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A Vida

dos
Apóstolos

deJesus

UMA HISTÓRIA
LITERÁRIA DOS
PROPAGADORES DO EVANGELHO
A Vida

dos

Apóstolos
deJesus

UMA HISTÓRIA
LITERÁRIA DOS
PROPAGADORES DO EVANGELHO
1ª Edição Abril de 2019

A
Editora
Império Cristão
© Editora Império Cristão
Revisão:
Jaqueline de Almeida Massei
Diagramação:
Felipe Tales Massei
Consultoria Teológica:
ETEK – Escola Teológica Kenosis

A
Editora
Império Cristão
Copyright © 2019 Editora Império Cristão LTDA Todos os direitos reservados.
Email: editoraimperiocristão@gmail.com

Capa: Contatos: (11) 9843-6210 – (11) 94825-7080 CNPJ: 32.329.908/0001-30


Editora Império Cristão
1ª Impressão:
Campinas – SP, 2019
Os textos Bíblicos presente neste livro foram extraídos da versão
Almeida Revista e Corrigida Edição de 1995, salvo outras indicações.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP Brasil)

M394a Massei, Felipe Tales


A Vida dos Apóstolos de Jesus - Uma História Literária dos
Propagadores do Evangelho/ Felipe Tales Massei. – Jundiaí-SP: Editora Império
Cristão, 1ª Edição Abril de 2019.
142 p.; Tamanho: 14x21 cm.

Bibliografia, pag, 137-139 A


Editora ISBN: 978-85-117-0003-9 Império Cristão
1. Bíblia. 2. A Vida dos Apóstolos. 3. Literatura. I. Título
CDU: 24 CDD: 226

Proibida a reprodução por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos, xerográficos, fotográficos, gravação, estocagem em banco de dados, etc.), a não ser
em citações breves com indicação de fonte.

Dedicatória

Dedico esta obra literária ao meu querido e amado Pastor Paulo S. da Silva, meu Pai e grande amigo. Homem de
coração grande, admirável em bondade, piedoso e de muito respeito e simplicidade. A minha querida e amada Mãe
que sem dúvida é a mulher que mais merece meu respeito e admiração, sem ela não teria chegado até aqui.

Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 15
Capítulo – I
A VIDA DO APÓSTOLO PEDRO............................................................................. 21
QUEM ERA O APÓSTOLO PEDRO....................................................................... 21
PEDRO, CEFAS, SIMÃO E SIMEÃO ..................................................................... 22
A PERSONALIDADE DO APÓSTOLO PEDRO.................................................... 22
A ESCOLHA DO APÓSTOLO PEDRO COMO DISCÍPULO DE JESUS............. 22
O APÓSTOLO PEDRO DURANTE O MINISTÉRIO DE JESUS.......................... 23
O MINISTÉRIO DO APÓSTOLO PEDRO NA IGREJA PRIMITIVA .................. 25
O APÓSTOLO PEDRO E SEUS ESCRITOS .......................................................... 27
A MORTE DO APÓSTOLO PEDRO E O FINAL DE SEU MINISTÉRIO............ 27
Capítulo – II
A VIDA DO APÓSTOLO ANDRÉ............................................................................. 31
QUEM ERA O APÓSTOLO ANDRÉ ...................................................................... 31
A ESCOLHA DO APÓSTOLO ANDRÉ.................................................................. 32
RELATOS EXTRA-BÍBLICOS SOBRE ANDRÉ ................................................... 33
A MORTE DO APÓSTOLO ANDRÉ ...................................................................... 33
Capítulo – III
A VIDA DO APÓSTOLO TIAGO “MAIOR” .......................................................... 37
QUEM ERA O APÓSTOLO TIAGO MAIOR ......................................................... 37 O QUE TIAGO FAZIA ANTES DE CONHECER JESUS
...................................... 37
A PETIÇÃO DA MÃE DE TIAGO .......................................................................... 38
A IMATURIDADE DE TIAGO................................................................................ 38
TIAGO COMO UM EXEMPLO DE DISCÍPULO .................................................. 39
O TEMPERAMENTO DE TIAGO ........................................................................... 40
TIAGO E O MISTÉRIO DE JESUS ......................................................................... 41
A MORTE DO APÓSTOLO TIAGO ....................................................................... 42
Capítulo – IV
A VIDA DO APÓSTOLO JOÃO................................................................................ 45
QUEM ERA O APÓSTOLO JOÃO.......................................................................... 45
RELACIONAMENTO ENTRE JOÃO E JESUS ..................................................... 45
O CHAMADO DE JOÃO E SUA PARCERIA MINISTERIAL COM CRISTO .... 46
O CARÁTER E AS ATITUDES DE JOÃO ............................................................. 48
O MINISTÉRIO DE JOÃO ....................................................................................... 49
A MORTE DO APÓSTOLO JOÃO.......................................................................... 53
Capítulo – V
A VIDA DO APÓSTOLO FILIPE ............................................................................. 57
QUEM ERA O APÓSTOLO FILIPE ....................................................................... 57
OS FILHOS DE HERODES COM O NOME DE FILIPE ....................................... 57
A CONFUSÃO ENTRE FILIPE APÓSTOLO E FILIPE EVANGELISTA ............ 58
O APÓSTOLO FILIPE.............................................................................................. 59
FILIPE, O EVANGELISTA...................................................................................... 60
A MORTE DO APÓSTOLO FILIPE ........................................................................ 61
Capítulo – VI
A VIDA DO APÓSTOLO BARTOLOMEU ............................................................. 63
QUEM ERA O APÓSTOLO BARTOLOMEU ........................................................ 63
BARTOLOMEU É O MESMO NATANAEL? ........................................................ 63
A HISTÓRIA DE BARTOLOMEU.......................................................................... 64
O CHAMADO DE BARTOLOMEU........................................................................ 65
A MORTE DO APÓSTOLO BARTOLOMEU ........................................................ 66
Capítulo – VII
A VIDA DO APÓSTOLO TOMÉ............................................................................... 69
QUEM ERA O APÓSTOLO TOMÉ......................................................................... 69
O QUE A BÍBLIA FALA SOBRE A BIOGRAFIA DE TOMÉ?............................. 69
A PERSONALIDADE DE TOMÉ............................................................................ 70
TOMÉ VIU O CRISTO RESSURRETO .................................................................. 71
A MORTE DO APÓSTOLO TOMÉ......................................................................... 72
Capítulo – VIII
A VIDA DO APÓSTOLO MATEUS.......................................................................... 75
QUEM ERA O APÓSTOLO MATEUS ................................................................... 75
MATEUS O COBRADOR DE IMPOSTOS............................................................. 75
O CHAMADO DE MATEUS PARA SER APÓSTOLO ......................................... 76
O MINISTÉRIO DO APÓSTOLO MATEUS .......................................................... 76
A AUTORIA DO EVANGELHO SEGUNDO MATEUS........................................ 77
A MORTE DO APÓSTOLO MATEUS ................................................................... 77
Capítulo – IX
A VIDA DO APÓSTOLO TIAGO “MENOR”......................................................... 79
QUEM ERA O APÓSTOLO TIAGO MENOR ........................................................ 79
TIAGO E O CONCÍLIO DE JERUSALÉM ............................................................. 80
O MINISTÉRIO DE TIAGO NA IGREJA PRIMITIVA ......................................... 80
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS FEITOS DE TIAGO EM FAVOR DA IGREJA . 81
O ENSINO MARCANTE DE TIAGO...................................................................... 82
A MORTE DO APÓSTOLO TIAGO ....................................................................... 82
Capítulo – X
A VIDA DO APÓSTOLO JUDAS TADEU............................................................... 85
QUEM ERA O APÓSTOLO JUDAS TADEU ......................................................... 85
A HISTÓRIA DE JUDAS TADEU........................................................................... 86
JUDAS TADEU E LEBEU ....................................................................................... 86
A EPISTOLA DE JUDAS ......................................................................................... 87
A MORTE DO APÓSTOLO JUDAS TADEU ......................................................... 87
Capítulo – XI
A VIDA DO APÓSTOLO SIMÃO O ZELOTE........................................................ 91
QUEM ERA O APÓSTOLO SIMÃO O ZELOTE ................................................... 91
A HISTÓRIA DOS ZELOTES.................................................................................. 92
O QUE SABEMOS SOBRE SIMÃO ZELOTE........................................................ 92
O CHAMADO DE SIMÃO ZELOTE....................................................................... 92
O MINISTÉRIO DE SIMÃO ZELOTE .................................................................... 93
A FRAQUEZA DE SIMÃO ZELOTE ...................................................................... 93 O MARTÍRIO DE SIMÃO ZELOTE
....................................................................... 94
Capítulo – XII
A VIDA DO APÓSTOLO JUDAS ISCARIOTES .................................................... 97
QUEM ERA O APÓSTOLO JUDAS ISCARIOTES ............................................... 97
A HISTÓRIA DE JUDAS ISCARIOTES ................................................................. 97
JUDAS ISCARIOTES ERA UM DOS DOZE APÓSTOLOS.................................. 98
O CARÁTER DE JUDAS ISCARIOTES ................................................................. 99
JUDAS ISCARIOTES TRAIU JESUS ..................................................................... 99
A MORTE DE JUDAS ISCARIOTES........................................................................ 100
Capítulo – XIII
A VIDA DO APÓSTOLO MATIAS......................................................................... 103
QUEM ERA O APÓSTOLO MATIAS................................................................... 103
A ESCOLHA DE MATIAS COMO APÓSTOLO.................................................. 103
MATIAS O EVANGELIZADOR ........................................................................... 104
A POLÊMICA EM RELAÇÃO À ESCOLHA DE MATIAS ................................ 104
A MORTE DE APÓSTOLO MATIAS ................................................................... 106
Capítulo – XIV
A VIDA DO APÓSTOLO PAULO........................................................................... 109
QUEM ERA O APÓSTOLO PAULO..................................................................... 109
BIOGRAFIA DO APÓSTOLO PAULO................................................................. 109
PAULO DE TARSO, O PERSEGUIDOR .............................................................. 110
A CONVERSÃO DE PAULO DE TARSO ............................................................ 111
O INÍCIO DO MINISTÉRIO DO APÓSTOLO PAULO ....................................... 113 O SILÊNCIO EM TARSO E O TRABALHO EM
ANTIOQUIA.......................... 114
AS VIAGENS MISSIONÁRIAS DO APÓSTOLO PAULO ................................. 115
PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA .................................................................. 116
SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA .................................................................. 116
TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA.................................................................. 117
O DEBATE DO APÓSTOLO PAULO COM PEDRO........................................... 118
PRISÕES DO APÓSTOLO PAULO ...................................................................... 119
A MORTE DO APÓSTOLO PAULO EM ROMA................................................. 120
EPÍSTOLAS ESCRITAS PELO APÓSTOLO PAULO ......................................... 121
Capítulo – XV
DIDAQUÊ A INSTRUÇÃO DOS DOZE APÓSTOLOS ....................................... 123
PARTE 1 - O CAMINHO DA VIDA E O CAMINHO DA MORTE ......................... 124
CAPÍTULO I ........................................................................................................... 124
CAPÍTULO II .......................................................................................................... 125
CAPÍTULO III......................................................................................................... 125
CAPÍTULO IV ........................................................................................................ 126
CAPÍTULO V.......................................................................................................... 127
CAPÍTULO VI ........................................................................................................ 128
PARTE 2 - A CELEBRAÇÃO LITÚRGICA ............................................................. 128
CAPÍTULO VIII...................................................................................................... 129
CAPÍTULO IX ........................................................................................................ 129
CAPÍTULO X.......................................................................................................... 130
PARTE 3 - A VIDA EM COMUNIDADE ................................................................ 130
CAPÍTULO XI ........................................................................................................ 130
CAPÍTULO XII ....................................................................................................... 132 CAPÍTULO
XIII...................................................................................................... 132
CAPÍTULO XIV...................................................................................................... 133
CAPÍTULO XV ....................................................................................................... 133
PARTE 4 - O FIM DOS TEMPOS ........................................................................... 133
CAPÍTULO XVI...................................................................................................... 133
SOBRE A AUTORIA DA DIDAQUÊ ....................................................................... 134
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 137
Prefácio

A vida dos apóstolos de Jesus é um tanto quanto admirável, através da vida de muitos deles, podemos obter uma boa
conduta de um verdadeiro cristão. A vida de cada um deles em algum momento serve de inspiração para nós, tanto
para fazermos o que é bom e agradável à Deus, como para nos desviarmos do mal da soberba, orgulho e hipocrisia.
Temos muitos exemplos claros de seus ensinamentos, o mais interessante é que a propagação do evangelho por meio
dos apóstolos é tão intensa e ao mesmo tempo tão dolorida, que até parece um paradoxo imaginar que a luta, dores e
fracassos, são vitórias e marcar de quem é forte. Neste livro o objetivo é deixar claro que os apóstolos também eram
homens como nós somos, não há nada diferente entre nós, somente o tempo em que vivemos e a diferença entre o
que vemos hoje e o que eles viram antes. Tudo que nós podemos e devemos fazer, precisamos antes observar o
comportamento deles, não significa dizer que nós não podemos aprender diretamente com Jesus, e sim que o que
Jesus ensinou e ordenou nós encontramos de modo claro e simplificado na vida desses homens piedosos. Nesta obra
iremos aprender mais sobre a vida e atos de cada um deles sem exceção, e iremos também entender os momentos
difíceis no início da era cristã, como tudo começou e como foi lindo e grande o desenvolvimento do evangelho.
Quero desejar uma ótima e agradável leitura.

INTRODUÇÃO
QUEM FORAM OS 12 APÓSTOLOS DE JESUS?

Os 12 apóstolos de Jesus foram homens escolhidos por Ele no início de seu ministério para auxilia-lo em sua
trajetória ministerial. Esses homens foram alunos pessoalmente discipulados por Jesus. Por isso eles também são
chamados de “os doze discípulos”.

Os 12 apóstolos eram pessoas comuns, homens de profissões diferentes que tinham diversas falhas e fraquezas,
assim como nós. Porém eles foram capacitados de uma forma sobrenatural para realizarem a principal missão do
Reino de Deus, pregar o Evangelho.

O QUE SIGNIFICA APÓSTOLO? QUAL A DIFERENÇA ENTRE APÓSTOLO E DISCÍPULO?


Antes de falarmos sobre quem eram os 12 apóstolos de Jesus, é importante tirarmos uma dúvida que muitas pessoas
possuem. Elas ficam em dúvida sobre qual seria a diferença entre apóstolos e discípulos. Por que os 12 discípulos
depois passam a ser chamados de 12 apóstolos?

A palavra discípulo vem do ( grego) mathetése significa “aluno” “seguidor” ou “aprendiz”. Já a palavra apóstolo
tem um significado muito diferente, vem do (grego) apostolos que deriva do verbo apostellein, e significa “aquele
que é enviado” “mensageiro ou embaixador “remeter”. Logo, a palavraapóstolo significa “enviado”, “agente”,
“mensageiro” ou “alguém que é enviado”.

Nós podemos identificar na Bíblia que durante o ministério de Jesus, os 12 apóstolos eram chamados de discípulos.
Mas mesmo em algumas ocasiões do ministério terreno de Cristo, o termo apóstolo também foi utilizado para se
referir aos 12 discípulos. Isso acontece principalmente em ocasiões em que eles eram enviados em alguma missão.

Depois de sua ressurreição, Jesus enviou os seus discípulos ao mundo com a missão de pregar o Evangelho a toda
criatura e serem testemunhas dEle. Por isso a partir daí os discípulos passam a ser designados como apóstolos. O
principal é entender que a palavra apóstolo atribui uma ênfase naquele que envia o mensageiro, sendo que o enviado
passa ser um tipo de extensão da personalidade e influência do mestre.

LISTA DOS NOMES DOS 12 APÓSTOLOS DE JESUS?

A Bíblia responde a pergunta sobre quem foram os 12 apóstolos de Jesus em três passagens diferentes: (cf. Mt 10:2-
4), (cf. Mc 3:16-19) e (cf. Lc 6:13-16). Utilizando como base o texto do Evangelho de Mateus, temos os seguintes
nomes:

Simão, chamado Pedro (o apóstolo Pedro).


André (irmão de Pedro).
Tiago, filho de Zebedeu.
João, irmão de Tiago (o apóstolo João).
Filipe (não confundir com o Filipe o evangelista citado no livro de Atos).
Bartolomeu (também chamado de Natanael).
Tomé (também chamado de Dídimo).
Mateus, o publicano (também chamado de Levi).
Tiago, filho de Alfeu.
Judas, também chamado Lebeu (ou Judas Tadeu).
Simão, o zelote.
Judas Iscariotes (aquele que traiu Jesus).

Comparando os três textos presentes nos Evangelhos, podemos notar que existem pequenas diferenças nos nomes
listados. Por exemplo: Tadeu também é chamado de Judas, filho de Tiago ou Lebel. Outro exemplo é o nome de
Simão, o zelote, que também é chamado de Simão, o cananeu.

A Bíblia também descreve que Jesus tinha outros discípulos (Lc 10:1), porém os 12 apóstolos foram chamados de
uma forma especial para serem os companheiros mais próximos de Jesus durante seu ministério. Eles também foram
designados para liderar a missão de anunciar o Evangelho de Cristo, exercendo o apostolado na estruturação da
Igreja Cristã. Claro, nesse ponto a exceção foi Judas Iscariotes.

QUEM SUBSTITUIU JUDAS ISCARIOTES NO GRUPO DOS 12 APÓSTOLOS?

Também vale dizer que após Judas Iscariotes trair Jesus, mais tarde os apóstolos se reuniram, oraram a Deus e
escolheram Matias para fazer parte do grupo dos Doze. Essa reunião foi registrada por Lucas no primeiro capítulo
do livro de Atos dos Apóstolos.

Alguns intérpretes da Bíblia acreditam que o apóstolo Paulo, por escolha de Deus, tenha sido quem realmente
substituiu Judas Iscariotes. Nesse caso, Paulo então passaria a pertencer ao grupo dos 12 apóstolos de Jesus, e
invalidaria a escolha do apóstolo Matias.

A verdade sobre isso é que não existe qualquer referência Bíblica que sustente essa posição. O que existe na Bíblia é
a confirmação do apostolado de Paulo, mas não a invalidez do apostolado de Matias. Definitivamente Paulo não
tomou o lugar de Matias (cf. Rm 1:1), (cf. 1 Co 1:1), (cf. 1 Co 9:1), (cf. 1 Co 15:8-9).

A seguir iremos saber com detalhes sobre a vida de todos os apóstolos de Jesus, desde o primeiro até Paulo que foi o
último dos apóstolos de todos os tempos.

Capítulo – I

A VIDA DO APÓSTOLO PEDRO


QUEM ERA O APÓSTOLO PEDRO

O apóstolo Pedro foi um dos primeiros discípulos escolhidos por Jesus. Pedro também é chamado na Bíblia de
Cefas, Simeão e Simão. Neste estudo bíblico conheceremos mais sobre a história de Pedro, apóstolo do Senhor
Jesus.

O apóstolo Pedro era natural de Betsaida, na época uma aldeia de pescadores não muito distante de Cafarnaum e que
ficava na região costeira do mar da Galiléia (João 1:44). Pedro também tinha casa em Cafarnaum, na Galiléia
(Marcos 1:21). Alguns sugerem que sua residência realmente fosse em Cafarnaum, e Betsaida apenas sua aldeia de
origem.

O apóstolo Pedro era irmão do apóstolo André, um pescador de profissão assim como ele. É bem provável que seu
pai, Jonas, também fosse um pescador (João 1:42). O apóstolo Pedro era casado, tendo sido sua sogra curada por
Jesus (Marcos 1:30). Além disso, é possível que sua esposa frequentemente o acompanhasse em viagens ministeriais
na Igreja Primitiva (1 Coríntios 9:5).

Pedro possuía uma educação considerada limitada e falava o aramaico com forte sotaque da região da Galiléia
(Mateus 26:73; Marcos 14:70); idioma que também utilizava para ler e escrever. No entanto, Pedro também falava
um pouco de grego, muito provavelmente por conta de sua profissão

que exigia constante contato com gentios. O grego era muito utilizado na época, sobretudo nas cidades de Decápolis.
PEDRO, CEFAS, SIMÃO E SIMEÃO

Como já foi dito, o apóstolo Pedro é chamado por outros nomes na narrativa bíblica. Possivelmente seu nome
original era o hebraico Simeão, utilizado originalmente em alguns textos de Atos 15:14 e 2 Pedro 1:1; e talvez ele
tenha adotado ogrego “Simão” com pronuncia semelhante. Quando ele se encontrou com Jesus, o Senhor o chamou
de Cefas, do aramaico Kefa’, que significa “rocha” ou “pedra”, que em sua forma grega é Petros, ou seja, Pedro
(João 1:42). O significado desse título se refere ao fato de que Pedro se tornaria firme como uma rocha, ao invés de
uma pessoa com temperamento inconstante. Assim, a narrativa do Novo Testamento designa o apóstolo Pedro por
essa variedade de nomes. O apóstolo Paulo o chamava de Cefas (1 Coríntios 1:12; 15:5; Gálatas 2:9); o apóstolo
João geralmente o chamava de Simão Pedro; e Marcos o chamou de Simão até o capítulo 3 de seu livro e depois
passou a designá-lo como Pedro.

A PERSONALIDADE DO APÓSTOLO PEDRO

Considerando todas as referências sobre o apóstolo Pedro disponíveis não apenas nos quatro Evangelhos, mas em
todo Novo Testamento, os estudiosos entendem que ele foi um típico homem do campo, uma pessoa simples, direta
e também impulsiva. Parece que ele também possuía uma aptidão natural para exercer liderança, talvez por ser
caloroso, vigoroso e normalmente comunicativo. Em algumas ocasiões, sobretudo no episódio que envolveu a
traição de Jesus no Getsêmani, Pedro se mostrou emotivo, sanguíneo e autoconfiante.

A ESCOLHA DO APÓSTOLO PEDRO COMO DISCÍPULO DE JESUS

O Evangelho de João relata um primeiro contato entre Jesus e Pedro, por intermédio de seu irmão, o apóstolo André
(João 1:41). Esse contato ocorreu antes do início do ministério público do Senhor na Galiléia. Depois disto, Pedro e
André continuaram com a pescaria durante um período de tempo, até que receberam um convite consequente de
Jesus enquanto estavam pescando no mar da Galiléia (Marcos 1:16s).
Mais tarde Jesus escolheu doze homens entre aqueles que o seguiam para serem seus discípulos mais próximos.
Assim, o apóstolo Pedro foi um dos primeiros discípulos a ser chamado, e também era um dos três que sempre
estavam mais próximos do Senhor (Marcos 5:37; 9:2; 14:33). Nas listas que trazem a relação dos doze discípulos de
Jesus, o nome do apóstolo Pedro sempre aparece primeiro (Marcos 3:16-19; Lucas 6:14-16; Mateus 10:2-4; Atos
1:13,14).

O APÓSTOLO PEDRO DURANTE O MINISTÉRIO DE JESUS

O apóstolo Pedro teve uma participação muito ativa e significante durante o ministério de Jesus. Como já foi dito,
ele foi um dos primeiros discípulos a ser chamado, estava entre os três mais próximos de Jesus, e em muitas
ocasiões agiu como porta-voz dos Doze (Mateus 15:15; 18:21; Marcos 1:36s; 8:29; 9:5; 10:28; 11:21; 14:29; Lucas
12:41).

Pedro foi o discípulo que pediu para encontrar Jesus andando sobre as águas (Mateus 14:28). Foi ele também,
juntamente com Tiago e João, que estiveram com Jesus no episódio da transfiguração (Mateus 17:1-8).

O apóstolo Pedro também foi o discípulo que, precipitadamente, tentou repreender Jesus diante do anúncio de sua
morte iminente no Calvário (Mateus 16:22).

Quando Jesus perguntou aos seus discípulos quem eles achavam que Ele era, o apóstolo Pedro foi o primeiro a
responder confessando que Ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mateus 16:16). O próprio Jesus atribuiu a
resposta de Pedro como uma revelação de Deus que foi dada a ele.

Nessa mesma ocasião Jesus pronunciou a famosa frase “tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16:18). Essa frase é alvo de intensos debates, deste muito
tempo.

Pelo jogo de palavras que envolve o significado do nome “Pedro”, surgiram muitas interpretações. Duas delas são as
mais antigas e conhecidas: alguns sugerem que a “pedra” seria o próprio Pedro; enquanto outros defendem que a
“pedra” seria diretamente a verdade que foi declarada por Pedro, isto é, o Cristo, o Filho do Deus vivo.

O apóstolo Pedro ouviu diretamente de Jesus a ordem “apascenta minhas ovelhas” (João 21:17). Numa determinada
ocasião, Pedro questionou Jesus sobre a situação dele e dos demais que haviam deixado tudo o que tinham para
segui-lo, e ouviu do Senhor a promessa das bênçãos do reino de Deus (Marcos 10:28; Lucas 18:28).

O apóstolo Pedro também aparece de forma bastante ativa durante a narrativa dos últimos momentos do Senhor
Jesus antes da crucificação. Juntamente com o apóstolo João, Pedro recebeu a incumbência de organizar a última
ceia em Jerusalém (Lucas 12:8). Inicialmente ele também se recusou a deixar que Jesus lhe lavasse os pés, mas
quando foi advertido sobre a importância e a necessidade daquele ato do Senhor, ele pediu até mesmo um banho
(João 13).

O apóstolo Pedro também foi o discípulo que, conforme Jesus havia dito, o negou três vezes antes que o galo
cantasse duas vezes na ocasião que envolve a prisão e crucificação do Senhor. Na verdade, essa sua negação
contrasta diretamente com o comportamento valente e violento que ele demonstrou ao cortar a orelha de Malco,
servo do sumo sacerdote, durante a prisão do Senhor. Diante do olhar de Jesus, ao lembrar-se das palavras do
Mestre, Pedro se arrependeu profundamente (Mateus 26:34-75; Marcos 14:30-72; Lucas 22:34-62; João 18:27).

É possível que o apóstolo Pedro tenha testemunhado a crucificação, apesar dos Evangelhos não o mencionarem (cf.
1 Pedro 5:1). Cristo ressurreto apareceu pessoalmente ao apóstolo Pedro (Lucas 24:33,34; 1 Coríntios 15:5).

O MINISTÉRIO DO APÓSTOLO PEDRO NA IGREJA PRIMITIVA

O apóstolo Pedro foi o primeiro a pregar o Evangelho no dia de Pentecostes. Cerca de 3 mil pessoas se converteram
naquela ocasião (Atos 2:14). Até o capítulo 13 do livro de Atos dos Apóstolos, Pedro aparece com bastante
destaque. Durante os primeiros anos ele foi o líder da igreja em Jerusalém, mas vale lembrar que o apóstolo Tiago,
por sua vez, foi quem liderou o Concílio de Jerusalém onde importantes decisões foram tomadas concernentes à
participação dos gentios na Igreja (Atos 15:1-21).
Pedro foi quem fez a exposição da necessidade da escolha de outro homem para o lugar deixado por Judas e Matias
foi o escolhido (Atos 1). Durante o ministério do apóstolo Pedro ocorreram grandes milagres, sendo que até mesmo
os doentes eram colocados de uma forma com que, ao passar, sua sombra os cobrissem (Atos 3:1-10; 5:12-16).

Foi o apóstolo Pedro quem disse as conhecidas palavras: “Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou.
Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levantate e anda” (Atos 3:6). Dentre esses milagres também se destaca a
ressurreição de Dorcas (Atos 9:36-41). Saiba mais sobre os milagres no período apostólico da Igreja Primitiva.
O apóstolo Pedro também foi quem disciplinou os perversos e mentirosos Ananias e Safira (Atos 5:1-11). Por conta
do pecado que praticaram, ambos foram mortos de forma sobrenatural.

Na época da forte perseguição em Jerusalém após a morte de Estêvão, o apóstolo Pedro também estendeu sua
atuação ministerial a outros lugares, como em Samaria em decorrência da grande evangelização de Filipe ali, nas
cidades costeiras de Lidia, Jope e Sarona. É possível que nesse período Tiago então tenha assumido a liderança em
Jerusalém.

O apóstolo Pedro também foi o responsável por anunciar as boas novas à família de Cornélio em Cesaréia (Atos
10:1-45). Na Carta aos Gálatas, o apóstolo Paulo informa que Pedro também esteve em Antioquia (Gálatas 2:11). Na
verdade, é nesse relato que encontramos a referência sobre o conflito entre os apóstolos Paulo e Pedro, quando
Pedro agiu dissimuladamente se associando aos cristãos gentios e depois se afastando deles ao temer a pressão do
“grupo da circuncisão” que aceitava os gentios na Igreja desde que estes se submetessem ao cerimonial da Lei de
Moisés.

O comportamento do apóstolo Pedro acabou influenciando até mesmo Barnabé. Então Paulo o repreendeu
publicamente pelo comportamento, considerado por ele, como hipocrisia. No entanto, essa situação foi
completamente resolvida, e o próprio apóstolo Pedro mais tarde se referiu a Paulo como “nosso amado irmão” (2
Pedro 3:15).

Na Epístola aos Coríntios, também somos informados da divisão que havia em tal igreja. Um dos grupos divididos
ali alegava seguir o apóstolo Pedro, enquanto outros diziam ser de Paulo, Apolo e Cristo. Isso indica que
provavelmente em algum momento ele esteve pessoalmente visitando aquela igreja.

O APÓSTOLO PEDRO E SEUS ESCRITOS

Após 50 d.C. não temos tantas informações detalhadas sobre o apóstolo Pedro. Considerando suas duas epístolas e o
evangelho apócrifo escrito também por ele, chamado de O Evangelho de Pedro aonde ele fala da infância de Jesus e
da crucificação de Cristo. A cerca desse evangelho, resumidamente falando, o que se sabe é que nesse evangelho ele
teria ensinado “GNOSE1” mas isso é um fato incerto2.

Oque de fato sabemos é que ele permaneceu ativo na pregação da Palavra de Deus e no pastoreio do rebanho do
Senhor até a hora de sua morte (1 Pe 5:1-2).

A MORTE DO APÓSTOLO PEDRO E O FINAL DE SEU MINISTÉRIO

Após 50 d.C. não temos tantas informações detalhadas sobre o apóstolo Pedro. Considerando suas duas epístolas,
sabemos que ele permaneceu ativo na pregação da Palavra de Deus e no pastoreio do rebanho do Senhor até a hora
de sua morte (1 Pedro 5:1,2).

Existe um grande debate se o apóstolo Pedro chegou a fixar residência em Roma ou não. O que é certo é que a igreja
em Roma não foi fundada por ele; até porque seria muito improvável que Paulo escrevesse uma epístola àqueles
irmãos sem mencioná-lo.

Na verdade, não há qualquer base bíblica de que ele tenha sido o primeiro bispo de Roma; nem há indícios de que
ele tenha sido líder da igreja na cidade por um período de tempo considerável. A tradição que afirma tal coisa é
bastante questionável. Saiba mais sobre a igreja em Roma no panorama da Carta aos Romanos.
1 Gnose ou doutrina Gnósticas é segundo a Fiosofia-ocultismo: o conhecimento esotérico da verdade espiritual, combinando místicas, sincretismo
religioso e especulação filosófica, que diversas seitas dos primeiros séculos da era cristã, consideradas heréticas pela Igreja, acreditavam ser essencial à
salvação da alma
2 Pesquise mais sobre o sobre o assunto.

Apesar disto, é muito provável que ele tenha estado em Roma em algum momento próximo ao final de sua vida, e
que tenha escrito suas duas epístolas desta cidade. Em 1 Pedro 5:13 o apóstolo escreve dizendo estar na “Babilônia”.
Essa informação, têm sido compreendida pela maioria dos estudiosos como uma referência à cidade de Roma. A
presença de Marcos na ocasião também favorece essa interpretação. Existe uma tradição muito antiga e uniforme
dentro do cristianismo de que o apóstolo Pedro tenha sido martirizado em Roma por volta de 68 d.C., assim como
foi Paulo. Tertualiano (200 d.C.) defendeu tal informação, e Orígenes afirmou que Pedro foi crucificado de cabeça
para baixo, uma informação também presente em alguns livros apócrifos.

Capítulo – II

A VIDA DO APÓSTOLO ANDRÉ


QUEM ERA O APÓSTOLO ANDRÉ

O Apóstolo André foi um dos doze discípulos de Jesus. Seu nome é de origem grega, e significa “valente” ou “viril”.
Alguns intérpretes sugerem que o nome “André” possa ter sido um “nome cristão”, da mesma forma que o nome
“Pedro”.

André era irmão de Simão Pedro, e filho de João ou Jonas, isso porque não se sabe exatamente se ambos os nomes,
Jonas e João, se referem a duas formas gregas do mesmo nome hebraico ou a dois nomes distintos do pai de André e
Pedro. No Evangelho de Mateus (16:17), Jesus chamou Pedro, irmão de André, de Barjonas, que em aramaico
significa “filho de Jonas”, entretanto no Evangelho de João (1:42; 21:15,17) o nome do pai de André e Pedro
aparece como “João”. Oque provavelmente pode ter ocorrido é que no evangelho de João um dos princípios
teológicos mais notáveis é apresentar Jesus a todos como o Salvador do mundo, esse não é um princípio notável no
evangelho de Mateus, e sim Mateus apresenta Jesus como um Rei e como um cumpridor das Leis e profecias
veterotestamentária. Portanto podemos dizer que no sentido de mostrar a salvação para o mundo, João usa tudo que
pode, até mesmo uma expressão de Jesus em seu relato em uma língua comum na época, que era a língua Grega e
Latina, por esse motivo podemos

deduzir que o nome “João” usado para se referir ao Pai de Pedro e André, está apresentado assim para mostrar a
todos que o nosso Senhor fala para o mundo no sentido espiritual, lógico e “linguístico”. Ou seja, o nome é “Jonas”
do hebraico yonàh, do grego Ionás e em latim Ionas. e João que também tem origem Hebraica Yôḥānnān, no grego e
Ioánnis em Latim ambos dignificam“Joannes” que é o mesmo que Jonas. Isso aponta para a pessoa de Cristo como
sendo popular, falando de um modo que todos compreendem até mesmo em uma expressão como esta, que parece
ser insignificante.

A ESCOLHA DO APÓSTOLO ANDRÉ

O Apóstolo André era nativo de Betsaida, na Galiléia (Jo 1:44), mas posteriormente viveu em Cafarnaum, onde,
juntamente com seu irmão, trabalhava como pescador (Mt 4:18). André primeiramente foi discípulo de João Batista
(Jo 1:35-40), o qual lhe mostrou Jesus como o Cordeiro de Deus, e André, por sua vez, também trouxe Simão, seu
irmão, a Jesus (Jo 1:35-40). Mais tarde, talvez depois de aproximadamente um ano após esse episódio, Jesus chamou
André e seu irmão Simão para se tornarem seus discípulos de forma integral, ou seja, deixariam a profissão de
pescador e se tornariam pescadores de homens (Mc 1:16-18; Mt 4:18-20), compondo o grupo dos Doze Apóstolos
de Jesus (Mt 10:2; Mc 3:18; At 1:13). Tão logo após terem sido escolhidos pelo Mestre, eles já puderam presenciar
o ensino extraordinário de Jesus e Seu poder sobrenatural para curar (Lc 6:8,9; Mc 1:21-39).

Na passagem sobre a multiplicação de cinco pães e dois peixes, podemos vê-lo em ação, juntamente com Filipe, que
também era de sua terra natal (Jo 6:6-9). O Apóstolo André também aparece ao lado de Filipe em Jerusalém, na
última Páscoa, no episódio em que certos gregos queriam se encontrar com Jesus (Jo 12:20-22).

Geralmente o Apóstolo André é menciona entre os quatro primeiros discípulos, entretanto em algumas ocasiões ele
não é citado, sendo, na ressurreição da Filha de Jairo (Mc 5:37; Lc 8:51), na transfiguração de Jesus

CapítuloII– A VIDA DO APÓSTOLO ANDRÉ | 33


(Mt 9:2; Lc 9:28) e na oração de Jesus no Getsêmani (Mc 14:33). Alguns questionamentos são levantados acerca de
tais ausências. Há quem defenda que ele seria mais jovem do que seu irmão Pedro e os filhos de Zebedeu, sendo
então preterido nessas ocasiões. Outros argumentam que André possa ter sido designado por Jesus como o líder do
restante dos apóstolos. No Sermão Escatológico de Jesus, André, ao lado de Pedro, Tiago e João, pediu que Jesus
explicasse de maneira mais detalhada acerca da profecia do julgamento que viria sobre Jerusalém (Mc 13:3,4). As
últimas referências que temos sobre o Apóstolo André na Bíblia são encontradas no livro de Atos dos Apóstolos. Em
Atos 1:13, temos uma citação direta de seu nome em companhia dos outros apóstolos após a ascensão de Jesus. Já
em Atos 6:2, novamente entende-se que André é citado, porém de forma indireta, ou seja, apenas compondo o grupo
dos Doze.

RELATOS EXTRA-BÍBLICOS SOBRE ANDRÉ

Considerando as referências do livro de Atos dos Apóstolos (1:3; 6:2; 8:1), podemos concluir que o Apóstolo André
desempenhava um papel ativo na Igreja Primitiva. Porém, a Bíblia não nos fornece mais nenhum outro detalhe sobre
ele. Ainda assim, muitas coisas são ditas sobre o Apóstolo André em relatos extra-bíblicos. Algumas tradições
cristãs afirmam que o Apóstolo André pregou em Cíntia e Partia, regiões próximas ao Mar Negro. Devido a tais
tradições que recuam até Orígenes, o Apóstolo André, têm sido fortemente ligado à igreja russa. Também afirmam
que o Apóstolo André teria exercido seu ministério durante um tempo em algumas regiões da Ásia Menor.

A MORTE DO APÓSTOLO ANDRÉ

Ainda segundo as tradições, o Apóstolo André teria sofrido martírio em Acaia, após ter evangelizado a esposa do
Procônsul local, sendo crucificado em um tipo de cruz chamada “crux decussata”, que trata-se de uma cruz em
forma de “X”, popularmente conhecida por conta dessa tradição como “Cruz de Santo André”.

Capítulo – III

A VIDA DO APÓSTOLO TIAGO“MAIOR” FILHO DE ZEBEDEU


QUEM ERA O APÓSTOLO TIAGO MAIOR

O Novo Testamento nos apresenta Tiago como o filho de Zebedeu e Salomé, e irmão do apóstolo João Evangelista.
Tiago nasceu em Betsaida, Galiléia. Ele era o mais velho dos dois apóstolos filhos de Zebedeu. Era casado, tinha
quatro filhos e vivia próximo dos seus pais, nos arredores de Cafarnaum, em Betsaida. Tal como o seu pai e o irmão
o apóstolo João, era pescador no Mar da Galileia, onde trabalhava com André e Simão Pedro (Mateus, 4.21-22;
Lucas, 5.10).

O QUE TIAGO FAZIA ANTES DE CONHECER JESUS

Era um pescador e exercia a sua profissão em companhia de João, o seu irmão mais jovem, e associado a André e
Simão. Pedro, André, Tiago e João, foram os primeiros a abandonar tudo para seguirem Jesus como seus discípulos.
Depois que Jesus convocou a Simão Pedro e a seu irmão André, ele caminhou um pouco mais ao longo da praia da
Galiléia e convidou a "Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando as redes" (Mc
1.19). Tiago e seu irmão responderam imediatamente ao chamado de Cristo. Sendo que ele Tiago já estava com
trinta anos quando se tornou apóstolo

A PETIÇÃO DA MÃE DE TIAGO

No evangelho de Jesus, relatado por Mateus no capitulo 20 versículo 21, conta-se que sua mãe, Salomé, em seu
orgulho materno, pediu a Jesus que seus dois filhos, Tiago e João, fossem colocados um à direita e outro à esquerda,
no Reino de Deus. Então Jesus perguntou a João e Tiago, "Vós não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que eu
hei de beber?", os apóstolos responderam: "Podemos". "Pois bem, isso é verdade, concluiu Jesus, mas dar-vos o
primeiro lugar no Reino, isso depende do meu Pai, que está no céu". Este episódio causou alguma irritação entre os
demais apóstolos, pois era uma tentativa óbvia de destacar-se acima do grupo. E deve mesmo ficar claro que foi a
mãe de Tiago e João, por si própria, quem fez o pedido para serem concedidos, aos seus filhos, os lugares à mão
direita e à mão esquerda de Jesus. Quando eles declararam que estavam prontos para assumir tais responsabilidades,
deve ser reconhecido que estavam conscientes dos perigos inerentes à suposta revolta do Mestre contra o poder
romano e, também, que estavam dispostos a pagar o preço disso. Tiago e o seu irmão João desfrutavam da vantagem
de haver conhecido Jesus antes de alguns outros apóstolos.

A IMATURIDADE DE TIAGO

Em Lucas 9.51-56, nos é revelado um pouco da personalidade espantoza de Tiago, nessa narrativa encontramos um
fato muito interessante; quando estava completando-se os dias para a assunção, foi manifesto o firme propósito de ir
a Jerusalém, e devido a cautela foi mandado mensageiros diante de sua face para que os mesmos preparassem uma
estadia, no entanto os mensageiros entraram em uma aldeia de Samaritanos com o objetivo de prepara um lugar para
pousada exatamente junto deles, porém os Samaritanos recusaram receber Jesus por que o aspecto de Cristo na
concepção deles era exatamente de quem ia a Jerusalém, pois havia um grande conflito entre Judeus e Samaritanos,
portando não o receberam. Foi exatamente aqui que conhecemos a imaturidade de Tiago, pois ele queria que fogo
caísse do céu para consumir os que rejeitaram a Jesus, isso nos mostra que Tiago esboçava reações de quem não
tinha nenhum entendimento a respeito de lidar com pessoas de dura servis, para Tiago a supremacia de Cristo
deveria ser o respaldo para que todos o aceitassem independentemente de como Jesus era e pra onde ia, é claro e
nítido que Tiago era um homem que não compreendia a vontade de Deus e nem era guiado pelo Espirito Santo
quando era rejeitado o evangelho. Isso em uma concepção interpretativa a partir de uma análise teológica do caráter
de obreiro, servo de Cristo. Para nos provar que Tiago estava equivocado em sua decisão o relato continua dizendo
com as palavras de Jesus;

“Mas Jesus, voltando -se, os repreendeu-os e disse: Vós não sabeis de que espírito sois, por que o Filho do Homem
não veio para destruir as almas dos homens, mas para salva-las.”. (Lc 9.54).

TIAGO COMO UM EXEMPLO DE DISCÍPULO

Apesar de toda imaturidade inicial na vida de Tiago, assim como é na nossa vida no início da conversão, ele passou
a ser moldado aos padrões de Cristo de tal maneira que o coração de Tiago foi transformado pela graça de Deus po
intermédio do Espírito Santo. Tiago filho de Zebedeu tornou-se um grande homem e umas de suas qualidades era
exatamente o oposto daquilo que vemos anteriormente, ele virou um pensador e um planejador muito bem
equilibrado. Junto com André, ele era um dos mais ponderados do grupo dos apóstolos. Era um indivíduo vigoroso,
mas nunca tinha pressa para nada. Tiago foi um excelente contrapeso para Pedro. Segundo a Bíblia é um dos
discípulos mais íntimos de Jesus de Nazaré, já que em várias ocasiões onde Jesus só se fazia acompanhar por três
apóstolos, era ele escolhido, junto a Pedro e João. Tiago e João são chamados por Jesus como “Boanerges”, isto é,
Filhos do trovão. Isto se deu pelo fato que caracterizou a índole dele e de seu irmão João no texto de (Lc 9.51-56). A
característica que Jesus mais admirava em Tiago era a afeição compassiva que aprendeu com o Mestre. O interesse
compreensivo, manifestado por Jesus, para com o pequeno e o grande, o rico e o pobre, exercia uma grande atração
sobre ele.

O TEMPERAMENTO DE TIAGO

Esse competente apóstolo possuía um temperamento contraditório; ele parecia realmente possuir duas naturezas,
ambas de fato movidas por sentimentos fortes. Em especial, tornava-se veemente, quando a sua indignação chegava
inteiramente ao auge. Tinha uma disposição feroz, quando adequadamente provocado e, quando a tempestade
chegava ao fim, ele estava sempre habituado a justificar-se e a desculpar-se da sua raiva sob o pretexto de que era
uma manifestação de justa indignação. Excetuando-se por essas perturbações periódicas de ira, a personalidade de
Tiago era muito semelhante à de André. Ele não tinha a circunspecção de André, nem o discernimento dele, sobre a
natureza humana, mas era um orador público muito melhor. Depois de Pedro, e talvez de Mateus, Tiago era o
melhor orador público entre os doze. Se bem que mesmo não sendo melancólico, Tiago podia estar quieto e
taciturno em um dia e muito falante e contador de histórias no outro. Em geral, ele falava livremente com Jesus,
mas, entre os doze, durante muitos dias seguidos, ele permanecia silencioso. A sua grande fraqueza estava nesses
intervalos de um silêncio inexplicável. Tiago é citado entre os testemunhos da terceira aparição de Cristo após a sua
morte e ressurreição, nas margens do lago de Tiberíades. O traço notável da personalidade de Tiago era a sua
capacidade de ver todos os lados de uma questão. De todos os doze, era ele quem chegava o mais próximo de captar
a importância e o significado real do ensinamento de Jesus. Também ele havia sido lento a princípio, para
compreender o que o Mestre queria dizer, mas, logo que eles terminaram os aperfeiçoamentos, Tiago estava de
posse de um conceito superior da mensagem de Jesus. Era capaz de entender uma gama bastante ampla de naturezas
humanas; ele se dava bem com o versátil André, com o impetuoso Pedro e com o seu contido irmão João. Tiago foi
o primeiro mártir entre os apóstolos.
TIAGO E O MISTÉRIO DE JESUS

Era um dos três mais próximos do Senhor e participou tanto na Transfiguração no Monte Tabor (Mc 9.2-13) como a
sua beleza, na qual sobressaía o esplendor da divindade do Senhor como na angústia no horto do Getsêmani (Mc
14.32), por ocasião testemunhou a ressurreição da filha de Jairo (Mc 5.37), e estava no Monte das Oliveiras, pouco
antes da prisão de Jesus, segundo (Lc 22.39). Assim viu também que o Filho de Deus, para carregar o peso do
mundo, experimentou todo o nosso sofrimento. De acordo com Isidoro de Sevilha, em De vita et obitu Sanctorum,
após a ascensão de Jesus, teria evangelizado a Espanha, tornando-se seu primeiro evangelizador e depois seu
patrono. Conta-se também que após a morte de Jesus, permaneceu em Jerusalém com Pedro. As tradições afirmam
que ele foi o primeiro missionário cristão na Espanha. Foi o primeiro bispo de Jerusalém, cuja igreja dirigiu entre 42
e 62 d.C.

Embora Tiago e João tivessem os seus problemas tentando trabalhar juntos, era inspirador observar como os dois se
davam bem. Não tinham tanto êxito quanto André e Pedro, mas se saíam muito melhor do que era de se esperar, em
geral, de dois irmãos, especialmente de dois irmãos tão teimosos e determinados. E, por estranho que possa parecer,
esses dois filhos de Zebedeu eram muito mais tolerantes, um com o outro, do que com estranhos. Eles nutriam uma
grande afeição entre si; e sempre haviam sido bons companheiros na recreação. Contudo, a morte prematura de
Tiago modificou muito o temperamento veemente de João, o seu irmão mais novo. Pouco mais se sabe acerca de sua
vida. A sua última aparição no texto bíblico mais aceito é a de que foi o primeiro apóstolo a morrer. Sendo modesto
e pouco dramático, era um servidor do cotidiano, um trabalhador despretensioso; quando compreendeu algo do real
significado do Reino, ele não buscou nenhuma recompensa especial.

A MORTE DO APÓSTOLO TIAGO

Quando Jesus perguntou se eles estavam prontos para beber do cálice, eles responderam afirmativamente. E, quanto
a Tiago, isso acabou sendo a verdade ao pé da letra , ele bebeu do cálice com o Mestre, visto ter sido ele o primeiro
dos apóstolos a sofrer o martírio Foi preso juntamente com Pedro, e decapitado por ordem do rei Herodes Agripa
(At 12.2), cerca do ano 44, quando ele seria ainda bem moço, em Jerusalém. É, aliás, o único apóstolo cuja a morte
vem narrada na Bíblia, nos Atos dos Apóstolos (12. 1-2)

“Ele (Herodes) fez perecer pelo fio da espada Tiago, irmão de João)”. Tiago viveu a vida na sua plenitude e, quando
o fim chegou, comportou-se com tanta dignidade e fortaleza que até mesmo o seu acusador e denunciador, que
testemunhou o seu julgamento e execução, ficou tão tocado que se afastou às pressas da cena da morte de Tiago para
juntar-se aos discípulos de Jesus. Centenas de anos mais tarde, provavelmente em 813, o Bispo da região da Galícia,
Teodomiro, da cidade de Iria, foi informado da ocorrência de um milagre, nos campos da Via Ária (atual região
galega). Para revigorar esta tradição, no século IX o bispo afirmou ter reencontrado as relíquias do apóstolo e desde
aquela época, a cidade que depois mudaria o nome para Santiago de Compostela, tornou-se importante meta de
peregrinações, especialmente durante a Idade Média. Segundo os relatos, uma estrela fixa iluminava o local do
sepulcro. O Bispo mandou investigar e, após as escavações, foi descoberto o jazigo com o nome do Apóstolo Tiago.
Tiago transformouse num “símbolo vivo” da resistência cristã aos ataques muçulmanos no território espanhol. O
“Campus Stellae”, que inspirou Compostela, foi imediatamente resguardado pela Igreja Católica. A mando do Rei
Alfonso II, o “Casto”, foi construído um pequeno templo para a proteção da tumba apostólica.

Porém, em 997, o templo foi incendiado pelos muçulmanos. Desta vez, o Rei Afonso III ergueu um novo templo,
muito maior do que a capela de pedras construída no reinado de Afonso II. Santiago de Compostela, então,
consolidou-se como um dos três centros de peregrinação cristã na Europa, junto com Jerusalém e Roma. É meta de
numerosas peregrinações de todas as partes da Europa. Por todos esses séculos, a Catedral de Santiago de
Compostela passou por uma série de ampliações arquitetônicas. O primeiro registro oficial sobre os caminhos dos
peregrinos compostelanos são de 1131.

Capítulo – IV

A VIDA DO APÓSTOLO JOÃO


QUEM ERA O APÓSTOLO JOÃO

João, filho de Zebedeu e irmão de Tiago, foi um dos doze discípulos escolhidos por Jesus, que posteriormente foram
chamados de apóstolos (Mt 10.2-4). Embora de maneira discreta e muito bem aplicada em seu relado ele é
apresentado como "o discípulo a quem Jesus amava" (Jo 13.23; etc.); mencionado frequentemente nos evangelhos
junto com seu irmão, Tiago. Os dois, por sua vez, são mencionados junto com Pedro. Os três já se conheciam antes
de se tornarem discípulos de Jesus, pois eram companheiros de profissão (Lc 5.10). O pai deles possuía um barco,
no qual João e Tiago estavam quando foram chamados por Jesus para serem seus discípulos (Mt 4.18-22).
Provavelmente sua mãe era Salomé, a qual uniu-se a outras mulheres para levar ungüentos ao túmulo de Cristo,
depois da crucificação (compare Mc 16.1 e Mt 27.56). Jesus apelidou Tiago e João de "Boanerges", que significa
"filhos do trovão" (Mc 3.17). Não está bem claro por que os chamava assim, mas é provável que o nome reflita o
temperamento impulsivo que tinham ou o compromisso zeloso que possuíam para com Cristo.

RELACIONAMENTO ENTRE JOÃO E JESUS

O relacionamento profundo e pessoal entre Jesus e João é observado em várias passagens nos evangelhos. João fazia
parte do círculo mais íntimo dos discípulos que acompanhavam Cristo em numerosas ocasiões. A profundidade da
comunhão de Jesus com ele, entretanto, é vista mais claramente na cruz. Foi a João que Cristo dirigiu-se de maneira
mais destacada e disse: "Eis a tua mãe". Então a Bíblia diz: "Dessa hora em diante o discípulo a recebeu “Maria” em
sua casa" (Jo 19.27). Após Jesus ter dito isso imediatamente diz o texto que João obedecendo as palavras de Cristo a
recebeu em sua casa.

O CHAMADO DE JOÃO E SUA PARCERIA MINISTERIAL COM CRISTO

Podemos perceber o pronto atendimento ao chamado feito a João, quando Jesus o chamou para segui-lo como
discípulo e é destacado especialmente como integrante do pequeno grupo composto por ele próprio, Pedro e Tiago,
os quais foram separados por Cristo para estar presentes com Ele em numerosas situações muito significativas. A
formação do grupo já era vista em Marcos 1.29, quando Tiago e João foram com Jesus na visita à sogra de Pedro,
que estava enferma. Cristo a curou e imediatamente a mulher levantou-se e começou a servi-los (Mc 1.29-31). Em
outra ocasião, Jesus foi chamado à casa do líder da sinagoga, chamado Jairo, para curar sua filha. Antes de chegar lá,
os amigos de Jairo foram ao encontro do grupo para informar que a menina havia morrido. Cristo prosseguiu até a
casa, acompanhado apenas por Pedro, Tiago e João (Mc 5.37-43; Lc 8.51). O terceiro e mais importante evento
testemunhado por João, juntamente com Pedro e Tiago, foi a Transfiguração. Nesta extraordinária ocasião, Jesus e
os três discípulos subiram "a um alto monte", onde Cristo "foi transfigurado diante depulos subiram "a um alto
monte", onde Cristo "foi transfigurado diante de 36). Não se sabe com certeza qual a localização da montanha, mas
acreditase que seja o monte Hermom. Como você pode notar a muitas semelhanças na vida de Tiago e João, pois
eram irmão muito bem achegados ao Mestre. Jesus subira àquele local com eles, a fim de orar (Lc 9.28). Sem
dúvida, ao afastar-se tanto das cidades mais próximas, buscavam um pouco de sossego, a fim de não serem
importunados pelas multidões. Enquanto oravam, a face de Jesus mudou "e suas vestes ficaram brancas e
resplandecentes". Então apareceram Moisés e Elias, em glorioso esplendor e "falavam da sua morte “de Jesus”, a
qual havia de cumprir-se em Jerusalém" (vv. 29-31). Todos os escritores enfatizaram a intensa e resplandecente luz e
a glória daquela manifestação. Esta breve presença do poder de Deus em Jesus e o fato de que Moisés e Elias foram
vistos ao lado dele levaram Pedro a precipitar-se e dizer que talvez fosse bom construir um tipo de habitação onde
tal glória fosse preservada de alguma maneira. Rapidamente, porém, uma nuvem envolveu toda a cena. Tudo,
portanto, era uma evidência da presença gloriosa do próprio Deus (Êx 16.10; 24.16). Quando foram envolvidos,
João e os outros ouviram a voz do Senhor que disse: "Este é o meu amado Filho; a ele ouvi" (v. 35). Para entender
melhor o que aconteceu na Transfiguração, é importante notar que os três evangelhos relataram a confissão de Pedro
de que Jesus era "o Messias“O Cristo". Esta declaração, sem dúvida, também dirigida a João e aos demais
discípulos, significava mais um avanço no entendimento deles sobre quem era Cristo. Jesus, entretanto,
imediatamente aproveitou a oportunidade para o desapontamento de Pedro a fim de mostrar que sofreria e
finalmente morreria. O caminho deste Messias não seria o esperado pelos judeus, ou seja, ser glorificado pela nação
ou tornar-se o rei de Israel.

A Transfiguração, portanto, ensinou a João e aos outros dois discípulos uma importante lição: embora não parecesse
correto ter um Messias que caminhava para a morte, o Messias seria glorificado por meio daquele evento. Jesus
preparava seus discípulos para seu sofrimento e morte, e mostrava que seria apenas por um curto tempo que sua
verdadeira glória se esconderia do mundo. Eles testemunharam uma revelação da glória de Cristo e agora sabiam
que, embora tivesse de experimentar a morte, Ele era superior em glória e autoridade a Moisés, o legislador, e ao
profeta Elias. A voz do Senhor novamente assegurou a todos os que a ouviram, como acontecera no batismo de
Jesus, que ali estava de fato o verdadeiro filho de Deus, que seria ouvido, pois seguia um caminho determinado. Tal
revelação de Cristo em sua glória sem dúvida ajudou João em seus escritos posteriores, nos quais colocou muita
ênfase na "glória" de Jesus Cristo (Jo 1.14; 2.11; 11.40; cap. 17; etc.). A despeito de sua posição privilegiada
naquele círculo mais íntimo, havia muitas coisas que João não compreendia com relação à missão de Jesus.

O CARÁTER E AS ATITUDES DE JOÃO

Certa vez ele informou a Cristo que descobrira certa pessoa que usava Seu nome para expelir demônios e ele disse
que havia proibido "porque não seguiam o grupo apostólico" (Mc 9.38). Este incidente é relatado logo após a
discussão dos discípulos sobre quem seria o maior no reino de Deus! Jesus, é claro, respondeu que tal pessoa não
devia ser proibida, pois trabalhava em nome de Cristo e "quem não é contra nós, é por nós" (v. 40). Outros relatos
temos sobre João junto de Tiago seu irmão e por incrível que pareça ele na maioria das vezes era compulsivo, por
outro lado, havia também uma arrogância pecaminosa e uma surpreendente incapacidade de se alinhar com a visão
do sofrimento e da atitude de servo. Se analisarmos com propriedade em tudo que diz respeito ao caráter e atitudes
de João, iremos notar que ele era manso e humilde, porém vale notar que em outro dado momento ele parecia ser
bem incapaz de liderar ou exercer uma função na Igreja Primitiva, pois era um homem que não gostava de oposições
ao evangelho. Para ele tudo se resumia em crer em Cristo, isto é, ninguém podia recusar de seguir a Jesus. Mas com
o tempo ele amadureceu, e muito, inclusive aquele João que queria mandar fogo de céu, era o mesmo João que na
sua epistola escreveu: “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um
Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo. Então temos o conhecimento de que João tinha um caráter muito
incongruente em relação aos que rejeitavam o evangelho, porém mesmo que aparentemente ele jamais poderia
colaborar com o crescimento da Igreja, acabou se tornando um dos Apóstolos mais sábios e preparado.

O MINISTÉRIO DE JOÃO

A comunhão que havia entre João e Jesus é vista também em outras ocasiões. Marcos 13.3 registra a presença do
discípulo amado numa conversa com Cristo sobre os sinais do fim do mundo. Lucas 22.8 menciona que Pedro e
João receberam instruções para o preparo da Páscoa, no final do ministério de Cristo. Se a suposição de que João era
"o discípulo a quem Jesus amava" estiver correta, então foi Ele quem se reclinou sobre o ombro de Jesus durante a
última refeição e perguntou-lhe qual seria o traidor (Jo 13.23-24). Pouco tempo depois, Pedro, Tiago e João é que
foram separados para acompanhar Jesus ao Jardim Getsêmani, e foi a eles que Jesus revelou a profundidade de sua
angústia e o pavor que experimentou antes da prisão e crucificação (Mc 14.33). É interessante que, em Atos é João,
e não Tiago, quem assume uma figura proeminente, juntamente com Pedro. Deve-se observar que João ao passar do
tempo desenvolveu uma notável cooperação no Evangelho de Cristo, pelo que podemos perceber, João era um
homem que gostava de estar junto com amigos de ministério orando e suplicando em favor de Reino de Deus (At
1.13). Depois do dia de Pentecostes, foram os dois que mais se destacaram na operação dos milagres (At 3.1-11).
Ele se destacou bastante no ministério, assim, Pedro e João também se tornaram alvo do antagonismo das
autoridades judaicas e foram presos (At 4). Os líderes do Sinédrio ficaram especialmente impressionados com os
dois apóstolos: "informados de que eram homens sem letras e indoutos, se maravilharam, e tinham conhecimento de
que eles haviam estado com Jesus" (At 4.13). Esse testemunho constante de Cristo, mesmo diante das perseguições,
rapidamente tornou-se a marca do ministério apostólico e a força da fé que o apóstolo João demonstrou (At 4.19).
João e Pedro também foram enviados juntos para ver o que se passava entre os samaritanos que se converteram a
Cristo. Ambos impuseram as mãos sobre aqueles novos convertidos, de maneira que os que tinham fé em Jesus
receberam o Espírito Santo, exatamente como os judeus convertidos em Jerusalém experimentaram no dia de
Pentecostes (At 8.14,17,25). Os escritos de João há constantes debates sobre quais livros do Novo Testamento foram
escritos pelo apóstolo João. Tradicionalmente, contudo, o evangelho e as epístolas joaninas são atribuídas a ele. O
maior debate é quanto ao Apocalipse, pois alguns acham que foi escrito por outro João. Adotamos aqui a suposição
de que o apóstolo foi o responsável por esse livro. É importante destacar, embora bem rapidamente, alguns de seus
escritos. O evangelho de João é surpreendentemente diferente dos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). Analisemos
Por exemplo o seguinte, só este livro dá a entender que Jesus teve um ministério de aproximadamente três anos. Ele
registra longas discussões entre Cristo e os judeus da época, com detalhes que não são vistos nos sinóticos. João não
menciona as expulsões de demônios e, embora em seu evangelho observemos que Jesus usava os milagres como
parábolas, por meio das quais ensinava lições, não há menção das narrativas curtas e objetivas como as parábolas do
reino de Deus em Mateus 13. O prólogo, em João 1, não encontra paralelos nos sinóticos. Entretanto, este livro
menciona outros incidentes e oferece análises profundas e reflexões sobre o ensino de Cristo. Para muitos
especialistas, as diferenças entre João e os outros três evangelhos, a reflexão aparentemente mais profunda sobre
quem é Jesus e alguns dos temas particulares que o apóstolo desenvolve têm levado a crer que o seu evangelho foi
escrito bem mais tarde, depois de 90 d.C. Outros estudiosos, entretanto, discordam e sugerem uma data anterior.
Embora não possamos entrar nesta discussão aqui, existem boas razões para supor que foi o apóstolo quem escreveu
este evangelho, o qual demonstra evidências da mão de uma testemunha ocular e de alguém que conhecia muito bem
os costumes judaicos, bem como as práticas e a geografia da Palestina. Vários motivos são sugeridos sobre por que
razão João escreveu este evangelho, mas o cap. 20.31 proporciona uma indicação claríssima sobre o que o apóstolo
tinha em mente: "Estes (sinais), porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o filho de Deus, e para
que, crendo, tenhais vida em seu nome". O evangelho enfatiza os numerosos "sinais". Estes milagres foram
especialmente selecionados por João, por causa do que ensinavam sobre Jesus. Às vezes eram acompanhados por
um "discurso", no qual Cristo utilizava o milagre como base do ensino. Por exemplo, a cura do homem no tanque de
Betesda, no cap. 5, nos ensina de que Jesus fazia as mesmas obras que o Pai realizava (vv. 17,19-23). A mensagem
final foi sobre a necessidade de crer na palavra de Jesus e no Pai que o enviou para receber a vida eterna (vv. 24-30).
A alimentação de quase 5.000 pessoas, por meio da multiplicação miraculosa dos pães, no cap. 6, levou ao ensino de
que Jesus é "o pão da vida" (v. 35). Este tema é desenvolvido amplamente, a fim de mostrar às pessoas que elas
precisam ir a Jesus e responder a Ele pela fé. Os que fazem isto receberão a "vida eterna". As palavras de Cristo,
bem como seus ensinos, são "pão" e "espírito vivificante" (vv. 33,63). No cap. 9, a cura do homem cego levou à
discussão do problema da cegueira espiritual. Os fariseus objetaram veementemente contra o claro ensino de Jesus
de que eles seus objetaram veementemente contra o claro ensino de Jesus de que eles 41). Provavelmente João
tencionava dizer que a ressurreição foi o ponto culminante em sua lista de "sinais". Seu maior desejo era que as
pessoas tivessem fé em Jesus, o Messias, experimentassem o perdão dos pecados e tivessem a vida eterna. João
20.31 provavelmente traz a seguinte mensagem: "estes (sinais) foram escritos para que vocês possam crer que Jesus
é o Cristo" ou "estes (sinais) foram escritos para que vocês continuem crendo que Jesus é o Cristo"; ambas
demonstram que o interesse do apóstolo era que as pessoas saibam quem é Jesus, creiam nele e recebam a vida
eterna. O evangelho de João também contrasta a verdadeira fé com o que é chamado de sabedoria humana. Em
várias ocasiões as pessoas colocaram Jesus num nível material e literal, quando Ele falava em níveis mais profundos
e espirituais. Ao fazer este contraste, João demonstra a necessidade da mudança no coração e o desejo da operação
do Espírito Santo na regeneração, para que um indivíduo entenda e reconheça a verdade. Por exemplo, em João 3,
Jesus ensinou que Nicodemos precisava nascer de novo, a fim de dizer que o Espírito Santo precisava operar em sua
vida. Aquele mestre achava que a pessoa necessitava retornar ao ventre materno (vv. 3,4)! A mulher samaritana
ouviu quando Jesus lhe ofereceu a "água viva", a qual, quando experimentada por uma pessoa, esta jamais teria sede.
Ela imediatamente desejou tal água, para que não caminhasse mais até o poço. Cristo, no entanto, falava-lhe sobre a
água que levava à "vida eterna" (vv. 13-15). Mesmo quando Jesus expressou-se sobre o pão da vida em João 6,
como Nicodemos em João 3, os líderes judeus só conseguiam interpretar literalmente. Lembravam-se do milagre da
provisão de pão que aconteceu na época de Moisés, no deserto, mas Jesus falava sobre o pão na forma de palavras
que levavam à vida eterna (veja Dt 8.3). O evangelho de João também chama a atenção para a oração de Jesus, no
final de seu ministério terreno, registrada no cap. 17; nela, aprendemos sobre os que aceitariam as boas novas, nas
futuras gerações. A preocupação de Cristo, conforme orou, era que eles também conhecessem a glória dele e a sua
relação com o Pai.

Entendemos que o mesmo João o apóstolo a quem Jesus o amava, é autor humano tanto do evangelho como das 3
epístolas, cremos que as evidencias históricas indicam João como o autor também do livro de apocalipse, no entanto
que Irineu afirma que realmente foi João autor, pois este conheceu Policarpo que conheceu o apostolo João, Irineu
diz que os escritos apocalípticos foram escritos perto do fim do reinado de Domiciano imperador de Roma (81-89
d.C).

A MORTE DO APÓSTOLO JOÃO

Não é possível afirmar com certeza por quanto tempo o apóstolo João permaneceu em Jerusalém. Mas
provavelmente o apóstolo deixou a Palestina no início da Guerra Judaica, antes de (69 d.C). Nesse tempo ele se
mudou para a Ásia Menor. A tradição cristã desde muito cedo afirma que João viveu por muitos anos na cidade de
Éfeso. Foi em Éfeso que ele teria escrito suas obras literárias, com exceção do livro do Apocalipse, pois foi em
Patmos que ele recebeu as divinas revelações registradas no livro. Com a ascensão do imperador Marco Nerva em
Roma (96-98 d.C.), o apóstolo João foi liberado para retornar a Éfeso. Nessa época provavelmente ela já tinha cerca
de 90 anos de idade. A tradição afirma que o apóstolo João morreu durante o começo do governo de Trajano, isto é,
depois de (98 d.C), com idade bastante avançada. Algumas antigas críticas também já tentaram afirmar que o
apóstolo João não é o mesmo João influente em Éfeso. Isso indicaria que então ele não foi o autor dos livros do
Novo Testamento. Tais críticas alegam que o apóstolo João morreu à espada juntamente com seu irmão Tiago por
ordem de Herodes Agripa I, ainda nos primeiros anos da Igreja Primitiva, em aproximadamente (44 d.C) No entanto,
tais críticas não se sustentam quando contrapostas às abundantes evidências apresentadas pelas antigas tradições
cristãs registradas nos escritos patrísticos. Na verdade, a maioria dos estudiosos aceita que a residência e influência
do apóstolo João em Éfeso é uma das histórias mais claras e sólidas documentadas nos primeiros anos da Igreja.
Portanto, existem provas suficientes para se acreditar que o apóstolo João realmente morreu em Éfeso. Antes disso,
mesmo com a idade avançada, ele continuou exercendo ativamente seu ministério. Ele foi o bispo-chefe das igrejas
localizadas na região de Éfeso, e combateu as perigosas heresias (especialmente o gnosticismo) que ameaçavam a
pregação do Evangelho. Alguns escritos afirmam que o apóstolo João morreu com idade tão avançada, que em seus
últimos dias ele tinha de ser carregado para as reuniões cristãs. Curiosamente seu irmão Tiago foi o primeiro
apóstolo a sofrer martírio (Atos 12:2), enquanto que João foi o último dos apóstolos a deixar a terra e chegar ao céu.

João, segundo a tradição cristã, foi lançado vivo num tacho de óleo fervente, mas nada sofreu, Deus o livrou como
fez com os moços lançados na fornalha de fogo ardente. Porem diante do fato ocorrido é certo que ele morreu de
morte natural, (velhice).

Capítulo – V

A VIDA DO APÓSTOLO FILIPE


QUEM ERA O APÓSTOLO FILIPE *

Para abordarmos o assunto sobre quem foi Filipe na Bíblia, primeiramente é necessário saber que o Novo
Testamento menciona quatro personagens diferentes com esse nome. Dois deles estão relacionados à casa de
Herodes, o Grande, enquanto os outros dois estão diretamente ligados à Igreja Primitiva, sendo um o Apóstolo Filipe
e o outro Filipe, o Evangelista.

Nesse texto conheceremos a história de todos os quatro personagens bíblicos com esse nome. Antes, quanto à
etimologia, o nome Filipe significa “amante de cavalos”, vindo do grego philippos.

OS FILHOS DE HERODES COM O NOME DE FILIPE

Começando pelos descendentes de Herodes, o primeiro Filipe era filho de Herodes, o Grande, e Miriamne, filha de
Simão, o sumo sacerdote. Segundo Flávio Josefo, durante algum tempo esse Filipe foi contato como o próximo na
linha de sucessão de Antipater, mas acabou que ele não chegou realmente a reinar, e viveu como um cidadão comum
em Roma. Ele também é chamado de Herodes por alguns historiadores (como o próprio Josefo). Isso parece
plausível, pois muitos membros dessa família possuíam esse nome, o que acabava tornando quase que obrigatório
um nome adicional, no caso, Filipe. Ele foi casado com Herodias (Mc 6:17), que acabou abandonando-o para se
casar com Herodes Antipas, seu meio irmão. O outro Filipe, o tetrarca, também foi filho de Herodes, o Grande, com
sua quinta mulher, Cleópatra de Jerusalém. Ele governou a tetrarquia de Gaulanite, Traconite, Auranite Batanéia e
Ituréia (Lc 3:1). Foi nomeado por Augusto e governou durante 37 anos. Segundo Josefo, ele exerceu um governo
moderado e justo, ganhando o reconhecimento de seus súditos por sua benevolência, e também se distinguindo do
restante de seus parentes. Ele foi o primeiro governante judeu a imprimir as efígies de imperadores romanos em suas
moedas. Esse Filipe casou-se com Salomé, filha de Herodias, primeira mulher do outro Filipe já citado. Ele
reedificou Panias, em Cesaréia de Filipe, e deu o nome de “Julia” a Betsaida, em homenagem à filha de Augusto.

A CONFUSÃO ENTRE FILIPE APÓSTOLO E FILIPE EVANGELISTA

Na verdade, muitos cristãos não sabem que existe diferença entre o Filipe Apóstolo e o Filipe Evangelista, e acabam
confundindo os dois, juntando a história distinta de ambos em uma única história. Esse equívoco não vem de hoje, já
há relatos da época dos pais da Igreja onde se nota essa confusão. Eusébio e Clemente de Alexandria foram dois dos
que parecem ter confundido os Filipes.

Apesar disso, claramente podemos notar que Lucas, no livro de Atos dos Apóstolos, teve a preocupação em fazer a
correta distinção entre ambos. Um texto interessante sobre essa questão está no capítulo 8 do livro de Atos. Após a
morte de Estêvão, Lucas narra nesse capítulo que houve uma grande perseguição contra os cristãos de Jerusalém. No
versículo 1, ele descreve que “todos, exceto os Apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e de Samaria” (At
8:1). No versículo 4, somosinformados que “os que haviam sido dispersos pregavam a palavra por onde quer
quefossem” (At 8:4). Já no versículo seguinte, encontramos a informação de que Filipe estava indo para uma cidade
de Samaria (At 8:5). Perceba a evidente distinção que Lucas faz ao afirmar que, “exceto os Apóstolos”, todos foram
dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria. Nessa dispersão, estava o Filipe que aparece no versículo 5, que
obviamente não é o Filipe Apóstolo, já que os Apóstolos permaneceram em Jerusalém.

A seguir, apresentaremos as biografias do Apóstolo Filipe e do Evangelista Filipe, o que servirá de auxílio para
esclarecer ainda mais essa questão.
* O APÓSTOLO FILIPE

Filipe, o Apóstolo, foi um dos doze discípulos de Jesus. No dia seguinte ao chamado de André e Simão, o Apóstolo
Filipe foi chamado pelo Mestre. Filipe também foi usado como “instrumento” na chamada de Natanael para seguir
ao Senhor (Jo 1:43-46).

O Apóstolo Filipe era de Batsaida da Galiléia (Jo 1:44; 12:21), a mesma cidade natal de André e Simão. Acredita-se
que se tratava de uma vila de pescadores localizada na praia ocidental do lago. Ele é mencionado nos três primeiros
Evangelhos e no livro de Atos dos Apóstolos sempre ocupa a quinta posição nas listas onde registram a relação dos
Apóstolos (Mt 10:3; Mc 3:18; Lc 6:14; At 1:13).

Embora os relatos sobre Filipe sejam escassos no Novo Testamento, ele aparece de forma mais destacada no
Evangelho de João. Em João 6:5, Jesus perguntou a Filipe onde conseguiriam pão para alimentar a multidão que
havia se formado. A resposta direta dada por Filipe parece mostrar seu jeito prático e realista. Mais tarde, vemos
Filipe sendo abordado por alguns gregos que desejavam ver Jesus. Alguns comentaristas sugerem que tais gregos se
aproximaram de Filipe devido ao seu nome grego (Philippos). Ainda no Evangelho de João, Filipe pediu a Jesus que
mostrasse o Pai (Jo 14:8).

Depois dessas poucas referências, pouco se sabe sobre Filipe. O que acaba dificultando ainda mais os registros sobre
ele, é a frequente confusão sobre sua pessoa já citada anteriormente. É provável que, assim como Filipe, o
Evangelista, ele tenha tido filhas, no caso duas, o que acaba causando ainda mais confusão.

Algumas tradições cristãs sugerem que o Apóstolo Filipe evangelizou na Palestina e na Grécia, mas desenvolveu
grande parte de seu ministério pregando o Evangelho na Ásia Menor, em Hierápolis, cidade que atraía muitos
visitantes devido suas fontes termais, na região da Frígia, atual Turquia. Nessa cidade, Filipe teria sofrido um
terrível martírio (talvez crucificado e apedrejado) e sido sepultado. Essa possibilidade é apontada por alguns
estudiosos como uma possível explicação para o fato de o Apóstolo Paulo não ter escrito nenhuma carta à numerosa
igreja de Hierápolis, que era vizinha a outras duas igrejas (Colossos e Laodicéia) que receberam suas epístolas (Cl
4:16). Portanto, talvez a presença de um Apóstolo, no caso Filipe, como líder da igreja de Hierápolis tornou
desnecessário que qualquer carta fosse enviada por Paulo a essa igreja. Há também tradições que defendem que
Filipe teria evangelizado a Gália, região atual da França, porém não se sabe se de fato isso ocorreu ou se trata de um
erro de escrita entre Galácia e Gália, ou até mesmo se o Filipe citado seja realmente o Apóstolo ou o Evangelista.

FILIPE, O EVANGELISTA

Filipe, o Evangelista, foi um dos sete homens escolhidos como diáconos da igreja de Jerusalém (At 6:1-6). Devido à
perseguição contra a Igreja liderada por Saulo de Tarso após o martírio de Estêvão, Filipe estava entre os cristãos
que se dispersaram, fugindo de Jerusalém para regiões da Judéia e Samaria. Em Samaria, Filipe se destacou na
evangelização. Durante sua pregação do Evangelho, muitos milagres ocorreram e demônios foram expulsos (At 8:7).
Então, houve grande alegria naquela cidade, e muitas pessoas foram batizadas (At 8:12). As notícias do trabalho
evangelístico realizado por Filipe chegaram até os Apóstolos em Jerusalém, que acabaram enviando para lá Pedro e
João (At 8:14).

Mais tarde, Filipe, seguindo a ordem de um anjo do Senhor, partiu em direção ao sul, para a estrada que desce de
Jerusalém a Gaza. Ali, ele encontrou um eunuco etíope, a quem orientou acerca da fé em Jesus, anunciando o
Evangelho de Cristo explicando uma passagem do livro do Profeta Isaías. Após batizar o eunuco, o Espírito do
Senhor arrebatou repentinamente Filipe, de modo que o eunuco não o viu mais. Filipe então foi arrebatado pelo
Espírito até Azoto, onde anunciou o Evangelho em todas as cidades, até chegar a Cesaréia (At 8:26-40).

A MORTE DO APÓSTOLO FILIPE


Algumas tradições afirmam que Filipe dedicou seu ministério a pregação do Evangelho na Ásia Menor, onde acabou
sendo morto na região da Frígia. Os relatos sobre a morte de Filipe são muito confusos, especialmente pela evidente
confusão entre ele e o evangelista Filipe, diácono da Igreja de Jerusalém, que tinha o mesmo nome. Algumas
tradições dizem que ele morreu crucificado. Outras dizem que ele foi apedrejado, e outras que foi enforcado. Há
ainda aquelas que testificam que ele morreu de causas naturais. Não sabemos exatamente, porem a opinião mais
aceita é que ele morreu crucificado.

Capítulo – VI

A VIDA DO APÓSTOLO BARTOLOMEU


QUEM ERA O APÓSTOLO BARTOLOMEU

Bartolomeu foi um dos doze discípulos de Jesus. As únicas referências bíblicas sobre ele encontramos justamente
nas listas dos nomes dos discípulos (Mateus 10:3; Marcos 3:18; Lucas 6:14; Atos 1:13). Algo curioso é o fato de
Bartolomeu sempre ser mencionado nessas listas após Filipe.

Alguns estudiosos acreditam que havia um agrupamento quádruplo dos discípulos que trabalhavam em duplas. De
acordo com essa possibilidade, então Bartolomeu e Filipe eram companheiros no segundo grupo, liderado por Filipe

O nome Bartolomeu, Bartholomaios, translitera o aramaico que significa “filho de Tolmai”. Esse nome é encontrado
na Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento) e nas obras de Flávio Josefo em várias formas.

BARTOLOMEU É O MESMO NATANAEL?

Desde o século 9, muitos intérpretes têm identificado Bartolomeu como sendo o Natanael que aparece no Evangelho
de João. O nome Natanael significa “Deus deu” ou “dom de Deus”. Essa sugestão é levantada pelo fato de que os
Evangelhos Sinóticos mencionam Filipe e Bartolomeu onde o Evangelho de João menciona Filipe e Natanael. Além
disso, João nunca menciona Bartolomeu em sua narrativa.
Apesar de parecer fácil estabelecer essa relação, a evidência não é conclusiva. Outras tentativas de identificar
Natanael como um dos doze foram feitas. As sugestões sobre quem seria Natanael são: Mateus, Matias e João filho
de Zebedeu. Mas obviamente a melhor possibilidade é de que Natanael é o mesmo Bartolomeu dos Sinóticos. Se
isto estiver correto, então provavelmente seu nome principal era Natanael, e Bartolomeu era uma indicação de seu
relacionamento filial, isto é, ele era filho de Tolmai.

A HISTÓRIA DE BARTOLOMEU

Como já foi dito, pouco se sabe sobre quem foi Bartolomeu na Bíblia. A melhor forma de se ter alguma informação
sobre sua pessoa é considerando que Bartolomeu é mesmo o Natanael citado no Evangelho de João. Então nesse
caso vemos Bartolomeu aparecendo na narrativa bíblica num diálogo com Filipe, onde é informado que sua cidade
natal era Cana da Galileia (João 1:45,51).

Ao se encontrar com Bartolomeu, Filipe lhe disse com muito entusiasmo que havia encontrado o Messias de quem
Moisés e os profetas testificam. Quando Filipe acrescentou que se tratava de Jesus, o filho de José de Nazaré,
Bartolomeu fez a conhecida pergunta: “Pode sair alguma coisa boa de Nazaré?” (João 1:46). Essa pergunta indica
que até aquele momento Bartolomeu nunca havia percebido alguma profecia messiânica relacionada aquela cidade.
Alguns comentaristas enxergam nessa pergunta um tipo de preconceito para com a cidade de Nazaré.

Embora de fato houvesse esse preconceito, é bem pouco provável que Bartolomeu tivesse isto em mente. Em outras
palavras, talvez ele apenas estava dizendo: “Será que Moisés e os profetas realmente falaram de Nazaré

CapítuloVI– A VIDA DO APÓSTOLO BARTOLOMEU | 65

numa categoria messiâni ca?”. Filipe nem se propôs a discutir esse questionamento com Natanael. Sua resposta foi a
mais esclarecedora possível: “Venha e veja”.

O CHAMADO DE BARTOLOMEU
Bartolomeu acompanhou Filipe até o Senhor Jesus. Ao ver Natanael se aproximando, Jesus disse:“Vejam, aí está um
israelita em quem não há falsidade” (João 1:47). Com isto Jesus não estava indicando que Bartolomeu era perfeito,
mas que em seu caráter honesto, ele se diferenciava da maioria dos judeus.

Ao ouvir as palavras de Jesus, Bartolomeu sinceramente lhe perguntou: “Como me conheces?”. É possível que
naquele instante Natanael tivesse suspeitado que Filipe já havia falado sobre ele. Mas logo Jesus tratou de acabar
com qualquer suspeita: “Antes que Filipe o chamasse, quando você estava debaixo da figueira, eu o vi” (João 1:48).
Diante de tal declaração, Natanael reconheceu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel” (João 1:49).

Depois do testemunho de Natanael, Jesus lhe fez uma promessa de que coisas maiores ainda lhe seriam reveladas.
Jesus lhe prometeu que ele iria ver o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem
(João 1:51). Essa promessa de Jesus era uma referência clara à história de Jacó, no episódio em que ele viu uma
escada que ia da terra ao céu, com anjos do Senhor subindo e descendo por ela. Naquela ocasião Jacó recebeu a
promessa de que todas as famílias da terra seriam abençoadas em sua descendência (Gênesis 28:12).

Essas palavras se cumprem em Cristo. Ele é a ligação entre o céu e a terra, Aquele que reconcilia o homem com
Deus, a Escada entre Deus e o ser humano, o único Caminho para o Pai (João 14). É através de seu sacrifício que um
povo proveniente de todas as nações da terra é redimido de seus pecados. Ele é o nosso mediador, de acordo com a
primeira carta de Paulo a Timótio, Ele não é apenas um Rabi, mas o nosso Deus e único mediador, nEle devemos
confiar como fez Bartolomeu. Cristo é o nosso Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para
remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança
eterna (Hb 9:15).

A MORTE DO APÓSTOLO BARTOLOMEU

Depois do registro de sua convocação para ser apóstolo do Senhor Jesus, sabe-se que Bartolomeu foi um dos
discípulos a quem Jesus apareceu ressurreto junto ao mar da Galileia (João 21:2). Mais tarde ele também é
mencionado na companhia dos apóstolos na reunião da Igreja em Jerusalém (Atos 1:13).

Além dessas referências, nada mais é dito sobre a história de Bartolomeu no Novo Testamento. Existem certas
tradições na História da Igreja, desde Eusébio (325 d.C.), que especulam sobre sua vida no período da Igreja
Primitiva. No geral elas dizem que ele pregou o Evangelho na região da Ásia menor.

Essas tradições também falam sobre seu possível martírio, mas diferem na forma como isso ocorreu. Algumas dizem
que ele foi esfolado vivo e depois crucificado, enquanto outras dizem que ele foi açoitado até a morte. Entretanto,
existem muitos conflitos entre tais histórias, tornando essas tradições nada confiáveis. O testemunho do Novo
Testamento é tudo o que realmente se sabe de certo sobre quem foi Bartolomeu.

Capítulo – VII

A VIDA DO APÓSTOLO TOMÉ


QUEM ERA O APÓSTOLO TOMÉ

Tomé foi um dos doze apóstolos de Jesus. Em algumas passagens bíblicas ele é chamado de Dídimo, que significa
“gêmeo” (João 11:16; 20:24; 21:2). A história de Tomé na Bíblia está registrada nos quatro Evangelhos do Novo
Testamento, além de também ele ser mencionado no livro de Atos ao lado dos demais apóstolos.

O QUE A BÍBLIA FALA SOBRE A BIOGRAFIA DE TOMÉ?

Não se sabe muito sobre a biografia de Tomé com relação a sua vida pessoal, origem etc. Seu nome, Tomé, é de
origem aramaica e também significa “gêmeo”, assim como sua forma grega, Dídimo. Na verdade, é o apóstolo João
quem acrescentou a forma grega de seu nome, muito provavelmente por estar escrevendo para leitores gregos.

Devido ao significado de seu nome, parece evidente que ele tenha tido um irmão gêmeo, porém não existe qualquer
informação sobre esse irmão ou irmã do apóstolo. Também é no Evangelho de João que encontramos as melhores
informações sobre quem foi Tomé, visto que nos outros Evangelhos e no livro de Atos ele é meramente mencionado
na lista que traz os nomes dos apóstolos (Mateus 10:3; Marcos 3:18; Lucas 6:15; Atos 1:13). Muitos conhecem
Tomé da passagem que mostra ele como um incrédulo (Jo 20:26-29).

A PERSONALIDADE DE TOMÉ

Tomé aparece na Bíblia como sendo alguém de extremos, isto é, ele demonstrava ao mesmo tempo pessimismo e
uma enorme devoção ao Senhor. Isso fica bastante claro na narrativa sobre a ressurreição de Lázaro, o irmão de
Marta e Maria, amigo de Jesus.

Na ocasião, considerando a ameaçava real de apedrejamento caso Jesus fosse à Judéia, Tomé declarou:“Vamos
também nós para morrermos com ele” (João 11:16). Essa declaração expressa muito bem seu desânimo e
pessimismo, isto é, ele era alguém que espera primeiro a desgraça. No entanto, essa mesma declaração mostra sua
aptidão a morrer juntamente com o seu Senhor.

É verdade que alguns comentaristas defendem que essa frase não se refere à ideia de morrer com Jesus, mas aponta
para a situação de Lázaro, especialmente considerando o fato de que quando Jesus realmente foi preso e levado à
morte, os discípulos fugiram.

Todavia, essa interpretação não faz nenhum sentido à luz do versículo 8 do mesmo capítulo 11 de João, onde
encontramos explicitamente a informação de que os judeus procuravam apedrejar Jesus.

O fato de Tomé nesse episódio declarar que morreria com Jesus na Judéia, em nada contradiz seu sumiço no
momento da crucificação. Devemos nos lembrar de que o apóstolo Pedro também afirmou que nunca negaria Jesus,
mas no final o resultado foi outro. Isso não significa falta de sinceridade, apenas falta de coragem (cf. Mateus
26:35).

Mais tarde, Tomé também demonstrou dúvida acerca do ensino do Senhor Jesus de que os discípulos conheciam o
caminho para onde Ele estava indo, ao dizer:“Senhor, não sabemos para onde estás indo; como podemos conhecer
ocaminho?” (João 14:5).

É possível que Tomé, nesse questionamento, estivesse representado o pensamento dos outros discípulos. De
qualquer forma, essa frase revela certa fraqueza, mas que é imediatamente confrontada com a conhecida resposta do
Senhor Jesus:“Eu sou o caminho, e a verdade, e avida” (João 14:6). Isso mostra a importância do questionamento
de Tomé, podemos até sugerir uma opinião interrogativa a respeito desse questionamento, “se Tomé não perguntasse
como poderia saber o caminho, como saberíamos nós qual é o caminho? Mesmo que existem outros textos referindo
a Jesus como o caminho para o Pai “vida eterna”, esse versículo é o motor que dá a luz aos outros textos.

TOMÉ VIU O CRISTO RESSURRETO

Após sua ressurreição, Jesus apareceu aos seus discípulos, porém Tomé estava ausente. Mais tarde, quando os
demais apóstolos lhe contaram que o Jesus havia aparecido, é notável que Tomé revelou certa incredulidade (João
20:24,25).

Essa atitude parece se harmonizar com seu caráter um tanto quanto pessimista. Demonstrando nervosismo, Tomé
exigiu provas tangíveis para poder acreditar na ressurreição de seu Mestre. Ele queria ver com seus próprios olhos e
tocar com seus dedos as marcas dos cravos nas mãos de Jesus e seu lado que havia sido transpassado por uma lança.

Isso significa que Tomé estava disposto a acreditar na ressurreição, mas não antes de receber provas concretas. Ele
precisa se certificar de que Aquele a quem os discípulos estavam dizendo ter visto realmente era seu Mestre. Ele
queria provar o que os outros tinham provado, isto é, ver o Senhor Jesus pessoalmente, e ainda ir mais além, tocar
nas terríveis cicatrizes.

Oito dias depois, estando os discípulos reunidos, Jesus apareceu no meio deles, mesmo com as portas e janelas do
lugar onde estavam, trancadas. Então, Ele se dirigiu a Tomé e o convidou a tocar em suas feridas, exortandoo a não
ser incrédulo, mas crente (João 20:27). Nesse episódio, com relação a sua natureza divina, Jesus revelou o atributo
da onisciência.

O texto bíblico não esclarece se Tomé tocou ou não nas feridas de Jesus, ou se apenas esse terno convite,
respondendo nos mínimos detalhes a sua exigência, já tenha bastado. Muito provavelmente ele tocou, mas em todos
os casos, seja qual tenha sido sua reação, ela o conduziu prontamente a sua profunda declaração de fé:“Senhor meu,
e Deusmeu!” (João 20:28).

Essa declaração apontava diretamente para verdade de que Jesus é realmente Deus, uma das pessoas da Santíssima
Trindade (cf. João 1:1-3). Tomé também estava presente junto aos discípulos que pescavam num barco no mar da
Galiléia quando Jesus novamente apareceu a eles (João 21).

A MORTE DO APÓSTOLO TOMÉ

Além dos relatos bíblicos, pouca coisa se sabe sobre o restante da vida de Tomé. Existem muitas especulações a seu
respeito baseadas em lendas e antigas tradições cristãs. Uma dessas tradições conta que Tomé pregou o Evangelho
na Índia e Síria.

Também não é possível afirmar qualquer coisa realmente confiável sobre como se deu sua morte. Algumas tradições
atribuem a ele a autoria do apócrifo Evangelho de Tomé, mas na verdade seu conteúdo carregado de influências
gnósticas em nada lembra o verdadeiro apóstolo que andou com o Senhor Jesus.

Apesar de alguns críticos recuarem a data da composição desse livro até o primeiro século, provavelmente essa obra
foi escrita somente no século 2 d.C. na região da Síria, justamente onde existem fortes tradições sobre o apóstolo
Tomé. Isso significa que algum autor gnóstico se aproveitou do nome de Tomé como pseudônimo para sua obra,
possivelmente para facilitar a divulgação de suas ideias.

Finalmente, podemos dizer que tudo o que realmente era importante que soubéssemos sobre quem foi Tomé está
registrado na Bíblia, e certamente já é o suficiente para conhecermos um pouco mais sobre o popularmente
conhecido “incrédulo Tomé”, que nos Evangelhos aparece como alguém que tinha seus defeitos, mas que também
tinha uma profunda devoção ao Senhor Jesus.

Capítulo – VIII

A VIDA DO APÓSTOLO MATEUS

QUEM ERA O APÓSTOLO MATEUS Mateus foi um dos doze apóstolos de Jesus e também autor do Evange

lho de Mateus. O apóstolo Mateus aparece em todas as listas que relacionam os discípulos de Jesus, sendo elas:
Mateus 10:3, Marcos 5:18, Lucas 6:15 e Atos 1:13. Neste texto estudaremos sobre quem foi Mateus na Bíblia.

MATEUS O COBRADOR DE IMPOSTOS

Mateus é mencionado em Mateus 9:9 e Mateus 10:3 como tendo sido um coletor de impostos de Cafarnaum que foi
convidado para o círculo dos Doze por Jesus. Ele também é mencionado como um dos doze apóstolos, embora sem
a menção de sua profissão anterior, em Marcos 3:18, Lucas 6:15 e Atos 1:13. Ele é geralmente identificado como
sendo o Levi, filho de Alfeu, também coletor de impostos e que é citado em Marcos 2:14 e Lucas 5:27. Durante a
ocupação romana, que iniciou em 63 a.C. com a conquista de Pompeu, Mateus coletava impostos do povo hebreu
para Herodes Antipas, o tetrarca da Galileia. Essa classe de trabalhadores era desprezada pelos demais judeus que os
reputavam praticamente como traidores de seu próprio povo. Sua coletoria estava localizada em Cafarnaum. Porém,
como um coletor de impostos, ele deve ter sido alfabetizado em aramaico, no entanto ele acabou se familiarizando
com a popular língua grega.

76 | A VIDA DOS APÓSTOLOS DE JESUS UMA HISTÓRIA LITERÁRIA DOS PROPAGADORES DO EVANGELHO
O CHAMADO DE MATEUS PARA SER APÓSTOLO

O apóstolo Mateus provavelmente era uma das pessoas mais cultas entre o grupo dos discípulos de Jesus. Jesus
encontrou Mateus “sentado na coletoria”, ou seja, na alfândega, nas proximidades de Cafarnaum, e lhe ordenou que
O seguisse (Mt 9:9). Esse local em que o apóstolo Mateus estava eram postos fiscais geralmente estabelecidos em
estradas, pontes, canais ou nas margens dos lagos para coletar taxas e impostos. Foi neste cenário, perto de onde
hoje está Almagor, que Jesus convidou Mateus para ser um dos Doze Apóstolos. Após o chamado, Mateus convidou
Jesus para um banquete em sua casa. Ao ver isto, os escribas e os fariseus criticaram Jesus por cear com coletores de
impostos e pecadores. Aprovocação fez Jesus responder, “Não vim chamar os justos, mas os pecadores ao
arrependimento”vim chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento” 32).

O MINISTÉRIO DO APÓSTOLO MATEUS

O ministério de Mateus no Novo Testamento é bastante complexo de atestar. Quando ele é mencionado, é
geralmente junto com Tomé. Como discípulo, ele seguiu a Cristo e foi uma das testemunhas da Ressurreição e da
ascensão de Jesus. Depois, Mateus, Maria, Tiago e outros seguidores próximos a Jesus se recolheram ao cenáculo
em Jerusalém. Eles permaneceram nas redondezas de Jerusalém e proclamaram que Jesus, filho presuntivo do
carpinteiro José, era o Messias prometido nas profecias. Acredita-se que estes primeiros cristãos judeus eram
chamados de nazarenos. É quase certo que Mateus era um deles, uma vez que tanto o Novo Testamento quanto o
Talmud assim atestam.

Mateus pregou por quinze anos o Evangelho em hebraico para a comunidade judaica na Judeia. Mais tarde, ele
viajaria fora da Judéia para outras províncias romanas. (presumivelmente seguindo o ordenamento de Jesus em

CapítuloVIII– A VIDA DO APÓSTOLO MATEUS | 77


Mateus 28:16-20) e espalhou os ensinamentos de Jesus entre os etíopes, Macedônios, persas e partos.
A AUTORIA DO EVANGELHO SEGUNDO MATEUS

Apesar de alguns críticos defenderem que o apóstolo não pode ter sido o autor do Evangelho que leva seu nome, a
tradição cristã, desde a Igreja Primitiva, atribui ao apóstolo Mateus a autoria do primeiro Evangelho. Na verdade, o
que pode ser dito é que nenhum argumento contrário à autoria do apóstolo pode ser sustentado à luz de uma análise
profunda da questão. Além do mais o evangelho foi muito bem detalhado isso mostra que é realmente Mateus quem
escreveu, visto que ele era o único dos Apóstolos que tinha a habilidade de estenografar, ou seja ele era mesmo um
verdadeiro taquigrafo, isto é Mateus podia escrever de forma muito rápida, detalhada e com as mesas palavras do
ditador.

A MORTE DO APÓSTOLO MATEUS

Existem muitas versões sobre o possível martírio de Mateus, e até há uma tradição que afirma que ele morreu de
causas naturais. Em fim a bíblia não nos informa porem a versão mais conhecida e aceita é a de que Mateus foi
morto na Etiópia ferido à espada.

Capítulo – IX

A VIDA DO APÓSTOLO TIAGO “MENOR” FILHO DE ALFEU


QUEM ERA O APÓSTOLO TIAGO MENOR

Também era um dos apóstolos de Jesus (Mateus 10:3; Marcos 3:18), Provavelmente ele é a pessoa que o evangelista
Marcos chama de “Tiago, o Menor” (Marcos 15:40). Essa expressão pode tanto significar que ele era pequeno em
estatura ou o mais jovem em idade.

Talvez ele tenha sido irmão do apóstolo Mateus, visto que Mateus, também chamado de Levi, é mencionado como
filho de Alfeu (Marcos 2:14). Porém não há nada que realmente comprove essa suposição. Não temos nenhuma
certeza de que se trata do mesmo Alfeu.

Com frequência, foi identificado com outro Tiago, o filho de Zebedeu, um dos três apóstolos mais íntimos de Jesus.
A sua mãe era uma das mulheres que seguiam Jesus. Também ele era natural de Nazaré e, provavelmente, um
parente próximo de Jesus, é identificado nos Evangelhos como “irmão do Senhor”, termo esse usado pelos povos
semitas para designar um grau de parentesco próximo (Mc 6.3 e Mt 13.55).

Segundo a igreja Católica, foi o primeiro bispo de Jerusalém (anos 42 a 62 d.C). Tiago foi o nono apóstolo a ser
chamado. Ele estava com vinte e seis anos e era casado; Tiago possuía três filhos.

TIAGO E O CONCÍLIO DE JERUSALÉM


O livro de Atos ressalta o papel preeminente que Tiago desempenhou na igreja de Jerusalém. Tiago teve muita
influência na comunidade de Jerusalém no Concílio Apostólico ali celebrado (At 15.13-29), onde se discutiu o
problema da circuncisão e da lei mosaica a serem impostas ou não aos convertidos do paganismo. Tiago teve um
papel importante quando deu sua opinião, aceita por todos (At 15), afirmou juntamente com os outros que os gentios
podiam ser acolhidos na Igreja sem antes ter de se submeter à circuncisão. O apóstolo Paulo atribui-lhe a Tiago um
contato direto com uma aparição de Jesus ressuscitado (1Co 15. 7).

O MINISTÉRIO DE TIAGO NA IGREJA PRIMITIVA Durante a perseguição dos cristãos na Palestina. Pouco se fala
sobre

Tiago o menor na bíblia, mas existem fartas referências à sua ação e personalidade, contida nos Atos dos Apóstolos
e na Carta de Paulo aos Gálatas, que nos permite saber que Tiago era com Pedro a principal figura da Igreja. O
apóstolo Paulo chega a citar seu nome em primeiro lugar, dizendo:" Tiago, Pedro e João, considerados colunas da
Igreja" (Gl 2,9). Foi com ele que Paulo, depois de convertido, se foi encontrar em Jerusalém (Gl 1,18). Também é
mencionado quando sua suposta mãe aparece (Mc 15:40), onde lhe é dado o epíteto "o menor" ou "o mais jovem",
dependendo da versão, e em Mt 27:56. Flávio Josefo em sua obra Antiguidades Judaicas narra que um certo Tiago
tomou para si o encargo de dirigir a Igreja de Jerusalém após a partida de Pedro.
TIAGO E SUA EPÍSTOLA DE EXORTAÇÃO A VERDADE PRÁTICA

Foi Tiago que escreveu a epístola, que conhecemos como a maior cobrança do real evangelho de Cristo, uma
exortação a santidade e a perseverança, na epístola também encontramos ensinos que nos leva de um extremo ao
outro, visto que somo impulsionado a trabalhar pelo evangelho e dar exemplos de uma vida santa diante de Deus.

O mais interessante é que ele começa chamando a si próprio de "servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo". Tiago usa
o tom de autoridade de quem era bem conhecido na Igreja e acostumado a usar de sua autoridade, em favor da
verdade e prática de servo fiel. Sua imagem austera sobressai pela Epístola que dirigiu, como uma encíclica, a todas
as comunidades cristãs especialmente a Igreja Católica.

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS FEITOS DE TIAGO EM FAVOR DA IGREJA

Seus ensinamentos deram origem à sucessão apostólica Cristã-Judaica de Jerusalém, que contribuiu para a sucessão
Síria, Jacobita, Armênia e Georgiana. A sua Liturgia, que se assemelha àquela do Bispo Cyrilo de Jerusalém (386),
parece ser um desenvolvimento de 5 séculos através das tradições apostólicas de Jerusalém e é ainda usada por
certos ramos da ortodoxia.

Eusébio de Cesaréia, narra ter sido este apóstolo o líder da comunidade cristã daquele local por cerca de dezoito
anos e que sua conduta piedosa e atuante provocou a fúria dos sacerdotes judeus, em especial o sumo sacerdote
Anás II, que instigaram a trucidarem o apóstolo. Dizem as Escrituras que Tiago sempre teve atenção e carinho
especiais de Jesus Cristo.

Ele era o mais controvertido e estudado dos apóstolos. Tiago amava especialmente a Jesus por causa da simplicidade
do Mestre. Ele não conseguia compreender a mente de Jesus, mas captava o laço de compaixão entre ele e o coração
do seu Mestre. A sua mente não era de uma qualidade elevada; ele poderia, até mesmo com um certo respeito, ser
chamado de estúpido, mas tivera na sua natureza espiritual uma experiência real. Devemos a Tiago, os práticos,
sensíveis e prudentes ensinamentos que aprendemos com seus escritos.

O ENSINO MARCANTE DE TIAGO

Com esta advertência feita por Tiago, sempre muito atual: “Se alguém pensa ser religioso, mas não freia sua língua
e engana seu coração então é vã sua religião (Tg 1.26) fica bem claro seu cuidado com relação ao dever do cristão
de ser sincero e integro ao evangelho genuíno, aos olhos de Deus. Uma das chaves principais que Tiago nos ensinou
do evangelho e que por ele é considerada a religião pura e sem mácula; é esta:

Visitar os órfãos e as viúvas em suas aflições e conservar-se puro da corrupção deste mundo" (Tg 1.27).
A MORTE DO APÓSTOLO TIAGO

Sobre a morte de Tiago, que foi o primeiro apóstolo a dar a vida em nome de Jesus, possuímos informações de
antiga data. Uma tradição relatada por Eusébio de Cesareia nos conta que por não renegar e tampouco amaldiçoar o
nome de Jesus, foi atirado do Pináculo do Templo e que sobreviveu à queda. Os historiadores hebreus dizem que o
apóstolo teria sido consumado como martír depois que sobreviveu a queda, mas foi apedrejado e espancado no ano
61 ou 62, pelo sumo pontífice Anás II. O historiador judeu contemporâneo Flávio Josefo, relata que Tiago viveu
apenas o suficiente para perdoar os seus assassinos. Religiosos acham que a catástrofe que acabou mais tarde com
Jerusalém foi devido a ira do Senhor com o tratamento dado a este justo homem na primavera de 62. Tiago, sempre
foi considerado um homem de grande pureza, total dedicação e abnegação, vivendo desde o nascimento consagrado
a Deus. Sua vida foi santa e de muita austeridade. Converteu muitos judeus à fé cristã, antes de receber a coroa do
martírio.

Capítulo – X

A VIDA DO APÓSTOLO JUDAS TADEU


QUEM ERA O APÓSTOLO JUDAS TADEU

Judas Tadeu foi um dos doze apóstolos de Jesus. Embora esse apóstolo tenha ficado conhecido dentro da tradição
cristã como “Judas Tadeu”, seu nome nunca aparece dessa forma nos textos bíblicos.

Ele é mencionado nas quatro listas de nomes dos discípulos de Jesus encontradas no Novo Testamento. No
Evangelho de Mateus ele é mencionado como Tadeu, ou então como “Lebeu, apelidado Tadeu” em algumas
variantes do texto de Mateus 10:3.

O evangelista Marcos também o menciona simplesmente como Tadeu (Marcos 3:18). Já o evangelista Lucas o
menciona pelo nome de Judas (Lucas 6:16; Atos 1:13). O apóstolo João também o mencionou como Judas, mas fez
questão de diferenciálo de Judas Iscariotes, na expressão “Judas, não o Iscariotes” (João 14:22).

Como obviamente os nomes “Judas” e “Tadeu” se referem à mesma pessoa nas listas de nomes dos apóstolos, então
esse discípulo ficou conhecido entre os cristãos como Judas Tadeu. É verdade que alguns estudiosos tentam sugerir
que Judas e Tadeu sejam pessoas diferentes. Eles alegam, inclusive, uma suposta substituição no colégio apostólico
durante o ministério de Jesus. No entanto, não há qualquer argumento convincente a favor desta teoria.

A HISTÓRIA DE JUDAS TADEU

Pouco se sabe sobre quem foi Judas Tadeu. A única informação sobre sua vida é fornecida por Lucas ao dizer que
ele era filho de Tiago (Lucas 6:16). No original grego a expressão indica “Judas de Tiago”, e embora seu significado
mais provável seja denotar uma relação de pai e filho, isto é, “Judas, filho de Tiago”, alguns estudiosos sugerem que
talvez tal expressão indique uma relação entre irmãos, ficando “Judas, irmão de Tiago”. (Inclusive na Bíblia de
estudo Pentecostal publicada pela CPAD edição de 1995 RC), tem uma nota “ou irmão”. isso nos mostra a
aceitação mais provável a respeito do verdadeiro sentido da expressão “filho”.

JUDAS TADEU E LEBEU O nome “Judas” era bastante comum entre os judeus do primeiro sé

culo. Este nome é uma variante grega do nome hebraico Judá, que deriva de uma raiz que significa “render graças”.
Já o nome “Tadeu” provavelmente tem origem em um termo aramaico que sugere um sentido de “afeto materno”.
Com relação ao nome “Lebeu”, é provável que este seja derivado da palavra hebraica que significa “coração”. De
qualquer forma, ambos os nomes transmitem um sentido de “pessoa amável”.

Umas das principais explicações sobre o motivo de Judas ser chamado de Tadeu ou Lebeu, indica que se trata da
grande preocupação de os escritores bíblicos deixarem bastante clara aos seus leitores a distinção entre Judas Tadeu
e Judas Iscariotes, o discípulo que traiu Jesus.

Esta explicação parece se harmonizar com o modo com que também o apóstolo João faz questão de distingui-lo do
traidor (João 14:22). Ainda nessa mesma passagem, lemos sobre a pergunta que Judas, o Tadeu, fez ao Senhor
Jesus: “Senhor, por que razão que estás para manifestar-te a nós, e não ao mundo?” (João 14:22b).

CapítuloX– A VIDA DO APÓSTOLO JUDAS TADEU | 87


Naquele momento Judas não havia entendido que Jesus estava prometendo se manifestar em Espírito àquele que o
ama (João 14:21). Por isso ele fez tal pergunta pensando numa manifestação pública de Jesus com o objetivo de
mostrar seu poder ao mundo. Aqui vale lembrar que os discípulos demoraram em se desprender de seus objetivos
terrenos e nacionalistas (cf. Atos 1:6).

Além destas poucas passagens bíblicas sobre Judas Tadeu, nada mais se sabe acerca de sua história.
A EPISTOLA DE JUDAS

A Epístola ou Carta de Judas faz parte do Novo Testamento e é atribuída a Judas Tadeu, pois em (Lucas 6:16)
somos informados de que esse Judas é irmão de Tiago, e na epístola o Judas autor também se apresenta como o
irmão de Tiago, e em todo o Novo Testamento só temos um caso em que dois irmãos se chamam “Judas e Tiago”
que sendo assim, são os dois meio- irmão de Jesus. A epístola foi escrita em grego entre os anos 65 e 70, antes da
queda de Jerusalém. Foi escrita por Judas, irmão de Tiago, e não está dirigida a ninguém, nem a alguma Igreja em
particular.

Através dela, repreende os falsos mestres e convida todos a manterem a pureza da fé. A carta termina com uma bela
oração (Jd 1, 25) que diz: “Ao único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo, nosso Senhor, seja glória e majestade,
domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo sempre. Amém”.

A MORTE DO APÓSTOLO JUDAS TADEU

De acordo com a tradição, Judas Tadeu provavelmente teria sido martirizado a golpes de lanças, machados e
porretes no dia 28 de outubro de 70. Suas relíquias se encontram supostamente na Basílica de São Pedro, em Roma,
para onde teriam sido trasladadas e são veneradas até hoje.

Capítulo – XI

A VIDA DO APÓSTOLO SIMÃO O ZELOTE


QUEM ERA O APÓSTOLO SIMÃO O ZELOTE

Simão, dito Simão, o Zelote ou Simão, o Cananeu, foi um dos discípulos de Jesus Cristo que fazia parte do grupo
dos doze apóstolos. É referido como o Cananeu de acordo com o livro de Mateus e como o Zelote no livro de Lucas
e em Atos dos Apóstolos.

Para também distingui-lo de Pedro, que também se chamava Simão, os evangelistas Mateus e Marcos lhe deram o
sobrenome de Zelote (Lc 6:15) ou Cananeu. A palavra grega Cananeu e a palavra Zelote, derivada do aramaico,
significam a mesma coisa: "zeloso".

Supõe-se por esse apelido que Simão pertencia à seita judaica conhecida como Zelotes. Os Zelotes formavam um
grupo de pessoas que queria conseguir a independência política dos judeus. Os Zelotes eram os patriotas de Israel,
lutadores pela pátria, que desejavam a imediata libertação política e religiosa de Israel. Alguns estudiosos acreditam
que Cananeu deriva de Caná, a terra de Israel. Ser Zelote era ser membro de um grupo religioso extremamente
zeloso por duas instituições consideradas sagradas para os judeus: o templo e a Lei. O nome Zelote vem de um
termo hebraico “kanai” que significa ser zeloso por, ou ser ciumento por Deus. Esse grupo surgiu por volta do ano 6
d.C. e foi liderado por Judas, o Galileu. Eles pretendiam, inicialmente, defender os bens dos judeus que estavam
sendo confiscados injustamente por soldados romanos.
Em seguida, acharam que haviam sido escolhidos por Deus para a importante missão de exterminar os ímpios.

A HISTÓRIA DOS ZELOTES

Na verdade, sempre existiram em Israel pessoas extremamente zelosas pelas coisas de Deus. Quando digo
extremamente zelosas estou falando de pessoas que são capazes de matar, de forma impiedosa, para defender os
princípios nos quais crêem, como os xiitas e outros grupos radicais do islamismo atual. A nação de Israel ficou sob o
domínio do governo romano durante o tempo de Cristo e havia grupos de judeus que se juntavam, expondose a
perda de vida e de fortunas, para se libertarem da opressão romana.

O QUE SABEMOS SOBRE SIMÃO ZELOTE


Era um homem capaz, de bons ancestrais; e vivia com a sua família em Cafarnaum. Tinha vinte e oito anos quando
se uniu aos apóstolos. Era um agitador feérico e também um homem que falava muito sem pensar. Tinha sido
mercador em Cafarnaum, antes de voltar toda a sua atenção para a organização patriótica dos zelotes. Simão era
natural de Caná da Galileia, conhecido pessoalmente do Senhor e de sua mãe, porque o povoado de Caná não estava
muito distante de Nazaré.

O CHAMADO DE SIMÃO ZELOTE

Diz à tradição que Jesus o chamou ao mesmo tempo em que chamou André e Pedro, Tiago e João, Judas Iscariotes e
Tadeu (Mt 4.18-22). "Ele escolheu também André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Tadeu,
Simão, o Zelote;"(Marcos 3,18). A tradição também diz que nas bodas em Caná, Simão havia presenciado junto com
outros convidados o primeiro milagre de Jesus ao transformar água em vinho (Jo 2:1-11). Impressionado por este
milagre, Simão passou a crer no Senhor Jesus Cristo como o verdadeiro Deus. A partir daí seguiu-o com fervor,
sujeitando a abandonar sua antiga causa que achava boa por outra causa muito maior.

O MINISTÉRIO DE SIMÃO ZELOTE

No dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos, Simão recebeu o dom da palavra que lhe
capacitou a pregar o Evangelho a todas as nações. Recebendo o Espírito Santo junto aos demais, Simão saiu a pregar
em diversos lugares, como os outros apóstolos, também percorrendo os caminhos da Palestina pregando o
Evangelho, seguindo a tradição sinóptica de que Jesus enviava seus discípulos aos pares foi com Felipe passando
pelo Egito, Mauritânia, Líbia, Numidia, Cirenia e Abjásia. Neste último, uma região localizada na costa nordeste do
Mar Negro, ele iluminou com a fé em Cristo numerosos pagãos. Também esteve na Bretanha, onde converteu à luz
do Evangelho muitos descrentes. Doroteo, Bispo Gaza (300 converteu à luz do Evangelho muitos descrentes.
Doroteo, Bispo Gaza (300 829), também confirmam a presença do Apóstolo em Bretanha. Algumas tradições o
colocam como grande auxiliador no estabelecimento do cristianismo no Egito, juntamente com Marcos e Filipe e na
Síria. Sua pregação era bem parecida com a dos outros quatro Apóstolos que foram para o Oriente, tida por alguns
como ascética e judaica, tal como aquelas preservadas na Epístola canônica de Judas. Foi para a Alexandria e, após
trabalhar Nilo acima, ele penetrou no coração da África, chegando à Ásia Menor, pregando em todos os lugares o
evangelho de Jesus e batizando os crentes.

A FRAQUEZA DE SIMÃO ZELOTE

A grande fraqueza de Simão estava no lado materialista da sua mente. De judeu nacionalista que era, ele não poderia
tão rapidamente transformarse em um internacionalista de mente espiritualizada. Quatro anos foi um tempo curto
demais para que se fizesse tal transformação intelectual e emocional, mas Jesus sempre se manteve paciente com
ele. O Mestre mantinha muitas conversas com Simão, mas nunca teve êxito pleno em fazer um internacionalista,
desse ardente judeu nacionalista. Jesus frequentemente dizia a Simão que era oportuno querer ver melhoradas as
ordens social, econômica e política; todavia sempre acrescentava: “Esse assunto nada tem a ver com o Reino do céu.
Devemos dedicar-nos a fazer a vontade do Pai. A nossa obra é sermos embaixadores de um governo espiritual do
alto; e não devemos ocupar-nos de imediato com nada que não seja representarmos a vontade e o caráter do Pai
divino, que está à frente do governo de cujas credenciais somos portadores”. Era difícil para Simão compreender,
mas gradativamente ele começou a captar algo do sentido dos ensinamentos do Mestre Depois da dispersão das
perseguições de Jerusalém, Simão pôs-se temporariamente de retiro. Ele ficara de fato prostrado. Como um
nacionalista patriota, ele se havia capitulado em deferência aos ensinamentos de Jesus; e agora estava perdido.
Estava em desespero, mas em poucos anos reanimou as próprias esperanças e saiu para proclamar o evangelho do
Reino.

O MARTÍRIO DE SIMÃO ZELOTE

Assim trabalhou até que a velhice e a fraqueza chegassem segundo uma notícia de Egésipo, o apóstolo teria sofrido
o martírio junto com Judas Tadeu durante o império de Trajano, contando já com a avançada idade de 120 anos.
Sendo seu martírio na cruz ou, segundo outras tradições menos seguras, pela fogueira, na Armênia. Mas a tradição
católica diz que Simão foi martirizado sendo cortado ao meio vivo por um serrote. Depois de morto atestam que o
zelote Simão foi sepultado na cidade de Nicósia, perto de Zhiguencia. Os lugarejos indicam que este local está a uns
13 km de Sujumi, não muito distante da costa do Mar Negro.
. A bravura forjada pelos perigos da vida zelote e o espírito restaurado pela fé em Cristo produziram em Simão um
ardoroso missionário que vislumbrou o mundo de seu tempo como uma imensa oportunidade de combater o bom
combate da fé (l Tm 6.12).

Capítulo – XII

A VIDA DO APÓSTOLO JUDAS ISCARIOTES


QUEM ERA O APÓSTOLO JUDAS ISCARIOTES

Judas Iscariotes foi o discípulo que traiu Jesus. Ele pertenceu ao grupo dos doze discípulos que Jesus chamou para
acompanhá-lo, e seu nome sempre aparece em último lugar nas listas que trazem os nomes dos apóstolos.

Ele também é frequentemente mencionado na narrativa bíblica dos Evangelhos, às vezes apenas como “Judas”, mas
geralmente seu nome é acompanhado com alguma descrição que o distingue dos demais. Por exemplo: ele é
chamado de “Judas, que o traiu”, “Judas Iscariotes, filho de Simão”, Judas filho de Simão Iscariotes, ou apenas “o
traidor” (Mateus 26:14,25,47; 27:3; Marcos 14:10,43; Lucas 22:3,47,48; João 6:71; 12:4; 13:2,26-29; 18:2-5).

A HISTÓRIA DE JUDAS ISCARIOTES

Judas Iscariotes era filho de um homem chamado Simão (João 6:71; 13:2,26). Seu local de origem passa pela
discussão acerca do significado da palavra “Iscariotes”. Provavelmente essa palavra seja derivada do termo hebraico
‘ish Queriyot, que significa “homem de Quiriote”, visto que em certos manuscritos do Evangelho de João aparecem
as palavras apo Karyotou.

Se o significado de Iscariotes for realmente este, o que é muito possível, então encontramos a informação sobre o
local de origem de Judas. O Antigo Testamento menciona dois locais com o nome de Quiriote. O primeiro era
localizado em Moabe (Jeremias 48:24,41; Amós 2:2). Já o segundo, QurioteHezrom, ficava localizado
aproximadamente ao sul de Hebrom (Josué 15:25).

Há também quem defenda que Iscariotes não seja uma indicação de seu lugar de origem, mas um tipo de designação
infame para identificá-lo. Para isso, alguns estudiosos sugerem que essa palavra tenha origem num termo que
significa “um assassino”, e, portanto, a interpretam no sentido de “o homem da adaga”. Contudo, essa última
interpretação é bem pouco provável. Normalmente é aceito que a designação “Judas Iscariotes” signifique
simplesmente “Judas, o homem de Quiriote”.

JUDAS ISCARIOTES ERA UM DOS DOZE APÓSTOLOS

Judas Iscariotes servia como tesoureiro no grupo apostólico (João 13:29). Mas no exercício dessa atividade, ele é
chamado de “ladrão” no Evangelho de João. O texto bíblico diz que Judas Iscariotes furtava a arrecadação que
ficava guardada na bolsa que ele era o responsável por guardar (João 12:6).

Durante o ato de profunda adoração de Maria de Betânia, a irmã de Lázaro, a qual ungiu o Senhor Jesus quebrando
um vaso de alabastro que continha um precioso unguento, Judas fez duras críticas a tal atitude. (Mateus 26:6-13;
Marcos 14:3-9; João 12:1-8).

Apesar de Judas Iscariotes inicialmente argumentar que aquele unguento poderia ser vendido e o valor arrecado ser
distribuído aos pobres, na verdade ele não estava preocupado com isto. Na verdade, além de ele não reconhecer a
significativa ação daquela mulher que, inclusive, foi elogiada por Jesus, Judas Iscariotes ficou frustrado por não ter
conseguido enriquecer seu próprio bolso com a venda do nardo puro (João 12:5,6).

Curiosamente os evangelistas posicionaram, logo após esse episódio em Betânia, a narrativa sobre quando Judas
Iscariotes se dirigiu aos principais sacerdotes para acertar um acordo com relação à traição de Jesus (Mateus 26:14-
16; Lucas 22:3-6; cf. Marcos 14:10).

O CARÁTER DE JUDAS ISCARIOTES

Considerando todas as referências bíblicas em que Judas Iscariotes é mencionado, podemos perceber que ele reunia
em si a hipocrisia, o egoísmo, a soberba, a avareza, a inveja e a cobiça. Seu caráter duvidoso pode ser muito bem
resumido na designação clara e objetiva dada a ele pelo apóstolo João: “Ora, ele disse isto, não pelo cuidado que
tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava” (João 12:6).

João o identificou, em poucas palavras, como sendo uma pessoa mentirosa, enganadora, gananciosa e capaz de
roubar. Além disso, Judas Iscariotes era uma pessoa dissimulada. Diante do anúncio de Jesus de que havia entre eles
um traidor, Judas Iscariotes foi tão frio a ponto de dizer: “ Porventurasou eu, Rabi?” (Mateus 26:25).

A história de Judas Iscariotes é um retrato vívido de como o homem, em sua própria natureza, é completamente
depravado e perverso, apto a ser instrumento nas mãos do diabo (João 6:70,71). É impossível separar a pergunta
sobre quem foi Judas Iscariotes das conhecidas palavras de Jesus sobre ele: “Mas ai daquele por intermédio de quem
o Filho do Homem está sendo traído” (Mateus 26:24).

JUDAS ISCARIOTES TRAIU JESUS

O apóstolo Mateus, escritor do Primeiro Evangelho, foi quem mais forneceu detalhes acerca do acordo entre Judas
Iscariotes e os principais sacerdotes a fim de trair Jesus (Mateus 26:14-16).

Judas Iscariotes recebeu como pagamento para trair seu Mestre a soma de trinta moedas de prata. É interessante
saber que esse valor recebido por Judas com as trinta moedas de prata talvez tenha sido dez vezes menor do que o
valor de avaliação que ele próprio fez do unguento que Maria de Betânia utilizou para ungir Jesus.

A narrativa bíblica também nos informa que Judas Iscariotes esperou o momento mais oportuno para poder trair o
Senhor (Lucas 22:6). Isto acabou acontecendo na noite em que Jesus celebrou a Páscoa com seus discípulos no
cenáculo, e institui o sacramento da Ceia do Senhor. Aqui nos recordamos das conhecidas palavras do apóstolo
Paulo:“Na noite em que foi traído” (1 Coríntios 11:23).

Judas estava na mesa juntamente com Jesus e os outros discípulos. Depois de Jesus ter dado a ele o bocado molhado,
a Bíblia diz que “entrou nele Satanás”, e Jesus lhe disse: “O que fazes, faze-o depressa” (João 13:27).

Saindo dali, Judas Iscariotes pôs em prática o plano da traição. Já no jardim do Getsêmani, enquanto o Senhor Jesus
orava, Judas Iscariotes consumou seu ato beijando Jesus, e assim os soldados o prenderam (Marcos 14:43-46).
Profecias do Antigo Testamento apontavam justamente para esse momento (Salmos 41:9; 55:12-14; Zacarias 11:12).

A MORTE DE JUDAS ISCARIOTES

A morte de Judas Iscariotes é registrada apenas em Mateus 27:3-5 e Atos 1:18. Antes de morrer, Judas ainda
esboçou um tipo de arrependimento e remorso patético. Ele procurou os principais dos sacerdotes e os anciãos a fim
de devolver as trinta moedas de prata.

Judas Iscariotes escutou dos sacerdotes que ele era o responsável pelo que havia feito. Diante disto, ele acabou
atirando as moedas no Templo antes de retirar-se para ir se enforcar (Mateus 27:4,5). Os sacerdotes não colocaram
as moedas no cofre das ofertas, visto que eram pelo preço de sangue. Porém, eles acabaram comprando o campo de
um oleiro, para servir de sepultura dos estrangeiros. Esse campo foi chamado “Campo de Sangue”, assim como
havia sido profetizado pelo profeta Jeremias. Na verdade, indiretamente, foi o próprio Judas quem comprou aquele
campo ao devolver as moedas aos sacerdotes e anciãos.

Mateus apenas relata que Judas saiu para se enforcar. Já o evangelista Lucas, no livro de Atos, fornece alguns
detalhes sobre esse momento de acordo com a descrição dada pelo apóstolo Pedro. Ele diz que Judas Iscariotes,
“precipitando-se, rebentou pelo meio, e todas suas entranhas se derramaram” (Atos 1:18). Depois disso, Matias foi
escolhido para ocupar o lugar deixado por Judas Iscariotes.

Pior do que a sua trágica e assombrosa morte, é a sentença que lemos sobre o seu fim: “[…] Judas se desviou, para ir
para o seu próprio lugar” (Atos 1:25). Esse “lugar” é claramente indicado nas palavras de Jesus orando ao Pai:
“Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles pereceu, exceto o filho da perdição, para que se
cumprisse a Escritura” (João 17:12).
Capítulo – XIII

A VIDA DO APÓSTOLO MATIAS


QUEM ERA O APÓSTOLO MATIAS

Matias foi o discípulo escolhido para substituir Judas Iscariotes no grupo dos doze apóstolos. O relato da escolha de
Matias pode ser encontrado no primeiro capítulo do livro de Atos dos Apóstolos:

A ESCOLHA DE MATIAS COMO APÓSTOLO

O Apóstolo Pedro, diante de um grupo de quase cento e vinte pessoas, fez uma exposição acerca do que havia
acontecido com Judas Iscariotes, como cumprimento da Escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi
(At 1:16). Pedro também mostrou a necessidade de que fosse escolhido alguém para compor, juntamente com os
onze restantes, o grupo de doze testemunhas da ressurreição de Cristo (At 1:22).

Para ser escolhido, o candidato deveria cumprir a principal exigência de ter acompanhado os discípulos durante todo
o ministério de Jesus, ou seja, desde o batismo realizado por João Batista, até sua ascensão ao céu. Logo, o novo
Apóstolo obrigatoriamente deveria ser capaz de testemunhar a ressurreição de Jesus, ou seja, ter visto o Cristo
ressurreto.

O antigo historiador Eusébio, defendeu que Matias provavelmente tenha sido um dos setenta discípulos escolhidos
por Jesus para a missão descrita no Evangelho de Lucas capítulo 10. Muitos estudiosos também defendem essa
opinião, porém, fora o relato no livro de Atos, Matias não é mencionado em nenhuma outra passagem do Novo
Testamento. O que podemos afirmar com certeza é que ele, de fato, acompanhou o ministério de Jesus.

No momento da escolha foi pré-selecionado dois homens: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o
Justo, e Matias (At 1:23). Então oraram ao Senhor, e pediram que Deus mostrasse qual dos dois seria o escolhido.
Após a oração, lançando-lhes sortes, o escolhido foi Matias, que, por voto comum, compôs o grupo dos doze.

MATIAS O EVANGELIZADOR

Segundo a Tradição, o Apóstolo Matias, depois de receber a força do Espírito Santo no Pentecostes, saiu em missão
para evangelizar a Judéia, a região da Capadócia e, depois, ainda esteve nas terras distantes da Etiópia. Sua missão
foi eficaz e converteu a muitos em todos esses lugares. Por isso mesmo, ele sofreu duras perseguições até o martírio.

A POLÊMICA EM RELAÇÃO À ESCOLHA DE MATIAS

Alguns estudiosos questionam a escolha de Matias, inferindo até que o apóstolo Pedro tenha agido precipitadamente
ao tomar a iniciativa de substituir Judas. Para esses estudiosos, Pedro, e os demais discípulos, deveriam ter esperado
por Paulo, que, segundo eles, foi a verdadeira escolha de Deus.

Particularmente, penso que esse questionamento é infundado e não deve ser considerado. O texto de Atos
claramente nos mostra que os discípulos oraram ao Senhor, e entenderam que Deus iria dirigir aquela escolha. O
fato de terem lançado sortes, não causa problema algum ao texto, já que esse era um método aprovado e comum no
Antigo Testamento (Lv 16:8; Pv 16:33), e não existe nenhuma reprovação a essa atitude em todo Novo Testamento.

CapítuloXIII– A VIDA DO APÓSTOLO MATIAS | 105

Geralmente as críticas em relação à escolha de Matias, se apoiam no fato de não existir qualquer referência bíblica
ao ministério dele após essa escolha. Porém, se essa lógica for utilizada, outros discípulos dentre os doze também
deveriam ter seus ministérios questionados.

Após a ressurreição, sabemos tanto de Matias quanto sabemos de Bartolomeu, por exemplo, e ninguém sugere que
Bartolomeu não seja considerado como um dos doze.

Por fim, o próprio apóstolo Paulo falando de sua situação, se coloca como um apóstolo fora do tempo, ou seja, ele
também viu o Cristo ressurreto, seu apostolado foi legítimo e confirmado, porém essa revelação e,
consequentemente seu chamado, ocorreram posteriormente, no momento oportuno preparado por Deus.
E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo. (1 Coríntios 15:8)

Em nenhuma de suas Epístolas, o Apóstolo Paulo reivindica sobre si uma posição entre os doze, ao contrário, ele
claramente considera Matias no grupo dos doze que viram Jesus após a ressurreição (I Co 15:5). No texto de (Gl
1:17) podemos perceber que mesmo em um contexto em que Paulo está vindicando a autoridade Divina e seu
apostolado ele se coloca a parte do grupo dos doze ao dizer:

“nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para Arábia e voltei outra vez
a Damasco”

Quanto a Matias, duas tradições se propõem a dar uma explicação sobre seu paradeiro após ter sido escolhido um
dos doze. Uma delas sugere que Matias pregou na Judeia, e acabou sendo apedrejado pelos judeus. A outra defende
que Matias foi um grande evangelizador na Etiópia.

A MORTE DE APÓSTOLO MATIAS

O apóstolo Matias sofreu duras perseguições durante toda a sua missão apostólica. Porém, não desanimou.
Incansável, anunciou o Evangelho de Jesus Cristo até o fim de sua vida. E entregou sua vida por Cristo. A Tradição
conta que Matias morreu por apedrejamento e que, depois disso, foi decapitado na cidade de Jerusalém. Sabe-se que
ele testemunhou até o fim sua fidelidade a Jesus, a despeito das injúrias, das torturas e da morte. Por causa de seu
testemunho, muitos se converteram à fé em nosso Senhor Jesus Cristo.

Capítulo – XIV

A VIDA DO APÓSTOLO PAULO


QUEM ERA O APÓSTOLO PAULO

Paulo de Tarso, o apóstolo Paulo, sem dúvida é um dos personagens bíblicos mais conhecidos por todos os cristãos.
Ele é considerado como sendo o maior líder do cristianismo. Neste texto, nós conheceremos mais sobre a história de
Paulo, autor de treze epístolas presentes na Bíblia.

BIOGRAFIA DO APÓSTOLO PAULO

Paulo, nome romano de Saulo, nasceu em Tarso na Cilícia (Atos 21:39; 22:25). Tarso não era um lugar
insignificante (Atos 21:39), ao contrário, era um centro de cultura grega. Tarso era uma cidade universitária que
ficava próxima da costa nordeste do Mar Mediterrâneo. Embora tenha nascido um cidadão romano, Paulo era um
judeu da Dispersão, um israelita circuncidado da tribo de Benjamin, e membro zeloso do partido dos Fariseus
(Romanos 11:1; Filipenses 3:5; Atos 23:6).

A infância e adolescência do apóstolo Paulo tem sido tema de grande debate entre os estudiosos. Alguns defendem
que o apóstolo Paulo passou toda sua infância em Tarso, indo apenas durante sua adolescência para Jerusalém.
Outros defendem que Paulo foi para Jerusalém ainda bem pequeno. Nesse caso, ele teria passado sua infância longe
de Tarso. Na verdade, desde seu nascimento até seu aparecimento em Jerusalém como perseguidor dos cristãos,
conforme os relatos do livro de Atos dos Apóstolos, há pouca informação sobre a vida do apóstolo Paulo.

Embora não se saiba ao certo com quantos anos Paulo saiu de Tarso, sabe-se com certeza que ele foi educado em
Jerusalém, sob o ensino do renomado doutor da lei, Gamaliel, neto de Hillel. Paulo conhecia profundamente a
cultura grega. Ele também falava o aramaico, era herdeiro da tradição do farisaísmo, estrito observador da Lei e
mais avançado no judaísmo do que seus contemporâneos (Gálatas 1:14). Considerando todos estes aspectos, pode-se
afirmar que sua família possuía alguns recursos e desfrutava de posição proeminente na sociedade.

O apóstolo Paulo possuía cidadania romana. Sobre isso, ele próprio afirma ser cidadão romano de nascimento (Atos
22:28). Provavelmente essa declaração indica que sua cidadania foi herdada de seu pai. Estima-se que naquele
tempo pelo menos dois terços da população do Império Romano não possuíam cidadania romana. Não se sabe ao
certo como o pai do apóstolo conseguiu tal cidadania. Algumas pessoas importantes e abastadas conseguiam
comprar a cidadania (Atos 22:28). Outras, conseguiam tal cidadania ao prestar algum relevante serviço ao governo
romano. A cidadania romana concedia alguns privilégios, dentre os quais podemos citar:
concedia alguns privilégios, dentre os quais podemos citar:

A garantia do julgamento perante César, se exigido, nos casos de acusação. 2- Imunidade legal dos açoites antes da
condenação. 3- Não poderia ser submetido à crucificação, a pior forma de pena de morte da época.
PAULO DE TARSO, O PERSEGUIDOR

O livro de Atos dos Apóstolos informa que quando Estêvão foi apedrejado, suas vestes foram depositadas aos pés de
um jovem chamado Saulo (Atos 7:58). Após esse episódio da morte de Estêvão, Paulo de Tarso assumiu uma
posição importante na perseguição aos cristãos. Ele recebeu autoridade oficial para liderar as perseguições. Além
disso, ele dava o seu voto a favor da morte dos cristãos (Atos 26:10).
O próprio Paulo afirma que “respirava ameaça e morte contra os discípulos do Senhor” (Atos 9:1). Além de
deflagrar a perseguição em Jerusalém, ele ainda solicitou cartas ao sumo sacerdote para as sinagogas em Damasco.
Seu objetivo era levar preso para Jerusalém qualquer um que fosse seguidor de Cristo, tanto homem como mulher
(Atos 9:2). Paulo perseguia e assolava a Igreja de Deus (Gálatas 1:13). Ele fazia isso acreditando que estava
servindo a Deus e preservando a pureza da Lei.

A CONVERSÃO DE PAULO DE TARSO

As narrativas no livro de Atos, e as notas do próprio apóstolo Paulo em suas epístolas, sugerem uma súbita
conversão. Entretanto, alguns intérpretes defendem que algumas experiências ao longo de sua vida devem tê-lo
preparado previamente para aquele momento. A experiência do martírio de Estêvão e sua campanha de casa em casa
para perseguir os cristãos podem ser exemplos disto (Atos 8:1-3; 9:1,2; 22:4; 26:10,11).

O que se sabe realmente é que Paulo de Tarso partiu furiosamente em direção a Damasco com o intuito de destruir a
comunidade cristã daquela cidade. De repente, algo inesperado aconteceu, algo que causou uma mudança radical,
não só na vida de Paulo de Tarso, mas no curso da História.

E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do
céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?

E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar
contra os aguilhões. E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça? E disse-lhe o Senhor: Lee
atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça? E disse-lhe o Senhor: Le 6).

Ao escrever Atos dos Apóstolos, Lucas interpreta a conversão de Paulo de Tarso como um ato miraculoso, um
momento em que um inimigo declarado de Cristo, transformou-se em apóstolo seu. Os homens que estavam com
Paulo ouviram a voz, mas não compreenderam as palavras. Eles ficaram espantados, mas não puderam ver a Pessoa
de Cristo.

Por outro lado, Paulo viu o Cristo ressurreto e ouviu suas palavras. Esse encontro foi tão importante para Paulo que
a base de sua afirmação sobre a legalidade de seu apostolado está fundamentada nessa experiência (1 Coríntios 9:1;
15:8-15; Gálatas 1:15-17). Considerando que Paulo de Tarso não havia sido um dos doze discípulos de Jesus, além
de ter perseguido seus seguidores, a necessidade e importância da revelação pessoal de Cristo para Paulo fica
evidente. Essa experiência transformou Paulo de Tarso profundamente como é possível notar:

Respondeu ao chamado de Cristo: o primeiro aspecto da mudança na vida do apóstolo Paulo pode ser percebido
quando, imediatamente, ele responde à voz de Cristo: “Senhor, que queres que eu faça?” (Atos 9:6). Essa pergunta
marcou o começo de seu novo relacionamento com Cristo (Gálatas 2:20).

De perseguidor a pregador do Evangelho: a mudança radical que atingiu a vida do apóstolo Paulo fica evidente na
mensagem que ele começou a pregar na própria cidade de Damasco. Isso é realmente impressionante. Ele começou a
pregar o Evangelho no mesmo lugar em que pretendia prender os seguidores de Cristo (Atos 9:1,2).

Mudança de vida total: antes da conversão, Paulo de Tarso não aceitava a divindade de Jesus. Ele até acreditava que
ao perseguir seus seguidores como um animal selvagem, tentando força-los a blasfemar contra Jesus, estaria fazendo
a vontade de Deus (Atos 26:9-11; 1 Coríntios 12:3). É certo dizer que ele via Jesus como um impostor. Após sua
conversão, sua pregação não era outra se não anunciar que Jesus é o Filho de Deus (Atos 9:20). O Paulo duro,
rigoroso, ameaçador e violento de outrora, depois de convertido passou a demonstrar ternura, sensibilidade e amor.
Essas características ficam evidentes em suas obras.

O INÍCIO DO MINISTÉRIO DO APÓSTOLO PAULO

Após o encontro que teve com Cristo, o apóstolo Paulo chegou em Damasco e recebeu a visita de Ananias. Foi
Ananias quem o batizou (Atos 9:17,18). Também foi ali, naquela mesma cidade, que Paulo começou sua obra
evangelística.

Não há informações detalhadas sobre os primeiros anos de seu ministério. O que se sabe é que o apóstolo Paulo
pregou rapidamente em Damasco e depois foi passar um tempo na Arábia (Gl 1:17). A Bíblia não esclarece o que
ele fez ali, nem mesmo qual o lugar específico da Arábia em que ele ficou. Depois, o apóstolo Paulo retornou a
Damasco, onde sua pregação provocou uma oposição tão grande que ele precisou fugir para salvar sua própria vida
(2 Coríntios 11:32,33).

Naquela ocasião ele fugiu para Jerusalém (Gálatas 1:18). Nesse tempo havia completado cerca de três anos de sua
conversão. Paulo tentou juntarse aos discípulos, porém estavam todos receosos com ele. Foi então que Barnabé se
dispôs a apresentá-lo aos líderes dos cristãos. Entretanto, seu período em Jerusalém foi muito rápido, pois
novamente os judeus procuravam assassiná-lo.

Por conta disso, os cristãos decidiram despedir Paulo, uma decisão confirmada pelo Senhor numa visão. Segundo o
que ele próprio afirma em Gálatas 1:18, ele ficou somente quinze dias com Pedro. Essa informação se harmoniza
com o relato de Atos 22:17-21. Paulo acabou deixando Jerusalém antes que pudesse se encontrar com os demais
apóstolos, e também antes de se tornar conhecido pessoalmente pelas igrejas da Judeia. Porém, os crentes de toda
aquela região já ouviam as boas-novas sobre Paulo.

E não era conhecido de vista das igrejas da Judéia, que estavam em Cristo; Mas somente tinham ouvido dizer:
Aquele que já nos perseguiu anuncia agora a fé que antes destruía (Gálatas 1:22,23).

O SILÊNCIO EM TARSO E O TRABALHO EM ANTIOQUIA

Logo depois o apóstolo Paulo foi enviado à sua cidade natal, Tarso. Ali ele passou um período de silêncio de cerca
de dez anos. Embora esses anos sejam conhecidos como o sendo o período silencioso do ministério do apóstolo
Paulo, é provável que ele tenha fundado algumas igrejas naquela região. Estudiosos sugerem que as igrejas
mencionadas em Atos 15:41, tenham sido fundadas por Paulo durante esse mesmo período.

É certo que Barnabé, ao ouvir falar da obra que Paulo estava desempenhando, solicitou a presença do apóstolo em
Antioquia na posição de um obreiro auxiliar. O objetivo era que Paulo o ajudasse numa promissora missão
evangelística entre os gentios. Após cerca de um ano, ocorreu um período de grande fome. Então os crentes de
Antioquia providenciaram contribuições para servir de auxílio aos cristãos da Judéia. Essas contribuições foram
levadas por Paulo e Silas. Havendo completado sua missão, Paulo e Silas regressaram a Antioquia.

Esse período em Antioquia foi essencial no ministério do apóstolo Paulo. Foi ali que sua missão de levar o
Evangelho aos gentios começou a ganhar força. Foi enquanto estava em Antioquia que o Espírito Santo orientou a
Igreja a separar Barnabé e Paulo para a obra à qual Deus os chamara. Só então tiveram início as viagens
missionárias do apóstolo Paulo. E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a
Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os
despediram (Atos 13:2,3).

AS VIAGENS MISSIONÁRIAS DO APÓSTOLO PAULO

O trabalho evangelístico do apóstolo Paulo abrangeu um período de cerca de dez anos. Esse trabalho aconteceu
principalmente em quatro províncias do Império Romano: Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia. Paulo concentrava-se
nas cidades-chave, isto é, nos maiores centros populacionais de sua época. Isso fazia parte de seu planejamento
missionário. Quando alguns judeus e gentios aceitavam a mensagem do Evangelho, logo esses convertidos
tornavam-se o núcleo de uma nova comunidade local. Dessa forma, o apóstolo Paulo alcançou até mesmo as áreas
rurais. A estratégia missionária usada pelo apóstolo Paulo pode ser resumida da seguinte forma:
Ele trabalhava nos grandes centros urbanos, para que dali a mensagem se propagasse nas regiões circunvizinhas. Ele
pregava nas sinagogas, a fim de alcançar judeus e prosélitos gentios. Ele focava sua pregação na comprovação de
que a nova dispensação é o cumprimento das profecias da antiga dispensação. Ele percebia as características
culturais e as necessidades dos ouvintes. Assim ele aplicava tais particularidades em sua mensagem evangélica. Ele
mantinha o contato com as comunidades cristãs estabelecidas. Esse contato se dava por meio da repetição de visitas
e envio de cartas e mensageiros de sua confiança. Ele estava atento as desigualdades presentes na sociedade de sua
época, e promovia a unidade entre ricos e pobres, gentios e judeus. Além disso, ele solicitava que as igrejas mais
prósperas auxiliassem os mais pobres.

Em Atos 14:21-23, é possível perceber que o método de Paulo para estabelecer uma igreja local obedecia a um
padrão regular. Primeiramente era feito um trabalho dedicado ao evangelismo, com a pregação do Evangelho.
Depois havia um trabalho de edificação, onde os crentes convertidos eram fortalecidos e encorajados. Por último,
presbíteros eram escolhidos em cada igreja, para que a organização eclesiástica fosse estabelecida. Só pra lembrar,
hoje o que está faltando nas congregações é exatamente a falta de competência dos líderes maiores, pois não adianta
evangelizar o mundo e não os preparar para o pior, e além do mais, a falta de preparação dos líderes congregacionais
é que gera as maiores divisões nas denominações. E a culpa disso não é por que o Obreiro é rebelde, e sim a culpa é
da negligência de quem o colocou em uma posição, cuja qual estava desqualificado para exercer.

PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA

PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA 14). Não se sabe exatamente quanto tempo durou essa primeira viagem. Sabe-
se apenas que ela deve ter ocorrido por volta de 44 e 50 d.C. O ponto de partida foi Antioquia, um lugar que havia se
tornado um tipo de centro do Cristianismo entre os gentios.

Basicamente a viagem foi concentrada na Ilha de Chipre e na parte sudeste da província romana da Galácia. Barnabé
foi o líder até um determinado momento da viagem, e Paulo era o pregador principal. João Marcos servia como
auxiliador dos missionários principais. Entretanto, João Marcos os deixou (literalmente os abandonou) e retornou
para Jerusalém. A partir desse ponto, o apóstolo Paulo assumiu a liderança da missão.

SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA A segunda viagem missionária de Paulo está registrada em Atos 15:36

em diante. O propósito dessa viagem, conforme o próprio Paulo diz, era visitar os irmãos por todas as cidades em
que a palavra do Senhor já havia sido anunciada (Atos 15:36). No entanto, ao discordarem sobre a ida de João
Marcos na viagem missionária, Paulo e Barnabé decidiram se separar. Então Paulo levou consigo Silas, também
chamado de Silvano.

A data provável dessa viagem fica entre os anos de 50 e 54 d.C. Essa segunda viagem cobriu um território bem
maior do que a primeira, estendendo-se até a Europa. A obra evangelística foi concluída na Macedônia e Acaia, e as
cidades visitadas foram: Filipos, Tessalônica, Beréia, Atenas e Corinto.

O apóstolo Paulo permaneceu em Corinto um longo tempo (Atos 18:11,18). Ali ele pregou o Evangelho e exerceu
sua atividade profissional de fazer tendas. Foi dessa cidade que ele enviou a Epístola aos Gálatas e, provavelmente,
um pouco depois, também enviou as Epístolas aos Tessalonicenses. Paulo também parou brevemente em Éfeso, e ao
partir prometeu retornar em outra ocasião (Atos 18:20,21).

TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA

A terceira viagem missionária de Paulo está registrada em Atos 18:23 em diante. Essa viagem ocorreu entre 54 e 58
d.C. O apóstolo Paulo atravessou a região da Galácia e Frígia e depois prosseguiu em direção a Ásia e à sua
principal cidade, Éfeso. Ali o apóstolo ficou por um longo período, cumprindo a promessa anteriormente feita (Atos
19:8-10; 20:3).

É provável que todas, se não pelo menos a maioria das sete igrejas da Ásia, tenha sido fundada durante esse período.
Parece que antes de Paulo escrever a Primeira Epístola aos Coríntios, ele fez uma segunda visita à cidade de Corinto,
regressando logo depois para Éfeso. Então, mais tarde, ele escreveu 1 Coríntios.

Quando deixou Éfeso, Paulo partiu para a Macedônia. Foi ali, talvez em Filipos, que ele escreveu a Segunda
Epístola aos Coríntios. Depois, finalmente o apóstolo Paulo passou pela terceira vez em Corinto. Antes de partir
dessa cidade, provavelmente ele escreveu a Epístola aos Romanos (cf. Romanos 15:22-25).

O resultado das viagens missionárias do apóstolo Paulo foi extraordinário. O Evangelho se espalhou
consideravelmente. Estima-se que perto do final do período apostólico, o número total de cristãos no mundo era em
torno de quinhentos mil. Apesar de esse resultado ter sido fruto de um árduo trabalho que envolveu um enorme
número de pessoas, conhecidas e anônimas, o obreiro que mais se destacou nessa missão certamente foi o apóstolo
Paulo.

O DEBATE DO APÓSTOLO PAULO COM PEDRO

Em um determinado momento, devido ao crescente número de gentios na Igreja, questões a respeito da Lei e dos
costumes judaicos sugiram entre os cristãos. Muitos cristãos judeus insistiam que os gentios deveriam observar a Lei
Mosaica. Eles queriam que os crentes gentios se enquadrassem nos costumes judaicos, principalmente em relação à
circuncisão. Para eles, só assim poderia haver igualdade na comunidade cristã.

O apóstolo Paulo identificou esse movimento judaizante como uma ameaça à verdadeira natureza do Evangelho da
graça. Por isso ele se posicionou claramente contra essa situação. Diante dessas circunstâncias, o apóstolo Paulo
repreendeu Pedro publicamente (Gálatas 2:14). Pedro havia se separado de alguns crentes gentios, a fim de evitar
problemas com certos cristãos judaizantes. Esse também foi o plano de fundo que levou o apóstolo Paulo a escrever
uma epístola de advertência aos Gálatas. Nessa epístola ele apresenta com grande ênfase o tema da salvação pela
graça mediante a fé.

Podemos dizer que esse acontecimento foi a primeira crise teológica da Igreja. Para que o problema fosse
solucionado, Paulo e Barnabé foram enviados a uma conferência com os apóstolos e anciãos em Jerusalém. O
concílio decidiu que, de forma geral, os gentios que se convertessem não estavam sob a obrigação de observar os
costumes judaicos.

PRISÕES DO APÓSTOLO PAULO

Existe muita discussão em relação ao número de prisões que o apóstolo Paulo sofreu. Essa discussão se dá,
principalmente pelo fato de o livro de Atos não descrever toda a história do apóstolo Paulo. Além disso,
provavelmente o apóstolo Paulo foi preso algumas vezes por um período muito curto de tempo, como por exemplo,
em Filipos (Atos 16:23).

Ao falar sobre suas próprias prisões, o apóstolo Paulo escreve o seguinte:

São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que
eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes (2 Coríntios 11:23).

Considerando apenas as principais prisões do apóstolo Paulo, sabe-se que ele foi preso em Jerusalém (Atos 21), e
para impedir que fosse linchado, ele foi transferido para Cesareia. Nessa cidade, Felix, o governador romano, deixou
o apóstolo Paulo na prisão por dois anos (Atos 23-26). Festo, sucessor de Felix, sinalizou que poderia entregar Paulo
aos judeus, para que por eles ele fosse julgado.

Como Paulo sabia que o resultado do julgamento seria totalmente desfavorável a sua pessoa, então na qualidade de
cidadão romano, ele apelou para César. Depois de um discurso perante o rei Agripa e Berenice, o apóstolo Paulo foi
enviado sob escolta para Roma. Após uma terrível tempestade, o navio a qual ele estava naufragou, e Paulo passou o
inverno em Malta.

Finalmente o apóstolo Paulo chegou a Roma na primavera. Na capital do Império ele passou dois anos em prisão
domiciliar. Apesar disso ele tinha total liberdade para ensinar sobre o Evangelho (Atos 28:31). É exatamente nesse
ponto que termina a história descrita no livro de Atos dos Apóstolos. O restante da vida de Paulo precisa ser contado
utilizando-se os registros de outras fontes.

Por isso, as únicas informações adicionais que encontramos no Novo Testamento sobre a biografia do apóstolo
Paulo, parte das Epístolas Pastorais. Essas epístolas parecem sugerir que o apóstolo Paulo foi solto depois dessa
primeira prisão em Roma relatada em Atos por volta de 63 d.C. (2 Timóteo 4:16,17). Após ser solto, ele teria
visitado a área do Mar Egeu e viajado até a Espanha.

A MORTE DO APÓSTOLO PAULO EM ROMA Depois, novamente Paulo foi aprisionado em Roma. Dessa última
vez

ele acabou executado pelas mãos de Nero por volta de 67 e 68 d.C. (2 Timóteo 4:6-18). Tudo isso indica que as
Epístolas Pastorais documentam situações não historiadas em Atos. A Epístola de Clemente (cerca de 95 d.C.) e o
cânon Muratoriano (cerca de 170 d.C.) testificam sobre uma viagem do apóstolo Paulo a Espanha.

A tradição cristã conta que a morte do apóstolo Paulo ocorreu junto da estrada de Óstia, fora da cidade de Roma. Ele
teria sido decapitado. Talvez o texto que mais defina a biografia do apóstolo Paulo seja exatamente esse:

Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual
o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda (2
Timóteo 4:7,8).
EPÍSTOLAS ESCRITAS PELO APÓSTOLO PAULO

Romanos, I Coríntios, II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I Tessalonicenses, II Tessalonicenses,


I Timóteo, II Timóteo, Tito, Filémon.

Capítulo – XV

DIDAQUÊ A INSTRUÇÃO DOS DOZE APÓSTOLOS


DIDAQUÊ - A INSTRUÇÃO DOS DOZE APÓSTOLOS.

A Didaquê é um catecismo cristão escrito entre 60 e 90 d.C. (talvez até antes da destruição do Templo de
Jerusalém), provavelmente na Palestina ou na Síria. Trata-se, certamente, do "documento mais importante da era
pósapostólica, a mais antiga fonte de legislação eclesiástica que possuímos" (Quasten). Ao que parece, é fruto da
reunião de diversas fontes orais e escritas e que bem retratam a tradição das primeiras comunidades cristãs. Essa
antiguidade explica porque algumas Igrejas chegaram a considerá-lo um escrito canônico. Apesar de ter sido
redigido nos primórdios do Cristianismo, sua mensagem é válida para os dias de hoje. Entre os assuntos tratados,
podemos destacar: a repetição das palavras de Mt 5,26, que contribuíram para a definição da doutrina sobre o
Purgatório (Did I,5); a proibição do aborto (Did II,2) e do esoterismo e astrologia (Did III,4); a exortação pela
unidade dos cristãos (Did IV,3); os sacramentos do batismo (Did VII), confissão dos pecados (Did IV,14; XIV,1) e
eucaristia (Did IX-X); o batismo ministrado por imersão (Did VII,1) ou infusão (Did VII,3) e na forma trinitária
(Did VII,1.3); a eucaristia vista como alimento espiritual para o cristão (Did X,3) e talvez como sacrifício (Did
XIV,2-3); os cuidados a serem tomados contra os falsos profetas e mestres (Did XI-XII); a celebração eucarística
realizada aos domingos (XIV,1); e a existência de bispos e diáconos substituindo ou com a mesma dignidade dos
profetas e mestres (Did XV,1-2). O documento está dividido em 4 partes, totalizando 16 capítulos.

PARTE 1 - O CAMINHO DA VIDA E O CAMINHO DA MORTE


CAPÍTULO I

CAPÍTULO I Existem dois caminhos: o caminho da vida e o caminho da morte. Há uma grande diferença entre os
dois.
Há uma grande diferença entre os dois.
Este é o caminho da vida: primeiro, ame a Deus que o criou; segundo, ame a seu próximo como a si mesmo. Não
faça ao outro aquilo que você não quer que façam a você.
aquilo que você não quer que façam a você.
Este é o ensinamento derivado dessas palavras: bendiga aqueles que o amaldiçoam, orem por seus inimigos e jejue
por aqueles que o perseguem. Ora, se você ama aqueles que o amam, que graça você merece? Os pagãos também
não fazem o mesmo? Quanto a você, ame aqueles que o odeiam e assim você não terá nenhum inimigo.
ame aqueles que o odeiam e assim você não terá nenhum inimigo.
Não se deixe levar pelo instinto. Se alguém lhe bofeteia na face direita, ofereça-lhe também a outra face e assim
você será perfeito. Se alguém o obriga a acompanhá-lo por um quilometro, acompanhe-o por dois. Se alguém lhe
tira o manto, ofereça-lhe também a túnica. Se alguém toma alguma coisa que lhe pertence, não a peça de volta
porque não é direito.
porque não é direito.
Dê a quem lhe pede e não peças de volta pois o Pai quer que os seus bens sejam dados a todos. Bem-aventurado
aquele que dá conforme o mandamento pois será considerado inocente. Ai daquele que recebe: se pede por estar
necessitado, será considerado inocente; mas se recebeu sem necessidade, prestará contas do motivo e da finalidade.
Será posto na prisão e será interrogado sobre o que fez... e daí não sairá até que devolva o último centavo.
não sairá até que devolva o último centavo.
Sobre isso também foi dito: que a sua esmola fique suando nas suas mãos até que você saiba para quem a está
dando.

CAPÍTULO II

CAPÍTULO II Não mate, não cometa adultério, não corrompa os jovens, não fornique, não roube, não pratique a
magia nem a feitiçaria. Não mate a criança no seio de sua mãe e nem depois que ela tenha nascido.

criança no seio de sua mãe e nem depois que ela tenha nascido.

Não cobice os bens alheios, não cometa falso juramento, nem preste falso testemunho, não seja maldoso, nem
vingativo.
falso testemunho, não seja maldoso, nem vingativo.
Não tenha duplo pensamento ou linguajar pois o duplo sentido é armadilha fatal.
armadilha fatal.
A sua palavra não deve ser em vão, mas comprovada na prática.
A sua palavra não deve ser em vão, mas comprovada na prática.
Não seja avarento, nem ladrão, nem fingido, nem malicioso, nem soberbo. Não planeje o mal contra o seu próximo.
soberbo. Não planeje o mal contra o seu próximo.
Não odeie a ninguém, mas corrija alguns, reze por outros e ame ainda aos outros, mais até do que a si mesmo.
CAPÍTULO III

CAPÍTULO III Filho, procure evitar tudo aquilo que é mau e tudo que se parece com o mal.
o mal.
Não seja colérico porque a ira conduz à morte. Não seja ciumento também, nem briguento ou violento, pois o
homicídio nasce de todas essas coisas.
coisas.
Filho, não cobice as mulheres pois a cobiça leva à fornicação. Evite falar palavras obscenas e olhar maliciosamente
já que os adultérios surgem dessas coisas.
surgem dessas coisas.
Filho, não se aproxime da adivinhação porque ela leva à idolatria. Não pratique encantamentos, astrologia ou
purificações, nem queira ver ou ouvir sobre isso, pois disso tudo nasce a idolatria.
ouvir sobre isso, pois disso tudo nasce a idolatria.
Filho, não seja mentiroso pois a mentira leva ao roubo. Não persiga o dinheiro nem cobice a fama porque os roubos
nascem dessas coisas.
dinheiro nem cobice a fama porque os roubos nascem dessas coisas.
Filho, não fale demais pois falar muito leva à blasfêmia. Não seja insolente, nem tenha mente perversa porque as
blasfêmias nascem dessas coisas.
sas coisas.
Seja manso pois os mansos herdarão a terra.
Seja manso pois os mansos herdarão a terra.
Seja paciente, misericordioso, sem maldade, tranquilo e bondoso. Respeite sempre as palavras que você escutou.
peite sempre as palavras que você escutou.
Não louve a si mesmo, nem se entregue à insolência. Não se junte com os poderosos, mas aproxima dos justos e
pobres.
os poderosos, mas aproxima dos justos e pobres.
Aceite tudo o que acontece contigo como coisa boa e saiba que nada acontece sem a permissão de Deus.

CAPÍTULO IV
CAPÍTULO IV Filho, lembre-se dia e noite daquele que prega a Palavra de Deus para você. Honre-o como se fosse o
próprio Senhor, pois Ele está presente onde a soberania do Senhor é anunciada.

onde a soberania do Senhor é anunciada.

Procure estar todos os dias na companhia dos fiéis para encontrar forças em suas palavras.
ças em suas palavras.
Não provoque divisão. Ao contrário, reconcilia aqueles que brigam entre si. Julgue de forma justa e corrija as culpas
sem distinguir as pessoas.
pessoas.
Não hesite sobre o que vai acontecer.
Não hesite sobre o que vai acontecer.
Não te pareças com aqueles que dão a mão quando precisam e a retiram quando devem dar.
ram quando devem dar.
Se o trabalho de suas mãos, te rendem algo, as ofereça como reparação pelos seus pecados.
pelos seus pecados.
Não hesite em dar, nem dê reclamando porque, na verdade, você sabe quem realmente pagou sua recompensa.
quem realmente pagou sua recompensa.
Não rejeite o necessitado. Compartilhe tudo com seu irmão e não diga que as coisas são apenas suas. Se vocês estão
unidos nas coisas imortais, tanto mais estarão nas coisas perecíveis.
tais, tanto mais estarão nas coisas perecíveis.
Não se descuide de seu filho ou filha. Muito pelo contrário, desde a infância instrua-os a temer a Deus.
infância instrua-os a temer a Deus.
Não dê ordens com rudeza ao seu escravo ou escrava pois eles também esperam no mesmo Deus que você; assim,
não perderão o temor de Deus, que está acima de todos. Certamente Ele não virá chamar a pessoa pela aparência,
mas somente aqueles que foram preparados pelo Espírito.
Espírito.
Quanto a vocês, escravos, obedeçam aos seus senhores, com todo o respeito e reverência, como à própria imagem de
Deus. respeito e reverência, como à própria imagem de Deus. Deteste toda a hipocrisia e tudo aquilo que não agrada
ao Senhor. Deteste toda a hipocrisia e tudo aquilo que não agrada ao Senhor. Não viole os mandamentos dos Senhor.
Guarde tudo aquilo que você recebeu: não acrescente ou retire nada.
recebeu: não acrescente ou retire nada.
Confesse seus pecados na reunião dos fiéis e não comece a orar estando com má consciência. Este é o caminho da
vida.
CAPÍTULO V

CAPÍTULO V Este é o caminho da morte: primeiro, é mau e cheio de maldições homicídios, adultérios, paixões,
fornicações, roubos, idolatria, magias, feitiçarias, rapinas, falsos testemunhos, hipocrisias, coração com duplo
sentido, fraudes, orgulho, maldades, arrogância, avareza, palavras obscenas, ciúmes, insolência, altivez, ostentação e
falta de temor de Deus.

de Deus.
Nesse caminho trilham os perseguidores dos justos, os inimigos da

verdade, os amantes da mentira, os ignorantes da justiça, os que não desejam o bem nem o justo julgamento, os que
não praticam o bem, mas o mal. A calma e a paciência estão longe deles. Estes amam as coisas vãs, são ávidos por
recompensas, não se compadecem com os pobres, não se importam com os perseguidos, não reconhecem o Criador.
São também assassinos de crianças, corruptores da imagem de Deus, desprezam os necessitados, oprimem os aflitos,
defendem os ricos, julgam injustamente os pobres e, finalmente, são pecadores consumados. Filho, afaste-se disso
tudo.

CAPÍTULO VI

CAPÍTULO VI Fique atento para que ninguém o afaste do caminho da instrução, pois quem faz isso ensina coisas
que não pertencem a Deus.
quem faz isso ensina coisas que não pertencem a Deus.
Você será perfeito se conseguir carregar todo o jugo do Senhor. Se isso não for possível, faça o que puder.
isso não for possível, faça o que puder.
A respeito da comida, observe o que puder. Não coma nada do que é sacrificado aos ídolos pois esse culto é
destinado a deuses mortos.

PARTE 2 - A CELEBRAÇÃO LITÚRGICA


CAPÍTULO VII

CAPÍTULO VII Quanto ao batismo, faça assim: depois de ditas todas essas coisas, batize em água corrente, em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
tize em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Se você não tiver água corrente, batize em outra água. Se não puder batizar com água fria, faça com água quente.
batizar com água fria, faça com água quente.
Na falta de uma ou outra, derrame água três vezes sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Antes de batizar, tanto aquele que batiza como o batizando, bem como aqueles que puderem, devem observar o
jejum. Você deve ordenar ao batizando um jejum de um ou dois dias.

CAPÍTULO VIII

CAPÍTULO VIII Os seus jejuns não devem coincidir com os dos hipócritas. Eles jejuam no segundo e no quinto dia
da semana. Porém, você deve jejuar no quarto dia e no dia da preparação.

quarto dia e no dia da preparação.

Não faça orações como os hipócritas, mas como o Senhor ordenou em seu Evangelho. Orem assim: "Pai nosso que
estás no céu, santificado seja o teu nome, venha o teu Reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o
pão-nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai nossa dívida, assim como também perdoamos os nossos devedores e não
nos deixes cair em tentação, mas livrai-nos do mal porque teu é o Reino poder e a glória para todo sempre".
Reino poder e a glória para todo sempre".
Rezem assim três vezes ao dia.
CAPÍTULO IX

CAPÍTULO IX Celebre a Eucaristia assim:


Celebre a Eucaristia assim:
Diga primeiro sobre o cálice: "Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do teu servo Davi, que nos
revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre".
teu servo Jesus. A ti, glória para sempre".
Depois diga sobre o pão partido: "Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do conhecimento que nos
revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre.
Jesus. A ti, glória para sempre.
Da mesma forma como este pão partido havia sido semeado sobre as colinas e depois foi recolhido para se tornar
um, assim também seja reunida a tua Igreja desde os confins da terra no teu Reino, porque teu é o poder e a glória,
por Jesus Cristo, para sempre".
é o poder e a glória, por Jesus Cristo, para sempre".
Que ninguém coma nem beba da Eucaristia sem antes ter sido batizado em nome do Senhor pois sobre isso o Senhor
disse: "Não dêem as coisas santas aos cães".

CAPÍTULO X

CAPÍTULO X Após ser saciado, agradeça assim:


Após ser saciado, agradeça assim:
"Nós te agradecemos, Pai santo, por teu santo nome que fizeste habitar em nossos corações e pelo conhecimento,
pela fé e imortalidade que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre.
que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre.
Tu, Senhor onipotente, criaste todas as coisas por causa do teu nome e deste aos homens o prazer do alimento e da
bebida, para que te agradeçam. A nós, porém, deste uma comida e uma bebida espirituais e uma vida eterna através
do teu servo.
uma vida eterna através do teu servo.
Antes de tudo, te agradecemos porque és poderoso. A ti, glória para sempre.
sempre.
Lembra-te, Senhor, da tua Igreja, livrando-a de todo o mal e aperfeiçoando-a no teu amor. Reúne dos quatro ventos
esta Igreja santificada para o teu Reino que lhe preparaste, porque teu é o poder e a glória para sempre.
para sempre.
Que a tua graça venha e este mundo passe. Hosana ao Deus de Davi. Venha quem é fiel, converta-se quem é infiel.
Maranata. Amém."
Venha quem é fiel, converta-se quem é infiel. Maranata. Amém."
Deixe os profetas agradecerem à vontade.

PARTE 3 - A VIDA EM COMUNIDADE


CAPÍTULO XI

CAPÍTULO XI Se vier alguém até você e ensinar tudo o que foi dito anteriormente, deve ser acolhido.
deve ser acolhido.
Mas se aquele que ensina é perverso e ensinar outra doutrina para te destruir, não lhe dê atenção. No entanto, se ele
ensina para estabelecer a justiça e conhecimento do Senhor, você deve acolhê-lo como se fosse o Senhor.
fosse o Senhor.
Já quanto aos apóstolos e profetas, faça conforme o princípio do Evangelho.
Evangelho.
Todo apóstolo que vem até você deve ser recebido como o próprio Senhor.
Senhor.
Ele não deve ficar mais que um dia ou, se necessário, mais outro. Se ficar três dias é um falso profeta.
ficar três dias é um falso profeta.
Ao partir, o apóstolo não deve levar nada a não ser o pão necessário para chegar ao lugar onde deve parar. Se pedir
dinheiro é um falso profeta.
profeta.
Não ponha à prova nem julgue um profeta que fala tudo sob inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas esse
não será perdoado.
ção, pois todo pecado será perdoado, mas esse não será perdoado.
Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É desse modo que você reconhece
o falso e o verdadeiro profeta.
profeta.
Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa não deve comer dela. Caso contrário, é um falso profeta
comer dela. Caso contrário, é um falso profeta
Todo profeta que ensina a verdade, mas não pratica o que ensina é um falso profeta.
é um falso profeta.
Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas que não ensina a fazer como ele
faz não deverá ser julgado por você; ele será julgado por Deus. Assim fizeram também os antigos profetas.
bém os antigos profetas.
Se alguém disser sob inspiração: "Dê-me dinheiro" ou qualquer outra coisa, não o escutem. Porém, se ele pedir para
dar a outros necessitados, então ninguém o julgue.

CAPÍTULO XII

CAPÍTULO XII Acolha toda aquele que vier em nome do Senhor. Depois, examine para conhecê-lo, pois você tem
discernimento para distinguir a esquerda da direita.

querda da direita.

Se o hóspede estiver de passagem, dê-lhe ajuda no que puder. Entretanto, ele não deve permanecer com você mais
que dois ou três dias, se necessário.

se necessário.
Se quiser se estabelecer e tiver uma profissão, então que trabalhe para se sustentar.
se sustentar.
Porém, se ele não tiver profissão, proceda de acordo com a prudência, para que um cristão não viva ociosamente em
seu meio.
para que um cristão não viva ociosamente em seu meio.
Se ele não aceitar isso, trata-se de um comerciante de Cristo. Tenha cuidado com essa gente!
CAPÍTULO XIII

CAPÍTULO XIII Todo verdadeiro profeta que queira estabelecer-se em seu meio é digno do alimento.
digno do alimento.
Assim também o verdadeiro mestre é digno do seu alimento, como qualquer operário.
qualquer operário.
Assim, tome os primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das ovelhas, e os dê aos profetas,
pois são eles os seus sumos-sacerdotes.
sumos-sacerdotes.
Porém, se você não tiver profetas, dê aos pobres.
Porém, se você não tiver profetas, dê aos pobres.
Se você fizer pão, tome os primeiros e os dê conforme o preceito.
Se você fizer pão, tome os primeiros e os dê conforme o preceito.
Da mesma maneira, ao abrir um recipiente de vinho ou óleo, tome a primeira parte e a dê aos profetas.
primeira parte e a dê aos profetas.
Tome uma parte de seu dinheiro, da sua roupa e de todas as suas posses, conforme lhe parecer oportuno, e os dê de
acordo com o preceito.

CAPÍTULO XIV

CAPÍTULO XIV Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer após ter confessado seus pecados, para que
o sacrifício seja puro.
sado seus pecados, para que o sacrifício seja puro.
Aquele que está brigado com seu companheiro não pode juntar-se antes de se reconciliar, para que o sacrifício
oferecido não seja profanado.
de se reconciliar, para que o sacrifício oferecido não seja profanado.
Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: "Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro
porque sou um grande rei diz o Senhor e o meu nome é admirável entre as nações".

CAPÍTULO XV

CAPÍTULO XV Escolha bispos e diáconos dignos do Senhor. Eles devem ser homens mansos, desprendidos do
dinheiro, verazes e provados pois também exercem para vocês o ministério dos profetas e dos mestres.

exercem para vocês o ministério dos profetas e dos mestres.

Não os despreze porque eles têm a mesma dignidade que os profetas e os mestres.
e os mestres.
Corrija uns aos outros, não com ódio, mas com paz, como você tem no Evangelho. E ninguém fale com uma pessoa
que tenha ofendido o próximo; que essa pessoa não escute uma só palavra sua até que tenha se arrependido.
se arrependido.
Faça suas orações, esmolas e ações da forma que você tem no Evangelho de nosso Senhor.
PARTE 4 - O FIM DOS TEMPOS
CAPÍTULO XVI

CAPÍTULO XVI Vigie sobre a vida uns dos outros. Não deixe que sua lâmpada se apague, nem afrouxe o cinto dos
rins. Fique preparado porque você não sabe a que horas nosso Senhor chegará.

sabe a que horas nosso Senhor chegará.


Reúna-se com frequência para que, juntos, procurem o que convém a vocês; porque de nada lhe servirá todo o tempo
que viveu a fé se no último instante não estiver perfeito.

último instante não estiver perfeito.

De fato, nos últimos dias se multiplicarão os falsos profetas e os corruptores, as ovelhas se transformarão em lobos e
o amor se converterá em ódio.

em ódio.

Aumentando a injustiça, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão mutuamente. Então o sedutor do mundo
aparecerá, como se fosse o Filho de Deus, e fará sinais e prodígios. A terra será entregue em suas mãos e cometerá
crimes como jamais foram cometidos desde o começo do mundo.

o começo do mundo.

Então toda criatura humana passará pela prova de fogo e muitos, escandalizados, perecerão. No entanto, aqueles que
permanecerem firmes na fé serão salvos por aquele que os outros amaldiçoam.

mes na fé serão salvos por aquele que os outros amaldiçoam.

Então aparecerão os sinais da verdade: primeiro, o sinal da abertura no céu; depois, o sinal do toque da trombeta; e,
em terceiro, a ressurreição dos mortos.

reição dos mortos.

Sim, a ressurreição, mas não de todos, conforme foi dito: "O Senhor virá e todos os santos estarão com ele".
virá e todos os santos estarão com ele".
Então o mundo assistirá o Senhor chegando sobre as nuvens do céu.
SOBRE A AUTORIA DA DIDAQUÊ

O nome dos autores do livro Didaquê como entendemos hoje, não encontramos. É atestado que tenha sido escrito
anteriormente a destruição de Jerusalém ocorrida no ano 70 d.C. As comunidades localizadas na Palestina e Síria
faziam uso deste manual.

Um estudioso do assunto Willy Rordorf, afirma que a Didaquê seja uma "compilação anônima de diversas fontes
derivadas da tradição viva, de comunidades eclesiais bem definidas". Portanto o texto foi copilado por diversas
pessoas anônimas, que receberam os ensinamentos de fontes orais resultando no escrito deste importante documento
das origens das comunidades cristãs. Descarta-se que tenham sido os 12 apóstolos embora no texto apareçam seus
nomes.

Eusébio de Cesareia que viveu no século III, no seu livro “História Eclesiástica” já cita a obra “Didaquê”. Mas o fato
mais importante para entendermos a formação do escrito foi a descoberta de um manuscrito, em 1873, junto a um
códice do século XI (ano 1056), na sua integra em grego, num mosteiro em Constantinopla, o chamado Codex
Hierosolymitanus.

Fonte: RORDORF, W, "Didaché". In: DI BERARDINO, A., Dicionário patrístico e de antiguidades cristãs.
Tradução de Cristina Andrade. Vozes, Petrópolis– RJ, 2002. pags. 404, 405.

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Este livro foi feito com a fonte: Time New Roman


Tamanho:
15; corpo do Texto: Normal, 15. Tópico: Itálico; T– 15

Autor:
Felipe Tales Massei © Editora Império Cristão

A
Editora

Império Cristão

A Vida
dos

Apóstolos

Jesus

de

UMA HISTÓRIA LITERÁRIA DOS PROPAGADORES DO


EVANGELHO

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