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INTRODUÇÃO

A Bíblia sagrada não se assemelha a nenhum outro livro no mundo inteiro. É o


único livro que se apresenta como sendo a revelação escrita do único Deus verdadeiro,
visando a salvação do homem, e que demonstra sua autoridade divina por meio de
muitas provas infalíveis. Outros documentos religiosos, tais quais o Alcorão maometano,
podem se declarar ser a própria palavra de Deus, mas não contém as provas de
autenticidade que há na Bíblia (por exemplo, o fenômeno de profecias cumpridas).
Sendo o registro da santa vontade de Deus para o homem, a Bíblia tem a máxima
importância para esclarecer corretamente o sentido verdadeiro das revelações que ela
mesma contém. Não seria certo interpretar as palavras das Escrituras como se tivessem
sido dadas em nossa época moderna, endereçadas as pessoas da língua portuguesa
enfrentando problemas do século vinte. Não há dúvida: a Bíblia de fato traz para nós
hoje a mensagem de Deus, e é tão relevante para nós hoje como era relevante para os
hebreus da antiguidade. Mas a forma de ser entregue aquela mensagem era uma forma
hebraica antiga, e em primeira instância, a mensagem se dirigia a pessoas que
enfrentavam as questões e circunstancias especificas da sua própria época. Não
podemos entender os princípios subjacentes e permanentes contidos nestas antigas
declarações da parte de Deus, sem, em primeiro lugar, tomar conhecimento dos
problemas e desafios com os quais se confrontava o povo de Deus na geração na qual
Ele lhe falou.
“A bíblia simplesmente não caiu do céu, nem foi escrita numa linguagem especial com
uma forma única de literatura por uma estranha classe de seres humanos não afetados
por seu contexto social e histórico. Não, a bíblia foi escrita por pessoas reais, vivendo em
contextos específicos da história, para tratar do indivíduo em particular e das
necessidades da comunidade.” Michael Gorman
A proposta dessa cadeira é despertar o interesse para o Antigo Testamento como
algo importante para a compreensão do plano de salvação. Para alguns cristãos, o Novo
Testamento pode parecer mais fácil. Em geral, os livros do Novo Testamento são
menores, mais estudados e mais familiares. Por outro lado, os livros do Antigo
Testamento podem parecer como as terras desconhecidas. Os grandes campos abertos
da história patriarcal, as impenetráveis rochas da lei levítica e as densas florestas e
penhascos profundos dos profetas afugentaram muitos pretensos viajantes. Todos
conhecem uma ou duas histórias trazidas pelas almas corajosas que se aventuraram no
desconhecido, porém, muitos cristãos ficam satisfeitos em passar suas horas de
quietude entre os cenários mais conhecidos e, aparentemente, mais aconchegantes dos
Evangelhos e das epístolas.
Os livros do Antigo Testamento são grandes e não os conhecemos muito bem.
Eles exigem que saibamos toda sorte de histórias que já esquecemos ou nunca
aprendemos. E o que dizer de todos aqueles nomes impronunciáveis. Toda a ideia de
fazer uma jornada ao Antigo Testamento começa a soar difícil, morosa, inútil e, talvez,
até perigosa. Por motivos como esses, muitos de nós abandonamos o Antigo
Testamento em favor do Novo. Deixemos que os estudiosos, os arqueólogos, os
caçadores de profecias e os professores do seminário lidem com ele! Contudo,
desprezamos a revelação de Deus ao deixar de lado esses livros. Mais que isso, limitamos
nossa capacidade de entender a revelação de Jesus Cristo do Novo Testamento. Se
Cristo é a chave da história humana, o Antigo Testamento descreve em detalhes a
fechadura. Se Cristo é o ápice da história, o Antigo Testamento arruma o cenário e inicia
o enredo. Você lê apenas os finais dos livros?

O Novo Testamento apresenta-nos o cumprimento das promessas de Deus, o


Antigo Testamento conta-nos as promessas que Ele fez. Em outras palavras, se você não
entender o que o Antigo Testamento ensina nunca entenderá Cristo. Nosso Deus não
desperdiça palavras. Um Testamento precisa do outro. Se primeiro entender a questão
que o Antigo Testamento deixou sem resposta, você será mais capaz de compreender a
cruz de Cristo. A cruz é a resposta.
Nem todas as pessoas que leem a Bíblia veem-na como um todo. Alguns ignoram
o Antigo Testamento. Perto do fim do século II, os seguidores de Marcião rejeitaram o
Antigo Testamento, embora ele fosse a Bíblia de Jesus e dos apóstolos. Marcião e seus
seguidores também excluíram tudo do Novo Testamento, com exceção de Lucas e das
dez epístolas de Paulo. Embora os cristãos tenham rápida e completamente rejeitado
esse corte radical, o Antigo Testamento, com muita frequência, tem um destino similar
nos círculos evangelísticos de hoje. Ninguém diz o que Marcião disse, mas o efeito é o
mesmo: ignora-se o Antigo Testamento.
Às vezes, escavam-no à procura de boas histórias de José, Davi ou Moisés. Talvez
procuremos bons exemplos de bravura ou de devoção para que nossos filhos os sigam.
Ou sejamos sentimentais em relação a uns poucos salmos e provérbios preferidos. Mas,
via de regra, ignoramos o Antigo Testamento. É apenas por preguiça que fazemos isso?
Se você é cristão, e tem o desejo de conhecer a sua história, com certeza, sabe
que o Novo Testamento registra a maravilhosa revelação que Deus faz de si mesmo em
Cristo. Todavia, se você ignora o Antigo Testamento, também deixa de lado a base e o
fundamento do Novo. O Antigo Testamento fornece o contexto para a compreensão
da pessoa e da obra de Cristo. A obra da criação, a rebelião do homem contra Deus, a
morte como consequência do pecado, a eleição de um povo específico, a revelação que
Ele faz do pecado por meio da lei, a história e as obras de seu povo em meio aos outros
povos — poderia prosseguir indefinidamente —, todas essas coisas formam o cenário
para vinda de Cristo. Ele entra em cena em um ponto específico da linha da história.
Portanto, as parábolas de Jesus, muitas vezes, referem-se à história que se iniciou em
Gênesis. As suas batalhas verbais com os fariseus enraízam-se nas diferenças em relação
à interpretação da Lei. E as epístolas, com frequência, fundamentam-se no Antigo
Testamento. Para entender tanto o propósito de Deus na história como a linha histórica,
temos que começar do início. Quando entendemos melhor o Antigo Testamento, damos
um grande passo em direção a um melhor entendimento do Novo Testamento e, por
conseguinte, também de Jesus Cristo, do cristianismo, de Deus e de nós mesmos.
Os autores do Novo Testamento consideravam os livros do Antigo Testamento
(A Lei e os Profetas) como sendo uma unidade composta ( a Escritura), em última análise
sendo autoria do próprio Deus, apesar de ter sido escrita por intermédio de autores
humanos que registram a verdade sob a infalível orientação divina (Gl 3:8; 2 Pe 1:20).
Os apóstolos inspirados consideravam que a intenção do Autor divino das Escrituras
hebraicas era o que mais importava; a intenção do autor humano era meramente algo
subordinado. Poderia até acontecer que o autor humano de uma profecia do Antigo
Testamento não entendesse o pleno significado daquilo que escrevia, embora que suas
palavras exprimissem literalmente o propósito do Autor divino que o inspirou (1 Pe:10-
11).
Os escritores do Novo Testamento viam as Escrituras hebraicas inteiras como
sendo um testemunho a Cristo Jesus, o Homem que cumpriu toda a Lei; o Sacrifício e o
Sumo Sacerdote das ordenanças rituais; o Profeta, Sacerdote e o Rei anunciado de
antemão pelos profetas; e o Esposo descrito nos livros poéticos. Perceberam o
significado profético até nos acontecimentos históricos registrados no Antigo
Testamento. Assim, a travessia do Mar Vermelho prenunciava o batismo cristão (1 Co
10:1-2): a conquista de Canaã, levada a efeito por Josué, prefigurava o descanso
espiritual no qual os cristãos entram pela fé (Hb Caps. 3 e 4).
Em geral, podemos dizer que o Antigo Testamento apresentava a preparação da
qual o Novo Testamento foi o cumprimento; era a semente e a planta da qual o Novo
testamento era o fruto glorioso. Precisamente porque Jesus de Nazaré cumpriu tudo
aquilo que o Antigo Testamento predisse, sua vida e seus atos possuíam uma finalidade
absoluta, muito diferente do caso de ele ser um mero sábio religioso como muitos
outros. Por este tipo também, o Evangelho de Cristo possui uma validade que o distingue
de todas as religiões feitas pelos homens. O Antigo Testamento demonstra que Jesus e
sua Igreja eram providencias, a concretização do proposito de Deus; o Novo testamento
comprova que as Escrituras hebraicas constituíam um organismo coerente e integrado,
focalizando um único tema grandioso, e exibindo um programa único de redenção.
PANORAMA DO ANTIGO TESTAMENTO
O que o novo testamento fala sobre o Antigo Testamento?
1. 2 Timóteo 3:15-17.

Então como lê o antigo testamento? O que encontramos no antigo testamento?


A progressividade histórica do processo da revelação. A revelação não foi completada
num único ato exaustivo, mas se desdobrou ao longo de uma série de atos sucessivos.
Deus vai se fazendo conhecido e se relevando na história.
“A autorrevelação de Deus, ainda que tenha chegado até nós por intermédio de
instrumentos subjetivos, é infalível e inerrante por não se limitar à manifestação verbais
isoladas, mas uma série de atos de fala divinos na História”. Pedro Dulci ‘’
“O objetivo do Antigo Testamento não é transformar vidas, embora conhecer a Deus
deve transformar a vida do interessado. O objetivo do Antigo testamento não é a adoção
de um sistema de valores, embora isso certamente seja o resultado de conhecer a Deus
de modo real. O antigo testamento não é um depósito de exemplos históricos, hinos
empoeirados e discursos proféticos obscuros, mas o convite divino para ouvir sua
história”. Jonh Walton

Criação – Queda – Israel – Jesus – Igreja – Reino de Deus.


O antigo testamento foi composto durante o período de mil anos, que se
estenderam de meados do segundo a meados do primeiro milênio a.C. Embora o NT
considere Deus o autor do AT pela inspiração do Espirito Santo, pelo menos quarenta
autores diferentes foram identificados. O texto do AT foi registrado originalmente em
duas línguas, hebraico e aramaico. Entre os escribas antigos estão personalidades
bíblicas bem conhecidas: Moises, Davi e Salomão.

Formação do Canon do Antigo testamento


Fase 01 – pronunciamento detentores de autoridade (tradição oral)
Fase 02 – Documentos formais escritos (Mil anos)
Fase 03 – Coleção de documentos escritos
Fase 04 – Seleção de documentos escritos e fixação do cânon

Os hebreus, aparentemente haviam fixado ou estabelecido o cânon bem antes da época


de Jesus Cristo.
Ao que tudo indica, houve pelo menos quatro períodos principais na história do AT,
durante as quais a seleção de documentos e a fixação do cânon teriam sido essenciais
para a comunidade religiosa hebraica
1 – A experiencia no Sinai após o Êxodo.
2 – A mudança da teocracia para a monarquia em Israel
3 – A queda da Jerusalém e o Exilio na Babilônia.
4 – As reformas de Esdras, o escriba e Neemias, o governador, na Jerusalém pós exilio.

Livros apócrifos
Um conjunto de livros que formam o que normalmente chamamos de “Antigo
Testamento” já estava completo antes do ano 200 a.C. Por ter sido escrito em hebraico
(uma mínima parte em aramaico) é chamado de “Bíblia Hebraica” e tem três divisões:
Torah (Lei), Nebiîm (Profetas), Ketubîm (Escritos). É comumente chamado de TaNaK
(palavra formada pela primeira letra do título de cada parte). Em torno do ano 180 a.C.,
foi feita a tradução da Bíblia Hebraica para o grego. Mas esta não foi somente uma
tradução: houve também adaptações e acréscimos, tanto de partes como de livros
inteiros. A tradução grega é conhecida como “Setenta” ou “Septuaginta” e indicada
pelas letras LXX (setenta em algarismos romanos).
Entre a Bíblia Hebraica e a LXX, portanto, há várias diferenças além da língua:
ambiente histórico, social, político, geográfico; adaptações e acréscimos; livros novos na
LXX (nem todos no cânon de nossas Bíblias); agrupamento e ordem dos livros.
As bíblias católicas se diferenciam das bíblias protestantes/evangélicas porque,
além dos livros da Bíblia Hebraica, inclui também alguns dos livros novos que foram
acrescentados na LXX. São eles (usando a palavra BESTIM como recurso mnemônico):
B – Baruc
E - Eclesiástico (Sirácida)
S – Sabedoria
T – Tobias
I – Judite
M - Macabeus (1 e 2) E ainda, as partes gregas de Daniel e Ester.
São livros que foram escritos em 200 a.C e 100 d.C. Foram escritos originalmente
em hebraico, grego e aramaico e preservados em grego, latim, etíope, copta, árabe,
siríaco e armênio. Com o crescimento da língua grega, percebeu a necessidade de
traduzir a bíblia hebraica para a grega, chamada assim de septuaginta e esses livros
entraram paulatinamente nessa tradução. Os primeiros cristãos usaram esses livros. Um
ponto importante a ser destacado é que os judeus nunca aceitaram esses livros como
palavra de Deus. A reforma protestante não considerou esses livros como palavra de
Deus.
Nas nossas edições da Bíblia, a ordem e o agrupamento dos livros não seguem
exatamente a Bíblia Hebraica nem a LXX. Nas bíblias católicas, é possível distinguir os
seguintes grupos:
– Pentateuco (Torah, Lei)
– Livros históricos
– Livros poéticos e sapienciais
– Livros proféticos
Linha do Tempo cronológico.
Criação, Adão e Eva, Queda, Diluvio, torre de Babel, Abraão, (200a.C), Ismael e Isaque,
Jacó, José (Egito), Moises (1526a.C), Êxodo, A primeira aliança, conquista da terra
prometida, Juízes (1350), Samuel, Saul e Davi e Salomão, Reino dividido, Assíria,
Babilônia e Persa, 400 anos de silencio.

Pentateuco
O termo Pentateuco é aplicado comumente aos cinco primeiros livros do AT:
Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. A expressão grega significa “cinco
rolos” e, aparentemente, foi popularizada pelos judeus helenistas, de Alexandria, no
primeiro século d.C. Os judeus de fala hebraica tradicionalmente referiam-se a esses
cinco livros como “Torá” (ou “instrução em santidade”). Outras denominações do
Pentateuco incluem o “livro da Lei”, ressaltando as estipulações da aliança; e a “Lei de
Moisés”, salientando o mediador humano. O Pentateuco foi a primeira coleção literária
divinamente inspirada reconhecida por Escritura pela comunidade judaica. Como tal, é
a parte mais importante do cânon hebraico, vindo sempre no início da divisão tripla do
AT: Lei, Profetas e Escritos.
Sua posição superior no cânon do AT em respeito à autoridade e santidade é
evidenciada por sua posição e separação dos outros livros na Septuaginta (tradução
grega do AT). A tradução cuidadosa do Pentateuco hebraico para o grego também
confirma o grande respeito a essa coleção na comunidade judaica (ao contrário das
divisões incompletas e traduzidas sem tanta preocupação com a literalidade dos
Profetas e das Escrituras).
TEMA E CONTEÚDO GERAL
A divisão do Pentateuco em “cinco livros” é, na verdade, uma compartimentação
secundária do que fora elaborado para ser unidade literária. A melhor maneira de
considerar o Pentateuco é um livro de “cinco volumes”. David J. A. Clines (1979)
argumentou de forma convincente que o Pentateuco tem duas divisões básicas, Gênesis
1 à 11 e Gênesis 12 à Deuteronômio 34. Em razão da queda do homem e do
relacionamento rompido entre Deus e a humanidade, a primeira parte propõe a
pergunta: “Como esse relacionamento pode ser restaurado?”. A segunda dá a resposta,
ou pelo menos parte dela, ao dilema humano descrito em Gênesis 1— 11.
A solução está fundamentada na ideia da aliança entre Deus e Abraão, em
Gênesis 12.1-3. Essa passagem constitui o foco da segunda parte e, na verdade, resume
os temas principais das narrativas do Pentateuco: a aliança de Javé, a posteridade de
Abraão, a eleição e a graça divina e ainda a concessão da “terra prometida”.
A parte 1 explica a origem do mundo e da humanidade, a natureza e o propósito
do ser humano, registra a entrada do pecado na criação perfeita de Deus e revela o
caráter divino que julga o pecado humano (visto no relato do dilúvio) e trata com
misericórdia a criação caída (como vemos na graça estendida a Noé e sua família).
A parte 2 explica como Israel, por intermédio de Abraão, tornou-se o povo eleito
da aliança de Javé e instrumento de Deus para revelá-lo e restaurar o relacionamento
suspenso e corrompido entre o Criador e a criação. Os relatos do Pentateuco são
importantes para Israel, em razão da aliança singular com Javé, e para as nações do
mundo, já que o destino da humanidade está ligado à aliança com Deus.
O tema teológico unificador do Pentateuco é a promessa de Javé feita a Abrão,
em Gênesis 12.3. O que a humanidade não pôde fazer, apesar de seu orgulho e
autossuficiência (sintetizados na torre de Babel), Deus iniciou mediante sua promessa
da aliança. A estrutura literária do Pentateuco é mera expansão da promessa tríplice da
aliança com Abrão.
Plano literário do Pentateuco

• Gênesis 1— 11: Criação, queda e julgamento.


• Gênesis 12—50: Aliança, eleição de Abraão e conservação providencial de sua
família.
• Êxodo: Livramento milagroso do povo de Javé da escravidão no Egito,
relacionamento da aliança estendido a Israel como seu povo no Sinai e outorga
da Lei como constituição teocrática para Israel.
• Levítico: Expansão da Lei da aliança com o propósito de santidade entre o povo
de Javé, já que ele viveria em seu meio.
• Números: Provação e purificação do povo da aliança de Javé na peregrinação
pelo deserto do Sinai.
• Deuteronômio: Renovação da aliança e segunda entrega da Lei como
preparativo para a entrada na terra da promessa pela segunda geração do povo
de Javé.
Prosa narrativa
A maior parte da literatura da Lei é prosa narrativa. Ela é simples, mas direta e
expressiva. O texto é, quase todo, um relato registrado na terceira pessoa a respeito da
história israelita antiga entremeada de orações, declarações e outros tipos de discurso
direto (a intercessão de Abraão por Sodoma em Gn 18.22-33, o discurso de Javé a Moisés
em Êx 3.7-12 e o diálogo entre o faraó e Moisés em Êx 10.1-21).
As narrativas combinam habilmente relatos históricos e interpretação teológica.
Isso faz do Pentateuco mais que mero registro de acontecimentos em ordem
cronológica; todavia, menos do que propaganda religiosa intencional para explicar ou
justificar ações, fatos, instituições ou doutrinas. O melhor exemplo dessa combinação
deve ser a interpretação providencial do sofrimento de José em benefício da família de
Jacó (Gn 50.15-21).
A linguagem do Pentateuco é simples e bela, usando linguagem antropomórfica
e referências frequentes à teofania.
Gêneros da narrativa hebraica
1. Cômico: história com final feliz, geralmente caracterizada pelo enredo que evolui do
problema para a solução (a história de José, Gn 37— 50).

2. Heroico: história formulada em torno da vida e das façanhas do protagonista,


enfatizando especialmente as lutas e os triunfos do herói ou da heroína que representa
um grupo (história de Abraão e Sara, Gn 12—25).

3. Épico: história heroica em grande escala, demonstrando interesses nacionalistas e,


em geral, contendo personagens e acontecimentos sobrenaturais (o Êxodo do Egito, Êx
12— 18).

4. Trágico: história que descreve a mudança de sorte, passando frequentemente da


prosperidade para a catástrofe, com ênfase no resultado da escolha humana (queda de
Adão e Eva, Gn 3).
Estrutura narrativa do Pentateuco

• Gênesis 1—11: Prólogo primevo.


• Gênesis 12—50: Registros dos patriarcas e das matriarcas.
• Êxodo 1.1— 12.30: Israel no Egito
• Êxodo 12.31—18.27: Êxodo israelita, viagem ao monte Sinai.
• Êxodo 19.1— Números 10.10: Israel acampado no monte Sinai.
• Números 10.11— 12.16: Jornada no deserto do monte Sinai até Cades-Barnéia.
• Números 13.1— 19.22: Israel acampado em Cades-Barnéia.
• Números 20.1—21.35: Peregrinação desde Zim ao monte Hor e às planícies de
Moabe.
• Números 22— Deuteronômio 34: Israel acampado em Moabe. também
contribui para a relutância em usar tais palavras.
Teoria documentária da Alta Crítica
Há dois séculos, eruditos de tendência racionalista puseram em dúvida a
paternidade mosaica do Pentateuco. Criaram a Teoria Documentária da Alta Crítica,
segundo a qual os primeiros cinco livros da Bíblia são uma compilação de documentos
redigidos, em sua maior parte, no período de Esdras (444 a.C)
No entender desses autores, o documento mais antigo que se encontra no
Pentateuco data do tempo de Salomão. Julgam que o Deuteronômio é uma "fraude
piedosa" escrita pelos sacerdotes no reinado de Josias tendo em mira promover um
avivamento; que o Gênesis consiste mormente em lendas nacionais de Israel.

Muitos estudiosos conservadores acham provável que Moisés, ao escrever o


livro do Gênesis, tenha empregado genealogias e tradições escritas (Moisés menciona
especificamente "o livro das gerações de Adão", em Gênesis 5:1). William Ross observa
que o tom pessoal que encontramos na oração de Abraão a favor de Sodoma, no relato
do sacrifício de Isaque, e nas palavras de José ao dar-se a conhecer a seus irmãos "é
precisamente o que esperaríamos, se o livro de Moisés fosse baseado em notas
biográficas anteriores".
Provavelmente, essas valiosas memórias foram transmitidas de uma geração
para outra desde tempos muito remotos. Não nos cause estranheza que Deus possa ter
guiado Moisés a incorporar tais documentos em seus escritos. Seriam igualmente
inspirados e autênticos.
Também é notável haver alguns acréscimos e retoques insignificantes de
palavras arcaicas, feitos à obra original de Moisés. É universalmente reconhecido que o
relato da morte de Moisés (Deuteronômio 34) foi escrito por outra pessoa (o Talmude,
livro dos rabinos, o atribui a Josué). Gênesis 36:31 indica que havia rei em Israel, algo
que não existia na época de Moisés. Em Gênesis 14:14 dá--se o nome "Dã" à antiga
cidade de "Laís", nome que lhe foi dado depois da conquista. Pode-se atribuir isto a
notas esclarecedoras, ou a mudanças de nomes geográficos arcaicos, introduzidas para
tornar mais claro o relato. Provavelmente foram agregados pelos copistas das Escrituras,
ou por algum personagem (como o profeta Samuel). Não obstante, estes retoques não
seriam de grande importância nem afetariam a integridade do texto. Assim, pois, são
contundentes tanto a evidência interna como a externam de que Moisés escreveu o
Pentateuco.
Muitos trechos contêm frases, nomes e costumes do Egito, indicativos de que o
autor tinha conhecimento pessoal de sua cultura e de sua geografia, algo que
dificilmente teria outro escritor em Canaã, vários séculos depois de Moisés. Por
exemplo, consideremos os nomes egípcios: Potifar (dom do deus do sol, Ra), Zafnate—
Paneá (Deus fala; ele vive), Asenate (pertencente à deusa Neit) e On, antigo nome de
Heliópolis (Gênesis 37:36; 41:45, 50). Notemos, também, que o autor menciona até os
vasos de madeira e os de pedra que os egípcios usavam para guardar a água que tiravam
do rio Nilo. O célebre arqueólogo W. F. Albright diz que no Êxodo se encontram em
forma correta tantos detalhes arcaicos que seria insustentável atribuí-los a invenções
posteriores.
Também, pelas referências feitas com relação a certos materiais do tabernáculo,
deduzimos que o autor conhecia a península do Sinai. Por exemplo, as peles de texugos
se referem, segundo certos eruditos, às peles de um animal da região do mar Vermelho;
a "onicha", usada como ingrediente do incenso (Êxodo 30:34) era da concha de um
caracol da mesma região. Evidentemente, as passagens foram escritas por alguém que
conhecia a rota da peregrinação de Israel e não por um escritor no cativeiro babilônico,
ou na restauração, séculos depois.
Do mesmo modo, os conservadores mostram que o Deuteronômio foi escrito no
período de Moisés. O ponto de referência do autor do livro é o de uma pessoa que ainda
não entrou em Canaã. A forma em que está escrito é a dos tratados entre os senhores e
seus vassalos do Oriente Médio no segundo milênio antes de Cristo. Por isso,
estranhamos que a Alta Crítica tenha dado como data destes livros setecentos ou mil
anos depois.
A Arqueologia também confirma que muitos dos acontecimentos do livro do
Gênesis são realmente históricos. Por exemplo, os pormenores da tomada de Sodoma,
descrita no capítulo 14 do Gênesis, coincidem com assombrosa exatidão com o que os
arqueólogos descobriram. (Nisto se incluem: os nomes dos quatro reis, o movimento
dos povos, e a rota que os invasores tomaram, chamada "caminho real". Depois do ano
1200 a. C, a condição da região mudou radicalmente, e essa rota de caravanas deixou
de ser utilizada.) O arqueólogo Albright declarou que alguns dos detalhes do capítulo 14
nos levam de volta à Idade do Bronze (período médio, entre 2100 e 1560 a. C.).4 Não é
muito provável que um escritor que vivesse séculos depois conhecesse tais detalhes.
Além do mais, nas ruínas de Mari (sobre o rio Eufrates) e de Nuzu (sobre um
afluente do rio Tigre) foram encontradas tábuas de argila da época dos patriarcas. Nelas
se descrevem leis e costumes, tais como as que permitiam que o homem sem filhos
desse sua herança a um escravo (Gênesis 15:3), e uma mulher estéril entregasse sua
criada a seu marido para suscitar descendência (Gênesis 16:2). Do mesmo modo, as
tábuas contêm nomes equivalentes ou semelhantes aos de Abraão, Naor (Nacor),
Benjamim e muitos outros. Por isso, tais provas refutam a teoria da Alta Crítica de que
o livro do Gênesis é uma coletânea de mitos e lendas do primeiro milênio antes de
Cristo. A Arqueologia demonstra cada vez mais que o Pentateuco apresenta detalhes
históricos exatos, e que foi escrito na época de Moisés. Há razão ainda para se duvidar
de que o grande líder do êxodo foi seu autor?

Gênesis
AUTORIA
1. Os Hebreus deram-lhe o nome de “Bereshith” à sua primeira frase, “No
Princípio.”
2. Os tradutores da Septuaginta chamaram-na de “Gênesis” (Origem) em virtude
de ele relatar a origem do Universo e do homem na obra criativa de Deus.
AUTORIA DE MOISES CONTESTADA
1. Até o século dezessete, as comunidades judaicas e cristãs atribuíram
universalmente a autoria do Pentateuco a Moises.
2. Depois que Baruch Spinoza ensinou em 1671 a possibilidade de seu autor ter sido
Esdras, muitas teorias apareceram sobre o assunto. O emprego de diferentes
nomes de Deus, estilos literários diversos e a enumeração de diferentes fases do
desenvolvimento do culto têm levado críticos a supor a existência de vários
documentos originais. Alguns estudiosos de nomeada concordam com o
seguinte:
a. Jean Astruc (1753) admitiu uma autoria dupla por aparecerem dois
nomes de Deus: Elohim (E) e Yahweh (J) (de Javé).
b. Johann Eichorn (1780) também achou estilos literários diferentes em
relação aos dois nomes de Deus, e viu nisso evidencias que confirmariam
a existência de dois autores.
c. Alexander Geddes (1792) admitiu muitos autores para o livro de Gênesis,
mas um só redator que teria reunido os fragmentos, partindo dos mais
primitivos e diversos documentos para os mais unificados.
3. Negar a autoria de Moises traz inevitavelmente o desgaste de outra doutrinas:
a. E questionada a inspiração divina, pois os livros passam a ser
considerados produto de maquinações religiosas, em vez de palavras
diretas de Moises, o profeta de Deus.
AUTORIA DE MOISES CONFIRMADA
1. Moises é reconhecido como o homem mais erudito da antiguidade e como
aquele que reivindicou escrever sob a direção de Deus (Ex 17:14; 34:27; Dt
31:9;24; At 7:22). Nenhum outro autor da antiguidade foi assim identificado.
2. A unidade de conteúdo, estilo antiquado e gênero de palavras diferenciam os
livros do Pentateuco de todos os outros do Antigo Testamento. Há uma
comunidade óbvia de conteúdo e estilo em todos os cincos livros.
3. Cristo e os escritores do Novo Testamento afirmam ser Moises o autor dos
cincos livros conhecidos como “A Lei” (Jo 1:17; 5:47; 7:19; Rm 10:5, 19).
4. Quase todas as tradições judaicas reconhecem, até os tempos modernos a
autoria de Moises.

CENÁRIO HISTÓRICO
1. Data em que foi escrito
a. Embora fosse possível Moises escrever esse livro no exilio de quarenta
anos em Midiã, é duvidoso que ele tivesse a motivação humana ou a
inspiração divina para compor essa monumental obra literária. É mais
provável que a tenha escrito num período subsequente a sua comissão
divina junto à sarça ardente que fez dele um profeta de Deus. ]
2. Extensão histórica de Gênesis
a. A história de Gênesis começa com a criação do universo e do homem e
termina com a morte de José, o último dos patriarcas de Israel.
3. EXTENSÃO GEOGRÁFICA DE GÊNESIS
a. A ação geográfica do livro é a do vale da Mesopotâmia, conhecido como
o berço da raça humana, até o vale do Nilo no Egito, o berço da raça
hebraica.
4. CENÁRIO RELIGIOSO
a. A religião, ou o relacionamento pessoal com Deus proeminentemente
em Gênesis. Antes do diluvio, o monoteísmo prevalece quase
universalmente. Os castigos divinos, por ocasião do diluvio e da torre de
Babel, foram motivados pela insolência e rebelião do povo. Na época de
Abraão, a idolatria motivou o posterior castigo ao Egito.
b. A ação religiosa de Gn 1-11 retrata os inevitáveis resultados do pecado
no mundo, subjugando o corrompendo tudo o que toca. Começando com
a independência e desejos egoístas, o pecado sai do coração e da vontade
e atinge o lar, a família, os descendentes e a sociedade em geral. No
diluvio, Deus teve de quase destruir a raça humana a fim de salva-la.
c. Na história de Abraão e da sua aliança com Deus, o programa redentor
divino é apresentado como a resposta do Criador ao dilema do homem
no pecado. De um mundo emaranhado em idolatria, Deus selecionou
Abraão como um homem de fé a fim de que fosse o recipiente da sua
graça e das suas alianças, sendo que, através delas, o seu programa
redentor seria executado.
5. OBJETIVO DO LIVRO DE GENESIS
a. Seus objetivo histórico é proporcionar uma narrativa autêntica da origem
nobre do homem ao ser criado por Deus, sua queda ignóbil no pecado,
com as devidas consequências de corrupção e julgamento, e a introdução
do reino de Deus e dos programas redentores da terra. A história é mais
especifica do que geral, sempre excluindo linhas colaterais a fim de traçar
os programas da aliança e redenção.
b. O seu objetivo teológico é salientar a soberania de Deus sobre toda a
criação e enfatizar a responsabilidade do homem para com o Deus
soberano. Reação positiva de obediência traz a graça e o livramento de
Deus, sendo que a reação negativa de rejeição e rebeldia acarreta o
julgamento divino.
Qual é a ideia mais importante que encontramos no relato da criação? Não é a descrição
do processo de criar, nem a dos detalhes acerca do homem, por mais interessantes que
sejam. Tal ideia é: há um Deus, e por ele foram feitas todas as coisas. A frase "No
princípio . . . Deus. . ." é a resposta aos erros do politeísmo, do materialismo, do
panteísmo e do dualismo. Além do universo, há um ser eterno que é superior à sua
criação.

A figura de Deus domina o primeiro capítulo da Bíblia. Seu nome aparece trinta e cinco
vezes nos trinta e quatro versículos. O termo traduzido por Deus é Elohim, forma plural.
Não obstante, quando se faz referência a Deus, sempre se usa o verbo no singular, o que
nos indica que Deus é uno. No idioma hebraico, a forma plural às vezes expressa
intensidade ou plenitude. Por isso, a palavra Elohim indica sua majestade, poder infinito
e excelência. Ele possui completamente todas as perfeições divinas.

A segunda parte do relato da criação (2:4-25) insiste no fato de que Deus é um ser
pessoal, pois essa seção mostra o homem como seu objetivo. Emprega-se o título
Yahvéh-Elohim (Jeová Deus). Muito embora o nome Yahvéh(a> signifique que Deus é
eterno e tem existência ilimitada em si mesmo (Êxodo 3:14), também seu uso indica
que é o Deus do pacto, da graça e misericórdia.

Sua obra criadora diz claramente que ele é Deus de ordem, desígnio e progresso. Deriva
ordem do caos primitivo; todos os seus passos são ordenados e progressivos, e o
resultado demonstra admirável desígnio. Por isso o Gênesis ensina, desde o começo,
que Deus é único, transcendente, pessoal e criador.

O RELATO BÍBLICO E A CIÊNCIA MODERNA:


Quantos anos tem a Terra? Os cientistas têm encontrado evidências de grandes
mudanças geológicas, estratificação de massas de pedras, e outros indícios que os têm
feito chegar à conclusão de que a Terra é antiquíssima. Cria-se um conflito entre eles e
certos cristãos que acreditam que a Bíblia diz claramente que faz somente seis mil anos
que Deus criou o universo. Como se pode resolver este conflito?

Segundo alguns estudiosos da Bíblia, o problema não reside tanto na contradição entre
o relato bíblico e o que a ciência descobriu, mas entre a ciência e o relato mal
interpretado. Além disso, é preciso distinguir entre o que a ciência descobriu realmente
e o que é mera especulação ou teoria que ainda não foi comprovada (por exemplo: a
teoria da evolução). A ciência pura não consiste em teoria, mas em fatos demonstrados
e concretos. Não devemos correr o risco de identificar nossa posição com algo tão
cambiante como as teorias científicas.

Por outro lado, podemos descansar na confiança de que os futuros descobrimentos,


bem interpretados, eliminarão muitas das supostas contradições de hoje e lançarão
mais luz sobre o testemunho bíblico. A criação do universo: Capítulo 1:1-25. É possível
que Gênesis 1:1 afirme que Deus criou a matéria em um ato. O vocábulo "BARA",
traduzido "criou", só se usa em conexão com a atividade de Deus, e significa criar do
nada, ou criar algo completamente novo, sem precedentes.

A palavra "BARA" encontra-se em Gênesis 1:1, 21, 27, e se refere à criação da matéria,
da vida animal e do ser humano. Em outros casos, emprega-se "ASA", que corresponde
a "fazer". "Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de
maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente" (Hebreus 11:3). A ciência
ensina-nos que se pode transformar matéria em energia, mas parece que Deus
converteu energia em matéria. A seguir, mostramos o relato que a criação foi realizada
progressivamente, passo a passo. Moisés empregou uma palavra para descrever a
participação do Espírito; essa palavra sugere o ato de uma ave voando sobre o ninho no
qual estão seus filhotes (1:2). O Espírito pairava por sobre a superfície da terra, caótica
e sem forma, dando--lhe forma e ordem. Assim Deus sempre gera ordem da desordem.

Os dias sucessivos da criação foram:


➢ Primeiro dia: aparição da luz (dia e noite).
➢ Segundo dia: céu, atmosfera e mares.
➢ Terceiro dia: surgimento dos continentes e aparecimento da vegetação.
➢ Quarto dia: aparecem os corpos celestes que alumiam a terra.
➢ Quinto dia: os animais do mar e as aves.
➢ Sexto dia: os mamíferos e o homem.
➢ Sétimo dia: terminada a atividade criadora, Deus descansa.

Cada fase da criação preparou o caminho para a seguinte, e todas tinham o propósito
de preparar o cenário para o ponto culminante: a criação do homem. “E disse Deus. . .
E assim foi." Ao falar Deus, infalivelmente se cumpre a sua vontade. Acentua-se a
perfeição do que Deus criou. . . "E viu Deus que era bom." O resultado correspondeu
perfeitamente à intenção divina. O grande propósito da criação era preparar um lar ou
ambiente adequado para o homem. Ao finalizar o sexto dia da criação, Deus observou
que sua obra criadora era sobremaneira boa. "Demonstrava equilíbrio, ordem, e estava
perfeitamente adaptada para o desenvolvimento físico, mental e espiritual do homem."

A CRIAÇÃO DO HOMEM
Deus fez o homem como coroa da criação. 0 fato de que os membros da Trindade
falaram entre si (1:26), indica que este foi o ato transcendental e a consumação da obra
criadora. Deus criou o homem para ser tanto do mundo espiritual como do terrenal, pois
tem corpo e espírito.

O corpo do homem foi formado do pó da terra, à semelhança do que se deu com os


animais (2:7, 19), o que nos ensina que ele se relaciona com as outras criaturas. (A
ciência tem demonstrado que a substância do corpo humano contém os mesmos
elementos químicos do solo.) Seu nome em hebraico "Adão" (homem), é semelhante a
"Adama" (solo). Não obstante, não há elo biológico entre o homem e os animais. Usa-
se a palavra "BARA" (criar algo sem precedentes) em 1:27, que indica que sua criação
foi algo especial.

O homem foi feito à imagem de Deus, portanto tem grande dignidade. Que significa "a
imagem de Deus" no homem? Não se refere a seu aspecto físico, já que Deus é espírito,
e não tem corpo. A imagem de Deus no homem tem quatro aspectos:
a) somente o homem recebeu o sopro de Deus, e, portanto, tem um espírito imortal,
por meio do qual pode ter comunhão com Deus;
b) é um ser moral, não obrigado a obedecer a seus instintos, como os animais, porém
possui livre-arbítrio e consciência;
c) é um ser racional, com capacidade para pensar no abstrato e formar ideias;
d) à semelhança de Deus, tem domínio sobre a natureza e sobre os seres vivos.
"Havia de ser o representante de Deus, investido de autoridade e domínio, como visível
monarca e cabeça do mundo."8 Alguém observou que o homem tem espírito para ter
comunhão com Deus; vontade para a ele obedecer, e corpo para servi-lo.

O Novo Testamento acentua os aspectos espirituais e morais da imagem de Deus no


homem, tais como conhecimento espiritual, justiça e santidade. O grande propósito que
Deus deseja realizar mediante a redenção é restaurar esta imagem no homem, até que
seja perfeita, como se observa em Cristo (Romanos 8:29; Colossenses 3:10; 1 João
3:2).Deus descansou no sétimo dia, não no sentido de terminar toda a atividade, mas
no de terminar a atividade criadora (João 5:17). Observando o dia de repouso, os
homens lembram-se de que Deus é o Criador, e reservam tempo para prestar-lhe culto.

O homem no Éden: Capítulo 2:4-25. Podemos ver a solicitude de Deus pelo homem nos
seguintes fatos:
a. Colocou-o no jardim do Éden (delícia ou paraíso), um ambiente
agradável, protegido e bem regado. O jardim estava situado entre os rios
Hidéquel (Tigre) e Eufrates, numa área que provavelmente corresponde
à região de Babilônia, próxima do Golfo Pérsico. Deus deu a Adão
trabalho para fazer, a fim de que não se entediasse. Há quem pense que
o trabalho é parte da maldição, porém a Bíblia não ensina tal coisa;
ensina, sim, que a maldição transformou o trabalho bom em algo
infrutuoso e com fadiga.
b. Deus proveu a Adão de uma companheira idônea, instituindo assim o
matrimônio. Neste capítulo encontra-se, em forma embrionária, o ensino
mais avançado dessa relação. O propósito primordial do matrimônio é
proporcionar companheirismo e ajuda mútua: "Não é bom que o homem
esteja só: far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea [semelhante ou
adequada] " (2:18). Deve ser monógamo, pois Deus criou uma só mulher
para o homem; deve ser exclusivista, porque "deixará o varão o seu pai e
a sua mãe"; deve ser uma união estreita e indissolúvel: "apegar-se-á à
sua mulher, e serão ambos uma carne". Deus, em sua infinita sabedoria,
instituiu o lar para formar um ambiente ideal em que os filhos possam
ser criados cabalmente em todos os aspectos: física, social e
espiritualmente. Ensina-se a igualdade e dependência mútua dos sexos.
"Nem o varão é sem a mulher, nem a mulher sem o varão" (I Coríntios
11:11). Um não é completo sem o outro. O comentarista Matthew Henry
observa que a mulher não foi formada da cabeça do homem, para que
não exerça domínio sobre ele; nem de seus pés, para que não seja
pisada, mas de seu lado, para ser igual a ele, e de perto de seu coração,
para ser amada por ele. A mulher deve ser uma companheira que
compartilhe a responsabilidade de seu marido, reaja com compreensão
e amor à natureza dele, e colabore com ele para levar a cabo os planos
de Deus.
c. Deus concedeu a Adão ampla inteligência, pois ele podia dar nomes a
todos os animais. Isto demonstra o fato de que tinha poderes de
percepção para compreender suas características.
d. Deus mantinha comunhão com o homem (3:8), e assim o homem podia
cumprir seu mais elevado fim. Possivelmente Deus tomava a forma de
um anjo para andar no jardim com o primeiro casal. A essência da vida
eterna consiste em conhecer pessoalmente a Deus (João 17:3), e o
privilégio mais glorioso desse conhecimento é desfrutar da comunhão
com ele.
e. Deus pôs o casal à prova quanto à árvore da ciência do bem e do mal.
Mas, em que forma isto nos revela que Deus tinha solicitude pelos
primeiros homens? Para os filhos de Deus as provas são oportunidades
de demonstrar-lhe amor, obedecendo a ele. Também constituem um
meio de desenvolver seu caráter e santidade. Adão e Eva foram criados
inocentes, porém a santidade é mais do que a inocência: é a pureza
mantida na hora da tentação.

ÊXODO
AUTORIA

1. Os hebreus deram-lhe o nome de “We’elleh Shemoth” devido à sua primeira


frase: “São estes os nomes.”
2. Os tradutores da Septuaginta chamaram de “Êxodo” (saída) devido ao fato de
seu tema central tratar das ações redentoras de Deus para com o seu povo.
AUTOR
1. Como em Gênesis, a autoria de Moises é confirmada pela estreita conexão e
unidade com os livros restantes do Pentateuco. Neste livro, entretanto, Moises
coloca-se como o centro de todas as ações (17:14; 24:4; 25:9; 36:1).
CENÁRIO HISTÓRICO
Data em que foi escrito – 1440 a.C aproximadamente
1. Se Moises escreveu Genesis, nessa data, deve tê-lo feito durante a primeira parte
da sua peregrinação com o povo judeu pelo deserto de Cades-Barnéia.
A VIDA DE MOISES – três períodos de quarenta anos.
1. Os primeiros quarenta anos de sua vida Moises passou no lar do seus pais e no
palácio do Faraó. Nascido em Gósen mais ou menos em 1525 a.C, foi segundo
filho de Anrão e Joquebede, da tribo de Levi. No lar paterno Moises recebeu a
sua formação religiosa, e na corte da faraó adquiriu conhecimento intelectual e
político, além de treinamento militar.
2. Os segundos quarenta anos passou exilado em midiã, fungindo do faraó,
meditando e trabalhando com pastor. Casou-se com Zipora, filha de Jetro, o
sacerdote, e nasceram-lhe dois filhos, Gerson e Eliezer. (Ex 18:34)
3. Os últimos quarenta anos da sua vida ele os viveu no Egito e deserto, na condição
de primeiro líder de Israel. Serviu ao Senhor como profeta, sacerdote e rei muito
antes de esses cargos serem estabelecidos entre os judeus. Ensinou a todos
como um profeta, sacerdote e rei, muito antes de esses cargos serem
estabelecidos entre os judeus. Ensinou a todos como um profeta; como um
sacerdote intercedeu por eles quando caíram na idolatria e, como líder, retirou-
os da servidão e os organizou como o povo Aliança de Deus.

GEOGRAFIA DO EGITO
O Egito antigo consistia em duas partes: Baixo Egito, com a larga região do Delta, e o
alto Egito, com sua estreita faixa de terra (mais ou menos 19 km de largura) ao longo do
rio Nilo, numa extensão de quase 966 quilômetros do sul. Estava isolada de outros países
pelos desertos, mar e cataratas de parte mais alta do rio. Devido ao fato de quase não
chover naquela região, o Egito dependia inteiramente do Nilo. Este recebia água de
diversos rios e lagos do interior da África. Em setembro, o Nilo transbordava, irrigando
e fertilizando o vale com os ricos depósitos e águas aluviais, o que tornava o país o
“celeiro” do Oriente Médio. Sua posição isolada também contribuiu para a tranquilidade
e o progresso pacifico da nação em muitos períodos da história.
CENARIO RELIGIOSO DO EGITO

1. AS RELIGIOES DO EGITO
a. Os egípcios antigo eram muito religiosos, adorando uma infinidade de
divindades. Tinham deuses nacionais e locais, além de fetiches
relacionadas a inúmeras manifestações da natureza. Eis alguns de seus
deuses principais: Ra e Amom-Ra, deuses do Sol. Osiris, deus do Nilo,
adorado como senhor da fertilidade ou da vida. Hórus, também um deus
do sool, representado por um falcão. Ptá, deus de Menfis e dos artistas.
Os egípcios acreditavam que em cada ser ou objeto da natureza habitava
um espirito que tinha escolhido aquela forma para expressar-se. Essa
ideia levou-os a adoração de animais como o gato, o touro, a vaca e o
crocodilo.
b. As divindades mais importantes tinham imensos templos. Os seus
sacerdotes exercima grande poder sobre o povo e os politico egípcios. A
circuncisão era um dos seus ritos mais notáveis.
c. Todas as religiões praticadas no Egito defendiam a crença na vida apos a
morte. Tal crença levou o povo egípcio a se preocupar, como nenhum
outro, como os preparativos para o sepultamento. Os faraós, os
governadores e as pessoas ricas construíam grande túmulos e
monumentos com a finalidade de preservar suas múmias. Também
guardavam ali os seus bens matérias que, na concepção deles, os
acompanhariam na vida futura.
2. A RELIGIÃO DE ISRAEL NO EGITO
a. Jose exerceu grande influencia espiritual sobre Israel ate 1804 a.C data
da sua morte. Liderou espiritualmente aquele povo durante cinquenta e
uma anos. O isolamento em Gosén também contribuiu para proteger os
israelitas da idolatria do Egito.
b. Houve, porém, uma época em que os descendentes de Jacó aderiram aos
deuses egípcios, e a corrupção tomou conta de quase todos eles. Moises
não registrou esse fato, mas Ezequiel (20:6-10). Devido a idolatria e
corrupção, o Senhor resolveu derramar sobre eles o seu furor. Só não o
fez por fidelidade a sua Aliança com os patriarcas. Todavia, isso talvez
explique a causa de Israel ter sido tão oprimido no Egito, excluindo-se os
motivos políticos. Deus usou a opressão do Faraó como instrumento para
derramar a sua ira sobre a conduta idolatra dos israelitas.
c. O ataúde de José, entretanto, era para Israel um lembrete continuo da
promessa de Deus de um dia tira-los do Egito e levá0los de volta a Canaã.
3. OBJETIVO DO LIVRO DE EXODO.
O principal objetivo de Êxodo é descrever como Deus livrou Israel da servidão e da
idolatria no Egito, conduzindo-o a um lugar de destaque na condição de povo
exclusivamente seu, num relacionamento de aliança teocrática. Moises preservou para
o povo um registro do seu passado ignominioso, do livramento e da redenção dados
pelo Senhor através do seu poderoso braço, e do sangue de um cordeiro. Três grandes
acontecimentos definem o objetivo didático do livro: a saída do Egito, a entrega da Lei
e a construção do tabernáculo.

LEVITICO
AUTORIA
1. Titulo
Os hebreus deram-lhes o nome de “Wayyiqra” devido à sua primeira fase
“chamou o Senhor”, que enfatizava o fato de Deus falar do santuário. Também
se referiam ao livro como “A Lei dos Sacerdotes”
2. A Septuaginta chamou-o de “Levitico” (Leuitikon), devido à ênfase dada a esse
sacerdócio (apesar de os levitas serem mencionados apenas em um texto: 25:32-
33). Era um manual levítico para uso sacerdotal.
AUTOR
1. A autoria de Moises é confirmada no próprio livro pelo fato de o texto declarar
cinquenta e seis vezes “Disse o Senhor a Moises.” Nenhum outro livro da bíblia
tem uma confirmação tão acentuada da autoria mosaica como este.
2. É também um dos livros confirmados por Jesus como sendo de Moises, conforme
Mateus 8:4.
3. A frase inicial “Chamou o Senhor” mostra um forte ligação entre Êxodo e Levitico.
O Senhor, em Êxodo 40, começa do santuário a instruir a nação.
CENÁRIO HISTÓRICO
DATA EM QUE FOI ESCRITO – 1440 a.C, aproximadamente.

Moises deve ter composto este livro depois do êxodo, durante os anos de peregrinação
e relativa folga em Cades-Barnéia. Embora grande parte do seu conteúdo tenha sido
recebida diretamente de Deus, a sua organização na forma que conhecemos deve ter
tido lugar depois da revolta e do castigo de quarenta anos no deserto, vividos por “toda
aquela geração que fizera mal aos olhos do Senhor” (Números 32:13)
PERIODO DE TEMPO ENVOLVIDO – 30 dias, aproximadamente.
1. Moises evidentemente deu essa legislação logo depois de levantado o
tabernáculo em 1 abril de 1444 a.C, e antes de o povo se por em marcha em 20
de maio (Ex 40:17; Nm 10:11). Como os últimos vinte dias foram dedicados ao
censo (Nm 1:1), os acontecimentos de Levítico ocorreram provavelmente nos
trinta dias do mês de Abril (Abibe).
2. Durante esse tempo, os israelitas celebraram durante sete dias o primeiro
aniversário da Pascoa e do Êxodo (Nm 9:1-12). Os que estavam imundos por
terem tocado o cadáver de um homem tiveram a permissão de celebrar a Pascoa
um mais tarde.

CENARIO RELIGIOSO
1. Recém saídos do Egito idolatra, os aproximadamente 2.5000.000 israelitas
passaram o primeiro ano nas montanhas desertas do Sinai. Os teólogos chamam
esse ano de “Teologico”, pois nele o povo recebeu uma quantidade enorma de
verdades religiosas. Em vez de irem diretamente para Canaã, foram levados pela
coluna de fogo e pela nuvem rumo ao sul para o Sinai. Antes de encontrarem o
inimigo num conflito armado, precisavam de uma comunhão especial com o
Senhor. Para que isso acontecesse, Deus proveu para eles comida, agua, estuário
e saúde, a fim de afastá-los da idolatria e ensinar-lhes os caminhos e o caráter
do deus único e verdadeiro.
2. Havendo recebido a Lei e o tabernáculo, precisavam ser instruídos quanto à
adoração e culto no santuário, e quanto à maneira de ter uma vida de santidade.
Levítico provê essa instrução, especialmente para o ministério dos sacerdote.
Esclarece a maneira adequada de expiação pelo pecado e como deve ser feita a
separação para o culto. A palavra “santo” aparece noventa e três vezes neste
livro, e a palavra “expiação” cinquenta e uma vezes.
RELAÇÃO DE LEVITICO COM OS OUTROS LIVROS DE MOISES
1. Enquanto os outros livros tratam mais de história, levítico refere-se quase
sempre somente a leis (com exceção dos capítulos 8-10). A sua legislação é
primordialmente sobre ritos religiosos. Trata da organização espiritual do
povo, como Êxodo e Números tratam da organização civil, social e miliar. Sua
Frase-chave é “Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso deu, sou santo”
(19:2). A palavra “santo” significado “reservado” para o Senhor.
2. Levítico é o centro do Pentateuco, não so quanto à ênfase, mas também
quanto a localização. Genesis e Êxodo retratam a ruina do homem e
redenção da idolatria, servidão e morte. Números e Deuteronômio preparam
a nação para o culto e a conquista. Levítico, porem, enfatiza a necessidade
de adoração e comunhão com o Senhor. Entre o perdão de Êxodo e o poder
de Números, faz-se necessária a pureza do Levítico. Adoração e comunhão
são apresentados para preencher a lacuna, de maneira que a redenção possa
ser adequadamente apresentada e o culto efetuado de maneira correta.
OBJETIVO DO LIVRO DE LEVITICO
Levítico tem o objetivo singular de convocar o povo de Deus para a santidade pessoal.
Os muitos rituais são usados como auxiliares visuais para retratar o Senhor como o Deus
Santo e para enfatizar que a comunhão como o senhor deve ser na base da expiação
pelo pecado e vida obediente.

NUMEROS
AUTORIA
Títulos
1. Os hebreus deram-lhe o nome de “wayyedabber” (“falou o Senhor”), ou mais
frequentemente “Bemidbarth” (“no deserto”), devido ao seu primeiro versículo.
2. Os tradutores gregos chamaram de “Números” (Arithmoi), devido ao censo
registrado nos capítulos 1-3 e 26.
AUTOR
1. A autoria de Moises é confirmada no próprio livro por sua estreita conexão com
Levitico e Deuteronômio pelas inúmeras afirmações de que “o Senhor falou a
Moises”, e pelo fato de o Senhor ter ordenado ao legislador que o escrevesse
(Nm 33:2).
2. Jesus e os apóstolos relacionaram Moises com o acontecimentos de Numeros
em muitas ocasiões (Jo 3:14; 1 Co 10; Hb 3; 4; 10:28) e Jesus referiu-se a Moises
como sendo o autor do Pentateuco (Jo 5:46).
CENARIO HISTÓRICO
DATA EM QUE FOI ESCRITO – Concluído em 1405 a.C
PERÍODO DE TEMPO ABRANGIDO – 1444-1405 a.C
1. Números começa com a ordem dada pelo Senhor em 1 de maio de 1444 a.C
para se fazer o recenseamento do povo, e termina com uma assembleia as
margens do Jordão, pouco antes da morte de Moises. A data de 14 de abril
para a segunda pascoa é dada retroativamente a fim de explicar a data
opcional para os que celebraram a pascoa mais tarde. (Nm 9)
2. A duração total dos acontecimentos de Nm é de 38 anos e 9 meses, em
quatro períodos:
a. Recenseamento e preparo para a marcha (1-10) 20 dias
b. Jornada até Cades-Barneia; missão de espionagem (11-14) 70 dias
c. Peregrinação no desert em torno de Cades (15-20) 38 anos, 1 mês.
d. Jornada em torno de Edom até as campinas de Moabe (21-36) 5
meses.
3. Veja a cronologia das jornadas de Israel pelo deserto (para as datas
especificas dos acontecimentos).
CENARIO RELIGIOSO
1. Este livro trata de duas gerações de Israel: a primeira havia saído do Egito, e a
segunda estava para entrar em Canaã. A primeira tinha visto grandes milagres
executados por Moises, e recebera a lei de maneira também miraculosa. Seus
componentes foram, entretanto, destruídos por desobediência e rebelião. A
segunda geração cresceu conhecendo a lei e recebendo diariamente o maná, e
estava familiarizada com o fato de Deus ter destruído, devido a corrupção, todos
os habitantes do lado leste do Jordão.
2. Quando a primeira geração pôs em marcha deixando o Sinai, o humor do povo
começou a piorar paulatinamente. Surgiram queixas sobre o maná e falta de
gratidão pela provisão de Deus. Até na própria família de Moises o ciúme e a
disputa tiveram de ser julgados por Deus. Depois da grande rebelião em Cades-
Barneia, a congregação e muitos lideres continuaram em rebelião, até que toda
a primeira geração morreu. Até a Moises, considerado rebelde no fim do
período, foi negada a entrada em Canaã.
3. Os dois grandes pecados de toda a assembleia no deserto ocorreram no Sinai e
em Cades, ambos cometidos pela primeira geração. O primeiro foi a idolatria, e
o segundo a rebelião. Todos os dois ocorreram em agosto, em 1445 e 1444.
Ambos precederam grandes dadivas de Deus: a Lei Mosaica e a terra de Canaã.
Depois do primeiro e do segundo pecados, manifestou-se a ira de Deus bem
como a sua resolução de destruí-los. Após cada pecado, Deus demonstrou ira e
misericórdia, perdoando-os sempre com base na sua aliança com Abraão e
manifestando a sua misericórdia para com eles.
4. Após o funeral de Arão, começou um novo período com um novo sumo
sacerdote, Eleazar. À nova geração tinham de ser ensinadas muitas das lições
recebidas pela primeira, lições sobre murmuração, descrença e idolatria. O novo
período começava com o Senhor mostrando-lhes grandes vitorias na Trans-
jordânia.
5. Apesar de terem recebido a Lei e o sistema levítico, é duvidoso que tenham
guardado todos aqueles regulamentos no deserto. A prova disto é o fato de que
o requisito da circuncisão só foi observado após a travessia do Jordão (Josué 5:5).
OBJETIVO DE NUMEROS
O objetivo de Moises em Numeros foi preservar um registro da paciência de Deus para
com o povo que ele escolhera, e demonstrar que a redentora misericórdia divina não
impediu que ele os castigasse severamente por causa dos pecados deles. Não obstante
tê-los redimido graciosamente, ele não os libertou para uma vida fácil, permissiva e
independente. Antes, salvo-os para a disciplina, o serviço e a guerra A frase chave
(quatorze vezes no capitulo 1) é: “todos os capazes de sair à guerra”. Nesses
preparativos, o Senhor mostrou-lhes que nenhum inimigo os venceria caso confiassem
no poder de Deus e obedecessem a sua palavra. Portanto, o tema implícito desde livro
é: “Preparativos para o serviço na rota do Sinai ao Jordão”.

DEUTERONOMIO
AUTORIA
TITULO
1. Os hebreus deram-lhe o nome de “Elleh Haddevarim”, usando as primeiras
palavras do livro: “São estas as palavras”, ou Devarim” (palavras).
2. A Septuaginta chamou de “Deuteronômio”, que significa “Segunda Lei” ou
repetição da lei, nome que também a Vulgata Latina adotou.
AUTOR
1. Até a época recente, críticos documentários afirmavam que este livro havia sido
escrito no tempo de Josias (621 a.C). Esta teoria, porém, foi posta de lado em
razão do pouco acordo quanto a data ou ao autor do livro.
2. A autoria de Moises tem forte confirmação, tanto no próprio livro como em
outros. À semelhança da maioria dos escritores bíblicos, Moises escreveu na
terceira pessoa, referindo-se a si próprio trinta e oito vezes este livro. Pouco
antes da sua morte, declarou que tinha escrito esta lei antes de entrega-la aos
sacerdotes (Dt 31:9;24-26)
3. Além das muitas referências do Antigo Testamento à “Lei de Moisés”, há muitas
confirmações de Jesus e dos apóstolos (Mt19:8; Mc 10:3; Jo 1:17; 5:46; At 3:22;
Rm 10:5; 1 Co 9:9).
4. O ultimo capitulo sobre a morte de Moises é um apêndice escrito mais tarde,
talvez por Josué, Eleazar e Samuel.
5. As informações discordantes da Lei em Êxodo e Deuteronômio não negam a
autoria de Moises, antes confirmam-na. Enquanto um pseudo-Moises não se
desviara de Êxodo, o próprio Moises dificilmente repetira o original. As
diferenças soam devido a novas circunstancias que precisavam dessa posterior
elaboração do código sinaíta para as novas condições de Canaã.
CENARIO HISTORICO
DATA EM QUE FOI ESCRITO – 1405 a.C
1. Moisés especificou a data de 1 de fevereiro de 1405 a.C quando reuniu o povo
para este conjunto final de mensagens (1:3). Apesar de este pronunciamento ter
sido feito provavelmente em diversas sessões, a expressão “hoje” foi repetida
sessenta e sete vezes em todo o livro.
Como a morte de Moisés ocorreu trinta dias mais tarde, a pronunciação e a escrita
destas mensagens ocorreram muito próximas uma da outra. (34:8)
CIRCUNSTÂNCIAS
1. Quanto a posição geográfica, Israel estava perto das margens do Jordão, todos
ansiosos pela nova aventura em Canaã. Tendo conquistado enorma área da
Transjordânia quase sem percas humanas sob a direção do Senhor, estavam
prontos para o desafio de Canaã.
2. Quanto à religião, o novo Israel era, de muitas maneiras, diferente da primeira
geração que saiu do Egito. Não tinha conhecido a idolatria daquele país, e
estivera sob a liderança de Moisés por quarenta anos no Deserto. O povo
conhecera o poder e a vitória como resultados da confiança que depositaram no
Senhor quando a batalha. Todavia, eram ainda propensos ao farisaísmo e à
idolatria, e a havia muitos problemas familiares e sociais esperando por soluções.
Tendo aprendido a guerrear, precisavam ser lembrados da santidade da vida
inocente, e de como deveriam viver em Canaã.
OBJETIVO DO LIVRO DE DEUTERONÔMIO
O objetivo de Moisés ao escrever o livro ou ao pronunciar os discursos era o de preparar
a nova geração para Israel viver em Canaã mediante uma reafirmação da Lei sinaíta.
Uma vez que a lei original era um tanto breve e direcionada, Moises expressa aqui a
parte fundamental da lei em forma de sermão, estendendo-se nos princípios básicos e
falando em tom exortativo. Lembra-lhes o passado, exortando-os ao presente e
encoraja-os com a promessa de Deus para o futuro. Ao recordar-lhes a lei divina, procura
motivá-los para o amor de Deus. Enfatiza a segurança da Palavra de Deus e suas
promessas contidas na aliança com os patriarcas, procurando lembra-los do dever de
serem fieis para que as promessas se cumpram.

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