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CURSO BÁSICO DE TEOLOGIA

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
SEMANA 1
REVELAÇÃO GERAL E REVELAÇÃO ESPECIAL

Introdução
Durante muito tempo a teologia esteve confinada nos ci ́rculos acadêmicos. Sua linguagem técnica e
seu rigor cienti ́fico impediam que o público leigo, não especializado, saboreasse a boa erudição bi ́blica.
Todos devem estar preparados para “responder a todo aquele que [...] pedir a razão da
esperança”que há neles (IPe 3.15). Todos são instados a crescer não apenas na “graça”, mas também “no
conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”(2Pe 3.18).
O que é teologia sistemática?
Teologia é o estudo de Deus.
A palavra “sistemática”nos remete a “sistema”.Isso quer dizer que a teologia sistemática pressupõ e
uma atitude diligente de estudar nas Escrituras o que é dito sobre Deus, Cristo, Espi ́rito, e sobre todos os
outros temas importantes da fé cristã, de forma sistêmica — isto é, organizando, de forma lógica, coerente
e ordenada, esses assuntos,que são vitais para a crença evangélica. Então, de forma simples, a teologia
sistemática é o estudo desses temas à luz do testemunho de toda a Escritura, levando-se também em
consideração os principais documentos e escritos da histó ria da igreja e estabelecendo uma relação entre
essa história e os probjlémas e questionamentos da atualidade.
A teologia é sistemática. Ela não examina cada livro da Bi ́blia separadamente, mas procura juntar em
um todo coerente o que toda a Escritura afirma sobre dado tó pico, tal como o pecado do homem.
Revelação geral e revelação especial
Sendo os seres humanos finitos e Deus, infinito, não podemos conhecer a Deus, a menos que ele se
revele para nós, ou seja, a menos que ele se manifeste aos humanos de tal forma que estes possam conhecê-
lo e ter comunhão com ele.
Há duas classificações básicas de revelação.
De um lado, a revelação geral é Deus comunicando a respeito de si mesmo a todas as pessoas de
todos os tempos e de todos os lugares.
A revelação especial, do outro, abrãnge comunicações particulares e manifestações de Deus para
pessoas especi ́ficas em épocas especi ́ficas, comunicações e manifestações estas a que, hoje, só existe acesso
pela consulta a certos escritos sagrados.
Revelação geral
O Deus criador não fica em silêncio, mesmo em meio ao pecado e à incredulidade presentes em sua
criação. Deus se comunica de forma tal que os seres humanos podem responder a essa revelação.
Esta é denominada ‘revelação geral’, pois trata-se de uma revelação de Deus a todos os homens.
Todos os seres humanos em todo tempo e em todo lugar tiveram e têm acesso a essa revelação de Deus.
Em outras palavras, todos os homens e mulheres em todo tempo e em todo lugar já sabem intuitivamente
que Deus existe e é o criador de todas as coisas.
Salmo 19.1-6
1 Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. 2 Um dia
discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. 3 Não há linguagem, nem há palavras,
e deles não se ouve nenhum som; 4 no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras,
até aos confins do mundo. Aí, pôs uma tenda para o sol, 5 o qual, como noivo que sai dos seus aposentos, se
regozija como herói, a percorrer o seu caminho. 6 Principia numa extremidade dos céus, e até à outra vai o
seu percurso; e nada refoge ao seu calor. (Salmo 19.1-6)
̃ .
Nessa primeira parte do texto, o salmista afirma que a gló ria de Deus é manifesta em toda a criaçao
Toda a criação é alcançada por essa revelação. Mas devemos notar os limites dessa revelação: “Sem discurso,
nem palavras; não se ouve a sua voz. Mas sua voz se faz ouvir por toda a terra, e suas palavras, até os confins
do mundo”.Ainda que ela alcance toda a criação, o alvo dessa revelação é mais modesto: ela é apenas
informativa. Em outras palavras, o alvo dessa revelação geral é deixar claro para todos os seres humanos
que o Deus criador existe.
Os "salmos da natureza", dão a entender que Deus deixou provas a respeito de si mesmo no mundo
que criou. A pessoa que vê a beleza de um pô r do sol e um estudante de biologia que disseca um organismo
complexo estão expostos a indicações da grandeza de Deus.
O tamanho do planeta terra é algo incrível. Se a terra fosse maior ou menor a vida não seria possível
neste planeta. O tamanho da terra está rigorosamente planejado para a adaptabilidade da vida.
Deus criou a terra! A terra foi planejada e criada. A realidade de um relógio nos faz pensar que existiu
um relojoeiro. Quando vemos uma casa, pensamos que houve um arquiteto e um construtor. Quando
vemos um terno bonito, pensamos que houve um alfaiate. Quando olhamos para o universo com sua
complexidade, cremos que houve um criador.
Quanto mais os físicos, biólogos e outros cientistas aprendem sobre o universo, mais
compreendemos quanto ele é adequado à nossa existência — feito sob medida com as exatas especificações
que tornam a vida humana possível.
Sem um telescópio à mão, o poeta hebreu afirma que “os céus manifestam a glória de Deus” (Sl 19.1).
O máximo que ele podia alcançar com os olhos eram a imensidão da abóbada celeste, a parte clara do dia,
a parte escura da noite, as nuvens, o sol, a lua, as poucas estrelas próximas, o arco-íris, os relâmpagos, os
eclipses, as chuvas de pedras e, caso se locomovesse em direção aos polos, a aurora polar. Isso já seria mais
do que suficiente para o salmista declarar que o firmamento de fato anuncia o resplendor de Deus.
Com os grandes e modernos telescópios e os muitos observatórios astronômicos espalhados por aí,
os poetas de hoje teriam de fabricar novas palavras para enaltecer o Criador dos céus e da terra que agora
existem.
O que mais impressiona hoje não são a beleza e a regularidade dos movimentos dos corpos celestes
que conseguimos enxergar a olho nu. O que pasma, confunde e humilha o ser humano é a imensidão do
universo. sóis e, no universo, há bilhões de galáxias infinitamente maiores que a Via Láctea, com bilhões de
sóis”.
Não é só o macro que nos põe de joelhos diante da glória de Deus. O micro faz o mesmo. Com o
auxílio de microscópios eletrônicos e microscópios óticos, é possível ver coisas incrivelmente pequenas,
invisíveis a olho nu. Existem cristais microscópicos com dimensões de décimos de milímetros, bem como
seres microscópicos como bactérias, algas e protozoários, organismos com dimensões inferiores a um
mícron -- a milésima parte de um milímetro. A menor coisa que se pode ver com um microscópio ótico possui
dimensão da ordem de 0,3 mícrons.
No corpo humano há cerca de 10 trilhões de células, e que o comprimento total do DNA é de 20
trilhões de metros, número que nossa mente nem consegue imaginar. Os microscópios são capazes de
ampliar esses organismos até 10 milhões de vezes para torná-los visíveis. Há tanta coisa imensamente
grande como tanta coisa imensamente pequena!
Olhando para cima, para baixo e para os lados, por fora e por dentro, de perto e de longe, com os
olhos e com as mãos, de baixo para cima e de cima para baixo, somos colocados numa encruzilhada a
respeito de Deus. E ainda falta muita coisa para ver -- maravilhas acima das alturas e maravilhas abaixo dos
abismos. Aquele que aprender a olhar com os olhos da fé verá o mais glorioso de tudo: o Criador e
Sustentador de todas as coisas visíveis e invisíveis!
Atos 14.15-17
15 Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos
sentimentos, e vos anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez
o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles; 16 o qual, nas gerações passadas, permitiu que todos os povos
andassem nos seus próprios caminhos; 17 contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo
o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria.
O povo de Listra pensou que Paulo e Barnabé eram deuses. Começaram a adorá-los. Na tentativa de
demovê-los da idéia, Paulo destacou que eles deviam voltar-se para o Deus que havia feito o céu e a terra.
Paulo, então, observou que, apesar de Deus ter permitido que as nações andassem em seus pró prios
caminhos, havia deixado um testemunho de si mesmo para todos as pessoas, fazendo o bem,
proporcionando chuvas e estações fruti ́feras e enchendo-lhes o coração de alimento e de alegria. O argu
mento parece dizer respeito ao testemunho de Deus acerca de si mesmo por meio da natureza e (talvez até
mais) da história.
Atos 17.22-31
22 Então, Paulo, levantando-se no meio do Areópago, disse: Senhores atenienses! Em tudo vos vejo
acentuadamente religiosos; 23 porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também
um altar no qual está inscrito: Ao Deus Desconhecido. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente
aquele que eu vos anuncio. 24 O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e
da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. 25 Nem é servido por mãos humanas, como se
de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais; 26 de um só fez
toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente
estabelecidos e os limites da sua habitação; 27 para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam
achar, bem que não está longe de cada um de nós; 28 pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como
alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração. 29 Sendo, pois, geração de Deus,
não devemos pensar que a divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra, trabalhados pela arte e
imaginação do homem. 30 Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica
aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; 31 porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar
o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre
os mortos. (Atos 17.22-31)
Devemos notar que um dos argumentos centrais desse sermão é: todas as cotSas foram criadas por
Deus, e esse Criador é distinto de toda a cria- ção aliás, o argumento é contundente. Ainda que as coisas
criadas sejam impriessionantes, o Senhor do céu e da terra está acima de toda a criação.
Romanos 1.18-23
18 A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade
pela injustiça; 19 porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes
manifestou. 20 Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria
divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas
que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; 21 porquanto, tendo conhecimento de Deus,
não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios,
obscurecendo-se-lhes o coração insensato. 22 Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos 23 e mudaram
a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves,
quadrúpedes e répteis. (Romanos 1.18-23)
O apóstolo começa seu longo argumento demonstrando que todos os hofnens são pecadores,
mesmo aqueles que nunca ouviram falar sobre o Deus jda aliança. O apóstolo também ressalta que todos os
seres humanos são indesculpáveis diante do Deus santo e reto, uma vez que o único Senhor Deus se revelou
a todos os seres humanos na criação e sua existência também já foi manifesta a todos. Por isso, visto que
são indesculpáveis, todos os seres huma aos são carentes da graça divina. Além disso, tornam-se
indesculpáveis por terem distorcido a clara revelação de Deus, enlouquecidos pelo pecado. Não apenas
deixaram de dar glória a Deus, como também distorceram essa revelajão preferindo adorar a criatura a
adorar o único criador de todas as coisas.
Não há nenhum ser humano que pode alegar desconhecer a existência do Deus criador. Este já se
revelou de forma inata, de uma vez por todas, a todos os seres humanos, por meio de toda a criação. Ele,
por assim dizer, tal qual um artista, deixou sua assinatura no universo, de tal forma que todo o ser humano,
ainda que rejeite ou distorça essa revelação, sabe que tem tem de prestar contas a algo maior do que ele
mesmo: “Pois os seus atributos invisi ́veis, seu eterno poder e divindade, são vistos claramente desde a
criação do mundo e percebidos mediante as coisas criadas.”
Em todas as culturas, em todos os tempos e lugares, os homens vêm crendo na existência de uma
realidade superior a si mesmos, e até em algo superior à raça humana como um todo.
A revelação geral, evidentemente, não faz com que o descrente chegue ao conhecimento de Deus.
̃
E necessário, então, o que Calvino chama de "ó culos da fé". Calvino faz uma analogia entre a condiçao
do pecador e a das pessoas que têm problemas de visão. Quando estes vêem um objeto, só o vêem de forma
indistinta. Fica borrado para eles. Mas quando colocam os ó culos, conseguem ver claramente. De modo
similar, os pecadores não reconhecem Deus na criação. Mas quando colocam os óculos da fé, a vista
melhora, e eles conseguem ver Deus em sua obra. Quando somos expostos à revelação especial encontrada
no evangelho e a aceitamos, nossa mente é clareada pelos efeitos da regeneração, tomando-nos capazes
distinguir corretamente o que ali está. Somos, então, capazes de reconhecer na natureza o que vimos com
maior clareza na revelação especial.
Há um terreno comum ou um ponto de contato entre o crente e o descrente, ou entre o evangelho
e o pensamento do descrente. Todas as pessoas têm um conhecimento de Deus.
Revelação especial
Entendemos por revelação especial a automanifestação de Deus para certas pessoas em tempos e
lugares definidos, permitindo que tais pessoas entrem num relacionamento redentor com ele.
Ela é, sobretudo, pessoal. Um Deus pessoal apresenta-se a pessoas. Isso é visto de várias formas.
Deus se revela anunciando o próprio nome. Nada é mais pessoal que o nome. Quando Moisés pergunta o
que diria para identificar a pessoa que o enviava ao povo de Israel, Jeová respondeu dizendo-lhe seu nome:
"Eu Sou O QUE SOU [ou Eu SEREI O QUE Serei]" (Êx 3.14). Além disso, Deus firmou alianças pessoais com
indivi ́duos (Noé, Abraão) e com a nação de Israel.
Quando Deus veio à terra, usou a modalidade de um ser humano comum. À s vezes, artistas tentam
distinguir entre a humanidade de Jesus e a de outras pessoas, retratando-o com uma auréola ou outro sinal
para diferenciá-lo. Mas, ao que parece, Jesus não carregava nenhum sinal que o diferenciasse dos outros. A
maioria das pessoas tinha-o por ser humano normal, como os outros, o filho de José, o carpinteiro. Ele veio
como um homem, não um anjo ou um ser claramente reconheci ́vel como um deus.
Salmo 19.7-14
7 A lei do SENHOR é perfeita e restaura a alma; o testemunho do SENHOR é fiel e dá sabedoria aos
símplices. 8 Os preceitos do SENHOR são retos e alegram o coração; o mandamento do SENHOR é puro e
ilumina os olhos. 9 O temor do SENHOR é límpido e permanece para sempre; os juízos do SENHOR são
verdadeiros e todos igualmente, justos. 10 São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro
depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos. 11 Além disso, por eles se admoesta o teu
servo; em os guardar, há grande recompensa. 12 Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-
me das que me são ocultas. 13 Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei
irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão. 14 As palavras dos meus lábios e o meditar do meu
coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu! (Salmo 19.7-14)
Já vimos acima que o salmista estabelece a revelação geral de Deus no âmbito da criação. Mas essa
não é suficiente para inserir e nutrir o povo de Deus na aliança. A lei é necessária, pois somente a lei tem o
poder de criar e sustentar o povo da aliança. Chamo a atenção para o belo paralelo construi ́do pelo salmista
nesse canto de amor à lei, que vai crescendo até terminar numa vigorosa aplicação: “As palavras da minha
boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, minha rocha e meu
redentor!”
Romanos 1.14
14 Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada
ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?
O que o apó stolo afirma, no contexto da epi ́stola de Romanos, é que a pregação da mensagem do
evangelho, que é revelada nas Escrituras, é vital para nossa salvação.
Por isso, podemos afirmar que não é possi ́vel alguém receber a Cristo como salvador à parte da
Escritura. Somente por meio dela é que compreendemos nosso estado de miséria diante de Deus, a grande
salvação que recebemos mediante a fé em Jesus Cristo e a nova vida no Espi ́rito na qual somos inseridos.
Por isso, precisamos afirmar a centralidade das Escrituras na vida cristã. Elas são o meio pelo qual a
graça de Deus nos encontra. Nelas, descobrimos nosso ú nico salvador, Jesus Cristo.
Certa feita, chegou à Ilha de Fidji um ateu estadeando sua crença evolucionista a um grupo de
cristãos. Com ar de arrogância, blasonando sua cultura atéia, enaltecendo sua pretensa ciência, começou a
ridicularizar as Escrituras Sagradas e a menosprezar a fé sincera daqueles nativos. Imediatamente, o chefe
daquela tribo dirigiu-se ao altivo ateu, dizendo: “O senhor está vendo aquele velho forno? Ali assávamos
carne humana; não fosse a Bíblia e a transformação que Deus realizou em nós pela sua mensagem, hoje, o
senhor seria o nosso jantar”. A Bíblia fez uma diferença tão grande naquela tribo, que o turista altivo em vez
de ser o jantar, foi convidado para jantar.
As Escrituras são inerrantes
Jesus Cristo foi enfático em dizer que as Escrituras não podem falhar. Ele disse, também, que a
Palavra de Deus é a verdade. Não há erros nas Escrituras. Não há contradição nos seus registros. Seus relatos
não são mitológicos. A Palavra de Deus é fiel e verdadeira e digna de inteira aceitação. Nem uma das palavras
de Deus pode cair por terra. Nenhuma de suas promessas pode fracassar. Pode passar o céu e a terra, mas
a Palavra de Deus não vai passar. Ela permanece para sempre. Suas profecias se cumpriram, estão se
cumprindo e cumprir-se-ão à risca. Deus conhece a história antes de ela acontecer. O próprio Deus que
inspirou as Escrituras é quem dirige os destinos da história.
As Escrituras são suficientes
Nada pode ser acrescentado às Escrituras. Ainda que um anjo venha do céu e pregue outro
evangelho, além do que está registrado nas Escrituras, deve ser decisivamente rejeitado.
Há dois desvios perigosos com respeito às Escrituras atualmente. O primeiro deles é o liberalismo
teológico. Os teólogos liberais não creem na infalibilidade nem na suficiência das Escrituras. Aproximam-se
dela não com fé, mas com suspeitas; não com humildade, mas com insolência; não com submissão, mas com
rebeldia. Atribuem às Escrituras muitos erros. Afirmam que ela está cheia de falhas e que seus relatos
históricos estão repletos de contradição. Afirmam que seus milagres não passam de mitos. Esses paladinos
do engano e arautos da incredulidade retiram das Escrituras o que está nas Escrituras, atraindo sobre si
mesmos a merecida punição de seu erro.
O segundo desvio é o sincretismo religioso. Há muitos crentes que olham para as Escrituras como um
livro mágico, usando-a apenas como uma espécie de amuleto religioso. Não a estudam com profundidade
nem a aceitam como a única regra de fé e prática. Estão sempre buscando novas revelações e correndo atrás
de novos sonhos e visões para nortear-lhes os passos.
Se os liberais removem das Escrituras seu conteúdo, os adeptos do sincretismo acrescentam às
Escrituras suas novas visões e revelações. Desta maneira, ambas as posições são um sinal de rebeldia contra
Deus e uma evidência de insolente apostasia. Não precisamos de novas revelações. Tudo que precisamos
saber para a nossa salvação, santificação e serviço está contido nas Escrituras. Devemos conhecê-la,
obedecê-la e proclamá-la com fidelidade e senso de urgência.
As Escrituras são eficientes
As Escrituras não são apenas inerrantes e suficientes, elas são também eficientes. Elas realizam todo
o propósito de Deus. Elas não voltam para Deus vazia. Elas são mais preciosas do que o ouro e mais doces
do que mel. Elas são não apenas inspiradas, mas também úteis para toda a correção, repreensão e ensino.
É por meio delas que Deus chama seus eleitos. É por meio delas que Deus santifica seu povo. É por meio
delas que Deus consola seus filhos. É por meio delas que Deus fortalece a sua igreja e a equipada para
cumprir sua missão.
Conclusão
pensando na revelação geral, devemos louvar a beleza, a grandeza, o poder e a soberania de Deus
diante da criação. Por causa dessa revelação geral, especialmente na criação, devemos nos envolver na
pesquisa cienti ́fica, mostrando a grandeza e a gló ria de Deus na criação. Tenhamos em mente que essa
revelação pode servir como ponto de contato na evangelização dos incrédulos.
Todos os cristãos precisam estudar com paixão a Escritura, pois como Dietrich Bonhoeffer bem
lembrou: “A Bi ́bha é a única resposta para todas as nossas perguntas, e que basta perguntar com insistência
e com certa dose de humildade para receber a resposta. (...) E que na Bi ́blia é Deus que fala conosco”.

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