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A DOUTRINA

DA IMPOSIÇÃO
DAS MÃOS

A Doutrina da Imposição das Mãos


Marcelo Ferreira do Nascimento
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sumário
1. Introdução.........................................................................03
2. Período dos Patriarcas..................................................05
3. O Culto Levítico e a Imposição das Mãos.......................10
4. A Imposição das Mãos no Novo Testamento..................12
4.1. O Cego de Betsaida e o Processo de Libertação......................13
4.2. A Mulher Encurvada e o Processo de Salvação.....................14
4.3. Imposição de Mãos sobre Crianças............................................16
5. Atos dos Apóstolos..........................................................17
6. Confirmação do Diaconato e Ministério
Por Meio da Imposição de Mãos...............................20
7. “Não Faças Tu Comum ao Que Deus Purificou”............22
8. Imposição das Mãos e Levantamento das Mãos.............23
8.1. Velho Testamento..........................................................23
8.2. Novo Testamento..........................................................25

9. A Imposição Precipitada das Mãos...................................27


10. Sabedoria e Discernimento de Espíritos........................32
11. Imposição das Mãos por Não Crentes..........................33
12. Hierarquia e Imposição das Mãos..................................34
13. A Bênção Sacerdotal.....................................................39
14. A Bênção Apostólica......................................................41
15. O Amém............................................................................43
A Doutrina da Imposição das Mãos
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1. Introdução

Neste estudo iremos percorrer toda a Sagrada


Escritura para examinar a doutrina da imposição
das mãos e veremos que ela está presente tanto
no Antigo quanto no Novo Testamento.

Desde já, destacamos que o tema será abordado


de um ponto de vista que realça o caráter espiri-
tual e profético do ato, proveniente, portanto, de
Deus. Assim, aspectos doutrinários importantes
serão tratados, de modo a contribuir para a ade-
quada compreensão deste que é um dos rudi-
mentos do Evangelho.

Em virtude da importância, a imposição das


mãos integra a doutrina de Cristo e requer, assim
como os demais preceitos doutrinários bíblicos,
o aprofundamento capaz de nos levar ao aperfei-
çoamento e ao amadurecimento espiritual.

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Nesse mesmo sentido, na carta aos Hebreus, a
igreja é exortada a prosseguir no conhecimento
da doutrina do Senhor:

Pelo que, deixando os rudimentos da


doutrina de Cristo, prossigamos até a
perfeição, não lançando de novo o fun-
damento do arrependimento de obras
mortas e de fé em Deus, e da doutri-
na dos batismos, e da imposição das
mãos, e da ressurreição dos mortos, e
do juízo eterno. (Hebreus, 6: 1-2 – ARC)

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2. Período dos Patriarcas

O livro de Gênesis tem como característica relatar


a origem de vários fatos importantes: o primeiro
homem, a primeira família, a primeira queda, o
surgimento dos idiomas, das nações, o primeiro
homicídio, o primeiro arrebatamento e, também,
o primeiro registro da imposição das mãos.

No período dos patriarcas, relativo ao tempo de


Abraão, Isaque e Jacó, há o registro de Jacó im-
pondo as mãos sobre os filhos de José, quando
ele estendeu as suas mãos, simultaneamente,
sobre os dois filhos de José, Manassés e Efraim,
com os braços cruzados, e os abençoou, transmi-
tindo a eles a possessão que caberia a José (Gê-
nesis, 48: 13-14 ARC).

Jacó cruzou as mãos ao orar pelos filhos de José,


colocando a mão direita sobre o menor, que es-
tava à sua esquerda, e a sua mão esquerda sobre
o que estava à sua direita.

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Nesse episódio Jacó usou da sua autoridade de
pai, tendo sido esta constituída por Deus. Con-
clui-se, assim, que os patriarcas oravam pelos fi-
lhos com a imposição das mãos. Como podemos
ver na Palavra, o ato de Jacó foi validado pelo Se-
nhor, que abençoou e zelou pelo cumprimento
das profecias contidas naquela oração.

Quando cruzamos os braços, sinalizamos que


algo terminou, e Jacó, profeticamente, apontava
para o período dos patriarcas que estava se en-
cerrando e para o período das doze tribos que
se iniciava.

Interessante observar-se que, no entendimen-


to de José, o seu pai se equivocara em virtude
de sua visão escurecida devido à idade, e ten-
tando corrigi-lo, Jacó lhe respondeu: “assim é”.
Há momentos em que, assim como José, temos
a percepção de que o Senhor está abençoando
alguém que não merece, julgando que outro é

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o que deveria ser alvo daquela benção, como
se fosse possível Deus se enganar acerca do ho-
mem. Na verdade, o Pai celestial sempre sabe o
que está fazendo, porque Ele é capaz de ver o
que os homens não veem; Ele vê o coração.

Moisés e a Imposição das Mãos

Posteriormente ao período dos patriarcas encon-


tramos Moisés impondo as mãos sobre Josué.
Aqui não há mais a figura do pai e do filho, mas
do líder que Deus havia colocado no governo
sobre o seu povo, alguém que fora ungido pelo
Senhor para cuidar do seu rebanho, figura que
representa o pastor, à frente da igreja com o ob-
jetivo de apascentar as ovelhas.

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E fez Moisés como o Senhor lhe orde-
nara; porque tomou a Josué, e apre-
sentou-o perante Eleazar, o sacerdote,
e perante toda a congregação; e sobre
ele pôs as mãos, e lhe deu mandamen-
tos, como o Senhor ordenara pela mão
de Moisés. (Números, 27: 22-23 - ARC)

E Josué, filho de Num, foi cheio do espíri-


to de sabedoria, porquanto Moisés tinha
posto sobre ele as suas mãos; assim, os
filhos de Israel lhe deram ouvidos e fize-
ram como o Senhor ordenara a Moisés.
(Deuteronômio, 34: 9 - ARC) (Grifo nosso)

Moisés é o único homem em registros bíblicos


que recebeu imposição de mãos do próprio
Deus. Em um momento difícil do seu ministério,
de grande decepção, ele pediu para ver a face
do Senhor a fim de ser consolado. Em resposta,
o Senhor lhe disse que homem nenhum poderia
ver a sua face e viver, em virtude de sua glória,

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porém, como forma de consolo, permitiu que
Moisés visse a sua mão, quando o instruiu a en-
trar na fenda de uma rocha enquanto Ele passa-
ria com toda a sua glória e colocaria sobre Moisés
a sua mão. E assim o fez (Êxodo 33: 22).

Atualmente a Igreja tem vivido a mesma experi-


ência de Moisés. Na condição de seres humanos,
não podemos ver a face do Senhor, mas escondi-
dos em Cristo, que é a rocha fendida na cruz do
calvário, contemplamos a mão do Todo Podero-
so sobre nós durante a adversidade.

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3. O Culto Levítico e a Imposição das Mãos

No culto levítico também encontramos a impo-


sição das mãos, quando o ofertante, ao entregar
o animal ao sacerdote para o sacrifício, colocava
a mão sobre a cabeça do cordeiro. Tal ato signi-
ficava que ele estava transferindo para o animal
todos os seus pecados e transgressões: “e porá a
sua mão sobre a cabeça da oferta pela expiação
do pecado e a degolará no lugar do holocausto”
(Levítico, 4: 29 - ARC) (Grifamos)

Aqui verificamos que a imposição de mãos sim-


boliza uma transmissão ou transferência espiritu-
al. A oração é transmissão de vida!

O homem só pode oferecer aquilo que tem ou o


que é: no Antigo Testamento o pecador estendia
sua mão para transmitir o pecado ao cordeiro.
Com o período da graça, tendo os pecados lava-
dos no sangue de Jesus, o Cordeiro Eterno, o pe-
cador perdoado pode estender suas mãos para

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transmitir a graça que foi derramada sobre ele.
Assim, os ungidos e diáconos transmitem, por
meio da imposição das mãos, não mais pecado,
mas a graça insondável de Deus. O Senhor Jesus
mudou a sorte do homem.

Em contrapartida, encontraremos no Novo Tes-


tamento a recomendação para não impor as
mãos precipitadamente e não ser participante
de pecados alheios (mais adiante retornaremos
a essa recomendação).

É importante notar que não existem registros na


Palavra de alguém orando por si próprio com
a imposição de mãos, afinal, como poderia al-
guém transmitir algo para si mesmo que já está
sobre ele?

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4. A Imposição das Mãos no Novo Testamento

Jesus confirmou a doutrina do VT ao orar com


imposição de mãos e orientou aos seus apósto-
los que, da mesma forma, lançassem mão desse
recurso quando orassem pelos enfermos:

E Jesus lhes dizia: Não há profeta sem


honra, senão na sua terra, entre os seus
parentes e na sua casa. E não podia fazer
ali obras maravilhosas; somente curou
alguns poucos enfermos, impondo-
-lhes as mãos. (Marcos, 6: 4-5 - ARC)

E estes sinais seguirão aos que crerem:


Em meu nome, expulsarão os demô-
nios; falarão novas línguas; pegarão nas
serpentes; e, se beberem alguma coisa
mortífera, não lhes fará dano algum; e
imporão as mãos sobre os enfermos
e os curarão. (Marcos 16:17-18 ARC)

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4.1. O Cego de Betsaida e o Processo
de Libertação

E, tomando o cego pela mão, levou-o para


fora da aldeia; e, cuspindo-lhe nos olhos
impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe
se via alguma coisa. E, levantando ele
os olhos, disse: Vejo os homens, pois os
vejo como árvores que andam. Depois,
tornou a pôr-lhe as mãos nos olhos, e
ele, olhando firmemente, ficou restabe-
lecido e já via ao longe e distintamente a
todos. (Marcos 8,23-25 – ARC) (Grifamos)

Em muitos exemplos bíblicos a libertação ocorre


no ato da oração com imposição das mãos. Em
outros casos, percebemos ser necessário percor-
rer etapas até a completa libertação.

Observa-se que o Senhor orou pelo cego de


Betsaida duas vezes: na primeira imposição das
mãos, ele passou a ver os homens como árvo-
res e, somente na segunda oração, houve a cura

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plena do cego. Assim, não deve causar estranhe-
za o fato de uma pessoa receber imposição de
mãos por determinado período até ser totalmen-
te liberta.

4.2. A Mulher Encurvada e o Processo


de Salvação

Jesus estava na sinagoga quando entrou uma


mulher que, há dezoito anos, caminhava encur-
vada e por ninguém pudera ser curada. Jesus, ao
vê-la, a chamou, impôs as mãos sobre ela e logo
se endireitou (Lucas, 13: 10-13 – ARC):

E ensinava no sábado, numa das sinago-


gas. E eis que estava ali uma mulher que
tinha um espírito de enfermidade havia
já dezoito anos; e andava curvada e não
podia de modo algum endireitar-se.
E, vendo-a Jesus, chamou-a a si,
e disse-lhe: Mulher, es-
tás livre da tua enfermidade.

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E impôs as mãos sobre ela, e logo se en-
direitou e glorificava a Deus. (Grifamos)

Na experiência dessa mulher com o Senhor, a


oração com imposição de mãos fez parte do seu
processo de salvação. Esse processo se desen-
volveu em quatro etapas e consolidou a obra de
libertação em sua vida:

A primeira etapa: “vendo-a”. Refere-se ao mo-


mento no qual o Senhor contempla o homem e
o vê, espiritualmente, caminhando como aque-
la mulher, encurvado pelo peso do pecado que
está sobre si, em razão do fardo pesado que leva
consigo e que o leva a olhar para baixo, ou seja,
somente para as coisas terrenas desta vida, um
homem essencialmente materialista.

No segundo momento, “chamou-a para si”:


o Senhor, ao vê-lo nesse estado, chama-o para si,
para a sua presença. É o chamado de Deus.

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Em seguida, “disse-lhe”: agora o Senhor começa a
falar, a manifestar-se e a revelar-se a ela.

E, por fim, “impôs as mãos sobre ela”: foi quando


a mulher se endireitou e começou a glorificar a
Deus pela transformação de sua vida. O Senhor
tem para todos um projeto de libertação e trans-
formação para que possa contemplar o que vem
da eternidade.

Como se pode notar, a oração com a imposição


das mãos atua diretamente no processo da salva-
ção e libertação da alma do ser humano.

4.3. A Imposição das Mãos sobre Crianças

O Senhor Jesus também confirmou a doutrina


da imposição das mãos sobre as crianças no
evangelho de Marcos, 10: 13-16 - ARC:

E, tomando-os nos seus braços, e


impondo-lhes as mãos, os abençoou.

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5. Atos dos Apóstolos

No livro de Atos dos Apóstolos há diversos rela-


tos confirmando que a doutrina da imposição de
mãos fazia parte da vida da Igreja primitiva.

Depois da experiência de Paulo no caminho de


Damasco, o próprio Senhor orientou a Ananias,
seu discípulo, que fosse à cidade orar por ele,
pois era necessário que recebesse imposição
de mãos: “E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e vai
à rua chamada Direita, e pergunta em casa de
Judas por um homem de Tarso chamado Saulo;
pois eis que ele está orando; e numa visão ele
viu que entrava um homem chamado Ananias e
punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver”
(Atos 9,11-12 - ARC) (Grifo nosso)

Nota-se, no texto acima, que Paulo estava em


oração. É importante o servo permanecer em
oração quando for receber a imposição de mãos,
pois a comunhão gerada pela oração conduz

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a um ambiente espiritual propício para a ação
do Senhor. Assim sendo, a oração, sempre que
possível, deve anteceder a imposição de mãos.

Observe, nessa passagem, a fidelidade de Deus:


enquanto Paulo orava, Deus enviou o seu discí-
pulo. Quando estamos orando, o Senhor sempre
envia o socorro.

Na verdade, quando vamos receber o ato da im-


posição de mãos nos colocamos na condição de
dependentes do Senhor e não sabemos o que
Ele irá fazer. Devemos evitar o erro de Jairo, ao
tentar determinar como o Senhor iria curar sua
filha, dizendo: “rogo-te que venhas e imponhas
as mãos para que sare e viva”.

Nesse episódio, Jairo, um dos principais da si-


nagoga e, portanto, acostumado a dar ordens,
tentou determinar a forma pela qual Jesus deve-
ria orar por sua filha, bem como o resultado da

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imposição das mãos. O Senhor é quem determi-
na a forma como irá nos abençoar. Não podemos
decidir o que o Senhor fará e se o fará no ato da
imposição das mãos. Há momentos nos quais o
Senhor concede a vitória independentemente
da imposição de mãos.

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6. Confirmação do Diaconato e Ministério Por
Meio da Imposição de Mãos

No NT, tanto o ministério quanto o diaconato fo-


ram confirmados pela imposição das mãos dos
pastores, como relatam os versículos abaixo:

Diaconato: “E os apresentaram ante os após-


tolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.”
(Atos, 6: 6 - ARC)

Ministérios: “Não desprezes o dom que há em ti,


o qual te foi dado por profecia, com a imposição
das mãos do presbitério.” (I Timóteo, 4: 14- ARC)

A oração com imposição das mãos pelos pasto-


res que representam o presbitério da igreja, por
aquele que é chamado para o diaconato ou para
o ministério, simboliza a transferência de autori-
dade para exercer a função.

É Importante lembrar que o presbitério


trata-se de uma instituição bíblica e, portanto,

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tem autoridade confirmada pela Palavra de Deus
para que, entre outras atribuições, possa admi-
nistrar assuntos doutrinários, coordenar igrejas,
guiar e cuidar dos pastores, orientando-os, exor-
tando-os e, também, dar posse e autoridade aos
novos integrantes nas funções do diaconato e
ministério, pelo ato de imposição das mãos.

Por isso, quando um novo diácono ou pastor é


chamado, a oração com a imposição das mãos
do presbitério não é realizada como mero cos-
tume denominacional, senão em virtude de um
importante ensinamento bíblico.

No VT encontramos a mesma prática espiritual,


afinal, quando os sacerdotes e levitas eram con-
sagrados ao Senhor, também recebiam a imposi-
ção de mãos: “Farás, pois, chegar os levitas peran-
te o Senhor; e os filhos de Israel porão as suas
mãos sobre os levitas.” (Números 8: 10 – ARC)

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7. “Não Faças Tu Comum ao Que
Deus Purificou”

Não devemos tornar comum um ato bíblico tão


especial e realizá-lo de forma automática, sem o
verdadeiro sentido e entendimento da Palavra
do Senhor: “Não faças tu comum ao que Deus
purificou”. (Atos 10: 15).

Os próprios diáconos e pastores não devem per-


der a sensibilidade no tocante a esse recurso que
Deus colocou à disposição do seu povo, mas de-
vem interceder crendo que a oração de um justo
pode muito nos seus efeitos (Tiago 5:16b ARC).

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8. Imposição das Mãos e Levantamento
das Mãos

Não devemos confundir a imposição das mãos


com o levantar das mãos. Veremos, nos textos
abaixo, que o levantar das mãos era um ato de
oração ou de glorificação.

8.1. Velho Testamento

E pôs-se Salomão diante do altar do


Senhor, em frente de toda a congre-
gação de Israel, e estendeu as mãos
para os céus. (1 Reis, 8: 22 - ARC)

Sucedeu, pois, que, acabando Salo-


mão de fazer ao Senhor esta oração e
esta súplica, estando de joelhos e com
as mãos estendidas para os céus,
se levantou de diante do altar do Se-
nhor. (1 Reis, 8: 54 - ARC). (Grifamos)

Quando Salomão consagrou o templo, a glória


de Deus encheu o lugar e os sacerdotes mal

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podiam ficar em pé, pois a nuvem da glória do
Senhor se espalhou por toda a casa. Não era
possível sequer ver um ao outro com nitidez, tal
a presença de Deus. A presença gloriosa do Se-
nhor ofusca o homem que é usado por Ele. Uma
igreja madura vê o servo sendo usado, mas dire-
ciona a honra para o Senhor, pois todo louvor é
devido somente a Ele.

Esdras louvou o Senhor, o grande


Deus, e todo o povo ergueu as mãos
e respondeu: “Amém! Amém!”. Então
eles adoraram o Senhor, prostrados,
rosto em terra. (Neemias, 8: 6 – ARC)

Suba a minha oração perante a tua face


como incenso, e seja o levantar das
minhas mãos como o sacrifício da tar-
de. (Salmos, 141: 2 – ARC) (Grifo nosso)

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8.2. Novo Testamento

Quero, pois, que os homens orem


em todo o lugar, levantando mãos
santas, sem ira nem contenda.
(1 Timóteo 2: 8 – ARC) (Grifamos)

Tanto no VT quanto no NT, encontramos a práti-


ca de levantar as mãos em oração, quando se cla-
mava ao Senhor por uma resposta, mas também
para glorificá-lo, reconhecendo, assim, que tudo
vinha do Senhor.

A oração com as mãos levantadas e vazias sim-


bolizava as mãos do pedinte, daquele que nada
tem e suplica a Deus para enchê-las com a res-
posta desejada.

O levantar das mãos em ações de graça e glori-


ficação a Deus demonstra o reconhecimento de
que nada procede das nossas mãos, mas tudo
vem do Senhor. As mãos vazias denotam que

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tudo é para o Senhor. Toda glória, toda honra,
todo louvor e tudo o que temos é para Ele. Ofe-
recemos a Deus porque antes Ele nos deu.

Na ocasião em que Amaleque fez guerra contra


Israel em Refidim e Josué saiu à batalha, Moisés
subiu ao monte e levantou suas mãos em ora-
ção. Quando Moisés levantava as mãos, Israel
prevalecia, e quando as abaixava, os Amalequitas
triunfavam. Como suas mãos eram pesadas, Hur
e Arão ajudaram a sustentá-las, mostrando com
isso que, diante do cansaço do ministério, deve-
mos ajudar em oração para que o Senhor possa
sustentá-lo.

A Doutrina da Imposição das Mãos


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9. A Imposição Precipitada das Mãos

Participação em pecados alheios

Conforme exposto anteriormente, o apóstolo


Paulo adverte ao jovem pastor Timóteo para não
impor as mãos precipitadamente:

A ninguém imponhas precipita-


damente as mãos, nem participes
dos pecados alheios; conserva-te a ti
mesmo puro. (1 Timóteo, 5: 22 – ARC)

Há uma diferença importante entre cometer pe-


cado e estar em pecado.

Somos todos pecadores. Nesse sentido, afirma


a Palavra: “Como está escrito: Não há um justo,
nem um sequer.” (Romanos 3: 10 – ARC). Se por-
ventura acreditamos estar isentos de pecados,
nos enganamos e contrariamos a Palavra de
Deus, como registra a primeira epístola de João:

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Se dissermos que não temos pecado,
enganamo-nos a nós mesmos, e não
há verdade em nós. (1 João 1: 8 - ARC).

Se dissermos que não pecamos, fa-


zemo-lo mentiroso, e a sua palavra
não está em nós. (1 João 1: 10 - ARC).

No NT, a palavra grega usada para pecado é “ha-


martia”, que traduzida significa errar o alvo. O pe-
cado, então, deve ser visto como um “acidente”
na vida do crente, isto é, esporádico e involuntá-
rio, pois o nosso objetivo é alcançar a vontade do
Senhor. Quando o pecado se torna um hábito,
uma forma de vida, o homem passa a estar em
pecado. Em ambos os casos, porém, é necessário
que haja arrependimento e disposição em lutar
para não tornar a cometê-lo.

Se orarmos por alguém que conhece o evan-


gelho mas está em pecado e não demonstra
arrependimento, seremos participantes do
pecado alheio.

A Doutrina da Imposição das Mãos


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Lembramos que a oração é transmissão de vida
e o Senhor quer abençoar o pecador e não o pe-
cado. Há pessoas sobre as quais não devemos
impor as mãos, mas levá-las ao arrependimento,
um dos ensinamentos do evangelho. Por isso,
o apóstolo Paulo, logo após orientar acerca da
imposição precipitada das mãos, adverte a não
sermos participantes dos pecados alheios. Assim,
não devemos impor as mãos para abençoar o es-
tado de pecado no qual alguém se encontra.

Pessoas endemoniadas

O mesmo ocorre quando há uma pessoa ende-


moniada. Não se deve abençoar a opressão. Seria
precipitado impor as mãos neste caso. Primeiro é
necessário uma libertação. O saudoso Pr. Dodd
sempre ensinou que, nessas situações, devemos
orar inicialmente sem impor as mãos, para que
haja uma libertação.

A Doutrina da Imposição das Mãos


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Somente depois, com a pessoa liberta, oramos
com imposição de mãos para que o Senhor ve-
nha a abençoá-la.

Segundo a Bíblia, todo o espírito que confessa


que Jesus veio em carne é de Deus:

Nisto conhecereis o Espírito de Deus:


Todo o espírito que confessa que Jesus
Cristo veio em carne é de Deus; E todo
o espírito que não confessa que Jesus
Cristo veio em carne não é de Deus;
mas este é o espírito do anticristo, do
qual já ouvistes que há de vir, e eis que
já está no mundo. (1 João 4: 2-3 – ARC)

Portanto, vos quero fazer compreender


que ninguém que fala pelo Espírito de
Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém
pode dizer que Jesus é o Senhor, senão
pelo Espírito Santo. (1 Cor. 12: 3 - ARC)

A Doutrina da Imposição das Mãos


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Portanto, se a pessoa orar confessando que Jesus
veio em carne, temos aí um sinal de que ela está
liberta.

Jovens e neófitos

Se um adolescente ou jovem orar com a imposi-


ção das mãos sobre enfermos ou pessoas aflitas
e sobrecarregadas, será um ato precipitado, pois
os mesmos ainda não dispõem da estrutura espi-
ritual para esse ato.

O neófito na fé também se encontra privado de


tal autoridade. (I Timóteo 3: 6)

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10. Sabedoria e Discernimento de Espíritos

Esses são alguns dos dons mais significativos na


vida da Igreja e na doutrina da imposição das
mãos.

É fundamental que o obreiro tenha discerni-


mento de espíritos e ore para sentir, pelo Espírito
Santo, se deverá ou não impor as mãos. Ao orar
por pessoas que não são crentes, é indispensável
sabedoria, especialmente por aqueles que nunca
tiveram contato com o Evangelho e as Sagradas
Escrituras.

A imposição das mãos eventualmente pode cau-


sar algum desconforto ou deixá-los preocupados
com o sentido do ato. Para deixá-los mais con-
fortáveis durante a oração, recomenda-se não
impor as mãos.

A Doutrina da Imposição das Mãos


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11. Imposição das Mãos por Não Crentes

Em certa ocasião, durante um casamento, o pas-


tor orientou que todos os presentes impusessem
as mãos sobre os noivos. Aquele foi um ato pre-
cipitado, embora bem intencionado, pois, com
isso, indivíduos com vícios, que não nasceram
novamente, ímpios, ateus e que criam em outros
deuses impuseram as mãos.

Diante disso, perguntamos: o que eles estavam


transmitindo ao casal, espiritualmente, por meio
daquela oração?

A Doutrina da Imposição das Mãos


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12. Hierarquia e Imposição das Mãos

Este é um ponto que geralmente suscita algu-


mas dúvidas.

O NT estabelece a hierarquia no governo da Igre-


ja, embora existam algumas diferenças entre as
igrejas evangélicas. Normalmente temos: pasto-
res, presbíteros, diáconos e obreiros.

A pergunta que surge é: os diáconos podem orar


com a imposição das mãos sobre os pastores?
Pode alguém que se encontra um nível abaixo
(evidentemente, não diante de Deus) na hierar-
quia eclesiástica da igreja orar por outro que está
acima? Vejamos de que forma a bíblia esclarece
tais questões.

O maior abençoa o menor:

Porque este Melquisedeque, que era rei


de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e

A Doutrina da Imposição das Mãos


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que saiu ao encontro de Abraão quando
ele regressava da matança dos reis, e o
abençoou; a quem também Abraão deu
o dízimo de tudo, e primeiramente é,
por interpretação, rei de justiça, e depois
também rei de Salém, que é rei de paz;
sem pai, sem mãe, sem genealogia, não
tendo princípio de dias nem fim de vida,
mas sendo feito semelhante ao Filho de
Deus, permanece sacerdote para sem-
pre. Considerai, pois, quão grande era
este, a quem até o patriarca Abraão deu
os dízimos dos despojos. E os que dentre
os filhos de Levi recebem o sacerdócio
têm ordem, segundo a lei, de tomar o
dízimo do povo, isto é, de seus irmãos,
ainda que tenham saído dos lombos
de Abraão. Mas aquele, cuja genealogia
não é contada entre eles, tomou dízi-
mos de Abraão, e abençoou o que tinha
as promessas. Ora, sem contradição
alguma, o menor é abençoado pelo
maior. (Hebreus 7:1-7 – ARC) (Grifamos)

A Doutrina da Imposição das Mãos


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Esse princípio bíblico permeia o relacionamen-
to do homem com Deus e com o Senhor Je-
sus, nosso sumo sacerdote. Não abençoamos o
Senhor, pois somos os menores, mas o Senhor
nos abençoa, pois é o Deus Altíssimo. Assim, o
maior abençoa o menor.

O mesmo entendimento também norteia o ato


de imposição das mãos, ou seja, o maior deve
abençoar o menor. Dessa forma, os pastores
oram pelos diáconos e os diáconos e pastores
oram pelos obreiros, respeitando a ordem da
hierarquia bíblica.

Também se faz necessária uma análise sobre esse


ponto no batismo de Jesus, pois, nesse caso, é
possível afirmar que o menor abençoou o maior.
O próprio João entendeu dessa forma, conforme
se pode notar:
Mas João opunha-se-lhe, dizendo:
Eu careço de ser batizado por ti, e
vens tu a mim? (Mateus 3: 14 – ARC)

A Doutrina da Imposição das Mãos


36
E eu, em verdade, vos batizo com água,
para o arrependimento; mas aquele que
vem após mim é mais poderoso do que
eu; cujas alparcas não sou digno de levar;
ele vos batizará com o Espírito Santo, e
com fogo. (Mateus 3: 11 – ARC) (Grifamos)

João demonstrou claramente entender que o


maior abençoa o menor, ao declarar que não po-
deria batizar o Senhor Jesus porque era menor
do que Ele. Entretanto, percebemos que o pró-
prio Senhor Jesus o autorizou, batismo que foi
validado por Deus, que assim se manifestou:

Jesus, porém, respondendo, disse-lhe:


Deixa por agora, porque assim nos
convém cumprir toda a justiça. En-
tão ele o permitiu. E, sendo Jesus ba-
tizado, saiu logo da água, e eis que se
lhe abriram os céus, e viu o Espírito de
Deus descendo como pomba e vindo
sobre ele. E eis que uma voz dos céus
dizia: Este é o meu Filho amado, em
quem me comprazo. (Mateus, 3: 15 -17)

A Doutrina da Imposição das Mãos


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Sendo assim, entendemos que, havendo a ne-
cessidade e diante da autorização daquele que
exerce hierarquia superior, como verificamos no
texto supracitado, poderá ser realizada a imposi-
ção das mãos, afinal, se João não o fizesse, quem
poderia fazê-lo? Tratava-se de uma necessidade
para que se cumprissem as Escrituras.

Apenas a título de exemplo: é totalmente acei-


tável que se um pastor necessita de imposição
das mãos e não há outro pastor para tanto, ele
poderá autorizar os diáconos a orar por ele.

A Doutrina da Imposição das Mãos


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13. A Bênção Sacerdotal

Encontramos no VT a Bênção Arônica ou Sacer-


dotal, quando, por uma ordenança do Senhor, o
filho de Arão abençoava (Arão e seus filhos aben-
çoavam) a todos durante o culto levítico:

E falou o SENHOR a Moisés, dizendo:


Fala a Arão, e a seus filhos dizendo: As-
sim abençoareis os filhos de Israel, di-
zendo-lhes: O SENHOR te abençoe e te
guarde; O SENHOR faça resplandecer o
seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia
de ti; O SENHOR sobre ti levante o seu
rosto e te dê a paz. Assim porão o meu
nome sobre os filhos de Israel, e eu os
abençoarei. (Números 6: 22-27 – ARC)

Observe que a expressão “Senhor” aparece três


vezes na Bênção Sacerdotal, revelando a presen-
ça da Trindade sobre o povo de Israel.

A Doutrina da Imposição das Mãos


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No texto bíblico, o sacerdote orava, mas o Senhor
abençoava: “E eu os abençoarei”. Eis aí um dos
segredos da imposição das mãos: o pastor ora,
mas é o Senhor quem abençoa.

Na primeira expressão “Senhor”, avistamos a fi-


gura do Pai, o abençoador. Na segunda, mani-
festa-se a misericórdia, o Senhor Jesus, pois Ele
é a misericórdia de Deus em favor do homem;
por fim, na terceira expressão, notamos a palavra
“paz”, numa alusão ao Espírito Santo, responsável
por conceder paz ao coração do homem.

A Doutrina da Imposição das Mãos


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14. A Bênção Apostólica

O apóstolo Paulo encerra a segunda carta aos


Coríntios com uma oração que foi denominada
Bênção Apostólica:

A graça do Senhor Jesus Cristo, e


o amor de Deus, e a comunhão
do Espírito Santo seja com todos
vós. Amém. (1 Cor. 13: 14 – ARC)

A Trindade está presente na oração da Bênção


Apostólica, assim como na Bênção Sacerdotal.
É importante notar que a Bênção Apostólica se
trata de uma imposição das mãos e que o Se-
nhor prometeu que os sacerdotes orariam e
Ele abençoaria.

Em determinada ocasião, no culto de 47 anos da


igreja, durante a Bênção Apostólica, um visitante
se quebrantou profundamente e, após o culto,
afirmou ter sentido a presença de Deus de forma

A Doutrina da Imposição das Mãos


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tão intensa, que não conseguiu conter as lágri-
mas. A bênção do trino Deus veio sobre o seu
coração. No momento da Bênção Apostólica, po-
demos colocar as nossas necessidades diante do
Senhor, pois naquele ato Ele abençoará a Igreja.

A Doutrina da Imposição das Mãos


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15. Amém

A oração da Bênção Apostólica se encerra com o


“Amém”, palavra que significa “certamente”, “assim
seja” e, no hebraico, “verdade”. Após a oração do
pastor, a igreja deve responder dizendo “Amém”,
confirmando, assim, o amor de Deus, a graça do
Senhor Jesus e a comunhão do Espírito sobre ela.
É fundamental observar que Jesus é o Amém de
Deus. No Livro de Apocalipse, Ele se identifica
dizendo:

E ao anjo da igreja de Laodicéia escre-


ve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel
e verdadeira, o princípio da criação
de Deus: [...]. (Apocalipse 3: 14 – ARC)

A Bíblia relata que em Jesus houve sim e Amém:

Antes, como Deus é fiel, a nossa


palavra para convosco não foi sim e
não. Porque o Filho de Deus, Jesus

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Cristo, que entre vós foi pregado por
nós, isto é, por mim, Silvano e Timóteo,
não foi sim e não; mas nele houve sim.
Porque todas quantas promessas há de
Deus, são nele sim, e por ele o Amém,
para glória de Deus por nós. (2 Co-
ríntios 1:18-20 – ARC) (Grifo nosso)

Mas, quando houve em Jesus sim e Amém? Na


eternidade, quando foi estabelecido o projeto da
morte do Senhor Jesus em nosso lugar, Ele disse
“Amém”.

“Amém, eu irei morrer pelo homem”. “Amém, e


irei dar a minha vida para resgatar a muitos”. Para
nós, Jesus não foi sim ou não, mas “nele houve
sim”, como diz a Palavra.

O Senhor Jesus é o Amém e o sim de Deus


em nossas vidas. Quando o homem precisa
do Senhor e clama por socorro, Ele responde:
“Amém eu vou ajudá-lo”. Ele foi o “sim” de Deus

A Doutrina da Imposição das Mãos


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quando mais precisamos, ao declarar: “Sim, eu
aceito a sua vida”. Nele não houve sim e não.

No ser humano presenciamos a ambiguidade, há


sim e não. Às vezes diz sim, se propõe a ajudar,
proclama a sua misericórdia, mas no momento
seguinte, profere o não: “Não vou ajudar,
não perdoarei”.

O homem é inconstante, variável, e o mundo


segue a mesma lógica, mas no Senhor não hou-
ve sim e não. Nele inexistem inconstância e in-
certezas, nele houve tão somente sim e Amém
para nós.

Todas as promessas de Deus em Jesus são


“Amém”. Jesus é o Amém de todas as promessas
da Palavra de Deus, por isso a igreja deve confir-
mar a Bênção Apostólica sobre si com o “Amém”.

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