesma maneira também o Espírito nos assiste (nos
AiüDA - arc ) em nossa fraqueza.” (Rm 8 :2 6 )
“ Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são
filhos de D eus.” (Rm 8 :1 4 )

3 “Guardo nu coração as luas palavras, para não pecar contra li.” (SI 119:11)
4 Somos templo do Espírito Santo (IC o 6:19).
5 E claro que isso não significa que alguém possa fazer o que vai contra os maus
costumes, ou contra a lei do País. Nesses casos, o líder tem que agir com autoridade.
126
O JUGO, AS AMEAÇAS E AS INJURIAS DO NOSSO MEIO

O apóstolo Paulo nos dá o exemplo de como proceder em


situações em que devemos recomendar algum tipo de procedi-
mento: ao argumentar, por exemplo, que o homem deve ter a
cabeça descoberta ao profetizar, e que a mulher, ao contrario,
deve ter um véu, ele não usou a expressão “ ordeno” ou “ proibo” ,
mas apenas disse “ o homem deve cobrir a cabeça” ,6 e de modo
semelhante afirmou que a mulher “deve ... trazer véu na cabeça” .
Mas, depois de apresentar a sua argumentação, ele ordenou:
“julgai entre vós mesmos78. ‫ ״‬Ele deixou a decisão final com as
pessoas a quem estava escrevendo!6
Paulo ainda ensinou que “ onde está o Espírito do S e n h o r ,
aí há liberdade9.‫ ״‬E ele disse aos gaiatas, conforme o versículo já
citado:
“ Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei,
p ois, firmes e não vos subm etais, de novo, a ju g o de
escravidão.‫( ״‬Cl 5:1)
Temos que ter muito cuidado, portanto, em não impor jugo
algum nos outros: nem usos e costumes, nem mesmo certos jugos
“ espirituais” . Com isso refiro-me a impor a prática de alguma
coisa espiritual como, por exemplo, impor a realização de um
“ jejum ” , ou impor um número de pessoas a serem alcançadas na
evangelização, e assim por diante.
Por certo podemos apresentar uma situação à nossa comu-
nidade, à nossa igreja, compartilhando a direção do Espírito para
que oremos e jejuemos. Mas a decisão de jejuar não deve ser
imposta. Cada um deve agir conforme guiado pelo Espírito.
A realização de um “ jejum ” imposto, que a pessoa faça
por uma questão de simples submissão, na verdade é um ato
de religiosidade que se enquadra direitinho nisso que Isaías está
dizendo: não é o jejum que agrada a Deus.
6 1 Corintios 11:7.
7 1 Corintios 11:13.
8 Somente nos casos em que prevalecia, na sociedade daquele tempo, alguma
imposição, é que Paulo deu uma ordem incisiva. Foi o caso de ter ele ordenado
que as mulheres ficassem caladas na igreja (1C0 14:34; 1Tm 2:12); mas é que
prevalecia na sociedade de então que isso seria algo vergonhoso (1C0 14:35). E
claro que, não sendo isso vergonhoso em nossa sociedade, não tem mais efeito
essa proibição do apóstolo.
9 2 Corintios 3:17.
127
SANTIDADE E PODER

De igual modo, a cobrança de metas “ espirituais” é um


jugo que se inclui na condenação que Deus faz em Isaías 58.
Sei de muitos casos em que as pessoas são cobradas, e íi-
cam até com um sentimento de culpa por não terem atendido às
metas propostas. Se tais práticas são válidas no mundo secular,
não é assim que funciona no reino de Deus. Nem sempre o Espírito
Santo está interessado em números. Muitas vezes Ele tem outros
propósitos.
Lembremo-nos, por exemplo, de que Filipe estava tendo
pleno sucesso na evangelização em Samaria. O texto nos relata
que lá muitos estavam sendo libertos de espíritos malignos, muitos
paralíticos e coxos estavam sendo curados, e muitos estavam
sendo batizados.'0 Que relato maravilhoso, não?
O texto fala que Filipe estava atingindo multidões com
as boas novas. Mas Deus enviou seu anjo, que lhe ordenou:
“ Levan(a-íe e vai para a banda do Sul, ao caminho que desce de
Jerusalém para Gaza, que está deserto
Deus mandou que ele deixasse as multidões e fosse para
um lugar... deserto! Mas hoje sabemos que havia um propósito:
o de alcançar um eunuco que era um alto oficial da rainha de
Candace dos etíopes, conforme o texto relata. Segundo a tradição,
a conversão daquele homem resultou em que uma multidão de
pessoas naquela nação foi alcançada pelo evangelho.
Por mais bem intencionados que estejamos, temos que
com partilhar as necessidades, mas jam ais deverem os im por
algum “ ato religioso” a quem quer que seja. Podemos até mesmo
recomendar um jejum, mas não deve ser algo obrigatório. Cada
um será dirigido pelo Espírito, que o fará em secreto, e assim o
seu jejum será agradável a Deus.
( ) importante é compartilhar que temos que buscar a dire-
ção de Deus em relação a um problema ou situação, e não simples-
mente ordenar que fiquemos sem comer por algum tempo! Se
você tem sido atingido por este tipo de jugo, não se rebele. Pelo
princípio da autoridade espiritual, obedeça.1
0

10 Veja Atos 8:6-7,12.


11 Atos 8:26 (ARC).
128
O JUGO, AS AMEAÇAS E AS IN)URIAS DO NOSSO ΜίΙΟ

E não vá falar com o seu líder, dizendo que ele está errado,
ou mostrando-lhe o que aquí está escrito. Não. Apenas ore por
ele. Deixe que o Espírito faça a obra! Não imponha “ o seu jugo”
sobre ele. Confie ao Espirito Santo essa obra!
Mas se você é o líder da sua comunidade, então tome suas
decisões segundo a direção do Espírito. E, com certeza, o Espírito
Santo lhe mostrará que convém acabar com todo jugo imposto à
sua comunidade.
Sendo G uiado pelo Espírito
Isso que estou abordando é tão importante, para que o poder
de Deus opere através da nossa vida, que convém estender um
pouco mais este ponto. E que realmente não temos ouvido a voz
de Deus antes de tomarmos nossas decisões. Muitas vezes deixa-
mos até de orar a respeito, mesmo diante de decisões que são da
maior importância.
jesús, quando andou por este mundo, nos deu o exemplo.
Antes de iniciar o seu ministério, buscou o Pai em 40 dias de
jejum num lugar em que não havia outras pessoas para o pertur-
barem.12*Antes de escolher seus discípulos, passou uma noite em
oração, buscando a direção do Pai.M Antes de enfrentar a cruz,
foi também ao Getsêmani, para orar.14
Além dessas ocasiões mais importantes, vemos nos evange-
Ihos que Jesus era de facto um homem de oração, que orava em
todo o tempo, e que sempre ouvia e via o que o Pai lhe dizia e
lhe mostrava, antes de fazer e dizer alguma coisa.
E le disse: “ O Filho nada p o d e fazer de si m esm o, senão
somente aquilo que vir fazer o P a i... o Filho também semelhante-
mente o faz;5'‫ ״‬e “ as coisas que dele tenho ouvido, essas digo ao
m undo.” 16 Isso significa que Jesus nada dizia e não fazia nenhum
milagre se primeiro não tivesse tido a direção do Pai.
Para que o poder de Deus opere através de nós, temos que
ser também guiados pelo Pai, através do Espírito Santo que em
nós habita.

12 Mateus 4:1 -11. 14 Mateus 26:36. 16 João »:20.


1:1 Lucas 6:12-14. 15 João 5:19.

129
SANTIDADE L PODER

O apóstolo Paulo também era guiado por Deus. Antes de


fazer sua primeira viagem missionária, ele obedeceu à ordem
dada pelo Espírito: “ £, servindo eles ao S e n h o r e jejuando, disse o
Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a
QUE OS TENHO CHAMADO." '1
Posteriormente, em sua segunda viagem, diz o texto de
Atos que Paulo e seus co m p anh eiro s (Silas e M arcos) foram
“ im pedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia” e
tiveram a intenção de ir para a Bitínia; “ mas o Espírito de Jesus
não o perm itiu ". E, à noite, Paulo teve uma visão em que um
homem macedônio o chamava para a M acedonia.*18 Paulo era,
de facto, guiado pelo Espírito de Deus!
Em nosso jejum, temos que analisar como nos encontramos:
Estamos de facto sendo guiados pelo Espírito? Ou agimos apenas
segundo o que a nossa mente julga ser “ mais vantajoso” , “ mais
racional” , “ mais seguro” ...?
Tirando o Dedo Q ue Ameaça
O texto de Isaías prossegue dizendo que é necessário tirar de
nosso meio “o dedo que ameaça". A nvi traduz esta expressão como
“ o dedo acusador". Isso significa que as pessoas que estão em
nosso meio, que nos rodeiam, não devem ser por nós ameaçadas,
ou acusadas, de nada. Aliás, a função de acusar é de Satanás; ele
é o grande acusador, que nos acusa de dia e de noite perante
Deus, o supremo ju iz .19
Quando alguém está em falta, o diabo acusa; e ele faz a
acusação perante Deus (no céu) como também, muitas vezes,
a faz na terra, através de alguém, contra nós; infelizmente, até
mesmo por meio de irmãos em Cristo.
já o Espírito Santo não age desse modo. O Espírito jamais
nos acusa. Ele apenas nos alerta, através da nossa consciência,
e também nos convence. Sim, ele nos convence do pecado (do
que é errado), da justiça (do que é correto) e do juízo (da decisão
que temos de tomar a respeito).20

7‫ י‬Atos 13:2. 19 Apocalipse 12:1


18 Atos 16:6-10. 21’ João 16:8.
130
O )UGO, AS AMEAÇAS E AS IN)ÚRIAS DO NOSSO MEIO

Assim, quando alguém em nosso meio estiver em pecado,


o que devemos fazer é ir até essa pessoa, procurando mostrar-lhe
o seu erro, mas nunca acusando-a:
“Se o seu irmão pecar... vá e, a sós com ele, mostre-lhe o
erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão.‫( ״‬Mt 18-15 - nvi)
Indo até a presença daquele irmão, e levando uma pala-
vra de exortação (não de acusação), estaremos dando condições
para que o Espírito Santo trabalhe em seu coração, convencendo-
-o do pecado e levando-o ao arrependimento. Somente se ele
não o ouvir, e com o testemunho de duas pessoas, é que o caso
deve ser levado à igreja, procurando com amor que o irmão se
arrependa. Se, porém, ele permanecer no pecado, deve ser tra-
tado como um não-crente, sendo excluído da comunhão.21
Concluímos, assim, que jamais deveremos acusar alguém.
Além disso, a palavra de Isaías nos diz que devemos tirar o
dedo acusador e ameaçador que esteja atuando em nosso meio,
por parte de pessoas de fora. Isso significa que, com respeito à
nossa igreja, temos que orar quebrando a ação maligna causada por
toda acusação e ameaça que tenha sido lançada contra nós e contra
as demais pessoas da igreja, por pessoas que não pertencem a ela.
Há situações em que a igreja foi amaldiçoada pela igreja-
mãe, de onde saiu por um processo de divisão; há membros em
nossa congregação que saíram amaldiçoados pela sua igreja de
origem, e há ainda até mesmo maldições e feitiços lançados sobre a
igreja por pais-de-santo, por feiticeiros e até mesmo por satanistas.22
Temos, portanto, que quebrar toda maldição lançada contra
o nosso meio. Isso é algo que não tenho visto ser feito nas igrejas,
nem naquelas que têm um “ culto de libertação” . Periodicamente
devem os proferir palavras de libertação de toda acusação e
maldição lançada contra a igreja e contra os membros da igreja,
sabendo que temos advogado no céu, Jesus Cristo,23 que intercede
por nós como nosso Sumo Sacerdote.24
21 Mateus 18:16-17.
22 Veja o que relata, a respeito, Daniel Mastral em seu livro “O Filho do Fogo”,
editora Naós, São Paulo.
23 Conforme 1 João 2:1.
24 Hebreus 4:14; 6:20; 7:25.
131
SANTIDADE E PODER

Tirando o Falar Injurioso


Em terceiro lugar, Isaías exorta-nos a remover de nosso meio todo
falar injurioso. O que significa “ falar injurioso” ? O dicionário do
Aurélio5'‫ ־־‬diz que injurioso é aquilo em que há injúria. E injúria é
algo injusto e ofensivo.
Esta expressão “ fa/ar injurioso” é a tradução de uma expres-
são hebraica que significa “ falar m aldade, injustiça, desgraça,
iniquidade, mentira, falsidade” ,2 26 isto é, falar algo que causa um
5
mal a alguém. Temos em nossa língua uma expressão que diz
tudo isso muito bem: “ falar mal” de alguém, ou de alguma coisa.
A LXX27 traduz essa expressão por “ palavra de murmuração” .28
Murmuração significa “ soltar queixumes, resmungar, maldizer” .293 0
Podemos assim entender que Isaías, ao dizer que temos
aue tirar de nosso meio “ o falar injurioso” , está nos dizendo que
cevemos, em primeiro lugar, nos arrepender de toda vez que
falamos mal de alguém, ou de alguma coisa, e de toda vez que
murmuramos. Isto quer dizer que devemos pedir perdão a Deus
por tais palavras, e declarar que estamos cancelando, espiritual-
mente, em nome de Jesus, todo o efeito que tenham produzido -
inclusive abençoando as pessoas contra quem elas foram proferidas.
Veja que isso é fazer o contrário do que o povo de Deus
estava fazendo em seu “ jejum ” : “ e/s que jejuais para contendas e
rixas, e para ferirdes com punho iníquo ... assim... não se fará ouvir
a vossa voz no alto‫ ״‬.w
E, também, como esse falar injurioso tem que ser retirado
de nosso meio, temos que orar como igreja, arrependendo-nos
do pecado que seus membros tenham praticado nesse sentido.
Lembremo-nos de que o próprio Isaías, no seu chamado,
quando foi confrontado com a visão do trono de Deus, o principal
pecado que ele reconheceu na sua vida foi o pecado do mau uso
da sua boca, e também por parte do seu meio, o povo de Deus:
25 Ferreira, Aurélio Buarque de H.; op. cit. verbetes “injurioso" e “injúria".
26 Hebr.: “dabér ‘avvén" (7‫און‬ 13‫)־‬.; cf. Dicionário Hebraico/Português; op. cit.
27 Septuaginta, tradução grega do Antigo Testamento para o grego, feita por erudi-
tos judeus alexandrinos por volta do século III a.C.
28 Em grego: ρήμα γογγικψοΰ (rhéma gongysmou).
29 Segundo Ferreira, Aurélio Buarque de H.: op. cit.
30 Isaías 58:4.
O JUGO, AS AMEAÇAS E AS INJÚRIAS DO NOSSO MEIO

"Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios


impuros, habito no meio de um povo de impuros labios ..."
{Is 6:5)
Como é comum o pecado de falar mal de alguém! Como
é comum o pecado da murmuração - mesmo entre os crentes!
Como temos facilidade para criticar pastores e líderes, apontando
para aspectos negativos de seu ministério, ou dizendo: “ Que
sermão sem inspiração!” - "Será que o pastor não vê q u e ...”
- “ Esta ¡greja está passando dos limites no apelo aos dízimos e
ofertas...” - e assim por diante.
As Escrituras nos dizem:
“ O que guarda a boca e a língua guarda a sua alma das
angústias.'' (Pv 21:23)
“ Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os
homens, dela darão conta no Dia do Juízo." (Mt 12:36)
Temos que entender que a palavra proferida tem poder no
mundo espiritual. Sinomar Fernandes nos diz:
“ Palavras são sementes que, semeadas no quintal da
nossa vida, vão germinar, crescer e frutificar. Boas palavras
são boas sementes. Palavras de derrota são sementes de
destruição. Não há nada que exista que não seja resultado
de uma palavra.” 31
Não só fazemos críticas a pastores e ministérios, mas há
uma tendência, que vem da nossa natureza carnal, de abrirmos
a boca diante de qualquer coisa que nos desagrade. Uns chegam
até a praguejar. É comum os crentes dizerem: “ Logo agora isso
foi me acontecer..." - “ Que coisa ruim !" - “Assim não dá!" -
" S e n h o r , por que isso?" - "Já não aguento mais!" "Sou mesmo
um azarado!" e tantas outras palavras frívolas semelhantes.
Esquecemo-nos (ou não cremos nestas escrituras) de que
tudo em nossa vida está sob o controle do Senhor ; e que tudo
contribui para o nosso bem, como disse Paulo.32
O apóstolo Tiago foi quem falou com maior ênfase sobre
controlarmos a nossa língua:

!l Fernandes, Sinomar - Tudo E Possível; Sião Produções, Goiânia, G O ; p. 30.


12 Salmo 37:5; Romanos 8:28, respectivamente.
‫ ד‬33
SANTIDADE E PODER

“A língua, porém, nenhum dos homens é capaz de


domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero.
Com ela, bendizemos ao S e n h o r e Pai; também, com ela,
amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De
uma só boca procede bênção c maldição. Meus irmãos, não
é conveniente que estas coisas sejam assim.‫( ״‬Tg 3 :8-10)
Além disso, a Palavra nos exorta ainda a darmos graças por
todas as coisas que nos acontecem e em todas as circunstâncias:
dando sempre graças por tud o a nosso Deus e Pai, em
nome de nosso S enhor jesús Cristo‫( ״‬Ef 5:20)
“Em tudo , dai graças, porque esta é a vontade de Deus em
Cristo jesús para convosco.1) ‫ ״‬Ts 5:18)33
Por que devemos dar graças por tudo, inclusive por coisas
ruins que nos aconteçam? Porque cremos que todo mal que
tenha vindo a nós será transformado por Deus numa bênção,
pois tudo vai contribuir para o nosso bem, conforme Romanos
8:28, e conforme a palavra do salmista:
“O justo jamais será abalado... não temerá más notícias;
seu coração está firme, confiante no S en ho r . O seu coração
está seguro, e nada temerá. No final, verá a derrota dos seus
adversários.‫( ״‬SI 1 1 2 :6 -8 - nvi)
Em sua busca da santificação, meu irmão, você tem que
analisar a sua vida: como tem sido a sua boca? Santifique-a como
fez Isaías, recebendo uma brasa viva do altar de Deus! Q ue a
sua boca seja um instrumento para falar apenas palavras que
transmitam virtude, bênçãos, edificação:
“A boca do justo é manancial de vida.‫( ״‬Pv 1 0 :11a)
E se você for pastor, ministre esta verdade em sua igreja, e
faça com que ela, em arrependimento, peça perdão a Deus pelo
pecado do mau uso da língua, por seus membros. Mas, o que é
mais importante é aplicar tudo o que foi dito neste capítulo à sua
própria família.
Como poderá operar o poder de Deus em sua vida se, em
sua família, há palavras de acusação, há injurias, rixas, e tudo isso
a respeito do que Isaías disse: “ a ssim ... não se fará o u v ir a sua voz
no a/to” ?

33 No grego são duas preposições diferentes: em Efésios é υπέρ (hyper) que signi-
fica “por, por causa de’’; em I Tessalonicenses é έν (en), que significa "em".
134
O )UGO, AS AMEAÇAS E AS IN)URIAS DO NOSSO MEIO

Relire, portanto, da sua família o falar injurioso, o dedo que


ameaça, e todo jugo imposto sobre ela.
Resta-nos ainda abordar mais um tópico, que é o seguinte:
M inistrando ao Aflito e ao Faminto
Diz também Isaías que uma das condições para que tenhamos o
poder de Deus, para que nossas orações sejam respondidas, é:
“ se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita...’’'
Isto significa ajudar outras pessoas de nosso meio que
estejam passando por aflições, que estejam carentes em sua alma
(famintos da Palavra de Deus) e, possivelmente, também famintos
literalmente, isto é, necessitados do pão material de cada dia.
Em outras palavras, temos que cuidar dos pobres e carentes,
dos desempregados, dos que estão passando por necessidades. E
isto significa também sermos usados por Deus ministrando cura
interior aos que estão carentes em sua alma.
Você sabia que atender aos necessitados - tanto do corpo
como da alma - é mais um ponto positivo para que o poder de
Deus flua em sua vida? Pois é isso que Isaías está dizendo.
Assim, em toda oportunidade para ajudar alguém, um
irmão em Cristo, que esteja em busca de auxílio, não deixe de
ajudá-lo. Ele será abençoado, e você também.
»f: 34c 3íc

Antes de concluir este capítulo, quero ressaltar que, mais


uma vez, há um paralelismo entre o jejum de Isaías 58 com o
ministério de libertação e cura interior.
No Ministério Agape Reconciliação, do qual faço parte, ao
ministrarmos o seminário de libertação e cura interior numa igreja,
atendemos um bom número de pessoas, que são ministradas
individualmente pela equipe de ministradores.
Nesse seminário há, ainda, uma parte em que é feita a
“ cura da igreja” , quando se dá oportunidade para que toda a
congregação se arrependa de seus erros do passado, quebre mal-
dições lançadas sobre a igreja, haja reconciliações, e faça tudo o
mais que Isaías ensinou como sendo “ tirar o jugo do nosso meio” .

135
SANTIDADE E PODER

O enfoque é não apenas libertar os membros da igreja indi-


vidualmente, mas também libertar a igreja como com unidade.34
E isso que Isaías diz que precisa ser feito!
Deixemos agora aqui nossa conclusão sobre o que vimos
neste capítulo para que o poder de Deus possa fluir plenamente
através de nós:

Temos que tirar de nosso meio, isto é, da nossa família e da


nossa comunidade, o jugo, as acusações e ameaças, e todo
falar injurioso; e ainda atender a todos os necessitados,
física e espiritualmente. (Observação 25)

No capítulo que se segue estaremos tratando do penúltimo


ponto necessário à nossa santificação, como base para que o poder
de Deus possa fluir através da nossa vida - e também através da
nossa igreja! - como parte deste verdadeiro jejum.
Peço ao leitor que dê especial atenção ao que vai ser tratado
a seguir. É muito importante.
Disso eu sei por experiência própria!

34 Sobre este ponto a üra. Neuza Itioka escreveu o livro ‘7\ Noiva Restaurada - A
Cura da Igreja'‫׳‬, em que trata deste assunto com maestria.
13
Quebrando Maldições
Hereditárias
“ O s q u e d e ti p ro ce d e re m edificarão as antigas ruínas;
e levantarás os fundam entos d e geração em geração;
e cham ar-te-ão reparador d e roturas, e restaurador d e
veredas para morar ‫־‬.” (Is 58:12 - sbtr)

Possivelmente o título deste capítulo possa causar espanto. Isaías


falando de quebra de maldições hereditárias?! “ /s.so não é uma
‫־‬invenção' da igreja dos dias de hoje?” - é o que muitos pensam.
Pois é, como você viu, cada ponto da mensagem de Isaías
em seu capítulo 58 (numa visão espiritual do texto) é exatamente
0 que fazemos numa minístração de libertação, quebra de mal-
dições e cura interior. Sendo a quebra de maldições hereditárias
também uma parte importante nessa minístração,1 ela não podería
estar fora da mensagem do profeta. E não é que não está mesmo?!
Este ponto ele aborda no versículo 12, transcrito acima. Antes,
porém, de fazermos uma interpretação espiritual do mesmo,
consideremos o seguinte:
Isaías escreveu de um modo que fosse compreensível naquela
época. Veja que agora ele trata as pessoas a quem está falando
como “ os que de ti procederem” ou, como está na versão atua-
lizada ( r a ), “ o s teus filhos” . Estes têm que fazer alguma coisa em
relação às gerações anteriores. O que eles têm que fazer? Têm
que levantar os fundamentos daquelas gerações, para poder res-
taurar as ruínas que seus pais lhes legaram.
Segundo o entendimento não espiritual, Isaías estaria dizen-
do que as ruínas das habitações de seus antepassados deveríam
ser restauradas.
Ridderbos escreveu,1
2 comentando este versículo:
1 No livro Vida em Abundância, mostro por que esta quebra é bíblica e necessária.
2 O p. cit..
137
SANTIDADE E PODER

“ Israel tornar-se-á conhecido como povo que repara


muros quebrados e restaura ruas, para fazer a terra habi-
tável; portanto, um povo que volta do declínio e retorna
à sua antiga glória.”
A dificuldade de entender esta interpretação está em saber
como ela se insere dentro do contexto em que Deus tem o propó-
sito de esclarecer como deve ser o jejum que lhe agrada. O u, na
visão tradicional, como isso estaria prejudicando o relacionamento
do povo com Deus.
Agora, dando a este texto um enfoque espiritual, podemos
entender que o profeta não está falando apenas da restauração
de ruínas no sentido físico, mas de ruínas espirituais, sendo mais
uma ação necessária para que as orações fossem ouvidas por Deus.
Ruínas Espirituais Herdadas
Quando fazemos a quebra de maldições hereditárias, os males que
são detectados como maldições recebidas de nossos ancestrais
aqui são referidos por Isaías como “ ruínas” que eles nos deixaram:
por exemplo, os filhos sofrem de uma determinada enfermidade,
ou são alcoólatras, ou têm problemas financeiros, ou não se casam,
ou têm qualquer outra situação negativa que aconteceu também
com seus pais, avós, bisavós e outros antecedentes.
Numa ministração de libertação, além de constatarmos essas
"ruínas” , procuramos determinar o que foi que as causou, isto é,
quais foram os seus “ fundamentos” .
Por exemplo, se os filhos têm, em sua maioria, problemas
de ordem financeira, possivelmente isso seja decorrente de uma
maldição hereditária. Então levantamos a vida de seus pais e ante-
passados, tanto quanto for possível, para verificar se houve, com
certa predominância, pecados relativos à vida financeira.
Um caso real, em que esse era o problema, foi o de Newton,
que vivia constantemente enfrentando problemas financeiros.
Aliás, não somente ele, mas outros irmãos e primos também
estavam na mesma situação: não paravam no emprego, tinham
dívidas, viviam apertados financeiramente. Isso indicava a possi-
bilidade de estarem sob uma maldição hereditária nessa área.

138
QUEBRANDO MALDIÇÕES IIERLDIEÁRIAS

E, de facto, foi constatado que os bisavós de Newton ha-


viam sido avarentos e grandes praticantes do jogo, e que inclusive
tinham perdido grandes fortunas por causa disso.
Eis aí o fundamento dessa maldição!
Sim, Isaías está dizendo que cada um de nós precisa levantar
os fundamentos das gerações anteriores, para que as ruínas por
elas deixadas possam ser restauradas. E veja que ele menciona de
“ geração em geração” ou seja, de muitas gerações.3
Numa quebra de maldições, em nossa experiência, e por
direção do Espírito Santo, temos ido muitas vezes a muitas gerações
(não apenas a três ou quatro), de geração em geração. E qual não
é a nossa surpresa quando, por exemplo, ocorre uma manifesta-
ção demoníaca na décima geração!4
Através do pedido de perdão pelos pecados por eles (ante-
passados) praticados, seu efeito é interrompido para com a pes-
soa que está pedindo perdão. Nada altera em relação aos ante-
passados, somente cessa o efeito da maldição sobre quem está
fazendo a quebra, e sobre a sua descendência futura.5
Temos que entender que podemos orar pela quebra de
maldições hereditárias pelo facto de Jesus ter consumado esta
quebra na cruz do Calvário,67conforme a Observação 4.
O que assim estamos fazendo é simplesmente nos apro-
priando dessa bênção, da mesma forma como oramos pela cura
física, porque Jesus já levou nossas dores e enfermidades.
A M aldição de Bastardía
Dentre as maldições hereditárias, há uma, em especial, que tem
interferência direta no sentido de impedir que o poder de Deus

3 Conforme a ra. A interpretação literal para “muitas gerações” é difícil de enten-


der; bastaria dizer que eles teriam que restaurar todas as ruínas.
4 No livro Vida cm Abundância, este ponto também é explicado com mais detalhes,
bem como é descrita a forma de se orar pela quebra.
3 Em Êxodo 20:5, em que Deus diz que visita a iniquidade dos pais nos filhos até
a terceira e quarta gerações, a palavra “iniquidade” em hebraico é *ãwõn, que
exprime os efeitos dos pecados praticados: a culpa e o consequente castigo, ou
maldição. O pecado, propriamente, não se transmite.
6 Conforme Gálatas 3:13: "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele
próprio maldição em nosso lugar."
7 Conforme 1 Pedro 2:24 "por suas chagas fostes sarados", e também Isaías 53:5.
139
SANTIDADE E PODER

opere através da nossa vida. É a maldição de bastardía, ou seja,


a maldição que há sobre todo aquele que foi gerado fora do
casamento, estendendo-se esta maldição até a décima geração:
“ Nenhum bastardo entrará na assembléia do S enhor ; nem
ainda a sua décima geração entrará nela." (Dt 23:2)
Assim muitos crentes - até mesmo sem o saberem - estão
debaixo dessa maldição, porque houve um ancestral bastardo na
quinta, sexta, ou até na décima geração anterior, o que normal-
mente eles não têm nem mesmo como saber.
Agora pergunto: Como a maldição de bastardía pode ser
detectada na vida de um cristão?
Uma vez que a maldição é "não entrará na assembléia do
S en ho r " , isso se traduz num bloqueio espiritual muito grande
para a pessoa. E, principalmente, ela não consegue atuar num
cargo da igreja: mesmo que seja posta numa função, em pouco
tempo algo acontece e ela se vê obrigada a deixar de exercê-la.
Normalmente enfrenta ainda sensíveis dificuldades no seu cresci-
mento espiritual, e em atuar na intercessão.
Tenho ministrado muitos pastores com este sintoma: não
se firmam em nenhuma igreja. O pastor ia pastorear uma igreja,
(jue começava a crescer. Quando tudo parecia ir muito bem, de
repente algo acontecia e ele era obrigado a deixar o ministério
naquela igreja. Não era um problema de moral, mas um desenten-
dimento com a liderança, ou uma razão familiar, ou uma questão
com seus superiores, e assim por diante. O facto é que ele ia para
uma outra igreja, e a mesma história repetia-se, sucessivamente.
Situações como esta têm sido frequentes. Em algumas, sabe-
mos com certeza que havia a maldição de bastardía, pois a pró-
pria pessoa tinha conhecimento de que seus pais, ou avós, não
eram casados legalmente.
Mas, mesmo em casos em que não temos certeza de haver
a maldição de bastardía, quando sinto a direção do Espírito neste
sentido, tenho ministrado a apropriação da quebra dessa maldição
sobre a pessoa, em relação às dez gerações anteriores, declarando
diante de Deus que, se isso realmente ocorreu, então o sangue
de Jesus agora a protege, cancelando todo o efeito da mesma.
140
QUEBRANDO MALDIÇÕES HEREDITARIAS

E, muitas vezes, ficou constatado que de facto esse era o


problema. Cindy Jacobs, confirmando o que acabo de dizer, escreveu:
“ Se você tem a maldição de bastardo, você nunca
encontrará o seu lugar na igreja, não importando o quanto
você se esforce nesse sentido. Você sempre fica se sentindo
um peixe fora d’água. Já quebrei esta maldição em muitas
pessoas. E impressionante a diferença que elas sentem
depois de se arrependerem pelo pecado de bastardo em
sua linhagem familiar, quebrando assim essa maldição!” 89 0
1
Se você, leitor, sente que há um bloqueio espiritual em
sua vida, sente que não está crescendo espiritualmente - e
aparentemente não há uma razão para isso, considere então a
possibilidade de estar sob a maldição de bastardía, principalmente
se tiver dificuldades em exercer um ministério.
Em meu livro Vida em Abundância dedico um capítulo
inteiro ao assunto de quebra de maldições hereditárias, razão
por que aqui não me estenderei mais sobre este assunto. Nosso
objetivo agora é o de apenas ressaltar que este é um ponto
importante, que deve ser considerado em nosso jejum de Isaías
58, em nossa autoanálise para nos purificarmos de tudo o que
seja necessário para que cresça a unção do Espírito em nós - isto
é, para que o poder de Deus venha fluir através da nossa vida.

Somos Reparadores de Brechas e Restauradores de Veredas


"... e chamar-te-ão reparador de roturas (brechasf e
restaurador de veredas para morar." (Is 58:12 - arc, sbtb)i‫״‬

Quando nos apropriamos da quebra de maldições hereditárias,


diz Isaías que, no lugar daquelas ruínas que havia em nossa vida,
agora muitas brechas (roturas) estarão sendo fechadas, e teremos
não mais ruínas, mas casas para morar em veredas restauradas
(isto é, teremos bênçãos, e não mais maldições).
O que Isaías está querendo dizer, com esta figura de lingua-
gem, é que passamos a ter novos caminhos (veredas) em nossa
8 )acobs, Cincly - op. d(., cap. 10.
9 Palavra empregada na versão ra.
10 A tradução da ra deste versículo foi muito infeliz em sua parte final: “serás cha-
mado ... restaurador de veredas para que o pais se torne habitável'‫׳‬. No hebraico
não há menção da palavra “país”, e o sentido do verbo final é “para morar".
141
SANTIDADE E PODER

vida, com a proteção e o abrigo de moradias habitáveis (restau-


rações de antigas ruínas), e assim não mais estaremos vulneráveis
ao ataque inimigo.
De íacto, os que atuam no ministério de libertação e cura
interior são realmente reparadores de brechas e restauradores
de veredas, pela graça de nosso S enhor Jesus Cristo. E é isto o
que acontece conosco, quando nos apropriamos da quebra das
maldições hereditárias: essas brechas são fechadas em nossa vida,
e estaremos então protegidos (dentro de uma moradia espiritual)
de toda maldição familiar.
De minha experiência no ministério de libertação, posso
dizer que uma grande parte dos problemas que os crentes têm
enfretado em sua vida são decorrentes de maldições hereditárias.11
E como é lindo ver que, afinal de contas, temos neste capítulo
58 de Isaías um verdadeiro manual de como realizar uma ministra-
ção de libertação e cura interior - partindo da confissão de peca-
dos, soltando as ligaduras da impiedade, removendo as ataduras
da escravidão, quebrando todo jugo, e até mesmo a quebra de
maldições hereditárias!
E, apesar de que a prática de libertação, quebra de maldi-
ções e cura interior tenha sido redescoberta pela Igreja há pouco
tempo, na verdade está tudo aí, em Isaías, que escreveu há mais
de 2700 anos!
Este jejum de Isaías, necessário para que o poder de Deus
atue em nossa vida, é o processo pelo qual nos santificamos,
como tenho enfatizado repetidamente. Portanto, com a santifi-
cação vem o poder! Santidade e poder são duas palavras que
estão juntas: não há poder sem a santidade e, quanto mais nos
santificarmos, maior o poder de Deus que atuará através de nós.
Assim, caro leitor, se você nunca fez a quebra de maldições
hereditárias, por que não fazer agora? Verifique se há evidên-
cias de maldições que tenham vindo à sua vida (situações que
são repetidas ou análogas a de antepassados seus), levante os
fundamentos (os pecados que as deram origem), e peça perdão

11 Veja no livro Cristo Nos Resgata de Toda Maldição, o relato de muitos casos reais
de libertação cujo principal problema eram as maldições hereditárias.
142
QUEBRANDO MALDIÇÕES HEREDITÁRIAS

por esses pecados, cometidos por seus antecedentes, aplicando


o sangue de Jesus entre a sua vida e toda maldição que deles lhe
tenha atingido.
Faça isso mencionando geração por geração, conforme Isaías,
e segundo a direção do Espírito. E, se houver suspeita de haver a
maldição de bastardía, especifique-a em seu pedido de perdão
pelos pecados de seus antepassados, indo até a décima geração
anterior, pelo menos. Em seguida, em nome de Jesus, expulse
de sua vida e de seus descendentes todo “ espírito familiar” que o
vinha afligindo, por causa dessas maldições. Termine dando glórias
a Deus.12
Concluo aqui este capítulo, não muito extenso mas grande
em importância, deixando a nossa costumeira observação:

Como parte do processo de crescermos no poder de


Deus, temos que fazer a apropriação da quebra das
maldições hereditárias que tenham atingido a nossa
vida. (Observação 26)

* * * * *
Passemos agora ao último ponto abordado por Isaías, neces-
sário para a nossa santificação, dentro do nosso jejum que agrada
a Deus, o que nos possibilitará expulsar até mesmo os demônios
das mais altas hierarquias; permitirá que o poder de Deus opere
maravilhas através de nós; e, por fim, há de nos fortalecer em
nossa luta contra as trevas.

12 Um modelo de como orar, quebrando maldições hereditárias, acha-se em meu


livro Vida em Abundância.
143
Honrando o Dia
do S enhor
“Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos
leus próprios interesses no meu santo dia; se chamares
ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de
honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não
pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando
palavras vãs..." (Is 58:8-11a)

Este é o fecho da mensagem de Isaías 58, trazendo-nos o último


ponto que temos que observar em nossa santificação. No próximo
capítulo ainda estaremos abordando este maravilhoso texto, mas
lá veremos como ele descreve as bênçãos que estão preparadas
para todos aqueles que se santificam conforme esta mensagem.
Agora vamos tratar de um assunto que tem sido em grande
parte desprezado pela Igreja de Jesus: a guarda do sábado do
S e n h o r . O pensamento que muitos têm é que isso era apenas
para os judeus, e que, por não estarmos debaixo da lei, então não
precisamos cumprir este preceito.
Mas, que engano! Como Satanás tem enganado a Igreja
neste ponto! A guarda do sábado não é um dos dez mandamentos?
E claro que é. Veja o texto bíblico, numa tradução minha:

" l.embra-te do dia de descanso, para o santificar. Seis dias


trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o
descanso do S enhor, teu Deus; não farás nenhum trabalho,
nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo,
nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro
das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o
S enhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e,
ao sétimo dia, descansou; por isso, o S enhor abençoou
o dia de descanso e o santificou." (Ex 20:8-11- alterada
aqui a palavra traduzida por “ sábado” por seu sentido em
hebraico, que é “ descanso".)

145
SANTIDADE E PODER

A Palavra “Sábado'"
Na tradução Almeida (e também em outras versões modernas)
a palavra shabãt hebraica' é transliterada para sábado e não é
traduzida pelo seu significado original, que é descanso, conforme
foi feito acima. Por que fiz esta alteração na tradução? Porque
0 sentido original da palavra é descanso, que tem o conteúdo
semântico de “ não trabalhar” , e não se refere ao nome de um dia.1 2
Assim, a tradução com a palavra “ descanso” aponta para o
sentido original, e não para o nome de um dia da semana, como
posteriormente ficou significando essa palavra.
O que Deus está definindo neste mandamento é que temos
que guardar um dia a cada sete, e este dia ele o santificou como
sendo o dia do descanso. E fez isso porque a criação foi feita em
seis dias, e no sétimo o S e n h o r descansou.
Sim, temos que guardar, temos que honrar um dia a cada
sete para o S e n h o r , e este dia será o nosso shabãt (descanso). O
que importa é obedecer o preceito de honrar um dia a cada sete
para o S e n h o r . Esta foi a ordem dada por Deus.
Os cristãos normalmente guardam o descanso no dia chamado
domingo. Os adventistas guardam o descanso no dia de nome
sábado. Aqueles que, por alguma razão, têm que trabalhar no
domingo, o guardam num outro dia da semana. Qualquer que
seja o dia, o preceito se mantém: guardar um dia em cada sete
para o S e n h o r .
A Guarda do D escanso Não É Só para o Antigo Testamento?
Alguns cristãos pensam que a guarda do descanso era apenas
para os judeus, pois - dizem - “ não estamos mais debaixo da lei” .
Mas, porque não estamos mais debaixo da lei, podemos roubar,
matar, adulterar... que são outros mandamentos do decálogo?
E claro que não! A quebra da lei, dos mandamentos de
Deus, é pecado. De facto, não estamos mais debaixo da lei, mas
nem por isso vamos pecar.
E o que nos ensina o apóstolo Paulo:
1 Ou seja, ‫ ש ב ת‬, que significa “descanso” .
2 Posteriormente, o nome sbabãt (transliterado para sábado) passou a significar o
sétimo dia dos judeus, mas não era esse o sentido desta palavra quando Moisés
recebeu os dez mandamentos.
146
HONRANDO O DIA DO SENHOR

“ Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não


estais debaixo da lei, e sim da graça. E daí? Havemos de
pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça?
De modo nenhumΓ (Rm 6:14-15)
E veja que Jesus foi bem claro em dizer que Ele não veio
para revogar a lei:
“ Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim
para revogar, vim para c u m p r ir (Mt 5:17)
Se Jesus não revogou a lei, isso significa que ela está valendo.
O s mandamentos estão ainda vigentes e, portanto, peca-
mos quando quebramos qualquer um deles. E a transgressão de
um mandamento, isto é, o pecado, tem um efeito, um resulta-
do. Qual é o efeito do pecado? Em Deuteronômio está escrito:
“ Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do S enhor , teu
Deus, não cuidando em cumprir io d o s o s seus mandamentos
e os seus estatutos que, hoje, te ordeno, então, virão todas
estas maldições sobre ti e te alcançarão ...” (Dt 28:15)
A quebra de um mandamento, ou seja, o pecado, dá direito
ao inimigo de nos trazer maldições. Em sequência ao versículo 15
acima encontramos, neste capítulo 28 de Deuteronômio, tudo
quanto é maldição (até o versículo 68!) em decorrência de se
quebrar os mandamentos de Deus. Isso está revogado? Jesus
disse que não. Não está mesmo! Pois Deuteronômio 28:15 e
versículos seguintes não foram revogados.
Assim, quando um crente peca, ele fica sujeito a maldições
decorrentes do pecado praticado, a menos que se arrependa,
pedindo perdão a Deus. Pois, quando pede perdão, está se apro-
priando do fato de que Jesus veio para cumprir a lei em seu lugar.
E, desse modo, pela graça fica livre daquela maldição.
Uma coisa é certa: se pecarmos e não nos arrependermos,
não pedindo perdão a Deus, não nos apropriando da obra de
Cristo na cruz, permaneceremos debaixo de uma maldição. E
por isso que Isaías nos ensinou a soltar as ligaduras da impiedade,
para não ficarmos amarrados a nenhuma maldição, conforme já
consideramos no Capítulo 8.

147
SANTIDADE E PODER

isso posto, analisemos agora o que de facto significa a verdade


de que não estamos debaixo da lei. Se a quebra da lei nos atinge
com maldições, isso não quer dizer que estamos debaixo da lei‫׳׳‬
Pois bem, para entender bem este ponto, temos que nos
lembrar da Observação 6, que diz que, pelo novo nascimento,
temos uma dupla natureza: somos um homem natural, ou velho
homem (o que nasceu segundo a carne) e um homem espiritual
(o que nasceu de Deus). O homem espiritual, como vimos, não
peca. Quando pecamos, quem comete o pecado é o nosso velho
homem, o homem natural. Assim, a quebra da lei é feita pelo
nosso homem natural, ou carnal. E ele é atingido por esse efeito.
Ele é atingido pela maldição.
Agora, quando dizemos que não estamos debaixo da lei,
estamos nos referindo ao nosso homem espiritual, este que nasceu
de Deus pela fé em Jesus Cristo, este que foi salvo pela graça, este
que tem a vida eterna, este que não sofre mais qualquer efeito da
lei - pois ele não peca.
Assim, não temos que cumprir a lei para sermos salvos (como
era o caso dos que estavam na velha aliança). Nós já somos salvos
pela fé em Cristo, que cumpriu a lei por nós. Agora devemos
guardar a lei não para sermos salvos (pois já somos), mas sim
porque a lei representa a vontade de Deus para nós, e queremos
fazer a vontade de Deus. E também porque, se pecarmos (o
velho homem), nós estaremos - neste mundo - sujeitos ao efeito
do pecado, isto é, às maldições, pois a lei não foi revogada.
Quando pecamos, nosso homem natural - em seu corpo,
alma e espírito-contam ina-se. Como é que um crente pode então
ter prazer no pecado? Agora o Espírito Santo, que nele habita
em seu homem espiritual, é quem o dirige, quem o aconselha,
quem o ajuda a vencer toda tentação. O homem espiritual, o
novo homem, tem agora a natureza de Deus, que não peca.
Veja que o Novo Testamento diz, com clareza, que os santos
(os que são filhos de Deus) são aqueles que mantêm a fé em Jesus
e guardam os mandamentos de Deus:
“Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os
mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” (Ap 14:12)
148
HONRANDO O DIA DO SENHOR

Sim, temos que guardar, temos que honrar o descanso do


S eni 1 0 R. Mas o problema é que muitos crentes, que dizem guardar
o dia do S e n h o r , na verdade o fazem apenas “ pró-forma” , pois
“ aproveitam” o domingo para fazer compras, para se divertirem,
e até mesmo para trabalhar (trazendo para casa um serviço que
estava atrasado, para adiantá-lo nesse dia).
Lembro-me de um irmão, que ministrei há algum tempo,
que me disse que trabalhava de segunda a segunda, sem parar,
pois estava numa situação financeira deplorável. O ra, a sua
situação financeira era péssima exatamente por causa disso, ele
estava debaixo da maldição decorrente da quebra do quarto
mandamento!
Assim, também este ponto deve ser levado em conta numa
ministração de libertação. A quebra do quarto mandamento im-
plica em maldições que atingem o crente, pois todos os que não
estão levando a sério a guarda do descanso do S e n h o r estão fazen-
do exatamente o que Isaías disse: “ estão profanando o descanso,
cuidando de seus próprios interesses, seguindo os seus caminhos
(isto é, estão fazendo aquilo que lhes dá prazer), pretendendo
fazer a sua própria vontade (e não a do S e n h o r ), falando palavras
vãs (e não as palavras de edificação, de louvor e glória a Deus)” .
Há duas coisas que Deus requer de nós: um décimo do
nosso rendimento (o dízimo) e um sétimo do nosso tempo (o
dia de descanso). Para esses dois mandamentos a palavra é de
grandes bênçãos, para quem os cumprir.
A guarda do dia de descanso faz parte das bênçãos de
poder em nossa vida (conforme veremos no próximo capítulo) e,
com respeito ao mandamento do dízimo, Deus promete abrir as
janelas dos céus e derramar sobre nós bênção sem medida.3
Assim, concluímos que Isaías nos diz que, como parte
deste jejum que agrada a Deus, devemos guardar o descanso
do S e n h o r , para que o seu poder opere em nós, para que nossas
orações sejam atendidas. E devemos pedir perdão a Deus por
este pecado, por tê-lo praticado no passado.

3 Malaquias 3:9-10.
149
SANTIDADE E PODER

No dia consagrado por nós ao S e n h o r , dediquemo-nos ao


descanso de nossas atividades normais e santifiquemos esse dia,
louvando ao S e n h o r , estudando a sua Palavra, tendo comunhão
com os irmãos na igreja. Honremos o dia do S e n h o r !
Veja agora o paralelismo que há: quando não descansamos
fisicamente, ficamos sem condições físicas para trabalhar adequa-
damente. Disso eu tenho experiência, pois muitas vezes estamos
servindo ao S e n h o r no domingo e ministramos o dia todo. Quando
chega a segunda-feira, espiritualmente estou bem, mas o cansaço
físico me tolhe as energias, e não consigo fazer o que tenho que
fazer com eficiência. Em outras palavras, perco a energia para
trabalhar. Perco, por assim dizer, poder para agir nas atividades
deste mundo. O mesmo acontece na esfera espiritual. Quando
não guardamos o descanso do S e n h o r , a nossa energia espiritual
diminui, isto é, o nosso poder espiritual enfraquece.
Não é significativo que, dentre todos os mandamentos,
Isaías tenha destacado este em especial? E anteriormente, numa
outra passagem, ele também disse que a guarda do descanso do
S e n h o r nos torna bem-aventurados:

“ Bem-aventurado o homem que faz isto, e o filho do


homem que nisto se firma, que se guarda de profanar o
descanso (shabãt) e guarda a sua mão de cometer algum mal.”
(Isaías 56:2 - aqui também shabãt traduzido por descanso.)
Meu irmão, analise a sua situação. Se você quer o poder de
Deus, dedique-lhe de facto um dia em cada sete, consagrando-o
ao S e n h o r . E peça perdão pelo seu pecado de não o ter guardado,
de não o ter honrado como convém. Creio que para esta oração
não preciso nem lhe dar um modelo. Você saberá como orar.
Destaquemos então que:

É parte da nossa santificação guardarm os o dia de


descanso, consagrando-o ao S enho r .
(Observação 27)

Vejamos agora os efeitos de aplicarmos em nossa vida esse


jejum de Isaías. Será que vale a pena fazer esse jejum que agrada
a Deus? Leia o próximo capítulo e você verá.

150
15
Conclusão da Mensagem
“Então, romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará
sem detença, a tua justiça Irá adiante de ti, e a glória do
S enhor será a tua retaguarda; então, clamarás, e o Senhor
te responderá; gritarás por socorro, e ele dirá: Eis-me aqui.
... Então, a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão
será como o meio-dia. O Senhor te guiará continuamente,
fartará a tua alma até em lugares áridos e fortificará os
teus ossos; serás como um jardim regado e como um
manancial cujas águas jamais faltam ... Então, te deleitarás
no S e n h o r . E u te farei cavalgar sobre os altos da terra e te
sustentarei com a herança de ¡acó, teu pai, porque a boca
do Senhor o disse.” (Is 58:811,14‫)־‬

Este trecho final da mensagem de Isaías começa com um “ então” ,


palavra que se repete ainda nos versículos seguintes. Isso significa
que, o que se segue é uma consequência de tudo o que foi dito antes.
Sim, se nos libertarmos, se nos purificarmos, se nos revestir-
mos do amor de Deus, se lançarmos fora todo jugo, se edificar-
mos as ruínas que nos foram legadas por nossos pais, se honrar-
mos o descanso do S enhor , então acontecerá em nossa vida uma
série de coisas, que a seguir são mencionadas. Examinemos com
cuidado cada uma delas.

Receberemos a Plena Luz de Deus


“Então... romperá a tua luz como a alva” (v. 8a)

A primeira coisa que o profeta diz que vai acontecer é que a luz
romperá em nós como a alva; isto é, em nós a luz surgirá como
o romper de um dia. E claro, a cada passo em que eliminarmos
as contaminações das trevas em nosso interior (em nossa alma e
em nosso espírito), nesses lugares em que havia trevas espirituais
agora passa a haver luz.
E o que faz a luz? Ela ilumina, isto é, revela-nos aquilo que,
sem ela, não estávamos vendo. Ela nos mostra, assim, as reais
causas dos problemas que temos diante de nós, para que possa-
mos enfrentá-los e orar como convém, com poder.
151
SANTIDADE E PODER

Espero que o leitor tenha de facto entendido que, quando


estamos buscando o poder de Deus através deste jejum verda-
deiro, nosso objetivo é nos santificarmos, isto é, detectarmos as
contaminações, as trevas que ainda existem em nós, e nos puri-
ficarmos totalmente. E, deste modo, a luz de Deus romperá, de
forma que estaremos vendo o que não víamos antes!
Este é um ponto tão importante que Isaías repete: “ Então,
a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será com o o meio-
dia” (v.10b). Sim, ela rompe como a alva, e a luz do S e n h o r vai
aumentando cada vez mais, transformando toda escuridão (as
trevas que havia em nós) na plena luz do meio-dia! Isaías está
repetindo as palavras de Salomão, que disse:
"Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai
brilhando mais e mais, até ser dia perfeito. O caminho dos
perversos é como a escuridão; nem sabem eles em que
tropeçam." (Pv 4:18-19)
Saiba de uma coisa, meu irmão: quanto mais a luz do S e n h o r
brilhar em sua vida, maior será a sua visão. Estamos falando da
visão espiritual, é claro. E visão espiritual nada mais é do que fé,
como vamos ver posteriormente. Assim, maior será o poder de
Deus à sua disposição, pois você terá mais fé.
Em nossa luta contra o inimigo espiritual isso é muito
importante. Veja que, nas guerras deste mundo (lembremo-nos de
que sempre há um paralelo entre as coisas físicas e as espirituais),
as nações em guerra desenvolvem a espionagem (para aumentar
a sua visão sobre o inimigo), usam o radar (para ter a visão do
inimigo antes da visão ocular), e hoje em dia as grandes potências
têm até satélites “ espiões” , que lhes dão a visão sobre o que se
passa no território inimigo. Quando temos uma boa visão, em
nossa batalha espiritual, o nosso tiro será certeiro. Q ue diferença
em relação a atirar a esmo, ao acaso, para “ ver se acerta” !
Rick Joyner, em seu livro A Batalha Final,' recebeu de Deus
a visão de que o cristão, em sua caminhada de santificação, está
subindo uma montanha. E é dessa montanha que ele guerreia
contra o exército inimigo. Quanto mais ele sobe (ou seja, quanto
mais se santifica), maior é a sua visão e, ainda, menor é o poder1
1 )oyner, Rick - O p. cit.
152
CONCLUSÃO DA MENSAGEM

do inimigo em atingi-lo. E, a partir de uma certa altura, diz ele, o


cristão fica fora do alcance das setas inimigas!
Muitos crentes têm orado sem ter a visão real do seu proble-
ma, sem reconhecer o seu inimigo, aquele que o está afligindo, e
assim suas orações não são dirigidas ao alvo, à razão o u c a u s a do
problema em sua vida; suas orações são apenas pedindo a Deus
que os livre dos e fe it o s do problema.
Isso seria o mesmo que, numa batalha deste mundo, os
generais cuidassem apenas das providências médicas para atender
os feridos, e nada fizessem para atingir os canhões adversários
(que são a causa dos males que os estão atingindo)! Mas é isso
que os crentes têm feito, em suas orações: oram apenas pelos
problemas, e não por suas causas. Ah! Não fosse a misericórdia
de Deus... Em nossa batalha espiritual não temos tréguas. Estamos
sempre enfrentando o inimigo - por isso precisamos ter a visão
espiritual que o jejum de Isaías nos dá.
També ‫ ווו‬no Antigo Testamento o jejum tinha o propósito
de quebrar, no mundo espiritual, a c a u s a do mal que estavam
enfrentando. O problema era sempre a ação dos inimigos de Is-
rael, que Deus permitia virem contra eles, pois o povo ia após
outros deuses, fazendo o que não era reto aos olhos do S enhor .
Assim , em várias ocasiões, foi apregoado um jejum de
a r r e p e n d im e n t o , d e c o n f is s ã o d e p e c a d o s , h u m ilh a n d o - s e t o d o s
n a p r e s e n ç a d e D e u s .1
E Deus aceitava o arrependimento e então livrava o povo
de seus inimigos, uma vez que a causa daquela situação (o pecado)
havia sido eliminada através do arrependimento.
Conforme já foi mencionado anteriormente, o Senhor incluiu
na lei um único dia de jejum, que era cumprido na Festa Anual das
Expiações. Era um dia solene de arrependimento e de purificação.
Veja o que a escritura diz sobre esse dia:
“ P o rq u e , n a q u e le dia , se fará e x p ia ç ã o p o r vós, para p u rifica r-
-v o s ; e se re is purificados d e todos os vossos p e c a d o s , p e ra n te
o S enhor .” (Lv 16:30)*

2 Por exemplo, com )osafá (2Cr 20:3); com Esdras (Ecl 8:21-23); com os ninivitas
On 3:5).
SANTIDADE E PODER

Observe que este versículo dá apoio à interpretação espi-


ritual que estamos fazendo do jejum de Isaías 58. O jejum é um
meio para a purificação do povo de Deus! Sim, diz Isaías, o ver-
dadeiro jejum é aquele que promove uma alteração total no
interior do homem. Dele faz parte não somente o arrependimento,
mas muito mais: tudo o que é necessário para a sua purificação.
Muitos crentes, hoje em dia, não têm a visão de que
precisam praticar constantemente este jejum que agrada a Deus.
Não sabem que é desse modo que terão o poder de Deus fluindo
através da sua vida e que também, diante de um problema, terão
a luz de Deus para lhes mostrar como enfrentá-lo.
Quando se dispõem a orar e jejuar por um objetivo, tenho
ouvido, com muita frequência, me dizerem que estão “ jejuando
pela cura de fulano” , por exemplo. Na verdade muitos pensam
que, através do seu sacrifício (ficar sem comer), estão “ pagando”
um preço espiritual para que Deus opere a cura.
Que confusão! O preço já foi pago na cruz. Não há mais
nada a ser pago. O u, então, acham que, pelo seu sacrifício, isso
vai forçar a Deus agir. Q ue engano! A Bíblia diz que Deus não
muda; ele é sempre o mesmo.
Para que E le possa agir, em determinadas circunstâncias,
o c/ue tem que m udar são as circunstâncias, não D eu s: onde
havia direito legal do inimigo, esse direito precisa ser cancelado.
E saberemos qual é esse direito através do jejum e oração.
Precisamos ter a visão que Deus nos dá, pois através do
verdadeiro jejum o S e n h o r romperá a nossa luz como a alva, até
ser como o meio-dia, e teremos essa visão!
Isto é tão importante, que vale a pena deixar em destaque
em mais uma de nossas observações:

O objetivo de nosso jejum é ter a visão de quais são as


causas que estão dando direito ao inim igo de agir num a
determ inada situação, para que possam os orar com poder.
O que tem de m udar são as circunstâncias, para que Deus
possa agir com justiça. (O b servação 28)

154
CONCLUSA() DA MENSAGEM

Sim, o objetivo do nosso jejum não é mudar a opinião de


Deus sobre uma situação; o nosso jejum tem a finalidade de mudar
algo em nós, capacitando-nos a receber o poder de Deus e fazer
com que tenhamos a visão da causa real do problema que nos
aflige. Objetiva também recebermos uma visão (luz) do que
devemos fazer a cada passo em nosso caminho, em nossa luta
contra o inimigo. Tenhamos então isto bem claro:
Não jejuemos por um objetivo externo, mas sim por um
objetivo interno em nós. Quando temos um objetivo externo (a
cura de alguém, por exemplo), e nos dispomos a fazer um jejum
por causa disso, devemos estar conscientes de que não é o jejum
em si que vai trazer a cura. O jejum apenas nos capacitará a ter a
visão e as condições para que, desse modo, possamos orar como
convém, e com poder, de forma que a cura ocorra. Jesus disse:
“ Porque o coração deste povo está endurecido, de mau
grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos ; para
não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os
ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam for
MIM CURADOS.” (Mt 13 : 1 5 )
Jesus afirmou que os que estão com os olhos fechados, isto
é, que não têm a visão espiritual da fé, que não têm a luz de Deus
- esses não conseguem ouvir com os ouvidos a voz do Espírito que
os guia para a solução do problema. Também não têm entendimento
em seu coração do que está errado, não se converteram (ou seja,
não mudaram a sua mente, não deixaram o que estava errado) -
e assim não serão curados (cura do corpo, da alma e do espírito).
Antes do nosso novo nascimento estávamos totalmente em
trevas. Um dia raiou um raio de luz: encontramo-nos com Jesus
e recebemos a salvação. Mas isso não quer dizer que todas as
trevas em nós foram dissipadas; naquele dia demos apenas o pri-
meiro passo de uma caminhada que se chama santificação.
Todos nós, depois de nascidos de novo, ainda temos um
certo grau de trevas em nós (no velho homem). Ainda não chega-
mos ao dia perfeito, ao meio-dia, no dizer de Isaías; ou à perfei-
ção, no dizer de Paulo. *

3 Cf. Filipenses 3:12: “Não que eu ... tenha já obtido a perfeição; mas prossigo
para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus.”
155
SANTIDADE E PODER

O progredir em direção à perfeição não é apenas viver, daqui


para a frente, uma vida sem pecado, conforme já vim os. Isso
apenas faz com que fique mantido o grau de santificação já atingido.
É preciso nos purificarmos das impurezas q u e e s t ã o e m n ó s ,
e m n o s s o in t e r io r (em nossa alma e em nosso espírito),1para que
a nossa santificação se aperfeiçoe. Para isso, conforme as palavras
de Jesus acima, temos que ver o que está errado, temos que ouvir
a voz do Espírito guiando-nos à solução, temos que nos purificar
do que estava contaminado em nós - e assim seremos curados! E
é isso mesmo que estamos vendo na profecia de Isaías.
Este jejum que agrada a Deus cancela o endurecimento do
nosso coração, trazendo-nos a luz, permitindo-nos ouvir a voz do
Espírito, dando-nos uma direção segura para batalharmos contra
o mal, com entendimento. Que bênção será quando, neste pro-
cesso de santificação, alcançarmos o dia perfeito!
E Jesus destacou, como já foi observado, que não devemos
jejuar para sermos vistos pelos homens, e não devemos jejuar
como um ato de religiosidade (confirmando Isaías). Não encon-
tramos, no Novo Testamento, o jejum para Deus dar uma bên-
ção, mas a Igreja primitiva jejuava para que D e u s lh e s r e v e la s s e
a lg u m a c o is a , lh e s d e s s e s a b e d o r ia , lh e s d e s s e lu z . Por exemplo,
quando os membros da igreja em Antioquia serviram ao S e n h o r ,
jejuando, foi que o Espírito Santo lhes disse para separarem Bar-
nabé e Saulo para a obra que Deus lhes chamara/’
O próprio jejum de Jesus, em que ele buscou a presença
do Pai, sem ser interrompido por nada, durante quarenta dias,
não foi para resolver um problema difícil... foi para capacitá-lo
espiritualmente a exercer o seu ministério entre os homens.
Sim, Isaías nos diz que, com o jejum verdadeiro, então
“ r o m p e r á a tu a lu z c o m o a a lv a " . Como é que um dia amanhece?
A escuridão vai diminuindo aos poucos, e o sol vai surgindo.
“A tu a lu z n a s c e r á n a s t r e v a s , e a tu a e s c u r id ã o s e r á c o m o
0 m e io - d ia ” (v. 10). Onde havia trevas em seu interior, agora ela
se dissipará, e a luz será tão forte como a do sol a pleno dia! Isso
significa que aquilo que estava encoberto agora estará visível.*5
1 Conforme 2 Corintios 7:1 e 1 Tessalon¡censes 5:23, já citados.
5 Atos 13:2.
156
_______________________________CONCLUSÃO DA MENSAGEM______________________________

E Deus lhe mostrará o que é necessário fazer para que a bênção


seja alcançada, para que as causas do problema desapareçam,
para que a recompensa do S enhor lhe seja dada.
Receberem os a Cura sem Detença
"F.ntãu... a tua cura brotará sem d e te n ça ..." (v. 8b)

Um outro efeito que acontece quando realizamos este jejum


verdadeiro - com a soltura das ligaduras da impiedade, com a
quebra das ataduras da escravidão, com o rompimento de todo
jugo, com o recebimento do amor de Deus no coração, com a
quebra de maldições hereditárias, e honrando o dia de descanso
do S enhor - é a cura sem detença, isto é, rapidamente.
A palavra que está traduzida por “ cura” 6 significa, no hebraico,
a restauração de uma ferida que havia na pessoa. O sentido origi-
nal desta palavra é o de uma “ carne nova” que surge onde havia
uma ferida, uma contaminação. É claro que aqui estas palavras es-
tão em linguagem espiritual. Aquelas contaminações espirituais da
alma, aquelas feridas espirituais são então rapidamente curadas, pu-
rificadas. Aquilo que fazia parte do velho homem desaparece
e uma “ nova carne” , a do novo homem, o homem espiritual,
passa a preencher aquelas áreas. Há uma restauração.
Quando fazemos o jejum que agrada a Deus, libertando-
-nos de todas as contaminações e trevas que havia em nós, a
expressão “ a tua cura” refere-se ao que acontece conosco! Nos-
so espírito, alma e corpo ficam curados, puros, santificados em
relação aos pontos que foram tratados. A nossa restauração rapi-
damente acontecerá! Assim, vemos que os passos mencionados
por Isaías fazem com que as enfermidades espirituais em nosso
interior sejam curadas sem demora, isto é, fazem com que nos
purifiquemos e, com a purificação, aperfeiçoemos a nossa santi-
dade e aumentemos o grau da unção de Deus em nós.

Através do jejum verdadeiro nosso espírito,


alma e corpo são purificados, e as contaminações são
curadas rapidamente. (Observação 29)

6 No hebraico: 'ãrükâ (‫ ;) א ר ו כ ה‬os significados indicados estão conforme o D/c/o-


nário Hebraico-Portugués; op. cit. p. 17.

157
SANTIDADE E PODER

Neste ponto é muito interessante observar que também aqui


ocorre um nítido paralelo com o que acontece numa ministração
de libertação e cura interior.
Em nosso ministério temos atendido pessoas que, sendo
crentes, estão ainda sob opressão, maldições, enfermidades,
compulsões, depressões e outras situações negativas. Muitas estão
ainda sob um certo jugo do inimigo, que não as permite nem
mesmo ler as Escrituras, dando-lhes sono, fazendo com que sua
mente vagueie. Tenho ministrado crentes que, embora convert¡-
dos há vários anos, ainda estão dominados pelo vício do fumo,
pelo alcoolismo, e até mesmo por drogas. E, como já destaque¡
anteriormente, a ministração dessas pessoas se faz de acordo com
esses passos de Isaías 58. No final de cada ministração, como é
maravilhoso ver a pessoa liberta, curada, livre daquelas opressões!
A sua cura se faz sem detença, como o texto bíblico nos ensina.
E verdade que todo crente, com o passar do tempo, vai se
libertando de todas as ligaduras, ataduras, jugos e maldições em
sua vida, pelo efeito da Palavra, por orar em certas ocasiões por alguns
dos problemas de sua vida, por serem ungidos em outras ocasiões,
por participarem de “ cultos de libertação” , e assim por diante.
Mas o processo é lento. Quando, porém, a pessoa é ministrada,
a sua cura é sem detença, é rápida; todos aqueles pontos conta-
minados, ao serem tratados em seu interior, são restaurados!
Tenho ministrado crentes que vinham sofrendo há mais de
dez, vinte anos, com determinadas situações negativas. Se tives-
sem sido ministrados algum tempo após a sua conversão, não
teriam tido que sofrer por tanto tempo, e o seu crescimento espi-
ritual teria sido muito mais intenso.
E por isso que nosso Ministério7 tem recomendado que as
igrejas tenham um ministério permanente de libertação e cura
interior, e que ministrem individualm ente os novos crentes,
algum tempo após a sua conversão. Por que deixá-los sob o efeito
dessas amarras malignas por tanto tempo? Não faz sentido! Isaías
nos diz que a cura vem sem detença!
Refiro-me ao ministério de que faço parte, o Ministério Agape Reconciliação, lide-
rado por Neuza llioka, o qual promove seminários de libertação e cura interior, e
dá treinamento para os que desejam atuar nesta área.
158
CONCLUSÃO DA MENSAGEM

A G lória do S en h o r N os Atingirá
"Então... a tua justiça irá adiante de ti." (v. 8c)
No hebraico, esta expressão literalmente tem o sentido de que
a justiça que agora há em você, como resultado deste jejum, vai
para a sua face.89Ela espelha-se em seu rosto! Isso é exatamente o
que temos visto acontecer com as pessoas que têm sido ministra-
das em libertação e cura interior. É impressionante, mas normal-
mente a pessoa chega com uma face perturbada, triste, fechada.
Após a libertação, porém, fica com um rosto alegre, radiante.
Muitas vezes temos até mesmo comentado: “ Olha só o rosto dele
(ou dela), como está diferente! Glória a Deus!”
Quando somos purificados, somos transformados de
glória em glória, e a glória do S e n h o r reflete-se em nosso rosto,
conforme escreveu o apóstolo Paulo:
“ Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um
espelho a glória do S enhor, somos transformados de glória
em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do S enhor."
(2Co 3:18- SBT13)
Foi o que aconteceu com Moisés, num grau muito mais
elevado, quando esteve na presença do S e n h o r , e então, literal-
mente, o brilho da glória de Deus estampou-se em seu rosto.‘* É
ainda o que acontece segundo a expressão do salmista:
“ (O S enhor ) fará sobressair a tua justiça como a luz e, o teu
direito, como o sol ao meio-dia.” (SI 37:6)
Sim, a nossa justiça como luz (espiritual) passa a refletir-se em
nossa face. E essa luz tem um efeito muito grande sobre os demô-
nios, pois eles não se sentem bem diante da luz que expressa a
glória de Deus, já que são das trevas. Essa luz, portanto, os afugenta!
Tendo você buscado o S e n h o r do modo como descrito por
Isaías, a sua justiça, como uma luz, passa a brilhar em sua face.
Então aquele que olhar para você verá a luz (espiritual) brilhando
em seu rosto, e será afetado pela presença de Deus, através de você.

8 O verbo aqui está no perfeito, indicando uma ação realizada. Em hebraico:


” ‫( ו ה ל ך ל פ ני‬foi para o teu rosto).
9 Êxodo 34:30; 2 Corintios 3:7.
159
SANTIDADE E PODER

A luz de Deus em sua face significa ainda a presença do


Senhor à sua frente. Isto quer dizer que você terá também a
proteção de Deus para a sua vida, em seu caminho.

A Glória do S enhor Será a Nossa Retaguarda


“Então... a glória do S en h o r será a tua retaguarda.” (v. 8d)
Já esta expressão tem o sentido, no hebraico, de que “ a glória do
S eni ior te acolherá” ,101isto é, Deus será glorificado pela nossa vida
de poder. Esta mesma condição temos visto também acontecer
com as pessoas que passam pela libertação: sua primeira atitude,
depois de libertas, é glorificar a Deus.
O Novo Testamento registra que as pessoas que eram cura-
das e libertas por Jesus, de igual modo, davam glórias a D eu s."
Também temos visto, na prática, que depois de ministrarmos
alguém, todo o louvor e toda a glória são dados a Deus, pelo que
Ele fez. A glória do S i ni ior está sempre atrás de nós.
O verbo deste versículo está no futuro, o que significa que
isso será permanente em nossa vida, e atingirá até a eternidade.12
Em outras palavras, pelo processo do jejum verdadeiro nós
nos santificamos de forma que o poder de Deus fluirá em nossa
vida em atos que permanentemente glorificarão o Senhor.

A Resposta do S enhor Será Imediata


“ Fntão... clam arás, e o S en h o r te re sp o n d e rá ; gritarás
p o r so co rro , e e le dirá : f/s-me a q u i...” (v. 9)

Detenha-se alguns instantes nesta poderosa promessa, caro leitor,


e então conscientize-se de que estas palavras se cumprirão tam-
bém em sua vida, como resultado da sua libertação e purificação.
Que diferença em relação à situação anterior, em que
estava o povo de Deus, dizendo: “ Por q u e je ju a m o s n ó s , e tu n ã o
a te n ta s p a r a is s o !' P o r q u e a flig im o s a n o s s a a lm a , e tu n ã o o le v a s
em c o n ta T

1(1 Em hebraico, ‫' א ק ? ־‬. ‫ כ ב ו ד יהרה‬.


11 Por exemplo, Mc 2:12; Le 13:13.
2‫ ו‬No hebraico o verbo está no imperfeito ou incompleto, exprimindo uma ação
sem fim, conforme a Observação 5.
160
CONCLUSÃO DA MENSAGEM

Não, agora o Senhor nos responderá toda vez que clamarmos


a ele. Para entendermos o que isso significa, lembremo-nos
de quando Elias orou, estando ele diante dos profetas de Baal,
depois de ter aspergido água sobre um altar que edificara para
provar que o Senhor de fato era Deus, depois do fracasso total
dos profetas de Baal. Elias orou, dizendo:
“Responde-me, S enhor , responde-me, para que este povo
conheça que tu, S enhor , és Deus e c/ue a ti fizeste retroceder
o coração deles." (1 Rs 18:37)
O que aconteceu? O versículo seguinte nos relata:
“Então, caiu fogo do S enhor , e consumiu o holocausto, e a
lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava
no rego." (1 Rs 18:38)
E isso que significa que Deus responde! Na mesma hora um
acontecimento extraordinário foi visto por todos. Aquilo causou
um impacto tão grande que resultou no extermínio dos profetas
de Baal pelo povo que lá se achava. Deus revelou-se com o seu
poder, respondendo à palavra de Elias.
E esta é a palavra que Isafas diz para nós: o Senhor nos res-
ponderá, sempre que clamarmos a Ele. E, se for uma emergência,
se gritarmos por socorro (uma situação de perigo), Ele nos dirá:
“ Eis-me aqui!", conforme se acha no versículo 9.
O Senhor jesús prometeu, a nós, crentes, que estaria conosco
todos os dias, e de facto ele está sempre conosco. Para nós, esta
palavra “ eis-me aqui” não significa que antes o Seni ior não estava
presente, pois Ele nunca nos abandona; o sentido é: “ Veja como
estou operando!” - tal como aconteceu com Elias. E Ele nos diz
isso não com palavras, mas com o que vemos acontecer!
Isaías nos assegura, assim, que nossas orações serão respon-
didas; ou seja, o poder do Senhor vai atuar, até sobrenaturalmente,
se necessário. Q uando clamarmos, isto é, quando orarmos, ve-
remos o poder de Deus agindo através de nós! Glória a Deus!
E então poderemos afirmar, como o salmista, que o Senhor
nos salva (isto é, nos atende, nos liberta, nos cura), com o seu
poder (com a sua vitoriosa força), pois somos ungidos por Ele :
“Agora, sei que o S enhor salva o seu ungido; ele lhe responderá
do seu santo céu com a vitoriosa força de sua destra." (Sl 20:6)
161
SANTIDADE E PODER

Com o jejum verdadeiro veremos a resposta de Deus, com


poder, toda vez que clamarmos a Ele.
(Observação 30)

Direção Contínua do S enhor


“Então... o S e n h o r te guiará co n tin u a m en te ” (v. 11 a).
Quando atingimos um nível profundo de purificação em nosso
interior, conforme vimos, a nossa visão aumentará sobremaneira,
pois as trevas dissiparão. Mas não somente a nossa visão será
aumentada; os nossos ouvidos espirituais também serão aguça-
dos: a voz de Deus será constante, e não será interrompida por
interferências do inimigo, pois “ o S e n h o r n o s g u ia rá c o n t in u a m e n t e " .
Nossa capacidade de ouvir o S enhor aumentará!
Sim, estaremos e m t o d o o t e m p o ouvindo a voz do S enhor ,
guiando-nos. Estaremos tal como Paulo, que era guiado permanente-
mente pelo Espírito em suas viagens, conforme já foi observado.
Isso significa que teremos direção segura sobre o que fazer, sobre
cada detalhe do nosso caminho.
Não estaremos em dúvida, em confusão, sequer hesitare-
mos, mas estaremos certos do que fazer, de qual é a vontade de
Deus. E assim, entregando o nosso caminho de facto ao S enhor ,
Ele tudo fará!13

Suprimentos em Abundância
"En tão o S en h o r
... fartará a tua alma até em lugares
áridos e fortificará os teus o s s o s ." (v. 11 b)

Nossa alma não terá mais fome; mesmo que estejamos “ em


lugares áridos” , seremos supridos. Não foi assim que aconteceu
com o povo de Deus no deserto, quando iam para a Terra
Prometida? Deus nunca os abandonou.
Em nossa vida cristã, a passagem dos israelitas pelo deserto,
por lugares áridos, em direção a Canaã, é uma figura da nossa
passagem aqui neste mundo, em direção à nossa Canaã celestial.
Em relação ao nosso destino, estamos caminhando também em
lugares áridos pelo “ deserto” deste mundo.

n Salmo 37:5.
162
CONCLUSÃO DA MENSAGEM

A promessa agora para nós, porém, é que teremos o maná


espiritual que fartará a nossa alma e ainda fortificará os nossos
ossos. Isso significa que teremos “ estrutura” para enfrentar as difi-
culdades, não seremos fracos, mas fortes, tanto física como espi-
ritualmente.
Deus promete-nos assim suprir-nos com o alimento espiri-
tual de modo a nunca passarmos fome. Ele promete que os nos-
sos sapatos e as nossas roupas não se desgastarão, como aconte-
ceu com os israelitas no deserto.1'1O sentido disso, para nós, não
é literal, mas significa que não sofreremos perdas, não seremos
roubados pelo inimigo.
A palavra de Isaías aqui é muito importante. Quando não
estamos sendo devidamente alimentados com o nosso pão
material, ficamos fracos, ou seja, o nosso poder de ação diminui.
O mesmo acontece em relação ao nosso pão espiritual: sua
falta diminuirá as nossas forças espirituais. Mas, com o jejum que
agrada a Deus, estaremos sendo supridos com abundância do
maná, do pão espiritual. Isso significa que a nossa força espiritual
aumentará.
Sim, nem do pão físico, nem do espiritual, teremos falta.
Seremos fortes, física e espiritualmente.

Um Jardim Regado
“ Então ... serás c o m o um jardim regado e co m o um
m anancial cujas águas jam ais faltam ...” (v. 11c)

Interessante é Isaías dizer que, mesmo estando em lugares áridos,


somos um jardim regado. Como posso estar num lugar árido e, ao
mesmo tempo, ser um jardim regado, isto é, com muitas águas?
Parece um contra-senso.
Mas é isso que acontece. Estamos num oásis espiritual,
com muitas águas, e ao nosso derredor há um grande deserto de
aridez total.
Q ue bela figura, esta do jardim regado, com o sentido
espiritual que nela há. A palavra jardim indica-nos um local de
flores, perfumado e belo, pois assim é um jardim regado.1
4

14 Deuteronômio 29:5.
163
SANTIDADE E PODER

Num jardim há ainda árvores frutíferas, e isso significa


que a nossa vida dará frutos. Não teremos apenas folhas, mas
também frutos. Não foi isso que o salmista disse com respeito
àquele que medita na palavra de Deus de dia e de noite, que está
permanentemente na presença de Deus, sendo por ele guiado
continuamente?
“£/e é como árvore plantada ¡unto a corrente de águas,
que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não
murcha; e tudo quanto ele faz será hem sucedido." (Sl 1:3)
Veja que, deste modo, teremos sucesso em todos os nossos
empreendimentos. Mas note: esta promessa está com uma
cláusula restritiva: é para aquele que está plantado neste jardim
regado. Infelizmente tenho visto por aí, em muitas igrejas, o pastor
fazer o povo de Deus declarar uma palavra de prosperidade, de
s jcesso, como sendo uma bênção que temos por sermos crentes,
oeclarando apenas a promessa, mas sem nada dizer sobre esta
cláusula restritiva.15
O evangelho tem sido proclamado como sendo uma
varinha mágica que todo crente tem, e que basta usá-la para que
a bênção ocorra. Essa palavra mágica, como já destaque¡, é “ em
nome de Jesus” . Mas já vimos que não é assim. Jesus não opera
em qualquer circunstância, quando o inimigo tem direito legal
sobre a situação; Jesus não opera naquilo que não é justo.
Agora estamos vendo que também a resposta de sermos
bem sucedidos, de termos prosperidade, portanto, também não
decorre de simplesmente orarmos “ em nome de Jesus” . A pro-
messa é para aquele que foi purificado pelo S e n h o r , que passou
e continua passando pelo jejum verdadeiro, que está cada vez
mais buscando santificar-se, eliminando do seu interior as man-
chas causadas pelos pecados que cometeu no passado .
Você sabe: esta purificação ocorre em nosso homem
natural. Pois, nunca é demais lembrar, o nosso homem espiritual,
que nasceu de Deus, não peca. A santificação em nossa vida
se completará quando o nosso homem espiritual revestir todo o
velho homem, dele não sobrando mais nada.
15 Refiro-me à condição de santidade, que as Escrituras estabelecem para que as
bênçãos nos alcancem (Dt 28:1-2).
164
CONCLUSÃO DA MENSAGEM

O último estágio nesse processo de santificação ocorrerá na


volta do S enhor: no arrebatamiento ou na ressurreição seremos
todos transformados, diz o apóstolo Paulo, e até o nosso corpo se
transformará num glorioso corpo físico espiritual.161 7
Neste jardim regado em que estamos - diz ainda Isaías -
temos um manancial de águas que jamais faltam. Manancial indica
abundância de águas. E esta palavra “ águas” tem um sentido
espiritual: significa a presença abundante do Espírito Santo em
nossa vida. Não foi isso que Jesus prometeu? Suas palavras foram:
“ Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Q uem crer em mim ,
como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.
Isto disse ele com respeito ao Espírito que haviam de receber
os que nele cressem.” (João 7:37b-39a)
Muitos crentes estão se satisfazendo apenas com “ ir a Jesus
e beber” , como começa esta palavra do Mestre. Apesar da pro-
messa, nunca tiveram a experiência de ver os rios de água viva,
esse manancial a que Isaías se refere, fluindo de seu interior. Esta
é uma promessa de Jesus que está à disposição de todo o que
nele crê!
Agora, imagine o leitor, se todo crente pode receber este
manancial, como não serão então esses rios de água viva na vida
de quem vive praticando o jejum de purificação de Isaías?!
Em ministrações de libertação, muitas vezes tenho atendido
crentes que nunca viram fluir em seu interior este manancial de
águas vivas, a presença abundante do Espírito em seu interior. E
assim, nestes casos, tenho ministrado este batismo espiritual,1
que completa a ministração e a fecha com chave de ouro.
Mais uma vez constatamos o paralelismo entre a mensagem
de Isaías com (‫ נ‬que ocorre numa ministração de libertação. Do
que acabamos de ver, podemos então deixar registrado que:

O verdadeiro jejum coloca-nos num jardim regado, com


mananciais que nunca secarão. (Observação 31)

16 Ver 2 Corintios 15:50-53.


17 A expressão “rios de água viva” nos ajuda a entender por que se fala em "batismo
no Espírito Santo” : é nesses rios que somos batizados, ou seja, literalmente
imergidos!
165
SANTIDADE E PODER

Alegria, Honra e Plenitude de Bênçãos


“ Então, te deleitarás n o S enhor . E u te farei cavalgar so b re
os altos da terra e te sustentarei co m a herança d e ¡a có ,
teu pai, p o rq u e a boca d o S enhor o d isse ." (Is 58:14)

Chegamos aqui ao último ponto mostrado por Isaías como


resultado de se buscar o jejum verdadeiro. Isaías diz agora que
n o s d e le it a r e m o s n o S e n h o r , ou seja, teremos alegria, mas não
uma alegria qualquer. A n v i traduz esta frase “ e n t ã o v o c ê te rá n o
S e n h o r a s u a a le g r ia " . Este “ sua” refere-se ao Senhor; 18 você terá
a alegria do Senhor, estando no Senhor.
E a alegria do Senhor é a nossa força, nos diz Neemias.119 O
8
deleite que nos é prometido é indescritível. E como diz Isaías em
outra passagem:
" O s resg a ta d o s d o S e n h o r vo lta rã o e virã o a S iã o c o m c â n tic o s
d e jú b ilo ; alegria e te rn a c o ro a rá a su a c a b e ç a ; g o z o e a le g ria
a lc a n ç a r ã o , e d e le s fu g irá a triste z a e o g e m id o ." (Is 35:10)

E o apóstolo Pedro refere-se a esta alegria, dizendo:


“... exu lta is c o m alegria in d iz ív e l e ch e ia d e g ló ria ." (1 Pe 1:8)
Sim, temos a promessa de uma alegria eterna, indizível,
cheia de glória. Você tem experimentado uma alegria assim?
E o Senhor nos promete ainda que vamos " c a v a lg a r s o b r e o s
a lto s d a t e r r a " . Essa expressão indica que estaremos, como nobres
cavaleiros, em posição de destaque, isto é, seremos honrados e
teremos autoridade. Mas não nos esqueçamos da Observação 10,
que destaca a condição de não sermos motivados pelo orgulho, e
sim estarmos buscando servir o Senhor com humildade, e nunca
para sermos vistos pelos homens.
Finalm ente, Isaías diz que serem os s u s t e n t a d o s c o m a
h e r a n ç a d e J a c o . Somos herdeiros das promessas de Deus ao seu
povo. Paulo escreveu:
"Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros
de Deus e coerdeiros com Cristo.” (Rm 8:1 7)

18 Sou obrigado a esclarecer, pois o texto da nvi, usando a terceira pessoa no lugar
da segunda, cria em alguns pontos essa ambiguidade.
9‫ ו‬Neemias 8:10b.
16 6
CONCLUSÃO DA MENSAGEM

Seremos sustentados, isto é, receberemos todas as bên-


çãos prometidas por Deus, o que constitui a nossa herança.
Somos coerdeiros com Cristo. Entendamos, porém, que tudo
isso vem até nós na medida da nossa santificação, como resul-
tado dessa busca feita através do jejum que agrada a Deus.
Enquanto estivermos neste mundo, as bênçãos que recebe-
remos não são totais; elas dependerão do nosso grau de santifi-
cação. Na eternidade, porém, elas serão completas. Pois lá esta-
remos totalmente glorificados, e não haverá um inimigo que nos
impeça de receber toda a nossa herança.
Aqui neste mundo, porém, como já vimos, o pecado que
praticamos deu ao inimigo o direito de barrar as bênçãos do
Seni i o r . A cláusula das bênçãos em Deuteronômio 28:1-2 é muito
clara: as bênçãos nos atingirão na medida em que guardarmos os
mandamentos de Deus e ouvirmos a sua voz. E, conforme vimos,
através do jejum de Isaías é que vamos ouvir plenamente a voz
do Senhor. A s bênçãos serão abundantes!
No jejum que agrada a Deus o que fazemos é exatamente
isso: desfazemos todo direito do inimigo de barrar qualquer
bênção, o que ocorre pela confissão do pecado, pela apropriação
da obra feita por Cristo na cruz do Calvário. Jesus pagou o
preço por nós, mas temos que nos valer do que Ele fez. Como
já foi destacado anteriormente, nada em nossa vida espiritual é
automático: todas as bênçãos precisam ser apropriadas (conforme
a Observação 4) assim como também a quebra de toda maldição.
Crescerem os em Unção
Tudo isso que resulta de buscarm os a santificação através da
libertação; da cura interior; da quebra de jugos, opressões e
maldições; revestindo-nos do amor de Deus e da capa da humil-
dade; honrando o descanso do Senhor - tudo isso pode resumir-
-se numa frase: a nossa unção aumentará.
Isso ocorre porque, a cada vez que praticarmos este jejum
que agrada a Deus, o nosso nível de santificação aumentará e,
desse modo, também o nosso nível de unção crescerá. Pois a
unção é a medida da presença de Deus em nós, e é função do
nosso grau de santificação.
167
SANTIDADE E PODER

Quanto maior a presença da luz (da glória de Deus em nós)


e quanto menor a presença das trevas, maior será a unção que
teremos. E quanto maior a unção, maior o poder de Deus que
poderá projetar-se através de nós.
Foi isso que fez a diferença no dia em que Jesus libertou
aquele endemoninhado, que os discípulos não tinham conseguido
curar. Jesus explicou que “ esta casta não se e x p e le s e n ã o p o r m e io
d e o r a ç ã o e j e j u m ” , 20 e vimos a que tipo de jejum Ei e estava se
referindo.
Jesus apontava para a condição espiritual que se deve ter
para que o demônio não possa resistir. Em outras palavras, Jesus
estava dizendo que, para enfrentar o inimigo, há um nível de
unção que é necessário. E este nível de unção somente se alcança
com oração e jejum, do modo como Isaías nos revelou.
Jesus libertou aquele jovem lunático por ter o nível de unção
necessário para aquele caso,21 o que não ocorria com os discípulos.
Não foi um jejum de alguns dias antes, feito por Jesus, que o
capacitou a expulsar aquele demônio, mas foi a condição de es-
tar sem pecado que lhe deu a unção necessária para que o poder
de Deus se manifestasse na hora em que Ele enfrentou o espírito
maligno que dominava aquele rapaz.
A libertação ocorreu porque, naquela hora, Jesus ordenou,
com unção (ou seja, com poder), que o rapaz fosse liberto,
comandando a expulsão do demônio. Assim, para ficarmos sem
as manchas do pecado, aproximando-nos da condição em que
Jesus se encontrava, só há um processo: a santificação. E esta
realiza-se pelo processo apresentado por Isaías.
Jesus foi (e é) a imagem do Deus invisível.222
3Através da
santificação vamos nos despindo do nosso velho homem e nos
revestindo do novo homem para sermos reconhecidos “ s e g u n d o
a im a g e m d a q u e le q u e n o s c r i o u ” . 22

20 Estou referindo-me ao texto citado anteriormente, de Mateus 17:21.


21 Aliás, muito mais que o necessário. Com o Jesus não tinha pecado, ele tinha a
unção total!
22 Colossenses 1:15.
23 Colossenses 3:9-10.
CONCLUSÃO DA MENSA('.EM

Portanto, para crescermos em santificação, para nos


tornarmos cada vez mais conforme a imagem de Jesus - temos
que praticar constantemente este jejum verdadeiro. E, crescendo
em santificação, cresceremos em nosso nível de unção e em
poder. Em outras palavras, o poder vem com a santidade. Assim,
podemos dizer:

Santidade É Poder!
(Observação 32)

S a n t id a d e e P o d e r são duas palavras que se relacionam:


quanto maior for o nível de pureza em nosso interior, maior a
unção, maior o poder espiritual que fluirá através de nós!
* 3jc + ψ 3fc

Concluindo esta mensagem de Isaías, convém fazer um


resumo geral de tudo o que vimos. Espero que o Espírito tenha
lhe mostrado, caro leitor, que o poder de Deus fluirá em sua vida
na medida do seu grau de santificação. E que, para crescer em
santificação, é necessário fazer tudo isso que Isaías nos ensina
como sendo o jejum que agrada a Deus.
Mas você deve ter entendido que “ tudo isso” é exatamente
o que fazemos numa ministração de libertação, quebra de mal-
dições e cura interior. Portanto, a conclusão lógica que deve ter
brotado em sua mente é que você precisa passar por este tipo de
ministração.
Sim, meu irmão, todos nós precisamos estar constantemente
passando por esses passos mencionados por Isaías. Isso pode
ser feito por você mesmo, buscando o S enhor em cada um dos
aspectos mencionados.
Em meu livro Vida em Abundância - Através da Libertação
e Quebra de Maldições abordo com mais detalhes tudo o que
envolve uma ministração de libertação e quebra de maldições. E
em meu livro Plena Paz - Através da Cura Interior, o enfoque é a
cura interior (purificação da alma).
SANTIDADE E PODER

Entretanto, se você teve, antes de sua conversão, um en-


volvimiento maior com o reino das trevas - por exemplo: desen-
volveu-se no espiritismo, ou participou da macumbaria, ou da
feitiçaria, ou da rosa cruz, ou da maçonaria, ou de outras religiões
pagãs; ou se ainda atuou com o poder da mente, ou se você se
envolveu com práticas da Nova Era, ou esotéricas; ou se ainda
teve uma vida sexual m uito pervertida - digo-lhe que será
melhor você ser ministrado por alguém que tenha este ministério
de libertação e cura interior, mesmo que o seu envolvim ento
tenha sido em apenas um desses casos.
Digo isso porque, nas pessoas que foram expostas a envoi-
vimentos mais profundos com as trevas, ocorre na libertação uma
luta espiritual mais intensa, e muitas vezes os espíritos malignos
que ainda estão atuando na vida da pessoa chegam a reagir, até
com manifestação. Assim, a presença de um ministrador é impor-
tante. Também recomendo que você seja ministrado nos casos de
profundas feridas de alma, e ainda no caso de ações compulsivas,
que você faz, mas não quer fazer (é o caso de vícios, compulsão
a pornografia, bebidas, drogas, etc.).
Uma coisa, porém, eu lhe asseguro: tenho visto milhares de
pessoas serem libertas, curadas, abençoadas através do ministério
de libertação e cura interior, seguindo os passos que Isaías pro-
fetizou. Que maravilha! Está tudo na Palavra. Ela é o manual de
instruções completo para a nossa vida. Louvado seja o S enhor!

Chegamos assim ao fim desta Terceira Parte. Agora o nosso


enfoque será o de como pôr em prática a nossa unção, ou seja,
como exercer o poder de Deus. Q ue o Espírito continue falando
ao seu coração.
Ele ainda tem surpresas bem grandes e maravilhosas para
você. Disso tenho certeza!

170
Quarta Parte
Exercendo o
Poder de Deus
"... p o rq u e não sabem os orar c o m o c o n v é m ."
(Km 8:26)

Na Terceira Parte o enfoque foi em como nos capacitar através do


verdadeiro jejum - por meio da libertação, quebra de maldições e
cura interior - de forma a alcançarmos um nível mais elevado em
nossa unção, em nossa “ patente espiritual” .
Espero ter ficado bem claro que essa capacitação é na verdade
um processo de purificação permanente em nossa vida. Quanto
mais passarmos por esse jejum, na busca da nossa purificação,
consagrando-nos mais e mais ao nosso Deus - ou, em outras
palavras, quanto mais nos santificarmos - maior será o grau de
unção, maior o poder espiritual de Deus que atuará através de nós.
Com o jejum de Isaías o nosso “ guindaste espiritual” aumen-
tará em sua potência, o que nos permitirá enfrentar situações
bem mais difíceis. Agora, porém, temos que estudar o manual
desse guindaste, para que possamos supri-lo com a energia necessá-
ria e operá-lo de forma correta.
O que vamos ver é muito importante, porque podemos
ter muita unção, mas mesmo assim pode ocorrer que, diante de
um problema, diante de um mal que nos tenha atingido, não
estejamos operando muito bem esse equipamento, ou talvez não
saibamos ligá-lo em sua plena potência (não estamos, por asssim
dizer, atendendo a leis espirituais, segundo as quais ele funciona).
O versículo com que iniciamos esta Quarta Parte ressalta
exatamente esta verdade: não oramos como convém - isto é, não
sabemos operar direito o nosso equipamento - e a consequência
disso é que o poder de Deus não é atuante, ou fica reduzido em
seu efeito.
SANTIDADE E PODER

Para que operemos de maneira correta o nosso equipamento,


vou abordar ¡nidalmente um ponto básico, isto é: precisamos
ligá-lo a uma fonte de energia que o faça funcionar.
Em seguida vamos considerar as formas de sua operação:
através de palavras de poder e através de orações e intercessões.
E, completando o nosso estudo, veremos ainda um aspecto
muito importante, ou seja, como fazer para que esse equipamento
seja operado em sua plena potência, ou seja, fazendo uso do que
as Escrituras chamam de fé.
Por fim, concluiremos o que significa, de facto, ter o poder
de Deus atuando através de nós, e qual deve ser o maior objetivo
que devemos buscar em nossa vida, como crentes.

172
16
Orando no Espírito
mas recebereis p o d e r , au descer sobre vós o Espírito Santo,
e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em
toda a Judeia e Samaría e até os confins da terra." (At 1:8)
“ Com toda oração e súplica, orando em todo o
tempo no Espírito." (Eí 6:18)

Na ilustração do equipamento espiritual que significa o meio pelo


qual exercemos a nossa unção - e que nos capacita a exercer o
poder de Deus já foi mencionado que esse equipamento, para
funcionar, precisa estar ligado a uma fonte de energia.
Essa energia é a energia do Espírito Santo. E podemos receber
diferentes níveis dessa energia pois, segundo a Bíblia, devemos
nos encher do Espírito.' (Assim, podemos estar vazios, ou com
pouco, ou com muito, ou ainda totalmente cheios do Espírito).
As Escrituras usam a palavra “ poder” quando se referem a
essa energia, palavra esta que corresponde ao grego dynamis.
E importante que entendamos muito bem o que significa
poder. Em português usamos esta palavra com cinco significados
diferentes e, por isso, às vezes temos alguma dificuldade em
distinguir em que sentido a palavra está sendo empregada.
Os seus cinco sentidos são:
(1) Poder no sentido de possibilidade. Por exemplo: “ O poder
de alcance de uma fofoca é imprevisível.” Como verbo,
este sentido é muito frequente: “ Isso pode ser resultado de
uma fofoca.”
(2) Poder no sentido de se ter capacidade ou habilidade para
fazer algo. Por exemplo: O poder de convencimento dele
é excepcional; ele argumenta muito bem.” Também como
verbo usamos poder com este sentido: "Posso expressar-me
muito bem; fiz curso de oratória.” 1

1 Efésios 4:18b: “Enchei-vos do Espírito."


173
SANTIDADE E PODER

(3) Poder no sentido de t e r a u t o r id a d e .


Por exemplo: O presidente tem o poder (autoridade) sobre
toda a companhia. E, como verbo, o presidente da empresa
p o d e dizer a um estranho, que tenha entrado sem autor¡‫־‬
zação: “ Queira retirar-se.”
(4) Poder no sentido de t e r o d ir e it o d e a g ir , numa determinada
circunstância, fazendo uso da fo r ç a , se necessário. Se a
pessoa a quem o presidente ordenou que se retirasse não
o obedecer, o presidente não tem o poder para pô-la para
fora, fazendo uso de sua própria força. Ele tem que chamar
a polícia; esta é que detém o poder legal para agir assim. A
polícia tem o poder de agir, mas não tem a autoridade de
decidir que a pessoa não deve permanecer naquele local.
A autoridade está com o presidente.
(5) Poder no sentido de e n e r g ia , ou fo r ç a .
Uma queda d ’água tem o poder, a energia para acionar um
gerador. Uma bomba atômica tem o p o d e r de destruir uma
cidade. Ela pode fazer isso.
A palavra e x o u s ia , no grego, conforme vimos, engloba os
sentidos (3) e (4). O sentido (5) corresponde à palavra d y n a m is .
Em Atos 1:8, um dos versículos citados no início deste
capítulo, a palavra p o d e r é d y n a m is , conforme foi salientado. Isso
significa que, para termos essa energia espiritual, esse poder, o
nosso “ equipamento” precisa receber essa energia.
Em outras palavras, temos o poder (e x o u s ia ) sobre os demô-
nios, mas os expulsamos com o poder d y n a m is do Espírito Santo.
Isso foi o que aconteceu com o próprio Senhor Jesus, quando
exerceu o seu ministério entre nós: ele era ungido com o Espírito
Santo e com o poder d y n a m is , e assim curou os oprimidos do diabo.2
Concluímos que não basta termos a unção (o equipamen-
to); é necessário que sejamos também revestidos com o poder do
Espírito Santo (o equipamento precisa receber energia para operar).
E, conforme mencionei há pouco, a Bíblia nos ensina que deve-
mos nos e n c h e r do Espírito. Encher significa receber até que todo
o conteúdo esteja tomado. Uma gota mais transbordará!
2 Cí. Atos 10:38.
174
ORANDO NO ESPIRITO

Veja que esta palavra (“ enchei-vos do Espirito) foi dada por


Paulo aos crentes de Efeso. Eles já não tinham o Espírito Santo‫׳׳‬
É claro que tinham, pois “se alguém não tem o Espírito de Cristo,
esse tal não é dele".3 A palavra de Paulo não foi para terem o
Espirito, mas para se encherem dele. Isso significa exercer um ato
de apropriação.
E como se um pai dissesse a seu filho: “ Agora que você se
tornou maior de idade, abri uma conta bancária em seu nome,
e depositei mil reais. São todos seus. Vá ao banco e retire o seu
talão de cheques.”
O rapaz agora tem aquele dinheiro. Mas ele ainda não o
recebeu. Ele ainda não encheu o seu bolso com nenhuma nota
do dinheiro que ele tem. Ele não emitiu nenhum cheque. Ele
terá que ir até o banco, retirar um talão de cheques e depois
preenche—Io, apresentando-o ao caixa. Enquanto ele não fizer
isso, aquele dinheiro não terá efeito algum em sua vida. Mas,
depois de emitir o cheque e sacá-lo, com o dinheiro recebido ele
terá o poder de comprar muitas coisas.
O mesmo se dá com o Espírito Santo. Quando nascemos
de novo, passamos a ter o Espírito. Mas é necessário recebe-
­‫ סו‬em nossa vida, num ato de apropriação. O livro de Atos nos
mostra que, de facto, é necessário recebermos o Espírito Santo, ‫ס‬
que não acontece automaticamente no momento da conversão.
Isso fica claro em vários textos como, por exemplo, em Atos 19.
Quando Paulo chegou em Efeso, achando ali alguns disci-
pulos, o que foi que o apóstolo perguntou a eles, a quem con-
siderava que eram cristãos? Paulo lhes perguntou: “ Recebestes,
porventura, o Espírito Santo quando crestes?"4
O ra, se automaticamente o Espírito fosse recebido no mo-
mento da conversão, não tena sentido Paulo fazer essa pergunta.
Se ele o fez foi porque considerava que eles, supostamente eren-
tes, poderiam já ter recebido, ou não, o Espírito.
O texto narra que, na verdade, eles não haviam ainda rece-
bido a plena mensagem do evangelho.
1 Romanos 8 :9 .
4 Atos 19:2.
175
SANTIDADE E PODER

Então Paulo lhes pregou a mensagem de salvação e eles,


aceitando Jesus, foram batizados nas águas.
Paulo então demonstrou mais uma vez que o recebimento
do Espírito Santo é algo posterior à conversão, pois, após o
batismo, ele impôs as mãos àqueles que já tinham recebido o
S enhor , que já tinham sido batizados, para que recebessem o
Espírito: “ £, im p o n d o - lh e s as m ã o s , v e io s o b r e e le s o E s p ír it o
S a n t o ; e t a n t o fa la v a m e m lín g u a s c o m o p r o f e t iz a v a m .” ‫י‬
Um outro texto que comprova o recebimento do Espírito
posteriormente à conversão acha-se em Atos 8, quando Pedro e
João foram enviados aos que tinham se convertido na Samaria.
Lemos no livro de Atos que os dois apóstolos, “ descendo
para lá, oraram por eles p a r a q u e r e c e b e s s e m o Espírito Santo;
porquanto não havia ainda descido sobre nenhum deles, mas
s o m e n t e h a v ia m s id o b a t iz a d o s em o nome do S enhor Jesus. Então
lhes impuseram as mãos, e recebiam estes o Espírito Santo.” 5 6
Sim, todo aquele que crê em Jesus te m o Espírito Santo. Mas
é necessário que todo crente o r e c e b a em sua vida. E, quando o
recebemos, Ei e nos enche, isto é, o “ espaço disponível” em nosso
espírito é totalmente preenchido por E le .
O Batismo no Espírito Santo
Uma outra maneira de se referir a ser cheio do Espírito é a ex-
pressão “ ser batizado no Espírito Santo” . Quem primeiramente
utilizou essa expressão foi João Batista:
“Eu vos batizo com água, mas vem o que é mais poderoso
do que eu ... ele vos batizará com o Espírito Santo e com
fogo." (Lc 3:16)
A palavra fo g o tem aí o sentido do p o d e r que vem junto
com o Espírito. O fogo é uma fonte de energia. Na caldeira de
uma velha locomotiva a vapor a energia do fogo transforma-se em
energia mecânica, que move um trem inteiro. E o calor dissipado
pelo fogo (faísca) no interior de um cilindro que move um motor
a gasolina. O próprio S enhor Jesus disse, antes do Pentecostés:

5 Atos 19:6.
6 Atos 8:15-16.
176
ORANDO NO ESPIRITO

'Vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois


destes dias.” (Atos 1:5)
Em Atos 2 vemos que o Espírito veio, e pela primeira vez os
discípulos receberam o Espírito Santo - que veio sobre eles como
línguas de fogo - e assim nele foram batizados.
A partir de então, os que iam sendo evangelizados, depois
de crerem em Jesus (e, ao crerem, nasciam de novo e passavam
a ter o Espírito), recebiam também uma oração para serem bati-
zados no Espírito, para o receberem.
A palavra batismo significa mergulho, inserção total. Quando
mergulhamos na água, esta nos toma por completo. Este ó o sen-
tido de batismo no Espírito. Ser cheio do Espírito Santo é permitir
que ele nos tome por completo.
Assim, isso é uma condição vital para que o poder de Deus
opere através de nós. De nada adianta termos nos santificado com
o jejum que agrada a Deus - aumentando a nossa capacidade
espiritual, a nossa unção - se não estivermos conectados a essa
energia espiritual. Ela representa a diferença entre os apóstolos
antes e depois de Atos 2. Antes estavam escondidos, reunidos
a portas trancadas, com medo dos judeus. Depois, chegaram a
desafiar as próprias autoridades: “ Mais importa obedecer a Deus
do que aos homens ...” 7
E o texto bíblico nos diz que, depois do Pentecostés, os
discípulos, cheios do Espírito, saíam para pregar com uma unção
tão grande que milhares de pessoas se convertiam. Além disso,
começaram a fazer milagres espetaculares e enfrentaram com
destemor as autoridades dos judeus. Q ue diferença!
Ser batizado no Espírito Santo é encher-se do Espírito, é ser
ungido por Ele até transbordar. E como dizia Davi:
“ Unges-me a cabeça com óleo; meu cálice (meu espírito)
transborda.” (SI 23:5)
E, quando somos cheios do Espírito, o fruto natural dessa
condição é testemunharmos de Jesus com o poder de Deus,
realizando sinais e maravilhas, para a glória do S enhor .
Assim, podemos concluir que:

7 Atos 5 :2 9 (a r c ) .

177
SANTIDADE E PODER

É condição vital, para que o poder de Deus


opere através de nós, que sejamos cheios do
Espírito Santo. (Observação 33)

Sendo Cheios do Espírito Constantem ente


O recebimento do Espírito não deve ocorrer só uma vez. O ra-
paz que recebeu o dinheiro na sua conta terá que ir outras vezes
ao banco e fazer novas retiradas, ou emitir outros cheques, para
suas novas necessidades. Da mesma forma, devemos estar cons-
tantemente nos enchendo do Espírito. Há apenas uma diferença
em nossa figura com o exemplo do rapaz e sua conta bancária:
é que, quando nos enchemos do Espírito, o nosso “ saldo” não
diminui. Podemos recebê-lo constantemente em nossa vida, que
dele nunca teremos falta. No texto original, em grego, o verbo
“ encher” da expressão “ enchei-vos do Espírito” está no imperati-
vo presente passivo, tendo o sentido de “sede permanentemente
enchidos do Espírito
Q ue o recebimento do Espírito Santo não é um ato único em
nossa vida fica evidente em Atos 4, que relata a prisão de Pedro
e João pelos judeus, pelo simples “ crim e” de estarem pregando
o evangelho. Os judeus os ameaçaram e ordenaram que nunca
mais falassem nem ensinassem nada sobre Jesus. Tendo sido os
dois apóstolos libertos, foram até onde os irmãos em Cristo se
achavam reunidos e compartilharam tudo o que lhes acontecera,
inclusive as ameaças que haviam recebido. A igreja então orou,
pedindo que Deus lhes desse ainda mais ousadia e maior poder
espiritual:
“Agora, S enhor, olha para as suas ameaças, e concede aos
teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua
palavra, enquanto estendes a mão para fazer curas, sinais e
prodígios por intermédio do nome do teu santo Servo Jesus.”
(Atos 4 :2 9 3 0 ‫)־‬
Tendo eles orado, pedindo mais poder, o que aconteceu?
Veja o versículo seguinte:
“ Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos;
todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez,
anunciavam a palavra de Deus.” (Atos 4:31)
178
ORANDO NO ESPIRITO

Em resposta ao pedido de mais poder, Deus os encheu


novamente com o Espírito Santo! Aqueles mesmos que tinham
sido cheios do Espírito no dia de Pentecostés (Atos 2), agora foram
cheios novamente. E o resultado disso foi que eles passaram a
anunciar a palavra de Deus com grande intrepidez.
Do que se depreende da narrativa bíblica é que, de algum
modo, depois de estarmos cheios do Espírito, vamos dele nos es-
vaziando. E Paulo nos exorta, dizendo: “ não apagueis o Espírito” ?
Por que acontece isso? Acontece quando não ouvimos a
voz do Espírito, quando o entristecemos, quando não somos
guiados por Ele, ou seja, quando não deixamos o Espírito ser o
nosso Parácleto. E, é claro, o modo pelo qual Ele é mais intensa-
mente diminuído, extinguido, em nosso espírito, é quando peca-
mos, quando permitimos que um espírito impuro entre em nós.
Vemos assim que, por essas razões, temos que nos encher
constantemente do Espírito Santo, eliminando primeiro toda
impureza em nós, até alcançarmos a plenitude do Espírito.
A Plenitude do Espírito
Muitos confundem “ estar cheio do Espírito” com a expressão
“ plenitude do Espírito” .
- M as... não é a mesma coisa?
Não, não é. Se um vaso tem a capacidade de um litro, mas
se o seu interior já está ocupado, até a metade, com “ água suja”-
então, quando esse vaso for enchido com óleo, ele só recebe
meio litro de óleo. Uma gota a mais transbordará. Assim acontece
conosco.
Quando recebemos o Espírito Santo (simbolizado pelo
óleo), e nos enchemos dele, isso não significa que todo o nosso
espírito foi cheio dele, pois é possível que tenhamos “ água suja”
em nosso espírito, isto é, ainda tenhamos espíritos impuros em
nós. Isso vimos no Capítulo 9, em que analisamos a necessidade
de desfazer as ataduras de servidão. Já vimos também que a
nossa santificação consiste em nos purificarmos totalmente, tanto
a nossa alma como o nosso espírito.8 9
8 1 Tessaloniccnses 5:19.
9 Observação 18.
179
SANTIDADE E PODER

Desse modo, quando o Espírito nos enche, mas há “ água


suja” (impurezas) em nosso espírito, ele somente preencherá o
espaço não ocupado, e assim o nosso espírito estará preenchido
em parte com aquela “ água suja” e, em parte, com o Espírito
Santo.
Isso significa que não estamos recebendo toda a energia
espiritual que poderiamos receber. Sabemos que é através do
jejum de Isaías 58 que removemos as impurezas em nosso inte-
rior e purificamos a nossa alma e o nosso espírito - removendo
assim toda “ água suja” - o que é necessário para sermos cheios
do Espírito em sua plenitude. Mais uma vez concluímos que é a
santificação que nos capacita a ter mais poder espiritual em nossa
vida.
Podemos ser cheios do Espírito até a plenitude
somente através do processo de santificação, mediante a
purificação total do nosso espírito.
(Observação 34)

Quando estivermos com o nosso espírito completamente


limpo, então o Espírito Santo nos preencherá totalmente. Então
teremos a plenitude do Espírito!
Orando no Espírito
Analisemos agora o segundo versículo apresentado no início
deste capítulo, que reproduzo a seguir para facilitar a sua revisão:
“Com toda o ra ç ã o e sú p lic a , o ra n d o c m to d o o te m p o n o
E sp ír it o ." (Ef 6:18)

Estas palavras nos foram dadas pelo apóstolo no contexto


de seus ensinos sobre batalha espiritual, sobre como vencer o
inimigo. Sua exortação inicial foi no sentido de que devemos ser
“ f o r t a le c id o s n o S f n h o r e n a fo r ç a d o s e u p o d e r " Sim, em nossas
batalhas espirituais precisamos ser fortalecidos deste modo, isto
é, na energia do Espírito Santo, pois este é o “ seu poder” .
Em seguida ele nos ensina que, para sermos fortalecidos,
precisamos usar toda a armadura de Deus. Mas não somente
isso: Paulo conclui com a frase do versículo 18 acima, dizendo 1 0

10 Efésios 6:10.
180
ORANDO NO ESPÍRITO

que, para sermos fortalecidos, precisamos também orar em todo


o tem po" no e s p ir it o , isto é, onde habita o Espirito Santo.
Pode acontecer de orarmos não no e s p ír it o , mas na a l m a .
Pode ser uma oração “ bonita” , com palavras bern estruturadas,
com uma entonação de voz especial: “ Ó amantíssimo e grandioso
Deus, Criador do céu e da terra... tua majestade sempiterna
refulge na glória celeste...” E uma oração que muitas vezes vem
da alma, e não do espírito. Quando oramos no espírito, e estando
o nosso espírito cheio do Espírito Santo, que é o poder de Deus,
então a nossa oração será... no Espírito, com poder!
Um exemplo bíblico de uma oração feita na alma, e não no
Espírito, foi a daquele fariseu que se apresentou diante de Deus
como um homem justo, que não era “ como este publicano", ali
ao seu lado.1 12 O publicano, porém, orava da profundidade do seu
espírito, e saiu abençoado, o que não aconteceu com o fariseu.
Alguns têm ensinado que “ orar no espírito” significa orar
em línguas. Se bem que a oração em línguas é uma oração no
espírito (o próprio Espírito em nosso espirito é que está orando),
orar em espírito não é apenas orar em línguas. Conforme vimos,
podemos orar em nossa língua humana tanto no espírito como
na alma. Ela é no Espírito quando está sendo ungida pelo Espírito
Santo em nosso espírito. E como Paulo disse de si mesmo:
“Se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de facto, mas
a minha mente fica infrutífera. Que farei, pois? Orarei com o
espírito, mas também orarei com a mente." (1Co 14:14-15)
Ou seja, quando Paulo orava com a mente, também orava
com o espírito. O problema é orar apenas com a mente, somente
com o intelecto, somente com a alma - não orando com o espí-
rito, ou seja, sendo apenas palavras que saem da nossa mente, e
não da profundeza do nosso espírito (do nosso coração).
Mas quando estamos cheios do Espírito, e oramos em nosso
espírito, o que resultará é o poder de Deus manifestando-se em
nossa vida.
11 Aqui a palavra lempo é kairos, e não chronos, o que significa que temos que orar
em toda oportunidade, em todo momento propício, e não “em todo o tempo”
no sentido das 24 horas do dia.
12 Lucas 18:11-12.
181
SANTIDADE E PODER

Estaremos assim ligando o nosso equipamento espiritual


com a energia necessária, que provém do próprio Deus.
Há, porém, ainda mais um ponto que devemos considerar
com respeito a sermos fortalecidos em poder pelo Espírito Santo.
Refiro-me aos dons espirituais.
O s Dons Espirituais
Quem é que confere os dons espirituais, que nos capacitam com
o poder de Deus? É o Espírito Santo:
“A m a n ifesta çã o d o E sp írito (isto é, o seu poder) é c o n c e d id a
a ca d a um v isa n d o a um fim p ro v e ito so . P o rq u e a um é
d ada , m e d ia n te o E sp írito , a p a la vra da sa b e d o ria ; e a o u tro ,
se g u n d o o mesmo Esp írito , a p a la vra d o c o n h e c im e n to , ... a
fé, ... d o n s d e curar, ... o p e ra ç õ e s d e m ilagres, ... p ro fe c ia , ...
d isc e rn im e n to , ... v a rie d a d e d e lín guas, ... c a p a c id a d e para
in te rp re tá -la s .” (1Co 12:7-10)

Além de três desses dons serem específicas formas de poder


- a fé, os dons de curare o dom de operação de milagres - , todos os
demais, de algum modo, conferem também um aspecto de poder
espiritual. E claro, aquele que tem o dom do conhecimento, por
exemplo, tem mais poder para orar como convém do que quem
não tem (pois sabe qual é o real problema); e algo semelhante se
dá com os demais dons.
E Paulo ainda nos exorta, dizendo:13
“ B u sq u e m c o m d e d ic a ç ã o o s d o n s e sp iritu a is ” . (1Co 14:1 - nvi)
A expressão “ busquem com dedicação” é a tradução do
imperativo do verbo grego ze/oõ que significa “ desejar e lutar
(por alguma coisa), buscar ardentem ente” . 14 Im plica em nos
esforçarmos, de algum modo, para alcançarmos esse objetivo.
O que significa esforçarmo-nos para alcançar os dons espi-
rituais? Quando um esportista tem um objetivo como, por exem-
pio no caso do atleta de salto triplo, que tem por meta ultrapassar
o recorde mundial, o que ele faz?

, 3A ra traduz “ p r o c u r a i com zelo", o que não transmite o sentido do grego, con-


forme é exposto a seguir.
14 Conforme (‫ נ‬Léxico do N.T. Grego / Português; F. W. Gingrich e F. W. Danker -
Ed. Vida Nova, São Paulo, p. 92.
182
ORANDO NO ESPIRITO

Ele passa a treinar, com afinco, o seu esporte. Da mesma


maneira, o que temos a fazer, se o nosso alvo são os dons de
curar? Temos que praticar a cura! Em outras palavras, temos que
exercer a atividade, mesmo enquanto ainda não estejamos ope-
rando com o dom (que é o nosso alvo), assim como o atleta trei-
na, treina, saltando constantemente, mesmo quando o seu alvo
(ultrapassar o recorde atual) ainda não foi alcançado.
Portanto, para desenvolvermos um dom, temos que praticá-
-Io antes mesmo de o termos recebido. Isso significa que, no
caso de um dom de cura, temos que constantemente orar pelos
enfermos. O mesmo devemos fazer se estamos buscando o dom
de realizar milagres: temos que crer sempre que o sobrenatural
ocorrerá.
* * * * *

Do que vimos neste capítulo, o que é fundamental é


recebermos o Espírito e enchermo-nos constantemente dele. E
busquemos a sua plenitude através do jejum de purificação e
santificação, ensinado por Isaías.
Se você, amado leitor, sendo crente, nascido de novo,
nunca orou apropriando-se da bênção de ser cheio do Espírito,
por que não fazer isso agora? Ore agora para recebê-lo. Não ore
pedindo o Espírito, porque você já o tem. Simplesmente declare,
apropriando-se:
Em nome de Jesus eu recebo agora a fonte de águas vivas
em meu interior, o Espírito Santo. Recebo, S e n h o r , o teu
poder!
E, se o Espírito o fizer orar em línguas, ore. Não impeça a
sua manifestação. E louve ao S e n h o r , crendo que você o recebeu,
mesmo que aparentemente nada de especial tenha ocorrido.13
O seu “ equipamento espiritual” agora está ligado a essa
fonte de energia espiritual, que é o poder de Deus.
O próximo passo é você saber como operá-lo corretamente.
Disso estaremos tratando nos próximos capítulos.

13 Uns o recebem com línguas, outros com cânticos espirituais, outros com profe-
cias; outros, ainda, o recebem sem nenhuma manifestação especial.
18 5
17
A Palavra de Poder
"A minha palavra e a minha pregação não consistiram
em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em
demonstração do Espírito e de poder. 1) ‫ ״‬Co 2:4)

Paulo nos diz no versículo acima que ele usava a palavra não
apenas para transmitir sabedoria, ou conhecimentos, mas para
que, através dela, houvesse a demonstração da ação do Espírito e
de poder. Isso significa que através dela aconteciam conversões,
curas, prodígios e maravilhas.
Um dia, depois do Pentecostés, Pedro e João subiram ao
templo para orar. Λ porta do templo depararam-se com um coxo
de nascença, que costumava pedir esmolas naquele local. Diante
do pedido do mendigo, Pedro lhe disse:
“ Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te
dou: em nome de ]esus Cristo, o Nazareno, anda!" (At 3:6)
Veja que Pedro parou naquele momento, dando atenção
ao coxo, mas ele não orou assim: “ S enhor , eu te peço que cures
este paralítico, em nome de Jesus. Am ém .’’ Não foi deste modo.
O apóstolo enfrentou aquela situação negativa com uma
palavra de poder, conforme acabamos de ver. O texto prossegue
dizendo que aquele homem se pôs em pé, passou a andar e
entrou com eles no templo, saltando e louvando a Deus. Aleluia! A
palavra de um filho de Deus, na unção do Espírito Santo, tem poder!
O poder da palavra proferida é um dos primeiros ensinos
das Escrituras. Você sabe quem foi que usou uma palavra de
poder pela primeira vez? Foi o próprio Deus Criador.
A primeira expressão de uma palavra que está registrada
nas Escrituras é: “ Haja luz” . E houve luz! Os demais atos da
criação também foram feitos com a palavra: “ Haja firmamento...
ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lugar... produza
a terra relva...” e assim por diante. Nesses atos de criação a
existência veio com a palavra proferida por Deus.
185
SANTIDADE F PODER

A palavra hebraica para “ Deus” , em todos esses versículos,


é 'èlõhim, o plural da palavra “ deus” . Isto indica que a criação se
fazia por Deus: Pai, Filho e Espírito Santo.1
E era o Filho (Jesus) que proferia a palavra pois, como nos
revela o Novo Testamento, ele é o Logos (no grego) ou “ Palavra”
(que é a tradução de Logos, como está na nvi),1 2 o u “ Verbo”
(conforme a tradução de Almeida):
“No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus,
e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. (Jo 1:1 -2 - n v i ).
Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele,
nada do que foi feito se fez." (Jo 1:3)
Sem a Palavra (Jesus), nada do que foi feito se fez! Os verbos
“ foram feitas” e “ se fez” , no grego, estão no aoristo,3 o que sign¡-
fica que não apenas na criação (no passado) tudo se fez através
dele. Trata-se de uma ação atemporal e, portanto, indica que
aquilo que no futuro for feito, o será também através dele, a
Palavra (Jesus ).4
Como é que a Trindade operou na criação? O Pai instruía o
Filho, o Filho proferia a palavra, e o Espírito movia-se com poder,
trazendo à existência o que não existia. Sim, o Filho sempre foi
instruído pelo Pai, como o próprio Jesus nos disse:
“ O Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo
que vir fazer o Pai... Não procuro a minha própria vontade, e
sim a daquele que me enviou." (Jo 5:19,30b)
Jesus, sendo Deus, não muda, e portanto estas palavras não
valem apenas para o tempo posterior à sua encarnação. O que o
Pai revelava ao Filho, este proferia, na criação, com a sua palavra
criadora.
1 Em hebraico: ‫’( אלהים‬èlõhim). Esta é uma possível interpretação desta palavra
no plural. Não se trata de “deuses” , uma vez que, no texto hebraico, os verbos que
descrevem a ação de ’èlõhim como Deus estão na terceira pessoa do singular¡
2 As versões Almeida traduzem logos por "Verbo” , possivelmente por ser um sinô-
nimo imperfeito de “Palavra” , mas preferido por pertencer ao genero masculino
(a Palavra é Jesus). A cnbb é a versão mais fiel dos vs.1-2: “No princípio era a
Palavra, e a Palavra estava com Deus. Ela existia, no princípio, junto de Deus."
3 Forma verbal grega que exprime uma ação realizada, não fazendo referência ao
tempo de sua realização.
4 E por isso que, em todas as nossas orações, temos que usar o nome de Jesus.
Tudo que é feito é feito através dele.
186
A PALAVRA DE PODER

E o Espirito Santo operava,5 pois ele é o 1'poder de Deus” ,


como nos revelou Jesus.
De Gênesis 1 podemos deduzir qual é a definição exata do
que é uma palavra de poder para nós: é proferir uma palavra,
em nome do Filho (Jesus), a qual é segundo a vontade do Pai,
e na força do Espírito Santo. Foi o que aconteceu com Pedro,
como vimos há pouco, quando proferiu uma palavra e o coxo
foi curado. Vemos assim que, para que o poder de Deus se
manifeste, é necessário haver uma palavra de poder. Isso vale
para nós também, para nós que recebemos Jesus (que recebemos
a Palavra).
A Condição para Se Ter o Poder da Palavra
Qualquer pessoa pode exercer o poder da palavra? O livro de
Atos nos relata que sete filhos de um sumo sacerdote, chamado
Ceva, tentaram usar uma palavra de poder, em nome de Jesus,
para expulsar um espírito maligno. Diz o texto que eles "tenlaram
invocar o nome do S e n h o r Jesus” , dizendo: "Esconjuro-vos por
Jesus, a c/uem Paulo prega‫ ״‬. Mas o demônio saltou sobre eles,
subjugando-os de tal modo que eles tiveram que fugir, desnudos
e feridos.6
Não, não é qualquer pessoa. O versículo a seguir mostra-
-nos que há duas condições para que alguém possa usar uma
palavra de poder:
"Mas, a todos quantos o receberam,7 deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu
n o m e‫״‬ (Jo 1 : 12)
Este versículo não está dizendo que aquele que creu em
Jesus ficou podendo ser filho de Deus. Não é “ poder” no sentido
de possibilidade, ou de permissão. A palavra poder aí é exousia,
no grego, que significa “ autoridade e poder” , conforme já vimos.8
Autoridade é ter o direito de deliberar, agir, mandar; e poder é o
direito de fazer uso da força necessária para que se realize o que

5 “ O E s p ír it o cie D e u s s e m o v ia s o b r e a fa c e d a s á g u a s " (Gn 1:2 - n v i ). Esse mover


implica em ação.
6 Atos 19:13-16.
Isto é, todos os que receberam o Logos, a Palavra (que é Jesus).
s Em grego: “έδωκεν αύτοΐς εξουσίαν τέκνα ϋεοΰ γενέσθαι.”
187
SANTIDADE E PODER

foi expresso através da autoridade, como também já foi ressaltado.


Portanto, o sentido desta escritura é que Jesus (a Palavra) nos dá
a autoridade e o poder que decorre9 de nos fazermos filhos de
Deus.101E a primeira condição para termos o poder da palavra é
termos recebido a Palavra!
E este poder é dado aos que creem no n o m e de Jesus. Esta
é a segunda condição. Crer em Jesus nos dá a salvação eterna;
crer no n o m e de Jesus nos dá poder! Pois o n o m e de Jesus engloba
tudo o que Ele é e faz.11 Minha tradução para esse versículo é:
“Mas a todos que receberam a Palavra, deu-lhes a autoridade
e o poder (que se expressa pela palavra) de serem12 filhos de
Deus, aos que creem no nome dele.”
Isso quer dizer que a autoridade e o poder que decorre de
serem filhos de Deus foi dado aos que receberam Jesus (a Pala-
vra); mas há ainda outra condição: é para os que creem no n o m e
dele. Assim, somente podemos usar palavras de poder quando
cremos nesse n o m e . ' 3 Cremos que nele há poder, cremos que
tudo o que estamos declarando, com a palavra, é segundo a von-
tade de Deus. Pois, conforme vimos antes, o n o m e de Jesus so-
mente pode ser usado em situações de justiça e retidão, no que
é conforme o seu n o m e (Observação 14).
Portanto, ao expressar uma palavra de poder, você precisa
discernir que essa palavra é segundo a vontade do Pai, crendo no
n o m e do Filho, e sob a unção do Espírito. Portanto:

Temos poder, através da palavra, quando ela é expressa


segundo a vontade de Deus Pai, na unção do Espírito Santo,
e crendo no nome de Jesus Cristo. (Observação 35)

q Aqui o verbo não está no plural porque “autoridade e poder” é uma expressão
em português que exprime uma condição (e não duas), e que corresponde ao
sentido de exous/a, no grego.
0‫ ז‬O sentido de p o d e r nesta passagem é extremamente forte. Um filho é herdeiro e,
como herdeiro, pode desfrutar de tudo o que o seu pai lhe legou.
11 Coloque¡ a palavra n o m e com maiusculas para destacar que não se trata do sim-
pies nome “Jesus” , mas sim do que este n o m e significa, conforme já vimos.
12 O verbo está no infinito aoristo médio (não passivo), por isso não é boa a tra-
dução “serem feitos”, que é passiva. No grego este verbo muitas vezes significa
simplesmente “ser” .
1! E interessante que todo n o m e se expressa... com palavras!
188
Λ PALAVRA DE PODER

Usando Palavras de Poder


Muitos não entendem que, em certas circunstâncias, temos que
usar uma palavra de poder, em vez de dirigirmos uma oração a
Deus. Vemos nas Escrituras que o próprio S e n h o r jesús, nosso
Mestre, fez uso de palavras de poder, em diversas ocasiões.
Considere os seguintes exemplos:
(1) “ Retira-te, Satanás, porque está escrito: ao S en h o r, teu Deus,
adorarás, e só a ele darás culto." (Mt 4:10)
(2) "E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Acalma-
-te, emudece!" (Me 4:39)
(3) Jesus disse a uma figueira sem fruto: "Nunca mais alguém coma
fruto de ti." (Mc 11:14)
(4) "Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai deste jovem e nunca
mais tornes a ele." (Mc 9:25)
(5) "Vendo-a jesús, chamou-a e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua
enfermidade." (Lc 13:12)
(6) "Respondendo-lhe Pedro, disse: S e és tu, S e n h o r , manda-me ir
ter contigo, por sobre as águas. E ele disse: Vem!" (Ml 14:28-29)
(7) "E ... clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora!" (João 11:43)
Em todas essas situações, Jesus proferiu uma palavra de poder,
mediante a qual um milagre, ou uma ação sobrenatural ocorreu:
■ Na expulsão de Satanás (1).
■ Interferindo em fenômenos naturais que estão trazendo
problemas (2).
■ Amaldiçoando (3).
■ Na libertação, expulsando espíritos malignos (4).
■ Na cura de enfermidades (5).
■ Determinando que alguma coisa acontecesse; no caso,
quebrando leis naturais (6).
■ Na ressurreição de mortos (7).
Algumas dessas palavras foram dirigidas a demônios e a
Satanás; outras, a enfermidades; outras, a pessoas; e outras, ainda,
até mesmo à natureza. Quando recebemos o poder decorrente
de sermos filhos de Deus, recebemos o mesmo poder que Jesus
tinha com o o Filho de Deus. Ele mesmo disse:
1an
SANTIDADE E PODER

“Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim
também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que
estas, porque eu vou para meu Pai." (João 14:12 - s b t b )
Sim, uma vez que somos filhos de Deus por crermos em
Jesus, temos o direito de fazer as obras que Jesus fez; e, portanto,
temos o direito de usar palavras de poder! Isso significa que,
nesses casos, em vez de orarmos ao Pai, pedindo-lhe que faça
alguma coisa, nós é que comandamos que aquilo seja feito! E
fazemos isso com respeito a algo que seja da vontade do Pai, em
nome de Jesus, e no poder do Espírito.
No entanto, talvez você esteja questionando:
- Mas Jesus era Deus, e portanto podia agir desse modo.
Como nós não somos Deus, temos que lhe pedir para fazer o que
só E le pode fazer...
Respondo a esta sua pergunta com dois argumentos.
Em primeiro lugar, temos que entender que Jesus nunca
agiu, quando na terra, com a prerrogativa de ser Deus; pois ele
se esvaziou da sua condição divina ao assumir a forma hum ana.14
E le agiu como o Filho do Homem, e tinha o poder dado pela
unção do Espírito Santo, da mesma forma como hoje temos essa
unçâo.
Em segundo lugar, os cristãos da Igreja primitiva também
operaram com palavras de poder, e eles eram homens. Acabo de
citar, há pouco, um exemplo de Pedro, proferindo uma palavra de
poder. De facto, há vários exemplos na Bíblia do uso de palavras
de poder, dentre os quais podemos destacar, ainda:
‫־‬ “ Eneias, Jesus Cristo te cura! Levanta-te e arruma o teu leito."
(Por Pedro, em Atos 9:34.)
■ “ E, voltando-se para o corpo (que estava morto), disse: Tabita,
levanta-te!" (Também por Pedro, em Atos 9:40.)
‫י‬ “ Disse-lhe (a um paralítico) em alta voz: Apruma-te direito
sobre os pés!" (Por Paulo, em Atos 14:10.)
■ “ Então Paulo, já indignado, disse ao espírito: Em nome de
Jesus Cristo, eu te mando: retira-te dela." (Atos 16:18.)

14 Eilipenses 2:5-8.
190
A PALAVRA DE PODER

■ ‘'Paulo, cheio do Espirito Santo, fixando nele os olhos, disse:


O filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malicia,
inimigo de toda a justiça ... Pois, agora, eis ai está sobre ti a
mão do S e n h o r , e ficarás cego, não vendo o sol por algum
tem po." (Atos 1 3 :1 0 -1 1 .)
■ "E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodigios e grandes
sinais entre o povo. (Atos 6 : 8 - s b t b )
Até mesmo no Antigo Testamento encontramos o uso de
palavras de poder por profetas (pois somente eles tinham a unção
do Espírito, naquele tempo, diferentemente de hoje, que todos
os crentes a têm):
■ "E lia s lh e d i s s e : ... A fa rin h a d a lú a p a n e la n ã o s e a c a b a rá , e o
a z e ite d a tua b o tija n ã o fa lta rá , a té o d ia e m q u e o S e n h o r fize r
c h o v e r s o b r e a t e r r a ." (A viúva de Sarepta - 1 Rs 17:13,14)
■ "Então, saiu ele ao manancial das águas e deitou sal nele,
e disse: Assim diz o S e n h o r : Tornei saudaveis estas águas; já
não procederá daí morte nem esterilidade. Ficaram, pois,
saudáveis aquelas águas, ... segundo a palava que Eliseu tinha
dito." (2Rs 2:21-22)
Concluímos assim que, em certos casos, é bíblico usarmos
uma palavra de poder em vez de orar a Deus, pedindo-lhe que
opere com o seu poder.
Como vimos, Pedro, diante daquele coxo, não o curou orando
ao Pai. Ele comandou a cura com uma palavra de poder, sabendo
que podia agir como filho de Deus, fazendo tal como Jesus fazia.
Como estamos proferindo essa palavra em n o m e de Jesus, é
o S e n h o r quem opera; nós somos apenas o instrumento que ele
usa. Infelizmente, porém, numa cura física os crentes de hoje, em
sua maioria, não agem como os primeiros cristãos. Aliás, oram
mais ou menos com aquelas palavras da oração que Pedro não
fez. Não é verdade?
Agora eu lhe pergunto: Quando devemos usar uma palavra
de pod er? E só vermos as situações em que Jesus a usou, conforme
foi destacado duas páginas atrás. De um modo geral, isso ocorreu
ao enfrentar uma situação maligna, ou adversa, determinando que
alguma coisa acontecesse, e também para amaldiçoar ou abençoar.

191
SANTIDADE E PODER

E nós igualmente recebemos toda autoridade para resistir a


todo mal, inclusive ao próprio diabo:
“ Eis aí vos dei autoridade ... sobre todo o poder do maligno."
(Lc 10:19)
Nesta palavra de Jesus, “ autoridade” é exousia; e o “ poder”
(do inimigo) é dynamis, no grego. Isto significa que Cristo nos deu
a autoridade e o poder sobre toda a força (dynamis) do inimigo.
Ele nos deu, portanto, o direito de usarmos uma palavra de
poder contra o diabo, apesar da força que ele possa ter. E isso é
confirmado por Tiago:
"Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós." (Tg 4:7b)
E esta escritura declara que, quando resistimos ao diabo
(proferindo uma palavra de poder), só lhe resta fugir de nós!
Portanto, em tais situações, em que temos que resistir a um mal,
o certo é enfrentarmos o problema com uma palavra de p od er, e
não “ pedir a Deus para agir, para resolver o caso” !
Mas não somente podemos usar uma palavra de poder
diante de uma situação negativa. Quando Jesus, andando sobre
o mar, disse a Pedro: “ Vem!” , ele sabia que uma lei natural seria
quebrada. E Pedro andou sobre as águas! Que poder a palavra tem!
Outro episódio interessante é o texto bíblico que nos relata a
maldição que Jesus lançou sobre uma fig u e ir a .A o passarem por
ali no dia seguinte, os discípulos tiveram uma surpresa:
"E, passando eles pela manhã, viram que a figueira secara
desde a raiz. Então, Pedro, lembrando-se, falou:
- Mestre, eis que a figueira que amaldiçoaste secou.
Ao que ]esus lhes disse:
- Tende fé em Deus; porque em verdade vos afirmo que, se
alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não
duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim
será com ele." (Mc 11:20-23)
A figueira tinha ficado totalmente seca! Explicando, então,
o que acontece quando usamos uma palavra de poder, Jesus
afirmou que podemos remover até mesmo um monte com a
palavra. O “ monte” a que Jesus se referiu representa algum mal,
algum problema em nossa vida, ou alguma situação. E o que Ele
nos diz para fazer é dar uma ordem para o montei1 5
15 Mdrcos 1 1:13-14.
192
A PALAVRA DE PODER

Ele não nos diz para orarmos a Deus para que o S enhor
remova o monte. Ele nos dá o poder para nós repreendermos o
mal, para nós movermos o monte, em seu nome .
Isso podemos fazer, pois o S enhor nos outorgou o direito de
agir em seu nome (crendo nesse nome !) Temos a sua procuração
e, portanto, nós expressamos uma palavra, mas o poder é dele, é
Ele que opera o milagre, é Ele que atua, através do Espírito Santo.
Jesus estava ensinando-nos que temos que fazer uso de
palavras de poder!
Determinando Alguma Coisa
Acabamos de ver que podemos repreender um mal, ou uma
situação negativa, com uma palavra de poder. Mas há ainda
outras circunstâncias em que podemos fazer uso da palavra: é
também para recebermos bênçãos. Jesus disse a seus discípulos:
“ E tudo quanto pedirdes em meu nome , eu o farei, para que o
Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu
nome, eu o farei." (Jo 14:13-14 - sbtb)16
O verbo “ pedirdes” ,17 conforme consta em nossas versões,
não é aqui, neste contexto, uma boa tradução do verbo grego
aiteõ, conforme passo a explicar.
Segundo o Dicionário Internacional de Teologia do Novo
Testamento, o significado básico de aiteõ é “ querer algo” , “ exigir
algo com o sua parte” ... significa ainda “ pedir” e também “ exigir” . 18
E o Léxico do NT Grego/Português diz que, tendo também o
sentido de “ pedir, solicitar, requerer” , o significado clássico deste
verbo é “ demandar” , ou seja, o mesmo que “ exigir” .19
Portanto, este verbo tem basicamente dois sentidos:
( 1) Pedir uma coisa (objeto direto) a alguém (objeto indireto).
(2) Exigir que alguma coisa (objeto direto) seja feita (não há ob-
jeto indireto). Neste caso, trata-se de exigir algo a que temos
direito, pois em relação ao que não temos direito, somente
podemos pedir, e não exigir.

16 Desta mesma forma acham-se os textos da arc , da b! e da ( n hb.


17 Em grego, o verbo é aiteõ (αΐτέω)
l!i D ic io n á r io In t e r n a c io n a l cie T e o lo g ia d o N o v o T e s ta m e n to (Edições Vida Nova -
ed. ger. Colin Brown; vol. Ill, p. 317.
|c) L é x ic o d o NT Grego!P o r tu g u ê s , op. cit., p. 14.
193
SANTIDADE E PODER

É o sentido (2) que ocorre nos dois versículos acima, em


vista de que o verbo “ pedirdes” não tem aí um objeto indireto.
Em algumas versões acha-se, no versículo 14, “ se me pedirdes” ;
mas o pronome “ me” não consta em vários dos melhores
manuscritos, e não faz parte do Textus Receptus,20 além de não
constar no versículo 13.21
Aliás, não faz sentido pedir a Jesus, em nome de jesús, para
que E le (Jesus) faça alguma coisa. Ele não pode ser o mediador
dele mesmo! Pois, quando pedimos em nome de Jesus, estamos
nos valendo de que Jesus é o nosso mediador.
Portanto, em João 14:13-14 não se trata de pedir alguma
coisa a alguém (a Deus, ou a Jesus). Desse modo, o verbo aiteõ
tem aqui o seu segundo sentido, conforme exposto acima. Assim
Jesus está dizendo que podemos nos apropriar do que já é nosso,
pois temos uma herança maravilhosa: tudo o que ele conquistou
para nós na cruz. Em outras palavras, Jesus está nos ensinando a
nos apropriarmos das bênçãos em seu nome .
Isto significa que podemos determinar, exigir, tudo o que é
conforme o nome de Jesus!
O missionário R. R. Soares, entendendo perfeitamente o
sentido de aiteõ neste contexto, usa os verbos “ determ inar” e
“ exigir” quando ora pelos enferm os e oprim idos - o que está
corretíssimo. Creio que a melhor tradução para estes dois versí-
culos é da seguinte forma:
“ E ludo quanto determinardes em meu n o m e , eu o farei, para
que o Pai seja glorificado no Filho. Se determinardes alguma
coisa em meu nome, eu o farei." (Jo 14:13-14 - texto meu.)
Quando determinamos alguma coisa, apropriando-nos de
algo em nome de Jesus, receberemos uma bênção que já nos foi
dada (espiritualmente) e que substitui a situação maligna anterior
(a enfermidade, a opressão, etc.), pois está escrito:

2(1 Compilação do texto grego elaborada por Erasmo (1516) e que foi usada na
tradução original de Almeida, e também por Lutero em sua tradução para o
alemão, e ainda na famosa versão inglesa King james, entre muitas outras.
21 Conforme esclarece Champlin, R. Norman ¡n O Novo Testamento Interpreta-
do, o v. 14 "é omitido em bom número espalhado de testemunhos, incluindo
varias versões antigas importantes” - vol. 2, p. 527.
194
A PALAVRA DE PODER

“Bendito o Deus e Pai de nosso S e n h o r jesús Cristo, o quaI


nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares
celestiais em Cristo.” (Ef 1 :3 - sbtb)
E assim que nos apropriamos da quebra de uma maldição,
por exemplo. Podemos afirmar que urna determinada maldição,
que alguém lançou sobre nós, não tem efeito, em nome de Jesus!
Podemos nos apropriar da cura de uma enfermidade, valendo-
-nos do sangue do Cordeiro; e assim por diante.
Veja, nesses casos também não estamos orando a Deus para
que ele nos cure, nos liberte, mas simplesmente d e v e m o s d e te r -
m in a r a b ê n ç ã o , a tra v é s d e u m a p a la v ra d e p o d e r , a p r o p r ia n d o -
do que já foi conquistado por Cristo na cruz, declarando que
-n o s
já recebemos tal bênção, em nome de Jesus.
Isso Não É D ar O rdens a Deus?
Há quem questione este ensino - quanto a nos ser lícito usar
palavras de poder - dizendo, de um modo crítico e até mesmo
com certo escárnio, que desse modo estamos dando ordens a
Deus. Mas, como ficou claro, a palavra de poder não é proferida
n u n c a para Deus! É uma palavra proferida contra um mal, contra
o diabo, contra ou a favor de uma situação, feita sempre em nome
de Jesus. O u, no caso de uma bênção, é uma palavra que declara
que a estamos recebendo.
Na verdade, quando proferimos uma palavra de poder,
estamos agindo como corpo de Cristo. Nós, a Igreja, somos o
corpo de Cristo.2‘ Este é um ensino bíblico bem fundamentado.
Ao fazermos uso de uma palavra de poder, determinando
que um mal desapareça, estamos sendo a boca de Cristo aqui no
mundo, pois a palavra é em nome de Jesus. É E ee que está agindo,
através da nossa boca. E le é o sujeito da ação (aquele que está
dando a ordem), e não o objeto (aquele que a recebe).
Usando uma Palavra de Poder para Reinar
Dentre todas as promessas de Jesus, há uma que se destaca
sobremaneira. Creio que talvez seja a mais importante para nós
na vida presente, como vamos ver. E a seguinte:

22 1 Corintios 12:27; Efésios4:12-16.


195
SANTIDADE E PODER

“ Dar-te-ei as chaves do runo dos céus; o que ligares na terra


terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido
desligado nos céus.‫( ״‬Mt 16:19)
O que significa ligar e desligar!1
Eis aqui mais um exemplo de palavras cuja tradução para
a nossa língua não foi das mais felizes. No grego, os verbos
significam, respectivamente, amarrar e soltar. E amarrar (ligar)
está aí com um sentido espiritual, isto é, significa declarar que
alguma coisa está impedida, proibida de acontecer. E, no sentido
inverso, soltar (desligar) significa declarar que alguma coisa está
livre, permitida, para acontecer.
Ocorre que, na linguagem moderna, usamos o verbo ligar
com o sentido de permitir (quando ligamos a corrente, permiti-
mos que o aparelho elétrico funcione); e usamos o verbo desligar
c uando queremos impedir que algo aconteça (desligo a televisão
para que ela pare de funcionar). É exatamente o contrário!
Contudo, como os dois verbos são válidos, tanto num sen-
tido como no inverso, é perfeitamente correto usar o verbo ligar
no sentido de permitir, de fazer acontecer, e desligar no sentido
de proibir. O que importa é o sentido que estamos pretendendo dar.
Assim, Jesus nos deu o poder de usarmos a palavra para
impedir que alguma coisa aconteça, e também para permitir que
algo aconteça. Quando declaramos aqui na terra que permitimos
alguma coisa, estamos abrindo isso com a chave do reino dos
céus. Quando declaramos que proibimos alguma coisa, estamos
fechando isso com a chave do reino dos céus.
Em outras palavras, Jesus nos deu o poder de reinar em seu
nome. Pois são chaves do reino dos céus, como ele as chamou.
Reinar significa dar ordens e elas serem cumpridas. É um poder
tremendo que temos à nossa disposição!
Um dia eu estava ministrando uma moça, de nome Maria,
que se achava tomada por um demônio, e eu dizia para ela:
- Maria, diga agora: “ Jesus, socorra-me!”
Quando eu a instruía desse modo, o demônio fazia com
que ela fechasse totalmente a boca e abaixasse a cabeça, para
que não falasse nada.
196
Λ PALAVRA Dt PODER

Quando de repente ela abria a boca, eu repetia aquela


palavra. Então o demônio lhe fechava de novo a boca para ela
não falar. Fiz isso várias vezes, até que perdí a paciência e disse:
- Eu ligo no mundo espiritual, em nome de Jesus, que
toda vez que Maria estiver com a boca fechada, aqui em minha
presença, este ato significa que ela está louvando a Jesus.
Quando eu disse isso, na mesma hora o demônio abriu a
boca da moça, pois não queria que ela louvasse o S enhor !
Em outra ocasião eu estava ministrando um rapaz que era
o único crente em sua família. Constatei que ele sofria de uma
forte opressão espiritual em sua casa, pois os familiares tinham
imagens e outros objetos místicos. E como tudo aquilo não era
dele, ele não podia retirar aquelas coisas da casa.
Então eu lhe orientei a usar a seguinte palavra de poder:
“ Em nome de Jesus eu ligo agora no mundo espiritual que aquelas
imagens em minha casa estão totalmente cobertas espiritualmente,
de forma a não terem mais efeito algum em relação à minha vida."
Depois disso as opressões que ele sentia diminuíram sensivelmente.3‫־‬
Quando ligamos ou desligamos, nem sempre é necessário
usar um destes dois verbos. Podemos ligar e desligar muitas coisas
simplesmente dando ordens, em nome de Jesus (não a Deus,
conforme vimos, mas a uma situação, a um “ monte” ).
Kenneth Hagin relata-nos a seguinte experiência:
“ Vinha orando pela salvação de meu irmão por vários anos. Ele
era o que costumamos chamar de 1a ovelha negra’ da família.
Apesar de minhas orações, parecia que estava piorando, ao
invés de melhorar. Sempre orava: ‘ Deus, salva-o!’ Tinha até
mesmo jcjuado. Estava propenso a voltar ao meu habitual
modo de orar, mas depois que o S e n h o r me desafiou a fazer
alguma coisa a respeito, depois de me ter dito que eu tinha
autoridade, eu disse: ‘ Em nome de Jesus, desfaço o poder
do diabo na vida de meu irmão e clamo por sua salvação!’
Ordenei. Não fique¡ repetindo a mesma coisa ou orando
e orando. ... Decorridos dez dias, meu irmão foi salvo. A
Palavra funciona!” *24

2i Veja que usei "ligar" no sentido de permitir alguma coisa, nesses dois casos.
24 I lagin, Kenneth E. - A Auturiddde do Crente; Graça Editorial, RJ; p. 30.
197
SANTIDADE E PODER

Hagin nos dá aqui um exemplo de ligar e desligar. Ele


simplesmente desligou o poder do diabo na vida de seu irmão.
Ele usou uma palavra de poder!
Em todas essas situações ligamos e desligamos no mundo
espiritual, com uma palavra proferida na terra. E reinamos sobre
os espíritos malignos, desfazendo suas obras. São palavras de
poder sobre principados, potestades e dominadores deste mundo
tenebroso. Usemos as chaves do reino!
Em nome de Jesus, podemos então fazer uso de palavras de
poder nas mesmas situações em que Jesus atuava: resistindo ao
maligno; determinando que alguma coisa aconteça (como uma
cura, um acontecimento sobrenatural, a expulsão de demônios);
resistindo a um mal; abençoando e amaldiçoando.
No caso de uma palavra de maldição, porém, esta nunca
deve ser dirigida a uma pessoa, nem mesmo a um inimigo (um
ser humano). Pois as Escrituras nos dizem para não amaldiçoar
pessoas, e sim abençoar:
“Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis.”
(Rm 12:14)
Contudo, podemos amaldiçoar uma enfermidade, uma
atividade maligna; jamais as pessoas.
Ligando e Desligando no Passado, no Presente e no Futuro
Conforme vimos na Primeira Parte deste livro, o mundo espiritual
está fora do tempo e, portanto, podemos ligar alguma coisa
espiritualmente no passado, no presente ou no futuro. Inclusive
chegue¡ a dar exemplos de situações em que ligamos algo no
passado e no futuro, lá no Capítulo 2.
Lembra-se de quando mencionei que agora você pode co-
brir-se com o sangue do Cordeiro, purificando-se de toda conta-
minação, no passado, das balas consagradas a Cosme e Damião?
E você se lembra também que eu disse que podemos nos pro-
teger espiritualmente no futuro, quando precisarmos estar num
local que é território do inimigo?
O entendimento de que podemos orar fora do tempo nos
dá uma capacitação espiritual muito maior, em nossa luta contra
o maligno.
198
A PALAVRA DE PODER

Não Coloquemos o S enhor à Prova


Concluindo nosso estudo sobre as palavras de poder, tenho
apenas que alertar que não devemos usar uma palavra para pôr
o S e n h o r à prova.
Isso significa que não devemos declarar alguma coisa
simplesmente para que o poder de Deus se manifeste, sem que
haja uma real necessidade, ou para que aconteça alguma coisa
simplesmente para comprovarmos que temos poder, ou para
nos exibirmos perante os homens, etc.. Assim, por exemplo, não
devemos pegar uma cobra venenosa e usarmos uma “ palavra de
poder” , dizendo a ela: “ O seu veneno não me causará nenhum
mal, em nome de Jesus!” ... e deixarmos que ela nos pique!...
Paulo disse, a esse respeito:
“Não p o n h a m o s o S cni io r à p ro v a , c o m o a lgun s d e le s já fizeram
e p e re c e ra m p e la s m o rd e d u ra s d as s e r p e n te s .” (1Co 10:9)

Em situações assim, o poder de Deus não operará. Essa


palavra não é em n o m e de Jesus, pois vai contra a Palavra de
Deus, que diz: “ Não porás à prova o S i n i i o r teu D eus.25‫״‬
* * * * *
Somente devemos usar uma palavra de poder, somente
devemos usar o nome de Jesus - nunca é demais repetir - naquilo
que é justo, legal, verdadeiro; em tudo que é conforme o seu
n o m e . Numa situação em que o inimigo tenha tido o direito legal

de ter trazido o problema, então não podemos agir em nome de


Jesus, pois não temos procuração para isso.
Uma situação assim poderá ser resolvida, conforme
sabemos, quebrando primeiro o direito do inimigo. O u, então,
atuando com um ato de guerra, conforme vimos, desde que o
nosso nível de unção seja suficiente. Este ponto será ainda mais
esclarecido nos capítulos seguintes.
Por desconhecerem tudo isso, muitos crentes estão vivendo
uma vida miserável, com enfermidades, com problemas de toda
sorte. Oseias referiu-se a essa situação quando disse:
“ O m e u p o v o está s e n d o d e stru íd o , p o r q u e lh e falta o
c o n h e c im e n to .‫( ״‬Oseias 4:6)

25 Deuteronômio 6:16; Mateus 4:7.


199
SANTIDADE E PODER

Temos que conhecer nossos direitos em Cristo Jesus!


E precisamos saber quais as condições para usá-los! Diante
do que vimos neste capítulo, convém deixar em destaque:

Diante de uma situação adversa, não é para orarmos a


Deus, para Ele resolver o problema; nós mesmos temos
que repreender o mal usando uma p a la v r a d e p o d e r ,
em nome de Jesus. (Observação 36)

Usamos uma palavra de poder para determinar uma


situação, apropriando-nos das bênçãos que o Senhor
Jesus conquistou para nós na cruz. (Observação 37)

Usamos palavras de poder para ligar e desligar no


mundo espiritual, usando as chaves do reino de Deus.
(Observação 38)

Meu irmão, é preciso orar como convém, como a Palavra


nos orienta. Reconheçamos que, muitas vezes, oramos de modo
errado. Temos pedido a Deus que nos cure, temos pedido a Deus
que remova um mal em nossa vida, temos pedido a Deus tantas
coisas que já nos foram dadas, segundo as Escrituras. Dessas
coisas precisamos apenas nos apropriar, declarando a bênção (e
recebendo-a) com uma palavra de poder.
Dá para começar a perceber, agora, por que muitas vezes
não vemos uma resposta de Deus às nossas orações? Espero que
o Espírito Santo confirme em seu coração estas verdades. E que
você passe a orar como convém, valendo-se sempre do auxílio
do Espírito, pois é Ele que lhe dará a direção de com o orar, de
como usar uma palavra de poder; é E le que vai lhe mostrar se há
brechas, ou o que você terá que repreender, e assim por diante,
conforme nos diz a escritura:26
“ O Espírito, s e m e lh a n te m e n te , nos assiste em nossa eraqueza ,
p o rq u e não sa b e m o s o ra r c o m o c o n v é m ...” (Rm 8 :2 6 )

Agora vamos analisar as orações que devemos fazer, dirigi-


das a Deus Pai, em lugar de usar uma palavra de poder.
Temos que aprender a orar como convém!
2(1 Quando estamos numa situação de fraqueza, isto significa, precisamente, que
não estamos fortes e não estamos orando com poder, pois não estamos orando
como convém.
200
18
O Poder das Orações
Dirigidas a Deus
"Em verdade, em verdade vos digo: o que pedirdes ao
Pai ele vos dará em meu n o m e . ” (João 16:23 - bi)

Este versículo é bem parecido com um outro que analisamos


no capítulo anterior,1 mas que na verdade é bem diferente. O
que vimos foi o ensino de Jesus sobre o uso de uma palavra de
poder, através da qual determinamos, ou exigimos, ou ligamos,
ou permitimos alguma coisa em seu nome .
Agora, porém, Jesus usa o verbo aiteõ com objeto indireto: “ o
que pedirdes ao Pai” . Aquí o verbo tem o sentido normal de pedir
alguma coisa a alguém. A quem? Ao Pai. Em nome de quem?
De Jesus Cristo. Assim, Jesus nos diz que o que pedirmos ao Pai,
em seu nome, o Pai nos dará. Cristo é o nosso único Mediador a
Deus Pai.
Você crê nas palavras de Jesus acima? São palavras verda-
deiras? E claro que são. Ele até mesmo deu uma ênfase especial
à verdade do que estava a dizer, precedendo-a com a expressão
“ em verdade, em verdade".
Mas como explicar que, com frequência, temos pedido ao
Pai alguma coisa, mas não a temos recebido?
Analisemos este versículo com maior profundidade.

A Quem Oramos: ao Pai


A primeira coisa a observar é a frase “ o que pedirdes ao Pai". Jesus
ensinou-nos que a oração correta - quando queremos pedir a
Deus alguma coisa - é aquela que é dirigida ao Pai. Tenho visto
crentes pedindo coisas a Jesus e até mesmo ao Espírito Santo.

1 Refiro-me ao versículo: “£ tudo quanto pedirdes em meu nomí , eu o farei, para


que υ Pai seja glorificado no rilho." (Jo 14:13 - sum)
201
SANTIDADE E PODER

Exceto nos casos em que somos instruídos para orar a


Jesus ou ao Espírito (o que veremos mais adiante), a regra geral é
orarmos a Deus Pai.
O ram os em Nome de Jesus
Um segundo ponto que temos que considerar é que o nosso
pedido tem que ser feito em nome de Jesus. Porque ninguém vai
ao Pai a não ser através dele, o Mediador:
“Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade, e a vida;
ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14:6)
“Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os
homens, Cristo Jesus, homem.” (1Tm 2:5)
E já foi explicado que isso não significa simplesmente usar
esta expressão “ em nome de Jesus” como se fosse uma palavra
mágica. O sentido é de pedir aquilo que é segundo o no m e dele,
isto é, tudo o que condiz com a sua justiça e piedade. Não podemos
pedir algo que não seja justo.
Portanto, não oramos “ em nome do Pai, do Filho e do Espí-
rito Santo” . Tenho ouvido crentes orando desse modo, mas não
é bíblico. (Não é o caso do batismo, quando a pessoa é batí-
zada em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.) Um outro
erro, que às vezes acontece, é orar, ou pedir alguma coisa a Deus
“ pelo amor de Jesus” . Não, a oração certa é dirigida ao Pai, em
nome de Jesus.

O Q u e N ã o P e d i r ao Pai
Conforme já foi observado, no versículo de João que estamos
analisando agora (16:23), o verbo “ pedirdes” no grego é o mesmo
verbo aiteõ ao qual nos referimos no capítulo anterior, mas aqui
com um objeto indireto: é pedir algo a alguém. Aqui este verbo
exprime o sentido normal de pedir, ou requerer alguma coisa a
alguém.
No caso de uma cura, da quebra de uma maldição, da salvação
eterna - obras específicas que Jesus já realizou na cruz basta
eu delas mc apropriar, conforme vimos, uma vez que todas essas
bênçãos já nos foram dadas por Ele. Não faz sentido pedir algo
que já nos foi dado!

202
O PODER DAS ORAÇOES DIRIOIOAS A DEUS

Assim, não se pede para ser salvo: nós simplesmente


recebemos jesús como Salvador e S e n h o r (apropriamo-nos da
salvação). Também não pedimos o Espírito Santo, temos apenas
que recebê-lo, conforme vimos no Capítulo 16.
Com respeito à cura e à quebra de maldições em nossa
vida, é para agirmos de maneira semelhante, declarando que a
recebem os, apropriando-nos da bênção. Neste caso, porém,
primeiro é necessário ainda quebrar o direito legal que o inimigo
tinha sobre aquele mal. Temos que soltar as ligaduras da impiedade
e desfazer as ataduras de escravidão que estavam sobre nós, como
já vimos.
Depois disso, porém, não pedimos a Deus que faça a cura
mas, apropriando-nos da bênção, repreendemos o mal que estava
em nós com uma palavra de poder. No caso de uma libertação,
expulsamos os espíritos malignos que nos oprimiam.
Outro erro que muitas vezes cometemos é pedir a Deus
aquilo que ele delegou a nós, para que nós mesmos fizéssemos.
Já vimos que recebemos de Deus o poder de criação, de reinar
sobre as trevas e de realizar atos sobrenaturais.2
Portanto, em todos esses casos, também o correto não é
pedir a Deus, mas exercer o poder que nos foi dado segundo
as Escrituras, fazendo uso de uma palavra de poder, conforme
vimos no capítulo anterior.
Assim, como temos o poder de reinar sobre as trevas, e
tendo em vista que Jesus deixou bem claro que temos autoridade
e poder sobre os demônios, não faz sentido orar ao Pai para que
um demônio seja expulso! Isso compete a nós. Nós é que temos
que expulsá-lo.
Em nossos pedidos ao Pai devemos ter ainda um cuidado:
não pedir aquelas coisas que Deus nos delegou - não através das
Escrituras, mas de um modo natural.
Por exemplo, imagine uma família que, pela manhã, sendo
muito crentes, sentam-se todos em volta da mesa da copa e
começam a orar: “S enhor, dá-nos o café da manhã! Dá-nos o
ca fé !...” E ficam orando assim por uma hora, enquanto o pó

2 Veja Observação 9.
203
SANTIDADE E PODER

de café está no armário, a chaleira, o bule e a água acham-se


disponíveis, e também há pão e manteiga no armário. E o fogão
ali do lado. Ora, Deus não vai responder a essa oração. Eles têm
é que se levantar daquela mesa e preparar o café!
Não devemos pedir, em outras palavras, aquelas coisas que
naturalmente estão ao nosso alcance. Eu sei que exagerei um pou-
co nessa ilustração, mas há muita gente fazendo exatamente isso.
Um estudante, na iminência de uma prova, ora a Deus para
tirar uma boa nota, apesar de não ter estudado... O ra, Deus não
vai “ soprar-lhe” as respostas! Ele é que tinha que estudar. Assim,
tudo o que está ao nosso alcance nós é que precisamos fazer, e
não devemos pedir a Deus.
Lembre-se de que, quando jesús ressuscitou a Lázaro, aquilo
que os homens podiam fazer - remover a pedra que fechava o
sepulcro - , ele lhes pediu que o fizessem. Ele não deu a ordem:
“ Pedra, seja removida; Lázaro, vem para fora.” !
Por isso mesmo, não há nada de errado em tomarmos
algum medicamento que naturalmente os homens descobriram
como sendo benéfico para a cura de uma enfermidade. Isso
não significa que a pessoa não tem fé. Aliás, o próprio S enhor
Jesus elogiou o samaritano, quando atendeu aquela vítima dos
salteadores, por tê-la socorrido, inclusive aplicando vinho e óleo
em seus ferimentos (que eram “ remédios” naquele tempo).
Portanto, podemos deixar em destaque que:

Não devemos pedir ao Pai o que Ele já nos deu, o que a


Bíblia mostra específicamente que Deus delegou a nós,
e o que Deus colocou ao nosso alcance e possibilidade,
por meios naturais. (Observação 39)

O Q ue Pedir ao Pai
Quanto ao que devemos pedir ao Pai, observemos as seguintes
palavras de Jesus:
“ Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe
pedir pão, lhe dará uma pedra ? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe
dará uma cobrai' Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas
dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos
céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?” (Ml 7:9-11)
204
O PODLR DAS ORAÇÕES ÜIKICIDAS Λ DEUS

Q ue tipo de coisas Jesus está dizendo que o Pai nos dá?


- Boas coisas!
Sim; se esta foi a sua resposta, você acertou. Portanto, o que
devemos pedir ao Pai?
- Coisas boas!
Isso mesmo. E, quanto às coisas más, o que temos que fazer?
- Resistir a elas e expulsá-las da nossa vida!
Isso mesmo. Você está aprendendo muito bem. As coisas
que são más (ou malignas) ficam por nossa conta, para resistirmos
a elas, em nome de Jesus. As coisas boas, as bênçãos, devemos
pedir a Deus Pai, em nome de Jesus (pois ele é o nosso Mediador).
Veja ainda o seguinte versículo, que confirma exatamente
isso que estamos dizendo:
“ Toda HOA dádiva e todo dom krecito são lá do alto, descendo
do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra
de mudança.” (Tg 1:17)
O que é que o Pai nos dá, segundo este versículo?
- Toda boa dádiva e todo dom perfeito.3
Viu? É isso mesmo. Toda boa dádiva temos que pedir ao
Pai, que dele a receberemos. O Pai nos dá boas coisas.
Antes de concluir este tópico, convém deixar bem claro
uma coisa. Temos que orar ao Pai pedindo coisas boas, conforme
vimos. Mas o que ó “ uma coisa boa” ? Porque muitos chamam de
“ bom” o que não é bom.
Quando analisamos o que Isaías nos fala sobre o amor,
vimos que bom é o que agrada a Deus, e não a nós. Deus é quem
define o que é bom: é tudo que é conforme a sua vontade.
Assim, você não deve orar pedindo algo que não seja a
vontade de Deus (não é uma coisa boa). E por isso precisamos ter
certeza quanto ao que pedimos ser segundo a sua vontade.
"T esta é a confiança que temos para com ele: c/ue, se
pedirm os alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ou ve.”
(1 Jo 5:14) ‘

3 “Dom” aqui não se refere a "dom espiritual”; dom perfeito é algo que Deus nos
dá que não tem defeito algum.
2 0 .‫)־‬
SANTIDADE E PODER

Mas, pelo contrário,...


“Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis,
p o rq u e p ed is mal, para esbanjardes em vossos p ra ze re s."
(Tg 4 :3 )

Vou pedir-lhe licença para parafrasear a continuação deste


versículo:
“Vocês, que se corrompem com as coisas deste mundo,
não compreendem que ter amor pelas coisas do mundo é
incompatível com a disposição de querer amar a Deus?
Aqueles que têm prazer com as coisas do mundo não amam
a Deus, antes o aborrecem.” (Cf. Tg 4:4)
Os prazeres (ilícitos) deste mundo nos impedem de receber
as bênçãos que pedimos a Deus. É claro, eles nos contaminam.
Mas quando fazemos a vontade de Deus, E le nos dará o que é
realmente prazeroso, agradável, e que satisfaz plenamente.4
Lem brem o-nos ainda que, também neste caso, o nosso
pedido ao Pai é em nom e de jesús. E você já sabe o que significa
isso. E exatamente o que acabamos de ver: é pedir apenas o que
é segundo o nom e dele, ou seja, é pedir apenas o que é bo m - o
que confirma o que acabamos de dizer.
A O ração Perfeita
A oração que fazemos ao Pai não se restringe, porém, apenas a
pedir. O modelo de oração que temos, que Jesus nos ensinou - a
oração do “ Pai nosso” nos mostra como devemos orar. Vale a
pena analisarmos com cuidado o seu conteúdo:
“Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como
no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as
nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos
devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do
mal, pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém!"
(Mt 6:9-13)
Pai nosso, que estás nos céus
Como Jesus confirma aqui, as nossas orações devem ser
dirigidas ao nosso Pai, que está nos céus, ou seja, ao nosso Pai
celestial.
4 Pois a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita (Rm 12:2).
206
O PODER DAS ORAÇÕES DIRIGIDAS A DEUS

É claro que não precisamos mencionar a frase “ que estás


nos céus” toda vez que orarmos, pois basta que a nossa intenção
seja esta.
E interessante que Jesus nos ensina a orar ao Pai, e não
a “ Deus” . Quando oramos ao Pai, é certo que estamos orando
a Deus. Mas Jesus deixa bem explícito que é a Deus Pai que
estamos orando, e não ao Filho ou ao Espírito Santo. E assim que
funciona: pedimos ao Pai, pela mediação do Filho, e pela unção
do Espírito.
Santificado seja o teu nome
Esta expressão significa reverenciar e honrar a Deus, como
também glorificá-lo. Portanto, em nossas orações, antes de pedir
algo de nosso interesse pessoal, devemos glorificar o Pai, louvá-
-Io, exaltar o seu n o m e . Antes de mais nada, temos que levantar
um altar de adoração ao S e n h o r ! Já dizia o salmista:
‘louvem o n o m e do Senhor, porque só o seu nome é excelso;
a sua majestade é acima da terra e do céu.” (Salmo 148:13)
E, quando expressamos que o nom e dele deve ser santifi-
cado, isto implica em que estamos nos comprometendo a tudo
fazer para que isso aconteça, não usando o nom e dele em vão, ou
seja, não lhe pedindo nada que não seja conforme o seu santo
n o m e . Pois neste caso Deus não nos respondería: o uso do seu
nome seria em vão. Aliás, não usar o n om e em vão, neste sentido
­ ‫ ס‬de pedir o que não é segundo o seu nom e - , é o conteúdo
mais profundo do que expressa o terceiro mandamento .
Concluímos então que, além de pedir coisas boas ao Pai,
devemos incluir em nossas orações o louvor e a adoração.
Venha o teu reino
Alguns entendem que neste ponto a consumação do reino
de Deus (o que ocorrerá com a volta de Cristo) está sendo pedida.
Isto está correto. Mas há um outro sentido nesta frase, pois o
reino de Deus já está em nós:
“ Porque o reino de Deus está dentro de vós." (Lc 17:21)
Como o reino está em nós (em nosso homem espiritual),
porém não em sua plenitude (pois ainda há contaminações
207
SANTIDADE E PODER

espirituais em nós, no nosso velho homem), com a expressão


“ venha o teu reino” estamos pedindo que o reino venha a nós,
naquilo que ainda dele não recebemos.
E, para que o recebamos, torna-se imperioso crescermos
em nossa santificação. E necessário realizarmos o jejum que
agrada a Deus, conforme vimos anteriormente, o que nos
capacitará com um maior poder contra nossos inimigos, contra as
situações malignas que nos atingem. Pois o reino em nós significa
exatamente isso: reinarmos, em nome do S e n h o r , sobre os
principados e potestades, desligando e ligando na terra, fazendo
uso de palavras de poder.
Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu
Através desta palavra reconhecemos que a vontade de Deus
é o melhor para a nossa vida, mesmo que não a compreendamos.
Estamos ainda reconhecendo a soberania de Deus.
Veja que esta frase não é um pedido a Deus, mas sim uma
palavra de poder que estamos expressando, fazendo uma decía-
ração de que a vontade de Deus seja feita (por todos os seres
criados, tanto os do mundo físico como do mundo espiritual). ‫׳‬
E, antes de pedirmos qualquer coisa para nós, estamos já
declarando que queremos somente aquilo que é da vontade de
Deus. Se em seguida pedirmos algo que não for da vontade dele,
isso já está cancelado!
Até aqui a oração abordou apenas coisas espirituais. Estas
estão em primeiro lugar. Agora podemos fazer outros pedidos,
inclusive pedidos materiais:
O pão nosso de cada dia dá-nos hoje
Esta frase tipifica orarmos por aquilo de que temos necessi-
dade, pois o pão simboliza precisamente isso, a nossa necessidade
diária. Inclui tanto necessidades materiais quanto espirituais.
Lembre-se de que não somente precisamos do pão material que
alimenta o nosso corpo, mas carecemos também do pão espiritual
que nutre o nosso espírito (que é a Palavra de Deus).f>

r> jesús nos mostra que, em meio a uma oração, podemos fazer declarações que
são p¿1lavras de poder.
(> Conforme Lucas 4:4.
208
O PODER DAS ORAÇOES DIKIGIOAS Λ UEUS

Quando oramos, pedindo ao Pai alguma coisa, estamos decía-


rando que dependemos do S enhor para atender às nossas necessida-
des. Não dependemos do nosso dinheiro, nem de mais ninguém,
mas exclusivamente do S e n h o r . O nosso sustento vem dele.
O importante é entendermos que temos que lhe pedir as
nossas necessidades sem pre, e não apenas quando estejam nos
faltando. O que Deus quer é que constantemente expressemos a
nossa dependência dele, mesmo quando nada nos falta.
Agora, não é verdade que a maioria dos crentes pede a
Deus apenas aquilo que lhes está faltando? Jesus nos ensinou a
pedir o pão nosso de cada dia!
E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos
perdoado aos nossos devedores
Este é um outro tipo de pedido que devemos fazer ao Pai. E
o pedido de perdão, o que implica em estarmos confessando que
temos pecado. Assim, a oração que fazemos ao nosso Pai celestial
pode, e deve, incluir a confissão de pecados e o nosso pedido
de perdão. Temos que confessar nossos pecados constantemente
(ou melhor, assim que nos conscientizamos de que pecamos),
para que permaneçamos puros. Isso fazemos não para sermos
salvos (no sentido de termos a vida eterna), pois já somos salvos.
Veja a importância deste ponto, pois Jesus o incluiu na oração-
modelo que nos ensinou!
E ainda E le acrescentou: “ assim com o nós temos perdoado
aos nossos devedores". Com esta frase Jesus nos “ pegou” direiti-
nho. Como temos feito esta oração, já ligamos no mundo espi-
ritual este ponto, o que implica em que, se não perdoarmos al-
guém que nos tenha injuriado, então não receberemos o perdão
de Deus. Isso não nos deixa a alternativa de não perdoarmos!
Sim, devemos orar pedindo perdão a Deus por nossas faltas,
e também podemos declarar a Deus que já perdoamos fulano e
beltrano, que nos fizeram isso e aquilo, e que os abençoamos.
Muitos crentes não têm noção do valor do perdão. E através de
perdoar que estamos reconhecendo, diante de Deus, que nós
fomos perdoados. Pois quem não quer perdoar, como pode
querer ser perdoado?7*1

Veia mais sobre o perdão em meu livro Plena Pa/, capítulos 15 e 16.
1 t 209 1‫׳‬
SANTIDADE E PODER

E não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal


Agora )esus nos ensina a pedir a proteção do S e n h o r para
que possamos resistir aos intentos do maligno de nos fazer
pecar, através da tentação, livrando-nos assim do mal que seria a
consequência direta do pecado. Livrar-nos do mal e do maligno8
é uma boa coisa que devemos sempre pedir ao Pai.
Entretanto, conforme já vimos, nós é que teremos que co-
mandar a expulsão do demônio na hora em que ele vier contra
nós. Foi o que Jesus fez quando, através de Pedro, o inimigo o
tentou: “ Mas ]esus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás!"
E se nós cairmos em pecado, nós é que então teremos que repre-
ender o mal que nos atingiu, depois de pedir perdão a Deus.
Com a frase "não nos deixes cair em tentação, mas livra-
-nos do mal" Jesus termina a sua oração-modelo. A frase seguinte
possivelmente tenha sido uma inserção posterior (inspirada pelo
Espírito Santo), pois não consta de muitos manuscritos antigos:
Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém!
Sim, podemos terminar nossa oração como a iniciamos:
louvando ao S e n h o r , e declarando o “ amém” final. Saiba que
“ amém” em grego significa “ isto é verdade” .9 É muito mais do que
um simples desejo (assim seja - como muitos ensinam). “ Am ém ”
é uma palavra de poder que declara que tudo o que foi pedido é
verdade, e que assim vai acontecer. Resumindo, podemos dizer:
Oramos ao Pai, em nome de Jesus, louvando a Deus,
pedindo-lhe boas coisas (bênçãos), pedindo perdão
por nossas faltas, e pedindo-lhe que nos proteja do
mal e nos livre das tentações. (Observação 40)

Um Pedido Especial
Dentre as boas coisas que devemos pedir ao Pai, há uma que se
destaca sobremaneira, e que sempre devemos incluir em nossas
orações. Porque o recebimento dessa bênção redundará em mui-
tas outras bênçãos, e também facilitará o poder de Deus operar
através de nós. Refiro-me a pedir sabedoria:
8 A palavra "mal" aqui pode ser também traduzida por “maligno”, isto é, o diabo.
l> Quando )esus diz "Na verdade, na verdade vos digo ..." no grego esta frase é
"Amém, amém vos digo ...”
210
O PODER DAS OKAÇOES DIRIGIDAS A DEUS

“Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a


Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera;
e ser-lhe-á concedida." (Tg 1:5)
"Porque o Senhor dá a sabedoria, e da sua boca vem a
inteligência e o entendimento.” (Pv 2:6)
Sim, a sabedoria é geradora de bênçãos. Temos o exemplo
de Salomão que, pedindo apenas sabedoria, recebeu de Deus
bênçãos de riquezas, poder, bens e honras!
Veja o texto bíblico:
"Disse Deus a Salomão: Porquanto foi este o desejo do
teu coração, e não pediste riquezas, bens ou honras, nem
a morte dos que te aborrecem, nem tampouco pediste
longevidade, mas sabedoria e conhecimento, para poderes
julgar a meu povo, sobre o qual te constituí rei, sabedoria
e conhecimento são dados a ti, e te darei riquezas, bens e
honras, quais não teve nenhum rei antes de ti, e depois de
ti não haverá teu igual.” (2 Cr 1:11 -12)
E o próprio Salomão escreveu:
"Porque melhor é a sabedoria do que joias, e de tudo o que
se deseja nada se pode comparar com ela.” (Pv 8:11)
Hoje somos também reis,10 que reinamos em nome de Jesus
contra todos os poderes das trevas. E, à semelhança de Salomão,
precisamos de sabedoria para reinar!
Passemos agora para um outro ponto, muito importante.
O raçõ es ao Filho e ao Espírito Santo
O que acabamos de ver são orações que fazemos, dirigidas a
Deus Pai, pedindo-lhe coisas que são bênçãos para a nossa vida.
Mas não podemos fazer orações a Jesus e ao Espírito Santo? Pelo
que a Palavra nos ensina, as orações que contêm nossos pedidos
de bênçãos (de boas coisas) devem ser feitas ao Pai, em nome de
Jesus, conforme vimos.
Mas há outros tipos de oração. Lembremo-nos que orar
é conversar com Deus. Assim, quando aceitamos Jesus como
S enh or , estamos orando a E le, pedindo que entre em nossa vida.
Lembre-se de que E le mesmo nos disse:

10 Todo crente agora ó sacerdote e rei, conforme 1 Pedro 2:9.


211
SANTIDADE E PODER

“Ei!$ que eslou à porta e hato; se alguém ouvir a minha voz


e abrir a porta, entrarei em sua casa (literalmente, entrarei
nele, isto c, em seu coração) e cearei com ele, e ele, comigo."
(Ap 3 :2 0 )

De que forma abrimos a porta do nosso coração? Através


de uma oração, convidando o S e n h o r Jesus a entrar. Portanto,
podemos falar com Jesus, convidando-o a entrar em nossa vida.
E, a partir desse momento, temos uma convivência bem chegada
com E l e : E le passa a cear conosco.
O ato de cear implica em intimidade, em companheirismo,
em comunhão. E claro que, se você recebe alguém para cear,
você conversa com tal pessoa. Assim, podemos conversar com
Jesus! E conversar com E le é orar. Muitos têm vivido ainda uma
experiência ainda mais marcante: um encontro visível (uma visão
espiritual) com o S en i io r Jesus.'1Portanto, podemos conversar com
Jesus, podemos pedir que ele nos ajude, que ele nos fortaleça,
podemos pedir socorro a ele (numa situação de perigo), e assim
por diante.
Podemos, em resumo, pedir que E le faça alguma coisa. Aliás,
há pouco dei um exemplo em que instruí uma pessoa, que eu es-
tava ministrando, para pedir a ajuda de Jesus (quando um demô-
nio a impedia de chamá-lo). Mas nossos pedidos de bênçãos, de
coisas específicas, estes devem ser feitos ao Pai, conforme vimos.
Há, porém, ainda outros tipos de oração. Um deles é a
oração de louvor, em que podemos orar louvando o Pai e o Filho:
“Aquele que está sentado no trono (o Pai) e ao Cordeiro (o
Filho), seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos
séculos dos séculos." (Ap 5:13b)
E o Espírito Santo, louvamos também o Espírito? Nas Escri-
turas não encontramos um versículo sequer expressando louvor
ao Espírito Santo. E claro que não há nada contra, nías há uma
palavra de Jesus que nos esclarece neste ponto:
"Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará
a toda a verdade; porque não falará por si mesmo ... fie me
GLORiftCARÁ.” (João 16:13-14a).1

11 Isso ocorre na cura interior, o que chamo de “dinâmica espiritual” no livro


Plena Paz.
212
O PODER DAS ORAÇOES DIRIGIDAS A DEUS

Sim, o Espírito não fala por si mesmo, mas sim o que ouve
do Pai, e sua missão é glorificar Jesús Cristo. Como é E le que nos
guia (quando estamos sob a sua unção), é certo então que E ie
nos leva a glorificar o Senhor Jesus. Mas, quando glorificamos Jesus,
estamos glorificando também o Pai, e também o seu Espirito!
Pois Jesus disse: “ Não crês que estou no Pai, e que o Pai está
em mim?” 12 E também: Ό Espírito do S enhor está sobre mim" . ' 1
Deus é um só.
Louvando Jesus, chegamos ao Pai e ao Espírito em nosso
louvor. Assim, o que a Palavra nos mostra é que o nosso louvor é
dirigido ao Filho. Se estivermos louvando e adorando no Espírito,
sem dúvida é isso que vai acontecer, pois Jesus disse “ Eie ( o
Espírito) me glorificará” .
Com estas palavras, Jesus estabelece que esta é uma das principais
missões do Espírito Santo.

O Espírito nos dirige a louvarmos o Filho; esta é uma


de suas principais missões. (Observação 41)

Finalmente, uma palavra quanto à oração dirigida ao Espírito


Santo. Assim como dissemos que podemos conversar com Jesus,
também podemos conversar com o Espírito. Não para pedir uma
bênção, mas como resultado da comunhão que temos com Eie .
Podemos pedir-lhe que nos dê a sua instrução, que nos ensine,
que nos exorte, que nos capacite e que nos console. Pois esta é a
sua missão.
A Palavra diz ainda que não devemos entristecer o Espírito,14
mas sim alegrá-lo. Sua maior alegria é quando louvamos a Jesus, e
quando agimos com retidão e em verdade.
A Palavra diz também que os homens podem fechar o
coração à voz do Espírito:
“ H o m e n s d e d u ra c e rv iz e in c irc u n c iso s d e c o ra ç ã o e d e
o u v id o s , vós s e m p re resistis a o E sp írito S a n to ; assim c o m o
fizera m vo sso s p a is, ta m b é m vós o f a z e i s (At 7:51)

12 João 14:10a. 13 l ucas 4:18a. 14 Efésios 4:30


213
SANTIDADE E PODER

Estas foram palavras de Estêvão, no dia em que foi


martirizado. O que devemos fazer é não resistir ao Espírito mas,
pelo contrário, dar-lhe boas-vindas, abrir-lhe o coração.
Isso significa que podemos dirigir nossa palavra ao Espírito,
orando: “ Fala ao meu coração; enche-me com o teu poder.’’

Não resistamos ao Espírito, mas o convidemos a


agir com poder em nossa vida. (Observação 42)

* * * * *
Vimos neste capítulo como orar ao Pai. O enfoque foi em
orações que fazemos pedindo boas coisas para nós mesmos, para
atender às nossas necessidades.
Há ainda, porém, um outro tipo de oração que fazemos
ao Pai: é quando oramos para atender às necessidades de uma
outra pessoa. São as orações de intercessão. Elas serão tratadas
em nosso próximo capítulo.

214
19
O Poder da Intercessão
“O meu servo ... orará por vós; porque dele
aceitarei a intercessão (Jó 4 2 :8 )

A intercessão é um tipo diferente de oração, feita ao Pai, em que


o nosso objetivo é interceder por outras pessoas. No versículo
abaixo Paulo deixa bem claro que devemos interceder por todos
os homens, e “ todos” inclui até mesmo aqueles que são nossos
inimigos:
“Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas,
orações, intírcfssões, ações de graças, em favor de todos os
homens.” (1 T m 2 :1 )
E esta palavra de Paulo é dirigida aos crentes em geral. Disso
concluímos que todos nós somos intercessores! O apóstolo usa
aqui diversas palavras para nos exortar a orar, mas nenhuma delas
é o verbo aiteõ (pedir). Isso significa que a nossa postura agora
é diferente: não é simplesmente pedir alguma coisa a Deus, ou
determinar que algo seja feito através de uma palavra de poder.
O Q u e É Interceder
A intercessão caracteriza-se por entrar na presença do Pai em
favor de alguém, agindo como um intermediário, um sacerdote,
diante de Deus. Pode ser até mesmo uma situação em que, por
causa do pecado, a pessoa nem mesmo mereça a bênção de
Deus. Não foi esse o caso de Abraão, quando intercedeu por
Sodoma e Gomorra?1 Deus ouviu a sua intercessão: as cidades
não seriam destruídas se houvesse dez justos. Não sei não, mas se
Abraão tivesse prosseguido, creio que Deus o teria atendido até
com um número menor de justos...
Podemos citar ainda o caso de jó. O versículo que se acha
no início deste capítulo refere-se a ele. Vemos nessa escritura que
0 próprio Deus afirma que ouvirá a intercessão de Jó.

1 Gênesis 18:23-32.
215
SANTIDADE E PODER

E, pelo estudo do livro que leva o seu nome, sabemos que


Isso se deve ao facto de ter sido ele um homem íntegro e reto,
temente a Deus e que se desviava do m al.2
E, de facto, no dia em que Jó orou por seus amigos, além da
resposta de Deus para eles, o próprio )ó foi abençoado: naquele
dia, diz a escritura, Deus mudou a sua sorte e restaurou toda
a sua vida, dando-lhe em dobro tudo que o inimigo lhe havia
roubado.3
Deus também ouviu a intercessão de Moisés. Quando no
deserto o povo pecou, fazendo o bezerro de ouro, o S e n h o r lhe
disse: “ Tenho visto este povo, e eis que é povo de dura cerviz.
Agora, pois, deixa-me, para que se acenda contra eles o meu furor,
e eu os consum a."4 Contudo, Moisés intercedeu por Israel. E,
diante da intercessão de Moisés, "se arrependeu o S inuor do mal
que dissera havia de trazer ao p o v o ".5

A Principal Tarefa do Intercessor


Como é importante a intercessão! Deus nos atende, na interces-
são, até mesmo diante de uma situação de pecado. Entretanto,
é sempre necessário fazer a expiação (a quebra do direito legal
do inimigo), para atender à justiça divina. Foi o que Moisés fez:(>
“Moisés disse ao povo: Vos cometestes um pecado grave.
Todavia, vou subir a lahweh para tratar de expiar o vosso
pecado." (Êx 32:30 - bj)
Deus não “ passa por cim a” do que é justo, conforme já
foi salientado. Eie é absolutamente justo. Daí a importância do
intercessor: ele é alguém que, colocando-se na brecha, faz com
que Deus não veja mais o pecado, e assim o mal decorrente
daquela iniquidade cessará. Por isso Deus busca intercessores,
aqueles que se colocarão diante dele, para que um mal seja
eliminado. Veja agora a seguinte escritura, dita por Deus através
do profeta Ezequiel:
“ Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se
colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para que
eu não a destruísse; mas a ninguém achei." (Ez 22:30)
2 Jó 1:8; 2:3; 42:8-9. 4 Êxodo 32:9-10. ‫ י׳‬Êxodo 32:30.
3 Jó 42:9-10. 5 Êxodo 32:14.
216
O PODER DA INTERCESSÂO

Sim, Deus procura aqueles que se põem na brecha para


interceder, mas nem sempre os encontra. Entenda que este
versículo está em linguagem espiritual. A palavra muro ai significa
a proteção do S e n h o r , assim como um muro protegia uma cidade,
naqueles tempos. Mas, se havia brechas no muro, os inimigos entra-
vam e despojavam os habitantes da cidade. O intercessor é aquele
que “ tapa o muro” , pedindo perdão pelo pecado que causou aque-
Ias brechas. E aquele que intercede diante de Deus por alguém.
A principal atuação do intercessor é, assim, remover o direito
legal do inimigo sobre a pessoa por quem está orando (tapar as
brechas), e não apenas “ pedir a Deus que cure, que resolva a
situação” ! Aliás, como você sabe, este não é o modo de orar,
neste caso. Convém deixar, então, em destaque que:

A principal atuação do intercessor é remover o


direito legal do inimigo sobre a pessoa por quem
está orando. (Observação 43)

A nossa tendência, numa intercessão, é apenas pedir pela


cura de alguém, pela solução do problema, esquecendo-nos de
orar primeiro pelas suas causas. Mas orar pelas causas é extrema-
mente importante; deve ser a primeira coisa a fazer.
E quando Deus nos revela as causas, então, como interces-
sores, temos que nos colocar na brecha e pedir perdão por elas,
para assim quebrarmos o direito legal de Satanás diante daquele
mal contra o qual estamos orando.
E claro que, se a pessoa por quem estamos intercedendo,
reconhecendo as causas do mal que a aflige, ela mesma pedir
perdão, arrependendo-se e cancelando todo o direito legal, então
podemos sim plesm ente fazer uso de uma palavra de poder e
repreender aquele mal, expulsando-o de sua vida.
Muitas vezes, porém, o intercessor não tem uma visão clara
de quais foram as causas daquela situação maligna. Então tem
que agir com fé, valendo-se de que a fé também nos justifica7 e,
entrando na brecha, diante de Deus, passa a interceder, fazendo
uso da graça do S e n h o r .

7 Este ponto é tratado extensivamente no Capítulo 21.


217
SANTIDADE E PODER

Jesus foi, e é, o maior intercessor, não se comparando em


sua ação intercessora com ninguém mais. E le colocou-se na bre-
cha por nós. O que E le fez foi remover o direito legal do inimigo,
pagando com o seu sangue o preço necessário para satisfazer a
justiça de Deus, em nosso favor. E le levou sobre si os nossos pe-
cados, as nossas dores e as nossas maldições. E le é o nosso sumo
sacerdote, que agora intercede por nós sem cessar diante do Pai:
“ (Jesus) também pode salvar (i. é, e curar, libertar do mal)
totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo
sempre para interceder por eles. Com efeito, nos convinha
um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem
mácula ...” (Hb 7:25-26 )
Sendo Jesus o nosso sumo sacerdote, nós, crentes, somos
também sacerdotes diante de Deus. Agora há o sacerdócio uni-
versai de todos os crentes, diferentemente do que acontecia no
Antigo Testamento.“ E, por sermos sacerdotes, podemos entrar na
brecha, no lugar de outras pessoas, por quem estejamos interce-
dendo. E, uma vez removido o direito legal, então o intercessor
poderá fazer uso de uma palavra de poder, repreendendo aquele
mal, aquela situação negativa, que agora é ilegal, e pedindo ao
Pai as bênçãos correspondentes.
Quero observar ainda que, quando intercedemos por alguém,
devem os prim eiro nos cobrir com o sangue do Cordeiro, pois,
diferentemente de nosso sumo sacerdote Jesus Cristo, ainda temos
contaminações em nós. Se assim não fizermos, estaremos sujeitos
a retaliações.
Tenho presenciado muitas situações em que intercessores
se colocam na brecha e que, pela sua intercessão, o poder do
inimigo diminui, à medida em que vão pedindo perdão pelos
pecados da pessoa. Para esclarecer o que estou dizendo, vou
valer-me de mais um exemplo de minha experiência pessoal.
Um dia eu estava ministrando uma pessoa que, após con-
fessar o seu pecado, no momento em que ia pedir perdão a Deus
ficou totalmente “ apagada” , por influência maligna. A pessoa
simplesmente “ saiu do ar” - isto é, ficou inconsciente, sem con-
dições de pedir perdão.8

8 Cf. 1 Pedro 2:9.


218
O PODER DA INTERCESSÂO

Então um dos intercessores que estava comigo naquela mi-


nistração entrou na brecha e pediu perdão pelos pecados déla.
Um outro intercessor que estava presente, e que tinha um dom
de visão espiritual, constatou que, à medida em que ¡a sendo
a presentado o pedido de perdão, o demonio que estava agindo
sobre ela ia diminuindo, ia ficando cada vez menor.
Então ordenei que ela voltasse à consciência, e o demônio
já não teve força para “ apagá-la” de novo. E ela teve a oportu-
nidade de confirmar aquele pedido de perdão, seguindo-se a
expulsão daquele espírito maligno.
Este é um exemplo de um caso em que o intercessor age
em conjunto com alguém que está ministrando libertação e cura
interior. Em nosso ministério adotamos um princípio que nunca
deixamos de atender: sempre ministramos tendo conosco pelo
menos um intercessor que, em todo o tempo, nos dá uma cober-
tura espiritual e nos ajuda tremendamente com suas intercessões
e percepções. Podemos então destacar que:

O intercessor é aquele que, como sacerdote, protegido


com o sangue do Cordeiro, entra na brecha por alguém
para tapar essa brecha e, depois, atuar com a estratégia
que o Pai lhe der. (Observação 44)

Chamados para o Ministério de Intercessão


Vimos no início deste capítulo que todos os crentes são interces-
sores. Mas muitos são chamados especificamente para atuar na
intercessão, e por isso Deus lhes dá uma capacitação especial
para este ministério. O intercessor muitas vezes recebe ainda o
chamado de não apenas orar por pessoas, mas também orar por
sua igreja, pela sua cidade, pelo seu país e até mesmo por outras
nações.
Acontece com a intercessão o mesmo que acontece com
respeito à cura: todo crente tem o poder de Deus para resistir às
enfermidades, mas alguns recebem um dom especial de cura.9
Todos são intercessores, mas alguns recebem um chamado espe-
cífico para este ministério, com uma unção especial.1

1 Corintios 12:9.
219
SANTIDADE E PODER

É claro que a intercessão não consta nas listas de dons espi-


rituais que há em algumas passagens da Bíblia, pois a intercessão
não é um dom, mas sim um ministério.
Entretanto, os que têm este chamado normalmente são
agraciados por Deus com alguns importantes dons espirituais
como, por exemplo, o de línguas, o da palavra de conhecimento,
o dom da fé, e até mesmo o dom de profecia. E que esses dons
são muito importantes para a intercessão. Com o dom de línguas,
o intercessor, diante de uma situação que não saiba como inter-
ceder, pode orar em línguas, pois o Espírito Santo é quem está
intercedendo desse modo:
“O Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos
como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com
gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações conhece
a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos
de acordo com a vontade cie Deus.‫( ״‬Rm 8:26-27 - n v i)
Com a palavra de conhecimento, o intercessor terá maior
facilidade em identificar qual foi a causa de um problema pelo
qual está intercedendo. E, assim, mais facilmente poderá colocar-
-se na brecha e pedir perdão a Deus pelos pecados envolvidos,
quebrando o direito legal do inimigo. Com o dom da fé, o inter-
cessor terá ainda um poder maior para, valendo-se da fé, receber
a justificação de Deus diante de situações malignas cuja causa ele
não tenha discernido.10 Com o dom da profecia ele tem a capad-
dade de receber uma visão ou mensagem de Deus com respeito
ao problema pelo qual está orando. E receberá também a estra-
tégia do S e n h o r para saber como interceder diante da situação.

Todo crente é um intercessor, mas há aqueles


que receberam um chamado específico para este
ministério. (Observação 45)

Características do Verdadeiro Intercessor


Aqueles que receberam este ministério são os intercessores
que têm prazer em interceder pelos outros, mais do que por si
mesmos. E normalmente passam um bom tempo diante de Deus,
intercedendo.
1(1 Este assunto estarei abordando no próximo capítulo, quando veremos como
desenvolver a nossa íé.
220
O PODER DA INTERCESSÂO

Neuza Itioka escreveu, num de seus livros:


“ Ed Silvoso certa vez compartilhou comigo como ele faz
para descobrir ¡ntercessores. Quando várias pessoas estão
orando, ele presta atenção no tipo de oração que cada um
faz e procura ver aqueles que de fato sabem argumentar
com Deus, usando a Palavra de Deus, reivindicando as
suas promessas, procurando convencer a Deus através do
que E le mesmo disse.” 11
E claro, tais pessoas estão, deste modo, usando a Palavra de
Deus para cancelar o direito legal do inimigo, entrando na brecha em
favor de alguém. Neuza Itioka ainda nos relata um outro aspecto
que deve ser considerado, para identificarmos aqueles que têm o
chamado para a intercessão:
“ Uma outra característica do intercessor foi-me apontada
pelo Dr. Peter Wagner. Em certa ocasião disse-me ele que
aqueles que têm prazer de estarem orando, ficando horas
na presença de Deus, são intercessores."1 12
1

O Intercessor Deve Ter uma Vida Limpa


Conforme vimos no estudo do jejum de Isaías, quanto mais nos
purificarmos, mais a luz de Deus será brilhante em nós, e assim
teremos uma visão maior dos problemas e de suas causas. Por isso,
é indispensável que aqueles que são chamados para interceder,
em especial, estejam buscando com empenho a sua santificação.
Também vimos que o grau da nossa santificação cresce
apenas com a purificação do nosso interior: da nossa alma e do
nosso espírito. Portanto, o intercessor deve ser alguém que tenha
passado pelo jejum de Isaías - por si mesmo, ou que tenha sido
ministrado em libertação e cura interior. Deve ser alguém que
esteja buscando de facto a sua purificação, para que a luz de
Deus seja cada vez mais forte em sua vida, dando-lhe condições
de ver espiritualmente a situação pela qual está intercedendo, e
orando específicamente pelo cancelamento das causas do problema,
quebrando o direito legal do inimigo.

11 Itioka, Neuza - Deus Q uera Sua Cidade; op. clt.; p. 73.


12 Idem, p. 73. Aqui, e na citação anterior, a referência é aos que têm o ministério
de intercessão.
221
SANTIDADE E PODER

Interceder com brechas em sua vida - pecados não confes-


sados, feridas de alma, falta de perdão, etc. - expõe o intercessor
ainda a retaliações. Mas quando ele está com a vida limpa, e sem
brechas, não precisa temer o inimigo em nada.
Como a santificação é importante para o intercessor!
A Ação de Graças na Intercessão
O versículo a seguir foi citado no início deste capítulo:
“ A n te s aíe tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas,
o raçõ e s, intercessões, ações de graças, em favor de todos os
homens.1 ) ‫ ״‬T m 2 : 1 )
E já foi ressaltado que - se alguns têm um chamado para
atuar específicamente no ministério de intercessão - todos nós,
crentes em Cristo, somos intercessores. Observemos agora que
Paulo incluiu, ao lado de nossas intercessões, que devemos orar
com ações de graças. E já vimos, no Capítulo 12, a importância
de darmos graças a Deus por tudo e em todas as circunstâncias.
Numa situação em que estejamos sofrendo algum mal que
nos tenha atingido, ou que tenha atingido alguém, louvar a Deus
é a maior arma de que dispomos para alcançarmos a vitória. Pois
esta arma somente é usada se a pessoa tem fé - e dar graças
demonstra que a pessoa tem fé.
* * + + ψ
Completando nossas conclusões sobre o intercessor, deixe-
mos ainda em destaque que:

É necessário que o intercessor tenha uma vida limpa


e esteja sem brechas; e deve orar com fé e ações de
graças. (Observação 46)

O que acabei de dizer leva-nos a um ponto extremamente


importante: orar com fé. O próximo capítulo tratará especifica-
mente disso, e vai requerer uma atenção muito especial. Ele é
muito importante em nosso estudo sobre como ter o poder de
Deus atuando em nossa vida, pois nosso tema será entender me-
Ihor acerca do que é a fé.

222
20
Desenvolvendo a Fé
"A fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das
coisas que não vemos." (Hebreus 11 :1 - n v i )

Na Segunda Parte deste livro abordamos a importância da fé para


que o poder de Deus possa operar através de nós. Espero que o
leitor se lembre do que lá foi dito, no Capitulo 6. Não seria bom
dar uma nova olhada nesse Capítulo?
Lá demonstramos que a nossa fé tem vários “ tamanhos” ou
“ medidas” , pois ela começa pequena, do tamanho de um grão de
mostarda, mas cresce, cresce, a ponto de tornar-se uma “ árvore” ,
uma fé grande.
Agora teremos a oportunidade de analisar, com maior profun-
didade, o que é a fé. Em seguida veremos como desenvolvê-la,
isto é, como fazê-la crescer, para que realmente possamos estar
exercendo o poder de Deus, seja por meio de uma palavra de
poder, seja através de nossas orações e intercessões.
0 Q u e É a Fé
Em primeiro lugar, precisamos ter um entendimento mais profundo
do que é a fé. Esta palavra é a tradução do grego p/sí/s' e do hebraico
4êmünâ , 12 que significam fidelidade. Assim, o sentido básico de
“ fé” é fidelidade, tanto no grego como no hebraico; é fidelidade
à Palavra de Deus. Aquele que tem fé é aquele que crê que a
Palavra de Deus é verdadeira, e é fiel a ela; isto é, age de conform¡-
dade com ela.
Como esclareço em meu livro Plena Paz, quando decidimos
que alguma coisa é verdadeira, essa decisão fica gravada espíritu-
almente em nossa alma, na área da v o n t a d e , mais precisamente
na área da f é . Desse modo, todas as vezes em que aceitamos que

1 Em grego “πίοτις”, que significa fidelidade, fé.


2 Em hebraico: ‫ א מו נ ה‬, palavra que também significa fidelidade, e é traduzida
por “fé" em nossas versões uma única vez, em Habacuque 2:4.
223
SAN I IDADE L PODER

uma escritura é verdadeira e decidimos a agir em conformidade,


essa decisão de fé fica gravada em nós, em nossa alma. A Bíblia
expressa isso com as seguintes palavras:
“ E sc o n d í (gravei) a tua palavra n o m e u c o ra ç ã o (na minha
alma, na minha v o n t a d e ), p ara e u n ã o p e c a r co n tra t i.”
(Salmo 119:1 1)

Quando em nossa alma, mais precisamente na área da


v o n ta d e , 3 está gravada a Palavra de Deus, então passamos a agir
de acordo com ela. E agir de acordo com a Palavra significa ser
fiel a ela. Não é agir segundo os nossos sentimentos, segundo
o nosso prazer carnal, segundo o que as pessoas acham, nem
segundo as circunstâncias. Assim, podemos dizer:

A fé é um ato de decisão do nosso Livre Arbítrio,


não segundo nossos sentimentos, opiniões ou
circunstâncias. É a decisão de agir de acordo com
a Palavra de Deus. (Observação 47)

Veja que, quando a Palavra de Deus diz alguma coisa, você


tem apenas duas alternativas: ou você crê no que ela diz, ou você
não crê. A decisão é sua. Não existe um “ crer mais ou menos” . Se
a pessoa tem dúvidas, é porque não está crendo:
“ M as a q u e le q u e tem d ú v id a s é c o n d e n a d o ... p o r q u e o
q u e faz n ã o pro vém or. fé ." (Rm 14:23)

A fé é o oposto à dúvida, ou seja, a fé é crer com certeza,


conforme o versículo destacado no início deste capítulo, abaixo
nova mente reproduzido:
“A fé é a ce rte z a d a q u ilo que e sp e ra m o s e a prova das
co isa s q u e n ã o v e m o s ." (Hebreus 11:1 - n v i )

O sentido da palavra certeza neste versículo (hypostasis, no


grego) é bem forte: é estar totalmente persuadido (convencido)
da realidad! daquilo que esperamos. Strongs afirma que a palavra
pistis (fé, no grego), provém do verbo pisthõ, que significa “ ser
persuadido” e “ agir em obediência” .4

1 Conforme exponho no livro Plena Paz, nossa alma subdivide-se em e m o ç õ e s ,


m e n t e e v o n t a d e . As nossas decisões são gravadas espiritualmente na v o n t a d e .

4 Strong, James - The New Strong's Expanded Dictionary of Bible Words, Thomas
Nelson Publishers, pp. 1302, 1315.
224
DESENVOLVENDO A FE

Estar persuadido de uma realidade indica admitir que algo


é real, já no presente, o que é diferente de se ter certeza de que
aquilo que esperamos será uma realidade.
E crer que já é uma realidade no mundo espiritual, podendo
não o ser ainda no mundo físico, pois não a estamos vendo; mas
é uma realidade!3 *5
Bill Johnson confirma isso, ao escrever:
“ Uma das coisas mais frequentes que as pessoas me
dizem quando vou orar pela sua cura é: "Sei que Deus
pode operar.' O diabo também sabe disso. Na melhor das
hipóteses, essa é uma postura de quem tem esperança,
mas não fé.”6
Com efeito, ter plena certeza é bem diferente de saber que
existe uma possibilidade, que se espera venha acontecer. E essa
certeza ocorre quando a Palavra de Deus está gravada em nosso
coração (não apenas em nossa mente).
A segunda parte do versículo acima ó muito clara: a fé é a
prova das coisas que não estamos vendo (com os olhos físicos), ou
seja, é a prova de que essa realidade existe de facto no mundo
espiritual - pois as coisas do mundo físico nós as vemos, e portanto
não precisamos de fé.
Em outras palavras, é a fé o que nos dá a visão de uma
realidade espiritual que ainda não vemos com os olhos físicos. E,
vendo-a com os olhos espirituais, isso é a prova da sua existência!
Não é assim que acontece conosco no mundo físico? Quando
vemos alguma coisa, de facto acreditamos. Tomé não conseguia
crer em Jesus ressurrecto porque não o tinha visto.
Entretanto, a fé não depende de ver com os olhos físicos. É
necessário ver com os olhos espirituais para crer. E um erro muito
grande querer ver com os olhos físicos para depois crer: isso é o
que caracteriza a falta de fé.

3 Segundo o Léxico do Novo Testamento Grego ! Português (op. cit., p. 214),


ÕJTÓotaoiç (hyipóstasis), acima traduzida por certeza, significa: "essência, ser real,
realidade”. A mesma palavra é empregada em Hebreus 1:3, que diz que o Filho
é a expressão exata do seu ser (do seu hypostasis), isto é, é a expressão exata da
realidade, da essência do Pai.
6 Johnson, Bill - Quando o Céu Invade a terra-, M G Editora, S. J. dos Campos, SP;
2005, p. 52.
SANTIDADE E PODER

Temos então uma segunda definição de fé, ou seja:

A fé é uma decisão tomada em conformidade com a


Palavra de Deus, crendo que tudo o que a Palavra diz
é verdade; e tendo a certeza que é dada pela visão de
uma realidade na esfera espiritual. (Observação 48)

Agora vamos atentar para o facto de que há, na verdade,


dois tipos de fé, que podemos chamar de fé ativa e fé passiva.

Fé Ativa e Fé Passiva
A fé ativa é a fé que temos que exercer quando vamos minis-
trar uma pessoa, ou seja, quando nos valemos da nossa unção
para que a pessoa seja liberta, curada, livre de um problema. É
também a fé que precisamos ter quando vamos interceder por
alguém. É ainda a fé que rem overá os montes (problem as,
malignidades) que estejam à nossa frente.
A fé ativa é, assim, a fé necessária para que o poder de Deus
opere na vida de alguém, ou em alguma circunstância, por nosso
intermédio.
Uma outra situação é quando precisamos ter fé para rece-
her uma bênção de Deus. E o caso de estarmos orando por nós
mesmos (pedindo ao Pai, em nome de Jesus, uma bênção), ou
estarmos sendo ministrados por alguém, ou ainda quando pedi-
mos que intercessores orem por nós. Nesses casos, precisamos de
fé para receber alguma coisa. Podemos chamá-la de fé passiva.
Assim, quando estamos intercedendo diante de Deus para
que uma outra pessoa receba uma bênção (a pedido dela), pre-
cisamos exercer uma fé ativa; e a pessoa por quem estamos orando
tem que ter uma fé passiva.
Quando oramos, pedindo que Deus fale ao coração de al-
guém que está num engano, estamos exercendo a nossa fé ativa.
Quando, porém, empregamos uma palavra de poder, re-
preendendo o mal na vida de alguém, valemo-nos da nossa un-
ção e da nossa fé ativa; e a pessoa tem que se valer da sua fé
passiva. Está claro, não?

226
DESENVOLVENDO A FÉ

Exercendo a Nossa Fé Ativa


Voltemos agora à figura do equipamento que usamos com a nossa
unção, com o nosso nível de santidade, este equipamento que
permitirá levantarmos pesos enormes (o que em linguagem espi-
ritual significa fazer aquilo que naturalmente não estamos capaci-
tados a fazer, incluindo até mesmo sinais, maravilhas e prodígios).
Ocorre que usamos esse nosso equipamento precisamente
quando estamos ministrando alguém, quando estamos fazendo
uso de palavras de poder, pois é nessas horas que temos que nos
valer da nossa unção.
Concluímos assim que, quando usamos o nosso equipa-
mento de unção, precisamos nos valer da nossa fé ativa.
Então talvez você esteja me perguntando:
- Como a fé ativa entra nessa figura ?
A fé ativa é a decisão de ligar o equipamento e operá-lo
segundo as instruções do manual do fabricante!
Um ponto que precisa ficar bem claro é que, conforme
vimos, quanto mais crescermos em santificação, quanto mais nos
valermos do jejum de Isaías, mais a nossa unção vai crescendo.
Na figura do equipamento a unção representa a potência
desse equipamento. Quando temos uma baixa unção, isso sig-
nifica que, em nossa figura, seria um equipamento de baixa po-
tência. E, é claro, ele não conseguirá remover pesos elevados,
por mais que eu queira operá-lo corretamente, seguindo todas as
recomendações do seu fabricante.
Em outras palavras, o poder de Deus que fluirá através de
nós está limitado à unção (capacidade) do equipamento. Se o
meu equipamento levanta no máximo um peso de 5 toneladas,
eu posso decidir que vou levantar um peso de 10 toneladas, mas
essa minha fé ativa não produzirá efeito. A capacidade da minha
unção não é compatível com esse grau de fé.
Um detalhe importante quanto à forma construtiva desse
nosso equipamento é que ele vem com chaves através das quais
podemos ligá-lo numa potência mínima, em potências médias,
ou na máxima.

227
SANTIDADE E PODER

Desse modo, mesmo que eu tenha um equipamento com


uma capacidade para levantar um peso de 20 toneladas, e tenha
diante de mim um “ problema” de 20 toneladas para ser removido,
pode ocorrer que, por alguma razão, eu decida ligar o meu guin-
daste na chave de sua potência mínima, que é de 5 toneladas.
Nesta hipótese o equipamento não conseguirá remover aquele
peso... E o caso em que não estou aplicando uma fé ativa suficiente.
Pode ocorrer, ainda, que eu decida nem mesmo usar o
equipamento, e tente remover o peso com minhas próprias forças...
Estou na verdade querendo resolver o problema sem fé, embora
tivesse todo o potencial para removê-lo. Mas, se eu ligá-lo na sua
potência máxima, estarei exercendo toda a minha fé ativa, e o
“ problema” poderá ser removido!
Será que você está entendendo o que pretendo explicar
com esta linguagem espiritual?
Toda vez que enfrentarmos uma situação em que quiser-
mos ver o poder de Deus agindo através de nós, será necessário
tomar a decisão de ligar o nosso guindaste e ligá-lo na chave
adequada (até a máxima potência), para que possamos remover
aquele peso espiritual. Isso ocorre quando estamos intercedendo
por alguém, quando estamos ministrando uma pessoa, ou ainda
quando estamos fazendo uso de uma palavra de poder.
Disso que foi dito podemos concluir também que a máxima
potência com que poderemos ligar o nosso guindaste, ou seja, a
maior fé que será possível exercer através dele é aquela que é
limitada à potência do equipamento. Em outras palavras, a maior
fé que poderemos exercer para operar o nosso equipamento é
função do nosso grau de santificação.
Observe, com esta ilustração, como é importante a unção.
Vemos mais uma vez que, de facto, santidade é poder!
Assim, podemos deixar em destaque que:

A maior fé que podemos exercer para operar o


poder de Deus (a fé ativa) é função do nosso grau
de santificação. (Observação 49)

228
DESENVOLVENDO Λ FE

E a nossa fé (a chave de ligação que estaremos usando)


será tanto maior quanto mais a nossa decisão estiver de acordo
com a Palavra de Deus (o manual do fabricante) - e, obviamente,
quanto maior for o grau de certeza da nossa fé. Agora, o que
determina o grau de certeza da nossa fé é o nosso grau de visão
espiritual.
Vimos no estudo do jejum de Isaías que, quando vamos nos
purificando, isto é, aumentando a nossa unção, paralelamente a
nossa visão espiritual vai aumentando, pois as trevas que havia
em nós vão sendo dissipadas. Portanto, a nossa fé é também a
ca p acid a d e de ver esp iritualm en te qual é o problem a que
enfrentamos (suas causas), para podermos ligar o nosso equipa-
mento numa potência adequada, de acordo com o “ peso” do
mal a ser removido.
É precisamente por isso que muitas vezes não operamos
com a nossa unção de maneira correta, adequada: pois n ã o
e s t a m o s v e n d o q u a l é r e a lm e n t e o p r o b le m a , q u a l é a su a c a u s a .
Mais uma vez concluímos, então, que é pela santificação que
adquirimos a visão (a fé) necessária, e também a unção para
enfrentarmos o poder do maligno.
Exercendo a Nossa Fé Passiva
É possível que, a esta altura, você queira perguntar-me:
- Is s o e n t ã o s ig n ific a q u e , s e o m e u g ra u d e u n ç ã o fo r b a ix o ,
n ã o p o d e r e i e n fr e n t a r u m g r a n d e p r o b l e m a ?
A esta pergunta, minha resposta é:
Por certo você pode enfrentar um grande problema e sair
vitorioso, desde que seja um problema seu! Saiba que você não
dispõe apenas do seu equipamento (da sua unção) para resolver
o problema, neste caso. A unção é, de facto, muito importante,
pois quando unção é grande (a potência do “ guindaste” ), a
remoção de um peso (um mal) fica muito fácil!
Mas também, no caso em que enfrentamos um grande
problema - um problema que seja nosso - , a lé m d a n o s s a u n ç ã o
podemos usar a nossa fé p a s s i v a !
- C o m o a s s im ?

229
SANTIDADE L PODER

O ra ... crendo que você já recebeu a bênção de ter aquele


problema removido pelo poder de Deus, diante do que afirma
a Palavra, t e n d o a v is ã o d e q u e a s o lu ç ã o d a q u e le m a l já é u m a
r e a lid a d e l E crendo, é claro, na obra de Cristo na cruz.
Se a fé a tiv a v ê a s c a u s a s d o p r o b le m a , a fé p a s s iv a v ê o s
r e s u lt a d o s q u e p r e t e n d e m o s a lc a n ç a r !
Portanto, quando enfrentamos um mal, quando nos vale-
mos de uma palavra de poder, temos que usar a nossa unção e a
nossa fé ativa para remover esse mal; mas, além da nossa unção
e da nossa fé ativa, também podemos nos valer da nossa fé p a s -
s iv a quando estamos enfrentando um problema que nos atinge,
ou quando estamos orando a Deus para dele recebermos uma
bênção.
A fé passiva, como é óbvio, não depende da nossa unção
(do nosso equipamento), pois não é através da nossa unção que
estaremos operando para receber uma bênção. A nossa fé passiva
depende exclusivamente do grau de conformidade com a Palavra
de Deus e do nosso nível de certeza (ou de visão espiritual do
que queremos receber). E a fé passiva não tem limites! T u d o é
p o s s ív e l a o q u e c r ê !
O nosso grande problema, quando temos que exercer uma
fé passiva, é atuarmos nessa plena certeza, é vermos com os olhos
espirituais o que não estamos vendo com os olhos físicos.
Veja o que significa agir crendo na realidade do que não
vemos, através da seguinte ilustração:
Suponhamos que um dia você tenha que saltar por cima de
um abismo para obter, do outro lado, alguma coisa muito valiosa.
Agora você precisa exercer fé para r e c e b e r alguma coisa. Você
precisa valer-se da sua fé passiva.
Então alguém lhe oferece, para sua segurança, uma cor-
da bastante usada, com remendos. Você vai aceitar essa corda?
Surgem dúvidas em sua mente de que ela não vai resistir ao seu
peso. Diante disso, você não acredita nela. Mesmo que haja al-
guma possibilidade dessa corda sustentá-lo, você tem que tomar
uma decisão: aceita a corda e pula; ou volta atrás e decide não

M,‫ ו‬reos 9:23; veja que tudo é possível ao que crê, e não aos outros. A minha fé
passiva não tem limites para mim\
230
DESENVOLVENDO A FE

saltar para o outro lado. Você tem fé ou não tem fé. No caso, não
tem, e sua sábia decisão é não usá-la, a menos que lhe deem uma
outra corda, novinha, sem remendos. E, principalmente, se lhe
derem uma corda que outros já utilizaram com sucesso. Aí você
tem fé! Você crê na fidelidade daquela corda, podemos dizer. Ou
você acreditará ainda naquela corda se ela lhe foi dada por seu
pai, pois você confia nele.
Quando ocorrem essas condições, você sabe que a corda
não o enganará, não o decepcionará. Antes de pular, você crê
na realidade de que já obteve sucesso naquela empreitada. Isso
significa “ estar plenamente persuadido, convencido” de que ela
funcionará. E assim que ocorre na fé passiva.
O mesmo acontece conosco em relação à Palavra de Deus.
Ela é a nossa corda. Ou cremos que ela é fiel, verdadeira; ou
não cremos nela, porque ainda temos alguma dúvida. E, quando
temos fé, cremos na realidade do que esperamos, e tomamos a
decisão de usar a corda (cremos que realmenle a corda vai nos
segurar, e que vai nos levar até a nossa bênção!) e tomamos a
decisão de agir conforme a Palavra!
Nosso problema, normalmente, quando temos que nos va-
ler da corda para saltar o abismo, é que muitas vezes achamos
que a corda é boa, mas ficamos olhando para o abismo, e o
medo entra em nosso coração. Daí, apesar de acharmos que a
corda é realmente boa, na verdade não temos coragem de usá-la,
por concentrarmos nossa atenção no abismo, e não na corda. E o
medo, por ser contrário à Palavra de Deus,8 então enfraquece a
nossa fé.
Há pecadores que, ouvindo a Palavra de que basta receber
Jesus em sua vida para ser salvo eternamente do inferno, não
o recebem, dizendo: “ Mas eu fui um pecador terrível; já fiz de
tudo o que é errado; Deus não vai me perdoar...”
Eles olham apenas para o abismo, e não para a Palavra. Ou
então dizem: “ Neste mundo não há nada de graça!” De facto,
neste mundo não há, mas a fé que salva não é deste mundo, pois
a salvação é dom de Deus!

8 São muitos os textos que nos exortam a não temer; a ordem ‫״‬não temais” é
uma das mais repetidas na Bíblia (quase 50 vezes).
SANTIDADE E PODER

Isso acontece também muitas vezes diante de uma possibi-


lidade de cura. Kenneth E. Hagin nos relata, num de seus livros,4
o seguinte caso real:
No início do movimento pentecostal, uma evangelista
estava ministrando a quatro pessoas em cadeira de rodas.
Com voz muito suave, ela disse:
- Levantem-se e andem, em nome de Jesus!
Três dessas pessoas levantaram-se e andaram. A quarta
disse:
- Não posso andar.
- Os outros não podiam andar, tampouco, - disse então a
evangelista -, mas andaram.
- Sei que andaram - respondeu a aleijada. - Mas eu não
posso. Afinal de contas, faz muitos anos que não ando.
Assim, três pessoas foram curadas; mas a quarta olhou para
a sua situação e não para a Palavra de Deus. Ela não foi curada.
Ter fé é crer na Palavra como sendo uma realidade, e
tomar a decisão de agir de conformidade com ela, sendo-lhe fiel,
mesmo que as circunstâncias digam o contrário, mesmo que no
passado isso não tenha dado certo (será que a pessoa sabe qual
foi a razão?), mesmo que não entendamos como a solução do
nosso problema poderá acontecer.
No exemplo acima, a evangelista usou a sua unção e a sua
fé ativa, e três das pessoas usaram a corda da fé, crendo na Palavra
de Deus, e assim exerceram sua fé passiva - e receberam a bênção.
A quarta pessoa não teve fé (não usou a corda), e não foi curada,
apesar de ter a evangelista usado a sua unção e a sua fé ativa.
Este exemplo nos ajuda a entender o que observei há pouco:
q u e t u d o l p o s s í v e l a o q u e c r ê . Embora a evangelista estivesse eren-

do que aquela pessoa seria curada, sua fé ativa não pôde curá-la.
Pois a pessoa enferma não fez uso de sua fé passiva. Veja, por
este exemplo, que a falta de fé passiva intervém negativamente:
mesmo que o ministrante tenha unção e fé ativa suficiente (pois
os outros foram curados), a fé passiva da pessoa ministrada, sendo
negativa, anula o efeito (apenas para ela) da fé do ministrante!*

9 Hagin, Kenneth E. - Novos Limiares da Fé; Graça Editorial, R), p. 2.S.


232
DESENVOLVENDO A FE

Até Jesus não realizou muitos milagres em Nazaré, por


causa da incredulidade daquela gente.101
Como disse, a nossa fé está na Palavra de Deus. Quando
decidimos tomar a nossa corda, isso significa que estamos crendo
que a Palavra é verdadeira, e que vamos receber o que estamos
pedindo, pois cremos que espiritualmente já recebem os." Esta-
mos exercendo nossa fé passiva, fazendo uso dessa corda que é a
toda prova - corda em que podemos confiar, a Palavra de Deus.
Mas há também um outro fator, além da corda, que influi
em nossa fé passiva. Conforme foi destacado, a fé passiva precisa
ver o resultado que se pretende alcançar. No exemplo acima,
no caso de saltar sobre o abismo, pode acontecer que - quando
lhe disseram que do outro lado existe alguma coisa muito
valiosa, digamos, um tesouro, que seria todo seu, se você dele se
apropriasse - você simplesmente não acreditou nisso!
E, apesar de crer que a corda que lhe deram era bastante
segura, você não tomou a decisão de saltar porque não acreditou
na bênção prometida. Você não conseguiu vê-la do outro lado
(na esfera espiritual) com seus olhos espirituais.
Portanto, podemos dizer que:

A nossa fé passiva não tem limites: depende apenas de ser


conforme a Palavra de Deus e da certeza dada pela nossa
visão espiritual. Tudo é possível ao que crê. (Observação 50)

Do que vimos, tanto a nossa fé ativa quanto a nossa fé


passiva dependem de crermos na Palavra de Deus, e agirmos de
conformidade com ela, tendo a visão espiritual necessária.
A Unção, a Fé Ativa e a Fé Passiva
Quando estou orando por alguém, ou ministrando alguém, estou
me valendo da minha unção e da minha fé ativa. E esse alguém
tem que fazer uso da sua fé passiva. Como é que operam essas
duas expressões de fé? E como se interagem com a unção de
quem está ministrando, de quem está orando?

10 Mateus 13:58.
11 Estamos cumprindo o que Jesus ordenou: "...tudo quanto em oração pedirdes,
crede que recebestes, e será assim convosco" (Mc 11:24). Mais à frente voltare-
mos a este versículo.
233
SANTIDADE E PODER

Creio que a seguinte equação nos ajuda a entender como


ocorre essa interação:
UN ÇÃO + FÉ A T IV A ] + FÉ PASSIVA = PO D ER

Conforme já vimos, a unção do ministrante é resultado do


grau de libertação e purificação que ele já alcançou; é a medida
da sua santificação, alcançada através do jejum de Isaías 58,
continuamente praticado em sua vida. A fé do ministrante é a sua
fé ativa, que está porém limitada à unção que ele possui, à sua
santificação. A pessoa por quem ele está orando, ao exercer sua
fé, está se valendo da sua fé passiva, que reflete sua capacidade
de receber o que está buscando. Esta fé não tem limites.
Do esquema apresentado depreendemos que esses três
fatores somam-se espiritualmente para que o poder de Deus se
manifeste. Assim, quanto maior a unção do ministrante, maior será
também sua fé ativa, e menor poderá ser a fé passiva necessária
por parte da pessoa por quem ele está orando. Quanto menor a
unção do ministrante, maior terá que ser a fé passiva da pessoa
com o problema a ser removido. Como é importante a unção do
ministrante, isto é, o seu nível de santidade!
A fé passiva pode ser zero? E claro que sim. E o caso em que
o ministrante está orando por um incrédulo, como foi no caso de
Jesus quando libertou o endemoninhado gadareno,12 ou no caso
de se orar para ressuscitar um morto.13
Neste caso, o ministrante terá que dispor de uma unção
e de uma fé ativa tais que, somadas, superem o nível espiritual
daquela malignidade. Numa situação assim, mais importante
ainda será o nível de unção do ministrante!
Q uando O ro por Mim M esm o
Posso orar por mim mesmo? E claro que sim. Mas, no caso em
que não há um ministrante, estou dependendo apenas da minha
unção, da minha fé ativa (para remover a malignidade) e da minha*1

12 Se bem que, às vezes, um não-crente pode ter mais íé (passiva) que um crente,
como foi o caso do centurião, que pediu a )esus que dissesse apenas uma
palavra (de poder), e que sua filha seria curada, )esus disse que nem mesmo
em Israel havia encontrado fé tão grande como a dele. Não devemos confundir
"incrédulo” com "não-crente”, pois há crentes que são incrédulos (sem fé).
11 Pois, é claro, um morto não tem fé.
234
DESENVOLVENDO A FF

fé passiva (para receber a bênção). E assim terei que alcançar um


nível de capacitação espiritual, dado pela equação acima, que
seja suficiente para superar o nível de malignidade do meu opo-
sitor espiritual. Por isso, sempre é melhor contarmos com outras
pessoas intercedendo por nós, ou então sermos ministrados por
alguém, pois estaremos unindo nossas forças.
E, quando temos um problema que aos nossos olhos parece
ser impossível (isso já revela que não estamos tendo fé passiva
suficiente), temos que levantar muitos intercessores, temos que
reunir a unção e a fé ativa de todos, para que o problema possa
ser superado e alcancemos a vitória.
)esus nos disse que, quando dois crentes oram em
concordância, o Pai nos concederá o que ligarmos na terra.14 Isso
significa que jesús está reconhecendo que a oração de dois ou três
têm mais poder. E claro, a fé e a unção de duas pessoas, somadas,
é maior do que a de uma só. E não é uma soma simples, é uma
soma multiplicada!15
Tudo isso é o que a Palavra de Deus nos ensina. Ela é, de
facto, a base em que se apoia a nossa fé. Agora, porém, eu lhe
faço a seguinte pergunta: Podemos confiar na Palavra de Deus?
Antes de responder, porém, leia o que se segue.
Por Q u e Crem os em Alguma Coisa?
Normalmente cremos - isto é, temos fé - em alguma coisa em
função de quatro fatores:
(1) Cremos em algo por reconhecermos que há u m a r a z ã o
ló g ic a para que aquilo seja verdade

Você entra num elevador e tem fé que ele vai subir e não
despencar, pois você sabe que ele foi projetado por um enge-
nheiro capaz. Há uma razão lógica, racional, que lhe faz ter fé.
Agora eu lhe pergunto: A Palavra de Deus é racional, tem lógica?
As vezes ela diz algo que, aparentemente, é totalmente irracio-
nal, ilógico. Por exemplo, afirma que Jesus nos curou de todas as
enfermidades. Mas como podem ser todas? Da AIDS (ou SIDA,
para você que é português) também?... A ciência humana diz que
esta enfermidade não tem cura!
4‫ ו‬Mateus 18:18-20.
15 Deuteronômio 32:30.
235
SANTIDADE E PODER

Pelo raciocínio científico, não há cura. Mas se nos


concentrarmos apenas na Palavra, vemos que ela é totalmente
racional. Pois sabemos que Deus é todo-poderoso. E, se ele é
todo-poderoso, para Ein não há nada impossível:
“ Je su s, fita n d o n e le s o olhar, d isse - lh e s : Isto é im p o ssív e l aos
h o m e n s, m as /‫׳‬a r a D e u s t ijd o é p o s s í v e l (Mt 19:26)
" Eis q u e e u so u o S ln h o r , o D e u s d e to d a c a rn e ; a ca so havería
algum a co isa d e m a sia d o d ifíc il para m im ? ” (Jr 32:27 - sbtb )

Portanto, é plenamente lógico aceitarmos que toda doença


pode ser por Ele curada. Toda palavra de Deus é plenamente
racional, mesmo sendo contrária às leis do mundo físico, ou
afirmando qualquer coisa considerada impossível, porque para
Deus nada é impossível.
(2) Cremos em algo quando v e m o s o s s e u s r e s u l t a d o s
Se alguém sofria de uma enfermidade e tomou um
determinado remédio e foi completamente curado, então você
acredita nesse remédio porque já viu o resultado na vida de tal
pessoa. Mas a fé é crer naquilo que não vemos:
“ A n d a m o s p o r fé e n ã o p e lo q u e v e m o s .” (2Co 5:7)

No entanto, Deus ainda nos dá uma oportunidade para


vermos. Pois, mesmo que não possamos ver o que vai acontecer
diante de um problema que estamos enfrentando (não podemos
ver o futuro), Deus nos mostra em sua Palavra inúmeros
testemunhos de casos em que a fé operou, e que o problema foi
resolvido. Assim, podemos ver resultados na Palavra de Deus.
O problema é que queremos ver o resultado do nosso
problema, para então crer. Mas isso está totalmente errado!
Temos que olhar para a Palavra e ver que ela traz testemunhos de
que o que ela diz é verdade, é real.
Considere o caso de Tomé. Ao ser informado que o S enhor
havia ressuscitado, exclamou: “ Se eu não vir nas suas mãos o
sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no
seu lado, de modo algum acreditarei.” ‫> ״‬Ele queria ver antes de
crer. Considerou impossível Jesus ter ressuscitado. Ninguém havia
ressuscitado antes, da forma como diziam ter acontecido (com
um corpo glorioso).*

,1‫ ׳‬João 20:25.


236
DESENVOLVENDO Λ FE

Tomé baseava-se em sua experiência e em sua razão. Por


isso não teve fé na palavra dos discípulos. Mas ele acabou tendo
que mudar de opinião. Jesus apareceu mais tarde à sua frente e
lhe disse: “ Põe aqui o dedo e vê a s minhas mãos; chega também a
mão e põe-na no meu lado; não se ja s incrédulo, mas crlntl” (Jo 20:27).
Não sejamos incrédulos (sem fé), mas sejamos crentes (com
fé)! E Jesus completou: “ B e m - a v e n t u r a d o s o s q u e n ã o v ira m e c re -
r a m ” . Crer, mesmo não vendo (com os olhos naturais), faz com
que a pessoa seja bem-aventurada, isto é, ela alcançará as bên-
çãos que está procurando. E, se ela creu, ela viu a bênção com
seus olhos espirituais.
(3) Cremos em algo quando foi dito por quem tem
autoridade no assunto
Você tem fé num médico porque ele possui um diploma
de uma Faculdade de Medicina e é alguém com autoridade
em assuntos de sua especialidade. Será que as Escrituras têm
autoridade em relação a tudo o que dizem? Em outras palavras,
podemos confiar que as Escrituras dizem a verdade?
Pois bem, cremos que foi Deus, através do Espírito Santo,
quem as inspirou.17 No grego, a palavra traduzida por inspirada
por Deus é theopneustos, 18 que na verdade significa “ soprada
por Deus” - isto é, Deus proferiu da sua boca as palavras das
Escrituras. A Bíblia é, assim, a Palavra de Deus.
E não existe maior autoridade em todo o mundo físico e
em todo o mundo espiritual do que Deus! Jesus disse: “A v id a
e t e r n a é e s t a : que te c o n h e ç a m a li, ú n ic o Deus v e r d a d e ir o ’V19
Nele podemos confiar. Em sua Palavra também podemos confiar!
(4) Cremos em algo quando a nossa experiência do
passado nos diz que aquilo é verdade
São os “ absolutos” que registramos em nossa alma.20 Você
acredita (tem fé) que o fo g o q u e im a . Pois um certo dia você foi
queimado, e isso ficou registrado como um “ absoluto” (algo que
você tem por certo). Nisso você crê, realmente!
17 Cf. 2Tm 3:16-17: "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino ... a
fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda
boa obra.” (Isto inclui ficar habilitado para exercer o poder de Deus!)
I‫ )־‬Em grego, θεόπνευστος. 19 João 17:3.
20 Este assunto é tratado no livro Plena Paz.
237
SANTIDADE E PODER

E a sua experiência com a Palavra He Deus, como é? Se


você não tem experiência nenhuma, em que possa fundamentar-se,
então você não crê. Mas, mesmo que você tenha alguma experiên-
cia negativa, saiba que, se isso aconteceu, foi por alguma razão
que a própria Palavra explica, como temos analisado neste livro.
O facto é que muitas vezes as experiências nos enganam.
Sei de um rapaz que, tendo sofrido um sério acidente de carro,
passou a crer que “ dirigir é perigoso” , e aceitou isso como um
absoluto em sua alma. Daí em diante nunca mais dirigiu, apesar
de ser habilitado. Não devemos confiar cegamente em nossas
experiências. Elas podem não ser verdadeiras. Vale a pena, sim,
confiar no que a Palavra de Deus afirma. Pois ela é a verdade:
“ Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.” 21 E o salmista
diz: “ Mu/ fiéis são os teus testem unhos."22
Assim concluímos, com respeito à Palavra de Deus, que:
■ Ela é racional, embora sua racionalidade não seja humana,
pois os pensamentos de Deus estão acima dos nossos
pensamentos.23
■ Os seus testemunhos são verdadeiros. Podemos confiar no
que ela diz. Pois o testemunho do S en h o r é fiel.24
■ Ela tem autoridade, por ser a Palavra de Deus.
■ Ela nos dá base suficiente, em termos de experiências que
ela narra, que evidenciam a verdade que ela mesmo revela.
A Fé Vem pelo O uvir a Palavra de Deus
Chegamos assim à conclusão de que a fonte da nossa fé é a
Palavra de Deus. E não é que as Escrituras dizem exatamente
isso? Pois está escrito:
“A f é é p e lo ou vir, e o o u v ir p e la p a l a v r a ( r h e m a )25 d e D e u s ."
(Rm 10:17 - arc , s b ib )
Este versículo, tal como está em nossa tradução, não é
muito fácil de ser bem entendido. A frase inicial “ a fé é pelo
ouvir” não exprime muito bem o sentido do texto original. Pois,
no grego, a preposição na frase “pelo ouvir” é “ ek” , que neste

2’ João 17:17 (também Salmo 119:160). 22 Isaías 55:9.


22 Salmo 93:5 ( s b t b ) . 24 Salmo 19:7.
25 No grego, "Palavra” aqui é rhéma - indicando uma palavra específica para nós.
238
DESENVOLVENDO A FE

caso significa “ procedente de” , ou “ vem de” . Isto é, a fé vem de


ouvir. O uvir o quê? Ouvir a voz de Deus. E o ouvir é “pe/a Palavra
de Deus” . Aqui a preposição “ pela” no original é outra: é “ diá” ,
que significa “ através de” ou “ por meio de” .2(>
Strong diz que a preposição “ diá” denota o canal pelo qual
uma ação é feita,2 27 ou seja, indica uma ação que passa por um
6
caminho, que no caso é a Palavra. Ou seja, é através da Palavra
de Deus que ouvimos a voz de Deus. E le nos fala através da sua
Palavra. E o que E le nos fala é uma palavra rhcma, uma palavra
aplicada à nossa situação.
Assim, por exemplo, podemos ouvir um belíssimo sermão,
em que o pregador tem uma excelente oratória, é mestre em
homilética (sabe como pregar), é profundo conhecedor dos
pensamentos dos principais filósofos que a humanidade já teve -
e mesmo assim saímos daquela reunião da mesma forma como
entramos, se as Escrituras não foram lidas e explanadas.
Pois Deus nos fala a sua Palavra rhema quando a Bíblia nos é
exposta. E é a Palavra que nos alimenta. Alimenta o quê? A nossa
fé! Quando ouvimos as Escrituras, então ouviremos também a
palavra (rhéma) de Deus. E, quando ouvimos a voz de Deus, diz
o texto, a nossa fé aumenta.
“ O uvir a voz de Deus” tem, porém, um sentido mais pro-
fundo. O verbo ouvir, em linguagem espiritual, significa obede-
cer. Veja, por exemplo:
“Se atentamente ouviRts a voz do S cn h o r , teu Deus, tendo o
cuidado de g u a r d a r todos os seus mandamentos ... virão sobre
ti e te alcançarão todas estas bênçãos ...” (Dt 28:1-2)
O uvir a voz de Deus implica em guardar os seus manda-
méritos, isto é, obedecer a essa voz. E desse modo que as bên-
çãos nos alcançarão. Portanto, a fé vem de ouvir a voz de Deus,
obedecendo-a, ou seja, agindo de conformidade com a Palavra
de Deus. E isso nos propicia a fé. O sentido aqui é, então, o de
aplicar a Palavra em nossa vida. Significa agir, crendo na Palavra e
fazendo o que ela diz. Assim, podemos parafrasear este versículo
do seguinte modo:

26 Em grego: “ripa Μπίατις f'S άκοής, ή òv ακοή ò 1 « ρήματος θεοΰ” .


27 Strong; op. cit., p.1035.
239
SANTIDADE L PODER

“A fé vem de ouvir voz de Deus, que nos fala através da


própria Palavra de Deus, agindo em nossa vida de acordo com
o que ela diz.”
Sem fé, isto é, sem ouvir a voz de Deus, sem ouvir a Palavra
de Deus, sem agir em obediência a ela, não seremos abençoados.
Se não ouvirmos a voz de Deus, Deus também não ” ouvirá” a
nossa voz! Sem a leitura e o estudo da Palavra não poderemos
alimentar a nossa fé. Pois é através da Palavra que escutamos a
voz de Deus e decidimos obedecê-la. Sem ouvir a Palavra a nossa
plantinha de mostarda (a nossa fé) não crescerá. Mas, regando-a
com a Palavra, e obedecendo à Palavra, ela se tornará uma árvore,
será uma fé grande, uma fé que removerá montanhas!
Há ainda um ponto que convém salientar: ouvir a voz de Deus
não significa ouvir apenas a Palavra escrita. Deus nos fala através
do Espírito Santo (que é Deus), e portanto essa palavra é também
Palavra de Deus! Sim, temos que ouvir a voz do Espírito, procu-
rancio entendê-la através da Palavra escrita. Mas se o que ouvi-
mos não for compatível com as Escrituras, isso é prova de que a
voz que ouvimos... não proveio de Deus! Quando Deus nos fala,
porém, não desprezemos a sua voz. Obedecê-la é algo necessário
para sermos abençoados. Lembre-se de Abraão, o herói da fé no
Antigo Testamento. Quando ele ouviu a voz de Deus dizendo-lhe
que oferecesse seu filho Isaque, ele obedeceu... e foi abençoado.
Concluindo este assunto, pergunto a você, leitor: “ Você
quer aumentar a sua fé?” A primeira coisa a fazer é ler e estudar
(entender) a Palavra! E deixar Deus falar ao seu coração! E a
segunda é sempre ouvir a voz de Deus, ou seja, obedecê-la! E
saiba que a obedecemos quando a praticamos, quando a exercí-
tamos - quando agimos guiados pelo Espírito, que nos fala com a
voz de Deus. Se você ouvir a voz de Deus para orar por um en-
fermo, obedeça! Se a voz for para dar um testemunho, dê! Você
estará fazendo crescer a sua fé.
Aumentando a Fé através do Exercício
O facto de que a nossa fé cresce quando a colocamos em prática,
obedecendo à Palavra, é confirmado com as seguintes palavras
de Paulo, quando ele se referiu àquele que crê:
“ Porque nele (naquele que crê) se descobre a justiça de Deus
DE FÉ EM FÉ." (Rm 1 :1 7 - ARC, SI3TI3)
240
DESENVOLVENDO A FE

A seguinte versão, porém, traduz melhor as duas preposi-


ções: “ ek” (que indica uma procedência) e “ eis” (que indica um
destino) que há no grego:2‫״‬
“Ne/e (naquele que crê) se reve/a a justiça c/e Deus, que vem
pela fé e conduz à fé." (Rm 1 :1 7 - cnbb)
A justiça de Deus que provém da fé revela-se em nossa
vida,*29 e essa experiência é algo que nos conduz à fé, isto é, a um
aumento da nossa fé. Sim, quando exercemos fé, a resposta de
Deus fará com que a nossa fé aumente. E assim a nossa própria
experiência nos conduz a uma fé cada vez maior. Muitas vezes a
falta de fé é porque no passado a pessoa não foi bem sucedida
- e uma das causas pode ser que suas experiências anteriores
tenham sido sem fé. E a incredulidade conduz à incredulidade!
Lembro-me de uma mensagem do pastor jorge Tadeu,
de Portugal, intitulada “ O ABC da Fé” , em que ele dizia que a
nossa fé é como “ músculos que precisam ser exercitados” . E que
“ assim como os nossos músculos físicos crescem e ficam mais
fortes com a ginástica, temos que exercitar os nossos músculos da
fé; precisamos estar sempre fazendo-os funcionar” . Isso significa
que temos que constantemente exercer fé, independentemente
do resultado. Mesmo que não tenhamos uma resposta, não
desanimemos. Vamos continuar exercendo fé, regando-a com a
Palavra. Quanto mais a exercitarmos, mais forte ela se tornará.
E o mesmo que já vimos no capítulo anterior com respeito a
desenvolver os dons espirituais: temos que praticá-los. Exercendo
repetidamente atos de fé, estaremos desenvolvendo o dom da fé!
Podemos assim dizer que, quanto maior for o número de
decisões que tenhamos tomado de crer na Palavra e agir de acordo
com ela, maior será o grau da nossa fé. Como é do meu estilo,
vou deixar a seguir mais uma observação importante sobre o que
acabamos de ver sobre a fé:

A fé vem por obedecer a voz de Deus, ouvindo-a através


das Escrituras, e cresce pelo seu exercício constante em
nossa vida. (Observação 51)

2B No original, lê-se: t‫׳‬ic πίστεως εις πίστιν.


29 Veja, aqui, mais uma vez, que pela fé vem a justiça de Deus; ele não atua no
que é injusto.
241
SANTIDADE E PODER

Vejamos agora no que implica a fé, isto é, quais são as


características que ela tem. Estas características nos ajudarão a
ver se estamos tendo fé, ou não.
A Fé Implica em Ação
Vimos que no conceito de fé há as idéias de “ estar persuadido
de uma realidade” e “ agir em obediência” . Na figura do equipa-
mento, quando você tem fé (ativa), você deve ligá-lo em plena
potência, acionando os botões de comando, segundo o manual
do fabricante. Pois você pode, conforme vimos, fazê-lo funcionar
com uma potência menor, em desacordo com as instruções. E
se você ligar em baixa potência, você não conseguirá levantar o
peso maligno que pretende remover.
Talvez você não esteja muito convencido de que isso de
ligar o equipamento em baixa potência, não exercendo toda a
sua fé ativa, é uma dificuldade frequente em nossa vida. Pois
eu lhe digo que a situação normalmente é ainda pior: muitas e
muitas vezes nós nem ligamos o equipamento! Estamos diante de
um necessitado, ouvimos a voz do Espírito dizendo que oremos
por ele, mas não obedecemos à voz do Espírito, não operamos o
nosso equipamento.
Em outras circunstâncias, um enfermo vem nos pedir oração,
e simplesmente oramos: “ Pedimos-te, S e n h o r , que cures este ir-
mão. Em nome de Jesus, am ém .” Nem ligamos o nosso equipa-
mento de unção, pois para isso teríamos que fazer uso de uma
palavra de poder. E também, por vezes, repreendemos um mal
em nossa vida, mas não estamos vendo espiritualmente a solução.
Pois a nossa visão espiritual muitas vezes é imperfeita; ainda há
trevas em nós, não chegamos ao ponto de ter o sol do meio-dia.
Na figura da corda, quando você tiver que se valer da sua
fé passiva, para receber uma bênção, você terá também que agir:
você terá que dar o salto! No caso daqueles que estavam em
cadeiras de rodas e foram curados, eles tiveram que se levantar.
A pessoa que não se levantou não foi curada. Tiago nos ensina
que, de facto, uma fé não acompanhada de ações práticas é uma
fé morta, ou seja, não é fé:
“ Meus irmãos, que adianta alguém dizer que tem fé quando
não a põe em prática? ... Assim também a fé: se não se traduz
em ações, por si só está morta ... A fé concorreu para as ações,
e as ações completam a fé.” (Tiago 2:14,17,22 - c n b b )
242
DESENVOLVENDO A FE

Sim, no caso cía fé ativa, temos cjue ligar o equipamento na


potência certa e operá-lo apropriadamente, removendo o mal
(que, para ser retirado, precisa ser corretamente avaliado: o que
é e onde se encontra).
E, no caso da fé passiva, é necessário tomarmos a nossa
corda (a Palavra) e pular até onde se acha a bênção almejada,
vendo-a com os olhos do espírito. Isso significa que, para exercer-
mos fé, temos que agir conforme a realidade espiritual, conforme
a Palavra de Deus, não olhando para as circunstâncias.
Assim, se você se deparar com um enfermo, e o Espírito lhe
mostrar que ele poderá ser curado, faça como fez Pedro: dê uma
palavra de poder e, depois, incentive-o a receber a bênção. Se
você repreendeu um mal em sua própria vida, passe a agir como
se esse mal não mais existisse.
A Fé É O bediente à Autoridade sobre Nós
Um cuidado, porém, você deve ter. Se a pessoa por quem você
orou pela cura estava tomando uma medicação, dada por um
médico ou psiquiatra, não diga a ela que, “ num ato de fé” , deixe
de tomar os remédios. Isso não é ter fé: é desobediência a uma
autoridade.30 A pessoa deve continuar tomando os remédios,
crendo que eles não estão sendo mais necessários. Então ela vai
ao seu médico (que tem autoridade sobre ela, no que se refere à
sua saúde), e ele constatará a cura e a liberará dos medicamentos.
Isso é necessário porque:
■ Quando estamos debaixo de uma autoridade, é bíblico submetcrmo-
-nos à autoridade constituída sobre nós.31 Agir “ por fé” , desobede-
cendo ao médico, significa ir de encontro a este princípio de auto-
ridade, e assim estamos agindo de maneira contrária à Palavra, o
que enfraquece a nossa fé.
■ O próprio S e n h o r Jesus, depois de curar um leproso, não o autori-
zou a misturar-se com o povo, já que estava limpo. Não. E le o fez
respeitar a autoridade que havia nos sacerdotes, pois pela lei eles
é que teriam que o declarar puro.32 Jesus lhe disse, após a cura:
"Olha, não o digas a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e
fazer a oferta que Moisés ordenou, para servir de testemunho ao
povo."33
30 Exceto se Deus lhe disser isso (e confirmar com ela), pois assim não está sendo
quebrado o princípio, pois a autoridade de Deus é superior à do médico.
31 Romanos 13:1 32 Levítico 14:2 e seguintes. 33 Mateus 8:4.
243
SANTIDADE E PODER

A Fé Implica em Ousadia
Uma das parábolas de Jesus é conhecida como a do amigo
importuno.34 A história você conhece: ele bate à porta do amigo
à meia-noite, pedindo-lhe três pães. Este levanta-se e atende
o pedido, não por causa da amizade, mas sim por causa da
importunação (anaidcia no grego).35*O texto nos diz que foi por
causa dessa anaideia que Jesus afirmou, logo em seguida:
“Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-
-se-vos‫־‬á.” (Lc 11:9)
Jack W. Hayford, comentando esta parábola, destaca isso
com palavras bem duras:
“ Diz Jesus que o motivo pelo qual o que busca à meia-noite
consegue o de que precisa é sua anaideiaib - não sua reve-
rência, nem sua modéstia para com a hora, não sua cautela,
nem seu respeito para com o que é direito, mas sua ousada
falta de vergonha - com efeito, seu descaramento. ... Não
há nada no texto que se preste à idéia de persistência.” 37
Com efeito, precisamos ter ousadia. Conquanto a persis-
tência em oração é um outro ensino de Jesus, conforme veremos
a seguir, neste texto o enfoque é que precisamos ser ousados.
Temos que ousar ligar o nosso equipamento, ministrando e oran-
do, mesmo em situações “ difíceis” , pois é assim que estaremos
exercendo e desenvolvendo a nossa fé.
A Fé Implica em Persistência
Quando oramos, mas ainda não chegou a resposta de Deus, o
diabo sempre vem com uma tentação mais ou menos assim: “ V/u
que não adiantou? Você não recebeu nada! Não é da vontade de
Deus que você receba a resposta..." Diante dessa seta negativa,
que o inimigo tenta lançar em nós, temos que resistir ao diabo
(pois assim ele fugirá de nós), e devemos continuar orando.
Um exemplo bíblico de uma situação em que uma resposta
de Deus não foi recebida de imediato, por ação do inimigo (e
não por falta de fé) encontra-se em Daniel, capítulo 10.

34 Lucas 11:5-9. 15 Em grego: àvuíòeiu.


Jb Anaideia significa literalmente "ausência de vergonha” (cf.Léxico, op. cit.).
‫ '׳*־‬Hayford, Jack VV. - Orar É Invadir o Impossível; Ed. Vida, 1984, p. 62.
244
DESENVOLVENDO A FE

Daniel teve uma revelação de Deus mas, não a compreen-


dendo, orou para que o S e n h o r lhe desse o entendimento. Mas
nada de resposta. Passaram-se 21 dias. Durante esse tempo Da-
niel continuou orando, e fazendo até mesmo um jejum parcial.
Só então foi que ele recebeu a visita de um anjo, enviado por
Deus, com a resposta que ele estava esperando. O anjo lhe disse:
“ Não temas, Daniel, porque, d l s d e o p r i m e i r o d í a em que aplicaste
o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu üeus,
foram ouvidas as tuas palavras (orações); e, p o r c a u s a d a s
t u a s p a l a v r a s (das tuas orações), é que eu vim. Mas o príncipe

do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém


Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me e eu
obtive vitória sobre os reis da Pérsia. Agora vim para fazer-te
entender o que há de suceder ao teu povo nos últimos dias."
(Dn 10:12-14)
Sim, desde o primeiro dia Deus já havia liberado a respos-
ta à oração de Daniel. Mas passaram-se 21 dias antes que ele a
recebesse, e nesse tempo ele ficou orando e consagrando-se ao
S e n h o r . E que um forte demônio (o príncipe da Pérsia) resistiu ao
anjo que era o portador da resposta. Se Daniel tivesse desistido
de continuar orando, o anjo não teria prevalecido, e ele não teria
recebido a resposta de Deus. Como ele permaneceu crendo,
Miguel foi enviado para guerrear contra aquele demônio, e assim
eles prevaleceram. Muitas vezes não recebemos de imediato uma
resposta porque há lutas nas regiões celestes. E através da nossa per-
sistência que alcançaremos a vitória. Isto é verdade especialmente
quando estamos enfrentando uma situação adversa, quando esta-
mos repreendendo um mal, e requerendo a justiça de Deus.
Jesus também nos ensinou isso através da parábola “sobre
o dever de orar sempre e nunca esmorecer”, em que uma viúva
pleiteou, com insistência, os seus direitos diante de um juiz
iníquo.58 E Ele termina esta parábola dizendo:
“Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam
dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los? Digo-
-vos que, depressa, lhes iará iustiça." (Lc 18:7-8)

!B Lucas 18:1-8. Nesta parábola a viúva tinha uma causa justa, e por isso foi aten-
dida. Mais uma vez vemos a importância de quebrar o direito do inimigo, antes
de orarmos, pois somente assim a nossa causa será tida como justa por Deus.
245
SANTIDADE L PODER

A Fé Im plica em Louvar a Deus


Q uando não recebemos de imediato uma bênção pedida ao
S enhor , uma coisa que temos a fazer é reforçar a nossa fé, exer-
citando-a contra o que estamos vendo. E um ato prático nesse
sentido é louvara Deus pela sua resposta, porque cremos que Ele
já respondeu. Pois Jesus referiu-se a isso, dizendo:
" tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será
assim convosco." (Mc 11:24)
O verbo “ recebestes” , que em nossa versão está no passado,
no grego está no aoristo, apontando para algo já realizado fora do
tempo, ou seja, realizado na esfera espiritual, e não no mundo
físico. Assim, “ recebestes” significa que espiritualmente já rece-
bemos. E o “ passado espiritual” a que me referi no Capítulo 2
(Observação 5).
Crendo que já recebemos, então, isso nos dá condições
para louvarmos a Deus por aquilo que, no mundo físico, ainda
não alcançamos. Este versículo confirma ainda o que já foi obser-
vado: que a fé passiva não tem limites.
Resumindo essas principais características da fé, podemos
então dizer:

A fé implica em agir de conformidade com o que cremos


que já recebemos, e também sujeita-se às autoridades,
age com ousadia e com persistência, e uma de suas
características é o louvor a Deus. (Observação 52)

# ?fc φ ψ +

Agora, no próximo capítulo, veremos um outro ponto


que é extremamente importante para que o poder de Deus se
manifeste através de nós. Vamos ver que a fé nos justifica perante
Deus. Isso tem implicações tremendas em nossa vida.
Leia com atenção redobrada o próximo capítulo.

246
21
A Justificação
pela Fé
“O ju sto vivera pela fé." (Rm 1 :1 7b - nvi)

Vamos fazer um resumo do que vimos até aqui? O primeiro passo,


para que o poder de Deus opere através de nós, para que nossas
orações sejam respondidas, para que Deus nos use na realização
de sinais e maravilhas, é santificarmo-nos num processo que Isaías
nos revelou como sendo o jejum que agrada a Deus, e que aumenta
a nossa unção. E tirarmos da nossa alma e do nosso espírito toda
sujeira espiritual, tocias as trevas, toda contaminação que ainda haja
em nosso interior, mais precisamente em nosso velho homem.
O constante processo de nos purificarmos, tirando as conta-
minações espirituais do nosso interior, é o que a Bíblia chama
de santificação. E, assim, concluímos que santificação e poder são
duas palavras que estão juntas. Não haverá poder se não nos
santificarmos. E quanto mais nos purificarmos - em nossa alma e
em nosso espírito, através da libertação e da cura interior - maior
será o nosso potencial de poder, maior a nossa unção.
Vimos também que precisamos orar de acordo com leis
espirituais, ou seja, de acordo com “ o manual do equipamento”
para que ele seja operado com eficácia. A Bíblia refere-se a isso
dizendo que temos que orar como convém. Temos ainda que
orar no espírito, ou seja, cheios do Espírito Santo.
E espero que tenha ficado claro que não adianta orar para
nos libertarmos de um mal que diabo teve o direito de lançar
sobre nós sem antes quebrar esse direito do maligno pois, em
caso contrário, nós é que não temos o direito de usar o n o m e
de Jesus. Não devemos usar este n o m e no que não é justo, uma
vez que Deus respeita o direito até mesmo do diabo, conforme
vimos.
247
SANTIDADE E PODER

Resta-nos agora examinar um aspecto muito importante da


fé: é atentar para o facto de que a fé também nos justifica, isto é,
¿Uravés dela podem os quebrar esse direito legal do inimigo.
Antes disso, porém, teremos ainda que examinar um ponto
muito importante: qual é o objeto da nossa fé.
Q ual É o O bjeto da Nossa Fé?
Se ter fé significa crer, em quem e em quê devemos crer? Muitos
livros há por aí dizendo que devemos ter fé em nós mesmos, que
querer é poder, que o pensamento positivo tem poder, e assim
por diante. As Escrituras, porém, nos dizem que a nossa fé tem
que ser posta em Deus. Disse Jesus:
“ Tende fé em D e u s .” (Mc 11:22)

Portanto, não é para termos fé em nós mesmos, nem em


nossa capacidade, em nossa unção, nem mesmo num pensa-
mento positivo. Fé não é pensamento positivo! É necessário crer
que o S e n h o r é quem nos atenderá em nosso pedido, é E le quem
honrará a nossa palavra de poder. Portanto, a pessoa que é objeto
da nossa fé é o próprio Deus. Temos que crer em Deus.
“ D e fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é
necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que
ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.”
(Hb 11:6)

O autor de Hebreus nos permite aqui concluir algo surpre-


endente: a nossa fé é algo que agrada a Deus. É claro, sem fé
é impossível agradá-lo. E o texto prossegue revelando-nos qual
deve ser o objeto da nossa fé, ou seja, em que devemos crer. São
duas coisas: (1) “ crer que ele existe” , e (2) que ele é “ galardoador
dos que o buscam” .
A primeira expressão, “ crer que ele existe” , pode ser também
traduzida por “ crer que E le é” . 1O q u e Deusé? Deus revelou-se no
Antigo Testamento como sendo “ Eu Sou” . E, no Novo Testamento,
Jesus revelou-se, de igual modo, como “ Eu Sou” :
“ ... porque, se não crerdes que Tu Sou, morrereis nos vossos
pecados. ... Quando levantardes o Filho do Homem, então,
sabereis que Tu Sou” . (Jo 8 :2 4 ,2 8 )

1 Em grego: “πιστέCoca γάρ <VÍ τον προσερχόμενον τ<ΐ>θειο ότι εστιν”.


248
A )USTIFICAÇÃO PELA FÉ

Jesus ¡dentificou-se com o “ Eu Sou" do Antigo Testamento,


isto é, com o Deus que era chamado com um nome que não se
pronuncia (Y H W H ).23Somente Deus tem a possibilidade de usar
o verbo “ ser” sem um predicativo, pois não há palavras humanas
que descrevam o que E le é .
O que E le é ? Podemos respondender apenas parcialmente
a esta pergunta. E le é Eterno. E le é a Vida. E le é a Verdade. E le é a
Luz. E le é o Caminho. E le é Tudo. E le é o q u e é . Nele reside toda
a plenitude. Nele tudo subsiste. E le é o Todo-Poderoso. E le é o
S eni i o r dos exércitos.
Tiago nos diz, então, que uma característica da fé é crer
que E le é . Temos que crer, assim, no seu poder. Temos que crer
em tudo o que E le é . Temos que crer no seu n o m e , que expressa
também o que E le é . E Tiago afirma ainda que precisamos crer
que E le se torna galardoador, isto é, que E le atende a quem o
busca. Ou seja, além de crermos que Deus é todo-poderoso, é
necessário crer que E le é galardoador: é alguém que quer nos dar
o que lhe pedimos segundo a sua vontade (o que lhe agrada).
Assim, quando pedimos com fé alguma coisa a Deus, isso
significa que: (1) estamos pedindo segundo a vontade de Deus
(conforme vimos anteriormente); (2) estamos crendo que E le tem
todo o poder para nos atender em nosso pedido; e (3) cremos
que E le quer nos atender em nosso pedido!
E, portanto, com respeito a tudo o que a Bíblia diz ser
da vontade de Deus, não devemos orar pedindo “ se for da tua
vontade” . Por exemplo, não devemos pedir a Deus pela salvação
de uma pessoa “se for da tua vontade, 6 Deus/” Pois é claro nas
Escrituras que Deus quer que todos sejam salvos!’ Da mesma
forma, não devemos orar pela cura de alguém, “ se for da vontade
de Deus” , pois Jesus incluiu na obra de redenção a cura das nossas
enfermidades, e portanto sabemos que, se E le pagou esse preço,
é porque a cura é da sua vontade. Ninguém paga um preço por
aquilo que não quer!

2 Por isso mesmo é que, em todo este livro, grafamos a palavra S enhor com maiús-
cuias, tanto referindo-se ao Deus do Antigo Testamento como a Jesus.
3 “O qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecí-
mento da verdade” (2Tm 2:4).
249
SANTIDADE L PODER

Assim, nos casos em que sabemos que o nosso pedido é da


vontade de Deus, não devemos incluir essa expressão “ se for da
tua vontade” , pois isso estaria revelando que não estamos crendo
nas Escrituras, o que é incredulidade. Mas, em questões que não
são determinadas nas Escrituras específicamente como sendo da
vontade de Deus - como, por exemplo, se eu devo fazer uma
viagem (a Bíblia não fala nada quanto a isso!) - então tenho que
orar a respeito, incluindo a cláusula: “ se for da tua vontade” .
Aliás, Tiago nos exorta a incluir esta expressão quando
afirmamos algo dessa natureza, isto é, coisas que pretendemos fazer:
“ Devíeis dizer: Se o S enhor quiser, não só viveremos, com o
também faremos isto ou aquilo." (Tiago 4:15 )
Isso posto, vamos agora abordar um ponto que é vital em
nossa vida espiritual, a saber:
A Fé Nos Justifica
Penso que você, leitor, já entendeu muito bem que convém
quebrar o direito legal do inimigo, antes de usarmos o n o m e de
Jesus, repreendendo um mal. Como você sabe, isso tornará justo
o nosso pedido, e assim seremos atendidos.
O modo mais eficaz de fazer isso, conforme vimos no
estudo de Isaías, quando constatamos ser necessário “ soltar as
ligaduras da impiedade” , é pedir perdão a Deus pelo pecado
praticado e que havia dado direito legal a Satanás.
Ocorre que nem sempre temos como detectar qual foi a
brecha. O u, então, numa ministração coletiva, não há condições
para que isso se faça, pois cada pessoa pode ter tido uma brecha
diferente. O que fazer?
Há ainda uma outra maneira de quebrarmos o direito de
Satanás! Quando cremos, pela fé, na obra de Cristo na cruz;
quando cremos que agora estamos debaixo da graça; quando
cremos que Jesus pagou o preço do nosso pecado; e q u a n d o n o s
a p r o p r ia m o s d is s o , ' em relação a uma situação específica, então

cessa o direito do inimigo s o b r e a q u i -.ia s it u a ç ã o .4

4 Apropriamo-nos dando testemunho, isto é, afirmando que o inimigo está derro-


tado. Apocalipse 12:1 I nos diz que vencemos Satanás por causa do sangue do
Cordeiro e pela palavra do nosso testemunho. As duas coisas são necessárias!
250
A )USTinCAÇAO PELA IE

Poisoque ele interpunha com odireito, estamos contestando


e lhe dizendo que Jesus já pagou esse preço em nosso lugar e,
assim, ele não poderá reivindicar mais nadai
É o que nos diz o seguinte ensino de Paulo:
“ Deus ... vos deu vida ’ juntamente com ele (Cristo), perdoando
todos os nossos delitos; un d o cancelado o escrito de dívida, que
era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era
prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz."
(Cl 2:13-14)
A b! traduz esta escritura de um modo muito interessante:
"Ele vos vivificou juntamente com Cristo. Ele nos perdoou todas
as nossas faltas: apagou, em detrimento das ordens legais, o título de
dívida que existia contra nós; e o suprimiu, pregando-o na cruz."
Esta tradução leva em conta que, no original, está escrito
que E le (Jesus) apagou (e não cancelou) tudo o que estava escrito
num documento espiritual, o qual era contra nós (eram ordens
legais contra nós). Literalmente o texto grego diz que ele suprimiu
(ou removeu) esse documento do meio1’ (o que não consta nessas
traduções), pregando-o na cruz.
Que meio seria esse? O que há entre nós (os que fomos
beneficiados) e Deus (que aceitou a obra feita na cruz)? Há o
nosso adversário, Satanás, com um documento legal. Ele, com
esse documento em mãos, podia agir contra nós, trazendo-nos
maldições, e também tinha o direito de requerer a nossa vida, ao
inferno, por toda a eternidade.
O que Jesus fez? Retirou esse documento das mãos dele,
pois era ele quem estava entre nós e Deus. E, tendo apagado todo
o conteúdo desse documento com seu próprio sangue, cravou
esse título na cruz. Por isso a bj entendeu que há a idéia de que o
documento foi removido do meio legal,5 *7 pois Jesus providenciou
um pagamento: o seu sangue vertido na cruz. Parabéns, neste
ponto, à bj !
5 Vida aqui está em sentido espiritual: refere-se à vida abundante aqui na terra (sem
enfermidades, sem problemas, sem a ação do diabo contra nós, etc.) e também
à vida eterna (no céu).
b Em grego: “καί αυτό ήρκεν εκ τοί‫ ׳‬μέοου”.
' As versões arc e s b ib traduziram essa expressão assim: “havendo riscado a
cédula que era contra n ó s ... a tirou do meio de nós"; ou seja, a tirou das mãos de
Satanás, pois era ele que se achava em nosso meio.
251
SANTIDADE E PODER

Sim, toda a nossa dívida já foi paga a Satanás na cruz. Não


lhe devemos mais nada. Jesus pagou todos os direitos que o diabo
tinha contra nós.8 Por isso Jesus é o nosso Redentor.
O redentor no Antigo Testamento era aquele que resgatava a
dívida de uma outra pessoa, que pagava o preço para a libertação
de um escravo. Jesus resgatou a nossa dívida em relação a Satanás
pois, por causa de nossas transgressões, éramos escravos do
pecado.9 Ele era senhor sobre nós, e éramos escravos dele.
Assim, a quitação do nosso título de dívida nos libertou de
todo direito que Satanás tinha contra nós, libertando-nos dessa
escravidão, tanto com respeito à nossa salvação eterna como
também com respeito à cura de toda enfermidade e à libertação
de toda maldição.
Se foi isso que Jesus fez, há algo que nós temos que fazer,
em decorrência? Há. Temos que crer, isto é, precisamos ter
fé, para que a obra de Cristo tenha validade para nós. Veja a
seguinte escritura, que é uma citação de Habacuque 2 :4 , feita
pelo apóstolo Paulo, com o qual iniciei este capítulo:
“ Mas o justo pela fé viverá." (Rm 1:17b - tradução minha)
- F.pa! - talvez você esteja dizendo - não é: “ o justo viverá
pela fé?‫ ״‬Pois é ... eu sei que é deste modo que está na maioria
das traduções.
Analisando, porém, o texto original, a ordem das palavras
eslá como traduz¡.10* E, ainda, o “ pela” no grego é a preposição
ek, que no caso indica “ a partir de” , “ como resultado de” , e não
“ por meio de” . Portanto, no texto original o sentido é “ o justo
como resultado da fé” , ou “ o justo pela fé” . Aquele que é justo,
que foi justificado pela fé, viverá, isto é, terá a vida eterna.11
Foi neste sentido que Lutero entendeu este versículo, pois a
história narra que foi justamente esta escritura que o fez entender
que a salvação é pela fé, e não pelas obras, rebelando-se assim
contra a doutrina católica.

H Por preço (o sangue derramado na cruz) fomos comprados (1Co 7:23).


9 João 8:34.
j" Ό òè δίκαιος n: níomnc ζήοεται.
Este é o sentido espiritual do verbo "viverá” (no futuro); indica uma ação eterna
e permanente - veja a Observação 5.
A IUSTIFICAÇÀO PELA LÉ

john Stott, comentando a respeito da tradução “ o justo


viverá pela fé” , escreveu:121
3
“ Muitos estudiosos, entretanto, traduzem de maneira
diferente a citação de Habacuque usada por Paulo: “ Aquele
que pela fé é justo viverá” . Existem fortes argumentos em
favor disso. Primeiro, Paulo já havia usado esse texto em
Cálatas (3:11), escrita alguns anos antes, como base bíblica
para a justificação pela fé e não pela lei. ... Em segundo
lugar, o contexto quase que exige essa interpretação. ...
O que preocupa o apóstolo aqui não é como vivem os
justos, mas como os pecadores se tornam justos.”
Sim, esta é a tradução correta: o que é justo pela fé, este
viverá. E, deste modo, a escritura nos diz que a fé nos justifica.
Este versículo, possivelmente por causa da tradução incor-
reta, tem sido muito mal entendido, a ponto de se ouvir dizer,
por crentes que não trabalham e que não ganham o seu sustento,
numa atitude de “ grande espiritualidade” : “ Estou vivendo pela
fé!" O ra, não é nada disso!
A Fé Q u eb ra o Direito Legal de Satanás
Nós, crentes, temos nos referido a Jesus principalmente como o
Cristo (o Ungido ou Messias), como o Cordeiro de Deus (o que
foi sacrificado em nosso lugar), como o nosso Salvador (o que
nos deu a vida eterna), como o nosso Sumo Sacerdote (o que
intercede por nós), como o nosso Mestre, S e n h o r e Rei (o que
reina sobre nós), mas pouco temos nos referido a E le como o
nosso R e d e n t o r (aquele que pagou o preço e nos tirou do nosso
antigo dono, de quem éramos escravos).11
lesus, como Redentor, libertou-nos de todo jugo do diabo,
de todos os seus castigos, isto é, das maldições, enfermidades, de
toda sorte de problemas e malignidades. Como opera a nossa fé
em Jesus como Redentor?
A Palavra nos mostra que um alo de fé na obra e na pessoa
de Deus nos confere justiça, somos considerados justos, pois Deus
não despreza o que E le mesmo fez por nós.

12 Stott, John - Romanos (da série ‘A Bíblia Fala H oje’) - ABU Editora, São Paulo,
2000; p. 69.
13 Em meu livro Sublime Redenção abordo exaustivamente todos os aspectos envoi-
vidos na obra redentora de Jesus por nós.
253
SANTIDADE E PODER

Até mesmo no Antigo Testamento vemos isso:


“ Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como
justiça." (Cn 15:6; Rm 4:3; Tg 2:23 - nvi)
Com efeito, estas são palavras do apóstolo Paulo:
"Mas agora se manifestou uma justiça que provém de D eus,...
justiça de Deus mediante a fé em lesus Cristo para todos os que
creem, ... sendo justificados gratuitamente por sua graça, por
meio da redenção que há em Cristo lesus." (Rm 3:21-22,24 - nvi)

Entenda, leitor, que esta justificação não se aplica apenas à


salvação, no sentido de receber a vida eterna. Ela é completa, ela
aplica-se à quebra total do direito legal do inimigo, pois se trata
da redenção que há em Cristo Jesus! Crendo nisso, isso lhe será
creditado como justiça, tal como aconteceu com Abraão:
“As palavras 'lhe foi creditado’ não foram escritas apenas para
ele (Abraão), mas também para nós, a quem Deus creditará
justiça, a nós, que cremos naquele que ressuscitou dos mortos
a Jesus, nosso S enhor ." (Rm 4:23-24 - nvi)
E quando recebemos um crédito, o nosso débito desaparece!
Por isso, diante de toda ação maligna de Satanás em sua vida,
repreenda-o declarando os seus direitos alcançados pela fé:
“ Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se
confessa para salvação (para ficar livre da perdição, para a
cura física, para a solução de um mal).” 4‫( י‬Rm 10:10 - nvi)
Sim, quando cremos, a nossa fé nos justifica; masé necessário
declarar isso (confessar) para que a cura, a libertação, a salvação
se realize, diz o apóstolo.
E por isso que tenho insistentemente dito neste livro que
toda obra da cruz tem que ser apropriada para ter validade em
nossa vida aqui neste m undo. 5‫ י‬Nada é automático. Tudo que já
estava ligado no céu precisa ser ligado na terra. Por isso foi que,
um dia, pela fé, apropriamo-nos de que Jesus pagou o preço da
nossa salvação eterna, confessando-o como o nosso Salvador.
Semelhantemente, temos que apropriar-nos da quebra das
maldições decorrentes de nossos pecados, confessando Jesus
como o nosso Redentor.*1

14 A palavra “salvação” engloba todos estes sentidos.


1’ Observação 4.
254
Λ )LIST!FlCAÇÃO PELA FÉ

Assim, quando pela fé nos apropriamos de que Cristo pagou


o preço ao inimigo com referência a um mal que ele teve o direito
de lançar sobre nós, este é também um modo de fazer com que
Satanás não mais tenha direito sobre aquele mal. Pois se o “ seu
direito” lhe foi pago, já não lhe resta mais direito algum!
Temos contudo que exprimir isso com a nossa boca, ao nos
valermos da fé em nossas orações, para quebrar o direito do
inimigo. Portanto, deixemos em destaque que:

Pela fé podemos também quebrar o direito legal de


Satanás, declarando que Jesus, o Redentor, já pagou,
na cruz, com o seu sangue, o que o diabo tinha de
direito sobre algum mal com que nos tenha atingido.
(Observação 53)

Portanto, podemos quebrar o direito legal de Satanás, isto


é, podemos “ soltar as ligaduras da impiedade” de duas maneiras:
(1) Pedindo perdão a Deus e renunciando ludo o que fizemos
de errado que deu direito ao inimigo de nos trazer aquele
mal; ou
(2) Declarando com a nossa boca que estamos nos apropriando,
pela fé, da obra que Jesus, nosso Redentor, realizou na cruz,
tendo pago o preço que era devido a Satanás, e tendo as-
sim cancelado o que era contra nós e que trouxe como
consequência esse mal que nos atingiu.
Normalmente tenho visto que os evangelistas e os que minis-
tram a cura de pessoas, ao orarem por alguém, o fazem aplicando
este segundo processo de quebrar o direito do inimigo, isto é,
crendo que Jesus já pagou o direito que o diabo linha contra nós.
O que geral mente não é feito, e que é necessário fazer, é expressar
isso com palavras, a cada vez.
Diante de um mal que tenha nos atingido, temos que dizer
a Satanás que ele não possui mais o direito de agir em nossa vida,
por causa da obra de Cristo na cruz.
Assim estamos usando a chave do reino de Deus, desligando
o direito do diabo sobre a nossa vida, conforme vimos anterior-
mente. Devo afirmar, então, que o preço já foi pago, declarando

255
SANTIDADE Π PODER

que o direito que o inimigo tinha contra nós já não existe, e que o
sangue de Cristo nos justificou em relação àquele pecado, àquele
mal que nos atingiu, que assim se torna ilegal.
Podemos orar, então, segundo o seguinte exemplo:
“ Declaro que Jesus, o meu Redentor, com o seu sangue,
vertido na cruz do Calvário, já pagou a Satanás o preço
correspondente a todo o direito que ele tinha contra mim
(ou contra ...), e que lhe permitiu trazer este mal (citar o
que) à minha vida (ou para a vida de ...). Portanto, este
mal é ilegal e assim eu o repreendo e o expulso (citar o
mal) da minha vida (ou da vida de ...), em nome de Jesus.
Amém.”
E, em seguida, em nome de Jesus, expulsamos os espíritos
malignos que nos oprimiam, em decorrência daquele mal, quan-
do for o caso. Não obstante, se temos condições de renunciar e
pedir perdão pelo pecado que deu direito ao inimigo de trazer
aquele mal, por que não fazer isso? Com esse pedido de perdão
e renúncia, o direito legal de Satanás é quebrado, e será neces-
sário até mesmo uma fé m enor, 1(1 em nossa oração, ou em nossa
palavra de poder, para que o mal saia, seja eliminado.
A cura de uma enfermidade ou a solução de um problema
que nos tenha atingido, então, poderá alcançada, mediante uma
palavra de poder, de três maneiras:
* Quando temos unção suficiente (nível de poder espiritual)
para, num ato de guerra, vencer o inimigo, quer tenha ele
direito, quer não.
■ Quando quebramos primeiro o direito legal de Satanás, pe-
d indo perdão a Deus pelo pecado que havia lhe dado aquele
direito, e renunciando os atos praticados correspondentes,
em arrependimento.
■ Quando declaramos que o direito legal que Satanás tinha já
foi pago, através da obra do Cordeiro de Deus, o Redentor,
pelo seu sangue vertido na cruz, com respeito ao mal que
estamos repreendendo; e que aquele título de dívida foi to-
talmente quitado!
16 Estou dizendo deste modo porque nem sempre conseguimos fazer uma quebra
lotai do direito do inimigo. Muitas vezes nos esquecemos de um detalhe, ou de
outras ocasiões em que o mesmo pecado foi cometido. Se a confissão for total,
será necessária uma fé hem pequena.
256
A lUSTinCAÇÃO PEI A FÉ

E poderemos nos valer dessas três maneiras, ao mesmo


tempo, quando estamos enfrentando um mal em nossa vida, ou
na vida de alguém. Quando unimos essas três condições, o nome
de Jesus poderá ser usado, e o poder de Deus fluirá através de
nós de modo que mal algum poderá resistir.
D im inuindo o Problema
Quando vamos quebrando o direito legal do inimigo, o efeito
desse ato é como se o nosso problema fosse diminuindo. Na
linguagem figurada que empregamos, quando comparamos a
nossa unção a um guindaste, e o mal a um “ peso” que precisa
ser removido, eis o que acontece, quando fazemos a quebra do
direito legal: aquele peso diminui!
Se antes tínhamos um peso de vinte toneladas para remover,
agora quem sabe ficamos com apenas uma tonelada! É que,
possivelmente, não tenhamos conseguido quebrar todo o direito,
conforme chegue¡ a destacar acima (podemos ter nos esquecido
de algum detalhe).
E interessante observar que, de certo modo, o apóstolo Tiago
confirma tudo isso que acabamos de dizer. Ele escreveu:17
“ Está alguém entre vós doente !‫ ׳‬Chame (o que indica que a
pessoa, ao cham ar, está exercen d o rc p a s s i v a ) o s presbíteros
da igreja (aqueles q u e têm u n ç A o e f é a i i v a ), e estes façam
oração sobre ele (‘ so b re’ e não ‘ por’ ele, isto é, usando pala-
vras de poder), ungindo-o com óleo (expressando sim bólica e
visivelm ente sua f é a t i v a ), em nome do Senhor (com respeito
a tudo que é conform e o n o m e de Jesus). E a oração da rí (a
palavra de poder) salvará (curará) o enfermo, e o Senhor o
levantará; e, se houver cometido pecados (aqueles que de-
ram o direito ao inimigo d e lhe trazer o problem a) s er-lhe-ão
perdoados (pois a f é lhe foi creditada co m o justiça, cessando
assim o efeito desses pecados em relação àq u ele m al, uma
vez q u e em relação à salvação do inferno eles já não tinham
efeito, pois a pessoa era salva).” (Tg 5 :1 3 -1 5 )

Mas Tiago também destaca que convém diminuir o “ peso”


do problema, quebrando o direito legal do inimigo, e que temos
que unir as nossas forças na batalha contra uma situação maligna:1

1 As inserções são minhas, o mesmo ocorrendo no outro texto a seguir.


25 7
SANTIDADE E PODER

“ Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros (o que


significa q u e estam os elim inand o o direito legal d e Satanás) e
orai uns pelos outros (isto é , estam os unindo a u n ç ã o e a f é de
cada um), para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia,
a súplica do justo (daquele q u e foi purificado, santificado,
com uma elevada u n ç â o ) . ” (Tg 5 :1 6 )

Portanto, meu irmão, o que você deve fazer, quando você


mesmo tem um problema, são quatro coisas, depois de identificar
que se trata de uma maldição (consequência do pecado), e não
uma provação:
■ Primeiro, diminuir o grau do problema, do mal que esteja
enfrentando, pelo arrependimento, confissão, renúncia e
pedido de perdão a Deus pelos pecados (seus e de outras
pessoas) que deram direito ao inimigo. A isso acrescente a
apropriação do ato redentor de Cristo na cruz, declarando
que ele já pagou, com o seu sangue, tudo o que Satanás
tinha de crédito por causa daqueles pecados.
■ Em segundo lugar, levante pessoas para se unirem com
você em oração pelo problema, de forma a unir a unção
e a fé ativa deles com a sua fé passiva.
■ Em terceiro lugar, exerça a sua fé passiva, crendo que já
recebeu a sua bênção e, ao mesmo tempo, com sua fé
ativa e com sua unção cancele, com uma palavra de
poder, toda a malignidade existente, e expulse os espíritos
malignos que estiverem envolvidos nessa situação.
■ Passe a agir com fé, louvando a Deus pela solução do
problem a.
Diante de uma Provação
Considere ainda que, diante de uma aflição, Deus pode revelar-
-lhe que você está passando por uma provação,'‫ ״‬e não por um
problema como consequência de um pecado.
Nem sempre que um mal nos acomete é decorrência do
pecado. Neste caso, louve a Deus em todo o tempo, e ore por
outras pessoas, fazendo como )6, que sofreu a maior provação de
que se tem notícia.

8‫ ו‬Veja mais sobre a provação no livro Vida em Abundância.


258
A )USTIFICAÇÃO PEI A FÉ

Confie em Deus, perseverando na fé. Ao término da prova-


ção, você receberá a vitória e uma gloriosa recompensa de Deus:
" Bem-aventurado o homem que suporia, com perseverança,
a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a
coroa da vida, a qual o Senhorprometeu aos que o amam. ”
(Tg 1:12)

Com efeito, o escritor de I iebreus nos dá uma mensagem


muito clara sobre o que é perseverar, diante da provação:
“ Lembrem-se dos primeiros dias, depois que vocês foram
iluminados, quando suportaram muita luta e muito sofrimento.
Algumas vezes vocês foram expostos a insultos e tribuía-
ções; em outras ocasiões fizeram-se solidários com os que
assim foram tratados. Vocês ... aceitaram alegremente o
confisco dos seus próprios bens, pois sabiam que possuíam
bens superiores e permanentes. Por isso, não abram mão da
confiança (da fé) que vocês têm; ela será ricamente recom-
pensada. Vocês precisam perseverar, de modo que, quando
tiverem feito a vontade de Deus, recebam o que ele prometeu."
(Hb 10: 32-36 -NVi)
Perseverar na fé é o que demonstra o valor que ela tem:
“ Nisso (pela salvação) exultais, embora, no presente, por
breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias
provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa
ri, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo
apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na
revelação de jesús Cristo." (1 Pc 1:6-7)
Se o problema que o tenha atingido é uma provação, louve
então ao S e n h o r . A sua fé está sendo provada, Deus está confir-
mando o valor que ela tem, e o galardão que lhe está preparado
é muito maior!
Até mesmo o apóstolo Paulo, como sabemos, passou por
muitas provações, sendo que a principal foi o tal “ espinho na
carne” .19 Por ter sido uma provação, e não um mal decorrente do
pecado, Paulo pediu a Deus que o removesse.
Mas Deus sabia o que estava fazendo. Aquilo era para o seu
bem. Se fosse algo decorrente do pecado, por certo ele mesmo
teria resistido àquele mal, e o teria vencido. Ele bem sabia da
autoridade que tinha. Sua reação foi:
19 2 Corintios 12:7.
259
SANTIDADE E PODER

“De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para


que sobre mim repouse o poder de Cristo". (2Co 12:9b)
Louve então ao Senhor , no caso de uma provação; glorie-se
nas fraquezas, como fez Paulo. E o poder de Cristo aumentará na
sua vida! Faça como Jó que, em meio ao seu grande sofrimento,
teve forças para louvar a Deus:
“ O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome
do Senhor!" (Jó 1:21)
E Deus um dia o livrou daquele mal!
sfc 3jc φ

Agora resta-lhe apenas ler o último capítulo, leitor. E, por


isso, acho que não vou ter tempo para despedir-me de você, lá
no final. Por isso despeço-me desde já.
E agradeço-lhe pela sua paciência de ter lido todas as
inúmeras citações bíblicas. Mas é que eu não tive outro jeito...
21
Uma Vida de Poder!
"... já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim."
(Calatas 2:20)

Chegamos assim ao nosso último capítulo, em que vamos


considerar os principais pontos de como aplicar em nossa vida
tudo o que nos possibilitará ter uma vida de poder, uma vida
que opere obras maiores até mesmo do que aquelas que Jesus
realizou quando esteve aqui na terra.
O ra, diante de tudo o que você viu, leitor, isso de nada lhe
adiantará se você não puser todo esse conhecimento em prática.
E a primeira coisa a fazer é buscar a santificação, a libertação e a
purificação de todas as sujeiras espirituais, de todas as contam¡-
nações que ainda estejam em sua alma e em seu espírito, apli-
cando em sua própria vida todos aqueles passos revelados por
Isaías no capítulo 58. Um resumo deles encontra-se também no
Apêndice A.
Através deste processo de santificação você ficará, cada vez
mais, conforme a imagem de Cristo. Siga o exemplo de Paulo:
“ N ão que eu ... tenha já obtido a perfeição; mas prossigo
para conquistar aquilo para o que também fui conquistado
por Cristo Jesu s." (Fp 3:1 2 )
Επί segundo lugar, procure desenvolver a sua fé, vivendo de fé
em fé,1 regando-a com a água da Palavra de Deus, e exercitando-
-a para que ela se fortaleça cada vez mais.
Em terceiro lugar, esteja constantemente sendo enchido
pelo Espírito, dando-lhe liberdade para dirigir a sua vida, para
orientá-lo, ensinar-lhe, adverti-lo e consolá-lo. Busque os dons
espirituais, pois eles o capacitarão espiritualmente ainda mais.
Saiba orar como convém, resistindo ao mal com palavras
de poder e orando a Deus Pai para receber dele todas as bênçãos
que E le tem para lhe dar.

1 Romanos 1:17.
2(>1
SANTIDADE E PODER

Use as chaves do reino, ligando e desligando, aqui na terra,


tudo o que convém ser ligado ou desligado no mundo espiritual,
principalmente em ações contra os espíritos malignos.
E jamais se esqueça de que tudo isso começa com o processo
de santificação da sua vida. O alvo que devemos ter é podermos
dizer, tal como o apóstolo Paulo:
“ Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou cu quem vive,
mas Cristo vive em m im .” (C l 2 :2 0 )

Em outras palavras, temos que nos apropriar da primeira


parte deste versículo, declarando que o nosso eu (o do velho
homem) está crucificado com Cristo. E, para podermos declarar
isso, somente passando primeiro pelo jejum de Isaías, até que a
nossa vontade tenha sido purificada totalmente, de forma a fazer-
mos somente o que for da vontade de Cristo, em todo o tempo.
E isso que significa Cristo viver em nós!
Veja que Paulo se refere aqui ao nosso S e n h o r como Cristo
(o Ungido), e não como Jesus (o Salvador), ao mencionar quem é
que vivia nele. Paulo tinha o Ungido vivendo em seu interior... e
o resultado disso era a unção que nele estava!
E agora, vivendo o Ungido em você, o que você acha que
E le fará em você? Por certo você concordará que a unção dele
estará em você!
Essa condição, porém, somente será alcançada com a san-
tificação, quando o velho homem estiver totalmente crucificado
com Cristo, conforme disse Paulo.
+ )(c 3(c 5f:

Talvez você tenha iniciado a leitura deste livro com o seguinte


objetivo: “ quero ter o poder de Deus atuando em minha vida” .
Agora eu tomo a liberdade para sugerir-lhe que mude de objetivo.
Que de agora em diante o seu objetivo seja a sua santificação:
“ Quero santificar-me, mais e mais!”
Se este é o seu objetivo agora, sua preocupação será uma
constante aplicação do processo do jejum de Isaías 58 em sua
vida. Será procurar libertar-se de toda ação maligna e ser curado
completamente por Jesus em seu interior. Será cumprir, em sua
vida, a seguinte exortação:
UMA VIDA DE PODER!

“Segu/ a p az com todos e a santificação, sem a qual ninguém


verá o S cnhuk.” (Hb 12:14)
Você quer ver o S e n h o r ? Não apenas vê-lo na glória, após a
ressurreição - você quer ver o S en i io r operar na sua vida, agora?
Para ver o S m h ü r (operando em sua vida) é necessária a
santificação!
lesus somente fazia (somente operava com poder) o que ele
via o Pai fazer, conforme foi observado anteriormente (no Capítulo
19). Quando nos santificamos, quando Cristo passa a viver em
nós, então nós também vamos estar sempre vendo o que o Pai
está fazendo, e assim também somente faremos o que virmos o
Pai fazer.
E pela santificação que a luz em nós será como o meio dia,
conforme o estudo de Isaías 58; só assim veremos o que o Pai
está fazendo (como Jesus via); só assim o poder de Deus fluirá
através de nós. Em outras palavras, pela santificação, Cristo (o
Ungido) viverá em nós!
E assim, vivendo Cristo em nós, o poder de Deus se man¡-
festará em sua plenitude. Os demônios fugirão da nossa presen-
ça. Sinais e maravilhas acontecerão. Enfermos ficarão curados.
Pois é isso que a presença de Cristo faz!
S antidade e Po d er !

263
Apêndice A
Passos do Jejum de Isaías 58 para a Santificação
A seguir acha-se um resumo dos principais passos narrados por Isaías no
verdadeiro jejum que agrada a Deus, e que são necessários para a nossa
purificação (libertação e cura interior).

1. Soltando as Ligaduras da Impiedade


Renunciar as práticas envolvendo pecados ainda não confessados, e pedir
perdão pelos mesmos. Declarar que Satanás e seus demônios não têm
mais direito sobre a sua vida, porque o preço já foi pago lá na cruz.

2. Desfazendo as Ataduras da Servidão


Expulsar, em nome de Jesus, os espíritos malignos que haviam entrado em
sua vida, por causa desses mesmos pecados.

3. Libertando-se de Toda O pressão e Jugo


Apropriar-se da libertação de todo jugo estranho em sua vida (se possível,
ser ungido com óleo). Receber a cura interior sobre toda forma de opressão
em sua alma. Apropriar-se da cura divina sobre qualquer enfermidade em
seu corpo.

4. Sendo Revestido do Amor de Deus


Avaliar se tem vivido o amor ágape de Deus. Pedir perdão por não ter
vivido o amor ágape em todas as situações. Pedir ao S e n h o r que o revista
com o amor verdadeiro. Definir atos concretos a praticar que evidenciem
o amor em sua vida.

5. Tirando de Seu Meio o Jugo, as Ameaças, as Injúrias


Verificar se há jugos estranhos em sua com unidade (sua família e igreja) e
orar para que sejam eliminados. Cancelar as am eaças e injúrias lançadas
contra a sua com unidade, protegendo-se com o sangue do Cordeiro.

6. Quebrando Maldições Hereditárias


Pedir perdão pelos pecados praticados por seus pais, avós, bisavós e
demais antecedentes. Apropriar-se da quebra das maldições hereditárias,
pela obra feita por Jesus na cruz do Calvário, inclusive da maldição de
bastardía, se for o caso. Expulsar os espíritos familiares que estavam
atuando na sua vida, com toda a malignidade que tinham trazido.
7. Honrando o Dia do Senhor
Pedir perdão a Deus por ter cometido o pecado de não honrar o dia de
descanso do S e n h o r . Dispor-se a guardar o descanso do S e n h o r .

264
Apêndice B
Observações
A seguir são reproduzidas as observações que foram colocadas em destaque
neste livro, para facilitar a sua revisão:

N'-‫׳‬ Observação p.

Satanás não tem poder neste mundo, exceto o que ele recebe
‫ן‬ dos homens e que ele usa para enganá-los, conquistando-os 22
para o seu reino.

2 Podemos receber o poder de Deus para realizar até mesmo 23


obras maiores do que aquelas que Jesus fez.

E o Espírito Santo quem nos auxilia no entendimento das


3 Escrituras, mostrando-nos aspectos profundos, escondidos 26
na Palavra de Deus.

^ Todas as bênçãos espirilualmente já nos foram dadas; mas


cada uma delas precisa ser apropriada em nossa vida.

As ações que ocorrem na esfera espiritual estão fora do


tempo físico, e o tempo dos verbos que as descrevem refere-se à
5 condição espiritual de algo consumado (quando no passado), 31
ou de um facto (quando no presente) ou de uma ação
permanente ou eterna (quando no futuro).

Quando nascemos de novo, passamos a ter uma dupla natureza:


6 somos ao mesmo tempo um velho homem (contaminado) e um 38
homem espiritual (puro), com duas vontades independentes.

Nosso velho homem ainda está contaminado com ligaduras


‫ך‬ de impiedade, ataduras de servidão, opressões, jugos, gg
maldições, falta de amor e falta de temor a Deus, traumas e
outras feridas de alma.

O poder de Deus manifesta-se em três aspectos principais: o


8 poder de criação, o poder de reinar (com autoridade espiritual), 42
e o poder de agir sobrenaturalmente.

265
SANTIDADE E PODER

Deus nos deu o poder de criação, de reinar sobre as trevas e ^


9
de realizar atos sobrenaturais.

Nossa motivação, ao desejarmos o poder de Deus, deve ser


10 a de servir com humildade ao S enhor, testemunhando o seu 49
poder perante os homens, para que sejam salvos; e nunca
para sermos vistos e engrandecidos.

O poder de Deus manifesta-se através de nós quando temos


11 fé - e é proporcional a ela. Portanto, para exercermos maior 63
poder, temos que desenvolver a nossa fé.

Quando usamos o nome de Jesus, estamos na condição de


12 um procurador dele, e assim somente podemos usar o seu 66
nome no que for segundo a sua vontade.

Deus, sendo plenamente justo, reconhece o direito de até


13 mesmo os demônios agirem na vida de alguém, quando o 67
diabo conquistou esse direito por causa do pecado.

O poder de Deus somente se manifestará, em nome de Jesus, em ^


14
situações de justiça, de retidão, no que é conforme o seu nome.

O poder espiritual que recebemos de Deus é proporcional ao


15 nível de unção que possuímos. Para recebermos mais poder, 71
temos que desenvolver a nossa unção.

A mensagem de Isaías 58 é urgente, muito importante, e destina-se a


16 todo aquele que busca o S enhor , que tem prazer em conhecer 80
os caminhos de Deus, e que procura viver uma vida de retidão.

O jejum que agrada a Deus deve ser feito em secreto, e não é


um jejum em que simplesmente deixamos de comer: temos ^
17
que buscar a presença de Deus, em arrependimento, de um
modo especial.

A nossa santificação é o processo de purificarmos a nossa


18
alma e o nosso espírito de toda impureza espiritual.

Quando desligamos em nós as ligaduras da impiedade, através


19 do arrependimento e confissão de pecados, pedindo perdão 93
a Deus, o poder espiritual que estava amarrado, por causa
dessas ligaduras, agora estará à nossa disposição!
APÉNDICE B OBSERVAÇÕES

O pecado gera ainda ataduras de servidão, tornando-nos escravos


20 de senhores que são espíritos malignos, cerceando assim nosso 09
poder espiritual através do controle da nossa vontade.

Faz parte da nossa purificação, para crescermos em nossa unção,


21 106
a cura interior da nossa alma, eliminando toda forma de
opressão sobre nós.

Para que o poder de Deus atue através de nós temos que quebrar
22 todo jugo estranho, e tomar apenas o jugo do S f n h o r Jesus, 110
que é suave, e o seu fardo, que é leve.

23 Amar é, num certo sentido, o contrário de gostar. 113

Para que o poder de Deus atue em nós, temos que ter as


24 122
características do verdadeiro amor.

Temos que tirar de nosso meio, isto é, de nossa comunidade,


25 o jugo, as acusações e ameaças, e lodo falar injurioso; e ainda ^
atender a todos os necessitados, física e espiritualmente.

Como parte do processo de crescermos no poder de Deus,


26 temos que fazer a apropriação da quebra das maldições
hereditárias que tenham atingido a nossa vida.

2 7 É parte da nossa santificação guardarmos o dia de descanso, ‫ס^ך‬


consagrando-o ao S enhor .

O objetivo de nosso jejum é ter a visão de quais são as causas


2 q que estão dando direito ao inimigo de agir numa determinada ‫^ ן‬
situação, para que possamos orar com poder. O que tem de mudar
são as circunstâncias, para que Deus possa agir com justiça.

2^ Através do jejum verdadeiro nosso espírito, alma e corpo são


purificados, e as contaminações são curadas rapidamente. '

Com o jejum verdadeiro veremos a resposta de Deus, com ‫^ן‬


poder, toda vez que clamarmos a E le.

31 O verdadeiro jejum coloca-nos num jardim regado, com 165


mananciais que nunca secarão.
267
SANTIDADE E PODER

32 Santidade É Poder! 169

33 É condição vital, para que o poder de Deus opere através de 178


nós, que sejamos cheios do Espírito Santo.

Podemos ser cheios do Espírito até a plenitude somente


34 através do processo de santificação, mediante a purificação 180
total do nosso espírito.

Temos poder, através da palavra, quando ela é expressa


35 segundo a vontade de Deus Pai, na unção do Espírito 188
Santo, e crendo no n o m e de Jesus Cristo.

Diante de uma situação adversa, não é para orarmos a


30 Deus, para E le resolver o problema; nós mesmos temos 200
que repreender o mal usando uma palavra de poder,
em nome de Jesus.

Usamos uma palavra de poder para determinar uma


37 situação, apropriando-nos das bênçãos que o S enhor 200
Jesus conquistou para nós na cruz.

^ Usamos palavras de poder para ligar e desligar no mundo


200
espiritual, usando as chaves do reino de Deus.

Não devemos pedir ao Pai o que ele já nos deu, o que a Bíblia
39 mostra específicamente que Deus delegou a nós, e o que Deus 204
colocou ao nosso alcance e possibilidade, por meios naturais.

Oramos ao Pai, em n o m e de Jesus, louvando a Deus, pedindo-


40 lhe boas coisas (bênçãos), pedindo perdão por nossas faltas, e 210
pedindo-lhe que nos proteja do mal e nos livre das tentações.

4 ‫ ך‬O Espírito nos dirige a louvarmos o Filho; esta é uma de suas 213
principais missões.

42 Não resistamos ao Espírito, mas o convidemos a agir com 214


poder em nossa vida.

43 A principal atuação do intercessor é remover o direito legal 217


do inimigo sobre a pessoa por quem está orando.
APÉNDICE B - OBSERVAÇÕES

O intercessor é aquele que, como sacerdote, protegido


44 com o sangue do Cordeiro, entra na brecha por alguém 219
para tapar essa brecha e, depois, atuar com a estratégia
que o Pai lhe der.

45 Todo crente é um intercessor, mas há aqueles que receberam 220


um chamado específico para este ministério.

46 E necessário que o intercessor tenha uma vida limpa e esteja 222


sem brechas; e deve orar com fé e ações de graças.

A fé é um ato de decisão do nosso Livre Arbítrio, não


47 segundo nossos sentimentos, opiniões ou circunstâncias. 224
É a decisão de agir de acordo com a Palavra de Deus.

A fé é uma decisão tomada em conformidade com a


Palavra de Deus, crendo que tudo o que a Palavra diz
48 226
é verdade; e tendo a certeza que é dada pela visão de
uma realidade na esfera espiritual.

49 A maior fé que podemos exercer para operar o poder de 228


Deus (a fé ativa) é função do nosso grau de santificação.

A nossa fé passiva não tem limites: depende apenas de


50 233
ser conforme a Palavra de Deus e da certeza dada pela
nossa visão espiritual. Tudo é possível ao que crê.

5‫ו‬ A fé vem por obedecer a voz de Deus, ouvindo-a 241


através das Escrituras, e cresce pelo seu exercício
constante em nossa vida.

A fé implica em agir de conformidade com o que cremos


52 que já recebemos, e também sujeita-se às autoridades, 246
age com ousadia e com persistência, e uma de suas
características é o louvor a Deus.

Pela fé podemos também quebrar o direito legal de


53 Satanás declarando que Jesus, o Redentor, já pagou, na 255
cruz, com o seu sangue, o que o diabo tinha de direito
sobre algum mal com que nos tenha atingido.

269
Apêndice C
Isaías 58'
1Clam a a plenos pulmões, não te detenhas, ergue a voz com o a trombeta e
anuncia ao meu povo a sua transgressão e à casa de )acó, os seus pecados.
2Mesmo neste estado, ainda me procuram dia a dia, têm prazer em saber
os meus caminhos; como povo que pratica a justiça e não deixa o direito
do seu Deus, perguntam-me pelos direitos da justiça, têm prazer em se
chegar a Deus, 3dizendo: Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso?
Por que afligimos a nossa alma, e tu não o levas em conta!1 Eis que, no dia
em que jejuais, cuidais dos vossos próprios interesses e exigis que se faça
todo o vosso trabalho. 4Eis que jejuais para contendas e rixas e para ferirdes
com punho iníquo; jejuando assim com o hoje, não se fará ouvir a vossa
voz no alto. ,‫־‬Seria este o jejum que escolhí, que o homem um dia aflija
a sua alma, incline a sua cabeça com o o junco e estenda debaixo de si
pano de saco e cinza? Cham arias tu a isto jejum e dia aprazível ao S e n h o r ?
'‫׳‬Porventura, não é este o jejum que escolhí: que soltes as ligaduras da
impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e
despedaces todo jugo? 7Porventura, não é também que repartas o teu pão
com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu,
0 cubras, e não te escondas do teu semelhante? “Então, romperá a tua luz
como a alva, a tua cura brotará sem detenga, a tua justiça irá adiante de ti,
e a glória do S e n h o r será a tua retaguarda; ‘,então, clamarás, e o S eni io r te
responderá; gritarás por socorro, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio
de ti o jugo, o dedo que am eaça, o falar injurioso; 1‫״‬se abrires a tua alma
ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas, e a
tua escuridão será como o meio-dia. 11O S e n h o r te guiará continuamente,
fartará a tua alma até em lugares áridos e fortificará os teus ossos; serás como
um jardim regado e como um manancial cujas águas jamais faltam. 12O s
teus filhos edificarão as antigas ruínas; levantarás os fun dam en tos d e m uitas
gerações e serás ch am ado rep a ra d or d e brechas e restaurador d e veredas
para m orar. 13Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus
próprios interesses no meu santo dia; se cham ares ao sábado deleitoso e
santo dia do S e n h o r , digno de honra, e o honrares não seguindo os teus
caminhos, não pretendendo fazer a lua própria vontade, nem falando
palavras vãs, 14então, te deleitarás no S e n h o r . Eu te farei cavalgar sobre
os altos da terra e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai, porque a
boca do S e n h o r o disse.

1 Palavras em itálico conforme a SBTB.

270
Apêndice D
Bibliografia
A seguir acham-se relacionadas as obras citadas neste livro.

LIVRO S
Andrade, Milton Azevedo; Vida em Abundância - Através da Libertação e
Quebra de Maldições; Ed. Ágape Reconciliação, 2000.
- Plena Paz - Através da Cura Interior; Ágape Reconciliação 2002.
--------- Sublime Redenção; Ágape Reconciliação, 2008.
Eusébio de Cesareia; História Eclesiástica; CPAD, Rio de Janeiro.
Fernandes, Sinomar - Tudo E Possível; Sião Produções, Goiânia, G O , 1998.

EHaggard, Ted; Propósito Principal; Danprewan Editora, RJ.

Hagin, Kenneth E.; A Autoridade do Crente; Graça Editorial, RJ.


------------- Novos Limiares da Fé; Graça Editorial, R).

Hayford, Jack W. - Orar E Invadir o Impossível; Ed. Vida, 1984.

Itioka, Neuza; A Noiva Restaurada”, Ágape Reconciliação, 1998.

— Deus Quer a Sua Cidade; Ágape Reconciliação, 1998.


- Cristo Nos Resgata de Toda Maldição; Ágape Reconciliação,
2000 .
Jacobs, Cindy - “ Desmascarando o Ocultismo ” , Danprewan Ed., RJ, 2003.
Johnson, Bill; Quando o Céu Invade a Terra - M CI Editora, S. J. Campos,
SP, 2003.

Joyner, Rick; A Batalha Final; Danprewan, RJ.

J. Ridderbos - Isaías, Introdução e Comentário; Edições Vida Nova, 1986.


Mastral, Daniel; " O Filho do Fogo", Editora Naós, São Paulo.

Schnoebelen, William e Sharon; Lúcifer Destronado; Danprewan Ed., RJ.


Stott, John - A Verdade do Evangelho; Um Apelo à Unidade; Encontro
Publicações, Curitiba, e A BU Editora, São Paulo, 2000.
-------- Romanos (Série Ά Bíblia Fala H oje’); A BU Editora; 2000.

Towns, Elmer L.; Jejuar, uma Revolução na Vida Espiritual; Ed. Atos.
Wolff, Elans Walter - Bíblia Antigo Testamento; Ed. Teológica Ltda., São
Paulo, SR 2003.

271
SAN I IDADE E PODER

D IC IO N Á R IO S E C O M E N T Á R IO S
Champlin, R. Norman - O Novo Testamento Interpretado, Candeia, São
Paulo, SR
Dicionário Hebraico; Português & Aramaico - Português, elab. por Nelson
Kirst e outros; Editora Sinodal, S. Leopoldo, RS / Editora Vozes,
Petrópolis, R).
Ferreira, Aurélio Buarque Holanda; Novo Dicionário da Língua Portuguesa;
Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, RJ.
F. W. Gingrich e F. W. Danker; Léxico do N.T. Crego / Português; - Edições
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Mounce, William T ; "The Analytical Lexicon to The Greek N. T ; Zondervan,
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O Novo Comentário da biblia - ed. por F. Davidson e Russell R Shedd;
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Strong, James - The New Strong's Expanded Dictionary o f Bible Words,
Thomas Nelson Publishers, Nashville, U.S.A., 2001.

V ER S Õ ES DA BÍBLIA U TILIZA D A S
O s textos bíblicos citados em português estão segundo a versão:
RA - Almeida, Revista e Atualizada, 2a. Ed., Sociedade Bíblica do Brasil a
menos que outra tradução seja indicada:
A RC - Almeida, Revista e Corrigida, Sociedade Bíblica do Brasil.
BJ - Bíblia de Jerusalém; Ed. Paulinas, São Paulo, SFJ 3a. impr.; 1987.
CN BB - Bíblia Sagrada, versão da Coní. Nac. dos Bispos do Brasil, seg. ed.
IBB - Almeida, revisada, versão da Imprensa Bíblica Brasileira.
NVI - Nova Versão Internacional, da Soc. Bíblica Internacional, Ed. Vida.
NTLH ‫ ־‬Nova Tradução na Linguagem de Hoje, Sociedade Bíblica do Brasil.
SBTB - Almeida, Corrigida e Revisada, Soc. Bíblica Trinitariana do Brasil.
Os textos em hebraico são conforme o Texto Massorético, extraídos do:
Amigo Testamento Poliglota - Edições Vida Nova / Soc. Bíblica do Brasil.
O s textos em grego são conforme:
Aland, Kurt - e outros; The Greek New Testament; 4a. Ed. Rev.; Deustche
Bibelgesellschaft / LJnited Bible Societies, 1994.
LXX- Septuaginta, tradução grega do Antigo Testamento (séc. Ill a .C ) .

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