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A ORELHA DIREITA DE MALCO


COM BASE NOS TEXTOS BÍBLICOS DE Jo 18:10 e Lv 8:24

1. Introdução

O presente trabalho ocupa-se em discutir e expor a suposta relação


entre os textos Bíblicos de Jo 18.10 e Lv 8.24, visto que os dois falam da orelha
direita, e do sacerdócio, diante desta abordagem Bíblica aprofundamos o
conhecimento Teológico, para aplicarmos em nossa vida, um tema que se faz
tão atual em nossas vidas e a respeito de Malco de ter sua orelha Direita
decepada pelo apostolo Pedro, A bíblia da ênfase de falar sobre Orelha Direita
de Malco, o que há de tanta importância nesta narrativa de João. Deixando
apenas as possibilidades teológicas e as de cunho profético e descartando as
demais, Malco também semelhante a um de nos de achar que tudo estaria tudo
perdido, mas ao encontra-se com Jesus Cristo mudou os seus conceitos,
percebeu que as más companhias e influencias que atrapalham seus sonhos, e
tudo aquilo que parecia ser impossível tornou-se um milagre e Deus restaurou
sua vida.

2. Textos Sagrados

De imediato não há como definir, de pronto, uma relação exata entre


João 18:10 e Levítico 8:24 sem nos atermos a questão temporal são livros
distintos em historicidade e, destarte, requerem atenção histórica e teleológicas
para que possamos compreender os fatos como um todo, não nos prendendo
apenas nos textos em si, mas sim, em toda sua complexidade objetiva e
subjetiva e por este motivo, torna-se necessário para uma melhor compreensão
e, conseqüentemente, uma melhor argumentação, que conheçamos mais
sobre estes textos antes de entrarmos na questão em si.

2.1- O livro de Levitico

O Levítico é o terceiro livro da Bíblia. Vem depois do Livro do Êxodo e


antes do Livro de Números, na Bíblia Cristã. Fazem parte do Pentateuco, os
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cinco primeiros livros bíblicos, cuja autoria é, tradicionalmente, atribuída a


Moisés. A sua denominação é oriunda de sua finalidade, pois contém a Lei dos
sacerdotes da Tribo de Levi, isto é, a tribo de Israel que foi supostamente
escolhida por Deus para exercer a função sacerdotal no meio daquela gente.

Este Livro tratava trata, também, das leis sanitárias e da alimentação, e


os regulamentos sobre a Teologia Moral e Sexual e, assim, dá proteção contra
diversas enfermidades. Tais leis os beneficiariam em sentido espiritual
também, porque os habilitariam a familiarizar-se com os modos de agir de
Javé, e ajudá-los-ia a ajustar-se a tais normas de conduta.

Por este motivo devem os compreender com cautela o texto Levítico


8:24, pois é parte integrante de um texto completo e complexo, que se refere a
um ritual de consagração, que é bem distinto de João 18:10, que se refere a
prisão de Jesus, em uma narrativa histórica; factual, narrada por um autor de
duvidosa confiança histórica para muitos teólogos e historiadores , no que se
refere a materialidade dos fatos que, inclusive, não se enquadra, o seu
evangelho,aos sinóticos, por óbvias contradições e grandes exageros
narrativos.

2.2- O Evangelho de João

O Evangelho de João é considerado como sendo o último dos


Evangelhos escritos, em termos temporalidade. Não é considerado sinótico,
isto é, harmônico entre os demais; que se enquadra factualmente com os
demais. Isto se dá pelo contexto histórico, onde João foi o último evangelista,
em um tempo onde a credibilidade de Jesus estava em baixa.

Primeiro, pelo fato de muitos não o entenderem como sendo o messias


e, em segundo, pelo fato dos discípulos de Jesus e seus sucessores estarem
sofrendo diversas perseguições e injustiças, sem que o Deus que pregavam os
socorresse.

João se viu na necessidade de fazer narrativas com colocações de


maior relevância, tal como acrescentar na possível narrativa de verdade
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material. Fez isto visando impressionar os leitores, para que entendessem que
Jesus era mesmo o messias

3. O que dizem os textos de JOÃO 18:10 e LEVÍTICO 8:24

Então, Simão Pedro puxou da espada que trazia e feriu o servo do sumo
sacerdote, cortando-lhe a orelha direita; e o nome do servo era Malco.`` Jo
18.10

Também fez chegar os filhos de Arão; pôs daquele sangue sobre a


ponta da orelha direita deles, e sobre o polegar da mão direita, e sobre o
polegar do pé direito; e aspergiu Moisés o resto do sangue sobre o altar, em
redor. `` Lv 8.24

O relato do evangelho de João descreve um dos incidentes que


envolveram a prisão de Jesus, antes de ser condenado e sentenciado ao
Calvário.

No contexto do texto em apreço não encontramos nenhum fato ou


ensinamento que justifique significativamente a atitude do Apostolo Pedro com
relação ao texto de Lv 8.24, Vemos em Pedro um discípulo ainda em fase de
aprendizado, pois, até mesmo nesse incidente Jesus lhe fala do seu Reino, o
propósito do pai para com ele, sua posição, soberania e governo do pai.

Malco era servo do sumo sacerdote, e a serviço dos principais do


sacerdote junta-se ao demais e sai ao encontro de Jesus para prender-lo,
entendemos nas análises dos fatos que o golpe desferido por Pedro e que veio
a cortar a orelha de Malco, não foi intencional em se tratando da orelha, como
que se fazendo isso além de defender a Jesus estaria desonrando o servo do
sumo sacerdote, ou cumprindo algum juízo da lei mosaica, entendemos que foi
algo circunstancial, e que na verdade o propósito era apenas defender a Jesus,
poderia ser uma das mãos, ou um braço.

Quando olhamos para o rito de consagração de Arão e dos seus filhos


para o sacerdócio, e os procedimentos de Moises nesse ritual vêem uma
ordem em Lv 8.24, nessa ordem Deus diz; toma do sangue do sacrifício e
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coloca sobre a ponta da orelha direita, e sobre o polegar da mão direita e sobre
o polegar do pé direito. Quando vemos o sangue da expiação ou do sacrifico
da consagração nos rituais mosaicos e araônicos, logo somos transportados
para ver Jesus o cordeiro de Deus e o sacrifício perfeito.

O sangue como símbolo de sacrifício, purificação e consagração, era


indispensável na cerimônia de consagração do sacerdócio, pois, ali estavam
sendo purificados e separados para ministrarem diante de Deus em favor da
nação, e para serem aceitos diante de Deus era exigência de Deus que além
de serem da casa de Arão também deveriam ter a orelha direita, o polegar da
mão direita e o polegar do pé direito aspergido com o sangue do carneiro da
consagração.

É explicito no Canon sagrado o significado dos animais sacrificados


assim como o significado do sangue, agora quanto a esse detalhe da aspersão
na orelha direita e no polegar da mão e do pé direto, é algo obscuro no registro
sagrado, mas acredito que deve ter algum significado sim porém não temos
base bíblica para definir qual o propósito ou significado desse detalhe no ritual
de consagração de Arão e seus filhos.

É interessante que no ritual de purificação do leproso, também há


exigência de Deus, para que a ponta da orelha direita e o polegar da mão
direita e do pé direito sejam aspergidos com o sangue da expiação. Lv 14.14

3.1-Malco tinha um sonho

Muita gente talvez não o conheça ou, apesar de já ter visto o seu nome
na Bíblia, não tenha entendido que, embora fosse um personagem secundário,
um mero figurante, Malco tem uma história belíssima, o nome de Malco é
citado no capítulo 18, versículo 10, do evangelho de João como servo do sumo
sacerdote. Ele havia sido golpeado na orelha direita por Simão Pedro. Muitas
pessoas, erroneamente, acham que Pedro cortou a orelha de um soldado,
mas, na verdade, cortou a de Malco.
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De acordo com a lei da época, quem queria ser um sacerdote não


poderia ser gago, surdo ou ter qualquer defeito no corpo. Poderia até ter um
problema na orelha esquerda, mas a direita tinha que estar em perfeito estado.

“Então, Simão Pedro puxou da espada que trazia e feriu o servo do


sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita; e o nome do servo era Malco.”
(João 18.10)

Queridos, imagine você que naquele instante, quando Pedro arranca a


orelha direita de Malco, Pedro sem saber destrói um sonho.

E quantas vezes nós sonhamos com alguma coisa, trabalhamos em prol


dela e de repente temos nossos sonhos arrancados pela raiz? E pior, quem o
faz é alguém que anda com o Mestre ou alguém tão próximo de nós.

Mas o que quero enfatizar é que não podemos impedir que cortem ou
tentem impedir os nossos sonhos, mas podemos estar perto de um Senhor que
pode reconstruir estes sonhos. Um Senhor que é cheio de graça!

3.2-E quem era Malco

MALCO - Ou Malchus, é a forma helênica do hebraico Meleque, que


significa “rei”. Na Bíblia ele é identificado por João como aquele servo do Sumo
Sacerdote Caifás que tinha liderado a legião de soldados romanos que foi
prender Jesus no Getsêmani.

Era um homem que tinha um sonho: ser um sacerdote. Segundo


historiadores, Malco passou a vida estudando, obedecendo as regras, as leis e
estava a um passo de tornar-se um sacerdote quando, a mando do seu
superior, foi ao encontro de Jesus para prendê-lo.

Como disse anteriormente de acordo com a lei vigente na época de


Jesus, quem queria ser um sacerdote não poderia ser gago, surdo ou ter
qualquer defeito no corpo. Poderia até ter um problema na orelha esquerda,
mas a direita tinha que estar em perfeito estado.
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“Então, Simão Pedro puxou da espada que trazia e feriu o servo do


sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita; e o nome do servo era Malco.”
(João 18.10)

O Sumo Sacerdote da época de Jesus não era, como no Antigo


Testamento, um homem escolhido por Deus. Nessa época, o Sumo Sacerdote
era escolhido ou indicado por Herodes, a fim de que o mesmo atendesse aos
interesses de Roma, sempre que se tornasse necessário.

O Sumo Sacerdote tinha, em geral, quatro grupos de servos, chamados


de chefes dos sacerdotes. O Comandante do Templo, responsável pelo culto e
pelo policiamento no santuário e que substitui o Sumo Sacerdote em caso de
necessidade; os chefes das 24 secções semanais; os sete vigilantes do templo
e os três tesoureiros. O Comandante do Templo que também tinha uma
cadeira no Sinédrio era, na verdade, um vice-sumo sacerdote. Ele detinha
também, a função de executar missões reprováveis. A História mostra que todo
governante tinha sempre alguém apto para realizar "trabalhos sujos". No caso
de Saulo, que foi servo do sumo sacerdote de plantão, nos tempos do
cristianismo primitivo, ele mesmo confessa:

Atos 26:10-12 - (...) E, havendo recebido autorização dos principais dos


sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e quando os matavam eu
dava o meu voto contra eles. E, castigando-os muitas vezes por todas as
sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles,
até nas cidades estranhas os persegui. Sobre o que, indo então a Damasco,
com poder e comissão dos principais dos sacerdotes.

Uma exigência importante para assumir esse tão importante cargo é que
a pessoa indicada pelo Sumo Sacerdote, precisava ser sabatinado pelo
Sinédrio e para isso precisava preencher os requisitos que a Lei de Moisés
apresentava. Entre esses requisitos estava o da perfeição no corpo.

Levítico 21:17 - Fala a Arão, dizendo: Ninguém da tua descendência,


nas suas gerações, em que houver algum defeito, se chegará a oferecer o pão
do seu Deus.
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Levítico 21:21 - Nenhum homem da descendência de Arão, o sacerdote,


em quem houver alguma deformidade, se chegará para oferecer as ofertas
queimadas do SENHOR; defeito nele há; não se chegará para oferecer o pão
do seu Deus.

Nas Leis Cerimoniais estava expresso que todas as vezes que o


sacrifício se iniciasse, era necessário que o sacerdote fosse ungido antes de se
apresentar perante o altar do Senhor. As partes do corpo do sacerdote que
deveriam ser ungidas eram o dedo polegar da mão e do pé direitos e a ponta
da orelha direita.

Levítico 14:14 - E o sacerdote tomará do sangue da expiação da culpa, e


o porá sobre a ponta da orelha direita daquele que tem de purificar-se e sobre
o dedo polegar da sua mão direita, e no dedo polegar do seu pé direito.

Esse servo do Sumo Sacerdote, era, pra todos os efeitos, um sacerdote,


uma vez que podia substituir o próprio sumo-pontífice na ausência dele.
Portanto, encontramos Malco diante de uma situação crítica no momento em
que ele sente a ponta da lâmina da espada de Pedro cortando-lhe a orelha.
Perder a orelha, para um sacerdote, era algo inimaginável, ainda mais a orelha
direita.

João 18:10 - Então Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e


feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o nome do
servo era Malco.

Ainda que estivesse a serviço da maldade do sacerdócio; ainda que sua


motivação naquele momento fosse a pior possível; ainda que seu coração
tivesse se corrompido levando-o a aceitar essa baixa condição de executar
missões reprováveis em nome do Sumo Sacerdote, Malco, todavia acreditava
estar a serviço da Obra de Deus. Ele havia dedicado toda a sua vida em função
deste sonho, o de ser um sacerdote. Na verdade, Malco era um homem que se
achava na multidão errada, defendendo a causa errada, envolvendo-se com
pessoas erradas. Ele merecia perder a cabeça, e não apenas a orelha. Antes
tivesse deixado a cabeça para ser rachada ao meio do que perder a orelha
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direita. Sem ela o sonho estava morto e ser sacerdote, certamente era a sua
vida, a razão de sua existência.

3.3-Por que Jesus curou Malco

Jesus viu Malco caído ao chão, atribulado pela ideia de tudo ter acabado
ali... Em instantes um filme se passou na mente de Malco, e Jesus assisitiu ao
filme... Foi nesse momento que Sua graça se manifestou. Jesus pegou a orelha
de Malco, posicionou-a em sua mão e à vista de todos colocou-a no lugar,
fazendo aquele implante instantâneo, um verdadeiro milagre, o último milagre
de Seu ministério terreno.

Jesus não restituiu apenas a orelha direita de um homem, Jesus restituiu


os sonhos. Jesus devolveu a Malco o direito de permanecer no seu posto e
tentar chegar aonde ele pretendia e realizar o serviço que ele considerava
como uma missão perante o Deus de Israel.

Pois é, Malco. E agora, o que fazer com o homem que você considerava
inimigo e lhe restituiu a orelha?

Quantas vezes nos dedicamos, batalhamos por algo e quando chega a


nossa vez de ser coroado eis que algo acontece e corta, literalmente, os
nossos sonhos pela raiz.

E às vezes quem puxa a espada para cortar os nossos objetivos é


alguém que está andando com o Mestre, ou alguém tão próximo de nós.

Todos os evangelhos fazem uma referência a esse fato (leia Mateus


26:51-52, Marcos 14:47, João 18:10-11). Mas somente Lucas o médico, nos
conta acerca da cura.“Mas Jesus acudiu, dizendo: Deixai, basta. E, tocando-lhe
a orelha, o curou.” (Lucas 22.51)

Jesus sabia dos sonhos de Malco, e que aquela cura não representava
apenas um milagre físico, mas também espiritual.

Mas Jesus lhe demonstrou compaixão. Compaixão que desejo


ardentemente demonstrar para com os meus inimigos, e para com o estranho.
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Compaixão e perdão S duas características marcantes da vida de Jesus. Deus,


ajuda-me a ser como ele.

Levei Chris a um mecânico e, espero que ele esteja de volta no caminho


para casa. (Liguei para o mecânico e ele está.) Pode ser que ele me esqueça,
mas espero que não se esqueça do Homem que compartilhou comigo um
pouco de sua compaixão. Será que toda vez que Malco mexesse a orelha, se
lembrava de Cristo?

Deus vê todas as coisas. Ele sabe dos nossos sonhos. E quando a


nossa vida está nas mãos Dele, ainda que alguém tente frustrar os nossos
objetivos, eis que Jesus nos acode e nos cura e reconstrói os nossos sonhos.

Ainda não é o fim. Jesus Cristo pode reconstruir aquilo que foi quebrado,
curar o que está ferido e alicerçar o que está prestes a ruir.

Que assim como Malco nos lembremos que em meio a tantas coisas
que estão acontecendo, quando estamos no limite de nossa dor, ou achando
que chegamos ao fim da linha, eis que Jesus chega e diz: “Basta. Essa luta
não é só sua. É minha também.” E nos traz a cura.

Que, a exemplo de Malco, possamos deixar Jesus reconstruir os nossos


sonhos.

4. O Sacerdócio

De acordo com o Dicionário Bulckland, é aquele que entre os hebreus


faz ou ministra os sacrifícios a Deus. Entre os gentios também se chamava
sacerdote ao sacrificador

O Sacerdote da época de Jesus não era, como no Antigo Testamento,


um homem escolhido por Deus. Nessa época, o Sumo Sacerdote era escolhido
ou indicado por Herodes, a fim de que o mesmo atendesse aos interesses de
Roma, sempre que se tornasse necessário.

O Sumo Sacerdote, tinha, em geral, quatro grupos de servos, chamados


de chefes dos sacerdotes. O Comandante do Templo, responsável pelo culto e
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pelo policiamento no santuário e que substitui o Sumo Sacerdote em caso de


necessidade; os chefes das 24 secções semanais; os sete vigilantes do templo
e os três tesoureiros. O Comandante do Templo que também tinha uma
cadeira no Sinédrio era, na verdade, um vice-sumo sacerdote.

Ele detinha também, a função de executar missões reprováveis. A


História mostra que todo governante tinha sempre alguém apto para realizar
"trabalhos sujos". No caso de Saulo, que foi servo do sumo sacerdote de
plantão, nos tempos do cristianismo primitivo, ele mesmo confessa.

4.1 Características para o Sacerdote

Antes de considerar os vários aspectos bíblicos do sacerdote, é


necessário mostrar quais são as característica essenciais do sacerdócio.

Que devia o sacerdote fazer, na sua qualidade de sacerdote, que


nenhum outro pudesse realizar sob quaisquer circunstancia? A mais exata
definição de sacerdote acha-se em Hb 5.1 “todo sumo sacerdote tomado
dentre os homens é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a
Deus, para oferecer tanto dons como sacrifício pelos pecados” ACF.

O sacerdote era “constituído nas coisas concernentes a Deus a favor


dos homens”. Quer isto dizer que ele apresentava ao Senhor coisas, dons e
sacrifício, ofertas do homem a Deus; e o seu trabalho era realmente oposto ao
do profeta, que deveria revelar Deus ao homem.

Nesta consideração, a idéia fundamental de sacerdote é a de um


mediador entre o homem a Deus. O sacerdote apresentava-se entre o homem
e Deus. Quando o sacerdote efetuava qualquer outro trabalho, já não era como
sacerdote que exercia essa missão, mas somente como executasse das
funções de outros homens. Este ato do sacerdote, na sua obra para Deus, é
sempre acentuado nas Sagradas Escrituras (Ex 28.1; Ez 44.16; Hb 7.25).

Nos tempos dos Patriarcas, o chefe da família, ou da tribo, operava


como sacerdote, representando a sua família diante de Deus. Foram assim
considerados Noé, Abraão, Isaque e Jacó. Na época do êxodo havia israelita
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que possuíam este direito de sacerdócio, e exerciam; mas tornou-se


necessário designar uma ordem especial para desempenhar os deveres
sacerdotais, sendo a tribo de Levi a escolhida para este fim.

Desta tribo saíram os sacerdotes arônicos, que eram os mediadores


entre o homem e Deus. Os filhos de Arão eram sacerdotes, a não ser que
tivessem sido excluídos por qualquer incapacidade legal.

4.2 A preparação para o sacerdócio

Depois da saída do Egito (êxodo) muitos dos Israelitas exerciam este


cargo de sacerdote, pois o Senhor designou uma tribo somente para jungir-se
ás qualidades espirituais, morais e vocacionais dos sacerdotes, que foi a tribo
de Levi, sendo que os candidatos Arão e seus filhos.

O sacerdócio exigia santidade “Levítico 22:1-2 RC Depois disse o


Senhor a Moisés: Dize a Arão e a seus filhos que se abstenham das coisas
sagradas dos filhos de Israel, as quais eles a mim me santificam, e que não
profanem o meu santo nome. Eu sou o Senhor.”

O israelita exercia funções de sacerdote, todos os chefes da tribo faziam


este tipo de ritual, para obter organização a santificação Deus designou uma
função para a tribo de Levi, somente a tribo de Levi e sua descendência
poderiam exercer o sacerdócio.

Deus deu uma ordenança para Moises, a respeito da função do


sacerdócio, e todo ordenança e manual, estão registrados no terceiro livro do
Pentateuco, o livro de Leviticos.

Todo este processo era obtido para o cargo do sacerdócio no Velho


Testamento, as veste dos sacerdotes, era um diferencial para o povo daquela
época
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4.3 A orelha direita de Malco

Voltamos para a narrativa de João, “Simão Pedro, que trazia uma


espada, tirou-a e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha
direita. (O nome daquele servo era Malco).” NVI Jo 18:10.

Então Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e feriu o servo


do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o nome do servo era Malco.

É mais que óbvio no texto de Jo 18.10, que Malco teve a sua orelha
arrancada(ou cortada, ferida)à força, com um golpe de espada, desferido por
Simão Pedro, que pretendia defender Jesus da prisão.

Assim, torna-se visível que não há hipótese de ligação entre estes


textos, ressalvando-se a hipótese ideológica supramencionada, pela simples
análise e pela total ausência de supedâneo bíblico ou até mesmo Teológico-
científico.

Assim, como demonstrado, não há nenhum tipo de fato semelhante


entre Levítico 8.24 e João 18.10. Em João existe a suposta perda de uma
orelha, provocada por uma agressão de Simão Pedro, com uma espada, em
relação a Malco. Já em Levítico, existe uma orelha que é molhada com o
sangue de um carneiro, em um ritual de consagração

Malco era servo do sumo sacerdote Caifás, veio juntamente com uma
comitiva, para prender Cristo, ele como servo do sumo sacerdote ele estava se
formando para ser sacerdote.

Aqueles que almejavam um dia ser sacerdotes, dedicavam sua vida de


5 à 8 anos ao estudo da Toráh, se dedicavam ao trabalho no Templo (12 em 12
horas colocando lenha no altar para o fogo não apagar; etc…),e no fim de seu
estágio, quando faltava 1 ano para ser consagrado ao Sacerdócio, se tornava
SERVO DO SUMO-SACERDOTE. Acompanhava o sumo-sacerdote o tempo
inteiro, na condição não só de aprendiz (discípulo), mas de servo.
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Essa era a posição de Malco, que por ordem do Sumo-sacerdote Caifás,


sai para prender Jesus. Malco tem sua orelha direita cortada. A Bíblia faz
questão de mencionar que a orelha era a DIREITA?

A importância da orelha direita, esta em “Moises também mandou que


os filhos de Arão se aproximassem e sobre cada um pôs um pouco de sangue
na ponta da orelha direita, no polegar da Mao direito e no polegar do pé direito;
derramou o restante do sangue nos lados do altar”. NVI Lv 8:24.

Jesus disse em Mc 4:9: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. Se posso
fazer isso, quero apenas trocar o termo “ouvido” para “orelha”, dai a frase
ficaria: Quem tem orelhas para ouvir, ouça.

Conclusão.

Podemos concluir, que o termo Orelha Direita de Malco decepada, é


aquilo que perdemos algo que tanto buscamos, ou seja, sonhos sendo
arruinados, por tipo de palavra que desanimou, diz que você não vai conseguir,
ou para que tanto esforço isto desencorajasse seu animo, seus sonhos lembre-
se.

Nada esta perdido, sua carreira profissional, seu ministério, sua família
desde quando tem alguém para te socorrer, mesmo estando em lados que não
devíamos estar, mas Cristo adverte, para que não andemos segundo o
conselho de pessoas incrédulos, saber o que falamos também com quem
andamos; o lugar que se encontramos.

Salmos 1:6 AR “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o


conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se
assenta na roda dos escarnecedores; antes tem seu prazer na lei do Senhor, e
na sua lei medita de dia e noite.Pois será como a árvore plantada junto às
correntes de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cuja folha não
cai; e tudo quanto fizer prosperará.Não são assim os ímpios, mas são
semelhantes à moinha que o vento espalha.Pelo que os ímpios não subsistirão
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no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos; porque o Senhor


conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios conduz à ruína.”

Por tanto a conclusão que temos é que não há nenhuma relação entre
os dois textos, no que desrespeito a atitude de Pedro e o dano sofrido por
Malco, onde poderíamos contextualizar e extrair algum ensinamento seguro ou
significados dos detalhes da consagração sacerdotal e do por quer da
decapitação da orelha direita de Malco.

O que sabemos de Malco era que ele era servo do sumo sacerdote, em
lugar nenhum da Bíblia diz que ele era sacerdote, porem podemos conjecturar
isso pelo fato da Bíblia dizer que ele era servo, pois sabemos que os
sacerdotes auxiliavam o sumo sacerdote no serviço sagrado, mesmo com essa
suposição não pode afirmar ou dar algum significado ao fato do corte da orelha
direita de Malco.

Mesmo com os indícios acima citado, nos limitamos a dizer que o


incidente do corte da orelha de Malco foi circunstancial se tivéssemos o registro
de algum sacerdote que perdeu seu posto e ficou desonrado após ter a orelha
direita cortada, ou alguma advertência Bíblica tendo como punição a
decapitação da orelha direita do sacerdote transgressor da lei, isso seria
suficiente para contextualizar e afirmar que a intenção de Pedro foi
desmoralizar, e condenar o sacerdócio, porém não temos esse terceiro texto
que poderia jorrar luz e dar um sentido mais profundo ao incidente e aos
detalhes da consagração sacerdotal.

Os textos de Levítico 8.24 e João 18.10, mesmo que discutidos como


tendo ligações, são inteiramente distintos e nem mesmo estão dentro de um
mesmo contexto. A única possibilidade existente é de uma suposta ligação
ideológica, baseada na suposta conduta do agressor, dito ser Simão Pedro,
segundo João.

A Teologia é um assunto sério, pois desde os primórdios, as religiões,


principalmente a cristã primitiva, posteriormente a católica romana e, em último
o protestantismo, em nossa sociedade, deixaram traços marcantes que,
21

queiramos ou não fazem parte de nossas vidas até hoje e farão por muito
tempo, talvez até a extinção humana.
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Bibliografia

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