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ISBN 978-85-61411-36-7
1ª edição – Março/2011
Impressão: Promove
Classificação: Moral Cristã e Teologia Devocional
Impresso no Brasil
Conteúdo
INTRODUÇÃO
1 Algumas Questões Para Começar
PARTE I
A HISTÓRIA PRIMITIVA DO POVO DE DEUS
2 No Começo
Gênesis 1 – 11
7 “Todos Fizeram O Que Era Justo Aos Seus Próprios Olhos”: Os Juízes
Juízes, Rute, 1 Samuel 1-8
PARTE II
OS PROFETAS DO ANTIGO TESTAMENTO
11 “Assim diz o Senhor”: Uma Visão Geral
Sobre os Profetas e as Profecias
PARTE III
OS CANTORES E OS SÁBIOS DO ANTIGO TESTAMENTO
15 A arte do Viver Para Deus: Verdade em Poesia
Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes,
Cantares de Salomão, Lamentações.
PARTE IV
ENTRE OS TESTAMENTOS
16 Quando Não Houve Palavras do Senhor:
Os Quatrocentos Anos de Silêncio
PARTE V
A VIDA DE JESUS
17 A “Plenitude dos Tempos”: A Retomada da Revelação
PARTE VI
O CRESCIMENTO DA JOVEM IGREJA
20 “Poder do Alto”: Os Atos do Senhor Ressurreto
Atos
PARTE VII
O FIM DE TODAS AS COISAS
24 “Um Novo Céu e Uma Nova Terra”:
A Revelação de Jesus Cristo
Apocalipse
Sobre o Autor
Introdução
CAPÍTULO
A maioria das pessoas tem muito interesse nas respostas para as grandes
perguntas da vida. De onde viemos? Por que estamos aqui? Qual é a
natureza da humanidade? Como chegamos em uma situação difícil? Qual é
o nosso futuro? Nós lemos avidamente todo tipo de literatura sobre o
começo da humanidade, sobre o modo psicológico do ser humano, o
presente estado dos assuntos humanos e sobre seu destino. Consideramos
qualquer literatura que fale destes assuntos como sendo relevante e atual.
Antes de toda literatura sobre as grandes questões da vida está o Antigo
Testamento. Ele não só reporta opiniões humanas, mas também dá ideias
divinas sobre todos os problemas da vida. Deste modo, ele nos dá
perspectivas e respostas que não estão disponíveis em nenhum outro lugar.
Visto deste prisma, o Antigo Testamento não é um livro somente para os
interessados em assuntos antigos com uma pequena tendência nostálgica;
mas tem uma relevância vital, contemporânea.
O Testemunho da Profecia
Um dos testemunhos mais notáveis da inspiração do Antigo Testamento é
o cumprimento das profecias. Na maioria dos casos, centenas de anos antes
dos eventos, os profetas predisseram acontecimentos específicos. Detalhes a
respeito de nascimento, vida, morte e ressurreição de Cristo, o cativeiro e
restauração de Israel, e o julgamento de um número de cidades e impérios
em volta de Israel estão todos incluídos em uma extensa lista de
pronunciamentos proféticos que se cumpriram. O efeito cumulativo desses
fatos preditos é tremendo. Eles vieram por inspiração divina; nenhum
profeta com fontes puramente humanas poderia olhar especialmente com
tanta percepção e perfeição para o futuro.
O Testemunho de Jesus
O testemunho de Jesus Cristo é um outro poderoso testemunho da
inspiração do Antigo Testamento. Uma de suas frases mais diretas aparece
em Mateus 5:17, 18: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não
vim ab-rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu
e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja
cumprido.” No amplo contexto do capítulo 5, fica claro que Ele estava se
referindo ao Antigo Testamento como uma origem divina e obrigatória para
os judeus para quem Ele estava falando. Aparentemente, aqui Ele estava
usando “a lei” para sustentar todo o Antigo Testamento. No verso 17, Ele
mencionou “a lei e os profetas”, mas no verso 18, aparentemente achou
necessária a repetição de “profetas”. Em outro lugar, Ele usou “lei” para
referir-se às passagens fora dos cinco primeiros livros do Antigo
Testamento (chamados de Lei ou Torá). Veja, por exemplo, João 10:34,
onde Ele cita o salmo 82:6.
A referência de Mateus 5:17, 18 é especialmente significante porque
aparece no Sermão do Monte, o qual mesmo os críticos mais severos
reconhecem como um relato verdadeiro de Jesus Cristo. Esta passagem não
é uma indicação isolada, entretanto, porque Jesus Cristo sempre apoiou a
total veracidade das Escrituras em Suas parábolas, milagres e comentários
sobre elas, e em Suas muitas conversas. Centenas de passagens no Novo
Testamento atestam o fato. Certa vez Ele falou diretamente sobre inspiração
divina de porções individuais do Antigo Testamento, como por exemplo,
em Marcos 12:36, onde Ele se refere ao salmo 110:1. Três vezes, durante
Sua grande experiência ao ser tentado, Ele fez uso da autoridade do Antigo
Testamento para afugentar o tentador (Mateus 4:4, 7, 10). E Ele destacou
que “a lei não pode ser anulada” (João 10:35); o que significa que ela não
pode ser anulada ou ab-rogada. Até mesmo os inimigos de Jesus, fariseus e
saduceus, nunca O acusaram de desrespeitar ou questionar suas sagradas
Escrituras.
O Testemunho no Judaísmo
O que o Antigo Testamento fala de sua própria inspiração e o que Jesus e
os escritores do Novo Testamento suportam a respeito disso foi atestado
mais à frente no judaísmo. A mais alta honra do judeus para o Antigo
Testamento é evidente em muitas passagens no Talmud (uma espécie de
enciclopédia da tradição judaica), mas é especialmente esclarecida no
discurso sem rodeios do historiador do século primeiro Flávio Josefo:
A firmeza com que damos crédito a esses livros de nossa própria nação
é evidente naquilo que fazemos; por muitas eras que se passaram,
ninguém foi corajoso o bastante para incluir nada nelas, ou tirar algo
delas, ou para fazer alguma mudança; mas isso se tornou natural para
todos os judeus, imediatamente e logo após o nascimento deles, para
estimar que esse livro tenha uma doutrina divina, e para persistir neles,
e se necessário for, morrer por eles.[Nota 3]
Corroboração e Debates
A História Primitiva
do Povo de Deus
CAPÍTULO
No Começo
Gênesis 1-11
(Gênesis 3-5)
O Dilúvio
(Gênesis 6-10)
A Confusão de Línguas
(Gênesis 11)
Nota 1 - Não há conflito necessário entre este relato e Gênesis 1:31. No último, o foco de atenção
está na terra; nenhuma referência é feita para a condição de seres angelicais naquele tempo.
[Voltar]
Nota 2 - Para uma discussão detalhada deste verso, veja Exposition of Genesis [Exposição de
Gênesis], de H.C. Leupold (Grand Rapids: Baker Book House, 1942), páginas 163-70.
[Voltar]
Nota 3 - A.N.T. Moore, et al. Village on the Euphrates (Oxford: Oxford University Press, 2000),
página 104. [Voltar]
Nota 4 - Para uma discussão sobre esse assunto, veja Oswald T. Allis, The five books of Moses [Os
Cinco Livros de Moisés] (Philadelphia: Presbiterian & Reformed, 1943), páginas 261-64;
Gleason Archer, Survey of Old Testament Introduction [Análise da Introdução do Antigo
Testamento], 2nd rev. ed. (Chicago: Moody, 1973), páginas 185-189; Merril F. Unger,
Introductory Guide to the Old Testement [Guia Introdutório do Antigo Testamento] (Grand
Rapids: Zondervan, 1951), páginas 192-194; e B.B. Warfield, Studies in Theology
[Estudos sobre Teologia] (New York: Oxford U. Press, 1932), páginas 235-58. [Voltar]
Nota 5 - Deve-se notar que para um dilúvio cobrir a terra à altura do Ararate, seria necessário três
vezes a quantidade de água que existe na terra hoje. Para cobrir a terra até o alto do
Himalaia, seria necessário oito vezes a quantidade hoje existente. No atual estado das
investigações científicas, é impossível dizer de onde veio tanta água e para onde ela foi
depois do dilúvio. Claro, Deus pode ter derramado-a e levado-a embora, mas não há relatos
de uma ação miraculosa deste tipo na narrativa de Gênesis. [Voltar]
Nota 6 - Andre Parrot, The Tower Of Babel [A Torre de Babel] (New York: Philosophical Library,
1995), páginas 22, 26-43. [Voltar]
Nota 7 - George Smith, The Chaldean Accounts of Genesis [O Relato Caldeu de Gênesis] (London:
Sampson, Lew, Marston, Searle e Rivington, 1876), páginas 160ff. [Voltar]
CAPÍTULO
O Sfilhos)
patriarcas eram um grupo de homens (Abraão, Isaque, Jacó e seus
que fundaram a etnia e o desenvolvimento religioso hebreu e
controlaram os interesses hebreus por dois séculos. Eles são chamados de
patriarcas porque foram pais não só em suas famílias, mas também da
extensa família dos hebreus, sobre a qual exercitaram um tipo de controle
paterno. Como tal, eles regularam e julgaram os hebreus, cuidaram de seus
próprios interesses e os levaram para a adoração.
Abraão, como o primeiro deste grupo e antecessor do resto, tem um lugar
especial nas três maiores religiões monoteístas do mundo. Ele é, claro,
progenitor dos judeus através de Sara e dos árabes (predominantemente
muçulmanos) através de Agar. E ele tem um lugar especial no cristianismo
como um exemplo de justificação pela fé e como ancestral de Cristo, por
quem todos os cristãos obtêm sua salvação.
Abraão
Isaque
Jacó
(Gênesis 28:5-36)
José
(Gênesis 37-50)
Nota 1 - As últimas respostas das grandes questões do século XX: Qual é a origem e explicação do
conflito entre árabes e judeus? E, claro, a aliança abraâmica certifica quem vai controlar a
Palestina. [Voltar]
CAPÍTULO
Nota 1 - E.R. Thiele, The Misterious Numbers of Hebrew Kings [Os Misteriosos Números dos Reis
Hebreus], ed. rev. (Grand Rapids: Zondervan, 1983). [Voltar]
Nota 2 - Veja Howard F. Vos, An Introduction to Bible Archaelogy [Uma Introdução à Arqueologia
Bíblica] (Chicago: Moody, 1983), páginas 55-60 para uma discussão mais aprofundada do
assunto. [Voltar]
Nota 3 - Veja John N. Wilford, “Oceanographers Say Winds May Have Parted the Waters,”
[Oceanógrafos Dizem Que os Ventos Podem Ter Separado as Águas] New York Times, 15
de março de 1992, página 12; Doron Nof e Nathan Paldore, “Are There Oceanographic
Explanations for the Israelites’ Crossing of the Red Sea?” Boletim da Sociedade
Americana de Metereologia, Março, 1992, páginas 305-14. [Voltar]
CAPÍTULO
No Sinai
Nota 1 - Para um resumo útil das questões, veja A Survey of Old Testament Introduction [Uma
Análise da Introdução ao Antigo Testamento], rev. ed. de Gleason Archer (Chicago:
Moody, 1973), páginas 234-37. [Voltar]
Nota 2 - Ibid, páginas 252-53. [Voltar]
CAPÍTULO
A Conquista da Terra
(Josué 6:1-12:24)
O propósito da Escritura não é prover uma história completa do nada.
Mas, até onde vai a Escritura, este é um registro preciso do que aconteceu.
Certamente o relato da luta de Josué está incompleto. Ele descreve um
golpe em uma direção do sul para derrotar a liga dos amorreus, e uma
campanha no norte contra Hazor e outras cidades. Não há uma dica de nada
a respeito da pacificação da área de Siquém onde os hebreus se juntaram
para ouvir a leitura da Lei (Josué 8:30-35). Não somente a história de Josué
está incompleta, mas também está muito resumida. A maior ação militar
dever ter sido requerida por seis anos.
Calebe tinha cerca de setenta e nove anos quando a conquista começou e
oitenta e cinco após a última grande batalha com Jabim, rei de Hazor (14:7,
10). Além disso, quando a conquista principal estava completa, muita coisa
ainda ficou sem ser conquistada. Notável entre as cidades ainda nas mãos
inimigas estava Jerusalém. Tribos individuais foram deixadas com a
responsabilidade de exterminar a resistência nas áreas designadas por eles.
(Josué 13:1-22:34)
Apesar do fato de Israel estar lutando contra o povo palestino por muitos
anos e ter conquistado muito, havia áreas importantes ainda a serem
ocupadas – notáveis entre o território filisteu ao longo da costa do
Mediterrâneo (Josué 13:1-7). Falando de uma forma geral, os hebreus
foram destinados por um longo tempo a estarem confinados na região rural
da Galileia, Samaria e Judeia e então tornarem-se fazendeiros e pastores de
ovelhas. Além disso, embora a terra já estivesse subju-gada, as fortalezas
dos cananeus ou dos amorreus resistiram (exemplo: Jerusalém). Ainda para
todos os propósitos práticos a conquista estava completa, e Deus ordenou
que Josué dividisse a terra a oeste entre as nove tribos e à meia tribo (13:7).
Moisés já tinha designado a terra a leste do Jordão (Números 32-33): a parte
norte da metade da tribo de Manassés, a parte central de Gade, ao norte de
Ruben.
As muitas referências geográficas detalhadas nestes capítulos se reduzem
a isso. Simeão ocupou o território oeste do Mar Morto. A margem norte de
Judá está aproximadamente numa linha extensa a oeste da margem norte do
Mar Morto. Logo acima disso, Benjamim ocupava uma faixa de terra ao
longo do Jordão em direção ao centro da Palestina, e Dã estava a oeste de
Benjamim. Efraim tinha a parte sul de Samaria; e a meia tribo de Manassés,
a parte do norte. Da extremidade sudoeste do Mar da Galileia prolongou o
território de Isaacar, e a oeste deles, estava Zebulum. A oeste e norte do
Mar da Galileia, Naftali tinha suas propriedades; e a oeste deles, Aser
ocupava o Carmelo e aponta para o norte. Logo após os danitas foram para
o norte do Mar da Galiléia e subjugaram aquela região. Certamente, os
levitas não tinham distribuição tribal, mas receberam cidades distribuídas
por toda as propriedades das outras tribos. Siló (cerca de 30 milhas norte de
Jerusalém) estava estabelecida como centro religioso de Israel, e o
tabernáculo estava localizado lá (Josué 18:1).
O Endereço da Despedida de Josué (Josué 23-24) Antes de Josué morrer,
ele reuniu Israel em Siquém e implorou que eles continuassem leais a Deus
e a Sua aliança e os exortou a completar a conquista da terra.
Aparentemente até este ponto (talvez quinze ou mais anos após a divisão da
terra), eles não foram tão zelosos como deveriam ter sido em sua atividade
militar. Os líderes asseguraram a Josué que serviriam a Deus com
fidelidade, e o povo aparentemente o fez até que a geração mais velha
morresse, e uma nova geração que sabia pouco dos atos milagrosos de Deus
no cuidado de Seu povo se levantasse.
Notas do Capítulo
Os Principais Juízes
Otniel: Um Libertador de Judá
Uma filosofia muito definida da história aparece em Juízes: os israelitas
sofreram uma opressão nacional não porque experimentaram uma fraqueza
econômica, política ou militar, mas porque voltaram-se contra Deus e
serviram a ídolos. A primeira opressão veio nas mãos de Cusã-Risataim,
que aparentemente governava um principado ao norte da Mesopotâmia. Se
ele era um príncipe hitita ou aramaico não é importante. O fato é que ele
exercia poder sobre os israelitas de uma distância considerável por um
período de oito anos. Otniel, sobrinho de Calebe, que tinha se reconhecido
como um guerreiro durante a conquista e que, por seu valor, ganhou a mão
da filha de Calebe, reuniu seu povo e derrotou e expulsou os invasores,
dando a descanso a terra por oito anos. Aparentemente, a opressão foi
extensiva (embora talvez não incluísse todas as tribos dos hebreus), porque
Otniel era de Judá no sul. É dito a respeito de Otniel, assim como sobre
outros juízes, “O Senhor levantou-lhes um libertador... e veio sobre ele o
Espírito do Senhor.” (Juízes 3:9, 10, JFA).
Nota 1 - Merrill F. Unger, Archaeology and The Old Testament [Arqueologia e o Antigo
Testamento](Grand Rapids: Zondervan, 1954, páginas 182-87. Leon Wood parece acreditar
em datas similares em Leon Wood, A Survey of Israel’s History [Uma Análise da História
de Israel] (Grand Rapids: Zondervan, 1970), páginas 212-29. [Voltar]
Nota 2 - Wood, páginas 223-24. [Voltar]
Nota 3 - Não se sabe quem exatamente escreveu 1 Samuel. Possivelmente, Samuel escreveu a
primeira parte até sua morte no capítulo 25, e Gade ou Natan podem ter trazido o livro à
sua forma atual próximo ao final do reino de Davi. Possivelmente, também, Natan e Gade
são responsáveis por escreverem 2 Samuel. [Voltar]
CAPÍTULO
I SRAEL pediu por um rei e recebeu um. O primeiro rei foi Saul, que
governou por quarenta anos (Atos 13:21); o segundo foi Davi, que
também governou por quarenta anos (2 Samuel 5:5); o terceiro foi Salomão
que, da mesma forma, governou por quarenta anos (1 Reis 11:42). Esta
duração de 120 anos é comumente chamada de monarquia unida porque
esses homens governaram todo Israel.
Esta é seguida pelo período da monarquia dividida quando havia dois
reinos, Israel e Judá. É difícil traçar uma cronologia exata, mas um dos mais
excelentes exercícios de memorização já feitos em um segmento das
Escrituras é o The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings [Os
Misteriosos Números dos Reis Hebreus]. Thiele coloca a divisão do reino
em 931 a.C. Olhando para trás, então, as datas de Salomão seriam de 970-
931; Davi 1010-970; e Saul, 1050-1010 a.C. Esta é a cronologia que se
segue aqui.
Saul
Os Primeiros Erros
Mas Saul tinha governado por somente dois anos quando começou a
mostrar sinais de que estava se desviando do caminho de Deus. Em Gilgal
ele ficou impaciente esperando Samuel chegar para oferecer os sacrifícios, e
o fez ele mesmo. Logo depois disso, Samuel apareceu e repreendeu Saul,
declarando que Deus no final das contas tiraria o reinado dele por causa do
seu pecado de interferir em assuntos sacerdotais (13:13, 14). Entretanto,
Deus não tinha usado tudo o que queria da administração de Saul. Logo
após isso, Ele deu a Saul uma grande vitória sobre os filisteus e,
subsequentemente, sobre os moabitas, amonitas e edomitas a leste do
Jordão e Zobá para o norte de Damasco.
Esses acontecimentos mostram Saul sendo um líder militar muito mais
efetivo do que é comumente reconhecido; e eles não estavam em dúvidas
quanto ao estabelecimento do império de Davi. Aparentemente, por uns
vinte anos, Saul teve razoavelmente um bom comportamento.[Nota 1]
Então Samuel o designou para completar a maldição de Deus contra os
amalequitas (Êxodo 17:14; Deuteronômio 25:17-19) e os destruir
completamente. Quando Saul obedeceu somente de modo parcial, Samuel
rompeu com ele e nunca mais o viu enquanto viveu. Logo após, Deus
ordenou Samuel secretamente para ungir Davi como rei. Desprovido de
aprovação divina em sua administração e de suporte de Samuel, Saul
começou a mostrar sinais de depressão. Em um esforço de levantá-lo desta
situação, seus conselheiros buscaram por um músico e decidiram por Davi,
filho de Jessé.
A lira de Davi foi efetiva em melhorar o estado de espírito de Saul, mas o
rei passava por crescentes estados de depressão, raiva e normalidade.
Aparentemente, este estado de condição mental foi trazido por uma
frustração: Deus estava contra ele; a estrela de Davi brilhava, enquanto a de
Saul se apagava. Jônatas, filho de Saul, ficou do lado de Davi; Saul viveu
debaixo da realização de que seus dias foram contados; e o conselho de
Samuel não estava mais disponível.
Um rival se ergue
O surgimento da eminência de Davi foi tremendamente estimulada por
sua vitória sobre Golias e a derrota dos filisteus. O rei fez de Davi o
comandante do exército, e com seu sucesso contínuo, o jovem edificou uma
grande reputação por toda a terra, maior do que a do próprio Saul.
Logo, o rei tomado de fúria começou a planejar contra a vida de Davi.
Davi deixou as lanças que Saul lançou contra ele no palácio. Depois ele
experimentou a libertação em Gibeá com a ajuda de sua esposa (filha de
Saul), Mical (1 Samuel 19:1-17); em Ramá com a ajuda do Espírito (19:18-
24); em Gibeá com a ajuda de Jônatas (20:1-42); em Queila com a ajuda de
Abitar (23:7-13); em Maon com a ajuda dos filisteus (23:15-29); em Engedi
(24:1-22); em Hachilá (26:1-25); e finalmente, pela morte de Saul nas mãos
dos filisteus.
Os filisteus eram uma ameaça para os hebreus por todo reino de Saul.
Declinavam na habilidade em gerenciamento do reino e eram incapazes de
levantar um substituto igualmente capacitado para Davi como comandante
das forças, o rei achou possível impedir que os filisteus entrassem no
território hebreu. Enquanto eles se moviam em força pelo Vale de Esdrelom
e acamparam em Sunem, há poucas milhas ao sul do qual, no Monte
Gilboa, os israelitas tomaram as estações de batalha. Atemorizado com os
resultados e incapazes de ter conselho de Deus (1 Samuel 28:6), Saul
buscou uma médium espírita como em um esforço para se comunicar com o
falecido Samuel (1 Samuel 28:7-25).
Este ato não somente violava uma proibição mosaica, mas um
mandamento anterior do próprio Saul (Levítico 20:27; 1 Samuel 28:9). O
que aconteceu com a médium causou sua completa perda de compostura.
Ao invés de algum tipo de contato com um demônio encarnado, ela
experimentou uma aparição sobrenatural do próprio profeta Samuel, que
passou por ela e falou diretamente com Saul, predizendo a derrota para
Israel e a morte de Saul e seus filhos. A previsão tornou-se verdade no dia
seguinte. Derrotados, os israelitas fugiram de muitas de suas cidades para
escapar dos filisteus vitoriosos, que então foram forçados a se moverem
para o território israelita.
Davi
O Império de Davi
Em 2 Samuel 8, 10-12, e 1 Crônicas 18-20, a referência é feita às muitas
guerras de Davi e sua construção de um império. Não há evidência de que
ele fosse um imperialista consciente, mas aparentemente, ele respondeu as
situações militares à medida que elas apareciam. Primeiro, ele lutou com
Moabe pelo leste do Mar Morto e agiu rigidamente nesta situação, fazendo
deste um estado escravizado. As Escrituras não indicam qual era a
provocação. Em uma ocasião, ele deixou seu pai e mãe sobre proteção do
rei do Moabe (1 Samuel 22:3, 4), e há uma tradição judaica de que eles
foram cruelmente escravizados lá, mas não há evidências existentes de
qualquer conexão entre tal tragédia e esta conquista. Em seguida, ele fez de
Edom um estado escravo, e nesta forma controlaram o território a caminho
do Golfo de Aqaba. Ele também lutou contra Damasco, Zobá e Hamá. Zobá
e Damasco; também se tornaram aparentemente estados escravos; Davi
posicionou tropas em Damasco. Não há uma certeza sobre quanto controle
ele tinha sobre Hamá (que se estendia ao Eufrates). Seguindo uma guerra
com Amom para o sul e leste de Gileade, ele incorporou aquele território ao
seu reino. Em uma data inicial, ele estabeleceu boas relações e
possivelmente uma aliança com Tiro. Então seu território e/ou esfera de
influência se estendeu por todo lado da fronteira do Egito (cerca de
cinquenta milhas a sul de Gaza) e o Golfo de Aqaba, no sul, para um ponto
próximo ao Eufrates ao norte e do Mediterrâneo para o deserto árabe.
Davi deve ter sido o governante mais forte no mundo contemporâneo. A
essa época os poderes minoanos, messênios, hititas, da Antiga Babilônia e
egípcios estavam por baixo ou totalmente destruídos. Um vácuo de poder
no Meio Leste teria permitido um império ainda maior se Davi quisesse
construí-lo. Os únicos lugares que podiam rivalizar com o poder de Davi
eram Índia e China. O primeiro, em seu Período Védico, não era unido e
tinha uma multiplicidade de estados governados por príncipes relativamente
independentes. O último foi no período Chou, quando os imperadores
estavam tremendamente fracos e derrotados por muitos senhores feudais,
tanto quanto os reis da Europa Ocidental foram durante a Idade Média.
Os Pecados de Davi
A Escritura documenta dois pecados principais de Davi. O primeiro foi
cometer adultério com Bate-Seba e o subsequente assassinato de Urias,
marido dela (2 Samuel 11-12). Deus reprimiu Davi severamente usando
Natã, o profeta, que previu que o filho do adultério morreria e que a espada
nunca mais sairia de sua casa. A criança morreu logo depois do nascimento.
O cumprimento da profecia sobre o conflito na família de Davi é bem
evidente nas confusões dos últimos anos de sua vida.
O segundo grande pecado de Davi envolveu um censo (2 Samuel 24; 1
Crônicas 21). O que faz o ato ser tão pecaminoso, a Escritura não revela,
mas deve ter sido sério. Wood observa: “Até mesmo Joabe, que tinha o
coração frio, encorajou o rei a se abster na ação, e o grau de
descontentamento de Deus é indicado pela severidade da punição infligida
como resultado. O real pecado deve ter sido relacionado com a imposição
às altas taxas, e até possivelmente recrutamento para trabalho.”[Nota 2] De
qualquer forma, Gade, o profeta, deu a Davi três tipos de punição divina,
das quais ele deveria escolher uma. Davi escolheu “três dias de peste”, que
resultou na morte de setenta mil pessoas. A praga parou somente a norte de
Jerusalém, na trilha de Ornã, o jebuseu. Em gratidão e arrependimento,
Davi comprou o solo e os bois de Ornã e ofereceu sacrifícios a Deus. Este
campo tinha um significado especial por ter sido um ponto especial no
Monte Moriá onde Abraão ofereceu Isaque e, mais tarde, Salomão
construiu o templo.
O Problema da Sucessão
Como outros monarcas orientais, Davi caiu na prática de manter um
harém. A Escritura nomeia oito esposas e vinte e oito filhos e faz referência
a outras esposas e concubinas. Tal situação abriu a porta para toda sorte de
maldições, sendo a menor delas a inabilidade de um rei exercitar a sua
própria supervisão paterna, a confusão ao erguer um harém, e a questão da
sucessão do trono. Ao tempo do nascimento de Salomão, Bate-Seba, a mãe
da criança, era a favorita de Davi; e Salomão era, mesmo que secretamente,
designado a herdar o trono; mas ele estava bem atrás na lista de herdeiros.
Enquanto Davi era rei em Hebrom, seis filhos nasceram. O primeiro foi
Amom, morto por Absalão; o segundo foi Quileabe, sabe-se pouco sobre
sua vida, provavelmente morreu jovem; o terceiro foi Absalão, e o quarto,
Adonias (veja 2 Samuel 3:2-5). O terceiro e o quarto filho particularmente
simbolizam a disputa pela sucessão.
Absalão, um jovem muito bonito e esperto, com uma considerável
habilidade de liderança e talento para relações públicas, decidiu tentar o
trono (2 Samuel 15:18). Fazendo um esforço especial para ganhar o coração
do povo e realizar seus planos, ele reuniu uma tropa em Hebrom e se ungiu
rei. Depois ele marchou em Jerusalém. Davi não tinha escolha a não ser
escapar. Ele foi para Maanaim, que serviu como capital de Israel enquanto
Davi governou em Hebrom. Em uma batalha árdua, os homens de Davi
tiveram uma vitória decisiva, e Joabe matou Absalão, contrário às ordens,
trazendo um fim à rebelião. Imediatamente após a revolta de Absalão, um
benjamita de nome Seba, liderou um movimento de afastamento das tribos
do Norte. Isto foi rapidamente reprimido (2 Samuel 19-20).
Provavelmente dois ou três anos depois, o quarto filho de Davi, Adonias,
fez uma tentativa de chegar ao trono. Se a lei da primogenitura tivesse sido
estritamente seguida, ele herdaria o trono. O apoio a Adonias era
formidável, e incluía Joabe e o sumo sacerdote Abiatar.
Planos de uma cerimônia de unção foram feitas na primavera em En-
Rogel, a sudeste de Jerusalém. Novidades sobre o assunto vieram a público
e o profeta Natã e Bate-Seba tomaram a liderança em relatar a situação e
persuadir Davi a anunciar Salomão. Ele fez isto e os planos procederam
imediatamente para a unção de Salomão na primavera de Giom, leste de
Jerusalém. A animação na cerimônia de Salomão podia ser ouvida na
reunião de Adonias, além de uma pequena cadeia de montanhas, a cerca de
dois quintos de uma milha. Os seguidores de Adonias se foram, e ele se
submeteu a Salomão, evitando uma guerra civil (1 Reis 1:1-2:9; 1 Crônicas
22:6-23:1; 28-29).
Davi em Retrospecto
Sem dúvidas, Davi foi o maior rei de Israel. Jerusalém se tornou
conhecida como a cidade de Davi. Cristo nasceu na linhagem de Davi e um
dia reinará do trono de Davi. De fato, Davi é chamado de “homem segundo
o coração de Deus” (1 Samuel 13:14; Atos 13:22; veja também 2 Crônicas
8:14, “homem de Deus”), talvez a palavra de aprovação mais forte já falada
por Deus para um homem. O significado exato disto está aberto para
interpretação. Certamente não quer dizer que ele era perfeito, nem que ele
nunca tinha cometido um grande pecado. Ele era uma homem com telhado
de vidro e quebrou muitos dos mandamentos, sendo culpado de, entre
outras coisas, adultério e assassinato. (Deve ser observado que um dos
argumentos mais fortes para a inspiração da Escritura é a forma na qual a
fraqueza e as tolices de seus melhores homens são documentadas com uma
franqueza extrema.)
Se a vida particular de Davi não foi sempre exemplar, como ele pode ser
descrito como um “homem segundo o coração de Deus”? Possivelmente, a
resposta é uma resposta dupla: em sua atitude para com o pecado e em sua
política pública. Embora Davi tenha pecado, quando ele foi confrontado
com o erro de seu caminho, seu coração se quebrantou em penitência.
Observe como ele expôs seu coração para Deus no salmo 51: “Tem
misericórdia de mim, ó Deus... Lava-me completamente da minha
iniquidade... Lava-me, e ficarei mais branco do que a neve...
Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito
reto... Torna a dar-me a alegria da tua salvação... A um coração quebrantado
e contrito não desprezarás, ó Deus...”. De uma forma geral, a política
pública de Davi honrou a Deus. Por exemplo, ele se recusou tirar a vida de
Saul ou recompensar aqueles que o fizeram, pois Saul era “um ungido de
Deus,” e Deus o puniria no tempo certo. Ele deu honra própria ao santuário
de Deus e organizou a adoração e o culto dos levitas e buscou construir o
templo. Em geral, os princípios pelos quais ele viveu deixam claro o seu
débito para Salomão antes de sua morte: andar nos caminhos de Deus,
manter os mandamentos de Deus, servir a Deus com um coração perfeito e
uma mente desejosa (1 Reis 2:3-4; 1 Crônicas 28:9).
Salomão
Nota 1 - O lapso de tempo é concluído desta forma: o primeiro grande pecado de Saul ocorreu dois
anos dentro de seu reino, por volta de 1048-1047 a.C. Logo depois, aconteceu o seu
segundo grande pecado, após Davi ter sido ungido rei. Davi tinha trinta anos à época da
morte de Saul em 1010 a.C. Se ele tinha 15-20 anos à época de sua unção, a data da batalha
contra os amalequitas deve ter sido entre 1030-1025 a.C. Então, cerca de vinte anos se
passaram entre seus dois grandes pecados (1048-1027 a.C.). [Voltar]
Nota 2 - Leon Wood, A Survey of Israel History [Uma Análise da História de Israel], p. 278.
[Voltar]
Nota 3 - Não se sabe ao certo quem escreveu 1 e 2 Reis, mas a tradição dos judeus conclui que foi
Jeremias. [Voltar]
CAPÍTULO
O Reino do Sul
10
Os Remanescentes Retornam
Assim como Jeremias tinha predito (Jeremias 25:11), o período do
cativeiro teve duração de cerca de setenta anos. Ao final deste tempo, Deus
fez com que Ciro fizesse um decreto para que os judeus pudessem retornar
para sua terra natal. Ele também enviou com eles um número de objetos
valiosos que Nabucodonosor tinha tirado do templo.
O decreto veio no primeiro ano de Ciro (em seu governo sobre a
Babilônia, Esdras 1:1). Tendo Ciro entrado na Babilônia ao final de outubro
de 539 a.C., o decreto foi provavelmente emitido durante 538, e os cativos
puderam ter feito a jornada para Jerusalém em 537. Obviamente o período
entre 586 a 537 a.C. não é de setenta anos. Várias formas de computar este
número são sugestivas. Por exemplo, alguém pode calculá-la da primeira
deportação dos cativos hebreus em 605 a 537 ou 536, quase setenta anos.
Ou alguém pode calcular pelo tempo que o templo foi destruído em 586 até
o tempo que foi rededicado em 515, um total de setenta anos.
Embora Ciro tenha beneficiado os judeus ao ajudá-los a retornar para
casa e embora Isaías tenha o chamado de “ungido” de Deus (evidentemente
para fazer cumprir propósitos divinos, Isaías 45:1), ele não era adorador do
Deus dos céus. Aparentemente, ele era um homem muito humano e um
administrador muito sábio. Ele permitiu que todas as pessoas fossem
capturadas e deportadas pelos assírios e babilônios para retornarem a seus
lares. Desta forma, ele eliminou muitas fontes de desafeição e ganhou uma
grande parcela do favor de Deus. De nenhuma forma todos os judeus
aceitaram a oferta de Ciro.
Cerca de cinquenta mil formaram o primeiro contingente sobre a
liderança de Sesbazar, que evidentemente saiu de cena rapidamente e foi
substituído por Zorobabel. Este como governador e Josué como sumo
sacerdote (Esdras 2 – 3) carregava o fardo real de liderar os repatriados de
volta a Jerusalém e projetar as fundações do segundo templo.
Quando o povo da terra (samaritanos e outros) desejaram se juntar com
os judeus na reconstrução do templo, os judeus recusaram a oferta, não
desejando se misturar com nenhuma falsa religião. Depois disso, os
samaritanos se tornaram abertamente hostis, primeiramente engajados em
táticas de guerrilhas e então requerendo os serviços de intermediários na
corte contra os interesses dos judeus. Aparentemente, isto era possível
porque Daniel não estava vivendo mais. Estes homens eram capazes de
frustrar o progresso da reconstrução da cidade de Jerusalém e do templo por
alguns quinze anos. A oposição daqueles na terra é compreensível porque
aqueles que chegavam depois ameaçavam seu controle da terra e sua
posição econômica.
Mas finalmente, no segundo ano do rei persa Dário I (520 a.C.), os
profetas Ageu e Zacarias começaram seu ministério e encorajaram a
finalização do templo (Esdras 5:1; Ageu 1:1; Zacarias 1:1). À medida que a
construção progredia, novamente os habitantes não-judeus da Judeia se
opunham ao trabalho. Desta vez os construtores se referiam ao decreto de
Ciro autorizando a reconstrução do templo, e uma cópia do decreto foi
encontrada. O templo foi finalmente completo na primavera de 515 a.C.
(sexto ano de Dário, Esdras 6:15). Esdras 6 termina em 515 a.C., e o
capítulo 7 se refere a eventos no sétimo ano de Artaxerxes (458 a.C.);
então, há um vácuo de cinquenta e sete anos entre os dois. Durante este
período de silêncio, ocorre a história de Ester.
Nota 1 - A tradição conclui que Esdras e Neemias escreveram os livros que levam seus nomes,
respectivamente. O autor de Ester é completamente desconhecido, mas o livro deve ter sido
escrito por volta de 400 a.C. [Voltar]
PARTE
II
11
Nota 1 - Gleason Archer, A Survey of Old Testament Introduction [Uma Análise da Introdução do
Antigo Testamento], rev. ed., p. 296. [Voltar]
CAPÍTULO
12
Obadias
Joel
Conclui-se geralmente que Joel escreveu por volta de 835 a.C. nos dias
do jovem rei Joás que estava debaixo da regência dos sacerdotes.
(Não há referência de um rei no poder em Judá.) Naquela época, os
inimigos eram filisteus, egípcios e edomitas (Joel 3:4) “regiões da Filístia”,
( Joel 3:19), assim como os sírios, assírios, babilônios dos tempos que
vieram depois. A ocasião da profecia de Joel parece ter sido uma aridez
severa e praga de gafanhotos em seus dias. Joel pregou que a razão para
esta calamidade foi o pecado do povo, e encorajou o arrependimento
nacional para evitar punições futuras. Ele também pontuou a invasão dos
gafanhotos como um simbolismo da incursão humana, tanto na forma de
atividades de roubo ou atividades militares. Sem dúvidas, esta profecia teve
parte de seu cumprimento nos enxames de pessoas vizinhas que invadiam
em seu próprio tempo ou pouco tempo depois, mas alguns detalhes não
foram cumpridos e esclarecidos até aquela época. A expressão “o dia do
Senhor”[Nota 1] (1:15, 2:1, 11, 31; 3:14) é para ser especialmente entendida,
e parece incluir o período da tribulação, a segunda vinda de Cristo, e o
Milênio e envolve julgamento dos ímpios e salvação dos justos.
Joel e outros profetas previam um tempo de confusão[Nota 2] ou tribulação
ou julgamento (durante sete anos) a vir sobre Israel e as nações no fim dos
tempos. Assim como as pragas de gafanhotos devoraram a terra antes disso,
então durante a Tribulação um exército do norte trará uma grande
destruição; mas Deus irá intervir para salvar Seu povo com Sua própria
força. Este grande tempo de tribulação alcançará um clímax com a volta do
próprio Cristo, que irá julgar as nações. Ao Seu retorno haverá grandes
sinais nos céus e na terra e “o sol se tornará em trevas, e a lua em sangue”
(Joel 2:30, 31).
Quando Deus voltar para salvar Seu povo, Ele derramará Seu Espírito em
grande poder e bênção (Joel 2:28-32). O que aconteceu no dia de Pentecoste
(Atos 2:15-21) foi somente uma prévia, parte do cumprimento ou uma
amostra do que Joel prometeu. O cumprimento completo virá na era do
reino. Por último, o descrente Israel receberá seu Messias e a lei será escrita
em seus corações.
Jonas
Amós
Mas como a maioria dos outros profetas, Amós não levou seus ouvintes
ao desespero. Ele previu uma restauração futura de Israel com o
restabelecimento do trono de Davi. Claro, ele se referiu a algo maior que
uma mera restauração da terra, pois naquele tempo (538 a.C.) o trono e a
soberania independente não estavam restauradas. Esta recuperação política
é para ser acompanhada pela magnífica fertilidade e permanente posse da
terra (9:11-15). Certamente, tudo isto prevê o glorioso dia do milênio no
final dos tempos quando o Messias governará no trono de Davi.
Oséias
Miquéias
Uma das passagens mais citadas de Miquéias hoje é 6:8, na qual ele
expõe três necessidades para os cristãos: “Praticar justiça, ser
misericordioso e andar em humildade com seu Deus”.
Isaías
Breve Esboço
O livro de Isaías pode ser resumido de maneira conveniente em três
partes: capítulos 1-35, com o tema principal do julgamento; capítulos 36-
39, com um interlúdio histórico no ataque de Senaqueribe; capítulos 40-66,
com o principal tema da redenção. Os primeiros doze capítulos contêm
profecias a respeito de Judá e Jerusalém, começando com uma lastimante
denúncia do formalismo e pecado de Israel, e continuando com uma mistura
de ameaças de julgamento e cativeiro com promessas do reino glorioso do
milênio. Aconchegada nesta seção, está a magnífica visão do capítulo 6. Em
uma palavra, a mensagem deste capítulo é que com uma visão da santidade
de Deus, nós possamos perceber a nossa natureza pecaminosa. Uma vez
limpos do pecado e da culpa, então serviremos a Deus com gratidão. Os
capítulos 13-23 detalham as profecias contra as nações: Babilônia, Assíria,
Filístia, Moabe, Damasco, Etiópia, Egito, Arábia, Edom, Jerusalém e Tiro.
Um estudo da história e da arqueologia revela como estas profecias foram
cumpridas. Os capítulos 24-27 descrevem que a Grande Tribulação e o
estabelecimento do reino, são seguidos por avisos proféticos a respeito da
Samaria e de Judá nos capítulos 28-35.
Depois de um interlúdio histórico a respeito do ataque do rei Senaqueribe
da Assíria em Judá (capítulos 36-39) aparece uma seção de conforto aos
exilados na promessa de restauração (40-48). Mesmo Deus tendo avisado
que Ele enviaria os israelitas ao cativeiro na Babilônia por causa do pecado
deles, Ele não tinha a intenção de deixá-los lá para sempre. Ele levantaria
Ciro um dia para livrá-los e destruiria a Babilônia e seus ídolos neste
processo. Demais a mais, Deus enviaria o Messias para julgar os opressores
de Israel, para redimir e restaurar Israel, e para prover salvação para todo o
mundo (49-57). Nos capítulos finais do livro (58-66), o profeta estende o
conforto para os exilados em previsões de glória futura no fim dos tempos.
O capítulo 55 contém alguns dos mais graciosos convites do Antigo
Testamento: “O vós todos que têm sede” (v.1); “Buscai ao Senhor enquanto
pode ser achado” (v.6); “Deixe o ímpio o seu caminho...e se converta ao
Senhor que se compadecerá dele” (v.7).
Naum
Sofonias
13
Habacuque
Ezequiel
A Exclusividade de Ezequiel
Há muitos pensamentos e ênfases ou peculiaridades de Ezequiel que
merecem uma atenção especial. Mais de seis vezes, o profeta usou a
expressão “eles saberão que eu sou o Senhor” em conexão com as razões do
julgamento de Israel e possibilidade para sua futura salvação.
Pelo menos por vinte e cinco vezes, Ezequiel se refere ao ministério do
Espírito Santo, especialmente ao falar sobre a inspiração profética (por
exemplo: 2:2; 3:12, 14, 24). Por quatorze vezes o profeta fala da “glória do
Senhor”. Esta é a luz visível que brilhava entre os querubins no Santo dos
Santos no templo e simbolizava a presença de Deus. Antes da destruição do
templo, Ezequiel teve uma visão desta glória deixando o templo (9:3).
Sobre a arca, Ezequiel viu algo semelhante ao trono de Deus com asas e
era, então, uma espécie de carruagem real (10:1).
A glória do Senhor foi removida para a soleira da porta (10:4), então para
o portão oeste do templo (10:18,19), e então para a cidade a leste do Monte
das Oliveiras (11:22, 23). Nos tempos finais, ela retornará do leste da
cidade (43:2).
Somente neste livro aparecem detalhes de um templo a ser construído em
Jerusalém (capítulos 40-42). Somente em Ezequiel alguém pode aprender
sobre a idolatria de Israel enquanto ainda no Egito (20:1-9).
Se alguém garante que 28:11-19 se refere a Satanás, como muitos
estudiosos da Bíblia concluem, somente aqui nós temos tal informação; esta
passagem deve ser ligada com Isaías 14 por datas complementares sobre o
assunto. Sendo assim, há uma riqueza de simbolismo, semelhança, ou
metáfora por todo o livro. Por exemplo, Nabucodonosor era uma grande
águia (17:3); Tiro, o grandioso navio que seria afunda-do (27:5); e o Egito
um grande monstro do mar que Deus destruiria (32:1).
O livro de Ezequiel começa com um extenso relato sobre a função dos
profetas (capítulos 1-3). Assim como Moisés (Êxodo3:1-10), Isaías (Isaías
6:1-10), Daniel (Daniel 10:5-14), e João (Apocalipse 1:12-19), ele começa
com uma revelação da glória de Deus; mas inclui também uma unção
especial com o Espírito Santo e uma ênfase na necessidade pela palavra de
Deus para permear todo o ser do profeta. (Ezequiel comeu o registro ou
pergaminho no qual as Escrituras estavam escritas, 3:1-4).
A mensagem é, em grande escala, uma mensagem de morte. Os capítulos
4-7 dizem respeito à iminente destruição de Jerusalém, descrevendo seu
cerco pelos babilônios em termos de muitas ações simbólicas do profeta
(capítulo 45) e incluindo a destruição dos altares usados para adoração pagã
(capítulo 6). Esta destruição estava para vir por causa do pecado
incorrigível de Judá (capítulos 8-24). Alguns dos pecados especialmente
apontados são idolatria (capítulos 8-9), maldade de líderes políticos (11:1-
13), atividades proféticas falsas (capítulo 13), esterilidade espiritual
(capítulo 15), violência e promiscuidade sexual (capítulo 22), e
contaminação política e religiosa resultantes de alianças com nações
vizinhas (capítulo 23). Tendo pronunciado maldição contra Judá, Ezequiel
agora se move contra as nações ao redor de Israel (capítulo 25-32). A
atenção primeiramente é focada em Amom e depois em Moabe, Edom,
Filístia, Tiro, Sidom e Egito. Deus estava contra estes povos por causa de
sua idolatria e mau tratamento para com Israel.
A Reunificação de Israel
Ezequiel não era meramente o profeta da morte. Referências ocasionais
para a preservação e restauração gloriosa em um dia futuro, espalhadas
pelos primeiros capítulos do livro, expandem-se para uma enxurrada nos
últimos capítulos. Eventos que precedem a restauração de Israel aparecem
nos capítulos 33-39; o registro da restauração está nos capítulos 40-48.
Deus, como o bom Pastor, irá reunir o rebanho (34:11-16) e mandará para
eles um verdadeiro pastor, evidentemente se referindo ao Messias (“meu
servo Davi”, 34:24). Em ligação com esta restauração haverá um
julgamento em Edom por sua invasão, ao sul, em Judá (capítulo 35). A
restauração envolverá não somente uma reunificação entre todas as nações,
mas também uma regeneração espiritual (capítulo 36). O alvo desta
reunificação é muito maior que a restauração do período persa e ainda é
futura. A visão de Ezequiel do vale de ossos secos (capítulo 37) retrata o
poder divino operante na restauração da vida nacional de Israel. Os exilados
(ossos) são reunificados do vale da dispersão e recebem uma vida nacional.
Todas as doze tribos estão envolvidas, mostrando que Judá e Israel serão
novamente uma. Depois de Israel ser reunida na terra, uma grande
confederação do norte, chamada Gogue e Magogue, irá descender na
Palestina. Nesta hora de provação, Deus pessoalmente intervirá e destruirá
os invasores (capítulos 38 e 39).
Os capítulos 40-43 descrevem em detalhes a construção de um novo
templo e sistema sacrificial, e nos capítulos a seguir, contam sobre a divisão
da terra em tribos territoriais. Muitos têm tentado espiritualizar os últimos
capítulos de Ezequiel e aplicá-los à era da igreja.
Alguns veem a profecia como sendo cumprida na nova terra. Pode-se
pontuar que há muitos capítulos que asseguram aos exilados que Deus tem
um plano definitivo para a Palestina, Jerusalém e para o templo.
Se levados literalmente em conta, eles podem não ter nada a ver com a
igreja. Entretanto, se eles são cumpridos na igreja, não provêm
encorajamento para Israel, o que estão designados a fazer. Na Nova
Jerusalém de Apocalipse 21, também não há templo; então esta profecia
não pode acontecer na nova terra. É melhor encarar esta passagem como
sendo aplicada ao Milênio, quando Israel habitará a terra e seu Messias
governará no Monte Sião. Não há nenhum problema especial crescendo a
respeito da reinstituição do sistema sacrificial porque ele pode ser visto
como tendo a função de memória, assim como a Santa Ceia do Senhor na
igreja cristã. Certamente, o sacrifício não poderia edificar um mérito para
um povo evidentemente regenerado pela fé no Messias e em Sua obra de
sacrifício em favor deles.
Jeremias
O Retorno do Messias
O livro de Jeremias não é uma previsão mais suave da morte. Em 23:3-6,
vemos uma gloriosa previsão de reunificação no fim dos tempos e do
governo do Messias. Os capítulos 30-33 indicam uma predição estendida do
futuro distante. Depois de uma grande tribulação (chamada “tempo de
tribulação de Jacó”), durante a qual Israel será purificado, Cristo retornará e
estabelecerá Seu reino. A restauração para a bênção está baseada na nova
aliança (Jeremias 31:31-34), fundado no sacrifício de Cristo. Israel
aproveitará a paz do reino e a prosperidade quando “o Ramo da Justiça”
sentar no trono de Davi para sempre.
As duas seções menores remanescentes de Jeremias dizem respeito às
séries de eventos depois da queda de Jerusalém (40-45) e profecias contra
as nações estrangeiras (46-51). Jeremias preferiu ficar em Judá e dar
suporte ao governador Gedalias, apontado pelos babilônios. Pouco tempo
depois, entretanto, um plano amonita contra Gedalias obteve sucesso. Um
grupo de judeus temerosos então decidiu fugir para o Egito para escapar de
possíveis represálias dos babilônios. Jeremias os encorajou a não irem, mas
eles rejeitaram a orientação de Deus e foram mesmo assim, forçando
Jeremias a ir junto com eles. Uma vez lá, ele tentou persuadir os grupos
judeus no Egito a renunciar a adoração a falsos deuses, mas sem sucesso. A
última seção do livro detalha as profecias contra várias nações pagãs: Egito,
Filístia, Moabe, Amom, Edom, Damasco, Quedar e o reino de Hazor, Elam
e Babilônia. Algumas das razões dadas para o julgamento delas foram o
orgulho, idolatria e o tratamento deles a Israel.
Daniel
Visões do Futuro
Como foi indicado anteriormente, a última metade de Daniel é uma série
de visões proféticas de acordo com o futuro. O capítulo 7 apresenta uma
visão em muito similar a do capítulo 2. No capítulo 2, acontecimentos
externos dos reinos do mundo aparecem ligados com a imagem humana. No
capítulo 7, quatro bestas devoradoras retratam a personalidade interna
destes reinos gentios, e detalhes adicionais são dados. O leão é a Babilônia;
o urso, a Medo-Pérsia; o leopardo com quatro asas e quatro cabeças, o
império de Alexandre e suas quatro divisões subsequentes; a quarta besta
com dentes de ferro, Roma. Os dez chifres da quarta besta representam um
estágio futuro e final do Império Romano nos últimos dias. O “pequeno
chifre” é o Anticristo ou besta de Apocalipse 13:4-10, que será destruída
pelo Messias em Sua segunda vinda (Apocalipse 19:20; 20:10). Dando um
fim ao poder das nações dos gentios, o Messias instituirá Seu reino.
O capítulo 8 é uma continuação do capítulo 7. Um carneiro com dois
chifres (Medo-Pérsia) é destruído por um bode (Alexandre, o grande).
O primeiro chifre do bode seria quebrado e se transformaria em quatro
pequenos chifres (os sucessores de Alexandre). Do lado de fora de um
destes chifres (o reino de Selêucida ou Síria), apareceria um “Pequeno
chifre” (Antíoco Epifânio) que aboliria o templo de adoração em Jerusalém
e traria a reforma dos Macabeus em 167 a.C. Evidentemente, entretanto,
Antíoco somente era uma pré-imagem do Anticristo dos últimos dias (veja
Daniel 8:23), o qual o Messias destruirá quando vier no final da Tribulação
(Daniel 7:11; 8:25).
Uma das profecias mais significantes de toda a Escritura é a profecia das
setenta semanas de Daniel (9:20-27).[Nota 5] A maioria dos intérpretes
concordam que estas representam setenta semanas de anos (70 X 7 ou 490
anos). Este período é dividido em três unidades: sete semanas (49 anos), da
emissão do comando para restaurar Jerusalém ao término da obra; sessenta
e duas semanas (434 anos), do término da obra “até o Messias, o príncipe”
(depois deste período o Messias seria afastado); uma semana (7 anos) de
grande tribulação. A profecia diz que levaria 49 anos para que a reforma de
Jerusalém fosse completa e mais 434 anos se passariam antes da
crucificação do Messias (o “afastamento”).
Depois disso, um lapso de tempo aconteceria, durante o qual Jerusalém
seria destruída (9:26). Então, em algum momento indefinido no futuro, uma
septuagésima semana aconteceria. No começo desta semana, o Anticristo
faria uma aliança com os judeus, e no meio desta semana quebraria esta
aliança, pararia os sacrifícios e profanaria o templo (9:27; 11:31; 12:11).
Então, ele perseguiria os judeus cruelmente por “um tempo, dois tempos e
metade de um tempo” (Daniel 7:25; 12:7) ou três anos e meio, igual aos
quarenta e dois meses de Apocalipse 13:5, os 1260 dias de Apocalipse 11:3
e o equivalente aos 1290 dias[Nota 6] de Daniel 12:11. Em seu grande
discurso no Monte das Oliveiras, Cristo se referiu à abominação da
desolação que Daniel disse que introduziria a Grande Tribulação, e disse
que Ele retornaria novamente no final da tribulação (Mateus 24:15, 29-31).
Daniel 10-12 constitui uma visão panorâmica a respeito de Israel, dos
dias de Daniel até a segunda vinda de Cristo. Depois de passada a grandeza
do poder persa (11:2), Alexandre, o Grande, estabeleceria um império
grego, o qual seria quebrado em quatro partes (11:3, 4). Então, um conflito
aconteceria entre duas das partes: Egito (os ptolomeus) e Síria (os
selêucidas), sobre a Palestina (11:5-20). A Síria ganharia, e Antíoco
Epifânio da Síria logo receberia atenção, como uma espécie de Anticristo
(11:21-35). Então, a profecia claramente foi focada no Anticristo e o tempo
da tribulação de Jacó, ou a Grande Tribulação de Israel, seguida pela
libertação (11:36-12:1). Depois da Tribulação e da segunda vinda de Cristo,
haverá uma ressurreição de Israel (12:2, 3).
Notas do Capítulo
Nota 1 - Os caldeus foram um povo semítico que invadiu a Babilônia (1000 a.C.) e se tornaram o
elemento de governo do Império Neo-Babilônico (612-539 a.C.). [Voltar]
Nota 2 - Tratamentos úteis sobre a composição escrita e as datas podem ser especialmente
encontrados nos livros de Gleason Archer, A Survey of Old Testament Introduction [Uma
Análise do Antigo Testamento], capítulos 28, 29; Hobart Freeman, An Introduction to the
Old Testament Prophets [Uma Introduçao Aos Profetas do Antigo Testamento] (Chicago:
Moody, 1968), páginas 264-72; R.K. Harrison, Introduction to the Old Testament [
Introdução ao Antigo Testamento](Grand Rapids: Eerdmans, 1969), páginas 1105-1134;
Merrill F. Unger, Introductory Guide To The Old Testament [Guia Introdutório ao Antigo
Testamento], páginas 396-99. [Voltar]
Nota 3 - Para discussão, veja Freeman, páginas 267-68; e Darius the Mede [Dario, o Medo], de John
C. Whitcomb (Grand Rapids: Eerdmans, 1959). [Voltar]
Nota 4 - Este episódio ocorreu quando Daniel tinha mais de oitenta anos. O evento aconteceu em
539 ou 538 a.C., e Daniel foi levado para a Babilônia em 605, sessenta e seis anos antes. Se
Daniel tinha só quinze anos à época do cativeiro, ele teria oitenta e um em 538. A
experiência que ele teve enquanto jovem (capítulo 1) o preparou para a experiência que ele
foi forçado a ter quando mais velho. [Voltar]
Nota 5 - Para o desenvolvimento veja o livro de Robert D. Culver, Daniel and the Latter Days
[Daniel e os Últimos Dias] (Chicago: Moody, 1954), páginas 135-60. [Voltar]
Nota 6 - Talvez os trinta dias adicionais aqui incluem um período de julgamento das nações e
ajustamento antes do começo do Milênio. [Voltar]
CAPÍTULO
14
Ageu
Zacarias
Malaquias
Nota 1 - Críticos geralmente argumentam que Zacarias 9-14 não foi originalmente parte do livro e
que o profeta não foi o autor. Para uma resposta conservadora, veja A Survey of Old
Testament Introduction [Uma Análise da Introdução do Novo Testamento], de Gleason
Archer, páginas 411-415 e An Introduction to the Old Testament Prophets [Uma
Introdução aos Profetas do Antigo Testamento], de Hobart Freeman, páginas 337-44.
[Voltar]
Nota 2 - Um efa é uma medida um pouco maior que um alqueire. [Voltar]
PARTE
III
15
Muitos outros tipos de paralelismo podem ser enumerados, mas eles não
são muito comuns. Talvez deve ser observado que a poesia dos hebreus não
é limitada a duetos, mas pode se estender a tercetos, quartetos, sextetos e
octetos. Além disso, o paralelismo não é somente restrito a linhas, mas pode
se estender a estrofes e versos. Isto pode ser devido em parte ao fato de ser
característico da música dos hebreus e de seu discurso cantar ou recitar em
antífona; isto é, o líder fala uma frase ou canta um pedaço do texto e é
respondido por um grupo que está liderando. O salmo 136 foi
provavelmente repetido desta forma.
Às vezes, dois corais estão envolvidos neste procedimento.
Um segundo princípio da poesia dos hebreus é o ritmo, mas ele não é
estritamente métrico no sentindo de aderir a regras estritas de números de
balanço ou sílabas acentuadas ou desacentuadas. Claro que é impossível
demonstrar esta qualidade da original totalmente na tradução. É possível,
então, observar a natureza figurativa da poesia bíblica na tradução. Muitos
dispositivos retóricos são utilizados com grande efeito. Semelhança,
metáfora, hipérbole e metonímia estão entre as muitas figuras de discurso
usadas.
Uma terceira característica da poesia dos hebreus é o acróstico alfabético.
Um acróstico pode ser definido como um grupo de cartas – como as letras
ou palavras do início, do meio ou do fim – que quando colocadas em
ordem, vertical ou horizontalmente formam uma palavra ou palavras. Por
exemplo, em inglês:
Forsaking
All
I
Trust
Him
[N.T.: Na vertical: Renunciando a tudo, eu creio nele; na horizontal: fé]
Tipos de Poesias
Jó
Salmos
Um Livro de Louvor
Por causa da limitação de espaço, que torna impossível o comentário
sobre cada um dos 150 capítulos de Salmos, parece que a melhor forma de
descrever o livro é notar algumas coisas dos tópicos maiores ou temas
evidentes nele. O louvor é um tema preeminente. De fato, o título hebreu do
livro é “Canções de Louvor”. Mais de vinte salmos têm “louvor” como sua
palavra-chave, e em muitos outros, há explosões de louvor. Note
especialmente os salmos 47, 66, 67, 96, 98, 100, 103, 107, 113, 117, 118,
134-136, 138, 145-150. Contêm um rico vocabulário e grande variedade de
poetas enaltecendo a bondade e glória de Deus.
Se devemos pensar em Salmos como o livro devocional daquele que é
devoto a Deus, então ele deve expressar a alma daquele que é sedento de
Deus. Este tema aparece especialmente nos salmos 42, 43 e 63. (Note
particularmente o 42:1). Claro, alguém virá especialmente para encontrar
Deus e aprender mais sobre Ele em Sua Palavra. Os dois maiores salmos da
Palavra são o 19 e o 119. Este último é o discurso mais extenso da Palavra
de Deus nas Escrituras. Deus pode ter sido visto de fato. Salmos 19, 29 e
104 especialmente, são centrados neste tema. Quando alguém encontra a
Deus, ele ou ela se alegra na comunhão amorosa com Deus, o Pastor e
Protetor (23, 91), encontra uma grande bênção em estar na casa de Deus
(84,122) e encontra Deus como sendo um grande refúgio e fortaleza (46,
61, 62).
Conforme alguém gasta tempo na Palavra e aproveita a presença de Deus
ou sofre uma quebra de comunhão com Deus, esse alguém se torna
grandemente impressionado com um pecado pessoal e cai em uma profunda
contrição pelo pecado cometido. Estão entre os grandes salmos de
arrependimento o 6, 25, 32, 38-40, 51, 102, 130, 143. Deste grupo, o salmo
51 é o maior.
À medida que os fiéis aprendem a andar com Deus e o servirem mais
profundamente, eles sofrerão perseguição. Muitos salmos (normalmente
classificados como salmos imprecatórios) referem-se tanto a inimigos
pessoais ou inimigos do povo de Deus e rogam maldições contra eles. Não
há dificuldade básica em reconciliar esses pronunciamentos de ira com o
pensamento cristão. A única forma que um justo do Antigo Testamento teve
de saber a tangível verdade da Palavra de Deus, Sua santidade e Seu
soberano poder estava em meio ao julgamento que caía sobre os maus e a
libertação garantida aos seguidores de Deus. Se os inimigos da verdade e os
inimigos de Israel constantemente triunfassem, não havia dúvidas da
validade de servir a Deus. Nesta categoria, note Salmos 7, 35, 52, 55, 56,
58, 59, 68, 69, 79, 83, 109, 137, 140.
Alguns desses salmos foram usados na adoração coletiva. Um grupo
especial desses está em 120-134, os chamados salmos ascendentes.
Estes eram aparentemente recitados ou cantados pelos peregrinos no
caminho para Jerusalém para a comemoração das festas anuais.
Provérbios
Eclesiastes
Em muitos aspectos, o livro de Eclesiastes parece estar fora da harmonia
com o resto do Antigo Testamento. Aparentemente, ele parece glorificar os
valores humanos; parece ter mais um ponto de vista material do que
espiritual; parece ter um pequeno lugar para Deus. Uma das frases-chave é
“debaixo do sol” (que aparece vinte e nove vezes); então, alguns chamam
Eclesiastes de “o livro do homem natural”, pois ele descreve a vida na terra
longe de uma perspectiva divina. Mas tal vida é declarada como sendo
“vaidade” (a palavra aparece trinta e sete vezes). Então, o propósito real do
livro parece ser demonstrar a inutilidade de viver uma vida de mero
aproveitamento humano; a vida completa é aquela que dá o reconhecimento
próprio a Deus e que é vivida para Seu serviço. Se alguém garante que
Salomão é o autor [Nota 5], este livro provavelmente não é meramente uma
discussão teórica, mas sim uma autobiografia de um grande rei à medida
que se aparta de Deus e tenta vários métodos de assegurar a felicidade.
O rei achou que esta grande sabedoria, boa como é, não poderia trazer a
felicidade verdadeira (1:12-18), nem o prazer e a riqueza (2:1-11; 5:8-6:12),
nem o aproveitamento que vem com o trabalho bem feito (2:17-3:15), nem
a popularidade que é passageira (4:13-16), nem uma grande família ou uma
vida longa (6:1-6). O rei estava muito frustrado como se ele reconhecesse
que a maldade e a opressão prevalecessem na Terra (3:16-4:6); que não
parecia haver desvantagem em ser justo (7:13-21); que a vida é cheia de
incertezas sobre o que pode ser absolutamente sabido e que a morte é uma
confusão (8:1-9:18).
O narrador não desiste da vida natural do homem por completo. Ele
pontua o valor da sabedoria e dá sugestões de como viver uma “vida
melhor” na terra. Mas preeminentemente Ele busca ir a um nível mais alto.
Por exemplo, em 2:24-26; 5:18-20; 8:15 e 9:7-9, Deus é conhecido como a
fonte de todas as coisas boas que podem ser aproveitadas na vida.
Finalmente, afirmando a futilidade de uma vida longe de Deus, o narrador
continua e chega a uma grande conclusão: reverenciar a Deus, mantendo
Seus preceitos, e viver à luz da eternidade. E isto deve ser guardado como o
tema e propósito de todo o livro (3:14, 5:7, 7:18, 8:12, 13). Quando o ser
humano vive desta maneira, toda a vida começa a se encaixar em um
padrão significativo e recebe um novo significado. Um relacionamento
próprio é estabelecido entre Cristo e a cultura, e o indivíduo evitará
soluções pagãs para a questão da felicidade.[Nota 6]
Cantares de Salomão
Lamentações
Lamentações é um livro de luto pela destruição de Jerusalém. Embora o
livro não inclua uma reivindicação por autoridade, a tradição diz que
Jeremias o escreveu logo após a destruição da cidade (talvez em 585 a.C.).
Então, ele se tornou conhecido como o “profeta que chora”. A forma
poética do livro já foi indicada.
O lamento começa com Jerusalém representada como uma viúva privada
de seu filho, sentada e chorando, com nenhum conforto. Ela reconhece que
Deus está somente punindo-a por seu pecado, mas faz um apelo ao Senhor
por defesa contra seus inimigos (capítulo 1).
O capítulo 2 dá uma descrição do cerco e da ruína de Jerusalém e do
escárnio e do sarcasmo dos caminhantes, enfatizando Deus como o
infligidor desses castigos. No capítulo 3 o profeta se identifica com a
aflição do seu povo, mas ele também derrama seu coração para Deus em fé
e esperança. (Os versos 22 e 23 inspiraram o hino “Grande é Tua
Fidelidade”.) A última parte do capítulo contém primeiro um apelo ao
arrependimento dos judeus, e depois um apelo a Deus para punir os
opressores de Israel. A quarta lamentação descreve os horrores do cerco,
fazendo alusão à fome, ao canibalismo, e à carnificina e justifica as ações
de Deus em trazer julgamento. O livro termina com um longo e sério apelo
a Deus com as nações arrependidas se colocando em Sua misericórdia.
Notas do Capítulo
Nota 1 - F. Delitzsch, Commentary on the Psalms [Comentário Sobre Salmos] (Grand Rapids:
Eerdmans, 1949), p. 28. [Voltar]
Nota 2 - Esta discussão sobre Hebreus é amplamente reproduzida em Effective Bible Studies
[Estudos Bíblicos Efetivos] de Howard F. Vos (Grand Rapids: Zondervan, 1956), páginas
90-94. [Voltar]
Nota 3 - Para um resumo útil sobre as questões de autoria, data e lugar de escrita, veja The Book of
Job [O Livro de Jó], de Gleason L. Archer (Grand Rapids: Baker Book House, 1982),
páginas 12-16. [Voltar]
Nota 4 - Deve-se notar que o livro de Jó não é sistemático, nem uma resposta completa das questões
sobre porque o justo sofre. Esta breve discussão do livro não faz qualquer tentativa de ser
completa neste assunto. [Voltar]
Nota 5 - Eclesiastes 1:1; 1:12 indica que Salomão é o autor, e a tradução dos judeus e dos cristãos
suportavam tradicionalmente esta visão até o surgimento de críticas nos séculos recentes.
Por uma discussão bem detalhada do problema e a data de sua autoria, veja A Survey of
Old Testament Introduction [Uma Análise da Introdução do Antigo Testamento], de
Gleason Archer, capítulo 35. [Voltar]
Nota 6 - Uma discussão renovadora e satisfatória da mensagem de Eclesiastes aparece em
Ecclesiastes: Total Life [Eclesiastes: Vida Total], de Walter C. Kaiser (Chicago: Moody,
1979). [Voltar]
PARTE
IV
Entre os Testamentos
CAPÍTULO
16
Preservação no Cativeiro
Proteção Persa
Alexandre, o Grande
As conquistas de Alexandre
Desde que Dario I da Pérsia cruzou o Helesponto e invadiu a Grécia em
512 a.C., gregos e persas estiveram em guerra, ou pelo menos examinando
seus ombros para verem o que o outro lado estava preparando. Finalmente
Filipe I da Macedônia planejou uma guerra panelênica contra os persas em
um esforço de removê-los da esfera grega de operações de uma vez por
todas. Quando Filipe foi atingido por uma adaga mortal em 336, ele foi
incapaz de realizar o sonho de sua vida e seu manto caiu sobre seu jovem
filho, Alexandre. Depois de se estabelecer como cabeça do Estado,
Alexandre começou um ataque que há muito fora prevenido na Pérsia em
334 a.C. O tamanho desse exército foi estimado em 48.000 homens com
16.000 outras pessoas e cerca de 6.000 cavalos.[Nota 2] Mas Alexandre tinha
mais do que interesses militares.
Educado aos pés de Aristóteles, ele estava impressionado com a cultura
superior de Atenas e buscou internacionalizar tal cultura. Tornando-se algo
como um apóstolo do helenismo, ele levou em seu exército historiadores,
cientistas e geógrafos.
Alexandre conquistou o império persa com uma rapidez muito grande.
Cruzando o Helesponto em 334, ele logo venceu uma batalha próxima ao
Rio Granico, o que abriu toda a Ásia Menor para ele. No ano seguinte ele
derrotou os persas em Isso, no leste da Ásia Menor.
Durante 332, após a persistente resistência em Tiro e Gaza, ele assegurou
o fim a leste do Mediterrâneo e continuou em 331 para tomar o Egito e
então conseguir uma única vitória sobre Dario III em Gaugamela, norte da
Mesopotâmia. Antes disso, Dario tinha oferecido dar a Alexandre a parte
ocidental do império, mas o conquistador recusou.
Não fica totalmente claro o que Alexandre tinha em mente quando atacou
a Pérsia, além do desejo de remover os persas do acesso ao mundo grego;
mas ele logo descobriu que poderia tomar todo o império persa se
perseverasse. Durante o ano depois de Gaugamela, Alexandre perseguiu
Dario em direção ao leste, finalmente encontrando seu cadáver depois dos
atentados que o assassinaram.
Não é um grande mistério como Alexandre foi capaz de tomar este, que
era o maior império da parte oriental da Ásia nos tempos antigos.
Ele era um comandante de liderança superior, com armas um pouco
superiores e armadura. A moral de suas forças era alta. O próprio império
persa estava em uma condição moribunda, mas mesmo em tempos bons os
persas enfrentavam sérios problemas em manter seu controle. Eles eram
talvez somente um sexto da população de seu império, o que consistia em
uma grande variedade de pessoas. O que os levou ao poder em primeiro
lugar foi o fato de que o espírito independente do povo do Oriente Próximo
foi quebrado por gerações de imperialismo, e os persas precisavam somente
derrotar as minorias comuns, cujos exércitos consistiam em grandes
mercenários. Agora era vez dos macedônios, com seu feroz espírito
nacionalista, destronarem uma minoria persa.
Assim que Alexandre, o Grande, cumpriu seu compromisso na Palestina
em 332, Jerusalém se rendeu a ele sem nenhuma batalha, e as cidades
afastadas aparentemente também o receberam com doçura.
Josefo conta um relato dramático de como o sumo sacerdote, Jadua, saiu
em procissão com os sacerdotes e muitos populares para receber Alexandre.
O conquistador então ofereceu, como reportado, sacrifício no templo e
prometeu permitir aos judeus em Judá nas províncias a leste praticarem sua
religião sem interferência.[Nota 3] Embora esse relato seja frequentemente
considerado como não sendo histórico, pelo menos ele reflete a boa relação
entre Alexandre e os judeus.
O Legado de Alexandre
Muitos veem Alexandre somente como um grande conquistador.
Ele realmente o foi, e se sua única realização fosse destruir o Império
Persa em quatro ou cinco anos, ele seria lembrado como “o grande”
somente por esta razão. Mas o legado de Alexandre à civilização do
mundo foi muito mais significativo que isto. Ele universalizou a cultura
helênica de Atenas e a língua desta cultura, contribuindo para o crescimento
do koiné, grego comum dos séculos subsequentes. Quando os romanos mais
tarde se incluíram nesta cultura helenística, todo o mundo mediterrâneo
tinha uma só cultura e uma única língua. Então, durante o primeiro século
cristão, Paulo e os outros que buscaram alcançar o vale Mediterrâneo com o
evangelho de Cristo não tiveram que aprender novas línguas ou passar por
estágios de choque cultural.
Eles sabiam instintivamente como evangelizar aquele mundo. A abertura
e tolerância de Alexandre para com as culturas nativas também
contribuíram para a absorção da cultura grega pela cultura oriental. Então,
um internacionalismo e cosmopolitismo foram desenvolvidos no mundo
helenístico que foi talvez até maior durante o período romano.
A fundação das cidades gregas em pontos estratégicos por Alexandre foi
também destinada a mudar seu mundo. Suas cidades serviam como centros
de administração política, controle militar (porque eles eram centros de
guarnição), e difusão cultural, pois esses eram locais de onde um evangelho
(“boas-novas”) do helenismo poderia se expandir para os locais ao redor,
supostamente uma zona rural “não iluminada”.
O uso das fundações da cidade para pressionar toda uma região e criar
uma cultura comum para aquela região foi tomada pelos sucessores de
Alexandre no leste e por Roma, séculos mais tarde. Usando esta
contribuição de Alexandre, o apóstolo Paulo desenvolveu uma estratégia
urbana para o avanço do evangelho da salvação. Sua estadia de dezoito
meses em Corinto e seu cargo por dois ou três anos em Éfeso são casos
apropriados. Na verdade, os sucessores de Alexandre encontraram mais
cidades do que ele; ele viveu o suficiente para estabilizar somente uma
dezena delas. A rainha destas fundações era a Alexandria do Egito, que
dominava a parte oriental do mundo Mediterrâneo politica, cultural e
economicamente por uns 650 anos. Alexandre também foi significativo por
seu tratamento favorável aos judeus, uma prática seguida por seus
sucessores no Egito e Síria.
Sucessores de Alexandre:
Ptolomeus e Selêucidas
Ptolomeus
Depois que Alexandre morreu na Babilônia em 323 a.C., membros de seu
círculo interno lutaram para tomar seu império. Logo ficou claro que
nenhum deles poderia sucedê-lo fazendo isto. Detalhes desta concorrência
não são importantes para nós agora. É suficiente dizer que, do grupo, os
selêucidas que controlavam a Síria e pontos do Oriente, e os ptolomeus que
dominaram o Egito, lutaram muito pelo controle da região divisora da
Palestina. De 323 a 301 a.C., esta ponte terrestre estratégica passava por
trás e adiante deles , mas finalmente Ptolomeu ganhou o controle em 301
a.C. e seus descendentes o mantiveram por um século.
Embora a história do período não esteja bem documentada,
aparentemente os ptolomeus eram geralmente amigáveis com os judeus e
permitiam a eles uma considerável liberdade religiosa e cultural. Uma
grande comunidade de judeus se reuniu na Alexandria e aquelas pessoas
gradualmente esqueceram dos seus hebreus. Por ter se tornado a sua língua-
mãe, eles começaram a traduzir o Antigo Testamento para o grego. Esta
versão, chamada de Septuaginta, gradualmente começou a tomar forma
entre 250 e 150 a.C. e foi destinada a servir como a Bíblia da Igreja
primitiva. No entanto, era mais do que a língua dos gregos pulverizada nos
judeus. Alguns deles também levaram para os padrões de pensamento
helenístico e viraram-se contra os aspectos da sua fé sobrenatural. Claro que
o impacto cultural do helenismo causou uma invasão entre os judeus da
Palestina assim como aqueles do Egito.
Selêucidas
Quando Ptolomeu IV do Egito morreu em 203 a.C., a terra estava
despedaçada por causa da rebelião e intranquilidade. A acensão de
Ptolomeu V ao trono, enquanto um jovem menino, também não ajudou
muito. Antíoco III da Síria tomou vantagem da situação e conseguiu
vitórias importantes contra as forças egípcias em Gaza em 200 e Banias em
198 a.C. Como esta última, a Palestina ficou sobre o controle dos sírios e
selêucidas. Quando Antíoco aparentemente veio para Jerusalém, os
habitantes deram a ele cordiais boas-vindas, aparentemente esperando
explorar este novo relacionamento para tomar sua vantagem.
No entanto, desenvolvimentos no Oriente estavam destinados a
complicar e até mesmo destruir este novo relacionamento. Os romanos
tinham vencido Cartago na Segunda Guerra Púnica; e depois da batalha
final em Zama (202 a.C.), Aníbal, o famoso general cartaginês, escapou
para a corte de Antíoco. Lá ele buscou provocar confusão para Roma e
persuadiu Antíoco a invadir a Grécia. As forças romanas repeliram o
avanço de Antíoco, o mandaram de volta para a Ásia Menor e o derrotaram
decisivamente na batalha da Magnésia em 190 a.C. Esta derrota custou-lhe
muito território na Ásia Menor, a rendição de sua frota de guerra e uma
grande indenização. Como parte da garantia de pagamento, o filho mais
novo de Antíoco, o futuro Antíoco IV, foi leva-do para Roma como refém.
Durante seus doze anos ele ganhou grande respeito pelo poder romano e
pelos caminhos romanos (ou seja, helenístico). Uma coleção de fundos para
pagar indenizações a Roma dependia inteiramente dos judeus, junto com
outros povos do reino dos selêucidas. E, como soberanos, os reis selêucidas
agora reservavam-se ao direito de indicar os sumos sacerdotes dos judeus e
através deles, manter a soberania selêucida sobre o povo deles. Ambas
ações foram destinadas a criar um sério atrito entre os judeus e a monarquia
síria.
Entretanto, este atrito não acabaria em uma revolta dos judeus, se estes
tivessem permanecido unidos. A verdade é que eles não permaneceram, e as
divisões não somente davam uma oportunidade para os selêucidas
explorarem as diferenças, mas também pareciam requerer que eles tomaram
a ação para manter a ordem. Quando os selêucidas ocuparam a Palestina,
eles inicialmente sustentaram os costumes judaicos e eximiram o templo
das taxas. Onias III, um judeu ortodoxo, serviu como sumo sacerdote. Nesta
época, Antíoco IV (175-163 a.C.) chegou ao trono selêucida. No entanto,
muitos judeus se tornaram tão helenizados, que queriam uma mudança no
sistema religioso. Aparentemente, alguns acusaram Onias de ter tendências
ptolemaicas e seu irmão Josué pagou um grande suborno pela nomeação de
sumo sacerdote e o direito de construir um ginásio em Jerusalém (2
Macabeus 4:8-10). [Nota 4] Com o nome grego de Jasão, ele continuou para
construir o ginásio, para introduzir competições atléticas, onde os
praticantes ficavam nus, e para encorajar outras ações totalmente
repugnantes aos judeus ortodoxos. Os ortodoxos se organizaram com o
nome de hasídico, um movimento do qual eventualmente surgiram os
fariseus.
Depois de três anos no ofício (175-172 a.C.), Jasão foi deposto por um
aliado próximo, Menelaus, que ofereceu uma quantia mais alta que ele no
jogo do suborno (2 Macabeus 4:23-26), e Jasão foi para a Transjordânia.
Menelaus provou ter um pensamento ainda mais helenístico que Jasão, e
também ter menos escrúpulos que ele. Ele ajudou a si mesmo, ao usar o
patrimônio do templo para pagar suas dívidas a Antíoco. Jasão esperou
impacientemente na Transjordânia por uma chance de reaver sua posição
perdida. Finalmente, em 168 a.C., quando Antíoco estava ocupado com
uma campanha militar no Egito, Jasão organizou uma tropa e atacou
Jerusalém. A desordem que se seguiu eram confrontos primários entre
aqueles que eram leais a Jasão e Menelaus e entre as facções favoráveis ao
Egito e aquelas favoráveis a Síria, mas Antíoco escolheu encará-los como
sendo uma rebelião aberta contra seu governo. Ele mandou uma tropa para
Jerusalém que derrubou os muros, destruiu muitas casas, assassinaram
inúmeros habitantes e construíram uma cidadela fortificada para uma
guarnição militar síria.
Então, em 167 a.C., percebendo que a oposição dos judeus contra ele era,
essencialmente, uma situação religiosa, Antíoco decidiu destruir o
judaísmo. Ele proibiu a circuncisão e o sábado, e a posse de uma cópia da
Lei, acarretava uma punição de morte. O templo foi dedicado ao Olímpo
Zeus, e foi profanado com o sacrifício de um porco no altar.
A adoração de deuses pagãos se tornou frequente.
Sujeito a Jônatas
Jônatas, irmão mais novo de Judas, agora se tornou líder do bando dos
macabeus, que os manteve verdadeiramente como corsários na imensidão
de Tecoa, assim como Davi tinha feito, e na Transjordânia. Jônatas
constantemente multiplicava sua força. O general sírio, Báquides, achou
impossível destruir Jônatas e instituiu a paz com ele em 158 a.C. Então,
durante os cinco anos seguintes, Jônatas foi capaz de consolidar seu poder.
Nesse meio tempo, os selêucidas, através de suas lutas dinásticas,
procederam para cometer suicídio nacional e deram a Jônatas a chance de
ganhar pela diplomacia o que Judas não tinha sido capaz de alcançar com as
forças armadas.
Na batalha entre o impostor Alexandre Balas e Demétrio I (depois de 153
a.C.), Jônatas recebeu ofertas generosas de ambos os lados. O último retirou
quase todas as guarnições militares da Judeia, e o anterior o indicou como
governador militar e civil da Judeia. Jônatas lançou sua sorte com Balas,
que matou Demétrio I em 150 a.C. Quando Balas foi assassinado cinco
anos depois, Jônatas foi forte o suficiente para enfrentar o sírio Demétrio II.
Seu irmão, Simão se tornou o governador militar da costa da Palestina de
Tiro para a margem egípcia.
Embora um general de Balas tenha matado Jônatas em 143 a.C., a causa
dos macabeus estava muito bem estabelecida para ser destruída. Simão foi
para Jerusalém e tomou a liderança do movimento nacionalista e ganhou a
independência dos judeus da Síria no ano seguinte.
Os Asmoneus
Simão
Simão (142-135 a.C.), como notado, ganhou para si mesmo e sua
posteridade, a autoridade permanente como sumo sacerdote governante e
reconhecimento de Roma. Além disso, ele assegurou Jaffa, como um abrigo
judeu e conquistou Gazara (Gezer), Betsur e Acra ou o forte em Jerusalém,
onde os selêucidas continuavam resistindo. Quando em 138 a.C., Simão
rejeitou as exigências de Antíoco VII para o retorno dessas conquistas para
a Síria, Antíoco atacou o Estado judaico. Os filhos de Simão repeliram a
Síria, e ele não renovou o ataque durante a sua vida. Assim como os outros
filhos de Matatias, no entanto, Simão também teve uma morte violenta. O
governador de Jericó assassinou a ele e seus dois filhos em 135 a.C. Mas
João Hircano, seu terceiro filho, estava em Gezer nesta época e escapou de
se tornar o próximo sumo sacerdote (1 Macabeus 16:18)
João Hircano
João Hircano (135-104 a.C.) começou seu reinado lutando por sua vida e
seu reino, mas o findou com o Estado judaico no máximo do seu poder.
Antíoco VII da Síria atacou Hircano no começo de seu reinado, devastando
a Judeia, forçando os redimidos de Israel e o pagamento de uma grande
identidade, e depois forçou Hircano e um exército judeu a acompanhar os
sírios em uma guerra renovada contra os pártios em sua fronteira oriental.
Mas lá, Antíoco encontrou mais do que ele podia suportar e cometeu
suicídio para evitar ser capturado (129 a.C.). O fato de uma mão tão forte
quanto a de Antíoco se levantar em relação aos sírios foi muito benéfico
para Hircano; pois nas próximas décadas a Síria foi chocada pelas batalhas
dinásticas.
Hircano era abertamente expansionista. Primeiro, ele restabeleceu o
controle das cidades costeiras da Palestina e promoveu o desenvolvimento
do comércio judaico. Então, ele conquistou o oriente do Jordão e a seguir,
capturou Siquém e a destruição do templo samaritano no Monte Gerizim.
Depois ele subjulgou os edomitas no sul e os forçou a aceitar o judaísmo e
serem circuncisos.
Internamente, o Estado judaico também mudou significantemente.
Ele se transformou de uma comunidade religiosa em um estado
secular. Embora o bando helenístico tenha desaparecido como grupo com a
interferência em casos judaicos, os saduceus perpetuaram sua visão, assim
como os fariseus perpetuaram as visões hasídicas. Aqueles dois grupos, tão
importantes do Novo Testamento, primeiramente apareceram
repentinamente durante o reino de Hircano. Hircano alinhou-se
publicamente com os saduceus, mas ele era seguramente judeu (ele refletia
sua história hasídica), tendo submetido ambos os samaritanos e edomitas.
Assim, ele não se perturbou indevidamente com os elementos mais
conservadores do reino. Mas seus filhos receberam uma educação na
cultura grega e tinham uma tendência a repudiar os fariseus.
Aristóbulo
Aristóbulo (104-103 a.C.), o mais velho daqueles filhos, emergiu
vencedor na batalha dinástica que irrompeu depois da morte de Hircano.
Então ele prendeu seus irmãos e sua mãe para garantir sua posição como
chefe de estado. É dito que sua mãe morreu de fome na prisão, e ele
executou injustamente o seu irmão Antígono por um suposto envolvimento
em um plano contra ele. Apesar dessas tragédias familiares, ele
aparentemente governou bem. Ele continuou com as políticas
expansionistas de seu pai e estendeu o governo judaico para a Galileia.
Ele também continuou com a tendência dos asmoneus de transformar a
comunidade religiosa em um estado secular, adotando o título de
Filelenismo (“amor pelas coisas gregas”), tomando o título de rei.
Alexandre Janeu
Quando Aristóbulo morreu por conta da bebida e doença, sua viúva
Salomé Alexandra, libertou seus irmãos da prisão e casou-se com o mais
velho, Alexandre Janeu (103-76 a.C.). Janeu continuou as políticas
expansionistas de seus predecessores, e à época de sua morte, ele tinha
estendido as margens do Estado judaico para incluir quase todo o território
que Salomão tinha governado. Janeu estava quase que constantemente em
guerra, e mais de uma vez, sofreu quase um desastre total. Derrotado por
Ptolemeu Latiro, ele foi salvo pelas forças de Cleópatra III, que conduziu
uma outra facção no governo egípcio (100a.C). Sofrendo uma completa
destruição de seu exército nas mãos de Obada, o rei de Nabateia (94 a.C.),
ele encarou uma violenta rebelião quando retornou a Jerusalém sem seu
exército. Esta rebelião também foi ocasionada pela violação de Janeu do
ritual do templo da Festa dos Tabernáculos. Naquela época a multidão tinha
o atacado por causa da sua impiedade e ele tinha chamado as tropas para
restaurar a ordem, com o resultado da morte de um grande número (Josefo
disse 6.000) de pessoas indefesas. Os rebeldes declararam Demétrio III da
Síria para defender a causa deles. Às vezes, é declarado categoricamente
que os fariseus, geralmente pacifistas, foram responsáveis pela rebelião e a
aliança síria, mas não há certeza no fato de que os fariseus tenham instigado
a violência. De qualquer forma, uma rebelião aconteceu e o rei sírio
derrotou Janeu decisivamente, forçando-o a fugir para os montes da Judeia.
Neste ponto, aparentemente muitos judeus começaram a temer as anexações
da Palestina e 6000 judeus transferiram sua lealdade para Janeu,
capacitando-o para recuperar o trono. Depois de restabelecer seu controle,
Janeu perseguiu e capturou seus inimigos e crucificou quase que oitocentos
deles.[Nota 6] Aparentemente, Janeu sofreu uma derrota pelas mãos do rei
nabateu Aretas, mas novamente conseguiu restaurar seu poder pessoal e
nacional.
Salomé Alexandra
Quando Janeu morreu, sua viúva Salomé Alexandra (76-67 a.C.) o
sucedeu no trono, assim como fez quando Aristóbulo, seu primeiro marido,
morreu. Porque era uma mulher, ela não podia exercer o sacerdócio. Seu
filho mais velho, Hircano II, ocupou esta posição. O segundo filho dela,
Aristóbulo II, mais capacitado, recebeu o comando do exército. Os fariseus,
que se aproveitavam de uma pequena influência sobre os primeiros
governantes asmoneus, agora desempenhavam um importante papel no
governo e pela primeira vez foram admitidos para o Sinédrio. Esta mudança
em suas fortunas parece em parte, devido ao fato de que o irmão de
Alexandra era o famoso fariseu, Simão ben Shetach. Em geral, o reino de
Alexandra foi pacífico e próspero. A úni-ca ação militar de seu reino, contra
Damasco, foi mal-sucedida. Ela foi salva de uma invasão potencialmente
desastrosa pelo rei da Armênia, ao suborná-lo e especialmente de ataques
romanos em seu domínio.
Quando ela morreu, aos setenta e três anos de idade, os dias da
independência dos judeus estavam próximos do fim. Embora Janeu tenha
estabelecido o controle sobre um território estendido, sua influência sobre
ele foi um pouco frágil (assim como dito acima), e o poder romano crescia
no horizonte.
Na verdade, foi uma luta entre os dois filhos de Alexandra que deu aos
romanos uma chance de incluir a Palestina ao seu império. Hircano II, o
filho mais velho e legítimo sucessor, era fraco e incompetente.
Aristóbulo II, o filho mais novo, era mais agressivo e tinha controle das
tropas veteranas de seu pai. Três meses depois da morte de Alexandra,
Aristóbulo conseguiu vencer as forças de Hircano em Jericó, e o último
abriu mão de todos os direitos do sacerdócio e da coroa e se retirou para
uma vida privada.
Tudo ia bem para Aristóbulo, não fosse pela ambição de Antípatro,
governante militar de Idumeia e pai de Herodes, o Grande. Antípatro viu
que ele poderia manipular o fraco Hircano mas não tinha futuro frente a um
líder forte como Aristóbulo. Então ele se organizou com Aretas, rei dos
nabateus(com sua capital em Petra), para colocar Hircano no trono em troca
de algumas cidades na fronteira dos nabateus.
Por enquanto, o general romano Pompeu tinha se tornado envolvido em
conquistas no Oriente, em Ponto e Armênia. Em 66 a.C. um dos seus
tenentes visitou a Judeia, onde ouviu os apelos dos representantes de ambos
irmãos e fez algumas decisões temporárias, pendentes à última decisão de
Pompeu. Quando Pompeu foi para Damasco em 63a.C., ele ouviu apelos de
Hircano e Aristóbulo e do povo judeu, que quis a abolição da monarquia e o
retorno do governo sacerdotal. Ele prometeu uma decisão depois de uma
campanha contra os nabateus.
Quando o general de Pompeu, Gabínio, retornou, descobriu que
Aristóbulo tinha trancado os portões de Jerusalém contra ele. Gabínio então
emitiu uma ordem de prisão para Aristóbulo. Logo em seguida, os
seguidores de Hircano abriram os portões da cidade, e Pompeu iniciou um
cerco das forças de Aristóbulo resistindo no monte do Templo. Quando a
batalha terminou, a Palestina passou para o comando romano. Todas as
áreas que não eram judaicas (as áreas costeiras do Mediterrâneo,
Transjordânia e Samaria) foram afastadas do Estado judaico, e o que foi
deixado ficou sobre o governo de Hircano II como sumo sacerdote. Embora
a majestade tenha sido abolida, como os representantes dos judeus tenham
pedido, e Hircano (com Antípatro muito perto dele) controlava o Estado
judaico, ao prazer dos romanos.
Aristóbulo foi levado para Roma, onde marchou pelo triunfo de Pompeu,
junto com muitos judeus que foram vendidos como escravos para a capital.
Nos últimos dias, quando ganharam sua liberdade, eles se tornaram os
núcleos da comunidade judaica naquele lugar. [Nota 7]
Depois que a Palestina passou a ser governada por Roma em 63 a.C., ela
se tornou confundida nas políticas romanas. Então, ao longo das seguintes
décadas, existiram facções leais a Hircano, Aristóbulo, Pompeu, Júlio
César, Marco Antônio, Augusto, Herodes o Grande, e outros.
É muito difícil até mesmo para o mais bem informado mestre seguir
primorosamente a história deste período, e a tarefa se torna confusa e quase
impossível pelo estudante em geral. Entretanto, alguns detalhes se tornam
claros. Primeiro, Hircano II continuou como sumo sacerdote e governante
dos judeus durante o confuso período de 63 a 40 a.C.
Durante quase todos aqueles anos, Antípatro era o verdadeiro poder no
Estado e realizou dedicadamente as políticas romanas. Segundo, a facção de
Aristóbulo não desistiu tão facilmente de ter novamente o poder. Alexandre,
filho de Aristóbulo, provocou rebeliões em 57, 56 e 55 a.C. e ambos
Aristóbulo e Alexandre foram assassinados por Pompeu ou seus defensores
quando eles tentaram ajudar Júlio César em 49a.C. Terceiro, depois da
derrota de Pompeu nas mãos de Júlio César em 48 a.C., Hircano e Antípatro
se tornaram defensores leais de César.
Ele confirmou a posição política deles em Judá, acrescentou algumas das
terras costeiras do Mediterrâneo na Palestina para a província dos judeus, e
mostrou muitos favores aos judeus da Disperção, muitos dos quais
continuaram debaixo de governos subsequentes. Quarto, depois do
assassinato de Júlio César (44 a.C.), Hircano e Herodes deram sua lealdade
a Marco Antônio, que indicou Herodes e seu irmão Fasael, governante da
Judeia (41 a.C.), com a aprovação de Hircano.
Quinto, naquele ponto, os pártios na fronteira oriental de Roma, tomaram
vantagem da fraqueza política e militar dela e invadiram a Síria e a
Palestina. Eles fizeram de Antígono, filho de Arístóbulo II, rei e sumo
sacerdote dos judeus (40-37). Os judeus saudaram os partos como
libertadores dos romanos, e todas as classes suportavam o governo de
Arístóbulo. Quando Hircano e Fasael foram negociar com o rei parto, ele os
jogou na prisão, onde Fasael cometeu suicídio; Hircano foi levado para fora
da Babilônia. Herodes colocou sua família na fortaleza da Massada para
que fossem protegidos e foram para Roma para ter ajuda de Antônio. Ele
foi indicado para ser rei dos judeus em 40 a.C.
É claro que os romanos contra-atacaram. Herodes cuidou de resgatar sua
família e com a ajuda dos romanos tomou parte da Palestina. Depois da
queda de Jerusalém (37 a.C), Antônio ordenou a execução de Antígono.
Herodes, o Grande
Agora Herodes poderia se tornar rei de fato e governou até sua morte em
4 a.C.[Nota 8] Ele permaneceu leal a Antônio até que Otaviano (Augusto) o
derrotou (31 a.C.). Então Herodes ofereceu sua total lealdade a Augusto,
assim como ele tinha dado a Antônio, e o imperador romano aceitou.[Nota 9]
Augusto deu a Herodes mais territórios ao longo da costa mediterrânea e
Jericó, todas as quais tinham pertencido a Cleópatra, e mais tarde regiões
desertas a leste do Jordão. Herodes teve o apoio de um rei aliado, com
autonomia local, mas sujeito a Roma em negócios estrangeiros. Roma o
usou como outros reis aliados para pacificar uma província rebelde da
fronteira e prepará-la para um estágio em que Roma podia apontar
diretamente os governantes. Essas indicações diretas regiam na Judeia nos
dias de Jesus e Paulo, quando governadores como Pilatos, Félix e Festo
tinham o comando. Sua pacificação do território a leste do Jordão também
tornou possível a organização da província romana da Arábia.
Herodes também serviu aos romanos como um agente para a
disseminação do helenismo, que tinha sua grande admiração. Roma buscou
trazer unidade ao império através da proposta de uma simples cultura greco-
romana e através do estabelecimento do culto do imperador. As excelentes
construções de Herodes na Palestina foram Samaria e Cesareia. Ele
renomeou Samaria de Sebaste, em honra a Augusto (grego, Sebastos) e
construiu lá um templo para Augusto, uma assembleia política com uma
basílica romana, uma rua principal colonizada ao estilo romano, e mais. Por
volta de vinte e cinco milhas a sul da moderna cidade de Haifa, ele
construiu a Cesareia (22-9 a.C.), com quase que metade do tamanho da ilha
de Manhattan, novamente nomeada para a honra de Augusto César. Esta foi
perfeitamente uma cidade greco-romana na costa da Palestina. Seu templo
para Augusto, estádio, teatro, um magnífico porto artificial e facilidades
portuárias, e outros equipamentos a qualificaram para ser uma capital de
primeira classe para a Palestina. Em Jerusalém, ele construiu um teatro e
um anfiteatro.
Uma lista completa das atividades de construção de Herodes cansaria até
mesmo o leitor mais paciente. Exemplos incluem suas reconstruções de
Antipátrida, a nordeste da atual Tel Aviv; a fortaleza de Macaeros, na
Transjordânia, de Massada, no Mar Morto, Herodeion, sul de Belém; e o
complexo do palácio em Jericó e seu grande palácio na parte ocidental de
Jerusalém. Seu zelo pelo helenismo também o envolveu em muitos projetos
de construções por toda parte oriental do Mediterrâneo – em Rodes, Grécia,
Líbano e Síria. A glória de Antioquia quando Paulo começou suas três
jornadas missionárias a partir de lá foram em parte para a beneficência de
Herodes.
Mas, claro, o lugar de honra de todas essas construções vai para o templo
de Jerusalém. A reconstrução começou em 20 a.C. e continuou por quarenta
e seis anos, até os dias do ministério de Jesus na terra (João 2:20), mas não
foi na verdade completada até 64 d.C. - somente uns poucos anos antes de
ser destruída em 70 d.C. Este foi especialmente um esforço de propaganda
para ganhar apoio dos populares judeus, mas também refletiu o amor de
Herodes pela grandeza. A obra aconteceu de uma forma para não atrapalhar
os rituais no templo, e os sacerdotes e levitas faziam grande parte do
trabalho. Uma estrutura magnífica foi organizada nos terraços, com o
próprio templo no ponto mais alto. O pátio externo e mais baixo era o pátio
dos gentios, depois vinham os pátios das mulheres e o dos israelitas, e
finalmente, os pátios do templo.
Embora os romanos considerassem Herodes como sendo um rei vassalo
capaz, os judeus nunca aceitaram ou respeitaram este idumeu “semi-judeu”
e o consideraram um tirano, um opressor sedento por sangue que extorquia
tudo o que ele podia das pessoas. Ele era vingativo, ciumento e suspeito de
intriga ou conspiração. Estes defeitos em sua personalidade o levaram a
executar uma das suas esposas (Mariana) e três dos seus filhos. A
insegurança também o levou a matar os meninos de Belém à época do
nascimento de Cristo, em um esforço para destruir o “rei dos judeus”, para
que este não pudesse usurpar o trono.
Os outros Herodes
A revisão final de Herodes dividirá seu reino entre os seus três filhos:
Arquelau foi rei da Judeia, Antipas, o tetrarca da Galileia e Pereia, e Filipe,
tetrarca de Traconites, Bataneia e Golã (a área nordeste do Mar da Galileia).
Depois de alguma consideração, Augusto aprovou a divisão, mas fez
Arquelau etnarca, ao invés de rei. Arquelau provou ser totalmente
inaceitável aos judeus, então Augusto o exilou em Gália e a Judeia se
tornou uma província romana (6-41 d.C.). Antípas (4 a.C. - 39 d.C.) era
uma pessoa muito sagaz e vaidosa; Jesus o chamou de raposa (Lucas
13:32). Ele executou muitas construções, incluindo Tibérias no Mar da
Galileia, em homenagem a Tibério César. Ele é especialmente notado nas
Escrituras por ter executado João Batista. Ele estava finalmente exilado
para um suposto plano contra Calígula. Filipe (4 a.C. - 34 d.C.)
aparentemente governou de uma maneira justa e boa. Ele construiu como
sua capital Cesareia de Filipe (Mateus 16:13; Marcos 8:27). Herodes Agripa
1, neto de Mariana, a esposa asmoneia de Herodes o Grande, recebeu de
Calígula a tetrarquia de Filipe em 37 d.C., com o título de rei.
Aparentemente, ele recebeu as propriedades dos outros dois filhos de
Herodes e de 41 a 44 d.C. governou todos os territórios que eram
controlados por Herodes. Ele parece ter sido bem recebido pelos fariseus,
mas perseguiu os cristãos (Atos 12). Quando ele morreu em 44, o
imperador Cláudio converteu o reino judeu em uma província romana,
governado por procuradores. A relação entre os judeus e romanos se
deteriorou gradualmente até a explosão da hostilidade aberta em 66 d.C.,
que resultou na destruição de Jerusalém e do templo (70 d.c.).
Grupos Judaicos
Saduceus
Enquanto os fariseus eram progressivos em relação à Lei, os saduceus
eram conservadores. Eles reconheciam somente o Pentateuco como
obrigatório para os judeus e o interpretavam mais literalmente do que os
fariseus. Eles não aceitavam a lei oral. Na teologia, eles eram contra o
sobrenatural e não acreditavam em ressurreição, espíritos ou anjos (Marcos
12:18; Lucas 20:27). Os saduceus pertenciam à rica aristocracia sacerdotal e
estavam primeiramente preocupados com a administração do templo e seu
ritual. Eles fizeram acordos de paz com os governantes romanos e tinham
uma tendência a serem influenciados pelo helenismo. Separando-se das
massas, eles se tornavam cada vez mais impopulares. Por causa da sua
posição teológica e social, os saduceus geralmente estavam em disputas
com os fariseus. Entretanto, ocasionalmente ambos os grupos poderiam se
juntar em sua oposição a Jesus. Por os saduceus serem tão identificados
com os negócios do templo, eles deixaram de existir logo após sua
destruição em 70 d.C.
Herodianos
Os herodianos são um terceiro grupo ou parte aparente nos Evangelhos
(Mateus 22:16; Marcos 3:6; 12:13) e Josefo ( Antiguidades, XIV.15.10).
Evidentemente, não era uma parte política organizada. Eles eram
meramente partidários ou guerrilheiros de Herodes e sua família.
Nas referências dos Evangelhos, eles parecem ser homens influentes que
deram suporte a Herodes Antipas e evidentemente eram leais ao governo
romano que dava apoio à dinastia.
Zelotas
Outro grupo ativo durante o período do Novo Testamento era o grupo
composto pelos zelotas. Eles eram uma parte extremista que seguia a Judá
(Judas), o galileu, que se opunha ao recenseamento romano quando Judá se
tornou uma província romana em 6 d.C. Ele negou o direito de Roma
coletar taxas dos judeus e considerava um pecado reconhecer lealdade a
César. Um dos discípulos de Jesus, Simão, o zelota, evidentemente teria
sido um dia parte deste grupo. Eles ganharam popularidade durante o
primeiro século cristão e tiveram grande influência durante a revolta dos
judeus em 66 d.C. e seguinte.
Essênios
Um grupo que não aparece no Novo Testamento, mas que ocupou um
lugar importante em sua história foi os essênios. Um grupo ascético, eles
não somente buscavam separação da impureza (assim como faziam os
fariseus), mas também separação do judaísmo institucional.
Essas pessoas tendiam a viver em comunidades monásticas, a praticarem
a comunidade dos bens e a viverem uma vida simples. As comunidades
deles eram autônomas. É geralmente assumido que a comunidade de
Qumran era essênia, mas tal visão não deve ser abraçada de forma
dogmática.
É altamente duvidoso que Jesus e Seus seguidores tivessem alguma coisa
em comum com os essênios. Não há evidências de que o cristianismo fosse
uma divisão do essenismo ou que Jesus foi iniciado em seus ensinamentos,
assim como alguns dizem. Jesus se opôs ao legalismo e aceticismo da
comunidade, não repudiou os serviços do templo, não se opôs ao
casamento, e tinha uma atividade ministerial para as pessoas comuns que
“tinham prazer em ouvi-lo”. A fé de Jesus era uma fé vibrante para toda a
sociedade. Ela não era exclusivista, nem defendia as boas obras ou o estilo
de vida ascético como um meio de ganhar o favor de Deus. Ela encontrava
pessoas em suas dores e alegrias na vida. E Jesus aparentemente se divertia
com as pessoas em seus momentos de felicidade.
Notas do Capítulo
Nota 1 -Charles F. Pfeiffer, Between the Testaments [Entre os Testamentos](Grand Rapids: Baker
Book House, 1959), página 57. [Voltar]
Nota 2 - Donald W. Engels, Alexander the Great and the Logistics of the Macedonian Army
[Alexandre, o Grande e as Logísticas do Exército Macedônio] (Berkely: University of
California Press, 1978), página 18. [Voltar]
Nota 3 - Josefo, Antiguidade, XI 8.4-6 [Voltar]
Nota 4 - Novas traduções de livros intertestamentais dos Macabeus podem ser achadas em The
Revised English Bible with the Apocrypha [A Bíbilia Revisada em Inglês com os
Apócrifos] (Oxford: Oxford University Press, 1989) e em New Revised Standard Version
(New York: Oxford University Press, 1989). [N.T.: ambos em inglês] [Voltar]
Nota 5 - 1 Macabeus 4:52-59; João 10:22; Josefo, Antiguidades, XI.7.7. [Voltar]
Nota 6 - Josefo, Antiguidades dos Judeus, VIII. 13.5-14.2. [Voltar]
Nota 7 - A alforria era fácil em Roma e no império, e no tempo certo, o número de escravos libertos
de uma variedade de nacionalidades se tornou maior que a população nativa de Roma e de
alguns outros lugares. [Voltar]
Nota 8 - Sabe-se que o calendário está, de certa forma, errado. Cristo nasceu dois anos antes da
morte de Herodes, talvez em 6 a.C. [Voltar]
Nota 9 - A biografia de Herodes aparece em Antiguidades, de Josefo, livros XV-XVII e Guerras
1:18-33. Para outras listagens veja a Bibliografia. [Voltar]
Nota 10 - Josefo, Antiguidades, XIII.5.9. [Voltar]
PARTE
A Vida de Jesus
CAPÍTULO
17
18
19
Ocasião e Data
O Ministério na Galileia
Geralmente, a vasta seção de Mateus de 4:12 a 18:35 descreve o
ministério galileu. Em 4:12, Ele entra na Galileia; em 19:1, Ele deixa a
Galiléia e vai para a Judeia. Entre essas duas referências, acontecem
eventos tremendos. Na última parte do capítulo 4, Jesus chama Seus
discípulos; quatro são mencionados neste ponto. Então Ele continua a
instrui-los através do grande sermão do monte (capítulos 5-7). Esta
passagem muitas vezes tem sido chamada de proclamação do Rei; aqui está
exposta a natureza do reino. As bem-aventuranças, descrevendo o caráter
dos membros do reino, começam o discurso. Então Jesus discute e
interpreta a lei, mostrando que a lei do Antigo Testamento não é um
negócio externo, mas sim, do coração. Fé e abertura para o reino constituem
os tópicos de conclusão do sermão. O sermão da montanha sofreu muito nas
mãos de pessoas bem intencionadas que tentaram fazer dele um meio de
salvação. Elas dizem: “Se vivermos de acordo com o sermão da montanha
nós faremos tudo o que Deus espera de nós.
Então nós podemos estar seguros da salvação.” Mas tais ensinamentos
constituem um evangelho de obras e entra em contrariedade com os
ensinamentos de Cristo e Paulo a respeito da graça (João 3; Efésios 2:8, 9;
Tito 3:5, 6). Que pessoa pecadora poderia esperar viver pelas bem-
aventuranças, por exemplo? O único capaz de viver é o fiel capacitado pelo
Espírito Santo.
A Oposição Crescente
Depois do ministério galileu, Jesus fez a jornada para Jerusalém; os
capítulos 19 e 20 descrevem eventos acontecidos pelo caminho. O resto da
narrativa do evangelho está encenada em e ao redor de Jerusalém.
Os capítulos 21-23 descrevem a rejeição de Israel ao Messias. Apesar do
fato de eles terem inicialmente O exaltado como rei quando entrou em
Jerusalém, a oposição cresceu rapidamente até que se solidificou.
Seguidores de Herodes, fariseus, saduceus e escribas O confrontavam.
Mateus 23:37, 38 deixa claro que esta oposição não era restrita aos
líderes do povo: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas
os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a
galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! Eis que a
vossa casa vai ficar-vos deserta!”
As previsões do Messias sobre o final dos tempos consomem o capítulo
24 e 25. Esta passagem, conhecida como o sermão do Monte das Oliveiras,
conta sobre a Grande Tribulação, e a segunda vinda de Cristo ao final dela,
e o julgamento das nações que irá ocorrer quando Ele voltar. A
subsequência de eventos é claramente vista ao pular as parábolas
ilustrativas depois de 24:31 e uma leitura de 25:31. É evidente que o
julgamento mencionado em 25:31-46 ocorre antes do Milênio, pelo fato de
que a ovelha é recompensada ao entrar no reino. A base do julgamento é
tratamento dos “meus irmãos”, aparentemente os judeus do período da
Tribulação. Entretanto, não se deve sentir que a salvação referida aqui é
alcançada pelas obras. Em primeiro lugar, isto seria inconsistente ao claro
ensinamento das Escrituras. Em segundo lugar, isto sugeriria que somente
os cristãos arriscariam sua vida em proteção aos judeus durante a
Tribulação. Então, ajudar os judeus se torna uma evidência de salvação e
não um meio de recebê-la.
Ministério Concentrado
Com a exceção de breves excursões para regiões como Tiro, Sidom e
Decápolis, toda a seção das proclamações acontece na Galileia. À medida
que passamos por estes capítulos, eventos se desenvolvem na velocidade da
luz. Jesus chama Seus primeiros discípulos e começa Seu ministério em
1:14-45; em 2:1-3:6 a oposição a Ele começa quando Ele cura o paralítico
no sábado e o homem com a mão doente. Em 3:7-35 Ele ordena os doze e
declara uma nova relação de discipulado: “Porquanto, qualquer que fizer a
vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe” (3:35). No
capítulo 4, Ele instrui a multidão por meio de parábolas, que tem seu tema
central no começo e crescimento do reino. O capítulo é similar a Mateus 13
(veja comentários sobre este capítulo em Mateus). Ambos Marcos 4 e
Mateus 13 explicam a parábola do semeador. Uma nota adicionada aqui é o
propósito do ensinamento parabólico (Marcos 4:11, 12). Aparentemente,
esses versos ensinam que as parábolas foram usadas para prevenir que Seus
inimigos tomassem a verdade e para evitar grandes multidões somente com
um interesse superficial pelo reino. Certamente, Ele não estava tentando
esconder Sua mensagem; Ele veio para buscar e salvar aquele que estava
perdido. Além disso, Ele falava claramente para que todos pudessem
entender, e constantemente defendia que homens e mulheres recebessem a
verdade. Pelo contraste, 4:35-5:43 introduz uma grande exibição de poder –
algo que todos deveriam entender. Ele calou o mar; libertou o geraseno
endemoniado, curou uma mulher com um incurável fluxo de sangue; e
trouxe uma criança de volta à vida.
Aqui é demonstrado o poder de Jesus acima da natureza, das forças
satânicas, das doenças e da morte.
Lucas
João
Milagres de Cristo
Nota 1 - Nos dias de hoje, na ênfase do cristianismo social, há uma tendência em assumir que em
ambos o Novo e o Antigo Testamentos, “o pobre” se refere sempre ou quase sempre ao
pobre materialmente. Na verdade, em uma grande porcentagem de casos, a referência é a
pobreza espiritual. [Voltar]
Nota 2 - Alguns preferem chamar isto de um incidente histórico. [Voltar]
PARTE
VI
20
O que há em um nome?
O Autor
O Ambiente
A Mensagem
21
Dons Espirituais
Os capítulos 12-14 são a maior passagem do Novo Testamento a respeito
de dons espirituais. Aqui está demonstrado que o Espírito Santo concede
dons espirituais para cada cristão de acordo com Sua vontade, que os
mesmos dons não são dados a todos, mas cada um tem um dom e um lugar
para ocupar na igreja, os dons espirituais devem devem ser exercidos em
amor, e certas regras são para controlar suas manifestações. Duas
observações funcionam aqui. Primeiro, a posse de dons espirituais não é
necessariamente uma evidência de espiritualidade porque os coríntios são
descritos como cristãos carnais. Segundo, se as regras do capítulo 14
fossem observadas cuidadosamente hoje, o excesso de certos grupos
desapareceria imediatamente. Alguns que declaram ter dons espirituais
hoje, dão abertura para o questionamento de suas posições de exclusividade
ao violarem, em seus ensinamentos e práticas, as claras instruções dos
capítulos 12-14.
Embora este livro faça uma contribuição única a respeito dos dons
espirituais, ele também tem bastante a oferecer a respeito da ressurreição
(capítulo 15). Como de costume, o argumento de Paulo é lógico.
Ele começa defendendo o fato da ressurreição. Depois ele indica o valor
das bases da nossa fé; um Cristo morto não seria um Salvador. Ele mostra,
também, que a nossa ressurreição é baseada na ressurreição de Cristo.
Depois ele vai além para discutir a natureza do corpo ressurreto, cujo fator
mais importante é ser incorruptível. O capítulo termina com uma nota de
triunfo e com uma exortação. Estando certo da ressurreição e então certo da
nossa fé e de nosso futuro, nós devemos ser “firmes e constantes, sempre
abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no
Senhor” (15:58).
A mensagem do último capítulo não é incompatível com o tema da
ressurreição. Ser “abundantes na obra do Senhor” (15:58) e manter o
testemunho da igreja requer um suporte financeiro para os pobres santos de
Jerusalém. As instruções são claras a respeito do tempo e dos princípios
envolvidos em coletar as taxas, os métodos de envio e seu destino.
Agora veja a maneira com que Paulo fecha esta epístola: “O meu amor
seja com todos vós”. Embora as facções tenham causado uma oposição
entre eles, ele ainda era capaz de expressar seu amor por eles.
A magnanimidade deste apóstolo era grande!
Prática da Justiça
A última seção do livro diz respeito à prática da justiça – a aplicação da
justiça de Deus à vida diária dos cristãos. Paulo os exorta a primeiramente
se dedicarem a Deus sem reservas (12:1, 2), então ele apresenta suas
responsabilidades nos vários relacionamentos da vida. Especialmente, eles
têm que exercitar seus dons na igreja, evitarem se vingar de seus inimigos,
serem submissos ao Estado, e serem um apoio para seus irmãos e irmãs
mais fracos quanto a coisas que oferecem dúvidas.
Em ligação com esta última, Paulo nota o fato da liberdade cristã. Mas
este exercício de liberdade não deve ser para o sofrimento próprio de
alguém, para o prejuízo de outro cristão, ou servir de obstáculo para a obra
de Deus.
Paulo estava indo para Roma, mas provavelmente não da maneira que ele
tinha originalmente planejado. Em seu retorno para Jerusalém, no final de
sua terceira viagem missionária, os judeus no templo buscaram matá-lo, por
causa de sua pregação do evangelho e pelo suposto fato de ele ter
introduzido os gentios ao pátio dos judeus (Atos 21:27-31). Os soldados
romanos o resgataram, permitiram que ele se defendesse em Jerusalém e
mais tarde o levaram para Cesareia (capital romana da Palestina) quando
um plano contra sua vida foi descoberto. Depois de audiências em Cesareia
durante dois anos de prisão lá, Paulo apelou a César como a “corte
suprema” do império. Levado para Roma e enfrentando um naufrágio no
caminho, ele esperou na capital por dois anos para que seu caso fosse
ouvido (para tudo isso, veja Atos 21:32-28:31).
Imagina-se Paulo sentado na prisão romana pensando em suas viagens
missionárias no mundo mediterrâneo oriental. Enquanto estava assim, uma
responsabilidade particular dos santos da Ásia Menor caiu sobre ele.
Onésimo, um escravo fugitivo, estava com ele e deveria retornar a seu
mestre, Filemon. Erros de doutrina foram enfrentados pelos Colossenses. A
igreja de Éfeso e as redondezas precisavam ser fortalecidas na fé. Então,
sob a direção do Espírito Santo, o grande apóstolo escreve três cartas
(Efésios, Colossenses e Filemon) e as envia por Tíquico e Onésimo (Efésios
6:21, 22; Colossenses 4:7-9).
Possivelmente, a carta aos Efésios foi enviada a mais igrejas do que a de
Éfeso. Pelo fato das palavras “em Éfeso” não estarem nos melhores
manuscritos e por muitos elementos impessoais aparecerem na carta
(embora Paulo passe cerca de três anos em Éfeso, Atos 20:31), parece ser
melhor considerá-la como uma carta para um número de igrejas do leste da
Ásia Menor. Talvez o apóstolo tenha em mente muitas das sete igrejas que
João menciona no Apocalipse.
O tema central de Efésios é a igreja, que é definida como corpo de Cristo
(1:22, 23): o corpo universal e indivisível de fiéis. A igreja local, descrita
em outro lugar do Novo Testamento, não está à vista aqui. O
desenvolvimento da carta se divide em duas seções de três capítulos cada, a
primeira doutrinal e a segunda, prática. Declarada brevemente, a mensagem
da seção doutrinal é que a igreja é uma realidade nova.
Nela, ambos judeus e gentios estão unidos para formar um organismo.
A entrada neste corpo é baseada na obra de Cristo e se dá somente pela
fé. Este novo corpo é um mistério que não foi conhecido nas gerações
anteriores, e a revelação deste mistério estava, de uma maneira especial,
reservada a Paulo. Os membros do corpo de Cristo já estão posicionados no
céu, e muitas outras bênçãos espirituais estão presentes em sua caminhada
diária.
Nos últimos três capítulos de Efésios, a conduta da igreja está em estudo.
Paulo exorta os membros do corpo de Cristo a andarem de forma que
dignifiquem sua posição exaltada (veja 4:1, 17; 5:2, 8, 15), e dá instruções
para guiá-los para uma vida mais semelhante a de Cristo (4:17-5:18). Como
os cristãos são um em Cristo, eles devem experimentar uma unidade na
irmandade e maturidade espiritual. Para que esta unidade seja alcançada,
homens com dons (tais como pastores, evangelistas e mestres, 4:11-13) são
usados na igreja. Paulo institui um padrão para a vida doméstica (5:22-6:4)
e relações trabalhistas (6:5-9) para os cristãos. Ele também descreve a
armadura disponível para eles na luta cristã (6:10-18). Esta é uma batalha
claramente espiritual e deve ser lutada com armas espirituais. Ao longo da
carta, o apóstolo enfatiza a obra do Espírito Santo como capacitador para
viver a vida cristã. Aquele que é selado pelo Espírito Santo (1:14; 4:30),
deve orar no Espírito (6:18), não deve entristecer o Espírito (4:30), deve se
fortalecer no Espírito (3:16) e deve se encher do Espírito (5:18).
A analogia usada em 5:18 é extremamente importante para o
entendimento do conceito de ser cheio do Espírito, tão mal entendido pela
igreja moderna. Este conceito envolve o controle pelo Espírito assim como
alguém é conduzido pelo vinho em um estado de embriaguez.
Ninguém é um recipiente vazio para ser preenchido pelo Espírito. O
Espírito Santo habita em todos que creem (Romanos 8:9; 1 Coríntios
6:19, 20; Gálatas 4:6) e recebem o Espírito por completo. O problema no
encher não é quanto do Espírito nós teremos, mas quanto de nós o Espírito
terá. Nós permitiremos que Ele nos controle?
Efésios provê um antídoto efetivo para muito do que está errado com a
igreja do século XXI. Se suas admoestações fossem levadas em
consideração, as brigas entre os irmãos e irmãs acabariam. Nós estaríamos
em uma irmandade, assim como os membros de um corpo. Se isto fosse
entendido, a igreja seria uma força muito mais poderosa de evangelismo no
mundo hoje em dia.
1. Introdução, 1:1-11
2. Prisão de Paulo relacionada à questão da unidade, 1:12-30
3. A mente de Cristo: a fonte de toda unidade, 2:1-30
4. A aparição biográfica da unidade: respostas das experiências de Paulo
a problemas que causam desunião, 3:1-21
5. Exortações que levarão à unidade, 4:1-9
6. Ação de graças pelo dom deles: uma representação da sua ação
unificada, 4:10-20
7. Conclusão, 4:21-23
É com lamento de fato, que o grande apóstolo dos gentios escreve a sua
mensagem de despedida. Preso uma segunda vez na prisão de Roma (talvez
a Mamertina, onde os políticos prisioneiros eram mantidos), ele esperou a
sentença final e o martírio (4:6, 7). Sozinho (com a exceção da companhia
de Lucas) ele clama por comunhão: “Procura vir ter comigo depressa... Só
Lucas está comigo. Toma Marcos, e traze-o contigo” (4:9, 11). Exaurido
intelectualmente, ele pede seus livros e pergaminhos (4:13). Temendo o
inverno frio que tinha pela frente, ele pede que seja trazido seu agasalho.
(4:13). Mas Paulo se preocupa muito mais do que consigo mesmo nesta
epístola. A igreja de Éfeso aparentemente enfrentava graves perigos, e
Timóteo precisaria de encorajamento contínuo para lidar com os problemas.
Paulo foi provavelmente detido na Ásia e de lá foi levado para Roma.
Parece que alguns de seus inimigos o denunciaram para as autoridades
romanas, o que ocasionou a sua detenção. Agora que os cristãos eram
inimigos políticos (depois do incêndio em Roma em 64 d.C.), foi possível
liquidá-los no caminho (Nota: A Ásia se voltou contra ele; Figelo e
Hermogenes particularmente se opuseram a ele, 1:15; Alexandre, o latoeiro,
lhe causou muitos males, 4:14).
Ao longo desta carta há uma ligação das reflexões de Paulo sobre sua
própria vida de serviço e exortações para que Timóteo continue fiel no
serviço ao Senhor. Por esta razão, é difícil fazer um esboço da epístola.
Entretanto, ela parece ter três divisões: 1:1-18; 2:1-4:5; 4:6-22. O tema
predominante no capítulo 1 é a lealdade ao Senhor apesar do sofrimento.
Paulo declara sua própria lealdade e encoraja Timóteo a continuar leal na
obra. A segunda seção descreve a responsabilidade de Timóteo.
A tarefa deixada por seu pai na fé é árdua. O fardo de Paulo inclui essas
exortações: ensinar aos outros, ser um bom soldado de Cristo e evitar as
armadilhas da vida, expandir a verdadeira doutrina e a Palavra inspirada
apesar da apostasia, ter maturidade nos assuntos espirituais, realizar a
pregação da Palavra, resistir às aflições; resumindo, buscar ser um obreiro
aprovado (2:15). Um dos pontos altos desta seção é o grande texto sobre a
inspiração da Escritura: 3:16, 17. Cada estudante ministerial e jovem
pregador fará bem em considerar cuidadosamente as admoestações desta
seção. Aqui está um manual pastoral inspirado.
Paulo se despede no capítulo que conclui este livro. Sua despedida não
tem mágoas: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”
(4:7). Isto é expressado na solidão e na tristeza, enquanto ele relata a
apostasia de alguns, mas também é falado com confiança na contínua
presença e proteção do Senhor.
Notas do Capítulo
Nota 1 - Tratamentos extensos deste assunto complicado (todos argumentam com a visão
tradicional) estão em New Testament Introduction, 3rd ed [Introdução do Novo
Testamento, 3a ed], de Donald Guthrie, páginas 584-622; Introduction to the New
Testament [Introdução ao Novo Testamento], de Everett F. Harrison (Grand Rapids:
Eerdmans, 1971), páginas 351-66; e Exposition of the Pastoral Epistles [Exposição das
Epístolas Pastorais], de William Hendriksen (Grand Rapids: Baker Book House, 1957),
páginas 4-33. [Voltar]
CAPÍTULO
22
Embora o lugar para onde a epístola aos Hebreus foi enviada seja incerto,
as pessoas para as quais esta epístola foi enviada não é. Eles eram cristãos
judeus que tinham sofrido grande perseguição (veja por exemplo, 10:32-
39). Tendo se ocupado com seus sofrimentos, eles começaram a se
perguntar se a crença cristã deles valia a pena. Além disso, eles não tinham
mais a exterioridade religiosa como um altar, um sacerdócio e sacrifícios.
Para eles o perigo da apostasia ao judaísmo era real. Para fazer frente a esta
situação, o autor descreve a superioridade de Cristo e a fé cristã.
Ele começa mostrando a superioridade de Cristo aos profetas (1:1-3).
Nota-se nestes versos a finalidade do caminho cristão. Depois, o autor
apresenta a superioridade de Cristo aos anjos (1:4-2:18). À medida que o
argumento progride, verdades tremendas a respeito da posição de Cristo e
Sua relação com o Pai são introduzidas. É verdade, Cristo Se tornou um
pouco menor que os anjos à época da encarnação, mas isto foi pelo
propósito de redimir a humanidade e foi temporário. Agora Ele está
coroado de glória e honra mais uma vez. A terceira seção do livro apresenta
a superioridade de Cristo a Moisés e Josué (3:1-4:13).
Embora Moisés fosse um servo na casa, Cristo é o senhor da casa.
Embora Josué tenha levado Israel para um descanso imperfeito na terra,
Cristo leva os fiéis para um descanso espiritual perfeito.
Depois, a superioridade do ministério sacerdotal de Cristo ao sacerdócio
aarônico é apresentada (4:14-8:5). Cristo não pecou; Ele é um sacerdote de
uma ordem maior – aquela de Melquisedeque; e Ele ainda vive para
interceder, enquanto sacerdotes da velha ordem morreram. A quinta unidade
do argumento diz respeito à superioridade da aliança que Cristo introduziu
(8:6-10:39). No Antigo Testamento, Deus prometeu uma nova aliança; esta
Cristo agora proveu. A antiga aliança precisou de um sacrifício de sangue; a
nova envolve sacrifício também. O próprio Cristo Se tornou o supremo
sacrifício e com tal, apagou os pecados da humanidade. Embora na Antiga
Aliança o sacrifício contínuo fosse necessário, Cristo ofereceu um sacrifício
perfeito, trazendo um fim ao sistema de sacrifícios do Antigo Testamento.
O
sacerdócio do Antigo Testamento e a Antiga Aliança com seu sistema
sacrificial eram meramente tipos que apontavam ao caminho em Cristo,
novo e melhor. Elas eram meramente sombras da realidade. Agora que o
véu do templo está rasgado (Mateus 27:51; Hebreus 10:20), o caminho para
o Santo dos Santos da comunhão com Deus está constantemente disponível
para o sacerdote fiel.
23
A Sepístolas
sete cartas discutidas neste capítulo têm sido conhecidas como
católicas ou gerais, pelo menos desde os dias de Orígenes de
Alexandria, no começo do século terceiro. O termo as distinguia das
epístolas paulinas, as quais foram endereçadas individualmente a igrejas ou
pessoas. Embora 2 e 3 João não sejam cartas gerais, elas se tornaram parte
desta coleção porque estavam associadas de maneira muito próxima a 1
João. Diferente das epístolas paulinas, as epístolas gerais têm uma
variedade de autores, como indica a discussão a seguir.
Para remar por um curso reto de águas em um barco, deve-se ter dois
bons remos e aplicar uma força igual em cada um. Os remos necessários
para remar por um caminho reto na vida cristã são encontrados em Gálatas
e Tiago. O primeiro enfatiza a justificação pela fé e o último, as obras como
evidência da fé. Essas verdades são suplementares, não contraditórias; e a
negligência de cada uma pode atolar alguém no banco de areia da catástrofe
espiritual. Alguns têm a ideia de que os princípios da graça permitem que
eles vivam da maneira que desejam; Tiago é o antídoto para tal pensamento
descuidado. Certamente, a graça tem suas obrigações para a vida cristã. E
não foi o próprio Jesus que disse “pelos frutos vos conhecereis” (Mateus
7:20)?
A mensagem e o propósito de Tiago nem sempre foram apreciados pela
igreja. Um excelente exemplo deste fato foi a oposição de Martinho Lutero
ao livro. Obcecado pela mensagem da justificação pela fé, ele reagiu
rigorosamente contra qualquer coisa que aconselhava a justificação pelas
obras. No começo de seu ministério, ele chamou Tiago de uma “epístola de
palha”, porém mais tarde veio a entender corretamente o que Tiago buscou
administrar e retirou sua objeção a ela.
A Igreja tem tradicionalmente atribuído essas cartas a Tiago, o irmão do
nosso Senhor. Mas se Tiago era filho de José de um casamento anterior ou
se era um filho que José e Maria tiveram depois do nascimento de Jesus
ainda é uma dúvida. A última parece mais plausível. De qualquer forma,
Tiago aparentemente veio a acreditar em Cristo próximo ao fim de Sua
estada na terra. Cristo o recompensou com uma aparição na ressurreição (1
Coríntios 15:7); ele estava presente com sua mãe e irmãos na reunião de
oração (Atos 1:14); e Tiago foi levantado a uma posição importante entre os
apóstolos (Gálatas 1:19; 2:9), ao tomar o comando da igreja de Jerusalém
após Pedro ter deixado a cidade (Atos 12:17), e até presidir o grande
conselho em Jerusalém (Atos 15). Fica evidente que o autor não poderia ser
Tiago, o irmão de João, pois Tiago conheceu a morte pelas mãos de
Herodes Agripa I em 43 ou 44 d.C.(veja Atos 12:2). Não há nenhuma ideia
tradicional de suporte que Tiago Menor (outro dos doze discípulos) tenha
escrito a carta.
Uma vez que a carta retrata o cristianismo em seus primeiros estágios de
desenvolvimento, quando ainda estava preso às cordas do judaísmo; é
geralmente datado por volta de 45-49 e seria então provavelmente o
primeiro livro do Novo Testamento a ser escrito. Depois de 49, o conselho
de Jerusalém se reuniu para discutir toda a questão das obrigações legais
dos judeus sobre os cristãos; a distinção entre o judaísmo e o cristianismo se
tornou mais pronunciada. Como é deixado claro em Tiago 1:1 e no
conteúdo geral, a carta é endereçada aos judeus cristãos da Dispersão. É
bem entendido em Atos 2:9-11 que aqueles judeus estavam espalhados
sobre e além do Império Romano.
Alguns desses judeus que foram a Jerusalém para a festa do Pentecoste se
converteram nos tumultuosos eventos documentados em Atos 2 e
retornaram a seus lares para pregarem sobre Cristo. O evangelho também
alcançou judeus dispersos através da pregação de cristãos judeus que
estavam espalhados no exterior por causa das perseguições relatadas em
Atos (Atos 8:4).
VII
24
O Significado do Livro
estariam fora de foco ou indecisos. Eles saberiam que Cristo tinha vindo
uma vez e tinha provido uma completa salvação para a humanidade. Eles
saberiam de passagens isoladas que Ele retornará algum dia e que um
tempo de grande tribulação irá afligir a terra. Mas nenhum esquema ou
padrão de eventos se desenvolve para descrever como as coisas
eventualmente terminarão. Além disso, os leitores ficariam deprimidos
quando completassem as epístolas com suas previsões de uma apostasia
vindoura e o espalhar do mal por todo o mundo (por exemplo, 2 Timóteo, 2
Pedro, Judas). Na experiência humana, o mal parece triunfar a maior parte
do tempo, e o bem é derrotado ou pelo menos está na defensiva.
O Apocalipse dá uma resposta para essas questões. Ele mostra como os
tempos terminarão. De fato, ele descreve a vinda de um novo céu e de uma
nova terra e uma ordem perfeita. O livro prevê a derrota de Satanás e sua
tropa e a queda das instituições malignas e sistemas do mundo; o mal nem
sempre triunfará. Cristo, ao vir em julgamento, irá esmagar totalmente todas
as formas de mal e se tornará Rei dos reis e Senhor dos senhores. O
apocalipse é eminentemente o livro para o fim dos tempos. Para o homem
que tem caminhado em direção à destruição como a ameaça nuclear,
poluição do ar e da água, superpopulação e fome em massa, e um possível
colapso do sistema econômico internacional, há uma mensagem de que
Deus está no controle e trabalhará em Seus propósitos soberanos.
Livro negligenciado
Foco do Livro
Este autor crê que os eventos profetizados em Apocalipse 4-22 ainda são
futuros. Embora seja verdade que a linguagem simbólica apareça nesses
capítulos, os eventos descritos são de uma magnitude muito maior do que
tudo o que o mundo já viu. Então, parece melhor se referir a eles ao período
da Grande Tribulação no final dos tempos.
Talvez deva ser destacado que os últimos três capítulos do Apocalipse
são relativamente livres do simbolismo empregado no resto do livro. O
capítulo 20 fala da era do milênio, a batalha de Gogue e Magogue após este
período e o julgamento do grande trono branco. O capítulos 21 e 22
descrevem a destruição do antigo céu e da antiga terra e a aparição do novo
céu e nova terra. Antes dessa sequência de eventos, a segunda vinda de
Cristo e a vingança sobre Seus inimigos estão descritas no capítulo 19 (veja
os versículos 11, 12). Precedendo a segunda vinda está a Grande
Tribulação. Esta ordem de eventos concorda com Mateus 24 e 25 (onde a
Tribulação é seguida pela Segunda Vinda, um julgamento das nações e a era
do reino) e 2 Tessalonicenses 2 (onde a Tribulação é seguida pelo retorno de
Cristo e o julgamento do mundo ateísta do período da tribulação).
Os Sete Selos
Os quatro primeiros selos formam um grupo, os chamados quatro
cavaleiros do Apocalipse (6:1-8). O cavalo branco provavelmente
representa o governador deste mundo ou anticristo, que domina o período
da tribulação; o cavalo vermelho, a batalha; o cavalo negro, a fome; o
amarelo, a morte. O quinto selo (6:9-11) envolve a perseguição e o martírio
dos santos, possivelmente como bodes expiatórios da tribulação causada
pelos quatro cavaleiros. O sexto selo (6:12-17) visita a ira de Deus na terra
na forma de pertubações sísmicas e celestiais (compare com Mateus 24:29,
30; Marcos 13:24-26; Lucas 21:25-27).
O sétimo selo (8: 1, 2) envolve um silêncio no céu como preparação para
o soar das sete trombetas e trovões, relâmpagos e terremotos na terra como
precursores simbólicos do julgamento que estava para se estabelecer na
terra. Entre o sexto e o sétimo selo há uma passagem sobre selar os 144 mil
(7:1-17), israelitas de toda tribo de Israel, que serão protegidos da tribulação
prestes a ocorrer.
As Sete Trombetas
As trombetas do julgamento são mais severas que os selos. Com a
primeira trombeta (8:7), granizo e fogo ou relâmpagos descendem à Terra,
consumindo um terço da flora. Ao soar da segunda trombeta (8:8, 9) um
monte em chamas ou vulcão em erupção é lançado ao mar, transformando-o
em sangue e destruindo um terço das criaturas do mar e das embarcações.
Ao soar da terceira trombeta (8:10, 11), uma estrela em chamas ou
meteorito descende sobre as fontes de água da terra, envenenando um terço
delas e causando a perda de muitas vidas.
Com a quarta trombeta (8:12, 13), distúrbios celestes resultam em
eclipses que diminuem a luz dos corpos celestes a um terço (compare com
Amós 8:9). O soar da quinta trombeta (9:1-12) traz a abertura do inferno
por uma estrela (provavelmente Satanás) que caiu do céu para a Terra. Os
demônios liberados como gafanhotos com caudas como escorpiões
atormentam os seres humanos por cinco meses, então eles procuram a
morte para escapar, mas não são permitidos morrer. A sexta trombeta (9:13-
21) introduz uma região geográfica específica, o curso do Rio Eufrates,
onde quatro cavaleiros demoníacos lideram um exército que massacra um
terço da humanidade. Então é dito que a humanidade está em todo seu mal,
e que essas tribulações não as levará ao arrependimento (9:20, 21). A
trombeta final (11:15-19) envolve a mudança dos reinos deste mundo para o
reino de Cristo. Entre a sexta e sétima trombeta, o autor interpõe uma seção
parenética (10:1-11:14), a primeira parte da qual é designada a preparar
para efusão final do julgamento de Deus, e a última parte para documentar
o ministério de duas testemunhas não identificadas mais tarde na tribulação.
Personagens-Chave do Apocalipse
Antes das sete taças, João introduz muitos personagens importantes. No
capítulo 12, uma mulher (aparentemente representando Israel) dá a luz a
uma criança (Jesus). Um dragão (representando Satanás) com seus anjos
procuraram destruir a criança, que é levada ao céu (Ascenção). Então a
mulher é protegida da perseguição satânica por 1260 dias no deserto
durante a última parte da Tribulação (provavelmente uma referência à
proteção dos 144 mil). No capítulo 13 duas bestas aparecem. A primeira,
aparentemente, é a cabeça política do renovado império romano e a segunda
(falso profeta) é a cabeça religiosa ou anticristo. Há uma breve descrição
sobre o governo delas. Mais à frente, em 19:20, ambas são jogadas no lago
de fogo.
As Sete Taças
As sete taças da ira de Deus (15:1-16:21) representam pragas que
provavelmente vêm em uma rápida sucessão próxima ao final da
Tribulação:
Na quarta visão (21:9-22:5), João é levado a uma alta montanha onde ele
tem a chance de ver a cidade de Deus e o Cordeiro como o centro dela.
Aqui Cristo é revelado no estado eterno. A nova Jerusalém desce “do céu” e
assim não é idêntica a ele. Ela é uma cidade santa porque todos nela são
santos. Sua beleza desafia a descrição. O mais próximo que a linguagem
humana pode chegar é comparar a composição de seus muros com o jaspe,
os portões com pérolas, a própria cidade com o ouro. A cidade será
brilhantemente iluminada pela glória de Deus, sem necessidade da luz do
sol ou da lua. No estado eterno, os fiéis servirão a Deus (22:3), verão Sua
face (v.4) e reinarão com Ele para sempre (v.5).
O epílogo (22: 6-21) fecha o livro com uma ordem para manter as
palavras da profecia deste livro (para prestar atenção às suas implicações
éticas, v.7), um convite para a vida eterna (v.17), uma maldição sobre
qualquer um que adulterar o texto ou a mensagem (versículos 18, 19), e
uma promessa e uma oração sobre o retorno de Jesus.
A promessa de Jesus de vir “em breve” (versículo 12, 20) não significa
que Jesus virá em breve, mas sim subitamente – os eventos acontecerão tão
rápido que surpreenderão a muitos.
Devemos reconhecer que a interpretação do Apocalipse é carrega-da de
problemas. Mas um fato é claro – algo que é importante para nós nestes dias
de aflições internacionais: Deus ainda está no soberano controle do mundo,
e algum dia Cristo retornará, julgará as forças do mal e iniciará Seu governo
como um imperador caridoso.
Além disso, embora nos séculos passados o livro possa ter parecido
imaginário ou impossível, avanços tecnológicos em armamentos, e um
controle pensado agora fazem possível ou até mesmo provável a destruição
em massa, de um governo mundial, ou mesmo da religião substituta que o
livro prediz. O livro do Apocalipse é muito relevante ao homem
contemporâneo.
Notas do Capítulo
Nota 1 - Everett F. Harrison, Introduction to the New Testament rev. ed. [Introdução ao Novo
Testamento ed. Rev.], (Grand Rapids: Eerdmans, 1971), página 467. [Voltar]
Nota 2 - Irineu, Contra as Heresias, V. Xxx.iii [Voltar]
APÊNDICE
E Ua história
CHEGUEI a uma simples forma de ajudar meus alunos a aprenderem
do Antigo Testamento – uma forma deles encontrarem seu
próprio caminho pelo Antigo Testamento. Primeiro, eu peço para que eles
aprendam os nomes dos dezesseis primeiros livros em sua ordem. Então eu
continuo a fazer perguntas sobre os nomes dos livros (algo parecido com o
que está a seguir). A fim de evitar a repetição cansativa das palavras –
pergunta e resposta – as perguntas são meramente colocadas aqui e as
respostas antecipadas aparecem em itálico.
Qual é o primeiro livro? Gênesis. O que significa Gênesis? Começo.
Começo de quê? Do céu, da terra e da humanidade. Quais os principais
personagens em cena? Abraão, Isaque e Jacó (os patriarcas).
Qual é o próximo livro? Êxodo. O que significa êxodo ? Sair. Sair de
onde? Egito. Como eles chegaram no Egito? Eles deixaram Canaã por
causa da fome. Para onde eles foram quando deixaram o Egito? Para o
deserto. Qual foi o principal acontecimento no deserto? Eles foram para o
Monte Sinai e receberam a Lei.
Qual é o terceiro livro? Levítico. Quem eram os levitas? Sacerdotes.
O que faziam os sacerdotes? Faziam sacrifícios e lideravam o povo na
adoração. Onde? No tabernáculo. De acordo com o quê? A Lei. Então,
agora temos o sacerdócio, o tabernáculo e a Lei – as instituições básicas de
Israel.
Qual é o próximo livro? Números. Onde eles estavam? Ainda no deserto,
onde foi feito um censo.
Qual é o próximo livro? Deuteronômio. E o que significa esta palavra?
A segunda Lei. Onde eles estavam naquela época? Ainda no deserto.
Qual é o próximo livro? Josué. Em que tipo de atividades Josué estava
engajado? Conquista. Conquista de quê? Canaã.
Qual é o próximo livro? Juízes. O que faziam os juízes? Julgavam ou
governavam o povo. Quem foi o último dos juízes? Samuel. Quando
Samuel saiu de cena, como ele arranjou um sucessor? Ele indicou um rei.
Qual é o próximo livro? Rute. Quando a história aconteceu? Nos dias de
Juízes (veja Rute 1:1). Qual o significado especial na história de Rute? Ela
dá a ancestralidade de Davi, o grande rei de Israel. Ele foi um ancestral de
Jesus Cristo.
Qual o próximo livro? 1 Reis. Quem foi o primeiro rei? Saul. Quem foi o
segundo rei? Davi. Quem foi o terceiro rei? Salomão. Qual livro vem
depois de 1 Reis? 2 Reis. Sobre o que 2 Reis fala? Reis, muitos reis.
Então, depois do rei Salomão, o que aconteceu? O reino, que era único,
foi dividido em dois reinos: Israel (o Reino do Norte) e Judá (o Reino do
Sul). Os profetas eram ativos naqueles dias. Sobre o que eles alertavam?
Idolatria.
Quais são os próximos livros? 1 e 2 Crônicas. Sobre o que eles falam?
Uma repetição de muito o que aconteceu em 1 e 2 Reis. De acordo com
Reis e Crônicas, o que aconteceu com Israel e Judá? Eles foram levados ao
cativeiro. Para onde Israel foi levado em cativeiro? Assíria. Para onde Judá
foi levado em cativeiro? Babilônia. Então Deus simplesmente la-vou Suas
mãos em relação aos hebreus? Não, Ele prometeu um retorno a terra.
Qual é o próximo livro? Esdras. Sobre o que fala este livro? O retorno da
terra da Babilônia. O que eles fizeram depois de retornar? A reconstrução
do templo. Qual é o próximo livro? Neemias. Sobre o que fala este livro?
Reconstrução dos muros de Jerusalém.
Agora os hebreus voltaram para a terra e seu templo e a cidade capital de
Jerusalém está reconstruída. Ao longo do caminho, profetas ministraram e
seus livros aparecem na última parte do Antigo Testamento. O último
profeta escritor foi Malaquias, por volta de 435 a.C. E
Malaquias é o último livro do Antigo Testamento.
Sobre o Autor